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 EMPRESAS, MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ± BREVE ANALISE JURIDICA INTRODUÇÃO Empresa, de acordo com a definição trazida pelo Pequeno Dicionário Jurídico é uma organização comercial ou industrial, particular, governamental ou de economia mista que produz ou oferece bens e serviços, assumindo os riscos da atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos. Qualquer um de nós tem em mente o porquê da necessidade de que empreendimentos sejam constituídos. Uma vez que se adotou o Sistema Capitalista, as empresas acabaram por se tornar e desempenhar um papel muito importante dentro da economia, vez que trazem consigo a idéia de sucesso, materializada pelo lucro. Tanto é assim que a empresa que não obtém lucro está fadada à falência . O direito protege em síntese a atividade do empresário. Portanto, a ciência jurídica não leva em conta outros aspectos, posto que essa função é patente das ciências da administração e da economia. Em suma, o direito tem interesse em regulamentar à atividade de quem organizou os fatores de produção, visando satisfazer as necessidades de terceiros, isto é, regulamentou a atividade empresarial. Presta-se o direito, portanto, a proteger as idéias inovadoras, surgidas em função do exercício da atividade, bem como, disciplinar a formação e a existência do conjunto de bens que compõem o chamado estabelecimento comercial. No Brasil, a lei busca incentivar a atividade das Microempresas (ME) e das empresas de Pequeno Porte (EPP), via concessão de tratamento diferenciado a esses entes tão importantes para a economia. EMPRESA Juridicamente, ainda não se tem formado um conceito cientifico e preciso do que seja a empresa. Conta à história, que a idéia conceitual de empresa, surgiu no ano de 1807, no Código Napoleônico, que ao enumerar, taxativamente, os atos de comércio, incluiu entre eles a empresa de manufatura, o que acabou por influenciar outros ordenamentos jurídicos, como é o caso do Brasil, no Código Comercial de 1850. Outra percepção dos doutrinadores, desde aquela época diz respeito ao limitado conteúdo de que o direito deveria adotar em se tratando de empresas, posto que, nem tudo que é relativo ao referido conceito, seria objeto de regulamentação. Diante da ausência de um conceito fechado, ao longo do tempo, o direito positivo se incumbiu da tarefa de nortear, de acordo com o momento vivenciado, o que seria a empresa.  A Lei 4137/ 62, revogada pela Lei 8884/ 94, por exemplo, objetivando coibir o abuso do poder econômico, estabelecia em seu Artigo 6º:  Art. 6º- Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração, por pessoa física ou jurídica, de qualquer atividade com fins lucrativos. Diante da ausência de um conceito fechado, ao longo do tempo, o direito positivo se incumbiu da tarefa de nortear, de acordo com o momento vivenciado, o que seria a empresa.  A Lei 4137/ 62, revogada pela Lei 8884/ 94, por exemplo, objetivando coibir o abuso do poder econômico, estabelecia em seu Artigo 6º:  Art. 6º- Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração, por pessoa física ou jurídica, de qualquer atividade com fins lucrativos.

DIREITO EMPRESARIAL 2012

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EMPRESAS, MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE ± BREVEANALISE JURIDICA

INTRODUÇÃO

Empresa, de acordo com a definição trazida pelo Pequeno Dicionário Jurídico é umaorganização comercial ou industrial, particular, governamental ou de economia mista queproduz ou oferece bens e serviços, assumindo os riscos da atividade econômica urbana ourural, com fins lucrativos.Qualquer um de nós tem em mente o porquê da necessidade de que empreendimentossejam constituídos. Uma vez que se adotou o Sistema Capitalista, as empresas acabarampor se tornar e desempenhar um papel muito importante dentro da economia, vez quetrazem consigo a idéia de sucesso, materializada pelo lucro. Tanto é assim que a empresaque não obtém lucro está fadada à falência.

O direito protege em síntese a atividade do empresário. Portanto, a ciência jurídicanão leva em conta outros aspectos, posto que essa função é patente das ciências daadministração e da economia.

