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Cidades. | 3 QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 WhatsApp (27) 98135.8261 Telefone: (27) 3321.8446 Macroeditor: Geraldo Nascimento z [email protected] Editora: Elisa Rangel z [email protected] ATENDIMENTO AO ASSINANTE (27) 3321-8699 TRAGÉDIA PESADELO NA ENSEADA Problema na área da piscina é a principal suspeita do desastre S ão 3 da manhã. O porteiro Dejair das Neves ouve fortes estalos no subsolo do Grand Parc Residen- cial Resort, na Enseada do Suá, Vitória.Assustado,tentacorrerpa- ra rua, mas não consegue escapar da tragédia. Toda a estrutura de lazer do condo- míniodesaba,matandootrabalhadoredeixando outrosquatroferidos,inclusiveosíndico,JoséFer- nando Leite Marques. Ali moravam cerca de 160 famílias que viram ruir o sonho de viver num pré- dio de luxo e estão hoje sem ter para onde ir. O que se viu a seguir, na madrugada de ontem, foram momentos de pânico. Moradores com graves doenças e mães com bebês recém-nas- cidos descendo as escadas e passando pelos es- combroscomaajudadosbombeiros.Sentimen- MARCELO PREST A área da piscina do condomínio de luxo Grand Parc desabou sobre os dois pavimentos de garagem, onde estavam cerca de 300 carros. O porteiro do prédio morreu tos que se prolongaram por todo o dia com o de- sespero dos familiares de Dejair, cujo corpo só foi localizado no final da tarde. As três torres, com até 29 andares, foram in- terditadas pelo Corpo de Bombeiros e pelas De- fesas Civis do Estado e de Vitória, por tempo in- determinado. Não se sabe se há riscos de novos danos do empreendimento das construtoras e in- corporadoras Cyrela e Incortel. Dois pavimentos de garagens ruíram com cerca de 300 carros es- tacionados. Além disso, as entradas dos edifícios foram destruídas. Os acessos são feitos em meio aos escombros. Os elevadores não funcionam. Não há energia, água ou gás. Durante todo o dia de ontem as causas do de- sabamento se mantiveram desconhecidas. No fi- naldanoite,aIncortel,construtoraqueexecutou a obra, disse que um perito contratado pela em- presa viu indícios de que um problema na área dapiscinacobertapodeterprovocadoocolapso no pavimento de lazer do empreendimento. Mas os trabalhos para descobrir o que acon- teceu ficarão a cargo de autoridades. A polícia iniciouapuraçãoparaencontrarosresponsáveis pela morte do porteiro – por homicídio culposo, sem intenção de matar –, e pela lesão corporal causada aos feridos. Uma primeira perícia será realizada no local pelo Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia em parceria comoConselhoRegionaldeEngenhariaeAgro- nomia. São os primeiros passos de apurações que podem demorar meses, mas que buscam sanar as dúvidas das famílias, assombradas pelo medo de nunca mais voltarem para suas casas.

NAENSEADA‰DIA PESADELO NAENSEADA Problemanaáreadapiscinaéaprincipalsuspeitadodesastre S ão3damanhã.OporteiroDejair das Neves ouve fortes estalos no subsolo do Grand Parc Residen-cial

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Cidades.| 3QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

WhatsApp (27) 98135.8261 Telefone: (27) 3321.8446

Macroeditor: Geraldo Nascimentoz [email protected]: Elisa Rangelz [email protected]

ATENDIMENTO AO ASSINANTE (27) 3321-8699

TRAGÉDIA

PESADELONA ENSEADA

Problema na área da piscina é a principal suspeita do desastre

São 3 da manhã. O porteiro Dejairdas Neves ouve fortes estalos nosubsolo do Grand Parc Residen-cial Resort, na Enseada do Suá,Vitória.Assustado,tentacorrerpa-ra rua, mas não consegue escapar

da tragédia. Toda a estrutura de lazer do condo-míniodesaba,matandootrabalhadoredeixandooutrosquatroferidos,inclusiveosíndico,JoséFer-nando Leite Marques. Ali moravam cerca de 160famíliasqueviramruirosonhodevivernumpré-diodeluxoeestãohojesemterparaondeir.

Oqueseviuaseguir,namadrugadadeontem,foram momentos de pânico. Moradores comgraves doenças e mães com bebês recém-nas-cidos descendo as escadas e passando pelos es-combroscomaajudadosbombeiros.Sentimen-

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A área da piscina do condomínio de luxo Grand Parc desabou sobre os dois pavimentos de garagem, onde estavam cerca de 300 carros. O porteiro do prédio morreu

tos que se prolongaram por todo o dia com o de-sesperodosfamiliaresdeDejair,cujocorposófoilocalizadonofinaldatarde.

As três torres, com até 29 andares, foram in-terditadas pelo Corpo de Bombeiros e pelas De-fesas Civis do Estado e de Vitória, por tempo in-determinado. Não se sabe se há riscos de novosdanosdoempreendimentodasconstrutorasein-corporadoras Cyrela e Incortel. Dois pavimentosde garagens ruíram com cerca de 300 carros es-tacionados. Além disso, as entradas dos edifíciosforam destruídas. Os acessos são feitos em meioaos escombros. Os elevadores não funcionam.Nãoháenergia,águaougás.

Durante todo o dia de ontem as causas do de-sabamentosemantiveramdesconhecidas.Nofi-naldanoite,aIncortel,construtoraqueexecutou

aobra,dissequeumperitocontratadopelaem-presa viu indícios de que um problema na áreadapiscinacobertapodeterprovocadoocolapsonopavimentodelazerdoempreendimento.

Mas os trabalhos para descobrir o que acon-teceu ficarão a cargo de autoridades. A políciainiciouapuraçãoparaencontrarosresponsáveispelamortedoporteiro–porhomicídioculposo,sem intenção de matar –, e pela lesão corporalcausada aos feridos. Uma primeira perícia serárealizada no local pelo Instituto Brasileiro deAvaliação e Perícias de Engenharia em parceriacomoConselhoRegionaldeEngenhariaeAgro-nomia. São os primeiros passos de apuraçõesque podem demorar meses, mas que buscamsanarasdúvidasdasfamílias,assombradaspelomedodenuncamaisvoltaremparasuascasas.

