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Naomi Sugita Reis DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ____________________________________________________________ O ESTADO O Estado se configura com a constituição de uma soberania {governo próprio}, de um povo e de um território. Ele apenas se declara como sendo um Estado e está feito. Para ele mesmo, ele já tem essa qualidade. Entretanto, para que esse Estado autodeclarado seja reconhecido como efetivamente um Estado soberano pelos demais é necessário o estabelecimento de relações diplomáticas entre eles. Ou seja, a relação diplomática entre os Estados é que determina o reconhecimento de suas soberanias autodeclaradas. A diferença entre um Estado soberano para um Estado autônomo é que o Estado Soberano se identifica como um país, enquanto os Estados autônomos são “entes federativos”, dentro da estrutura do Estado soberano. HISTÓRICO O Direito Internacional Público nasce para regular sociedades, enquanto a figura de Estado sobreano vem regulamentar as organizações societárias — entretanto, a inexistência de Estado, não obstrui a existência do DIP. O Direito Internacional Público passou a se desenvolver a partir de marcos históricos com o escopo de acabar com as guerras. A ideia de Estado nasceu no ano de 1648, mas isso não faz com que o Direito Internacional Público surgisse nesse momento. Isso se dá porque esse ramo do direito já existia antes, eis que já existiam relações entre as nações e reinos. Até o ano de 1945 o sistema vigente era o Sistema de Estados, o qual nasceu com a Paz de Vestfália e depois da Segunda Guerra Mundial, foi formada uma Sociedade de Estados. O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ATÉ 1648 I. Tratado para delimitação de fronteiras na Região da Mesopotamia entre duas cidades chamadas Lagash e Uma {3.100 a.C.}; II. Império Romano e Império Persa: coexistência em função de diversos tratados, a fim de evitar guerras; 1

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Naomi Sugita Reis

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ____________________________________________________________

O ESTADO

O Estado se configura com a constituição de uma soberania {governo próprio}, de um povo e de um território. Ele apenas se declara como sendo um Estado e está feito. Para ele mesmo, ele já tem essa qualidade. Entretanto, para que esse Estado autodeclarado seja reconhecido como efetivamente um Estado soberano pelos demais é necessário o estabelecimento de relações diplomáticas entre eles. Ou seja, a relação diplomática entre os Estados é que determina o reconhecimento de suas soberanias autodeclaradas.

A diferença entre um Estado soberano para um Estado autônomo é que o Estado Soberano se identifica como um país, enquanto os Estados autônomos são “entes federativos”, dentro da estrutura do Estado soberano.

HISTÓRICO

O Direito Internacional Público nasce para regular sociedades, enquanto a figura de Estado sobreano vem regulamentar as organizações societárias — entretanto, a inexistência de Estado, não obstrui a existência do DIP.

O Direito Internacional Público passou a se desenvolver a partir de marcos históricos com o escopo de acabar com as guerras.

A ideia de Estado nasceu no ano de 1648, mas isso não faz com que o Direito Internacional Público surgisse nesse momento. Isso se dá porque esse ramo do direito já existia antes, eis que já existiam relações entre as nações e reinos.

Até o ano de 1945 o sistema vigente era o Sistema de Estados, o qual nasceu com a Paz de Vestfália e depois da Segunda Guerra Mundial, foi formada uma Sociedade de Estados.

O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ATÉ 1648

I. Tratado para delimitação de fronteiras na Região da Mesopotamia entre duas cidades chamadas Lagash e Uma {3.100 a.C.};

II. Império Romano e Império Persa: coexistência em função de diversos tratados, a fim de evitar guerras;

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III. Tratado de Osnabruck e Munster - Paz de Vestfália em 1648 {final da guerra dos 30 anos}. Onde nasce o Direito Internacional Público clássico {DIP reformulado}, onde uma nova ordem internacional foi formada {Estados como conhecidos nos dias atuais};

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO CLÁSSICO Paz de Westfalia - 1648

I. Sistema de Estados: DIP com função de delimitar fronteiras entre Estados, evitar guerras e tratar acerca de relacionamentos pontuais {relações mínimas entre Estados}. Isso foi bom porque firmou a figura estabelecida de Estados, que não é institucionalizada.

II. Não há institucionalização: só tem a figura de Estado e não a figura de instituições internacionais. É o Estado e pronto. O DIP clássico só serve para regulamentar os Estados.

III. Consolidação total do Sistema de Estados: as Guerras Napoleônicas ameaçavam muito a estrutura da figura do Estado e, o Congresso de Viena de 1815, mais especificadamente, o Concerto Europeu trouxe os princípios basilares de Direito Internacional Público {que são respeitados até os dias atuais}:

A. Princípio do equilíbrio europeu {hoje em dia é o equilíbrio nuclear, que é refletido pelos membros do P5 no Conselho de Segurança da ONU};

B. Princípio da igualdade jurídica entre Estados {soberania externa}.

IV. A Ordem de Versailles {1919} começa a reestruturar a ordem do Sistema de Estados com a flexibilização da figura de Estado com precária institucionalização {começam a aparecer precariamente as Organizações Internacionais}, com o surgimento do Direito Humanitário {direito de guerra}, da OIT e da Liga das Nações {qualquer Estado pode entrar e pode tratar sobre o que quiser - cunho universal}. A partir de 1919, precariamente existe o começo da institucionalização da sociedade internacional, COMEÇA A EXISTIR A FIGURA DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS - que foram cruciais para o processo de sociabilidade internacional, flexibilizando a economia e abrindo ela!

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO CONTEMPORÂNEO

I. Tratado de Versailles {1945} ao tempo presente: consolidação de organizações internacionais como sujeitos de direito internacional público com a instituição da ONU. Surge um novo marco no DIP, com o nascimento de um sujeito contemporâneo: as Organizações Internacionais. Para que os Estados possam fazer parte das

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organizações, é necessária a dita flexibilização da soberania - Sociedade de Estados {Estados conversam entre si}.

II. Carta se São Francisco: ONU nasce para paz e segurança e não para tirar a sociedade internacional da anarquia. Mas, ela acaba por regulamentar através da Comissão de DIP como se darão as formalidades para que sejam elaborados os tratados através de dois outros tratados: Convenção de Viena de 1969: como o Estado deve fazer tratado {ExE}, tem caráter subsidiário para a CV86; Convenção de Viena de 1986: como a Organização Internacional deve fazer tratado {OxO, OxE}.

SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E ATORES INTERNACIONAIS

PERSPECTIVA DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

I. Século XX: ampliação da existência e validade {não são mais questionados}.

II. Século XXI: implementação da eficácia.

JUS COGENS A concepção contemporânea de jus cogens refere-se a valores atinentes à paz e aos

direitos humanos - genocídio, tortura, pirataria, guerra e escravidão.

A pirâmide de Kelsen é estruturada a partir de uma perspectiva em que, ao se escolher determinada norma situada em uma posição do ordenamento jurídico, ela terá seu fundamento de validade ao olhar para cima e sua execução ao olhar para baixo. Em outras palavras, as normas mais “acima” na pirâmide são as que concedem validade àquelas que se encontram em posições inferiores, enquanto estas dão executabilidade às suas superiores.

Essa pirâmide não é fundamentada por valoração {podem ter Leis que tratam sobre assuntos com mais “valoração” do que normas constitucionais. Um exemplo disso é a Lei Maria da Penha e o artigo da CF tratando sobre o Colégio S. Pedro}.

Uma Constituição é formada através do poder constituinte originário, via assembléia constitucional constituinte pelo poder constituinte derivado reformador.

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SUJEITO DE DIP ATORES INTERNACIONAIS

ESTADOONGs {pressionam o Estado para

mudanças}

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL EMPRESAS TRANSNACIONAIS

PARA A AMÉRICA LATINA → POPULAÇÕES TRADICIONAIS

POPULAÇÕES TRADICIONAIS {autodeterminação}

PARA O SISTEMA EUROPEU → INDIVÍDUOS INDIVÍDUOS

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Os poderes constituintes originários eram inicialmente ilimitados mas, hoje em dia, eles encontram uma barreira fundada na figura de jus cogens.

Jus Cogens são valores indispensáveis à sobrevivência, a fim de que seja colocada na prática A PAZ E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA e é por isso que eles se encontram acima da Constituição. A pirâmide portanto não é valorativa, mas normativa. E pode ser vislumbrado um patamar em cima dessa pirâmide normativa, onde se encontra o jus cogens. JUS COGENS CF Leis Jurisprudência, ato normativo…

Nesse sentido, Jus Cogens pode ser compreendido como as normas fundamentais do Direito Internacional que se aplicam a qualquer e todo Estado, independentemente de sua vontade ou consentimento. São normas peremptórias que não estão escritas em lugar algum, mas são inderrogáveis pela vontade dos Estados, por se tratarem de valores. Ademais, encontram-se acima de todas as normas internacionais e internas. E, no que tange às normas internacionais, elas não se sobrepõem às normas internas, elas se inserem dentro do ordenamento dos Estados. Não existe a possibilidade de um Estado sair da seara do jus cogens.

