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1 Diagnóstico Social do Concelho de Espinho Capítulo IV - Saúde 2013 Rede Social de Espinho

Diagnóstico Social do Concelho de · PDF fileTabela 2 - Enfermeiros por 1000 habitantes (N.º) ... de desenvolvimento social do concelho de Espinho um dos principais pontos fracos

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Diagnóstico Social do Concelho de Espinho Capítulo IV - Saúde

2013

Rede Social de Espinho

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ÍNDICE

ENQUADRAMENTO ..................................................................................................................... 3

SERVIÇOS DE SAÚDE ................................................................................................................. 4

Consultas por habitante ............................................................................................................. 4

Pessoal ao Serviço .................................................................................................................... 4

Farmácias................................................................................................................................... 5

Agrupamento dos Centros de Saúde do Grande Porto IX – ESPINHO/GAIA .......................... 5

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho ...................................................................... 7

INDICADORES DE SAÚDE ........................................................................................................ 10

Mortalidade infantil ................................................................................................................... 10

Mortalidade............................................................................................................................... 11

Taxa de Mortalidade Padronizada ........................................................................................... 13

Doenças de Declaração Obrigatória ........................................................................................ 13

Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) ................................................................................ 14

Saúde Mental ........................................................................................................................... 16

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) .............................................. 19

Análise SWOT na área da Saúde ............................................................................................ 21

COMPORTAMENTOS DE RISCO – CONSUMOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOACTIVAS ........ 23

Tabaco ..................................................................................................................................... 24

Álcool ........................................................................................................................................ 25

Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI) | Programa de Respostas Integradas

(PRI) do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P ....................................................... 32

PRI | Eixo da Prevenção ...................................................................................................... 33

PRI | Eixo do Tratamento ..................................................................................................... 35

PRI | Eixo da Reinserção ..................................................................................................... 38

PRI | Redução de Riscos e Minimização de Danos ............................................................. 40

Consumidores de Drogas acompanhados a nível de Acção Social e Rendimento Social de

Inserção. ............................................................................................................................... 46

Consumos Juvenis ............................................................................................................... 49

Análise SWOT da Intervenção no âmbito das Substâncias Psicoactivas ............................... 54

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 57

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ENQUADRAMENTO

O acesso à protecção da saúde é um dos direitos consagrados na Declaração dos Direitos

Humanos (artigo 25º) e garantido pela Constituição da República Portuguesa (no artigo 64º)

que incumbe prioritariamente ao Estado a função de ‘garantir o acesso de todos os cidadãos,

independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva,

curativa e de reabilitação’.

A melhoria gradual das condições de vida das populações e os avanços significativos que se

registam no campo das ciências biomédicas conduziram a uma melhoria global dos índices de

saúde. Não obstante, persistem ainda profundas iniquidades no domínio da saúde

estreitamente correlacionadas com a pobreza e exclusão social e que influenciam

sobremaneira o desenvolvimento local dos territórios.

De facto, uma saúde deficiente reduz a capacidade de trabalho e implica custos acrescidos ao

nível dos tratamentos e cuidados o que, por sua vez, pode condicionar o acesso aos cuidados

de saúde e intensificar as situações de pobreza, estabelecendo-se, então, um ciclo vicioso em

que a doença gera pobreza e a pobreza gera doença.

Assim, e na esteira do Plano Nacional de Saúde 2004-2010, as populações pobres e

socialmente mais desfavorecidas continuam a sofrer de desvantagens substanciais em relação

à saúde: a esperança de vida é menor, apresentam uma maior morbilidade, têm geralmente

uma menor acessibilidade aos cuidados de saúde e estão também menos informadas sobre os

cuidados preventivos.

Nesta linha, uma intervenção neste domínio tem necessariamente que passar por uma

abordagem multidimensional que tenha em conta, para além das variáveis biológicas, diversos

outros factores que interagem com a promoção da saúde, como sejam as condições materiais

de vida, os recursos educacionais ou os comportamentos e estilos de vida.

O presente capítulo pretende, então, analisar as dinâmicas concelhias que se formam no

domínio da saúde e debruça-se sobre os serviços de saúde, bem como os indicadores de

saúde concelhios procurando-se também aprofundar as informações disponíveis relativas aos

comportamentos de risco, nomeadamente os correlacionados com o consumo das substâncias

psicoactivas.

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SERVIÇOS DE SAÚDE

Consultas por habitante

Os dados estatísticos publicados pelo INE permitem-nos aferir que, em 2010, cada habitante

frequentava em média 4,4 consultas por ano, sendo possível apurar que este número é

superior ao assinalado em Portugal (4,1), na Área Metropolitana do Porto (AMP) (4,2), no

distrito de Aveiro (4,3) e no distrito do Porto (4,4). Não obstante, e no que corresponde a uma

análise evolutiva, observamos uma diminuição do número de consultas por habitante entre

2002 (5,1) e 2010.

Pessoal ao Serviço

O número de médicos por 1000 habitantes no concelho de Espinho fixa-se nos 5,5, sendo que

este valor se situa acima do registado em Portugal (3,9) e na AMP (4,3), bem como no Distrito

de Aveiro (2) e no distrito do Porto (3,3).

Tabela 1 - Evolução entre 2002 e 2010 do número de Médicos por 1000 habitantes (N.º) residentes no concelho de Espinho

Localização geográfica (NUTS - 2002)

Médicos por 1000 habitantes

2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002

N.º

Espinho 5,5 5,2 5,1 4,9 4,5 4,3 4,4 4 3,8

Fonte: INE, Estatísticas do Pessoal de Saúde, Anual – INE.

A nível local, o número de médicos por 1000 habitantes tem vindo a aumentar gradualmente

nos últimos anos, passando de 3,8 médicos em 2002, para 5,5 médicos em 2010.

O número de médicos especialistas cresceu na ordem dos 21,4% entre 2003 e 2010,

observando-se um incremento do número de médicos de medicina geral e familiar, oftalmologia

e outras especialidades e uma diminuição dos médicos especialistas em estomatologia,

ginecologia e obstetrícia, pediatria e psiquiatria.

Aumentou, de igual modo, o número de médicos não especialistas entre 2002 e 2008, sendo

que entre 2008 e 2010 se denota uma estabilidade fixa nos 52 médicos não especialistas.

Tabela 2 - Enfermeiros por 1000 habitantes (N.º) por local de trabalho

Local de trabalho

Enfermeiros por 1000 habitantes (N.º) por local de trabalho; Anual

2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002

N.º

Espinho 4,5 4,1 4,1 3,6 3,4 3 3 2,5 2,1

Fonte: INE, Estatísticas dos Estabelecimentos de Saúde, Anual – INE.

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Já quanto ao número de enfermeiros por 1000 habitantes, constatamos que o valor aferido no

concelho de Espinho (4,5) é inferior ao registado em Portugal (5,9), na Área Metropolitana do

Porto (5,9) e no distrito do Porto (4,9), embora superior ao obtido no distrito de Aveiro. Não

obstante, denota-se que entre 2002 (2,1) e 2010 (4,5) o número de enfermeiros por 1000

habitantes duplicou no município.

Farmácias

O município conta com um total de 9 farmácias apurando-se, através dos dados publicados

pelo Instituto Nacional de Estatística, I.P., que desde 2002 abriu apenas uma farmácia no

município.

A esmagadora maioria das farmácias (5) está sedeada na freguesia de Espinho, sendo que

Anta dispõe de 2 farmácias, enquanto Silvalde e Paramos têm 1 cada qual. Note-se que não

existe nenhuma farmácia na freguesia de Guetim o que dificulta o acesso dos moradores aos

cuidados de saúde.

Tabela 3 - Farmácias e postos farmacêuticos móveis por 1000 habitantes (N.º) por localização geográfica.

Localização geográfica

Farmácias e postos farmacêuticos móveis por 1000 habitantes (N.º)

2010

N.º

Portugal 0,3

AMP 0,2

Distrito de Aveiro 0,3

Distrito do Porto 0,2

Espinho 0,3

Fonte: INE, Estatísticas das Farmácias, Anual – INE.

Por comparação com as restantes regiões em foco neste documento, o concelho dispõe de um

rácio de 0,3 farmácias por habitante, o que corresponde ao valor encontrado em Portugal e no

distrito de Aveiro, situando-se acima do registado na Área Metropolitana do Porto e no distrito

do Porto (0,2).

Agrupamento dos Centros de Saúde do Grande Porto IX – ESPINHO/GAIA

Os Agrupamentos dos Centros de Saúde (doravante designados por ACES) foram criados pelo

Decreto-Lei n.º 28/2008 de 22 de Fevereiro, e têm por missão garantir a prestação de cuidados

primários, desenvolvendo, para tal, actividades de promoção da saúde e prevenção da doença,

prestação de cuidados na doença e ligação a outros serviços para a continuidade dos

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cuidados. São, assim, serviços de saúde com autonomia administrativa, constituídos por várias

unidades funcionais que integram um ou mais centros de saúde.

Assim, em 2008, o Centro de Saúde de Espinho integrou o ACES do Grande Porto IX –

Espinho/Gaia que engloba, ainda, os antigos centros de saúde de Arcozelo, Boa Nova e

Carvalhos.

A nível concelhio, esta estrutura enquadra 2 Unidades de Saúde Familiar (uma na freguesia de

Anta e outra na freguesia de Espinho), 4 Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (em

Espinho, na Marinha, em Paramos e Silvalde) e 1 Unidade de Cuidados na Comunidade cuja

actividade abrange todo o concelho.

Como é possível concluir através da análise da tabela n.º 4, em 2012, existiam 43 514 utentes

inscritos nas diferentes unidades funcionais do Centro de Saúde de Espinho, o que significa

que existem mais utentes inscritos do que residentes no concelho, apurando-se que a

diferença se fixa nos 11 728 indivíduos.

Do total de utentes inscritos, uma elevada percentagem de 94,87% tem médico de família, o

que representa uma evolução significativa desde o ano 2001. De facto, no último diagnóstico

de desenvolvimento social do concelho de Espinho um dos principais pontos fracos aferidos na

área da saúde referia-se, precisamente, à cobertura insuficiente de médicos de família que

deixava a descoberto 24% da população concelhia.

Tabela 4 – Número de utentes das Unidades Funcionais de Saúde do concelho de Espinho, com e sem médico de família

Extensão de Saúde

Total de utentes inscritos

Com médico de família

Sem médico de família

Sem médico de família por opção

N N % N % N %

UCSP Espinho 4927 3741 75,9 1180 23,9 6 0,1

UCSP Paramos 3749 2825 75,4 924 24,6 0 0,0

UCSP Marinha 3536 3536 100,0 0 0,0 0 0,0

UCSP Silvalde 4508 4384 97,2 124 2,8 0 0,0

USF Anta 12643 12643 100,0 0 0,0 0 0,0

USF Espinho 14151 14151 100,0 0 0,0 0 0,0

Total 43514 41280 94,87 2228 5,12 6 0,01

Fonte: Dados cedidos pelo ACES Espinho/Gaia

No que respeita as consultas médicas realizadas nas Unidades Funcionais de Saúde do

concelho de Espinho averiguamos que, em 2010, foram realizadas 106 252 consultas, das

quais a esmagadora maioria é relativa às consultas de medicina geral e familiar/clínica geral –

saúde de adultos (78,83%), seguindo-se as consultas de saúde do recém-nascido, da criança e

do adolescente (14,31%), as consultas de planeamento familiar (4,35%) e as consultas de

saúde materna (2,51%).

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De modo geral, verifica-se a mesma tendência para os restantes território em foco neste

documento (Portugal, Área Metropolitana do Porto, distrito de Aveiro e distrito do Porto), sendo

apenas de realçar que em Espinho a população acedeu a menos consultas de medicina geral e

familiar do que em Portugal (82,99%), em detrimento de um maior número de consultas a nível

da saúde do recém-nascido, da criança e do adolescente, que a nível nacional se fixaram nos

10,23%, bem como de consultas de planeamento familiar que em Portugal corresponderam a

3,41%.

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE foi criado pelo Decreto-Lei nº 50 –

A/2007, de 28 de Fevereiro de 2007, por fusão do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e do

Hospital Nossa Senhora da Ajuda de Espinho, com natureza de Entidade Pública Empresarial.

É um hospital central da região de Entre Douro e Vouga, com todas as valências básicas,

intermédias, diferenciadas e praticamente todas as altamente diferenciadas, algumas das quais

consideradas como referência na zona Norte, e tem um perfil assistencial que permite ao

Centro Hospitalar assegurar integralmente o funcionamento de um Serviço de Urgência

Polivalente, de acordo com os requisitos legais.

Actualmente, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) tem instalações

distribuídas por estes dois concelhos vizinhos. Em Gaia, localizam-se a Unidade I – antigos

Sanatório Manuel II e Hospital Eduardo Santos Silva, no Monte da Virgem – onde virá a ser

erguido o novo hospital e a Unidade II. No município limítrofe (Espinho), encontra-se a Unidade

III, antigo Hospital Nossa Senhora da Ajuda.

A Unidade I é constituída por vários edifícios, numa área de cerca de 212 hectares. É neste

Unidade que está implantada a prestação de cuidados em regimes de internamento,

ambulatório e meios complementares de diagnóstico e outros serviços de apoio, bem como a

grande maioria das valências médico-cirúrgicas – Anatomia Patológica, Anestesiologia,

Angiologia e Cirurgia Vascular, Cardiologia, Cirurgia Cardiotorácica, Cirurgia Geral, Cirurgia

Plástica e Maxilofacial, Dermatologia, Apoio Nutricional e Dietética, Endocrinologia,

Estomatologia, Gastrenterologia, Hematologia Clínica, Imagiologia, Imuno-alergologia, Imuno-

hemoterapia, Medicina Física e de Reabilitação, Doenças Infecciosas, Medicina Interna,

Nefrologia, Neurocirurgia, Neurologia, Oftalmologia, Oncologia Médica, Otorrinolaringologia,

Patologia Clínica, Pneumologia, Pneumologia Oncológica, Psicologia, Psiquiatria e Urologia. É

nestas instalações que estão também localizados o Serviço de Urgência e a Unidade de

Cuidados Intensivos Polivalente do Centro Hospitalar.

Na Unidade II – antigo Hospital Comendador Manuel Moreira de Barros, situada a cerca de

quatro quilómetros da Unidade I, junto ao Tribunal de Vila Nova de Gaia, encontramos o

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serviço de Ortopedia, o Departamento Materno-Infantil, com as valências de Medicina de

Reprodução, Obstetrícia/Ginecologia, Pediatria, Neonatologia e Cirurgia Pediátrica.

Para além deste, o Centro Hospitalar integra as seguintes unidades de dia: Doenças

Infecciosas, Hemodiálise, Oncologia Médica, Hematologia Clínica e Medicina.

Em Espinho, com a fusão com o Hospital Nossa Senhora da Ajuda, sito na rua 37 com a

avenida 24, foram instaladas duas unidades: Convalescença, com 28 camas e inserida na

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, e a Unidade de Cirurgia de Ambulatório,

que centraliza grande parte deste regime de cirurgia praticado no Centro Hospitalar. Ademais,

existem, nesta Unidade, consultas externas de várias especialidades.

Com uma lotação de 558 camas, divididas por várias especialidades, o Centro Hospitalar é

visitado diariamente por mais de dois mil utentes.

Sem prejuízo do princípio da liberdade de escolha no acesso à rede nacional de prestação de

cuidados de saúde, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, serve,

preferencialmente, a população da área de influência que lhe está atribuída pelas redes de

referenciação hospitalar, cerca de 700 mil habitantes. Para todas as especialidades, assiste os

concelhos de Vila Nova de Gaia e de Espinho, com mais de 330 mil habitantes. Para as

especialidades de diferenciação intermédia, serve os concelhos de Entre Douro e Vouga, com

mais 350 mil habitantes. Contudo, para as especialidades de elevada diferenciação – onde

encontramos Cirurgia Cardiotorácica, Cardiologia de Intervenção, Cirurgia Plástica, Medicina

de Reprodução e Pneumologia – acolhe as populações de todos os concelhos a Norte do rio

Vouga.

Passaremos, de seguida, à análise de alguns dados estatísticos referentes ao acesso aos

serviços de saúde deste Centro Hospitalar por parte da população residente no concelho de

Espinho.

Segundo os dados estatísticos cedidos à Rede Social pelo CHVNG/E, em 2011, os residentes

no concelho de Espinho acederam a 28.269 consultas externas que representam 6,5% do total

de consultas externas promovidas pelo Centro Hospitalar no decorrer desse ano.

Relativamente ao ano transacto, apura-se uma tendência decrescente do número de consultas

prestadas aos residentes no concelho de Espinho (menos 3.665 consultas em termos

absolutos), muito embora se averigúe um aumento significativo de 5.604 consultas, nos últimos

4 anos (2008/2011).

A análise do número de consultas segundo a especialidade, e consoante se poderá constatar

na tabela n.º 5, evidencia 15 áreas com uma representatividade superior a 3%, entre as quais

se destacam as consultas de oftalmologia (10,39%), ortopedia (9,17%), cardiologia (5,39%)

otorrinolaringologia (5,99%) e pneumologia (5,76%), observando-se que a esmagadora maioria

das consultas se refere a consultas subsequentes.

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Em termos evolutivos, entre 2008 e 2011, denota-se um incremento das consultas de

oftalmologia (4,2 pontos percentuais), otorrinolaringologia (3,8%) e psiquiatria (3,1%). Pelo

contrário, observa-se uma diminuição expressiva no que respeita as consultas de imuno-

hemoterapia (-17,2%), seguindo-se as consultas de cirurgia geral (-1,6%), ortopedia (-1,5%) e

medicina interna (-1,1%).

Tabela 5 - Número de consultas externas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, em 2011, segundo a especialidade da consulta.

