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1 75 Outubro, 2019 LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br. ↑ voltar ao início O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados. PERIODICIDADE Mensal SÓCIO RESPONSÁVEL Cristiane Ianagui Matsumoto Gago COLABORADORES Mariana Monte Alegre de Paiva, Henrique Wagner de Lima Dias, Eduardo Kauffman Milano Benclowicz, Jéssica Min Kyong Chung, Raissa Cristina Pimenta, Esther Simon Seroussi Souccar, Naomi Sylvia Levy Goldenberg e Pedro Javier Martins Uzeda Leon. pinheironeto.com.br Pinheiro Neto LEGISLAÇÃO (FOTO: ISTOCK) Finalmente aprovada a Reforma da Previdência Na última terça-feira, 22.10.2019, o Senado Federal aprovou em 2º Turno a PEC nº 6/2019 que introduziu a tão esperada Reforma da Previdência. O próximo passo será a promulgação da PEC, o que deve ocorrer em sessão conjunta do Congresso Nacional no início do mês de novembro. Apesar de não se tratar de reforma estrutural – na medida em que alterou apenas os parâmetros de aposentadoria, deixando de introduzir o regime da capitalização – a PEC nº 6/2019 trouxe significativos avanços, tornando os parâmetros do Sistema de Previdência Social brasileiro mais compatíveis com aqueles verificados nos demais países visando à redução do déficit. No que concerne à concessão de benefícios, a nova regra do Regime Geral da Previdência Social prevê a extinção da modalidade de aposentadoria exclusivamente por tempo de contribuição, estando a aposentadoria condicionada à observância de dois requisitos: (a) idade mínima (62 anos para as mulheres e 65 para os homens) e (b) tempo de contribuição mínimo (15 anos para as mulheres e 20 anos para os homens, aplicável àqueles que ainda não contribuem ao INSS). Em termos de alíquotas, foi instituída a progressividade por faixas – a exemplo do que ocorria com o Imposto de Renda das Pessoas Físicas – de modo que aqueles mais bem remunerados contribuirão em percentual maior para o custeio do regime. Referida lógica, frise-se, é aplicável Finalmente aprovada a Reforma da Previdência Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)

DIREITO PREVIDENCIÁRIO 75 - NOVO...DIREITO PREVIDENCIÁRIO COENTADO n 75 Outubro, 019 ←→ ↑ voltar ao início Paralela pretende facultar aos entes federados interessados que,

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nº 75Outubro, 2019

LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO

Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para mais informações, entre em contato com nossos advogados ou visite o website www.pinheironeto.com.br.

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O boletim eletrônico PrevNotícias é desenvolvido pelos profissionais que integram a área Previdenciária de Pinheiro Neto Advogados.

PERIODICIDADE

Mensal

SÓCIO RESPONSÁVEL

Cristiane Ianagui Matsumoto Gago

COLABORADORES

Mariana Monte Alegre de Paiva, Henrique Wagner de Lima Dias, Eduardo Kauffman Milano Benclowicz, Jéssica Min Kyong Chung, Raissa Cristina Pimenta, Esther Simon Seroussi Souccar, Naomi Sylvia Levy Goldenberg e Pedro Javier Martins Uzeda Leon.

pinheironeto.com.brPinheiro Neto

LEGISLAÇÃO

(FOTO: ISTOCK)

Finalmente aprovada a Reforma da PrevidênciaNa última terça-feira, 22.10.2019, o Senado Federal aprovou em 2º Turno a PEC nº 6/2019 que introduziu a tão esperada Reforma da Previdência. O próximo passo será a promulgação da PEC, o que deve ocorrer em sessão conjunta do Congresso Nacional no início do mês de novembro.

Apesar de não se tratar de reforma estrutural – na medida em que alterou apenas os parâmetros de aposentadoria, deixando de introduzir o regime da capitalização – a PEC nº 6/2019 trouxe significativos avanços, tornando os parâmetros do Sistema de Previdência Social brasileiro mais compatíveis com aqueles verificados nos

demais países visando à redução do déficit.No que concerne à concessão de benefícios, a

nova regra do Regime Geral da Previdência Social prevê a extinção da modalidade de aposentadoria exclusivamente por tempo de contribuição, estando a aposentadoria condicionada à observância de dois requisitos: (a) idade mínima (62 anos para as mulheres e 65 para os homens) e (b) tempo de contribuição mínimo (15 anos para as mulheres e 20 anos para os homens, aplicável àqueles que ainda não contribuem ao INSS).

