Direito Constitucional 1 - Materia Toda

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DIREITO CONSTITUCIONAL ISurgimento do Estado Constitucional Normas Constitucionais Direitos, Garantias e Remdios Constitucionais

A Constituio vista como lei maior de um Estado, chamada de carta Magna. SURGIMENTO DO DIREITO CONSTITUCIONAL Pr- compreenso do Constitucionalismo (J.J. Canotilho) - Divergncia doutrinria: 1) Base nos autores de lngua inglesa: surge quando, no sec. XIII, a carta magna na Inglaterra imposta ao rei pela aristocracia inglesa. Ex: Luis Roberto Barroso Linhagem anglo-saxnica (sc. XIII)

2) Constitucionalismo existe desde tempos imemoriais (antiguidade). Constitui-se em equvoco devido ao carter religioso so diretrizes jurdicas nestas cidades (hebraico, egpcio). A base da legislao na cidade antiga era o divino.

3) Corrente do prof. Canotilho (portugus): No existe um momento nico, de corte. poca da Revoluo Francesa, h uma conscincia da existncia de um texto imposto que fixa limites de baixo para cima. Existem 3 influncias que marcam o momento histrico de surgimento do Constitucionalismo: Inglesa, Francesa e Norte-Americana.

1. Inglesa: Carta Magna sec. XII A grande influncia da Inglaterra na compreenso do Constitucionalismo, a representatividade. 2. Francesa: Se d em razo das idias do Iluminismo, propagadas pela Frana em razo da Revoluo Francesa (declarao dos Direitos do Homem). Domnio Napolenico difunde os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pela Europa por um exrcito de cidados, em contra posio com os exrcitos mercenrios comuns a poca. Lastrou os ideais da frustrao, inclusive na Amrica - A Coroao de Josefina. 3. Norte-Americana: Independncia das 13 colnias se d em meio crise de sucesso inglesa e a taxao imposta aos colonos. Conveno da Philadelphia : os 13 Estados que haviam se declarado

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independentes autonomamente reuniram-se para deliberar sobre como proteger-se das ameaas externas, resultando efetivamente na escrita da Constituio. Concretiza o ideal de representatividade na prtica. OBS: Priorizar a viso do Canotilho no se pode pensar um constitucionalismo sem a conscincia de Constituio, vontade de Constituio. Julgado 1803 Madison x Marbury (John Marshall). Caso Marbury x Madison 1o. caso: coloca a importncia da Constituio. Deu ganho de causa a Madison e coloca a Constituio acima do Estado; a grande manobra de Marshall foi alegar que a lei que baseia o pedido de Marbury no se submete a Constituio, ou seja, fundamenta o caso usando a supremacia da Constituio (manobra poltica). Novidade: referncia a Supremacia da Constituio em uma causa judicial. Vincula os demais poderes Constituio e atribui ao judicirio a interpretao do que Constitucional ou no. Mais de 50 anos se passam at uma nova referncia Supremacia Constitucional, em processo judicial norte-americano (1857). Recurso Extraordinrio: RExt 466.343/SP: -CRFB -Tratados -Leis

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Direito Constitucional faz parte do Direito Pblico que tem por objeto a idia de Constituio. Constituio a lei fundamental de determinado Estado. A organizao jurdica bsica do Estado surge com a prpria Constituio que contm normas-regra e normas-princpio. Normas-regra: so normas de baixa densidade normativa que possibilita interpretao mais direta e concreta. Inseridas no texto constitucional, so normas formalmente constitucionais estando no corpo ou nas emendas. Normas-princpio: so normas com alta densidade normativa que exige interpretao mais profunda e tem aplicabilidade mais difusa, abrangente. So mais relevantes, pois servem como elemento de coeso (princpios so elos de ligao) do sistema constitucional. So mais importantes que as regras pontuais escritas no texto constitucional. Art.1: Estado democrtico de Direito no de exceo, um Estado que se submete as prprias leis (est expresso no princpio da legalidade). NORMAS FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS: So normas contidas dentro da CRFB, so paradigmas de controle de constitucionalidade. NORMAS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS: So normas prprias de uma Constituio que deveriam estar inseridas no texto, pois tratam de estrutura do Estado, distribuio e limitao do poder; dos direitos e garantias fundamentais e dos princpios fundamentais do Estado.

Evidentemente a Doutrina no concorda de forma unnime quanto s espcies de normas que devem ser tidas como materialmente constitucionais, isto depende da experincia Constitucional de cada Estado. Ex: Eleies que regulam os poderes; mandato do presidente; qualquer forma que trata aquisio e perda de poder. OBS 1: Algumas normas so formalmente e materialmente constitucionais ou no podem ser materialmente constitucional, porm, no o so formalmente (ex: cdigo eleitoral) e h normas formalmente constitucional que no o so materialmente (ex: Colgio Pedro II). OBS 2: As normas contidas nos tratados normativos so, a partir do REXT 466.343/SP, tidos como norma supralegal, estando acima das leis, mas abaixo do texto constitucional. OBS 3 : Se as normas previstas nos tratados versarem sobre Direitos Humanos e forem aprovadas por maioria qualificada de 3/5 em ambas as casas do Congresso em 2 turnos, aps a Emenda n 45 (art. 5, 3). Nesse caso, estas normas tero status de norma formalmente constitucional, ou seja, posio jurdica equivalente norma formalmente constitucional.

