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Desigualdade, vulnerabilidade social e a mortalidade por causas violentas no contexto metropolitano: o caso de Campinas, Brasil Tirza Aidar Maurílio José Barbosa Soares Introdução As mortes por causas externas 1 atingiram cerca de dois milhões de pessoas entre 1980 e 2000, no Brasil, quando a taxa de mortalidade por homicídios aumentou em 130%, sendo responsável por aproximadamente 600 mil mortes no período, dois terços destas ocorridas na década de 90 (WAISELFISZ; ATHIAS, 2005). Entre 1991 e 2000, a mortalidade por homicídios passou de 20,9 para 27,0 óbitos por 100 mil habitantes e, para a população de 15 a 24 anos, os valores foram de 35,2 a 52,1, respectivamente, menores somente que aqueles da Colômbia e da Costa Rica, segundo ranking da Unesco. 2 O crescimento da criminalidade não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, porém, como destaca Minayo (1994), é preciso considerar as características especícas de cada sociedade antes de relacionar a violência 1 Na classicação internacional de causas de morte e de doenças, as causas externas são consideradas, pela Organização Mundial da Saúde, “causas violentas”, em contraposição às demais, que levam os indivíduos a adoecer e morrer (MELLO JORGE, 1998). 2 Em 2000, a taxa de homicídios no Brasil só foi menor que a da Colômbia, onde, em 1998, esta taxa foi de 60 por 100 mil habitantes. Em 2000, a taxa de mortalidade por homicídios no estado de São Paulo foi de 42,2 por 100 mil habitantes, e de 86,6 para a população da capital (pesquisa da Unesco, que envolveu 60 países, divulgada no jornal Follha de S. Paulo, 2002). 20

Desigualdade, vulnerabilidade social e a mortalidade o ... · Campinas. Como aproximação do conceito vulnerabilidade social , lançou-se mão dos indicadores sintéticos relativos

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Desigualdade, vulnerabilidade social e a mortalidade por causas violentas no contexto metropolitano:

o caso de Campinas, Brasil

Tirza AidarMaurílio José Barbosa Soares

Introdução

As mortes por causas externas1 atingiram cerca de dois milhões de pessoas entre 1980 e 2000, no Brasil, quando a taxa de mortalidade por homicídios aumentou em 130%, sendo responsável por aproximadamente 600 mil mortes no período, dois terços destas ocorridas na década de 90 (WAISELFISZ; ATHIAS, 2005).

Entre 1991 e 2000, a mortalidade por homicídios passou de 20,9 para 27,0 óbitos por 100 mil habitantes e, para a população de 15 a 24 anos, os valores foram de 35,2 a 52,1, respectivamente, menores somente que aqueles da Colômbia e da Costa Rica, segundo ranking da Unesco.2

O crescimento da criminalidade não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, porém, como destaca Minayo (1994), é preciso considerar as características específi cas de cada sociedade antes de relacionar a violência

1 Na classifi cação internacional de causas de morte e de doenças, as causas externas são consideradas, pela Organização Mundial da Saúde, “causas violentas”, em contraposição às demais, que levam os indivíduos a adoecer e morrer (MELLO JORGE, 1998).2 Em 2000, a taxa de homicídios no Brasil só foi menor que a da Colômbia, onde, em 1998, esta taxa foi de 60 por 100 mil habitantes. Em 2000, a taxa de mortalidade por homicídios no estado de São Paulo foi de 42,2 por 100 mil habitantes, e de 86,6 para a população da capital (pesquisa da Unesco, que envolveu 60 países, divulgada no jornal Follha de S. Paulo, 2002).

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vivenciada hoje, no Brasil, àquela observada em outros países. Se o olhar recai sobre a mortalidade por homicídios, as diferenças não são irrelevantes; ao contrário, são altamente signifi cativas. Dentre os países latino-america-nos, em 2000, as taxas variaram de 65 homicídios por 100 mil habitantes, na Colômbia, a pouco mais de 5, na Argentina e Chile, em 2000.3

Butchart e Engstrom (2002) ressalta que, quando se comparam países utilizando indicadores de desenvolvimento econômico, a maioria dos estudos evidencia relação inversa das taxas de homicídio com o produto interno bruto per capta, porém tal relação não é sempre comprovada. Por outro lado, o mes-mo autor encontra resultados mais consistentes em trabalhos que consideram indicadores de desigualdades internas: quanto maior a desigualdade econômica nos países, maior é a taxa de homicídios entre as crianças e jovens.