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4 | CIDADES QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

TRAGÉDIA

PORTEIRO PERCEBE PERIGO,CORRE, MAS É SOTERRADOCâmeras mostram Dejair tentando fugir para a entrada principal

O porteiro Dejair das Ne-ves, 47 anos, amaior vítimado desabamento da área delazer do condomínio GrandParc Residencial Resort, naEnseadadoSuá, emVitória,tentoufugirdoperigoqueseanunciava. Imagens de vi-deomonitoramento mos-tramqueeleseassustoucomalgo segundos antes do aci-dente. Bombeiros creem serobarulhodoprédiorangen-do. Ao perceber algo estra-nho,Dejairseapressaemdi-reçãoà entradaprincipal.“A imagem mostrava ele

saindodaguaritadeleemdi-reçãoàentrada.Mostrouelecorrendo em direção à rua.Estava a passos apressados,virouumpoucoparaadirei-ta, umpoucopara a esquer-da, então tem o colapso e acâmera desliga”, narrou omajor Benício Ferrari, doCorpo de Bombeiros. A câ-mera é cortada após o localonde ela estavadesabar.Foram14longashorasde

espera,desdeodesabamen-to até a família ter a confir-mação da morte de Dejair.“Ele acaboude comprar umlote para fazer a casinhade-le.Foiumchoqueparatodaafamília”, lamentaa irmãLu-cineia dasNeves, 40.A notícia que ninguém

queria ouvir foi confirmadapeloCorpodeBombeiros às17h30.Irmãos,filhosesobri-nhos aguardavam, sempreunidos, informações sobreeleao longododia,enquan-to repetiam como o irmão é

GUILHERME FERRARI E MARCELO PREST

Esposa da vítima éconsolada enquanto ocorpo do porteiro Dejairdas Neves é resgatadopelos bombeiros

A DOR DA ESPERA

“É UMA VIDA QUEESTÃO PERDENDOCOM ISSO”

Adeliane AraújoEsposa de Dejair

ANGÚSTIA

“É angustiante ver aspessoas de braçoscruzados sabendoque tem uma pessoanos escombros”

LUCINÉIA DAS NEVESIRMÃ DE DEJAIR

Foi através da TV queAdeliane Araújo, de 52anos, mulher do porteiroDejair, descobriu que eleestava soterrado. Na parteda manhã, antes de saber

(ainda se referindo a ele notempo presente) trabalha-dor, alegre e brincalhão. Eletrabalhavanolocalhaviaumano. “Todomundo gosta domeu filho. Ele é alegre, tra-balhador, honesto”, disse opaiJoãodasNeves,77,antesde saberdamortedo filho.

ACONFIRMAÇÃODos cerca de 20 familia-

res e amigos que aguarda-vam informações, cinco fo-ramchamadosemumlocalreservado de umhotel peloCorpo de Bombeiros para

“Jamais imaginei vermeu irmão no meiode uma cena desta. Éum cenário de horror,minha ficha não caiu”

JURANDIR DAS NEVESIRMÃO DE DEJAIR

Irmã desmaiouUma das irmãs de Dejair desmaiou ao ver osescombros no condomínio onde o porteirotrabalhava. Ela precisou ser atendida pelo Samu.

EDSON CHAGAS

que ele havia morrido, elaainda tinha esperanças deencontrá-lo com vida. Àtarde, abalada com a lo-calização do corpo, Ade-liane não deu entrevista.

Como você soube dasituação do Dejair?Eu soube pela reportagemna TV. Falavam o nome,mas não falavam o local.Eu achei que não era ele.Qual foi a última vezque se viram?Ontem (segunda-feira) à

noite. Ele saiu de casapor volta de 18h e vol-taria às 7h. Eu estava es-perando ele chegar.O que dizer sobretoda essa situação?Ninguém veio nos daruma explicação. Ele temtrês filhos e trabalhavaaqui há uns dois anos.Se ele estiver vivo, desde4h da manhã ali debai-xo, penso no sofrimentodele. É muita demora euma vida que estão per-dendo com isso.

receber a notícia da mortede Dejair. Enquanto isso, osparentesqueficaramdesco-briramamortedeleassistin-do a um telejornal pelo ce-lular. O desespero e o cho-que foramevidentes.“Domingoteveumalmo-

çodetodomundocommeupai. Foi uma despedida. Foium choque para a famíliainteira”,lamentouLucineia.Eledeixouduasfilhas,de23e 18 anos, e um filho de 16.Ele seria avô na próximasexta-feira, dia previsto pa-ra sua filha dar à luz.

Indignados comademo-ra da retirada dos escom-bros, ainda pela manhã deontem, familiares tentaraminvadir a área do condomí-nio. Foi necessário a inter-venção da polícia para acal-marosfamiliares.UmairmãdeDejairchegouadesmaiarao ver os escombros.Até o fechamento desta

edição, não havia previsãopara a retirada do corpo.Segundo os Bombeiros, ademoraocorreuporqueha-via muitos tipos de mate-riais por cima da vítima.

FERIDOS

VÍTIMAS NÃO FATAISt Fernando MarquesSíndico, quebrou o fêmur.

t AlanFuncionário, teveferimentos semgravidade.

t BrazFuncionário, teveferimentos semgravidade.

t AndréFuncionário, teveferimentos leves.

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6 | CIDADES QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

TRAGÉDIA

FERIDO, SÍNDICO GRITOUPARA ESVAZIAREM PRÉDIOJosé Fernando ficou preso em buraco e vai ter que fazer cirurgia

REPRODUÇÃO DE VÍDEO

Síndico do condomínio Grand Parc Residencial Resort, José Fernando Leite Marques é socorrido por equipe do Samu após cair em buraco durante tragédia e ser resgatado

REPRODUÇÃO/TV GAZETA

TRAGÉDIA

“Olhei da janela e vitudo desabando, commeu marido sendosugado. Entrei emdesespero. Queroapagar todas essaslembranças de terror”

DOLORES RIGOMULHER DO SÍNDICO

ENTREVISTA

“ACHO QUE A LAJENÃO SUPORTOU OPESO DA PISCINA”

José Fernando Leite

Marques

Síndico

Autorizada por familia-res, a reportagem de AGAZETA esteve no hospitale conversou com José Ro-berto Leite Marques, que ésíndico do empreendimen-to desde agosto de 2015.Como foi odesabamento?Era por volta de 2h quandoa portaria me ligou porquea piscina estava estalando.Quando cheguei lá, o por-teiro me disse que se tra-tava da piscina aquecida. Vio chão estufado e estalan-do, e começou a estalarmuito mais forte. Quandonós saíamos de lá para ten-tar esvaziar a piscina (emoutro local), o piso arriou,toda a laje caiu, e eu caíjunto. Caí em um buraco e,enquanto era arrastado porum dos funcionários, gri-tava para os moradores saí-rem dos apartamentos por-

que estava acontecendouma tragédia.A área de lazer doprédio apresentavaproblemas naestrutura?Não, e a piscina que estavaestalando não tinha racha-duras. Se tivesse rachaduravazaria água em alguns lu-gares, e não tinha vaza-mento. O que aconteceuno início deste ano foi quea torre 1 deu desnível nopiso, o que estava fazendoos vidros quebrarem. Cha-mei a Defesa Civil, queavaliou que não tinha na-da, mas mandou a genteacionar a construtora parafazer uma avaliação. Pro-curamos a construtora, e oengenheiro fez uma ava-liação e afirmou que estavatudo estabilizado.O que pode terprovocado odesabamento?Na verdade, esse condomí-nio tem muitos problemastécnicos. Foram usadosmateriais de qualidade bai-xa, e eu acho que esta lajeonde estava a piscina dei-xou falhas. Eu acho que alaje não suportou o pesoda piscina.

