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1 DINÂMICA DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MARANHENSE ENTRE OS ANOS DE 1973 A 2017 DINAMICS OF AGRICULTURAL PRODUCTION IN MARANHÃO STATE BETWEEN 1970 TO 2017 DINÁMICA DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA MARANHENSE ENTRE 1973 A 2017 Stalys Ferreira Rocha 1 Ana Maria Aquino dos Anjos Ottati 2 Resumo O estudo avalia o panorama agrícola do Maranhão entre 1970 e 2017. O trabalho utiliza dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram utilizadas as séries anuais de valor das produções, áreas colhidas, produções e produtividade da terra das lavouras intensivas em trabalho (arroz, feijão, mandioca e milho) e em capital (soja, algodão, cana-de-açúcar). Para realizar a análise estatística e apresentação dos dados, foram utilizadas a análise descritiva, o modelo shift-share, para decompor as fontes de crescimento do valor da produção em efeitos explicativos (efeito área, efeito rendimento e efeito preço) e o programa GeoDa para elaboração dos mapas. Os resultados demonstraram a redução na produção de arroz e mandioca; estabilidade na produção de feijão e cana-de-açúcar e; crescimento na produção de algodão, milho e soja. O tamanho da área ainda é um fator determinante para o crescimento do valor da produção do Estado, mesmo com os avanços tecnológicos apresentados pelos municípios localizados ao Sul e no Baixo Parnaíba. Além disso, os resultados evidenciaram o processo gradual de substituição das áreas destinadas aos cultivos intensivos em mão de obra pelos cultivos intensivos em capital, sobretudo, de soja. Palavras-chave: produção de alimentos, desenvolvimento rural, Maranhão. Abstract This work made evaluations the agricultural production in the state of Maranhão between the years 1970-2012. It uses data from Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The data cover series of production value, harvested areas, production and land productivity of labor intensive crops (rice, bean, cassava and corn) and in capital (soybean, cotton, sugar cane). For this statistical analysis and presentation of data, were used the descriptive analysis, the shift- share model, to decompose output values growth sources in explanatory effects (area effect, productivity effect and price effect) and the program GeoDa to produce the maps. The results showed a reduction in the production of rice and cassava; stability in bean and sugar cane production and still; growth in the production of cotton, corn and soybeans. The size of the area 1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Economia Rural (PPGER/UFC), Doutorando em Desenvolvimento Rural PGDR/UFRGS, e-mail: [email protected]. 2 Engenheira Agrônoma, Mestre em Economia Rural (PPGER/UFC), Doutora em Desenvolvimento Rural PGDR/UFRGS, professora do Departamento de Economia Rural da Universidade Estadual do Maranhão, e-mail: [email protected].

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DINÂMICA DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MARANHENSE ENTRE OS ANOS DE 1973 A 2017

DINAMICS OF AGRICULTURAL PRODUCTION IN MARANHÃO STATE BETWEEN 1970 TO 2017

DINÁMICA DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA MARANHENSE ENTRE 1973 A 2017

Stalys Ferreira Rocha1

Ana Maria Aquino dos Anjos Ottati2

Resumo O estudo avalia o panorama agrícola do Maranhão entre 1970 e 2017. O trabalho utiliza dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram utilizadas as séries anuais de valor das produções, áreas colhidas, produções e produtividade da terra das lavouras intensivas em trabalho (arroz, feijão, mandioca e milho) e em capital (soja, algodão, cana-de-açúcar). Para realizar a análise estatística e apresentação dos dados, foram utilizadas a análise descritiva, o modelo shift-share, para decompor as fontes de crescimento do valor da produção em efeitos explicativos (efeito área, efeito rendimento e efeito preço) e o programa GeoDa para elaboração dos mapas. Os resultados demonstraram a redução na produção de arroz e mandioca; estabilidade na produção de feijão e cana-de-açúcar e; crescimento na produção de algodão, milho e soja. O tamanho da área ainda é um fator determinante para o crescimento do valor da produção do Estado, mesmo com os avanços tecnológicos apresentados pelos municípios localizados ao Sul e no Baixo Parnaíba. Além disso, os resultados evidenciaram o processo gradual de substituição das áreas destinadas aos cultivos intensivos em mão de obra pelos cultivos intensivos em capital, sobretudo, de soja. Palavras-chave: produção de alimentos, desenvolvimento rural, Maranhão.

Abstract This work made evaluations the agricultural production in the state of Maranhão between the years 1970-2012. It uses data from Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The data cover series of production value, harvested areas, production and land productivity of labor intensive crops (rice, bean, cassava and corn) and in capital (soybean, cotton, sugar cane). For this statistical analysis and presentation of data, were used the descriptive analysis, the shift-share model, to decompose output values growth sources in explanatory effects (area effect, productivity effect and price effect) and the program GeoDa to produce the maps. The results showed a reduction in the production of rice and cassava; stability in bean and sugar cane production and still; growth in the production of cotton, corn and soybeans. The size of the area

1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Economia Rural (PPGER/UFC), Doutorando em

Desenvolvimento Rural PGDR/UFRGS, e-mail: [email protected]. 2 Engenheira Agrônoma, Mestre em Economia Rural (PPGER/UFC), Doutora em

Desenvolvimento Rural PGDR/UFRGS, professora do Departamento de Economia Rural da Universidade Estadual do Maranhão, e-mail: [email protected].

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is still a determinative factor for the growth of this state production value, even with the technological advances showed by municipality situated in the south of the state and in Lower Parnaíba. Besides that, the results showed the gradual substitution process of the areas intended for labor-intensive crops by capital-intensive, especially soybean.

Keywords: food production, rural development, Maranhão.

Resumen El estudio evalúa el panorama agrícola de Maranhão entre 1970 y 2017. El trabajo utiliza datos del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE). Se utilizaron las series de valor anual de rendimientos, áreas cosechadas, rendimientos y productividad de la tierra de cultivos intensivos en mano de obra (arroz, frijoles, yuca y maíz) y capital (soja, algodón, caña de azúcar). Para realizar el análisis estadístico y la presentación de datos, el análisis descriptivo, el modelo de distribución de turnos se utilizaron para descomponer las fuentes de crecimiento del valor de producción en efectos explicativos (efecto de área, efecto de rendimiento y efecto de precio) y el programa GeoDa para elaboración de mapas. Los resultados mostraron una reducción en la producción de arroz y yuca; estabilidad en la producción de frijoles y caña de azúcar y; crecimiento en la producción de algodón, maíz y soja. El tamaño del área sigue siendo un factor determinante para el crecimiento del valor de producción del estado, incluso con los avances tecnológicos presentados por los municipios ubicados en el sur y el bajo Parnaíba. Además, los resultados destacaron el proceso gradual de reemplazar áreas para cultivos intensivos en mano de obra por cultivos intensivos en capital, especialmente la soja. Palabras clave: producción de alimentos, desarrollo rural, Maranhão

Introdução

Maranhão, um estado conhecido por possuir características favoráveis

para a agricultura, mesmo com sua heterogeneidade de características naturais

(hídricas, climáticas, de solo e relevo, e de vegetação) (MENEZES, 2009). A

evolução dos modelos de produção praticados no Estado também se deu em

função das necessidades surgidas, dos investimentos ocorridos, e das

condições oferecidas em algumas regiões.

O desenvolvimento não se dá mesma maneira e com a mesma

velocidade em todos os lugares e, dependendo da atividade escolhida e do

modelo de produção utilizado, isso pode levar ainda mais tempo. Apesar de estar

inserido na nova fronteira agrícola do país, observa-se que no Maranhão o cultivo

de culturas intensivas em mão de obra (arroz, feijão, mandioca e milho) ainda

ocorre, em sua maior parte, de maneira tradicional. Percebe-se também, ao

longo dos anos uma queda na área plantada e na produção de algumas dessas

culturas e um crescimento na área, na produção e na importância econômica da

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produção de soja, do milho, e da cana-de-açúcar. A principal cultura associada

ao cultivo da soja em ambientes tropicais é o milho de segunda safra (conhecido

como milho safrinha), devido à capacidade de influenciar na ciclagem de

nutrientes, inclusive o nitrogênio (N), além de produzir palha em diferentes

quantidades e relações C/N (carbono/nitrogênio) BALBINOT JUNIOR et al.,

2011). Parte dessas observações foi confirmada por Anjos (1997) ao analisar as

culturas intensivas em mão de obra e a cultura da soja na mesorregião Sul

maranhense.

