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DIREITO INTERNACIONAL CRIMINAL E DIREITO CRIMINAL INTERNACIONAL Introdução : Introdução ; 1. Histórico; 2. Direito Criminal Internacional (DCI) e Direito Internacional Criminal (DIC); 3. Direito Criminal Internacional; 4. Direito Internacional Criminal; 5. Jurisdições Internacionais; - o TPI; 6. DIC e Direito brasileiro;

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DIREITO INTERNACIONAL CRIMINAL E DIREITO

CRIMINAL INTERNACIONAL

Introdução:

Introdução;1. Histórico;2. Direito Criminal Internacional (DCI)

e Direito Internacional Criminal (DIC);3. Direito Criminal Internacional;4. Direito Internacional Criminal;5. Jurisdições Internacionais;

- o TPI;6. DIC e Direito brasileiro;

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1. Histórico:

1.1. A evolução do Direito Criminal1.2. Um novo Direito Criminal.1.3. Apontamentos históricos:

1. Histórico:

• 1.1. A evolução do Direito Criminal:

O Direito Criminal Clássico;Direitos Humanos;

Liberalismo;

O Direito Criminal Econômico;Globalização;

Macro criminalidade;

O Direito Criminal Internacional

(um novo Direito Criminal);

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Histórico: um novo Direito Criminal

1.2. Surge, então, um novo Direito Criminal, que assume as seguintes características:

• Proteção de bens supra-individuais e supra-estatais;

• Alcance universal;• Multi-disciplinar (Direito Internacional e Direito

Criminal);• Divisão em Direito Criminal Internacional e Direito

Internacional Criminal;

Apontamentos históricos:

• 1.3. Apontamentos históricos:

1.3.1. primeiras experiências;1.3.2. o nascimento do DCI:

- a Primeira Grande Guerra;- o tratado de Versalhes;- o reconhecimento de interesses

supranacionais;

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1. Histórico:

1.3.3. a Segunda Grande Guerra:

- materialização dos interesses supranacionais;- os Tribunais Militares de Nuremberg e Tóquio;- a criação das Nações Unidas;- a busca pela “paz perpétua”;- a pretensão de relativização da soberania;

• Estatuto do Tribunal de Nuremberg:

“Artigo 6"O Tribunal instituído pelo Acordo mencionado no Artigo 1 acima,

para julgamento e punição dos principais criminosos de guerra dos países do Eixo Europeu, é competente para julgar e punir pessoas

que, agindo no interesse dos países do Eixo Europeu tenham cometido, quer a título individual ou como membros de

organizações, algum dos seguintes crimes: "Os seguintes actos, ou qualquer um deles, constituem crimes abrangidos pela jurisdição do Tribunal e pelos quais existirá

responsabilização individual: a) Crimes contra a Paz(...)b) Crimes de Guerra (...)

c) Crimes contra a Humanidade (...)"Dirigentes, organizadores, instigadores ou cúmplices que

participaram na elaboração ou execução de um plano concertado ou conspiração para cometer qualquer um dos crimes acima

mencionados são responsáveis por todos os actos realizados por quaisquer pessoas na execução desse plano."

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1. Histórico:• Tribunal Penal Internacional Militar de Nuremberg:

– Fruto do Acordo de Londres, de 8 de agosto de 1945, firmado pelos Estados Unidos, URSS, Grã-Bretanha e França, e que, por sua vez, teve suas origens na Declaração de Moscou

– Grande evolução se comparado ao artigo 227 do Acordo de Versalhes;– Composto por quatro juízes (Estados Unidos, URSS, Inglaterra e

França)– Competência: crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a

humanidade. – A forma e o processo adotados foram compostos de um misto dos

sistemas “common law” e “civil law”;– 24 acusados e seis organizações criminosas: todos se declararam “não

culpados” pois “cumpriam ordens superiores”– Resultado: 22 julgamentos, 19 condenações (12 delas à pena de morte,

9 condenações à prisão - pena perpétua ou a tempo determinado) e 3 absolvições ou acusações que não chegaram a um fim. O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, as SS e a GESTAPO foram condenadas como organizações criminosas

1. Histórico:• Tribunal Penal Internacional Militar de Tóquio:

– Origem: uma declaração do Comandante Supremo das Forças Aliadas (General MacArthur), de 19 de janeiro de 1946(baseado na Declaração de Potsdam de 23 de julho de 1945).

– Composição: onze juízes de diversas nacionalidades (Estados Unidos, Austrália, China, URSS, França, Canadá, Holanda, Nova Zelândia, Índia e Filipinas) e de um Procurador Geral assistido por outros dez Promotores;

– Competência: crimes contra a paz, os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade;

– Resultado: 28 pessoas foram acusadas e, 7 meses depois, todas condenadas (generais, almirantes, diplomatas, administradores, um político, um propagandista e um ultra-nacionalista.). 7 foram condenados à pena de morte; 16 à prisão perpétua; 2 à prisão por tempo determinado. Posteriormente, todos foram liberados em 7 de abril de 1958;

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1. Histórico:

1.3.4. a Guerra Fria versus a internacionalização dos Direitos Humanos:

• polarização mundial; • estagnação do DCI;• atuação limitada dos organismos internacionais

(inclusive a ONU);• a produção dos tratados e a proteção dos direitos

humanos;

1. Histórico:

• 1.3.5. As Nações Unidas e o fim da Guerra Fria:

- o mundo globalizado;- a criminalidade globalizada;- a efetiva relativização do conceito de soberania;- reforço do poder das Nações Unidas;- efetivação do arcabouço de repressão ao crime internacional e de proteção dos Direitos Humanos;

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1. Histórico:

• 1.3.6. Os tribunais internacionais da ONU;– O Tribunal Penal Internacional para a ex-

Iugoslávia;– O Tribunal Penal Internacional para a

Ruanda;

1. Histórico:

• 1.3.7. o Tribunal Penal Internacional;• Criado pelo Estatuto de Roma, na Convenção dos

Plenipotenciários das Nações Unidas, realizada naquela mesma cidade, de 15 de junho a 17 de julho de 1998;

• Tem competência para julgar os crimes de genocídio, contra a humanidade, de guerra e agressão, cometidos a partir de 1º de Julho de 2002, dentro de sua esfera de jurisdição;

• Em Maio de 2007, contava com 104 estados parte.

• 1.3.8. os tribunais mistos.• A ONU tem ajudado países em dificuldades a julgar os

responsáveis pelos conflitos internos.• Existem, atualmente, quatro tribunais dessa espécie: Serra

Leoa, Timor Leste, Kosovo e Camboja;

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2. Direito Internacional Criminal versus Direito

Criminal Internacional: uma divisão importante

2. Direito Internacional Criminal X Direito Criminal Internacional

• A evolução do Direito Internacional permitiu o surgimento de dois ramos:– O Direito Criminal Internacional;

• Direito criado “de dentro para fora”;• Corresponde às regras nacionais que regulamentam as conexões

entre o Direito Criminal de dois ou mais Estados;• Exemplos: regras sobre extradição, sobre aplicação extraterritorial

da lei penal, etc...

– O Direito Internacional Criminal;• Direito criado “de fora para dentro”;• tem origem na esfera internacional e migra para a esfera nacional;• compõe-se de tratados que são internalizados pelos Estados

signatários;• ex: Convenção de combate ao Genocídio, Convenções de Genebra

(Direito de Guerra), Convenção sobre imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade, etc...

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2. Direito Internacional Criminal X Direito Criminal Internacional

• Crimes universais e crimes transnacionais (a mesma divisão cria a distinção entre os crimes universais e os crimes transnacionais):

– Crimes transnacionais:• são crimes comuns, mas que contam com um “elemento de

estrangeirismo”;• não tratam de bens jurídicos que dizem respeito a toda a

comunidade internacional;• são de alçada dos próprios Estados, salvo exceções;

– Crimes universais: • baseiam-se no conceito de “bem jurídico universal”;• têm suas origens no Direito Internacional;• podem ser de alçada internacional ou nacional, dependendo das

circunstâncias;

2. Direito Internacional Criminal X Direito Criminal Internacional

• Direito Criminal Internacional

• Crimes transnacionais

(tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção internacional,

etc...)

• Direito Internacional Criminal

• Crimes Universais(genocídio, escravidão, crimes de

guerra, etc...)

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3. O Direito Criminal Internacional:

Justiça dos EUA pede a prisão de Maluf

Gazeta Mercantil - 09/03/2007

A procuradoria de Nova York, acusou o deputado e quatro cúmplices por roubo de US$ 11,6

milhões.Marcos Seabra e EFE

Nova York e São Paulo - Um pedido de prisão do deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi feito ontem pela Justiça norte-americana devido ao indiciamento do ex-prefeito de São Paulo pelo suposto envolvimento num esquema de desvio de dinheiro público. Maluf e outras quatro pessoas foram indiciados também ontem em Nova York por suspeita de desvio de mais de 11,6 milhões de dólares na construção da avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Água Espraiada, Zona Sul de São Paulo, disseram autoridades norte-americanas. As leis brasileiras impedem a extradição de um cidadão do País, afirmou a porta-voz da procuradoria de Nova York. Maluf está no Brasil, mas pode ser preso se viajar para um País que permita a extradição para os Estados Unidos.

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• Ontem pela manhã, a Procuradoria de Manhattan, em Nova York (EUA) acusou Maluf e os cúmplices de roubo de parte dos recursos direcionados a construção da avenida. Maluf,

é acusado de participar de um plano de subornos e superfaturamentos que gerou milhões de dólares em lucro

e que foram transferidos para uma conta bancária em Nova York, controlada de forma secreta pelo deputado do PP. O dinheiro era depois enviado para outra conta, também sob

seu controle, na ilha de Jersey, nos Canal da Mancha. Também ontem, a assessoria do deputado negou as acusações por meio de uma nota assinada por seu

assessor de imprensa, Adilson Laranjeira. "Todas as falsas acusações feitas contra Paulo Maluf jamais foram provadas

e são fruto de perseguição política", resumiu na nota o assessor de imprensa. Em outro trecho do documento, o ex-prefeito e ex-governador afirmou "que não tem e nem

nunca teve uma conta bancária em Nova York".

