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Direito do Trabalho Ponto 02 - Renúncia e Transação no Direito do Trabalho.doc

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PONTO 6 : RENNCIA E TRANSAO NO DIREITO DO TRABALHO

RENNCIA DE DIREITOS TRABALHISTASAtualizado com base em resumo elaborado pelos candidatos do TRT6 e TRT 2 (candidato Vanderlei Avelino Rodrigues) elaborado por Giovana Lara Pedrossian de Moraes em 27.3.2012Atualizado por Cludia Elisandra de Freitas Carpenedo em 01-05-2012PRINCIPIO DA IRRENUNCIABILIDADE NO DIREITO DO TRABALHO

Consoante defendido pelo Ministro Augusto Csar Leite de Carvalho dentre os princpios que regem o Direito do Trabalho encontra-se o princpio da irrenunciabilidade.Para o eminente autor a nada conduziria a fixao de salrio e de jornada mnima, atravs de norma trabalhista, se aos sujeitos da relao de emprego fosse permitido ajustar aquele ou esta em dimenso menor. A impossibilidade de o empregado dispor do direito trabalhista inerente, pois, natureza deste, guarda pertinncia com a ratio legis.Definida por Pl Rodriguez, a irrenunciabilidade vem a ser a impossibilidade jurdica de privar-se voluntariamente de uma ou mais vantagens concedidas pelo direito trabalhista em proveito prprio.

Essa irrenunciabilidade referida, s vezes, como indisponibilidade ou imperatividade. O carter imperativo no o da norma, porque toda norma o tem (enquanto ordem), mas concerne peculiaridade de ser inderrogvel (jus cogens) a norma trabalhista. Ao cogitar de indisponibilidade, parte da doutrina mantm a sua ateno voltada para a essncia do princpio, porm lhe empresta maior amplitude, j que o direito indisponvel no apenas irrenuncivel, mas igualmente insusceptvel de ser objeto de transao.

Renncia e transao no se confundem mesmo. Aquela consiste em ato unilateral de disposio de direito incontroverso; esta, em ato bilateral que comporta o eventual sacrifcio ou privao de direito controvertido. A controvrsia pode residir na existncia do direito ou na ocorrncia de seu fato gerador dvida haveria, por exemplo, sobre o direito a certo padro salarial ou acerca de ter havido a prestao de trabalho que daria ensejo remunerao.

A distino entre renncia e transao pode ser mais bem percebida nos processos que tramitam perante a Justia do Trabalho. Nestes, as partes so induzidas, sempre que possvel, conciliao, dada a natureza alimentar das prestaes supostamente devidas pelo empregador ou, num pleonasmo, a premncia de se prover alimentos. Ainda assim, o juiz deve recusar a homologao da proposta de acordo que importe renncia, ante a certeza do direito e de seu fato gerador. Quando h incerteza sobre o direito ou quanto ao fato que o gera, opera-se a transao vlida, apta a pr fim ao litgio.

H mais, a propsito do princpio que ora analisamos: bom ver que a mencionada indisponibilidade no tem o vcio de consentimento como pressuposto necessrio. Se pudssemos imaginar que o direito do trabalho seria indisponvel porque a vontade do empregado estaria presumidamente viciada, restaria sempre a opo da prova em contrrio e, nesse caso, ressurgiria a eficcia dos contratos que malferissem os princpios que encerram a dignidade do trabalho humano.

Assim, interessa perceber que o empregado no precisar provar que aceitara tal ou qual condio de trabalho porque cerceada a sua vontade, como ocorre em contratos paritrios, no direito comum. No contrato trabalhista, a clusula que previr aqum da garantia normativa automaticamente substituda por esta garantia: a clusula legal substitui a clusula contratual.

(ipsis litteris o livro do referido autor para no perder o sentido;)DIFERENCIAO DE FIGURAS RENUNCIA E TRANSACAO Renncia: ato jurdico composto de declarao unilateral de vontade, relativa a direito certo e atual, produzindo como efeito a extino deste direito. Esto envolvidos trs elementos: a declarao de vontade, o direito e a extino desse direito.

Transao: ato jurdico bilateral (ou plurilateral) que tem por objeto questes fticas ou jurdicas duvidosas, direito duvidoso (res dubia). Produz como efeito o acerto de direitos e obrigaes entre as partes acordantes, alm da preveno do litgio. Instrumentaliza-se mediante concesses recprocas.

Tanto na renncia quanto na transao o objeto deve ser direito patrimonial disponvel (art. 841, CC). No se admitem por manifestao tcita, nem comportam interpretao extensiva (840 e 843, CC).

Composio: ato bilateral (ou plurilateral) que instrumentaliza a criao de direitos e obrigaes, logicamente entre as partes acordantes. Os direitos e obrigaes de que trata a composio j estariam previamente reconhecidos pelas partes, ou ento so criados.

Conciliao: ato das partes para solucionar o conflito de interesses e conta, para tanto, com um mediador.

H autores, como Godinho, que mencionam apenas a conciliao judicial, mas h outros, como Vlia, que mencionam tambm a conciliao extrajudicial. Assim, haveria a conciliao perante as CCPs, Ministrio Pblico ou qualquer outro mediador, respeitada a irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, como regra. Note-se que o art. 625-E da CLT fala em conciliao perante a CCP.

A conciliao judicial um negcio jurdico processual com fora de sentena meritria. O que se concilia o risco da demanda.

A conciliao judicial se assemelha transao, mas dela se distingue porque esta ato particular das partes, enquanto aquela ato processual provocado e levado a efeito sob mediao do juiz. As partes apenas dispem da lide processual (Vlia), mas essa disposio no absoluta, na medida em que o juiz pode se recusar a homologar a conciliao. Neste caso, sequer caber mandado de segurana:

SUM-418 MANDADO DE SEGURANA VISANDO CONCESSO DE LIMINAR OU HOMOLOGAO DE ACORDO (converso das Orientaes Jurisprudenciais ns 120 e 141 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

A concesso de liminar ou a homologao de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito lquido e certo tutelvel pela via do mandado de segurana. (ex-Ojs da SBDI-2 ns 120 - DJ 11.08.2003 - e 141 - DJ 04.05.2004)

A conciliao no implica necessariamente transao, pois poder ocorrer de o empregador pagar tudo o que pedido pelo empregado (Alice).

Godinho diz que a conciliao se distingue da transao e da composio em trs planos: no plano subjetivo, em razo da participao do juiz; no plano formal, porque se realiza em um processo judicial, podendo levar extino total ou parcial deste; no plano de seu contedo, porque pode abranger parcelas irrenunciveis na esfera privada.

Segundo Srgio Pinto Martins (Direito do Trabalho, 2012, p. 70), poder o trabalhador renunciar a seus direitos quando estiver em Juzo, diante do Juiz do Trabalho, porque nesse caso no se poderia dizer que est sendo forado a tanto.

Segundo Godinho a indisponibilidade dos direitos trabalhistas constitui regra geral no direito individual do trabalho (CLT arts. 9, 444 e 468). nulo o ato do trabalhador que dispuser de seus direitos laborais, quer por renncia, quer por transao.

