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Direito Penal Prof. Pietro Chidichimo Junior 1 PROCEDIMENTOS PENAIS 1. Escolha do procedimento: 1.1 Procedimento comum: Ø Procedimento Comum Ordinário: Para crimes cuja pena máxima cominada em abstrato seja igual ou superior a quatro anos. Ø Procedimento comum sumário: Pena máxima deve ser mais de dois e menor do que quatro anos. Ø Procedimento comum sumaríssimo: Para crimes cuja pena máxima não exceda a dois anos e para todas as contravenções penais. Infrações de menor potencial ofensi- vo (art. 61, da Lei nº 9.099/95 e art. 98, da CF). Ø Acerca da escolha do procedimento comum importa tão somente a quantidade máxi- ma de pena cominada em abstrato. Ø Na lacuna de lei especial se utilizaráo procedimento comum ordinário, porque é o procedimento mais amplo e, portanto, é o que mais garante o direito de ampla defesa ao réu. 1.2 Exceções quanto à regra da pena máxima e escolha dos procedimentos: Ø Violência doméstica: Art. 41, da Lei 11.340/06. § Em caso de infração penal cometida em ambiente doméstico e familiar (art. 5º, da Lei Maria da Penha), não se utiliza a Lei nº 9.099/95. § O art. 88, lei nº 9.099/95, que exige a representação na lesão corporal leve não se aplica quando a vítima é mulher no ambiente doméstico e familiar. A não- representação vai implicar na decadência, portanto causa de extinção da punibilidade em relação à lesão sofrida, mas em nada vai influenciar na apu- ração do crime levado a efeito, praticado contra a mulher. Ø Lei de falências (Lei nº 11.101/05): Independentemente da pena máxima cominada em abstrato, o procedimento que se segue é unicamente o procedimento comum su- mário. Ø Art. 94, do Estatuto do idoso (Lei nº 10.741/03): Para as infrações penais previstas no estatuto do idoso, na parte judicial, se vai seguir tão somente o procedimento suma- ríssimo. 2. Procedimento Especial: Natureza da infração. Ø São os crimes da lei de drogas, crimes contra a honra, crimes contra a Administração Pú- blica praticados por funcionários públicos. Ø Importa tão somente a natureza da infração, pois se tratam de procedimentos especiais. Ø Na lacuna de uma regra relativa ao procedimento especial, adota-se aquilo que está pre- visto no procedimento comum ordinário. 2.1 procedimento comum ordinário: É o procedimento de regência. Atos que compõem o procedimento: Ø Oferecimento da denúncia ou da queixa-crime: § Seja a acusação pública(MP) ou privada (querelante), é o momento emque são ar- roladas as testemunhas de acusação (8 testemunhas), sob pena de preclusão, con- forme art. 401, CPP. § As diligências deverão ser requeridas nesse momento. Ø Rejeição da denúncia ou da queixa-crime:Art. 395,CPP. § Qual é o recurso cabível contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa? Se for uma infração penal comum, o recurso cabível é o recurso em sentido estrito

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PROCEDIMENTOS PENAIS

1. Escolha do procedimento: 1.1 Procedimento comum:

Ø Procedimento Comum Ordinário: Para crimes cuja pena máxima cominada em abstrato seja igual ou superior a quatro anos.

Ø Procedimento comum sumário: Pena máxima deve ser mais de dois e menor do que quatro anos.

Ø Procedimento comum sumaríssimo: Para crimes cuja pena máxima não exceda a dois anos e para todas as contravenções penais. Infrações de menor potencial ofensi-vo (art. 61, da Lei nº 9.099/95 e art. 98, da CF).

Ø Acerca da escolha do procedimento comum importa tão somente a quantidade máxi-ma de pena cominada em abstrato.

Ø Na lacuna de lei especial se utilizaráo procedimento comum ordinário, porque é o procedimento mais amplo e, portanto, é o que mais garante o direito de ampla defesa ao réu.

1.2 Exceções quanto à regra da pena máxima e escolha dos procedimentos: Ø Violência doméstica: Art. 41, da Lei 11.340/06.

§ Em caso de infração penal cometida em ambiente doméstico e familiar (art. 5º, da Lei Maria da Penha), não se utiliza a Lei nº 9.099/95.

