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DESPACHOS EM SUSPENSÁO DE SEGURANÇA

DESPACHOS EM SUSPENSÁO DE SEGURANÇA · 2019. 4. 2. · SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.716 - RJ (Registro n~ 7.191.065) DESPACHO O Instituto Brasileiro do Café - IBC, autarquia federal,

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DESPACHOS EM SUSPENSÁO DE SEGURANÇA

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N? 5.687 - RS (Registro n? 6.185.053)

DESPACHO

Hipótese idêntica à da Suspensão de Segurança n~ 5.671 - RO, volta-se o presente pedido do Banco Central do Brasil contra o «writ» liminarmente concedido para liberar recursos em giro de aplicação no mercado aberto, como foram confiados ao Banco Sul Brasileiro S.A., ora sob intervenção oficial.

Por isso, me reporto aos fundamentos da decisão proferida naquele caso, pelo eminente Presidente, Sr. Ministro José Dantas, verbis:

«Trata-se de Mandado de Segurança liminarmente concedido para liberar vultosa quantia devida pelo Banco Sul Brasileiro S.A. ao impetrante, na conta de depósito remunerado por aplicação no mercado aberto; seria ilegal a taxa de indisponibilidade da quantia referenciada na inicial, mormente pela omis­são da fiscalização estatal em impedir as causas da intervenção determinante da discutida inexigibilidade.

Daí que o Banco Central do Brasil pleiteia a suspensão da execução da decisão malsinada. Após dissertar sobre a equívoca atribuição de sua respon­sabilidade naquelas causas - como sobre a inviabilidade lógica de o Governo bancar o risco das especulações do mercado financeiro, reservado, porém, o lucro à iniciativa privada -, termina a autarquia por asseverar, conclusiva­mente:

«1. a regra consubstanciada no art. 6? da Lei n? 6.024/74, que impõe a inexigibilidade das obrigações vencidas e vincendas contraída"s pela sociedade intervinda, tornar-se-ia letra morta, circunstância essa que, desvirtuando e inviabilizando, por completo, a intervenção, desti­tuiria a autoridade dos poderes que confere a lei, utilizáveis para salva­guardar, na tentativa de revitalizar a instituição, os interesses do merca­do e da poupança popular;

2. o impetrante, a partir da utilização de via processual manifesta­mente inadequada, colocar-se-ia em situação privilegiada diante dos de­mais -çredores da referida entidade, o que fere o princípio da par condi­tio creditorum também de ordem" pública, mais, se considerafmos o uni­verso de detentores de iguais direitos, de número incalculável;

3. o vulto da importância reclamada traduz-se, per se, numa subs­tancial ameaça de lesão ao Tesouro Nacional, eis que, cumprida a limi­nar, há o mais patente risco de irreparabilidade do dano, que consiste

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no difícil, senão impossível, retorno aos cofres públicos da elevadíssima quantia que vier a ser paga, com recursos da reserva monetária, ao im­petrante;

4. a liberação das aplicações no «open market» resultaria em abertura de gravíssimo precedente, de conseqüências imprevisíveis, eis que daria margem à proliferação, fácil ver, de recurso à utilização de milhares de medidas judiciais de idêntica natureza (docs. anexos), não só no que diz respeito aos credores do Sul Brasileiro, mas também a to­dos os outros detentores de idênticos títulos contra outras inúmeras ins­tituições submetidas ao regime da intervenção ou, até mesmo, da liqui­dação extrajudicial. Não há, Excelência, disponibilidade, na reserva mo­netária, de recursos para fazér face a tais indenizações, que, se pagas, provocariam o mais completo caos no controle das finanças públicas.»

Sem avanço nas considerações de mérito acima inseridas, estou em con­cordar com a procedência do temor de lesão grave à economia pública.

Com efeito, até onde possa vir a ser increpada ao Banco Central respon­sabilidade pela irrogada omissão fiscalizadora dos resultados das instituições financeiras, isso, contudo, não me parece autorizar uma sumária reparação de danos, a termo de direito individual líquido e certo, desejado qualificar-se co­mo sobrepujante da conseqüente lesão irreparável aos cofres públicos.

No caso, dolorosa seria essa lesão, ao fazer-se substituir o devedor ina­dimplente pelo Tesouro, jogando-lhe aos ombros o insucesso do especulador, apenando-se o Estado pela culpa in eligendo de quem, por livre operação na mesa do «over» ou do «open», preferiu a sedução das maiores taxas prometi­das pelas financeiras à oferta das maiores garantias de tradição no mercado, de seriedade dos negócios, de competência das gerências, garantias essas facil~ mente aquilatáveis pelo investidor.

No caso há, pois, que considerar, a par do fumus boni iuris e do periculum in mora arrolados em evidência, a circunstância mor da grave lesão à economia pública, tantas vezes se debite ao Tesouro, pela alocação das re­servas monetárias tributariamente alimentadas, o passivo da má administração das financeiras, quando encontradas no estado de pré-falência informante da intervenção oficial; isto é, a circunstância da grave lesão à economia públiça, tantas vezes quanto a própria intervenção preventiva venha a servir de título de dívida do especulado r contra o Tesouro; a circunstância de grave lesão à economia pública, tantas sejam as dezenas de financeiras já flagradas em in­solvência e quantos sejam os milhares de seus credores, aos quais se àssegure, in limine, o direito à esdrúxula socialização dos riscos da especulação financei­ra; tantas vezes, enfim, torne-se letra morta a regra de suspensão da exigibili­dade das obrigações vencidas, de suspensão dos prazos das vincendas e de inexigibilidade dos depósitos, no caso de intervenção igual à de que se trata (Lei n? 6.024/74, art. 6? e alíneas).»

Nessa linha de considerações, pois, tenho por correta, no plano jurídico, a funda­mentação do pedido.

Isto posto, defiro a postulação, para suspender, como suspendo, a execução da se­gurança liminarmente concedida pelo MM. Dr. Juiz Federal, para determinar a libera­ção de vultosa quantia devida pelo Banco Sul Brasileiro S.A. ao impetrante, na conta de depósito remunerado, por aplicação no mercado aberto, até que este egrégio Tribu­nal decida a hipótese, pela via recursal obrigatória, que se abrirá com a sentença sobre o mérito.

Comunique-se, com urgência. Publique-se. Brasília, 28 de fevereiro de 1985. LAURO LEITÃO, Vice-Presidente no exercício da Presidência do TFR.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.707 - RS (Registro n~ 7.172.982)

DESPACHO

O Banco Central do Brasil requer· a. suspensão da execução da sentença proferida pelo MM. Dr. Juiz Federal da l~ Vara, Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, nos autos do Mandado de Segurança impetrado por Garagem Serrana Ltda. con­tra ato supostamente ilegal que teria sido praticado pelo Presidente daquela autarquia federal.

Cuida-se de hipótese idêntica à da Suspensão de Segurança n~ 5.671 - RO. Por isso, me reporto aos fundamentos da decisão proferida naquele caso, pelo

eminente Presidente, Sr. Ministro José Dantas, verbis. «Trata-se de Mandado de Segurança liminarmente concedido para liberar

vultosa quantia devida pelo Banco Sul Brasileiro S.A. ao impetrante, na conta de depósito remunerado por aplicação no mercado aberto; seria ilegal a taxa de ini:!isponibilidade da quantia referenciada na inicial, mormente pela omissão da fiscalização estatal em impedir as causas da intervenção determinante da discutida inexigibilidade.

