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7/25/2019 Dino Segre http://slidepdf.com/reader/full/dino-segre 1/5 Dino Segre (Pitigrilli) – 1893/1975 Estamos em pleno Verão. Apesar e se o!"ir #re$!entemente $!e % nas #%rias $!e as leit!ras se p&em em ia' não % m!ito "erae $!e se leiam' e #ato' toos os li"ros $!e se le"am para #%rias om a intenão otimista e os ler. Penso' ali*s' $!e não % esse o tempo prop+io para se ler a$!ilo $!e "eraeiramente meree e neessita ser lio. ,-o 0oe' por isso' !m a!tor e !ma o2ra $!e' apesar e *ia e mora' mas "eraeira em alg!ns aspetos' se l4 om gosto e ao mesmo tempo nos oloa n!ma sit!aão algo paraoal6 a gargal0aa espontnea n!m primeiro momento e !ma esp%ie e "ia' reeio' $!ase pa"or e at% reeão pro#!na n!m seg!no momento e $!e nos remete para o lao e l* a ena a "ia' para o $!e não paree' mas $!e se al0ar' em m!itos asos' %. : !m a!tor $!e a2ara e analisa proessos one m!itos os #en;menos e terminologia psianal+tia se poem enaiar' a2oraos a #rio' e #orma r+tia' espontnea e sem o ri"o as on"eni4nias. -on"eni4nia $!e em setting pr;prio * não poem eistir' para poerem ser analisaas nos proessos pro#!nos $!e l0e s!2aem. -omo por eemplo' o eseo' o amor e o ;io' a s!2limaão a raionaliaão' a #r!straão' a astraão' o :ipo. Pitigrilli tra para territ;rio li"re e sem 2arreiras o esmasarar e alg!mas realiaes soiais' na tentati"a e pro!ir s+nteses 0!manas pro#!nas' sem ens!ras inonsientes' n!ma esrita e 0o$!e atre"ia' $!e onilia em sim!ltneo alg!ma le"ea' sentio r+tio e pro#!niae' $!e poem pro"oar riso' alg!m in;moo e at% or e' nalg!ns asos' !ma relati"a rep!lsa na an*lise a onião 0!mana. Pitigrilli analisa e aent!a o ontraste entre a ess4nia e a m*sara a onião 0!mana e reorta om !ma a!tilnia *s "ees 0oante o <paraoo= e nos $!erermos on"ener $!e a m*sara orrespone > ess4nia e a ess4nia $!eremos $!e sea a m*sara. e?ro@me a !ma eião a Eitorial iner"a e 19B5 e !m li"ro este a!tor6 “a decadência do paradoxo”. Esta eião não lari?a se % !m li"ro a!t;nomo o a!tor' o! se !m apan0ao e transri&es e o!tros' * $!e no on!nto a o2ra e Pitigrilli não aparee nen0!m li"ro om este tit!lo. Csto apesar e n!ma as primeiras p*ginas se re#erir6 D ES A6 FE GE P-A A (1955)' DHC--:IAHA HCA (19BJ). “Quem lê quer saber; quem não lê quer errar” (Pe. António Vieira-!"#.!$%& Pitigrilli #oi !m ornalista $!e tra2al0o! em $!ase toos os ornais a s!a %poa. De naionaliae italiana' morre! na Argentina one se 0a"ia re#!giao. Ioi #ortemente in!eniao pelo eistenialismo o p;s seg!na g!erra m!nial. Esta orrente e pensamento s!rgi! nos meaos o s%!lo KCK om o intelet!al inamar$!4s Soren LierMegaar e te"e o se! apoge! ap;s a CC g!erra m!nial om artin Feiegger e Nean Pa!l Sartre. s post!laos esta orrente ?los;?a e e pensamento' são $!atro6 o primeiro' o a a?rmaão o ser 0!mano omo ser ini"i!al e não omo entiae e?nia pelas teorias gerais so2re o 0omem e a 0!maniae. seg!no' o a a?rmaão $!e o 0omem não #oi riao om !ma ?naliae e !m $!al$!er estino' mas a ele a2e a riaão o se! pr;prio estino' e?nino os o2eti"os e ?naliaes a s!a "ia. tereiro' arateria o m!no omo irraional e a2s!ro' tornano a s!a ompreensão imposs+"el pela ineist4nia e moelos $!e o epli$!em. $!arto' e#ene $!e a #alta e sentio a "ia e o m!no e a onse$!ente li2erae res!ltante essa ineterminaão' pro"oam a ameaa permanente e so#rimento' a ansieae' a alienaão' o t%io' a esrena em si mesmo e o esespero. -omo orol*rio' o eistenialismo prolama a li2erae o ini"+!o omo seno a s!a proprieae istinti"a mais eterminante' a par a s!a ini"i!aliae $!e e"em on!i@lo > onstr!ão o se! pr;prio estino (<A eist4nia preee a ess4nia=). “a decadência do paradoxo” tem os se!s onteos i"iios por tr4s <ap+t!los=6 o paraoo' os $!e se amam e m*imas e paraoos. De toos eles "amos re"isitar alg!ns e a2ar*@los em $!atro *reas #!namentais a eist4nia 0!mana e soial6 1. paraoo. O.

