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[D. previdenciário] manual de direito previdenciário (4ª ed. 2011) hugo goes [xerox]

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4 a ed i^ao

Editora Ferreira

Rio de Janeiro

2011

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Copyright © Editora Ferreira Ltda., 2006-2011

1. ed. 2006; 2. ed. 2008; 3. ed. 2009; 1. reimpressao 2009, 4. ed 2011

CapaD en is V ic to r P. B arrozo

Diagramacao M o ises Inac io

Revisao A lin e Teixeira

CIP-BRASIL, c a t a l o c a < ; a o - n a - f o n t e SIN D IC A TO N A C IO N A L DOS EDITORES DE LIVROS, Ri .

G543m4.ed.

Goes, Hugo Medeiros de, 1968- Manual de direito previdenciario / Hugo Goes. - 4.ed. * Rio de Janeiro ; Ed. Ferreira, 2011.

(Concursos)776p

ISBN 978-85-7842-157-1

1. Previdencia social - Legislaijao - Brasil. 2. Seguridade social - Legisla?ao - Brasil. 3. Ser- vico publico - Brasil - Concursos. !. Tftuio. I!. Serie.

11-0225.CDU: 34:349.3(81)

12.01.11 14.01.11

Editora Ferreira c o n ta to @ e d ito ra fe rre ira .co m .b r

www.editoraferreira.com.br

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - E proibtda a reprodu^ao total ou parcial, de quaiquer forma ou por qualquer meio. A violagao dos direitos de autor

(Lei n° 9.610/98} e crime estabeiecido pelo artigo 184 do Codigo Penal.

Deposito iegaf na Bibiioteca Nacional conforme Decreto n° 1.825, de 20 de dezembro de 1907.

Impresso no B ras il/P rin ted in B raz il

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A m inha esposa, Rosana, com am or, s im p lesm en te por existir em m inha vida.

Aos meus filhos, Joaquim e Leon, m otivo de imenso amor, alegria e feli- cidade.

Aos meus pais, Joaquim Goes (in memoriam) e Maria Marta (in memo- riom), que, apesar de todas as dificulda- des enfrentadas, plantaram a semente.

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Apresentacao

A presente obra contempla o custeio da seguridade social e as presta^oes (beneffcios e servi^os) da previdencia social. O seu escopo principal e o estudo do regime geral de previdencia social, mas tambem inclui aspectos dos regimes proprios de previdencia social, previdencia complementar, assistencia social e saude.

Escrita em linguagem bastante simplificada, a obra tem finalidade essencialmente didatica. Destina-se, principalmente, a prepara^ao para concursos publicos, contemplando todo o assunto relativo ao Direito Previdenciario cobrado pelas bancas examinadoras. Ao fim de cada ca- pitulo, constam exercicios propostos pelo autor e questoes de provas de varios concursos, proporcionando ao leitor a aferi^ao do seu aprendiza- do e possibilitando uma compara<;ao entre o texto estudado e o raciod- nio das bancas examinadoras.

As linhas mestras da obra sao os textos constitucional e legais, a jurisprudencia do STF e do ST J e a tendencia das bancas examinadoras. Nos temas controversos, e sempre apontado o entendimento mais segu- ro a ser seguido em prova de concurso. Sem se perder em lucubra tes e extensas discussdes doutrinarias, este manual busca, a um so tempo, a completude e a concisao, fornecendo ao candidato a cargo publico informa^ao rapida, segura e direcionada.

Primamos por uma rigorosa atualiza^ao da materia, ponto par- ticularmente critico neste ramo do Direito, tendo em vista a profusao de normas previdenciarias, de todos os niveis e fontes, diuturnamente produzidas.

Esperamos que o presente trabalho possa, de alguma forma, con- tribuir com o sucesso de seus leitores.

Bons estudos.Hugo Medeiros de Goes

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Siglas e abreviaturas

ADC - A^ao Declaratoria de Constitucionalidade ADCT - Ato das Disposi^oes Constitutionals Transitorias ADIn - A9S0 Direta de Inconstitucionalidade AI - Auto de Infra^aoCAT - Comunica^ao de Acidente de TrabalhoCEI - Cadastro Espedfico do INSSCF - Constitui^ao FederalCND - Certidao Negativa de DebitoCNIS - Cadastro Nacional de Informa^oes SociaisCNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa JuridicaCNPS - Conselho Nacional da Previdencia SocialCOFINS - Contribui<;ao para o Financiamento da Seguridade SocialCP - Codigo PenalCPD-EN - Certidao Positiva de Debito com Efeitos de NegativaCPMF - Contribui^ao Provisoria sobre movimenta<;ao FinanceiraCRPS - Conselho de Recursos da Previdencia SocialCSLL - Contribui^ao Social sobre o Lucro LiquidoEAPC - Entidade Aberta de Previdencia ComplementarEC - Emenda ConstitucionalEFPC - Entidade Fechada de Previdencia ComplementarFAT - Fundo de Amparo ao TrabalhadorFGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Servi^oFNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento EducacionalGFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informacoes a PrevidenciaSocialGPS - Guia da Previdencia Social IN - Instru<;ao Normativa

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INSS - Instituto Nacional do Seguro SocialIPI - Imposto sobre Produtos IndustrializadosIRPJ - Imposto de Renda das Pessoas JuridicasLC - Lei ComplementarLDC - Lan^amento de Debito ConfessadoMPS - Ministerio da Previdencia SocialNFLD - Notifica^ao Fiscal de Lan^amento de DebitoOGMO - Orgao Gestor de Mao de obraPAT - Programa de Alimenta^ao do TrabalhadorPIS/PASEP - Contribui^ao para os Programas de Integra^ao Social e deForma^ao do Patrimonio do Servidor PublicoPPP - Perfil Profissiografico PrevidenciarioRAT - Riscos Ambientais do TrabalhoRE - Recurso ExtraordinarioREsp - Recurso EspecialRFB - Secretaria da Receita Federal do BrasilRGPS - Regime Geral de Previdencia SocialRPPS - Regime Proprio de Previdencia SocialRPS - Regulamento da Previdencia SocialSELIC - Sistema Especial de Liquida^ao e CustodiaSTF - Supremo Tribunal FederalSTJ - Superior Tribunal de Justi^aSUS - Sistema Unico de SaudeTST - Tribunal Superior do Trabalho

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Sumdrio

Capttulo 1 - Seguridade Social ..... ......................................................................... 11. Origem e evolu^ao Iegislativa da Previdencia Social no Brasil .................... 22. Conceitua^ao ...................................................................................................... 7

2.1. Saiide ............................................................................................................. 72.2. Assistencia S ocia l....................................................................................... 82.3. Previdencia S ocia l...................................................................................... 8

2.3.1. Regime Geral de Previdencia S ocial................................................ 92.3.2. Regimes Proprios de Previdencia Social dos

Servidores Publicos e M ilita res........................................................92.3.3. Previdencia C om plem entar............................................................ 13

3. Principios constitucionais da Seguridade S ocial......................................... 163.1. Universalidade da cobertura e do atendimento ................................... 173.2. Uniformidade e equivalencia dos beneficios e servi^os

entre as p o p u la te s urbanas e ru ra is ................................................... 173.3. Seletividade e distributividade na presta^ao dos

beneficios e servi^os ................................................................................. 183.4. Irredutibilidade do valor dos beneficios ............................................... 183.5. Equidade na forma de participa^ao no custeio .................................... 223.6. Diversidade da base de fm anciam ento..................................................23

3.7. Carater democratico e descentralizado daAdministra^ao ~ gestao quadripartite ................................................. 26

3.8. Preexistencia do custeio em rela^ao ao benefxcio ou servi<;o ............. 263.9. Anterioridade nonagesim al.....................................................................27

3.10. Solidariedade........................................................................................... 284. Dispositivos constitucionais referentes a Previdencia S ocia l.................... 29

4.1. Carater contributivo ................................................................................ 294.2. Filia^ao obrigatoria.................................................................................. 294.3. Equilibrio financeiro e a tu a ria l.............................................................. 30 .4.4. Garantia do beneficio m m im o ............................................................... 304.5. Atualiza^ao monetaria dos salarios de contribui^ao..........................304.6. Preservac;ao do valor real dos beneficios...............................................31

4.7. Contagem reciproca do tempo de contribui^ao................................... 314.8. Proibi^ao de criterios diferenciados

para concessao de aposentadoria........................................................... 324.9. Sistema especial de inclusao previdenciaria......................................... 334.10. Previdencia Complementar Facultativa.............................................. 33

5. Organiza^ao da Seguridade S ocia l....... ......................................................... 345.1. Conselho Nacional de Previdencia Social - C N P S .............................. 34

5.1.1. Composi^ao do C N P S ...................................................................... 345.1.2. Competencia do CNPS .................................................................... 35

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5.1.3. Competencia dos orgaos governamentais .......................... ........... 365.1.4. Publicidade das resolucjoes .............................................................. 365.1.5. Reunifies do CNPS ............................................................................ 365.1.6. Estabilidade no eraprego dos representantes

dos trabalhadores .............................................................................. 365.2. Conselhos de Previdencia Social - CPS ................................................ 37

5.2.1. Composi^ao ....................................................................................... 375.3. Conselho de Recursos da Previdencia Social - CRPS ........................ 37

5.3.1. Composi<;ao do CRPS ...................................................................... 385.3.2. Juntas de Recursos .................................................................. ......... 395.3.3. Camaras de Julgamento ................................................................... 395.3.4. Conselho Pleno ................................................................................. 395.3.5. Gratifica^ao dos membros do CRPS .............................................. 40

Exerdcios de Fixacao ................................................................................................40

Capttulo 2 - Legisla<fao previdenciaria ................................. -............................. 551. Lei e legisla<;ao ................................................................................................... 562. Fontes ................................................................................................................. 563. Autonomia ......................................................................................................... 604. Aplica<;ao ........................................................................................................... 605. Vigencia .............................................................................................................. 636. Hierarquia ......................................................................................................... 647. Interpreta<;ao ..................................................................................................... 668. Integra^ao .......................................................................................................... 66

8.1. Analogia ..................................................................................................... 678.2. Prindpios gerais da Seguridade Social ................................................. 678.3. Prindpios gerais do Direito .................................................................... 678.4. Equidade .................................................................................................... 68

Exercicios de Fixacao ................................................................................................ 68

Capttulo 3 - Regime Gera! de Previdencia S o c ia l............................................. 711. Introdu<;ao ..................................................................................... ................... 722. Beneficiarios do Regime Geral de Previdencia Social ................................ 72

2.1. Segurados obrigatorios ............................................................................ 732.1.1. Segurado empregado ........................................................................ 742.1.2. Segurado empregado domestico .................................................... 872.1.3. Segurado trabalhador avulso .......................................................... 882.1.4. Segurado especial.............................................................................. 90

2.1.4.1. Regime de economia familiar ................................................. 922.1.4.2. Local da residencia do segurado especial .............................. 932.1.4.3. Produtor rural ............................................................................ 932.1.4.4. Pescador artesanal .................................................................... 942.1.4.5. Conjuge, companheiro e filho maior de 16 anos de idade ... 962.1.4.6. Nao descaracteriza^ao da condi<;ao de segurado especial - 97

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2.1.4.7. Membro do grupo familiar que possui outra fonte de rendimento .................................................................................98

2.1.4.8. Data da exclusao do segurado especial .................................. 992.L4.9. Comprova^ao da atividade rural .......................................... 100

2.1.5. Segurado contribuinte individual ................................................ 1012.1.6. S itu a te s espedficas ....................................................................... 117

2.1.6.1. Dirigente sindical ................................................. ................... 1172.1.6.2. Aposentado que volta a tra b a lh a r ......................................... 1182.1.6.3. Trabalhador que exerce mais de uma atividade ................ . 1192.1.6.4. Enquadramento realizado pela fiscaliza9 ao ........................ 119

2.2. Segurado facultativo .............. ................................................................ 1192.3. D ependentes............................................................................................ 121

2.3.1. Cdnjuge .......... .................................................................................. 1222.3.2. Companheira e com panheiro ....................................................... 1232.3.3. Companheiros homossexuais ...................................................... 1242.3.4. F ilh o s ................................................................................................ 1252.3.5. Equiparados a filhos ....................................................................... 1272.3.6. Os pais .............................................................................................. 1292.3.7. Irmaos .................. -........................................................................... 129

3. Filia^ao do segurado ...................................................................................... 1294. Inscri^ao do segurado ................................................................................... 1305. Inscri^ao do dependente ................................................................................ 131

5.1. Comprova<jao do vinculo e da dependencia economica ................... 1316. Trabalhadores excluidos do RGPS .............................................................. . 133

Exercicios de Fixacao .............................................................................................. 134

Capttulo 4 - M anuten^ao e perda das qualidades de segurado e ded ep en d en te ..............................................................................................................- 149

1. Manuten^ao da qualidade de segurado ...................................................... .1502. Direitos preservados durante o perfodo de g ra ^ a .......................................1533. Perda da qualidade de segurado .................................................................. .153

3.1. Efeitos da perda da qualidade de segurado ........................................ .1544. Perda da qualidade de dependente .............................................................. .155

Exercicios de Fixacao ...............................................................................................158

Capttulo 5 - Prestacoes do Regime Geral de Previdencia S o c ia l................. 1631. Conceitos introdutorios ................................................................................. 166

1.1. C arencia ................................................................................................... 1661.1.1. Contagem do perlodo de carencia ................................................ 1661.1.2. Contagem da carencia para o segurado especial........................ 1691.1.3. Beneficios sujeitos a carencia ......................................................... 1701.1.4. Perda da qualidade de segurado ................................................... 1711.1.5. Regra de transi9 ao ........................................................................... 173

1.2. Salario-de-beneffcio (SB) .........................................................:............. 174

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1.2.1. Calculo do salario-de-beneficio.................................................... 1751.2.2. Fator previdenciario ..................... ............................................. . 178

1.3. Limites da renda mensal do beneficio ............................................. . 1801.4. Reajustamento do-valor do beneficio ................................................... 1821.5. Data de pagamento dos beneficios ....................................................... 1841.6. Acidente do trabalho .............................................................................. 185

1.6.1. Hipoteses equiparadas a acidente do trab a lh o ........................... 1861.6.2. Nexo tecnico epidemiologico ...................... ................................. 1871.6.3. Comunica9 ao do acidente do trabalho - C A T ........................... 1881.6.4. Dia do ac iden te ....................... ......................................................... 1881.6.5. Estabilidade no emprego ....................................................... -....— 188

2. Beneficios do R G PS........................................................................................ 1892.1. Aposentadoria por invalidez............. ................................................... 189

2.1.1. Verifica^ao da incapacidade......... ................................................. 1892.1.2. Doen^a preexistente....................................................................... 1902.1.3. Beneficiarios..................................................................................... 1902.1.4. C arencia ............................................................................................ 1912.1.5. Renda mensal in ic ia l....................................................................... 1912.1.6. Data de inicio da aposentadoria por invalidez........................... 1942.1.7. Cessa^ao do beneficio .............................................................. . 1942.1.8. Situa<;ao trabalhista do empregado .............................................. 195

2.2. Aposentadoria por id a d e ....................................................................... 1972.2.1. Perda da qualidade de segurado ................................................... 1992.2.2. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna - 1992.2.3. Aposentadoria com pulsoria..........................................................200

2.2.4. Beneficiarios .................................................................................... 2012.2.5. C arencia ....................................................................................... . 2012.2.6. Renda mensal in ic ia l ...................................................................... 2012.2.7. Data de inicio do beneficio....................... i........................... ........ 2022.2.8. Cessa^ao do beneficio ................................................................. . 202

2.3. Aposentadoria por tempo de contribui^ao ........................................ 2042.3.1. Aposentadoria do professor....................................... ...................2052.3.2. Beneficiarios .......... ....................................................... ..................206

2.3.3. C arencia ........................................................................................... 2062.3.4. Renda mensal inicial ......................................................................208

2.3.5. Aposentadoria proporcional......................................................... 2082.3.6. Direito adquirido ........................ ....................... ........................... 2092.3.7. Tempo de contribui^ao ................................................................... 2102.3.8. Prova do tempo de contribui^ao ................... - ............................. 2152.3.9. Contagem reciproca de tempo de contribui^ao ..........................219

2.3.10. Periodo de atividade do contribuinte individualalcan^ado pelo decadencia..........................................................220

2.3.11. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna .... 2212.3.12. Data de inicio do beneficio ..........................................................221

2.3.13. Cessa^ao do benefic io .................................................................. 222

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2.4. Aposentadoria especia l.......................................................................... 2232.4.1. Comprova^ao da exposi^ao........................................................... 2242.4.2. Agentes n o c ivos.............................................................................. 2252.4.3. Conversao de tempo entre atividades especiais ......................... 2282.4.4. Conversao de tempo especial para comum ................................ 2292.4.5. Impossibilidade de conversao de tempo comum para especial.... 2312.4.6. Beneficiarios .................................................................................... 2322.4.7. C arenc ia ............................................................................................ 2332.4.8. Renda mensal in ic ia l...................................................................... 2332.4.9. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna ... 2332.4.10. Data de inicio do beneficio ......................................................... 2342.4.11. Cessa^ao do beneficio ............................................................. 2342.4.12. Previsao constitucional................................................................235

2.5. A uxflio-doen^a....................................................................................... 2362.5.1. Requerimento ..................................................................................2362.5.2. Verifica^ao da incapacidade .......................- ................................ 2372.5.3. Doen^a preeifdstente........................................................... ........... 2372.5.4. Segurado que exerce mais de uma a tiv idade ..............................2372.5.5. Beneficiarios .................................................. *................................ 2382.5.6. C arenc ia ........................................................................................... 2382.5.7. Renda mensal in ic ia l ...................................................................... 2392.5.8. Data de inicio do beneficio ........................................................... 2392.5.9. Cessa^ao do benefic io .................................................................... 2412.5.10. Prazo para recupera^ao da capacidade ..................................... 2422.5.11. Contagem do periodo de auxilio-doen^a como tempo de

contribui^ao................................................................................... 2422.5.12. Situa^ao trabalhista do em pregado........................................... 243

2.6. A uxilio-acidente..................................................................................... 2442.6. L S itu a te s que dao direito ao auxilio-acidente............................ 2442.6.2. Situa<pdes que nao dao direito ao auxilio-acidente ....................2472.6.3. Perda da audi^ao ............................................................................. 2472.6.4. Beneficiarios .................................................................................... 2482.6.5. Acumula^ao .....................................-.............................................. 2492.6.6. C aren c ia ........................................................................................... 2492.6.7. Renda mensal in ic ia l...................................................................... 2492.6.8. Data de inicio do beneficio ........................................................... 2502:6.9. Cessa^ao do beneficio .................................................................... 251

2.7. Salario-fam ilia....... ........................................................... ...................... 2512.7.1. Beneficiarios ..................... ............................................................... 2522.7.2. C arencia ...........................................................................................2532.7.3. Renda mensal do beneficio ............................................................2542.7.4. Pagamento do salario-fam ilia....................................................... 2552.7.5. Data de inicio do beneficio ............................................................2572.7.6. Suspensao do beneficio .................................................................. 2572.7.7. Cessa^ao do beneficio ..................................................................... 257

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2.8. Salario-maternidade .............................................................................. 2592.8.1. Parto ................................................................................................ 2592.8.2. Aborto nao criminoso ................................................................ 2602.8.3. Ado<;ao de crian^a ......................................................................... 2602.8.4. Beneficiarias .................................................................................... 2612.8.5. Situaipao da desem pregada............................................................ 2612.8.6. Carencia .......................................................................................... 2622.8.7. Renda mensal do beneficio ........................................................... 263

2.8.8. Pagamento do salario-m aternidade............................................ 2652.8.9. Incidencia de contribui^ao previdenciaria ................................. 2652.8.10. Requerimento do beneficio .................................................:...... 2662.8.11. Acumulacao ..................................................................................266

2.8.12. Periodo de dura<;ao ...................................................................... 2672.8.13. Programa Empresa Cidada .........................................................268

2.8.14. Cessat^ao do beneficio .................................................................. 2692.9. Pensao por morte ................................................................................... 270

2.9.1. Morte presumida ............................................................................ 2712.9.2. Beneficiarios .................................................................................. 2722.9.3. Obito ocorrido apos a perda da qualidade de segu rado ........... 2752.9.4. Carencia .......................................................................................... 2772.9.5. Renda mensal inicial ..................................................................... 2772.9.6. Cessacao do pagamento da cota individual ............................... 2792.9.7. Cessacao do beneficio ....................................................................280

2.10. Auxilio-reclusao ................................................................................... 2812.10.1. Beneficiarios ..................................................................................284

2.10.2. Carencia ........................................................................................ 2842.10.3. Requerimento do beneficio ........................................................ 2842.10.4. Conversao em pensao por morte ............................................... 2852.10.5. Renda mensal inicial ................................................................... 2852.10.6. Data de inicio do beneficio ......................................................... 2862.10.7. Periodo de dura^ao ....................................................................... 286

... 2.10.8. Suspensao do beneficio ............................................................... 2872.10.9. Cessacao do pagamento da cota individual.............................. 2872.10.10. Cessacao do beneficio ................................................................287

2.11. Abono anual ......................................................................................... 2882.11.1. Forma de calculo .................................................. ........................ 2892.11.2. Quando e pago ............................................................................. 290

3. Servicos do RGPS .............................................................................. ............ 2903.1. Habilitacao e reabilita^ao profissional....................................... ;........ 290

3.1.1. Beneficiarios .................................................................................... 2903.1.2. Carencia ........................................................................................... 2913.1.3. Processo de habilitacao e reabilita^ao profissional .................... 291

3.1.3.1. Fornecimento de equipam entos............................................. 2913.1.3.2. Programacao profissional ...................................................... 2923.1.3.3. Conclusao do processo ........................................................... 292

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3.1.4. Obriga^ao das em presas................................ ............................... 2923.2. Servi^o so c ia l......................................................................................... 293

3.2.1. Beneficiarios ................................................................................... 2933.2.2. Carencia .......................................................................................... 2943.2.3. Regras gerais ......................................................... ......................... 294

4. Acumulacao de beneficios........................................................................... 2945. Valores que podem ser descontados dos beneficios..................................296

Exercicios de Fixa^ao .............................................................................................298

Capttulo 6 ~ Empresa e empregador domestico: conceito previdenciario . 3211. Em presa.......................................................................................................... 322

1.1. Equiparados a em presa......................................................................... 3222. Empregador domestico ,........,....................................................................... 324

Exercicios de Fixa^ao ............................ ,............................................................... 324

Capttulo 7 - Financiamento da Seguridade S o c ia l........................................ 3271. Contribui<;ao da Uniao .................................................................................3302. Receitas das c o n tr ib u te s socia is .............................................................. 330

2.1. Naturezajuridica das c o n tr ib u te s sociais ....................................... 3312.2. Competencia para institui^ao das c o n tr ib u te s sociais .............. . 3342.3. Contribui<;6es sociais previdenciarias ................................................ 335

2.3.1. Contribuicao previdenciaria do segurado .................................. 3352.3.1.1. Contribui^ao do empregado, empregado domestico

e trabalhador av u lso ................................................................3352.3.1.2. Contribui^ao do trabalhador rural contratado por

produtor rural pessoa fisica por pequeno prazo ..................3392.3.1.3. Contribui^ao do contribuinte individual ............................ 3402.3.1.4. Contribui£ao do segurado especial....................................... 3512.3.1.5. Contribui^ao do segurado facultativo .................................. 355

2.3.2. Contribui^ao previdenciaria da em presa.................................. 3582.3.2.1. Contribuicao da empresa sobre a remunera^ao

de empregados e trabalhadores avulsos................................3592.3.2.2. Contribui^ao da empresa sobre a remunera^ao

de contribuintes individuals.................................................. 3612.3.2.3. Contribui^ao da empresa sobre servi^os prestados

por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho ~ 3632.3.2.4. Contribui^ao da empresa para o RAT (antigo SAT) .......... 365

2.3.2.5. Contribui^ao adicional ao RAT para ocusteio da aposentadoria especial......................................... 369

2.3.2.6. I n s t i tu te s fmanceiras .......................................................... 3712.3.2.7. Empresas que prestam servi^os de TI e T IC ........................372

2.3.2.8. Contribui<;ao da associa^ao desportiva quemantem equipe de futebol profissional................................. 375

2.3.2.9. Contribui^ao da agroindustria .............................................. 376

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2.3.2.10. C o n tr ib u to do produtor rural pessoa ju rid ic a ............... 3762.3.2.11. C o n trib u te ) do empregador rural pessoa fis ica ........... . 3772.3.2.12. Contribui<;ao da empresa optante pelo simples nacional . 3782.3.2.13. C o n trib u to patronal do Microempreendedor Individual ... 3792.3.2.14. Entidade beneficente de assistencia social

que atenda as exigencias estabelecidas em l e i .................... 3802.3.2.15. C o n tr ib u to da empresa para outras

entidades e fundos (terceiros) .............................................. 3832.3.3. C o n tr ib u to previdenciaria do empregador domestico .......... 384

2.3.3.1. Dedu^ao da c o n tr ib u to previdenciaria doempregador domestico no imposto de re n d a ............... :...... 386

23.4. Contribui^ao previdenciaria decorrente de a^ao trabalhista .... 3862.4. C o n tr ib u te s sociais nao previdenciarias .........................................389

2.4.1. COFINS ........................................................................................... 3892.4.2. CSLL................................................................................................ 390

2.4.3. PIS/PASEP ...................................................................................... 3902.4.4. PIS/PASEP-Importa^ao e COFINS-Importa^ao........................ 3912.4.5. C o n tr ib u to sobre a receita de concursos de prognosticos.... 392

3. Receitas de outras fo n tes ............................................................................... 3924. S alario-de-contribu to ................................................................................394

4.1. Conceito de sa la rio -d e -co n tr ib u to ................................................... 3954.2. Parcelas integrantes e nao integrantes do salario-de-contributo .... 396

4.2.1. Parcelas integrantes do sa la rio -d e -co n tr ib u to ....................... 3974.2.2. Parcelas nao integrantes do sa la rio ~ d e -co n trib u t° ................413

4.3. Proporcionalidade..................................................................-........... .. 4335. Obriga^oes da empresa e demais contribuintes........................................ 433

5.1. Obriga<;6es da em presa .......................................................................... 4335.2. Obriga^ao dos demais contribu in tes.................. ................................435

6. Prazo de recolhimento ..... ?................................................... *.......................4367. Recolhimento fora do prazo: juros e m u lta ................................................ 437

7.1. Juros de m o ra ............................... ......................... .................................4387.2. Multa de m o ra ................................... ........ .............................................4387.3. Multas de lan^amento de o flc io ........................................................... 440

7.3.1. Agravamento da multa de oficio .................................................. 4407.3.2. Redu^ao da multa de oficio ...........................................................441

Exercicios de Fixa^ao .............. .............................................................................. 442

Capttulo 8 - Retea^ao e responsabilidade so lid a r ia .......................................4611. Reten^ao de 11%............................................... ............................................. 462

1.1. Procedimento da reten^ao .................................................................... 4631.2. Hipoteses de incidencia da reten^ao ...................................................464

1.3. Empresa optante pelo Simples N acional...................... ...................... 4651.4. Cooperativa de trab a lh o ....................................................................... 4661.5. Jurisprudencia a respeito da reten^ao de 11% .................................... 466

HI

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2. Responsabilidade so lid aria .......................................................................... 4682.1. Responsabilidade solidaria na constru^ao c iv il................................ 469

2,1.1. A responsabilidade solidaria na constru^ao civil sera elidida ... 4712.2. Empresas que integram grupo economico ........................................ 4712.3. Produtores rurais integrantes de consorcio sim plificado................ 4722.4. Operador portuario e OGMO ............................................................. 4732.5. Administradores publicos ......................... ...........................................4732.6. Ato praticado sem apresenta^ao da C N D .......................................... 4732.7. S itu a te s nas quais nao ha responsabilidade so lidaria .....................474

3. Responsabilidade dos administradores de pessoas juridicas dedireito privado ............... ................................................................................474

Exercicios de Fixa^ao ...................................... ...................................................... 476

Capttulo 9 - Obiiga^oes acesso rias................................................................... 4811. G F IP ................................................................................................................ 4842. Folha de pagamento .....................-...............................................................4853. Contabilidade................................................................................................ 4864. Matricula da em presa................................................................................... 4875. Matricula de obra de constru^ao c iv il ........................................................4886. Matricula do produtor rural pessoa fisica e do segurado especial......... 4897. Obriga^oes acessorias espedficas ................................................................489

7.1. Dos municipios .......................................................................................4897.2. Das in s t i tu te s financeiras ................................................................. 4897.3. Dos cartorios de registro civil e de pessoas n a tu ra is ........................ 490

8. Prazo de arquivamento de docum entos.................................................... 490Exercicios de Fixa^ao .............................................................................................490

Capttulo 10 - Competencia para arrecadar, fiscalizar e c o b ra r .................. 4951. Competencia da Secretaria da Receita Federal do B rasil.........................4962. Competencia do INSS ...................................................................................4963. Exame da contabilidade............................................................................... 496

Exercicios de Fixa^ao ................................ ............... -........................................... 498

Capttulo 11 - Constituicao do credito previdenciario .................................. 5011. lan^am ento por hom ologa^ao.................................................................... 5022. Confissao de divida tr ib u ta r ia .....................................................................5042.1. GFIP ...................... ...................................................................................... 5042.2. Lanq:amento de debito confessado ...........................................................5053. Lan^amento de oficio ................................................................................... 5063.1. Auto de infra^ao ......................................................................................... 5063.2. Notifica^ao de lan^am ento ....................................................................... 507

Exercicios de F ixa^ao.............................................................................................508

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Capttulo 12 - Parcelamento ................................................................................ 5111. Condi<;6es para formalizacao do parcelamento ........................................ 5122. Presta^oes mensais acrescidas de ju ro s ...................................................... 5123. C o n tr ib u te s que nao podem ser objeto de parcelamento ..................... 5124. Reparcelamento ............................................................................................. 5135. Rescisao do parcelamento ............................................................................ 5136. Parcelamentos concedidos a Estados, Distrito Federal ou Munidpios ... 514

Exercicios de Fixacao ............................................................................................. 514

Capttulo 13 - Compensacao, restituicao e reem bolso .......................... ........ 5171. Compensacao ................................................................................................. 518

1.1. Compensacao de valores referentes a reten^ao de c o n tr ib u te s previdenciarias na cessao de mao de obra e na em preitada............. 518

1.2. Impossibilidade de compensacao de creditos relativos as c o n t r i b u t e previdenciarias com debitos de outros tributos federais .................. 519

1.3. Compensacao de oficio ......................................................................... 5192. Restituicao ...................................................................................................... 520

2.1. Restituicao de valores referentes a retenc&o de c o n tr ib u te s previdenciarias na cessao de mao de obra e na em preitada............. 521

2.2. Restituicao de contributed65 para terceiros(Sesc, Sesi, Senai, Senac, Sebrae, etc.) ................................................. 522

3. Acrescimo de juros ........................................................................................ 5224. Reembolso ...................................................................................................... 5235. Discussao administrativa ................................................................ ............. 523

Exercicios de Fixacao ............................................................................................. 524

Capttulo 14 - Decadencia e prescric&o .............................................................. 5271. Distincao entre decadencia e prescricao .................................... ............... 5282. Decadencia e prescricao no custeio previdenciario .................................. 528

2.1. Decadencia em relacao as contribuicoes previdenciarias .................5292.2. Perfodo de atividade do contribuinte individual alcancado pela

decadencia............................................................................................... 5352.3. Prescricao em relacao as contribuicoes previdenciarias .................. 5362.4. Prescricao na restituicao e compensacao de contribuicoes ............. 539

3. Decadencia e prescricao em materia de beneficios ................................... 5413.1. Decadencia .............................................................................................. 5413.2. Prescricao ............................................................................................... 5433.3. Acidente do trabalho ........................................... ................................. 5443.4. Anulacao de ato administrativo relativo a concessao de beneficio - 544

Exercicios de Fixacao .............................................................................................545

Capttulo 15 - Isencao de contribuicoes ..................................... ....................... 5491. Isencao ou imunidade? ................................................................................. 5502. Exigencias estabelecidas em lei .................................................................... 551

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3. Certifica^ao das entidades beneficentes de assistencia social ..................5543.1. Certifica^ao de entidade de sa u d e .............. ......................................... 555

3.2. Certificate) de entidade de educa^ao ................................................. 5563.3. Certifica9 ao de entidade de assistencia social ............ ....................... 5573.4. Competencia para concessao da certifica^ao ..................................... 5573.5. Cancelamento da certifica^ao .............................................................. 558

4. Requisitos para a concessao da isen^ao ...................................................... 5595. C o n tr ib u te s isentas .................................................................................... 5606. Suspensao do direito a isen^ao ...... .............................................................. 561

Exercicios de Fixacao .............................................................................................561

Capttulo 16 - Prova de mexist£ncia de debito .................................................565

1. Competencia para a emissao ....................................................................... 5662. Exigencia da CND ou da C PD -E N ............................................................. 566

2.1. Da em presa............................................................................................. 5662.2. Do proprietario de obra de constru^ao c iv il..................................... 568

2.3. Do incorporador.................................................................................... 5692.4. Do produtor rural pessoa fisica e do segurado especial...................570

2.5. Na contrata^ao de operacoes de credito com in s t i tu te sfinanceiras ............................................................................................ 570

3. Prazo de validade .......................................................................................... 5714. Verificacao da autenticidade ........................................................................ 5715. Indica^ao da finalidade.................................................................................5726. Possibilidades de emissao da CND e da C PD -E N .................................... 572

6.1. A CND somente sera expedida nas seguintes s i t u a t e s ................... 5726.2. A CPD-EN sera expedida quando houver

debito em nome do sujeito passivo ...................................................... 5726.3. Falta de apresenta^ao de G F IP .............................................................573

6.4. Divergencia entre os valores declarados na GFIP e os efetivamente recolhidos........................................................................575

7. Estados, Distrito Federal e Municipios ....................................................... 5758. Ato praticado sem apresenta^ao da C N D .................................................. 576

Exercicios de Fixacao .............................................................................................576

Capttulo 17 - Crimes contra a Previdencia S o c ia l..........................................5791. Apropria^ao ind^bita previdenciaria ................. ........................................ 580

1.1. Conduta tipica ........................................................................................ 5811.2. Desnecessidade do ammo de apropria^ao para a

configura^ao do delito ......................... ................................................. 5831.3. Bern juridico tutelado ............................ ............................................... 5851.4. Sujeitos ativo e passivo................................. ......................................... 5851.5. P e n a ......................................................................................................... 5861.6. Extin^ao da punibilidade ..................................................................... 587

1.7. A$ao p e n a l............................................................................................... 589

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2. Sonega^ao de contribui^ao previdenciaria.................................................5912.1. Conduta t ip ic a ........................................................................................ 591

2.2. P e n a ...................................................................................................-..... 5922.3. Extin^ao da punibilidade..................................................................... 5922.4. A^ao p e n a l............... ................................ ............................................... 5932.5. Bern juridico tutelado e sujeitos ativo e passivo ................................ 593

3. Falsifica^ao de documento publico ..............................................................5944. Outros crimes .................................... ............................................................ 5955. Regras gerais ................................................................................................... 5956. Restri^oes............................................................................................... ........ 5957. Apreensao de docum entos............. -.............................................................596

Exercicios de Fixacao .............................................................................................597

Capttulo 18 - Infra^oes a legisla^ao p rev idenc ia ria .................................... 6031. Valores das multas .........................................................................................604

1.1. Infra^oes relacionadas a GFIP .......................................................... . 6071.2. Falta de inscri^ao de segurado ............................................................. 6081.3. Falta de comunica^ao de acidente do trabalho .................................. 6081.4. Infra^oes relacionadas a GPS ............. ..................................................610

1.5. I n s t i tu te s financeiras ......................................................................... 6111.6. Orgao gestor de mao de o b ra ....................... ........................................ 6121.7. Demais infra^oes....................................................................... ............ 612

2. Circunstancias agravantes dapenalidade .................................................. 6123. Grada^ao das multas ..................................... ................................................ 6134. Auto de infra<;ao - A I ................................... ................................................ 613

Exercicios de Fixacao ............................................................................................. 614

Capttulo 19 ~ Recursos das decisoes ad m in is tra tiv as .................................... 6171. Processo relativo ao custeio previdenciario ................................. .............. 618

1.1. Competencia para julgar o processo .................................. ................. 6181.2. Im pugna^ao............................................................................................ 6181.3. Recurso dirigido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ... 620

1.3.1. Recurso vo lun tario ......................................................................... 6201.3.2. Recurso de o fic io ....................................................... .....................621

1.4. Recurso dirigido a C&mara Superior de Recursos F iscais ................6211.5. Esquema grafico do processo administrativo fiscal'..........................622

2. Processo relativo aos beneficios previdenciarios ...................................... 6222.1. Instancias recursais ................ .............................................................. 6232.2. Efeito dos recu rsos.................................................................................623

3. Renuncia a instancia adm inistrativa.......................................................... 623Exercicios de Fixacao .............................................................................................624

Capttulo 20 - Divida Ativa: inscricao e execu^ao ju d ic ia l ............................ 6271. Inscricao .......................................................................................................... 628

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I

2. Prerrogativas do credito previdenciario.......... ........................................... 6283. Requisitos da Lei de Execu9 ao F iscal.......................................................... 6294. Protesto de t i tu lo .................................................... ....................................... 6295. Indica^ao de bens a p en h o ra ........................................................................ 6296. Leilao judicial de bens penhorados............................................................. 6307. Parcelamento do valor da arrem ata^ao....................................................... 6308. Adjudica^ao do bem penh o rad o ..................................................................6319. Concordancia com valores divergentes.......................................................632

Exercicios de F ixacao... ...................... ...... -...........................................................632

Capttulo 21 - E stru tura do IN S 'S ...... ..................................................................635

1. Estrutura organizational.............................................................................. 6362. Dire^ao e nom ea^ao-------— ................................................................... ....637

Exercicios de F ixacao............................................................................................. 638

Capttulo 22 ~ Regime Proprio de Previdencia S o c ia l..................................... 6391. Beneficiarios do R P P S ................................................................................... 6402. Custeio do R P P S ............................................................................................ 642

2.1. Contribui^ao dos servidores a tiv o s..................................................... 6422.2. Contribui^ao de aposentados e pensionistas..................................... 6432.3. Contribui^ao do ente federativo.......................................................... 644

3. Aposentadorias do RPPS .............................................................................. 6453.1. Calculo dos proventos de aposentadoria............................................ 6463.2. Aposentadoria com pulsoria................................................................. 6463.3. Aposentadoria por invalidez................................................................ 6473.4. Aposentadoria voluntaria por idade e tempo de contribui^ao........ 6483.5. Aposentadoria voluntaria por id a d e ................................................... 6493.6. Aposentadoria do professor................................................................. 6493.7. Aposentadoria especial.......................................................................... 650

4. Regras de transi9ao para concessao de aposentadoria............................. 6524.1. Servidores ingressos ate 16/12/1998 .................................................... 6524.1.1. Regra do art. 3° da EC n° 47/2005 ..................................................... 6524.1.2. Regra do art. 2° da EC n° 41/2003 .................................................... 6534.2..Servidores ingressos ate 31/12/2003 (EC n° 41/2003, art. 6°) ........... 6554.3. Direito de op9 ao pela regra mais vantajosa........................................6564.4. Quadro resumo das aposentadorias voluntarias............................... 656

5. Pensao por morte do R P P S ........................................................................... 6586. Outros beneficios.................................... .......................................................6597. Reajustamento dos beneficios.......... ....... -....... ............................................ 6608. Limite maximo dos beneficios do RPPS .................................................... 6619. Possibilidade de aplica9 ao de teto equivalente ao do R G PS.....................66210. Abono de perm anencia.... .......................................................................... 66211. Um unico RPPS por Ente Federativo ........................................................ 663

Exercicios de Fixa9 &o .............................................................................................664

xxnF)

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Capttulo 23 - Previdencia C om plem entar....................................................... 6691. Previdencia complementar p riv ad a ..................................................... ....... 670

1.1. Entidades fechadas de previdencia complementar - EFPC ...... ....... 6721.1.1. Entidades fechadas criadas por patrocinador .............................673

1.1.2. Entidades fechadas criadas por instituidor ................................ 6731.1.3. Orgaos regulador e fiscalizador.................................................... 6741.1.4. Estrutura minima para o funcionamento ................................... 6741.1.5. Custeio das entidades fechadas .................................................... 675

1.1.5.1. Regimes financeiros ................................................................ 6751.1.5.2. Contribuicoes normals e extraordinarias............................ 6761.1.5.3. Resultado superavitario .......................................................... 6761.1.5.4. Resultado deficitario ............................................................... 6771.1.5.5. D em onstrates contabeis e avalia<;6es atuariais ................. 677

1.2. Entidades abertas de previdencia complementar - EAPC ............... 6781.3. Beneficiarios dos pianos de previdencia com plem entar................... 6791.4. Pianos de beneficios .............................................................................. 680

1.4.1. Pianos de beneficios de entidades fechadas ................................ 6811.4.1.1. Beneficio proporcional diferido - Vesting............................ 6811.4.1.2. Portabilidade ............................................................................ 6821.4.1.3. Resgate ...................................................................................... 6831.4.1.4. Autopatrocinio ........................................................................ 684

1.4.2. Pianos de beneficios de entidades abertas ............................ -.... 6841.4.2.1. Pianos individuals ................................................................... 6851.4.2.2. Pianos coletivos ....................................................................... 6851.4.2.3. Resgate e portabilidade nas entidades abertas .................... 686

2. Previdencia complementar publica ............................................................ 6862.1. Fixacao do teto do RGPS para aposentadorias e pensoes do R PPS... 6882.2. Instituicao do regime ............................................................................ 6882.3. Forma de constituicao da entidade ..................................................... 6892.4. Modalidade dos pianos de beneficios ................................................. 6892.5. Base de calculo da contribui^ao do participante .............................. 690

■"1.6. Contribui<;ao do patrocinador ............................................................. 690Exercicios de Fixacao ............................................................................................. 690

Capitulo 24 - Assistencia S o c ia l..........................................................................6951. Conceito .......................................................................................................... .6962. Objetivos ..........................................................................................................6963. Prindpios .........................................................................................................6964. Diretrizes .........................................................................................................6975. Organizacao e gestao .................................................................................... .697

5.1. Competencia da Uniao ...........................................................................6985.2. Competencia dos Estados ......................................................................6995.3. Competencia do Distrito Federal e dos Munidpios ......................... .6995.4. Instancias deliberativas ........................................................................ .700

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5.4.1, Conselho Nacional de Assistencia Social (CNAS) .....................7005.4.2. Competencia do C N A S.................................................................700

6. Beneficios e servitpos......................................................................................7026.1. Beneficio de presta^ao con tinuada...................................................... 7026.2. Beneficios eventuais .............................................................................. 7066.3. Programas de assistencia so c ia l........................................................... 7076.4. Projetos de enfrentamento da pobreza ............................................... 7076.5. Servi^os ............................................................................ ...................... 707

Exercicios de Fixacao .............................................................................................708

Capttulo 25 - S a u d e ...............................................................................................711

1. Introducao ...................................................................................................... 7122. Prindpios e diretrizes ................................................................................... 7123. Sistema Onico de Saude (SUS) ..................................................................... 714

3.1. Objetivos e atribui^oes do SUS ............................................................. 7143.2. Organiza^ao, dire^ao e gestao ..............................................................716

4. Servicos privados de sa u d e ........................................................................... 7174.1. Participa^ao complementar da iniciativa privada no S U S............... 717

Exercicios de Fixacao ................ ............................................................................. 718

Capttulo 26 - Competencia para julgamento das a 0 e s prev idenciarias...7211. Beneficios previdenciarios comuns ............................................................. 722

1.1. Reconhetimento de uniao estavel........................................................ 7231.2. Juizados Especiais Federais .................................................................. 7231.3. Desnecessidade de previo requerimento administrativo

como condi^ao da a^ao previdenciaria ............................................... 7242. Beneficios acidentarios ................................................................................. 7263. Beneficio de presta^ao continuada da assistencia so c ia l..........................7284. A^ao de execu^ao fisca l................................................................................ 7295. Execu^ao de contribuicoes previdenciarias na Justi^a do T rabalho...... 7306. Mandado de Seguranc^a................................................................................ 732

Exercicios de Fixacao ................................................ ............................................ 733

Capttulo 27 - Sumulas previdenciarias ............................................................ 735

1. Sumulas do Supremo Tribunal F edera l...................................................... 7362. Sumulas do Superior Tribunal de Justi^a ................................................... 7373. Sumulas da Turma Nacional de Uniformiza^ao de

Jurisprudencia dos Juizados Especiais F ederais........................................739Exercicios de Fixa<;ao .................................. .......................... ................................ 741

Gabarito dos exercicios........................................................................................ 744

Referencias bibliograficas ................................................................................... 745

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]. Origem e evolucao legislativa da previdencia social no Brasil

A doutrina majoritaria considera como raarco inicial da previ­dencia social brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislative n° 4.682, de 24-1-1923). Esta Lei instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensoes (CAP s) para os ferroviarios. Assegurava, para esses trabalhadores, os beneficios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinaria (equivalente a atual aposentadoria por tempo de contribui^ao), pensao por morte e assistencia medica. Os beneficiarios eram os empregados e diaristas que executavam servicos de carater permanente nas empresas de estrada de ferro existentes no Pais.1 Os regimes das CAP’s eram or- ganizados por empresa, mediante contribui9oes dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado. Atualmente, comemora-se o aniversario da previdencia social brasileira no dia 24 de Janeiro, em alusao a Lei Eloy Chaves.

O modelo contemplado pela Lei Eloy Chaves assemelhava-se ao modelo alemao de 1883 (modelo de Bismarck, governante alemao daque- la epoca), que apresentava as seguintes caracteristicas: (a) a prote^ao nao era universal, geralmente limitada aos trabalhadores; (b) financiamento por meio de co n trib u tes dos trabalhadores, das empresas e do Estado; (c) regulamenta^ao e supervisao a cargo do Estado; e (d) a$ao limitada a determinadas necessidades sociais (rol de presta<;6es definidas em lei).

Antes da Lei Eloy Chaves, ja havia o Decreto-legislativo n° 3.724/19, sobre o seguro obrigatorio de acidente do trabalho. Ja havia tambem al~ gumas leis concedendo aposentadorias para algumas categorias de traba­lhadores (professores, empregados dos Correios, servidores publicos etc.). Embora a doutrina considere a Lei Eloy Chaves como marco inicial da previdencia brasileira, nao e correto aiirmar que ela seja o primeiro di­ploma legal sobre previdencia social. A Lei Eloy Chaves ficou conhetida como marco inicial da previdencia social brasileira devido ao desenvolvi- mento e a estrutura que a previdencia passou a ter depois do seu advento.

Em 1926, o Decreto Legislativo n° 5.109 estendeu os beneficios da Lei Eloy Chaves aos empregados portuarios e marltimos.

Em 1928, por for^a do Decreto n° 5.485, os trabalhadores das em­presas de servicos telegraficos e radiotelegraficos foram abrangidos pelo regime da Lei Eloy Chaves.

1 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 17’ ed.Sao Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.

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Em 1930, por meio do Decreto n° 19.497, foram instituidas as CAPs para os empregados nos servicos de for^a, luz e bondes.

Ate 1930, como visto, a tendencia era os regimes previdenciarios se organizarem por empresa. A partir daquele ano, no entanto, o siste­ma passou a se organizar em torno de categorias professionals. Seguin- do essa orienta^ao, em 1933, o Decreto n° 22.872 criou o Instituto de Aposentadoria e Pensoes dos Maritimos (IAPM); em 1934, o Decreto n° 24.273 criou o Instituto de Aposentadorias e Pensoes dos Comerci- arios (IAPC); o Decreto n° 24.615/34 criou o Instituto de Aposentado­rias e Pensoes dos Bancarios (IAPB); a Lei n° 367/36, criou o Institu­to de Aposentadoria e Pensoes dos Industriarios (IAPI); o Decreto n° 775/38, criou o Instituto de Aposentadoria e Pensoes dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPTC).

A Constitui^ao de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto cons- titucional, a forma tripartite de custeio: contribui^ao dos trabalhadores, dos empregadores e do Poder Publico (art. 121, § 1°, h). A Constitui^ao de 1937 nao trouxe evolu^oes nesse sentido, apenas tendo por particula- ridade a utiliza^ao da expressao “seguro social” A Constitui^ao de 1946 foi a primeira a utilizar a expressao “previdencia social” em seu texto.2 Inicia-se, portanto, uma sistematiza^ao constitucional da materia pre­videnciaria.

Em 1953, por for<;a do Decreto n° 34.586 foram unificadas todas as CAP's de empresa ferroviarias e servicos publicos, surgidas a partir da Lei Eloy Chaves, dando origem ao Instituto dos Trabalhadores de Ferrovias e Servicos Publicos (IAPFESP).

Em 1954, o Decreto n° 35.448 aprovou o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensoes, uniformizando todos os prin­dpios gerais aplicaveis a todos os institutos de aposentadoria e pensoes.

Em 1960, a Lei n° 3.807, Lei Organica da Previdencia Social (LOPS), padronizou o sistema assistencial e criou novos beneficios como o auxilio-natalidade, auxilio funeral e auxilio reclusao. Este diploma nao unificou os organismos existentes, mas criou normas uniformes para o amparo a segurados e dependentes dos varios Institutos existentes.3

Em 1963, tem inicio a prote<;ao social na area rural: a Lei n° 4.214 criou o Fundo de Assistencia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). Na- quele mesmo ano, a Lei n° 4.266 instituiu o salario-familia.

2 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, Joao Batista. Op. t it , pp. 51-S2.3 idem

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Em 1965, a Emenda Constitucional n° 11 acrescentou a Consti- tui^ao de 1946 o principio da preexistencia do custeio em relacao ao beneficio ou servi^o, segundo o qual “nenhuma presta^ao de servi^o de carater assistencial ou de beneficio compreendido na previdencia social podera ser criada, majoradaou estendida sem a correspondente fonte de custeio total” Esse importante principio da seguridade social foi repeti- do pelas C o n s titu te s posteriores.

Em 1° de janeiro de 1967 foram unificados os Institutos de Apo­sentadorias e Pensoes, com o surgimento do Instituto Nacional de Pre­videncia Social (INPS), criado pelo Decreto-lei n° 72/66. Este decreto-lei e de 21/ 11/66, mas so entrou em vigor no primeiro dia do segundo mes seguinte ao de sua publica^ao, ou seja, 01/01/1967 (Decreto-lei n° 72/66, art. 46).

A Constitui^ao de 1967 estabeleceu a cria^ao do seguro-desem- prego. A Emenda Constitucional n° 1/69 nao inovou em materia previ­denciaria.

Em 1971, a Lei Complementar n° 11 instituiu o Programa de Assistencia ao Trabalhador Rural (PRORURAL). Por meio desse pro­grama, o trabalhador rural tinha direito a aposentadoria por velhice, invalidez, pensao e auxilio-funeral, todos no valor de meio salario mi- nimo. Nao havia contribui^ao por parte do trabalhador. O FUNRURAL passou a ser uma autarquia, tendo a responsabilidade de administrar o PRORURAL.

Ainda em 1971, foi criado o Ministerio do Trabalho e Previdencia Social (MTPS); pela primeira vez, a previdencia social brasileira adqui- ria status de Ministerio.

Em 1972, a Lei n° 5.859 incluiu os empregados domesticos como segurados obrigatorios da Previdencia Social.

Em 1974, a Lei n° 6.136 incluiu o salario-maternidade entre os be­neficios previdenciarios e a Lei n° 6.179 criou o amparo previdenciario para as pessoas com idade superior a 70 anos ou invalidos, no valor de meio salario minimo.

Ainda em 1974, foi criado o Ministerio da Previdencia e Assisten­cia Social (MPAS), desvinculado do Ministerio do Trabalho.

Em 1975, a Lei n° 6.226 estabeleceu a contagem reciproca do tem­po de servi^o em relacao ao servi^o publico federal e na atividade priva- da, para efeito de aposentadoria.

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Em 1976, por meio do Decreto n° 77.077, foi aprovada a Consoli- da^ao das Leis da Previdencia Social (CLPS). A CLPS tinha a fun^ao de agregar, em um mesmo corpo normativo, todas as leis previdenciarias existentes; era algo semelhante a um Codigo Previdenciario.

