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Da educação que temos para a sociedade que queremos Diagnóstico, Princípios e Propostas Uma contribuição para o debate sobre políticas públicas de educação, focando o ensino infantil e fundamental de 1º ao 5º ano.

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Da educação que temos para a sociedade que queremos

Diagnóstico, Princípios e Propostas

Uma contribuição para o debate sobre políticas públicas de educação, focando o ensino infantil e

fundamental de 1º ao 5º ano.

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Diagnóstico básico da situação do ensino infantil e fundamental na rede pública brasileira

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1 – Nossas políticas públicas para a educação infantil e fundamental são focadas no conteúdo, e não estimulam o comprometimento do professor com o desenvolvimento humano dos alunos, nem uma aproximação efetiva do professor com as famílias. A qualidade da relação entre professor e aluno é muito ruim.

§ - Os professores trocam de classe de alunos todo ano, geralmente para ensinar o mesmo conteúdo. Assim temos o professor de 1º ano, o de 2º ano etc. Desta forma, se uma criança tem dificuldades, é cômodo transferir a culpa para a família ou para o professor do ano anterior, e será problema do próximo professor. Ninguém se responsabiliza pelo fracasso final de um aluno, e nem se compromete com o seu futuro.

§ - A rotatividade de professores, os sistemas de dotação de classes e o excesso de carga horária trabalhada, por força dos baixos salários, também prejudicam a qualidade da relação entre professor e aluno.

Diagnóstico (a)

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2 – A desvalorização da profissão conduziu a um ambiente de constante confronto entre os professores e o poder público, e a um forte corporativismo sindical, que acabam por prejudicar a parte mais fraca, que, por incrível que pareça, é o aluno.

3 – A educação básica na rede pública está dirigida apenas para o desenvolvimento cognitivo, o Pensar, com foco em português e matemática, até por incentivo das políticas de avaliação, e ignora outras aptidões que são indispensáveis para o desenvolvimento humano completo.

4 – Nossos sistemas de avaliação fazem com que o erro pareça ser a pior coisa que pode acontecer. Como medo de errar inibe a criatividade, estamos educando pessoas para serem menos criativas.

Diagnóstico (b)

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5 - As universidades não preparam os professores para a atuação prática em sala de aula, não ensinam o uso da arte como instrumento pedagógico, e não oferecem formação consistente em antropologia. A pegagogia praticada não tem relação com as demandas naturais da criança, em cada idade.

6 – Os professores não conseguem realizar uma educação de boa qualidade porque atuam despreparados, desestimulados, desvalorizados, e sem comprometimento com o sucesso do aluno. Assim também não conseguem ajudar na formação de valores morais e no desenvolvimento da cidadania dos alunos.

Diagnóstico (c)

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7 – Hoje grande parte das secretarias de educação adota “sistemas” de educação apostilados. É como se a educação – infantil e fundamental – fosse apenas um “treinamento”, desvinculado das relações humanas e da individualidade dos alunos. Isso impede a autonomia da escola e do professor, engessa e massifica o ensino, e relega os professores a meros aplicadores de tarefas e testes, tolhendo seu protagonismo.

§ - Este ensino “industrializado” é desestimulante, inibe a criatividade, a iniciativa e o interesse dos alunos. Estas escolas, que não refletem sua comunidade, não são públicas, são estatais.

§ - Dar apostilas aos professores, ao invés de dar formação adequada para que preparem suas aulas, é o mesmo que obrigar quem pode andar a usar muletas. Só interessa às editoras que as produzem.

Diagnóstico (d)

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Reflexão

“Toda prontidão, patriótica aliás, que nossos educadores já tiveram em tempos idos perdeu-se nas últimas décadas, na mentalidade redutiva e copista que transformou a escola em pobre imitação da fábrica. Sindicalismo e produtivismo aboliram a criatividade do educador [...]” (Estadão 23/5/2010)

José de Souza MartinsProf. Emérito da Faculdade de Filosofia,

Letra e Ciências Humanas da USP

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8 - Em nossa sociedade a medida do sucesso e da felicidade está vinculada apenas a ganhar dinheiro para TER coisas, cada vez mais caras e sofisticadas, numa espiral insaciável de consumo.

9 – A criança que passa horas estática na frente da televisão é prejudicada no desenvolvimento da sua fantasia, criatividade e iniciativa, e se expõe ao impacto nocivo do consumismo.

