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Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE V.5, N.1 - 2017 - ISSN: 2318-289X 54 DIFICULDADES QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ENCONTRAM NA INSERÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO Schreiner, Josemara 1 RESUMO O presente artigo tem por objetivo apresentar as principais dificuldades que as pessoas com deficiência (PCDs) encontram no mercado de trabalho, sendo caracterizada como uma pesquisa bibliográfica mediante a utilização de artigos científicos, livros e leis para a obtenção dos dados. Mesmo existindo a lei de cotas, que reservam vagas para Pcds, a taxa de contratação não se mostra relevante. Entre as possíveis causas está à falta de preparação das empresas, da família, do governo, da sociedade e do próprio Pcd. Com o avanço da história de pessoas com deficiência, muito se progrediu, mas ainda existe um desafio à inclusão na sociedade brasileira. Diante desse desafio o profissional da psicologia, bem como do RH, possui um papel fundamental no auxílio aos Pcds, reforçando os pontos positivos e auxiliando a sociedade quanto a sua inclusão na promoção da saúde, mediante ações de prática social. Conclui-se que somente as leis não são eficazes para o processo de contratação e que ainda é necessário o governo implantar políticas públicas que auxiliem nesse processo. Palavras-Chave: Pessoas com deficiência. Mercado de trabalho. Dificuldade de inserção. 1 INTRODUÇÃO Buscou-se entender as dificuldades na inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, sendo que os mesmos têm seus direitos garantidos por lei. A partir disso, percebe-se que esse é um assunto que vem adquirindo espaço na sociedade, não somente pela mão de obra, mas também pelo direito que essas pessoas têm frente à cidadania. Os Pcds podem ser divididos em três grandes grupos: física, sensorial (auditiva e visual) e intelectual. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 1 Formação acadêmica em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. Aluna do curso de Especialização Estratégica em Recursos Humanos da Faculdade Anglicana de Erechim, e-mail: [email protected]

DIFICULDADES QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA … · 2.1 Breve histórico da pessoa com deficiência no Brasil Em estudos antigos é habitual encontrarmos estigmas em relação a pessoa

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Revista Científica FAZER. Faculdade Anglicana de Erechim – FAE V.5, N.1 - 2017 - ISSN: 2318-289X 54

DIFICULDADES QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

ENCONTRAM NA INSERÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO

Schreiner, Josemara 1

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo apresentar as principais dificuldades que as pessoas com deficiência (PCDs) encontram no mercado de trabalho, sendo caracterizada como uma pesquisa bibliográfica mediante a utilização de artigos científicos, livros e leis para a obtenção dos dados. Mesmo existindo a lei de cotas, que reservam vagas para Pcds, a taxa de contratação não se mostra relevante. Entre as possíveis causas está à falta de preparação das empresas, da família, do governo, da sociedade e do próprio Pcd. Com o avanço da história de pessoas com deficiência, muito se progrediu, mas ainda existe um desafio à inclusão na sociedade brasileira. Diante desse desafio o profissional da psicologia, bem como do RH, possui um papel fundamental no auxílio aos Pcds, reforçando os pontos positivos e auxiliando a sociedade quanto a sua inclusão na promoção da saúde, mediante ações de prática social. Conclui-se que somente as leis não são eficazes para o processo de contratação e que ainda é necessário o governo implantar políticas públicas que auxiliem nesse processo.

Palavras-Chave: Pessoas com deficiência. Mercado de trabalho. Dificuldade de inserção.

1 INTRODUÇÃO

Buscou-se entender as dificuldades na inserção de pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, sendo que os mesmos têm seus direitos garantidos por lei. A partir

disso, percebe-se que esse é um assunto que vem adquirindo espaço na sociedade, não

somente pela mão de obra, mas também pelo direito que essas pessoas têm frente à

cidadania.

Os Pcds podem ser divididos em três grandes grupos: física, sensorial (auditiva e

visual) e intelectual. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

1 Formação acadêmica em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC, Joaçaba/SC. Aluna do curso de Especialização Estratégica em Recursos Humanos da Faculdade Anglicana de Erechim, e-mail: [email protected]

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(BRASIL, 2010), no Brasil, 45 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência e

estima-se que 9 milhões de Pcds possuem idade entre 15 e 60 anos que se enquadram na

lei de cotas. Apesar de existir uma cota garantida por lei, que gera um total de 900 mil

vagas para pessoas com deficiências, apenas 400 mil estão ocupadas atualmente.