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Dino Segre (Pitigrilli) – 1893/1975

Estamos em pleno Verão. Apesar e se o!"ir #re$!entemente $!e % nas #%rias $!eas leit!ras se p&em em ia' não % m!ito "erae $!e se leiam' e #ato' toos os li"ros $!ese le"am para #%rias om a intenão otimista e os ler. Penso' ali*s' $!e não % esse otempo prop+io para se ler a$!ilo $!e "eraeiramente meree e neessita ser lio.

,-o 0oe' por isso' !m a!tor e !ma o2ra $!e' apesar e *ia e mora' mas"eraeira em alg!ns aspetos' se l4 om gosto e ao mesmo tempo nos oloa n!masit!aão algo paraoal6 a gargal0aa espontnea n!m primeiro momento e !ma esp%ie

e "ia' reeio' $!ase pa"or e at% reeão pro#!na n!m seg!no momento e $!e nosremete para o lao e l* a ena a "ia' para o $!e não paree' mas $!e se al0ar' emm!itos asos' %.

: !m a!tor $!e a2ara e analisa proessos one m!itos os #en;menos eterminologia psianal+tia se poem enaiar' a2oraos a #rio' e #orma r+tia'espontnea e sem o ri"o as on"eni4nias. -on"eni4nia $!e em setting pr;prio * nãopoem eistir' para poerem ser analisaas nos proessos pro#!nos $!e l0e s!2aem.-omo por eemplo' o eseo' o amor e o ;io' a s!2limaão a raionaliaão' a #r!straão'a astraão' o :ipo.

Pitigrilli tra para territ;rio li"re e sem 2arreiras o esmasarar e alg!masrealiaes soiais' na tentati"a e pro!ir s+nteses 0!manas pro#!nas' sem ens!ras

inonsientes' n!ma esrita e 0o$!e atre"ia' $!e onilia em sim!ltneo alg!ma le"ea'sentio r+tio e pro#!niae' $!e poem pro"oar riso' alg!m in;moo e at% or e'nalg!ns asos' !ma relati"a rep!lsa na an*lise a onião 0!mana.

Pitigrilli analisa e aent!a o ontraste entre a ess4nia e a m*sara a onião0!mana e reorta om !ma a!tilnia *s "ees 0oante o <paraoo= e nos $!erermoson"ener $!e a m*sara orrespone > ess4nia e a ess4nia $!eremos $!e sea am*sara.

e?ro@me a !ma eião a Eitorial iner"a e 19B5 e !m li"ro este a!tor6 “adecadência do paradoxo”. Esta eião não lari?a se % !m li"ro a!t;nomo o a!tor' o!se !m apan0ao e transri&es e o!tros' * $!e no on!nto a o2ra e Pitigrilli nãoaparee nen0!m li"ro om este tit!lo. Csto apesar e n!ma as primeiras p*ginas se re#erir6D ES A6 FE GE P-A A (1955)' DHC--:IAHA HCA (19BJ).