§ O art. 88, lei nº 9.099/95, que exige a representação na lesão corporal leve não se aplica quando a vítima é mulher no ambiente doméstico e familiar. A não- representação vai implicar na decadência, portanto causa de extinção da punibilidade em relação à lesão sofrida, mas em nada vai influenciar na apu-ração do crime levado a efeito, praticado contra a mulher.

Ø Lei de falências (Lei nº 11.101/05): Independentemente da pena máxima cominada em abstrato, o procedimento que se segue é unicamente o procedimento comum su-mário.

Ø Art. 94, do Estatuto do idoso (Lei nº 10.741/03): Para as infrações penais previstas no estatuto do idoso, na parte judicial, se vai seguir tão somente o procedimento suma-ríssimo.

2. Procedimento Especial: Natureza da infração.

Ø São os crimes da lei de drogas, crimes contra a honra, crimes contra a Administração Pú-blica praticados por funcionários públicos.

Ø Importa tão somente a natureza da infração, pois se tratam de procedimentos especiais. Ø Na lacuna de uma regra relativa ao procedimento especial, adota-se aquilo que está pre-

visto no procedimento comum ordinário.

2.1 procedimento comum ordinário: É o procedimento de regência. Atos que compõem o procedimento: Ø Oferecimento da denúncia ou da queixa-crime:

§ Seja a acusação pública(MP) ou privada (querelante), é o momento emque são ar-roladas as testemunhas de acusação (8 testemunhas), sob pena de preclusão, con-forme art. 401, CPP.

§ As diligências deverão ser requeridas nesse momento.

Ø Rejeição da denúncia ou da queixa-crime:Art. 395,CPP. § Qual é o recurso cabível contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa? Se

for uma infração penal comum, o recurso cabível é o recurso em sentido estrito

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(art. 581, I,CPP). Em se tratando de infração de menor potencial ofensivo, o re-curso cabível é a apelação no prazo de dez dias.

Ø Recebimento da denúncia ou da queixa: Art. 396, CPP. § O ato de recebimento da denúncia ou da queixa não deve ser profundamente fun-

damentado, devendo o juiz somente verificar a existência daqueles pressupostos previstos no artigo 41, do CPP.

§ Desde a reforma de 2008, o ato de recebimento da denúncia não marca mais o i-nício do recebimento da denúncia. Veja-se o art. 363, do CPP: O processo terá sua formação completa com a citação do acusado.

§ O recebimento da denúncia ou da queixa é o primeiro marco interruptivo da pres-crição penal (Art. 117, I, CP).

§ Não cabe recurso do ato de recebimento da denúncia ou da queixa. Apenas, se for o caso, é possível impetrar habeas corpus ou mandado de segurança.

Ø Citação do réu. Art. 363, CPP. § A citação do réu marca o início do processo.

ü Citação pessoal:Somente poderá ser feita quando o réu tiver endereço certo, por meio de oficial de justiça, carta precatória (quando o réu residir dentro do território nacional, mas fora da comarca que está sendo proces-sado) e por meio de carta rogatória (quando o réu reside no exterior com endereço certo). Art. 368, CPP: a citação por carta rogatória suspende o curso da prescrição penal.

ü Citação por hora certa:Dar-se-á citação por hora certa, quando o réu se oculta para não ser citado (art. 362, CPP).

ü Citação por edital: O réu é citado por edital quando não comparece e não constitui advogado, gerando a suspensão do processo e a suspensão do prazo prescricional.

ü Não cabe citação por edital nos juizados especiais criminais (art. 66, pa-rágrafo único, Lei 9099/95).

ü Citado o réu, ele deve oferecer resposta à acusação no prazo de 10 dias.

Ø Resposta à acusação. § Art. 396-A, CPP: O réu vai alegar preliminar, incidentes, mérito, justificações,

juntar documentos, tudo que possa interessar à sua defesa. § Também irá arrolar testemunhas no número de 8 para cada réu. § Se o réu citado pessoalmente, não apresentar a resposta, o juiz deverá nomear um

defensor para apresentar resposta à acusação.Caso o réu tenha sidocitado por edi-tal, o prazo não começa enquanto o réu não comparecer pessoalmente ou não constituir advogado.

§ A resposta é um ato imprescindível para o prosseguimento do processo.

