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Revista da aRquidiocese de vitóRia - es vitória vitória Ano XII Nº 143 Julho de 2017 DIÁLOGOS O galhO e a raiz da árvOre pág. 24

Diálogos O galhO e a raiz da árvOre • pág. 24 Ano XII ...aves.org.br/wp-content/uploads/2017/07/RevistaJulho_20170704115656.pdf · O que podem provocar os boatos que se espalham

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Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitóriavitóriaAno XII • Nº 143 • Julho de 2017

Diálogos O galhO e a raiz da árvOre • pág. 24

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2017

CONVENÇÃO E FEIRA DE NEGÓCIOS DE SUPERMERCADOS E PADARIAS

19 A 21 DE SETEMBROCarapina Centro de Eventos - Serra - ES

Realização e Organização Realização

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mitraaves

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editorial

Provocar reflexões e pensares é o objetivo das matérias publicadas na Revista Vitória. A cada mês são impressas por nossos colaboradores, ideias que querem fazer surgir novas ideias, novos pensamentos e

novas atitudes. Mas, principalmente, querem propor ao leitor um olhar mais atento às questões do dia a dia. Nesta edição algumas perguntas ficam “no ar”: o sistema político--econômico que nos governa coloca seu foco aonde? O que podem provocar os boatos que se espalham pelas redes sociais? O silêncio sagrado previsto na liturgia católica está acontecendo em nossas Celebrações? Essas e outras perguntas poderão suscitar em você leitor outras tantas, mas também lhe darão algumas pistas para enconctrar respostas ou a vontade de perguntar mais. Então, boa leitura! n

Maria da Luz Fernandeseditora

Perguntas geram novos pensares

vitóriaJulho/2017 3

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2017

CONVENÇÃO E FEIRA DE NEGÓCIOS DE SUPERMERCADOS E PADARIAS

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Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Andressa Mian / 0987-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Warllem Soares e Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XII – Edição 143 – Julho/2017Publicação da Arquidiocese de Vitória

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atualidadeOs 500 anos da Reforma Protestante: oportunidade de revisão de fé e das Igrejas

economia políticaConsumismo e gestão da casa

caminhos da bíbliaA comunhão do amor e a formação dos discípulos missionários

diálogosO galho e a raiz da árvore

mundo litúrgicoO silêncio na liturgia

aspasPerder tempo com os filhos

ecologia A agricultura dentro da perspectiva ecológica e sustentável

reportagemBoatos e desinformação nas redes sociais

pergunte a quem sabeO que fazer para se ter uma boa memória?

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especialVida virtuosa no contexto atual:

é possível construí-la?

ideiasHá lições no

desertoacOntece

CongressoArquidiocesano

das Famílias

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fazer bemGari leva pão e água paramoradores da Cracolândia

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03 editorial

14 espiritualidade

15 pensar

21 sugestões

41 arquivo e memória

45 patrimônio histórico cultural

entrevistaA arte de

compor e cantar a Liturgia

ensinamentOsOs pais de Maria

viver bemMãe duas vezes?

Várias vezes vovó

atualidade

Neste 2017 são celebra-dos os 500 anos da Re-forma Protestante. Um

movimento nascido europeu como posição, principalmente, contra a forma como a Igreja predominante na época, a Ca-tólica Romana, colocava con-dições para fiéis encontrarem perdão para os seus pecados e estimulava a prática de peni-tências associada ao elemento financeiro. Do protesto emergi-ram reflexões de fé de persona-gens como o alemão Martin Lu-

ther [Martinho Lutero], o mais destacado, além do escocês John Knox, do francês Jean Calvin, do suíço Ulrich Zwingli e do ale-mão Thomas Müntzer, este um líder dos “sem-terra” da época, entre outros. Daí nasceram as diferentes tradições chamadas protestantes (luteranas, presbi-terianas, metodistas, batistas). A base que representa a maior herança da reforma, em especial aquela pregada por Martinho Lutero, é a radicali-dade da graça. A graça de Deus

é compreendida como o funda-mento da vida e da fé e sentido da redenção do ser humano: a salvação se dá pela graça, ou seja, o perdão de pecados é re-sultado do amor incondicional de Deus, e para alcançá-lo é preciso ter fé. A Bíblia emer-ge, nesta compreensão como fundamento para a fé e a vida que reside na graça de Deus. Esta herança está assentada nas cinco frases em latim que sintetizam o sentido da Reforma Protestante: Sola Gratia (So-

oportunidade de revisão de fé e das Igrejas

Os 500 anos da Reforma Protestante:

atualidade

vitóriaJulho/2017 5

atualidade

com uma presença tão significa-tiva e crescente no continente, que é tarefa difícil nomeá-lo, explicá-lo e agrupá-lo por afi-nidade. Por conta das transfor-mações ocorridas na teologia e no jeito de ser de boa parte dos protestantes, ou evangélicos, como popularmente se denomi-nam, muito pouco foi herdado da Reforma. Podemos afirmar isto quando atentamos para as tantas leituras fundamentalis-tas da Bíblia, para o clericalismo que nega o protagonismo dos leigos e das leigas nos diferen-tes ministérios, para as disputas religiosas com o catolicismo romano e entre grupos evan-gélicos, para a pregação que esquece a doutrina da salvação pela graça e acaba enfatizando

os diferentes grupos protes-tantes empreenderam uma po-pularização da leitura bíblica, bem como a ampla atuação e liderança dos leigos (os não ordenados). Consequência direta desse posicionamento foi a tradução da Bíblia, por Lutero, para a “língua vulgar”, o alemão, o que transformou radicalmente a relação dos fiéis com a Sagrada Escritura e abriu caminho para a livre interpre-tação do texto bíblico. Estas bases teológicas mol-daram as doutrinas das dife-rentes confissões protestantes que se expandiram por todos os continentes, por meio dos esforços missionários. Em nos-sos dias, na América Latina, o segmento é tão amplo e diverso,

mente a Graça), Solus Christus (Somente Cristo), Sola Scriptura (Somente a Escritura), Sola Fide (Somente a Fé) e Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus). Destes princípios deriva um outro, também importante, que é o do sacerdócio universal de todos os crentes - um ques-tionamento ao clericalismo e uma valorização do lugar dos fiéis no propósito missionário do Senhor da Igreja. Com isso,

vitória Julho/20176

Magali do nascimento cunha Doutora em ciências da comunicação, Docente do Programa de Pós-graduação em comunicação social da Universidade metodista de são Paulo. É líder do grupo de Pesquisa mídia, Religião e cultura

a demanda por retribuição e as ações humanas como moldes para a ação de Deus. Entretanto, nesta diver-sidade, há muitos grupos que desenvolvem ações mais co-munitárias e contextualizadas e que fizeram germinar sementes do jeito protestante de viver a fé na história. Como os protes-tantes/evangélicos que alfabeti-zaram tantos latino-americanos por meio da leitura da Bíblia. Como aqueles que pagaram com suas vidas o compromisso com a justiça, povoando as prisões das ditaduras militares, resis-tindo às torturas, enfrentando a morte ou o exílio. Como quem cultua, em comunidade, ao Deus da graça e da vida. Como quem busca forças para viver em vá-rios esforços de solidariedade com empobrecidos, dependen-tes químicos, presos, vítimas de violência. Como há protestantes nessas frentes! E há a inspiração ecumê-nica! Recordar os 500 anos da Reforma é também uma oportu-nidade de reconhecer a causa da unidade e as tantas iniciativas que envolveram diálogo e coo-peração que, nesses cinco sécu-los de história, significam a não conformação com a separação, a intolerância e a competição que mutilam o corpo de Cristo. Resultado deste processo foi a célebre Declaração Con-junta sobre a Doutrina da Jus-

tificação, assinada, em 1999, por representantes da Igreja Católica Romana e da Federação Luterana Mundial em Augsburg, na Alemanha. Naquela cidade, em 1530, os seguidores de Lute-ro, convocados pelo rei alemão Carlos V, assinaram uma decla-ração de fé que rompia com a igreja romana e enfatizava a doutrina da salvação pela graça. Na passagem para o século XXI, católicos e luteranos registra-ram, pela Declaração Conjunta, que estão de acordo sobre as verdades básicas relativas à doutrina da justificação pela fé, um dos pilares da Reforma Protestante. Este foi um passo importante, um testemunho de que o diálogo e a cooperação são possíveis, sem desconhecer que ainda é preciso trabalhar outros aspectos antes de se al-

cançar um acordo total entre luteranos e católicos sobre o significado do Evangelho da Justificação na vida da Igreja. A Igreja Católica, por meio do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, e a Fe-deração Luterana Mundial têm afirmado a necessidade de que as duas partes continuem seus esforços ecumênicos. Assumem, ainda, que a Declaração Con-junta não é o objetivo final, mas um importante passo na peregrinação comum para uma completa unidade visível. Este é um testemunho e um estímulo para novas ações que envolvam outras confissões cristãs, na esperança ecumênica, e rea-firmem um dos princípios da Reforma Protestante: “Igreja reformada está sempre se re-formando”. n

recOrdar Os 500

anOs da refOrma

é também uma

OpOrtunidade de

recOnhecer a causa

da unidade e as

tantas iniciativas

que envOlveram

diálogo e

cOOperaçãO

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Roupa tecnológica reproduz música para surdos sentirem o som Uma roupa tecnológica chamada The Sound Shirt permite a surdos participarem de concertos musicais e sentirem o som. A ideia partiu da parceria entre a agência ale-mã Jung von Matt e a Orquestra Sinfônica de

Presos doam 1,5 T de comida e roupas a vítimas das enchentes Detentos de dois presídios na região Metropolitana do Recife doaram mais de 1,5 toneladas de comida e 800 peças de roupa para moradores da Zona da Mata e Agreste do estado de Pernambuco, que sofreram com as enchentes no início de junho. Eles doaram todos os materiais que receberam dos familiares, como produtos de higiene pessoal e outros insumos, além de produzir pães para distribuir às vítimas.

fazer bem

Hamburgo, que jun-tas querem ampliar a participação de sur-dos em concertos. A vestimenta funciona a partir da sonoridade de oito ins-trumentos distintos, captadas pelos microfones no palco. Um software tra-duz o som em dados, que são enviados via wireless para a roupa. A partir disso, 16 microatuadores incorporados no tecido passam a vibrar conforme a intensidade da música, permitindo um concerto sinfônico em tempo real para surdos. Acesse e confira uma apresentação: http://bit.ly/RoupaSurdos.