Em 1977, por meio da Lei n° 6.439, foi instituido o Sistema Nacio­nal de Previdencia e Assistencia Social (SINPAS), tendo como objetivo a integra^ao das ativxdades da previdencia social, da assistencia medica e da assistencia social. O SINPAS agregava as seguintes entidades:

♦ INPS - Instituto Nacional de Previdencia Social, que tratava da concessao e manuten^ao dos beneficios;

* IAJPAS - Instituto de Administra^ao Financeira da Previdencia Social, que cuidava da arrecada^ao, da fiscalizacao e da cobran^a das c o n trib u te s previdenciarias;

$ INAMPS - Instituto Nacional de Assistencia Medica da Previ­dencia Social, que prestava assistencia medica;

❖ LBA - Funda^ao Legiao Brasileira de Assistencia, que prestava assistencia social a popula^ao carente;

$ FUNABEM - Funda^ao Nacional do Bem-Estar do Menor, que executava a polftica voltada para o bem-estar do menor;

♦ DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previden­cia Social, que cuida do processamento de dados da Previdencia Social;

$ CEME - Central de Medicamentos, que distribuia medicamen- tos, gratuitamente ou a baixo custo.

Em 1979, o Decreto n° 83.080 aprova o Regulamento dos Benefi­cios da Previdencia Social (RBPS) e o Decreto n° 83.081 aprova o Regu­lamento de Custeio da Previdencia Social (RCPS).

Em 1981, a Emenda Constitucional n° 18, que alterou a CF/1967, concedeu aposentadoria privilegiada para o professor e para a professo- ra apos 30 e 25 anos de service, respectivamente.

Em 1984, por meio do Decreto n° 89.312, foi aprovada nova Con- solida^ao das Leis da Previdencia Social (CLPS).

Em 5/10/1988, foi promulgada a atual Constitui^ao Federal. Como novidade, a Constitui^ao de 1988 destina um capitulo inteiro (arts. 194 a 204) para tratar da Seguridade Social, entendida como o

Capitulo

1 *

Seguridade Social

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genero do qual sao especies a previdencia social, a assistencia social e a saude. As contribuicoes sociais passaram a custear as a<;6es do Estado nestas tres areas, e nao mais somente no campo da Previdencia Social. A primeira Constituicao Brasileira a adotar a expressao “seguridade social” foi a de 1988.

A Lei n° 8.029, de 12/4/1990, criou o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, autarquia federal vinculada ao entao Ministerio do Tra­balho e Previdencia Social, mediante a fusao do IAPAS com o INPS.

Em 24/7/1991, entraram em vigor as duas leis basicas da segurida­de social: a Lei n° 8.212, que institui o piano de custeio da seguridade social e a Lei n° 8.213, que dispoe sobre os pianos de beneficios da previ­dencia social. As duas leis foram regulamentadas pelos decretos 356/91 (custeio) e 357/91 (beneficios), ambos de 7-12-1991.

Os Decretos 611 e 612, ambos de 21/7/1992, substitufram os de­cretos 357/91 e 356/91, respectivamente.

A Lei n° 8.689, de 27/7/1993, extinguiu o INAMPS; posteriormen- te, a LBA, a FUNABEM e a CEME tambem foram extintas; a DATA- PREV continua em atividade, sendo empresa publica vinculada ao Mi­nisterio da Previdencia Social.

Os Decretos 2.172 e 2.173, ambos de 5/3/1997, substituiram os De­cretos 611/92 e 612/92, respectivamente.

O Decreto n° 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento da Previ­dencia Social, revogando os Decretos 2.172/97 e 2.173/97.

A Lei n° 10.683, de 28/5/2003, reorganizou os Ministerios; o Mi­nisterio da Previdencia e Assistencia Social (MPAS) passou a ser deno- minado Ministerio da Previdencia Social (MPS). Atualmente, a assis­tencia social esta vinculada ao Ministerio do Desenvolvimento Social e Combate a Fome.

A Lei n° 11.098, de 13/01/2005, atribui ao Ministerio da Previden­cia Social competencias relativas a arrecada^ao, fiscaliza^ao, lan^amen- to e normatiza^ao de receitas previdenciarias e autoriza a criacao da Secretaria da Receita Previdenciaria no ambito do referido Ministerio.

A Lei n° 11.457, de 16/03/2007, extinguiu a Secretaria da Receita Previdenciaria. Esta Lei entrou em vigor no dia 02/05/2007. A partir desta data, as contribuicoes previdenciarias passaram a ser arrecadadas e fiscalizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).

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A Lei n° 12.154, de 23/12/2009, criou a Superintendencia Nacio­nal de Previdencia Complementar - PREVIC, autarquia de natureza es­pecial, dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimonio proprio, vinculada ao Ministerio da Previdencia Social, com sede e foro no Distrito Federal e atua^ao em todo o territorio nacional. A PREVIC atuara como entidade de fiscaliza^ao e de supervisao das atividades das entidades fechadas de previdencia complementar e de execu^ao das po- liticas para o regime de previdencia complementar operado pelas enti­dades fechadas de previdencia complementar.

2 . ConceituacQo

A Seguridade Social, nos termos do art. 194 da Constituicao Federal, “compreende um conjunto integrado de a^oes de iniciativa dos Poderes Pu­blicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos a saude, a previdencia e a assistencia social”

A Seguridade Social engloba, portanto, um conceito amplo, abrangente, universal, destinado a todos que dela necessitem, desde que haja previsao na lei sobre determinado evento a ser coberto. E na ver- dade, o genero do qual sao especies a Previdencia Social, a Assistencia Social e a Saude.4

2 .1 . Saude

Nos termos do art. 196 da Constituicao Federal, “a saude e direito de todos e dever do Estado, garantido mediante politicas sociais e eco­nomicas que visem a reducao do risco de doenca e de outros agravos e

4 MARTINS, Sergio Pinto. Op. cit., p. 45-46.

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ao acesso universal e igualitario as a^oes e servicos para sua promo^ao, prote^ao e recupera^ao”

Os servicos publicos de saude serao prestados gratuitamente: para usufruir de tais servicos, nao e necessario que o paciente contribua para a seguridade social.

A saude e direito de todos: assim, nao pode o Poder Publico se negar a atender determinada pessoa em razao de suas condicoes finan- ceiras. Qualquer pessoa, pobre ou rica, pode dirigir-se a um hospital publico e ser atendida.

O Poder Publico prestara os servicos de saude a populac&o de for­ma direta ou atraves de convenios ou contratos com in s t i tu te s pri- vadas. Esses contratos e convenios serao celebrados, preferencialmente, com as entidades filantropicas e as sem fins lucrativos.

2 .2 . Assistencia Social

Nos termos do art. 203 da Constituicao Federal, a assistencia social sera prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribui- C&o a seguridade social. Assim, esse ramo da seguridade social ira tratar de atender os hipossuficientes, destinando pequenos beneficios a pessoas que nunca contribufram para o sistema.

A assistencia social e regulamentada pela Lei n° 8.742/93 (Lei Organica da Assistencia Social - LOAS). O principal beneficio da as­sistencia social e o beneficio de prestacao continuada: trata-se de uma renda mensal de um salario mlnimo concedida a pessoa portadora de deficiencia e ao idoso com 65 anos ou mais e que comprovem nao pos- suir meios de prover a propria manutencao e nem de te-la provida por sua familia (art. 20 da LOAS). Nos termos do § 3° do art. 20 da LOAS, “considera-se incapaz de prover a manutencao da pessoa portadora de deficiencia ou idosa a famflia cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salario mlnimo”

2 .3 . Previdencia social

A Previdencia brasileira e formada por dois regimes basicos, de fi- liacao obrigatoria, que sao o Regime Geral de Previdencia Social (RGPS) e os Regimes Proprios de Previdencia Social dos servidores publicos e mi-

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litares. Ha tambem o Regime de Previdencia Complementar, ao qual o participante adere facultativamente.

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• - Regimes ; Basicosi ;

. \ (ffliacao ^ . . obrigatoria’) .

-»■ Regime Geral d<iP re videnciaSodal

-+ : Regirneis P jopriosde Previdencia ; • Soci al : :.!;v

Regimes de ■''V :• - - PublicaPreyidencia :;;Regime de'':' ;;v natureza juridica -> Privada

. v' :•: /;:■ 1\ y.:"'K -> . Preyidehcm :Com plem ehtsr . Quanto a v; : ..> . . "• Aberta " : /;

(facultativo) ' possibllidade de\> ; .::acess6- •• .'~v ;r; :jFedbM

O objetivo principal desta obra e o estudo do Regime Geral de Previdencia Social. Todavia, os regimes proprios e a previdencia com­plementar tambem serao, sinteticamente, analisados a seguir:

2 .3 .1 . Regim e Geral de Previdencia Social

Nos termos do art. 201 da Constituicao Federal, o Regime Geral de Previdencia Social (RGPS) tem carater contributivo e e de filiacao obrigatoria. Esse e o regime de previdencia mais amplo, responsavel pela protecao da grande maioria dos trabalhadores brasileiros. As re- gras relativas ao RGPS serao detalhadas nos capftulos seguintes.

2 .3 .2 . Regimes Proprios de Previdencia Social dos servidores publicos e m ilitares

Os beneficiarios de Regime Proprio de Previdencia Social - RPPS sao os magistrados, ministros e conselheiros dos Tribunals de Contas, membros do Ministerio Publico, militares e servidores publicos ocu- pantes de cargo efetivo de quaisquer dos poderes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munidpios, inclufdas suas autarquias e fun- da^oes.

Nos termos do art. 40 da Constituicao Federal, 'aos servidores titulares de cargos efetivos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munidpios, inclufdas suas autarquias e fundacoes, e assegura- do regime de previdencia de carater contributivo e solidario, mediante

Capitulo

1 ♦

Seguridade Social

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contribui<;ao do respectivo ente publico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados criterios que preservem o equillbrio fi- nanceiro e atuarial”. A aposentadoria dos magistrados (CF, art. 93, VI), dos membros Ministerio Publico (CF, 129, § 4°) e dos ministros e conse- Iheiros de Tribunals de Contas (CF, arts. 73, § 3° e 75), e a pensao de seus dependentes tambem observarao o disposto no art. 40 da Constitui^ao Federal.

No tocante aos militares da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Territorios, a Constitui^ao Federal simplesmente estabelece que a lei dispora sobre a transferencia do militar para a inatividade (CF, arts. 42, § 1° e 142, § 3°, X). Em relacao aos membros das Formas Armadas (Exercito, Marinha e Aeronautica), estas regras sao definidas pela Lei n° 6.880/80, que dispoe sobre o Estatuto dos Militares.

Vale ressaltar que nem todos os servidores publicos civis sao am- parados por regime proprio. Para que saibamos quais os servidores que sao amparados por regime proprio, e necessario que verifiquemos como se organiza a administraq:ao publica:

-> i • : Autarquias P I

-* ~ . ■: Fun dagoes Publicas f

-> 1 Empresas Publicas . I

-> S Sociedades de Economia Mista i

Nao sao amparadas por regime proprio as pessoas fisicas que tra- balham em empresas publicas e em sociedades de economia mista. Es­tas sao seguradas do RGPS.

Os servidores da adm in istra te direta, das autarquias e das fun- dacoes publicas podem ser:

-> I Direta

ServidorPublico

iO cupantede cargo efetivo , ; ; :

Ocupante, exclusivamente, de cargo em comis.sao decla- Irado em lei de livre nomeacao e exoneracao ■_____ ■ ■ ■

IContratado portem po determ inado - ' ■

-> I O cupante de emprego publico ' .v

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Dentre esses, apenas os servidores ocupantes de cargo efetivo po- dem ser amparados por regime proprio. Os demais sao segurados obri- gatorxos do RGPS.

Dentre os ocupantes de cargo efetivos, para fins meramente dida- ticos, ainda podemos fazer a seguinte divisao:

. • Servidor • V "r::>-;Da-1Jriiao:::;;::

cargo efetivo —V Dos Estadps, Distrito Fe^ralpii. Vlunicipids

Os ocupantes de cargo efetivo da Uniao sao amparados por regi­me proprio, portanto nao sao segurados do RGPS.

Os ocupantes de cargo efetivo dos Estados, Distrito Federal e Muni- dpios podem ou nao ser amparados por regime proprio. Isso ocorre porque os Estados, Distrito Federal e Munidpios nao estao obrigados a instituir regimes proprios para seus servidores. Vai depender da vontade politica do Ente Federativo (Estado, Distrito Federal ou Munidpio) de instituir, me- diante lei, esse regime. Se o Ente Federativo institui o regime proprio, os servidores ocupantes de cargo efetivo ficam exduidos do RGPS. Caso con- trario, esses servidores serao segurados obrigatorios do RGPS.

Caso a pessoa amparada por regime proprio venha a exercer, con- comitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS, tor- nar-se-a segurada obrigatoria do RGPS em relacao a estas atividades. Nesta situa^ao, esta pessoa sera segurada dos dois regimes (proprio e geral) e, caso cumpra os requisitos previstos em lei, podera vir a ter duas aposentadorias: uma concedia pelo RGPS e outra pelo regime proprio.

tpaqu im , aiem.-;<ie:pc.Upai^professor, de um auriiversidadepiw ada:;;N e ^em razao de exercer, p carigp de.prpcuradpr e d e M ? e:Jseguradp. i''Pb 'riga^nq.dptegim - ^ i r o p r ^ d ^ ^de ser professor de um=a‘u iiiv e rs id 4 d fe ;p ji^^rio dp RGPS. Assim, Jpaquiiti a ^ g a ^ m f r i B m ^ s : jprevidenciarias p ira os $ois r e g im ^ ’te^dedevir^^ a: te r duas aposentadorias. (u iregiMe pro^

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O militar ou o servidor publico titular de cargo efetivo da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, filiado a regime pro­prio de previdencia, permanecera vinculado ao regime previdenciario de origem nas seguintes s itua tes: (a) quando cedido, com ou sem onus para o cessionario, a orgao ou entidade da administra^ao direta ou in- direta de outro ente federativo; e (b) durante o afastamento do cargo efetivo para o exercicio de mandato eletivo. Nestas s itu a tes , estes tra­balhadores continuam exduidos do RGPS.

atu^mente.est^ c £ d ^

tinua yincjaladp -proprid - de previdencia da Uniao; v^le.dizer,;cpntinua-i^lmdodP^]^^

Como visto supra, o servidor ocupante de cargo efetivo, ampa- rado por regime proprio, que se afasta do cargo para exercer mandato eletivo, continua vinculado ao regime proprio de origem e, por conse- guinte, excluido do RGPS. Contudo, o exercente de mandato de Verea- dor, que ocupe, concomitantemente, o cargo efetivo e o mandato filia-se ao regime proprio, pelo cargo efetivo, e ao RGPS, pelo mandato eletivo.

.clacpmpatibilidadedehora^

.e segiirado pbrigdtorio do regime proprio de preyidericia daUrii&p; e Sift 1 razap do: exercfcip .do mandato de vereadqr, ^ segurado .Pbri§at6rio do

/para:;Psffoisi£gimfeSi^'3entadpria!S;(umk:dp:regimep^ S

O regime proprio de previdencia social, para ser considerado como tal, tera que garantir aos seus segurados, no minimo, as aposenta­dorias e pensao por morte previstas no art. 40 da Constitui^ao Federal. Assim, os regimes proprios devem garantir, no minimo, os seguintes beneficios:

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-» j ; : / ^ p d $ fe l i t i^ ' I

-> j . Ap6seritad6fia por tentpo de cohtribuicao I

-» I: V • V •/• v: Aposentadoria por idade : • ; -V I

-> 1 : ~ Aposentadoria .:.VV- -i# -I

->■ 1 ' ' 1

A Lei n° 9.717/98 estabelece as regras gerais para a organiza^ao e o funcionamento dos regimes proprios de previdencia social, De acordo com esta Lei, compete a Uniao, por intermedio do Ministerio da Pre­videncia Social, a orienta^ao, supervisao e o acompanhamento dos re­gimes proprios de previdencia social, bem como o estabelecimento e a publica^ao dos parametros e das diretrizes gerais previstos nesta Lei (art. 9°, I e II). Com base nesta competencia, o Ministerio da Previdencia Social editou a Orienta^ao Normativa MPS/SPS n° 2/2009, tendo como objetivo estabelecer, de forma mais detalhada, as regras para a organiza- 9§o e funcionamento dos regimes proprios de previdencia.

2 .3 .3 . Previdencia com plem entar

O regime de previdencia complementar e facultativo. A pessoa tem a possibilidade de entrar no sistema, de nele permanecer e dele re- tirar-se, dependendo de sua vontade.5 Trata-se de uma faculdade dada a sociedade de ampliar seus rendimentos quando da aposenta^ao.6 No entanto, a adesao a este regime nao exclui a obrigatoriedade da filia«;ao ao RGPS ou, no caso de militar ou servidor titular de cargo efetivo, ao regime proprio.

Quanto a possibilidade de acesso ao regime, as entidades de pre­videncia complementar sao classificadas em fechadas e abertas (LC, 109/2002, art. 4°).

As entidades abertas sao constituidas unicamente sob a forma de sociedades anonimas e tem por objetivo instituir e operar pianos de be­neficios de carater previdenciario concedidos em forma de renda con-

5 MARTINS, Sergio Pinto. Op. d t., p. 471.6 IBRAHIM , Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciario. 4* ed. Rio de Janeiro; Impetus,

20 04 , p. 18.

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ofereceir aos ‘sfriis

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I ♦

Seguridade Social

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tinuada ou pagamento unico, acessiveis a quaisquer pessoas fisicas (LC 109/2001, art. 36).

De acordo com o art. 31 da Lei Complementar n° 109/2001, as entidades fechadas sao aquelas acessiveis, na forma regulamentada pelo orgao regulador e fiscalizador, exclusivamente:

I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aosservidores da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dosMuniripios, entes denominados patrocinadores; e

II - aos associados ou membros de pessoas juridicas de caraterprofissional, classista ou setorial, denominadas instituidores.

As entidades fechadas organizar-se-ao sob a forma de funda^ao ou sociedade civil, sem fins lucrativos (LC n° 109/2001, a r t 31, § 1°).

A pessoa fisica que adere ao regime de previdencia complementar denomina-se participante (LC n° 109/2001, a r t 8°, I).

O participante ou seu beneficiario em gozo de beneficio de presta- 9§o continuada chama-se assistido (LC n° 109/2001, art. 8°, II).

As empresas e os Entes Federativos (Uniao, Estados, Distrito Fe­deral e Municfpios), que instituam entidades fechadas de previdencia complementar, em beneficios de seus empregados ou servidores, rece- bem o nome de patrocinadores.

As mais conhecidas entidades de previdencia complementar fe- chada sao a PREVI (dos empregados do Banco do Brasil) e a PETRUS (dos empregados da PETROBRAS). Nesses dois exemplos, o Banco do Brasil e a PETROBRAS sao os patrocinadores; os seus empregados sao os participates.

r As pessoas juridicas de carater profissional, que instituam entida­des fechadas de previdencia complementar, sao denominadas de insti- tuidoras.

Nas entidades de previdencia complementar fechadas, os pianos de beneficios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os em­pregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores (LC 109, art. 16). Mas a adesao do participante e sempre facultativa (LC, 109, art. 16, § 2°).

As entidades de previdencia complementar podem ter natureza juridica publica ou privada.

As de natureza publica, previstas na CF/88, art. 40, §§ 14 a 16, sao entidades fechadas de previdencia complementar, que podem ser insti-

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tuidas pela Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios, restritas aos servidores publicos ocupantes de cargo efetivo que sejam vinculados a regime proprio de previdencia.

A Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, desde que instituam regime de previdencia complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderao fixar, para o valor das apo­sentadorias e pensoes a serem concedidas pelo regime proprio, o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS (CF, art. 40, § 14).

No entanto, somente mediante sua previa e expressa op^ao, o teto do RGPS podera ser aplicado ao servidor titular de cargo efetivo que ti- ver ingressado no servi^o publico ate a data da publica^ao do ato de ins­t i t u t o do correspondente regime de previdencia complementar (CF, art. 40, § 16).

A entidade de previdencia complementar privada pode ser aberta ou fechada. O regime de previdencia privada, de carater complementar e organizado de forma autonoma em relacao ao regime geral de previ- dencia social, sera facultativo, baseado na constitui<,:ao de reservas que garantam o beneficio contratado (CF, art. 202).

As c o n trib u te s do empregador, os beneficios e as cond t es con- tratuais previstas nos estatutos, regulamentos e pianos de beneficios das entidades de previdencia privada nao integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, a exce^ao dos beneficios concedidos, nao integram a remunera^ao dos participantes (CF, art. 202, § 2°).

E vedado o aporte de recursos a entidade de previdencia priva­da pela Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios, suas autarquias, funda^oes, empresas publicas, sociedades de economia mista e outras entidades publicas, salvo na qualidade de patrocinador, situa^ao na qual, em hipotese alguma, sua c o n tr ib u to normal podera exceder a do segurado (CF, art. 202, § 3°).

Lei complementar disciplinary a relacao entre a Uniao, Estados, 1Distrito Federal ou Municipios, inclusive suas autarquias, funda^oes, f-sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indire- 7tamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdencia J 5 privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdencia privada (CF, art. 202, § 4°). Esta lei complementar tambem sera aplicada, nocouber, as empresas privadas permissionarias ou concessionarias de ^presta^ao de servicos publicos, quando patrocinadoras de entidades fe- n

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chadas de previdencia privada (CF, art. 202, § 5°). A Lei Complementar n° 108/2001 regulamenta os mandamentos previstos nos §§ 4° e 5° do art. 202 da C o n s titu te Federal.

O quadro a seguir resume o aqui estudado a respeito da previden­cia complementar:

£s§|

Fechada.

Eechad'i

3 . Prin dpios constitucionais da seguridade social

De acordo com as li^oes de Celso Ant6nio Bandeira de Mello, “principio e, por definicao, mandamento nuclear de um sistema, ver- dadeiro alicerce dele, disposi^ao fundamental que se irradia sobre di- ferentes normas compondo-lhes o espirito e servindo de criterio para sua exata compreensao e inteligencia exatamente por deiinir a logica e a racionalidade do sistema normativo, no que Ihe confere a tonica e lhe da sentido harmonico. £ o conhecimento dos principios que preside a inteleccao das diferentes partes componentes do todo unitario que ha por nome sistema juridico positivo” 7

Os principios da seguridade social encontram-se em varios dis- positivos da Constitui^ao Federal. E, porem, no paragrafo unico do s r t194 da Constitui^ao onde estao inseridos a maioria desses principios.8

7 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17a ed. Sao Paulo: Malheiros, 2004 , p. 841-842.

8 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de agoes de iniciativa dos Poderes Publicos e da sociedade, destmadas a assegurar os direitos relatives a saude, a previdencia e a assistencia social.Paragrafo unico. Compete ao Poder Publico, nos termos da iei. organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos;I - universalidade da cobertura e do atendimento;II - uniformidade e equivaiencia dos beneffcios e servicos as p o p u la te s urbanas e rurais;III - seletividade e distributividade na presta?ao dos beneficios e servicos;IV - irredutibilidade do valor dos beneficios;V - equidade na forma de participagao no custeio;V I - diversidade da base de financiamento;VII - carater democratico e descentralizado da administragao, mediante gestao quadripartite,

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Embora esse dispositivo constitucional utilize a expressao “objetivos”, na verdade, estao enumerados ali verdadeiros principios constitucio­nais,' tanto e assim que a Lei n° 8.212/91, art 1°, paragrafo unico, deno- mina-os de “principios e diretrizes”.

Os principios constitucionais da seguridade social sao os seguintes:

3 .1 . Universalidade da cobertura e do atendimento (CF, art. 19 4, paragrafo unico, I)

Por universalidade da cobertura entende-se que a protecao social deve alcan^ar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de ne- cessidade, Riscos sociais sao os infortunios da vida (doen^as, acidentes, velhice, invalidez etc.), aos quais qualquer pessoa esta sujeita,

A universalidade do atendimento tem por objetivo tomar a se­guridade social acessivel a todas as pessoas residentes no pais, inclusive estrangeiras.

Com relacao a saude, esse principio e aplicado sem nenhuma restri- Cao. No tocante a assistencia social, sera aplicado para todas aquelas pessoas que necessitem de suas prestacoes. E no tocante a previdencia social, por ter carater contributivo, todos, desde que contribuam para o sistema, podem participar. Para atender a esse principio constitucional, foi criada, no regi­me geral de previdencia social, a figura do segurado facultativo. Assim, to­dos, mesmo que nao exer<;am atividade remunerada, tem a cobertura previ­denciaria; para tanto, e necessario contribuir para o sistema previdenciario.

3 .2 . U nifo rm idade e equivaiencia dos beneficios e servicos entre as populacoes urbanas e rurais {C F, a rt. 19 4 , para grafo unico, II)

Esse principio vem corrigir defeitos da legislacao previdenciaria rural que sempre discriminava o trabalhador rural.

A uniformidade diz respeito as contingencias que irao ser cober- tas. A equivaiencia refere-se ao aspecto pecuniario dos beneficos ou a qualidade dos servicos, que nao serao necessariamente iguais, mas equivalentes.9

Quando se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas contingencias (morte, velhice, maternidade etc.) serao cobertas

com participagao dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos orgaos colegiados.

9 MARTINS. Sergio Pinto. O p. t i t , pp. 77-78.

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tanto para os trabalhadores urbanos como para os rurais. Como exem- plo de equivaiencia, o valor mensal dos beneficios previdenciarios que substituam o rendimento do trabalho do segurado (urbano ou rural) nunca sera inferior a um salario minimo (CF, art. 201, § 2°).10

3.3. Seletividade e distribufividade na prestacao dos beneficios e servicos (CF, art. 194, paragrafo unico, HJ)

A seletividade atua na delimita^ao do rol de presta^oes, ou seja, na escolha dos beneficios e servicos a serem mantidos pela segurida­de social, enquanto a distributividade direciona a atua^ao do sistema protetivo para as pessoas com maior necessidade, definindo o grau de prote^ao.11 Os beneficios da assistencia social, por exemplo, serao concedidos apenas aos “necessitados”; os beneficios salario-familia e o auxilio-reclusao so serao concedidos aos beneficiarios de baixa renda (atualmente, para aqueles que tenham renda mensal inferior ou igual a R$862,ll)12.

Assim, compete ao legislador - com base em criterios equitativos de solidariedade e justi^a social e segundo as possibilidades economico- -financeiras do sistema - definir quais beneficios serao concedidos a determ inados grupos de pessoas, em razao de especificidades que as particularizem.

Como se observa, esse principio procura amenizar os efeitos do principio da universalidade. Destarte, os principios da universalidade e da seletividade devem ser aplicados de forma harmonica e equilibrada.

3.4. Irredutibilidade do valor dos beneficios (CF, art. 194, paragrafo unico, IV)

Na doutrina, nao ha consenso a respeito do significado do prin­cipio da irredutibilidade do valor dos beneficios, aplicado a Seguridade Social. Parte da doutrina entende que seu objetivo e preservar o valor

10 § 2° Nenhum beneficio que substitua o salario de contribui^ao ou o rendimento do trabalho do segurado tera vaior mensaf inferior ao salario minimo.

11 8ALERA, Wagner. N o 0 e s Preiim inares de D ire ito Previdenciario. Sao Pauio: Quartier Latin, 2004, p. 87.

12 Valor atuaiizado, a partir de 1°/01/2011, pela Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

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real do beneficio.13 Outra parte entende que a sua finaiidade e, simples- mente, impedir a diminui^ao do valor nominal do beneficio.14

A interpreta<~ao que o Regulamento da Previdencia Social (art. 1°, paragrafo unico, IV) da a este principio da Seguridade Social e a de que seu objetivo e a preserva^ao do poder aquisitivo do beneficio, ou seja, a preserva^ao do valor real.

Mas para o STF, nao havendo diminui^ao do valor nominal, nao procede a alega^ao de ofensa ao principio da irredutibilidade. Nesse sen- tido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA: Servidor publico militar: supressao de adicional de inatividade: inexistencia, no caso, de viola$ao as garantias constitucionais do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV). £ da jurisprudencia do Supremo Tribunal que nao ha direito adquirido a regime jurtdico e que a garantia da irredutibilidade de vencimentos nao impede a alte- ra$ao de vantagem anteriormentepercebida pelo servidor, desde que seja preservado o valor nominal dos vencimentosV5

E verdade que a jurisprudencia supra e relativa a proventos de inatividade de servidor publico militar. Mas a irredutibilidade do valor dos beneficios e principio equivalente ao da irredutibilidade dos venci­mentos dos servidores publicos (CF, art, 37, XV). Confira-se, agora, um julgado do STF a respeito de beneficio do RGPS:

“EMENTA: - Previdencia social. Irredutibilidade do beneficio. Preservagao permanente de seu valor real. - No caso nao houve redugao do beneficio, porquanto ja se firmou a jurisprudencia desta Corte no sentido de que o principio da irredutibilidade e garantia contra a redu$ao do “quantum” que se recebe, e nao daquilo que se pretende receber para que nao haja perda do poder aquisitivo em decorrencia da inflacao. ~ De outra parte, a preservagdo permanente do valor real do beneficio - e, portan-

13 Esta e a posi^ao defendida por Fabio Zambitte ibrahim (2008 , p. 58 ), Marcelo Leonardo Tavares (2004 , p. 5), Kerlly Huback Bragan^a (2006 , p. 14), Ivan Kertzman (2005, p. 27), Itaio Romano Eduardo e Jeane Tavares Aragao Eduardo (2008 , p. 20).

14 Esta a posigao defendida por Sergio Pinto Martins (2002, p. 78), Carlos Alberto Pereira de Castro e Joao Batista Lazzari (2008 , p. 101), Daniel Machado da Rocha e Jose Paulo Baitazar junior (2006 , p. 40 ).

15 STF, AI-AgR 61 8777 /R j, Re!. M in. Sepulveda Pertence, 1a T., DJ 0 3 /0 8 /2 0 0 7 .

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to, a garantia contra a perda do poder aquisitivo - sefaz, como preceitua o artigo 201, § 2°, da Carta Magna, conforme criterios defmidos em lei, cabendo, portanto, a esta estabelece-los. Recurso extraordindrio nao conhecidoV6

Nesse mesmo sentido, colaciono a seguinte decisao do Tribunal Regional Federal da 43 Regiao:

"PREVIDENCIARIO. REVISAO. URV. CONVERSAO DOS BE- NEFICIOS. PRINCIPIO DA IRREDUTIBnUDADE. INEXISTEN­CIA DE VIOLA^AO. 1. Nao hd quesefalarem inconstitudonalidade do termo “nominal” do inciso I, do artigo 20, da Lei n.° 8.880/94, a partir da decisao exaradapeb Plendrio do Excelso Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE n° 313.382-9/SC. 2. Nao havendo de­monstrate da ocorrencia de redugao do valor nominal do beneficio (em moeda corrente), nao procede a alegaqao de ofensa ao principio da irredutibilidadepreconizado no art. 194, IV da CF/88”17

Nessa linha de raciocinio, o principio da irredutibilidade assegura apenas que o beneficio legalmente concedido - pela Previdencia Social ou pela Assistencia Social - nao tenha seu valor nominal reduzido.18 As­sim, uma vez definido o valor do beneficio, este nao pode ser reduzido nominalmente, salvo se houve erro na sua concessao.

Fica claro que, conforme a jurisprudencia predominante no STF, o principio da irredutibilidade veda apenas a redu^ao do valor nominal dos beneficios. Mas se o beneficio for concedido em desacordo com a lei, ate mesmo o valor nominal podera ser reduzido. O STF entende que “a redu^ao de proventos de aposentadoria, quando concedida em desacor­do com a lei, nao ofende o principio da irredutibilidade” 19

Vale ressaltar que, em relacao aos beneficios previdenciarios, o § 4° do art. 201 da Constitui^ao Federal, assegura “o reajustamento dos beneficios para preserva-lhes, em carater permanente, o valor real, con­forme criterios definidos em lei”

16 STF, RE 263252/PR , Rei. M in. M o re ira Alves, 1a T.t DJ 2 3 /0 6 /2 0 0 0 . Vale frisar que a redagao original do § 2° do art. 201 da CF corresponde a atual reda^ao do § 4° do mesmo artigo.

17 Agr. Regimental na Apela^ao Civei, Processo 2003 .71 .00 .082188-8 , DJ 2 8 /0 9 /2 0 0 5 , p. 1024.

18 CASTRO, Carios Alberto Pereira de e LAZZARi, Joao Batista. O p. c it, p. 90.19 STF, MS 25552/D F , Re!. M in. Carmen Lucia, DJ 3 0 /0 5 /2 0 0 8 .

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I

Assim, em relacao aos beneficios previdenciarios, o principio da irredutibilidade (CF, art. 194, paragrafo unico, IV) e garantia contra a redu^ao do valor nominal, e o § 4° do art. 201 da Carta Magna assegura o reajustamento para preservar o valor real. Mas estes dois dispositivos constitucionais tem significados distintos, nao devendo ser confundidos. O primeiro e o principio da irredutibilidade, aplicado a seguridade social (engloba beneficios da previdencia e da assistencia social). O segundo e o principio da preserva^ao do valor real dos beneficios, aplicado somente a previdencia social. O principio da irredutibilidade, por si so, nao assegura reajustamento de beneficios. O que assegura o reajustamento dos bene­ficios do RGPS, de acordo com criterios definidos em lei ordinaria, e o principio da preserva^ao do valor real dos beneficios, previsto no § 4° do art. 201 da Constituit^ao. A separa<;ao desses dois principios fica evidente no seguinte julgado do STF:

“EMENTAS: (...) 2. PREVIDENCIA SOCIAL. Reajuste de beneficio depresta$ao continuada. Indices aplicados para atua- lizagao do saldrio-de-beneficio. Arts. 20, § l°e 28, § 5°, da Lei n° 8.212/91. Principios constitucionais da irredutibilidade do valor dos beneficios (Art 194> IV) e da preserva$ao do valor real dos beneficios (Art. 201, $ 4°). Nao viola$ao. Precedentes. Agravo regimental improvido. Os indices de atualizaqao dos salarios- -de-contribuigao nao se aplicam ao reajuste dos beneficios pre- videncidrios de prestaqao continuada,\20

No concurso para Procurador da Fazenda Nacional, realizado em 2006, a ESAF propos uma questao em que constava a seguinte assertiva: “o principio da irredutibilidade do valor dos beneficios, segundo a orien- ta$ao do Supremo Tribunal Federal, significa a irredutibilidade do valor real, protegendo-os do fenomeno inflacionario” A assertiva foi considera- da falsa, pois esta nao e a orienta^ao do STF.

Questao semelhante tambem foi cobrada no concurso para Juiz do Trabalho do TRT da l l a Regiao, organizado pela Funda^ao Carlos Chagas - FCC. A questao afirmou que um dos objetivos da seguridade social e a “irredutibilidade do valor do beneficio, a fim de que seja man- tido o padrao de vida de todos os segurados do sistema, mantendo o valor real dos beneficios”. Esta assertiva tambem foi considerada como errada pela banca examinadora.

20 STF, Ai-AgR 590177/S C , Rel. M in. Cezar Peluso, 2a T.f DJ 2 7 /0 4 /2 0 0 7 , p. 96.

Capttulo

l -» Seguridade

Social

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Todavia, se a questao de concurso nao fizer nenhuma referenda a jurisprudencia, afirmando simplesmente que o principio da irredutibili­dade do valor dos beneficios visa a preserva^ao do seu poder aquisitivo,o candidato deve considerar a questao como verdadeira, pois, apesar de nao ser a orientacao do STF, este e o entendimento dado pela reda<;ao do art. 1°, paragrafo unico, IV, do Regulamento da Previdencia Social

3.5. Equidode no forma de partic ipate no custeio (CF, art. 194, paragrafo unico, V)

Esse principio e um desdobramento do principio da igualdade (CF/88, art. 5°) que consiste em tratar igualmente os iguais e desigual- mente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Tratar com igual­dade os desiguais seria aprofundar as desigualdades; nao e esse o obje­tivo da seguridade social

Em relacao ao custeio da seguridade social, significa dizer que quem tem maior capacidade economica ira contribuir com mais; quem tem menor capacidade contribuira com menos.

Seguindo essa orientacao, o § 9° do art. 195 da CF (na reda^ao dada pela EC 47, de 5/7/2005) dispoe que as contribuicoes para a segu­ridade social a cargo das empresas poderao ter aliquotas ou bases de calculo diferenciadas, em razao da atividade economica, da utiliza^ao intensiva de mao de obra, do porte da empresa ou da condi^ao estrutu- ral do mercado de trabalho.

A Lei n° 8.212/91 preve alguns exemplos de equidade: as con­tribuicoes das empresas tem aliquotas maiores que a dos segurados; as in s t i tu te s financeiras contribuem para a seguridade social com aliquotas mais elevadas do que as empresas em geral; ja as microem- presas e empresas de pequeno porte contribuem de forma mais sim- plificada e favorecida (Lei Complementar n° 123/2006); os segurados empregados, trabalhadores avulsos e empregados domesticos tem ali­quotas progressivas (8%, 9% ou 11%) - quanto maior a remuneracao maior sera a aliquota.

Apesar de existir na legisla^ao previdenciaria alguns exemplos de equidade na forma de participa^ao no custeio da seguridade so­cial, este principio constitucional nao e uma norma de eficacia plena. Trata-se de uma norma programatica: e uma meta a ser alcan<;ada, e nao uma regra concreta.

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A seguridade social tem diversas fontes de custeio; assim, ha maior seguran^a para o sistema; em caso de dificuldade na arrecada^ao de determinadas contribuicoes, havera outras para lhes suprir a falta.

De acordo com o caput do art. 195 da Constituicao Federal, a se­guridade social sera finandada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, e das seguintes con­tribuicoes sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada naforma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salarios e demais rendimentos do trabalho pa- gos ou creditados, a qualquer titulo, a pessoa fisica que lhe preste servico, mesmo sem vinculo empregaticio;

b) a receita ou o faturamento;c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdencia social,nao incidindo contribuicao sobre aposentadoria e pensaoconcedidas pelo regime geral de previdencia social;

III - sobre a receita de concursos de prognosticos.

IV - do importador de bens ou servicos do exterior, ou de quem alei a ele equiparar.

O § 4° do art. 195 da Constituicao Federal ainda preve que “a lei podera instituir outras fontes destinadas a garantir a manutencao ou expansao da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154,1”. Ou seja, alem das contribuicoes sociais previstas nos quatro incisos do ca­put do art. 195 da Constituicao Federal, outras fontes de custeio da se­guridade social poderao ser instituidas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuicoes residuais. Para que estas contribuicoes sejam instituidas, e necessario que se obedeca ao disposto no art. 154,1, da Constituicao Federal, cuja redacao e a seguinte: “Art. 154. A Uniao podera instituir: I- mediante lei complementar, impostos nao previstos no artigo anterior, desde que sejam nao cumulativos e nao tenham fato gerador ou base de calculo proprios dos discriminados nesta Constituicao”.

3.6. Diversidade da base de financiamento (CF, art. 194, paragrafo unico, VI)

23

Capitulo

1 *

Seguridade Social

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O STF entende que, em relacao as novas contribuicoes para a seguri­dade social, aplxca-se somente a primeira parte do inciso I do artigo 154 da Carta Magna. Ou seja, contribui<;ao para a seguridade social que nao esteja prevista nos quatro incisos do art, 195 da CF so pode ser criada mediante lei complementar. Pode, contudo, ter base de calculo e fato gerador identicos aos de impostos. No tocante a nao cumulatividade, o STF entende que essa exigencia so pode dizer respeito a tecnica de tributa<;ao que afasta a crnnu- latividade em impostos polifasicos como o ICMS e o IPI. A cumulatividade nao ocorre em contribuicao cujo ciclo de incidencia e monofasico. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA: Contribuigao social. Constitucionalidade do artigo 1°t I, da Lei Complementar n° 84/96. - O Plenario desta Corte, aojulgar o RE 228.321, deu, por maioria de votos, pela constitucionalidade da contribui$ao social, a cargo das empre­sas e pessoas jurtdicas, inclusive cooperativas, incidente sobre a remuneragdo ou retribuigdopagas ou creditadas aos segurados empresdrios, trabalhadores autonomos, avulsos e demais pesso­as fisicas, objeto do artigo 1°, I, da Lei Complementar n° 84/96 por entender que nao se aplica as contribuicoes sociais novas a segunda parte do inciso I do artigo 154 da Carta Magna, ou seja, que elas nao devam ter fato gerador ou base de cdlculos proprios dos impostos discriminados na Constituicao, - Nessa decisao esta tnsita a inexistencia de violagdo, pela contribuigdo social em causa, da exigencia da nao cumulatividade, por- quanto essa exigencia - e e este, alias, o sentido constitucional da cumulatividade tributdria ~ so pode dizer respeito a tecnica de tributagdo que afasta a cumulatividade em impostos como o ICMS e o IPI - e cumulatividade que, evidentemente, nao ocorre em contribuiqdo dessa natureza cujo ciclo de incidencia e monofasico uma vez que a nao cumulatividade no sentido de sobreposigdo de incidencias tributdrias ja esta prevista, em carater exaustivo, na parte final do mesmo dispositivo da Carta Magna, que protbe nova incidencia sobre fato gerador ou base de calculo proprios dos impostos discriminados nesta Consti- tuigao. - Dessa orientagdo nao divergiu o acorddo recorrido. Recurso extraordindrio nao conhecido”.21

21 STF, RE 258470/R S , Re!. M in. Moreira Alves, 1a T, DJ 1 2 /0 5 /2 0 0 0 .

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I

Em suma, se a contribui<;ao para a seguridade social estiver pre­vista nos quatro incisos do art. 195 da Constituicao Federal, ela podera ser institulda mediante lei ordinaria. Em caso contrario, so podera ser instituida mediante lei complementar. Nesse sentido, confira-se a se­guinte decisao do STF:

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. CO NTRIBU TES SO­CIAIS. C O N TRIBU TES INCIDENTES SOBRE OLUCRO DAS PESSOAS JURIDICAS. Lei n. 7.68% de 15.12.88.1. - Contributes parafiscais: con tribu tes sociais, contributes de intervengao e contribu tes corporativas. CF, art. 149. C ontributes sociais de seguridade social CF, arts. 149 e 195. As diversas especies de contributes sociais. II. - A contribuigdo da Lei 7.689, de 15.12.88, e uma co n trib u to social instituida com base no art. 195,1, da C o n stitu to . As con tribu tes do art. 195,1, II, III, da Consti- tuigdo, nao exigem, para a sua in s titu to , lei complementar. Apenas a contribuigdo do paragrafo 4° do mesmo art. 195 e que exige, para a sua in s titu to , lei complementar, dado que essa in s t i tu t0 devera observar a tecnica da competencia residual da Uniao (CF, art. 195, § 4°; CF, art 154,1). Posto estarem sujeitas a lei complementar do art. 146, III, da C onstitu to , porque nao sao impostos, nao ha necessidade de que a lei complementar de~ fina o seu fato gerador, base de calculo e contribuintes (CF, art. 146, III, “a”). IIL - Adicional ao imposto de renda: classificagao desarrazoada. IV. - Irrelevdncia do fato de a receita integrar o orgamento fiscal da Uniao. O que importa e que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei 7.689/88, art. 1°). V. ~ Inconstitucionalidade do art. 8°, da Lei 7.689/88, por ofender o principio da irretroatividade (CF, art, 150, III, “a”) qualificado pela inexigibilidade da contribuigdo dentro no prazo de noventa dias da publicagdo da lei (CF, art. 195, § 6°). Vigencia e eficacia da lei: distingdo. VI. ~ Recurso Extraordindrio conhecido, mas improvido, declarada a inconstitucionalidade apenas do artigo 8° da Lei 7.689, de 1988”22

22 STF, RE 138284/CE, Rel. M in . Carios Velioso, Tribunal Pleno, DJ 2 8 /1 2 /9 2 . Na epoca em que esta decisao foi proferida, o art. 195 da CF so tinha tres incisos. O inciso IV foi inclufdo peia EC 4 2 /2 0 0 3 .

Capitulo

1 *

Seguridade Social

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3.7. Carater democrdtico e descentralizado da administracao - gestao quadripartite (CF, art. 194, paragrafo unico, VII)

Nos termos do art. 10 da Constituicao Federal, “e assegurada a participacao dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos orgao publicos em que seus interesses professionals ou previdenciarios sejam objeto de discussao e deliberacao” Em harmonia com esse dispositivo constitucional, a CF, art. 194, paragrafo unico, VII, assegura, para a segu­ridade social, “carater democratico e descentralizado da administracao, mediante gestao quadripartite, com participacao dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos orgao colegiados”.

De acordo com este principio, a gestao dos recursos, programas, pianos, servicos e acoes, nas tres areas da seguridade social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante discussao com a sociedade.

Podemos citar como exemplo da materializacao desse principio a criacao do Conselho Nacional de Previdencia Social (Lei n° 8.213/91, art. 3°); do Conselho Nacional de Assistencia Social (Lei n° 8.742/93, art. 17); e do Conselho Nacional de Saude (Lei n° 8.080/90).

3.8. Preexistencio do custeio em relacao d o beneficio ou servico (CF,(fftl95,§5°)

Nos termos do § 5° do art. 195 da Constituicao Federal, “nenhum beneficio ou servico da seguridade social podera ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”.

Esse principio tem como objetivo assegurar o equillbrio financei- ro da seguridade social: o caixa da seguridade social so pode pagar o beneficio se existir dinheiro para isso.

Perceba-se que esse principio se aplica nao somente a previdencia social, mas a seguridade social como um todo. Assim, sera inconstitu- cional a lei que criar um beneficio, previdenciario ou assistencial, sem tambem criar a fonte de custeio.

Um exemplo de desrespeito a esse principio constitucional foi dado pela Lei n° 10.421/2002, que estendeu o beneficio do salario-maternidade as maes adotivas, no Regime Geral de Previdencia Social, sem ter criado a respectiva fonte de custeio. O art. 4° da citada lei se limita a informar que “a fonte de custeio do salario-maternidade da segurada adotante sera a mesma que custeia o salario-maternidade das seguradas gestantes”. Nao cria, porem, uma nova fonte de custeio.

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3.9. Anterioridode nonagesimal {CF, art. 195, § 6°)

As contribuicoes destinadas ao financiamento da seguridade social so poderao ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da pu- blicacao da lei que as houver instituido ou modificado (CF, art. 195, § 6°). Trata-se, aqui, do principio da anterioridade nonagesimal, tambem conhecido como principio da noventena ou da anterioridade mitigada.

As modifkacoes que estao sujeitas a anterioridade nonagesimal sao as que representem uma efetiva onerosidade para o contribuinte. As mo- dificacoes menos onerosas ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em vigor da lei nova.

O principio da anterioridade nonagesimal tem como objetivo prote- ger o contribuinte contra o fator surpresa. A noventena e o tempo necessa- rio para que o contribuinte ajuste seu planejamento financeiro, visando o pagamento da contribuicao.

Para os demais tributos, com algumas excecoes, alem da anteriori­dade nonagesimal, aplica-se tambem o principio da anterioridade anual (ou anterioridade do exercicio). De acordo com o principio da anterio­ridade anual, os tributos nao podem ser cobrados no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, III, “b”). Para as contribuicoes destinadas a seguridade social, o principio da anterioridade anual nao se aplica. Para estas con­tribuicoes, aplica-se apenas a anterioridade nonagesimal.

O STF entende que a lei que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da contribuicao social (ou de qualquer outro tri­bute) nao se submete ao principio da anterioridade nonagesimal (tam­bem nao se submete a anterioridade anual). Para firmar este entendi- mento, o STF editou a sumula n° 669: “norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigacao tributaria nao se sujeita ao principio da anterioridade” Neste mesmo sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTA­R Y E PROCESSUAL CIVIL. PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALTERACAO PELA LEI N° 8.218, DE 29.08.91. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART. 195, § 6°, DA CONSTITUICAO FEDERAL. 1. Examinando questao identica, decidiu a l a Turma: “Improcedencia da alegagdo de que, nos termos do art 195y § 6°, da Constituicao, a lei em referenda so

Capitulo

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Seguridade Social

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teria aplica$ao sobrefatos geradores ocorridos apos o termino do prazo estabelecido pela norma. A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigagao tributdria, sem qualquerrepercussao, nao se submete ao principio da anterioridadeRecurso extraordinario conhecido eprovido”. 2. Precedentes de ambas as Turmas, nos quais tem sido rejeitados os argumentos em contrdrio, ora renovados pela agravante. 3. Agravo improvido”23.

Questao polemica, a respeito da aplica^ao da anterioridade nonage­simal, e a data de inicio da contagem dos 90 dias no caso de uma contri­buicao para a seguridade social ter sido majorada por Medida Provisoria. Poderiamos entender que a noventena so seria iniciada a partir da data da publica^ao da lei de conversao. Mas o STF entende que “o prazo no­nagesimal (CF, art. 195, § 6°) e contado a partir da publica^ao da Medida Provisoria que houver instituido ou modificado a contribuicao” 24.

3 .1 0 . Solidariedade (C F, a rt. 3°, I, e caput do a rt. 19 5)

“Construir uma sociedade iivre, justa e solidaria”: esse e um dos objetivos fundamentais da Republica Federativa do Brasil (CF/88, art. 3°, I).

Em harmonia com esse principio constitucional, o caput do art.195 da CF/88 estabelece que “a seguridade social sera financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da le i...” Aque- les que tem melhores condicoes financeiras devem contribuir com uma parcela maior; os que tem menores condicoes financeiras contribuem com uma parcela menor; os que ainda estao trabalhando contribuem para o sustento dos que ja se aposentaram ou estejam incapacitados para o trabalho; enfim, varios setores da sociedade participam do esfor- Co arrecadatorio em beneficio das pessoas mais carentes.

E esse prindpio que permite que as pessoas portadoras de defidencia e os idosos com mais de 65 anos, quando nao possuem mdos de prover a propria manutencao e nem de te-la provida por sua familia, sejam ampa­rados pela assistencia social atraves do beneficio de prestacao continuada, que corresponde a uma renda mensal de um salario minimo, mesmo sem nunca terem contribuido para a seguridade social.

23 STF, RE-AgR 274949/SC , Rei. M in. Sydney Sanches, DJ 2 7 /0 3 /1 9 9 8 , p. 514.24 STF, RE-AgR 453490/SP, Rel. M in. Ricardo Lewandowski, V T, DJ 1 0 /1 1 /2 0 0 6 , p. 817.

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Esse principio tambem justifica, por exemplo, o fato de um tra­balhador que, no seu primeiro dia de trabalho, sofreu um acidente e ficou definitivamente incapaz para o trabalho, se aposentar por inva­lidez, mesmo sem ter qualquer contribuicao recolhida para a seguri­dade social.

4 . Dispositivos constitucionais referentes a previdencia social

Os principios constitucionais da seguridade social tambem sao aplicados a previdencia social, ja que esta e parte integrante daquela. Ha, no entanto, alguns dispositivos constitucionais que sao aplicados, de forma restrita, a previdencia social. Sao os seguintes:

4 .1 . Cardter contributivo

A previdencia social, nos termos do art. 201 da Constituicao Fe­deral, tem carater contributivo.25 Assim, para fazer jus aos beneficios previdenciarios e necessario que o segurado contribua financeiramente para o regime.

Das tres areas integrantes da seguridade social (previdencia so­cial, assistencia social e saude), a unica que tem carater contributivo e a previdencia social.

Saude e assistencia social independem de contribuicao. Ou seja, nestes segmentos, o beneficiario nao precisa comprovar qualquer tipo de recolhimento para a seguridade social. Apesar de serem prestadas independentemente de contribuicao, a saiide e a assistencia social pos- suem fontes de custeio, que sao oriundas das contribuicoes sociais arre- cadadas de toda a sociedade.

4 .2 . Fifiocao obriga to ria

O art. 201 da Constituicao Federal menciona que a filiacao a pre­videncia social e obrigatoria. Assim, exercendo o trabalhador alguma atividade remunerada abrangida pelo RGPS, sera obrigatoriamente fi- liado a este regime previdenciario.