“Quem lê quer saber; quem não lê quer errar”

(Pe. António Vieira-!"#.!$%&Pitigrilli #oi !m ornalista $!e tra2al0o! em $!ase toos os ornais a s!a %poa. De

naionaliae italiana' morre! na Argentina one se 0a"ia re#!giao. Ioi #ortementein!eniao pelo eistenialismo o p;s seg!na g!erra m!nial. Esta orrente epensamento s!rgi! nos meaos o s%!lo KCK om o intelet!al inamar$!4s SorenLierMegaar e te"e o se! apoge! ap;s a CC g!erra m!nial om artin Feiegger e Nean Pa!lSartre.

s post!laos esta orrente ?los;?a e e pensamento' são $!atro6 o primeiro' o

a a?rmaão o ser 0!mano omo ser ini"i!al e não omo entiae e?nia pelasteorias gerais so2re o 0omem e a 0!maniae. seg!no' o a a?rmaão $!e o 0omemnão #oi riao om !ma ?naliae e !m $!al$!er estino' mas a ele a2e a riaão o se!pr;prio estino' e?nino os o2eti"os e ?naliaes a s!a "ia. tereiro' arateria om!no omo irraional e a2s!ro' tornano a s!a ompreensão imposs+"el pelaineist4nia e moelos $!e o epli$!em. $!arto' e#ene $!e a #alta e sentio a "iae o m!no e a onse$!ente li2erae res!ltante essa ineterminaão' pro"oam aameaa permanente e so#rimento' a ansieae' a alienaão' o t%io' a esrena em simesmo e o esespero. -omo orol*rio' o eistenialismo prolama a li2erae o ini"+!oomo seno a s!a proprieae istinti"a mais eterminante' a par a s!a ini"i!aliae$!e e"em on!i@lo > onstr!ão o se! pr;prio estino (<A eist4nia preee aess4nia=).

“a decadência do paradoxo” tem os se!s onteos i"iios por tr4s <ap+t!los=6 oparaoo' os $!e se amam e m*imas e paraoos. De toos eles "amos re"isitar alg!ns ea2ar*@los em $!atro *reas #!namentais a eist4nia 0!mana e soial6 1. paraoo. O.

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eseo' o amor e a paião. 3. -omo o a!tor os "4 reetios no 0omem e na m!l0er. B. A"ia ini"i!al e soial e os se!s paraoos.

1. paraoo

 “' paradoxo uma ele)ante )ra*ata que +a, um nó ce)o quando se puxademasiadamente por ela. ' paradoxo o contraste entre o preo dos *aloresmorais e os nossos preos para liquidaão do in*entrio. /o paradoxo poderepetir-se o que um poeta respondeu a uma sen0ora que l0e per)unta*a se eramuito di+1cil +a,er bons *ersos2 3in0a sen0ora4 muito +cil ou imposs1*el. 'usão bons ou não prestam”.

: 0oe !m ass!nto e rele"ante interesse soial e pol+tios a a!tentiiae o $!e se i' seo!"i! e se #a' 2em omo o r%ito e on?ana $!e poe ir!lar entre os iaãos emgeral e' so2ret!o' entre estes e $!em os go"erna.