Mas como comprovar isso? Como verificar o que realmente está

acontecendo na agricultura? É possível encontrar na literatura trabalhos e

autores que narram a evolução da agricultura do Maranhão e suas

consequências no meio rural (LEMOS, 2015; DINIZ, 2016; DE ARAÚJO, 2018)

porém, há a necessidade de avançar na avaliação comportamento da produção

agrícola maranhense, sobretudo a familiar vinculada àquelas culturas intensivas

em mão de obra.

Além do mais, a necessidade de se compreender a influência e o

comportamento de determinadas variáveis no processo de desenvolvimento de

um setor é fundamental para o planejamento produtivo e político, que

proporcionam melhores condições de enfrentar os desafios do atual cenário

econômico, dotando as cadeias produtivas de mecanismos e instrumentos

modernos que viabilizem a agregação de valor ao produto e melhorias da

capacidade competitiva. Deste modo, o setor poderá fazer frente ao cenário

mercadológico, além de promover a ampliação de bem-estar para a sociedade

(QUINTINO, 2007).

Sendo assim, este trabalho buscou preencher este vazio através da

realização da coleta e análise de algumas variáveis que possam caracterizar o

setor agrícola do Maranhão com o intuito avaliar as mudanças ocorridas neste

setor, principalmente a partir da década de 1970, pois se observa que as

atividades relacionadas à agricultura sofreram muitas mudanças, principalmente

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com a introdução de culturas destinadas a indústria ou a exportação e que ao

longo desse período receberam mais incentivos fiscais e creditícios para as suas

atividades o que não se verifica com o mesmo interesse ou a mesma proporção

nos incentivos para a revitalização das culturas de arroz, feijão, mandioca no

Estado. Assim, esta pesquisa tentará buscar resposta para a seguinte questão:

existe um processo de substituição das áreas onde anteriormente eram

cultivadas por agricultores familiares lavouras intensivas em trabalho (arroz,

feijão, mandioca e milho), por atividades intensivas em capital como soja,

algodão, cana-de-açúcar no Maranhão.

Assim, a pesquisa possuí três (3) objetivos: a) verificar o comportamento

dos principais cultivos agrícolas, no período de 1973 a 2017 b) aferir prováveis

mudanças na localização geográfica da produção do Maranhão, através de

mapas; b) analisar as fontes de crescimento do valor da produção - dos cultivos

de arroz, feijão, mandioca e milho, soja, algodão, cana-de-açúcar- a partir do

comportamento dos efeitos explicativos da área plantada, da produtividade da

terra e do preço utilizando o modelo matemático shift-share no período de 1990

a 2017.

A importância deste trabalho está no fato de que a partir das avaliações

a serem feitas a partir variáveis associadas à produção agrícola familiar de

alimentos no Maranhão se possa preencher o vazio de informações em que nos

encontramos e através de gráficos, tabelas e mapas, ilustrar o comportamento

das principais culturas agrícolas do Estado do Maranhão e mensurar quais

efeitos impactaram diretamente na renda do agricultor maranhense, no período

de 1970 a 2017.

2 METODOLOGIA 2.1 O local do estudo - O Estado do Maranhão

O Estado do Maranhão está localizado no Oeste da Região Nordeste e apresenta uma área de 331.935 km2, sendo o segundo maior Estado em área

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da Região e o oitavo do país. A densidade demográfica do Estado é de 19,81 hab./km2. Limita-se com o Oceano Atlântico (ao Norte), o Estado do Piauí (ao Leste), o Estado do Tocantins (ao Sul e Sudoeste) e o Estado do Pará (ao Oeste). Territorialmente é dividido em cinco mesorregiões, 21 microrregiões e 217 municípios. A população maranhense é de 6.574.789 pessoas, sendo que 63% do total se localizam na zona urbana e 37% vivem na zona rural (IBGE, 2010).

2.2 Fonte dos dados e variáveis.

Este estudo utiliza dados secundários obtidos junto às publicações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do IBGE foram consultadas as publicações da Produção agrícola Municipal referente aos anos de 1973 a 2017, perfazendo um total de 45 anos. Destaca-se que os cortes temporais ocorreram em virtude da limitação dos dados.

O estudo considerou as variáveis: área colhida (hectare), quantidade produzida (toneladas), produtividade da terra (kg/hectare) e o valor da produção (R$). As variáveis utilizadas são referentes tanto as lavouras intensivas em trabalho (arroz, feijão, mandioca e milho), como também daquelas intensivas em capital como soja, algodão, cana-de-açúcar no Maranhão.

O valor da produção corrigido para 2017 utilizando o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) anual da Fundação Getúlio Vargas. Os valores nominais utilizados na pesquisa corrigidos para o ano de 2017. Os preços avaliados reais por quilograma que são utilizados na pesquisa foram calculados pela divisão do valor da produção pela quantidade produzida.

Na tentativa de mapear as alterações na distribuição espacial dos cultivos nos municípios maranhenses, se propôs a criação dos mapas por meio do Sofware GEODA. Vale ressaltar que, na década seguinte à promulgação da Constituição de 1988 ocorreu o “movimento emancipacionista” que aumentou em aproximadamente 38% (81) o número de municípios no Estado (BRANDT, 2010). Devido a isso, para evitar possíveis distorções nas análises, utilizou-se como referência para a criação dos mapas os anos de 1996 e 2017, destacando os municípios em que os cultivos se sobressaíram. 2.3 Métodos de Análise

Após a coleta e tabulação dos dados, foi realizada a análise estatística. Todas as análises estatísticas foram realizadas através dos Programas Excel (Microsoft Office Excel).

A análise estatística foi realizada através das seguintes etapas: 2.3.1 Análise descritiva.

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A análise descritiva foi utilizada para permitir uma primeira descrição e análise dos dados. Ela também resume e organiza as informações importantes. Os resultados estão apresentados em tabelas e gráficos com o objetivo de simplificar e tornar os dados mais facilmente perceptíveis. Também se fará o uso dos coeficientes de variação (CV) para analisar as variáveis utilizadas no estudo. Os CV servem para aferir a relação, em percentual, do desvio padrão de uma variável aleatória em relação à média aritmética. A classificação do CV segue de acordo com a definição proposta por Gomes (1985).

2.3.2 Fontes de crescimento do valor da produção das culturas intensivas em

mão de obra e das culturas intensivas em capital.

Para analisar as mudanças das fontes de crescimento do valor da produção agrícola maranhense no período de 1970 a 2017 utilizou-se o método shift-share, também conhecido como diferencial-estrutural. O método é constituído de um conjunto de relações e definições que busca explicar a taxa de crescimento do valor da produção das culturas analisadas nos componentes área, produtividade e preço, estimando-se a importância relativa de cada fator sobre os acréscimos ou decréscimos do valor da produção.

Para evitar períodos com condições climáticas anormais, como também para melhor identificação das várias mudanças ocorridas na agricultura maranhense, tais como: o declínio na produção de arroz e a introdução de grandes projetos agropecuários e, principalmente, o crescimento da produção de soja, foram obtidas médias geométricas trienais centralizadas em 1991, 1999, 2008 e 2016, o mesmo procedimento realizado por Yokoyama e Igreja (1992) e Mancal (2013), obtida por meio da expressão:

𝑀𝑔𝑐 = √𝑉𝑒0,5𝑉𝑐𝑒𝑉𝑑

0,5 (1)

Sendo: Mgc = Média geométrica trienal centralizada

Ve= Valor correspondente ao ano 𝑡−1, à esquerda do ano central; Vce = Valor correspondente ao ano t, central;

Vd= Valor correspondente ao ano 𝑡+1, à direita do ano central. Por causa da determinação da média geométrica centrada, nos

resultados apareceram intervalos com limites inferior e superior correspondentes aos anos de 1991 e 2016 respectivamente, mas, o período total de análise é de 1990 a 2017.