25 Art. 201. A previdencia social sera organizada sob a form a de regime geral, de carater con­tributivo e de fiiia^ao obrigatoria, observados criterios que preservem o equilibrio financeiro e atuaria!

Copftulo 1

♦ Seguridade

Social

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No tocante aquelas pessoas que nao exercem atividade remunera- da, a Constituicao permite a filiacao de forma facultativa.

4.3. Equilibrio financeiro e atuorialO caput do art. 201 da Constituicao Federal tambem determina

que, em relacao a previdencia social, sejam observados criterios que pre- servem o equilibrio financeiro e atuarial do sistema.

Equilibrio financeiro e a garantia de equivaiencia entre as recei- tas auferidas e as obrigacoes do regime previdenciario em cada exer­cicio financeiro.

Equilibrio atuarial e a garantia de equivaiencia, a valor presente, entre o fluxo das receitas estimadas e das obrigacoes projetadas, apura- das atuarialmente, a longo prazo.

4.4. Garantia do beneficio minimo

Nos termos do art. 201, § 2°, da CF/88, “nenhum beneficio que substitua o salario de contribuicao ou o rendimento do trabalho do se­gurado tera valor mensal inferior ao salario minimo”

De acordo com esse dispositivo constitucional, os beneficios que nao podem ter renda mensal inferior ao salario minimo sao somente aqueles que substituem o salario-de-contribuicao ou o rendimento do trabalho. Assim, beneficios como salario-familia e o auxilio-acidente podem ter renda mensal inferior ao salario minimo, pois nestes casos, o beneficiario recebe, concomitantemente, o beneficio previdenciario

(pago pelo INSS) e o rendimento do seu trabalho (pago pela empresa). (3 Os ;citados beneficios nao substituem a renda mensal do trabalhador, | por isso, podem ser inferior ao salario minimo.

Assim, nao terao valor inferior ao salario minimo os beneficios de .2 prestacao continuada pagos pela Previdencia Social correspondentes a ~ aposentadorias, auxilio-doenca, auxilio-reclusao (valor global) e pensao -! por morte (valor global).

-g “Todos os salarios de contribuicao considerados para o calculode beneficio serao devidamente atualizados, na forma da lei” (CF/88,

J art. 201, § 3°).

>Q_O 4.5. Alualizacao monetarla dos salarios de contribuicaoO

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A Lei n° 8.213/91, art. 29-B, regularaenta esse dispositivo consti­tucional, determinando que Kos salarios-de-contribuicao considerados no calculo do valor do beneficio serao corrigidos raes a mes de acordo com a varia^ao integral do Indice Nacional de Pre^os ao Consumidor- INPC, calculado pela Funda^ao Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatistica - IBGE”

4.6. Preservacao do valor real dos beneficios

Em relacao a previdencia social, alem da irredutibilidade do valor dos beneficios (CF, art. 194, paragrafo unico, IV), a Constituicao Fe­deral tambem assegura “o reajustamento dos beneficios para preserva- -Ihes, em carater permanente, o valor real, conforme criterios definidos em lei” (CF, art. 201, § 4°).

“O Supremo Tribunal ja fixou o entendimento de que a Consti­tuicao Federal assegurou tao somente o direito ao reajuste do benefi­cio previdenciario, atribuindo ao legislador ordinario a fixacao de cri­terios para a preservacao de seu valor real - o que foi implementado pelas Leis 8.212 e 8.213/91” (STF, RE 459.794, Rel. Min. Ellen Grade, DJ 30/09/2005).

De acordo com as regras vigentes, o valor dos beneficios em ma­nutencao sera reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salario minimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de inicio ou do ultimo reajustamento, com base no Indice Nacional de Precos ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundacao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE (Lei n° 8.213/91, art. 41-A, caput).

“A adocao do INPC, como indice de reajuste dos beneficios previ­denciarios, nao ofende a norma do art. 201, § 4°, da Carta de Outubro” (STF, RE 376.145, Rel Min. Carlos Britto, DJ 28/11/2003).

4 .7 . Contagem redproca do tem po de contribuicao

“Para efeito de aposentadoria, e assegurada a contagem redproca do tempo de contribuicao na administracao publica e na atividade pri­vada, rural e urbana, hipotese em que os diversos regimes de previden­cia social se compensarao fmanceiramente, segundo criterios estabele- cidos em lei” (CF, art. 201, § 9°).

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A previdencia social e composta por dois regimes basicos: o RGPS e os regimes proprios de previdencia. A pessoa que, por exemplo, con- tribuiu durante um determinado periodo para o RGPS e que, poste- riormente, se filiou a um regime proprio, para se aposentar pelo regime proprio, podera computar o seu tempo de contribuicao para o RGPS. Na situa<;ao inversa, o segurado tambem tera assegurada a contagem red ­proca. Nesses casos, para fins de concessao dos beneficios, os diferentes regimes de previdencia se compensarao financeiramente.

O beneficio resultante de contagem redproca de tempo de con­tribuicao sera concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requere-lo> e calculado na forma da respectiva legisla<;ao (Lei n° 8.213/91, art. 99).

4 .8 . Proibicao de criterios diferenciados para concessao de aposentadoria

E vedada a ado^ao de requisitos e criterios diferenciados para a con­cessao de aposentadoria aos beneficiarios do regime geral de previdencia social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condicoes espe­ciais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica e quando se tratar de segurados portadores de deficiencia, nos termos definidos em lei com­plementar (CF/88, art. 201, § 1° - redacao dada pela EC 47, de 5/7/2005).

Esse dispositivo constitucional proibe o legislador ordinario de adotar regras diferenciadas para concessao de aposentadorias para os beneficiarios do RGPS, evitando, assim, favorecimentos indevidos e as- segurando tratamento equanime a todos os segurados. Esse principio tambem e aplicado aos regimes proprios (CF/88, art. 40, § 4°).

A Constituicao abre, no entanto, uma excecao, no sentido de as- segurar um tratamento diferenciado aos trabalhadores que exercem ati­vidades em condicoes que prejudiquem a saiide ou a integridade fisica e quando se tratar de segurados portadores de deficiencia.

Os trabalhadores que exercem atividades em condicoes que preju­diquem a saude ou a integridade fisica, em razao da exposicao a agentes nocivos (quimicos, fisicos ou biologicos), tem sua capacidade laborativa reduzida mais rapidamente. Por isso, tem direito a uma aposentadoria especial, que sera devida, uma vez cumprida a carencia exigida, ao segu­rado que tiver trabalhado sujeito a condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos. A aposentadoria especial concedida pelo RGPS e regulada pelos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/91.

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A aposentadoria diferenciada a ser concedida aos segurados por­tadores de deficiencia foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 47, de 5/7/2005. Esse dispositivo constitucional nao tem eficacia imediata, dependendo, portanto, de lei complementar que definira os requisites da concessao dessa aposentadoria com regras diferenciadas para os se­gurados portadores de deficiencia.

4 .9 . Sistema especial de in dusao previdenciaria

O § 12 do art. 201 da Constituicao Federal (na reda^ao dada pela EC 47) permite a criacao, mediante lei, de um sistema especial de inclu- sao previdenciaria para atender a trabalhadores de baixa renda e aqueles sem renda propria que se dediquem exclusivamente ao trabalho domes­tico no ambito de sua residencia, desde que pertencentes a familias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a beneficios de valor igual a um salario-mmimo.

O § 13 do art. 201 da CF (acrescentado pela EC 47) dispoe queo sistema especial de indusao previdenciaria de que trata o § 12 tera aliquotas e carencias inferiores as vigentes para os demais segurados do regime geral de previdencia social.

Em atendimento parcial aos dispositivos constitucionais acima citados, a Lei Complementar n° 123/2006 acrescentou ao art. 21 da Lei n° 8.212/91 o seguinte paragrafo:

“§ 2° £ de 11% (onzepor cento) sobre o valor correspondente ao limite minimo mensal do salario-de-contribuigdo a aliquota de contribuigdo do segurado contribuinte individual que trabalhe por contapropria, sem relagdo de trabalho com empresa ou equi- parado, e do segurado facultativo que optarem pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuigdo”

Pode~se dizer que a Lei Complementar n° 123/2006 criou, em par­te, o sistema especial de indusao previdenciaria.

4 J O . Previdencia com plem entar facu ltativa

Como o RGPS possui um limite maximo para a renda mensal dos beneficios, aqueles que desejam complementar seus rendimentos deverao, facultativamente, aderir a aiguma entidade de previdencia

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complementar aberta ou fechada, custeada por contribuicoes adicionais (CF/88, art. 202).

5. Organizacao da seguridade social

Conforme dispoe a Constituicao Federal, art. 194, VII, a gestao administrativa da seguridade social e quadripartite, com participacao dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos orgao coiegiados.

As areas de saude, previdencia social e assistencia social serao or- ganizadas em conselhos setoriais, com representantes da uniao, dos Es­tados, do Distrito Federal, dos Municipios e da sociedade civil.

Sao orgaos coiegiados da Seguridade Social: o Conselho Nacio­nal da Previdencia Social (CNPS), os Conselhos de Previdencia Social (CPS), o Conselho de Recursos da Previdencia Social (CRPS), o Conse­lho Nacional de Assistencia Social (CNAS) e o Conselho Nacional de Saude (CNS).

Neste capitulo sera estudado o CNPS, os CPS e o CRPS. O CNAS sera estudado no capitulo referente a Assistencia Social.

5.1. Conselho Nacional de Previdencia Social - CNPS

O CNPS, orgao superior de deliberacao colegiada, criado pela Lei n° 8.213/91 (art. 3°), possui como objetivo precipuo o estabelecimen- to do carater democratico e descentralizado da gestao administrativa, com a participacao do governo e da sociedade.

5.1.1. Composicao do CNPS

CNPS

6 representantes do governo federal

9 representantes da sociedade civil,

sendo:

3 representantes dos aposentados e.pensionistas

3 representantes dos trabalhado­res em atividade •

-3 representantes dos empregadores

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Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serao nome- ados pelo Presidente da Republica, tendo os representantes titulares da sociedade civil mandato de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma unica vez (Lei n° 8.213/91, a r t 3°, § 1°).

Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos aposenta­dos, dos empregadores e seus respectivos suplentes serao indicados pelas centrals sindicais e confederates nacionais (Lei n° 8.213/91, art. 3°, § 2°).

5 .1 .2 . Competencia do CNPS

De acordo com o disposto no art. 296 do Regulamento da Previden­cia Social (RPS), compete ao Conselho Nacional de Previdencia Social:

I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisoes de politicasaplicaveis a previdencia social;

II - participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestaoprevidenciaria;

III - apreciar e aprovar os pianos e programas da previdenciasocial;

IV - apreciar e aprovar as propostas orcamentarias da previdenciasocial, antes de sua consolidacao na proposta or<;amentaria da seguridade social;

V - acompanhar e apreciar, mediante relatorios gerenciais por eledefinidos, a execu^ao dos pianos, programas e or<;amentos no ambito da previdencia social;

VI - acompanhar a aplica^ao da legisla<;ao pertinente a previden­cia social;

VII - apreciar a presta^ao de contas anual a ser remetida ao Tribu­nal de Contas da Uniao, podendo, se for necessario, contratar auditoria externa;

VIII - estabelecer os valores mmimos em litigio, acima dos quaissera exigida a anuencia previa do Procurador-Geral ou do Presidente do INSS para formalizacao de desistencia ou transigencia judiciais;

IX - elaborar e aprovar seu regimento interno;X - aprovar os criterios de arrecada^ao e de pagamento dos bene­

ficios por intermedio da rede bancaria ou por outras formas; eXI - acompanhar e avaliar os trabalhos de implanta<;ao e manu­

tencao do Cadastro Nacional de Informa^oes Sociais.

Capitulo

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Seguridade Social

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De acordo com o disposto no art. 5° da Lei n° 8.213/91, compete aos orgaos governamentais:

I - prestar toda e qualquer informa^ao necessaria ao adequadocumprimento das competencias do CNPS, fornecendo inclusive estudos tecnicos;

II - encaminhar ao CNPS, com antecedencia minima de 2 (dois)meses do seu envio ao Congresso Nacional, a proppsta or^a- mentaria da Previdencia Social, devidamente detalhada.

5-1-4. Publicidade das resolucoes

As decisoes proferidas pelo CNPS deverao ser publicadas no Dia- rio Oficial da Uniao (Lei n° 8.213/91, art. 4°, paragrafo unico).

5.1.5. Reunioes do CNPS

O CNPS reunir-se-a, ordinariamente, uma vez por mes, por con- voca^ao de seu Presidente, nao podendo ser adiada a reuniao por mais de 15 (quinze) dias se houver requerimento nesse sentido da maioria dos conselheiros (Lei n° 8.213/91, art. 3°, § 3°).

Podera ser convocada reuniao extraordinaria por seu Presidente ou a requerimento de um ter$o de seus membros, conforme dispuser o regimento interno do CNPS (Lei n° 8.213/91, art. 3°, § 4°).

As ausencias ao trabalho dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atividades do Conselho, serao abonadas, compu- tando-se como jornada efetivamente trabalhada para todos os fins e efeitos legais (Lei n° 8.213/91, art. 3°, § 6°).

5.1.6. Estabilidade no emprego dos representantes dos trabalhadoresAos membros do CNPS, enquanto representantes dos trabalha­

dores em atividade, titulares e suplentes, e assegurada a estabilidade no emprego, da nomea^ao ate um ano apos o termino do mandato de re- presenta^ao, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada atraves de processo judicial (Lei n° 8.213/91, art. 3°, § 7°).

5-1-3. Competencia dos orgaos governamentais

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5.2. Conselhos de Previdencia Social - CPSOs CPS sao unidades descentralizadas do CNPS. Funcionam jun­

to as Gerencias Executivas do INSS (RPS, art. 296-A).Nas cidades onde houver mais de uma Gerencia-Executiva, o CPS

sera instalado naquela indicada pelo Gerente Regional do INSS cujas atribui<;6es abranjam a referida cidade.

Os CPS terao carater consultivo e de assessoramento, competindo ao CNPS disciplinar os procedimentos para o seu funcionamento, suas competencias, os criterios de sele^ao dos representantes da sociedade e o prazo de dura^ao dos respectivos mandates, alem de estipular por resolu^ao o regimento dos CPS.

5.2.1. ComposicaoOs CPS serao compostos por dez conselheiros e respectivos su­

plentes, designados pelo titular da Gerencia Executiva na qual for insta­lado, assim distribuidos:r' 1 i :'r

->

llfil

r W M sociedade, sendo:

' / : ; 2 dos em pregadores

2 dos aposentados ~e perisiom stas

Os representantes dos trabalhadores, dos aposentados e dos empre­gadores serao indicados pelas respectivas entidades sindicais ou associa­t e s representatives.

5.3. Conselho de Recursos da Previdencia Social - CRPSO Conselho de Recursos da Previdencia Social - CRPS, colegiado

integrante da estrutura do Ministerio da Previdencia Social, e orgao de controle jurisdicional das decisoes do INSS, nos processos referentes a beneficios a cargo desta Autarquia (RPS, art. 303).

Antes da edi^ao da Lei n° 11.457/2007, o CRPS tambem tinha com­petencia para julgar materias de interesse dos contribuintes referentes as c o n trib u te s previdenciarias. Mas atualmente, por for^a do art. 25 da Lei n° 11.457/2007, o processo administrativo fiscal relativo as contribui­coes previdenciarias regula~se pelas normas do Decreto n° 70.235/72. De

Capitulo 1

♦ Seguridade

Social

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acordo com o art. 25 do Decreto 70.235/72, o julgamento de processos sobre a aplica^ao da legislacao referente a tributos administrados pela Se­cretaria da Receita Federal do Brasil compete: (I) em primeira instancia, as Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ); e (II) em segunda instancia, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

5.3.1. Composicao do CRPS

Vint e nove juntas de Recursos - ten do cada uma a seguinte

-> 2 representantes do governo %

1 representante das empresas;

composicao 1 representante dos trabalhadores

CRPS Quatro Camaras de Julgamento - tendo

-> 2 representantes do governo

1 representante das empresascada uma a seguinte

composicao -> 1 representante dos trabalhadores

-> Conselho Pleno

O CRPS e presidido por representante do Governo, com notorio conhecimento da legislacao previdenciaria, nomeado pelo Ministro de Estado da Previdencia Social, cabendo-Ihe dirigir os servicos adminis- trativos do orgao.

O mandato dos membros do CRPS e de dois anos, permitida a reconducao, atendidas as seguintes condicoes:

r I - os representantes do Governo sao escolhidos entre servidores federais, preferencialmente do Ministerio da Previdencia Social ou do INSS, com curso superior em nivel de graduacao con- cluido e notorio conhecimento da legislacao previdenciaria, que prestarao servicos exclusivos ao CRPS, sem prejuizo dos direitos e vantagens do respectivo cargo de origem;

II - os representantes classistas, que deverao ter escolaridade de nivel superior, exceto representantes dos trabalhadores rurais, que deverao ter nivel medio, sao escolhidos dentre os indica- dos, em lista triplice, pelas entidades de classe ou sindicais das respectivas jurisdicoes, e manterao a condicao de segurados do RGPS; e

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Ill - o afastamento do representante dos trabalhadores da empresa empregadora nao constitui motivo para altera^ao ou rescisao contratual.

O conselheiro afastado por qualquer das razoes elencadas no Re- gimento Interno do CRPS, exceto quando decorrente de renuncia volun­taria, nao podera ser novamente deslgnado para o exercicio desta fun<;ao antes do transcurso de cinco anos, contados do efetivo afastamento.

Compete ao Ministro de Estado da Previdencia Social aprovar o Regimento Interno do CRPS.

5.3.2. Juntas de Recursos

As Juntas de Recursos t£m a competencia para julgar, em primeira instancia, os recursos interpostos contra as decisoes prolatadas pelos orgaos regionais do INSS, em materia de interesse de seus beneficiarios.

As Juntas de Recursos, presididas por representante do Governo, sao compostas por quatro membros, denominados conselheiros, nome- ados pelo Ministro de Estado da Previdencia Social, sendo dois repre­sentantes do Governo, um das empresas e um dos trabalhadores.

5.3.3. Camaras de Julgamento

As Camaras de Julgamento, com sede em Brasilia, tem a compe­tencia para julgar, em segunda instancia, os recursos interpostos contra as decisoes proferidas pelas Juntas de Recursos que infringirem lei, re- gulamento, enunciado ou ato normativo ministerial.

As Camaras de Julgamento sao presididas por representante do Governo e sao compostas por quatro membros, denominados conse- lheiros, nomeados pelo Ministro de Estado da Previdencia Social, sendo dois representantes do Governo, um das empresas e um dos trabalha­dores.

5.3.4. Conselho Pleno

O Conselho Pleno tem a competencia para uniformizar a juris­prudencia previdenciaria mediante a emissao de enunciados, ad refe­rendum do Ministro de Estado da Previdencia Social.

Capitulo 1

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O Presidente do Conselho defmira o numero de sessoes mensais, que nao podera ser inferior a dez, de acordo com o volume de processos em andamento.

A gratificacao de relatoria por processo relatado com voto corres­ponded a um cinquenta avos do valor da retribuicao integral do car­go em comissao do grupo Dire^ao e Assessoramento Superior prevista para o presidente da camara ou junta a que pertencer o conselheiro; e

O valor total da gratificacao de relatoria do conselheiro nao po­dera ultrapassar o dobro da retribuicao integral do cargo em comissao previsto para o presidente da camara ou junta que pertencer.

01. (AFP5 2002/Esaf) A luz da Seguridade Social deftnida na Constituicao Federal, ju lgue os itens abaixo:

I. Previdencia Social, Saiide e Assistencia Social sao partes da Seguridade Social.

IL A saiide exige contribuicao previa.III. A Previdencia Social exige contribuicao previa.IV. A assistencia social possui abrangdncia universal, sendo qualquer pessoa

por ela am parada.a) Todos estao corretos.b) Som ente 1 esta incorreto.c) II e IV estao incorretos.d) I e II estao incorretos.e) 111 e IV estao incorretos.

02. {AFP5/2002/Esaf) Com relacao aos objetivos constitucionais da Seguridade Social, assinale a opcao correta.

a) Universalidade da base de financiam ento.b) Seletividade e distributiv idade na prestacao dos beneficios e servicos.c) Irredutibilidade do valor dos servicos.d) Equidade na cobertura.e) Diversidade do a tendim ento .

5.3.5. Gratificacao dos membros do CRPS

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03. [AFPS/2002/Esaf] Assinaie a op^ao correta entre as assertivas abaixo relacionadas a gestao da Seguridade Social, nos term os da Constituicao Federal.

a) A gestao da Seguridade Social ocorre de form a centralizada, m onocratica, quadripartite .

b) A gestao da Seguridade Soda! ocorre de form a descentralizada, monocratica, quadripartite .

c) A gestao da Seguridade Social ocorre de form a centralizada, colegiada, qua­dripartite.

d) A gestao da Seguridade Social ocorre de form a descentralizada, colegiada, tripartite .

e) A gestao da Seguridade Social ocorre de form a descentralizada, colegiada, quadripartite.

04. (AFPS/2002/Esaf) Pedro, m enor carente, de 12 anos, e Paulo, empresario bem - -sucedido, de 21 anos, desejam participar de programas assistenciais (Assistencia Social) e de sadde publica (Saude).

De acordo com a situa^ao-problem a apresentada acima, e correto afirm ar que:

a) Pedro e Paulo podem partic ipar da Assistencia Social.b) So Pedro pode participar da Saude.c) Pedro so pode participar da Assistencia Social.d) Paulo pode participar da Assistencia Social.e) Pedro e Paulo podem participar da Saude.

05. (AFPS/2002/Esaf) A luz da com petencia constitucional da Previdencia Social, ju lgue os itens abaixo que sao d e com petencia da Previdencia Social:

I. cobertura dos eventos de doenga, invalidez, m orte e idade avangada.II. salario-familia e auxflio-reclusao para os dependentes dos segurados de

baixa renda.Hi. pensao por m orte do segurado, hom em ou mulher, ao conjuge ou com -

panheiro e dependentes.IV. a prom o^ao da integra^ao ao m ercado de trabalho.

a) Todos estao corretos.b) Som ente IV esta incorreto.c) I e II estao incorretos.d) I e III estao incorretos.e) IM e IV estao incorretos.

Capitulo 1

♦ Seguridade

Social

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06. (PFN/2006/Esaf) Quanto aos principios constitucionais da Seguridade Social, e correto afirmar.

a) a universalidade da cobertura e do a tendim ento significa a cobertura de todos os riscos, chamados riscos sociais, que podem ating iras pessoas que vivem em sociedade e que todos os residentes e domiciliados no territorio nacional - brasileiros e estrangeiros - devem ser atendidos pelo Sistema de Seguridade Social.

b) a seletividade refere-se a escolha dos beneficiarios que serao atendidos pelo Sistema da Seguridade Social, enquanto que a distributividade define o papel de distribuicao efetiva de renda reconhecido a Seguridade Social.

c) o principio da irredutibilidade do valor dos beneficios, segundo a orienta- Cao do Supremo Tribunal Federal, significa a irredutibilidade do valor real, protegendo-os do fenom eno infiacionario,

d) o p rindp io da uniform idade e equivaiencia dos beneficios e servicos as p o ­p u la te s urbanas e rurais nao abrange o valor econom ico dos beneficios do trabalhador rural, que podem ser m enores em razao das caracteristicas do trabalho desenvolvido, conform e legislacao propria.

e) a garantia do carater dem ocratico e descentralizado da a d m in is t r a c a o e o principio m aterializado na gestao tripartite - em pregadores, aposentados e Governo - nos orgaos coiegiados.

07. Uuizdo Trabalho/TRTda 7°regiao/2005/Esaf) - No contexto da Seguridade Social, com base na Constituicao Federal, e correto afirm ar que

a) a Seguridade Social e um conjunto integrado de acoes de iniciativa exclusiva dos poderes publicos destinado a assegurar o direito relativo a saude, a previ­dencia e a assistencia social.

b) o direito a m oradia esta com preendido entre os bens juridicos tutelados peia Seguridade Social.

c) e principio constitucional expresso reiativam ente a Seguridade Social o aten- f d im ento integral a populacao, com prloridade para as atividades preventivas.d) a previsao constitucional de participacao dos aposentados, dos trabalhadores

e dos empresarios na gestao adm inistrativa da Seguridade Social evidenciao seu carater dem ocratico e descentralizado.

e) o financiam ento da Seguridade Social e fe ito som ente,de form a indireta peia sociedade, m ediante recursos provenientes unicam ente dos orcam entos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos M unidp ios.

08. {Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB) A respeito da seguridade social e de seus principios informativos, ju lgue os itens a seguir.

1 - O principio da preexistencia do custeio em relacao ao beneficio ou servico ad m ite apenas uma unica excecao, identificavel nas prestacoes da assisten­cia social, para cujo acesso nao ha necessidade de qualquer contribuicao por parte do segurado.

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il - O principio da trfpMce fo rm a de custeio, que estatu i a obrigacao dos entes publicos, em pregados e em pregadores para a seguridade social, adm ite, com o unica excecao, a receita dos concursos de prognosticos, facultando-se a Uniao, m ed iante lei com plem entar, instituicao de outras c o n tr ib u te s , a partir de fatos geradores contem plados pela legislacao fiscal.

HI - As contribuicoes sociais destinadas ao custeio da seguridade social apenas serao exigrveis no exercicio seguinte ao da publicacao da lei que as houver institufdo ou m odificado, de acordo com o principio da anualidade, que lim ita o poder de tributar.

Os itens que estao errados sao:

a) i e IIb) II e illc) I e Hid) todose) nenhum

09. {Fiscal/lNSS/97/Cespe-UnB) Com relacao a seguridade social, ju lg u e os itensabaixo.

1 - A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n° 4 .682 /23) foi o grande marco da Previdencia Social no Brasil. No entanto, alguns institutos juridicos secundarios existentes hoje, nas m odernas le g is la te s , ja haviam sido concebidos no Brasil, por instrumentos legais, m uito antes.

li - Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) resultou da fusao do INPS e do IN AMPS, com petindo-lhe, entre outras atribuicoes, prom over a arrecada- Cao, a fiscalizacao e a cobranca das contribuicoes incidentes sobre a folha de salarios e demais receitas a elas vinculadas, na form a da legislacao em vigor.

HI - A preexistencia do custeio total em relacao ao beneficio ou servico da seguridade social e fator indispensavel; sem o custeio, nao ha beneficio ou servico de seguridade. Porem, esse principio nao im pede que a assistencia social seja prestada independ entem ente de contribuicao do beneficiario a seguridade social.

Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) II e IIIc) 1 e IIId) todose) nenhum

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10. (Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) A seguridade social com preende um conjunto integrado de agoes de (niciativa dos poderes publicos e da socie­dade, desttnado a assegurar os direitos relativos a:

I - saude;II - educa^ao; ill - h ab itagao;,I V - assistencia social;V - previdencia social.Estao corretos os itens:a) IV e V . apenas.b) I, II e V, apenas.c) I, IV e V, apenas.d) 11, Ell e IV, apenas.e) I, II, 111 e IV, apenas.

11. {Tecnico Previdenciario/INSS/2005/Cesgranrio) O art. 201, § 4° da Constituicao Federal de 1988 assim dispoe: "E assegurado o reajustam ento dos beneficios para preservar-lhes, em carater perm anente, o valor real, conform e criterios definidos em lei"

Tal dispositivo disciplina a m anutencao do valor real dos beneficios previden­ciarios, que consiste em:a) assegurar reajustam ento de m odo que a renda mensal seja equivalente ao

ndm ero de salarios mfnimos da renda mensal inicial, na data de inicio do beneficio.

b) reajustar o beneficio de acordo com a variacao inflacionaria, de m odo a evitar dim inuicao injusta do seu poder de com pra, variacao esta que sera fixada em lei.

c) corrigir, m onetariam ente, todos os salarios-de-contribuicao considerados no calculo do beneficio.

d) adotar criterios de reajustam ento dos beneficios previdenciarios fixados anualm ente pelo Poder Judiclario.

e) aplicar o m esm o indice de reajustam ento vigente na data de inicio do bene­ficio a to do o periodo de reajuste, durante a exfstencia do beneficio.

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12. (Analista Previdenddrio/INSS/2005/Cesgranrio) NAO esta correto afirm ar que a Previdencia Social rege-se peio seguinte principio ou objetivo:

a) universalidade da cobertura e do atendim ento.b) uniform idade e equivaiencia dos beneffcios e servicos a p o p u la te s urbanas

e rurais.c) sistema contributivo de capitalizable.d) seletividade e distributividade na prestacao dos beneficios.e) irredutibilidade do valor dos beneffcios.

13. (Juiz/TRFda5°Regiao) Constitui principio aplicavel especificam entea previdencia social:

a) am paro as criancas e adolescentes carentes.b) autonom ia da vontade.c) participacao da iniciativa privada em carater concorrente.d) calculo dos beneficios considerando-se os salarios-de-contribuicao corrigidos

m onetariam ente,e) acesso universal igualitario.

14. (Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

I - A previdencia social brasileira tem por objetivos e diretrizes organizacio-nais, entre outros, a universalizacao da participacao m ediante contribuicao, a preservacao do valor real dos beneficios e a previdencia com plem entar facultativa custeada por contribuicao adicional (Delegado da Polfcia Fe­deral/97).

II - Seletividade e distributividade na prestacao dos beneffcios e servicos saoprincipios constitucionais da seguridade social (FISCAL/1NSS/97).

III - Ao Conselho Nacional de Previdencia Social, orgao superior de d e lib e -racao colegiada, com posto de cinco representantes do governo federal e o ito representantes da sociedade civil, c om pete hom ologar os pianos e program as da Previdencia Social (Fiscal/INSS/97).

Os itens que estao certos sao:

a) le llb) 11 e liEc) 1 e IIId) todose) nenhum

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15. (Cespe-UnB/2008) Julgue os itens subsequentes, relacionados a seguridade social.

i - A positivacao do m odelo de seguridade social na ordem jundica nacional ocorreu a partir da Constituicao de 1937, seguindo o m odelo do b e m - -estar social, em voga na Europa naquele m om ento . No caso brasileiro, as areas representativas dessa form a de atuacao sao saude, assistencia e previdencia social (Procurador/Aracaju/SE).

II - A seletividade e a distributividade dos beneficios e dos servicos da seguri­dade social referem -se a capacidade individual contributiva dos possi'veis beneficiarios, que determ ina a aptidao para usufrm rem prestagoes da seguridade social (PGE/ES).

III - A adm inistracao da seguridade social possui carater dem ocratico m e­d iante gestao quadripartite , com a partic ipacao dos trabalhadores, dos em pregadores, dos aposentados e do governo nos orgaos coiegiados (PGE/ES).

Os itens que estao errados sao:

a) i e IIb) l le l l!c) I e Hid} todose) nenhum

16. (ATA-MF/2009/Esaf) Assinale a opcao correta entre as assertivas abaixo relacio­nadas a organizacao e principios constitucionais da Seguridade Social.

a) Diversidade da base de finandam ento e objetivo da Seguridade Social.b) 0 valor dos beneficios pode ser diminui'do gradativam ente.c) Pode haver beneficios maiores para a populacao urbana em detrim ento da

rural.d) A gestao da Seguridade Social e ato privativo do Poder Publico.e) Os servicos previdenciarios devem ser sempre o mesmo, independente do

destinatario.

17. (Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

I - Se a Uniao editasse lei ordinaria fixando a renda mensal doauxilio-acidente em 60% do saiario-de-benefscio, essa lei seria inconstitucional porque acarretaria diminuscao no valor da renda m ensal do auxHio-acidente, em flagrante violacao do princfpio constitucional da irredutibilidade de beneficios (AGU/abr/2002).

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11 - Para efeito de aposentadoria, e assegurada a contagem redproca do tem po de contribuicao na adm inistracao publica e na atividade privada, rural e urbana, segundo criterios estabelecidos em iei (AGU/dez/2002).

I!! - inspirada no piano Beveridge da Inglaterra e na doutrina norte-am ericana do estado do bem -estar social, a Constituicao de 1946 iniciou um processo de sistematizacao constitucional da materia previdenciaria, inserindo pela primeira vez a expressao seguridade social (Procurador Federal/abr/2004).

Os itens que estao errados sao:

a) i e iib) li e 111c) i e II!d) todose) nenhum

18. (Procurador Federai/2004/Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

I ~ A universalidade da cobertura e do atendim ento implica que qualquerpessoa pode participar da protecao social patrocinada pelo Estado. Em relacao a previdencia social, o carater contributivo restringe essa abran- gencia apenas aqueles que contribuem para o sistema. Por esse m otivo, foi criado o segurado facultativo, com vistas a atender ao m andam ento constitucional.

II - Decorre do principio da equidade na form a de participacao no custeio,a possibilidade de as contribuicoes do em pregador, da empresa ou de entidade a eia equiparada poderem ter aliquotas ou bases de calculo di- ferenciadas, em razao da atividade econdmica ou da utilizacao intensiva de m ao d e o b ra .

III - A solidariedade e principio fundam ental que norteia o sistema de segu­ridade social, possibilitando que aqueles que tem melhores condicoes financeiras contribuam com um a parcela m aior para o financiam ento do bem -estar de toda a coletividade.

Os itens que estao certos sao:

a) l e! !b) II e HIc) I e EHd) todose) nenhum

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19. (Juiz Federal/TRF da 5° Regiao/2004/Cespe-UnB) Ju ig ue os seg u intes itens:

I - 0 postulado da universalidade da cobertura e do atendim ento significa que opoder publico deve organizara seguridade social de m odoa garantiros bene- ftcios respectivos a todos os residentes no pais, observadas as peculiaridades e as especificidades que, nos termos da lei, possam justrftcar a concessao de beneficios distintos a segurados urbanos e rurais.

II - 0 principio da seletividade na prestacao de servicos e beneficios corres-ponde a nocao de que com pete ao legislador — com base em criterios equitativos de solldariedade e justica sociaf e segundo as possibifidades econdmico-financeiras do sistema — definir quais beneffcios serao con­cedidos a determ inados grupos de pessoas, em razao d e especificidades que as particularizem .

III - A luz dos principios da isonomia e da equidade na form a de participacao docusteio das atividades da seguridade social, ao legislador nao e perm itido fixar, para empresas ou entidades a elas equiparadas, aliquotas ou bases de calculo diferenciadas em razao da atividade economica desenvolvida.

Os itens que estao errados sao:

a) i e i jb) II e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

20. (Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

I - 0 sistema de seguridade social integra acoes dos poderes ptibficos e dasociedade. Destinado a assegurar os direitos relativos a saude, a previdencia social e a assistencia social, esse sistema preve que nenhum beneficio ou servico podera ser criado, m ajorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total, o que determ ina o seu carater contributivo (Procu­rador Federal/abr/2004).

II - Na condicao de co-responsavei pela m anutencao e pelo custeio do pianode previdencia privada da entidade fechada, o patrocinador e livre para delim itar quais os em pregados a serem aceitos com o possfvets participan­tes dos pianos de beneficios (AGU/2002).

III - As entidades de previdencia com plem entar privada fechada organizar--se-ao sob a form a de fundacao ou sociedade civil, sem fins lucrativos, enquanto as de natureza aberta sao constitufdas unicam ente sob a form a de sociedades anon i mas (AGU/2002).

Os itens que estao errados sao:

a) I e I!b) II e IIIc) I e 111d) todose) nenhum

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21. (Advogadoda Uniao/2004/Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

I - 0 regim e de previdencia privado, de carater com plem entar e organizadode form a autonom a, e obrigatorio para os entes da federacao que optem pelo lim ite m axim o do valor dos beneficios previstos no RGPS para o seu regim e proprio.

II - As entidades fechadas de previddncia com plem entar podem ser publicasou privadas, conform e a natureza dos patrocinadores ou instituidores e dos seus participantes.

III - A seguridade social com preende um conjunto integrado de a<;oes deiniciativa privativa do Poder Executivo, destinadas especificam ente ao custeio da previdencia social do trabalhador, seja ele publico ou privado.

Os itens que estao errados sao:

a) I e IIb) II e IIIc) I e illd) todose) nenhum

22. {Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

! - £ perm itido a Uniao, como patrocinadora, o aporte de recursos a entidades de previdencia privada de carater com plem entar, desde que a sua contri­buicao norm al para o piano de beneficios nao exceda a do participante (AGU/2002).

II - Historicamente, as entidades fechadas de previdencia complementar sempre foram acessiveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas, denominados patrocinadores. De acordo com a atual legislacao, tam bem sao consideradas entidades fechadas as que se organizam em razao do vinculo associativo, como e o caso dos sindicatos e entidades de classes, denominados instituidores (Procurador Federal/2004).

II - Como a previdencia nao pode gastar mais do que arrecada, a Constituicao da Republica assegura que, a lem das fontes de custeio nela previstas, ou ­tras sejam criadas por in term edio de lei ordinaria sem pre que se mostre necessario o financiam ento de novos beneffcios e servicos (AGU/2002).

Os itens que estao certos sao:a) I e llb) ll e 111c) I e md) todose) nenhum

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23. (AFRF/2005/Esaf) Sobre a previdencia social, na Constituicao de 1988, m arque aunica opcao correta.a) A Constituicao Federal ao discipiinar o sistema especial de indusao previ­

denciaria para atender a trabalhadores de baixa renda, autoriza que esse sistema tenha aliquotas inferiores as vigentes para os demais segurados do regim e geral de previdencia social, mas veda a fixacao de prazos de carencia inferiores.

b) As condicoes contratuais previstas nos estatutos das entidades de previdencia privada integram o contrato de trabalho dos participantes.

c) Desde que haja expressa previsao legal, o aporte de recursos pela Uniao a entidade de previdencia privada de suas empresas publicas, fe ito na condicao de patrocinadora, sob a form a de contribuicao normal, pode corresponder ate ao dobro da contribuicao do segurado.

d) A Constituicao Federal em bora perm ita, para fins de aposentadoria, a con­tagem redproca do tem p o de contribuicao na adm inistracao publica e na atividade privada, veda a aplicacao desse instituto em relacao a atividade privada rural, peia impossibilidade, nesse caso, de com pensacao financeira dos diferentes regimes de previdencia social.

e) A lei com plem entar que discipiinar a relacao entre a Uniao, Estados, Distrito Federal ou Municipios, incluidas as suas autarquias, fundacoes, sociedades de economia mista, e suas respectivas entidades fechadas de previdencia privada, aplicar-se-a as empresas privadas concessionaries de prestacao de servico publico, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdencia privada.

24. (AFRF/200S/Esaf) Sobre a seguridade social, na Constituicao de 1988, m arque aunica opcao correta.a) A seguridade social sera financiada com recursos, entre outros, provenientes

de contribuicoes do trabalhador e demais segurados da previdencia social, incidentes, inclusive, sobre aposentadorias e pensoes concedidas pelo regim e geral de previdencia social.

b}- Nenhum beneficio da seguridade social podera ser criado ou m ajorado sem a correspond ente fonte de custeio total, salvo os de carater em ergendal para atendim ento de caiam idade publica.

c) O pescador artesanal que exerca a sua atividade em regim e de econom ia familiar, ainda que possua ate tres empregados permaneptes, contribuira para a seguridade social m ediante aplicacao de um a allquota sobre o resultado da comerciaiizacao da producao.

d) A contribuicao para financiam ento da seguridade social paga pela empresa podera ter alfquota diferenciada em razao da utih'zacao intensiva da m ao de obra.

e) E vedada, pela Constituicao Federal, a transferencia de recursos para o Sistema Unico de Saude e acoes de assistencia social da Uniao para os estados.

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25. (Analista/TRF da 3°Regiao/2007/FCQ Considere as seguintes assertivas a respeito do regim e gerai de previdencia sociai:

I - Em regra, e vedada a fiiia^ao ao regim e gerai de previdencia social, na qualidade de segurado facu ltativo, de pessoa partic ipante de regim e proprio de previdencia.

It - Para efeito de aposentadoria nao e assegurada a contagem redproca do tem po d e contribuicao na adm inistracao publica e na atividade priva rural.

Ill - Osganhos habituais do em pregado, a qualquer tftulo, serao incorporados ao salario para efeito de contribuicao previdenciaria e consequente reper- cussao em beneffcios, nos casos e na form a da lei.

iV - Nenhum beneficio que substitua o salario de contribuicao ou o rendim ento do trabalho do segurado tera valor mensal inferior ao salario m inim o.

De acordo com a Constituicao Federal brasileira, esta correto o que se afirma APENAS em

a) 1,11 e Iffb) I e IIIc) 1, 111 e IVd) I I , f i l e I Ve) 111 e IV

26. (Analista/TRF da 3° Regiao/2007/FCQ A contribuicao social sobre a receita de concursos de prognosticos e um exem plo especffico do principio constitucionalda

a) Diversidade da base de financiam ento.b) Carater dem ocratico e descentralizado da administracao.c) Seletividade e distributividade na prestacao dos beneffcios e servicos.d) Universalidade da cobertura.e) Equidade na form a de participacao no custeio.

27. (Analista/TRF da 3a Regiao/2007/FCC) Ao se conceder o beneficio assistencial da renda vitalfcia ao idoso ou ao deficiente sem meios de subsistencia estara sendo aplicado, especificam ente, o principio da

a) Equidade na form a de participacao no custeio.b) Universalidade do atendim ento.c) Universalidade da cobertura.d) Distributividade na prestacao dos beneffcios e servicos.e) Diversidade da base de financiam ento.

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28. {Juiz do Trabalho/TRTda 11° Regiao/2005/FCC) A Constituicao Federal de 5 de outubro de 1988 disciplinou o Sistema de Seguridade Social, no Tftulo VIM, Capftulo Jl, estabelecendo com o um de seus objetivos a

a) irredutibilidade do valor do beneffcio, a fim de que seja m antido o padrao de vida de todos os segurados do sistema, m antendo o valor real dos beneffcios.

b) diversidade da base de financiam ento, ja que para o Sistema de Seguridade Social serao vertidas contribuicoes tan to dos trabalhadores com o dos em ­pregadores.

c) universalidade de cobertura e atendim ento, ja que todos os riscos sociais deverao ser cobertos e todas as pessoas deverao ser atendidas, na exata m edida de sua contribuicao ao sistema.

d) seletividade e a distributividade na prestagaodos beneffcios e services, j3 que os riscos sociais que m erecem protecao sao selecionados edepois distribufdos conform e a necessidade de cada qual.

e) equ idade na form a de participacao no custeio, com identica contribuicao das empresas e trabalhadores, em decorrdncia do principio da solidariedade social.

29. (Analista/TRFda4aRegiao/2007/FCC) Para um trabalhador que nao possua depen­dentes, o beneficio salario-familia nao sera concedido; para o trabalhador que se encontre incapaztem po rariam ente para o trabalho, por m otivo de doenca, nao sera concedida a aposentadoria por invalidez, mas auxflio doenca. Nesses casos, esta sendo aplicado, especificam ente, o principio constitucional da

a) seletividade na prestacao dos beneffcios e servicos.b) universalidade na cobertura e no atendim ento.c) equidade na form a de participacao no custeio.d) diversidade da base de financiam ento.e) dem ocratizacao e descentralizacao da adm inistracao.

30. (Analista/TRF da 2 a Regiao/20Q7/FCC) C ontribuem para a seguridade social, da mesma form a, aqueles que estao em iguais condicoes contributivas. As em p re­sas NAO contribuem da m esm a form a que os trabalhadores, em conform idade, especificamente, com o principio da

a) universalidade.b) seletividade na prestacao de beneffcios e servicos.c) equ idade na form a de participacao no custeio.d) irredutibilidade do valor dos beneficios.e) natureza dem ocratica e descentralizada da adm inistracao.

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31. {Analista/TRFda2a Regiao/2007/FCC) A receita da seguridade social nao esta ads- trita a trabalhadores, em pregadores e Poder Publico. Essa assertiva relacionada a receita da seguridade social esta baseada, especificamente, ao princr'pio da

a) natureza dem ocratica e descentralizada da administracao.b) diversidade da base de financiam ento.c) universalidade da cobertura e do atendim ento.d) equidade na form a de participacao no custeio.e) seletividade e distributividade na prestacao dos beneficios.

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1. Lei e legislacao

A palavra legislacao e entendida como sendo um conjunto de leis acerca de determinada materia. Ja a palavra lei tem um sentido estrito e outro amplo. Lei, no sentido estrito (stricto sensu), e a norma juridica elaborada pelo Poder competente para legislar (Poder Legislativo). Lei, em sentido amplo (lato sensu), compreende o conjunto de normas, de diversas hierarquias, desde a norma constitucional ate as normas com- plementares (como decretos, portarias, instru£oes normativas etc.).

Legislacao significa, portanto, um conjunto de leis em sentido amplo. Assim, a legislacao previdenciaria e o conjunto de normas refe­rentes ao funcionamento do sistema previdenciario, tais como: os dis­positivos constitucionais que tratam do tema previdenciario, as leis, os regulamentos, os decretos, portarias, instru^oes normativas, as circula- res, as resolucoes etc.

Fontes sao os modos de expressao do direito. Nos sistemas de di­reito escrito, como o nosso, a principal fonte do direito e a lei, entendida como ato emanado do Poder Legislativo. As outras fontes apenas subsi- diam a fonte principal.

Seguindo essa logica, o Direito Previdenciario tem como fontes principals a Constituicao Federal, emendas constitucionais, leis com- plementares, leis ordinarias, leis delegadas, medidas provisorias, decre- tos legislatives e resolucoes do Senado.

<3 Os tratados, convencoes e outros acordos internacionais tambem^ sao fontes do Direito Previdenciario. Tratam-se de ajustes bilaterais ou♦ multilaterais celebrados entre Estado estrangeiro ou organismo interna- .2 cional e o Brasil, tratando especificamente de Previdencia Social, e que1 regulam as relacoes juridicas entre as Na^oes em materia de direitos em3 vias de aquisicao ou adquiridos, quando o trabalhador deixa um terri-2 torio e passa a trabalhar em outro. Compete privativamente ao Presi- s dente da Republica celebrar tratados, convencoes e atos internacionais, 5 sujeitos a referendo do Congresso Nacional (CF, a r t 84, VIII). Enquanto4 nao estiver completo todo o procedimento constitucional para a incor- | poracao do tratado ao direito interno, nao havera qualquer producao J! domestica de efeitos do ato firmado pelo Presidente da Republica.

2. Fontes

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I

Os tratados internacionais em geral dependem, para efeito de sua ulterior execu^ao no piano interno, de uma sucessao causal e ordena- da de atos revestidos de carater politico-juridico, assim definidos: (a) aprova^ao, pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convencoes; (b) ratifica^ao desses atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante deposito do respectivo instrumento; (c) promulga^ao de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da Republica, mediante de­creto, em ordem a viabilizar a produ^ao dos seguintes efeitos basicos, essenciais a sua vigencia domestica: (1) publica^ao oficial do texto do tratado e (2) executoriedade do ato de direito internacional publico, que passa, entao - e somente entao - a vincular e a obrigar no piano do direito positivo interno (STF, CR 8279 AgR, Rel. Min. Celso De Mello, DJ 10/08/2000).

As leis delegadas serao elaboradas pelo Presidente da Republica, que devera solicitar a delega^ao ao Congresso Nacional (CF/88, art. 68); em caso de relevancia e urgencia, o Presidente da Republica podera ado- tar medidas provisorias, com for^a de lei, devendo submete-las de ime- diato ao Congresso Nacional (CF/88, art. 62).

Os decretos legislativos sao editados pelo Congresso Nacional, no uso de sua competencia exclusiva, nao se sujeitando a san«jao do Presi­dente da Republica. Em materia previdenciaria, os decretos legislativos mais importantes sao aqueles que aprovam os tratados internacionais firmados pelo Presidente da Republica (CF, art. 49,1).

Resolu^ao e norma juridica que integra o processo legislativo (CF, art. 59, VII). Nao se sujeitam a san^ao do Presidente da Republica. Em materia previdenciaria, as resolucoes do Senado mais importantes sao aquelas que suspendem a execu^ao, no todo ou em parte, de lei de- clarada inconstitucional por decisao definitiva do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 52, X). Como exemplo, cita-se o caso em que o STF declarou a inconstitucionalidade da almea “h ”, inciso I, artigo 12, da Lei n° 8.212/91 nos autos do Recurso extraordinario n° 351.717-1. Tal declara^ao de inconstitucionalidade do STF motivou o Senado Federal a editar a Resolu^ao 26/2005 suspendendo a execu^ao da mesma alinea “h ”, inciso I, artigo 12, da Lei n° 8.212/91. Existem tambem resolucoes da Camara do Deputados e do Congresso Nacional, mas que nao apre- sentam relevo especffico em nossa disciplina.

As fontes secundarias do Direito Previdenciario sao os atos norma- tivos emanados do Poder Executivo e compreendidos na legislacao previ-

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denciaria, tais como decretos, regulamentos, portarias, ordens de servico, instrucoes normativas, orienta<;6es normativas, circulares, resolucoes etc. Esses atos sao normas complementares a lei. Diz-se que sao complemen- tares porque se destinam a completar o texto das leis. Como regras juridi- cas de categoria inferior, limitam-se a completar; nao podem inovar ou de qualquer forma modificar os textos da norma que complementam.

Constituicao Federal, emendas constitucionais, leis c.bmple-

Fontes do Direito

Principalsmentares, leis ordinarias, leis delegadas, medidas proviso- rias, decretos legislativos, re­solucoes do Senado e tratados

internacionais.Previdenciario

Secundarias -*

Decretos, regulamentos,, ; portarias, ordens de servico, instrucoes. normativas,; orien- i tacoes normativas, circulares,

resolucoes etc.

A jurisprudencia e a doutrina tambem exercem importante papel ao analisar as disposicoes da previdencia social, mas a verdadeira fonte e a legislacao.

A jurisprudencia e o conjunto de solucoes dadas pelo Poder Judici- ario as questoes de direito, quando no mesmo sentido, ou seja, uniforme. Nao pode ser considerada como fonte formal do Direito Previdenciario, pois nao se configura como norma obrigatoria, mas apenas como cami- nho predominante em que os tribunals entendem aplicar a lei, suprimin- do, inclusive, eventuais lacunas desta ultima.

Tod avia, de acordo com a Emenda Constitucional n° 45, de 08/12/2004, o Supremo Tribunal Federal (STF) podera editar enuncia- do de sumula com efeito vinculante. A citada Emenda Constitucional acrescentou a Constituicao Federal o art. 103-A, que tem a seguinte re- dacao:

"Art. 103-A. 0 Supremo Tribunal Federal podera, de oficio ou por provoca$ao, mediante decisao de dois termos dos seus membros, apos reiteradas decisoes sobre materia constitucional,

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aprovar sumula que, a partir de sua publicagao na imprensa oficial, tera efeito vinculante em relagao aos demais orgaos do Poder Judicidrio e d administracao publica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder a sua revisao ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.”

O art. 103-A da Constituicao Federal foi regulamentado pela Lei n° 11.417/2006. Assim, as Sumulas Vinculantes do STF tambem passam a integrar o rol das fontes principals do Direito, ja que o Poder Judicia- rio, quando do julgamento das lides, esta obrigado a aplica-las.

Ha, porem, diferen^a entre a “sumula comum” que o STF edita comumente, e as sumulas vinculantes. A primeira e uma mera sintese de decisoes da Corte sobre normas. Ja as sumulas vinculantes sao “uma norma de decisao”. Ou seja, elas tem poder normativo.

De acordo com o disposto no art. 131 da Lei n° 8.213/91, o Ministro da Previdencia Social podera autorizar o INSS a formalizar a desistencia ou abster-se de propor a^oes e recursos em processos judiciais sempre que a a^ao versar materia sobre a qual haja declaracao de inconstitucio­nalidade proferida pelo STF, sumula ou jurisprudencia consolidada do STF ou dos tribunais superiores.