O jus cogens foi uma designação outorgada à norma peremptória, obrigatória, não derrogável, seja pela vontade dos Estados, seja por imposição de um só. Ele se sobrepõe sobre qualquer norma ou princípio. O conceito é baseado em uma aceitação de valores fundamentais e superiores por toda a comunidade internacional e isso é uma influencia do direito natural.

A figura do Jus Cogens está normatizada na Convenção de Viena de 1969 em seu artigo 53, o qual acaba por estabelecer a hierarquia entre as normas internacionais:

“Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)  É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo [ensemble], como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.”

Por conseguinte, o tratado que for feito em desacordo com as normas cogentes de DIP será automaticamente nulo e sem efeito. Isso se dá em função de os valores atrelados ao jus cogens constituírem um elemento de coesão por emprestar certa ordem moral nas

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relações internacionais, fornecendo uma base para argumentação ética e moral no direito internacional, visto que a sua violação bota em risco todo o sistema.

O jus cogens {através das metanormas}, inclusive, pode nortear a interpretação dos princípios e regras de direito interno {no caso do Ordenamento brasileiro, ambos são escritos, menos o jus cogens}.

A ICJ, quando for analisar os tratados entre dois Estados, vai ter que observar os valores culturais das sociedades internas, compatibiliza-los e jogá-los em sua própria constituição, baseando-se no jus cogens. As valorações em comum das sociedades é que vão construir o jus cogens. Quando muda o valor das sociedades, muda o jus cogens.

Essas normas, além de serem imperativas, são dinâmicas. Ou seja, elas evoluem com o tempo, de acordo com o entendimento geral dos Estados acerca de determinado assunto — depende do entendimento da natureza da ordem jurídica internacional.

Segundo Lachs, um elemento importante é o “teste” de ser reconhecido pela comunidade internacional como um todo. Essa expressão afirma que a aceitação da imperatividade dessas normas cogentes não precisa ser por TODOS os Estados, mas pela grande maioria.

Nenhuma hierarquia foi criada entre os tratados e os costumes internacionais mas, existem alguns costumes que derivam de um consenso comum entre os Estados onde o jurídico e o ético se encontram {acerca da proibição de genocídio, tortura, pirataria, escravidão e guerra} e, em função da importância do objeto, foram reconhecidas como possuindo uma força jurídica especial, ocupando um lugar proeminente na hierarquia internacional, não podendo ser derrogadas por tratado posterior e nem pelo processo posterior de reconhecimento de um novo costume de hierarquia inferior.

A obrigatoriedade das normas peremptórias vai além da Teoria Voluntarista, visto que não há espaço para pensar que um Estado teria direito de “não aceitar” se submeter a elas — há uma subsunção automática à norma peremptória. Isso se dá porque essas normas versam sobre direitos que não são disponíveis pelo Estado, visto que tratam de algo extremamente importante.

Isso leva à concepção do “droit des gens” — jus gentium —, ou seja, no direito internacional para a humanidade. Gradualmente, este conceito foi ampliado de modo a englobar o que veio a ser conhecido como princípios gerais de direito.

FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL Normas de Direito Internacional Público

A SOCIEDADE DE ESTADOS - CARACTERÍSTICAS

I. Universalidade: todos os Estados e Organizações Internacionais podem participar;

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II. Paridade {votos}: não existe isonomia, mas existe uma igualdade jurídica. Em tese, todos têm poder jurídico. Na Assembléia Geral da ONU é que se verifica a paridade, mas no Conselho de Segurança não.

III. Sociedade aberta: se caracteriza pelo estabelecimento de relações contínuas. É automático a partir do momento em que são feitas relações contínuas…

IV. Descentralizada: o poder não é delimitado por instituições apenas.

A. “Legislativo”: todos podem fazer normas, B. “Executivo”: delineamento político vem a ser por consenso {em função da

descolonização dos países, porque os países colonizadores iriam perder para os colonizados → passagem de poucos Estados para muitos Estados no período pós colonizatório}.

C. “Judiciário”: o poder judiciário internacional não é hierarquizado, nenhuma corte {órgãos internacionais} é mais importante do que a outra.

CORRENTE VOLUNTARISTA

Se baseia em não ser obrigatório. Para esta corrente todas as normas de DIP dependem da voluntariedade e da vontade do Estado em cumpri-las. E essa vontade é determinante na força vinculativa das normas de DIP. Não é o jus cogens.

Os Estados dispõem sobre os tratados que quiserem e, depois que é ratificado um tratado, esse Estado ainda tem uma opção de cumprir ou não o que foi acordado. A voluntariedade do Estado se verifica tanto ANTES quanto DEPOIS da feitura da norma. A norma só terá força vinculativa se o Estado mesmo quiser que ela tenha. Em qualquer âmbito {antes ou depois da entrada em vigor do tratado} a vontade do Estado se sobressai sobre a força vinculativa de DIP. O Estado, segundo esta corrente, pode abandonar unilateralmente as normas de DIP sem responsabilização alguma. Com esta corrente, não se tem segurança jurídica para o desenvolvimento da sociedade internacional.

I. Críticas:

A. O Estado não pode simplesmente abandonar unilateralmente as normas de Direito Internacional Público.

B. O Estado não pode simplesmente abandonar a sociedade de Estados de relações contínuas, largando todas as relações e tratados com outros Estados.

C. Não pode modificar unilateralmente as normas de Direito Internacional Público.

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CORRENTE OBJETIVSITA OU POSITIVISTA

Desconsidera por total a vontade do Estado e considera as normas de Direito Internacional Público acima das normas de Direito Interno. Nesta teoria, todas as normas de DIP são consideradas como jus cogens, colocando o DIP acima de TUDO, inclusive acima da vontade dos Estados.

O caráter obrigatório das normas é tanto que não há necessidade de manifestação da vontade dos Estados, seja ANTES da formação da norma, seja DEPOIS. Não são apenas os Estados que assinaram os tratados são obrigados, mas TODOS OS ESTADOS. A partir do momento em que é feita uma norma de DIP, ela é obrigatória PARA TODOS OS ESTADOS, desconsiderando totalmente a vontade dos Estados, sendo isso ameaçador à sua soberania.

I. Críticas: desconsiderar totalmente a voluntariedade e vontade dos Estados: perda de soberania.

II. Teoria da norma pacta sunt servanda: adaptação da corrente objetivista, para que não fique uma coisa absurda. Os pactos têm que ser cumpridos. Não desconsidera a vontade dos Estados mas não entende que é a vontade dos estados que transforma o DIP obrigatório, mas o que o torna como obrigatório é o pacta sunt servanda. Por causa desta teoria é que os tratados são equiparados a um contrato. A obrigatoriedade decorre da ideia de que os pactos têm que ser cumpridos. Não se desconsidera a vontade do Estado, mas não a entende como um fundamento também, por isso que é uma adaptação da teoria subjetivista. Tem que cumprir depois da ratificação independentemente da vontade, sem prejuízo da soberania.

A. Junta a voluntariedade de antes de o contato entrar em vigência e a obrigatoriedade de depois que o tratado é ratificado.

B. Voluntariedade → ratificação → obrigatoriedade.

III. Eficácia de DIP: como visto anteriormente, tanto a existência, quanto a validade do DIP já estão consolidadas, sendo assim, deve ser dada especial atenção à eficácia, que ainda se encontra em terreno incerto. Essa eficácia depende da voluntariedade do Estado em aderir às normas de DIP e depende dos Estados cumprirem o que foi obrigatório. A partir do momento em que o tratado é ratificado, o Estado deverá adaptar o seu ordenamento jurídico interno para garantir a eficácia de DIP {um exemplo disso são as sentenças da CIDH com valor pecuniário - se não tiver PPA, LDO e LOA, não tem como o Estado pagar ou então uma convenção da OIT que vira Lei}.

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IV. Lotus case {1927}: o DIP rege a relação entre Estados a partir do momento em que o Estado se vincula a uma norma de DIP, ele perde sua voluntariedade e passa a ser obrigado a cumpri-la, com fundamento no pacta sunt servanda.

FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE

O Estatuto da ICJ, em seu artigo 38, §1º determina as fontes formais de Direito Internacional Público, que não obedecem uma hierarquia e atendem ao princípio da paridade das formas, ou seja não tem uma fonte mais importante que a outra, mas uma pode revogar a outra. Em DIP não se mudam os termos de um tratado, por isso é que a fonte de “doutrina” ainda se encontra lá e por isso é que os atos unilaterais dos Estados e a Soft Law não estão no artigo 38.

I. Fontes principais:

A. Convenções internacionais {regionais ou gerais} que estabeleçam regras conhecidas {aplicáveis} pelos Estados litigantes: os tratados são formais, ou seja, são sempre escritos; possuem força vinculativa e trazem direitos e obrigações.

1. As delimitações são as Convenções de Viena de 1969 e 1986.

B. Costumes internacionais {prática reiterada geral aceita como sendo de Direito para os sujeitos de DIP}: a força do costume se justifica em decorrência de uma necessidade de igualdade entre os países que compõem a Sociedade de Estados, que podem ser de de civil law e os países de common law. Existem vários tratados que versam sobre costumes, mas precisou ser feito em decorrência da dificuldade de os países de civil law entenderem os costumes, visto que eles possuem uma cabeça positivada. Os costumes são mais dinâmicos e mais atualizados do que os tratados, que devem ser assinados… ratificados… O que firma o costume como uma norma é a subjetividade — o Estado sabe que se fizer algo “errado” e contrario ao costume, vai sofrer sanção. O Estado não questiona se determinada coisa é certa ou não — apenas cumpre, pois não existe positivação.

1. Teoria dos dois elementos:

a) Elemento objetivo: prática generalizada durante o tempo.

b) Elemento subjetivo: os Estados terem certeza que estão no cumprimento de uma norma de DIP. A aceitação que é o elemento subjetivo.

2. Convenção sobre a plataforma continental do Mar do Norte: quando um grande tratado não é ratificado, ele pode a virar norma de DIP se os Estados passarem a se comportar voluntariamente em conformidade com o projeto de

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um tratado, vinculando até mesmo os Estados que não assinaram/ratificaram esse tratado.

3. Tribunais de exceção: “ad hoc” servem para julgar atos cometidos dentro dos Estados. Primeiro tem o fato e depois tem a constituição do tribunal e na norma aplicável. Isso gera insegurança jurídica, mas o costume internacional vale mais do que a segurança jurídica para o Estado em si {a partir de uma ponderação}. Julgam em função dos costumes internacionais — ninguém fazia, dai o Estado foi lá e fez.

a) 1952 - Tribunal de Nuremberg {julga pelos costumes que vão em desacordo com crimes contra a humanidade e genocídio};

b) Tóquio; c) Ruanda; d) Iugoslávia;

e) Os fatos cometidos pelos Estados parte do Estatuto de Roma após 1998 serão julgados pela International Criminal Court.

C. Princípios reconhecidos pelas “nações civilizadas”: são aqueles que estão na base de qualquer sociedade que tenha ordenamento jurídico. Só será aplicada em caso de lacuna.

II. Fontes auxiliares {em caso de lacuna}:

A. Equidade: justiça e ética - juiz julga de acordo com o bom senso, porque os juízes da ICJ possuem tanto entendimento de DIP que não gera insegurança jurídica. No ordenamento brasileiro, o juiz pode julgar por equidade no caso de ausência total de normas aplicáveis ao caso concreto. Não existe uma norma prévia - nem como tratado e nem como costume.

1. Requisitos: a) Lacuna no direito; b) A aquiescência das partes: concordância por escrito.

B. Analogia: baseado em algo prévio que não se encaixa 100% no caso concreto, mas 80%. Quando uma norma não se adequa integralmente aos exatos contornos do caso. Existe uma norma prévia.

C. Jurisprudência internacional: tanto os tribunais internacionais quanto os tribunais nacionais, os órgãos de resolução de controvérsia e tribunais arbitrais internacionais influenciam no direito internacional, fazendo jurisprudência internacional. Quem faz jurisprudência precisa ter poder jurisdicional. Os tribunais {nacionais e internacionais} possuem personalidade

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jurídica, mas os órgãos de resolução de controvérsia não, visto que eles fazem parte de uma organização internacional específica {desconcentração}.

D. Doutrina internacional: nos dias atuais não é mais utilizado. III. Fontes que não constam no art. 38 do Estatuto:

A. Atos unilaterais dos Estados: manifestação de um Estado, sem depender de mais ninguém. Pode ser um reconhecimento de Estado. É importante para mudar a postura mundial em relação a determinado assunto.

1. Soft Power: poder brando de influenciar os outros Estados — como um poder dominó.

B. *Soft law*: DECLARAÇÕES - direito maleável, flexível. Serve para convencer e preparar os Estados de que eles devem se vincular de maneira obrigatória de fazer uma obrigação internacional. Depois de uma declaração, os Estados estarão preparados para digerir a ideia contida nela e então poderão preparar um Tratado ou então para que vire um Costume, com força vinculante “hard law”. Um exemplo disso é a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos + Econômicos Sociais e Culturais em 1966 após a conscientização. Mas, não há necessidade de ter um Tratado internacional diretamente, podem os Estados {por ato unilateral} pegar a declaração e jogar como norma no ordenamento jurídico interno.

DIREITO DOS TRATADOS Modo de feitura e formalização

Convenções de Viena de 1969 e de 1986 Constituição Federal/88

A CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS - 1969

A sua negociação envolveu cerca de 110 países. No entanto, ao final da conferencia, apenas 32 países a assinaram {dentre eles, o Brasil}. Em função disso, este tratado só entrou em vigor no dia 27 de janeiro de 1980, trinta dias após o trigésimo quinto instrumento de ratificação.

Essa convenção representa o repositório mais completo e orgânico de normas consagradas na matéria de elaboração de tratados e serve como ponto de referencia mesmo para os Estados que não a ratificaram {não fazem parte do tratado}.

Não se trata de declaração geral de direito internacional. As questões não reguladas por sua provisões continuarão sendo regidas pelas regras do direito internacional costumeiro.

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Em virtude de seu status, a maioria de seus dispositivos ou codificam o existente direito costumeiro, ou dão origem a regras pertencentes ao direito geral. Nesse sentido, cumpre fazer alusão aos três princípios que embasam esta convenção:

1. Restrição à TOTAL liberdade, pois devem respeitar um núcleo de valores {não poderá ser feito um tratado versando sobre qualquer coisa};

2. Democratização das obrigações jurídicas internacionais, pois não pode mais ser utilizada a coerção para fazer um Estado firmar um tratado;

3. Valores internacionais ao invés de exigências nacionais.

Os tratados multilaterais envolvem sociedades diferentes e é por isso que precisa de um Tratado específico que tenha o escopo de regulamentação. O que não é norma de DIP {não obedece a regra dos Tratados}, não pode ser considerado um Tratado, mas um Acordo de Cavalheiros.

Tratado é o conceito genérico que determina o “hard law”. Declaração não é tratado, porque é soft law. Ainda, uma denominação específica será dada ao Tratado conforme a matéria sobre a qual ele versa:

• Ajuste, arranjo, memorando: acordo entre duas partes {bilaterais};

• Acordo: matéria comercial {sobressai sobre os elencados acima quando é bilateral};

• Carta ou Constituição: criação de Organização Internacional;

• Pacto ou Convenção: Direitos Humanos {a maioria};

• Concordata: matéria religiosa {Santa Sé};

• Protocolo: documento autônomo como todos os outros, mas serve para complementar outro tratado. Por mais que ele seja um apenso a um outro tratado, ele é independente {um Estado pode entrar somente no Protocolo e não no Tratado do qual ele é apenso}. Não tem como fazer protocolo de um protocolo.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS

I. Quanto ao numero de partes:

A. Bilateral: dois sujeitos de Direito Internacional Público;

B. Multilateral: mais de três sujeitos.

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II. Quanto ao procedimento usado para a sua conclusão:

A. Sentido estrito: duas situações de direito necessárias, a assinatura e a ratificação.

B. Simplificado: apenas a assinatura, mediante a troca de notas {normalmente, são bilaterais}.

III. Quanto à execução no tempo: o tratado não desaparece, o que desaparece é a sua execução.

A. Transitório: não é a mesma coisa que Tratado por tempo determinado. Ele permanece no tempo. Fez uma vez, pronto e acabou. Execução estabelecida uma única vez e continua sendo aplicado ao longo do tempo {declaração pelo tratado}. Pode ser tratado de paz, tratado de fronteira {execução feita uma única vez, mas as consequências permanecem no tempo}.

B. Permanente: a execução permanece no tempo. Tem que ficar sendo reafirmada. A execução é continuada. Pode ser o contrato do Taiti. Qualquer Tratado executivo de Organização Internacional {prevê o funcionamento de seus órgãos}, a execução das Organizações são permanentes {não faz só uma vez e acabou}.

