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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE ANTÔNIO NUNES PEREIRA DETERMINANTES DO ATRASO EM AUDITORIA EXTERNA (AUDIT DELAY) EM COMPANHIAS BRASILEIRAS VITÓRIA 2011

DETERMINANTES DO ATRASO EM AUDITORIA EXTERNA AUDIT … · 2012-06-12 · Esta dissertação propõe a investigação dos determinantes do atraso em auditoria externa, audit delay

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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE

ANTÔNIO NUNES PEREIRA

DETERMINANTES DO ATRASO EM AUDITORIA EXTERNA (AUDIT DELAY) EM COMPANHIAS BRASILEIRAS

VITÓRIA

2011

ANTÔNIO NUNES PEREIRA

DETERMINANTES DO ATRASO EM AUDITORIA EXTERNA (AUDIT DELAY) EM COMPANHIAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis – Nível Profissionalizante, na área de concentração Finanças.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa.

VITÓRIA

2011

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da FUCAPE

Pereira, Antônio Nunes.

Determinantes do atraso em auditoria externa (audit delay) em companhias brasileiras. / Antonio Nunes Pereira. Vitória: FUCAPE, 2011.

79p. Dissertação – Mestrado. Inclui bibliografia. 1. Auditoria externa 2. Contabilidade positiva I.Fundação

Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças II.Título.

CDD – 657

ANTÔNIO NUNES PEREIRA

DETERMINANTES DO ATRASO EM AUDITORIA EXTERNA ( AUDIT

DELAY) EM COMPANHIAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis na área de concentração Finanças.

Aprovada em 2 de dezembro de 2011.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa FUCAPE BUSINESS SCHOOL

_________________________________________ Prof. Dr. Fernando Caio Galdi FUCAPE BUSINESS SCHOOL

_________________________________________ Profa. Dra. Flávia Dalmácio Zóboli UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela possibilidade poder ter concluído o presente estudo.

Notas de gratidão aos meus pais e meus irmãos que me apoiaram

materialmente e espiritualmente em mais essa passagem.

Ao orientador Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa registro pela total confiança e

patrocínio durante as fases de seleção de papers, coleta e análise dos dados.

Minhas notas de gratidão devem passar pelo Prof. Dr. Bruno Funchal e Prof.

Dr. Fernando Caio Galdi e Profa. Dra. Flávia Dalmácio Zóboli participantes de nossa

banca de qualificação e defesa pelas relevantes contribuições para a melhoria do

presente trabalho.

Agradeço o apoio de diversos profissionais da Petróleo Brasileiro S/A, do

Conselho Federal de Contabilidade, Tribunal Regional de Trabalho de São Paulo e

da Universidade de São Paulo pelo estímulo nas pesquisas preliminares, na

compensação de horários, na concessão de bolsas parciais de estudo e no

empréstimo de valiosos papers e obras de difícil acesso.

Registro menção especial à Ordem dos Economistas do Brasil pelo patrocínio

na apresentação de um dos artigos preliminares da presente dissertação na Semana

de Contabilidade do Banco Central do Brasil.

Agradecimentos à Fucape Business School e às instituições patrocinadoras

do Prêmio Eliseu Martins nas pessoas de seus Professores e Funcionários que

fomentaram trabalho de várias formas: seminários técnicos, palestras, livros, cursos,

periódicos internacionais, auxílio com softwares, entre outros fatores que

enriqueceram e viabilizaram o presente estudo. Em especial para Sras. Adriana

Gasparino e Eliana de Lima. Muito obrigado pelo carinho, paciência e atenção.

RESUMO

Esta dissertação propõe a investigação dos determinantes do atraso em auditoria

externa, audit delay (AD), de companhias brasileiras listadas na Bolsa de Valores de

São Paulo. A relevância esperada do estudo está no pioneirismo da documentação

de evidências brasileiras de que o auditor tenha comportamento impactado por

variáveis contábil-financeiras e empresariais selecionadas, sendo, portanto,

modelável. A abordagem teórica contempla a seleção de literatura de teoria positiva

da contabilidade sobre agenciamento, teoria contratual da firma e pesquisas de AD

no exterior. O método contemplou: coleta eletrônica de pareceres, análise

exploratória de dados e análise de dados em painel. A base de dados foi elaborada

com informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do software

Economática dos anos-competência 1999 a 2008. Como resultados foram obtidas

relações lineares que permitem corroborar a literatura internacional de que o AD

cresce quando ocorrem ressalvas e o reporte de perdas; além de ser reduzido em

companhias do setor financeiro. Um achado adicional é o potencial efeito-dilatação

do AD com a incorporação do International Financial Reporting Standards (IFRs) que

demandam, reconhecidamente, maior julgamento profissional. Uma das

conclusões/implicações dos resultados é o potencial uso do AD na avaliação de

desempenho e de qualidade dos trabalhos de auditoria por reguladores e comitês de

auditoria que possam estar interessados na proteção dos investidores contra casos,

por exemplo, de sinalizações inconsistentes, negociações privadas e prática de

“venda de pareceres limpos” em prejuízo ao mercado de capitais nacional.

PALAVRAS-CHAVE : Audit delay. Brasil. Contabilidade Positiva.

ABSTRACT

The study aims to investigate the determinants of delay in external auditing, “audit

delay,” (AD) of Brazilian companies listed in São Paulo Stock Exchange (BOVESPA).

The relevance of the investigation is being the first Brazilian evidences of

documentation that the auditor has behavior modeled by the financial, accounting

and company's data. The theoretical approach contemplates the literature selection

of positive accounting about good and bad-news, agency, contractual theory of the

firm and international papers about AD. The methodological approach had

contemplated: collection of opinions, exploratory and painel data analysis. The

database was elaborated with Brazilian Securities Exchange Commission’s (BSEC)

and Economatica database among 1999 to 2008. They were obtained lineal relations

that allow to, as the international literature, Brazilian AD grows when they occur

qualified opinion and losses; it is smaller in companies of the financial sector. An

additional finding is Brazilian AD Potential effect-dilation with the incorporation of

International Financial Reporting Standard (IFRS) that demand, broadly speaking,

higher principles judgment. One of the results implications is the potential use of AD

information to preliminary analysis of the performance and quality of auditor for

regulators and audit committees that can be interested in the investors' protection

against cases, for example, of opinion shopping and inconsistent accounting and

audit signals in prejudice to the Brazilian capital market.

KEYWORDS: Audit delay. Brazil. positive accounting.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Hipóteses........................................................................................ 47

Figura 2 - Modelo Contabilométrico Brasileiro Preliminar............................... 49

Figura 3 - Hipóteses Aceitas e Não-Aceitas.................................................... 63

Figura 4 - Modelo Contabilométrico Brasileiro Significativo............................ 66

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Dispersão Univariada do AD no Brasil (1999-2008).................... 52

Gráfico 2 - Mediana e Pontos Extremos do AD no Brasil (1999-2008)......... 53

Gráfico 3 - AD e a Ressalva......................................................................... 53

Gráfico 4 - AD e as Firmas B5....................................................................... 54

Gráfico 5 - AD e o Rodízio............................................................................. 55

Gráfico 6 - AD e o Tamanho da Companhia.................................................. 55

Gráfico 7 - AD e o Prejuízo............................................................................ 56

Gráfico 8 - AD e o Reporte de Itens Extraordinários..................................... 56

Gráfico 9 - AD e o Setor Financeiro............................................................... 57

Gráfico 10 - AD Anual e o Advento dos Efeitos da Lei 11.638/2007............... 57

Gráfico 11 - M Mediana do AD, Ressalva, B5 e Rodízio..................................... 58

Gráfico 12 - Mediana do AD, Perdas, Itens Extraordinários e o Setor

Financeiro.................................................................................... 59

Gráfico 13 - Mediana do AD Anual (1998-2008) na Iminência da Lei

11.638/2007................................................................................. 59

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Revisão de 5 (cinco) Papers Selecionados sobre AD...................... 42

Quadro 2 - Revisão da Metodologia e das Variáveis de Estudos

Selecionados......................................................................................................... 45

Quadro 3 - Hipóteses, Evidências Corroborativas e Não-Corroborativas.......... 48

Quadro 4 - Sinal Esperado das Variáveis para o Modelo Brasileiro de AD........ 50

Quadro 5 - Hipóteses, Evidências Anteriores e Evidências do Estudo.............. 62

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sinal Esperados x Encontrados ….......................................................61

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 21

2.1 ABORDAGEM TEÓRICA …............................................................... 21

2.2 AUDIT DELAY: ESTUDOS SELECIONADOS................................... 39

3 METODOLOGIA............................................................................................. 43

3.1 PROCESSO METODOLÓGICO......................................................... 43

3.2 REVISÃO DAS METODOLOGIAS DOS ESTUDOS

SELECIONADOS...............................................................................

44

3.3 ELABORAÇÃO DO BANCO DE DADOS........................................... 46

3.4 HIPOTÉSES....................................................................................... 47

3.5 MODELO CONTABILOMÉTRICO BRASILEIRO DE AUDIT DELAY. 49

3.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS....................... 51

3.6.1. Análise Exploratória de Dados.............................................. 52

3.6.2. Análise de Dados em Painel.................................................. 60

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. ................................................................ 62

5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 67

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 72

13

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo trata-se de uma investigação acerca do atraso na liberação

do parecer do auditor externo, internacionalmente conhecido como audit delay.

Serão analisadas as relações entre indicadores econômico-financeiros e o potencial

atraso na finalização dos trabalhos do auditor no Brasil no período de 1999 a 2008.

A relevância esperada do estudo está no pioneirismo da documentação de

evidências de que o auditor tenha comportamento impactado por variáveis contábil-

financeiras e corporativas selecionadas; como indicam estudos internacionais;

(Lennox, Pittman 2009), (Krishnan, Yang 2009), (Kinney, McDaniel 1993), (Ashton,

Willingham, Elliott 1987); (Whittred, 1980); sendo esse comportamento, em hipótese,

modelável no Brasil. Há, então, expectativa de que o desempenho dos trabalhos de

auditoria seja passível de predição sob a abordagem empírica da teoria positiva da

contabilidade.

São de amplo conhecimento os esforços de auto-regulação e supervisão

governamental com o intuito de aumentar a qualidade dos trabalhos dos auditores

externos no âmbito do Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários e

Superintendência de Seguros Privados. Essas experiências, contudo, precisam de

evidências para avaliar até que ponto as mudanças são determinantes. O processo

de convergência com as normas internacionais de contabilidade, a experiência da

prática de rodízio dos sócios e/ou das firmas, exames de qualificação técnica,

obrigatoriedade de educação continuada, revisão por pares e a recente implantação

de comitê de auditoria, órgão colegiado com objetivo de monitoração dos trabalhos

14 dos auditores, exemplificam algumas oportunidades de investigação dessa área de

pesquisa. Esses eventos demonstram a relevância de pesquisas que possam

abordar a auditoria num ambiente institucional recente e mutante. A presente

pesquisa pode, nessa visão, obter evidências de impactos institucionais na atividade

de auditoria.

Contudo, não obstante os esforços de agências regulatórias do mercado de

capitais, a qualidade da auditoria é merecedora de atenção por parte dos agentes

regulatórios. Em 2 de setembro de 2009, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

divulgou o comunicado Ofício-circular/CVM/SNC n. 12/2009 que alertou sobre

inconsistências nos pareceres emitidos do exercício de 2008. A emissão de um

parecer com ressalva, quando aplicável seria a abstenção de opinião (CMV, 2009),

representa um sinal inconsistente para os investidores, podendo não só prejudicá-

los, mas também gerar futuramente ações judiciais contra a própria firma de

auditoria, abalando a imagem e a credibilidade da profissão. O órgão regulador, num

tom de alerta, parece ter procurado reduzir o histórico de fragilidades no processo de

sinalização de auditoria, visando a não repetição dos mesmos para a competência

2009.

A literatura de contabilidade financeira parece antecipar a relevância do papel

do auditor para fins de proteção dos investimentos com responsabilidades perante a

sociedade, agentes econômicos e analistas financeiros.

O analista crê na função de auditoria. Mas ele precisa estar atento para a possibilidade de falha de auditoria ou situações que colocam o auditor em conflito de interesses, podendo o mesmo ser generoso para com os

15

gestores, atestando situações que carregam incertezas consideráveis em searas penumbrosas, tradução livre do autor (PENMAN, 2007, p. 636).1

Beaver (1989) corrobora, assim como Penman (2007), que a atividade de

auditoria aumenta a acurácia dos números contábeis reportados. O auditor, nessa

visão, fortalece a credibilidade nas informações financeiras oferecidas pelos

gestores ao mercado e aos analistas de capitais. Destaca-se que Beaver (1989)

permite uma definição de que o auditor seria um monitor independente para ir à

empresa, ao inspecionar os sistemas de informação e oferecer uma certificação de

que as informações materiais não foram omitidas pelos gestores. Há, portanto, para

o auditor uma alta responsabilidade de julgamento em face de um ambiente

operacional de incertezas e conflitos de interesse entre gestores e acionistas,

BEAVER (1989).

