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DINORA DO ROCIO GOUVEIA DE AGUIAR
o DESENHO COMO FORMA DE EXPRESsAo:CRIANCAS DE 5 A 6 AN OS
Monografia apresentada aD
Cursa de Pos Gradua~aaPesquisa e Extensao emEduca~a InfantileAlfabetiza~aa nivel de Especializacyao, daUniversidade Tuiuti do Parana.Orienladara: Prof'. Olga MariaSilvaMattos
CURITIBA2000
"Acrianc;anaa e s6 a principia mas tambema aprendizagem da vida; e precisa, partanto,que ° seu mecanisme psiquice sejaadap!ado a conserva9ao da sua vidadurante a infancia e ao prolongamento naidade adulta."
Luque!
A Deus pela 10r98 que me deu no decorrerdo curso.A meu marido Eneas e minha filha Priscila,pelo apoio e incentive.
III
RESUMO
Este estudo teve como objetivo estabelecer rela90es entre crian9as de 5 e 6
anos e a importancia do desenvolvimento de sua expressao artistica.
Para que 0 referido estudo fosse concluido lan90u-se mao, primeiro de analise
sobre desenhos elaborados par criang8s dessa faixa etaria.
Elaborou-se tambem urn estudo sobre 0 processo de desenvolvimento da crianva
atraves da livre expressao, as fases pelas quais ela passa.
Estudou-se ainda a criatividade da crian9a expressa atraves do desenho e
analisou-se varios deles, bern como sua classific8gao.
Formou-se propostas de trabalho apropriadas ao desenvolvimento da expressao
artfstica na crian98.
Para finalizar, concebeu-se analise comparativa entre criany8s que
desenvolveram a livre expresseo atraves do desenho e as que naG foram oportunizadas
par esse processo de desenvolvimento.
IV
SUMARIO
Resumo .. .. IV
1. INTRODUC;;AO 1
2. CONSIDERAC;;AO E ANALISE SOBRE OS DESENHOS ELABORADOS
PELAS CRIANC;;AS DE 5 A 6 AN OS 3
2.1 ANALISE: MATHEUS (5 ANOS) ..
2.2 ANALISE: ROBERTA (5 ANOS) ..
2.3 ANALISE: WESLEY (5 ANOS) ..
2.4 ANALISE: FILIPI (5 ANOS) .
2.5 ANALISE ISAQUE (5 ANOS) .
2.6 ANALISE LEAN ORA (6 ANOS) ..
2.7 ANALISE: CAIO (6 ANOS) .
2.8 ANALISE: THAIGO (6 ANOS) ..
2.9 ANALISE: JESSICA THAIS (6 ANOS) .
2.10 ANALISE KETLEN (6 ANOS) ...
. 3. 4
. 5. 6
. 7. 8
. 9. 10
. 11
. 12
3. A CRIANC;;A EO SEU PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
ESTABELECIDO ATRAVES DO DESENHO ....................•............................ 13
3.1 AS FASES DO DESENHO . . 153.1.1 Realismo Fortuito 16
3.1.2 Realismo Falhado 17
3.1.3 Realismo Inleleclual 18
3.1.4 Realismo Visual 18
3.2 A CRIATIVIDADE DA CRIANC;;A DE 5 E 6 ANOS EXPRESSADA
ATRAVES DO DESENHO .. . 22
3.2.1 Tipos de desenhos crialivos 24
3.2.2 Classifica~aol segundo amilise realizada atraves dos
desenhos 38
4. PRO POSTA DE TRABALHO PARA DESENVOLVIMENTO DA EXPRESsAo
ARTisTICA, ATRAVES DO DESENHO .............................•........................... 40
5. ANALISE COMPARATIVA ENTRE CRIANCAs QUE DESENVOLVERAM A
"LIVRE EXPRESsAo" ATRAVES DO DESENHO E AS QUE NAo
FORAM OPORTUNIZADAS POR ESSE PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO .....•.•..•.............••............••...............•..........................•. 43
CONCLusAo ...
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..
BILIOGRAFIA ...
. 45
. 46. 48
1.INTRODUC;Ao
Basta um lapis e uma folha de papel para que as crian,as desenhem.
Desenham com tudo 0 que elas tem a sua disposi,ao. Usam os dedos, lapis e ate
gravetos quando rabiscam formas.
Desenhar naD depende de nenhum material sofisticado au complicado, e urn
atc democratico par excelencia. Tecta crian~apode desenhar. As diferen<;8s, nao de
possibilidades, mas de quanti dade e frequencia ao desenhar remetem as condi,ces
socia culturais. Trata-s8 entao de urn estado social no qual nosso Pais e historico e
teimosamente injusto. A qualidade da frequencia do desenho infantil dependem apenas
e redundantemente da qualidade da educagao.
Oianta da situa9fio atuat que envolve muitos deficiencias no ensina da arte,
desde a desvalorizagao da area inclusive na educagao infantil ate a falta de professores
especializados, encontram-se dificuldades nao 56 em contemplar a arte como
instrumento para a construc;aode uma consciencia critica, bern como entende-Ia como
trabalho criador.
A crianC;8 vai elaborar nesse trabalho, seu modo de ver, ouvir, representar e
movimentar-se atraves da representaty80 critica. Esta representayao vai registrar a
interferencia humana no espa,o e no tempo como um produto historico social.
Mas afina1, parque as crian9as desenham ?
Elas desenham para aprender, compreender, a si mesmas e as caisas que as
rodeiam.
Desenham a sua experiencia de vida.
Desenham outros desenhos que viram e aqueles que aprendem a desenhar.
Sao representa96es graficas que denotam os recursos de sua educa980 e cultura.
