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11 1 I , ~! i ~ Diferenças, deficiências e diversidade - um olhar sobre a deficiência mental Differences, disabilities and diversity -a look on mental disability Waldir Carlos Santana dos Santos* Celina Camargo Bartalotti** RESUMO: O presente artigo discute as concepções de deficiência mental socialmente construídase fi; ,; expressas, a partir da análisedos conceitosde preconceito,estereótipo, estigma. Analisao significado ~t"QQi) social do "ser desviante"apontando para as formas pelas quais a sociedade se estrutura, buscando c,f" manter os tidos como "desviantes" afastados. e reflete sobre as possibilidades de superaçãodesta 77"' condição a partir da compreensão da diversidade comovalor, e não como problema. \~: UNITERMOS: Retardo mental; Inclusãosocial r"" , SUMMARY: Thispaperdiscusses the socially constructedand expressed conceptions of mental disabil- ity on the basisof. the analysisof the conceptsof preconception,stereotype and stigma. It analyses what the social meaning of "deviant being" is about, pointing to the ways society structures itself by means of an effort to maintain peopleconsidered "deviant" far from it, reflecting alsoon the possibil- ities of going beyond of this condition by meansof a new understanding of diversity that takes it ';li rather as a value than a problem. KEYWORDS: Mental disability; Socialinclusion Bf." :," OS antecedent~s deste traba- ,programa de Pós-Graduaçãoe~) JY com deficiência mental) tem sido lho são encontros de discussão e Psicologia Escolar e do DesenvQI-.,. um dosnossos maiores objetivos, reflexão ~ntre dois profissionais, vimento Humano, da Universi- (' ou utopias. uma Terapeuta Ocupacional e dade de São Paulo. ,I~ Iniciamos afirmando que o um Psicólogo, atuantes na área O pensarsobrea diferença faz indivíduo com deficiência men- da deficiênciamental. No caso es- parte de nossaprática cotidiana. ! tal é um sersocialmenteestigma- pecífico deste texto, somam-se às Entender as implicações psico~- tizado, pelo desvio que apresen- nossas tradicionais preocupações sociais dessa diferença e, mais ta. A deficjência mental é mais as experiências adquiridas na ainda, buscar,a partir da reflexão uma daquelas que a Profa. Ligia Disciplina "Diferença e Diferen- e da prática, formas de contribuir Amaral denomina de Diferença tes: o si-mesmo, o outro, o mun- para a modificação da condição Significativa; significativa porque do", sob a responsabilidade da social imposta a esses diferentes atenta contra uma ordem social Profa pra. Ligia A. Amara!, no (em nosso caso, os indiyíduos e culturalmente estabelecida, se- * Psicólogo. Diretor Técnico da LACE -Legião de Assistência à Criança Excepcional. Professordo curso de Psicologiada Universidade Metodista de SãaPaulo. Mestteem Psicologia Social pela PUC/SP.Doutorando em PsicologiaEscolar e do Desenvolvimento Humano pelo IPUSP ** Terapeuta Ocupacional. Professorados cursos de Terapia Ocupacional e Pedagogia do Centro Universitário SãoCamilo. Terapeuta Ocupacional da LACE -Legião de Assistência à Criança Excepcional. Assessora do Núcleo de EducaçãoInclusiva da Secretariada Educaçãode Guarulhos. Mestre e Doutoranda em Psicologia da Educaçãopela PUC/SP 382 O MUNDO DASAÚDE-São Paulo, ano 26 v. 26 n. 3 jul./set. 2002

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1

I, ~!

i~

Diferenças, deficiências e diversidade -

um olhar sobre a deficiência mental

Differences, disabilities and diversity -a look on mental disability

Waldir Carlos Santana dos Santos*Celina Camargo Bartalotti**

RESUMO: O presente artigo discute as concepções de deficiência mental socialmente construídas efi; ,; expressas, a partir da análise dos conceitos de preconceito, estereótipo, estigma. Analisa o significado~t"QQi) social do "ser desviante" apontando para as formas pelas quais a sociedade se estrutura, buscandoc,f" manter os tidos como "desviantes" afastados. e reflete sobre as possibilidades de superação desta77"' condição a partir da compreensão da diversidade como valor, e não como problema.