10 – Muitas crianças são vítimas da desestrutura familiar, e também não encontram um ambiente acolhedor nas escolas.

§ - Como a escola não tem um vínculo forte com os pais e com a comunidade, e nem a cultura do desenvolvimento humano, não consegue contrapor-se às influências externas, e acaba por aderir aos modismos e comodismos, sempre em prejuízo das crianças.

Diagnóstico (e)Influências externas

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Nossa política educacional é o caminho perfeito para manter o modelo de sociedade atual, onde a competição, o oportunismo e a corrupção se sobrepõem à responsabilidade social, à cidadania e à solidariedade. Ela também inibe o desenvolvimento da ética, da autonomia de pensamento, da iniciativa, da criatividade - dos valores realmente humanos - enquanto provoca a massificação cultural, o consumismo, e a manutenção do status quo.

O aprendizado que não tem como base o desenvolvimento humano, e é focado apenas no ensino específico de conteúdos cognitivos, não se sustenta. Como a experiência das últimas décadas comprova, enquanto tentarmos apenas ensinar ler, escrever e calcular, nem isso vamos conseguir.

Conclusões do Diagnóstico

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Princípios básicos para orientar o planejamento da educação com foco no

desenvolvimento humano

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1 - A educação precisa proporcionar oportunidades iguais de desenvolvimento humano a todos os indivíduos. Todo cidadão deve ter direito a uma educação básica completa, independente de classe social, religião, gênero e raça, e ninguém deve ser excluído deste direito devido a ser, aparentemente, menos capaz de aprender.

2 – Toda criança deve ter uma infância digna e saudável como requisito fundamental para seu pleno desenvolvimento como ser humano, e ser apoiada por uma sociedade que promova os valores da cultura de paz. Para isso é essencial promover a cooperação entre pais, professores e profissionais de diferentes áreas, direta ou indiretamente envolvidos com as crianças.

3 – Toda criança deve ter estímulos para brincar de forma saudável, e desenvolver sua fantasia, sua criatividade e sua iniciativa, e deve ser protegida da propaganda e do consumismo.

Princípios básicos (a)

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4 - Tudo que nossa civilização criou até hoje foi, em última instância, fruto de realizações individuais. Portanto, deve ser uma missão primordial da educação estimular cada criança a desenvolver seus talentos individuais, e só o professor tem a oportunidade de conhecer o aluno como indivíduo.

5 - Nenhum ser humano deve ser educado para servir a propósitos de outros. Deve ser educado e desenvolver-se para si mesmo, e de forma que adquira autonomia e capacidade para encontrar propósito e direção para sua vida.

6 - Não podemos preparar os jovens apenas para atuar no mundo como ele é hoje, mas prepará-los para que possam mudá-lo e criar uma nova civilização.

Princípios básicos (b)

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Reflexão

Devemos formar as mentes sem conformá-las,enriquecê-las sem doutriná-las,armá-las sem recrutá-las,comunicar-lhes uma força, seduzi-las verdadeiramente para levá-las à sua própria verdade,dar-lhes o melhor de nós mesmos,e sem esperar que cresçam à nossa semelhança.

Jacques Merlan

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7 - Os professores ficam – cada vez mais – mais tempo com as crianças do que seus pais. Por isso, independente de sua vontade, seu comportamento perante as crianças, seu exemplo como ser humano tem um grande impacto, positivo ou negativo, no desenvolvimento moral e social de cada aluno.

8 - Nenhum livro didático, computador ou recurso técnico substitui a qualidade da relação humana entre um professor preparado, motivado e entusiasmado com seu trabalho, e seus alunos.

9 - Só um professor bem preparado, amparado pelo ambiente de trabalho, e dedicado, sustenta a qualidade de seu trabalho durante o tempo de duração de sua vida profissional. Prepará-lo é um investimento que dará sustentabilidade à qualidade da educação.

Princípios básicos (c)

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10 - O desenvolvimento humano inclui o Físico (saúde, nutrição e higiene), e as capacidades anímicas de Pensar (cognição), Sentir (sensibilidade, senso estético, moralidade e socialização) e Querer (vontade, ação, atuação). Estas capacidades precisam ser desenvolvidas paralelamente na formação do ser humano, especialmente no período do ensino infantil e fundamental.

