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Direito Administrativo_rafael Oliveira_aula 01_origem e Princípios Do Direito Administrativo
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Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
DISCIPLINA: Direito Administrativo PROFESSOR: Rafael Oliveira MATÉRIA: Origens e princípios do Direito Administrativo
Leis e Artigos Importantes: ▪ Art. 37 da CRFB/88 ▪ Art. 2º, § 2º, I, da lei 9784/99 ▪ Lei 5427/2009 ▪ Art. 84, VI, “a” da CRFB/88 ▪ Art. 103-B, § 4º, I da CRFB/88 ▪ Art. 130-A, § 2º, I da CRFB/88
Palavras-chaves: Estado abstencionista // Estado prestador de serviços // Estado Social de
Direito // reguladora // subsidiário // administração pública gerencial Neoconstitucionalismo e Pós-
positivismos // princípio da juridicidade.
TEMA:
Origens e princípios do Direito Administrativo
PROFESSOR:
RAFAEL OLIVEIRA
Origens e princípios de Direito Administrativo
Indicações bibliográficas no site www.professorrafaeloliveira.com.br
- Origem do Direito Administrativo:
▪ O Direito Administrativo surge juntamente com o Estado de Direito. Com o surgimento
do Estado de direito abriu-se caminho para o surgimento do direito administrativo que
conhecemos atualmente.
Na época do Estado absolutista, anterior ao Estado de direito, era impensável o direito
administrativo como uma ciência autônoma do direito, pois o Estado absolutista era ilimitado, não
encontrava nenhum tipo de limite na sua atuação. O próprio Estado se confundia com a figura do
monarca absolutista, que era praticamente a mesma coisa que o Estado.
Durante muito tempo esse monarca fundamentava seu poder em uma legitimidade divina.
Se o rei era o Estado, o Estado era o rei e o rei era uma espécie de representante de Deus na
terra levando em conta que o Deus não errava e o rei se confundia com Deus o Estado não
errava o Estado não poderia se responsabilizado pelos seu atos.
Essa ideia é apresentava nos manuais quando apresenta a responsabilidade civil do
Estado. “The king can do no wrong”.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
Assim não havia como se pensar em um direito administrativo tal como conhecemos que
estuda justamente as relações jurídicas entre o Estado e o cidadão.
Nesse período teremos revoluções liberais, na Franca a famosa revolução francesa de
1789 e por meio desta a revolução derruba o Estado absolutista que vigorava até então e a
revolução liberal consagra TRÊS GRANDES LIMITES para atuação do Estado:
Consagra de maneira definitiva o princípio da legalidade (possui origem mais remota,
muito mais antigas, a própria magna carta de 1215), mas a revolução francesa consagra de
maneira definitiva a legalidade e a partir de uma concepção apontada até hoje: uma limitação e
habilitação para atuação estatal. Frase clássica do saudoso Hely: “a administração pública só
pode fazer aquilo que a lei autoriza”.
Porque a legalidade teria esse contorno? O Estado cometia arbitrariedades e a revolução
francesa significou um ponto final a isso. A burguesia via o Estado como um verdadeiro inimigo
determinando que o Estado só poderia fazer aquilo autorizado pelo povo.
Criou-se um sistema de representação através do Poder Legislativo. O povo elegeria seus
representantes que teoricamente falariam em nome do povo.
A vontade geral seria dita através da lei fruto da vontade popular.
Por trás dessa concepção de legalidade que aparece a legitimidade popular.
A ideia da separação de funções de poderes: contrária a ideia de que a
concentração leva a novas arbitrariedades. Tem o objetivo também de limitar o poder estatal
A declaração de direitos do homem e do cidadão: uma espécie de catálogos de
direitos fundamentais. Mais precisamente os diretos de primeira geração. São direitos que
colocam para o Estado um dever de abstenção. O Estado é um mal necessário. Obviamente isso
mudará ao longo da história, mas nesse momento assim fora o que ficou consignado.
Nesse contexto da revolução francesa surgem os três grandes limites acima.
A partir desses limites afirma-se que o Estado é limitado e assim caracterizamos um novo
modelo de Estado saindo de cena o Estado absolutista e entrando em cena o Estado de Direito.
Agora é possível se pensar no Direito Administrativo, que regulará as relações estatais.
Podemos falar de um direito administrativo que estudará as relações internas do Estado e as
relações do próprio Estado com o cidadão.