\~: UNITERMOS: Retardo mental; Inclusão socialr"" ,

SUMMARY: This paper discusses the socially constructedand expressed conceptions of mental disabil-ity on the basisof. the analysis of the concepts of preconception, stereotype and stigma. It analyseswhat the social meaning of "deviant being" is about, pointing to the ways society structures itself bymeans of an effort to maintain people considered "deviant" far from it, reflecting also on the possibil-ities of going beyond of this condition by means of a new understanding of diversity that takes it

';li rather as a value than a problem.

KEYWORDS: Mental disability; Social inclusion

Bf."

:,"OS antecedent~s deste traba- ,programa de Pós-Graduação e~) JY com deficiência mental) tem sido

lho são encontros de discussão e Psicologia Escolar e do DesenvQI- .,. um dos nossos maiores objetivos,reflexão ~ntre dois profissionais, vimento Humano, da Universi- (' ou utopias.uma Terapeuta Ocupacional e dade de São Paulo. ,I~ Iniciamos afirmando que o

um Psicólogo, atuantes na área O pensar sobre a diferença faz indivíduo com deficiência men-da deficiência mental. No caso es- parte de nossa prática cotidiana. ! tal é um ser socialmente estigma-

pecífico deste texto, somam-se às Entender as implicações psico~- tizado, pelo desvio que apresen-nossas tradicionais preocupações sociais dessa diferença e, mais ta. A deficjência mental é maisas experiências adquiridas na ainda, buscar, a partir da reflexão uma daquelas que a Profa. LigiaDisciplina "Diferença e Diferen- e da prática, formas de contribuir Amaral denomina de Diferençates: o si-mesmo, o outro, o mun- para a modificação da condição Significativa; significativa porquedo", sob a responsabilidade da social imposta a esses diferentes atenta contra uma ordem socialProfa pra. Ligia A. Amara!, no (em nosso caso, os indiyíduos e culturalmente estabelecida, se-

* Psicólogo. Diretor Técnico da LACE -Legião de Assistência à Criança Excepcional. Professor do curso de Psicologia da Universidade Metodista deSãa Paulo. Mestteem Psicologia Social pela PUC/SP. Doutorando em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo IPUSP

** Terapeuta Ocupacional. Professora dos cursos de Terapia Ocupacional e Pedagogia do Centro Universitário São Camilo. Terapeuta Ocupacional da LACE-Legião de Assistência à Criança Excepcional. Assessora do Núcleo de Educação Inclusiva da Secretaria da Educação de Guarulhos. Mestre e Doutoranda

em Psicologia da Educação pela PUC/SP

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DIFERENÇAS, DEFICIÊNCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE ADEFICIÊNCIA MENTAL

gundo a qual a intelectualidade Segundo Polito (1994), desvio ta!'..., 'como é inteligente...' ou

e as atividades mentalmente ele- é o mesmo que curva, volta, si- 'como é saudável essa criança...'

vadas são supervalorizadas. nuosidade; deslize, erro, falta..., Eu não sou assim. Sou desajeita-

Justamente por contrariar as ao passo que, para o mesmo au- do, e tenho muita dificuldade para

expectativas em relação à com- to r, desviar significa desfalcar, aprender mas, aos poucos, aprendopetência para o uso do raciocínio, fraudar, roubar. Depreende-se, coisas." " (Coldebella e Coldebe-

do julgamento e da habilidade então, que todo aquele que des- lIa, 1997, p. 6-7).geral para lidar com a complexi -via, além de trilhar o caminho Há, ainda, a consideração do

dade inerente ao estilo de vida menos recomendável mais tortu- desvio como patologia. Não raro,

competitivo e excludente que vi- oso, é aquele que rouba o espa- associa-se deficiência mental à

vemos em nossos dias, as pessoas ço, o lugar, a vez de alguém -de doença mental.

com deficiência mental ocupam alguém normal quadradinho, de Velho (1989, p. 11) afirma

I um lugar de destaque, se assim acordo com a forma à disposição que, "tradicionalmente, o indivíduo

podemos dizer, entre os estigma- de quem queira ser bem aceito. desviante tem sido encarado a partir

tizados, sendo objeto de ações Uma das formas pelas quais o de uma perspectiva médica preocu-

(práticas) reabilitadoras, geral- desvio costuma ser considerado pada em distinguir o 'são' do 'não-

mente baseadas numa concepção é quanto ao afastamento de crité- são' ou do 'insano'". Dessa forma,

de incapacitação pra a vida mo- rio. A partir dessa visão, devemos certos desvios acabam por ser en-

derna, resultando daí uma série entendê-Io como uma condição carados como "sintomas ou expres-

de impressões que aproximam estabelecida a partir de três cate- são de desequih'brio ou doença", As-

essa condição peculiar à idéia de gorias de critérios, definidos por sim sendo, como doenças devem

patologia, de doença. Amaral (1995) da seguinte ma- ser tratados. Essa é uma visão em

