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Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira Por Fascículo > 1. Vocabulário A - FALSOS SINÔNIMOS B - CARGAS CONOTATIVAS C - SIMPLICIDADE D - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS E - PALAVRAS PARÔNIMAS F - PALAVRAS HOMÔNIMAS G - REDUNDÂNCIAS A - FALSOS SINÔNIMOS São palavras que parecem sinônimas, mas verdadeiramente não são. OS CASOS 1. MESMO e IGUAL Deu no JB: “Este ano, o Senado tem R$ 12 milhões para assistência médica de servidores e parlamentares. A Câmara tem a MESMA verba para seus funcionários.” Se a verba for realmente a MESMA, significa que Câmara e Senado vão dividir os R$ 12 milhões. Na verdade, cada casa teria sua verba de R$ 12 milhões. Portanto, não era a MESMA verba, e sim uma verba IGUAL (=de MESMO valor). Com muita freqüência, podemos observar este erro. MESMO e IGUAL não são sinônimos. MESMO é “um só”; IGUAL é “outro”. Se você está com o MESMO problema do ano passado, significa que o seu problema do ano passado não foi resolvido. Se você está com um problema IGUAL ao do ano passado, significa que você está com outro problema com as mesmas características do anterior. Caso a diferença não tenha ficado clara, sugiro um teste que você poderá fazê-lo ainda hoje quando voltar para sua casa. Primeiro, coma um pão IGUAL ao de ontem e, depois, se possível, o MESMO pão de ontem. Aquele que já estiver duro é o “mesmo”. Observe um exemplo perfeito: “Fittipaldi explica que pilotos muito mais experientes do que ele viveram uma situação IGUAL na MESMA corrida e bateram.” A situação foi IGUAL, pois foram várias batidas de muitos pilotos, mas tudo aconteceu em uma única corrida (=na MESMA corrida). Se ainda resta alguma dúvida, a minha última esperança fica depositada no casal de velhinhos que foi visitar uma exposição de animais. Ao ver o touro campeão, o velhinho perguntou ao proprietário o valor do animal. Ficou espantado com o valor altíssimo e quis saber por quê. O dono do animal lhe respondeu: “Num mês ele é capaz de cobrir 30 vacas”. Aí, quem ficou espantada foi a velhinha, que exclamou: “Tá vendo, meu velho!?” O velhinho, ofendido, então perguntou: “Mas...é sempre a MESMA vaca?” “É claro que não”, respondeu o proprietário do touro. Então, o velhinho, sentindo-se vingado, devolveu: “Tá vendo, minha velha!?” 2. EVENTUAL, POSSÏVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL Você sabia que EVENTUAL, POSSÍVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL não são sinônimos?

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Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira

Por Fascículo > 1. Vocabulário

A - FALSOS SINÔNIMOSB - CARGAS CONOTATIVASC - SIMPLICIDADED - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOSE - PALAVRAS PARÔNIMASF - PALAVRAS HOMÔNIMASG - REDUNDÂNCIAS

A - FALSOS SINÔNIMOSSão palavras que parecem sinônimas, mas verdadeiramente não são.

OS CASOS

1. MESMO e IGUALDeu no JB: “Este ano, o Senado tem R$ 12 milhões para assistência médicade servidores e parlamentares. A Câmara tem a MESMA verba para seusfuncionários.”Se a verba for realmente a MESMA, significa que Câmara e Senado vãodividir os R$ 12 milhões. Na verdade, cada casa teria sua verba de R$ 12milhões. Portanto, não era a MESMA verba, e sim uma verba IGUAL (=deMESMO valor).Com muita freqüência, podemos observar este erro. MESMO e IGUAL não sãosinônimos. MESMO é “um só”; IGUAL é “outro”. Se você está com o MESMOproblema do ano passado, significa que o seu problema do ano passado nãofoi resolvido. Se você está com um problema IGUAL ao do ano passado,significa que você está com outro problema com as mesmas característicasdo anterior.Caso a diferença não tenha ficado clara, sugiro um teste que você poderáfazê-lo ainda hoje quando voltar para sua casa. Primeiro, coma um pãoIGUAL ao de ontem e, depois, se possível, o MESMO pão de ontem. Aqueleque já estiver duro é o “mesmo”.Observe um exemplo perfeito: “Fittipaldi explica que pilotos muito maisexperientes do que ele viveram uma situação IGUAL na MESMA corrida ebateram.” A situação foi IGUAL, pois foram várias batidas de muitospilotos, mas tudo aconteceu em uma única corrida (=na MESMA corrida).Se ainda resta alguma dúvida, a minha última esperança fica depositadano casal de velhinhos que foi visitar uma exposição de animais. Ao ver otouro campeão, o velhinho perguntou ao proprietário o valor do animal.Ficou espantado com o valor altíssimo e quis saber por quê. O dono doanimal lhe respondeu: “Num mês ele é capaz de cobrir 30 vacas”. Aí, quemficou espantada foi a velhinha, que exclamou: “Tá vendo, meu velho!?” Ovelhinho, ofendido, então perguntou: “Mas...é sempre a MESMA vaca?” “Éclaro que não”, respondeu o proprietário do touro. Então, o velhinho,sentindo-se vingado, devolveu: “Tá vendo, minha velha!?”

2. EVENTUAL, POSSÏVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL

Você sabia que EVENTUAL, POSSÍVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL não sãosinônimos?

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Talvez você já tenha lido ou ouvido frases como: “Lula é o EVENTUALcandidato do PT à presidência da república”. Ou “Uma EVENTUAL derrota nopróximo domingo deixará o Corinthians em péssima situação”.Com muita freqüência encontramos o adjetivo EVENTUAL fora do seu realsignificado. EVENTUAL significa “esporádico, ocasional, o que ocorre devez em quando”.Ora, o Lula não é um candidato eventual. Na verdade, ele é o PROVÁVELcandidato do PT. No segundo exemplo, o autor se referia a uma POSSÍVELderrota do Corinthians.Observe outro exemplo: “O eleitor é convidado a expressar suapreocupação com o EVENTUAL retorno dos comunistas ao poder.” Está erradotambém. Aqui o autor se referia a um “POSSÍVEL ou PROVÁVEL retorno doscomunistas ao poder”.Interessante observarmos também a diferença entre POSSÍVEL e PROVÁVEL.POSSÍVEL é “o que pode acontecer” e PROVÁVEL é “o que deve acontecer”.Analisando a tabela do campeonato brasileiro de 97, há duas ou trêsrodadas, poderíamos afirmar que a classificação do Grêmio entre os oitoprimeiros era POSSÍVEL, mas pouco PROVÁVEL. E isso se comprovou. Destavez, eles estão de fora.Vejamos um exemplo correto: “Os EVENTUAIS problemas econômicos internosnão vão impedir que aquele país se associe também ao Mercosul.”(Problemas EVENTUAIS = problemas “esporádicos, que ocorrem de vez emquando”).Agora vejamos mais exemplos errados:“A crise se tornará maior com a EVENTUAL perda do título.” (O certo é a“POSSÍVEL perda do título”).“O Chicago Bulls é o EVENTUAL campeão desta temporada.” (O certo é o“PROVÁVEL campeão desta temporada”).Observe agora outro tipo de erro: “O grupo Ecotex é um EVENTUALcandidato à compra”. Nesse caso, EVENTUAL está sendo usado no sentido dePOTENCIAL (=o que pode vir a ser, tem poder de vir a ser). O grupoEcotex é um candidato POTENCIAL (=pode vir a ser candidato), e não umcandidato EVENTUAL (=candidato esporádico, ocasional).Se a diferença não ficou clara, vamos fazer uma comparação. Odepartamento da empresa onde você trabalha apresenta problemas EVENTUAISou problemas POTENCIAIS. Os problemas EVENTUAIS são “aqueles que ocorremde vez em quando”, e os problemas POTENCIAIS são aqueles casos que aindanão são mas podem tornar-se problemas.Mas se você ainda não percebeu a diferença, vamos a sua última chance.Responda rápido: “Qual é a diferença entre um amante EVENTUAL e umamante POTENCIAL? Se você sabe a resposta, não precisa explicar.

AS DÚVIDAS

1. HINDU ou INDIANO ?Quem nasce na Índia é indiano. Hindu é o seguidor do Hinduísmo. Nãodevemos confundir nacionalidade com religião. Confusão semelhante ocorrecom JUDEU e ISRAELENSE. Quem nasce em Israel é israelense. Judeu érelativo ao povo.

2. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO ?EM PRINCÍPIO significa “por princípio, em tese, teoricamente”;A PRINCÍPIO significa “no começo, inicilamente”.

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Em “EM PRINCÍPIO éramos contra o projeto”, significa que “EM TESE éramoscontra o projeto”. Se queríamos dizer que “INICIALMENTE éramos contra oprojeto”, a frase está errada. O certo é: “A PRINCÍPIO éramos contra oprejeto”.

3. AO INVÉS DE ou EM VEZ DE ?AO INVÉS DE significa “ao contrário de” e só devemos usar quando houveridéia “contrária, oposta”: “Entrou à direita AO INVÉS DA esquerda”;“SubiuAO INVÉS DE descer”.EM VEZ DE significa “em lugar de” e podemos usar sempre que houver idéiade “troca, substituição”, mesmo quando a idéia for “oposta”.A frase “O carioca foi ao shopping AO INVÉS DE ir à praia” está errada.O certo é: “O carioca foi ao shopping EM VEZ DE ir à praia”. Éimportante observar que “shopping” e “praia” não se opõem.Se você comprar o carro “preto AO INVÉS DO branco”, está certo. Noentanto, se você comprar o carro “preto AO INVÉS DO vermelho”, estáerrado. Nesse caso, o correto é comprar o carro “preto EM VEZ DOvermelho, porque a cor preta se opõe ao branco mas não se opõe aovermelho. É interessante observar que não há restrições ao uso de EM VEZDE. Essa forma pode ser utilizada mesmo quando houver a idéia de“oposição”. Portanto, se você quer facilitar a sua vida, use sempre EMVEZ DE: Você jamais correrá o risco de errar.

4. DE ENCONTRO A ou AO ENCONTRO DE ?Nossos consultores de Qualidade, com muita freqüência, afirmam:“Qualidade é ir DE ENCONTRO ÀS expectativas do cliente”. Essa qualidadeeu não quero! O que nós temos aqui é um verdadeiro choque. Ir DEENCONTRO A significa “ir CONTRA as expectativas do cliente”. Nesse caso,o certo é: “Qualidade é ir AO ENCONTRO DAS expectativas do cliente”, ouseja, “ir A FAVOR, estar de acordo, atender às expectativas do cliente”.Responda rápido: um bêbado “caminhando”, com uma garrafa de cachaça namão, vai DE ENCONTRO AO poste ou vai AO ENCONTRO DO poste?Se você respondeu “tanto faz”, acertou. Mas não esqueça a diferença: seo bêbado vai DE ENCONTRO AO poste, temos um choque; se ele vai AOENCONTRO DO poste, temos um “abraço” e uma garrafa de cachaça salva - oque é muito importante.Resumindo:DE ENCONTRO A = ir contra;AO ENCONTRO DE = ir a favor.

5. TODO ou TODO O ?O uso do artigo definido modifica o sentido do pronome TODO: “Ele faz TODO trabalho.” (=QUALQUER trabalho); “Ele fez TODO O trabalho.” (=o trabalho INTEIRO).A frase “TODO O contribuinte poderá obter esta espécie de nada-consta”está errada. O certo é “TODO contribuinte poderá obter esta espécie denada-consta”. “TODO O contribuinte” seria “o contribuinte inteiro”. Naverdade, só pode ser “TODO contribuinte”, que significa “qualquercontribuinte”.Observe a diferença:“Com o temporal de ontem à noite, TODA cidade ficou inundada.” Issosignifica “qualquer cidade”. O autor, na verdade, queria dizer: “Com o

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temporal de ontem à noite, TODA A cidade ficou inundada” (=”TODA Acidade” significa “a cidade inteira).Para você entender melhor, observe outro exemplo: “Ele é capaz de realizar TODA obra” (=qualquer obra); “Ele é capaz de realizar TODA A obra” (=a obra inteira).Portanto, se você conhece alguém que tem o hábito de “beijar TODO colegade trabalho”, é bom alertá-lo: pode ser perigoso “beijar TODO O colegade trabalho”.

6. INÚMEROS ou NUMEROSOS ?INÚMEROS não é sinônimo de MUITOS ou NUMEROSOS. INÚMEROS significa“incontáveis”. Ao ouvir “Romário já fez INÚMEROS gols com a camisa doFlamengo”, fico pensando: será que o Romário fez tantos gols que éimpossível contá-los? Com certeza, não. Deve ser um exagero ouignorância do repórter. Qualquer emissora de rádio tem seu banco dedados, capaz de nos dar essa informação com total precisão. O certo,portanto, é: “Romário já fez MUITOS gols com a camisa do Flamengo.”Creio que a maioria das pessoas usa a palavra INÚMEROS sem saber o seureal significado: “Fernanda Montenegro já recebeu INÚMEROS prêmios porseu trabalho no teatro, no cinema e na televisão.” Com certeza foram“NUMEROSOS prêmios”, mas não inúmeros.Fico preocupado quando ouço uma adolescente dizer que “já teve INÚMEROSnamorados”. Meu Deus! Vá ser “galinha” assim no inferno! Será que foramtantos que já perdeu a conta? Duvido.

7. CONFISCO ou DESAPROPRIAÇÃO ?A frase “O governo estadual pretende começar no mês que vem o CONFISCOde imóveis para terminar a linha verde” está errada. Na verdade, haverá“DESAPROPRIAÇÃO de imóveis”.No caso de uma DESAPROPRIAÇÃO existe alguma forma de indenização, o quenão ocorre no CONFISCO.Observe um uso correto da palavra CONFISCO: “Raoul Wallengerg salvoujudeus, mas seu Banco, na Suíça, guardou riquezas CONFISCADAS.”

8. ANAL ou RETAL ?“Para se examinar a próstata, é necessário fazer o toque ANAL ou RETAL?ANAL é relativo ao ânus; RETAL é relativo ao reto (intestino).Alguns médicos afirmam que “toque anal” não está errado; a maioria,entretanto, diz que o termo correto é “toque RETAL”, pois o “tal toque”é feito no reto.

9. FRONTEIRA, DIVISA ou LIMITE ?A frase “Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na DIVISA com oParaguai” está errada. O certo é: “Os carros eram levados para Foz deIguaçu, na FRONTEIRA com o Paraguai.”Entre países, nós temos FRONTEIRAS; as DIVISAS ficam entre os estados.Por exemplo: “Estamos na DIVISA de São Paulo com o Paraná.” Entre oBrasil e o Paraguai, existe uma FRONTEIRA.Costumamos ouvir: “Estamos falando diretamente da DIVISA do Rio deJaneiro com São João de Meriti.” É impossível! Não há DIVISA entre acidade do Rio de Janeiro e São João de Meriti. Entre municípios, háLIMITES. A cidade do Rio de Janeiro faz LIMITE com São João de Meriti e

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o estado do Rio de janeiro faz DIVISA com Minas Gerais.

10. PENALIZADO ou PUNIDO ?Deu no JB: “É longa a lista de atletas PENALIZADOS pelo TribunalEsportivo da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.”Na verdade, “É longa a lista de atletas PUNIDOS...”PENALIZADO não é sinônimo de PUNIDO. Embora alguns professores defendamo verbo PENALIZAR no sentido de “punir”, prefiro o sentido original:PENALIZADO fica quem tem “pena, dó, compaixão”; PENALIZAR é “causar penaou desgosto”. Observe o exemplo: “A deputada ficou PENALIZADA ao vertanta miséria.” No caso de: “A lei do Colarinho Branco PENALIZA comreclusão”, prefiro “...PUNE com reclusão”.

B - CARGAS CONOTATIVAS

OS CASOS

1. A corrupção ENDÊMICANa semana que antecedeu a visita do presidente americano ao Brasil, emoutubro de 1997, causou polêmica o uso da palavra ENDÊMICA num documentoenviado a empresários americanos pelo Departamento de Comércio dosEstados Unidos.A embaixada americana reconheceu que a frase era inexata, desculpou-se eretirou o adjetivo da tal frase: “A corrupção é ENDÊMICA na culturabrasileira”. Segundo James Robin, porta-voz do Departamento de Estadoamericano, a intenção era usar a palavra widespread (=difundido, comum),sem implicar ofensa alguma.Aqui está o problema. Não tinha a intenção, mas ofendeu. Existempalavras que possuem cargas negativas, ofensivas ou pejorativas. Observecomo o verbo MORRER tem um peso maior que FALECER. Isso não significaque “quem faleça morra menos”. É uma questão de carga, talvez de fundopsicológico ou social. Compare LÁBIO e BEIÇO. BEIÇO é pejorativo epreconceituoso. É usado para ofender e discriminar. É interessantelembrar também o episódio do “paraíba” do Edmundo (desculpe aambigüidade).Devemos ter cuidado com as palavras. Elas possuem “alma”.E a nossa corrupção é ou não ENDÊMICA ?O Brasil reagiu. O nosso presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães,aplaudido até pelos partidos de oposição, disse que os americanos nãotêm moral para falar em corrupção. Se eles têm corrupção, não podemfalar da nossa. A nossa corrupção não pode ser ofendida assim, com umapalavra tão “baixa”.É preciso defendê-la: “a corrupção é nossa e ninguém tasca”. Ninguémpode ofender assim um “orgulho nacional”. Eles estão pensando o quê? Quea nossa corrupção é “doente”? Que um dia, talvez, ela possa sererradicada? Não é não! A nossa corrupção é muito “sadia”.Lamentável. Reagimos e exigimos que retirassem o adjetivo, mas osubstantivo ficou. Feliz o dia em que lutaremos contra o substantivo.Sem ele, não haverá adjetivos e talvez sobre alguma verba parainvestirmos na educação, na formação dos professores, na luta contra amiséria cultural.Em tempo: é interessante lembrar que as ENDEMIAS são doenças de caráterregional, com causa local, e duradouras.

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2. O verbo DETONARO verbo DETONAR é, sem dúvida, o campeão. Se fôssemos escolher o maiorvício da linguagem jornalística de 1997, o DETONAR já estaria eleito. Eunão estou me referindo ao enorme número de bombas que, infelizmente,foram detonadas durante este ano. Na verdade, estou aludindo ao mau usodo verbo DETONAR, nos mais variados sentidos. Hoje “detonam” qualquercoisa. Eu diria que é o modismo lingüístico do ano, tendo superado até o“famoso” A NÍVEL DE.Durante 1997, tivemos a oportunidade de ler e ouvir “coisas” do tipo: “Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música.”“A estratégia foi suficiente para DETONAR uma intensa propaganda boca aboca.”“O Presidente DETONA o que pode ser um difícil processo deconfirmação.” “É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94.”É interessante observar que o verbo DETONAR ganhou várias acepções:começar, iniciar, gerar, expandir, crescer, desenvolver...Isso tudo sem falar na mania de usar o DETONAR como sinônimo de DIZERou AFIRMAR.Além da pobreza de estilo (toda metáfora exageradamente repetida perdea expressividade e a graça), devemos observar as ambigüidades. Noexemplo “Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música”, oautor queria referir-se ao fato de ter sido “a avó quem DESPERTOU nela averdadeira paixão pela música”. Porém, um desavisado poderia imaginarque “a avó teria DESTRUÍDO a paixão pela música”. Fenômeno semelhanteocorre em “É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94”. Aqui, oautor se referia “ao fator GERADOR ou ao fator que INICIOU a crise doMéxico em 94”. Mais uma vez, o nosso leitor desavisado poderia dar outrainterpretação: para ele, é “o fator que ACABOU com a crise do México em94”.Sugiro, portanto, que o verbo DETONAR seja detonado, no verdadeirosentido da palavra. E aqui, surge um novo problema: “Terroristas EXPLODEM bomba em hotel lotado de turistas.”É impossível que terroristas tenham “explodido” uma bomba. É a bombaque explode. O verbo EXPLODIR é intransitivo (=ninguém explode nada, é acoisa que explode). Na verdade, “os terroristas DETONARAM uma bomba”.Esse é o uso correto do verbo DETONAR.Agora, uma sugestão: não devemos substituir “detonar crise” por“explodir crise”. O problema é o mesmo. Cuidado com as metáforas!Com o desejo de não repetir o verbo DIZER, é freqüente vê-losubstituído não só por DETONAR e EXPLODIR como também por “disparou,fulano”, “alfinetou, beltrano”, “dinamitou, sicrano”...Essa “criatividade” excessiva pode nos levar a “coisas” ridículas,como: “Foram tantos sucessos que CATAPULTARAM o grupo para a fila dogargarejo da MPB.” Se você não entendeu a “metáfora”, a “tradução” é aseguinte: “o tal grupo estava, na parada de sucessos, em 10º lugar;entretanto os últimos sucessos foram tantos que o grupo foi para o 1ºlugar”. Haja criatividade! Assim não dá! Se DETONAR já é difícil de aturar, imagine CATAPULTAR.

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C - SIMPLICIDADE

OS CASOS

1. A EMULAÇÃOEstá escrito no nosso novo Código de Trânsito:Art. 173. Disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO.Infração - gravíssima.Penalidade - multa (três vezes), suspensão do direito de dirigir eapreensão do veículo.Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação eremoção do veículo.Se você não conhece a palavra EMULAÇÃO, não se preocupe que eu vouexplicar: EMULAÇÃO é o “ato de emular”. Pronto, agora que você já sabe oque é EMULAÇÃO, vamos ao que interessa. Você já deve ter entendido: sevocê nunca emulou, não é agora que você vai emular. Você leu com toda a“clareza”: se disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO, você vai ficarsem a carteira de motorista e sem o carro. Portanto, não emule. Estáescrito: emular é uma infração gravíssima.Se você imaginava que EMULAÇÃO é “dirigir como uma mula”, quase queacertou. Há quem tenha buscado a origem da palavra: o prefixo e(x) deemigrar, emergir, emanar, exalar, exportar, externar... significa“movimento para fora”. Por esse raciocínio, poderíamos imaginar queemular fosse “colocar para fora o espírito de mula que existe dentro devocê”.Se você está pensando que eu estou brincando, tenho algo a lhe dizer:você tem toda a razão. Por outro lado, quem escreveu EMULAÇÃO não estavabrincando. É lógico que a intenção do autor é a de que todos entendam oseu texto. Para isso, selecionou palavras bem “simples, acessíveis aqualquer leitor”.Tudo isso me fez lembrar uma história que um velho amigo advogado mecontou há muitos anos. Ele telefonou para um cliente e avisou: “Teremosque PROCRASTINAR a assinatura do contrato”. O cliente lhe respondeu:“Tudo bem, o senhor é quem sabe.” Então, o advogado lhe perguntou:“Então adiamos para quando?” O cliente contestou imediatamente: “Porfavor, ADIAR não pode.”Para que ninguém imagine que eu seja contra o enriquecimento vocabular,quero deixar bem clara a minha idéia: o que eu defendo como simplicidadetem por base o conceito de adequação vocabular, ou seja, o vocabuláriode um texto deve ser adequado a quem ele se destina. Não devemosconfundir simplicidade com vulgaridade ou pobreza vocabular:simplicidade é “se você pode ADIAR, para que PROCRASTINAR?”Em tempo: segundo nossos dicionários, EMULAÇÃO é “sentimento que incitaa imitar ou a exceder a outrem em merecimento; estímulo; rivalidade.” EEMULAR é “ter emulação, competir, emparelhar, rivalizar, disputar...”.Portanto, que fique bem claro: o artigo 173 do novo Código de Trânsitoproíbe o que popularmente chamamos de “pegas” ou “rachas”.

2. A COISAApós a derrota para o Botafogo, um dirigente do Fluminense afirmou:“Agora a COISA ficou preta”. Como tricolor por parte de filho, lamentoque o tal dirigente só tenha percebido “agora”. O mais intrigante,

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porém, é o uso da palavra COISA. Que COISA maravilhosa! COISA é umapalavra sensacional: substitui qualquer COISA e não diz COISA alguma. Éa palavra de sentido mais amplo que conheço. Faltou sinônimo, lá vai aCOISA. É como o “trem” para os mineiros. Aqui, nós pegamos as COISAS eesperamos o trem; lá, eles pegam os “trem” e esperam a COISA. COISA éuma palavra tão versátil que já virou até verbo: “Eles estão COISANDO”.Lá sabe Deus o que eles estão fazendo! COISA é um substantivo, mas écapaz de ser usado no grau superlativo absoluto sintético, como se fosseadjetivo: “Não fiz COISÍSSIMA nenhuma”.Por tudo isso, é inadequado o uso da palavra COISA em textos maiscuidados e formais.Essa análise me fez lembrar a história de um fiscal da carteirahipotecária de um grande Banco no interior do Paraná. Certo fazendeirofez um empréstimo no Banco, hipotecou a fazenda e, um mês depois,morreu. O Banco, preocupado, mandou o nosso fiscal à tal fazenda. Láchegando, ficou feliz ai ver que tudo corria bem. A viúva trabalhavaduro, o dinheiro investido já trazia lucros para a fazenda e o pagamentoda hipoteca estava garantido. Ao retornar à sua cidade, o fiscal nãoteve dúvida e escreveu no relatório que enviou ao seu chefe: “Ofazendeiro morreu, mas o Banco pode ficar tranqüilo porque a viúvamantém a COISA em pleno funcionamento”. Lá sabe Deus que COISA é essa!?

D - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS

O CASO

Em outubro de 1997, tivemos em Brasília o Seminário AGRONEGÓCIO deExportação. O Itamaraty, patrocinador do evento, exigiu o uso deAGRONEGÓCIO em vez de AGROBUSINESS, que era o termo preferido pelosempresários do setor.Ponto para o Itamaraty.Sem querer ser purista, devemos defender a Língua Portuguesa. O usodesenfreado dos chamados “estrangeirismos”, aportuguesados ou não,muitas vezes me parece modismo. Não vejo necessidade alguma de usarmos oinfeliz do startar ou mesmo estartar. Por que não INICIAR, COMEÇAR ouPRINCIPIAR? Num seminário recente, ouvi do palestrante, após o coffeebreak: “Vamos reestartar.”Se não bastasse estartar, agora queremreestartar. É demais!Outra desgraça é o paper. Além de mal traduzido, ainda está sendo usadonum sentido muito amplo. Tudo virou paper. Quando me pedem um paper, nãosei se é um relatório, um fax, uma carta ou uma proposta. Só falta opaper higiênico.Também sugiro a substituição de uma péssima performance por um melhorDESEMPENHO sexual.É lógico que existem alguns estrangeirismos inevitáveis. SOFTWARE eMARKETING, por exemplo, são palavras consagradas entre nós. Já tentamostraduzi-las e depois aportuguesá-las. Luta em vào. São palavras quetodos nós usamos e até podemos, hoje, escrevê-las sem aspas (aqui, noJB, nós costumamos usar os estrangeirismos em itálico, porém os maisconsagrados já dispensam o grifo).Algumas palavras suscitam polêmica, como é o caso de DELETAR e ACESSAR.São palavras facilmente aportuguesadas e que, no meu modo de ver, sãorestritas à área de informática. Imagine uma manchete no JB: “Policial

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deleta marginal”. Seria ridículo! Você diz que o Presidente teve acessoà tribuna de honra, mas jamais diria que ele “acessou” a tribuna dehonra (o verbo ACESSAR não tem esse sentido genérico de “ter acesso”).Há estrangeirismos cujas traduções são questionáveis ou “não pegam”.KNOW HOW e IMPEACHMENT são exemplos disso. KNOW HOW seria “conhecimentoou tecnologia”, mas eu tenho a certeza de que “quem vende KNOW HOW cobramais caro”. No caso do IMPEACHMENT ocorre algo curioso. Na ConstituiçãoBrasileira, a palavra é IMPEDIMENTO. Quando se começou a falar sobre oIMPEACHMENT do Collor, nós bem que tentamos usar o IMPEDIMENTO. Mas nãodeu. Na época, eu tive a sensação de que IMPEDIMENTO era pouco, o que sequeria era IMPEACHMENT. Parece brincadeira, mas não é. Há palavrasestrangeiras cujas traduções não têm o “mesmo peso”. O mesmo IMPEDIMENTOque substitui maravilhosamente bem o velho off side no futebol é “fraco”para substituir o IMPEACHMENT. Alguns alunos detestam quando eu afirmoque há palavras que “não pegam”. Ora, pior é vivermos num país ondeexistem leis que “não pegam”.Outro problema difícil é o aportuguesamento. Há casos consagrados comoFUTEBOL, ABAJUR, ESPAGUETE, GRIFE e outros mais. Entretanto, há osproblemáticos: XAMPU ou SHAMPOO? A forma XAMPU já é bastante usadaquando nos referimos aos xampus em geral. Porém, nos rótulos dosshampoos, continua a forma estrangeira. Talvez os fabricantes temam queos brasileiros pensem que se trate de algum xampu vagabundo. Outroexemplo é stress. Eu prefiro ESTRESSE, por ser facilmente aportuguesadoe, principalmente, para ser coerente com a forma derivada: ESTRESSADO.Por outro lado, creio que o aportuguesamento de SHOW é do tipo que “nãopega”, porque ficou preso à Xuxa, a rainha dos baixinhos e a mãe do XOU.LEIAUTE é outro aportuguesamento que dificilmente será usado. A formainglesa é mais poderosa.FEEDBACK é um exemplo curioso. O aportuguesamento FIDEBEQUE ficouhorroroso e traduzi-la por retroalimentação é perigosíssimo na linguagemfalada: alimentação por onde? REALIMENTAÇÃO ou RETORNO são boassoluções.Como você pôde observar, é muito difícil criar uma regra. Cada casomerece uma análise individual. Entretanto, uma regra podemos seguir:para qualquer novo estrangeirismo, primeiro devemos buscar uma palavracorrespondente em português. E antes de usarmos a forma estrangeira,ainda devemos tentar o aportuguesamento.

E - PALAVRAS PARÔNIMASSão palavras parecidas na forma, mas com significados diferentes.

AS DÚVIDAS

1. TRÁFICO ou TRÁFEGO ?Deu no JB: “Controlador de TRÁFICO aéreo adquire repentinamente poderesparanormais.”Perdoe-nos, o tal controlador paranormal é de TRÁFEGO aéreo.É bom lembrar que TRÁFICO é um comércio ilegal: de drogas, de escravos,de crianças, de mulheres, de influência...Em relação a trânsito, a movimento, devemos usar TRÁFEGO. Grandes“engarrafamentos” ocorrem em cidades, como São Paulo, onde o TRÁFEGO éintenso.Aqui vai um teste para os cariocas que conhecem bem a Rua São Clemente

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no bairro de Botafogo. Responda rápido: “São Clemente é uma rua de muitoTRÁFEGO ou de muito TRÁFICO?” Se você respondeu “depende”, parabéns.

2. DISCRIMINAR ou DESCRIMINAR ?DISCRIMINAR é “segregar, separar, listar”. Uma pessoa pode serdiscriminada devido à sua cor, à sua condição social ou cultural, à suareligião... Uma nota fiscal DISCRIMINADA é aquela em que os itens estão“listados, separados”.DESCRIMINAR é “inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de sercrime”. Muitos advogados preferem usar o neologismo DESCRIMINALIZAR.A frase “O debate pode acabar com o preconceito contra a droga e levar àDISCRIMINAÇÃO do seu uso” está errada. Nesse caso, o correto é “...levarà DESCRIMINAÇÃO (ou DESCRIMINALIZAÇÃO) do seu uso”. O autor não sereferia à possibilidade de o usuário da droga vir a ser DISCRIMINADO, esim ao fato de o uso da droga ser DESCRIMINADO (=DESCRIMINALIZADO), ouseja, “deixar de ser crime”.

