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Diário do Professor 17 a 21 de Maio
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DIÁRIO DO PROFESSOR (17,20 E 21 DE MAIO)
Como habitualmente, a aula de segunda-feira começou
com o Conselho Semanal . Apesar de o João estar nervoso, este correu
bem. O colega discutiu a Agenda Semanal com a turma,
explicando-lhes que a sexta-feira seria diferente e que o Conselho
de Cooperação iria realizar-se de manhã, pois iríamos sair na
parte da tarde para uma visita de estudo.
Foram feitas as inscrições para o Ler, Mostrar e Contar , para os
Livros e a Leitura , assim como marcadas as parcerias para esse dia.
Após alterar o quadro das tarefas foram distribuídos o material e
os PIT’s . O João deu-lhes as orientações para a planificação do
trabalho semanal, mas, como os alunos já tinham recebido os
PIT’s pouco lhe ligaram. Em alguns casos os alunos até já o
tinham preenchido. Para que tal não aconteça, o João deveria
ter dado as indicações antes da distribuição dos PIT’s , podendo
até falar directamente com os alunos.
Em seguida a H. apresentou a sua história da Mala Era Uma
Vez… , “A Mãe Natureza”. A história estava bastante completa e
engraçada, aliás, é bastante visível a crescente evolução das
histórias da Mala. Este momento para além de proporcionar uma
interacção entre a escola e a família, também permite que os
alunos contemplem outros tipos de escrita, facilitando-lhes
assim a sua evolução. O João esteve muito bem no seu comentário
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à história, pois disse-lhe que ela tinha tido bastante imaginação
dando características humanas às árvores, elogiou a ilustração,
tendo também o cuidado de falar directamente com a aluna.
Antes de saírem para o intervalo os alunos estiveram a
escrever no seu Caderno de Escrita Livre . Nesta semana apercebi-me
da importância de questionar os alunos sobre aquilo que
estavam fazendo, pois houve alunos que, tal como na semana
anterior, estavam a desenhar. Não que os desenhos não sejam
importantes, mas neste caderno este deveriam servir para ilustrar
ou para motivar para a escrita.
Após a Expressão Musical, foi o tempo de Matemática Colectiva .
O João começou por perguntar-lhes: “O que é que vocês
entendem por área?”. Nas respostas dadas pelos alunos pudemos
aperceber-nos que eles tinham noção do que era a área, mas que
este conceito não estava completamente interiorizado. O colega
mostrou-lhes um quadrado vermelho e disse-lhes que naquele
quadrado cabiam dois triângulos verdes, e que essa era a sua
área. O F. respondeu logo: “Nós já tínhamos feito isso.”
Em seguida o João pergunta, responde e explica: “O que são
duas peças juntas? É um dominó. Então o que será um
pentaminó? Penta quer dizer cinco, tal como o Porto que foi
campeão cinco vezes seguidas e que foi pentacampeão. Então o
que quererá dizer pentaminó?”
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Depois de os alunos descobrirem o que era o pentaminó o
João diz-lhes que irão investigá-
los. Em seguida pergunta-lhes:
“Quantos pentaminós pudemos
construir?”. Antes de
começarem a investigar, o João
explicou-lhes que existiam regras. O
D. ao construir um pentaminó na sua mesa disse”Eu acho que já
sei! Já sei!”. O colega então pediu ao D. que fosse ao quadro
explicá-las. Este explicou à turma que as peças tinham que estar
sempre lado com lado.
Posteriormente o João distribuiu uma folha onde os alunos
tinham que fazer o registo dos diferentes pentaminós. Este nem
lhes deu tempo para escreverem o nome e pediu ao D. que a lesse.
Quando se apercebeu que o aluno poderia ter algumas
dificuldades na leitura, deslocou-se até ele para lhe dar apoio.
Devemos ter cuidado quando chamamos algum aluno para ler
sem ter tido nenhuma preparação prévia. Neste caso nem correu
muito mal, mas se o João não o tivesse ajudado, o aluno poderia
ter ficado ainda mais intimidado e a leitura sair bastante mal.
O que poderia fazer com que noutras ocasiões este se recusasse a
ler, não querendo expor-se diante da turma.
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Enquanto os alunos iam
descobrindo os diferentes
pentaminós, fui circulando
pela sala. A T. que há duas
semanas atrás tinha
dificuldades em visualizar as
figuras em diferentes posições, nesta semana já
conseguiu distinguir as figuras em diferentes posições, detectando
rapidamente que o seu pentaminó era igual ao do colega sentado
em frente, demonstrando assim uma evolução na visualização
espacial, neste caso a construção de pentaminós em simetria.