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Vaticano cria aceleradora de startups para solução de problemas ambientais

Gari leva pão e água para moradores da Cracolândia

Menina de 8 anos lê toda sexta para crianças com paralisia

Para apoiar empresas que criem soluções inovadoras para problemas advindos das mudanças climáticas, o Vaticano criou uma aceleradora de star t ups, a Laudato Si Star t up Challenge. O valor estimado de US$ 100 mil virá de um fundo privado de investidores e será utilizado com supervisão do Vaticano. As empresas precisam escolher entre sete desafios: energia, comida, água, cidades popu-losas, potencial humano, conservação e finanças. Segundo um dos mantene-dores do projeto, essas são áreas que o próprio Papa Francisco identifica como importantes para resolver a questão climática. A expectativa é que participem da seleção empreendedo-res de mais de cem países, incluindo o Brasil. O programa de aceleração acontecerá entre 13 de julho e 9 de setembro.

José Carlos Matos, um gari de 47 anos, sai de Embu das Artes, na grande São Paulo e percorre mais de 30 km para levar pão e água aos usuá-rios de drogas que vivem na região do terminal Princesa Isabel. Ele intensificou a doação após as ações para acabar com o tráfico de drogas na Cracolândia. José Carlos pede os pães que sobra-ram às padarias e os galões de água, ele enche em lojas da região. O gari é católico, mas é conhecido pelos usuários como “pastor”, por levar a Bíblia e ler salmos para eles. “Quanto mais eu faço o bem, mais vontade de fazer eu tenho. Isso que me dá força, isso que me dá ânimo para eu lutar pelas vidas. Essa batalha nós só vamos vencer no amor. Não é ignorância, não é violência, não resolve nada”, diz José Carlos.

Stela Alonso, uma menina de 8 anos, vai toda sexta-feira a uma ins-tituição que atende crianças carentes em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para ler histórias e divertir os internos. Ela lê uma página por vez e passa o livro de criança em criança, para que todas possam acompanhar. Stela também se fantasia e estimula as crianças a tocar teclado.

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Há lições no deserto

A s revelações cada dia mais assustadoras de como a política e as

instituições têm funcionado no Brasil são chocantes, mes-mo para quem não se iludia com salvadores da pátria e nem se deixava levar por ar-roubos de patriotismo con-tra a corrupção fomentados pelos meios de comunica-ção que sempre tiveram seus próprios interesses e vanta-gens. Transitamos por entre o horror e a revolta. Vemos-nos sobrecarregados dessas notícias e fatos que demons-tram cabalmente o cinismo daqueles que deveriam zelar pelo bem de todos e o despre-zo pelas demandas e queixas da população. Esta situação toda nos puxa com uma força poderosa para o pessimismo e a desesperança. O desafio de se manter altivo e propositivo no mo-mento se apresenta até para aqueles que situam seu olhar para além da realidade ime-diata e distinguem horizon-tes mais bonitos lá adiante. E que desafio, meu Deus!

ideias

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Há lições nos desertos

e mesmo e apesar de qualquer

obstáculo a mente e o coração

precisam se articular em modos

de seguir adiante. Para Moisés

a ideia foi retirar-se um tempo

do acampamento, colocar-se

em oração, mirar do alto as

realidades, jogar o olhar

para bem longe

Manter a esperança como um componente fundamental para a estruturação de pensamen-tos e atitudes, para o exercício diário das atividades, para a prática da solidariedade e ge-nerosidade para com os que se deixam esmorecer. E falar de desânimo nestes tempos é falar especificamente em des-crença no futuro do país. Mas, e por ser difícil, é exatamente agora que se faz necessário exercitar modos de firmar a possibilidade de um futuro bom no próprio coração. De-pois de tantas dificuldades enfrentadas, e quando pensá-vamos ter alcançado um nível de desenvolvimento que só nos levaria mais adiante, e as polí-ticas sociais ganhavam sempre mais importância a nos levar para a superação de injustiças seculares nos deparamos com um retrocesso inimaginável. Ou seja, quando pensávamos que o deserto tinha sido atravessado e que a terra prometida estava

ali mais adiante, outro deser-to se mostrou à nossa frente. Como um Moisés cansado que chega ao deserto do Sinai (mais um) e contempla a montanha à sua frente a partir do seu acampamento, e pergunta-se o que pode fazer se o caminho feito parece ter-lhe e ao seu povo esgotado todas as forças. Mas há lições. Há lições nos desertos e mesmo e ape-sar de qualquer obstáculo a mente e o coração precisam se articular em modos de seguir adiante. Para Moisés a ideia foi retirar-se um tempo do acam-pamento, colocar-se em oração, mirar do alto as realidades, jogar o olhar para bem longe, lá onde o céu, que se confunde com o horizonte, tem um sorri-so reservado e pronto para ser aberto com novas orientações. Para nós os desertos pa-recem propor lições indispen-sáveis. Dentre elas destacamos a importância da dispensa da autossuficiência. Ninguém será capaz de propor ações eficazes senão aquelas que conjugam as forças, habilidades, pensamen-tos e criatividades de muitos. A autossuficiência é uma ilusão que se cultiva no orgulho e na presunção de se ser mais im-portante que outros.

Dauri Batisti

A segunda lição, que é o prolongamento da primeira, pede que consideremos como fundamental o cultivo de vín-culos que nos aliançam com os que conosco sonham sonhos de uma nova terra. A terceira e como causa e consequência ao mesmo tempo das lições anteriores é a per-cepção de que a vida marcada pelas dificuldades do deser-to não cabe nele. Ela é maior, bem maior que o mais largo deserto, bem mais alta do que o pico mais elevado, bem mais velha do que a soma de todos os dias e noites vividos. A vida. Uma força espiritual incon-teste. Deus. E com ela dar-se em aliança. Amar sobretudo a vida na sua forma mais excelsa, Deus. Amar a vida e respeitá-la com seus vários nomes, mani-festaçoes e formas. Não matar, não desagregar o que tem que ser unido, não se apropriar do que é do outro. n

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Consumismo e gestão da casa

Entendida em seu sentido etimológico, economia significa gestão da casa.

A casa tanto pode ser a unidade familiar, quanto a tribo, quanto o planeta. Em todos esses ní-veis, cabe sempre indagar se a casa está bem cuidada. Cuidar bem é subjetivo e pode ser entendido tanto pelo lado das receitas, quanto das despesas; receitas e despesas para além da contabilização de

cresce e torna desatentos em prisioneiros do ciclo vicioso do ganhar mais para poder com-prar de forma desmesurada. Quando o ganhar encontra barreiras, as frustrações pela impossibilidade de manter o vício do ‘comprismo’ pode levar a todo tipo de desajuste pessoal e social. Desajuste pessoal e social que pode ser exacerbado por trabalhos desmotivadores que são aceitos em nome da

em sua finitude, devesse ser consumido logo e rapidamente. Entender as complemen-taridades entre atitudes que se fazem presente no dia a dia de pessoas e famílias, e o abismo a que se dirige a espécie, se faz necessário. Necessidade que precisa ser debatida e entendida enquanto instrumento de novas percepções pessoais e coletivas na busca de um outro mundo possível. A utopia da democracia en-quanto base para a igualdade política entre humanos é de di-fícil realização. Dificuldade que resulta de processos políticos contaminados por interesses de uma pequena classe dominante. Interesses escusos que precisam ser enfrentados por micro ações como a redução do ‘comprismo’ e a busca de gera-ção de renda como menor de-pendência de postos de trabalho qualitativa e quantitativamente em baixa. Micro ações que po-dem ser expandidas através de projetos coletivos e políticas públicas voltadas para uma vida mais digna para a gente e para o meio ambiente. n

economia política

arlindo VillaschiProfessor de [email protected]

a necessidade dO ‘cOmprismO’ pOr OstentaçãO,

enquantO instrumentO de inserçãO sOcial,cresce e tOrna desatentOs em prisiOneirOs

ganhos e custos. Ganhos que resultam de esforço coletivo; despesas que indicam priori-dade na alocação de recursos escassos. Cada vez mais imersa em um crescente individualismo induzido pelo bombardeio dos meios de comunicação de mas-sas, a gestão da casa enquanto unidade familiar, é centro de conflitos quando se trata de alocar recursos escassos. A ne-cessidade do ‘comprismo’ por ostentação – independentemen-te do nível de renda – enquanto instrumento de inserção social,

roda viva da manutenção de aparências sociais. Em nível do planeta, são marcantes os efeitos do ter que crescer enquanto dogma desvinculado da construção de uma casa comum mais justa e fraterna para com a maioria de seus seres viventes. Dirigido de forma crescente para o atendi-mento do interesse de alguns poucos, o crescimento econômi-co, por um lado, é concentrador dos resultados do progresso. Por outro, devasta o patrimô-nio natural como se ele fosse infinito; ou quando entendido

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Papa Francisco

Vocês têm nas mãos algo de divino: um livro como fogo,um livro no qual Deus nos fala.