A partir de Lopes e Martins (2007), fora dificuldades operacionais ligadas à

troca de informações no âmbito de um contrato privado, fatores institucionais podem

influenciar negativamente o processo de geração de informações contábeis e do

poder de sinalização da atividade de auditoria. Em concordância com esses autores,

a auditoria, assim como a contabilidade não é realizada no vácuo institucional.

Lopes e Martins (2007) sugerem que fatores institucionais tais como

enforcement, sistema jurídico-legal, sistema educacional, concorrência, governança

corporativa estão de alguma forma relacionados positivamente com a qualidade e a

projeção da contabilidade nos mais diversos países. Assim, a baixa qualidade dos

trabalhos pode estar associada a conflitos que não estão delimitados apenas às

1 The annalist typically relies on the audit. But she needs to be sensitive to the possibility of audit failure or to situations where an auditor with a conflict of interest might be generous to management in drawing a line trough a gray area (PENMAN, 2007, p. 636).

16 atividades no âmbito da prestação de serviço. Portanto, a responsabilidade do

auditor sobre a qualidade da informação contábil é prejudicada por variáveis

exógenas ao contrato de prestação dos serviços profissionais prestados ao cliente.

Olvidando por um momento do mutante ambiente brasileiro recente, é

oportuno visitar investigações internacionais, especialmente a norte-americana que

pode ser um bom exemplo por se tratar de um mercado de capitais desenvolvido e

pesquisado.

Lennox e Pittman (2009) investigaram, por exemplo, o impacto na qualidade

da informação contábil após o histórico recente de inspeções promovidas pelo Public

Company Accounting Oversight Board (PCAOB), uma instituição que monitora os

auditores nos Estados Unidos sob delação da Securities Exchange Commission

(SEC). O estudo de Lennox e Pittman evidenciou que os relatórios de auditoria não

sinalizavam a desejável qualidade para o usuário, além de comprometer a qualidade

da auditoria uma vez que as firmas estavam abandonando a prática de revisão por

pares (peer-review). Sugerem os autores que mesmo após a implantação das

inspeções do PCAOB, não houve evidências de que qualidade dos trabalhos

melhorou. A regulação norte-americana nesse aspecto foi, na visão de Lennox e

Pittman (2009), aparentemente ineficaz.

Krishnan e Yang (2009) investigaram o período de 2001 a 2006 em relação

ao atraso da liberação do parecer do auditor externo e o reporte do lucro. Ficou

demonstrado que antes da Lei Sarbanes-Oxley muitas companhias anunciavam

lucros antes mesmo do parecer do auditor externo, prejudicando a credibilidade das

informações financeiras. A prática, contudo, se reduziu drasticamente quando a SEC

17 determinou a aceleração do depósito das informações. Krishnan e Yang (2009)

também documentaram que a qualidade dos lucros piora com o aumento do prazo

de entrega do relatório por parte do auditor. O quadro documentado por Krishnan e

Yang (2009) sugere que tanto a emissão apressada sem a chancela dos auditores

quanto o reporte tardio pode prejudicar investidores que dependem da contabilidade

financeira como base de decisão.

Por meio da pesquisa internacional é oportuno introduzir o conceito de atraso

na entrega do parecer do auditor externo (audit delay). Tecnicamente são

intercambiáveis audit delay e audit lag para a investigação analítica. O audit delay,

AD, expressão que será utilizada na presente investigação, é convencionalmente

definido como o prazo entre o final do ano-competência e a data do parecer do

auditor (NG; TAI, 1994).

Confrontando a visão de Lennox e Pittman (2009) e Krishnan e Yang (2009),

verifica-se, citando apenas dois casos, que a regulação governamental pode ser

eficaz, mas com algumas limitações. Portanto, a regulação do mercado de capitais

apresentou, no âmbito das atividades do auditor norte-americano, evidências

históricas recentes de baixa eficácia e de razoável sucesso em sua missão,

especialmente quando tratou do audit delay, elemento chave no problema da

presente pesquisa.

Há estudos internacionais que fortalecem o papel da regulação no estímulo e

eficiência do mercado. Coase (1988) ao criticar a visão que a regulação atrapalha os

negócios, defende justamente o contrário de seus colegas. A regulação existe para

reduzir custos de transação e aumentar o volume dos negócios:

18

Há economistas que ao observar as normas e regulação dos mercados freqüentemente assumem que as mesmas representam um fator de estímulo ao poder de monopólio e são criadas para restringir a competição. Esses economistas ignoram, em boa medida, e falham ao não enfatizar uma explicação alternativa para as normas regulatórias: elas existem para reduzir os custos de transação e, por conseqüência, aumentam o volume de transação, tradução livre do autor (COASE, 1988, p. 9) 22..

É de notório conhecimento profissional que ocorreu na regulação brasileira

um salto institucional, parafraseando Coase (1988), com a atualização da lei

societária, incorporação de padrões de contabilidade internacional no âmbito da

criação do Comitê de Padrões Contábeis (CPC) e a instituição de exame de

qualificação de auditores. Esses, dentre outros, podem ser caracterizados como

movimentos evolutivos importantes e contemporâneos potencialmente impactantes

na atividade de auditoria. A regulação brasileira sobre a contabilidade e a auditoria,

a exemplo de CVM (2009), CFC (2009), BCB (2002), como será posteriormente

configurado, foi revista com potenciais impactos para profissionais contábeis,

companhias, pesquisadores e reguladores.

Além da qualidade nos aspectos de formalização do sinal do parecer (com

ressalva, sem ressalva, adverso ou negativa de opinião comentados tratados pela

CVM), a ênfase na tempestividade da entrega dos pareceres poderia ser uma

informação desejada por investidores, executivos, reguladores e pesquisadores em

auditoria no Brasil se forem consideradas experiências internacionais. Diversas

evidências sobre o tema estão documentadas nos mais diversos países, a exemplo

da França, Nova Zelândia, Hong Kong, Bangladesh e a Austrália, além da pesquisa

contábil tradicionalmente britânica e norte-americana (ASHTON; WILLINGHAM;

22 Economists observing the regulations of the exchanges often assume that they represent an attempt to exercise monopoly power and aim to restrain competition. They ignore or, at any rate, fail to emphasize an alternative explanation for these regulations: that they exist in order to reduce transaction costs and therefore to increase the volume of trade (COASE, 1988, p. 9).

19 ELLIOTT, 1987). Mesmo, sendo numerosos os estudos nos mais diversos países,

não se verificou documentação do fenômeno audit delay por pesquisadores ou

empresas no Brasil.

Identificam-se estudos, Dopuch, Holthausen e Leftwich (1986) e Krishnan e

Yang (2009), que reforçam a associação do audit delay com métricas contábeis

ruins e problemas na geração da informação contábil. A dilatação dos prazos parece

ser maior quando há situações de conflitos maiores, a exemplo de ressalvas e

prejuízos (WHITTRED, 1980). Reforçam a validade das evidências externas,

informações de usuários internos que corroboram a expectativa de que diante de

ajustes de final de ano e de baixa fundamentação dos retornos, auditores e gestores

optam por dilatar o prazo de entrega do parecer de auditoria e, por conseqüência,

dos relatórios anuais (DYER; MCHUGH, 1975).

Se o audit delay é elevado, é possível que a percepção de risco de

informação de desempenho piore para as companhias e as firmas. Investidores

podem vender as ações ou exigir uma remuneração maior. Conselheiros de

administração encarregados da avaliação dos auditores podem ficar inclinados a

adotar práticas discricionárias para a troca do auditor. O quadro brasileiro traz um

elemento, em tese, determinante adicional, e digno de investigação, no contexto de

mudança institucional. Por meio da adoção das Normas Internacionais de

Contabilidade (NIC, mais conhecidas pela sigla em inglês IFRS) reconhecidamente

mais complexas e que demandam maior volume de trabalhos dos profissionais

contábeis (TORRES, 2011), o audit delay pode ter aumentado. Baseado em

Iudícibus et al. (2009), Carvalho, Lemes e Costa (2008) e Ernest & Young, Fipecafi

20 (2009) é razoável defender que será necessário na transição inicial, no Brasil, e

anos posteriores, a partir do ano de 2008, um prazo maior para elaborar

demonstrações financeiras e auditá-las sob os critérios de maior complexidade de

julgamento advindos da introdução da Lei 11.638/2007 e do primeiro conjunto dos

Pronunciamentos Contábeis que procuram incorporação das normas contábeis

internacionais nas práticas contábeis brasileiras (BRGAAP). O último

reconhecidamente enviesado por questões tributárias que prejudicam a essência

econômica patrimonial demandaria um período de aprendizado (start-up) rumo às

normas internacionais de maior qualidade e ampla aceitação.

Explorado preliminarmente o conceito de audit delay num contexto

contemporâneo de maior regulação e mudança institucional, questiona-se:

Quais são os determinantes econômico-financeiros do atraso de auditoria

(audit delay) no Brasil?

Como se percebe, os objetivos do presente trabalho serão delimitados e

modestos em relação à fronteira de pesquisa na área de audit delay, carecendo uma

breve exposição sobre suas limitações. Muito embora exista a expectativa de

inovação do estudo, não foi possível documentar algum trabalho anterior que

tratasse no tema no Brasil, as restrições de literatura nacional, banco de dados e

evidências nacionais foram aspectos consideráveis. As variáveis são delimitadas por

informações públicas, uma opção possível para o tratamento empírico do tema.

Aspectos de ordem interna como treinamento do corpo dos auditores, experiência,

especialização, número de horas por clientes podem até contribuir para o atraso do

trabalho do auditor, mas por serem variáveis reservadas e não-observáveis

21 publicamente ficaram fora do escopo do presente trabalho. Logo, a contribuição do

estudo está na busca de evidências preliminares dos determinantes do audit delay.

Para orientar a dissertação foram elaborados os objetivos, a saber:

1. selecionar e descrever literatura sobre audit delay;

2. propor modelo a partir das variáveis utilizadas em estudos anteriores; e

3. avaliar os resultados quantitativos com a prescrição teórica.

O presente estudo está organizado em introdução, referencial teórico,

metodologia, conclusão, referências, apêndices e anexos. Uma breve apresentação

é oportuna para demonstrar a orientação das seções seguintes. Após a introdução

que destaca a problemática da pesquisa, a seção que trata da abordagem teórica

contempla a seleção de literatura de teoria positiva contábil sobre agenciamento,

teoria contratual da firma e pesquisas de AD no exterior.

A metodologia traz a hipótese, a análise descritiva dos dados, o modelo e a

análise dos resultados. Foram propostas e avaliadas hipóteses sobre a sensibilidade

do AD face ao tipo do parecer, marca do auditor, tamanho do cliente, reporte de

perdas e itens extraordinários, bem como diferenças anuais entre 1999 e 2008, além

de uma diferença entre o setor financeiro e os demais. Comentários são realizados

em função dos dados disponíveis e dos achados.

A pesquisa se encerra com a conclusão e referências. A conclusão traz uma

síntese dos achados, limitações e sugestões de futuras pesquisas. Foram inseridos

ao final do trabalho artigos de periódicos e fontes que fundamentação o presente

22 estudo e que poderão servir de trilha, parafraseando o jargão de “trilhas de

auditorias”, para futuras pesquisas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico da presente pesquisa foi organizado em duas seções. A

primeira seção traz abordagens teóricas que procuram organizar e justificar a

existência da função de auditoria com interfaces com a teoria econômica. Essa

preliminar, visita à teoria consolidada na área macro, é oportuna para a

compreensão da trajetória dos modelos de AD que reconhecidamente utilizam um

ecletismo teórico para a montagem de seus experimentos. A segunda seção traz a

trajetória dos estudos sobre AD e fornece uma síntese das variáveis utilizadas no

modelo proposto do presente estudo e explicações tradicionais e alternativas.

2.1 ABORDAGEM TEÓRICA

Ball e Foster (1982) e Humphrey (2008) fizeram uma revisão dos estudos

sobre contabilidade financeira e auditoria com foco na metodologia empírica

adotada. Criaram uma taxonomia que é oportuna para fins de localização do

presente estudo. As classificações científicas são relevantes para fins de

identificação dos grupos de pesquisadores e suas preferências em termos de

método e teoria. Na dificuldade da montagem de uma árvore do conhecimento

contábil, o mapa proposto por Ball e Foster (1982) se mostra oportuno e relevante

para a presente investigação. Recentemente há estudos que buscaram estudar o

papel de auditoria no âmbito da teoria de agência e da introdução de regulação nova

(GATES; LOWE; RECKERS, 2007); (GRAVIOUS, 2007).

