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Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soares DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS PROFESSOR ANDRÉ DE CARVALHO RAMOS OPTATIVA - TURMA 185 1

Direito Internacional Dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soares (Completo)

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Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresDIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOSPROFESSOR ANDR DE CARVALHO RAMOS OPTATIVA - TURMA 185 1Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresMETODOLOGIADuasprovas,asegundavaler5eosoutros5pontosseroconcedidosatravsdeexerccios semanais no Moodle.Livros indicados:(A) Teoria geral dos DHs (Andr de Carvalho Ramos)- a parte geral da matria(B) ProcessointernacionalDHs(AndrdeCarvalhoRamos)-estamatrianoeraumamatria que era pra ser chamada de proteo internacional. Se ela vai obrigar juridicamente o Estado, tenho que ter mecanismos para obrigar o Estado. ASPECTOS GERAIS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOSAula 1 - 02.03.2015 ConsisteemumramodoDireitoInternacional.umconjuntodenormasjurdicas internacionais que estabelece direitos aos indivduos e cria mecanismos de superviso e controle dasobrigaesassumidaspelosEstados.umadenioparoquial,essamatriacomposta pornormasinternacionaisqueestabelecemdireitosaosindivduosecriamecanismosde superviso e controle dessas obrigaes.CONCEITOTentaremos denir o que so esses direitos humanos que estamos tratando. De todos os direitos titularizados pelo homem ou suas emanaes (pessoas jurdicas) ns destacamos alguns echamamosdedireitoshumanosporqueelesrepresentamumconjuntomnimodedireitos consideradosindispensveisparaumavidadoserhumanopautadanaliberdade,igualdadee dignidade. Dessa denio paroquial, posso extrair que no foi dito se esses titulares dos direitos temumadeterminadanacionalidade,sequerfoimencionadoalgumtipoderestrio.Portanto, nossa primeira concluso que so direitos de todos, o que vai gerar, no momento apropriado, a discussosobreouniversalismo.ParaNinho,bastaacondiohumana.Umasegunda consequnciadequetodososdireitos,salgunssodireitoshumanos-nascea essencialidade.Sesomenteessessoessenciais,podemosusaremconjuntocomessa essencialidade, a superioridade normativa. Assim, possvel entender, tanto o art. 60, 4, inciso 2Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soares4daCF(clusulasptreas)-direitosegarantiasindividuais-,comotambmodireito internacional.Relembrandoqueodireitointernacionalmanipulaoconceitodenormaimperativa(jus cogem)que,apesardenopossuirumrolexplcito,temindicativosemdecisesinternacionais, comodaCIJ,ereconheceosDHdentrodeles.Normaimperativaumanormainternacional obrigatria, mas superior a demais. Noforamditosquaissoessesdireitos,porquenoumroltaxativo,mas exemplicativo,tudoquenecessrioparaassegurarumavidadigna. Algunsvodenominaro princpiodano-exaustividadedosdireitoshumanos,comonoart.5,2daCFquemenciona que os direitos na CF no excluem os direitos decorrentes de tratados celebrados pelo Brasil. Ele representaasdecisesfundantesdeumacomunidade,comoodireitoavida,aborto,eutansia, direitoaprivacidade,direitoaoesquecimento,audinciadecustdia,duplograudejurisdio. Iremos tratar de direitos que formam o Estado. Relembrandoqueestamostratandodeumamatriadedireitointernacional,noiremos abordar a matria sob o aspecto interno. Aparentemente, as comunidades humanas no possuem decisesunnimes,destemodo,anecessidadedenormasinternacionaisdamatria.Omesmo direitovaiseraplicadonoMxico,naVenezuela,noSuriname,etc.EssesEstados,almdisso, aceitaramnoapenasaredao,mastambmainterpretaointernacionalista.Prova-seque eles aceitaram a partir do momento em que eles internacionalizaram suas entranhas (?). H uma tenso entre essas caractersticas dos conceitos e internacionalizao.TERMINOLOGIATemos uma pluralidade de termos usados pela doutrina, tratado e legislaes. A nossa CF umexemplo.Claroquealgunstermosdeixaramdeserusados,como"liberdadespblicas", talvezapenasalgunspasesdeorigemfrancesaaindausemessetermo.Amatrialiberdades pblicas tornou-se direitos fundamentais. Resumindo, temos dois termos com popularizao e uso constante:(1)direitoshumanose(2)direitosfundamentais.Aorigemdessalinguagema doutrina europeia dos anos 50.(1) Direitos humanos so direitos essenciais de matriz internacional. (2) Direitos fundamentais so os direitos essenciais de matriz constitucional.Estasclassicaessointeressantesparademonstrarcomoseoriginaessas classicaes. A doutrina europeia via a diferena do sistema de proteo, a violao de direitos fundamentais dava acesso ao tribunal x. J a violao a direitos humanos, tnhamos um sistema 3Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresfrgil, uma resposta quase inexistente - assimetria nos sistemas de proteo. A evoluo do ano 50 at os dias de hoje foi com que os sistemas de proteo caram cada vez mais profundos. O caso Lautsi) de ordem para tirar crucixo das igrejas foi inesperado, por exemplo, nunca imaginou queteriaquemudaroseusistemaeleitoralquandoassinouaCEDH(convencaoeuropeiade direitos humanos). E mais, mesmo no plano interno, esses tratados passam a ter uma dignidade constitucional - nasce aquilo que chamamos de bloco constitucional. Um exemplo o art. 5, 3, introduzido pela EC 45, que estabelece que os tratados de direitos humanos que forem aprovados emdoisturnospormaioriade3/5emcadacasaconstitucionalseroequivalentesaEC.Chega umpontoemqueadoutrinasebalanaeusaostermosdemaneiraindistinta,comooprprio professor,porexemplo.Maselemencionaqueessadicotomiamereceserlembrada,deuma perspectiva do sculo XXI. Um exemplo a diviso na nossa Faculdade, em que temos a matria DireitosHumanosematriaDireitosFundamentais.Osdireitoshumanos,poressamatriz internacional, so sujeitos a interpretao internacionalista e os direitos fundamentais, por sua raiz constitucional,estosujeitosaumainterpretaonacional.Temos,porm,svezes,amesma redao.Ouasdiferenasinexistemousopequenas,aindamaisportermosaCF/88comum grande acervo de tratados. A diferena est na interpretao, portanto, mesmo que a redao seja a mesma. O caso da Lei de Anistia perfeito: a interpretao internacionalista foi muito diferente da do STF acerca de devido processo legal, direito a verdade e direito a justia. Portanto, temos que manter a dicotomia terminolgica para manter essa diferena interpretativa.DESENVOLVIMENTO HISTRICOFASE PRECURSORAErainicialdahistria,ondehalgumamenosobreessesdireitosiniciais.Temosque tomar cuidado para usar a regra de hoje para medir o passado. Por exemplo, h quem diga que a extradio iniciou-se com os Ititas e no Antigo Egito, isso no verdade, a extradio de hoje no temnadaavercomaquilo.Podemosbuscarapenasideiascentraisdamatria.Quandona AntiguidadeGregalembramosdapeaAntgona,queretrataaprotagonistaAntgona questionando a regra de no enterrar o irmo porque ele tentou matar o rei. Ento, claro que em umcontextoondetinhamosescravido,sugeridoarestrioaopoderporAntgona.Entoa evoluohistricamostraqueasideiasserodebatidasnafaseprecursoraatachamada ascenso dos direitos humanos nas revolues liberais.REVOLUES LIBERAISOs direitos debatidos primeiro no mbito das ideias (Rousseau, O contrato Social - "Todos nascemlivreseiguais")edepoisessasideiassousadasnaDeclaraoUniversaldosDireitos dosHomens.Dasrevoluesliberais,aquemaisinuenciaroliberalismofoiaRevoluo 4Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresFrancesa.IssoporqueaRevoluoAmericanaeInglesadedicaram-seaorganizarassuas sociedades locais, a Revoluo Francesa lanou-se para a Europa porque todos nascem livres e iguais, no s os franceses.SOCIALISMO/ESTADO SOCIALAs condies materiais mnimas de sobrevivncia ganham destaque, o que teremos a CF/34 no Brasil, a Constituio de Weimer, aquilo que Celso Lafer chama de "Revoluo dos Direitos Humanos".Ouniversalismoloscocainaarmadilhadopositivismonacionalista,porque absorvendo as declaraes contra os Estados, como a Declarao de Virginia, nas CF, os direitos ganham positivao nacional, mas perdem o carter do universalismo. INTERNACIONALIZAO NO SENTIDO AMPLOSofragmentosdenormasinternacionaisqueprotegemoindivduo,mascomrestries. No sculo XIX inicia-se o que se denomina Direito Internacional Humanitrio (normas de conduta em conitos armados). Houve debate sobre o combate ao trco de escravos, pela tardia vocao britnica, que, na verdade, pretendia obter mais consumidores para os produtos internacionais. No sculoXXtivemosacriaodaOITetambmacriaodaLigadasNaescomaideiade proteodasminorias,umaclarapercepodeminoriacomoagrupamentonumericamente inferioredistintodogrupomajoritrioculturalmente.Umdosdireitosdaminoriaeraodireitode usar seu prprio idioma e o direito de manter as prprias escolas. A RUPTURA E RECONSTRUO DOS DIREITOS HUMANOSQuandooEstadonoprotege,oindivduoestariadesprovidodedireitos,abarbrie nazista (Hanna Arendt), isto a ruptura. A reconstruo internalizar.a) 2 Grande Guerra - O caso do localismob) ACartadaONU(1945)ummarcoporqueumadeclaraoquepretendiareorganizaros Estados e tem sete passagens que tratam dos direitos humanos, em uma linguagem de 1945 de modo diplomtico. Uma linguagem mais incisiva no teria sido aprovada. A Carta da ONU nomencionaquaisseriamessesdireitoseem1948aGuerraFriajestavacomeando. Destemodo,aDeclaraoUniversaldeDH's(1948)foiaprovada,umtextomaissosticado que j falava de direitos civis e polticos at direitos econmicos sociais e culturais.c) Desenvolvimento acelerado at a atualidade - Dos ramos do DIN, o DIDH o mais profcuo, a fase legislativa no termina.(c.1.) Manuteno da natureza internacional - Continua o universalismo, convivendo com a constelaodeEstados,elenoqueraboliroEstado,suanaturezainternacional.A 5Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresresponsabilidadeprimriadeprotegerdireitoshumanosdoEstado.Odireitointernacionaldos direitoshumanosvaiagirapenasnafalhadosEstados,seelesnocumpriremosDireitos Humanos.Estamatriaserve,portanto,paraagirnafalhadoEstado,evitarqueocorraa armadilha do positivismo nacionalista. E o DIDH age com (c.2.) caractersticas prprias, ele possui umrelacionamentoprivadocomosindivduosparaqueestesejaumsujeitodedireito internacional(aptidoparacontrairdireitoseobrigaesnoplanointernacional).Pensemno indivduoqueagiuconformeasnormaslocaisepodesercondenadoaprisoperptuapor genocdionotribunalinternacional-importaqueelecumpriualeilocal?No,temosodireito internacionalreconhecendoapersonalidadeinternacionaldosindivduos,declarandodireitose deveres para ele.Portanto,ostratadosdedireitoshumanostemnaturezadistintadeoutrostratados,como um tratado de direito comercial sinalagmtico entre a China e o Brasil, por exemplo. O Brasil e a Chinacelebramessetratadoporqueambosterovantagens.UmtratadodeDHno sinalagmtico,eletemnaturezaobjetiva:eleopedireitosaosindivduoseobrigaessomente aosEstados.OEstado,aocelebrarumtratadodeDH,sassumemdeveres.Todosesses tratados possuem de maneira rstica ou insuciente algum mecanismo das obrigaes e controles assumidas pelos Estados, combate-se um veneno do Direito Internacional, o truque ilusionista. O tratadotemduasopesdiantedacelebraodeumtratado:cumprirounocumprir.Maso Estadoencontraumaterceiravia:descumpriroTratado,dizendoquecumpriudeacordocoma sua peculiar tica. O Direito Internacional permite a auto-tutela, o Estado produtor, destinatrio e interprete das normas. Portanto, temos que combater o truque de ilusionista, fcil de identicar, o direito internacional passa por uma revoluo quantitativa (quanto mais normas so criadas, mais os Estados aceitam mecanismos internacionais de controle). Essa matria no analisar apenas o texto,massimainterpretaointernacionalistadotextoparaevitarotruqueilusionista.A interpretaointernacionalistaseroqueabordaremosnocurso,evitandoainterpretao nacional.CARACTERSTICASDODIREITOINTERNACIONALDOSDIREITOS HUMANOSUNIVERSALISMODireito de todos - o DIDH o impulso para que os indivduos sejam sujeitos de direitos no plano internacional. exercer direitos e contrair obrigaes no plano internacional, como peticionar a CTIDH 6Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresINDIVDUOSujeito de direito no plano internacional - h direitos, como a vida digna, e h obrigaes, comoadenotomarparteemgenocdios.Tratadoded.humanosnosinalagmtico,tem natureza objetiva. impe direitos aos indivduos e obrigaes aos estados e esses direitos so de todosSUSPENSO E CONTROLE DAS OBRIGAES ASSUMIDAS PELOS ESTADOSEssnciacontramajoritria-Ostratadosestabelecemqueantesdavtimadeuma violaoaosdireitoshumanosrecorreraostribunaisinternacionais,elatemquerecorrer internamente a tudo que possvel. Agir na falha do Estado signica que as maiorias falharam. A falha do Estado democrtico a falha das maiorias. Quando a vtima cede ao rgo internacional, estedeveseconfrontarcomavontadedasmaiorias.Porissoaessnciacontramajoritriados direitoshumanos.OCasoLautsifoiumaderrotaaouniversalismoporqueagumentou-sequeia contra a essncia do estado. 7Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresDESENVOLVIMENTO HISTRICOOs trs eixos da proteo do ser humano no direito internacional AULA 2 - 09.03.2015; AULA 3 - 16.03.2015; AULA 4 - 23.03.2015DIREITO INTERNACIONAL HUMANITRIOAtuaorestrita,sedestinaaproteodoserhumanoemsituaodeconitoarmado. anterioraoDIDH,temseusprimeirospassosnaprimeirametadedosculoXIX.Contextode industrializaodemassaquerepercutenasaesdeguerra.Guerranasegundametadedo sculoXIXesecessodosEUA.Fuzilderepetio,canhodepreciso,metralhadora, encouraados.ContextorepercutedemaneiraprecoceemtodaaEuropa,surgeuma preocupao com atendimento aos feridos de toda a guerra. Criao do Comit Internacional da Luz Vermelha, hoje considerado um sujeito do direito internacional sui generis. No Brasil, todos os funcionrio do Comit possuem benefcios diplomticos. Ele foi criado para estimular os Estados a terumacondutamnimaduranteosconitosarmados.OsEstadoseuropeussoseduzidospor essa tese e a partir dessa iniciativa os Estados Europeus engajam-se para restringir os meios da Guerra.-Conitoarmadodiferentedeguerra-Descritonoitemabaixo. Aguerradeclarada,masa proteo estende-se para tudo, no apenas para a guerra.-Internacional ou no-internacional - limite? - Artigo 3 das Convenes de Genebra (nico nas quatro) - toda e qualquer campanha deve ter respeito a direitos fundamentais de todos os seres humanos.Menosdetalhadonosdoisprotocolosfacultativosde1977.2005temumterceiro protocolofacultativo,sobreossmbolosdacruzvermelha.Esclarecemqueodireito internacionalhumanitrioafetaconitosinternoseolimitevisaraosconitosemquehaja disputapelopoderpoltico.Pormaisqueocrimeorganizadotenhacanhoareo,mesmo assimnoocasodeconitoarmado,temqueterdisputaporpoderpoltico.Noexige-se exrcitos regulares, com fardas. Tambm comete crime de guerra quem no porta as armas ou que usa a populao civil de "disfarce".. -Jus inbello diferente do Jus ad bellum - Direito na guerra vs. Direito guerra 8Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresFASESDIREITO DE HAIAEntoasduasconfernciasdepazdeHaia,de1899e1907,soimportantespara celebrartratadospararestringirosmeiosdeguerra.Nasce,ento,princpiosquevobalizaros tratadosatosdiasdehoje.Umdelesexatamenteaproporcionalidadeentreaomilitareo dano.Busca-seevitarqueadestruiocausadapelaguerrasejamsemsentido,queelaesteja associadatosomentenasuperaodacapacidademilitardoadversrio.Essasconferncias foramforjadasacondutadosmeiosempregadosnaguerra.Chamaaatenoaparticipaodo delegadorusso.Normajurdicasobedeescada,odesenvolvimentodearmasdeelevador. ClusulaMartens:tambmvedadotodaequalquerinstrumentooucondutamilitarno expressamenteproibidamasqueatentecontraosprincpioselementaresdahumanidade.Uma clusuladesalvaguardaquevisaevitarqueoEstadointroduzaummeionovoquevioleesses princpios mas alegue que no estava expressamente proibido.DIREITO DE GENEBRADenomina as famosas quatro convenes de Genebra de 1949. Agrega-se mais um foco, nosignicaqueoDireitodaHaiasuperado.Onovofocoochamadonocombatente,o ferido, o prisioneiro de guerra e a populao civil. No importa a formalidade da guerra declarada e no importa a licitude ou no da guerra. O jus ad bellun o direito a fazer a guerra, a guerra, e hoje especialssimo. O jus in bello o direito na guerra. Atualmente, guerra permitida em caso de legtima defesa - resposta armada uma agresso prvia tambm armada. No existe legtima defesa preventiva, ideolgica, etc. Precisa tambm de autorizao do Conselho de Segurana da ONU(SegundaguerracontraoIraque).Outrocasopermitidoaauto-determinaodospovos: luta contra ocupao estrangeira e domnio colonial. Outra hiptese: violao macia aos direitos humanos. DIREITO DE NOVA YORKReunio de tratados de limitao de armamentos que hoje so discutidos na ONUDIREITO DE ROMACriouumpassoamais,o"iuscontrabellum",passandoaconsiderarqueosindivduos que agem contra o Direito Internacional Humanitrio so considerados criminosos de guerra e so julgadospelo TribunalPenalInternacionalcomapenamximadeprisoperptua-Estatutode Roma. 9Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresRELAO COM O DIDH-Especialidade-UmarelaonoqualoDireitoHumanitrioatuaemumareadentrodo contexto geral da proteo dos direitos humanos que a proteo dos indivduos dentro de conitosarmados.Nocontextodoconitoarmadovalearegraespecialeashiptesesde derrogao do direito a vida so bem maiores. -Complementariedade - Reete-se nos dispositivos do processo legal, proibio de tortura. -Absoro - O DIH tem uma caracterstica que o distingue do DIDH porque a implementao dos seus comandos , em um primeiro momento, nacional. Gera-se uma internacionalizao ambguaporqueotextointernacional,omecanismosinternacional,masainterpretao internacionalista nacional. No importa se a OTAN agiu ilcita ou licitamente ao bombardear Belgrado, ela deveria respeitar o DIH, deve existir a diferenciao entre o alvo militar e o alvo civil.ODIHreagecomoEstatutodeRoma(1988-TPI)ajurisdiodoTPIeajurisdio genricadaCIJ.Porisso,essesmecanismosinternacionaisdosDireitosHumanospodem abranger casos de conitos armados. Um grande exemplo disso o ataque da Colmbia ao acampamento da FARC no Equador - o Equador processou a Colmbia no TPI. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOSElepossuiumaespecicidadebvia:protegeodireitoaoacolhimentodaquelequeum nonacional,podeteroutranacionalidadeouseraptrida,mastemumacaracterstica:eleno poderetornaraoEstadodeorigemoudesuanacionalidadeouresidnciapormotivode perseguio odiosa. A) Solicitantedadeclaraoderefugio-indivduoestrangeiroquequerentrarnoterritriode outroestadoporterfundadotemordeperseguiopormotivoreligioso,deraa, nacionalidade, opo poltica, ou que pertena a grupo social. B) Marcohistrico:osEstadoscomeamafazercontrolefronteirioeoquevaigeraressa preocupao internacional que os perseguidos passaram a ter uma reao internacional-LigadasNaes-ALigadasNaesgerenciaocasodosrefugiadosArmnios,Russos, tentandoseevitarumageneralizao,quevaiocorrer,noentantocomasegundaguerra mundialeaconsagraododireitoaoasilonaDeclaraoUniversaldosdireitoshumanos. (Nansen) 10Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soares-2GG-ONU;ACNUR(Autocomissariadodasnaesunidaspararefugiados).Antesda segunda guerra mundial era claro o convencimento do Estado de origem para o repatriamento, depoisdaguerraofocomudo,passaasernoEstadodeDestinoparaqueelefacao acolhimento. Uma viso crtica demonstrar o interesse especialmente do grupo liderado pelos EUA para mostrar que os refugiados, boa parte deles, vinha do mundo sovitico. 1951 - Conveno da ONU Refugiados - -DeclaraodeCartagena(1984)-Surgemaisumahiptesededeclaraodorefgio,a declaraodeCartagenaqueumareuniodeespecialistasemCartagenadasndiasna Colmbia, considerada soft law (conjunto de normas internacionais no vinculantes que podem apontar uma formao de futura forma de hard law, caso conte com o apoio dos Estados, por isso h tanto debate pela edio da assembleia geral da ONU, por serem soft law que podem gerarespritodecostumeinternacionalevincularosEstados.Ocontextoprobatriomuda nessa conveno - passa a caber refgio por violaes macias e graves de direitos humanos.C) Brasil Lei 9474/92-CONARE - Depois da lei, quem atua o CONARE. Determina quem pode entrar no pas.-Non Refoulement - nico caso que um brasil admite o Estrangeiro em seu territrio: solicitante da declarao de refgio. -Direitodeingressonoterritrionacionalapenaspararefugiados.Aconcessodovisto predisposio, no vincula. D) Mecanismos de implementao - textos internacionais com a interpretao nacional. E) Relao com o Direito Internacional dos Direitos Humanos - voc rechaar o direito de algum derefgio,vocviolatratadosdedireitoshumanostambm.OprimeirocasoodaFamlia Pacheco e existem vrios casos na Corte Europeia. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOSOimportantedemencionar,emprimeirolugar,almdascaractersticas,lembrarque essascaractersticas,noslevaaumavisatrativadodireitohumanos.Princpiodano exaustividade,etc.Aconsequnciaqueadisciplinatemumavisatrativa,elatemumaforca expansivaquetudopuxa,umburaconegro(fofo).Essesdireitosnosoredigidosdeforma exaustiva e tem uma redao principiolgica. A) Marcos-Osdireitoshumanosnascempelaredaodeumtratadoouconsolidaodeum costumeinternacional,princpiosgerais. Temosafontedoartigo38doEstatutodaCortedo DireitoInternacionaldeJustia.Outrahiptesetambmaviainterpretativa.Otextoto somenteoincio.Essainterpretaointernacionalistavaiserdecisiva.Nestesentido,ocaso 11Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresLautsiquecaracterizaoDIDH.ONUeDUDH(DeclaraoUniversaldosDireitosHumanos- Declarao de Paris)B) DUDH-Res. no vinculante-Costume internacionalO ENIGMA DA INTERNACIONALIZAO DOS DIREITOS HUMANOSComo j explicado anteriormente, a lgica do DH's uma lgica contra-majoritria. Temos que lembrar das quatro fases da chamada incorporao interna dos tratados no direito brasileiro, e umadelasafasedoCongresso.Infelizmente,ostratadoscamdcadasl. AConvenode Vienaentrounocongressoem1992esaiudelem2009.PorqueosEstadosdemocrticos aceitam os tratados de direitos humanos?NoSistemaInteramericano,hdoisestadosdemocrticosquerepudiamfortemente temendo os precedentes transformadores: Canad e Estados Unidos. Neste sentido o enigma da internacionalizao.Todoodiscursodoprofessorarespeitodouniversalismo,essenciacontra majoritria,temsemprealgumqueseincomoda.Opressupostoqueassociedadesso heterogneas, os estados democrticos aceitam a internacionalizao aos direitos humanos e h vriasinterpretaes.UsamosprincipalmenteaFrancesa,quearmaqueosestados,apsa2 GG no suciente. Na viso do professor, nenhuma dessas respostas certa e errada. O horror a barbrie nazista explica a adeso francesa e alem internacionalizao. Segunda explicao: buscadelegitimidadeinterna.Issoseaplicaapasesquesaramdeditadurasmilitares,para provar, ao menos na retrica, que no pactuou com as violaes a direitos humanos internos. O Brasilhojereconhecidocomoumdospasesquemaisraticatratadodedireitoshumanos. Terceira explicao: a busca da legitimidade internacional, conforme defendido por Celso Lafer. O discurso aps a Guerra Fria, a temtica dos direitos humanos, serve como agregador, que permite um dilogo mnimo entre os Estados, robustecendo a atuao desses Estados. Mal comparando, isso tambm pode se aplicar ao Brasil. Quando o Brasil buscava na "reforma do milnio" da ONU, buscava a cadeira permanente no conselho de segurana. O que o Brasil tinha para pleitear essa cadeira, ele no tinha poder militar, algo indispensvel na lgica do Conselho de Segurana. Outrainterpretaoamotivaoeconmica.OsestadosraticamtratadosdeDireitos Humanos por causa da razo econmica. Os direitos humanos asseguram uma srie de garantias a seus desenvolvimentos: direito propriedade, por exemplo. Os pases emergentes se baseiam emreversodeassimetriasevidentesnocenriointernacional,issoestreetidonodiscurso brasileiroemDoha,questionandoapropriedadematerialdosanti-viraisdecombateAIDS.O BrasilbuscaintroduzirnaOMCodireitosadeparaobteraaprovaodochamado licenciamento compulsrio dos chamados anti-virais. 12Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresH outras explicaes, como os grupos sociais. A resposta anseios sociais internos, ou seja,grupossociais,percebendooutrosfatoresquelevamosEstadosraticartratadosde direitos humanos, engajam-se nessa luta, considerando o bloqueio da via legislativa interna. Muito maisfcilraticarumtratadointernacional(3/5-60%docongressonacional).Umprojetodelei com maioria simples no consegue ser aprovado. Um exemplo a Conveno da ONU sobre os direitos das pessoas com decincia - uma das lutas a educao inclusiva. PRINCIPAIS REGRAS DA INTERPRETAO DOS DH'S NA ORDEM INTERNACIONAL(1) INTERPRETAO PRO HOMENSQuase um clich que os rgos internacionais busquem uma interpretao pro homens e busquem a norma mais favorvel aos indivduos. Essas trs regras de interpretao hermenutica favorecemaessnciadostratados.Segundooprofessor,issonopassaderetrica,porcausa da fora expansiva dos direitos humanos. Em cada um desses casos que podemos conhecer, haja direitosemconitos.Ento,comopossofalaremmximaefetividadedosdireitosprohomens? CasodaCarolinadeMnaco,perseguidapelaimprensa,tnhamosdeumladoodireitoa intimidadeedooutroaliberdadedeinformaojornalstica.Seeuforreconheceranormamais favorvelaoindivduo,teramosescolhidoodireitointimidade.Poltico,etevevrioscasosna corte europeia, que no quer que determinada faceta de sua intimidade, saia publicado. Como a mxima efetividade disso? Lei da Anistia, por exemplo, caso do Brasil. O Brasil chega, na vspera dojulgamento,dizendoqueaCorteestavaalterandoainterpretaoparafavoreceros torturadores,osagentesdacortemilitar.Oprincpiodanormamaisfavorveldoindivduo enudece diante do fato de que a matria uma matria de conitos. (2) INTERPRETAO MXIMA EFETIVIDADE(3) NORMA MAIS FAVORVEL AO INDIVDUO(4) INTERPRETAO AUTNOMAOs Estados armam que isso impede de eles alterarem os tratados. Consiste em uma regra de hermenutica pela qual os rgos judiciais do um sentido prprio ao termo inserido no tratado.(5) INTERPRETAO EVOLUTIVAPodedarumsentidodiferentedoqueosrgosderamnopassado,osprecedentes transformadores. 13Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresOS PRINCIPAIS INTRPRETES(a) Mecanismo unilateral - apenas a interpretao dos Estados.(b) Mecanismo coletivo - Sistema europeu, global, africano, hoje temos vrios mecanismos evolutivos com intrpretes distintos na matria. O problema pensar em como esses mecanismos seinterrelacionam,podeocorreraausnciadedilogoentreestesmecanismos,ouemum dilogo estruturado. (corte europeia, tribunal de justia da unio europeia, por exemplo).REGIME JURDICO DOS DIREITOS HUMANOS NA ORDEM INTERNACIONAL(1) UNIVERSALIDADEIsso assola nossa matria e nem poderia ser diferente, considerando que convivemos com arelaeshumanasheterogneas.Duasperguntasquesemprenosacompanharo:soosDH realmenteuniversais?Qualopapeldeumacorteinternacionalqueinterpreteosdireitos humanos?Auniversalidadesofrepesadascrticas,porexemplo,oartigo:"Soosdireitos humanosumaconstruouniversal?".Estassoaschamadaobjeesrelativistasepodemser resumidasdeumacertamaneira:aprimeiraproposiorelativistaquenegaouniversalismo, mostrandoqueosdireitoshumanossoopeslocais,queosdireitoshumanos,emsua essncia,representamvalores.Segunda:associedadessoheterogneas,portanto,osvalores so distintos. Terceira: como so valores, no posso armar que um valor superior a outro, todos os valores merecem ser respeitados.Essassoaschamadasproposiesrelativistas.Apartirdelas,osrelativistas representam,claro,umconjuntonouniformededoutrinadoresqueiroapresentarobjees, comoasobjeesculturais,osdireitoshumanossoumdiscursoocidental,inaplicvelparaa doutrina oriental. As objees geopolticas, como Boaventura Santos, que considera isso mais um esforodeinternacionalizaoeimposiocultural.Htambmachamadaobjeo desenvolvimentista.Armamqueosdireitoshumanosspodemserinterpretadosapartirde determinado nvel de desenvolvimento econmico, no sculo XIX a Europa convivia com jornada de 16 horas de trabalho e foi uma conquista isso. Agora, no sculo XXI, a Europa defende outros padresparaevitarconcorrentes.Htambmachamadaobjeodeumeurocentrismodos direitos humanos.O professor discorda dessas objees. A origem histrica da nossa matria baseada nas revoluesliberais,naquelemomentoeraumdiscursoderuptura,noumdiscursodoEstado europeia.Aobjeogeopolticapodesercontraargumentadaporquequalquernormaserve doutrinao,noapenasadedireitoshumanos.Aobjeodedesenvolvimentista,osnmeros provamocontrrio.Odesenvolvimentoeconmicoumfalsodilema,notemosquecrescer primeiro e depois olhar os direitos humanos. 14Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresAtualmente, a partir dos anos 90, este debate originou uma eroso. Boaventura de Souza Santostentaumdilogomulticultural,umainternacionalizaodebaixopracima.Buscamque hajaumaconstruodesensocomumnasreasdosdireitoshumanos.Dopontodevistado professor,ofortalecimentodosprocessosinternacionaisdeDHfazcomqueessatemticaseja absorvidapelatemticadoconitodedireito.Temosvalorescontrastanteseeunoposso privilegiar um valor A em detrimento de um valor B - isso o dia a dia de um tribunal internacional dedireitoshumanos.Essecontrastedevaloresodiaadiadotribunal.Essesvaloresforam absorvidos pelos direitos culturais, hoje eventual particularidade da Itlia (caso Lautsi) no vai ser inserida em um discurso relativista, vai ser inserida na liberdade religiosa, direitos culturais. Temos tambmessadiscussodocrucixonoBrasil-teveumapretensoquedeterminaaostribunais de justia a retirada dos crucixos. Defenderam a manuteno cultural dos crucixos. Outro caso de conito entre manifestaes culturais e o direito ao meio ambiente foi o caso da "farra do boi" e prevaleceu o direito ao meio ambiente. O debate foi muito interessante porque o estado de Santa Catarinasedefendeudizendoqueafesta"farradoboi"eracultural.Portanto,oprofessor considera que este debate entre universalismo e relativismo enfraquecido hoje pelos processos dedireitoshumanosdostribunaisinternacionaisqueirinterpretarvalorescontrastantessoba particularidadededireitosculturaisououtros. Aquesto:comoeusuperoconitosdedireitos humanos?Favorecetambmofatodequehojeentreoscincomaioresvioladoresdedireitos humanos da Corte Europeia a Italia.(2) INDIVISIBILIDADE(3) INTERDEPENDENCIA(4) LIMITABILIDADEOutro atributo que central da matria. A matria de conitos: no possvel entend-la sementenderaforaexpansivadosdireitoshumanos.Oprincpiodanormamaisfavorvelao indivduonoslevariaaonirvana.Masissonosesustenta.Sehconitos,hprefernciase compresses.Quaissooselementosparaisso?Oschamadosestadosdestio(guerra declarada),achamadademocraciaaptaasedefender.Mesmoemestadodeemergncia,as chamasgarantiasessenciaisnopodemsersuspensas.Oestadodestioutilizadoparaa garantiadedireitos.Teoriadoabusodedireito:nadanadeclaraopodejusticaradefesade posicionamentosqueviolemsdireitoshumanos.Querdizerqueoliberticidanopodeinvocar direitoshumanosparajusticarsuascondutas(democraciaaptaasedefender).Oartigo17da nossa CF diz que possvel excluir partido poltico por violao a direitos humanos. O Brasil tem viso instrumental da liberdade de expresso.Terceiroinstrumento:proporcionalidadejconhecida.Aproporcionalidadeimportante 15Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresporque,apesardetervindododireitoadministrativo,semostroumuitotilporqueinstrumento deracionalidadenarestriodedireitospeloestadoadministrador.Hracionalidadenessa compresso de direitos.Aproporcionalidadetemsubprincpios:oprimeirodelesdizrespeitoaidoneidade.O segundo a vericao se h alternativa menos custosa. Exemplo: produtor que fez chocolate de arroz no precisa parar de produzir (restrio do seu direito e iniciativa de produo), mas precisa rotular corretamente. Mais: custo benefcio: s restringido um direito se h um grande benefcio em detrimento de uma grande vantagem.(5) APLICABILIDADE IMEDIATAProfessorcomentandosobreaudinciadecustdia.AConvenoInteramericanade Direitos Humanos a base da ideia da audincia de custdia. Por exemplo, a polcia procura se apegaraotermoautoridadeinvestigadefunesjudiciais.OqueimportantenoProcesso Penal so as garantias que levam a imparcialidade.Delegadosquestionandoconstitucionalidadedeaudinciadecustdiaporcausade deciso do TJ. O STF vai passar por cima disso porque deciso do TJ no lei!Quem interpreta o texto imediato? O prprio direito internacional. Consiste no reconhecimento dos instrumentos dos direitos humanos e os caminhos para a sua concretizao. Quem interpreta isso um rgo internacional.PROIBIO DE RETROCESSOImpossibilidadedoamesquinhamentodedireitosjconcretizados.Nohproibiodo retrocessoexplicitamente.Ondeestento?interpretadoapartirdeumtipodenorma:nada nessetratadopodeserinterpretadoemdetrimentodeconquistasjconcretizadasemoutros tratados.EnanossaCF,ondeestaproibiodoretrocesso?Clusulaptrea.Nememendas constitucionais podem suprir o que est garantido nas clusulas ptreas (efeito criquet proibio do retrocesso na Frana)EFICCIA Ecciahorizontal=ecciadosdireitoshumanosnasrelaesentreparticulares= drittwirfung.Porqueecciahorizontalvaisermuitoimportantenareainternacional?Hconsenso que os direitos humanos na relao entre os particulares j um adquirido. Leva o estado a no ser passivo nas violaes entre particulares. Um grande exemplo o caso Maria da Penha.MariadaPenhasofreuduastentativasdehomicdio:oexmaridotentoueletrocut-lana banheiraeatirarcomarmadefogo. Aaopenalquaseprescreveu.OBrasilfoicondenadona Comisso Interamericana, tendo em vista que foi conivente com a situao, sem agir, reprimir ou previnir. A grande maioria dos casos no Brasil nessa comisso tem a ver com a relao entre os 16Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresparticulares,oquecriaumapolmica:quandoarelaohorizontal,h direitosparticularesem conito, tal qual a liberdade e a igualdade.Por isso a eccia horizontal revoluciona o modo como vemos o direito internacional.Outro exemplo, desde 1992, o processo dos policiais que invadiram o Carandiru se arrasta na primeira instncia.Aproporcionalidadeemsentidoescrito-ocustobenefcio.Limitabilidadetemqueter dilogosjurdicos.Porissoeutenhoamicuscuriaenosupremo.Eu,aocomprimiressedireito, tenhoumgrandebenefcioemrelaoaesse.Hinstrumentosparatrazeressedilogosde saberes para dentro do processo. 17Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresO BRASIL E A INTERNACIONALIZAO DOS DH'SAula 5 - 06.04.2015 Comoodireitointernacionalvodireitointerno?Comoodireitointernovodireito internacional? O parecer 14 (seminrio desta aula - Constituio do Peru) foi o primeiro em que o Brasilsemanifestouepodemoscriticaraposioadotada,oBrasilconfundiuessasduas questes. Tradicionalmente,essamatriavistaquasecomounidimensional.Essamaneira tradicionalserevelaemoutroprisma.Emgeral,cuidamosdoprismaestticodessamatria,s estudamos hierarquia e incorporao. Aqui, estudaremos um prisma dinmico. A interpretao e o controledeconstitucionalidade. Atemticadehojeindispensvel:ocontrolehumanoemuma faculdadepblica.OBrasilamigodainternacionalizaodosdireitoshumanos.Comooartigo 5, 2, artigo 7 das disposies constitucionais transitrias. "O Brasil propugnar pela formao de um tribunal internacional de direitos humanos"Tantoamigoqueopoderconstituinteoriginriofezprevisodaadesodobrasilaum tribunal internacional dos direitos humanos. Como o direito interno v o direito internacional - com base em dois pontos: como feita a incorporaodeumanormainternacionalaodireitointernoequalahierarquiadanorma incorporada.Estudamosemdireitointernacionalpblicoqueparaalgunsdireitosinternacionais nohnecessidadedeincorporao-concepomonista.OBrasilexigeaincorporao.Essa incorporao feita em quatro fases no caso dos tratados: (i) assinatura, (ii) aprovao nas duas casas do congresso, (iii) raticao (iv) promulgao ou fase do decreto presidencial. (art. 84, VIII e art. 49, I)EmgeralocorreassimporquetemosacordosexecutivosnoBrasilquenopassampelo Congresso. Os tratados de direito humanos, depois da EC 45, possuem uma diferena. A diferena nafasedaaprovaodocongresso.Seforemaprovadospor3/5emcadacasadoCongresso, sero equivalentes a EC. Temos o rito especial ou qualicado e temos o rito comum, para tratados emgeral.Praqueessadiferenanaincorporao?Serveparajusticarumahierarquia diferenciada. A segunda pergunta que se tem em relao aos tratados sobre como o direito interno v o direito internacional ser vista na incorporao.Como um costume internacional incorporado no direito brasileiro? Ele incorporado, ele passapeloCongresso?OSTFusacostumeinternacional?Resposta:naohincorporao.O costume internacional, se ele existe no planeta, existe no plano interno. O costume internacional aplicado,masoprofessorreforaquedemaneiraerrada.Ocostumeinternacionalaplicado, maisparafundamentardecisesprtomadas.Humalacunanotocanteaocostume 18Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresinternacional,masimportantequesaibamosresponderessapergunta:elenoincorporado, maseleincideautomaticamente.Devezemquando,vocvalgumapercepodisso, especialmentenoCongressonacional.Namatriadodireitodospovosindgenas,adeclarao daONUdodireitodospovosindgenasde2007foivotadaafavorpeloBrasil,umdosnicos pases que fez isso. O congresso nacional chegou a perceber que um costume internacional pode atnascerdeumaconvenonovinculantedaassembleiadaONU.Mesmoumtratadono raticado pode ser um costume internacional.AprimeiramanifestaobrasileiranaCorteInteramericanadosDireitosHumanossedeu no parecer consultivo 14. Discute-se nesse parecer qual a relao entre o direito interno e o direito internacional. Qual foi a posio brasileira nesse parecer?A jurisdio consultiva vista com muito mais valor pelo DI que o direito interno, apesar de no vincular. Isso porque uma maneira dos rgos internacionais estabelecerem o real alcance esentidodeumanormainternacionalqualquer.AinterpretaodoqueterritriodeIsraelou Palestina foi o tema do parecer consultivo 14. A Corte disse que no importa o estatuto interno da conveno, a obrigao do Estado respeitar a Conveno, seja por uma norma interna ou no. Para um rgo internacional, pouco importa qual o estatuto da conveno. Se o Brasil assinou, ele obrigadoacumprir.ParaoDireitoInternacional,poucoimportaaorganizaointernade poderes. RELAO INTERNA COM O DIREITO INTERNACIONALTemosquetratardedoisfenmenosquedizrespeitoarelaointernacomodireito internacional, o chamado BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE, que consiste no reconhecimento da hierarquia constitucional de diplomas normativos fora da Constituio. Essa discusso vem da Europa,especialmentedoDireitodaintegrao,quandoostratadosdaUEpassaramaterum contedotogravosoquenecessitavamdeumahierarquiaconstitucionaleissoacabou contaminando a rea dos Direitos Humanos. O Brasil tem um bloco de constitucionalidade formal? Sim,temosdois(ConvencaodaONUsobrePessoascomDecinciaeoseuProtocolo Facultativo).OutropontomuitodemandadooCONTROLEDECONVENCIONALIDADE,consistena aferio da compatibilidade de norma local em face de norma internacional. Compatvel no nosso sistemaocontroledeconstitucionalidade.Ocontroledeconvencionalidadeauferira compatibilidadeentreanormalocaleasnormasinternacionais.NareadosDireitosHumanos, asnormasinternacionaisemDireitosHumanos.Controledeconvencionalidadetemsidomuito debatidonadoutrinaetemosduasespciesquemuitasvezesoprpriodoutrinadortem diculdade de entender: (i) Controle de convencionalidade de matriz nacional preliminar ou provisria; e 19Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soares(ii)Controledeconvencionalidadedematrizinternacionaltambmchamadoautnticoou denitivo.Adiferenaentreambosaorigem.Odematriznacionalrealizadointernamentepelo juizlocal,desdeojuizdeCatanduvaatoSTF.Eodematrizinternacionalaquelerealizado pelos rgos internacionais judiciais ou quase judiciais. Temos quatro outras diferenas. (1) A primeira diferena uma estar no plano interno e outra no internacional, bvia;(2)Oobjetodistinto,ahierarquiadanormaparamtrica(objetoehierarquiadanorma paramtricasoospilaresquecompequalquerprocessodeaferio.Oobjetodocontrole nacional mais restrito, h uma parcela do ordenamento jurdico que est imunizada pelo controle de matriz nacional. Temos o caso da ADI 153, que considerava inconstitucional o limite mximo de 70deputadosporEstado,masestadisposioestnaCF.OPDTargumentavapelaigualdade dos eleitores, porque com 60.000 votos voc no consegue eleger ningum. O Rel. Min. Moreira Alves disse que no cabe ao STF ser scal do poder constituinte originrio, cabe apenas declarar inconstitucionalumaEmenda,noaprpriaCF.PodeoSTFdizerqueaConstituiovioloua Conveno?No,oseuobjetorestrito.Enocasodoplanointernacional?OProfessor exemplica com o Chile que censurou o lme Paixo de Cristo e disse que a Conveno mera leinoChileeoartigo19quepossibilitouvedarolmeestavanaConstituio.OChilefoi condenado porque no importa se est na Constituio ou se est em uma Lei, tem que cumprir a Conveno.Hierarquiadanormaparamtrica,qualahierarquiaqueumjuizlocalvaidaraum tratadodedireitoshumanos?Supralegal.AConvenoestabaixodaCF.Paraojuiz internacional, qual a hierarquia da norma paramtrica? Acima de tudo (unilateralismo); e(4) Interpretao. A interpretao se aquela lei local violou ou no a Conveno Americana. Ns podemos ter a interpretao domstica que aquela lei compatvel com a Constituio mas meses depois essa interpretao domstica pode ser atropelada pela interpretao internacional. Por isso a interpretao nacional preliminar ou provisria. TEORIA DO DUPLO CONTROLEComosuperarumadecisointernacionalquefalainternacionalquefalaxeumadeciso doSTFquefala-x?AinterpretaodoSTFsobreaConvenopodeserdissonanteda interpretaointernacional.Surgeentoofantasmadasguerrasjudiciais.Umasoluoseria reconhecer que tem algum que interpreta por ltimo. Uma segunda sada seria a teoria do duplo controle,emquetemosdoisguardiesdareadessesdireitoshumanosnoBrasil,oSTFea CorteInteramericana.Ambostemdignidade,art.102eart.7dasDisposiesConstitucionais 20Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresTransitrias. Considerando que ambos tem dignidade e o conito insolvel, a sada por exemplo seriaoBrasildenunciaraConvenoAmericanadeDireitosHumanos.OuoBrasilsaida Conveno,oucumpreadecisodaCorte.Oprofessorseafastadeumalinhadoutrinriae acreditaquepossvelcompatibilizar. Ambostentamregularomesmoespaocomumapulso de supremacia, isso uma angstia. Do ponto de vista do Professor, tambm adotada na ADPF 320,aideiadoDUPLOCONTROLE.EmvirtudedoBrasilterreconhecidoajurisdio obrigatriadaCorte,eutenhoduplocontroleeasnormastemquesuperaresseduplocontrole para serem aceitas. Por exemplo, a Lei da Anistia passou na ADPF 130 mas naufragou na Corte, porissoaLeidaAnistianopodeseraplicadaemrelaoaosagentesdaditaduramilitar.O Supremo exerce o controle de constitucionalidade, no o controle de convencionalidade de matriz internacional. A Lei da Ficha Limpa ainda no passou pelo controle de convencionalidade. Duplo graudejurisdiodoscrimesoriginriosdoSTFnoexistenoBrasil,masissoestprevistono artigo 8 da Conveno Americana. Isso foi muito alegado no caso do Mensalo.Dito isso encerramos o Brasil e a internacionalizao dos direitos humanos. Brevecomentrioaocasodasemana:LpezMendozaabasedoquestionamentoda Ficha Limpa. Mas, novamente, o caso do Lpez um caso de discriminao poltica. O art. 23 da Conveno cita os casos de inabilitao para candidatura pblica - uma srie de hipteses. 21Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresPROCESSO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOSAula 5 - 06.04.2015 CONCEITOConsistenoconjuntodemecanismosinternacionaisqueavaliaasituaodedireitos humanosdeumEstado,detectaeventualviolao,impondoreparaesdevidasouatmesmo sanes. O trip desse processo que eles representam uma complexidade importante, mas tem algo que une todos esses processos internacionais, que a chamada vigilncia internacional, uma avaliao,umadetenodeeventualviolao,ereparao.Noapenasdetectaraviolao, mas propor a reparao. Inclusive hoje a sano entendida como uma forma de reparao, uma coero para que o Estado repare o dano.Todosnspossumosobrigaesperanteostribunaisinternacionais,porgenocdio,etc., temosumaresponsabilidadeinternacionalsobanossacabea.Vamosnosconcentrarnos processos estatais internacionais. A Corte, no caso dos ndios, analisa a imputabilidade da conduta que o Estado que violou a conveno e analisa tambm os danos. Neste presente caso, quais os danos causados? Por ser aimputabilidadeumaprestaonormativa,odireitoquearmaquedeterminadoatodeveser imputado ao Estado, o professor colocou na lousa na aula anterior, quais os atos que ensejam a responsabilidade do Estado: (i) atos do poder executivo (atos comissivos ou omissivos) - mesmo osatosultravires(agiralmdomandato,contraasleislocais)?Sim,issotambmnoilidea responsabilidadedoEstado,oueleescolheuapessoamalouavigioumal;(ii)atodopoder legislativo - Opinio Consultiva 14 demonstra que o Estado responde. Podemos incluir, exclusive, atosdopoderconstituinteoriginrio.EssesatossoimputveisaoEstado,aquidefendidoa separao de poderes, alegao totalmente desprovida de xito; (iii) ato do poder judicirio. Isso quevaigerar,inclusive,guerrajudicial.Quandoumtribunalinternacionalconsideraqueum acrdodasupremacortedaquelepasvioloudireitoshumanos.AalegaodoPerufoicoisa julgada e separao de poderes no caso Tamaios (?). Novamente, o Estado no pode defender-se alegandoqueoEstadonolhepertence.Quaseumcomportamentoabsolutamenteanmalodo Estado.CasodaUniochinesa,obrasilnopodealegarqueoTJdoParannotepertence, estafoiaprimeiracondenaobrasileira;(iv)atosparticulares.Oatoparticularomais complexo, porque, em geral, no imputvel ao Estado. O Estado no garantidor universal de