Com o desenvolvimento do neira: que a patologia é individual. Em

conhecimento humano, temos Estatístico, relativo à freqüên- Donato (1998), encontramos um

sofisticado as formas de interven- cia de aparecimento de um dado. bom exemplo dessa visão, no de-

ção, mas não tem~s abandonado Vai desde dados biologicamente poimento de um rapaz com Sín-

as atitudes. Grosso modo, ousa- determinados até os aprendidos. drome de Down:

mos afirmar que as várias moda -Anatômico/funcional, que se re- "Com ela também me submeti ao

lidades de tratamento propostas fere à competência para determi- tratamento da Terapia Celular (célu-

têm como pressuposto básico a nadas funções e intensidade da Ias de feto de carneiro importadas da

necessidade de aproximar, o má- forma. Por ser um critério predo- Suíça). Apesar de condenado por al-

ximo possível essas pessoas (se- minantemente descritivo, está me- guns médicos e pais, os meus, depois

res imperfeitos) de um padrão de nos impregnado de juízo de valo- de algumas investigações, optaram por

normalidade -a essa tendência res, crenças ou opiniões, como, por esse tipo de tratamento." (p. 19-20).

chamamos normatização. exemplo, na definição a seguir: O mesmo Velho, citando Mer-

A deficiência mental é, por- "Síndrome de Down: caracteriza- ton e outros autores, aponta para

tanto, um estigma. Um sinal de se por várias alterações físicas (olhos outra concepção de desvio, aque-

alerta ante o perigo de desequilí- amendoados, nariz achatado, estatu- Ia que se baseia na idéia de socie-

brio de uma ordem instalada. Um ra baixa, mãos e pés pequenos, pre- dade como um sistema equilibra-

desafio ao nosso conhecimento, ga única palmar), podendo haver do, cujo desequilíbrio propicia o

um desvio a ser tratado e acondi- cardiopatia associada. Os portadores surgimento de comportamentos

cionado em seu devido lugar -dessa deficiência apresentam defici- desviantes (anomia). Segundoo lugar do diferente, cujos limites ência mental em grau variado" essa concepção, o desvio não po-

precisam ser muito bem defini- (MEC, s/d, p. 28). de ser encarado como patologia

dos. As relações estabelecidas com Ideológico. Este é o critério em do indivíduo, mas como manifes-

o estigma e, por conseguinte, com que se observa forte influência de tação da patologia da sociedade.

as pessoas estigmatizadas, são re- valores culturalmente comparti- Associando, ainda, o desvio à

lações tensas, altamente influen- lhados. Costuma aparecer nas re- doença, lembramos Laplantineciadas pelas atitudes ante a dife- lações entre o indivíduo e o grupo. apud Amaral (1992) que obser-

rença, atitudes geradoras de pre- "Sou apenas um garoto... um va duas leituras sociais sobre a

conceitos e estereótipos que per- pouco diferente... Não sou igual doença. A primeira, e mais usual

mearão todo o processo de inser- àquelas crianças que a gente vê entende a doença como conten-

ção social dessas pessoas. e vai logo dizendo: 'como é boni- do um caráter maléfico, sendo

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DIFERENÇAS, DEFICIÊNCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE ADEFICIÊNCIA MENTAL