“' paradoxo não admite discussão nem tolera anlises ou qualquer medida depro*a porque a *erdade4 nas coisas 0umanas4 não bacteriolo)icamente pura; enão est toda de um lado4 ou toda do outro; com os mesmos recursos tanto sepode sustentar um a tese como a tese oposta. 5 Anatole 6rance nas 7ete

mul0eres de 8arba A,ul per)unta2 que pode +a,er a *erdade +ria e nua contra oprest1)io cintilante da mentira9 7e queres *i*er +eli,4 de*es estar na *erdade detodos2 não existem duas *erdades4 a tua e a dos outros2 existe somente a*erdade dos outros. :nsina-se aos rapa,in0os a di,er a *erdade4 para p-los emestado de compreender a utilidade da mentira. <om nin)um nos atre*emos aser tão descaradamente mentirosos como com nós próprios”2 Da$!i poe res!ltar$!e “=a celebridade4 a c0e)ada ao poder e o seu exerc1cio resulta da *anta)emde ser con0ecido por aqueles que não nos con0ecem”4 por$!e “os 0omens têm a*irtude dos seus de+eitos e o de+eito das suas *irtudes”.

-!iao om os paraoos. Eles e"em mereer@nos !iaa atenão e alg!mas "eesm!ito respeito6 “' paradoxo um luxo de >dal)o4 um pensar +ora de propósito; pr sob a lente do microscópio um ponto da questão4 isolando-o do resto4 umpanorama de paisa)ens no*as4 inesperadas e impre*istas; uma descoberta dascondi?es4 que constituem a substancia das coisas 0umanas. P?e em e*idênciaum lado da *erdade que4 por tcito acordo4 os 0omens resol*eram0ipocritamente despre,ar. A ra,ão impotente perante o paradoxo. ' paradoxoaproxima o mundo abstrato do mundo concreto”.  paraoo poe remeter@nos' porisso' para o inonsiente na meia em $!e ele signi?a $!e' para al%m e too o sistemaas nossas rela&es om a realiae' eiste !m o!tro l!gar one elas arregam !ma o!trapereão essa mesma realiae6 % o territ;rio o inonsiente.

Se o paraoo nos e"e mereer atenão e reeão' $!al % a?nal' a #!não o

paraoo “' paradoxo não tudo o que contrrio @ *erdade. ão *ai contraela2 procura-a4 aBora-a4 acompan0a-a4 corta-l0e o camin0o4 ultrapassa-a. Asucessão dos sistemas >losó>cos uma srie de paradoxos4 lo)icamenteexplicados. Qualquer teoria não outra coisa mais que a sistemati,aão de umaspeto da *erdade4 despre,ado pelo sistema precedente. : esse4 ser o ponto departida para a teoria que aparece depois.”Em s+ntese' o paraoo não % !ma2s!ro6 “são ideias contrrias @ opinião4 mas não @ ra,ão”.

O. eseo' o amor e a paião

eseo % o eseo e ser amao' na meia em $!e % o narisismo $!e omina aeonomia li2iinal one ele se sit!a na estr!t!ra ps+$!ia. o2eto o eseo não %esol0io senão na meia em $!e o EQ nele se reete. o2eto o amor orrespone >proeão o E ieal e res!lta a partil0a li2iinal $!e entre am2os poe ir!lar. Arepresentaão pro#!na o o2eto amao' não e a $!e se sit!a ao n+"el a onsi4nia. Elatem !m o!tro #ator mais s!rpreenente $!e % o e ser a representaão o eseo'

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meanismo esse $!e omana too o proesso apetiti"o (R!ns0"ortesttel!ng no original#re!iano).

Ialano e Ire!' importa ier $!e este ne!rologista e psi$!iatra rio! !m moelote;rio e pr*tio e a2oragens a psiologia 0!mana $!e ontesta a realiae omonen0!m o!tro sistema ?los;?o e e pensamento amais #e. Essa ontestaão não se sit!aapenas na !pla s!2eti"aão a $!e ele s!2mete a realiae6 não apenas o #!nionamento'em sim!ltneo' os ;rgãos os sentios omo ri"o a realiae e omo erã essa mesmarealiae' mas tam2%m omo a "aloriaão a s!a representaão $!e' pela s!premaia oproesso prim*rio – prin+pio o praer' 0ega aoon0eimento atra"%s o $!al se pro! a

relaão om o m!no.Ialar e eseo' % #alar e pri"aão. F* a pri"aão orresponente a !ma ar4nia

real na $!al o o2eto e pri"aão se sit!a ao n+"el o sim2;lio 0* a pri"aão #r!straão$!e % !ma ar4nia imagin*ria' !o o2eto se sit!a ao n+"el o real 0* a pri"aãoastraão $!e % !ma ar4nia sim2;lia e !o o2eto % imagin*rio (N. Haan' :rits CC).