• "As declarações da Promotoria Distrital de Nova York, formalizadas junto a Justiça, permitirão, finalmente, que Paulo Maluf possa se defender e provar que é inocente das acusações que lhe fazem", diz um outro trecho da nota. Esquema: Além de Paulo Maluf e de seu filho Flávio, a Procuradoria nova-iorquina implica na fraude Simeão Damasceno de Oliveira, diretor financeiro da construtora Mendes Júnior, envolvida no plano; Joel Guedes Fernandes, caixa dessa empresa, e Vivaldo Alves, transmissor de fundos no mercado negro. A investigação revelou que, enquanto Maluf esteve à frente da Prefeitura de São Paulo, entre 1993 e 1997, e também depois, os acusados conspiraram para roubar grandes somas em dinheiro de fundos municipais. A Procuradoria afirmou que Maluf usou seu cargo para colocar amigos e aliados em cargos importantes da Prefeitura, a fim de facilitar o plano fraudulento, associado à construção da Avenida Água Espraiada. Empresas contratadas apresentaram faturas falsas e superfaturadas às construtoras Mendes Júnior e OAS, que, por sua vez, as enviavam para aprovação da Empresa Municipal de Urbanização, encarregada de supervisionar o projeto. (...)

• A Procuradoria nova-iorquina lembrou que o projeto de obra pública estava orçado em US 200 milhões e acabou custando aos brasileiros US 600 milhões. "Este caso representa corrupção e avareza a uma escala colossal", disse o procurador Robert M. Morgenthau”

• Fonte: http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=360115, em 16/05/2007.

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O CASO SALVATORE CACCIOLA:

• Cacciola foi preso, dia 15/09/2007, em uma praça, em frente ao famoso cassino de Monte Carlo. Ele foi reconhecido por causa de um comunicado da Interpol distribuído a 140 países.

• Teria saído da Itália, onde tem cidadania e, por isso, não podia ser extraditado para o Brasil, e foi para Mônaco para um final de semana com a nova namorada gaúcha. Foi preso por agentes da Interpol atendendo a alerta de difusão vermelho emitido pela Polícia Federal brasileira.

O CASO SALVATORE CACCIOLA

• Ele é foragido da Justiça brasileira há sete anos. Foi condenado (primeira instância) por desvio de dinheiro público e gestão fraudulenta, sob a acusação de ter se beneficiado de informações sigilosas sobre a desvalorização do real em relação ao dólar, em 1999, quando era dono do Banco Marka. O golpe deu um prejuízo de U$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

• Cacciola foi condenado a 13 anos de prisão, mas sópassou 37 dias na cadeia. Depois de um habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-banqueiro fugiu para a Itália, de onde não foi extraditado por ter cidadania italiana.

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O CASO SALVATORE CACCIOLA

• Transferido ao Brasil em 17 de Julho de 2008 após a autorização concedida pelo príncipe de Monte Carlo, Salvatore Cacciola finalmente se encontra recolhido ao presídio Bangu I;

• Chegou escoltado pela PF e não algemado por conta de liminar concedida pelo STJ (a “questão Satiagraha”) que também impediu a presença de jornalistas;

• Advogados interpuseram Habeas Corpus ao STJ e acreditavam que em 10 dias o condenado estaria em liberdade.

Caso Abadia

• Juan Carlos Abadia, grande traficante, foi preso no Brasil sob várias acusações, dentre elas, tráfico de drogas;

• O STF aprovou, por unanimidade, pedido de extradição do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía para os Estados Unidos, onde ele responde a processo por lavagem de dinheiro, conspiração para o tráfico internacional de cocaína e homicídio.

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• A decisão do STF não era definitiva, pois caberia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dar a palavra final sobre o assunto.

• A extradição foi concedida sob condição: uma eventual prisão perpétua ou pena de morte contra ele nos EUA deverá ser transformada em prisão por 30 anos;

• Nos EUA, é suspeito de mandar matar 15 pessoas nos Estados Unidos e trezentas na Colômbia. A fortuna do colombiano é estimada em R$ 3,4 bilhões.

• A decisão final sobre a extradição foi lançada em 20/08/08 e, apesar de Abadía estar sendo processado também no Brasil - por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, uso de documentos falsos e corrupção – o traficante acabou extraditado condicionalmente.

3. O Direito Criminal Internacional:

• 3.1. Ocorrências no Direito Nacional;

– no Código Penal (art. 7.º. CP);

– no Código Processual Penal (Livro V, art. 780 e seg., CPP);

– na Constituição Federal (art. 5.º, LI e LII, e art. 102, I, “g”, CF).

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Código Penal:

“ExtraterritorialidadeArt. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

II - os crimes:a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça”.

• Código Processual Penal:

“Art. 780. Sem prejuízo de convenções ou tratados, aplicar-se-á o disposto neste Título à homologação de

sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao cumprimento de cartas rogatórias para citações,

inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo penal.

Art. 781. As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se

contrárias à ordem pública e aos bons costumes.Art. 782. O trânsito, por via diplomática, dos

documentos apresentados constituirá prova bastante de sua autenticidade”.

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• Constituição Federal:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:(...)

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma

da lei;LII - não será concedida extradição de estrangeiro por

crime político ou de opinião”;

3. O Direito Criminal Internacional:

• 3.1. Características:– Fundamenta-se na busca pela cooperação internacional para a

repressão de crimes transnacionais;– o “princípio da cooperação internacional entre os Estados”;

• visão restritiva (mais aceita na América Latina: a cooperação se dáde acordo com o instrumental penal de cada país – pluralidade de sistemas penais);

• visão ampla (Europa e Direito Internacional: uniformização dos sistemas de cooperação internacional através de tratados e acordos internacionais).

– Aplica-se através de uma “política de boa vizinhança” – os países se ajudam para que se possa combater a criminalidade.