3. DESAPERCEBIDO ou DESPERCEBIDO ?Ouvimos freqüentemente: “Muitos detalhes passaram DESAPERCEBIDOS”. Estáerrado! O correto é: “Muitos detalhes passaram DESPERCEBIDOS”.DESAPERCEBIDO não significa, como muitos imaginam, “aquilo que não foipercebido, notado, observado”. DESAPERCEBIDO significa “desprovido, quemnão se apercebeu de alguma coisa, quem não está ciente, quem não tomouconsciência”.É uma questão de lógica. Observe: “quem não é leal é desleal, quem nãoestá preparado está despreparado, quem não está prevenido estádesprevenido”; portanto, “aquilo que não se percebeu passouDESPERCEBIDO”.Em “O auditor estava DESAPERCEBIDO”, sugiro que não se utilize a palavraDESAPERCEBIDO mesmo no sentido correto (=desprovido, que não tomouciência). O leitor dificilmente vai entender, é capaz de imaginar que“ninguém percebeu a presença do auditor, que ele não foi notado”. Nãoesqueça, portanto, a diferença:DESPERCEBIDOS (=não percebidos) é derivado do verbo PERCEBER (=notar,observar);DESAPERCEBIDOS (=não apercebidos) é derivado do verbo APERCEBER-SE(=tomar ciência, prover-se)O mais importante é você não esquecer que, para aquilo que não sepercebeu, o correto é DESPERCEBIDO.

4. DESTRATAR ou DISTRATAR ?DESTRATAR significa “tratar mal”;DISTRATAR significa “romper um trato”.Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-seDISTRATO.Portanto, a frase “Ela foi DISTRATADA pelo marido na frente dosvizinhos” está errada. O certo é: “Ela foi DESTRATADA pelo marido nafrente dos vizinhos”.

5. ACIDENTE ou INCIDENTE ?ACIDENTE é “um desastre, um acontecimento com conseqüências graves”;“INCIDENTE” é “um acontecimento com conseqüências menores, um episódio”.Observe a diferença:

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“Cinco pessoas morreram no ACIDENTE. A Via Dutra ficou interrompidadurante quatro horas.”“Perdoe-nos pelo INCIDENTE de ontem. Esse tipo de discussão não mais serepetirá.”

F - PALAVRAS HOMÔNIMASAs palavras homônimas homófonas (=iguais na pronúncia, com diferença nagrafia e sentidos diferentes) merecem atenção.

AS DÚVIDAS

1. SERRAR ou CERRAR ?SERRAR é “cortar”; CERRAR é “fechar”.A frase “Ele SERROU os olhos e adormeceu” é um absurdo. Na verdade, “EleCERROU os olhos e adormeceu”.Este caso me faz lembrar o dia em que certo comerciante ordenou a seusempregados: “Hoje, eu quero todas as portas da loja SERRADAS às 18:00h”.Foi prontamente atendido. No fim da tarde, todas as portas estavam pelametade.

2. CASSAR ou CAÇAR ?CASSAR significa “anular”, portanto ninguém pode ser CASSADO.A frase “O prefeito pode ser CASSADO a qualquer momento” é inadequada.Deveríamos dizer: “O MANDATO do prefeito pode ser CASSADO a qualquermomento”. Na verdade, o poder de mando do prefeito é CASSADO (=anulado,perde seu valor, fica sem o poder). Recentemente, li que uma certacompanhia de ônibus de Niterói foi CASSADA. Impossível! CASSADA foi alicença ou o alvará da tal companhia de ônibus.Portanto, deputados, vereadores, prefeitos não podem ser CASSADOS,embora alguns mereçam ser CAÇADOS.

G - REDUNDÂNCIAS

O CASO

Com muita freqüência, ouvimos na televisão: “O filme é baseado em FATOSREAIS.” Eu acredito piamente pois, se não fossem REAIS, não seriamFATOS. Para quem não sabe, todo FATO é REAL. Não existe “fato irreal”.Uma história pode ser real ou não; mas FATO é o “o que aconteceu”.Portanto, FATO REAL, FATO CONCRETO, FATO VERÍDICO e FATO ACONTECIDO sãoredundâncias. É um tipo de pleonasmo. Não são tão grosseiros como ostradicionais SUBIR PARA CIMA, DESCER PARA BAIXO, SAIR PARA FORA e ENTRARPARA DENTRO.Outro pleonasmo que ouvimos muito é: “Zagallo vai pôr o Juninho para sero ELO de LIGAÇÃO entre a defesa e o ataque.” Ora, todo ELO é de LIGAÇÃO.Bastaria dizer: “Zagallo vai pôr o Juninho para ser o ELO entre a defesae o ataque.” Ou “Zagallo vai pôr o Juninho para fazer a LIGAÇÃO entre adefesa e o ataque.”Um leitor de Língua Viva enviou um documento da área médica em que selia: “Pode haver HEMORRAGIA de SANGUE.” Não entendi o temor. Será quepode haver HEMORRAGIA de urina ou de esperma.!?Pior é o professor de matemática que pede ao aluno que divida a figuraem DUAS METADES IGUAIS. É a “redundância da redundância”! Metades são

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sempre duas e, se não fossem iguais, não seriam metades. Criança é quetem o hábito de pedir: “A metade maior é minha”. Na verdade, ela quer opedaço maior.Em 1996, fui convidado para um seminário em São Paulo. Eram duasempresas organizadoras: uma de eventos e outra da área de Qualidade.Para ser o palestrante, após muita discussão, recebi a seguinteproposta: “Tiramos toda a despesa e dividimos o lucro em TRÊS METADES.”Imediatamente eu respondi: “Em TRÊS METADES eu não aceito.” Orepresentante da empresa de Qualidade, amigo meu, ficou surpreso com aminha recusa: “Se você aceitar, vai ganhar mais dinheiro.” Mas eu fiqueifirme na minha posição: “Em TRÊS METADES eu não aceito, pois a minhareligião não permite.”É interessante lembrar que a ênfase, para alguns, justifica tantasredundâncias que ouvimos por aí: CONSENSO GERAL, PLANEJAMENTOANTECIPADO, EVIDÊNCIA CONCRETA, PROTAGONISTA PRINCIPAL, EMPRÉSTIMOTEMPORÁRIO, SURPRESAS INESPERADAS e outros mais.Por Fascículo > 2. Concordância Verbal

1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE2. COLETIVOS3. FRAÇÃO4. INFINITIVO5. METADE6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM8. NEM ... NEM9. OU10. PERCENTAGEM11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL14. TUDO / NADA / NINGUÉM15. UM DOS QUE16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA17. Verbo CUSTAR18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas)19. Verbos HAVER e EXISTIR20. Verbo FAZER21. Verbo SER

Regra básica: O verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número.

A) SUJEITO COMPOSTO - rigidamente o verbo deve concordar no PLURAL; “As casas de veraneio e os pescadores COMPÕEM o cenário da região.”“SERIAM NECESSÁRIOS ainda mais de 100 médicos e muitos auxiliares deenfermagem.”“Aos poucos a escatologia e a quantidade de mortos VÃO semultiplicando.”

OBSERVAÇÃO 1:Quando o sujeito composto estiver posposto (=depois do verbo), éaceitável a concordância atrativa (= no singular, concordando com onúcleo do sujeito que estiver mais próximo):

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“PASSARÁ o céu e a terra, mas minhas palavras ficarão.” “CHEGA hoje ao Rio o presidente e sua comitiva.”

A nossa preferência, no JB, é a concordância do verbo no PLURAL: “ACABAM o acúmulo de aposentadorias e a aposentadoria especial.” “VIAJARAM para Brasília o gerente e o diretor.”

OBSERVAÇÃO 2:Quando o sujeito é composto por duas ou mais orações (=infinitivos), overbo deve concordar no SINGULAR: “Andar e correr FAZ bem.” “Trabalhar durante o dia e estudar à noite ainda não MATOU ninguém.”

OBSERVAÇÃO 3:Quando o sujeito composto tiver núcleos de pessoas diferentes, a 1a.pessoa é predominante (Eu e tu = nós; eu e você = nós; ela e eu = nós ): “Eu, tu e ele RESOLVEMOS o caso.” “O diretor e eu FOMOS à reunião.”A 2a. pessoa predomina sobre a 3a.pessoa (Tu e ele = vós): “Tu e ele DEVEIS comparecer à reunião.”Na linguagem corrente, é freqüente o uso do verbo na 3ª pessoa”: “Em que língua tu e ele FALAVAM?”Para evitarmos discussão, preferimos substituir TU por VOCÊ (Você e ele= vocês): “Você e ele DEVEM comparecer à reunião.”

B) SUJEITO SIMPLES - o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito:“O preço dos aluguéis, que deram um salto de 208%, já ESTÁ praticamenteno mesmo nível.” “A remuneração das cadernetas BAIXOU...” “As empresas de São Paulo EXPÕEM e VENDEM diretamente seus produtos.” “O índice de óbitos ESTÁ acima dos padrões normais.”“O cumprimento das metas dos programas de reestruturação também TEMSIDO ANALISADO.” “Os preços dos pratos SÃO bem ACESSÍVEIS.” “Apesar de o preço das entradas TER SIDO BARATO ...” “Fios expostos PÕEM em risco a segurança dos alunos.” “BASTAM não mais do que alguns quilômetros para decifrá-lo.”“Esta lei já existe na Suécia e no Canadá onde DIMINUÍRAM os acidentesnas estradas.”

Casos especiais:

1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE (Sujeito simples - núcleo = PARTITIVOS)

“A maioria dos candidatos já DESISTIU ou DESISTIRAM ?”

O verbo pode ficar no SINGULAR (concordando com o núcleo do sujeito =MAIORIA) ou no PLURAL (concordando com o nome plural posposto aopartitivo = CANDIDATOS): “A MAIORIA dos candidatos já DESISTIU.” OU “A maioria dos CANDIDATOS já DESISTIRAM.”

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A nossa preferência, no JB, é o verbo no SINGULAR: “A MAIORIA dos entrevistados REPROVA a administração municipal.” “A MAIORIA dos feridos FOI PISOTEADA.”“A MAIORIA das comunidades isoladas do Norte PODE se aproveitar dabiomassa de espécies...”“Boa PARTE dos problemas TEM sua origem nos ‘freemen’ (homens livres)chegados dos Estados Unidos.” “Grande PARTE das infecções PODE SER EVITADA ou CURADA.” “A MAIORIA das fraudes É COMETIDA durante longo tempo por empregados.” “A maior PARTE dos recursos VIRÁ da Brahma e da Embratel.” “PARTE das instalações FOI DEMOLIDA.”

2. COLETIVOS

Um bando de ...Um grupo de ...Uma manada de ...

Embora alguns gramáticos aceitem o verbo no plural quando acompanha umadjunto plural, nós devemos usar o verbo no SINGULAR: “Um CASAL de turistas alemães não RESISTIU e CAIU no samba.” “Um GRUPO de artistas ainda iniciantes ALUGOU uma sala.” “Um GRUPO de crianças também É CONVIDADO.” “Um GRUPO de pessoas SAIU mais cedo” “Um BANDO de marginais FUGIU ontem à noite.” “Uma MANADA de bois FOI VENDIDA para pagar a dívida.”

OBSERVAÇÃO 1: “Um GRUPO de mais de trinta mulheres TRABALHAM como voluntárias.”Nesse caso, devido ao predicativo plural (=voluntárias), preferimos overbo no plural.

OBSERVAÇÃO 2:A concordância do verbo com o núcleo do sujeito é indiscutível.Se você tem dificuldade para identificar o núcleo do sujeito, aqui vaiuma dica: “é o substantivo ou o pronome que antecede a preposição de”:“Boa parte dos candidatos já DESISTIU.” (o sujeito simples é “boa partedos candidatos”; o núcleo é parte)“Um bando de marginais FUGIU.” (o sujeito simples é “um bando demarginais”; o núcleo é bando)“Metade dos alunos FOI APROVADA.” (sujeito =”metade dos alunos”; núcleo= metade)“Alguém dentre nós FARÁ o trabalho.” (sujeito =”alguém dentre nós”;núcleo = alguém)“Muitos de nós LERAM o livro.” (sujeito =”muitos de nós”; núcleo =muitos)“O presidente destas empresas VIAJOU para Brasília.” (sujeito =”opresidente destas empresas”; núcleo = presidente)“Os diretores desta empresa VIAJARAM para Brasília.” (sujeito =”osdiretores desta empresa”; núcleo = diretores)

3. FRAÇÃO

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O verbo deve concordar com o numerador: “UM terço COMPARECEU.” “DOIS terços COMPARECERAM.” “UM QUARTO das empresas pesquisadas PERDEU mais de US$ 1 milhão.” “UM TERÇO da população não TEM acesso a consultas médicas.” “TRÊS QUARTOS das fraudes FORAM COMETIDOS pelos empregados,” “DOIS TERÇOS da frota CIRCULARAM.”

4. INFINITIVO ...para RESOLVER ou RESOLVEREM ...de SAIR ou SAÍREM ...a FAZER ou FAZEREM

É um caso muito controvertido que merece várias observações:

A) “Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema?”É facultativo. A nossa preferência é pelo SINGULAR: “Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema.” “Duas novas ruas estão sendo abertas para FACILITAR o acesso.”“O projeto contempla o direito de pessoas com doenças incuráveisinterromperem um tratamento doloroso para MORRER dignamente.”“O curso tem reunido economistas do IBGE para CRIAR uma pesquisa maisabrangente.”“Usineiros e representantes estarão em Brasília para PRESSIONAR ogoverno federal.” “O técnico orientou seus jogadores para PRESSIONAR o Palmeiras.”“Os pais trintões voltam ao Teatro do Leblon para LEVAR seus filhos eCANTAR juntos a trilha de Chico Buarque.”

B) “Eles foram proibidos DE SAIR ou DE SAÍREM?” “Eles foram obrigados A FAZER ou A FAZEREM o teste?”

Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione comocomplemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal.No JB, não discutimos se é facultativo ou não. Preferimos o SINGULAR: “Eles foram proibidos DE SAIR.” “Eles foram obrigados A FAZER o teste.” “Um em cada cinco enfermeiros está ajudando seus pacientes a MORRER...”“Os paulistanos foram obrigados a PASSAR quatro horas no saguão doaeroporto.” “O decreto obriga os trens a TRAFEGAR de portas fechadas.”“A falta de informação leva outros meninos a FAZER a mesma coisa todosos dias.” “Um psiquiatra faz sucesso convencendo pacientes a AGIR como crianças.” “A lei proíbe os brasileiros de FUMAR na ponte-aérea.”“Ele proibiu seus músicos de PARTICIPAR de qualquer tipo de trabalhocom discos.”

OBSERVAÇÃO 1:Na voz passiva e com os verbos de ligação, devemos usar o infinitivo noPLURAL:“O TSE liberou duas das quatro parcelas do Fundo Partidário para SEREM

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DIVIDIDAS por 26 partidos.”“O porta-voz francês informou que as medidas concretas a SEREM TOMADAScontra o terror são iguais às da Inglaterra.”“As reservas técnicas dos museus reúnem peças quase nunca expostas, masque dão muito trabalho para SEREM CONSERVADAS.” “Elas tiveram que suar muito para SE TORNAREM as campeãs.” “Elas têm que malhar bastante para FICAREM magrinhas.” “As células-mãe são preparadas para SE TORNAREM resistentes.”

OBSERVAÇÃO 2:O verbo no plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caso deambigüidade, sugerimos o plural para evitar dúvidas:“Fernando Henrique Cardoso libera os seus ministros para SUBIREM empalanque.”

OBSERVAÇÃO 3:Quando o sujeito está claramente expresso, a concordância é obrigatória: “Houve uma ordem para os alunos FAZEREM todos os testes.” “O gerente mandou seus subordinados RESOLVEREM o problema.” “O aumento dos zíperes não fez o preço das roupas DISPARAR.” “Só tem espaço para PASSAREM no máximo duas pessoas ao mesmo tempo.” “Qual é a melhor maneira de se CONSEGUIREM bons resultados.”

5. METADE

“METADE dos candidatos DESISTIU ou DESISTIRAM ?”

É a mesma regra dos PARTITIVOS (= uso facultativo). Preferimos o verbono SINGULAR, para concordar com o núcleo do sujeito: “METADE dos candidatos DESISTIU.” (ou DESISTIRAM) “METADE dos fumantes do mundo VAI MORRER por causa do tabaco.” “Quase METADE dos executivos não TEM conhecimento...” “METADE das ruas não TEM coleta de lixo.” “METADE do time não TEM visto.”

Observação:Com a forma MAIS DA METADE (=seguido de um substantivo no plural), omais usual é o verbo no plural: “MAIS DA METADE dos médicos britânicos SÃO a favor...” “MAIS DA METADE de todos entrevistados ESTÃO no mercado.”“MAIS DA METADE dos eleitores da capital catarinense ainda ESTÃO sem odocumento.” “MAIS DA METADE dos dependentes se CONTAMINARAM.”“MAIS DA METADE dos cheques consultados pelos comerciantes em julho,através do telecheque, SÃO PRÉ-DATADOS.”

6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS

MIL

O numeral que antecede a MIL deve concordar com o substantivo a que serefere: “Ela é capaz de fazer VINTE E UMA MIL embaixadinhas.”

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“Ela é capaz de fazer quarenta e UMA mil, SETECENTAS e oitenta e DUASembaixadinhas.” “DUAS mil pessoas compareceram à reunião.” “Recebeu DOIS mil dólares.”

OBSERVAÇÃO 1:Não use “um mil” ou “uma mil”, mas apenas: “Recebeu MIL REAIS.” “MIL PESSOAS compareceram à reunião.”

MILHÃO / BILHÃO / TRILHÃO

O numeral que antecede a MILHÃO fica sempre no masculino. “Seria capaz de fazer UM MILHÃO e MEIO de embaixadinhas.” “Mais de DOIS MILHÕES de pessoas assistiram ao espetáculo.”

OBSERVAÇÃO 2: Sujeito simples - núcleo = MILHÃO ou BILHÃO ou TRILHÃOUm milhão de ...Meio milhão de ...

“Um MILHÃO de pessoas VIVE ou VIVEM na China?”

É um caso facultativo. “Um BILHÃO de dólares FOI GASTO nesta obra.” (ou FORAM GASTOS) “Um MILHÃO de pessoas VIVE na China.” (ou VIVEM)A nossa preferência é pelo PLURAL: “Um milhão de doses de vacina FORAM RETIRADAS do mercado.” “Meio milhão de pessoas ESTÃO DESABRIGADAS.” “Mais de um milhão de dólares ESTÃO SENDO USADOS no projeto.”Se o verbo estiver antes, porém, o verbo concordará com MILHÃO ouMILHÕES: “FOI CONSTRUÍDO um milhão de casas populares só neste bairro.” “FORAM PREJUDICADOS 5 milhões de pessoas.” “EXISTE mais de 1,5 milhão de desempregados.”

OBSERVAÇÃO 3:Cerca de...Perto de...Por volta de ...Em torno de ...Mais de ...Menos de ...O verbo deve concordar com o substantivo (= núcleo do sujeito): “Cerca de três mil pessoas ENTRARAM em confronto com a polícia.” “Perto de cinqüenta mil torcedores ASSISTIRAM ao jogo.” “Mais de duzentos inscritos FALTARAM à prova.”

7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM

O verbo vai normalmente para o PLURAL, concordando com o sujeitocomposto: “Não só o aluno mas também o professor ERRARAM a questão.” “Não só o público como também os organizadores FICARAM insatisfeitos.”

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8. NEM ... NEM

Quando o sujeito é SIMPLES, o verbo fica no SINGULAR: “Nem um nem outro diretor COMPARECEU à reunião.” “Ainda não CHEGOU nem uma nem outra candidata.”

Quando o sujeito é COMPOSTO, a concordância é facultativa (singular ouplural): “Nem o gerente nem o diretor COMPARECEU ou COMPARECERAM à reunião.” “Nem eu nem você PODE ou PODEMOS viajar neste mês.”

OBSERVAÇÃO:Se houver idéia de alternativa (=o fato expresso pelo verbo só pode seratribuído a um dos sujeitos), devemos usar o verbo no SINGULAR:“Nem o Pedro nem o José SERÁ ELEITO o presidente do grêmio estudantil.”(=só um pode ser eleito)

9. OU

a) Se houver idéia de “exclusão”, o verbo concorda com o núcleo maispróximo:“Ou você ou eu TEREI de resolver o problema.” (=apenas um resolverá oproblema)“Ou eu ou o diretor TERÁ de viajar para São Paulo.” (=apenas umviajará) “O Brasil ou Chile SERÁ a sede do próximo campeonato.”

b) Se não houver idéia de “exclusão” (=e/ou), a concordância éfacultativa:“O gerente ou o diretor PODE ou PODEM assinar o contrato.” (=um ou osdois podem assinar) “Dinheiro ou cheque RESOLVE ou RESOLVEM o meu problema.”

c) Se houver idéia “aditiva” (=e), o verbo deve concordar no plural:“O pintor ou o escultor MERECEM igualmente o prêmio.” (=o pintor e oescultor merecem igualmente o prêmio) “Futebol ou carnaval FAZEM a alegria do brasileiro.”

d) Se houver idéia de “dúvida” (=retificação de número), o verbo deveconcordar com o mais próximo: “Ladrão ou ladrões INVADIRAM o palacete do Morumbi.” “O assassino ou assassinos já DEVEM estar no exterior.”

10. PERCENTAGEM

Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem: “1% VOTOU.” (até 1,9% = verbo no singular); “2% VOTARAM.” (acima de 2% = verbo no plural).

OBSERVAÇÃO 1:COM ESPECIFICADOR singular, o verbo pode concordar com o especificadorno singular:

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“2% da população VOTOU.” “5% do ICMS VAI para os municípios.” “Noventa por cento da produção musical hoje É FEITA em CD.” “Dez por cento da população brasileira É SUBNUTRIDA.” “Trinta por cento da fazenda SERÁ OCUPADA.” “Vinte por cento da água ESTÁ CONTAMINADA.” “Oitenta por cento dessa quantia ERA ENTREGUE a clínicas conveniadas.”“Quase 90% do faturamento da Coleman do Brasil É PROVENIENTE deprodutos fabricados aqui.” “80% da área em torno do parque ESTÁ DESMATADA.”“Segundo a Secretaria dos Transportes, às cinco horas da manhã apenasdois por cento da frota CIRCULOU.”

OBSERVAÇÃO 2:COM ESPECIFICADOR plural, o verbo deve concordar com o número: “Em torno de 1% dos viciados MORRE a cada ano.”“40% dos eleitores entrevistados RESPONDERAM que não ESTAVAMINTERESSADOS.” “Quase 90% dos empresários ACHAM que o risco de fraude é maior...”

OBSERVAÇÃO 3:Quando o percentual é antecedido por um DETERMINANTE, a concordância éfeita com esse determinante: “Esses trinta por cento da fazenda SERÃO OCUPADOS.” “Os restantes quinze por cento da produção VÃO SER ARMAZENADOS.

11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA

“ALUGA-SE ou ALUGAM-SE apartamentos ?”

Quando a partícula SE é apassivadora, significa que a frase está na vozpassiva (=sujeito “sofre” a ação verbal). Apartamentos é o sujeito eestá no plural. Portanto, o certo é: “ALUGAM-SE apartamentos”.É um caso de voz passiva sintética ou pronominal. Corresponde a“Apartamentos SÃO ALUGADOS”.Quando vejo escrito numa placa “CONCERTA-SE bicicletas”, primeiro ficoimaginando uma “sinfonia” de bicicletas e, depois, a necessidade deCONSERTAR a plaquinha. O certo é: “CONSERTAM-SE bicicletas”(=”BicicletasSÃO CONSERTADAS”).Para que a partícula SE seja apassivadora, é preciso que haja um “objetodireto” para se transformar em sujeito passivo. O verbo deve concordarcom o sujeito passivo: “VENDE-SE este automóvel.” ( = Este automóvel é vendido); “VENDEM-SE automóveis.” ( = Automóveis são vendidos).Vejamos mais exemplos:“A idéia de SE CONVOCAREM mulheres e seminaristas para um serviçoobrigatório alternativo ...” (=”A idéia de mulheres e seminaristas seremconvocados...”) “...para que SE USEM os veículos com moderação durante o inverno.”(=...para que os veículos sejam usados com moderação durante o inverno). “Cada vez mais SE FAZEM diagnósticos do vírus.” “Quando SE EXCLUEM as importações de automóveis ...” “Não faz busca por proximidade onde SE OBTÊM respostas.”

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“Já SE VÊEM alguns traços do futuro.”“Os sons da África vão revelando histórias que não se VÊEM.” (=que nãosão vistas) “Não estamos contra que SE TAXEM as propriedades improdutivas.” “MULTIPLICAM-SE os casos de armas em mãos erradas.” “Não SE PERCEBERAM ainda todos os erros.” “Não SE PODEM PROIBIR as pessoas de fazer o que gostam.” “PODEM-SE FAZER passeios de charrete...” “DEVEM-SE EVITAR as formas repolhudas.”“Estes são os livros que SE PODEM ler.” (=...os livros que PODEM serlidos)“Estas são as metas que SE DEVEM atingir.” (=...as metas que DEVEM seratingidas)

12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO

Se não houver “objeto direto” para virar “sujeito passivo”, a partículaSE é indeterminanadora do sujeito. O sujeito é indeterminado e o verboconcorda no SINGULAR: “PRECISA-SE de operários.” (de operários = objeto indireto) “Não SE NECESSITA mais de todos esses dados.” (=objeto indireto) “É necessário que SE RECORRA a soluções de impacto.” (=obj.ind.) “Não SE ACREDITA mais em marcas nacionais.” (obj.ind.) “DEVE-SE aspirar a melhores resultados.” (=obj.ind.)“MORRE-SE de frio e de fome nesta terra.” (de frio e de fome = adjuntosadverbiais de causa; nesta terra = adjunto adverbial de lugar) “Não SE VIVE mais como naqueles tempos.” (VIVER = verbo intransitivo) “HÁ de SE viver com mais dignidade desta terra.” (sem objeto direto)

13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL

Se o nome próprio vier antecedido de artigo plural, o verbo deveconcordar no plural:“Os ESTADOS UNIDOS CONVIDARAM, mas a seleção brasileira corre o riscode não participar da Copa Ouro, na Califórnia.” “Os ALPES SUÍÇOS CAUSARAM um grande deslumbramento.” “Os ANDES FICAM na América do Sul.” “Os ESTADOS UNIDOS não ACEITARAM as condições impostas...” “As MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS CONSAGRARAM Machado de Assis.”

OBSERVAÇÃO 1:Se não houver artigo no plural, o verbo fica no SINGULAR: “Memórias Póstumas de Brás Cubas CONSAGROU Machado de Assis.” “Santos FICA em São Paulo.” “O Amazonas DESÁGUA no Oceano Atlântico.”

OBSERVAÇÃO 2:Com nomes de obras artísticas, mesmo antecedidas de determinante noplural, preferimos o verbo no SINGULAR: “OS LUSÍADAS IMORTALIZOU Camões.” “OS SERTÕES NARRA a luta de Canudos.”

OBSERVAÇÃO 3:

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Com o verbo SER e o predicativo a seguir no singular, preferimos o verbono SINGULAR: “Os Lusíadas É A OBRA MAIOR da literatura portuguesa.” “Os Três Mosqueteiros É UM LIVRO GENIAL.” “Os Estados Unidos É O MAIOR EXPORTADOR do mundo.” “Os Estados Unidos já FOI o primeiro mercado consumidor.”

14. TUDO / NADA / NINGUÉM

Antes ou depois de vários substantivos. Verbo no SINGULAR: “TUDO, jornais, revistas, televisão, só TRAZIA más notícias.” “Livros, canetas, cadernos, TUDO ESTAVA sobre a mesa.” “NINGUÉM, pais, irmãos, primos, VEIO ajudá-lo.” “Bacalhau, vinho, azeite, NADA ESTEVE em sua mesa no último Natal.”

15. UM DOS QUE

“Ele é um dos que VIAJOU ou VIAJARAM ?”

Embora alguns gramáticos considerem a concordância facultativa, nósdevemos usar o verbo no PLURAL, para concordar com a palavra queantecede o pronome relativo QUE: “Ele é um DOS que VIAJARAM.”O raciocínio é o seguinte: “dentre aqueles que viajaram, ele é um”.Um outro motivo que nos leva a preferir o verbo no PLURAL é aconcordância nominal. Todos diriam que “ele é um dos artistas maisBRILHANTES” (=”que mais BRILHAM). Ninguém usaria o adjetivo BRILHANTE nosingular.Portanto, depois de UM DOS...QUE, faça a concordância com o verbo noPLURAL: “Ela foi uma DAS MULHERES que SOCORRERAM as vítimas da enchente.”“É aniversário de um DOS MAIORES HOSPITAIS do país que TRATAM o câncerinfantil.” “Uma DAS LINHAS que TRAZEM energia de Itaipu foi desligada ontem.” “Um DOS que a CONVOCARAM foi o senador Rafael Michelini.” “Ela é uma DAS EMPRESAS CREDORAS que COMPÕEM o comitê de negociação.” “Eu fui um DOS que ACHAVAM que o Plano não daria certo.”“Um DOS FATOS que mais CHOCARAM os pesquisadores foi a excessivaquantidade de prescrições.”“Ele foi um DOS INTELECTUAIS que mais SE DESTACARAM na luta contra oregime ditatorial.”

OBSERVAÇÃO 1:É interessante lembrar que, caso haja idéia de “exclusividade”, o verboficará no SINGULAR:“Senhora é um dos romances de José de Alencar que CAIU no últimovestibular.” (Nesse caso, devemos entender que Senhora é o único romancede José de Alencar que CAIU na prova do vestibular)

OBSERVAÇÃO 2:Quando o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo deve concordar como antecedente: “Fui eu que RESOLVI o problema.”

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“Fomos nós que RESOLVEMOS o problema.” “Eu fui o primeiro que RESOLVEU o problema.” (ou “que RESOLVI ...”) “Nós fomos os últimos que SAÍRAM da sala.” (ou “que SAÍMOS ...”)

OBSERVAÇÃO 3:Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM, a concordância se faznormalmente na 3ª pessoa do singular: “Fui eu QUEM RESOLVEU o caso.” “Na verdade, são vocês QUEM DECIDIRÁ a data.”Observe que, se invertermos a ordem, não haverá dúvida alguma: “QUEM RESOLVEU o caso fui eu.” “QUEM DECIDIRÁ a data são vocês.”Entretanto, embora pouco usual, não é considerado erro o fato de o verboconcordar com o pronome que antecede o QUEM: “Fomos nós quem RESOLVEMOS o caso.” “Não sou eu quem DESCREVO.”

OBSERVAÇÃO 4:Quando não houver o pronome QUE, o verbo deve obrigatoriamente concordarcom o núcleo do sujeito (=pronome que está antes da preposição DE): “UM dos casais já TINHA mais de vinte anos de vida em comum.” “NENHUM de nós dois PÔDE comparecer ao encontro.” “ALGUÉM da equipe RESOLVEU o problema.” “QUAL de vocês CHEGOU em primeiro?” “QUEM dentre nós ESTÁ DISPOSTO a sair?”“MUITOS de nós LERAM o livro.” (Nesse caso poderíamos usar “Muitos denós LEMOS o livro”, se quiséssemos subentender a idéia de “eu também” =ênfase no todo).

16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA

“Vossa Excelência DEVE ou DEVEIS viajar ?”

Os pronomes de tratamento (= VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA, VOSSASANTIDADE, VOSSA MAJESTADE, VOSSA ALTEZA...) são de 3a. pessoa (=VOCÊ). “Vossa Excelência DEVE viajar.” “Vossa Senhoria PODE trazer seus convidados.” “Sua Excelência DEVERÁ comparecer à reunião.”

OBSERVAÇÃO 1:São formas rigorosamente femininas. Quando se tratar de homem, éaceitável a concordância no masculino: “Vossa Senhoria estava muito CANSADA ou CANSADO.” “Sua Excelência parece PREOCUPADA ou PREOCUPADO.”Se houver aposto, a concordância é obrigatória: “Sua Excelência, o presidente, parece PREOCUPADO.”

OBSERVAÇÃO 2:VOSSA EXCELÊNCIA deve ser usado quando nos dirigimos à pessoa.SUA EXCELÊNCIA deve ser usado quando falamos a respeito da pessoa.