assim nociva e, portanto, deven. Seja considerado o desvio co- estabelecimento está, portanto,do ser evitada. A partir dessa vi- mo patologia, seja como afasta- baseado nos sentimentos, nassão, a doença não está simples- mento de critérios estabelecidos, emoções, que têm, logicamente,mente relacionada a um desvio mantém-se a noção de culpabili,. uma base sociocultural, ideológi-biológico, deve também ser con- da de (ou responsabilidade) do ca. É importante diferenciar ati-siderada como um desvio social indivíduodesviante pela diferen. tude de opinião. A opinião está(o que confere ao doente a atri- ça identificada como sua. relacionada à racionalidade, oubuição de um ser socialmente Uma tentativa de desculpabi- seja, a um aspecto mais cogniti-desvalorizado). A segunda, mais lizar (ou desresponsabilizar) o in- vo, enquanto a atitude se caracte-implícita, vê na doença uma si -divíduo desviante pelo desvio é riza pela irracionalidade. A atitudetuação que impulsiona a uma o entendimento deste pelo seu é, portanto, uma categoria intrap-reação em busca do reequilíbrio, caráter multifacetado. síquica, ligada aos sentimentos eda superação e, por que não di- Para Velho (1989), o indivíduo aspectos sociais introjetados.zer, do aperfeiçoamento. É o que desviante deve necessariamente A atitude,. por ser intrinseca-pudemos constatar no seguinte ser entendido como alguém inse- mente emocional, resulta muitasdepoimento, ocorrido em uma rido em determinada cultura, cuja vezes no surgimento de mecanis-reunião de mães, na instituição sintomatologia deve ser interpre- mos de defesa. Dentre esses, valeem que trabalhamos, no mês de tada como uma leitura divergente ressaltar os ligados à negação, queagosto do ano de 1997: da realidade, leitura essa revela- nos interessam particularmente

"A R. é meu presentinho do dora de desigualdades sociocultu- para os propósitos dessa discussão.céu, minha companheirinhain- rais, pois as diversas formas de or- A negação se concretiza em peloseparável." ganização social resistem em acei- menos três formas: a atenuação,

Ao falar sobre a pessoa estig- tar que há uma multiplicidade de a compensação e a simulação.matizada, Goffman (1988), con- dimensões que transcendem as A atenuação se refere aosfirma essa leitura: categorias do social e do individual. comportamentos que buscam,de

"O estigma~ado pode, também, A compreensão do desvio certa maneira, minimizar a dife-ver as privações que sofreu como uma tendo como base a mera distin- rença, negando ao diferente abênção secreta, especialmente devido ção entre individual e social é afirmação de sua diversidade,à crença de que o sofrimento muito uma simplificação da 'realidade, pois esta é colocada como umapode ensinar a uma pessoa sobre a que não atende à necessidade de coisa muito ruim, que deve ser,vida e sobre outras pessoas" (p. 20). desvelamento de todos os.fatores como diz o termo, atenuada:

Em Mayrink (1986), temos constituintes dessa complexa re- "Depois que a gente coloca o filhooutro exemplo, em que a defi- lação de trocas e influências rnú- em uma escola, e conhece outras crian-çiência do outro é tida como fator tuas. O que sugere o olhar para ças, é que agente vê que o problemade crescimento pessoal: o desvio, não como patologia so- do nosso não é tão grave assim. Tem I

"Uma vez adultos, os irmãos de cial,. mas como a legítima expres- criança com muito mais problemas,uma pessoa excepcional -quando são da diversidade e suas inevitá- que não andam, não falam... " (De-

percebem que o excepcional é tratado veis' conseqüências. poimento de mãe, em sessão decom respeito, com carinho, por seus Com,o qualquer outro indiví- orientação em instituição especia-pais e demais familiares, pelos vizi- duo considerado desviante, ou lizada, fevereiro de 1999).nhos -tornam-se pessoas muito apresentando uma diferença sig- A compensação está relacio-amadurecidas, tolerantes em relação nificativa -termo que estamos nada aos comportamentos queà conduta humana, capazes de gestos adotando neste trabalho, a pes- buscam apresentar uma alterna-humanos e desprendidos. Afinal, soa com deficiência mental, via tiva à diferença, no sentido deconviveram por anos a fio com uma de regra, representa o estranho, encontrar no diferente algo quesituação muito penosa e dela apren- sobre o qual recai o estigma do seja bom, positivo. É o espaço doderam muita coisa... (p.175-176). indesejado. "mas".

Outro exemplo: "A Síndrome Esta dificuldade de aceitação "Evidentemente, os portadores dede Down é para minha família uma se reflete em atitudes, preconcei- Síndrome de Down têm limitações,bênção de Deus e, graças a ela, eles tos e estereótipos em relação à mas não há notídas de um downianoaprenderam e cresceram muito, e eu pessoa com deficiência mental. que tenha inventado fantasmas ape-fui especial nascendo assim, um bebê A atitude é uma postura psí- nas para abastecer sua conta parti-portador" (Donato, 1998, p. 61). quica, baseada na emoção. Seu cular" (Altman, 1994, p. 139).