A Bíblia não é um livro qualquer. Com a Palavra de Deus, a luz veio ao mundo e nunca mais se apagou! Na Bíblia Jovem, novo volume da

coleção YOUCAT, você vai encontrar comentários de alguns dos textos da Sagrada Escritura, frases de santos, fotos e perguntas dos jovens.

editorapaulus

O bem possível

O Papa Francisco, amado até pelos ateus, pelos protestantes e outras

religiões, trouxe para a Igreja e para o mundo uma renovada esperança. A humildade que o Papa Francisco propõe e tes-temunha com a sua maneira transparente de ser revela-se, sobretudo, na óbvia e esque-cida aceitação da nossa pobre e, ao mesmo tempo, sublime condição humana. A humildade é caminhar na verdade, escreveu S. Teresa de Ávila. Jesus disse que “a ver-dade vos libertará (Jo 8,32)” e São Paulo arrematou: “foi para a liberdade que Cristo vos liber-tou (Gal 5,1)”. Portanto, quanto mais alguém é verdadeiro (hu-milde!) mais livre ele será. Para nós cristãos a verdade sobre o

ser humano é a seguinte: toda pessoa possui dignidade infi-nita por ter sido criada como imagem e semelhança de Deus, ela é templo de Deus, ela é fi-lha amada incondicionalmente pelo Pai. Ao mesmo tempo, por ser criatura, experimenta fragili-dades e limitações como, por exemplo, a morte. Também por ter sido criada livre para deci-dir (livre arbítrio), comete er-ros e sofre suas consequências. O sábio realismo do Papa Francisco nos convida a enxer-gar a realidade com verdade (humildade), sem falsos idea-lismos, palavreados, sentimen-talismos, manias de grandeza, que mascaram a realidade, anestesiam a nossa consciência e não permitem a ação transfor-madora de Deus, cuja semente germina e dá frutos somente em terreno verdadeiro. A men-tira nunca produz nada de bom.

Nesse realismo, levando em conta nossa frágil e limitada condição humana, sabiamente o Papa Francisco convida a to-dos os homens de boa vontade a simplesmente fazer “o bem possível”. Parece pouco, mas não é. Pois, fazer todos os dias o bem possível ao nosso redor, sem colher frutos imediatos, sem desejos de grandiosida-des, sem receber aplausos ou agradecimentos, pelo contrário, receber críticas e desprezos e, mesmo assim, perseverar: eis aqui o verdadeiro heroís-mo e a grandiosidade de um autêntico ser humano. Esse heroísmo discreto e “normal” o cristianismo o denomina: Fé. Essa pessoa que optou e lutou para realizar o bem possível até a morte recebe, na Igreja Católica, o título de Santo. n

espiritualidade

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Levando em conta nossa frágil

condição humana, sabiamente, o

Papa Francisco convida a todos os homens

de boa vontade a simplesmente fazer “o

bem possível”. Parece pouco, mas não é

vitória Julho/201714

pensar

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caminhos da bíblia

A comunhãodo amor e a formação dos discípulos missionários

A humanidade é acolhida no coração do mistério de Deus, diante de sua

majestade e grandeza, ao mes-mo tempo que é acolhida em sua intimidade e amor. Deus é o totalmente outro, aquele que por sua santidade é reveren-ciado, mas ao mesmo tempo é o totalmente próximo, que por seu amor se deixa encontrar por todos. Em toda a Sagrada

Escritura, particularmente no Primeiro Testamento, encontra-se o convite a viver na presença de Deus, diante da face de Deus. De fato, tal convite expressa o desejo de Deus de que os seus vivam em sua presença, mesmo marcados pela contínua busca daquele que, por vezes, aparen-temente, está ausente. Nessa contínua busca, entre a ausência fecunda e a presença manifesta

de Deus, é que o fiel é chamado a viver. Em todo o seu caminhar, o povo de Israel manifesta o seu desejo de caminhar com o Se-nhor, ao mesmo tempo que pede a sua companhia apesar de seus pecados. A alegria do encontro, nessa busca constante da face de Deus, enche os corações daque-les que continuam na busca do Senhor. Tal comunhão é possível

vitória Julho/201716

graças à fidelidade divina de um Deus que é sempre fiel à sua Palavra e às suas promessas. Por isso, é possível ao homem, apesar de seus pecados e trans-gressões, viver na presença de seu Criador, caminhar diante da face de Deus. A garantia que o homem tem de sempre ser

esqueça que será sempre acom-panhado pela face amorosa de Deus. O amor fiel de Deus, pre-sente em todo o caminhar de Israel, é confirmado na pessoa de Jesus de Nazaré, em sua mis-são e em sua compaixão que salva e não condena. Nas ações

pequenos e pobres, os doentes e pecadores, manifestam clara-mente o amor do Pai. “Quem me vê, vê o pai”, disse Jesus a Felipe. Isto é, o amor com o qual Ele amou os seus que estavam no mundo, amando-os até o fim, foi o mesmo amor que Ele recebeu do Pai. Jesus comunica aos seus discípulos a intimidade do Pai quando manifesta o seu amor sempre fiel e constante, apesar dos pecados e transgressões de seus filhos. Na relação de intimidade com Jesus e na comunhão vi-vida em seu amor derramado abundantemente nos corações de seus discípulos, é que os mes-mos são formados no caminho da salvação. Ou seja, abraçam o seu seguimento na certeza de que sempre serão acompa-nhados por esse amor maior e infinito, que supera e apaga to-talmente toda a culpa daqueles que a Ele se unem. Os discípulos de Jesus são introduzidos na in-timidade e comunhão plena com o Pai, por meio do seguimento de seu Filho. Nessa relação de ami-zade com o Mestre, os mesmos discípulos passam a ser sinais desse amor recebido, comuni-cando aos outros os frutos da comunhão nesse amor que salva e não condena. n

Pe. andherson FranklinProfessor de sagrada escritura no iftaV e doutor em sagrada escritura

acolhido diante de Deus é a sua fidelidade, isto é, Deus não pode rejeitar o seu povo, sendo que decidiu escolhê-lo para si como herança. Nesse caso, às vezes que o povo eleva ao Senhor o seu pedido de guia e presença constantes revelam uma per-manente recordação, não para Deus, apesar de ser uma oração a ele dirigida mas, sobretudo, ao povo a fim de que, jamais se

de Jesus se manifesta o mistério do insondável e infinito amor divino, que ultrapassa toda a compreensão humana e vai além dos limites esperados. De fato, força do amor, presente em toda a vida de Jesus, coloca-o como razão primeira da acolhida dos pecadores e a busca dos doentes e pobres. Em todas as passagens dos Evangelhos, as ações de Je-sus, seu cuidado para com os

vitóriaJulho/2017 17

Moda

Decoração

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/PortaldaPechicha

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Decoração

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/PortaldaPechicha

especial

Vida virtuosa no contexto atual: é possível construí-la?

Na linguagem ética e re-ligiosa, virtude indica os bens que as pessoas

justas e retas perseguem, ou as prerrogativas de que se acham dotadas, ou as qualidades em virtude das quais realizam o bem. É preferencialmente esta última a acepção que aqui se analisa. A virtude está ordenada ao agir. Um dos dados mais im-portantes na teoria da virtude é o que a considera ordenada ao agir bem: é princípio de atos humanos bons, torna bom o que opera e as obras que realiza. É dado complexo e faz-se mister esclarecê-lo. A pessoa, como imagem de Deus, está estruturada para ser em ato ela mesma. “Sendo a subs-tância de Deus sua ação, a suma semelhança do ser humano com Deus realiza-se segundo o operar, o agir”. (Santo Tomás, S. Th., I-II, q. 55, a. 2, ad 3). Assentir livremente ao bem equivale a querer orientar a pró-pria vida em conformidade com suas exigências. A ação boa não é uma atividade qualquer, é fun-damentalmente comunhão de conhecimento e de amor com o bem supremo, tal como o agen-te o conhece e o acolhe. A ação

moral é gravitar pessoalmente no mundo de Deus, deixar-se conformar a ele, secundar sua moção, crescer na disponibili-dade da escuta, na decisão de orientar a própria vida segundo as indicações que aceita dele. Esta atitude complexa qualifica o agente e as obras que realiza em coerência com sua condição. Levar isto a cabo significa saber o que fazer, como fazê-lo, querer fazê-lo, perseverar em fa-zê-lo, fazê-lo concretamente, dia após dia, sem deixar bloquear ou paralisar pelas dificuldades que, com metódica monotonia, dificul-tam o caminho. A perseverança no bem exige que a inteligên-cia, a afetividade e a disposição para executá-lo convirjam; que

a pessoa explicite o estilo de fi-delidade a que deseja dar seu consentimento e que o assuma como parâmetro mediante o qual retifica o caminho. A vida virtuosa não é atitude intermitente ou improvisada; é modo de existir na liberdade; é orientação tendencialmente es-tável e fiel. Isto não significa que as pessoas virtuosas sejam impe-cáveis; no entanto, a experiência da imperfeição e do limite não as induz a se legitimarem, a serem indulgentes consigo mesmas e severas com os outros; a tolera-rem sua própria miséria; sofrem por causa dela, impedem suas manifestações e vigiam para que ela não aumente seu domínio. A virtude é problema pes-soal e comunitário; diz respeito às pessoas em seus comporta-mentos e as enraíza na família humana e na comunidade de salvação; apresenta-se de modo autêntico quando é, em todos, vontade de viverem juntos, di-ferentes, respeitando a condição específica de cada um e na co-res-ponsabilidade pela comunidade de todos. n

Padre antonio Tatagiba VimercatVigário geral da Diocese de cachoeiro de itapemirim e Professor de teologia moral

a vida virtuOsa nãO é

atitude intermitente

Ou imprOvisada;

é mOdO de existir

na liberdade;

é OrientaçãO

tendencialmente

estável e fiel

vitória Julho/201720

sugestões

Jornalista e escritor. atualmente exerce o cargo de subsecretário de estado da cultura.

por JosÉ RoBeRto santos neVes

livro

M i n a R a k a s t a n S i n u a s i g n i f i c a “e u

amo você” em finlandês. Essa é a primeira

senha para quem se propõe a desvendar os

labirintos narrativos que envolvem o mais

re c ente livro de Reinaldo Santos Neves,

publicado em 2016. Trata-se de uma ode à

vida literária, construída sob a forma de

10 contos que discorrem sobre o universo

dos livros, escritores, leitores, professores

de literatura, bibliotecas, musas e todas as

inquietações que cercam o ofício do escritor.

