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Dimensionamento de Enfermeiros para Atenção Básica na Secretaria Municipal de Saúde de Campinas Autora: Denise Vieira Antunes Amaral Co-autoras: Silvia Aparecida Maria Lutaif Dolci Carmona & Ilione de Cássia Pinto Departamento de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde Introdução e justificativa Criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, amparado por um conceito ampliado, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país, sendo um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Em Campinas, cidade localizada no interior do estado de São Paulo (SP), com um número estimado para 2009 em cerca de um milhão de habitantes, o SUS foi implementado no início da década de 90, após ter experimentado diversos modelos de assistência na construção do sistema de saúde. Essa implementação proporcionou investimento na formação de recursos humanos, formulação de protocolos assistenciais das áreas da mulher, adulto, criança e vigilância epidemiológica, além da adoção dos princípios regionalização e descentralização dos serviços a partir de 1994. Os cinco Distritos distribuem entre si o atendimento e o gerenciamento da população de forma que o Distrito Sul atende cerca de 270.414 usuários, o Leste 212.060, o Sudoeste 209.938, Norte 180.414 e Noroeste 163.134 usuários. Objetivos A Secretaria da Saúde vem propor neste contexto, o grande desafio de manter o papel das Unidades Básicas de Saúde, consolidando o modelo de atenção à saúde dimensionando a força de trabalho dos enfermeiros a partir das diretrizes apontadas na Oficina da Atenção Básica; artigos produzidos no município de Campinas sobre as práticas do enfermeiro na Saúde Coletiva e os protocolos das diversas áreas da linha do cuidado, consolidando dessa forma as práticas clínicas e reorganizando o processo de trabalho do enfermeiro na Atenção Básica da Secretaria Municipal de Campinas. Metodologia Considerando estudos previamente realizados, alguns pressupostos foram utilizados tais como: população, vulnerabilidade, produtividade, número de horas médicas, horário de funcionamento das unidades, espaço físico e densidade demográfica. Para efeito somente de cálculo, foi definido que o enfermeiro atenda, em média, 3 consultas/hora e que 20% da jornada sejam descontados para fins de licenças prêmio, férias, LTS, faltas, atrasos e tempo social. E por fim utilizamos as recomendações para a consulta do enfermeiro segundo os protocolos assistenciais produzidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas nas seguintes áreas: criança (2 consultas no primeiro ano de vida); adulto/Idoso (diabetes: 2 consultas/ano, hipertensão: 2 consultas/ano, ICC e outras cardiopatias: 2 consultas/ano); mulher ( gestante: 4 consultas/gestação, prevenção do câncer cérvico uterino:1 consulta/ano para 1/3 de 30% das mulheres de 20 a 59 anos e Climatério: 3 consultas no período de 45 a 65 anos). Utilizamos ainda da distribuição da jornada de 36 horas da seguinte forma: ações educativas (15%); ações de gerenciamento (30%); ações assistenciais (55%) e o índice de utilização dos serviços de saúde nos distritos: Norte: 58,6%, Sul: 61,8%, Leste: 54,2%, Sudoeste: 63,5%, Noroeste: 64,8% Distrito Criança Diabético Hipertenso ICC + Pré- natal C.O. Climatério Total NORTE 4940 19617 50299 7545 10460 4433 1763 99.056 SUL 9082 28286 72529 10879 15512 6594 2458 145.340 LESTE 4676 24556 62964 9445 10276 5720 2373 120.009 SUDOESTE 8546 21248 54483 8172 11948 5149 1645 111.192 NOROESTE 6088 16169 41459 6219 9496 3927 1326 84.685 TOTAL 33.332 109.876 281.734 42.260 57.692 25.823 9.565 560.282 Resultados alcançados Campinas possui atualmente em média 1.072.415 habitantes; considerando que em média 65% dessa população necessitam de assistência na Atenção Básica. A Secretaria Municipal de Saúde deverá prover recursos humanos necessários para oferecer 560.282 consultas individuais de enfermeiro na Atenção Básica. Conforme apresentamos na tabela abaixo, 130 profissionais enfermeiros seriam suficientes para oferecer o número de consultas preconizadas pelos protocolos da Secretaria Municipal de Saúde. Número de consultas/enfermeiro/ano nas linhas do cuidado por distrito de saúde. Considerações finais Pudemos constatar que quando calculamos o número de consultas do enfermeiro de acordo com os protocolos preconizados pela Secretaria municipal de Saúde, obtemos um dimensionamento de enfermeiros suficiente para atender parte de nossos usuários. Entretanto, é do nosso conhecimento que as atividades dos enfermeiros não se resumem a somente consultas individuais, por isso ainda será realizado o contrato de metas pautado na organização do processo de trabalho, horário de funcionamento das unidades de saúde, vulnerabilidade, densidade demográfica, dentre outros indicadores que nortearão o adequado dimensionamento para qualificar e consolidar o trabalho do enfermeiro na Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. Referências bibliográficas CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde. Departamento de Saúde. Relatório Final “Oficina da Atenção Básica”. Campinas, 2009. (mimeo). CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde. Departamento de Saúde. Protocolo Saúde da Mulher. Campinas, 2008. CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde. Departamento de Saúde. Protocolo Saúde da Criança. Campinas, 2009. CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde. Departamento de Saúde. Protocolo Hipertenso e Diabético. Campinas, 2008.