Justificou-se a importância de desvendar mitos e obstáculos que os Pcds

enfrentam, sendo que eles vêm de uma história envolta em preconceitos que os

mantinham isolados e marginalizados em clínicas e afastados da sociedade. Percebe-se

que o cenário de inclusão é recente e que somente agora são vistos como pessoas com

direitos e dignos de oportunidades.

As empresas estão percebendo que a inserção dessas pessoas no mercado de

trabalho é uma forma de promover a criatividade e a inovação, criando cotas para

minimizar o problema da exclusão. Porém, não basta exigir somente das empresas,

ignorando a responsabilidade do governo. É preciso condições para que a inclusão de fato

seja uma realidade em nosso país.

As dificuldades parecem ser mínimas, mas quando nos deparamos com a

realidade, percebemos que existem muitos empecilhos, não somente das empresas, mas

da própria pessoa com deficiência e sua família. Vale destacar que empresas que possuem

acima de 100 empregados têm por obrigação legal oferecer espaço a esse público, no

entanto, muitas não possuem um amparo psicológico, menos ainda físico para receber

essas pessoas, sendo que com isso elas se sentem menosprezadas. Por isso esse tema se

torna relevante com vistas a discutirmos as dificuldades enfrentadas pelos Pcds no

mercado de trabalho.

O presente artigo constitui como problema de pesquisa: por que as pessoas com

deficiência encontram inúmeras dificuldades para serem inseridas no mercado de

trabalho? A partir disso, pretende-se desenvolver estudos mais específicos sobre o tema,

visando a colaborar quanto a inserção de Pcds na sociedade como um todo.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL?

De acordo com o Decreto nº 3.298/99, em seu art. 3º, aprovado pelo Conselho

Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE), “deficiência é toda perda

ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que

gera incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal

para o ser humano” (BRASIL, 1999). Corroborando, Botini (2002) coloca que existe

cinco tipos de deficiências:

• Deficiência física: quando a alteração atinge partes do corpo, comprometendo a

função física. Nesse caso se enquadram: momo, bi, tri, tetra e hemiparesia; ausência ou

amputação do membro; paralisia cerebral e deformidade congênita ou adquirida de

membro, excluída as de ordem estética ou que não comprometam a função física.

• Deficiência auditiva: perda parcial ou total da capacidade auditiva.

• Deficiência visual: acuidade visual inferior a 20/200 no melhor olho após a correção,

ou campo visual menor que 20ᵒ pela tabela de Snellen (é uma padronização científica para

medida da acuidade visual. Essa tabela de optotipos foi publicada pela primeira vez em

1862 e atravessou todo o século XX, sendo ainda padrão), ou a ocorrência de ambos.

• Deficiência mental: capacidade intelectual significativamente menor do que a média,

manifestada anteriormente aos dezoitos anos e associada a limitações relativas a pelo

menos duas áreas de habilidades adaptativas, como: comunicação, cuidado pessoal, laser,

trabalho, habilidades sociais, inserção na comunidade, saúde, segurança e habilidades

acadêmicas.

• Deficiência múltipla: ocorrência no mesmo indivíduo de pelo menos duas das

deficiências primárias (física, auditiva, visual e mental), com comprometimento do seu

desenvolvimento global e da sua capacidade adaptativa.

Dentro das instituições de trabalho também há a deficiência permanente que é

entendida pelo Decreto nº 3.298/99, em seu art. 3º, II, como “aquela que ocorreu ou se

estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou tem

probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos” (BRASIL, 1999), sendo que

essa não é considerada pela lei de cotas.

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Art. 36º, §§ 2º e 3º - Aquele que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquele com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo INSS. Considera-se também pessoa portadora de deficiência habilitada, aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função. (BRASIL, 1999)

Além disso, empresas com mais de 100 funcionários que não possuem Pcds em

seu quadro, podem ser punidas por estarem descumprindo o art. 93 da Lei nº 8.213, de 24

de julho de 1991 que traz que “a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está

obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com

beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas [...]”

(BRASIL, 1991). Vale destacar que o termo “pessoa com deficiência” é o mais utilizado

na atualidade, sendo que até pouco tempo atrás se utilizava “pessoa portadora de

deficiência”, dando o sentindo de que a pessoa portava uma deficiência e não que a

deficiência era dela.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 1997), em seu art. 1º, descreve

que o termo pessoa com deficiência “designa toda pessoa cujas perspectivas de conseguir

e se manter num emprego conveniente e de progredir profissionalmente são

sensivelmente reduzidas em virtude de uma deficiência física ou mental devidamente

comprovada”.

A inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. Cabe, portanto, às empresas eliminar todas as barreiras físicas, programáticas e atitudinais para que as pessoas com necessidades especiais possam ter acesso ao mundo do trabalho e assim desenvolver-se pessoal, social, educacional e profissionalmente. (SASSAKI, 2003, p. 41)

A luta de todos os indivíduos pela entrada no mercado de trabalho propiciou

alterações ao longo das décadas, sendo esta atividade vista como instigadora do

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desenvolvimento das potencialidades humanas. Essa realidade não é diferente para as

pessoas com deficiência que querem mostrar que são dignas de um trabalho honesto e

que podem ser muito produtivas.

Para Poletti (2010, p.7), “a palavra ‘inclusão’ significa compreender, abranger,

conter em si, envolver. Portanto, pensar a inclusão da pessoa com deficiência significa

reconhecer o cidadão, onde a sociedade [é quem] deve mudar”, sendo de fundamental

importância que a comunidade esteja aberta a conhecer o potencial de qualquer pessoa,

seja ela com deficiência ou não.

2.1 Breve histórico da pessoa com deficiência no Brasil

Em estudos antigos é habitual encontrarmos estigmas em relação a pessoa com

deficiência, se referindo a ela como aleijada, manca, louca, retardada. Hoje, com o avanço

científico e a conscientização sobre o assunto, vem sendo respeitada à forma de se portar

a essas pessoas, visto ser uma nova cultura construída. Figueira (2008) relata que a

política de exclusão e rejeição das pessoas com algum tipo de deficiência era praticada

pelos povos indígenas, os maus-tratos e a violência como fatores determinantes da

deficiência nos escravos africanos, sendo consolidada a associação entre deficiência e

doença desde os primeiros momentos da nossa história.

A população indígena enxergava como um “azar” as pessoas com deficiência,

sendo realizadas práticas e condutas agressivas contra elas. Cabe salientar que

atualmente, com o nosso discernimento, não podemos julgar a forma como se tratava

essas pessoas no passado, pois seria uma análise pejorativa.

Longe de ser um mal sobrenatural, a deficiência física ou sensorial nos negros escravos decorreu, inúmeras vezes, dos castigos físicos a quem eram submetidos, De início, a forma como se dava o tráfico negreiro, em embarcações superlotadas e em condições desumanas, já representava um meio de disseminação de doenças incapacitantes, deixavam sequelas e não raro provocavam a morte de um número considerável de escravos. Os documentos oficiais da época não deixam dúvidas quanto à violência e crueldade dos castigos físicos aplicados tanto nos engenhos de açúcar, como nas primeiras fazendas de café. O rei D. João V, por exemplo, em alvará de 03 de março de

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1741, define expressamente a amputação de membros como castigo aos negros fugitivos que fossem capturados. Uma variedade de punições, do açoite a mutilação, eram previstas em leis e contavam com a permissão da Igreja Católica. Talvez o número de escravos com deficiência só não tenha sido maior porque tal condição representava prejuízo para o seu proprietário, que não podia mais contar com aquela mão de obra. (GARCIA, 2011, p. 67)

Com o avanço da medicina no século XX, foram criados ambientes de pesquisa e

reabilitação para essas pessoas, mas o grau de desconhecimento permaneceu,

generalizando-as como doentes mentais, sem especificar suas síndromes ou deficiências,

inexistindo exames e diagnósticos.

Na década de 40 cunhou-se a expressão “crianças excepcionais”, cujo significado

se referia “àquelas que se desviavam acentualmente para cima ou para baixo da norma do

seu grupo em relação a uma ou várias características mentais, físicas ou sociais”

(FIGUEIRA, 2008, p. 94). A partir disso, deu-se início às escolas especiais, denominadas

de APAEs, tendo em vista que essas pessoas não poderiam frequentar somente o ensino

regular.

Foi na década de 80 que percebeu-se que os Pcds não poderiam ser tratados

isoladamente, reclusos em suas casas ou hospitais psiquiátricos, mas que eles deveriam

frequentar a sociedade, o comércio e os restaurantes.

A trajetória histórica encerra-se em 1981 quando a Organização das Nações

Unidas (ONU) institui o Ano Internacional da Pessoa com deficiência (AIPD).

Atualmente mudanças significativas vêm ocorrendo em relação a esse tema, mas ainda é

preciso melhorar em muitos aspectos.

2.2 Capacitação profissional

As maiores dificuldades encontradas pelos Pcds nas empresas quando de sua

inserção no mercado de trabalho, diz respeito à capacitação rarefeita atrelada a ausência

de infraestrutura física acessível. Cabe ao governo investir nas escolas públicas e APAES

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com vistas a preparar esse aluno para o trabalho, criando projetos e qualificando

professores.