– Eventualmente, conflitos podem ser solucionados pela via diplomática, quando a lei nacional não prevê soluções;

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3. O Direito Criminal Internacional:

• 3.2. Jurisdição aplicável:

– Princípio da territorialidade: a lei e a jurisdição nacional se aplicam sobre esses crimes;

– Eventualmente, aplicam-se as regras de extraterritorialidade da lei penal, que variam de acordo com cada país;

3. O Direito Criminal Internacional:Princípios da extraterritorialidade da lei penal:

– Princípio real ou de defesa: lei penal de um estado aplica-se fora do território nacional a atos que se dirigem contra bens jurídicos do próprio estado (moeda, documentos, ordem pública,etc...).

– Princípio da nacionalidade ou da personalidade: exige-se do nacional obediência à lei de seu país, mesmo estando fora dele. A lei penal segue o nacional.

– Princípio da representação ou da bandeira: aplica-se o direito local do estado que está com o autor de um crime e não é caso de extradição. No Brasil, refere-se apenas a embarcações;

– Princípio universal ou do direito mundial (jurisdição penal universal): aplica-se o direito de um estado independentemente do local de comissão ou da nacionalidade do autor – fundamentado no local da prisão. Para os casos em que os bens afetados sejam supranacionais, cuja proteção interessa a todos.

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3. O Direito Criminal Internacional:

• a) nacionalidade: (a lei segue o nacional. Aplica-se a lei brasileira ao brasileiro no exterior. Art. 7.º, § 2.º, CP)

“Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:(...)

b) praticados por brasileiro;(...)”

3. O Direito Criminal Internacional:

• b) da defesa: (leva-se em consideração a nacionalidade do bem jurídico protegido – protege-se, portanto, o bem jurídico nacional (a fé pública, o Estado Democrático de Direito, etc...) com a lei nacional)

“Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,

de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo

Poder Público;c) contra a administração Pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;”

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3. O Direito Criminal Internacional:

• c) da representação (ou da bandeira): (o Estado a que pertence a bandeira da aeronave ou navio se substitui àquele em cujo território ocorreu a infração que não foi perseguida ou punida por motivos irrelevantes)

“Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

(...)II - os crimes:

(...)c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,

mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.”

3. O Direito Criminal Internacional:

• d) da justiça penal universal: (aplica-se a lei penal brasileira para punir os crimes que por tratado o Brasil se comprometeu em reprimir aonde quer que esteja o criminoso, quem quer que seja (nacionalidade) ou onde quer que tenha sido cometido o crime)

“Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

(...)II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;”

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3. O Direito Criminal Internacional:

• Alcance do Direito Criminal Internacional:– Tráfico de drogas;

• (Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas – Convention against Illicit Traffic in Narcotic Drugs and Psychotropic Substances/1998 – Decreto n°154 de26/06/1991)

– Organização criminosa; • (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado

Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças – Decreto nº5.017, de 12 de março de 2004)

– Lavagem de dinheiro; – Corrupção internacional;– Contrabando;– Crimes contra a ordem econômica;– etc...

4. Direito Internacional Criminal

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• Primeira Convenção de Genebra (12.08.49):

“ (…) Artigo 3

• No caso de conflito armado que não apresente um carácter internacional e que ocorra no território de uma das Altas Partes contratantes, cada uma das Partes no conflito seráobrigada aplicar, pelo menos, as seguintes disposições:

• 1) As pessoas que não tomem parte directamente nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham sido postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção, ou por qualquer outra causa, serão, em todas as circunstâncias, tratadas com humanidade, sem nenhuma distinção de carácter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo, nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.

• Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em qualquer ocasião e lugar, relativamente às pessoas acima mencionadas:

• a) As ofensas contra a vida e a integridade física, especialmente o homicídio sob todas as formas, mutilações, tratamentos cruéis, torturas e suplícios;

• b) A tomada de reféns;

• c) As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos humilhantes e degradantes;

• d) As condenações proferidas e as execuções efectuadas sem prévio julgamento, realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos civilizados.

• 2) Os feridos e doentes serão recolhidos e tratados”.

4. Direito Internacional Criminal:

• Modernamente:– Tentativa de julgamento de Guilherme II, depois da 1ª Guerra

Mundial (frustrada pela não concessão da extradição pela Holanda);

– Julgamento dos criminosos de guerra da Alemanha e do Japão;– Julgamento de outros criminosos de guerra foragidos

(Eichmann, Papon, etc...)– Tribunais penais internacionaisdas Nações Unidas (ex-Iugoslávia e Ruanda);

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4. Direito Internacional Criminal:

• Padre argentino écondenado à prisão perpétua por genocídio:– Christian von Wernich

foi condenado pela prática de crimes de lesa-humanidade e genocídio;

– Condenação por 7 assassinatos, 31 casos de tortura e 42 seqüestros;

Radovan Karadžić

• Preso em Belgrado (capital da Sérvia) em 18/07/08, RK é acusado de crimes de guerra e genocídio, sobretudo com referência ao massacre de Sbrenica ("Prosecutor v. Krstić" case) onde forças sérvias mataram mais de 8000 homens e rapazes muçulmanos e bósnios.

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Radovan Karadžić

• O político, poeta e psiquiatra encontra-se hoje na penitenciária de Scheveningen (ligada ao TPIY) e aguarda o julgamento.

• Aguarda-se a sua alegação (“plea”) quando aparecerá em audiência no dia 29/08/08.