Inicialmente, com concentração em estudos comparativos entre capitais e regiões metropolitanas, a literatura brasileira apresentava como hipóteses explicativas fatores relativos à pobreza e à rápida concentração populacional, ao processo desordenado de ocupação dos espaços urbanos, ao desemprego e à presença do crime organizado (ROLNIK, 1999; ADORNO, 1993; ZALUAR; NORONHA; ALBUQUERQUE, 1994). Entretanto, nenhum destes fatores explica isoladamente, ou de forma constante para as diversas regiões e períodos, o aumento da mortalidade por homicídios na década de 90, ou mesmo a sua recente interiorização, estendendo-se para além dos grandes municípios, ou daqueles com altos índices de desigualdades sociais (ADORNO; CARDIA, 2002; LIMA et al., 2005).

Simultaneamente à deterioração da qualidade de vida e à segregação socioespacial de determinados grupos populacionais, entre outros fatores apontados por diversos autores,4 salienta-se o importante papel da expansão do crime organizado, em especial do narcotráfi co, diante da fragilidade insti-tucional para a repressão e prevenção da criminalidade (ADORNO; CARDIA, 2002; ZALUAR; NORONHA; ALBUQUERQUE, 1994; ZALUAR, 1999).

Trabalho realizado para o estado de Pernambuco, Nordeste brasileiro (LIMA et al., 2005), conclui que os índices médios de pobreza e escolaridade dos municípios relacionam-se de forma inversa com as taxas de homicídios, sendo que indicadores de desigualdade intramunicipal não apresentam rela-ção signifi cativa. Os autores discutem a possibilidade de que o próprio tráfi co de drogas, gerador de violência, tenha participação ativa na melhoria dos indicadores de renda e escolaridade de alguns municípios.

3 Demographic Yearbook. Disponível em http://unstats.un.org/unsd/demographic/products/dyb/dyb2.htm.Acesso em 11 de julho de 2005; e Organización Panamericana de al Salud. Disponível em http://www.paho.org/english/ad/dpc/nc/violence-graphs.htm. Acesso em 11 de julho de 2005.4 Gawryszewski, 2002; Freitas et al., 2000; Akerman e Bousquat, 1999; Barata; Ribeiro e Moraes, 1999; Drumond Jr. e Barros, 1999; Lima e Ximenes, 1998.

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Com informações sobre residência das vítimas e indicadores sociode-mográfi cos, georeferenciados segundo áreas de abrangência das unidades de Saúde do Município de Campinas, Aidar (2003a) encontra relação entre os índices de mortalidade por agressões e a proporção de crianças e jovens fora da escola e de responsáveis pelos domicílios com baixa escolaridade. Tal relação, entretanto, é menos evidente no início dos anos 90 e não aparece como signifi cativa quando da análise intermunicipal, considerando a Região Metropolitana de Campinas. Ou seja, as associações variam com o tempo e a depender da unidade de análise utilizada (intra ou intermunicipal).

Adicionada à complexidade do fenômeno, a dimensão e a diversidade do território brasileiro impossibilitam que resultados obtidos em estudos localizados para algum estado ou região possam ser generalizados. Neste sentido, são fundamentais o desenvolvimento, aprofundamento e divulgação de pesquisas que focalizem diferentes regiões e as diversas formas de de-sagregação espacial.

Utilizando como recorte a Região Metropolitana de Campinas (RMC), o presente trabalho analisa a confi guração socioespacial da vitimização frente à violência e sua relação com indicadores sobre desigualdade e vulnerabilidade sociodemográfi ca.

Partindo-se do pressuposto de que, para o enfrentamento das diversi-dades, além das possibilidades materiais, os indivíduos contam com facilidades (ou constrangimentos) relativas ao grupo socioespacial em que vivem, a análise empírica incorpora resultados iniciais relativos à construção do conceito de “vulnerabilidade social”, apresentado em Cunha et al. (2004) e reproduzido no capítulo 5 deste livro. Embora ainda em construção, este conceito tem a vantagem, diante dos indicadores de pobreza, de considerar diversas dimen-sões incluindo “[...] elementos ligados tanto às características próprias dos indivíduos ou famílias, como seus bens e características sócio-demográfi cas, quanto àquelas relativas ao meio social onde esses estão inseridos” (CUNHA et al., 2004, p.4).