Ø Absolvição sumária: § Art. 397, CPP: É uma própria sentença, porque o juiz está, se for o caso, absol-

vendo o acusado. Absolvição é mérito em processo penal. Na absolvição sumá-ria, o réu não pode sair com prejuízo.

§ As causas que ensejam absolvição sumária: I-Causa de exclusão da ilicitude, II-Causa de exclusão da culpabilidade, salvo inimputabilidade (absol-vição imprópria: Imposição de medida de segurança. O réu tem direito a prosse-guir até o final, para com a instrução criminal, talvez ser absolvido propriamente. No procedimento comum ordinário, o juiz não pode

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absolver sumariamente de forma impropria, porque não tivemos ainda a ins-trução do processo e isso implicaria nítido prejuízo ao réu. Exceção: Pro-cedimento do tribunal do júri, em que já se teve a instrução processual, é possível que se imponha a medida de segurança. III-Quando o fato não constituir infração penal. Ex: bagatela, atipici-dade da conduta. IV-Quando o juiz reconhecer uma causa de exclusão da punibilidade.

§ A absolvição sumária é uma sentença, portanto, dela cabe apelação (art. 593, I, CPP), salvo na hipótese do artigo 397, IV, CPP, em que cabe o recurso em senti-do estrito, artigo 581, VIII, CPP. A absolvição sumária encerra esse processo.

§ Se diferencia da sentença absolutória, art. 386, CPP. Nesse a dúvida se dá a favor doréu, enquanto que,conforme o artigo 397,a dúvida favorece a sociedade. Não cabe recursode oficio da sentença que absolve o réu sumariamente.

Ø Audiência de instrução e julgamento: Art. 400, CPP: Deverá ser designada no prazo de 60 dias. § Ouvida do ofendido e das testemunhas: Art. 401, CPP. Nessa audiência deverá

haver a ouvida de testemunhas, o réu deverá ser interrogado,as partes debaterão e haverá sentença.

§ Pedido de diligências:Art. 402, CPP: Havendo necessidade de diligências, se te-nha originado nessa audiência, será possível queseja formulada nesse momento.

§ Art. 403, § 3º, CPP: É possível que haja substituição dos debates por memoriais, em face da complexidade do caso ou do número dos acusados, cada parte terá 5 dias para apresentar memorias e o juiz, 10 dias para fazer a sentença.

§ A respeito do processocomum ordinário: Nessa audiência, tudoaquiloque tiver si-do objeto de anterior requerimento das partes, deverá nela ser efetivado. Art. 400 e parágrafos do CPP. Todos os atos deverão ser produzidos numa única audiên-cia, indeferidos os meramente protelatórios. Os esclarecimentos dos peritos deve-rão ser objeto de prévio requerimento das partes. Se a parte verifica anteriormen-te a necessidade de comparecimento de perito em audiência, ela deverá formali-zaro pedido antes da audiência para que na audiência em si ele compareça. Por-que a lei quer que o réu saia sentenciado da audiência.

§ Princípio da identidade física do juiz, decorrência direta dessa audiência uma: art. 399, § 2º, do CPP.

§ O interrogatório, no procedimento comum ordinário, é o último ato de instrução da audiência. Simetria com procedimento comum sumário e sumaríssimo.

RESUMO Ø Procedimentocomum ordinário mais amplo mais benefício;

Ø 8 testemunhas para cada parte;

Ø Prazo de audiência: 60 dias;

Ø Diligências: art. 402, CPP.

Ø Substituição dos debates por memoriais- complexidade do processo;

Ø Pena máxima do procedimento comum ordinário: igual ou maior que 4 anos.

2.2 Procedimento comum sumário (art. 531 e seguintes doCPP): Ø Procedimento igual ao procedimento comum ordinário. Ø Exceções:

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§ Testemunhas: 5 paracada parte. § Prazo: 30 dias para audiência de instrução e julgamento. Ø Cabem diligencias: art. 535,CPP. Ø Quando se retira um determinado crime do juizado especial criminal, para-se no

procedimentocomum sumário. Não se pode pular do sumaríssimo para o ordiná-rio.Art. 538, do CPP.

Ø Quando tivermos uma infração do procedimento comum ordinário e outra do procedimento comum sumário, não se somam as penas. Escolhe- se o procedi-mento de acordo com o crime mais grave. Ou seja, seguiremos o procedimento comum ordinário, para que se evitem nulidades.