O trabalho fecha o ciclo temático inaugurado

com “Heródoto, IV, 196”, lançado em 2013.

Ler um conto de Reinaldo é se deixar

levar por um enredo repleto de imagens,

metáforas, suspense, vocabulário refinado,

reviravoltas e desfe chos imprevisíveis ,

somado a um humor sardônico que volta e

meia revela as fragilidades dos escritores

– vide a melanc olia do “grande es critor

mu n i c i p a l ”, p e r s o n a g e m d o c o n t o qu e

intitula este conjunto de histórias.

S o b re Re i n a l d o , e m p o u c a s l i n h a s

cabe dizer que se trata de um dos maiores

romancistas do país. Fic cionista de mão

cheia, publica desde 1971, com extraordinária

f l u ê n c i a n a e l ab o r a ç ã o d e r o m a n c e s

medievais. “A Crônica de Malemort”(1978),

“Sueli: Romance Confesso” (1989) e “A Longa

História” (2007) estão entre suas obras mais

conhecidas. E o que é melhor: Reinaldo é

capixaba, o que nos enche de orgulho.

vitóriaJulho/2017 21

D izem que avó é mãe duas vezes… espera aí, que isto é mais puxão

de orelhas que posso aguentar. Brincadeiras à parte, entendo isto muito bem, afinal é muito carinho direcionado aos netos, tanto carinho que às vezes com aquele ciuminho martelando pensamos que com a gente não era assim... Convenhamos, as vovós ficaram com a parte mais gos-tosa que são os beijos, abraços

Vander silvaviver bem

vovóMãe duas vezes?

Várias vezes

vitória Julho/201722

e tempo para curtir os netos. Tempo que ás vezes não tinham para os filhos pela ne-cessidade de trabalhar, cuidar da casa, da educação dos filhos e por aí vai... É claro que em muitas ca-sas as avós ainda sustentam as famílias criando filhos e netos. Agora, está muito enga-nado quem pensa nas vovós como velhinhas que ficam em uma cadeira de balanço fazendo tricô. Nada contra, mas tem muita avó diferente por aí. Tem a vovó atleta que acor-da cedo, toma aquela vitamina reforçada e vai para sua prá-tica esportiva predileta. Tem ciclista, corredora, nadadora, muita avó que faz caminhada, hidroginástica e várias outras atividades. Tem vovó artista que apro-veita a maturidade para reali-zar sonhos antigos como apren-der um instrumento musical, pintar e explorar a criatividade. Opa! Como assim? E o tem-po para os netos? Ora, acalmem-se netinhos

de todo o mundo, o carinho não vai acabar. O que muda é que os afagos irão vir de pessoas cada vez mais felizes, dispos-tas e com novas histórias para contar. Afinal, não abrimos mão do direito àquela comidinha que só a vovó sabe fazer, de ouvir histórias super interessantes de tempos bem distantes de nós. Além, é claro, de histórias engraçadas sobre os nossos pais. Mas não devemos só ti-rar proveito, não é mesmo? A vovó também precisa de nossa atenção e carinho. Qual foi a última vez que você a levou para passear, visitar amigos, ou almoçar? Assim como gos-tam de contar histórias elas também gostam de ouvir as

Todos nós iremos envelhecer

e merecemos uma vida digna

cercada de cuidados, carinho, saúde, e

que nas marcas da velhice elas carregam

experiências que merecem e devem ser

compartilhadas

nossas e podem ter certeza que elas ficam cheias de orgulho das nossas vitórias, sejam as grandes ou as mais simples. Participar mais do dia a dia das nossas avós é cultivar lem-branças que nos acompanharão por toda a nossa vida e mostrar para os nossos filhos que todos nós iremos envelhecer e mere-cemos uma vida digna cercada de cuidados, carinho, saúde, e que nas marcas da velhice elas carregam experiências que merecem e devem ser compar-tilhadas. Uma dica, não basta amá-las, devemos deixar bem cla-ro para elas o nosso amor com muita demonstração de carinho. Elas merecem, não é mesmo? n

vitóriaJulho/2017 23

Diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

Sabemos que todo ponto de vista é visto de um ponto. Já na Patrística escrevia-se e falava-se disso. Eu também desejo refletir a partir de um ponto de

vista. O meu ponto de partida é a fé trinitária. Deus se revela para a humanidade como Amor, ao nosso modo de entender em três pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo, nossa Fonte de Vida e nosso Destino. Pois bem, eu tenho encontrado pessoas muito compe-tentes em questões econômicas financeiras, preocupadas com a sociedade brasileira e mundial. São competentes em número, analises financeiras e seriamente preocu-padas com o mundo econômico, buscando soluções. Detestam o marxismo e o apontam como causador de muitos problemas vividos hoje e, expressam grande re-ceio e pavor deste ‘dragão’ que se chama “comunismo”. Apegam-se à solução capitalista como salvação para os nossos problemas sociais. Criticam a CNBB e reduzem todos os que pensam diferente deles a uma chamada ‘TL’ ou Teologia da Libertação, sem saberem que há mais de uma maneira de entender a Teologia da Libertação, sendo que, uma delas ‘é útil e necessária’ como já afirmava São João Paulo II, Papa, de saudosa memória. Estas pessoas competentes no campo econômico esquecem-se ou ignoram que tanto o capitalismo como o marxismo são conquistas superadas no pensar e ca-minhar da história. Ambos os sistemas estão em volta somente do mundo econômico e, a partir daí buscam soluções sociais que jamais conseguirão resolver. Eles se agarram aos galhos da árvore da vida humana e se esquecem de ir à raiz dos problemas, à raiz da árvore, a humanidade. Não se trata uma árvore pelo galho, mas pela raiz, embora se possa podá-la positivamente. Esses dois

O galho e a raiz da árvore

vitória Julho/201724

Ambos os

sistemas estão em

volta somente do mundo

econômico e, a partir daí

buscam soluções sociais

que jamais conseguirão

resolver. Eles se agarram

aos galhos da árvore

da vida humana e se

esquecem de ir à raiz

dos problemas, à raiz da

árvore, a humanidade

vitóriaJulho/2017 25

sistemas político-econômico são como que dois irmãos que estão de mal e se tornam inimigos um do outro sem encontrar resposta completa e satisfatória para toda a sociedade. Porém, alguns ou uma elite de pessoas privilegiadas sempre serão beneficiados, uma minoria predominante seja do capitalismo de Estado seja do capitalismo Liberal. Ambos geram miséria e extrema pobreza. “Quem tem olhos para ver...” O Cristianismo não é um sistema politico e tão pouco a Igreja o é. Mas, o anuncio do cristianismo, no qual a Igreja é missionária, é justamente a cura da relação humana. A relação humana tem como Fonte, inspiração e força a re-lação Trinitária! Desta Fonte a relação humana aprende a intercomunicação, a fraternidade entre as pessoas; Desta Fonte Trinitária a pessoa humana não só pode relacio-nar-se bem com outras pessoas, mas também aprende a relacionar-se com o mundo criado, com toda a natureza entre as coisas com o dinheiro, útil no intercâmbio da vida sustentável dos seres humanos diferentes entre si, mas que se completam na partilha. Na beleza das nossas diferenças toda a sociedade se torna bela e em conquista constante da felicidade que se completará no seu destino final no Encontro definitivo com o Criador que se revelou para nós Como Pai Misericordioso, Filho Misericordioso e Espírito Criador, Santificador Misericordioso que nos conduz na história, na espera do abraço eterno e feliz! O problema da sociedade brasileira e mundial não tem como causa o mundo econômico, mas as relações humanas que geram injustiças e uma economia injusta pois a sociedade se relaciona egoisticamente, cada um para si ou todos para o Estado com o mínimo de partilha social. A Fonte de nosso ser exige o mistério da partilha humana, na convivência e harmonia com a natureza em vista do todo e, não somente, em vista de um grupo, do Estado ou de uma elite privilegiada. Deixemos o galho e cuidemos da raiz da árvore! n

Osilêncio é condição es-sencial para a percep-ção e consciência de si

como vivente, em consonância com a dinâmica das relações: consigo mesmo, com a criação e com o transcendente. Ele é um elemento da comunicação, e re-quer o aprendizado e aprofunda-mento como capacidade do ser. A Sacrosanctum Concilium, constituição sobre a liturgia, no número 30, exorta: “Seja também observado, a seu tempo, o silên-cio sagrado.” Mas, hoje, como está a vivência do silêncio nas comunidades celebrantes? Ele está sendo valorizado como um elemento da participação ativa, ou está sendo abolido em nome de uma participação ativa, res-trita à voz e aos gestos? O lugar da celebração é o espaço da Nova Jerusalém (cf. Ap 21, 9ss), da nova criação, da supe-ração do caos, da contemplação.