Morar no condomínio era sonhoAbalada com a situação e

ao mesmo tempo aliviadaporqueopaisaiuvivodode-sabamento, a radialistaCar-la Rigo, 33 anos, conversoucom A GAZETA. Ela contouque os pais foram uns dosprimeirosmoradoresdoem-preendimento, e que paraeles eraumsonhomorar lá.

Carlaafirmouque,paraisso, a mãe dela, DoloresRigo, fez muito sacrifíciopara pagar o apartamentoavaliado emR$ 400mil.“Ela se esforçou e lutou

o quanto pode para reali-zar esse sonho de morarnaquele resort. Ela ven-deu casa, apartamento e

juntou dinheiro duranteumtempopara investir nacompra daquele aparta-mento”, lembra.Ainda de acordo com

Carla, a mãe está muitoabalada e hospedada nacasa de um tio dela naPraia do Canto, até que asituação se resolva.

EDSON CHAGAS

Carla Rigo é filha do

síndico do condomínio

VEJA NA WEBwww.gazetaonline.com.br

RELATOVeja vídeo emque o síndico docondomínio contao que aconteceu.

Mesmo ferido, JoséFernando Leite Mar-ques, 53 anos, síndicodo condomínio de luxoGrand Parc ResidencialResort, cuja área de la-zer desabou na manhãde ontem, gritou paraque os moradores deso-cupassem os aparta-mentos. O receio deleera que as três torres docondomínio tambémde-sabassem.O síndico conta que

era por volta de2hquan-do recebeu uma ligaçãoda portaria informandoque uma das piscinas es-tava estalando.“Desci correndo. Quan-

do cheguei lá vi o piso dapiscinaaquecidaestufadoeestalando, e os estalos co-meçaram a ficar cada vezmaisfortes.Quandoestáva-

mossaindodeláparatentaresvaziarapiscina(emoutrolocal), o piso arriou, toda alaje caiu, e eu caí junto. Es-

tou vivo por ummilagre”.No momento do desa-

bamentoMarquescaiuemumburaco e quebrouo fê-mur da perna direita. Elefoi socorrido por um dosfuncionários do condomí-nio. “Enquanto ele me ar-rastava, eu gritava para osmoradores desocuparemos apartamentos, pois es-tava acontecendo umatragédia”, recorda.Logo após a tragédia

Marques foi levado paraoHospital SãoLucas, emVitória, onde recebeu osprimeiros atendimentose, por volta das 14h deontem, foi transferidopara um hospital parti-cular em Cariacica.

CIRURGIAComo fêmur da perna

direita e um dedo do pé

esquerdo quebrados,seis pontos acima da so-brancelha esquerda ecom escoriações por to-doocorpo,Marquesper-manece internado emestado estável e passaráhoje por uma cirurgia.O procedimento esta-

va previsto para ontem.No entanto, não foi rea-lizado porque a platinaque será implantada nofêmur da perna direitaprecisa passar por umprocesso de esteriliza-ção por 24h.

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TRAGÉDIA

DRAMA NA MADRUGADAEntenda o que aconteceu entre os estalos e o desabamento

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TRAGÉDIA

“PARECIA QUE EU ESTAVAEM UM FILME DE TERROR”Moradores relatam cenas de desespero após desabamento

EDSON CHAGAS

Moradores se desesperaram após desabamento de parte do condomínio

“Parecia que eu estavaem um filme de terror”,descreveu o universitárioArthur Teixeira, 20 anos.Para ele, o terror começouantes mesmo do desaba-mento. Na varanda doquarto andar, ele viu, du-ranteumchurrascocomosamigos, cadapartedaáreade lazer no chão.“Ouvimos estrondos

muito fortes e quandoolhamos da varanda, caiutudodevez.Começamosagritar para acordar osmo-radores e pedir para todomundo sair. Tentamos ti-rar as crianças e os maisvelhos, que não conse-guiam passar pelos es-combros”, contou.A corrida para sair do

prédio fez parte do maiorpesadelo dos moradores.Com as saídas do edifíciocobertas por escombros,osmoradores tiveramquearrombar portas e se equi-librarnosescombros.Semenergia, os moradoresdesceram pelas escadas,iluminando o caminhocom luzes de celular.“A gente achava que tu-

do ia ceder. Eu abraceimi-nha filha e junto commeumaridofomosprocurandoalguma saída. As pessoasgritavam em pânico, mui-tos se machucaram parasair. Não quero nuncamais lembrar dessa cena”,disse a empresária GiselyMachado, 35 anos.Depois de conseguirem

sairdocondomínio,mora-dores se reuniram na Pra-ça do Papa, em frente aoprédio. Uma mistura dechoro e desespero tomou

TragédiaA advogada Adriana Brun, 28, viu cenas de horrorno prédio onde morava. “Se fosse em outrohorário, talvez a tragédia fosse muito maior.”

BERNARDO COUTINHO

Reunião na praçaApós o desabamento, moradores do Grand Parc sereuniram na Praça do Papa para definir como iriamproceder diante da tragédia. Eles criaram comissões.

BERNARDO COUTINHO

Últimos a sairO médico Edmar Olímpio e a mulher, que deixou olocal carregada, só perceberam o desabamento aoacordarem de manhã. Eles foram os últimos a sair.

BERNARDO COUTINHO

Colônia de

férias era

realizada

no localA tragédia no condomí-

nio Grand Parc poderia tersido maior. Na última se-gunda-feira começou, naáreaondeocorreuodesaba-mento, uma colônia de fé-riasparacrianças.Orecrea-dor Dilan Martins, um dosfuncionários contratados,preparava atividades paracrianças entre 3 e 11 anos.O recreador explica que

toda a área que desabou foiutilizadanodia anterior du-rante a tarde. “Atendemoscerca de 25 crianças, de 3 a11anos.Comcertezafoiumlivramento.”Dilan soubedanotíciana

parte da manhã, pelo con-tratante, enquanto enviavaas fotos da colônia. “Ele dis-se: 'Você viu o que aconte-ceu? O prédio desabou'.Quando ele contou, eu nãoacreditei.Sea tragédia fosseem horário diferente, emumahoradessas as fotos es-tariamemredenacionalpa-rareconhecerdesaparecidose cerca de 30 famílias esta-riamde luto”, afirma.Dilan conta que ontem,

ele levariaafilhaparaare-creação. A área de lazerera o principal local utili-zado pelas crianças.

MEDO

“Achei que umcaminhão tinhainvadido a área doprédio e estava todomundo morto”

CRISTINA BATISTAMORADORA

conta deles, que olhavamdesacreditados parte dolar destruído. “Eu olhavaparaoprédioemebelisca-va.Sódepoisqueamanhe-

ceu que eu percebi quenão estava dormindo. Eusópensavaquepoderiaes-tar todo mundo morto”,completou Gisely.

