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MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA DAS ZONAS DE DESCARGA DAS
PRINCIPAIS BACIAS DE DRENAGEM DE LISBOA NO ESTUÁRIO DO TEJO
RELATÓRIO FINAL
DEZEMBRO DE 2010
EQUIPA TÉCNICA
A equipa técnica que participou na execução deste relatório pertence ao Centro de
Oceanografia (CO) e é constituída por:
Maria José Costa (Coordenação)
Pedro Raposo de Almeida
José Lino Costa
Gilda Silva
Carla Azeda
João Paulo Medeiros
Erica Sá
Maria João Tavares
Inês Gaspar
Índice
1. INTRODUÇÃO 1
2. METODOLOGIA 4
2.1. ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM E TRABALHO DE CAMPO .................................................... 4
2.2. TRABALHO DE LABORATÓRIO .......................................................................................... 9
2.2.1. GRANULOMETRIA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS 9
2.2.2. MATÉRIA ORGÂNICA TOTAL DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS 10
2.2.3. MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS 10
2.3. TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................................... 11
3. RESULTADOS 13
3.1. SEDIMENTOS SUPERFICIAIS ........................................................................................... 13
3.1.1. GRANULOMETRIA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS 13
3.1.2. MATÉRIA ORGÂNICA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS 16
3.2. MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS ......................................................................... 18
3.2.1. ELENCO FAUNÍSTICO 18
3.2.2. ESTRUTURA DAS COMUNIDADES BENTÓNICAS 31
3.2.3. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS COMUNIDADES BENTÓNICAS 34
4. CONCLUSÕES 37
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Introdução
1
1. INTRODUÇÃO
O sistema de drenagem do Concelho de Lisboa integra até ao final de 2010, quatro grandes
subsistemas, designadamente Alcântara, Beirolas, Chelas e Terreiro do Paço (Figura 1). As
águas residuais afluentes aos três primeiros subsistemas são conduzidas às ETAR
correspondentes e as do subsistema do Terreiro do Paço drenadas directamente para o
estuário do Tejo.
CONCELHO DE LISBOA
BACIAS DE DRENAGEM
Bacia doTerreiro do Paço
Bacia deAlcântara
Bacia deChelas
Bacia deBeirolas
N
Figura 1 ‐ Subsistemas de drenagem do Concelho de Lisboa.
As ETAR de Alcântara, Chelas e Beirolas foram inauguradas em 1990, tendo as duas últimas
passado a dispor de tratamento terciário e de desinfecção dos efluentes a partir de 2001. A
ETAR de Chelas, situada no Vale de Chelas, recebe efluentes gerados apenas no concelho de
Lisboa, provenientes da bacia de Chelas, que abrange uma área de 2.100 ha. Esta infra‐
estrutura tem capacidade para tratar um caudal diário de 52.500 m3/d, correspondente a uma
população equivalente de 255.000 habitantes, em que a componente industrial representa
cerca de 10%. A ETAR de Beirolas, situada junto à ponte Vasco da Gama, trata os efluentes
gerados na bacia de Beirolas, provenientes dos concelhos de Lisboa e de duas freguesias do
concelho de Loures (Sacavém e Moscavide). Abrange uma área de 1.700 ha, e tem capacidade
para tratar um caudal diário de 54.500 m3/d, correspondente a uma população equivalente de
250.000 habitantes, em que a componente industrial representa cerca de 68%.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Introdução
2
Quanto à ETAR de Alcântara, situada na Avenida de Ceuta, estão neste momento a terminar as
obras para ampliação e completamento do tratamento secundário e desinfecção das águas
residuais correspondentes. Apesar de aquela intervenção ainda não estar concluída em
absoluto, a infra‐estrutura dispõe já de capacidade para tratamento biológico dos efluentes
desde Setembro de 2009 e de desinfecção desde Dezembro de 2009. Esta ETAR, tem
actualmente capacidade para tratar um caudal diário de 285.120 m3/d, mas após a conclusão
das referidas obras, essa será a capacidade para tempo seco, e em tempo húmido terá
disponível uma capacidade de 570.240 m3/d. A infra‐estrutura serve maioritariamente a
população da região ocidental de Lisboa, mas também dos concelhos de Oeiras e Amadora
pertencentes à mesma bacia, distribuídas por uma área com cerca de 4.100 ha.
No que diz respeito ao subsistema do Terreiro do Paço, que engloba os efluentes de Alfama, da
Baixa Pombalina e das avenidas da Liberdade e Almirante Reis, e que são hoje despejados
directamente para o rio Tejo, sem qualquer tratamento, serão brevemente encaminhados
também para a ETAR de Alcântara, após várias intervenções que têm estado a decorrer no
terreno. Actualmente, aquele subsistema recebe águas residuais de uma população superior a
100 mil habitantes e abrange uma área com cerca de 600 ha.
Tendo em conta a situação descrita anteriormente, entendeu a Câmara Municipal de Lisboa,
levar a cabo, juntamente com o Centro de Oceanografia (CO), um programa de monitorização
das comunidades biológicas das zonas ribeirinhas adjacentes aos colectores de descarga das
bacias de drenagem de Alcântara, do Terreiro do Paço, de Chelas e de Beirolas. Este estudo
tem como objectivo, não só avaliar o estado actual das referidas comunidades, mas também,
nos dois primeiros casos, acompanhar a sua previsível evolução positiva com as alterações já
introduzidas ou a introduzir brevemente no sistema de saneamento básico do Concelho. Os
trabalhos tiveram início em Agosto de 2009, antes de se fazerem sentir quaisquer efeitos das
melhorias infra‐estruturais referidas, ou seja, ainda na fase pré‐operacional do projecto. De
facto, no caso de Alcântara estes impactos positivos só terão começado a partir de Setembro
de 2009, com o início do tratamento biológico dos efluentes, enquanto no Terreiro do Paço
isso ainda não aconteceu, sendo expectável que tal se venha a verificar no início de 2011, com
o começo da drenagem das águas residuais do respectivo subsistema para a ETAR de
Alcântara. Como no caso das ETAR de Chelas e de Beirolas não se efectuaram recentemente
modificações de fundo, em termos infra‐estruturais ou no seu modo de funcionamento, os
respectivos trabalhos de monitorização iniciaram‐se apenas no Verão de 2010. No entanto,
para a zona de Beirolas é possível efectuar um acompanhamento da situação desde 1997, uma
vez que existem dados fidedignos sobre as respectivas comunidades bióticas, recolhidos desde
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Introdução
3
essa altura pela equipa do CO no âmbito dos Estudo de Monitorização Biológica da Zona de
Intervenção do Parque das Nações.
Devido à sua íntima associação com o substrato, ao razoável sedentarismo que exibem e ao
facto de apresentarem genericamente ciclos de vida relativamente curtos, as espécies que
constituem as comunidades bentónicas, e os macroinvertebrados em particular, respondem
de forma directa e bastante rápida mesmo a pequenas alterações no meio aquático (Pereira et
al., 1998). De facto, os macroinvertebrados são bastante sensíveis a perturbações no seu
habitat, nomeadamente variações nos teores de matéria orgânica e contaminação por
substâncias tóxicas (Silva et al., 1999). Além disso, por englobarem maioritariamente
organismos que se encontram nos níveis inferiores das cadeias alimentares, as modificações
que experimentam acabam por ter claras repercussões nos estados tróficos superiores,
nomeadamente no que diz respeito à generalidade dos cefalópodes, crustáceos decápodes e
peixes (Costa et al., 2005). Tendo em conta tal conjunto de características, os
macroinvertebrados bentónicos são o grupo mais utilizado quando se pretende analisar de
forma relativamente expedita e eficiente o estado de conservação das comunidades aquáticas
e avaliar a magnitude e a distribuição espácio‐temporal de impactos antrópicos neste tipo de
ambientes (Costa et al., 1999).
Pelos motivos mencionados anteriormente, optou‐se então por centrar o presente programa
de monitorização na análise dos macroinvertebrados bentónicos e parâmetros ambientais que
mais directamente os condicionam, designadamente a granulometria e os teores de matéria
orgânica dos sedimentos. Assim, o objectivo final do estudo consiste no acompanhamento das
referidas comunidades biológicas, servindo estas como indicadores da evolução da situação
ambiental das zonas de Alcântara, Terreiro do Paço, Chelas e Beirolas, e permitindo detectar
os eventuais impactos positivos ou negativos das diferentes infra‐estruturas de saneamento
básico no meio receptor.
Com o presente relatório pretende‐se dar a conhecer os trabalhos realizados e os resultados
obtidos nos anos de 2009 e 2010. A sua confrontação com os elementos recolhidos
posteriormente permitirá determinar a evolução das condições ambientais das áreas em
estudo e perspectivar o impacto positivo das novas infra‐estruturas no estado de preservação
da zona ribeirinha do município de Lisboa, bem como detectar eventuais impactos negativos
resultantes de deficiente funcionamento das várias ETAR.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
4
2. METODOLOGIA
2.1. ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM E TRABALHO DE CAMPO
Ao contrário do que aconteceu em 2009, quando as amostragens foram realizadas apenas no
Terreiro do Paço (TP) e Alcântara (AL), em 2010 estas foram levadas a cabo também em Chelas
(CH) e Beirolas (BR), sempre na envolvência dos emissários existentes em cada sítio. O
primeiro consiste na porção terminal do colector que drena para o meio estuarino águas
residuais não tratadas recolhidas no subsistema de saneamento do Terreiro do Paço, enquanto
os restantes descarregam no estuário do Tejo águas das respectivas bacias de drenagem,
incluindo os efluentes processados pelas respectivas ETAR. Em quaisquer dos casos, os
emissários encontram‐se localizados junto à margem ribeirinha.