Mas o problema começa muito antes dos deficientes terem idade para ingressarem no mercado de trabalho, começa na educação básica. A inclusão deve ser trabalhada desde a infância. Se as escolas e professores fossem capacitados para atender os portadores de deficiência no ensino regular não haveria tanto preconceito, pois eles já estariam inseridos na sociedade. (SANTOS, 2012, p. 4)

O Decreto nº 3.298/99, art. 49, diz que “os órgãos administrativos federais devem

tomar medidas que viabilizem a qualificação de profissionais para a educação especial”

(BRASIL, 1999). Então, as empresas buscam mão de obra e as pessoas com deficiência

podem exercer um bom trabalho, basta elas receberem uma oportunidade rentável. Além

disso, para a inclusão ser de sucesso, é fundamental que os funcionários sejam

qualificados para acolher esses Pdcs, bem como que o espaço físico seja adaptado para

receber, por exemplo, um deficiente físico, com corrimãos e rampas de acesso a

banheiros, salas, refeitório, departamentos. As empesas/gestores e a sociedade em geral

devem ter em mente que essas cotas não foram feitas para servir de “caridade”, mas para

existir igualdade de condições.

Algumas empresas criam empecilhos dizendo não ter estrutura física para receber

um Pcd, principalmente os deficientes físicos, que necessitariam de uma estrutura

adaptada com vários acessos. Em muitos casos, são pequenas reformas para instalações

simples, mas o que se percebe é a acomodação por parte da gestão e receio em como será

o desenvolvimento desse novo empregado. É preciso uma dessensibilização por parte dos

gestores e treinamentos para toda a equipe, a fim de aprenderem a se portar frente a um

Pcd.

Por outro lado, num esforço de preencher lacunas ou cobrir as falhas deixadas pelo poder público, várias instituições não-governamentais estão direcionando ações à inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, que vão desde a orientação e qualificação profissional para o mercado até o acompanhamento deste dentro das empresas e a sensibilização de seus colaboradores. O trabalho é pautado no tripé: pessoa com deficiência, família e empregador. (POLETTI, 2010, p. 12)

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu art. 23, I, estabelece que

“toda pessoa, sem considerar a sua condição, tem direito ao trabalho, à livre escolha do

mesmo, a condições equitativas e à proteção contra o desemprego” (BRASIL, 1948), com

ambiente estruturado, acessível e em boas condições de serviço. Vale destacar que a Lei

de Cotas nº 8.213/1991 tem contribuído para isso, oferecendo autonomia às pessoas com

deficiência.

2.3 Preconceito

O preconceito em nossa sociedade não é dirigido apenas às pessoas com

deficiência, mas também aos negros, brancos, gordos, magros, altos, baixos, entre outros,

e isso se deve a uma educação que vem desde a infância quanto ao aceitar ou não o outro

como “diferente”.

Existe duas atitudes distintas em relação ao indivíduo preconceituoso, sendo uma percebida como um exagero de aceitação e outra de rejeição. Ambas as atitudes não são inatas. Assim, a criança no seu processo de socialização pode perceber que o outro é diferente dela sem que este fato cause qualquer impedimento no seu modo de se relacionar com este outro. [...] Este contato possibilita a experiência e consequentemente à reflexão sobre o outro e sobre si mesmo levando o indivíduo a desenvolver ou não preconceitos. (CROCHÍK, 2006, p. 13)

A exclusão das pessoas com deficiência não é um assunto recente, afirma Maciel

(2000), pois trata-se de um processo que passou a ocorrer com a socialização do homem,

contando sempre com o movimento das sociedades, cujas estruturas favoreciam, desde

então, a marginalização e inabilitação das pessoas deficientes. As razões pelas quais as

pessoas com deficiência foram tratadas com preconceito e exclusão variam conforme a

época.

Muitas barreiras foram ultrapassadas sobre o assunto preconceito, mas ainda não

sendo suficientes para acolher as pessoas em suas necessidades de inclusão. O objetivo

maior que o governo e a população precisa ter é de assegurar que o deficiente exerça seus

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direitos enquanto cidadão, visto que a deficiência não pode mais ser vista como no

passado, com discriminação e ofensa.