Ø Art. 396 –A, CPP: Resposta a acusação. 10 dias. Ø Absolvição sumaria: Art. 397, CPP. Ø Audiência de instrução prazo de 30 dias. Ø Após, na audiência, os atos que compõem o rito são idênticos aos dos procedi-

mentocomum ordinário, também cabendo, eventualmente, substituiçãode debates por memorias e pedido de diligências. Por analogia: Art. 403, § 3, CPP.

Ø No procedimento dos crimes falimentares só se adota o procedimento comum sumário para a apuração daquelas infrações penais.

2.3 Procedimento comum sumaríssimo: Ø Competência: art. 98, CF e art. 61, lei 9.099/95, em relaçãoaos juizados criminais

estaduais. Art. 2º, lei 10259/01, em relação aos juizados criminais federais. Ou seja, todos os crimes cuja pena máxima não exceda a dois anos, com ou sem pro-cedimento especial e todas as contravenções penais.

Ø Exceções: § Art. 60, parágrafo único, lei 9099/95 e art. 2º, p único da lei 10259/01:

Conexão ou continência: Se tivermos uma infração de menor potencial ofensivo praticada de forma conexa ou continente com uma infração mais grave, a infração de menor potencial ofensivo será apurada junta-mente com a infração mais grave, só que em relação à infração de menor potencial ofensivo, deverão ser observadas os benefícios previstos nos artigos 74 (composição civil dos danos) e76 (transação penal)da lei nº 9.099/95.

§ Art. 41, da lei nº 11.340/06: Nada se aplica em relação à lei nº 9.099/95. § Crimes previstos na justiça eleitoral: São julgados pela justiça eleitoral,

mas se forem de menor potencial ofensivo, caberão os benefícios despe-nalizadores: A composição civil dos danos e a transação penal. Não serão julgados no juizado especial criminal, mas pela própria justiça eleitoral.

§ Prerrogativa de função: rito da lei 8.038/90,mas se for infração de menor potencial o ofensivo caberão os benefícios despenalizadores da lei 9099.

§ art. 66, parágrafo único, da lei n 9.099/95: Não cabe citação por edital no juizado especial criminal. Portanto, se o réu não for localizado, o proces-so sai desse ambiente e seguirá para o procedimento comum sumario (art. 538, do CPP).

§ Art. 77, §§ 2º e 3º, da lei nº 9.099/95: Complexidade do processo. O juiz poderá retirar da apuração do procedimento sumaríssimo para o comum sumário, devido à complexidade do processo.

Ø Princípios:

§ Art. 2º e artigo 62, primeira parte, da lei nº 9.099/95: ü Celeridade; ü Economia processual;

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ü Informalidade; ü Oralidade: Ex: Arts. 77 e 81, da lei nº 9.099/95. ü Simplicidade:Decorrência do princípio da informalidade. O que

importa é a finalidade do ato, mesmo que esse ato não tenha sido praticado na forma prescrita em lei.

Ø Finalidades do juizado especial criminal:

§ Composição civil dos danos:Art. 74, lei nº 9.099/95: Significa que autor e vítima deverão, se for possível, promover acordo que implicará em um pagamento feito pelo autor à vítima. Caso ambos celebrem oacordo, na ação penal privada condicionada à representação ou na ação penal priva-da, irá acarretar a renúncia ao direito de representação ou ao direito de queixa por aparte da vítima e, portanto se terá a extinção da punibilidade.

§ Aplicação imediata de pena não privativa de liberdade:Art. 76, da lei 9.099/99: O réu deverá, se for o caso, aceitando essa pena, cumprira prestação de serviços à comunidade ou uma multa e uma vezverificado o seuadimplemento,restará estará extinta a punibilidade do autor desse fa-to.

Ø Sistema de nulidades no âmbito do juizado especial criminal:

§ Não há umsistema de nulidades absolutas e nulidades relativas. Há o princípio da instrumentalidade das formas, ou seja, o que importa é que o ato tenha atingido a sua finalidade. O que importa é que daquele ato, para que seja declarado nulo, tenha causado prejuízo. Se não houve prejuízo não é declarado nulo.

Ø Intimações: Art. 67, lei nº 9.099/95: O que importa é que a parte tenha sido efeti-vamente cientificada do ato, não importa de que forma (telefone, fax).

