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DIREITO PENAL MILITAR VOLUME 11

DIREITO PENAL MILITAR - STF€¦ · VOLUME 11. Brasília, 2019 Organizado por matérias 2014-2018 TESES E FUNDAMENTOS INFORMATIVOS STF Direito Penal Militar volume 11. Secretaria-Geral

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DIREITO PENAL MILITAR

VOLUME 11

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Brasília, 2019

Organizado por matérias

2014-2018TESES E FUNDAMENTOS

INFORMATIVOS STF

Direito Penal Militar

volume 11

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Secretaria-Geral da Presidência

Daiane Nogueira de Lira

Secretaria de Documentação Naiara Cabeleira de Araújo Pichler

Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência Andreia Fernandes de Siqueira

Equipe Técnica: Diego Oliveira de Andrade Soares, Fernando Carneiro Rosa Fortes, João de Souza Nascimento Neto, Ricardo Henriques Pontes e Tiago Batista Cardoso

Revisão: Amélia Lopes Dias de Araújo, Camila Lima Canabarro, Juliana Silva Pereira de Souza, Letycia Luiza de Souza, Lilian de Lima Falcão Braga, Márcia Gutierrez Aben-Athar Bemerguy, Rochelle Quito e Rosa Cecilia Freire da Rocha

Capa: Patrícia Amador Medeiros

Projeto gráfico: Eduardo Franco Dias

Diagramação: Camila Penha Soares, Eduardo Franco Dias e Neir dos Reis Lima e Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Supremo Tribunal Federal – Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal

Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF).

Informativos STF 2014-2018 [recurso eletrônico] : teses e fundamentos : direito penal militar / Supremo Tribunal Federal. -- Brasília : STF, Secretaria de Documentação, 2019.

Organizado por matérias. Modo de acesso: < http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF >.

1. Tribunal Supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Direito penal militar, jurisprudência. I Título.

CDDir-341.4191

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Ministro José Antonio Dias Toffoli (23-10-2009), Presidente

Ministro Luiz Fux (3-3-2011), Vice-Presidente

Ministro José Celso de Mello Filho (17-8-1989), Decano

Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello (13-6-1990)

Ministro Gilmar Ferreira Mendes (20-6-2002)

Ministro Enrique Ricardo Lewandowski (16-3-2006)

Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha (21-6-2006)

Ministra Rosa Maria Pires Weber (19-12-2011)

Ministro Luís Roberto Barroso (26-6-2013)

Ministro Luiz Edson Fachin (16-6-2015)

Ministro Alexandre de Moraes (22-3-2017)

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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APRESENTAÇÃO

Tanto nas faculdades de Direito como nos manuais das disciplinas desse ramo do conhecimento, é notável o destaque que vem sendo dado aos posicionamentos ju-diciais. Na mesma esteira, a atuação dos profissionais do Direito é cada vez mais lastreada em precedentes dos tribunais superiores e, notadamente, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesse contexto, é possível inferir que há crescente interesse por obras que fran-queiem, de forma organizada e de fácil consulta, o acesso à jurisprudência emanada pelo STF.

Com o intuito de atender tal demanda, o Tribunal vem publicando, desde 1995, o Informativo STF, espécie de “jornal jurídico” que veicula resumos, originalmente semanais, das circunstâncias fáticas e processuais e dos fundamentos proferidos oral-mente nas sessões de julgamento.

Conforme consta do cabeçalho de todas as edições do periódico, os boletins são elaborados “a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário”, de modo que contêm “resumos não oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal”. Faz-se tal observação para esclarecer ao leitor que, embora o conteúdo não possa ser considerado oficial, baseia-se estritamente em informações públicas.

A obra que ora se apresenta é uma edição especial, que abarca um período de cinco anos – 2014 a 2018. Cada volume contém um ramo do Direito e tem por referência casos que foram noticiados no Informativo STF. O acesso aos argumentos de Suas Excelências, na exatidão precisa do vernáculo escrito, permite explorar a riqueza técni-ca neles contida e estudar com mais rigor a fundamentação das decisões do Tribunal.