Daí que o Banco Central do Brasil pleiteia a suspensão da execução da decisão malsinada. Após dissertar sobre a equívoca atribuição de sua respon­sabilidade naquelas causas - como sobre a inviabilidade lógica de o Governo bancar o risco das especulações do mercado financeiro, reservado, porém, o lucro à iniciativa privada - termina a autarquia por asseverar, conclusiva­mente:

«I. a regra consubstanciada no artigo 6~ da Lei n? 6.024/14, que impõe a inexigibilidade das obrigações vencidas e vincendas contraídas pela sociedade intervinda, tornar-se-ia letra morta, circunstância essa que, desvirtuando e inviabilizando, por completo, a intervenção, desti­tuiria a autoridade dos poderes que confere a lei, utilizáveis para salva­guardar, na tentativa de revitalizar a instituição, os interesses do merca­do e da poupança popular;

2. o impetrante, a partir da utilização de via processual manifesta­mente inadequada, colocar-se-ia em situação privilegiada diante dos de­mais credores da referida entidade, o que fere o princípio da par condi­tio credito rum também de ordem pública, mais, se considerarmos o uni­verso de detentores de iguais direitos, de númeró incalculável;

3. o vulto da importância reclamada traduz-se, per se, numa subs­tancial ameaça de lesão ao Tesouro Nacional, eis que, cumprida a limi-

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nar, há o mais patente risco de irreparabilidade do dano, que consiste no difícil, senão impossível retorno aos cofres públicos da elevadíssima quantia que vier a ser paga, com recursos da reserva monetária, ao im­petrante;

4. a liberação das aplicações no «open market» resultaria em abertura de gravíssimo precedente, de conseqüências imprevisíveis, eis que daria margem à proliferação, fácil ver, de recurso à utilização de milhares de medidas judiciais de idêntica natureza (docs. anexos), não só no que diz respeito aos credores do Sul Brasileiro, mas também a to­dos os outros detentores de idênticos títulos contra outras inúmeras ins­tituicões submetidas ao regime da intervenção ou, até mesmo, da liqui­dação extrajudicial. Não há, Excelência, disponibilidade, na reserva mo­netária, de recursos para fazer face a tais indenizações, que, se pagas, provocariam o mais completo caos no controle das finanças públicas.»

Sem avanço nas considerações de mérito acima inseridas, estou em con­cordar com a procedência do temor de lesão grave à economia pública.

Com efeito, até onde possa vir a ser increpada ao Banco Central respon­sabilidade pela irrogada omissão fiscalizadora dos resultados das instituições financeiras, isso, contudo, não me parece autorizar uma sumária reparação de danos, ,a termo de direito individual líquido e certo, desejado qualificar-se como SObrepujante da conseqüente lesão irreparável aos cofres públicos.

No caso, dolorosa seria essa lesão, ao fazer-se substituir o devedor ina­dimplente pelo Tesouro, jogando-lhe aos ombros o insucesso do especulador, apenando-se o Estado pela culpa in eligendo de quem, por livre operação na mesa do «over» ou do «open», preferiu a sedução das maiores taxas prometi­das pelas financeiras à oferta_ dás maiores garantias de tradição no mercado, de seriedade dos negócios, de competência das gerência, garantias essas facil­mente aquilatáveis pelo investidor.

No caso, há, pois, Que considerar, a par do fumus boni iuris e do periculum in mora arrolados em evidência, a circunstância mor da grave lesão à economia pública, tantas vezes se debite ao Tesouro, pela alocação das re­servas monetárias tributariamente alimentadas, o passivo da má administração das financeiras, quando encontradas no estado de pré-falência informante da intervenção oficial; isto é, a circunstância da grave lesão à economia públiça, tantas vezes quanto a pr'ópria intervenção preventiva venha a servir de título de dívida do especulado r contra o Tesouro; a circunstância de grave lesão à economia pública, tantas sejam as dezenas de financeiras já flagradas em in­solvência e quantos sejam os milhares de seus credores, aos quais se assegure, in limine, o direito à esdrúxula socialização dos riscos da especulação financei­ra; tantas vezes, enfim, torne-se letra morta a regra de suspensão da exigibili­dade das obrigações vencidas, de suspensão dos prazos das vincendas, e de inexigibilidade dos depósitos, no caso de intervenção igual a de que se trata (Lei n? 6.024/74, art. 6? e alíneas).»

Nessa linha de considerações, pois, tenho por correta, no plano jurídico, a funda­mentação do pedido.

Isto posto, defiro a postulação, para suspender, como suspendo, a execução da se­gurança concedida pelo MM. Dr. Juiz Federal, para determinar a liberação de vultosa quantia devida pelo Banco Sul Brasileiro S.A. à impetrante, na conta de depósito re­munerado, por aplicação no mercado aberto, até que este egrégio Tribunal decida a hi­pótese, pela via recursal obrigatória.

Comunique-se, com urgência. Publique-se. Brasília, 24 de maio de 1985. LAURO LEITÃO, Vice-Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.716 - RJ (Registro n~ 7.191.065)

DESPACHO

O Instituto Brasileiro do Café - IBC, autarquia federal, secundado pelo Dr. Subprocurador-Geral da República, requer a suspensão dos efeitos da liminar concedi­da, nos autos do Mandado de Segurança n~ 709.899-5, pela MMa. Dra. Juíza Federal da I~ Vara da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, sob a alegação de que, «a prevale­cer tal despacho, grave lesão à economia pública estará sendo perpetrada».

O impetrante esclarece que Societé des Produits Alimentaires - SOPRALI, socie­dade marroquina, sediada em Casablanca, impetrou Mandado de Segurança contra ato do então Presidente do IBC, merecendo o seguinte despacho:

«J. efetuado o depósito da diferença, concedq a liminar.» (FI. 6). Pondera, ainda, o impetrante, que, nos autos do aludido Mandado de Segurança,

está registrado que as respectivas informações haviam sido prestadas, sem que a liminar tivesse sido concedida, não constando da inicial qualquer pedido de depósito que viesse agora justificá-lo no despacho concessivo da liminar postulada e deferida, mediante de­pósito da importância, sobre cujo montante não foi dado vista ao IBC.

Frisa, ademais, que a segurança em causa foi impetrada com o objetivo de compe­lir o IBC a autorizar a exportação da elevadíssima quantidade de 100 mil sacas de café para país que não é membro da Organização Internacional do Café - OIC - ou seja, o Marrocos, mediante condições que, desde o não cumprimento, pela respectiva expor­tadora - a representante da SOPRALI no Brasil - do fechamento de câmbio prede­terminado e contido em resolução da autarquia, obviamente deixaram de prevalecer.

E, mais adiante, o impetrante frisa: «Para melhor aclarar a hipótese: em 20-12-84 a impetrante requereu ao

IBC autorização para adquirir 100 mil sacas de café do comércio privado, me­diante condições que imaginava poderiam ser acatadas. Em 28-12-84, o então Presidente desta Casa autorizou a operação, informando à impetrante e à sua representante no País em que condições efetivamente a operação poderia ser realizada (2 telex em anexo - docs. 4 e 5).

Independentemente do que ali estava contido, sabia perfeitamente bem a exportadora representante da SOPRALI que resoluções do IBC e instruções de exportação também baixadas pela autarquia teriam de ser cumpridas para que a exportação se concretizasse. Dentre tais normas, a atinente a prazo para fechamento de câmbio.

Não cumprido esse prazo, cancelados restariam os respectivos registros de venda, tal como previsto na regulamentação vigente.