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DIFERENÇAS, DEFICI~NCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE ADEFICI~NCIA MENTAL

Em outras palavras, é Down, "Meu nome é Toni... Sou uma Integração da Pessoa PortadoraI mas não é corrupto. criança especial... (outros dizem ex. de Deficiência:f A simulação significa a nega- cepcional). Igual a mim existem mui- "Permitir que o defidente mental

ção que busca, de uma maneira tas... Somos um pouco diferentes, possa concorrer mediante provas prá-explícita, negar a diferença par- mas queremos ser tratados como as ticas em concursos públicos, desde quetindo do princípio de que alguma outras crianças. Se todos me tratarem tenha habilidades compatíveis com ohabilidade, característica, ação do como sou tratado em casa e na escola, cargo pretendido, sendo dispensado dosdiferente pudesse "libertá -10" da serei feliz. Quando eu crescer; quero testes de avaliação intelectual" (Folhageneralização de sua condição. É ser professor pra ensinar todas as de S. Paulo, p. 9, 25 jun. 1995).o "como se". crianças deficientes" (Coldebella e Ao lado do quadro estatístico

I "R.M.S.., 19 anos, nadadora, trei- Coldebella, 1997, p. 19-20). há outro, intitulado: "Os seg-, na todos os dias e transforma-se, Ao nos referimos ao estereóti- mentos mais promissores para

quando está dentro da água. Nesta po (concretização do preconcei -deficientes", que aponta possíveishora ninguém diz que ela possui a to) em relação a pessoas com de- colocações profissionais para asmentalidade de uma criança" (Fa- ficiência mental, o que encontra- pessoas com deficiências físicas,mília Cristã, abro 1995, p. 53). mos, muitas vezes, é quase a ne- visuais ou fonoaudiológicas (sic).

O preconceito é uma constru- gação de sua existência. Um Em todo texto, no entanto, nãoI ção mais organizad~, .cog~itiva, exemplo claro disso é o seguinte há ~e~hum exemplo, fala de

que tem como matena-pnma a trecho de unia reportagem do profIssIonal, ou algo qualquerI atitude. Como o próprio des- jornal Folha de S.Paulo, que trata que aponte para uma possível co-

membrar da palavra sugere, tra- do direito das pessoas com defi- locação desta parcela da popula-ta-se de um pré-conceito, um ciência de acesso ao ensino, que ção. Atribuímos essa omissão aoconceito anterior ao conheci- nem chega a mencionar as pes- descrédito socialmente compar-mento. Assim como a atitude, o soas com deficiência mental: tilhado em relação à competên-preconceito é anterior ao com- "'Entre todos os deficientes, os cia educacional e profissional dasportamento. Usl.ndo a relação portadores delimitação física são pessoas com deficiência mental.estabelecida por Donai (1988), o os que podem ser integrados O estigmatizado é coisificado,preconceito seria o "genótipo", mais facilmente. Bastaria que as destituído de sua condição de su-ou seja, a predisposição interna escolas fizessem mudanças nos jeito, o que implica não ver res-que se estabelece em detrimento prédios; além de os municípios peitada sua historicidade própria.de uma experiência pessoal. oferecerem transporte público Se alguma historicidade é respei-

Estereótipo é a corporificação adaptado para os alunos chega- tada é aquela do grupo ou segmen-do preconceito e da atitude; ou rem à escola. to de pertença. Assim, a pessoaseja, sua concretização. O este- Cegos e surdos também poderiam estigmatizada costuma ser consi-reótipo dá uma identidade grupal freqüentar classes comuns normal- derada como parte de determina-a determinada condição, dada de mente, se as escolas fizessem algumas da categoria, à qual são atribuídasfora para dentro; é uma identida- adaptações" (Ruiz, 1999). características que supõe-se co-de atribuída, a partir da qual são O mesmo jornal, em reporta -muns a todos os que a constituem.geradas as expectativas sociais. gem no Caderno Empregos, fala Em função dessa coisificação,Dorai (1988), faz um paralelo do da inserção profissional de pes- Goffman (1988) acredita que asestereótipo com o "fenótipo", ou soas com deficiência. Como é ca- pessoas que têm em comum umseja, é o manifesto. Este autor vê racterístico deste jornal, coloca mesmo estigma costumam com-o estereótipo como uma genera- um quadro estatístico sobre adis- partilhar de experiências delização perversa. tribuição das várias deficiências, aprendizagem semelhantes, o