RETORNOPor volta das 13h, os

moradores se organiza-ramemduplas para retor-naraosapartamentosere-tirar documentos, objetospessoais e animais de esti-mação que ficaram no lo-cal. Foi permitida a entra-da de dez duplas por torredurante trinta minutos.Com malas, sacolas e atémesmocobertas, osmora-dores retiraram o que pu-deram enquanto esperamtudo voltar ao normal.“Peguei documento, rou-pas para minhas filhas,medicamentos. O sufi-ciente para a gente passaralguns dias até tudo se re-solver”, contou o empre-sário Itamar.

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QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 CIDADES | 9

PASTOR COM TRANSPLANTEDESCEU 19 ANDARES A PÉOliveira de Araújo, 66 anos, disse que foi guiado por Deus

REPRODUÇÃO /TV GAZETA

O pastor Oliveira de Araújo e Alzira Araújo, sua esposa, foram resgatados por policiais militares após saírem assustados do apartamento do casal

Acadadegrau,umpedidode proteção a Deus. Foi pormeiodemuita fé e coragemque o pastor Oliveira deAraújo,66anos,queduran-teanosesteveàfrentedaPri-meira IgrejaBatista deVitó-ria, e a mulher dele, AlziraAraújo, desceram 19 anda-resdeescadasdoprédioon-de a áreade lazer desabou.Com a saúde fragili-

zada por causa de umtransplante de pulmão,o pastor teve que usar asescadas para sair do lo-cal com segurança. Como desabamento, a ener-gia do prédio foi corta-da e os elevadores para-ram de funcionar. “Eunão tinha alternativa.Já édifícil paraumapes-soa comboa saúde, paramim não foi simples,

mas eu fui guiado porDeus e cheguei até o fi-nal”, disse.O pastor Oliveira

contou que ele e a espo-sa estavam dormindoquando ouviram um es-trondo forte. “Pareciaum furacão”, relatou.Em seguida, eles ouvi-ram vizinhos gritando edesocupando o prédioàs pressas. “Pegamospoucas coisas, remé-dios e documentos e co-meçamos a descer. Nahora não tinha ninguémna escada. Tivemos quedescer devagar por cau-sa da saúde do meu ma-rido. Fomos iluminandocom o celular, pois tudoestava muito escuro”,relatou Alzira.Omedodaestruturado

prédio desabar acompa-nhavacadapassodocasal.Segundo o pastor, ele e amulher oravam pedindo

livramento. “Eu achei quetudo aquilo iria abaixo. Oprédio chegou a balançarcomoestrondo,entãoteo-ricamente era para as pa-redes caírem também.Deus segurou aquele pré-dio para que a gente pu-desse descer”, contou.Por causa da idade e

da saúde, o casal foi re-tirado do prédio comajuda do Corpo de Bom-beiros. “Chegou umahora que ficamos muitocansados, que a gentenão aguentava maisdescer. Aí os moradoresnos ajudaram e logo de-pois os bombeiros”,contou Alzira.O pastor Oliveira e a es-

posa já estão instalados nacasadeumafilha,juntocomaesposa. Eles passambem.

Estrondo danificou porta no 24º andarO impacto do desaba-

mento da área de lazersobre apartamentos docondomínio Grand ParcResidencialResort foi tãogrande que moradoresflagraramconsequênciasda tragédia inclusive no24º andar, onde a portade um dos apartamentosfoi arrombada pelos in-tensos tremores.Um portão da garagem

foiarremessadoparaoou-

BERNARDO COUTINHO

Moradores fizeram buracopara voltar ao prédio

ATO DE FÉ

“FOI DEUS QUE NOSILUMINOU E NOSLEVOU ATÉ LÁ”

Oliveira de AraújoMorador do Grand Parc

O pastor Oliveira con-tou sobre os momentosde aflição e angústia quepassou junto com a mu-lher quando tentavamsair do prédio.O senhor escutoualgum barulho?Eu estava dormindo eacordei com um estron-do forte, parecia um fu-racão. Logo em seguida,um vizinho chegou gri-tando falando que tinhadesabado e que era parasair todo mundo do pré-dio. Na hora eu e minhamulher pegamos poucascoisas e saímos.Foram 19 andares. Oque passou pela suacabeça enquantodescia as escadas?As pessoas acham quefoi um ato de coragem,porque não foi simplespara mim. Mas na horaeu pensei comigo: te-nho que descer e en-frentar isso, por maisdifícil que seja. O tem-

po todo estava pedindoa Deus e ele me levouaté lá embaixo.Tinha medo que aestrutura do prédiodesabasse?Esse era o nosso grandemedo, porque o prédiobalançou com o estron-do. Eu achava que tudoia abaixo. Fomos descen-do as escadas devagar,porque a gente não con-seguia ir mais rápido eestava escuro. Mas Deusnos segurou.Qual foi a cena queviu quando chegouna parte de baixo doprédio?Aquele lugar era lindo,um condomínio diferen-te, maravilhoso. Agoranão tem nada ali, nãosobrou nada. Quando euolhei, eu só vi destrui-ção, mas felizmente foi omenor dos males. Pode-ria ter sido em outro ho-rário e atingido maispessoas.Acredita que sua féque deu coragempara descer?Cada degrau era um pe-dido a Deus. Foi Deusque nos iluminou e noslevou até lá embaixo. Eupedi por mim e por to-das as pessoas.

tro ladodarua.Quempre-senciou de dentro do con-domínio o cenário, relatavisão de guerra e destrui-ção, commoradoresdeso-lados emuita tristeza.Para que os moradores

entrassem nas torres e pe-gassem os pertences queficaram nos apartamen-tos, oCorpodeBombeirosabriu um buraco na partede trás dos edifícios.Por lá, as pessoas entra-

vam para acessar as esca-dasdeemergênciaepegarartigos de necessidade. Asescadas estavam escuras,e o prédio sem energia.

AFLIÇÃO

“Fomos descendo asescadas com a luz docelular. Estava aflitapensando que tudoia desabar”

ALZIRA ARAÚJOESPOSA DO PASTOR

VEJA NA WEB

VÍDEOAssista ao vídeoque mostra a par-te interna do pré-dio destruída.

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TRAGÉDIA

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QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 CIDADES | 11

TRAGÉDIA

MORADORESVÃO PARADOIS HOTÉISEmpresas responsáveis pelaobra alugaram 120 quartos

EDSON CHAGAS

Moradores com pertences retirados do condomínio onde ocorreu desabamento

As empresas responsá-veis pela construção doGrand Parc alugaram 120quartos em dois hotéis deVitóriaparaabrigarfamíliasque moram no condomí-nio. Outros moradores dos166 apartamentos forampara a casa de parentes.São 70 quartos em um

hotel localizado ao ladodo prédio, na Enseada doSuá, e mais 50 em um ou-tro na Praia do Canto.A empresária Giselle

Machado está no grupodos que estão alocados defavor na casa dos outros.Ela foi para a residência deamigos em Vila Velha como marido e a filha, de 7anos. “Mas não podemosficar lá por muito tempo enãosabemosparaondeva-mos depois”, disse.Entre os que ficaram em

umdoshotéiscusteadospe-las empresas está o empre-sário JoséGamadeChristo.“Estamos negociando oemergencial, disponibili-zando apartamentos nesseslugares e agora tambémes-tamos procurando peritos”,

Animais resgatadosOs animais de estimação dos moradores foramresgatados pelos Bombeiros nos apartamentos doGrand Parc e entregues aos donos durante a tarde.

