129

Direito Empresarial IV - Vol 30 - Saberes Do Direito

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro completo

Citation preview

  • DADOS DE COPYRIGHT

    Sobre a obra:

    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros,com o objetivo de disponibilizar contedo para uso parcial em pesquisas e estudosacadmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fimexclusivo de compra futura.

    expressamente proibida e totalmente repudavel a venda, aluguel, ou quaisqueruso comercial do presente contedo

    Sobre ns:

    O Le Livros e seus parceiros disponibilizam contedo de dominio publico epropriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que oconhecimento e a educao devem ser acessveis e livres a toda e qualquerpessoa. Voc pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.Net ou emqualquer um dos sites parceiros apresentados neste link.

    Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento,e no lutando pordinheiro e poder, ento nossa sociedade enfim evoluira a um novo nvel.

  • Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira Csar So Paulo SPCEP 05413-909 PABX: (11) 3613 3000 SACJUR: 0800 055 7688 De 2 a

    6, das 8:30 s 19:30E-mail: [email protected]

    Acesse: www.saraivajur.com.br

    FILIAIS

    AMAZONAS/RONDNIA/RORAIMA/ACRERua Costa Azevedo, 56 Centro Fone: (92) 3633-4227 Fax: (92) 3633-

    4782 Manaus

    BAHIA/SERGIPERua Agripino Drea, 23 Brotas Fone: (71) 3381-5854 / 3381-5895 Fax:

    (71) 3381-0959 Salvador

    BAURU (SO PAULO)Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 Centro Fone: (14) 3234-5643 Fax:

    (14) 3234-7401 Bauru

    CEAR/PIAU/MARANHOAv. Filomeno Gomes, 670 Jacarecanga Fone: (85) 3238-2323 / 3238-1384

    Fax: (85) 3238-1331 Fortaleza

    DISTRITO FEDERALSIA/SUL Trecho 2 Lote 850 Setor de Indstria e Abastecimento Fone:

    (61) 3344-2920 / 3344-2951 Fax: (61) 3344-1709 Braslia

    GOIS/TOCANTINSAv. Independncia, 5330 Setor Aeroporto Fone: (62) 3225-2882 / 3212-

    2806 Fax: (62) 3224-3016 Goinia

  • MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSORua 14 de Julho, 3148 Centro Fone: (67) 3382-3682 Fax: (67) 3382-

    0112 Campo Grande

    MINAS GERAISRua Alm Paraba, 449 Lagoinha Fone: (31) 3429-8300 Fax: (31) 3429-

    8310 Belo Horizonte

    PAR/AMAPTravessa Apinags, 186 Batista Campos Fone: (91) 3222-9034 / 3224-

    9038 Fax: (91) 3241-0499 Belm

    PARAN/SANTA CATARINARua Conselheiro Laurindo, 2895 Prado Velho Fone/Fax: (41) 3332-4894

    Curitiba

    PERNAMBUCO/PARABA/R. G. DO NORTE/ALAGOASRua Corredor do Bispo, 185 Boa Vista Fone: (81) 3421-4246 Fax: (81)

    3421-4510 Recife

    RIBEIRO PRETO (SO PAULO)Av. Francisco Junqueira, 1255 Centro Fone: (16) 3610-5843 Fax: (16)

    3610-8284 Ribeiro Preto

    RIO DE JANEIRO/ESPRITO SANTORua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 Vila Isabel Fone: (21) 2577-

    9494 Fax: (21) 2577-8867 / 2577-9565 Rio de Janeiro

    RIO GRANDE DO SULAv. A. J. Renner, 231 Farrapos Fone/Fax: (51) 3371-4001 / 3371-1467 /

    3371-1567 Porto Alegre

    SO PAULOAv. Antrtica, 92 Barra Funda Fone: PABX (11) 3616-3666 So Paulo

  • ISBN 978-85-02-17126-8Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

  • Sanchez, AlessandroDireito empresarial IV :recuperao de empresasefalncia / AlessandroSanchez, AlexandreGialluca. SoPaulo : Saraiva, 2012. (Coleo saberes dodireito ; 30)1. Direito empresarial 2.Direito empresarial -BrasilI. Gialluca, Alexandre. II.Ttulo. III. Srie.

  • ndice para catlogo sistemtico:1. Brasil : Direito empresarial : Direito 34:338.93(81)2. Direito empresarial : Brasil : Direito 34:338.93(81)

    Diretor editorial Luiz Roberto CuriaDiretor de produo editorial Lgia Alves

    Editor Roberto NavarroAssistente editorial Thiago Fraga

    Produo editorial Clarissa Boraschi MariaPreparao de originais, arte, diagramao e revisao Know-

    how EditorialServios editoriais Elaine Cristina da Silva / Vinicius Asevedo Vieira

    Capa Aero ComunicaoProduo grfica Marli Rampim

    Produo eletrnica Know-how Editorial

    Data de fechamento daedio: 25-4-2012

    Dvidas?Acesse: www.saraivajur.com.br

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a prvia autorizao da Editora Saraiva.

    A violao dos direitos autorais crime estabelecido na Lei n. 9.610/98

  • e punido pelo artigo 184 do Cdigo Penal.

  • ALESSANDRO SANCHEZ

    Mestre em Direito. Professor de Direito Empresarial daRede de Ensino LFG. Professor na graduao daUniversidade So Francisco. Professor nos programasde ps-graduao da Rede de Ensino LFG, GamaFilho/RJ, PUCMinas, Unisal e outras. Escritor.Conferencista. Conteudista da Rede Social Atualidadesdo Direito.

    ALEXANDRE GIALLUCA

    Especialista em Direito Notarial e Registral. Professorde Direito Empresarial de ps-graduao (PUCMinas,Unisal e EPD). Professor de Direito Empresarial daRede de Ensino LFG. Advogado e consultor jurdico.

    Conhea os autores deste livro:http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?ISBN=17125-1

  • COORDENADORES

    ALICE BIANCHINI

    Doutora em Direito Penal pela PUCSP. Mestre emDireito pela UFSC. Presidente do InstitutoPanamericano de Poltica Criminal IPAN. Diretora doInstituto LivroeNet.

    LUIZ FLVIO GOMES

    Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de EnsinoLFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa eCultura Luiz Flvio Gomes. Diretor do InstitutoLivroeNet. Foi Promotor de Justia (1980 a 1983), Juizde Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).

    Conhea a LivroeNet:http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?page_id=2445

  • Esta obra resultado da mais pura concepo de amizade, com overdadeiro esprito da lealdade, por afinidade acadmica, mas

    principalmente por afinidade espiritual.

    Alessandro Sanchez e Alexandre Gialluca

  • Apresentao

    O futuro chegou.

    A Editora Saraiva e a LivroeNet, em parceria pioneira, somaramforas para lanar um projeto inovador: a Coleo Saberes do Direito,uma nova maneira de aprender ou revisar as principais disciplinas docurso. So mais de 60 volumes, elaborados pelos principais especialistas decada rea com base em metodologia diferenciada. Contedo consistente,produzido a partir da vivncia da sala de aula e baseado na melhordoutrina. Texto 100% em dia com a realidade legislativa e jurisprudencial.

    Dilogo entre o livro e o 1

    A unio da tradio Saraiva com o novo conceito de livro vivo,trao caracterstico da LivroeNet, representa um marco divisrio nahistria editorial do nosso pas.

    O contedo impresso que est em suas mos foi muito bemelaborado e completo em si. Porm, como organismo vivo, o Direito estem constante mudana. Novos julgados, smulas, leis, tratadosinternacionais, revogaes, interpretaes, lacunas modificamseguidamente nossos conceitos e entendimentos (a ttulo de informao,somente entre outubro de 1988 e novembro de 2011 foram editadas4.353.665 normas jurdicas no Brasil fonte: IBPT).

    Voc, leitor, tem sua disposio duas diferentes plataformas deinformao: uma impressa, de responsabilidade da Editora Saraiva (livro),e outra disponibilizada na internet, que ficar por conta da LivroeNet (o

    que chamamos de ) 1 .

    No 1 voc poder assistir a vdeos e participarde atividades como simulados e enquetes. Fruns de discusso e leiturascomplementares sugeridas pelos autores dos livros, bem como comentrioss novas leis e jurisprudncia dos tribunais superiores, ajudaro a

  • enriquecer o seu repertrio, mantendo-o sintonizado com a dinmica donosso meio.

    Voc poder ter acesso ao 1 do seu livromediante assinatura. Todas as informaes esto disponveis emwww.livroenet.com.br.

    Agradecemos Editora Saraiva, nas pessoas de Luiz RobertoCuria, Roberto Navarro e Lgia Alves, pela confiana depositada em nossaColeo e pelo apoio decisivo durante as etapas de edio dos livros.

    As mudanas mais importantes que atravessam a sociedade sorepresentadas por realizaes, no por ideais. O livro que voc tem nasmos retrata uma mudana de paradigma. Voc, caro leitor, passa a serintegrante dessa revoluo editorial, que constitui verdadeira inovaodisruptiva.

    Alice Bianchini | Luiz Flvio GomesCoordenadores da Coleo Saberes do Direito

    Diretores da LivroeNet

    Saiba mais sobre a LivroeNethttp://atualidadesdodireito.com.br/?video=livroenet-15-03-2012

    1 O deve ser adquirido separadamente. Para maisinformaes, acesse www.livroenet.com.br.

  • Sumrio

    Captulo 1 Disposies Comuns Recuperao Judicial e Falncia

    1. Noes gerais de empresrio ou sociedade empresria

    2. Competncia2.1 Juzo competente2.2 Estabelecimento principal2.3 Preveno2.4 Juzo das falncias e recuperaes

    3. Administrador judicial3.1 Noes introdutrias3.2 Impedimentos do administrador judicial3.3 Deveres e atribuies do administrador judicial3.4 Prestao de contas

    4. Assembleia geral de credores4.1 Noes introdutrias4.2 Atribuies4.3 Convocao e qurum de instalao4.4 Composio da assembleia geral de credores4.5 Presidncia, participao e representao na

    assembleia4.6 Qurum de deliberao

    4.6.1 Qurum4.6.2 Qurum qualificado

    4.7 A presuno de validade das deliberaes daassembleia geral e as decises judiciais

  • acerca da existncia, quantificao eclassificao dos crditos

    5. Comit de credores

    6. Verificao e habilitao dos crditos6.1 Verificao dos crditos6.2 Habilitaes de crditos6.3 Impugnao de crdito6.4 Habilitaes retardatrias6.5 Consequncias negativas da habilitao retardatria6.6 Questes para fixao da matria6.7 10 dicas rpidas sobre teoria geral das falncias e

    recuperaes

    Captulo 2 Recuperao Judicial

    1. Conceito e caractersticas

    2. Fases do processo de recuperao judicial2.1 Noes introdutrias2.2 Fase de postulao

    2.2.1 Legitimidade ativa2.2.2 Requisitos subjetivos para a recuperao

    judicial2.2.3 Excludos do polo ativo2.2.4 Crditos sujeitos recuperao judicial2.2.5 Petio inicial de recuperao judicial2.2.6 Meios de recuperao judicial