Apenas a conciliao judicial ser sempre vlida, pois realizada sob tutela do juzo e somente pode ser anulada por ao rescisria, exceto para a previdncia social e demais terceiros no intervenientes.

Art. 9 - Sero nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos preceitos contidos na presente Consolidao.

Art. 444 - As relaes contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulao das partes interessadas em tudo quanto no contravenha s disposies de proteo ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicveis e s decises das autoridades competentes.

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho s lcita a alterao das respectivas condies por mtuo consentimento, e ainda assim desde que no resultem, direta ou indiretamente, prejuzos ao empregado, sob pena de nulidade da clusula infringente desta garantia.

Mesmo na homologao da transao judicial h limites impostos pelo artigo 166 do CC, ou seja, requer agente capaz, objeto lcito e forma prescrita na lei. Assim, comprovada a incapacidade mental da parte, a ponto de retirar-lhe a livre manifestao de vontade, a transao, se realizada, nula, podendo ser atacada por ao rescisria (artigo 831 da CLT, artigo 458, VIII, e 269, III do CPC).

O mesmo se d com o acordo cujo objeto fraudulento e atentatrio aos cofres pblicos. A ttulo de exemplo, em algumas situaes a sentena transitada em julgado nega o liame empregatcio e as partes vm em juzo solicitar homologao de acordo visando to-somente ao recolhimento de prestao previdenciria. Est ntido o propsito fraudulento de desfrutar dos benefcios previdencirios sem possuir a condio de segurado.

Tambm no so recomendveis as conciliaes homologadas sem reconhecimento de vnculo empregatcio, pois, alm de prejudicar o empregado, lesam a Previdncia Social e o FGTS, salvo se a relao de trabalho for controvertida.

Obs: muito comum nos acordos celebrados em ao trabalhista, homologados pelas Varas, constar "quitao pelo objeto do pedido e extinto contrato de trabalho". Pressupe-se que esses acordos tenham sido celebrados sob a fiscalizao da magistratura especializada, que na oportunidade dever indagar a respeito da existncia de outros direitos porventura no postulados. Esses acordos tm fora de deciso irrecorrvel (artigo 831, pargrafo nico da CLT). Em conseqncia, filiamo-nos aos que sustentam que ele obsta futura pretenso, a no ser que se comprove algum vcio da vontade ou vcio social, capaz de comprometer a conciliao ou ento que se celebre um outro contrato posteriormente. A jurisprudncia em sentido contrario est superada em face da OJ 132 da SBDI2 do TST:Acordo celebrado - homologado judicialmente - em que o empregado d plena e ampla quitao, sem qualquer ressalva, alcana no s o objeto da inicial, como tambm todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato de trabalho, violando a coisa julgada, a propositura de nova reclamao trabalhista. INDISPONIBILIDADE: CONCEITO E EXTENSO

essencial para o tema o conceito de indisponibilidade.

Segundo Godinho, significa que o trabalhador, quer por ato individual (renncia), quer por ato bilateral (transao), no pode dispor de seus direitos trabalhistas, sendo nulo o ato que operacionalizou esse despojamento (arts. 9, 444 e 468 da CLT). Da decorrem os princpios da indisponibilidade dos direitos trabalhistas e o princpio da imperatividade da legislao do trabalho.

Existe, todavia, uma variao no grau de indisponibilidade:

a) Indisponibilidade absoluta: quando a observncia do direito for de interesse pblico, por constituir elemento de observncia do patamar civilizatrio mnimo firmado pela sociedade poltica em dado momento histrico. So exemplos desses direitos a assinatura da CTPS, o salrio mnimo, a sade e segurana do trabalhador. Tal indisponibilidade tambm se estenderia a direitos protegidos por norma de interesse abstrato da respectiva categoria, ainda que tais direitos pudessem ser objeto de transao coletiva.

b) Indisponibilidade relativa: diz respeito aos direitos no englobados pelo patamar civilizatrio mnimo referido na alnea anterior. Exemplo a modalidade de salrio (fixo ou varivel), que pode ser modificada no decorrer do contrato, desde que no cause prejuzo ao empregado. A transao no se confunde com a renncia, sendo que, no campo processual, o nus da prova do prejuzo cumpre ao trabalhador, salvo se tal nus passar para o empregador por fora da carga dinmica da prova, em face da aptido para a prova ou mesmo da inverso do nus da prova.

A eficcia horizontal dos direitos fundamentais, entre eles os trabalhistas, atua nesta matria. A fundamentalidade dos direitos um argumento em favor da sua irrenunciabilidade.

A razo da proteo legal ao trabalhador, impedindo a renncia ou a transao prejudicial, compensar a desigualdade econmica do trabalhador atribuindo-lhe uma superioridade jurdica, por meio de uma proteo jurdica a ele favorvel.

A jurisprudncia vacilante. Ora autoriza a disponibilidade de direito previsto em lei, ora no autoriza. O principal veculo de disponibilizao dos direitos reconhecido pela jurisprudncia a negociao coletiva.

Entretanto, as clusulas de conveno ou acordo coletivo so passveis de nulidade, com base no artigo 83, item IV, da Lei Complementar n 75/93, que d competncia ao Ministrio Pblico para propor ao anulatria junto aos rgos da Justia do Trabalho quando aquelas normas violarem as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponveis do trabalhador.

Ora, se a transao feita pelo sindicato passvel de nulidade, com mais razo aquela que se realiza entre empregado e empregador, geralmente na ruptura do pacto laboral, onde os direitos so em regra indisponveis, porque institudos por normas imperativas reveladoras do interesse pblico.POSIO AMAURI MASCARO NASCIMENTO: Com amparo em doutrina lusa, ele desafia interpretao mais moderna ao advertir que:

Observe-se, tambm, que para Maria do Rosrio o princpio da norma mais favorvel ao trabalhador, que cumpre importante finalidade, no absoluto: tem excees, uma vez que o direito do trabalho de alguns pases admite derrogao in pejus de normas legais pelas convenes coletivas como mecanismo de valorizao das negociaes coletivas e da autonomia coletiva dos particulares no sistema de direito do trabalho. o que acontece no Brasil com a exceo aberta pela Constituio Federal de 1988 (art. 7, VI), que admite acordos coletivos de reduo salarial; o que tambm se verifica, por fora da legislao infraconstitucional, na desinvestidura de exercentes de cargos de confiana, no poder disciplinar do empregador e no jus variandi, perspectiva segundo a qual o princpio protetor, central no direito do trabalho, no mais importante que o da razoabilidade, de modo que este o princpio bsico a no aquele. No vivel proteger o trabalhador quando a proteo no se mostra razovel. [Curso Direito Trabalho, p.353]

RENNCIAA renncia um instituto jurdico que se encontra presente desde o Direito Romano nas Institutas, de GAIO, e no Digesto. conceituada pelos civilistas como "a abdicao que o titular faz do seu direito, sem transferi-lo a quem quer que seja. o abandono voluntrio do direito" (CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA, Instituies de Direito Civil, vol. I).