Em termos de classificação da literatura de contabilidade financeira, Ball e

Foster (1982), destacam quatro tópicos: disclosure, escolha contábil, séries

22temporais e desastres. A presente investigação, classificável em disclosure e

escolha contábil, trata e aborda o reporte do auditor e o seu prazo, produto de uma

negociação privada. Elementos que estão contidos nas demonstrações financeiras

anuais das empresas e nas escolhas temporais para a sinalização dos auditores.

Ball e Foster (1982) trabalharam o conceito de paradigma para a pesquisa

contábil, trazendo a taxonomia das orientações: modelo contábil, realidade

econômica, apresentação justa/comparabilidade, consequências econômicas para

os acionistas, consequências econômicas para a gestão e a visão regulatória. Os

autores comentam que na visão regulatória os temas típicos incluíam a evasão, a

ressalva de auditores e listagem privada. A presente pesquisa se situa na visão

regulatória com a inclusão de uma leitura complementar na visão de gestores e

acionistas que são impactados e tomam parte do fenômeno AD.

O estudo do AD está incluído na discussão de Ball e Foster (1982) quando

comentam a literatura das variáveis correlacionadas com o prazo do reporte. Além

de caracterizá-la como fenômeno mais visível após a década de 70, os autores

defendem que os pesquisadores nessa área tinham dificuldades para articular teoria

unificada para os modelos e utilizaram noções sugeridas por apelo popular, literatura

acadêmica ou análise do ambiente institucional. Os referidos autores oportunizam a

visão de que estudos preditivos mais valiosos utilizariam abordagem teórica

ampliada para estudar fenômenos de AD e reporte contábil.

Riahi-Belkaoui (2004) propõe uma abordagem de paradigmas para organizar

a produção e a teoria em contabilidade. Uma análise da proposta desse autor

permite antecipar que, aos estudos empíricos de AD, é visível a utilização dos

paradigmas analíticos de agenciamento, economia da informação e teoria contratual

23da firma. Ball e Foster (1982) já haviam antecipado que os estudiosos de audit delay

e timeliness possuem, ao ver de Riahi-Belkaoui, dificuldades com a teoria. Baseado

nessas perspectivas teóricas e diante da ausência de um corpo unificado teórico,

pode-se defender que os modelos empíricos em AD são geralmente suportados por

uma abordagem eclética quanto à teoria, lançando mão inclusive de elementos

institucionais para a construção de hipóteses.

Situada a pesquisa em AD, cabe trazer a abordagem de agenciamento que é

tradicionalmente utilizada nos estudos de auditoria contábil. Nesse contexto, serão

apresentadas visões abreviadas que possam relacionar auditoria, regulação,

economia, assimetria informacional, custos de agência e ambiente regulatório ao

AD.

Uma abordagem conceitual de auditoria é oportuna desde a mais sintética a

mais analítica. A auditoria é um exame dos registros contábeis por um contador

público certificado externo e independente (ANTHONY, 1999, p. 39). Essa definição

é sintética e traz um viés regulatório, mas de toda forma, ela permite o destaque de

três elementos abordados pelas teorias do comportamento do auditor: a atividade é

realizada por um indivíduo que é influenciado por incentivos econômicos. Esse

indivíduo que aufere receitas com honorários de auditoria (fees), por certo incorre

em custos. O profissional auditor para fazer por merecer sua renda precisa, em

contrapartida, executar uma tarefa com dispêndios de recursos que vão desde sua

hora trabalhada (HH) a custos de formação e registro em órgãos reguladores.

Outros custos tais como instalações, indumentárias e deslocamento existem, mas

podem ser nessa discussão, reduzidos e residuais. Na visão de Anthony (1999), a

atividade de auditoria pode gerar prejuízo ou lucro e é altamente regulada. Há outro

24adjetivo oportuno: “independente”. É nesse atributo que reside um dos maiores

valores sociais para o trabalho do auditor que é a imparcialidade com que executa

suas tarefas. Nesse ponto, é relevante caracterizar o trinômio de fatores para o

processo de auditoria: economia, regulação e independência. Essa definição

preliminar, contudo, pode ser discutida sobre outras ênfases baseadas na economia

da informação e do agenciamento e é consistente ao objetivo mais renovado da

auditoria defendido no Brasil (CFC, 2009):

O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável (CFC, 2009).

Para Antle (1982), a auditoria tem duas essências: a verificação e a produção

de informação. Tradicionalmente, sabe-se que os auditores verificam os relatórios

preparados pelos gestores e certificam se os mesmos estão corretos. Essa situação

contempla a primeira essência. No mundo factual, a existência de auditoria trata-se

de um incentivo para a produção de informações acuradas pelos gestores a um

custo alternativo – menor ao pagamento que seria necessário para um reporte

gerencial, em tese, verdadeiro e justo. Pode-se esperar que a contratação de um

auditor eficaz aumente a qualidade da informação e tenha um custo reduzido se, por

exemplo, comparado a uma remuneração que induzisse o mais real e justo reporte

dos negócios. Se os gestores de sociedades anônimas reportassem de forma

verdadeira o resultado dos negócios, a demanda por verificação seria reduzida ou

no extremo, eliminada, mas o custo de pagamento por essa verdade seria ainda

mais alto. A relação custo x benefício da verificação e produção de informações

25acurada, por mais simples que possa sugerir, é a primeira justificativa para a

existência do auditor.

O que torna legítimo o custo de um auditor, como sugere Christensen e

Feltham (2005, p. 314) é a probabilidade que o auditor possa descobrir uma falha

dos gestores, competência e a probabilidade de que o auditor reporte esse achado

para o seu contratante, independência. Os auditores, para aumentar a demanda por

seus serviços, procuram convencer o mercado de sua competência e de sua

independência. Porém, se há situações nas quais os auditores não têm nada a

perder para sucumbir às pressões dos gestores, relatando um achado, não se pode

dizer que esse tipo de decisão não lhes traga constrangimentos. A necessidade de

negociações dos trabalhos adicionais com atraso na entrega do parecer ou no

extremo, ressalva com potencial perda do cliente são potenciais exemplos de

dificuldades na negociação privada auditado-auditor. A não-descoberta de uma falha

relevante na contabilidade de um cliente pode gerar, por exemplo, demandas

judiciais que trazem onerosidade para o negócio. Cabe destacar que a troca,

rotation, seria um constrangimento relevante para os auditores não apenas pela

perda de um cliente, mas também em função dos custos iniciais de familiarização

com os controles e negócios, start-up costs, que são perdidos (CHRISTENSEN;

FELTHAM, 2005).

Os custos de uma auditoria ainda precisam contemplar aspectos de regulação

e tamanho. Para se proteger de um conluio do auditor com a gestão, os investidores

tendem a escolher grandes firmas na expectativa de que exista uma espécie de

seguro (SUNDER, 1997, p. 115). Em tese grandes auditores, que desfrutam de uma

credibilidade no mercado, serão menos impactados na perda de companhias

26auditadas exercendo seu papel com maior independência. Os acionistas podem

transferir a responsabilidade de monitorar as negociações entre auditor e gestores

exigindo maior controle de qualidade dos auditores e fomentando um ativismo

regulatório e judicial, o que se reduz o risco de conluio, por certo, aumenta o preço

dos serviços de auditoria. Segundo Wolk, Dodd e Rozycky (2008, p. 39), nos últimos

anos, trata-se de uma atividade que teve sua credibilidade balançada com recentes

eventos de falências que eram acompanhadas de atestados de auditores. Por fim,

num cenário extremo, para Sunder (1997, p. 116), quando os honorários de auditoria

ou custos de monitoramento entre gestores e investidores declinam, é razoável

esperar que companhias abertas fechem o capital.

Ainda considerando que auditores podem prestar serviços para companhias

abertas e fechadas para construir sua riqueza, esse indivíduo precisa gerar um

produto de valor superior aos seus custos para seus clientes. Montgomery (1920),

clássico de auditoria no advento da regulação pós-Crash, trazia as vantagens de

uma auditoria que redundaria em ganhos sociais e privados. Informações acuradas

e não-viesadas para negócios, relações com bancos, solvência de parcerias,

seguros de incêndio, abertura de capital, proteção de investidores e públicos, venda

de negócios e, residualmente, redução de negligência e desonestidade eram

contextos mais evidentes para se contratar um auditor. Supostamente os benefícios

superam os custos do auditor, mas o auditor também tem seus custos.

Ainda, antes da quebra da Bolsa de Nova Iorque, Chow (1982) analisou se o

tamanho, o endividamento e a composição acionária tinham influência na demanda

por auditores externos. O pesquisador utilizou um modelo de variável binária para

avaliar o engajamento voluntário por empresas do mercado de balcão na

27contratação de auditoria, a partir de uma amostra de 165 companhias da Bolsa de

Nova Iorque e Mercado de Balcão, em 1926. Os resultados confirmaram que o

aumento do endividamento, do tamanho e do uso de convenants aumentavam a

probabilidade de as corporações serem auditadas.

Deve-se avaliar se a demanda de auditoria está exclusivamente justificada

por regulamentos e leis societárias. A regulação que cria demanda para serviços do

auditor, também lhe tolhe com responsabilidades e riscos de litígio. Boyton et al

(2002, p. 35) comentam que, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, já, em 1932,

ocorreu a obrigatoriedade da auditoria para companhias abertas com chancela legal

dois anos depois pelo governo estadunidense. Essa explicação está formalmente

correta, mas não satisfaz perecendo facilmente sobre o fato de que antes mesmo de

a lei exigir auditoria a prática já existia. Nesse aspecto motivações econômicas

devem ser buscadas e parecem melhor justificar a existência da atividade de

auditoria.

A imparcialidade é implícita na função de auditor que, além de seus objetivos,

poderia ser mais bem estudada com a inclusão de aspectos econômicos e de

incentivos. Carvalho (1989) assevera que muito se escreveu sobre a independência

dando configurações éticas e normativas, mas a abordagem econômica, há vinte

anos, tinha pouca documentação no Brasil, ainda que fosse complementar ou

concorrente. Havia e continua existindo grandes vácuos teóricos para explicar o

comportamento do auditor.

Carvalho (1989) e Estes (1982) argumentam que o trabalho do auditor,

contrariando o saber convencional, pouco influencia a tomada de decisão dos

investidores, assim como é mal compreendido. Tais situações trazem consequências

28e implicações que estimulam a análise econômica do valor gerado x custo de uma

auditoria externa.

Há, nesse ponto, uma controvérsia a ser explorada, a partir de Estes (1982).

Estes (1982) expõe que a demanda de auditoria é devido à obrigatoriedade

regulatória. Contudo, Watts e Zimmerman (1983) buscam evidências históricas e

mais gerais para fundamentar que a atividade de auditoria como redutora de risco

informacional e com motivações econômicas. Antes mesmo de qualquer regulação,

era desenvolvida a atividade de auditoria para grandes empreendimentos marítimos.

Segundo Watts e Zimmerman (1983), a auditoria era inicialmente executada pelos

próprios acionistas-proprietários das grandes navegações. Stiglitz (2000), mais

recentemente, defendeu que companhias de países em desenvolvimento sofrem,

em média, com o sobrepreço de suas ações, pois têm dificuldade de serem bem

auditadas e têm maior propensão a sinalizarem valor com ruídos, ou em outras

palavras, ao evidenciar informações financeiras com maior grau incerteza, o preço

das ações cai. Firth (1978) e Dopuch (1986), em linha com Watts e Zimmerman

(1983) e Antle (1982), ao contrário de Estes (1982), documenta que a informação de

auditoria influencia as decisões de investimento. Para fins do presente trabalho, a

auditoria é uma atividade econômica, num contexto regulatório. Assim, pode-se

verificar que a auditoria muito mais que obrigação legal é uma atividade que

pressupõe a geração e a distribuição de riqueza econômica entre os agentes que

produzem e consomem, por assim dizer, a sinalização de auditoria.

Carvalho (1989) menciona o estudo de Antle (1982) que tratou em específico

do tema o auditor como agente econômico. O estudo utiliza metodologia baseada

em teoria dos jogos para suportar a análise empírica e econômica da contabilidade e

29da auditoria. Antle (1982) defende que a literatura de auditoria, por vezes, se

concentrou nos objetivos e tarefas dos auditores, mas pouco se estudou sobre o

comportamento econômico desse agente que atua estrategicamente. Comenta Antle

(1982) que, para entender o comportamento econômico do auditor é oportuno o

conhecimento do esquema de compensação, em linha com Macho-Stadler e Pérez-

Castrillo (2002), e os mecanismos de compartilhamento de riscos com gerentes e

investidores.