Na Grécia antiga, as crianças com deficiências chegavam a ser abandonadas em algum acidente geográfico associado a alguma divindade. Geralmente essas crianças não eram criadas em suas famílias em função do ideal de perfeição física, caracterizado pelo modelo espartano. O abandono ou até o sacrifício poderia ocorrer como algo aceito pela sociedade e foi imortalizado no mito de Édipo. Na Roma antiga, a capacidade de falar era um elemento fundamental para que se alcançasse a plenitude dos direitos sociais, e por isso, as pessoas com deficiências auditivas e deficiências mentais graves não eram tidas como cidadãs. [...] As pessoas com deficiências eram negligenciadas e maltratadas na era Pré-Cristã, e essas hostilidades variavam entre castigos físicos, condições precárias de higiene, saúde e segurança, trabalhos sobrecarregados ou de risco, segregação social e abuso sexual. Com a difusão do cristianismo, passou-se a proteger mais as pessoas com deficiência e socializar-se com suas limitações. (SILVA, 2005, p. 81-82)

Houve um avanço quanto às condições de aceitação que pessoas com ou sem

deficiência tiveram desde a antiguidade. Em relação às pessoas com deficiência, ainda é

perceptível a discriminação e os maus tratos, em que muitas famílias as deixam em casa,

isolando-as do mundo social, supondo que não possuem capacidade para serem incluídas

na sociedade. Mas, com o amadurecimento das civilizações e os assuntos ligados à

cidadania, os direitos humanos tiveram um progresso significativo e um olhar

diferenciado para com essas pessoas. Percebemos isso ao nos depararmos com elas no

mercado de trabalho, na sociedade e participando de ações frente à comunidade em geral.

2.4 Dificuldade na inclusão da pessoa com deficiência

A inclusão dos Pcds é amparada por uma lei que determina a inserção dos mesmos

na sociedade como um todo, independente do grau ou tipo de deficiência. Porém, esse

assunto ainda é carente de conhecimento, não por ser um tema novo, mas por falta de

informações da maioria da população.

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Segundo Werneck (2003, p.78), “uma sociedade inclusiva é aquela capaz de

contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada

cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com

seu melhor talento para o bem comum”. Com isso, percebe-se que o problema da falta de

inclusão não está restritamente ligado as pessoas, mas, também, a sociedade como um

todo.

A própria sociedade cria problemas e barreiras para as pessoas com deficiência, causando-lhes incapacidades ou desvantagens no desempenho de papéis sociais. Essas barreiras consistem em: políticas discriminatórias e atitudes preconceituosas que rejeitam as minorias e as suas diferenças, desconhecimento das necessidades especiais e direitos das pessoas com deficiência, entre outros. E é no mercado de trabalho que essas barreiras se tornam ainda mais contundentes. (BAHIA, 2006, p. 43)

Outro aspecto que impede e cria barreiras para a entrada da pessoa com deficiência

no mercado de trabalho é a própria família, que por desconhecimento da legislação supõe

que se iniciarem uma função perderão o direito ao benefício recebido do governo, sendo

este, em certos casos, o único rendimento familiar. No entanto, a lei ampara “[...] a

garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e

ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la

provida por sua família” (BRASIL, 2016, p. 68). Sendo assim, o Ministério do Trabalho

e Emprego garante às pessoas com deficiência o direito à inclusão social, bem como sua

inserção no mercado de trabalho e recebimento mensal de benefício.

As empresas estão encontrando enormes dificuldades para inserir os deficientes, vez que a contratação não é tão simples quanto parece. Elas não podem exigir experiência. Contudo, quando esta for efetivamente necessária ao desempenho da função, deverá oportunizar que a pessoa adquira internamente as habilidades, a postura de trabalho e os conhecimentos exigidos. Além disso, não podem determinar um setor específico para atuação das pessoas com deficiência, pois esta posição seria interpretada como uma atitude discriminatória. Essa postura seria entendida como segregacionista, vez que não permitiria a integração social deste segmento e eliminaria as possibilidades de progresso no emprego. É recomendável que as empresas coloquem os deficientes em diversos setores, distribuídos proporcionalmente [nesses ambientes]. (FRIEDRICH, 2016, p. 10).

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Para Romita (1991, p. 5), “o grande entrave da inserção e manutenção do

deficiente no mercado de trabalho reside na carência de qualidade dos candidatos e dos

sistemas de habitação e reabilitação, bem como na falta de estímulos econômicos que

facilitam a sua contratação pelas empresas.

2.5 Dificuldades encontradas pelos Pcds

As pessoas com deficiência encontram diversos empecilhos para entrarem no

mercado de trabalho, com destaque para a ausência de experiência profissional e a falta

de capacitação para o desempenho de funções. Assim, percebe-se a desconsideração do

governo quanto a instituição de projetos sociais que ofereçam espaços de formação com

vistas a preparação desses sujeitos quanto a sua inserção na área empresarial. A esse

respeito, Carreira (1996, p. 7), detectou em seu estudo que,

[...] a falta de conhecimento do potencial das pessoas com deficiência, entre outras variáveis, consistia num dos grandes motivos que impediam ou dificultavam a contratação dessa população pelas empresas. Há necessidade de investir na formação dos empresários, para que eles aprendessem como lidar com a heterogeneidade. Para isso, seria importante que eles desmistificassem as ideias errôneas sobre deficiência. Um dos caminhos seria um espaço para discutir essa questão, tirar dúvidas e fazer os questionamentos necessários.