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Foi o que ocorreu e, alteradas várias das normas relativas à exportação de café, por força até mesmo da permanente atualização dessas regras em função das exigências do mercado, tornou-se óbvio que, não estando aperfeiçoada a exportação cogitada, por não ter havido o fechamento de câmbio na época própria, não mais se impunha ao IBC a obrigação de acatar as condições an­teriormente estabelecidas para a operação em causa pois não mais vigentes os dispositivos que a haviam arrimado.

Mas até aí, é certo, a matéria se comporta no que vem deduzido na via mandamental. O que não se pode admitir é, data venia, que, sem a oitiva do IBC, permita o MM. Juízo a exportação da elevada quantidade de sacas de café para um país que talvez nâo possa consumir essas 100 mil sacas, exigin­do, tão-só, da impetrante, depositasse.a quantia que vem indicada no telex -doc. n~ 1 - sem ao menos informar como foi apurada. Ao IBC não foi dada oportunidade de se manifestar acerca desse depósito, tendo dele tomado ciên­cia somente à oportunidade em que se recebeu o expediente do MM. Juiz Fe­deral, Dr. Ney Magno Valladares, comunicando da concessão da liminar.

Concretizada a exportaçâo nos moldes em que foi autorizada, mas não sendo tal operação, absolutamente, conveniente ao País ver realizada - inclu­sive, frise-se, teve ensejo aos tempos da anterior administração do IBC -correr-se-á o risco desse café - dado seu volume - não ter consumo no Mar­rocos e, assim, vir a ser reexportado, o que, além de irregular, criaria sérias e graves perturbações no mercado do produto.»

Finalmente, o IBC pede a suspensão da execução da liminar concedida. Recapitulados, assim, os fatos e as razões de direito expendidas, passo a examinar

os pressupostos legais que autorizam a suspensão da execução de segurança. Com efeito, na conformidade do que dispõe o artigo 4? da Lei n? 4.348, de

26-6-64, o Presidente do Tribunal sómente pode suspender, mediante despacho funda­mentado, a execução de liminar ou de sentença, em Mandado de Segurança, a requeri­mento de pessoa jurídica de direito público interessada, «para evitar grave lesão à or­dem, à saúde, à segurança e à economia públicas». Não examina, destarte, o Presidente do Tribunal Federal de Recursos, ao qual cabe o conhecimento do respectivo recurso, o mérito da impetração, mas, tão-somente, se se verifica qualquer das hipóteses previstas no citado artigo 4? da Lei n? 4.348/64.

Tenho, pois, que a liminar concedida aos impetrantes poderá causar grave lesão à economia pública. Outra não é a conclusão a que se chega, do exame sereno de todos os elementos que instruem o presente processo.

Realmente, a ordem judicial expedida, com vistas à exportação de 100 mil sacas de café, tal como posta nos autos do Mandado de Segurança n~ 709.899-5, sem audiência do IBC, ensejará operação inconveniente aos interesses do Brasil, com o provável risco de reexportação de grande parte desse produto, dado que o Marrocos não tem capaci­dade para consumi-lo em sua totalidade, criando, ademais, sérias perturbações no res­pectivo mercado.

A prudência, destarte, aconselha a suspensão dos efeitos da liminar concedida, sem que a medida que ora adoto, convém frisar, signifique qualquer antecipação de juízo sobre o mérito do mandamus.

Isto posto, defiro a suspensão dos efeitos da liminar concedida pela MMa. Dra. Juíza Federal da I~ Vara da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no Mandado de Segu­rança impetrado por Societé des Produits Alimentaires - SOPRALI, contra ato do Sr. Presidente do Instituto Brasileiro do Café - IBC.

Comunique-se, com urgência. Publique-se. Brasília, 28 de junho de 1985. LAURO LEITÃO, Presidente do Tribunal Federal de Recursos.

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Vistos, etc.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.728 - MG (Registro n~ 7.222.882)

DESPACHO

A Caixa Econômica Federal requer, a este presidência, a suspensão da execução de sentença, prolatada pelo MM. Df. Juiz Federal da 1 ~ Vara da Seção Judiciária de Mi­nas Gerais, em Mandado de Segurança impetrado contra a Carteira de Comércio Exte­rior (CACEX), do Banco do Brasil S.A. Busca a Caixa Econômica o amparo proces­sual para o pedido, nas disposições do art. 499 do CPC, na condição de terceira prejudi­cada:

A peça exordial da empresa pública peca por inadequada fundamentação e é desti­tuída de maior clareza.

Diz a requerente, no início de sua postulação: «A Caixa Econômica Federal, instituição financeira sob a forma de em­

presa pública, com sede e foro em Brasília (DF) e jurisdição em todo o terri­tório nacional, por seu advogado e procurador infra-assinado (documento anexo), vem, respeitosamente, e com fundamento no art. 153, § 21, da Consti­tuição Federal, e na Lei n~ 1.533, de 31-12-51, impetrar perante essa colenda Seção o presente Mandado de Segurança, com pedido liminar, contra ato do MM. Juiz Federal da I~ Vara da Justiça Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais ... »

E, ao final, requer: «Nessas condições, e sendo da competência de V. Exa., a cujo Tribunal

cabe o conhecimento do respectivo recurso, requer se digne determinar ao douto Juízo da 1~ Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais e suspen­são da execução da sentença prolatada naqueles autos ... »

Não obstante a estranha e evidente alternativa do petitório, a requerente, quanto à motivação deste, aduz, simplesmente, no item 1:

«A empresa Olho Mágico Ltda., sediada no Estado de Minas Gerais, ob­teve segurança em Mandado de Segurança impetrado contra o Banco do Brasil S.A. (CACEX), com o objetivo de obrigar a impetrante, Caixa Econômica Fe­deral, a licitar um cristal de quartzo como se diamante fosse ... »

Mas não esclareceu. Somente 20 dias após é que se procedeu à juntada de cópias de petição de segurança da empresa Olho Mágico Ltda., da sentença concessiva e das razões de apelação formuladas pelo Banco do Brasil e pela própria Caixa.

De tais documentos é que se emerge o conhecimento do episódio questionado.

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Resumidamente, o problema teve o seu nascedouro quando o gerente adjunto da CACEX exigiu da empresa Olho Mágico Ltda. que os seus produtos (pedras preciosas e semipreciosas) fossem previamente submetidos a exame de avaliação, para que, depois, pudessem ser licitados pela Caixa Econômica. Testilhou-se, em seqüência, quanto ao fato de ser, ou não, diamante o produto a ser licitadó, e quanto à competência da CACEX de estabelecer, por ato próprio, a mercadoria à prévia avaliação, antes de ser alienada pela Caixa.

Esclarecido quanto à testilha, hei de considerar, em primeira plana, que esta Corte revisora, inevitavelmente, tomará conhecimento da causa, já que, Banco do Brasil e Caixa Econômica, apelaram da decisão monocrática. Ainda que assim não ocorresse, a sentença estaria sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Em outro lance, e se considerar que o pedido se dirigiu à suspensão da execução da sentença, devo conter-me às prescrições limitativas do art. 4? da Lei n? 4.348, de 26-6-64. Não vejo, na hipótese vertente, porque não as há, quaisquer graves ameaças à ordem, à segurança ou à economia públicas.

Indefiro. Publique-se. Brasília, 15 de outubro de 1985. LAURO LEITÃO, Presidente.

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Vistos, etc.

SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.729- RJ (Registro n~ 7.242.611)

DESPACHO

Firmado pelo ilustre Subprocurador-Geral da República, Dr. Geraldo Andrade Fonteles, vem-me às mãos um pedido de Suspensão de Segurança, assim manifestado:

«A União Federal, via do Subprocurador-Geral da República infra-as­sinado, vem, respeitosamente, com fundamento no art. 4? da Lei n? 4.348, de 26-6-64, e art. 2\, XVIII, c, do Regimento Interno, requerer suspensão da execução da sentença, proferida no Mandado de Segurança n~ 6.287.204 pelo MM. Juiz Federal dal8~ Vara, Seção do Rio de Janeiro, requerida por Valé­ria Barreto Pinto Bravo e outros, pelas razões que passa a expor:

Os fatos: Em torno de um concurso público, promovido pelo Centro Na­cional de Educação Especial - CENESP- órgão da administração direta, in­serido no Ministério da Educação, e nos termos do Edital n? 01/84, publicado no DO de 10-2-84, tem-se verificado a maior celeuma, tanto no âmbito da ad­ministração do órgão, inclusive na organização da comissão e da realização do concurso, com renúncias e substituições dos integrantes, daquela e interrup­ções destas, como no seio do Judiciário, onde nada menos de 3 (três) Manda­dos de Segurança foram impetrados, com sentenças conflitantes.

Com efeito: o I? Mandado, de n? 5.978.211, foi impetrado por Carlos Francisco Alves da Silva, integrado por litisconsortes ativos e passivos, e julgá­do, em 30-3-84, pelo MM. Dr. Juiz Federal da 5~ Vara do Rio de Janeiro, as­sim:

«Posto isso, e atento aos demais termos dos autos, julgo improce­dente o pedido e denego a segurança, ficando cassadas as liminares (fls. 32 a 429).»

O 2?, n? 703.477, de autoria de Nadia Maria de Oliveira e Silva e outros, decidido pelo Dr. Juiz Federal da 7~ Vara, em 28-6-85, com a seguinte conclu­são:

«Isto posto, concedo a segurança nos termos do pedido de fi. 9 da inicial».

O pedido deste 2? mandado, ao que se depreende da parte expositiva da sentença, é no sentido de o impetrado efetivar-lhe a admissão.

O 3?, n? 6.287.204, ajuizado por Valéria Barreto Pinto Bravo e outros, visando à anulação do mencionado concurso e para impedir a nomeação de

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442 TFR - 138

qualquer candidato aprovado no referido concurso, julgado pelo Dr. Juiz Fe­deral da 18~ Vara do Rio de Janeiro, em 12-9-85, sentenciado da seguinte for­ma:

«Isto posto, concedo a segurança, tornando nulo o concurso públi­co realizado pelo Centro Nacional de Educação Especial - CENESP, sobre que versam os presentes autos, declarando ilegais todas as contra­tações dele derivadas.»

É precisamente alvejando a última parte desta decisão que se dirige o pre­sente pedido de suspensão da sua execução, pela grave lesão à ordem jurídica, decorrente da impossibilidade de se executar sentenças díspares e até diame­tralmente opostas, referentes a um único ato-fato. Essas decisões foram profe­ridas por Juízes diversos, sujeitas à revisão desse egrégio Tribunal.

Igualmente grav.e lesão à ordem administrativa impõe a parte da decisão que, julgando ilegais as contratações das professoras concursadas, impede, proíbe e torna incontornável a ministração de aulas a cerca de 1.000 (mil) alu~ nos entre cegos e surdos-mudos.

O expediente do Exmo. Sr. Ministro da Educação assinala verbis: « ... gravíssimos prejuízos para cerca de mil alunos cegos e surdos, além das conseqüências sociais da dispensa de mais de uma centena de profes­sores já contratados e em exercicio há quase um ano.

a) Foram contratados 137 (cento e trinta e sete) professores aprovados no referido concurso, sendo 39 (trinta e nove) para desem­penhar suas funções no Instituto Benjamin Constant (alunos cegos e de visão subnormal) e 98 (noventa e oito) no Instituto Nacional de Educação de Surdos (alunos deficientes da audiocomunicação). A primeira conseqüência, pois, é o desemprego de 137 (cento e trinta e sete) profissionais;

b) cessação de algumas atividades docentes e comprometimento geral do ensino das duas instituições, como demonstrado pelas razões seguintes: - necessidade de remanejamento de alunos, no último bimestre do ano letivo; - aumento compulsório do número de alunos por turma, com inevi­táveis prejuízos para os alunos, considerando-se a natureza específica e a problemática em que se desenvolve a educação especial; - impossibilidade de remanejamento de alunos, nas atividades em que inexistam professores que possam suprir a falta dos dispensados, como no jardim de infância e no curso de datilografia do Instituto Benjamin Constant.

As conseqüências tornam-se mais graves, quando se considera a im­possibilidade de contratação de professores temporários, em virtude de dispositivo legal, proibindo contratações até 31 de dezembro de 1985.»

Quer me parecer, emitindo um juízo de discernimento, com o qual se conformam dois pronunciamentos de Procuradores da República que oficia­ram nos feitos, em primeira instância, que o concurso deve ser anulado, e tor­nando nula a contratação em caráter definitivo dos participantes dados como aprovados, porém mantendo a legalidade dos seus contratos de trabalhos em caráter precário, pelo regime da CLT, no resto de período do presente ano le­tivo, até a realização de novo concurso, sob a supervisão do DASP, para nor­malizar a contratação dos professores que forem aprovados, já no próximo ano letivo de 1986.

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Esta solução, quer me parecer conciliatória entre gregos e troianos, evi­tando a grave lesão ao interesse público, jurídico e social, de não sofrer solu­ção de continuidade a ministração das aulas pelos professores em exercício e manter a alocação dos recursos com a destinação que foi feita, beneficiando os 1.000 (mil) estudantes nas suas atividades escolares.

Isto posto, formulamos o pedido no sentido de serem suspensas todas as três decisões retroenumeradas, com comunicação aos seus respectivos prolato­res, até o julgamento dos processos no egrégio Tribunal, mantendo a anulação do malsinado concurso, porém reconhecendo a legalidade, em caráter precá­rio, dos contratos de trabalho dos professores, com os pagamentos dos seus salários até contratação definitiva depois de novo concurso.»

Consoante se evidencia da leitura da petição do ilustre Dr. Subprocurador, e em­bora as decisões de I? grau tivessem como causa o mesmo ato-fato da administração, mostraram-se, como se viu, contraditórias, entrechocantes e dessemelhadas. Claro está que tais disparidades praticamente inviabilizam a possibilidade das execuções dos julga­dos e conclamam, com força de exigência, as revisões dos decisórios.

O concurso público de provas e títulos do grupo Magistério, categoria funcional de professor de ensino, classes «A», «B» e «C», da Tabela Permanente do Centro Nacio­nal de Educação Especial, marcou-se por tantas irregularidades, já devidamente profli­gadas, e tão enérgicas e procedentemente reprovadas, que a outra conclusão não pode­ria chegar o Judiciário, a não ser a de decretar a sua nulidade. Em verdade, desobedeceu-se, em vários lances, o Edital n:' 01/84/CENESP, que se constitui na lei interna do concurso e, como tal, deveria ser rigorosamente observado. Bastaria destacar-se, dentre eles, a aplicação de segunda chamada ou segunda prova a determi­nados candidatos, o que era vedado, sob qualquer pretexto, a teor do que disciplinava o subitem 7.7.

Como bem observou o representante do Ministério Público, em cota nos autos de uma das seguranças, «a autoridade impetrada adotou critérios pessoais, em substituição às normas contidas no edital, ferindo com o seu proceder não somente o direito de to­dos os candidatos inscritos no concurso, como também as normas que regem a ativi­dade administrativa».