Procurou‐se desenvolver um esquema de amostragem semelhante em todos os locais, sendo
este constituído por um conjunto de estações de amostragem de tratamento (T), sob
influência directa dos emissários, e por um conjunto de estações de amostragem de controlo
(C), presumivelmente já fora da zona onde os seus efeitos se fazem notar de forma
significativa (Costa et al., 2005). A análise das estações de amostragem de tratamento
permitirá acompanhar o estado das comunidades biológicas sujeitas à acção directa dos
efluentes. O estudo das estações de amostragem de controlo permitirá aferir se esse estado se
deve à presença dos efluentes (caso as comunidades das estações de amostragem de controlo
se apresentem mais bem preservadas que as das suas homólogas de tratamento) ou a causas
mais gerais extrínsecas à presença e funcionamento dos emissários (caso as comunidades das
estações de amostragem de controlo e de tratamento apresentem um grau de preservação
idêntico ou tendências de evolução concorrentes).
Excepto em Beirolas, onde se estabeleceu um delineamento amostral particular, para
aproveitar os dados pré‐existentes, o conjunto das estações de amostragem de tratamento
engloba, em cada caso, nove pontos de colheita dispostos em torno dos emissários, divididos
por três radiais (A, B, C) e três transeptos divergentes a partir das fontes emissoras (1, 2 e 3). A
primeira destas radiais foi estabelecida a cerca de 30 m da margem, uma vez que na região
mais próxima de terra se torna muito difícil trabalhar em segurança. A distância implementada
entre radiais foi de 50 m. Um esquema de amostragem deste tipo permitirá, assim, avaliar de
forma mais eficaz o efeito dos efluentes nas comunidades biológicas adjacentes, garantindo
uma análise do gradiente de diminuição dos impactos das águas residuais com o aumento da
distância às fontes emissoras.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
5
No entanto, devido às características geográficas e infra‐estruturais específicas dos locais onde
são emitidas as descargas de Alcântara (Figura 2), Terreiro do Paço (Figura 3) e Chelas (Figura
4), tiveram de se introduzir algumas alterações nas respectivas redes de amostragem. Assim, a
localização da saída dos emissários de Alcântara e de Chelas em reentrâncias da margem
permitiu nestes locais o estabelecimento quase integral das redes de colheita previstas
inicialmente, apenas tendo sido necessário orientá‐las em função da geografia dessas
pequenas baías artificiais (Figuras 2 e 4). Pelo contrário, a natureza mais aberta da orla
ribeirinha do Terreiro do Paço e, sobretudo, a mudança prevista inicialmente na localização do
emissário (estava programado que, até à ligação deste subsistema à ETAR de Alcântara, que se
prevê para o início de 2011, as respectivas águas residuais e pluviais iriam ficar durante algum
tempo a afluir ao estuário num ponto ligeiramente afastado da posição inicial, mas tal não irá
acontecer, efectuando‐se brevemente a conexão entre os dois subsistemas), conduziram a
algumas modificações importantes na rede de amostragem aí implementada. De facto, para
que a estratégia de amostragem adoptada pudesse servir para analisar correctamente a
evolução das comunidades biológicas do local, antes e depois da mudança de posição da
descarga e após a sua eliminação, optou‐se por transformar as três radiais em três transeptos
paralelos à margem, funcionando esta rede de estações mais como uma grelha de
amostragem (em que os transeptos perpendiculares à margem distam entre si cerca de 70 m)
do que como um sistema de radiais atravessadas por transeptos divergentes (Figura 3).
Mesmo assim, por uma questão de comodidade, neste trabalho continuarão a designar‐se
como radiais estes transeptos paralelos à margem.
Figura 2 – Rede de amostragem estabelecida em Alcântara, com a localização da saída do respectivo
emissário (C1 e C2 referem‐se ao conjunto de estações de amostragem de controlo mais próximas e
afastadas do emissário, respectivamente) (Fonte: Google Earth).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
6
Figura 3 – Rede de amostragem estabelecida no Terreiro do Paço, com a localização da saída do
emissário existente () e do ponto onde estava previsto relocalizá‐la, antes da ligação deste subsistema
à ETAR de Alcântara () (C1 e C2 referem‐se ao conjunto de estações de amostragem de controlo mais
próximas e afastadas do emissário, respectivamente) (Fonte: Google Earth).
Figura 4 – Rede de amostragem estabelecida em Chelas, com a localização da saída do respectivo
emissário (C1 e C2 referem‐se ao conjunto de estações de amostragem de controlo a jusante e
montante do emissário, respectivamente) (Fonte: Google Earth).
Já a rede de estações de amostragem de controlo foi delineada para apresentar, em cada sítio,
dois transeptos perpendiculares à linha de costa (1 e 2), englobando ambos três pontos de
amostragem (A, B e C) localizados sensivelmente à mesma distância da margem (30, 80 e 130
metros) que os seus homólogos das estações de amostragem de tratamento, garantindo assim
mais facilmente igualdade de condições batimétricas e sedimentares entre os dois tipos de
redes de amostragem. Idealmente, estes transeptos deveriam situar‐se a montante e jusante
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
7
das redes de amostragem de tratamento, até porque no estuário, com as mudanças de maré,
os efluentes são ciclicamente empurrados, quer para montante, quer para jusante. De igual
modo, a sua localização deveria ser suficientemente afastada dos emissários, para garantir que
se encontravam fora da acção dos efluentes respectivos. Contudo, quer em Alcântara (Figura
2), quer no Terreiro do Paço (Figura 3), as regiões a montante daquelas onde foram
implementadas as correspondentes redes de amostragem de tratamento que ainda
apresentam características abióticas e de pressão humana semelhantes a estas, são
inacessíveis em termos operacionais, devido à presença de instalações portuárias. Assim, em
ambos os locais, as redes de amostragem de controlo tiveram de ficar localizadas
exclusivamente a jusante das suas homólogas de tratamento (Figuras 2 e 3). Mesmo assim,
para manter alguma homogeneidade de características entre as estações de amostragem de
tratamento e de controlo de cada sítio, as últimas tiveram de ser estabelecidas entre 300 e 500
metros de distância dos pontos de descarga, o que pode não ser suficiente para garantir a
ausência de impactos significativos dos efluentes. Acresce que entre as estações de
amostragem de tratamento e de controlo de Alcântara está localizada a Ponte 25 de Abril, o
que poderá colocar dificuldades adicionais à interpretação dos resultados obtidos neste sítio.
No entanto, como os transeptos de amostragem de controlo distam entre si cerca de 150 m
nos dois locais, o gradiente de variação do estado de preservação das respectivas
comunidades biológicas em função da distância aos emissários deverá permitir aferir a
influência dos efluentes nessas regiões mais afastadas. Já na rede de amostragem de Chelas,
foi possível estabelecer estações de amostragem de controlo a montante e jusante do
respectivo ponto de descarga (Figura 4). Neste caso, para garantir alguma homogeneidade nas
características das estações de amostragem de tratamento e de controlo, estas últimas foram
estabelecidas a 500 metros do respectivo emissário, esperando‐se que essa distância seja
suficiente para evitar hipotéticos impactos do efluente em ambos os locais seleccionados para
a função de controlo.
Em Beirolas, existiam desde 1997 dados sobre as respectivas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos, obtidos em três transeptos perpendiculares à margem, com
estações de amostragem distribuídas por quatro transeptos paralelos à linha de costa (neste
trabalho designados por radiais, por comodidade de linguagem) distando de terra cerca de 20,
70, 130 e 260 metros, respectivamente (Figura 5). As duas primeiras radiais localizam‐se no
intertidal e a última já no subtidal, encontrando‐se a terceira na região de transição entre
ambas as zonas. Os transeptos C1 e C2 situam‐se a 160 e 670 metros a jusante do emissário e
o transepto C3, 500 metros a montante. Para se aproveitar este importante acervo
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
8
informativo, foi decidido adaptar o delineamento amostral do local às características da rede
de colheitas já existente. Assim, entendeu‐se considerar os transeptos C2 e C3, como
conjuntos de estações controle e estabelecer um novo transepto, com idênticas
características, mas localização frontal à saída do emissário, como conjunto de estações de
amostragem de tratamento (Figura 5). Quanto ao transepto C1, situado 160 metros a jusante
da fonte emissora, poderá funcionar como controlo ou tratamento, devendo os resultados
obtidos ou a obter no futuro esclarecer a situação. De qualquer forma, a presença da ponte
Vasco da Gama, de permeio, pode reduzir a valia deste transepto como controlo.
Figura 5 – Rede de amostragem estabelecida em Beirolas, com a localização da saída do respectivo
emissário (C1, C2 e C3 referem‐se ao conjunto de estações pré‐existentes e que poderão funcionar
como controlo no presente estudo) (Fonte: Google Earth).
Em Alcântara, Terreiro do Paço e Chelas, as recolhas de sedimentos e de
macroinvertebrados bentónicos foram realizadas a bordo de um barco de pesca profissional
com alador mecânico, com auxílio de uma draga do tipo Day (Smith‐McIntyre modificada), com
superfície de abertura de 0,1 m2. Em estudos anteriores (Costa et al., 2008) este engenho de
colheita revelou ser particularmente adequado às condições de hidrodinamismo elevado que
se verificam nos três locais. A amostragem ocorreu em regime de marés‐mortas, de modo a
beneficiar das menores condições hidrodinâmicas geradas em tal situação para potenciar a
eficácia da draga. Tendo em conta a elevada área de ataque da draga Day, foi apenas obtido
um replicado em cada estação de colheitas. Já no caso das amostragens efectuadas na zona de
Beirolas, para manter a mesma metodologia empregue anteriormente, as recolhas foram
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
9
realizadas a bordo de uma pequena embarcação de pesca, com uma draga van Veen (modelo
Sousa Reis/LMG) com 0,05 m2 de abertura, e obtidos dois replicados em cada estação de
colheitas. As campanhas de amostragem decorreram em Agosto de 2009 e de 2010. A escolha
da época estival para as recolhas foi determinada pela necessidade de evitar a maior
instabilidade natural dos ecossistemas estuarinos portugueses no Inverno, devido a
fenómenos intensos de pluviosidade, e a conveniência de iludir a influência dos picos de
recrutamento de muitas espécies durante a Primavera, factores que frequentemente
enviesam as análises de qualidade ambiental do meio aquático realizadas a partir das
comunidades de macroinvertebrados bentónicos (Costa et al., 2005).