Doutrina tenta buscar um momento mais exato para o nascimento desse direito
administrativo. A revolução francesa apenas criou condições para se limitar a atuação do Estado
e trazer esse ramo do direito. Qualquer manual de direito administrativo afirmará que a sua
origem estará relacionada ao famoso caso Arrét Blanco, julgado em 1783, antes mesmo da
revolução francesa.
Assim conhecido esse caso envolvia o atropelamento de uma criança chamada Agnes
Blanco, atropelada em Bourdox na França por uma vagonete que transportava fumo, pertencente
a uma concessionária de serviço público. A família foi buscar uma reparação.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
Na Franca o sistema é de dualidade de jurisdição, diferente do Brasil, onde vigora a
unidade de jurisdição.
O conselho de Estado julga casos que envolvem o Estado na lide.
Nesse caso houve um conflito de jurisdição. O tribunal de conflitos ao bater o martelo
determinou que o conselho de Estado (justiça administrativa) julgaria esse conflito pelo fato da
existência do serviço público.
Havendo serviço público aplica-se o direito administrativo, que nasceu atrelado ao
conceito de serviço público. No final, desse caos afirmou-se de forma categórica que não bastava
o código civil para essas relações envolvendo atividades públicas, marcadas por regras e
princípios diferentes, surgindo a ideia de continuidade, mutabilidade, isonomia todas ligados ao
direito administrativo.
Outro momento específico seria a lei 28 pluviose do ano VIII de 1800. Essa foi a primeira
lei que trouxe regras e princípios expressos de Direito Administrativo. A franca que nos inspirou
adota o sistema romano-germânico de direito cujo protagonista é a lei.
Essa lei foi a primeira norma jurídica consagrada de maneira clara e sistemática do novo
direito administrativo que surgiu no século 18.
▪ Ramo do Direito Público que tem por objeto regras e os princípios aplicáveis à
atividade administrativa preordenada à satisfação dos direitos fundamentais.
É um ramo do direito público, não se confunde com o direito civil ainda que hoje seja cada
vez mais tênue a distinção entre direito público e privado.
Objeto do Direito Administrativo: As regras e princípios (normas) aplicáveis a atividade
administrativa.
Não é fácil definir o que é a atividade administrativa.
O conceito que tem prevalecido na doutrina é um conceito residual: A maioria da doutrina
afirma que a atividade administrativa é toda atividade que não é legislativa (inova na ordem
jurídica com generalidade e abstração) e nem jurisdicional (atividade que resolve conflitos de
interesse com forca de definitividade). Tudo que não for isso é atividade administrativa.
Mesmo no conceito residual é difícil caracterizar atividade administrativa.
Dentro de um elenco de atividades administrativas (não há consenso doutrinário), a
professora Di Pietro, por exemplo, coloca os serviços públicos, o poder de polícia, fomento e
intervenção na ordem econômica. Essa divisão em quatro atividades é atribuída a professora
Di Pietro.
São atividades preordenadas a satisfação de direitos fundamentais. Hoje há consenso de
que os direitos fundamentais é um objeto predileto do Direito Administrativo. Muitos autores
colocam no ponto central a necessidade de proteção e satisfação dos direitos fundamentais. O
professor Marçal Justen Filho, Alexandre Aragão e Rafael Oliveira. O próprio STF vem fazendo
isso em suas decisões judiciais.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
Hoje podemos afirmar que o núcleo do Direito Administrativo são os direitos
fundamentais.
Evolução do Estado:
Do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direito.
Para fins didáticos os autores afirmam que o Estado foi evoluindo ao longo do tem pó
onde tivemos três grandes modelos de Estado.
Apesar dessa evolução não ser linear os autores apontam para fins teóricos o Estado
liberal, o Estado social e o Estado democrático de direito (Estado subsidiário, Estado neo-liberal,
regulador).
No primeiro modelo, do Estado liberal, é o Estado de Direito que surge após a revolução
francesa, e sua característica básica é a garantia da propriedade, da liberdade, dos direitos
fundamentais de primeira geração. O Estado era apenas um mal necessário, existindo para
garantir a propriedade, a segurança. Trata-se de um Estado abstencionista. Não fazia
intervenções diretas na ordem econômica e social.
Teoricamente esse modelo acaba trazendo problemas porque a ausência do estado
acabava gerando um desequilíbrio entre as pessoas onde o “forte” impunha a sua vontade ao
mais “fraco”.