Desta forma, com uma perspectiva demográfi ca, pretende-se contribuir com a discussão sobre a complexa inter-relação entre fatores predominante-mente estruturais e a evolução da violência urbana no Brasil.

Material e métodos

Os dados socioeconômicos e demográfi cos foram levantados do Censo demográfi co 2000 (IBGE). O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-Datasus) e o Banco de Óbitos de Campinas (Secretaria Municipal de Saúde) foram as fontes de dados sobre mortalidade, reconhecidamente de boa quali-dade e cobertura no que se refere ao estado de São Paulo.

564 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

Os índices de violência foram avaliados pelas taxas de mortalidade por agressões (óbitos para cada 100 mil habitantes), segundo local de residência. Neste sentido, foi necessário considerar a qualidade das informações da causa básica do óbito, pois, ao se desagregarem as causas externas em subgrupos, observam-se grandes diferenças entre períodos e regiões na proporção de mortes classifi cadas como conseqüência de “agressões com intenção ignorada” (SOUZA; MINAYO, 1994; AIDAR, 2003b).

Sendo assim e partindo-se do princípio de que qualquer agressão que resulte em morte é refl exo de comportamentos e vivências violentas, as causas classifi cadas como “agressões com intenção ignorada” foram incorporadas às demais agressões (homicídios – códigos X85 a Y34 da CID10).

Para possibilitar a análise intra-urbana no município de Campinas, foi necessário compatibilizar as unidades geográfi cas disponíveis para os dados de mortalidade e demográfi cos. Com o auxílio de recursos computacionais e sobreposição de mapas, os locais de residência das vítimas de agressões foram associados aos setores censitários (1314) e agrupamentos destes, 49 áreas de ponderação (APs), assim denominados pelo IBGE (Quadro 1, em anexo). O processo acima foi realizado para os anos de 1999, 2000 e 2001, e a taxa de mortalidade foi contabilizada pela razão entre a média do número de óbitos dos 3 anos e a população de 2000 (vezes 100 mil habitantes).

Como indicador da desigualdade dos espaços urbanos, decidiu-se pela utilização do índice de Theil (HOFFMANN; LEONI, 2004), por possibilitar a representação das desigualdades entre e dentro dos subespaços que compõem a unidade geográfi ca em questão. Desta forma, foi possível determinar a con-tribuição da desigualdade dentro de cada unidade básica de análise (setores censitários e áreas de ponderação) e da desigualdade entre estes, no índice de desigualdade geral dos espaços urbanos.5

Embora se reconheça que a renda não descreve isoladamente a complexa composição dos diversos fatores relacionados à “qualidade e condições de vida”, por motivos operacionais, a renda domiciliar per capita e a renda do chefe do domicílio6 foram selecionadas como base da mensuração das desigualdades socioeconômicas entre e dentro dos espaços urbanos.

A decomposição da desigualdade foi obtida para cada município da RMC, e cada área de ponderação (AP) do município-sede. Os setores censitários

5 Como igualdade, entende-se que todos os elementos de uma mesma unidade de análise (espaços urbanos, neste caso) assumam valores próximos da média da variável considerada, independentemente de seu valor. 6 Como ressalta Hoffmann (1998): “Justifi ca-se considerar o domicílio como unidade de análise, já que é nessa esfera que são tomadas as decisões relativas tanto ao consumo quanto à participação na atividade econômica de seus membros, que é a principal fonte de renda para a maioria dos domicílios”.

565TIRZA AIDAR E MAURÍLIO JOSÉ BARBOSA SOARES

representaram as unidades espaciais internas aos municípios e às APs de Campinas.

Como aproximação do conceito “vulnerabilidade social”, lançou-se mão dos indicadores sintéticos relativos a três aspectos, quais sejam, capital físico, capital humano e capital social, propostos por Cunha et al. (2004) para as APs de Campinas. Tais indicadores tomaram por base informações secundárias que se aproximassem da classifi cação sugerida por Kaztman et al. (1999, p.10-11, apud CUNHA et al., 2004), como descrito abaixo.