A doutrina e a producao de doutores, juristas e estudiosos do di­reito, constituida pela elaboracao de conceitos, explicate de institutos juridicos, metodos de interpretacao, enfim, de sistematizacao que va- mos encontrar na literatura relativa ao direito. Tambem se constitui em valxoso criterio para a analise do Direito Previdenciario, mas nao pode dizer que venha a ser uma de suas fontes, justamente porque os juizes nao estao obrigados a observar a doutrina nas suas decisoes, tanto que a doutrina muitas vezes nao e padfica, tendo posicionamentos opostos.26

Temos varias leis sobre previdencia social. As principais sao as Leis n° 8.212/91 (custeio) e 8.213/91 (beneficios); as Leis Complementa- res nos108 e 109, ambas de 29/5/2001, determinam regras sobre previ­dencia complementar; o Decreto n° 3.048/99 aprova o Regulamento da Previdencia Social; a Instru^ao Normativa INSS n° 45, de 06/08/2010, estabelece criterios a serem adotados pela area de beneficio; a Instru- Cao Normativa RFB n° 971, de 13/11/2009, dispoe sobre normas gerais de tributa<;ao previdenciaria e de arrecadacao das co n trib u te s sociais destinadas a Previdencia Social.

26 MARTiNS, Sergio Pinto. Op. c it, pp. 60-61.

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3. Aufonomia

Do ponto de vista cientifico, nao se deve falar em autonomia de ne- . |nhum ramo do Direito, que e uno. Didaticamente, porem, e conveniente |dividir-se o Direito em ramos, com o objetivo de facilitar o estudo.27 :

A questao da autonomia deste ou daquele ramo do Direito cos-tuma ser colocada em torno de reais ou supostas especificidades ou ]propriedades de um dado conjunto de normas juridicas, que possam ;distingui-lo dos demais setores do Direito.28 I

Em rela<;ao a autonomia do Direito Previdenciario, ha duas teo- !rias: a primeira afirma que a previdencia social encontra-se no ambito j do Direito do Trabalho; a segunda sustenta a autonomia didatica desteramo do Direito. "j j

Todavia, o entendimento dominante e que ha autonomia do Di- -treito Previdenciario, mostrandO que esse ramo do Direito nao se con- 'funde com o Direito do Trabalho. £

A Constituicao de 1988 acaba com tal celeuma, ao estatuir umcapitulo proprio para a seguridade social, no qual constam varias dis- I posicoes sobre seguridade social, abrangendo a previdencia social, as-sistencia social e saude, tornando-o totalmente desvinculado do Direito |do Trabalho, que teve suas disposicoes inclufdas no Capitulo II (“Dos 7Direitos Sociais”) do Titulo II (“Dos Direitos e Garantias Fundamen- ;; tais”), no art. 7°.

Conclui-se, portanto, que o Direito Previdenciario e reconhecidocomo ramo autonomo do Direito, relativamente as outras areas da cien- jcia juridica, em razao de possuir um objeto proprio de estudo e princi- |pios e conceitos particulars, diversos dos que informant outros ramos ido Direito. Possui ainda normas especificas sobre seu objeto, destacan- |do-se as Leis nos 8.212/91 e 8.213/91. In

Ii4. Aplicacao i

Havendo duas ou mais normas sobre a mesma materia, comeca a surgir o problema de qual deve ser aplicada.

27 M A C H A D O , Hugo de Brito, Curso de D ireito Tributario. 2 V . ed. Sao Paulo: Malheiros, 2002. p. 54.

28 A M AR O , Luciano. Direito Tributario Brasileiro. 8a. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2002, p.6.

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Estes conflitos sao resolvidos atraves dos criterios da hierarquia, da especialidade e da cronologia.

De acordo com o criterio da hierarquia, a norma superior preva- lece sobre a inferior. Pelo criterio da especialidade, a norma especifica prevalece sobre a generica. De acordo com o criterio da cronologia, a norma posterior prevalece sobre a anterior.

A resolu^ao do conflito segue a ordem citada: primeiro aplica-se o criterio da hierarquia; nao sendo possfvel a resolu^ao do conflito atraves deste criterio, utiliza-se o criterio da especialidade; ainda nao sendo possi- vel a resolu^ao do conflito, utiliza-se, entao, o criterio da cronologia.

No Direito Previdenciario vamos encontrar a aplicacao da norma mais favoravel ao segurado na interpretacao do texto legal, que muitas vezes e disciplinada pela propria lei. Normalmente, na legislacao ordi- naria, principalmente quanto aos beneficios, costuma-se encontrar a expressao “o que for mais vantajoso” para o beneficiario. Trata-se, aqui, do in dubio pro misero. Observamos tal orientacao no inciso VI do art. 124 da Lei n° 8.213, quando menciona que nao e possfvel a acumulacao de mais de uma pensao deixada por conjuge ou companheiro, ressalva- do o direito de opcao pela mais vantajosa.

O art, 122 da Lei n° 8.213 menciona que "se mais vantajoso, fica assegurado o direito a aposentadoria, nas condicoes legalmente previs­tas na data do cumprimento de todos os requisites necessarios a obten- Cao do beneficio, ao segurado que, tendo completado 35 anos de servico, se homem, ou 30 anos, se mulher, optou por permanecer em atividade”

Por exemplo, a Lei n° 9.876/99 promoveu profundas mudancas na forma de calculo das aposentadorias. O segurado que ja tinha di­reito a aposentadoria antes da vigencia da referida lei tem direito de, a qualquer momento, requerer o beneficio com base nas regras de calculo anteriores. Ou seja, a lei nova nao prejudicara o direito que foi adquiri­do com base nas regras anteriores a sua vigencia (CF, art. 5°, XXXVI). Seguindo essa linha de raciocmio, a jurisprudencia do STJ, em sintonia com orientacao consolidada do STF, e padftca no sentido de que, para fins de aposentadoria, deve ser aplicada a legislacao vigente a epoca da implementacao dos requisites necessarios a concessao do beneficio29.

Contudo, vale frisar que o fato de um segurado ja esta filiado ao regime previdenciario nao representa direito adquirido a regras que vie-

29 STJ, AR 1743/SC, Re!. M in . LAURITA VAZ, 3 a SE£AO, DJe 07 /1 2 /2 0 0 9 .

Capitulo 2

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rem a ser revogadas antes que ele tenha implementado todos os requi­sites necessarios a obten<;ao do beneficio. O STF entende que nao ha direito adquirido a regime juridico. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“PREVIDENCIARIO. APOSENTADORIA. CALCULO. SIS­TEMA HlBRIDO. DECRETO 89.312/84E LEI8.213/91. REGIME JURIDICO. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTENCIA. 1. £ fir me a jurisprudencia desta Corte no sentido de que descabe alegar direito adquirido a regime juridico. Improcede a pretensdo da recorrente de conjugar as vantagens do novo sistema com aque- las aplicaveis ao anterior, para efeito de revisao de beneficio. 2. Agravo regimental improvido”, 30

O STJ tambem entende que nao existe direito adquirido a preser­vacao de regime juridico. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIARIO. BENEFICIO DEVIDO NOS MOLDES DA LEGISLACAO EM VIGOR NA DATA DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. 1. Prevalece nesta Corte o entendimento de que inexiste "direito adquirido a preservacao de regime juridico previdenciario ja revogado, devendo ser aplicada a lei vigente a epoca em que foram imple- mentados os requisitos para a obtengdo do beneficio" (AgRg no Agravo de Instrumento n. 1.137.665/Rj). 2. Agravo regimental a que se nega provimento”31

Nos casos em que depois de concedido o beneficio entra em vi­gor uma lei mais favoravel ao segurado, nao ocorre a retroa^ao da lei nova para aumentar o valor do beneficio concedido com base na lei an- tiga. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“EMENTA: CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIARIO. AU- XlLIO ACIDENTE. LEI NOVA. AUMENTO DO BENEFICIO. r e t r o a <;Ao . IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. J - 0 beneficio previdenciario de aposentadoria por invalidez

30 STF, At 654307 AgR/SP, Rel. Min. Ellen Grade, Die 148 0 6 /0 8 /2 0 0 9 .31 STJ, AgRg no REsp 1107647/RS, Rel. M in. JORGE MUSSI, 5a T., DJe 07 /1 2 /2 0 0 9 .

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deve ser regido pela lei vigente d epoca de sua concessao. II - Im- possibilidade de retroagdo de lei nova para alcangar situagoes preteritas. Ill - Agravo regimental improvido ”32

5. Vigencia

Vigencia e o periodo que vai do momento em que a norma entra em vigor ate o momento em que e revogada, ou em que se esgota o prazo pres- crito para sua dura<~ao.

Lei vigente, ou lei em vigor, e aquela que e suscetivel de aplicacao, desde que se fa^am presentes os fatos que correspondem a sua hipotese de incidencia.33

Se uma lei e vigente pode, por isto mesmo, incidir. Para tanto bas- ta que se concretize o seu suporte fatico. Em outras palavras, basta que aconte^a a situa^ao de fato nela prevista, para que a lei incida. E se m a ­de, pode e deve ser aplicada34.

Publicada a lei, e preciso identificar em que momento ela passa a ter vigencia e ate quando vigorara, bem como o espa^o em que ira viger.

Se a lei expressamente determinar, sua vigencia pode iniciar na de sua publica^ao, o que e comum ocorrer. Todavia, o inicio de sua vigencia pode ser postergada. Pelo art. 1° da Lei de Introdu^ao ao Codigo Civil (LICC), uma lei comega a ter vigencia em todo o pals 45 dias depois de publicada, salvo se dispuser de outro modo (o que, geralmente, acontece).

Se, publicada a lex, sua vigencia so tiver inicio em data futura, da-se o vacatio legis (periodo compreendido entre a data da publica^ao ate sua entrada em vigor). Durante o vacatio legis, a norma ja e valida (ja pertence ao ordenamento), mas nao e vigente. Assim, nesse periodo, ela convive com normas que lhe sao contrarias que continuam validas e vigentes ate que ela propria comece a viger, quando, entao, as outras estarao revogadas.

Assim, validade e vigencia nao se confundem. Uma norma pode ser valida sem ser vigente, embora a norma vigente seja sempre valida.

Em regra, a norma vigente e eficaz (apta a produzir efeitos), mas nem sempre isso acontece. Normalmente, as leis previdenciarias entram

32 STF, Ai 634246 AgR / SP, Rel. M in. Ricardo Lewandowski, Die 191, de 0 9 /1 0 /2 0 0 9 .33 A M A R O , Luciano. O p. c it, p. 187.34 M A C H A DO , Hugo de Brito. Os prindpios juridicos da tributagao na Constituicao de 1988.

5. ed. Sao Pauio: Dialetica, 2004 , p. 101.

Capitulo 2

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em vigor na data de sua publicacao, com eficacia imediata, mas certos dispositivos, tanto do Plano de Custeio como do de Beneficios, hecessi- tam ser complementados pelo regulamento, e so a partir da existencia deste terao plena eficacia.

Quando foram editadas as Leis nos 8.212 e 8.213, embora ambas tenham entrado em vigor na data de suas publica^oes (25/07/91), mui- tos de seus dispositivos so passaram a ter eficacia com a edi^ao de seus regulamentos por meio dos Decretos 356 e 357, o que somente foi feito em 07/12/91.

O § 6° do art. 195 da Constituicao Federal estabelece que as con­tribuicoes sociais destinadas ao custeio da seguridade social somente podem ser exigidas apos decorridos noventa dias da data da publica­cao da lei que as houver instituido ou modificado. Aqui, a Constituicao nao proibe a vigencia da lei que institui ou majora contribuicoes para a seguridade social nos 90 dias posteriores a sua publicacao, mas tao so­mente adia por 90 dias a sua eficacia. Nao se trata, aqui, de vacatio legis, pois nesse caso o deslocamento ocorre entre vigencia e eficacia e nao entre publicacao e vigencia.

Assim, a lei instituidora de contribuicao social destinada ao fi­nanciamento da seguridade social pode entrar em vigor na data de sua publicacao, mas a sua eficacia so iniciara apos decorridos 90 dias da data de sua publicacao.

Percebe-se, portanto, que a lei pode estar em vigor sem estar plenamente apta a produzir efeitos (vigente, mas nao eficaz), mas jamais podera produzir efeitos juridicos sem estar em vigor.35

6. Hierarquia

A hierarquia das normas e a ordem de graduacao entre estas, se­gundo uma escala decrescente, na qual a norma superior e substrato de validade da norma inferior. A norma superior prevalece sobre a inferior.

A legislacao previdenciaria, portanto, e submetida a seguinte hie­rarquia:

1°) Constituicao Federal;

35 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributario Esquematizado. 3a. ed. Sao Paulo: M etodo, 2009 . p. 225.

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2°) Lei Complementar, lei ordinaria, medida provisoria, lei de- legada, decretos legislativos, resolucoes do Senado e tratados internacionais;

3°) Decretos (editados pelo Presidente da Republica);4°) Portarias (expedidas pelo Ministro da Previdencia ou da Fa­

zenda);5°) Outras normas internas da administracao (instrucoes norma­

tivas, ordens de servico etc.)*

Ha, porem, uma discussao na doutrina a respeito da existencia ou nao de hierarquia entre lei complementar e lei ordinaria (e os atos que tem a mesma forca que esta - a lei delegada e a medida provisoria).

Para alguns autores, a lei complementar seria superior a lei ordi­naria: a lei complementar so pode ser aprovada por maioria absoluta, enquanto a lei ordinaria pode ser aprovada por maioria simples; isso seria um sinal certo da maior ponderacao que o constituinte quis ver associado a lei complementar.

Ha outros que procuram demonstrar que, como o ambito de com­petencia de uma lei complementar e diferente do de uma lei ordinaria, nao ha hierarquia entre elas: o que se exige e apenas que cada qual fique em seu ambito e nao invada o outro. Caso ocorra essa invasao, uma delas prepondera nao por uma verticalidade, mas por contrariar limites horizontais. Assim, nao haveria hierarquia entre lei complementar e lei ordinaria; haveria apenas diferenca material (materia tratada por uma e por outra) e formal (diferenca de quorum para aprovacao) entre as especies normativas, ambas encontrando fundamento de validade na Constituicao e nao uma na outra. Filio-me a esta corrente, ou seja, en- tendo que nao existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinaria. O

Os tratados internacionais, via de regra, possuem status de lei or- 1| dinaria. Ja os tratados e convencoes internacionais sobre direitos hu- ^ manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em ♦ dois turnos, por tres quintos dos votos dos respectivos membros, serao jT equivalentes as emendas constitucionais (CF, art. 5°, § 3°).

Ressalvada a hipotese do § 3° do art. 5° da Constituicao Federal, a §' jurisprudencia do STF e pacifica no sentido de que, apos regular incorpo- racao ao direito interno, o tratado internacional adquire posicao hierar- g; quica identica a de uma lei ordinaria, nao podendo, portanto, discipiinar | materia reservada a lei complementar (ADI 1480 MC/DF e RE 80004/SE). ^

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De acordo com o art. 85-A da Lei n° 8.212/91, “os tratados, conven- coes e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou orga- nismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre materia previdenciaria, serao interpretados como lei especial”. Ou seja, os tratados serao considerados como lei especial e nao como lei geral. Assim, baseado no criterio da especialidade, havendo conflito entre a lei interna e o trata- do, prevalece a norma especial (o tratado) sobre a norma geral (lei interna).

7. Interpretacao

A interpretacao decorre da analise da norma juridica que vai ser j aplicada aos casos concretos. Interpretar e descobrir o sentido e o alcan-ce da norma juridica. Toda lei esta sujeita a interpretacao, nao apenas as ;obscuras e ambiguas. ;

A hermeneutica juridica e a ciencia da interpretacao das leis.Como toda ciencia, tem os seus metodos. Os estudiosos enumeram, co~mumente, os seguintes metodos de interpretacao: ^

a) Gramatical - tambem chamada literal, porque consiste em exa~ ; me do texto normativo sob o ponto de vista linguistieo, analisando a pon- s tuacao, colocacao das palavras na frase, a sua origem etimologica etc. |

b) Sistematica - parte do pressuposto de que uma lei nao existe I isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com as outras perten- | centes a mesma provincia do direito. Assim uma norma no ambito da \ seguridade social deve ser interpretada de acordo com os principios que I regem a seguridade social. i

c) Historica - baseia-se na investigacao dos antecedentes da norma, ; do processo legislativo, a fim de descobrir o seu exato significado. Decorre [ da observacao da evolucao do instituto sobre o qual versa a norma; combase neste criterio, pode-se entender o sentido da norma vigente, conside- |rando-se as normas anteriores. [

d) Teleologica - busca descobrir o fim almejado pelo legislador; a j finalidade que se pretendeu atingir com a norma.

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8. Integracao [

Integracao e a busca de outra norma, aplicavel, por adaptacao, ao 1caso concreto, na ausencia de norma especifica. Quando nao existe no [sistema juridico uma norma para o caso que se tem a resolver, a inter- I

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pretacao torna-se insuficiente. Neste caso, o aplicador da lei utiliza-se da integracao.

Portanto, a interpretacao pressupoe a existencia de norma expressa e espedfica para o caso que se tem para resolver. Ja a integracao se cogita quando se esteja na ausencia de norma expressa e espedfica para o caso.

Integrar significa completar, inteirar as lacunas da lei. O interpre- te fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma juridica por meio da utilizacao de tecnicas juridicas:

As ferramentas utilizadas na integracao sao: a analogia, os principios gerais da seguridade social, os principios gerais do Direito e a equidade.

8.1. Analogia

Mediante a analogia, o aplicador da lei, diante de lacuna desta, busca solucao para o caso em norma pertinente a casos semelhantes, analogos.

Fala-se muito em interpretacao anal6gica, porem, analogia nao e interpretacao, mas integracao.

O § 1° do art* 108 do CTN nao admite o emprego da analogia para a exigencia de tributo nao previsto em lei.

8.2. Principios gerais da seguridade social

Nao se conseguindo a solucao para o caso pela analogia, recorre- -se, entao, aos prindpios gerais da seguridade social, que se encontram na Constituicao Federal (arts. 194 a 204).

8.3. Principios gerais do direito

Principios gerais do Direito sao aqueles que fornecem as principais diretrizes do ordenamento juridico, responsaveis pela fundacao de toda a construcao juridica.

A fonte mais importante destes principios e Constituicao. Podem ser mencionados os principios da igualdade perante a lei (CF, art. 5°, ca­put), irretroatividade das leis (CF, art. 5°, XXXVI), pessoalidade da pena (CF, art. 5°, XLV), contraditorio e ampla defesa (CF, art. 5°, LV), liberdade profissional (CF, art. 5°, XIII) etc.

Capitulo 2

♦ L

egislacao previdencidria

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8.4. Equidade

Equidade significa o abrandamento do rigor da lei. E um meio de humanizar a aplicacao da lei. Quando autorizado a decidir por equida­de, o juiz aplicara a norma que estabeleceria se fosse legislador.

O § 2° do art. 108 do CTN nao permite a utilizacao da equidade para a dispensa do pagamento de tributo devido.

32. (Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB) Em relacao ao direito da seguridade social e a seus principios proprios, ju lg u e os itens seguintes.

I - O direito da seguridade social, detentor de reconheclda autonom ia emre la c a o a outros ramos da ciencia juridica e situado no am bito do direito publico, tem com o fontes formais a Constituicao, as leis com plem entares e ordinarias, os decretos e outros atos normativos expedidos pelo Poder Executivo.

II ~ Quando mais de um a norm a previdenciaria forapiicavel a mesma situacaode fato, ensejando a concessao de beneficios, prevalecera a que menos custos acarrete a previdencia social,

ill - Na hipotese de contradicao entre dispositivo da Lei n.° 8.213/91, que trata dos Pianos de Beneficios da Previdencia Social, e preceito inserido no decreto que a regulam entou, sera aplicavel a norm a mais favoravel ao interesse da autarquia previdenciaria.

Os itens que estao errados sao:a) l e l lb) II e illc) 1 e IIId) todose) nenhum

33. Julgue os seguintes itens:

I - Havendo conflito entre a Lei n° 8.212, de 24/7/91, que cuida do custeio daseguridade social, e a Lei n° 8.213, de 24/7/91, que dispoe sobre os Pianos de Beneficios da Previdencia Social, a respeito da concessao de um beneficio do Regim e Geral de Previdencia Social, ha de prevalecer o disposto na Lei n° 8.213/91.

II - As contribuicoes sociais destinadas ao custeio da seguridade social som en­te podem ser exigidas apos decorridos noventa dias da data da publicacao da lei que as houver instituido ou m odificado.

III - Nao pode um a lei que cuide de m ateria previdenciaria entrar em vigorantes de noventa dias da data de sua publicacao.

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I

Gs itens que estao certos sao:a) I e IIb) II e HIc) I e IIId) todose) nenhum

34. Em regra, a lei que cuida de m ateria previdenciaria entra em v igor em to do Pais:a) Na data de sua publicacao.b) Noventa dias apos a data de sua publicacao.c) Q uarenta e cinco dias depois de publicada, salvo se dispuser de outro m odo.d) Se institui contribuicoes para a seguridade social, entrara em vigor cento e

vinte dias apos sua publicacao.e) M esm o que a lei determ ine em seu te x to de form a diferente, ela entrara em

vigor quarenta e cinco dias apos sua publicacao.

35. (JuizFederal/TRFda5aregtao/2004/Cespe-UnB ) A respeito das regras de interpre­tacao e de eficacia das normas previdenciarias, ju lgue os itens a seguir.

I - Apesar das notorias dificuldades de caixa verificadas pela seguridade so­cial — as quais inclusive tem justificado sucessivas alteracoes na legislacao ordinaria e constitucional — , a interpretacao da legislacao respectiva ha de se conform ar a diretriz teleologica fundam ental da protecao aos segurados. Como expressao desse criterio, por exem plo, o direito a aposentadoria por tem p o de servicoestara preservado ao segurado nas condicoes legalm ente prevlstas na data do cum prim ento dos requisitos correspondentes, ainda que opte ele por continuar em atividade e desde que tal condicao Ihe seja mais vantajosa.

H - Por aplicacao do postulado da anterioridade da lei, expressao da dimensao substantiva da clausula do devido processo legal, as normas definidoras de contribuicoes sociais destinadas ao custeio da seguridade social ape­nas terao eficacia depois de 90 dias da data da publicacao das leis que as houverem institui'do.

ill - Embora incorporados a ordem juridica interna com status de leis ordinarias, os tratados, as convencoes e outros acordos internacionais de que sejam partes Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil, e que versem acerca de m ateria previdenciaria, serao considerados, para fins de interpretacao, com o leis especiais.

Os itens que estao certos sao:a) l e l lb) H e 111c) I e Elld) todose) nenhum

Capitulo 2

■* Legislacao previdencidria

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1. Infroducao

O Regime Geral de Previdencia Social (RGPS) e o regime de pre­videncia mais amplo, responsavel pela cobertura da maioria dos tra­balhadores brasileiros. Toda pessoa fisica que exer^a alguma atividade remunerada e, obrigatoriamente, filiada a este regime previdenciario, exceto se esta atividade ja gera filia^ao obrigatoria a determinado regi­me proprio de previdencia.

1. Beneficiarios do Regime Geral de Previdencia Social

Beneficiarios sao os titulares do direito subjetivo de gozar das prestacoes previdenciarias. Ou seja, e toda pessoa fisica que recebe ou possa vir a receber alguma prestacao previdencidria (beneficio ou ser- vico). E o genero do qual sao especies os segurados e os dependentes,

Assim, nao pode o beneficiario (segurado ou dependente) ser pes­soa juridica. Beneficiario e sempre pessoa fisica. A pessoa juridica sera contribuinte, pois, nos termos da lei, pagara certa contribuicao a segu­ridade social.

Segurado e a pessoa fisica fiiiada ao RGPS, podendo ser classifica- do como segurado obrigatorio ou facultativo, dependendo se a filia^ao for decorrente do exercicio de atividade laboral remunerada, ou nao.

O dependente esta vinculado ao RGPS em razao do seu vincu­lo com o segurado. A partir do momento em que o segurado deixa de manter qualquer relacao com o RGPS (por exemplo: perda da qualidade de segurado), o dependente deixa de estar sob o manto da protecao pre­videnciaria.36

Uma mesma pessoa fisica pode assumir, ao mesmo tempo, a con- di^ao de segurado e de dependente da previdencia social. E o que ocorre, por exemplo, quando ambos os conjuges exercem atividade remunerada abrangidas pelo RGPS: cada um dos conjuges e segurado em razao da atividade remunerada que exerce e e dependente em razao do vinculo conjugal

36 DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciario. 3a. ed. Porto Aiegre: Verbo Juridico, 2 0 0 4 .

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2.1. Segurados obrigatorios

Segurados obrigatorios sao aqueles que a filia^ao ao RGPS nao de- pende de suas vontades: a lei e que os obriga a se filiarem. Ha as seguin­tes especies de segurados obrigatorios: empregado, empregado domes­tico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial.

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Segurado Conceito

Empregado

De forma generica, pode-se dizer que e aquele que presta servico de natureza urbana ou rural a empresa, em carater nao eventual, com subordina^ao e mediante remuneracao. Todavia, a lei enquadra uma serie de outros trabalhadores nesta categoria.

Empregadodomestico

E aquele que presta servico de natureza continua, mediante remunera^ao, a pessoa ou familia, no ambito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos.

Trabalhadoravulso

E aquele que, sindicalizado ou nao, presta servicos, de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vinculo empregatl- do, com a intermedia^ao obrigatoria do sindicato da categoria ou, quando se tratar de atividade portuaria, do orgao gestor de mao de obra (OGMO).

Especial

A pessoa fisica residente no imovel rural ou em aglomerado ur~ bano ou rural proximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, exercem as atividades de produtor rural (podendo ser proprietario, usufrutuario, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatario ou arrendatario rurais) ou de pescador artesanal ou a este assemelhado, e fa<;am dessas atividades o principal meio de vida, bem como seus respectivos conjuge ou companheiro, filhos maiores de 16 anos de idade ou a estes equiparados que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar. Se o produtor rural explora a atividade agropecuaria, para se enquadrar como segurado especial, a area da propriedade rural nao pode ser superior a 4 modulos fiscais. Mas se explora atividade de seringueiro ou de extrativista vegetal, nao ha limite de area.

Contribuinteindividual

Os segurados anteriormente denominados empresario, au- tonomo e equiparado a autonomo, a partir de 29/11/99, por for^a da Lei n° 9.876, foram considerados uma unica catego­ria e passaram a ser chamados de contribuinte individual.

2.1.1. Segurado empregado

A Legislacao Previdenciaria define o segurado empregado utili- zando, a principio, uma defini^ao generica, enquadrando-o inicialmen- te conforme conceito semelhante ao da Legislacao Trabalhista (art. 3°. da CLT), para, a seguir, especificar situacoes casuisticas em relacao as quais a previdencia confere o mesmo efeito juridico.37

37 TAVARES, Marceio Leonardo. Direito Previdenciario. 6 a. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. p. 57.

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Assim, filia-se obrigatoriamente ao RGPS, na qualidade de segu­rado empregado:

I - aquele que presta servico de natureza urbana ou rural a em­presa, em carater nao eventual, com subordina^ao e mediante remuneracao.

Trata-se de conceito semelhante ao da legislacao trabalhista (art. 3° da CLT), com a indusao do ruricola. Para fins previdenciarios, nao ha distin^ao entre o empregado urbano ou rural. Tal distin^ao existia antes da Constituicao de 198B.38

Servico prestado em carater nao eventual e entendido como aque­le relacionado direta ou indiretamente com as atividades normais da empresa (RPS, art. 9°, § 4°). Assim, um encanador, contratado por uma instituicao fmanceira, para consertar um cano que estourou, presta um servico eventual, pois esse tipo de servico nao esta relacionado de forma direta nem indireta com as atividades normais da empresa contratante. Nesse caso, trata-se de uma atividade ocasional.

Subordinacao significa o trabalhador estar sujeito ao poder de di- rec&o do empregador. O empregado se sujeita a receber ordens do em­pregador, a ser comandado pelo empregador.

Se os servicos prestados pelo trabalhador sao eventuais, este nao e empregado, mas sim trabalhador eventual. Se nao houver a subordi­nacao, o trabalhador tambem nao sera considerado empregado, e sim trabalhador autonomo. Tanto o trabalhador eventual como o autonomo tambem sao segurados obrigatorios do RGPS, porem como contribuin­tes individuals.

O empregado presta servico mediante remuneracao. O emprega­do tem o dever de prestar os servicos e o empregador, em contrapartida, deve pagar a remuneracao em retribuicao aos servicos prestados. Assim, o empregado nao e um prestador de servico voluntario.

O salario e um dos pressupostos da relacao de emprego (CLT, arts. 2° e 3°). Assim, sem salario, o contrato que tenha por objeto uma presta­cao pessoal de servicos jamais podera ser classificado como de emprego.

De acordo com art. 1° da Lei n° 9.608/98, servico voluntario e a atividade nao remunerada, prestada por pessoa fisica a entidade publica

38 iBRAHiM , Fabio Zambitte. Op. cit., p. 133.

Copftulo 3

* Regim

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eral de Previdencia

Social

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de qualquer natureza, ou a in s t i tu to privada de fins nao lucrativos, que tenha objetivos civicos, culturais, educacionais, cientificos, recre- ativos ou de assistencia social, inclusive mutualidade. Esse tipo de ser- vi<;o sera exercido mediante a celebra^ao de termo de adesao entre a entidade, publica e privada, e o prestador do servico voluntario, dele devendo constar o objeto e as condicoes de seu exercicio (art. 2° da Lei n° 9.608/98). O servico voluntario nao gera vinculo empregaticio, nem obriga^ao de natureza trabalhista, previdenciaria ou afim (paragrafo unico do art. 1° da Lei n° 9.608/98).

Voluntario e, por exemplo, o servico prestado com finalidade al- trufstica ou religiosa ou, ainda, com o objetivo de aprimorar conheci- mentos cientificos: o prestador de servicos nao e remunerado pela enti­dade a quem os presta, inexistindo entre ambos relacao de emprego?9.

O trabalhador voluntario nao e segurado obrigatorio do RGPS, podendo, se assim desejar, ser segurado facultativo.

II - aquele que, contratado por empresa de trabalho temporario, por prazo nao superior a tres meses, prorrogavel, presta ser- vi£o para atender a necessidade transitoria de substitui^ao de pessoal regular e permanente ou a acrescimo extraordinario de servico de outras empresas, na forma da legislacao propria.

Trata este dispositivo do trabalhador temporario, regido pela Lei n° 6.019/74. O trabalhador temporario presta servico a empresa de tra­balho temporario, cuja atividade consiste em colocar a disposicao de outras empresas, temporariamente, trabalhadores devidamente quali- ficados. Assim, ocorre uma opera^ao triangular, em virtude da qual a empresa contratada fornece pessoal para trabalhar sob o poder de co- mando da empresa contratante.

O trabalho temporario e utilizado apenas em duas s itua tes: para atender a necessidade transitoria de substituicao de pessoal regular e permanente ou a acrescimo extraordinario de servicos. Substitui^ao de pessoal e o caso, por exemplo, em que a empresa contrata, por inter- medio da empresa de trabalho temporario, um trabalhador tempora­rio para substituir uma pessoa que esta em ferias ou que ficou doente. Acrescimo extraordinario de servico ocorre, por exemplo, quando uma

39 S0SSEKIND, Arnaldo. Curso de D ireito do Trabalho. 2 a. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004 . p. 412.

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I

empresa comercial, durante as festas de Natal e Ano Novo, em razao do aumento de suas vendas, contrata trabalhadores temporarios.

O contrato entre a empresa de trabalho temporario e a empresa tomadora ou cliente, com relacao a um mesmo empregado, nao podera exceder de tres meses, salvo autoriza^ao conferida pelo orgao local do Ministerio do Trabalho (Lei n° 6.019/74, art. 10). O Ministerio do Tra­balho expediu Instru^ao Normativa regulamentando esse dispositivo, estabelecendo a possibilidade de prorroga^ao automatica desse tipo de contrato. A dura^ao total do pacto, entretanto, incliuda a prorroga^ao, ficou limitada a seis meses (Instru^ao Normativa n° 3, de 29/8/97).

O trabalhador temporario nao deve ser confundido com o traba­lhador eventual, que tambem e segurado obrigatorio do RGPS, porem, na qualidade de contribuinte individual. Trabalhador eventual e aquele que presta servico de natureza urbana ou rural, em carater eventual, a uma ou mais empresas, sem relacao de emprego (Lei n° 8.213/91, art. 11, V, “g”).

Tambem nao se confunde o contrato de trabalho temporario com o contrato por prazo determinado. No primeiro, o trabalhador temporario e empregado da empresa de trabalho temporario, embora preste servicos no estabelecimento do tomador de servicos ou cliente. No contrato por prazo determinado, o empregado presta servicos nas proprias dependen­cies do seu empregador. De acordo com o § 2° do art. 443 da CLT, “o con- trato por prazo determinado so sera valido em se tratando: (a) de servico cuja natureza ou transitoriedade justifique a predetermina^ao do prazo; (b) de atividades empresariais de carater transitorio; (c) de contrato de experiencia” No entanto, a Lei n° 9.601/98 permite o contrato por prazo determinado, sem que se observem as restri^oes previstas no § 2° do art. 443 da CLT, desde que: (a) o contrato seja instituido mediante conven^ao ou acordo coletivo de trabalho; e (b) as admissoes representem acrescimo no numero de empregados.

A empresa de trabalho temporario exerce fun^ao distinta da cha- mada “agenda de emprego”. Esta so coloca trabalhadores no mercado, mas nao os remunera, nem estabelece vinculo de trabalho com o obrei- ro por ela intermediado, ao passo que a empresa de trabalho temporario tem contrato de trabalho com o trabalhador temporario, que e por ela remunerado.

A empresa de trabalho temporario tambem se diferencia da em­presa terceirizada. Tanto uma como outra colocam seus obreiros para

Capitulo 3

«■ Regime

Geral de Previdencia

Social

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prestarem servicos nas dependencias da empresa tomadora dos servi­cos. A diferenca e que no caso da empresa de trabalho temporario, os trabalhadores ficam a disposicao da empresa tomadora por no maximo tres meses (podendo esse prazo ser prorrogado), para atender a neces­sidade transitoria de substituicao de pessoal regular e permanente ou a acrescimo extraordinario de servico; ja no caso da empresa terceiri­zada, nao ha limite de prazo, nem ha vinculacao a substitukao de pes­soal ou a acrescimo extraordinario de servico. Outra diferenca e que, na terceirizacao, os servicos sao executados sob o poder de comando dos dirigentes ou prepostos da firma terceirizada, enquanto no trabalho temporario, o poder de comando e da empresa tomadora dos servicos40. Os casos de terceirizacao ocorrem com mais frequencia, por exemplo, nos servicos de vigilancia, de asseio e conservacao etc.

Essas confusoes devem ser evitadas, embora tanto o trabalhador temporario, como o empregado contratado por prazo determinado, como tambem o empregado de uma empresa terceirizada sejam todos segurados empregados.

III - o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Bra­sil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou agenda de empresa constituida sob as leis brasileiras e que tenha sede e administracao no Pais.

Por exemplo: Rosana, pessoa fisica domiciliada no Brasil, foi con- tratada, no Brasil, por uma empresa brasileira denominada Banco Alfa S/A, para trabalhar como empregada, em uma agenda bancaria situada na Argentina e pertencente ao referido Banco. Nessa situacao, Rosana e segdrada empregada do RGPS.

IV - o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado noBrasil para trabalhar como empregado em empresa domici­liada no exterior com maioria do capital votante pertencente a empresa constituida sob as leis brasileiras, que tenha sede e administracao no Pais e cujo controle efetivo esteja em carater permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas fisicas domiciliadas e residentes no Pais ou de entidade de direito publico interno.

40 SUSSEKIND, Arnaldo. Op. c it p. 210.

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Por exemplo: a empresa Beta S.A. e constituida sob as leis brasi­leiras, tem sede e administracao no Brasil e seu controle efetivo esta, em carater permanente, sob a titularidade direta de pessoas flsicas domici- liadas e residentes no Brasil. A empresa Beta S.A. detem a maioria do capital votante da empresa Alfa S.A., que e domiciliada na Argentina. Pablo, boliviano domiciliado no Brasil, foi contratado no Brasil para trabalhar na Argentina como empregado da empresa Alfa S.A. Nessa situacao, Pablo e segurado obrigatorio do RGPS, na qualidade de em­pregado.

Domicilio da pessoa juridica e o lugar onde funciona sua respec- tiva diretoria e administracao, Domicilio da pessoa fisica e o lugar onde ela estabelece a sua residencia com ammo definitivo.

V - aquele que presta servico no Brasil a missao diplomatica oua reparticao consular de carreira estrangeira e a orgaos a elas subordinados, ou a membros dessas missoes e re p a rte e s , exduidos o nao brasileiro sem residencia permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislacao previdenciaria do pais da respectiva missao diplomatica ou reparticao consular.

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VI - o brasileiro civil que trabalha para a Uniao no exterior, emorganismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que la domiciliado e contratado, salvo se amparado por regime proprio de previdencia social.

Para ser segurado empregado e necessario que o trabalhador tra- balhe, no exterior, para a Uniao, em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo (exemplo: ONU, OIT etc.). Se o

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obreiro trabalhar diretamente para o organismo oficial internacional, nessas mesmas condicoes, tambem sera segurado obrigatorio do RGPS, porem, na categoria de contribuinte individual.

Assim, a diferenca reside no contratante do servico: quando o bra­sileiro civil e contratado pela Uniao, para prestacao do servico em orga­nismo oficial internacional, e segurado empregado; quando trabalha para o proprio organismo oficial internacional, e contribuinte individual.

O dispositivo exclui o brasileiro militar, pois este tem regime pro­prio de previdencia.

VII - o brasileiro civil que presta servicos a Uniao no exterior, em reparticoes governamentais brasileiras, la domiciliado e con­tratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da Lei no 11.440/06, este desde que, em razao de proibicao legal, nao possa filiar-se ao sistema previdenciario local;

Por exemplo: Lucas, brasileiro domiciliado em Paris, foi contrata­do, na Franca, pela Uniao (Governo Federal brasileiro) para trabalhar na embaixada brasileira em funcionamento naquele Pais. Nessa situa- Cao, Lucas e segurado empregado do RGPS.

E incluido neste dispositivo a figura do auxiliar local, que e o brasileiro ou o estrangeiro admitido para prestar servicos ou desempe- nhar atividades de apoio que exijam familiaridade com as condicoes de vida, os usos e os costumes do pais onde esteja sediado o posto (Lei n°11.440/06, art. 56). Assim, o auxiliar local pode ser brasileiro ou estran­geiro, mas a Legislacao Previdenciaria brasileira so abrange o auxiliar local de nacionalidade brasileira.

Em regra, as re la te s trabalhistas e previdenciarias concernentes aos Auxiliares Locals serao regidas pela legislacao vigente no pais em que estiver sediada a reparticao (Lei n° 11.440/06, art. 57, caput). Serao, contudo, segurados da previdencia social brasileira (RGPS) os Auxilia­res Locais de nacionalidade brasileira que, em razao de proibicao le­gal, nao possam filiar~se ao sistema previdenciario do pals de domicilio (Lei n° 11.440/06, a r t 57, § 1°).

Assim, para ser segurado empregado do RGPS, alem de ter nacio­nalidade brasileira, o auxiliar local tem que estar proibido de se filiar a regime previdenciario do Pais onde reside. Essa proibicao deve ser em razao da leidaquele Pais.

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O dispositivo exclui o brasileiro militar, pois este tem regime pro­prio de previdencia.

VIII - o bolsista e o estagiario que prestam servicos a empresa, emdesacordo com a Lei n° 11.788/08.

Se o estagio for regular, ou seja, se estiver de acordo com os cri­terios previstos na Lei n° 11.788/08, o estagiario nao sera segurado obri­gatorio do RGPS, podendo, se assim desejar, ser segurado facultativo. No entanto, a manutencao de estagiarios em desconformidade com a Lei n° 11.788/08 caracteriza vinculo de emprego do educando com a parte concedente do estagio para todos os fins da legislacao trabalhista e previdenciaria.41 Ou seja, prestando servico em desacordo com a lei, o estagiario sera considerado segurado obrigatorio do RGPS, na condicao de segurado empregado.

Nao cria vinculo empregaticio de qualquer natureza o estagio que observa os seguintes requisitos: (I) matricula e frequencia regular do educando em curso de educacao superior, de educacao profissional, de ensino medio, da educacao especial e nos anos finais do ensino funda­mental, na modalidade profissional da educacao de jovens e adultos e atestados pela instituicao de ensino; (II) celebracao de termo de com- promisso entre o educando, a parte concedente do estagio e a instituicao de ensino; (III) compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estagio e aquelas previstas no termo de compromisso. O descumpri- mento de qualquer destes requisitos ou de qualquer obrigacao contida no termo de compromisso caracteriza vinculo de emprego do educando com a parte concedente do estagio para todos os fins da legislacao tra­balhista e previdenciaria.42

IX - o servidor da Uniao, Estado, Distrito Federal ou Municipio,incluxdas suas autarquias e fundacoes, ocupante, exclusi- vamente, de cargo em comissao declarado em lei de livre nomeacao e exoneracao.

E segurado do RGPS, como empregado, o servidor que exerce, de modo exclusivo, cargo em comissao, sem ocupar cargo efetivo que o vincule a RPPS. Mas se, porventura, um servidor ocupante de cargo

41 Lei n° 11 .78 8 /0 8 , art. 15.42 Lei n° 11 .78 8 /0 8 , art. 3°.

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efetivo, amparado por RPPS, ocupar um cargo em comissao, mesmo que seja em outra esfera de governo, permanecera vinculado ao regime proprio de origem e, por conseguinte, excluido do RGPS.

O disposto neste item tambem se aplica ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secreiario Estadual, Distritai ou Municipal, sem vinculo efetivo com a Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e funda<;6es.

X - o servidor do Estado, Distrito Federal ou Municipio, bemcomo o das respectivas autarquias e funda^oes, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, nao esteja amparado por regime proprio de previdencia social.

Os unicos servidores publicos civis que podem ser amparados por regime proprio de previdencia sao os ocupantes de cargo efetivo. No entanto, os Entes Federativos (Estado, DF ou Municipio) nao estao obrigados a criar regime proprio para amparar esses servidores. Caso o Ente Federativo nao institua, mediante lei, tal regime previdenciario, os ocupantes de cargo efetivo serao segurados obrigatorios do RGPS, na qualidade de segurados empregados.

O dispositivo nao faz referenda aos servidores ocupantes de cargo efetivo da Uniao porque eles sao amparados por regime proprio de pre­videncia e, desse modo, exduidos do RGPS.

XI - o servidor contratado pela Uniao, Estado, Distrito Federalou Municipio, bem como pelas respectivas autarquias e fun- dacoes, por tempo determinado, para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituicao Federal.

O inciso IX do a r t 37 da Constituigao dispoe que “a lei estabelece- ra os casos de contratacao por tempo determinado para atender a neces­sidade temporaria de excepcional interesse publico” A Lei n° 8.745/93 tra9a os criterios para a realizacao dessas contratacoes.

0 servidor contratado por tempo determinado, independente- mente da esfera de governo onde trabalhe (Uniao, Estado, DF ou Muni­cipio), e segurado obrigatorio do RGPS, na qualidade de segurado em­pregado.

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XII - o servidor da Uniao, Estado, Distrito Federal ou Municipio,incluidas suas autarquias e funda^oes, ocupante de emprego publico.

O regime de emprego publico e disciplinado pela Lei n° 9.962/2000. O art. 1° dessa Lei preve que esses servidores serao regidos pela Conso- lida^ao das Leis do Trabalho (CLT) e o art. 2° dispoe que a contrata<;ao desse pessoal devera ser precedida de concurso publico de provas ou de provas e titulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego.

A estabilidade, apos tres anos de efetivo exercicio, prevista no art. 41 da Constituicao Federal, nao se aplica ao servidor ocupante de em­prego publico, mas somente ao ocupante de cargo efetivo.

O servidor ocupante de emprego publico, independentemente da esfera de governo onde trabalhe (Uniao, Estado, DF ou Municipio), e segurado obrigatorio do RGPS, na qualidade de segurado empregado.

XIII - o escrevente e o auxiliar contratados por titular de servicosnotariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previ­dencia Social, em conformidade com a Lei n° 8.935, de 18 de novembro de 1994;43

Nos termos do art. 20 da Lei n° 8.935/94, “os notarios e os ofi- ciais de registro poderao, para o desempenho de suas funcoes, contra- tar escreventes, dentre eles escolhendo os substitutes, e auxiliares como empregados, com remuneracao livremente, ajustada e sob o regime da legislacao do trabalho”.

Antes de 21/11/94, esses trabalhadores eram amparados por regi­me proprio de previdencia. No entanto, os que foram contratados a par­tir de 21/11/94 sao, obrigatoriamente, segurados do RGPS. Aqueles que foram contratados antes de 21/11/94, foi dada a opcao de continuarem vinculados ao regime proprio ou aderirem ao RGPS.

Os escreventes e auxiliares de cartorios, quando vinculados ao RGPS, sao segurados empregados. Ja aqueles que Ihes contratam

43 Lei n° 8 .935 /94 - Art. 40. Os notarios, oficiais de registro, escreventes e auxiliares sao vinculados a previdencia social, de ambito federal, e tem assegurada a contagem reciproca de tempo de servico em sistemas diversos.Paragrafo unico. Ficam assegurados, aos notarios, oficiais de registro, escreventes e auxiliares os direitos e vantagens previdenciarios adquiridos ate a data da publicacao desta Lei.

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(ou seja, os titulares de servicos notariats e de registro) sao contri­buintes individuais.

XIV - o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou munici­pal, desde que nao vinculado a regime proprio de previdencia social.

Exercentes de mandato eletivo sao: vereador, prefeito, deputado estadual, deputado distrital (no caso do DF), governador, deputado fe­deral, senador e presidente da Republica.

Esses mandatarios sao, em regra, segurados obrigatorios do RGPS, na categoria de segurado empregado. No entanto, se um servidor publi­co amparado por regime proprio de previdencia for eleito para exercer um desses mandatos, nessa situa^ao, continuara vinculado ao regime proprio de origem e, desse modo, excluido do RGPS.

Uma aten^ao especial deve ser dada a situa^ao previdenciaria dos vereadores. Isso porque ha o permissivo constitucional da acumula^ao de subsidios do mandato eletivo com a remuneracao do cargo efetivo, desde que haja compatibilidade de horarios (CF, art. 38, III). Se o vere­ador nao tiver nenhum vinculo efetivo com o servico publico, filia-se somente ao RGPS. Contudo, se ele exercer, concomitantemente, man­dato eletivo e cargo efetivo em ente federativo que possui RPPS, filia-se ao RGPS, pelo mandato eletivo, e ao RPPS, pelo cargo efetivo. Mas se o ente federativo no qual ele exerce o cargo efetivo nao possuir RPPS, o servidor/vereador sera filiado ao RGPS em relacao a ambas as atividades exercidas (Lei n° 8.213/91, art. 11, § 2°).

Nao havendo compatibilidade de horarios, para exercer a vere- anca, o servidor tera que se afastar do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneracao (CF, art. 38, II e III). Neste caso, se o ente federa­tivo onde ele exerce o cargo efetivo possuir RPPS, independentemente de ter ou nao optado pela remuneracao do cargo, o servidor/vereador continuara vinculado somente ao RPPS de origem. Neste mesmo caso, se o ente federativo nao possuir RPPS, o servidor/vereador filia-se so­mente ao RGPS.

XV - o empregado de organismo oficial internacional ou estran­geiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime proprio de previdencia social.

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Por exemplo: as organiza^oes internacionais como a Organiza^ao das Na^oes Unidas (ONU) ou a Organiza^ao Internacional do Trabalho (OIT), que contratam empregados para trabalhar em suas reparti^oes em funcionamento no Brasil Nessa situa^ao, esses trabalhadores sao segurados obrigatorios do RGPS, na categoria de segurado empregado. Porem, se forem amparados por regime proprio de previdencia social, estarao exduidos do RGPS.

XVI - o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoafisica, na forma do art. 14-A da Lei n° 5.889/73, para o exer- dcio de atividades de natureza temporaria por prazo nao superior a dois meses dentro do periodo de um ano;

De acordo com o art. 14-A da Lei n° 5.889/73, o produtor rural pessoa fisica podera realizar contrata^ao de trabalhador rural por pe- queno prazo para o exercicio de atividades de natureza temporaria.

A contrata^ao de trabalhador rural por pequeno prazo que, dentro do periodo de um ano, superar dois meses fica convertida em contrato de trabalho por prazo indeterminado (Lei n° 5.889/73, art. 14-A, § 1°).

Nas s itu a te s em que o produtor rural pessoa fisica enquadra- -se como segurado especial, ele tambem pode utilizar-se de empregados por pequeno prazo. Neste caso, as contrata^oes ocorrerao em epocas de safra, a razao de, no maximo, 120 pessoas/dia no ano civil, em periodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho (Lei n° 8.213, art. 11, § 7°).

O trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa fisica, por pequeno prazo para o exercicio de atividades de natureza tempora­ria, filia-se ao RGPS como segurado empregado.

XVII - o aprendiz, maior de 14 e menor de 24 anos, ressalvado o por-tador de deficiencia, ao qual nao se aplica o limite maximo de idade, sujeito a forma^ao tecnica-profissional metodica, sob a orientacao de entidade qualificada, conforme disposto nos arts. 428 e 433 da CLT.

E proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na conditio de aprendiz, a partir dos 14 anos (CF, art. 7°, XXXIII e CLT, art. 403).

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Contrato de aprendizagem e o contrato de trabalho especial, ajus- tado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se com- promete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem forma^ao tecnico-profissional metodica, compativel com o seu desenvolvimento fisico, moral e psicologico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligencia as tarefas necessarias a essa formacao (CLT, art. 428). A idade maxima de 24 anos nao se aplica a aprendizes portadores de deficiencia (CLT, art. 428, § 5°).

A validade do contrato de aprendizagem pressupoe anota^ao na Carteira de Trabalho e Previdencia Social, matricula e frequencia do aprendiz na escola, caso nao haja concluido o ensino medio, e inscri^ao em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientacao de entidade qualificada em formacao tecnico-profissional metodica. Nas localidades onde nao houver oferta de ensino medio, a contrata^ao do aprendiz po­dera ocorrer sem a frequencia a escola, desde que ele ja tenha concluido o ensino fundamental

O contrato de aprendizagem nao podera ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de defici­encia. Ao menor aprendiz, salvo condicao mais favoravel, sera garantido o salario minimo hora.

O aprendiz e segurado obrigatorio do RGPS, na qualidade de se­gurado empregado (Instru^ao Normativa RFB n° 971/2009, art. 6°, II).

O aprendiz e o unico segurado que pode filiar-se ao RGPS com menos de 16 anos de idade.

>■ XVIII - o diretor empregado de empresa urbana ou rural, que, par- ticipando ou nao do risco economico do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de dire<jao de sociedade anonima, mantendo as caracteristicas inerentes a relacao de emprego.

Os diretores das sociedades anonimas podem ser: diretor empre­gado ou diretor nao empregado. Ambos sao segurados obrigatorios do RGPS, sendo que o diretor empregado e segurado empregado (Lei n° 8.213/91, art. 11,1, “a”) e o diretor nao empregado e contribuinte indi­vidual (Lei n° 8.213/91, art. 11, V, “f”). O Regulamento da Previdencia Social diferencia um do outro, nos seguintes termos:

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Diretor empregado: aquele que, participando ou nao do risco eco- nomico do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de dire^ao das sociedades anonimas, mantendo as caracteristicas ine- rentes a relacao de emprego (RPS, art. 9°, § 2°).

Diretor nao empregado: aquele que, participando ou nao do risco economico do empreendimento, seja eleito, por assembleia geral dos acio- nistas, para cargo de direcao das sociedades anonimas, nao mantendo as caracteristicas inerentes a relacao de emprego (RPS, art. 9° § 3°).

2.1.2. Segurado empregado domestico

E aquele que presta servico de natureza contmua, mediante remu­neracao, a pessoa ou familia, no ambito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos (RPS, art. 9°, II).

Atividade sem fins lucrativos e continuidade do servico sao pres- supostos do emprego domestico. Se um empregado domestico passa a ser utilizado em atividade geradora de lucro para o empregador, passa a ser considerado segurado empregado. Ja se a prestacao do servico do­mestico for descontinua (e o caso da diarista), o trabalhador tambem nao sera empregado domestico, mas sim contribuinte individual.

Por exemplo, caso a dona de casa determine a sua domestica que a auxilie na confec^ao de doces e salgados para vendas, esta segurada deixara de ser enquadrada como domestica e passara a ser segurada empregada. A sua patroa, por conseguinte, sera equiparada a empresa perante a previdencia e nao empregadora domestica.