Seus principais elementos so:

Manifestao de vontade consciente, dirigida produo de um resultado prtico previsto pelo ordenamento jurdico;

Ato unilateral;

Pressupe certeza do direito;Para GODINHO o Direito do Trabalho repele qualquer possibilidade de renncia a direitos trabalhistas por parte do empregado. Esta admitida apenas em rarssimas situaes como a renncia velha estabilidade celetista em decorrncia de opo retroativa pelo FGTS, ou a renncia garantia de emprego pelo dirigente sindical que se transferir para fora da base do sindicato.

SSSEKIND constri o seguinte esquema bsico (repetido por ALICE MONTEIRO):

a) A renncia antecipada (no momento da celebrao do contrato) inadmissvel (ALICE MONTEIRO: inadmissvel atualmente);

b) A renncia durante a execuo do contrato s admitida excepcionalmente, se a lei o permitir ou no houver prejuzo para o empregado (ALICE: s quando houver previso legal, como a antiga opo pelo FGTS e a opo entre 2 regulamentos empresariais, de acordo com a Smula 51, do TST);

c) Aps a extino do contrato, amplia-se a faculdade de renunciar, desde que se trate de direito adquirido e haja livre manifestao de vontade (ALICE: permitido a renncia desde que se trate de direito disponvel, o que raro).

Este autor considera irrenunciveis os direitos que a lei, as convenes coletivas, as sentenas normativas e as decises administrativas conferem aos trabalhadores, salvo se a prpria lei o admitir e no houver vcio de consentimento ou prejuzo ao empregado. ALICE MONTEIRO afirma que em funo do fim visado pelo contedo das normas trabalhistas, o TST tem admitido que as leis trabalhistas so, em regra, irrenunciveis.

ALICE MONTEIRO diferencia a renncia expressa da tcita. Como exemplo da primeira cita o pedido de demisso do empregado estvel. Quanto segunda, afirma que a maioria dos autores no admite em face do princpio da irrenunciabilidade (salvo em casos excepcionais). Afirma, ainda, que o recebimento de verbas rescisrias pelo empregado portador de estabilidade legal despedido injustamente no traduz renncia, mas h divergncia na jurisprudncia.

ALICE afirma a possibilidade de renncia por meio de acordo e conveno coletiva somente nas hipteses dos incisos VI, XIII e XIV do art. 7o da CF. GODINHO no admite renncia em ACT e CCT.

TRANSAOGODINHO distingue os direitos trabalhistas protegidos por indisponibilidade absoluta dos protegidos por indisponibilidade relativa.

A indisponibilidade absoluta diz respeito aos direitos protegidos por uma tutela de interesse pblico, por traduzir um patamar civilizatrio mnimo, relacionado dignidade da pessoa humana, ou quando se tratar de direito protegido por norma de interesse abstrato da categoria. Ex: assinatura de carteira de trabalho, salrio-mnimo, medicina e segurana do trabalho.

Haver indisponibilidade relativa quando o direito enfocado traduzir interesse individual ou bilateral simples, que no caracterize um padro civilizatrio mnimo. Ex: modalidade de salrio e compensao de jornada.

As parcelas de indisponibilidade relativa podem ser objeto de transao (no de renncia) e desde que a transao no resulte em efetivo prejuzo ao empregado.

Para Godinho a distino se justifica porque a nica que permite compreender o crescente processo de autonormatizao das relaes trabalhistas. Alm disso, importa em diferentes critrios de distribuio do nus da prova: se a indisponibilidade for absoluta, o autor no ter que demonstrar o prejuzo, se for relativa ter.

ALICE apresenta alguns limites transao:

1) Art. 9o e 468 da CLT.

2) Interesse da categoria e interesse pblico (444, CLT).

ALICE afirma que o art. 477 da CLT impe limite transao, que no poder ser presumida, por isso discorda da Smula 330 do TST. Para ela o simples fato da assistncia por sindicato no tem o condo de estender a quitao a valores no pagos. Para ela eventuais diferenas poderiam ser reivindicadas em juzo.Programa de Incentivo Demisso Voluntria.

OJ-SDI1-270 PROGRAMA DE INCENTIVO DEMISSO VOLUNTRIA. TRANSAO EXTRAJUDICIAL. PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE TRABALHO. EFEITOS. Inserida em 27.09.02. A transao extrajudicial que importa resciso do contrato de trabalho ante a adeso do empregado a plano de demisso voluntria implica quitao exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.

A Smula 330 do TST e o art. 477 da CLT no tratam propriamente de transao, e sim de quitao de verbas rescisrias devidas, mas a doutrina geralmente os menciona quando abordam a transao.

Aps sucessivas alteraes na redao da Smula 330, o TST possui entendimento, atualmente, de que a quitao se estende parcela e no aos valores efetivamente pagos.

N 330 QUITAO. VALIDADE

A quitao passada pelo empregado, com assistncia de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observncia dos requisitos exigidos nos pargrafos do art. 477 da CLT, tem eficcia liberatria em relao s parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado parcela ou parcelas impugnadas.

I - A quitao no abrange parcelas no consignadas no recibo de quitao e, conseqentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo.

II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigncia do contrato de trabalho, a quitao vlida em relao ao perodo expressamente consignado no recibo de quitao.

Essa posio, segundo Vlia, contraria o art. 7 da CF (So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem a melhoria de sua condio social. Assim, a interpretao do art. 625-E da CLT deveria ser no sentido de que o termo de conciliao extrajudicial ter eficcia liberatria geral quanto aos valores pagos, como qualquer outra quitao vlida, independentemente de ter ou no ressalvas.

absurda, pois retira a efetividade dos direitos sociais previstos em preceito constitucional e atenta contra o princpio da irrenunciabilidade (...). A doutrina e a jurisprudncia tm se rebelado contra esse preceito (Alice Monteiro).

REQUISITOS para a RENNCIA e a TRANSAO (mesmo a judicial) 166, CC:

1 - Capacidade das partes:

a) mais b) de 18 anos = capacidade plena;

c) entre 16 e 18 anos = necessidade de assistncia do responsvel legal;

d) entre 14 e 16 anos (aprendiz) = necessidade de representao.

A sua falta no invalida necessariamente a transao (carter teleolgico) porque no h nulidade sem prejuzo. Porm inverte o nus da prova, cabendo defesa demonstrar que no houve prejuzo ao obreiro.

2 - Higidez da manifestao de vontade: de pouca relevncia no Direito do Trabalho em face dos princpios da indisponibilidade, imperatividade das normas e da ausncia de prejuzo ao trabalhador.

3 - Forma: ao contrrio da regra geral trabalhista, que considera vlida inclusive a manifestao tcita, a forma emerge como elemento essencial de certas transaes, como meio de facilitar a aferio de sua validade (ex: quitao, regime de compensao e banco de horas). Mas inexistindo previso legal para determinada forma, a transao poder evidenciar-se por qualquer meio.

Renncias e Transaes previstas em Lei ou toleradas pela Jurisprudncia (Vlia):

a) Lei 5.107/66: instituiu o FGTS e foi superada pela Lei 8.036/90. Existe at hoje previso legal para renncia ou transao (art. 14).

b) Lei 9.958/00: criou a CCP, que, para alguns autores trouxe uma forma de transao extrajudicial vlida.

c) A renncia ao aviso prvio a nica no prevista em lei e admitida pela jurisprudncia, desde que o empregado o faa expressamente e comprove que conseguiu novo emprego (Smula 276, TST).

d) Ao optar por um plano de cargos e salrios o empregado renuncia ao outro - Smula 51, II, TST.

e) Flexibilidade atravs de conveno coletiva - art. 7 da CF.

f) Direitos de carter privado (segundo alguns autores).

g) Direitos de indisponibilidade relativa (Arion Romita, Godinho etc.).

h) Desistncia do exerccio ao direito ao vale transporte - Lei 7.418/85.

