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Deslocamentos altitudinais de algumas aves da Mata Atlântica em Peruíbe-SP

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Algumas espécies da Mata Atlântica, principalmente frugívoros, realizam deslocamentos altitudinais entre as matas de encosta das serras e as matas de restinga do litoral. Contudo, esses deslocamentos não são bem conhecidos. Aqui estão representadas algumas espécies e o período do ano que são registradas no município de Peruíbe, litoral sul do Estado de São Paulo.

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Page 1: Deslocamentos altitudinais de algumas aves da Mata Atlântica em Peruíbe-SP

Deslocamento altitudinal, frugívoros.Mata Atlântica, Peruíbe, São Paulo,Brasil. Bruno Lima

Publicação on line, PDF – www.aultimaarcadenoe.com.br – 03 novembro 2.012

Direitos autorais reservados Bruno Lima

Deslocamentos altitudinais em aves de Mata Atlântica bairro do Guaraú,

município de Peruíbe-SP

Bruno Lima Biólogo, guia de birdwatcher

[email protected]

Resumo: Algumas espécies da Mata Atlântica, principalmente frugívoros, realizam deslocamentos altitudinais entre as matas de encosta das serras e as matas de restinga do litoral. Contudo, esses deslocamentos não são bem conhecidos. Aqui estão representadas algumas espécies e o período do ano que são registradas no município de Peruíbe, litoral sul do Estado de São Paulo.

Abstract. Some species of the Atlantic Forest,specialy frugivorous, make altitudinal migrations between the montane forests and the lowland atlantic forest. Here we presents some records and the time of the year that they occour in Peruíbe, southern coast of São Paulo state.

É sabido – embora não totalmente compreendido – que algumas espécies da Mata

Atlântica realizam deslocamentos altitudinais entre as matas de encosta das serras e as

florestas de restinga do litoral. Tal fator pode estar associado ao período de frutificação de

determinadas espécies nativas. No bairro do Guaraú, município de Peruíbe-SP, onde

realizamos um levantamento de avifauna desde 2006 até o presente, podemos ter uma

certa noção sobre os deslocamentos migratórios de algumas espécies. Contudo, todos os

exemplos a seguir carregam em seu bojo inúmeras dúvidas a respeito de seus locais de

origem, ou mesmo se são migratórias ou apenas passam despercebidas em determinada

época do ano.

Como primeiro exemplo, temos a saíra-sapucaia (Tangara peruviana) (Figura 01).

Sabe-se que indivíduos provenientes do Sul do país –como Santa Catarina - migram para

algumas regiões do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. Nas florestas de baixada do bairro

do Guaraú, o primeiro registro dessa espécie foi em 12 de Julho de 2006 num comedouro,

sendo registrada visitando esse mesmo comedouro até 2010, apenas no inverno. No

entanto, a partir de 2011 essa espécie passou a ser observada durante todo o ano, inclusive

reproduzindo na região. Sabe-se que as populações meridionais são residentes (por

exemplo na Ilha Comprida, mais ao sul), portanto concluímos que Peruíbe também abriga

uma população residente. O que acontece é que essa espécie se torna mais conspícua no

inverno, quando se aproxima dos comedouros. No restante do ano é uma espécie arredia,

habitando as restingas.

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Deslocamento altitudinal, frugívoros.Mata Atlântica, Peruíbe, São Paulo,Brasil. Bruno Lima

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Direitos autorais reservados Bruno Lima

Já o saí-de-pernas-pretas (Dacnis nigripes) (Figura 02) vem sendo registrado apenas no

inverno, desde 2008. Nas outras estações do ano essa espécie não tem sido observada nem

mesmo nas florestas.Sabemos que no Parque Estadual de Intervales essa espécie não

migra, chegando a se reproduzir na região.

Outro visitante de inverno é o cais-cais (Euphonia chalybea) (Figura 03), aparecendo

desde 2008 entre junho e agosto. Não sabemos se os indivíduos dessa espécie são

provenientes do Sul do país ou das partes altas das serras.

Em 2012, uma espécie bastante improvável foi registrada nessa localidade:a saíra-

preciosa (Figura 04), sendo observada até mesmo junto de Tangara peruviana no mesmo

comedouro. Trata-se de uma espécie típicas das matas de alto de serra. A espécie

permaneceu de junho a agosto na região. Teria vindo do alto da Serra do Itatins, fugindo do

frio intenso?

Outra espécie que gera dúvidas quanto à sua origem é o bandeirinha (Chlorophonia

cyanea), que em 2007,2009, 2010 e 2012 foi observada na região apenas nos meses de

inverno. Cremos tratar-se de uma espécie típica das montanhas. Em outubro de 2012

registramos essa espécie na cota de 400m da Serra do Mar, em Pedro de Toledo.

Embora possamos supor de onde algumas espécies de frugívoros da Mata Atlântica

provém e em que época do ano, há ainda muitas dúvidas. São, portanto essas dúvidas que

nos levam a buscar mais informações a fim de saciar parte de nossa paixão pela ornitologia.

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Fotos citadas

Figura 01: Saíra-sapucaia (Tangara peruviana). Foto: Bruno Lima.

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Direitos autorais reservados Bruno Lima

Figura 02: Saí-de-pernas-pretas (Dacnis nigripes). Foto: Bruno Lima.

Figura 03: Cais-cais (Euphonia chalybea). Foto: Bruno Lima.

Figura 04: Saíra-preciosa (Tangara preciosa). Foto: Bruno Lima.