Outro pressuposto do emprego domestico e que o servico seja prestado a uma pessoa fisica ou a uma familia. Assim, quando o servico e prestado a uma pessoa juridica, nao ha o que se falar em empregado domestico.

O local onde o servico e prestado tambem assume importancia. Para o trabalhador ser considerado empregado domestico e necessario que o servico seja prestado no ambiente familiar do empregador. Se este vier a utilizar seu empregado domestico fora do ambiente familiar, o trabalhador assumira a condi^ao de segurado empregado.

Note-se, porem, que o ambito residencial nao se restringe ao am­biente interno da casa da familia, podendo se estender ate as atividades externas, desde que direcionadas ao bem-estar da familia, como, por exemplo, o motorista particular. O ambito residencial tambem alcan-

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9a o imovel onde o patrao e sua familia passam temporada ou fins de semana (p. ex.: casa de campo). Assim, e domestico e nao ruricola o empregado que presta servico em sitio destinado ao lazer do seu pro- prietario e no qual nao se empreende atividade com fins lucrativos44.

2.1.3. Segurado trabalhador avulso

E aquele que, sindicalizado ou nao, presta servicos de natureza urbana ou ru ra l sem vinculo empregaticio, a diversas empresas, com a intermediacao obrigatoria do sindicato da categoria ou, quando se tra­tar de atividade portuaria, do orgao gestor de mao de obra (OGMO).

O aspecto mais importante na caracterizacao deste segurado e a intermediacao obrigatoria do sindicato da categoria ou do OGMO.

Na atividade portuaria, quem faz a intermediacao e o OGMO; nas demais atividades, a intermediacao sera feita pelo sindicato da categoria profissional.

Assim, o sindicato ou o OGMO interpde~se entre o trabalhador avulso e o requisitante do servico, organizando a prestacao laborativa, negociando preco, recrutando trabalhadores e repassando a cota corres- pondente a cada obreiro.45

Embora haja a intermediacao obrigatoria do sindicato ou do OGMO, para ser trabalhador avulso, nao e obrigado que 0 obreiro seja sindicalizado. O sindicato pode intermediar a prestacao de servicos de trabalhadores avulsos que nao sejam sindicalizados. De acordo com o art. 8°, V, da Constituicao Federal, “ninguem sera obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato”.

Se 0 trabalhador prestar servico, sem vinculo empregaticio, a di­versas empresas, sem a intermediacao do sindicato ou do OGMO, nao sera considerado trabalhador avulso. Nesta hipotese, sera considerado contribuinte individual.

O trabalhador avulso presta servico sem vinculo de emprego, pois nao ha subordinacao nem com o sindicato ou OGMO, muito menos com as empresas para as quais presta servicos, dada inclusive a curta duracao.46

44 SOSSEKIND, Arnaido. O p. c it p. 156.45 TAVARES, Marceio Leonardo. O p. c it, p.64.46 MARTINS. Sergio Pinto. Op. cit., p. 114.

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Os servicos prestados pelo trabalhador avulso podem ter natureza urbana ou rural. Assim, tanto pode ser um carregador de bagagem em porto que, sem vinculo empregaticio, presta servicos por intermedio do OGMO; como um trabalhador rural que presta servicos, sem vinculo empregaticio, por intermedio do sindicato dos trabalhadores rurais, fa~ zendo carga e descarga de produtos na fazenda.

Sao considerados trabalhadores avulsos:

I - o trabalhador que exerce atividade portuaria de capatazia,estiva, conferencia e conserto de carga, vigilancia de embar­cacao e bloco;

II ~ o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza,inclusive carvao e minerio;

III ~ o trabalhador em alvarenga (embarcacao para carga e des­carga de navios);

IV - o amarrador de embarcacao;V - o ensacador de cafe, cacau, sal e similares;VI - o trabalhador na industria de extracao de sal;VII - o carregador de bagagem em porto;VIII - o pratico de barra em porto;IX - o guindasteiro; eX - o classificador, o movimentador e o empacotador de merca­

dorias em portos.

O Regulamento da Previdencia Social (art. 9°, § 7°) conceitua cada uma das atividades portuarias previstas no item I da relacao acima, nos seguintes termos:

♦ Capatazia - a atividade de movimentacao de mercadorias nas instalacoes de uso publico, compreendendo o recebimento, con- ferencia, transporte interno, abertura de volumes para conferen­cia aduaneira, manipulacao, arrumacao e entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcacoes, quando efetuados por aparelhamento portuario;

♦ Estiva - a atividade de movimentacao de mercadorias nos con- veses ou nos poroes das embarcacoes principals ou auxiliares, incluindo transbordo, arrumacao, peacao e despeacao, bem como o carregamento e a descarga das mesmas, quando reali-'zaHris rnm pnnimmpntns hnrdn*

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❖ Conferencia de carga - a contagem de volumes, anota^ao de suas caracteristicas, procedencia ou destino, verificacao do estado das mercadorias, assistencia a pesagem, conferencia do manifes­to e demais servicos correlates, nas opera^oes de carregamento e descarga de embarcacoes;

o Conserto de carga - o reparo e a restaura^ao das embalagens de mercadoria, nas operacoes de carregamento e descarga de em­barcacoes, reembalagem, marcacao, remarcacao, carimbagem, etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior re- composicao;

* Vigilancia de embarcacoes - a atividade de fiscalizacao da en- trada e saida de pessoas a bordo das embarcacoes atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentacao de mercado­rias nos portalos, rampas, poroes, conveses, plataformas e em outros locais da embarcacao; e

o Bloco - a atividade de limpeza e conservacao de embarcacoes mercantes e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e servicos correlatos.

2.1.4. Segurado especial

Os trabalhadores que sao considerados como segurados espe­ciais estao definidos no proprio texto constitucional. O § 8° do art. 195 da Constituicao Federal determina um tratamento diferenciado a ser dado a estes trabalhadores, nos seguintes termos:

c<§ 8° O produtor; o parceiro, o meeiro e o arrendatdrio ru- rais e o pescador artesanal> bem como os respectivos conjuges, que exercam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirao para a seguridade social mediante a aplicagao de uma aMquota sobre o resultado da comercializacdo da produgao e fardo jus aos beneficios nos termos da lei.”

O inciso VII do art. 11 da Lei n° 8.213/91 define o segurado espe­cial na forma esquematizada no quadro a seguir:

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Segurado espe­cial e a pessoa fisica residente no imovel rural ou em aglome- rado urbano ou rural proximo a ele que, indivi- dualmente ou em regime de eco­nomia . familiar, ainda que com o auxilio, eventual d e ; terceiros, condi<;ao de: -

na

a) produtor, seja pro- prietarib, usufru- tuario, possuidor, assentado,. parcei- ro ou meeiro ou- torgados, como- datario ou arren- datario rurais, que explore atividade:

1. agropecudria -em area contmuaounaode vate4 modulos fiscais; -

2. de serihgueiro ou extra- tivista,vegetal na coleta e extra^ao, de modo sustentavel, de recursos naturais renovaveis, e fa<;a dessas atividades o principal meio.de vida;

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faca da pesca profissao habitual ou principal meio devida;

c) conjuge, companheiro, bem co 16 anos de idade ou a este equip? de que tratam as alineas “a” e .“l damente, tenham participacao a

mo filho maior de irado, do segurado )”,lque, compirova- tiva nas atividades

rurais do grupo familiar.

O segurado especial recebe essa denomina<;ao em razao de ter tra­tamento favorecido em relacao aos demais segurados: (a) enquanto os outros segurados pagam suas contribuicoes previdenciarias incidentes sobre seus salarios-de-contribuicao, o segurado especial contribui com uma aliquota reduzida (2,1%) incidente sobre a receita bruta proveniente da comercializacao da sua producao; (b) para os demais segurados terem direito aos beneficios previdenciarios, e necessario cumprir a carencia, que corresponde a um numero minimo de contribuicoes mensais; para o segurado especial, a carencia nao e contada em numero de contribui­coes, mas em numero de meses de efetivo exercicio de atividade rural ou pesqueira, ainda que de forma descontinua.

Assim, embora haja previsao legal a respeito da contribuicao previdenciaria do segurado especial (Lei n° 8,212/91, art. 25,1 e II), ele faz jus aos beneficios previdenciarios mesmo que nao apresente con­tribuicoes recolhidas. Tera apenas que comprovar o tempo minimo de efetivo exercicio de atividade rural ou pesqueira, ainda que de forma descontinua, igual ao numero de meses correspondentes a carencia do beneficio requerido (Lei n° 8.213/91, art. 39,1).

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Nas condicoes acima descritas, o valor da renda mensal dos be­neficios previdenciarios aos quais faz jus o segurado especial e de um j

salario minimo. Se desejar um beneficio de valor maior, o segurado es- 1 pecial, alem da contribuicao obrigatoria, pode contribuir, facultativa- j mente, com a aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuicao e cum- [ prir a carencia exigida (Lei n° 8.212/91, art. 25, § 1°). Mas somente tera renda mensal superior ao salario minimo se contribuir sobre salario de contribuicao superior a um salario minimo. \

O segurado especial somente tera direito a aposentadoria por •tempo de contribuicao se contribuir, facultativamente, com aliquota de J20% sobre o salario-de-contribuicao. I

■ jI2.1.4.1. Regime de economia familiar

Para que o produtor rural e o pescador artesanal sejam conside- rados segurados especiais, e necessario que exercam suas respectivas atividades individualmente ou em regime de economia familiar. |j

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que |o trabalho dos membros da familia e indispensavel a propria subsisten- |jcia e ao desenvolvimento socioeconomico do nucleo familiar e e exerci- ;|do em condicoes de mutua dependencia e colaboracao, sem a utilizacao de empregados permanentes (Lei n° 8.213/91, art. 11, § 1°).

O grupo familiar podera utilizar-se de empregados contratados por pequeno prazo ou de trabalhadores eventuais, em epocas de safra, a razao de, no maximo, 120 pessoas/dia dentro do ano civil, em perio- dos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, a razao de 8 horas/dia e 44 horas/semana (Lei n° 8.213/91, art. 11, § 7°). Esta relacao pessoas/dia significa o seguinte: o segurado especial podera, por exemplo, contratar dois empregados e mante-los por ate 60 dias. Se contratar 4 empregados, podera mante-los por 30 dias, e assim por diante. Contratando uma quantidade de empregados superior ao limite estabelecido, o produtor rural torna-se contribuinte individual.

A duracao do contrato deemprego rural por pequeno prazo sera de, no >maximo, dois meses dentro do periodo de um ana A contratacao de traba­lhador rural por pequeno prazo que, dentro do periodo de 1 (um) ano, supe- rar 2 (dois) meses fica convertida em contrato de trabalho por prazo indeter- minado (Lei n° 5.889/73, a rt 14-A, § 1°).

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2.1.4.2. Local da residencia do segurado especial

Uma das condicoes necessarias para que a pessoa fisica possa en- quadrar-se como segurado especial e que seja residente no imovei rural ou em aglomerado urbano ou rural proximo a ele.

Considera-se que o segurado especial reside em aglomerado urba­no ou rural proximo ao imovei rural onde desenvolve a atividade quan­do resida no mesmo municipio de situa^ao do imovei onde desenvolve a atividade rural, ou em municipio contiguo ao em que desenvolve a atividade rural (RPS, art. 9°, § 20).

2.1.4.3. Produtor rural

O produtor rural que exerce atividade agropecuaria (agricultura ou pecuaria) somente sera considerado segurado especial se a area da propriedade for de no maximo 4 modulos fiscais (o modulo fiscal varia de um Municipio para outro). Se superior a isso, o produtor rural torna- ~se contribuinte individual.

0 numero de modulos fiscais de um imovei rural sera obtido di- vidindo-se sua area aproveitavel total pelo modulo fiscal do Municipio (Lei n° 4.504/64, a r t 50, § 3°). Constitui area aproveitavel do imovei rural a que for passivel de explora^ao agricola, pecuaria ou florestal (Lei n° 4.504/64, art. 50, § 4°).

Exercendo o produtor rural a atividade de seringueiro ou extrati- vista vegetal, nao existe limitacao de area para que ele seja considerado segurado especial. Entende-se por extrativismo o sistema de explora^ao baseado na coleta e extra^ao, de modo sustentavel, de recursos natu- rais renovaveis (Lei n° 9.985/2000, art. 2°, XII). Uso sustentavel e a ex~ plora^ao do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renovaveis e dos processos ecologicos, mantendo a biodiver- sidade e os demais atributos ecologicos, de forma socialmente justa e economicamente viavel (Lei n° 9.985/2000, art. 2°, XI).

Para efeito da caracteriza^ao do segurado especial, entende-se por:

1 - Proprietario - aquele que tem a faculdade de usar, gozare dispor do imovei rural, e o direito de reave-lo do poder de quem quer que injustamente o possua ou detenha (CC, art. 1.228).

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II - Usufrutuario - aquele que, nao sendo proprietario de imoveirural, tem direito a posse, ao uso, a administracao ou a percep- cao dos frutos, podendo usufruir o bem em pessoa ou mediante contrato de arrendamento, comodato, parceria ou meacao.

III - Possuidor - aquele que tem de fato o exercicio, pleno ou nao,de algum dos poderes inerentes a propriedade de imovei rural (CC> art. 1.196). E, assim, aquele que possui o imovei rural como seu, nao em nome de outrem.

IV - Assentado ~ eo beneficiario do programa de reforma agraria.V - Parceiro outorgado: aquele que tem contrato, escrito ou verbal,

de parceria com o proprietario da terra ou detentor da posse e desenvolve atividade agricola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando lucros ou prejuizos.

VI - Meeiro outorgado - aquele que tem contrato, escrito ou verbal,com o proprietario da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agricola, pastoril ou hortifrutigranjei­ra, partilhando rendimentos ou custos.

A diferenca entre o parceiro e o meeiro e que o primeiro aufere lucros e o segundo rendimentos, dividindo-os com o proprietario da terra. Lucro e o resultado positivo obtido no exercicio, ou seja, as recei- tas menos as despesas. Rendimento e tudo o que foi recebido, vale dizer, o faturamento total.

VII - Comodatario - aquele que, por meio de contrato, escritoou verbal, explora a terra pertencente a outra pessoa, por emprestimo gratuito, por tempo determinado ou nao, para desenvoiver atividade agricola, pastoril ou hortifrutigranjeira.

VIII - Arrendatario - aquele que, comprovadamente, utiliza a terra,mediante pagamento de aluguel, em especie ou in natura, ao proprietario do imovei rural, para desenvoiver atividade agricoia, pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime de economia familiar.

2.1.4.4. Pescador artesanal

Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissao habitual ou

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meio principal de vida, desde que nao utilize embarcacao; ou utilize embarcacao de ate seis toneladas de arqueacao bruta, ainda que com auxilio de parceiro; ou, na condicao exclusiva de parceiro outorgado, utilize embarcacao de ate dez toneladas de arqueacao bruta, (RPS, art. 9°, § 14). Se a embarcacao exceder os limites estabelecidos, o pescador torna-se contribuinte individual.

Entende-se por tonelagem de arqueacao bruta a expressao da ca­pacidade total da embarcacao constante da respectiva certificacao for- necida pelo orgao competente. Os orgaos competentes para certificar a capacidade total da embarcacao sao: a capitania dos portos, a delegacia ou a agenda fluvial ou maritima, sendo que, na impossibilidade de ob- tencao da informacao por parte desses orgaos, sera solicitado ao segu­rado a apresentacao da documentacao da embarcacao fornecida pelo estaleiro naval ou construtor da respectiva embarcacao.

Consideram-se assemelhados a pescador artesanal, dentre outros, o mariscador, o caranguejeiro, o eviscerador (limpador de pescado), o observador de cardumes, o pescador de tartarugas e o catador de algas (IN RFB n° 971/2009, art. 10, § 6°).

O quadro a seguir facilitara o entendimento da situacao previdenci­aria do pescador que exerce sua atividade individualmente ou em regime de economia familiar:

Forma de trabalho Caifraddadle da; embarcacao Esjpede isegurido 0

Por conta propriaSem emoarcacao EspecialAte 6 toneladas Especial

Mais de 6 tondadas Contribuinte individual

Com contrato de parceria ou meacao

Ate 6 toneladas Outorgante Especial (obs.)Outorgado Espedal

Mais de 6 ate 10 toneladas

Outorgante Contribuinte individualOutorgado Espedal

Mais de 10 toneladas

Outorgante Contribuinte individualOutorgado Contribuinte individual

Observacao: ' \

Na tabela acima, o parceiro outorgante qt^-^consider^o^gux^o/^sr.v pecial (embarca9a0.de ate 6 toneladas de arquea^ao bruta) nao: exploraa

atividade pesqueira por intermedio do parceiro Mtorgad6)maS Sim^boinv o auxilio do parceiro outorgado:; -

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2.L4.5. Conjuge, eompanheiro e filho maior de 16 anos de idade

Nao e somente o chefe da familia que e considerado segurado es­pecial, mas tambem o seu conjuge ou companheira e seus filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados que, comprovadamente, tra- balhem com o grupo familiar respectivo.

Para serem considerados segurados especiais, o conjuge ou com- panheiro e os filhos maiores de 16 anos ou os a estes equiparados de­verao ter participacao ativa nas atividades rurais do grupo familiar (Lei n° 8.213/91, art. 11, $ 6°). Contudo, o STJ tem entendido que a cer­tidao de casamento, que atesta a condicao de lavrador do conjuge da segurada, constitui inicio razoavel de prova documental, para que ela comprove sua condicao de ruricola e de segurada especial. Nesse senti­do, confira-se o seguinte julgado:

“A$AO RESCISORIA. PREVIDENCIARIO. APOSENTA­DORIA POR IDADE. RURICOLA. INEXIGIBILIDADE DO DEP0SITO PREVISTO PELO ART. 488, II, DO CPC. DOCU- MENTONOVO. CERTIDAO DECASAMENTO. SOLUCAO PRO MISERO. INlCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. PEDIDO PROCEDENTE. [...]2. A certidao de casamento, que atesta a condigao de lavrador do conjuge da segurada, constitui inicio razoavel de prova do­cumental, para fins de comprovagdo de tempo de serviqo. Deve se ter em mente que a condiqao de ruricola da mulherfunciona como extensao da qualidade de segurado especial do marido. Seo marido desempenhava trabalho no meio rural, em regime de economia domiciliar, hd a presunqdo de que a mulher tambemo fez, em razao das caracteristicas da atividade - trabalho em familia, emprol de sua subsistencia 3. Diante da prova testemu- nhalfavoravel e naopairando mais discussoes quanto d existencia de inicio suficiente de prova material da condiqao de ruricola, a autora se classifica como segurada especial, protegido pela lei de beneficios da previdencia social - art. 11, inciso VII, da Lei n° 8.213/91. 4. Pedido procedente.1*7

47 STJ, AR 2011 /SP, Rei. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 3aSEgAO, DJe 03/02/2010.

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2J.4.6. Nao descarocterfzocao da condicao de segurado especial

De acordo com o art. 11, § 8°, da Lei n° 8.213/91, nao descaracteri- za a condi<;ao de segurado especial:

I - a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meacaoou comodato, de ate 50% de imovei rural cuja area total nao seja superior a 4 modulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, indi­vidualmente ou em regime de economia familiar;

II - a exploracao da atividade turistica da propriedade rural,inclusive com hospedagem, por nao mais de 120 dias ao ano;

III - a participacao em piano de previdencia complementar insti-tuido por entidade classista a que seja associado em razao da condicao de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e

IV - ser beneficiario ou fazer parte de grupo familiar que temalgum componente que seja beneficiario de programa assis- tencial oficial de governo;

V - a utilizacao pelo proprio grupo familiar, na exploracao daatividade, de processo de beneficiamento ou industrializacao artesanal; e

VI - a associacao em cooperativa agropecuaria.

Considera-se processo de beneficiamento ou industrializacao ar­tesanal aquele realizado diretamente pelo proprio produtor rural pessoa fisica, desde que nao esteja sujeito a incidencia do Imposto Sobre Produ- tos Industrializados - IPI (Lei n° 8.212/91, art. 25, § 11).

Em regra, nos contratos de parceria ou meacao, somente o ou­torgado (quando exerce a atividade individualmente ou em regime de economia familiar) e segurado especial, Todavia, a luz do art. 11, § 8°,I, da Lei n° 8.213/91, tambem sera considerado segurado especial o ou­torgante que tenha imovei rural com area total de, no maximo, quatro modulos fiscais, que ceder em parceria, meacao ou comodato ate 50% do imovei rural, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar.

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2.1.4.7. Membro do grupo fam iliar que possui outra fonte de rendimento

De acordo com o art. 12, § 10, da Lei n° 8.212/91, nao e segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendi­mento, exceto se decorrente de:

I - beneficio de pensao por morte, auxilio-acidente ou auxilio--reclusao, cujo valor nao supere o do menor beneficio de prestacao continuada da Previdencia Social (vale dizer, desde que nao supere um salario minimo);

II - beneficio previdenciario pela participacao em piano deprevidencia complementar instituido por entidade classista a que seja associado em razao da condicao de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;

III - exercicio de atividade remunerada em periodo de entres-safra ou do defeso48, nao superior a 120 dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei n° 8.212/91;49

IV - exercicio de mandato eletivo de dirigente sindical de orga-nizacao da categoria de trabalhadores rurais;

V - exercicio de mandato de vereador do municipio onde de­senvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituida exclusivamente por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei n° 8.212/91;50

VI - parceria ou meacao outorgada na forma e condicoes esta-belecidas no inciso I do § 9° do art. 12 da Lei n° 8.212/91;51

VII - atividade artesanal desenvolvida com materia-prima produzidapelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizadamateria- -prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade nao exceda ao menor beneficio de prestacao conti­nuada da Previdencia Social; e

48 Defeso e o periodo em que a pesca e proibida para garantir a reprodu?ao dos peixes.49 tei n° 8.212/91, art. 12, § 13. O disposto nos incisos III e Vdo § 10 deste artigo nao dispensa

o recolhimento da contribuicao devida em relacao ao exercicio das atividades de que tratam os referidos incisos.

50 idem.51 Lei n° 8.212/91, art. 12, § 9°. Nao descaracteriza a condicao de segurado especial: (I) a ou-

torga, por meio de contrato escrito de parceria, meacao ou comodato, de ate 50% de imovei rural cuja area total nao seja superior a 4 mdduios fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; (...)

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VIII - atividade artlstica, desde que em valor mensal inferior ao menor beneficio de prestacao continuada da Previdencia Social.

Se um dos membros da familia tiver outra fonte de rendimento, mas a atividade rural dos outros for executada em regime de econo­mia familiar, estes serao considerados segurados especiais. Somente o membro que tem outra fonte de rendimento e que deixa de ser segurado especial. £ o caso, por exemplo, de uma mae que e professora na escola da regiao rural e ganha um salario minimo. A mae nao e considerada segurada especial, mas os filhos e o marido, se exercerem a atividade rural em regime de economia familiar, serao segurados especiais.

0 STJ tem entendido que para fins de concessao de aposentadoria rural por idade, o trabalho urbano exercido pelo conjuge nao descarac- teriza o regime de econorriia familiar, desde que nao seja suficiente para a manutencao do nucleo familiar.52

2.1.4.8. Data da exdusao do segurado especial

De acordo com o art. 11, § 10, da Lei n° 8.213/91, o segurado espe­cial fica excluido dessa categoria:

1 - a contar do primeiro dia do mes em que: (a) deixar de satisfazeras condicoes gerais estabelecidas para ser segurado especial, ou outorgar mais 50% do imovei rural, para fins de parceria, meacao ou comodato; (b) se enquadrar em qualquer outra cate­goria de segurado obrigatorio do RGPS, ressalvadas as excecoes supracitadas que nao geram a perda do enquadramento; e (c) se tornar segurado obrigatorio de outro regime previdenciario;

II - a contar do primeiro dia do mes subsequente ao da ocorrencia, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de:(a) 120 pessoas/dia no ano civil contratados como empregados por prazo determinado ou como trabalhadores eventuais, em epocas de safra; (b) 120 dias no ano civil de atividade remu­nerada em periodo de entressafra ou do defeso53; (c) 120 dias ao ano de exploracao da atividade turistica da propriedade rural, inclusive com hospedagem.

52 STJ, AgRg no REsp 980782/SP, Rei. Min. Napoieao Nunes Maia Filho, 5aT.t DJe 04/10/2010.53 Defeso e o pen'odo em que a pesca e proibida para garantir a reprodu^ao dos peixes.

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De acordo com o art. art. 106 da Lei n° 8.213/91, a comprovacao do exercicio de atividade rural sera feita, alternativamente, por meio de:

I - contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho ePrevidencia Social;

II - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;III - declaracao fundamentada de sindicato que represente o traba­

lhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colonia de Pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS;

IV - comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Coloni-za^ao e Reforma Agraria - INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;

V - bloco de notas do produtor rural;VI - notas fiscais de entrada de mercadorias emitidas pela empresa

adquirente da producao, com indicacao do nome do segurado como vendedor;

VII - documentos fiscais relativos a entrega de producao rural acooperativa agricola, entreposto de pescado ou outros, com indicacao do segurado como vendedor ou consignante;

VTH- comprovantes de recolhimento de contribuicao a Previdencia Social decorrentes da comercializacao da producao;

IX - copia da declaracao de imposto de renda, com indicacao derenda proveniente da comercializacao de producao rural; ou

X - licenca de ocupacao ou permissao outorgada pelo Incra.

<§ Alem dos documentos supra, o Regulamento 4a Previdenciag> Social (art. 62, § 2°, II, “1”) ainda admite como prova de exercicio da

atividade rural a “certidao fornecida pela Fundacao Nacional do Indio -* FUNAI, certificando a condicao do indio como trabalhador rural, desde

que homologada pelo INSS”.J O STJ tem entendido que a declaracao sindical nao homologada® pelo INSS, pura e simples, nao constitui inicio razoavel de prova mate- o rial, porem quando acompanhada de robusta prova testemunhal pode- £ ra, em razao das peculiaridades que envolvem o trabalho rural, consti- ® tuir inicio de prova material apto a suprir os requisitos do art. 106 dao Lei n° 8.213/91, ainda mais por se tratar de mero rol exemplificativo.54C __________________________

^ 5 4 STJ, AgRg no REsp 1083346 / PB, Rel. Min, OG FERNANDES, 6a T., Die 16/11/2009.

2.1.4.9. Comprovacao da atividade rural

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2.1.5. Segurado contribuinte individual

Contribuinte individual e categoria de segurado criada pela Lei n° 9.876199, reunindo as antigas especies de segurados empresario, au­tonomo e equiparado a autonomo.

Assim, filia-se obrigatoriamente ao RGPS, na qualidade de contri­buinte individual:

I ~ a pessoa fisica, proprietaria ou nao, que explora atividadeagropecuaria, a qualquer titulo, em carater permanente ou temporario, em area superior a 4 modulos fiscais; ou, quando em area igual ou inferior a 4 modulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxilio de empregados ou por intermedio de prepostos; ou ainda quando deixar de satisfazer as condicoes para ser segurado especial.

Aqui, apesar de exercer atividade agropecuaria, pesqueira ou ex­trativista, a pessoa fisica nao se enquadra como segurado especial, em razao da existencia de, pelo menos, um dos seguintes motivos: (a) a area do imovei rural e superior a 4 modulos fiscais; (b) possui empregados permanentes; (c) exerce a atividade por intermedio de preposto; ou (d) deixou de satisfazer qualquer outra condicao para ser segurado especial

II - a pessoa fisica, proprietaria ou nao, que explora atividade deextracao mineral - garimpo ~, em carater permanente ou tem­porario, diretamente ou por intermedio de prepostos, com ou sem o auxilio de empregados, utilizados a qualquer titulo, ainda que de forma nao contmua;

De acordo com a redacao original do inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212/91, o garimpeiro, quando exercia suas atividades individual­mente ou em regime de economia familiar, era considerado segurado especial. Mas conforme a legislacao atualmente em vigor, em nenhuma hipotese o garimpeiro sera enquadrado como segurado especial.

Garimpeiro e toda pessoa fisica de nacionalidade brasileira que, individualmente ou em forma associativa, atue diretamente no processo da extracao de substancias minerais garimpaveis (Lei n° 11.685/2008, art. 2°, I).

Nos termos do art. 4° da Lei n° 11.685/2008, os garimpeiros rea- lizarao as atividades de extracao de substancias minerais garimpaveis

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sob as seguintes modalidades de trabalho: (I) autonomo; (II) em regime de economia familiar; (III) individual, com formacao de relacao de em­prego; (IV) mediante Contrato de Parceria, por Instrumento Particular registrado em cartorio; e (V) em Cooperativa ou outra forma de asso- ciativismo.

Se o garimpeiro realiza sua atividade com formacao de relacao de emprego, obviamente, sera segurado empregado. Nos demais casos, o garimpeiro enquadra-se como contribuinte individual.

Vale frisar que e proibido o trabalho do menor de 18 (dezoito) anos na atividade de garimpagem (Lei n° 11.685/2008, art. 13).

Ill - o ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregacao ou de ordem religiosa.

Os ministros de confissao religiosa sao aqueles que consagram sua vida a servico de Deus e do proximo, com ou sem ordenacao, dedi- cando-se ao anuncio de suas respectivas doutrinas e crencas, a ceiebra- cao dos cultos proprios, a organizacao das comunidades e a promocao de observancia das normas estab'elecidas, desde que devidamente apro- vados para o exercicio de suas funcoes pela autoridade religiosa compe- tente. Sao, por exemplo, os padres, pastores, bispos.

Os membros do instituto de vida consagrada, de congregacao ou ordem religiosa sao os que emitem ou professam voto (promessa feita pelos religiosos), devidamente aprovado pela autoridade religiosa com- petente. Sao, por exemplo, as freiras, freis e monges.

Nao se considera como remuneracao direta ou indireta os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituicoes de ensino vocacio- nal com ministro de confissao religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregacao ou de ordem religiosa em face do seu mis­ter religioso ou para sua subsistencia desde que fomecidos em condicoes que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado (Lei n° 8.212/91, art. 22, § 13). Nesse caso, ja que nao recebem remunera­cao, a base de calculo das contribuicoes previdenciarias destes religiosos sera o valor por eles declarado, observados os limites minimo e maximo do salario de contribuicao (IN RFB n° 971/2009, art. 55, § 11).

IV - o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil e membro efetivo, ainda

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que la domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime proprio de previdencia social.

Trata-se de brasileiro civil que presta servico no exterior a orga­nismos oficiais internacionais, como ONU, OIT etc., ainda que contra­tado e domiciliado no exterior.

Aqui, o contratante do servico e o proprio organismo oficial inter­nacional. Se o trabalhador fosse contratado pela Uniao, para prestacao do servico em organismo oficial internacional, seria segurado empregado, e nao contribuinte individual.

O dispositivo exclui o brasileiro militar, pois este tem regime pro- prio de previdencia.

V - o titular de fii;ma individual urbana ou rural, consideradoempresario individual pelo art. 931 do Codigo Civil.

Trata-se da pessoa que explora uma atividade empresarial em nome proprio sem constituir sociedade, porem com registro na Junta Comercial, Nao ha separa^ao entre o patrimonio pessoal do titular e o patrimonio da empresa, ou entre dividas pessoais e dividas da empresa.

VI - o diretor nao empregado e o membro de conselho de admi­nistracao na sociedade anonima.

Os diretores das sociedades anonimas podem ser: diretor empre­gado ou diretor nao empregado. Ambos sao segurados obrigatorios do RGPS, sendo que o diretor empregado e segurado empregado e o diretor nao empregado e contribuinte individual. O Regulamento da Previden­cia Social diferencia um do outro, nos seguintes termos:

Diretor empregado: aquele que, participando ou nao do risco eco- nomico do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direcao das sociedades anonimas, mantendo as caracteristicas ine- rentes a relacao de emprego (RPS, art. 9°, § 2°).

Diretor nao empregado: aquele que, participando ou nao do ris­co economico do empreendimento, seja eleito, por assembleia geral dos acionistas, para cargo de direcao das sociedades anonimas, nao mantendo as caracteristicas inerentes a relacao de emprego (RPS, art. 9° § 3°).

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O conselho de administracao das sociedades anonimas e com- posto por, no minimo, tres acionistas pessoas ffsicas (Lei 6.404/76, art. 140). Em regra, a sociedade anonima nao e obrigada a ter conselho de administracao. Todavia, nas sociedades anonimas de capital aberto, nas com capital autorizado e nas de economia mista a existencia de conse­lho de administracao e obrigatoria. Os membros do conselho de admi­nistracao da sociedade anonima sao segurados obrigatorios do RGPS, na categoria de contribuinte individual.

VII - o membro de conselho fiscal de sociedade por acoes.

O conselho fiscal da sociedade por acoes (sociedade anonima ou companhia) sera composto de, no minimo, tres e, no maximo, cinco membros, e suplentes em igual numero, acionistas ou nao, eleitos pela Assembleia-Geral (Lei 6.404/76, a r t 161, § 1°).

Toda sociedade anonima sera obrigada a ter um conselho fiscal (Lei 6.404/76, art. 161), e todos os seus membros serao segurados obri­gatorios do RGPS, na categoria de contribuinte individual (RPS, a rt 9°, § 15, V).

VIII - todos os socios, nas sociedades em nome coletivo e de capitale industria.

Somente pessoas fisicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os socios, solidaria e ilimitadamente, pelas obrigacoes sociais (Codigo Civil, art. 1.039). Assim, as dividas da empresa podem ser cobradas integralmente de qualquer dos socios, ra­zao que torna esse tipo de sociedade quase que inexistente.

A administracao da sociedade em nome coletivo compete exclusi- vamente aos socios (Codigo Civil, art. 1.042), razao pela qual a legislacao previdenciaria considera todos os socios como segurados contribuintes individuals (ja que sao os administradores da empresa, o trabalho re- munerado e presumido).

Na sociedade de capital e industria ha dois txpos de socios: o ca~ pitalista, que entra com o capital e responde pelas obrigacoes sociais de modo ilimitado; e o socio de industria, que entra apenas com o seu trabalho e nao responde por nada. Tanto os socios capitalistas como os de industria sao segurados obrigatorios do RGPS, na categoria de contribuinte individual. Com o advento do novo Codigo Civil (Lei n°

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10.406/2002), essa sociedade deixou de ter previsao expressa na legisla­cao civil.

IX - o socio gerente e o socio cotista que recebam remuneracaodecorrente de seu trabalho e o administrador nao empregado na sociedade limitada, urbana ou rural.

O capital social da sociedade limitada divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada socio (Codigo Civil, art.1.055). Os administradores da sociedade limitada podem ser socios ou nao (Codigo Civil, art. 1.061).

O que a legislacao previdenciaria chama de socio gerente e o socio que e designado, no contrato social ou em ato separado, para ser admi­nistrador da sociedade limitada. Esse socio sempre e segurado obrigato­rio do RGPS, na categoria de contribuinte individual, pois a condicao de socio administrador torna presumido o trabalho remunerado.

O que a legislacao previdenciaria chama de administrador nao empregado e a pessoa fisica que, mesmo sem ser soda, e designada, no contrato social ou em ato separado, para ser administrador da socieda­de limitada, porem, sem vinculo empregaticio. Aqui tambem o trabaiho remunerado e presumido, sendo o administrador segurado obrigatorio do RGPS, como contribuinte individual.

O s6cio que participa do capital da sociedade limitada, mas nao e designado, no contrato social ou em ato separado, como administrador chama-se simplesmente de socio cotista. Aqui o trabalho nao e presu­mido, sendo necessaria para o socio cotista ser considerado contribuin­te individual a comprovacao de retirada de pro labore (remuneracao decorrente do trabalho). Nao havendo a comprovacao de retirada de pro labore, e se o socio cotista desejar ser segurado do RGPS, sera inscrito como segurado facultativo.

X - o associado eleito para cargo de direcao em cooperativa, as-sociacao ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o sindico ou administrador eleito para exercer atividade de direcao condominial, desde que recebam remuneracao.

Cooperativas sao sociedades sem objetivo de lucro, constituidas em beneficio dos associados. A cooperativa sera administrada por uma Diretoria ou Conselho de Administracao, composto exclusivamente de

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associados eleitos pela Assembleia Geral (Lei 5.764/71, art. 47). Esses associados eleitos para cargo de direcao, quando remunerados, serao se­gurados obrigatorios do RGPS, na categoria de contribuinte individual. Mas o associado a cooperativa de trabalho ou de producao, mesmo sem fazer parte da sua administracao, tambem pode ser considerado contri­buinte individual Esse caso sera analisado mais adiante.

O associado eleito para cargo de direcao em associacoes ou enti­dades afins, quando remunerado, tambem e considerado contribuinte individual. Nao se inclui na hipotese aqui prevista os diretores dos sin- dicatos (dirigentes sindicais), ja que eles mantem, durante o exercicio do mandato, o mesmo enquadramento no RGPS de antes da investidura no cargo.

O sindico de condomlnio, quando remunerado, e contribuinte individual. Caso ele nao receba remuneracao direta, mas seja isento da taxa condominial, tambem sera contribuinte individual, pois essa isen- Cao corresponde a uma remuneracao indireta destinada a retribuir o seu trabalho. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO SOCIAL SOBRE O PRO-

-LABORE E SOBRE A ISEN^AO DA QUOTA CONDOMINIAL DOS SINDICOS. A R T 1° DA LEI COMPLEMENTAR N° 84/96. CONDOMINIO. CARACTERIZACAO. PESSOA JURtDICA. LEI N° 9.876/99. INCIDENCIA. I - E devida a contribuigdo social sobre o pagamento do prd~labore aos stndicos de condominios imobilidrios, assim como sobre a isengdo da taxa condominial de­vida a eles, na vigencia da Lei Complementar n° 84/96, porquanto a Instrugdo Normativa do INSS n° 06/96 ndo ampliou os seus conceitos, caracterizando-se o condommio como pessoa juridica, a semelhanca das cooperativas, mormente nao objetivar o lucro e ndo realizar exploragdo de atividade econdmicd. II ~ A partir dapromulgagdo da Lei n° 9.876/99a qual alterou a redagao do art. 12, inciso V, alinea “f ”, da Lei n° 8.212/91, com asposteriores modificacoes advindas da M P n° 83/2002, transformada na Lei n° 10.666/2003, previu-se expressamente tal exagdo, confirmando a legalidade da cobranga da contribuigdo previdencidria. I ll - Recurso especial improvido”.55

55 STJ, REsp 411832/RS, Ref. Min. Francisco falcao, 1a T, Di 19/12/2005, p. 211.

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Ja o sindico que, alem de nao ser remunerado, paga a taxa de con- dominio nao e segurado obrigatorio, podendo ser, se assim desejar, se­gurado facultativo.

O quadro a seguir resume as hipoteses estudadas nos itens V a X, que se referem as pessoas fisicas que exercem fun^oes de direcao nas empresas ou nas entidades equiparadas a empresa:

Pessoa juridica contribuinte individual

Sociedade anonimaDiretor nao empregado

Membro do conselho de administracao

Membro do conselho fiscal

Sociedade limitadaSocio-gerente

Socio-cotista que recebe pro-labore

Administrador nao socio e nao empregadoSociedade em nome coletivo Todos os socios

Sociedade de capital e industria Todos os socios

Firma individual 0 titular (o empresario individual)Cooperativa, associacoes ou

entidades afinsAssociado eleito para cargo de direcao,

desde que seja remuneradoCondominio Sindico, desde que seja remunerado

XI - quem presta servico de natureza urbana ou rural, em carater eventual, a uma ou mais empresas, sem relacao de emprego.

Esse dispositivo cuida do trabalhador eventual, que e a pessoa fisi­ca que presta servicos esporadicos. Esse obreiro nao se fixa a uma fonte de trabalho; e contratado para trabalhar diante de uma situacao esped­fica, ocasional (trocar uma instalacao eletrica, consertar o encanamento etc.). Terminado o trabalho, o eventual nao retorna mais a empresa, vai a busca de outros trabalhos em empresas distintas.

Diferentemente do empregado, no servico prestado pelo trabalha­dor eventual nao ha a continuidade. Porem, de forma semelhante ao empregado, o trabalhador eventual e um trabalhador subordinado (esta sujeito ao poder de direcao do contratante).

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Assim, sao exemplos de trabalhador eventual o pintor que e con­tratado para pintar uma parede; o eletricista contratado para trocar uma instala^ao eletrica; o encanador contratado para consertar um en- canamento etc.

XII - a pessoa fisica que exerce, por conta propria, atividade eco­nomica de natureza urbana, com fins lucrativos ou nao.

Este e o autonomo propriamente dito. O trabalho prestado pelo trabalhador autonomo pode ter natureza contmua, porem sem subordi­n a te , pois ele trabalha por conta propria, assumindo os riscos de sua atividade economica.

O elemento fundamental que distingue o trabalhador autonomo do empregado e a subordinado: empregado e trabalhador subordinado (esta sujeito ao poder de direcao do empregador), ao passo que o auto­nomo nao e subordinado.

A expressao “com fins lucrativos ou nao” refere-se a atividade do tomador do servico, daquele para quem o autdnomo presta o servico, que pode ser uma empresa ou uma familia, e nao a atividade em si do proprio autdnomo.

Sao exemplos de trabalhador autdnomo: o dentista, o medico, o contador, o advogado etc. Nada impede, porem, que os profissionais aqui elencados trabalhem como empregados, bastando, para isso, que eles prestem seus servicos de forma nao eventual e com subordinado.

Se um advogado, por exemplo, for contratado para prestar servico para uma empresa tres vezes por semana, sempre nos mesmos dias e horarios pre-determinados, sera considerado empregado, e nao autono­mo. Diversamente, sera considerado trabalhador autonomo, se couber ao proprio advogado definir os dias e os horarios em que prestara os servi^s, conforme sua conveniencia ou sua agenda.

XIII - o aposentado de qualquer regime previdenciario nomeadomagistrado classista temporario da Justi^a do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1* do art. I l l ou III do art. 115 ou do paragrafo unico do art. 116 da Constituicao Federal, ou nomeado magistrado da Justica Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1° do art. 120 da Consti­tuicao Federal.

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Esse dispositivo cuida do Juiz Classista Temporario da Justi^a do Trabalho e do Magistrado temporario da Justi^a Eleitoral.

Antes da Emenda Constitucional n° 24, dentre os orgaos da Justi- 9a do Trabalho, havia as Juntas de Conciliacao e Julgamento, que eram compostas de um juiz do trabalho (juiz togado), e dois juizes classis- tas temporarios, representantes dos empregados e dos empregadores. A Emenda Constitucional n° 24, de 9/12/99, extinguiu a categoria de ma­gistrado classista temporario da Justi^a do Trabalho, entretanto, asse- gurou o cumprimento dos mandatos dos juizes classistas que ja tinham sido nomeados. Como o mandato dos juizes classistas era de tres anos, conclui-se que nao ha mais juiz classista na Justi^a do Trabalho.

Ja os magistrados temporarios da Justi^a Eleitoral estao previstos nos arts. 119, II, e 120, § 1°, III, da Constituicao Federal. De acordo com esse dispositivo constitucional, cabe ao Presidente da Republica nomear dois juizes para 0 TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e dois juizes para cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral), dentre seis advogados de nota- vel saber juridico e idoneidade moral. Os juizes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirao por dois anos, no minimo, e nunca por mais de dois bienios consecutivos (CF, art. 121, § 2°).

Aquele que ja e aposentado (pelo RGPS ou por regime proprio) e passa a exercer a atividade de juiz temporario, torna-se segurado obri­gatorio do RGPS, na qualidade de contribuinte individual.

Porem, aquele que ainda nao e aposentado, quando nomeado como magistrado temporario da Justi^a Eleitoral, mantem o mesmo enquadra- mento no RGPS de antes da investidura no cargo (RPS, art. 9°, § 11). As­sim, se antes da investidura no cargo de Juiz Eleitoral, o advogado era, por exemplo, segurado empregado, permanecera, apos a investidura no cargo, sendo segurado empregado. Mas se antes da investidura no cargo ele ja era aposentado, passa a ser contribuinte individual.

Atente-se, porem, que nao se trata aqui de juizes de carreira (integrantes da carreira da Magistratura), e sim de juizes temporarios. Os juizes de carreira sao segurados de Regimes Proprios de Previdencia e, desta forma, exduidos do RGPS.

XIV - o cooperado de cooperativa de producao que, nesta condicao, presta servico a sociedade cooperativa mediante remunera­cao ajustada ao trabalho executado.

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Cooperativa, urbana ou rural, e a sociedade de pessoas, sem fins lucrativos, com forma e natureza juridica proprias, de natureza civil, nao sujeita a falencia, constituida para prestar servicos a seus associados (Lei n° 5.764/71).

Cooperativa de producao, especie de cooperativa, e a sociedade que, por qualquer forma, detem os meios de producao e seus associados contribuem com servicos laborativos ou profissionais para a producao em comum de bens (IN RFB n° 971/2009, art. 210).

Considerate cooperado o trabalhador associado a cooperativa, que adere aos propositos sociais e preenche as condicoes estabelecidas no estatuto dessa cooperativa.

O cooperado de cooperativa de producao e enquadrado no RGPS como segurado obrigatorio na categoria de contribuinte individual. No entanto, vale frisar que nao descaracteriza a condicao de segurado espe­cial a associado em cooperativa agropecuaria (Lei n° 8.213/91, art. 11, § 8°, VI). Assim, se diversos segurados especiais organizarem-se em for­ma de cooperativa de producao, para juntos ganharem competitivida- de, nao serao considerados contribuintes individuals, pois, neste caso, manterao a qualidade de segurados especiais.

XV - o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta servicos a terceiros.

O dispositivo anterior cuidou do trabalhador associado a coope­rativa de producao. Esse dispositivo cuida do trabalhador associado a cooperativa de trabalho.

r Cooperativa de trabalho, especie de cooperativa tambem denomi- nada cooperativa de mao de obra, e a sociedade formada por operarios, artifices, ou pessoas da mesma profissao ou oficio ou de varios oficios de uma mesma classe, que, na qualidade de associados, prestam servicos a terceiros por seu intermedio (IN RFB n° 971/2009, art. 209).

A cooperativa de trabalho intermedeia a prestacao de servicos de seus cooperados, expressos em forma de tarefa, obra ou servico, com os seus contratantes, pessoas fisicas ou juridicas, nao produzindo bens ou servicos proprios,

O cooperado, seja de cooperativa de producao ou de trabalho, e segurado obrigatorio do RGPS na categoria de contribuinte individual.

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XVI - o condutor autonomo de veicuio rodoviario, assim consi­derado aquele que exerce atividade profissional sem vin­culo empregaticio, quando proprietario, co-proprietario ou promitente comprador de um so veicuio.

Cuida esse dispositivo da pessoa que tem taxi, onibus, caminhao, caminhonete, perua, microonibus etc. e se utiliza do seu veicuio para prestar servicos a terceiros.

XVII - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor au­tonomo de veicuio rodoviario, em automovel cedido em regime de colabora^ao, nos termos da Lei n° 6.094/74.

De acordo com o art. 1° da Lei n° 6.094/74, e facultada ao Con­dutor Autonomo de Veicuio Rodoviario a cessao do seu automovel, em regime de colabora^ao, no maximo a dois outros profissionais. Nao ha- vera qualquer vinculo empregaticio nesse regime de trabalho, devendo ser previamente acordada, entre os interessados, a recompensa por essa forma de colabora^ao (Lei n° 6.094/74, art. 1°, § 2°).

Os Auxiliares de Condutores Autonomos de Veiculos Rodoviarios contribuirao para a previdencia social de forma identica as dos Condu­tores Autonomos (Lei n° 6.094/94, art. 1°, § 1°). Assim, ambos sao se­gurados obrigatorios do RGPS na categoria de contribuinte individual.

Por exemplo: Joao e proprietario de um taxi cedido, em regime de colabora^ao, a Marcos e a Lucas, que atuam como seus auxiliares. Joao utiliza o automovel das 6 as 14 horas; Marcos, das 14 as 22 horas; Lucas, das 22 horas de um dia ate as 6 horas do dia seguinte. Assim, o taxi roda durante 24 horas por dia. Nessa situa^ao, Joao, Marcos e Lucas sao se­gurados obrigatorios do RGPS na categoria de contribuinte individual.

XVIII - aquele que, pessoalmente, por conta propria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via publica ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei n* 6586/78.

De acordo com o art. 1° da Lei n° 6.586/78, “considera-se comer­ciante ambulante aquele que, pessoalmente, por conta propria e a seus riscos, exerce pequena atividade comercial em via publica, ou de porta em porta”.

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Tambem conhecido como cameld ou mascate, o comerciante am- bulante e o mercador que vende nas ruas, em geral nas cal^adas, bugi- gangas ou outros artigos, apregoando-os de modo tipico.

XIX - aquele que presta servi^o de natureza nao continua, por contapropria, a pessoa ou familia, no ambito residencial desta, sem fins lucrativos.

A pessoa da qual cuida esse dispositivo e muito parecida com o segurado empregado domestico, afastando-se dessa categoria pelo fato de nao haver continuidade na presta^ao dos seus servi^os.

Aqui, os servi^os tambem sao prestados a uma pessoa fisica ou a uma familia, no ambito residencial do contratante, em atividades que nao visam lucro para o contratante. Porem, nao ha a continuidade dos serv^os prestados.

A pessoa que presta esse tipo de servi 'o e normalmente conhecida como diarista.

XX - o notario ou tabeliao e o oficial de registros ou registrador,titular de cartorio, que detem a delega^ao do exerckio da atividade notarial e de registro, nao remunerados pelos cofres publicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994.

De acordo com o art. 3° da Lei n° 8.935/94, “notario, ou tabeliao, e oficial de registro ou registrador, sao profissionais do direito, dotados de fe publica, a quem e delegado o exerclcio da atividade notarial e de registro55.

Titulares de servi^os notariais e de registro sao, por exemplo, os tabeliaes de notas, os tabeliaes de protesto de titulos, os oficiais de regis­tro de imoveis, os oficiais de registro de titulos e documentos, os oficiais de registro civis das pessoas naturals etc.

O art. 40 da Lei n° 8.935/94 determina que “os notarios, oficiais de registro, escreventes e auxiliares sao vinculados a previdencia social, de ambito federal, e tem assegurada a contagem reciproca de tempo de servi<;o em sistemas diversos”. Por previdencia social de ambito federal entenda-se o Regime Geral de Previdencia Social (RGPS).

Assim, os titulares de cartorio admitidos a partir de 21/11/94 (data do inicio da vigencia da Lei n° 8.935/94) sao segurados obrigatorios do RGPS na categoria de contribuinte individual.

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XXI - aquele que, na condicao de pequeno feirante, compra pararevenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados.

A pessoa fisica que compra, por exemplo, frutas e verduras com o objetivo de revende-las em feiras Hvres tambem e considerada contri­buinte individual.

XXII - a pessoa fisica que edifica obra de constru^ao civil.

Esse dispositivo cuida da pessoa fisica que habitualmente edifica obra de constru^ao civil com fins lucrativos. Assim, sera contribuinte individual o construtor profissional, e nao quem constroi sua propria casa.

XXIII - o medico-residente de que trata a Lei n° 6.932/81.

Residencia medica, conforme disposto no art. 1° da Lei n° 6.932/81, e a modalidade de ensino de pos-gradua^ao, destinada a medicos, sob a forma de cursos de especializa^ao, caracterizada por treinamento em servico, funcionando sob a responsabilidade de in s titu te s de saude, universitarias ou nao, sob a orientacao de profissionais medicos.

O medico-residente que desenvolve suas atividades de acordo com a Lei n° 6.932/81 e considerado segurado obrigatorio do RGPS na categoria de contribuinte individual. Mas se prestar os servicos em desacordo com a Lei n° 6.932/81 sera considerado segurado empregado (Instrucao Normativa SRP g» n° 03, de 14/7/2005, art 6% XXV). |

Ow

XXIV - o pescador que trabalha em regime de parceria, meacao ouarrendamento, em embarcacao com mais de seis toneladas °a, de arqueacao bruta. Nao obstante, se o pescador atuar, I exclusivamente, como parceiro outorgado, exercendo suas £> atividades individualmente ou em regime de economia fa- g. miliar, somente sera considerado contribuinte individual se a embarcacao tiver capacidade para mais de dez toneladas J de arqueacao bruta. |.