Verbetes:

SUM-51: I - As clusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, s atingiro os trabalhadores admitidos aps a revogao ou alterao do regulamento.

II - Havendo a coexistncia de dois regulamentos da empresa, a opo do empregado por um deles tem efeito jurdico de renncia s regras do sistema do outro. SUM-54: Rescindindo por acordo seu contrato de trabalho, o empregado estvel optante tem direito ao mnimo de 60% (sessenta por cento) do total da indenizao em dobro, calculada sobre o maior salrio percebido no emprego. Se houver recebido menos do que esse total, qualquer que tenha sido a forma de transao, assegura-se-lhe a complementao at aquele limite.

SUM-243: Exceto na hiptese de previso contratual ou legal expressa, a opo do funcionrio pblico pelo regime trabalhista implica a renncia dos direitos inerentes ao regime estatutrio.

OJ 342, I SDI-1: invlida clusula de acordo ou conveno coletiva de trabalho contemplando a supresso ou reduo do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, sade e segurana do trabalho, garantido por norma de ordem pblica (art. 71 da CLT e art. 7, XXII, da CF/1988), infenso negociao coletiva.OJ 123 SDI-1: A ajuda alimentao prevista em norma coletiva em decorrncia de prestao de horas extras tem natureza indenizatria e, por isso, no integra o salrio do empregado bancrio.OJ 270 SDI-1: A transao extrajudicial que importa resciso do contrato de trabalho ante a adeso do empregado a plano de demisso voluntria implica quitao exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.OJ 275 SDI-1: Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinrias laboradas alm da 6a, bem como ao respectivo adicional.OJ-SDC-30: Nos termos do art. 10, II, "b", do ADCT, a proteo maternidade foi erigida hierarquia constitucional, pois retirou do mbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravdico. Portanto, a teor do artigo 9 da CLT, torna-se nula de pleno direito a clusula que estabelece a possibilidade de renncia ou transao, pela gestante, das garantias referentes manuteno do emprego e salrio.

OJ-SDC-31: No possvel a prevalncia de acordo sobre legislao vigente, quando ele menos benfico do que a prpria lei, porquanto o carter imperativo dessa ltima restringe o campo de atuao da vontade das partes.

OJ-SDI1-391: A submisso prvia de demanda a comisso paritria, constituda nos termos do art. 23 da Lei n 8.630, de 25.02.1993 (Lei dos Portos), no pressuposto de constituio e desenvolvimento vlido e regular do processo, ante a ausncia de previso em lei.

COMISSES DE CONCILIAO PRVIA (625-A a 625-H)

Histrico: Em 1932, o Decreto Legislativo 21.396 criou as Comisses Mistas de Conciliao, anteriores ao surgimento da Justia do Trabalho. Neste mesmo ano, foram criadas as Juntas de Conciliao e Julgamento, tambm com natureza extrajudicial.

A Recomendao 92 da OIT, de 1951, props a criao de organismos de conciliao voluntria, sempre de base mista e, a Recomendao 94, de 1952, sugeriu a criao de organismos de consulta e colaborao entre patres e empregados, no mbito da empresa. Por fim, a Recomendao 130, de 1967, afirma que no poder haver limitao de acesso do trabalhador ao Judicirio, quando os conflitos forem submetidos soluo extrajudicial no mbito da empresa.

A Lei 9958/00, que trata das Comisses de Conciliao Prvia, surgiu a partir de projetos de lei encaminhados pelo TST, a fim de desafogar o judicirio. Tal lei inseriu dispositivos na CLT (625-A 625-H) autorizando a instituio de CCPs, que funcionam fora da estrutura do Poder Judicirio.

Para submeter-se s CCPs empregados ou empregadores no necessitam ser sindicalizados, porque a CF assegura o direito livre sindicalizao (art. 8, V).

A criao da CCP facultativa. Assim, as empresas e os sindicatos podem instituir CCP, de composio paritria (compostas por igual numero de representantes dos empregados e dos empregadores, com mandato de um ano, permitida uma reconduo), tendo a atribuio de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.

Havia ciznia doutrinria e jurisprudencial acerca da obrigatoriedade da submisso das demandas s CCPs, onde elas houvessem sido criadas. Os adeptos a essa tese fundamentavam-se na literalidade do art. 625-D CLT e no art. 5 XXXV CF. Havia discusso, ainda, sobre se isto era uma condio da ao ou um pressuposto processual. J outros advogavam a faculdade de submeter a lide CCP.

O STF se pronunciou favorvel segunda corrente, utilizando-se de tcnica de interpretao conforme a Constituio:

Sete ministros deferiram pedido de liminar feito em duas Aes Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 2139 e 2160) para dar interpretao conforme a Constituio Federal ao artigo 625-D da CLT , que obrigava o trabalhador a primeiro procurar a conciliao no caso de a demanda trabalhista ocorrer em local que conte com uma comisso de conciliao, seja na empresa ou no sindicato da categoria.

Godinho j afirmava, mesmo antes do pronunciamento do STF, que no era vlida essa regra inserida pela Lei 9.958/00, em face da CF. Esta, para ele, s autoriza tamanha descentralizao de poder caso se operasse atravs de negociao coletiva. Portanto, somente seria vlida se se situasse no mbito do Direito Coletivo do Trabalho.

Contudo, a doutrina majoritria entendia que as CCPs incluiam-se em uma das excees intransacionabilidade. Sendo assim, a regra geral seria de que os direitos de carter pblico no podem ser transacionados, salvo nas CCPs. Neste sentido era o posicionamento de Arnaldo Sssekind e Srgio Pinto Martins.

LIMITES DAS TRANSAES NAS CCPs

O art. 7, caput, parte final, da CF estabelece que h necessidade da melhoria da condio social do trabalhador. Essa diretriz constitucional vincula os poderes pblicos e os particulares.

Art. 625-E.

Pargrafo nico. O termo de conciliao ttulo executivo extrajudicial e ter eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente ressalvadas.

Esse dispositivo semelhante ao 2 do art. 477 da CLT:

2 - O instrumento de resciso ou recibo de quitao, qualquer que seja a causa ou forma de dissoluo do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo vlida a quitao, apenas, relativamente s mesmas parcelas.

Vlia defende que a interpretao desses dispositivos deve ser no sentido da eficcia liberatria geral quanto aos valores pagos, pois se os valores estiverem incorretos a transao nula, podendo o trabalhador pleitear as diferenas dos valores das respectivas parcelas. Isso se justifica porque os direitos trabalhistas so irrenunciveis, mesmo depois da resciso contratual. Somente em juzo que o trabalhador poderia transacionar por menos do que o realmente devido, sendo a respectiva conciliao passvel de reviso apenas por meio de ao rescisrias.