Antes de saírem para o almoço, os alunos foram ao quadro
registar os diferentes pentaminós descobertos. O João deveria ter
pedido a atenção da turma, pois como
momento colectivo, os alunos
deveriam estar atentos ao que se
estava a passar no quadro, assim
como deveria ser mais rigoroso,
pois nos momentos de partilha
temos que ser bastante cuidadosos. Assim sendo, este momento
não teve o efeito pretendido, pois estavam mais empenhados a
desenhar os pentaminós no seu registo do que a ver o que se
estava a passar no quadro. Houve alunos que quando foram
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chamados para desenharem um pentaminó, desenharam um que
já existia, demonstrando assim que não tinham prestado atenção.
No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com a A. R..
Primeiro estivemos a trabalhar um número puxa palavra. Na
reescrita do texto a aluna mostrou-se bastante empenhada e
determinada a fazer um texto muito mais completo. Em seguida
estivemos a trabalhar os sinais < e >, pois a aluna confundia-os.
Perguntei-lhe se ele queria conhecer a minha estratégia, ao que
me respondeu logo que sim. Disse-lhe que fossemos encher o
sinal com bolinhas, na parte aberta iriam caber mais e no bico
menos, assim a parte que cabe mais fica sempre virada para o
maior número. A aluna gostou bastante da estratégia e
respondeu-me: “Professora essa estratégia é muito mais fácil!”.
Estes reconhecimentos são sempre muito motivadores, mas tenho
plena consciência que as estratégias são mais significativas
quando são criadas pelos próprios alunos.
Na quinta-feira, o João poderia ter sido um pouco mais
rápido na leitura do Plano do Dia , assim como na passagem para o
Ler, Mostrar e Contar , pois a dinâmica é bastante importante.
No, quase, diário Circuito de Comunicação foram apresentados
três textos e um problema. A L. S. apresentou um problema onde
tinham que calcular o triplo de 23. O J. foi o primeiro a
responder dizendo que o resultado dava 69 explicando-lhe que
tinha chegado ao resultado ao separar as dezenas das unidades.
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Fez 2+2++2 que dava 6 e depois fez 3+3+3 que dava 9. Nos
comentários aos problemas a A. R. disse que deveriam dar mais
tempo para poderem chegar ao resultado, visto terem respondido
logo, sem dar tempo a que todos os alunos chegassem ao
resultado. O João disse-lhes que eles deveriam usar o algoritmo
mentalmente, apesar de ser isso que eles fazem.
O D. leu um texto. Gostei essencialmente dos comentários
dos colegas, pois todos elogiaram o trabalho, não criticando a
leitura, mas valorizando o conteúdo. Acho que esta atitude
demonstra o respeito que os alunos têm pelas dificuldades dos
colegas. Apesar de saberem que estas existem, e ajudarem sempre
que seja necessário, têm cuidado de ao comentar serem bastante
construtivos e motivadores.
De todos os comentários que o João fez, achei que este esteve
menos bem no comentário à A. R.. No seu comentário disse:
“Pensei que tivesses feito um texto, mas afinal é um capítulo”.
Disse ainda que ela deveria ter ilustrado o texto, quando
também já disse que ela perde muito tempo
nas ilustrações. Como também se pôs
a adivinhar. Também não achei
certo que ele interrompesse os
comentários, quando apenas
faltava um, para lhes dizer que
estavam a ser repetitivos. Quando o
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fez apenas o braço do F. continuou no ar. Como o nosso objectivo
não é fazer calar os alunos, temos que ter atenção aos momentos
que escolhemos para falar, assim como falamos. Depois de serem
chamados à atenção, os alunos ficam com receio em dar a sua
opinião. Esta até pode não ter nada a ver, mas os alunos sentem-
se intimidados, pois poderão receber o mesmo comentário por
parte do professor.
Na Matemática Colectiva o João começou por contar a história
do elefante Elmer, dizendo-lhes que este era um elefante
bastante colorido, mas que um dia decidiu pintar-se de
cinzento. Depois disse aos alunos que estes iriam ajudar o
elefante a adquirir novamente as suas cores. Para isso iriam
utilizar os pentaminós para cobrir o elefante. Distribuiu a ficha
de trabalho e pediu a alguns alunos para a lerem, mas não
explicou. Começaram a surgir dúvidas em relação à última
questão. Era-lhes pedido que calculassem a área do elefante. O
João então explicou-lhes que tinham que contar os quadrados.