Especialidade 1ª Consulta Subsequente Total

Variação entre 2008 e 2011

N % N % N % %

Anestesiologia 732 79,7 186 20,3 918 3,25 1,2

Cardiologia 468 30,7 1.055 69,3 1.523 5,39 1,6

Cirurgia Geral 812 58,0 589 42,0 1.401 4,96 -1,6

Imuno-Hemoterapia 56 5,3 1.008 94,7 1.064 3,76 -17,2

Gastrenterologia 502 58,0 364 42,0 866 3,06 1,2

Medicina Interna 225 19,3 942 80,7 1.167 4,13 -1,1

Neurologia 304 32,7 625 67,3 929 3,29 1,3

Obstetrícia 279 29,5 666 70,5 945 3,34 -0,5

Oftalmologia 1.221 41,6 1.717 58,4 2.938 10,39 4,2

Ortopedia 1.085 41,9 1.507 58,1 2.592 9,17 -1,5

Otorrinolaringologia 480 28,4 1.213 71,6 1.693 5,99 3,8

Pediatria 309 23,8 987 76,2 1.296 4,58 -0,4

Pneumologia 388 23,8 1.239 76,2 1.627 5,76 2,6

Psiquiatria 306 24,6 940 75,4 1.246 4,41 3,1

Urologia 344 27,2 920 72,8 1.264 4,47 -0,6

Outras especialidades 2517 37,1 4274 62,9 6791 24,0 3,8

Fonte: Dados cedidos pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

Refira-se, neste domínio, que os técnicos que actuam na área social, nomeadamente os que

integram o Núcleo Local de Inserção do Rendimento Social de Inserção (RSI), apontam como

uma das principais fragilidades concelhias na área da saúde, as listas de espera nas consultas

de oftalmologia e estomatologia, que prejudicam, sobremaneira, a qualidade de vida dos

utentes acompanhados no âmbito do (RSI) e Acção Social, sobretudo no que diz respeito à sua

(re)integração profissional.

Quanto aos internamentos, o número de doentes residentes no concelho de Espinho saídos do

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho situou-se, em 2011, nas 1.967 pessoas,

averiguando-se uma diminuição de -8,4% face ao ano anterior, muito embora, e à semelhança

do que acontece com as consultas externas, tenham sofrido um incremento na ordem dos 6%,

entre 2008 e 2011.

10

Por fim, e no que respeita as listas de espera, o ‘Livro de Divulgação e Consulta – Relatório e

Contas de 2011’ do Centro Hospitalar revela que, a 31 de Dezembro de 2011, um total de

utentes em espera para a primeira consulta representava 11% do total de utentes em espera

nos hospitais da ARS Norte, observando-se uma diminuição de utentes inscritos.

Efectivamente, não só tem diminuído o número de utentes em espera, como os tempos

médios, máximos e mediana do tempo de espera. Nos últimos 4 anos, assistiu-se à diminuição

do tempo médio de espera dos 138,6 dias para 93,4 dias e da mediana de 84 dias para 76

dias, ambos abaixo do registado na Região Norte, respectivamente 143,6 dias e 83 dias.

INDICADORES DE SAÚDE

Mortalidade infantil

A mortalidade infantil é um factor determinante no grau de desenvolvimento de um país, sendo

que a sua diminuição é considerada pelas Nações Unidas como um dos grandes Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio.

Em Portugal, nas últimas décadas, a diminuição da taxa de mortalidade infantil representa uma

das áreas com ganhos mais significativos ao atingir em 2010 um valor de 2,53‰, enquanto em

1970 se situava nos 50,86 óbitos em cada 1.000 crianças. Para tal, e entre outros factores,

concorreram a melhoria da assistência médica durante a gravidez, no parto e pós-parto; o

aumento do número de partos em meio hospitalar; os avanços na medicina; ou a

implementação do programa nacional de vacinação obrigatório e gratuito.

Ao nível local, a taxa de mortalidade neonatal para o quinquénio de 2005-2009 fixava-se nos

2,2 óbitos em cada 1.000 crianças com menos de 28 dias de idade. Estes resultados equivalem

aos registados em Portugal (2,2‰), muito embora se fixem acima dos encontrados na AMP

(1,9‰), no distrito de Aveiro (1,8‰) e no distrito do Porto (2‰).

No que respeita a evolução temporal, os dados explícitos na tabela n.º 6, permitem-nos concluir

que os resultados deste indicador têm vindo a diminuir nos últimos anos, sendo que no

quinquénio de 2003-2007 detectamos o valor mais elevado dos últimos 9 anos (2,7‰). Note-se

que no quinquénio de 2005-2009, os valores obtidos situam-se 1,6 pontos percentuais acima

dos registados entre 2000-2004 (0,6‰).

Tabela 6 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa quinquenal de mortalidade neonatal (‰) no concelho de Espinho.

Localização geográfica (NUTS -

2002)

Taxa quinquenal de mortalidade neonatal por local de residência da mãe

2005 - 2009 2004 - 2008 2003 - 2007 2002 - 2006 2001 - 2005 2000 - 2004

Espinho 2,2 2,1 2,7 2,5 1,8 0,6

Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual – INE.

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Por sua vez, a taxa quinquenal de mortalidade infantil para o quinquénio 2005-2009 fixava-se,

no concelho de Espinho, nos 3 óbitos em cada 1.000 crianças abaixo dos 5 anos, situando-se

abaixo do registado em Portugal (3,4‰), na AMP (3,2‰) e no distrito do Porto (3,3‰) e

equivalendo ao registado no distrito de Aveiro (3,0‰).

Á semelhança do que acontece com a taxa de mortalidade neonatal, também a taxa de

mortalidade infantil aumentou nos últimos anos, sendo que em 2005-2009 se estabelece 1,3

pontos percentuais acima do valor aferido em 2000-2004. Muito embora se denotem flutuações

neste indicador ao longo dos anos, como por exemplo uma diminuição de 0,8 pontos desde

2002-2006, observamos um ligeiro aumento de 0,2 pontos entre 2004-2008 e 2005-2009.

Tabela 7 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa quinquenal de mortalidade infantil (‰) no concelho de Espinho.

Localização geográfica (NUTS -

2002)

Taxa quinquenal de mortalidade infantil por local de residência da mãe

2005 - 2009 2004 - 2008 2003 - 2007 2002 - 2006 2001 - 2005 2000 - 2004

Espinho 3 2,8 3,4 3,8 3 1,7

Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual – INE.

O Plano Local de Saúde 2011-2016, elaborado pelo ACES Espinho/Gaia, é um instrumento de

apoio à gestão das actividades dos serviços de saúde e da comunidade orientando e

integrando as diferentes tomadas de decisão que reconhecidamente têm impacto na saúde da

população.

É composto por uma análise da situação de saúde da população do ACES Espinho/Gaia e

identifica os problemas de saúde traduzidos em taxas de mortalidade e morbilidade, bem como

os respectivos determinantes que geram, obrigatoriamente, as necessidades de saúde.

Apesar de as informações analisadas no Plano Local de Saúde não se reportarem em

exclusivo ao concelho de Espinho, mas sim a toda a população acompanhada pelo ACES,

considera-se pertinente incluir neste diagnóstico alguns dos principais resultados que

contribuem para o aprofundamento dos indicadores de saúde, nomeadamente os

correlacionados com a mortalidade, a taxa de mortalidade padronizada, as doenças de

declaração obrigatória e os principais problemas de saúde priorizados para o próximo

quinquénio.

Mortalidade

Mais de metade dos óbitos (55%) verificados no triénio 2007-09 nos ACES Gaia e

Espinho/Gaia são atribuídos, em primeiro lugar, às doenças do aparelho circulatório e, em

segundo, aos tumores malignos.

12

Quanto ao primeiro grupo – doenças do aparelho circulatório -, a taxa bruta de mortalidade foi

de 218,6 óbitos por 100.000 habitantes, sendo que dentro deste grande grupo de causas de

morte predominou a mortalidade por Doenças Cérebro Vasculares (DCV) e Doença Isquémica

Cardíaca (DIC) atingindo, respectivamente, os valores de 102,6 óbitos e 40,8 óbitos por

100.000 residentes.

Especificamente no que diz respeito ao concelho de Espinho, os dados publicados pelo INE na

área da saúde permitem-nos aferir que, em 2010, a taxa de mortalidade por doenças do

aparelho circulatório se fixa nos 3 óbitos por 1.000 habitantes, observando-se que este valor é

inferior ao registado em Portugal (3,2‰), mas superior ao verificado nas regiões envolventes,

nomeadamente na AMP (2,4‰), no distrito de Aveiro (2,8‰) e no distrito do Porto (2,2‰).

Tabela 8 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (‰) no concelho de Espinho

Localização geográfica (NUTS - 2002)

Taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório

2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002

N.º

Espinho 3,0 3,4 2,8 2,6 2,3 3,2 2,9 3,2 2,9

Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual – INE.

Uma análise evolutiva, espelhada na tabela n.º 8, mostra-nos que têm existido diversas

oscilações nos últimos anos, cujo valor mínimo (2,3‰) é atingido em 2006 e o valor máximo

(3,4‰) em 2009. No entanto, registamos entre 2002 e 2010 um aumento da taxa de

mortalidade por doenças do aparelho circulatório na ordem dos 0,1%.

Os tumores malignos, por sua vez, constituíram a segunda causa de morte no ACES de Gaia e

Espinho/Gaia, observando-se que nos homens predominaram o tumor maligno da traqueia,

brônquios e pulmão (47,6%ººº), do cólon e recto (33,4%ººº) e do estômago (33,4%ººº),

enquanto nas mulheres se manteve como causa mais comum de morte o tumor maligno da

mama (24,5%ººº), embora se registe um aumento do tumor maligno do cólon e recto

(23,2%ººº). Segue-se a prevalência do tumor maligno do estômago (16%ººº), embora se denote

uma redução do tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão (10,8%ººº) que, pelo contrário,

regista um aumento ao longo dos últimos anos.

A nível municipal, os dados do INE, I.P., referentes ao ano de 2010, mostram-nos que a taxa

de mortalidade por tumores malignos se estabelecia nas 2,7 mortes em cada 1.000 habitantes,

valor este que se situa acima do registado em Portugal (2,3‰), na AMP (2,1‰), no distrito de

Aveiro (2,2‰) e no distrito do Porto (1,9‰). Mais ainda, averigua-se uma tendência crescente

em 0,4 pontos percentuais nos últimos 9 anos.

Os Sintomas, Sinais e Achados Anormais Não Classificados com uma taxa de mortalidade de

84,3%ººº, representaram a 3ª causa de morte no ACES de Gaia e Espinho/Gaia, sendo a

proporção de mortes atribuídas a causas mal definidas inferior ao registado na Região Norte.

13

As doenças do Aparelho Respiratório (76.7%ººº) constituíram a 4ª principal causa de morte,

sendo que a entidade nosológica com maior peso é a Pneumonia, com taxa de mortalidade de

26.0%ººº, enquanto as Doenças Crónicas das Vias Aéreas Inferiores (Bronquite, Asma e

Enfisema) apresentaram uma taxa de mortalidade de 7,3%ººº. A mortalidade por ambas as

patologias revelou uma tendência crescente ao longo dos últimos anos.

As Doenças Endócrinas Nutricionais e Metabólicas foram a 5ª Causa de morte (44,4%ººº),

valor que aumentou ao longo da década. A Diabetes Mellitus por si só foi responsável por uma

taxa bruta de mortalidade de 38.8%ººº.

Taxa de Mortalidade Padronizada

Uma vez que o efeito idade tem uma forte influência na mortalidade, o uso da Taxa de

Mortalidade Padronizada (TMP) permite comparar populações com estruturas etárias distintas.

Neste domínio, o Plano Local de Saúde distingue, para ambos os sexos e para todas as

idades, a Diabetes Mellitus, o Tumor Maligno do Pâncreas e o VIH/sida que apresentaram

taxas de mortalidade padronizada superiores à Região Norte, tendo essa diferença

significância estatística.

Doenças de Declaração Obrigatória

O número total de casos de Doença de Declaração Obrigatória no ACES Espinho/Gaia relativo

ao ano de 2010 foi de 71, com uma taxa de notificação de 38,7 casos por 100,000 residentes.

A Tuberculose representou mais de metade dos casos declarados (51%) seguida pela

Parotidite Epidémica, outras Salmoneloses e a Doença dos Legionários. Refira-se, no que

respeita a tuberculose, que a sua incidência, apresentou, entre 2000 (62,0%ººº) e 2008

(33,1%ººº), uma redução de cerca de 46,6% de novos casos, mantendo-se no entanto acima

do valor regional.

Tabela 9 - Taxa de incidência de casos notificados de doenças de declaração obrigatória (‰) por local de residência

Local de Residência 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002

Portugal 0,3 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,6

AMP 0,4 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6 0,8

Distrito de Aveiro 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5

Distrito do Porto 0,4 0,4 0,5 0,6 0,6 0,6 0,6

Espinho 0,6 0,4 0,6 0,5 0,5 0,6 0,7

Nota(s): (1) Os dados de 2005 e seguintes não incluem as notificações de infecções por VIH. Nos anos anteriores a infecção por VIH não era doença de declaração obrigatória. Fonte: INE, Casos Notificados de Doenças de Declaração Obrigatória, Anual, INE, I.P.

14

Especificamente quanto à realidade concelhia, os dados publicados pelo INE, I.P. relativos à

taxa de incidência de casos notificados de doenças de declaração obrigatória, em 2008, fixam

o valor concelhio em 0,6‰, acima do registado em Portugal (0,3‰), na Área Metropolitana do

Porto (0,4‰), no distrito de Aveiro (0,3‰) e no distrito do Porto (0,4‰).

Como se poderá verificar na tabela acima, entre 2002 e 2008, todos os territórios apresentam

uma diminuição da taxa de incidência, muito embora em Espinho esse decréscimo seja menor.

Por outro lado, entre 2007 e 2008, todos os locais apresentaram uma diminuição ou

estabilização da taxa de incidência, ao contrário do que acontece no concelho, onde se

verificou um aumento de 0,2‰.

Neste domínio, é-nos ainda possível socorrer dos dados fornecidos pelo ACES Espinho/Gaia

que reportam, em 2011, a notificação de 7 casos de tuberculose respiratória, e embora em um

dos casos se tenham verificado antecedentes clínicos de alcoolismo, nenhum registou VIH ou

toxicodependência. Foram ainda reportados 2 casos de Hepatite B, sendo que em um se

assinalaram antecedentes de VIH.

Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)

No espaço da Europa Ocidental, Portugal continua a apresentar uma das mais elevadas

incidências de infecção pelo VIH, apesar de se observar uma tendência favorável de

descensão no número de novos casos, nomeadamente de diagnósticos de sida (Ministério da

Saúde: 2011, 2).

De facto, e segundo o Plano Nacional de Saúde 2012-2016, em 2010, 9 em cada 100 000

Portugueses tinham VIH/Sida, enquanto nos 5 países da EU com as taxas de incidência mais

baixas este valor fixava-se nos 1,3‰.

Estes elementos reforçam a necessidade de implementação de programas de prevenção

primária e secundária, bem como de apoio social, que permitam a continuidade da diminuição

da epidemia e que contribuam, em simultâneo, para combater a discriminação associada à

sida.

Neste domínio, será de ter em atenção o facto de em Portugal se verificar uma epidemia

concentrada que afecta «as populações com comportamentos particularmente vulneráveis,

designadamente utilizadores de drogas, trabalhadores do sexo e homens que têm sexo com

homens» (Ministério da Saúde: 2011, 2)

No que diz respeito ao concelho de Espinho, os elementos disponíveis relativos ao VIH foram

cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de

Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho e referem-se ao total de

beneficiários com VIH, residentes no município, abrangidos pelos apoios sociais no âmbito da

Acção Social e do Rendimento Social de Inserção (doravante designado por RSI).

15

Uma rápida análise do gráfico n.º 1 permite-nos apurar uma diminuição na ordem dos 5

indivíduos, em termos absolutos, do número de pessoas com VIH apoiadas pela Segurança

Social entre 2008 e 2011.

Assim, em 2011, estavam inscritas 15 pessoas com VIH na Segurança Social, das quais 60%

pertenciam ao sexo feminino. Uma percentagem de 80% tem 35 e mais anos (60% situam-se

entre os 35 e os 44 anos e 20% têm entre 45 e 54 anos), observando-se que os escalões dos 0

aos 14 anos, dos 15 aos 24 e dos 25 aos 34 congregam 6,7% cada.

Gráfico 1 – Número de pessoas com VIH, residentes no concelho de Espinho, apoiados pela Segurança Social

Fonte: Dados cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho

No que respeita o estado civil denota-se que 46,7% das pessoas acompanhadas são solteiras

e 40% são casadas ou vivem em união de facto, enquanto uma percentagem de 6,7% são

divorciados e outros tantos viúvos. Já quanto à esfera familiar detecta-se que 40% têm filhos,

sendo que em relação à situação de coabitação 26,7% residem em casal e outros tantos

sozinhos, ao passo que as situações de casal com filhos, pais/irmãos e outro familiar reúnem

13,3% cada.

Nesta população, predominam as baixas habilitações literárias – 13,3% não sabem ler nem

escrever, 40% têm o 1º ciclo do ensino básico, 33,3% detêm o 2º ciclo e, tanto o 3º ciclo, como

o ensino secundário reúnem 6,7%. Por outro lado, a percentagem de pessoas em situação de

desemprego ascende aos 40%, bem como a de pensionistas, enquanto os empregados

constituem 13,3% e uma minoria de 6,7% são estudantes.

Entre as pessoas com VIH, acompanhadas pela Segurança Social, e ao contrário do que

acontece a nível nacional, a via de transmissão que predomina é a associada ao consumo de

drogas via endovenosa que congrega 46,7% do total, imediatamente seguida pela via sexual

(40%) e pela via vertical (13,3%). Quanto à situação face ao tratamento, e desconhecendo-se a

20

24

15 15

0

5

10

15

20

25

30

2008 2009 2010 2011

16

situação de 26,7%, averiguamos que 60% frequentam a consulta de infecciologia e que 13,3%

não estão em tratamento.

Já no domínio das prestações sociais detecta-se que 40% auferem da pensão de invalidez,

20% estão integradas no Rendimento Social de Inserção, 6,7% recebem a pensão social e

outros tantos têm direito a uma prestação social classificada como ‘outra’. Uma percentagem

de 26,7% não tem direito a qualquer prestação social. Apuramos, ainda, que 6,7% usufruem de

apoio domiciliário e 13,3% estão integrados na Comunidade de Inserção do Centro Social de

Paramos.

A Segurança Social atribuiu um montante de €8.332,24 em apoios económicos, dos quais a

maioria reporta à comparticipação de medicamentos (48,4%) e alojamento (35,5%), seguindo-

se os apoios relativos a electrodomésticos e gás (9,7%), alimentação (3,2%) e pagamentos de

dívidas (3,2%).

