Diagnóstico Social

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DIAGNSTICO SOCIAL DO CONCELHO DE ALMADA RELATRIO FINAL (Verso Definitiva)

Coordenador: Walter Rodrigues Equipa de Investigao: Margarida Perestrelo (Coordenao metodolgica da Estratgia de Actores) Dulce Moura Teresa Amor (Investigadoras) Susana Monteiro Patrcia Mendes (Estagirias de Investigao)

Julho de 2002

Diagnstico Social do Concelho de Almada

NDICE I. INTRODUO II. RECOMENDAES ESTRATGICAS 1. Quatro Desafios Estratgicos para a Mudana 2. Dez Linhas de Interveno para o Desenvolvimento Social 3. Enquadramento de Decises Tcnicas e Polticas

1 2 7 7 8 21 25 3839 45 49 53 56 61 62

III. DIAGNSTICO DE PROBLEMAS E NECESSIDADES1. Contextualizao Territorial e Demogrfica 2. Recursos para a Infncia e Juventude2.1. Crianas e Jovens em Situao de Risco 2.2. Creches e Jardins de Infncia 2.3. Equipamentos do 1 Ciclo do Ensino Bsico 2.4. Centros de Actividades de Tempos Livres 2.5. Equipamentos do 2 e 3 Ciclos do Ensino Bsico e Ensino Secundrio 2.6. Insucesso Escolar nos Vrios Nveis de Ensino 2.7. Crianas e Jovens de Origem Africana nos Vrios Nveis de Ensino 3. Recursos para os Grupos Sociais mais Vulnerveis 3.1. Equipamentos e Servios de Apoio aos Idosos e Dependentes 3.2. Penses Sociais 3.3. Rendimento Mnimo Garantido 3.4. Populao com deficincia 4. Sistema e Estruturas de Sade 4.1. Anlise de Alguns Indicadores de Sade 4.2. Anlise de Indicadores dos Novos Problemas de Sade

6465 69 70 75

7777 85

5. Criminalidade e Segurana Urbana 6. Parque Habitacional, Habitat Social e Modelos de Realojamento 7. Emprego, Desemprego e Tecido Empresarial7.1. 7.2. 7.3. 7.4. Estrutura Econmica da Populao Residente Desemprego no Concelho de Almada Estrutura do Emprego e Tecido Empresarial Fragilidades e Potencialidades do Sector Turstico

89 95 105107 108 111 117

8. Cultura, Desporto e Associativismo IV. DIAGNSTICO PROSPECTIVO DA ESTRATGIA DE ACTORES 1. Anlise da Estratgia de Actores1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 1.6. 1.7. 1.8.

120 127

Recenseamento dos Principais Actores e Entrevistas Semi-Directivas 128 Anlise Temtica das Entrevistas e Construo das Sinopses 131 Construo do Quadro da Estratgia de Actores e Identificao dos Objectivos Estratgicos e Desafios Associados 157 Anlise da Relao de Foras entre os Actores e a sua Posio Relativa 159 Anlise da Implicao dos Actores nos Objectivos 167 Anlise dos Objectivos: Grau de Mobilizao e Conflitualidade 169 Posicionamento dos Actores, Alianas e Conflitos: Grupos de Actores 175 Sntese dos Resultados da Anlise da Estratgia de Actores 183

V. BIBLIOGRAFIA VI. ANEXOS

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Relatrio Final

ndice

1

Diagnstico Social do Concelho de Almada

I. INTRODUO

Relatrio Final

I. Introduo

Diagnstico Social do Concelho de Almada

INTRODUO

O presente documento d conta dos resultados finais do Estudo de Diagnstico Social do Concelho de Almada, de acordo com os objectivos que se propunha atingir e que em momento oportuno foram publicamente apresentados. Antecedeu este documento um relatrio de progresso em que se apresentava a metodologia adoptada no Estudo, as suas etapas e o ponto de situao do trabalho desenvolvido at ento. Tratou-se de um relatrio de Pr-Diagnstico. Nessa primeira fase do Estudo procedeu-se s seguintes tarefas metodolgicas: (i) Um levantamento de problemas e necessidades do concelho, e sua hierarquizao em funo das prioridades de interveno, mediante frum comunitrio (workshop) em duas sesses; (ii) Dois inquritos por questionrio s instituies e servios parceiros da Rede Social visando conhecer o estado da interveno social no concelho e recolher a informao disponvel no que concerne a Estudos, diagnsticos sectoriais, etc; (iii) Reunies de aplicao da tcnica swot, procurando conhecer as potencialidades, oportunidades, fragilidades e ameaas, das principais reas problemticas do concelho; (iv) (v) Entrevistas exploratrias aos principais actores locais; Pesquisa e tratamento de informao de base, ao nvel estatstico e documental. Aquelas linhas metodolgicas permitiram: a) detectar as principais reas problemticas, problemas e

necessidades do concelho;Relatrio Final Introduo 2

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b) diagnosticar o estado do seu conhecimento por parte dos actores locais; c) analisar as experincias de interveno social integrada j realizadas no concelho (Pisaca e Razes); d) conhecer o estado do actual sistema de interveno social no concelho. Os resultados agora apresentados so tributrios do conhecimento adquirido naquela primeira fase do Estudo, mas a leitura deste relatrio no dispensar a leitura do relatrio de Pr-Diagnstico, a quem pretenda ter uma viso de conjunto das diversas aproximaes sucessivas que, por etapas, se fizeram ao objecto deste Estudo. Concludo o Pr-Diagnstico apontavam-se, no respectivo relatrio e apresentao pblica do mesmo, quais as tarefas subsequentes para a segunda fase: a) Procurar conhecer com maior profundidade e rigor os problemas e necessidades pr-diagnosticados, b) Procurar medir, isto , proceder quantificao, daqueles problemas e necessidades, c) Avaliar as estratgias dos actores em presena no terreno em estudo, d) Conhecer os desafios e objectivos estratgicos para a elaborao do Plano de Desenvolvimento Social. Finalizado o Estudo, e em face dos resultados alcanados, que agora apresentamos, permanecemos convictos da justeza das opes metodolgicas adoptadas, nomeadamente, aos seguintes nveis: a) O privilgio atribudo participao dos actores locais mediante a sua auscultao e implicao na construo do diagnstico social do concelho.Relatrio Final Introduo 3

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Atravs de momentos de debate e reflexo conjunta como o form comunitrio, a aplicao da tcnica swot, ou a anlise da estratgia de actores, foi possvel alcanar resultados que podero, com vantagens acrescidas, vir a produzir aplicao prtica no planeamento e interveno social. Isto porque aqueles resultados permitem formular recomendaes para o planeamento que tm em conta as estratgias em presena, os recursos e meios de aco disponveis, os graus de mobilizao e implicao dos actores face aos objectivos, permitindo igualmente, hierarquizar as intervenes prioritrias face aos problemas e necessidades diagnosticados. Acresce que o mtodo da estratgia de actores , na sua essncia, um mtodo prospectivo, na medida em que implica o conhecimento antecipado da actuao no improvvel no futuro por parte dos actores em presena. Este facto constitui um requisito essencial ao planeamento estratgico e uma vantagem comparativa face s metodologias usuais no planeamento clssico. b) A estratgia metodolgica de, em fase de pr-diagnstico, efectuar um levantamento qualitativo dos problemas e necessidades, contemplando as preocupaes e perspectivas dos actores locais, mas depois, num segundo momento, proceder anlise quantitativa da informao disponvel sobre aqueles problemas e necessidades e ao aprofundamento da pesquisa e anlise cientfica sobre os mesmos. Esta estratgia permitiu no deixar de incluir e conhecer aquelas perspectivas diagnosticando, tambm por essa via, estratgias, sensibilidades, idiossincrasias, como componentes do jogo social do contexto em anlise, e sempre presentes em qualquer contexto social. Mas permitiu, tambm, confirmar que os principais problemas e necessidades prdiagnosticados, com maior ou menor correspondncia quantitativa, constituem, de facto, os principais problemas e necessidades do concelho, tal como fica documentado, mais adiante, neste relatrio. A anlise estatstica efectuada confrontou-se com os conhecidos problemas de debilidade da informao estatstica produzida no pas: carncia de fiabilidade de alguns dados, falta de sistematizao, contradio de dados consoante a fonteRelatrio Final Introduo 4

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utilizada, burocracia e morosidade no seu fornecimento, insuficincia tcnicocientfica no tratamento de dados por parte de alguns servios da administrao pblica, carncia de informao desagregada a nveis territoriais como a freguesia ou mesmo o concelho, e falta de actualidade de alguma informao. Este facto justifica, por si s, algumas recomendaes que a este nvel efectuamos mais adiante. Justifica, ainda, a razo de ser da implementao de um Sistema de Informao da Rede Social de Almada, elaborado pela equipa responsvel por este estudo e que constitui um apndice ao presente relatrio. Atendendo ao facto deste Diagnstico ter sido concebido, desde o primeiro momento, como uma etapa inicial de um processo de planeamento da interveno social no concelho, o presente relatrio foi construdo como um instrumento tcnico-cientfico de investigao para a aco. Nessa medida, comea por apresentar, aps esta introduo, as recomendaes estratgicas (Parte II) que resultam da anlise cruzada do diagnstico de problemas e necessidades (Parte III), e do diagnstico prospectivo da estratgia de actores (Parte IV). Tanto o diagnstico de problemas e necessidades, como o diagnstico prospectivo da estratgia de actores, incluem de forma detalhada indicaes essenciais para o planeamento da interveno social no concelho. nesses captulos que possvel encontrar respostas para questes prprias do trabalho de planeamento, como: O que fazer? Onde fazer? Para quem fazer? Com quem fazer? O captulo sobre recomendaes estratgicas, cruzando a anlise dos 4 desafios e 17 objectivos estratgicos (hierarquizados), com o diagnstico de problemas e necessidades, formula 10 linhas de interveno sugerindo, para cada uma delas, um conjunto de medidas e aces a empreender, no mbito do Plano de Desenvolvimento Social. Num contexto de parceria alargada como o caso da Rede Social, aquelas linhas de interveno exigem, por maioria de razo do tipo de parceiros nelaRelatrio Final Introduo 5

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implicados, decises tcnicas e polticas essenciais eficcia dessa parceria. Este captulo conclui, precisamente, com uma anlise cientfica de enquadramento daquelas decises.

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Introduo 6

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II. RECOMENDAES ESTRATGICAS

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II. Recomendaes Estratgicas

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1. Quatro Desafios Estratgicos para a Mudana

Os resultados do Estudo permitem-nos formular os 4 Desafios Estratgicos que deveriam orientar a interveno social no concelho de Almada e, desde logo, estar presentes na elaborao do Plano de Desenvolvimento Social, tendo em conta os objectivos enunciados pelos actores em presena:

1 Reforar a integrao social discriminando positivamente os grupos sociaismais vulnerveis

2 Dinamizar a economia local, articulando a requalificao e diversificao dotecido econmico com o investimento na educao e formao

3 Requalificar urbanisticamente o territrio promovendo a coeso social 4 Consolidar a Rede Social como um frum inter-institucional ecomunitrio para a deciso estratgica Como se poder verificar na ltima parte deste relatrio, estes desafios resultam da enunciao dos objectivos estratgicos que os actores em presena prosseguem, ou perspectivam como essenciais mudana. Aos quatro desafios estratgicos diferenciados. correspondem 17 objectivos, com graus de mobilizao

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Recomendaes Estratgicas

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2. Dez Linhas de Interveno para o Desenvolvimento Social A anlise cruzada dos graus de mobilizao dos actores face aos objectivos estratgicos, e do diagnstico de problemas e necessidades do concelho, permitiu-nos enunciar, as prioridades de interveno social em Almada, mediante a proposta de 10 linhas de interveno estratgica a incluir na elaborao do Plano de Desenvolvimento Social:

1 O objectivo Reforar os mecanismos/instrumentos de acompanhamento eapoio social aos jovens e o objectivo Investir ao nvel da rede pr-escolar e tempos livres e requalificar e construir uma nova imagem do espao escolar; surgem como objectivos cruciais, fortemente mobilizadores dos actores e que, em face do diagnstico de problemas e necessidades, justificam que se constituam, numa linha prioritria de interveno. So mltiplas as medidas, aces e projectos necessrios a desenvolver nesta linha de interveno, alguns dos quais deveriam passar por: Formar agentes de desenvolvimento local/ animadores de rua, por exemplo, entre os estudantes universitrios e do ensino secundrio, para a criao de actividades de ocupao dos tempos livres, lazer e sociabilidades, em bairro, e relao com a famlia e a escola que permitam estabelecer o dilogo entre os jovens e a sociedade em que se inserem. Desenvolver actividades de informao e formao com os jovens, mediante canais de comunicao em que os prprios participem (revistas, jornais, pginas na internet, msica, eventos desportivos, culturais, etc.) Rentabilizar os equipamentos desportivos e culturais, municipais, associativos e escolares para as actividades juvenis e criar pequenos espaos informais para a prtica desportiva em bairro e para o trabalho dos animadores de rua.