É bom ressaltar que o leitor pode acompanhar mensalmente este trabalho ao aces-sar o Boletim de Acórdãos Publicados disponível no site do Tribunal (Portal do STF/Jurisprudência/Boletim de Acórdãos Publicados).

Um novo ponto de vista sobre a jurisprudência

É da essência do Informativo STF produzir uma síntese de decisões proferidas pela Corte durante as sessões de julgamento, sem avançar em análise abstrata da juris-

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prudência do Tribunal. Já o livro Teses e fundamentos percorre caminho diverso e se aprofunda nos julgados do STF para oferecer um produto mais complexo.

Desse modo, o livro tem por objetivos: I – Elaborar teses, redigidas com base no dispositivo1 dos acórdãos e abstraídas das notícias de julgamento; e II – Analisar a fundamentação adotada pelo Tribunal e, na sequência, esboçar um panorama do entendimento da Corte sobre os ramos do Direito.A proposta é que as teses apontem como caminhou a jurisprudência da Suprema

Corte brasileira ao longo dos anos e, ainda, permitam vislumbrar futuros posiciona-mentos do Tribunal, tendo por referência os processos já julgados. Cumpre destacar que essas teses – com os respectivos fundamentos – não traduzem necessariamente a pacificação da jurisprudência num ou noutro sentido. Elas se prestam simplesmente a fornecer mais um instrumento de estudo da jurisprudência e a complementar a função desempenhada pelo Informativo STF.

Tendo isso em vista, os textos que compõem o livro estruturam-se em: tese ju-

rídica extraída do julgado2 e resumo da fundamentação2. Pretende-se, com esse padrão, que o destaque dado aos dispositivos dos acórdãos seja complementado por seus respectivos fundamentos.

Os dados do processo em análise2 são apresentados no cabeçalho de cada resu-mo e, com o objetivo de garantir acesso rápido ao conteúdo de teses fixadas, no fim da obra foi incluída uma lista de todas as teses contidas no livro.

As decisões acerca da redação e da estrutura do livro foram guiadas também pela busca da otimização do tempo de seu público-alvo. Afinal, a leitura de acórdãos, de votos ou mesmo de ementas demandaria esforço interpretativo e tempo dos quais o estudante ou o operador do Direito muitas vezes não dispõe. Assim, deu-se pre-ferência a formato de redação que destacasse o dispositivo do acórdão e seus funda-mentos, ao mesmo tempo que traduzisse de forma sintética o entendimento do STF.

Em busca de mais fluidez e concisão, decidiu-se retirar do texto principal as refe-rências que não fossem essenciais à sua redação. Assim, foram transpostos para notas

de fim2, entre outras informações pertinentes: relatórios de situações fáticas e obser-vações processuais, quando necessários à compreensão do caso; precedentes jurispru-denciais; e transcrições de normativos ou de doutrina3.

A mesma objetividade que orientou a estrutura redacional dos resumos norteou a organização dos julgados em disciplinas do Direito e em temas. Estes, por sua vez, foram subdivididos em assuntos2 específicos. Tal sistematização do conteúdo visa,

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mais uma vez, facilitar o trabalho dos estudantes e dos operadores do Direito, que compõem o público-alvo desta obra.

A esse respeito, sob o ângulo dos ramos do Direito, optou-se pela análise vertical dos julgados em cada ano, o que propicia rápida visualização e comparação de maté-rias semelhantes decididas pelos órgãos do STF. A obra permite, assim, que o leitor verifique, de forma fácil e segura, a evolução jurisprudencial de um dado tema ao longo do tempo.

A ideia foi, em resumo, aliar a objetividade característica do Informativo STF com a profundidade e a riqueza técnico-jurídica contida nos acórdãos e nos votos dos ministros. Para cumprir tal finalidade, foi necessário interpretar os acórdãos dos jul-gamentos.