As amostras de sedimento para o estudo da macrofauna foram guardadas em sacos de
plástico, aos quais se adicionou formol diluído a 4%, corado com Rosa de Bengala e
neutralizado com borato de sódio. As amostras recolhidas para o estudo da granulometria e
teor em matéria orgânica foram congeladas, de modo a preservar as características do
sedimento, uma vez que o seu processamento imediato não foi possível.
2.2. TRABALHO DE LABORATÓRIO
2.2.1. GRANULOMETRIA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
Em cada estação de colheita foi retirada uma amostra com cerca de 100 g de sedimento para
análise granulométrica. Esta foi seca numa estufa a 60 ºC, lavada em água doce e passada
através de um crivo de 0,063 mm de malha, para remoção da fracção fina (vasa). O restante
sedimento foi novamente seco e passado através de uma coluna de quatro crivos (2,000 mm,
0,500 mm, 0,250 mm e 0,063 mm) do tipo "AFNOR", e pesadas as correspondentes fracções
individuais. Deste modo, as percentagens de cascalho e areia foram calculadas a partir das
porções retidas nas seguintes malhas: > 2,000 mm, 0,063 ‐ 2,000 mm, respectivamente. A
fracção vasosa foi determinada por diferença, relativamente ao peso inicial da amostra. Todo
este procedimento está representado na Figura 6.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
10
Figura 6 – Passos laboratoriais necessários para determinação da granulometria dos sedimentos.
2.2.2. MATÉRIA ORGÂNICA TOTAL DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
A matéria orgânica total (MOT) dos sedimentos foi determinada pela diferença entre o peso de
uma amostra com cerca de 200 mg, processada numa estufa a 60 ºC (Ps), e o peso da mesma
após combustão numa mufla a 550 ºC durante duas horas (Pc). Os teores em matéria orgânica
foram expressos em valores percentuais, relativamente ao peso total da amostra, e calculados
a partir da expressão:
100
Ps
PcPsMOT .
2.2.3. MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS
Para detecção dos macroinvertebrados bentónicos, o sedimento das respectivas amostras foi
lavado em laboratório, sob um fluxo de água, através de uma rede com 0,500 mm de malha. O
material retido no crivo foi transferido para frascos de vidro e conservado em álcool a 70º,
tendo‐se procedido posteriormente à sua triagem, com auxílio de uma lupa binocular, para
separação do material biológico. Os organismos foram, sempre que possível, identificados até
ao nível específico e contados.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
11
2.3. TRATAMENTO DOS DADOS
Para análise das comunidades de macroinvertebrados bentónicos e determinação do seu
estado de conservação, calculou‐se a densidade dos organismos (expressa em número de
indivíduos por m2) e ainda os parâmetros riqueza (número de taxa) e diversidade taxonómicas
(índice de Shannon‐Wiener) dessas comunidades, considerando apenas os taxa que
respeitaram os pressupostos de representatividade adequada em todas as amostras. Assim,
foram excluídos os organismos para os quais o engenho de colheita utilizado não é adequado e
os que são seres coloniais, impossíveis de individualizar.
Os índices de diversidade são baseados no conceito de diversidade de um sistema e fornecem
uma medida da composição específica de uma amostra ou de um ecossistema, baseados na
riqueza taxonómica e na distribuição da abundância relativa dos indivíduos pelos diferentes
taxa (Legendre & Legendre, 1984). No presente trabalho foi calculado o índice de diversidade
de Shannon ‐ Wiener (H'), através da seguinte expressão:
S
i
pipiH1
ln' ,
em que S é o número taxa presentes e pi a proporção dos indivíduos do taxon i relativamente
ao número total de indivíduos.
Com o objectivo de avaliar o estado de perturbação das comunidades de macroinvertebrados
bentónicos, foi utilizado o índice multimétrico AMBI‐Multivariado (M‐AMBI), proposto
recentemente por Muxika et al. (2007) e calculado a partir dos valores de riqueza e
diversidade taxonómicas e do Índice Biótico Marinho (AMBI) desenvolvido por Borja et al.
(2000). Este último divide as diferentes espécies de macroinvertebrados bentónicos em cinco
grupos ecológicos, de acordo com os níveis de sensibilidade/tolerância a perturbações de
origem antrópica, anteriormente definidos por Grall & Glémarec (1997): Grupo I (GI) ‐ espécies
muito sensíveis ao enriquecimento orgânico; presentes em condições não perturbadas; Grupo
II (GII) ‐ espécies indiferentes ao enriquecimento orgânico; apresentam baixas densidades,
com variações pouco significativas ao longo do tempo; Grupo III (GIII) ‐ espécies tolerantes a
um excessivo enriquecimento orgânico; ocorrem em condições normais, mas as suas
populações são estimuladas pelo aumento dos teores de matéria orgânica; Grupo IV (GIV) ‐
espécies oportunistas de 2ª ordem; proliferam em situações de desequilíbrio ligeiro a
pronunciado; Grupo V (GV) ‐ espécies oportunistas de 1ª ordem; proliferam em situações de
desequilíbrio pronunciado. Com base na abundância relativa dos taxa presentes em cada
colheita é calculado o índice AMBI, segundo a seguinte fórmula:
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Metodologia
12
100
GV)] % x (6,0GIV)%x(4,5GIII)%x(3,0GII)%x (1,5 GI) % x [(0,0AMBI
O M‐AMBI é calculado a partir dos valores dos três parâmetros constituintes através de análise
factorial, por forma a determinar o correspondente rácio de qualidade ecológica (RQE). Os
respectivos valores de referência para cada classe de qualidade ecológica (Tabela I) foram
definidos a partir do exercício de intercalibração Europeia para implementação da Directiva‐
Quadro da Água (Borja et al., 2007; Borja et al., 2009). Para o cálculo desta metodologia foi
utilizado o software AMBI 4.1, disponibilizado em www.azti.es.
Tabela I – Valores dos limites do rácio de qualidade ecológica para a definição das diferentes classes de
qualidade estabelecidas para aplicação do M‐AMBI (Borja et al., 2007; Borja et al., 2009)
Classe ecológica Limites da classe
Elevado 0,77≤ M‐AMBI ≤ 1,00
Bom 0,53 ≤ M‐AMBI < 0,77
Moderado 0,39 ≤ M‐AMBI < 0,53
Reduzido 0,20 ≤ M‐AMBI < 0,39
Mau 0,00 ≤ M‐AMBI < 0,20
O Índice Biótico Marinho (AMBI), desenvolvido para ambientes marinhos e adaptado
posteriormente a sistemas estuarinos (Borja et al., 2000; Muxika et al., 2005), é
particularmente adequado para determinar o impacto nas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos resultante do aumento das cargas orgânicas (Costa et al.
2008). No entanto, em situações de elevada degradação ambiental, em que a riqueza e
diversidade taxonómicas se tornam muito reduzidas, este método torna‐se menos fidedigno
(Borja & Muxika, 2005), sendo substituído com vantagem pelo seu homólogo multivariado,
que tem em conta também aqueles dois parâmetros representativos da estrutura das referidas
comunidades. Esta foi a razão pela qual, no presente estudo, se seleccionou o M‐AMBI para
descrever o nível de perturbação das comunidades de macroinvertebrados bentónicos, já que
o estado ecológico de alguns pontos de amostragem particularmente empobrecidos em
termos biológicos seria deficientemente avaliado mediante a aplicação do AMBI.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
13
3. RESULTADOS
3.1. SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
3.1.1. GRANULOMETRIA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
De um modo geral, observa‐se uma dominância de elementos finos nos sedimentos das quatro
áreas em estudo, quer nas estações de amostragem de tratamento, quer nas suas homólogas
de controlo (Figuras 7 a 10).
2009 2010
Transepto/radial
Transepto/radial
Cascalho Areia Vasa
Figura 7 ‐ Variação da granulometria dos sedimentos nas diversas estações amostradas na zona de
Alcântara em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de amostragem de
controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
14
Em Alcântara, apenas no transepto T1, mais próximo das instalações portuárias, se observa
com alguma frequência um incremento das partículas sedimentares mais grosseiras (Figura 7).
Já no Terreiro do Paço, a percentagem de areia foi ligeiramente superior em 2010, verificando‐
se alguma tendência para a existência de sedimentos um pouco mais grosseiros na radial C,
mais afastada de terra, sobretudo nas estações de amostragem de tratamento (Figura 8). Quer
em Chelas (Figura 9), quer em Beirolas (Figura 10), apenas em situações pontuais, e
principalmente nas respectivas áreas controlo, os fundos não foram em 2010 inteiramente
dominados por sedimentos de origem vasosa. Mesmo assim, em ambos os locais, verificou‐se
uma tendência muito ténue para aumento da fracção arenosa nas radiais exteriores.
2009 2010
Transepto/radial
Transepto/radial
Cascalho Areia Vasa
Figura 8 ‐ Variação da granulometria dos sedimentos nas diversas estações amostradas na zona do
Terreiro do Paço em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
15
Transepto/radial
Cascalho Areia Vasa
Figura 9 ‐ Variação da granulometria dos sedimentos nas diversas estações amostradas na zona de
Chelas em 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de amostragem de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
16
Transepto/radial
Cascalho Areia Vasa
Figura 10 ‐ Variação da granulometria dos sedimentos nas diversas estações amostradas na zona de
Beirolas em 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de amostragem de controlo).