IV. Quanto à estrutura de execução {em relação aos tratados multilaterais}:

A. Mutalizáveis: a saída e o não cumprimento não influencia a permanência dos outros Estados. Não coloca e risco a execução dos tratados.

B. Não mutalizáveis: a saída e o não cumprimento coloca em risco o objeto do tratado e execução do Tratado. Ou todo mundo executa e faz parte ou não dá — se um descumpre, os outros não precisam executar. Acaba com o objetivo do tratado.

1. Tratado da Antártica: todos os Estados podem explorar cientificamente e têm o dever de proteção. Se um dos Estados descumprir com o Tratado, os outros poderão descumprir também.

V. Quanto a natureza jurídica:

A. Tratado-lei: faz normas gerais de Direito. Os Estados se reúnem, decidem e realizam o Tratado. Não negocia interesses do Estado, apenas reconhecem valores indispensáveis para a sobrevivência internacional.

B. Tratado-contrato: aspecto de negociação e interesse específico dos Estados. Abertura de mão de certo posicionamento, com uma negociação para poder obter lucro e certos interesses. Perdas e ganhos para os Estados.

VI. Quanto à possibilidade de adesão:

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A. Abertos: permitida a adesão;

1. Tratados Regionais podem ter uma limitação geográfica, o que não descaracteriza o caráter de abertura.

B. Fechados: proíbem a adesão.

ESTRUTURA DO TRATADO

I. Preâmbulo: não é norma, não é vinculativo. Quando se torna lei interna, não precisa incluir o preâmbulo.

A. Serve para dar direcionamento de interpretação do Tratado; B. Numero de partes e as partes C. Motivos e razões do Tratado

II. Dispositivo: exatamente igual uma lei.

A. Cláusulas, normas

B. Sempre as cláusulas finais serão iguais:

1. Se o tratado é aberto ou fechado 2. Prazo determinado ou indeterminado 3. Prevê o início da vigência {vigência é diferente de ratificação}

a) Internacional: partes; b) Nacional: vacatio nacional {45+45}

III. Anexos: detalhamento, explicação, especificação. Para que possa ser cumprido o tratado, é necessário que ele tenha força vinculativa.

Article 2. USE OF TERMS

1. For the purposes of the present Convention:

(a) “Treaty” means an international agreement concluded between States in written form {consolidação de Civil Law} and governed by international law, whether embodied in a single instrument or in two or more related instruments and whatever its particular designation;

(b) "Ratification", "acceptance", "approval" and "accession" mean in each case the international act so named whereby a State establishes on the international plane its consent to be bound by a treaty;

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(c) "Full powers" means a document emanating from the competent authority of a State designating a person or persons to represent the State for negotiating, adopting or authenticating the text of a treaty, for expressing the consent of the State to be bound by a treaty, or for accomplishing any other act with respect to a treaty;

(d) "Reservation" means a unilateral statement, however phrased or named, made by a State, when signing, ratifying, accepting, approving or acceding to a treaty, whereby it purports to exclude or to modify the legal effect of certain provisions of the treaty in their application to that State;

(e) "Negotiating State" means a State which took part in the drawing up and adoption of the text of the treaty;

(f) "Contracting State" means a State which has consented to be bound by the treaty, whether or not the treaty has entered into force;

(g) "Party" means a State which has consented to be bound by the treaty and for which the treaty is in force;

(f) "Third State" means a State not a party to the treaty;

NEGOCIAÇÃO

É uma tratativa de interesses comuns entre as partes. Ou seja, as partes se reunem para debater e achar uma solução para o que elas querem. A negociação é uma questão de fato, não de direito.

Chefe de Governo e Chefe de Estado, Ministro das Relações Exteriores e Chefes de missão diplomática são as pessoas que podem negociar pelo Brasil. A competência do Presidente do Brasil é originária e primária, e pode existir uma delegação {implícita, então o presidente não pode tomar para si/ avocar} para desempenho funcional ao Ministro do MRE e Diplomatas. Ademais, qualquer pessoa que detenha a carta de plenos poderes e vire plenipotenciário pode negociar um tratado — o presidente faz uma solicitação para a secretaria do Itamaraty {chamada repartição de atos internacionais}, solicitando que essa secretaria redija uma cartinha. Feita a carta, ela é enviada para o presidente assinar. A carta então deve ser referendada pelo MRE. O primeiro ministro e o embaixador não são plenipotenciários {não precisam da carta de plenos poderes}, os poderes deles vêm do dever institucional.

A Embaixada é extensão territorial brasileira {cuida dos interesses dos Estados} e o Consulado cuida dos interesses dos indivíduos da nacionalidade respectiva.

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Naomi Sugita Reis

As negociações são pouco reguladas pela Convenção de Viena, visto que regulamentações nesta etapa poderiam acabar restringindo e prejudicando o escopo principal dos tratados. Entretanto, essa convenção prevê, em seu artigo 2, parágrafo primeiro, o conceito de “full powers” como:

“a document emanating from the competent authority of a State designating a person or persons to represent the State for negotiating, adopting or authenticating the text of a treaty, for expressing the consent of the State to be bound by a treaty, or for accomplishing any other act with respect to a treaty"

Nesse sentido, cumpre fazer alusão ao artigo 7 em seu parágrafo segundo, o qual prevê quem teria a presunção de ter esse “full power”:

“Heads of State, Heads of Government and Ministers for Foreign Affairs, heads of diplomatic missions, representatives accredited to international conferences or organizations"

Essas pessoas elencadas não precisam de um documento específico concedendo-lhes ou outorgando-lhes tais poderes, eis que a própria CV já concede tal possibilidade, ao afirmar que eles possuem os poderes de maneira presumida, porque “it would indeed be quite absurd to see, for instance, the Minister of Foreign Affairs of a State writing to himself or to herself a letter of full powers”.

ASSINATURA

O final das negociações é marcado pela assinatura do Tratado. Uma vez assinado, o texto torna-se “autêntico” e “definitivo” — o draft passa a ser o Tratado. O nome conferido aos Tratados possuem referencia à data em que foram assinados como, por exemplo, a Convenção de Viena sobre a lei dos Tratados de 23 de maio de 1969.

É uma expressão de consentimento precário e provisório. É uma pré aceitação, mas sem força vinculativa — o Estado pode mudar de ideia a qualquer tempo.

I. Efeitos na fase internacional:

A. Por a termo a fase negocial {instaurando a fase de direito}

B. Termos definidos no tratados {o tratado não pode mais ser modificado para mais, porque acabou com a fase de negociação!}. Não pode aumentar unilateralmente, mas pode apresentar reserva a algumas cláusulas. O protocolo só vem para modificar o tratado depois de ratificado.

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Naomi Sugita Reis

C. Reservas a alguma(s) cláusula(s)

II. Efeitos na fase interna:

A. Todas as pessoas que podem negociar, podem assinar. Menos os plenipotenciários, que só poderão assinar se estiver expresso na Carta de plenos poderes.

A assinatura dos Tratados emana alguns efeitos, dentre eles a autenticação do Tratado e a expressa intenção do Estado em ser vinculado ao Tratado, que não deriva automaticamente da assinatura, como prevê o artigo 12:

Article 12. CONSENT TO BE BOUND BY A TREATY EXPRESSED BY SIGNATURE

1. The consent of a State to be bound by a treaty is expressed by the signature of its representative when:

(a) The treaty provides that signature shall have that effect; (b) It is otherwise established that the negotiating States were agreed that signature should have that effect; or (c) The intention of the State to give that effect to the signature appears from the full powers of its representative or was expressed during the negotiation.

Em outras palavras, a assinatura só tornará o Tratado obrigatório às partes, se assim for a intenção delas. Se as partes não possuem a intenção de serem vinculadas no momento da assinatura, isso não ocorrerá. Nesse caso, haverá necessidade de um outro ato para que o Tratado seja vinculativo: a ratificação.

RATIFICAÇÃO Acceptance, approval, accession

States may want the treaty to immediately enter into force upon its signature and therefore consider that the signature is the act by which consent to be bound by the treaty is given. Or States may prefer to give to themselves a moment of thought and evaluation, and eventually also a moment of democratic approval at the national level, so as to choose for a ratification process. When consent to be bound is not expressed by the signature of the treaty, the final clauses of the treaty usually provide for the requirement of ratification and the procedure by which the treaty will take effect.

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A ratificação é uma confirmação da assinatura. É uma dupla assinatura. De um consentimento precário e provisório, passa a ser um consentimento definitivo e vinculativo. A partir do momento em que o Estado ratifica ele está obrigado a cumprir o tratado {nasce a responsabilidade internacional do Estado}.