Pensando na deficiência men- cujo título é: "Metade tem Defi- que acarreta semelhanças nastal, podemos lembrar as referên- ciência Mental". No texto da re- próprias alterações na concepçãocias às pessoas com Síndrome de portagem, no entanto, há apenas de eu. No caso específico da defi-Down como meigas., como eter- duas referências às pessoas com ciência mental, em que encon-nas crianças. Vejamos um exem- deficiência mental: são citados tramos diagnósticos e prognósti-pIo dessa noção, apresentada por como clientela de entidades que cos previamente definidos, pode-um personagem, com Síndrome fazem trabalhos profissionalizan- mos observar que essa carreirade Down, adolescente, no livro tes e, dentro de uma proposta da moral referida por Goffman real-Fale Comigo: Coordenadoria Nacional para mente se concretiza, uma vez

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DIFERENÇAS, DEFICIÊNCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE A

DEFICIÊNCIA MENTAL

que todas as oportunidades ofe- tórico no qual nos encontramos, ser dono de seu destino. Essedes-recidas devem caber nos limites tendo nossa prática profissional tino poderá ser melhorado a partirdos prognósticos, conforme as na área como norteador de nos- do conhecimento da natureza doclássicas tabelas descritivas de ní- sas reflexões, e pensando na pes- homem. Nesta perspectiva, então,veis de retardo mental por perí- soa com deficiência mental como a cultura é a volta do desejo nega-odo evolutivo (deficiências leve, um ser social. do sob outra forma (muitas vezesmoderada, severa e profunda). Assim, estamos nos valendo de sob a forma de religião).

Outro subproduto da coisifi- algumas conclusões tiradas a par- A repressão social é inerentecaçãodas pessoas com deficiência tir da leitura de O mal-estar na dvili- a toda vida em sociedade, a todamental é a intrusão dos seus re- zação, obra em que Freud nos ofe- conquista cultural. Embora a cul-presentantes -os informados, rece subsídios para a compreensão tura precise reprimir para existir,segundo definição de Goffman da vida do homem civilizado. ela não pode negar a realização(1988). O mal-estar que observamos dos desejos. Em psicanálise, não

Os informados, a partir da manifestar-se na civilização tra- se acredita no ideal de uma socie-crença na incapacidade das pes- duz-se por uma busca infeliz e in- da de repressiva: a repressão ine-soas com deficiência mental, as- fantilizada da felicidade. Todo ho- vitável é necessária eestruturan-sumem, por assim dizer, o con- mem busca a felicidade, mas ex- te, tanto para a criança quantotrole sobre a personalidade des- perimenta um sentimento de in- para a sociedade; não há vida so-sas pessoas, passando a veicular satisfação diante da civilização e cial (nem criatividade) sem lei, eidéias, noções e conceitos não só dos seus progressos. A civilização, a criança, para poder crescer esobre as características próprias portanto, é vista, simultaneamen- humanizar-se, tem de encontrarde sua condição, mas também so- te, como obra dos homens e como muitos nãos ao seu redor, impon-bre seus próprios desejos, senti- um processo que os ultrapassa. do-lhe os limites de que precisamentos e pensamentos. Amira- A cultura só pode se dar como para integrar-se socialmente, oulian (1997), ao comentar sobre a repressão de pulsões. Sua base é para simplesmente sobreviver.atuação do psi~logo com pesso- a repressão. Assim sendo, a civili- Dito isso, não é de admiraras com deficiência, faz menção zação impõe grandes sacrifícios que a inclusão da pessoa com de-ao conceito de Introjeção extrati- não só à sexualidade, mas tam- ficiência mental seja um campova, desenvolvido por Cristopher bém às tendências agressivas da confuso e desestruturado, já queBollas- seguidor de Winnicott humanidade. Isso significa dizer grande parte dos programas e po--o qual define tal conceito co- que amor e ódio lutam pelo con- líticas destinadas a esse segmen-mo u... um procedimento intersub- trole da vida social do hómem, to social trazem em seu bojo umajetivo, no qual alguém rouba do ou- da mesma forma como lutampe- série de medidas e concepçõestrO um elemento de sua vida psíquica 10 inconsciente. protecionistas, que consistem ba-(...). Ocorre quando alguémpressu- Aqui, a cultura é encarada co- sicamente empoupá-los de umapõe que o outro não tem experiência mo o reflexo de conflitos dinâmi- série de exigências necessárias aointerna do elemento psíquico que ele cos existentes nos indivíduos. processo de inserção e participa-representa. " (p. 46). Embora precisem da civilização ção sociais -haja vista o caráter

