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Dificuldades em aceitar mudanças “O Homem nasce livre e por todo o lado está acor- rentado. Mesmo quem se julga senhor dos outros, esse ainda é mais escravo do que eles.“ 2014 Compilação de Felix J Lescinskiene

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Durante a nossa vida, tendemos a adotar certas posturas, crenças, valores que frente a situações novas e inusitadas parecem não funcionar e se articular do mesmo modo. São os mecanismos de defesa.

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aceitar mudanças

“O Homem nasce livre e por todo o lado está acor-

rentado. Mesmo quem se julga senhor dos outros,

esse ainda é mais escravo do que eles.“

2014

Compilação de Felix J Lescinskiene

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MECANISMOS DE DEFESA

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aceitar mudanças

Compilação de Felix J Lescinskiene

Publicação desenhada para ser lida também em dispositivos móveis.

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Créditos na ultima pagina

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Por que temos dificuldades em aceitar mudanças?

Uma Psicanálise da Transformação

“O Homem nasce livre e por todo o lado está acorrentado. Mesmo quem se julga senhor

dos outros, esse ainda é mais escravo do que eles. Como se fez esta transformação? Não sei.”

- Jean Jacques Rousseau Por que temos tanta dificuldade em aceitar mudanças individuais, familiares, profissio-nais e matrimoniais? Durante a nossa vida, tendemos a adotar cer-tas posturas, crenças, valores que frente a si-tuações novas e inusitadas parecem não fun-cionar e se articular do mesmo modo. Por vezes, a lacuna entre as exigências adap-tativas e nosso próprio modelo valorativo

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torna-se tão acentuadamente declarada, que o conflito originado se intensifica, gerando sintomas físicos e psicológicos dos mais vari-ados. Nesse instante, estejamos conscientes disso ou não, é tempo de mudar. Todo o processo de cura implica alguma mu-dança ou transformação. A atitude diante da mudança pode ser positiva e quando isto se dá, falamos então de atitude mutante, isto é, de flexibilidade e dinamismo. Mas quando a atitude é negativa, chamamos de resistência à mudança. Dificilmente lidamos satisfatoriamente com grandes reviravoltas em nossas vidas, ou com situações em que algo de muito valor para nós, seja concreto ou subjetivo, pareça estar ameaçado. Em geral, apegamo-nos às nossas concepções e à maneira própria como construímos a rea-lidade ou a nossa percepção dela (crenças) e resistimos veementemente antes de abando-

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nar tudo isso, ainda que reconheçamos suas possíveis limitações. Num certo sentido, forjamos nossa identida-de e individualidade, baseados em uma visão de mundo bastante específica; sentimos me-do da mudança, resistimos e nos afastamos de suas conseqüências. Num primeiro momento, há sempre o medo da perda. Tememos o desconhecido e diante dele sentimos que não estamos suficiente-mente preparados. Acostumamo-nos a ser e agir fundamentados em padrões e medidas previamente estabelecidos, evitando a ansie-dade decorrente de um confronto direto com a realidade de nossas experiências. Dessa forma, defendemo-nos, receosos dos benefícios e garantias envolvidos em um pro-cesso de mudança significativo. Como diz o provérbio popular: “mais vale o mal conheci-do do que o bom por conhecer”.

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Às vezes, o medo atinge proporções ainda maiores e cresce a incapacidade em aceitar a situação. Daí, podemos simplesmente refugi-ar-se do conflito ancorando-se num quadro depressivo ou, quem sabe, encontrar um “bo-de expiatório” que nos sirva de um bom “saco de pancadas”. É comum o fato de as pessoas descarregarem sua própria insatisfação e agressividade “no quintal do vizinho” o que, aparentemente, a-livia a angústia e oferece uma explicação ou significado provisório ao dilema enfrentado. No entanto, se quisermos, de fato, alcançar uma cura integral, teremos, em última ins-tância, que acertar nossas contas com a reali-dade (seja ela a realidade individual ou soci-al), ao invés de “fazer de conta” que o pro-blema não é conosco, senão com o vizinho ou com o mundo. E isso, sem dúvida, cabe tanto a uma única pessoa quanto ao grupo do qual ela faz parte.

