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Vilma da Conceição Pinto – FGV/IBRE 10 de setembro de 2019 | 16º Fórum de Economia FGV – EAESP/CND e EESP Dilema entre teto dos gastos e investimento público

Dilema entre teto dos gastos e investimento público - FGV EAESP · 2020-01-23 · 10 de setembro de 2019 | 16º Fórum de Economia FGV –EAESP/CND e EESP ... Média móvel de 12

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Vilma da Conceição Pinto – FGV/IBRE10 de setembro de 2019 | 16º Fórum de Economia FGV – EAESP/CND e EESP

Dilema entre teto dos gastos e investimento público

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A questão

✓Estamos caminhando para o sexto ano consecutivo de déficitprimário, com consequente expansão da dívida pública.

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O ajuste fiscal necessário:A situação atual vis-à-vis histórico brasileiro mostra o quão difícil tem sido o ajuste fiscal

2,4

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-0,9

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2,3 2,2 2,52,9 3,1

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-1,7-1,7-1,5

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Fonte: BCB. Elaboração própria. * 2019 acumulado em 12 meses até junho.

Resultado primário do Governo Geral e Banco CentralEm % do PIB

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Dívida Pública:Trajetória de crescimento acelerado após 2013

+ 24,7 p.p.

+ 27,1 p.p.

dez/1330,5

jun/1955,2 dez/13

51,5

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Fonte: BCB. Elaboração própria.

Dívida líquida do setor público (DLSP) e dívida bruta do governo geral (DBGG)Em % do PIB

DLSP DBGG

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Necessidades de financiamento:Deterioração concentrada no resultado primário

- 3,5 p.p.

- 0,4 p.p.

- 3,1 p.p.dez/13-3,0

jul/19-6,5

dez/13-4,7

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Fonte: BCB. Elaboração própria.

Necessidades de financiamento do setor públicoMédia móvel de 12 meses, em % PIB.

Resultado nominal Juros Nominais Resultado Primário

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Canais do ajuste fiscal no BrasilGobetti, 2015

A história recente dos ajustes fiscais brasileiros – 1999 e 2003 –mostra que invariavelmente eles se processam por dois canais:o aumento da carga tributária e/ou a redução dosinvestimentos. Isso ocorre não por escolha da autoridade fiscalentre várias alternativas, mas por absoluta impossibilidade defazer um ajuste de outro tipo, pelo menos no curto prazo emque essas medidas são decididas.

Fonte: Gobetti, Sergio. (2015). Ajuste Fiscal no Brasil: O limite do possível. Texto para Discussão IPEA No 2037.

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Canais do ajuste fiscal no BrasilEvolução das contas: Poucos os anos em que o gasto caiu em termos reais

-8,0%

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1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Taxa de crescimento real das receitas e despesas recorrentes do Gov. Central

Receitas primárias recorrentes Despesas primárias recorrentes

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A questão

✓Com a necessidade de ajuste fiscal, a âncora imposta pela EC95/2016 contribuiu para a estabilização das despesasprimárias como percentual do PIB.

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O ajuste fiscal necessário:a saída para controlar as despesas foi a criação de um teto para os gastos

Fonte: STN

Objetivo: Tornar factível a realização de superávits primários e assegurar a estabilidadeda relação dívida/PIB ao longo dos próximos anos, sem a necessidade de grandesincrementos na carga tributária.

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O ajuste fiscal necessário:Decomposição do resultado primário recorrente do governo central

+ 1,9 p.p.

- 0,3 p.p.dez/1317,5%

jul/1917,2%

dez/1317,6%

jul/1919,5%

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Fonte: STN, RFB, BCB e FGV/IBRE. Elaboração própria.

Resultado Primário recorrente do Governo CentralAcumulado em 12 meses em % do PIB

Receitas recorrentes Despesas recorrentes

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A questão

✓Contudo, a composição das despesas mostra que este controleocorreu principalmente nos investimentos públicos e,atualmente, também atinge o custeio discricionário.

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O (des)controle das despesas primárias:A EC 95/2016 tenta fazer esse controle, mas sem reformas ela pressiona investimentos.

Fonte: STN. Elaboração própria.

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Fonte: BCB. Elaboração própria.

Evolução das Despesas DiscricionáriasR$ Milhões, acumulado em 12 meses constantes

Investimentos Custeio Discricionário

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O (des)controle das despesas primárias:A EC 95/2016 tenta fazer esse controle, mas sem reformas ela pressiona investimentos.

