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Última Estas informações não dispensam a consulta da lista oficial Totoloto + 8 11 16 20 31 2 tempo Céu geralmente pouco nublado. Vento em geral fraco do quadrante norte, soprando moderado de nordeste nas terras altas. Ne- blina ou nevoeiro matinal. Pequena subi- da da temperatura máxima, em especial nas regiões do interior. Nos distritos de Braga e de Viana do Castelo, céu pouco nublado, vento fraco de norte, tor- nando-se fraco de noroeste, oscilando a temperatura en- tre os 4 ºC e os 23 ºC, e entre os 6 ºC e os 19 ºC, respe- tivamente. No distrito de Viana do Castelo, ondulação de noroeste, com 3,5 a 5 metros de altura, fixando-se a tem- peratura da água do mar nos 13 ºC. Estado do mar: Costa Ocidental: ondas de noroeste, com 2 a 3 metros, aumentando para 3,5 a 5 metros. Tempera- tura da água do mar: 14 ºC. cidadania Toda a sociedade apresenta várias formas de violên- cia, mas a violência do homem contra a mulher, sobre- tudo dentro da família, é aquela que tem uma incidên- cia mais elevada. Geralmente, o agressor é imputável. Tem consciência dos atos ilícitos que pratica e das consequências. Na ge- neralidade dos casos não apresenta qualquer perturba- ção psíquica ou mental. Pode haver casos de esquizofre- nia, de toxicodependência ou de álcool, mas não é a re- gra. A maior parte dos agressores está no uso completo das suas faculdades mentais. A violência doméstica é um fenómeno que tem a ver com a desigualdade de género entre homem e mulher. Há quem a relacione com o desem- prego, com problemas financeiros, mas essa não é a causa da violên- cia. A causa é a discriminação da mulher, o facto de as mulheres te- rem sido escravas durante séculos e de a igualdade só existir há trinta e tal anos. Trinta e tal anos em cinco mil de história é muito pouco para haver alterações de comportamen- to. Uma coisa é a alteração da lei, que é fácil de fazer. Outra é a alte- ração de mentalidades e de com- portamentos. Demora séculos ou, pelo menos, muitas décadas. A lei é importante porque cria um instrumento de proteção e de punição dos agressores. Mas não resol- ve completamente o problema. Permite que as mulheres tenham mais consciência dos seus direitos, que a socie- dade comece a reprovar estes crimes e a olhar para eles de outra forma. Permite que quem apresente queixa pos- sa ver efetivamente os seus direitos protegidos. Mas sa- bemos também que muitos destes processos depois não chegam até ao fim, ou então é aplicada pena suspensa e não há efetivamente privação da liberdade do agressor. Portanto, também a nível de processo penal os resulta- dos revelam-se muito escassos Tem havido várias campanhas de informação e de sen- sibilização. Em 2010, houve 31.235 participações às for- ças de segurança, mas haverá muito mais casos que não foram denunciados. Em 1989, num inquérito de vitima- ção, detetou-se que só 5% das mulheres vítimas de vio- lência é que tinha denunciado às autoridades. É provável que hoje já tenha aumentado substancialmente o núme- ro de denúncias, mas a percentagem de casos que nunca são denunciados é sempre muitíssimo mais elevada do que os casos que chegam ao conhecimento da polícia e do ministério público. É fundamental recolher provas para que fique demons- trado em tribunal que os factos ocorreram. A mulher agredida deve ir imediatamente ao hospital ou ao insti- tuto de medicina legal. O médico faz um relatório e há, assim, uma prova documental. A mulher deve também fazer uma perícia psicológica ou psiquiátrica para avalia- ção dos danos psicológicos. Depois, temos a prova teste- munhal. Se alguém assistiu ou ouviu os gritos, também pode testemunhar em tribunal. Fotografias, por exemplo, da mulher agredida também ser- vem de prova. Claro que a agressão física é aquela que será mais fácil de pro- var. Mas a violência doméstica – é importante explicar também estes conceitos – não se esgota na agres- são física. Ela não é a única lesiva das mulheres. A agressão psicoló- gica, a agressão sexual, existe tam- bém dentro do casamento. É mui- to vulgar e não deixa marcas que se possam provar com relatórios de medicina legal. Tem que fazer uma perícia psicológica ou psiquiátrica para avaliar os danos psicológicos. E é possí- vel nas outras ciências, sociais, que não o direito, na psi- cologia ou na medicina, saber que a mulher apresenta. por exemplo, tristeza, apatia, depressões, angústias, pe- sadelos. São características muito comuns que resultam da violência psicológica. Devemos ser assertivas contra quem nos agride ou nos ofende. As amigas devem dar conta disso imediata- mente em vez de pensarem, como muitas vezes pensam, “não me vou meter onde não sou chamada, entre marido e mulher ninguém meta a colher, é um problema dela, ela até gosta dele, até se vão reconciliar”. As amigas de- vem perguntar o que é que se passa. A vítima acabará, com certeza, por contar a situação de violência e então devem tirá-la imediatamente de casa para a proteger e apresentar queixa. Clara Sottomayor (Extratos de uma entrevista ao programa Periscópio da Rádio FF. Pode ouvi-la integralmente em www.facfil.braga.ucp.pt) Dia Mundial da Mulher Violência doméstica Pub Passos diz que Governo faz «revolução tranquila» O primeiro-ministro, Passos Coelho, realçou ontem as ne- gociações com os sindicatos da Educação para defender que existem «setores» que querem conduzir de forma artificial a um «clima de confrontação» que «não existe». «Isso em véspera de eventos como aqueles que a CGTP nos anunciou [uma Greve Geral], mostra como há em Portugal setores que querem conduzir com artificialidade a um clima de confrontação e de conflitualidade que não existe», afirmou o primeiro-ministro. Passos Coelho respondia ao líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, durante o debate quinzenal no Parlamento, defen- dendo que o Governo tem conseguido «manter não apenas o diálogo, mas também a estabilidade dentro da revolução tranquila» que vem fazendo «em muitos setores». «A verdade é que por três vezes foi possível ao Ministério da Educação apresentar um acordo com os sindicatos, em matéria de avaliação, em matéria de carreira e em matéria de concurso público», sublinhou. Redação/Lusa

Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor

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a propósito do Dia Internacional da Mulher, resumo da entrevista à Dra. Clara Sottomayor - sobre a violência doméstica

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Page 1: Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor

Última Estas informações não dispensam a consulta da lista ofi cial

Totoloto+8 11 16 20 31 2

tempoCéu geralmente pouco nublado. Vento em geral fraco do quadrante norte, soprando moderado de nordeste nas terras altas. Ne-blina ou nevoeiro matinal. Pequena subi-da da temperatura máxima, em especial nas regiões do interior. Nos distritos de Braga e de Viana do Castelo, céu pouco nublado, vento fraco de norte, tor-nando-se fraco de noroeste, oscilando a temperatura en-tre os 4 ºC e os 23 ºC, e entre os 6 ºC e os 19 ºC, respe-tivamente. No distrito de Viana do Castelo, ondulação de noroeste, com 3,5 a 5 metros de altura, fixando-se a tem-peratura da água do mar nos 13 ºC.Estado do mar: Costa Ocidental: ondas de noroeste, com 2 a 3 metros, aumentando para 3,5 a 5 metros. Tempera-

tura da água do mar: 14 ºC.

cidadania

Toda a sociedade apresenta várias formas de violên-cia, mas a violência do homem contra a mulher, sobre-tudo dentro da família, é aquela que tem uma incidên-cia mais elevada.

Geralmente, o agressor é imputável. Tem consciência dos atos ilícitos que pratica e das consequências. Na ge-neralidade dos casos não apresenta qualquer perturba-ção psíquica ou mental. Pode haver casos de esquizofre-nia, de toxicodependência ou de álcool, mas não é a re-gra. A maior parte dos agressores está no uso completo das suas faculdades mentais.

