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DIA GNÓSTICO DA HIDROGRAFIA Plano de Manejo da Estação Ecológica da Guanabara DIAGNÓSTICO DA HIDROGRAFIA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA GUANABARA E REGIÃO Douglas Mendes Roberto Maio, 2009

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    DIAGNSTICO DA HIDROGRAFIA ESTAO ECOLGICA DA GUANABARA E REGIO

    Douglas Mendes Roberto

    Maio, 2009

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    SUMRIO

    1 Apresentao........................................................................................3

    2 Introduo ...........................................................................................4

    3 Bacias Hidrogrficas da Regio .................................................................6

    3.1 Bacia do Rio Guaxindiba..........................................................................7

    3.2 Bacia do Rio Caceribu.............................................................................8

    3.3 Bacia do Guapi-Macacu...........................................................................9

    4 Levantamento dos Principais Cursos de gua ............................................. 11

    5 Dados de Vazes e Enchentes ................................................................ 12

    6 Qualidade da gua............................................................................... 14

    7 Identificao das Principais Fontes Poluidoras ............................................ 18

    8 Referncias bibliogrficas ...................................................................... 21

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    1. APRESENTAO

    O presente relatrio apresenta o diagnstico da Regio Hidrogrfica da Baa da Guanabara, tendo como enfoque a regio da Estao Ecolgica da Guanabara (ESEC da Guanabara) e seu entorno. O objetivo do mesmo documentar as informaes da RHBG, de forma a sintetizar as principais informaes da hidrografia da regio para subsidiar na elaborao se seu Plano de Manejo. Cabe ressaltar que todo o matria contido nesse relatrio foi retirado a partir de dados secundrios da regio, como de artigos acadmicos, projetos no governamentais e governamentais, estudos tcnicos, dentre outros.

    1.

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    2. INTRODUO

    A Baa da Guanabara pode ser considerada como um esturio de inmeros rios que levam a ela, em mdia, mais de 200 mil litros de gua a cada segundo so drenados para a Baa. Essa gua capitada pelas bacias hidrogrficas desses rios que, somados, formam a Regio Hidrogrfica da Baa da Guanabara (NOSSOS RIOS, 2002). A RHBG (Figura 1), possui uma rea continental de 4 mil km aproximadamente, abrangendo 16 municpios.

    A baa possui uma rea de aproximadamente 381 km, 131 km de permetro, volume de 2 bilhes de m. As profundidades mdias na baa so de 3 metros na rea do fundo, 8,3 metros na altura da Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio - Niteri) e de 17 metros no canal de entrada da barra (KJERFVE et al, 1997). Inmeros rios de pequeno e mdio porte contribuem diretamente com os mais de 200 mil litros de gua por segundo drenados para baa (Instituto Baa de Guanabara, 2005 apud UNIGRARIO, 2006).

    A Bacia da Guanabara composta por aproximadamente 45 (JICA, 1994) rios que desguam na Baa da Guanabara, sendo os principais os rios Macacu, Iguau, Estrala e Sarapui. Sua rede de drenagem e caracterizada tendendo a se condicionar com as linhas estruturais do substrato geolgico, tendo como hierarquizao predominantes canais de 5 ordem (AMADOR, 1997), tal como proposto por Strahler (CHOW et al, 1988).

    Figura 1 - Regio Hidrogrfica da Baa da Guanabara

    2.

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    A bacia hidrogrfica da Baa de Guanabara abrange, parcialmente ou totalmente, os municpios do Rio de Janeiro, Nova Iguau, Belford Roxo, Duque de Caxias, Mag, Petrpolis, Itabora, So Gonalo, Niteri, Rio Bonito, Terespolis e Cachoeiras de Macacu, abarcando uma concentrao populacional de quase 10 milhes de habitantes, o equivalente a 80% da populao do Estado do Rio de Janeiro. Quadro 1 apresenta algumas informaes dos municpios que compem a RHBG.