2
Considerando que he diferenciay80 quanta ao potencial e a forma do
desenvolvimento da crian"" e natural que as transforma90es pel as quais passa, sejam
diferentes de forma continua a partir das experiencias infantis. Assim uma crian9a
pode passar par varias etapas do seu desenvolvimento artistico dos tres aos seis anos
enquanto Qutras, somente dos sete ou oito anos, atingirao 0 mesma grau de
desenvolvimento.
A formac;ao do sar humane passa par diversas fases de desenvolvimento e
uma dalas incide quando a criam;a va; para a escola, on de tera oportunidade de
desenvolver 0 desenho entre tantas outras express6es artisticas do seu interesse.
Com 0 intuito de ultrapassar as instancias da resistencia dos educadores em
nortear a pratica pedag6gica pela auto construc;aoda realidade humana, no dever de
ajudar as crian98s a estabelecerem relayDes com 0 espayo e 0 tempo, essa pesquisa
visa trazer a tona dad os significativos sobre a livre expressao do desenho na fase dos
5 aos 6 anos.
3
2. CONSIDERAC;A.O E ANALISE SOBRE OS DESENHOS
ELABORADOS PELAS CRIANC;AS DE 5 A 6 ANOS.
Baseando-se em pesquisas de obras de alguns auto res em especial Luquet e
Vygotsky, vamos aqui analisar alguns desenhos de crian98s na faixa etaria entre 5 e 6
anos.
2.1 ANALISE: MATHEUS (5 ANOS)
Produziu sobre 0 papel apenas linhas, sem intenyao de produzir imagens.
Quando Ihe foi question ado 0 que representavam ele simplesmente respondeu:
Desenho ... !
//( /
4
2.2 ANALISE ROBERTA (5 ANOS)
No seu tray8do, disse que eram bananas. A crianya havia desenhado uma bacia
com bananas sabre a mesa, que iriam ser servidas como lanche.
Neste Oesenho tambem observou-se a conjunto de trayados involuntarios. Sao
confirma90es mecanicas da crianY8.
I,'-":::>1 (1) I' .
/
2.3 ANALISE: WESLEY (5 ANOS)
5
e foi nomeando-os.
Wesley faz seus trayados percebendo alguma semelhanc;a com urn objeto real
/.
'-..
/t.-,
6
2.4 ANALISE: FILIPI (5 AN OS)
Nesse desenho observamas 0 que segundo Vygotsky, como sendo a primeira
etapa a qual a crianC;8 comeC;8 a desenhar em plena sentido da palavra.
o esquema "cabeya-pes" modo atraves do qual a figura humana e representada.
\
~'\:..,".
\.
2.5 ANALISE: ISAQUE (5 ANOS)
Neste desenho observa-se urn estagio mais avan9ado do desenvolvimento.
Identifica-se as brayos, pernas, cauda e cabey8 de urn animal.
Essa identificayiio exige um certo esfor9Qpara se efetuar um paraieio com a
realidade visual.
8
2.6 ANALISE: LEANDRA (6 ANOS)
Nesse desenho tambem com uma carta dificuldade consegue-se identificar e
fazer urn paralelo com a realidade visual.
Observa-sa dimens6es desproporcionais entre as objetos representados.
2.7 ANALISE: CAIO (6 ANOS)
9
Observa-se neste desenho a transparencia da forma (paredes que permitem
visualizayao).
anos.
Esta e uma caracterfstica, segundo Luquet que ocorre em crianr.;:as entre 5 e 8
. f), \u\\·
2.8 ANALISE: THIAGO (6 ANOS)
Em seu desenho, destaca a transparencia da forma.
Tambem observa-s8 a demarc8r;:8o do desenho par uma Ilnha base.
10
2.9 ANALISE: JESSICA THAIS (6 ANOS)
11
Mostra em seu desenho uma riqueza de detalhes e complexidade.
Ela ja e capaz de fazer representa,oes de acordo com sua vontade.
perspectiva.1E';).'~'
Seu desenho S8 organiza em espac;o demarcado par uma linha de base e
12
2.10 ANALISE: KETLEN (6 AN OS)
Esse desenho tambem apresenta as caracteristicas da analise anterior.
Riquezas de detalhes e tambem a demarca,8o por linha de base. Apresenta
proporyoes entre 0 tamanho dos animais.
~'I;,~<,, . .>
''<:~;,.J~
13
3. A CRIANc,;A E 0 SEU PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
ESTABELECIDO ATRAVES DO DESENHO.
o desenho infantil e objeto de estudo por parte de psicologos, pedagogos,
artistas, educadores. Existem muitas teorias e interpretagoes a respeito da produ<;ao
grafica infantil, assim existem varios enfoques quando sla e analisada seja pelo aspecto
revelados da natureza emocional e ps[quica da criang8 seja pela analise do seu aspecto
puramente formal ou simb6lieD.
Ao S8 resgatar 0 processo de aquisi980 da linguagem grafica, deve retamar -S8
as descobertas e as frustra90es que envolvem 0 ata de desenhar, vivenciando as
operagoes mentais e praticas que sao exigidas pelo desenho, surgira urna forma insdita
e pessoal de S8 relacionar com 0 universe infantil que atraves da experimentag80 e
indagag80 fara com que nasgam novas significados no encontro entre 0 adulto e a
crian93·
Segundo Derdik (1989, 48) existem varias classifica90es aos estagios e fases
do desenvolvimento grafico infantil tendo em vista parametros socia is, culturais,
psicologicas.
o ate de desenhar nao e destituido de significado, mas um ate inteligente de
representagao que par forma e sentimento ao pensamento e ao conteudo dominado.
Nele a crian93 concretiza 0 que conhece ou seja, organiza sua experiencia em
seu esforgo de compreende-Ia.
o desenho e parte construtiva do processo de desenvolvimento da crianga e
nao deve ser entendido como uma atividade complementar, mas sim como uma
atividade funcional.
o desenho configura como a primeira representa9ao grafica usada ~:_~~:~;~~~)
'~J
14
Nele sla projeta seus esquema corporal, deseja ver a sua propria imagem
refletida no espelho do papsl. as tr8905, as rabiscos, as garatujas 85t130 ali, a mostra
escondendo os indices de uma realidade psiquica nao imediatamente acessivel,
exibindo urna atividade profunda do inconsciente.