Ø Citação: Art. 66, lei nº 9.099/95: Preferencialmente será feita de forma pessoal. Também cabe citação por hora certa no juizado especial criminal, contudo, por edital não cabe no juizado especial criminal (art. 66, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95). Irá se remeter ao procedimento sumario. art. 538, CPP.

Ø Termo circunstanciado: Art. 69, lei nº 9099/95: As infrações penais serão apura-das por esse procedimento policial. Não possui portaria, não possui relatório e pode ser feito por qualquer servidor da polícia civil, não somente pelodelegado de polícia. Não possui prazo para ser encaminhado ao juizado, ou seja, se enten-de que uma vezinstaurado deve ser remetido imediatamente ao juízo. Lembrando que a vítima, ofendida pode reclamar diretamente ao juizado especial criminal. Lembrar do artigo 69, p. único: Ao autor que se comprometa a comparecer à au-diência preliminar, não se imporá a prisão em flagrante tampouco a fiança: Regra que excepciona o flagrante e a exigibilidade da fiança. Também acontece nos crimes de trânsito, quando o autor do fato não foge do local e socorre a vítima.

Ø No caso da prova da materialidade, um atestado médico pode servir naquele mo-mento de base para esse encaminhamento aojuizado especial criminal.

Ø Fase preliminar: A partir do art. 70, da Lei nº 9.099/95. Presenças obrigatórias naaudiência preliminar: Juiz, MP, autor do fato e vítima (deverão obrigatoria-mente estar acompanhados de advogado. A única presença facultativa a essa so-lenidade se dá em relação ao responsável civil, conforme prevê a lei). Procedi-mentos: se vai tentar a composição dos danos (art. 74, lei nº 9.099/95). Nesse momento, em crimes de ação penalpública incondicionada, é possível a composi-ção civildosdanos. Isso, contudo, não impede a futura transação penal(do ponto de vista do prosseguimento da ação penal, porque é públicaincondicionada, não haverá qualquer restrição ao MP). Ação penal pública condicionada à representa-

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ção e ação penal privada: A consequência será a extinção da punibilidade,em ra-zão da renúncia ao direito de representação ou de queixa por parte do ofendido.

Ø Se tivermos vários autores, o pagamento de todo o dano sofrido por um dos auto-res, extingue a punibilidade em relação a todos eles. Agora, o pagamento parcial por um deles somente extingue a punibilidade em relação àquele que efetuou o pagamento.

Ø Se tivermos váriasvítimas, a aceitação do pagamento por uma delas, não impede o prosseguimentoda ação penal a favor das outras.

Ø Ao contrário da transação penal, a composição civil dos danos poderá ser feita tantas vezes o autor do fato se prestar a aceitar. Não há na composição dos danos civisa limitação que há na transação penal (de 5 em 5 anos). Nocaso de ação pe-nal privada, haverá a extinção da punibilidade, ao contrário do previsto no art. 107, CP. Renúncia ao direito de representação da vítima. Nos crimes de ação pe-nal pública condicionada à representação e de ação penal privada, a homologação do acordo impede a transação penal.

Ø Exceção: A composição dos danos ambientais é o que autoriza a transaçãopenal. Sem que o autor tenha reparado o dano ambiental, não há possiblidade de transa-ção penal.

Ø Transação penal: Art. 76, lei nº 9.099/95. Aplicação imediata de pena não privati-va de liberdade. Legitimidade exclusiva do MP para oferecer o benefício: Art. 76, § 1º:Oferecido o benefício, o juiz poderá, se somente for aplicada a pena de multa, reduzir o valor pela metade. Além disso, a transação penal somente pode ser aplicada de 5 em 5 anos. Não ter maus antecedentes, nãoser reincidente. Nos crimes de ação penal pública incondicionada e nos crimes de ação penal pública condicionada à representação e privada que não tenha sido objeto a composição dos danos civis.

Ø Que acontecerá caso o ator do fato não cumpraa transação penal? Se devolve ao MP a oportunidade de oferecimento da denúncia. FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais): O MP somente vai oferecer a transação penal quando não for caso de arquivamento. Se for caso evidente dearquivamento, não é sequer ca-so de oferecimento de transação penal, pois implica ônus ao autor do fato (ou pe-na restritiva de direitos ou penade caráter pecuniário). Açãopenal privada: Majo-ritariamente, diz que cabe transação. Legitimidade ao MP para oferecimento da transação penal.Cumprida a transação penal,se extingue a punibilidade com base no art. 84, lei nº 9099/95.