“C um adDeti*o que bate todos os recordes2 o belo. A *ida tem-me ensinado quea bele,a não tem )rande parte no amor. Quanto muito4 tem a +unão de reclame.Eem um *alor publicitrio. Fasputine tin0a uns ol0os perturbadores e esse era oseu Gnico atrati*o. PotemHine4 o )rande amante de <atarina da FGssia4 nadatin0a que sedu,isse. ' conde de eipper) que4 aos IJ anos roubou a apoleão

3arie Kuise que tin0a JL4 era ce)o de um ol0o e tin0a nele uma pala preta.3irabeau que +oi adorado por 7o>a4 era bexi)oso4 tin0a os ol0os inBamados e +oium dos mais +eios 0omens do seu sculo”.

“' amor resulta do encontro +ortuito que ti*ermos com a mul0er que reali,a paranós o nosso tipo +undamental. ão se de*e procurar um compan0eiroMa queten0a os nossos de+eitos ou as nossas *irtudes4 na esperana de encontraradmiraão4 indul)ência ou compreensão. Aquilo que a mul0er menos nos perdoasão os seus próprios de+eitos”.

“' se)redo dos )randes amores est na ant1tese. <omo 6ernando <ortês4 oconquistador do 3xico4 depois de ter aprisionado o rei4 depois de rodeado de

ódios e maldi?es4 +oi amado com loucura pela >l0a de 3onte,una4 o mesmo aquem tirara a coroa e a liberdade. Eito4 o mais +ero, dos anti semitas4 odestruidor do Eemplo de 5erusalm4 enamorou-se loucamente por uma Dudia48erenice4 a bela princesa da +am1lia de Cerodes. Nm dia4 o )rande poeta ou*iubater porta. <omo esta*a so,in0o4 ele +oi mesmo abri-la. :ra a leiteira. ' poetamanda-a entrar. :le pede-l0e que >que. :la >ca de,asseis anos. ' poeta e aleiteira casam-se. A leiteira era a sen0ora Vulpius. ' poeta c0ama*a-se Ool+)an)oet0e. Vitor Cu)o beiDa*a *oluptuosamente os dedos de uma +ressureira.Poetas como Corcio e '*1dio4 )enerais como Alcib1ades e apoleão4 t1midosmGsicos como 7c0ubert4 encontraram o seu comportamento sexual nas criadasde ser*ir. ' próprio 8al,ac nisso se especiali,ou”.

 “' carter dos )randes amores a inquietaão. As )randes paix?es sãoincoerentes. ' amor comea a ser )rande quando se torna absurdo. o amor não0 uma *erdade cient1>ca. A Gnica *erdade o que nós quisermos acreditar paranossa tranquilidade”.

“Que 0 nos 0omens que sedu,a as mul0eres9 /i, Piti)rilli2 “A atraão +1sica4 não precisamente a bele,a. 7e +ordes corcundas4 mas ti*erdes dentes lindos sereisamados tal*e, pelo *osso de+eito. Podeis ser coxos4 tendo um sorriso a)rad*el.Podeis ser peludos com ar de pouca limpe,a4 tendo um pescoo de Crcules.Podeis ser um *erdadeiro monstro2 0a*er sempre mul0eres que *os deseDem.<asano*a nada tin0a de +ormoso. ' )nio de apoleão não impressionou nem