    Quadro 1 Diviso Municipal da Regio Hidrogrfica da Baa de Guanabara

    MunicpiosPopulao Total (Hab)

    rea (Km)

    Participao na Regio Hidrogrfica (%)

    Belford Roxo 433.120 80,0 100

    Cachoeira de Macacu 48.460 958,2 94

    Duque de Caxias 770.865 465,7 100

    Guapimirim 37.940 361,7 100

    Itabora 187.127 428,6 100

    Mag 205.699 386,6 100

    Mesquita 166.080 41,6 100

    Nilpolis 153.712 19,2 100

    Niteri 458,465 131,8 60

    Nova Iguau 754,519 517,8 54

    Petrpolis 286.348 776,6 5

    Rio Bonito 49.549 463,3 42

    Rio de Janeiro 5.610.528 1.264,2 30

    So Gonalo 889,828 251,3 100

    So Joo de Meriti 449,229 34,9 100

    Tangu 26.001 143,7 100

    Total 10.774.896 6.325,2 -

    Fonte: Populao-Censo 2000-IBGE, reas-Fundao CIDE apud Ecologus-Agrar, 2005

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    A Estao Ecolgica est contida na rea da APA de Guapi-Mirim (Figura 2), que se deu atravs do decreto presidencial n 90.225, de 25/09/1984, com objetivo de proteger os manguezais situados na regio oriental da Baa da Guanabara e a regio situada na foz dos rios Iriri, Roncador, Guapi-Mirim e Imboau. A gesto da APA Guapimirim e da ESEC Guanabara depende diretamente da gesto das demais UCs do mosaico, que tm parte de suas reas drenando para a baa.

    Figura 2 Vista parcial da ESEC da Guanabara e APA de Guapi-Mirim. Foto: Alessandro Neiva.

    Atualmente, alm dos manguezais da ESEC da Guanabara localizada no litoral dos municpios de Mag, Itabora e So Gonalo, restam apenas manchas esparsas no litoral de Duque de Caxias e Rio de Janeiro.

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    3. BACIAS HIDRGRFIAS DA REGIO

    A Bacia Hidrogrfica deve ser considerada a unidade mnima de ecossistema, quando se trata de interesse humano. O conceito de bacia hidrogrfica ajuda a colocar em perspectiva muito dos nossos problemas e conflitos. Por exemplo, as causas e as solues da poluio da gua no sero encontrados olhando-se apenas para dentro da gua; geralmente, o gerenciamento incorreto da bacia hidrogrfica que destri nossos recursos aquticos. (ODUM, 1985 apud SEMADS, 2001)

    A RHBG dividida em 39 regies hidrogrficas menores dentre as quais se destacam 12 bacias hidrogrficas, cujos cursos dgua principais contribuem diretamente para a Baa de Guanabara Quadro 2.

    Quadro 2 Principais Cursos Dgua Contribuintes da Baa de Guanabara

    Nome rea (Km)

    Canal do Mangue 44,61

    Canal do Cunha 63,9

    Iraj 17,44

    S. J. Meriti 167,07

    Iguau 699,40

    Estrela 349,85

    Suru 75,17

    Roncador 111,25

    Guapi-Macacu 1.250,78

    Caceribu 822,38

    Guaxindiba 142,72

    Imboau 29,09

    TOTAL 3.772,84

    Fonte: Ecologus-Agrar, 2005

    3.

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    Dentre as 12 bacias hidrogrficas que se destacam na RHBG s trs encontram-se na rea que circunscreve a Estao Ecolgica ESEC, que so as dos rios Guapi-Macacu, Caceribu e Guaxindiba citadas acima no Quadro 2.