Ø Após a transação penal, não restam efeitos penais:Não é considerado reincidente, só nãopoderá recebe-la novamente no prazo de 5 anos.Além disso, jamais poderá implicar pena privativa de liberdade, porque não se teve devido processo legal.

Ø Art. 79, da lei nº 9.099/95: Mesmo após o oferecimento da denúncia, é possível que se ofereça a transação penal. O autor do fato tem direito, porque se ele não compareceu à audiência preliminar, deverá ser tentado novamente, mesmo depois de oferecida a denúncia, o réu tem direito à transação penal.

Ø Não sendo possível a transação penal, ou não sendo aceita pelo autor ou não sen-do cabível, é caso de na audiência preliminar, o MP oferecer, se for o caso, a de-núncia oral.Sendooferecida a denúncia, o réu já sai citado para a próxima audiên-cia judicial, a vítima e eventuais pessoas presentes já saem intimidas também pa-ra a próxima audiência que dará início à fase judicial, art. 81, da lei nº 9.099/95.

Ø Atos que compõem o rito: § Resposta à acusação: Apresentada de forma oral, contudo, nada impede

que seja apresentada de forma escrita. Logo após, o juizverifica se é ca-sode rejeição ou de recebimento da pena inicial.

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§ Recebida a denúnciaoua queixa, nãohaverá respostaà acusação do artigo 396, do CPP. O juiz verificará se é caso de absolviçãosumária, art. 397,CPP.Não sendoo caso,ojuiz irá então ouvir o ofendido e irá ouvir na mesma sequência, as testemunhas (3 para cada testemunha). No proce-dimento comum sumaríssimo, cabem diligências, desde que sejam im-prescindíveis.Na sequência, haverá o interrogatório do réu: É ato de de-fesa pessoal, últimoato de instrução dessa audiência. Passado o interroga-tório, o juiz abre para as partes para, no prazo de 20 minutos prorrogá-veis por mais 10, para oferecerem os debates. Mas, se o processo for complexo, o juiz poderá substituir os debates por memoriais:Art. 403,§ 3º, CPP: Prazo de 5 dias para cada parte oferecer memoriais substituti-vos. Seja em gabinete, seja em audiência, teremos a sentença.

Ø Recursos cabíveis: § Apelação:Art. 82, lei nº 9.099/95: 10 dias e já deve estar acompanhada

das razões. § Extraordinário: Perante o STF, comprovar a repercussão geral. Não cabe

recurso especial: Turma recursal não é tribunal. § Embargos declaratórios: Quando de sentença, suspendem o prazo para

outros recursos. Prazo de 5 dias. Em caso de dúvida,omissão, contradi-ção e obscuridade da sentença. Quando os embargos declaratórios forem opostos de acordão da turma recursal, serão da mesma forma, igual ao CPC, passíveis de interromper o prazo para outros recursos.

§ Não cabe recurso em sentido estrito, tampouco embargos infringentes. § Súmula nº 690, do STF: Competência para o julgamento de habeas cor-

pus e mandado de segurança de turmarecursal não é o STF, mas sim o tribunalde justiça, se for estadual a turma ou TRF, se a turma for federal.

Ø Art. 89, da lei 9.099/95: A suspensão condicional doprocesso. É concedido esse benefício depois do recebimento da denúncia e se aplica às infrações de menor potencial ofensivo, e às infrações cuja pena mínima sejaigual ou menor que um ano. Nesse caso, o processo ficará suspenso por um determinado período (geral-mente de 2 anos) e nesse sentido, cumpridas as condições ali previstas, o réu terá declarada extinta a punibilidade.

Ø A suspensão suspende o curso da prescrição penal. Art. 89, §+++ 6º, lei nº 9.099/95.