O conhecimento rarefeito de alguns gestores quanto ao processo de seleção e até

mesmo a descredibilidade quanto ao potencial da pessoa com deficiência já inserida no

mercado, ocasiona dificuldades na progressão trabalhista desse profissional. Cabe

salientar que as empresas, em sua maioria, estão dispostas a receber pessoas que possuem

uma única tipologia de deficiência, com vistas a evitar custos quanto a adaptação da

estrutura física e tecnológica do departamento no qual serão inseridas.

A discriminação é um fator que também existe dentro da empresa, visto que por

lei o salário da pessoa com deficiência se iguala aos demais funcionários, mas suas tarefas

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são reduzidas em relação as exigidas a outros que estão no mesmo cargo. O preconceito

reside na referência dada aos Pcds (aleijados ou retardados), bem como por ficarem

restritos a realização de parte das atividades exigidas para o cargo, causando com isso o

descontentamento dos demais funcionários.

No entanto, não devemos atribuir a total culpa as empresas, generalizando-as. É

preciso recordar que as limitações dessas pessoas iniciam bem antes da sua entrada no

mercado de trabalho, como podemos observar com Ignarra (2017, p. 56), quando ela diz

que

A pessoa com deficiência não é doente, mas se um surdo tem acesso a uma boa fono, ele pode oralizar. Se uma pessoa tem uma boa cadeira de rodas, ela tem independência. Nosso processo de reabilitação é muito falho. Além disso, tem a questão da escolaridade, que não é só falta de acesso para chegar à escola, é a falta de acesso na escola – do pouco preparo dos professores ou material didático que não está preparado para cegos e surdos.

Se o problema encontrado é a falta de capacitação, deve-se investir nisso, como

acontece em alguns setores que tem pouca produtividade, por exemplo. Sabemos que a

inclusão de pessoas com deficiência é um desafio, mas é preciso sensibilizar as empresas,

pois as dificuldades iniciais de adaptação vão sempre existir, seja com esse público ou

com qualquer outro funcionário.

2.6 Os benefícios de ter uma pessoa com deficiência no mercado de trabalho

Com a abertura do mercado de trabalho a esse público, o primeiro a se beneficiar

é o próprio Pcd, que veio de uma história envolta em preconceitos e discriminações, e

atualmente os vemos inseridos em diversos setores empresariais, com direitos e deveres

garantidos por lei, possibilitando o desenvolvimento de sua autoestima, independência,

autonomia, qualidade de vida, aumento do ciclo de amizades, valorização familiar e tendo

o reconhecimento de suas potenciabilidades.

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A inserção da pessoa com deficiência no mercado faz com que a empresa seja

vista com bons olhos, como uma instituição que preza pela oferta de oportunidades e bem-

estar de seus colaboradores, fazendo com que todos se sintam motivados e envolvidos ao

conhecerem e acreditarem nas histórias de superação dos colegas que possuem alguma

restrição. Com isso, a sociedade de modo geral quebra o estereótipo da incapacidade física

e intelectual destas pessoas em assumir responsabilidades trabalhistas.

Esses aspectos refletem, de certa maneira, nas transformações que o mundo das

deficiências em geral tiveram nos últimos anos, em que pessoas consideradas incapazes

são inseridas na sociedade como um todo, e se sentem cada vez mais útil, fazendo a

diferença nas empresas.

A inserção de pessoas com um tipo de deficiência nas organizações, tem pontecializado a ocorrência de profundas mudanças na dinâmica organizacional, tais como políticas vontadas para acessibilidade e para a diversidade. Considerando-se o contexto organizacional, o trabalho ocupa um dos papéis centrais na vida de quem o realiza, seja por ser um meio de sobrevivência, pelo tempo de vida que ele é dedicado ou até mesmo por ser um meio de realização, não apenas profissional, mas também pessoal, o trabalho é um dos principais instrumentos por meio do qual o homem dialóga com o seu meio social, e é no contexto das relações sociais do trabalho que o indíviduo modifica, transforma e contrói sua identidade pessoal e social. (ARANHA, 2003, p. 11)