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Recomendaes Estratgicas

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-

Trabalhar, em simultneo, com as famlias de risco, acompanhando e formando para a insero social, em articulao com o trabalho desenvolvido por outros intervenientes da aco social, sade, emprego, etc.

-

Planear, de forma territorialmente equilibrada, ou desenvolvendo uma discriminao positiva (para responder a algumas freguesias mais carenciadas), quer a construo de alguns equipamentos (jardins de infncia, ATL, ensino bsico), quer a qualificao da imagem das escolas e dos servios prestados aos jovens (biblioteca, centro de recursos,etc.) e comunidade (uso dos equipamentos fora do horrio escolar, cursos de pais, etc.)

-

Prosseguir o objectivo de atingir uma cobertura prxima dos 100% em jardins de infncia, atendendo sempre s assimetrias internas ao concelho, diagnosticadas por este Estudo

-

Reforar a criao de centros de ATL, nomeadamente nas freguesias que deles mais carecem, como foi diagnosticado, e formar para a inovao ao nvel das actividades a desenvolvidas.

-

Investir no equipamento das escolas (pavilhes gimno-desportivos, refeitrios, bibliotecas, centros de recursos, hortas/jardins pedaggicos) e reabilitar aquelas que se encontram mais degradadas, procurando responsabilizar os alunos pela sua conservao/manuteno.

2 Desenvolver programas inovadores contra o insucesso e abandono escolar einvestimento na articulao de famlia/escola/comunidade tambm um objectivo consensual, enunciado pelos actores em presena, embora seja um objectivo que mobiliza um nmero reduzido de intervenientes no concelho. Trata-se de um objectivo complexo, do ponto de vista prtico, no entanto essencial ao desenvolvimento scio-econmico equilibrado do concelho. As polticas para a coeso social tero de incluir, necessariamente, medidas

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Recomendaes Estratgicas

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inovadoras e eficazes, a este nvel. Algumas delas deveriam passar seguinte: -

pelo

Pensar integradamente a trajectria escolar: passagem do 1 para o 2 ciclo, relao famlia/escola, ocupao dos tempos livres com actividades capazes de mobilizar o jovem e o grupo, isto , articulao dos nveis de ensino, 1, 2, 3 ciclo, secundrio, profissional e formao

-

Formar professores com perfil adequado ao ensino integrado, alternativo e multicultural Trabalho intensivo e metodologicamente inovador ao nvel do insucesso/absentismo/abandono escolares, trabalhando a relao jovem/ escola/ famlia.

-

Criar instalaes e equipamentos para um ensino pr-profissional tecnolgico e artstico moderno Estratgia de socializao dos jovens na escola, ou seja, fixar, agregar e trabalhar a sociabilidade dos jovens na escola, dar a palavra aos jovens, individualmente ou em grupo (rdio, revistas, clubes, conselho de alunos, etc.)

-

Acompanhamento especializado das situaes de risco e violncia, na escola e na famlia, acompanhamento psicolgico, formao de pais (educao familiar), professores/ especialistas destacados para a gesto de conflitos na escola e para a interveno social

-

Desenvolvimento de respostas de escolarizao a jovens com grandes dificuldades de integrarem de forma regular o projecto pedaggico tradicional, fomentando escolas mais activas, participativas e autnomas, incentivando e apoiando os professores com prticas inovadoras, definindo estratgias especficas face a zonas-problema e grupos socioculturais de grande insucesso

-

Elaborao de programas para apoio pedaggico para zonas de excluso e crianas e jovens absentistas ou com forte insucesso

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-

Fomento de instncias de reflexo e aco, entre as vrias estruturas intervenientes no sistema local de educao, nomeadamente, autarquias, as vrias estruturas dos servios centrais e regionais da educao, desporto, juventude, formao profissional e emprego.

3 Criao e/ou reforo dos servios e equipamentos de apoio terceira idade um objectivo que mobiliza uma parte muito significativa dos actores, o que encontra explicao obvia na natureza do trabalho social, desenvolvido pela maioria dos entrevistados, mas que se justifica, ainda, plenamente, em funo do diagnstico de problemas e necessidades, como se poder verificar mais adiante neste relatrio. O envelhecimento crescente da estrutura etria do concelho e as necessidades detectadas a este nvel justificam uma interveno prioritria aos seguintes nveis: Dar especial ateno s condies de suporte vida quotidiana da populao idosa: acesso a equipamentos, mobilidades, consumos, etc Reforar a cobertura em centros de dia/convvio e alargar a rede privada de solidariedade de lares, sempre tendo em ateno as assimetrias internas ao concelho. Reforar o apoio mdico especializado, domicilirio, de cuidados continuados ou apoio terminal, Aumentar as respostas flexveis e que privilegiam a no institucionalizao dos idosos: apoio domicilirio integrado, articular o trabalho desenvolvido pelas IPSSs com aquele que efectuado pelos tcnicos de sade, apoio de servios (alimentao, roupa, higiene da casa, etc.) Organizao de actividades de qualidade mdia/superior (organizao de grupos de lazer, cultura, interveno urbana, prestao de servios comunidade, em formao acadmica/universitria, etc.), capazes de servir de canais de comunicao e informao com os servios de aco social, de barmetro do estado da 3 e 4 idades no concelho.Relatrio Final Recomendaes Estratgicas 11

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4 Um maior investimento na qualificao dos servios e equipamentos de sadee a criao e/ou reforo dos servios e equipamentos de preveno e recuperao dos toxicodependentes, so dois dos objectivos associados ao primeiro desafio estratgico, que mobilizam um nmero razovel de actores. Uma vez mais, tambm o diagnstico de problemas e necessidades do concelho permitiu detectar sinais que evidenciam a necessidade de priorizar intervenes, nomeadamente as seguintes: Desenvolver formas de gesto integrada aos seguintes nveis: a) Novos problemas de sade fortemente interrelacionados (toxicodependncia, tuberculose, sida), ou outros como os idosos, os acamados, etc; b) Territorial, equilibrando as assimetrias de implantao de equipamentos e servios de sade; c) Cuidados especializados de sade, de cobertura deficiente no concelho e, em particular, em certas freguesias; d) Articulao entre os diversos servios (centros de sade, extenses, hospital) Aumento da cobertura em pessoal mdico, nomeadamente, especialistas, discriminando positivamente as freguesias mais sub-equipadas interveno ao nvel das deficientes condies fsicas de algumas das instalaes existentes, debilidades na existncia ou descentralizao de equipamentos especficos ao nvel do concelho: toxicomanias, sida, doenas mentais, etc Privilegiar os projectos de interface da sade com outras polticas sociais (educao, aco social, habitao, etc.)

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5 Investir numa aco integrada na melhoria da qualidade de vida da populaodeficiente (equipamentos, formao e mobilidade) constitui um objectivo enunciado, embora mobilizador de um nmero restrito de actores. Em todo o caso, as politicas para o desenvolvimento social do concelho devero passar, tambm, pela plena integrao da populao portadora de deficincia. Importa, no entanto, encontrar respostas adequadas aos diferentes tipos de necessidades. Trata-se de um grupo que agora se sabe ser extenso e heterogneo, carecendo, portanto, de medidas diferenciadas segundo o tipo de incapacidade, o estdio no ciclo de vida, o nvel socio-cultural e econmico. Algumas medidas e aces se propem que reflectem essa complexidade de situaes: Apoio integrao no espao habitacional e pblico do concelho, Acesso aos transportes com reforo substancial dos transportes especiais, e mobilidade intra e inter-concelhia, Acesso a servios de aprendizagem especializada (formao), de apoio familiar e psicolgico, Organizao de espaos de discusso e organizao de actividades diferenciadas (cultura, desporto, lazer), Articulao com servio de apoio domicilirio e servios de sade especficos, Atendendo a que, alm dos dados inditos recentemente disponibilizados pelo INE, no existe informao quantificada, mais aprofundada e com rigor cientfico, ao nvel concelhio; deveria elaborar-se um diagnstico especfico de levantamento de necessidades, problemas e recursos do concelho para fazer face ao problema. Atendendo sempre aos tipos de deficincia e graus de incapacidade por escales etrios e estdio no ciclo de vida, aos grupos socio-econmicos de pertena, etc.

6 O desenvolvimento de projectos de integrao dos imigrantes e das minoriastnicas um outro objectivo fracamente mobilizador, mas que reputamos de muito importante no contexto actual e futuro do concelho. complexa eRelatrio Final Recomendaes Estratgicas 13

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diversificada a condio dos imigrantes na sociedade portuguesa actual. Uma parte significativa das famlias de origem imigrante do concelho constitui um grupo socialmente vulnervel e carenciado de uma interveno especfica, distinguindo-se no interior deste grupo uma grande diversidade de situaes, pese embora o facto da maioria esmagadora dos imigrantes ser originria dos PALOP. A este nvel recomenda-se: A elaborao de um diagnstico especfico da populao de origem imigrante, que tenha em conta as suas caractersticas demogrficas, de organizao (famlia, escola, trabalho, lazer), as diferenciaes intragrupo, os diferentes estdios de insero, as necessidades diferenciadas, dos apoios mais bsicos (habitao, aprendizagem da lngua, insero no mercado de trabalho, etc.), aos servios mais complexos (apoio famlia, insero social dos jovens atravs de programas integrados, etc.) Uma interveno diferenciada, que articule as diferentes dimenses (habitao, emprego, sade, etc.) e que, sobretudo, tenha em conta os recursos internos dos grupos (modos de vida intra-comunitrios, associaes, etc.).

7 Ainda ao nvel dos grupos sociais mais vulnerveis surgiu como objectivorelativamente mobilizador dos actores locais a necessidade de dar prioridade ao acompanhamento familiar e insero das populaes abrangidas pelo RMG (Rendimento Mnimo Garantido). , porventura, entre esta populao, que encontramos as situaes mais extremas de vulnerabilidade social, onde pontuam as famlias desestruturadas e carenciadas de um apoio social mais intensivo. Os resultados do diagnstico apontam para a necessidade de intensificar e tornar mais eficaz a funo fundamental da medida: acompanhar as famlias e desencadear aces para a sua insero social.