No presente trabalho, a discussão da independência será reduzida, na

medida em que se valoriza uma noção intuitiva da economia do auditor e seu

impacto no AD. Não é o caso de neutralizar os aspectos éticos e altruístas dos

profissionais e das firmas de auditoria, mas enfatizar aspectos mais alinhados aos

modelos e as possíveis evidências do presente estudo que procura medidas

contábeis e empresariais para caracterizar o comportamento e, quiçá, modelá-lo.

Samuelson (1977, p. 136) comenta que, em economia e finanças, a

aproximação em termos de medida é útil desde que o método permaneça o mesmo.

Didaticamente, comenta que a medida econômica não é exata como é a medida da

física. Samuleson (1977), em linha com Wolk, Dodd e Rozycki (2008) e White,

Sondhi e Fried (2003), ilustra, preliminarmente, que os auditores atestam que as

companhias na sua mensuração patrimonial seguiram os mesmos métodos

contábeis tradicionais, não significando que as medidas estão totalmente corretas.

Em breves linhas, a menção valoriza que a contabilidade é um processo informativo

com algum nível de risco, cabendo ao auditor reduzi-lo, mas não eliminá-lo

totalmente. Essa premissa de comparabilidade e exatidão de Samuelson (1977) é

uma noção simplificada do papel do auditor.

30Os administradores têm uma ferramenta de valor que o coloca em

superioridade informacional ao investidor, demandando trabalho de contadores e

auditores. Eles têm alto controle sobre a contabilidade dos rendimentos da

companhia (BERLE; MEANS, 1984, p. 175). Os autores comentaram à época que a

dificuldade informacional dos lucros e patrimônio das empresas é aumentado pelo

fato que os padrões contábeis ainda não se estabilizaram e há ausência de uma

série de regras padronizadas pela lei.

A regulação contábil possui influência de auditores (NIYAMA; SILVA, 2008) e

outros aspectos podem condicioná-la. A regulação evoluiu com o advento das

Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) e das práticas nacionais de

contabilidade, notadamente o padrão contábil norte-americano também conhecido

pela sigla em inglês USGAAP. Essas evoluções institucionais contábeis parecem

restringir a generalidade e a atemporalidade do pensamento de Berle e Means

(1984). Na prática de análise contábil, o auditor acaba por operar como um

contraponto conservador para reduzir o viés otimista ou omissivo que a informação

pode ser informada pelos gestores num contexto de baixa ou alta regulação. Mas,

cabe indagar por que a informação contábil pode ser distorcida por carregar uma

propensão dos gestores e o que os investidores podem fazer quanto a esse

comportamento, parafraseando Samuelson (1977).

Esse questionamento sugere um quadro, a partir de Berle e Means (1984),

Christensen e Feltham (2005) e Laffont e Martimort (2002). O Senhor A de uma loja

de porte médio, chamado principal deseja ter seu capital remunerado a base de

dividendos e valorização patrimonial, e contrata o Administrador-Empregado B,

agente, que é remunerado com um salário fixo e uma quantia relevante baseada em

31lucro. Em um cenário extremo, é possível que B, para receber uma remuneração

maior, promova negócios com clientes insolventes e omita despesas, que se não

aparados por um sistema de controle interno e análise de crédito, trará uma

informação de lucro para A que é destoante da informação real conhecida por B.

Esse quadro de diferença das informações de lucro da loja é chamado assimetria

informacional. Pode-se verificar que, enquanto, o Senhor A almeja dividendos e

valorização patrimonial, o Empregado B pretende obter o maior salário possível,

havendo possibilidade de que ambos não incorram em conflitos de interesse. No

quadro acima, a contabilidade é passível de manipulação por B, um “auditor

honesto”, isto é que não negocie o parecer com o gestor, é custo de agência da

empresa do Senhor A e esse agente de monitoramento opera por reduzir a

assimetria informacional e conflitos de interesse.

Nesse ponto, é possível incluir outra abordagem para a auditoria no contexto

do agenciamento. Para Laffont e Martimort (2002), a auditoria é uma forma de obter

sinais do agente, possuidor informação privada, para aumentar o objetivo de

rentabilidade do principal. A auditoria representa, na perspectiva de Laffont e

Martimort (2002), uma das ferramentas mais onerosas para avaliar a sinalização do

agente.

A informação de auditoria, apesar de custosa, pode ser relevante para a

avaliação de ações e empresas e aumento da riqueza dos acionistas? Há

argumentos empíricos para o questionamento? Ainda que seja intuitivo que

informação segura seja mais valorizada por pequenos acionistas que participam

remotamente da gestão, é oportuno buscar evidências para se avaliar até que ponto

a informação de auditores é valiosa, isto é: se economicamente auditoria importa.

32Dodd et al. (1984) investigaram o impacto dos pareceres “limpos” e com

ressalvas no preço das ações de companhias norte-americanas. Não obstante

declararem dificuldades no controle de variáveis como tempo exato da divulgação

das informações do parecer, os autores encontraram evidência, ainda que pequena,

de impacto no valor de ações norte-americanas.

Dopuch, Holthausen e Leftwich (1986) retormaram a temática da relação

entre a ressalva e os retornos anormais. Os autores documentaram uma significativa

relação de prejuízo anormal associado ao parecer com ressalva em companhias

norte-americanas publicadas no Wall Street Journal, e depositadas na SEC via

relatório 10-K. Os autores estudaram 114 pareceres com ressalva, amostra que foi

reduzida para 75 pareceres de empresas qualificadas pela primeira vez. O período

pesquisado foi de 1970 e 1979.

Choi e Jeter (1992) observaram que os coeficientes dos lucros publicados

caíam significativamente após a publicação de relatórios de auditoria com ressalva.

Os autores utilizam uma amostra de companhias de 1979 a 1986 e documentaram

que o relatório de auditoria possuía um impacto na expectativa de retorno das

empresas com base na chamada abordagem da sinalização.

Ao obterem evidência forte de impacto, Choi e Jeter (1992) oferecem uma

contribuição ou incentivo econômico para a utilização de ferramentas para predizer o

parecer com ressalva, relacionado a um prejuízo anormal. Os autores citados

também notam certa diferença de impacto entre empresas e veículos de publicação

da informação contábil. O estudo de Choi e Jeter (1992) abre espaço para pesquisas

sobre o impacto da cobertura por jornais de grande circulação nos preços das ações

33o que auxiliaria, por exemplo, um gestor a selecionar as fontes de maior impacto no

mercado financeiro.

Pittman e Fortin (2004) encontraram evidência de que a escolha de auditores

Big-Six (à época, as grandes firmas de auditoria eram: Price, KPMG, Delloitte, Arthur

Andersen, Ernest&Young e Coopers & Lybrand) reduzia o custo de capital de novas

companhias listadas. Segundo Sampson (2004) e Stevens (1992), essas firmas

internacionais firmas de auditoria desfrutam de credibilidade e competência técnica,

bem como grande influência econômica por assessorarem governos e companhias.

Exemplificada a relevância de que a informação de auditoria e sua tipologia

importam para avaliação de empresas – (PITTMAN; FORTIN, 2004) e (CHOI;

JETER, 1992) – vale retomar as relações entre agente, principal e monitor. O auditor

pode negociar o resultado do seu trabalho com o agente ou ainda ter dificuldades de

execução da auditoria. Assim, a função produção de auditoria, por assim dizer, pode

coexistir com quebras contratuais. O “auditor pode não ser honesto”, isto é, ao

receber um valor adicional repassa informação incorreta para o principal ou ainda

pode ser “ineficaz” na execução de seu contrato em prejuízo ao principal,

parafraseando Sunder (1997), Ball e Smih (1992) e Christensen e Felthan (2005).

Recentemente, a teoria de agência, no contexto de auditoria, foi tratada por

Christensen e Feltham (2005) sendo retomado novamente o estudo de Antle (1982).

Os últimos autores estilizaram didaticamente um jogo baseado em três indivíduos:

um investidor (principal), um fazendeiro (agente) e um contador (monitor). De forma

interessante foi utilizado na obra um conjunto de ilustrações que são finalizadas com

vários questionamentos, entre os mesmos, os seguintes mais oportunos para o

presente estudo:

34Quais são as motivações do contador e de qual forma a contratação foi realizada com o investidor? O contador irá coletar a informação desejável? Ele reportará de forma verdadeira e justa ou irá negociar com o fazendeiro? Um auditor independente poderá ser contratado para verificar o relatório do contador? Quais fatores afetam a diligência e a honestidade de um auditor independente? (CHRISTENSEN; FELTHAM, 2005, p. 6)3

Verifica-se que o modelo estilizado por Christensen e Feltham (2005) de

agenciamento em companhias inclui um indivíduo econômico chamado auditor. É

possível que o contrato de auditoria não seja satisfatório para o agente, para o

principal e para o monitor, na medida em que seus interesses possam não ser

preservados.

De Christensen e Feltham (2005), pode-se perceber que, na procura de uma

informação fundamental, a exemplo do “real lucro”, o leitor estará diante de um

fenômeno de observação diferenciada: a presença de negociação entre auditor e

agente pode transparecer em métricas, a exemplo do AD. Como verificado no

estudo de Krishnan e Yang (2009), é esperado que o auditor, em contexto de

grandes empresas, quando há prejuízos tende a postecipar o resultado de seus

trabalhos. Ainda que isso não signifique necessariamente a negociação dos

resultados reportados, sinaliza um problema que não só pode refletir no preço das

ações, conforme estudos anteriores, mas pode, em tese, existir a propensão de um

auditor, que diante de um resultado de lucro, reduza a rigidez no cumprimento de

seus procedimentos de observância e teses substantivos e acelere o reporte.

Kanitz (1979) oferece informações preliminares do contexto operacional da

atividade de auditoria e do quão conflituoso pode ser a emissão de um parecer com

ressalva: 33 What are the accountant’s preferences and what form of contract does He have with the investor? Will the accountant diligently collect the desired information? Will he report it truthfully, or will he collude with the famer? Can an idenpendent auditor be hired to verify the accountant’s report? What factor affect the diligence and truthfulness of independent auditor? (CHRISTENSEN; FELTHAM, 2005, p. 6).

35Um parecer contrário não é uma opinião que o auditor gosta de fornecer. Isso lhe trará consideráveis transtornos em relação à diretoria e muitas vezes não será convidado a executar novamente os trabalhos de auditoria no ano seguinte.

[…] Deveremos lembrar que a emissão de um parecer contrário geralmente é precedido por certo trabalho político entre auditor e diretoria. […] Na maior das vezes existirá um caloroso jogo político entre as duas partes (KANITZ, 1979, p. 37)

Martinez (1998) e Nossa, Kassai e Kassai (2000) exploraram as perspectivas

do agenciamento ou agency theory no estudo da contabilidade. Ambos os trabalhos

argumentam as possibilidades da abordagem de agenciamento, bem como

apresentam o auditor como agente econômico. Uma contribuição do segundo estudo

para a presente pesquisa é a seguinte passagem que comenta o “importante papel

da auditoria na relação principal/agente”:

Os auditores conferem se os números utilizados nas cláusulas dos contratos estão calculados de acordo com práticas geralmente aceitas e se tais contratos não estão sendo violados. A teoria do agenciamento pode também ser aplicada aqui sob outro enfoque, ou seja, tendo o auditor numa visão de agente econômico que enfrenta suas próprias restrições e oportunidades (NOSSA; KASSAI; KASSAI, 2000, p. 13).

Continuam os autores que se de um lado o auditor atua como redutor de

assimetrias informacionais entre os gestores – responsáveis pela elaboração das

demonstrações contábeis, e acionistas, proprietários das companhias, o auditor

também pode incorrer em conflitos de interesse como se apreende de pesquisas

que se resgatam no exterior com a utilização do valor dos honorários, rodízio, venda

de pareceres, marcas das firmas de auditoria na temática de independência:

Como as empresas de auditoria possuem outros serviços adicionais a oferecer aos seus clientes, como consultorias, outros conflitos podem aparecer, uma vez que o auditor terá que fazer lobby para vender seus produtos e estaria “negociando” os resultados dos trabalhos de auditoria (NOSSA; KASSAI; KASSAI, 2000, p. 13).

36Bertolucci; Iudícibus (2004), in: Iudícibus e Lopes (2004, p. 290-291),

argumentam que para o desempenho do papel de auditor há potenciais restrições..

A partir de Bertolucci e Iudícibus (2004), é apresentado o questionamento se a

qualidade dos trabalhos de auditoria é a mesma quando o cliente pode pagar um

honorário reduzido ou ainda estando em situação de inadimplemento, mal consegue

pagar as dívidas operacionais.