3.1.2. MATÉRIA ORGÂNICA DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
Os teores de matéria orgânica total (MOT) observados nas várias estações de amostragem
foram, na generalidade, superiores a 5%, quer nas áreas de amostragem de tratamento, quer
nas áreas de amostragem de controlo (Figuras 11 a 14). Estes valores podem ser considerados
elevados e característicos de zonas sujeitas a fortes cargas orgânicas de origem antrópica, na
medida em que vasas não poluídas comportam normalmente níveis de MOT situados entre
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
17
0,5% e 5,0% (Hily, 1984). Mesmo assim, em Alcântara, os níveis de matéria orgânica tenderam
a ser ligeiramente superiores nas estações de amostragem de tratamento do que nas estações
de amostragem de controlo, com excepção do transepto T1, onde a maior percentagem de
sedimentos grosseiros dificulta a retenção das partículas orgânicas (Figura 11). No Terreiro do
Paço, foi também nas estações com um fundo mais arenoso, ou seja, na radial C, que os teores
de MOT se revelaram um pouco inferiores (Figura 12). Em nenhum destes dois locais se
verificaram variações notórias nos níveis de matéria orgânica de 2009 para 2010. Quer em
Chelas (Figura 13), quer em Beirolas (Figura 14), os valores de MOT nos sedimentos não
apresentaram variações espaciais significativas em 2010, nem sequer entre as áreas de
amostragem de tratamento e de controlo. Refira‐se, contudo, que os maiores valores de
matéria orgânica nos sedimentos foram normalmente observados em Chelas, situando‐se
estes quase sempre acima dos 8%.
2009 2010
Figura 11 – Variação da percentagem de matéria orgânica dos sedimentos nas diversas estações
amostradas na zona de Alcântara em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐
estações de amostragem de controlo).
2009 2010
Figura 12 – Variação da percentagem de matéria orgânica dos sedimentos nas diversas estações
amostradas na zona do Terreiro do Paço em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento;
C ‐ estações de amostragem de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
18
Figura 13 – Variação da percentagem de matéria orgânica dos sedimentos nas diversas estações
amostradas na zona de Chelas em 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
Figura 14 – Variação da percentagem de matéria orgânica dos sedimentos nas diversas estações
amostradas na zona de Beirolas em 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
3.2. MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS
3.2.1. ELENCO FAUNÍSTICO
Na zona de Alcântara, em 2010 foram identificados 91 taxa, num total de 2656 indivíduos,
enquanto em 2009 haviam sido inventariados 32 taxa, num total de 191 indivíduos (Tabela II).
Até ao momento foram encontrados nesta área 96 taxa, sendo que apenas 28% foram comuns
a ambos os anos monitorizados. Em 2010 os Annelida foram o grupo mais representado
(38 taxa), seguidos dos Mollusca (25 taxa), dos Arthropoda (20 taxa) e dos Cnidaria (5 taxa).
Todos eles registaram um aumento do número de taxa identificados, relativamente a 2009,
tanto globalmente, como quando se consideraram as estações de amostragem de tratamento
e de controlo em separado.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
19
Tabela II ‐ Lista e número de indivíduos capturados dos taxa presentes nas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos de Alcântara (ALT – estações de amostragem de tratamento; ALC –
estações de amostragem de controlo) em 2009 e 2010 (x – presença confirmada, mas não quantificada)
Taxa 2009 2010
ALT ALC ALT ALC
FILO CNIDARIA CLASSE ANTHOZOA Ordem Actinaria Família Actiniidae Actinia equina (Linnaeus, 1758) 6 Bolocera tuediae (Johnston, 1832) 2 Urticina eques (Gosse, 1858) 1
Família Hormathiidae Hormathia coronata (Gosse, 1858) 1
Família Sagartiidae Sagartia troglodytes (Price in Johnston, 1847) 1 3
CLASSE HYDROZOA Hydrozoa n.i. x x
FILO NEMERTEA Nemertea n.i. 2 2 10
FILO NEMATODA Nematoda n.i. x x x x
FILO MOLLUSCA CLASSE POLYPALCOPHORA Ordem Chitonida Família Chaetopleuridae Chaetopleura (Chaetopleura) angulata (Spengler, 1797) 1
CLASSE GASTROPODA Ordem Littorinimorpha Família Hydrobiidae Hydrobia ulvae (Pennant, 1777) 6
Família Tornidae Tornus subcarinatus (Montagu, 1803) 1
Ordem Neogastropoda Família Muricidae Ocenebra erinaceus (Linnaeus, 1758) 3
Família Nassariidae Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) 5 6 11 15Nassarius sp. 1 1
Ordem Heterostropha Família Pyramidellidae Chrysallida suturalis (Philippi, 1844) 1 Eulimella acicula (Philippi, 1836) 1 Eulimella cerullii (Cossmann, 1916) 2 Turbonilla lactea (Linnaeus, 1758) 12Gastropoda n.i. 1
CLASSE BIVALVIA Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula sp. 2 2 5
Ordem Mytiloida Família Mytilidae Modiolula phaseolina (Philippi, 1844) 1 Mytilidae n.i. 1
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
20
Tabela II (continuação)
Taxa 2009 2010
ALT ALC ALT ALC
Ordem Veneroida Família Cardiidae Cerastoderma glaucum (Bruguière, 1789) 4 8 13Parvicardium pinnulatum (Conrad, 1831) 1
Família Mactridae Spisula subtruncata (da Costa, 1778) 3 3 26
Família Montacutidae Kurtiella bidentata (Montagu, 1803) 1 8
Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 1 4 12Abra prismatica (Montagu, 1808) 1 Abra sp. 1
Família Veneridae Venerupis senegalensis (Gmelin, 1791) 6 1 8 15Venus verrucosa Linnaeus, 1758 1
Ordem Euheterodonta não definida Família Pharidae Pharus legumen (Linnaeus, 1758) 1
Ordem Myoida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 1 12
Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 17Bivalvia n.i. 3
FILO ANNELIDA CLASSE OLIGOCHAETA
Oligochaeta n.i. 53 115 24CLASSE POLYCHAETA Ordem Phyllodocida Família Polynoidae Harmothoe extenuata (Grube, 1840) 1 Harmothoe longisetis (Grube, 1863) 1
Família Pholoidae Pholoe inornata Johnston, 1839 1
Família Sigalionidae Sthenelais boa (Johnston, 1833) 2
Família Hesionidae Gyptis propinqua Marion & Bobretzky, 1875 1 5 Kefersteinia cirrata (Keferstein, 1862) 1
Família Syllidae Myrianida sp. 1 1 1 Parapionosyllis sp. 1 2
Nereididae Eunereis longissima Johnston, 1840 1 3 2
Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 11 19 22 37
Família Glyceridae Glycera sp. 2 1
Ordem Eunicida Família Onuphidae Diopatra neapolitana Delle Chiaje, 1841 4 Diopatra sp. 2
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
21
Tabela II (continuação)
Taxa 2009 2010
ALT ALC ALT ALC
Família Lumbrineridae Lumbrineris gracilis Ehlers, 1868 1
Ordem Spionida Família Spionidae Aonides oxycephala (Sars, 1862) 1 10 Polydora ciliata (Johnston, 1838) 2 Polydora ligni Webster, 1879 1 1 71Prionospio cirrifera Wirén, 1883 2 Prionospio multibranchiata Berkeley, 1927 1 Pseudopolydora paucibranchiata (Okuda, 1937) 21Streblospio shrubsolii (Buchanan, 1890) 40 180
Família Magelonidae Magelona minuta Eliason, 1962 2
Ordem Cossurida Família Cossuridae Cossura coasta Kitamori, 1960 4 Cossura soyeri Laubier, 1964 11 2
Ordem Capitellida Família Capitellidae Capitella capitata (Fabricius, 1780) 21 1 413 9 Heteromastus filiformis (Claparède, 1864) 6 2 Mediomastus fragilis Rasmussen, 1973 9 53 35Notomastus latericeus Sars, 1851 1 1
Ordem Terebellida Família Cirratulidae Aphelochaeta sp. 24 47 Chaetozone sp. 1 Tharyx sp. 2 99 987
Família Melinninae Melinna palmata Grube, 1870 1 3
Família Pectinariidae Lagis koreniMalmgren, 1866 1 1 4
Família Terebellidae Lanice conchilega Pallas, 1766 1 1
Ordem Sabellida Família Sabellariidae Sabellaria spinulosa Leuckart, 1849 2
Família Sabellidae Chone sp. 1
Família Serpulidae Pomatoceros lamarcki (Quatrefages, 1866) 3 2
FILO ARTHROPODA CLASSE MAXILLOPODA Ordem Sessilia Família Balanidae Balanus crenatus Bruguiére, 1789 7 6 Maxillopoda n.i. x
CLASSE OSTRACODA Ordem Pantopoda Família Ammotheidae Ammothella longipes (Hodge, 1864) 1
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
22
Tabela II (continuação)
Taxa 2009 2010
ALT ALC ALT ALC
Família Phoxichilidiidae Anoplodactylus pygmaeus (Hodge, 1864) 1
Família Pycnogonidae Pycnogonum litorale (Strom, 1762) 1
CLASSE MALACOSTRACA Ordem Amphipoda Família Atylidae Atylus guttatus (Costa, 1851) 1
Família Corophiidae Monocorophium ascherusicum (Costa, 1857) 84 26
Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 20 5
Família Liljeborgiidae Listriella dentipalma Dauvin & Gentil, 1983 1
Família Melitidae Abludomelita gladiosa (Bate, 1862) 1 Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 1 Melita palmata (Montagu, 1804) 2
Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 11
Ordem Cumacea Família Bodotridae Bodotria arenosa Goodsir, 1843 1 Bodotria scorpioides (Montagu, 1804) 3 Iphinoe tenella Sars, 1878 2
Ordem Decapoda Família Crangonidae Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 1
Família Diogenidae Diogenes pugilator (Roux, 1829) 1 2
Família Atelecyclidae Atelecyclus rotundatus (Olivi, 1792) 1 1
Família Pinnotheridae Pinnotheres pisum (Linnaeus, 1767) 13
Família Portunidae Liocarcinus sp. 1
CLASSE INSECTA Ordem Diptera Família Psychodidae Psychodidae n.i. 1
FILO BRYOZOA Bryozoa n.i. x x
Total 144 47 1022 1634Número de taxa 20 19 55 64
Até o momento foram identificados no Terreiro do Paço 56 taxa e capturados 702 indivíduos,
sendo que apenas 23% dessas entidades taxonómicas ocorreram em ambos os anos
monitorizados (Tabela III). Em 2010 foram inventariados 32 taxa, dos quais 14 anelídeos, 7
moluscos e igual número de artrópodes. Em 2009 os moluscos eram o grupo melhor
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
23
representado, com 14 taxa, seguidos dos anelídeos, com apenas 11. Quando se consideram as
estações de amostragem de tratamento separadas das de controlo, observa‐se que nas
primeiras se registou um claro aumento no número de taxa e que nas segundas houve um
acentuado decréscimo.