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Relao entre as normas Constitucionais com as normas infraconstitucionais anteriores Constituio: TEORIA DA RECEPO: utilizada para viabilizar o aproveitamento das normas infraconstitucionais anteriores Constituio pela nova ordem constitucional. Considera-se recepcionada aquela que materialmente compatvel com os valores consagrados no texto e passa a ser incorporada com o novo status jurdico. Ex: O Cdigo Penal foi criado como Decreto-Lei em 1940, porm, aps ter sido recepcionado, recebeu status de lei ordinria. OBS: A TEORIA DA DESCONSTITUCIONALIZAO concebe a adoo de normas constitucionais anteriores como normas infraconstitucionais. Seguindo a orientao majoritria do STF, o prembulo da CRFB no integra o Bloco de Constitucionalidade, isto , no serve de paradigma para controle concentrado de Constitucionalidade. As normas formalmente constitudas so o conjunto das normas integrantes do Bloco de Constitucionalidade. Origens do Constitucionalismo O que Constituio? a NORMA FUNDAMENTAL Considerando que a CRFB data de 05/10/88, Estado inaugurado nesta data, porm, impossvel ao legislador criar toda a legislao infraconstitucional. Para tal usado a Teoria da Recepo, cuja premissa a relao de uma norma infraconstitucional anterior a nova Constituio com a nova ordem jurdica inaugurada por ela. RECEPO E NO-RECEPO As normas materialmente compatveis com as concepes da nova ordem jurdica do Estado so recepcionadas. As novas ordens Constitucionais podem surgir por rupturas ou por processos pacficos ou consensuais. OBS: Locke Direito de Revoluo A doutrina diz que no Brasil, temos 3 modelos de ruptura: 1891/ 1937 / 1946. A viabilizao do aproveitamento das normas infraconstitucionais considera a nova ordem formalmente porque ser incorporada caso o contedo seja compatvel, mas sob a espcie normativa. Se a norma infraconstitucional e anterior Constituio no for materialmente compatvel com o novo texto Constitucional, ela ser tida por no-recepcionada. OBS: Art.307, CPP auto de priso em flagrante poderia ser lavrado por juiz recepcionada. esta norma no foi

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Art. 241, CPP delegado ou juiz poderiam realizar buscas em residncias sem permisso no foi recepcionada.

esta norma

So normas que integram o CPP, mas que so incompatveis com a Constituio devem ser norecepcionada. Se possvel controle de constitucionalidade com leis posteriores nova ordem Constitucional, normas anteriores no esto sujeitas a controle de constitucionalidade, pois caso sejam materialmente compatveis so recepcionadas e se forem incompatveis no o sero. TEORIA DA DESCONSTITUCIONALIZAO: Por esta teoria, as normas inseridas nos textos Constitucionais anteriores poderiam ser aproveitadas pela nova ordem Constitucional, quando materialmente compatveis com os valores consagrados no novo texto, assumindo a condio de normas infraconstitucionais. Isto no aplicado no Brasil. O Poder Constituinte Originrio no tem perspectiva tcnica.

PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS Princpio do Estado Democrtico de Direito: Por este princpio, entende-se que a legislao reside na expresso da vontade popular, devendo os ocupantes de cargos polticos ingressar nos mesmos, atravs do voto popular. No que se refere ao Poder Judicirio, o ingresso nos cargos pressupe meritocracia, devendo seus ocupantes fundamentar suas manifestaes. Em sntese, a legitimao do Executivo e do Legislativo feita a priori, do Judicirio a posteriori. Ainda, representa que o Estado deve observar/suportar suas prprias leis, na expresso de Duguit o Estado de Direito o que suporta suas prprias leis. LEGITIMAAO DEMOCRACIA

Princpio da Supremacia da Constituio: Por este princpio, as normas inseridas no texto constitucional possuem hierarquia normativa que impe a subordinao do prprio Estado e dos poderes que o constituem ao seu comando. Toda a conduta estatal deve passar pela constitucionalidade, pois ela suprema. Princpio da Completitude (unidade) Constitucional: Por este princpio, a Constituio vista como um sistema normativo perfeito e completo. No existe conflito verdadeiro entre normas constitucionais, as antinomias so aparentes e facilmente resolvidas por mtodos interpretativos.

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Princpio da Fora Normativa da Constituio: A Constituio deve ser compreendida como um texto jurdico forte e vinculante, onde no h normas ineficazes na Constituio e todas as normas apresentam eficcia real. A Constituio no um roteiro de boas intenes. OBS: Teoria de La Salle Supremacia do Parlamento: durante todo o sculo XIX, vigorou a supremacia da lei cujos criadores so os representantes do Parlamento. Todas as normas, inclusive as de eficcia limitada, impem ao Legislador o dever de legislar conforme a Constituio. Em caso de inrcia do Poder Legislativo, cabe o remdio Constitucional do Mandado de Injuno. Ex: Mandado de Injuno sobre direito de greve do servidor pblico Julgado do STF (MI 708) Legisla de forma pacfica na doutrina, mas abre precedentes Relator Gilmar Mendes

CONSTITUIO 1. Quanto ELABORAO: a) Constituio Promulgada: a Constituio que possui legitimao por ser reflexo da vontade popular, seja direta ou indiretamente, por meios de Assemblia Constituinte. b) Outorgada: a Constituio imposta, que no reflete as aspiraes da vontade geral. Ex: CRBF/67-69 e Constituio do Imprio 1824. c) Cesarista: a Constituio imposta, mas que se sujeita a referendo ou plebiscito popular. Ex: Atuais Constituies ditatoriais sul-americanas.

2. Quanto ALTERAO DE SUAS NORMAS: a) Rgida: a Constituio que apresenta um processo dificultoso, mais rduo de alterao do seu texto do que para alterao das leis infraconstitucionais. mais difcil alterar o texto constitucional, pois o processo de modificao mais complexo. Ex: Art.60 e pargrafos, CRFB/88. b) Semirrgida: aquela que parte das normas e se sujeita a um processo mais complexo de alterao, enquanto outra parte se sujeita aos mtodos de modificao prprios das leis infraconstitucionais. Ex: Constituio de 1824. c) Flexvel: aquela que pode ser alterada pelo mesmo processo de modificao das leis infraconstitucionais. Ex: Constituio Inglesa (nunca houve no Brasil).