A estrutura mental e a sensibilidade de cada crian98, individual mente, S8 adapta
a esta ou aquela atividade, que atends sua urgencia expressiva.
Mas 0 ato criativo estara sempre presente envolvendo urn grande potencial
operacional e imaginario.
Segundo Derdik (1989, 49) 0 desenho constitui para a crian9a uma atividade
total que engloba 0 conjunto de suas potencialidades e necessidades. Ele afirma que,
ao desenhar a criang8 expressa a maneira pela qual S8 sente existir, desenvolvendo
seu potencial criativo, seja qual for 0 tipo de atividade em que ela se expresse. Ela eestritamente fiel as necessidades de seu sistema nervoso e suas necessidade
existenciais, 0 que confers urn tom de veracidade a todos os seus gestos.
Para a crianc;a bem pequena, garatujar e 0 eterno presente, e a permanemcia
do instante. 0 prazer do gesto impulsiona novos rabiscos. Ao adquirir a capacidade de
relacionar e associar 0 sentimento do tempo vai se ampliando, tornando-se
multidirecional.
A memoria evoca fatos vividos e a imaginac;ao projeta no futuro desejos de
conquistar. Eo presente e a materializac;ao destes instantes.
o desenho vai registrando, em seu processo de trabalho 0 mapa de amplia9aO
da consciencia.
"A crian9a descobre um novo pretexto gn;fico." ( Dedik)
No processo de crescimento biopsiquico existem naturalmente etapas que
seguem, avanc;am, recuam, sedimentam-se.
15
Ao identificar uma forma a criang8 identifica Qutras formas semelhantes.
Nascem as agrupamentos, as colec;oes, as series estabelecendo-se
correspondencias e equivalencias.
o papal que antes nao possuia frente, verso, em cima, embaixo, agora oferece
estes referenciais, que permitem a crianC;8 ordenar e organizar as elementos graficos,
operar sabre a realidade, inventando instrumentos criando meies para S8 movimentar.
Geometrizar 0 tempo e 0 esp8go, descobrir a regularidade e a constancia dos
fenomenos. E dificil para a crian9a entender as no¢es de tempo, espa,c e causalidade,
achando perfeitamente natural que as ocorrEmcias sa deem e uma, forma magi ca.
o pensamento animico e simbalieD, aos poucos da lugar a operayoes mais
concretas. Com a descoberta e a observaCY80 das regularidades dos fen6menos tal
como dia e naite, com a vivencia do rUmo interno. Coadunado com 0 ritmo do cotidiano,
a criany8 reinventa suas hip6teses e mecanismos explicativos para a compreensao da
realidade.
3.1 AS FASES DO DESENHO
Inumeros foram os autores que pesquisaram as etapas e caracteristicas do
desenho infantil.
Alguns nos cham am especial atenyao, e passaremos a falar sobre seus trabalhos.
Come9amos sobre G. H. Luquet que efetuou amplo estudo tendo como objeto
de analise principal mente seus filhos.
Luquet usa a palavra "Realismo" considerando este termo 0 mais adequado
para caracterizar 0 desenho infantil no seu conjunto. A partir dessa categoria,
"Realismo", significando representayao do mundo vivenciado, 0 autor formula quatro
fases, do desenho infantil, estendendo-o muito mais como uma "forma de vida" do que
16
uma "forma de beleza". Isto e, pressup6e que, 0 que mobiliza 0 desenhar infantil e
principal mente a possibilidade de assimilar, compreender, brincar com as fates e coisas
do mundo atraves do ato de configura-los.
"...considera-se regra geral a crianga represenlar tudo 0 que faz parte da sua
experiencia, tudo que esta aberto a sua perceP9ao " ( pg. 22, 1969)
As quatro fases do desenho infantil apresentadas par Luquet lavarn insistentes
advertencias sobre as oscilac;oes que acompanham todo 0 desenvolvimento grafico,
fazendo que uma crian9a, num curto periodo de tempo, possa apresentar, possa
aprender desenhos com caracteristicas bastante diferenciadas, ou ainda possa
permanecer urn born tempo sem evidenciar qualquer progresso.
3.1.1 Realismo Fortuito
Trata-s8 do momento em que a crianC;8 comeC;8 a produzir linhas sabre uma
superficie.
Nao he. a intenc;8.o de produzir imagens, sao movimentos da mao registrados
pelo lapis ou outro tipo qualquer de agente urn"simples efeito do consumo esponlaneo
de uma abundancia de energia neuromuscular" (pg. 136, 1969).0 autor considera
que 0 fata de ser capaz de produzir lin has sabre urna superficie qualquer, provoca na
crianc;a a sensaC;8o de possuir urn poder criador que prornove a sua auto estirna e a
incita a produzir novos desenhos. A comprovay8o deste fato sao as paredes e m6veis
"redecorados" com os trac;os infantis. Esclarece tambem que nessa fase quando
perguntada sobre 0 que esta desenhando a crianya costuma responder: "Nada !" ou
"Isto representa desenhos"
Na sequencia dos primeiros grafismos, chega 0 momenta em que a crian9a
percebe sernelhanc;as entre os seus trac;os e um objeto real qualquer e anuncia este
17
fatc nomeando 0 objeto: rata, guarda-chuva, ... As vezes para Luquet, a crian<;:8
simplesmente atribui ao seu trac;:ado 0 nome de uma caisa que tern em mente naquele
instante.