Destaca-se que a atividade técnica de auditoria não se estabelece fora do

contexto de negociação e pressão dos mais diversos públicos de interesse, entre

eles clientes, competidores e reguladores. As negociações tornam-se evidentes em

situações nas quais: auditores que ressalvam podem perder clientes, preferem

grandes clientes, estão em franca concorrência e rivalidade (MURNIGHAN e

BAZERMAN, 1990), (CRASWEL, 1989), (ASHTON; WILLINGHAM; ELLIOTT, 1987).

Em tese, auditores reduzem o risco de informação contábil, factualmente

compartilham riscos de informação com seus clientes e não será raro que uma

auditoria mal executada aumente o potencial de risco para a sociedade. Os

reguladores têm especial atenção e responsabilidade para com as práticas de

auditoria em um país. O auditor pode no lugar de induzir reportes verdadeiros e

conservadores entrar em conluio, collusion. Argumentos, nesse sentido, são

suportados por Hackenbrack e Nelson (1996) que encontram evidências de que nem

sempre os auditores são conservadores justificando a intervenção estatal.

É oportuno mencionar o estudo de Bowrin (1998), que sintetizou a literatura

de estrutura de auditoria, uma vez que, no presente estudo, o auditor será tomado

de forma simplificada com um agente econômico. Sabe-se que o auditor também é

uma firma e que grandes firmas de auditoria têm, assim como as grandes

37companhias, uma razoável estrutura organizacional e rotinas. A visão de Bowrin

(1998) é consistente com Deangelo (1981) que defende a relação positiva entre o

tamanho da firma e a qualidade de seus trabalhos.

A literatura de estrutura, a exemplo do estudo de Bowrin (1998), tratava

justamente de aspectos organizacionais das firmas de auditoria, entre eles, a

estrutura organizacional da firma, o padrão de execução da firma e aspectos

organizacionais diversos, ainda dentre os mesmos, a cultura.

A abordagem de estrutura é corroborada por literatura técnica que seria

possível, por exemplo, caracterizar uma firma A de auditoria como altamente técnica,

a empresa B especializada em bancos, C especializada em setor de energia, D de

alto engajamento acadêmico, entre outras características. Havia, nesse tipo de

tradição, achados contraditórios e discussões que fazem pouco sentido na

atualidade. Discussões de recursos humanos e cultura organizacional de cada firma

de auditoria eram tópicos também tratados. A discussão do uso de tecnologia era

relevante àquela época, possivelmente, face ao desnivelamento entre firmas do grau

de informatização seja reduzido atualmente.

Já, na busca de uma síntese dos fatores que possam influenciar a função de

auditoria e em especial, o atraso do auditor cabe selecionar uma síntese.

Watts e Zimmerman (1986) possibilitam mencionar os fatores que influenciam

a atividade de auditoria: a) competência; b) independência; c) reputação; d)

sociedades profissionais; e) tamanho do auditor; f) especialização; g) serviços de

consultoria; e h) regulação. Sunder (1997), apoiado na teoria contratual, comenta

que a) alocação de recursos internos; b) tipo de opinião; c) políticas de auditoria

sobre treinamento, qualidade e auto-regulação e os métodos do auditor são

38fundamentais para caraterizar o desempenho da função dos auditores. Defende

ainda que aspectos, a exemplo de: a) desenvolvimento de padrões de execução de

auditoria; b) o desenvolvimento dos padrões contábeis; c) a responsabilidade legal

por detecção de fraude; e d) competição são também relevantes para se determinar

se influenciam na eficácia dos trabalhos de auditoria.

Percebe-se, a partir após a revisão de Sunder (1997), Bowrin (1998), Watts e

Zimmermman (1986), que tratam respectivamente de elementos da teoria de

contratos, da abordagem operacional e da teoria de agência que podem explicar

prática profissional contábil de auditoria. Essa pluralidade teórica possibilita, para a

presente pesquisa, identificação de convergências e de explicações alternativas.

A partir de Bowrin (1998), por exemplo, a explicação operacional para a

influência do tamanho do cliente no atraso do auditor seria a seguinte: clientes

maiores demandam mais tempo por sofrerem maior poder de regulação e por terem

mais transações para serem auditadas. Logo, clientes maiores e mais complexos

apresentariam na perspectiva operacional maior AD.

Explicação alternativa e contraditória seria proposta por teóricos contratuais, a

exemplo de Sunder (1997) e Antle (1982), ao defenderem que os clientes maiores e

mais complexos teriam seus trabalhos finalizados antes dos demais. Os custos

imputados ao auditor de perder um cliente maior gera incentivos econômicos para

que o relatório seja entregue primeiro antes mesmo de clientes menores e de baixa

complexidade com pouco impacto sobre o resultado da firma de auditoria.

Essa discordância teórica propicia uma interessante temática de pesquisa,

caracterizável numa perspectiva de ecletismo teórico para explicar fatores que

determinam os resultados da atividade de auditoria. Teorias contraditórias ou

39complementares podem contribuir para os estudos de auditoria, no Brasil. Assim, a

presente subseção de busca de teorias sobre o comportamento do auditor procurou

identificar estudos e revisá-los, brevemente, uma vez que os mesmos suportam os

testes empíricos da presente pesquisa. Isto significa dizer que algumas discussões

precisaram ser delimitadas e reduzidas, mas, após a visita à documentação anterior

é possível defender que exista uma fértil e pouco explorada área de pesquisa sobre

a temática de auditoria, e, em especial, sobre audit delay, no Brasil. A proposta de

AD vem justamente nessa direção de prover evidências sobre o comportamento do

auditor, em âmbito nacional, num contexto, como observado, de ecletismo teórico.

2.2 AUDIT DELAY: Estudos Anteriores Selecionados

Para fins do presente trabalho, será contemplada a evolução metodológica

dos estudos de AD, a partir de Whittred (1980), Ashton, Willigham e Elliott (1987),

Carslaw e Kaplan (1991), Ng e Tai (1994), Bónson-Ponte, Escobar-Rodríguez e

Borrero-Domínguez (2008) e Krishnan e Yang (2009). Já foram documentadas

evidências de audit delay nos seguintes países: Austrália, Estados Unidos, Nova

Zelândia, Hong Kong, Espanha, Bahain, não sendo localizado qualquer artigo

publicado que tratasse do tema no ou sobre o Brasil. A revisão será abreviada com

ênfase nos métodos analíticos e relações encontradas para as variáveis de maior

interesse para o presente estudo.

Whittred (1980) estudou a relação entre a qualificação do parecer do auditor

externo e a tempestividade das empresas australianas. Tomadas, como proxy, a

qualificação, as datas de finalização do parecer do auditor, bem como a publicação

das informações anuais revelaram diferenças estatisticamente significantes, nos dois

casos. Pareceres “limpos” e ressalvados guardavam uma diferença de 14 dias. Foi

40também documentado, por Whittred (1980), a existência de diferença significativa

entre a data de publicação das informações contábeis anuais e do término do

parecer do auditor quando ocorria uma ressalva. Foram realizados testes de média,

com base na estatística de Mann-Whitney e para análise de variância estatística de

Kruskal-Wallis.

Ashton, Willingham e Elliot (1987) realizaram estudo sobre a análise do atraso

da finalização do auditor, a partir de um levantamento junto a clientes da firma de

auditoria Peat, Marwick & Co. Com foco na competência de 1982 e, a partir da

amostra de 125 empresas, os autores modelaram uma regressão multivariada. O

estudo concluiu que o AD era dilatado na presença de opiniões qualificadas, reporte

de prejuízos, ramo industrial, companhias abertas, ano-fiscal em dezembro,

controles internos fracos, controles informatizados e maior quantidade de trabalho

de campo. Ashton, Willingham e Elliot (1987) inovaram a área de pesquisa ao

elaborarem um banco de dados próprio para investigar empiricamente a prática de

auditoria.

Carslaw e Kaplan (1991) investigaram o audit delay, na Nova Zelândia, e

encontraram que o tamanho da companhia e o sinal do lucro, perda, afetaram o AD,

dos anos de 1987 e 1988, com baixa relação. Os autores utilizaram um modelo

cross-sectional multivariado com tratamento da variável controle.

Ng e Tai (1994) examinaram os determinantes do AD, em companhias

listadas na Bolsa de Hong Kong, para os anos de 1990 e 1991. Detectaram que o

tamanho da companhia e o grau de diversificação das atividades aumentam o tempo

do trabalho do auditor.

41Bonsón-Ponte, Escobar-Rodriguez e Borrerro-Domínguez (2008) investigaram

o comportamento do AD, entre 2002 e 2005, de 105 empresas espanholas.

Utilizando a metodologia de dados em painel demonstraram que duas variáveis se

mostram estatisticamente significantes com o AD: o setor, devido grande pressão

regulatória e o tamanho das companhias no setor. Interessante é que os autores não

encontram significância para a firma de auditoria, a qualificação ou a mudança

regulatória com a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS).

Recentemente, Krishnan e Yang (2009), em seu estudo dedicado ao mercado

norte-americano, que recentemente passou por mudança regulatória com a emissão

da Lei Sarbanes-Oxley, trouxeram elementos institucionais para a literatura.

Krishnan e Yang (2009) evidenciaram que, no período de 2001-2004, época de

implantação da Lei SOX ocorreu um aumento na AD, chamado pelos autores de

Audit Lag (AL), possivelmente, fruto de mudança de políticas contábeis por parte das

empresas que passaram a observar uma regulação mais restrita e de maior

complexidade. Entre outras conclusões, Krishnan e Yang (2009) evidenciaram que a

qualidade dos lucros cai com o atraso da entrega do relatório de auditoria. Após pós

a Lei Sarbanes-Oxley, as companhias norte-americanas foram obrigadas a criar

comitês de auditoria e a buscarem certificação dos controles internos, entre outras

ações, Ettredge, Li e Sun (2006). Em decorrência da Lei SOX e novas regulações,

segundo Krishnan e Yang (2009), as empresas reduziram drasticamente a prática de

anunciar o lucro antes mesmo do parecer de auditoria, evidenciando um efeito

positivo e imediato da regulação.

O Quadro 1 proporciona uma síntese dos estudos revisados para suportar a

presente pesquisa. Foram destacados: autores, nacionalidade e periódicos.

42Autores País Periódico Fatores que Determinam o Aumento do Audit Delay

Whittred (1980) Austrália The Accounting Review

Ressalva do parecer e gravidade da ressalva do parecer

Ashton, Willingham e Elliot (1987)

Estados Unidos

Journal of Accounting Research

Ressalva no parecer, Ramo industrial, negociação em balcão, controles internos fracos, processo contábil pouco informatizado, maior trabalho de auditoria após o encerramento do ano fiscal

Carslaw e Kaplan (1991)

Nova Zelândia

Accounting and Business Research

Menor tamanho e reporte de prejuízos

Ng e Tai (1994) Hong Kong

British Accounting Review

Tamanho e o grau de diversificação

Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008)

Espanha International Journal of Auditing

Menor pressão regulatória e maior tamanho da empresa em relação ao seu setor

Krishnan e Yang (2009)

Estados Unidos

SSRN e Accounting Horizons

Mudança de políticas contábeis com maior evidenciação e complexidade da prática contábil.

Quadro 1: Revisão de 5 (Cinco) Papers Selecionados sobre AD Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa breve revisão dos estudos de AD foi importante para fundamentar a

presente investigação. Pode-se verificar que, na medida em que o tempo passou, os

estudos de AD se internacionalizaram para diversos países. Nesse aspecto, a

presente investigação pode ser entendida como possível contribuição à literatura

com evidências brasileiras sobre o tema, que é a proposta do presente trabalho.

3 METODOLOGIA

A presente seção apresenta a metodologia do estudo. A metodologia segue

uma perspectiva empírico-analítica, no âmbito da abordagem d teoria positiva da

contabilidade (MARTINS; THEÓPHILO, 2007), (MARTINS; THEÓPHILO, 2008),

(KERLINGER, 1979), (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006), (CHRISTENSON,

1983), (IUDÍCIBUS; LOPES, 2004). Foram incluídas, na metodologia, referências

aos modelos anteriores, hipóteses, expectativas de sinal e resultados.

3.1 PROCESSO METODOLÓGICO

O presente trabalho examina o comportamento do atraso do auditor, a partir

de um modelo multivariado de dados em painel, no período de 1999 a 2008. O

objetivo é avaliar, até que ponto, algumas variáveis impactam o trabalho do auditor,

a tal ponto que dilatem ou encurtem o prazo de entrega dos trabalhos. Para alcançar

esse objetivo, foi elaborado um processo metodológico que contemplou:

a) revisão de modelos documentados na literatura;

b) seleção de variáveis e proposição de um modelo;

c) seleção de hipóteses para fins de teste;

d) elaboração de banco de dados próprio, a partir de dados da Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) e do banco de dados do software Economática;

e) análise exploratória de dados com ênfase em gráficos de mediana;

f) análise dos resultados e limitações, com ênfase na técnica estatística de

dados em painel.