Em suma, o direito tem interesse em regulamentar à atividade de quem organizou osfatores de produção, visando satisfazer as necessidades de terceiros, isto é, regulamentoua atividade empresarial. Presta-se o direito, portanto, a proteger as idéias inovadoras,surgidas em função do exercício da atividade, bem como, disciplinar a formação e aexistência do conjunto de bens que compõem o chamado estabelecimento comercial.No Brasil, a lei busca incentivar a atividade das Microempresas (ME) e das empresas dePequeno Porte (EPP), via concessão de tratamento diferenciado a esses entes tãoimportantes para a economia.

EMPRESA

Juridicamente, ainda não se tem formado um conceito cientifico e preciso do que seja a

empresa. Conta à história, que a idéia conceitual de empresa, surgiu no ano de 1807, noCódigo Napoleônico, que ao enumerar, taxativamente, os atos de comércio, incluiu entreeles a empresa de manufatura, o que acabou por influenciar outros ordenamentos jurídicos,como é o caso do Brasil, no Código Comercial de 1850.Outra percepção dos doutrinadores, desde aquela época diz respeito ao limitado conteúdode que o direito deveria adotar em se tratando de empresas, posto que, nem tudo que érelativo ao referido conceito, seria objeto de regulamentação.Diante da ausência de um conceito fechado, ao longo do tempo, o direito positivo seincumbiu da tarefa de nortear, de acordo com o momento vivenciado, o que seria aempresa. A Lei 4137/ 62, revogada pela Lei 8884/ 94, por exemplo, objetivando coibir o abuso do

poder econômico, estabelecia em seu Artigo 6º: Art. 6º- Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à

exploração, por pessoa física ou jurídica, de qualquer atividade com fins lucrativos. Dianteda ausência de um conceito fechado, ao longo do tempo, o direito positivo se incumbiu datarefa de nortear, de acordo com o momento vivenciado, o que seria a empresa. A Lei 4137/ 62, revogada pela Lei 8884/ 94, por exemplo, objetivando coibir o abuso dopoder econômico, estabelecia em seu Artigo 6º:

 Art. 6º- Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à

exploração, por pessoa física ou jurídica, de qualquer atividade com fins lucrativos.

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 A Lei 8884/ 94, não definiu o conceito empresa, mas aponta em Artigo 15 que suasdisposições de aplicam às pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, bem comoquaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, aindaque temporariamente.

Outro exemplo é o Decreto Lei 200/ 67, que apresenta um conceito de empresa pública,levando em conta o aspecto econômico, o que faz crer que tal ente é um sujeito de direitos.II- a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e

capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o

Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa,

 podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

Como explicado, a empresa é atualmente considerada objeto de direitos e como tal nãopossui personalidade jurídica. O ente dotado de personalidade jurídica é a sociedade.

O Código Civil não definiu o que é a empresa e optou por se limitar a definir quem éempresário e quem é a sociedade empresária.

 A empresa ou organização é tida na acepção jurídica como uma abstração, devidoao fato de que a empresa somente é constituída a partir do momento em que alguém (oempresário) resolve, efetivamente, dar inicio à atividade.

Como bem aponta o ilustre Professor José Maria Rocha Filho:

"(..) enquanto os fatores de produção, mesmo organizados,não forem colocados emmovimento, não haverá empresa; haverá um conjunto, de bens e pessoas inerte. E essaação do empresário- colocar os fatores de produção em movimento, vê-se é um elementoabstrato." (Curso de Direito Empresarial, Belo Horizonte: 2004).Segundo a Professora Misabel de Abreu Machado Derzi:

" A Teoria Geral e a Ciência do Direito foram fortemente influenciadas pelo conceito geral do abstrato, classificatório. Segundo a lógica tradicional, a abstração conceitual,desencadeada pela percepção sensível de um objeto concreto (cujas peculiaridades oudeterminações múltiplas nele se uniram possibilitando existir concreto), vem a ser o processo pelo qual se dá a separação, a percepção isolada e, ao mesmo tempo, adenominação e a denominação genérica das características do objeto. Será omitido aquiloque não for considerado essencial para a regulamentação jurídica.Daí, a necessidade de saber quem é o empresário, afinal, sem sua existência, não hácomo existir a empresa, posto que esta nada mais é que uma abstração´.

Estabelece o Art. 966 do Código civil:

 Art. 966- Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômicaorganizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.  Parágr afo Únic o: N ão se considera empresário quem exerce profissão intelectual, denatureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares oucolaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.  