Fonte: STN. Elaboração própria.

Composição das despesas primárias totais em 2016 e em 2019 (em 12 meses até junho)Em % do PIB e diferença em pontos percentuais (p.p.)

Rubricas 2016 2019 2019-2019

Benefícios Previdenciários 8,1% 8,6% 0,5p.p.

Pessoal e encargos sociais 4,1% 4,3% 0,2p.p.Sentenças e precatórios (custeio e capital) 0,2% 0,2% 0,1p.p.Benefícios Assistênciais 0,8% 0,8% 0,0p.p.Complementação ao Fundeb 0,2% 0,2% 0,0p.p.Demais poderes (custeio e capital) 0,2% 0,2% 0,0p.p.Abono salarial 0,3% 0,3% 0,0p.p.Seguro Desemprego 0,6% 0,5% -0,1p.p.Obrigatórias com controle de fluxo 2,1% 2,0% -0,1p.p.Compensação desoneração da Folha 0,3% 0,2% -0,1p.p.Demais despesas obrigatórias 0,5% 0,3% -0,2p.p.

Subsídios e Subvenções 0,4% 0,2% -0,2p.p.

Despesas discricionárias 2,3% 1,7% -0,6p.p.

Despesas primárias totais 19,9% 19,5% -0,5p.p.

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O (des)controle das despesas primárias:Taxa de crescimento real das despesas Primárias

Fonte: STN. Elaboração própria. *2019 acumulado em 12 meses findos em julho.

Rubrica (Peso em 2019) 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019Média 11-19

Média 17-19

Despesa Total (100%) 3,5% 5,6% 6,8% 6,4% 1,8% -1,1% -1,0% 2,0% -0,5% 2,6% 0,1%

Benefícios Previdenciários (44,1%) 3,5% 6,7% 6,2% 3,8% 1,4% 7,2% 6,1% 1,5% 1,2% 4,2% 2,9%

Pessoal e Encargos Sociais (22,3%) 1,1% -1,5% 2,5% 1,9% -1,7% -0,5% 6,5% 1,2% 0,7% 1,1% 2,8%

Outras Obrigatórias (14,7%) 3,5% 9,5% 17,2% 13,0% 32,3% -20,3% -10,5% -1,5% -1,9% 3,5% -4,7%

Obrigatórias com Controle de Fluxo (10,2%)

10,9% 7,8% 3,6% 9,4% -7,0% 3,1% -7,3% 6,6% -0,2% 2,8% -0,5%

Discricionárias (8,7%) 2,5% 9,8% 7,3% 11,4% -20,5% 2,8% -20,4% 6,8% -9,0% -1,8% -8,2%

Custeio discricionário (5,1%) -6,2% 12,9% 16,2% 7,1% -4,6% -0,4% -10,7% 3,2% -9,9% 0,4% -6,0%

Investimentos (3,6%) 10,4% 7,4% 0,1% 15,5% -34,3% 6,8% -31,9% 12,2% -7,7% -4,2% -11,0%

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O (des)controle das despesas primárias:Investimentos públicos encontram-se no mínimo histórico desde 1947

Fonte: IFI/Senado. Fonte: FMI.

Execução do Investimento do Setor Público(% por nível de governo) - Média 2012-2016

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Investimento líquido negativo!

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Investimento líquido em ativos não financeirosValores acumulado em 12 meses em % do PIB

Governo Federal Governos Regionais Governo Geral

Fonte: STN e IBGE. Elaboração Própria

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Conclusões

✓A análise mostra que, como em períodos de consolidaçãofiscal verificados no passado, o ajuste fiscal continuapenalizando os investimentos públicos.

✓Para mudar essa trajetória, é importante que se avance naagenda de reformas estruturais.

✓Também é importante que a EC 95/16 cumpra seu papel deestabilizar a despesa primária, sem que para isso, tenhamosshut down da máquina pública ou mais reduções substanciaisnos investimentos – mecanismos para acionar os gatilhosprevistos na EC 95/16.

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Vilma da Conceição Pinto é economista,

Mestre em economia empresarial e finanças (FGV/EPGE),

Pesquisadora (FGV/IBRE) e consultora independente.

Matheus Rosa deu apoio a pesquisa.

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