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3. Quanto a EXISTNCIA DO TEXTO NICO: a) Escrita: a Constituio escrita em um documento formal que se diferencia das demais leis por ter um status jurdico maior. b) No-escrita: a Constituio composta de textos escritos esparsos e prticas costumeiras e jurisprudenciais. No h texto nico formalmente considerado. Ex: Inglaterra. 4. Quanto ao CONTEDO: a) Dirigente ou Analtica: no se limita a apontar as normas fundamentais para o funcionamento do Estado. Ela planeja e estabelece as finalidades do Estado, dirigindo o comportamento estatal. Normalmente possui vrios artigos e ampla. b) Sinttica: se preocupa apenas com is princpios bsicos de funcionamento do Estado e possui texto conciso. Ex: Constituio Estadunense. CONSTITUIO/88: PROMULGADA, RGIDA, ANALTICA( DIRIGENTE) e ESCRITA.

Controvrsias doutrinrias: Hesse : defende a Constituio enxuta Canotilho: defende a Constituio ampla, modernizada pela interpretao. Ambos defendem a vinculao que a Constituio produz ao governo. Processo difuso de alterao do texto constitucional: interpretao modificada sem modificao do texto. PODER CONSTITUINTE: Abade Sieys: remete ao panfleto escrito na poca da Revoluo Francesa: O que o 3 Estado ele se sustenta que o fundamento do exerccio do poder do Estado emana da nao francesa, como sendo uma fora incontrolvel e incontestvel. Ruptura material descontinuidade x continusmo

FATO ORIGINRIO: o titular o povo experincia brasileira exercida por meio de Assemblia Nacional Constituinte, responsvel pela criao da Constituio da Repblica. DIREITO DERIVADO: reformador e decorrente.

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PODER CONSTITUINTE ORIGINRIO: Inicial, Incondicionado e Ilimitado. INICIAL: o Poder Constituinte Originrio promove juridicamente o surgimento do Estado e funda com a Constituio, a base hierrquico-normativa de toda a ordem jurdica. INCONDICIONADO: a manifestao do Poder Constituinte no se condiciona por ordem jurdica prvia, no se pode estabelecer condies para seu funcionamento. OBS 1: Alguns autores criticam esta caracterstica, apontando que na experincia brasileira, em razo da existncia de ruptura, o processo de exerccio do Poder Constituinte Originrio foi condicionado. (MANUEL GONALVES) No caso brasileiro, a Constituinte foi fruto da Emenda 26/85 da Constituio anterior, prevendo a criao da Assemblia Nacional Constituinte para aprovar a nova Constituio. OBS 2: A melhor doutrina, contudo, afirma s-lo incondicionado, pois a conquista da possibilidade de mudana do texto constitucional foi alcanada a partir do consenso e no pela fora fsica da revoluo, de molde que a existncia da previso em emenda anterior, apenas disciplinou a formao da Assemblia, no condicionou suas deliberaes. ILIMITADO: o contedo do texto constitucional pode ser qualquer abrangncia, pois, o poder Constituinte Originrio ilimitado, disciplina o que quiser e como quiser. OBS 1: Respeitvel doutrina afirma a existncia de limites imanentes sobre a atuao do Poder Constituinte Originrio, que seriam os princpios consagrados pela experincia constitucional de cada pas e valores consagrados, como basilares para a vida humana. um poder de fato! PODER CONSTITUINTE DERIVADO: Reformador e Decorrente. No so iniciais, so condicionados e limitados; derivam de uma Constituio anterior. REFORMADOR: um poder de direito exercido pelo Congresso Nacional, responsvel pela possibilidade de alterao do texto constitucional, exercendo o poder de reviso ou poder de emenda para tornar o texto mais atual, sempre respeitando os limites sua atuao. Poder de Reviso ou poder de Emenda: se caracteriza por uma mudana profunda, estruturante e ampla de valores e princpios constitucionais. Hoje no pode mais ser exercido o poder de reviso, pois j foram realizadas as emendas de reviso em 1994. Art. 60, CF/88 2 - limite formal ao exerccio do poder de emenda 3 - limite formal 4, I, II, III, IV Limites materiais ao exerccio do poder de emenda: clusulas ptreas CLUSULAS PTREAS: so o contedo intangvel (que no pode ser alterado) da Carta Constitucional. Possui os valores mais importantes da Constituio, portanto, no pode ser modificado e nem sequer ser objeto de votao o projeto tendencioso a ameaar estes valores.

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A proteo albergada pela clusula ptrea estende-se para alm da questo textual, sua proteo material aos valores sedimentados. Inciso I forma federativa (estende-se a representatividade dos estados-membros) Inciso II voto direto, secreto, universal e peridico. A questo do voto: no h obrigatoriedade de voto, mas de comparecimento sesso. Periodicidade: princpio democrtico do sistema republicano. Voto direto a regra, mas possvel ser indireto (caso de vacncia permanente de presidente e vice nos ltimos 2 anos de mandato tampo). Qual o nico cargo poltico o qual o representante no precisa ser votado? Vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito. 1. Presidenta do Brasil: Helen Grace (2007) vacncia temporria do cargo de presidente: vice-presidente presidente da cmara presidente do Senado presidente do STF (que fica legalmente impedido de deixar o territrio nacional). Inciso III separao dos poderes: funes Executiva, Legislativa e Jurisdicional. No h separao estanque. Inciso IV Direitos e Garantias Fundamentais (remdios constitucionais tambm so protegidos por este inciso): individuais, coletivos e difusos tambm so albergados. Interpretao extensiva/ abrangente. 5: limite formal ao poder de emenda. Proposta no aprovada no pode ser objeto de votao no mesmo semestre. Clusulas ptreas explcitas: limites materiais Clusulas ptreas implcitas: constituem limites formais e circunstanciais. A doutrina afirma que as normas que definem a forma de modificao do texto constitucional tambm so imutveis para impedir a possibilidade de mudar as regras que tratam do processo de alterao do texto constitucional. Caso no houvesse esta proteo, o poder constituinte derivado poderia mudar procedimentalmente e indiretamente as clusulas. DECORRENTE: o poder que tem os Estados-membros de criar e modificar as Constituies Estaduais, observando princpios para manuteno de sintonia com a Constituio da Repblica. Este poder exercido pelas Assemblias Legislativas Estaduais e tem sua origem no modelo federativo adotado na CRFB, por isso, poder de direito. OBS 1: O Distrito Federal no possui Constituio, possui posio prpria na federao brasileira com prerrogativas prprias de Estado-membro e prerrogativas prprias de municpios.