17. Verbo CUSTAR

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É unipessoal. Só deve ser usado na 3a. pessoa do singular.“Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um poucofeio.”Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a gramática. O corretoseria “custou-me”, mas isso é inadequado à fala de qualquer brasileiro.Podemos substituir por outras formas: “Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar ...”

OBSERVAÇÃO:Sempre que o sujeito for “oracional”, o verbo deve concordar nosingular: “CUSTOU-me perceber a verdade.” “CUSTA a nós aceitar essas condições.” “FALTA chegarem dez convidados.” “No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos.” “É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa.”

18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas)

Quando houver sujeito (=relógio, sino...), o verbo deve concordar: “O relógio DEU dez horas.” “O sino BATEU doze horas.”

Se não houver o sujeito, o verbo concorda com as horas: “DERAM dez horas.” “BATERAM doze horas.” “BATEU meia-noite.”

19. Verbos HAVER e EXISTIR

O verbo HAVER, no sentido de “existir”, “ocorrer” ou “tempo decorrido”,é IMPESSOAL (=sem sujeito); por isso só deve ser usado no SINGULAR.Observe os exemplos: “Nesta competição não HÁ titulares ou reservas.” (=existem) “Já HOUVE vários acidentes nesta curva.” (=ocorreram, aconteceram) “HAVIA meses que não nos víamos.” (=tempo decorrido) “Mas se não HOUVESSE projetos de lei para a Imprensa.” “Desfez o mito da época em que não HAVIA condições técnicas.”No presente do indicativo, ninguém erra. Ninguém diria: “Hão muitaspessoas na reunião”. A dúvida só existe quando o verbo está no pretéritoou no futuro: “No próximo concurso HAVERÁ ou HAVERÃO muitos candidatos”.O certo é “HAVERÁ muitos candidatos”. A regra não muda. É a mesma regra:esteja o verbo no presente, pretérito ou futuro.O erro mais grosseiro é o “famoso” houveram. É o caso da manchete dejornal: “Houveram vários crimes na Baixada”. Com certeza o primeirocrime foi contra a língua portuguesa.

OBSERVAÇÃO 1:Esta regra se aplica também às locuções verbais: “DEVE HAVER muitas pessoas na reunião.” (=devem existir) “PODERIA TER HAVIDO alguns incidentes.” (=poderiam ter ocorrido) “O país tem centenas de microclimas em que PODE HAVER várias espécies.” “PODE HAVER várias especulações.”

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“DEVIA HAVER cinco anos que ele foi demitido.”Nas locuções verbais, o verbo principal é sempre o último; os demais sãoverbos auxiliares. Se o verbo principal for impessoal (=sujeitoinexistente), o verbo auxiliar fica no SINGULAR.

OBSERVAÇÃO 2:O verbo EXISTIR é pessoal (=com sujeito) e deve concordar com o seusujeito: “EXISTEM no Brasil dois tipos de caipiras.” (=sujeito plural) “Na Polícia Federal não EXISTEM fotos dos traficantes.” “Nesta competição não EXISTEM titulares ou reservas.” “Praticamente não EXISTEM mais homens capazes de derrotá-lo.” “Ainda PODEM EXISTIR dúvidas para serem resolvidas.” Os verbos OCORRER e ACONTECER também são pessoais: “Nesta rua, já ACONTECERAM muitos acidentes.” (=sujeito plural) “Neste julgamento, PODEM OCORRER algumas injustiças.”O verbo HAVER fica no singular porque não tem sujeito (=sujeitoinexistente), mas os seus sinônimos têm sujeito e devem concordar.

OBSERVAÇÃO 3:O verbo HAVER pode ser usado no plural, desde que não tenha o sentido“existir”, “ocorrer” ou “tempo decorrido”.Observe os exemplos: “Os professores HOUVERAM por bem adiar as provas.” (=decidiram)“Os alunos se HOUVERAM bem na defesa de tese.” (=apresentaram, “sederam”, “se saíram”)

20. Verbo FAZER

O verbo FAZER, referindo-se a “tempo decorrido”, é IMPESSOAL (=semsujeito); por isso só deve ser usado no SINGULAR. “FAZ dez anos que não nos vemos.” “FAZ sete ou oito minutos que ele não toca na bola.”É interessante lembrar que esta regra se aplica também às locuçõesverbais. Quando o verbo principal for o FAZER (=”tempo decorrido”), oauxiliar deve ficar no SINGULAR: “Já DEVE FAZER duas horas que ela saiu.” “VAI FAZER cinco anos que não nos vemos.”

21. Verbo SER

a) Quando não tem sujeito (=referindo-se a tempo ou espaço), deveconcordar com a palavra seguinte: “É uma hora da tarde.” “SÃO duas horas da tarde.” “SÃO treze horas.” “DEVE SER meio-dia e meia.” “PODERIAM SER doze horas e trinta minutos.” “ERAM dez para as três.” “SÃO treze quilômetros até o centro da cidade.”

OBSERVAÇÃO:Quanto aos dias do mês, para evitar a velha polêmica “hoje é ou são

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treze de maio”, sugerimos: “Hoje É dia treze de maio. “Amanhã SERÁ dia vinte,”

b) Se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural (ouvice-versa) , a concordância se faz de preferência no PLURAL: “Tudo SÃO hipóteses.” “O problema ERAM as chuvas.” “Muitos foram presos. A maioria SÃO menores.” “O resultado da pesquisa FORAM números assustadores.”“Esses dados SÃO parte de um relatório elaborado pela comissão especialdo Senado.” “As cadernetas de poupança ERAM a melhor garantia para o futuro.” “Estas providências FORAM a salvação da empresa.”

c) Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo deveconcordar com o SUJEITO: “Beto ERA as esperanças do time.” “Fernando Pessoa É muitos poetas ao mesmo tempo.” “Eu SOU o responsável.” “Ele é forte, mas não É dois.”

d) Se o predicativo for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verboconcorda com o PREDICATIVO: “As esperanças do time ERA o Beto.” “O responsável SOU eu.” “Os escolhidos FOMOS nós.”

e) Se houver dois pronomes pessoais, o verbo SER concorda com oprimeiro: “Eu não SOU você.” “Ele não É eu.” “Nós não SOMOS vocês.”

f) Nas frases interrogativas, o verbo SER concorda com o predicativo: “Quem SÃO os convocados?” “Quem FORAM os responsáveis?” “Que SÃO seis meses?”

g) Quando o sujeito for o pronome relativo que, o verbo fica noSINGULAR: “Eu moro neste edifício, que em breve SERÁ só escombros.” “Esta empresa, que hoje É só demissões, já foi líder de mercado.”

h) Se o predicativo for o pronome demonstrativo o, o verbo SER fica noSINGULAR: “Inimigos É o que não lhe falta.” “Eleições diretas É o que o povo queria.”

h) Antes de muito, pouco, bastante, demais...(=indicação de preço,quantidade, medida, porção ou equivalente), o verbo SER fica noSINGULAR: “Mil dólares É MUITO por este trabalho.”

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“Dez quilômetros É DEMAIS para mim.” “Duas lutas SERÁ POUCO para ele ganhar experiência.”

Por Fascículo > 3. Concordância Nominal e Plural

Regra básica: Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devemconcordar com o substantivo em gênero e número. “Mas não é só nos chamados mercados EMERGENTES.” “Muitos contêm bactérias CAUSADORAS de desidratação por diarréia.” “As empresas sentiram o quanto são IMPORTANTES estes encontros.” “Recebeu R$12.419 bilhões LÍQUIDOS.” “Vicentinho pediu EMPRESTADOS um paletó e uma gravata.”“Alguns índios já declaram guerra à espécie de jacaré mais AGRESSIVAque vive no Brasil.” “Os fiscais apreenderam trinta quilos de peixe ESTRAGADO.”“Ele disse ter achado ESTRANHA a demora dos policiais em comunicar aoperação aos superiores.”“As bolsas brasileiras acompanharam a tendência americana e fecharampraticamente ESTÁVEIS.” “Pediu EMPRESTADA a quantia de dez mil dólares.” “Ele tachou de ABSURDAS as declarações do deputado.” “O juiz considerou ILEGAIS os dois gols.” “Uma pequena parte do lixo é REAPROVEITADA.” “Devido a este acidente, ele ficou com parte do corpo PARALISADA.” “As praias estavam lotadas. A maioria, PAULISTANA.” ou “Na maioria, PAULISTANOS.”

OBSERVAÇÃO 1: “São cem metros LIVRES.” e “São duzentos metros RASOS.”Porém: “São cem metros PEITO ou BORBOLETA.” “Vamos conferir os recordes dos cem metros nado BORBOLETA FEMININO.” “Cleber Machado narra os cem metros PEITO FEMININO.”Sugestão: Se usarmos a palavra NADO expressa na frase, jamais haverádúvida. Todos os adjetivos ficarão no MASCULINO SINGULAR: “200 metros nado LIVRE MASCULINO” “200 metros nado BORBOLETA FEMININO” “200 metros nado PEITO MASCULINO” “200 metros nado COSTAS FEMININO”.

OBSERVAÇÃO 2:O certo é “Seleção MASCULINA de vôlei”, e não “Seleção de vôleimasculino”;“Circuito mundial FEMININO de vôlei de praia, e não “Circuito mundialde vôlei de praia feminino”.

OBSERVAÇÃO 3:Caso o adjetivo se refira a vários substantivos de gêneros diferentes, aconcordância deve ser feita no MASCULINO PLURAL: “Pêlos, dentes e barbatanas foram ANALISADOS ...” “Compraram motores e peças ESTRANGEIROS.” “Todo dia, o paulistano enfrenta trânsito e ruas CAÓTICOS.”

Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo mantém o gênero e

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concorda no PLURAL:“Os garis da Comlurb passaram o dia retirando a lama e as pedras queficaram ATRAVESSADAS na pista.” “A língua e a literatura INGLESAS foram as escolhidas.” “Estavam NERVOSOS o gerente e o diretor.”

OBSERVAÇÃO 4:Quando o adjetivo vier antes de vários substantivos, ele deve concordarcom o substantivo mais próximo: “Escolheu MÁ hora e lugar.” “Escrevia LONGAS histórias e relatórios.”

OBSERVAÇÃO 5:Quando o substantivo é qualificado por mais de um adjetivo, tratando-sede seres diferentes, o substantivo fica no PLURAL (ou no singular, serepetir o artigo): “Completou OS CURSOS básico e intermediário.” “Completou o CURSO básico e o intermediário.” “Precisam aprender AS LÍNGUAS inglesa, espanhola e alemã.” “Precisam aprender a LÍNGUA inglesa, a espanhola e a alemã.”“Esta é a última semana para inscrição no concurso de Metrô, para ASÁREAS administrativa e operacional.”

Casos especiais:

1. O AGRAVANTE ou A AGRAVANTE ?AGRAVANTE é palavra feminina. “Havia UMA AGRAVANTE: o motorista estava alcoolizado.”

OBSERVAÇÃO:ATENUANTE também é palavra feminina: “O advogado alegou a existência de ALGUMAS ATENUANTES.”

2. ALERTA ou ALERTAS ?É invariável. “Nós ficamos ALERTA para isso.” “Os guardas estavam ALERTA.”ALERTA geralmente é um advérbio. Como adjetivo, alguns autores aceitama forma plural: “Nós ficamos ALERTAS e os guardas estavam ALERTAS”.

OBSERVAÇÃO 1:Os advérbios são invariáveis: “A bola rola MACIO na Supercopa.”“Milhares de brasileiros vivem ILEGAL nos Estados Unidos.” (Melhor:“ilegalmente”)

OBSERVAÇÃO 2:TODO (=totalmente) é o único advérbio que se flexiona: “A Ilha do Governador está TODA reformada.” “A porta está TODA fechada.”

3. ANEXO ou EM ANEXO ?É um adjetivo. Deve concordar.

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EM ANEXO é invariável. “O formulário segue ANEXO (ou EM ANEXO).” “ANEXOS (=ou EM ANEXO) seguem os formulários.” “A nota e o troco vão ANEXOS.” “Encontramos o registro ANEXO à certidão.”

4. Plural das palavras terminadas em “ÃO”a) A maioria muda a terminação “ão” em “ÕES”:anfitriões, balões, botões, espiões, feijões, gaviões, limões, mamões,melões, zangões...OBSERVAÇÃO 1:Neste grupo incluem-se todos os aumentativos:casarões, chapelões, dramalhões, facões, narigões, paredões, pobretões,vozeirões...

b) Um pequeno número de palavras muda “ão” em “ÃES”:afegães, alemães, cães, capelães, capitães, catalães, escrivães, pães,sacristães, tabeliães...

c) Um pequeno número de palavras acrescenta um “s” (=ÃOS):cidadãos, cortesãos, cristãos, grãos, irmãos, mãos, pagãos, vãos...OBSERVAÇÃO 2:Neste grupo incluem-se todas as palavras paroxítonas:acórdãos, bênçãos, órfãos, órgãos, sótãos...

d) Muitas palavras admitem duas ou até três formas de plural:alazães ou alazões;aldeãos, aldeães ou aldeões;anãos ou anões;anciãos, anciães ou anciões;artesãos (=artífice) ou artesões (=adorno arquitetônico);castelãos ou castelões;charlatães ou charlatões;cirurgiães ou cirurgiões;corrimãos ou corrimões;ermitãos, ermitães ou ermitões;faisães ou faisões;guardiães ou guardiões;hortelãos ou hortelões;refrãos ou refrães;sacristãos ou sacristães;sultãos, sultães ou sultões;verãos ou verões;vilãos, vilães ou vilões;vulcãos, vulcães ou vulcões.

5. BASTANTE ou BASTANTES ?Como advérbio de intensidade (=muito) é invariável: “Eles trabalharam BASTANTE para chegar até aqui.”“Eles ficaram BASTANTE cansados.” (Neste caso, é preferível usar “MUITOcansados”)

OBSERVAÇÃO 1:

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Como pronome indefinido (=antes de um substantivo), deverá concordar como substantivo:“Está com BASTANTES problemas para resolver.” (É melhor: “MUITOSproblemas)“O dia fica aberto, com BASTANTE sol em todas as regiões.”(Simplesmente “com sol” seria melhor) Devemos evitar o uso de BASTANTE como pronome indefinido.

OBSERVAÇÃO 2:Como adjetivo (após um substantivo = suficiente), deve concordar com osubstantivo:“Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu.” (É melhor: “provasSUFICIENTES”)“As provas já são BASTANTES para incriminar o réu.” (É melhor: “Asprovas já são O BASTANTE para incriminar o réu.” / É preferível: “Asprovas já são SUFICIENTES para incriminar o réu.”)

6. O CAIXA ELETRÔNICO ou A CAIXA ELETRÔNICA ?O certo é: O CAIXA ELETRÔNICO.O objeto é substantivo feminino: A CAIXA: “A CAIXA registradora estava quebrada.”O funcionário pode ser masculino ou feminino, conforme o sexo da pessoa:O CAIXA ou A CAIXA.Em expressões como “passe NO CAIXA” ou “vou AO CAIXA”, usamos o artigomasculino, pois nos referimos ao funcionário genericamente, nãoimportando o seu sexo. Em razão disso, devemos usar O CAIXA ELETRÔNICO.

7. CHAPÉUS ou CHAPÉIS ?O certo é: CHAPÉUS.As palavras terminadas em “éu” fazem plural em “éus” (=com a desinência“s”): réu / réus; troféu / troféus; fogaréu / fogaréus...

OBSERVAÇÃO:As palavras terminadas em “el” fazem plural em “éis”: papel / papéis;pastel / pastéis; anel / anéis...

8. O COMA ou A COMA ?COMA é uma palavra masculina: “Ela entrou em COMA ALCOÓLICO.”

9. Plural das palavras COMPOSTASa) Quando o substantivo composto é constituído de palavras que seescrevem ligadamente, sem hífen, somente o último elemento vai para oplural:aguardentes, pontapés, vaivéns...

b) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos,os dois vão para o plural:abelhas-mestras, amigos-ursos, capitães-tenentes, capitães-aviadores,cartas-bilhetes, cirurgiões-dentistas, couves-flores, decretos-leis,micos-leões, pesos-galos, porcos-espinhos, sacis-pererês,tamanduás-bandeiras, tenentes-coronéis...

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c) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos esegundo faz papel de adjetivo, só o primeiro vai para o plural:bombas-relógio, canetas-tinteiro, carros-bomba, decretos-lei,elementos-chave, homens-macaco, homens-rã, licenças-prêmio,livros-caixa, mangas-rosa, navios-escola, operários-padrão,papéis-moeda, peixes-boi, pombos-correio, salários-família,tatus-bola...

OBSERVAÇÃO 1:A diferença é a seguinte:Em TENENTE-CORONEL, o segundo substantivo NÃO faz papel de adjetivo (=tenente-coronel NÃO é um tipo de tenente). O plural é:TENENTES-CORONÉIS;Em OPERÁRIO-PADRÃO, o segundo substantivo faz o papel de adjetivo (=operário-padrão é um tipo de operário). O plural é: OPERÁRIOS-PADRÃO.Observe que algumas palavras aceitam as duas formas de plural:DECRETOS-LEIS ou DECRETOS-LEI.Observe também que muitas palavras NÃO seguem esta regra:CIDADES-SATÉLITES, MICOS-LEÕES, TAMANDUÁS-BANDEIRAS...

d) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um substantivo eum adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os dois elementos vão para oplural:altas-rodas, altos-fornos, amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas,bóias-frias, bons-dias, cabeças-chatas, cachorros-quentes, dedos-duros,ervas-doces, guardas-civis, lugares-comuns, mamões-machos, mãos-bobas,marias-moles, matérias-primas, meias-luas, meios-fios, obras-primas,ovelhas-negras, peles-vermelhas, puros-sangues...

OBSERVAÇÃO 2:Observe a diferença:Em LIVRO-CAIXA, LIVRO e CAIXA são dois substantivos. O segundosubstantivo (=CAIXA) faz o papel de adjetivo (livro-caixa é um tipo delivro) = só o primeiro vai para o plural: LIVROS-CAIXA.Em CAIXA-PRETA, CAIXA é substantivo e PRETA é adjetivo. Os doiselementos devem ir para o plural: CAIXAS-PRETAS.

e) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um numeral e umsubstantivo, os dois elementos vão para o plural:primeiros-ministros, segundos-sargentos, terças-feiras, quartas-feiras,quintas-feiras, sextas-feiras...

f) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um verbo e umsubstantivo, somente o substantivo vai para o plural:Arranha-céus, bate-papos, guarda-chuvas, lança-perfumes, lava-pés,mata-borrões, pára-brisas, pára-choques, pára-lamas, porta-bandeiras,porta-vozes, quebra-cabeças, quebra-molas, salva-vidas, vira-latas...

OBSERVAÇÃO 3:Observe a diferença:Em GUARDA-CIVIL, GUARDA é substantivo e CIVIL é adjetivo. Os dois vãopara o plural: GUARDAS-CIVIS, guardas-noturnos, guardas-florestais...Em GUARDA-CHUVA, GUARDA é verbo e CHUVA é substantivo. Só o substantivo

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vai para o plural: GUARDA-CHUVAS, guarda-louças, guarda-roupas,guarda-costas...

g) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de dois ou maisadjetivos, somente o último adjetivo vai para o plural:Consultórios MÉDICO-CIRÚRGICOSCandidatos SOCIAL-DEMOCRATASAtividades TÉCNICO-CIENTÍFICASProblemas POLÍTICO-ECONÔMICOSCabelos CASTANHO-ESCUROSOlhos VERDE-CLAROS

OBSERVAÇÃO 4:Os adjetivos compostos referentes a cores são INVARIÁVEIS quando osegundo elemento é um substantivo: verde-garrafa, verde-mar,verde-musgo, verde-oliva, azul-céu, azul-piscina, amarelo-ouro,rosa-choque, vermelho-sangue...Observe a diferença:1. Olhos VERDE-CLAROS = cor + adjetivo (claro ou escuro);2. Calças VERDE-GARRAFA = cor + substantivo.Também são invariáveis: AZUL-CELESTE e AZUL-MARINHO.

h) Se houver uma preposição entre os dois substantivos, só o primeiroelemento vai para o plural:amigos-da-onça, bicos-de-papagaio, dores-de-cotovelo, estrelas-do-mar,generais-de-divisão, grãos-de-bico, joões-de-barro, mulas-sem-cabeça,pais-de-santo, pães-de-ló, pés-de-cabra, pés-de-moleque, pores-do-sol...

OBSERVAÇÃO 5:Os FORA-DA-LEI, os FORA-DE-SÉRIE...são INVARIÁVEIS.

i) Se o primeiro elemento for advérbio, preposição ou prefixo, somente osegundo elemento vai para o plural:abaixo-assinados, alto-falantes, ante-salas, anti-semitas,auto-retratos, bel-prazeres, contra-ataques, grão-duques,recém-nascidos, sem-vergonhas, super-homens, todo-poderosos,vice-campeões...

OBSERVAÇÃO 6:Os SEM-TERRA, os SEM-TETO...são INVARIÁVEIS.

OBSERVAÇÃO 7:Se a palavra composta é constituída por advérbio + pronome + verbo,somente o último elemento varia: bem-me-queres, bem-te-vis,não-me-toques...

j) Se a palavra composta é constituída pela repetição das palavras(onomatopéias = reprodução dos sons), o segundo elemento vai para oplural:bangue-bangues, pingue-pongues, reco-recos, tique-taques...

k) Casos especiais:Os arco-íris, as ave-marias, os banhos-maria, os joões-ninguém, os

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louva-a-deus, os lugar-tenentes, os mapas-múndi, os padre-nossos, assalve-rainhas, os surdos-mudos...

l) São INVARIÁVEIS:· compostos de verbo + palavra invariável:os bota-fora, os cola-tudo, os topa-tudo...· compostos de verbos de sentido oposto:os entre-e-sai, os leva-e-traz, os perde-ganha, os sobe-e-desce, osvai-volta...· expressões substantivadas:os bumba-meu-boi, os chove-não-molha, os disse-me-disse...

10. CONFORME ou CONFORMES ?Como conjunção conformativa (=segundo, como) é invariável: “Fez tudo CONFORME os procedimentos estabelecidos.” “CONFORME as leis vigentes, esta é a única solução.”Como adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se refere: “Durante a auditoria, só encontraram produtos CONFORMES.” “Ficaram CONFORMES (=CONFORMADOS) com a atual situação.”

11. DEGRAUS ou DEGRAIS ?O certo é: DEGRAUS.As palavras terminadas em “au” fazem plural com o acréscimo de “s”:degrau / degraus; grau / graus...

OBSERVAÇÃO:As palavras terminadas em “al” fazem plural em “ais”: animal / animais,canal / canais; igual / iguais...

12. Plural dos DIMINUTIVOS (=em ZINHO ou ZITO)Nos diminutivos formados com os sufixos -ZINHO e -ZITO, a regra é aseguinte:1º) Ponha a palavra primitiva no plural: PAPEL > PAPÉIS BALÃO > BALÕES FLOR > FLORES2º) Acrescente o sufixo do diminutivo (=zinho, zinha, zito), passando adesinência do plural (=”s”) para depois do sufixo: PAPÉI (s) + ZINHO + S = PAPEIZINHOS BALÕE (s)+ ZINHO + S = BALÕEZINHOS FLORE (s)+ ZINHA + S = FLOREZINHAS

OBSERVAÇÃO 1:Os acentos gráficos (=agudo e circunflexo) não são necessários nodiminutivo porque a sílaba tônica é a penúltima (=”zi”): papeiZInhos.O til permanece pois não é acento (=é sinal de nasalização):balõezinhos.Observa mais alguns exemplos:ANEIZINHOS, ANIMAIZINHOS, AZUIZINHOS, BAREZINHOS, CÃEZITOS, CASAIZINHOS,CORAÇÕEZINHOS, FAROIZINHOS, IGUAIZINHOS, MULHEREZINHAS, PÃEZINHOS...

OBSERVAÇÃO 2:Quando o diminutivo é formado com o sufixo -INHO, basta acrescentar a

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desinência do plural (=”s”):CRUZ + INHA = CRUZINHAS;LUZ + INHA = LUZINHAS;LÁPIS + INHO = LAPISINHOS;PAÍS + INHO = PAISINHOS.

OBSERVAÇÃO 3:Quando a palavra primitiva forma plural apenas com a desinência “s”,basta colocá-la depois do sufixo diminutivo:CHAPÉU (s) + ZINHO = CHAPEUZINHOS;DEGRAU (s) + ZINHO = DEGRAUZINHOS;PAI (s) + ZINHO = PAIZINHOS;MÃO (s) + ZINHA = MÃOZINHAS.Observe a diferença:ALEMÃ (s) + ZINHA = ALEMÃZINHAS;ALEMÃO > ALEMÃE (s) + ZINHO = ALEMÃEZINHOS.

13. UM DÓ ou UMA DÓ ?Os dicionários e as gramáticas afirmam que DÓ é palavra masculina: “Senti UM grande DÓ de você.” “Fiquei com MUITO DÓ das crianças.”

14. É PROIBIDO ou É PROIBIDA ?Só concorda com o substantivo se estiver determinado: “É PROIBIDA a entrada de estranhos.” “É PROIBIDO entrada de estranhos.” “A bebida alcoólica não é PERMITIDA.” “Bebida alcoólica não é PERMITIDO.” “Demissão em massa não é BOM para o governo.” “Sua demissão não foi BOA para o governo.”

15. EXTRA ou EXTRAS ?EXTRA, como adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se refere: “Trabalhou muitas horas EXTRAS.” “Fez vários serviços EXTRAS.”

16. FAX ou FAXES ?As palavras terminadas em “x” são invariáveis: os clímax, os tórax, osônix, os telex...A princípio, devemos dizer: “Ele recebeu dois FAX.”OBSERVAÇÃO:Devido a BOXES (=plural de BOX), há quem defenda FAXES (=palavrasmonossílabas terminadas em “x” fazem plural com o acréscimo de “es”)

17. GRAVIDEZ ou GRAVIDEZES ?As palavras terminadas em “z” fazem plural com o acréscimo de “es”:Luz / luzes; cruz / cruzes; rapaz / rapazes; juiz / juízes; gravidez /GRAVIDEZES...

18. O GRAMA ou A GRAMA ?GRAMA (=peso) é masculino: “Comprou DUZENTOS GRAMAS de mortadela.”

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“Ela pediu UM QUILOGRAMA de carne.”

19. UM GUARANÁ ou UMA GUARANÁ ?GUARANÁ é substantivo masculino: “Tome UM GUARANÁ.”

20. HAJA VISTA ou HAJA VISTO ?É invariável. “Ele foi demitido HAJA VISTA o problema surgido.” “Ele foi dispensado HAJA VISTA os pontos atingidos.” “Ele foi reprovado HAJA VISTA as notas tiradas.”

21. ÍDOLO ou ÍDALA ?ÍDALA não existe. Devemos usar O ÍDOLO, independentemente do sexo: “Ela é O maior ÍDOLO da nossa música.”

22. JUNIORS ou JÚNIORES ou JUNIORES ?O certo é: JUNIORESAs palavras terminadas em “r” fazem plural com o acréscimo de “es”:repórteres, revólveres, açúcares, mares, hambúrgueres, contêineres...A novidade é a sílaba tônica, que se desloca da vogal “u” para a vogal“o” (=pronuncia-se “juniôres”).Se você não gosta do plural de JÚNIOR, porque acha feio ou estranho, aminha sugestão é construir a frase evitando o plural: em vez de “seleçãode juniores”, diga “seleção de futebol júnior”; em vez de “campeonato dejuniores”, diga “campeonato da categoria júnior”.

OBSERVAÇÃO:O mesmo se aplica a SÊNIOR. O plural é SENIORES. SÊNIOR vem do latim etem a mesma origem de SENHOR, SENIL e SENADOR.Agora uma curiosidade. Todo senador romano devia ser “velho, de idadeavançada”, o que significava conhecimento e experiência. Já a túnicabranca representava a pureza, daí a palavra candidato, derivada decândido. Graças a Deus, o ideal romano está vivo entre nós até hoje!

23. JUNTO ou JUNTOS ?É um adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se refere. “Os fortes sentimentos vêm JUNTOS.” “Em campo, Romário e Ronaldinho JUNTOS.”“Uma vitória que a dupla de atacantes quer comemorar jogando JUNTA pormuito tempo ainda.”

OBSERVAÇÃO 1:JUNTO A / JUNTO DE (=perto de)São sinônimos e invariáveis. “Os dois chutes passaram JUNTO À trave.” “Os reservas estão JUNTO DA comissão técnica.” “Os hotéis ficam JUNTO AO viaduto.” “As casas estão JUNTO DA farmácia.”OBSERVAÇÃO 2:Devemos evitar o uso de JUNTO A com outro sentido que não seja de “pertode”: “Ele está preocupado com seu prestígio JUNTO À torcida.”

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É preferível: “...COM a torcida.” “O governo solicitou um empréstimo JUNTO AO Banco Mundial.”É preferível: “...NO Banco Mundial.”

24. O LOTAÇÃO ou A LOTAÇÃO ?O LOTAÇÃO é o “veículo de transporte” (=microônibus);A LOTAÇÃO é o “ato de lotar”. “Entrou NO LOTAÇÃO e sumiu”. “Estamos com A LOTAÇÃO esgotada.”

25. MEIO ou MEIA ?Como numeral (=metade), deve concordar: “Tomou MEIO litro de vodca.” “Tomou MEIA garrafa de vodca.” “Tomou uma garrafa e MEIA.” “Leu um capítulo e MEIO.” “São duas e MEIA da tarde.” “É meio-dia e MEIA.”

OBSERVAÇÃO:Como advérbio (=mais ou menos), é invariável: “A aluna ficou MEIO nervosa.” “A diretoria está MEIO insatisfeita.” “Os clientes andam MEIO aborrecidos.”

26. MELHOR ou MELHORES ?A palavra MELHOR só pluraliza quando for adjetivo (= mais bom): “Eles foram os MELHORES em campo.”A palavra MELHOR torna-se invariável quando for advérbio (= mais bem): “Eles analisaram MELHOR os fatos.” “Eles se colocaram MELHOR.”

OBSERVAÇÃO 1:Devemos usar a forma MAIS BEM antes de particípios verbais: “Os fatos foram MAIS BEM analisados.” “Eles estão MAIS BEM colocados.” “Até os ministros MAIS BEM colocados obtiveram índices baixos.”“Estes são os esqueletos de macaco MAIS BEM preservados(...) serápossível estudar MELHOR seus hábitos...”“O Corinthians tem vinte e oito pontos e completa o grupo dois oitoMAIS BEM colocados.” “Aquele projeto é o melhor, o MAIS BEM-FEITO.” “O melhor jogador do mundo não é o MAIS BEM pago.” “Quem será o brasileiro MAIS BEM colocado?” “Ele provou que estava MAIS BEM preparado.”OBSERVAÇÃO 2:A mesma regra se aplica a MAIS MAL, MENOS BEM e MENOS MAL. “Ele é o jogador MAIS MAL pago do futebol brasileiro.” “Nunca vi termo MAIS MAL utilizado que esse.”

27. MENOS ou MENAS ?MENAS não existe. Use sempre MENOS. “Vieram MENOS pessoas que o esperado.”

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“Isso é de MENOS importância.”

28. MESMO ou MESMA ?MESMO (=próprio) é pronome e deve concordar. “Andréia prefere a salgada e o brigadeiro é ela MESMA que faz.” “Nós MESMOS resolvemos o caso.” “As meninas feriram a si MESMAS.”

OBSERVAÇÃO:MESMO (=até, inclusive) é invariável: “MESMO a diretoria não resolveu o problema.” “MESMO os professores erraram aquela questão.”

29. O MILHAR ou A MILHAR ?MILHAR e MILHÃO são substantivos masculinos.“NOS MILHARES de linhas que li, não encontrei nada que meinteressasse.” “UM MILHÃO de pessoas e DOIS BILHÕES de dúvidas...” “OS DOIS MILHÕES de mulheres...