    3.1. Bacia do Rio Guaxindiba

    A bacia possui uma rea de aproximadamente 144,60km (JICA, 94), correspondendo menos de 4% do total da rea continental de contribuio Baa, sendo que desta rea apenas cerca de 1,3 km est contida na rea da ESEC. A desembocadura localiza-se dentro da APA de Guapi-Mirim, e rea de pequenas profundidades, a nordeste, no recncavo da Baa. O rio Guaxindiba nasce no bairro do Anaia, em So Gonalo, numa altitude aproximada de 80m e atravessa os bairros de Sacramento, Barraco e Marambaia num percurso de cerca de 29 km (NOSSOS RIOS, 2002).

    A bacia situa-se na poro leste da Baa de Guanabara, sendo ocupada pelos municpios de Niteri, So Gonalo e uma parte de Itabora. O rio Guaxindiba tem como principal afluente o rio Alcntara, cuja nascente situa-se na regio compreendida pelo municpio de Niteri, na Serra Grande.

    3.2. Bacia do Rio Caceribu

    Com uma rea de 822,4 km (Ecologus-Agrar, 2005), a bacia corresponde a aproximadamente 20% do total da rea continental de contribuio Baa de Guanabara. Tem sua nascente (Figura 2), nas serras ainda florestadas nos municpios de Rio Bonito e Tangu, atravessando este ltimo, Itabora e parte de So Gonalo e desaguando na vertente leste da Baa de Guanabara atravs do manguezal de Gapimirim.

    Figura 2 Nascente do Rio Caceribu. Fonte: IBG/CIGUA apud NOSSOS RIOS, 2002

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    limitada ao Norte pela Bacia do Rio Guapi-Macacu e Serra dos Garcias, Noroeste pela Serra do Samb, a Leste, pela Serra do Catimbau Grande, e Tingui, ao Sul, pela Serra do Barro de Ouro ou Espraiado, Serra da Cassorotiba, a Sudoeste pela Serra da Calaboca e a Oeste pela Bacia do Rio Guaxindiba. O Rio Caceribu um dos principais contribuintes para a Baa da Guanabara com quase 60 km de extenso (Helder, 1999), a segunda maior rea de drenagem tendo aproximadamente 20,7% de toda a regio hidrogrfica.

    A ESEC esta contida em cerca de 0,6% da bacia Rio Caceribu representando aproximadamente 5 km da rea total de drenagem. A Bacia abrange parte dos municpios de Guapimirim, Rio Bonito, Itabora, Tangu e Guapimirim, e caracterizada por ter o tipo de rede de drenagem dendrtica, com concentrao de canais de 1 ordem. Para os canais coletores (principais) dessa bacia observa-se um padro morfomtrico recorrente, com clara interferncia da ao humana, tornando-os retilneos. (EIA, COMPERJ).

    3.3. Bacia do Guapi-Macacu

    A bacia tem como rea de drenagem cerca de 1.457 km, correspondendo a aproximadamente 31% do total da rea de contribuio Baa, sendo que a Estao Ecolgica ESEC esta contida em aproximadamente 1km da bacia. Os principais afluentes so os rios So Joaquim, Bela Vista, Bengala, Sorinho das Pedras, Pontilho e Alto Jacu, pela margem esquerda, os rios Duas Barras, Cassino e Guapiau, pela margem Direita (Helder, 1999).

    O Rio Macacu responsvel pelo abastecimento de aproximadamente dois milhes e quinhentos mil habitantes, sendo a ocupao rural predominante, com reas de vegetao natural, vegetao alterada, de agricultura e de pastagem. Alm do abastecimento, as guas do Rio Macacu tambm so utilizadas para irrigao episcicultura, onde o uso mais significativo so as residncias da regio (EIA, COMPERJ). O rio Macacu encontra-se extremamente retilneo, poludo e com alta concentrao de sedimentos em suspenso.

    No Quadro 3, relacionam-se sete parmetros fsicos caractersticos as principais bacias na regio da ESEC.

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    Quadro 3 Parmetros das Principais Bacias Hidrogrficas da Regio da ESEC.