A área da deficiên.cia mental para manterem sua sobrevivên- segregacionista de boa parte dasé um campo fértil de introjeções cia, os homens não podem ser fe- instituições ditas especializadas.extrativas, seja da parte dos pais, lizes nela. Esta é a contradição Para Freud, não há como evi-seja da parte de profissionais es- fundamental da vida social. tar traumatismos; os traumatis-pecializados (os informados, se- Tal contradição é compreen -mos são inevitáveis, isto por causagundo Goffman). dida melhor quando entendemos da permanência da agressividade

Já que estamos falando em que, se não houvesse cultura, o e da destrutividade humanas, in-estranho, gostaríamos de acres- homem teria relação de repeti- dependentemente de tal ou talcentar ao nosso trabalho algumas ção, de indiferenciação em rela- forma de organização social; inde-considerações após a leitura de ção à natureza. É inerente ao ho- pendente também do grau cons-Freud (1978), principalmente mem negar seus desejos para se ciente e perceptível da repressãoporque estamos concebendo a diferenciar (negação como es- em determinada sociedade.deficiência mental a partir de seu quecimento do que se deseja). A repressão das pulsões, alémvínculo à ordem social, às estru- Assim, o homem cria a cultura de condição fundamental, é oturas políticas e ao momento his- para se livrar da repetição e para que mobiliza o processo de civili-

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DIFERENÇAS, DEFICIÊNCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE A

DEFICIÊNCIA MENTAL

zação. Nesta repressão há dois desnecessária a presença da ca deverá ser total, para que hajamomentos: uma luta interna no ameaça externa. vida, para que haja desejo possível.nível de Eros e uma luta de Eros A luta entre amor e ódio, por- Para Freud, o preço que paga-contra a pulsão de morte (Tana- tanto, se encontra na fundação mos por nosso avanço em termostos). Na luta entre Eros e Tanatos do superego, tal como na da pró- de civilização é uma perda de feli-é necessária uma canalização e, pria civilização; esse desenvolvi- cidade pela intensificação do sen-se possível, a sublimação da ener- mento psicológico do indivíduo timento de culpa. O sentimentogia libidinal, onde o indivíduo se reproduz com freqüência na de culpa é o mais importantetem de ser sacrificado para o bem história de uma sociedade. Desse problema do desenvolvimentoda sociedade. modo, culturas inteiras podem da civilização.

O indivíduo, desde muito ce- ser carregadas de culpa. Os senti- Para atingir o intuito de cor-do, deve acostumar-se à lei, por- mentos de culpa, principalmente relacionar o processo civilizató-que é a legislação que vai estabe- em sua variedade inconsciente, rio, segundo Freud, e a inserçãolecer as condutas que serão con- são uma forma de angústia. social da pessoa com deficiênciasideradas boas e/ou más, assim A cultura, no sentido psicana- mental, entendemos que doiscomo é a legislação que assegura lítico, consiste nas produções temas são de suma importância:a repressão necessária. simbólicas, realizadas pela intera- a agressividade e a valorização

O recalque corresponde a um ção humana sob determinadas das atividades mentais.processo inconsciente: o sujeito condições adversas; o preço a ser A agressividade é uma fonterecalca contra a própria vontade, pago pela cultura é o preço do de prazer a que, como outrosnão o percebe, o faz automatica- trabalho, ao qual todos os ho- prazeres, os seres humanos relu-mente, quando se apresenta a ele mens estão condenados desde as tam profundamente em renun-um material conflitivo reprovado origens da humanidade. O pro- ciar após tê-Ia experimentado,por suas instâncias censoras. O cesso civilizatório é marcado pela não se sentem bem sem ela. Arecalque é uma conseqüência da renúncia e por aquela culpabili- agressividade serve como com-repressão exterva, interiorizada dade que resulta dos desejos pul- plemento ao amor: os laços libi-sob a forma de superego: para ab- sionais, reprimidos pelo impacto dinais que unem membros desorver a lei, para socializar-se, a da sociedade. um grupo no afeto e na coopera-criança tem de começar a recal- É graças à renúncia pulsional, ção serão fortalecidos, se o grupocar os impulsos violentos, os seus isto é, pela aceitação da castração, tiver pessoas de fora a quem pos-anseios egoístas; ela deve "padro- que a cultura se torna possível; sa odiar. A esse ódio, Freud cha-nizar-se" -o que não significa que leis podem formular-se para mou de "narcisismo das peque-renunciar a toda e qualquer indi- organizar a coexistência dos ho- nas diferenças".vidualidade. O excesso de subli- mens. A lei é oriunda da cultura: Para ele, os homens parecemmação é igualmente mutilador, torna-se possível e operante so- encontrar um gosto especial emcomo a recusa da lei. mente dentro de uma estrutura odiar e perseguir, ou pelo menos