44 3.2 REVISÃO DAS METODOLOGIAS DOS ESTUDOS

SELECIONADOS

Foi revisada a metodologia e as variáveis utilizadas por estudos

internacionais, notadamente Whittred (1980), Ashton, Willigham e Elliott (1987),

Carslaw e Kaplan (1991), NG e Tai (1994), Bónson-Ponte, Escobar-Rodríguez e

Borrero-Domínguez (2008) e Krishnan e Yang (2009), para suportar a elaboração de

um modelo contabilométrico. O Quadro 2 traz os estudos e as respectivas

metodologias. É possível identificar que ocorreu a incorporadas diversas variáveis e

métodos de investigação com objetivo de aprimorar achados.

É importante registrar que na revisão dos modelos foi possível identificar uma

alteração das técnicas de análise estatística. Enquanto. o estudo de Whittred (1980)

utilizou testes não-paramétricos com pouco controle de mudanças institucionais, ao

final da revisão foi possível identificar modelos sofisticados de dados em painel.

Bónson-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008) e Krishnan e Yang

(2009) incorporaram os efeitos regulatórios, por exemplo, da introdução das Normas

Internacionais de Contabilidade (IFRS), na Espanha, e da Lei Sarbanes-Oxley em

seus respectivos modelos. Essa evolução é consistente com Humphrey (2008) que

documentou a incorporação de variáveis políticas e institucionais como prática das

recentes análises.

45 Autores Técnicas e perfil dos dados Variáveis testadas (operacionalização)

Whittred (1980) Testes não-paramétricos de variáveis públicas com temporalidade de período (1965-1974) de companhias abertas australianas

AD (em dias), Tipo do parecer (ressalvado, limpo, negativa de opinião)

Ashton, Willingham e Elliott (1987)

Regressão linear multivariada com aplicação de levantamento (survey) junto a sócios norte-americanos da firma Peat, Marwick, Michel & Co com temporalidade cross-sectional (1982)

AD, tamanho (receita), listagem em bolsa (dummy para listagem), mês de apuração do ano-fiscal (dummy para dezembro), qualidade dos controles internos (escala tipo-linkert de 5 pontos), complexidade operacional (escala de 5 pontos), descentralização de controles financeiros e contábeis (escala de 3 pontos), complexidade de TI (escala de 4 pontos), complexidade do reporte (número de relatórios adicionais ao balanço geral), concentração de trabalhos após o ano fiscal (escala de 4 pontos), tempo de relacionamento (anos), reporte de prejuízo (dummy para prejuízo), tipo de parecer (dummy para ressalva).

Carslaw e Kaplan (1991)

Regressão linear multivariada com coleta de dados públicos de empresas da Nova Zelândia com temporalidade anual cross-sectional dos anos 1987 e 1988)

Tamanho (ativos), setor (dummy para setor financeiro), reporte de perdas (dummy para prejuízos), reporte de itens extraordionários (dummy para reporte de itens extraordinários), tipo de parecer (dummy para ressalva), marca do auditor (dummy para firmas internacionais, mês de apuração do ano fiscal (dummy de março a junho), controle da gestão (dummy para proprietários), endividamento (relação dívidas e total dos ativos)

Ng e Tai (1994) Regressão linear multivariada com coleta de dados públicos de companhias de Hong Kong com temporalidade cross-sectional dos anos 1991 e 1992.

Tamanho da empresa (receitas de vendas), Lucro por ação (razão do lucro e número de acionistas do ano anterior), setor (dummy para não-financeiras), reporte de itens extraordinários (dummy para reporte), marca do auditor (dummy para as 6 maiores firmas), tipo do parecer (dummy para ressalva), grau de diversificação (número de subsidiárias), troca de auditor (dummy se novo auditor no ano), influência chinesa (dummy para principais subsidiárias localizadas na China)

Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008)

Regressão linear multivariada com utilização de dados em painel de 2002 a 2005 com coleta de dados públicos de companhias listadas no mercado espanhol

Pressão regulatória (dummy para serviços financeiros e setor de energia); tamanho (logaritmo decimal da capitalização no ano anterior), marca do auditor (dummy para as 4 maiores), tipo do parecer (dummy para ressalva), tamanho relativo no setor (logaritmo da razão entre o valor de mercado da empresa e da média do setor), mudança regulatória (dummy para vigência da circular que obrigou a adoção das IFRS para a empresa)

Krishnan e Yang (2009)

Regressão linear multivariada com utilização de dados em painel de 2001 a 2006 com coleta de dados públicos de companhias listadas no mercado norte-americano a partir dos dados do Compstat.

Ano (dummy para representando cada ano respectividamente), reporte de itens extraordinários (dummy para reporte), número de segmentos (quantidade obtido do Compustat), operacionais internacionais (dummy para empresas com operações fora dos Estados Unidos), rápido crescimento (dummy para determinados setores), setor (dummy para determinados setores), nova economia (dummy para empresas de tecnologia), setor financeiro (dummy para setor financeiro), probabilidade de insolvência (mensurada pelo modelo de Zmijewski), reporte de prejuízo (dummy para reporte de prejuízo), parecer de descontinuidade (dummy para sinalização de descontinuidade pelo auditor), período fiscal (dummy para dezembro ou janeiro), tamanho (logaritmo natural dos ativos), variação de lucros (relação entre o lucro do ano e o lucro do ano anterior).

Quadro 2: Revisão da Metodologia e das Variáveis de Estudos Selecionados Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3 A ELABORAÇÃO DO BANCO DE DADOS

A elaboração do banco de dados da presente pesquisa partiu da organização

de 634 empresas de capital aberto, com sede no Brasil, e listadas na Bolsa de

Valores de São Paulo com a utilização de duas fontes básicas: a Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) e o software da consultoria Economática.

Foi criada uma variável para identificação das empresas, bem como uma

variável para cada ano-competência para a elaboração dos dados em painel. As

informações do tipo do parecer, ressalva ou demais qualificações; o nome do auditor

e a data do parecer foram obtidos no portal da CVM. Essa coleta foi realizada de

forma independente, para cada ano.

Após a fase de coleta dos pareceres, foi realizado o procedimento de junção

de informações (join), com auxílio do software Access, para incorporar ao banco de

dados informações econômico-financeiras do software Economática.

Após os procedimentos elencados, foram obtidas 4.116 informações válidas,

de cálculo de audit delay, para os anos-competência de 1998 e 2008. O ano de 1998

não será contemplado, no modelo, por não conter a informação de ressalva.

Cabe acrescentar que a descrição das variáveis utilizadas no estudo,

guardam correspondência com a revisão da literatura e foi apresentada

posteriormente no estudo.

47

3.4 HIPÓTESES Optou-se por enunciar as hipóteses alternativas para fins de apresentação do

modelo. A partir de pesquisas anteriores, as hipóteses nulas são assim enunciadas

na Figura 3:

H1: O tipo do parecer impacta o audit delay.

H2: O tamanho da firma de auditoria impacta o audit delay.

H3: A troca do auditor, rodízio, impacta o audit delay.

H4: O tamanho do cliente auditado impacta o audit delay.

H5: O reporte de prejuízos do cliente impacta o audit delay.

H6: O reporte de itens extraordinários impacta o audit delay.

H9: Há diferenças entre o audit delay do setor financeiro e dos demais setores.

H8: Há diferença do audit delay entre os anos de 1999 e 2008.

Figura 1: Hipóteses Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Cabe incluir a relação das hipóteses com os estudos revisados. Pode-se

perceber que os recentes estudos contemplam testes de hipóteses com a utilização

da técnica de dados em painel. Conforme defendida, como técnica de análise mais

robusta, Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008), em linha

com Gujarati (2006, p. 514), defendem que o estudo de variáveis longitudinais pode

trazer um benefício ao capturar eventos que afetam todo o mercado em um dado

período, considerando ainda a vantagem de permanecerem inalterados os sujeitos

(no caso as empresas) ao longo do tempo.

48

Hipótese Evidências corroborativas Evidências não -corroborativas

H1: tipo do parecer

Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009)

H2: marca do auditor

Krishnan e Yang (2009) Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009)

H3: troca do auditor

Ashton, Willingham e Elliott (1987) Ng e Tai (1994)

H4: tamanho do cliente

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009)

H5: reporte de prejuízos

Carslaw e Kaplan (1991); Krishnan e Yang (2009)

Ashton, Willingham e Elliott (1987)

H6: reporte de itens extraordinários

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Krishnan e Yang (2009)

H7: setor financeiro

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009)

Ng e Tai (1994)

H8: mudança de regulação contábil

Krishnan e Yang (2009) Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008)

Quadro 3: Hipóteses, Evidências Corroborativas e Não-Corroborativas Fonte: Elaborado pelo autor

49

3.5 MODELO CONTABILOMÉTRICO BRASILEIRO DE AUDIT DELAY

Para cada hipótese, foram propostas variáveis que compõem o modelo de

dados em painel que foi utilizado. Segundo Wooldrigde (2002), esse tipo de técnica

é a que melhor se enquadra para a análise de fenômenos de indivíduos que se

repetem ao longo de um horizonte temporal. Como foi verificado, na revisão de

literatura, os recentes estudos têm optado por essa técnica de análise. Assim o

modelo é o seguinte:

Figura 2: Modelo Contabilométrico Brasileiro Preliminar Fonte: Elaborado pelo pesquisador

A descrição das variáveis e os sinais esperados são apresentados a seguir:

Variável Sinal Esperado

Valores assumidos

Auditdelay n/a Número de dias entre 31 de dezembro e a entrega do parecer do auditor independente.

Ln(auditdelay)

n/a Logaritimo natural de audit delay

Ressalva + Assume valor 0 para pareceres limpos e 1 para outras situações. B5 - Assume 1 para empresas Price WaterhouseCoopers, Arthur

Andersen, KPMG, Delloite Toache Tomasu e Ernest & Young; 0 para as demais.

Rotation + Assume valor 1 para troca de auditores e 0 para a manutenção do mesmo auditor.

Lnativo - Assume o valor do logaritmo natural do ativo total final de cada ano de competência, como proxy de tamanho.

Dloss + Assume valor 1 quando ocorre reporte de lucro líquido negativo e 0 para demais situações.

Dextra + Assume valor 1 quando ocorre reporte de itens extraordinários e 0 para demais situações.

Dsetor - Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e seguros) e 0 para demais setores.

D1999 ? Assume 1 para a competência 1999 e 0 para as demais. D2000 ? Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e

seguros) e 0 para demais setores. D2001 ? Assume 1 para a competência 1999 e 0 para as demais. D2002 ? Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e

seguros) e 0 para demais setores.

εββββββββββββ

ββββββ

+++++++++++++

++++++=

ititititit

ititititititit

ititititititit

ddddd

dddddsetordextra

dlossativorotationBressalvaauditdelayf

20082007200620052004200320022001200019997.

ln5)(

1716151413

1211109876

543210

50

D2003 ? Assume 1 para a competência 1999 e 0 para as demais. D2004 ? Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e

seguros) e 0 para demais setores. D2005 ? Assume 1 para a competência 1999 e 0 para as demais. D2006 ? Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e

seguros) e 0 para demais setores. D2007 ? Assume 1 para a competência 1999 e 0 para as demais. D2008 ? Assume valor 1 quando a empresa é do setor financeiro (banco e

seguros) e 0 para demais setores. ε i Empresa

t Tempo Quadro 4: Sinal Esperado das Variáveis do Modelo Fonte: Elaborado pelo autor.

Algumas limitações do presente modelo devem ser discutidas por seu valor

para futuros estudos, em relação ao caráter preliminar e da presente investigação.

Uma das limitações diz respeito ao setor. Uma vez que fora apenas incluída na

análise dummy de setor financeiro, há um prejuízo para aprofundar a análise setorial

de todos os setores listados na Bovespa. Essa ressalva é relevante, pois podem

existir influências de setores altamente regulados no AD, a exemplo de energia

elétrica e petróleo, tratados no presente estudo como “não-financeiros”.

Tamanho no setor é uma variável controvertida e sabe-se que há indústrias

que o grau de competição entre as empresas possa impactar no atraso do auditor.

Do ponto de vista mercadológico, pode-se supor que as líderes do respectivo setor e

o grau de especialização de cada auditor em uma indústria possam ter impacto nos

resultados.