Houve alguns alunos que pensaram que eram para contar os
pentaminós, mas o João disse-lhes que a unidade de área a
utilizar era o quadrado. Achei interessante alguns alunos terem
adoptado a estratégia de contarem de cinco em cinco. Isto
demonstra que os alunos já estavam bem cientes de que a área do
pentaminó era cinco quadrados.
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Após o intervalo foi trabalhado
o texto do J.. Inicialmente achei o
João um pouco confuso, pois não
leu o texto e pediu ao J. para o
ler. Era importante que fosse o
professor a lê-lo, pois assim todos
tomariam consciência do que realmente estava escrito, mas como
foi o próprio aluno a ler, ele lê-o
como queria que estivesse
escrito, não dando a noção
correcta da pontuação, ou a
falta dela. Também achei que o
colega não envolveu tanto quanto devia
o J. no seu texto, pois quando eram feitas perguntas ao autor este,
muitas das vezes, não perguntou a opinião ao J.. Apesar de ter
apontado estas falhas, achei que o João esteve bem no trabalho
de texto, visto ter sido a sua primeira vez, para além de ter a
plena consciência de que quem está a assistir identifica mais
facilmente as falhas cometidas.
Após o almoço, nos Livros e a Leitura , a T. apresentou o livro
“A Lebre e a Tartaruga”. Todos gostaram do livro escolhido pela
aluna, apesar de a maior parte já conhecer a história. A
professora Sofia aproveitou para explicar que as fábulas,
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histórias com animais, existiam em vários livros, mas que a
parte mais importante, a lição, mantinha-se.
No Tempo de Estudo Autónomo trabalhei com a T., visto termo-
nos apercebido de alguns erros na correcção dos PIT’s. Ao
trabalhar com a aluna vi que esses erros tinham sido cometidos,
não por a aluna ter dificuldades, mas por distracção ou então
para despachar trabalho. A dificuldade que eu tive durante o
TEA foi gerir a mesa. O R. estava constantemente a distrair as
colegas, e a B. e a B. M. não se estavam a entender no trabalho a
pares. Foi difícil mediar a discussão entre as alunas, mas para
tal conversei com a B. e pedi-lhe para pôr-se no lugar da colega,
assim como para ela ver como ela estava a sentir-se, pedi-lhe
que visse como a tinha magoado. Depois de ter mediado a
situação, tive que levantar a voz com o R., pode não sossegá-lo
por muito tempo, mas funciona por tempo suficiente para
podermos trabalhar.
Na sexta-feira os alunos estavam bastante agitados com a
saída para a visita de estudo, mas o trabalho até correu bem.
Durante a leitura do Plano do Dia o João disse-lhes que não
iria haver Tempo de Estudo Autónomo devido à saída.
No Ler, Mostrar e Contar a B. apresentou um problema com
uma dificuldade acrescida. Pois tinham que calcular 36x9. A
professora Sofia sugeriu que alguém fosse ao quadro explicar
como é que chegaríamos ao resultado. Achei bastante interessante
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o “interrogatório” da professora Sofia, pois foi questionando
sempre até receber a resposta pretendida, sem nunca antecipar a
resposta. É muito curioso, porque para ela parecia algo natural,
e nós, estagiários, temos imensa dificuldade em não nos
anteciparmos às poucas questões que colocamos.
O D. apresentou uma lista de palavras terminadas em “ou”.
Como era a primeira vez que assistíamos à apresentação de uma
lista de palavras, e como o João estava um pouco aflito para
comentar, a professora Sofia comentou o trabalho dizendo: “ A
lista do “ou” é muito importante porque vocês cometem muito
este erro, esquecendo-se de acrescentar o “u”.
O F. apresentou um problema onde tinham que calcular o
triplo de 25. O J. respondeu prontamente que o triplo seria 75, e
explicou que chegou assim tão rápido ao resultado porque
quando vai para a piscina, para aquecer tem que nadar 50
metros, e isso são duas piscinas, assim só teve que juntar mais 25
para chegar ao resultado. A professora disse-lhe que o que ele fez
foi 25+25+25. Acho que a relação que o aluno estabeleceu entre
as duas situações é bastante significativa, pois rapidamente
comparou o problema com uma situação do seu quotidiano,
mostrando assim que consegue abstrair-se de uma situação
concreta, transpondo-a para outra.