Esse "nomear" as imagens do desenho, provoca duas consequencias: a tentativa
de tomar mais perfeita a semelhan98 inicial entre as tr8905 e a caisa nomeada, levando
a produvao de tra905 intencionais em adiC;;8o aos ja existentes, e 0 inicio da prodUC;:80
de imagens Yoluntariamente, isto e, a crianC;8 passa a dizer, com antecipaC;:8o, 0 nome
do objeto que estara tentando representar com 0 seu desenho.
Para Luquet quando" .. 0 tra9ado reune todos os elementos do tra9ado
propriamente dito: inten~o, execu~o e interpreta~o corresponde a inten9ao (...). A
fase inicial, preliminar ao desenho propriamente dito, esta terminada. (pg. 143, 1969)
3.1.2 Realismo Falhado.
"Urna vez chegada 80 desenho propria mente dito, a crianCY8quer ser realista.
Mas esta intenC;80 choca-se ao principio com obstaculos que dificultam a sua
manifestatyao. 0 desenho quer ser realista mas nao chega a s8-lo. E a que chamaremos
de realismo falhado. " ( P9. 147 )
A intenty80 realista desta fase, Luquet indica aspectos que interferem e dificultam:
a) dificuldades grafico-motoras, fisicas, que distanciam a intentyao
primeira da crianc;a do resultado que ela realmente conquista no desenho em funtyao
da aus8ncia de contrale sobre a seu proprio gesto.
b) Dificuldades psiquicas "0 carater ao mesmo tempo limitado e
descontinuo da aten9ao infantil." (pg. 148). Estes fatorss resultam na representa9ao
descontinua das coisas, na "incapacidade sintetica", evidenciada por dimensoes
desproporcionais entre as partes do objeto representado, pelo distanciamento irregular
18
entre partes de um mesmo objeto ou do conjunto do desenho (disjun~ao), pela enfase
atribufda a um outro pormenor do desenho. Mas, nessa fase as objetos desenhados
pela crian~a ja sao, com algum esfor~o, reconheciveis pelo adulto que efetua para leios
com a realidade visual.
3,1,3 Realismo Inleleclual.
Na progress iva SOIUC;80de dificuldades motoras, perspectivas, intelectivas e
consequentemente, desenvolvimento da capacidade gra.fica a terceira tase proposta
par Luquet, a Realismo Intelectual, encontra a crianC;8 realizando urn desenho de
caracteristicas bern marcantes. A conquista do "sentido sintetico" ja [he permite
representar urn conjunto cae rente de figuras. A organizac;ao espacial num plano grafteD
coeso e integrado, passa a ser urn fato mais constanta, ainda que as figuras,
isoladamente, possam apresentar certa descontinuidade .
Dois recursos graficos: a transparencia da forma (a casa cuja parede permite
a visualiza9ao do seu interior) e 0 rebatimento ( os pontos de vista multiplos na
representa9ao de ruas e avenidas ) permitem a presen9a visual dos elementos
considerados importantes pela crian~a. Por este motivo a denomina~ao: Realismo
Intelectual.
Nos exemplos apresentados per Luquet, esta fase ocorre entre os cinco e oito
anos de idade. Entretanto, encontra-se, nao raro, desenhos de crian9as mais vel has
que ainda apresentam estas caracteristicas graficas.
3.1.4 Realismo Visual.
Realismo Visual, nomeia 0 ultima fase elaborada por Luquet. Trata-se da
conquista progress iva da capacidade de representa9ao plena de formas e figuras
19
segundo a percep<;8o visual. 0 campo de viseD representado passa a organizar -58, no
desenho, em esp8yo demarcado par uma linha de base, e mais adiante em perspectiva
apresentando profundidade de campo a partir da diferencia9ao das dimensoes das
figuras que 0 compoe.
Para Luquet, a conquista definitiva do desenho ocorre quando na etapa de pleno
desenvolvimento do Realismo Visual, 0 adolescente torna-se capaz de representar 0
mundo de acordo com a sua vontade, ista e, realisticamente. A figura humana com
sua complexidade, propor90es e movimento corporal e um excelente exemplo desta
conquista.
Entretanto, pesquisou-se tambem, outros autores, entre os quais L. S. Vygotsky.
Vygotsky elabora em seu livro wLa imaginacion y 81 arte en la infancia", seu
pensamento tenrico sobre a imagina9ao criadora indicando complexidades na rela9ao
entre fantasia e realidade, rela9ao esta necessaria a produ91io criativa. Aponta a
wexperiencia anterior", a memoria, a capacidade receptiva e associativa 0 conhecimento
de tecnicas e da tradi<;8,o cultural como fatares fundamentais a criayao. Verifica ainda
que fatores emocionais de rea9ao ao meio sociocultural, a "inadapta91io" (pg. 35, 1982),
e fatares intelectuais, sao igualmente fundamentais no ate criativo. Desse modo
considera 0 adulto melhor capacitado para a a9ao criadora. Escreve " .. os frutos da
verdadeira imagina980 criadora em todas as esferas da atividade criadora pertencem
apenas a fantasia madura" (pg.40).
Vygotsky, utiliza-se dos estudos de Ribaud sobre imagina980 para verificar que
nos primeiros anos de vida 0 desenvolvimento da imagina980 e surpreendentemente
maior e mais rapido que 0 desenvolvimento intelectual ou racional. Diferente da
imagina91io, a razao depende de uma maior acumula\Oao e elabora91io das experiemcias
de vida.
20
o autor esciarece, que esta peculiaridade da imagina9ao infantil nao pode ser
confundida com "riqueza imaginativa da crian9a" (pg.41, 1982). Considera que a
independencia entre imaginag80 e razao e na verdade uma limitagao infantil.
As Crianyas podem imaginar menes eoisas que as adultos, porem cream mais
nos frutos de suas fantasias e as controlam menos, par isso a imaginayao no senti do
vulgar, corrente da palavra, au seja, algo inexistente sonhado e maior na criang8 do
que no adulto (pg.42, 1982).