Considera-se como fonte de crescimento de uma determinada cultura as modificações ocorridas na área colhida (efeito área), nas produtividades por hectare (efeito produtividade) e nos preços médios recebidos pelos agricultores (efeito preço). A soma desses três efeitos é igual à Taxa Anual de Crescimento

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do Valor da Produção. O efeito área mostra se a variação na produção é decorrente de modificação no uso de fatores tradicionais, principalmente a terra, e proporcionalmente a mão-de-obra e instrumentos agrícolas. O efeito produtividade pode refletir mudanças tecnológicas pela adoção de novos insumos, técnicas de produção, cultivares melhores de um ponto de vista genético e melhoria do capital humano. O efeito preço aponta a variação no valor bruto da produção (VBP) em reais, em virtude de fatores que influem diretamente no preço.

O método de decomposição estrutural-diferencial, ou método shift-share, é conhecido pelos economistas e geógrafos há algumas décadas. Entretanto, a sua utilização mais intensa do método se iniciou a partir da década de 1960. Além do amplo uso empírico, vários trabalhos procuraram desenvolver o método, aumentando o número de componentes para análise e procurando eliminar algumas das suas deficiências.

Curtis (19723 apud ANJOS, 1997, p 22) utilizou este modelo nos Estados Unidos para estudar as fontes de crescimento do emprego e da renda no Estado do Alabama. No Brasil, um dos primeiros a utilizar esta metodologia foi Patrick (1972 apud ANJOS, 1997, p 22)4 estudando as fontes de crescimento e a taxa anual de crescimento da produção de 21 culturas nos estados do Nordeste. Carvalho, (1979) utilizou o método para a análise de dados censitários, procurando mostrar quais os setores da região Centro-Oeste possuíam vantagens comparativas, tomando-se como padrão de referência as demais regiões do Brasil. Yokoyama e Igreja (1972) utilizaram esta metodologia para analisar as principais lavouras do Centro-Oeste entre os anos de 1975 a 1987. Almeida et al (2006) verificaram os componentes de crescimento das culturas permanentes no Estado da Bahia. Pires (2006) fez uso desse modelo para estudar a ocupação do solo agrícola do estado de Goiás. Reis et al. (2007) utilizou este modelo para verificar o impacto da cultura da mamona sobre as culturas alimentares. Souza e Santos (2009) analisaram as mudanças na composição da produção agrícola do Paraná, no período 1990 a 2005, estudando as culturas do algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, cevada, feijão, fumo, mandioca, milho, soja e trigo. Mais recentemente, o modelo foi utilizado por Anjos e Rosário (2012) para identificar as fontes de crescimento da produção da cana de açúcar no Estado de Alagoas. Teixeira e Mendes (2013), utilizaram o método para analisar a composição da agricultura em microrregiões homogêneas do Estado do Goiás no período de 1990 a 2009. Bastos e Gomes (2013) procuraram avaliar o desempenho da agricultura mineira, desagregada por mesorregiões no período 1994-2008 com o objetivo de identificar os produtos dinâmicos em cada mesorregião bem como seu principal destino para a

3CURTIS, Wayne C. Shift-share analysis as a technique in rural development research. American Journal of Agricultural Economics. v. 54, n. 2, p. 267-270, may. 1972. 4 PATRICK, George F. Desenvolvimento agrícola do Nordeste. Rio de Janeiro: IPEA, 1972. p. 75-97. (Relatório de Pesquisa).

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comercialização. Barbosa (2016), inovou ao propor mudanças na metodologia e assim, avaliar a competitividade das exportações de castanha de caju e melão no Nordeste brasileiro. De Borba (2018), utilizou a metodologia para analisar a variação de renda de produtores de mamona da Microrregião de Irecê-BA e da Mesorregião Sertões Cearenses no período de 2000 a 2015.

Como pôde ser visto, diversos autores já utilizaram o modelo analítico shift-share, também chamado de “diferencial-estrutural”, cada um com suas particularidades, para analisar as fontes de crescimento da produção de diversas lavouras com o intuito de identificar os principais componentes explicativos destes processos, ou seja, as suas fontes de crescimento e as influências desses fatores. Contudo, este trabalho se difere de algumas das pesquisas citadas, fazendo o uso da abordagem proposta por Cuenca e Dompieri (2016), que também subdividiu os efeitos em efeito área, efeito produtividade e efeito preço. Este trabalho também seguiu a proposta de Bernardo e Caldas, identificando os efeitos escala e/ou substituição a fim de mensurar as alterações da área agricultável na região analisada.

A identificação dos principais componentes da produção agrícola pode auxiliar na criação de políticas voltadas para o crescimento da agricultura e a identificação desses indicadores é valiosa para detectar mudanças em variáveis importantes que mostram a eficiência dos recursos econômicos que estão relacionadas de forma direta ou indireta na produção.

Matematicamente, o modelo de shift-share pode assim ser representado5:

O valor da produção é obtido por:

a) No período inicial to:𝑉0 = 𝐴0. 𝑅0. 𝑃0 (2)

b) No período final t:𝑉𝑡 = 𝐴𝑡. 𝑅𝑡 . 𝑃𝑡 (3)

Onde:

0t e t : indicam o período inicial e o período final, respectivamente;

V: é valor da produção dacultura no Estado (R$ de 2017); A: área total com a cultura no Estado (ha); R: produtividade da cultura (Kg. ha-1); P: preço médio da cultura pago ao produtor (R$/kg);

5 Devido à falta de dados para o Estado do Maranhão, o modelo matemático sofreu algumas

modificações, pois foi necessário adequar a série analisada, anteriormente de 1970 a 2017, para 1990 a 2017 devido à modificação ocorrida no número de municípios a partir de 1994, passando de 130 para 217 no total.

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Se, apenas a área colhida com a cultura “j” for alterada nos municípios,

permanecendo constante a produtividade, o valor da produção final no período

“t”, será:

𝑉𝑡𝐴 = 𝐴𝑡. 𝑅0. 𝑃0 (4)

No entanto, se apenas a área colhida com a cultura “j” mudar nos

municípios e, a produtividade não permanecer constante, o valor da produção

final no período “t”, será:

𝑉𝑡𝐴,𝑅 = 𝐴𝑡 . 𝑅𝑡. 𝑃0 (5)

A mudança total no valor da produção do período “to” para o período “t”,

será;

𝑉𝑡 − 𝑉0 = (𝐴𝑡. 𝑅𝑡. 𝑃𝑡) − (𝐴0. 𝑅0. 𝑃0) (6)

Ou

(𝑉𝑡 − 𝑉0) = (𝑉𝑡𝐴 − 𝑉0) + (𝑉𝑡

𝐴,𝑅 − 𝑉𝑡𝐴) + (𝑉𝑡 − 𝑉𝑡

𝐴,𝑅) (7)

(𝑉𝑡𝐴 − 𝑉0) = (𝐴𝑡 . 𝑅0. 𝑃0) − (𝐴0. 𝑅0. 𝑃0 ) (8)

(𝑉𝑡𝐴,𝑅 − 𝑉𝑡

𝐴) = (𝐴𝑡. 𝑅𝑡. 𝑃0) − (𝐴𝑡. 𝑅0. 𝑃0 ) (9)

(𝑉𝑡 − 𝑉𝑡𝐴,𝑅) = (𝐴𝑡. 𝑅𝑡 . 𝑃𝑡) − (𝐴𝑡. 𝑅𝑡 . 𝑃0 ) (10)

Onde:

(𝑉𝑡 − 𝑉0) = variação total do valor da produção entre o período “to” e “t”.

(𝑉𝑡𝐴 − 𝑉0)= efeito-área (EA);

(𝑉𝑡𝐴,𝑅 − 𝑉𝑡

𝐴)= efeito-produtividade (ER);

(𝑉𝑡 − 𝑉𝑡𝐴,𝑅)= efeito preço (EP).

Os diversos efeitos explicativos devem ser expressos através das taxas anuais de crescimento, compondo assim, a taxa anual média de crescimento do valor da produção.