Em termos de alíquotas, foi instituída a progressividade por faixas – a exemplo do que ocorria com o Imposto de Renda das Pessoas Físicas – de modo que aqueles mais bem remunerados contribuirão em percentual maior para o custeio do regime. Referida lógica, frise-se, é aplicável

▪ Finalmente aprovada a Reforma da Previdência

▫ Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal

▫ Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec

▫ Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista

▫ TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva

▫ TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado

▫ Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)

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LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 75

Outubro, 2019

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Paralela pretende facultar aos entes federados interessados que, por lei ordinária, de iniciativa do chefe do Poder Executivo, promovam a adesão dos seus Regimes Próprios dos Servidores Públicos, sendo dispensada a alteração seja das Constituições Estaduais ou das Leis Orgânicas. Ainda que facultativo, nos parece que a adesão pelos estados e municípios será muito facilitada caso a PEC Paralela em questão seja aprovada.

No que diz respeito às revisões de renúncias, a PEC Paralela pretende a (i) exigência de contribuições previdenciárias de empresas do SIMPLES (limitadas àquelas necessárias ao custeio de benefícios decorrentes de acidente de trabalho ou exposição a agentes nocivos); (ii) exclusão das entidades filantrópicas da imunidade (especialmente as do setor de educação, nos termos a serem definidos por lei complementar); e (iii) reoneração das receitas de exportação agrícola.

Ante todo o exposto, entendemos que a PEC nº 6/2019 já representa grande avanço para o Regime de Previdência Social brasileiro, mas ainda são necessários outros esforços – tal como a aprovação da PEC Paralela e introdução da efetiva capitalização – para que possamos começar a imaginar uma reforma estrutural do sistema.

não apenas aos segurados da iniciativa privada, mas igualmente aos servidores públicos.

No que concerne à tributação da folha, (a) agora é possível a instituição de alíquotas diferenciadas para a contribuição patronal a depender do ramo/características da atividade econômica do contribuinte; (b) está vedada a introdução de bases de cálculo diferenciadas/substituição da base de cálculo da contribuição previdenciária patronal, respeitando-se apenas as hipóteses já existentes (CPRB, cujo termo de expiração é dezembro/2021, e FUNRURAL Agroindústria); e (c) está proibida a instituição de novos parcelamentos de contribuições sociais em prazo superior a 60 meses.

Ponto importante a se mencionar é que, paralelamente à PEC nº 6/2019, já estava sob discussão a chamada “PEC Paralela” (PEC nº 133/2019), de relatoria do senador Tasso Jereissati, introduzida como verdadeiro complemento à reforma trazida pela PEC nº 6/2019.

Em linhas gerais, a PEC Paralela possui dois objetivos centrais: (i) viabilizar a adesão dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na Reforma da Previdência e (ii) a revisão de renúncias previdenciárias de baixo impacto social.

Com relação ao item (i), vale frisar que a PEC

Unificação das consultas de pendências tributárias/previdenciáriasConforme as informações recentemente disponibilizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, haverá a unificação das informações referente às pendências tributárias/previdenciárias perante a RFB e a PGFN.

Desse modo, se atualmente os contribuintes são obrigados a emitir tanto o “Relatório de Situação Fiscal” (extrato de verificação de pendências tributárias) quanto o “Relatório Complementar de Situação Fiscal” (extrato de verificação de pendências previdenciárias), a partir de agora referidas informações estarão refletidas em um único documento, cuja obtenção também se dará via e-CAC.

A nosso ver, trata-se de medida de simplificação das consultas realizada via e-CAC que terá o condão de facilitar o controle e administração de pendências por parte dos contribuintes.