Radovan Karadžić

• Acusações (responsabilidade individual e reponsabilidade como superior hierárquico):– Genocídio, cumplicidade em genocídio,

extermínio, assassinato e homicídio doloso;

– Perseguições, deportações, atos inumanos, provocação de terror ilegal sobre civis e tomada de reféns;

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4. Direito Internacional Criminal:

• Características:– Caráter subsidiário;– Caráter excepcional;– Criação mediante tratados e acordos

internacionais;– Heterogeneidade (mistura de sistemas penais

– common law e civil law);– Jurisdição nacional ou internacional;

4. Direito Internacional Criminal:

4.1. Os princípios do DIC:4.1.1. responsabilidade criminal internacional;

• do indivíduo;• da pessoa jurídica;• do Estado;

4.1.2. devido processo legal;4.1.3. legalidade;4.1.4. superior hierárquico e estado de necessidade;4.1.5. elemento subjetivo (mens rea) e responsabilização do comando;4.1.6. vedação a limitações nacionais à repressão de crimes;4.1.7. “ne bis in idem”.

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4. Direito Internacional Criminal:

• A responsabilidade criminal internacional;– O indíviduo:

• A partir do séc. XX, o indivíduo passa a ser sujeito de deveres no plano internacional (e não apenas, de direitos);

• Reconhecimento da responsabilização criminal do indivíduo frente à comunidade internacional;

• do Estado;– A pessoa jurídica:

• Reconhecimento de que pessoas jurídicas podem cometer crimes na esfera internacional;

– O Estado:• Questão controversa: em 1994 quase foi aprovada, pela

Comissão de Direito Internacional da ONU, a possibilidade de responsabilização criminal do Estado por crimes internacionais.

4. Direito Internacional Criminal:

• O devido processo legal (fair trial):– Assume suma importância no DIC,

fundamentando várias circunstâncias;– Comum à common law e à civil law;– É o “fio de prumo” do DIC e tem importância

maior do que a própria legalidade;

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4. Direito Internacional Criminal:

• A legalidade;– Interpretação ampla do princípio: fundamento na

experiência da Common Law;– Problema até a Primeira Guerra Mundial: falta de

previsão dos crimes;– Segunda Guerra Mundial: ainda restavam alguns

problemas, especialmente quanto ao crime de agressão;

– TPIY e TPIR: definição dos crimes com base nos tratados internacionais definidos como “ius cogens” e “erga omnes”;

– Hoje: alguns dispositivos ainda demandam precisão (persiste o problema com o crime de agressão);

4. Direito Internacional Criminal:

• Ordem do superior hierárquico, estado de necessidade e legítima defesa;– Mantém-se essas espécies presentes no DIC;

• Responsabilização subjetiva (mens rea) e responsabilização do comando;– Mantém-se essas espécies presente no DIC,

embora despertem controvérsias;

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4. Direito Internacional Criminal:

• Vedação a limitações nacionais à repressão de crimes;– Determinação já existente em outros tratados

internacionais tais como a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade (26.11.1968);

• “Non bis in idem”;– Tendo sido já sujeito a um julgamento justo o

criminoso não será novamente julgado pela esfera internacional;

4. Direito Internacional Criminal:

• Outros princípios:• Presunção de inocência;• Ampla defesa;• Igualdade;• Probidade e respeito;• Tradução;• Rápido processo;

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4. Crimes internacionais: crimes universais.

• Grande gama de crimes universais:– crimes do TPI:

• genocídio;• crimes contra a humanidade;• crimes de guerra;• agressão;

– Outros crimes universais:• apartheid e discriminação racial;• tortura;• desaparecimento forçado;• escravidão;• tráfico de pessoas;• ecocrimes;• terrorismo;

4. Crimes internacionais: crimes universais.

• Problemas:– Interpretação;– Sobreposição típica;– Diversidade de tipos: variação de país para

país;– Falta de cooperação;

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5. Jurisdições Internacionais

5. Jurisdição internacional:

• 5.1. Natureza;• 5.2. Características;• 5.3. Os Tribunais Internacionais:

• Corte Internacional de Justiça;• Corte Interamericana de Direitos Humanos e similares;• Tribunais Militares (Nuremberg e Tóquio)• Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia;• Tribunal Penal Internacional para a Ruanda;

• 5.4. O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma.

• 5.5. Os tribunais internacionais mistos

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5. Jurisdição internacional:

• 5.1. Natureza:– Decorrem de acordos internacionais;– Buscam objetivos como “paz mundial”,

“autodeterminação dos povos”, “livre entendimento entre as nações”, “justiça universal”, “proteção aos direitos humanos”, etc.

– Podem ser de ordem civil, internacional, administrativa e, também, penal;

– Dependem da manifestação da soberania dos países.