Dividindo-se ambos os lados da expressão (7) por, (𝑉𝑡 − 𝑉0)dessa forma, se obtém o resultado a seguir:

1= (𝑉𝑡

𝐴− 𝑉0)

(𝑉𝑡 − 𝑉0) +

(𝑉𝑡𝐴𝑅− 𝑉𝑡

𝐴)

(𝑉𝑡 − 𝑉0) +

(𝑉𝑡 −𝑉𝑡𝐴𝑅)

(𝑉𝑡 − 𝑉0) (11)

A seguir multiplicam-se ambos os lados da equação (11) por

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10

𝑟 = (√𝑉𝑡

𝑉0

𝑡 − 1) . 100 (12)

Onde, r é a taxa de variação na produção do valor da produção da

lavoura, em percentagem ao ano. Dessa maneira, ao se multiplicar ambos os lados da equação (12) por r, obtém-se os efeitos área, rendimento e preço (em percentagem ao ano), conforme descrito a seguir:

𝑟 = (𝑉𝑡

𝐴− 𝑉0)

(𝑉𝑡 − 𝑉0)𝑟 +

(𝑉𝑡𝐴𝑅− 𝑉𝑡

𝐴)

(𝑉𝑡 − 𝑉0)𝑟 +

(𝑉𝑡 −𝑉𝑡𝐴𝑅)

(𝑉𝑡 − 𝑉0)𝑟 (13)

Segundo Yokoyama e Igreja (1972), a área colhida com uma

determinada cultura pode sofrer alterações de um período para outro e essas alterações podem ser causadas por dois motivos: um é quando ocorre expansão ou retração da área total do sistema de produção, o qual é denominado de “efeito escala”. O outro motivo ocorre quando uma cultura substitui ou é substituída por outra cultura dentro do sistema, o que se denomina de “efeito substituição”. As variações na área colhida de uma cultura específica no Estado podem estar relacionadas à expansão da produção do conjunto de culturas através da incorporação de novas áreas, ou podem resultar da substituição (ganhos ou perdas) de área entre as culturas.

Para captar este aspecto procede-se à decomposição do efeito área em dois componentes: o efeito escala (EE) e o efeito substituição (ES). Os valores positivos e negativos encontrados para o efeito escala representam expansão e contração do sistema, respectivamente. As atividades que apresentarem efeito substituição positivo substituíram, enquanto as atividades que apresentarem efeito substituição negativo, foram substituídas. Vale ressaltar que o efeito substituição negativo não significa necessariamente que a área colhida com a lavoura foi reduzida, ela poderá ter se expandido numa magnitude menos que proporcional ao crescimento total da área na região analisada; o que implica dizer que a área dessa cultura foi substituída pela outra cultura que se expandiu mais que proporcional ao aumento da área total dentro do sistema (CALDARELLI, 2010).

A decomposição do efeito área em efeitos escala e substituição, resulta em um coeficiente que mensura a variação 𝑎𝐴𝑇, obtido a partir da divisão da área total das culturas no período final (𝐴𝑇𝑡 )pela área total das culturas no período inicial (𝐴𝑇0 ), da seguinte maneira:

𝑎𝐴𝑇 =𝐴𝑇𝑡

𝐴𝑇0 (14)

Por meio do coeficiente 𝑎𝐴𝑇 que mensura a modificação do tamanho do

sistema e mediante o pressuposto do modelo de que mudanças nas áreas agricultáveis em determinados períodos, promovidas por alterações de escala

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ou mesmo por substituição de cultivos podemos explicitar a dinâmica da expansão dos cultivos utilizando a seguinte fórmula (DE BORBA, 2018): (𝐴𝑐𝑡 − 𝐴𝑐0) = (𝑎𝐴𝑐0 − 𝐴𝑐0) + (𝐴𝑐𝑡 − 𝑎𝐴𝐶0) (15)

onde: (𝐴𝑐𝑡 − 𝐴𝑐0) é a variação da área colhida com a atividade “c”entre o período te 0;

(𝑎𝐴𝑐0 − 𝐴𝑐0) é o efeito escala;

(𝐴𝑐𝑡 − 𝑎𝐴𝐶0)é o efeito substituição; Define-se sistema de produção como o conjunto formado pelo bem que

se quer analisar e pelos que com ele concorrem diretamente pela terra. No caso deste trabalho, o sistema considerado para o Maranhão foi formado pelas sete culturas analisadas.

Os efeitos escala e substituição em termos percentuais são expressos da seguinte maneira: (𝑎𝐴𝑖0 −𝐴𝑖0 )

(𝐴𝑖𝑡 −𝐴𝑖0 ) 𝐸𝐴= efeito-escala, expresso em porcentagem ao ano; (16)

(𝐴𝑖𝑡 −𝑎𝐴𝑖0 )

(𝐴𝑖𝑡 −𝐴𝑖0 ) 𝐸𝐴=efeito substituição, expresso em porcentagem ao ano; (17)

em que: 𝐸𝐴 é o efeito área expresso em percentagem ao ano. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos dados obtidos e da realização das devidas análises apresenta-se os resultados alcançados, estes dispostos na forma de gráficos, tabelas e mapas que ilustram o comportamento do setor agrícola do Estado do Maranhão no período de 1973 a 2017.

3.1 Produção e área colhida dos cultivos intensivos em trabalho e em capital

A análise da produção cultivos intensivos em trabalho e em capital para o Estado do Maranhão entre os anos de 1973 e 2017 mostrou queda na produção de arroz e mandioca, relativa estabilidade na produção de feijão e crescimento na produção de algodão, cana-de-açúcar, milho e soja (Figura 1). Durante esse período, a área colhida de soja saltou de menos de 1% do total no Estado em 1978, para 49% em 2017, os cultivos de arroz, feijão mandioca e milho, que antes somavam 93% das áreas colhidas, perderam espaço gradativamente ao longo dos anos e em 2017 somam 45% do total (IBGE, 2019).

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Figura 1. Desempenho dos cultivos intensivos em mão de obra e em capital no Maranhão no período de 1973 a 2017.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do IBGE.

Na tabela 1, têm-se os valores mínimos, máximos, médios e os

coeficientes de variação do desempenho das culturas intensivas em mão de obra e em capital no Estado. O coeficiente de variação (CV), sendo uma medida de dispersão em relação ao valor da média, denotou, em relação as áreas de lavouras intensivas em mão de obra e da cana-de-açúcar, um baixo CV, sinalizando estabilidade no período analisado, enquanto o CV das áreas de algodão e soja se mostraram elevados (162,63% e 111,23%, respectivamente), evidenciando as fortes variações que esses cultivos tiveram durante o período.

Observou-se que, entre 1973 e 2017, a produção de algodão se comportou de duas formas. Na primeira, denota a existência de algumas áreas que ainda cultivam o algodão arbóreo e na segunda, a entrada das espécies herbáceas. Assim, verificou-se que no período entre 1990 a 2000 houve uma redução considerável do plantio dessa cultura no estado, devido aos problemas que afetaram a produção do algodão arbóreo, também denominado de “mocó”, no Nordeste com um todo, como: a incapacidade de convivência com o bicudo (Anthonomusgrandis, Boheman), subsídio aos preços dos concorrentes no mercado internacional, o baixo padrão tecnológico, a abertura do mercado brasileiro e as atrativas condições de financiamento externo do produto.

Contudo, a partir de 2001 o cultivo foi novamente impulsionado com as espécies herbáceas, passando a ser uma atividade de elevado nível tecnológico e explorada em grandes módulos de produção. A atividade está concentrada em três grandes fazendas, localizadas nos municípios de Alto Parnaíba, Balsas e Tasso Fragoso. Em 1973, a produção foi de 1.665 toneladas em 5.557 hectares, uma produtividade de 300 kg/ha. Já em 2001, a produção foi de 8.118 ton., em 2.515 ha. Em 2017, a produção atingiu 85.365 toneladas, em 22.491 hectares. Esse crescimento é o resultado de uma evolução tecnológica significativa nesse cultivo, uma vez que a produção cresceu 5.027% no período estudado e teve um elevado CV de 83,07%. Neste caso, é razoável admitir que após o declínio dos cultivos arbóreos, e um longo período sem que o algodão estivesse em evidência na região, os produtores maranhenses encontraram nas plantas de porte

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herbáceo um novo estímulo para a produção em larga escala dessa commodity que, antes possuía grande destaque na região (GONÇALVES e RAMOS, 2008).