OBSERVAÇÃO:MIL é numeral, por isso, o artigo ou numeral que o acompanhe concordarácom o substantivo: “AS MIL e UMA noites...” “DOIS MIL candidatos compareceram à prova.” “DUAS MIL pessoas estavam na festa.”

30. O MODELO ou A MODELO ?MODELO é palavra masculina (gênero sobrecomum = O MODELO, seja homem oumulher). A tendência, hoje, é aceitar a sua transformação em palavraCOMUM DE DOIS GÊNEROS (=O MODELO e A MODELO). “Ela é A MODELO mais famosa do Brasil.”

31. MONSTRO ou MONSTRA ?Todo substantivo, no papel de adjetivo, é INVARIÁVEL. “Foram realizados diversos comícios MONSTRO.” “O juiz recebeu uma vaia MONSTRO.”

OBSERVAÇÃO:O nome de coisa (=substantivo), usado como cor (=adjetivo), éINVARIÁVEL: “Comprou uma blusa VINHO.” “Comprou duas camisas LARANJA.”

32. OBRIGADO ou OBRIGADA ?As mulheres devem dizer OBRIGADA. “Muito OBRIGADA, disse ela.”

33. O ÓCULOS ou OS ÓCULOS ?ÓCULOS é um substantivo PLURAL. “Onde ESTÃO OS MEUS ÓCULOS?”

34. UM OMELETE ou UMA OMELETE ?

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OMELETE é um substantivo FEMININO. “Ela vai comer UMA OMELETE.”

35. O PERSONAGEM ou A PERSONAGEM.Toda palavra terminada em “gem” é feminina. Deveria ser A PERSONAGEM,não importando o sexo. Hoje, a tendência é usá-la como substantivo COMUMDE DOIS GÊNEROS: O PERSONAGEM MASCULINO e A PERSONAGEM FEMININA.

36. A POETA ou A POETISA ?O feminino de POETA é POETISA.Há quem atribua juízo de valor à palavra: POETISA (=mulher que fazversos) e A POETA (=uma autora de méritos).

37. A PRESIDENTA ou A PRESIDENTE ?As duas formas são aceitáveis. Prefiro:“Nélida Piñon foi a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira deLetras.”

38. QUALQUER ou QUAISQUER ?O plural de QUALQUER é um caso especial. É uma palavra composta: QUAL(plural = QUAIS) + QUER (verbo = sem plural). Portanto, o plural deQUALQUER é QUAISQUER: “Não pode estar, QUAISQUER que sejam os pretextos.”

39. QUITE ou QUITES ?Concorda normalmente com o substantivo a que se refere. “Eu estou QUITE com meus credores.” “Nós estamos QUITES.”

40. SÓ ou SÓS ?SÓ (=somente, apenas) é invariável: “Nesta sala, SÓ os dirigentes podem entrar.”SÓ (=sozinho) deve concordar: “Os dirigentes ficaram SÓS.”

41. O SÓSIA ou A SÓSIA ?SÓSIA é uma palavra masculina: “Precisamos de UM SÓSIA para aquela atriz.”

42. UM TELEFONEMA ou UMA TELEFONEMA ?TELEFONEMA é substantivo masculino. “Saiu para dar UM TELEFONEMA.”

43. TODO (=totalmente)É advérbio de intensidade. Rigorosamente é invariável. É o únicoadvérbio que podemos flexionar:“A empresa está com a sua estrutura TODA montada.” (“TODO montada” ou“TOTALMENTE montada”) “A camisa é TODA branca.” “A janela deve ser TODA pintada.”

OBSERVAÇÃO:Como pronome (=antes de substantivo), deve concordar:

Page 38: dicas protugues

“TODA janela deve ser pintada.” (=qualquer janela) “TODA a janela deve ser pintada.” (=a janela inteira) “TODO livro deve ser guardado.” “TODOS os livros devem ser guardados.”

44. VOSSA EXCELÊNCIA ficou SATISFEITO ou SATISFEITA ?VOSSA EXCELÊNCIA é um pronome de tratamento do gênero feminino, sejahomem ou mulher. Seguindo as regras gramaticais, diríamos: “VOSSAEXCELÊNCIA ficou SATISFEITA”.Entretanto, quando se trata de homem, podemos concordar com a idéiasubentendida: “VOSSA EXCELÊNCIA ficou SATISFEITO”. É que chamamosSilepse de Gênero. É uma forma muito usual e totalmente aceitável.Ao se dirigir a um juiz, você poderia perfeitamente dizer: “VossaExcelência foi muito JUSTA”. Se ele se ofender, de duas uma: ou ele nãoconhece a nossa gramática ou “não tem lá muita segurança”. Que aconcordância no feminino está correta, não há dúvida. Dizem que éperigoso. Imagine você perguntando a um ministro: “Vossa Excelência estaCANSADA?” E ele responde: “É verdade, estou MORTA.” (???)

45. ZERO GRAU ou ZERO GRAUS ?O numeral ZERO deixa a palavra seguinte no SINGULAR. “Estava ZERO GRAU.” “É ZERO HORA.”

Por Fascículo > 4. Verbos

Uso dos verbos irregularesUso do IMPERATIVOUso do INFINITIVOUso do PARTICÍPIO

Flexões VerbaisUso dos verbos irregulares

1. Eu ABULO ou ABOLO ?Nenhum dos dois.O verbo ABOLIR é defectivo (=não possui a 1ª pessoa do singular dopresente do indicativo e nenhuma do presente do subjuntivo):[FieldElemFormat=gif]A solução é “eu estou abolindo”.

2. Eu ADÉQUO ou ADEQUO ?Nenhum dos dois. O verbo ADEQUAR é defectivo: no presente do indicativosó apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural; nada no presente dosubjuntivo; pretérito e futuro são normais.[FieldElemFormat=gif]Portanto, dizer que “isto não se adéqua ou adequa ...” está errado.A solução é: “isto não está adequado ou não é adequado...”

3. Eu ADIRO ou ADERO ?O certo é ADIRO.[FieldElemFormat=gif]

Page 39: dicas protugues

OBSERVAÇÃO 1:Quando um verbo é irregular na 1ª pessoa do singular do presente doindicativo (ADERIR > eu adiro), todo o presente do subjuntivo éirregular (que eu adira, que tu adiras...)

OBSERVAÇÃO 2:A irregularidade de mudar a vogal “e” em “i” (=na 1a pess. do sing. dopresente do indicativo e em todo o presente do subjuntivo) ocorre emoutros verbos: FERIR (firo), AFERIR (afiro), INGERIR (ingiro), INSERIR(insiro), PRETERIR (pretiro), COMPETIR (compito), REPETIR (repito),DESPIR (dispo), DISCERNIR (discirno), DIVERGIR (divirjo), ADVERTIR(advirto), REFLETIR (reflito), SEGUIR (sigo), SENTIR (sinto), MENTIR(minto), SERVIR (sirvo), VESTIR (visto), INVESTIR (invisto), IMPELIR(impilo)...

4. Eu APAZÍGUO ou APAZIGUO ?O certo é APAZIGUO (=sílaba tônica é a penúltima: “gu”).Os verbos APAZIGUAR, AVERIGUAR, OBLIQUAR, ARGÜIR... apresentam avogal “u” tônica, nas formas rizotônicas (=1a, 2ª, 3ª pessoa do singulare 3ª do plural dos tempos do presente):PRESENTE DO INDICATIVO[FieldElemFormat=gif]

PRESENTE DO SUBJUNTIVO (=que...)[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÕES:a) Quando a vogal “u” é tônica e seguida de “e” ou “i”, devemos usar oacento agudo: que eu apazigúe, tu apazigúes, ele averigúe, elesaverigúem, tu argúis, ele argúi, eles argúem...b) Quando a vogal “u” não é tônica, é pronunciada e seguida de “e” ou“i”, devemos usar o trema: nós argüimos, vós argüis, que nósapazigüemos, averigüemos, averigüeis...c) Quando a vogal “u”, tônica ou átona, é seguida de “o” ou “a”, nãodevemos usar nem trema nem acento agudo: apaziguo, averiguo, arguo,apazigua, averigua, argua, apaziguamos, averiguamos, arguamos...

5. Eu ARREIO ou ARRIO ?Os dois estão certos.Eu ARREIO é do verbo ARREAR (=pôr os arreios);Eu ARRIO é do verbo ARRIAR (=abaixar, descer).

OBSERVAÇÃO 1:Todos os verbos terminados em “-EAR” (ARREAR, CEAR, FREAR, PASSEAR,PENTEAR, RECEAR, RECREAR, SABOREAR...) são irregulares: fazem um ditongo“EI” nas formas rizotônicas (1ª, 2ª, 3ª do sing. e 3ª do plural, nostempos do presente):[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO 2:Os verbos terminados em “-IAR” (ARRIAR, ANUNCIAR,COPIAR, MIAR, PREMIAR,VARIAR...) são regulares, exceto: ANSIAR, INCENDIAR, ODIAR, MEDIAR,INTERMEDIAR e REMEDIAR, que são irregulares (= ditongo “EI” nas formas

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rizotônicas):Observe a diferença:PRESENTE DO INDICATIVO[FieldElemFormat=gif]

PRESENTE DO SUBJUNTIVO[FieldElemFormat=gif]

Portanto, o certo é:Ele anseia, incendeia, odeia, medeia, intermedeia e remedeia(=irregulares); mas...Ele arria, anuncia, copia, mia, premia, varia...O verbo MAQUIAR (=maquilar) também é regular: maquio, maquias, maquia...

6. Eu CAIBO ou CABO ?O certo é CAIBO.No presente do indicativo, a irregularidade está só na 1ª pessoa dosingular: eu CAIBO, tu cabes, ele cabe...Portanto, todo o presente do subjuntivo será irregular: que eu CAIBA, tuCAIBAS, ele CAIBA, nós CAIBAMOS, vós CAIBAIS, eles CAIBAM.Nos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, ocorre outrairregularidade:Pretérito Perfeito do Indicativo: eu COUBE, tu COUBESTE, ele COUBE...Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: COUBERAFuturo do Subjuntivo: quando eu COUBER

7. Eu COLORO (“ô”) ou COLORO (“ó”) ?Nenhum dos dois.O verbo COLORIR é defectivo. Não possui a 1ª pessoa do singular dopresentedo indicativo e nada no presente do subjuntivo.A solução é “eu estou colorindo”.

8. Eu COMPUTO, tu COMPUTAS, ele COMPUTA ?Nenhum dos três.O verbo COMPUTAR é defectivo. No presente do indicativo, só apresentaplural:nós COMPUTAMOSvós COMPUTAISeles COMPUTAM.O pretérito e o futuro são regulares.Se a forma ele computa é inaceitável, podemos usar “ele está computando”ou substituir por um sinônimo (=”ele calcula”).

9. Eles CRÊM ou CRÊEM ?O certo é CRÊEM.Os verbos CRER, DAR, LER e VER (=grupo CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ) são os únicos quefazem o hiato “-ÊEM” na 3ª pessoa do plural:Ele crê - eles CRÊEMQue ele dê - eles DÊEMEle lê - eles LÊEMEle vê - eles VÊEM

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OBSERVAÇÃO 1:Os verbos derivados do grupo CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ seguem esta regra: elesdescrêem, relêem, prevêem...OBSERVAÇÃO 2:Cuidado com o pretérito perfeito do indicativo do verbo CRER: eu CRI,ele CREU, eles CRERAM.

10. Eu DEMULO ou DEMOLO ?Nenhum dos dois.O verbo DEMOLIR é defectivo (=ABOLIR): não possui a 1ª pessoa dosingulardo presente do indicativo e nada no presente do subjuntivo.A solução é: “eu estou demolindo” ou “eu destruo”.

11. Eles DETERAM ou DETIVERAM ?O certo é DETIVERAM.O verbo DETER, como todos os derivados do verbo TER (=ABSTER, ATER,CONTER, MANTER, OBTER, RETER...), deve seguir o modelo do verboprimitivo:Ele teve - ele DETEVE (=absteve, manteve...)Eles tiveram - eles DETIVERAM (=mantiveram, retiveram...)Se ele tivesse - ele DETIVESSE (=contivesse, mantivesse...)Quando eu tiver - eu DETIVER (=obtiver, retiver...)

O VERBO é, provavelmente, um “ser traumatizado”. É mal falado desde ainfância. As crianças o detestam e os adultos o maltratam, mas todosprecisam dele. Sem o VERBO, nossa comunicação seria muito deficiente.Os verbos irregulares são os que mais sofrem em nossas mãos. Lirecentemente no JB: “Se eles conterem o emocional chegam à final”. Alémda rima (emocional e final), podemos observar o mau uso do verbo CONTER.O certo é: “Se eles CONTIVEREM o emocional...”O verbo CONTER é derivado do verbo TER. Deve, por isso, seguir aconjugação do verbo primitivo (=TER): “Se eles TIVEREM...” > “Se eles CONTIVEREM...”Esta regra vale para todos os verbos derivados de TER: CONTER, MANTER,DETER, RETER, OBTER, ABSTER...Há muito tempo, encontrei esta manchete num bom jornal: “Policiais não deteram os suspeitos.”Deve ser por isso que eles fogem! Deteram é impossível! O certo é: “Policiais não DETIVERAM os suspeitos.”A 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo do verbo TER éTIVERAM. Assim sendo, temos: eles DETIVERAM, RETIVERAM, OBTIVERAM,MANTIVERAM...

12. Se eu DIZER ou DISSER ?O certo é “se eu DISSER”.O futuro do subjuntivo do verbo DIZER é:Se eu DISSERtu DISSERESele DISSERnós DISSERMOSvós DISSERDESeles DISSEREM

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OBSERVAÇÃO:Os verbos regulares não fazem diferença entre o infinitivo e o futuro dosubjuntivo: “Ao ENTRAR em campo, o Flamengo foi aplaudido.” (=infinitivo) “O Flamengo exigiu segurança para ENTRAR em campo.” (=infinitivo)“Quando o Flamengo ENTRAR em campo, será aplaudido.” (=futuro dosubjuntivo)“Se o Flamengo ENTRAR em campo, será aplaudido.” (=futuro dosubjuntivo)Os verbos irregulares fazem diferença: “Ao SABER a verdade, começou a chorar.” (=infinitivo) “Se SOUBER a verdade, começará a chorar.” (=futuro do subjuntivo) “Ele veio até aqui para DIZER a verdade.” (=infinitivo)“Quando ele DISSER a verdade, ninguém acreditará.” (=futuro dosubjuntivo)

13. Ele ENTUPE ou ENTOPE ?As duas formas são aceitáveis.Os verbos ENTUPIR e DESENTUPIR, hoje, são abundantes (=possuem duasformas corretas):Tu entupes ou entopes; desentupes ou desentopes;Ele entupe ou entope; desentupe ou desentope;Eles entupem ou entopem; desentupem ou desentopem.

14. Que ele ESTEJA ou ESTEJE ?O certo é ESTEJA.A desinência do presente do subjuntivo do verbo ESTAR é “a “(=ter, ser):Que eu ESTEJA, TENHA, SEJA...Portanto, quem diz “teje preso” talvez “esteje passando mal” ou “sejeinguinorante”.

15. Eles EXPORAM ou EXPUSERAM ?O certo é EXPUSERAM.O verbo EXPOR, como todos os derivados do verbo PÔR (=APOR, COMPOR,DEPOR, DISPOR, IMPOR, PROPOR, SUPOR...), deve seguir o verbo primitivo:[FieldElemFormat=gif]

16. Eu EXTORCO ou ESTOU EXTORQUINDO ?Devemos usar ESTOU EXTORQUINDO, porque o verbo EXTORQUIR é defectivo:não possui 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e nada nopresente do subjuntivo.

17. Eu FALO ou ESTOU FALINDO ?Eu FALO, se for do verbo FALAR.O verbo FALIR é defectivo - só possui nós FALIMOS e vós FALIS nopresente do indicativo; nada no presente do subjuntivo; pretérito efuturo são regulares.A solução para o verbo FALIR é “eu ESTOU FALINDO” ou “eu ESTOU INDO ÀFALÊNCIA”.

18. FAZEREM ou FIZEREM ?FAZEREM é infinitivo: “Houve uma ordem para eles FAZEREM o teste.”

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FIZEREM é futuro do subjuntivo: “Só poderão sair se FIZEREM o teste.”

19. HAVEMOS ou HEMOS ?As duas estão corretas.O verbo HAVER é abundante:PRESENTE DO INDICATIVOEu HEITu HÁSEle HÁNós HEMOS ou HAVEMOSVós HEIS ou HAVEISEles HÃO

20. Ele INTERVIU ou INTERVEIO ?O certo é INTERVEIO.O verbo INTERVIR, como todos os derivados do verbo VIR (=ADVIR, CONVIR,PROVIR, SOBREVIR...), deve seguir o verbo primitivo:[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO: a) Ele VEM (singular = sem acento); eles VÊM (plural = com acento); b) Para os verbos derivados: Ele INTERVÉM, PROVÉM, CONVÉM ... (singular = acento agudo); Eles INTERVÊM, PROVÊM, CONVÊM ... (plural = acento circunflexo).

21. Que nós LEAMOS ou LEIAMOS ?O certo é LEIAMOS.A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo é: “Eu LEIO”.Conseqüentemente, todo o presente subjuntivo será irregular também:Que... Eu LEIATu LEIASEle LEIANós LEIAMOSVós LEIAISEles LEIAM

22. Se eu MANTESSE ou MANTIVESSE ?O certo é MANTIVESSE.MANTER é derivado do verbo TER, por isso deve seguir o modelo do verboprimitivo:Se eu tivesse - MANTIVESSEOntem eles tiveram - MANTIVERAMQuando nós tivermos - MANTIVERMOS

Na triste derrota do Brasil para a Itália (2 x 3) na Copa da Espanha em1982, ouvi, com mais tristeza ainda, um de nossos comentaristasesportivos afirmar: “Era necessário que o Brasil mantesse o empate.”Mas...é por isso que perdemos. Não sabemos nem falar! O certo é : “Eranecessário que o Brasil MANTIVESSE o empate.”O verbo TER, no pretérito imperfeito do subjuntivo, fica: “se eleTIVESSE”. Logo, devemos usar: MANTIVESSE, RETIVESSE, CONTIVESSE,OBTIVESSE...

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23. Eu MEÇO ou MESSO ?O certo é MEÇO.MEDIR apresenta a mesma irregularidade do verbo PEDIR:Eu peço - eu meçoEle pede - ele medeQue ele peça - que ele meça

24. Eu MOBÍLIO ou MOBILIOO certo é MOBÍLIO (=com sílaba tônica no “bí”).O verbo MOBILIAR só é irregular quanto à sílaba tônica. Nas formasrizotônicas, “bí” é a sílaba tônica (=com acento agudo):[FieldElemFormat=gif]

25. Eu OPTO ou ÓPITO ou OPITO ?O certo é OPTO.O verbo OPTAR não possui “i”:Eu opto, tu optas, ele opta, nós optamos, vós optais, eles optam.

26. PERCA ou PERDA ?PERDA é o substantivo: “Houve uma PERDA irreparável.”PERCA é verbo (=presente do subjuntivo): “É preciso que você PERCA trêsquilos.”

27. PODE ou PÔDE ou POUDE ?Poude não existe.Ele PODE (=presente do indicativo);Ele PÔDE (=pretérito perfeito do indicativo).[FieldElemFormat=gif]

28. Se eu POR, PUZER ou PUSER ?O certo é PUSER.POR (=sem acento) é preposição: “Eu vou POR este caminho”.PÔR é o infinitivo do verbo: “Eu vou PÔR o livro sobre a mesa.”PUSER é o futuro do subjuntivo: “Se você PUSER o casaco, sairemos.”OBSERVAÇÃO:Nas formas verbais de PÔR, o som “zê” é escrito sempre com “s”:Eu pus, tu puseste, ele pôs, pusemos, puseram, pusesse, pusera,pusermos, puserem...

29. Eu me PRECAVENHO ou PRECAVEJO ?Nenhum dos dois.O verbo PRECAVER-SE é defectivo:no presente do indicativo, só possui PRECAVEMOS e PRECAVEIS;no presente do subjuntivo, nada;o pretérito e o futuro são regulares (ele se PRECAVEU, ele sePRECAVERÁ).A solução é “estou me precavendo” ou substituir por sinônimo (=”eu meprevino”, “eu tomo cuidado”...)

30. PROVEJO ou PROVENHO ?PROVEJO é do verbo PROVER (=abastecer);PROVENHO é do ver PROVIR (=originar, vir de).

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OBSERVAÇÃO 1:O verbo PROVIR segue o verbo VIR:Eu venho - eu provenhoEle vem - ele provémEles vêm - eles provêmNós vimos - nós provimos (=presente do indicativo)Nós viemos - nós proviemos (=pretérito perfeito do indicativo)Eu vim - eu provimEle veio - ele proveioEles vieram - eles provieramSe eu viesse - se eu proviesseQuando eu vier - quando eu provier

OBSERVAÇÃO 2:O verbo PROVER só segue o verbo VER nos tempos do presente:Eu vejo - eu provejoEle vê - ele provêEles vêem - eles provêemQue eu veja - que eu provejaNo pretérito e no futuro, é REGULAR:Ele proveu, eles proveram (=pretérito perfeito do indicativo);Se eu provesse (=pretérito imperfeito do subjuntivo);Quando eu prover (=futuro do subjuntivo);Eu proverei (=futuro do presente do indicativo);Eu proveria (=futuro do pretérito do indicativo).

31. QUIZ ou QUIS ?O certo é QUIS.Nas formas do verbo QUERER, o som “zê” é sempre escrito com “s”:tu quiseste, ele quis, eles quiseram, se eu quisesse, quando euquiser...

OBSERVAÇÃO:QUISER é futuro do subjuntivo: quando eu quiser, se eu quiser...QUERER é infinitivo: “Fez isso para eu querer sair.”

32. Eu REAVEJO ou REAVENHO ?Nenhum dos dois.O verbo REAVER é defectivo:no presente do indicativo, só há nós REAVEMOS e vós REAVEIS;no presente do subjuntivo, nada;no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER.A solução é “eu estou reavendo” ou substituir por um sinônimo: “eurecupero”.

33. REAVERAM ou REAVIRAM ?É a “famosa” dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER:Ele houve - ele REOUVENós houvemos - nós REOUVEMOSEles houveram - eles REOUVERAMSe eu houvesse - se eu REOUVESSEQuando ele houver - quando ele REOUVER

Page 46: dicas protugues

REAVER não é “ver de novo”. REAVER é “haver de novo”, por isso deveseguir o verbo HAVER

34. Ele REQUEREU ou REQUIS ?O certo é REQUEREU.REQUERER não é derivado do verbo QUERER. REQUERER não é “querer denovo”:Eu requeiro (=presente indicativo), que eu requeira (=presente dosubjuntivo);no pretérito e no futuro, REQUERER é regular: eu requeri, tu requereste,ele REQUEREU, eles requereram (pret.perf.ind.); se eu requeresse(pret.imp.subj.); quando ele requerer (fut.subj.)...Nos tempos do passado e do futuro, o verbo REQUERER deve ser usadosegundo o padrão dos verbos regulares da 2ª conjugação:[FieldElemFormat=gif]

35. Que eu ROBE ou ROUBE ?O certo é ROUBE.O verbo é ROUBAR (=sempre com a vogal “u”).

36. SABER ou SOUBER ?SABER é infinitivo: “Estude para você SABER mais.”SOUBER é futuro do subjuntivo: “Se eu SOUBER...”, “Quando vocêSOUBER...”

37. SAIA ou SAÍA ?SAIA (=sem acento agudo) é presente do subjuntivo: que eu SAIA;SAÍA (=com acento agudo) é pretérito imperfeito do indicativo:antigamente eu SAÍA...

OBSERVAÇÃO:O mesmo se aplica ao verbo CAIR:CAIA (=presente do subjuntivo);CAÍA (=pretérito perfeito do indicativo).

38. TEM ou TÊM ou TÊEM ?TÊEM não existe.Ele TEM (=3ª pessoa do singular do presente do indicativo);Eles TÊM (=3ª pessoa do plural do presente do indicativo).

OBSERVAÇÃO 1:Os verbos TER e VIR seguem o mesmo esquema:3ª p. sing. = ele tem - ele vem (=sem acento gráfico);3ª p. plur. = eles têm - eles vêm (=com acento circunflexo).

OBSERVAÇÃO 2:Os verbos derivados de TER (conter, manter...) e VIR (intervir,provir...) seguem o seguinte esquema:3ª p. sing. = ele contém, mantém, intervém, provém (=com acento agudo);3ª p. plur. = eles contêm, mantêm, intervêm, provêm (=com acentocircunflexo).

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39. TRUXE ou TROUXE ou TROUCE ?O certo é TROUXE.Truxe e trouce não existem.O pretérito perfeito do indicativo do verbo TRAZER é:Eu trouxe, tu trouxeste, ele trouxe, nós trouxemos, vós trouxestes, elestrouxeram.OBSERVAÇÃO:TRAZER é infinitivo: “Calou-se para não nos TRAZER problemas.”TROUXER é futuro do subjuntivo: “Se eu TROUXER, quando ele TROUXER...”

40. Eu VALHO ou VALO ?O certo é VALHO.A irregularidade do verbo VALER é apresentar “lh” na 1ª pessoa dosingular do presente do indicativo e, conseqüentemente, em todo opresente do subjuntivo:[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO:O verbo EQUIVALER segue o verbo VALER:Que ele VALHA - “É necessário que isto se EQUIVALHA...”

41. Quando você VER ou VIR ?O certo é “quando você VIR o filme”.O futuro do subjuntivo do verbo VER é VIR:Quando eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.O futuro do subjuntivo do verbo VIR é VIER:Quando eu VIER, tu VIERES, ele VIER, nós VIERMOS, vós VIERDES, elesVIEREM.OBSERVAÇÃO:O derivados do verbo VER (=antever, prever, rever...) seguem o verboprimitivo:Eu vejo - eu prevejo (=pres. ind.)Ele vê - ele prevêEles vêem - eles prevêemEu vi - eu previ (=pret. perf. ind.)Ele viu - ele previuEles viram - eles previramSe eu visse - se eu previsse (=pret. imp. subj.)Quando eu vir - quando eu previr (=fut. subj.)Na linguagem coloquial, é freqüente ouvirmos a frase: “Quando a gente sever de novo...” O correto é: “Quando nós nos VIRMOS novamente...”

42. VIAGEM ou VIAJEM ?VIAGEM é substantivo: “A VIAGEM foi ótima”.VIAJEM é verbo (=pres. subj.): “Quero que vocês VIAJEM amanhã.”

43. VIGENDO ou VIGINDO ?O gerúndio do verbo VIGER (=vigorar) é VIGENDO: “Este contrato aindaestáVIGENDO (=vigorando, valendo, dentro do prazo VIGENTE).

44. VIMOS ou VIEMOS ?“Ontem nós VIMOS o filme.” (=pretérito perfeito do indicativo do verbo

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VER);“Ontem nós VIEMOS à reunião.” (=pret. perfeito do indicativo do verboVIR);“VIMOS, por meio desta, solicitar...” (=presente do indicativo do verboVIR).

45. VEM ou VÊM ou VÊEM ?Ele VEM (=3ª pessoa do singular do verbo VIR);Eles VÊM (=3ª pessoa do plural do verbo VIR);Eles VÊEM (=3ª pessoa do plural do verbo VER).Observe a diferença:[FieldElemFormat=gif]

Se você costuma ter essa dúvida ou já perdeu seu tempo com esseproblema, observe o esquema abaixo:1. Grupo do CRÊ-DÊ-LÊ-VÊOs verbos CRER, DAR, LER e VER são os únicos que na 3ª pessoa do pluralterminam em “-ÊEM”:Ele crê - eles crêem;Ele dê - eles dêem (=presente do subjuntivo);Ele lê - eles lêem;Ele vê - eles vêem.Esta regra também se aplica aos verbos derivados:Ele relê - eles relêem;Ele prevê - eles prevêem.

2. Dupla TER e VIRNa 3ª pessoa do singular, não têm acento gráfico; na 3ª pessoa doplural, terminam em “-ÊM”:Ele tem - eles têm;Ele vem - eles vêm.

3. Verbos derivados de TER e VIR: DETER, RETER, MANTER, CONVIR, PROVIR,INTERVIR...Na 3ª pessoa do singular, têm acento agudo; na 3ª pessoa do plural, têmacento circunflexo:Ele detém - eles detêm;Ele intervém - eles intervêm.Cuidado! “É preciso que vocês CONTEM tudo.” (=verbo CONTAR); “A garrafa CONTÉM gasolina.” (=verbo CONTER, 3ª pessoa do singular); “As garrafas CONTÊM gasolina.” (=verbo CONTER, 3ª pessoa do plural).

Outro perigo: “...que eles PROVEM...” (=verbo PROVAR, no presente do subjuntivo); “...ele PROVÉM...” (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do singular); “...eles PROVÊM...” (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do plural); “...eles PROVÊEM...” (=verbo PROVER, na 3ª pessoa do plural).

Para você não esquecer: “Eles VÊM.” (=verbo VIR) “Eles VÊEM.” (=verbo VER)Se você vê com “dois olhos”, eles VÊEM com “êe”.

Page 49: dicas protugues

46. Tinha VIDO ou VINDO ?O particípio do verbo VIR é VINDO (igual ao gerúndio):“Ele tinha VINDO de outra empresa.” (=particípio);“Ele está VINDO para cá.” (=gerúndio).

Uso do IMPERATIVO

“VEM ou VENHA para Caixa você também.” ? ? ?O certo é VENHA.A 3ª pessoa (=você) deriva-se do presente do subjuntivo (=que você venha- VENHA você);A 2ª pessoa (=tu) deriva-se do presente do indicativo com a supressão do“s” (=tu vens - VEM tu).Embora freqüente na linguagem falada brasileira, devemos evitar amistura de tratamentos (2ª e 3ª = tu e você).Ou usamos a 3ª pessoa: “VENHA para Caixa você também”; Ou usamos a 2ªpessoa: “Mas...bá guri, VEM pra Caixa TU também, tchê”.

Há dois imperativos.1. Imperativo Afirmativo:a) A 2ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural são derivadas dopresente do indicativo com a supressão do “s” (exceto o verbo SER):[FieldElemFormat=gif]

[FieldElemFormat=gif]EXCEÇÃO:Tu és - SÊ tuVós sois - SEDE vós

b) A 3ª pessoa (=você), a 1ª e 3ª do plural são derivadas do presente dosubjuntivo:[FieldElemFormat=gif]2. Imperativo Negativo:Todas as pessoas se derivam do presente do subjuntivo:[FieldElemFormat=gif]

Observe a frase:“JOGA fora no lixo. MANTENHA a cidade limpa.”Está errada. Há mistura de tratamento: JOGA (tu) e MANTENHA (você).Há duas opções corretas: “JOGUE fora no lixo. MANTENHA a cidade limpa.” (=você)ou “JOGA fora no lixo. MANTÉM a cidade limpa.” (=tu).Observe a derivação:2ª pessoa (=tu) do imperativo afirmativo vem do presente do indicativo(=sem “s”):Tu jogas - JOGA (tu)Tu manténs - MANTÉM (tu)3ª pessoa (=você) do imperativo afirmativo vem do presente dosubjuntivo:Que você jogue - JOGUE (você)Que você mantenha - MANTENHA (você)

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Uso do INFINITIVO

1. “Vocês devem, sempre que possível, FAZER ou FAZEREM o trabalho” ? ? ?O certo é: “Vocês DEVEM FAZER o trabalho.”Em locuções verbais, devemos usar o INFINITIVO IMPESSOAL (=não seflexiona): “Os deputados DEVERIAM ANALISAR o caso com urgência.”“Os contribuintes PODERÃO, a partir da próxima semana, PAGARantecipadamente o IPTU.”

2. “Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema” ? ? ?