A relação da assembleia nesse e com esse espaço tem um dife-rencial frente aos ruídos descen-tralizadores do mundo, os quais nem sempre compactuam com a nova ordem do Mistério Pascal de Cristo (cf. Cl 1,15ss). Existem ruídos sonoros ou visuais, além dos ruídos pessoais e circuns-tanciais que brotam da mente e repercutem na corporeidade. Redescobrir e valorizar o silêncio durante a liturgia é observar, em primeiro lugar, os ritos e sua dinâmica. Conhecer a ritualidade com propriedade continua sendo um desafio para muitas assembleias. O rito, por si, já é um indicativo das atitudes correspondentes a ele, incluin-do o silêncio. Há, pela liturgia, uma nova frequência de sonori-dade, pulsação e integração dos batizados, em tom diferencial e potencializador, que repercutirá no mundo, com o envio da assem-

bleia em missão de, com Cristo, por Cristo e em Cristo, fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). O silêncio pede passagem em muitos momentos rituais como, por exemplo: terminado o breve ensaio dos cantos do dia, a assembleia guarda instantes de silêncio diante da grandeza do que irá celebrar; à exortação do presidente da celebração para a revisão de vida e a consideração da divina misericórdia (ato pe-nitencial), todos guardam breve silêncio antes de entoar as mise-ricórdias do Senhor; na procla-mação da Palavra são essenciais breves instantes de silêncio entre uma e outra leitura, para interio-rização e assimilação; o silên-cio condiz após a homilia, como também após a distribuição da sagrada comunhão, no sentido de considerar tudo o que Deus comunicou, em tom de abertura, gratidão e compromisso para com Ele. O silêncio é o tom da li-berdade, própria da verdadeira comunicação, que não impõe e nem massifica, mas conduz ao centro, ao equilíbrio e converge para o bem e a vida plena. Ele é o condutor à integridade do ser. Foi do silêncio de um túmulo vazio (cf. Jo 20,ss) que brotou a boa notícia de vida para todos! n

mundo litúrgico

Fr. José Moacyr cadenassi, OFMcap

O silêncio na liturgia

vitóriaJulho/2017 27

aspas

Ouvimos muitos pais dizendo: “estou inves-tindo no futuro do meu

filho”, sem dúvida investir na educação dos pequenos é fun-damental, mas “perder tempo com os filhos” ainda é o melhor investimento para a vida deles. Vivemos num mundo ur-gente e essa urgência atinge as crianças, adolescentes e jovens, cada um à sua maneira, e preci-samos ficar atentos às atitudes de nossos filhos que sinalizam um “SOS”. Pe. Zezinho, em seu livro Melhores filhos, melhores pais diz: “Filho esperto e inteligente sabe que precisa do pai”. E nós pais estamos cientes dessa neces-sidade? As crianças estão mais independentes em suas ações, no entanto, isso não significa que não precisem de nós. Pelo contrário, precisam mais. Com acesso demasiado à informação por meio dos smartphones, ta-blets e smartTVs desde muito pequenas, nossas crianças ficam expostas e vulneráveis caso não haja acompanhamento e orien-tação da nossa parte. A proximidade com os filhos nos possibilita saber o que eles gostam de assistir, conhecer-mos os amigos deles, olhar as

mochilas da escola e observar se tem algum objeto ou cheiro diferente, parece exagero, mas não é. Também não é questão de falta de respeito ou invasão de privacidade. É prevenção! A pedofilia está ai, as drogas estão ai e para vencer tais ameaças o diálogo, o cuidado e o conheci-mento são fundamentais. Ser pais é um doar-se sem limites, não um doar-se para dar presentes, mas para estar pre-sente na vida deles. Os afazeres diários tendem a nos forçar a ter ações robotiza-das e cronometradas. É preciso um ajuste e planejamento para dedicar tempo aos filhos, dialo-gar em casa, rezar juntos, ouvir dos filhos os que eles gostam, sobre os acontecimentos do dia, brincar com eles, fazer uma pi-poca e assistir aquele filme que você já viu 1000 vezes e rir junto das cenas mais bobas. Com essa proximidade a criança cria uma relação de confiança, amizade e constrói memórias que serão fundamentais para a formação da sua personalidade. Quando um dos meus filhos chega e diz: “mãe, deixa eu te contar?” eu posso estar cheia afazeres, porém o pensamento que me vem à mente é: “ele quer

Paula Freire cezattiBibliotecária

“Perder tempo com os filhos”

falar comigo, vou parar para ouvi-lo, pois o dia que eu quiser falar ele pode não querer me ouvir”. Na casa dos meus pais era assim, tínhamos o espaço para falar, meus pais eram meus melhores amigos e pretendo repetir com meus filhos essa relação sadia de confiança e respeito. Levar ou buscar os filhos na escola, assistir um filme ou desenho com eles, levá-los a um parque, praia, ou praça e brincar com eles, jogar jogos de tabulei-ros, montar quebra-cabeças, ler ou cantar para eles dormirem, fazer a comida favorita deles, comparecer nas suas apresen-tações e reuniões da escola e da catequese, são ações simples que nos tornam próximos dos filhos. Eles adoram! Sentem-se importantes, amados, felizes e protegidos. n

vitóriaJulho/2017 29

(Papa Francisco)

A agricultura dentro da perspectiva

Ao longo da história, a natureza foi vista como uma fonte infinita de

bens e serviços, ou seja, a na-tureza era meramente um “re-curso”, que como tal, deveria ser destinado à promoção do bem estar do homem. Entretanto, nas últimas dé-cadas, a compreensão da natu-reza como mero recurso passou a ser questionada, não por um aumento no nível de consciência por parte da humanidade, mas, pela percepção de que estes re-cursos são finitos, e pior, muitos estão em níveis críticos, ou em risco de exaustão. Em todo o pla-neta é possível perceber marcas da ação humana transformando paisagens, degradando ambien-tes e acelerando processos de extinção de milhares de espécies de animais e plantas. À medida que esse atual modelo de produção e consu-mo se consolida, reforça-se a ideia do conflito entre suprir as necessidades humanas com

ecológica e sustentável

ecologia

a degradação ambiental. Neste sentido, cada vez mais, é necessário compatibili-zar a satisfação das necessidades humanas com a preservação dos recursos naturais. É necessário adequar nossa matriz produti-va e energética, a partir de um modelo de economia de baixo carbono, e mais eficiente no uso de recursos e energia, reduzindo desta forma os riscos ambientais e a escassez ecológica. Dentre os setores priori-tários definidos pela ONU para adequação nos processos pro-dutivos, a agricultura é um dos mais desafiadores. A agricultura é, notadamente, a atividade hu-mana com maior potencial de impacto sobre o meio ambiente, sobretudo em um contexto no qual a população mundial saltou de pouco mais de 2,6 bilhões de pessoas em 1950 para mais de 7 bilhões atualmente. Na década de 1950, a cha-mada “Revolução Verde”, tornou possível o aumento exponencial

na produção de commodities agrícolas a partir da incorpora-ção de conhecimento científico e do uso de insumos químicos e agrotóxicos. Apesar de ampliar a oferta de alimentos, o mode-lo inaugurado pela revolução verde mostra sinais de exaus-tão devido ao seu alto impacto ambiental. É necessário buscar um novo paradigma de produção agropecuária, paradigma este que seja capaz de compatibilizar eficiência produtiva com conser-vação dos recursos naturais do planeta. A inovação e a tecnologia aplicada foram os pilares da re-volução verde, e serão novamen-te os pilares da nova revolução na agricultura. As tecnologias criadas no âmbito da revolução verde foram fundamentais para atender os desafios da época, é necessário agora que sejamos capazes novamente de trans-formar conhecimento técnico e científico em inovação e em novas tecnologias que permitam superar os desafios atuais de produzir respeitando os limites do planeta.n

Octaciano neto secretário de estado da agricultura

a agricultura é, nOtadamente, a

atividade humana cOm maiOr pOtencial de

impactO sObre O meiO ambiente

vitória Julho/201730

com 20 anos de experiência como letrista de música litúrgica, frei José moacyr cadenassi, que pertence à Ordem dos frades menores capuchinhos, afirma que sua principal fonte de inspiração é a palavra de deus. em entrevista ele conta-nos um pouco de sua relação com a arte de compor e cantar.

A arte de compor e cantar a Liturgia

vitória - Qual a diferença en-tre música religiosa e música litúrgica?frei José moacyr - A gente com-preende que a música litúrgica está dentro do conjunto geral de música sacra. Porque música sa-cra designa tudo aquilo que é de conteúdo religioso e que faz parte do patrimônio da Igreja. Mas, a música litúrgica, que também é sacra, tem conteúdo específico, hora ela acompanha o rito, hora ela é o rito. Por exemplo, na missa, o canto de entrada, acompanha a entrada da equipe de celebração (quem preside e os ministros lei-gos). Essa música, que é litúrgica acompanha o rito, porque o rito é a procissão. Diferente, por exemplo, se eu vou cantar na Oração Euca-rística “O Santo”. O Santo em si é o rito, não está acompanhando nenhuma atitude. É importan-te também dizer que a música litúrgica é diferente da música religiosa. Esta, nós cantamos em um encontro de pastoral, de ca-

andressa mianentrevista

tequese, de movimento e não são músicas para serem colocadas em âmbito litúrgico, mas para outros momentos de vivência, de estudo, de celebração.

vitória - O senhor tem pre-ferência em compor alguma parte do rito litúrgico ou do tempo litúrgico?frei José moacyr - No domingo de Páscoa deste ano eu comple-tei 20 anos de música litúrgica e minha intuição e meu desejo permanecem o de trabalhar e compor a Liturgia. Minha expe-riência pessoal tem muito forte esta questão da Liturgia. Isto eu trago da minha infância. Então, acredito que 99% de minha obra está voltada para a Liturgia. Agora, eu já fiz diante de alguns pedidos, algumas cir-cunstâncias, alguns pouquíssi-mos cantos. Por exemplo, já fiz cantos para a vinda do Papa, para um santo que foi canonizado, alguns cantos para congregações religiosas. Certa vez fiz um can-to homenagem para Irmã Míria