8 Dois objectivos que mobilizam um nmero reduzido de actores, mas quereputamos de objectivos estruturantes para o desenvolvimento scio-econmicoRelatrio Final Recomendaes Estratgicas 14

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local e que deveriam, portanto, constituir uma linha de interveno estratgica so os seguintes: a) Reforar o papel da educao, formao e investigao enquanto mais-valia para a diversificao e dinamizao do tecido empresarial; b) Dinamizao da economia privilegiando o tercirio superior, o turismo, as pequenas indstrias no poluentes e a requalificao do comrcio; Esta linha de interveno resulta de uma necessidade diagnosticada por este Estudo, porm j avanada por outros estudos anteriores, nomeadamente, os estudos para o Plano Director Municipal. Constitui, por isso mesmo, uma estratgia presente, desde h muito, no concelho, tratando-se apenas de dar continuidade e intensificao ao trabalho que, a este nvel, vem sendo prosseguido, por alguns dos actores presentes no contexto scio-territorial diagnosticado. Estas so preocupaes que distinguem uma viso actual da interveno social preocupada com o desenvolvimento scio-econmico e que o perspectiva e planifica de modo sistmico, integrado e sustentado. Tal como se avana mais adiante neste relatrio, considera-se que um dos factores que mais poder contribuir para a coeso social, num determinado contexto local, a existncia de um tecido econmico dinmico, gerador de emprego qualificado e articulado com polticas sociais e de formao e qualificao escolar e profissional que, progressivamente, vo dando competncias e recursos para a incluso e promoo social da populao que deles mais carece. As principais medidas deveriam contemplar as seguintes recomendaes: Adoptar medidas de reforo da diversificao das actividades econmicas locais.

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-

Reforar o incentivo s actividades de I&D no Ensino Superior, potencializadas e articuladas com os sectores de competitividade j existentes, com carncias de conhecimentos inovadores.

-

Forte investimento em domnios como: capacidades de gesto, formao de novas empresas, transferncia de tecnologias. Reforo de criao de servios na rea dos estudos de viabilidade e diagnstico Criao de uma imagem empresarial do concelho, divulgada dentro e fora do mesmo (feiras internacionais, divulgao pela internet, imprensa, etc.), promovendo o tecido empresarial e alguns produtos especializados (informao tcnica e empresarial), e desenvolvendo a intermediao entre empresas concelhias e empresas nacionais ou estrangeiras.

-

Criao de uma bolsa de emprego concelhia que articule a escolaridade/formao e o tecido empresarial local. Promover a realizao de um Diagnstico de Necessidades de Formao Profissional, junto do tecido produtivo do concelho. Se realizado conjuntamente com o tecido empresarial de Almada, este diagnstico de necessidades de formao poder possibilitar a criao de parcerias, e sinergias, com a classe empresarial. Assegurar-se-a, desde logo por esta via, algumas sadas profissionais para os formandos, permitindo tambm promover aces de reconverso profissional (em funo das alteraes da estrutura produtiva do concelho), minimizando alguns casos de desemprego por falta de qualificao.

9 O desafio estratgico de requalificao urbanstica do territrio, promovendoa coeso social deveria configurar, tambm, uma linha de interveno, procurando cumprir os trs objectivos associados quele desafio: Desconcentrar e requalificar de forma integrada os bairros sociais; Reabilitar e requalificar o tecido urbanstico consolidado e o patrimnio natural (zona velha de Almada, frente ribeirinha, orla costeira e zonas rurais), enquanto espaos privilegiados de dinamizao cultural, recreativa e turstica; Redimensionar a rede viria,Relatrio Final Recomendaes Estratgicas 16

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melhorar os acessos no interior do concelho, qualificar e articular o sistema de transportes. Algumas medidas nos parecem prioritrias para cumprir aqueles objectivos: Reforo do planeamento e gesto estratgica permanentes do territrio concelhio, atendendo a processos inovadores de gesto e contratualizao urbanstica e a diferentes nveis territoriais a considerar: freguesia/bairro, concelhio, regional, nacional e internacional. Elaborao do Plano Estratgico de Almada, em articulao com o Plano de Desenvolvimento Social a construir no contexto da Rede Social. Diversificao das polticas e medidas de habitao social, tendo em conta constrangimentos associados ao prprio desenvolvimento urbanstico do concelho, ao aumento e diversificao das necessidades de habitao social, complexificao das famlias e dos problemas que lhe esto associados. Estancar a construo de habitao social na zona do PIA (Plano Integrado de Almada) e mesmo do Laranjeiro/Feij e promover a sua construo em outras zonas do concelho. Replicar em outras zonas de habitao social os projectos de arranjos urbansticos e ajardinamento efectuados no Laranjeiro e responsabilizar os habitantes pela sua conservao em articulao com os servios camarrios. Solucionar o problema do PIA, no que percepcionado no terreno pelos actores locais como desarticulao institucional entre a CMA e o IGAPHE. A actual situao gera grandes entraves interveno social no terreno. Reforar a implantao de equipamentos sociais, desportivos e culturais nas zonas de habitao social e integr-los nas medidas de incluso social propostas neste relatrio. Trabalhar de uma forma integrada a gesto do parque habitacional pblico.

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Diagnstico Social do Concelho de Almada

-

Requalificao

da

rea

turstica,

relocalizao

das

actividades,

planeamento na expanso e renovao urbanas Promover a imagem do concelho de Almada como uma rea culturalmente dinmica e diversificada atravs da criao articulada de equipamentos regionais de ensino de artes e de lazer. Apoiar a criao de instncias regionais de discusso e divulgao das actividades culturais locais, regionais e nacionais que, de forma organizada, promovam a imagem cultural da Pennsula. Divulgar com visibilidade, organizao lgica e cientifica, as formas de expresso cultural local e o patrimnio natural, arqueolgico, arquitectnico e sociocultural local Reforar o apoio do movimento associativo, na oferta de novas formas de expresso e produo cultural, qualificando os recursos humanos, nomeadamente, direces desportivas e pessoal de enquadramento nas vrias modalidades; Contrariar a tendncia para o uso excessivo do transporte individual dentro da cidade e para o estacionamento indevido de automveis no espao pblico. Dar prioridade a uma rede de transportes colectivos com qualidade (melhoria da sua atractividade: rapidez, conforto, custo reduzido, cobertura concelhia, horrios). Criar uma instncia de articulao entre operadores de transportes. Melhorar os acessos rodovirios. Melhorar as ligaes aos restantes concelhos da margem sul. Investir fortemente na construo do metro superfcie, como melhoria da mobilidade, e dinamizao das actividades econmicas de algumas reas do concelho. Retirar partido dos transportes fluviais, melhorando a sua qualidade e infraestruturas.Relatrio Final Recomendaes Estratgicas 18

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Consolidar a Rede Social como um frum inter-institucional e comunitrio para a deciso estratgica, um desafio para o qual esto fortemente mobilizados os actores em presena no concelho. O objectivo Formao e qualificao das parcerias institucionais e comunitrias, promovendo uma cultura de interveno integrada partilhado por um nmero substancial de actores. Mas tambm o objectivo Promoo da economia social atravs da sensibilizao dos agentes pblicos e privados, para uma interveno social qualificada e articulada, deveria constituir, juntamente com o anterior, uma linha de interveno estratgica fundamental para o desenvolvimento social do concelho. Desde a primeira fase deste estudo que se tornaram evidentes as potencialidades do concelho em matria de associativismo, voluntariado e interveno solidria em diversas entidades do que se tem designado como terceiro sector. Tornouse tambm cedo evidente a existncia de fortes fragilidades e constrangimentos a uma interveno mais eficaz e eficiente desse terceiro sector. Os actores empenhados em melhores resultados prticos do trabalho desenvolvido pela interveno social no concelho apontam, por isso mesmo, como prioritrias, medidas que qualifiquem e dignifiquem a interveno social e rentabilizem os recursos disponveis para a economia social. As principais recomendaes, a este nvel, so as seguintes: Manter actualizado o Diagnstico Social do concelho e o respectivo Sistema de Informao, em ordem a permitir ir tomando conhecimento das necessidades de equipamentos e servios destinados a grupos sociais especficos e sustentar, com rigor tcnico, o planeamento no s ao nvel do concelho, mas tambm das prprias freguesias. Formar os tcnicos para a produo de elementos estatsticos, e de informao em geral, e responsabilizar os parceiros da Rede Social pela

Relatrio Final

Recomendaes Estratgicas 19

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produo e fornecimento, em devido tempo, dos elementos de informao necessrios para a alimentao permanente do Sistema de Informao. Canalizar iniciativas e investimentos de forma planeada e concertada, em sede do Conselho Local de Aco Social (CLASA), e com base na elaborao de um Plano de Desenvolvimento Social e de um Plano de Aco. Desencadear aces de formao e qualificao de quadros tcnicos e dirigentes face s novas metodologias e complexidade da economia social, ao nvel da gesto financeira, administrativa, de pessoal, e ao nvel do desenho, gesto e avaliao de projectos de interveno comunitria, conferindo competncias necessrias para uma maior sustentabilidade da interveno. Criar mecanismos de avaliao permanente do trabalho desenvolvido pelas entidades da economia social e pela interveno social em geral, e incentivos excelncia desse trabalho, divulgando os resultados da avaliao de projectos, e premiando as boas prticas e melhores resultados ao nvel da eficcia e eficincia. Substituir a lgica casustica da atribuio de subsdios s associaes e outras entidades, pela lgica da contratualizao com base em linhas de financiamento, com candidaturas a projectos avaliados com base num conjunto de critrios como a viabilidade e o contributo para os objectivos delineados no Plano de Desenvolvimento Social e no Plano de Aco. As linhas de financiamento devero obedecer s necessidades diagnosticadas e apontar para reas de interveno e projecto conforme os objectivos a atingir. Os projectos financiados devero ser sujeitos a avaliao prvia, de acompanhamento e de resultados. Desenvolver formas de agilizar e tornar transparentes os canais de comunicao dentro da Rede Social, e construir um sistema de comunicao/marketing social face ao exterior, divulgando o trabalho efectuado e trocando experincias com outros contextos nacionais e at internacionais.Relatrio Final Recomendaes Estratgicas 20

Diagnstico Social do Concelho de Almada

-

Elaborar um sistema de organizao e gesto eficaz para a rentabilizao de tarefas, reunies, calendrios, que de forma concertada permita contemplar as mltiplas parcerias comuns maioria dos actores e enquadr-las e integr-las no mbito da Rede Social, justamente, enquanto frum inter-institucional e comunitrio (RMG, CPCJ, Grupo Concelhio de Idosos, etc.)

-

Criar uma bolsa de emprego social, destinada aos desempregados com grandes dificuldades de empregabilidade na economia privada, com respostas enquadradas no mbito da economia social, em sede do Plano de Aco e do CLASA.

-

Desenvolver formas de representatividade e formas de participao dos grupos visados pela aco social nas estruturas de diagnstico, planeamento e deciso (associativismo, organizaes informais, participaes individuais em estruturas de observao, etc.)

3. Enquadramento de decises tcnicas e polticas Vrios estudos tm analisado os factores tcnicos, polticos e institucionais que influenciam a formao de uma estratgia de interveno em parceria. O mesmo significa dizer que se tem desenvolvido o enquadramento analtico que explica a perfomance territorial baseada numa relao de actores, articulada em acordos de parceria mais ou menos eficientes, ou eficazes. Face aos objectivos da Rede Social, sendo mesmo um Desafio Estratgico deste projecto Consolidar a Rede Social como um frum inter-institucional e comunitrio para a deciso estratgica, importante equacionar ainda no captulo das Recomendaes, as alianas e aquisies estratgicas comuns, no quadro de um conjunto de actores que no homogneo ao nvel dos recursos tcnicos, financeiros e polticos. As parcerias permitem alargar as reas de influncia das polticas sectoriais, disseminando boas prticas, experinciasRelatrio Final Recomendaes Estratgicas 21

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inovadoras,

antecipando

questes

estratgicas

relacionadas

com

o

desenvolvimento social. Mas para que os diversos actores possam partilhar os riscos e custos do desenvolvimento social do concelho, importante partir de alguns pontos-chave, adicionados a este projecto como se se tratasse de um pressuposto da interveno. Trata-se de relacionar o papel que cada instituio pode desempenhar, com a clarificao do seu papel, e sobretudo, dos recursos que tem disponveis para a interveno. Interessa sobretudo perceber as estratgias e meios de aco: projectos, parcerias, relaes institucionais, etc., no contexto de um pensamento estratgico concelhio que defende uma gesto local mais eficiente e uma capacidade de inovao acrescida atravs da reflexo e aprendizagem colectivas (learning by cooperating and networking1), pressupondo que as novas prticas e atitudes nascem precisamente desta discusso e confronto de ideias, iniciativas e divulgao das aces. A diversos nveis, e em diferentes instituies (pblicas e particulares), as ltimas dcadas tm servido para ajustar as respostas a necessidades bsicas de habitao social, equipamentos educativos, desportivos, organizaes associativas, etc. Nesse contexto, foi concedida prioridade a projectos de dimenso estrutural, que garantissem crescimento, continuidade e ligao inequvoca a problemas sociais bsicos. E nesse tipo de solues, surgiram as primeiras experincias de complementaridades entre instituies, servios, com programas comuns, produtos de parcerias funcionais, instrumentais e tcnicas, como as empresas municipais, as associaes de municpios, ou as agncias de desenvolvimento (envolvimento e participao dos actores sociais na construo de alguns

1

PYRGIOTS, Y.N., Urban networking in Europe Ekistics, vol. 58, n 350/351, 1991, pp.272-276.