Alguns autores afirmam que é um caso facultativo, outros dizemque devemos usar o infinitivo não flexionado. No JB, nós não discutimosse é facultativo ou não. A nossa preferência é o SINGULAR:“Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema.”“Os torcedores vieram ao estádio só PARA VAIAR o time.”“Nós saímos PARA ALMOÇAR.”

OBSERVAÇÃO 1:Quando o sujeito do infinitivo estiver claramente expresso, devemos usaro infinitivo flexionado: “Houve uma ordem PARA os técnicos RESOLVEREM o problema.” “Houve uma ordem PARA nós RESOLVERMOS o problema.”

OBSERVAÇÃO 2:Em caso de ambigüidade, preferimos o PLURAL (=o verbo no plural enfatizao agente em vez do fato): “O professor liberou seus alunos para IREM ao jogo.”

OBSERVAÇÃO 3:Na voz passiva e com os verbos de ligação (=SER, ESTAR, FICAR,TORNAR-SE...) também podemos usar o infinitivo no PLURAL: “Ela trouxe os presentes PARA SEREM ENTREGUES às crianças.” “Eles correram muito PARA SEREM os campeões.”

3. “Eles foram proibidos DE SAIR ou SAÍREM” ? ? ?O certo é: “Eles foram proibidos DE SAIR”.Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione comocomplemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal:“Os manifestantes foram impedidos DE INVADIR o congresso.”“Eles foram obrigados A FICAR em pé durante duas horas.”“A desinformação leva milhares de pessoas A FAZER a mesma coisa.”

4. “O diretor mandou seus funcionários SAIR ou SAÍREM” ? ? ?É outro caso discutível.Quando o infinitivo vem antecedido de um verbo causativo ou sensitivo(=MANDAR, DEIXAR, FAZER, VER, OUVIR...), temos um grande problema:alguns autores consideram um caso facultativo, outros afirmam que oinfinitivo não se flexiona e há, ainda, aqueles que dizem serobrigatória a flexão do infinitivo.A minha sugestão é a seguinte:a) Se o sujeito vier claramente expresso antes do infinitivo, a

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concordância é obrigatória: “O diretor mandou seus funcionários SAÍREM.” “O plano fez preços DESPENCAREM.”b) Se o sujeito não vier claramente expresso antes do infinitivo, éfacultativo. A preferência é o SINGULAR: “Deixai VIR a mim as criancinhas.” “Mandei ENTRAR todos os convidados.”c) Se o sujeito do infinitivo for expresso por um pronome oblíquo (=os,as, nos...), devemos usar o verbo no SINGULAR: “Mandei-os ENTRAR.” “Ele não as deixou FALAR.”

Uso do PARTICÍPIO

“Ele tinha ENTREGUE ou ENTREGADO os documentos.”O certo é “TINHA ENTREGADO”.Quando o verbo possui dois particípios (=verbos abundantes), a regra é aseguinte:a) Com o verbo auxiliar TER (ou HAVER), devemos usar a forma regular(=com terminação “-ado” ou “-ido”).b) Com o verbo auxiliar SER (ou ESTAR), devemos usar a forma irregular. “Ele TINHA ENTREGADO os documentos.” “Os documentos FORAM ENTREGUES por ele.”Observe outros exemplos:[FieldElemFormat=gif]OBSERVAÇÃO 1:A princípio, esta regra se aplica aos verbos GANHAR (ganho e ganhado);GASTAR (gasto e gastado); PAGAR (pago e pagado) e PEGAR (pego e pegado):“Ele tinha ganhado, gastado, pagado e pegado”; “Isso foi ganho, gasto, pago e pego”.As formas regulares estão em desuso. Muitos autores aceitam as formasirregulares até com os verbos TER e HAVER: “Ele TINHA GANHO, TINHA GASTO, TINHA PAGO e TINHA PEGO”.

OBSERVAÇÃO 2:Os verbos TRAZER e CHEGAR não são abundantes. Possuem apenas umparticípio: TRAZIDO e CHEGADO. Na linguagem culta, não aceitamos tragonem chego: “Isso foi trago por mim”, “Ele tinha chego atrasado” .Por Fascículo > 5. Regência

I) Introdução - Que é Regência ?II) Regência NominalIII) Regência VerbalIV) Uso das Preposições - Casos especiais:

I) - Introdução - Que é Regência?

A regência dos verbos e dos nomes determina se os seus complementosdevem ou não ser preposicionados.Os nomes (=substantivos, adjetivos e advérbios) pedem os complementosnominais (=sempre com preposição). A Regência Nominal determina quepreposição devemos usar:“Ele fez referência (=substantivo) a este caso (=compl.nominal).”

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Quem faz referência sempre faz referência “a” alguma coisa.“Ele tem necessidade (=substantivo) de dinheiro (=compl.nom.).”Quem tem necessidade tem necessidade “de” alguma coisa.Observe que não há regras. A regência de uma palavra é um casoparticular. Cada palavra pede o seu complemento e “rege” a suapreposição. Ninguém precisa “decorar” que “quem faz referência fazreferência “a” alguma coisa” ou “que tem necessidade “de” alguma coisa”.Na verdade, nós aprendemos regência “de ouvido”. O fato de falar, ouvir,ler e escrever em língua portuguesa é o que nos leva a saber qualpreposição devemos usar.E aqui está o “perigo”.Nosso ouvido nem sempre está “bem-educado”. Existe uma regência nalinguagem popular que deve ser evitada em textos formais, em situaçõesque exijam uma linguagem mais cuidada, mais clássica. O uso do verboPREFERIR é um “belo” exemplo disso. É freqüente ouvirmos:“Prefiro muito mais ir na praia do que trabalhar.”Temos aqui um festival de asneiras. A primeira é a mania de “preferirmais”. Você já viu alguém “preferir menos”? Isso significa que “preferirmais” é uma redundância. E “preferir muito mais” é “uma asneira muitomaior”.O segundo erro é a regência do verbo IR: quem vai sempre vai “a” algumlugar. Devemos ir “à praia”. “IR em algum lugar” é vício de linguagem:“vou no cinema”, “fui no Banco”, “vai no banheiro”... Devemos “IR aocinema, ao Banco, ao banheiro...” É verdade que muitas vezes, quandoqueremos ou precisamos ir ao banheiro, não “dá tempo pra pensar qual é apreposição certa”. É recomendável ir logo.É interessante lembrar também a diferença entre “IR a” e “IR para”.Devemos “IR a algum lugar” se houver a idéia de “volta imediata” e “IRpara algum lugar” se houver idéia de “permanência, ida em definitivo ousem data para voltar”. Se “o diretor vai a Brasília”, entende-se umaviagem rápida, a serviço por exemplo, com retorno no mesmo dia ou no diaseguinte. Entretanto, se “o diretor vai para Brasília”, entende-se queou “vai morar em Brasília” ou “permanecer um bom tempo, sem data devolta”. Agora você já sabe qual é a diferença entre mandar alguém “a” ou“para” aquele lugar. Se você “mandá-lo para” e ele voltar, é porque nãosabe regência.Finalmente o terceiro erro: a regência do verbo PREFERIR. Quem preferesempre prefere alguma coisa “a” outra coisa. É um verbo transitivodireto e indireto. Devemos observar que o objeto indireto deve vir com apreposição “a”. O uso de “do que” é característico da regência popular,e devemos evitar em texto formais que exijam uma regência clássica.Em textos nos quais se exija uma linguagem mais cuidada, devemos usar:“Prefiro ir à praia a trabalhar”.Portanto, devemos estudar Regência para tirar algumas dúvidas, porexemplo: “Isto está próximo “a” ou “de” alguma coisa”? A resposta é“tanto faz”. Com o adjetivo próximo, você pode usar a preposição “a” oua preposição “de”.Velamos alguns casos especiais:

II) - Regência Nominal

Listamos a seguir alguns substantivos e adjetivos cuja regência merecematenção:

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Acessível aAcostumado a ou comAdequado aAlheio aAlusão aAnálogo aAnsioso porApologia deApto a ou paraAtenção a ou paraAtento a ou emÁvido de ou porBenéfico aCompatível comConsulta aCurioso deDesacostumado a ou comDesatento aDesejoso deDesfavorável aDesrespeito aEquivalente aFalta aFavorável aFiel aGrato aGrudado aGuerra aHábil emHabituado aHostil aIda aImpotente para ou contraImpróprio paraInábil paraInacessível aIncapaz de ou paraIncompatível comIngrato comIntolerante comInvasão deJunto a ou deLeal aMaior deMorador emNatural deNecessário aNecessidade deNocivo aObediente aOblíquo aÓdio a ou contra

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Odioso a ou paraOposto aParecido a ou comParalelo aPassível dePreferência a ou porPreferível aPrestes a ou paraPronto para ou emPropensão paraPróprio de ou paraPróximo a ou deQuerido de ou porResidente emRespeito a ou porSemelhante aSimpatia porSimpático aSito emSituado emSuperior aUnião com ou entreÚtil a ou para

III) - Regência Verbal

Quanto à regência verbal, os verbos estão divididos em:

a) TRANSITIVOS DIRETOS: pedem OBJETOS DIRETOS (=complementos verbais sempreposição).“Eu vejo (TD) o jogo (OD).”(quem vê sempre vê alguma coisa)

b) TRANSITIVOS INDIRETOS: pedem OBJETOS INDIRETOS (=complementos verbaiscom preposição).“Eu me referi (TI) ao jogo (OI).”“Eu gostei (TI) do jogo (OI).”

OBSERVAÇÃO 1:Em caso de dúvida, sugiro um consulta aos nossos dicionários. Muitos nãosabem que podemos descobrir a regência das palavras nos bonsdicionários.Se você ficar em dúvida se “deve ajudar o colega ou ao colega”, se “deveobedecer o chefe ou ao chefe”, vá ao dicionário. Lá você descobrirá queAJUDAR é transitivo direto e que OBEDECER é transitivo indireto. Assimnão haverá mais dúvida: devemos “ajudar (TD) o colega (OD)” e “obedecer(TI) ao chefe (OI)”.Caso o seu objetivo seja um concurso no qual a consulta aos dicionáriosseja proibida, sugiro “muitos exercícios” e uma “boa decoreba”. Se issonão for feito, você corre o risco de ser enganado por nossas placas detrânsito. Você provavelmente já viu em alguma esquina: “OBEDEÇA OSINAL”. Deve ser por isso que muitos não obedecem! Está errado. O certoé: “OBEDEÇA AO SINAL”.

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OBSERVAÇÃO 2:Alguns verbos podem ser transitivos diretos ou indiretos. A regênciamuda segundo o seu significado:ASPIRAR (=transitivo direto): “respirar, cheirar, absorver”.ASPIRAR a (=transitivo indireto): “almejar, desejar”.“Ele aspira (TD) o perfume (OD).”“O aparelho aspira (TD) o pó (OD).”“Ele aspira (TI) a este cargo de governador(OI).”É muito triste encontrarmos “cartas de apresentação” nas quais ocandidato diz “aspirar muito este emprego”. O “coitado” ainda não foicontratado e já está “cheirando o emprego”.

c) TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS: pedem um OBJETO DIRETO e um OBJETOINDIRETO.“Eu entreguei (TDI) o documento (OD) ao diretor (OI).”

OBSERVAÇÃO 3:Devemos tomar cuidado com alguns verbos transitivos diretos e indiretos.O verbo AVISAR, por exemplo, pode ser usado de duas formas:“O professor avisou (TDI) a alteração do horário (OD) aos alunos (OI).”Ou “O professor avisou (TDI) os alunos (OD) da alteração do horário(OI).”Quem avisa pode avisar alguma coisa (OD) a alguém (OI) ou avisar alguém(OD) de alguma coisa (OI).Devemos, portanto, evitar frases em o verbo transitivo direto e indiretoapresente dois objetos diretos ou dois objetos indiretos:“O professor avisou aos alunos (OI) da alteração do horário (OI).”

OBSERVAÇÃO 4:O verbo QUEIXAR-SE é uma exceção pois “pede” dois objetos indiretos:“O aluno queixou-se do professor (OI) ao diretor (OI).”Quem se queixa sempre se queixa de alguma coisa a alguém.”

d) INTRANSITIVOS: não pedem OBJETO.“E o trema não MORREU.”

OBSERVAÇÃO 5:Com verbos intransitivos não há objetos, mas pode haver outros“complementos” (=adjuntos adverbiais):“Ele morreu ontem à noite (=adj. adv. de tempo), em Los Angeles (=adj.adv. de lugar), de insuficiência respiratória (=adj. adv. de causa).”“O gerente vai a Brasília (=adj. adv. de lugar).”

Regência de Alguns Verbos

1. AGRADARTD = “fazer agrado, fazer carinho, acariciar, contentar”: “O pai agradava os filhos.” “A loja agrada seus fregueses com muitas promoções.”TI (agradar a) = “satisfazer”: “O espetáculo não agradou ao público.” “O jogo está agradando ao torcedor.”

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OBSERVAÇÃO:Responda rapidamente: “A boa secretária é aquela que agrada o chefe ouao chefe” ? Se você respondeu “depende”, é porque já percebeu adiferença: 1a) se nos referimos a sua capacidade profissional, a boasecretária “agrada ao chefe”; 2a) se a boa secretária “agrada o chefe”,deve ser uma secretária “muito boa” e provavelmente usa “outros”atributos”...

2. AGRADECERTDI (= o objeto direto é coisa, e o indireto é pessoa):“O dono do restaurante agradeceu a preferência (OD) aos fregueses(OI).”(Devemos evitar em textos formais: “agradecer os fregueses pelapreferência”)

3. ALMEJARTD - “Ele almejava uma carreira melhor.”

4. AMARTD - “Ele amava o pai.”

5. ANSIARTI (ansiar por) - “Ele anseia por uma carreira melhor.”

6. APERCEBER-SETI (aperceber-se de) - “Ele não se apercebeu das mudanças.”

7. ASPIRARTD = “respirar, cheirar, absorver, inalar, sorver, haurir”: “Ela adora aspirar o ar do campo.” “O aparelho aspirava o pó do tapete.”TI (aspirar a ou por) = “almejar, desejar muito”: “Sempre aspirei a esse emprego.” “Ele não aspirava a nenhum cargo público.”

8. ASSISTIRTD = “prestar assistência, socorrer, ajudar”: “O médico assiste os doentes.” “Um economista está assistindo o presidente.”OBSERVAÇÃO: Alguns gramáticos consideram esse caso facultativo (TD ouTI).TI (assistir a) = “ver, presenciar, ser espectador”: “Cem mil pessoas assistiram ao jogo.” “Ontem assistimos a um belo espetáculo.”TI (assistir a) = “caber”: “Assiste ao prefeito o dever de resolver esse problema.”

9. ATENDERTD = “acolher, receber, recepcionar” (para pessoas): “O governo atenderá os prefeitos.” “As meninas estão atendendo os visitantes.” “A secretária atendeu o telefone.” (=quem telefonou) “Ela foi atender a campainha.” (=quem tocou a campainha)

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TI (atender a) = para coisas (pedidos, solicitações, intimações...): “O diretor não atendeu ao pedido do pais de alunos.” “Eles atenderam aos nossos conselhos.”

10. ATINGIR TD - “A empresa atingiu as metas desejadas.” “A novela ainda não atingiu o clímax.”

11. AVISAR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Avisamos a data aos participantes.”ou “Avisamos os participantes da data.”OBSERVAÇÃO: Devemos evitar dois objetos indiretos: “Avisamos aos participantes da data.”

12 CERTIFICARTDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Ele certificou o incidente ao diretor.”ou “Ele certificou o diretor do incidente.”

13. CERTIFICAR-SE TI (certificar-se de) - “Ele se certificou do horário estabelecido.”

14. CHAMAR TD = “fazer vir, convocar”: “O diretor chamou o aluno à sua sala.” “Estão chamando o diretor ao telefone.” TI (chamar por) = “invocar”: “Ela chamava por Santa Bárbara.” TD ou TI (=caso facultativo) = “considerar, dar nome, rotular...”: “O gerente chamou o empregado / ao empregado (de) incompetente.” “Chamei o médico / ao médico (de) um grande charlatão.”

15 CHEGARI (chegar a algum lugar) - “Ele chegou a Londres.”OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição “em”: “Ele chegou em Londres.”

16. CIENTIFICAR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Ele cientificou as mudanças aos empregados.”ou “Ele cientificou os empregados das mudanças.”

17. COMPARTILHAR TD - “Queremos compartilhar a sua alegria.” “Não compartilhamos essa opinião.”OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em textos formais, o uso da preposição “de”: “Compartilhar da sua alegria, dessa opinião...”

18. COMUNICAR TDI - o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa: “A polícia comunicou o acidente (OD) à família (OI).”

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“Nós vamos comunicar a nossa decisão ao diretor.”OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em texto formais:a) “Os vizinhos comunicaram a polícia sobre o roubo.” (=comunicar alguémsobre alguma coisa);b) “Nós não fomos comunicados do acidente.” (=somente a coisa pode sercomunicada; pessoas não podem ser comunicadas).

19. CONFIAR TI (confiar em) = “ter confiança”: “Ele sempre confiou em seus amigos.” TDI (alguma coisa a alguém) = “entregar com confiança”: “Confiou os documentos a você.”

20. CONHECER TD - “Ele não conhecia todos os convidados.”

21. CONVIDAR TD = “pedir o simples comparecimento”: “Convidei muitos amigos.” TI (convidar a) = “atrair, provocar”: “O calor não convida ao trabalho.” TDI = “convocar, solicitar presença a ou para alguma coisa”: “Convidei o engenheiro para palestra.” “Convidou o presidente a tomar a palavra.”

22. DECLINAR TD = “citar nomes, declarar”: “Ele não declinou os nomes dos marginais.” TI (declinar de) = “afastar-se, desviar-se”: “Ele declinou do caminho do bem.” TDI = “eximir-se, fugir”: “Declino de mim essa tarefa.” I = “entrar em decadência”: “A paixão declinava.”

23. DESAGRADAR TI (desagradar a) - “O resultado da pesquisa desagradou ao candidato.”

24. DESOBEDECER TI (desobedecer a) - “Eles estão desobedecendo ao regulamento.”

25. ENCARREGAR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Encarregamos o serviço ao pedreiro.” “Encarregamos o pedreiro do serviço.”

26. ENSINARTDI (alguma coisa a alguém ou alguém a fazer alguma coisa): “Ensinava computação a seus funcionários.” “Ensinava seus funcionários a usar o computador.”

27. ESQUECER TD - “Eu esqueci os documentos”.

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“Eles esqueceram a data do seu aniversário.” TI (esquecer-se de = forma pronominal): “Eu me esqueci dos documentos.” “Eles se esqueceram da data do seu aniversário.”

28. ESTIMARTD - “Ele estima todos os amigos.”OBSERVAÇÃO: Aceita-se o uso da preposição “a” com verbos transitivosdiretos que denotem sentimento: “Ele estima a todos os amigos.”

29. FAVORECER TD - “Os juízes estão favorecendo o Palmeiras.”

30. IMPEDIRTDI - “O professor impediu o aluno de sair mais cedo.”

31. IMPLICAR TD = “acarretar” “A sua decisão implica demissões.” “Toda ação implica uma reação igual e contrária.”OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em textos formais, “implicar em”: “...implica em demissões” e “...implica numa reação igual...” TI (implicar-se em = forma pronominal) = “envolver-se”: “Ele se implicou em tráfico de drogas.” TI (implicar com) = “ter implicância”: “O professor implicava com todos.”

32. INCUMBIR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Incumbimos o serviço ao pintor.”ou “Incumbimos o pintor do serviço.”

33. INFORMAR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Informei aos gerentes as últimas decisões.”ou “Informei os gerentes das últimas decisões.”OBSERVAÇÃO:A frase “Venho informar aos senhores de que, a partir de hoje, todopagamento só poderá ser feito até as 15h” está errada. Há dois objetosindiretos.Quando um verbo é transitivo direto e indireto, é necessário que hajaum objeto direto (=sem preposição) e outro indireto (=com preposição):“Venho informar os senhores (OD) de que, a partir de hoje, todopagamento só poderá ser feito até as 15h (OI).”ou “Venho informar aos senhores (OI) que, a partir de hoje, todopagamento só poderá ser feito até as 15h (OD).”

34. INVESTIR TI (investir contra) = “atacar”: “Ele investiu contra os criminosos.” TDI = “dar posse” ou “aplicar”: “O presidente investiu o irmão no cargo de diretor.”

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“Investi meu dinheiro em ações.”

35. IR I (ir a ou para) - “Vou à praia.” (=idéia de transitoriedade); “Vou para casa.” (=idéia de permanência)OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição “em”: “Vou na praia.”

36. LEMBRAR TD - “Não lembro o seu nome.” “Eles lembraram a data do seu aniversário.” TI (lembrar-se de = forma pronominal): “Não me lembro do seu nome.” “Eles se lembraram da data do seu aniversário.” TDI (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Ele lembrou a data do meu aniversário aos meus amigos.”ou “Ele lembrou os meus amigos da data do meu aniversário.” “Lembrei ao pessoal que estava na hora do almoço.”ou “Lembrei o pessoal de que estava na hora do almoço.” TD = “fazer recordar, trazer à memória”: “Seu rosto lembra meu pai.” “Esse empregado lembra o Paulo em tudo.”

37. MORAR I (morar em): “Ela mora em bairro pobre de São Paulo.” “Moramos numa rua arborizada.”

38. NAMORAR TD - “Ela namorava aquele rapaz.” “Ele está namorando a vizinha.”OBSERVAÇÃO: Não devemos usar a preposição “com”: “Ela namorava com aquele rapaz.” “Ele está namorando com a vizinha.”

39. NOTIFICAR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “O diretor notificou a decisão aos funcionários.”ou “O diretor notificou os funcionários da decisão.”

40. OBRIGAR TDI - “O governo obrigou os contribuintes a pagar mais impostos.”

41. OBEDECER TI (obedecer a) - “Devemos obedecer aos pais.” “Obedeça ao sinal.”OBSERVAÇÃO: Embora seja transitivo indireto, o verbo OBEDECER pode ser usado na voz passiva: “O regulamento deve ser obedecido por todos” “A fila não foi obedecida.”

42. PAGAR TDI (o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa):

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“Ele pagou a dívida aos credores.” “Ele pagou o imposto.” “Ele pagou ao governo.”OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável: “A dívida foi paga.” “Os credores foram pagos.” “O imposto foi pago.”

43. PEDIR TDI (alguma coisa a alguém): “Ela pediu um presente ao pai.” “Eu pedi a todos que não faltassem.”OBSERVAÇÃO: Devemos evitar o uso da preposição “para”: “Eu pedi a todos para que não faltassem.”A norma culta só admite PEDIR PARA quando há idéia subentendida de“licença” ou “permissão”: “O aluno pediu para sair da sala.” (=pediu licença para sair) “Eu pedi para falar.” (=pedi permissão para falar)

44. PERDOAR TDI (o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa): “Ele perdoou as dívidas aos seus devedores.” “Eu perdoei os seus erros.” “Eu perdoei aos meus inimigos.”OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável: “As dívidas foram perdoadas.” “Os inimigos foram perdoados.”OBSERVAÇÃO: Alguns autores aceitam “pessoa” como objeto direto: “Ele havia perdoado os inimigos.”

45. PERGUNTAR TDI - “Perguntei a idade ao garoto.”OBSERVAÇÃO: É aceitável o uso da preposição “por”: “Ele perguntou pelo garoto.” “Perguntaram por ela a mim.”

46. PISAR TD - “Foi a primeira vez que ele pisou um palco.” “Não pise a grama.”OBSERVAÇÃO: Na linguagem cotidiana é usual: “...ele pisou num palco” e “não pise na grama”.

47. PRECISAR TD = “ser preciso, indicar com exatidão, determinar”: “Ele precisou a hora e o local do encontro.” TI (precisar de) = “necessitar”: “Ele não precisava de dinheiro.”OBSERVAÇÃO: A preposição de pode ser omitida quando o objeto éoracional: “Preciso que todos me ajudem.”

48. PREFERIR TDI (alguma coisa a outra) - “Prefiro cinema a teatro.”

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“O carioca prefere ir à praia a trabalhar.”OBSERVAÇÃO: É inaceitável o uso de “do que”: “Prefiro ir à praia do que trabalhar.”

49. PROCEDER TI (proceder a) = “processar, realizar, concretizar”: “Mandou proceder ao recolhimento dos títulos.” “O juiz procederá ao julgamento.” I (proceder de) = “originar-se, derivar”: “Os produtos procedem da Alemanha.” I = “ter validade, ser verdadeiro, ser legítimo”: “Este argumento não procede.”

50. PROIBIR TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa): “Proibiu aos empregados que fumassem no local de trabalho.”ou “Proibiu os funcionários de fumar no local de trabalho.”

51. PUXARTD - “O pai puxou a sua orelha.” TI (puxar a) = “ter semelhança”: “O filho puxou ao pai.” TI (puxar de) = “mancar”: “A criança puxava de uma perna.”

52. QUEIXAR-SE(...de alguma coisa a alguém):“Queixava-se do chefe ao diretor.”

53. QUERER TD = “desejar”: “A criança quer bolinhas de gude.” “Queremos todos os gerentes aqui.” TI (querer a) = “amar, estimar, querer bem”: “Queremos bem aos nossos gerentes.” “A criança queria muito ao pai.”

54. REPARAR TD = “consertar”: “Ele precisa reparar os erros cometidos.” TI (reparar em) = “observar”: “Todos repararam no vestido que ela usava.”

55. RESPEITAR TD - “Devemos respeitar as leis.”

56. RESPONDER TD = “dar respostas grosseiras”: “Filho educado não responde os pais.” TD (objeto direto para exprimir a resposta): “Ele não responderia isso.” “Ele respondeu qualquer coisa.” TI (responder a) = “dar resposta”:

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“Ele respondeu aos participantes do curso.” “Você deve responder ao questionário em trinta minutos.”OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável: “O questionário foi respondido rapidamente.”

57. SERVIR TD = “prestar serviço, oferecer”: “Ela ainda não serviu o almoço.” TI (servir a) = “ser útil, convir”: “Esse contrato não serve à nossa empresa.” “Esse homem não serve a uma mulher como você.”

58. SIMPATIZAR TI (simpatizar com): “Não simpatizei com eles.”

59. USARTD - “Não devemos usar essas máquinas.”OBSERVAÇÃO: É aceitável o uso da preposição “de”: “Sempre usou de nossas máquinas.”

60. USUFRUIRTD - “Ele já pode usufruir a herança que recebeu.”OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição “de”: “...usufruir da herança...”

61. VENCER TD - “O Vasco acabou vencendo o Flamengo.”

62, VER TD - “Ele viu o jogo.”

63. VISARTD = “assinar, rubricar, pôr o visto” ou “apontar, mirar”: “Já visei o cheque.” “O diretor já visou todos os cheques.” “O atleta visou o alvo e atirou.”TI (visar a) = “almejar, desejar muito, aspirar a”: “Muitos políticos visavam ao cargo.” “Suas idéias visavam ao bem-estar dos empregados.”OBSERVAÇÃO: Seguido de infinitivo, podemos omitir a preposição: “Muitos políticos visam chegar ao poder.”

IV) Uso das Preposições - Casos especiais:

Dúvidas ? ? ?

1. A nível ou EM nível ?O certo é EM NÍVEL.“O problema só será resolvido em nível federal.”Tudo deve ser resolvido em alto nível. Você já viu alguma coisa serresolvida “a alto nível”.OBSERVAÇÃO: A expressão A NÍVEL DE é um modismo a ser evitado.

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“A nível de relatório, suas idéias são excelentes.” As idéias podem serexcelentes, mas a sua linguagem...“Levou um chute a nível da barriga.” Deve ter sido “na altura dabarriga”.

2. DELE ou DE ELE ?a) DELE corresponde a um pronome possessivo:“O problema dele é não ouvir os outros.”b) DELE também pode ser a combinação da preposição de com o pronomepessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto:“Eu gosto muito dele.”c) DE ELE é a preposição de e o pronome pessoal reto ele. Só pode serusado quando ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo:“Cheguei antes de ele sair.” (=de que ele saísse)“Apesar de ele ter confirmado, prefiro aguardar um pouco mais.”O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houvero verbo no infinitivo:“Está na hora de ele chegar.”OBSERVAÇÃO: Essa regra não é rígida. Muitos autores aceitam a contraçãoda preposição com o pronome como uma variante lingüística: “Cheguei antes dele sair.” “Está na hora dele chegar.”Sem dúvida, é assim que a maioria dos brasileiros fala. No JB, porém,nós preferimos usar a preposição separada do pronome. Essa regra também se aplica em outros casos:a) preposição + artigo: “Ocorreu horas depois de o candidato ter comemorado a vitória.” “Isso acontecerá na hipótese de os Bancos reduzirem os juros.”b) preposição + pronome demonstrativo:“Assinou contrato, apesar de esses padrões não garantirem uma margem desegurança.”

3. Dormir AO ou NO volante?“Dormir AO volante” é perigoso, mas com a preposição correta. Pior é“dormirno volante.” É tragédia na certa.

4. Ficar AO ou NO sol?“Ficar no sol” é um pouco difícil e ninguém agüentaria o calor!Na verdade, “nós ficamos AO sol”, assim como “ficamos AO vento, AOrelento,À chuva...”

5. Entrar DE ou EM férias ?Tanto faz. É um caso facultativo.Você pode “entrar de férias ou em férias”, “ficar de férias ou emférias”, “sair deférias ou em férias”.

6. Ficar DE ou EM pé ?Tanto faz. É outro caso facultativo.

7. Ganhar e perder DE ou POR ?

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Empatar EM ou POR ?O correto é ganhar, perder ou empatar POR. Na verdade, um time vence ooutro PELO placar de...No caso de empatar, é aceitável a preposição EM: “Flamengo e Vascoempataram POR ou EM ...”

8 . JUNTO A ou JUNTO DE ? Tanto faz. JUNTO A significa “perto de”: “O depósito fica junto à estrada.” (ou “junto da estrada”) “A mesa está junto à estante.” (ou “junto da estante”)OBSERVAÇÃO: É freqüente o uso de JUNTO A substituindo as preposições comou em: “O problema só será resolvido junto à gerência.” “Conseguimos um empréstimo junto ao Banco Mundial.” No JB, nós desaconselhamos esse uso. Preferimos: “O problema só será resolvido com a gerência.” “Conseguimos um empréstimo no Banco Mundial.”

9. PARA COM ou POR ?Devemos evitar: “Devemos ter respeito para com o adversário.”É preferível: “Devemos ter respeito pelo adversário.”

10. POR ENTRE e POR SOBRE ?Devemos evitar: “Passou a bola por entre as pernas do zagueiro” “Há muitas nuvens por sobre o autódromo.”Devemos usar: “Passou a bola entre as pernas do zagueiro.” “Há muitas nuvens sobre o autódromo.” Devemos evitar: “Chutou a bola por sobre a trave.” Podemos usar: “Chutou a bola sobre a trave ou por cima da trave.”

11. Omissão da preposição.

“NA semana passada ou Semana passada, houve manifestações no Paraná.”a) O melhor é não omitir a preposição:“NA semana passada, houve manifestações no Paraná.”Mais exemplos:Em vez de “Vote PZZ”, use “Vote no PZZ”.Em vez de “O jogador ficará suspenso quatro jogos”, prefira “...porquatrojogos”.

b) Caso facultativo - antes da conjunção integrante QUE:“Certifique-se QUE ou DE QUE não existe uma causa psicossomática para oseu fracasso.” “Não há suspeitas QUE ou DE QUE ele tenha cometido o crime.”

c) Preposição desnecessária:“Nós éramos em seis.” Basta: “Nós éramos seis.”“Estavam em quatro à mesa.” Basta; “Estavam quatro à mesa.”“Ficamos em cinco na sala.” Basta: “Ficamos cinco na sala.”“As vendas caíram em 50%.” Basta: “As vendas caíram 50%.”

Outra situação em que a preposição é desnecessária: “A previsão é DE QUE haverá chuvas fortes em todo o estado.”