    3. Fase de processamento e deliberao3.1 Despacho de processamento3.2 Efeitos do despacho de processamento

  • 3.3 Apresentao do plano de recuperao judicial3.4 Limitaes ao plano de recuperao judicial3.5 Da aprovao ou rejeio do plano3.6 Deciso concessiva da recuperao judicial

    3.6.1 Natureza jurdica da deciso concessivada recuperao judicial

    3.7 Efeitos da sentena concessiva da recuperaojudicial

    4. Fase de execuo4.1 Execuo do plano de recuperao judicial4.2 Encerramento do processo de recuperao judicial

    5. Recuperao judicial especial5.1 Microempresa e empresa de pequeno porte plano

    especial5.2 Crditos sujeitos ao plano de recuperao especial5.3 Crditos excludos da recuperao especial5.4 Do plano especial5.5 Efeitos da sentena concessiva da recuperao

    judicial especial

    6. Convolao em falncia

    Captulo 3 Recuperao Extrajudicial

    1. Conceituao da matria

    2. Legitimidade ativa

    3. Requisitos subjetivos da recuperao extrajudicial

    4. Excludos do polo ativo

  • 5. Crditos sujeitos recuperao extrajudicial

    6. Crditos excludos da recuperao extrajudicial

    7. Petio inicial de recuperao extrajudicial

    8. Desistncia

    9. Limitaes ao plano de recuperao extrajudicial

    10. Homologao facultativa

    11. Homologao obrigatria, compulsria ou impositiva

    12. Da deciso judicial de homologao da recuperaoextrajudicial

    13. 10 dicas rpidas sobre recuperao de empresas

    Captulo 4 Da Falncia

    1. Teoria geral da falncia1.1 Origem etimolgica1.2 Conceito de falncia1.3 Finalidade da falncia1.4 Pressupostos da falncia

    1.4.1 Empresrio e legitimidade1.4.2 Insolvncia1.4.3 Desnecessidade de pluralidade de

    credores

    Captulo 5 Processo Falimentar

    1. Noes introdutrias

  • 2. Juzo universal2.1 Conceito2.2 Exceo universalidade do juzo da falncia

    3. Legitimidade processual3.1 Legitimidade ativa3.2 Legitimidade passiva

    3.2.1 Sujeitos falncia3.2.2 Excludos totalmente3.2.3 Excludos parcialmente

    4. Do pedido4.1 Noes introdutrias4.2 Pedido de falncia baseado na impontualidade

    injustificada, execuo frustrada ou atosde falncia

    4.3 Petio inicial4.4 Rito do processo falimentar4.5 Autofalncia4.6 Falncia requerida por credores e terceiros4.7 Desistncia do pedido

    5. Defesa do requerido na falncia5.1 Contestao5.2 Depsito elisivo5.3 Alternativas de atuao do devedor na defesa5.4 Causas excludentes da falncia

    6. Sentena declaratria6.1 Natureza jurdica6.2 Requisitos da sentena

    6.2.1 Termo legal

  • 7. Sentena denegatria

    8. Recursos

    9. Efeitos jurdicos da sentena declaratria em relao aoscredores9.1 Formao da massa subjetiva9.2 Suspenso das aes e execues individuais dos

    credores contra o falido9.3 Vencimento antecipado dos crditos9.4 Suspenso da fluncia de juros contra a massa falida9.5 A suspenso do curso da prescrio

    10. Efeitos jurdicos da sentena declaratria em relao pessoado falido

    11. Efeitos da sentena quanto aos contratos do falido11.1 Regra geral para os contratos bilaterais

    12. Da ineficcia e da revogao de atos praticados antes dafalncia12.1 Atos ineficazes12.2 Atos revogveis

    13. Ao revocatria13.1 Rito13.2 Legitimidade ativa13.3 Legitimidade passiva13.4 Da sentena

    14. Administrao da falncia

    15. Arrecadao dos bens do falido15.1 Excludos da arrecadao

  • 15.2 Continuao provisria da empresa do falido

    16. Pedido de restituio e embargos de terceiro16.1 Pedido de restituio16.2 Embargos de terceiro

    17. Verificao dos crditos

    18. Liquidao do Processo Falimentar18.1 Noes introdutrias18.2 Forma de realizao do ativo

    18.2.1 Alienao

    19. Classificao dos crditos19.1 Noes introdutrias

    20. Pagamento dos credores

    21. Encerramento da falncia, extino das obrigaes do falido esua reabilitao

    22. 10 dicas rpidas sobre falncias

    Captulo 6 Prtica das Aes Empresariais nas Falncias e Recuperaes

    1. Ao de autofalncia

    2. Ao de falncia requerida por terceiros

    3. Ao de habilitao de crdito3.1 Ao de habilitao de crdito (rito da impugnao

    previsto no art. 9 da Lei n. 11.101/2005)3.2 Ao de habilitao de crdito aps a homologao

    do quadro-geral de credores (ritoordinrio do Cdigo de Processo Civil)

  • 4. Ao de impugnao de crdito

    5. Ao revisional de crdito

    6. Ao revocatria

    7. Ao restituitria e embargos de terceiro

    8. Ao de responsabilidade

    9. Ao de recuperao judicial

    Captulo 7 A Empresa na Ordem Econmica Constitucional

    1. Direito, economia e interveno estatal

    2. Princpios constitucionais na ordem econmica2.1 Desenvolvimento econmico2.2 Desenvolvimento econmico na Constituio Federal2.3 Desenvolvimento econmico e sustentabilidade

    ambiental2.4 Supraprincpio constitucional da dignidade da pessoa

    humana2.5 Princpio da propriedade privada e da funo social

    da propriedade2.6 Princpio da liberdade de iniciativa e liberdade de

    concorrncia

    3. Breves consideraes sobre a defesa da concorrncia3.1 No Brasil e no mundo3.2 Principais leis sobre a defesa da concorrncia no

    Brasil3.3 Mecanismos de controle3.4 Principais condutas anticoncorrenciais

  • 3.5 Controle dos atos de concentrao e estruturas3.6 Outros mecanismos de controle e represso

    Referncias

  • Captulo 1

    Disposies Comuns Recuperao Judicial E Falncia

    1. Noes gerais de empresrio ou sociedade empresria

    Antes do advento do Cdigo Civil de 2002, comerciante era apessoa natural, e sociedade comercial era a pessoa jurdica que, emcarter profissional e habitual, praticava atos de comrcio, com finalidadelucrativa. Atos de comrcio eram atividades comerciais elencadas no art.19 do Regulamento n. 737 de 1850. Assim, sob a tica da teoria dos atos decomrcio (de origem francesa), quem, ainda que praticasse comhabitualidade e finalidade lucrativa uma atividade econmica que noestava prevista no referido regulamento dos atos de comrcio, no poderiaser considerado comerciante ou sociedade comercial, de sorte que no sesubmetia legislao comercial e, por conseguinte, no obtinha os direitose benefcios exclusivos do comerciante.

    A Teoria Francesa dos Atos de Comrcio , datada de 1808, aindaque imprecisa, influenciaria pases de origem romanstica, como o CdigoEspanhol, em 1829, o Cdigo Portugus, em 1833, o Cdigo Brasileiro,em 1850, e, principalmente, o Cdigo Italiano, em 1882, no chegando ainfluenciar a legislao alem.

    No Brasil, pouco depois do grito de independncia, em 1822, e emconjunto com a edio do Cdigo Portugus, iniciaram-se os estudos paraa mudana legislativa comercial, datada de 1850, com inspirao direta noCode de Commerce, que no mencionava a expresso ato de comrcio,em vista da crtica a respeito da impreciso da teoria, j conhecida peladoutrina, conforme Rubens Requio. Assim, ainda em 1850, editou-se oRegulamento n. 737, legislao processual que objetivava os atos de

  • comrcio sujeitos jurisdio dos Tribunais de comrcio, a seguir:

    A classificao oferecida pelo Regulamento n. 737/1850 aseguinte (in verbis):

    Art. 19. Considera-se mercancia: 1 A compra e venda ou troca de efeitos mveis ou semoventes para osvender por grosso ou a retalho, na mesma espcie ou manufaturados, oupara alugar o seu uso; 2 As operaes de cmbio, banco e corretagem; 3 As empresas de fbrica; de comisses; de depsito; de expedio,consignao e transporte de mercadorias; de espetculos pblicos; 4 Os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos aocomrcio martimo; 5 A armao e expedio de navios.

    A listagem oferecida pelo Regulamento n. 737 foi fator de grandeimportncia para se falar na Teoria Objetiva dos Atos de Comrcio ,referenciando, principalmente, a produo; compra e venda ou troca debens mveis ou semoventes com natureza mercantil; as operaesbancrias; seguros e comrcio martimo, tendo valor como essencial equalitativo material de apoio da aplicao de um Direito do Comrcio noBrasil, at meados do sculo passado, quando o Direito Nacional apontou-se propenso adoo da Teoria Italiana da Empresa.

    A Teoria Italiana da Empresa , de Cesare Vivante, comeou aganhar o espao at aquele momento ocupado pela teoria dos atos decomrcio, com o Codice Civile italiano de 1942, que trouxe a unificaolegislativa do Direito Privado, ainda que no importasse a real unificaodos princpios e normas de Direito Civil e de Direito Comercial, guardadassuas peculiaridades na aplicao das regras de interpretao do Direito.

    Tal teoria visava a uma evoluo nas regras de Direito Comercial,no sentido de mudar o foco legal no comerciante para a empresa comoatividade econmica organizada, seja no somente a produo ecirculao de bens, mas tambm a produo e circulao de servios, bemcomo a mera prestao dos servios, desde que em qualquer uma dessas

  • atividades se tivesse o hbito no seu exerccio e o intuito de lucro, por meiodo estabelecimento como complexo de bens materiais e imateriais para odesenvolvimento da atividade econmica.

    A teoria da empresa (origem italiana), expressa no Codice Civilede 1942, preocupada em reparar os defeitos da teoria dos atos decomrcio, passou a caracterizar o empresrio por outros aspectos, diversosda espcie de atividade praticada. Digamos que a anlise deixou de serobjetiva e passou a ser mais subjetiva.

    O Novo Cdigo Civil, unificando em parte o Direito Civil e oDireito Comercial, adotou expressamente a teoria da empresa em seu art.966, para o qual empresrio aquele que profissionalmente exerceatividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ouservios. A sociedade empresria, por sua vez, aquela que exerce aatividade de empresrio sujeito a registro (art. 982 do CC).

    Deste modo, sempre que a pessoa fsica ou jurdica exercer comhabitualidade e profissionalismo uma atividade econmica, ou seja, umaatividade criadora de lucro, de forma organizada (com a articulaoharmoniosa dos 4 fatores de produo: mo de obra, matria-prima,capital e tecnologia), para produzir ou circular bens ou servios.