<*>aO trabalhador aqui descrito nao e considerado segurado especial, §•

e sim contribuinte individual, em razao da capacidade da sua embarca- Cao ultrapassar o limite maximo de seis toneladas de arqueacao bruta. g-

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Mas quando o pescador atua, exclusivamente, na condi^ao par- ceiro outorgado, se exercer sua atividade individualmente ou em regime de economia familiar, sera considerado segurado especial, desde que sua embarcacao nao ultrapasse o limite maximo de dez toneladas de arquea^ao bruta. Se ultrapassar tal limite, o pescador sera considerado contribuinte individual, mesmo que trabalhe individualmente ou em regime de economia familiar.

XXV - o incorporador de que trata o art. 29 da Lei na 4.591/64.

Incorporacao imobiliaria e a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a constru<;ao, para aliena<;ao total ou parcial, de edificacoes ou conjunto de edificacoes compostas de unidades autono­mas (Lei n° 4.591/64, art. 28, paragrafo unico). Unidades autonomas sao, por exemplo, cada um dos apartamentos de um edificio residencial, cada uma das salas de um edificio empresarial, cada uma das casas de um condommio fechado etc.

Incorporador e a pessoa fisica ou juridica, comerciante ou nao, que embora nao efetuando a constru<;ao, compromisse ou efetive a venda de fracoes ideais de terreno objetivando a vincula^ao de tais fra^des a unida­des autonomas, em edificacoes a serem construidas ou em constru^ao sob regime condominial, ou que meramente aceite propostas para efetiva^ao de tais transa<;oes, coordenando e levando a termo a incorporacao e responsa- bilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, pre^o e determi- nadas conduces, das obras concluidas (Lei n° 4.591/64, art. 29).

O incorporador tanto pode ser pessoa fisica como pessoa juridica. Mas so sera segurado obrigatorio do RGPS, na categoria de contribuinte individual, o incorporador pessoa fisica. O incorporador pessoa juridi­ca e contribuinte, e nao segurado.

Por exemplo: Joao e proprietario de um terreno e decide nele construir um edificio residencial. Joao vende fracoes ideais desse ter­reno a diversas outras pessoas, vinculando tais fracoes a apartamentos residenciais (unidades autonomas) a serem construidos, responsabili- zando-se pela entrega de tais apartamentos residenciais, dentro de um prazo contratualmente acertado, a cada um dos compradores. Nessa si- tua^ao, Joao e considerado um incorporador pessoa fisica, mesmo que nao seja construtor. Assim, para construir o edificio residencial, Joao podera contratar uma construtora. Joao, na hipotese aqui citada, sera segurado obrigatorio do RGPS, na categoria de contribuinte individual.

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XXVI - o bolsista da Funda^ao Habitacional do Exercito contra­tado em conformidade com a Lei n° 6.855/80.

A Funda^ao Habitacional do Exercito (FHE) integra o Sistema Fi­nanceiro da Habita^ao (SFH), tendo por objetivo gerir a Associa^ao de Poupanca e Emprestimo - POUPEx (Lei n° 6.855/80, art. 1°, § 2°).

De acordo com o art. 22 da Lei n° 6.855/80, “a Funda^ao Habita­cional do Exercito - FHE, mediante concessao de Bolsa de Complemen- ta<;ao Educacional on Bolsa de Inicia^ao Profissional, conforme o caso, podera utilizar-se, sem vinculo empregaticio, pelo tempo necessario ao termino do respectivo curso, ou pelo prazo maximo de 2 (dois) anos, contados da data de sua conclusao, de servicos de estudante-estagiario, de nivel universitario, ou de recem-diplomados, de mesmo nivel” Es­ses bolsistas (estagiarios) sao segurados obrigatorios do RGPS (Lei n° 6.855/80, art. 22, paragrafo unico).

Os estagios, em geral, sao disciplinados pela Lei n° 11.788/08. O estagiario que presta servico de acordo com a Lei n° 11.788/08 nao e segurado obrigatorio do RGPS. Mas o estagiario da Funda^ao Habita­cional do Exercito e um caso espedfico, regido por uma Lei espedfica (Lei n° 6.855/80), a qual determina que ele seja segurado obrigatorio do RGPS.

Obedecendo ao disposto no paragrafo unico do art. 22 da Lei n° 6.855/80, o Regulamento da Previdencia Social (RPS) enquadrou o bol­sista da Funda^ao Habitacional do Exercito como segurado contribuin­te individual.

XXVII - o arbitro e seus auxiliares que atuam em conformidadecom a Lei na 9.615/98.

A Lei n° 9.615/98 institui normas gerais sobre desporto. Assim, esse dispositivo cuida do arbitro de jogos desportivos e seus auxiliares.

De acordo com o paragrafo unico do art. 88 da Lei n° 9.615/98, os arbitros e seus auxiliares nao terao qualquer vinculo empregaticio com as entidades desportivas diretivas onde atuarem, e sua remuneracao como autonomos exonera tais entidades de quaisquer outras responsa- bilidades trabalhistas.

Assim, o arbitro de jogos desportivos e seus auxiliares sao tra­balhadores autonomos e, por conseguinte, segurados obrigatorios do RGPS na categoria de contribuinte individual.

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XXIII -o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n° 8.069/90, quando remunerado.

A Lei n° 8.069/90 dispoe sobre o Estatuto da Crianca e do Ado- lescente. Em seu art. 132, essa Lei determina que “em cada Municipio havera, no mmimo, um Consellio Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de tr£s anos, permitida uma reconducao”.

Nos termos do art. 134 da Lei n° 8.069/90, “Lei Municipal dispora sobre local, dia e horario de funcionamento do Conselho Tutelar, inclu­sive quanto a eventual remunera^ao de seus membros”. Assim, o mem­bro do Conselho Tutelar pode, ou nao, ser remunerado, dependendo do que determinar a Lei Municipal.

Quando remunerado, o membro do Conselho Tutelar e segurado obrigatorio do RGPS, na categoria de contribuinte individual Nao sendo remunerado, e nao estando vinculado a qualquer regime de previdencia social, podera se inscrever como segurado facultativo, se assim desejar.

XXIX - o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de institui^ao financeira.

A Lei n° 6.024/74 dispoe sobre a interven<;ao e a liquida^ao extra­judicial de in s titu te s financeiras. De acordo com o art. 1° dessa Lei, as in s titu te s financeiras privadas e as publicas nao federais, assim como as cooperativas de credito, estao sujeitas, a interven^ao ou a liquida^ao extrajudicial, em ambos os casos efetuada e decretada pelo Banco Cen­tral do Brasil.

Se as anormalidades existentes nos negocios sociais da institui^ao financeira forem suficientes para justificar uma interven^ao, o Banco Central nomeara um interventor, com amplos poderes de gestao (Lei n° 6.024/74, art. 5°).

Se a situacao em que se encontra a institui^ao financeira exigir uma liquida^ao extrajudicial, o Banco Central nomeara um liquidante, com amplos poderes de adm inistrate e liquida^ao, especialmente os de verifica^ao e classifica^ao dos creditos, podendo nomear e demitir funcionarios, fixando-lhes os vencimentos, outorgar e cassar mandatos, propor a<;6es e representar a massa em Juizo ou fora dele (Lei n° 6.024, art. 16).

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Aquele que e nomeado pelo Banco Central para administrar uma instituicao financeira em estado de intervencao ou de liquidacao e se­gurado obrigatorio do RGPS, na categoria de contribuinte individual.

XXX - o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar n° 123/06, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuicoes abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais.

Considera-se Micro Empreendedor Individual - MEI o empresa- rio individual que tenha auferido receita bruta, no ano-calendario ante­rior, de ate R$ 36.000,00, optante pelo Simples Nacional e que nao esteja impedido de optar pela sistematica de recolhimento aplicada ao MEI (LC 123/06, art. 18-A, § 1°).

No caso de inicio de atividades, o limite maximo da receita bru­ta para que o empresario individual enquadre-se como MEI sera de R$3.000,00 multiplicados pelo numero de meses compreendido entre o inicio da atividade e o final do respectivo ano-calendario, considera- das as fracoes de meses como um mes inteiro.

Nao podera optar pela sistematica de recolhimento aplicada ao MEI o empresario individual: (a) que possua mais de um estabeleci- mento; (b) que participe de outra empresa como titular, socio ou admi­nistrador; (c) que contrate empregado; ou (d) cuja atividade seja tributa- da pelos Anexos IV ou V da Lei Complementar n° 123/06, salvo autori- zacao relativa a exercicio de atividade isolada na forma regulamentada pelo Comite Gestor.

O Micro Empreendedor Individual - MEI e segurado obrigatorio do RGPS, na qualidade de contribuinte individual (RPS, art. 9°, V, “p”).

2J.6. Situacoes especifitas

Aqui, serao vistos alguns casos especificos de enquadramento do segurado obrigatorio junto ao Regime Geral de Previdencia Social.

2.1.6.L Dirigente Sindicol

O dirigente sindical mantem, durante o exercicio do mandato, o mesmo enquadramento no RGPS de antes da investidura no cargo (Lei n° 8.212/91, art. 12, § 5°).

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\ Exemplo 1:

I Mateus, empregado do Banco Alfa, passou a exercer o mandato de pre-I sidente do Sindicato dos Bancarios. Nesta situa^ao, iridependentemehteI de sua remuneracao ser paga pelo Sindicato, pelo Banco ou por ambos,[ Mateus continua sendo segurado obrigatorio do RGPS como empregado.

j Exemplo 2:| Joaquim, pequeno produtor, residente no imovei rural com area de 3 m o-S dulos fiscais, explora atividade agropecuaria em regime de economia fa-| miliar. Nessa condicao, Joaquim e segurado obrigatorio do RGPS como| segurado especial. Passando a exercer o mandato de presidente do sindi-j cado dos trabalhadores rurais do seu Municipio, ele mantera a condicaoI de segurado especial, ainda que receba. alguma remuneracao paga peloi sindicato. ■

2.1.6.2. Aposentado que volta a trabalhar

0 aposentado por qualquer regime de previdencia social que exer^a atividade remunerada abrangida pelo RGPS e segurado obrigatorio em relacao a essa atividade, ficando sujeito as contribuicoes destinadas ao custeio da seguridade social (Lei n° 8.212/91, art. 12, § 4° e art. 13, § 1°). Confira-se, nesse sentido, o seguinte julgado do STF:

*EMENTA: Contribuigdo previdencidria: aposentado que re­torna d atividade: CF, art. 201, § 4°; L. 8.212/91, art. 12: aplicagdo d especie> mutatis mutandis, da decisao plendria daAD In 3.105> red.p/acdrdao Peluso, DJ 18.2.05. A contribuigdo previdencidria

1 do aposentado que retorna d atividade esta amparada no princi­pio da universalidade do custeio da Previdencia Social (CF, art. 195); o art. 201, § 4°, da Constituigao Federal remete d lei os casos em que a contribuigdo repercute nos beneficios”56. ■

Nessa linha de raciocmio, o aposentado por qualquer regime de previdencia que exer^a ou venha a exercer cargo em comissao, cargo temporario, emprego publico ou mandato eletivo vincula-se, obriga- toriamente, ao RGPS, pois todas estas atividades sao abrangidas pelo RGPS.

56 STF, RE 437640/RS, Rei. Min. Sepulveda Pertence, DJ de 02/03/2007.

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2X6.3. Trabafhador que exerce mais de uma atividade

Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma ati­vidade remunerada sujeita ao RGPS, sera obrigatoriamente filiado em rela^ao a cada uma dessas atividades (Lei n° 8.212/91, art. 12, § 2°).

2.1.6.4. Enquadramento realizado pela fiscalizacao

Se o Auditor Fiscal constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denomina^ao, preenche os pressuposto da rela^ao de emprego, deve- ra desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado (RPS, art. 229, § 2°). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO - INSS - FISCALIZACAO - AUTUAQAO- POSSIBILIDADE - VINCULO EMPREGATICIO. Afiscalizagdo do INSS pode autuar empresa se esta deixar de recolher contri- buicoes previdencidrias em rela$ao aspessoas que elejulgue com vinculo empregaticio. Caso discorde, a empresa dispoe do acesso a. Jusiiga do Trabalho, a fim de questionar a existencia do vinculo.

Recurso provido”57

2.2. Segurado facultativo

O segurado facultativo e uma especie de segurado cuja filia<~ao ao RGPS depende exclusivamente de sua vontade. A lei nao o obriga a filiar-se.

Pode filiar-se ao RGPS como segurado facultativo, mediante con- tribui<;ao, a pessoa fisica maior de dezesseis anos de idade, desde que nao esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segu­rado obrigatorio do RGPS ou de Regime Proprio de Previdencia Social.

£ vedada a filia^ao ao RGPS, na qualidade de segurado facultati­vo, de pessoa participante de regime proprio de previdencia social, salvo na hipotese de afastamento sem vencimento e desde que nao permiti- da, nesta condi<;ao, contribui^ao ao respectivo regime proprio. A Lei n° 8.112/90, art. 183, § 3°, assegura ao servidor licenciado ou afastado sem

57 STJ. REsp 236279/RJ, Rel. Min. Garcia Vieira, 1*T, DJ 20/03/2000.

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remuneracao a manutencao da vincula<;ao ao regime do Plano de Segu­ridade Social do Servidor Publico, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuicao. Todavia, a Lei n° 8.112/90 aplica-se somente aos servidores publicos civis da Uniao, das autarquias e das fundacoes publicas federais. Assim, pode-se afirmar que o servidor publico ocu­pante de cargo efetivo da Uniao que esteja licenciado sem remuneracao nao pode filiar-se como segurado facultativo ao RGPS. No tocante aos servidores ocupantes de cargo efetivo dos Estados, Distrito Federal e Municipios, sera posslvel a filiacao como segurado facultativo do RGPS somente na hipotese de afastamento sem vencimento e desde que nao permitida, nesta condicao, contribuicao ao respectivo regime proprio.

Tambem e vedada a filiacao facultativa ao RGPS de servidor pu­blico aposentado, qualquer que seja o regime de previdencia social a que esteja vinculado como aposentado (IN INSS n° 45/2010, art. 36).

A filiacao na qualidade de segurado facultativo representa ato vo~ litivo, gerando efeito somente a partir da inscricao e do primeiro reco­lhimento.

A filiacao do segurado facultativo nao pode retroagir. Nao e per- mitido o pagamento de contribuicoes relativas a competencias anterio­res a data da inscricao.

Apos a inscricao, o segurado facultativo somente podera recolher contribuicoes em atraso quando nao tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.

0 Regulamento da Previdencia Social (art. 11, § 1°) apresenta uma lista de pessoas que podem filiar-se na qualidade de segurado facultativo:

1 - a dona-de-casa;II - o sindico de condominio, quando nao remunerado;III - o estudante;IV - o brasileiro que acompanha conjuge que presta servico no

exterior;V - aquele que deixou de ser segurado obrigatorio da previdencia

social;

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VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lein° 8.069/90, quando nao esteja vinculado a qualquer regime de previdencia social;

VII - o bolsista e o estagiario que prestam servi^os a empresa deacordo com a Lei n° 11.788/08;

Vni - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especializa<;ao, pos-gradua^ao, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que nao esteja vinculado a qualquer regime de previdencia social;

IX - o presidiario que nao exerce atividade remunerada nemesteja vinculado a qualquer regime de previdencia social;

X - o brasileiro residente ou domiciiiado no exterior, salvo sefiliado a regime previdenciario de pais com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e

XI - o segurado recolhido a prisao sob regime fechado ou se-miaberto, que, nesta condi^ao, preste servi^o, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem interm ediate da organiza<;ao carceraria ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta propria.

Cabe ressaltar que a lista supra e meramente exemplificativa. Na verdade, para a pessoa fisica poder filiar-se como segurado facultativo, basta cumprir os seguintes requisitos: (I) ser maior de dezesseis anos de idade; e (II) nao ser segurado obrigatorio do RGPS ou de Regime Pro­prio de Previdencia Social.

2.3. Dependentes

Os dependentes do segurado, considerados beneficiarios do RGPS, dividem-se em tres classes;

❖ Classe I: o conjuge, a companheira, o companheiro e o filho nao emancipado, de qualquer condi^ao, menor de 21 anos ou invalido;

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o Classe II: os pais;❖ Classe III: o irmao, nao emancipado, de qualquer condicao, me­

nor de 21 anos ou invalido.

Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condicoes, ou seja, o beneficio (pensao por morte ou auxilio reclu- sao) sera dividido em cotas iguais. Quando o direito de um dependente cessar, a sua cota revertera em favor daqueles que permanecerem com o direito.

A existencia de dependente de qualquer das classes exclui do di­reito as prestacoes os da classe seguinte. Por exemplo: Marcos, segura­do do RGPS, faleceu e deixou, ainda vivos, sua esposa, dois filhos nao emancipados menores de 21 anos, e sua mae, que dele dependia econo- micamente. A pensao por morte deixada por Marcos sera dividida, em partes iguais, entre sua esposa e os dois filhos. Pelo fato de pertencer a classe II, a mae de Marcos nao tera direito a pensao por morte, pois exis- tem dependentes da classe I. Se nao existissem dependentes da classe I, a mae de Marcos seria a unica pensionista.

2.3.1. Conjuge

Conjuges sao o marido e a mulher, unidos pelo casamento. Assim, tanto a esposa do segurado como o marido da segurada sao beneficia­rios do RGPS na condicao de dependentes.

O conjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebe pensao de alimentos concorrera em igualdade de condicoes com os dependentes da classe I (Lei n° 8.213/91, art. 76, § 2°). Equipara-se a percepcao de pensao alimenticia o recebimento de ajuda economico- -financeira sob qualquer forma (IN INSS n° 45/2010, art. 323, § 1°).

Assim, em caso de separacao - seja judicial ou de fato - ou de divorcio, o fator determinante para a manutencao da qualidade de de­pendente e o recebimento de pensao alimenticia. Entretanto, de acordo com o entendimento do STJ, “a mulher que renunciou aos alimentos na separacao judicial tem direito a pensao previdenciaria por m orte do ex- -marido, comprovada a necessidade econ6mica superveniente” (Sumula n° 336 do STJ).

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De acordo com o § 3° do art. 16 da Lei n° 8.213/91, considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantem uniao estavel com o segurado ou com a segurada. Assim, para fins pre- videnciarios, companheira e a mulher que mantem uniao estavel como segurado. Companheiro e o homem que mantem uniao estavel com a segurada (RPS, art. 16, § 5°).

Considera-se uniao estavel aquela configurada na convivencia publica, contmua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com inten^ao de constitui^ao de familia (RPS, art. 16, § 6° e Codigo Civil, art. 1.723, caput).

Ao regular a uniao estavel, o Codigo Civil aplicou a este tipo de constitui^ao de familia os impedimentos do casamento, ressalvando, porem, que a uniao estavel se constituira, ainda que um dos compa- nheiros ou ambos sejam separados apenas de fato (CC, art. 1.723, § 1°).

De acordo com o disposto no art. 1.521 do Codigo Civil, nao po- dem casar: (I) os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; (II) os afins em .linha reta; (III) o adotante com quem foi conjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; (IV) os Irmaos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, ate o terceiro grau inclusive; (V) o adotado com o filho do adotante; (VI) as pessoas casadas; (VII) o conjuge sobrevivente com o condenado por homicldio ou tentativa de homicidio contra o seu consorte.

Podemos dizer, entao, que, em regra, as pessoas impedidas de se casar tambem sao impedidas de constituir uniao estavel. Nesta linha de raciodnio, as pessoas casadas, em regra, nao podem constituir uniao estavel. Todavia, se a pessoa casada for separada de fato ou judicialmen- te, embora impedida de se casar, podera constituir uniao estavel (CC, art. 1.723, § 1°).

Assim, para que reste caracterizada a uniao estavel, e necessario que se fa<;am presentes as seguintes condi^oes: (a) convivencia publica, conti- nua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com inten^ao de constitui^ao de familia; e (b) ambos os companheiros sejam solteiros, separados judicialmente, divorciados, viuvos ou separados de fato.

Saliente-se, portanto, que e permitido o reconhecimento da uniao estavel entre pessoas separadas de fato ou separadas judicialmente. Exclui-se, contudo, da figura juridica da uniao estavel o que a doutri- na chama de concubinato. Concubina e a mulher com quem o conjuge

2.3 .2 . Companhelra e companheiro

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adultero tem encontros periodicos fora do lar. Assim, ocorrendo o obito do segurado, a sua concubina nao tera direito a pensao por morte. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“COMPANHEIRA E CONCUBINA - DISTIN^AO. Sendo o Direito uma verdadeira ciencia, impossivel e confundir institutos, expressdes e vocdbulos, sob pena deprevalecer a babel UNIAO ESTAVEL ~ PROTE^AO DO ESTADO. A proteqdo do Estado d uniao estavel alcanna apenas as situagdes legitimas e nestas ndo esta incluido o concubinato. PENSAO ~ SERVIDOR PtJBLICO - MULHER - CONCUBINA ~ DIREITO. A titularidade da pensao decorrente dofalecimento de servidor publico pressupoe vinculo agasalhado pelo ordenamento juridico, mostrando-se improprioo implemento de divisao a benejiciar, em detrimento da familia, a concubina”.58

Diante do exposto, conclui-se que podera ser concedida pensao por morte, apesar do instituidor ou dependente (ou ambos) serem casa- dos com outrem, desde que comprovada a separacao de fato ou judicial e a vida em comum (IN INSS/PRES n° 45/2010, art. 323, § 3°). „

No caso de a<;ao judicial que tenha como objetivo o reconheci- mento de uniao estavel, o Supremo Tribunal Federal firmou sua juris­prudencia no sentido de que, quando o INSS figurar como parte ou tiver interesse na materia, a competencia e da Justi^a Federal.59 Ou seja, se o objetivo do reconhecimento da uniao estavel e o recebimento de pensao por morte a ser paga pelo RGPS, sendo o INSS parte ou possuidor de interesse na causa, a a<;ao sera processada e julgada na Justi^a Federal.

2.3.3. Companheiros homossexuals

Por for<;a da decisao judicial constante da A^ao Civil Publica2000.71.00.009347-0, da 3a Vara Federal Previdenciaria de Porto Ale- gre/RS, o companheiro ou a companheira homossexual de segurado inscrito no RGPS passa a integrar o rol dos dependentes. Com base nes­sa decisao judicial, o INSS, por meio da Instru^ao Normativa n° 45, de 06/08/2010, regulamentou a situa^ao dos companheiros homossexuais. De acordo com art. 25 da IN INSS n° 45/2010, o companheiro ou a com­panheira do mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS. passa a inte-

58 STF, RE 397762/BA, Rel. Min. Marco Aurelio, 1a T., DJ 12/09/2008.59 STF, RE 545199 AgR / RJ, Rel. Min. Ellen Grade, 2 a T., DJe-237, 18-12-2009.

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grar o rol dos dependentes e, desde que comprovada a vida em comum, concorre, para fins de pensao por morte e de auxilio-reclusao, com os dependentes preferenciais (dependentes da classe I). Veja que nao ha ne- cessidade de comprova^ao de dependencia econdmica, bastando com- provar a vida em comum.

A Portaria MPS N° 513/2010, art. 1°, estabelece que, no ambito do RGPS, os dispositivos da Lei n° 8.213/91 que tratam de dependentes para fins previdenciarios devem ser interpretados de forma a abranger a uniao estavel entre pessoas do mesmo sexo.

2.3.4. Filhos

Para ser beneficiario do RGPS, na condi^ao de dependente do se­gurado, o filho (nao emancipado, menor de 21 anos ou invalido) pode ser de qualquer condi^ao. Assim, nao ha distin^ao entre filhos legiti- mos, ilegitimos, incestuosos, adulterinos ou adotados.

Confusao frequente sobre o filho dependente diz respeito aos fi­lhos maiores de 21 ate 24 anos de idade que sejam universitarios ou es~ tejam cursando escola tecnica de 2° grau. Para fins de imposto de renda,o contribuinte pode incluir estes filhos em sua declara^ao como sendo seus dependentes. Todavia, para efeitos previdenciarios, este fato e irre- levante: qualquer filho maior de 21 anos somente mantera a condi<;ao de dependente se for invalido. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO. PENSAO POR MORTE. DEPENDEN­TE. FILHO. ESTUDANTE DE CURSO UNIVERSITARIO. PRORROGAC^AO DO BENEFICIO ATE OS 24 ANOS DEIDADE. IMPOSSIBILIDADE. PRJECEDENTE. I - O pagamento de pensao por morte a filho de segurado deve restringir-se ate os 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se invalido, nos termos dos arts. 16,1, e 77, $ 2°, II, ambos da Lei n° 8.213/91. II - Nao hd amparo legal para se prorrogar a manutenqao do beneficio a filho estudante de curso universitario ate os 24 (vinte e quatro) anos de idade. Precedente. Recurso provido” 60

De acordo com o disposto no art. 5° do novo Codigo Civil, “a me- noridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada a pratica de todos os atos da vida civil”. Apesar disso, para fins previden-

60 STJ, REsp 638589/SC, Rel. Min. Felix Fischer, 5* T, D J12/12/2005, p. 412.

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ciarios, os filhos, as pessoas a eles equiparadas e os irmaos que nao se emanciparem continuam sendo dependentes do segurado ate os 21 anos de idade. A reducao promovida pelo novo Codigo Civil da maioridade de 21 para 18 anos (aquisi<;ao da plena capacidade civil), era nada altera a situacao dos dependentes previdenciarios (filhos, equiparados a filhos e irmaos). Isto porque o art. 16 da Lei n° 8.213/91 nao fala em capacida­de, mas em “menor de 21 anos”, nao tendo sido revogado pelo Codigo Civil neste particular.61

No caso de filho invalido, mesmo que seja maior de 21 anos, con- tinua sendo dependente do segurado, desde que nao seja emancipado. Todavia, se a em ancipado ocorrer por motivo de colacao de grau em curso superior, o filho invalido nao perde a condicao de dependente.

A invalidez tem de existir no momento em que implementado o requisito exigido como condicao para a concessao do beneficio. Assim, a pensao por morte somente sera devida ao filho e ao irmao cuja invalidez tenha ocorrido antes da emancipacao ou de completar a idade de vinte e um anos, desde que reconhecida ou comprovada, pela pericia medica do INSS, a continuidade da invalidez ate a data do obito do segurado (RPS, art. 108). Por exemplo: Joaquim, segurado do RGPS, faleceu, deixando um filho de 22 anos de idade chamado Joao. Um ano apos a morte de Joaquim, Joao tornou-se invalido. Nessa situacao, Joao nao tem direito a pensao por morte.

Situacao diferente e a do dependente que recebe beneficio de pensao por morte na condicao de menor e que, no periodo anterior a emancipacao, ou antes de completar 21 anos de idade, torna-se invalido. Nessa hipotese, o dependente tera direito a manutencao do beneficio, independentemente da invalidez ter ocorrido antes ou apos o obito do segurado. Por exemplo: Madalena, segurada do RGPS, faleceu, deixan­do um filho de 15 anos de idade chamado Pedro. A partir da data do obito de Madalena, Pedro passou a receber pensao por morte. Aos 19 anos, Pedro tornou-se invalido. Quando Pedro tornou-se invalido, ele ainda nao era emancipado. Nessa situacao, Pedro recebera a pensao por morte enquanto durar a invalidez, mesmo depois de completar 21 anos de idade. Todavia, se aos 18 anos Pedro tivesse casado, cessaria a pensao na data do casamento, em razao da emancipacao. Obviamente, tornando-se invalido depois da emancipacao, nao tera direito ao resta- belecimento da pensao por morte.

61 SETTE, Andre Luiz Menezes Azevedo. D ire ito P re v id e n c ia rio A vancado . Beio Horizonte: Mandamentos, 2004. p. 185.

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Equiparam-se aos filhos, mediante declaracao escrita do segura­do, comprovada a dependencia economica, o enteado e o menor sob tutela, desde que nao possuam bens suficientes para o proprio sustento e educacao (RPS, art. 16, § 3°). Enteado e o filho de um matrimonio an­terior em relacao ao conjuge ou companheiro atual. Tutela e o encargo conferido a uma pessoa civilmente capaz para que esta administre os bens ou a conduta de um menor de idade. De acordo com o art. 1.728 do Codigo Civil, os filhos menores sao postos em tutela: (a) com o faleci- mento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; e (b) em caso dos pais decairem do poder familiar.

Para o enteado ou o menor sob tutela ser beneficiario do RGPS, na qualidade de dependente, e necessario que os seguintes requisitos sejam preenchidos de forma cumulativa: (a) declaracao escrita do segurado;(b) comprovacao de dependencia economica; e (c) o menor nao possuir bens aptos a garantir-lhe o sustento e educacao. Preenchidos estes re­quisitos, o enteado e o menor sob tutela passam a pertencer a lista dos dependentes preferenciais (classe I).

Os menores sob guarda judicial foram exduidos do rol dos depen­dentes equiparados a filho, conforme se verifica do art. 16, § 2°, da Lei n° 8.213/91, com nova redacao dada pela Lei n° 9.528/97. Com a exclusao do menor sob guarda, restaram apenas enteado e menor sob tutela que, para fins previdenciarios, podem ser equiparados a filho. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENSAO A MENOR SOB GUARDA. OBITO POSTERIOR A MEDIDA PROVISORIA N° 1.523/1996. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTEDA TERCEIRA SEQAO. DECISAO MANTIDA.I. A Egregia Terceira Segao firmou a compreensao de ser indevida a concessao de pensao a menor sob guarda, se o obito do segu­rado ocorreu apos o advento da Medida Provisoria n° 1.523, deII.10.1996, convertida na Lei n° 9.528/1997, que excluiu o incisoIV do art. 16 da Lei n° 8.21311991. 2. Nao ha como reconhecer o direito da agravante ao beneficio, porquanto ofalecimento deseu guardiao deu-se em 5.9.2000. 3. Agravo improvido”62

2.3.5. Equiparados a filhos

62 STJ, AgRg no REsp 961230/SC, Rei. Min. Jorge Mussi, 5a Turma, DJe 04/08/2008.

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De acordo com o § 3° do art. 33 da Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Crian^a e do Adolescente), “a guarda confere a crian^a ou adolescente a condi^ao de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciarios”. Contudo, o STJ tern entendido que, em face da altera- Cao introduzida pela Lei n° 9.528/97, o § 3° do art. 33 da Lei n° 8.069/90 nao se aplica aos beneficios previdenciarios que sao regidos por legisla- <;ao propria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIARIO. PENSAO POR MORTE. MENOR SOB GUARDA. INCABIMENTO. 1. “Esta Cortejd decidiu que, tratando-se de agao para fins de inclusao de menor sob guarda como dependente de segurado abrangido pelo Regime Geral da Previdencia Social - RGPS, nao prevalece o disposto no a r t 33, $ 3° do Estatuto da Crianga e Adolescente emface da alteragdo introduzida pela Lei n° 9.528/97.” (REsp n° 503.019/RS, Relator Ministro Paulo Gallotti, in DJ 30/10/2006). 2. Embargos de di- vergencia acolhidos”63

O Tribunal Regional Federal da la Regiao tern observado a atual orienta$ao do STJ, para excluir o menor sob guarda do rol dos depen­dentes de segurados da previdencia social. Nesse sentido, a seguinte de- cisao:

“CONSTITUCIONAL - PREVIDENCIARIO ~ PENSAO POR MORTE - MENOR SOB GUARDA JUDICIAL ~ 6BITO DO SEGURADO POSTERIOR A EDI^AO DA LEI 9.528/97 QUE ALTEROUO § 2° DO ART. 16 DA LEI 8.213/91 -AUSENCIADA CONDigAO DE DEPENDENTE -INAPLICABILIDADEDO § 3° DO ART 33 DA LEI 8.069/90 - SENTEN(;A REFORMADA. 1. Os beneficios previdenciarios sao regidos pela legislagao vigente a. epoca em que satisfeitas as condigdes para a sua obtengao, sendo, no caso de pensao por morte, o obito do segurado. 2. Ausente a condigao de dependente do autor, emface da nova redagao dada ao § 2° do art. 16 da Lei n° 8.213/91 pela Lei n° 9.528/97, retirando do rol de dependentes de segurados da previdencia social o menor sob guarda. 3. Inaplicabilidade ao presente caso do § 3° do art. 33 da Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Crianga e do Adolescente), que

63 STJ, EREsp 642915/RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe 30/0.6/2008.

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garante ao menor sob guarda a condiqao de dependente para todos os efeitos juridicos, inclusive previdenciarios, emface do carater generico desta lei, que nao se aplica aos beneficios previdenciarios que sao regidos por legislacao propria. 4. Apelagdo e Remessa oficialprovidas. Sentenqa reformada”.64

2.3.6. Os pais

A segunda classe de dependentes inclui os genitores (o pai e a mae) do segurado (Lei n° 8.213/91, art. 16, II).

Para fins de concessao de beneficios, os pais devem comprovar a dependencia economica e a inexistencia de dependentes preferenciais.

2.3.7. Irmaos

A terceira classe de dependentes inclui os irmaos nao emancipa- dos? de qualquer condicao, menores de 21 (vinte e um) anos ou invalidos (Lei n° 8.213/91, art. 16, III).

Para fins de concessao de beneficios, os irmaos devem comprovar a dependencia ecoriomica e a inexistencia de dependentes das classes I e II.

3. Filiacao do segurado

Filia^o e o vinculo que se estabelece entre pessoas que contri­buem para Previdencia Social e esta, do qual decorrem direitos e obri­gacoes.

Para o segurado obrigatorio - a filiacao decorre automaticamente, do exercicio de atividade remunerada.

O exercicio de atividade prestado de forma gratuita ou voluntaria nao gera filiacao obrigatoria a Previdencia Social

Para o segurado facultativo - a filiacao decorre da inscricao for- malizada com o pagamento da primeira contribuicao.

A filiacao do trabalhador rural contratado por produtor rural pes­soa fisica por prazo de ate dois meses dentro do periodo de um ano, parao exercicio de atividades de natureza temporaria, decorre automatica­mente de sua indusao na GFIP, mediante identificacao espedfica.6 4 TRF - Regiao, Ape!a?ao CiVel 200101990174189, e-DJF1 09/09/2008, p. 15.

Copitulo 3

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4. Inscricao do segurado

Inscricao e a formalizacao do cadastramento do segurado jun­to ao Regime Geral de Previdencia Social, mediante comprovacao dos dados pessoais e de outros elementos necessarios e uteis a sua caracte- riza^ao. Pode-se dizer que a inscricao e o ato que materializa a filiacao.

Onde e como se inscrever:

Segurado Forma Local

EmpregadoPreenchimento dos documentos que o ha-

bilite ao exercicio da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho.

Na empresa

Trabalhadoravulso

Preenchimento dos documentos que o ha- bilite ao exercicio da atividade, formalizado pelo cadastramento e registro no sindicato

ou OGMO.

No OGMO ou no sindicato da categoria

Empregadodomestico

Apresenta^ao de documento que comprove a existencia de contrato de trabalho. No INSS

Contribuinteindividual

Apresenta^ao de documento que caracteri- ze a sua condicao ou o exercicio de ativida­

de profissional, liberal ou nao.No INSS

Especial Apresenta^ao de documento que comprove o exercicio de atividade rural. No INSS

FacultativoApresentacao de documento de identidade e declaracao de que nao exerce atividade

que o enquadre como segurado obrigatorio.No INSS

Aquele que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, sera obrigatoriamente filiado e inscrito em relacao a cada uma dessas atividades (RPS, arts. 9°, § 13 e 18, § 3°);

A inscricao do segurado em qualquer categoria exige a idade m i­nima de 16 anos, exceto a do aprendiz, que e perm itida a partir dos 14 anos;

A inscricao do segurado especial sera feita de forma a vincula- -lo ao seu respectivo grupo familiar e contera, alem das informacoes pessoais, a identificacao: (a) da forma do exercicio da atividade, se indi­

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vidual ou em regime de economia familiar; (b) da condi<;ao no grupo familiar, se titular ou componente; (c) do tipo de ocupa^ao do titular de acordo com tabela do Codigo Brasileiro de Ocupa^oes; (d) da forma de ocupa^ao do titular vinculando-o a propriedade ou embarca^ao em que trabalha; (e) da propriedade em que desenvolve a atividade, se nela resi­de ou o munidpio onde reside; e (f) quando for o caso, a identifica^ao e inscri^ao da pessoa responsavel pelo grupo familiar.

O segurado especial integrante de grupo familiar que nao seja proprietario do imovel rural ou da embarca^ao em que desenvolve sua atividade deve informar, no ato da inscri^ao, conforme o caso, o nome e o CPF do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador, comodante ou assemelhado.

Simultaneamente com a inscri^ao do segurado especial, sera atri- buido ao grupo familiar numero de Cadastro Espedfico do INSS - CEI, para fins de recolhimento das con tribu tes previdenciarias (Lei n° 8.213/91, art. 17, § 6°).

O produtor rural pessoa fisica podera realizar contrata^ao de tra- balhador rural por pequeno prazo para o exerdcio de atividades de na- tureza temporaria. Entende-se por pequeno prazo aquelelimitado a 2 (dois) meses dentro do periodo de 1 (um) ano. A filia^ao e a inscri^ao deste trabalhador na Previdencia Social decorrem, automaticamente, da sua inclusao pelo empregador na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Servi^o e Informa<;6es a Previdencia Social - GFIP (Lei n° 5.889/73, art. 14-A).

Presentes os pressupostos da filia^ao, admite-se a inscri^ao Kpost mortem” do segurado especial. Para os demais segurados e vedada a ins- cri<;ao “post mortem”.

5. Inscricoo do dependente

Incumbe ao dependente promover a sua inscri^ao quando do re- querimento do beneficio a que estiver habilitado (Lei n° 8.213/91, art. 17, § 1°).

5.1. Comprovacao do vinculo e do dependencia economica

A dependencia economica do conjuge, do companheiro, da com­panheira e do filho nao emancipado de qualquer condi<;ao, menor de 21

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anos de idade ou invalido e presumida e a dos demais dependentes deve ser comprovada (Lei n° 8.213/91, art. 16, § 4°).

A Certidao de Casamento apresentada pelo cdnjuge, na qual nao conste averba^ao de divorcio ou de separacao judicial, constitui docu­mento bastante e suficiente para comprovacao do vinculo, devendo ser exigida a certidao atualizada e prova de recebimento de pensao alimen­ticia (ou ajuda economico/financeira) apenas nos casos de habilitacao de companheiro ou companheira na mesma pensao (IN INSS n° 45/2010, a rt 323, §2°).

A companheira e o companheiro sao beneficiarios do RGPS, na condicao de dependente, desde que comprovem a uniao estavel. Para estes dependentes, nao ha necessidade de comprovacao de dependencia economica, pois esta 6 presumida para os dependentes de primeira clas­se. Ja os dependentes das classes II e III, bem como o enteado e o menor sob tutela, devem comprovar a dependencia economica.

De acordo com o disposto no § 3° do art. 22 do RPS, para com­provacao do vinculo (uniao estavel) e da dependencia econdmica, con­forme o caso, devem ser apresentados no minimo tres dos seguintes documentos:

a) certidao de nascimento de filho havido em comum;

b) certidao de casamento religioso;

c) declaracao do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente;

d) disposicoes testamentarias;

e) declaracao especial feita perante tabeliao;f) prova de mesmo domidlio;

g) prova de encargos domesticos evidentes e existencia de socie­dade ou comunhao nos atos da vida civil;

h) procuracao ou fianca reciprocamente outorgada;i) conta bancaria conjunta;

j) registro em associado de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado;

1) anotacao constante de ficha ou livro de registro de empregados;

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r

m) apolice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiaria;

n) ficha de tratamento em institui^ao de assistencia medica, da qual conste o segurado como responsavel;

o) escritura de compra e venda de imovel pelo segurado em nome de dependente;

p) declara^ao de nao emancipa^ao do dependente menor de vinte e um anos; ou

q) quaisquer outros que possam levar a convic^ao do fato a com- provar.

6. Trabolhadores exdui'dos do RGPS

Os militares, os magistrados, os ministros e conselheiros dos Tri­bunals de Contas, os membros do Ministerio Publico e os servidores cMs ocupantes de cargo efetivo de quaisquer dos poderes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Munidpios, bem como os das respectivas autarquias e funda^oes, sao excluidos do Regime Geral de Previdencia Social - RGPS, desde que amparados por regime proprio de previdencia Social.

O militar ou o servidor publico titular de cargo efetivo da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munidpios, filiado a regime proprio de previdencia, permanecera vinculado ao regime previdenciario de origem nas seguintes situa^oes: (a) quando ce- dido, com ou sem 6nus para o cessionario, a orgao ou entidade da administra^ao direta ou indireta de outro ente federativo; e (b) du­rante o afastamento do cargo efetivo para o exerdcio de mandato eletivo. Nestas s itu a te s , estes trabalhadores continuam excluidos do RGPS.

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Como visto supra, o servidor ocupante de cargo efetivo, ampa­rado por regime proprio, que se afasta do cargo para exercer mandato eletivo, continua vinculado ao regime proprio de origem e, por conse- guinte, excluido do RGPS. Contudo, o exercente de mandato de Verea­dor, que ocupe, concomitantemente, o cargo efetivo e o mandato filia-se ao regime proprio, pelo cargo efetivo, e ao RGPS, pelo mandato eletivo.

I Exemplo:Lucas, servidor ocupante de cargo efetivo no ambito federal/em razao da compatibilidade de horario, exerce, concomitantemente, mandato de vereador. Nesta situacao, Lucas, em razao de exercicio do cargo efetivo, e segurado obrigatorio do regime proprio de previ­dencia da Uniao; e em razao do exercicio do mandato de vereador, e segurado obrigatorio do RGPS. Assim, Lucas seri obrigado a pagar contribuicoes previdenciarias para os dois regimes, tendo tambem a possibilidade de.vir a ter duas aposentadorias (uma do regime pro­prio e outra do RGPS).

Exercicios de Fixacao

36. (Tecnico da Receita Federal/2006/Esaf] Segundo a consoiidagao administrativa das normas gerais de tributa^ao previdenciaria e de arrecadacao das contribui­coes sociais administradas pela Secretaria da Receita Previdenciaria - SRP, deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de "segurado empregado":( ) o diretor empregado que seja promovido para cargo dediregaode socie­

dade anonima, mantendo as caracteristicas inerentes a reia^aode trabalho? ( ) o trabalhador contratado em tempo certo, por empresa de trabalho tem-

' porario?( ) aquele que presta servicos de natureza continua, mediante remuneracao,

a pessoa, a familia ou a entidade familiar, no ambito residencial desta, em atividade sem fins iucrativos?

a) Sim, sim, simb) Sim, nao, naoc) Sim, nao, simd) Sim, sim, naoe) Nao, nao, nao

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37. {Juizdo Trabalho/TRTda 11°Regiao/2007/FCQ £ segurado obrigatorio do Regimede Previdencia Social comoa) empregado, o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficiaf

internacional do qual o Brasil e membro efetivo, ainda que la domiciliado e contratado, salvo se coberto por regime proprio de previdencia.

b) empregado, o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que nao vinculado a regime proprio de previdencia social.

c) segurado especial, o garimpeiro e a pessoa fisica que explore atividade agro- pecuaria, diretamente ou por intermedio de prepostos, com contratagao, ainda que descontinua, de colaboradores.

d) contribuinte individuals brasileiro civil que trabalha para a Uniao, no exterior, em organismos oficiais brasiieiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que la domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislacao vigente do pais de domidlio.

e) empregado, o dirigente sindical, independentemente do enquadramento no Regime Geral de Previdencia Social que mantinha antes do exercicio do mandato eietivo.

38. [Analista/TRFda 2 a Regiao/2007/FCC) Dentre outros, e segurado da PrevidenciaSocial na categoria de contribuinte individual,a) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar

como empregado em sucursal ou agenda de empresa nacional no exterior.b) aquele que presta servico de natureza urbana a empresa, em carater nao

eventual, sob sua subordinado e mediante remuneracao.c) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporario, definida em

legislacao espedfica, presta servico para atender a necessidade transitoria de substitui ao de pessoal regular e permanente.

d) o ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregacao ou de ordem religiosa.

e) o servidor da Uniao, Estado, Distrito Federal ou Municipio, induindo suas autarquias e funda0es, ocupantes de cargo ou fun^ao publica.

39. (Medico Perito do INSS/2006/FCC) Considera-se empregado toda pessoa fisicaa} que prestar services de natureza eventual ou nao a empregador, com exclu-

sividade, sob a dependencia deste e mediante salario.b) que prestar servicos de natureza eventual a empregador, sob a dependencia

deste e mediante salario.c) ou juridica que prestar servicos de natureza nao eventual a empregador, sob

a dependencia deste e mediante salario.d) que prestar servico de natureza nao eventual a empregador, sob a depen­

dencia deste e mediante salario.e) ou juridica que prestar servicos de natureza nao eventual a empregador, com

exclusividade, sob a dependencia deste e mediante salario.

Capitulo 3

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40. (Tecnico da Receita Federal/2006/E$af) Nao esta previsto, em caso aigum, comosegurado empregado obrigatorio da Previdencia Social do Brasil.a) o trabalhador contratado no exterior para trabalhar no Brasil em empresa

constituida e funcionando em territdrio nacional segundo as leis brasileiras com salario estipuiado em moeda estrangeira.

b) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para traba­lhar como empregado no exterior, em sucursal ou em agenda de empresa constituida sob as leis brasileiras e que tenha sede e administracao no Pais.

c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, com maioria de capital votante pertencente a empresa constituida sob as leis brasileiras, que tenha sede e administrate no Pais e cujo controle efetivo esteja em carater per­manente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas fisicas domictiiadas e residentes no Brasil.

d) o estrangeiro que presta servicos no Brasil a missao diplomatica ou a repar­ticao consular de carreira estrangeira, ainda que sem residencia permanente no Brasil, e o brasileiro amparado pela legislacao previdenciaria do pais da respectiva missao diplomatica ou da reparticao consular.

e) o menor aprendiz, com idade de quatorze a dezoito anos, ainda que sujeito a formacao tecnico-profissional metodica, sob a orientacao de entidade quali- ficada, nos termos da lei.

41. {Juizdo Trabalho/TRTda5aRegiao/2006/Cespe-UnB) Nao e segurado empregadoda previdencia sociala) brasileiro que trabalhe para a Uniao no exterior, em organismo oficiai inter­

nacional do qual o Brasil £ membro efetivo, domiciliado e contratado fora do Brasil, e nao segurado da previdencia social do pafsem que esteja trabalhando,

b) brasileiro domiciliado no Brasil, mas ajustado para trabalhar em sucursal de uma grande empresa de mineracao brasileira no exterior.

c) brasileiro domiciliado e ajustado no Brasil para trabalhar em empresa im- portadora de equipamentos de informatica, com sede no exterior, mas cuja maioria do capital votante pertenca a grande empresa brasileira de capital nacional.

d) brasileiro que trabalhe na Belgica, em organismo oficial internacional do qualo Brasil seja membro efetivo, contratado e domiciliado naquele pais, e que nao esteja vinculado ao regime de previdencia social bejga.'

e) brasileiro que preste servico, no Brasil, a missao diplomatica belga, tenha resid§ncia permanente no pafs, e que nao esteja amparado pela legislacao previdenciaria belga.

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42. (Juiz do Trabalho/TRT da 5° Regiao/2006/Cespe-UnB) Assinale a opd'o corres- pondente a segurado que nao se enquadra como contribuinte individual da previdencia social.a) Pessoa fisica que, por meio de inscri ao no OGMO, exerce atividade de limpeza

e conservagao de embarca^oes mercantes e de seus tanques, incluindo bati- mento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e servi os correlatos.

b) Cidadao brasiieiro que esteja cumprindo pena no regime semi-aberto e, nessa condi ao, preste servi o fora da unidade penal a diversas empresas com a intermedia^ao da organizagao carceraria.

c) Titular de cartorio que recebeu a defega^ao da atividade notarial por meio de concurso publico em 1998, nao sendo remunerado pelos cofres publicos.

d) Individuo cooperado em uma cooperativa de produ^ao que organiza a fabri- ca^ao e a distribui ao de redes em determinado estado do Nordeste brasiieiro, que presta servigo a cooperativa e a terceiros mediante remunerado ajustada ao trabalho executado.

e) Pastor de uma seita evangelica, desenvolvendo diversas atividades religiosas na comunidade a que pertence, que receba remunerado do grupo adminis­trative da seita.

43. Quanto a filiado e a inscri ao dos segurados do Regime Geral de Previdencia Social, julgue os seguintes itens:I - O principal pressuposto para a fiNa^ao obrigatoria ao Regime Geral de

Previdencia Social (RGPS) e o trabalho remunerado, ainda que, por quai- quer motivo, otrabalhador nao consiga receber a remunerado que Ihe e devida.

11- A prestado de servigo de natureza nao eventual refere-se a continuidade do empregado no exerdcio da atividade por um periodo razoavel, desde que este servi o esteja relacionado diretamente com as atividades normais g da empresa. f

ill - A filiado ao RGPS corresponde ao vrnculo jurfdico que liga o segurado ao ° regime, e a inscrido e o ato pelo qual o segurado e cadastrado no regime. «

Os itens que estao certos sao:

44. (AFPS/2002/Esaf) Nao e segurado facultativo da Previdencia Social:a) pessoa participante de regime proprio de previdencia.b) a dona-de-casa.c) o sindico de condomfnio, quando nao remunerado.d) aquele que deixou de ser segurado obrigatorio da previdencia social.e) o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa.

e) nenhum

a) le ilb) 11 e 111c) I e 111d) todos

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45. (AFPS/2002/Esaf) A respeito do regime geral de previdencia social e da ciassifi-cac:ao dos segurados obrigatorios, assinale a assertiva incorreta.a) Como empregado ~ aquele que presta servico de natureza urbana ou rural a

empresa, em carater nao eventual, sob sua subordinado e mediante remu­neracao, inclusive como diretor empregado.

b) Como trabalhador avulso - quem presta servico de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vinculo empregaticio, com a intermediacao obrigatoria do orgao gestor de mao de obra ou do sindicato da categoria.

c) Como contribuinte individual - o ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregacao ou de ordem religiosa.

d) Como empregado - o titular de firma individual urbana ou rural.e) Como contribuinte individual - o diretor nao empregado e o membro de

conselho de administracao de sociedade anonima.

46. (Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB) Quanto aos segurados da previdencia social, julgueos itens que se seguem.[ - Podem assumir a condicao de segurados facultativos: a dona - de - casa,

o estudante menor de quatorze anos, o sindico de condomfnio, o bolsista e o estagiario assim definidos em lei, aiem do presidsario que nao exerce atividade remunerada.

!l - Na condicao de segurado facultativo, poderao inscrever-seo brasileiro que acompanha conjuge que presta servicos no exterior e aquele que perdeu a condicao de segurado obrigatorio em face do desemprego.

HI - 0 trabalhador que exerce atividade portuaria de capatazia, estiva, conferen­cia e conserto de carga, vigilancia de embarcacao e bloco, com intermediacao obrigatoria do sindicato da categoria ou do orgao gestor de mao de obra, e segurado obrigatorio da previdencia social, na condicao de empregado.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) Neillc) i e HId) todose) nenhum

47. Ainda com relacao aos segurados, julgue os seguintes itens.I - Os segurados especiais da previdencia social, assim considerados, entre

outros, o pescador artesanal e seus assemelhados que exercem suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, com ou sem o auxilio de terceiros, podem contribuir facultativamente, de acordo com os mesmos criterios definidos para o contribuinte individual, sem prejuizo da contribuicao incidente sobre o rendimento bruto auferido com a comercializacao da producao.

I! - O servidor pubiico civil ou militar da Uniao apenas podera filiar-se ao RGPS, na condicao de segurado facultativo, quando acompanhar conjuge que presta servicos no exterior, salvo seestiver vinculado a regime proprio de previdencia.

Ili - 0 produtor rural pessoa fisica que, em regime de economia familiar, exerce atividade agropecuaria em area de cinco modulos fiscais filia-se ao RGPS na condicao de segurado especial.