Tabela 1 – Produção, área colhida e produtividade das culturas de algodão, arroz, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja. 1973 e 2017.

Cultivos Variável Mínimo Máximo Média CV (%)

Quantidade (ton) 13,0 13.608,0 4.917,0 65,19 Algodão arbóreo*

Área (ha) 65,0 55.776,0 31.498,0 59,31

Produtividade (kg/ha) 110,0 306,0 225,0 22.80

Algodão herbáceo

Quantidade (ton) 50,0 89.774,0 17.721,0 158,42 Área (ha) 50,0 22.491,0 5.773,0 122,79

Produtividade (kg/ha) 197,0 4.200,0 1.730,0 83,07

Arroz

Quantidade (ton) 152.216,0 1.575.030,0 744.954,0 41,26

Área (ha) 157.104,0 1.167.204,0 614.694,0 37,66

Produtividade (kg/ha) 525,0 1.571,0 1.237,0 22,01

Cana-de-açúcar

Quantidade (ton) 410.820,0 3.176.531,0 1.655.471,0 45,98

Área (ha) 14.472,0 50.477,0 31.022,0 35,38

Produtividade (kg/ha) 24.786,0 65.516,0 51.232,0 19,64

Feijão em grão

Quantidade (ton) 17.462,0 58.690,0 37.594,0 24,20

Área (ha) 57.527,0 121.516,0 86.378,0 20,38

Produtividade (kg/ha) 273,0 589,0 436,0 16,25

Mandioca

Quantidade (ton) 615.269,0 3.493.621,0 1.726.883,0 39,43

Área (ha) 106.743,0 450.128,0 218.643,0 34,54

Produtividade (kg/ha) 5.764,0 8.904,0 7.766,0 10,71

Milho em grão

Quantidade (ton) 90.041,0 1.632.060,0 418.175,0 87,58

Área (ha) 288.310,0 641.409,0 421.921,0 23,44

Produtividade (kg/ha) 220,0 3.512,0 991,0 77,03

Soja**

Quantidade (ton) 55,0 2.331.688,0 596.349,0 116,03

Área (ha) 15,0 817.719,0 229.746,0 111,23

Produtividade (kg/ha) 274,0 2.996,0 2.105,0 31,19

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (2019). *Análise do algodão arbóreo compreende o período de 1974 a 1992 **Dados para a soja iniciam no ano de 1978.

No que se refere ao cultivo de arroz, o Maranhão apresentou queda na

produção, de 67,74% (no período de 1973 a 2017), o mesmo ocorreu na área colhida dessa cultura que sofreu redução de 73,74%. A produção obtida em 2017, que foi de 246.866 toneladas, ficou muito abaixo da média anual de todo o período analisado, que é de 744.388 toneladas (Tabela 1). O alto valor do coeficiente de variação da produção (41,26%), demonstra o declínio acentuado que essa cultura vem apresentando, desde o começo dos anos 90, tanto da área plantada (37,66%), como também na produção. Para Santos (2010), o Maranhão possui grandes perspectivas para o cultivo de arroz, já que o Estado conseguiu

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se sustentar como grande produtor, contudo, é necessário agora conciliar políticas de apropriação tecnológica com desenvolvimento da cadeia produtiva.

Verificou-se ainda que a produção de mandioca também apresentou declínio, de 15,93%. Tendência seguida pela redução de 22,25% na área colhida. A produção obtida em 2017, que foi de 1.315.954 toneladas, ficou abaixo da média anual desse período, que é de 1.726.883 toneladas (IBGE, 2019). Entretanto, chama atenção o baixo valor apresentado pelo CV da produtividade da mandioca (10,71%), evidenciando uma estagnação dos níveis de produtividade dessa cultura no Estado (Tabela 1).

A produção de feijão apresentou um aumento de 30,58% na comparação dos números do ano de 1973 e 2017, com um crescimento de 20,22% na área colhida dessa cultura (IBGE, 2019). Em 2017 a produção de feijão foi de 44.115, acima da média do período que foi de 37.594. Assim, a produção de feijão no Estado pode ser considerada estável uma vez que ela sofreu pouca variação em torno da média observada no período. Tal resultado poderia até ser animador, contudo, quando analisamos o CV da produtividade da cultura (16,25%), verificamos mais uma vez, outra cultura agroalimentar que não apresentou mudanças significativas na produtividade durante o período analisado.

Comparando o ano de 1973 com 2017, a cana-de-açúcar mostra um crescimento de 323,13% na produção, e de 112,12% na área colhida (IBGE, 2019). No ano de 2017 a produção foi bem acima da média anual do período, 2.482.939 toneladas contra 1.597.132 da média, o que a coloca em primeiro em volume de produção entre as culturas analisadas. Apesar de os coeficientes de variação tanto da área plantada (35,38%) quanto da produção (45,98%) de cana-de-açúcar não apontarem valores tão expressivos quanto os apresentados pelas outras culturas intensivas em capital, é visível o destaque que o cultivo tem tido no Maranhão. A cultura chegou a dobrar a sua produtividade, de 27.361 kg/ha, em 1973, a valores extremos, de 65.516 kg/ha, em 2015, porém, o baixo CV da produtividade (19,64%), nos leva a crer que o desempenho da cultura esteve mais associado ao aumento nas áreas plantadas do que pela evolução tecnológica.

Outra cultura que apresentou crescimento na produção foi a do milho, registrando, na comparação de 1973 com 2017, aumento de 738,31% na produção e 47,23% na área colhida. A média anual de produção do milho para esse período é de 420.397 toneladas, contudo a região desde 2000, vem apresentando crescimento exponencial em sua produção, sobretudo, pela inclusão de novas tecnologias na região sul do Estado, fechando o ano de 2017 com uma safra recorde, de 1.632.060 toneladas (IBGE, 2019). Esses resultados são corroborados com os elevados CV da produção (87,58%) e da produtividade (77,03%), enquanto o baixo CV das áreas (23,44%) sinaliza estabilidade dessa variável no período analisado, e reforçando a hipótese do aumento tecnológico nesse cultivo.

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Das culturas analisadas a soja é a que apresentou o crescimento mais expressivo. Na comparação entre o início e o final do período de análise percebe-se o crescimento foi de 4.239.333% na produção e de 2.555.272% na área colhida6. Em 2010 a soja ultrapassou o arroz no total de áreas colhidas no estado, tornando-se a primeira nesse quesito (Figura 1). Os elevados CV da área (111, 23%) e da produção (116,03%), evidenciam a expansão dessa cultura, pois as amplitudes dessas variáveis, se mostraram bem superiores à amplitude das culturas intensivas em mão de obra. Esses resultados reforçam as pesquisas relacionadas a expansão dos cultivos de soja no período de 1990 a 2017 no Maranhão (LEMOS, 2015; DE ARAÚJO, 2018).

Ao analisar os dados de área colhida para as culturas analisadas, chama a atenção o comportamento semelhante ao da quantidade produzida no Estado. Verifica-se, em alguns casos, a mesma tendência, ou seja, a produção tende a variar para mais ou para menos à medida que a área plantada também sofre aumento ou redução.

Mesmo não sendo fator determinante para o crescimento ou retração da produção, o comportamento da área das lavouras em regiões com baixa utilização de tecnologias e insumos torna-se relevante para o crescimento da produção agrícola, fato registrado em algumas culturas analisadas e que corroboram outras análises feitas para o estado, mas nos casos das culturas em que foi verificado o aumento da produção mesmo ocorrendo redução da área colhida, pressupõe-se o uso de novas técnicas ou de tecnologias que proporcionem o aumento de produtividade.Tais mudanças no cenário agrícola maranhense podem ser vistas, principalmente, na região Sul do estado. 3.2 Distribuição espacial dos cultivos intensivos em mão de obra e em capital.

Quando se observa a localização dos municípios com maior destaque na produção das culturas intensivas em mão de obra (arroz, feijão, mandioca e milho), verifica-se que em 1990 cinquenta municípios se destacavam na produção dessas culturas, todos eles distribuídos nas mesorregiões Centro, Leste, Oeste e Norte do Estado, sem nenhum representante de destaque na mesorregião Sul Maranhense. Nesse período o município de Santa Luzia, despontava com cerca de 9% da produção, sua importância na produção agrícola do Estado pode ser evidenciada ao se comparar essa produção com o segundo colocado em 1990, o município de Cururupu, que detinha na época cerca de 3% da pulverizada produção agroalimentar da região. Já em 2017, verifica-se uma mudança radical neste cenário, pois a maioria dos municípios localizados no Sul passaram a ter destaque na produção de culturas intensivas em mão de obra, principalmente com o milho, mas também com o feijão em Balsas e Tasso Fragoso e o arroz em Balsas (Figura 2).