Provado, como ficou, o apadrinhamento de alguns candidatos, a nulidade é insa­nável.

Sobre dois pontos, portanto, não pairam dúvidas, nem existem dissensões maiores, a encarecer dirimência: a impossibilidade de dar-se execução às sentenças que se atritam e a inquestionável nulidade do concurso realizado.

A uma ótica puramente jurídica, a solução imediata dirige-se à nulificação do con­curso, com a suspensão da execução das sentenças.

Mas, de outro lado, a decisão se projetaria francamente desfavorável para cerca de 1.000 alunos, çegos ou surdos-mudos, que, durante um lapso razoável de tempo, fica­riam sem freqüentar as aulas especializadas.

O expediente, nos autos, do Senhor Ministro da Educação, alerta para as conse­qüências que adviriam com a dispensa dos 137 professores já contratados, em decor­rência do concurso que se anula e para a impossibilidade, até o final deste ano, de se contratarem, temporariamente, outros, dada a proibição legal existente. De outra parte, chamo a atenção para a alocação dos recursos, para tal destinação, que não mais se­riam aproveitados, por imperativos orçamentários.

Creio, com convicção, que a solução de impasse, com a mera aplicação do Direito, constituir-se-ia em ato de clara injustiça para com aqueles deficientes. E essa convicção não tem influência da escola de Magnaud, mas constitui o sentimento percebido de que, ao caso, pode ser dada solução mais humana, mais adaptada e mais conveniente. Esse objetivo é de aceitar-se; somente poderia ser buscado na aplicação da eqüidade.

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Esta. segundo Aristóteles, «representa a mitigação da lei escrita por circunstâncias que ocorrem em relação às pessoas, às coisas, ao lugar ou aos tempos» ou, segundo o escó­lio de Wolfio, «uma virtude que nos ensina a dar a outrem aquilo que só imperfeIta­mente lhe é devido apud Maximiliano, in «Hermenêutica e Aplicação do Direito», pág. 217). Ossília sustenta que, nos casos em que se permite o chamamento à eqüidade, não se dá o atributo de criar o Direito, mas a faculdade de aplicar a norma mais apropria­da às conseqüências do caso concreto. Entre o choque da norma e as necessidades da vida, a interpretação, revestida de eqüidade, tem a vantagem de dar à lei um novo sig­nificado, permitindo fazê-la ressurgir em conformidade com as novas necessidades.

A interpretação deve sempre ter em mira o sentimento do justo. E nada mais justo, em se considerando a situação dos alunos e das professoras

contratadas por força do concurso, do que, por eqüidade, manterem-se as mestras espe­cializadas em atividade, pelo menos até o final do período letivo. Não se estará, com isso, violentando a lei, por isso que não se farão novas contratações, que estão proibi­das. Considera-se, simplesmente, a situação que existe, o fato consumado. Diante de tal quadro, transmudar-se-ia, apenas, a questão da duração do contrato. Anulado aquele, emergente de concurso e por prazo indeterminado, persistiria outro, por prazo determinado, contrato por serviço certo, a título precário, sujeito à condição resolutiva, coincidente com a expiração do ano letivo, ou, se possível for, antes disso, implementa­do com realização de novo concurso público.

Não haveria, destarte, qualquer solução de contituidade, prejudicial à prestação de serviços, nem prejuízos adviriam na educação dos suso mencionados alunos deficientes.

Note-se, ainda, que não há, no caso, prejuízos de terceiros, nem existem situações jurídicas já definidas em favor de outrem, o que se constituiria em obstáculo maior e praticamente intransponível.

Abre-se, ante o considerado, ao entendimento desta Presidência, à Administração Pública, no caso ao Ministério da Educação, através do CENESP - Centro Nacional de Educação Especial - ampla possibilidade de ciar solução ao impasse criado, com a iminente paralisação da ministração de aulas especializadas.

Muitas vezes, e éo que ocorrer no campo do Direi~o Público, pode a administração conceder por eqüidade, dada a sua maior liberdade interpretativa, o que o intérprete não pode atingir em sua análise; tem, a administração, numa esfera discricionária, que não existe na exegese técnica, porque a apreciação do interesse público ou da justiça se encontra mais no âmbito da administração, prerrogativa do Poder Público, a teor do escólio, sempre pontual, de Themístocles Cavalcante.

Volvendo ao requerimento da Sub procuradoria-Geral da República, devo, em princípio, sitiar-me nos limites da competência que me outorga a lei e, dentro deles, de­cidir nec plus ultra. É me solicitada a suspensão das três sentenças e a decretação da nulidade do concurso público. Penso que, se a tanto fosse, extrapassaria as lindes le­gais. A aceitação da nulidade, concomitante à sustação das- decisões, equivaleria a uma supressão de instância, inadmissível e defesa.

De outra parte, forçoso é convir, não se podem manter, no mundo jurídico, em posicionamentos entrechocantes, pela conseqüente inexeqüibilidade.

Reza o art. 4? da Lei n? 4.348, de 26-6-64. «Quando, a requerimento de pessoa jurídica de Direito Público interessa­

da e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pú­blicas, o Presidente do Tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso (vetado) suspender, em despacho fundamentado, a execução da limi­nar, e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 10 dias, contados da publicação do ato.»

Não se testilha, consoante exposto nos prequestionamentos do Dr. Subprocurador, que os pressupostos de cabimento da suspensão estão presentes: grave lesão à ordem

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jurídica, decorrente de sentenças díspares, atacando o mesmo ato administrativo. To­das. prolatadas em Mandados de Segurança, os quais, nas 5~ Vara, 7~ Vara e 18~ Vara aa Justiça Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, tomaram os n?s 5.978.211,703.477 e 6.287.204.

Hei de ponderar, em obséquio à coerência do meu entendimento, que absorvo o decisum último, do MM. Dr. Juiz Federal da 18~ Vara, firmemente calçado em irrepro­cháveis argumentos e conclusões.

Consectariamente, as duas outras sentenças, malgrado precedentes, merecem ter seus efeitos suspensos.

Isto posto, defiro o pedido, em parte, para suspender, como suspendo, os efeitos das sentenças prolatadas pelos MM. Drs. Juízes Federais das 5~ e da 7~ Varas da Se­ção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, até que este Tribunal examine a matéria em seu mérito, em razão de apelação ou de Remessa Ex Officio.

Comunique-se. Publique-se.

Brasília, 30 de outubro de 1985. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANCA N~ 5.779 - SP (Registro n? 7.903.472)

Requerente: União Federal

Requerido: Juízo Federal da 9~ Vara - SP Impetrante: Rotocrom Indústria, Comércio e Representações Ltda.

DESPACHO

Vistos, etc. Com requerer a suspensão da liminar concedida no Mandado de Segurança

n? 7.608.420, impetrado por Rotocrom Indústria, Comércio e Representação Ltcta., a União Federal, via do Subprocurador-Geral da República, dirige-se a esta presidência.

A liminar referida assim foi despachada:

«Processe-se. Concedo a liminar para sustar a cobrança da diferença de tributo, independentemente de qualquer garantia. Requisitem as informações.»

A impetrante, alegando direito líquido e certo, postula o competente amparo juris­dicional, no intuito de não pagar a quantia de Cr$ 312.103.304,00 (trezentos e doze mi­lhões, cento e três mil e trezentos e quatro cruzeiros), que lhe está sendo cobrada Pela Receita Federal, como diferença de imposto devido pela importação de máquina fotor­repetidora, de procedência sueca.