Para Vygotsky a imagina9iio infantil e simples mente resultado de um modo
proprio subjetivo (egocentrado) de "ver" a realidade imaginativa fortemente ligada a
uma realidade, que se distancia da capacidade adulta de deliberadamente tornar real
algo ate entao ate masma inexistente.
Ao refletir sobre 0 desenvolvimento do desenho, 0 autor refere-se ao momenta
antecedente no qual aparecem riscos, garatujas, uexpress6es amorfas de elementos
isolados" (pg.94,1982). Denomina como primeira etapa, aquela na qual as crian~s
come9ariam a desenhar em pleno sentido da palavra, de etapa do Esquema. Cita
como examplo mais importante 0 esquema "caberya-pes" > modo atrav8S do qual a
figura humana e representada.
Considera que nesta etapa, as crianyas desenham de memoria. Desenham,
segundo Vygotsky, "... 0 que sabem, sabre as eOisas, 0 que 1has paraee mais importante
nelas ... " e nao 0 que veem ou 0 que fantasiam. Nao ha uma finalidade artfstica.
(pg. 93, 1982), e devem ser considerados os limites tecnicos e motores da faixa etaria.
Entre os 3 e os 7 anos de idade, a crianya ao desenhar, enumera, realiza ~relatos
graficos" sobre 0 objeto sem preocupa9ao com uma continuidade de espa90 ou tempo.
Oesenha 0 que Ihe parece caracteristico e permanente no objeto. E mais "simbolista
do que realista" (pg.96,1982).
21
A realidade e paulatinamente anexada aos desenhos atraves do acrescimo de
detalhes de observ8C;8o que indicam a vontade de uma representay80 mais
comprometida com 0 aspecto verdadeiro das coisas.
Vygotsky esclarece que, a partir dos 10, 11 anos, algumas crian"",s jii sao capazes
de representar amplamente urn objeto. Mas, alerta, a grande maioria necessita de
ajuda (dos professores, pais ... ) para alcan9ar este intento. So a partir dos 13 anos sao
capazes de trabalhar com prindpios de perspectiva considerando plenamente as
aspectos reais do objeto.
Ainda baseado em Ribaud, Vygotsky indica uma fase intermediiiria entre a
infancia e a fase adulta na qual e passive I verificar: par urn lado, a ascensao da
intelectualizayao e da razao do sujeito 8, par Dutro lado, uma queda significativa da
capacidade imaginativa simples, apartada da fun9aO intelectiva. A partir deste momenta
- intermediario - imaginac;ao e intelecC;8o passam a S8 desenvolver em estreita ligac;ao,
wmarcham com 0 masma passe", nao ha mais imaginayao singular e sim entremeada
pel a razao au intelecr;ao.
Vygotsky denomina a adolescencia, fase que na sua COnCeP9aO estende-se
dos 10 anos de idade ate a fase adulta: "Idade de transi9aO" Caracteriza-a como "um
periodo em que ocorre uma profunda mudanya na imaginar;ao passando de subjetiva
a objetiva." (pg.43,1982)
o ingresso do menino e da menina neste periodo de profundas altera¢es fisicas
e pSicologicas, coincide com a desaparecimento da imaginar;ao simples au pura tal
como 59 manifesta na infancia.
Este fato permite a Vygotsky afirmar: .. ao chegar a essa idade, a crian9a
perde a afei,ao e 0 afinco pelo desenho ( ... ) come,a a criticar seus proprios desenhos,
deixa de satisfazer-se com os esquemas infantis por Ihe parecem demaSi~JfV~.
~.,:,c!~,
22
ate chegar a assegurar-se de que nao sabe desenhar e deixa de faze-Io." (pg.44)
o auter localiza esta "esfriamento" entre as 1a e 15 anos de idade, verificando
que ap6s esta idade alguns adolescentes artisticamente mais dotados voltam a
desenhar.
Vygotsky, citando Bakushinsky, para entender as diferen9as nas eta pas do
desenho infantil, indica que a ingresso da necessidade do real no desenho infantil ecoincidente com a subordinayao da percepgao da percepyao dinamico-tactil a percepyao
visual, e a subordina9i3o da atividade fisica a atividade intelectual.
Diferente de Luquet, Vygotsky atrela a necessidade da realidade externa apenas
aos estagios de pleno desenvolvimento.
3.2 A CRIATIVIDADE DA CRIANl;A DE 5 E 6 ANOS EXPRESSADA
ATRAVES DO DESENHO.
A atual organiza<;ao da educat;ao escolar esta longe de favorecer a criatividade.
Manter uma crianr;8 sentada numa carteira durante tres OU quatro haras diarias antes
de promover a criatividade, estimula 0 conformismo, a passividade e a irritayao.
A prime ira caracteristica da criatividade e, talvez a mais importante, e a novidade.
Essa novidade pode referir-se tanto a pessoa que cria, quanta 80 conhecimento
existente naquele momenta.
Nelson Piletti em "Psicologia Educacional" (1987) afirma que a criatividade pode
manifestar-se em todos as campos e todas as pessoas podem ser criativas em maior
au menor grau.
A crianya estabelece um vfnculo existencial profunda com a desenho au com
qualquer ate criativo. Dai a necessidade de recolocarmos 0 desenvolvimento da
linguagem grafica ou de qualquer outra manifesta9ao express iva sob 0 signo da
23experiencia e da vivencia permanente.
Ao artista e indispensavel a coragem de ver a vida inteira como no tempo em
que era crian<;:a, pois a perda dessa condi9iio nos priva da possibilidade de uma maneira
de expressiio original, islo e, pessoal.
