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Deus é brasileiro:as brasilidades e o Reino de
Deus• O protestantismo – desde 1810 – tem
algo a dizer ao povo brasileiro?• É possível um diálogo com a
multiculturalidade brasileira?
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
Contribuição da Antropologia:
“Ciência que estuda os seres humanos em suas relações com a cultura...”
O ser humano está aberto à transcendência;O transcendente – Deus – revela-se aos humanos. Para a transmissão acerca de Deus, o teólogo necessita
da Antropologia: para a compreensão antropológica do discurso teológico, para não sermos mais “protestantes brasileiros” com “jeitos estrangeiros” (p. 12).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
• Teologia => dependência da ajuda de ciências sociais como a Antropologia, a Filosofia e a Sociologia.
• Hermenêutica => desconstrução da hermenêutica histórico-salvífica e busca de nova interpretação da multiculturalidade brasileira
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
• As travessias para a nova Hermenêutica – Cap. 2 – estão pautadas em três partes:
1. O desafio da complexidade.2. As subjetividades na construção simbólica.3. A critica das ideologias.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
Complexidade: aquilo que encerra elementos, conjunto de coisas, fatos e circunstâncias que têm nexo entre si. Visão interdisciplinar – visando a elaboração de uma nova hermenêutica.
Caos, palavra que sempre aparece quando de discute a complexidade: vazio obscuro e ilimitado que precede e propicia a geração do mundo. Em teologia, significa aquilo que se move entre o equilíbrio de um lado, em especial a revelação, e a complexa situação randômica da vida humana
Na construção da hermenêutica, complexidade e caos são aqueles comportamentos imprevisíveis que aparecem em sistemas regidos por leis deterministas...
Fonte: http://jorgepinheirosanctus.blogspot.com.br/2011/04/elementos-para-uma-hermeneutica-da.html.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
A resposta para questões teológicas não está na procura de mais informações para tentar encontrar uma relação de causa-efeito, mas em entender quais regras básicas regem o comportamento do sistema, que tipo de feedback existe, de que forma este feedback atua no sistema e o tipo e duração dos ciclos de retroalimentação.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1.O desafio da complexidade :
• Travessias: leituras filosófico-antropológicas que ajudem a construir uma hermenêutica que relacione protestantismo e multiculturalidade brasileira.
• Desafio da Complexidade: entender a relação entre a simbologia da revelação e a hermenêutica e suas expressões estruturais.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
Estruturas: sistemas complexos constituídos por agentes interativos com uma tendência aparente para a auto-organização, pois as pessoas nos mercados religiosos são adaptativas, de modo que as regras de seu comportamento mudam à medida que elas aprendem. Pois, na verdade, este mundo não é aquele representado pela metáfora de uma máquina. As coisas são mais do que a soma de suas partes (Isaac Newton); equilíbrio é morte; causas são efeitos e efeitos são causas; desordem e paradoxo estão em toda parte.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
• Quem é o humano? Quem é o divino? Toda teologia carece de um caráter antropológico. Por isso, é necessário para uma análise mais significativa trabalhar numa perspectiva inter e transdisciplinar.
• No relacionamento entre o divino e o humano, é preciso análise sócio-teológico e ou sócio-antropológica.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
Não basta as interpretações de origem iluminista – século XIX, mas as que respondem às necessidades dos crentes no mundo da alta modernidade. Os intérpretes modernos enfatizaram que as culturas e os valores compartilhados são essenciais para fazer a leitura da religiosidade judaico-cristã. As diversidades de opiniões e abordagens são importantes para se evitar a crise decorrente do pensamento único. As leituras hermenêuticas devem ser vertiginosamente livres para criar o próprio futuro da leitura (p. 42).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
Pensadores que nos ajudam a entender o desafio da complexidade:• Nietzsche => pensava na ausência de
horizontes e levantava-se contra a modernidade.• Mark C. Taylor => a imagologia (representações
do outro) serve como simbologia da revelação e da própria teologia.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica
1. O desafio da complexidade:
Pensadores que nos ajudam a entender o desafio da complexidade:• Com base em Mark C. Taylor – afirma PINHEIRO -
precisamos recorrer às imagens para encontrarmos um ponto de equilíbrio; prover uma interface mais íntima entre o que é humano e a relatividade hermenêutica, e como dados sensoriais se transformam em experiência real (p. 43).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica1. O desafio da complexidade:
Pensadores que nos ajudam a entender o desafio da complexidade: Edgar Morin => três princípios da complexidade:a) diálogo, no sentido de que ordem e desordem
podem colaborar para a complexidade;b) momento de turbilhão, quando juntos podem
surgir produção e produtor;c) princípio hologramático, que contém a quase
totalidade do objeto apresentado. (p. 45).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica1. O desafio da complexidade:
Pensadores que nos ajudam a entender o desafio da complexidade:Jacques Derrida => a metafísica é a superação da metáfora; entender algo é não agarrar alguma coisa superficialmente; A distinção entre informação e entendimento é muito complexa. Somos bombardeados com informações de todos os tipos, mas o entendimento vai além disto, é um modo de organizar e estruturar a informação. (p. 47).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica1. O desafio da complexidade:
Pensadores que nos ajudam a entender o desafio da complexidade:Partindo de Derrida, afirma PINHEIRO:“o fim do ser humano, como limite antropológico, anuncia-se ao pensamento hermenêutico depois do fim do ser humano como abertura determinada. O intérprete é aquele que tem relação como o fim. E o fim transcendental só pode aparecer e desdobrar-se sob a condição de mortalidade, por isso o interpréte se inscreve na metafisica entre estes dois fins“ (p. 51).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica1. O desafio da complexidade:
Segundo PINHEIRO:• As contribuições destes pensadores servem para a
hermenêutica, no sentido de interação entre entendimento e as formas de fé, que são os filtros através dos quais podem ser processadas estas informações. (p. 48).