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O Homem é, acima de tudo, um ser social, e não sobrevive a não ser em relação com ou-tros homens. Todo o indivíduo, desde o nas-cimento (e mesmo antes), está inserido num grupo; de sua participação e adequação a de-terminado contexto sócio-cultural é que de-pendem a sua sobrevivência e desenvolvi-mento futuros. O primeiro dentre os grupos, núcleo funda-mental de formação da identidade, é a Famí-lia. Nela aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. Dentro dela reproduzem-se, cotidianamente e em escala reduzida, as construções imaginárias, o arcabouço cultu-ral, as contradições, os preconceitos e estere-ótipos de um povo. É ainda na Família que assumimos os papéis sociais mais duradouros de pai, mãe, filho, irmão, etc. Seguindo o mesmo raciocino usado para ex-plicar o funcionamento de um único indiví-duo, podemos dizer que a Família também

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passa por momentos de transição em que o mecanismo de resistência à mudança está presente e interfere na adaptação ativa de seus membros. Isso nos permite dizer ainda que a doença mental ou psicossomática de um indivíduo, frente a uma situação de difícil mudança (e, portanto, de stress), não deve ser atribuída exclusivamente a essa pessoa; antes, deve ser encarada enquanto resultado de uma patolo-gia grupal. Diríamos que o paciente que enuncia algo (seja um sintoma ou uma queixa qualquer) é ao mesmo tempo, porta-voz de si e dos pro-blemas e conflitos enfrentados pelo seu gru-po familiar. Para entender melhor, comparemos a família ao funcionamento do corpo humano. Há cer-tos órgãos que costumam serem depositários de todas as tensões, e chega um momento no qual a quantidade de depósito supera sua re-

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sistência; surge então a doença (úlcera, infar-to, asma, hipertensão, etc.). Semelhantemente, o porta-voz assume o peso do depósito maciço feita pelos demais, sua resistência diminui após certo tempo e lhe sobrevêm as complicações físicas e emotivas. O doente desempenha assim um papel im-portantíssimo no grupo: o de depositário de aspectos negativos ou atemorizantes. Trata-se de um fenômeno bem conhecido em Psi-canálise, ao qual damos o nome de projeção. É um conceito razoavelmente simples de se entender e extremamente útil, não só ao psi-canalista, mas a quem quer que se interesse pelo comportamento humano. Como vimos antes, nem sempre estamos prontos para mudar. Assim sendo, em nossas relações, nem sempre estamos dispostos a assumir certos “defeitos” e a lidar com a an-gústia e a ansiedade geradas pelo reconheci-mento de nossas contradições.

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Estas se tornam, então, ameaçadoras e dignas de afastamento; afinal, quem quer ser con-traditório e imperfeito? Melhor seria se nada disso existisse em nós; que só houvesse ca-racterísticas positivas e socialmente aceitas. Nesse “mato sem cachorro”, a única saída, na maioria dos casos, é imaginar que “nada disso me pertence, efetivamente; não é meu, eu não sou assim... ele(a) ou eles(as) é que são as-sim”. Desse modo, eu me esquivo suavemente do compromisso desagradável com a minha “sombra” e passo a enxergá-la não mais sobre meus pés, mas aos pés de outrem. Ela agora está projetada muito além de mim, embora ainda me pertença, sem que eu mesmo saiba ou tenha consciência disso. Dentro de um grupo, o fenômeno descrito é bastante comum e pode-se dizer que consti-tui a chave para entendermos o conceito de porta-voz. O porta-voz é a pessoa que serve de objeto às projeções grupais.

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Certos aspectos seus falam em nome de si e de todo o restante e é basicamente nesse sen-tido que se dá a escolha de um ou mais porta-vozes. Muitas crianças que recebem atendimento psicoterapêutico infantil são porta-vozes em seus lares. Elas sofrem não porque sejam do-entes, mas porque ficaram assim em decor-rência da família, de servirem como um re-ceptáculo para os problemas familiares. Felizmente ou infelizmente, a projeção é um fato do qual não temos como nos desvenci-lhar completamente. Há quem diga ser ela um recurso humano indispensável, uma útil defesa contra a ansiedade e a angústia. O seu uso exagerado, no entanto, tende a en-rijecer as oportunidades de crescimento, fa-vorecendo condutas irrealistas e prejudiciais; também parece indicar a necessidade de um auxílio terapêutico especializado.