Kolling, que foi minha primeira parceira, por ocasião da celebra-ção de aniversário de sua vida religiosa, mas no que diz respeito a canto mensagem, é muito pouco o que faço.

vitória - De onde vem a ins-piração?frei José moacyr - A minha ins-piração, principalmente para a

vitóriaJulho/2017 31

Liturgia, mas também em outros contextos, sempre é a Palavra de Deus. Tudo que eu fiz foi baseado na Palavra. Para mim isto é uma marca na minha obra e também no meu compromisso de evangelizador. O canto litúrgico tem essa ligação di-reta com a Palavra de Deus. Tudo o que a Igreja canta, tudo que a Igreja reza é na verdade o que a Igreja acredita. Por isso, a inspiração e os textos não podem fugir deste con-texto. Então, a fonte inspiradora é a Palavra, depois a própria Liturgia para os cantos litúrgicos.

vitória - O senhor acredita que a música ajuda na parte espiri-tual?frei José moacyr - Claro. A música tem um efeito concreto na questão da interioridade, da emoção. Estu-dos já comprovaram isto, pois ela atinge a região cerebral e promo-ve sensações, ora de conforto, ora de bem-estar, ora de inquietação. A frequência musical também in-fluencia nossa frequência cardíaca, nossa circulação, tem tudo isso. Existe uma relação sim. Quando melodia e texto estão em conso-nância, em simbiose, em perfeito ‘casamento’ com a música, muito mais efeito terá. Então entendo que é importante que a gente tenha um cuidado especial também na forma de cantar, pois isso causa a adesão ou não de uma assembleia litúrgica. Acontece ainda que quando

entrevista

a música não é bem vivenciada, não é bem cantada, apresentada, acaba não atingindo as pessoas. O campo musical é um compromisso sério, pois você pode conduzir uma multidão através da música.

vitória - O senhor prefere com-por ou cantar?frei José moacyr - As duas coisas. Eu canto a Liturgia. Não sou cantor de shows, de multidões, de apresen-tações. Eu gosto muito de cantar, e como eu gosto de música erudita e voltei a estudar canto lírico, se eu ti-vesse agora oportunidade, como eu já fiz uma experiência no passado, de fazer alguma apresentação seria nesse campo. Não porque eu queira um público seleto, mas porque a

música erudita é algo que eu gosto, com a qual me sinto feliz.

vitória - O senhor se percebe como artista?frei José moacyr - Sim, eu me con-sidero um artista sim, mas eu não vejo que o artista é simplesmente aquele que fica diante de um pú-blico para contagiar multidões. No nosso meio isto está muito confuso. Mas com relação à minha pessoa, em minha vida religiosa, no meu ministério, não tenho essa coisa de ter que me apresentar. Mesmo que faça uma liturgia cantada, não é em tom de apresentação. A gente estabelece dentro da dinâmica do diálogo da Liturgia o que é cantado. Aliás, nem sempre

vitória Julho/201732

sinto aquele efeito de harmonia, porque se a gente for pensar em um coro, em um grupo, nem sempre as pessoas estão na mesma frequên-cia. Ainda mais hoje, a falta de for-mação que existe dentro da Igreja, aliado a outros elementos, faz com que muita coisa seja na contramão, ou não entre numa frequência. vitória - O senhor já compôs música Litúrgica fora do rito ca-tólico?frei José moacyr - Olha, nunca compus, mas eu trabalho com o diálogo ecumênico e tenho muita amizade com pastores, apesar de eu nunca ter feito um canto para uma comunidade que não fosse católica, mesmo porque nunca ninguém me

pediu, se houver uma possibilida-de e a proposta estiver dentro de um conteúdo teológico que a gente comungue, farei com todo gosto. Como também em celebrações ecumênicas, eu já dirigi a parte do canto e fizemos com canto de outra tradição. Eu digo que não compus, mas não teria problema nenhum.

vitória - Neste ano de 2017 es-tamos celebrando os 500 anos da Reforma Protestante e a Semana de Oração pela Unidade Cristã também trouxe esse tema. O que o senhor acha que a Igreja deve fazer para trabalhar mais esse tema a partir da Liturgia?frei José moacyr - Veja bem, claro que quando falamos em diálogo ecumênico a gente sempre pensa na celebração e, quando temos uma celebração ecumênica, não temos um rito próprio. É claro que o ecu-menismo está dentro de Igrejas que têm consonância. Aqui no Brasil temos as igrejas que participam do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), não que isso seja uma senha para poder celebrar, mas são as que estão dentro de uma caminhada coerente das igrejas com relação ao Evangelho, e isso traz elementos vitais para poder estabelecer esta proximidade. Agora, o Ecumenismo, a ce-lebração, ela deve ser o resultado de um exercício e de uma vivência do diálogo. É isso que a gente bus-

ca. Em São Paulo, a Arquidiocese está ligada à Casa da Reconciliação, que tem a participação de outras igrejas. Tudo faz parte do diálogo, literalmente. As pessoas se sentam, debatem e estudam juntas. Porque a questão do estudo não pode ficar dissociada. Então as celebrações ecumênicas de São Paulo, pelo me-nos as que a gente ajuda a preparar, organizar e participa com outras comunidades que nos convidam, tem muito em comum. Eu não posso dizer a nível nacional, porque não conheço, mas aqui percebemos isto. São celebrações que não têm um roteiro pré-determinado, fixo, como teria a Liturgia de cada tradição, mas as pessoas que participam per-cebem e veem elementos comuns. A Palavra sempre se faz pre-sente no culto, então praticamente é a celebração da Palavra, e cada igreja que participa e prepara esse tipo de celebração apresenta no culto elementos que comungam com sua tradição, às vezes no canto, num gesto, uma oração própria. O caminho é esse, é uma cons-trução. A vida é uma administração contínua, a administração religiosa também vai por aí. A gente não pode é se apegar com chavões, com coisas simplesmente que são feitas e se estipula que não pode ser de outro jeito. A dinâmica do Reino de Deus é a dinâmica do diálogo da parceria e do movimento da vida, da história. n

vitóriaJulho/2017 33

ensinamentos

Vitor nunes RosaProfessor de filosofia na faesa

Os pais de Maria

No dia 26 de julho, cele-bramos a Memória de São Joaquim e Santa

Ana, Pais de Maria Santíssima. A referência aos pais de Nossa Senhora aparece no Pro-toevangelho de Tiago, que nar-ra o nascimento milagroso da Virgem Maria, pois o casal era estéril. Apesar de não serem reconhecidos canonicamente, os evangelhos apócrifos con-têm informações que foram aceitas por fazerem parte de antigas tradições orais. Graças à Tipologia ensina-da pela Igreja – que significa ver nas obras de Deus na Antiga Aliança (AT), as prefigurações (figuras antecipadas) daquilo que Deus realizou na plenitude dos tempos na pessoa de Jesus Cristo (NT) – reconhecemos a pedagogia divina preparando o nascimento da Virgem Maria ao longo da história do seu povo. A história do casal São Joaquim e Santa Ana encontra paralelismo com a história de outras figuras bíblicas rele-vantes: Abraão e Sara (Gn 12), que apesar da idade avançada de ambos e da esterilidade de Sara, conceberam o filho da promessa; bem como a de El-cana e Ana – também estéril

– (1 Sm 1), pais de Samuel. O Papa Bento XVI, no seu “A Filha de Sião: a devoção ma-riana na Igreja”, afirma que nas mães e nas redentoras do AT, em sua esterilidade fecunda, manifesta-se de maneira pura e profunda, o que vem a ser a Criação e a Eleição (a história da Salvação). Porém, o signifi-cado definitivo é alcançado no NT, em Maria, a mulher que é designada como a autêntica Filha de Sião e se torna a Mãe do Salvador, a Mãe de Deus. Também nessa data, temos a comemoração civil do Dia dos Avós, numa relação dire-ta com os avós maternos de Jesus Cristo. Além da reflexão sobre o sentido teológico da paternidade/maternidade do casal Santos Joaquim e Ana, é momento para pensar sobre a importância dos idosos. Em sua Carta aos Anciãos (1999), o Papa João Paulo II apresenta uma lista de idosos, com os

quais Deus age e são verda-deiros modelos de fé: Abraão e Sara (Gn 12); Moisés; Tobias (Tb 3, 16-17); Eleazar (2 Mc 6, 18-31); Isabel e Zacarias, pais de São João Batista (cf. Lc 1,5-25.39-79); Simeão, que há longo tempo esperava o Mes-sias (Lc 2, 29); Ana, viúva de oitenta e quatro anos, assídua frequentadora do Templo, que tem a alegria de ver a Jesus quando foi apresentado no Templo. Ao fazer referência a es-ses modelos de fé, o Papa João Paulo II acentua que os idosos (anciãos) podem contribuir com os conselhos enriquecidos pela experiência amadurecida da vida. Daí, a importância da solidariedade que ligam as ge-rações entre si, de modo que todos possam se enriquecer mutuamente. n

O Papa João Paulo II acentua

que os idosos (anciãos)

podem contribuir com os conselhos

enriquecidos pela experiência

amadurecida da vida

vitóriaJulho/2017 35

Andressa Mian

reportagem

Boatos

disseminadas na internet são também conhecidas como pós-verdades. Infelizmente, o que para muitos parece um hábito inocente, sem grandes prejuí-zos, na verdade pode causar danos à saúde das pessoas, influenciar ou modificar a opi-nião pública ajudando a refor-

A pesquisa indicou que 78% dos brasileiros se in-formam pelas redes sociais, destes, 42% admitem já ter compartilhado notícias falsas e só 39% checam com frequência as notícias antes de difundi-las. Antes conhecidas como hoaxes, as informações falsas

e desinformação nas redes sociais

Paulo Moura

“Quem cria esse tipo de notícia está pensando em produzir uma mudança, em um curto espaço de tempo, para alterar o comportamento das pessoas.”