(FOTO: ISTOCK)

▪ Finalmente aprovada a Reforma da Previdência

▪ Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal

▫ Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec

▫ Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista

▫ TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva

▫ TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado

▫ Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)

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LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 75

Outubro, 2019

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Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma TrabalhistaRecentemente, a Justiça Federal de Jundiaí proferiu sentença em que afastou a aplicação das exigências contidas na Solução de Consulta COSIT nº 151/2019, no que se refere ao conceito de liberalidade e à comprovação objetiva de que o empregado superou ao que ordinariamente dele se espera para o pagamento de prêmio.

A decisão entendeu que tais exigências acabavam por contrariar os conceitos trazidos pelo legislador ordinário quando da edição do § 4º, do artigo 457 da Lei nº 13.467/2017 (que alterou a CLT), razão pela qual afastou o cumprimento dos requisitos adicionais

Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e QuebecEm 26.10.2011 foi assinado o Acordo de Previdência Social entre o Brasil e a Província de Quebec, que visa evitar a dupla tributação na Previdência Social de pessoas que trabalharam em ambos os locais, ainda que temporariamente, e corrigir o acréscimo, em anos, do tempo de contribuição necessário à obtenção da aposentadoria.

Recentemente, em 14.10.2019, o texto do acordo foi finalmente aprovado pelo Congresso Nacional e pela Assembleia Nacional do Quebec. No entanto, destacamos que o acordo somente passará a vigorar e produzir efeitos nas agências da Previdência Social após a publicação de decreto presidencial.

Vale lembrar que o Brasil, no momento, já reconhece diversos acordos previdenciários bilaterais com países tais como a Alemanha, Coreia do Sul, França, Espanha e Estados Unidos. Ademais, importante ressaltar que o Brasil também possui acordos multilaterais de previdência social com os países que compõem o Mercosul e a Convenção Ibero-americana, por exemplo.

Empresas que tenham expatriados no exterior ou recebam estrangeiros no Brasil devem ficar atentas aos possíveis benefícios previdenciários decorrentes desses acordos. ▪

impostos pela mencionada Solução de Consulta.No entendimento da decisão, a intenção

da alteração do disposto no artigo 457 da CLT foi justamente superar a jurisprudência formada na seara trabalhista de que os prêmios ostentavam natureza salarial, pois aquele posicionamento desestimulava os empregadores e prejudicava os empregados.

Ponto importante a destacar é que, segundo a decisão, o prévio ajuste das condições necessárias à obtenção do prêmio não o desnaturaria. Além disso, a exigência de comprovação do que seria um desempenho ordinário seria ônus demasiadamente excessivo, carecendo, portanto, de razoabilidade.

É relevante acompanhar a evolução da jurisprudência sobre o novo conceito de prêmio para verificar a possibilidade de sua implementação nas empresas.

JURISPRUDÊNCIA

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▫ Finalmente aprovada a Reforma da Previdência

▫ Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal

▪ Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec

▪ Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista

▫ TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva

▫ TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado

▫ Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)

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LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 75

Outubro, 2019

daria o direito a 7/12 da PLR daquele ano, ainda que a Convenção Coletiva (CCT) estabelecesse o pagamento proporcional somente nas dispensas entre agosto de 2016 e dezembro de 2016.

O principal argumento utilizado na decisão foi de que a Súmula nº 451 do TST prevê que, no caso de rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhos, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.

Nesse sentido, o TST adotou o posicionamento de que o empregado deve receber a PLR proporcional, uma vez que contribuiu para os resultados positivos da empresa no ano.

TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletivaA 1ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST”) proferiu decisão recente no sentido de que, em casos de rescisão contratual antecipada e ainda que não previsto em norma coletiva, o empregado tem direito ao recebimento de PLR proporcional ao período trabalhado no ano.

No caso, o empregado relatou na reclamação trabalhista que havia sido dispensado em abril de 2016 e, considerando a projeção do aviso prévio indenizado, a baixa do seu contrato havia ocorrido somente em julho de 2016, o que lhe

TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizadoEm decisão recente, o TST entendeu que não incide contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado, uma vez que tal parcela não faz parte do salário de contribuição pela ausência da retributividade.

O relator esclareceu que o inciso I do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991 define como salário de contribuição a totalidade dos rendimentos pagos durante o mês visando a retribuição ao trabalho, o que afastaria o enquadramento do aviso prévio indenizado nesta definição.