Relatrio Final

Recomendaes Estratgicas 22

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projectos estruturantes, atravs de um esforo na obteno de consensos capazes de validar a construo de projectos-base).

O sculo XXI vem trazer novos desafios agenda social concelhia. Esta estratgia de aproximao e discusso colectiva mantem-se, muitos projectos induzem ao exerccio de uma gesto com melhores prticas (best practices) e iniciativas inovadoras, nomeadamente atravs de uma troca de informao estratgica, ou de uma concertao de iniciativas (aproveitamento de complementaridades) de forma a combater as fraquezas especficas de um territrio com problemas de coeso social. Mas a participao dos cidados torna-se uma preocupao. A concertao supe uma redistribuio do poder pelos habitantes, sem que isso tenha de corresponder a um enquadramento jurdico ou "construo" de uma instituio de gesto. A concertao obriga, antes, a uma consulta aos habitantes antes de se pr em prtica um projecto urbano e social (nova cidadania). Os actores criticam, assim, a ausncia de participao, de partenariado e de solidariedade colectiva e individual, assim como a incomunicabilidade externa aos projectos, pois no se desenvolve ainda uma sensibilizao e mobilizao das populaes para participarem nessas decises. O relacionamento institucional, o estmulo ao reforo dos mecanismos de coeso, uma gesto eficaz e inovadora em parceria, vai-se complexificando com o aumento da "competitividade social". A articulao entre agentes pblicos e privados conheceu progressos sensveis nas ltimas dcadas, mas os prprios projectos vo-se complexificando, a sua gesto e o seu financiamento tambm, e muitas instituies (privadas e pblicas) tornaram-se parceiros meramente formais, ou de acompanhamento e consultoria aos projectos, enquanto as entidades promotoras os concebem e desenvolvem.

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Recomendaes Estratgicas 23

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As parcerias constituem, hoje, mecanismos eficazes na reestruturao dos servios e promoo de programas, mas no esto isentas de problemas. A natureza e a dimenso das instituies parceiras no a mesma, logo so diferentes os seus recursos estratgicos, os ganhos em eficincia, os benefcios produzidos, e nem sempre a compensao proporcional sua participao. O poder central faz-se geralmente representar por delegaes regionais, experientes fontes de diagnstico e conhecimento sistematizado da realidade social, mas com um poder muito varivel ao nvel da sua representatividade para a deciso, na capacidade de hierarquizar estratgias e optar por aces concretas. O reforo de algumas entidades, seja a autarquia, organismos regionais do poder central e outras instituies de solidariedade social, significa atribuio de competncias, delegao de responsabilidades sociais, mas tambm de autonomia, de uma correcta contextualizao legislativa e regulamentar e de recursos disponveis, no s tcnicos mas financeiros, adequados ao exerccio das competncias das diversas partes envolvidas. Isto , a concepo de um modelo de interveno em parceria, de um programa inter-institucional e comunitrio, significa realar o conhecimento das diversas partes, no s ao nvel das suas competncias formais e legais, como da sua real capacidade para a tomada de decises. Neste campo, esto em jogo vontades, competncias e autonomia, essenciais para que haja uma maior confiana na aproximao do futuro, com o mesmo objectivo de maximizar a interveno social, determinando resultados mais favorveis. Defender e consolidar um projecto em parceria como a Rede Social significa, antes do mais, abrir o tabuleiro do xadrez, saber colocar as figuras, definir regras, e entrar em jogo, sem desresponsabilizao de nenhuma das partes. A clarificao do papel dos parceiros, pode significar a eficcia de todo o processo.

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Recomendaes Estratgicas 24

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III. DIAGNSTICO DE PROBLEMAS E NECESSIDADES

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III. Diagnstico de Problemas e Necessidades

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1. Contextualizao Territorial e Demogrfica

O concelho de Almada insere-se territorialmente nas dinmicas de crescimento urbano da principal regio urbana do pas, estando historicamente associado ao processo de desenvolvimento da Metrpole de Lisboa. Numa viso de Lisboa como cidade-metrpole de duas margens, sobretudo a partir de meados dos anos sessenta do sculo vinte, Almada constitui o primeiro concelho de continuidade da expanso da capital do pas na margem sul do rio Tejo. Insere-se numa identidade territorial da faixa ribeirinha sul da metrpole, com forte interactividade quotidiana e dependncia funcional face ao centro, constitudo pela cidade de Lisboa. Antes da construo da Ponte sobre o Tejo o transporte fluvial permitia j aquela pendularidade quotidiana e continuidade identitria face a Lisboa, mas ser sobretudo aquela travessia, inicialmente apenas rodoviria, a determinar o crescimento populacional e urbano do concelho, permitindo o processo de metropolizao a sul.Quadro 1.1 -Taxas de Crescimento mdio anual na AML (1960-1991) Unidade Territorial 1960/70 1,59 3,29 4,25 5,34 2,90 3,39 0,78 6,41 -0,11 1,48 1,95 1970/1981 2,73 3,36 2,92 3,70 2,93 -1,22 3,61 8,04 3,02 3,31 2,88 1981/1991 0,22 1,00 0,27 -0,26 2,03 -0,22 1,73 2,75 1,66 1,05 0,41

Margem Norte Margem Sul Almada Barreiro Moita Montijo Palmela Seixal Sesimbra Setbal TOTAL A.M.L. Fonte: INE, Recenseamentos da Populao

A insero geogrfica de Almada na Pennsula de Setbal confere, por isso mesmo, especificidade prpria ao concelho, neste contexto sub-regional,

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Contextualizao Territorial e Demogrfica

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inserindo-o, a partir de meados de sessenta, crescentemente, nas dinmicas demogrficas, sociais e econmicas da Metrpole de Lisboa.

Em 1991 Almada era o quinto concelho, dos dezoito que compem a rea Metropolitana de Lisboa, em densidade populacional e o segundo da Pennsula de Setbal, ocupando o primeiro lugar no ranking do volume populacional, desta sub-regio, tanto em 1991, como em 2001, com cerca de 160 mil habitantes (22.5% da populao da pennsula), segundo os Resultados Preliminares dos Censos 2001.Quadro 1.2 - Densidade Populacional na AML Habitantes por Km2 (1960-1991) 1960 Margem Norte Amadora Azambuja Cascais Lisboa Loures Mafra Oeiras Sintra V.Franca Xira Margem Sul Alcochete Almada Barreiro Moita Montijo Palmela Seixal Sesimbra Setbal 736,07 613,98 9560,32 547,58 2062,47 252,97 138,12 191,52 98,10 1013,83 1038,11 528,31 86,98 50,14 218,70 86,34 330,27 1970 861,51 953,96 9071,00 893,03 3943,44 393,55 185,35 264,78 110,16 1536,79 1747,19 702,99 121,42 54,17 406,94 85,38 382,36 1981 1158,58 6885,63 1457,24 9641,25 1482,40 3267,57 716,32 300,08 380,90 119,01 2109,86 2605,09 966,24 106,07 79,98 952,66 118,48 547,28 779,48 1991 1184,49 7443,99 74,77 1578,72 7916,40 1727,39 150,07 3311,64 825,53 352,40 420,88 107,61 2168,33 2537,51 1181,23 103,74 94,97 1249,06 139,72 607,47 812,25

TOTAL A.M.L. 470,62 570,62 Fonte: INE, Recenseamentos da Populao

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Contextualizao Territorial e Demogrfica

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Quadro 1.3 - Ranking dos concelhos mais populosos da Pennsula de Setbal (1991 e 2001) CONCELHOS 1991 % 2001 % RANKING

Alcochete 10 169 1,6 12 831 1,8 1991 2001 Almada 151 783 23,7 159 550 22,5 Almada Almada Barreiro 85 768 13,4 78 146 11.0 Seixal Seixal Moita 65 086 10,1 67 064 9,4 Setbal Setbal Montijo 36 038 5,6 38 541 5,4 Barreiro Barreiro Palmela 43 857 6,8 53 258 7,5 Moita Moita Seixal 116 912 18,3 150 095 21,2 Palmela Palmela Sesimbra 27 246 4,3 36 656 5,2 Montijo Montijo Setbal 103 634 16,2 113480 16.0 Sesimbra Sesimbra Pennsula de Setbal 640 493 100.0 709 804 100.0 Alcochete Alcochete Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 (Resultados Preliminares) Quadro 1.4 - Evoluo da Densidade Populacional do Concelho de Almada (1960-2001) ANOS DENSIDADE POPULACIONAL (HAB/KM2) 1960 1 014 1970 1 537 1981 2 110 1991 2 168 2001 2 279 Fonte: INE, Censos 1960, 1970, 1981, 1991 e 2001 (Resultados Preliminares) Grfico 1.1- Populao Residente nos concelhos da Pennsula de Setbal (1991-2001)

180000 160000 Pop. Residente 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0

1991 2001

e Al m ad a Ba rre iro

M oi ta M on tij o Pa lm el a

Al

Concelhos

Fonte: INE, Censos 1991 e 2001(Resultados Preliminares)

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Se si m br a

co

Se ix al

ch

et

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Diagnstico Social do Concelho de Almada

Os indicadores disponveis para os movimentos da populao no permitem, no entanto, antecipar um acentuado crescimento natural da populao do concelho, aproximando-o, tambm a este nvel, dos valores proporcionais registados para a generalidade da Regio de Lisboa e do prprio pas, com reflexos na estrutura etria da populao. As taxas de natalidade e de mortalidade, antes claramente favorveis a um crescimento natural da populao, apresentam uma tendncia de aproximao desde inicio dos anos 90, o que tem implicado um saldo natural apenas ligeiramente positivo, com tendncia para valores negativos.Quadro 1.5 - Indicadores Demogrficos (1981, 1991)TAXA DE NATALIDADE TAXA DE MORTALIDADE TAXA MORTALIDADE INFANTIL

Ano Unidade Territorial

1981

1991 10,80 10,90 10,90 9,46 11,10 11,60

1981 7,02 8,46 7,30 12,37 8,71 9,70

1991 9,98 9,43 9,26 14,50 10,04 10,50

1981 9,50 17,72 17,04 20,90 17,39 21,41

1991 6,65 7,92 7,82 12,42 9,91 10,70

Almada 13,50 Setubal 14,90 Peninsula de Setubal 14,40 Lisboa 12,20 Grande Lisboa 13,60 Continente 15,20 Fonte: INE, Estatsticas Demogrficas

Quadro 1.6 - Indicadores Demogrficos (Evoluo do concelho de Almada 1994-1999) INDICADORES 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Tx Natalidade 11,4 10,7 11,2 11,4 11,4 11,9 Tx Mortalidade 9,4 10,4 11,1 10,7 11,6 11,4 Excedente de Vidas 0,3 0,1 0,7 - 0.2 0,5 ndice de envelhecimento 94,8 97,2 Fonte: Anurios Estatsticos da Regio de Lisboa e Vale do Tejo, 1993-2000