Todavia, se por um lado é certo que a redação de resumos demanda algum grau de liberdade interpretativa dos documentos originais, por outro a hermenêutica reco-nhece ser inerente à interpretação jurídica certa dose de subjetividade.

Nessa perspectiva, embora os analistas responsáveis pelo trabalho tenham se es-forçado para – acima de tudo – manter fidelidade aos entendimentos do STF, ao mes-mo tempo que conciliavam concisão e acuidade na remissão aos fundamentos das decisões, não se deverá perder de vista que os resultados do exame da jurisprudência aqui expostos são fruto de interpretação desses servidores.

Espaço para participação do leitor

Os enunciados aqui publicados tanto podem conter trechos do julgado original – na hipótese de estes sintetizarem a ideia principal – quanto podem ser resultado ex-clusivo da interpretação dos acórdãos pelos analistas responsáveis pela compilação. Na obra, estão disponíveis os links de acesso à íntegra dos acórdãos, o que facilita a conferência da acuidade dessa interpretação. O leitor poderá encaminhar dúvidas, críticas e sugestões para o e-mail: [email protected].

Ademais, entre as razões que motivaram a edição deste trabalho está justamente o propósito de fomentar a discussão e de contribuir para a difusão do “pensamento” do Tribunal e para a construção do conhecimento jurídico. Com isso, promove-se maior abertura à participação da sociedade no exercício da atividade constitucionalmente atribuída ao STF.

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1 Deve-se ter em mente que muitas vezes os dispositivos dos acórdãos se limitam a “dar (ou ne-gar) provimento ao recurso” ou, ainda, “conceder (ou não) a ordem”. Embora esses comandos jurisdicionais efetivamente componham o dispositivo da sentença, do ponto de vista da análise das decisões judiciais – e da jurisprudência – eles significam muito pouco. Por evidente, o objeto deste trabalho é o tema decidido pela Corte, seja ele de direito material, seja de direito processual, e não o mero resultado processual de uma demanda específica. Nesse sentido, talvez seja possível discer-nir entre o conteúdo formal da decisão, que seria, exemplificativamente, o resultado do recurso (conhecido/não conhecido, provido/não provido) ou da ação (procedência/improcedência), e o conteúdo material da decisão, que efetivamente analisa a questão de direito (material ou proces-sual) debatida e possui relevância para a análise da jurisprudência. Em outras palavras, o conteúdo material da decisão corresponderia aos fragmentos do provimento jurisdicional que têm aptidão para transcender ao processo em análise e constituir o repertório de entendimentos do Tribunal sobre o ordenamento jurídico brasileiro.

2 Ver Infográfico, página 8.

3 Informações entre colchetes não constam do texto original.

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Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos conse-

lhos de fi scalização não se submetem ao regime de precatórios.

O art. 100 da Constituição Federal (CF)1, que cuida do sistema de precatórios, diz res-peito a pagamentos a serem feitos não pelos conselhos, mas pelas Fazendas Públicas.

Os conselhos de fi scalização profi ssionais são autarquias especiais, possuem perso-nalidade jurídica de direito público e estão submetidos às regras constitucionais, tais como a fi scalização pelo Tribunal de Contas da União e a submissão ao sistema de concurso público para arregimentação de pessoal.

1 “Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fi m.”

Assunto

Tese jurídica extraída do julgado

Resumo da fundamentação

Dados do processo em análise

Nota de � m

INFOGRÁFICO

Direito Administrativo Ȥ Organização da Administração Pública

Ȥ Administração Indireta Ȥ Autarquias – Repercussão Geral

RE 938.837RG ‒ Tema 877red. p/ o ac. min. Marco AurélioPlenárioDJE de 25-9-2017Informativo STF 861

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SUMÁRIO

Siglas e abreviaturas ........................................................................................ 10

Siglas de classes e incidentes processuais ......................................................... 11

Código Penal Militar (CPM) ..............................................................................13