Vale lembrar que, no âmbito da jurisprudência, a matéria já foi definida pelo Superior Tribunal de Justiça em 2014, tendo inclusive a própria RFB reconhecido a impossibilidade de tributação sobre tal verba. ▪

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▫ Finalmente aprovada a Reforma da Previdência

▫ Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal

▫ Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec

▫ Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista

▪ TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva

▪ TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado

▫ Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)

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LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIADIREITO PREVIDENCIÁRIO COMENTADO nº 75

Outubro, 2019

Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (Hiring Bonus)O denominado bônus de contratação é uma prática comum no mercado de trabalho utilizada na contratação de empregados altamente capacitados. Para atrair tais colaboradores, as companhias oferecem pagar uma bonificação, geralmente em parcela única, antes mesmo de que tais executivos passem a integrar o seu quadro de funcionários.

Pelo texto constitucional (artigos 195 e 201, §11) e pelos dispositivos da Lei nº 8.212/1991, a hipótese tributária da Contribuição Previdenciária restringe-se ao pagamento ou creditamento habitual de salário e rendimentos do trabalho em retribuição ao serviço prestado.

Assim sendo, de acordo com o disposto na Constituição Federal, na legislação ordinária e com base no entendimento da jurisprudência, um pagamento deve ser levado em consideração para recolhimento da Contribuição Previdenciária somente quando se tratar de (i) contraprestação de valor econômico (ii) concedida habitualmente (iii) em decorrência do trabalho.

Ademais, ainda que supostamente presentes os três requisitos, a Lei nº 8.212/1991 determina que não haverá incidência de Contribuição Previdenciária sobre as verbas que estiverem expressa e taxativamente indicadas em seu artigo 28, §9º, por uma questão de política fiscal, como é o caso dos ganhos eventuais.

Assim sendo, considerando o pagamento de um bônus de contratação realizado uma única vez, não há que se falar em incidência de Contribuição Previdenciária, ante absoluta ausência de habitualidade.

Ademais, é importante mencionar que o pagamento de bônus de contratação, além de eventual, não representa contraprestação pelo trabalho. O que se gratifica, em tal situações, não é o trabalho prestado – uma vez que, frise-se, estes pagamentos ocorrem antes do início do contrato de trabalho –, mas o fato de a empresa ter o profissional trabalhando em

seu quadro de empregados, e não vê-lo em empresa concorrente.Dessa forma, em razão do fato de que tais pagamentos não

representam contraprestação pelo trabalho, bem como diante da ausência da habitualidade nos pagamentos efetuados, entendemos que os valores pagos a título de bônus de contratação não devem compor a base de cálculo da Contribuição Previdenciária.

A matéria, entretanto, está longe de ser pacífica no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Os diversos precedentes sobre o tema divergem bastante sobre qual seria a natureza jurídica do hiring bonus, se mercantil ou remuneratória.

A título exemplificativo, no âmbito da Câmara Superior, temos tanto um acórdão desfavorável (9202-005.156) quanto um acórdão favorável (9202-007.637). Naquela ocasião, entendeu-se que a exigência contratual de tempo mínimo de permanência na empresa imprimiria natureza remuneratória ao pagamento. Neste, os conselheiros decidiram que não restaria comprovado o vínculo do pagamento da verba com o contrato de trabalho.

Em resumo, o tema ainda é bastante controverso no âmbito da jurisprudência e exige uma análise casuística dos elementos que ensejaram o pagamento do bônus de contratação.

Cristiane I. Matsumoto e Lucas Barbosa Oliveira, sócia e associado de Pinheiro Neto Advogados. ▪

DIREITO COMENTADO

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▫ Finalmente aprovada a Reforma da Previdência

▫ Unificação dos dados de cadastros no sistema da Receita Federal

▫ Novo Acordo Previdenciário entre Brasil e Quebec

▫ Justiça Federal analisa o conceito de prêmio após Reforma Trabalhista

▫ TST determina pagamento de PLR sem previsão em norma coletiva

▫ TST afasta contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado

▪ Natureza Jurídica do Bônus de Contratação (“Hiring Bonus”)