O capital físico refere-se às condições disponíveis para o atendimento de necessidades básicas de bem-estar, como características físicas de moradia e “posse de bens duráveis importantes para a reprodução social”, além do capital fi nanceiro, como poupança, crédito, seguros etc. Como capital humano, devem ser consideradas as condições de trabalho e, como estratégia de aumentar seu valor agregado, o investimento em saúde, educação e qualifi cação profi s-sional. O terceiro aspecto, o capital social, apresenta maior complexidade de defi nição conceitual e de verifi cação empírica, pois incorpora características muitas vezes subjetivas e dinâmicas, como o acesso a bens, serviços e infor-mações através de redes de apoio e reciprocidade existentes na comunidade, família, associações e/ou agremiações trabalhistas, religiosas etc.

Com base na avaliação das potencialidades das informações censitárias, a construção empírica dos três aspectos da vulnerabilidade social, desenvolvida por Cunha et al. (2004), teve como objetivo contribuir com a discussão con-ceitual e sobre a aplicabilidade desta abordagem para descrever e entender os diferenciais socioespaciais da metrópole. Desta forma, os três constructos foram, então, construídos por análise fatorial (Tabela 1), considerando as variáveis censitárias descritas a seguir:

• Capital físico, com 11 variáveis: densidade de moradores por cômodo (DensCom); % chefes de família (ou individuais) com renda de “0 a dois SM” (RenChF2); % pessoas morando em domicílios do tipo “casa” (TipoCasa); % pessoas morando em domicílios do tipo “cômodo” (TipoCom); % pessoas morando em domicílios “próprios em aquisição” (CondPropAquis); % pessoas morando em domicílios “alugados” (CondAlugado); % pessoas morando em domicílios sem canalização de água (AguaNCanal); % pessoas morando em domicílios sem banheiro (S/Banheiro); % pessoas morando em domicílios com dois ou mais banheiros (2+Banheiros); % pessoas morando em domicílios sem rede geral de esgoto (S/RedeEsg); % pessoas morando em domicílios sem coleta de lixo (S/ColetaLixo).

• Capital humano, com três variáveis: % pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade (PessAnalf15); % chefes de família (ou individuais) com menos de quatro anos de escolaridade (EscChF4);

566 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

razão de dependência (Pop. “0 a 14” + “65 ou mais” / Pop. “15 a 64” anos) (RDEP).

• Capital social, com seis variáveis: % chefes de família (ou individuais) femininos, com “10 a 19” anos (ChFfem20); tamanho médio da família “principal” (TamFam); % pessoas que são agregados da família (OutAgreg); % pessoas, com mais de 14 anos, ocupadas, sem carteira de trabalho assinada (S/Carteira); % crianças de 7 a 14 anos que não freqüentam escola ou creche (N/FreqEsc); % famílias com renda não proveniente do trabalho (FamRendNT).

Para avaliar a signifi cância estatística das associações entre os indica-

dores, foram feitas análises de correlação e de regressão múltipla. Quanto à

última, a escolha do melhor conjunto de variáveis, para descrever a variabili-

dade observada entre os índices de violência nos diversos subespaços, foi feita

por meio do procedimento stepwise. Nesse procedimento, as possibilidades de

entrada e saída das variáveis “independentes” são estatisticamente compara-

das, num processo iterativo que fi naliza quando nenhuma variável adicional

agrega qualidade aos parâmetros do modelo. Desta forma, buscou-se avaliar

a importância de determinados fatores e como estes se intercorrelacionam, no

sentido de minimizar, ou não, a vulnerabilidade frente à violência urbana.

Resultados

Municípios da Região Metropolitana de Campinas

A confi guração dos espaços mais violentos na Região Metropolitana de

Campinas mostra o eixo Campinas—Monte Mor como sendo o mais crítico

(Figura 1). Não é à toa que, dentre os 19 municípios, quatro são apontados

entre os mais violentos do estado de São Paulo, apresentando taxas de mor-

talidade por agressões superiores a 50 por 100 mil habitantes (Tabela 1).

Comparando as taxas de mortalidade com o índice de Theil, calculado

segundo a variável renda domiciliar per capita, observa-se que os municípios

com maior desigualdade não são, necessariamente, os mais violentos, à ex-

ceção de Campinas, que se coloca no primeiro lugar em desigualdade e em

quarto quanto aos índices de mortalidade violenta.