Penas.................................................................................................................15

Extinção da punibilidade ...................................................................................22

Crimes ..............................................................................................................25

Índice de teses ...................................................................................................28

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SIGLAS E ABREVIATURAS

ac. acórdão1ª T Primeira Turma2ª T Segunda TurmaDJ Diário da JustiçaDJE Diário da Justiça Eletrônicoj. julgamento emP Plenáriored. p/ o ac. redator para o acórdãorel. min. relator o ministroRG Repercussão GeralT Turma

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SIGLAS DE CLASSES E INCIDENTES PROCESSUAIS

AC Ação CautelarACO Ação Cível OrigináriaADC Ação Declaratória de ConstitucionalidadeADI Ação Direta de InconstitucionalidadeADO Ação Direta de Inconstitucionalidade por OmissãoADPF Arguição de Descumprimento de Preceito FundamentalAgR Agravo RegimentalAI Agravo de InstrumentoAO Ação OrigináriaAP Ação PenalAR Ação RescisóriaARE Recurso Extraordinário com AgravoCC Conflito de CompetênciaED Embargos de DeclaraçãoEDv Embargos de DivergênciaEI Embargos infringentesEP Execução PenalExt ExtradiçãoHC Habeas CorpusIndCom Indulto ou ComutaçãoInq InquéritoMC Medida CautelarMI Mandado de InjunçãoMS Mandado de SegurançaPet PetiçãoProgReg Progressão de RegimeQO Questão de OrdemRcl ReclamaçãoRE Recurso ExtraordinárioREF ReferendoRG Repercussão GeralRHC Recurso em Habeas CorpusRMS Recurso em Mandado de SegurançaRp RepresentaçãoSE Sentença Estrangeira

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DIR

EPE

NA

MIL

ITCÓDIGO PENAL MILITAR (CPM)

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Direito Penal Militar

Ȥ Código Penal Militar (CPM)

Ȥ Aplicação da Lei Penal Militar

Ȥ Tempo do crime

O posterior licenciamento de militar não descaracteriza a condição de proce-

dibilidade para a aferição de prática de crime militar.

Conforme o art. 5º do CPM1, observa-se a data do evento delituoso para a configu-ração de crime militar.

1 CPM: “Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado.”

HC 132.847rel. min. Marco Aurélio

1ª TurmaDJE de 12-9-2018Informativo STF 908

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PENAS

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Direito Penal Militar

Ȥ Penas

Ȥ Aplicação da pena

Ȥ Fixação da pena privativa de liberdade

A utilização das expressões “culpabilidade do agente” e “consequências do

crime” – constantes do art. 59 do Código Penal (CP) – não gera nulidade em

dosimetria de pena imposta no âmbito de processo penal militar.

Apesar de o termo “culpabilidade” não constar entre os vetores descritos no art. 69 do Código Penal Militar (CPM)1, a utilização dessa nomenclatura não gera nulidade da dosimetria.

É assente na dogmática penal que a culpabilidade, como juízo que fundamenta a re-primenda, corresponde à censurabilidade pessoal da conduta. Sob esse aspecto, a redação originária do art. 42 do CP determinava que o magistrado, ao individualizar a pena-base, considerasse a “intensidade do dolo”, como previsto no referido art. 69 do CPM. Contudo, com a reforma penal de 1984, a culpabilidade substituiu essa expressão.2

De igual modo, tampouco a menção às “consequências do crime” implica nulidade, já que essa expressão é mero vetor da “maior ou menor extensão do dano”, consoante previsto no art. 69 do CPM.

O efeito devolutivo inerente ao recurso de apelação – ainda que exclusivo da

defesa – permite que, observados os limites horizontais da matéria questionada,

o tribunal a aprecie em exaustivo nível de profundidade.

Não há que falar em reformatio in pejus quando, mantida a essência da causa de pedir, e sem que haja piora na situação do recorrente, o tribunal leva em consideração cir-cunstâncias – no caso, agravantes – antes não reputadas para agravar a pena-base, mas mencionadas na sentença condenatória.