Incluí-los no mercado de trabalho é uma alternativa de quebra estereótipos, tais

como: os Pcds não têm as técnicas e habilidades para desempenhar seus trabalhos; a

necessidade de aumento de supervisão dessas pessoas; cria-se uma desigualdade no local

de trabalho por causa das adaptações necessárias e do aumento nos gastos com plano de

saúde; os Pcds tem níveis baixos de equilíbrio emocional, o que se reflete em nervosismo

e depressão (STONE-ROMERO; STONE; LUKASZEWSKI, 2006, p. 35). Isso contradiz

com a literatura atual, que relata os talentos dessas pessoas e as técnicas que agregam ao

trabalho, sendo que sua inclusão “nas organizações envolve a criação de condições nas

quais o indivíduo possa se sentir seguro, valorizado e completamente engajado em

condições desejáveis para trabalhadores que não possuem deficiência” (FELDMAN,

2010, p. 89).

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo decorre de uma pesquisa que se iniciou em sites de busca na

internet por artigos científicos e livros, publicados no período de 1991 a 2017, que melhor

se relacionavam ao tema investigado. Para dar conta desta tarefa, foram utilizados os

seguintes descritores: pessoas com deficiência, mercado de trabalho e dificuldades.

Após a leitura dos materiais, foram selecionados aqueles em que os títulos

permitissem identificar o conteúdo desta produção no que diz respeito as dificuldades que

os Pcds encontram na inserção do mercado de trabalho, bem como aqueles em que havia

relação com o assunto pesquisado, com vistas a elaboração da fundamentação teórica.

Quanto à relevância científica do presente estudo, além de contribuir com a

produção acadêmica sobre o tema para a área de psicologia, de recursos humanos e do

serviço social, servirá para esclarecer dúvidas e quebrar paradigmas de leitores,

familiares, empresas e sociedade em geral quanto a esse público. O artigo tem por

finalidade a defesa da inclusão da pessoa com deficiência e do desenvolvimento da

convivência com as diferenças, tanto no mercado de trabalho como na sociedade em geral.

4. RESULTADOS 4.1 Constituição Federal de 1988 no tocante às pessoas com deficiência

Art. 7ᵒ, XXXI Proíbe qualquer discriminação do tocante a salário e critério de admissão do trabalhador portador de deficiência.

Art. 37, VIII Assegura por lei a reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas com deficiência.

Art. 203, IV Assegura assistência social aos necessitados, com habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração a vida comunitária.

Art. 203, V Garante um salário mínimo ao deficiente que não pode prover sua manutenção. Art. 208, III Impõe ao Estado o dever de dar atendimento educacional especializado ao

deficiente. Art. 244 Determina que por lei sejam adaptados logradouros, edifícios e transportes

públicos, as condições de utilização pelos deficientes. Fonte: Santos (2000)

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4.2 Evolução da base normativa quanto aos Pcds

Lei complementar nᵒ 53, de 19 de dezembro de 1986

Concede isenção do imposto de Circulação de Mercadorias (ICM) para veículos destinados a uso exclusivo de pessoas com paraplegia e outros tipos de deficiências físicas.

Lei nᵒ 8.112, de 11 de dezembro de 1990

Traz a previsão da reserva de vagas para pessoas com deficiência em concursos públicos em até 20% (vinte por cento).

Lei nᵒ 8.213, de 24 de julho de 1991 O artigo 93 da referida lei, prevê a reserva de 2% a 5% dos cargos em empresas com mais de 100 empregados para beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitados e dispõe sobre os Planos de Previdência Social.

Lei nᵒ 8.899, de 19 de junho de 1994 Concede passe livre aos portadores de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual.

Lei nᵒ 8.899, de 29 de junho de 1994 Concede passe livre as pessoas com deficiência, comprovadamente carente, no sistema de transporte público interestadual.

Lei nᵒ 10.048, de 8 de novembro de 2000

Dá prioridade de atendimento aos Pcds.

Lei nᵒ 10.098, de 19 de dezembro de 2000

Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade dos Pcds.

Lei nᵒ 11.126, de 27 de junho de 2005

Dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia.

Lei nᵒ 10.845, de 05 de agosto de 2004

Institui o programa de complementação ao atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência.