Os demais municípios com altos índices de violência, Cosmópolis, Hor-

tolândia, Monte Mor e Sumaré, apresentam baixa desigualdade, mas destacam-

se entre aqueles com menor renda per capita e alto índice de intensidade de

pobreza (Tabela 1). Suas características são de cidades-dormitórios, entre as

quais, em Campinas, a população de baixa renda tem acesso ao trabalho, em

geral de baixa remuneração. Por outro lado, a maior parte da mão-de-obra

qualifi cada das indústrias localizadas nessas cidades, cuja infra-estrutura

567TIRZA AIDAR E MAURÍLIO JOSÉ BARBOSA SOARES

urbana não atende todas as necessidades da população, é composta por residentes em Campinas (CANO; BRANDÃO, 2002; BAENINGER, 2001).

Em geral, os índices de violência apresentam relação signifi cativa e in-versa com a desigualdade mensurada pela renda dos chefes dos domicílios, em especial com aquela relativa à heterogeneidade dentro dos setores censi-tários. Em outras palavras, nos municípios menos violentos os domicílios são mais heterogêneos entre si, dentro de um mesmo setor censitário. Exceções aparecem em Campinas e Vinhedo, que, ao contrário dos índices de homicí-dios, assemelham-se quanto à maior desigualdade e aos bons indicadores sociodemográfi cos.

Figura 1Taxa de mortalidade por agressões, por 100 mil habitantes

Municípios da Região Metropolitana de Campinas, 2000

Fonte: Seade, tabulações e digitalizações próprias.

Em geral, os índices de violência apresentam relação signifi cativa e in-versa com a desigualdade mensurada pela renda dos chefes dos domicílios, em especial com aquela relativa à heterogeneidade dentro dos setores censi-tários. Em outras palavras, nos municípios menos violentos os domicílios são mais heterogêneos entre si, dentro de um mesmo setor censitário. Exceções aparecem em Campinas e Vinhedo, que, ao contrário dos índices de homicí-

568 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

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569TIRZA AIDAR E MAURÍLIO JOSÉ BARBOSA SOARES

dios, assemelham-se quanto à maior desigualdade e aos bons indicadores sociodemográfi cos.

Os resultados obtidos no primeiro modelo de regressão (Tabela 2) indica que a intensidade da pobreza, entre aqueles com renda domiciliar per capta abaixo de R$ 75,50, têm forte correlação positiva com os índices de violência dos municípios da RMC, contribuindo com 72% para a qualidade do ajuste, que alcançou um R2 igual a 70,9 por cento. O segundo indicador selecionado pelo procedimento estatístico trata da desigualdade interna aos setores censi-tários, com 15,8% de contribuição, e o terceiro foi a proporção da população alfabetizada, com 12,4% de contribuição, ambos com relação negativa com as taxas de mortalidade por agressões.

Tabela 2Melhores modelos para a taxa de mortalidade por causas violentas e indica-

dores sociodemográfi cos e de desigualdadeCoefi cientes estimados e R2

Municípios da região Metropolitana de Campinas, 2000

1 As estrelas indicam o nível de signifi cância dos coefi cientes estimados: (*) 5% e (**) 1%. 2 Diferença relativa da renda domiciliar per capita média dos indivíduos pobres (renda inferior à R$ 75,50) do valor de R$ 75,50, dividido por R$ 75,50 e multiplicado por 100. Fonte: Censo demográfi co de 2000. Sistema de Informações de Mortalidade /MS. Tabulações Nepo/Unicamp.

Quando o município-sede é excluído da análise, o poder de ajuste do modelo aumenta para 76,2% e a desigualdade dentro dos setores censitários perde relevância para a desigualdade geral (dentro e entre os setores), que passa a ser responsável por 24% da qualidade do ajuste do modelo, ainda

570 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

no sentido de “proteção” da população diante da possibilidade de morrer de forma violenta.

Campinas: análise dos subespaços urbanos

A referência espacial revela uma concentração das áreas de ponderação (APs) mais violentas nas regiões sul e sudoeste do município de Campinas (Figura 2), com grande número de ocupações irregulares e população vivendo em locais sem infra-estrutura e acesso a serviços básicos de qualidade.7

Figura 2Distribuição das APs, segundo taxa de mortalidade por agressões,

por 100 mil habitantes Campinas, 2000

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde; IBGE, Censo demográfi co 2000. Tabulações e digitalizações próprias.

A região central, predominantemente urbana, com alto adensamento populacional, ótima infra-estrutura e onde reside população com elevada es-colaridade, rendimento per capita e índice de envelhecimento (AIDAR, 2003a), apresenta as mais baixas taxas de mortalidade por agressões.