 5ose>na4 nem 3arie Kouise4 nem :leonore /anenuelle de quem te*e um >l0o2:stamos em #"!. o aposento onde apoleão a recebia4 um reló)io remata*a o+undo da alco*a. :leonore4 enquanto o mperador a possu1a4 ac0a*a sempre+orma de adiantar meia 0ora ao reló)io. Quando este ol0a*a para o reló)io di,ia2 59 : a mul0er recupera*a a liberdade. Aquele que )an0a*a as batal0as com o

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reló)io na mão4 deixa*a-se en)anar por uma rapari)uita. 6alta*a o amornaquelas rela?es e os seus >l0os eram med1ocres”.

“'s >l0os do amor dão quase sempre otimos resultados. ' >l0o mais são4 mais+orte e mais belo de apoleão +oi o que nasceu da mul0er que mais amou2 3ariaOaleRsHa. ' que nasceu destinado coroa e >l0o de 3arie Kouise4 morreuminado pelos *1cios e pelos bacilos. Nma sen0ora muito inteli)ente a quemper)untei porque que as mães queriam mais aos >l0os ile)1timos4 respondeu-me “porque são mais lindos”. Alexandre /umas era >l0o de uma costureira4

Oa)ner era >l0o natural de um Dudeu. 7ua >l0a4 <ósima Oa)ner era >l0a de6ran, Ki,st. Keonardo dSA*inci e :rasmo de Foterdão +oram >l0os do Papa <sar8ór)ia”.

3. 0omem e a m!l0er

A imagem as pessoas e oisas $!e ominam a "ia ps+$!ia inonsiente' são imagensopostas >s imagens reais e "er2ais essas mesmas realiaes. Tem sempre omo proessoe em2!ste onsiente' mas omo proesso e ligaão a ling!agem inonsiente >ling!agem onsiente' * $!e os ois moelos e ling!agem não t4m estr!t!ras om!ns 0omem e a m!l0er estão ligaos por !m rama e estino astraor6 Elle est sUen lUa"oir Cl

nUest pas sUen lUa"oir (N. Haan' :rits CC). Taa $!e !m :ipo 2em resol"io não !ltrapasse

“A +elicidade e a in+elicidade como um romance em cap1tulos e uma srieininterrupta de incidentes a)rad*eis e desa)rad*eis. A mul0er ad*o)ada pornature,a. ' seu sexo 4 só por si4 um diploma de +ormatura. A mul0er sabe porinstinto as mal1cias do so>sma4 as +alsidades da pro*a4 o suborno dastestemun0as4 a astGcia do libi. As mul0eres são com as multid?es2 traem os queas amam. As mul0eres demoram quarenta anos a c0e)ar aos trinta. Para c0e)arao seu bolso4 preciso passar antes pelo coraão. 's amores eternos4 não sãomais que amores recomeados. Nm amor de+unto não ressuscita. Quando *olta porque não era de+unto. A Gnica coisa triste no amor o tornamos a *estir-nos.As mul0eres empre)am4 a sua indul)ência a perdoar-nos os erros que elaspraticam. ' nosso ciGme para as mul0eres4 a medida do seu *alor; con*m+a,er-l0es crer que *alem pouqu1ssimo. As mul0eres quando recebem o primeirobeiDo4 0 al)um tempo estuda*am como retribuir. 7ão como di*ersas il0as2politicamente pertencem a um pa1s e >sicamente a outro. A respeito dain>delidade4 os cora?es dos 0omens são como os sapatos de *erni,. 7e daprimeira mão não apertam4 não apertarão mais. ' pior corrosi*o do amor asinceridade. 3entir sempre eis a di*isa do amante que queira ser amado. Possuiruma mul0er e ter de despos-la4 como obri)ar quem roubou uma bu,ina deautomó*el4 a comprar o carro inteiro. A paixão e o calor4 no 0omem deixamres1duos. ' amor e a lu, na mul0er4 apa)am-se”.