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OBS 2: Os municpios tambm no exercem este poder, portanto, no possuem Constituio, so regrados por uma denominada Lei Orgnica. OBS 3: A doutrina cita 3 limites para o exerccio do poder constituinte derivado decorrente: 1. Princpios Constitucionais Estabelecidos (organizacionais): as normas previstas na prpria Constituio so o limite estabelecido, que vinculante. As normas de organizao e exerccio do poder estabelecidos na Constituio, vinculam a criao e as modificaes nas Constituies Estaduais. 2. Princpios Constitucionais Sensveis: so os princpios fundamentais para a manuteno da estrutura federativa, a violao ao art. 34, VII, CRFB, permite a mais drstica medida em um Estado Federal: a interveno. **A primeira ao de controle concentrado de constitucionalidade foi a ao interventiva de 1937 1946 / ADIN) 3. Princpios Constitucionais Decorrentes (estruturantes ou fundamentais): so os princpios consagrados na Constituio que representam os valores consagrados na experincia Constitucional Brasileira, os direitos fundamentais como igualdade, vida, patrimnio, entre outros. **Estrutura federativa muito centralizada federao centrfuga.

OBS 4: A Constituio Estadual deve observar preceitos estabelecidos na Constituio, expressamente; implicitamente se fala em simetria. O texto constitucional uma carta normativa que cristaliza questes polticas.

MTODOS DE INTERPRETAO DAS CONSTITUIES: 1. LITERAL: Por este mtodo, busca-se interpretar a norma constitucional a partir do significado das palavras e da estrutura do texto. um mtodo simples e essencial. bsico para o desenvolvimento dos outros mtodos. OBS 1: Atualmente, dentro de alguma viso ps-positivista, entende-se que a atividade interpretativa do Poder Judicirio, no apenas de cunho declaratrio, mas de cunho constitutivo, construindo a interpretao de modo a concretizar o direito no caso concreto. 2. HISTRICO: Por este mtodo, busca-se a vontade da norma a partir das discusses e dos debates ocorridos no processo de elaborao das mesmas. A interpretao Constitucional deve olhar para o presente e para o futuro. o mtodo menos relevante. 3. SISTEMTICO: Por este mtodo, busca-se a vontade da norma a partir de sua insero em conjunto normativo harmnico.

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4. TELEOLGICO/AXIOLGICO: Por este mtodo, busca-se interpretar a norma constitucional a partir das diretrizes dos objetivos fixados no plano constitucional. Busca-se dar a norma uma interpretao consoante vontade constitucional. Axiologicamente reverta na busca da vontade constitucional. Ativismo judicial explcito: constitucionalizao da poltica. (ver defesa do Ministro Fux no STF) PODER CONSTITUINTE DIFUSO: possibilidade de modificao da norma constitucional sem modificar o texto, atravs de interpretao (STF d os dispositivo constitucionais com interpretaes diferentes de outrora). Mutao Constitucional- Art. 5, XII, CF/88 OBS: Alguns autores afirmam existncia do Poder Constituinte Difuso exercido pelo Poder Judicirio que consiste na possibilidade de alterar o sentido da norma por meio de uma interpretao evolutiva, sem modificar o texto. Este processo denominado de mutao Constitucional. SMULA: A priso cautelar no fere o princpio da presuno de inocncia. Prembulo uma diretriz sem fora normativa. Art. 1 Princpio Republicano: denota a idia de que a coisa pblica e no pode haver o entendimento de que o Brasil seja propriedade desta ou daquela famlia particular. Princpio Federativo: possui 3 nveis (FEDERAL, ESTADUAL e MUNICIPAL) Fora Centrfuga: uma federao de dentro pra fora, por desagregao de um Estado Unitrio. Ex: Diferente dos EUA fora centrpeta Aplicao da interpretao teleolgica: quando integrar a Unio no pacto federativo, embora no esteja no texto. Chefe de Governo = chefe de Estado Pacto Federativo: indissolvel e no permite secesso (a tentativa de interveno). Valores objetivos do Estado Brasileiro: 1. Soberania: associada aos direitos polticos 2. Dignidade da pessoa humana: um dos valores mais relevantes para o poder constituinte originrio. Flavia Piovezan: busca garantir as condies mnimas, vincula a dignidade , a alimentao, educao e moradia. Alguns autores afirmam que dentre as normas formalmente constitucionais existem algumas is importantes, geralmente atribuem esta relevncia s normas de dignidade humana. OBS: Pena de morte em caso de guerra declarada, espionagem, lesa-ptria. separao causa de