7 Destaca-se, nessa região, o Jardim Florence (AP 26), região dos DICs (AP 01, 07 e 31), Cidade-Satélite Íris (AP 25) e Jardim Campo Belo (AP 46), além das ocupações Parque Oziel e Monte Cristo (AP 33) e Vila Vitória (AP 26).

571TIRZA AIDAR E MAURÍLIO JOSÉ BARBOSA SOARES

Em contraste com este perfi l e com localização relativamente próxima ao centro, existem áreas que apresentam altos índices de violência e situações diversas quanto às características demográfi cas e socioeconômicas. Logo ao norte, encontram-se locais valorizados e com boa infra-estrutura urbana, como a região do Jardim Flamboyant (AP 28), e o Taquaral, Alto Taquaral e Chácara Primavera (AP 34), onde grande parte da população tem alta escolaridade e rendimento domiciliar per capta, mas que incluem bolsões de pobreza como as favelas Vila Guaracai, Vila Nogueira e parte da favela do Parque São Quirino. Já a AP 41, também próxima à região central, apresenta taxa de mortalidade por homicídio de 52,4 por 100 mil habitantes e índices socioeconômicos mais desfavoráveis – em torno de 20% de jovens de 11 a 17 anos fora da escola em 2000, por exemplo.

Situação extrema é observada a noroeste e um pouco mais distante da área central. A área que inclui o Jardim São Marcos (AP 09) apresenta taxa de homicídio de 139,2 por 100 mil, e alta proporção de população que vive em situação de exclusão e pobreza, inalterada há pelo menos 15 anos, período no qual a taxa de homicídios mantém-se entre as mais altas do município e da região. Nesta região, entre 1991 e 2000, a proporção de chefes de domicílios com menos de quatro anos de estudos mantém-se em torno de 40%; de população residindo em favela, em torno de 30%; e, em 2000, nada menos que 32% de jovens de 11 a 17 não freqüentava a escola e cerca de 5 para cada mil homens de 15 a 44 anos morreram assassinados (AIDAR, 2003a).

As regiões norte e nordeste do município são bastante heterogêneas quanto ao processo e características de ocupação urbana. Nestas áreas, coexistem regiões de ocupação recente, próximas a outras já bastante consolidadas; regiões de alto valor imobiliário com condomínios fechados, próximas a ocupações mais populares ou favelas, além de incluírem grande parte da área rural do município – casos da AP 45 (Figura 2), que inclui, ao sul, a região do Campus I da PUC–Campinas, as favelas do Jardim Nilópolis e Novo Horizonte e, ao norte, o Parque Xangrilá e o condomínio Alphavile, de alto padrão. As APs 38, 39, 47 e 49 incluem os distritos de Barão Geraldo, Souzas e Joaquim Egídio.

Comparando indicadores sociodemográfi cos calculados para quatro gru-pos de APs, baseados nas taxas de mortalidade por causas violentas, observa-se mais uma vez que os espaços urbanos onde a população mais sofre com perdas fatais são aqueles com concentração de população com baixa renda, adultos com menor escolaridade, jovens com menor chance de freqüentar uma escola de qualidade. Conseqüentemente, é justamente nestes locais que vivem jovens e adultos com menor oportunidade de conseguir qualifi cação adequada e boa colocação no mercado de trabalho (Tabela 3).

572 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

Quanto à desigualdade, mensurada pelo índice de Theil a partir da renda domiciliar per capita, a relação não parece tão evidente. Para os três primeiros grupos, G1, G2 e G3 da Tabela 3, o indicador fi ca em torno de 0,4, diferenciando-se somente para o quarto grupo (G4), que apresenta a menor desigualdade, os piores indicadores socioeconômicos e que inclui as áreas do município com os maiores índices de mortalidade violenta .

Tabela 3Indicadores selecionados e índice de Theil para a renda domiciliar per

capita, segundo agrupamento das APs, com base nas taxas de mortalidade por causas violentas

Campinas, 2000

Fonte: Censo demográfi co de 2000. Sistema de Informações de Mortalidade /MS. Tabulações Nepo/Unicamp.