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Mas o processo de mudanças, seja individual, seja familiar, grupal, etc., nunca é um proces-so simples. E isso é assim porque embora ha-ja um desejo de nossa parte em mudar, sa-bemos que a mudança pode implicar grandes transformações às quais não queremos cor-rer o risco, até por conta daquilo que em Psi-canálise chamamos de Ganho secundário. Por exemplo: muitas pessoas se sentem infe-lizes em seus casamentos, e tentam levá-lo adiante por anos a fio, quando, algumas ve-zes, o melhor a se fazer é assumir a separa-ção. Contudo, nesse meio tempo, a pessoa foi se acostumando com a condição financeira do casal, com as mordomias, com a segurança de ter alguém conhecido e previsível ao lado, e assim por diante. Parece ser fácil se desfazer dessas coisas para alguns, mas para outros não é.

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Alguns casais também evitam separar-se por conta dos filhos, temendo que estes fiquem traumatizados ou deixem de gostar dos pais. Novamente, o medo aparece, impedindo uma mudança que pode ser benéfica. A aceitação dos filhos dependerá sempre de como os pais se separam. Eles podem se separar como inimigos e usar os filhos como um meio de atacar um ao ou-tro, fazendo chantagens e afastando a criança do outro cônjuge; ou podem optar por uma separação mais amistosa, tentando, pelo me-nos, não deixar que seus conflitos interfiram no desenvolvimento de seus filhos. Nesse último caso, é mais fácil a criança com-preender, pois não se sentirá culpada por na-da, e embora sofra, conseguirá lidar melhor com esse processo, se houver honestidade e sinceridade por parte dos pais. É importante lembrar que nem sempre a se-paração é o melhor caminho, pois trás, queira

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ou não, sequelas para todos envolvidos, pais e filhos principalmente. Os cônjuges podem optar por permanecerem juntos, e buscar, as-sim, uma transformação no seu dia-a-dia, na maneira como lidam um com o outro, na sua rotina, na sua vida sexual, e assim por diante. Algo que nos caracteriza como seres huma-nos, é a nossa criatividade para adaptação e mudança. Podemos inovar de inúmeras for-mas, e a psicoterapia pode auxiliar muito nesse processo, ajudando a resgatar o rela-cionamento amoroso. Ainda a respeito da mudança, devemos lem-brar que existem fatores inconscientes inter-ferindo nesse processo. A maioria das pesso-as não muda, não porque não quer mudar, mas porque não conseguem. Um pedaço dessa pessoa deseja curar-se; a outro pedaço está apavorado e procurará de-fender-se o quanto puder das eventuais mu-danças.

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Devemos partir do pressuposto de que as pessoas nem sempre (ou quase nunca) estão devidamente esclarecidas a respeito de si próprias. Em Psicanálise sabemos, por exem-plo, que certos padrões de comportamento podem tornar-se automáticos, passando a constituir um estilo de resposta habitual e in-voluntário. É mais ou menos como dirigir um carro e tro-car as marchas sem se aperceber disso; a a-ção tornou-se natural, inconsciente. O problema é quando “aprendemos” a fugir de nossas tarefas e responsabilidades e essa atitude passa a fazer parte integral da manei-ra como agimos e pensamos. Esta, na verdade, é a base daquilo que se chama muitas vezes de auto-sabotagem. A psicoterapia pode ajudar no processo de conscientização, fornecendo recursos para o indivíduo aceitar suas dificuldades e limita-ções, e confrontar seus medos.

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Outra questão muito importante quando se aborda as razões de as pessoas terem dificul-dade em aceitar os processos de mudança e transformação que caracterizam a vida, é o tema dos mecanismos de defesa do ego.