Vlia defende que, para fins de conciliao nas CCPs, apenas os direitos patrimoniais disponveis estariam sujeitos eficcia liberatria da parcela, j que os direitos indisponveis estaro sempre sujeitos a reviso judicial.

H autores que defendem que a eficcia liberatria seria geral, desde que o direito renunciado ou transacionado seja de natureza privada, ou seja, criado por normas autnomas (criadas pelas prprias partes). Todavia, bom sempre ter em mente o art. 468 da CLT.

O TST tem entendimento pacificado no sentido de que a eficcia liberatria geral, exceto se houver ressalva:QUITAO. ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. Tem-se pronunciado a egrgia SBDI-I desta Corte superior, em recentes e reiterados julgamentos, no sentido de que o termo de conciliao firmado perante a Comisso de Conciliao Prvia, sem aposio de ressalvas, reveste-se de eficcia liberatria geral quanto s parcelas oriundas do contrato de emprego extinto (artigo 625-E, pargrafo nico, da Consolidao das Leis do Trabalho). Recurso de revista conhecido e provido, com ressalva do entendimento pessoal do Relator. ( RR - 43000-08.2007.5.01.0081 , Relator Ministro: Lelio Bentes Corra, Data de Julgamento: 18/04/2012, 1 Turma, Data de Publicao: 27/04/2012)AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.TERMO DE CONCILIAO FIRMADO PERANTE A COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. AUSNCIA DE RESSALVAS. EFEITOS. QUITAO GERAL DO CONTRATO DE TRABALHO. A Dt. SBDI-1 do TST pacificou entendimento quanto ao carter geral da quitao dada nas Comisses de Conciliao Prvia. Para a SBDI-1, nos termos do pargrafo nico do art. 625-E da CLT, -o termo de conciliao ttulo executivo extrajudicial e ter eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente ressalvadas-. Evidenciada a existncia de norma especial, no h de se aplicar o art. 477, 2, consolidado ou mesmo a Smula n 330 desta Corte, de forma a se conferir eficcia apenas s parcelas constantes do termo de conciliao e desde que inexistente ressalva. Ressalva-se o entendimento do Relator. A deciso agravada foi proferida em estrita observncia aos artigos 896, 5, da CLT e 557, caput, do CPC, razo pela qual insuscetvel de reforma ou reconsiderao. Mantm-se, pois, a deciso agravada. Ressalva consignada. Agravo desprovido. (Ag-AIRR - 7900-07.2009.5.02.0012 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 25/04/2012, 3 Turma, Data de Publicao: 27/04/2012)

RECURSO DE REVISTA. ACORDO CELEBRADO PERANTE COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. EFEITOS. Conforme jurisprudncia desta Corte, o termo firmado perante a Comisso de Conciliao Prvia tem eficcia liberatria geral, quando no h oposio de ressalvas, pois traduz manifestao espontnea da vontade, nos termos do artigo 625-E da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se d provimento. ( RR - 79600-59.2009.5.03.0030 , Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento: 28/03/2012, 7 Turma, Data de Publicao: 13/04/2012)

ESPCIES DE CCP:

a) Comisso instituda no mbito da empresa: a instituio dessas comisses ser feita pela empresa em conjunto com o sindicato (o sindicato dever participar sempre).

Ser composta de 2 a 10 membros: (arts. 625-A e B)

I - a metade de seus membros ser indicada pelo empregador e outra metade eleita pelos empregados, em escrutnio, secreto, fiscalizado pelo sindicato de categoria profissional;

II - haver na Comisso tantos suplentes quantos forem os representantes titulares;

III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, de um ano, permitida uma reconduo.

b) Comisso instituda no mbito do sindicato: (art. 625-C) constituio e normas de funcionamento definidas em conveno ou acordo coletivo. c) Ncleos intersindicais de Conciliao Trabalhista: aos ncleos que existem ou venham a ser criados so aplicadas as regras previstas para CCP (no que couber), devendo ser observados na sua constituio os princpios da paridade e da negociao coletiva na sua constituio (625-H).

Eficcia Liberatria Geral e a Smula 330 do TST

Aps sucessivas alteraes na redao da Smula 330, o TST entendeu que a quitao se estende parcela e no aos valores efetivamente pagos.

N 330 QUITAO. VALIDADE

A quitao passada pelo empregado, com assistncia de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observncia dos requisitos exigidos nos pargrafos do art. 477 da CLT, tem eficcia liberatria em relao s parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado parcela ou parcelas impugnadas.

I - A quitao no abrange parcelas no consignadas no recibo de quitao e, conseqentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo.

II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigncia do contrato de trabalho, a quitao vlida em relao ao perodo expressamente consignado no recibo de quitao.

Esta posio, segundo a VLIA, contraria o art. 7 da CF (So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem a melhoria de sua condio social) que prev, expressamente, o princpio da condio mais favorvel ao trabalhador, o que deve servir como escudo contra legislao infraconstitucional que o ferir. Assim, a interpretao do art. 625-E da CLT deveria ser no sentido de que o termo de conciliao extrajudicial ter eficcia liberatria geral quanto aos valores pagos, como qualquer outra quitao vlida, independentemente de ter ou no ressalvas.

absurda, pois retira a efetividade dos direitos sociais previstos em preceito constitucional e atenta contra o princpio da irrenunciabilidade (...). A doutrina e a jurisprudncia tm se rebelado contra esse preceito (ALICE MONTEIRO).

GODINHO afirma que no vlida essa regra inserida pela Lei 9958/00 em face da CF. Esta, para ele, s autoriza tamanha descentralizao de poder caso se opere atravs de negociao coletiva. Portanto, somente seria vlida se se situasse no mbito do Direito Coletivo do Trabalho.

Contudo, a doutrina majoritria entende que as CCPs incluem-se em uma das excees a intransacionabilidade. Sendo assim, a regra geral de que os direitos de carter pblico no podem ser transacionados, salvo nas CCPs. Neste sentido o posicionamento de Arnaldo Sssekind e Srgio Pinto Martins.

Estabilidade provisria dos representantes de empregadosNas comisses no mbito das empresas (625-B, 1o) vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da CCP, titulares e suplentes, at um ano aps o trmino do mandato, exceto por falta grave, assim definida na lei. possvel a reconduo. O representante dos empregados desenvolver seu trabalho normal na empresa afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador, esse perodo, no entanto, computado como tempo de trabalho efetivo.

No pode ser substituda por indenizao (Posio majoritria segundo a ALICE MONTEIRO): caber reintegrao com fulcro no art. 9o, CLT e 182 do CC . Na verdade, a indenizao ser deferida apenas em carter subsidirio, caso no seja possvel a reintegrao. Tambm possvel a dispensa do empregado estvel, mediante justa causa comprovada.

Nas comisses no mbito dos sindicatos a lei no prev essa estabilidade, mas deixa margem para que se introduza nos diplomas coletivos.

Competncia - Execuo de Contribuio PrevidenciriaA EC/45 incluiu, entre outros, o inciso VIII do art. 114, que limita a competncia da JT execuo, de ofcio, das contribuies decorrentes das sentenas que proferir.

Posteriormente, a Smula 368 do TST, limitou ainda mais tal competncia com a expresso sentenas condenatrias.