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Fundamentos do Direito Brasileiro: valor social do trabalho e livre iniciativa. Sufrgio Universal: todo poder emana no povo que o exerce por meio do voto. Art.2 - Poderes da Unio (Lato Sensu): tripartio de Montesquieu O esprito das leis. Funes Clssicas: Executivo, Legislativo e Judicirio. A diviso no implica exclusividade na realizao das atividades de governo, critrio de preponderncia. O Poder um s, entretanto, so trs funes. No h diviso estanque. Sistema de Freios e Contrapesos check and balance - mtua influncia no desempenho das funes tpicas das funes de governo. Art. 3 - Valores do Estado Art. 4 - Relaes Internacionais Independncia Nacional Prevalncia dos direitos humanos No-interveno (militar) contrrio a invases Cooperao Concesso de asilo poltico Pargrafo nico: Amrica Latina Matria da P2 GERAES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS 3 grandes geraes: 1. Primeira Gerao Individuais: surgiram junto aos ideais de constitucionalismo, sculos XVIII/XIX (Revoluo Francesa) 2. Segunda Gerao 3. Terceira Gerao Coletivos: visa proteger determinadas coletividades. Difusos: sculo XX, direitos que pertencem a todos; valores metaindividuais.

DIREITOS DE PRIMEIRA GERAO Viso de Jellinek So individuais, titularizados pelos particulares, regimes de laissez faire e laissez paisser. O Estado no podia intervir nessas questes de prevalncia das liberdades individuais perante o que era pblico. negativo porque no h interferncia do Estado. Cada homem senhor do seu castelo. Preconizavam a no interveno do Estado, geravam ao titular a pretenso de absteno, eram tidos como absolutos, mas hoje, no mais (considera a supremacia de interesse publico sobre o privado atualmente). Igualdade legal, onde todo mundo tratado do mesmo jeito.

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DIREITOS DE SEGUNDA GERAO So coletivos. Na Europa Ocidental, os Estados comeam a se preocupar com a defesa dos interesses coletivos que surgem como uma pretenso de normatizao. So direitos positivos que surgem para impor ao Estado uma obrigao, a necessidade de regulamentar os interesses de determinadas classes. Seu surgimento no suprime a existncia dos direitos individuais, mas modifica a interpretao sobre eles. Estabelece a isonomia material, diferencia as situaes - Rui Barbosa orao dos moos : tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Reconhecimento das diferenas. DIREITOS DE TERCEIRA GERAO So difusos. No so titularizados por uma pessoa ou um grupo determinado de pessoas, como por exemplo: o meio ambiente. impossvel precisar a titularidade; no basta ao Estado regular as relaes, ele deve protagonizar/realizara oferta dos direitos que est sob sua proteo. exigido que o Estado protagonize, no apenas normatize, mas realize os direitos que consagrou. Pretenso de prestao por ao. OBS: A propriedade s protegida se atende a sua funo social; um direito relativo. Todos os direitos atualmente so relativos. A legalidade conforma o Direito (o Direito o contedo e a lei a forma); a garantia d limite ao seu direito (a lei a maior das garantias). A abrangncia do direito depende de quem pretende exerc-lo em quais condies: Fixa e conforma. Konrad Hesse: contraria a tese de La Salle. La Salle tem uma viso sociolgica, onde quem detm o poder de fato tem a verdadeira Constituio, pois so detentores das fontes de poder e utilizam a Constituio enquanto lhes convm depois a abandonam. Constituio real a sociedade. Hesse defende que a relao entre a Constituio real e a Constituio jurdica de mtua influncia. Caractersticas do contedo constitucional Pretenso e Eficcia: 1. Deve atentar para a natureza singular do presente. Preocupao em regrar a sociedade existe, ateno a especificidade que precisa ser observada quando o legislador est realizando a Constituio jurdica (caso isso no ocorra no h reconhecimento por parte da sociedade do valor da Constituio). 2. O contedo deve ser enxuto, deve-se limitar a poucos princpios fundamentais. Quanto mais extensa e casustica maior o risco de ser retrgrada (oposto da teoria do Canotilho). 3. A Constituio deve sempre preservar parte da estrutura contrria manuteno de uma estrutura no monista. 4. Estrutura subjetiva (vontade de Constituio). Prxis convencimento da sociedade quanto importncia da Constituio na ordem jurdica, tendo como aspecto mais importante a conscincia da importncia.

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Direito vida relativa pena de morte em caso de guerra declarada e aborto necessrio. DIREITOS, GARANTIAS E REMDIOS CONSTITUCIONAIS Direitos Fundamentais: So institutos os instrumentos jurdicos criados para proteger as liberdades pblicas reconhecidas pela ordem jurdica. Possuem cunho declaratrio e representam as liberdades pblicas, advindas de um processo de conquistas histricas, a partir da evoluo de uma sociedade reconhecida e delimitada pela ordem jurdica (legalidade Lato Sensu) Imagine uma clula: - O ncleo so os direitos (o contedo) - A membrana so as garantias (ordem jurdica legalidade) A maior das garantias a LEGALIDADE que estabelece a prpria delimitao do Estado de direito, porm, a nica existncia de uma ordem jurdica respeitvel aquela que garante. Se todos cumprissem com as obrigaes, todos teriam seus direitos respeitados, quanto mais a legalidade respeitada, mais os direitos so respeitados. OBS: Quando viola a garantia e atinge o direito, o remdio constitucional a garantia da garantia. Remdios Constitucionais: Habeas Corpus Habeas Data Mandado de Segurana Mandado de Injuno

Os remdios so a garantia da garantia dos direitos.

DIREITOS > GARANTIAS > REMDIOS Art. 5., I Princpio da Isonomia / Igualdade: No a isonomia formal (todos tem que ser tratados rigorosamente perante a lei). Atualmente a isonomia protegida a material. Orao aos moos (Rui Barbosa): tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Diferenas dever ser compreendidas e assimiladas pela ordem jurdica, o tratamento diferenciado tem que ser justificvel. Isonomia material permite o tratamento desigual desde que a distino tenha critrio de discrimem, seja razovel e adequado ordem jurdica. Todos nascem iguais em possibilidades, mas diferenciam-se por meritocracia.