O crescimento verificado na populao de Almada fica cada vez mais a dever-se a saldos migratrios positivos, tanto com origem na mobilidade residencial, sobretudo inter-concelhos da AML, como com origem nos movimentos das migraes internacionais. Infelizmente, no dispomos, no momento presente, de dados ao nvel concelhio, que nos permitam quantificar, com rigor, estes movimentos de populao, contudo outros indicadores vo permitindo aferir aquela evoluo.Relatrio Final Contextualizao Territorial e Demogrfica 28

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A evoluo da populao no interior do concelho processa-se de forma heterognea, considerando as onze freguesias que compem o territrio concelhio, verificando-se mudanas significativas ao longo da ltima dcada. Enquanto as freguesias de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade e Trafaria perdem populao, as freguesias de Charneca da Caparica e Costa da Caparica crescem muito significativamente em volume populacional. As restantes freguesias apresentam uma evoluo positiva dos volumes populacionais, embora com um crescimento muito menos menos acentuado. A freguesia de Charneca da Caparica quase duplica o volume de populao residente entre 1991 e 2001.Quadro 1.7 - Populao Residente por Freguesia (1991-2001) FREGUESIAS 1991 % 2001 % VARIAO 1991-2001 (%) -13.5 -19.3 13.1 80.4 69.4 -15.1 10.5 17.7 -12.4 6.0

Almada 22 550 14,9 19 514 12,1 Cacilhas 8 637 5,7 6 970 4,3 Caparica 17 090 11,2 19 327 12,0 Charneca da Caparica 11 316 7,5 20 419 12,7 Costa da Caparica 6 913 4,5 11 707 7,3 Cova da Piedade 24 906 16,4 21 154 13,2 Feij 16 072 10,0 Laranjeiro 37 406 24,6 21 175 13,2 Pragal 6 990 4,6 7 721 4,8 Sobreda 9 190 6,1 10 821 6,7 Trafaria 6 785 4,5 5 946 3,7 Concelho 151 783 100.0 160 826 100.0 Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 (Resultados Provisrios)

Quanto densidade populacional surgem como freguesias historicamente urbanas, densamente povoadas, a Cova da Piedade, Almada e Cacilhas, justamente aquelas que apresentam uma variao negativa mais acentuada, do ponto de vista populacional e, correlativamente, como veremos adiante, as que apresentam mais elevados ndices de envelhecimento. Com a densidade populacional mais baixa no concelho surgem, respectivamente, as freguesias de Charneca, Trafaria e Sobreda, embora a primeira apresente sinais de densificao muito elevados, a Sobreda relativamente elevados e a Trafaria surja com uma evoluo negativa do ponto de vista da densificao do territrio.

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Diagnstico Social do Concelho de Almada

Em situao intermdia, quanto a densificao, encontram-se as freguesias de Caparica, Pragal e Laranjeiro/Feij. De notar que a Costa da Caparica, embora pela sua extenso territorial seja, semelhana da vizinha Charneca, das menos densamente povoadas, apresenta igualmente uma variao muito elevada entre 1991 e 2001. Os movimentos migratrios, acima mencionados, foram na dcada de noventa, os principais responsveis pelo acentuado crescimento e densificao populacional destas duas freguesias. Mobilidade residencial intra-metropolitana, sobretudo no caso da Charneca mas tambm na Costa e alguns movimentos de migraes internacionais, oriundos do Brasil e dos chamados pases de Leste, rumo sobretudo, Costa da Caparica.Quadro 1.8 - Densidade Populacional das Freguesias do Concelho de Almada (1991-2001) DENSIDADE POPULACIONAL (HAB/KM2) FREGUESIAS Almada Cacilhas Caparica Charneca Costa da Caparica Cova da Piedade Feij Laranjeiro Pragal Sobreda Trafaria 1991 8 352 8 637 1 964 510 646 10 829 10 110 3 177 1 414 1 170 2001 7 173 7 030 2 299 908 1 095 9 038 3 708 5 648 3 415 1 630 1 019 Variao (%) - 14,1 - 18,6 17,1 78,0 69,5 - 16,5 7,5 15,3 - 12,9 5,1

Concelho 2 168 2 279 Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 (Resultados Preliminares)

No que concerne estrutura etria do concelho de Almada o trao mais acentuado de evoluo o fortssimo envelhecimento da sua populao, acompanhando um processo que caracteriza o prprio pas e aproximando-se cada vez mais da estrutura etria nacional.

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Diagnstico Social do Concelho de Almada Quadro 1.9 - Evoluo da estrutura etria da populao do concelho de Almada (1960-2001) Anos 1960 1970 1981 1991 2001 Anos 1960 1970 1981 1991 2001 Anos 1960 1970 1981 1991 2001 % de populao com menos de 15 anos 26,5 25,4 23,9 17,8 14,1 % de populao com 15-64 anos 68,6 68,9 68,1 70,5 69,0 % de populao com 65 e mais anos 4,9 5,7 8,0 11,7 16,8 Variao (%) -4,2 -5,9 -25,5 -20,8 Variao (%) 0,4 -1,2 3,5 -2,1 Variao (%) 16,3 40,4 46,3 43,6

Fonte: INE, Recenseamentos da Populao (Resultados Provisrios para 2001)

Quadro 1.10 - Evoluo do ndice de Envelhecimento em Almada (1960-2001) Anos ndice de Envelhecimento (%)

1960 18,5 1970 22,5 1981 33,7 1991 65,7 2001 119,2 Fonte: INE, Recenseamentos da Populao(Resultados Provisrios para 2001)

Enquanto a populao com menos de 15 anos decresce dos 26.5% em 1960 para os 17.8% em 1991 e os 14.1% em 2001; a populao com mais de 64 anos passa de 4.9% em 1960 para 11.7% em 1991, para atingir um peso de 16,8% na estrutura etria da populao em 2001. Correlativamente, o ndice de envelhecimento em Almada passa dos 18.5% em 1960 para os 65.7% em 1991, para atingir os 119,2% em 2001.

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Quadro 1.11 - Indicadores da Estrutura Etria da Populao Pop 0-14 17,2 17,8 17,4 22,0 17,9 19,1 21,5 18,6 19,9 1991 19,3 1981 25,1 1991 17,6 1981 22,9 1991 19,7 Continente 1981 25,3 Fonte: INE, Recenseamentos da Populao Alcochete Almada Barreiro Moita Montijo Palmela Seixal Sesimbra Setubal Peninsula Setubal Grande Lisboa Pop 15-24 16,4 15,7 16,8 15,8 15,2 15,1 16,1 15,4 15,5 15,8 14,6 15,8 14,7 16,3 16,5 Pop 25-64 52,0 54,8 54,3 52,1 53,1 53,7 55,4 53,0 52,8 54,0 51,4 53,9 52,3 50,3 46,8 Pop 65 e + 14,4 11,7 11,5 10,1 13,7 12,1 6,9 13,0 11,8 10,9 8,9 12,7 10,1 13,7 11,4 I.D. (a) 46,3 41,8 40,4 47,3 46,6 45,1 39,8 46,2 46,5 43,3 50,1 43,5 59,3 50,1 58,0 I.E. (b) 82,9 66,0 65,3 46,3 77,5 63,5 32,2 69,8 59,4 56,5 32,7 72,4 44,5 69,5 45,4 I.P.I.A (c) 68,4 70,5 71,2 67,9 68,2 68,9 71,5 68,4 68,3 69,8 66,6 69,7 66,8 66,6 63,3

(a) ndice de dependncia = pop 0-14 + pop 65 e+ / pop 15-64*100 (b) ndice de envelhecimento = pop 65 e + / pop 0-14*100 (c) ndice de populao em idade de activa = pop 15-64 / pop total*100

Quadro 1.12 - Estimativas da Populao Residente segundo o Gnero e os Escales Etrios (1998) Almada - 1998 Grupos Etrios HM % H % M % 0-4 8 490 5,5 4 460 6,1 5-9 7 870 5,1 3 980 5,4 10-14 7 340 4,8 3 730 5,1 15-19 9 480 6,2 4 800 6,5 20-24 12 370 8,1 6 150 8,4 25-29 12 170 7,9 6 000 8,2 30-34 10 810 7,1 5 350 7,3 35-39 10 630 6,9 5 110 7,0 40-44 10 840 7,1 5 150 7,0 45-49 10 690 7,0 5 040 6,9 50-54 10 880 7,1 5 170 7,0 55-59 9 560 6,2 4 580 6,2 60-64 9 510 6,2 4 430 6,0 65-69 8 420 5,5 3 780 5,2 70-74 6 710 4,4 2 890 3,9 75 e + 7 330 4,8 2 720 3,7 TOTAL 153 100 100,0 73 340 100,0 Fonte: INE, Estimativas da Populao Residente 4 030 5,1 3 890 4,9 3 610 4,5 4 680 5,9 6 220 7,8 6 170 7,7 5 460 6,8 5 520 6,9 5 690 7,1 5 650 7,1 5 710 7,2 4 980 6,2 5 080 6,4 4 640 5,8 3 820 4,8 4 610 5,8 79 760 100,0

Relatrio Final

Contextualizao Territorial e Demogrfica

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O decrscimo da natalidade, e o progressivo envelhecimento da populao, produzem srios efeitos sociais que deveriam estar presentes no planeamento das politicas sociais em geral, e concretamente dos servios e equipamentos sociais. O decrscimo do contingente do escalo etrio com menos de 15 anos, produz efeitos nas dcadas seguintes, nos escales etrios dos jovens com mais de 15 anos, motivando fenmenos como o decrscimo da populao estudantil do ensino secundrio que j se faz sentir, pelo menos, desde a dcada de noventa. Por outro lado, o crescimento do contingente de idosos vai evidenciar necessidades ao nvel dos investimentos em penses, servios e equipamentos de apoio terceira idade. Para efeitos de planeamento de polticas sociais tambm importante observar os ndices de dependncia, tanto de crianas e jovens at aos 15 anos, como de idosos. Os quadros respectivos permitem observar o decrscimo da dependncia etria dos jovens com menos de 15 anos e o movimento inverso no que se refere aos idosos.Quadro 1.13 - Evoluo dos ndices de dependncia (1960 2001) Anos ndice de Dependncia dos jovens(%) 1960 1970 1981 1991 2001 38,6 36,9 35,1 25,3 20,5

Anos ndice de Dependncia dos idosos (%) 1960 7,1 1970 8,3 1981 11,8 1991 16,6 2001 24,4 Fonte: INE, Recenseamentos da Populao (Resultados Provisrios para 2001)

Contudo, importa levar em linha de conta as assimetrias da distribuio territorial destes fenmenos e, concretamente, no interior do concelho de Almada so diversas as realidades, tambm em matria da estrutura etria da populao.Relatrio Final Contextualizao Territorial e Demogrfica 33

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Em 2001, a populao com menos de 15 anos mantinha um peso na estrutura etria claramente acima da mdia concelhia, nas freguesias do Pragal (17.7%) e Caparica (17.1%). Mas sobretudo ao nvel da importncia percentual de idosos que se manifestam evidentes assimetrias internas ao concelho. Os idosos possuem um peso bastante acima da mdia concelhia nas freguesias de Almada (27.7%), Cacilhas (25.9%) e Cova da Piedade (21.0%).Quadro 1.14 - Estrutura etria da Populao de Almada por freguesias (2001) < 15 anos Freguesias Val. Abs. % Almada 1972 10,1 Cacilhas 635 9,1 Caparica 3302 17,1 Charneca da Caparica 3262 16,0 Costa da Caparica 1693 14,5 Cova da Piedade 2197 10,4 Feij 2494 15,5 Laranjeiro 3193 15,1 Pragal 1370 17,7 Sobreda 1665 15,4 Trafaria 953 16,0 Concelho 22736 14,1 Fonte: INE, Censos 2001 (Resultados Provisrios) 15 - 64 anos Val. Abs. 12138 4528 13727 14404 8243 14514 11389 14859 5483 7787 3923 110995 % 62,2 65,0 71,0 70,5 70,4 68,6 70,9 70,2 71,0 72,0 66,0 69,0 65 e mais anos Val. Abs. 5404 1807 2298 2753 1771 4443 2189 3123 868 1369 1070 27095 % 27,7 25,9 11,9 13,5 15,1 21,0 13,6 14,7 11,2 12,7 18,0 16,8

Mas se observarmos a evoluo dos ndices de envelhecimento da populao das freguesias, entre 1991 e 2001, fica ainda mais claro o fortssimo envelhecimento da populao naquela dcada. Se em 1991 podamos falar de algumas freguesias com uma estrutura etria jovem, em 2001 nenhuma das 11 freguesias do concelho apresenta uma estrutura etria jovem. Existem, isso sim, freguesias extremamente envelhecidas e outras menos envelhecidas, porm muito longe de uma estrutura etria jovem. Ainda assim, as freguesias de Cacilhas, Almada e Cova da Piedade destacam-se das restantes, com preocupantes ndices de envelhecimento da sua estrutura etria, muitssimo acima da mdia concelhia.