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Basta: “A previsão é QUE haverá chuvas fortes em todo o estado.”Com o verbo SER, desaparece a necessidade da preposição DE: Em vez de “A tendência é DE QUE...”, use “A tendência é QUE...”Em vez de “A possibilidade é DE QUE...”, use “A possibilidade é QUE...”

OBSERVAÇÃO: Não devemos confundir esse caso com aquele em que não se usao verbo SER: “Existe a previsão DE QUE haverá chuvas fortes em todo o estado.” “Houve a tendência DE QUE...” “Comenta-se a possibilidade DE QUE...”

12. Repetição da preposição.“Agradeço PELO carinho e atenção.” ou “Agradeço PELO carinho e PELAatenção.”O melhor é repetir a preposição: “Agradeço PELO carinho e PELA atenção.” “Houve uma reunião com candidatos do PT e do PDT.”

13. TEM DE ou TEM QUE ?Por ser um caso de preposição, deveríamos usar TEM DE. Hoje em dia,porém, o uso de TEM QUE está consagrado.Podemos dizer que “Ele tem de resolver o problema” ou “Ele tem queresolver o problema”. Se quisermos optar por uma delas, prefiro TEM DE.

14. Torcer PARA ou POR ?O certo é “torcer POR”. “Eu torço PELO Internacional.”

15. TV A cores ou EM cores ?O certo é “TV EM cores”. Você já viu “TV a preto e branco”? Se a TV é“EM preto e branco”, também deve ser “EM cores”.

Por Fascículo > 6. Crase

I) IntroduçãoII) Casos EspeciaisIII) Casos ImpossíveisIV) Dúvidas Finais

I) Introdução

Você sabia que CRASE não é acento?Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois aa.Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).Para haver crase, é necessário que existam dois aa. O primeiro a épreposição; o segundo pode ser:a) artigo definido (a/as) “Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.” “Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”b) pronome demonstrativo (a/as):

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“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meupai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) quesaíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”c) vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas eaquilo: “Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.” “Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.” “Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”

OBSERVAÇÃO 1:Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorrecrase: “A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido) “Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela dadireita) “Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram) “Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).” “Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”

OBSERVAÇÃO 2:Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivofeminino por um masculino. Comprovamos a crase se o A se transformar emAO: “Ele se referiu à carta.” (=ao documento) “Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores) “Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai) “Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)Observe a diferença: “A secretária escreveu a carta.” (=o documento) “Ele não encontrou as professoras.” (=os professores) “A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita) “Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram) “Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento) “Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) eaquilo.

II) Casos Especiais

1. Vou a ou à Brasília ?Vou a ou à Bahia ?

O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.Por que só ocorre crase no segundo caso?Quando vamos sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição a.O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de

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artigo definido a, às vezes não.Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida doartigo definido a. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição ado verbo IR + artigo definido a que antecede a Bahia) e que você “VAI ABRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição a do verbo IR).Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (comou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:Antes de IR, VOLTE.Se você volta DA, significa que há artigo: você vai À;Se você volta DE, significa que não há artigo: você vai A.Exemplos: “Você volta DA Bahia” > “Você vai à Bahia.” “Você volta DE Brasília” > “Você vai a Brasília.”

Vamos testar o “macete” em outros exemplos: “Vou à China.” (=volto DA China) “Vou a Israel.” (=volto DE Israel) “Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba) “Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás) “Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba) “Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba) “Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca) “Vou a Copacabana.” (=volto DE Copacabana)

No Rio de Janeiro, o nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase numcaso: “Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca); “Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo).

É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos decrase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a,DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a ...

Vamos testar o “macete”.“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”Em que “estrada” ocorre crase?Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?Porque só há artigo definido antes da Itália.Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”.Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha aPortugal.”

2. Vou à ou a Roma ?Vou à ou a antiga Roma ?

O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR: “Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.

Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver umadjetivo ou termo equivalente: “Vou a Paris.” (=volto DE Paris) “Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)

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“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre) “Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre) “Vou a Londres.” (=volto DE Londres) “Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)

3. Vou à ou a terra?

O certo é: “Vou a terra.”A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo),não recebe artigo definido, logo não haverá crase.Observe o macete: “volto DE terra”.Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antesda palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião aterrissa, uma dascomissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para vôos de conexão emais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não naterra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outraspalavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me encha o saco abordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”

OBSERVAÇÃO:Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigodefinido. Portanto, haverá crase: “Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós) “Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal) “Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)Observe a diferença: “Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme) “Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”

4. Vou à ou a casa ?

O certo é: “Vou a casa.”A sua própria casa não “merece” artigo definido.Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser asua própria casa.

OBSERVAÇÃO 1:Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significaque haverá crase: “Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais) “Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra) “Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva) “Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho) “Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)

OBSERVAÇÃO 2:Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhumadjunto: “Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”

5. Vou à ou a minha casa ?

Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não.

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A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa.Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendoassim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.” “Fez referência a ou à tua empresa.” “Estamos a ou à sua disposição.”

OBSERVAÇÃO 1:O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivosfemininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento” “Estamos a ou ao seu dispor.”

OBSERVAÇÃO 2:Se estiver no plural,a) haverá crase (preposição a + artigo plural as):“Fez referência às minhas idéias.”“Fez alusão às suas poesias.”b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido):“Fez referências a minhas idéias.”“Fez alusão a suas idéias.”

6. Ele se referiu à ou a Cláudia ?

Tanto faz. É outro caso facultativo.Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo.Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.

OBSERVAÇÃO 1:Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades,com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Issosignifica que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade,não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes denomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)

OBSERVAÇÃO 2:Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido.Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.” “Fizeram alusão a Cleópatra.”

7. Ele escreve a ou à Jorge Amado ?

Depende. Se ele está escrevendo “para Jorge Amado”, não há o acento dacrase: “Ele escreve a Jorge Amado.” (=para Jorge Amado)Se ele escreve “à moda “, “ao estilo” de Jorge Amado, o uso do acentograve é obrigatório: “Ele escreve à Jorge Amado.” (=ao estilo de Jorge Amado)

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Usaremos o acento grave sempre que houver uma destas locuçõessubentendidas: “à moda de”, “à maneira de” ou “ao estilo de”: “Sapato à Luís XV.” “Poesia à Manuel Bandeira.” “Revolução à 1930.” “Vestir-se à 1800.” “Filé à francesa.” “Bife à milanesa.”

OBSERVAÇÃO 1:Em “Moramos em São Paulo de 1958 a 1960”, não há crase porque não háartigo definido antes de 1960.Em “Elas se vestem à 1960”, há acento grave porque subentendemos “à modade 1960”.

OBSERVAÇÃO 2:Se os nossos cardápios fossem bem escritos, em português é claro,teríamos um “festival de crase”: “Viradinho à paulista.” (=à moda de São Paulo) “Tutu à mineira.” (=à moda de Minas) “Camarão à baiana.” (=à moda da Bahia) “Churrasco à gaúcha.” (=à moda gaúcha)Observe que neste caso o acento grave deve ser usado mesmo antes depalavras masculinas: “Churrasco à Osvaldo Aranha.” (=à moda de Osvaldo Aranha)O simples fato de estar no cardápio não garante a crase: “Filé a cavalo” “Frango a passarinho.”Não usamos o acento grave nesses dois exemplos. A locução “à moda de”não está subentendida. Um “filé a cavalo” não é um “filé à moda docavalo”. Graças a Deus!

8. Vendeu a ou à vista ?

Se alguém “vendeu a vista”, deve ter vendido “o olho” (a vista = objetodireto). O desespero era tanto, que um vendeu o carro, o outro vendeu orim e esse vendeu a vista.Se não era nada disso que você queria dizer, então a resposta é outra:“vendeu à vista”, e não a prazo (à vista = adjunto adverbial de modo).Observe que nesse caso não se aplica o “macete” da substituição dofeminino pelo masculino (à vista > a prazo).Por causa disso, há muita polêmica e algumas divergências entreescritores, jornalistas, gramáticos e professores.Após muita pesquisa, mudei meu ponto de vista e assumo a seguinteposição: acentua-se o a que inicia locuções (adverbiais, prepositivas,conjuntivas) com palavra FEMININA: À beça À beira de À cata de À custa de À deriva À direita

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À distância À espreita À esquerda À exceção de À feição de À força À francesa À frente (de) À luz (“dar à luz um filho”) À mão À maneira de À medida que À mercê de À míngua À minuta À moda (de) À noite À paisana À parte À pressa À primeira vista À procura de À proporção que À queima-roupa À revelia À risca À semelhança de À tarde À toa À toda À última hora À uma (=conjuntamente) À unha À vista À vontade Às avessas Às cegas Às claras Às escondidas Às moscas Às ocultas Às ordens Às vezes (=algumas vezes, de vez em quando)

OBSERVAÇÃO 1:As locuções adverbiais indicam lugar, tempo, modo, instrumento:“Entrou à direita.”“Está à distância de um metro.” (=adjuntos adverbiais de lugar)“Só voltará à tarde.”“À última hora, desistiu.” (=adjuntos adverbiais de tempo)“Saiu andando à toa.”“Falou tudo às claras.” (=adjuntos adverbiais de modo)“Fez o trabalho à mão.”

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“O marginal foi morto à faca.” (=adjuntos adverbiais de instrumento)

OBSERVAÇÃO 2:Nas locuções prepositivas, só haverá o acento grave com palavrasfemininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de...Não há acento grave em locuções com palavras masculinas: “Falávamos a respeito do jogo de ontem.”

OBSERVAÇÃO 3:As duas locuções conjuntivas (=ligam orações) dão idéia de “proporção”: “A sala fica cheia à proporção que os convidados vão chegando.” “À medida que o tempo passa, ele fica mais irresponsável.”

9. A procura ou à procura ?

Depende.Em “A procura dos criminosos durou dez dias”, não há o acento da craseporque não há preposição (A procura dos criminosos = sujeito).Em “A polícia está à procura dos criminosos”, devemos usar o acentograve porque à procura de é uma locução prepositiva.Observe outros exemplos: “A base do triângulo mede 10cm.” (=sujeito) “Ele vive à base de remédios.” (=locução prepositiva) “A moda de 1970 está voltando.” (=sujeito) “Ela se veste à moda de 1970.” (=locução prepositiva)

10. Carro a ou à álcool ?

O certo é “carro a álcool”.Álcool é uma palavra masculina. A regra das locuções só se aplica apalavras femininas: “Carro à gasolina” “Fez o trabalho à máquina” “Resolveu tudo à bala.” “Pintou o quadro à tinta.”

11. Bateu a ou à porta ?

Depende. Se você “bateu a porta”, significa que você “fechou a porta” (aporta = objeto direto); se você “bateu à porta”, quer dizer que “bateuna porta” (à porta = adjunto adverbial de lugar).

12. Sentou na ou à mesa ?

Todos podem sentar “na mesa”, mas é falta de educação e a mesa pode nãoagüentar. Na verdade, nós sentamos à mesa.Devemos usar o acento da crase porque “à mesa” é um adjunto adverbial delugar.

13. As vezes ou às vezes?

Usaremos o acento grave somente quando às vezes for uma locuçãoadverbial de tempo (=de vez em quando, em algumas vezes):

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“Às vezes os alunos acertam esta questão.” “O Flamengo às vezes ganha do Fluminense.”Quando não houver a idéia de “de vez em quando”, não devemos usar oacento grave: “Foram raras as vezes em que ele veio aqui.” (as vezes = sujeito)“Em todas as vezes, ele criou problemas.” (= não há a preposição a, porisso não ocorre a crase; temos somente o artigo definido as).

14. Saiu a noite ou à noite ?

Depende.Se “a noite saiu”, eu vou entender que quem saiu foi a noite (=sentidofigurado): “a noite surgiu, apareceu...” ou simplesmente “anoiteceu”.Entretanto, se você “saiu à noite”, significa que você não saiu “à tardeou pela manhã”, ou seja, “à noite” é um adjunto adverbial de tempo.

15. Saiu as 10h ou às 10h ?

Só pode ter sido “às 10h”.“Hora” indica tempo e é uma palavra feminina, logo deveremos usar oacento grave: “A aula começa sempre às 7h.” “A reunião será às 8h.” “A sessão só começará às 16h.” “Ele vai sair às 20h.”

16. A reunião será ... das 2h às 4h da tarde ou de 2h às 4h da tarde oude duas a quatro horas ?

A reunião pode ser “das 2h às h da tarde” ou “de duas a horas”.A reunião que vai “das 2h às 4h” começa exatamente às 2h e terminaprecisamente às 4h. Para haver a idéia de “exatidão, precisão”, énecessário que usemos o artigo definido. Isso justifica o uso dapreposição de + o artigo definido as (=”das 2h”) e a crase (= “às 4h”).Não devemos usar “de 2h às 4h”.A outra reunião que vai “de duas a quatro horas” não definiu a hora paracomeçar ou terminar. Temos apenas uma idéia aproximada da duração da talreunião. Não há artigo definido, logo existem apenas as preposições:“de...a”.

OBSERVAÇÃO:Podemos usar essa “dica” em outras situações: “Trabalhamos de segunda a sexta.” (= de ... a ...) “O torneio vai da próxima segunda à sexta-feira.” (= da ... à ...) “Leia de cinco a dez páginas por dia.” (= de ... a ...) “Leia da página 5 à 10.” (= da ... à ...) “Ficou conosco de janeiro a dezembro.” (= de ... a ...) “Ficou conosco do meio-dia à meia-noite.” (= do ... à ...) “O congresso vai de cinco a quinze de janeiro.” (= de ... a ...) “O aumento será de 2% a 5%.” (= de ... a ...)

17. A reunião será a ou à partir das 14h ?

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O certo é: “A reunião será a partir das 14h.”Não há crase, porque é impossível haver artigo antes de verbo (=partir).

18. Ele está aqui desde as ou às 14h ?

O certo é: “Ele está aqui desde as 14h.”A presença da preposição desde significa que não há a preposição a, logonão há crase. Temos apenas o artigo definido as:Vejamos outros casos semelhantes: “Após as 18h, as nossas portas estão fechadas.” “Ele fez o gol com a mão.” “A reunião ficou para as 16h.” “Ele teve de comparecer perante a justiça.”

OBSERVAÇÃO:Veja a diferença: “Ela vai à praia.” “Ela vai para a praia.”No primeiro caso, “ela vai a”, ou seja, “vai e volta, tem hora pravoltar”; no segundo, “ela vai para”. Isso quer dizer que “ela não temhora pra voltar, lá sabe Deus se volta”.

19. Ele ficará aqui até as ou às 18h ?

Para muitos gramáticos e professores, é um caso facultativo.Devido à presença da preposição até, prefiro a forma sem o acento grave:“Ele ficará aqui até as 18h.”

OBSERVAÇÃO:O mesmo se aplica no adjunto adverbial de lugar: “Ele foi até a/à praia.” (=”Ele foi até o/ao supermercado”) Mais uma vez, prefiro a forma sem o acento grave: “Ele foi até a praia.” (=”Ele foi até o supermercado.”)

20. A próxima reunião será a ou à uma hora da madrugada ?

O certo é: “A próxima reunião será à uma hora da tarde.”“À uma hora da tarde” é adjunto adverbial de tempo formado por palavrafeminina. O acento grave é obrigatório.

OBSERVAÇÃO 1:Não devemos confundir “à uma hora da tarde ou da madrugada” com “a umahora qualquer”. No primeiro caso, a palavra uma é numeral (= 1h); nosegundo, é artigo indefinido. “Ele chegou à uma hora da tarde.” (=”às 13h”) “Ele chegou a uma certa hora.” (=”a uma hora qualquer”)Antes de artigo indefinido é impossível haver crase, pois não teremos oartigo a que é definido: “Ele disse que chegaria a uma hora qualquer.” “Referia-se a uma velha história.” “Entregou os documentos a uma secretária.”

OBSERVAÇÃO 2:

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Em “Todos responderam à uma”, devemos usar o acento grave. “À uma” (=”a uma só voz”) é uma locução adverbial de modo.

21. Eu fui aquela ou àquela farmácia ?

O certo é: “Eu fui àquela farmácia.”Os pronomes AQUELE(S), AQUELA(S) e AQUILO deverão receber o acento gravesempre que forem complementos de verbos e nomes cuja regência exija apreposição a: “Eu fui a (=preposição) aquela farmácia.” (=Eu fui àquela farmácia)“Ele não fez referência a (=preposição) aquilo.” (=...referênciaàquilo)Se o verbo for transitivo direto, não haverá crase: “Ele viu (TD) aquela farmácia (OD).” “Ele não leu (TD) aquilo.”Uma certa pessoa (é bom não lembrar o nome), certa vez, ao ser vaiadodurante um discurso, disse: “Pode vaiar. Eu não tenho medo. Eu tenhoaquilo roxo.” Se você quer saber se o “aquilo” dele tem ou não o acentoda crase, não perca seu tempo querendo ver o “aquilo dele”. Se é roxo,amarelo ou rosa, é problema dele. Eu sei que não tem o acento grave poruma razão muito simples: “quem tem sempre tem alguma coisa”, ou seja, overbo ter é transitivo direto. Portanto, “ele tem ou tinha (TD) aquiloroxo (OD).”

OBSERVAÇÃO:Algumas locuções adverbiais de tempo iniciadas pela preposição em podemser iniciadas pela preposição a. Nesse caso se usa o acento da crase: “Àquela hora tudo estava calmo.” (=Naquela hora)

22. A nossa disciplina é semelhante a ou à dos militares ?

O certo é: “A nossa disciplina é semelhante à dos militares.”Nesse caso temos a fusão da preposição a (=exigida pelo adjetivosemelhante) + o pronome demonstrativo a (aquela = a disciplina):“A nossa disciplina é semelhante a (=preposição) + a (=aqueladisciplina) dos militares.”Os pronomes demonstrativos a e as (=aquela e aquelas) geralmente vêmantes da preposição de ou do pronome relativo que:“Sua reivindicação é igual à dos metalúrgicos.” (=igual a aquela dosmetalúrgicos) “Faça uma linha paralela à do centro.” (=paralela a aquela do centro)“Ele se referiu às que reclamaram.” (=ele se referiu a aquelas quereclamaram)“Essa piada é semelhante à que me contaram ontem.” (=semelhante aaquela que me contaram ontem)

OBSERVAÇÃO:Se o verbo for transitivo direto, é impossível haver crase: “Ele chamou a da esquerda.” (=chamou aquela da esquerda) “Não conheço a que saiu.” (=não conheço aquela que saiu)

23. Aqui está a obra a ou à que ele se referiu ?

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O certo é: “Aqui está a obra a que ele se referiu.”Nesse caso não há crase. Temos apenas a preposição a exigida pelaregência do verbo referir-se (=quem se refere sempre se refere a algumacoisa). Não há artigo definido nem pronome demonstrativo:“Aqui está a obra a que ele se referiu” NÃO significa “a obra a aquelaque ele se referiu”.

24. Aqui está a obra a ou à qual ele se referiu ?

O certo é: “Aqui está a obra à qual ele se referiu.”Observe a diferença: “Aqui está a obra a que ele se referiu.” “Aqui está a obra à qual ele se referiu.”Qual é a diferença? Por que só ocorre a crase no segundo caso?No primeiro caso, temos apenas a preposição a exigida pelo verboreferir-se.No segundo, ocorre crase porque, além da preposição a do verboreferir-se, temos o artigo a que antecede o pronome relativo qual (=a aqual ele se referiu).Isso significa que deveremos usar o acento grave no artigo a / as queantecede o pronome relativo qual / quais (=à qual / às quais), sempreque houver também a preposição a: “Esta é aluna à qual o professor entregou as provas.” “Estas são as funcionárias às quais fizemos referência.” “Não lembro o nome da cidade à qual eles chegaram ontem.”

OBSERVAÇÃO:Se o verbo for transitivo direto, não há a necessidade da preposição econseqüentemente não ocorre crase: “Esta é a aluna a qual vimos (TD) na praia.” “Estas são as funcionárias as quais estamos ajudando (TD).”Podemos usar o “macete” da substituição da palavra feminina por umamasculina: “Esta é a aluna à qual o professor entregou as provas.” (= Este é o aluno ao qual o professor entregou as provas) “Esta é a aluna a qual vimos na praia.” (= Este é o aluno o qual vimos na praia) “Estas são as funcionárias às quais fizemos referência.” (= Estes são os funcionários aos quais fizemos referência) “Estas são as funcionárias as quais estamos ajudando.” (= Estes são os funcionários os quais estamos ajudando)

25. Esta é a aluna à ou a quem o professor entregou as provas ?

O certo é: “Esta é a aluna a quem o professor entregou as provas.”Antes do pronome quem jamais haverá artigo. Isso significa que jamaishaverá crase antes do pronome quem.

III) Casos Impossíveis

A seguir, temos alguns casos nos quais, por não haver artigo definidofeminino a / as, é impossível ocorrer crase:

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1) antes de palavras masculinas: “Gostava de andar a cavalo.” “Viajou a serviço.” “Vendeu tudo a prazo.” “Não chegou a tempo de assistir ao início do filme.” “Comprou um fogão a gás.”

2) antes de verbos: “Começou a redigir.” “Prefiro isso a aceitá-lo na empresa.” “Entra em vigor a partir de hoje.” “Estamos dispostos a colaborar.”

3) antes de artigos indefinidos: “Referia-se a uma antiga lei.” “Ofereceu o prêmio a uma velha funcionária.” “Fez alusão a uma poesia romântica.” “Isso ocorreu devido a uma situação excepcional.”

4) antes de pronomes indefinidos: “Entregou o livro a alguém.” “Sempre se refere a qualquer funcionário.” “Começou a toda força.” “Ofendeu a todos.” “A certa altura, todos saíram.” “Não entregue o documento a ninguém.”

5) antes de pronomes demonstrativos (=esta, essa, isso): “Estamos atentos a essa tendência.” “Ofereceu o prêmio a esta aluna aqui.” “Prefiro aquilo a isso aqui.” “Entregou a essa secretária tudo que ela pediu.”

6) antes de pronomes pessoais: “Ofereceu o prêmio a mim.” “Entregou a ela tudo que pediu.” “Ele se referiu a ti.” “Fizeram referência a nós.” “Elas feriram a si mesmas.” “Tudo foi entregue a elas.”

7) antes de pronomes de tratamento: “Entreguei o documento a S.Exa.” “Ele disse a V.Sa que não viria.” “Eu me referia a você.” “Fez alusão a Sua Santidade.”

OBSERVAÇÃO 1:Quando a expressão de tratamento só se refere à mulher, pode ocorrer acrase: “Falou à senhora.” (=Falou ao senhor) à senhorita.” à doutora.”

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à madame.”

OBSERVAÇÃO 2:Antes da palavra Dona (que se abrevia D.), não há artigo. Isso significaque nunca ocorrerá crase: “Entreguei a chave da casa a Dona Maria.” “Contei tudo a D. Francisca.”

8) Antes de palavras no plural (quando o a estiver no singular): “Não obedecia a leis pouco conhecidas.” “O desentendimento levou-o a situações constrangedoras.” “Referia-se a cidades do interior.” “Não me refiro a mulheres, e sim a crianças.” “Não dê ouvidos a reclamações idiotas.” “A reunião será a portas fechadas.” “Tráfego proibido a motocicletas.” “Foi recebido a tiros.”

9) Antes de substantivos repetidos, nas locuções adverbiais: “Ficou cara a cara.” “Está frente a frente.” “Venceu de ponta a ponta.” “Caía gota a gota.”

10) Antes de qualquer nome feminino tomado em sentido genérico ouindeterminado, isto é, sem artigo definido: “Não fui a reunião nenhuma.” (=Não fui a encontro nenhum) “Ela é candidata a rainha do carnaval.” (=...candidato a rei...)

IV) Dúvidas Finais

1ª) Entrega a domicílio ou à domicílio ?

Essa é a famosa dúvida do nada com coisa alguma.Na verdade, deveríamos fazer “entregas em domicílio”, assim comofaríamos qualquer entrega “em casa”, “no escritório”, “no quarto”...Pior que usar a preposição a é a crase. Domicílio é um substantivomasculino. Seria um caso de crase impossível.

2ª) Comida a kilo ou à kilo ?

Outra dúvida de nada com coisa alguma.Primeiro, a letra K, em português, só deve ser usada em abreviaturas: k,km, kg...Quilômetro e quilograma, por extenso, se escreve com “qu”. Portanto,devemos grafar quilo (=com “qu”).Segundo, quilograma é uma palavra masculina. Isso significa que não háartigo feminino, logo a crase é impossível.O certo é: “Comida a quilo”.O que eu não sei é se os donos de restaurantes vão mudar seus cartazes.O brasileiro está tão acostumado com “comida à kilo”, que é capaz dedesconfiar da qualidade do restaurante que anuncie corretamente: “comidaa quilo”.

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Por Fascículo > 7. Pronomes

Parte 1 - Uso dos PRONOMES PESSOAISParte 2 - Uso dos PRONOMES DE TRATAMENTOParte 3 - Uso dos PRONOMES POSSESSIVOSParte 4 - Colocação dos PRONOMES ÁTONOSParte 5 - Uso dos PRONOMES DEMONSTRATIVOSParte 6 - Uso dos PRONOMES RELATIVOS

Parte 1 - Uso dos PRONOMES PESSOAIS

Introdução: PRONOMES PESSOAIS RETOS[FieldElemFormat=gif]Observação:Os pronomes pessoais retos sempre exercem a função de sujeito.Os pronomes pessoais oblíquos exercem as funções de complemento (=objetodireto, objeto indireto, complemento nominal...)Em razão disso, as frases “eu encontrei ele” e “isso é para mim fazer”estão erradas.No primeiro caso, não podemos usar um pronome pessoal reto (=ele) nafunção de objeto:“Eu (=sujeito) encontrei (=verbo transitivo direto) ele (=objetodireto).”Devemos usar um pronome pessoal oblíquo. Para substituir os objetosdiretos, usamos os pronomes o, a, os, as. (Para substituir os objetosindiretos, usaremos lhe, lhes). A solução é:“Eu o encontrei” ou “Eu encontrei-o”No segundo exemplo, ocorre o oposto. Usamos um pronome pessoal oblíquo(=mim) na função de sujeito:“...para mim (=sujeito) fazer (=verbo no infinitivo)”Sempre que o pronome pessoal anteceder um verbo no infinitivo e exercera função de sujeito, devemos usar o pronome do caso reto (=EU).O certo é: “...para eu fazer”.

OS CASOS

1. O Cacófato

Em “eu vi ela”, além do erro gramatical (=pronome pessoal reto ela nafunção de objeto direto), ocorre também um caso de cacofonia (=palavrade origem grega que significa “mau som”, resultante da aproximação desílabas de duas ou mais palavras): “vi ela” parece uma pequena via, umaruazinha.Muitos me perguntam se o nome da novela da Globo POR AMOR não forma umcacófato. Dependendo do modo como pronunciamos o “r” final da preposiçãopor, formaremos um cacófato com a sílaba inicial “a” do substantivoamor. Isso também acontece em “por razões”, “por racismo”, “porradar”...A cacofonia, por ser um fenômeno sonoro, passa despercebida aos olhos demuitos leitores. Isso não justifica os nossos descuidos. É importantealertar os nossos profissionais, principalmente os de rádio e detelevisão.

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Durante a Olimpíada de Atlanta, um repórter afirmou com muita ênfase:“Até hoje, o Atletismo era o esporte que havia dado mais medalhas para oBrasil.”Outro dia, na transmissão do jogo Brasil x Coréia, ouvimos: “FlávioConceição pediu a bola e Cafu deu.” Assim não dá!Existem cacófatos famosos que a maioria das pessoas já conhece, mas valea pena recordar alguns: “Ela tinha...”, “Uma minha...”, “Na bocadela...”, “Na vez passada...” e outros.No meio empresarial corre uma história muito curiosa. Dizem que umaengenheira química, durante uma visita a uma fábrica em São Paulo,recebeu a seguinte pergunta: “Que a senhora faria se este problemaocorresse na sua fábrica no Rio de Janeiro?” Ela respondeu secamente:“Eu mandaria um químico meu.” A resposta causou constrangimento. Todosdisfarçaram e continuaram a reunião. Lá pelas tantas, nova pergunta: “Eneste caso?” Nova resposta: “Eu mandaria um outro químico meu.” Foramtantos “químico meu”, que um diretor “mais preocupado” perguntou:“Mas...foi a fábrica toda?” Ela deve ter voltado para casa sem saber oporquê de tanto sucesso.Para terminar, uma historinha verídica. Eu estava ensinando aos meusalunos de Comunicação da Faculdade Carioca que deveriam evitar manchetesdo tipo: “América ganha...” Um aluno, querendo fazer graça, retrucou:“Fique tranqüilo, professor, porque o América nunca ganha.” Ele nãoentendeu “o espírito da coisa”!

CASO 2 - A Dra. Jorgina

Em 1997, no programa Globo Repórter, tivemos a oportunidade de assistira uma lamentável entrevista. A doutora Jorgina, advogada, apresentoupara todos nós um grande show: foram argumentos incompreensíveis,justificativas inaceitáveis e um festival de erros gramaticais. Comcerteza, ela nos julga uns verdadeiros idiotas.Foram tantos “pra mim fazer”, “pra mim viver”, “pra mim falar” que euquero, antes de tudo, parabenizar o entrevistador. Não sei como oRoberto Cabrini resistiu. É o dever da profissão.No meio da entrevista, a doutora exclamou: “Cara, eu sou advogada!” Emseguida se desculpou: “Não fica bem uma advogada dizer cara”. Ela tentou“livrar a cara”, mas se deu mal. Os “pra mim” ficaram.Ela agora poderá aproveitar o tempo de reclusão para um “cursinho” derevisão gramatical. Como todos são merecedores da nossa caridade, aquivai uma pequena contribuição:MIM é pronome pessoal oblíquo. Jamais exercerá a função de sujeito.Antes de verbo no infinitivo, o pronome exerce o papel de sujeito. Éobrigatório o uso do pronome pessoal reto (=EU).Observe a diferença: “Ela trouxe o livro para MIM”, mas “Ela trouxe o livro para EU ler”.Vejamos mais exemplos: “Isto é difícil para EU entender.” “Para EU fazer esta entrevista, exigi até dinheiro.” “É duro para EU viver longe dos meus filhos.”

Caso 3 - Mistura de Tratamento

Sempre me perguntam onde se fala o melhor português. Só pode ser em

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Portugal! Já viajei muito pelo Brasil e já estive em todas as regiões.Sinceramente, não sei onde se fala melhor. Cada região tem suasqualidades e seus vícios de linguagem. Confesso que até hoje não tenhoopinião sobre o assunto.No Maranhão, podemos observar o bom uso do pronome TU. No Rio Grande doSul, também observamos a presença do pronome TU, porém a concordância éfeita geralmente com o verbo na 3ª pessoa (=”tu vai”, “tu fez”...).Dizem que nós, gaúchos, comemos o “s” do plural com picanha e sal grosso(=”os pé”, “as mão”...).Aqui no Rio de Janeiro, graças ao nosso “chiado”, pronunciamos bem o “s”final. Isso faz com que a concordância no plural seja respeitada. Poroutro lado, temos um velho vício: a mistura de tratamento. Tratamos aspessoas, geralmente, por VOCÊ (=3ª pessoa), mas gostamos de “teencontrar”, “ter saudade de ti”, “pedir a tua caneta” e queremos “falarcontigo”.Assim não dá!Para usarmos corretamente os pronomes te, ti, contigo, teu, tua...,seria necessário TE tratarmos por TU (=2ª pessoa).Se preferimos VOCÊ (=3ª pessoa), devemos: “encontrá-lo”, “dizer-lhe”,“pedir a sua caneta” e “falar com você”.Quanto ao famoso “falar CONSIGO”, temos um problema. Embora nossosirmãos portugueses usem com freqüência, sugiro que evitemos usar CONSIGOpara substituir COM VOCÊ. Pode haver mal-entendidos.CONSIGO significa “com si mesmo”. É uma forma reflexiva: “Ele carregavatodos os documentos CONSIGO (=com ele próprio).”Quando ouço: “O diretor já vai falar consigo.” Sinto vontade de irembora. Será que ele quer falar comigo ou com si próprio? Será que eleenlouqueceu e quer falar sozinho?O melhor é “falar COM VOCÊ” ou “COM O SENHOR” ou “COM VOSSA SENHORIA”.Você decide.