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Art. 5, II Princpio da Legalidade: Na tica pblica ou particular, o princpio da legalidade pode ser entendido em duas acepes, com relao ao Estado: onde seus agentes s podem agir de acordo e segundo a lei, e com relao aos particulares, podem realizar qualquer ao desde que no seja proibida por lei. Alguns sustentam que neste ltimo caso melhor seria denomin-lo princpio da liberdade. Art.5, III Princpio da Dignidade da Pessoa Humana: Trata-se de um dos mais importantes princpios elencados na Constituio, embora de difcil definio a doutrina vincula o seu cumprimento a 3 diretrizes bsicas: moradia, educao e alimentao. Ler o inciso a contrrio senso: no pode existir tortura, dar tratamento humano e no degradante. A vedao tortura absoluta, teoricamente no possvel a admisso da tortura, uma norma imperativa, no tem como excepcionar. A tortura nunca admitida no Brasil, seja em tempos de guerra ou de paz. Art.5, IV Liberdade de Expresso: Manifestao do pensamento no um direito absoluto. Assegura a liberdade de pensamento sendo vedado o anonimato (limita os abusos da manifestao). um direito fundamental extremamente caro s sociedades democrticas. Ex: Uma denncia sobre uma invaso da ADA no morro do Sap, a polcia vai at o morro e realmente a encontra. Embora seja vedado o anonimato, a jurisprudncia do STJ admite a licitude da delao annima (apcrifa), desde que a investigao criminal tenha suporte em outros elementos da convico. Delao annima sozinha no produz. OBS: Delao annima ou apcrifa (sem assinatura) j foi levada ao STF, onde obtivemos o entendimento de que a delao annima aceita desde que qualquer medida de investigao mais sria seja acampada, pode provocar investigao, mas o inqurito s poder ser instaurado mediante outros efetivos elementos de convico alm dela. Recompensa: o Estado no oferece, so associaes. Embora seja vedado o anonimato a jurisprudncia do STF admite a licitude da delao annima (apcrifa) desde que a investigao criminal tenha suporte em outros elementos de convico. Delao annima sozinha no produz o efeito. Art. 5, V Direito de Resposta: Nos mesmos moldes, na mesma amplitude do agravo. DIREITO AO DESAGRAVO. Prerrogativa do ofendido de apresentar a sua verso aos fatos que lhe causaram qualquer tipo de prejuzo ou dano. OBS: Que seja proporcional.

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Indenizao por dano material, moral e imagem: 1. Dano Material: - Emergente perdas materiais efetivas/sofridas - Lucro cessante tudo aquilo que se deixou de ganhar, quando a probabilidade do ganho era real e muito mais provvel do que a probabilidade de perda. 2. Dano Moral: toda dor humana profunda e duradoura apta a ensejar uma sensao de aviltamento, desconforto extremo, segundo padres medianos de comportamento com potencial desrespeito pessoa humana. Aflige a alma, que toca o sentimento, conseqncia psquica. OBS: Vis inibidor vigora aplicado majoritariamente empresa. Dano Esttico: representa a possibilidade de indenizao em razo da pratica de um ato por outrem que lhe cause uma deformidade corporal relevante. A maior parte da doutrina exige que a leso praticada provoque repulsa social, embora no parea ser a melhor opo. Posio minoritria: o dano deve ser analisado do indivduo para a sociedade, no exigvel a repulsa social, embora no parea ser a melhor opo. Posio minoritria: o dano deve ser analisado do indivduo para a sociedade, no exigvel a repulsa social. Simples deformao da estrutura natural do corpo j suficiente para ensejar reparao. Direito Imagem: 2 tipos de imagem 1. Imagem Retrato: representa a imagem particularizada de um indivduo, de sua expresso ou de partes do seu corpo (apenas as pessoas fsicas possuem, ou uma expresso ou um sorriso). Dano moral: se o dano afetar somente a mortal da pessoa. Dano Material: se o dano tiver carter material (for vendvel). S EXISTE INDENIZAO ONDE EXISTE A COMPROVAAO DO DANO. 2. Imagem Social: a imagem exteriorizada por toda pessoa fsica ou jurdica e que equivale ao papel que desempenha na sociedade em que convive. a imagem que as pessoas tem de voc em consonncia com as suas condutas, como as pessoas interpretam o seu jeito de ser. 3. Imagem participao: o valor da imagem na produo de uma obra de carter coletivo. a imagem decorrente da participao efetiva e relevante da pessoa em obra coletiva ou evento multitudinrio (multido). Valor econmico de utilizao da imagem em um evento desde que a participao seja relevante.

Existem duas formas de compreender a possibilidade da violao do Direito de imagem que enseja na reparao civil: 1. Entendimento: defende que a mera vinculao da imagem retrato, sem autorizao, por si s tem o condo de ensejar indenizao (no h autorizao).