A ratificação traz a validade do tratado, ou seja, ele está vigente {responsabilidade internacional para o Estado}. Esse tratado é valido, mas ainda não é eficaz {efeito do fato social - ainda não pode ser cobrado}. Eficácia é diferente de vigência, a qual não tem um prazo definido - depende da vontade das partes nas cláusulas finais. Em suma, a partir da ratificação do tratado, ele já pode ensejar em responsabilidade internacional, mas ele não pode ser cobrado ainda por não ter eficaz, caso as partes ainda não tenham decidido, apesar de ser vigente.

I. Efeitos no direito internacional:

A. Formação perfeita do Tratado - é com a ratificação que surge a responsabilidade internacional do Estado

B. Nascimento da responsabilidade internacional do Estado C. Dupla assinatura “confirmação da assinatura” D. Consentimento definitivo e vinculado

II. Efeitos no direito interno:

A. Ato de governo — decisão unilateral do Presidente da República {é ele quem decide exclusivamente pela ratificação}. Mesmo que o Congresso autorize a ratificação do Tratado, o Presidente tem plena discricionariedade de ratificar ou não! O Presidente é quem decide pela ratificação. Mas, é importante ressaltar que a fase do Congresso é necessária {que autoriza a ratificação é o Congresso, quem efetivamente ratifica ou não é o Presidente}. Só vai se falar de discricionariedade do Presidente depois que é “aprovado” o tratado na fase parlamentar brasileira.

1. O rito de aprovação de projeto de tratado obedece as mesmas regras que o projeto de lei presidencial. Mas não pode aumentar os termos do tratado. Emitem um decreto legislativo para autorizar a possibilidade do Presidente ratificar ou não.

TRATADO NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO

I. Negociação: Presidente, Ministro das Relações Exteriores, Chefe de missões diplomáticas e plenipotenciário.

II. Assinatura: Presidente, representante da União, como competência “originaria”, Ministro das Relações Exteriores, Chefe de missões diplomáticas e plenipotenciário. Essa assinatura não vincula.

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III. Controle dos Atos do Ministro, do Embaixador e do Plenipotenciário: esses três últimos, precisam fazer uma carta de exposição de motivos, avisando ao Presidente porque é que eles assinaram o tratado, junto com o tratado assinado.

IV. Câmara: Presidente, se tiver intenção de ratificar, manda através de Mensagem do Presidente. O tramite é que nem fosse um projeto de lei de iniciativa do Presidente. O Congresso autoriza a ratificação por parte do Presidente.

1. Comissão Temática 2. Comissão de Constituição e Justiça e R. 3. Aprova não vinculativa para a ratificação do Presidente, mas vinculativa para

passar para a próxima fase

V. Senado:

1. Comissão Temática 2. Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania 3. Aprovação não vinculativa para a ratificação do Presidente, mas vinculativa para

passar para a próxima fase

VI. Formalização via decreto legislativo

VII.Ratificação: Presidente. Produção não valida de efeitos ainda.

VIII.Decreto Presidencial {internalização do Tratado ratificado}: apaga a nomenclatura “tratado” e coloca a nomenclatura “Decreto Presidencial”. Ato indelegável e não existe prazo para que o Presidente faça. Garante que o tratado seja internalizado, que ele seja válido.

Todo tratado que não seja de direitos humanos entra como lei. Caso verse sobre Previdenciário, Tributário e Eleitoral, vai ser Lei Complementar. Caso seja sobre outros, vai ser Lei Ordinária. Agora, caso seja sobre direitos humanos depois de 2004 {em função da EC 45/04 — Pacto de São José da Costa Rica}, vai entrar como EC. Se for tratado sobre direitos humanos antes do ano de 2004, vai entrar como lei supralegal {fazem controle de convencionalidade no STJ}.

ADESÃO A UM TRATADO Somente para tratados abertos

Entrada um sujeito de DIP a um tratado depois de sua produção válida {depois da ratificação}. Uma vez ratificado o Tratado, não pode mais ser ratificado por outro Estado, ele tem que fazer a adesão. A ratificação é o marco de feitura valida para o tratado {ratifica uma vez}. Adesão é feita quando o Tratado já foi ratificado, quando já está com produção valida.

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DEPÓSITO Dar publicidade para a ratificação

Um Estado onde ocorreram as negociações ou uma Organização Internacional fica responsável {depositário} para receber as ratificações {instrumentos de ratificação}.

RESERVAS

Art. 2 (d) "Reservation" means a unilateral statement, however phrased or named, made by a State, when signing, ratifying, accepting, approving or acceding to a treaty, whereby it purports to exclude or to modify the legal effect of certain provisions of the treaty in their application to that State;

Nas cláusulas finais de um tratado é que fica a permissão ou proibição das reservas. Existem tratados que versam sobre consolidação de jus cogens {direitos humanos} e, portanto, não permitem nunca as reservas. Os objetivos são: dar normatividade da sociedade internacional para garantir um mínimo de regulação. O momento é na assinatura e na ratificação. No caso brasileiro, o Congresso pode fazer reservas e ainda pode o Presidente fazer mais reservas.

Article 19. FORMULATION OF RESERVATIONSA State may, when signing, ratifying, accepting, approving or acceding to a treaty, formulate a reservation unless: (a) The reservation is prohibited by the treaty; (b) The treaty provides that only specified reservations, which do not include the reservation in question, may be made; or (c)In cases not falling under sub-paragraphs (a) and (b), the reservation is incompatible with the object and purpose of the treaty.

VIGÊNCIA INTERNACIONAL

Começa de acordo com o que é previsto nas cláusulas finais {voluntariedade das partes}. Caso não haja previsão expressa nessas cláusulas finais, vai entrar em vigência quando todos os países que negociarem e assinarem ratificarem. Se um ou mais dos Estados não ratificar, o Estado depositário vai pressionar que esse Estado tome uma posição {ratificando ou então afirmando que não tem mais interesse}. Se houver previsão, normalmente tem uma vacatio internacional temporal, de geralmente 30 dias — no caso brasileiro, precisa de um tempo para que os país possa

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internalizar {com seu procedimento}. Mas pode ser circunstancial, falando que a vigência depende de um numero específico de Estados depositando ratificação.

Em relação à aplicação das leis durante a vacatio, o direito brasileiro proíbe a aplicação provisória de leis. O direito internacional não proíbe a aplicação provisória. Entre a ratificação {tratado válido} e a entrada em vigência, o tratado já pode ser cobrado. Portanto, pode ter aplicação provisória. O primeiro requisito para a aplicação provisória, é previsão nas cláusulas provisórias. O Brasil, como a aplicação provisória é condenada por sua lei interna, fez uma reserva à Convenção de Viena de 69 {ao artigo 25}, portanto, não se dará a aplicação provisória de todos os tratados no Brasil.

EXTINÇÃO DOS TRATADOS

A regra geral, é que o Tratado dure para sempre, mas ele pode ser extinto por três maneiras:

I. Vontade de todas as partes {acordo das partes em acabar com o contrato}: desde que o Tratado envolva mais de dois Estados - multilateral. Todas as partes precisam se reunir e ter vontade de extinguir o tratado.

II. Ato unilateral de uma das partes em sair do Tratado: bilateral.

III. Alteração das circunstâncias fáticas que ensejaram a ratificação do tratado. O mundo era um quando o tratado foi feito, mas agora não se comporta mais o objetivo do tratado com a realidade fática.

DENÚNCIA

Não depende de acordo e nem da vontade das outras partes. É um ato unilateral do Estado, vontade unilateral. Via de regra, a denuncia não tem intuito de extinguir um tratado {no caso de tratado unilateral e tratado não mutalizável}. A denuncia é a intenção de sair. A denuncia pode tanto ser total quanto parcial, desde que o tratado seja aberto e permita reservas, porque seria o mesmo caso de sair do tratado {denunciando integralmente} e depois entrar com reserva. No Brasil, quem pode denunciar é o Presidente, visto que ele é o único que pode ratificar o Tratado — ou seja, esse ato é exclusivo, unilateral e discricionário. Ao contrario da ratificação, não precisa de autorização prévia do Congresso.

I. Formalização:

A. Instrumento de denuncia; B. Prazo - 12 meses normalmente - para reorganizar o tratado; C. Indenização {alguns tratados prevêem um pagamento a título de indenização}.

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* COMPATIBILIZAÇÃO DO DIREITO INTERNO E DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO *

A compatibilização serve para evitar conflitos entre o Direito Interno e o Direito Internacional Publico.