    O Cdigo Civil brasileiro, no pargrafo nico do art. 966, trouxetambm o conceito de que no empresrios so aqueles que exeramatividades consideradas, pelo Cdigo Civil revogado, como civis; e agora,com a unificao, so considerados individualmente como profissionaisliberais autnomos e sob a forma de sociedade como sociedade simples:

    Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profissointelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com oconcurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio daprofisso constituir elemento de empresa.

    Contudo, o pargrafo nico do art. 966 do Novo Cdigo Civilestabelece que no ser considerado empresrio aquele que exerceatividade intelectual de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda quecom o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se constituir

  • elemento de empresa.

    O Enunciado n. 54 do Conselho da Justia Federal diz que [...] caracterizador do elemento de empresa a declarao da atividade-fim,assim como a prtica de atos empresariais. Neste sentido, a Prof MnicaGusmo ensina que por elemento de empresa, deve entender-se o efetivoexerccio de atividade econmica organizada que rene capital, trabalho,tecnologia e insumos (matria-prima) com fim lucrativo. At ondeentendemos, as pessoas enumeradas nesse dispositivo somente no seroconsideradas empresrias se a atividade-fim por elas desenvolvidadepender, exclusivamente, de sua prpria profisso, ou mo de obra. Se aatividade-fim tiver de ser exercida com a colaborao de terceiros, oelemento de empresa estar presente e tanto basta para caracterizar oempresrio como individual, ou a sociedade como empresria. A inserode eventuais colaboradores ou auxiliares na atividade-meio no torna aatividade organizada. Numa palavra: quando a atividade-fim fordesenvolvida pelo prprio profissional liberal, ou pelos scios dassociedades simples, no h que se falar em elemento de empresa (2004,p. 8-9).

    Sntese da matria

    O Cdigo Civil brasileiro vigente, editado no ano de 2002, unificalegislativamente o Direito Privado inspirado no estatuto civil italiano,trazendo para o nosso pas o foco na empresa como atividade econmicaorganizada e o empresrio como seu exercente, seja de forma individual,por uma pessoa natural, ou societria, por uma pessoa jurdica, a seguir:

    Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmenteatividade econmica organizada para a produo ou a circulao debens ou de servios.Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profissointelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com oconcurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio daprofisso constituir elemento de empresa.

    Podemos, portanto, afirmar que a primeira parte do Cdigo

  • Comercial foi revogada, afastando-nos do comerciante e aproximando-nosda empresa com a unificao em tela, explicitada pelo art. 966 do CdigoCivil. No pargrafo nico, temos a tratativa daquelas atividadesanteriormente consideradas como civis pelo Cdigo de 1916, tambmrevogado, e agora, pelo novo estatuto, reguladas como individuaisautnomas ou sociedades simples.

    A atividade empresarial no se limita quela comercial em sentidoestrito (intermediao). A atividade empresarial tem uma conotao maisampla que a mera intermediao entre o momento da produo e o doconsumo. Ela pode ser civil, industrial, de intercmbio de bens, dedistribuio ou securitria.

    Finalmente, a organizao a que a atividade est dependente,incluindo capital e trabalho, o principal elemento caracterizador daempresarialidade.

    2. Competncia

    2.1 Juzo competente

    competente para homologar o plano de recuperaoextrajudicial, conceder a recuperao judicial ou decretar a falncia ojuzo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial deempresa que tenha sede fora do Brasil, conforme as disposies iniciais daLei de Falncias e Recuperaes.

    2.2 Estabelecimento principal

    Quando o empresrio ou sociedade empresria possui apenas umestabelecimento empresarial, no cabe indagar qual o estabelecimentoprincipal. A questo se apresenta de difcil soluo quando osestabelecimentos so vrios. Neste linear, vamos imaginar o seguinteexemplo: se uma cervejaria tem sua produo em uma cidade no interiordo Estado de Minas Gerais, e sua sede administrativa em So Paulo, qualser o estabelecimento empresarial principal?

    Para responder a esta pergunta, temos 3 (trs) correntes:

    a) A primeira corrente entende que o principal estabelecimento odomiclio previsto no contrato social ou no estatuto social da sociedade

  • empresria. Esta tese, de certa forma, permite a fraude por parte dodevedor. Pois, vamos imaginar que a produo industrial e, portanto, osbens estejam em So Paulo, e a sede do contrato social fique em SoPaulo tambm, mas o devedor, sabendo que sofrer um pedido defalncia, efetua mudana no contrato social do local da sede para oAmap. Neste caso, a falncia dever ser ajuizada no Amap, e, assim,a arrecadao dos bens ser morosa e de altos custos, contrariando osinteresses dos credores.

    b) A segunda corrente, encabeada por Miranda Valverde, explica que asede administrativa o ponto central dos negcios, de onde partem todasas ordens, a contabilidade geral etc., sobrepondo-se ao critrio estatutrioou contratual. Esta teoria tambm favorece as fraudes.

    c) A terceira corrente, que vem ganhando espao na jurisprudncia, ateoria adotada por Oscar Barreto Filho, segundo a qual estabelecimentoprincipal aquele onde se encontra maior atividade mercantil, maisexpressivo em termos patrimoniais, elegendo o critrio econmico parasoluo da questo apresentada.

    Esta ltima corrente que nos filiamos, j que tal critrio seadapta bem aos princpios do vigente Direito das Falncias e Recuperaes,prestigiando a aproximao dos credores ao juzo da falncia para atomada de decises.

    2.3 Preveno

    A distribuio do pedido de falncia ou de recuperao judicialprevine a jurisdio para qualquer outro pedido de falncia ou recuperaojudicial, relativo ao mesmo devedor.

    2.4 Juzo das falncias e recuperaes

    Nas legislaes anteriores, o juzo da falncia sempre foi universalpara o conhecimento de todas as aes, dos credores do devedor, j queestamos tratando de uma execuo coletiva em que, ao final, buscam-seclassificar os crditos para pagamento desses mesmos credores, que se emjuzo nico ficaro mais bem organizados. Observao importante nosentido de que tal regra comporta exceo para excluir as demandastrabalhistas, execues fiscais e demandas ilquidas, assim como as aes

  • em que o devedor for autor.

    Em concluso, todas as aes que fazem parte dessa regra sosuspensas para serem reunidas no juzo universal.

    Direto ao ponto

    O juzo da falncia universal e indivisvel para julgar osempresrios e as sociedades empresrias em recuperao ou em situaode falncia.

    3. Administrador judicial

    3.1 Noes introdutrias

    A Lei de Falncias e Recuperaes criou a figura jurdica doadministrador judicial, em substituio s figuras do sndico e docomissrio, para auxiliar o juiz na administrao e conduo do processode falncia ou da recuperao judicial.

    No Decreto-lei n. 7.661/45, o sndico deveria ser escolhido entre ostrs maiores credores e, somente aps a recusa destes, o juiz poderiaconvocar um sndico dativo de sua confiana.

    Agora, o administrador judicial ser inicialmente nomeado pelojuiz. a pessoa da confiana do juiz, que tem por funo administrar amassa falida. Pode ser pessoa natural ou pessoa jurdica, desde que sejaprofissional idneo ou pessoa jurdica especializada, sendo que sua funo remunerada e indelegvel. Na administrao da massa, o administradorjudicial tem por funo elaborar relao de credores; requererconvocao de assembleia geral; requerer a falncia no caso dedescumprimento do plano de recuperao judicial; arrecadar os bens dodevedor em caso de falncia, entre outras previses elencadas no art. 22 daLei de Recuperao de Empresas e Falncia.

    Na falncia, no h nem personalidade, nem representao. Oadministrador no representa nem o devedor, nem a massa dos credores,nem a massa falida, que no constitui pessoa jurdica. No hrepresentao voluntria, e a representao legal inconcebvel, porque oadministrador no tutela o interesse egostico deste ou daquele, mas age nointeresse objetivo da justia, eventualmente, contra o interesse pessoal do

  • falido ou contra o interesse dos credores.

    O administrador responder pelos prejuzos causados massafalida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa no desempenho desuas funes.

    Todavia, na falncia, o administrador judicial ser nomeado nasentena declaratria (art. 99, IX), ao passo que na recuperao judicialno ser nomeado em uma sentena, mas, sim, no despacho deprocessamento (art. 52, I). Depois de nomeado pelo juiz, somente por elepoder ser substitudo ou destitudo, o que expressa claramente que oadministrador judicial no um representante dos credores, mas, sim, umauxiliar do juzo.

    O administrador judicial deve ser profissional idneo,preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas oucontador, ou pessoa jurdica especializada, e, antes de mais nada, tem queser pessoa de confiana do juiz.

    O momento da nomeao do administrador judicial, no caso dafalncia, est intimamente ligado sentena decretatria, enquanto narecuperao judicial, ao despacho de processamento.

    3.2 Impedimentos do administrador judicial

    No poder exercer esta funo, tampouco integrar o comit decredores, quem, nos ltimos 5 (cinco) anos, foi administrador judicial oumembro do comit em processo de falncia ou recuperao judicial e delefoi destitudo, deixou de prestar contas ou as teve reprovadas. Estartambm impedido das funes acima quem tiver parentesco ou afinidadeat o 3 grau com o devedor, seus administradores, controladores ourepresentantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.

    3.3 Deveres e atribuies do administrador judicial

    Dentre os deveres e atribuies do administrador judicial,devemos apontar alguns de extrema relevncia. Para tanto, dividiremo-losem atos praticados na recuperao judicial e na falncia, atos realizadosexclusivamente na recuperao judicial e atos realizados exclusivamentena falncia:

    Na recuperao e na falncia, podemos citar: a) elaborar a

  • relao de credores com a nova lei, o administrador tem atuaofundamental na verificao dos crditos (tema tratado adiante); b)consolidar o quadro-geral de credores tendo como base a relao decredores e o julgamento das impugnaes, o administrador deverelaborar o quadro-geral de credores, que, depois de homologado pelo juiz,ser publicado no rgo oficial; c) requerer ao juiz convocao daassembleia geral de credores nos casos previstos em lei ou quandoentender necessria sua ouvida para a tomada de decises.

    Na recuperao judicial, uma das principais atribuies doadministrador judicial fiscalizar a atividade empresarial do devedor e ocumprimento do plano de recuperao judicial. Alis, correlacionado aesta fiscalizao, cabe mencionar que a fiscalizao a ser exercida peloadministrador judicial muito mais participativa e atuante que aanteriormente exercida pelo comissrio, pois a nova lei exige aapresentao de relatrio mensal sobre as atividades do devedor.

    Na falncia, o administrador judicial tem finalidades essenciais,tais como a representao judicial da massa falida, arrecadar os bens edocumentos do devedor, realizar a avaliao dos bens e dar cumprimento acontratos bilaterais e unilaterais.

    As funes do administrador judicial so indelegveis; contudo,poder contratar auxiliares, desde que obtenha autorizao prvia do juiz.

    O administrador judicial poder ser substitudo ou destitudo. Adestituio est revestida do carter de sano, penalidade para oadministrador judicial que desobedece aos preceitos da lei falimentar,descumpre com seus deveres, omite, negligencia ou pratica ato lesivo satividades do devedor ou a terceiros; enquanto a substituio no possuiaspecto de sano e poder ocorrer, por exemplo, quando o administradorno assinar o termo de nomeao, no aceitar o cargo, renunciar, falecerou for interditado.