Tabela III ‐ Lista e número de indivíduos capturados dos taxa presentes nas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos do Terreiro do Paço (TPT – estações de amostragem de tratamento;
TPC – estações de amostragem de controlo) em 2009 e 2010 (x – presença confirmada, mas não
quantificada)
Taxa 2009 2010
TPT TPC TPT TPC
FILO CNIDARIA CLASSE ANTHOZOA Ordem Actinaria Família Sagartiidae Sagartia troglodytes (Price in Johnston, 1847) 1
CLASSE HYDROZOA Hydrozoa n.i. x x x
FILO NEMERTEA Nemertea n.i. 1 6 4 11
FILO NEMATODA Nematoda n.i. x x x
FILO MOLLUSCA CLASSE POLYPALCOPHORA Ordem Lepidopleurida Família Leptochitonidae Leptochiton asellus (Gmelin, 1791) 1
CLASSE GASTROPODA Ordem Littorinimorpha Família Rissoidae Pusillina inconspicua (Alder, 1844) 3
Ordem Nudibranchia Família Facelinidae Facelina sp. 1
CLASSE BIVALVIA Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula sp. 3 2
Ordem Mytiloida Família Mytilidae Modiolula phaseolina (Philippi, 1844) 2 1 Modiolus modiolus (Linnaeus, 1758) 2
Ordem Veneroida Família Cardiidae Acanthocardia aculeata (Linnaeus, 1767) 1 Cerastoderma glaucum (Bruguière, 1789) 3 2 5 1 Parvicardium pinnulatum (Conrad, 1831) 3 14
Família Mactridae Spisula subtruncata (da Costa, 1778) 1 1
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
24
Tabela III (continuação)
Taxa 2009 2010
TPT TPC TPT TPC
Família Montacutidae Kurtiella bidentata (Montagu, 1803) 3 3
Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 6 3 3 1 Abra nitida (Müller, 1776) 1 Abra prismatica (Montagu, 1808) 2 Abra sp. 1
Família Veneridae Venerupis senegalensis (Gmelin, 1791) 2
Ordem Myoida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 6
FILO ANNELIDA CLASSE OLIGOCHAETA
Oligochaeta n.i. 44 19CLASSE POLYCHAETA Ordem Phyllodocida Família Polynoidae Harmothoe sp. 5
Família Pholoidae Pholoe inornata Johnston, 1839 5
Família Phyllodocidae Eumida sanguinea (Örsted, 1843) 1
Família Hesionidae Gyptis propinqua Marion & Bobretzky, 1875 1 1
Família Syllidae Parapionosyllis sp. 8 17Sphaerosyllis sp. 1 1 Syllis gracilis Grube, 1840 1 7
Nereididae Eunereis longissima Johnston, 1840 1
Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 42 59 48 37
Família Glyceridae Glycera rouxi Audouin & Milne Edwards, 1833 1
Ordem Spionida Família Spionidae Prionospio cirrifera Wirén, 1883 1 1 Streblospio shrubsolii (Buchanan, 1890) 1 17 15
Ordem Cossurida Família Cossuridae Cossura soyeri Laubier, 1964 3 31
Ordem Capitellida Família Capitellidae Capitella capitata (Fabricius, 1780) 2 Mediomastus fragilis Rasmussen, 1973 24 8
Ordem Terebellida Família Cirratulidae Aphelochaeta sp. 1 Tharyx sp. 42 15
Família Pectinariidae Lagis koreniMalmgren, 1866 1 5 4
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
25
Tabela III (continuação)
Taxa 2009 2010
TPT TPC TPT TPC
Família Terebellidae Lanice conchilega Pallas, 1766 3 26 25
FILO ARTHROPODA CLASSE PYCNOGONIDA Ordem Pantopoda Família Phoxichilidiidae Anoplodactylus petiolatus (Kroyer, 1844) 2
CLASSE MAXILLOPODA Ordem Sessilia Família Balanidae Maxillopoda n.i. x x
CLASSE MALACOSTRACA Ordem Mysida Família Mysidae Mesopodopsis slabberi (van Beneden, 1861) 14 Neomysis integer (Leach, 1814) 2
Ordem Amphipoda Família Ampeliscidae Ampelisca sp. 1 2
Família Atylidae Atylus guttatus (Costa, 1851) 1
Família Corophiidae Monocorophium ascherusicum (Costa, 1857) 12
Família Melitidae Abludomelita gladiosa (Bate, 1862) 2
Família Phoxocephalidae Harpinia sp. 2
Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 1 33 1
Família Idoteidae Idotea sp. 1
Ordem Decapoda Família Diogenidae Diogenes pugilator (Roux, 1829) 1
Família Inachidae Macropodia linaresi Forest & Zariquiey Alvarez, 1964 1
Família Portunidae Liocarcinus depurator (Linnaeus, 1758) 1
FILO ECHINODERMATA CLASSE ECHINODEA
Echinoidea n.i. 1
Total 70 193 273 166Número de taxa 19 31 30 16
Em Chelas, em 2010, foram identificados 49 taxa, num total de 506 indivíduos, na sua maioria
encontrados nas estações de amostragem de controlo, uma vez que nas estações de
amostragem de tratamento apenas foram capturados 14 organismos, pertencentes a 9 taxa
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
26
(Tabela IV). O grupo mais representado foi o dos Annelida, com 21 taxa, seguido dos
Arthropoda e dos Mollusca, com 13 e 8 taxa, respectivamente.
Tabela IV ‐ Lista e número de indivíduos capturados dos taxa presentes nas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos de Chelas (CHT – estações de amostragem de tratamento;
CHC – estações de amostragem de controlo) em 2010 (x – presença confirmada, mas não quantificada)
Taxa 2010
CHT CHC
FILO CNIDARIA CLASSE ANTHOZOA Ordem Actinaria Família Actiniidae Actinia equina (Linnaeus, 1758) 3 Bolocera tuediae (Johnston, 1832) 1
Classe Hydrozoa Hydrozoa n.i. x
FILO NEMERTEA Nemertea n.i. 12
FILO NEMATODA Nematoda n.i. x x
FILO MOLLUSCA CLASSE GASTROPODA Ordem Heterostropha Família Pyramidellidae Chrysallida suturalis (Philippi, 1844) 5
CLASSE BIVALVIA Ordem Nuculida Família Nuculidae Nucula sp. 15
Ordem Veneroida Família Cardiidae Cardiidae n.i. 1
Família Montacutidae Kurtiella bidentata (Montagu, 1803) 4
Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 1
Família Veneridae Venerupis senegalensis (Gmelin, 1791) 3
Ordem Myoida Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 12 Bivalvia n.i. 1
FILO ANNELIDA CLASSE OLIGOCHAETA
Oligochaeta n.i. 66 CLASSE POLYCHAETA Ordem Phyllodocida Família Polynoidae Harmothoe extenuata (Grube, 1840) 2 Harmothoe imbricata (Linnaeus, 1767) 4
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
27
Tabela IV (continuação)
Taxa 2010
CHT CHC
Família Pholoidae Pholoe inornata Johnston, 1839 2
Família Syllidae Parapionosyllis sp. 115 Syllis garciai (Campoy, 1982) 1 Syllis gracilis Grube, 1840 3
Família Nereididae Eunereis longissima Johnston, 1840 1
Família Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 5 6
Família Glyceridae Glycera convoluta Keferstein, 1862 4
Ordem Eunicida Família Eunicidae Marphysa sanguinea (Montagu, 1815) 1
Família Lumbrineridae Lumbrineris gracilis Ehlers, 1868 1 Lumbrineris latreilli Audouin & Milne Edwards, 1834 1
Ordem Spionida Família Spionidae Streblospio shrubsolii (Buchanan, 1890) 2 Polydora sp. 1
Ordem Capitellida Família Capitellidae Heteromastus filiformis (Claparède, 1864) 7 Mediomastus fragilis Rasmussen, 1973 20 Notomastus latericeus Sars, 1851 2
Ordem Terebellida Família Cirratulidae Tharyx sp. 37
Família Melinninae Melinna palmata Grube, 1870 5
Família Terebellidae Lanice conchilega Pallas, 1766 112
FILO ARTHROPODA CLASSE PYCNOGONIDA Ordem Pantopoda Família Ammotheidae Ammothella longipes (Hodge, 1864) 1
CLASSE MALACOSTRACA Ordem Mysida Família Mysidae Gastrosaccus spinifer (Goës, 1864) 3 Mesopodopsis slabberi (van Beneden, 1861) 2 1 Neomysis integer (Leach, 1814) 3 6
Ordem Amphipoda Família Corophiidae Monocorophium ascherusicum (Costa, 1857) 5
Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 6
Família Melitidae Abludomelita obtusata (Montagu, 1813) 3
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
28
Tabela IV (continuação)
Taxa 2010
CHT CHC
Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 1
Ordem Decapoda Família Inachidae Macropodia linaresi Forest & Zariquiey Alvarez, 1964 1
Família Pinnotheridae Pinnotheres pisum (Linnaeus, 1767) 3
Família Portunidae Carcinus maenas (Linnaeus, 1758) 6 Liocarcinus depurator (Linnaeus, 1758) 1
CLASSE INSECTA Ordem Diptera Família Psychodidae Psychodidae n.i. 1
FILO BRYOZOA Bryozoa n.i. x
FILO ECHINODERMATA CLASSE OPHIUROIDEA Ordem Ophiurida Família Amphiuridae Amphipholis squamata (Delle Chiaje, 1828) 7
Total 14 492 Número de taxa 9 44
Em 2010 foram identificados 60 taxa, num total de 5952 indivíduos, em Beirolas (Tabela V). O
grupo mais representado foi o dos Arthropoda, com 22 taxa, seguido dos Annelida e dos
Mollusca, com 21 e 11 taxa, respectivamente.