5. Jurisdição internacional:

• 5.2. Características:– São entidades conciliatórias, na maior parte

das vezes;– Compostas de acordo com o tratado que lhes

constitui, admitem normalmente competência jurisdicional e consultiva;

– Não têm força coercitiva para além da vontade dos países que as compõem;

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5. Jurisdição internacional:

• 5.3. Os Tribunais Internacionais:• Corte Internacional de Justiça;• Corte Interamericana de Direitos Humanos e

similares;• Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia;• Tribunal Penal Internacional para a Ruanda;• O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de

Roma;• Os tribunais penais internacionais mistos

Corte Internacional de Justiça

• Instituição criada pela Carta das Nações Unidas (a vinculação à ONU implica necessariamente a aceitação da Corte). Funciona desde abril de 1946;

• Regula conflitos apenas entre países;• Composta de 15 juízes, eleitos para mandados

de nove anos (possível uma recondução) pela Assembléia Geral e pelo Conselho de Segurança;

• Sede em Haia – Holanda;

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Cortes Internacionais de Direitos Humanos

• Organizações internacionais regionais que lidam com a proteção de direitos humanos, tanto no âmbito regional quanto global;

• Existência dependente do interesse dos países que definem pretensões comuns em instrumentos de direitos humanos;

• Existem 3 cortes atualmente atuantes:– Corte Européia de Direitos Humanos (Declaração

Européia dos Direitos do Homem);– Corte Inter-Americana de Direitos Humanos

(Declaração Americana dos Direitos do Homem);– Corte Africana de Direitos dos Homens e dos Povos

(Carta Africana dos Direitos dos Homens e dos Povos);

Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY)

• Origem: – O ICTY foi criado pelas Resoluções n. 808

(22.02.93) e n. 827 (25.05.93), ambas do Conselho de Segurança, diante das sérias violações do direito humanitário internacional cometidas no território da Iugoslávia desde 1991, para funcionar como “uma resposta àquebra da paz internacional e da segurança criadas por aquelas sérias violações”.

• Sede: Haia, Holanda.

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Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY):

• O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia:

• O TPIY tem o fim de julgar as “pessoas presumidamente responsáveis por violações graves do direito humanitário internacional cometidas sobre o território da Antiga Iugoslávia desde 1991”;

Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY)

• Objetivos:– “Trazer à justiça as pessoas

apontadas como responsáveis por sérias violações do direito humanitário internacional;

– Fazer justiça para as vítimas;– Impedir crimes futuros;– Contribuir para a restauração

da paz através da punição das pessoas responsáveis por sérias violações do direito humanitário internacional”.

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Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY)

• Competência material:– Violações das Convenções de Genebra de 1949;– Violações das leis e costumes de guerra;– Genocídio;– Crimes contra a humanidade;

• Competência temporal:– Aqueles crimes mencionados cometidos no território

da Iugoslávia desde 1991;

• Competência pessoal:– Apenas pessoas naturais (não organizações ou

pessoas jurídicas);

Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (ICTY)

• Relação com as cortes nacionais:– Competência concorrente, mas o ICTY pode

exercer a sua prioridade sobre as cortes nacionais e assumir o caso que esteja correndo naquela jurisdição (em qualquer estágio do processo se isso for do interesse da justiça internacional).

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O Tribunal Penal Internacional para a Ruanda

• Resolução n. 955 do Conselho de Segurança, de 8 de novembro de 1994;

• Fim: “encarregado unicamente de julgar as pessoas presumidamente responsáveis de atos de genocídio ou de outras violações graves do direito internacional humanitário cometidas sobre o território da Ruanda, e os cidadãos ruandenses responsáveis por tais atos ou violações cometidas em territórios de Estados vizinhos, entre 1.º de janeiro e 31 de dezembro de 1994...”

Tribunal Penal Internacional para a Ruanda

• Competência material: genocídio, crimes contra a humanidade, violações do artigo 3º das Convenções de Genebra e do Protocolo Adicional II (crimes de guerra)

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Tribunal Penal Internacional para a Ruanda

• Competência territorial e pessoal: crimes cometidos por ruandeses no território da Ruanda e no território dos países vizinhos, e crimes cometidos por não-ruandeses dentro do território da Ruanda.

• Competência temporal: crimes cometidos entre 1ºde Janeiro e 31 de Dezembro de 1994.

Tribunal Penal Internacional para a Ruanda

• Relação com as cortes nacionais:– Competência concorrente, mas o ICTR pode

exercer a sua prioridade sobre as cortes nacionais e assumir o caso que esteja correndo naquela jurisdição (em qualquer estágio do processo se isso for do interesse da justiça internacional).

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Tribunais Penais Internacionais Mistos: a nova realidade do Direito

Internacional Penal?

Tribunais Penais Internacionais Mistos:

• Constituídos a partir da “junção” entre julgadores internacionais e julgadores nacionais, aproveitando a estrutura e o direito nacional;

• Atualmente em vigor:– Serra Leoa;– Timor Leste;– Kosovo;– Camboja;

• Experiência interessante que vem apresentando ótimos resultados;

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Natureza e Composição;• Constituição;• Competência;

– Competência territorial;– Competência temporal;– Competência material;

• Alguns Princípios;

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Natureza e composição:– Criado por tratado – o Estatuto de Roma, na

Convenção dos Plenipotenciários das Nações Unidas, realizada de 15 de junho a 17 de julho de 1998 – é fruto do debate internacional e da evolução do Direito Internacional Criminal;

– Com sede em Haia, na Holanda, é uma jurisdição internacional independente das Nações Unidas;

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Natureza e composição:– Composto por 18 juízes provenientes dos países-

parte do tratado (atualmente é juíza a Dr.a Sylvia Steiner, brasileira);

– Tem 4 órgãos: a Presidência, os órgãos “jurisdicionais” (uma Seção de Recursos, uma Seção de Julgamento em Primeira Instância e uma Seção de Instrução), o Gabinete do Procurador e a Secretaria;

– Tem personalidade jurídica internacional.– Seu funcionamento é custeado pelos próprios

estados-parte;– Exercerá seus poderes/funções no território dos

Estado Parte e, por acordo especial, no território de qualquer outro Estado;