    O juiz, de ofcio ou a requerimento fundamentado de qualquercredor, devedor ou do Ministrio Pblico, poder determinar a destituioou substituio do administrador judicial.

    Pelo trabalho desenvolvido, o administrador judicial ter direito auma remunerao cujo valor e forma de pagamento sero fixados pelojuiz, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de

  • complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para odesempenho de atividades semelhantes. Todavia, o montante dessaremunerao no pode superar a 5% (cinco por cento) do valor devido aoscredores submetidos recuperao judicial ou do valor da venda dos bensna falncia.

    No processo de falncia, ao administrador judicial devero serreservados 40% (quarenta por cento) do total devido a ele para pagamentosomente aps a prestao de contas e a apresentao do relatrio final dafalncia, o qual permite que o juiz a encerre por sentena.

    Na hiptese de o administrador judicial ser substitudo, ter direitoa uma remunerao proporcional ao trabalho realizado; porm, se oadministrador renunciar sem justa causa ou for destitudo de suas funespor desdia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigaes fixadas na lei,no ter direito a remunerao nenhuma.

    Na recuperao judicial, compete ao devedor pagar aremunerao do administrador judicial e das pessoas eventualmentecontratadas para auxili-lo. J na falncia, as referidas despesas deveroser arcadas pela massa falida.

    Sobre a remunerao, importante destacar que, na falncia, aremunerao do administrador judicial no mais equiparada ao crditotrabalhista; agora classificada como crdito extraconcursal e, portanto, oadministrador receber primeiro que o credor trabalhista e de acidente detrabalho, no se aplicando mais a Smula 219 do STJ.

    3.4 Prestao de contas

    O administrador tem o dever de prestar contas no encerramentodo processo falimentar e, se no o fizer espontaneamente, o legisladordetermina que seja intimado para faz-lo no prazo de 5 dias.

    A prestao de contas ser autuada em separado, pormdependente ao processo de falncia. O administrador dever juntardocumentos apresentao de contas. No julgamento das contas, o juizpoder rejeit-las e decretar a indisponibilidade, bem como o sequestro deseus bens, determinando as suas responsabilidades.

    Direto ao ponto

  • O administrador judicial pessoa da confiana do juiz, comremunerao por ele atribuda e escolhido preferentemente entreadvogado, contador, administrador ou economista.

    4. Assembleia geral de credores

    4.1 Noes introdutrias

    A Lei de Falncias e Recuperaes inovou com a criao daassembleia geral de credores, incumbida de acompanhar todo o processode recuperao da empresa, sendo competente para deliberar sobre oPlano de Recuperao Judicial e a Falncia.

    4.2 Atribuies

    A assembleia geral de credores ter por atribuies deliberarsobre os institutos da recuperao judicial e da falncia (art. 35 da Lei deFalncias e Recuperaes). Note-se que a nova lei veda expressamente aassembleia geral na recuperao judicial especial e, em tese, o texto legalno admite a assembleia dos credores na recuperao extrajudicial.

    Na recuperao judicial, compete assembleia geral de credoresdeliberar sobre: a) a aprovao, rejeio ou alterao do plano derecuperao judicial; b) a constituio do comit de credores, com aeleio de seus membros, bem como sua substituio; c) a aprovao, casoo devedor requeira a desistncia do pedido de recuperao judicial aps odeferimento de seu processamento; d) a nomeao de gestor judicial,quando do afastamento do empresrio devedor ou dos administradores dasociedade empresria devedora; e) qualquer outra matria de interesse doscredores.

    Na falncia, a Lei de Falncias e Recuperaes designou assembleia geral de credores a competncia para decidir sobre: a) aconstituio do comit de credores, com a eleio de seus membros, assimcomo sua substituio; b) aprovao de outra alternativa de realizao doativo, desde que presente o qurum de 2/3 dos crditos; e c) deliberar sobreassuntos de interesse geral dos credores (art. 35, II).

    4.3 Convocao e qurum de instalao

  • O juiz convocar a assembleia geral de credores nos casosexpressamente previstos em lei, ou quando a seu critrio entendernecessrio, e finalmente mediante o requerimento de credores comrepresentatividade mnima de 25% (vinte e cinco por cento) do valor totaldos crditos de determinada classe.

    Para tanto, o aviso de convocao ser publicado em edital noDirio Oficial e em jornais de grande circulao nas localidades da sede efiliais, inclusive com cpia afixada na sede e filiais do devedor. A Lei deFalncias e Recuperaes exige que a publicao tenha a antecednciamnima de 15 (quinze) dias, contados da data de realizao da assembleia.

    O edital dever conter o local, a data e a hora da assembleia, aordem do dia, bem como o local onde os credores podero retirar cpiasdo plano de recuperao, a fim de que possam analis-lo e refletirpreviamente sobre a sua deliberao.

    O qurum de instalao da primeira convocao se d com apresena de credores titulares de mais da metade dos crditos de cadaclasse, computados pelo valor do crdito. Caso no seja alcanado, deverser realizada a segunda convocao, cuja instalao no exige qurummnimo, e, deste modo, realizada com qualquer nmero, desde que em 5(cinco) dias depois da primeira convocao.

    4.4 Composio da assembleia geral de credores

    As trs primeiras instncias deliberativas correspondem s trsclasses de credores assim definidas:

    1 classe composta de credores derivados da legislao do trabalho oudecorrentes de acidentes de trabalho;

    2 classe constituda por credores com garantia real; e

    3 classe formada por credores quirografrios, com privilgio especial,com privilgio geral ou subordinados (art. 41 da Lei de Falncias eRecuperaes).

    Fbio Ulhoa Coelho ensina que na assembleia de credores hquatro instncias de deliberao, as trs instncias acima apontadas e maiso plenrio, e, segundo o autor: a instncia de maior abrangncia oplenrio da assembleia dos credores. Sempre que a matria no disser

  • respeito constituio do comit ou no se tratar do plano dereorganizao, cabe a deliberao ao plenrio. Tem essa instncia,portanto, competncia residual. Se no houver nenhuma previsoespecfica reservando a apreciao da matria a outra ou outras instncias,o plenrio deliberar pela maioria de seus membros, computados os votosproporcionalmente aos seus valores, independentemente da natureza docrdito titularizado (2011, p. 373).

    Entretanto, a competncia para deliberao de assuntosrelacionados constituio e composio do comit de credores tosomente das trs primeiras instncias deliberativas acima enumeradas.Nesta hiptese, importante destacar que, conforme o art. 26 da Lei deFalncias e Recuperaes, os credores com privilgio especial soretirados da classe formada pelos credores quirografrios, com privilgiogeral ou subordinados, e passam a integrar a outra instncia deliberativajuntamente com os titulares de crdito com garantia real, alterando,portanto, a ordem estabelecida no art. 41 da Lei de Falncias eRecuperaes.

    4.5 Presidncia, participao e representao na assembleia

    A presidncia da assembleia geral de credores compete aoadministrador judicial, que nomear um dos credores presentes parasecretari-lo. O credor que for participar da assembleia dever assinar alista de presena, que ser encerrada no momento da instalao. O credorque no puder ou no quiser comparecer assembleia geral poder serrepresentado por mandatrio ou representante legal, se, entretanto,entregar ao administrador judicial documento hbil que comprove seuspoderes no prazo mximo de at 24 (vinte e quatro) horas antes da dataprevista no aviso de convocao.

    A Lei de Falncias e Recuperaes, em seu art. 37, 5, confere apossibilidade de o sindicato de trabalhadores representar os credorestrabalhistas associados que no comparecerem assembleia, desde que ossindicatos apresentem ao administrador judicial a relao dos associadosque sero representados at 10 (dez) dias antes da realizao daassembleia.

    4.6 Qurum de deliberao

  • Em regra, o credor ter direito de voto proporcional ao valor deseu crdito. Ademais, na recuperao judicial, para fins exclusivos devotao em assembleia geral, o crdito em moeda estrangeira dever serconvertido para moeda nacional pelo cmbio da vspera da data derealizao da assembleia.

    4.6.1 Qurum

    O qurum geral de deliberao o de maioria simples,considerada quando a votao obtiver mais da metade do valor total doscrditos presentes assembleia geral. Destarte, no dispondo a lei dequrum diverso, as deliberaes sero tomadas por maioria simples.

    4.6.2 Qurum qualificado

    A presena de qurum qualificado se d somente em 2 (duas)hipteses expressamente previstas na Lei de Falncias e Recuperaes:

    a) Aprovao do plano de recuperao (art. 45).

    b) Aprovao de forma alternativa para a realizao do ativo (art. 46).

    a) Aprovao do plano de recuperao judicial

    A Lei de Falncias e Recuperaes determina que todas as classesde credores devero aprovar o plano. Mas muita ateno! H diferenasde tratamento na votao entre as classes. Na classe dos credorestrabalhistas e/ou de acidente do trabalho, a aprovao resulta do votofavorvel de mais da metade dos credores presentes, independentementedo valor de seus crditos; trata-se do vulgarmente chamado voto porcabea. Exemplificando, vamos imaginar que Joo, Pedro e Lucas socredores trabalhistas e compareceram assembleia; ser aprovado, paraesta classe, o plano com 2 (dois) votos favorveis. J na classe dos credorescom garantia real e na classe dos credores com privilgio especial,privilgio geral, quirografrios e subordinados, a aprovao decorre dovoto favorvel no somente de mais da metade dos credores presentes assembleia, como tambm, cumulativamente, pela maioria do valor totaldos crditos presentes assembleia. guisa de exemplo, se o Banco Alpha(com 30% dos crditos de sua classe), o Banco Beta (29% dos crditos desua classe) e o Banco mega (21% dos crditos de sua classe) socredores da segunda classe que compareceram assembleia, o plano

  • somente ser aprovado se o Banco Alpha der voto favorvel juntamentecom qualquer um dos outros credores. Caso o Banco Beta e o Bancomega votem a favor e o Banco Alpha vote contra, o plano no seraprovado na segunda classe, posto que a maioria de presentes foialcanada, porm a maioria do valor total dos crditos presentes no! Igualexemplo podemos citar para a terceira classe.

    b) Aprovao de forma alternativa de realizao do ativo nafalncia

    Vale dizer que os credores podem optar pela venda extraordinriade bens, outra espcie de alienao que entendam que deva ser diversa dasmodalidades j previstas em lei (leilo, venda por proposta e prego). Noentanto, para isto, o art. 46 da Lei de Falncias e Recuperaes reclamaum qurum qualificado, que deriva do voto favorvel de credores querepresentem 2/3 (dois teros) dos crditos presentes assembleia.