11 – As avaliações não podem incutir nas crianças o medo de errar. Se os alunos não estiverem preparados para errar, nunca terão ideias originais, e a maioria chegará à idade adulta tendo perdido sua criatividade. Como não sabemos como será o mundo onde eles vão viver, e quais desafios terão que enfrentar, a criatividade precisa ser tratada com a mesma importância que a alfabetização.

12 – A formação completa do ser humano não pode prescindir da arte como instrumento, pois ela ajuda a libertar e desenvolver as mais profundas capacidades que cada criança traz consigo.

Princípios básicos (d)

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PROPOSTA

EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO

Precisamos preparar as crianças que hoje estão no ensino infantil e no fundamental, para enfrentar o imprevisto e desafiador futuro que aguarda a humanidade. Devemos ajudá-las a desenvolver um pensamento claro, senso estético, criatividade, sensibilidade moral, sociabilidade, solidariedade, responsabilidade sócio-ambiental e uma forte vontade de atuar no mundo.

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1 - Criar um novo nível profissional: o Professor Formador

O professor formador poderia ser um nível inicialmente optativo. Ele assumiria seus alunos no início de cada etapa, infantil ou fundamental - 1º ciclo, e os conduziria por toda a etapa (3 anos no ensino infantil ou 5 anos no fundamental), ministrando as matérias básicas do currículo. Assim, poderia conhecer a fundo cada aluno, seu temperamento, suas qualidades e dificuldades, e sua família, para poder atuar da melhor forma com cada um, assumindo perante os pais o compromisso de conduzi-lo por uma etapa importante de sua formação.

Seria oferecida formação continuada especial, assessoria individual, condições de trabalho, e um plano de carreira estimulante para os educadores que optassem por se tornar professores formadores.

Consideramos a qualificação da relação humana entre professor e aluno essencial para o sucesso da educação.

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Algumas atribuições do professor formador:

Lecionar para apenas uma turma, em regime de exclusividade. Participar dos cursos de formação continuada indicados Realizar uma programação de visita às famílias dos alunos Conhecer individualmente seus alunos Estudar os conteúdos e planejar suas aulas

O educador precisa preparar-se para ser um exemplo digno de ser imitado, pois faz parte do meio ambiente formador da criança.

Deve ensinar a responsabilidade sendo responsável e coerente com suas ações; ensinar a justiça sendo justo com todos os alunos; ensinar a solidariedade sendo solidário; ensinar a inclusão, incluindo; ensinar o respeito respeitando seus alunos; entusiasmar os alunos para aprender, ensinando com entusiasmo;

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2 - Conceder autonomia pedagógica à escola

A escola deve contemplar as matérias exigidas pelos programas oficiais de ensino, mas precisa ter autonomia para decidir a forma como serão ensinadas, o momento, qual material didático usarão, assim como a inclusão de matérias adicionais, principalmente no âmbito das artes e dos trabalhos manuais.

O projeto educativo de uma escola deve ser livre da tutela estatal, e partilhado por professores que experimentem em si próprios a liberdade, a responsabilidade, a iniciativa e a emancipação, para que assim consigam transmitir estes valores aos seus alunos.

Cada escola deve desenvolver sua própria cultura, e atuar como um organismo vivo, integrado à sua comunidade.

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3 – O ensino deve objetivar o desenvolvimento humano completo, e precisa ser prazeroso

A indisciplina ocorre quando as aulas são focadas apenas no ensino cognitivo, e ficam somente no exercício do Pensar, desprezando o desenvolvimento do Sentir e do Querer. As atividades ligadas ao Pensar sempre exigem “concentração”, e as aulas ficam chatas, pois as crianças não aguentam só se concentrarem. Já as atividades ligadas ao desenvolvimento do Sentir e Querer permitem uma “descontração” e, quando as três são intercaladas, cria-se um ritmo mais saudável e produtivo, pois a aula “respira”. Os alunos passam a gostar das aulas e o professor se estressa muito menos para lecionar. Se o professor não cria momentos de descontração conduzidos por ele, os alunos criam por conta própria. A indisciplina é um pedido de socorro dos alunos.