573TIRZA AIDAR E MAURÍLIO JOSÉ BARBOSA SOARES

No Gráfi co 1, verifi ca-se indício de que a relação entre a desigualdade e a taxa de mortalidade por homicídios é inversa, principalmente ao se elimi-narem da análise as APs 9, 26, 33 e 46, que possuem as maiores taxas de mortalidade, índice de desigualdade mediano e população predominantemente de baixa renda.

Da mesma forma que o procedimento da análise intermunicipal, a decomposição do índice de Theil deu-se por meio da variável renda mensal dos responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, calculada para os setores censitários, que, por sua vez, foram agrupados em APs. Portanto, para cada área foram considerados os indicadores de desigualdade dentro e entre os setores censitários que a compõem.

Gráfi co 1Relação entre índice de Theil (variável renda mensal dos responsáveis dos domicílios particulares permanentes) e taxa de mortalidade por agressões

(por 100 mil), das APs Município de Campinas, 2000

Fonte: Censo demográfi co 2000; Seade.

Buscando resumir e compreender as inter-relações entre os diversos fatores, a Tabela 4 mostra os resultados obtidos para os dois modelos ajusta-dos nessa análise intramunicipal. No primeiro caso, foram considerados os indicadores de desigualdade e variáveis relativas à renda média dos domicí-lios e seus responsáveis, o índice da intensidade da pobreza dentre os mais carentes, a escolaridade dos adultos e o acesso à escola dos jovens de 11 a 17 anos. O melhor modelo, selecionado pelo procedimento estatístico, alcan-çou um R2 igual a 69,7% (qualidade do ajuste), com a inclusão das variáveis “desigualdade da renda média dos chefes de domicílios”, responsável por 6,3%

574 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

do ajuste, e “percentual de jovens de 11 a 17 anos fora da escola”, responsável por nada menos que 93,7% da qualidade do modelo.

Tabela 4Melhores modelos para a taxa de mortalidade por causas violentas e

indicadores sociodemográfi cos, de desigualdade e vulnerabilidade social Coefi cientes estimados e R2

APs do município de Campinas, 2000

1 As estrelas indicam o nível de signifi cância dos coefi cientes estimados: (*) 5% e (**) 1%. 2 Diferença relativa da renda domiciliar per capita média dos indivíduos pobres (renda inferior à R$ 75,50) do valor de R$ 75,50, dividido por R$ 75,50 e multiplicado por 100.Fonte: Censo demográfi co de 2000. Sistema de Informações de Mortalidade /MS. Tabulações Nepo/Unicamp.

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Além dos indicadores de desigualdade, do índice de intensidade da po-breza e informações sobre a renda média e escolaridade dos adultos, o segundo modelo incorporou cinco indicadores sintéticos, relativos à composição da “vul-nerabilidade social” (Quadro 2, anexo). Neste caso, o melhor ajuste alcançou um R2 de 68,5% , para o qual o fator “carência de capital humano” contribuiu com 84,1% da qualidade do ajuste, seguido do indicador “desproteção social”, com 8,8%, e pela “desigualdade da renda média dos chefes de domicílios”, com 7,2% de contribuição e, mais uma vez, no sentido inverso (Tabela 4).

Discussão e considerações fi nais

Sede da região ofi cializada como Região Metropolitana em 2000, Campi-nas apresenta-se, desde os anos 70, como um dos maiores e mais dinâmicos centros industriais do país. O alcance desse status signifi cou também a incor-poração de problemas comuns aos grandes centros urbanos, com grande parte da população, de cerca de 1 milhão de habitantes, sofrendo por condições de moradia, desemprego e empobrecimento (CUNHA; OLIVEIRA, 2001; HOGAN et al., 2001; CAIADO, 1998).

Foi neste contexto que a taxa de mortalidade por homicídios, em Campi-nas, passou de 28,8 para 70,6 por 100 mil habitantes, entre 1991 e 2000 (144,9% de crescimento). Para a população entre 15 e 24 anos, a variação foi de 174,5%, passando de 56,9 a 156,3 mortes para cada 100 mil jovens (AIDAR, 2003b).

Na comparação entre os municípios da RMC, a sede apresenta a maior desigualdade entre os setores censitários, expressando a grande segregação espacial de grupos sociais. Este resultado está em consonância com o processo de metropolização regional, que inclui a expansão da mancha urbana para além das áreas centrais de Campinas, atingindo as divisas de alguns municípios do entorno, “[...] sinalizando uma intensifi cação das relações inter-municipais e o aumento da verticalização e da favelização ocorrido no período [1991 a 2000]” (NEPO/NESUR/UNICAMP, 2004)(Disponível on line).