B. s paraoos e a "ia ini"i!al e soial

s port!g!eses são on0eios omo respeitano po!o alg!ns "alores importantes o#!nionamento soial' serem se!tores e' ao mesmo tempo' algo trapal0&es e amigos el!i2riar o se! semel0ante. Tão seremos nios por$!e6 <a pontualidade um +urto aotempo4 a arte uma doena4 o amor uma ilusão e o contacto de duas epidermes4 amul0er uma es>n)e sem se)redos4 a cólera uma descar)a de adrenalina4 opranto uma soluão de )ua e cloreto e sódio4 a dana a )instica do adultrio4 obeiDo uma troca de bacilos4 o ad*o)ado uma consciência alu)ada4 os ne)ócios odin0eiro dos outros4 a )uerra um Do)o ente o marco e a libra esterlina”. Entre oe!ro o W!nes2anM e o e!ro o resto a E' iremos n;s 0oe.

E a oragem. G!em não gosta e se ter tio omo tal “ão ten0as o prurido dacora)em. T mel0or o medo4 que ind1cio de superioridade. 's animais in+eriorescomo a lombri)a4 não têm medo; o pssaro4 sim”.

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Pitigrilli elena as e?ni&es inompletas o 0omem6 <pela escola de 3anc0ester4 o0omem o 0omo economicus4 para Fousseau um contraente social4 paraAristóteles um animal pol1tico4 para Platão um b1pede implume4 porm para/ió)enes tambm um +ran)o depenado um b1pede implume”.

Em onl!são' Pitigrilli re"ela nesta o2ra' a s!a "isão glo2almente pessimista a onião0!mana e não "alorati"a a s!a $!aliae s!perior' no m+nimo' no m!no as esp%ies.Pitigrilli poe ser onsierao !ma esp%ie e psianalista 0er%tio e sem "ergon0a6

“Vi*am as pessoas 0onestasU 7empre são menos canal0as que as outrasU Een0omedo das pessoas incorrupt1*eis. 7ão as mais +ceis de corromper. As pessoascorruptas têm uma tari+a. <0e)a-se l ou não. As primeiras deixam-se corrompernão por din0eiro4 mas por pala*ras. ' )rau de corruptibilidade das di*ersasconsciências como o ponto de +usão de di*ersos metais. A moral não mais queum conDunto de preconceitos4 de do)mas e de mentiras 0ereditrias4 aceites semexame cr1tico. ' remorso um ato de boa educaão para com a consciência4 umaapresentaão de desculpas que +a,emos a nós próprios; mas inGtil como todasas +ormalidades. Aqueles que todas as noites transcre*em num caderno asimpress?es e reBex?es do dia4 são como os que assoam o nari, e ol0am. Eodossomos +al0ados4 porque quisemos ser coisa di*ersa do que +omos. T muito belo

er)uer-se contra uma inDustia4 denunciar um abuso4 bater-se por um inocentecontra o nosso próprio interesse. sso dar-te- o aplauso de uns quantossolitrios4 mas a sociedade nunca te perdoar. 's que )ritam mais +orte sãosempre os menores4 os obscuros4 os inexistentes. 7impati,o por instinto com asminorias4 com os +racos4 com os que têm culpa2 são tantos que de*em ter ra,ãoU7omos todos assassinos em estado potencial. 7e se pudesse condenar porinten?es4 poucos 0omens escapariam4 ao crcere. ' so+rimento e a cólera nãorepelem4 mas atraem. Eêm +ora coesi*a4 não desa)re)adora.=

A ompleiae a onião e eist4nia 0!manas são m!ito mais $!e isto e m!ito paraal%m os paraoos pessoais e eisteniais e Pitigrilli.

'utras obras de Piti)rilli2  into e astiae (1933) ltrae ao p!or (1939) ois%s e oa"aleiro e He"i (19B9) eslie o moralista (1951) olar e A#roite (1953) A "irgeme 18 $!ilates (1957)