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Deste modo, face ao dispositivo acima transcrito do Código Civil, aliado aos preceitosdoutrinários, tem-se que para o exercício regular da atividade empresária e ter reconhecidamente a denominação de empresário, são necessários o preenchimento dealguns quesitos:

y Capacidade;y Efetivo exercício da atividade empresarial;y Profissionalidade e habitualidade;y Registro na Junta Comercial.

Em síntese, com relação à capacidade, pode estabelecer que:

 Art. 5º- A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando fica a pessoa habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 

Parágr afo Únic o: Cessará para os menores a incapacidade: 

I -  pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, medianteinstrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anoscompletos; II -  pelo casamento; III -  pelo exercício de emprego público efetivo; IV -  pela colação de grau em curso de ensino superior; V -  pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação deemprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos tenhaeconomia própria. 

O Código Civil, então, capacita toda pessoa em direito e obrigações, a partir dos dezoitoanos de idade, de modo que, a princípio, os que atingiram essa idade imposta pela lei,

sejam homens ou mulheres, nacionais ou estrangeiros, podem exercer a atividadeempresária, no Brasil, nos limites da lei.

 Aos incapazes que são os menores de dezoito anos e os interditos, portanto, é vedada aatividade empresarial.Em se tratando do menor de dezoito anos, o Código estabelece as situações em que omesmo se tornará apto à prática das atividades empresariais, conforme aludido pelo Art.5º, parágrafo único do CC.

Os elementos, efetivo exercício da atividade empresarial, profissionalidade e habitualidadeestão claramente interligados, pois para que exista o efetivo exercício da atividade

empresarial (promoção da circulação de bens e serviços, no mercado) é necessário que talprática ocorra com profissionalidade e habitualidade.

O exercício da atividade empresarial, com habitualidade e profissionalidade é o esforçoempreendido pelo empresário para que através da satisfação das necessidades deterceiros, satisfaça, ele, suas próprias necessidades e, se caso for, as necessidades de suaprópria família.

O último elemento caracterizador do empresário é o registro na Junta Comercial, queconforme o Art. 967 do Código Civil:

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 Art. 967- É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de empresasmercantis da respectiva sede, antes de sua atividade. 

Tarefa fácil é perceber que o Código Civil obriga a pessoa que deseja empreender atividade empresarial a se registrar na Junta Comercial (Registro Público de EmpresasMercantis), antes que a atividade propriamente dita se inicie. Tal preceito já existia antes da

edição do Código, conforme se pode constar da verificação da Lei 8934/ 94, que dispõesobre o Registro Público de Empresas Mercantis. Assim, pela análise acima apresentada tem-se que a organização nada mais é que umaabstração, por isso indispensável a existência da pessoa do empresário: quem determina odestino, o ritmo, o melhor caminho a ser seguido pela empresa, assumindo os riscosinerentes à atividade.

 A empresa é também um objeto de direitos. Neste sentido, aponta o Professor José MariaRocha Filho:" (...) no direito brasileiro atual, não há como falar, em personificação da empresa. Afinal,ela é apenas uma atividade econômica (objeto) exercida, profissionalmente, peloempresário (sujeito). A propósito, o N ovo Código Civil, a exemplo do anterior, ao definir as pessoas jurídicas de direito privado (Art. 44), ali não incluiu as empresas, mencionouapenas as associações, as sociedades e as fundações." (Curso de Direito Empresarial,Belo Horizonte: 2004).

Ressalta-se que a empresa é objeto que pode ser exercido por sujeito, pessoa físicaou jurídica. Deste modo, não é possível a confusão entre os entes empresa esociedade. A empresa é um objeto, conforme já mencionado e a sociedade, sempreconstituída na forma de pessoa jurídica é um sujeito de direitos.Do mesmo modo, não é possível afirmar que a empresa pressupõe uma sociedade, já que a pessoa física também pode ser empresário e exercer uma atividadeeconômica.

Por fim, tendo em mente que empresa não é sociedade, mas sim o exercício de uma

atividade, pode concluir ainda, que a titularidade não está em questão. A titularidade, talqual se depreende dos Artigos 974 a 976 pode ser alterada, mudada, substituída, semprejuízo da atividade.

 Art. 974- Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar 

a empresa, antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.  § 1º N os casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias

e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a

autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do

menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.  