AS DÚVIDAS

1. PARA MIM ou PARA EU ?

EU é pronome pessoal reto.MIM é pronome pessoal oblíquo tônico.

Pronome pessoal reto (=EU) sempre exerce a função de sujeito.Pronome pessoal oblíquo tônico (=MIM) nunca exerce a função de sujeito eobrigatoriamente deve ser usado com preposição: a mim, de mim, entremim, para mim, por mim...Exemplos: “EU li o jornal.” (=sujeito) “Ela trouxe o jornal para MIM.” (=não é sujeito)

Entretanto, observe o exemplo abaixo: “Ela trouxe o jornal para EU ler.”Nesse caso são duas orações. “Ela trouxe o jornal” é a oração principale “para EU ler” é oração reduzida de infinitivo (=para que eu lesse).Devemos usar o pronome pessoal reto (=EU), porque exerce a função desujeito do verbo infinitivo (=ler).

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Conclusão:A diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo(=sempre no infinitivo) após o pronome: “Este documento é PARA MIM.” “Este documento é PARA EU escrever.”Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, devemos usar ospronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição: “Ela chegou antes DE MIM.” “Ela chegou antes DE EU sair.” “Ela fez isso POR MIM.” “Ela fez isso POR EU estar cansado.”

Observe a sutileza:1. “PARA EU viver nesta cidade, foi preciso que os amigos ajudassem.”2. “PARA MIM, viver nesta cidade é um tormento.”Na primeira frase, o pronome pessoal reto (=EU) é o sujeito doinfinitivo (=viver); na segunda frase, a vírgula indica que o PARA MIMestá deslocado. Devemos usar o pronome oblíquo (=MIM), pois não é osujeito do verbo viver.Vejamos mais exemplos: “PARA EU fazer o trabalho, foi a ordem dele.” “PARA MIM, fazer o trabalho foi uma ordem dele.”

2. “Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ” ?O certo é: “Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ.”Como já foi explicado, EU é pronome pessoal reto e só pode ser usado nafunção de sujeito. Para isso, é necessário um verbo no infinitivo: “Nãohá nada ENTRE EU sair e você ficar em casa...”Não havendo o verbo, devemos usar sempre ENTRE MIM e VOCÊ. E não adiantavocê inverter. O certo é: “Não há nada ENTRE VOCÊ e MIM”.

Observe mais exemplos:1. “A escolha será entre MIM e o meu irmão.”2. “O meu irmão e EU fomos os escolhidos.”No primeiro exemplo, devemos usar MIM porque não é sujeito. O sujeito é“a escolha”. No segundo caso, devemos usar EU porque é núcleo do sujeitocomposto “o meu irmão e eu”.

Portanto, “entre eu e você” está sempre errado. Se você não gostou daforma correta (=”entre MIM e você” ou “entre você e MIM”), porque achou“estranho”, “feio” ou “porque parece coisa de índio”, só me resta umasolução: “A partir de hoje não haverá mais nada ENTRE NÓS.”

3. CONOSCO ou COM NÓS ou COM A GENTE ?

“Os diretores se reuniram ontem CONOSCO ou COM NÓS ou COM A GENTE.” ?Devemos usar CONOSCO.COM A GENTE é característico de linguagem tipicamente coloquial. Nãodevemos usar em texto formais.COM NÓS deve ser usado antes de: MESMOS, PRÓPRIOS, AMBOS, TODOS,NUMERAIS e pronome relativo QUE.Exemplos: “Ele deixou a decisão CONOSCO.”

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“Ele deixou a decisão COM NÓS MESMOS.” “Ele deixou a decisão COM NÓS TODOS.” “Ele deixou a decisão COM NÓS DOIS.” “Ele deixou a decisão COM NÓS QUE reclamamos da sua proposta.”

4. CONTIGO ou CONSIGO ou COM VOCÊ ?

“Espere que o diretor já vem falar CONTIGO ou CONSIGO ou COM VOCÊ” ?O certo é COM VOCÊ.A frase está na 3ª pessoa (=”Espere você...”). Devemos usar a formaVOCÊ, que é de 3ª pessoa.

O pronome CONTIGO só deve ser utilizado quando tratamos as pessoas em 2ªpessoa (=TU, te, ti, teu, tua...)Exemplos: “Ele te disse isso, porque deseja viajar CONTIGO.” “Espera que ele já vem falar CONTIGO.” “Cala a tua boca. Ele vai sair CONTIGO.”

O pronome CONSIGO é reflexivo - significa COM SI MESMO.Exemplo: “Ele trouxe as mercadorias CONSIGO (=com si mesmo).”

Quando tratamos as pessoas em 3ª pessoa (=você, vossa senhoria, vossaexcelência, senhor, doutor...) não devemos usar CONTIGO nem CONSIGO.Exemplos: “Ele lhe disse isso, porque deseja viajar COM VOCÊ.” “Cale a sua. Ele vai sair COM VOCÊ.”“Venho informar-lhe que minha reunião com VOSSA SENHORIA estáconfirmada no seu escritório.”

5. O ou LHE ?

“Eu devo ajudá-LO ou ajudar-LHE” ?“Eu devo obedecê-LO ou obedecer-LHE” ?O certo é:“Eu devo AJUDÁ-LO” e“Eu devo OBEDECER-LHE”.

O pronome pessoal oblíquo “o” (O, A, OS, AS, LO, LA, LOS, LAS) deve serusado para substituir objetos diretos:“Eu o encontrei.”“Eu devo ajudá-lo.”“Eu não a vi.”

O pronome “lhe”, como complemento verbal, substitui os objetosindiretos:“Eu não lhe obedeço.”“Eu devo dizer-lhe a verdade.”“Eu lhe entreguei os documentos.”

Quem decide se o objeto é direto ou indireto é o verbo. Em caso dedúvida, vá ao dicionário. Lá você vai encontrar a regência do verbo (=se

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pede preposição ou não).Quem ajuda ajuda alguém. AJUDAR é transitivo direto, por isso “devoajudá-lo”.Quem obedece obedece a alguém. OBEDECER é transitivo indireto, por isso“devo obedecer-lhe”.

As formas “eu te amo”, “eu te vi” e “eu te quero bem” são corretas,desde que o tratamento seja feito em 2ª pessoa (=tu).Se o tratamento for em 3ª pessoa (=você), devemos dizer “eu o amo”, “eua vi” e “eu lhe quero bem”.Em “eu lhe quero bem”, o verbo QUERER (=estimar, querer bem) étransitivo indireto, por isso devemos usar o pronome lhe (=objetoindireto)“Eu lhe amo” está errado, porque o verbo AMAR é transitivo direto. Sevocê acha “eu o amo” ou “eu a amo” formas esquisitas, diga simplesmente“eu amo você”, e eu ficarei duplamente feliz.

6. “Devemos INFORMÁ-LO ou INFORMAR-LHE dos incidentes de ontem.” ?

O certo é: “Devemos INFORMÁ-LO dos incidentes de ontem.”O verbo INFORMAR é transitivo direto e indireto (= INFORMAR alguma coisaa alguém ou alguém de alguma coisa).

Devemos evitar dois objetos diretos ou dois objetos indiretos:“Devemos informá-lo (=objeto direto) os incidentes de ontem (=outroobjeto direto).” OU“Devemos informar-lhe (=objeto indireto) dos incidentes de ontem(=outro objeto indireto).”

O certo é:“Devemos informá-lo (=objeto direto) dos incidentes de ontem (=objetoindireto).” OU“Devemos informar-lhe (=objeto indireto) os incidentes de ontem(=objeto direto).”

Parte 2 - Uso dos PRONOMES DE TRATAMENTO

1. “Vossa Excelência DEVE ou DEVEIS viajar” ?

VOSSA EXCELÊNCIA, como qualquer pronome de tratamento (=VOSSA SENHORIA,VOSSA ALTEZA, VOSSA MAJESTADE, VOSSA SANTIDADE...), é de 3ª pessoa. Éigual a VOCÊ.Portanto, o certo é:“Vossa Excelência DEVE viajar.”

2. “VOSSA EXCELÊNCIA ou SUA EXCELÊNCIA” ?

“Eu preciso falar com VOSSA ou SUA EXCELÊNCIA” ?Se você está falando diretamente com a pessoa, deve dizer:“Eu preciso falar com VOSSA EXCELÊNCIA.”Se você está falando a respeito da pessoa, deve usar:“Eu preciso falar com SUA EXCELÊNCIA.”

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VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA, VOSSA MAJESTADE - devem ser usadosquando nos dirigimos diretamente à pessoa.SUA EXCELÊNCIA, SUA SENHORIA, SUA MAJESTADE - devem ser usados quandonos referimos à pessoa: “Falamos sobre SUA EXCELÊNCIA ontem na reunião.” “SUA SANTIDADE esteve no Brasil em 1997.”

3. “VOSSA EXCELÊNCIA ou VOSSA SENHORIA”?

“Preciso falar com VOSSA EXCELÊNCIA ou VOSSA SENHORIA” ?Depende da pessoa com quem você quer falar.Vossa Senhoria = para pessoas graduadas;Vossa Excelência = para altas autoridades;Vossa Alteza = para príncipes e princesas;Vossa Majestade = para reis e imperadores;Vossa Reverendíssima = para sacerdotes em geral;Vossa Eminência = para cardeais e bispos;Vossa Santidade = para o papa;Vossa Magnificência = para reitores de universidades.

Parte 3 - Uso dos PRONOMES POSSESSIVOS

1. SEU ou VOSSO ?

“VOSSA EXCELÊNCIA deve comparecer com SEUS ou VOSSOS convidados àreunião do dia 20. Estamos a SEU ou VOSSO dispor para maisesclarecimentos” ?VOSSA EXCELÊNCIA é um pronome de tratamento. Os pronomes de tratamentosão de 3ª pessoa.A concordância deve ser feita em 3ª pessoa:“VOSSA EXCELÊNCIA (=você / 3ª pessoa) deve comparecer com SEUSconvidados à reunião do dia 20. Estamos a SEU dispor para maisesclarecimentos.”

2. O CASO - Ambigüidade

Este caso aconteceu com um velho amigo. Ele, gerente de vendas de umamultinacional, ao voltar do almoço, encontrou sobre sua mesa ummemorando interno no qual estava escrito:“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seuescritório às 15h.”Imediatamente ligou para sua secretária e pediu que ela preparasse tudopara a tal reunião, principalmente a limpeza da mesa e mais algumascadeiras.Às 15h em ponto, lá estava ele à espera do seu diretor.Às 15h10min, nada. Achou estranho, pois o diretor sempre exigiu muitapontualidade de todos.Às 15h15min, um telefonema. Era o diretor: “Que é que você está fazendoaí que ainda não veio para a reunião?”Só então ele entendeu que o “seu escritório” não era o dele próprio, massim o do diretor.Não foi demitido, mas foi obrigado a ouvir algumas “belas” palavras, pornão ter percebido a ambigüidade da mensagem.

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É óbvio que quem escreveu a frase também não tinha notado a ambigüidade.E o que era pior: sabia onde era a reunião. Para o autor a frase estava“claríssima”: “Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião emseu escritório às 15h” (=no escritório dele, do diretor).O meu amigo, ao ler a frase, também não percebeu o duplo sentido. E oque é pior ainda: entendeu “o outro”. Para ele, também estava claro:“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seuescritório às 15h”(=no seu próprio escritório, de quem recebe amensagem, do meu amigo).Tudo isso comprova o “perigo” das ambigüidades na comunicação interna eexterna das organizações.Frases ambíguas podem ser interessantes e curiosas, e muito úteis napublicidade. Para fazer piadas então, são excelentes. O pessoal doCasseta e Planeta que o diga.É interessante observar que na frase analisada não há erro gramatical. Opronome possessivo seu é de 3ª pessoa e permite perfeitamente a duplainterpretação:SEU = dele (de quem se está falando = o diretor) ouSEU = de você (com quem se está falando = o receptor da mensagem = o meuamigo).Portanto, cuidado com o “seu” !

Parte 4 - Colocação dos PRONOMES ÁTONOS

Introdução:Os pronomes átonos (=ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, OS, AS, LHES)podem ocupar três posições:1. antes do verbo = PRÓCLISE;2. depois do verbo = ÊNCLISE;3. meio do verbo = MESÓCLISE.

Os pronomes átonos são “fracos” na pronúncia. Por serem átonos, unem-seao verbo. Não há hífen na próclise, porque a “união” é maior na ênclise.Em razão disso, na sintaxe lusitana, a preferência é a ênclise.

DÚVIDAS:

1. “NOS REUNIMOS ou REUNIMO-NOS ontem com o diretor” ?

O certo é REUNIMO-NOS.Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos usar o pronome átono no inícioda frase, embora seja muito comum no Brasil.Vejamos outros exemplos: “Dá-me um cigarro.” “Encontramo-nos com os alemães.” “Tratando-se de dinheiro, não há discussão.”

Se você considera a forma REUNIMO-NOS pedante ou artificial, sugiro quevocê ponha o sujeito antes do verbo e use a próclise: “Nós NOSREUNIMOS...”Devemos, portanto, evitar frases típicas da linguagem coloquialbrasileira: “ME considero candidato”, “SE sente deprimida”... Podemos usar: “Considero-ME candidato” ou “Eu ME considero candidato”;

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“Sente-SE deprimida” ou “Ela SE sente deprimida”.

2. “Eu O ENCONTREI ou ENCONTREI-O na praia” ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.Podemos aceitar a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:“O diretor RETIROU-SE ou SE RETIROU mais cedo.”“Ela ENTREGOU-LHE ou LHE ENTREGOU os documentos.”“O proprietário OFERECEU-ME ou ME OFERECEU um cargo em suaempresa.”

3. “Eu não LHE DISSE ou DISSE-LHE a verdade” ?

O certo é: “Eu não LHE DISSE a verdade.”Quando há uma palavra de sentido negativo (=não) antes do verbo, aprócliseé obrigatória.

A próclise (=pronome átono antes do verbo) é recomendável nos seguintescasos:a) com palavra negativa: não, nunca, jamais, nada, ninguém:“Nada ME preocupa mais do que isso.”“Ninguém NOS perturba tanto quanto os governantes.”b) com alguns conectivos: que, se, quando, embora, porque:“Ele lhe disse que OS dispensaria logo.”“Quando SE trata de política, devemos ter cautela.”“Caso TE ofendam, tem paciência.”c) com alguns advérbios (sem pausa): sempre, já, ainda, agora, talvez:“Sempre NOS encontramos aqui.”“Ele já LHE disse tudo.”“Isto talvez ME seja útil.”d) com pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos:“Foi ele quem O avisou.”“Aqui está o livro que TE emprestaram.”“Isto NOS é desfavorável.”“Todos A criticaram muito.”“Alguém NOS viu quando chegamos.”e) em frases interrogativas:“Quem LHES enviou os documentos?”“Quando NOS encontraremos novamente?”“Como TE sentes?”f) em frases exclamativas ou optativas:“Como VOS respeitam!”“Quanto TE odeiam!”“Deus O abençoe!”“Macacos ME mordam.”g) com verbo no gerúndio antecedido da preposição EM:“Em SE plantando, tudo dá.”“Em SE fazendo dia, partirei.”h) com formas verbais proparoxítonas:“Nós O censurávamos.”“Nós A encontráramos antes de ele chegar.”

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4. “ME TORNAREI ou TORNAREI-ME ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo” ?

O certo é: “TORNAR-ME-EI o líder do grupo.”“ME TORNAREI” é inaceitável (=pronome átono no início da frase);“TORNAREI-ME” é inaceitável (=ênclise de verbo no FUTURO está sempreerrada).Quando o verbo está no FUTURO do Presente ou do Pretérito doIndicativo, devemos usar o pronome átono em MESÓCLISE: “Encontrar-NOS-emos na próxima semana.” “Realizar-SE-ia hoje a reunião.”

5. “Eu ME TORNAREI ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo” ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.A mesóclise (=Eu TORNAR-ME-EI) está correta porque o verbo está noFuturo do Presente do Indicativo;A próclise (=Eu ME TORNAREI) é aceitável porque o sujeito (=eu) apareceantes do verbo.Vejamos outros exemplos: “Nós ENCONTRAR-NOS-EMOS ou NOS ENCONTRAREMOS aqui.” “A reunião REALIZAR-SE-IA ou SE REALIZARIA hoje.”

6. “Eu não TORNAR-ME-EI ou ME TORNAREI o líder do grupo” ?

O certo é: “Eu não ME TORNAREI o líder do grupo.”A palavra negativa (=não) é a causadora da próclise, mesmo com o verbono FUTURO. Entre a próclise e a mesóclise, devemos usar a próclise.

7. “O fato VAI-SE REPETIR ou VAI SE REPETIR” ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.Segundo a sintaxe portuguesa, um pronome átono não poderia ficar solto(=sem hífen) entre dois verbos. O certo seria: “O fato VAI-SE REPETIR”.Entretanto, no Brasil, o uso consagrou e muitos autores consideramaceitável pôr o pronome átono “solto” entre dois verbos: “O fato VAI SEREPETIR” (=próclise do verbo principal).

8. “A secretária não LHE DEVE ENTREGAR ou DEVE ENTREGAR-LHE osdocumentos.” ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.A próclise (=não LHE DEVE ENTREGAR) está correta, devido à palavranegativa (=não);A ênclise de verbo no INFINITIVO (=não DEVE ENTREGAR-LHE) está semprecorreta.Observe outro exemplo: “Não posso RECEBÊ-LO.”

9. “TINHA-NOS ENTREGADO ou TINHA ENTREGADO-NOS a carta” ?

O certo é: “TINHA-NOS ENTREGADO a carta.”A ênclise de verbo no PARTICÍPIO (=ENTREGADO-NOS) está sempre errada.

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Parte 5 - Uso dos PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Introdução:Os pronomes demonstrativos são:ESTE (S) - ESTA (S) - ISTOESSE (S) - ESSA (S) - ISSOAQUELE (S) - AQUELA (S) - AQUILO

Usamos os pronomes demonstrativos:a) para indicar LUGAR:“ESTE aqui.” (=perto do emissor);“ESSE aí.” (=perto do receptor);“AQUELE lá.”(=distante);b) para indicar TEMPO:“ESTE dia.” (=hoje - tempo presente);c) em referência a algo já citado:“Não estudava. Por ESSE motivo foi reprovado.”

DÚVIDAS:

1. “ESTE ou ESSE relatório que está aqui na minha mesa.” ?

O certo é: “ESTE relatório que está aqui na minha mesa” (=o relatórioestá aqui, perto do emissor).Os pronomes ESTE (S), ESTA (S) e ISTO indicam o que está próximo do EU(= emissor, remetente, quem fala ou escreve);Os pronomes ESSE (S), ESSA (S) e ISSO indicam o que está próximo do TUou VOCÊ (= receptor, destinatário, quem ouve ou lê). Vejamos mais exemplos: “ESTE departamento é o meu.” / “ESSE departamento é o seu.” “ESTA empresa é a nossa.” / “ESSA empresa é a do cliente.” “Eu vivo NESTA cidade.” / “Você vive NESSA cidade aí.” “Não repita mais ISTO (=que eu disse).” / “Não repita mais ISSO (=que você disse).”

OBSERVAÇÃO 1:Os pronomes AQUELE (S), AQUELA (S) e AQUILO indicam o que está distante: “AQUELE departamento está nos prejudicando.” “AQUILO lá é indesejável.” “Não voltaremos mais ÀQUELA cidade.”

2. “Chegou NESTE ou NESSE exato momento” ?

O certo é: “Chegou NESTE exato momento.” (=agora)Os pronomes ESTE (S) e ESTA (S) indicam tempo PRESENTE.Observe outros exemplos:“Em 1996 houve perdas, em 1997 já houve lucros e para ESTE ano asesperanças são maiores.” ( ESTE ano = 1998) “Entregará o projeto ainda ESTE mês.” (ESTE mês = mês em que estamos)“Resolverá tudo até o fim DESTA semana.” (ESTA semana = semana em queestamos)“O congresso está se realizando por ESTES dias.” (ESTES dias = inclui odia de hoje)

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“Haverá Fla X Flu NESTE domingo.” (NESTE domingo = domingo maispróximo)“Chove NESTA sexta-feira em todo o país.” (NESTA sexta-feira =sexta-feira mais próxima)“NESTA madrugada explodiu uma bomba em Chicago.” (NESTA madrugada = deontem para hoje)

OBSERVAÇÃO 2:Os pronomes ESSE (S), ESSA (S) e ISSO se referem a alguma coisa jácitada na frase anterior:“Rubinho liderava a prova até a quinta volta. NESSE momento a chuvaaumentou. ISSO causou um grave acidente, e a corrida foi interrompida.”(NESSE momento não é agora, é a quinta volta; ISSO se refere ao fato dea chuva ter aumentado)“Nossa empresa precisa de Qualidade Total. ESSE projeto já está sendoimplantado.” (ESSE projeto = Qualidade Total)“Os atacantes estavam muito nervosos, mas foram ESSES jogadores que nosderam a vitória.” (ESSES jogadores = os atacantes)

Observe a diferença:Anúncio publicado no JB, em maio de 1997.“A partir de novembro haverá mais linhas telefônicas na Barra. Apromessa faz parte do projeto que será lançado NESTE ou NESSE mês.” Se for NESTE mês, o projeto será lançado em maio (=mês em que estamos);Se for NESSE mês, o projeto será lançado em novembro (=mês que foicitado na frase anterior).

OBSERVAÇÃO 3:Nas frases em que não ocorre ambigüidade, alguns autores admitem o usoindiscriminado de ESTE ou ESSE:“Ônibus e bonde são meios de transporte, porém ESSE (ou ESTE) semostrou mais econômico que AQUELE.” (ESSE ou ESTE indicam proximidade =só pode ser o bonde; AQUELE indica afastamento = só pode ser o ônibus)“A inflação e o desemprego preocupam o brasileiro. ESSES (ou ESTES)problemas precisam ser resolvidos imediatamente.” (ESSES ou ESTESproblemas = só podem ser a inflação e o desemprego)

OBSERVAÇÃO 4:Os pronomes AQUELE (S), AQUELA (S) e AQUILO sempre indicam distância (noespaço, no tempo ou citação no texto): “Não se estuda mais como NAQUELES tempos.” (=passado distante)“Não entendi AQUELA idéia que você expôs no primeiro capítulo.”(=citação distante)

Parte 6 - Uso dos PRONOMES RELATIVOS

Introdução:Podem ser pronomes relativos: QUE, QUEM, QUAL, CUJO, ONDE, COMO, QUANDOe QUANTO.Os pronomes relativos são conectivos (=ligam orações) e substituem apalavra que vem antes: “Não gostei do livro QUE você me emprestou.”1ª oração: “Não gostei do livro”;

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2ª oração: “QUE você me emprestou” (QUE = o livro)

O CASOCoitada da preposição! Como é maltratada! Quando não é mal usada, éesquecida.Em nossas rádios, é freqüente ouvirmos: “Esta é a música que o povo gosta.”Quem não gosta sou eu. Ora, se quem gosta gosta de alguma coisa, o certoé: “Esta é a música de que o povo gosta.”Se você achou estranho ou feio, há outra opção: “Esta é a música da qual o povo gosta.”Você decide qual pronome relativo vai usar, mas não esqueça apreposição.Erro semelhante ocorre num anúncio da Texaco: “Esta é a marca que o mundo confia.”Eu perdi a confiança! A regência do verbo CONFIAR exige a preposição em.O certo é: “Esta é a marca em que o mundo confia.”Outro exemplo errado ocorre em cartas comerciais: “Segue anexo o documento que você se refere em sua última carta.”O verbo REFERIR-SE pede a preposição a. O certo é: Segue anexo odocumento a que você se refere em sua última carta.”Mais um: “E o Flamengo acabou chegando ao gol que precisava.” Pelovisto, não precisava tanto. O gol deve ter sido ilegal. Se quem precisa(=necessita) precisa de alguma coisa, o certo é: “E o Flamengo acabouchegando ao gol de que precisava.”

A DICASe você quer saber se deve usar preposição antes dos pronomes relativos,aplique o seguinte “macete”: “Esta é a quantia ___ que dispomos para o investimento.”1. Todo pronome relativo (=que) possui um antecedente (=quantia);2. Ponha o antecedente no fim da oração seguinte (=que dispomos para oinvestimento) > “...que dispomos DA QUANTIA para o investimento” (=vocêdescobriu a preposição de);3. Ponha a preposição (=de) antes do pronome relativo (=de que): “Esta é a quantia de que dispomos para o investimento.”

Vamos testar o “macete” em outros exemplos: “Isto só ocorre nesta sociedade ___ que vivemos.”1. Pronome relativo = que; antecedente = sociedade;2. “...vivemos NA SOCIEDADE.” (preposição = em);3. “Isto só ocorre nesta sociedade em que vivemos.”

“O fato ___ que fizemos alusão não é recente.”1. Pronome relativo = que; antecedente = o fato;2. “...fizemos alusão AO FATO.” (preposição = a);3. “O fato a que fizemos alusão não é recente.”

“Os dados ___ que contamos são insuficientes.”1. Pronome relativo = que; antecedente = os dados;2. “...contamos COM OS DADOS.” (preposição = com);3. “Os dados com que contamos são insuficientes.”

Page 93: dicas protugues

“Aqui está o livro ___ que compramos ontem.”1. Pronome relativo = que; antecedente = o livro;2. “...compramos O LIVRO ontem.” (=sem preposição)3. “Aqui está o livro que compramos ontem.”

DÚVIDAS

1. QUE ou DE QUE“Qual é a comida QUE ou DE QUE você mais gosta” ?O certo é: “Qual é a comida DE QUE você mais gosta?”A regência do verbo GOSTAR exige a preposição de (=quem gosta gosta dealguma coisa).

2. DE QUE ou DA QUAL“Qual é a comida DE QUE ou DA QUAL você mais gosta” ?As duas formas são aceitáveis.OBSERVAÇÃO: Os pronomes relativos são substituíveis por QUAL:“Este é o livro QUE você me emprestou.” (=”...O QUAL você meemprestou”); “Este é o livro A QUE ele se referiu.” (=”...AO QUAL ele se referiu”); “Este é o livro DE QUE necessitamos.” (=”...DO QUAL necessitamos”); “Esta é a cidade EM QUE vivemos.” (=”...NA QUAL vivemos”).

3. QUEM ou A QUEM“Este é o gerente QUEM ou A QUEM encontrei no congresso.” ?O certo é: “Este é o gerente A QUEM encontrei no congresso.”Quando o substantivo antecedente é pessoa (=gerente), podemos usar opronome QUEM, porém sempre com preposição.

Observe outros exemplos:“Este é o gerente A QUEM (ou QUE ou O QUAL) sempre respeitei.”(=respeitei O GERENTE);“Este é o gerente A QUEM (ou AO QUAL) fiz referência.” (=fiz referênciaAO GERENTE);“Este é o gerente DE QUEM (ou DO QUAL) ninguém gosta.” (=ninguém gostaDO GERENTE); “Este é o gerente POR QUEM (ou PELO QUAL) fomos enganados.”

Por Fascículo > 8. Ortografia

Parte 1 - LetrasParte 2 - HífenParte 3 - Acentuação GráficaParte 4 - Trema

Parte 1 - Letras

O CASO

O concurso vestibular de 1998 da UFRJ começou mal.Na prova de História, por duas vezes, a palavra ASCENSÃO aparece grafadacom “ç”:

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“...nesse processo nota-se a ascenção de valores consagrados pelasrevoluções burguesas...” (Questão 1)“Entre a ascenção ao trono da Rainha Vitória, em 1837, e o reinado daRainha Elizabeth, a partir de 1953, a monarquia inglesa percorreu umalonga trajetória política.” (Questão 5)Numa prova de apenas cinco questões, é triste constatarmos o desleixo dealguns educadores em relação ao bom uso da língua portuguesa.A repetição do erro nos leva a crer que o autor não tem “dúvida” quantoà grafia da palavra ASCENSÃO.Nada justifica a falta de uma revisão mais cuidadosa num instrumentocujo objetivo é avaliar o conhecimento de candidatos a vagas em uma dasnossas maiores universidades. O uso de qualquer “corretor ortográfico”teria evitado esse deslize.Todos nós sabemos dos perigos que existem quanto à ortografia. Todocuidado é pouco. A língua portuguesa não é puramente fonética e, muitasvezes, só a etimologia (=estudo da origem das palavras) é capaz deexplicar o emprego das letras.Isso significa, portanto, que não há regras para você saber que EXCEÇÃOse escreve com “ç” e que EXCESSO é com “ss”.Na prática, o que nos leva a saber ortografia é o bom hábito de ler e ode escrever. É a nossa memória visual que nos impede de escrever“caxorro, caza e oje(sem H)”. Não hesitamos diante de uma palavra queestamos acostumados a ver e usar. Corretamente, é claro!Ler é a melhor solução. E, ao escrever, se houver dúvida, não tenhavergonha de abrir um bom dicionário. Pesquise. Não faz mal a ninguém.

AS DICASNão há regras para resolver todos os casos de ortografia, porém algumasdúvidas podem ser tiradas com as dicas a seguir.

1. -SÃO ou -SSÃO ou -ÇÃO ?

a) Em todos os substantivos derivados de verbos terminados em GREDIR,MITIR e CEDER, devemos usar “ss” :AGREDIR > AGRESSÃOREGREDIR > REGRESSÃOPROGREDIR > PROGRESSÃOTRANSGREDIR > TRANSGRESSÃOOMITIR > OMISSÃODEMITIR > DEMISSÃOADMITIR > ADMISSÃOPERMITIR > PERMISSÃOTRANSMITIR > TRANSMISSÃOCEDER > CESSÃOSUCEDER > SUCESSÃOCONCEDER > CONCESSÃO

b) Em todos os substantivos derivados de verbos terminados em ENDER,VERTER e PELIR, devemos usar “s”:TENDER > TENSÃOCOMPREENDER > COMPREENSÃOAPREENDER > APREENSÃOPRETENDER > PRETENSÃO

Page 95: dicas protugues

ASCENDER > ASCENSÃOVERTER > VERSÃOREVERTER > REVERSÃOCONVERTER > CONVERSÃOSUBVERTER > SUBVERSÃOEXPELIR > EXPULSÃOREPELIR > REPULSÃO

c) Em todos os substantivos derivados dos verbos TER e TORCER e seusderivados, devemos usar “ç”:RETER > RETENÇÃODETER > DETENÇÃOATER > ATENÇÃOABSTER > ABSTENÇÃOOBTER > OBTENÇÃOTORCER > TORÇÃODISTORCER > DISTORÇÃOCONTORCER > CONTORÇÃO

2. -ISAR ou -IZAR ?

a) Escrevem-se com “s” (=ISAR) os verbos derivados de palavras que jápossuem o “s”:análise > analisaraviso > avisarparalisia > paralisarpesquisa > pesquisar

b) Escrevem-se com “z” (=IZAR) os verbos derivados de palavras que nãopossuem a letra “s”:ameno > amenizarcivil > civilizarfértil > fertilizarlegal > legalizarnormal > normalizarreal > realizarsuave > suavizar

3. -SINHO ou -ZINHO ?

a) Escrevem-se com “s” (=SINHO) os diminutivos derivados de palavras quejá possuem a letra “s”:casa > casinhalápis > lapisinhomesa > mesinhapaís > paisinhopires > piresinhotênis > tenisinho

b) Escrevem-se com “z” (=ZINHO) os diminutivos derivados de palavras quenão possuem a letra “s”:animal > animalzinhobalão > balãozinho

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café > cafezinhochapéu > chapeuzinhoflor > florzinhapai > paizinhopapel > papelzinho

CURIOSIDADES ORTOGRÁFICAS

Você sabia que o certo é...