51

3.6 ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS

Na presente seção, foram as análises descritivas de dados e a análise da

técnica de análise de dados em painel. Recentemente os estudos de audit delay têm

o consenso de que a técnica de dados em painel é a mais propícia para a análise

desse tipo de fenômeno. Essa técnica se comparada à regressão por pooling e

regressão multivariada, Hair Jr et al (2005), apresenta superioridade de

especificação por capturar variáveis omitidas e combinar efeitos temporais com

cross-sectional (STOCK; WATSON, 2004).

No presente trabalho, antes da análise do modelo, foi realizada análise

exploratória de dados por meio de histogramas, gráficos de dispersão e, quando

aplicável, gráficos Box-plot e das diferenças de medianas com auxílio do software

Stata (HAMILTON, 1998), (BARBETTA, 2003) e (WILD; SEBER, 2004).

Inicialmente foram utilizadas 634 empresas organizadas entre os anos de

1998 e 2008. Das possíveis 6974 empresas, apresentaram métricas de audit delay

apenas 4.116 empresas. Por uma questão de escopo e informação disponível, foram

analisados os dados válidos para audit delay a partir de 1999, totalizando a

observação de 10 (dez) anos. E, cabe acrescentar, que foi possível detectar

empresas que não tiveram informações durante todos os anos, caracterizando uma

análise baseada em painel não-balanceado.

52

3.6.1 Análise Exploratória de Dados

Uma das primeiras fases da pesquisa que utiliza análise multivariada de

dados é a análise exploratória de dados por gráficos. Essa fase inclui uma análise

dos diagramas de dispersão de correlações e gráficos de caixas (box-plot). O uso

do box-plot permite a visualização de um padrão de comportamento dito normal e

permite a identificação de outliers, além de trazer uma informação essencial que é a

mediana de uma variável métrica, menos susceptível a valores extremos. A

existência de outliers de atraso pode ser sinal de negociação entre o auditor e a

companhia aberta, mas se analisados em termos médios podem distorcer o

comportamento da amostra analisada.

A primeira variável estudada será audit delay. Por meio do histograma é

possível verificar que a variável possui distribuição assimétrica. Esse comportamento

tem, por exemplo, estimulado os autores mais contemporâneos utilizar o logaritmo

natural do audit delay no lugar de seu valor puro para melhorar a especificação dos

testes. Verificou-se, por meio do Gráfico 1, que a mediana situou-se 60 dias.

020

4060

80Fr

equê

ncia

0 100 200 300 400Dias

Gráfico da Distribuição do Atraso do Auditor (Audit Delay)

Gráfico 1: Dispersão Univariada do AD no Brasil (1999-2008) Fonte: Elaborado pelo autor.

53

0 100 200 300 400Dia da Publicação

Análise da Variável Audit Delay

Gráfico 2: Mediana e Pontos Extremos do AD no Brasil (1999-2008) Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

A análise inicial por ressalva é oportuna por ser consistentemente

apresentada como relacionada ao audit delay. É possível verificar que na amostra as

empresas que não recebem relatórios padrões, “limpos”, têm a mediana prolongada.

Isto quer dizer que os dados explorados corroboram a hipótese de que empresas

ressalvadas possuem um prazo de entrega maior.

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Parecer Padrão assume 0; Outra Tipologia 1

Análise da Variável Audit Delay e a Ressalva

Gráfico 3: AD e a Ressalva Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

54

A análise do audit delay por tamanho de auditoria em regra apresenta

diferença entre auditores B5 e os menores. É possível verificar que, na amostra, as

empresas auditadas pelas firmas não-B5, limpos, têm a mediana prolongada.

Parece que firmas menores dilatam o audit delay, ou seja, demoram mais para a

liberação de seus pareceres.

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Firmas de Auditoria Pequenas assumem 0; B5 assume 1.

Análise da Variável Audit Delay e B5

Gráfico 4: AD e as Firmas B5 Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

A análise do audit delay, na literatura internacional, sobre o tópico rodízio

parece controvertida. Os gráficos montados, a partir do banco de dados, também

não deixam claro se a troca de auditor impacta o audit delay. Vale registrar que há

um padrão mais concentrado de outlier mais distribuído com as empresas que

continuam com o auditor. É possível que esse padrão seja devido às negociações

mais frequentes com a mesma firma de auditores.

55

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Quando ocorre troca a variável assume 1.

Análise da Variável Audit Delay e Troca do Auditor

Gráfico 5: AD e o Rodízio Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

A plotagem do audit delay em função do tamanho no gráfico de dispersão

pode apresentar uma visão preliminar a esperada relação negativa entre o tamanho

e o audit delay. Plotado o gráfico, há indícios de não existência de relação linear

entre essas variáveis.

01

002

003

004

00

Aud

it D

elay

0 5 10 15 20Tamanho em ln ativo

Audit Delay e Tamanho

Gráfico 6: AD e o Tamanho da Companhia Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

Caberia questionar se o auditor reporta lucros na mesma velocidade de que

reporta prejuízos. A análise do gráfico da variável dloss parece explicar uma

56

dilatação do parecer quando prejuízos ocorrem. A concentração de outliers pode ser

o sinal de maior negociação entre o auditor e a empresa quando há necessidade de

reportar prejuízo.

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Quando ocorre prejuízo a variável assume 1.

Análise da Variável Audit Delay e o Prejuízo

Gráfico 7: AD e o Prejuízo Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

No Brasil os resultados trazem uma contradição na análise do reporte de itens

extraordinários. O resultado não era esperado, pois itens extraordinários parecem

antecipar a emissão do relatório de auditor.

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Quando ocorre resultado não-operacional a variável assume 1.

Análise da Variável Audit Delay e o Reporte de Itens Extraordinários

Gráfico 8: AD e o Reporte de Itens Extraordinários Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

57

Em linha com a tradição de pesquisa internacional, sugere-se que o audit

delay seja menor para companhias do setor financeiro. Contudo a quantidade de

outliers sugere que companhias abertas não-financeiras possam tender a negociar

mais com seus auditores, sendo o caso de se conjecturar se a explicação de tal fato

seria o gap regulatório para auditoria entre o Banco Central e a CVM.

0 100 200 300 400Dia da Entrega do Parecer do Auditor Externo

1

0

Empresa do Setor Financeiro assume 1.

Análise da Variável Audit Delay e o Setor Financeiro

Gráfico 9: AD e o Setor Financeiro Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

É possível verificar, também, se há alguma variação anual no audit delay que

aumentou, substancialmente, em 2008. É possível que esse comportamento seja

reflexo inicial das adaptações da recém-aprovada Lei 11.638/2007, que promoveu

uma convergência com um padrão mais complexo das IFRS.

Gráfico 10: AD Anual e o Advento da Lei 11.638/2007 Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

0 100 200 300 400Dia da Publicação

2008

2007

2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

Análise da Variável Audit Delay

58

Refinando a análise da relação das variáveis seriam oportunos gráficos que

não fossem afetados por outliers, sugerindo que, no lugar do box-plot, fosse

buscada alguma alternativa. Uma métrica pouco impactada por valores extremos é a

mediana. Assim, o gráfico das medianas simplifica a visualização do potencial

impacto das variáveis binárias do modelo.

01

1

0

1

0

50

55

60

65

707

5

Aud

it D

elay

ressalva b5 rotation

Audit Delay Ressalva B5 e Rodízio de Auditores

Gráfico 11: Mediana do AD, Ressalva, B5 e Rodízio Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

Por meio do Gráfico 11, é possível supor que empresas não ressalvadas e

auditadas por grandes firmas de auditoria recebem seus pareceres

antecipadamente. Assim, empresas ressalvadas e que utilizam auditorias de menor

tamanho recebem seus pareceres com atraso de 23 dias e 19 dias. Contudo, o

rodízio parece que pouco impactou o audit delay.

Vejam-se, agora, as demais variáveis binárias. Empresas que reportam

perdas postecipam em aproximadamente em 20 dias a entrega do parecer.

Empresas que reportam itens extraordinários reportam antecipadamente em 16 dias,

uma possível anomalia da proxy. O setor financeiro recebe seus pareceres com 42

dias, 17 dias antes de setores não-financeiros.

59

0

1

1

0

1

0

40

50

60

70

Aud

it D

elay

dloss dextra dsetor7

Audit Delay Prejuízos Itens Extraoridinários e Setor Financeiro

Gráfico 12: Mediana do AD, Perdas, Itens Extraordinários e o Setor Financeiro Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

Agora, foram analisadas as variáveis dummies anuais. Percebe-se, por meio

do Gráfico 13, uma mudança atípica, visto que o ano de 2008 se destaca dos

demais quanto ao AD. Enquanto que o padrão está próximo ao 56º dia, verificou-se

que, em 2008, a data mais provável é o 70º, próximo há quinze dias a mais.

1

0

10

10

0

1

01

1

0100

1

1

0

1

001

50

55

60

65

70

Aud

it D

elay

d1998 d1999 d2000 d2001 d2002 d2003 d2004 d2005 d2006 d2007 d2008

Audit Delay Prejuízos Itens Extraoridinários e Setor Financeiro

Gráfico 13: Mediana do AD Anual (1998-2008) na Iminência da Lei 11.638/2007 Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

60

Assim, após a exploração das variáveis, é passível de ser estatisticamente

significante a relação entre o reporte de relatórios de auditoria com as variáveis

contábeis e corporativas: ressalva, B5, perda, setor financeiro e ano 2008.

3.6.2 Análise da Regressão de Dados em Painel

A presente seção traz o modelo definido da pesquisa. É possível verificar,

conforme a Tabela 1, se as variáveis ressalva, tipo do auditor, perda, itens

extraordinários e o setor foram estatisticamente significantes.

Comentários são relevantes sobre a ênfase da busca por relações,

abordagem preliminar para o poder explicativo do modelo. Cabe mencionar que o R²

que sinaliza o poder de explicação do modelo foi baixo 14,87%, ainda que em linha

com estudos internacionais. Foi evidenciado, também, que empresas maiores

tendem a ter menos ressalvas, a contratar mais empresas B5 e a terem menor

número de rodízio, eventos que não impactaram na proposição do modelo.

Para fins de organização, serão emparelhados os resultados dos testes com

regressão em dados em painel.

61

TABELA 1: SINAL ESPERADOS X ENCONTRADOS

Variável

Sinal Esperado

Sinal Encontrado

Painel Fixo

Betas p

ressalva + + 6,735 0,000 B5 - 1,832 0,220

rotation + 1,379 0,225 lnativo - - -2,163 0,001 dloss + + 7,750 0,000

dextra + -3,714 0,081 dsetor7 - ND ND d1999 ? -1,413 0,430 d2000 ? -2,104 0,253 d2001 ? 0,313 0,866 d2002 ? -2,452 0,200 D2003 ? 0,457 0,812 D2004 ? 0,985 0,628 D2005 ? -0,284 0,883 D2006 ? 0,856 0,673 D2007 ? -1,742 0,419 D2008 ? + 10,454 0,000

Fonte: Dados da pesquisa analisados pelo autor.

Após a análise dos resultados, pode-se verificar que as variáveis ressalva,

perda e o ano de 2008 estão relacionadas com o atraso na entrega do parecer.

Outro aspecto importante, após a investigação e análise estatística do modelo,

verificou-se que o setor financeiro recebe os pareceres dos auditores

antecipadamente.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nessa seção, os resultados da pesquisa são comparados com os resultados

de Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng

e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008);

Krishnan e Yang (2009) e posteriormente discutidos.

São enfatizados os sinais esperados e obtidos das variáveis, a significância

da relação obtida via regressão linear múltipla com dados em painel e as hipóteses

não aceitas do estudo. A partir da revisão das variáveis, utilizadas na literatura, foi

posicionado o presente estudo com a incorporação do Quadro 4, formando o Quadro

5, a seguir.

Hipótese Evidências corroborativos Evidência não-corroborativas

H1: tipo do parecer

Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009), o presente estudo.

H2: tamanho do auditor

Krishnan e Yang (2009) Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009), o presente estudo.

H3: troca do auditor

Ashton, Willingham e Elliott (1987) Ng e Tai (1994), o presente estudo.

H4: tamanho do cliente

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009), o presente estudo.

H5: reporte de prejuízos

Carslaw e Kaplan (1991); Krishnan e Yang (2009), o presente estudo.

Ashton, Willingham e Elliott (1987)

H6: reporte de itens extraordinários

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Krishnan e Yang (2009)

o presente estudo.

H7: setor financeiro

Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009); o presente estudo.

Ng e Tai (1994)

H8: mudança de regulação contábil

Krishnan e Yang (2009), o presente estudo. (dummy para o ano de 2008).

Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008)

Quadro 5: Hipóteses, Evidências Anteriores e Evidências do Estudo Fonte: Elaborado pelo autor.