    Nome da Bacia Guapi-Macacu Caceribu Guaxindiba

    rea (Km) 1250,78 822,38 142,72

    Permetro (Km) 199,19 168,20 72,83

    Cota Montante (m) 1080,00 740,00 200,00

    Cota Jusante (m) 1,00 1,00 1,00

    Desnvel Cm Cj (m) 1080,00 739,00 199,00

    Extenso (Km) 72,68 61,14 31,41

    Declividade (m/m) 0,01486 0,01209 0,00634

    Fonte: Ecologus-Agrar, 2005

    A proteo das bacias hidrogrficas de suma importncia para a conservao das suas riquezas naturais, os rios, as florestas, os manguezais e a prpria rea da baa, mas cabe ressaltar que essa conservao est ligada a melhoria da qualidade de vida dos mais de 10 milhes de habitantes dos 16 municpios que nelas esto localizados.

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    4. LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS CURSOS DE GUA

    O primeiro dos grandes rios o Guapi, com uma largura de mais de 200 metros em sua foz, sendo formado pelos rios Guapi-Au e Guapi-Mirim, ambos com nascentes na Serra dos rgos em altitudes de cerca de 2.000 metros. O Guapi-Au, possui uma bacia de 574 km e um curso de 50 km at sua desembocadura no Guapi. O Guapi-Mirim, com uma bacia de 133 km desenvolve um percurso de 30 km, e se caracteriza entre os rios da baa, por descrever os meandros de mar mais simtricos.

    A seguir aparece o Rio Guara (rio dos guars) que no possui descargas prprias, consistindo numa bifurcao do Guapi prximo a sua foz, que descreve um percurso muito sinuoso e largo com uma extenso de aproximadamente de 15 km numa bacia de apenas 23 km. O Guara possui um afluente (Guarai-Mirim), que se comunicava com o Guapi, isolado como ilha estuarina uma extenso de 6 km.

    Dominando uma ampla plancie de mar, com extensos lodaais surge o Rio Macacu, o maior rio, em extenso e superfcie de bacia, que desgua na Baa de Guanabara. O Rio Macacu que tem uma foz com a largura de 450 metros nasce na Serra da Boa Vista (Serra dos rgos), perto de Nova Friburgo, a 1.100 metros de altitude, drena uma bacia de 750 km e possui um curso de 74 km at a Baa de Guanabara. Recebe como afluentes entre outros os rios Casseribu, Aldeia, Covas e Batatal. No Rio Macacu e em seu afluente principal o Caceribu existiam lagoas de meandros abandonados, que se confundiam com as plancies de inundao do rio.

    O Rio Macacu descrevia amplos meandros de mar at as proximidades de Porto das Caixas-Sambaetiba, e partir da serpenteava com meandros cada vez menores, desenvolvidos sobre sedimentos mais antigos, at as proximidades de Cachoeiras de Macacu, a partir de onde tinham lugar corredeiras e cachoeiras. O ltimo grande riodesta sequncia o Guaxindiba, que nasce na Serra de Taip, possui uma bacia de 200 km e um percurso de 13 km, formava um amplo esturio, com largura superior a 300 metros.

    H deposio de sedimentos finos que possibilitam a tomada das margens por vegetao de manguezal. A partir desses rios, os manguezais so cortados por canais que se entrecruzam, formando uma rede de irrigao. Esses rios so oriundos do alto das serras que compe a bacia da Baa de Guanabara, sendo os principais elos de ligao das regies de baixada com as demais reas do mosaico. A gesto da APA Guapimirim e da ESEC Guanabara, portanto, depende diretamente da gesto das demais UCs do mosaico, que tm parte de suas reas drenando para ela.

    4.