No tempo de Língua Portuguesa
o João distribuiu a ficha de
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trabalho e pediu, aleatoriamente, aos alunos que a lessem. Este ñ
explicou as questões aos alunos, apenas explicou e leu a última.
Este é um erro que o colega repetiu algumas vezes. Pois já
tínhamos chegado à conclusão que ao explicar para toda a
turma ganhamos ajudas, ou seja, quando um aluno não
compreender alguma questão, poderá sempre pedir a ajuda de
um dos colegas. Como os exercícios não eram complicados os
alunos não demonstraram nenhuma dificuldade na resolução
da ficha.
Em seguida a A. R. e a T.
apresentaram o projecto sobre os
dentes. Segundo o João:
“conseguiram apanhar a
informação”. Devo dizer que
também achei o resultado final
muito bom, pois as alunas conseguiram cingir-se ao essencial,
apresentando assim apenas a informação fundamental. Depois
de os colegas terem respondido às
questões sobre o projecto
jogaram ao jogo da glória dos
dentes. O início foi um pouco
agitado, pois as peças e os dados
foram distribuídos antes de serem
explicadas as regras. Achei bastante interessante as alunas terem
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elaborado uma lista de questões para o jogo, pois ao calharem na
casa com um ponto de interrogação, os alunos só avançariam se
respondessem correctamente às perguntas, assim, para além de se
divertirem também estavam a estudar o projecto.
Em seguida o João foi falando com os grupos
individualmente para avaliarem os PIT’s . Este deveria ter
captado a atenção dos alunos e falado para o grande grupo.
Neste Conselho de Cooperação foram avaliados dois PIT’s , o da B.
M. e o do H.. Nenhum dos alunos conseguiu fazer tudo aquilo
que tinha marcado, mas com menos uma hora, até acho que
trabalharam bem. A B. M, fez aquilo que era mais importante, o
H. já demonstrou algumas dificuldades em organizar o seu
trabalho. Desta forma o João perguntou quem queria ajudar o H.
a organizar-se, tendo este depois escolhido a L. Sousa. A
avaliação dos PIT’s permite que todos os alunos conheçam o
trabalho dos colegas, para além de são discutidas estratégias para
o melhoramento do trabalho. Nesta avaliação a professora Sofia
disse-lhes que estes podiam preocupar-se mais com a
apresentação do caderno, podendo usar uma cor diferente para
distinguirem os diversos trabalhos. Disse-lhes ainda que não era
para eles perderem tempo, que só lhes dava essa sugestão porque
achava que eles já eram capazes. Acho que esta chamada de
atenção foi bastante oportuna, visto na semana anterior ter sido
discutido a utilização de cores no caderno e de alguns alunos
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terem ficado com a ideia de que “colorir” o caderno era uma
perda de tempo.
Durante a leitura do Diário de Turma houve um assunto que
me chocou. Um dos alunos escreveu: “Não gostei que o F., não
deixasse o J. me deixar jogar.” . Quando R. começou a explicar o
sucedido o J., a chorar compulsivamente, disse: “Mas eu não
quero dizer não, o F. é que não deixa”. Fiquei tão chocada e com
tanta pena do J. que me vieram as lágrimas aos olhos. Tive esta
reacção porque nunca me passou pela cabeça que miúdos como
aqueles pudessem ter aquelas atitudes. Não que eu não saibam
que aquelas coisas acontecem,
mas não as esperava dos “meus
meninos”. Esta situação fez-
me ainda pensar na empatia
que tenho por eles, pois até
parecia que eu estava a sentir o mesmo
que o J.. É bom ter essa capacidade, mas é melhor ainda
conseguir encontrar um meio termo, algo que eu ainda sou
capaz de fazer, tornando-me assim bastante emotiva.
Na parte da tarde fomos ao parque de Santa Catarina
assistir a uma acção de sensibilização sobre “Prevenção
Rodoviária”. Como este tema já tinha sido trabalhado pelos
alunos, estes estavam bastante participativos e animados. Para
terminar a actividade os alunos puderam conduzir “carrinhos
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de cana” num circuito que imitava uma estrada. Antes de
regressarmos á escola, os alunos lancharam e brincaram um
pouco no parque.
Apesar de eu ter apontado alguns aspectos menos positivos à
semana do meu colega, algo que é sempre mais fácil, acho que
este esteve bastante bem. Conseguiu envolver-se mais com os
alunos, assim como mostrou-se mais atento. Devo dizer que a
postura adoptada pelo João nesta semana fez toda a diferença
para o sucesso do seu trabalho.