6 A soja foi introduzida no Estado em 1978, por isso, sua análise foi feita a partir desta data.

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Por meio da Figura 2, percebe-se em 2017 uma concentração dos cultivos intensivos em mão de obra em torno dos municípios que oferecem uma maior estrutura para a atividade agrícola, no caso do Maranhão, os municípios produtores de soja. Porém, como os dados estão sendo analisados de forma agregada, e com isso as lavouras de milho acabam influenciando os resultados dessa categoria, pois a lavoura também é plantada na entre-safra da soja, como forma de rotacionar a terra e por conta do baixo valor do produto. Porém, o milho é uma cultura ligada tanto ao agronegócio (no Sul) quanto a agricultura familiar (nas demais regiões). Tal situação, deve ser esclarecida para que não se apresente conclusões distorcidas, ou que contribuam para o esquecimento daqueles que persistem em regiões tradicionalmente produtoras dessas culturas. Como exemplo, podemos citar o caso do município de Santa Luzia, antes grande produtor, e que hoje responde por cerca de 2% da quantidade produzida dessas culturas, uma queda significativa da sua participação no Estado.

Figura 2 – Localização dos municípios produtores de culturas intensivas em mão de obra no Estado do Maranhão em 1996 e 2017.

Fonte: Elaboração própria (2019). Nota: GeoDa 1.12.

Em 2017 são 36 os municípios com destaque na produção de culturas

intensivas em capital, com três municipios produzindo algodão (Alto Parnaíba, Balsas e Tasso Fragoso), acrescidos dos municípios com maior destaque na produção de soja e cana-de-açúcar. O número de municípios produtores de soja aumentou de 9 para 56, com predomínio dos municipios do Sul, sob a liderança de Balsas e Tasso Fragoso. A cana de açúcar teve um declínio de 96 para 80 municípios de 1996 para 2017. Apesar das alterações ocorridas, percebe-se que

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esses cultivos continuam concentrados na região Sul do maranhense, com um avanço no sentido Oeste do Estado. (Figura 3).

Figura 3 – Localização dos municípios produtores de culturas intensivas em capital no Estado do Maranhão em 1996 e 2017.

Fonte: Elaboração própria (2019). Nota: GeoDa 1.12.

Percebe-se também que dos 217 municípios do Maranhão, existem 81 municípios que não se destacam na produção de qualquer das culturas estudadas no ano de 1996. Em 2017, todos os municípios apresentaram produção em ao menos uma dessas culturas analisadas, mesmo com quantidades incipientes (por isso, não evidenciadas no mapa), porém, se verifica uma concentração ainda maior, da quantidade produzida em municípios localizados no sul do Estado.

3.3. Análise das fontes de crescimento do valor da produção.

Por meio da utilização do método shift-share, buscou-se compreender o comportamento individual das 7 culturas selecionadas (algodão, arroz, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja) no Estado do Maranhão no período de 1990 a 2017.

Primeiramente são apresentados e discutidos os resultados do comportamento das sete culturas decompostas nos efeitos área (também decompostos nos efeitos escala e substituição), produtividade e preço, expressos na forma de taxas anuais de crescimento, que, somados representam o percentual de variação total no valor da produção.

O período analisado é de 1990 a 2017, mas os limites dos intervalos correspondem a períodos nos quais foram calculadas as médias geométricas centradas para melhor interpretar os resultados como explicado na metodologia.

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Além disso, o período total foi dividido em três subperíodos de modo a tentar descobrir em que intervalo um determinado efeito influenciou mais o desempenho do valor da produção e buscar responder o porquê dos comportamentos verificados. 3.3.1 Análise das fontes de crescimento do valor da produção para o período de 1990 a 2017.

No período de 1990 a 2017 é possível observar que tanto os cultivos intensivos em capital (algodão e soja), como também o milho, apresentaram na média do período analisado taxas anuais de crescimento (TAC) positivas. Por outro lado, observou-se que os cultivos de arroz, feijão e mandioca, além da cana-de-açúcar, taxas médias anuais negativasde 6,03%, 2,33%, 2,42% e 0,49% a.a., respectivamente, indicando assim um decréscimo no valor da produção desses cultivos no período (Tabela 2).

Tabela 2 – Taxa média anual de crescimento, efeito área, efeito produtividade e efeito preço dos cultivos de algodão, arroz, cana-de-açúcar, feijão, mandioca,

milho e soja. 1990 a 2017. Maranhão.

Cultura

Taxa média anual de

crescimento (%)

Efeito (%)

Efeito Área (total e decomposto) ER EP

EA EE ES

Algodão herbáceo 23,14 2,53 0,00 2,54 20,59 0,02 Arroz (em casca) -6,03 -5,55 -0,11 -5,44 0,57 -1,04

Cana-de-açúcar -0,49 0,91 -0,06 0,97 0,50 -1,90 Feijão (em grão) -2,33 -1,55 -0,07 -1,48 1,10 -1,88

Mandioca -2,42 -1,57 -0,08 -1,50 0,29 -1,14 Milho (em grão) 2,61 -0,68 -0,04 -0,64 8,64 -5,35 Soja (em grão) 15,50 11,45 0,00 11,45 13,14 -5,08

Fonte: Elaboração própria (2019). Nota: EA = efeito área (total); EE = efeito escala; ES = efeito substituição; ER = efeito

produtividade; EP =efeito preço.

Por meio da tabela 2, observa-se que o efeito-área foi

predominantemente negativo entre os cultivos de arroz (-5,55%), feijão (-1,55%), mandioca (-1,57%) e milho (-0,68%), sugerindo que essas culturas acabaram cedendo suas áreas para outros cultivos no período, evidenciado pelo forte efeito substituição negativo, conforme mostrado também na Tabela 3. Por meio da Tabela 3 pode-se entender melhor o significado deste efeito, pois a variação sofrida na área dessas culturas no período de 1990 a 2017 foi muito significativa, principalmente no caso do algodão, que saltou de 120 ha em 1990 para 22.491 hectares em 2017. No caso da soja, a variação foi menor quando comparado ao algodão, mas considerável, uma vez que em 1990 ela ocupava menos de 1% da

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área de lavouras temporárias e no ano de 2017 toma mais de 44% das áreas com lavouras temporárias no Estado.

Contudo, o cultivo de milho, diferentemente das outras culturas intensivas em mão de obra, apresentou aumento no valor da produção, com o efeito produtividade positivo (8,64% a.a.) predominante, superando a alta contribuição negativa do efeito preço (-5,35% a.a.) e com isso proporcionou uma taxa de crescimento positiva de 2,61% ao ano, geralmente um aumento na produtividade está associado a uma diminuição nos preços (MARTHA JUNIOR et al., 2010; GASQUES et al., 2014).

Observa-se também, que o efeito preço impactou negativamente em todas as culturas, com relativa exceção do algodão (0,02% a.a.). Contudo, os preços agrícolas apresentam historicamente, além de instabilidade, queda em termos reais, podendo se tornar um fator desestimulador para os produtores se não forem tomadas medidas que visem melhorar o nível tecnológico, de forma a minimizar os custos de produção (MANCAL et al., 2012).

Tabela 3 - Área das lavouras temporárias e das culturas do algodão, arroz,

cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja. 1990 e 2012. Maranhão.

Maranhão 1990 2017 Variação

(%) Ha % Ha %

Lavoura temporária 1.605.181 - 1.835.782 - 14,37

Algodão herbáceo 120 0,01 22.491 1,23 18.642,50

Arroz (em grão) 690.495 43,02 157.104 8,56 -77,25

Cana-de-açúcar 37.374 2,33 45.494 2,48 21,73

Feijão (em grão) 105.307 6,56 74.912 4,08 -28,86

Mandioca 230.909 14,39 151.157 8,23 -34,54

Milho (em grão) 499.091 31,09 471.156 25,67 -5,60 Soja (em grão) 15.305 0,95 817.719 44,54 5.242,82 Outras lavouras temporárias

26.580 1,66 3.851 0,21 -85,51

Fonte: Elaboração própria (2019).