A compatibilidade entre eles é resolvida na Constituição, ou lei que faça as vezes de cada Estado — para saber se é a teoria monista ou dualista que vai ser aplicada no caso concreto, deve se olhar para as leis internas.

No caso brasileiro, a Constituição restou silente em relação às teorias. Por isso é que o STF quem explica, por meio de concreção, qual a teoria utilizada no Brasil. Utilizamos a teoria do dualismo moderado OU o monismo moderado.

I. Dualismo moderado — Direito dos Tratados — internalização em dois momentos.

A. Temos uma fase de ratificação no Direito Internacional Público - com a ratificação o tratado passa a ser válido;

B. Mas temos duas fases no Direito Interno - porque tem que ter o decreto presidencial além da ratificação.

II. Monismo moderado: é uma coisa só, um mundo só com um momento só.

A. Quando uma norma de DIP conflita com a norma de Direito Interno {um tratado internacional não pode conflitar com as normas de DI, apenas pode conflitar quando esse tratado vira decreto presidencial - ou seja, só pode ter conflito quando a norma de DIP é internalizada}. Sustenta a inexistência de duas ordens jurídicas, interna e externa. Contudo, equipara o tratado à lei ordinária para fins hierárquicos, trabalham com prevalência da norma interna. Tudo é criado a partir da norma interna é o que vai gerar efeitos no âmbito internacional. Desse modo, o fator ordem interna ou externa deixa de ser relevante para apreciar um elemento de natureza interna em superveniência à internacional, se posterior, se mais nova. O mesmo critério se aplicaria no sentido inverso. É o caso de sentença internacional.

1. Sentença internacional — sem homologação: entra no direito interno como norma de DIP. A sentença estrangeira precisa de um juízo de delibação. As sentenças que vem do MERCOSUL tem o juízo de delibação feita por carta rogatória, podendo fazer cumprimento de sentença.

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Monismo

Um mundo só, tanto para direito interno quanto para direito internacional. Da ratificação do Tratado, entra no ordenamento jurídico interno, com produção de efeitos nacional e possibilidade de efeitos internacionais. Assim, entra com o nome de Tratado mesmo.

I. Monismo Nacionalista {Hegel}: em caso de conflito, deve prevalecer o DI. O Brasil, no âmbito da soberania interna, tem o poder centralizado, porém dividido entre poderes típicos o Estado (PE, PL e PJ), porém, não é facultado aos indivíduos a adesão à Lei ou não. De forma distinta, o DIP é uma sociedade internacional descentralizada, em que há a possibilidade do Estado optar ou não pela adesão, é soberano para decidir o que quer, e é aqui que o problema consiste, pois é um poder descentralizado.

II. Monismo Internacionalista {Kelsen}: em caso de conflito, deverá prevalecer o DIP.

III. Monismo Moderado: têm-se 2 fases para aplicação do Tratado, porém, a possibilidade de conflito entre DIP e DI, de qualquer outra coisa que não Tratado {ficou no Dualismo}.

A. DIP x CF/88: Constituição: controle de constitucionalidade.

B. DIP x leis infraconstitucionais: controle de convencionalidade.

a) Atos unilaterais de Organizações Internacionais: o Brasil entrou na OIT e, a partir desse momento, há a Carta Constitutiva dizendo que ele terá de cumprir suas convenções {são determinações com caráter vinculativo}.

(1) Convenção 169 da OIT: é um Ato Unilateral. O conteúdo é o Regime Internacional de Terras Indígenas. Com base nesta, pode a exploração de terras indígenas, desde que o índio tenha a fiscalização, a participação e a utilização desses recursos. Se os pré-requisitos estiverem previstos, inclusive empresas privadas.

Sentença estrangeira Sentença internacional

Poder Judiciário “Nacional” Cortes Internacionais

Vem do Estado Vem da O.I.

Norma estrangeira Norma de DIP

Homologação no STJ ou seja, entra com autorização

prévia

Sem homologação ou seja, entra automaticamente com o

norma de sentença internacional

Justiça Comum (art. 46 CPC) o juiz que seria competente

para a causa no Brasil uma vez que foi internalizada.

Justiça Federal (art. 109, X da CF) pois geralmente são temas de violação

aos direitos humanos

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Naomi Sugita Reis(a) Se vier uma PEC dizendo que não pode a fiscalização e participação por parte dos

índios, o que vai prevalecer é esta previsão em detrimento da convenção. O mesmo não ocorre se o que vier for uma Lei infraconstitucional, nesta última hipótese, o que prevalece é a Convenção.

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Livres associações com personalidade jurídica com Ordenamento Jurídico, que são estáveis entre Estados para atingir objetivos em comum e possui órgãos

O Estado é o sujeito primário de direito internacional e nasceu com a paz de Vestfália em 1648. A O.I., por sua vez, só aparece a partir do momento em que há uma ampliação do sujeito de DIP, assim, é consolidada como sujeito secundário ou derivado de DIP no ano de 1945, quando os valores de cooperação e solidariedade unem os Estados a fim de que sejam alcançados objetivos comuns, normatizando regras universais,.

Sabe-se que o Estado é criado a partir do mundo dos fatos {povo, território soberania e governo}. Já as organizações internacionais nascem de forma jurídica via Tratado ou Carta Constitutiva, que é multilateral, ou seja, não poderão ser formadas apenas por dois Estados que possuem objetivo(s) em comum.

Os Estados não perdem soberania nas Organizações Internacionais, mas a compartilham. Existe uma Teoria que é o Esfarelamento da Soberania Interna, pois ela vira como se fosse pequenas parcelas que podem ser compartilhadas em âmbito internacional. A única O.I. no mundo em que há uma supremacia nacional, assim, não se perde soberania é a União Européia, quem lá adentrar, busca os interesses do Banco Europeu, de forma que, por mais que possua outra nacionalidade, aqueles interesses são os que importam. Os ideias bolivarianos são os ideais europeus, tratado na União Europeia, são ideais de integração.

Quando os Estados {mais de dois} se juntam para poder fazer política pública. Essa junção não atenta contra a soberania desses Estados, acontece, na verdade, um compartilhamento da soberania {a soberania fica esfarelada — esfarelamento da soberania interna}.

Quando o Brasil envia seus nacionais para participar de uma organização internacional, esses nacionais vão representando o seu pais {como se fosse o Brasil}. Entretanto, em relação ao Banco Europeu, os nacionais dos países viram cidadãos europeus, perseguindo objetivos da União Européia, ou seja, não representam apenas os interesses de seus países, mas da União Européia como um todo. A União Européia é a única organização internacional que possui um caráter de supranacionalidade.

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ORGANIZAÇÕES DE PRIMEIRA GERAÇÃO Sem personalidade jurídica {sem ser sujeitos de DIP}

Paz, segurança, comercio, fronteiras

O primeiro aparecimento de Organização Internacional do mundo foi o Ato de Concessão de Navegação sobre o Reno em 1804 {com viés comercial}. No ano de 1815/16 ocorreu o Concerto Europeu, que objetivava a paz e o equilíbrio europeu para que fosse firmada a figura do Estado {igualdade de força entre os países}. Esse equilíbrio ainda permanece nos dias de hoje, através do Conselho de Segurança pela ONU {e é medido através do Poder Nuclear para bomba atômica}.

ORGANIZAÇÕES DE SEGUNDA GERAÇÃO Com personalidade jurídica

No ano de 1919, o Tratado de Versailles pôs fim à Primeira Guerra Mundial. E, ainda nascem a Liga das Nações e a OIT {ambas com cunho universal}.

ORGANIZAÇÕES DE TERCEIRA GERAÇÃO

Consolidação da ONU no ano de 1945, com isso, a estrutura do mundo transformou e todas as Organizações ganham personalidade jurídica.

TEORIA DO ÓRGÃO

Órgãos derivam da desconcentração e possuem competências mas não possuem responsabilidade internacional e muito menos personalidade jurídica. Como o Conselho de Segurança é um órgão da ONU, ele representa consequentemente o Brasil.

TRATADO CONSTITUTIVO CARTA

I. Criação da Organização Internacional II. Estabelece os objetivos da Organização Internacional III. É o Ordenamento Jurídico {direitos e deveres} IV. Dá os poderes para a Organização Internacional — delimita o que pode fazer {porque

pode incorrer em ilícito e abuso, então pode ser responsabilizada}

CARACTERÍSTICAS

I. *Institucionalização*: é como se fossem os três poderes — criar poderes dentro da OI. Pega como base os poderes do Estado e passa para a OI.