Relatrio Final

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Diagnstico Social do Concelho de Almada Quadro 1.15 - ndice de Envelhecimento por freguesias do Concelho de Almada (1991 e 2001) Freguesias Almada Cacilhas Caparica Charneca da Caparica Costa da Caparica Cova da Piedade Feij Laranjeiro Pragal Sobreda Trafaria Concelho 1991 153 138 41 51 66 90 44 29 40 62 66 2001 274 285 70 84 105 202 88 98 63 82 112 119

Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 (Resultados Provisrios)

Estes indicadores demogrficos so fundamentais para avaliar as necessidades em matria de polticas urbansticas e de equipamentos e servios, tanto ao nvel concelhio como, sempre que necessrio e possvel, ao nvel da freguesia. Disso mesmo trataremos mais adiante neste relatrio. Observemos ainda, por agora, alguns indicadores demogrficos como a estrutura dos agregados familiares do concelho de Almada.Quadro 1.16 Agregados familiares segundo a dimenso da famlia em 1991N Pessoas Concelhos 1 % 2 % 3e4 % 5e6 % 7e8 % 9 ou mais % TOTAL

Margem Norte 110.981 16,97 Lisboa 58.490 23,87 Margem Sul 26.240 12,33 Almada 7.000 13,68 Setbal 4.730 13,60 AML 137.221 15,83 Fonte: INE, Censos 1991

171.801 26,27 304.172 46,51 57.563 8,80 7.259 1,11 2.202 0,34 653.978 69.546 28,38 92.353 37,68 20.591 8,40 3.061 1,25 1.029 0,42 245.070 54.883 25,78 109.787 51,57 18.998 8,92 2.368 1,11 13.709 26,80 25.082 49,03 4.549 8,89 607 1,19 9.283 26,68 17.120 49,21 3.148 9,05 421 1,21 599 0,28 212.875 214 0,42 51.161 87 0,25 34.789

226.684 26,15 413.959 47,75 76.561 8,83 9.627 1,11 2.801 0,32 866.853

Relatrio Final

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Quadro 1.17- Agregados familiares segundo o tipo de famlia em 1991Sem ncleo Casal s/ filhos Casal c/ filhos Pai c/ filhos Me Avs % c/ filhos % c/ netos % Com 2 ou +ncleos

%

%

%

%

TOTAL

Margem Norte Lisboa Margem Sul Almada Setbal AML

131.316 20,08 144.494 22,09 304.329 46,53 7.098 1,09 42.255 6,46 6.161 0,94 18.330 2,80 653.983 70.015 28,57 56.052 22,87 86.787 35,41 2.978 1,22 17.423 7,11 3.208 1,31 8.607 3,51 245.070 30.051 14,12 48.784 22,92 112.184 52,70 1.990 0,93 11.567 5,43 2.229 1,05 8.094 15,82 12.084 23,62 24.911 48,69 5.474 15,73 8.110 23,31 17.683 50,83 552 1,08 3.072 6,00 303 0,87 1.963 5,64 591 1,16 407 1,17 6.070 2,85 212.875 1.857 3,63 51.161 849 2,44 34.789

161.367 18,62 193.278 22,30 416.513 48,05 9.088 1,05 53.822 6,21 8.390 0,97 24.400 2,81 866.858

Fonte: INE, Censos 1991

Os dados disponveis at ao momento permitem-nos concluir que a estrutura familiar do concelho genericamente similar mdia da Pennsula de Setbal e da rea Metropolitana de Lisboa, data do recenseamento da populao em 1991. Em face da evoluo populacional, registada na ltima dcada, julgamos que tambm a este nvel Almada se ter aproximado mais de Lisboa. Os elementos disponveis em 1991 apontavam j, em parte, nesse sentido. O peso dos isolados (14%), das famlias monoparentais (7%) e das famlias alargadas (4%) era, j ento, ligeiramente superior ao registado na Pennsula e, portanto, mais prximo dos valores da cidade de Lisboa do que a mdia dos concelhos da Pennsula. Seria fundamental, futuramente, vir a dispor deste indicador (Tipos de famlia) actualizado para 2001 para as freguesias do concelho, j que, tambm aqui, se registam assimetrias que tornam um indicador desta natureza mais relevante para nveis territoriais mais desagregados. A variao desigual no interior do concelho, no que concerne evoluo do nmero de famlias entre 1991 e 2001, permite antever importantes elementos de anlise quando for possvel dispor daquele indicador actualizado ao nvel da freguesia.

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Atente-se, por agora, num aspecto relevante para efeitos de planeamento, isto , no facto de que segundo os dados oficiais do INE, a freguesia da Charneca de Caparica possui mais 3601 famlias em 2001 face s que a se contabilizaram em 1991; a freguesia da Costa da Caparica possui mais 2318 famlias; a Caparica mais 1557, a zona do Laranjeiro/Feij mais 1369 e a Sobreda mais 892 famlias Variao negativa, tambm quanto ao nmero de famlias, foi registada, como j se depreendia dos dados atrs analisados, nas freguesias Almada (menos 223) e da Cova da Piedade e Cacilhas (ambas com menos 196 famlias).Quadro 1.18 - Nmero de Famlias por Freguesia (1991-2001) Freguesias 1991 2001 Variao (%) Variao abs.

Almada 8 477 8 254 -2,6 -223 Cacilhas 3 146 2 950 -6,2 -196 Caparica 5 102 6 659 30,5 1557 Charneca da Caparica 3 797 7 398 94,8 3601 Costa da Caparica 2 499 4 817 92,8 2318 Cova da Piedade 8 684 8 488 -2,3 -196 Feij 5 983 Laranjeiro 12 358 7 744 11.1* 1369* Pragal 2 073 2 689 29,7 616 Sobreda 2 815 3 707 31,7 892 Trafaria 2 225 2 231 0,3 6 TOTAL 51 176 60 920 19,0 9744 Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 (Resultados Provisrios) * Considera-se Laranjeiro + Feij Nota: O valor do nmero de famlias do concelho, por freguesia em 1991, apresentado pelo INE - Servio Infoline, juntamente com os resultados preliminares dos censos 2001, no coincide com a informao disponvel para aquele indicador por concelhos como observvel nos quadros anteriores.

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2. Recursos para a Infncia e JuventudeEntre os diversos problemas sociais e necessidades, diagnosticados na primeira fase deste Estudo, evidenciou-se como prioritria a rea problemtica do sistema e estruturas de educao, associada no apenas a dimenses fsicas dos respectivos equipamentos, como a problemas relacionados com a insero social dos jovens. Como problemas sociais nesta matria evidenciaram-se o insucesso e abandono escolar precoce e a desinsero scio-cultural de grupos de jovens. Foi, ento, apontado que os jovens do escalo etrio entre os 12 e os 18 anos surgiam como aqueles que deveriam merecer ateno prioritria. Neste mbito consideram-se como necessidades fundamentais: A criao de maior nmero de ATLs A formao de agentes de desenvolvimento para a ocupao dos tempos livres dos jovens A inovao e diversificao das respostas das IPSS a este nvel A informao e formao dos jovens, mas tambm da populao em geral, sobre temas como a toxicodependncia, a multiculturalidade, o ambiente, a cidadania, etc. Especificamente, no que concerne s estruturas e sistema de educao, foram avanadas como necessidades fundamentais: A criao de mais equipamentos do ensino pr-escolar Maior abertura da escola comunidade A formao de professores para o desenvolvimento social e a reciclagem de metodologias pedaggicas e didcticas A reabilitao ou reconstruo de alguns equipamentos do ensino bsico e secundrioRelatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 38

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Neste sentido se compreende que, na segunda fase do Estudo, tenham surgido como objectivos estratgicos prioritrios e fortemente mobilizadores dos actores locais: Reforar os mecanismos/ instrumentos de acompanhamento e apoio social aos jovens Investir ao nvel da rede pr-escolar e tempos livres e requalificar e construir uma nova imagem do espao escolar. 2.1. Crianas e Jovens em Situao de Risco Uma anlise da informao sobre o trabalho desenvolvido pela CPCJ (Comisso de Proteco de Crianas e Jovens), permite confirmar a necessidade de priorizar e aprofundar o trabalho desenvolvido sobre as crianas e jovens, e comprova a justeza do que foi diagnosticado na fase de prdiagnstico. certo que as situaes sinalizadas e acompanhadas pela CPCJ esto longe de esgotar as reais necessidades do trabalho a desenvolver, pois h, certamente, muitos outros casos no sinalizados por aquela entidade, mas essa mais uma razo para reforar e aprofundar o trabalho desenvolvido neste mbito. Os elementos estatsticos do trabalho desenvolvido pela CPCJ so, a este nvel, uma boa amostra das necessidades e problemas sociais pr-diagnosticados na fase inicial deste Estudo. Com efeito, o escalo etrio mais frequente entre as crianas acompanhadas entre Junho de 1998 e Junho de 2000, por aquela entidade, o escalo dos 11 aos 15 anos, sendo maioritariamente do sexo masculino (58.43%). So situaes que, numa parte significativa, apenas chegam CPCJ, no limite, j que advm em cerca de 19% dos casos dos tribunais.

Relatrio Final

Recursos para a Infncia e Juventude 39

Diagnstico Social do Concelho de Almada Quadro 2.1. Crianas acompanhadas na CPCJ de Almada por escales etrios (Junho 98-Junho 2000)

Idade at 5 anos 6-10 anos 11-15 anos mais de 15 anos Total

V.A. 96 100 184 41 421

% 22,80 23,75 43,71 9,74 100,00

Fonte: CPCJ de Almada

Quadro 2.2. Crianas acompanhadas na CPCJ de Almada por gnero (Junho 98-Junho 2000)

Gnero Feminino Masculino Total

V.A 175 246 421

% 41,57 58,43 100,00

Fonte: CPCJ de Almada

Grfico 2.1. Crianas acompanhadas na CPCJ de Almada por ecalo etrio (Junho 1998 - Junho 2000)mais de 15 anos 10% at 5 anos 23%

11-15 anos 43%Fonte: Comisso de Proteco de Crianas e Jovens, 2001

6-10 anos 24%

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Quadro 2.3. Origem das denncias das situaes sinalizadas na CPCJ (Junho 1998-Junho 2000)

Centros de Sade CERCISA CPCJ de Almada DREL Estabelecimentos de sade Estabelecimentos prisionais Familiares GNR Hospital Garcia de Orta IAC Infantrios IPSS's Juntas de Freguesia Ministrio Pblico PAFAC Procuradoria da Repblica PSP Santa Casa da Misericrdia Segurana Social Tribunais Vizinhos Outros TotalFonte: CPCJ de Almada

Val. Abs. 3 1 35 3 3 1 26 2 20 16 1 29 1 5 9 1 8 8 1 78 22 148 421

% 0,71 0,24 8,31 0,71 0,71 0,24 6,18 0,48 4,75 3,80 0,24 6,89 0,24 1,19 2,14 0,24 1,90 1,90 0,24 18,53 5,23 35,15 100,00

Do ponto de vista escolar, como se depreende das respectivas idades, so oriundas, sobretudo, do 1 ou do 2 ciclo do ensino, e um dos motivos principais da sua sinalizao prende-se, de facto, com o absentismo e abandono escolar, como havia sido apontado no Pr-Diagnstico. Tal como podemos observar no Quadro 2.5 outras causas de risco so a negligncia e, em terceiro lugar, os maus tratos, denunciado, assim, as condies familiares problemticas de que estas crianas so originrias.