§ 2º N 

ão ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, aotempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais

fatos constar do alvará que conceder a autorização. 

 Art. 975- Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição da

lei, não puder exercer a atividade de empresário, nomeará com aprovação do juiz, um ou

mais gerentes. 

§ 1º Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser 

conveniente. 

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 § 2º  A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito

da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados. 

 Art. 976-  A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do Artigo 974, e

a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público deEmpresas Mercantis. 

Parágr afo Únic o: O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao

representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado.

A Microempresa (pequeno organismo empresarial) e a Empresa de Pequeno Porte

O Estatuto da Microempresa foi instituído no Brasil, em 1984, com o advento da Lei 7256,

cujo grande mérito foi conferir sistematização ao tema, posto que antes, já existiam leiscomerciais e fiscais esparsas o disciplinando-o. Com o Estatuto, permaneceu, porém demodo sistêmico, a garantia aos pequenos organismos empresarias de tratamentodiferenciado nas áreas tributária, previdenciária, administrativa, trabalhista, no setor creditício, o que possibilitaria, de certo modo, maior desenvolvimento industrial.

Segundo o Estatuto, para fins administrativos, trabalhistas e creditícios, o conceito demicroempresa (conceito federal) era a pessoa jurídica e a firma individual, cuja renda brutaanual fosse igual ou inferior ao valor nominal de 250.000 UFIR (duzentas e cinqüenta milUnidades Fiscais de Referência) ou qualquer outro indicador de atualização monetária que

a substituísse.Para o Professor José Maria Rocha Filho, a Lei 7256/84 e seu regulamento, o Decreto90.880/85, na verdade, foi a forma com que o Governo Federal passou a reconhecer achamada "economia informal invisível" que, atraída pelo tratamento diferenciado, tratou detornar-se "formal e visível", conhecida e reconhecida, via registro na Junta Comercial ou noCartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, conforme o caso.

 A despeito disso, começaram a surgir outros problemas, uma vez que tendo em vista aForma de Estado Federalista, adotada pelo Brasil, aos Estados, Municípios e ao DistritoFederal era impossível impor o tratamento diferenciado proposto pela lei federal.Daí, a edição da Lei Complementar nº 48, a qual estabeleceu normas relativas à isenção

do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cuja competência éestadual e sobre o Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) por sua vez, decompetência municipal.

Mas, tendo em vista a grande proporção territorial do Brasil, em face das peculiaridades decada região, cada Estado ou Município acabou por estabelecer suas condições,respeitadas as limitações da lei federal, gerando a desagregação do conceito unitário doque é a microempresa. Assim, o conceito de microempresa não é um conceito legal e sim doutrinário.

"(...) em função do conceito de cada um desses poderes políticos, pode acontecer que a

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receita bruta anual de uma firma ou sociedade, se ajuste, por exemplo, ao modelo federal eao estadual e não se ajuste ao modelo municipal. E, poderá também, se ajustar apenas aomodelo federal. N este caso, a firma ou sociedade será microempresa para a lei federal e aestadual, mas não será para a lei municipal ou para a lei estadual e municipal, no últimocaso." (José Maria Rocha Filho, Belo Horizonte: 2004)

 A Constituição Federal sintetizou em seu Artigo 179 os pilares do tema.

 Art. 179-  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensaram àsmicroempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a insentivá-las pela simplificação de suas obrigaçõesadministrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou reduçãodestas por meio da lei.

Quanto à natureza de seu objeto, de acordo com a lei, pode ser a microempresa, comercial(natureza empresarial) ou civil (natureza simples); de essencial importância para seu

respectivo registro. No entanto, mais uma observação: para que o Estado e o Município areconheçam como microempresa, deverá a mesma providenciar semelhante registro juntoà Secretaria da Fazenda Estadual e a do Município a que estiver subordinada.

Com relação ao conceito, propriamente dito, mais uma situação inusitada: se o Estatuto daMicroempresa, de 1984 não conseguiu um conceito preciso, em nível nacional, o mesmoacontece com as Leis 8864/ 94 e 9317/96. A Lei 7254/84, lembrando, foi revogada pela Lei8864/ 94, esta por sua vez revogada pela Lei 9317/96.