    Direito de voto sobre o assunto, bom deixar claro que somenteas pessoas arroladas no quadro-geral de credores tero direito de voto naassembleia geral. Na falta do quadro-geral de credores, recorre-se verificao das pessoas indicadas na relao de credores apresentada peloadministrador judicial (constante do edital que relaciona os credores art.7, 2), ou ainda, na ausncia deste, na relao nominal completa doscredores apresentada pelo prprio devedor (documento cuja apresentao exigida para a instruo da petio inicial de recuperao judicial art.51, III e IV; para a instruo do pedido de autofalncia art. 105, II; e,finalmente, por determinao da sentena declaratria da falncia aofalido art. 99, III). Votam, ainda, as pessoas que estejam habilitadas nadata da realizao da assembleia ou que tenham crditos admitidos oumodificados por deciso judicial, inclusive os que tenham obtido reservasde importncias (no caso das aes que demandam quantias ilquidas e dasaes de natureza trabalhista).

    Impedidos de votar no tero direito a voto e no seroconsiderados para fins de verificao do qurum de instalao e dedeliberao os titulares de crditos da posio de proprietrio fiducirio debens mveis ou imveis, de arrendador mercantil, proprietrio oupromitente vendedor de imvel cujos respectivos contratos contenhamclusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive incorporaesimobilirias, ou de proprietrio em contrato de venda com reserva de

  • domnio, bem como os titulares de ACC (Adiantamento de Contrato deCmbio), uma vez que no esto sujeitos ao plano de recuperao judicial.Alm destes, na recuperao judicial, os titulares de crditos retardatrios,excetuados os titulares de crditos derivados da relao de trabalho, notero direito a voto nas deliberaes da assembleia geral de credores (art.10, 1). Na falncia, aplica-se a mesma regra, salvo se, na data darealizao da assembleia geral, j houver sido homologado o quadro-geralde credores contendo o crdito retardatrio.

    4.7 A presuno de validade das deliberaes da assembleia geral eas decises judiciais acerca da existncia, quantificao eclassificao dos crditos

    Objetivando garantir a realizao da assembleia e assegurar oprincpio da celeridade processual com a presuno de validade de suasdeliberaes, o legislador determinou que as deliberaes da assembleiageral no sero invalidadas em razo de posterior deciso judicial acercada existncia, quantificao ou classificao dos crditos (art. 39, 2).

    Alm disso, define que eventuais aes que tenham por objeto areferida discusso no obtero liminar, seja de carter cautelar ouantecipatrio, para a suspenso ou adiamento da assembleia geral decredores (art. 40).

    A liminar de suspenso ou adiamento da assembleia geral somentepoder ser concedida se a disputa judicial versar sobre outros fundamentosjurdicos, distintos dos motivos acima elencados, por exemplo, ainobservncia do prazo de antecedncia mnima de 15 (quinze) dias para apublicao do edital, previsto no art. 36, caput.

    A propsito, entendemos oportuno mencionar a discutvellegalidade destes dispositivos da nova lei. Isto porque demonstramincongruncia com o texto constitucional, que estabelece a impossibilidadede a lei excluir da apreciao do Judicirio leso ou ameaa a direito (art.5, XXXV, da CF).

    Em suma, o art. 35 da Lei de Recuperao de Empresas eFalncia prev as diversas competncias da assembleia geral de credores,que ser convocada pelo juiz, sempre que achar necessrio, sendo tambmconvocada pelos credores, desde que representem 25% do total do passivo.Entre as suas principais competncias, est a aprovao, a rejeio ou a

  • modificao do plano de recuperao judicial apresentado pelo devedor; aadoo de outras modalidades de realizao do ativo; alm de quaisqueroutras matrias que possam afetar os interesses dos credores.

    Essa tentativa de introduo da assembleia de credores na Lei deFalncias e Recuperaes no traz, em verdade, uma novidade, pois a leianterior j previa, desde sua promulgao, em 1945, a formao deassembleia geral de credores, como se pode verificar dos arts. 122 e 123daquele diploma. No entanto, o desinteresse dos credores sempre foi toacentuado em formao de assembleias, que esses artigos caram noesquecimento, sendo desconhecidos at por muitos daqueles que atuamnesse campo do direito. No possvel saber ainda se, com o novodiploma, ser despertado o interesse das partes pela assembleia decredores, ou se, como ocorreu no antigo diploma, essa assembleia tambmcair no esquecimento.

    A convocao da assembleia ser precedida de publicao deedital no rgo oficial e em jornais de grande circulao, comantecedncia mnima de 15 dias, sendo instaurada em primeiraconvocao, com a presena de credores que representem a maioria doscrditos em cada classe, e, em segunda convocao, com qualquernmero. Os credores podem se fazer representar por procurador, e oscredores decorrentes da relao de trabalho podem se fazer representarpelo sindicato ao qual estejam associados.

    Direto ao ponto

    A assembleia geral de credores o rgo mximo de deliberaoe demonstra os novos princpios da vigente Lei de Falncias eRecuperaes, no sentido de que a tomada de decises do credor, e nomais concentrada no juiz.

    5. Comit de credores

    Ao contrrio do administrador judicial, o comit de credores rgo facultativo, no qual os credores podero agir de forma mais intensa eparticipativa, tendo, em sntese, poderes de fiscalizao e deliberao.

    A doutrina macia sugere que deva ser institudo somente emcasos nos quais haja alto grau de complexidade no processo de superaoda crise e quando a atividade econmica em crise for de grande expresso

  • econmico-financeira e social.

    A vantagem da existncia do comit de credores reside no fato deque este representa os vrios grupos de interesses dos credores quando datomada de certas e relevantes decises relativas ao bom andamento doprocedimento e fiscalizao do desempenho do administrador judicial.

    rgo facultativo tanto na recuperao de empresas como nafalncia, cabendo aos credores decidir pela convenincia ou no de suainstalao, sendo composto de um representante indicado pela classe decredores trabalhistas, um representante indicado pela classe de credorescom direitos reais de garantia ou privilgios especiais e um representanteindicado pela classe de credores quirografrios e com privilgios gerais,cada qual com dois suplentes.

    Entre as principais funes do comit de credores, esto as defiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;requerer ao juiz a convocao de assembleia geral de credores; e fiscalizara administrao das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 dias, orelatrio de sua situao, no caso de recuperao judicial.

    Os membros do comit de credores tm responsabilidadesemelhante do administrador judicial; portanto, sendo o comit rgocolegiado, no poder ser responsabilizado o membro que, sendo dissidenteem deliberao, faa constar essa discordncia em ata.

    O comit ser constitudo por deliberao de qualquer das classesde credores na assembleia geral, no se exigindo que as trs classes otenham aprovado. Aps a constituio, para a composio do comit, cadaclasse de credores elege 1 (um) representante mais 2 (dois) suplentes.

    Anote-se que a falta de indicao de representante por quaisquerdas classes no prejudicar a constituio do comit, que poderperfeitamente funcionar com nmero inferior.

    No que se refere composio do comit, surge uma questo aser cuidadosamente observada: a classificao das classes dos credores nacomposio do comit de credores (art. 26) distinta das classes decredores na assembleia geral (art. 41). Isto porque, na composio docomit, os credores com privilgio especial so retirados da classecomposta pelos credores quirografrios, com privilgio geral ousubordinados, e passam a integrar a outra instncia deliberativa juntamente

  • com os titulares de crdito com garantia real, alterando, portanto, a ordemestabelecida no art. 41 da Lei de Falncias e Recuperaes, ficando aclassificao da seguinte forma:

    I) classe de credores trabalhistas;

    II) classe de credores com direitos reais de garantia ou privilgiosespeciais;

    III) classe de credores quirografrios e com privilgios gerais.

    Sem sombra de dvida, a principal funo do comit de credores fiscalizar tanto o administrador judicial como a sociedade empresria e asua execuo do plano de recuperao.

    Como bem adverte Fbio Ulhoa Coelho, alm da competnciafiscal, por cujo exerccio presta contas mensais, o comit podeeventualmente exercer tambm duas outras: elaborao de plano derecuperao alternativo ao apresentado pela sociedade empresriadevedora e deliberao sobre as alienaes de bens do ativo permanente eos endividamentos necessrios continuao da atividade empresarial,quando determinado pelo juiz o afastamento dos administradores daempresa em crise (2011, p. 377).

    Inexistindo o comit de credores, compete ao administradorjudicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer as suas atribuies.

    Direto ao ponto

    rgo raro e facultativo.

    6. Verificao e habilitao dos crditos

    6.1 Verificao dos crditos

    Um dos pontos que sofreu pertinente alterao foi justamente averificao e habilitao dos crditos nos processos de recuperaojudicial e falncia. Isto porque, de acordo com as lies de Waldo FazzioJnior, afastou a imediata apreciao judicial do processo verificatrio,conferindo ao administrador judicial o exame preliminar das divergnciassobre a relao de credores, deixando ao juiz a apreciao dos crditos, see quando impugnados. Sua finalidade delimitar os crditos que iro

  • compor o quadro-geral de credores, e essencial para impedir a fraude ea m-f.

    A verificao dos crditos compete ao administrador judicial, quea realizar com base nos livros contbeis e documentos comerciais efiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados peloscredores, podendo contar com o auxlio de profissionais ou empresasespecializadas.

    No entanto, a verificao dos crditos poder ter marcos iniciaisdiferentes:

    Na hiptese de recuperao judicial, o requerente dever instruir a petioinicial com a relao de credores.

    Na falncia decretada a pedido de credor ou scio dissidente, ao falidocumpre apresentar relao de credores no prazo de 5 (cinco) dias.

    No caso de autofalncia, o devedor requerente dever apresentar emjuzo, juntamente com outros documentos, a relao de credoresdetalhada e suas respectivas classificaes.

    Entretanto, se o requerente da recuperao judicial ou daautofalncia, ou o falido nos demais casos, no apresentar a relao decredores, esta dever ser feita pelo administrador judicial.

    6.2 Habilitaes de crditos

    Com a juntada da relao de credores aos autos, o juiz ordenar apublicao de edital, para que os credores apresentem ao administradorjudicial, no prazo de 15 (quinze) dias contados da publicao, suashabilitaes (caso o crdito no tenha sido relacionado) ou suasdivergncias (caso haja discordncia relativa a valor e/ou classificao)quanto aos crditos relacionados.

    Os credores de crditos remanescentes da recuperao judicial,que tenham seus crditos includos no quadro-geral de credores desta,quando da convolao em falncia tero seus crditos automaticamentehabilitados, e, portanto, esto dispensados de apresentar suas habilitaes.

    O administrador judicial, por sua vez, analisar cada uma dashabilitaes e divergncias apresentadas e far publicar novo editalcontendo a segunda relao de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco)

  • dias, contados do fim do prazo dos credores.

    6.3 Impugnao de crdito

    Publicada a segunda relao de credores, tero legitimidade paraapresentar ao juiz impugnao, apontando a ausncia de qualquer crditoou manifestando-se contra a legitimidade, importncia ou classificao decrdito relacionado:

    a) comit;

    b) qualquer credor;

    c) devedor;

    d) os scios ou acionistas da sociedade devedora;

    e) Ministrio Pblico.

    No havendo impugnaes, a relao de credores constante doedital de que trata o art. 7, 2, ser homologada pelo juiz, transformando-se no quadro-geral de credores.