direitoshumanos.Agrandemaioriadecasossoatosdeparticulares,obrasilvaiser responsabilizadopelasuaconduta.OBrasilnopreveniuounoreprimiuoparticular.No precisamosnemcomentardocasoMariadaPenha.OBrasilrespondeuporquenocontextode ato particular, o Brasil no reprimiu. O Brasil foi condenado porque no reprimiu quem matou o Sr. 22Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresXimenez(?).FalnciadosistemadejustiacriminaldoBrasil.Porissotoimportantea caracterstica da eccia horizontal. O Estado no pode impedir que seus agentes violem apenas, ele tem que impedir que seus agentes violem. A carga sob seus ombros, a partir da celebrao de um tratado como esse, aumenta muito. Desde 92 o Brasil deveria ter pensado isso.Podemos concentrar em obrigao de respeito e obrigao de garantia. Respeito - o Brasil no pode permitir que seus agentes violem d. humanos nem seus rgos. Obrigao de garantia - oBrasilnopodeomitir-seepermitirqueviolemd.humanos.Issomuitofcildefalar,agora, implementar uma carga imensa. Oprximopassoareparao.Consistenoconjuntodemedidasaptasaeliminaros efeitosdosdanoscausadospelaviolaoprviadenormainternacional.Essadeniomuito tilnoprocessointernacionaldedireitoshumanos.Temosvriasoutrasmedidas.Podemosver emqualquercasodaCortequeasreparaessodiversas.Claroquenocumprimentodessas separaesqueosEstadosnoapresentamresultado.Aprincipalmedida,aquelaque considerada a mais importante a restituio na ntegra. Consiste no retorno ao status quo ante (anterior), situao imediatamente anterior a violao. Porque a melhor medida? Porque sana os problemas de violao. Voc volta ao estgio anterior da violao. Primeiro: uma medida ideal, a maisdifcildeseraplicadanodiaadia.Violaoaodireitovida,notenhocomo.Claroque temos a restituio em alguns casos: se algum foi justamente preso, que solto, retorne. uma daspossibilidades.Senofortotalmentesuciente,possvelapelar-mosparaoutrasmedidas, como a indenizao, que consiste na adoo de valor pecunirio que compense dano material e danomoral,ressaltandoqueodanomoralconsideradopresunoabsolutaemcasosde violao aos direitos humanos. Terceiraespcie:satisfao.Oquevemaserasatisfao?Consistenoconjuntode medidas apto a eliminar os danos imateriais gerados por violao prvia de norma internacional. A satisfaodesuasmedidasdesenvolveram-seaolongodaprpriaprticadateoriageralda responsabilidadeinternacional.Asatisfaopodeseraespciemaisusada,porqueaqui encontramos o chamado pedido de desculpas. muito usado. Desde o reconhecimento por parte doEstadodaquelaviolao,diaderespeitoaosmortos,construodememoriais.Obrigaras foras armadas a ter curso de direitos humanos. Publicao da sentena em grandes peridicos, colocao em sites, at um momento de criatividade. Alguns colocam a garantia de no repetio dentro da satisfao, mas o professor entende que pelos pases terem passado por regimes ditatoriais, deve ser colocado separado. Consiste em medidasaptasadesestimularviolaesidnticas.Equalagarantiadenorepetioque muitousadanacorteinteramericana?Investigarepunircriminalmenteosvioladoresdedireitos humanos-umaviolaocomplexa,quenopodeserprejudicada.Claroquenossamatria restringeoiuspuniendidoEstado,restringindoumatipicaoindeterminadaouexcessiva.H umasegundafacetaentreosdireitoshumanoseodireitopenal:deumladorestringeoius 23Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soarespuniendiedeoutroestimula,exigequeoEstadoinvestigue,processeepunaosvioladoresdo direitos humanos atravs dessa lgica da no repetio. O professor relembra que isso no teoria, estamos lidando com casos do dia a dia dos tribunais internacionais.ORIGEMUnilateral ou coletivo.NATUREZA Poltica ou judicial.FINALIDADE/RESULTADORecomendao ou deciso.SUJEIO PASSIVAEstatal ou individualMBITO GEOGRFICOGLOBALNoqueconsisteoschamadosprocessosinternacionaisglobaisousistemaglobalde direitoshumanos?Consistenoconjuntodemecanismosbaseadosouemtratadosdedireitos humanos celebrados sobre os auspcios da ONU ou baseados em disposies genricas da Carta daONU.IssoocorrepelaabrangnciadaONU,todososestadosestoeospoucosqueno esto, esto na porta de entrada. Eles ainda no possuem o apoio necessrio para virar membro, precisa do apoio do Conselho de Segurana e da maioria da Assembleia Geral. O problema que basta um membro permanente do Conselho de Segurana para vetar. Palestina s basta os EUA aceitar, Kosovo s depende da Rssia. Com essa conceituao, o sistema global extremamente rico,baseadonaCartadaONUouemsuasdecises.Vamosaquiprimeiromostrarquaisso essestratadosequaissoessesdispositivosgenricosdaCartadaONUquevolevara processos internacionais de Direitos Humanos.Emprimeirolugar,aONUfoicriadaem45comoumesforodareorganizaomundial. Nas conferncias preparatrias, a Carta da ONU foi discutida em suas potncias vitoriosas, EUA, UnioSoviticaex.Debateramainclusoounodedireitoshumanos.AUnioSoviticaeo Reino Unido tinham dvidas, mas os EUA defendiam esses ideais. Em sete passagens usam essa expresso, da maneira mais suave possvel. Art. 55, c, promover direitos e liberdades individuais 24Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaressem qualquer discriminao. 3 anos depois deram um pouco mais de densidade, a declarao de direitoshumanoseditadacomoumaresoluodaassembleiageral.Outraresoluoque dcadas depois passa a ser espelho do costume internacional de produo dos direitos humanos. A natureza jurdica da declarao universal merece uma nota. Inicialmente, a natureza jurdica da declaraomeraresoluodaassembleiageral,merarecomendao,semforavinculante- denominamosissodesoftlaw.Consistenoconjuntodediplomasnormativosinternacionaisque notemforavinculantemaspormapontamumadireo,podemsetransformaremnormas vinculantesnofuturo,estimulandoaformaodetratadosouaformaodecostumes internacionais. Isso seria a natureza jurdica inicial.Depois,omovimentodeDHvaibuscarconsolidaranaturezaconsuetudinriada declarao universal, hoje ela seria costume internacional que vincula todos os pases, ela abraa essatese,temosquetomarcuidadocomargumentodeautoridade.Elanosetornanorma consuetudinriaporqueumautorfalaisso.Comoeuprovoquenormajurdicainternacional consuetudinria?Vericoosprecedentesinternacionaisqueatestamisso.Infelizmente,paraa brasileira, no h esse atestado. A terceira posio, mais adequada, que parte da declarao, em virtude dos precedentes internacionais,consuetudinria,possuicartervinculante.Agora,adeclaraotemdireitos sociais,oschamadoscondiesmateriaismnimasdesobrevivncia,naoestaceitadoem costume internacional ainda. REGIONALEuropeu, interamericano, africano. Aula 7 - Prova 25Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresORGANIZAO DOS ESTADOS AMERICANOSAula 8 - 04.04.2015 e Aula 9 - 11.04.2015 INTRODUO HISTRICAPorqueaOrganizaodosestadosamericanospreocupa-secomdireitoshumanos? umavaloraoquenascedonaldaSegundaGuerraMundial,em1948eosesforose aproximaodosEstadosdaAmricasoanteriores(desdeaindependnciadascolnias espanholas).Issoclaronopanamericanismo,naldosculoXIX,ochamadoesforode aproximao, mas sempre uma lgica do "aro da bicicleta" com o centro nos Estados Unidos. O sistema era de reunio episdica.Oqueocorreem1948queexigeumamudanadeposturadosEstadosUnidos,queele desejacriarumaorganizaointernacional(regionalqueseja),quepoderiaatdarumafora paraoutrospases? AOEAeraumatentativadosEstadosUnidosreforarasualideranasob estados que j possuam um movimento socialista, especialmente depois da 2 Grande Guerra.AOEAentofoicriadaemBogotem1948eoseutratadoconstitutivochamado TratadodeBogot,quereproduzacartadaONU,comdiferenasemsoluodacontrovrsia (grandedefeitodaOEA,quandoosseusestadostemalgumacontrovrsia,elestemquese socorreraCIJ)eoutrospontos.Noquenosinteressa,emdireitoshumanosaCartadaONU prximadaCartadaOEA-umalistagenricaqueatribuideveresaosEstadosdepromover direitos humanos.Em1948apenasalgumaspartesressaltandoessesdireitoshumanos,somenteem1959 osEstadosdaOEAreunidosemumareunioemSantiagodoChile,criamaComisso InteramericanadeDireitosHumanos,comsedeemWashington,porqueasededaOEAl, at os dias de hoje (mais uma crtica OEA).AComissotemcomomissopromoverdireitoshumanos.Somenteem1967,o Protocolo de Buenos Aires altera a Carta da OEA e a Comisso inserida como rgo principal da OEA e fala tambm que deveria ser redigido um tratado interamericano de direitos humanos - as datas mostram a lentido da evoluo da matria, 1948, 1959 e 1967.Qual o contexto na poca que vai dicultar o desenvolvimento da matria? A asceno das ditaduras, temos um paradoxo da democracia consolidada dos EUA revelam que no hesitou em apoiar regimes ditatoriais - o que um paradoxo mas explica a lentido.Seformosassociararedemocratizaodaregio,camaisntido. Apartirdosanos90, temos um reforo na proteo da matria. Em 1992, alterada a Carta da OEA pelo Protocolo de WashingtonenalmenteseinsereapossibilidadedesuspensodeumEstadoporrupturada 26Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresordem democrtica. E porque 1992? Tirando Cuba, em 1991 as democracias imperam na regio, este ano considerado um marco da queda dos regimes ditadoras em toda a Amrica Latina. Em 1992,portanto,osEstadosprocuramestabelecernaOEAnomaisumninhodeditaduras,mas sim de democracia.Em 2001, temos a adoo da Carta Interamericana de Direitos Humanos, sua natureza jurdica soft law, mas serve para interpretar o que vem ser a ruptura democrtica do Protocolo deWashington.umconceitodedemocraciacomrotatividadedepoderesejustiasocial, servindoparaesclarecerasituaodedeterminadosEstados.OprincipalexemplofoiHonduras em 2009. Foi um grande teste at porque os golpistas eram simpticos ao Estados Unidos.No o nico exemplo da atuao da OEA na defesa dos direitos humanos, mas o mais miditico.ummecanismopolticomecanismoporquenotemossempreumconsenso,a avaliaodiscricionria.NocasodopresidentedoParaguai,aOEAconsiderouqueoseu impeachmenttinhasidofeitodeacordocomaConstituio,semrupturademocrtica.Jo Mercosul considerou que houve ruptura democrtica e suspendeu o Paraguai. AOEAtemumasriedeatividadesquevisamaprotegerdireitoshumanos,sempre centralizadonaComissoInteramericanadeDireitosHumanos,quetemfunopromocional (cursosdecapacitao,eventos,relatrios,porexemplo)epossuiumafunoquasejudicial. A Comisso recebe ento peties que alegam violaes de direitos humanos.ParaqueessemecanismosetemosdepoisummecanismoidnticonaConveno AmericanadosDireitosHumanos?Essemecanismoimportanteparaosjurisdicionadosde Estados que no raticaram a Conveno Americana de Direitos Humanos, temos de 34 estados da OEA, 23 que raticaram a Conveno (eram originalmente 25 estados, mas 2 a denunciaram - Trindad e Tobago e Venezuela) e 21 reconheceram a jurisdio obrigatria da Corte.AlgunspasesdoCaribetemdiculdadederaticaraconvenoemvirtudedapenade morte. A Conveno cria restries que por exemplo no posso aumentar o rol de crimes depois de raticar. Astrsgrandesausncias:Canada,EUAeCuba.Paraeles,importanteaanliseda petio - temos o caso dos presos e Guantanamo e dos presos polticos de Cuba. Comoquefeitaaanlisedapetio?MuitoparecidocomonaConvenodeDireitos Humanos,iremosanalisarmaisprafrente.PrecisamosapenasressaltarqueaComisso interpretando a Carta da OEA no tem poder deliberativo de deciso nesses casos, tem somente poder de recomendao. VoltandonosistemadaConveno.AComissoenraizadaem67eessemesmo protocolofezaprevisodeumtratadodedireitoshumanos.Doisanosdepoisotratadoestava pronto, na Conferncia de So Jos da Costa Rica de dezembro de 69 editada a Conveno 27Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresAmericana de Direitos Humanos, por isso ela chamada de Pacto de So Jos da Costa Rica, por motivos bvios. Esse sistema inspirado pelo Sistema Regional Europeu.Se no sistema regional europeu de direitos humanos, democracias se uniram para criar um tratadoeprovarqueeramdiferentesdeditaduras,nosistemaregionalinteramericano,ditaduras sereuniramparacriarumtratadodedireitoshumanosparangirqueeramparecidascom democracias.Em1969,opresidenteeraMdici,osmbolodosanosdechumbo,aditadura sanguinria brasileira. Aqui temos mais um impacto que vai ser a anlise do teor da Conveno.AConvenopossuideterminadosartigosquenaoexistemnaConvenoEuropeiade direitos humanos. Apesar de ser um cpia, a Conveno americana mais avanada, o que em teseseriapeculiar,nsnoteramosumajusticativasenopensssemosnessecontexto.A americanamaisavanadaporquenoexistiaamenorintenoqueelaentrasseemvigor.H quem fale que o ltimo estado que a raticou no iria perceber que ela iria entrar em vigor com a suaraticao.Qualoraio-xdaConveno?Elapequena,82artigosdivididosem3partes- direitos, rgos (Comisso e Corte) e disposies gerais. Ela teve o Protocolo de San Salvador em 86 adicional de direitos sociais e econmicos. MECANISMO DE SUPERVISO E CONTROLEOmecanismodesupervisoecontroledelaaquelaquevaidarainterpretao internacionalista da matria. Com ela evitamos o truque do ilusionista. Esse sistema baseado em doisrgosumacpiadoqueerasistemaEuropeu. AComissoomesmorgoquetem sede em Washington s que aqui ele veste outra camisa na Comisso Interamericana de direitos humanos.Comoelesabecomoagir?SeapetioveiodeumrgojurisdicionadodeumEstado queraticouaconvenoamericana,eleusaacamisadaconveno.Nocasobrasileiro, raticamosaConvenoem1992ereconheceuajurisdioobrigatriadaCortesomenteem 1998. AComissotem7comissrios,doquaisalgunsjforambrasileiros.Quemelegeelesa AssembleiaGeral.AComissoorgoprincipaldaOEAporissoaAssembleiaGeralquea elege. A crtica bvia que vamos entender que a Comisso at mais importante que a Corte, entotemospasesquenosesubmetemaConvenoamericanamasvaiinuenciarcomseu voto a deciso de um rgo que ele nunca quis raticar. Outra crtica que eles vo decidir quem vo julgar eles, problema de independncia.FaltamtambmestudossobrecomoosEstadosapresentamoscandidatos-tentam minimizar colocando a necessidade de uma votao interna para eleger a pessoa.A Conveno exige para a sua implementao um procedimento bifsico: primeiro visa a convencer a Comisso e o segundo visa a declarao judicial internacional de que o Estado violou direitos humanos. 28Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresA primeira fase desse procedimento perante a Comisso indispensvel sim, no posso burlareirdiretoparaaCorte.Comosechegaacomisso,qualalegitimidadeparaprovocara comisso? Temos que lembrar que quem sempre senta no banco dos rus um Estado e quem podeprovocaravtima,representanteouterceiros(maisumainovaodaconveno americana de direitos humanos). Temos ONGs especializadas em apurar violaes e levar para a Conveno, como o Conectas, so poucas porque caro. H a possibilidade de extra ocio, mas cada vez mais raro. Mais raro tambm um estado parte contra o outro, demanda interestatal (as demais sero chamadas de demandas individuais) e at agora tivemos dois casos apenas. PorquepossvelumEstadoprocessarooutro?Anaturezadasobrigaesdedireitos humanosobjetiva,noumademandacomercial. A ArgentinapodepeticionarcontraoBrasil por violao de direitos brasileiros, no precisa ter nenhum argentino envolvido na demanda. Semcontarquetemosumgrandeproblemadaestruturaserinsuciente,demoraria15 anos pra demorar a avaliao dos processos. Comoesses7comissionadostrabalhamseelestemummandatode4anos? Aanlise daspeties,tantoindividuaisquantointerestatais,feitaemumtambmprocedimento bifsico: avaliao da admissibilidade e do mrito. Isso explica tambm porque demora tanto. No ponto de vista do professor, deveria unir.Temos condies de admissibilidade da petio Comisso: esgotamento prvio dos recursosinternos,quesejaescrita,queretratehipoteticamenteumaviolaoConveno,que elasejapropostaatseismesesdoesgotamentoprviodosrecursosinternos(sempreo argumentomaisalegado,principalmentepeloBrasil,falandoqueapessoanoesgotouos recursos internos, mas temos excees a essa necessidade de esgotamento prvio dos recursos internos: (1) quando o recurso inexistente - no h um democracia, mas h uma ditadura; (2) recursointil,asupremacortedopasjdecidiuemsenticontrrio,praquerecorrer?Terceira hiptese: (3) recurso inidneo, no serve para alcanar o resultado pretendido - por exemplo, em caso de desaparecimento forado no adianta eu entrar com HC; (4) se existir delonga, o Estado no pode exigir esgotamento do recursos internos - caso brasileiro) que no haja litispendncia ou coisajulgadainternacional(outrorgoseriaosistemaglobal,claro,nooregionaleuropeu-o objetivo evitar decises internacionais contraditrias). 29Demanda interestatalDemanda individualDireito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresDentro de admissibilidade e antes do mrito, temos outra alternativa: soluo amistosa, a comissochamaoEstadoeasvtimasparatentarumasoluoamistosa,umaespciede conciliao.TemosumcasoqueoBrasilfez,ocasodosmeninosesmasculadosdoMaranho, um caso terrvel. Passada a fase da admissibilidade, temos a anlise do mrito e a demanda ser julgada procedenteouimprocedenteemparte.Todoesseprocedimentocaracterizadopelodevido processolegal.TevecasosqueoBrasilnoapresentourespostaporfalhaadministrativa brasileira. Observao: defesa tcnica do Brasil feita pelo departamento internacional da AGU. Oquenosinteressaadecisoprocedente,encaminhadoaorgocondencialdo Estado o primeiro informe, onde o Estado vai ter que digerir.Osegundoinformesvaiexistiremumasituao:oEstado,apesardeterraticadoa Conveno,noreconheceuajurisdioobrigatriadaCorte.Seoestadonoaceitaoteordo primeiroinforme,aComissopodeprocessaroEstadoperanteaCorteoupublicarosegundo informe.Atualmente,aComissonoprocessaoEstadoseelenoreconheceuajurisdio obrigatria da corte, se no, temos o processo. O segundo informe s ser publicado se ele no cumpriroprimeiroinformeeseelenoforprocessadoperanteaCorte.Comissotemos23 estados estados que raticaram a Conveno e 21 reconheceram a Corte, os casos so decididos pela Corte em ltima palavra. Oquetemdediferentedosegundoinformedoprimeiroqueelepblicoetemum pargrafo a mais. Pra quem direcionado o segundo informe? Assembleia Geral da OEA. O que ela faz com ela? Registra a cincia e arquiva, mostra que os estados so pssimos quando tem que deliberar sobre situao de outro Estado. CORTEChegamos no mecanismo judicial. A Corte ento s poder ser provocada por dois entes: (1) Comisso Interamericana e (2) Estados.OsEstadossolegtimosteoricamenteporque,naprtica,issonuncaocorreu.Em2009 tivemosumagrandemudana. Agrandealteraofoiareorientaodopapeldacomissoem 2009. At 2009 a Comisso elaborava a petio inicial (relembrando pra no usarmos expresses atcnicas, a Comisso no 'encaminha' nada, estamos tratando de uma ao de responsabilidade internacionalporviolaodedireitoshumanos).Emtermosdeprocesso,parecidocomocivil, temos a fase postulatria, probatria e decisria.Antes a Comisso fazia a petio inicial, hoje temos o encaminhamento pela Comisso do primeiro informe - importante por dois motivos: (a) cumprimento do prazo decadencial de 3 meses 30Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soarespra acionar a Corte. S pode ultrapassar desde que haja anuncia expressa do estado ru; e (b) ele xa os limites objetivos e subjetivos da demanda.Depois que o primeiro informe chega na Corte, a Corte notica o estado ru e as vtimas. As vtimas vo ter agora um prazo para ir e fazer a petio inicial (a Corte quis emponderar as vtimas,oschamadospeticionantes,mostrandoquequemtemefetivalegitimidadedeveriasera vtima).Essapetioinicialterlimite?Sim,elaterlimitessubjetivos-quemsoasvtimase objetivos - quais os direitos violados. O primeiro informe , portanto, indispensvel.Aps a petio inicial da vtima, o Estado a contestar.Fase probatria - todos os meios de prova admitidos em Direito.ANLISE DO CASO GOMES LUNDA petio foi em 1995 e a comisso elaborou o primeiro informe em 1998, processando o Brasilapenasem2009-podemoscriticaraduraodoprocedimentoperanteaComisso. Segundo:obrasilalegouausnciadeesgotamentodorecursointernos,alegouumasriede iniciativasqueestariamemandamento. Avtimaseelaperdeaadmissibilidade,temrecurso.O Estadopodedebaterissodenovo,osistemadesequilibradoemfavordaCorte.Princpio stopion(algoassim)queacorteaceita,nicocaso-oestadosenofalarnadasobre esgotamentodosrecursosinternos,signicarqueanuiu. Ainda,nocasoGomesLund,temoso juizadhocRobertoCaldas,atualmentejuizdaCorteInteramericana.EssaguraqueaCorte tem7juzes,squeaconvenoamericanafaladojuizadhoc,quaseumaespciede convencimentodosestados,deixandoeleindicarumjuizdesuanacionalidadeouqualquer pessoa,casonotenha.ACIJadmiteissotambm.MasoRobertofoioltimojuizadhoc,a Corte restringiu o alcance do artigo 55 da Conveno que fala de juiz ad hoc e agora ele s existe para demanda interestatal. Aula 9 - 11.04.2015 Ele repetiu alguns itens da aula anterior.Temos dois sistemas dentro do sistema interamericano de direitos humanos.SISTEMA DA CARTA DA OEAH uma relao entre eles. O sistema da Carta da OEA amplo e envolve no somente a capacitao da rea de direitos humanos mas tambm possui um sistema de aferio de violao 31Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresdedireitoshumanosporpeties.Seuresultadonalnoaproporisturadeumaaode responsabilidade de violaes de direitos humanos pelo sistema da Carta da OEA.H uma relao entre eles, ambos so patrocinados pela OEA, mas h diferenas.SISTEMA DA CONVENO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOSA Conveno concisa e possui trs partes. Tem um sosticado mecanismo de superviso econtrole.Aabordagemdedireitoshumanosinternacionalistaquecontramajoritriapor denio, contrria a interpretao localista. A comisso processou o Brasil no caso da Fazenda BrasilVerdeporescravidocontempornea.Teremosumainterpretaointernacionalistasobre direito gua, sobre escravido, entre outros termos.COMISSOO sistema da Comisso indispensvel antes de ascender Corte? O sistema bifsico de supervisoecontroleindispensvel?Sim.Osdadosmostramummnimodecondicionamento da comisso. Em 2013, a comisso recebeu 2071 novos casos, admitidos 623 e negou outros, ou seja,cadaanoocongestionamentodaComissoaumenta.Demorar15anosparaesgotaro acervo se parar hoje de receber peties.IssoumltroapenasalgunscasosteremchegadoaCorte?Qualopapeldeumrgo internacionaldedireitoshumanosparaestadosdemocrticos?subsidiriaparapromover polticas de mudana? Ou no?DESEQUILBRIOS ENTRE AS PETIES INDIVIDUAIS E INTERESTATAIS?Osprpriosestadospodempeticionar,necessrioapenasquereconheamessa faculdadeparaqueumreconheaeooutronosemteramesmareciprocidade.Indivduos tambm podem peticionar. H um desequilbrio? Peties interestatais tivemos apenas duas. MEDIDAS CAUTELARES - FORA VINCULANTE?CasosemquenopossvelaguardaranalizaodocasoousentenadaCorte.H umatutelainibitriaedeurgnciavocacionadaparacasosemquenopossvelaguardara nalizaodocasoperanteacomissoouumasentena,eventualmente,daCorte Interamericana.HdiversasmedidascautelarescontraoBrasilnacomisso.Medidacautelar da comisso, mas medida provisria prolatado pela Corte. 