MARCELO PREST

Para evitar saques, empresavai fazer segurança 24 horasPara evitar que estra-

nhos entrem no condomí-nio e acabem saqueando olocal, a comissão de segu-rança dos moradores –umadas criadas apósode-sabamento – contratouumaempresapara ficar 24horasmonitorandoolocal.Oserviçoinicialmenteserácusteado pelos própriosmoradores e começou afuncionar ontemmesmo.“Depoisdodesabamen-

to, já havia pessoas ron-dando os prédios”, expli-cou o empresário JoséGa-

ma de Christo, que é por-ta-vozdocomitêdegestãode crise do condomínio.Outra providência to-

madaparaprotegerosbensdosmoradoresécolocarta-pumes emvolta do imóvel,algo que também será pro-videnciadoporumadasco-missões criadas pelos pro-prietários de apartamentosdoGrand Parc.

PERTENCESOntem, os moradores,

monitorados pelo Corpode Bombeiros, puderamsubir as torres do condo-mínio apenas para buscaralguns pertences em seusapartamentos.

DESESPERO

“A SENSAÇÃO ERA DEQUE IRÍAMOS MORRER”Carla Einsfeld, 31, jornalista

A sensação era deque eu ia abraçar meumarido e meu filho eque iríamos morrer ali.Nós estávamos dormin-do quando tudo come-çou a tremer. Pareciaum terremoto. Abrimosa janela e vimos muitapoeira e que não tinhamais piscina. Meu filho,de 3 meses, João Lucas,saiu dormindo. Só acor-dou na Praça do Papa,comigo gritando. Des-cemos também com aminha cachorra. Na ho-ra, todo mundo estavachorando muito, todosdesesperados. Moravahá cinco anos lá. Vol-tamos para pegar algu-mas coisas. Só conseguijuntar as roupas domeu filho. Peguei atéesterilizados, pegueipotinhos de leite e fui

embora. Peguei tam-bém outras roupas e al-gumas coisas que eramde lembrança, comonosso álbum de casa-mento. Subi até o 11ºandar rezando e desciagradecendo por estarviva. Não sabia de ne-nhum problema. Agoranós vamos para a casada minha mãe. Não vol-to mais para lá.

SEM VOLTA

“Foi tenebroso,parecia que ia cair.Estava com a minhafilha de 3 anos.Está todo mundoabalado, tendoque recomeçar”

RENATA SCHIMIDTADVOGADA, 37 ANOS

explicou ele, que se tornouporta-voz do comitê de ges-tãode crise do condomínio.Apósosusto,osmorado-

rescriaramessegrupoeodi-vidiramemnove comissõesparaorganizarsuaação.En-tre elas estão: segurança,gestão junto à seguradora,assessoria jurídica, tapumesem volta do empreendi-mento, comunicação comamídia, contratação de perí-

cia, retornoaos apartamen-tosparabuscarospertencese alocaçãodosmoradores.“O fundamental agora é

descobrir o que aconteceu,para então definir o que va-mos pedir efetivamente àsempresas”, afirmouChristo.

PATRIMÔNIOO porta-voz dos mora-

dores disse que a possibili-dade de retorno ao condo-

mínio e o que será feito dopatrimônio dos proprietá-rios dos apartamentos ain-da não estão emdebate.“Tem pessoas que fica-

ramtraumatizadas,queelesdevem ter que indenizar.”Sobre os cerca de 300

veículos que estavam nasgaragens,Christo afirmouque cadamorador já esta-va em contato com suaspróprias seguradoras.

ORGANIZAÇÃO

9comissões

É a quantidade de gru-pos criados pelos mora-dores para agir após odesabamento.

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12 | CIDADES QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

MARCELO PREST

Área de lazer do edifício tinha piscinas, campos, academia e espaços de shows. Toda a área foi ao chão

TRAGÉDIA

DESABAMENTO PODE TERCOMEÇADO PELA PISCINAEssa é a hipótese apontada pela Defesa Civil e por incorporadora

Projetosem errode cálculos

“Tenho a convicção dequenãohouveerrodecál-culos”. A frase é do enge-nheiro civil CarlosAugus-to Gama, dono da MCAEstruturas, empresa res-ponsável pela projeto es-trutural do empreendi-mento Grand Parc.Segundo ele, uma ava-

liação inicial realizada pe-la companhia mostra queos prédios não apresen-tamriscodetambémdesa-bar como a área de lazer.“Nãoépossívelqueaes-

trutura tenha apresenta-do problemas sete anosdepois. Geralmente,quando há erros de proje-to,osdefeitosacabamvin-do à tona logo depois daconclusão”, explica.Gama diz que a empre-

sa vai se colocar à disposi-ção das autoridades pararealização de cálculos etambém vai apoiar mora-dores de prédios vizinhosdo empreendimento quepossam estar insegurosdiante da tragédia.“Temos que tranquilizar

a todos, pois os prédios têmestruturas independentesda área de lazer. Não possodizer as causas do acidente,masacreditoquesejampro-blemasnaexecuçãodaobraou na manutenção”, com-pleta, ao acrescentar quedesde a entrega das chavesnunca foiacionadopelaCy-rela nem pelos comprado-res para verificar possíveisfalhas estruturais.

Empresas temem impactos nos negóciosEmmeio à tragédia, em-

presas do setor imobiliáriotemem que o desabamentode ontem possa impactarnos negócios do segmentoao trazer insegurança aoscompradores de imóveis.Segundo o presidente

do Sindicato da Indústriada Construção Civil (Sin-duscon), Paulo Baraona,casos como o de ontemsão raros. “É importanteque as pessoas não en-trem em pânico. Não há

MARCELO PREST

Medo é de que compradores sintam-se inseguros

ADefesaCivildeVitóriaeaIncortel,construtoradocon-domínio, apontaram que oproblemaquelevouaodesa-bamento da área de lazerprovavelmente aconteceuna piscina do empreendi-mentodaEnseadadoSuá.“Os indícios levamacrer

que tudo tenha começadocomumcolapsodapiscina,tendo em vista as imagensque apuramos e o direcio-namento do desabamen-to”, disseocoordenadordaDefesa Civil de Vitória, Jo-nathan Jantorno.Entretanto,eledestacou

que não se tem certeza dascausas. “Não chegamosainda à conclusão do quegerou esse desabamento.”Já a Incortel, em nota,

apontou que “prelimi-narmente, o perito (con-tratado da empresa) con-firma os indícios de que oproblema teria aconteci-do na área da piscina co-berta”. Mas calcula queos trabalhosde investiga-ção só devem ser concluí-dos em 30 dias.A empresa destacou que

logo após tomar conheci-mentodoacontecido,dispo-nibilizouumperitoparaten-tardescobrirascausas“comamplo conhecimento doempreendimento para re-presentá-laeajudarasauto-ridades na vistoria prévia”.A nota informou ainda

que a diretoria está“acompanhando os tra-balhos e dando apoio aosmoradores”.