A atividade de maior taxa anual de crescimento do valor da produção

nesse período foi a cotonicultura que apresentou uma TAC de 23,14%a.a., assegurado pelos efeitos área e produtividade com taxas médias anuais positivas, observa-se também o predomínio da participação do efeito produtividade (20,59%a.a.) sobre efeito área (2,53%a.a.), mostrando o retorno desse produto na pauta de exportações do Estado, sobretudo, pelas vantagens oferecidas pelos municípios produtores localizados no Sul do Estado e que dispõe de toda a infraestrutura, logística e demais condições disponíveis para o desenvolvimento dessa atividade. A mesma análise vale para a soja.

Com a segunda maior taxa de crescimento anual, 15,50% a.a., a soja foi a cultura que apresentou maior efeito área (11,45%a.a.), ou seja, foi a atividade com maior crescimento da área colhida. A maior contribuição para o crescimento

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da produção de soja deve-se ao efeito produtividade de 13,14% a.a., porém, o efeito preço não se mostrou significativo, demonstrando a alta instabilidade dos preços da soja que é uma commodity.

A cana-de-açúcar teve uma TAC negativa de 2,09% a.a., mesmo com um efeito-produtividade de 0,50% a.a. e efeito área de 0,91% a.a., ambos positivos, não foi possível compensar o efeito preço (-1,90%a.a.) sobre o valor da produção maranhense entre os anos de 1990 e 2017, conforme mostrados na tabela 1. Esses resultados se encontram dentro da lógica da teoria econômica, haja vista que aumentos da produtividade não resultaram em diminuição da área plantada, mas em um melhor aproveitamento delas. Diante disso, é razoável inferir que houve um aumento substancial da quantidade disponibilizada desse produto no mercado, resultando no aumento da competitividade e na redução os preços auferidos pelos produtores.

Se as fontes de crescimento da produção decompostos nos três efeitos mostrados na Tabela 2 têm por objetivo mostrar quais fatores apresentam maior influência sobre o valor da produção, ao compararmos esses resultados com os dados da área plantada em 1990 e em 2017 mostrados na Tabela 3, podemos afirmar que o comportamento do valor da produção para todas as culturas sofreu maior influência do efeito área. Porém, o cultivo de milho destacou-se durante o período, pois mesmo com variação negativa na área ao longo do período, teve um crescimento significativo no valor da produção.

Dentre os fatores que proporcionaram o crescimento da produção das lavouras de algodão, soja e milho, apesar da redução das áreas desta última, se destaca o aumento da produtividade, ou seja, em virtude do efeito-produtividade, que através da utilização de novas tecnologias, técnicas de produção mais eficientes e de insumos mais modernos gerariam um ganho substancial na produtividade dessas lavouras. Diante desses resultados, é importante considerar que esse aumento na produção também possui influência de características e vantagens oferecidas pelos polos produtores, localizados no sul do Estado. Essas vantagens podem ser exemplificadas como, por exemplo, a posição geográfica de Balsas, próxima da ferrovia Norte-Sul e Estrada Ferroviária de Carajás e do complexo portuário de Itaqui, que permitiam a exportação de soja para a Europa e Ásia com custos menores, além da pavimentação do trecho da BR-230 que liga Balsas (MA) a Floriano (PI) (MIRANDA, 2011).

Dois momentos se destacam no processo de impulsionar e difundir as lavouras de soja na região: (i) migrações de produtores sulistas para a cidade de Balsas em busca de terra barata (1972/1990); (ii) chegada de grandes empresas de capitais nacionais (SLC, ABC) e multinacionais (Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Multigrain) a partir de 1990, incorporando inovações tecnológicas, mecanização e utilização de insumos modernos (fertilizantes, adubos e corretivos de solo), além de estratégias de competitividade empresarial e

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políticas industriais, que foram as responsáveis por esse avanço na produção e na produtividade (CUNHA e ESPÍNDOLA, 2015). 3.3.2 Análise das fontes de crescimento dos cultivos intensivos em mão de obra por subperíodo.

A Tabela 4 mostra os resultados da aplicação do método shift-share para identificar as mudanças na composição da produção agroalimentar maranhense para os subperíodos de 1991 a 1999, 1999 a 2008 e 2008 a 2016.

Tabela 4 – Taxa média anual de crescimento, efeito área, efeito produtividade e efeito preço das culturas intensivas em mão de obra por subperíodo.

Maranhão.

Cultura Subperíodo

Taxa média anual de

crescimento (%)

Efeito (%)

Efeito Área (total e decomposto) ER EP

EA EE ES

Arroz (em casca) 1991-1999 -6,08 -5,59 -3,27 -1,53 4,20 -4,69 1999-2008 1,96 0,51 3,62 -3,10 0,78 0,67 2008-2016 -14,12 -11,78 0,69 -12,47 -1,29 -1,05

Feijão (em grão) 1991-1999 -8,29 -6,52 -2,08 -4,44 0,01 -1,78 1999-2008 3,81 3,19 3,32 -0,14 1,81 -1,19 2008-2016 -2,81 -1,79 0,45 -2,24 1,63 -2,65

Mandioca 1991-1999 -11,35 -6,90 -2,20 -4,69 -2,29 -2,16 1999-2008 5,70 3,88 3,04 0,83 2,83 -1,01 2008-2016 -1,72 -2,94 0,43 -3,37 1,13 0,09

Milho (em grão) 1991-1999 -6,54 -6,26 -2,00 -4,26 5,56 -5,84 1999-2008 7,37 1,19 2,81 -1,62 6,85 -0,67 2008-2016 7,12 0,83 0,30 0,53 8,18 -1,89

Fonte: Elaboração própria (2017). Nota: EA = efeito área (total); EE = efeito escala; ES = efeito substituição; ER = efeito

produtividade; EP =efeito preço.

Os resultados apresentados na tabela 4, reforçam as mudanças que

ocorreram na composição agrícola maranhense no período analisado. No subperíodo de 1991 a 1999, percebe-se que a maioria dos efeitos, mesmo com a participação positiva da produtividade nas lavouras de arroz (4,20% a.a.), feijão (0,01% a.a.) e de milho (5,56% a.a.), tiveram participações negativas, levando a uma redução no valor da produção desses cultivos. Observa-se que os efeitos área e preço apresentaram o maior impacto nesses resultados. Nesse subperíodo (1991 a 1999) as lavouras de soja estavam sendo introduzidas no Estado, contribuindo para o efeito negativo das áreas. Já os preços, podem ter sido afetados pelas mudanças no ambiente institucional e econômico que o país passou, como: o fim do tabelamento de preços, a abertura comercial, a entrada do País no Mercosul e, principalmente, em virtude da estabilização da economia com o Plano de Estabilização Monetária, o Plano Real.

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No subperíodo de 1999 a 2008, esses cultivos apresentaram um desempenho melhor, sustentado em grande parte pelos efeitos escala e produtividade, “freando” o avanço das áreas de soja sobre as lavouras intensivas em mão de obra (arroz, feijão, mandioca e milho). Contudo, no período posterior (2008 a 2016), os cultivos de arroz (-14,12% a.a.), feijão (-2,81% a.a.) e mandioca (-1,72% a.a.), voltaram a apresentar TAC negativas, sendo fortemente impactadas pelo efeito substituição (Tabela 4). Quanto ao cultivo de milho, verifica-se que a cultura apresentou na média do período analisado aumento no valor da produção, com o efeito produtividade (8,18% a.a.) predominante na evolução do valor da produção dessa cultura, mesmo com o efeito negativo do preço (-1,89% a.a.), sugerindo que no período ocorreram mudanças significativas das tecnologias utilizadas nessa atividade.