Ausente o requisito da espontaneidade, não se admite a incidência da atenuante

da reparação do dano.

HC 109.545rel. min. Teori Zavascki

2ª TurmaDJE de 11-2-2015Informativo STF 772

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Exige-se que o agente não tenha sido compelido por outrem a praticar o ato que enseja a minorante. Daí a espontaneidade distinguir-se da mera voluntariedade, esta incapaz de gerar a atenuação da pena.

1 CPM: “Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.”

2 “Visto que graduável é a censura, cujo índice, maior ou menor, incide na quantidade da pena.” (Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal, Lei 7.209/1984, Item 50.)

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Direito Penal Militar

Ȥ Penas

Ȥ Aplicação da pena

Ȥ Circunstâncias agravantes

Nos crimes culposos1 e 2, não incidem as qualificadoras genéricas decorrentes de

motivo fútil e do fato de o ofendido estar sob imediata proteção da autoridade

[Código Penal Militar (CPM), art. 70, II3, a e i4].

Essas circunstâncias foram consideradas na dosimetria5, porquanto avaliadas nos ele-mentos relativos à aferição da culpabilidade do agente [Código Penal (CP), art. 596] ou do grau de sua culpa (CPM, art. 697).

Sendo assim, considerar, em um segundo momento, circunstâncias outras que re-velem maior culpabilidade do agente faz incorrer em dupla valoração de um mesmo elemento. Logo, deve incidir, no caso, a vedação do bis in idem.

1 “Homicídio culposo. Inadmissibilidade da aplicação da agravante de ser a vítima um ancião (art. 44, II, i, do CPP). Salvo a agravante da reincidência (art. 44, I, do CP), as demais somente incidem nos crimes dolosos. Deferimento da ordem do habeas corpus, estendendo-se o efeito da decisão ao corréu (art. 580 do CPP).” (HC 62.214, rel. min. Djaci Falcão, 2ª T.)

2 Em sentido contrário: caso Bateau Mouche, em que se reconheceu a possibilidade de incidência de circunstâncias agravantes genéricas nos crimes culposos, em especial aquelas atinentes aos motivos, quando relativas à valoração da conduta, independentemente da não voluntariedade do resultado (HC 70.362, rel. min. Sepúlveda Pertence, 1ª T.)

3 “(...) 32. Rol do inciso II para crimes dolosos: as circunstâncias agravantes previstas no inciso II somente aos crimes dolosos, por absoluta incompatibilidade com o delito culposo, cujo resultado é involuntário. Como se poderia chamar de fútil o crime culposo, se o agente não trabalhou direta-mente pelo resultado? Como se poderia dizer ter havido homicídio culposo cruel, se o autor nada fez para torná-lo mais sofrido à vítima? Enfim, estamos com a doutrina que sustenta haver incom-patibilidade entre o rol do inciso II e o delito culposo. Nessa ótica: Sérgio Salomão Shecaira e Alceu Corrêa Júnior, Teoria da pena, p. 265.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Militar comentado. São Paulo: RT, 2013. p. 136-137.)

4 CPM: “Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou qualifi-cativas do crime: (...) II – ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; (...) i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;”