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Competência territorial:

“Artigo 12 - Condições Prévias ao Exercício da Jurisdição1. O Estado que se torne Parte no presente Estatuto, aceitará a jurisdição

do Tribunal relativamente aos crimes a que se refere o artigo 5o.2. Nos casos referidos nos parágrafos a) ou c) do artigo 13, o Tribunal

poderá exercer a sua jurisdição se um ou mais Estados a seguir identificados forem Partes no presente Estatuto ou aceitarem a

competência do Tribunal de acordo com o disposto no parágrafo 3o:a) Estado em cujo território tenha tido lugar a conduta em causa, ou, se o

crime tiver sido cometido a bordo de um navio ou de uma aeronave, o Estado de matrícula do navio ou aeronave;

b) Estado de que seja nacional a pessoa a quem é imputado um crime.3. Se a aceitação da competência do Tribunal por um Estado que não seja

Parte no presente Estatuto for necessária nos termos do parágrafo 2o, pode o referido Estado, mediante declaração depositada junto do

Secretário, consentir em que o Tribunal exerça a sua competência em relação ao crime em questão. O Estado que tiver aceito a competência do

Tribunal colaborará com este, sem qualquer demora ou exceção, de acordo com o disposto no Capítulo IX”.

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Competência Temporal:

“Artigo 11 - Competência Ratione Temporis1. O Tribunal só terá competência relativamente aos

crimes cometidos após a entrada em vigor do presente Estatuto.

2. Se um Estado se tornar Parte no presente Estatuto depois da sua entrada em vigor, o Tribunal só poderá

exercer a sua competência em relação a crimes cometidos depois da entrada em vigor do presente

Estatuto relativamente a esse Estado, a menos que este tenha feito uma declaração nos termos do parágrafo 3o

do artigo 12”.

• Entrada em vigor: 1º de julho de 2002.

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Competência material:

“Artigo 5º - Crimes da Competência do Tribunal1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no

seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes

crimes:a) O crime de genocídio;

b) Crimes contra a humanidade;c) Crimes de guerra;

d) O crime de agressão.(...)”

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

“Artigo 6º - Crime de GenocídioPara os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com

intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal:

a) Homicídio de membros do grupo;b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do

grupo;c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a

provocar a sua destruição física, total ou parcial;d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio

do grupo;e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo”.

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Genocídio:– O termo “genocídio” é uma invenção contemporânea, mas a

idéia representada pela expressão já era conhecida de nossos antepassados. A diferença da questão talvez esteja apenas na forma pela qual se perpetrou esse crime na era moderna.

– Veja-se HOBSBAWN, “...o mundo acostumou-se à expulsão e matança compulsórias em escala astronômica, fenômenos tão conhecidos que foi preciso inventar novas palavras para eles: ‘sem Estado’ (‘apátrida’) ou ‘genocídio”.

• Definição: – CASSESE: “a intencional matança, destruição ou extermínio de

grupos inteiros ou membros de um grupo”

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

“Artigo 7º - Crimes contra a Humanidade1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a

humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo

conhecimento desse ataque:a) Homicídio;b) Extermínio;c) Escravidão;

d) Deportação ou transferência forçada de uma população;(...)

f) Tortura;g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de

gravidade comparável;(...)

j) Crime de apartheid;k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente

grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

(...)”

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Crimes contra a humanidade

• O Estatuto do Tribunal de Nuremberg define essa espécie como “assassinato, extermínio, escravidão, deportação, e outros atos inumanos cometidos contra qualquer população civil, antes ou durante a guerra; ou perseguições políticas, raciais ou religiosas em execução ou em conexão com qualquer crime dentro da jurisdição do Tribunal, seja ou não em violação da lei doméstica do país aonde foram perpetrados

Crimes contra a humanidade

• Elementos materiais:– Sem limitação aos “conflitos armados” (evita

confusão com os crimes de guerra);– Os crimes precisam ser cometidos como

“parte de um amplo ou sistemático ataque”(generalização);

– Direcionados “contra população civil”;– Cometidos com “conhecimento do ataque”.

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Crimes contra a humanidade

• Inclusões: outros crimes sexuais; desaparecimento forçado; o apartheid;

• Alargamento do conceito de tortura e da perseguição;• Quebra da legalidade:

– letra “h”, do parágrafo 1.º, do artigo 6.º (“ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal”);

– e letra “k” (“Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental”);

Crimes contra a humanidade

• Elementos intencionais– a) é necessário o elemento moral inerente à conduta

que compõe o tipo (por exemplo, o homicídio, o extermínio, a escravidão, a tortura, a violência sexual, etc...);

– b) além desse, “noção do contexto mais largo dentro do qual o crime se encaixa, que é o conhecimento de que as condutas ofensivas são parte de uma política sistemática ou de abusos generalizados e em larga escala”;

– c) animus persecutório ou discriminatório no que diz respeito aos crimes de perseguição.

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

“Artigo 8º - Crimes de Guerra1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando

cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes.

2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra":a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber,

qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente:

i) Homicídio doloso;ii) Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas;

iii) O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à saúde;

iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas por quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária;

v) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir nas forças armadas de uma potência inimiga;

vi) Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob proteção do seu direito a um julgamento justo e imparcial;

vii) Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade;viii) Tomada de reféns;

(...)”