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Os itens que estao errados sao:a) le iib) lie Hic) I e IIId) todose) nenhum

48. (Fiscai/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) A respeito da vincula^ao obrigatoria a previdencia, juigue os itens abaixo.I * O pequeno feirante, que adquire para revenda produtos hortifrutigran-

jeiros ou assemelhados, e segurado obrigatorio da previdencia social, na quaiidade de trabalhador avulso.

II - Na condi ao de contribuinte individual, vincula-se obrigatoriamente aprevidencia social o sujeito que exerce, por conta propria, atividade eco­nomics remunerada de natureza urbana, com fins lucrativos ou nao.

HI - O trabalhador associado a cooperativa que, nessa quaiidade, presta ser- vi os a terceiro, pela inexistencia de vmculo empregaticio, e segurado obrigatorio da previdencia, na condigao de contribuinte individual.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) II e Hic) 1 e IIId) todose) nenhum

49. {Fiscal/I NSS/97/Cespe -UnB/adap tad a) O universo de segurados obrigatdrios da Previdencia Social incluii - membro do conselho de administrate!/ na sociedade andnima, bem como

todos os socios, na sociedade em nome coletivo.II- brasilelro civil que trabalha para a Uniao, no exterior, em organismos

oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil e membro efetivo, ainda que la domidliado e contratado, mesmo que segurado na forma da legisla^ao vigente no pafs de domidllo.

III - ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagradae de congregagao ou de ordem religiosa.

IV - brasiieiro ou o estrangeiro domidliado e contratado no Brasil, para traba-Ihar como empregado em sucursal ou agenda nacional ou estrangeira no exterior.

Os itens que estao certos sao:a) le i!b) lie IIIc) HI e IVd) 1 e IVe) I e in

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50. (Fiscal/INSS/97/Cespe-UnB/adaptada) No regime gera! da Previdencia Social,I - A in s c r ito do empregado domestico ocorre pela apresentacao de docu­

mento que comprove a existencia de contrato de trabalho, podendo ser efetuada no INSS ou diretamente no sindicato.

IE - A filiacao, para o segurado obrigatorio, decorre automaticamente do exer­cicio de atividade remunerada e, para o segurado facultativo, da inscricao formalizada com o pagamento da primeira contribuicao.

ill - A inscricao de dependente incumbe ao segurado, que deve faze-la, sempre que possfvel, no ato de sua propria inscricao.

Os itens que estao errados sao:a) 1 e IIb) II e IIIc) I e illd) todose) nenhum

51. Julgue os seguintes itens:t - £ segurado do RGPS, na qualidade de empregado, todo servidor publico

ocupante de cargo em comissao, alem dos ocupantes de cargos de ministro de Estado, secretarios estaduais, distritais e municipais, independentemen- te de existencia de vmcuio com outro sistema previdenciario,

II - Os entes federativos podem, mediante lei, instituir regime proprio deprevidencia social para seus servidores ocupantes de cargos efetivos.

Hi - £ filiado ao Regime da Previdencia Social (RGPS), na condicao de trabalha­dor avulso, aquele que presta servicos de natureza urbana ou rural, sem habitualidade, a uma ou mais empresas, sem relacao de emprego (Fiscal/ INSS/98/Cespe-UnB).

Os itens que estao errados sao:a) I e llb) ll e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

52. (AFPS/2001/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens seguintes, relativos ao vmcuiodo segurado com a previdencia social.I - Considerando que um indivfduo se vinculasse ao regime geraf de previ­

dencia social no momento de sua contratacao como empregado por uma empresa, entao nao haveria nova filiacao de indivfduo ao mesmo regime, caso viesse a exercer, concomitantemente, outra atividade economica, na condicao de trabalhador autonomo.

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II - Os servidores do INSS e os do Ministerioda Previdencia Social sao excluidosdo regime geral da previdencia social.

HI - Para os efeitos previdenciarios, inscri ao de segurado e o ato pelo qual o segurado e cadastrado no regime geral de previdencia social. No caso de segurado empregado, sua inscri ao e efetuada diretamente na empresa.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e IIIc) I e HId) todose) nenhum

53. Ainda com rela^ao aos segurados, juigue os seguintes itens.I - O servidor da Uniao, Estado, Distrito Federal ou Munidpio, ocupante, ex-

dusivamente,de cargo em comissao declarado em lei de livre nomea^ao e exonera<;ao e segurado obrigatorio do RGPS, na condi ao de empregado.

H - O servidor do Estado, Distrito Federal ou Munidpio, bem como o das res- pectivas autarquias e funda^oes, ocupante de cargo efetivo, e segurado obrigatorio do RGPS na condi ao de empregado.

III - O servidor contratado pela Uniao, Estado, Distrito Federal ou Munidpio,bem como pelas respectivas autarquias e fundagoes, por tempo determi- nado, para atender a necessidades temporarias de excepcional interesse publico, e segurado obrigatorio do RGPS, na condi ao de empregado.

Os itens que estao certos sao:a) I ellb) II e 111c) I e tild) todose) nenhum

54. Assinale a alternativa em que o segurado descrito nao e considerado contribuinte individual.a) O pequeno feirante, que adquire para revenda produtos hortifrutigranjeiros

ou assemelhados.b) A pessoa fisica que exerce, por conta propria, atividade economica remune­

rada de natureza urbana, com fins lucrativos ou nao.c) O trabalhador associado a cooperativa que, nessa quaiidade, presta servigos

a terceiros.d) O sfndico ou representante eleito para exercer, sem remunerado, atividade

de d ired ° condominial.e) Aquele que presta servi o de natureza nao contfnua, por conta propria, a

pessoa ou familia, no ambito residencial desta, sem fins lucrativos.

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55. (Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) Antonio Walas, devido a sua notoria experiencia no mercado financeiro, recebeu proposta para ser diretor- -empregado de um grande banco de investimentos, com direito a participacao direta nos resuitados da empresa. Caso Antonio aceite a proposta, sua inscricao no Regime Geral de Previdencia Social sera:a) obrigatoria, como empregado.b) obrigatoria, como contribuinte individual.c) obrigatoria, como segurado especial.d) facultativa, por ter deixado de ser segurado obrigatorio.e) facultativa, como associado eleito para cargo de direcao remunerada.

56. (Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) Carlos Afonso foi contratado pela esposa de um fazendeiro para ser seu motorista. Sua funcao e transporta-la da propriedade rural onde mora para os locais que eia desejar, cumprindo jornada diaria de 6 (seis) horas de trabalho, com uma foiga semanal. A inscricao de Carlos no Regime Geral de Previdencia Social sera obrigatoria, na qualidade de:a) empregado.b) empregado domestico.c) trabalhador avulso.d) contribuinte individual.e) segurado especial.

57. (Tecnico Previdencidrio/INSS/200S/Cesgranrio) A Previdencia SociaI e o segmento da Seguridade Social que visa a proporcionar os meios indispensaveis a subsis- tenda da pessoa humana, quando ocorrer certa contingencia prevista em lei. Sao beneficiarios das prestacoes previdenciarias:a) somente os segurados.b) segurados e seus dependentes.c) toda e qualquer pessoa que ja tiver contribufdo para a Previdencia Social,

pelo menos com 01 (uma) contribuicao mensal, sendo indiferente o periodo de tal recolhimento.

d) aqueles que sofrerem riscos sociais, tais como incapacidade iaborativa e idade avancada, independente de contribuicao a Previdencia Social.

e) todos os brasileiros, independente de contribuicao a Previdencia Social..

58. (Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) Sao dependentes do segurado do Regime Geral de Previdencia Social:a) todos aqueles que dependam economicamente do segurado, sendo irrele-

vante o vinculo conjugal ou consangufneo.b) todos aqueles indicados como dependentes, nos termos da legislacao tribu-

taria do imposto de renda.c) as pessoas designadas pelo segurado para serem dependentes.

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d) conjuge, companheiro(a), ftlho(a) nao emancipado(a), de qualquer condi ao, menor de 21 anos ou invalido(a), pais, irmao(a) nao emancipado(a), de qual­quer condic;ao, menor de 21 anos ou inva!ido(a).

e) conjuge, companheiro(a), filho(a) nao emancipado(a), de qualquer condigao, menor de 18 anos ou invaiido(a), pais, irmao(a) nao emancipado(a), de qual­quer condi<;ao, menor de 18 anos ou rnvalido(a).

59. (Tecnico Previdendario/INSS/2005/Cesgranrio) A inscri ao do(a) companheiro(a) do segurado no Regime Gera! de Previdencia Social sera promovida, na quaiidade de dependente, quando do requerimento do beneficio a que tiver direito. Para a comprovagao do vmculo e da dependencia economica do(a) companheiro(a), e suficiente a apresentagao de:a) certidao de nascimento de filho havido em comum.b) prova testemunhal de que o segurado e o dependente mantem ou manti-

veram uniao estavel.c) disposigoes testamentarias, prova de mesmo domidlio e conta bancaria

conjunta.d) declara^ao do(a) companheiro(a) de que viveu uma relagao de companhei-

rismo com o segurado, mesmo que esta tenha terminado anos antes do atode inscrigao.

e) senten^a homologatoria em procedimento judicial de justificagao que se presta a colher prova testemunhal, em juizo, da existencia da uniao estavel.

60. {AnalistaPrevidendario/INSS/2005/Cesgranrio) E segurado facultativo do Regime Geral de Previdencia Social o:a) ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada,

de congregagao ou de ordem religiosa.b) pescador artesanal que exer a sua atividade individualmente ou em regime

de economia familiar.c) prestador de servigo de natureza urbana ou rural, em carater eventual, a uma

ou mais empresas, sem relagao de emprego.d) estudante.e) sfndico de condommio, desde que receba remunerate.

61. Uuiz/TRFdaSaRegiao) Equiparam-se aos filhos de qualquer condigao, mediante declaragao escrita do segurado e prova de que sobrevivem as custas deste, na quaiidade de dependentes,a) a mae e o pai invalido.b) os irmaos nao emancipados, invalidos, de qualquer condi<;ao-c) a pessoa que com ele mantenha uniao estavel e seus filhos menores.d) os menores sob tutela.e) as pessoas menores de 21 anos ou maiores de 60 anos, ou invalidas.

Capitulo 3

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62. Julgue os itens abaixo:f. Todo servidor piiblico da Uniao e amparado por regime proprio de previ­

dencia social.II. Todo servidor piiblico ocupante de cargo efetivo e amparado por regime

proprio de previdencia social.III. Um servidor, ocupante exclusivamente de cargo comissionado no governo

do estado de Pernambuco, e segurado obrigatorio do Regime Geral de Previdencia Social, na condicao de contribuinte individual.

Os itens que estao errados sao:a) 1 e 11b) II e 111c) I e IIId) todose) nenhum

63. Julgue os itens abaixo:I. Um servidor ocupante de cargo em comissao no Estado de Pernambuco,

oriundo da administracao publica da Uniao, onde e segurado do regime pr6prio dos servidores publicos federais, tera sua contribuicao destinada ao regime de origem.

II. Um servidor ocupante de cargo em comissao no Estado do Pernambuco, oriun­do da administracao publica de um municipio que nao possua regime proprio de previdencia para seus servidores, tera sua contribuicao destinada ao Regime Geral de Previdencia Social.

III. Segurado facultativo e o que, nao estando em nenhuma situacao que a lei considera como de segurado obrigatorio, desejar contribuir para a Previdencia Social, caso em que tera direito a quase todos os beneficios previstos para o segurado obrigatorio (FISCAL/INSS/97 - CESPE).

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) II e illc) 1 e HId) todose) nenhum

64. (Cespe-UnB) Julgue os itens abaixo:I - Sao filiados obrigatorios ao RGPS, como contribuinte individual, o ministro

de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregacao ou de ordem religiosa (Fiscal/INSS/98/adaptada).

II - Ao aposentado pelo Regime Geral da Previdencia que voitar a exerceratividade alcancada por esse mesmo Regime estara facultada a refiliacao ao sistema previdenciario, na condicao de segurado especial, sujeitando- -se, nesse caso, ao pagamento das contribuicoes devidas para custeio da seguridade social (Defegado da Polfcia Federal/97).

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Ilf - Considera-se empregado, para fins de enquadramento na previdencia social, o sindico ou representante eleito ou contratado para exercer ativi­dade de diregao condominial {Fiscal/INSS/98/adaptada).

Os itens que estao errados sao:a) I e I) b) li e IIIc) 1 e ill d) todose) nenhum

65. (Cespe-UnB} Juigue os itens abaixo:I - O membro do conselho fiscal de sociedade por agoes e segurado obriga­

torio da previdencia social, na condigao de empregado (FISCAL/INSS/98- adaptada).

II - Considerando que, ao promover a inscri<;ao dos seus dependentes juntoa previdencia social, o segurado pretendesse inscrever sua esposa, seus filhos menores e sua companheira, tambem casada com outrem, entao nao poderia haver recusa por parte do INSS em efetivar as inscribes requeridas (AFPS/2001 ~ adaptada).

HI - Caso um servidor publico civil da Uniao, ocupante de cargo efetivo, passas- se a exercer, concomitantemente, atividade laboral abrangida pelo regime geral de previdencia social, entao se tornaria segurado obrigatorio desse regime (AFPS/2001 - adaptada).

Os itens que estao errados sao:a) le ll b)-lie IIIc) I e III d) todose) nenhum

66, (Procuradar Federal/abril/2004/Cespe-UnB) Quanto as normas aplicaveis aos beneficiarios da previdencia social, juigue os seguintes itens.i - Os beneficiarios do regime geral de previdencia social (RGPS) podem ser

divididos em tres grupos: os segurados, os dependentes e os pensionistas.II - Considerea seguinte situagao hipotetica: Joao, que e empregado registra-

do em uma inddstria de pneus e segurado do RGPS, tem um filho, Carlos, que tem 23 anos de idade e e estudante universitario. Nessa situagao, Carlos e segurado na quaiidade de dependente de Joao.

III - A inscricjao de dependente e promovida por meio do requerimento dobeneficio a que o beneficiario tiver direito, mediante apresentagao da certidao de nascimento ou de casamento para os casos de filho ou conjuge, respectivamente.

Os itens que estao errados sao:

a) le ll b) lie 111c) le lll d) todose) nenhum

Capitulo 3

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Geral de Previdencia

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67. (Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:f - O presidiario, mesmo quando nao exerce atividade licita e remunerada,

ha de ser tido como segurado obrigatorio da previdencia social, pois a universalidade de sua cobertura encontra-se consagrada constitucional- mente (AGU/dez/2002).

II - Ao servidor ocupante exclusivamente de cargo de direcao e assessora- mento superior ap!ica-se, atualmente, o RGPS (AGU/dez/2002).

III - O servidor publico detentor de cargo efetivo queexerga cumulativamente cargo em comissao e filiado obrigatorio, quanto a este ultimo vmcuio, do regime geral de previdencia social (Advogado da Uniao/dez/2004),

Os itens que estao errados sao:a) le ilb) lie Hic) I e IIId) todose) nenhum

68. (JuizFedera!/TRFda5aRegiao/2004/Cespe-UnB) Considerando as regras do regime geral da previdencia social (RGPS) que tratam da condicao de segurado, julgue os itens subsequentes.I - Na condi<;ao de segurado especial, podem se inscrever, facultativamente,

no RGPS, entre outros, a dona de casa, o sindico de condommio nao remu­nerado, o estudante com 16 anos ou mais e o brasileiro que acompanha conjuge ao exterior.

II - O estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciiiada no exterior, cuja maioria do capital votante perten^a a empresa brasileira de capital nacional, e segurado obrigatorio da previdencia social, na condicao de empregado.

HI - Os trabalhadores avulsos e eventuais sao segurados obrigatorios da pre- f’ videncia social, equiparados ao trabalhador autonomo.

Os itens que estao errados sao:a) I e iib) i! e illc) i e 111d)todose) nenhum

69. (AFRF/2005/Esaf/adaptada) Nao e filiado obrigatorio ao RGPS, na qualidade de segurado empregado,a) aquele que presta servico de natureza urbana ou rural a empresa, em carater

nao eventual, com subordinado e mediante remuneracao.

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b) o contratado em carater permanente em Conselho, Ordem ou autarquia de fiscalizagao do exerdcio de atividade profissionaL

c) o aprendiz, maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos, ressalvado o portador de deficiencia, ao qual nao se aplica o limite maximo de idade, su- jeito a form at0 tecnica-profissional metodica, sob a orientagao de entidade qualificada.

d) o trabalhador temporario contratado por empresa de trabalho temporario paraatendera necessidadetransitoria desubstituigaodeseu pessoal regular e permanente ou a acrescimo extraordinario de servigos.

e) o carregador de bagagem em porto, que presta servigos sem subordinate) nem horario fixo, mas sob rem unerate a diversos, com a intermediate obrigatoria do sindicato da categoria ou OGMO.

70. {AFRF/2005/Esaf/adaptada) A Lei de Beneficios da Previdencia Social (Lei n° 8.213/91), no art. 11, elenca como segurados obrigatorios da Previdencia Social na condigao de contribuinte individual, entre outros, as seguintes pessoas fisicas, exceto:

a) 0 brasiieiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internadonal do qua! o Brasil e membro efetivo, ainda que la domidliado, e contratado, e que coberto por regime proprio de previdencia social.

b) A pessoa ffsica, proprietaria ou nao, que explora atividade de extragao mi­neral - garimpo, em carater permanente ou temporario, diretamente ou por intermedio de prepostos, com ou sem o auxflio de empregados, utilizados a qualquer tftulo, ainda que de forma nao contfnua.

c) O ministro de confissao religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregat0 ou de ordem religiosa.

d) Quem presta servigo de natureza urbana ou rural, em carater eventual, a uma ou mais empresas, sem relato de emprego.

e) a pessoa ffsica, proprietaria ou nao, que explora atividade agropecuaria, a qualquer tftulo, em carater permanente ou temporario, em area superior a quatro modulos fiscais.

71. (AFRF/2005/E$af) A Lei de Beneffcios da Previdencia Social (Lei n° 8.213/91), no art. 16, arrola como beneficiarios do Regime Geral de Previdencia Social, na condito de dependentes do segurado, exceto.a) o conjuge.b) a companheira e o companheiro.c) os pais.d) o filho nao emancipado, de qualquer condito, invalido ou menor de 21 (vinte

e um) anos ou, se estudante, menor de 25 (vinte e cinco) anos.e) o irmao nao emancipado, de qualquer condito, invalido ou menor de 21

(vinte e um) anos.

Capitulo 3

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A quaiidade de segurado decorre da filiacao da pessoa fisica a. pre­videncia social. A filiacao a previdencia social decorre automaticamente do exerdcio de atividade remunerada para os segurados obrigatorios e da inscncao formalizada com o pagamento da primeira contribuic^ao para o segurado facultativo (RPS, art. 20, paragrafo unico).

Assim, ordinariamente, mantem a quaiidade de segurado, aque- le que permanecer exercendo atividade remunerada reconhecida pela lei como de filiacao obrigatoria ao RGPS (se segurado obrigatorio) ou enquanto estiver recolhendo regularmente as con tribu tes previdenci- arias (se segurado facultativo).

Todavia, ha situates nas quais o segurado, mesmo sem exercer atividade remunerada e sem recolher contributes, mantem a quaiida­de de segurado por certo periodo. E o que se chama periodo de gra^a ou manuten^ao extraordinaria da quaiidade de segurado.

De acordo com o art. 13 do Regulamento da Previdencia Social (e com o art. 15 da Lei n° 8.213/91), mantem a quaiidade de segurado, independentemente de contributes:

I - sem limite de prazo, quem esta em gozo de beneficio;II - ate doze meses apos a cessa9ao de beneficio por incapacidade

ou apos a cessa<;ao das contributes, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdencia social ou estiver suspenso ou licenciado sem remunera^ao;

III - ate doze meses apos cessar a segrega^ao, o segurado acometidode doen<;a de segrega^ao compulsoria;

IV - ate doze meses apos o livramento, o segurado detido ou recluso;V - ate tres meses apos o licenciamento, o segurado incorporado

as Formas Armadas para prestar s e r v t militar; eVI - ate seis meses apos a cessa^ao das contributes, o segurado

facultativo.

Passemos agora ao comentario de cada uma destas situates:

I - sem limite de prazo, quem esta em gozo de beneficio.Se, por exemplo, a pessoa vinha recebendo aposentadoria (ou

qualquer outro beneficio do RGPS) e vem a falecer, os seus dependen­tes terao direito a pensao por morte, pois, na data do obito, o falecido encontrava-se com a quaiidade de segurado mantida.

1. Manulencao da quaiidade de segurado

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II - ate 12 meses apos a cessa^ao de beneficio por incapacidade ou apos a cessa^ao das contributes, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdencia social ou estiver suspenso ou licenciado sem remunera^ao.

Este prazo sera prorrogado para ate 24 meses, se o segurado ja tiver pago mais de 120 contributes mensais sem interrup^ao que acarrete a perda da quaiidade de segurado (Lei n° 8.213, art. 15, § 1°). Estes dois pra- zos (12 ou 24 meses) serao acrescidos de mais 12 meses para o segurado que comprove esta desempregado (Lei n° 8.213/91, art. 15, § 2°).

A condi^ao de desempregado pode ser comprovada, dentre outras formas: (I) mediante declara^ao expedida pelas Superintendencias Re- gionais do Trabalho e Emprego ou outro orgao do MTE; (II) comprova- £ao do recebimento do seguro-desemprego; ou (III) inscri^ao cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, orgao responsavel pela politica de emprego nos Estados da federa^ao (IN INSS n° 45/2010, art. 10, § 3°).

Verifica-se, portanto, que o periodo de gra^a do segurado que dei- xa de exercer atividade remunerada, ou que esteja suspenso ou licencia­do sem remunera^ao, pode ser:

a) De 12 meses - para o segurado com menos de 120 contributes mensais;

b) De 24 meses - para o segurado com mais de 120 contribu tes mensais; ou para o segurado com menos de 120 contribu tes mensais que comprovar que permanece na situa^ao de desem­prego;

c) De 36 meses - para o segurado com mais de 120 contributes mensais que comprovar que permanece na situa^ao de desem­prego.

Nestes casos, o periodo de gra^a (de 12, 24 ou 36 meses) e contado a partir do mes seguinte ao do afastamento da atividade ou da cessa^ao do beneficio por incapacidade (IN INSS n° 45/2010, art. 10, § 6°).

Imagine-se, por exemplo, o segurado que, por motivo de doen^a, afastou-se de suas atividades trabalhistas, passando a receber auxilio- -doen^a. Enquanto estiver em gozo de beneficio, mantera a quaiidade de segurado nos termos do inciso I do art. 15 da Lei n° 8.213/91. Se apos a cessa^ao do auxllio-doen<;a, o segurado voltar a exercer atividade remu­nerada, nao ha mais o que falar em periodo de gra^a, pois o segurado volta

Capitulo 4

«■ Manutengao

eperda das qualidades de

segurado e

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a pagar contributes previdenciarias, Mas se apos o termino do auxilio- -doen^a, o segurado nao voltar a trabalhar (deixar de exercer atividade remunerada), iniciara um novo periodo de gra^a (de 12, 24 ou 36 meses, conforme o caso) contado a partir da data da cessa^ao do beneficio,

III - ate 12 meses apos cessar a segrega^ao, o segurado acometidode doen^a de segrega^ao compulsoria.

Enquanto durar a segrega^ao, o segurado estara em gozo de be­neficio por incapacidade, mantendo a quaiidade de segurado em razao disto. Apos cessar a segrega^ao, o segurado mantem esta quaiidade por mais 12 meses.

IV - ate 12 meses apos o livramento, o segurado detido ou recluso.

O segurado detido ou recluso, que antes de ser preso era segurado do Regime Geral de Previdencia Social, mantem a esta quaiidade ate 12 meses apos o livramento. Durante o periodo em que estiver preso, ele tambem mantem a quaiidade de segurado.

V - ate 3 meses apos o licenciamento, o segurado incorporado asFormas Armadas para prestar servi^o militar.

A presta^ao de s e r v t militar citada na lei e a do s e r v t militar obrigatorio, que suspende o contrato de trabalho dos segurados empre- gados (CLT, art. 472). Aquele que ja era segurado antes de prestar o ser­v t militar obrigatorio permanece nessa condi^ao durante o periodo junto as Formas Armadas. Apos o licenciamento, ainda mantem a quaii­dade de segurado por mais tres meses.

VI - ate 6 meses apos a cessa^ao das contributes, o seguradofacultativo.

Atrasando o recolhimento de suas con tribu tes previdenciarias por ate 6 meses, o segurado facultativo ainda permanece com a quaii­dade de segurado mantida. Todavia, se atrasar o recolhimento de suas contributes por 7 meses consecutivos, perde a quaiidade de segurado.

Vale frisar que o segurado facultativo, apos a cessatjao do benefi­cio por incapacidade, tera o periodo de gra^a pelo prazo de doze meses (IN INSS n° 45/2010, art. 10, § 8°). Ou seja, enquanto o segurado faculta­tivo estiver recebendo beneficio por incapacidade (auxilio-doen^a, por exemplo), ele mantem a quaiidade de segurado com base no inciso I do

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art. 15 da Lei n° 8.213/91. Apos o termino do beneficio por incapacida­de, ele ainda mantera a quaiidade de segurado, independentemente de contributes, por mais doze meses.

2. Direitos preservados durante o periodo de graca

Durante periodo de gra^a, em regra, o segurado conserva todos os seus direitos perante a previdencia social (Lei n° 8.213/91, art. 15, § 3°). Como exce^ao a esta regra, o direito ao salario-familia cessa, auto- maticamente, pelo desemprego do segurado (RPS, art. 88, IV).

O periodo de gra^a nao e contado para fins de carencia. Em regra, tambem nao e contado como tempo de contribui^ao.

Todavia, o periodo de gra$a conta como tempo de contribui^ao nos seguintes casos: (a) periodo em que o segurado esteve recebendo auxilio~doen$a ou aposentadoria por invalidez, entre periodos de ativi­dade (RPS, art. 60, III); (b) periodo em que o segurado esteve receben­do beneficio por incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou nao (RPS, art. 60, IX); (c) periodo em que a segurada esteve recebendo salario-maternidade (RPS, art. 60, V).

O periodo de licen^a-maternidade conta, inclusive, para fins de ca­rencia, pois incide contribui^ao previdenciaria sobre o salario-maternidade.

3. Perda da quaiidade de segurado

A perda da quaiidade de segurado e a extin^ao da rela^ao juridica existente entre o segurado e a Previdencia Social, acarretando, por con- seguinte, a caducidade dos direitos inerentes a essa quaiidade.

O reconhecimento da perda da quaiidade de segurado ocorrera no dia seguinte ao do vencimento da contribui^ao do contribuinte indi­vidual relativa ao mes imediatamente posterior ao termino dos prazos acima fixados (RPS, art. 14).

Exemplo:- ' ; ;//••:joaquim,:segurado:’facultativ6,:vrecoIheu;Suas'contribui56espreviderLci- ' ar ias 'reliativaisraosvniesesHe'; margo) de' 2004:. a>jarairdjde 2 0 0 5 ^ defevereirode2005vjdaquimnac>recollieumaisiaeiihumaebhtribu

. Quando ocorrera^a perda da quaiidade de sfegiifadof JPara respondernlos estapergunta, teremos que. prtoeiroj respondervas.seguintes:; ::- , )

Capitulo 4

* M

anuten$ao eperda

das qualidades de segurado

e de

dependente

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Pergunta RespostaO segurado facultativo mantem a quaiidade de segurado, independentemente de contribuicoes,

por quantos meses?

Ate 6 meses apos a ces- sa^ao das con tribu tes

No caso em teia, este prazo de 6 meses come^a a ser contado a partir de qual mSs? Fevereiro de 2005

Em qual mes termina este prazo de 6 meses? Julho de 2005

Qual o mes imediatamente posterior ao termino do prazo de 6 meses? Agosto de 2005

Qual a data de vencimento da contribuicao do contribuinte individual relativa ao mes de agosto de

2005?15/09/2005

Qual o dia da perda da quaiidade de segurado? 16/09/2005

No exemplo acima, se Joaquim, no dia 15/09/2005, tivesse recolhi- do a contribuicao previdenciaria relativa ao m£s de agosto de 2005, nao teria perdido a quaiidade de segurado.

3.1. Efeitos da perda da quaiidade de segurado

Em regra, a perda da quaiidade de segurado importa em caduci- dade dos direitos inerentes a essa quaiidade (Lei n° 8.213/91, art. 102, caput). No entanto, esta regra comporta algumas exce<;6es:

a) A perda da quaiidade de segurado nao prejudica o direito a aposentadoria para cuja concessao tenham sido preenchidos

f todos os requisites, segundo a legisla<;ao em vigor a epoca em que estes requisitos foram atendidos (Lei n° 8.213/91, art. 102, § 1°).

b) A perda da quaiidade de segurado nao sera considerada para a concessao das aposentadorias por tempo de contribuicao e especial (Lei n° 10.666/2003, art. 3°).

c) Na hipotese de aposentadoria por idade, a perda da quaiida­de de segurado nao sera considerada para a concessao desse beneficio, desde que o segurado conte com, no minimo, o tempo de contribuicao correspondente ao exigido para efeito de carencia na data do requerimento do beneficio (Lei n° 10.666/2003, art. 3°, § 1°).

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I Exemplo:Sebastiana trabalhou como empregada da empresa Moda Moderna Ltda., durante o periodo de 24/03/1984 a 30/08/2000. A partir de setembro:de 2000, ela nao exerceu mais nenhuma atividade remunerada, nem recolheu contribuicoes como segurada facultativa. Em 19/04/2005, Sebastiana com- ■ pletou 60 anos de idade. Neste caso, mesmo tendo perdido a qualidade de segurada, ela tera direito a aposentadoria por idade, pois tem a idade mi-, nima exigida por lei (60 anos para mulher) e cumpriu a carencia de 180 contribuicoesmensais. . . ■

Nao sera concedida pensao por morte aos dependentes do segu­rado que falecer apos a perda desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para obten<;ao da aposentadoria (Lei n° 8.213/91, art. 102, § 2°). No exemplo acima, caso, apos a data de aniversario de 60 anos, Sebastiana venha a falecer, antes de se aposentar, os seus dependentes terao direito a pensao por morte, pois ja tinham sido preenchidos os requisitos para obtencao da aposentadoria. Se falecer apos a data do inicio da aposentadoria, os dependentes, obviamente, tambem terao direito a pensao por morte. A respeito desta materia, confira-se o se­guinte julgado do STJ:

"PREVIDENCIARIO. EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL BENEFICIO DE PENSAO POR MORTE. DE CUJUS. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. POSSI­BILIDADE DE DEFERIMENTO DA PENSAO, NOS TERMOS DO ART. 102 DA LEIN.° 8.213/91, SE RESTAR COMPROVADOO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS PARA CONCESSAO DE APOSENTADORIA, ANTES DA DATA DO FALECIMENTO. 1. £ assegurada a concessao do beneficio de pensao por morte aos dependentes do de cujos que, ainda que tenha perdido a qualidade de segurado, tenha preenchido os requisitos legaispara a obtenqao de aposentadoria, antes da data do falecimento. 2. Embargos de divergencia conhecidos, porem, rejeitados”.65

4. Perda da qualidade de dependente

De acordo com o art. 17 do RPS, a perda da qualidade de depen­dente ocorre:

65 STJ, EREsp 5 2 4 0 0 6 /M G , Re!. M in . Laurita V az, DJ 3 0 /0 3 /2 0 0 5 , p. 132.

Capitulo 4

* M

anutencao e perda

das qualidades de

segurado e

de dependente

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I - para o conjuge: (a) pela separa^o judicial ou divorcio, enquantonao Ihe for assegurada a presta^ao de alimentos; (b) pela anu- la^ao do casamento; (c) pelo obito; ou (d) por senten^a judicial transitada em julgado;

II - para a companheira ou companheiro, pela cessa<;ao da uniaoestavel com o segurado ou segurada, enquanto nao the for garantida a presta^ao de alimentos;

III - para o filho e o irmao, de qualquer condi^ao, ao completa-rem vinte e um anos de idade, salvo se invalidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes:a) de completarem vinte e um anos de idade;b) do casamento;c) do inicio do exerdcio de emprego publico efetivo;d) da constitui^ao de estabelecimento civil ou comercial ou

da existencia de rela^ao de emprego, desde que, em fun- $ao deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia propria; ou

e) da concessao de emancipado, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento publico, independen- temente de homologa^ao judicial, ou por senten^a do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.

Para que o filho e o irmao mantenham a quaiidade de dependen­tes e necessario que eles sejam nao emancipados, menores de 21 anos ou invalidos (Lei n° 8.213/91, art. 16,1 e III). No tocante a idade, se eles nao forem invalidos, manterao a quaiidade de dependentes enquanto nao completarem 21 anos. Mas se. forem invalidos, a quaiidade de dependente sera mantida enquanto durar a invalidez, independentemente da idade.

Vale frisar que as alineas “b” a “e” do inciso III do art. 17 do RPS configuram hipoteses de emancipado, previstas no paragrafo unico do art. 5° do Codigo Civil. O inciso III supra pode ser resumido da seguinte forma: o filho ou 0 irmao nao invalido que perdeu a quaiidade de dependente em razao de ter completado 21 anos de idade'ou da eman- cipa^ao, se ficar invalido apos tal evento, nao recuperara a quaiidade de dependente perdida. Ou seja, uma vez perdida a quaiidade de depen­dente, esta nao sera recuperada em razao da invalidez superveniente.

Assim, a pensao por morte somente sera devida ao filho e ao ir­mao cuja invalidez tenha ocorrido antes da emancipado ou de com­pletar a idade de 21 anos, desde que reconhecida ou comprovada, pela pericia medica do INSS, a continuidade da invalidez ate a data do obito do segurado (RPS, art. 108).

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De acordo com o Codigo Civil, a cola^ao de grau em ensino de curso superior tambem provoca a emancipado (CC, art. 5°, paragrafo unico, IV). Mas esta hipotese de emancipado nao esta relacionada no inciso III do art. 17 do RPS. Assim, se, por exemplo, o filho colar grau em curso superior com 19 anos de idade e ficar invalido com 20 anos, mantera a quaiidade dependente mesmo apos completar 21 anos.

O conjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que rece- be pensao de alimentos mantem a quaiidade de dependente (Lei n° 8.213/91, art. 17, § 2° e art. 76, § 2°). A respeito deste tema, o STJ tem um entendi- mento mais favoravel a mulher divorciada ou separada judicialmente. De acordo com a Sumula 336 do STJ, “a mulher que renunciou aos alimentos na separado judicial tem direito a pensao previdenciaria por morte do ex- -marido, comprovada a necessidade economica superveniente”

Os quadros a seguir resumem o que foi estudado neste capitulo.

Situacao do segurado ‘ Prazo de manutendo da quaiidade de segurado

Infcioda contagem do prazo

Segurado em gozo de beneficio Sem limite de prazo -

0 segurado que deixar de exercer atividade

remunerada abrangida pela Previdencia Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remu­

nerado

a) Tendo ate 120 contribuides: 12 meses;b) Tendo mais de 120 contri­b u t e s : 24 meses.Obs.: ambos os prazos serao acrescidos de 12 meses se o segurado estiver desempre­gado, desde que comprove esta situacao por registro em orgao proprio do Ministerio do Trabalho e Emprego

Apos a cessad o de beneficio por inca­pacidade ou apos a cessado das contri- bui^oes

Segurado detido ou recluso

12 meses Apos o livramento

Segurado facultativo 6 meses Apos c e s s a d o das contribuides

Segurado incorporado as Formas Armadas

3 meses Apos licenciamento

Segurado acometido de doen^a de segrega-

d o compulsoria12 meses

Ap6s cessar a segre-g a d °

Capitulo 4

* M

anutenqao eperda

das qualidades de segurado

e de

dependente

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Dependente Perda da qualidade de dependente

Para o conjuge

a) Pela separacao judicial ou divorcio, enquanto nao lhe for assegurada a prestacao de pensao alimenticiab) Pela anulacao do casamentoc) Pelo obito oud) Por sentenca judicial transitada em julgado

Para a companhei­ra ou companheiro

Pela cessacao da uniao estavel com o segurado ou segu­rada, enquanto nao lhe for garantida pensao alimenticia

Para o filho ou irmao de qualquer

condicao

Ao completarem 21 anos de idade > salvo se invalidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes: (a) de completarem vinte e um anos de idade; (b) do casamento; (c) do inicio do exercicio de emprego publico efetivo; (d) da constituicao de estabelecimento civil ou comercial ou da existencia de rela­cao de emprego, desde que, em funcao deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia propria; ou (e) da concessao de emancipacao, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento publico, independen- temente de homologacao judicial, ou por sentenca do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.

Para os dependen­tes em gerai

a) Pela cessacao da invalidez oub) Pelo falecimento

Exercicios de Fixacao

72. {Medico Perito do INSS/2006/FCC) A respeito da m anu tencao e perda da qualidadede segurado e correto afirmar quea) a perda da qualidade de segurado acarreta o reim'cio da contagem do prazo

de carencia para obtencao de auxi'lio-doenca, aposentadoria por invalidez e aposentadoria especial.

b) o segurado que estiver recebendo beneffcio por incapacidade mantem essa qualidade durante seis meses apos a cessacao do beneficio, tndependente- mente do retorno a atividade remunerada.

c) a perda da qualidade de segurado nao sera considerada para a concessao de auxflio-doenca, aposentadoria especial e aposentadoria por tempo de contribuicao.

d) e irrelevante para a concessao da aposentadoria por idade, desde que o segurado comprove a carencia exigida para obtencao do beneffcio.

e) o segurado facultativo tem um perfodo de graca de seis meses, prazo que podera ser prorrogado por doze meses se comprovada a situacao de desem- prego perante o Ministerio de Trabalho e Emprego.

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73. {Analista/TRFda 2° Regiao/2007/FCC) De acordo com a Lei n° 8.213/91, m antem a qualidade de segurado, independ entem ente de c o n tr ib u te s ,a) ate tres meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que estiver

suspenso ou iicenciado sem rem uneracao.b) ate seis meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado facultativo.c) ate seis meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que deixar de

exercer a tividade rem unerada abrangida peia Previdencia Social.d) ate dez meses apos cessar a segregacao, o segurado acom etido de doenca

de segregacao compuisoria,e) ate v inte e quatro meses apos o livram ento, o segurado detido ou recluso.

74. (AFRF/2005/E$af) No Regime Geral da Previdencia Social, e incorreto afirm ar que, nas situacoes abaixo elencadas, m antem a qualidade de segurado, independen­tem en te de contribuicoes:

a) Ate 6 (seis) meses apos o iivram ento, o segurado detido ou recluso.b) Ate 12 (doze) meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que deixar

de exercer atividade rem unerada abrangida pela Previdencia Social ou estiver suspenso ou Iicenciado sem rem uneracao.

c) Ate 12 (doze) meses apos cessar a segregacao, o segurado acom etido de doenca de segregacao compuisoria.

d) Ate 3 (tres) meses apos o licenciamento, o segurado incorporado as Forcas Armadas para prestar servico.

e) Sem lim ite de prazo, quem esta em gozo de beneffcio.

75. {AFPS/2002/Esaf) A respeito da m anutencao e perda da qualidade de segurado, assinale a opcao incorreta.

a) M antem a qualidade de segurado, independ entem ente d e contribuicoes sem limite de prazo para quem esta em gozo de beneffcio.

b) M antem a qualidade de segurado, ate 12 (doze) meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que deixar de exercer ativ idade rem unerada abrangida pela Previdencia Social.

c) M antem a qualidade de segurado, ate 12 (doze) meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que estiver Iicenciado com ou sem remuneracao.

d) M antem a qualidade de segurado, ate 12 (doze) meses apos a cessacao das contribuicoes, o segurado que estiver suspenso.

e) M antem a qualidade de segurado, ate 12 (doze) meses apos cessar a segre­gacao, o segurado acom etido de doenca de segregacao compuisoria.

76. Julgue os itens abaixo:

i - Segurado em gozo de beneffcio m antem a qualidade de segurado, inde­p endentem ente de contribuicao e sem lim ite de prazo.

Capitulo 4

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anutencao eperda

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II - A com panheira perde a quaiidade de dependente, pela cessado da uniao estavel com o segurado, enquanto nao ih e fo r assegurada a prestagao de alimentos.

IH - 0 segurado que deixar d e exercer ativ idade abrangida pela Previdencia Social conserva essa quaiidade, in d ep en d en tem e n te de contribuicao, ate doze meses apos a cessad o das c o n t r ib u te s que vinha reaiizando com o segurado obrigatorio. Mas, se ele ja havia pago mais de cento e vinte c o n tr ib u te s para a Previdencia Social, este prazo de doze meses fica aum entado para vinte e quatro meses.

Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) l ie IIIc) I e IIId) todose) nenhum

77. (Analista Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) Ticio, m arido de M artha, faleceu, em ju lho de 2004, desem pregado. Havia trabalhado com o em pregado, durante 20 (vinte) anos, para a empresa "Carro dos Sonhos Ltda.", tendo term inado o seu contrato de trabalho com a referida empresa em ju lho de 1999. Em agosto de 2004, M artha form uiou requerim ento adm inistrativo de pensao por m orte em um a A gend a da Previdencia Social e teve seu pedido indeferido. A correta justificativa para o indeferim ento da pensao por m orte nesse caso e:

a) perda da quaiidade de segurado do instituidor da pensao.b) ausencia de inscricao de M artha com o dependente designada porTfcio, antes

de seu falecim ento.c) o fato de que M artha nao com provou a sua dependencia economica de Ticio,

requisite este indispensavei para quallficacao do cdnjuge com o dependente,d) o fato de M artha nao ser segurada do Regim e Geral de Previdencia social.e) o fa to de o periodo de car&ncia fixado por lei para concessad de pensao por

m orte nao te r sido cum prido.

78. Juigue os seguintes itens:

I - A perda da quaiidade de segurado nao sera considerada para a concessaode qualquer aposentadoria.

II - Durante o periodo de gra?a o segurado em pregado fa z jus ao salario--fam ilia.

Hi - O segurado facultativo m antem a quaiidade d e segurado pelo prazo de doze meses apos a cessado de suas c o n tr ib u te s .

Os itens que estao errados sao:

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\

a) I e IIb) 11 e illc) I e illd) todose) nenhum

79. Juigue os seguintes itens:

I - A anula^ao do casamento e m otivo suficiente para que o conjuge perca aquaiidade de dependente.

II - O divorcto p o e te rm o a o vinculo conjugal e, por isso, em qualquer hipotese,e m otivo suficiente para que o conjuge perca a quaiidade de dependente.

ill - Em qualquer hipotese, o filho perde a quaiidade de dependente quando se em ancipa.

Os itens que estao errados sao:

a) le llb) II e IIIc) 1 e IIJd) todose) nenhum

161

Capitulo 4

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anuten^ao eperda

das qualidades de

segurado e

de dependente

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O RGPS compreende as seguintes presta^oes, expressas em bene­ficios e servi^os:

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Distri.bui.9a0 dos beneficios e servicos, segundo a categoria dos beneficiarios:

Prestacao v Empregado e trabalhador

avulso

Contribuinte indiVidiual, domestico e

.facidtativo .

EspecialDependente

erieficios • . 'VAposentadoria por invalidez Sim Sim Sim Nao

Aposentadoria por idade Sim Sim Sim Nao

Aposentadoria por tempo de contribuicao

Sim Sim (Obs. 1) Obs. 2 Nao

Aposentadoriaespecial Sim Nao (Obs. 3) Nao Nao

Auxilio-doenca Sim Sim Sim NaoAuxflio-addente Sim Nao Sim NaoSalario-familia Sim Nao Nao Nao

Salario-maternidade Sim Sim Sim Nao

Pensao por morte Nao Nao Nao Sim

Auxilio-redusao Nao Nao Nao Sim; - vyv;;' mmm

Reabilitacaoprofissional Sim Sim Sim Sim

Servico Social Sim Sim Sim Sim

Capftulo 5

♦ Prestafoes do

Regime

Geral de Previdencia

Social

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\ Observa^ao:| 1) O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta pro- j pria, sem rela^ao de trabalho com empresa ou equiparado, e o I segurado facultativo que contribuam com a aliquota de 11% so- | bre um salario minirno nao farao 'jus a aposentadoria por tempo I de contribuicao (Lei n° 8.213/91, art. 18, § 3°).| 2) 0 segurado especial somente tera direito a aposentadoria por | tempo de contribuicao se contribuir, facultativamente, com a | aliquota de 20% sobre o salario~de-contribuicao.| 3) A pessoa fisica filiada a cooperativa de trabalho ou de produ$a£y- | mesmo sendo considerada contribuinte individual, fax jus ao | beneficio da aposentadoria especial.

I. Conceitos introdutorios

Antes de adentrarmos no estudo de cada uma das presta^oes do RGPS, e necessario que conhe^amos alguns conceitos introdutorios.

1.1. Carencia

Nos termos do art. 24 da Lei n° 8.213/91, “periodo de carencia eo numero rninimo de contribuicoes mensais indispensaveis para que o beneficiario faca jus ao beneficio, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competencias”.

Assim, enquanto nao se completar o periodo de carencia de deter- minado beneficio o segurado nao tera direito ao seu recebimento, por ser uma das condi^oes para seu deferimento.

1.1.1. Contagem do periodo de carencia

Segurado Data de inicio da contagem da carencia

Empregado e trabalhador avulso Data de filiacao ao RGPSEmpregado domestico> contribuin­te individual e facultativo, inclusive o segurado especial que contribui, facultativamente, com 20% sobre o salario-de-contribuicao

Data do efetivo recolhimento da primeira contribuicao sem atraso, nao sendo con­sideradas para efeito de carencia as con­tribuicoes recolhidas com atraso referen- tes a competencias anteriores a essa data

Segurado especial que nao con­tribui, facultativamente, com 20% sobre o salario-de-contribuicao

A partir do efetivo exerdcio da atividade rural, devidamente comprovada

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Para efeito de carencia, considera-se presumido o recolhimento das contribuicoes do segurado empregado, do trabalhador avulso e, relativamente ao contribuinte individual que presta servico a uma ou mais empresas, a partir da competencia abril de 2003, as contribuicoes dele descontadas pelas empresas. Para os demais segurados, e necessa- ria a comprova^ao do efetivo recolhimento das contributes.

Alguns periodos da vida funcional do trabalhador podem ser contados como tempo de contribuicao, mesmo sem ter havido a efetiva contribuicao. Todavia, embora contem como tempo de contribuicao, es­ses periodos nao contam para efeito de carencia.

A titulo de exemplo, relacionamos abaixo alguns periodos que contam como tempo de contribuicao, mas nao contam para efeito de carencia:

I - o tempo de servico militar obrigatorio;II - periodo em que o segurado recebeu beneficio por incapacidade

(auxilio-doenca ou aposentadoria por invalidez), entre perio­dos de atividade;

III - periodo em que o segurado recebeu beneficio por incapacida­de (auxilio-doenca ou aposentadoria por invalidez) decorrente de acidente do trabalho, intercalado ou nao;

IV - o tempo de servico do segurado trabalhador rural anterior acompetencia novembro de 1991. Nesse periodo, o trabalhador rural nao contribuia para a previdencia social;

V - o periodo anterior a data do recolhimento da primeira con­tribuicao sem atraso dos segurados empregado domestico, contribuinte individual e facultativo.

I Ofeserya^ao: '• - . v •• •/•••': ••Rosana e medica e tem um consultorio particular ha 15 arips, mas,; somente hoje,.decidiu inscrever-se no RGPS,- na condi^ab. de cori-

| tr ibuinte individual, e recolher os 15 anos de cpritribui.coes; em \I atraso (o equivalente a 180 contribuicoes mensais). Es^sUSO con-

tr ibui^oes • mensais contam como tempo tie contribuicao, iftas nao contam para efeito de carencia. ; " : ;;:;i ; '

No caso de empregado domestico, contribuinte individual, espe­cial e facultativo, para computo do periodo de carencia, so serao con- sideradas as contribuicoes realizadas a contar da data do efetivo paga-

Capitulo 5

«■ Presta$oe$ do Regim

e Geral de Previdencia

Social

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mento da primeira contribuicao sem atraso (Lei n° 8.213/91, art. 27, II). No entanto, sendo paga a primeira contribuicao sem atraso, as contri­b u t e s referentes a competencias posteriores, mesmo que sejam pagas com atraso, serao consideradas para efeito de carencia. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“Previdenciario. Aposentadoria por idade. Trabalhadora urba­na. Cumprimento da carencia. Aproveitamento de contribuicoes recolhidas com atraso (art. 27, II, da Lei n° 8.213/91). Beneficio devido. 1. Para a concessao de aposentadoria urbana por idade devem ser preenchidos dois requisitos: idade minima (65 anos para o homem e 60 anos para a mulher); e carencia - recolhi­mento minimo de co n trib u te s . 2. O recolhimento com atraso nao impossibilita o computo das contribuicoes para a obtengdo do beneficio. 3. E da data do efetivo pagamento da primeira contribuicao sem atraso que se inicia a contagem do periodo de carencia quando se tratar de empregado domestico, contribuinte individual, especial e facultativo, empresario e trabalhador autd­nomo. Isso segundo a exegese do art. 27, II, da Lei n° 8.213/91. 4. No caso, o que possibilita sejam as duas parcelas recolhidas com atraso somadas as demais com ofim de obtencao da aposentado­ria por idade e ofato de a autora ndo ter perdido a qualidade de segurada e d e o termo inicial da carencia ter-se dado em 1°.L91.5. Recurso especial conhecido eprovido”.66

A respeito do tempo de servico do trabalhador rural, antes da Lei n° 8.213/91 (antes de novembro de 1991), o STJ entende que, mesmo semo recolhimento das respectivas contribuicoes, este periodo conta como tempo de contribuicao, mas nao conta para efeito de carencia. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

*AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIARIO. APOSEN­TADORIA POR TEMPO DE SERVICO. ATIVIDADE RURAL EXERCIDA ANTES DA LEI N° 8.213/9L CONTRIBUICAO. DESNECESSIDADE. 1. A legislacao previdencidria permite a contagem do tempo de service efetivamente prestado em ativi­dade rural, antes da Lei n° 8.213/91, sem o recolhimento das respectivas contribuicoes, para fins de obtencao de aposentado­ria por tempo de servico, exceto para efeito de carencia. 2. Para

66 STJ, REsp 6 4 2 2 4 3 /P R , Rel. M in . Nilson Naves, 6 a T, DJ 0 5 /0 6 /2 0 0 6 , p. 324 .

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que o segurado faga jus a aposentadoria por tempo de servigo somando-se o periodo de atividade agncola com o trabalho urbano sem contribuigao, impde-se que a carencia tenha sido cumprida durante o tempo de servigo como trabalhador urbano. 3. Agravo regimental improvido”.67

1.1.2. Contagem da carencia para o segurado especial

Para o segurado especial, considera-se periodo de carencia o tem­po minimo de efetivo exercicio de atividade rural, ainda que de forma descontinua, igual ao numero de meses necessario a concessao do bene­ficio requerido (RPS, art. 26, § 1°).

Assim, o periodo de carencia do segurado especial nao e conta­do em numero de contribuicoes previdenciarias recolhidas, e sim em numero de meses de efetivo exercicio na atividade rural. Todavia, se o segurado especial fizer a opcao por contribuir, facultativamente, com a aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuicao, sera dele exigido o recolhimento das contribuicoes.

De acordo com o disposto no art. 106 da Lei n° 8.213/91, a com- provacao do exercicio de atividade rural sera feita, alternativamente, por meio de:

I - contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho ePrevidencia Social;

II - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;III - declaracao fundamentada de sindicato que represente o

trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colonia de Pescadores, desde que homologada pelo INSS;

IV ~ comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Coloni-zacao e Reforma Agraria - INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar;

V - bloco de notas do produtor rural;VI - notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o

§ T do art. 30 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, emi- tidas pela empresa adquirente da producao, com indicacao do nome do segurado como vendedor;

6 7 STJ, A gR g no REsp 7 0 6 7 9 0 /P R , Rel. M in . Pauio G aliotti, 6 a T, D J 1 3 /0 6 /2 0 0 5 , p. 373 .