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2. Entendimento: o dever de indenizar pressupe no apenas a veiculao no autorizada da imagem retrato, mas tambm a ocorrncia de dano moral ou dano material indenizvel. Que a veiculao provoque dor e mgoa profunda e duradoura ou que haja valor econmico na imagem veiculada. A imagem social est diretamente vinculada ao dano moral. OBS: Lucro cessante - utilizao da imagem indevida, que ensejaria valor econmico. A imagem social est diretamente ligada a indenizao por dano moral. A imagem pressupe existncia de contrato, o pleito indenizatrio quase exclusivamente de cunho material (imagem participao). Art. 5, VI Liberdade de conscincia: Diz respeito ao direito que toda pessoa tem de ter sua opinio social, ligado a poltica, opinio, sociedade e avaliao do todo. Liberdade de crena cunho religioso: Aparncia de carter absoluto, porm, relativo porque no se admite liberdade de culto que ofenda outros valores sociais caros sociedade. Ex: integridade da pessoa humana. Art. 5, VII Proteo de Assistncia Religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva: Entidade civil de internao coletiva: Presdio Entidade militar de internao coletiva: Academias militares Assegurada a prestao de assistncia religiosa. Art, 5, VIII - Escusa de conscincia: a possibilidade de no realizar uma obrigao legal a todos imposta alegando crena religiosa, convico filosfica ou poltica. Nessa hiptese, deve realizar prestao prevista em lei. Caso no cumpra a obrigao e nem a prestao alternativa, h suspenso dos direitos polticos ativos (positivos), ou seja, votar e ser votado, pois quando suspende os direitos polticos, suspende a capacidade de votar e ser votado. No caso de se alegar a escusa de conscincia deve realizar prestao prevista em lei. Art. 5, IX Censura posterior produo e anterior a divulgao (priobio): Eventual controle se d a posteriori (resposta a Ditadura) Vedada a existncia de um rgo administrativo que proba ou determine o que ser veiculado. Art.5, X - Inviolveis a vida privada (Intimidade x vida privada): A intimidade corresponde ao aspecto interno, s prerrogativas de conscincia e s realizaes pessoais e corporais, numa esfera estritamente privada, mais internos e menos exteriorizados. a tica externa indivduo olhando para fora Ex: professor contar uma piada relao interpessoal, poder se relacionar socialmente.

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No existe um preestabelecimento de que o que eu fao no trabalho pblico e do individual privado. Quanto mais no se preserva a vida privada, maior interesse do direito e maior busca de proteo. Privacidade: o direito vida privada diz respeito s relaes pessoais do indivduo no seu convvio social, no trabalho ou no lazer. A forma como o Estado vai proteger a privacidade e a intimidade, dependem da conduta que o indivduo exterioriza suas condutas. Depende do titular do direito (s quem pode abrir mo o titular que perde a prerrogativa de proteo). Honra: - Subjetiva: pessoa Fsica - Objetiva: Pessoa Jurdica (bom nome comercial) Art. 5, XI Casa (asilo inviolvel): No existe uma definio infraconstitucional de casa. Entendimento do que casa estabelecida como aparece no art. 150 { 1 ao 5 , CP, ou entendimento adotado pelo STF, que veda ao legislador infraconstitucional a capacidade de limitar a extenso do texto constitucional. O STF conceitua como habitao individual ou coletiva de carter estvel e permanente. Hospedagem: conotao transitria Precedente Q.O. (Questo de Ordem) no RExt. Relateplveda Pertence (procurar repercusso+geral+CPP art.503, c) O STF tem que adotar o entendimento de legislao infraconstitucional? Possibilidades de ingresso: autorizao do morador ou flagrante delito. 1. Entendimento: S o flagrante prprio viabiliza a possibilidade de Ingresso ( o agente v o criume) ou com o consentimento do morador. Morador toda pessoa que tem autorizao ao ingresso da pessoa. Flagrante delito: existe controvrsia. Flagrante Prprio: art. 302, I e II, CPP Flagrante Imprprio: art. 302, III CPP (perseguio) Flagrante Presumido: art. 302, IV, CPP Parte da doutrina afirma flagrante prprio. Ex: Que est cometendo a infrao penal (I) prprio Acaba de cometer a infrao penal (II) prprio Perseguio (III) imprprio 2. Entendimento: Admite-se o ingresso na residncia em casos de flagrante prprio ou flagrante imprprio (caso de perseguio) e durante o dia (art.172, CPC entre 6h e 20h) por determinao judicial com mandado de busca, onde a apreenso o resultado da busca.

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Dia pode ser entendido tambm com a existncia de luz solar. Nunca permitido ingresso por flagrante delito presumido (o sujeito encontrado por acaso com instrumentos da infrao, como armas...). Art. 5, XI Todos os sigilos so relativos (de correspondncias, de dados...) Num primeiro momento, a interpretao era de que os 3 primeiros sigilos mencionados eram absolutos e apenas a comunicao telefnica era relativa. Atualmente todos os sigilos so relativizados. Interceptao Telefnica: ocorre quando houver duas ou mais pessoas, a terceira intercepta a ligao sem que os dois envolvidos saibam - Lei 9.296. S cabe em crimes punidos com recluso. Escuta Telefnica: ocorre quando um dos interlocutores tem cincia da interceptao (gravao) ou o prprio responsvel por proceder a captao da conversa ele o interceptor.

Art. 5, XIII livre o exerccio de qualquer trabalho ofcio ou profisso. uma norma de eficcia contnua. Ex: alfaiate Art.5, XIV Est relacionado liberdade de expresso. Resguarda acesso informao. Art. 5, XV - Livre acesso de ir e vir, em tempos de paz. Direito de locomoo no territrio nacional, interpretado de forma sistemtica e condicionada. Art.5, XVI Direito de reunio (Individual de carter coletivo). Requisitos: 1. Deve ser pacfico, sem armas (ou sem instrumento capaz de ser considerado como armas com potencial de ferir outrem). A arma no o objeto em si, mas sim sua utilizao, destinao que se d ao objeto. J a arma policial funcional. 2. Deve ocorrer em locais abertos ao pblico Reunio (angariar pessoas). No poder frustrar outra reunio previamente chamada. 3. Deve ocorrer Independentemente de autorizao garantido pelo poder pblico o seu direito de reunio. (O Estado deve viabilizar : liberao de corpo de bombeiros, polcia) Ex: Aparato Policial, metade da rua. 4. Poder Competente Municipal: Dever ocorrer com prvio aviso autoridade competente do municpio.