Vamos substituir a palavra artista pela palavra educador e perceber par detras
desse pensamento de Matisse a possibilidade de exercermos urna atitude processual
e criativa da crianyel, ver com olhos de crian98. Nela, 0 jogo criativo S8 faz natural mente,
de maneira so Ita aparentemente ca6tica, sem nenhum metoda. 0 resultado grafico do
desenho, as vezes, pode ate nao corresponder ao alto grau de intensidade vivido no
ato de desenhar. Mas com certeza, manifestam-se operac;6es menta IS como imaginar,
lembrar, sonhar, observar, associar, relacionar, simbolizar, realizar.
No ato de desenhar esta implicita uma conversa entre pensar e 0 fazer, entre 0
que esta dentro e 0 que esta fora.
A crian9a recebe inumeros estimulos a todo instante. Ela relaciona alguns,
seleciona outros, valoriza, nega ... e desse movimenta interna vai surginda as
configurac;6es e constelac;6es de significados que iran se transformar em futuros entes
graficos.
Se par um lado a ato de desenhar e instintivo, uma necessidade motora e
energetica, por outro lado sao gestos adquiridos, aculturados e imitativos. E mais ainda,
sao gestos reelaborados, construidos e inventados.
A percepc;ao e a sensibilidade sao as janelas para 0 mundo que possibilitam a
troca permissive I entre 0 que esta dentro e 0 que esta fora.
Segundo Flavio Molta (52) "A percep9iio e sempre criativa". A n09iio de
percep9iio esta comprometida com a noyao de imagem.
24
Esta propicia um feixe de significa90es do percebido.
Podemos elevar 0 sentido de olhar e do desenhar a ideia de "fabrica de imagens",
ou entao de "significa90es".
Ostrower (pg.55, 1978) diz: "Todas as form as vivas tem que estar abertas para a
seu ambiente a tim de sobreviverern, tern que poder reeeber e reconhecer estimulos,
reagir, adequadamente para que S8 processem as funcroes vita is do metabolismo,
numa troca de energia".
A visao tambem e de uma janela aberta, permitindo a traca permeavel entre a
observac;ao, a memoria e a imaginac;8o.
3.2.1 Tipos de desenhos criativos
Num primeiro momento 0 rabiscar corresponde a uma percepc;ao direta da
natureza e da realidade cultural.
Nao existe nem 0 antes nem 0 depois.
Num segundo momento, par volta de dais anos, quando a crianr;8 passa do
dominic da sensac;ao direta ao mundo das relac;oes, a objeto ganha importancia e a
crianya passa a estabelecer analogi as e correspondencia.
A memoria desempenha um papel importante e sa torna urn arsenal vivo de
repertorios vividos. A crian9a de dois a seis anos desenha 0 que sabe do objeto e nao
o que ve. E rare nota-I a desenhar abservanda diretamente a abjeta em questaa.
Assim a memoria tambem propicia um ata criativa. Ela naa e somenta restaurayao
e repetiyao. A memoria e aliada a imagina9aa, retem dadas, fatos, signos graficos que
nasce de um presente de uma atenyao e uma observa9aO.
Num terceiro momenta, Ie.por seis, sete anos aproximadamente a criant;a comec;:a
a descobrir ease interessar pela noyao de medida, de grandeza de deslocamento dos
25
objetos em si.
As observ8c;:6es S9 torn am urn fator presente na busca de maior quanti dade de
repert6ria auxiliando a constatac;:aode causalidade de fen6menos fisicos.
As escolas que permitem direcionar as suas atividades de livre expressao
objetivando instrumentalizar a aluno para que ele proprio exercite uma pratica criadora,
pois ao desenhar a crian98 expressa a maneira pela qual S8 sente existir, desenvolvendo
seu poder criativo, estarao permitindo a todos as seus integrantes a envolvimento e
participa,.ao do processo criador.
A pratica do desenho infantil espontaneo liberta 0 espirito criador da crianya.
Segundo Divino Marino (pg.122, 1957) "Toda a crianya e um pequeno genio" e
traz consigo a marca mais nobre de especie humana: a capacidade de criar. Eo grande
caminho para que a sua evasao e consequente evolw;::ao, e 0 usa do desenho
espontaneo. "
Luquet em seu livro, "0 Desenho Infantil" (1969) realizou um amplo estudo tendo
como objeto de analise principal mente os desenho de seus filhos, Simone e Jean.
Partindo desse estudo, Luquet apresenta quatro fases para 0 desenho intantil das
quais serao apresentados alguns exemplos.
* Realismo Fortuito.
E a fase em que a crianc;acomec;a a produzir linhas sobre uma superffcie sem
intenc;ao representativa. A crianc;a nao sabe dizer 0 que desenhou, ou tala que esimplesmente umdesenho. Em determinado momento desta fase ela ja passa a nomear
esses desenhos e atribui ao seu trac;ado 0 nome de uma coisa que tern em mente
naquele instante.
Observamos nos exemplos abaixo relacionados.
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• Realismo Falhado.
E a lase que segundo Luquet a crian9a chega ao desenho propria mente dito. A
crianya quer ser realista mas esta intenC;80 choca-s8 ao principia com obstaculos que
dificultam a sua manifesta98.o. A crianya quer ser realista mas nao chega a 58-10.
Nessa lase os objetos desenhados pela crian9a ja sao com algum eslorvo, reconheciveis
pelo adulto que efetuar urn para lela com a realidade visual.
• Realismo Intelectual.
Fase na qual 0 desenho tern caracteristicas bern marcantes. A conquista do
"senti do sintelico" ja Ihe permite representar um conjunto coerente de ligura. Dois
recursos graficos S8 evidenciam. A transparencia da forma e 0 rebatimento.
* Realisma Visual.
Segundo Luquet e a ultima lase do desenvolvimento do desenho da crian9a.
Trata-s8 da conquista progress iva da capacidade de representa98,o.
o desenho passa a se organizar em espa90 demarcado por linha de base e
progressivamente apresenta perspectiva, prolundidade de campo e dilerenciavao das
dimensoes.