HC 120.165rel. min. Dias Toffoli

1ª TurmaDJE de 20-3-2014Informativo STF 735

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5 “A questão da incidência, ou não, de agravantes subjetivas na dosimetria da pena, em crime de natu-reza culposa, possui exígua jurisprudência nesta Corte. Foram encontradas apenas duas, nenhuma delas recente, e com posicionamentos opostos: o HC 62.214-3, de 1984, no qual é afastada a inci-dência das agravantes em crimes culposos, e o HC 70.362, de 1993, em que o entendimento é pela possibilidade de sua incidência. Também na doutrina existem posicionamentos divergentes, tanto contrários, quanto favoráveis. (...) O entendimento contrário à incidência das agravantes em crimes culposos funda-se na ausência de intenção do agente em produzir o resultado efetivamente ocorri-do. (...) As agravantes justificam-se pela necessidade de punir mais severamente aqueles réus que, conscientemente, ao praticar o crime, o fizeram em desacordo com valores acessórios resguardados pela sociedade nas alíneas enumeradas no inciso II do art. 70 do CPM. Nos crimes culposos, pela sua própria natureza, não há intencionalidade na produção do resultado. (...) A corrente doutrinária contrária argumenta que, embora o resultado não tenha sido conscientemente desejado, a conduta do agente foi consciente, e, quando inconsequente, merece reprimenda mais enérgica. A agravante incide objetivamente em razão da conduta realizada, independente da vontade do agente quanto ao resultado produzido. Todavia esta abordagem traz séria inconveniência, conquanto a avaliação da conduta do agente já ocorre ao ser realizada a análise da culpabilidade do agente (no CPM, grau de culpa) durante a primeira fase da dosimetria da pena. Portanto utilizar a reprovabilidade da conduta do agente novamente para justificar a incidência de agravantes em crimes culposos é incorrer em bis in idem.” (Trechos da petição de habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da União, extraídos do relatório do rel. min. Dias Toffoli, no presente julgamento.)

6 CP: “Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.”

7 CPM: “Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.”

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Direito Penal Militar

Ȥ Penas

Ȥ Suspensão condicional da pena

Ȥ Natureza jurídica

O sursis não tem natureza jurídica de pena, mas de medida alternativa a ela.

Embora seja controversa sua natureza jurídica, a “mais adequada, em nosso entender, para configurar o instituto da suspensão condicional da pena, é a sua visualização como medida de política criminal para evitar o encarceramento inútil de condenados com possibilidade de reeducação por outra forma de cumprimento da sanção penal. Incabível dizer, no entanto, seja o sursis uma pena, pois as penas estão claramente enumeradas no art. 32 do Código Penal (CP), e a suspensão é medida destinada justa-mente a evitar a aplicação de uma delas, todas privativas de liberdade.

Por outro lado, não se deve sustentar ser apenas um benefício, pois o sursis traz, sempre, condições obrigatórias, consistentes em medidas restritivas da liberdade do réu. Daí por que é mais indicado tratá-lo como medida alternativa de cumprimento da pena privativa de liberdade, não deixando de ser um benefício (aliás, a própria lei fala em benefício, como se vê do art. 77, II, do CP), nem tampouco uma reprimenda”1.

Não é possível o cômputo do período de prova da suspensão condicional da pena

para aquisição do indulto natalino que exija, para sua concessão, o cumprimento

de parte da pena imposta ao beneficiário.

Não cabe confundir o tempo alusivo ao período de prova exigido para a obtenção de sursis com o requisito temporal relativo ao cumprimento de um quarto da pena privativa de liberdade para alcançar-se o indulto natalino e, consequentemente, a extinção da punibilidade.2

Por conseguinte, o cumprimento do período de prova do sursis não atende ao re-quisito objetivo de cumprimento de um quarto da pena, expressamente estabelecido no art. 1º, XIII e XIV, do Decreto 8.712/20133.

1 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 283-284.

RHC 128.515rel. min. Luiz Fux

1ª TurmaDJE de 1º-10-2015Informativo STF 792

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2 HC 123.382, rel. min. Roberto Barroso, decisão monocrática; HC 123.425, rel. min. Rosa Weber, 1ª T; e HC 123.147, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T.

3 Na espécie, os incisos XIII e XIV do art. 1º do Decreto 8.172/2013 reconheceram como merecedores do indulto natalino os réus condenados a pena privativa de liberdade, desde que – cumprido, até 25 de dezembro de 2013, um quarto da pena – esta tivesse sido substituída por pena restritiva de direitos, na forma do art. 44 do CP, ou ainda beneficiados com a suspensão condicional da pena. O recorrente fora condenado a dois meses de prisão no regime aberto pela prática do crime de lesões corporais culposas, tipificado no art. 251 do CPM, e beneficiado com o sursis.