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Art. 5, XVI ao XX Direito de Associao Ningum obrigado a se associar, nem a se manter associado. Vedado o direito de secesso; veda associaes de carter paramilitar. Em caso de associao de interesse coletivo relevante para a sociedade, para excluso do associado necessrio um mnimo de contraditrio e de ampla defesa. O ingresso e a sada so voluntrios. Existe legitimidade da associao para representar seus associados. Art.5, XXI Direito de Propriedade relativo e possui 5 prerrogativas de proprietrio, tais como: Direito de Usar Direito de Gozar Direito de Abusar Direito de Perseguir Direito de Fruir O proprietrio pode usufruir de todas as prerrogativas ou s de algumas delas. A falta de um dos atributos no exclui o direito de propriedade. ** Perseguir: reivindicao da posse ** Abusar: destruir ** Fruir: receber por isso Funo social da propriedade: CF prev a expropriao. Ex: uso extraoficial de territrios; p.e. IPTU mais caro para reas no construdas com a finalidade de moldar um comportamento (construir). Art. XXIII A idia de propriedade no pode se desvincular da sua funo social: Ex: Plantar maconha em casa O ato expropriatrio um ato militar. Art. 5,XXIV Desapropriao: (DL 3.365) justa e prvia indenizao; publicar o decreto desapropriatrio de necessidade pblica e fazer depsito em juzo. Deriva do poder de imprio. Competncia concorrente dos entes para expropriao. o ato mais abrupto de retirada da propriedade alheia a ser realizado pelo Estado nos casos de necessidade, utilidade pblica e justa e prvia indenizao em dinheiro. Na desapropriao se discute: pea e regularizaes especficas. Desapropriao Indireta: a expropriao de fato na qual no ocorreu o devido processo legal. Retrocesso: Estado desapropria, mas no utiliza para o fim que havia designado no decreto expropriatrio. O proprietrio ajuza ao de natureza real X natureza pessoal.

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Retrocesso o nome que se d a hiptese em que o ente expropriante no d ao imvel desapropriado a destinao que lhe era atribuda no edital. Ensejando que o antigo proprietrio possa reaver a posse da propriedade ou receber indenizao. Art. 5,XXV Requisio de Propriedade: Neste caso, o dano ou a perda enseja indenizao. PROPRIEDADE um direito que pode ser limitado pela ao do Estado, como: p.e., regras edilcias. Art. 5,XXXV - Princpio da reserva da jurisdio ou Princpio de acesso Justia: Garante pleno acesso ao Poder Judicirio. A lei at condicionar, mas no pode excluir a apreciao de leso ou ameaa de leso a direito pelo Poder Judicirio. A lei pode fixar condies para o exerccio de ao judicial condicionar. A nica exceo a necessidade de se exaurir as instncias da Justia Desportiva. O professor falou para colocar aspas na Justia Desportiva porque se chama-Justia, mas no rgo judicirio propriamente dito, afinal, no foi ele quem fundou. Art. 5,XXXVI - Clusula/ Princpio da Segurana Jurdica: A lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada. OBS: A lei no prejudicar, mas a Constituio pode prejudicar estes elementos porque ela ilimitada e incondicionada. ATENO: Os livros comumente associam este inciso vedao a retroatividade, mas no h vedao constitucional explcita a retroatividade. O normal que a lei no retroaja, pois a expectativa que a lei regule o que acontece no momento que ela produzida em diante porque a retroatividade gera insegurana jurdica. Coisa julgada material: a qualidade do contedo de uma sentena de mrito soberanamente julgado. O mrito a pretenso material propriamente dita, que o juiz pode julgar procedente, parcialmente procedente ou improcedente. Sentena de mrito gera coisa julgada material, torna o contedo imexvel. Ex: RExp STJ Relator Desembargado Delgado Precedente de 1997 sobre a relativao da coisa julgada em caso de investigao de paternidade, em decorrncia do uso de novas tcnicas. Ato jurdico perfeito: aquele integralmente realizado em todas as suas circunstncias sob a gide da lei anterior ( da poca em que foi celebrado). Direito Adquirido: o direito integralmente incorporado ao patrimnio de seu titular, o preenchimento integral dos requisitos previstos em lei para o seu reconhecimento.

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Art. 5, XXXVII e LIII Anlise conglobada dos dois incisos: PRINCPIO DO JUIZ NATURAL: Por este princpio, no exato momento em que ocorre uma infrao, j deve existir uma autoridade (tribunal/juiz) competente para colher provas e proferir julgamento, sendo vedada a criao de rgo jurisdicional depois da prtica da conduta ou para julgar situaes especiais (exceo). Tribunal de exceo: criado para um caso especfico (vedado pela CF). Art. 5, LIV Princpio do Devido Processo Legal/ da Razoabilidade/ da Proporcionalidade/ da Vedao do Excesso/ duo process (vrios nomes para a mesma coisa) Devido Processo Legal: 1. Processual/procedimental: estrito cumprimento dos procedimentos estabelecidos na lei infraconstitucional. 2. Material/ Substantivo (Razoabilidade por excelncia): o princpio da Razoabilidade funciona como definidor de escolhas diante de eventuais espaos de deciso que aparentemente permitem decises discricionrias. A razoabilidade deve ser compreendida a partir de 3 prismas: A) da necessidade B) da utilidade C) da ponderao sobre as conseqncias (bom senso um norteador para optar entre as possibilidades existentes, aquelas que no iro ferir a lei). O Poder Judicirio pode intervir nas decises administrativas do Poder Executivo que mesmo no sendo ilegais, firam o princpio da razoabilidade. Por normas gerais, a Unio intercede no Estado.

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