• Estas leituras podem fazer as travessias dos textos e criar leituras que vão além, criando espaços para a troca de informações, em salas de aula globais, comuns a professores e estudantes
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
• Ler é fazer perguntas (Kafka) => o texto instiga o leitor a um labirinto de indagações;
“Cabe ao intérprete reconstruir a realidade sociocultural onde o texto foi construído, ao partir do pressuposto de que as Escrituras possibilitam um diálogo que permite uma reconstrução dos significados da natureza humana” (p. 56).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
“Todo comportamento humano se origina no uso de símbolos (…) Toda cultura depende de símbolos. É o exercício da faculdade de simbolização que cria a cultura e o uso de símbolos que torna possível a sua perpetuação. Sem o símbolo não haveria cultura, e o homem seria apenas animal, não um ser humano”. (Leslie WHITE). Com efeito, “… qualquer interpretação deve ser feita com todo o ser e não usando partes do que somos, já que o símbolo faz-se ponte entre as partes visando a construção de uma totalidade maior” (p. 57).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
“... a revelação extrapola limites, indo além do momento, atravessando a história em direção ao Reino de Deu (...) os signos nas Escrituras são representações construídas pelas comunidades de fé, que expuseram os estados mentais dessas comunidades (...) conectando as pessoas à sua cultura de fé e apontando sempre em direção ao Reino de Deus” (p. 58).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
O homem é um ser cultural e criador de cultura e, por isso, também matriz simbólica da comunidade. Desta forma, a partir da revelação, ele pode conhecer a Deus, seu propósito, e dar um sentido ao mundo que o cerca. A partir da revelação, o ser humano, que se relaciona com o transcendente, é o significante da construção da comunidade e pode modificar causas e efeitos, imprimindo ao processo histórico nova direção.
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
• Significado = verdade da revelação.• Significante = ser humano => produtor de cultura e
que vive em comunidade.A simbologia da revelação, enquanto relação entre significante e significado, é relacional e permite ao ser humano e sua comunidade transferir ao mundo que o cerca a cosmovisão que utiliza essa mesma significação (p. 61).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica2. As subjetividades na construção simbólica
Significado – Significante – Hermenêutica • O homem (significante) e criador de cultura...• em contato com Deus e sua revelação (significado)...• torna-se um hermeneuta, que “... faz a ponte entre as
características e necessidades estruturais do ser humano e o fato cultural (...) [e do] ser humano e o transcendente” (p. 62).
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica3. A crítica das ideologias
A hermenêutica da complexidade, crítica das ideologias trabalha em ter dimensões:• A relação entre a linguagem e a produção de sentido;• Os diferentes discursos que atuam no texto;• A natureza das relações de poder.
Citando Habermas , afirma Pinheiro (p. 66): “... quem não é capaz de reinterpretar seu passado, também não seja capaz de projetar concretamente seu interesse pela emancipação”
Capítulo 2: As travessias da questão hermenêutica3. A crítica das ideologias
Portanto, a hermenêutica da complexidade, para Pinheiro, está aberta ao fogo das ideologias e é preciso, então, desmascarar os interesses que impedem a realização humana e pautar a construção da linguagem sem limite e coação. Como a linguagem/comunicação é uma herança cultural da humanidade, por isso, ao interpretar o texto somos chamados à conversa com o lado de ocultamento da ideologia e escutar a voz do real na palavra da revelação. Abrir-se para a escuta, para daí, interpretar, sempre prevendo o inesperado e pronto a entender que o “... mestre não é o que, sempre ensina, mas quem de repente aprende” (Guimarães Rosa).