AbóbadaAdivinharAdvogadoAleijadoArterioscleroseAsteriscoAstigmatismoAterrissar (o dicionário Aurélio também registra “aterrizar”)BandejaBeneficenteCabeleireiroCalvícieCaranguejoChimpanzéCinqüentaCompanhiaCriminologistaDepredarDescarrilarDe repenteDignitárioDilapidarDisenteriaEmpecilhoEnfarte (ou infarto)EngajamentoEspontaneidadeEstrambóticoEstuproFreadaHidrelétricaJusLagartixaMacérrima (magérrima é uma forma popular)ManteigueiraMendigoMeritíssimoNhoqueOctogésimoOvos estreladosPrazerosamentePrivilégioPropositadamente

Page 97: dicas protugues

PropriedadeQuatorze (ou catorze)ReceosoReivindicarSeriíssimoSubumanoTerraplenagemTrecentésimoVerossimilhança

DÚVIDAS

1. A ou HÁ ?“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui A ou HÁuma semana” ?

HÁ (=de verbo HAVER) só poderia ser usado caso se referisse a um tempojá transcorrido: “Não nos vemos há dez dias.” (=FAZ dez dias que não nos vemos) “Há muito tempo, ocorreu aqui uma grande tragédia.” (=FAZ muito tempo)

Quando a idéia for de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “A”:“Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui a umasemana.” “Só nos veremos daqui a um mês.” Decore a “dica”: Tempo passado = HÁ (=FAZ); Tempo futuro = AOBSERVAÇÃO:Quando a idéia for de “distância”, também devemos usar a preposição“A”: “Estamos a dez quilômetros do estádio.” “O estacionamento fica a poucos metros do aeroporto.”

2. A CERCA DE ou HÁ CERCA DE ou ACERCA DE ?

a) A CERCA DE = A (preposição) + CERCA DE (perto de, aproximadamente):“Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio.” (=Estamosaproximadamente a dez quilômetros do estádio - idéia de distância);ou A CERCA DE = A (artigo) + CERCA (substantivo) + DE (preposição): “A cerca de arame farpado foi cortada.”

b) HÁ CERCA DE = HÁ (verbo) + CERCA DE (perto de, aproximadamente):“Não nos vemos há cerca de dez anos.” (=FAZ aproximadamente dez anos quenão nos vemos);ou “Há cerca de dez pessoas na sala de espera.” (=EXISTEM perto de dez pessoas na sala de espera);

c) ACERCA DE = a respeito de, sobre:“Falávamos acerca do jogo de ontem.”

3. ABAIXO ou A BAIXO ?

Page 98: dicas protugues

a) ABAIXO = embaixo, sob:“Sua classificação foi abaixo da minha.”b) A BAIXO = para baixo, até embaixo:“Eles puseram o apartamento a baixo.”“Ela me olhava de alto a baixo.”

4. ABAIXO-ASSINADO ou ABAIXO ASSINADO ?

a) O documento que se assina é um ABAIXO-ASSINADO:“Entregamos o abaixo-assinado ao diretor.”b) Quem assina o documento é um ABAIXO ASSINADO:“O abaixo assinado, Dr. Fulano de Tal, vem respeitosamente...”

5. AFIM ou A FIM ?

a) Quem tem afinidades são pessoas AFINS:“As duas têm pensamentos afins.b) A FIM DE= para, com o propósito de:“Estuda a fim de vencer a barreira do vestibular.”“Veio a fim de trabalhar.”

6. A PAR ou AO PAR ?

a) A PAR = estar ciente:“Ele está a par de tudo.”b) AO PAR = título ou moeda de valor idêntico:“O câmbio está ao par.”

7. AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A ?

a) AO ENCONTRO DE = a favor, em conformidade:“Qualidade é ir ao encontro das necessidades e das expectativas docliente.”“Estamos satisfeitos porque sua decisão vai ao encontro das nossasreivindicações.”b) DE ENCONTRO A = ir contra, idéia de oposição:“Ficamos insatisfeitos porque a sua proposta vai de encontro aos nossosdesejos.”“Discutimos pois suas idéias vão de encontro às minhas.”

8. À TOA ou À-TOA ?

a) À TOA = “sem fazer nada” (locução adverbial de modo):“Andava à toa na vida.”“Sempre viveu à toa.”b) À-TOA = “desocupado” (adjetivo - deve acompanhar um substantivo):“Ela, sem dúvida, é uma mulher à-toa.”“Não passava de um sujeitinho à-toa.”

9. BEM-VINDO ou BENVINDO ?

a) A saudação é BEM-VINDO (=bem recebido):“Seja bem-vindo.”

Page 99: dicas protugues

“Ele será bem-vindo a esta cidade.”b) BENVINDO é nome próprio de pessoa:“Ele se chama Benvindo.”

10. BUJÃO ou BOTIJÃO ?

BUJÃO (do francês bouchon) é uma bucha com que se tampam buracos outampa de atarraxar. No sentido de recipiente metálico, usado paraarmazenar produtos voláteis, prefiro a forma BOTIJÃO. O dicionárioAurélio considera bujão sinônimo de BOTIJÃO, entretanto é importantelembrar que bujão, no sentido de BOTIJÃO, é uma corruptela (=palavra quese corrompe foneticamente). As corruptelas, em geral, são formascaracterísticas da linguagem popular: milico (de militar), Maraca (deMaracanã), boteco (de botequim), Fusca (de Volkswagen)...

11. EM NÍVEL ou A NÍVEL DE ?

a) A NÍVEL DE não existe. Foi um modismo criado nos últimos anos.Devemos evitá-lo:“A nível de relatório, o trabalho está muito bom.”O certo é: “Quanto ao relatório... ou Com referência ao relatório...”“Levou um pontapé ao nível do joelho.”O certo é: “Levou um pontapé na altura do joelho.”b) EM NÍVEL só pode ser usado em situações em que existam “níveis”:“Este problema só pode ser resolvido em nível de diretoria.”“Isso será analisado em nível federal.”

12. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO ?

a) A PRINCÍPIO = inicialmente, no começo, num primeiro momento:“A princípio éramos contra a venda da fábrica, porém mudamos de idéiadevido aos seus argumentos.”b) EM PRINCÍPIO = em tese, teoricamente:“Em princípio, todas as religiões são boas.”OBSERVAÇÃO:Devido às ambigüidades, sugiro que se evite o uso de em princípio. Sevocê quer dizer “em tese ou em teoria”, é mais claro dizer: “Em tese (ou Teoricamente), todas as religiões são boas.”

13 EM VEZ DE ou AO INVÉS DE ?

a) AO INVÉS DE = ao contrário de:“Ele entrou à direita ao invés da esquerda.’“Subiu ao invés de descer.”b) EM VEZ DE = em lugar de:“Foi ao clube em vez de ir à praia.”“Apertou o botão vermelho em vez do azul.”ONSERVAÇÃO:Como AO INVÉS DE só pode ser usado quando há a idéia de “oposição”,sugiro que se use sempre EM VEZ DE.EM VEZ DE pode ser usado sempre que existe a idéia de “substituição,troca”, mesmo se for de “oposição”.

Page 100: dicas protugues

14. MAIS ou MAS ou MÁS ?

a) MAIS = opõe-se a MENOS:“Hoje estou mais satisfeito.” (=poderia estar menos satisfeito)“Compareceram mais pessoas que o esperado.” (=poderiam ser menospessoas)b) MAS = porém, contudo, todavia, entretanto:“Estudou mas foi reprovado.” (=porém)“Não foram convidados, mas vieram à festa.” (=entretanto)c) MÁS = plural do adjetivo MÁ; opõe-se a BOAS:“Não eram más idéias.” (=eram boas idéias)“Estavam com más intenções.” (=não tinham boas intenções)

15. MAL ou MAU ?

a) MAU é um adjetivo e se opõe a BOM:“Ele é um mau profissional.” (x bom profissional);“Ele está de mau humor.” (x bom humor);“Ele é um mau caráter.” (x bom caráter);“Tem medo do lobo mau.” (x lobo bom);b) MAL pode ser:1. advérbio (=opõe-se a BEM):“Ele está trabalhando mal.” (x trabalhando bem);“Ele foi mal treinado.” (x bem treinado);“Ele está sempre mal-humorado.” (x bem-humorado);“A criança se comportou muito mal.” (x se comportou muito bem);2. conjunção (=logo que, assim que, quando):“Mal você chegou, todos se levantaram.” (=Assim que você chegou);“Mal saiu de casa, foi assaltado.” (=Logo que saiu de casa);3. substantivo (=doença, defeito, problema):“Ele está com um mal incurável.” (=doença);“O seu mal é não ouvir os mais velhos.” (=defeito).OBSERVAÇÃO:A frase “Setores da velha guarda aferraram-se aos privilégios edefenderam o estado podre, do mau-estar social e que foi produzido porregimes ditatoriais” está errada. O certo é: MAL-ESTAR (=opõe-se a BEM-ESTAR). Na dúvida, use o velho “macete”: MAL x BEM; MAU x BOM.

16. PORISSO ou POR ISSO ?

PORISSO não existe.Use sempre POR ISSO:“Ele trabalha muito, por isso merece uns dias de folga.”

17. PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ ?

a) PORQUE é conjunção causal ou explicativa:“Ele viajou porque foi chamado para assinar contrato.”“Ele não foi porque estava doente.”“Abra a janela porque o calor está insuportável.”

Page 101: dicas protugues

“Ele deve estar em casa porque a luz está acesa.”b) PORQUÊ é a forma substantivada (=antecedida de artigo “o” ou “um”):“Quero saber o porquê da sua decisão.”“A professora quer um porquê para tudo isso.”c) POR QUÊ = só no fim de frase:“Parou por quê?”“Ele não viajou por quê?”“Se ele mentiu, eu queria saber por quê.”“Eu não sei por quê, mas a verdade é que eles se separaram.”d) POR QUE1. em frases interrogativas diretas ou indiretas:“Por que você não foi?” (=pergunta direta)“Gostaria de saber por que você não foi.” (=pergunta indireta)2. quando for substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL, PELOSQUAIS, PELAS QUAIS:“Só eu sei as esquinas por que passei.” (=pelas quais)“É um drama por que muitos estão passado.” (=pelo qual)“Desconheço as razões por que ela não veio.” (=pelas quais)3. quando houver a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:“Desconheço os motivos por que a viagem foi adiada.” (=pelos quais)“Não sei por que motivo ele não veio.” (=por qual)“Não sei por que ele não veio.” (=por que motivo - por qual motivo).

18. SENÃO ou SE NÃO ?

a) SE NÃO = se (conjunção condicional = caso) + não (advérbio denegação):“Se não chover, haverá jogo.” (=Caso não chova)“O presidente nada assinará, se não houver consenso.” (=caso não hajaconsenso)b) Usaremos SENÃO em quatro situações:1. SENÃO = de outro modo, do contrário:“Resolva agora, senão estamos perdidos.” (=do contrário estamosperdidos);2. SENÃO = mas sim, porém:“Não era caso de expulsão, senão de repreensão.” (=mas sim derepreensão);3. SENÃO = apenas, somente:“Não se viam senão os pássaros.” (=somente os pássaros eram vistos);4. SENÃO = defeito, falha:“Não houve um senão em sua apresentação.” (=não houve nenhuma falha,nenhum defeito).

19. SOB ou SOBRE ?

a) SOB = embaixo:“Estamos sob uma velha marquise.”“Ficou tudo sob controle.”b) SOBRE = em cima de:“A lágrima corria sobre a face.”“Deixou os livros sobre a mesa.” (=em cima da mesa)

20. TAMPOUCO ou TÃO POUCO ?

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a) TAMPOUCO = nem:“Não trabalha tampouco estuda. (=nem estuda)OBSERVAÇÃO: “Não trabalha nem tampouco estuda.” (=nem tampouco é redundante) Basta: “Não trabalha nem (ou tampouco) estuda.”b) TÃO POUCO = muito pouco:“Estudou tão pouco, que foi reprovado.”

21. TODO ou TODO O ?

a) TODO = qualquer:“Ele realiza todo trabalho que se solicita.” (=qualquer trabalho)“Toda mulher merece carinho.” (=todas as mulheres)“Todo país tem seus problemas.” (=qualquer país, todos os países)b) TODO O = inteiro:“Ele realizou todo o trabalho.” (=o trabalho inteiro)“Acariciava toda a mulher.” (=a mulher inteira)“Haverá vacinação em todo o país.” (=no país inteiro)OBSERVAÇÃO:Agora, você não poderá mais reclamar e dizer que não sabia. Se você temo hábito de beijar todo colega de trabalho, não esqueça: “beijar todo ocolega” é bem diferente.

Parte 2 - Hífen

O CASOO uso do hífen é, sem dúvida, uma das maiores “desgraças” da línguaportuguesa. É dúvida após dúvida. Nessas horas, sinto uma inveja imensada língua espanhola. Para quem não sabe, o espanhol aboliu o hífen e,pelo visto, não sente a mínima saudade. No caso dos prefixos, é “coisa pra maluco”! Confira comigo.Se você quer saber se o certo é INFRAESTRUTURA ou INFRA-ESTRUTURA,deverá conhecer a regra que diz o seguinte: com o prefixo INFRA, só háhífen se a palavra seguinte começar por “h”, “r”, “s” ou vogais.Portanto, o certo é INFRA-ESTRUTURA. Assim sendo, INFRAVERMELHO seescreve sem hífen, “tudo junto” como se diz freqüentemente (=VERMELHOcomeça com “v”).Para o prefixo EXTRA, a regra é a mesma. Portanto, devemos escreverEXTRA-OFICIAL (=com hífen porque a palavra seguinte começa por vogal).Infelizmente, a dificuldade não está apenas nas regras. Temos ainda asexceções: é bom lembrar que EXTRAORDINÁRIO se escreve “tudo junto”, semhífen, embora “ordinário” comece por vogal.Outro caso que merece atenção é o uso do prefixo SUB. Segundo a regra,só há hífen quando a palavra seguinte começa por “b” ou “r”: SUB-BASE,SUB-REINO... Isso significa que, se a palavra seguinte começar porqualquer outra letra, deveremos escrever “tudo junto”: subchefe,subdelegado, subgerente, subsolo, subterrâneo... O grande problemaocorre quando a palavra seguinte começa por “h” ou vogais. Ficahorroroso, mas o certo é escrever junto: subemprego, subestimar,suboficial... Com “h”, fica pior ainda pois, além de ficar junto, temosque tirar o “h”: sub+humano = SUBUMANO, sub+hepático = SUBEPÁTICO...

Page 103: dicas protugues

A DICA Devido a isso tudo, vejamos algumas regras:1. Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO,PSEUDO, SEMI, SUPRA e ULTRA, devemos usar hífen se a palavra seguintecomeçar com “h”, “r”, “s” ou vogais.Exemplos:auto-escola, auto-retrato; porém: autobiografia, autocontrole;contra-ataque, contra-reforma; porém: contracheque, contrafilé;extra-oficial, extra-regulamentar; porém: extrajudicial,extracurricular;infra-estrutura, infra-hepático; porém: infravermelho, infracitado;intra-ocular, intra-uterino; porém: intramuscular, intravenoso;neo-republicano, neo-realismo; porém: neoliberal, neoclássico;proto-história, proto-revolucionário; porém: protofonia, protozoário;pseudo-artista, pseudo-representação; porém: pseudopoeta,pseudocientista;semi-selvagem, semi-interno; porém: semifinal, semideus, seminu;supra-renal, supra-axilar; porém: supracitado, suprapartidário;ultra-romântico, ultra-sensível; porém: ultramarino, ultrapassagem.

2. Com os prefixos ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, devemos usar hífen se apalavra seguinte começar com “h”, “r” ou “s”.Exemplos:ante-sala, ante-histórico; porém: anteontem, antepenúltimo;anti-semita; anti-herói; porém: anticristo, antiinflacionário;arqui-rabino, arqui-rival; porém: arquiinimigo, arquiduque;sobre-saia, sobre-humano; porém: sobreloja, sobretaxa, sobrevôo.

3. Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavraseguinte começar por “h” ou “r”.Exemplos:hiper-humano, hiper-raivoso; porém: hipermercado, hipersensível;inter-regional, inter-humano; porém: interplanetário, interestadual;super-homem, super-requintado; porém: supermercado, superatleta.

4. Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por“b” ou “r”.Exemplos:Sub-bibliotecário, sub-ramo; porém: subsecretário, subeditoria.

OBSERVAÇÃO:Vejamos alguns casos em que não se usa hífen. Devemos escrever “tudojunto”:AERO - aeroespacialANFI - anfiteatroAUDIO - audiovisualBI(S) - bicampeãoBIO - biofísicaCARDIO - cardiovascularCENTRO - centroavanteDE(S) - desarmoniaELETRO - eletrocardiogramaESTEREO - estereofônico

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FOTO - fotossínteseHEMI - hemiplegiaHEPTA - heptassílaboHETERO - heterossexualHEXA - hexacampeãoHIDRO - hidroaviãoHOMO - homossexualidadeMACRO - macroeconomiaMEGA - megafoneMICRO - microcomputadorMONO - monoblocoMORFO - morfossintaxeMOTO - motociclismoMULTI - multicoloridoNEURO - neurocirurgiãoONI - onipresenteORTO - ortopediaPARA - paramilitaresPENTA - pentacampeãoPNEUMO - pneumotóraxPOLI - policromatismoPSICO - psicossocialQUADRI - quadrigêmeosRADIO - radioamadorRE - reaverRETRO - retroagirSACRO - sacrossantoSOCIO - sociolingüísticoTELE - telecomunicaçõesTERMO - termodinâmicaTETRA - tetracampeãoTRI - tridimensionalUNI - unicelularZOO - zootecnia

Parte 3 - Acentuação Gráfica

1. DA ou DÁ ?DA = preposição DE + artigo A: “Ela vem da praia.”DÁ = 3ª pessoa do singular do verbo DAR (presente do indicativo): “Ele dá tudo de si.”REGRA: Acentuam-se as palavras monossílabas tônicas terminadas em “a”,“e” e “o”, seguidas ou não de “s”: A(S): lá, já, gás, má, más (adjetivo)... E(S): fé, vê, mês, três, vês (verbo)... O(s): pó, dó, pôs, nó, nós (pronome reto)...OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam os monossílabos terminados em: I(S): ti, si, bis, quis... U(S): tu, cru, nus, pus... AZ, EZ, OZ: paz, fez, vez, noz, voz...OBSERVAÇÃO 2: Acentuam-se as formas verbais terminadas em “a”, “e” e “o”seguidas dos pronomes LA(S) ou LO(S): dá-lo, vê-la, pô-los, vê-lo-á...

Page 105: dicas protugues

OBSERVAÇÃO 3: Não se acentuam os monossílabos átonos:Artigos definidos: o, a, os, as;Conjunções: e, mas, se, que...Preposições: a, de, por...Pronomes oblíquos: o, se, nos, vos...Contrações: da(s), do(s), na, nos...Pronome relativo: que.

2. POR ou PÔR ?POR é preposição: “Vou por este caminho.”PÔR é verbo: “Vou pôr o livro sobre a mesa.”OBSERVAÇÃO 1: Este caso é uma das exceções que ficaram após a mudançaortográfica de 1971, que aboliu a regra do acento diferencial.OBSERVAÇÃO 2: Somente o verbo PÔR tem acento circunflexo. Os verbosderivados não têm acento: expor, compor, dispor, contrapor, impor...OBSERVAÇÃO 3: Somente o verbo PÔR tem acento circunflexo. As demaispalavras terminadas em “or” não tem acento gráfico: cor, for, dor...

3. QUE ou QUÊ ?A palavra QUÊ só tem acento circunflexo quando está substantivada ou nofimda frase: “Ela possuía um quê todo especial.” (=substantivo) “Procurava não sabia bem o quê.” “Ele viajou por quê?”

4. TEM ou TÊM ou TÊEM ?“Ele TEM” = 3ª pessoa do singular do verbo TER (presente do indicativo);“Eles TÊM”= 3ª pessoa do plural;“TÊEM” não existe.

5. VEM ou VÊM ou VÊEM ?“Ele VEM” = 3ª pessoa do singular do verbo VIR (presente do indicativo);“Eles VÊM” = 3ª pessoa do plural do verbo VIR (presente do indicativo);“Eles VÊEM” = 3ª pessoa do plural do verbo VER (presente do indicativo).OBSERVAÇÃO 1: Só os verbos do grupo “crê-dê-lê-vê” (CRER, DAR, LER eVER) terminam em “-ÊEM”: Ele crê - eles crêem (presente do indicativo); Que ele dê - que eles dêem (presente do subjuntivo);Ele lê - eles lêem (presente do indicativo);Ele vê - eles vêem (presente do indicativo).OBSERVAÇÃO 2: Esta regra também se aplica aos verbos derivados: descrer,reler, prever, rever... Ele relê - eles relêem; Ele prevê - eles prevêem.OBSERVAÇÃO 3: Todas as palavras terminadas em “ÔO(S)” devem receberacento circunflexo: vôo (verbo = “eu vôo” ou substantivo = “o vôo foiótimo”), enjôo(s), perdôo, magôo, abençôo...OBSERVAÇÃO 4: “Tu côas” e “ele côa” são as únicas palavras em que ohiato “OA” recebe acento circunflexo: boa, voa, canoa, coroa, pessoa,lagoa...

6. REFEM ou REFÉM ?

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O certo é REFÉM.Todas as palavras oxítonas (=sílaba tônica na última sílaba) terminadasem“ÉM (ÉNS)” recebem acento agudo se tiverem mais de uma sílaba: recém,porém, alguém, ninguém, armazéns, parabéns, tu intervéns, tu deténs...OBSERVAÇÃO: As palavras monossílabas terminadas em “ÉM (ÉNS)” não têmacento agudo: bem, trem, ele tem, ele vem (3ª pessoa do singular)...

7. CONTEM ou CONTÉM ou CONTÊM ou CONTÊEM ?CONTEM = do verbo CONTAR: “É preciso que vocês contem tudo.”CONTÉM = 3ªp.sing. do verbo CONTER: “A garrafa contém gasolina.”CONTÊM = 3ªp.plur. do verbo CONTER: “As garrafas contêm gasolina.”CONTÊEM não existe.OBSERVAÇÃO: Todos os verbos derivados de TER (=deter, reter, manter,obter...) terminam em “ÉM” na 3ª pessoa do singular e em “ÊM” na 3ªpessoa do plural do presente do indicativo: ele detém - eles detêm; ele mantém - eles mantêm; ele contém - eles contêm.

8. PROVEM ou PROVÉM ou PROVÊM ou PROVÊEM ?PROVEM = do verbo PROVAR: “É preciso que vocês provem o que disseram.”PROVÉM = 3ªp.sing. do verbo PROVIR: “O produto provém da Argentina.”PROVÊM = 3ªp.plur. do verbo PROVIR: “Os produtos provêm da Argentina.”PROVÊEM = 3ªp.plur. do verbo PROVER (=abastecer): “Os armazéns seprovêem do necessário.”OBSERVAÇÃO: Todos os derivados de VIR (=advir, convir, intervir,provir...) terminam em “ÉM” na 3ª pessoa do singular e em “ÊM” na 3ªpessoa do plural do presente do indicativo: “ele intervém, provém...” e“eles intervêm, provêm...”

9. CAJU ou CAJÚ ?O certo é CAJU.REGRA: Só acentuamos as palavras oxítonas terminadas em “a”, “e” e “o”,seguidas ou não de “s”:A(S): sofá, sabiá, atrás, aliás...E(S): café, você, invés, chinês...O(S): cipó, avô, avós, propôs...OBSERVAÇÃO 1: As formas verbais terminadas em “a”, “e” e “o”, seguidasdos pronomes LA(S) ou LO(S) devem ser acentuadas: encontrá-lo,recebê-la, dispô-los, amá-lo-ia, vendê-la-ia...OBSERVAÇÃO 2: Acentuamos a palavra PORQUÊ quando está substantivada ouno fim da frase: “Não sei o porquê de tudo isso.”OBSERVAÇÃO 3: Não se acentuam as oxítonas terminadas em:I(S): aqui, Parati, anis, barris, dividi-lo, adquiri-la...U(S): caju, bauru, Bangu, urubus, compus, Nova Iguaçu...AZ, EZ, OZ: capaz, talvez, feroz...OR: condor, impor, compor...IM: ruim, assim, folhetim...

10. GRAJAU ou GRAJAÚ ?O certo é GRAJAÚ.REGRA: Acentuam-se as vogais “i” e “u” tônicas, formando hiato com avogal anterior e formando sílaba sozinhas ou com “s”:

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Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, elere-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nósca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes,pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do,con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do...OBSERVAÇÃO 1: A vogal “i” tônica, antes de “NH” não recebe acento agudo:rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho...OBSERVAÇÃO 2: Não há acento agudo quando formam ditongo e não hiato:gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, queeles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais...OBSERVAÇÃO 3: Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estãoisoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im,pa-ul...

11. CÔCO ou COCO ?O certo é COCO.REGRA: Só acentuamos as palavras paroxítonas (=sílaba tônica napenúltima sílaba) terminadas em:I(S): táxi, júri, cáqui, lápis, tênis...EI(S): jóquei, vôlei, ágeis, fósseis, usaríeis...US: vírus, ânus, bônus, Vênus...Ã(S): ímã, órfã, órfãs...ÃO(S): órfão, sótão, órgãos, bênçãos...R: caráter, repórter, éter, mártir...X: tórax, clímax, ônix, látex...N: hífen, pólen, próton, nêutron...L: túnel, têxtil, ágil, difícil...UM (UNS): álbum, álbuns...ONS: prótons, elétrons, íons...PS: bíceps, tríceps, fórceps...OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam as paroxítonas terminadas em:A(S): fora, seca, sala, balas...E(S): este, esses, ele, eles...O(s): coco, bolos, palito...EM (ENS): item, itens, ordem, nuvens, hifens, polens, abdomens...OBSERVAÇÃO 2: Não se acentuam os prefixos terminados em “i” ou “r”:hiper, inter, super, semi, mini, maxi...OBSERVAÇÃO 3: Podemos usar XÉROX ou XEROX.

12. PARA ou PÁRA ?PARA é preposição: “Eu vou para São Paulo.”PÁRA é verbo (3ª pessoa do singular) : “Ele sempre pára aqui.”REGRA: A regra do acento diferencial de timbre (som fechado x aberto)foi abolida em 1971. Restaram algumas exceções. Vejamos alguns exemplosde palavras que ainda têm acento diferencial de tonicidade: Tu côas, ele côa (do verbo COAR); Ele pára (do verbo PARAR - só a 3ªp.sing. do presente do indicativo); Pôr (só o infinitivo do verbo); Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR); O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem); A pêra (substantivo = fruta - só no singular) O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade)

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OBSERVAÇÃO: Não se acentuam as palavras átonas (preposições,conjunções...): para (preposição), por (preposição), pela (s) e pelo(s)(contração)...

13. PÔDE ou PODE ?PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo:“Ontem elenão pôde resolver o problema.”PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora ele nãopodesair.”

14. SECRETÁRIA ou SECRETARIA SECRETÁRIA é a pessoa; SECRETARIA é o lugar.REGRA: Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ditongo:SE-CRE-TÁ-RIA, a-é-reo, núp-cias, sé-rie, cá-ries, ób-vio, re-ló-gio,nó-doa, má-goas, á-gua, tá-buas, tê-nue, o-blí-quo, ár-duos, au-tóp-sia,fa-mí-lia, prê-mio, am-bí-guo, lon-gín-quo, en-xá-guas, de-sá-guam,mín-güem, bi-lín-güe...OBSERVAÇÃO: Não haverá acento se a palavra terminar em hiato:SE-CRE-TA-RI-A, ele ma-go-a, ele a-ve-ri-gu-a, a-pa-zi-gu-a, ar-gu-o,que eu ar-gu-a, ne-crop-si-a, ele in-flu-en-ci-a, ele no-ti-ci-a, eupre-mi-o, ma-qui-na-ri-a ...

15. RÚBRICA ou RUBRICA ?O certo é RUBRICA.É uma palavra paroxítona terminada em “a”. Se fosse proparoxítona teriaacento.REGRA: Todas as palavras proparoxítonas (=sílaba tônica na antepenúltimasílaba) devem receber acento gráfico: álcool, álibi, amássemos,amávamos, biótipo, cágado, científico, crisântemo, depósito, devíamos,devidi-lo-íamos, êxodo, fôssemos, hábito, ímprobo, ínterim, ômega,pântano, plêiade, protótipo, repórteres, vermífugo...OBSERVAÇÃO 1: Embora a forma acentuada seja usual em nossos meios decomunicação, oficialmente as palavras deficit e habitat não têm acentográfico porque são latinismos (palavras latinas que não foramaportuguesadas)OBSERVAÇÃO 2: Cuidado com algumas palavras que não têm acento gráficoporque verdadeiramente são paroxítonas: avaro, aziago, ciclope, decano,erudito, filantropo, ibero, inaudito, pudico, refrega, rubrica ...

16. APÔIO ou APOIO ou APÓIO ?APÔIO não existe;APOIO é substantivo: “Preciso do seu apoio.”APÓIO é verbo: “Eu apóio este candidato.”REGRA: Acentuam-se as palavras que apresentam ditongos abertos:ÉU: céu, réu, chapéu, troféus...ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia...ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide...OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam os ditongos fechados:EU: seu, ateu, judeu, europeu...EI: lei, alheio, feia...OI: boi, coisa, o apoio...

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OBSERVAÇÃO 2: No Brasil, colméia e centopéia são pronunciados com otimbre aberto.

Parte 4 - Trema

O CASO

E o trema não morreu!É verdade. Embora muitos já o tenham abolido de suas vidas, o tremacontinua vivo e forte.Há quem tenha decretado a morte do trema por total desprezo ao seu uso:“É um sinal inútil”, dizem alguns. “Este sinal não existe no meuteclado”, afirmam outros.Na verdade, o coitado do trema foi expulso de muitos lugares. Nãoconheço supermercado algum que venda lingüiças. A maioria preferelinguiças. E os nossos jornais! Com muita “frequência” leio sobre“sequestros” de “delinquentes” feitos com a maior “tranquilidade”. Issoeu não “aguento”!Desde 1971, ano da última mudança ortográfica ocorrida na línguaportuguesa, tentam acabar com o trema. Houve várias propostas. A última“reforma”, que não entrou em vigor até hoje, também propunha o fim dotrema.O professor Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira deLetras, ao ser consultado a respeito da “reforma”, esclarece: “Ainda nãofoi assinado pelos sete países da comunidade lusófona o AcordoOrtográfico da Língua Portuguesa. Na verdade, Brasil e Portugal já seacertaram, mas há algumas nações africanas que resistem à idéia. OAcordo talvez seja assinado este ano.”Isso significa, portanto, que o trema continua valendo. Quem desejaseguir oficialmente nossas normas ortográficas devem continuarutilizando o trema.Existem os moderados que afirmam: “o trema não foi abolido, mas seu usoagora é facultativo”. Mentira! O trema só é facultativo se a pronúnciada vogal “u” for opcional, ou seja, podemos falar: líquido ou líqüido,antiquíssimo ou antiqüíssimo, sanguinário ou sangüinário...Pior que abandonar o trema é usá-lo onde ele nunca existiu. Há quemfale “adqüirir”, “distigüir” e “por consegüinte”. Devemos usar adquirir,distinguir e por conseguinte. Alguns fazem “qüestão” de falar errado. Ocerto é questão, questionar, questionário...Por fim, não esqueça que O TREMA (=palavra do gênero masculino) não éum acento (=não indica sílaba tônica). O trema é um sinal gráfico cujafunção é indicar a pronúncia da vogal “u”.

A DICA

Devemos usar o trema na vogal “u” (pronunciada e átona), antecedida de Qou G e seguida de E ou I:

Q E > Ü < G I

O objetivo do trema é distinguir a vogal “u” muda (=não pronunciada) da

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vogal “u” pronunciada:

QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente;QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade;GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos;GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.

OBSERVAÇÃO 1:Não esqueça que jamais haverá trema quando a vogal “u” estiver seguidade “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...OBSERVAÇÃO 2:Se a vogal “u” for pronunciada e tônica, devemos usar acento agudo emvez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, elesargúem...