Houve uma grande crise desse modelo de Estado, mais precisamente a crise de 1929
onde esse modelo quebrou com a quebra da bolsa de nova Iorque.
Surge na Europa um segundo tipo de Estado que é o Estado Social de Direito, ao
contrario do modelo anterior, seria um Estado prestador de serviços, fornecedor de bens,
passando a realizar mais intervenções para tentar garantir uma igualdade verdadeira,
material entre os indivíduos.
Esse Estado em algum momento entra em crise, pois ele acabou assumindo inúmeras
funções prestando serviços de energia, transporte, saúde, desenvolvimento. Essas atividades
eram prestadas diretamente pelo Estado. Esse Estado social de direito ficou inchado, gigante de
pernas curtas, com muitas tarefas mas nem eficiência. O grande símbolo dessa crise fora a
década de 1980 quando começou a crise fiscal em todo planeta.
Começa um movimento mundial de ajuste fiscal para redefinir o modelo de Estado. Assim
na década de 1980 inicia-se um movimento de diminuição do Estado.
Com o programa nacional de desestatização o Estado Brasileiro começa a enxugar a
maquina administrativa devolvendo as atividade econômicas para os particulares e delegando
serviços públicos que passariam a ser prestados por particulares (permissionárias e
concessionárias).
Se o Estado Brasileiro fizesse esse movimento e parasse aí teríamos um Estado enxuto
que não faria mais intervenção direta na ordem econômica e social, teríamos então um Estado
liberal. Na década de 30, depois da crise de 1929, os EUA criaram as agencias reguladoras.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
Dessa maneira o Brasil literalmente copiou o modelo econômico dos EUA e criou um Estado
regulador.
Nesse mesmo momento em quando o Estado brasileiro delega serviços públicos
ele cria as agências reguladoras.
Nesse momento adotamos um terceiro tipo de Estado, para a CRFB o Estado
democrático de direito. O Estado ao invés de fazer uma intervenção direta e ser o prestador da
atividade o Estado irá regular. Essas agências regulam a prestação dessas atividades por
concessionárias ou empresas privadas. O Estado faz intervenção indireta via regulação. O
Estado só vai prestar atividades subsidiariamente.
Di Pietro usa todas as expressões: reguladora, subsidiário.
Nesse mesmo momento (década de 90) histórico o direito administrativo brasileiro sofreu
inúmeras modificações. Surge não só um novo Estado, surge um novo perfil de administração
pública. Convencionou chamar essa nova administração pública de administração pública
gerencial também conhecida como administração pública de resultados, possui como símbolo
principal a emenda 19/98 que dentre outras coisas inseriu no art. 37 da CRFB/88 o principio da
eficiência.
Essa emenda não é só simbólica, ela insere o § 8º no art. 37 que trata do que a
doutrina convencionou chamar de contrato de gestão interno. Um contrato que será
celebrado dentro da própria administração pública e nesse contrato o poder público coloca aos
seus órgãos e entidades administrativas metas e desempenhos com prazos para serem
cumpridos. Em contrapartida esses órgãos terão mais autonomia.
Altera também o art. 41 que trata dos servidores públicos e altera o prazo da estabilidade
do estatutário e exige para aquisição da estabilidade que ao final dos três anos que o servidor
seja aprovado por comissão especial de avaliação e desempenho.
Desempenho, eficiência essa Tonica marca a nova administração pública gerencial
para teoricamente substituir a administração pública burocrática.
A formalidade do contrato escrito fora relativizada. A administração pública gerencial
passa a existir com a emenda 19/98.
A constitucionalização do Direito Administrativo:
Já temos um movimento denominado Neoconstitucionalismo e Pós-positivismos ainda
que ambos não se confundam andam de mãos dadas.
Esse neoconstitucionalismos surge após a 2ª guerra mundial quando perceberam a
prática de atrocidades consubstanciada na perseguição de grupos minoritários com base na
legislação vigente. Percebeu-se que as arbitrariedades acometidas pelo Estado tiveram respaldo
legal. Assim percebeu-se que a ideia positivista de que o direito se resumia a letra da lei e de que
bastaria respeitar a lei para atuação do Estado ser correta caiu por terra após a segunda guerra.
Entra em cena um novo constitucionalismo após a segunda guerra. As constituições após
a segunda guerra com três características comuns:
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
- A consagração do regime democrático para se governar;
- A consagração de modelos de controle de constitucionalidade;
- A consagração da garantia de direitos fundamentais elevando-as a centralidade.