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3.2.2 Classifica,.ao, segundo analise realizada atraves dos desenhos.
o desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanvas significativas que,
no inicia, dizem respeito a passagem da garatuja para construc;oes cada vez mais
ordenadas. fazendo surgir os primeiros simbolos. Imagens de sol, figuras humanas,
animais, vegetaC;80 e carras, entre Qutros, sao frequentes nos desenhos das crianC;8s,
reportando mais a 8ssimilayao dentro da linguagem do desenho do que a objetos
naturals.
Essa passagem Ii possivel grayas as interayoes da crian9a com 0 ate de
desenhar e com desenhos de Qutras pessoas.
Na garatuja, a crianC;8 tern como hip6tese que 0 desenho e simplesmente uma
8980 sobre uma superffcie, e ala sente prazer ao constatar as efeitos visuais que essa
a9ao produziu. A percep9ao de que os gestos, gradativamente, produzem marcas e
representac;6es mais organizadas permite a crianC;8 0 reconhecimento dos seus
registros.
Nodecorrer do tempo, as garabulhas que refletiam sobretudo 0 prolongamento
de motivos ritmicos de ir e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam
maior ordenayao e podem estar se referindo a objetos naturais, objetos imaginarios ou
mesmo a outros desenhos.
Na evoluyao da garafunha para 0 desenho de formas mais estruturadas, a crianya
desenvolve a inten~o de elaborar imagens no fazer artfstico. Comeyando com sfmbolos
muito simples, ela passa a articula-Ios no espayo bidimensional do papel, na areia, na
parede ou em qualquer outra superffcie. Passa tambem a constatar a regularidade nos
desenhos presentes no meio ambiente enos trabalhos 80S quais ela tern acesso,
incorporando esse conhecimento em suas pr6prias produ96es.
E assim, que, par meio do desenho, a crianya cria e recria individualmente
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E assim, que, par meio do desenho, a crian98 eria e reeria individual mente
formas expressivas, integrando percep98o, imaginayao, reflexao e sensibilidade, que
podem entao ser apropriadas pelas leituras simb61icas de outras crianC;8s e adultos.
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4. PROPOSTA DE TRABALHO PARA DESENVOLVIMENTO DA
EXPRESsAo ARTisTICA, ATRAVES DO DESENHO.
A expressao artistica comunica e atribui sentido a sens8c;oes, sentimentos,
pensamentos e realidade par meio da organizac;ao de linhas formas pontes, tanto
bidimensional como tridimensional, alem de volume espac;o, cor e luz nas diversas
form as de expressao.
o movimento, equilibria, 0 ritmo, a harmonia, a contraste, a proximidade e
semelhan~ sao atributos da criac;:ao artistica. A integraC;:8o entre as aspectos sensfveis,
afetivQs, intuitivQs, esteticos e cognitivos, assim como a interac;ao e comunicac;:ao social,
conferem carater significative a expressao artistica.
Observou-se que em algumas propostas correntes as pn3ticas da expresse.o
plastica sao entendidas apenas como meros passatempos em que atividades de
desenhar, colar, pintar e modelar com argila ou massinha, sao destituidos de
significados, ou consideram que 0 trabalho deve ter uma conotac;:ao "decorativa", como
ilustrayao de datas comemorativas, cartazes, convites e pequenos presentes para os
pais etc., onde 0 adulto acaba por fazer a maior parte do trabalho, por nao considerarem
que a crianya tinha competencia na elaborayao de um resultado "adequado" uma vez
que visam urn aspecto final esteticamente belo.
Esta pro posta pretende camprovar que a arte da crianc;a e uma manifestayao
espontanea e auto-expressiva: valorizando a livre express80 e a sensibilizay80 para 0
experimento artistico com orientay6es que visem 0 desenvolvimento do potencial criador
da crianya.
Nesse sentido 0 desenvolvimento da presente proposta se dara por meio da
articulay80 dos seguintes eixos:
1- Fazer artistico - centrado na explorac;:ao, expressao e comunicay8o de
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produ,iio de trabalhos de arte par meio da pratica do desenho, propiciando 0
desenvolvimento de um percurso de cria9iio pessoal.
2- Aprecia9iio - percep,iio do sentido que 0 objeto propoe, articulando-o tanto
dos elementos da linguagem visual quanta aos materiais e suportes ulilizados, visando
desenvolver, por meio da observa9iio e da "frui9iio", a capacidade de constru9iio de
senti do, reconhecimento, analise e identificayao de obras de arte e seus produtores.
3- Reflexao - considerando tanto no fazer artistico como na apreciaryao, e urn
pensar sobre todos as conteudos da expresseo artistica que se manifesta em solo,
compartilhando perguntas e afirmac;oes que a crianya realiza instigada pelo professor
e no cantata com suas proprias produc;6es e ados artistas.
Para que 0 desenvolvimento da imaginac;ao criadora, da expressao, da
sensibilidade edas capacidades esteticas da crian,a possam ocorrer no fazer artistico
devera ser propiciado a elas um cantata com a produ~o artislica presente em museus,
igrejas, livres, reproduc;6es, revistas, gibis, videos, etc. Esse desenvolvimento devera
estar apoiado, tambem na pratica reflexiva das crian,as ao aprender, que articula a
ar;ao, a perceprrao a sensibilidade a cognir;ao e a imaginayao.
Para que a crianya passa desenhar sera oportunizado a faze-Io livre mente sem
interven9iio direta, explorando os materiais, como 0 lapis preto, lapis de cor, lapis de
cera, canetas, carvao, giz, penas, gravetos, etc., e utilizando suportes de diferentes
tamanhos e texturas, como papeis, cartolinas, lixas, chao, areia, terra, etc.
Porem, algumas intervenyoes passlveis de serem realizadas cantribuirao para
o desenvolvimento do desenho da crianrra.