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

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Direito Penal Militar

Ȥ Extinção da punibilidade

Ȥ Prescrição

Ȥ Prescrição no caso de deserção

É constitucional o art. 132 do Código Penal Militar (CPM)1, que estabelece regra

diferenciada para o cômputo da prescrição do crime de deserção2.

O CPM estabelece dois critérios de prescrição para o crime de deserção, o qual possui natureza permanente.3 O primeiro – geral – é destinado ao agente que, apesar de ter incorrido no referido delito, foi reincorporado ao serviço militar. Nesse caso, incide a regra do art. 125 do CPM, em que a prescrição em abstrato se regula pelo máximo da pena privativa de liberdade aplicada ao crime praticado. Conforme determina o art. 125, § 2º, c, do CPM4, a prescrição relativa a esse delito começa a correr do dia em que cessou a permanência. O segundo critério – especial – é aplicado exclusivamente ao desertor que não foi capturado e nem se apresentou à corporação (trânsfuga). Para essas hipóteses, a extinção da pretensão punitiva estatal está sujeita ao art. 132 do CPM.

Nesse sentido, o art. 132 do CPM é constitucional, pois não estabelece a imprescri-tibilidade para o crime permanente de deserção em relação ao trânsfuga.

Na verdade, o dispositivo impugnado impede a imprescritibilidade do crime de deserção praticado pelo militar que se encontra foragido (trânsfuga), ao estabelecer a extinção da punibilidade quando o desertor atingir 45 ou, no caso de oficial, 60 anos, não se vislumbrando qualquer irrazoabilidade ou afronta a outros postulados constitucionais.

Do contrário, se inexistisse o art. 132, aí sim seria imprescritível o crime do desertor que não fosse capturado ou se apresentasse voluntariamente, com evidente ônus para as Forças Armadas.

1 CPM: “Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta.”

2 CPM: “Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.”

HC 112.005rel. min. Dias Toffoli

1ª TurmaDJE de 10-4-2015Informativo STF 774

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3 Nesse sentido: HC 80.540, rel. min. Sepúlveda Pertence, 1ª T; HC 91.873, rel. min. Ricardo Lewan-dowski, 1ª T; e HC 111.130, rel. min. Cármen Lúcia, 1ª T.

4 CPM: “Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (...) § 2º A prescrição da ação penal começa a correr: (...) c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência.”

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CRIMES

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Direito Penal Militar

Ȥ Crimes

Ȥ Crimes contra o serviço militar e o dever militar

Ȥ Deserção

Eventual equívoco na lavratura do termo de deserção apenas afasta a tipicidade

da conduta1 quando, a partir dele, as Forças Armadas excluem o militar durante

o período de graça2.

O crime de deserção é crime próprio. Logo, só pode ser praticado por militar, e sua consumação se dá com a ausência injustificada por mais de oito dias. A equivocada lavratura antecipada, antes, portanto, de findar o oitavo dia de ausência, do termo de deserção acarreta a perda da condição de militar. O agente passa, então, a ostentar a condição de civil, situação que impediria a consumação da referida figura delitiva, que é um crime próprio.

A literalidade do art. 452 do Código de Processo Penal Militar (CPPM)3 deixa claro que o termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os elementos necessários à propositura da ação penal, não significando prova definitiva, que será formada durante a instrução, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

Assim, cabe ao juízo natural da causa penal, com observância ao princípio do con-traditório, proceder ao exame de todas as provas colhidas – e não apenas o termo de de-serção – e conferir a definição jurídica adequada para os fatos que sejam comprovados.

1 Código Penal Militar: “Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias:”

2 Período de oito dias de ausência do militar, necessário para a configuração do crime de deserção.

3 CPPM: “Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a fornecer os elementos necessários à propositura da ação penal, sujeitando, desde logo, o desertor à prisão.”