Essa diferença, resultante da classificação constante da guia de importação, não foi aceita pelo agente fiscal da Receita, no ato de desembaraço alfandegário, que la­vrou o competente auto de infração situando o produto em outro item tarifário. Houve impugnação, tendo a autuação do agente sido confirmada pelo delegado da Receita, em Santos - SP, e pelo 3? Conselho de Contribuintes.

A ilustrada Subprocuradoria-Geral da República, após descartar as argumentações expendidas pela impetrante, fincadas na interpretação do art. 4? da Lei n? 2.227/85, já que inaplicável ante o já pedido administrativamente, requer a suspensão da medida provisória, considerando-a lesiva à economia pública.

E esclarece, com absoluta razão, que o impetrante se dispôs a garantir o quantum discutido, através de depósito, em dinheiro, junto à Caixa Econômica Federal.

Estou em que, nesse ponto, o pleito da suspensão merece ser acatado; a liminar, ao dispensar o depósito extravasou os limites do pedido e nessa ultrapassagem deve ser contida.

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Por tais razões, entendo que deva suspender, como suspendo, a liminar, no to­cante à dispensabilidade do depósito de garantia, com arrimo legal no art. 4? da Lei n~' 4.348/64.

Comunique-se ao MM. Dr. Juiz e à Subprocuradoria-Geral da República. Publique-se. ,Brasília, 4 de junho de 1986.

LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.780 - RS (Registro n~ 7.905.254)

Requerente: Subprocuradoria-Geral da República Requerido: Juízo Federal da 6: Vara - RS Impetrante: Peri Borges Barcelos

DESPACHO

Vistos, etc. O Banco do Brasil S.A., sociedade de economia mista, na qualidade de administra­

dor do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP, dirige­se a esta 'presidência, devidamente respaldado pela ilustrada Sub procuradoria-Geral da República, com o fito de requerer a suspensão da execução de segurança, concedida pe­lo MM. Dr. Juiz Federal da 6~ Vara da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul em favor de Peri Borges Barcelos.

A decisão concessiva da segurança reconheceu ao impetrante o direito de levantar as quotas do PASEP, em seu nome depositadas, admitindo a ocorrência da excepciona­lidade de que trata a Lei Complementar n? 7, de 2-9-70, em cotejo com o item n, da Resolução n? 4/78, a primeira estatuindo a possibilidade de levantamento «por ocasião do casamento do titular da conta» e a segunda acrescentando a hipótese de casamen­to ... ocorrida a partir do cadastramento. Entendeu S. Exa., o MM. Dr. Juiz prolatOr, que a resolução foi fruto de errônea interpretação da lei e feriu o princípio maior de igualdade, que constitui a base do sistema constitucional moderno.

Em contradita, asseveram os requerentes que a r. decisão laborou em equívoco: a uma, porque a Lei Complementar n? 7 criou o PIS e não o PASEP, este criado pela Lei Complementar n? 8; a duas, porque o cadastramento é necessariamente posterior à dita legislação; a três, porque ã qu-estão se pacificou na própria regulamentação da lei, o Decreto n? 71.618/72, fixando, de forma indelével, o termo inicial da condição de beneficiário, a partir de 1 de julho de 1971.

Os requerentes esclarecem, ainda, que o impetrante se casou anteriormente à égide da lei, circunstância que, ao meu entendimento, resolve, em definitivo, a questão sob análise.

A toda evidência, não foi o impetrante favorecido pelas disposições da lei autoriza­tiva, porquanto a norma não pode ter eficácia retrooperante, o que significa, segundo o acertado opinamento do Dr. Subprocurador-Geral, subscritor do pedido, sobrepor-se à propria lei, em inaceitável e injurídica postura. Tempus regis actum.

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De outra parte, e considerando a peculiaridade da situação enfocada, se mantida a sentença e levantadas as importãncias pelo interessado, tal equivaleria a uma supressão tácita de instância, uma vez que comprometido estaria o objeto da actio quando de sua apreciação pela instância revisora.

Também a caução, a que alude o douto Subprocurador, mostra-se impraticável, desde que equivaleria à negação do próprio comando judicial inserido na decisão do «writ».

Destarte, e para evitar, como dispõe o art. 4? da Lei n? 4.348/64, que me alber­ga, lesão à economia pública e à ordem jurídica, resolvo suspender, como suspendo, a execução da r. sentença proferida nos autos do Mandado de Segurança impetrado por Peri Borges Barcelos, perante a 6: Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, até que este egrégio Tribunal aprecie a apelação interposta contra a re­ferida sentença.

Comunique-se. Publique-se. Brasília, 4 de junho de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.782 - MA (Registro n~ 7.914.6(1)

Requerente: Superintendência Nacional do Abastecimento - SUNAB Requerido: Juízo Federal da 2: Vara - MA Impetrante: FRINOR - Frigorífico do Nordeste Ltda. e outros Advogado: Dr. Guilherme Galvão Caldas da Cunha (reqte.)

DESPACHO

Vistos, etc. Requer a Superintendência Nacional do Abastecimento - SUNAB, a suspensão de

medida liminar concedida pelo MM. Juiz Federal da Seção Judiciária do Estado do Maranhão, nos autos do Mandado de Segurança impetrado por FRINOR - Frigorífico do Nordeste Ltda., Comercial Pesqueira Ltda., Nadira Santos e Cia. Ltda., Moisés Bernardo dos Santos, M. Vieira e João Silva Lima contra portarias do delegado da au­tarquia naquele Estado.

Segundo os impetrantes, a autoridade coatora, ao baixar os atos impugnados, ex­trapassou os limites que lhe foram demarcados pela Portaria Super n~ 24/86 da Supe­rintendência. e agiu além da competência que lhe foi delegada, tornando seus atos in­válidos ou invalidáveis.

Aduzem, ainda, os impetrantes, com arrimo no que dispõe o artigo 6?, III e IV, da Lei Delegada n? 4, de 26 de setembro de 1962, que o tabelamento se dirige aos pre­ços máximos, que devem ser fixados para as mercadorias e, em assim sendo, as porta­rias impugnadas inovaram ao estabelecer preços mínimos para os casos de exportação, isto é, comercialização interestadual.

A requerente, nas suas razões de pedir, alega que, não determinados os limites da comercialização, os industriais pesqueiros estavam preferindo enviar seus produtos para outros Estados da Federação, prática que, se não fosse sofreada, desaguaria, fatal­mente, no surgimento do «mercado negro», ante o desequilíbrio da oferta e procura.

Posicionando-me. hei de considerar gue não se pode compreender todo o sentido de uma lei pela exegese imediata e simples de artigos e parágrafos isolados. Deve o intér­prete buscar a compreensão de seu verdadeiro espírito, sabendo, de antemão, que toda prescrição legal tem um objetivo ideado, um critério finalístico, um telos a atingir.

Na Lei Delegada n? 4, a ementa é eloqüente: «Dispõe sobre a intervenção no domínio econômico para assegurar a livre

distribuição de produtos necessários ao consumo do povo.

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o mesmo esforço e o mesmo escopo, inspirados pelos desígnios que agitavam o País quando a norma surgiu, são mais intensos e mais buscados nos dias de hoje, quando os próprios consumidores empurram a SUNAB para a luta, nesta quadra de re­formas econômicas.

Embora bem-lançadas as razões que nortearam o pleito de segurança, não me pa­rece que qualquer delas possa se constituir em direito inquestionável, deferível de pla­no, abosolutamente líquido e certo.