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    5. DADOS DE VAZES E ENCHENTES

    A vazo mdia anual da Baa de Guanabara (Amador, 1997) da ordem de351,48m/s, oscilando nos meses de agosto a fevereiro obtendo uma vazo aproximada de 166,8m/s a 551,7m/s respectivamente. Os deflvios mdios mensais (m/s) dos principais rios contribuintes para a Baa de Guanabara esto dispostos no Quadro 4.

    Quadro 4 Vazo mdia, mxima e mnima dos principais rios da Baa de Guanabara.

    Nome do Rio Mdia (m/s) Mxima (m/s) Mnima (m/s)

    Macacu 115,70 181,50 54,40

    Caceribu 128,50 194,70 59,20

    Iguau 72,00 110,50 33,50

    Saracuruma 23,10 36,10 11,50

    Suru 5,90 9,20 2,80

    Mag 4,00 6,30 2,00

    Iriri 2,80 4,30 1,30

    Fonte: Hidroservice-Geipot, 1974 apud Amador, 1997

    Em decorrncia das aes do Departamento Nacional de obras de Saneamento (DNOS), todos os grandes rios da baa foram modificados, restando como naturais apenas os trechos inferiores situados entre a rodovia e as desembocaduras na Baa de Guanabara, onde descrevem amplos meandros de mar e so circundadas de extensos manguezais. Os manguezais sofreram fortes impactos com estas transposies de bacia, visto que as espcies que ali ocorrem possuem um zoneamento que reflete a distribuio da salinidade e o alcance das mars. Os manguezais do Guapi passaram a ter um choque de gua doce, visto que o rio passou a responder pela vazo do conjunto Gupi-Au, Guapi-Mirim e Macacu.

    por causa deste desvio que atualmente o baixo Macacu ficou conhecido pelo nome de Macacu e Caceribu por outros, sendo Caceribu, enquanto que as guas do alto Macacu-Guapiau desviadas para o Rio Guapimirim desguam na baa com o nome de Guapi (Araujo e Maciel, 1984).

    5.

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    Antes das intervenes, os rios via de regra, transportavam para baa apenas carga de suspenso e em pequena quantidade, que ainda assim ficava retida nos manguezais. Aps as retificaes passaram a aumentar consideravelmente a carga de suspenso e a transportarem tambm carga de trao e saltao.

    As enchentes na Regio Hidrogrfica da Baa da Guanabara esto na maioria das vezes relacionadas aos fenmenos naturais locais, resultantes de episdios climticos excepcionais (Chuvas Intensas) e da caracterstica do relevo da regio que favorece as suas formaes.

    Os levantamentos realizados mostram uma maior ocorrncia de problemas de inundao nos municpios do Rio de Janeiro (Principalmente nos tributrios dos canais do Mangue e do Cunha), da Baixada Fluminense (bacia dos rios Sarapu-Iguau, Estrela e canal de Mag) e em So Gonalo (bacias dos rios Imboau e Guaxindiba), (Ecologus-Agrar, 2005).

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    6. QUALIDADE DA GUA

    Com todas essas alteraes e com o aumento de indstrias na regio, inevitvel que a qualidade da gua seja alterada. Em relao qualidade da gua na regio da Baa de Guanabara pode se constatar que esta havendo uma deteriorao da qualidade de gua da Baa de Guanabara, em termos de DBO Demanda Bioqumica de Oxignio, coliformes e clorofila-a. Outros aspectos igualmente importantes da degradao da qualidade da gua da Baa a acumulao de fsforo, nitrognio e metais pesados nos sedimentos de fundo, em determinadas reas. A Figura 2 abaixo apresenta os postos de monitoramento da qualidade da gua realizados pela Feema da Baa de Guanabara no perodo de 1998 a 2000 e o Quadro 5 os dados do Monitoramento realizado pela Feema no ano de 2000.

    Figura 2 Localizao das estaes de monitoramento da qualidade da gua na baa

    de Guanabara, no monitoramento realizado pela Feema, perodo de 1998 a 2000,

    (EIA, COMPERJ)

    6.