ESPECIALISTAA Cyrela, outra empresa

responsável pela constru-ção,chamouumespecialistade fora do Estado, que devechegar hoje, para fazer uma“verificaçãodeestrutura”docondomínio.EmboraaCyrelanão fale

em sua nota oficial sobre oespecialista, essa foi a infor-mação passada pela incor-poradoraparaosmoradoresdo condomínio. No final datardeenanoitedeontem,as

duas empresas reuniram-secom os donos de aparta-mentosdoGrandParc.“O objetivo dessa verifi-

caçãode estrutura, quenãoéumaperícia, é teragaran-tia de que as torres perma-necerão em pé e sem riscode desabar. Isso deve levar30 dias”, diz José Gama deChristo, porta-voz do comi-têdegestãodecrisedocon-domínio dosmoradores.Christo explica que o

objetivo apontado pela

Cyrela é “recuperar o em-preendimento para o en-tregar novamente”.Mas a nota oficial da in-

corporadora não toca noassunto.Alémde lamentarodesabamento, aempresaafirmaqueestá“prestandotoda a assistência às víti-mas e aos moradores doedifício”.ACyrela tambémdestacou que “o empreen-dimento foi construídope-la Incortel, empresa res-ponsável pela obra”.

CONVICÇÃO

“Não é possível quea estrutura tenhaapresentadoproblemas seteanos depois”

CARLOS AUGUSTOGAMA, ENGENHEIRO

motivo para desesperoagora”, explica.Baraona diz que, ape-

sar de o Sinduscon nãoexercer um papel fiscali-zador, o sindicato vai ofe-recer apoio aos órgãos in-vestigadores na busca pe-los esclarecimentos.

ARQUITETOSO presidente do Conse-

lho de Arquitetura e Urba-nismo, Tito Augusto Abreude Carvalho, diz que o ór-

gão também vai realizaruma investigaçãopara ten-tardescobrirsehouveerrosdeprofissionais.Elescome-çaram a buscar documen-tosdoempreendimentonaprefeitura e no Corpo deBombeiros. “É cedo paraavaliar,masalajecaiuintei-ra.Talvez issopossaindicaras possíveis causas. Nossointeresse é saber se tinhamarquitetos envolvidos nascausas do desabamento”,acrescenta.

COLAPSO

“Os indícios levam acrer que tudo tenhacomeçado com umcolapso da piscina”

JONATHAN JANTORNOCOORD. DA DEFESACIVIL DE VITÓRIA

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QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 CIDADES | 13

TRAGÉDIA

PERITO DO RIOAVALIARÁ PRÉDIODiretor de instituto de engenharia chegaao Estado hoje para fazer perícia no localNo final da manhã de

hoje chega ao Estado umperito do Rio de Janeiro.Ele é diretor do InstitutoBrasileiro de Avaliação ePerícias de Engenharia(Ibape) e, em parceriacom o Conselho Regio-nal de Engenharia eAgronomia (Crea), irárealizar uma perícia nolocal da tragédia.Robson Gaiafatto ex-

plicouque, inicialmente,vão avaliar o acidente, oque ocorreu no local.“Posteriormente, serãoavaliados os projetos doempreendimento”,acrescentou.Ele explicou ainda que

é provável que alguns si-nais tenham ocorrido in-dicandoquehaviaproble-mas na estrutura da áreade lazer do condomínio.Entre eles, estalos, racha-duras, fissuras, trincas edeformações.Masnemsempre esses

sinais ficam claros paraos moradores ou síndi-cos dos prédios. “Emmuitos casos somenteum técnico consegueavaliar que há um pro-blema grave”, explicouGaiafatto.Ele foi informado so-

bre o desabamento namanhã de ontem, justoquando tinha retornado

do Espírito Santo para oRio de Janeiro. “Algunsamigos também peritosrelataram e decidimosdar nossa contribuiçãofazendo uma perícia nolocal”, disse Gaiafatto.Segundo o presidente

do Conselho Regional deEngenharia e Agronomia(Crea), Helder Carnielli, éprecipitado dizer o queprovocou o acidente. “Te-mosqueversehouverom-pimento dos cabos de açoquesustentamalaje, se foiumafundamentodasapa-ta, ou se foi um problemageológico”, explica, aoacrescentar tambémqueaobra, aparentemente, es-tava regular.“Vamos analisar agora

os 25 documentos que te-mos em mãos, como pro-jetos estruturais, elétricose de paisagismo para ten-tar encontrar algum tipode problema.”

SINAIS

“Em muitos casos,somente um técnicoconsegue avaliarquando há umproblema grave”

ROBSON GAIAFATTO

PERITO

Socorro às vítimasCom sangue nas roupas, um dos funcionários docondomínio ajudou a socorrer os moradores. Eleestava preocupado com um amigo desaparecido.

BERNARDO COUTINHO

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14 | CIDADES QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

DEFESACIVIL ESTEVENO LOCALHÁ UM MÊS

TRAGÉDIA

Foram vistoriadas somenteesquadrias empenadas

BERNARDO COUTINHO

Homens da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros analisam área do desastre

CHAMADO

“O único parecerque emitimos foi odo chamado dodia 1º de junho”

JONATHAN JANTORNOCOORD. DA DEFESACIVIL MUNICIPAL

AGAZETA denunciou em 2011

Lançado em 2007 comoumnovo conceito demora-dia, o Grand Parc, quandoinaugurado ao final de2010,foialvodediversasre-clamações de consumido-res. As queixas eram refe-rentes à qualidade do em-preendimento, desde infil-trações na área de lazer atéapartamentos comdefeitos.Emmaiode2011,AGA-

ZETA mostrou o drama decompradores do empreen-dimento que esperaramquaseumano,devidoaatra-sonasobras,parareceberas

chaves.Naépoca,muitosfo-ram à Justiça reivindicandoindenizaçõespelaspossíveisirregularidades e abusos daIncortel e daCyrela.A reportagem mostrou

queixasdosmoradoras so-bre a qualidade do acaba-mento. Segundo eles, apromessaeradequeoimó-vel seria de alto padrão,masasunidadeseaáreadelazer foramentregues foradas especificações. Osclientes reclamaramaindada utilização de materiaisinferiores ao indicado no

memorial descritivo.Para produzir amatéria,

a equipe do jornal foi até oempreendimento, passan-do-se por comprador, eidentificouqueváriosespa-çosdaáreadelazerestavaminterditados,comoaacade-mia e umadas piscinas.À reportagem,a Incortel

e a Cyrela informaram, naocasião, que o empreendi-mento foi devidamenteconcluído dentro do prazocontratual e que a qualida-de da obra prometida tam-bém foi cumprida.