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O Sentir desenvolve-se por meio da vivência das relações humanas, pelo contar histórias (contos de fadas, lendas, fábulas, mitos, biografias etc.), pela interpretação musical, declamação de poemas, rodas rítmicas, jogos, representação teatral etc. Interpretando personagens a criança e o adolescente vivenciam as qualidades que influirão na formação de seu caráter.

O Querer, o fortalecimento da vontade, desenvolve-se exercitando a criação individual por meio de atividades que exigem uma ação manual transformadora, como criar um texto, um desenho, uma pintura, uma escultura, um trabalho em madeira e diversos tipos de trabalhos manuais, tocar um instrumento etc. O aluno precisa criar algo a partir da sua imaginação, usando a vontade, a perseverança, a coordenação psicomotora, o senso estético. Este é um antídoto contra o bitolamento de seu modo de pensar, e cada resultado conquistado fortalece sua autoestima.

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A arte é imprescindível para a formação completa do ser humano , pois ajuda a libertar e desenvolver as mais profundas capacidades que cada criança traz consigo.

As atividades artísticas devem ser utilizadas como instrumento pedagógico para potencializar o aprendizado das matérias básicas, e não apenas como matéria isolada, pois permitem que o professor promova a vivência lúdica dos conteúdos. Representar uma peça sobre as grandes navegações, vivenciando as ações e emoções dos navegantes, é muito mais interessante e formador do que decorar nomes e datas, desenvolve a linguagem e promove a socialização.

As avaliações do desempenho escolar não devem se limitar a notas, mas incluir outros valores do desenvolvimento humano, e não devem incutir o medo de errar.

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4 – Proporcionar formação continuada aos professores com foco na prática pedagógica

Disponibilizar cursos ministrados por formadores com experiência em sala de aula, que ensinem práticas pedagógicas que favoreçam a harmonização da classe, a organização rítmica da aula, a sociabilidade e o aprendizado. Oferecer um aprofundamento do estudo do desenvolvimento da criança, das suas necessidades em cada etapa do seu desenvolvimento e dos temperamentos.

Capacitar o professor a usar atividades artísticas como instrumento pedagógico, e a realizar a vivência lúdica dos conteúdos, para tornar o aprendizado mais prazeroso, estimulante e eficiente.

Fomentar o processo de auto-educação, auto-conhecimento e auto-estima do educador como base sólida para a sua interação saudável com a criança.

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5 – Promover uma revisão nos currículos das faculdades de Pedagogia e renovar o papel social do professor.

As universidades devem estabelecer um estudo aprofundado do desenvolvimento humano, o estudo pedagógico dos temperamentos e das necessidades da criança em cada faixa etária. Devem focar a realização do ensino com sentido estético, e estruturado com atividades artísticas, e com foco na atuação prática em sala de aula, preparando os professores para serem protagonistas da educação.

O professor precisa saber educar a partir do conhecimento sobre o desenvolvimento humano, dos conteúdos curriculares, da individualidade dos alunos e de uma visão de mundo, de modo a promover o desenvolvimento equilibrado das capacidades humanas, e o fluir e a harmonia das relações em sala de aula. Educar desta forma, mais do que uma ciência, é uma arte social, e representaria uma renovação do papel social do professor.

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Acreditamos que as políticas públicas para o ensino básico devem ser focadas no desenvolvimento humano. Só a vivência cotidiana sadia dos valores humanos pode estimular crianças e jovens a dar mais valor às relações e qualidades humanas e à cultura, do que aos bens materiais e ao consumo. Para nos tornarmos uma sociedade sustentável e ética, o paradigma cultural do sucesso e da felicidade pessoal precisa ser mudado do TER para o SER, para conseguirmos educar uma nova geração que consiga viver melhor, e ser mais feliz, consumindo menos.

“Foi um motim de pessoas humilhadas pelo desfile de uma riqueza que não têm... A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo”

Zygmunt Bauman(jornal O Globo 13/08/2011, sobre o recente motim em Londres)

Considerações finais (1)

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Os princípios e práticas aqui sugeridos podem ajudar a criar uma base para as profundas mudanças que precisamos efetuar na educação básica brasileira, se quisermos nos tornar uma sociedade mais humanizada, solidária, inclusiva, justa, democrática e sustentável.

Rubens Salles – mestre em Educação, Arte e História da Cultura

Instituto artesocial – Pedagogia [email protected]

Considerações finais (2)