Algumas sugestoes abaixa relacionadas, contribuem com 0 desenvolvimento
do trabalho da crianl'a, atraves do desenho.
a) Partindo-das produrroes ja feitas pelas crianrras, sugerir-Ihes que copiem
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seus proprios desenhos em escala maior au menor. Esse tipo de atividade possibllita
que ela reflicta sabre sua propria Produ980, organizando de maneira diferente os
elementos visuais no espayo do papel.
b) Poden!! utilizar papeis que ja continham um risco, um recorte, a parte de
uma figura, funcionando como urn "estimulo", para que a crianya desenhe a partir
disso.
c) Sera proposto as crian9CIs que fa9CIm desenhos a partir da observa98o de
diferentes situ890es, cenas, pessoas, objetos, poderao desenhar a partir do que
observam.
o professor podera leva-las a perceber as formas arredondadas das partes do
corpo humano, distinguir diferentes tamanhos dos dedas, pes, maos.
Produyao, comunicayao, exposiy80, valoriza<;ao e reconhecimento formam urn
conjunto que alimenta a crian~ em seu desenvolvimento artistico. A participa<;8o em
exposi<;6es organizadas especialmente para dar destaque a produ980 infantil, cola bora
com a auto 8stima das crian<;8s e de seus familia res.
5. ANALISE COMPARATIVA ENTRE CRIANI;AS
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QUE
DESENVOLVERAM A "LIVRE EXPRESSAo" ATRAVES DO DESENHO
E AS QUE NAo FORAM OPORTUNIZADAS POR ESSE PROCESSO
DE DESENVOLVIMENTO.
A crian~ querecebe urna eduC8<;80 em arte desenvolve 0 pensamento artistico,
a percepc;:ao estatica, caracterizando urn modo proprio de ordenar e dar sentido a
expressao humana: desenvolve sua sensibilidade, percepc;:ao e imagina98o, ao se
expressar artisticamente e ao apreciar e conhecer formas produzidas pelos colegas,
pel a natureza e pel os artistas.
A pratica da expressao artfstica atraves do desenho tambem favoreee 80 atune,
relacionar-se criativamente com as Qutras areas do conhecimento. Exercitando
continua mente sua imaginary8o, estara apta a construir urn texto, criar soluryoes para
resolver problemas pessoais, interagir em seu meio, percebendo sua realidade cotidiana
exercitando uma observayao critiea do que existe na sua cultura podendo ate criar
condiyoes para uma melhor qualidade de vida, sua constante transformayao como ser
humano.
Com a valorizayao e a introduyao de tecnicas de alfabetizayao 0 processo de
desenvolvimento grafieo da crianya e prejudicado, uma vez que diminui-se ou extingue-
se as oportunidades de livre expressao, 0 que pode resultar na diferenya que existe
entre indivfduos adaptados e felizes na sociedade em que estao inseridos, e outros
que, apesar de serem eapazes, eontinuam, na maioria das vezes, desequilibrados e
encontram dificuldades em suas relayaes com 0 proprio ambiente, incapazes de penetrar
em urn universe que Ihe e tao estranho.
Visto que uma das tendi'lncias rna is notaveis da educayao moderna e a
preocupa~o em zerar as diferenyas individuais das crianc;as e os avan90s tecnologicos
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exigem que a sociedade forme cidadaos atuantes, capazes e expressivDs, a exercicio
e pratica do desenho, constitui 0 equilibria necessario entre 0 intelecto e as emo90es,
e a melhor contribuiyao que a Escola pode oferecer a favor da Arte consiste em nao
interferir no desenvolvimento natural das crianyas, uma vez que elas se express am
livremente e de forma original, e uma interferemcia desordenada pode provocar a inibiyao
da sua capacidade criadora, al8m de prejudicar seu crescimento emocional, 0
desenvolvimento de sua viseo crltica e consciente da realidade.
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CONCLusAo
A livre expressao artistica pode contribuir para 0 equilibria necessaria entre 0
intelecto e as emo,oes. Assim sendo a escola devera ter um trabalho que consi.sta
em incentivar a criatividade e 0 desenvolvimento natural das crianc;as, vista que a
maiaria delas S8 expressa livremente e de forma original quando nao sofre inibic;ao
provocada pela interferencia do adulto, originalidade que pode ser ampliada atraves
da atividade artistica proporcionada por uma postura pedagogica adequada.
A metodologia proposta proporcionou verificar que a livre expressao artistica
pode ter urn papel relevante na educa~o infantil quando urn maior grau de consciencia,
atenC;80 e participac;ao, advindas do educador e do educando permearem a eseela no
intuito de torna-Io critica, criativo consciente e produtivo.
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1 - Barbosa, Ana Mae - Arte Educa~ao: Conflitos I Acertos - Sao Paulo: Max limonad,
1988
2 - Derdyk, Edith - Formas de Pensar 0 Desenho (1989) - Sao Paulo. Editora
Scipione
3 - Lowenfeld, Victor - A Crian<;:ae Sua Arte - Sao Paulo. Editora Mestre Jou, 1977
4 - Marino, Divo - 0 Desenho da Crian~a -Sao Paulo. Editora Brasil, 1957
5 - Ostrower, Fayga - Criatividade e Processos de Cria~ao - Petr6polis. Editora Vozes,
1978
6 - Pillar, Analice Dutra - Fazendo Artes na Alfabetiza~ao -Porto Alegre. Editora
Kuarup, 1987
7 - Piletti, Nelson - Psicologia da Educa<;:ao- Sao Paulo. Editora Atica, 5' Ediyao, 1987
8 - Porcher, Louis - Educayao Artistica - Luxo ou Necessidade -Sao Paulo. Summus
Editorial, 1982
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9 - Read, Herbert - Educa9ao pela Arte - Sao Paulo. Martins Fontes Ltda., 1977
10 - Widlocher, Daniel - Interpreta9ao dos Desenhos Infantis - Sao Paulo. Editora
Vozes, 1971