A análise dos cultivos intensivos em mão de obra do Maranhão demonstrou que na maioria das culturas, o efeito substituição negativo foi predominante em boa parte dos períodos. Além disso, mostrou também que nos cultivos de arroz, feijão e mandioca, o efeito produtividade não foi suficiente para provocar mudanças significativas no valor da produção, na qual se pode inferir que o histórico sistema de agricultura itinerante praticado em boa parte do Estado, conhecido como “roça no toco”7, contribuem em grande parte para a baixa produtividade da terra apresentada por essas atividades.

3.3.3 Análise das fontes de crescimento dos cultivos intensivos em capital por subperíodo.

A Tabela 5 mostra os resultados da aplicação do método shift-share para identificar as mudanças na composição da produção intensiva em capital do Estado nos períodos analisados. Se observou o mesmo comportamento anteriormente apresentado no estudo do período global onde os cultivos de algodão e soja apresentaram TAC positivas e a cana-de-açúcar taxas negativas.

Os cultivos de algodão apresentaram a maior taxa média de crescimento positivo em todo o período analisado com importantes participações do efeito produtividade nos subperíodos de 1991 a 1999, superando os efeitos negativos da área e dos preços, e 1999 a 2008 com taxas de 11,32% a.a. e 31,55% a.a. respectivamente. Percebeu-se que no subperíodo de 1999 a 2008, a forte contribuição dos efeitos área (23,70% a.a.), impulsionado em sua maioria pelo efeito substituição (23,48% a.a.), e preço (4,07% a.a.), porém, com predomínio em magnitude do efeito produtividade no crescimento médio do valor da

7 Nesse sistema, conhecido como “roça no toco”, os agricultores derrubam e queimam a vegetação nativa ou em estágios de regeneração, seguindo-se de um período de cultivo e, após o declínio da fertilidade do solo, a deixam em repouso para restauração dos nutrientes, e partindo em busca de novas áreas, onde realizam as mesmas práticas de limpeza, utilizando o fogo. As cinzas decorrentes das queimadas são incorporadas ao solo, tornando-se fonte natural de nutrientes minerais para as lavouras de arroz, feijão, mandioca e milho (Fernandes, 2005).

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produção (Tabela 5). No período seguinte (2008 a 2016), a TAC se manteve positiva (11,58% a.a.), porém, com alterações na ordem de contribuiçãodos efeitos área (4,68% a.a.), preço (3,95% a.a.) e produtividade (2,96% a.a.), na taxa média de crescimento anual. Esses resultados evidenciam a retomada do cultivo em larga escala desta lavoura, que desapareceu nos anos oitenta devido à perda de competitividade da produção do Estado, acompanhando a tendência dos demais Estados produtores do Nordeste.

Referente a cana-de-açúcar se observa por meio da Tabela 5, que a cultura apresentou fortes oscilações nos subperíodos analisados. No subperíodo de 1991 a 1999 os efeitos da área e produtividade negativas, foram determinantes na taxa de crescimento médio anual da cultura. No período seguinte (1999 a 2008) o cultivo teve bom desempenho, com TAC positiva (10,04% a.a.) e expansões em termos de escala (2,48% a.a.) e substituição (5,27% a.a.), com destaque para a incorporação de área de outras lavouras e melhores produtividades (2,80% a.a). Porém, esse bom desempenho não conseguiu se sustentar e, no último subperíodo (2008 a 2016), a lavoura apresentou contribuições negativas em todos os efeitos, sobretudo, do efeito preço (4,78% a.a.) negativo.

Tabela 5 - Taxa média anual de crescimento, efeito área, efeito produtividade e

efeito preço das culturas intensivas em capital por subperíodo.

Cultura Subperíodo

Taxa média anual de

crescimento (%)

Efeito (%)

Efeito Área (total e decomposto) EP EP

EA EE ES

Algodão herbáceo

1991-1999 2,06 -4,79 -3,27 -1,53 11,32 -4,47 1999-2008 59,33 23,7 0,22 23,48 31,55 4,07

2008-2016 11,58 4,68 0,25 4,42 2,96 3,95

Cana-de-açúcar 1991-1999 -6,25 -6,29 -2,01 -4,28 -0,23 0,28 1999-2008 10,04 7,75 2,48 5,27 2,80 -0,51 2008-2016 -5,56 -0,08 0,51 -0,59 -0,70 -4,78

Soja 1991-1999 47,12 25,7 8,22 17,52 37,45 -16,1 1999-2008 12,00 8,48 2,25 6,23 3,76 -0,24 2008-2016 4,32 8,61 0,34 8,27 -5,19 0,91

Fonte: Elaboração própria (2017). Nota: EA = efeito área (total); EE = efeito escala; ES = efeito substituição; ER = efeito produtividade; EP =efeito preço.

A soja apresentou taxa de crescimento médio anual positiva em todos os subperíodos, com importante participação dos efeitos área e produtividade, com exceção do último subperíodo (2008 a 2016). Os resultados apresentados reforçam outros estudos que demonstram que a grande expansão da fronteira agrícola de soja no Maranhão se deu em grande parte pela incorporação das áreas de outros cultivos, haja vista que o efeito substituição foi elevado em todos os subperíodos.

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A utilização do modelo shift-share para o período compreendido entre 1991 e 2016 e para os subperíodos 1991 a 1999, 1999 a 2008 e 2008 a 2016, comprovou que realmente houve crescimento da produção agrícola no Estado, mas por outro lado, se verificou que ainda é muito baixo o nível tecnológico na atividade agrícola, até mesmo nas culturas intensivas em capital, o caso da soja, cana-de-açúcar e o algodão herbáceo. O estudo mostrou também que os cultivos de arroz, feijão, mandioca e milho estão sendo substituídos pelos cultivos com intensivo aporte de capital, principalmente, pelas lavouras de algodão e soja.

4 CONCLUSÕES

Através dos resultados pôde-se verificar o comportamento da produção maranhense das culturas intensivas em mão de obra e em capital, entre os anos de 1973 a 2017 para o Estado como um todo e de 1990 a 2017 para os municípios. Assim como, a localização geográfica das culturas e a representação dos municípios através dos mapas.

Foi observado que entre os anos de 1990 e 2017 ocorreu redução na produção de arroz e mandioca, estabilidade na produção de feijão e cana-de-açúcar e crescimento na produção de algodão, milho e soja. Também foi constatado que a produção das intensivas em mão de obra estão se concentrando nos municípios produtores de soja ou próximos a eles, portanto, nas mesorregiões Oeste, Centro, Leste, mas principalmente, no Sul do Estado.

A análise das fontes de crescimento mostrou que o tamanho da área utilizada por uma cultura ainda é um fator determinante para o crescimento do valor da produção do Estado, contudo, os expressivos avanços tecnológicos apresentados pela região Sul do Maranhão e no Baixo Parnaíba, se mostraram como fatores de grande influência sobre os resultados da atividade agrícola. Porém, através dos resultados alcançados, pode-se afirmar que o nível tecnológico utilizado no Estado ainda é muito baixo, mesmo que todas as culturas tenham apresentado efeito produtividade positivo (demonstrando uma estagnação da produção) no período compreendido entre 1990 e 2017, somente o algodão, o milho e a soja mostraram valores mais significantes.

De fato, os resultados da pesquisa evidenciaram a hipótese do trabalho. Houve no Maranhão um processo gradual de substituição das áreas destinadas aos cultivos de arroz, feijão, mandioca e milho, pelos cultivos intensivos em capital, sobretudo, de soja. Contudo, as análises evidenciaram o aumento de produtividade das lavouras de milho, algodão e soja, devido tanto a utilização de novas tecnologias, técnicas de produção mais eficientes e de insumos mais modernos, como pelas vantagens de infraestrutura oferecidas pelos polos produtores de soja.

Esses resultados são bastante expressivos, mas devem ser analisados com bastante atenção. Afinal, qual desenvolvimento rural se quer para o Maranhão? De fato, essa especialização produtiva é sustentável a longo prazo?

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Como essa tendência têm impactado ou como ela irá impactar a dinâmica alimentar das comunidades? Como interromper a estagnação da produtividade agrícola dos cultivos intensivos em mão de obra? Os agricultores maranhenses, atualmente, são efetivamente amparados pelas instituições de crédito e extensão rural? Quais os principais entraves para a atuação dessas instituições? Essas são algumas das questões, que podem nortear futuros trabalhos destinados ao desenvolvimento da agricultura maranhense.

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