Segundo os técnicos que intervêm junto desta população, o término, em Outubro de 2010, do

projecto ‘Novo Rumo’, promovido pelo Centro Social de Paramos, criou uma lacuna local no

âmbito do trabalho com a população com VIH/sida que se torna indispensável colmatar a

curto/médio prazo.

Este projecto promovia, entre outras iniciativas, o acompanhamento de doentes com VIH/Sida

ou outras doenças infecto-contagiosas ao nível da prestação de cuidados médicos e de

enfermagem, apoio psicossocial, distribuição de refeições, higiene pessoal e habitacional, bem

como o apoio na aquisição de competências e na criação de empresas que visavam a

integração socioprofissional dos utentes.

Saúde Mental

As questões relacionadas com a saúde mental têm sido consideradas uma prioridade local,

quer em sede de Núcleo Executivo, quer no âmbito dos grupos interinstitucionais criados para a

discussão dos resultados do Diagnóstico Social.

Na esteira do Plano Nacional para a Saúde Mental 2007-2016 (PNSM), os estudos

epidemiológicos mais recentes demonstram que as perturbações psiquiátricas e os problemas

de saúde mental se tornaram a principal causa de incapacidade e uma das principais causas

de morbilidade nas sociedades actuais, averiguando-se que das 10 principais causas de

incapacidade, 5 são perturbações psiquiátricas.

Mais ainda, e para além das pessoas que apresentam uma perturbação diagnosticável, existe

um número significativo de indivíduos que têm problemas de saúde mental que não preenchem

os critérios de diagnóstico para perturbação psiquiátrica, mas que também estão em sofrimento

e que devem, por tal, beneficiar de intervenções (Coordenação Nacional para a Saúde Mental:

2008, 5).

17

Os estudos efectuados no âmbito do Plano Nacional para a Saúde Mental indiciam que os

serviços de saúde mental sofrem de insuficiências graves, a nível da acessibilidade, da

equidade e da qualidade de cuidados.

O número de pessoas em contacto com os serviços públicos mostra que apenas uma pequena

parte das pessoas que têm problemas de saúde mental têm acesso aos serviços

especializados – o número de contactos, que se fixa em 1,7% da população, é extremamente

baixo em relação ao que seria de esperar, dado que pelo menos 5% a 8% da população sofre

de uma perturbação psiquiátrica de certa gravidade em cada ano.

O PNSM aponta, ainda, diversas vulnerabilidades nacionais nesta área como seja a

concentração da maior parte dos recursos em Lisboa, Porto e Coimbra; a distribuição

assimétrica de psiquiatras entre hospitais gerais e psiquiátricos; o direccionamento da maioria

dos recursos para o internamento quando toda a evidência científica mostra que as

intervenções na comunidade são as mais efectivas; a existência de problemas de

acessibilidade aos cuidados especializados; ou o facto de os recursos financeiros, humanos,

logísticos e materiais atribuídos à saúde mental serem indiscutivelmente insuficientes se

atendermos ao impacto real das doenças mentais para a carga global das doenças.

Por outro lado, sobressai neste documento a necessidade de assegurar cuidados específicos

de saúde mental a alguns grupos particularmente vulneráveis como as crianças, os idosos, os

sem-abrigo, as vítimas de violência ou os consumidores de substâncias psicoactivas.

Ainda no âmbito da doença mental, e atendendo ao contexto socioeconómico que

atravessamos, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) editou recentemente

uma versão provisória do Relatório de Primavera 2012, ‘Crise & Saúde - Um País em

Sofrimento’, onde se enfatiza os efeitos da crise económica na saúde mental.

Segundo este documento, as principais manifestações são precoces e caracterizam-se por

perda de auto-estima, depressão, ansiedade e risco de comportamentos suicidas, sendo que

no desencadear destas manifestações, o desemprego e o endividamento tem um papel

particularmente importante.

Evidencia-se também a relação entre o sofrimento mental, sobretudo em situações de crise

prolongada, e as suas repercussões físicas, denotando-se uma influência no sistema

cardiovascular e imunológico. Podem verificar-se acréscimos de risco de hipertensão arterial,

enfarte do miocárdio e acidente cerebrovascular, diabetes e infecções. Este efeito é ainda mais

demarcado nas classes sociais menos favorecidas (SESPAS, 2011 in OPSS: 2012, 22).

De igual modo, comprova-se a adopção e intensificação de comportamentos de risco. De facto,

o OPSS levou a termo uma revisão bibliográfica que identifica 30 estudos que demonstram um

agravamento das doenças transmissíveis em consequência de uma crise económica. As

principais causas apontadas para esse agravamento são o aumento da transmissibilidade

18

resultante do empobrecimento das condições de vida, do pior acesso aos cuidados de saúde e

de uma menor adesão à terapêutica.

Consequentemente, atravessamos uma época em que a atenção às questões relacionadas

com a saúde mental deve ser redobrada, recomendando-se uma aposta, quer no âmbito da

prevenção e intervenção precoce, quer no reforço/criação de recursos na comunidade que

permitam instituir uma resposta adequada às necessidades detectadas.

A nível local, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho disponibilizou os elementos

estatísticos relativos à evolução, entre 2008 e 2011, das consultas de psiquiatria frequentadas

pelos residentes no concelho de Espinho.

Em 2011, os residentes no concelho de Espinho frequentaram 996 consultas de psiquiatria e

250 consultas de pedopsiquiatria que correspondem, respectivamente, a 6,7% e 6,1% do total

de consultas destas especialidades no CHVNG/E.

Desde logo, e tal como se poderá verificar pelo gráfico n.º 2, apuramos um aumento

significativo do número de consultas de psiquiatria entre 2008 e 2009 (215,6%), ao qual se

segue um decréscimo (-66,5%) e um novo incremento, entre 2010 e 2011 (61,4 pontos

percentuais). Refira-se ainda que, entre os últimos dois anos, em observação (2010 e 2011) se

regista um aumento de 46,1% das primeiras consultas desta especialidade.

As consultas de pedopsiquiatria, por sua vez, sofreram um incremento expressivo entre 2008 e

2009 (240%), uma diminuição entre 2009 e 2010 (-71,4%) e um ligeiro acréscimo entre 2010 e

2011 (5%).

Gráfico 2 - Evolução entre 2008 e 2011 do número total de consultas de psiquiatria e pedopsiquiatria dos residentes no concelho de Espinho no CHVNG/E.

Fonte: Dados cedidos pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

294

928

617

996

120

408

238 250

0

200

400

600

800

1.000

1.200

2008 2009 2010 2011

Psiquiatria

Pedopsiquiatria

19

O aumento registado, entre 2010 e 2011, na área da psiquiatria reflecte a tendência global

sentida no Centro Hospitalar que viu as consultas sofrerem um crescimento de 27,4% neste

período. Aliás, e segundo o ‘Livro de Divulgação, Relatório e Contas 2011’ do CHVNG/E, o

aumento da actividade assistencial na área da psiquiatria resulta, em parte, das obras de

requalificação ocorridas neste serviço. Por outro lado, o incremento das consultas de

pedopsiquiatria de crianças e jovens residentes no concelho de Espinho contraria a tendência

hospitalar, uma vez que as consultas de psiquiatria na área da infância e adolescência

sofreram um decréscimo na ordem dos -4,7%.

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI)

O efeito cumulativo da diminuição da mortalidade e da natalidade, bem como do aumento da

esperança média de vida tem-se traduzido, tanto em Portugal, como no município, no

envelhecimento progressivo da população que, por sua vez, induz um incremento da

prevalência de pessoas com doenças crónicas incapacitantes e cria carências ao nível dos

cuidados de longa duração e paliativos.

Nesta esteira, a criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (doravante

designada por RNCCI), através do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho, veio colmatar as

carências que se verificavam ao nível dos cuidados paliativos e de longa duração, e promover

uma resposta integrada entre o domínio da saúde e da segurança social, de natureza

preventiva, recuperadora e paliativa, junto das pessoas em situação de dependência e com

perda de autonomia, quer sejam idosos com dependência funcional, doentes com patologia

crónica múltipla ou pessoas com doença incurável em estado avançado e em final de vida.

Assim, são objectivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma

continuada e integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em

situação de dependência. Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na

recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua

funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra.

A constituição da RNCCI subdivide-se entre Internamento – unidades de convalescença;

unidades de média duração e reabilitação; unidades de longa duração e manutenção e

unidades de cuidados paliativos -, Ambulatório – unidades de dia e promoção da autonomia -, e

Respostas Domiciliárias – equipas de cuidados continuados integrados e equipas comunitárias

de suporte em cuidados paliativos.

Por sua vez, a referenciação para a RNCCI pode ser feita por duas vias, através da equipa de

gestão de altas do hospital ou por via dos centros de saúde. A equipa de gestão de altas do

hospital é uma equipa multidisciplinar que tem como objectivo preparar e gerir a alta hospitalar

em articulação com outros serviços, para os doentes que requerem seguimento dos seus

problemas de saúde e sociais (cfr. n.º 1 do Art. 23.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de

20

Junho). Em simultâneo, a referenciação pode ainda ser feita na comunidade, através do

médico, enfermeiro e assistente social dos Centros de Saúde.

Uma breve caracterização sociodemográfica dos utentes revela-nos que 77,9% do total têm 65

e mais anos, ao passo que uma minoria de 4,7% se enquadra no escalão etário dos 20 aos 44

anos e 17,3% se situam entre os 45 e os 64 anos. Será de referir que uma percentagem de

20,9% dos utentes referenciados tem entre 80 a 84 anos, enquanto 15,4% estão entre os 85 e

89 anos, 14,8% têm entre 75 e 79 anos e 13,7% encaixam-se entre os 70 e os 74 anos.

Gráfico 3 – Número de pessoas residentes no concelho de Espinho, integradas na RNCCI por data de criação do Episódio

Fonte: Dados cedidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Trata-se, então, de uma população envelhecida, com maior probabilidade de doenças crónicas,

de fragilidade e de incapacidade o que terá, naturalmente, reflexos na capacidade de

recuperação e no tempo de permanência na RNCCI.

A resposta assistencial em relação ao total de população demonstra-nos que o número de

doentes assistidos pela RNCCI, em 2011, com 65 e mais anos corresponde a 1,2% do total de

pessoas residentes no município com 65 e mais anos.

No que se refere ao estado civil, e desconhecendo-se a situação relativa a 22% dos utentes,

observa-se que 34,3% são casados, 22,6% são solteiros e 16,5% são viúvos. Uma

percentagem de 3,5% é divorciada e 0,4% vivem em união de facto.

Do total de doentes assistidos, a maioria foi integrada na resposta de internamento,

nomeadamente em Unidades de Convalescença (35,2%), Unidades de Média Duração e

Reabilitação (26,7%) e em Unidades de Longa Duração e Manutenção (18,7%). Uma

percentagem de 12% foi integrada em respostas domiciliárias (Equipas de Cuidados

Continuados Integrados) e 7,4% frequentaram a Unidade de Cuidados Paliativos. Note-se que

os cuidados paliativos são transversais à RNCCI, conforme o estipulado no Programa Nacional

de Cuidados Paliativos. Assim, para além dos doentes assistidos nas Unidades de Cuidados

Paliativos, existem utentes assistidos nas outras tipologias da Rede.

0

50

100

150

200

2008 2009 2010 2011 2012

21

Tabela 10 – Número de pessoas residentes no concelho de Espinho, integradas na RNCCI segundo a tipologia na RNCCI

Tipologia RNCCI Pessoas residentes no concelho de Espinho

integradas na RNCCI N %

Unidade de Convalescença 162 35,2

Unidade de Média Duração e Reabilitação 123 26,7

Unidade de Longa Duração e Manutenção 86 18,7

Unidade de Cuidados Paliativos 34 7,4

Equipas de Cuidados Continuados Integrados 55 12,0

Total 460 100,0

Fonte: Dados cedidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Análise SWOT na área da Saúde

A análise estatística explícita nas páginas anteriores foi complementada com uma análise

subjectiva, concretizada pelo conjunto de entidades que actuam no domínio da saúde a nível

local, no formato de análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats).

Quadro 1 – Análise SWOT na área da Saúde

Pontos Fracos Pontos Fortes

1.1. Inexistência de consultas em Espinho, nomeadamente oftalmologia, estomatologia e psiquiatria; 1.2. Listas de espera no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho nas consultas de oftalmologia, estomatologia e psiquiatria; 1.3. Não há resposta a nível de oftalmologia pediátrica em Espinho. 2.1. Dificuldades no acesso da população residente no concelho de Espinho ao hospital de referência (Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho); 2.2. Dificuldades na requisição de ambulâncias, face às recentes restrições impostas ao nível dos critérios de acesso; 2.3. Dificuldades no acesso da população residente no concelho de Espinho ao Centro de Diagnóstico Pneumológico do Porto. 3.1. Elevado índice de envelhecimento concelhio; 3.2. Aferição de diversas situações de isolamento que dificultam a mobilidade dos idosos e, consequentemente, o acompanhamento no domínio da saúde. 4. Aumento das doenças crónicas devido a subnutrição, envelhecimento, desemprego, não cumprimento da medicação e isolamento, entre outros.

1.1. Cobertura dos cheques dentistas que vem, de alguma forma, colmatar a fraca acessibilidade a estomatologia; 1.2. Obras de requalificação no serviço de psiquiatria do CHVNG/E que permitiram um recente aumento da actividade assistencial nesta área de especialidade. 2.1. Projecto assumido pela Câmara Municipal de Espinho para realizar o transporte gratuito e universal de munícipes para o CHVNG/E; 2.2. Resposta positiva do INEM e da Saúde 24. 6. Existência de respostas e espaços na comunidade que permitem ocupar as pessoas, nomeadamente as pessoas em situação de desemprego, o que pode contribuir para a diminuição da prevalência da depressão; 7.1. Existência do Conselho de Comunidade que faz parte da Gestão do ACES do Grande Porto IX – Espinho/Gaia (muitos ACES ainda não conseguiram implementar esta estrutura); 7.2. Existência de uma Unidade de Cuidados na Comunidade no ACES; 7.3. A criação e funcionamento das USF e UCC no concelho de Espinho; 7.4. Existência de uma Unidade de Convalescença em Espinho;

22

Quadro 1 – Análise SWOT na área da Saúde (continuação)

Pontos Fracos Pontos Fortes

5. Elevada prevalência de infecções respiratórias correlacionadas com o clima e/ou existência de diversas casas antigas, entre outros factores. 6.1. Elevado número de pessoas com doenças mentais e crescimento do número de pedidos de internamento compulsivo; 6.2. Inexistência de respostas locais no âmbito da saúde mental: fóruns sócio-ocupacionais, centros de dia, residências protegidas, etc. 7.1. Recursos humanos insuficientes no ACES Espinho/Gaia, entre os quais a categoria de Técnicos de Serviço Social; 7.2. Desmotivação dos profissionais de saúde. 8.1. Cortes financeiros dificultam a atribuição de ajudas técnicas; 8.2. Registo de diversos casos de abandono de tratamento por dificuldade de pagamento das taxas moderadoras. 9. Recursos insuficientes na área da prevenção. 10. Diversas casas abandonadas sedeadas no concelho que representam um perigo para a saúde pública. 11. Elevado número de pessoas sem-abrigo que pernoitam no concelho e que têm maiores dificuldades de acesso aos cuidados de saúde. 12.1. Inexistência de respostas ao nível da reinserção profissional de pessoas com VIH/SIDA; 12.2. Término da resposta do projecto ‘Novo Rumo’ do Centro Social de Paramos.

7.5. Existência de consultas externas de diversas especialidades; 7.6. Boa articulação entre as entidades que integram o Conselho Local de Acção Social e trabalho em rede que é desenvolvido pelas equipas no sentido de actualizar o diagnóstico e proporcionar respostas adequadas às necessidades que se vão sentindo; 7.7. Localização geográfica e recursos naturais do concelho de Espinho que incentivam à adopção de estilos de vida saudáveis. 10.1. As casas abandonadas revelam-se um ponto forte para a população sem-abrigo, uma vez que evitam que durmam na rua; 10.2. Existência do Balneário Social no município; 12. Política de intervenção de proximidade que permite um maior acompanhamento das pessoas com VIH/SIDA e uma maior eficácia na resolução dos problemas evidenciados.

Ameaças Oportunidades

2. Possibilidade de os bombeiros deixarem de fazer o transporte não urgente. 6. A crise económica potencia um aumento da prevalência de doenças mentais, nomeadamente de situações de depressão, bem como uma maior incidência de comportamentos de risco, como por exemplo um crescimento do alcoolismo e/ou recaídas. 8.1. Situação económica actual provoca a falta de recursos económicos em inúmeras famílias e consequentemente dificulta o acesso à saúde e medicação; 8.2. Crise económica influência a diminuição das prestações sociais, bem como das verbas disponíveis para a atribuição das ajudas técnicas que têm vindo a decrescer, quer ao nível dos montantes, quer ao nível do número de ajudas atribuídas. 12.1. Redução do stock de medicação nas farmácias do hospital, nomeadamente retrovirais, o que ameaça a manutenção do tratamento de doentes com VIH; 12.2. Falta de verbas para os apoios económicos, disponibilizados pela Segurança Social, para portadores do vírus VIH/SIDA.

2. O apoio da Cruz Vermelha no transporte de alguns utentes para as consultas do hospital, nomeadamente em casos de extrema necessidade, apesar de só ser gratuito para algumas situações. 5. Boa cobertura do plano de vacinação, nomeadamente o aumento recente do leque de pessoas que podem recorrer, de forma gratuita, às vacinas da gripe. 6. Existe a possibilidade de um especialista na área da doença mental se deslocar aos centros de saúde e esclarecer os médicos de família sobre questões relacionadas com este domínio, o que contribui para proporcionar um acompanhamento mais próximo e adequado das situações que vão surgindo. 7.1. Recentes alterações legislativas que permitem aos médicos de família acompanharem um maior número de utentes; 7.2. Existência de Unidades da RNCCI nas imediações do concelho de Espinho, o que permite dar uma boa resposta.