Quando o ego se manifesta diante de ameaças de desprazer, organizam-se mecanismos para

defender o sujeito dessas ameaças. Mas o que significa afinal “ego”? De um modo simples, podemos definir o ego como o con-junto de representações que temos a nosso respeito, nosso auto-conceito. Esse conjunto de representações é construí-do ao longo da nossa vida, pois não nasce pronto, ainda que existam controvérsias so-bre quando exatamente o processo de desen-volvimento egóico se inicia. Mas o ego não é apenas uma representação pessoal; ele é aquela parte da nossa persona-lidade voltada para a adaptação do organis-mo frente às condições internas e externas.

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Em outras palavras, o ego está preocupado em manter o equilíbrio entre as suas necessi-dades interiores, psicológicas e fisiológicas, e as exigências do meio social. É uma instância reguladora, reconciliadora, que busca um consenso entre aquilo que de-sejamos e a necessidade, também importan-te, de corresponder a certas normas e valores morais e sociais. O ego está voltado, portanto, para a nossa a-daptação. Já os mecanismos de defesa do ego, são operações que visam protegê-lo dessas diferentes pressões, internas ou externas. Os mecanismos de defesa predominantes di-ferem segundo o tipo de doença considerada, a etapa de desenvolvimento em que se en-contra o indivíduo e o grau de elaboração do conflito – isto é, a capacidade da pessoa em lidar ou não com uma determinada situação problemática.

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Quando o Ego está consciente das condições em que está inserido, ele consegue se sair bem das situações difíceis, sendo lógico, obje-tivo e racional, mas quando se desencadeiam circunstâncias para as quais ele não está pre-parado, e que possa vir a provocar sentimen-tos de culpa ou ansiedade, o Ego perde as três qualidades citadas. É quando a ansiedade (ou sinal de angústia), de forma inconsciente, ativa uma série de mecanismos de defesa, com o fim de proteger o Ego contra uma dor psíquica iminente. Há vários mecanismos de defesa, sendo al-guns mais eficientes do que outros. Há os que exigem menos gasto de energia para funcio-nar a contento. Outros são menos satisfatórios para proteger o Ego, mas todos requerem gastos considerá-veis de energia psíquica.

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As defesas do ego podem dividir-se em:

a. Defesas bem sucedidas, que geram a cessação daquilo que se rejeita

b. Defesas ineficazes, que exigem repeti-

ção ou perpetuação do processo de re-jeição, a fim de impedir a irrupção dos impulsos rejeitados. Tendem a gerar si-tuações constrangedoras, compulsão à repetição e fadiga.

As defesas patológicas (doentias) – dentre as quais se encontram as neuroses – pertencem à segunda categoria. Quando os impulsos internos não encontram descarga na consciência, por conta das pres-sões externas, por exemplo, mas permane-cem suspensos no inconsciente e ainda au-mentam pelo funcionamento continuado das suas fontes físicas, produz-se um estado de tensão, com a possibilidade de irrupção (co-mo, por exemplo, no transtorno de pânico ou no surto psicótico).

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Nem sempre, porém, se definem com nitidez as fronteiras entre as duas categorias. Uma defesa bem sucedida pode às vezes atuar de forma doentia (quando excessiva, no caso, por exemplo, de pessoas que trabalham além da conta para esquecer os problemas); por outro lado, certas defesas freqüentemente doentias, são até aceitáveis ou compreensí-veis em situações de grande tensão (como quando uma pessoa desata a rir, compulsiva e descontroladamente, num enterro ou veló-rio, frente à dolorosa morte de um parente; ou quando, por exemplo, a pessoa nega que tem uma doença grave e continua a viver co-mo se estivesse bem).

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A seguir, vai uma lista dos principais meca-nismos de defesa, suas características: Compensação Esse mecanismo de defesa tem por caracte-rística a tentativa do indivíduo de equilibrar suas qualidades e deficiências, por exemplo, uma pessoa que não tem boas notas e se con-sola por ser bonita. Deslocamento O mecanismo de deslocamento está sempre ligado a uma troca, no sentido de que a re-presentação muda de lugar, e é representada por outra. Esse mecanismo também compre-ende situações em que o todo é tomado pela parte. Por exemplo: alguém que teve um pro-blema com um advogado e passa, então, a re-jeitar todos esses profissionais, ou ainda, num sonho, quando uma pessoa aparece, mas, na verdade está representando outra pessoa.