A. Jurisdicionalização das relações internacionais {Judiciário}:

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1. Órgãos de solução de controvérsia: julgam o descumprimento do tratado constitutivo. Aplicar a Carta. Esses órgãos têm cárter vinculativo do Estado {não tem como entrar na OI e não entrar no OSC} e a decisão/ resolução é obrigatória, vinculativa. Cabe apelação. A OIT, OMS, OMC são criadas para regulamentar coisas específicas, mas não são criadas para julgar os Estados {julgam em coisas específicas através do OSC} e isso diferenciam os OSC das Cortes Internacionais, que são criadas especificamente para julgar os Estados e proferem sentença {entrada é facultada}.

B. Dimensão coletiva de certos aspectos {Legislativo}: compartilhamento para harmonizar a política, a questão legislativa. Os Estados decidem em conjunto o que vai ser o tema regulamentado e inclusive as regulamentações. O direito interno deve ser de acordo com o direito internacional decidido nas OI.

C. Secretariado Administrativo {Executivo}: único órgão com caráter de permanência e é o mais importante, pois gerencia tudo da OI e fica na sede da OI. Traça as diretrizes políticas. Sempre vai ser na sede da Organização.

II. Permanência:

A. Caráter de perdurar ao longo do tempo {não é por prazo limitado}. Uma Carta de OI é ad eternum, por isso é que pode ser prevista uma indenização quando um Estado denuncia ou sai da OI;

B. Toda e qualquer OI tem um Secretariado PERMANENTE {podem sumir todos os órgãos da OI, menos o Secretariado, que garante o caráter de permanência da OI}.

III. Multilateralidade:

A. Composição multilateral: três ou mais Estados — não existe OI apenas com um Estado ou apenas com dois. Toda e qualquer OI vai ser multilateral. Mas, essa multilateralidade pode ser limitada no ponto de vista geográfico, político ou econômico {permitida apenas a entrada de alguns países}, e essa limitação não retira a qualidade de multilateralismo.

B. Composição quanto ao objetivo: nem todas as OI serão multilaterais quanto ao objetivo. Quando a OI tem mais de um objetivo, ela será multilateral, mas quando ela tem apenas um objetivo, ela não será multilateral. Quando o Estado entra no tratado, ele tem que entrar com todos os seus objetivos.

1945 - CONSOLIDAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS - DESENVOLVIMENTO POLÍTICO DO CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

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I. Primeiro bloco: Organizações Universais por intermédio dos Países Ocidentais {capitalistas}, com Austrália, NZ e Japão. A votação, como era entre apenas os países importantes politicamente, era por meio de maioria absoluta, a fim de garantir uma “igualdade” entre esses países.

II. Segundo bloco: não acreditam nas Organizações Universais e desenvolvem Organizações Regionais intra blocos → países da URSS. Com o desmantelamento da URSS, os países que a compunham começaram a fazer parte das Organizações Universais.

III. Terceiro bloco: países em desenvolvimento e países em menor desenvolvimento começam a entrar nas organizações universais que antes eram compostos apenas pela “nata”. E isso fez com que o peso dos países “menores” fosse maior do que dos países mais poderosos — horizontalizando a votação. Então, os países mais poderosos mudaram a votação de maioria para consenso {manter o poderio dos países do Norte}. Os países do Norte passaram a representar os países do Sul.

MEMBROS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

I. Observadores: é como se fosse um “amicus curiae” — não necessariamente são os sujeitos de DIP {são os que nem ratificaram e nem aderiram à Carta da Organização}.

A. Atores de DIP {indivíduos, ONGs} e Sujeitos de DIP {quando não ratificam ou assinam tratados}.

II. Efetivos: ter ratificado ou aderido a Carta da Organização. Sujeitos de DIP.

ADMISSÃO DE NOVOS MEMBROS

Se dá por meio de adesão, desde que o Tratado da OI seja aberto {admita a entrada de novos membros} e, por vezes, desde que tenha a aprovação de todos antigos membros.

O problema são os atos unilaterais anteriores à adesão de um determinado Estado. Ocorre quando um Estado entra em uma OI em data posterior a determinadas Resoluções unilaterais dessa OI, o que acabaria por quebrar com a teoria do pacta sunt servanda em relação à obrigatoriedade. O DIP não regulamenta se a aplicação seria retroativa ou não, porque não teria como fazer que um contrato retroaja {quebra o PSS}.

RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

Em uma Carta de OI estão contidas:

1. A criação da OI, 2. Os seus membros, 3. Os objetivos,

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4. Os direitos e deveres {o que enseja na responsabilidade internacional dos Estados}, 5. Os poderes da Organização Internacional frente aos objetivos {o que enseja na

responsabilidade internacional da OI — advém do exercício irregular de suas competências — abuso de poder}.

Os Estados serão julgados nos Órgãos de Solução de Controvérsia, enquanto as Organizações Internacionais serão julgadas por outra Organização Internacional, sendo na maioria dos casos a CIJ.

A Comissão de Direito Internacional da ONU de 1947 organizou e possibilitou a existência da responsabilidade internacional das Organizações Internacionais, nesse sentido, elas podem ser responsabilizadas internacionalmente em função de sentenças. O 1º relatório confirma que Organizações Internacionais possuem responsabilidade internacional; o 2º relatório afirma que a Organização Internacional responde pelo exercício irregular de de seus órgãos ou funcionários no exercícios de suas competências {que não possuem personalidade jurídica internacional} os relatórios 4º e 5º afirmam o que é jus cogens e ainda que as OI têm o dever de cumprimento de jus cogens e ainda que a quebra desses valores enseja em responsabilidade internacional {duas OI foram condenadas na CIJ por descumprimento de jus cogens: OTAN e OPEP}.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

As Organizações Internacionais passaram a ganhar personalidade jurídica de modo definitivo a partir da criação da ONU, pois ela é o pilar estrutural do mundo, visto que ela mantém o sistema de paz e segurança internacional. Ela é, portanto, essencial.

Ela é o exercício da democracia mundial, eis que a maioria dos Estados do mundo ratificou ou aderiu o Tratado constitutivo da ONU e existe um órgão nela que todos eles possuem direito de voto {Assembléia Geral}.

A ratificação da Carta de São Francisco começou no dia 26.06.1945 e seu funcionamento no dia 24.10.45 {vigência}.

O.I. INTERNACIONAL O.I. SUPRANACIONAL

TODAS AS O.I. UNIÃO EUROPÉIA

SOBERANIA: COMPARTILHAMENTO SOBERANIA: PERDA DE SOBERANIA

ESTADO PERMANECE NOVO ARRANJO SOCIETÁRIO

ORGÃOS INTER GOVERNAMENTAIS - OS ESTADOS BUSCAM SEUS PRÓPRIOS

INTERESSESÓRGÃOS SUPRANACIONAIS

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Naomi Sugita Reis

Ela é uma organização multilateral {mais de 3 Estados e vários objetivos}, universal {qualquer Estado}, caráter intergovernamental {não é supranacional como a UE}. Os objetivos no ano de 2018 são vários, pois a ONU trata sobre todos os temas relevantes para a sociedade de Estados. Mas, quando ela foi criada em 1945, os seus objetivos eram paz e segurança internacional — além disso, ela foi criada para ser um foro de cooperação e para desenvolver as relações pacíficas entre os Estados.

Tendo em vista que ela não foi criada para tratar de Direitos Humanos, esse assunto não está em sua Carta Constitutiva. Mas, o ECOSOC fez a Resolução nº5 no ano de 1946, fazendo com que a ONU criasse a Comissão de Direitos Humanos e, consequentemente, fazendo com que nascesse o Sistema Universal de Proteção aos Direitos Humanos. No ano de 2006, houve substituição dessa Comissão pelo Conselho de Direitos Humanos, que hoje em dia possui um papel crucial nessa proteção.

Quando a ONU foi criada, nasceram com ela seis órgãos, quais sejam: Assembléia Geral, Conselho de Segurança, ECOSOC, Corte Internacional de Justiça, Secretariado e Conselho de Tutela.

ASSEMBLÉIA GERAL

I. Composição: todos os Estados da ONU {maior exemplo de democracia da ONU, pois cada voto tem peso igual} e cada um pode mandar 5 representantes.

II. Sessões:

A. Ordinárias: {1 x ao ano} abertas sempre pelo Brasil e sempre vai o Presidente.

B. Extraordinárias: {sem numero definido} pode se dar por pedido do Secretário Geral {tendo sido provocado pelo Conselho de Segurança} ou quando a maioria dos Estados da ONU entende que precisa dessa reunião.