Afirma-se que esse novo constitucionalismo reaproximou o direito e a moral e essa
reaproximação ficou evidenciada com a consagração de princípios que condensariam valores
éticos e pautariam a atuação do Estado, vinculando a sua atuação.
A expressão pós-positivismo surgiu com Paulo Bonavides. Nesse pós-positivismos
teremos entre várias novidades a mais importante que é a força normativa primária para os
princípios jurídicos.
São normas jurídicas primárias. Até então, durante o período do positivismo os
princípios até eram normas mas a sua forca normativa era secundária.
A antiga lei de introdução ao código civil mais precisamente em seu artigo 4º determina
que na existência de lacuna o interprete usaria os princípios somente quando houvesse lacuna.
Hoje os princípios são normas primárias, vinculam tanto quanto as regras e não
apenas isso. É possível usar um principio para declarar inconstitucional uma regra.
Majoritariamente afirma-se que as normas jurídicas se dividem em duas categorias:
regras e princípios. Não existindo critério único para diferenciar regras e princípios.
Hoje a atuação do agente público para ser válida não basta que respeita a regra e sim
respeitar princípios expressos ou implícitos.
Hoje se fala no princípio da juridicidade: O princípio da juridicidade que dizer que não
basta o agente público respeitar a lei. Para ter atuação válida ele além de respeitar a lei tem que
respeitar todo os princípios do direito e só respeitando o direito de maneira global a sua atuação
será válida.
Juridicidade: respeitar a lei e o direito. Art. 2º, § 2º, I, da lei 9784/99 (a administração
pública tem que respeitar a lei e o direito) princípio da juridicidade.
Nessa ideia de neoconstitucionalismo todas as constituições passaram a ter seus
comandos centralizados no direito fundamental trazendo uma mudança de interpretação do
ordenamento: a partir de agora a interpretação deve ser lastreada nos direitos fundamentais.
Fontes do Direito Administrativo:
i. lei (juridicidade): com o neoconstitucionalismo não basta respeitar somente a lei mas
também a lei e os princípios do direito administrativo.
ii. doutrina: fonte indireta. Os autores elencam opiniões técnicas, que influenciam de
maneira o julgador ou o interprete mas por si só não é uma fonte direta de conduta.
iii. jurisprudência: cada vez mais fonte do direito. Súmulas vinculantes, repercussão
geral. Hoje nessa tendência de politização do judiciário cada vez mais o judiciário controla atos
em geral e também políticas públicas.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
iv. costumes: alguns autores afirmam que pode ser considerado fonte do direito
administrativo mas para isso a concepção clássica de legalidade precisa se relativizada. Não é
qualquer costume que pode ser invocado como fonte do direito administrativo: i) o costume
secundum legem (a própria lei faz alusão a utilização para interpetação); ii) preter legem (utilizado
na lacuna da lei, encontrado no art. 4º da Lei de introdução as normas do direito brasileiro); iii)
contra legem (não é admissível no ordenamento).
v. precedentes administrativos: são as posições, decisões tomadas no âmbito da
administração pública e essas decisões em principio devem ser respeitadas em situações futuras
análogas.
Observar um precedente é garantir a isonomia. Ainda que não tenhamos no Brasil a
justiça administrativa nós temos processos administrativos.
O art. 40 da lei orgânica da AGU é um grande exemplo da importância dos precedentes.
(o parecer aprovado por decreto do presidente ele ganha forca normativa e vinculante).
Métodos de interpretação:
São os mesmos métodos de outros ramos do direito.
a) lógico-gramatical: vale o que está escrito na norma;
b) histórica: chamada a ocasio legis, leva em conta a ocasião em que a lei foi produzida.
Exemplo o decreto lei 25/37 (lei do tombamento) vigora até hoje. Se adapta a CRFB/88?
c) sistemática: a norma não pode ser interpretada isoladamente. Alguns autores com
Juarez Freitas costumam dizer que ou é interpretação sistemática ou não é interpretação. Não
existiria interpretação isolada de normas.
d) teleológica:o interprete deve buscar o objetivo da norma.
Integração do Direito Administrativo:
Analogia: qualquer que seja analogia temos uma lacuna e para esta ser superada busca-
se no ordenamento alguma norma ou regra para o caso objeto da lacuna. Onde existe a mesma
razão aplica-se a mesma disposição.