Tabela V ‐ Lista e número de indivíduos capturados dos taxa presentes nas comunidades de
macroinvertebrados bentónicos de Beirolas (BRT – estações de amostragem de tratamento; BRC –
estações de amostragem de controlo) em 2010 (x – presença confirmada, mas não quantificada)
Taxa 2010
BRT BRC
FILO CNIDARIA CLASSE HYDROZOA
Hydrozoa n.i. 0 0 FILO NEMERTEA
Nemertea n.i. 5 1 FILO NEMATODA
Nematoda n.i. 0 0 FILO MOLLUSCA CLASSE GASTROPODA Ordem Littorinimorpha Família Hydrobiidae Hydrobia ulvae (Pennant, 1777) 330 1605
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
29
Tabela V (continuação)
Taxa 2010
BRT BRC
CLASSE BIVALVIA Ordem Veneroida Família Cardiidae Cerastoderma glaucum (Bruguière, 1789) 10 4 Parvicardium exiguum (Gmelin, 1791) 1
Família Scrobiculariidae Scrobicularia plana (da Costa, 1778) 21 102
Família Semelidae Abra alba (W. Wood, 1802) 2 Abra sp. 2
Família Veneridae Ruditapes philippinarum (Adams & Reeve, 1850) 1 23 Venerupis senegalensis (Gmelin, 1791) 1 Veneridae sp1 2 22
Ordem Myoida Família Corbulidae Corbula gibba (Olivi, 1792) 3
Família Pholadidae Barnea candida (Linnaeus, 1758) 15
FILO ANNELIDA CLASSE OLIGOCHAETA
Oligochaeta n.i. 285 429 CLASSE POLYCHAETA Ordem Phyllodocida Família Polynoidae Harmothoe extenuata (Grube, 1840) 1 Harmothoe imbricata (Linnaeus, 1767) 1
Família Phyllodocidae Eumida sanguinea (Örsted, 1843) 1 Mysta picta (Quatrefagues, 1865) 1
Família Hesionidae Gyptis propinqua Marion & Bobretzky, 1875 1
Família Syllidae Myrianida sp. 4 11 Parapionosyllis sp. 12 2 Sphaerosyllis sp. 1 Syllis gracilis Grube, 1840 19 1
Nereididae Eunereis longissima Johnston, 1840 1 Hediste diversicolor (O.F. Müller, 1776) 328 790
Nephtyidae Nephtys hombergii Savigny in Lamarck, 1818 10 14
Ordem Eunicida Família Dorvilleidae Dorvillea sp. 1
Ordem Spionida Família Spionidae Polydora ciliata (Johnston, 1838) 4 Polydora ligniWebster, 1879 116 148 Streblospio shrubsolii (Buchanan, 1890) 508 618
Ordem Capitellida Família Capitellidae Heteromastus filiformis (Claparède, 1864) 1
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
30
Tabela V (continuação)
Taxa 2010
BRT BRC
Ordem Terebellida Família Cirratulidae Tharyx sp. 26 32
Família Terebellidae Lanice conchilega Pallas, 1766 86 84
Ordem Sabellida Família Serpulidae Serpulidae n.i. 1
FILO ARTHROPODA CLASSE PYCNOGONIDA Ordem Pantopoda Família Phoxichilidiidae Anoplodactylus pygmaeus (Hodge, 1864) 1
CLASSE MAXILLOPODA Ordem Sessilia Família Balanidae Balanus crenatus Bruguiére, 1789 4
CLASSE OSTRACODA Ostracoda n.i. 0
CLASSE MALACOSTRACA Ordem Mysida Família Mysidae Mesopodopsis slabberi (van Beneden, 1861) 6 Neomysis integer (Leach, 1814) 1
Ordem Amphipoda Família Amphilochidae Amphilochus picadurus J.L. Barnard, 1962 1 Gitana sarsi Boeck, 1871 1
Família Atylidae Atylus guttatus (Costa, 1851) 2
Família Corophiidae Monocorophium ascherusicum (Costa, 1857) 38 24
Família Ischyroceridae Ericthonius punctatus (Bate, 1857) 3
Família Melitidae Melita palmata (Montagu, 1804) 19 28
Ordem Isopoda Família Anthuridae Cyathura carinata (Krøyer, 1847) 43 60
Família Idoteidae Idotea emarginata (Fabricius, 1793) 1 Idotea sp. 1 5
Família Sphaeromatidae Lekanesphaera monodi (Arcangeli, 1934) 1
Ordem Cumacea Família Bodotridae Bodotria scorpioides (Montagu, 1804) 1 2 Iphinoe tenella Sars, 1878 1
Ordem Decapoda Família Inachidae Macropodia linaresi Forest & Zariquiey Alvarez, 1964 1
Família Portunidae Carcinus maenas (Linnaeus, 1758) 1
(continua)
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
31
Tabela V (continuação)
Taxa 2010
BRT BRC
Família Crangonidae Crangon crangon (Linnaeus, 1758) 3 4
CLASSE INSECTA Ordem Diptera Família Chironomidae Chironomidae n.i. 1
Família Ephydridae Ephydridade n.i. 1
FILO BRYOZOA Bryozoa n.i. 0 0
FILO CHORDATA CLASSE ASCIDIACEA Ordem Stolidobranchia Família Molgulidae Molgula occulta Kupffer, 1875 1 8 Molgula tubifera (Orstedt, 1844) 2
Total 1884 4068 Número de taxa 37 49
3.2.2. ESTRUTURA DAS COMUNIDADES BENTÓNICAS
De um modo geral, pode afirmar‐se que os valores de riqueza e diversidade taxonómicas de
macroinvertebrados bentónicos e a sua densidade são normalmente intermédios em Alcântara
(Figura 15) e Terreiro do Paço (Figura 16), muito baixos em Chelas (Figura 17) e
consideravelmente elevados em Beirolas (Figura 18). De qualquer forma, em Alcântara os três
parâmetros denotaram algum aumento em 2010, quer nas estações de amostragem de
tratamento, quer nas estações de amostragem de controlo (Figura 15). Já no Terreiro do Paço,
esse aumento generalizado nos vários parâmetros terá ocorrido sobretudo na radial mais
próxima de terra (A) e, mais uma vez, tanto nas estações de amostragem de tratamento, como
nas de controlo (Figura 16). Em Chelas, apenas no transepto de controlo C2 (localizado a
montante do emissário) se verificaram valores de densidade e de riqueza e diversidade
taxonómicas importantes, estando as restantes estações de amostragem altamente
empobrecidas em termos de macroinvertebrados bentónicos (Figura 17). Pelo contrário, em
Beirolas estes parâmetros foram normalmente muito elevados em todos os pontos de colheita
(Figura 18). Neste caso, as principais diferenças parecem estar principalmente relacionadas
com o gradiente de distância em relação à margem terrestre, com a riqueza e diversidade
taxonómicas a aumentarem do intertidal para o subtidal e a densidade dos organismos a ter
uma evolução inversa. Já as estações de amostragem de tratamento e de controlo, poucas
diferenças parecem ter exibido no local, em termos de estrutura das respectivas comunidades
de macroinvertebrados bentónicos.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
32
Figura 15 – Número de taxa (S), densidade (D) e diversidade taxonómica (H’) de macroinvertebrados
bentónicos em Alcântara, em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
Figura 16 – Número de taxa (S), densidade (D) e diversidade taxonómica (H’) de macroinvertebrados
bentónicos no Terreiro do Paço, em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento;
C ‐ estações de amostragem de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
33
Figura 17 – Número de taxa (S), densidade (D) e diversidade taxonómica (H’) de macroinvertebrados
bentónicos em Chelas, em 2010 (T ‐ estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
Figura 18 – Número de taxa (S), densidade (D) e diversidade taxonómica (H’) de macroinvertebrados
bentónicos em Beirolas, em 2010 (T – estações de amostragem de tratamento; C ‐ estações de
amostragem de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
34
3.2.3. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS COMUNIDADES BENTÓNICAS
Na zona de Alcântara as comunidades de macroinvertebrados bentónicos denotaram uma
melhoria acentuada no seu estado de conservação de 2009 para 2010 (Figura 19). De facto,
apenas na radial mais próxima do emissário (A) a situação se manteve semelhante à do ano
anterior, permanecendo as respectivas comunidades num estado ecológico Moderado. Na
radial intermédia (B), estas passaram de um nível Reduzido para Elevado e na radial mais
afastada (C) de Moderado/Bom para Bom/Elevado. Nestes últimos casos, o estado ecológico
das comunidades de macroinvertebrados bentónicos locais aproximou‐se do verificado nas
estações de amostragem de controlo, as quais sempre pertenceram às classes Bom/Elevado.
Figura 19 – Valores de AMBI‐Multivariado (M‐AMBI) obtidos para as comunidades de
macroinvertebrados bentónicos da zona de Alcântara em 2009 e 2010 (T ‐ estações de amostragem de
tratamento: A, B e C ‐ radiais; C ‐ transeptos de controlo).