23

Quadro 1 – Análise SWOT na área da Saúde (continuação)

Sugestões de Intervenção

- Direccionar os recursos locais, nomeadamente da UCC, para dar apoio aos cuidadores dos idosos; - Criação de, pelo menos, um fórum sócio-ocupacional; - Estabelecer estratégias de prevenção concertadas a longo prazo entre todas as instituições. - Isolamento das habitações para tentar diminuir a prevalência de doenças respiratórias. - Criação de um centro de acolhimento para sem-abrigo. - Implementação de um projecto/resposta que dê continuidade ao trabalho desenvolvido pelo projecto ‘Novo Rumo’ do Centro Social de Paramos; - Aumentar a informação e sensibilização dirigida à comunidade relativa à inserção profissional das pessoas com VIH/SIDA; - Criar as seguintes respostas sociais direccionadas para pessoas com VIH/SIDA: Centro de Atendimento e Acompanhamento Psicossocial; Residência para pessoas infectadas com o vírus VIH/SIDA e Serviço de Apoio Domiciliário.

Neste domínio, será ainda de ter em conta as prioridades de intervenção elencadas pelo ACES

Gaia e Espinho/Gaia no Plano Local de Saúde 2011-2016, a saber:

- Diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares;

- Diminuição da mortalidade por diabetes;

- Diminuição da mortalidade por cancro da mama;

- Diminuição da mortalidade por cancro do estômago/colorrectal;

- Diminuição da morbilidade por doenças respiratórias;

- Diminuição da morbi-mortalidade por VIH/Sida.

COMPORTAMENTOS DE RISCO – CONSUMOS DE SUBSTÂNCIAS

PSICOACTIVAS

No âmbito do diagnóstico social, a prevalência do consumo nocivo de droga a nível municipal

foi aferida com recurso aos dados disponibilizados pelas seguintes fontes: Centro de

Respostas Integradas (CRI) Porto Central do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

(IDT, I.P.) e pelos projectos co-financiados por este organismo - projecto (Re)Agir e SMACTE

dinamizados pelo Centro Social de Paramos e projecto (En)Caminhar o Futuro da Associação

de Desenvolvimento do Concelho de Espinho – ao abrigo do Programa de Respostas

Integradas (PORI), bem como pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro,

Unidade de Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho.

Recorremos ainda ao estudo ‘Estilos de Vida e Padrões de Consumo Juvenis’ elaborado pela

Rede Social de Espinho, em 2007, bem como aos resultados publicados pelo IDT, I.P. no

âmbito do Inquérito Nacional em Meio Escolar 2011 e ao Diagnóstico das dependências do

concelho de Espinho 2012, levado a cabo pelo CRI Porto Central.

24

Procurar-se-á, neste subcapítulo, aferir a prevalência do consumo de substâncias psicoactivas

lícitas, nomeadamente tabaco e álcool, e ilícitas e traçar um retrato aprofundado sobre a

prevalência deste fenómeno a nível local, com o intuito de adequar as intervenções a

desenvolver no futuro próximo.

Tabaco

A Organização Mundial de Saúde alerta para o facto de cerca de 12% das mortes nos homens

e 6% nas mulheres se deverem ao uso do tabaco. O tabagismo é responsável por cerca de

71% dos tumores malignos do pulmão, 42% das doenças respiratórias crónicas e cerca de 10%

das doenças cardiovasculares (WHO, 2009:21).

Nesta linha, observa-se que o tabaco é responsável pelo maior número de mortes evitáveis e

constitui um dos problemas mais gravosos de saúde pública, tornando-se urgente apostar em

medidas de prevenção, que contribuam para evitar a experimentação e, sobretudo, o seu

consumo.

Especificamente no que diz respeito à realidade portuguesa, os dados publicados pelo IDT, I.P.

no âmbito do II Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na População

Geral, realizado em 2007, indicam uma prevalência de 30% de fumadores activos na

população portuguesa, sendo que na restante população cerca de 27,4% foi consumidora

desta substância em alguma ocasião no passado: 8,9% a título experimental, 2,7%

ocasionalmente, 1,9% em alguns períodos e, finalmente, 14,0% fumou regularmente.

A nível da distribuição por género, constata-se uma predominância do sexo masculino (39,9%),

face a 19,5% de mulheres. A distribuição etária reflecte uma preponderância na faixa etária dos

25 aos 44 anos, destacando-se o grupo dos 25 aos 34 anos com 38,4% de fumadores.

No que respeita à quantidade de tabaco consumido por dia nos últimos 12 meses registamos

um consumo médio diário de cerca de 16 cigarros por indivíduo. Para quase metade dos

fumadores (41,1%) o consumo médio dos últimos 12 meses representava entre 20 a 39

cigarros por dia, enquanto 31,1% consomem entre 10 a 19 cigarros, 23,6% fumam até 9

cigarros e 4,1% registam um maior nível de dependência – 40 ou mais cigarros.

Refira-se, por último, que a idade média da experimentação do tabaco se situa nos 16 anos

(80% fumou o primeiro cigarro com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos), enquanto

o consumo regular se inicia, por norma, aos 17 anos (para 76% dos entrevistados o consumo

regular começou entre os 12 e os 21 anos de idade).

A nível local, o ACES Espinho/Gaia identificou 4301 consumidores de tabaco residentes no

concelho de Espinho o que corresponde a 13,5% da população residente no concelho de

Espinho. Destes, mais de metade (60,9%) são homens observando-se, em termos do escalão

etário, que a maioria dos inscritos tem entre 40 e 59 anos (45%) e entre 20 e 39 anos (41,5%).

25

Tabela 11 – Número de residentes no concelho de Espinho, inscritos no ACES Espinho/Gaia com consumo nocivo de tabaco, segundo o sexo e o escalo etário.

Masculino Feminino Total

N % N % N %

0-19 44 1,7 38 2,3 82 1,9

20-39 962 36,7 824 49,0 1786 41,5

40-59 1212 46,3 725 43,1 1937 45,0

60-79 381 14,5 91 5,4 472 11,0

>=80 20 0,8 4 0,2 24 0,6

Total 2619 60,9 1682 39,1 4301 100,0

Fonte: Dados cedidos pelo ACES Espinho/Gaia.

Álcool

Numa perspectiva de adição, podemos afirmar que o álcool é a droga mais consumida do

mundo. O World Development Report 2007 do Banco Mundial evidencia que cerca de 50% das

pessoas com 15 ou mais anos, consumiram álcool no ano anterior, e que a proporção de

jovens que consomem bebidas alcoólicas ultrapassa os 60%.

Os efeitos nocivos do álcool incluem diversas e diferentes consequências físicas, psicológicas

e sociais para os seus consumidores, sendo que os seus efeitos e consequências não surgem

apenas de uma relação de dependência da substância, mas também, em diferentes estágios

de consumo e em determinadas circunstâncias (por exemplo, na gravidez ou quando

consumido por menores), ou até mesmo pontualmente, se atendermos a intoxicações que

podem derivar de um único consumo (mesmo que esporádico) ou às vítimas de acidentes de

tráfego, cuja causa resida na ingestão de bebidas alcoólicas.

Efectivamente, em termos físicos imediatos, os efeitos nocivos do álcool causam uma

descoordenação muscular e a diminuição das capacidades de atenção, compreensão,

raciocínio e reacção. A médio e longo prazo, a sua ingestão pode provocar inúmeras patologias

como sejam a hepatite, gastroenterite, pancreatite, arritmia, trauma, acidentes

cardiovasculares, impotência, danos em fetos, deficiências nutricionais, entre muitos outros. No

campo psicológico, o consumo de álcool pode causar insónias, depressão, ansiedade e

amnésia podendo mesmo ocorrer, em casos mais graves, alucinações, mudanças de

personalidade ou demência que podem culminar em tentativas de suicídio.

No campo social, o álcool interfere nos universos familiar, profissional e social, originando uma

panóplia de consequências que começam com a degradação física e psicológica do indivíduo e

culminam com a deterioração das suas relações pessoais e sociais. No sistema familiar, a

dependência do álcool conduz, muitas vezes, a casos de crises conjugais graves, a situações

de violência doméstica e/ou à destabilização psicológica dos cônjuges e dos filhos, entre

outras. No plano profissional provoca a diminuição do rendimento laboral, o aumento do

absentismo e dos riscos de acidentes. Quanto ao domínio social, o consumo é correlacionado

26

com perturbações nas relações sociais e da ordem pública, incluindo-se, nesta categoria,

situações de acidentes rodoviários, homicídio, roubo, violação e mesmo de vitimação, uma vez

que, quando alcoolizadas, as pessoas ficam mais vulneráveis a ataques exteriores.

Em suma, o consumo nocivo de álcool, não só tem consequências para quem bebe, como

afecta também terceiros e a sociedade em geral. Os padrões nocivos e perigosos de consumo

de álcool têm consequências significativas em matéria de saúde pública, para além de gerarem

custos no sector dos cuidados de saúde, no sector da justiça e ainda no âmbito da ordem e

seguranças públicas tendo, por tal, efeitos negativos no desenvolvimento económico e na

sociedade em geral. Os padrões nocivos e perigosos de consumo de álcool são, portanto, um

determinante de saúde fundamental que urge endereçar, nomeadamente no que respeita a

prevenção, a detecção precoce e o tratamento de Problemas Ligados ao Álcool (PLA) (IDT,

2010, 10).

A dependência do álcool foi priorizada pelo Núcleo Local de Inserção (NLI) do Rendimento

Social de Inserção, em 2010, como uma das problemáticas sociais prioritárias que urge

endereçar no concelho de Espinho, tendo-se concretizado um estudo diagnóstico no âmbito da

Rede Social, com o objectivo final de garantir uma adequação das respostas concelhias neste

domínio.

Incluiremos aqui uma síntese dos resultados obtidos neste estudo que nos permite caracterizar,

de forma aprofundada, este fenómeno a nível local.

Em Fevereiro de 2010, o NLI sinalizou um total de 91 pessoas com dependência do álcool, que

correspondem a aproximadamente 5,8% do total de residentes acompanhados no âmbito de

Acção Social e de Rendimento Social de Inserção (RSI).

Do total de pessoas identificadas, 50,5% estão integradas no RSI e correspondem a cerca de

8,4% do conjunto de beneficiários do RSI residentes no concelho de Espinho, enquanto 49,4%

são acompanhadas no âmbito da Acção Social e correspondem a 4,5% do total de pessoas

que detinham processos de Acção Social em 2010.

A esmagadora maioria do grupo é constituída por homens (79,1%) e, no que respeita a

organização familiar, observamos que mais de metade das pessoas reside ou ‘sozinha’ (29,7%)

ou num ‘casal com filhos’ (29,7%). Um conjunto de 19,8% vive com o ‘cônjuge (casal)’,

enquanto 11% reside ‘com outro familiar’ e 8,8% com ‘pais/irmãos’. Apenas uma minoria de

1,1% reside ‘com outra pessoa que não pertence à sua família’. Significa isto que 70,4% dos

indivíduos alcoólicos acompanhados pela Segurança Social e pelas restantes entidades

concelhias dispõem de uma estrutura familiar que poderá ser influenciada, em maior ou menor

grau, pelo alcoolismo.

A Segurança Social e as instituições locais que integram o NLI atribuíram um total de

€3.435,05 em apoios económicos a pessoas com dependência do álcool. A esmagadora

27

maioria dos apoios económicos são conferidos a beneficiários do RSI (€2.763,77) e visam,

sobretudo, o apoio em ‘medicamentos’ (58,2%) e ‘alimentação’ (16,4%).

Note-se, no entanto, que 10,9% dos apoios enquadram-se no âmbito do ‘alojamento’ e foram,

exclusivamente, concedidos a pessoas abrangidas pela Acção Social. Uma percentagem de

9,1% é relativa a apoios referentes a ‘transportes’, 5,5% correlacionam-se com o ‘apoio a filhos

menores’ e outros tantos dizem respeito à categoria ‘outras’. Uma pequena minoria dos apoios

concedidos (1,8%) reporta à categoria de ‘ajudas técnicas’.

O Centro Social de Paramos é uma das instituições que actua no âmbito do consumo abusivo

de álcool, dando respostas diferenciadas a esta problemática sob diferentes vertentes,

nomeadamente através do trabalho desenvolvido com jovens no Centro Comunitário ‘Espaço

Vivo’ e do projecto de prevenção das toxicodependências ‘(Re)Agir’, bem como da intervenção

junto de adultos promovida pela Comunidade de Inserção. A maioria destas pessoas está

também identificada noutras respostas sociais locais como por exemplo ao nível da Acção

Social e RSI, entre outros.

Não obstante, a Equipa de Redução de Riscos SMACTE identificou 17 pessoas dependentes

de álcool, que são acompanhadas por esta equipa essencialmente ao nível da alimentação,

com o objectivo de diminuir os efeitos nocivos desta substância.

O contacto com estes utentes acontece essencialmente quando estes estão sob o efeito da

substância, o que dificulta a relação e a comunicação com os mesmos (inviabilizando a

execução da educação para a saúde e os devidos encaminhamentos), chegando, por vezes, a

prejudicar o contacto com os restantes utentes que procuram a unidade móvel. Neste sentido,

a equipa tem avaliado esta população caso a caso, acusando algumas dificuldades em

desenvolver intervenções com um carácter mais estruturado.

Segundo esta equipa, existe uma necessidade premente de intervir junto dos consumidores

problemáticos, não associados à utilização de drogas (que, sublinha-se, têm características

bastante diferentes, logo exigem igualmente respostas diferentes). No entanto, é assumida a

dificuldade em encontrar estratégias adequadas, pelo que optou por aguardar por directrizes

mais concretas por parte do IDT, no que concerne a intervenção em redução de riscos em

contexto de rua, junto das pessoas que consomem excessivamente e que são dependentes de

álcool.

Numa outra perspectiva, e no âmbito do diagnóstico concelhio sobre o consumo abusivo do

álcool, o ACES Espinho/Gaia levou a termo um levantamento sociodemográfico das pessoas

que frequentaram a consulta de alcoologia do Centro de Saúde de Espinho, procurando-se

complementar os dados obtidos com a perspectiva dos técnicos que actuam o terreno, através

de uma entrevista realizada com o Dr. Rogério Ramos (médico responsável pela consulta de

alcoologia) e com a Dra. Helena Leite (técnica superior de serviço social afecta ao Centro de

Saúde de Espinho até Outubro de 2010).

28

A consulta de alcoologia iniciou-se em 1985 e terminou em 2010 na sequência da atribuição

das competências de intervenção no âmbito do álcool ao Instituto da Droga e da

Toxicodependência. Em rigor, deseja-se que tal decisão seja repensada, à luz do Plano

Nacional de Redução dos Problemas Ligados ao Álcool e da Rede de Referenciação para

Pessoas com Problemas Ligados ao Álcool. Esta Rede, estruturada em três níveis de

intervenção, reserva aos Cuidados de Saúde Primários, ao IDT, IP e aos Cuidados

Hospitalares, com particular relevo para os Serviços e Departamentos de Saúde Mental, papéis

de extrema relevância.

São os seguintes os diferentes níveis de intervenção:

Nível 1 – destinado a Médicos de Família e Equipas de Resposta aos PLA dos Cuidados de

Saúde Primários: Detecção precoce; Consumo de risco/ Consumo nocivo/abuso Dependência

ligeira; Intervenção breve.

Nível 2 – destinada à Equipa de Tratamento – CRI (IDT, I.P.): Consumo nocivo/abuso

referenciado de outras estruturas; Dependência moderada; Policonsumos.

Nível 3 – assegurada por UA / IDT, I.P.; Departamentos de Saúde Mental e Hospitais

psiquiátricos; Comunidades terapêuticas e Hospitais Gerais: Dependência grave; Dependência

ligeira ou moderada se condições comórbidas psiquiátricas; Populações especiais.

Assim, os dados que se expõem de seguida correspondem ao número de pessoas que

frequentaram a consulta de alcoologia no Centro de Saúde de Espinho, desde o início deste

serviço até ao seu término e são complementados com a perspectiva dos técnicos de saúde

entrevistados.

Foram identificadas um total de 640 pessoas o que corresponde a uma média de 36 novas

pessoas por ano. O Dr. Rogério Ramos, por seu turno, menciona uma média 50 novos casos

por ano referindo ainda que alguns estudos realizados há alguns anos atrás apontavam para a

existência de aproximadamente 1500 indivíduos alcoólicos em Espinho, valor este que estaria

dentro da média nacional. A disparidade entre os dados identificados no levantamento

realizado e os referidos pelo Dr. Rogério é justificada pelo facto de algumas pessoas terem sido

eliminadas da listagem por motivo de falecimento.

Note-se que nem todas as pessoas que frequentaram esta consulta eram dependentes do

álcool - efectivamente, esta consulta abrangia pessoas com comportamentos nocivos, de risco

e dependentes do álcool verificando-se que uma grande percentagem, nomeadamente nos

últimos anos, era encaminhada pelo tribunal, na sequência de processos de violência

doméstica, de condutores apanhados com valores de alcoolemia superiores ao valor legal, bem

como de condutores envolvidos em acidentes de viação resultantes destas condições.

29

Tabela 12 – Número de pessoas que frequentaram a consulta de alcoologia do Centro de Saúde de Espinho segundo o sexo.

Sexo N %

Masculino 523 81,7

Feminino 117 18,3

Total 640 100,0

Fonte: ACES Espinho/Gaia, Maio 2010.

A par dos tribunais, mencionam-se encaminhamentos realizados pelos técnicos de saúde

(médicos de família e psicólogos) e os técnicos de acção social das entidades concelhias, bem

como alguns casos encaminhados por familiares e amigos.

A este propósito, os técnicos consideraram importante distinguir os casos encaminhados pelo

tribunal que correspondiam, muitas vezes, a consumos esporádicos e excessivos e não a

situações de alcoolismo, tornando-se necessário diferenciar o tipo de intervenção a adoptar

nuns e noutros casos.

De facto, e no primeiro caso (consumos excessivos) a actuação passava, sobretudo, pela

transmissão de informação e pelas consultas individuais. No caso de doentes alcoólicos a

metodologia de intervenção consistia, numa primeira fase, numa ‘desintoxicação alcoólica’ e na

frequência de psicoterapia de grupo, em grupos constituídos por 5 a 6 indivíduos. Esta fase

tinha uma duração aproximada de duas semanas, com tratamentos diários de uma hora.