    Porm, se a relao de credores sofrer impugnaes, cada umadelas ser autuada em separado, mas tero uma s autuao as diversasimpugnaes versando sobre o mesmo crdito.

    Os credores cujos crditos foram impugnados sero intimadospara, no prazo de 5 (cinco) dias, contest-la. Transcorrido este prazo, odevedor e o comit, se este existir, sero intimados pelo juiz para semanifestarem sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias. Expirado oprazo de manifestao do devedor e do comit, o administrador judicialser intimado para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias. Finalmente,os autos das impugnaes sero conclusos ao juiz, que as julgarprocedentes ou improcedentes.

    Da deciso judicial sobre a impugnao, caber o recurso deagravo de instrumento. Alertamos que o pargrafo nico do art. 17 da Leide Falncias e Recuperaes prev expressamente a possibilidade de orelator conceder efeito suspensivo deciso que reconhece o crdito oudeterminar a inscrio ou modificao do seu valor ou classificao noquadro-geral de credores, para fins de exerccio de direito de voto emassembleia geral.

  • 6.4 Habilitaes retardatrias

    Os credores devero apresentar suas habilitaes de crdito noprazo de 15 dias, contado da publicao do edital previsto no art. 52, 1(recuperao judicial) ou no art. 99, pargrafo nico (falncia), para ashabilitaes de crdito. Entretanto, este prazo no decadencial, uma vezque os credores podero habilitar seus crditos intempestivamente, pormeio das chamadas habilitaes retardatrias.

    Importante verificar que as habilitaes retardatrias terotratamento diverso conforme o momento em que forem apresentadas. Istoporque, caso sejam apresentadas antes da homologao do quadro-geralde credores, sero recebidas como impugnao relao de credores eprocessadas de acordo com os arts. 13 a 15 da Lei de Falncias eRecuperaes; e, se apresentadas aps a homologao do quadro-geral decredores, sero processadas consoante o procedimento ordinrio previstono Cdigo de Processo Civil, sendo o pedido no mais para a incluso noquadro-geral de credores, e sim para a retificao deste.

    6.5 Consequncias negativas da habilitao retardatria

    O legislador, para desmotivar o uso de habilitaes retardatrias,atribuiu algumas consequncias negativas para a habilitaoextempornea:

    a) Na recuperao judicial, os titulares de crditos retardatrios,excetuados os titulares de crditos derivados da relao de trabalho, notero direito a voto nas deliberaes da assembleia geral de credores,sendo que na falncia a habilitao retardatria sofrer o mesmotratamento, salvo se, na data da realizao da assembleia geral, jhouver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crditoretardatrio.

    b) Na falncia, os crditos retardatrios perdero o direito a rateioseventualmente realizados e ficaro sujeitos ao pagamento de custas.Porm, estes podero requerer a reserva de valor para a satisfao deseu crdito. Neste caso, se porventura ocorrer rateio durante oprocessamento da habilitao, o valor de seu crdito ficar reservado, eser pago ao credor, aps a retificao do quadro-geral de credores coma incluso do seu crdito.

  • Sntese da matria

    Em suma, os procedimentos de verificao e habilitao decrditos na recuperao de empresas e na falncia so comuns. Averificao de crditos ser realizada pelo administrador judicial, tomandopor base as escrituraes do devedor e os documentos apresentados peloscredores. Confeccionada a relao inicial de credores ao processo,ocorrer a publicao de tal relao na imprensa oficial, abrindo-se oprazo de 15 dias para que os credores verifiquem seus nomes na lista e, nafalta de seu nome, requeiram sua habilitao ou apresentem, se for o caso,suas impugnaes.

    O administrador judicial, nos prximos 45 dias, far publicar novoedital contendo a nova relao de credores. A contar dessa publicao, oscredores, o devedor, seus scios ou o representante do Ministrio Pblicotm prazo de 10 dias para apresentar impugnaes aos crditosapresentados, quanto classificao ou falta de legitimidade, porexemplo.

    O papel do parquet no procedimento verificatrio ultrapassa osentido de defesa do interesse individual, consistindo antes, sua interveno,na consequncia lgica ao pleno exerccio de sua funo de custos legis,no sendo razovel admitir sua legitimidade para impugnar (art. 8), masno para se manifestar acerca das impugnaes oferecidas pelos demaislegitimados.

    6.6 Questes para fixao da matria

    Em processo falimentar, o crdito fiscal tem preferncia ou igualdade aocrdito trabalhista no quadro-geral de credores?

    Resposta possvel: Primeiramente, deveremos separar os crditosestritamente trabalhistas daqueles devidos em funo de indenizaesprovenientes de acidentes do trabalho.

    Em relao aos crditos oriundos de indenizaes por acidentes detrabalho, estes possuem prioridade em relao ao crdito fiscal naclassificao do quadro-geral de credores, qualquer que seja seu valor.

    Os crditos estritamente trabalhistas tm preferncia ao crditofiscal at o montante mximo de 150 salrios mnimos por credor (art. 83,I, da Lei n. 11.101/2005). Os valores que superarem tal limite sero

  • considerados como crditos quirografrios (art. 83, VI, c, da Lei n.11.101/2005), sendo pagos, portanto, aps a satisfao dos credorestributrios. Na mesma situao estaro os crditos trabalhistas cedidos aterceiros (art. 83, 4, da Lei n. 11.101/2005).

    Duas situaes ainda devem ser consideradas: 1) os casos decontribuies previdencirias descontadas pelo empregador, mas norepassadas Previdncia Social; 2) as multas tributrias. No primeiro caso,as contribuies podem ser objeto de pedido de restituio (art. 51 da Lei n.8.212/91), razo pela qual ser necessria sua separao da massa falida,mesmo que anteriormente ao pagamento dos crditos trabalhistas. Emrelao segunda hiptese, as multas so consideradas crditoquirografrio.

    Q ual o recurso utilizado para a sentena que decreta a falncia?

    Resposta: Tal deciso interlocutria, ento o recurso o Agravo;j para a sentena de improcedncia o recurso o de Apelao, pois adeciso definitiva.

    Q ual a ordem de classificao dos crditos na falncia?

    Resposta: Conforme o art. 83 da Lei n. 11.101/2005, Aclassificao dos crditos na falncia obedece seguinte ordem:

    I os crditos derivados da legislao do trabalho, limitados a 150(cento e cinquenta) salrios mnimos por credor, e os decorrentes deacidentes de trabalho;

    II crditos com garantia real at o limite do valor do bemgravado;

    III crditos tributrios, independentemente da sua natureza etempo de constituio, excetuadas as multas tributrias;

    IV crditos com privilgio especial, a saber:

    a) os previstos no art. 964 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de2002;

    b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvodisposio contrria desta Lei;

  • c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de reteno sobrea coisa dada em garantia;

    V crditos com privilgio geral, a saber:

    a) os previstos no art. 965 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de2002;

    b) os previstos no pargrafo nico do art. 67 desta Lei;

    c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvodisposio contrria desta Lei;

    VI crditos quirografrios, a saber:

    a) aqueles no previstos nos demais incisos deste artigo;

    b) os saldos dos crditos no cobertos pelo produto da alienaodos bens vinculados ao seu pagamento;

    c) os saldos dos crditos derivados da legislao do trabalho queexcederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;

    VII as multas contratuais e as penas pecunirias por infrao dasleis penais ou administrativas, inclusive as multas tributrias;

    VIII crditos subordinados, a saber:

    a) os assim previstos em lei ou em contrato;

    b) os crditos dos scios e dos administradores sem vnculoempregatcio.

    A ordem de classificao de crditos pode sofrer alterao na recuperao deempresas?

    Resposta: Sim. A classificao dos crditos na recuperao podesofrer alterao desde que haja concordncia da assembleia de credores.

    6.7 10 dicas rpidas sobre teoria geral das falncias e recuperaes

    1) A Lei n. 11.101/2005 cuida das Falncias, Recuperaes de Empresasnos formatos Judicial, Extrajudicial e Especial.

    2) A legislao de Falncias e Recuperaes traz a recuperao deempresas como o seu objetivo.

    3) A legislao separa uma parte da matria que aplicvel tanto para

  • falncias como para recuperaes.

    4) A competncia se firma pelo principal estabelecimento, que o localonde est o maior volume de negcios do devedor.

    5) O juzo universal indivisvel e em regra rene as aes em que odevedor ru.

    6) As excees ao juzo universal so: reclamaes trabalhistas,execues fiscais, demandas ilquidas e aes em que o devedor autor...

    7) A Lei de Falncias incide em regra aos empresrios e sociedadesempresrias.8) O devedor que poder ter a falncia decretada e, portanto,legitimidade passiva para falir, possui legitimidade ativa pararecuperao.

    9) As empresas pblicas, sociedades de economia mista, sociedadessimples e cooperativas no podem falir.

    10) Os rgos falenciais so: administrador judicial, assembleia decredores e comit de credores.

  • Captulo 2

    Recuperao Judicial

    1. Conceito e caractersticas

    Na lei revogada, o devedor que tinha incapacidade econmico-financeira de pagar seus credores possua como alternativa os benefciosda concordata preventiva ou suspensiva, que, muitas vezes, no eramadequadas e suficientes a promover a superao da crise econmicaenfrentada pelo empresrio ou sociedade empresria, pois, alm dedeterminar limites de valores mnimos e prazos de pagamentos, somenteincidiam sobre os crditos quirografrios anteriores impetrao daconcordata.

    Desnecessrio dizer que o contexto econmico, empresarial esocial atual reclamava mecanismos capazes de dar maior flexibilizao desatisfao dos crditos ao devedor que se encontrasse com dificuldade dehonrar seus pagamentos, sem, contudo, comprometer o prosseguimento daatividade empresarial.

    Como forma de suprir a necessidade do empresrio ou dasociedade empresria, com srios problemas financeiros, de negociarlivremente o pagamento dos seus crditos com seus credores, o legisladorintroduziu no direito brasileiro a recuperao judicial.

    O art. 47 da Lei de Falncias e Recuperaes assenta que afinalidade da recuperao judicial viabilizar a superao da situao decrise econmico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenoda fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses doscredores, promovendo, assim, a preservao da empresa, sua funosocial e o estmulo atividade econmica.

  • Tendo em vista a reorganizao da em presa, bem como apreservao de sua atividade com a reestruturao de seu passivo, estenovo instituto confere ao devedor o benefcio de apresentar um plano depagamento, discutido com os credores.

    Definidos estes contornos, podemos conceituar a recuperaojudicial como uma permisso legal que concede ao devedor empresrio ousociedade empresria a possibilidade de negociar diretamente com todosos seus credores ou to somente com parte destes, de acordo com suasreais possibilidades, ampliando o seu universo de medidas eficazes esuficientes satisfao dos crditos negociados, mantendo os direitos doscredores no includos no plano, garantindo o controle do Poder Judicirio edos credores por instrumentos prprios, com a finalidade precpua derecuperar e preservar a empresa vivel com a reorganizao de seupassivo.