Em relação às comunidades de macroinvertebrados do Terreiro do Paço, estas mantiveram em
2010 basicamente o mesmo estado de perturbação que no ano anterior (Figura 20). Neste
caso, exibiram nas estações de amostragem de tratamento uma qualidade ecológica
Moderada na radial mais próxima do emissário (A) e Boa nas outras duas (B e C). Os transeptos
de controlo permaneceram em estado Bom/Elevado em ambos os anos.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
35
Figura 20 – Valores de AMBI‐Multivariado (M‐AMBI) obtidos para as comunidades de
macroinvertebrados bentónicos da zona do Terreiro do Paço em 2009 e 2010 (T ‐ estações de
amostragem de tratamento: A, B e C ‐ radiais; C ‐ transeptos de controlo).
Em 2010, as comunidades de macroinvertebrados bentónicos da zona de Chelas denotaram
um estado ecológico Mau nas estações de amostragem de tratamento mais próximas do
emissário (radiais A e B) e Reduzido na radial mais afastada (C) (Figura 21). Mesmo o transepto
de controlo a jusante do ponto de descarga revelou um estado ecológico Mau. Apenas o seu
homólogo de montante destoou positivamente neste panorama, exibindo as respectivas
comunidades uma Elevada qualidade ecológica.
Figura 21 – Valores de AMBI‐Multivariado (M‐AMBI) obtidos para as comunidades de
macroinvertebrados bentónicos da zona de Chelas em 2010 (T ‐ estações de amostragem de
tratamento: A, B e C ‐ radiais; C ‐ transeptos de controlo).
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Resultados
36
Na zona de Beirolas, em 2010 as comunidades de macroinvertebrados bentónicos
apresentaram um estado ecológico Bom/Elevado em todas as estações de amostragem (Figura
22). As principais diferenças neste particular pareceram ocorrer entre o intertidal e o subtidal,
com as comunidades desta última região a surgirem normalmente em estado ecológico
superior (Figura 22A). Por outro lado, é visível uma clara melhoria na qualidade ecológica da
área desde 1997, sendo esta particularmente sustentada desde 2003 (Figura 22B).
Figura 22 – Valores de AMBI‐Multivariado (M‐AMBI) obtidos para as comunidades de
macroinvertebrados bentónicos da zona de Beirolas em 2010 (A) e, apenas nas estações de amostragem
de controlo, desde 1997 (B) (T ‐ estações de amostragem de tratamento: A, B, C e D ‐ radiais;
C – transeptos de controlo).
A
B
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Conclusões
37
4. CONCLUSÕES
Incidindo este estudo sobre zonas próximas da margem ribeirinha, onde as correntes
estuarinas são mais atenuadas, foi sem surpresa que se observou serem os sedimentos das
várias estações de amostragem predominantemente vasosos, já que o menor hidrodinamismo
global destas áreas marginais permite uma maior deposição de elementos finos. Apenas na
radial mais externa do Terreiro do Paço (em muito menor grau, também em Beirolas e em
Chelas) e no ponto de amostragem mais próximo do cais de Alcântara se observou
frequentemente a existência de um substrato mais grosseiro, no primeiro caso porque o
hidrodinamismo aumenta com a proximidade à zona central do canal estuarino, no segundo
caso, presumivelmente, devido a alterações dos fundos relacionadas com a actividade
portuária adjacente. Já o ligeiro incremento global na fracção arenosa do leito estuarino no
Terreiro do Paço, em 2010, terá resultado das obras aí realizadas durante este período.
Naturalmente, o referido predomínio de elementos finos nos sedimentos das áreas em estudo
potencia a acumulação de matéria orgânica nos respectivos fundos, uma vez que as partículas
de MOT ficam mais facilmente retidas quando a distância entre os grãos dos sedimentos é
reduzida, situação que é favorecida pela menor granulometria destes últimos (Creutzberg et
al., 1984). Daí que os menores teores de matéria orgânica se tenham verificado precisamente
nos pontos de amostragem com sedimentos mais grosseiros. No entanto, mesmo para fundos
predominantemente vasosos, os valores de MOT observados foram bastante elevados e
frequentemente próximos ou mesmo superiores a 10%. Tais resultados são semelhantes aos
encontrados neste tipo de sedimentos noutros locais do estuário do Tejo, sobretudo em áreas
com forte introdução de cargas orgânicas de origem antrópica (CO, dados não publicados). De
qualquer forma, o facto de, na generalidade das áreas de estudo, não se terem verificado
diferenças notórias nos teores de MOT presentes nos sedimentos das estações de amostragem
de tratamento e de controlo, parece indiciar que, ou a influência dos efluentes é suficiente
forte para se fazer sentir de modo idêntico junto às fontes emissoras e a mais de 500 m de
distância, ou estes níveis de matéria orgânica são típicos dos sedimentos vasosos destas áreas
ribeirinhas devido à introdução passada e/ou presente de importantes cargas orgânicas em
vários pontos da margem. Apenas na zona de Alcântara as estações de amostragem de
controlo pareceram ter níveis de MOT um pouco inferiores às suas homólogas de tratamento,
mas, por outro lado, a entrada da respectiva ETAR em plena laboração, a partir de finais de
2009, não terá tido quaisquer efeitos positivos visíveis a nível da concentração de matéria
orgânica nos sedimentos vizinhos da saída do emissário. Para já, parece pois mais credível a
hipótese destes níveis de matéria orgânica relativamente elevados serem típicos dos
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Conclusões
38
sedimentos vasosos das áreas ribeirinhas da região e, dentro de certos limites, razoavelmente
independentes da presença de efluentes domésticos. Naturalmente, só a continuação do
programa de monitorização em curso permitirá esclarecer se as alterações infra‐estruturais
efectuadas possibilitarão uma melhoria sensível nos teores de MOT das áreas de Alcântara e
do Terreiro do Paço, ou se estes se manterão razoavelmente elevados, como acontece
actualmente em Beirolas e, sobretudo, em Chelas.
À primeira vista, não deixa de ser surpreendente que a área sob influência do emissário de
Chelas exiba os maiores níveis de poluição orgânica dos quatro locais estudados, quando os
efluentes do Terreiro do Paço não têm tido qualquer tratamento e a ETAR de Alcântara, não só
serve uma população muito superior à de Chelas, como até aqui realizou unicamente
tratamento primário das águas residuais. O maior hidrodinamismo e exposição à influência
marítima das regiões inferiores do estuário (onde se situam o Terreiro do Paço e Alcântara), a
localização encaixada da saída do colector da bacia de drenagem de Chelas numa reentrância
artificial (situação idêntica à de Alcântara) e a menor percentagem de efluentes domésticos
tratados pela ETAR de Beirolas (apenas 32% contra 90% em Chelas), poderão ajudar a explicar
a maior concentração de MOT na vizinhança do emissário de Chelas. Contudo, as análises
físico‐químicas efectuadas às águas descarregadas pelo colector de Chelas em 2010 (Tabela VI)
parecem contradizer a entrada recente de fortes cargas orgânicas no local, pelo que é provável
que estas tenham tido origem em períodos anteriores e/ou noutras fontes emissoras.
No que diz respeito às comunidades de macroinvertebrados bentónicos presentes nos vários
locais, à excepção do que acontece em Chelas, estas não exibiram sinais de uma degradação
muito significativa, embora sejam claramente empobrecidas quando comparadas com as
existentes noutros locais da zona terminal do estuário do Tejo (Costa et al., 2007, 2008). Para
esta situação muito contribuirá a presença dos vários emissários em estudo, embora o já
referido facto dos efluentes de Alcântara e do Terreiro do Paço serem lançados para a região
terminal do canal principal do estuário do Tejo, onde o forte hidrodinamismo local tem uma
importante acção regeneradora, reduza esses efeitos negativos. Com efeito, este padrão de
atenuação de impactos nas comunidades biológicas foi já detectado anteriormente em áreas
contíguas ao curso principal do estuário do Tejo, em claro contraste com o que se passa em
canais secundários do sistema ou em baías (Costa et al., 2005).