HC 126.520rel. min. Teori Zavascki

2ª TurmaDJE de 20-5-2015Informativo STF 784

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Direito Penal Militar

Ȥ Crimes

Ȥ Crimes contra o serviço militar e o dever militar

Ȥ Deserção1

É cabível o trancamento da ação penal militar instaurada para apuração do

delito de abandono de posto2 quando essa infração configurar crime-meio para

se alcançar o delito-fim de deserção.

Ocorridos em um mesmo contexto fático, o abandono de posto e a deserção não im-plicam ações autônomas. Incide, na hipótese, o fenômeno da absorção de um crime por outro (princípio da consunção), uma vez que o abandono se apresenta como o meio necessário à consecução do delito-fim de deserção.

1 Código Penal Militar (CPM): “Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena – detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.”

2 CPM: “Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: Pena – detenção, de três meses a um ano.”

RHC 125.112rel. min. Gilmar Mendes

2ª TurmaDJE de 2-3-2015Informativo STF 774

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ÍNDICE DE TESES

DIREITO PENAL MILITAR

Código Penal Militar (CPM)

Aplicação da Lei Penal Militar

Tempo do crime

O posterior licenciamento de militar não descaracteriza a condição de proce-

dibilidade para a aferição de prática de crime militar. ..........................................14

Penas

Aplicação da pena

Fixação da pena privativa de liberdade

A utilização das expressões “culpabilidade do agente” e “consequências do

crime” – constantes do art. 59 do Código Penal (CP) – não gera nulidade em

dosimetria de pena imposta no âmbito de processo penal militar. ......................16

O efeito devolutivo inerente ao recurso de apelação – ainda que exclusivo da de-

fesa – permite que, observados os limites horizontais da matéria questionada,

o tribunal a aprecie em exaustivo nível de profundidade. ....................................16

Ausente o requisito da espontaneidade, não se admite a incidência da atenuante

da reparação do dano. .............................................................................................16

Penas

Aplicação da pena

Circunstâncias agravantes

Nos crimes culposos, não incidem as qualificadoras genéricas decorrentes de

motivo fútil e do fato de o ofendido estar sob imediata proteção da autoridade

[Código Penal Militar (CPM), art. 70, II, a e i]. ......................................................18

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Penas

Suspensão condicional da pena

Natureza jurídica

O sursis não tem natureza jurídica de pena, mas de medida alternativa a ela. ....20

Não é possível o cômputo do período de prova da suspensão condicional da

pena para aquisição do indulto natalino que exija, para sua concessão, o cum-

primento de parte da pena imposta ao beneficiário. .............................................20

Extinção da punibilidade

Prescrição

Prescrição no caso de deserção

É constitucional o art.  132 do Código Penal Militar (CPM), que estabelece

regra diferenciada para o cômputo da prescrição do crime de deserção. ............23

Crimes

Crimes contra o serviço militar e o dever militar

Deserção

Eventual equívoco na lavratura do termo de deserção apenas afasta a tipici-

dade da conduta quando, a partir dele, as Forças Armadas excluem o militar

durante o período de graça. ....................................................................................26

Crimes

Crimes contra o serviço militar e o dever militar

Deserção

É cabível o trancamento da ação penal militar instaurada para apuração do

delito de abandono de posto quando essa infração configurar crime-meio para

se alcançar o delito-fim de deserção. ......................................................................27

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ISBN

000-00-00000-00-0

Este livro foi produzido na Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência, vinculada à Secretaria de Documentação do Supremo Tribunal Federal. Foi projetado por Eduardo Franco Dias e composto por Camila Penha Soares e Neir dos Reis Lima e Silva. A capa foi criada por Patrícia Amador Medeiros.

A fonte é a Dante MT Std, projetada nos anos 1950 por Giovanni Mardersteig, influenciado pelos tipos cunhados por Francesco Griffo entre 1495 e 1516, e editada em versão eletrônica por Ron Carpenter em 1993.

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