Não obstante, houve novamente significativas alterações na legislação. Como já se deveter observado a grande maioria dos temas afetos ao Direito Comercial, são marcados por 

grandes controvérsias doutrinárias, celeumas legislativas, etc. O mesmo ocorre com amicroempresa, assunto hoje regulado pela CF/ 88 (Artigo 179) e pela recente LeiComplementar 123, de 14 de dezembro de 2006 (em nível federal), a qual estabeleceutratamento diferenciado e favorecido às Microempresas (ME) e as Empresas de PequenoPorte (EPP), unificando a carga tributária em um único imposto: o Super Simples ouSimples Nacional. 

Apontamentos sobre a Lei Complementar 123/ 2006 (Lei do Super Simples)

 A Lei do Super Simples, Lei Complementar 123/ 2006 é atualmente a responsável, por estabelecer quem pode ser considerado ME e quem pode ser considerado EPP.

Estatui a Lei Complementar 123/ 2006 que a Microempresa é considerada aquela em que oempresário, a pessoa jurídica (sociedade empresária ou simples), ou a ela equiparada, queaufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior que R$ 240.000,00 (Duzentose quarenta mil Reais). A Empresa de Pequeno Porte é considerada o empresário, a pessoa jurídica (sociedadeempresária ou simples), ou a ela equiparada, que aufira em cada ano-calendário, receitabruta superior a R$ 240.000,00 (Duzentos e quarenta mil Reais) e igual ou inferior a R$2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Reais).

Com relação à expressão receita bruta, deve a mesma ser compreendida como o produtoda venda dos bens e serviços nas operações de conta própria, bem como, o preço dos

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serviços prestados e ainda, o resultado nas operações em conta alheia, excluídas asvendas canceladas e os descontos adicionais oferecidos.

Como não é objeto do presente curso profundas considerações acerca da Lei do Super Simples, novo imposto que visa fornecer tratamento diferenciado às Micro e Empresas de

Pequeno Porte, segue abaixo algumas considerações elementares.

O tratamento será diferenciado para as ME e as EPP, tal qual diz o Artigo 1º, quando:

a) na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, dodistrito Federal e dos Municípios, mediante um regime único de arrecadação, inclusiveobrigações acessórias;

(Esta foi uma das mais importantes alterações, pois desse modo não se gera os conflitosanteriormente mencionados).b) no cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, entre as quais asobrigações acessórias;

c) no acesso a crédito e ao mercado, quanto à preferência nas aquisições de bens eserviços pelos poderes públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

Todavia, algumas sociedades estão impedidas de adotarem o Super Simples, como asociedade de cujo capital, participe outra pessoa jurídica; a sociedade que seja filial,sucursal, representação ou agência, no país, de pessoa jurídica com sede no exterior;sociedade na qual o capital participe pessoa física que esteja inscrita como empresário ouque seja sócio de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado, desde que areceita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos milReais); sociedade onde titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outraorganização não beneficiada pelo Simples, desde que a receita bruta global ultrapasse olimite de R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Reais)- neste caso, oimpedimento não se estende à participação no capital de cooperativas de crédito, emcentrais de compra, bolsas de subcontratação, no consórcio previsto no bojo da LeiComplementar 123/ 2006, e associações assemelhadas, sociedades de interesseeconômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade que tenham comoobjeto social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das Microempresas e dasEmpresas de Pequeno Porte; sociedade cujo sócio ou titular seja o administrador de outrapessoa jurídica com fins lucrativos ou a ele equiparados, desde que a receita bruta anualultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil Reais); sociedadeconstituída sob a forma de cooperativa, exceto a de consumo; sociedade que participe docapital de outra pessoa jurídica; sociedade que exerça atividades de banco comercial, de

investimento e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito,financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora detítulos, valores mobiliários e cambio de empresa de arrendamento mercantil de segurosprivados e de capitalização ou de previdência complementar; sociedade resultante ouremanescente de cisão ou outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenhaocorrido nos últimos cinco ano- calendários; sociedade constituída sob a forma desociedade anônima.

Por fim, o Super Simples também é vedado para as organizações com pendências junto aoINSS, Fazenda Pública da União, do Estado e do Município, com as quais a exigibilidadedo crédito tributário não esteja suspensa.