III.Decisões:

A. Temas mais relevantes: 2/3;

B. Temas menos relevantes: maioria.

IV. Atribuições:

A. Eleição do Secretário Geral

B. Fazer normativa para escolha do Secretariado {quem escolhe o secretariado é o SG, mas ele deve fazê-lo se pautando em normas predefinidas pela AG}

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C. Escolha dos Juízes da Corte Internacional de Justiça em conjunto com o Conselho de Segurança {os P5 possuem dois direitos de voto}

D. Eleição dos 10 membros rotativos do Conselho de Segurança

E. Eleição dos membros do ECOSOC

F. Perda do direito de voto, suspensão e expulsão da ONU

*CONSELHO DE SEGURANÇA

Ele é composto por 15 membros, que, segundo o art. 24 da Carta da ONU, representam todos os Estados-Membros com suas decisões. O CS ainda tem a lógica da Liga das Nações, por isso que os membros permanentes são os ganhadores de guerra. Antigamente {de 1944 a 1963} o CS era composto por 11 Estados {5 permanentes e 6 rotativos}.

Ele é o foro adequado para resolver controvérsias entre Estados conflitantes como uma mediação, ele procura não fazer diretamente uma guerra. Ainda, é ele quem determina as ameaças à Segurança e à Paz internacional após deliberações — isso ocorreu com o Afeganistão, visto que o CS analisou e determinou que esse Estado seria uma ameaça à Segurança e à Paz internacional.

Ele determina e propõe “RECOMENDAÇÕES” para tratar sobre temas de paz e de segurança, que são decisões vinculativas, pois representam todos os Estados. Se o Estado não cumprir as recomendações dirigidas a ele, ou vai sofrer guerra ou então vai sofrer sanções.

A ultima ratio é a guerra. O Conselho de Segurança é quem determina a intercepção militar em nome da ONU, que não tem exercito. Sendo assim, ela vai pegar o exercito preferencialmente dos exércitos do Conselho de Segurança. Para passar contingente de exercito, existe um prazo determinado para que acabe a guerra o mais rápido possível {aconteceu isso com a retirada do contingente americano do Afeganistão}.

I. Composição: 15 membros.

A. 5 permanentes - estão ali por questão de poderio nuclear: EUA, Russia, China, França e Reino Unido.

B. 10 rotativos: é definido por eleição na Assembléia Geral e para que um país seja eleito, ele fará postulações. Existe um critério geográfico ainda {existem vagas por cada continente}.

II. Objetivo do Conselho de Segurança: deliberar sobre paz e segurança.

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III. Decisões:

A. Processuais: são adotadas por 9 membros de 15. Não importando a decisão ou o comparecimento dos P5.

B. Não processuais: o quórum de votação são de 9 membros com o voto necessário dos P5. Se eles não votarem pelo “sim”, não tem aprovação.

C. Problemas:

1. Direito de veto: apenas aplicável nos temas não processuais. O direito de veto faz com que sejam parados os exercícios na ONU sobre determinados assuntos de jus cogens e, em função disso, houve avocação por parte de um outro órgão: Assembléia Geral para dar um caráter democrático para a decisão. Isso aconteceu quando os EUA vetou a ajuda humanitária {capacetes azuis} tanto no Haiti, quanto na Síria.

IV. Reuniões: são periódicas — quem determina quando o CS vai fazer reunião ou é o Antonio Guterres {SG} ou então os próprios Estados que compõem o CS.

CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA

I. Formação: 15 magistrados {9 anos com reeleições}

II. Base legal:

A. Órgão - Carta de São Francisco: serve para os membros da ONU. Em relação ao pacotão da ONU, quando um Estado adere a essa Carta, ele tem que aderir ao Estatuto da CIJ também.

B. Organização Internacional 1. Estatuto Constitutivo: serve para quem não faz parte da ONU 2. Regimento interno: Regras da Corte

III. Quem é julgado: Sujeitos de DIP

IV. Como é julgado: art. 38 do Estatuto

V. O que é julgado: tratados com previsão de foro na CIJ

VI. Funções:

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A. Contenciosa: julgar lides entre os sujeitos de DIP {Estados e O.I.}

B. Consultiva: funciona como se fosse um STF, pois interpreta as leis de DIP {cai em numero maior de competência} — existem muito mais sujeitos que podem pedir consulta do que pedir um julgamento → ou seja, não apenas os sujeitos de DIP podem pedir consulta, mas os órgãos da ONU também.

SECRETARIADO

I. Composição:

A. Secretário Geral {eleito pela AG}; B. Pessoal do Secretário {escolhidos pelo SG conforme regras da AG}.

II. Funções do Secretário Geral:

A. Chamar atenção do Conselho de Segurança em casos de ameaça à segurança e à paz {para que seja feita uma reunião a fim de tratar sobre o assunto}

B. Faz um relatório anual de todos os trabalhos da ONU {de todos os órgãos} e apresenta para a comunidade internacional

CONSLEHO ECONOMICO E SOCIAL - ECOSOC

Hoje em dia se mostra como o órgão mais importante, com mais expressão da ONU, visto que tomou o lugar de eminência do Conselho de Segurança {o qual deixou de ter importância em função do direito de veto em relação aos valores de jus cogens}.

Ele é composto de 54 Estados que lá ficam com 3 anos e, a cada ano, 1/3 {18} dos membros é eleito. Existe alternância anual de 1/3, portanto. Atenta-se que pode existir reeleição.

Realiza estudos e apresenta relatórios com recomendações aos Estados e órgãos da ONU — foi por conta de uma resolução do ECOSOC que foi criada a Comissão de Direitos Humanos. Ele analisa toda a conjuntura de todos os problemas da comunidade internacional. As recomendações não são vinculativas sendo, portanto, uma soft law. Ele propõe parcerias com órgãos da ONU, a fim de obter informações para que possa se inteirar dos problemas, ainda, ele forma parcerias com Ministérios nacionais. Como ele é um órgão da ONU, ele não pode firmar tratados — por isso é que ele vai firmar acordos de parceria com qualquer pessoa que possa lhe passar informações em âmbito nacional {dentro dos Estados membros}.

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As agendas 21 e 30 estão implementadas na cidade de Porto Alegre, tendo sido colocada a situação de democracia comunitária {associações de moradores é que implementam política públicas}, a cidade de Curitiba, por sua vez, trespassou duas de suas políticas públicas {reciclagem e transporte público} para o ECOSOC. Sendo assim, é possível perceber que este órgão da ONU é o que tem a atuação mais efetiva na sociedade.

CONSELHO DE TUTELA

Esse órgão se encontra suspenso desde o ano de 2006, eis que ele tratava acerca da descolonização. Nesse sentido, a ONU havia instituído um órgão próprio para que a descolonização pudesse receber uma tutela própria através do direito humano de “autodeterminação dos povos” {direito de ser regido por seu próprio direito - fazer seu próprio Estado}.

A ONU queria que esses povos realmente fossem autodeterminados, mas garantindo a democracia desses povos porque seria o melhor tipo de regime que consolida os Direitos Humanos.

O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

I. Direitos Humanos: internacional {tratados, costumes} - 1a, 2a, 3a, 4a, 5a gerações;

II. Direitos Fundamentais: nacional {Constituição Federal}:

A. Cláusulas pétreas expressas - art. 60, §4º;

B. Cláusulas decorrentes das expressas {não estão escritas em plano nacional, mas decorrem dos direitos humanos das diversas gerações};

C. Cláusulas implícitas {é o que consolida o Sistema de Governo Estado democrático de direito, que é o melhor tipo de estado para consolidação dos Direitos Humanos}.

III. Gerações de DH

• 1a Geração: liberdade - Civis {art. 5º} - Políticos {art. 14}

• 2a Geração: igualdade - Econômicos {art. 171 e ss.} - Sociais {art. 6º} - Culturais {art. 6º}

• 3a Geração: fraternidade

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Naomi Sugita Reis- Meio ambiente {art. 225} - Autodeterminação {art. 4º} - Desenvolvimento {art. 4º}

Processo de internacionalização do Sistema de Governo do Estado Democrático de Direito

Necessidade de instrumentos de proteção e de consolidação dos Direitos Humanos. A quem cabe inicialmente a proteção dos Direitos Humanos é do próprio Estado, visto que a ideia desse ramo do direito nasceu com a Revolução Francesa {tinha, portanto, a característica de direitos fundamentais}. Em primeiro plano, em situação de Sistema de Estados, os direitos humanos que nasceram com a Revolução Francesa tinham que ser protegidos e efetivados em âmbito nacional apenas.

Com as duas grandes guerras do início do século XX, o Estado sozinho mostrou-se inapto para a proteção e efetivação dos Direitos Humanos. É por isso que veio a internacionalização dos Direitos Humanos, a fim de que todos os Estados agissem em conjunto para o mesmo objetivo.

Em um primeiro momento, essa internacionalização se deu após a Primeira GM e continuou após a Segunda GM.

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