Findas as duas semanas de tratamento e na última sessão (sessão de modelagem) estava

presente um elemento do NASCE – Núcleo de Amigos da Saúde do Concelho de Espinho,

para o qual os indivíduos eram encaminhados e que ficava responsável pelo acompanhamento

pós-cura e pelo apoio ao nível da reinserção social dos doentes. Após estas duas semanas de

tratamento, os doentes eram acompanhados mensalmente no primeiro ano e de dois em dois

meses no segundo ano, passando-se para um espaçamento gradual das consultas, consoante

a necessidade e as especificidades de cada caso.

Por outro lado, e no que concerne os encaminhamentos realizados pelos técnicos da CPCJ ou

de acompanhamento de RSI, há que salientar a extrema dificuldade de intervenção nestes

casos,

‘(...) enquanto que antigamente as pessoas vinham porque havia necessidade, eram

pressionadas pela família, aqui eram chamadas pelo subsídio, para receber o subsídio tinham

que ir à consulta... a desmotivação é enorme, motivar um indivíduo destes é muito diferente.”

Dr. Rogério Ramos – Médico responsável pela consulta de alcoologia do Agrupamento dos Centros de Saúde do Grande Porto IX – Espinho/Gaia

30

Quanto à taxa de sucesso das intervenções realizadas no âmbito da consulta de alcoologia,

refere-se uma taxa aproximada de 55%, referindo-se que alguns estudos realizados não

indicam diferenças significativas entre o tratamento em ambulatório e o internamento.

As pessoas que frequentaram a consulta de alcoologia são, na sua esmagadora maioria,

adultos que revelam um uso abusivo do álcool. Segundo os técnicos entrevistados, a idade

média das pessoas dependentes de álcool situa-se nos 40 anos, sendo que nos últimos anos

se tem vindo a denotar uma alteração nos padrões de consumo, uma vez que aparecem cada

vez mais jovens com consumos problemáticos de álcool. Aliás, em alguns casos, são

acompanhados pelos próprios pais que manifestam preocupação com os seus filhos.

“O alcoolismo de que estamos a falar de há 25 anos, é sempre em idades depois dos 25 a 30

anos, porque o tempo necessário para ser criada a dependência alcoólica são pelo menos 10

anos, apesar de eles começarem a beber cedo...” Segundo “(...) estudos mais antigos, era com

a entrada na tropa com 20 anos, havia o pico, e depois esperávamos e lá tínhamos os doentes

alcoólicos, portanto era essa década, dos 30, 40 anos, a média será pelos 40, 40 e tal anos,

que era o período de intoxicação... Ultimamente isso começou-se a alterar, são mais novos (...)

o grau de intoxicação dos doentes que tínhamos antigamente era muito mais intenso, portanto,

eles apareciam mais tarde, agora aparecem mais cedo mas com um grau de intoxicação muito

menor. Mas (...) o acesso ao médico está facilitado e portanto vão mais cedo (...).” (ibidem)

Uma das grandes mais-valias do levantamento efectuado pelo ACES Espinho/Gaia diz respeito

à identificação territorial, quanto à freguesia de residência, do consumo abusivo do álcool no

concelho de Espinho. Desconhecendo-se o local onde 14 pessoas habitam, observamos que a

maioria das pessoas que frequentaram a consulta de alcoologia reside na freguesia de Anta

(25,3%) e em Espinho (35%), seguindo-se a freguesia de Silvalde com 21,3%. A freguesia de

Paramos congrega uma percentagem de 14,1% e a de Guetim, 3,1%. Note-se que cerca de

9,1% das pessoas identificadas residem fora do concelho, nomeadamente em concelhos

circunvizinhos, como sejam Nogueira da Regedoura, Esmoriz, São Félix da Marinha, Vila Nova

de Gaia, entre outros locais contíguos ao município.

Quanto às intervenções a delinear, os técnicos de saúde consideram prioritário investir, ao

nível local, em programas de prevenção que actuem nas escolas. Actualmente, deparamo-nos

com novos padrões de consumo juvenis – os jovens consomem álcool de uma forma muito

intensa e revelam, por tal, um modelo de consumo completamente diferente, tornando-se

imprescindível adoptar novas acções que privilegiem a prevenção. Por outro lado, salienta-se a

importância da proximidade das respostas aos cidadãos e da actuação ao nível da reinserção

social dos doentes alcoólicos.

31

Os dados disponibilizados pelo ACES Espinho/Gaia permitem-nos obter um panorama recente

do número de pessoas com consumos nocivos de álcool. Assim, em 2011, existiam 466

pessoas inscritas com estas características, das quais 87,6% são homens.

Tabela 13 – Número de pessoas acompanhadas pelo ACES Espinho/Gaia, em 2011, que manifestam consumo nocivo de álcool

Masculino Feminino Total

N % N % N %

0-19 0 0,0 0 0,0 0 0,0

20-39 51 12,5 11 19,0 62 13,3

40-59 239 58,6 32 55,2 271 58,2

60-79 107 26,2 14 24,1 121 26,0

>=80 11 2,7 1 1,7 12 2,6

Total 408 87,6 58 12,4 466 100

Fonte: ACES Espinho/Gaia.

Mais de metade das pessoas identificadas (58,2%) enquadra-se no escalão etário dos 40 aos

59 anos, seguindo-se o grupo dos 60 ao 79 anos (26%) e o dos 20 aos 39 anos (13,3%). Uma

pequena minoria de 2,6% tem 80 e/ou mais anos.

Ainda no que diz respeito aos recursos locais, desde Outubro 1991 existe em Espinho o Núcleo

de Amigos da Saúde do Concelho de Espinho (NASCE), cujos objectivos são: combater o uso

excessivo de bebidas alcoólicas, motivar os doentes alcoólicos para o tratamento, ajudar os

alcoólicos tratados a reintegrar-se na sociedade, promover o bem-estar físico, mental e social,

bem como acompanhar os doentes alcoólicos durante o tratamento.

De acordo com a sistematização efectuada ao longo da intervenção do NASCE, regista-se no

concelho de Espinho um assinalável número de indivíduos com largo historial de consumo de

álcool. Este consumo incide, cada vez mais, em ambos os sexos e em idades precoces. No

entanto, o NASCE é mais frequentado por elementos do sexo masculino, uma vez que mais

facilmente assumem a situação de dependência, enquanto no sexo feminino o consumo

excessivo de bebidas alcoólicas é menos tolerável socialmente, logo, mais difícil de assumir

este consumo e, consequentemente o seu tratamento.

A grande maioria dos doentes alcoólicos que têm frequentado o NASCE, são caracterizados

por baixos níveis de escolaridade, apresentando uma situação profissional de alguma

instabilidade, encontrando-se alguns em situação de desemprego. Nalguns casos verifica-se

uma perda do estatuto de marido/mulher e/ou pai/mãe, consequência da incapacidade de

exercer esse papel devido à centralidade no álcool por parte do doente, desvalorizando o seu

papel na família surgindo, por vezes, a quebra dos laços familiares.

32

Não obstante, e na perspectiva do NASCE, o alcoolismo continua a ser um problema muito

desvalorizado pelo consumidor e por algumas famílias, que procuram ajuda, quase sempre, em

situações limite, muitas vezes motivados por problemas judiciais ou por situações graves de

saúde. Mesmo assim, os cônjuges de alguns doentes alcoólicos assinalam o período de

tratamento como um momento de viragem nas suas vidas, assumindo a importância de

acompanhar o doente alcoólico ao longo do processo de tratamento.

A presença da família é fundamental em todo este processo dado que o alcoolismo é um

problema familiar. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas por parte de um elemento do

agregado familiar tem um profundo impacto sobre a família, daí que a própria família deva ser

alvo de intervenção a par do tratamento realizado com o doente. Residualmente, existem

alcoólicos que, por ausência de retaguarda familiar, se encontram em situação de sem-abrigo,

ocupando casas devolutas do centro da cidade.

Por último, contamos neste estudo com as informações cedidas pela Polícia de Segurança

Pública (PSP), Comando Distrital de Aveiro, Divisão Policial de Espinho. Esta entidade reporta

que no ano de 2009 foram realizadas cerca de 63 operações STOP, onde foram apanhados 90

condutores com uma taxa de alcoolemia igual ou superior a 0,5 g/l, 14 condutores com uma

taxa igual ou superior a 0,8 g/l e 51 condutores com uma taxa de alcoolemia igual ou superior a

1,2 g/l. Concludentemente, em 2009, foram apanhadas 155 pessoas com taxas de alcoolemia

superiores ao limite legal permitido. Por outro lado, contabilizam-se cerca de 19 acidentes de

viação em que foram intervenientes indivíduos com álcool no sangue, embora não se registe

nenhuma morte por acidente.

Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI) | Programa de Respostas

Integradas (PRI) do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P

O Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI) é uma medida estruturante ao nível da

intervenção integrada, que visa a redução da procura do consumo de substâncias psicoactivas,

procurando potenciar sinergias disponíveis no território. Tem como objectivos gerais construir

uma rede global de respostas integradas e complementares, no âmbito da prevenção, da

dissuasão, da redução de riscos e minimização de danos, do tratamento e da reinserção,

aumentar a abrangência, a acessibilidade, a eficácia e a eficiência das intervenções, dirigindo -

as a grupos específicos, desenvolver um processo de melhoria contínua da qualidade da

intervenção através do reforço da componente técnico-científica e metodológica, aumentar o

conhecimento sobre o fenómeno dos consumos de substâncias psicoactivas e promover a

realização de intervenções coerentes e sustentáveis no tempo (Portaria n.º 131/2008, de 13 de

Fevereiro).

A sua execução concretiza-se através da implementação de Programas de Respostas

Integradas (PRI) que consistem numa intervenção que integra abordagens e respostas

interdisciplinares, de acordo com alguns ou todos os eixos, como a prevenção, dissuasão,

33

tratamento, redução de riscos e minimização de danos e reinserção, e decorrem dos resultados

do diagnóstico de necessidades de um território identificado como prioritário.

Em 2008, o concelho de Espinho viu aprovados 4 projectos no âmbito do PORI, financiados

pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P. (IDT I.P.), dos quais três foram

promovidos pelo Centro Social de Paramos – no âmbito dos eixos da prevenção, tratamento e

redução de riscos e minimização de danos – e um quarto dinamizado pela Associação de

Desenvolvimento do Concelho de Espinho, na área da reinserção.

Em Junho de 2012, o Centro de Respostas Integradas Porto Central da Delegação Regional do

Norte do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.) levou a termo uma actualização do

Diagnóstico das Dependências do concelho de Espinho, em estreita parceria com as entidades

que integram a Rede Social, com o intuito de compreender a dimensão e natureza do

fenómeno dos consumos de substâncias psicoactivas e das toxicodependências no município,

para o desenvolvimento futuro de intervenções apropriadas.

Assim, os dados expostos nas páginas seguintes são retirados do diagnóstico

supramencionado e complementados com alguns elementos cedidos pelas instituições locais,

bem como outros publicados pelo IDT, I.P. (referentes ao consumo de drogas em meio escolar)

e têm como objectivo traçar um retrato fidedigno e exaustivo da realidade actual no que

respeita ao consumo e dependência de substâncias psicoactivas no concelho de Espinho.

PRI | Eixo da Prevenção

O (Re)Agir, promovido pelo Centro Social de Paramos e co-financiado pelo IDT, I.P. entre

Outubro de 2008 e Setembro de 2012, é um projecto orientado para a prevenção universal e

selectiva no concelho de Espinho, nomeadamente nas freguesias de Anta, Espinho, Paramos e

Silvalde, com o intuito de promover o reforço dos factores de protecção e diminuição dos

factores de risco associados às dependências, junto de crianças e jovens em risco e famílias

em situação de vulnerabilidade social.

Nos dois últimos anos de intervenção o projecto desenvolveu um conjunto de 7 acções,

enumeradas na tabela abaixo, e abrangeu um total de 1956 pessoas, entre as quais

sobressaem os adolescentes, os jovens, a população em geral, bem como as crianças e

pais/famílias.

Os elementos cedidos pela instituição permitem-nos concretizar uma caracterização qualitativa

dos grupos e contextos envolvidos no projecto e, consequentemente, aprofundar o

conhecimento sobre os grupos-alvo das estratégias de intervenção da prevenção das

dependências de substâncias psicoactivas.

Crianças – as crianças acompanhadas pelo (Re)Agir situam-se entre os 5 e os 12 anos e

frequentam diversos estabelecimentos de ensino do concelho de Espinho, observando-se que

34

algumas estão a frequentar estruturas formais de apoio, tais como Centros Lúdicos, ou Centros

Comunitários.

Tabela 14 – Número de acções dinamizadas pelo Re(Agir), entre 2010 e 2012, segundo número de indivíduos abrangidos.

Ações N.º total de indivíduos abrangidos

Formação dirigida à comunidade educativa 79

Acções de Sensibilização para Jovens 534

Grupo de Crianças e Jovens (Re)Agir Espinho 425

Grupo de Pais (Re)Agir Espinho 69

(Re)Agir na Net 183

Gabinete de Apoio e Aconselhamento Psicológico 33

Fora de Portas 633

Total 1956*

Nota:* Os mesmos indivíduos foram abrangidos por diversas acções, pelo que poderão surgir replicados. Fonte: Dados cedidos pelo Re(Agir), Centro Social de Paramos

Adolescentes - oriundos de diversas freguesias do concelho, e com idades compreendidas

entre os 13 e os 19 anos, os adolescentes estão enquadrados nos estabelecimentos de ensino

públicos concelhios e embora a maioria frequente um plano curricular normal, uma franja

considerável destes adolescentes apresenta dificuldades de aprendizagem que, por tal, estão

integrados em cursos de educação e formação. Entre os principais problemas deste grupo, os

técnicos identificam um interesse muito reduzido pelo seu percurso académico, bem como a

prática regular de condutas desviantes.

Jovens – entre os jovens, enquadrados no escalão etário entre os 20 e os 24 anos,

encontramos alguns integrados nos estabelecimentos de ensino e outros tantos

desenquadrados, em situação de desemprego e sem qualquer projecto de vida. Associam-se, a

muitos deles, condutas desviantes, tais como o consumo de substâncias ilícitas.

Famílias – tratam-se, maioritariamente, de famílias residentes nos bairros sociais do concelho,

com um quadro pautado por baixas qualificações escolares e profissionais e com uma grande

incidência de pessoas em situação de desemprego, sem grandes perspectivas de integração

no mercado de trabalho, entre as quais o marasmo e o sedentarismo prevalecem em larga

escala. A precariedade económica, a violência doméstica e a falta de competências parentais

constituem uma realidade, bem como uma reduzida implicação na resolução dos seus

problemas e na implementação de estratégias de mudança. Detecta-se, ainda, o consumo de

substâncias lícitas e ilícitas.

Os técnicos que actuam na área da acção social, os professores, os auxiliares de acção

educativa e os monitores abrangidos pelo (Re)Agir são profissionais que estão diariamente em

contacto com as crianças/adolescentes/jovens e respectivas famílias e que evidenciam algum

desconhecimento sobre as substâncias licitas e ilícitas (efeitos e consequências). Nesta linha,

35

estes públicos foram alvo de acções de informação e formação, com o intuito de colmatar as

necessidades identificadas, bem como de reforçar os factores de protecção e minimizar os

factores de risco.

Já no que diz respeito aos contextos de implementação do projecto foram privilegiadas as

escolas e os bairros sociais, nomeadamente o Bairro da Quinta de Paramos e o Bairro da

Marinha de Silvalde.

Quanto aos primeiros (estabelecimentos escolares) os técnicos alertam para o facto de

existirem, nas suas imediações, alguns estabelecimentos da área da restauração, que vêm nas

camadas mais jovens uma fonte de receita, pelo que nem sempre cumprem a legislação no

que concerne a venda de bebidas alcoólicas e de tabaco a menores de 18 anos. Por outro

lado, observa-se que alguns alunos têm por hábito consumirem substâncias psicoactivas nos

meios circundantes das escolas, nomeadamente em galerias comerciais, cafés, bares e casas

de amigos.

Os bairros sociais identificados são percepcionados como bairros problemáticos e

estigmatizados, socialmente desvalorizados, onde se detecta um conjunto de problemáticas

que constituem factores de risco no domínio da toxicodependência, como sejam as baixas

qualificações escolares e profissionais, um elevado nível de desemprego, pobreza, pouca

motivação para a mudança, entre outros. Nestes contextos, a intervenção do (Re)Agir veio

complementar e reforçar o trabalho desenvolvido pelos Centros Comunitários e por outros

projectos, como por exemplo a Comunidade de Inserção.

Com as acções levadas a termo pelo (Re)Agir denota-se que todos os públicos-alvo abrangidos

revelaram um aumento significativo dos conhecimentos sobre os efeitos e consequências das

substâncias psicoactivas. Ademais, e junto dos adolescentes e jovens envolvidos, afere-se um

incremento das competências pessoais e sociais que lhes permitem, entre outros, adoptar

atitudes comportamentais mais assertivas junto do grupo de pares e resistir à pressão relativa à

experimentação e consumo de substâncias.

Apesar dos impactos positivos da intervenção levada a termo nestes últimos anos, será de

salientar que continuam a subsistir factores de risco no domínio do consumo e abuso de

substâncias psicoactivas tornando-se necessário assegurar, no futuro, a continuidade de um

conjunto de acções que intervenham no domínio da prevenção.

Finalmente refere-se que o projecto (Re)Agir foi, ao longo dos seus anos de implementação,

alvo de acompanhamento e apoio técnico e de monitorização por parte da Equipa de

Prevenção do CRI Porto Central do IDT, I.P:

PRI | Eixo do Tratamento

Entre Outubro de 2008 e Outubro de 2012, o Centro Social de Paramos foi a entidade

promotora do projecto ‘UniMove – Programa Terapêutico com Agonista Opiáceo em Unidade

36

Móvel’, co-financiado pelo IDT, I.P. ao abrigo do eixo de tratamento. Esta estrutura pretendia

dar resposta às necessidades locais dos utentes ao nível da toma de metadona, tornando-a

uma resposta de grande proximidade e acessibilidade e proporcionando um controlo mais

próximo e efectivo dos movimentos desta substância.

O serviço disponibilizava uma equipa de enfermagem que se deslocava, diariamente, a

diversos locais do concelho numa unidade móvel, de forma a garantir a toma presencial e

observada de metadona a utentes incluídos no Programa Terapêutico com Agonista Opiáceo

(PTAO), da Equipa de Tratamento de Santa Maria da Feira. Entre os seus objectivos, contava-

se o garante de uma resposta assente numa política de proximidade e de maior acessibilidade,

bem como o contributo para a diminuição do consumo de substâncias psicoactivas e aumento

de períodos de abstinência.