Dessa forma, tanto as sentenas declaratrias quanto os acordos no ensejam a execuo de contribuies sociais perante a JT, sendo necessrio socorrer-se da Justia Federal Comum.

Termos de Conciliao com Ressalvas no cumpridas do margem a duas aes:

1a) De conhecimento referente s parcelas objeto de ressalva;

2a) De execuo de ttulo extrajudicial. Compromete os princpios da economia e celeridade processual (ALICE MONTEIRO).

DINMICA DA CCP: (arts. 625-A 625-H)

A demanda ser formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comisso, sendo entregue cpia datada e assinada pelo membro aos interessados. No prosperando a conciliao, ser fornecida ao empregado e ao empregador declarao da tentativa conciliatria frustrada com a descrio de seu objeto, firmada pelos membros da Comisso, que dever ser juntada eventual reclamao trabalhista. Em caso de motivo relevante que impossibilite a submisso da demanda CCP dever tal fato ser declarado na reclamatria levada a Justia do Trabalho. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comisso de empresa e Comisso sindical, o interessado optar por uma delas, sendo competente aquela que 1 conhecer do pedido (625-D, 4o). Aceita a conciliao, ser lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comisso, fornecendo-se cpia s partes.

O termo de conciliao ttulo executivo extrajudicial e ter eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente ressalvadas. Esse ttulo ser executado na Justia do Trabalho, e eventual vcio de consentimento ensejar ao de anulao e no rescisria.

Prazo para a realizao da sesso de conciliao: 10 dias a partir da provocao do interessado.Se no for realizada sesso neste prazo, ser fornecida, no ltimo dia, a declarao a ser juntada na reclamao trabalhista

RECURSOS DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL E DA PREVI - MATRIAS COMUNS I) SUSPENSO DA PRESCRIO - SUBMISSO DA DEMANDA COMISSO DE CONCILIAO PRVIA - LIMITE MXIMO DE SUSPENSO. 1. Consoante dispe o art. 625-F da CLT, as Comisses de Conciliao Prvia (CCPs) tm prazo de dez dias para a realizao da sesso de tentativa de conciliao a partir da provocao do interessado. J o art. 625-G da CLT estabelece que o prazo prescricional ficar suspenso a partir da provocao da Comisso, recomeando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliao ou do esgotamento do prazo mximo de dez dias. 2. No caso, tendo em vista que o Tribunal Regional considerou suspenso o prazo prescricional de 23/08/07 a 09/10/07, lapso em que o Reclamante submeteu a demanda CCP, acabou por alargar o perodo de suspenso para alm dos dez dias previstos em lei, em franca violao do art. 625-G da CLT. 3. Desse modo, impe-se o provimento dos recursos de revista patronais, para adequar o acrdo regional ao teor da legislao vigente. (...) Recursos de revista da Previ e do Banco do Brasil parcialmente conhecidos e providos. ( RR - 204400-73.2007.5.09.0092 , Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 14/09/2011, 7 Turma, Data de Publicao: 16/09/2011)

Questes de concursos:

1) Transao e conciliao. O Senhor homologaria um acordo numa Reclamao Trabalhista que versa sobre o reconhecimento de vnculo e no acordo no h o seu reconhecimento? Entendo possvel a homologao de acordo sem reconhecimento de vnculo empregatcio, ainda quando tenha sido formulado tal pedido na petio inicial, tendo em vista que a sua existncia ainda duvidosa no processo.

2) No acordo a tomadora de servios quer ser excluda da lide e o Reclamante no concorda. O acordo homologado, mas silente quanto excluso ou no da tomadora. A Reclamada no cumpre o acordo, o que faria? Reza o art. 843. do CC que a transao interpreta-se restritivamente, e por ela no se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Dessa forma, no estando consignado de forma expressa a responsabilidade da tomadora dos servios, entendo no ser possvel execut-la em caso de descumprimento do acordo pela prestadora, ante a impossibilidade de interpretao extensiva dos termos do acordo.

3) Pode haver acordo sobre questes no postas em juzo?

Sim, porquanto o princpio da congruncia apenas se aplica no que tange s questes litigiosas. H, inclusive, disposio expressa do CPC neste sentido, que prev que a sentena homologatria de conciliao ou de transao, ainda que inclua matria no posta em juzo considerado um ttulo executivo judicial (475-N, III CPC).

Posio de Mauro Schiavi a respeito:

A transao de parcelas no posta em juzo sempre foi polmica na Justia do Trabalho. Em prol de sua no admisso h fortes argumentos, quais sejam: violao dos limites da lide (arts. 128 e 460 do CPC), hipossuficincia do trabalhador, irrenunciabilidade do crdito trabalhista, falta de previso da CLT, e at mesmo o carter protecionista do Processo do Trabalho.

No nosso sentir, embora no exista previso na CLT, a conciliao pode abranger pretenses no postas em juzo, ou seja: que no fazem parte do processo, pois tanto a conciliao como a transao tem por finalidade primordial no s solucionar, mas prevenir eventuais litgios. Alm disso, o escopo da conciliao a pacificao. Por isso, so frequentes, na Justia do Trabalho, constarem dos termos de homologao de conciliaes que o empregado d quitao de todos os direitos decorrentes do objeto do processo e do extinto contrato de trabalho, para no mais reclamar. Desse modo, pensamos que por fora do art. 769, da CLT, possvel aplicar-se na Justia do Trabalho o art. 475-N do CPC.

Nesse mesmo diapaso a OJ n. 132, da SDI-II, do C. TST.

4) possvel homologao de transao extrajudicial pelo Juiz do Trabalho?

Posio de Mauro Schiavi:

Diante da previso do artigo 475-NCPC muito se discute sobre a possibilidade de homologao de transao extrajudicial envolvendo matria trabalhista na Justia do Trabalho, inclusive j h nmero significativo de aes dessa natureza nas Varas do Trabalho.

No nosso sentir, diante da EC n. 45/04 que disciplina a competncia da Justia do Trabalho para conhecer das controvrsias oriundas e decorrentes da relao de trabalho, nos parece que a Justia do Trabalho detm competncia em razo da matria para homologar acordo extrajudicial envolvendo matria trabalhista.

De outro lado, pensamos que o Juiz do Trabalho deva tomar inmeras cautelas para homologar eventual transao extrajudicial. Deve designar audincia, se inteirar dos limites do litgio e ouvir sempre o trabalhador. Acreditamos que somente em casos excepcionais deve o Juiz homologar o acordo extrajudicial com eficcia liberatria geral.

5) Quais as consequncias da supresso da expresso conciliar e julgar do art. 114, da Constituio Federal?