ARQUIVO

Reportagem publicada em maio de 2011 mostrou problemas no condomínio

RACHADURA

“Ele me falou de umarachadura que tinhavisto dentro dapiscina, e que chamoua Defesa Civil”

TÂNIA MARAIRMÃ DO SÍNDICO

A Defesa Civil Municipalesteve no Grand Parc Resi-dencial Resort, no dia 1º dejunho,atendendoaumaso-licitaçãodeumafuncionáriado condomínio. O laudoemitido à época afirma queduranteumavistoriatécnicaa representante do condo-mínio mostrou algumas es-quadrias da área externa doprédio, onde foi possível ve-rificar o empeno.Deacordocomocoorde-

nadordaDefesaCivilMuni-cipal, Jonathan Jantorno,após verificar os problemasrelatados pela solicitante, oórgão orientou que o con-domínioentrasseemconta-to coma construtora.“Orientamosqueocon-

domínio entrasse em con-tato comaconstrutorapa-raqueamesmasanasseosproblemas. Mas esse epi-sódio das esquadrias nãotemrelaçãocomodesaba-mento de ontem”.Mesmo diante do laudo

afirmandoqueaDefesaCivilesteve no local em junho, osíndico do empreendimen-to,JoséFernandoLeiteMar-ques, 53 anos, afirma que oórgão só foi acionado pelocondomínio no início doano, para verificar proble-

REPRODUÇÃO

Laudo da Defesa Civil em visita no dia 1º de junho

masligadosadesnívelnopi-sodaárea social da torre 1.“O desnível estava

afundando o piso e fazen-

“Não tenho ciência dessechamado. O único parecerqueemitimosfoidochama-dododia 1º de junho”.

RACHADURASEmbora o coordenador

daDefesa Civil garanta queavistoriarealizadanodia1ºdejunhofoisomenteemes-quadrias empenadas, e queemmomento algum foi so-licitada vistoria na torre 1 ena área de lazer, a irmã dosíndico, TâniaMara, afirmaque a Defesa Civil foi cha-mada na semana passada,por Marques, devido a ra-chaduras na piscina.“Ele me falou a respeito

deumarachaduraquetinhavistodentrodapiscina,equechamou a Defesa Civil paraavaliar. Questionei se ele es-tava documentado, ele dis-se: ‘graças aDeus’”.Contudo, ontem, Mar-

ques negou a existência deproblemasnaáreadelazererachaduras na piscina.

do os vidros quebrarem.Chamei a Defesa Civil queavaliou e disse que não ti-nha nada, mas mandou a

gente acionar a construto-ra para fazer uma avalia-ção”, afirma o síndico.Jantorno, por sua vez,

alega que não recebeu ne-nhum chamado do condo-mínio no início do anoparaverificar desnível em piso.

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QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 CIDADES | 15

TRAGÉDIA

POLÍCIA APURA HOMICÍDIODelegado vai convocar moradores e engenheiros para depor

A perícia que irá indicarascausasdodesabamentodaáreade lazer do condo-mínio Grand Parc Resi-dencial Resort, no bairroEnseada do Suá, em Vitó-ria, iniciouna tardedeon-tem. De acordo com a Po-lícia Civil, os responsáveispela queda da estruturapodem responder por ho-micídioculposo,porcontada morte do porteiro De-jair das Neves, 47 anos.OdelegadoSuperinten-

dente de Polícia Especiali-zada, Josemar Sperandio,afirmou que, além do ho-micídio culposo, quandonão há intenção de matar,os responsáveis pela obradevemresponderporlesãocorporaldosíndicodocon-domínio, José FernandoLeiteMarques, e de quatrooutrosfuncionários,quefi-caram feridos.

“Ouvimos informal-mente o síndico, algunsmoradores e engenheirosresponsáveis pela obra eprojeto estrutural e os res-ponsáveis pela fiscaliza-

EDSON CHAGAS

Familiares do porteiro que morreu no desabamento se desesperaram no local

ção. Cada um tem umasuspeita diferente. Iremosvoltar a ouvir essas e ou-tras pessoas nos próximosdias, veremos o históricode conclusão de obra com

a perícia para entenderqual a participação exatadaCyrela e da Incortel pa-rasabermosqual foiacau-sa e qual empresa é a res-ponsável”, disse.

Para que o laudo da pe-rícia seja apresentado, háumprazodeaté30diasquepodeserprorrogadoporaté90 dias, pois as empresasresponsáveispelaobratam-

bém podem contratar umaperícia própria para acom-panhar as investigações.“Háinformaçõesdeque

havia um vazamento napiscina. Esse vazamentopodeserdecorrentedeou-tra causa e essa, sim, deveser a responsável pelo de-sabamento. Mas não po-demos especular”, acres-centa Sperandio.O secretário de Estado

daSegurançaPública,An-dré Garcia, afirmou queainda é cedo para falar so-bre as causas do acidente.“Tão logo houve o epi-

sódio,oCorpodeBombei-ros chegouprontamente efez as primeiras interven-ções, junto com o Samu.Em situações como essa,tudo é possível. Por isso aárea foi isolada. Mas émuito prematuro falar so-bre causas nomomento.”

INVESTIGAÇÃO

“Veremos o históricode conclusão de obrapara entender aparticipação daCyrela e da Incortel”

JOSEMAR SPERANDIODELEGADO

Construtora deixou condomínio sem lazer

O Grand Parc não foi oúnico empreendimentodaCyrelaedaIncortelqueapresentouproblemasdu-rante as obras. Um dosmais emblemáticos casosé o do condomínio Villag-gio Manguinhos, em Mo-rada de Laranjeiras, naSerra. Moradores aguar-dam, conformemostrouAGAZETA em julho do anopassado, pela construçãoda área de lazer.Sem a infraestrutura

planejada, compradoresdesses residenciais estãovendoopreçodos imóveisdesvalorizarem. Algunsdesses investidores ten-tam na Justiça indeniza-ções oumesmo o cancela-mento do contrato.Oempreendimentolan-

çado pela Cyrela e Incortelem 2009 deveria ter umcentrodecompras,umclu-be, 19 torres, um bosque,ruas arborizadas e cerca-das por muros. Apenas 11

edifícios foram construí-dose, segundomoradores,asempresasnãoinformamquando vão realizar o res-tante do projeto.As duas construtoras ti-

nham parcerias em váriosempreendimentos, massegundo fontes ouvidaspelo jornal, a Cyrela rom-peu com a Incortel devidoa problemas financeiros equeixasdosconsumidoressobre a qualidade. Noscontratos, a Cyrela seria a

incorporadora do projeto,já a Incortel assumiria aexecução das obras.Outro empreendimen-

to feito pelas empresasque também apresenta-ram problemas foi o LaPlage, na Praia da Costa.

ESTANDEEm26deabrildesteano,

um estande de vendas daCyrela,emSãoPaulo,desa-bou, deixando ummorto ecinco pessoas feridas.