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Expiação É o mecanismo psíquico de cobrança. O sujei-to se vê cobrado a pagar pelos seus erros no exato momento em que os comete, com espe-rança na crença de que o erro será imediata-mente ou magicamente anulado. Fantasia Nesse mecanismo de defesa, o individuo cria uma situação em sua mente que é capaz de eliminar o desprazer iminente, mas que, na realidade, é impossível de se concretizar. É uma espécie de teatro mental onde o indiví-duo protagoniza uma história diferente da-quela que vive na realidade, onde seus dese-jos não podem ser satisfeitos. Nessa realida-de criada, o desejo é satisfeito e a ansiedade diminuída. Os exemplos de fantasia são: os sonhos diurnos, ou fantasias conscientes, as fantasias inconscientes, que são decorrentes de algum recalque e as chamadas fantasias originárias.

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Formação Reativa É um mecanismo caracterizado pela aderên-cia a um pensamento contrário àquele que foi, de alguma forma, recalcado. Na formação reativa, o pensamento recalcado se mantém como conteúdo inconsciente. As formações reativas têm a peculiaridade de se tornar uma alteração na estrutura da personalidade, colocando o indivíduo em alerta, como se o perigo estivesse sempre presente e prestes a destruí-lo. Por exemplo, uma pessoa extre-mamente rígida em relação à moral ou sexua-lidade pode estar ocultando seu lado permis-sivo e imoral. Identificação É o mecanismo baseado na assimilação de ca-racterísticas de outros, que se transformam em modelos para o individuo. Esse mecanis-mo é a base da constituição da personalidade humana. Como exemplo podemos citar o momento em que as crianças assimilam ca-racterísticas parentais, para posteriormente

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poderem se diferenciar. Esse momento é im-portante e tem valor cognitivo à medida que permite a construção de uma base onde a di-ferenciação pode ou não ocorrer. Isolamento É o mecanismo em que um pensamento ou comportamento é isolado dos demais, de forma que fica desconectado de outros pen-samentos. É uma defesa bastante comum em casos de neurose obsessiva. Os exemplos desse mecanismo são diversos, como rituais, fórmulas e outras idéias que buscam a cisão temporal com os demais pensamentos, na tentativa de defesa contra a pulsão de se re-lacionar com outro. Negação É a defesa que se baseia em negar a dor, ou outras sensações de desprazer. É considera-do um dos mecanismos de defesa menos efi-cazes. Podemos citar como exemplo o com-portamento de crianças de “mentir”, negando

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ações que realizaram e que gerariam casti-gos. Projeção Resumidamente, podemos dizer que é o des-locamento de um impulso interno para o ex-terior, ou do indivíduo para outro. Os conte-údos projetados são sempre desconhecidos da pessoa que projeta, justamente porque ti-veram de ser expulsos, para evitar o despra-zer de tomar contato com esses conteúdos. Um exemplo é uma mulher que se sente atra-ída por outra mulher, mas projeta esse sen-timento no marido, gerando a desconfiança de que será traída, ou seja, de que a atração é sentida pelo marido. Além desse, outros e-xemplos de projeção podem estar na causa de preconceitos e violência. Regressão É o processo de retorno a uma fase anterior do desenvolvimento, onde as satisfações e-

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ram mais imediatas, ou o desprazer era me-nor. Um exemplo é o comportamento de cri-anças que, na dificuldade em seus relaciona-mentos com outras crianças, retornam, por exemplo, a fase oral e retomam o uso de chu-petas, ou ainda, comem excessivamente.

Créditos: Material coletado na internet em diversos

Sites sem menção de direitos autorais. Compilado com redação própria.

Notas: Compilar significa reunir, agrupar e coligir textos de diversos autores ou de determinado assunto.