Crimes de Guerra:

• Mesmo em tempo de guerra, há regras a serem respeitadas (o Direito Internacional estabelece os limites). – Tais regras foram definidas em convenções: GREPPI já definiu os

crimes de guerra como “todas as violações graves do direito de Haia e daquele de Genebra”.

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Crimes de Guerra:

• Segundo LA ROSA, a expressão “crimes de guerra” “cobre tradicionalmente as violações de regras aplicáveis nos conflitos armados internacionais (jus in bello) suscetíveis de dar origem àresponsabilidade penal individual do seu autor”. Esta definição, apesar de incompleta serve para que se entenda o caráter principal do tema.

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

“Artigo 5ºCrimes da Competência do Tribunal

1.A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos

termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes:

(...)d) O crime de agressão.

2.O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja

aprovada uma disposição em que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as disposições

pertinentes da Carta das Nações Unidas.”

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Definição de crime de agressão:

?

O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Alguns princípios adotados pelo TPI (individuais):– Artigo 20 - Ne bis in idem;– Artigo 22/ 23 - Nullum crimen nulla poena sine lege;– Artigo 24 - Não retroatividade ratione personae;– Artigo 25 - Responsabilidade Criminal Individual;– Artigo 26 - Exclusão da Jurisdição Relativamente a Menores de

18 anos;– Artigo 27 - Irrelevância da Qualidade Oficial;– Artigo 28 - Responsabilidade dos Chefes Militares e Outros

Superiores Hierárquicos;– Artigo 29 – Imprescritibilidade dos crimes;– Artigo 31 – Legítima Defesa, Estado de necessidade,

Embriaguez, Coação, Erro de Fato e Erro de Direito;

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O Tribunal Penal Internacional do Estatuto de Roma:

• Importante princípio: a subsidiariedade(Estados Partes);– Soberania;– Obrigação de cooperação;– Entrega do nacional;– A questão de segurança nacional;– Anistias e o “interesse da justiça”;– O Conselho de segurança;

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Está o Direito Brasileiro pronto para participar dessa nova realidade do Direito Penal?– E a soberania nacional?– E a questão da prisão perpétua?– E a coisa julgada nacional?– E a inviabilidade de extradição do nacional?– E a influência política nos TPI’s?

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Os mandados internacionais de criminalização:– Natureza;– Espécies:

• Mandados explícitos.• Mandados implícitos.

– Objetivos:• Evitar novos crimes pelo exemplo: prevenção

geral;• Garantia dos direitos da vítimas;

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Mandados expressos de criminalização:– A Tortura:

• Fonte: Convenção da Tortura (1984), a Convenção Interamericana, etc... (adoção a jurisdição universal e vedação ou minimalização das anistias a esses crimes);

• Conseqüência: lei 9455/97: pune atos de tortura (pública ou privada – e, aqui, discussão sobre a constitucionalidade), impede anistia e adota a jurisdição universal.

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Mandados expressos de criminalização:– Fonte: Convenção sobre a Eliminação da

Discriminação; Conferência Mundial sobre DH de Viena.

– Conseqüência: Lei 7716/89 (crimes resultantes de discriminação de raça ou cor) e alterações ao Código Penal (9459/97 e 10741/03 alterando o CP).

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Mandados expressos de criminalização:– Fonte: Convenção de Belém do Pará

(Convenção para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, de 1994);

– Conseqüências: alterações do CP (tratamento específico destinado à violência doméstica - lei 10886/2004 - e p aumento de pena na lesão corporal) e a Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Mandados expressos de criminalização:

– Fonte: Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948).

– Conseqüência: Lei 2889/56.

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Existiriam mandados implícitos de criminalização decorrentes de obrigações internacionais?• Para os que defendem essa existência, para o Brasil seria

importante apenas o Pacto de São José da Costa Rica;• A jurisprudência da Corte Interamericana teria

reconhecido esses mandados implícitos (deveres aos Estados de garantir e respeitar os DH – nos casos Velazquez Rodriguez e Villagrán Morales);

• Em decorrência, teriam nascido novas ordens de tipificação penal para o Estado.

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Existiriam mandados implícitos de criminalização decorrentes de obrigações internacionais?• “Devido processo legal para a vítima”: teria sido

reconhecido segundo a jurisprudência da Corte Interamericana (caso Genie Lacayo : “o direito ao devido processo legal não cabe apenas ao acusado, mas também àvítima das violações e seus acusados”);

• “Proteção efetiva” dos DH: Estados são obrigados a efetivamente proteger os DH, não bastando uma proteção meramente simbólica/formal (casos Velazquez Rodrigueze Villagrán Morales).

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Críticas aos mandados internacionais de criminalização:– Pode-se usar os Direitos Humanos como

base para criminalizar condutas?– Criminalidade se combate com mais Direito

Penal?– Qual o bem jurídico em jogo?– CF é fundamento ou limite do poder de punir?

6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• As anistias:– A Corte Interamericana já decidiu que leis de

anistia contrariam a proteção internacional dos DH

– No caso Barrios Alto, a Corte Interamericana confirmou que as leis de anistia violam a Convenção interamericana de DH.

– Lei de anistia uruguaia já julgada como ilegal;– E a anistia brasileira?

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6. Direito Internacional Criminal e Direito Brasileiro

• Problemas futuros:– Adequação legislativa feita de afogadilho;– Inadequação da legislação federal com

determinados tratados;– Inadequação da CF com determinados

tratados;– Finalmente: é um ramo do Direito

desenvolvido sob carência de conhecimento penal – não é feito por penalistas.