Relatrio Final

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Quadro 2.4 Escolaridade das crianas acompanhadas pela CPCJ

1996/97 Grau de escolaridade V.A. % 1. Ciclo 28 46,67 2, Ciclo 16 26,67 3. Ciclo 4 6,67 Desconhecido 12 20,00 Total 60 100,00Fonte: CPCJ de Almada

1997/98 1998/99 1999/2000 V. A. % V.A. % V.A. % 8 14,55 26 18,44 26 50,00 11 20,00 46 32,62 20 38,46 18 32,73 36 25,53 6 11,54 18 32,73 33 23,40 0 0,00 55 100,00 141 100,00 52 100,00

Quadro 2.5 Processos Instaurados na CPCJ, segundo a Natureza do Risco (2000 e 2001) 2000 Val. Abs. % 1 0,38 89 33,46 41 15,41 2 0,75 14 5,26 1 0,38 3 1,13 34 12,78 44 16,54 0 0,00 1 0,38 36 13,53 266 100,00 2001 Val.Abs. % 10 6,99 19 13,29 9 6,29 5 3,50 12 8,39 12 8,39 1 0,70 14 9,79 35 24,48 1 0,70 0 0,00 25 17,48 143 100,00

Natureza do Risco Abandono Abandono escolar Absentismo escolar Suspeita de abuso sexual/abuso sexual/violao Condutas desviantes/acto qualificado c/o crime Desestruturao familiar Desproteco social Maus tratos Negligncia Prostituio infantil Trabalho infantil Outras situaes Total Fonte: CPCJ de Almada

Procurando espacializar esta problemtica nas diversas freguesias do concelho a partir da informao disponvel para os anos de 2000 e 2001 podemos verificar que em 2000 as freguesias de Caparica (23% dos processos instaurados) e Laranjeiro (18%) so as que maior nmero de casos registam e que em 2001 a freguesia do Laranjeiro continua a ser a que mais processos possui (25%) instaurados pela CPCJ.Relatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 42

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Quadro 2.6 Processos Instaurados pela CPCJ, por freguesia (2000 e 2001)

Freguesia Almada Cacilhas Caparica Charneca Costa Caparica Cova Piedade Feij Laranjeiro Pragal Sobreda Trafaria Total do concelho

2000 Val. Abs. 25 7 61 21 29 18 13 47 23 17 5 266

% 9,40 2,63 22,93 7,89 10,90 6,77 4,89 17,67 8,65 6,39 1,88 100,00

2001 Val.Abs. % 15 10,49 9 6,29 14 9,79 12 8,39 10 6,99 12 8,39 5 3,50 35 24,48 9 6,29 14 9,79 8 5,59 100,00 143

Fonte: CPCJ de Almada

Sem pretender minimizar a gravidade do problema naquelas duas freguesias, que sabemos serem das mais problemticas do concelho, no menos verdade que estamos apenas a reportarmo-nos aos casos que chegam ao conhecimento das instituies, o que poder tambm ser um indicador da ateno prestada ao problema naquelas freguesias. Se atentarmos na distribuio da natureza do risco por freguesia, vemos que em 2000 (ano em que houve 266 processos instaurados), o abandono escolar a situao mais frequente em Almada (52%), Caparica (26%), Charneca (38%), Costa da Caparica (52%), Cova da Piedade (44%), Laranjeiro (34%) e Sobreda (35%). No Pragal, Feij e Cacilhas a Negligncia a situao mais frequente, sendo importante notar o elevado peso dessa situao na Caparica, bem como o significativo peso dos maus tratos e absentismo escolar em diversas freguesias.

Relatrio Final

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Quadro 2.7 Processos Instaurados pela CPCJ, segundo a Natureza do Risco, por freguesia (2000) Costa Cova Caparica Piedade V.A % V.A % 0 0,0 0 0,0 15 51,7 8 44,4 2 6,9 1 5,6 0 4 0 0 0 3 0 0 5 29 0,0 1 5,6

Natureza do Risco Abandono Abandono escolar Absentismo escolar Suspeita de abuso sexual abuso sexual/violao Condutas desviantes/acto qualificado c/o crime Desestruturao familiar Desproteco social Maus tratos Negligncia Prostituio infantil Trabalho infantil Outras situaes Total

Almada Cacilhas V.A % V.A % 0 0,0 0 0,0 13 52,0 1 14,3 5 20,0 1 14,3 1 0 0 1 0 3 0 0 2 25 4,0 0,0 0,0 4,0 0,0 12,0 0,0 0,0 8,0 100,0 0 0 0 0 0 3 0 0 2 7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 42,9 0,0 0,0 28,6 100,0

Caparica Charneca V.A % V.A % 1 1,6 0 0,0 16 26,2 8 38,1 8 13,1 5 23,8 0 3 0 2 13 15 0 0 3 61 0,0 0 0,0

4,9 1 4,8 0,0 1 4,8 3,3 0 0,0 21,3 4 19,1 24,6 1 4,7 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 4,9 1 4,8 100,0 21 100,0

13,8 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 3 16,7 10,3 1 5,6 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 17,2 4 22,2 100,0 18 100,0

Quadro 2.7- (continuao) FeijNatureza do Risco Abandono Abandono escolar Absentismo escolar Suspeita de abuso sexual/abuso sexual/violao Condutas desviantes/acto qualificado c/o crime Desestruturao familiar Desproteco social Maus tratos Negligncia Prostituio infantil Trabalho infantil Outras situaes Total

Laranjeiro

Pragal % 0,0 13,0 21,7 0,0 0,0 0,0 0,0 13,0 30,4 0,0 0,0 21,7 100,0

Sobreda V.A. 0 6 2 0 3 0 0 0 5 0 1 0 17 % 0,0 35,3 11,8 0,0 17,7 0,0 0,0 0,0 29,4 0,0 5,9 0,0 100,0

Trafaria V.A. % 0 0,0 1 20,0 0 0,0 0 0 0 0 1 1 0 0 2 5 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 20,0 0,0 0,0 40,0 100,0

V.A. % V.A. % V.A. 0 0,0 0 0,0 0 2 15,4 16 34,0 3 2 15,4 10 21,3 5 0 2 0 0 2 3 0 0 2 13 0,0 15,4 0,0 0,0 15,4 23,1 0,0 0,0 15,4 100,0 0 1 0 0 8 2 0 0 10 47 0,0 2,1 0,0 0,0 17,0 4,3 0,0 0,0 21,3 100,0 0 0 0 0 3 7 0 0 5 23

Fonte: CPCJ de Almada

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Obviamente que a observao de apenas um ou dois anos do trabalho desenvolvido pela CPCJ, e a utilizao em exclusivo deste indicador, seria insuficiente para a concluso da localizao das situaes de risco social no interior do concelho, bem como das carncias que nesta matria o afectam. Importa, pois, recorrer a outros indicadores que vm complementar a anlise que temos vindo a efectuar.

2.2. Creches e Jardins de Infncia Comecemos por avaliar os recursos existentes no concelho ao nvel de equipamentos para a infncia. Um primeiro elemento a considerar a muito razovel cobertura deste tipo de equipamentos no concelho e, sobretudo, a evoluo muito positiva que a este nvel se vem registando nos ltimos anos. Embora a informao disponvel, sobre o nmero de estabelecimentos, valncias e utentes, no esteja convenientemente sistematizada e os dados existentes para a populao por grupos etrios correspondentes, no permitam calcular, com rigor absoluto, taxas de cobertura; podemos estimar uma cobertura muito razovel daquele tipo de equipamentos no concelho. Basta para tanto que consideremos o ano de 1998 para o qual dispomos de estimativas da populao concelhia que apontam no sentido de 8490 crianas com idades compreendidas entre os 0 e 4 anos e sabermos que, segundo os dados do INE, havia nesse ano 3245 crianas utentes de jardins de infncia, para podermos estimar uma cobertura na ordem dos 38%. Importa, ainda, referir que no esto aqui contabilizadas as crianas em creches, e que o universo das crianas que carecem de equipamentos estar sobre-estimado, pois embora no contabilize as que possuem 5 anos de idade, abarca as que tm entre 0 e 3 anos. Refira-se ainda que daquelas 3245 crianas utentes de estabelecimentos prescolares no concelho, 850 so utentes de estabelecimentos da rede doRelatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 45

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Ministrio da Educao e 2395 da rede privada, das quais apenas menos de 400 sero da rede das instituies de solidariedade.Quadro 2.8- Estabelecimentos de Educao Pr-Escolar (1999-2000)

Estabelecimentos do Pr-Escolar Pblico Privado mbito Territorial Total V.A. % V.A. % Continente 6145 4093 66,6 2052 33,4 RLVT 1678 840 50,1 838 49,9 Grande Lisboa 814 274 33,7 540 66,3 Pennsula de Setbal 256 85 33,2 171 66,8 Almada 74 22 29,7 52 70,3 Setbal 40 10 25.0 30 75.0Fonte: INE, Anurio Estatstico da Regio de Lisboa e Vale do Tejo, 2000

Quadro 2.9. Crianas inscritas, segundo a modalidade do estabelecimento (1998/99)

mbito Territorial Continente Grande Lisboa Pennsula de Setbal Almada Setbal

Total 208139 40081 11334 3245 2260

Pblico Val. Abs. 95625 10051 2812 850 465

% 45,9 25,1 24,8 26,2 20,6

Privado Val. Abs. 112514 30030 8522 2395 1795

% 54,1 74,9 75,2 73,8 79,4

Fonte: Ministrio da Educao, DAPP Quadro 2.10. Rcio de Educandos por Educador de Infncia (1998/99)

mbito Territorial Continente Grande Lisboa Pennsula de Setbal Almada SetbalFonte: Ministrio da Educao, DAPP

Total 16,1 15,7 15,4 15.0 17,3

Pblico 14,7 14,4 11,6 10,5 14,5

Privado 17,5 16,2 17,2 17,7 18,1

Quadro 2.11. Evoluo do Nmero de Estabelecimentos de Ensino Pr-Escolar (1993/94 1999/2000) mbito Territorial 1993/94 1999/00 Variao (%) RLVT 1083 1678 54,9 Grande Lisboa 408 814 99,5 Pennsula de Setbal 126 256 103,2 Almada 33 74 124,2 Setbal 25 40 60,0Fonte: INE, Anurio Estatstico da Regio de Lisboa e Vale do Tejo, 1994 e 2000

Relatrio Final

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Um maior esforo no sentido do aumento da oferta, a este nvel, poder advir da rede de solidariedade, mas tambm do reforo do investimento pblico. Nomeadamente, ao nvel de equipamentos com valncia de creche, dos quais apenas existem 21 na rede de solidariedade, deveria haver um esforo no sentido do alargamento da oferta.Quadro 2.12. Creches e Jardins de Infncia no concelho de Almada por freguesia (2000/2001)*Total Almada Cacilhas Caparica Charneca da Caparica Costa da Caparica Cova da Piedade Feij Laranjeiro Pragal Sobreda Trafaria Total do concelho 7 2 8 0 2 5 5 2 4 3 2 40 (%) 29,2 8,3 33,3 0,0 8,3 20,8 20,8 8,3 16,7 12,5 8,3 100,0 Creches 3 1 4 0 1 3 3 1 2 2 1 21 (%) 14,3 4,8 19,0 0,0 4,8 14,3 14,3 4,8 9,5 9,5 4,8 100,0 Jardins de Infncia 4 1 4 0 1 2 2 1 2 1 1 19 (%) 21,1 5,3 21,1 0,0 5,3 10,5 10,5 5,3 10,5 5,3 5,3 100,0