São dois mecanismo de analogia.
a) analogia legal ou legis: o interprete busca no ordenamento jurídico regra que trata de
caso semelhante e traz essa regra expressa para resolver a lacuna.
b) analogia jurídica ou iuris: ao invés do interprete buscar uma regra (um artigo de uma lei
ou uma lei propriamente dita) o interprete olha sistematicamente para o ordenamento e sem trazer
uma regra específica ele retira dessa interpretação sistemática uma norma e a partir dessa norma
ele tenta resolver o caso lacunoso.
Exemplo: o prazo de decadência para anulação de ato administrativo em Estados ou
municípios que não possuem regra própria ou até mesmo antes da lei 9784/99 (art. 54 e 55).
Antes de 99 não havia prazo expresso.
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Sendo analogia legal ou jurídica fato é que ela é permitida.
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO:
Hoje são consideradas normas jurídicas primárias. Assim seu estudo ganhou forca e
importância nos últimos anos.
Além dos princípios expressos pelo Direito Administrativo existem princípios implícitos
extraídos pela interpretação sistemática reconhecidos pela jurisprudência e doutrina.
A tendência é que esses princípios implícitos sejam reconhecidos e se tornem expressos.
Exemplo: princípio da confiança legitima - Art. 2º da lei 9784/99.
A lei 5427/2009 Essa lei, semelhante a lei 9784. No seu artigo 2º o elenco de princípios
é maior e encontramos o principio da confiança legítima isso nada mais é do que a
demonstração da tendência dos princípios implícitos se tornarem expressos.
Cada autor elenca um rol mais extenso ou menos extenso dos princípios.
Princípio da legalidade:
No Brasil há concepção clássica sobre a legalidade que possui o saudoso Hely como
referência.
Ao falar da legalidade ele distinguia a legalidade aplicada pelo Estado e pelos particulares
significa que a “administração pública só pode fazer aquilo que a lei autoriza, já para os
particulares legalidade significa que o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe”.
A consequência dessa afirmação é simples: se não há lei o Estado não pode atuar. Para
o indivíduo pouco importa. Se não há lei ele pode atuar.
Essa frase do professor Hely não é uma verdade absoluta.
Em relação ao particular pela lógica literal o individuo é livre para fazer o que quiser
hoje não é bem assim que funciona. STF, informativo 405: o Tribunal julgou caso envolvendo o
ato de uma entidade privada e o STF usou aplicação horizontal dos direitos fundamentais. O STF
aplicou na relação privada entre a associação e o associado o principio constitucional do devido
processo legal determinado que a entidade privada é obrigada a motivar seus atos.
Art. 84, VI, “a” da CRFB/88
Art. 103-B, § 4º, I da CRFB/88 CNJ
Art. 130-A, § 2º, I da CRFB/88 CNMP
Essas normas constitucionais preconizam que esses dois conselhos podem editar
resolução, não existe lei prévia. Eles podem atuar sem lei?
STF O CNJ pode exercer poder normativo mesmo sem lei prévia cai por terra a
lógica de que o Estado só pode fazer aquilo que a lei autoriza.
Matéria: Direito Administrativo – Prof.: Rafael Oliveira
Como o STF estendeu essa vedação aos demais poderes? O STF fez isso dizendo que
pouco imporá se existe lei, pois a lei não é mais importante hoje no ambiente pós-positivista. A
vedação ao nepotismo decorre dos princípios da moralidade, impessoalidade.
A concepção clássica do professor Hely está sendo relida atualmente. Ainda que passe
por uma releitura essa frase ainda é muito válida atualmente. A adoção dessa concepção nos
obriga a afirmar que a legalidade comporta a supremacia da lei (a lei é superior aos demais atos
jurídicos, prevalece sobre os atos administrativos) e a reserva de lei (algumas matérias/atuações
devem estar previamente estabelecidas na lei).
O Estado só pode fazer aquilo que a lei autoriza. Sem lei o Estado não atua. Teremos a
supremacia da lei na concepção clássica de legalidade administrativa temos a ideia da
supremacia de lei e da reserva de lei.
Para o particular na concepção clássica vigora a supremacia da lei mas ele não precisa
da matéria ser tratada na lei. Aqui não temos a reserva da lei.
Hoje, mais do que respeitar a lei o agente público tem que respeitar os princípios em geral
e todo o ordenamento jurídico princípio da juridicidade.