A lei delegada sob consideração tem, em seu contexto, amplíssima gama de dita­mes, que autorizam a autoridade competente a agir, com invulgar liberdade, no campo da sua regulamentação.

Das questões que se põem em confronto, aquela que visa o interesse público deve remanescer.

Por estes fundamentos, propositadamente perfunctórios, por receio de adentrarcme às questões de mérito, inclino-me a suspender, como suspendo, a medida liminar conce­dida pelo MM. Dr. Juiz Federal da Seção Judiciária do Estado do Maranhão, nos au­tos do Mandado de Segurança impetrado pelas pessoas nominadas ao início deste des­pacho.

Comunique-se. Pu blique-se. Brasília, 26 de junho de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.785 - SP (Registro n~ 7.920.(08)

Requerente: Ministério Público Requerido: Juízo Federal da 9~ Vara - SP Impetrantes: Agência Siliano de Livros Jornais e Revistas Ltda. e outros

DESPACHO

Vistos, etc. A Subprocuradoria-Geral da República requereu a suspensão das medidas limina­

res concedidas em Mandados de Segurança, impetrados por agência Siciliana de Livros Jornais e Revistas e outros junto à 9~ Vara da Justiça Federal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo.

O Ministério Público alegou, na postulação da suspensão, que S. Exa., o MM. Dr. Juiz da 9~ Vara concedera as medidas provisórias de forma lacônica e em flagrante hostilidade ao que estatui o art. I ~ da Lei n~ 2.770/56. Ademais, desconhecera a deci­são do egrégio Conselho de Justiça Federal que, na Correição n? 0565/83, proclamou

. «constituir inversão tumultuária do processo, com risco irreparável para o poder públi­co, a liberação de mercadoria estrangeira, independentemente das garantias reclamadas pela Lei n~ 2.770/56, que se acha em vigor».

Por derradeiro e manifestando que as sucessivas medidas liminares, em tal sentido, comprometem a ordem jurídica e lesam a economia pública, requer a Procuradoria a suspensão de todas as liminares, com base no art. 4~ da Lei n? 4.348/67.

Despachando o petitório da Procuradoria, o eminente Ministro Gueiros Leite, no exercício da Presidência desta Corte, com seu invejável senso jurídico, sustou os efeitos das liminares concedidas pelo MM. Dr. Juiz Federal da 9~ Vara até que fossem presta­das as informações relativas, requisitadas concomitantemente.

Prestou-se o MM. Dr. Juiz Federal, com o esclarecimento de que em iguais Man­dados de Segurança, invariavelmente concede a liminar, sem qualquer garantia, posto que entende como inconstitucional a Taxa de Melhoramento dos Portos, conforme mi­nuta de sentença que faz juntar, absolutamente semelhante a quaisquer outras que pro­latou ou venha prolatar neste sentido.

É tese, então, já firmada pelo MM. Dr. Juiz a quo, a inconstitucionalidade da TMP, ao sustentar que, em sendo a sua base de cálculo a mesma do Imposto de Im­portação, estaria violado o § 2? do art. 18 da Lei Maior.

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Se o Magistrado de 1 ~ instância assim admite, e assim sistematicamente decide, somente o Tribunal, quando da apreciação dos feitos em causa, em virtude da Remessa Ex Officio, poderá adentrar e dirimir a controvérsia, cujo mérito refoge amplamente às determinadas estremas deste despacho.

Antes disso, porém, admito que as liminares ou as sentenças já prolatadas são passíveis de suspensão em seus efeitos, porquanto a ordem jurídica e a economia públi­ca, consoante ressaltou a douta Procuradoria da República, estão sobe ameaça de le­são, que se reputa como grave.

Assim, nos precisos termos do art. 4~ da Lei n~ 4.348/64, resolvo suspender, co­mo suspendo, a liminar concedida no Processo n~ 9.003.266 e a execução das sentenças proferidas nos Processos n?s 9.001.182, 7.659.172, 7.666.667, 7.608.853, 7.614.012 e 7.632.991, conforme relação contida nas informações prestadas por S. Exa. o MM. Dr. Juiz da 9~ Vara Federal de São Paulo, até o julgamento de todos eles por este Tribu­nal, ex vi do art. 475 do CPC.

Comunique-se. Pu b liq ue-se. Brasília, 31 de julho de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.786 - SP (Registro n~ 7.922.094)

Requerente: Ministério Público Requerido: Juízo Federal da 9~ Vara - SP Impetrante: Elanco Química Ltda.

DESPACHO

Vistos, etc. Postula o Ministério Público Federal a suspensão de liminar, concedida em Man­

dado de Segurança impetrado por Elanco Química Ltda. junto à 9~ Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo.

A liminar foi concedida para liberação de mercadoria de procedência estrangeira e foi vazada nos seguintes termos:

«Concedo a liminar, independentemente de qualquer garantia.» Aduz o ilustre Subprocurador-Geral da República, signatário do pedido, que tal

laconismo, além de inteiramente mensurável, agride o que estatui o artigo I? da Lei n? 2.770/56 e vai de encontro ao que já foi decidido por este Tribunal Federal de Recur­sos, na Correição Parcial n? 0565/83, cuja ementa diz que «constitui inversão tumul­tuária da ordem legal do processo, com risco de dano irreparável para o Poder Públi­co, a liberação de mercadoria estrangeira independentemente da formulação das garan­tias reclamadas pela Lei n? 2.770/56, que se acha em vigor.»

Despachando a petição do Ministério Público Federal, o Exmo. Sr. Ministro Guei­ros Leite sustou os efeitos da liminar até a prestação de informações pelo MM. Dr. Juiz prolator.

Estou em que assiste razão à Subprocuradoria-Geral da República quando afirma que há, na espécie, evidente lesão à economia pública e mesmo à ordem jurídica caso persista a eficácia da medida provisória concedida.

Na trilha desse raciocinio, e levando em conta as razões expostas na exordial e nas informações, resolvo suspender, como suspendo, a liminar concedida, pelo MM. Dr. Juiz Federal da 9~ Vara da Seção Judiciária de São Paulo, no Mandado de Segurança n? 7.667.787, até que este, Tribunal,. por força do duplo grau de jurisdição obrigatório, julgue a matéria controversa.

Comunique-se. Publique-se. Brasília, 1 de agosto de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.792 - MG (Registro n~ 7.928.521)

Requerente: Superintendência Nacional do Abastecimento - SUNAB Requerido: Juízo Federal da 5~ Vara - MO Impetrante: Carrefour Comércio e Indústria Ltda. Advogado: Dr. Inama Rosa de Lima (reqte.)

DESPACHO

Vistos, etc. A suspensão de liminar, em Mandado de Segurança, nos termos do art. 4~ da Lei

n~ 4.348/64, é medida excepcional, somente justificável quando evidente o perigo de grave lesão à ordem, a saúde, à segurança e à economia públicas.

Constitui medida que somente deve ser tomada, quando o Presidente do Tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, estiver inteiramente convencido da existência dos pressupostos legais, após eximinar, com especial atenção e redobrada cautela, o arrazoado petitório e a documentação que o confirma.

In casu, o pedido, além de ter sido feito por via de telex, está, ipso facto, inteira­mente à míngua de prova abonadora.

Meras alegações, desacompanhadas de qualquer instrução, de maneira alguma po­dem sustentar o despacho concessivo.

Sem embargo, e mesmo tendo em conta a veracidade das alegações não se percebe no caso narrado qualquer das hipóteses previstas no retromencionado artigo 4~, nas quais se circunscreve a competência do Presidente para adotar a medida, uma vez que não lhe cabe o exame do mérito.