Fonte: Centro Regional de Segurana Social - SAS de Almada * Inclui apenas os que tm acordo com a Segurana Social

As freguesias de Caparica (4), Almada (3), Feij (3) e Piedade (3) parecem ser as melhor equipadas em equipamentos com valncia de creche da rede de solidariedade. No dispomos de informao da rede privada com fins lucrativos. Ainda assim julgamos que , tambm aqui, que os investimentos da rede das IPSS dever ser prioritrio. Se considerarmos as 40 ofertas em valncias dos 24 equipamentos entre Creches e Jardins de infncia na sua globalidade, ainda na rede IPSS, a freguesia de Caparica continua em primeira posio com 8 ofertas, Almada com 7, Piedade com 5, Feij igualmente com 5 ofertas e depois Pragal com 4 ofertas. A este nvel de oferta o esforo de crescimento de 1991 para 2001 parece ter sido liderado pelas freguesias de Caparica, em primeiro lugar, e Feij emRelatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 47

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segundo. Este esforo compreende-se pela especificidade socialmente problemtica daquelas duas freguesias. Importa, no entanto, assinalar que uma das freguesias com maior crescimento populacional na ltima dcada, a freguesia da Charneca da Caparica no possui um nico equipamento daquelas valncias oferecido pela rede de solidariedade e que o seu nmero muito reduzido na Costa da Caparica e mesmo em Cacilhas, Trafaria e Laranjeiro. Se Cacilhas uma freguesia envelhecida e em decrscimo populacional, importa chamar a ateno para o crescimento populacional da Costa e para a natureza problemtica do Laranjeiro e Trafaria.Quadro 2.13 - Utentes das Creches e Jardins de Infncia no concelho de Almada por freguesia *

Almada Cacilhas Caparica Charneca da Caparica Costa da Caparica Cova da Piedade Feij Laranjeiro Pragal Sobreda Trafaria Total do concelho

1991/92 Utentes (%) 55 18,21 0 0,00 73 24,17 0 0,00 15 4,97 53 17,55 15 4,97 0 0,00 43 14,24 32 10,60 16 5,30 302 100,00

1996/97 Utentes (%) 55 13,99 20 5,09 131 33,33 0 0,00 15 3,82 66 16,79 15 3,82 0 0,00 43 10,94 32 8,14 16 4,07 393 100,00

2000/01 Utentes (%) 25 5,42 28 6,07 159 34,49 0 0,00 15 3,25 66 14,32 57 12,36 36 7,81 27 5,86 32 6,94 16 3,47 461 100,00

Fonte: Centro Regional de Segurana Social - SAS de Almada * Inclui apenas os equipamentos que tm acordo com a Segurana Social

Acresce que, se a oferta de jardins de infncia pblicos razovel no Laranjeiro, com 4 equipamentos mais a possibilidade de utilizao de um do Feij, j Cacilhas apresenta apenas uma oferta pblica e o mesmo ocorre na Trafaria e, sobretudo na Costa da Caparica, a inexistncia de um nico Jardim de infncia pblico parece-nos uma carncia prioritria, atendendo ao crescimento populacional da freguesia na ltima dcada.

Relatrio Final

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2.3. Equipamentos do 1 ciclo do Ensino Bsico Quanto aos equipamentos do 1 ciclo do ensino bsico existem no concelho 41 escolas pblicas com 6729 alunos e 423 docentes no ano lectivo de 1998/99,e 19 escolas privadas daquele grau de ensino (17 em 1998/99, com 1036 alunos e 60 docentes).Quadro 2.14 - Equipamentos com o 1 Ciclo do Ensino Bsico (1998/99)

mbito Territorial Continente Grande Lisboa Pennsula de Setbal Almada Setbal

Pblico Val.Abs. % 8683 94,2 463 63,3 230 85,5 41 70,7 31 83,8

Escolas Privado Total Val.Abs. % Val.Abs. % 532 5,8 9215 100.0 268 36,7 731 100.0 39 14,5 269 100.0 17 29,3 58 100.0 6 16,2 37 100.0

Fonte: Ministrio da Educao, DAPP Quadro 2.15 - Alunos Inscritos no 1 Ciclo do Ensino Bsico (1998/99)

mbito Territorial Continente Grande Lisboa Pennsula de Setbal Almada Setbal

Pblico Val.Abs. % 452212 90,9 67810 74,8 31516 92,9 6729 86,7 5307 91,5

Alunos Privado Total Val.Abs. % Val.Abs. % 45305 9,1 497517 100.0 22852 25,2 90662 100.0 2426 7,1 33938 100.0 1036 13,7 7765 100.0 492 8,5 5799 100.0

Fonte: Ministrio da Educao, DAPP. Quadro 2.16- Professores no 1 Ciclo do Ensino Bsico (1998/99)

mbito Territorial Continente Grande Lisboa Pennsula de Setbal Almada Setbal

Professores Pblico Privado Total Val.Abs. % Val.Abs. % Val.Abs. % 31880 93.0 2418 7.0 34298 100.0 3878 76.0 1227 24.0 5105 100.0 1968 92,8 152 7,2 2120 100.0 423 87,6 60 12,4 483 100.0 334 92,3 28 7,7 362 100.0

Fonte: Ministrio da Educao, DAPP

A evoluo a este nvel, nos ltimos anos, no semelhante ao que sucede com os equipamentos do pr-escolar. Antes acompanha a evoluo registada aoRelatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 49

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nvel do pas, isto , verifica-se um decrscimo nos equipamentos deste grau de ensino entre 1993 (64 escolas) e 2000 (60 escolas), muito embora importe registar que em Almada aquele decrscimo se verificou, apenas, na oferta do sector privado.Quadro 2.17 - Evoluo do nmero de estabelecimentos do 1 Ciclo (1993/94 -!999/2000) mbito Territorial 1993/94 1999/00 Variao (%) Continente 9817 9200 -6,3 RLVT 2188 2040 -6,8 Grande Lisboa 839 736 -12,3 Pennsula de Setbal 299 276 -7,7 Almada 64 60 -6,3 Setbal 44 37 -15,9 Fonte: INE, Anurio Estatstico da Regio de Lisboa e Vale do Tejo, 1994 e 2000

Uma vez mais a observao da diversidade de situaes internas ao concelho permite dar conta de assimetrias que deveriam estar presentes no planeamento da implantao destes equipamentos.Quadro 2.18 - Indicadores da Rede Pblica do 1 Ciclo do Ensino Bsico, por freguesia (1999/2000) Freguesia Escolas Alunos V.A. % 551 8,6 164 2,6 788 12,3 592 9,3 433 6,8 892 14,0 904 14,2 1187 18,6 254 4,0 290 4,5 326 5,1 6381 100.0 Turmas V.A % 28 9,1 8 2,6 46 14,9 27 8,7 19 6,1 35 11,3 37 12,0 57 18,5 13 4,2 18 5,8 21 6,8 309 100.0 Alunos/Turma 20 21 17 22 23 25 24 21 20 16 16 21

Almada 4 Cacilhas 1 Caparica 7 Charneca da Caparica 3 Costa da Caparica 2 Cova da Piedade 4 Feij 5 Laranjeiro 5 Pragal 2 Sobreda 3 Trafaria 5 TOTAL - Concelho 41 Fonte: Cmara Municipal de Almada

Os critrios adoptados para a frequncia de uma determinada escola tm variado ao longo do tempo. Assim, esses critrios podem ser exclusivamente a rea de residncia dos alunos ou tambm a proximidade do local de trabalho deRelatrio Final Recursos para a Infncia e Juventude 50

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pais e encarregados de educao. No simples, em funo de tais critrios, elaborar o planeamento na implantao de equipamentos. Se considerarmos apenas as freguesias de implantao das escolas, devemos ter em linha de conta, obviamente, a evoluo da estrutura etria respectiva. Se tivermos em linha de conta os ndices de envelhecimento das freguesias do concelho, analisados anteriormente, e a informao disponvel sobre o nmero de escolas, de turmas, e de alunos em cada freguesia, poderemos verificar como algumas freguesias parecem melhor equipadas do que outras no que concerne a escolas do 1 ciclo do ensino bsico. A Cova da Piedade uma freguesia tendencialmente envelhecida e, portanto, muito provavelmente, a o nmero mdio de alunos por escola (223) e o nmero mdio de alunos por turma (25) verificados em 1999/2000, tender a baixar, a menos que as escolas da freguesia sejam muito requisitadas por populaes residentes noutras zonas do concelho. J no Laranjeiro (237 alunos/escola e 21 alunos/turma) e Feij (180 alunos/escola e 24 alunos/turma), freguesias mais jovens, aqueles indicadores apontam para valores excessivos, sendo porventura razovel o alargamento da oferta de ensino do 1 ciclo. A freguesia da Charneca da Caparica e a Costa da Caparica so deficitrias neste tipo de equipamento, j que so freguesias que observaram um crescimento populacional muito significativo na ltima dcada, e apresentam uma relativa sobrelotao mdia das escolas. As duas escolas da Costa da Caparica tm uma mdia de 216 alunos/estabelecimento e 23 alunos/turma, apesar de se ter registado um decrscimo progressivo do nmero de alunos inscritos entre 1994 e 2000. Este dado tem uma relao directa com o facto de que o crescimento populacional da freguesia na dcada de 90 se ficou a dever

Relatrio Final

Recursos para a Infncia e Juventude 51

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mais ao crescimento de adultos, do que a um crescimento significativo nos escales mais jovens, como pudemos observar anteriormente neste relatrio. No ensino bsico o problema maior, apesar de tudo, parece residir menos no nmero de escolas do que na qualidade da oferta ao nvel dos equipamentos, tal como j havia sido apontado na fase de pr-diagnstico. Das 41 escolas pblicas do 1 ciclo do concelho, 14 (34%) no tm biblioteca ou centro de recursos, 11 (27%) no tm servio de refeies, 35 (85%) no tm Ginsio ou Pavilho Gimnodesportivo e 19 (46%) no tm centro de ATL. So, portanto, escolas em boa parte sub-equipadas, e a carecer de significativos investimentos naqueles equipamentos, essenciais a uma educao de qualidade, e fundamentais para o reforo da autoestima social dos jovens, e desenvolvimento de projectos de insero das situaes sociais mais problemticas. Acresce que muitas das instalaes existentes se encontram degradadas e em mltiplos casos o servio de refeies e as instalaes de ATL, resultam de solues de remediao de uma efectiva carncia de instalaes. Uma vez mais aquela situao agrava-se, particularmente, em algumas freguesias do concelho como se pode observar no quadro seguinte.Quadro 2.19 - Indicadores de qualidade dos equipamentos de ensino do 1 Ciclo (1999/2001) Sem Biblioteca/ Sem servio Centro de De refeies Freguesia Escolas Recursos V.A. % V.A. % Almada 4 2 50.0 0 0.0 Cacilhas 1 0 0.0 0 0.0 Caparica 9 4 44.4 3 33.3 Charneca da Caparica 3 2 66.7 0 0.0 Costa da Caparica 2 1 50.0 1 50.0 Cova da Piedade 4 0 0.0 1 25.0 Feij 4 1 25.0 2 50.0 Laranjeiro 5 1 20.0 1* 20.0 Pragal 2 1 50.0 1* 50.0 Sobreda 3 1 33.3 0 0.0 Trafaria 4 1 25.0 2 50.0 TOTAL - Concelho 41 14 34.1 11 26.8 Fonte: Cmara Municipal de Almada * Numa das escolas so utilizados refeitrios fora da escola Sem Pavilho Gimnodespo. /G