O projecto terminou a 30 de Setembro de 2012 e, uma vez que não foi possível em a sua

renovação, as respostas ao nível do Programa de Substituição Opiácea de Baixo Limiar de

Exigência foram transferidas e acrescidas às valências da Equipa de Rua SMACTE, também

financiada pelo IDT, IP e supervisionada pelo CRI Porto Central. As respostas no domínio do

tratamento no concelho de Espinho são, garantidas pelo Centro de Respostas Integradas do

Porto Central (IDT, I.P) através da sua Equipa de Tratamento de Santa Maria da Feira e da sua

Consulta Descentralizada de Espinho.

Assim, e com o intuito de evitar sobreposições, debruçar-nos-emos, de seguida, sobre os

dados disponibilizados pelo Instituto da Droga e Toxicodependência, I.P. (doravante designado

por IDT, I.P.) que nos dão acesso à evolução, entre 2007 e 2011, do número de pessoas em

processo de tratamento, residentes no concelho de Espinho, segundo a freguesia de

residência, o sexo e o escalão etário.

Em 2011, estavam integradas em estruturas de tratamento, 175 pessoas residentes no

concelho de Espinho, das quais a esmagadora maioria reside nas freguesias de Espinho

(39,4%) e Anta (33,7%). Segue-se a freguesia de Silvalde com uma representatividade de

14,3%, Paramos (10,9%) e Guetim (1,7%).

Consoante se poderá verificar no gráfico n.º 4, averiguamos, entre 2009 e 2010, um aumento

generalizado do número de pessoas em tratamento, imediatamente seguido de uma diminuição

entre 2010 e 2011 para valores próximos aos registados em 2009.

Em todos os anos, os homens predominam por larga maioria, sendo que se entre 2007 e 2010

assumem uma percentagem superior a 83%, em 2011 este significado diminui para 77,7% do

total.

Em 2011, a faixa etária mais representada é a dos 30 aos 34 anos (22,3%), seguida pelos

grupos dos 40 aos 44 anos (18,9%), dos 35 aos 39 (16%) e dos 50 e mais anos (14,9%). Os

restantes escalões não reúnem percentagens superiores a 11%%, sendo que o menos

expressivo é o dos 20 aos 24 anos (6,9%). Em termos evolutivos, entre 2007 e 2011, denota-se

37

um aumento dos jovens adultos (entre os 20 e os 34 anos) em tratamento e uma diminuição

das pessoas entre os 35 e os 49 anos.

Gráfico 4 – Evolução entre 2007 e 2011, do número de pessoas, residentes no concelho de Espinho, integradas em estruturas de tratamento, segundo a freguesia de residência.

Fonte: Dados cedidos pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

Os elementos disponíveis no diagnóstico levado a termo pela equipa do CRI Porto Central

permitem-nos aprofundar esta caracterização sociodemográfica dos consumidores de

substâncias acompanhados pelas Equipas de Tratamento, nomeadamente quanto ao estado

civil, às habilitações literárias, à situação face ao emprego e às substâncias de consumo.

Tabela 15 – Evolução, entre 2007 e 2011, do número de pessoas residentes no concelho de Espinho integradas em estruturas de tratamento, segundo o escalão etário.

2007 2008 2009 2010 2011 Variação entre 2007 e 2011

%

20-24 1,3 1,8 0,7 7,5 6,9 5,5

25-29 4,6 6,1 7,3 10,9 10,3 5,7

30-34 15,0 18,4 19,9 20,5 22,3 7,3

35-39 23,5 20,9 21,9 19,7 16,0 -7,5

40-44 21,6 22,7 23,8 14,6 18,9 -2,7

45-49 14,4 14,1 10,6 9,6 10,9 -3,5

>=50 19,6 16,0 15,9 17,2 14,9 -4,8

Total 153 163 151 239 175 5,5

Fonte: Dados cedidos pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

Assim, neste diagnóstico procede-se a uma caracterização mais aprofundada da população

acompanhada, em 2011, pela Equipa de Tratamento de Santa Maria da Feira (71 pessoas) e

43 43 45

63

59

69 72

69

101

69

3 3 2 43

14 1514

2919

2430

21

40

25

0

20

40

60

80

100

120

2007 2008 2009 2010 2011

Anta

Espinho

Guetim

Paramos

Silvalde

Sem Informação

38

pela Consulta Descentralizada de Espinho (82 utentes) referindo-se que, por norma, se tratam

de indivíduos com longos percursos de substâncias psicoactivas.

Quanto ao estado civil, e desconhecendo-se a situação de 2% dos indivíduos, averiguamos

que mais de metade das pessoas acompanhadas por estas duas estruturas é solteira (52,9%),

seguindo-se as que se enquadram na categoria de casados ou residem em união de facto

(33,3%). Uma minoria de 10,5% é separada/divorciada e 1,3% enquadram-se na categoria de

viúvos. Refira-se, a este nível, que a existência de retaguarda familiar é considerada um factor

de protecção determinante para o projecto terapêutico.

Constatamos, desde logo, o predomínio de baixas habilitações literárias quando nos

deparamos com o facto de 79,1% da população deter um grau de ensino igual ou inferior 3º

ciclo de escolaridade (2,6% não têm qualquer tipo de escolaridade, 1,3% sabem ler e escrever

sem grau de ensino, 24,2% têm o 1º ciclo e outros tantos o 3º ciclo e 26,8% têm o 2º ciclo do

ensino básico). Apenas 13,7% dos utentes tem o ensino secundário e, no que diz respeito ao

ensino superior, averigua-se que 2% frequentaram este nível de ensino e 1,3% detêm um grau

universitário.

A par das baixas qualificações denota-se uma preponderância das situações de desemprego

(54,2%), das quais a esmagadora maioria (80,7%) se refere a desemprego de longa duração.

Saliente-se, no entanto, que 28,1% das pessoas acompanhadas estão empregadas em

situações consideradas estáveis e regulares.

Por último, e no que concerne o consumo de substâncias, aferimos que a heroína reúne uma

prevalência de 70,6% no total das pessoas acompanhadas pelas Equipas de Tratamento. Na

restante população, o álcool congrega 8,5%, a cannabis agrupa 6,5% e a cocaína e derivados

agregam 5,2%.

Apesar das dificuldades socioeconómicas apresentadas, os técnicos consideram que se trata

de uma população parcialmente integrada na rede social, com as necessidades básicas

habitualmente garantidas.

Ao nível dos problemas de saúde, o consumo de substâncias por via endovenosa e práticas

sexuais desprotegidas são responsáveis por uma elevada percentagem de indivíduos

seropositivos para o VIH e Hepatites B e C. São ainda frequentes as comorbilidades

psiquiátricas e os problemas estomatológicos.

PRI | Eixo da Reinserção

No âmbito da Reinserção o concelho de Espinho contava, desde 2008, com o projecto

‘(En)Caminhar o Futuro’, promovido pela ADCE e co-financiado pelo IDT, I.P. que tinha como

objectivo último apoiar a população toxicodependente, integrada em programas de tratamento,

a estruturar a sua vida e a desenvolver competências de autonomia e responsabilidade que

39

lhes permitam a integração profissional, a realização pessoal e o restabelecimento das redes

sociais de suporte.

Para tal, o projecto, monitorizado e apoiado tecnicamente pela Equipa de Reinserção do CRI

Porto Central, promoveu as seguintes actividades: acompanhamento individual de todos os

participantes, concretização de balanço de competências, dinamização de uma unidade de

mediação para a formação e emprego (na qual se gere uma base de dados sobre ofertas

profissionais, se promove a sensibilização às empresas e se dinamizam visitas de

sensibilização e informação ao Centro de Atendimento Permanente de Espinho do Centro de

Emprego de Vila Nova de Gaia) e a integração dos participantes em acções de Animação

Comunitária.

Entre 2008 e 2012 o projecto acompanhou um total de 98 pessoas (55 entre 2008 e 2010 e 43

entre 2010 e 2012), das quais 81,6% pertencem ao sexo masculino. No que respeita o escalão

etário observamos que 33,7% têm 40 ou mais anos, 27,6% situam-se entre os 30 e os 34 anos

e 19,4% enquadram-se no grupo dos 35 aos 39 anos. Uma percentagem de 15,3% tem entre

25 e 29 anos e uma minoria de 4,1% tem 24 ou menos anos.

Trata-se, então, de uma população adulta com baixas habilitações literárias verificando-se que

7,1% sabem ler e escrever sem qualquer grau de ensino, 25,5% têm o 1º ciclo do ensino

básico, 39,8% têm o 2º ciclo, 17,3% o 3º ciclo e apenas 10,2% têm o ensino secundário.

Segundo os técnicos da ADCE que acompanham o projecto, denota-se uma desvalorização da

escolarização e da formação o que, aliado a fracos níveis de qualificação profissional, bem

como à falta de hábitos de trabalho e à dificuldade no cumprimento de horários e regras, reduz

as perspectivas de reingresso no mercado de trabalho.

Tabela 16 - O (En)Caminhar o Futuro em números.

2008-2010 2010-2012 Total

N.º de pessoas abrangidas pelo projeto 55 43 98

N.º de pessoas que desistiram 14 3 17

N.º de processos ativos no final do projeto 41 40 81

N.º de pessoas que terminaram o balanço de competências 19 8 27

N.º de pessoas que frequentaram estágios pré-profissionais 7 0 7

N.º de pessoas abrangidas pelo Programa Vida Emprego 11 36 47*

N.º de pessoas integradas em formação profissional 6 9 15

N.º de pessoas integradas no mercado de trabalho 20 24 44

Observações: * Estes dados referem-se aos processos e não ao nº de pessoas, dado que existem pessoas que acumulam estágios com apoios ao emprego Fonte: Dados cedidos pela Associação de Desenvolvimento do Concelho de Espinho.

40

Ademais, e entre as fragilidades detectadas junto desta população, apontam-se ainda a

ausência de competências pessoais e sociais, uma baixa auto estima e uma fraca capacidade

de gestão da ansiedade, bem como uma subsidiodependência.

Não obstante as dificuldades supramencionadas, foi na área da empregabilidade que as

mudanças se revelaram mais significativas. Ao todo, foram integradas 44 pessoas no mercado

de trabalho, 15 em acções de formação profissional e 7 em estágios pré-profissionais.

Aliás, e segundo o diagnóstico de 2012 concretizado pelo CRI Porto Central, as mudanças

positivas ao nível dos comportamentos e atitudes são perceptíveis na adesão aos projectos

terapêuticos, na participação e manutenção nas actividades do projecto, com reflexos notáveis

ao nível da melhoria da qualidade de vida dos utentes (Coutinho et al, 2010: 31).

O projecto de reinserção (En)Caminhar o Futuro, à semelhança do que aconteceu com os

projectos (Re)Agir e UniMove promovidos pelo Centro Social de Paramos, ao abrigo dos eixos

da Prevenção e do Tratamento, terminou em Outubro de 2012 e não foi possível em termos

orçamentais a sua renovação. Neste sentido, considera-se fundamental que, a nível local, se

desenhem intervenções alternativas que assegurem a continuidade do acompanhamento

formativo e profissional dos consumidores de droga em tratamento.

PRI | Redução de Riscos e Minimização de Danos

O SMACTE (Serviço Móvel de Apoio à Comunidade) é um projecto que nasceu em 2002, co-

financiado pelo IDT, I.P. e que, desde Outubro de 2008, se encontra incluído no Programa de

Respostas Integradas do concelho de Espinho.

Trata-se de uma Equipa de Rua que, no âmbito da política de Redução de Riscos e

Minimização de Danos (RRMD), presta apoio técnico a utilizadores de drogas e trabalhadoras

do sexo no concelho de Espinho. A principal estratégia de acção é o trabalho de rua, pelo que

a unidade móvel marca presença essencialmente em parques/zonas de estacionamento, locais

de prostituição de rua e Bairros Sociais.

Os objectivos desta equipa assentam essencialmente na política de Redução de Riscos e

Minimização de Danos. Como tal, os princípios orientadores de intervenção do SMACTE

traduzem-se em promover a RRMD associada aos consumos de substâncias psicoactivas e às

práticas sexuais, promover os cuidados de saúde e de higiene, e contribuir para a progressiva

estruturação biopsicossocial dos utilizadores de drogas e dos trabalhadores do sexo.

Este projecto oferece serviços a vários níveis, nomeadamente na troca/distribuição de material

(preservativos, seringas, pratas, canecos, pequenas refeições, materiais de higiene e roupas);

cuidados de saúde (cuidados de higiene, cuidados de enfermagem, rastreios, vacinação,

educação para o consumo e práticas de menor risco), apoio psicossocial (triagem, apoio social,

avaliação psicossocial, aconselhamento, encaminhamento, acompanhamento, intervenção em

41

situação de crise, lavandaria) e informação e formação (distribuição de material informativo,

divulgação de informação, divulgação de serviços, acções de informação e sensibilização).

A equipa técnica é constituída por uma Educadora Social, a tempo inteiro, (que acumula as

funções de Coordenadora); um Assistente Social, afecto 24 horas semanais; uma Psicóloga,

destacada durante 9 horas semanais, três Enfermeiras e um Educador de Pares, a tempo

parcial. A monitorização e o acompanhamento técnico da actividade assistencial realizada pelo

SMACTE são efectuados pela Equipa de RRMD do CRI Porto Central.

Os elementos disponibilizados pelo SMACTE referem-se ao período compreendido entre 1 de

Outubro de 2010 e 30 de Setembro de 2012, durante o qual foram abrangidas 232 pessoas,

das quais 15 pessoas se enquadram na categoria de população de risco/não consumidora de

drogas (trabalhadores do sexo), 212 são consumidores de substâncias psicoactivas (168 são

consumidores de opiáceos e cocaína e 11 consumidores de álcool) e 35 pessoas encontram-se

em situação de sem-abrigo.

Tabela 17 – Número de pessoas acompanhadas pelo SMACTE entre 1 de Outubro de 2010 e 30 de Setembro de 2012, segundo o tipo de droga consumida.

2010-2012

Opiáceos 166

Cocaína 141

Cannabis 125

Álcool 11

Fonte: Dados cedidos pelo SMACTE / Centro Social de Paramos

População de risco/não consumidores – Este grupo é constituído por trabalhadores do sexo,

maioritariamente mulheres, que exercem a sua actividade ora na rua, ora em casa através de

contactos por anúncio de publicidade nos jornais. Face à identificação de diversos

comportamentos de risco, relacionados com práticas sexuais, considera-se fundamental

aprofundar o trabalho com esta população, nomeadamente no que respeita à transmissão de

informação, realização de rastreios e vacinação. Não obstante, denota-se uma grande

resistência por parte da população-alvo identificada, que não se mostra receptiva à

intervenção. Actualmente, a equipa perdeu contacto com este grupo, suspeitando-se que

tenham alterado o posto de trabalho.

Consumidores de substâncias psicoactivas(opiáceos e cocaína) –São sobretudo homens, com

idades variáveis entre os 20 e os 50 anos (embora se destaque o escalão dos 35 aos 45 anos),

que apresentam um quadro marcado pelas baixas qualificações escolares e profissionais, bem

como por situações recorrentes de desemprego de longa duração colmatadas, em particular,

pela actividade de arrumadores de carros que lhes oferece a possibilidade de auferirem de

rendimentos para subsidiar os seus consumos. Uma pequena fatia da população vai

realizando, esporadicamente, trabalhos precários de curta duração, sendo que do total da

42

população acompanhada, 6 utentes trabalham todos os dias, com um horário e um ordenado

predefinidos.

Na sua maioria são consumidores dependentes e com trajectos de consumos de vários anos,

com sucessivas tentativas de tratamento e recaídas. Na esfera familiar averiguam-se estruturas

muito desgastadas pelos longos trajectos de consumo e que, por tal, se mostram menos

predispostas para apoiar os indivíduos, embora se revelem, por norma, disponíveis para

satisfazer as suas necessidades básicas.

Refira-se ainda que se trata de uma população com um carácter bastante flutuante, coincidente

com os movimentos típicos da cidade de Espinho que assiste a um maior movimento de

pessoas durante o verão e a um decréscimo no inverno. Como tal, um grupo significativo de

pessoas associadas aos consumos de drogas procuram a cidade durante o verão, para

usufruírem das vantagens desta alteração, enquanto outras aumentam os consumos e/ou

recaem por disporem de mais recursos para consumirem. Pelo contrário, no inverno, a cidade

de Espinho fica mais deserta o que faz com que alguns consumidores/arrumadores de carros

procurem outras cidades para se fixarem.

Quanto às substâncias de consumo averigua-se que se trata, sobretudo, de uma população de

policonsumidores onde prevalece a heroína, complementada com consumos paralelos de

cocaína (141 pessoas optam pela via fumada e 62 apresentam consumos pela via injectada).

Registam-se também consumos de cannabis, de metadona e outros medicamentos não

prescritos que servem para substituição dos opiáceos, quando não existe facilidade em adquirir

heroína atempadamente. Pontualmente, observam-se consumos abusivos de álcool.

Os técnicos observam comportamentos de risco em termos de rotinas de consumo (partilha de

material, consumos em locais sem higiene), muito embora se manifeste um aumento

progressivo do cuidado com o material de consumo e nas formas da sua utilização.

Efectivamente, tanto no caso dos consumidores pela via endovenosa, como pela via fumada,

observa-se um aumento substancial do número de material trocado per capita – em 168

consumidores, 112 aderiram aos programas de troca de seringas e pratas. No entanto, assiste-

se a uma maior preocupação com os consumos injectados, em detrimento de uma

desvalorização dos riscos associados aos consumos pela via fumada.

No domínio da saúde, constata-se que a doença com maior expressão entre esta população é

a hepatite C que deriva dos riscos associados aos locais e comportamentos de consumo,

nomeadamente a escassa higiene destes contextos, a partilha de material e a leviandade na

utilização dos diversos materiais de consumo utilizados na injecção, como por exemplo, as

caricas.

Sobressaem, também, os hábitos de higiene pessoal e alimentação deficitários que se devem,

em grande medida, à especificidade das rotinas diárias como sejam, a frequência de contextos

de consumos sujos, as noites passadas na rua e/ou em casas abandonadas, a transpiração

excessiva como sintoma de privação de opiáceos, ou reduzido número de refeições por dia.