Ante o exposto, indefiro o pedido de suspensão. Publique-se.

Brasília, 1 de agosto de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.792 - MG (Registro n~ 7.928.521)

Requerente: Superintendência Nacional do Abastecimento Requerido: Juízo Federal da 5: Vara - MO Impetrante: Carrefour Comércio e Indústria Ltda. Advogado: Dr. Inama Rosa de Lima (reqte.)

DESPACHO

Vistos, etc. Esta· Presidência, em despacho de I de agosto de 1986, havia denegado o pedido de

suspensão de liminar, concedida pelo MM. DL Juiz Federal da 5~ Vara da Seção Judi­ciária de Minas Gerais, no Mandado de Segurança impetrado por Carrefour Comércio e Indústria Ltda. contra ato da autarquia. Retorna esta, agora, por intermédio de sua Procuradoria no Distrito Federal, pleiteando a reconsideração daquele despacho.

A requerente, no requerimento de reconsideração, aduz, tão-somente, razões de mérito, absolutamente desinfluentes na formação da minha convicção, ao decidir a ma­téria.

Mantenho o despacho anterior, de I de agosto. Comunique-se. Brasília, 20 de agosto de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.

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SUSPENSÃO DE SEGURANÇA N~ 5.800 - DF (Registro n~ 7.939.388)

Requerentes: CESP - Companhia Energética de São Paulo e Ministério Público Federal

Requerido: Juízo Federal da 7~ Vara - DF Impetrante: Ferro Li$as Assofun S.A. Advogados: Drs. Mauro Lacerda de Á vila e outros (1:' reqte.)

DESPACHO

Vistos, etc. Submete-se na espeCle, à consideração desta presidência, pedido de suspensão de

medida liminar, concedida em Mandado de Segurança impetrado por Ferro Ligas _As­sofun S.A. perante o MM. Juiz Federal da 7~ Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal.

A inicial é de iniciativa da CESP - Companhia Energética de São Paulo, em­presa concessionária de serviços públicos de energia, na qualidade de litisconsorte passi­va, de vez que os atos atacados pelo «mandamus» são as Portarias n~s 38, de 28-2-86, e 45, de 5-3-86, ambas baixadas pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétri­ca, cujo Diretor é a autoridade impetrada.

As razões da CESP estão devidamente endossadas pelo Ministério Público Federal, através da ilustrada Subprocuradoria-Geral da República.

No despacho concessivo da liminar, disse o MM. Juiz a quo que presentes estavam os pressupostos legais, afirmativa contra a qual se insurgem os· requerentes ~ CESP e Ministério Público Federal - como alegar que os atos adrríínistrativos realizados -Portarias n?s 38/86 e 45/86 - conformaram-se, estritamente, às disposições da legisla­ção norteadora, no caso os Decretos-Leis n?s 2.283, de 27-2-86, e 2.284, de 10-3-86, disciplinadores do chamado «Plano Cruzado».

A controvérsia, destarte, tem o seu sítio em tais leis e portarias e suas conseqüên­cias jurídicas de umas em relação às outras.

O primeiro aspecto, de relevância, a ser observado no conteúdo, é a coincidência de datas do Decreto-Lei n? 2.283 e da Portaria n? 38/86; ambos os atos foram publica­dos no Diário Oficial de 28 de fevereiro.

Se a portaria majorou os preços da tarifa de energia elétrica, a toda evidência conflitou-se ela com os ditames do decreto-lei, mesmo porque o art. 35 deste retroagiu os efeitos do congelamento de preços praticados no dia anterior, 27 de fevereiro.

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462 TFR - 138

Em coerente raciocínio, também se torna altamente discutível, a uma ótica pura­mente jurídica, a validade da Portaria n~ 45/86, que pretendeu reduzir preços fixados pela de n? 38, ato que ante o entrechoque aludido, nunca vigeu. Assim, o que houve, realmente, foi um aumento tarifário, se considerada a data referida do Decreto­Lei n? 2.283.

Não é de impressionar a tese de que o Decreto-Lei n? 2.283, ao contrário do Decreto-Lei n? 2.284, não exigia decreto presidencial para a revisão de preços; se não exigia norma decretai, outros pressupostos haveriam de ser presentes para qualquer al­teração, conforme rezava o seu art. 36, assim posto:

«Todos os preços, inclusive aluguéis residenciais, são expressos em cruza­dos e ficam, a partir desta data, congelados nos níveis de 27 de fevereiro de 1986, admitida a revisão setorial e temporária pelos órgãos federais competen­tes, em função da estabilidade da nova moeda ou de fenômenos conjunturais.

Parágrafo único. O congelamento previsto neste artigo poderá ser sus­penso por ato do Poder Executivo, na forma disposta pelo regulamento deste decreto-lei. »

A norma é imperativa, dela não se podendo extrair exegese que contrarie o fim co­limado. A redação é clara e precisa ao prever o descongelamento somente por ato do Executivo e a revisão setorial e temporária, pelos órgãos competentes" quando ocorrer os pressupostos de desestabilização da moeda ou fenômenos conjunturais aconselhado­res da medida.

Não é possível admitir-se que um ou outro se tenha evidenciado. Descarta-se, de pronto, o primeiro deles, que significaria a falência do plano cruzado; e a revisão em função de fenômenos conjunturais, sem embargo da largueza e subjetivismo da expres­são, o bom-senso inaceita a sua ocorrêncía. Entendendo-se conjuntura como uma situa­ção nascida de um encontro de circunstâncias, ponto de partida de uma evolução, tal fenomenologia, muito dificilmente, após o transcurso de 4 (quatro) dias, ter-se-ia mani­festado, a ponto de obrigar a adoção de maiores preços para o setor. Seria o cúmulo de falta de planejamento e a manifestação de criticável resistência às novas medi,das econômicas implantadas.

No plano constitucional, o art. 167 não socorre os requerentes, porquanto con­forme dizem, eles próprios, no petitório inicial a disciplina e a execução do texto maior só se fará através de lei ordinária.

Os Decretos n?s 79.706, de 18-5-77, e 83.940, de 10-9-79, também convocados para o suporte das portarias impugnadas, jamais poderiam servir a tal sustento, por isso que atos de hierarquia menor, não poderiam subrepor-se às normas editadas com o fito de reformas da economia.

Entendo, destarte, esposando a conclusão do MM. Juiz de 1: instância, que houve violação do direito subjetivo, entendido este como a relação entre a lei e o fato, como aceito a relevância da fundamentação do pedido.

É a conclusão a que chego, após o exame da disceptação - e ao que me parece -do confiíto das normas de direito positivo avocadas.

Não sou insensível a ponderações acerca do grave problema energético do País, prestes a enfrentar até problemas de racionamento.

Aplaudo, de forma entusiasta, o «Plano de Recuperação do Setor de Energia Elé­trica», já aprovado pelo Exmo. Sr. Presidente da República.

No entanto, tais motivações inserem-se no mérito do mandado, infelizmente in­tangível dentro das linhas que me são demarcadas pela Lei n? 4.348/64.

O mérito, porém, será examinado em duas oportunidades, pelo Juiz prolator da sentença e por este Tribunal, ex vi da norma processual que obriga a observância ao duplo grau de jurisdição.

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TFR - 138 463

Ex positis, e por achar correta a decisão que se me é submetida, indefiro o pedido de suspensão da liminar concedida pelo Juiz Federal da 7~ Vara do DF, no Mandado de Segurança n? 349 - M/86.

Publique-se. Brasília, 21 de agosto de 1986. LAURO LEITÃO, Presidente.