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    Quadro 5 Dados do Monitoramento da Qualidade das guas da Baa de Guanabara Realizado pela FEEMA, no perodo de 2000

    Estao

    Coordenadas Coliformes

    Fecais

    (NMP/

    100 ml)

    DBO

    (MG/L)

    Fsforo

    Total

    (MG/L)

    Fosfato

    (MG/L)

    Nitrognio

    Amoniacal

    (MG/L)

    Nitrognio

    Kjeldahl

    (MG/L)Latitude Longitude

    GN-000 224327 0431000 >4000

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    Quadro 5 - Principais Parmetros da Qualidade de gua dos Rios da Costa Oeste do ano de 2003

    Rio / Canal DBO (mg/l)

    OD (mg/l)

    N-AMONIACAL (mg N/l)

    N-K Jeldahl (mg N/l)

    P-Total (mg P/l)

    Mangue - - - -

    Cunha 30

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    Quadro 7 - Principais Parmetros da Qualidade de gua dos Rios da Costa Leste do ano de 2003

    Rio / Canal DBO (mg/l)

    OD (mg/l)

    N-AMONIACAL (mg N/l)

    N-K Jeldahl (mg N/l)

    P-Total (mg P/l)

    Guaxindiba 12 1,09 2,75 11,5 1,9

    Mutondo - - - - -

    Imboassu 3 0,3 2,7 12,5 2,2

    Bomba 60 1,0 3,05 13 2,85

    Canto do Rio 40 0,8 5,2 14 2,65

    Fonte: Ecologus-Agrar, 2005

    Aps a anlise dos dados citados acima, foi possvel verificar que os rios da costa oeste e da costa leste apresentam os mais altos valores de DBO, H-Kjeldahl, N-Amoniacal, P-Total e os menores valores de OD dissolvido, comprovando a grande quantidade de lanamentos de esgoto da Baixada Fluminense e zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Aos resduos domsticos gerados, somam-se os metais de alta periculosidade, fenis e micropoluentes orgnicos, alm de leos e graxas (EcologusAgrar, 2005).

    Diferente dos rios da costa oeste e da costa leste, a qualidade da gua dos rios da costa norte/nordeste apresentam condies menos intensas de ocupao urbana e industrial. Cabe ressaltar que os rios Estrela, o Soberbo e o Caceribu, que sofre influncias de ocupao mais intensa e com lanamento de efluentes industriais significativos. Em relao aos metais pesados, estudos apontam que na regio hidrogrfica da Baa da Guanabara os principais metais lanados so o Cdmio (Cd), o Cromo (Cr), oriundos da indstria qumica e de eletrodeposio, o chumbo (Pb), o Cobre (Cu), da indstria qumica e petroqumica, e Mercrio (Hg) (Ecologus Agrar, 2005).

    A qualidade de gua similar dos esgotos sanitrios parcialmente tratados, dessa forma, problemas de odor so tambm significativos. Essa regio recebe uma carga poluidora considervel, proveniente das indstrias e das novas reas residenciais da Baixada Fluminense, compreendendo os municpios de Duque de Caxias, So Joo de Meriti, Beford Roxo, Nilpolis e Nova Iguau (FEEMA, 1998, p.51 apud LIMA, 2006).

    Todos os rios drenantes para a APA de Guapi-Mirim, so considerados pela FEEMA, com base na Resoluo CONAMA N 20 de 18 de junho de 1986, como rios de Classe 2, cujas guas poderiam ser destinadas: a) ao abastecimento domstico, aps o tratamento convencional; b) proteo das comunidades aquticas, c) recreao de contato primrio (esqui aqutico, natao e mergulho); d) irrigao de hortalias e

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    plantas frutferas; e) criao natural e/ou intensiva (aqicultura) de espcies destinadas alimentao humana. Mas de acordo com as anlises de metais realizadas da regio, existe alguns rios que esto fora da classificao da Resoluo CONAMA n 20, tendo nveis de contaminao acima do permitido nesta resoluo.