Ao se analisarem as diferenças entre os municípios da RMC, utilizando como unidades espaciais de análise setores censitários, os resultados demon-stram que há maior risco de se morrer por agressões nos municípios com maior homogeneidade quanto ao baixo rendimento domiciliar. Por outro lado, a heterogeneidade interna aos espaços urbanos, adicionada a um menor nível de pobreza e maior escolaridade da população adulta – fatores mais relevantes no modelo estatístico –, acabam por “proteger” a população da morte violenta.

Embora com menor relevância estatística, a desigualdade apresenta o mesmo sentido negativo de associação com taxa de mortalidade por agressões,

576 DESIGUALDADE, VULNERABILIDADE SOCIAL E A MORTALIDADE POR CAUSAS VIOLENTAS NO CONTEXTO METROPOLITANO

quando da análise comparativa entre as áreas de ponderação do município de Campinas. Neste caso, as informações sobre a renda média e a intensidade da pobreza deram lugar a um conjunto de indicadores que buscam aprimorar a visão da heterogeneidade socioespacial, a partir da noção de vulnerabili-dade, como variáveis mais importantes para modelar a variação dos índices de mortes violentas. Neste caso, os indicadores com maior associação foram os relativos ao “capital humano”, segundo os quais a qualifi cação dos adultos responsáveis por famílias e a razão de dependência mostraram-se os mais importantes. Com menor contribuição ao segundo modelo, mas nem por isso menos relevante, foi selecionado também o indicador sintético sobre os aspectos relativos ao “capital social”, que inclui o acesso a uma educação de qualidade para as crianças de 7 a 11 anos e ao emprego formal para aqueles com mais de 14 anos.

Embora tenha sido utilizada uma construção preliminar, por meio de dados secundários produzidos para outros fi ns, os resultados revelam a poten-cialidade da utilização do conceito “vulnerabilidade social” e suas dimensões para se entender a confi guração espacial da violência na metrópole.

Neste sentido, vale a pena investir nesta abordagem construindo análises mais aprofundadas sobre os conceitos aqui utilizados (desigualdade e vulnerabi-lidade social) e sobre o processo de constituição dos espaços urbanos, no âmbito da Região Metropolitana. Em ambos os casos, faz-se necessário desconsiderar limites administrativos, incorporando informações sobre as relações entre a população residente e a utilização dos espaços metropolitanos quanto ao acesso ao mercado de trabalho e serviços básicos, essenciais para o fortalecimento das possibilidades de os indivíduos, famílias e grupos sociais responderem às adversidades encontradas. A relativização dos limites administrativos é ainda mais relevante no caso das mortes violentas, em relação a que é importante considerar a entrada e “confi guração espacial” do crime organizado – e lucrativo –, como o tráfi co de drogas, armas e roubo de cargas, que não se relaciona diretamente com a pobreza (ZALUAR, 1999; ADORNO; CARDIA, 2002; LIMA et al., 2005). De fato, nos anos 80 e início dos anos 90, os municípios mais atingidos pelos homicídios, na RMC, eram os maiores e mais dinâmicos: “[...] na década de 90, a violência armada cresce primeiro nos municípios maiores e, principalmente, naqueles com os melhores indicadores, sendo que a partir de 1996 tal crescimento atinge preferencialmente os municípios com os piores indicadores socioeconômicos. Esses resultados independem da inclusão, ou não, do município sede na análise [...]” (AIDAR, 2003a, cap.4).

Finalmente, vale destacar que o acesso à educação de qualidade mostra-se, ainda e mais uma vez, variável importante como aproximação e/ou síntese das estruturas de oportunidades oferecidas aos adultos, jovens e crianças, no passado ou no presente.

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Anexo

Quadro 1Localização do endereço de residência das vitimas

Campinas, 2000

1999 2000 2001

Óbitos (agressões e eventos cuja intenção é ignorada) 570 539 576

Localizados, segundo residência, por APs509

(89,3%)465

(86,3%)510

(88,5%)Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (tabulações próprias).

Quadro 2Demonstrativo dos resultados das análises fatoriais das três dimensões con-

sideradas na construção de indicadores de “vulnerabilidade social”

Fonte: Cunha et. al., 2004, p. 11.