39
Tabela VI – Valores dos parâmetros físicos‐químicos da água das descargas efectuadas pelos emissários de Beirolas, Chelas, Terreiro do Paço (RO – Rua do Ouro; RA – Rua
Augusta; RP – Rua da Prata) e Alcântara em 2010 (CML, dados não publicados)
Parâmetros Locais/Datas
Beirolas Chelas Terreiro Paço Alcântara
2‐Mar 14‐Jun 8‐Set 9‐Dez 2‐Mar 14‐Jun 8‐Set 9‐Dez 3‐Mar 2‐Mar 14‐Jun 8‐Set 9‐Dez
2‐Mar 14‐Jun 8‐Set 9‐Dez RO RA + RP RO RA + RP RO RA + RP RO RA + RP
pH 7,7 8,3 7,8 7,6 7,7 7,9 7,9 7,5 8,9 8,1 7,7 7,9 8,0 8,1 8,6 8,7 7,7 7,4 7,2 7,3 SST 52 8 4 30 46 4 12 55 257 228 129 290 135 326 242 288 52 48 101 54 CBO5 (mg/l) 55 6 3 19 40 3 4 24 116 264 197 280 171 285 202 275 39 12 12 30 CQO (mg/l) 121 32 29 47 83 28 31 112 225 570 508 785 367 566 354 408 121 198 163 76 N‐NO2
‐ (mg/l) 0,253 0,108 0,285 0,178 0,035 0,136 0,333 0,073 0,126 0,391 <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 0,245 0,267 0,197 0,321 0,515 0,100
N‐NO3‐ (mg/l) 7,45 2,36 4,58 3,06 5,54 4,47 6,28 5,15 1,20 1,66 0,49 0,07 0,10 <0,05 0,96 2,07 7,78 15,6 15,59 2,05
N‐NH4+ (mg/l) 6,23 8,84 2,04 4,97 5,07 6,47 4,39 5,24 10,58 28,28 33,66 38,86 29,79 32,82 16,58 18,34 6,26 4,98 3,81 5,06
N‐Norg (mg/l) 4,07 1,30 0,83 3,14 2,33 1,02 0,37 4,02 3,07 22,96 18,5 6,23 22,12 27,1 20,10 23,55 4,03 1,66 1,49 2,95 N‐Kjeldahl (mg/l) 10,30 10,14 2,87 8,11 7,40 7,49 4,76 9,26 13,65 51,24 52,16 45,09 51,91 59,92 36,68 41,89 10,29 6,64 5,30 8,01 Azoto total (mg/l) 18,00 12,61 7,74 11,35 12,98 12,10 11,37 14,48 14,98 53,29 52,65 45,16 52,01 59,92 37,89 44,23 18,27 22,56 21,41 10,16 Fósforo total (mg/l) 3,98 2,24 3,33 1,33 4,35 4,51 5,95 1,25 3,23 9,13 8,32 10,01 8,1 8,50 5,16 6,36 1,76 1,56 <0,125 0,29 Ferro total (mg/l) 0,30 0,15 0,21 0,28 0,10 0,12 0,65 0,65 3,41 0,28 0,47 0,90 0,35 1,57 1,69 3,38 0,38 1,32 2,69 0,56 Sulfatos (mg/l) 124,48 97,60 128,48 61,28 88,96 89,20 86,24 61,92 73,76 92,84 74,76 75,44 103,84 87,96 75,36 77,24 428,96 618,40 246,96 Óleos&Gorduras (mg/l) <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 49 24 310 59 49 56 18 23 <10 <10 <10 <10 Hidrocarbonetos (μg/l) <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 39 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 <10 Fenóis (μg/l) <0,10 0,13 0,14 <0,10 0,32 0,10 0,14 <0,10 0,17 0,13 0,31 0,20 0,33 0,23 0,41 0,54 0,15 0,10 0,15 0,29 Cloretos (mg/l) 460 265 558 167 122 119 131 91 95 179 216 178 374 263 123 116 2857 3512 4593 1706 Crómio VI (mg/l) <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 Crómio total (mg/l) < 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 Cobre (mg/l) <0,08 <0,08 <0,08 <0,08 Cádmio (mg/l) <0,04 <0,04 <0,04 <0,04 Chumbo (mg/l) <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 Níquel (mg/l) <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 Manganês (mg/l) <0,06 <0,06 <0,06 0,15 Mercúrio (mg/l) <0,002 <0,002 <0,002 <0,002 Arsénio (mg/l) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 Alumínio (mg/l) <1 <1 1,1 <0,1 Sulfitos (mg/l) <1 <1 2,0 <1 Sulfuretos (mg/l) 1 1,3 3,1 1,0
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Conclusões
40
Apesar da sua localização numa área menos exposta do estuário do Tejo, a saída do emissário
da bacia de Beirolas em zona aberta favorecerá a dispersão dos respectivos efluentes. Estas
características, juntamente com o tratamento terciário da respectiva ETAR, desde 2001, terão
permitido uma melhoria notável das comunidades de macroinvertebrados bentónicos locais, a
partir de 2003, quando a laboração da infra‐estrutura terá entrado na fase de cruzeiro.
Actualmente, a qualidade ecológica da área varia entre Boa e Elevada, sendo normalmente
superior no subtidal do que no intertidal, tanto nas estações de amostragem de tratamento,
como nas controlo. O menor stress natural nos locais permanentemente imersos, explicará o
incremento na complexidade destas comunidades com o afastamento da margem terrestre,
onde aumentam a riqueza e diversidade taxonómicas e diminui a densidade de organismos
tolerantes/oportunistas (Chainho et al., 2010). A utilidade, como controlo, das estações de
amostragem pré‐estabelecidas nesta área, permanece por esclarecer, embora a evolução das
respectivas comunidades de macroinvertebrados bentónicos desde 1997 deixe fundadas
dúvidas quanto à sua validade para esse fim, já que, pelo menos no passado, estes locais
estiveram sob o efeito de elevadas pressões antrópicas, tenham tido elas origem na ETAR de
Beirolas, antes de esta ter entrado na fase de cruzeiro do seu funcionamento, ou outra
natureza.
As comunidades de macroinvertebrados bentónicos adjacentes ao emissário da bacia de
Alcântara apresentavam em 2009 um grau de degradação elevado, existindo poucas dúvidas
de que a sua menor preservação se deveu ao mau funcionamento da referida infra‐estrutura
nesse ano, uma vez que as comunidades existentes nas respectivas estações de amostragem
de controlo permaneceram em melhor estado de conservação. Em 2010, com a entrada em
funcionamento do tratamento secundário na ETAR de Alcântara, verificou‐se uma melhoria
generalizada na qualidade ecológica da área, passando esta a Boa/Elevada nas radiais mais
afastadas da saída do emissário (tal como acontece nas estações de amostragem de controlo),
mas mantendo‐se Moderada na sua homóloga mais próxima. Por seu turno, no Terreiro do
Paço, as comunidades de macroinvertebrados bentónicos permaneceram em 2010 em
situação idêntica à do ano anterior. Assim, a qualidade ecológica da área manteve‐se
Moderada na proximidade do emissário e Boa nas restantes radiais. Neste local, apesar de não
se terem feito sentir ainda as melhorias infra‐estruturais programadas, apenas as comunidades
de macroinvertebrados bentónicos que ocorreram perto do local da descarga pareceram estar
um pouco mais afectadas pelo efluente, presumivelmente porque a partir dessa distância o
elevado hidrodinamismo da zona ajudará a uma dispersão efectiva dos poluentes, tal como
acontece, aliás, presentemente em Alcântara. Também nestes dois locais, a utilidade das
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Conclusões
41
estações de amostragem de controlo permanece por esclarecer cabalmente, sobretudo
porque de 2009 para 2010 a riqueza e diversidade taxonómicas diminuíram nas estações de
amostragem de controlo do Terreiro do Paço e aumentaram nas suas homólogas de Alcântara,
o que parece pouco compatível com variações estritamente naturais. Com os dados
actualmente disponíveis é de admitir que as principais limitações neste sentido se encontrem
na rede de amostragem do Terreiro do Paço, embora só os trabalhos futuros o possam vir a
confirmar.
O actual estado de conservação aproximado das comunidades de macroinvertebrados
bentónicos das zonas de Alcântara e do Terreiro do Paço, deverá resultar da maior carga
poluente introduzida no primeiro local durante 2009. De facto, em situação de deficiente
funcionamento da ETAR de Alcântara, as águas residuais de uma população a rondar os 500
mil habitantes terão provocado um impacto superior que as dos cerca de 100 mil habitantes
servidos pelo subsistema do Terreiro do Paço, mesmo que sem qualquer tratamento. Por
outro lado, o facto do ponto de drenagem do colector de Alcântara se encontrar localizado
numa pequena reentrância artificial, dificultará a dispersão dos poluentes e contribuirá para
uma menor preservação das comunidades biológicas da região adjacente. Esta característica,
sendo comum ao colector da descarga de Chelas, e a menor exposição da área à acção
mecânica das massas de água marinhas, poderão ajudar a explicar a menor qualidade
ambiental da última zona. Contudo, tal como referido anteriormente a propósito dos teores de
MOT nos sedimentos, as análises físico‐químicas efectuadas às descargas do colector de Chelas
em 2010 (Tabela VI) parecem contradizer a entrada recente de fortes cargas orgânicas no
local, a menos que tivesse ocorrido algum fenómeno de poluição aguda, de que não há notícia.
Assim, é possível que esta degradação ambiental tenha tido origem em períodos anteriores
e/ou noutras fontes emissoras, sendo de assinalar a intensa actividade portuária local. De
qualquer forma, parece provável uma influência local na redução da qualidade ecológica da
zona, já que esta passa de Má a Reduzida com o afastamento em relação à adjacência do
emissário. Notável o facto da estação controlo a jusante da saída do colector de Chelas exibir
comunidades de macroinvertebrados bentónicos num nível de perturbação próximo do das
estações de amostragem de tratamento, o mesmo não acontecendo com a estação de
amostragem de controlo de montante, que apresenta um estado ecológico Elevado, apesar de
se situar sensivelmente à mesma distância. Caso a degradação ambiental em análise tenha
origem recente ou histórica na descarga de Chelas, a protecção dada a montante pela
reentrância onde está localizada a saída do emissário desta bacia e a maior dispersão do
efluente para jusante (neste sentido há que juntar a força dos caudais dulciaquícolas às
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Conclusões
42
correntes de maré), poderão explicar as diferenças verificadas entre as estações de
amostragem de controlo da zona, tornando‐se claro que, nas actuais condições, a de jusante
não serve para tal propósito.
Pode‐se concluir que a descarga da bacia de Beirolas não está a provocar impactos
significativos no ambiente circundante e que a entrada em funcionamento do tratamento
secundário na ETAR de Alcântara está a permitir a recuperação das comunidades de
macroinvertebrados bentónicos adjacentes à saída do emissário da respectiva bacia, as quais,
de resto, nunca estiveram particularmente afectadas devido ao elevado hidrodinamismo da
região. Também no Terreiro do Paço, as condições hidrodinâmicas prevalecentes permitem
uma razoável preservação dessa área ribeirinha, apesar de continuar a ser alvo da drenagem
de um importante efluente não tratado até à sua ligação ao subsistema de Alcântara em 2011.
Finalmente, há que referir a elevada degradação ambiental da zona vizinha à embocadura do
colector da bacia de drenagem de Chelas, que pode ter origem nas respectivas descargas ou
noutras causas locais e uma génese antiga ou recente. A continuação do programa de
monitorização em curso permitirá confirmar ou infirmar estas tendências e avaliar se as
alterações infra‐estruturais efectuadas recentemente possibilitarão uma melhoria sensível no
estado das comunidades de macroinvertebrados bentónicos da zona ribeirinha do Concelho de
Lisboa.
Monitorização biológica de descarga de efluentes na área ribeirinha de Lisboa – Referências
43
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Borja, A., J. Franco & V. Pérez. 2000. A Marine Biotic Index to establish the ecological quality of
soft‐bottom benthos within European estuarine and coastal environments. Mar. Poll. Bull., 40:
1100‐1114.
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