    2. Fases do processo de recuperao judicial

    2.1 Noes introdutrias

    A recuperao judicial se desenvolve em 3 (trs) fases. Aprimeira a fase de postulao, inaugurada com a distribuio da petioinicial, encerrando-se com o despacho judicial que deferir oprocessamento da recuperao judicial. A segunda a fase deprocessamento e deliberao, com incio no despacho judicial deprocessamento, e trmino com a deciso concessiva da recuperaojudicial. Por ltimo, a fase de execuo, que vai desde a deciso deconcesso do benefcio at a sentena de encerramento do processo.

    2.2 Fase de postulao

    2.2.1 Legitimidade ativa

    A Lei de Falncias e Recuperaes aplicvel basicamente aosempresrios e s sociedades empresrias, excludas em absoluto associedades simples, pois no empresrias; as empresas pblicas esociedades de economia mista; as cooperativas de crdito; consrcios;entidades de previdncia privada e outras entidades legalmenteequiparadas. Tal como na recuperao, a legitimidade ativa para postular a

  • recuperao judicial concedida somente sociedade empresria ouempresrio individual (ou, em caso de sua morte, pelo seu cnjugesobrevivente, herdeiros ou inventariante). Isto fica claro quandoconsideramos nada mais justo e coerente que to somente aqueles quecorrem risco de sofrer a decretao da falncia podero recorrer oxigenao propiciada pelos benefcios da recuperao judicial.

    Atentamos ao fato de que as companhias areas, que estavamanteriormente impedidas, pelo Cdigo Aeronutico, de impetrar aconcordata, agora, com a nova lei, podero ser beneficiadas com arecuperao judicial ou extrajudicial. E, mais, na recuperao judicial ena falncia, em nenhuma hiptese, ficar suspenso o exerccio de direitosderivados de contrato de arrendamento mercantil de aeronaves ou de suaspartes.

    Prosseguindo, devemos deixar bem claro que a recuperaojudicial somente pode ser requerida pelo devedor, e nunca pelo credor.Neste sentido, ainda que os credores celebrem em conjunto um plano dereorganizao e recuperao da empresa, e o empresrio ou sociedadeempresria, mesmo em estado de insolvncia, recuse-se a cumpri-lo, norestar alternativa aos credores seno o pedido de falncia.

    2.2.2 Requisitos subjetivos para a recuperao judicial

    insuficiente, para o pedido de recuperao judicial, que orequerente seja apenas empresrio ou sociedade empresria em crise; necessrio ainda que o devedor, no momento do pedido, preencha 4(quatro) requisitos cumulativamente:

    a) esteja exercendo regularmente suas atividades h mais de 2 anos;

    b) no ter sido decretada sua falncia, e, se o foi, estejam as suasobrigaes declaradas extintas, por sentena transitada em julgado;

    c) no ter sido beneficiado pela recuperao judicial nos ltimos 5 anosanteriores ao pedido ou nos ltimos 8 anos, se recuperao judicial combase no plano especial para microempresa ou empresa de pequenoporte;

    d) no ter sido condenado ou no ter como administrador ou sciocontrolador pessoa condenada por quaisquer dos crimes falimentares(art. 48 da Lei de Falncias e Recuperaes).

  • 2.2.3 Excludos do polo ativo

    A recuperao judicial no se aplica a:

    a) empresa pblica;

    b) sociedade de economia mista;

    c) instituio financeira pblica ou privada;

    d) cooperativa de crdito;

    e) consrcio;

    f) entidade de previdncia;

    g) sociedade operadora de plano de assistncia sade;

    h) sociedade seguradora;

    i) sociedade de capitalizao;

    j) outras entidades equiparadas s anteriores; e

    k) sociedades simples.

    2.2.4 Crditos sujeitos recuperao judicial

    Todos os crditos existentes na data do pedido estaro sujeitos aosefeitos da recuperao judicial, ainda que no vencidos, inclusive oscrditos trabalhistas.

    Porm, alm dos crditos mencionados no art. 5 da Lei deFalncias e Recuperaes: credores por obrigaes a ttulo gratuito ecredores de despesas individualmente feitas para ingresso na massa falidasubjetiva, salvo custas em litgio com esta, tambm no esto sujeitos recuperao judicial:

    a) os crditos tributrios e previdencirios;

    b) os crditos posteriores ao pedido de recuperao judicial;

    c) os crditos de proprietrio fiducirio;

    d) os crditos de arrendamento mercantil (leasing);

    e) vendedor ou promitente vendedor de imvel cujos respectivoscontratos contenham clusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade,inclusive incorporaes imobilirias;

    f) proprietrio em contrato de venda com reserva de domnio;

  • g) titulares de ACC (Adiantamento de Contrato de Cmbio).

    Embora os crditos da Unio, Estados, Municpios e INSS noestejam sujeitos ao benefcio legal, permitido o parcelamento das dvidastributrias (art. 6, 7, da Lei de Falncias e Recuperaes, c/c art. 155-A, 3, do Cdigo Tributrio Nacional; cf. Lei Complementar n. 118/2005).

    Os crditos constitudos posteriormente impetrao dorequerimento da recuperao judicial tambm esto excludos dos efeitosdesta, e, por conseguinte, no sero renegociados no plano de recuperaojudicial. A justificativa lgica: se os credores soubessem, comantecedncia, que seus crditos posteriores prontamente sofreriamqualquer tipo de alterao ou novao, certamente, recusar-se-iam aconced-lo, e sem crdito torna-se praticamente impossvel a superao dacrise econmica.

    A ttulo de incentivar ainda mais a concesso de crdito, bemcomo impulsionar a manuteno do fornecimento, propiciando apreservao dos meios produtivos, a Lei de Falncias e Recuperaes (art.67), alm de excluir os crditos posteriores ao ajuizamento do pedido derecuperao judicial, considera estes crditos posteriores, decorrentes deobrigaes contradas pelo devedor durante a recuperao judicial,inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ouservios e contratos de mtuo, como crditos extraconcursais, em caso dedecretao da falncia, que, como tais, sero pagos, com precedncia,sobre todos os demais crditos mencionados no art. 83.

    Como se no bastasse, para assegurar condies favorveis manuteno do fornecimento empresa em crise, os crditosquirografrios sujeitos (anteriores ao pedido) recuperao judicialpertencentes a fornecedores de bens ou servios que continuarem a prov-los regularmente aps o pedido do benefcio, tero privilgio geral derecebimento, em caso de decretao da falncia, no limite do valor dofornecimento do perodo da recuperao.

    Decretada a falncia do devedor, haver prestgio para os crditosde mtuo e fornecimento decorrentes de obrigaes contradas pelodevedor durante a recuperao judicial.

    O pargrafo anterior vem elucidar que tais credores receberoseus crditos antes mesmo dos credores trabalhistas. Os crditos derivadosde obrigaes contradas antes do pedido de recuperao judicial

  • concorrero com os de privilgio geral.

    Por outro lado, como dito alhures, esto excludos dos efeitos dobenefcio os crditos de: proprietrio fiducirio; arrendador mercantil(leasing); vendedor ou promitente vendedor de imvel cujos respectivoscontratos contenham clusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade,inclusive incorporaes imobilirias; proprietrio em contrato de vendacom reserva de domnio; titulares de ACC (Adiantamento de Contrato deCmbio). O principal fundamento para esta excluso reside na criao decondies favorveis reduo de juros.

    O credor de ao que demandar quantia ilquida, bem como ocredor de ao de natureza trabalhista, poder requerer, no juzo em quetramita a demanda, a reserva da importncia que estimar devida, e, umavez reconhecido lquido o direito, ser o crdito includo na classe prpria.

    2.2.5 Petio inicial de recuperao judicial

    O pedido de recuperao judicial dever estar acompanhado decertos documentos, cuja ausncia poder acarretar o indeferimento de seuprocessamento, de sorte que so, portanto, indispensveis instruo dapetio inicial: a) a exposio de causas; b) as demonstraes contbeis(podendo ser simplificadas, na hiptese de o devedor ser microempresa ouempresa de pequeno porte); c) o relatrio da situao econmica; arelao dos credores; d) a relao dos empregados; e) a certido deregularidade da Junta Comercial; o contrato social ou estatuto atualizado eatas de nomeao dos atuais administradores; f) a relao dos bensparticulares dos scios controladores e administradores; g) os extratosbancrios do devedor; certides de protesto; e h) a relao das aesjudiciais em andamento.

    2.2.6 Meios de recuperao judicial

    No regime jurdico anterior (Decreto-lei n. 7.661/45), oempresrio ou sociedade empresria, quando utilizavam o instituto daconcordata, tinham apenas dois meios de sair da crise econmico-financeira: obtendo o perdo parcial da dvida e/ou a prorrogao de prazode seu pagamento. Atualmente, com a finalidade de ampliar e flexibilizar ombito de renegociao dos crditos, bem como provocar umaparticipao mais ativa dos credores no processo de reerguimento e

  • superao da empresa, a Lei de Falncias e Recuperaes introduziu noOrdenamento Jurdico Ptrio diversos meios de recuperao da empresa.Convm salientar que o rol dos meios enumerados pelo legislador absolutamente exemplificativo, podendo o devedor adotar outramodalidade de satisfao do crdito, e, tambm, nada impede que possaempregar a combinao de dois ou mais meios legais previstos em lei, seviveis e compatveis.

    So meios legais de recuperao judicial:

    a) Concesso de prazos e condies especiais para pagamento dasobrigaes vencidas ou vincendas esta modalidade a mais parecidacom a concordata preventiva, pois permite ao devedor requerer aremisso parcial da dvida e a dilao dos prazos de pagamento, sem arigorosidade de prazos anteriormente exigida.

    b) Ciso, incorporao, fuso ou transformao de sociedade,constituio de subsidiria integral, ou cesso de quotas ou aes,respeitados os direitos dos scios para melhor compreenso destasmodalidades, abordaremos brevemente a seguir cada instituto:

    Na ciso uma sociedade se subdivide total ou parcialmente,sendo que parcela de seu patrimnio vertida para outra ououtras sociedades preconstitudas ou constitudas para este fim.As sociedades em favor das quais foi direcionado o patrimniotornam-se responsveis pelas obrigaes da sociedade cindida.

    Na incorporao uma sociedade chamada incorporadoraabsorve uma ou mais sociedades, denominadas incorporadas.Nesta hiptese, as sociedades incorporadas se extinguem, esomente a sociedade incorporadora que permanece, naqualidade de sucessora universal de todos os direitos eobrigaes das incorporadas.

    A fuso determina a extino das sociedades que se unem, paraformar uma sociedade nova, que a elas suceder nos direitos edeveres.

    Transformao a operao na qual uma sociedade modifica oseu tipo societrio, independentemente de dissoluo ouliquidao, para outro (p. ex., uma sociedade Ltda. que se

  • transforma em S/A).

    Estas espcies se incluem no gnero reorganizao societria;observando-se que a fuso e a incorporao so institutos deconcentrao empresarial, prprios para aumento patrimonial,ampliao de monoplio e consequente diminuio da concorrncia. Atransformao altera os atos constitutivos da sociedade, modificando ocoeficiente de responsabilidade de seus scios.