Quem nunca compartilhou uma notícia alarmante ou polêmica nas redes sociais

e aplicativos de celular e depois de algum tempo descobriu que a informação

se tratava de um boato? A atitude, comum no mundo todo e no Brasil, foi

alvo de um estudo realizado pela agência Advice Comunicação Corporativa, por meio

do aplicativo BonusQuest, em novembro do ano passado.

vitória Julho/201736

com isso e passam a comprar sem poder”, esclareceu. Outro assunto importante da área econômica foi abor-dado pelo vice-presidente do Conselho Regional de Econo-mia (Corecon-ES), Eduardo Araújo. Ele chamou a atenção para as discussões sobre a re-forma da Previdência. “Notícias divulgadas re-centemente informaram que a Previdência não tem deficit. Isto é um boato. Só do Governo Federal nós temos um defi-cit superior a R$150 bilhões nas contas da Previdência. Se incluirmos os trabalhadores do regime celetista, o deficit atinge 300 bilhões. Acontece que algumas correntes de eco-nomistas, algumas associações, até por uma questão de interes-ses, pois estamos lidando com o jogo político, fazem esse tipo

Mas não precisamos sair do Brasil para avaliar o estrago que esse tipo de notícia traz. Os últimos acontecimentos políti-cos e econômicos do país estão sendo um prato cheio para a propagação de boatos. Para o coordenador Geral da Faculdade Pio XII e econo-mista Marcelo Loyola, boatos na área da economia são di-fíceis de serem desmentidos imediatamente, e podem levar a problemas maiores. O endi-vidamento é um deles. “Notícias que informam queda da inflação porque o país está em recessão são boatos. Com a recessão há desempre-go, e claro, as pessoas passam a consumir menos. Com isso, os empresários vão produzir menos, e haverá menos oferta o que não significa queda nos preços. As pessoas se enganam

Eduardo Araújo

“Notícias divulgadas recentemente informaram que a Previdência não tem deficit. Isto é um boato. Só do Governo Federal nós temos um deficit superior a R$150 bilhões nas contas da Previdência”

çar um pensamento errô-neo e até mesmo mudar o rumo político e econômico de um país, dependendo da influência deste país, com repercussões em todo o planeta. Para exemplificar a última colocação basta avaliar a quantidade de boatos que circularam nas redes sociais durante as últimas eleições nos Esta-dos Unidos sobre os dois candidatos à presidência, e que segundo avaliação de especialistas, influen-ciaram os eleitores norte-americanos.

vitóriaJulho/2017 37

reportagem

de afirmação e tentam provar através de equações sofistica-das. Quem acompanha as in-formações na política, afirma com tristeza que a guerra de informações falsas faz parte do jogo. O professor Paulo Moura, cientista político com mestra-do pela Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS), comentou que quem cria esse tipo de notícia está pensando em produzir uma mudança,

em um curto espaço de tempo, para alterar o comportamento das pessoas. Tal fenômeno é avaliado com preocupação pelo histo-riador Rafael Simões, pois ele defende que um dos critérios básicos da democracia é a par-ticipação das pessoas nas mais diversas questões do país. “A disseminação de infor-mações inverídicas contribui para uma participação baseada em premissas falsas e isto é muito ruim. Não é justo que a ideia de liberdade de expressão dê o direito às pessoas de men-tir. É necessário punir quem cria estas notícias e estimular nas pessoas que têm o costume de compartilhar, o hábito de checar a procedência dessas informações”, avaliou. Na opinião do professor do curso de Comunicação da Ufes, Fábio Goveia, as pessoas não estão preparadas para a democratização da informação, na qual todos são produtores de notícias, sendo necessário processos educacionais para que tal processo se aperfeiçoe. A saúde é outra área que também é alvo dos boatos, e nesse caso com o agravante de colocar em risco a vida das pessoas. A oncologista Edelweiss Soares lembrou o caso da

Edelweiss Soares

“O Instituto do Câncer decidiu suspender os testes com a substância porque nenhum resultado satisfatório foi obtido após uso em 72 pessoas com dez tipos diferentes de câncer.”

Bispos das Filipinas lançam exortação sobre notícias falsas

Com o intuito de de-

ter o problema nas Filipi-

nas, os bispos do país se

uniram numa exortação

pastoral, convidando a po-

pulação a não “promover,

difundir e apoiar fontes

que propagam ‘fatos al-

ternativos’ ou ‘fake news’

e a parar de partilhar as

notícias falsas”.

Nas Filipinas, os boa-

tos na Internet tiveram

início recentemente, em

particular após a eleição

no ano passado do Pre-

sidente Rodrigo Duterte,

quando simpatizantes do

presidente difundiram

nas mídias sociais ataques

contra quem critica as po-

líticas governamentais.

substância fosfoetanolami-na, conhecida como pílula do câncer. O uso desta substância passou a ser propagado quase como milagroso e dezenas de histórias de pessoas curadas circularam nas redes sociais e veículos de notícias. O caso ganhou repercussão nacional, com aprovação, no Congresso Nacional, de uma “lei pela vida” que autorizava a

vitória Julho/201738

comercialização da substância, sem qualquer estudo que com-provasse a eficácia. No final de março deste ano, o Instituto do Câncer decidiu suspender os testes com a substância porque nenhum resultado satisfatório foi obtido após uso em 72 pes-soas com dez tipos diferentes de câncer. “Estive recentemente com o chefe do Hospital Sírio Liba-nês, Paulo Rossi, ele relatou que de acordo com seus estu-dos sobre essa substância, em vez de ajudar o paciente, ela pode agilizar o processo do câncer e levar a pessoa a morte mais rapidamente”, contou. Edelweiss orienta que as pessoas pesquisem mais e aguardem estudos científicos que comprovem a eficácia de tratamentos alternativos di-vulgados na Internet. Esta também é a opinião da pediatra Cláudia Roldi. Cláu-dia chamou a atenção para um vídeo de uma mãe lavando o nariz de uma criança usando seringa e soro fisiológico. “Essa

técnica é uma forma incorreta. O canal da narina de um bebê é muito pequeno e tudo é in-terconectado; o canal do olho, do ouvido, o pulmão. Já temos casos de aspiração pulmonar por causa dessa técnica. O que aquela mãe fala no vídeo é uma inverdade, um absurdo. A for-ma correta é lavar as narinas de crianças é usando um conta-gotas, de forma delicada, sem aplicar jatos”, esclareceu. Ainda na área da saúde, a nutrição é outro tema que dá margem a milhares de boa-tos. “Parece lugar comum, mas não existem fórmulas mágicas para alcançar um corpo ma-gro e saudável. Não existem alimentos que eliminem gor-dura, ou dietas mágicas que façam a pessoa emagrecer do dia para a noite como tem sido difundido insistentemente nas redes sociais” A afirmação é da nutricionista Mariana Herzog

que defende a reeducação ali-mentar e a prática de exercí-cios como a única fora saudável para eliminar o peso. “Dietas da moda como a Low Carb, a dieta intermitente, a dieta do glúten e outras farão a pessoa emagrecer sim, mas por privação de alimentos. Isso não é legal, pois as pessoas não conseguem se privar desses ali-mentos para o resto da vida e, além disso, esse tipo de alimen-tação pode desencadear trans-tornos alimentares. Muitos se privam de certos alimentos e quando se permitem, comem exageradamente. Em seguida vem o arrependimento”, pon-derou. Mas como saber se uma informação encontrada na Internet é verdadeira ou não. O especialista em Segurança da Informação, Gilberto Su-

Mariana Herzog

“Dietas da moda como a Low Carb, a dieta intermitente, a dieta do glúten e outras farão a pessoa emagrecer sim, mas por privação de alimentos.”

vitóriaJulho/2017 39

“Sites de notícias sem referências de profissionais, com nomes esquisitos, com erros de português no título ou no corpo do texto, não têm credibilidade.”

Gilberto Sudré

reportagem

Sobre as motivações que levam pessoas a criarem infor-mações falsas e disseminá-las na Internet, Sudré explica que muitos sites se beneficiam fi-nanceiramente quando aces-sados pelos usuários. “Acontece que existem banners de anúncios nesses si-tes e o valor das propagandas

dré orienta que a primeira atitude é verificar o site no qual a informação foi divul-gada. Sites de notícias sem referências de profissionais, com nomes esquisitos, com erros de português no título ou no corpo do texto, não têm credibilidade. Outra dica é pesquisar no Google e verificar como os grandes portais de notícias estão tratando aquele tipo de informação. Se não há registro nesses sites mais conhecidos, provavelmente a informação é falsa.

aumentam de acordo com o aumento no número de acesso desses sites”, esclareceu. O Diretor de Tecnologia de Informação Raonny Lou-renço, confirmou a afirmação de Sudré dizendo que con-teúdos apelativos impulsio-nam as visitas. Além disso, Lourenço conta que muitas pessoas criam notícias falsas apenas para criar polêmica. “Existe este tipo de atitude sim, infelizmente”, observou. Para ele, as pessoas gos-tam de criar notícias para polemizar ainda mais alguns temas, promovendo a desin-formação em grande escala. n

A checagem sobre a veracidade de uma informa-ção pode ser feita em sites especializados. Os mais conhecidos no Brasil são o www.boatos.org, criado em junho de 2013 pelo jornalista Edgard Matsuki e o site www.e-farsas.com , criado no dia 1 º de abril de 2002 e mantiddo pelo ex-pedreiro e atualmente analista de sistemas Gilmar Lopes.

vitória Julho/201740

giovanna Valfrécoordenação do cedoc

arquivo e memória

Internos do

Orfanato Cristo

Rei cultivam a

terra e cuidam

da horta na nova

sede do orfanato

em Cariacica,

1960.

vitóriaJulho/2017 41Julho/2017

pergunte a quem sabe

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

Irmã Maria Fontes, fsp Teóloga, Mestra em Missiologia RELIGIÃO

como adequar o método do ritual de ini-ciação cristã de adultos para a catequese com crianças? O Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, o

conhecido: RICA, é uma proposta metodológica

de catequese para toda Igreja. Seu objetivo é

orientar o caminho do seguimento de Jesus

Cristo, tendo como fundamento teológico o

Mistério Pascal. O ponto de partida é a pessoa

de Jesus e a Palavra de referência, o evento de

Emaús: (Lc 24,13-35).