Dimensionamento de Enfermeiros para Atenção Básica na ... · SUS foi implementado no início da década de 90, ... experimentado diversos modelos de assistência na ... assistenciais

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Dimensionamento de Enfermeiros para Atenção Básica na Secretaria Municipal de Saúde de Campinas

Autora: Denise Vieira Antunes AmaralCo-autoras: Silvia Aparecida Maria Lutaif Dolci Carmona & Ilione de Cássia Pinto

Departamento de Gestão doTrabalho e Educação na Saúde

Introdução e justificativaCriado em 1988 pela Constituição Federal

Brasileira, amparado por um conceito ampliado, o Sistema Únicode Saúde (SUS) garante acesso integral, universal e gratuitopara toda a população do país, sendo um dos maiores sistemaspúblicos de saúde do mundo. Em Campinas, cidade localizadano interior do estado de São Paulo (SP), com um númeroestimado para 2009 em cerca de um milhão de habitantes, oSUS foi implementado no início da década de 90, após terexperimentado diversos modelos de assistência na construçãodo sistema de saúde.Essa implementação proporcionou investimento na formação derecursos humanos, formulação de protocolos assistenciais dasáreas da mulher, adulto, criança e vigilância epidemiológica,além da adoção dos princípios regionalização e descentralizaçãodos serviços a partir de 1994. Os cinco Distritos distribuem entresi o atendimento e o gerenciamento da população de forma queo Distrito Sul atende cerca de 270.414 usuários, o Leste212.060, o Sudoeste 209.938, Norte 180.414 e Noroeste163.134 usuários.

ObjetivosA Secretaria da Saúde vem propor neste

contexto, o grande desafio de manter o papel das UnidadesBásicas de Saúde, consolidando o modelo de atenção à saúdedimensionando a força de trabalho dos enfermeiros a partir dasdiretrizes apontadas na Oficina da Atenção Básica; artigosproduzidos no município de Campinas sobre as práticas doenfermeiro na Saúde Coletiva e os protocolos das diversas áreasda linha do cuidado, consolidando dessa forma as práticasclínicas e reorganizando o processo de trabalho do enfermeirona Atenção Básica da Secretaria Municipal de Campinas.

MetodologiaConsiderando estudos previamente

realizados, alguns pressupostos foram utilizados tais como:população, vulnerabilidade, produtividade, número de horasmédicas, horário de funcionamento das unidades, espaço físicoe densidade demográfica. Para efeito somente de cálculo, foidefinido que o enfermeiro atenda, em média, 3 consultas/hora eque 20% da jornada sejam descontados para fins de licençasprêmio, férias, LTS, faltas, atrasos e tempo social. E por fimutilizamos as recomendações para a consulta do enfermeirosegundo os protocolos assistenciais produzidos pela SecretariaMunicipal de Saúde de Campinas nas seguintes áreas: criança(2 consultas no primeiro ano de vida); adulto/Idoso (diabetes: 2consultas/ano, hipertensão: 2 consultas/ano, ICC e outrascardiopatias: 2 consultas/ano); mulher ( gestante: 4consultas/gestação, prevenção do câncer cérvico uterino:1consulta/ano para 1/3 de 30% das mulheres de 20 a 59 anos eClimatério: 3 consultas no período de 45 a 65 anos). Utilizamosainda da distribuição da jornada de 36 horas da seguinte forma:ações educativas (15%); ações de gerenciamento (30%); açõesassistenciais (55%) e o índice de utilização dos serviços desaúde nos distritos: Norte: 58,6%, Sul: 61,8%, Leste: 54,2%,Sudoeste: 63,5%, Noroeste: 64,8%

Distrito Criança Diabético Hipertenso ICC + Pré-natal C.O. Climatério Total

NORTE 4940 19617 50299 7545 10460 4433 1763 99.056

SUL 9082 28286 72529 10879 15512 6594 2458 145.340

LESTE 4676 24556 62964 9445 10276 5720 2373 120.009

SUDOESTE 8546 21248 54483 8172 11948 5149 1645 111.192

NOROESTE 6088 16169 41459 6219 9496 3927 1326 84.685

TOTAL 33.332 109.876 281.734 42.260 57.692 25.823 9.565 560.282

Resultados alcançadosCampinas possui atualmente em média

1.072.415 habitantes; considerando que em média 65% dessapopulação necessitam de assistência na Atenção Básica. ASecretaria Municipal de Saúde deverá prover recursos humanosnecessários para oferecer 560.282 consultas individuais deenfermeiro na Atenção Básica. Conforme apresentamos na tabelaabaixo, 130 profissionais enfermeiros seriam suficientes paraoferecer o número de consultas preconizadas pelos protocolos daSecretaria Municipal de Saúde.

Número de consultas/enfermeiro/ano nas linhas do cuidadopor distrito de saúde.

Considerações finaisPudemos constatar que quando calculamos o

número de consultas do enfermeiro de acordo com os protocolospreconizados pela Secretaria municipal de Saúde, obtemos umdimensionamento de enfermeiros suficiente para atender parte denossos usuários. Entretanto, é do nosso conhecimento que asatividades dos enfermeiros não se resumem a somente consultasindividuais, por isso ainda será realizado o contrato de metaspautado na organização do processo de trabalho, horário defuncionamento das unidades de saúde, vulnerabilidade, densidadedemográfica, dentre outros indicadores que nortearão o adequadodimensionamento para qualificar e consolidar o trabalho doenfermeiro na Secretaria Municipal de Saúde de Campinas.

Referências bibliográficasCAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde.Departamento de Saúde. Relatório Final “Oficina da AtençãoBásica”. Campinas, 2009. (mimeo).CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde.Departamento de Saúde. Protocolo Saúde da Mulher. Campinas,2008.CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde.Departamento de Saúde. Protocolo Saúde da Criança. Campinas,2009.CAMPINAS (município). Secretaria Municipal de Saúde.Departamento de Saúde. Protocolo Hipertenso e Diabético.Campinas, 2008.