GUILHERME FERRARI/ARQUIVO

Condomínio Villagio Manguinhos também é da Cyrela

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16 | CIDADES QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016

TRAGÉDIA

Entrada antes e depoisO portão verde do Grand Parc, que era ladeado por dois imponentes muros, com arquitetura suntuosa eclássica, lembrando uma construção grega. Tudo caiu após o desabamento FOTO:

FLASH

VPortão sobre escombrosVista de cima do portão de entrada do Grand Parc, na Enseada do Suá, que ficou caído sobre osescombros após o desabamento da área de lazer do condomínio. FOTO: Secundo Rezende/TV Gazeta

FLASH

VBuscaBombeiros trabalham na busca pelo corpo doporteiro Dejair das Neves. FOTO: Fernando Madeira

FLASH

VBuracosMoradores entraram nas torres por meio de aber-turas feitas por bombeiros. FOTO: Bernardo Coutinho

FLASH

VFarejadoresCão usado na busca da localização do corpodo porteiro. FOTO: Guilherme Ferrari

Vista superiorda área delazerImagem de cimada área de lazer docondomínio de lu-xo Grand Parcapós o desaba-mento que soter-rou cerca de 300carros e matou umporteiro na Ensea-da do Suá, em Vi-tória. As piscinas eos parques ficaramdestruídos. FOTO:Secundo Rezen-de/TV Gazeta

DIVULGAÇÃO MARCELO PREST

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QUARTA, 20 DE JULHO DE 2016 CIDADES | 17

TRAGÉDIA

VÍTIMAS TÊMDIREITO AINDENIZAÇÃOConstrutora e incorporadora terãoque pagar, caso sejam culpadasNotas fiscais de hotéis,

restaurantes, táxis e até decompras de roupas devemser guardadas pelos pro-prietários de imóveis doGrandParcResidencialRe-sort. A orientação é do ad-vogado Luiz Gustavo Tar-din,especialistaemDireitocivil e do consumidor.Os documentos vão

servir como provas a se-rem utilizadas em futu-ros processos de indeni-zação. Tardin explicaque, no caso do GrandParc, se ficardemonstra-do por meio de laudotécnico que houve falhana construção, a incor-poradora e a construto-ra serão responsáveispor indenizar todos osdanos causados aos mo-radores, tanto os mate-riais, quanto os morais.Explicaaindaqueosda-

nos materiais compreen-demareformadaáreaquedesabou, o ressarcimentodo valor dos veículos e oscustos que os moradorestiveramcomdiáriasdeho-tel e alimentação.Mas se houver a conclu-

sãodequeaobraestátotal-mente condenada, os res-ponsáveisdevemindenizaros moradores com o valor

equivalente a outra unida-de imobiliária. “Alémdetu-do isso, ainda são devidosos danos morais para cadamorador. Logo, se a famíliareside no imóvel com pai,mãeedois filhos, os quatroterão direito à indeniza-ção”, pontua Tardin.Aadvogada,doutoraem

Direito e professora da fa-culdade FDV Bruna LyraDuque explica que o cons-trutoreo incorporador res-pondem, solidariamente,durante o prazo de cincoanos, pela solidez e segu-rançadaobra(CódigoCivile Lei 4.591 de 1964). “Tra-ta-se de um prazo irredutí-vel de garantia legal quenãopodeseralteradopeloscontratantes”, diz ela.Bruna acrescenta que

casooapartamentonãoes-tejamaisemcondiçõesha-bitáveis, inclusive por sé-

rios problemas em sua es-trutura, ocorre o chamadovício grave de construção.Nestescasosomoradorpo-deexigiradevoluçãodeto-das as parcelas pagas, de-vidamente corrigidas,mais indenização por per-dasedanos. “Areparaçãoéumdireitode comprador eum ônus do vende-dor/construtor/incorpo-rador”, explica Bruna.Além das notas fiscais,

Tardin orienta a verificarse o contrato de financia-mento foi realizado comagente financeiro parcei-roda construtora epedir asuspensão do pagamento.Os que tiverem seguro re-sidencial precisam verifi-car se há cobertura paragastos com aluguel e diá-rias de hotel. E mais, aoacessar o imóvel, tirar fo-tos de todas as benfeito-rias realizadas.Vão ter direito ainda à

indenizaçãopelaprivaçãodo uso das garagens e daárea de lazer, do valor doimóvel, e das benfeitoriasrealizadas, caso o laudoaponte que o imóvel estáimpróprio para o uso. Asações podem ser propos-tas ematé cinco anos apósda tragédia.

MARCELO PREST

Corpo de Bombeiros foi acionado para ajudar moradores após o desabamento

Seguromilionário pode ajudar na reconstrução do residencialUmseguromilionário po-

de ajudar na reconstruçãodo condomínio Grand Parc.Quando foi lançado em2007,aobraeraavaliadaemmaisdeR$50milhões.Hoje,estima-se que pode custarmais de R$ 100 milhões. Aapólice, segundo o síndicoJosé Fernando Leite Mar-ques, prevê a cobertura dedanosnaáreadelazeretam-bém nos edifícios. Porém, oseguronãoprevêaindeniza-çãoasvítimas,comoéocaso

MARCELO PREST

Área da garagem do condomínio foi danificada pelo desabamento

PERGUNTAS SEM RESPOSTAS

1Há suspeitas de que o

problema teria sido

causado por um colapso

na piscina. Mas toda a laje

da área de lazer ruiu. O

que efetivamente causou

o problema?

2Efeitos geológicos

podem ter contribuído

para o desabamento?

TEMPO

5anosPrazo que o construtor e

o incorporador respon-

dem pela solidez e se-

gurança da obra

Participaram desta cobertura: Caíque Verli, Carla Sá, Elis Carvalho,Iara Diniz, Katilaine Chagas, Mikaella Campos, Rafael Barros, RitaBenezath, Tatiana Moura, Victor Muniz e Vilmara Fernandes.

da família doDejair dasNe-ves,mortono tragédia.Os apartamentos de lu-

xo custam em média R$1,2 milhão cada um. Sãoimóveis de quatro quar-tos, alguns são coberturasduplex. Juntas as unida-des são avaliadas emmaisde R$ 200milhões.Aseguradoracontratada

pelocondomínioéaAllianzSeguros,queemnota infor-mouquesesolidarizacomafamíliadeDejair dasNeves,com as demais vítimas econdôminos.Confirmousera responsável pela apólice.Masdissequenãopodedardetalhes dos direitos asse-gurados emdecorrência dosigilo contratual.

3Ocorreu alguma

explosão?

4O prédio já dava

sinais de problemas

estruturais?

5A estrutura das

torres foi

comprometida?

6A família do porteiro

será indenizada?

7O fato do prédio estar

localizado em uma

área de aterro pode ter

influenciado no

desabamento?

8Os prédios

localizados no

entorno do Grand Parc

também correm risco de

desabamento?