Adequar um método originariamente

aplicado ao catecumenato de adultos, em tempos

remotos da nossa história, entre os séculos I a

III da era cristã, é um feliz resgate das raízes

da fé cristã; também um desafio que requer

humildade, conhecimento e pedagogia pastoral.

O Diretório Nacional de Catequese propõe

um caminho de crescimento progressivo e

deixa claro que a inspiração catecumenal se

adapta a qualquer processo catequético. Os

elementos do catecumenato de adultos devem

ser fontes de inspiração para toda catequese

também com crianças. A iniciação cristã tem

uma única finalidade para catecúmenos e

catequizandos: levar a plena maturidade em

Cristo, experiência essa para qualquer idade.

A catequese é um serviço. Esse serviço

tem a missão de adaptar a iniciação cristã,

aos ensinamentos da religião para diferentes

interlocutores. A Palavra de Deus ouvida

e meditada nos encontros de catequese,

oferece critérios de discernimento tanto

para catequistas como para os catequizandos

e alcança sua dimensão mistagógica nas

celebrações litúrgicas na comunidade eclesial.

Todos: adulto, adolescentes e crianças fazem

o mesmo caminho processo, conforme a

realidade de cada pessoa, em circunstâncias

diversas. A metodologia da catequese renovada

é apresentada no RICA, livro de referência para

toda catequese e liturgia. É aconselhável que

as/os catequistas sejam informados, conheçam

os conteúdos catequéticos para sua própria

formação e melhor desempenho nos encontros

com seus catequizandos e catecúmenos. Uma

boa bibliografia que ajude esse contexto, é

indispensável.

É do perfil do catequista e catequizando,

manter uma atitude acolhedora e fraterna, que

torne o ambiente de catequese alegre, lúdico

e cativante.

Adequar é mais do que um método, é

sabedoria, e afetuoso respeito ao diferente.

vitória Julho/201742

Gustavo Genelú Geriatra

SAÚDE

Pe. Juliano Ribeiro Almeida

Presbítero da diocese de Cachoeiro de Itapemirim

SOCIEDADE

O que fazer para se ter uma boa memória? O principal órgão responsável pela memória é o cérebro, pois é nele

que são armazenadas as informações. Então, de maneira bem simples, se

nós cuidarmos bem dele, teremos mais chance de envelhecermos com

uma boa memória.

Em primeiro lugar não existe fórmula mágica, vacina ou medicamento

específico capaz de preservá-la. Devemos fazer consultas regulares ao

médico para que sejam feitas as prevenções necessárias e o tratamento

precoce das principais doenças que acometem o cérebro: a hipertensão

arterial, o diabetes e a dislipidemia.

Devemos nos manter ativos socialmente, com relações que nos tragam

prazer e bem estar, além da prática da leitura e jogos como cartas, palavras

cruzadas, entre outros.

E por último, talvez o mais importante segundo os estudos científicos,

a atividade física regular é a forma mais eficaz de preservar a memória.

Então, vamos nos mexer!!

de quem é o papel de formação política? O Compêndio da Doutrina Social da Igreja fala de dois níveis de formação

política dos fiéis leigos: “O primeiro nível [...] deve torná-los capazes de

enfrentar eficazmente as tarefas cotidianas nos âmbitos culturais, sociais,

econômicos e políticos, desenvolvendo neles o sentido de dever praticado

ao serviço do bem comum. Um segundo nível diz respeito à formação da

consciência política para preparar os cristãos leigos para o exercício do

poder político” (n. 531). Embora não mencionando diretamente quem são

os responsáveis por esta formação, o magistério da Igreja distingue aqui a

formação política que deve ser dirigida a todos os cristãos enquanto são

também cidadãos, do segundo tipo, que cabe especialmente aos leigos

vocacionados à política partidária, que não devem ser abandonados pela

Igreja quando se apresentam como candidatos, mas sim acompanhados

por ela.

A educação para a política é obrigação de todos envolvidos na formação

da pessoa: a escola, a família, a Igreja, as ONG’s, os movimentos sociais, os

sindicatos e partidos. Uma eficaz formação política é aquela não apenas

em períodos eleitorais, mas sistemática e continuada; e deve contemplar

um estudo sobre a Constituição cidadã, o funcionamento das instituições

democráticas, ética e noções básicas de sociologia e economia.

vitóriaJulho/2017 43

Os lugares mais altos de qualquer localidade, desde os tempos colo-

niais, eram pontos estratégicos para observação e limite dos espaços públicos. Os viajantes utilizavam um marco da paisagem natu-ral (como a pedra do Frade e da Freira ou o morro do Mestre Álvaro) para servir de referên-cia ao se deslocarem em alto mar ou em meio às matas do interior do Brasil. Dentre as práticas de de-marcação de território e loca-lização desenvolveu-se a téc-nica de fixar, sempre que uma nova povoação era iniciada, uma grande cruz ou cruzeiro, no ponto mais alto da região. Uma maneira dos viajantes se

Marcos de colonização

patrimônio histórico cultural

localizarem quanto à proximi-dade de determinado vilarejo. Com o passar dos anos esses pontos foram se desen-volvendo. Alguns deixaram de existir, dando lugar às pequenas capelas e, posteriormente, às igrejas das cidades. Outros ga-nharam apenas uma cruz mais bem acabada e tornaram-se lo-cal de peregrinação (como o Morro do Cruzeiro em Alegre e em Muniz Freire). Em Domingos Martins, o Marco da Colonização, com uma cruz, identifica o local exato onde se instalaram os primeiros imigrantes alemães (às margens da BR 262, próximo à Pousada Vista Linda) definindo onde fi-cou abrigado o acampamento primitivo e um cemitério dos

Diovani FavoretoHistoriadora

primeiros moradores da região. Outro espaço importante, o Pico do Cruzeiro, com 2.852 metros de altitude, compõe o conjunto de montanhas que formam o Parque Nacional do Caparaó e demarca a localização mais alta da região Sudeste do Brasil. n

vitóriaJulho/2017 45

acontece

Preparação para o 14º Encontro Intereclesial de CEBs

Encontrão de Liturgia com Fr. Moacyr Cadenassi

Retiro espiritual

Congresso Arquidiocesano das Famílias

A Diocese de São Mateus vai sediar, entre os dias 7 e 9 de julho, o 11º Encontro Estadual das Comuni-dades Eclesiais de Base (Cebs), uma preparação para o 14º Encontro Intereclesial de CEBs, que acontecerá em Londrina (PR), em janeiro de 2018. Participarão do encontro estadual padres, bispos, religiosos e religiosas, seminaristas e leigos vindos de todo o Espírito Santo. O tema “CEBs e os desafios do mundo urbano” envolve não apenas as comunidades urbanas, como também as do interior, pois essas também são “diretamente afetadas por este mundo plural e tecnológico”.

No dia 15 de julho acontece o Encontrão de Liturgia e Música com o tema: “Música Ritual e Piedade Popular”, promovido pela Comissão de Liturgia Arquidiocesana. A assessoria do evento será realizada pelo Fr. Moacyr Cadenassi, presbítero da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e conhecido por sua atuação como intér-prete e letrista de músicas litúrgicas. Além disso, ele é membro da equipe de compositores da CNBB, é teólogo, atua como assessor de Liturgia. O Encontro acontece de 8h às 17h no Santuário do Divino Espirito Santo, em Vila Velha.

Agentes da Pastoral da Saúde de toda a Arquidiocese de Vitória participam, entre os dias 8 e 9 de julho, de um retiro espiritual promovido pela Comissão Arquidiocesana da Pastoral da Saúde. O encontro será realizado na Casa de Retiro São Francisco Xavier, em Santa Isabel, Domingos Martins. O valor do encontro será R$ 110,00 por agente. Mais informações através do telefone 3025-6288 com Ana Maria, secretária executiva do Departamento de Pastoral.

Com o objetivo de reunir famílias e casais em diversas situações e promover a articulação dos diversos setores-famí-lia presentes na Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, será realizado entre os dias 27 e 29 de julho, o Congresso Arquidiocesano das Famílias, que tem o tema: “Família, tu és a alegria e a esperança” e o lema “O óleo sobre as feridas”. As inscrições podem ser realizadas no site da Arquidiocese, ou no dia do evento, que será realizado no Centro Educacional Charles Darwin, na Mata da Praia, em Vitória. Os assessores do evento são o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Dias Duarte - membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e responsável pelo Setor Vida do Departamento de Família e Vida do Conselho Episcopal Latino-america-no (CELAM) - e o Pe. Jorge Alves Filho, de Belo Horizonte, que é coordenador da Comissão Episcopal para Vida e Fa-mília da CNBB.

vitória Julho/201746

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Vamos rezar o terço na Campanha do

Dízimo 2017. Uma dezena a cada semana

colocando como intenções o dízimo, os

dizimistas e suas famílias, as necessidades

da Igreja Particular de Vitória e os

desafios da evangelização.

Hb 11,3

Convite aos

da Arquidiocese

de Vitória

católicos

“PELA FÉ COMPREENDEMOS [...]

DAQUILO QUE NãO SE Vê”

QUE AS COISAS VISíVEIS PROVêM

Somos todos missionários responsáveis pela evangelização. O dízimo é um gesto concreto que brota da fé.