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    7. IDENTIFICAO DAS PRINCIPAIS FONTES POLUIDORAS

    As Principais fontes poluidoras que degradam os recursos Hdricos na Regio Hidrogrfica da Baa de Guanabara so geralmente associadas s indstrias, ao esgoto sanitrio e os resduos slidos. O tratamento e a disposio desses resduos de forma no adequada, esto prejudicando a qualidade dos recursos hdricos da regio da Baa. O lanamento de esgoto sanitrio na regio produz uma vazo de 22,4 m/s que resulta em um aporte de uma carga poluidora da ordem de 453. T de DBO por dia, nos rios da regio.

    Estudos apontam que cerca de 70% de toda a contaminao de origem industrial das guas da RHBG provinham de aproximadamente 12.500 indstrias de pequeno, mdio e grande porte JICA (1994). Considerando 60 dessas indstrias mais poluidoras, que estavam em operao no ano de 2000, estimou-se uma vazo mdia de efluente lanado, nos rios da regio, da ordem de, 266m/s com uma concentrao mdia de 134,5mg/l de DBO e 283,4mg/l de DQO (Ecologus Agrar, 2005).

    O Quadro 8 apresenta a distribuio de resduos por bacias permitindo melhor caracterizar a situao ambiental da rea. bastante significativa a produo de resduos industriais perigosos (102,47 to toneladas/ms) e no inertes (370,47 ton/ms) na bacia do rio Guaxindiba. Quanto produo de resduos inertes, o rio Imboau lidera, sendo responsvel por 85% da gerao total apresentada pelas bacias da APA de Guapi-Mirim. Verifica-se que do total de resduos gerados na RHBG, a rea drenante para a APA participa com 10,9% do total, sendo que 1,0% so representados por resduos perigosos (Plano de Manejo da APA de Guapi-Minim).

    Quadro 8 Gerao de resduos por bacia hidrogrfica (T/ms) na rea drenante para a regio de interesse.

    Bacias Perigosos Classe 1

    No Inertes Classe 2

    Inertes Classe 3

    Total

    Rio Caceribu 3,86 259,98 142,49 408,33

    Rio Guaxindiba 102,47 370,47 127,94 600,89

    Rio Macacu - 0,03 - 0,03

    FONTE: FEEMA/DICIN-2000 apud (Plano de Manejo da APA de Guapi-Minim)

    As principais indstrias com maior significncia de efluentes industriais na regio de acordo com a (EcologusAgrar, 2005), so o complexo petroqumico em torno da REDUC (rio Estrela), das indstrias de reaproveitamento de papel e papelo (Rio

    7.

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    20

    Soberbo) e da CIBRAN Companhia Brasileira de Antibitico (rio Caceribu), Alm do canal de Mag.

    No menos significativo, o esgoto domstico tambm um grande problema para os rios da RHBG. Os mesmo so atingidos por lanamentos individuais como descarga difusa, dificultando o monitoramento e facilitando a disperso dos poluentes, e de forma concentrada por meio das redes coletoras e nos efluentes das ETEs, aps o tratamento.

    A regio possui duas refinarias de petrleo, sendo uma delas a segunda maior do pas, dois aeroportos, dois portos comerciais, 16 terminais de petrleo e derivados, um terminal de gs, 12 estaleiros 2000 postos de servios.

    A infra-estrutura de coleta e tratamento de esgoto sanitrio existentes nos municpios da RHBG so bastante precrios e muitas das vezes ineficientes. De um volume aproximado de 22,4m/s de esgoto produzido na regio, no ano de 2000, apenas cerca de 5,7m/s eram coletados por redes de esgoto e efetivamente tratados pelas ETEs. Quadro 9 refere-se aos tipos de descarga dos efluentes sanitrio no municpios da Regio Hidrogrfica da Baa da Guanabara.