A evolução cultural é a luta cultural (simbólica) que pressu- ridicularizar, seus vizinhos maisvital da espécie humana -nos põe a castração. A castração é um próximos. Aqueles tidos como di-mostra o combate entre Eros e a atentado contra a onipotência do ferentes, então, servem de alvoMorte (pulsão de vida e pulsão homem, corresponde a uma "ló- privilegiado desse narcisismo.de destruição). Em O mal-estar na gica fálica", baseada na diferença Essas considerações sobrecivilização, a principal preocupa- dos sexos como marca e primeiro agressividade são úteis para en-ção de Freud era a forma como a limite absoluto. tendermos como, historicamen-cultura inibe a agressão. A ma- Renúncia, castração, limite, te, as pessoas com diferenças sig-neira mais notável é por meio da trabalho, culpa: esta é a série que, nificativas têm servido para o ex-! internalização,. que força os senti- com equivalências variadas: f~n- travasamento das agressões dosmentos agressIvos de volta para damenta a cultura e conStItUI o representantes dos grupos hege-a mente, de onde se originaram. seu preço. O homem a faz e a mônicos.

.A série desses atos constitui a for- sofre, condenado a submeter-se Não é de se estranhar, portan-mação do superego cultural que, a ela se quiser tornar-se criativo, to, o malogro de tantas boas in-em suma, consiste da interioriza- se quiser tornar-se "homem". tenções e medidas socio-políticas

r ção dos critérios adultos de com- Como a repressão, a renúncia que visam à valorização e ofere-r portamento, tornando, assim, é necessária e inevitável, mas nun- cimento de oportunidades às pes-

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DIFERENÇAS, DEFICIÊNCIAS E DIVERSIDADE -UM OLHAR SOBRE A

DEFICIÊNCIA MENTAL

soas com deficiênda mental. Bas- dênda mental um status negati- Uma alternativa viável éta imaginarmos que muitas des- vamente elevado no campo das apontada por Amaral (1995),sas providências servem de estra- diferenças significativas, já que que propõe um olhar para a de-tégia para manter o diferente seu maior desvio encontra-se exa- ficiência como a "expressão da di-sempre o mais próximo e contro- tamente na intelectualidade e nas versidade da natureza e da condiçãolado possível, para o necessário atividades mentalmente elevadas. humana... " (p. 37).

extravasamento da agressividade "Quando nasce uma criança com Assim, buscamos olhar o ou-eaconseqüentemanutenção (ou problemas,aschancesdeosbebêsima- tro como um indivíduo com ca-satisfação) do narcisismo. ninados pelos pais sobreviverem são racterísticas e necessidades que

Faz-se necessário, agora, que mínimas. A defidência, e prindpal- nem sempre correspondem aabordemos o segundo tema le- mente a mental, mata o filho idea- uma pseudocategoria de perten-vantado: a valorização das ativi- lizado..." (Gherpelli, 1995, p. 40). ça, configurada sobre bases pre-dades mentais. A civilização se Sugerimos o abandono das conceituosas. Pensamos num su-caracteriza, basicamente, pelo práticas e políticas que se limitam jeito com uma história peculiar,valor que atribui às atividades à acusação do preconceito sodal, com direito de apropriar-se de to-mentais elevadas (artísticas, den- indo ao encontro de medidas e for- do o conhecimento possível so-tíficas, intelectuais), bem como à mas de pensar que reconheçam a bre a construção dessa sua histó-importância atribuída às idéias, importânda da agressão, do amor, ria, até no que diz respeito ao sig-segundo Freud. Essas atividades da constituição,. do ambiente, da nificado de ser diferente em ummentais se dão graças à sublima- cultura e do superego individual mundo que valoriza a padroniza-ção do instinto. tanto no desenvolvimento men- ção, e impõe culpas pelas diferen-

Essa característica da civiliza- tal do indivíduo, como na própria ças mais sodalmente valorizadas.ção confere às pessoas com defi- estruturação do mundo dvilizado.

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