43

Do total de consumidores acompanhados, destacam-se 18 que se mantêm fiéis aos consumos

de cocaína e que não os misturam com heroína. Estes indivíduos mostram-se menos

desestruturados em termos de cuidados de higiene, com rotinas diárias menos dependentes

dos consumos apurando-se, inclusivamente, que alguns estão integrados profissionalmente,

embora com vínculos precários. Dirigem-se à carrinha para usufruir de serviços mais diversos,

não se restringindo à refeição e troca de material como a maioria das pessoas acompanhadas.

A marginalização social que ainda se faz sentir no concelho de Espinho, relativamente aos

toxicodependentes, afasta cada vez mais esta população dos serviços públicos e da

comunidade em geral. O SMACTE ainda hoje, passado uma década de intervenção, depara-se

com situações em que tem que acompanhar utentes aos serviços, simplesmente para mediar a

interacção cliente-serviço.

Ademais, o afastamento geográfico de algumas respostas que se localizam fora do concelho e

que têm especial importância para esta população é, de igual modo, um constrangimento

evidente na área da saúde. A título de exemplo, refiram-se os serviços de doenças infecto-

contagiosas localizados no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e no Hospital

Joaquim Urbano, a Unidade de Saúde Pública sita em Valadares ou o Centro de Diagnóstico

Pneumológico que se localiza em Vila Nova de Gaia. Tal implica um maior dispêndio de

recursos por parte da equipa para assegurar transportes aos utentes que, caso contrário, não

acedem a estes serviços, salientando-se que o facto de a rede de transportes estar cada vez

mais cara vem dificultar a manutenção desta situação.

O mesmo acontece com a distância geográfica da Equipa de Tratamento localizada em Santa

Maria da Feira, com a agravante que reduz e dificulta a integração dos utentes em tratamento,

principalmente nas fases de indução ao programa de substituição com metadona, quando as

deslocações são mais intensas e num curto espaço de tempo. Todavia, a criação pelo CRI

Porto Central da Consulta Descentralizada em Espinho veio abrandar o impacto deste

problema, que se mantém ainda no processo de indução, pois de terça-feira a quinta-feira este

é realizado em Santa Maria da Feira.

Consumidores de Álcool - Este grupo é constituído por homens sem-abrigo, sem qualquer tipo

de suporte familiar, que se revelam alcoólicos com síndrome de abstinência, o que torna

necessário o consumo de álcool mal acordam, para realizarem as mais simples tarefas. A

intervenção junto desta população passa pela distribuição de pequenas refeições e pelas

tentativas de encaminhamento para outros serviços, considerando-se extremamente difícil

desenvolver acções mais estruturadas.

Sem-Abrigo – O SMACTE identificou 35 pessoas sem-abrigo, dos quais 91,4% pertencem ao

sexo masculino, com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos e com baixas

habilitações literárias. São dependentes de uma qualquer substância psicoactiva,

nomeadamente opiáceos e abrigam-se em casas abandonadas, partilhadas com pessoas na

mesma situação. Denota-se uma grande incidência de comorbilidade psiquiátrica, uma baixa

44

auto estima e poucos hábitos de higiene. Estes problemas são agravados por um afastamento

das estruturas formais de apoio, nomeadamente dos cuidados de saúde.

Finda a descrição dos grupos abrangidos pela intervenção de redução de riscos e minimização

de danos apresentam-se, de seguida, alguns números relativos ao trabalho desenvolvido pela

equipa do SMACTE nestes dois anos de intervenção.

Tabela 18 - O SMACTE em números (1 de Outubro de 2010 e 30 de Setembro de 2012).

Total

Troca/Distribuição de Material

N.º de pessoas acompanhadas em Programa de Troca de Seringas 69

N.º de seringas trocadas 10918

N.º de preservativos distribuídos 3064

N.º de pratas trocadas 4402

N.º de cachimbos disponibilizados 254

N.º de lubrificantes entregues 621

Cuidados de Saúde

N.º de pessoas alvo de cuidados de enfermagem 35

N.º de cuidados de saúde prestados 94

N.º de pessoas rastreados (VIH/Sida e Tuberculose) 35

N.º de pessoas vacinadas 23

N.º de pessoas alvo de educações para a saúde 130

Apoio Psicossocial

N.º de pessoas alvo de atendimento psicossocial 150

N.º de atendimentos psicossociais 927

N.º de encaminhamentos 52

N.º de pessoas alvo de cuidados de higiene 24

N.º de cuidados de higiene prestados 155

N.º de pessoas alvo de apoio alimentar 206

N.º de pessoas que beneficiaram de distribuição de vestuário 26

N.º de pessoas que beneficiaram de lavandaria 10

N.º de pessoas acompanhadas a diversos serviços 15

N.º de pessoas alvo de encaminhamentos não concretizados 84

Encaminhamentos por serviço (maior incidência)

N.º de pessoas encaminhadas para o Centro de Saúde 30

N.º de pessoas encaminhadas para a Segurança Social 28

N.º de pessoas encaminhadas para a Equipa de Tratamento de Sta. M. da Feira 16

N.º de pessoas encaminhadas para o CDP 9

N.º de pessoas encaminhadas para o IEFP 9

N.º de pessoas encaminhadas para o Registo Civil (regularização de documentação) 6

N.º de pessoas que deram entrada num projecto mais estruturado de reabilitação 20

Fonte: Dados cedidos pelo SMACTE / Centro Social de Paramos

45

Uma última nota para nos aduzirmos aos contextos de consumo identificados pelo SMACTE.

Assim, a equipa refere quatro tipos de contextos – parques e zonas de estacionamento, casas

abandonadas/devolutas, zonas de tráfico/bairros socioeconomicamente desfavorecidos e

zonas de prostituição – onde se desenvolve a intervenção institucional.

Os parques e zonas de estacionamento são zonas improvisadas ou preparadas para

estacionamento, maioritariamente no centro da cidade, que são ocupadas e exploradas pelos

arrumadores de carros. São também utilizados para tráfico de menor dimensão ou ponto de

encontro para utilizadores de drogas, onde existem, frequentemente, conflitos entre os

arrumadores devido à gestão dos espaços. São contextos associados a representações

negativas por parte da comunidade, detectando-se alguma tensão entre os moradores e/ou

pessoas que trabalham nestes espaços e os arrumadores de carros.

As casas abandonadas, localizadas no centro da cidade de Espinho e na freguesia de

Paramos, são ocupadas pelos sem-abrigo que pernoitam no concelho de Espinho e utilizadas,

em simultâneo, como local de consumo. Sem condições assépticas, são espaços pouco

arejados, mal iluminados e pouco seguros, denotando-se, ainda, um sentimento de

insegurança por parte das pessoas que moram junto a estas casas. Por outro lado, o facto de

serem propriedades privadas pode prejudicar os utilizadores e torna-se também um obstáculo

às intervenções de rua desenvolvidas pelo SMACTE. No entanto, é de salientar que servem

como factor de protecção contra o frio e outras situações de risco o que, na ótica da população-

alvo, reduz a agressividade e a fragilidade desta condição social.

Actualmente, a equipa de rua SMACTE identifica como único espaço de tráfico de maior

dimensão o Complexo Habitacional da Quinta em Paramos, referenciado pelos utilizadores de

drogas. Diversos indivíduos dizem deslocar-se a este local para comprar substâncias

psicoactivas e mencionam que várias pessoas, provenientes de outros concelhos, se deslocam

ao local com o mesmo fim. Associados a este contexto estão a ser mapeados pelo SMACTE

diferentes locais de consumo, não só em casas abandonadas, como também dentro de pinhais

na zona envolvente ao Bairro.

Por fim, a equipa do SMACTE sinalizou um grupo de 6 mulheres que realizam trabalho sexual

junto à estrada, na sua maioria na periferia das freguesias, sendo as práticas sexuais

efectivadas em espaços públicos mais afastados da estrada e com reduzido movimento, como

sejam pinhais ou os automóveis de clientes. São claramente locais sem condições de higiene

para o trabalho em questão, que não permitem o acesso rápido ao material indispensável

(preservativos ou outros) e que não garantem condições de segurança.

46

Consumidores de Drogas acompanhados a nível de Acção Social e Rendimento Social

de Inserção.

Os dados cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de

Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho referem-se ao total de

beneficiários toxicodependentes, residentes no concelho de Espinho, abrangidos pelos apoios

sociais no âmbito da Acção Social e do Rendimento Social de Inserção (doravante designado

por RSI).

Muito embora alguns destes utentes possam ser acompanhados, em simultâneo, pela equipa

do SMACTE os elementos obtidos permitem-nos, desde logo, levar a termo uma ampla

caracterização sociodemográfica da população toxicodependente acompanhada pelos serviços

locais e complementar, desta forma, o conhecimento empírico exposto nas páginas anteriores.

Entre 2008 e 2011, assistimos a um aumento do número de toxicodependentes acompanhados

pelas entidades locais que actuam no âmbito da Acção Social e RSI na ordem dos 96,4% - em

2008 estavam identificados 56 utentes e em 2011 este número ascende às 110 pessoas, das

quais 80,9% pertencem ao sexo masculino.

Reportando a 2011, e no que respeita o escalão etário, averiguamos uma predominância das

pessoas que se situam entre os 35 e 44 anos (38,2%), seguidas pelas que se enquadram no

grupo dos 45 aos 54 anos (30%) e pelo escalão entre os 25 e os 34 anos (17,3%). Uma

percentagem de 9,1% tem 55 e mais anos, enquanto 5,5% tem entre os 15 e os 24 anos.

Já quanto ao estado civil, a esmagadora maioria das pessoas identificadas subdivide-se entre

a categoria de solteiro (40,9%) e casado/união de facto (39,1%), embora 16,4% sejam

divorciados/separados e 3,6% viúvos.

Por outro lado, quase metade (48,2%) dos beneficiários identificados tem filhos observando-se,

no que se correlaciona com o tipo de coabitação, que 30% residem sozinhos, 28,2% habitam

com pais e/ou irmãos e 25,5% vivem numa situação de casal com filhos. Uma percentagem de

11,8% mora com o cônjuge/parceiro e 3,6% residem com outro familiar, enquanto 0,9% vivem

com outra pessoa, não familiar.

Numa perspectiva mais subjectiva, correlacionada com a esfera familiar desta população, será

de referir que os técnicos sublinham a existência de situações problemáticas correlacionadas,

quer com o consumo de drogas, quer com uma baixa auto estima dos beneficiários que, aliada

a um défice de competências parentais, bem como a episódios de violência doméstica,

desgasta as relações e provoca elevados níveis de desestruturação familiar.

Ademais, aferimos indícios de um padrão de exclusão social habitacional uma vez que um

grupo significativo dos beneficiários (38,2%) reside em bairros de habitação social, enquanto

25,5% vive numa ‘parte de uma casa/quarto alugado’. Uma percentagem de 24,5% habita

numa casa de ‘família’ e apenas 7,3% vivem em ‘casa própria’, apurando-se que uma

47

percentagem de 4,5% não tem qualquer tipo habitação enquadrando-se, por tal, numa situação

de sem-abrigo.

Ao analisar a escolaridade dos beneficiários, e consoante se poderá verificar pelo gráfico

abaixo, deparamo-nos com um quadro pautado pelas baixas qualificações, averiguando-se que

uma esmagadora maioria de 79,1% não possui o 3º ciclo do ensino básico, dos quais 13,6%

não sabem ler e/ou escrever. De facto, não existe ninguém com o ensino superior e apenas

7,3% detêm o ensino secundário.

Gráfico 5 - Percentagem de beneficiários de Acção Social e RSI, residentes no concelho de Espinho, com consumo de drogas, segundo as habilitações literárias.

Fonte: Dados cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho

Naturalmente, as baixas qualificações escolares levantam obstáculos adicionais à integração

profissional desta população, às quais acrescem, numa fatia significativa dos casos, escassas

competências sociais e profissionais, como seja por exemplo uma grande dificuldade no

cumprimento de regras e de hábitos de trabalho.

Consequentemente, assistimos a uma relação difícil com o emprego, observando-se que80%

dos beneficiários vive uma situação de desemprego, ao passo que apenas 10% estavam

empregados e 4,5% frequentavam um curso de formação profissional. Um grupo que atinge

uma representatividade de 5,5% estava classificado como ‘Outro’ que compreende, sobretudo,

os pensionistas.

Não existindo qualquer tipo de informação sobre a situação face ao tratamento de 8,2% dos

beneficiários acompanhados, apuramos que uma percentagem significativa de 43,6% não

frequenta qualquer tipo de tratamento. Por outro lado, 37,3% estão integrados no Centro de

Respostas Integradas (CRI) do IDT, I.P. e uma minoria de 4,5% está inserida numa

Comunidade Terapêutica, enquanto 6,4% estão numa situação classificada como ‘outra’.

13,6

45,5

20,0

9,1

7,3

4,5

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

Não sabe ler/ escrever

1.º Ciclo

2.º Ciclo

3.º Ciclo

Ensino Secundário

Sem Informação

48

Por último, e em relação aos apoios sociais prestados a esta população, constata-se que

40,9% não aufere de nenhuma prestação social e que 52,7% estão integrados no âmbito do

RSI, sendo que em 2011 foram contratualizados 72 programas de inserção. Por sua vez, a

Pensão Social, a Pensão de Invalidez, a Pensão de Velhice, o Subsídio de Desemprego e

‘outras’ prestações sociais congregam, cada qual, 0,9% do total de beneficiários

acompanhados pelos serviços locais.

No domínio da Acção Social, foram apoiados 28 beneficiários, aos quais foram atribuídos 43

apoios económicos de carácter eventual, que totalizam um montante de 5.206,47€. Do total de

apoios concedidos 37,2% referem-se a medicamentos, 20,9% a alimentação e 18,6% à

comparticipação da integração em comunidades terapêuticas. Somente 7% dos apoios

económicos são referentes ao alojamento, enquanto 4,7% são relativos a transportes e 2,3% a

ajudas técnicas. Note-se que 9,3% dos apoios económicos estavam classificados como

‘outros’.

Gráfico 6 - Percentagem de beneficiários de Acção Social e RSI, residentes no concelho de

Espinho, com consumo de drogas, segundo a freguesia de residência.

Fonte: Dados cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de Desenvolvimento Social e Programas – Serviço Local de Espinho

O facto de a maioria dos apoios económicos se direccionar para a aquisição de medicamentos

vem corroborar um elevado grau de incidência de diversos problemas de saúde nesta

população, nomeadamente hepatite C, problemas estomatológicos, VIH, alcoolismo ou

problemas do foro psiquiátrico.

Será ainda de referir que em Julho de 2012 e aquando da actualização do diagnóstico do

Programa Operacional de Respostas Integradas, levado a termo pelo IDT, I.P., o Núcleo Local

de Inserção do RSI forneceu alguns dados adicionais relativos à freguesia de proveniência dos

beneficiários, concluindo-se que 44,2% residem em Anta, 32,6% em Silvalde e 14,7% na

freguesia de Espinho. Apenas 5,4% dos beneficiários habitavam na freguesia de Paramos e

3,1% em Guetim.

Espinho

Paramos

Silvalde

Anta

Guetim

49

Consumos Juvenis

Em 2007, a Rede Social de Espinho publicou o estudo ‘Estilos de Vida e Padrões de Consumo

Juvenis’ com um duplo objectivo: por um lado, pretendia-se descortinar padrões locais de

consumo juvenil de substâncias psicoactivas e, por outro, abordar os estilos de vida com o

intuito de dar a conhecer aos jovens, os seus interesses, actividades e percepções (de si e dos

outros).

Refira-se que, ao nível da amostra, aplicou-se o conceito de amostra estratificada, por sexo e

ano de escolaridade, e recolheram-se um total de 698 questionários válidos de todas as

escolas do concelho de Espinho (públicas e privadas), tendo-se constatado que o número de

inquéritos obtidos equivalia a uma representatividade de 23% da população estudantil local.

Este estudo permitiu-nos concretizar, pela primeira vez, uma aproximação fidedigna à realidade

estudantil no que respeita o consumo de substâncias lícitas e ilícitas e, como tal, considera-se

pertinente incluir neste diagnóstico uma breve síntese dos resultados obtidos.

Tabaco

O consumo de tabaco inicia-se, sobretudo, a partir dos 13 anos e a maioria dos fumadores tem

entre 16 e 19 anos comprovando-se que, à medida que a idade aumenta, aumenta também o

número de pessoas que fumam, constatando-se que a idade explica em 38,6% o consumo de

tabaco.

É o 10º ano o nível de ensino que concentra a maioria dos fumadores, seguido pelo 11º e 12º.

Quanto ao sexo, o inquérito não detecta diferenças estatisticamente significativas no consumo

de tabaco entre homens e mulheres, o qual parece decorrer a par e passo, no concelho.

Do total de jovens inquiridos, 21,5% fumam, distinguindo-se os fumadores ocasionais (8,3%),

dos 13,2% que o fazem diária e regularmente. Em média, os alunos fumam 11 cigarros por dia,

embora uma percentagem de 19,1% fume mais de 15 cigarros.

O cruzamento de variáveis indica que o facto de os progenitores fumarem indicia uma maior

probabilidade dos filhos também fumarem. Em simultâneo detecta-se que o consumo de tabaco

é mais elevado nos alunos cujos pais têm baixas habilitações literárias e profissões menos

conceituadas, ou seja, nos provenientes das classes média e baixa.

São os bares/discotecas e os cafés os lugares em que mais se fuma, não olvidando a escola

que surge como o 3º local onde existe um maior número de tabaco. Neste sentido, a imagética

espacial atribuída ao consumo de tabaco confirma as influências sociais inerentes ao ato de

fumar que acontece, sobretudo, em locais de lazer e de socialização de pares.

O estudo atribui uma visibilidade local ao fenómeno do policonsumo, concluindo-se que os

jovens que fumam têm mais probabilidade de consumir outras drogas, lícitas e ilícitas.

É importante, por fim, ter noção do número de fumadores que pretende deixar o vício,

observando-se que esta categoria corresponde a mais de metade dos jovens (67%), com

50

especial incidência para as raparigas. Destes, a maioria quer receber ajuda para deixar de

fumar e tal-qualmente são as raparigas que mais se destacam neste sentido.