63 Os resultados das variáveis ressalva, tamanho do ativo, reporte de perda e

ano foram consistentes com a proposição da pesquisa e corroboram os estudos de

literatura, vide Quadro 5. Retornando ao quadro de hipóteses com ênfase nas

hipóteses nulas, foram obtidas evidências de que:

H1: O tipo do parecer não impacta o audit delay. Não aceita.

H2: A marca da firma de auditoria não impacta o audit delay.

H3: A troca do auditor, rodízio, não impacta o audit delay.

H4: O tamanho do cliente auditado não impacta o audit delay. Não aceita.

H5: O reporte de prejuízos do cliente não impacta o audit delay. Não aceita.

H6: O reporte de itens extraordinários não impacta o audit delay.

H9: Não há diferenças entre o audit delay do setor financeiro e dos demais setores. Não aceita.

H8: Não há diferença do audit delay entre os anos de 1999 e 2008. Não aceita para o ano de

2008.

Figura 3: Hipóteses Aceitas e Não-Aceitas Fonte: Elaborado pelo autor.

A hipótese de que o tipo do parecer não impacta o AD não pode ser aceita.

Foram obtidas evidências, estatisticamente significativas, de que o parecer

ressalvado está relacionado com o atraso na emissão do parecer. Consistentes com

os estudos de Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan

(1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez

(2008); Krishnan e Yang (2009), as evidências em âmbito brasileiro, no período de

1999 a 2008, corroboram a visão de que o auditor posterga a emissão do parecer

quando há a emissão de ressalva podendo iniciar longos processos de negociação

que culminam em não ocorrendo as correções necessárias, a emissão de um

parecer não-limpo.

64 A hipótese de que o tamanho do cliente não impacta o AD não pode ser

aceita. Foram obtidas evidências, estatisticamente significativas, de que clientes

maiores recebem o parecer mais rapidamente que os demais. Consistentes com os

estudos de Krishnan e Yang (2009), as evidências, em âmbito brasileiro, no período

de 1999 a 2008, corroboram a visão de que o auditor posterga a emissão do parecer

quando seu cliente é menor, pois o impacto econômico da perda de um cliente pode

ser de alto custo para a firma de auditoria. De outro modo, no que se refere à

priorização de prazos para a liberação dos relatórios de auditoria, clientes maiores

são premiados com pareceres mais tempestivos.

A hipótese de que o reporte de prejuízos não impacta o AD não pode ser

aceita. Foram obtidas evidências, estatisticamente significativas, de que o auditor

posterga o seu parecer quando os clientes apresentam prejuízos. Consistentes com

os estudos de Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai

(1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e

Yang (2009), as evidências, em âmbito brasileiro, no período de 1999 a 2008,

corroboram a visão de que o auditor posterga a emissão do parecer quando seu

cliente incorre em prejuízos, gerando também um processo de negociação e maior

quantidade de testes. O resultado se mostra controverso, pois, se a auditoria fosse

um trabalho tecnicamente neutro, o prazo de uma emissão de um parecer para

empresas lucrativas e não lucrativas deveria ser o mesmo.

A hipótese de que o reporte do setor financeiro não possui um AD diferente

de outros setores não pode ser aceita. Foram obtidas evidências, estatisticamente

significativas, de que empresas financeiras, altamente reguladas, possuem seus

pareceres emitidos mais rapidamente do que as demais companhias. Consistentes

65 com os estudos de Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan (1991);

Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e Yang

(2009), as evidências, em âmbito brasileiro, no período de 1999 a 2008, corroboram

a visão de que o auditor posterga a emissão do parecer quando seu cliente não

pertence ao setor financeiro, possivelmente mais regulado, o que reduz a margem

de escolha contábil pelas companhias.

A hipótese de que entre os anos de 1999 e 2008, o AD não se alterou não

pode ser aceita. Foram obtidas evidências, estatisticamente significativas, de que,

no ano de 2008, os auditores brasileiros postergaram o seu parecer para seus

clientes. Consistentes com Krishnan e Yang (2009), as evidências, em âmbito

brasileiro, no período de 1999 a 2008, corroboram a visão de que o auditor brasileiro

precisou aumentar a prazo para a conclusão de seus trabalhos. Tal situação pode

estar relacionada ao maior complexidade e maior grau de julgamentos exigidos

pelos novos padrões contábeis internacionais, que foram incorporados com mais

intensidades com a promulgação da Lei 11.638/2007, que, por sua vez, também

trouxe algumas mudanças na prática de mensuração e evidenciação contábil.

Algumas hipóteses nulas foram aceitas após a análise dos dados, merecendo

também uma breve discussão. Não foi encontrada diferença significativa entre o AD

de empresas auditadas pelas chamadas firmas B5. Possivelmente, esse resultado

tenha sofrido algum reflexo da amplamente divulgada falência da Arthur Andersen

que teve sua carteira de clientes absorvida por outras empresas. Também há um

possível efeito de empresas menores adquiridas pelas maiores. A hipótese de que o

rodízio não impacta o AD é uma aceitação que oportuniza uma boa discussão.

Tradicionalmente, as maiores firmas, assim como a literatura de Sunder (1997)

66 alegam a inviabilidade do rodízio pela maior carga de trabalho, demandando mais

horas e altos custos de um novo cliente (também chamados de start-up costs). Sem

entrar no mérito da defesa ou não da prática do rodízio, ficou evidenciado que a

troca da firma de auditoria não necessariamente aumenta o trabalho, em dias, do

próximo auditor. A hipótese de reporte de itens extraordinários sugeriu que o mesmo

é neutro para explicar o AD. De fato, há que se considerar que o teste econométrico

não considerou o tamanho dos itens extraordinário, o que supostamente poderia

demandar uma avaliação maior por parte do auditor dada a materialidade e a

relevância dos valores envolvidos, não contemplados no modelo.

εββββββ ++++++= 20081765410 7)ln()( dsetordlossativoressalvaauditdelayf

Figura 4: Modelo Econométrico Brasileiro Significativo Fonte: Elaborado pelo autor.

Confrontadas as hipóteses do modelo, a literatura revisada e as evidências

dos testes quantitativos, assumidas algumas limitações, no que se refere ao escopo

do trabalho, pode-se encerrar a presente discussão rumo aos aspectos conclusivos.

67 5 CONCLUSÃO

O presente estudo tratou dos determinantes do atraso em auditoria externa,

audit delay (AD) de companhias brasileiras listadas na Bolsa de Valores de São

Paulo. O estudo documentou evidências brasileiras de que o comportamento do

auditor pode ser modelável por variáveis contábeis financeiras externas.

A abordagem teórica contemplou a literatura de teoria positiva contábil sobre

agenciamento, teoria contratual da firma e pesquisas de AD, em especial Sunder

(1997), Christensen e Felthan (2005), Watts e Zimmerman (1986), Laffont e

Martimort (2002), Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e

Kaplan (1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-

Domínguez (2008); Krishnan e Yang (2009). O caminho metodológico contemplou,

essencialmente, análise exploratória de dados, Barbetta (2003) e análise de dados

em painel, Wooldridge (2002), Stock e Watson (2004), entre os anos de 1999 e

2008.

Foram obtidas relações lineares, que permitem corroborar, parcialmente, a

literatura internacional e as abordagens teóricas disponíveis sobre o tema. Foi

possível obter que há uma relação positiva entre o AD e a ocorrência de ressalvas,

em linha com: Whittred (1980); Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan

(1991); Ng e Tai (1994); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez

(2008); Krishnan e Yang (2009). Existe relação positiva, isto é o AD parece

aumentar, quando os clientes das firmas de auditoria são menores; achado

consistente com Ashton et al (1987); Carslaw e Kaplan (1991); Ng e Tai (1994);

68 Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008), Krishnan e

Yang (2009). O AD parece aumentar quando ocorre reporte de perdas em

corroboração a Carslaw e Kaplan (1991) e Krishnan e Yang (2009). Quando os

clientes são empresas não-financeiras a relação também se mostrou positiva, em

reforço aos achados de Ashton, Willingham e Elliott (1987); Carslaw e Kaplan

(1991); Bonsón-Ponte, Escobar-Rodríguez e Borrero-Domínguez (2008); Krishnan e

Yang (2009). Por fim, cabe ressaltar que o AD apresentou relação positiva quando

começaram a serem sentidas as primeiras mudanças regulatórias contábeis,

resultado alinhado com Krishnan e Yang (2009). Uma constatação importante,

próxima ao momento da realização da presente pesquisa, é o potencial efeito-

dilatação do AD com a incorporação das Normas Internacionais de Contabilidade –

International Financial Reporting Standards (IFRs) – que demandam,

reconhecidamente, maior julgamento profissional (ERNEST&YOUNG; FIPECAFI,

2009).

Uma das implicações dos resultados é o potencial uso do AD na avaliação de

desempenho e de qualidade dos trabalhos de auditoria, em setores altamente

regulados. Verifica-se que a diferença de AD detectada pode ser determinada pela

forte diferença regulatória contábil, entre a Comissão de Valores Mobiliários (CMV,

2009) e o Banco Central (2002), para os assuntos que dizem respeito à prática de

auditoria, seus prazos, enforcement aplicado e ao estabelecimento de órgãos que

melhoram a qualidade dos trabalhos do auditor, a exemplo dos comitês de auditoria.

Ainda, no que se refere ao AD, a investigação e a análise de auditores e

companhias que tem no seu AD, observações extremas (outliers) parecem sugerir

que auditores de companhias não-financeiras tendem a prorrogar a entrega do

69 parecer dando margem a eventos de negociação e colisão, parafraseando Sunder

(1997) e Antle (1982). Assim, como detectado no estudo de Krishnan e Yang (2009),

o atraso do auditor pode ser, uma valiosa fonte de informações para reguladores,

diretores e investidores para diagnosticarem a qualidade das informações contábeis

levadas a publico, entre elas o lucro, bem como a qualidade dos trabalhos ofertados

pelos profissionais de auditoria.

Espera-se que futuros pesquisadores encontrem no presente trabalho

relevantes possibilidades de ampliação. As limitações decorreram em boa parte do

escopo do trabalho, operacionalização de variáveis. Sugerem-se os seguintes temas

para monografias na área do conhecimento:

� melhoria das proxies tamanho, rodízio e B5;

� tratamento analítico para setores específicos sobre a mesma

regulação;

� interface de empresas com mercado internacional de capitais; e

� análise do efeito fusão de auditorias.

Questões outras não foram esgotadas, na presente pesquisa, ficando em

aberto sob as limitações do estudo e à luz das evidências e da literatura pesquisada.

A própria característica do presente tema, em tese, explorado pela primeira vez, no

Brasil, sugere uma contribuição, em termos de novas questões do que propriamente

evidências definitivas.

Assim, centeris paribus, cabe estimular futuros pesquisadores a investigar:

70 a) Por que, de forma generalizada, no Brasil e no mundo, o auditor não

reporta a ressalva na mesma velocidade com a qual reporta um parecer limpo?

(Diferença detectada na presente pesquisa).

b) Por que maiores auditores brasileiros, em tese com maior reputação,

competência e independência, não entregaram os pareceres de maneira mais

tempestiva do que os auditores menores? (Essa evidência foi contraditória em

relação à literatura internacional). Será que grandes auditores incorrem em

negociação? (A detecção de collusion seria uma importante frente de pesquisa).

c) A ocorrência de rodízio, de fato, aumenta o período de auditoria sob a

hipótese dos custos de familiarização com o cliente, start-up costs? (Em relação ao

AD a não relação positiva sugere que o custo de conhecimento de cliente possa não

ser tão elevado) Qual o custo real de start-up? (De fato, aqui não se encontrou

estimativa. De toda forma, se, de fato, é tão grande assim o start-up costs não seria

interessante um tratamento de ativo específico com reconhecimento no balanço das

auditorias?)

d) Dado que há independência e competência o auditor, de uma forma geral,

por que não ocorre o reporte em companhias com lucro na mesma velocidade que

empresas com prejuízos?

e) Até que ponto, há também diferenças significativas de audit delay entre

outros setores altamente regulados, a exemplo de óleo e gás, energia elétrica,

saúde, entre outros, e os não-regulados?

f) Terá a Lei no. 11.638/2007 impactado apenas momentaneamente, exigindo

um processo de aprendizagem dos profissionais de contabilidade, ou terá ela,

71 juntamente com as Normas Internacionais de Contabilidade e o Novo Comitê de

Pronunciamento Contábeis iniciado um salto institucional no que se refere ao

esforço, ao tempo e a qualidade para a realização das auditorias no Brasil?

Com essas questões, o presente estudo é provisoriamente encerrado com a

expectativa de que futuros estudos empírico-analíticos sejam realizados no âmbito

da temática de AD e, de forma mais ampla, em auditoria pela possível correlação

entre a boa prática acadêmico-profissional e o desenvolvimento do país.

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