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    21

    Quadro 9 Apresenta a forma de descarga dos afluentes sanitrios na rea urbana, nos 15 (quinze) municpios da RHBG.

    Municpios

    Rede Geral de Esgoto ou

    Pluvial

    Fossa Sptica ou Rudimentar

    Lanamento Direto em

    Corpo dgua

    No Tinham Banheiro

    nem Sanitrio

    Belford Roxo 52,8 30,0 16,1 1,2

    Cachoeira do Macacu 52,5 30,7 16,2 0,6

    Duque de Caxias 55,5 25,3 18,1 1,1

    Guapimirim 25,7 57,6 15,7 1,0

    Itabora 28,4 50,3 20,0 1,3

    Mag 30,5 40,2 28,2 1,2

    Nilpolis 79,0 18,3 2,4 0,4

    Niteri 70,6 20,2 8,3 1,0

    Nova Iguau 50,3 32,8 16,0 0,9

    Petrpolis 68,5 18,1 5,1 0,5

    Rio Bonito 34,0 55,3 10,2 0,5

    Rio de Janeiro 76,3 18,1 5,1 0,5

    So Gonalo 39,8 45,5 14,0 0,7

    So Joo de Meriti 66,3 26,8 6,3 0,6

    Tangu 28,3 51,7 19,0 1,0

    Fonte: IBGE - Censo - 2000 apud Ecologus-Agrar, 2005

    Em resumo, pode-se afirmar que srios problemas de sade pblica caracterizam a regio da bacia hidrogrfica da Baa de Guanabara, devido gesto inadequada dos esgotos sanitrios e dos resduos slidos urbanos (FEEMA, 1998, p.7 apud LIMA, 2006).

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    22

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    CONCREMAT. 2007. Estudo de Impacto Ambiental do Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro . Rio de Janeiro.

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    Ecologus Agrar. 2005. Plano Diretor de Recursos Hdricos da Regio Hidrogrfica da Baa de Guanabara. Rio de Janeiro. 190p.

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    Instituto Baa de Guanabara. 2002. NOSSOS RIOS. Niteri RJ. 31p.

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    LIMA, ELIZABETH CRISTINA DA ROCHA. Qualidade de gua da Baa de Guanabara e Saneamento: Uma Abordagem Sistmica. Rio de Janeiro. 2006

    ODUM, E.P. Ecologia. Ed. Guanabara. 1988, 434p.

    Pellens, R. et al. 2001. Plano de Manejo da rea de Proteo Ambiental de Guapi-Mirim (APA de Guapi-Mirim). 381 p.

    Kjerfve, B., C. H. A. Ribeiro, G. T. M. Dias, A. M. Filippo & V. S. Quaresma. 1997. Oceanographic characteristics of an impacted coastal bay: Baa de Guanabara, Rio de Janeiro, Brazil. Continental Shelf Research 17(13):1609-1643.

    UNIGRANRIO. 2006. Microvariao Temporal do Protozooplncton na Bia de Guanabara (RJ): Composio Especfica e Densidade Durante o Vero de 2004. Rio de Janeiro. 22p.

    8.

  • Pesquisadores: Gian Mario Giuliani (IFCS-UFRJ) David Gonalves Soares (PPGSA-IFCS-UFRJ) Luiz Felipe Cozzolino (Eicos-UFRJ) Mait Alves Guedes (FD-UFRJ) Victor Sergio Gil Serpa da Gama (IGEO-UFRJ) Estagirios: Brbara Campello Bruno Oliveira Aroni Danusa Pereira Xavier da Silva Hugo de Souza Cerqueira Juliana Przyajesca Yanz Silva Leonardo Coutinho Amaral Lidiane Leite de Almeida Maiara Monsores Mariana Porto Motta Nina F. Marques Rachel Costa Renan Sampaio da Costa Rut Rosental Robert

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