Álcool

No que concerne ao consumo constatamos que apenas uma minoria dos inquiridos (20,3%)

nunca experimentou álcool. Quando procuramos avaliar a incidência do consumo, observamos

que a maioria dos alunos – 46,7% - consome regularmente álcool, 37,8% bebe frequentemente

e 15,5% tem um consumo esporádico.

Ao contrário da realidade nacional, europeia e mundial, em que se denota uma prevalência

generalizada do sexo masculino no consumo e abuso de álcool, ao nível local não verificamos

diferenças significativas segundo o sexo, já que tanto rapazes como raparigas evidenciam

números análogos.

É incontestável a associação entre o consumo de álcool e os espaços de lazer e sociabilidade,

observando-se que 95% dos consumidores ocasionais e regulares costumam beber em

discotecas.

Apesar de existir uma diferença notória no que concerne ao consumo de álcool por ano de

escolaridade observamos que, em todos os anos, predomina uma clara maioria de alunos que

já experimentaram álcool. Percebemos, todavia, que à medida que o ano de escolaridade

aumenta, aumenta também o número de alunos que ingere bebidas alcoólicas, salientando-se

que são muito poucos os alunos que no 10º, 11º e 12º anos que nunca o fizeram.

Quanto à influência que a idade dos alunos pode exercer no consumo, observamos que a

média dos alunos que já experimentaram e costumam consumir álcool se situa nos 15 anos de

idade, numa parcela correspondente ao 10º ano, notando-se uma tendência para aumentar o

consumo à medida que aumenta a idade. Por outro lado, e ao contrário de alguns estudos que

alegam que o consumo está directamente correlacionado com o estado de espírito (negativo)

pessoal, não encontramos neste estudo qualquer influência do estado de espírito no consumo

de álcool.

Drogas

A investigação levada a termo conclui que embora exista informação disponíveis sobre os

malefícios do consumo de drogas - mais de metade dos alunos afirma ter assistido a palestras

sobre o tema do consumo de diferentes drogas – os alunos têm alguma dificuldade em

reconhecer os danos provocados pelo seu uso frequente, o que se traduz numa grande

descoincidência informativa entre drogas e as suas sequelas.

O consumo de Substâncias Psicoactivas ilícitas (SPA) segue a mesma ordem de

experimentação que o tabaco e álcool, em tenra idade, sendo que dos 698 jovens inquiridos,

17,9% (123) já experimentaram/consumiram um qualquer tipo de droga. O consumo torna-se

mais problemático ao nível do ensino secundário, detectando-se uma distinção de consumos

51

segundo o sexo do inquirido: apenas 12,1% das raparigas afirmaram já ter experimentado

drogas, por oposição a 26,7% dos rapazes.

É entre os 16 e os 19 anos e no ensino secundário que encontramos a esmagadora maioria

dos jovens que já experimentaram um qualquer tipo de droga.

A droga de consumo que impera com taxas mais elevadas de prevalência, é a cannabis por

comparação à maior ocasionalidade que as outras drogas assumem, como é o caso das

drogas sintéticas.

Este tipo de droga obtém uma prevalência de 15,5% quando comparada com a população em

geral e reúne 88,6% do total de jovens que já experimentaram um qualquer tipo de droga.

Destes, 20,2% assumem um consumo frequente, enquanto 21,8% referem um consumo

ocasional e 48,7% um consumo esporádico.

Após a análise do consumo de cannabinóides, constatamos que o consumo de outras drogas

decresce radicalmente. Efectivamente, o segundo grupo de drogas mais consumido é relativo

às drogas alucinogénias que, no seu conjunto, representam 29,3% da totalidade de consumos,

demonstrando-se que 5,6% da população estudantil já experimentou este tipo de drogas.

Dentro deste grupo, as drogas alucinogénias são as mais experimentadas, imediatamente

seguidas pelos cogumelos mágicos.

O terceiro grupo de drogas são os psicofármacos que reúnem percentagens de consumo que

atinge os 4,3% no total da amostra. Dentro do grupo sobressaem os medicamentos, seguidos

pelas anfetaminas e pelos tranquilizantes.

As drogas de síntese aparecem, no presente estudo, em 4º lugar no que respeita aos tipos de

drogas mais consumidas, reunindo 3,3% do total da amostra. São ainda, ao nível europeu, uma

das drogas cujas prevalências de consumo têm vindo a aumentar gradualmente usualmente

associadas a espaços de lazer nocturnos, relacionando-se cada vez mais à expansão da

indústria de lazer e da música electrónica.

O estudo justificou, então, a importância da prevenção primária do consumo de drogas e da

redução de riscos em contextos recreativos com o intuito de promover a alteração de

comportamentos e estilos de vida negativos entre as camadas mais jovens da população.

Numa perspectiva mais actual, o diagnóstico realizado pelo CRI Porto Central em 2012

identifica os jovens e adultos com consumos recreativos como um dos grupos vulneráveis que

interessa priorizar em intervenções futuras.

Neste diagnóstico identificam-se os contextos recreativos municipais – bares e esplanadas no

centro da cidade e na marginal, bem como os cafés e os espaços exteriores situados nas

imediações das escolas – onde se observa o consumo de substâncias licitas e ilícitas,

nomeadamente álcool, tabaco e cannabis.

52

No decorrer de 2012 foi criado um grupo de trabalho interinstitucional (composto por técnicos

do CRI Porto Central, da Câmara Municipal de Espinho e do Centro Social de Paramos) que

levaram a termo um processo de observação participante nestes contextos e que detectaram

um grupo indeterminado de estudantes, que iniciam consumos em idades precoces (14/15

anos) e que têm fácil acesso a bebidas de teor alcoólico e a outras substâncias psicoactivas.

São jovens que recorrem a substâncias psicoactivas com o objectivo de se divertir e conviver e

que desvalorizam os riscos associados ao seu consumo. Naturalmente, o consumo destas

substâncias no início da noite gera riscos acrescidos no caso de deslocação, via automóvel,

para outros espaços de diversão nocturna fora do concelho, nomeadamente para o Porto.

Os técnicos do projecto verificaram a oferta de bebidas alcoólicas a baixo custo nestes espaços

e a utilização de campanhas de marketing, com o intuito de promover o seu consumo. Conclui-

se, então, a premência de aprofundar o diagnóstico destes contextos, por forma a identificar as

necessidades futuras de intervenção, quer no âmbito da prevenção, quer da redução de riscos

e minimização de danos (Coutinho et al: 2007, 23/24).

Por último, e com o intuito de complementar a análise acima ilustrada, reportar-nos-emos a

uma breve síntese do Inquérito Nacional em Meio Escolar 2011 (IDT, I.P./MS) que tem como

alvo a população dos alunos do ensino público. Engloba dois inquéritos (3.º Ciclo e Secundário)

e tem como objectivo a caracterização, quer do consumo de substâncias psicoactivas, quer dos

respectivos consumidores, e o acompanhamento, periódico, da evolução deste fenómeno,

permitindo a análise de tendências e a identificação de necessidades de intervenção

preventiva.

No 3º ciclo, e de forma global, os resultados do Inquérito em Meio Escolar 2011, mostram que

nos últimos 5 anos houve um aumento das percentagens de consumidores de bebidas

alcoólicas, tanto ao nível da experimentação (que em 2011 se situa nos 67%), como dos

consumos recentes e actuais (55% em 2011), acompanhado, no entanto, pela descida da

prevalência da embriaguez nos que se refere aos consumos recentes (em 2011, 7% dos alunos

embriagaram-se nos últimos 12 meses, enquanto em 2006 este valor era de 11%).

De igual modo, aumentaram as percentagens de experimentação de tabaco (38% dos alunos

do 3º ciclo já experimentaram fumar) e de consumidores de tabaco (nos últimos 12 meses) que

se situam, em 2011, nos 28%.

Relativamente ao consumo de drogas, entre 2006 e 2011, denota-se um aumento da

experimentação que se situa actualmente nos 10%. Em 2011, 9% dos alunos já tinha

experimentado cannabis que continua a ser a droga dominante. A experimentação das ‘outras

drogas’ manteve-se nos níveis de 2006: ecstasy, anfetaminas e cocaína, 2% e as restantes

(LSD, Cogumelos, Heroína, GHB e Ketamina) 1% cada.

Quanto ao consumo recente de drogas (últimos 12 meses) mantém-se, desde 2001, a

dimensão do consumo de cannabis, tendo diminuído ligeiramente o de ‘outras drogas’.

Globalmente, a prevalência de consumo recente de drogas foi de 9%, sendo 8% a da cannabis.

53

Para as ‘outras drogas’ situou-se no 1% (excepto o ecstasy – 2%). O consumo de droga é,

assim, basicamente correlacionado com o consumo de cannabis.

No que diz respeito ao ensino secundário constata-se que, desde 2001, as prevalências de

bebidas alcoólicas têm estado sempre a aumentar e que relativamente ao tabaco e à cannabis

houve uma diminuição entre 2001 e 2006, e um aumento, desde então.

Assim, em 2011, 93% dos estudantes do ensino secundário já tinham experimentado álcool e

64% já tinham fumado. Relativamente aos consumos recentes (últimos 12 meses antes da

recolha dos dados) salienta-se um aumento contínuo das prevalências de consumo, sendo que

em 2011, 87% tinham consumido álcool.

A prevalência do consumo recente de tabaco, após uma acentuada descida (2001/2006) voltou

aos níveis anteriores e, em 2011, situava-se nos 48%.

Por fim, e no que se correlaciona com o consumo de drogas, averiguamos que a cannabis

continua a ser a única substância psicoactiva de consumo ilícito com percentagens relevantes

de consumo, sendo que em 2011, 28% dos alunos do secundário já a tinha experimentado,

23% tinha-a consumido nos últimos 12 meses antes do estudo e 16% tinham-na consumido

nos últimos 30 dias. Cada uma das ‘outras drogas’ mais vulgares (Ecstasy, Anfetaminas, LSD,

Cogumelos, Cocaína e Heroína) foi experimentada de 2% dos alunos.

54

Análise SWOT da Intervenção no âmbito das Substâncias Psicoactivas

Quadro 2 - Análise SWOT da intervenção no âmbito das Substâncias Psicoactivas.

Pontos Fracos Pontos Fortes

1. Inexistência de uma estrutura orientada para o alojamento de indivíduos em programas de baixo limiar de exigência ou para utentes em fase de consumo, nomeadamente de um Centro de Alojamento. 2. Os técnicos que acompanham, a nível social, os utentes que frequentam a Equipa de Tratamento de Santa Maria da Feira nem sempre recebem informação sobre a intervenção efectuada por este serviço. 3. De acordo coma equipa de Rua SMACTE existem dificuldades em intervir junto dos consumidores problemáticos de álcool por se encontrarem constantemente sob o efeito desta substância sempre que a equipa os aborda. 4. Elevado absentismo dos toxicodependentes no que se correlaciona com a frequência de consultas médicas. 5. Baixa adesão por parte dos toxicodependentes ao tratamento. 6. Facto da equipa do SMACTE ser constituída, maioritariamente, por elementos em regime de part-time. 7. Dificuldades na recolha de dados pessoais dos utentes da área de redução de riscos e minimização de danos que permita caracterizar, de forma rigorosa, este tipo de população. 8. Dificuldade em gerir o impacto das ideias preconcebidas, por parte da comunidade em geral, acerca da política de Redução de Riscos e Minimização de Danos. 9. Impedimentos legais à entrada do SMACTE em locais de consumo do concelho, por se tratarem de casas privadas abandonadas, o que não permite uma realização eficaz da educação para o consumo e obriga a população a ‘migrar’ para outros locais, existindo o risco de os utilizadores de drogas perderem o contacto com a equipa. 10.1. Dificuldades na (re)integração profissional desta população devido aos seguintes factores: 10.2. Preconceito por parte de algumas entidades patronais face à problemática da toxicodependência e doenças associadas; 10.3. Subsidiodependência como entrave à reintegração profissional.

1.1. Funcionamento, nos últimos 4 anos, de 4 Programas de Respostas Integradas no concelho de Espinho, que actuam nos eixos de intervenção referentes à prevenção, tratamento, redução de danos e diminuição de riscos e reinserção; 1.2. Trabalho de forte articulação com as equipas técnicas do CRI Porto Central nas diferentes áreas de missão. 1.3. Trabalho desenvolvido pelas entidades locais que actuam no âmbito da educação informal, nomeadamente dos centros comunitários que poderão assegurar a intervenção no âmbito da prevenção; 1.4. Aprovação do CLDS ‘Espinho Vivo’ que poderá dar alguma continuidade ao trabalho desenvolvido no domínio da reinserção. 2.1. Existência de uma consulta descentralizada no concelho de Espinho do CRI Porto Central. 2.2. Boa articulação com o Centro de Saúde relativamente aos casos em acompanhamento. 3. Em 2012 a Equipa de Tratamento da Feira recebeu 22 novos utentes com problemas ligados ao álcool e a consulta descentralizada de Espinho recebei 13 novos utentes. 5. Trabalho desenvolvido pelo SMACTE ao nível da prestação de serviços diferenciados como a troca de material, bem como pela política de intervenção que incide na redução de riscos e minimização de danos associados ao consumo de drogas e ao trabalho sexual. 6.1. Na Equipa de Tratamento da Feira 74% dos novos utentes são atendidos em menos de 15 dias e na CDE não existe lista de Espera. 6.2. Constituição multidisciplinar da equipa SMACTE e experiência de trabalho na área da toxicodependência; 6.3. Criação do Banco Local de Voluntariado da Câmara Municipal poderá recrutar voluntários para acuar junto da população toxicodependente. 8. Integração de um Educador de Pares no SMACTE que facilita a comunicação entre a equipa técnica e a população-alvo. 10. Receptividade das entidades concelhias contactadas no âmbito do Programa Vida Emprego. 11.1. Criação do balneário social, o que ajuda a reduzir os riscos de saúde associados aos fracos hábitos de higiene;

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Quadro 2 - Análise SWOT da área das Substâncias Psicoactivas (continuação).

Pontos Fracos Pontos Fortes

11. Centralização de diversos cuidados de saúde fora do concelho (Hospital, rastreio à tuberculose…), o que afasta ainda mais os consumidores de drogas destes serviços, e que poderá ter consequências ao nível da Saúde Pública se esta tendência não for contrariada. 12. Inexistência de respostas no município adequadas no domínio da prevenção e da reinserção, face ao término dos projectos PRI.

11.2. Implementação, pela Câmara Municipal, do projecto de transporte dos munícipes para o CHVNG/E. 12.1. As equipas do CRIPC, tanto a equipa de prevenção como a equipa de reinserção, continuam a dar respostas às necessidades identificadas nos territórios onde já não existem projectos, sempre que a sua colaboração é solicitada e sempre que a avaliação das necessidades justifica uma intervenção. 12.2. Excelente receptividade por parte dos diversos estabelecimentos de ensino/instituições no que concerne à intervenção delineada no âmbito da prevenção da toxicodependência; 12.3. Excelente feedback recebido por parte dos mesmos sobre a intervenção desenvolvida, requerendo a sua continuidade para os anos subsequentes. 12.4. “Know how” adquirido sobre a temática, mediante o desenvolvimento de projectos anteriores. 13. Boa articulação e relacionamento entre as entidades parceiras que integraram o Programa de Respostas Integradas.

Ameaças Oportunidades 1.1. Término dos projectos do PRI que actuam no âmbito da prevenção e da reinserção; 1.2. Crise económica e cortes financeiros no estado que colocam em causa a continuidade dos projectos no âmbito da redução de riscos e minimização de danos. 10.1. Cortes no financiamento do Programa Vida Emprego, ao nível da Delegação Norte do IEFP. 10.2. Actual situação do mercado de trabalho que dificulta a integração profissional desta população.

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Sugestões de Intervenção - Criar um Centro de Alojamento para indivíduos em programa de baixo limiar de exigência; - Criar estratégias que melhorem a articulação entre a Equipa de Tratamento de Santa Maria da Feira do CRI Porto Central e os técnicos que acompanham os beneficiários, nomeadamente através da criação de fichas de ligação; - Criar novas respostas que actuem no âmbito do alcoolismo, nomeadamente ao nível da redução de riscos e minimização de danos associados ao consumo problemático de álcool. - Continuar a existir um Programa de Substituição Opiácea de Baixo Limiar de Exigência na Equipa de RRMD, de forma a captar para programa de substituição os utentes em abandono ao processo de tratamento e/ou que não conseguem aderir ao nível de exigência do acompanhamento oferecido pelas Equipas de Tratamento. - Criar, de acordo com as necessidades identificadas, programas proximais de terapêuticas combinadas, sobretudo para o VIH/sida, Tuberculose e comorbilidade psiquiátrica, minimizando as dificuldades de acesso às estruturas de saúde.

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Quadro 2 - Análise SWOT da intervenção no âmbito das Substâncias Psicoactivas (continuação).

Sugestões de Intervenção - Elaborar um estudo de aprofundamento diagnóstico das necessidades de intervenção no âmbito da redução de riscos e minimização de danos em contextos recreativos no concelho de Espinho. - Dinamizar sessões públicas de esclarecimento sobre a política de Redução de Riscos e Minimização de Danos, bem como notícias nos meios de comunicação social, entre outros. - Sensibilizar os proprietários das casas abandonadas e respectivas autoridades para o problema social em referência, no sentido de encontrar soluções que respondam às exigências/necessidades de todas as partes envolvidas. - Gerir positivamente o encerramento de casas abandonadas de forma a não despoletar/agravar problemas sociais. - Encaminhamento de utentes para o “Gabinete de Empregabilidade”, no âmbito do CLDS “Espinho Vivo”, com vista ao apoio na reinserção profissional. - Alargar o Programa VIDA Emprego a um maior número de toxicodependentes. - Criação de uma cantina comunitária. - Criar uma rede de suporte para subsequente intervenção por parte dos diversos Centros Comunitários locais, tendo em vista a continuidade do trabalho realizado no âmbito da prevenção. - Reforçar o grau de conhecimento e formação dos técnicos das diferentes instituições a operar no terreno, potenciando as suas capacidades no âmbito da intervenção preventiva através da realização de acções de formação por parte das entidades competentes (CRI Porto Central). - Alargar a implementação de programas de desenvolvimento de competências pessoais e sociais, em meio escolar e comunitário, numa perspectiva de promoção e educação para a saúde, designadamente através da implementação do Projecto ‘Eu e os Outros’ e do Projecto ‘Trilhos’ do IDT, I.P.

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