Fonte: Araújo (1996), Santos (2002), Lima (2007)

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4.3 Deficientes no mercado de trabalho

Fonte: Molina (2014)

4.4 Principais itens que tornam uma vaga de emprego atrativa ao profissional com deficiência

Fonte: Faustino (2017)

55%23%

12%

5%4% 1%

Física

Auditiva

Reabilitados

Visuais

Mentais

Múltiplas

68%

47%

13%

30%

53%

16%

63%47%

12%

30%

52%

13%

60%44%

15%27%

50%

10%

Acessibilidade A empresa possuium programa de

inclusãoestruturado

Nome/Tamanhoda empresa

Localização colaboradoressensibilizados e

informados sobrePcds

Área de Educação

2014 2015 2016

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4.5 Principais setores em que as pessoas com deficiência trabalham no Brasil

Fonte: RAIS (2016)

4.6 Principais barreiras às pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Fonte: Isocial (2016)

38,60%29,30%

17%6,90% 4% 1,90%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

Serviços Indústria detransformação

Comércio Administraçãopública

Construção civil Serviçosindustriais de

útilidadepública

65%

34%

15%

12%10%

9%

26%

42%

33% 33%

15%

62%

38%

13%15%

6%7%

24%

49%

38%

24%

16%

59%

35%

10%12%

6%

15%

46%

42%

22%

13%

32%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Acessibilidade Falta de preparodos gestores

Falta de preparo doRH

Benefícios daprevidência

Procedimentos paraa contratação

Falta de fiscalizaçãodos órgãos públicos

Barreiras culturais Foco exclusivo nocumprimento de

cotas

Baixa qualificaçãodos PCDS

Poucasoportunidades

Oportunidades ruins Preconceito

2014 2015 2016

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4.7 Principais motivos que levam as empresas a contratem pessoas com deficiência

Fonte: RH Inclusivo (2016)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muito se tem avançado sobre a inclusão da pessoa com deficiência, no entanto,

empresas, sociedade e governo ainda carecem de união com vistas a melhorar cada vez

mais as políticas sociais de inserção e acessibilidade, oferecendo suporte físico e material,

espaços e condições adequadas de trabalho aos Pcds para que sejam efetivamente

incluídos no mercado de trabalho e com oportunidade de crescimento na área. As

empresas devem valorizar as qualificações do sujeito e não suas restrições, visto que em

uma entrevista de trabalho o foco principal está no que a pessoa é capaz de fazer e não

em suas limitações, pois quando o funcionário é preparado sobre a ótica de suas

qualificações, esse se tornará um excelente profissional.

A história da pessoa com deficiência evoluiu positivamente, em que o “aleijado”,

como era visto na antiguidade, atualmente frequenta os bancos universitários, comércio,

academias, escolas e, principalmente, ocupa uma vaga no mercado de trabalho. Cabe

salientar que os Pcds tem direitos e deveres garantidos por lei, e que a falta de

conhecimento e a não aceitação desse público por parte de uma parcela da população,

impede que a verdadeira inclusão se efetive. O cumprimento da base normativa não deve

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Porque valorizam adiversidade

Porque acreditam nopotencial delas

Independente decota ou deficiência,mas sim pelo perfil

do candidato

Para cumprir a Lei deCotas

2014

2015

2016

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ser vista como uma obrigatoriedade, mas é por meio dela que os Pcds terão seus direitos

garantidos, rumo a transformação social.

A família, por sua vez, tem um papel fundamental quanto a inserção e manutenção

ativa do Pcd no mercado de trabalho, acreditando que ele é capaz de criar seu próprio

futuro profissional e contribuir para o sustento da família.

A insegurança e a falta de preparo das empresas para contratação de pessoas com

deficiência, são obstáculos encontrados para inseri-las efetivamente no mercado de

trabalho. Além de auxiliar as instituições no processo de seleção deste público, é

fundamental que os órgãos governamentais invistam na oferta de capacitação, a ser

realizada em instituições educacionais, não com o fim unicamente mercadológico, mas

também para a preparação desse sujeito quanto ao seu futuro, no que tange a convivência

com a diversidade.

Diante do exposto, é perceptível a conquista de espaço que as pessoas com

deficiência estão tendo, bem como a garantia de igualdade no acesso, na permanência, na

capacitação, na inserção, na competência, na pro-atividade e na inclusão em uma vaga de

trabalho.

Este artigo pretendeu mostrar os desafios encontrados pelas pessoas com

deficiência para serem inseridas no mercado de trabalho. Mesmo havendo a

institucionalização de políticas públicas que amparam este público em diversos aspectos,

ainda encontramos barreiras que os impedem de serem igualmente atendidos. É preciso

buscar constantemente adequações e transformações para que ambas as partes, empresa

e Pcds, sejam beneficiadas.

Sugere-se trabalhos futuros quanto ao tema, envolvendo estudos de caso com

pessoas com deficiência já habilitadas e atuando no mercado de trabalho, bem como

relatos de experiências, desafios, conquistas e como acontece o processo de uma efetiva

inclusão.

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