Posio de Mauro Schiavi:

O caput do art. 114, da CF, com a redao dada pela EC n. 45/04 aduz: Compete Justia do Trabalho processar e julgar. A antiga redao do art. 114, da CF dizia: Compete Justia do Trabalho conciliar e julgar os dissdios individuais e coletivos (...). No nosso sentir, o fato da atual redao do art. 114 da CF no repetir a expresso conciliar no significa que a conciliao fora abolida na Justia do Trabalho, tampouco que o Juiz no deva empregar os seus bons ofcios em sua tentativa, j que essa providncia no necessita constar da Constituio Federal, pois j est prevista no art. 764, da CLT. Alm disso, as formas de soluo de conflitos pela via da autocomposio tm sido cada vez mais prestigiadas pelo legislador (vide a propsito a Lei n. 9.958/00). De outro lado, acreditamos que o legislador constitucional apenas pretendeu deixar claro que a Justia do Trabalho passa, com sua nova competncia, a enfrentar litgios onde no h possibilidade de conciliao, como as aes oriundas das fiscalizaes do trabalho, mandados de segurana, etc.6) O art. 625-D da CLT fere o princpio da inafastabilidade de jurisdio? O art. 625-D da CLT dispe acerca da submisso de qualquer demanda Comisso de Conciliao Prvia se na localidade da prestao dos servios houver comisso no mbito da empresa ou do sindicato.

Em razo da aparente afronta ao art. 5, XXXV, CF/88 foi ajuizada ADIn no STF.

De fato, a interpretao a ser realizada sobre o mencionado art. 625-D deve estar consentnea aos postulados constitucionais do direito de ao (art. 5, XXXV, CF/88).

Ademais, considerando que a CCP tem por objetivo primordial a conciliao das partes, fato que esta finalidade resta suprimida quando do ajuizamento da ao em juzo, j que a conciliao deve sempre ser buscada pelo juzo, alm de, no processo do trabalho, haver a expressa previso de dois momentos em que deva ser realizada (arts. 846 e 850, CLT).

Neste sentido, alis, o posicionamento do E. STF ao proferir interpretao conforme Constituio Federal ao mencionado art. 625-D, de modo a no se exigir a prvia submisso da demanda trabalhista CCP, sob pena de promover-lhe a extino sumria (nos termos da Medida Cautelar proferida nas ADINs 2139-7 e 2160-5).

Resumindo, a ausncia de comprovao por parte do reclamante de que a demanda foi preliminarmente submetida CCP no se constitui em ausncia de pressuposto processual ou de condio da ao, no resultando em sentena terminativa. Assim, o art. 625-D da CLT deve ser interpretado em consonncia ao princpio do acesso ao Poder Judicirio (art. 5, XXXV, CF), nos termos do que foi reconhecido pelo STF.

7) A transao perante a Comisso de Conciliao Prvia possui eficcia liberatria geral?

Posio de Mauro Schiavi:

Embora haja grande celeuma na doutrina e jurisprudncia, acreditamos que a transao firmada perante a Comisso de Conciliao Prvia no tem eficcia liberatria geral, tampouco impede que as partes (trabalhadores e empregadores) venham ao judicirio discutir a transao, tanto no aspecto formal (capacidade, forma prevista em lei e manifestao espontnea da vontade), como no aspecto de fundo (mrito da transao), ou seja, se efetivamente a transao observou seus princpios fundamentais. A homologao da transao na Comisso de Conciliao Prvia no tem o efeito de coisa julgada, tampouco impede a garantia constitucional do acesso Justia (art. 5, XXXV, da CF). No a posio pacfica do TST.8) Conveno Coletiva de Trabalho determinando a obrigatoriedade de passar pela CCP e a parte no passa. O Reclamado alega que a previso da obrigatoriedade de se passar pela CCP no est apenas na CLT como tambm na Conveno Coletiva de Trabalho. O que faz, afasta, declara nula?

9) Qual a diferena entre transao e renncia?

Posio de Schiavi:

A doutrina tem diferenciado a conciliao da transao, pela abrangncia e pela participao do conciliador ou magistrado na soluo do conflito.

A conciliao se assemelha transao, mas apresenta suas peculiaridades, pois a conciliao obtida em juzo, com a presena do Juiz ou do conciliador que participa, ativamente, das tratativas, inclusive fazendo propostas para soluo do conflito. A conciliao pode implicar em renncia ao direito ou reconhecimento do pedido.

10) Categorias no organizadas em sindicato podem constituir uma CCP ou um Ncleo de Conciliao Trabalhista?

Sim. Nesse caso, as federaes e, na falta delas, as confederaes representativas das categorias econmicas ou profissionais podero celebrar convenes coletivas ou acordos coletivos para a formao da CCP ou do Ncleo de Conciliao Trabalhista.

11) Como sero custeadas as CCPs?

O custeio das Comisses sindicais e intersindicais ser definido por negociao coletiva, sem nenhum nus para o trabalhador demandante. As comisses no mbito das empresas sero custeadas pelo prprio empregador.

12) A sesso de conciliao ser pblica ou privada?

A publicidade um princpio constitucional que se impe a todos os atos de interesse pblico, deixando de alcanar apenas aqueles de interesse puramente privado. H interesse pblico nas sesses das CCPs, razo pela qual, em princpio, devero elas ser pblicas, ressalvando-se os mesmos casos de sigilo previstas paras as sesses e audincias judiciais.

Ademais, conveniente que essas sesses sejam pblicas, a fim de tornar transparentes os acertos realizados pela via extrajudicial, at porque as CCPs exercem um munus pblico.

13) As Comisses de Conciliao Prvia ou os Ncleos de Conciliao Trabalhista esto obrigados a recolher as contribuies previdencirias e fiscais decorrentes dos acordos l firmados, inclusive o FGTS, quando for o caso?

A Lei no prev no prev essas obrigaes para as CCPs. Portanto, prevalece a obrigao do responsvel tributrio, o empregador, da mesmas forma que ocorre no transcorrer do contrato de trabalho. Todavia, as Comisses de Conciliao Prvia e os Ncleos de Conciliao Trabalhista podero inserir nas normas definidoras dos procedimentos quitatrios o recolhimento, pelas empresas, dos encargos sociais incidentes sobre os direitos pagos ao trabalhador.

Frise-se que as Comisses e os Ncleos no tm competncia para homologar transaes quanto a esses encargos.

14) CCP pode ser instituda pelo Estado quando contrata pelo regime celetista?

H dois entraves:

1o) A Administrao direta no pode celebrar acordo coletivo ou conveno coletiva de trabalho, apesar de os servidores terem direito livre associao sindical.

2o) Os procuradores somente transacionam mediante autorizao legislativa. Porm, a legislao s tem autorizado a transao pelos rgos da administrao pblica, em juzo, para melhor resguardar o Errio. Logo, no mbito da Administrao direta, a conciliao extrajudicial invivel (Alice Monteiro).

Obs. As sociedades de economia mista e as empresas pblicas se submetem a qualquer tipo de Comisso, empresarial ou sindical, porque esto sujeitas ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes trabalhistas (art. 173, 1, II, da CF/88).Bibliografia utilizada:

1 ) Curso de direito do trabalho Maurcio Godinho Delgado.

2) Direito do Trabalho Vlia Bomfim Cassar.