3. Procedimentos Especiais: 3.1 Procedimento doscrimes praticados por funcionários públicos: Arts. 513 a 518, do CPP.

Ø Art. 514, do CPP: Oferecida a denúncia, o réu será notificadopara apresentar resposta preliminar no prazo de 15 dias nos crimes afiançáveis. Lei nº 12.403/11, todos os crimes funcionais são afiançáveis. Em tese, para todos eles é cabível a notificação do art. 514, salvo na hipótese da súmula nº 330, doSTJ: Quando a inicial, tiverem sido instruídas por inquérito policial, torna-se desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514,CPP. Se houver corréu particular, que não ostentar a condição de fun-cionário público, não terá direito à resposta preliminar do art. 514. Se o funcionário público tiver deixado afunção pública, depois dapráticado crime, não terá direito a resposta preliminar. Ela vem antes dorecebimento da denúncia para ser bem observa-da.

Ø Art. 394, CPP: Se for uma infração funcional de menor potencial ofensiva, vamos processa-la de acordo com o procedimentocomum sumaríssimo.

Ø Como se trata de proc. Especial, passada essas fase, vai se ter as regras dos procedi-mentos comuns do art. 394, p 1, incisos, I, II e III, CPP.

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3.2 Procedimento dos crimes contra a honra: Arts. 519 a 523,CPP: Ø Calúnia, injuria e difamação. Crimes contra a honra de ação penal privada. Ø Art. 520, do CPP: Querelante e querelado deverão ser intimados para que compare-

çam à audiência preliminar de tentativa de reconciliação. Nessa audiência não parti-cipam os advogados. Obtido o acordo, se extingue a punibilidade. Em não o sendo, os autos seguem ao MP que poderá aditar a queixa e após seguem ao juiz,para que decida se é caso ou não de recebimentodessa queixa. Seo juiz não designar essaaudi-ência preliminar de tentativa de reconciliação, é caso de nulidade absoluta.

Ø Art. 523,do CPP: Exceção da verdade: Em todos os crimes de calúnia e difama-ção,quando praticado contra funcionáriopúblico noexercício das funções: O querela-do poderá no prazo da resposta para a acusação, entrar com a exceção daverdade, pa-ra provar que aquilo que ele falouda vítima é verdade. Querelante com prerrogativa de foro e o querelado que não temprerrogativa. O foro competente para processar e julgara exceção da verdade nocrime de calunia em que o excepto que era o querelante possui prerrogativa de foro será oTJ, TRF, STJ, ou seja,o tribunal competente. Na ca-lúnia, está se imputando a essa pessoa que detém o foro privilegiado a prática de um crime, e esta tem a prerrogativa de ser julgada por um tribunal. Se a exceção da ver-dade for julgada procedente, o querelado será absolvido.

3.3 Procedimento da lei de drogas (lei 11343/06):

Ø É imprescindível para o oferecimento da denúncia o laudo de constatação de natureza e substância da droga: Condição de procedibilidade. Sem ele, o MP não poderá ofe-recer denúncia.

Ø O prazo para o encerramento do inquérito é diferente: Podendo chegar a 90 dias, em se tratando de investigado solto. Artigo 51, da lei nº 11.343/06: É o único prazo que pode ser duplicado na lei de drogas.

Ø Resposta preliminar: Art. 55: Oferecida a denúncia, o juiz irá determinar a notifica-ção do acusado, para que apresente em dez dias a respostas preliminar. Art. 396-A, CPP: Apresentada a resposta preliminar o juiz irá verificar se é caso de recebimento ou rejeição da denúncia. Recebimento: O juiz ira citar o réu e designar a audiência de instrução e julgamento.Da mesma forma, como ocorre no procedimentocomum su-mário, o prazo será de 30 dias para a realização de audiência de instrução e julgamen-to ou de 90 dias, seo réu alegar que é dependente da droga.

Ø Em que momento ocorre o interrogatório do réu no procedimento da lei de dro-gas?Aqui o interrogatório é o primeiro ato que compõe essa audiência. Após o inter-rogatório é que teremos a ouvida das testemunhas e os demais que irãocompor essa audiência. A lei de drogas traz um procedimento especial (interrogatório primeiro).

Ø Se o réu é processado por um crime do procedimentocomum ordinário e por um cri-me de tráfico, usa-se o procedimentocomum ordinário e nesse caso, o interrogatório será o último ato da audiência. Se utilizará o rito mais amplo e mais benéfico.

Ø Praticamente idêntico ao proc. Comum sumario: § Testemunhas: 5. § Prazo pra audiência de instrução e julgamento: 30 dias.

Exceções: Resposta preliminar e interrogatório, o primeiro ato da audiência.