A violência doméstica é um fenómeno que tem a ver com a desigualdade de género entre homem e mulher. Há quem a relacione com o desem-prego, com problemas financeiros, mas essa não é a causa da violên-cia. A causa é a discriminação da mulher, o facto de as mulheres te-rem sido escravas durante séculos e de a igualdade só existir há trinta e tal anos. Trinta e tal anos em cinco mil de história é muito pouco para haver alterações de comportamen-to. Uma coisa é a alteração da lei, que é fácil de fazer. Outra é a alte-ração de mentalidades e de com-portamentos. Demora séculos ou, pelo menos, muitas décadas. A lei é importante porque cria um instrumento de proteção e de punição dos agressores. Mas não resol-ve completamente o problema. Permite que as mulheres tenham mais consciência dos seus direitos, que a socie-dade comece a reprovar estes crimes e a olhar para eles de outra forma. Permite que quem apresente queixa pos-sa ver efetivamente os seus direitos protegidos. Mas sa-bemos também que muitos destes processos depois não chegam até ao fim, ou então é aplicada pena suspensa e não há efetivamente privação da liberdade do agressor. Portanto, também a nível de processo penal os resulta-dos revelam-se muito escassos

Tem havido várias campanhas de informação e de sen-sibilização. Em 2010, houve 31.235 participações às for-ças de segurança, mas haverá muito mais casos que não foram denunciados. Em 1989, num inquérito de vitima-ção, detetou-se que só 5% das mulheres vítimas de vio-lência é que tinha denunciado às autoridades. É provável que hoje já tenha aumentado substancialmente o núme-

ro de denúncias, mas a percentagem de casos que nunca são denunciados é sempre muitíssimo mais elevada do que os casos que chegam ao conhecimento da polícia e do ministério público.

É fundamental recolher provas para que fique demons-trado em tribunal que os factos ocorreram. A mulher agredida deve ir imediatamente ao hospital ou ao insti-tuto de medicina legal. O médico faz um relatório e há, assim, uma prova documental. A mulher deve também fazer uma perícia psicológica ou psiquiátrica para avalia-ção dos danos psicológicos. Depois, temos a prova teste-munhal. Se alguém assistiu ou ouviu os gritos, também pode testemunhar em tribunal. Fotografias, por exemplo,

da mulher agredida também ser-vem de prova.

Claro que a agressão física é aquela que será mais fácil de pro-var. Mas a violência doméstica – é importante explicar também estes conceitos – não se esgota na agres-são física. Ela não é a única lesiva das mulheres. A agressão psicoló-gica, a agressão sexual, existe tam-bém dentro do casamento. É mui-to vulgar e não deixa marcas que se possam provar com relatórios de

medicina legal. Tem que fazer uma perícia psicológica ou psiquiátrica para avaliar os danos psicológicos. E é possí-vel nas outras ciências, sociais, que não o direito, na psi-cologia ou na medicina, saber que a mulher apresenta. por exemplo, tristeza, apatia, depressões, angústias, pe-sadelos. São características muito comuns que resultam da violência psicológica.

Devemos ser assertivas contra quem nos agride ou nos ofende. As amigas devem dar conta disso imediata-mente em vez de pensarem, como muitas vezes pensam, “não me vou meter onde não sou chamada, entre marido e mulher ninguém meta a colher, é um problema dela, ela até gosta dele, até se vão reconciliar”. As amigas de-vem perguntar o que é que se passa. A vítima acabará, com certeza, por contar a situação de violência e então devem tirá-la imediatamente de casa para a proteger e apresentar queixa.

Clara Sottomayor(Extratos de uma entrevista ao programa Periscópio da Rádio FF.

Pode ouvi-la integralmente em www.facfi l.braga.ucp.pt)

Dia Mundial da Mulher

Violência doméstica

Pub

Passos diz que Governo faz «revolução tranquila»

O primeiro-ministro, Passos Coelho, realçou ontem as ne-

gociações com os sindicatos da Educação para defender que

existem «setores» que querem conduzir de forma artificial a

um «clima de confrontação» que «não existe».

«Isso em véspera de eventos como aqueles que a CGTP nos

anunciou [uma Greve Geral], mostra como há em Portugal

setores que querem conduzir com artificialidade a um clima

de confrontação e de conflitualidade que não existe», afirmou

o primeiro-ministro.

Passos Coelho respondia ao líder parlamentar do CDS, Nuno

Magalhães, durante o debate quinzenal no Parlamento, defen-

dendo que o Governo tem conseguido «manter não apenas

o diálogo, mas também a estabilidade dentro da revolução

tranquila» que vem fazendo «em muitos setores».

«A verdade é que por três vezes foi possível ao Ministério da

Educação apresentar um acordo com os sindicatos, em matéria

de avaliação, em matéria de carreira e em matéria de concurso

público», sublinhou.

Redação/Lusa