3) Curso de direito do trabalho - Alice Monteiro de Barros

4) Carvalho, Augusto Csar Leite de, Direito do Trabalho. Aracaju: Evocati, 2011 (captulo 5, item 5.3.2)ANEXO

Jurisprudncia

RECURSO DE REVISTA. COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. TERMO DE QUITAO. LIMITES DA EFICCIA LIBERATRIA. Ressalvado entendimento pessoal contrrio do relator, o entendimento majoritrio exarado pela SBDI-1 do TST no sentido de que o termo de conciliao efetivado perante a comisso de conciliao prvia, sem aposio de ressalvas, possui eficcia liberatria geral referente s parcelas oriundas do contrato de trabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 154800-57.2006.5.09.0015. DEJT 28/10/2011. Ac. 6a Turma. Relator Augusto Csar Leite de carvalho)Fundamento deste Voto acerca do tema: COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. TERMO DE QUITAO. LIMITES DA EFICCIA LIBERATRIA ()

Ressalvo, desde logo, meu posicionamento pessoal no sentido de que o acordo realizado perante as Cmaras de Conciliao Prvia assume os efeitos de coisa julgada to somente quanto aos ttulos discriminados no termo de conciliao. Contudo, acompanhando o entendimento da maioria desta E. 2 Turma, tem-se que o termo de conciliao firmado perante a Cmara de Conciliao Prvia representa, to-somente, a quitao dos valores expressamente discriminados, isto , faculta-se o pleito at mesmo de diferenas do mesmo ttulo que foi pago no acordo. Neste sentido, cite-se o precedente desta E. 2a Turma TRT - PR - 04563 2003 - 513 - 09 - 00 - 6 - ACO - 00590- 2007 - publ - 19 - 01 - 2007 - Desembargadora Relatora Marlene T. Fuverki Suguimatsu.

()

Uma vez entendido que o acordo firmado teve efeitos meramente rescisrios, outra concluso no h seno a de que essa quitao no retira do trabalhador nem o direito de exercer o seu direito de Ao, tendente a obter a prestao jurisdicional, nem a eficcia do entendimento de que a quitao dada por ele s alcana os valores constantes do documento rescisrio, e no as parcelas.

O artigo 5, inciso XXXV da Constituio Federal assegura ao obreiro o direito de demandar na Justia do Trabalho por eventuais leses de seus direitos.

Ressalto que no se renuncia a direito, mormente trabalhista, e, tampouco, se ressalva, eis que ningum est obrigado a ressalvar direitos, sob pena de perd-los. Prevalece, aqui, o princpio tuitivo da irrenunciabilidade, que prepondera ante a natureza alimentar do bem que visa a proteger. Em outras palavras, a quitao passada pelo empregado, ainda que com a assistncia sindical, no alcana parcelas omitidas no termo de acordo e nem inviabiliza a postulao em Juzo de diferenas pelo pagamento a menor elencado em cada rubrica.

Impende relevar a imperiosidade de que o trabalho humano seja protegido e devidamente remunerado, consoante primado do Estado Democrtico que implica questo elevada dignidade de interesse pblico (C.F., artigo 5,inciso XXXV, artigos 6, caput e 7, caput e incisos) - (TRT-PR-01428- 2002-660-09-00-3-ACO-06718-2006-publ . -1O-03-2006,ReI. Des. Ana Carolina Zaina).

Em concluso, com fulcro tambm no artigo 477, 2 da CLT, a quitao passada no instrumento de acordo concerne, exclusivamente, aos valores pagos e discriminados , no obstando a postulao de virtuais diferenas. Assim, no h que se falar em extino do processo sem resoluo do mrito, tampouco, em relao aos pedidos objeto do acordo firmado perante a CCP.

() Muito embora meu entendimento pessoal seja no sentido de que a transao extrajudicial celebrada perante a comisso de conciliao prvia deve ser interpretada restritivamente, nos termos do art. 843 do Cdigo Civil, considerando quitados apenas os valores constantes do termo de conciliao, em julgamento recente na SBDI-1 do TST (14/10/2010), processo E-RR-2138200-26.2003.5.09.0016, a maioria daquele Colegiado rejeitou divergncia por mim apresentada por entender, sinteticamente, que o termo de conciliao efetivado perante a Comisso de Conciliao Prvia, sem aposio de ressalvas, possui eficcia liberatria geral referente s parcelas oriundas do contrato de trabalho . Nesse sentido, citem-se, dentre outros, os seguintes precedentes:

EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. DECISO EMBARGADA PUBLICADA NA VIGNCIA DA LEI N 11.496/2007. CCP - TERMO DE CONCILIAO. EFICCIALIBERATRIA GERAL. A jurisprudncia desta Corte consagrouentendimento, a teor do artigo 625-E da CLT, de que o termo de conciliaoefetivado perante a Comisso de Conciliao Prvia, sem aposio deressalvas e sem evidncia de vcio na manifestao de vontade das partes,possui eficcia liberatria geral referente s parcelas oriundas do

contrato de trabalho. Recurso de embargos conhecido e provido (Processo: E-RR - 2138200-26.2003.5.09.0016 Data de Julgamento:14/10/2010, Relator Ministro: Horcio Raymundo de Senna Pires, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de Divulgao: DEJT12/11/2010).

COMISSO DE CONCILIAO PRVIA. TERMO DE QUITAO. EFICCIA.

Segundo o art. 625-E da CLT e a jurisprudncia desta Corte, o termo de conciliao firmado perante a Comisso de Conciliao Prvia ter eficcia liberatria geral, exceto quanto s parcelas expressamente ressalvadas. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se d provimento (Processo: E-RR - 137200-72.2008.5.01.0048 Data de Julgamento: 04/11/2010, Relator Ministro: Joo Batista Brito Pereira, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de Divulgao: DEJT 12/11/2010).

HORAS IN ITINERE. LIMITAO MEDIANTE NORMA COLETIVA. POSSIBILIDADE. vlida a norma coletiva que delimita o tempo a ser remunerado a ttulo de horas in itinere, independentemente do tempo real gasto no trajeto, em razo do reconhecimento das convenes e acordos coletivos do trabalho, prestigiados no artigo 7, inciso XXVI, da Constituio Federal. Precedentes. Recurso de revista a que se d provimento. ( Processo: RR - 30900-49.2005.5.09.0669 , data de julgamento: 17/11/2010, Relator Ministro: Augusto Csar Leite de Carvalho, 6 Turma, data de publicao: DEJT 26/11/2010) Fundamento deste Voto acerca do tema: afigura-se vlida a clusula da norma coletiva que restringiu o pagamento das horas in itinere uma vez que no houve supresso dos direitos, ainda que haja norma mais benfica (artigos 4 e 58, 2, da CLT), sob pena de afronta aos incisos VI e XIII do artigo 7 da Constituio da Repblica, que estabelecem a proteo das convenes e acordos coletivos de trabalho.

Ateno: a Ministra Ktia Magalhes Arruda tem o mesmo entendimento acerca deste acrdo (vide RR - 26000-22.2010.5.13.0027 DEJT - 26/08/2011)

Pergunta PONTO 11 ORAL SP Considerando os pressupostos para uma transao lcita. Como apreciar o acordo com a Administrao Pblica em que o credor do precatrio j abre mo em razo da limitao do valor? Qual o limite de razoabilidade de abrir mo do crdito?

Art. 831 - A deciso ser proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliao.

Pargrafo nico. No caso de conciliao, o termo que for lavrado valer como deciso irrecorrvel, salvo para a Previdncia Social quanto s contribuies que lhe forem devidas.

Todavia, o juiz no est obrigado a homologar um acordo que entenda no ser justo.