32Medida cautelarComissoSem fora vinculanteMedida provisriaCorteCom fora vinculanteDireito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresO caso mais importante de Medida Cautelar do Brasil Belo Monte, a primeira ordenou a suspensoeasegundadeterminouqueabarragempoderiacontinuarasendoconstruda,mas desde que fossem preservados os direitos indgenas.Aperguntaqueresta:essasmedidascautelarestemforavinculante?Notemos polmica na resposta, no tem fora vinculante, porque no est baseado na Conveno.LEGITIMIDADE PARA MEDIDA PROVISRIAQuempodepropormedidaprovisriaperanteaCorteIDH?EnquantoaComissono promoveaoperanteaCorte,saComisso,enestecasoamedidaprovisriatemfora vinculante.MedidaprovisriaaComissopodepediretemforavinculante,medidacautelara comisso edita e no tem fora vinculante. Porque a Comisso edita medida cautelar em vez de propor medida provisria? A resposta aessaperguntanodenida,aComissoalegaquequerestabelecerpassos,oqueum poucoincoerenteporquecasoamedidacautelarsejadescumpridaepedimosamedida provisria, isso acaba mitigando a sua eccia. Se estamos falando que alguma caso urgente, nopodemosserprogressivosnemgraduais.Essaprimeiraexplicaoaocial.Asegunda explicaoqueaoproporamedidaprovisriaquemdecideaCorteeaonopropora Comisso tem monoplio - uma disputa de poder entre a Comisso e a Corte. SOLUO AMISTOSA NoambientedaComisso,elaserscalizadapelaprpriaComisso.Temosumcaso dos meninos do Maranho de soluo amistosa do Brasil, foi um caso de paradiplomacia porque o Estado do Maranho que atuou (denio de paradiplomacia: entes que no so os sujeitos de direitointernacional,pormautorizadosporestearealizaratostpicosdessessujeitosdedireito internacional).QuemrepresentaoBrasilperanteaUniointernacionaldetelecomunicaes? A ANATEL, no o ministrio das relaes exteriores - exemplo de paradiplomacia. Ou o caso mais tpico, ente federado, o Estado do Maranho foi autorizado pelo Lula a participar das negociaes. INFORMESDiferenas entre o 1 informe da Comisso e o 2 informe - O 1 informe no vinculante porquecasooEstadodescumprapodeserforadoporumasentenadaCorteInteramericana. Ele provisrio ento porque ser substitudo por (a) uma sentena; ou (b) segundo informe. Qual adiferena?Escolhe-seumououtrodeacordocomoreconhecimentodoEstadofaltanteda jurisdio obrigatria da Corte.Tem alguma possibilidade do Estado no processar o estado faltoso mesmo que ele tenha reconhecidoajurisdioedescumpridooprimeiroinforme?Sim,masissoestdicultadoao 33Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresextremo,oscomissriospormaioriaabsolutateriamquevotarpelanoproposio-athoje nunca ocorreu.O segundo informa vinculante, mas frustrante. vinculante por interpretao da Corte, a Corte para incentivar os Estados a reconhecer a sua jurisdio obrigatria decidiu que o segundo informe vinculante. O segundo idntico ao primeiro informe com a diferena de que o Estado jdescumpriuoprimeiro.frustranteporqueomecanismodeimplementaodependeda assembleia da OEA e essa nunca tomou outra providncia a no ser registrar o segundo informe. CORTE IDHEla um rgo da Conveno, no uma corte da OEA, tem jurisdio autnoma, mas nanciadapelaOEA.Tem7juzesepossuiduasespciesdejurisdio-aconsultivaea contenciosa. A contenciosa, quem tem legitimidade ativa a Comisso e o Estado - demanda individual e interestatal. A individual aquela promovida pela comisso a partir das peties dos indivduos. Demanda interestatal seria um Estado processar o outro, mas isso no ocorreu at hoje.A partir de 2010, tivemos duas mudanas: (1) foi eliminada a funo do juiz ad hoc e (2) a Comissonomaisfazapetioinicial,elapropepeloenviodo1informe(elecontinua importanteporqueestabeleceolimitesubjetivoeobjetivodademanda).Atravsdoprimeiro informevocidenticaavtimaeosrepresentanteseessessonoticadosaapresentaruma petio o inicial, que no pode transbordar o contedo do primeiro informe, no pode trazer novos fatosenovasvtimas.Essamudanaemponderouasvtimas.Opassoseguinteseriaabolira comisso e criar o acesso direto da vtima s cortes - igual o Protocolo 11 fez na Corte Europeia. A jurisdio contenciosa est nesse devido processo legal entre as vtimas e o Estado ru, porque a legitimidade passiva sempre do Estado ru e a Comisso atua no processo como scal dalei,elatemtodosospoderesdaspartesmasasvtimassoosautores.OEstadoruea Comisso como scal da lei.E depois so as fases tradicionais de um processo civil brasileiro: (1) fase postulatria competioinicialecontestao;(2)fasedeexceespreliminares,discutidonovamentea admissibilidade,aquiloquediscutidonopapeldaComissoserrediscutidonovamente-um clarodesequilbrioafavordoEstado.SeoEstadoperdenaComisso,elepodereabrirocaso aqui, menos quando o Estado resta omisso no principio do esgotamento dos recursos externos - o Estadoquefoiomissoanuiu.Avtimano,seelaperdenaadmissibilidadedaComisso,no conseguirrediscutir.Aexceopreliminarpodeextinguirocasosemjulgamentodemrito.A Corte tem eliminado uma sentena de excees preliminares at por ela no ser permanente, ela tempreferidoterumasentenasdeexceespreliminaresmritoereparaes.Nosanos80 34Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel Soaresseparavamessestpicosemtrssentenas,porissootramitenaComissodemora.Ocaso Gomes Lund durou quase uma dcada, agora est mais rpido por isso. O Caso da Fazenda Brasil Verde (novidade) tende a ter resultado em 2017. Claro que a fase probatria muito rica, todos os meios de prova admitidos e nalmente, teremos (3) mrito, comprocednciaouimprocedncia,podendoterdecisoparcialtambm.Hapossibilidadede amicuscuriaeeahapossibilidadedereconhecimentodopedidoeeventualmentesoluo amistosa. REPARAESOquechamaatenonajurisprudnciadaCorteajurisprudnciadereparaesda Corte, sem dvida nenhuma a mais avanada que temos no Direito Internacional.Motivo - A redao dos artigos sobre reparao e sentena da Corte no tem as limitaes da Conveno Europeia, esta foi redigida para proteger a soberania dos Estados, j a Comisso Interamericanadespreocupou-se,elamenosconservadoraqueaEuropeia(ressalte-sequea americanafoiredigidaporditaduraseaeuropeiapordemocracias)porqueasditadurasno queriamqueessetratadofosseentradoemvigor,eletinhaumnmeroelevadopararaticao, 1/3 da OEA e imaginava-se que os pases da Common Law no iriam raticar. Algumas travas de segurana foram abandonadas na hora de escrever o texto. Restituionaintegraoretornoaoestadoimediatamenteanterioraviolaoeesse retorno no seria suciente na rea dos direitos humanos. Diz respeito ao dano emergente e aos lucros cessantes - reparar o que ela deixou ganhar. Dentro desse contexto, surge a reparao do projetodevida-buscarestauraraquiloqueapessoapoderiateratingidoseasuavidano tivesse sido atingida pela violao de direitos humanos. O que aquela pessoa conseguiria se no tivesse cado presa tantos anos? A Corte agressiva ao ponto de considerar que o Direito justia tem uma dupla natureza - serve para cotejar uma conduta estatal, uma violao do devido processo legal, uma violao do direitojustiamaistambmumaimposiodereparao,investigandoepunindoos violadores de direitos humanos.O Brasil foi condenado no caso Gomes Lund porque ele no puniu os agentes da ditadura responsveis pelas violaes macias de direitos humanos e ao mesmo tempo temos a reparao - o Brasil deve investigar e punir em juzo os violadores. A Corte generosa nesse ponto, muito mais amplo do que a xao de uma quantia, o que tambm torna mais difcil a implementao. Uma das medidas do Gomes Lund foi a tipicao do desaparecimento forado, algo que ainda se arrasta no Congresso Nacional. 35Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresTemos casos tambm da Comisso impor reforma constitucional para os Estados. Temos um caso Mohamed conta a Argentina que muito interessante - um homicdio culposo, acidente de trnsito, ele foi absolvido no primeiro grau e foi condenado no segundo grau, s que se voc condenado no TJ-SP por exemplo, voc tem o direito de rever fatos no STJ/STF? No, e ainda o REtemqueprovarrepercussogeral,voctemqueprovarqueoseucasotemviolaoque interessa socialmente.OcasoMohamedvaiterumareexosobreoqueduplograudejurisdio,bastao primeiroesegundograudeavaliaoouprecisoumaavaliaodosfatostambm?Esses precedentestransformadoresentovoexigirgrandesreformasnoordenamentonacional, imaginem por exemplo quando a Corte considerar que nosso direito eleitoral assimtrico, que o nosso Congresso no representa a populao de forma geral, porque a Camara desequilibrada, imaginemoimpactodissonaCFbrasileira,teramosquealteraroque?Onmeromnimode deputados? Teramosquemudartudo!NoseriamaispossvelumaminoriacontrolaroEstado. PorissoaEuropachegaafalarqueaCorteInteramericanapaternalista,invasiva, questionacomoosEstadosaceitamessaquantidaderobustadereparao.Desdeo estabelecimentodecriaodefundaoatdiadamemria-ajurisprudnciaextensade reparao. E essas sentenas devem ser cumpridas - ou seja, o "cu o limite".Qual ser o mecanismo de implementao dessa sentena? Uma vez por ano o Estado condenado tem que se reunir com a Corte, com as vtimas, com a comisso e o Estado tem que expor o que est fazendo. Caso Gomes Lund - o Brasil, a cada ano, ter que expor isso. Explicao do seminrio dessa semana - Caso Barreto LeivaOsprecedentesdevemsercontextualizados.NocasodoMensalo,qualdeveriasera defesademritoparadizerquenofoivioladoodireitoaoduplograudejurisdio?Podemos entender que como teve uma possibilidade de reexame da deciso? Foram os mesmos ministros, eles iriam mudar de posio porque entraram com um embargos de divergncia? O que importa que no caso do Mensalo os ministros mudaram. Isso obviamente no tem resposta certa, mas a maneira errada de abordar. O direito internacional v o direito nacional como um fato, temos que lembrarisso.FalarquenoexpressonanossaCFumabsurdo,citarpoderconstituinte originrio um absurdo nessa matria - tudo isso um fato, temos que lembrar disso. O professor acha que o caso no passar pela Comisso, mas tem o argumento da efetiva defesa do contraditrio, o caso comeou em 2005 e terminou em 2013. Tambm temos que falar da chamada teoria da quarta instncia. 36Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresTEORIA DA QUARTA INSTANCIAAteoriadaquartainstnciafoidefendidapelaComissoeconsistenavedaodaCorte Interamericanadeatuarcomoumtribunalderevisodedecisonacional.Porissoosugestivo nome - a Corte no deve ser a quarta instncia.Emgeral,osordenamentosjurdicosnacionaiscomdoisgrausordinriosdejurisdioe umterceiroqueumgrauextraordinriodejurisdio,quevisauniformidadenainterpretao, outrosobjetivosmuitoalmdajurisdioordinriaquevisaafornecerjustiaaocasoconcreto, por isso chamamos o STF e o STJ de jurisdio extraordinria porque ele possui esses objetivos nobres extraordinrios - por isso nem todo caso vai para eles. O professor pondera que pra ele j difcil levar um caso ao TSE.Portanto,essateoriaconsisteemnegarqueaCorteumaquartainstancia-isso justicaaimprocednciadasdemandassubmetidasComisso,temmuitocasoenvolvendo xaodepena,indenizao,naqualopeticionanteseinsurgecontraumadecisonacional. Essa teoria perdeu sua importncia ao longo de que a prpria Comisso reconhece que nos casos a ela submetidos, no cabe aos rgos internacionais de controle analisar a deciso judicial como tal, mas sim avaliar a conduta do Estado ru. Essa conduta do Estado ru que ser avaliada, por exemplo,morosidadeouadecisofoiinjusta.Tantoaausnciadedecisoquantoadeciso injusta - isso chamaremos de indeciso de justia.Quaissoasduasfacetasdadecisodejustia?Eutenhoadeciso,masela incompatvelcomosdireitoshumanos,tantodopontodevistaprocedimental(duplograude jurisdio,porexemplo),quantodopontodevistamrito,porexemplo,asentenapenalfoi desproporcional na fase da dosimetria das penas. A prpria Comisso passa a interpretar que no ofende a vedao de agir como a quarta instncia a imputao de conduta implicada ao Estado.AconsequnciaquecabeaoEstadoimplementarosmecanismosdaCorte-"soltea Senhora Tamaio". O Estado (Peru) tem que soltar. No fundo, uma reviso da sentena nacional? O resultado no idntico a uma reforma da sentena transitada em julgada? Do ponto de vista do professor, teremos que reconhecer que a frmula da quarta instncia preserva a Comisso e a Corte, por outro lado, a jurisprudncia da Corte demonstra que ns estamos nos aproximando deserumaquartainstncia.ODireitointernacionaldosDireitosHumanosavanamuitocom transparncia e o professor questiona porque no possibilitar, ainda mais diante da diculdade de mudanas legislativas dentro do Estado? Um dos pontos mais debatidos no Brasil hoje um choque insolvel entre o STF e a CIDH, algoqueocorreunocasoGomesLundeestabertonoSTFespecialmenteempropositurada ADPF 320 sobre a questo da anistia. 37Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresQualoladopessimista?Umconitoabsolutamentesupervel-temosaordemjurdica nacionaleainternacional,ambascomrgosdeinterpretaoeambascomsupressode democracia. Temos que lembrar que o direito internacional v o direito interno como um mero fato ento a nica resposta possvel de acordo com o direito internacional obedecer.Mas,deacordocomaCF,anicarespostapossveltambmaCF.Ospessimistas diriam que esse choque insolvel. Antes j havia esse problema, mas o Brasil era mais adepto do truque de ilusionista. Na medida em que o Brasil deixa de ser ilusionista - interpretar tratado de acordocomaposionacional,criandoo"tratadointernacionalnacional".Oprofessorcostuma dizerquetemosduasespciesdepases-"quemraticaotratadoedepoispensa"e"quem primeiro pensa e depois ratica".Soduasordensjurdicasjustapostasquepretendemregeramesmaordemjurdica. Como conciliar? A soluo mais tradicional o DILOGO DAS CORTES, cada corte olha para o ponto cego da outra. No uma soluo que se possa aplicar sempre, segundo o professor, at porque pode existir uma diferena brutal de interpretao no controle de convencionalidade, como o caso da Lei de Anistia. O professor nem menciona a norma mais favorvel ao indivduo como guia de conciliao, ele rejeita essa teoria.OqueoSTFpodeadotarconsiderarquedepoisdoreconhecimentodajurisdio obrigatriadacorteaTEORIADODUPLOCONTROLE,primeirotemosocontrolede constitucionalidaderealizadopeloSTFedepoisocontroledeconvencionalidadedematriz internacional. A Lei da Anistia foi aprovada no primeiro e rejeitada no segundo.Oprofessortendeaarmarqueissoumperododetransio-talvezcomumacesso diretodeindivduos,caminhamosparaoprimosinterparies-oprimeiroentreiguais. Caminharemos para um reconhecimento no futuro de que h uma palavra nal internacional, voc no debate direitos humanos localmente. 38Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresSISTEMA EUROPEU DE DIREITOS HUMANOSAula 10 - 18.05.2015 e Aula 11 - 25.05.2015 ORIGEMomaisantigodetodosepodeserquasequeumfuturoasertrilhadopeloSistema Interamericano ou at mesmo para que se evite alguns equvocos. Primeira palavra sobre sistema europeu que tem origem no Conselho da Europa, criado em 1949. Nada a ver com Unio Europeia ou Conselho Europeu (rgo interno da UE), por favor, noconfundir.OConselhodaEuropafoicriadocomoobjetivodeproteodademocraciae direitos humanos. O contexto a reorganizao dos pases ocidentais europeus depois da destruio da 2 Grande Guerra Mundial. Os estados europeus planejam se reorganizar em vrias frentes. Em 9 de Maiode1950temosafamosaDeclaraoSchumanemqueeledefendequeasdivises sangrentas entre Alemanha e Frana deveriam ser superadas. Ele arriscou a sua carreira e hoje este dia o Dia da Europa. A Europa Ocidental, ento, se reorganiza e criam essa organizao prpria com o objetivo de demonstrar que quem tem o acervo da democracia dos direitos humanos o bloco ocidental, noosovitico.Issomuitoimportanteporqueestamosemummomentodeindenio, tnhamos partidos comunistas muito fortes.CONVENO EUROPEIA DE DIREITOS FUNDAMENTAISPara essa briga de se apropriar dos direitos humanos, esses pases foram iconoclastas por aprovaremumtratadocomumroldedireitosefazeralgomais,em1950aprovarama ConvenoEuropeiadeDireitosFundamentaiseaprovaramumainterpretao internacionalista.Criou-senosumrgoparecidocomoMP,umrgodepersecuoe acusaoaoEstado,mascriou-seumrgodejulgamento-aCorteEuropeiadeDireitos Humanos.AInglaterrafalouqueestavamloucos:almdecriarumtratado,criarumtribunalque julgarcadapaspareciaumabsurdo.Mas,emvirtudedocontextodereorganizao,aquitem tambm um ingrediente poltico interno. O tratado foi celebrado, a sede escolhida foi Estrasburgo.Temos ento a Comisso EDH e a Corte EDH.Oquevaigeraresseineditismoainterpretaointernacionalistaento,supervisoe controledasobrigaesassumidaspelosEstados.Desde1950athoje,tivemosvrios protocolos que adaptaram a Conveno EDH aos dias de hoje. 39Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresPorumclubedepasesocidentais,hojetemos47estadosnoConselhodaEuropa.A ruptura ocorre com o nal da guerra fria, a exploso de novos estados que ingressam no sistema europeu de direitos humanos.MODELO ORIGINALOsistemaeuropeuinspirouointeramericano.Temosaquitambmomodelobifsicoem que indispensvel o acesso pela comisso.Legitimidade ativa para peticionar a Comisso: vtima ou o representante da vtima ou os Estados (Sucia chegou a processar a Turquia por violao dos direitos dos Turcos). Aqui falta algo: as ONGs. Temos apenas ONGs atuando em interesses prprios, no podem atuar em direito de terceiros como na Conveno Americana de Direitos Humanos.A legitimidade passiva a mesma: sempre o Estado nos bancos do ru.Opapeldaconvenooidnticoaonosso:seelanoforconvencidadequeocorreu umaviolaoaosdireitoshumanos,nadaocorre.Chegouaserumintrpretedenitivoda Conveno EDH. O outro legitimado para propor aes perante a corte o Comit de Ministros, um rgo internodoConselhodaEuropa.CasoaComissoentendessequeocorreuumaviolao,ela poderiaprocessaroEstadofaltosoperanteaCorteouadjudicarocasoperanteoComitde Ministros. Eles costumavam fazer isso com os casos polmicos, esvaziando a Corte Europeia de Direitos Humanos. Dizemos que esvaziar porque a CEDH mais independente que os ministros do Comit. DEFESA DA SOBERANIA DOS ESTADOSPor isso temos que discutir a defesa da soberania dos Estados e quais so as travas de seguranapelasquaisissoocorre.Oprofessortemumaproduocrticadossistemas, dicilmente iremos encontrar essa questo na doutrina. O que quer dizer defesa da soberania dos Estados?Soastravasdeseguranaqueosistemaeuropeuforjouaolongodasdcadaspara proteger a soberania dos Estados. No algo fcil de perceber. A primeira trava de segurana a (1) Comisso, o sistema bifsico, o claro desequilbrio em favor do Estado: se o Estado ganha na comisso, a vtima tem algum recurso? No. Mas se a vtima ganha na Comisso, o Estado pode ganhar na Corte Europeia. A(2)funojudicialanmaladocomitdeministrosqueesvaziandoaCorte aproximamos o Sistema Europeu do truque de ilusionista, permitindo que um ambiente interestatal julgue. Os Estados simplesmente arquivavam os casos aqui. 40Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresUmoutropontoimportantearedaooriginal,artigo50eagoraoartigo49,eraa chamada (3) satisfao equitativa. Diz o seguinte: o Estado ru no curso do processo perante a Corte ou aps a sentena de procedncia pode informar a Corte que por bice interno, como uma previsonaConstituio,nopodercumprirasentena.Deacordocomesseartigo,aCorte deveestabelecerumasatisfaoequitativa,sendooseucontedoumasomapequenaem pecnia ou mesmo o reconhecimento de que a sentena j uma satisfao.UmexemploumcasocontraaFranaemquedepoisdecondenadocomtrnsitoem julgado,umFrancsconsegueumasentenadaCortequereconhecequeteveviolaodo devido processo legal - a pessoa est presa, ela quer ser solta ou ter um segundo julgamento. A Frana falou que no ia cumprir e determinou que a satisfao equitativa seria a prpria sentena. A pessoa iria fazer o que com a sentena, colocar na cela?Temos um caso interessante tambm de violao ao Meio Ambiente em que saiu a deciso da CEDH em que foram quinze linhas por pas apenas, a Espanha disse que no iria cumprir e foi determinadoqueelapagasses4.000euros.EntosequeraCEDHtinhaodesejodeimpor 4.000.000 de euros, o que seria mais pesado. A satisfao ento pequena.OutratravadeseguranaumainterpretaodaConveno,quenoestavanela prevista. As travas descritas acima pelo menos estavam na Conveno. Temos ento a (4) teoria damargemdeinterpretaonacional.Deacordocomessateoriaemcasospolmicosde direitos humanos no qual no haja consenso europeu sobre a sua interpretao, o Estado deve ter uma margem de interpretao nacional, abstendo-se a Comisso ou a Corte de agir. Temos que pensarqueainterpretaocostumaserlocalista,istonodeveseraceitoemumtribunal internacional. At 2004, a Corte se abstinha por exemplo de abster direitos dos transexuais.MODIFICAES ESSENCIAISQuais so as modicaes que ocorreram ao longo das dcadas?PROTOCOLO N 9Aprimeirafoialegitimidadedadaaoindivduopeloprotocolon9quepermitiuqueo indivduoqueperdessenacomissopudesserecorrerparaaCorte,maseleaindatinhaque passar pela Comisso. Foi um baby step.PROTOCOLO N 11TemosoProtocolon11quede1994eentraemvigorem1998queextinguea Comisso.NasceentoumaCortepermanentededireitoshumanos.Dostribunais internacionais que conhecemos em funcionamento, o que mais parece com um tribunal domstico a CEDH porque ele permanente, tem sesses semanais e essencialmente organizado. J a 41Direito Internacional dos Direitos Humanos - Ana Raquel SoaresCorte Interamericana tem sesses ordinrias, os juizes no moram na cidade, tem diculdade de nanciamento,etc. AgoranaCEDHso47juzes,umporEstadoetemosumregulamentode como os Estados devem selecionar os candidatos. Apresentam at 3 nomes e no precisam ser nacionais-jtivemosumjuizcanadense,inclusive. AquitemosumanovaCorte. Atafuno anmaladoComitdeMinistrossumiu,porqueeladependiadaComissoeatualmenteo Comit de Ministros ele s cuida da execuo coativa das sentenas das Cortes Europeias. Aperguntaqueeusemprefaoporqueummodelocomtantatravadesegurana comea a ser modicado? Porque os Estados comeam a mudar? O que acontece na dcada de 90 a queda do muro de Berlim. O objetivo das travas de segurana eram proteger a soberania dosestadosdemocrticos,agoraaCEDHtemumnovopapel:auxiliarodesmantelamentodo passado autoritrio do Bloco Sovitico.Para isso importante trava de segurana, ou importante que os indivduos entrem com aes diretas na Corte Europeia? De 90 a 98, 23 novos membros entram e no mais importante proteger a soberania dos Estados. claro que nem os planejamentos mais acurados poderiam perceber o que iria acontecer depois-humatendnciaaconsiderarqueRssiaePolniaseriaograndeclientedaCEDH, ningumiriaimaginarqueumdosquatrograndesclientesseriaaItlia.Comeaaterumefeito no previsto.Questionamosopapeldeumtribunalinternacionaldedireitoshumanosparapases democrticos.OdevidoprocessolegalnaItliadignodepena,porissoaItliamuito condenada por violao ao artigo 6.Comeamaexistir,jnosculoXXI,problemascriadospelomdacomisso.Dosanos 60 at 98, a Corte teve cerca de 900 julgamentos. Um ndice pequeno. Aps o m da comisso, chegounojulgamento10.000.Hojetemosmaisde100.000casosemjulgamento-oacesso direitof