    A subsidiria integral, por seu turno, uma sociedade annimaque tem como nico acionista uma sociedade brasileira.Segundo Fbio Ulhoa Coelho, a constituio de subsidiriaintegral serve segregao de patrimnio, medida til preservao das atividades rentveis, com vistas no s administrao apartada em relao s demais exploradas pelamesma sociedade empresria, como tambm a obteno derecursos em razo da futura alienao dos ativos e passivosespecificamente relacionados a ela (2005, p. 135).

    J a cesso de quotas o ato de ceder (alienao) a titularidadeda participao societria de uma pessoa para outra. De acordocom doutrina majoritria, cuida-se de transferncia de quotasou aes de titularidade da sociedade em crise, contabilizadasem seu ativo. s vezes, o ingresso de credores no quadro socialda sociedade pode trazer maior credibilidade junto aosfornecedores e, assim, promover condies apropriadas superao econmico-financeira.

    c) Alterao do controle societrio a operao pela qual o scio ouacionista aliena suas quotas ou aes a terceiro, tornando o adquirentedetentor da maioria de quotas ou aes com direito a voto.

    d) Substituio total ou parcial dos administradores do devedor oumodificao de seus rgos administrativos fato que, na maioria dasvezes, a crise da empresa reflexo de sua m administrao. Pensandonisto, a nova lei concede ao plano a possibilidade de determinar asubstituio dos atuais administradores por outros mais especializados,com capacidade e experincia necessrias para a superao daempresa. Podero tambm ser criados ou retirados cargos na diretoria eno conselho de administrao da empresa, medida que poder ocasionar

  • interessante conteno de despesas.

    e) Concesso aos credores de direito de eleio em separado deadministradores e de poder de veto em relao s matrias que o planoespecificar ao eleger administradores de sua confiana, os credorespodero ter o controle externo da empresa; adquirindo liberdade deexercer fiscalizao da gesto e maior ingerncia nos negciosrealizados pelo devedor. O poder de veto traduz-se na possibilidade de oscredores intervirem no exerccio do poder de controle.

    f) Aumento de capital social implica no aumento de reservas com ainjeo de dinheiro novo. Tal acrscimo no capital pode se dar pelaentrada de novo scio ou acionista, ou pela prpria contribuio dosscios j existentes. uma tima maneira de soerguer a atividadeempresarial.

    g) Trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive sociedadeconstituda pelos prprios empregados trespasse a denominao parao contrato de alienao de estabelecimento empresarial, acarretando atransferncia de sua titularidade a outrem.

    h) Reduo salarial, compensao de horrios e reduo da jornada,mediante acordo ou conveno coletiva o plano de recuperao poderconter a alterao dos contratos de trabalho, como forma de negociaodo passivo trabalhista (diminuio de jornada de trabalho, reduosalarial etc.). No entanto a lei bem clara , estas modificaessomente sero admitidas se realizadas mediante acordo coletivo ouconveno coletiva.

    i) Dao em pagamento ou novao de dvidas do passivo, com ou semconstituio de garantia prpria ou de terceiro o credor poderconcordar em receber prestao diversa da que lhe devida. Se ocontrato estabelecido com o devedor determinava o pagamento emdinheiro, o credor, se consentir, poder receber bens da empresa emrecuperao como forma de pagamento. A novao, por sua vez,implica na substituio da dvida ou do devedor, com ou sem constituiode garantia prpria ou de terceiro.

    j ) Constituio de sociedade de credores outro meio admitido acriao de uma sociedade de credores do devedor, que darcontinuidade aos negcios da empresa em crise.

    k) Venda parcial dos bens a sociedade devedora poder obter recursos

  • com a alienao de apenas parte de seu patrimnio, desde que no sejaindispensvel ao desenvolvimento de suas atividades.

    l) Equalizao de encargos financeiros relativos a dbitos de qualquernatureza, tendo como termo inicial a data da distribuio do pedido derecuperao judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crditorural cuida-se de controle de distoro dos encargos financeiros,reduzindo-os e uniformizando-os em uma medida proporcional esatisfatria a atender aos anseios do devedor sem causar prejuzo aoscredores.

    m) Usufruto da empresa com o usufruto, o credor receber, aospoucos, com os frutos decorrentes da explorao do estabelecimentoempresarial do devedor em recuperao, permanecendo a propriedadedeste com o empresrio ou sociedade empresria.

    n) Administrao compartilhada trata-se de redistribuio decompetncia administrativa; pode se dar com o ingresso derepresentantes dos credores na administrao do devedor ou at mesmocom parcerias empresariais.

    o) Emisso de valores mobilirios modalidade restrita ao devedorconstitudo na forma de sociedade por aes (S/A). A captao derecursos deriva da emisso de valores mobilirios (debntures,commercial paper, bnus de subscrio).

    p) Constituio de sociedade de propsito especfico para adjudicar, empagamento dos crditos, os ativos do devedor basicamente, nada mais do que uma dao em pagamento. Entretanto, ao invs de ser destinadadiretamente ao credor, direcionada a uma sociedade de credorescriada nica e exclusivamente para a adjudicao dos bens, chamada deSociedade de Propsito Especfico (SPE).

    3. Fase de processamento e deliberao

    3.1 Despacho de processamento

    O juiz, ao constatar que a petio inicial est devidamenteinstruda, deferir o processamento da recuperao judicial. Convmexplicar que o despacho de processamento no tem o condo de concedero benefcio da recuperao judicial, at porque o plano de recuperao

  • nem foi apresentado ainda, vez que seu momento de apresentao posterior ao despacho de processamento.

    O mencionado despacho, simplesmente, d incio ao procedimentode verificao da viabilidade da preservao da empresa e do seu plano derecuperao, com a eventual aprovao, alterao ou rejeio econsequente falncia.

    No despacho de processamento, o magistrado dever:

    a) nomear o administrador judicial;

    b) determinar a dispensa da apresentao de certides negativas paraque o devedor exera suas atividades, exceto para contratao com oPoder Pblico ou para recebimento de benefcios ou incentivos fiscais oucreditcios (lembrando que, em todos os atos, contratos e documentosfirmados, o devedor dever acrescentar, aps o nome empresarial, aexpresso em recuperao judicial);

    c) suspender todas as aes ou execues contra o devedor (ressalvadasas aes que demandarem quantia ilquida; as aes de naturezatrabalhista; execues fiscais, caso no realizado o parcelamento naforma da legislao especfica a ser editada conforme o art. 155-A, 3 e 4, do Cdigo Tributrio Nacional; execues cujo objeto sejamcrditos que no se submetem recuperao judicial, j examinados noitem 2.2.4 deste captulo, tais como os de proprietrio fiducirio,arrendador mercantil etc., que prosseguiro no juzo de origem;

    d) ordenar ao devedor a apresentao mensal de contas demonstrativas;

    e) intimar o Ministrio Pblico e comunicar por carta s FazendasPblicas Federal e de todos os Estados e Municpios em que o devedortiver estabelecimento.

    Questo importante a que concerne suspenso das aes eexecues movidas contra o devedor. A suspenso, que dever sercomunicada aos juzos competentes pelo devedor, no exceder o prazoimprorrogvel de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento doprocessamento da recuperao, restabelecendo-se, aps o decurso desteperodo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas aes eexecues, independentemente de pronunciamento judicial.

    Os titulares dos crditos elencados no 3 do art. 49 da Lei deFalncias e Recuperaes, como o caso do proprietrio fiducirio e do

  • titular de crdito de arrendamento mercantil, so afastados da recuperaopara que, a partir disso, o recuperando negocie diretamente com ele, noincidindo os juros propiciados pelo fator recuperao de empresas, que sodecorrentes dos riscos que a crise proporciona.

    Aps o deferimento do processamento do benefcio, o juiz devertambm determinar a expedio de edital para a publicao no rgooficial, contendo:

    a) resumo do pedido do devedor;

    b) resumo da deciso que defere o processamento;

    c) relao de credores (apresentada pelo devedor);

    d) advertncia acerca dos prazos de 15 dias para habilitao dos crditosou suas divergncias e de 30 dias, contados da publicao da relao decredores, para objeo do plano de recuperao.

    3.2 Efeitos do despacho de processamento

    O art. 52, ao elencar os requisitos do despacho de processamentoda recuperao judicial, traz por consequncias os seus principais efeitos:

    a) nomeao do administrador judicial;

    b) como regra geral, sua publicao constitui incio do prazo deapresentao em juzo do plano de recuperao judicial pelo devedor,sob pena de convolao em falncia;

    c) incio do prazo de suspenso das aes e execues contra o devedor;

    d) implica a possibilidade de os credores pleitearem a convocao deassembleia geral para a constituio do comit de credores ousubstituio de seus membros;

    e) impossibilidade de o devedor desistir do plano de recuperaojudicial, salvo se obtiver a aprovao da desistncia na assembleia geralde credores;

    f) sua publicao no edital constitui incio do prazo de habilitao decredores.

    Sntese da matria

    Aps a anlise do preenchimento dos requisitos dos arts. 48 e 51 dalei em estudo, o juiz dever, ao exarar seu despacho deferitrio, se for o

  • caso, alm de deferir o processamento da recuperao, nomear oadministrador judicial, ordenando, tambm, a suspenso temporria detodas as aes e execues pelo prazo improrrogvel de 180 dias.Determinar ao devedor a apresentao de contas demonstrativas mensaisenquanto perdurar a recuperao judicial e ordenar a intimao doMinistrio Pblico e a comunicao por carta s Fazendas Pblicas Federale de todos os Estados e Municpios em que o devedor tiver estabelecimento.

    Deferido o processamento da recuperao, o empresrio ou asociedade empresria no poder mais desistir desta, salvo se obtiveraprovao de sua desistncia na assembleia geral de credores. Oempresrio ou a sociedade dever apresentar o plano de recuperao noprazo improrrogvel de 60 dias da publicao da deciso que deferir oprocessamento de recuperao judicial, sob pena de convolao emfalncia, que dever conter a discriminao pormenorizada dos meios derecuperao a serem empregados para superar a crise; a demonstrao desua viabilidade econmica; e laudo econmico-financeiro e de avaliaodos bens e ativos do devedor.

    O juiz ordenar a publicao de edital contendo aviso aos credoressobre o recebimento do plano de recuperao e fixando o prazo para amanifestao de eventuais objees.

    Em havendo apresentao de objeo por parte de algum credor,o juiz dever convocar a assembleia geral de credores para que estadelibere sobre o plano de recuperao, aprovando-o, rejeitando-o oumodificando-o. A realizao da assembleia no poder exceder 150 diascontados do deferimento do processamento da recuperao judicial. Casoo plano seja aprovado, para que o empresrio possa execut-lo, necessria, ainda, a apresentao de certides negativas de dbitostributrios. Se tais certides no forem apresentadas, o juiz indeferir,desde logo, o pedido de recuperao.

    Na hiptese de o plano de recuperao de empresa no ter sidoaprovado, o juiz decretar a falncia do empr