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VII - documentos fiscais relativos a entrega de producao rural acooperativa agricola, entreposto de pescado ou outros, comindicacao do segurado como vendedor ou consignante;

VIII - comprovantes de recolhimento de contribuicao a PrevidenciaSocial decorrentes da comercializacao da producao;

IX - copia da declaracao de imposto de renda, com indicacao derenda proveniente da comercializacao de producao rural; ou

X - licenca de ocupacao ou permissao outorgada pelo Incra.

Alem dos documentos supra, o Regulamento da Previdencia So­cial (art. 62, § 2°, II, “1”) ainda admite como prova de exercicio da ati­vidade rural a “certidao fornecida pela Fundacao Nacional do Indio - FUNAI, certificando a condicao do fndio como trabalhador rural, des­de que homologada pelo INSS”

O STJ entende que “a prova exclusivamente testemunhal nao basta a comprovacao da atividade ruricola, para efeito da obtencao de benefi­cio previdenciario” (Sumula 149 do STJ). Contudo, a prova testemunhal pode ser usada para reforcar a eficacia das provas documentais. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente do STJ:

"AGRAVO REGIMENTAL - PREVIDENCIARIO - BENEFI­CIOS - TRABALHADOR RURAL - INICIO DE PROVA M ATE­RIAL. I - A certidao de casamento, onde o marido aparece como lavrador; e inicio razoavel de prova material, sendo apta d compro- vagdo da condigao de ruricola para efeitos previdenciarios. I I - A prova material ndo precisa necessariamente referir-se ao periodo equivalente a carencia do beneficio, desde que aprova testemunhal amplie a sua eficaciaprobatoria. Agravo regimentaldesprovido”.68

1.1.3. Beneficios sujeitos a carencia

Beneficio CarenciaAposentadoria por idade, por tempo

de contribuicao e especial Em regra, 180 contribuicoes mensais

Aposentadoria por invalidez e auxilio-doenga Em regra, 12 contribuicoes mensais

Salario-maternidadePara as seguradas contribuinte

individual, especial e facultativa: 10 contribuicoes mensais

6 8 STJ, AgRg no REsp 4 9 6 6 8 6 /S P , Rei. M in . Felix Fischer, 5a T, DJ 2 8 /1 0 /2 0 0 3 , p 3 3 6 .

I/O

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As presta^oes (beneficios e servi^os) que nao constam da tabe- la acima independem de carencia. Em rela^ao ao salario-maternidade, apenas as seguradas contribuintes individuals, especiais e facultativas necessitam cumprir carencia. As seguradas empregadas, empregadas domesticas e trabalhadoras avulsas terao direito ao salario-maternidade sem ser exigida qualquer carencia.

Ja vimos que para o segurado especial, a carencia e o numero de meses de efetivo exercicio da atividade rural, ainda que de forma descon- tlnua, necessario para a concessao de um beneficio. Assim, para ter direi­to ao salario-maternidade, por exemplo, a segurada especial nao precisa comprovar o recolhimento de 10 contribuicoes mensais: basta comprovar10 meses de efetivo exercicio de atividade rural.

Em caso de parto antecipado, o periodo de carencia do salario- -maternidade sera reduzido em numero de contribuicoes equivalentes ao numero de meses em que o parto foi antecipado.

Nao sera exigida a carencia de 12 contribuicoes para a aposen­tadoria por invalidez e para o auxilio-doenca motivados por acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de segurado que, apos filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das seguintes doencas: tuberculose ativa, hansemase, alienacao mental, neoplasia maligna, ce- gueira, paralisia irreversivel e incapacitante, cardiopatia grave, doenca de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avancado de doenca de Paget (osteite deformante), AIDS, contaminacao por radiacao com base em conclusao da medicina especializada ou he- patopatia grave (IN INSS/PRES n° 45/2010, art. 152, III).

Em se tratando de aposentadoria por invalidez e auxilio-doenca, para que haja a dispensa da carencia, nao e necessario que o acidente seja acidente de trabalho. A lei refere-se a acidente de qualquer nature­za ou causa. Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traumatica e por exposicao a agentes exogenos (fisi- cos, qufmicos ou biologicos), que acarrete lesao corporal ou perturba- Cao funcional que cause a morte, a perda ou a reducao permanente ou temporaria da capacidade laborativa.

1.1.4. Perda da quaiidade de segurado

Havendo perda da quaiidade de segurado, as contribuicoes an- teriores a essa perda somente serao computadas para efeito de caren-

Capftulo 5

♦ Prestafdes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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cia depois que o segurado contar, a partir da nova filiacao ao RGPS, com, no minimo, um terco do numero de contribuicoes exigidas para o cumprimento da carencia do beneficio a ser requerido. Essa exigen­cia, contudo, nao se aplica aos beneficios de aposentadoria por idade, especial e por tempo de contribuicao, pois a partir da vigencia da Lei n° 10.666/2003, a perda da qualidade de segurado nao sera considerada para a concessao destes beneficios.

Conclui-se, portanto, que quando se trata de aposentadoria por idade, por tempo de contribuicao e especial, as contribuicoes efetuadas antes da perda da qualidade de segurado sempre serao contadas para fins de carencia.

Todavia, nos casos em que seja exigida carencia para a concessao dos beneffcios de aposentadoria por invalidez, auxilio-doenca e salario- -maternidade, as contribuicoes anteriores a perda da qualidade de se­gurado somente serao computadas para efeito de carencia depois que o segurado contar, a partir da nova filiacao ao RGPS, com, no minimo, um terco do numero de contribuicoes exigidas para o cumprimento da car&ncia do respectivo beneficio.

Faciiitativp e ^eco

No exemplo acima, para ter direito ao auxilio-doenca, seria neces- sario que Joaquim, apos a nova filiacao, tivesse recolhido, no minimo,4 contribuicoes mensais, o que corresponderia a um terco do numero de contribuicoes exigidas para o cumprimento da carencia do auxilio- -doenca. S6 assim, poderia aproveitar, para fins de carencia, as 10 con­tribuicoes recolhidas em periodo anterior a perda da qualidade de segu-

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rado. Neste caso, seriam contadas 14 contribuicoes mensais, superando as 12 contribuicoes exigidas para efeito da carencia do auxilio-doenca.

1.1.5. Regra de transicao

No caso das aposentadorias por idade, tempo de contribuicao e especial, a carencia sera de 180 contribuicoes mensais para os segurados inscritos depois da vigencia da Lei n° 8.213, de 24/07/91. Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social Urbana ate 24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais antes amparados pela Previdencia Social Rural, observa-se a regra de transicao prevista no art. 142 da Lei n° 8.213/91. A regra de transicao levara em conta o ano em que o segurado implementar todas as condicoes necessarias a obtencao do beneficio, de acordo com a seguinte tabela:

199.1 60 meses1992 60 meses1993 66 meses1994 72 meses1995 78 meses1996 90 meses1997 96 meses1998 102 meses1999 108 meses2000 114 meses2001 120 meses2002 126 meses2003 132 meses2004 138 meses2005 144 meses2006 150 meses2007 156 meses2008 162 meses2009 168 meses2010 174 meses

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

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Geral de Previdencia Social

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Carencia das aposentadorias por idade, tempo de contribuicao e especial para os segurados inscritos

at£ 24/7/91:Ano de implementacao das

condicoesMeses de contribuicao

exigidos2011 180 meses

Para fins de enquadramento na tabela prevista no art. 142 da Lei n° 8.213/91, a quantidade de contribuicoes a ser exigida para efeito de carencia e a correspondente ao ano de aquisicao de todas as condicoes necessarias a obtencao da aposentadoria. Vale dizer, nao se obrigara que a carencia seja o tempo exigido na data do requerimento do beneficio, salvo se coincidir com a data da implementacao das condicoes.

I Observa^ao:| Joaquim, segurado inscrito no RGPS em 20/07/1991, completou 65

anos de idade em 05/01/2007. Em novembro de 2007, ele completou | a quantidade de 156 contributes mensais recolhidas. Em janeiro: j de 2008, ele protocolizou p requerimento de sua aposentadoria por I idade. Assim, no ano de 2007, Joaquim ja havia implementado to­

das as condicoes necessarias a obtencao da aposentadoria por ida- | de. Embora tenha requerido a aposentadoria somente em 2008, o \ periodo de carencia exigido e de 156 c0ntribui90.es mensais (caren- \ cia correspondente ao ano de 2007), em respeito ao direito adqui- | rido. Nessa situacao, Joaquim tera direito a receber aposentadoria I por idade a partir da data do requerimento do beneficio. . :

1.2. Sniorio-de-benefkio (SB)

Salario-de-beneficio e o valor basico utilizado para calculo da renda mensal inicial dos beneficios, exceto o salario-familia, a pensao por morte, o salario-maternidade e o auxilio-reclusao.

Em outras palavras, o salario-de-beneficio e a base de calculo das aposentadorias, do auxilio-doenca e do auxflio-acidente. A partir dessa base e que sera calculado o valor da renda mensal inicial desses benefi­cios, por meio de aplicacao de percentuais previstos em lei. Por exemplo: a renda mensal inicial do auxilio-doenca corresponde a 91% do salario-de- -beneficio. Assim, se o salario-de-beneficio calculado for o equivalente a R$ 1.000,00, a renda mensal inicial do auxilio-doenca sera de R$ 910,00.

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O salario-maternidade e o salario-familia nao sao calculados com base no salario-de-beneficio. Tem uma forma de calculo diferenciada, que sera estudada no topico especifico.

No tocante a pensao por morte e ao auxilio reclusao, a legisla^ao previdenciaria nao vinculou a forma de calculo destes beneficios direta- mente ao salario-de-beneftcio. Mas, como veremos mais adiante, indi- retamente, seus valores estao relacionados com o salario-de-beneficio.

1.2.1. Calculo do salario-de-beneficio

Beneficio Salano-de-beneiHcio (SB ) ■

Aposentadoria por idade e aposentadoria por tempo de contribuicao

Media aritmetica simples dos maiores salarios- -de-contribuicao correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo, multiplicada pelo fator previdenciarioO fator previdenciario e obrigatorio na aposenta­doria por tempo de contribuicao e facultativo na aposentadoria por idade

Aposentadoria por invali­dez, aposentadoria especial, auxilio-doenca e auxflio- acidente

Media aritmetica simples dos maiores salarios- -de-contribui<;ao correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo

Observacao: para o segurado filiado a Previdencia Social ate 28/11/99, vespe- ra da publicacao da Lei n° 9.876/99, so serao considerados para o calculo do SB os salarios-de-contribuicao referentes as competencias de julho de 1994 em diante.

Salario-de-contribuicao e a base de calculo da contribuicao previ­denciaria do segurado, sobre a qual incidira a aliquota estabelecida em lei para determinar o valor de sua contribuicao mensal. Por exemplo: Rosana, segurada facultativa, recolheu sua contribuicao previdenciaria, referente ao mes de marco de 2005, no valor de R$ 200,00. Isso signifi- ca que o salario-de-contribuicao de Rosana, referente ao mes de marco de 2005, foi R$ 1.000,00, pois a aliquota de contribuicao do segurado facultativo e de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo salario-de-con­tribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21).

Considera-se periodo contributivo: (I) para o empregado, empre­gado domestico e trabalhador avulso: o conjunto de meses em que hou- ve ou deveria ter havido contribuicao em razao do exercicio de atividade

Capitulo 5

« Prestafoes do

Regime

Geral de Previdencia

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remunerada sujeita a filiacao obrigatoria ao RGPS; (II) para os demais segurados, inclusive o facultativo: o conjunto de meses de efetiva contri­buicao ao RGPS (RPS, a rt 32, § 22).

Para o calculo do salario-de-beneficio so serao considerados os 80% maiores salarios-de-contribui^ao do segurado. Assim, os 20% me­nores salarios-de-contribuicao serao descartados para fins desse calcu­lo. Por exemplo: para calcular o salario-de-beneficio referente a uma aposentadoria por invalidez de um segurado que conta com 150 contri­b u te s mensais, faz-se uma media aritmetica dos 120 maiores salarios- -de-contribuicao. E assim porque 80% de 150 e igual a 120.

Alem disso, para os segurados que se filiaram a Previdencia Social ate 28/11/99, vespera da publicacao da Lei n° 9.876/99, so serao conside­rados para o calculo do salario-de-beneficio os salarios-de-contribuicao referentes as competencias de julho de 1994 em diante. As competencias anteriores a julho de 1994 sao, assim, desprezadas para efeito do calculo do salario-de-beneficio.

Quando se trata de aposentadoria por tempo de contribuicao, para efeito do calculo do salario-de-beneficio, faz-se a media aritmetica dos 80% maiores salarios-de-contribukao e, em seguida, multiplica-se essa media pelo fator previdenciario.

Para os beneficios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxilio-doenca e auxilio-acidente, o salario-de-beneficio e a media aritmetica dos 80% maiores salarios-de-contribuicao. Nao ha a aplicacao do fator previdenciario.

Tratando-se de aposentadoria por idade, o INSS calculara o said- rio-de-beneficio de duas formas diferentes: a primeira, aplicando o fator previdenciario; a segunda, sem a aplicacao do fator previdenciario. Sera concedido ao segurado o que resultar mais vantajoso.

Todos os salarios-de-contribuicao utilizados no calculo do sala­rio-de-beneficio serao reajustados, mes a mes, de acordo com a variacao

•integral do IndiceNacional de Precos ao Consumidor (INPC), referente ao periodo decorrido a partir da primeira competencia do salario-de-- contribuicao que compoe o periodo basico de calculo ate o mes ante­rior ao do inicio do beneficio, de modo a preservar os seus valores reais (RPS, art. 33).

O valor do salario-de-beneficio nao sera inferior ao de um salario minimo, nem superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao na data de inicio do beneficio.

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Nao sera considerado, no calculo do salario-de-beneficio, o au~ mento dos salarios-de-contribuicao que exceder o limite legal, inclusive o voluntariamente concedido nos 36 meses imediatamente anteriores ao inicio do beneficio, salvo se homologado pela Justica do Trabalho, re- sultante de promo^ao regulada por normas gerais da empresa, admitida pela legislacao do trabalho, de sentenca normativa ou de reajustamento salarial obtido pela categoria respectiva.

Se, no periodo basico de calculo, o segurado tiver recebido bene­ficio por incapacidade, considerar-se-a como salario-de-contribuicao, no periodo, o salario-de-beneficio que serviu de base para o calculo da renda mensal, reajustado nas mesmas epocas e nas mesmas bases dos beneficios em geral, nao podendo ser inferior ao salario minimo nem superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao.

Para fins de apuracao do salario-de-beneficio de qualquer apo­sentadoria precedida de auxilio-acidente, o valor mensal deste sera so- mado ao salario-de-contribuicao antes da aplicacao da correcao, nao podendo o total apurado ser superior ao limite maximo do salario-de-- contribuicao. No caso de segurado especial que nao contribui, facul- tativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuicao, o valor da aposentadoria sera: um salario minimo somado ao valor do auxilio-acidente vigente na data de inicio da referida aposentadoria.

No calculo do salario-de-beneffcio dos segurados empregado e trabalhador avulso, serao considerados os salarios-de-contribuicao re­ferentes aos meses de contribuicoes devidas, ainda que nao recolhidas pela empresa; para os demais segurados somente serao computados os salarios-de-contribuicao referentes aos meses de contribuicao efetiva- mente recolhida (Lei n° 8.213/91, art. 34).

No caso de segurado empregado ou de trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condicoes para a concessao do beneficio pleiteado, mas nao possam comprovar o valor dos seus salarios-de-con- tribuicao no periodo basico de calculo, considerar-se-a para o calculo do beneficio, no periodo sem comprovacao do valor do salario-de-con- tribuicao, o valor do salario minimo, devendo esta renda ser recalculada quando da apresentacao de prova dos salarios-de~contribuicao (Lei n° 8.213/91, a rt 35).

Para o segurado empregado domestico que, mesmo tendo satisfeito as condicoes exigidas para a concessao do beneficio requerido, nao possa comprovar o efetivo recolhimento das contribuicoes devidas, sera con-

Capitulo 5

«• Prestafoes do Regim

e Geral de Previdencia

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cedido o beneficio de valor mmimo, devendo sua renda ser recalculada quando da apresenta^ao da prova do recolhimento das contribuicoes.

Para os beneficios que independem de carencia, com exce^ao do salario-familia e do auxilio-acidente, sera pago o valor minimo de be­neficio quando nao houver salario-de-contribuicao no periodo basico de calculo.

O salario-de-beneficio do segurado especial, em regra, consiste no valor equivalente ao salario-minimo (Lei n° 8.213/91, art. 29, § 6°). Contudo, quando o segurado especial contribui, facultativamente, com 20% sobre o salario-de-contribuicao, o seu salario-de-beneficio sera cal- culado usando-se as mesmas regras adotadas para os demais segurados.

1.2.2. Fator previdenciario

O fator previdenciario sera calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuicao do segurado ao se aposentar, mediante a formula:

. Tex af = ------------x

Es1 +

Id + Tc x q)100

onde:f = fator previdenciario;Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; Tc = tempo de contribuicao ate o momento da aposentadoria; Id = idade no momento da aposentadoria; e a = aliquota de contribuicao correspondente a 0,31.

A expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentado­ria sera obtida a partir da tabua completa de mortalidade construida pela Fundacao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), para toda a populacao brasileira, considerando-se a media nacional unica para ambos os sexos. Apenas para termos uma ideia a respeito dessa tabua, abaixo, relacionamos algumas idades com suas respectivas expectativas de sobrevida:

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Tabua de expectativa de vida - IBGE 2008 - ambos os sexos

Idade exata Expectativa de vida -:V.

45 anos 33,1 anos46 anos 32,2 anos47 anos 31,4 anos48 anos 30,5 anos49 anos 29,7 anos50 anos 28,9 anos51 anos 28,1 anos52 anos 27,3 anos53 anos 26,5 anos54 anos 25,7 anos55 anos 24,9 anos

Idade exata ; Expectativa de vida

56 anos 24,1 anos57 anos 23,4 anos58 anos 22,6 anos59 anos 21,9 anos60 anos 21,2 anos61 anos 20,4 anos62 anos 19,7 anos63 anos 19,0 anos64 anos 18,4 anos65 anos 17,7 anos66 anos 17,0 anos

Para efeito de calculo do fator previdenciario, ao tempo de contri­buicao do segurado serao adicionados:

I - cinco anos, quando se tratar de mulher; ouII - cinco ou dez anos, quando se tratar, respectivamente, de pro­

fessor ou professora, que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercicio das fun^oes de magisterio na educacao infantil e no ensino fundamental e medio.

O calculo do fator previdenciario pode resultar num valor maior, igual ou menor que um. Sendo maior que um, elevara o valor do salario-de-beneficio; sendo menor que um, reduzira o valor do salario- -de-beneficio; sendo igual a um, nao interferira no valor do salario-de- -beneffcio.

Na formula do fator previdenciario, a idade e o tempo de con­tribuicao encontram~se no numerador, enquanto a expectativa de so- brevida encontra-se no denominador. Assim, quanto maiores forem a idade e o tempo de contribuicao, maior sera o fator previdenciario e, consequentemente, maior sera o salario-de-beneficio. Em contrapar- tida, quanto maior for a expectativa de sobrevida, menor sera o fator previdenciario e, consequentemente, menor sera o salario-de-beneficio. Em suma, pode-se dizer que quanto mais tempo o segurado demorar na atividade, maior sera o fator previdenciario.

Capitulo 5

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Vejamos alguns exemplos a respeito do fator previdenciario:Exemplo 1: Maria Marta, 47 anos de idade, contribui para a previ­dencia desde os 17, anos de idade, contando com 30 anos de con­tribuicao. Sua expectativa de sobrevida, de acordo com a tabela do IBGE, e de 31,4 anos. Qual e o valor do fator previdenciario?Resposta:Es = 31,4;Tc - 30 + 5 = 35 (acrescimo para mulheres);Id = 47; a = 0,31.

35x0,31 . .(47 + 35„„x OiM). i = n „31,4 L 100 J

Exemplo 2: Joaquim Jose, 65 anos de idade, apos completar 33 anos de contribuicao, requereu aposentadoria por idade. Sua expectativa de sobrevida, de acordo com a tabela do IBGE, e de 17,7 anos. Qual e o valor do fator previdenciario?Resposta:Es - 17,7;Id = 65;Tc = 33; a = 0,31.

33x0.31 r, f65 + 33 x 0,31) .f = — j ---------_ =1, 0117,7 100 J

1.3. Limites da renda mensal do beneficio

A regra e que a renda mensal do beneficio nao tera valor inferior ao do salario minimo (hoje, R$ 540,00), nem superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao (hoje, R$3.689,66)69, respeitados os direitos adquiridos.

No entanto, esta regra admite as seguintes excecoes:

a) No caso de aposentadoria por invalidez, quando o segurado necessitar da assistencia permanente de outra pessoa, ele tera

69 Vaior atualizado, a partir de 1°/01 /2011 , peia Portaria M P S /M F n° 568, de 3 1 /12 /20 10 .

180

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direito a um acrescimo de 25% no valor de sua aposentadoria, podendo, nesse caso, o limite maximo da renda mensal do be­neficio superar o limite maximo do salario-de-contribuicao;

b) O salario-maternidade das seguradas empregada e trabalhadora avulsa consiste numa renda mensal igual a sua remuneracao integral, limitada ao subsidio dos Ministros do STF (CF, art. 248), podendo, assim, ser superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao;

c) O auxilio-acidente, o salario-familia, o abono de permanencia em servico e o auxllio-suplementar poderao ter valor inferior ao do salario minimo. Isso ocorre, porque esses beneficios nao substituem a renda mensal do trabalhador. O segurado recebe o beneficio previdenciario, pago pelo INSS, e tambem recebe, simultaneamente, o rendimento do seu trabalho;

d) A parcela a cargo do RGPS dos beneficios por totalizacao, con­cedidos com base em acordos internacionais de previdencia social, poderao ter valor inferior ao do salario minimo. Isso ocorre quando o segurado recebe parte do seu beneficio pelo regime brasileiro (RGPS) e outra parte por regime estrangeiro. Por exemplo: Joao Marcos trabalhou 16 anos vinculado a pre­videncia social uruguaia e 19 anos vinculado ao RGPS. Com base num acordo internacional, a previdencia social uruguaia arcara com uma parcela da aposentadoria devida a Joao Marcos e o RGPS arcara com a outra parcela, proporcionalmente ao periodo cumprido em cada pais. Essa parcela a cargo do RGPS pode ser inferior ao salario minimo.

e) O auxilio-doenca do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pelo RGPS sera devido mesmo no caso de incapaci- dade apenas para o exercicio de uma delas. Nessa hipdtese, o valor do auxilio-doenca podera ser inferior ao salario minimo desde que somado as demais remuneracoes recebidas resultar valor superior a este (RPS, art. 73, § 4°). Isso e possivel porque, nesse caso, o auxilio-doenca nao esta substituido renda mensal do trabalhador, pois este ainda contara com o rendimento da atividade para a qual nao se incapacitou.

Assim, nao terao valor inferior ao salario minimo os beneficios de prestacao continuada pagos pela Previdencia Social correspondentes a aposentadorias, auxilio-doenca (em regra), auxilio-reclusao (valor global) e pensao por morte (valor global).

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Nos casos de auxilio-reclusao e de pensao por morte, a cota indi­vidual de cada dependente pode ser inferior ao salario minimo. O que nao pode ser inferior ao salario minimo e o valor global do beneficio.

Nao confundir os limites da renda mensal do beneficio com os limites do salario-de-beneficio. No tocante ao salario-de-beneficio, em nenhuma hipotese podera ser inferior ao salario minimo nem superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao.

1.4. Reajusfamento do valor do beneficio

Obtida a renda mensal inicial do beneficio, este valor deve ser re- ajustado periodicamente de modo a preservar o valor real do beneficio.

De acordo com o disposto no § 4° do art. 201 da Constituicao Federal, “e assegurado o reajustamento dos beneficios para preservar- -lhes, em carater permanente, o valor real, conforme criterios definidos em lei”.

Em obediencia a esse dispositivo constitucional, o art. 41-A da Lei n° 8.213/91 determina que o valor dos beneficios em manuten^ao seja reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salario minimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de inicio ou do ultimo reajustamento, com base no Indice Nacional de Pre<;os ao Consumi- dor - 1NPC, apurado pela Funda^ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE. Para beneficios que estao sendo reajustados pela primeira vez, o indice sera apiicado de forma proporcional entre a data da concessao e a do primeiro reajustamento.

O STF ja decidiu que “a adocao do INPC, como indice de reajuste dos beneficios previdenciarios, nao ofende a norma do art. 201, § 4°, da Carta de Outubro” 70.

Os beneficios do RGPS serao reajustados na mesma data de re­ajuste do salario minimo, mas nao necessariamente pelo mesmo in­dice de reajuste do salario minimo. Em janeiro de 2011, por exemplo, os beneficios do RGPS foram reajustados em 6,41% (Portaria MPS/MF 568/10), enquanto o salario minimo foi reajustado em 5,88% (Medida Provisoria n° 516/10).

Nao ha que se confundir o preceito constitucional da manuten- cao do valor real do beneficio (CF, art. 201, § 4°) com equivalencia em

70 STF, RE 3 7 6 14 5 /S C , Re!. M in . Carlos Britto, 1a T, D i 2 8 /1 1 /2 0 0 3 , p. 15.

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numero de salarios mmimos. Manter o valor real do beneficio significa reajusta-lo de acordo com a variacao inflacionaria, de modo a evitar diminuicao injusta do seu poder de compra. Nao foi intencao do legis­lador constituinte vincular aquela garantia ao valor do salario minimo. Apenas no periodo em que vigorou o art. 58 do Ato das Disposi<;6es Constitucionais Transitorias (entre a data de publicacao da Constitui­cao de 1988 e a entrada em vigor das Leis n° 8.212/91 e 8.213/91), o valor dos beneficios previdenciarios foi fixado em numero de salarios mmi­mos. Ademais, esta regra transitoria teve aplicacao apenas em relacao aos beneficios iniciados antes da vigencia da Constituicao de 1988.71 Nesse sentido, confira-se a seguinte Sumula do STF:

Sumula 687: “A revisdo de que trata o art. 58 do Ato das Dis- posigdes Constitucionais Transitorias nao se aplica aos beneficios previdenciarios concedidos apos a promulgagao da constituicao de 1988”

A respeito desta materia, confiram-se tambem os seguintes julga- dos da Suprema Corte:

“EMENTA: Beneficio previdenciario: vinculagdo ao salario minima como criterio permanente de reajuste: inconstituciona­lidade, por violagdo do art. 7°, IV, CF, salvo no periodo coberto pelo art. 58 ADCT, que se encerrou com a implantagdo do piano de custeio e beneficios’ (L. 8.213/91)” 72■

“EMENTA: PREVIDENCIARIO. REVISAO DE BENEFICIOS. PREVISAO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. VINCULA- QAO AO SALARIO MINIMO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROTELATORIO. MULTA. AGRAVO IMPROVIDO. I - O art. 41,II, da Lei n° 8.213/1991 e suas sucessivas alteragoes ndo violam o disposto no art. 194, IV e 201, § 2°, da Carta Magna. Precedentes.II - Apos a edigao das leis de custeio e beneficios da previdencia social, impossivel a revisdo de beneficios previdenciarios vincu­lada ao salario minimo. Precedentes. I ll - Recurso protelatorio. Aplicagao de multa. IV - Agravo regimental improvido”.73

71 CASTRO, Carios Alberto Pereira de e LAZZARI, Joao Batista. O p. cit., p. 462,72 STF, RE 234779/RJ, Rel. M in. Sepulveda Pertence, 1a T, DJ 1 6 /0 4 /9 9 , p. 28.73 STF, Al 594561 A gR /M G , Rel. M in. Ricardo Lewandowski, DJe 152, de 1 3 /0 8 /2 0 0 9 .

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Os beneficios com renda mensal superior a um salario minimo serao pagos do primeiro ao quinto dia util do mes subsequente ao de sua competencia, observada a distribui^ao proporcional do numero de beneficiarios por dia de pagamento (Lei n° 8.213/91, art. 41-A, § 2°).

Os beneficios com renda mensal no valor de ate um salario mi­nimo serao pagos no periodo compreendido entre o quinto dia util que anteceder o final do mes de sua competencia e o quinto dia util do mes subsequente, observada a distribui^ao proporcional dos beneficiarios por dia de pagamento (Lei n° 8.213/91, art. 41-A, § 3°).

Para efeito de pagamento de beneficio, considera-se dia util aquele de expediente bancario com horario normal de atendimento.

O primeiro pagamento do beneficio sera efetuado ate quarenta e cinco dias apos a data da apresenta^ao, pelo segurado, da documenta^ao necessaria a sua concessao (Lei n° 8.213/91, a rt 41-A, § 5°).

O pagamento de parcelas relativas a beneficios efetuado com atra­so, independentemente de ocorrencia de mora e de quem Ihe deu causa, deve ser corrigido monetariamente desde o momento em que restou de- vido, pelo mesmo indice utilizado para os reajustamentos dos beneficios do RGPS, apurado no periodo compreendido entre o mes que deveria ter sido pago e o mes do efetivo pagamento (RPS, art. 175). Nesse senti­do, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO e p r o c e s s u a l c i v i l . AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CORRE^AO MO- NETARIA DAS PARCELAS PAGAS EM ATRASO RELATIVAS A DEBITO PREVIDENCIARIO. APLICAQAO DO INPC A PARTIR DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI 11.430/2006. 1. A partir da entrada em vigor da Lei 11.430/2006, que acrescentouo art. 41-A a Lei n° 8.213/91 efixou o INPC como indice de rea­juste dos beneficios, deve esse indice ser tambem aplicado para a corregao monetdria das parcelas pagas em atraso, nos termos do art. 31 da Lei n° 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). Precedentes desta Corte. 2. Agravo Regimental desprovido”74

Em regra, os pagamentos dos beneficios de presta^ao continua- da da previdencia social nao poderao ser antecipados. Contudo, excep-

1.5. Data de pagomento dos beneficios

74 STJ, A gR g no REsp 1 1 3 3 3 2 8 /S C , Rel. M in . N apoieao Nunes M a ia Filho, 5 a T., D ie 2 2 /0 2 /2 0 1 0 .

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cionalmente, nos casos de estado de calamidade publica decorrente de desastres naturals, reconhecidos por ato do Governo Federal, o INSS podera, nos termos de ato do Ministro de Estado da Previdencia Social, antecipar aos beneficiarios domiciliados nos respectivos municipios:(I) o cronograma de pagamento dos beneficios de prestacao continuada previdenciaria e assistencial, enquanto perdurar o estado de calamida­de; e (II) o valor correspondente a uma renda mensal do beneficio devi- do, excetuados os temporarios, mediante opcao dos beneficiarios (RPS, art. 169, § 1°). O valor antecipado sera ressarcido de forma parcelada, mediante desconto da renda do beneficio.

1.6. Acidente do trabalho

Acidente do trabalho e o que ocorre pelo exercicio do trabalho a servico da empresa ou pelo exercicio do trabalho do segurado especial, provocando lesao corporal ou perturbacao funcional que cause a morte ou a perda ou redu^ao, permanente ou temporaria, da capacidade parao trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 19).

Consideram-se ainda acidenta do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 20):I - doenca profissional, assim entendida a produzida ou desencade-

adapelo exercicio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relacao elaborada pelo Ministerio da Previdencia Social;

II ~ doenca do trabalho, assim entendida a adquirida ou desen-cadeada em funcao de condicoes especiais em que o trabalho e realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relacao mencionada no inciso I.

A relacao de agentes patogenicos causadores de doencas profis- sionais ou do trabalho encontra-se no anexo II do Regulamento da Pre­videncia Social (RPS).

Em caso excepcional, constatando-se que a doenca nao incluida na citada relacao resultou das condicoes especiais em que o trabalho e executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdencia Social deve considera-la acidente do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 20, § 2°).

Nao sao consideradas como doenca do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 20, § 1°):

a) a doenca degenerativa;

Capitulo 5

o Prestafoes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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b) a inerente a grupo etario;c) a que nao produza incapacidade laborativa;d) a doenca endemica adquirida por segurado habitante de regiao

em que ela se desenvolva, salvo comprova<;ao de que e resultante de exposicao ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

1.6.1. Hipoteses equiparados a acidente do trabalho

De acordo com o art. 21 da Lei n° 8.213/91, equiparam-se tambem ao acidente do trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora nao tenha sido acausa unica, haja contribuido diretamente para a morte do segurado, para reducao ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesao que exija aten^ao medica para a sua recuperacao;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horario do tra­balho, em consequencia de:

a) ato de agressao, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa fisica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudencia, de negligencia ou de impericia de ter­ceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razao;e) desabamento, inunda<;ao, incendio e outros casos fortuitos

ou decorrentes de for^a maior;

III - a doenca proveniente de contaminacao acidental do empregadono exercicio de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local ehorario de trabalho:

a) na execucao de ordem ou na realiza^ao de servico sob a autoridade da empresa;

b) na presta^ao espontanea de qualquer servico a empresa para lhe evitar prejuizo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a servico da empresa, inclusive para estudo quan­do financiada por esta dentro de seus pianos para melhor

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capacita<;ao da mao de obra, independentemente do meio de locomocao utilizado, inclusive veicuio de propriedade do segurado;

d) no percurso da residencia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomocao, inclu­sive veicuio de propriedade do segurado.

Nos periodos destinados a refei^ao ou descanso, ou por ocasiao da satisfacao de outras necessidades fisiologicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado e considerado no exercicio do trabalho (Lei n° 8.213/91, a rt 21,1°).

1.6.2. Nexo tecnico epidemiologico

A pericia medica do INSS considerara caracterizada a natureza acidentaria da incapacidade quando constatar ocorrencia de nexo tec­nico epidemiologico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relacao entre a atividade da empresa e a entidade morbida motivadora da inca­pacidade elencada na Classifi.ca$ao Internacional de Doen^as - CID, em conformidade com o disposto na Lista B do Anexo II do Regulamento da Previdencia Social (Lei n° 8.213/91, art. 21-A). Ou seja, o nexo tecnico epidemiologico - NTE permite que a pericia medica do INSS reconhe^a £ determinada incapacidade como acidentaria, mesmo que a empresa nao st tenha feito nenhuma Comunica<;ao de Acidente de Trabalho - CAT a ^ Previdencia Social Mas a empresa podera requerer a nao aplicacao do ^ nexo tecnico epidemiologico, de cuja decisao cabera recurso com efeito | suspensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdencia Social (Lei n° 8.213/91, art. 21-A, § 2°). £

©Por exemplo, se o segurado tem LER (lesao por esfor^o repetitivo), e ^

e digitador, ja podera a Previdencia assumir o beneficio como acidentario, °|- mesmo sem a CAT. Este novo procedimento e de especial importancia ^ para as doen^as ocupacionais, nas quais as empresas apresentam grande | resistencia a emissao da CAT.

Reconhecidos pela pericia medica do INSS a incapacidade para o J trabalho e o nexo entre o trabalho e o agravo, serao devidas as presta- Coes acidentarias a que o beneficiario tenha direito (RPS, art. 337, § 5°). |

Sendo o beneficio caracterizado como acidentario, durante o afas- tamento do trabalho o segurado faz jus ao deposito do FGTS e goza de g*

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estabilidade no emprego por 12 meses apos a cessa^ao do auxilio-doen- Ca. Sendo o beneficio caracterizado como comum (nao acidentario), tais direitos nao Ihe sao assegurados.

1.6.3. Comunicacao do Acidente de Trabalho - CAT

A empresa devera comunicar o acidente do trabalho a Previdencia Social ate o primeiro dia util seguinte ao da ocorrencia e, em caso de morte, de imediato, a autoridade competente, sob pena de multa vari- avel entre o limite minimo e o limite maximo do salario-de-cont ribui- Cao, sucessivamente aumentada nas reincidencias, aplicada e cobrada pela Previdencia Social (Lei n° 8.213/91, art. 22). Receberao copia fiel desta comunicacao o acidentado ou seus dependentes, bem como o sin­dicato a que corresponda a sua categoria (Lei n° 8.213/91, art. 22, § 1°).

Na falta de comunicacao por parte da empresa, podem formaliza-la:a) o proprio acidentado ou seus dependentes;b) a entidade sindical competente;c) o medico que assistiu o acidentado; oud) qualquer autoridade publica.

Quando a comunicacao nao e feita pela empresa, as pessoas aci~ ma relacionadas poderao formaliza-la, independentemente de prazo. A comunicacao formalizada por estas pessoas nao isenta a empresa da res- ponsabilidade pela ausencia da comunicacao no prazo legal.

1.6.4. Dia do acidente

Considera-se como dia do acidente, no caso de doenca professio­nal ou do trabalho, a data do inicio da incapacidade laborativa para o exercicio da atividade habitual, ou o dia da segregacao compulsoria, ou o dia em que for realizado o diagnostico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (Lei n° 8.213/91, art. 23).

1.6.5. Estabilidade no emprego

O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo minimo de doze meses, a manutencao do seu contrato de traba-

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Iho na empresa, apos a cessacao do auxilio-doenca acidentario, inde­pendentemente de percepcao de auxilio-acidente (Lei n° 8.213/91, art. 118). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“EMENTA: 1. Acidente do trabalho: manutengdo do contrato de trabalho: L. 8.213/91, art. 118, caput (constitucionalidade). Na ADln 639,02.06.2005, Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal julgou constitucional o caput do art 118 da L. 8.213/91 - quegarante a ma­nutengdo do contrato de trabalho, em caso de acidente do trabalho, pelo prazo minimo de doze meses, apos a cessagdo do auxilio-doenga, independentemente da percepgdo de auxilio-acidente. O Tribunal assentou que o dispositivo nao afronta o inciso I do art. 7° da Cons- Utuigdo Federal, porque ndo versa sobre regime de estabilidade, nem contraria o artigo 10 do ADCT, porque ndo dispoe sobreprotegdo de emprego, materias reservadas a lei complementar”.75

1 . Beneficios do RGPS

Neste topico, estudaremos as regras aplicaveis a cada beneficio disponibilizado pelo Regime Geral de Previdencia Social (RGPS).

2.1. Aposentadoria por invalidez

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carencia exi- gida, quando for o caso, sera devida ao segurado que, estando ou nao em gozo de auxilio-doenca, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetivel de reabilitacao para o exercicio de atividade que lhe garanta a subsistencia, e ser-lhe-a paga enquanto permanecer nessa condicao (art 42 da Lei n° 8.213/91).

2.1.1. VerificGcao da incapacidade

A concessao de aposentadoria por invalidez dependera da veri- ficacao da condicao de incapacidade, mediante exame medico-pericial a cargo da previdencia social, podendo o segurado, as suas expensas, fazer-se acompanhar de medico de sua confianca. Concluindo a pericia medica pela existencia de incapacidade total e definitiva para o trabalho,

7 5 STF, A i-A gR 5 4 4 0 3 1 /M G , Rel. M in . Sepulveda Pertence, 1a T, DJ 2 0 /0 4 /2 0 0 6 .

Capitulo 5

«■ PrestagSes do Regim

e Geral de

Previdencia Social

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a aposentadoria por invalidez sera concedida. Todavia, havendo prog­nostics de recupera<;ao para a atividade anterior ou outra, o beneficio a ser concedido deve ser o auxilio-doenca.

Para que seja concedido o beneficio de aposentadoria por invali­dez, nao ha necessidade de concessao previa de auxilio-doenca. A inca­pacidade para o trabalho insuscetivel de reabilitacao, em alguns casos, pode ser constatada de imediato pelo medico perito, em face da gravi- dade das lesoes a integridade fisica ou mental do individuo. No entan- to, nem sempre e possivel verificar a incapacidade total e definitiva de imediato, Por isso> na maioria das vezes, concede-se inicialmente ao se­gurado o beneficio de auxilio-doenca e, posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno a atividade laborativa, transforma-se o beneficio inicial em aposentadoria por invalidez.

A concessao de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transformacao de auxilio-doenca, esta condicionada ao afastamento de todas as atividades.

A aposentadoria por invalidez e um beneficio provisorio, pois o segurado pode, em certos casos, recuperar-se. Por isso, o segurado apo~ sentado por invalidez esta obrigado, a qualquer tempo, independente- mente de sua idade e sob pena de suspensao do beneficio, a submeter-se a exame medico a cargo da previdencia social, processo de reabilitacao profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gra~ tuitamente, exceto o cirurgico e a transfusao de sangue, que sao faculta- tivos. Os exames medico-periciais serao realizados bienalmente.

O aposentado por invalidez que se julgar apto a retornar a ativida­de devera solicitar a realizacao de nova avaliacao medico-pericial.

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2.].2. Doenca preexistenfe

A doenca ou lesao de que o segurado ja era portador ao filiar-se ao RGPS nao lhe conferira direito a aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressao ou agrava- mento dessa doenca ou lesao (§ 2° do art. 42 da Lei n° 8.213/91).

2.1.3. Beneficiarios

Todos os segurados tem direito a aposentadoria por invalidez.

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2.1.4. Carencia

O periodo de carencia para a concessao da aposentadoria por in­validez e, em regra, de 12 con tribu tes mensais. Todavia, a concessao independe de carencia nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de segu­rado que, apos filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das seguintes doen^as: tuberculose ativa, hanseniase, aliena^ao mental, neoplasia ma­ligna, cegueira, paralisia irreversivel e incapacitante, cardiopatia grave, doenca de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avan^ado de doenca de Paget (osteite deformante), AIDS, conta- mina^ao por radia^ao com base em conclusao da medicina especializa- da ou hepatopatia grave (IN INSS n° 45/2010, art. 152, III).

Em casos de acidente, para que haja a dispensa da carencia, nao e necessario que seja acidente de trabalho. A lei refere-se a acidente de qualquer natureza ou causa. Entende-se como acidente de qualquer na­tureza ou causa aquele de origem traumatica e por exposi^ao a agentes exogenos (fisicos, quimicos ou biologicos), que acarrete lesao corporal ou perturba^ao funcional que cause a morte, a perda ou a redugao per­manente ou temporaria da capacidade laborativa.

Para o segurado especial, basta a comprova^ao do exercicio de ati­vidade pelo periodo equivalente ao numero de meses correspondente a carencia do beneficio requerido.

Havendo perda da quaiidade de segurado, para habilitar-se nova- mente ao beneficio da aposentadoria por invalidez, o segurado nao ne- cessitara cumprir a carencia de mais 12 contributes mensais. A regra prevista no paragrafo unico do art. 24 da Lei n° 8.213/91 permite a con­tagem das contributes anteriores, desde que o segurado implemente, a partir da nova filiacao, um ter<;o do numero de con tribu tes exigidas para o cumprimento da carencia do beneficio. Para a aposentadoria por invalidez, isso representa quatro con tribu tes mensais.

2.1.5. Renda mensal inicial

A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez correspon- de a 100% do salario-de-beneficio.

Para o segurado especial, a renda mensal da aposentadoria por invalidez e de um salario minimo. Todavia, caso o segurado especial te~

Capitulo 5

«■ Presta$oe$ do Regim

e Geral de Previdincia

Social

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nha optado por contribuir, facultativamente, com 20% sobre o salario- -de-contribui^ao, a renda mensal do beneffcio sera calculada de forma igual a aplicada para os demais segurados.

a) Renda mensal da aposentadoria por invalidez precedida deauxilio-doenca

A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedi- da por transformacao de auxilio-doenca sera de 100% do salario-de- -beneffcio que serviu de base para o calculo da renda mensal inicial do auxilio-doenca, reajustado pelos mesmos indices de correcao dos bene­ffcios em geral.

Quando o acidentado do trabalho estiver em gozo de auxllio- -doenca, o valor da aposentadoria por invalidez sera igual ao do auxi­lio-doenca se este, por forca de reajustamento, for superior a 100% do salario-de-beneffcio (§ 2° do art. 44 da Lei n° 8.213/91). Na pratica, isso dificilmente ocorrera, tendo em vista que a renda mensal do auxilio-do­enca e de 91% do salario-de-beneffcio e a da aposentadoria por invalidez e de 100% do salario-de-beneffcio.

b) Acrescimo de 25%

O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que neces- sitar da assistencia permanente de outra pessoa sera acrescido de 25%, podendo chegar, assim, a 125% do salario-de-beneffcio. O acrescimo sera devido, ainda que o valor da aposentadoria ultrapasse o limite ma­ximo do salario-de-contribuicao. Esse acrescimo cessara com a morte do aposentado, nao sendo incorporado ao valor da pensao por morte.

0 anexo I do Regulamento da Previdencia Social relaciona as si- tuacoes em que o aposentado por invalidez tera direito a majoracao de 25% na renda mensal de seu beneffcio. Sao as seguintes:

1 - Cegueira total.2 - Perda de nove dedos das maos ou superior a esta.3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pes, quando a protese

for imposslvel.5 - Perda de uma das maos e de dois pes, ainda que a protese seja

posslvel.6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando a protese

for imposslvel.

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7 - Altera^ao das faculdades mentals com grave perturba<;ao davida organica e social.

8 - Doen£a que exija permanencia contfnua no leito.9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida diaria.

A concessao do acrescimo de 25% depende do requerimento do segurado aposentado por invalidez. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ADICIONAL DE 25%. INOVAgAO DA LEI N. 8.213/1991. NE- CESSIDADEDE REQUERIMENTO. APLICACAO RETROATI- VA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos termos do artigo 45 da Lei de Beneficios, o segurado aposentado por invalidez que necessitar de assistencia permanente de outra pessoa, fard jus a um acres­cimo de 25%. 2. Se na epoca em que concedida a aposentadoria ao recorrente nao havia previsdo legal de acrescimo> somente a partir do surgimento da nova regra, mediante requerimento da parte interessada e comprovada a necessidade, nasce parao segurado o direito ao complemento. 3. O advento da norma autorizativa, por si, nao impoe a Previdencia o dever de revisar as aposentadorias em manutengao, haja vista a exigencia de que S’o beneficiado necessite de assistencia de outrem. Com efeito, a ? aferigao de tal circunstdncia depende, sem duvida, da iniciativa 3, do proprio interessado. 4. Recurso especial improvido”.76 *

ic) Salario-de-beneficio “2,Para a aposentadoria por invalidez, o salario-de-beneficio e a me-

dia aritmetica simples dos maiores salarios-de-contribuicao correspon- j?dentes a 80% de todo o periodo contributivo. |

No calculo do salario-de-beneficio da aposentadoria por invali- $dez nao se aplica o fator previdenciario. *

Para o segurado filiado a Previdencia Social ate 28/11/99, vespera ^da publicacao da Lei n° 9.876/99, so serao considerados para o calculo « do salario-de-beneficio os salarios-de-contribuicao referentes as com-petencias de julho de 1994 em diante. As competencias anteriores a ju- |*

7 6 STJ, REsp 11 0 4 0 0 4 /R S , Rel. M in . JORGE M U S S l, 5 a T., DJe 0 1 /0 2 /2 0 1 0 .

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lho de 1994 sao, assim, desprezadas para efeito do calculo do salario- -de-beneficio.

2.1.6. Data de inicio da aposentadoria por invalidez

I - Quando for precedida de auxilio-doenca - dia imediato ao dacessacao do auxilio-doenca.

II - Quando nao for precedida de auxilio-doenca:a) Para o segurado empregado: a contar do 16° dia do afasta­

mento da atividade ou a partir da data da entrada do reque­rimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de 30 dias; e

b) Para os demais segurados: a contar da data do inicio da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias.

Durante os primeiros 15 dias de afastamento consecutivos da ati­vidade por motivo de invalidez, cabera a empresa pagar ao segurado empregado o salario.

2.1.7. Cessacao do beneficio

0 aposentado por invalidez que retornar voluntariamente a ati­vidade tera sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno (Lei n° 8.213/91, art. 46).

Mas se a recuperacao da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez for verificada mediante avaliacao da pericia medica do INSS* o art. 47 da Lei n°. 8.213/91 manda que seja observado o seguinte procedimento:

1 - quando a recuperacao for total e ocorrer dentro de cinco anoscontados da data do inicio da aposentadoria por invalidez ou do auxilio-doenca que a antecedeu sem interrupcao, o beneficio cessara:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar a funcao que desempenhava na empresa ao se aposentar, na forma da legislacao trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade forne- cido pela previdencia social; ou

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b) apos tantos meses quantos forem os anos de dura^ao do auxilio-doenca e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; e

II - quando a recuperacao for parcial ou ocorrer apos cinco anos (contados da mesma forma do item I), ou ainda quando o se­gurado for declarado apto para o exercicio de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria sera mantida, sem prejuizo da volta a atividade:a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data

em que for verificada a recuperacao da capacidade;b) com reducao de 50%, no periodo seguinte de seis meses; ec) com reducao de 75%, tambem por igual periodo de seis

meses, ao termino do qual cessara definitivamente.

Recuperada a capacidade laborativa, o segurado ja pode retornar ao trabalho, mesmo nos casos em que ainda fique por certo periodo recebendo a aposentadoria por invalidez. Assim, ha casos em que e per- mitido o aposentado por invalidez retornar ao trabalho, sem prejuizo do recebimento da aposentadoria (sao os casos previstos nos itens I, “b” e II, acima vistos). Tratam-se das denominadas "mensalidades de recu­peracao”, que procuram assegurar ao segurado um retorno a atividade com certa tranquilidade.

Alem das hipoteses previstas acima, a aposentadoria por invalidez tambem cessara em razao da morte do segurado.

2.1.8. Situacao trabalhista do empregado

De acordo com o art. 475 da CLT, “o empregado que for aposenta­do por invalidez tera suspenso o seu contrato de trabalho durante o pra­zo iixado pelas leis de previdencia social para a efetivacao do beneficio”

Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe-a assegurado o direito a funcao que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porem, ao empregador,o direito de indeniza-lo por rescisao do contrato de trabalho (CLT, art. 475, § P).

No campo do Direito do Trabalho ha a seguinte discussao: se a aposentadoria por invalidez for cancelada apos cinco anos, contados da data do inicio da aposentadoria por invalidez ou do auxilio-doenca que

Capitulo 5

» Presta foes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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a antecedeu sem interrup^ao, o empregado tera direito a retornar ao emprego?

Nos termos do a rt 475 da CLT, no caso de aposentadoria por in­validez, o contrato de trabalho fica suspenso "durante o prazo fixado pelas leis de previdencia social para a efetiva^ao do beneficio” Todavia, a atual reda^ao do a rt 101 da Lei n°. 8.213/91 nao estabelece prazo para a efetiva^ao da aposentadoria por invalidez. Assim, se for verificada a recupera^ao da capacidade de trabalho, mesmo apos cinco anos, a apo­sentadoria por invalidez podera ser cancelada. Portanto, a efetiva^ao da aposentadoria por invalidez nunca ocorrera e, por conseguinte, en­quanto o beneficio durar, nao havera o termino do contrato de trabalho.

Todavia, ha quem pense diferente. ARNALDO SUSSEKIND en- tende que a Lei n°. 8.213/91 estabeleceu o prazo maximo gerador da suspensao do contrato de trabalho em cinco anos. Para ele, a materia em foco esta explicitada no art. 47 da precitada lei que faz a seguinte distin- 9§o: para o empregado que se reabilitar antes de cinco anos, a aposen­tadoria cessa de imediato; ja para o empregado que se reabilitar depois do quinquenio, a lei assegura a manuten^ao da aposentadoria por mais algum tempo (18 meses). Assim, na opiniao deste jurista, “a empresa so estara obrigada a readmitir o empregado quando a recupera^ao da capacidade de trabalho verificar-se durante a suspensao do contrato de trabalho; isto e, na fluencia dos cinco anos em que esteve afastado dos servi^os da empresa usufruindo o beneficio previdenciario” 77.

A jurisprudencia tambem nao e pacifica a respeito desta discus- sao, como podemos observar nas sumulas abaixo transcritas:

Sutnula 160 do TST: Cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo apos cinco anos, o trabalhador tera direito de retornar ao emprego, facultado, porem, ao empregador, indenizd~lo na forma da lei

Sumula 217 do STF: Tem direito de retornar ao emprego ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o empregado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva apos esse prazo.

77 S0SSEK1ND, Arnaldo. Op. cit. p. 294.

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Quadro Resumo - Ap6is<^^

Fato geradorIncapacidade permanente e total para o trabalho e insusce- tivel de reabilita<;ao para o exercicio de atividade que lhe ga- ranta a subsistencia

Beneficiarios Todos os segurados

CarenciaEm regra, 12 contribuicoes mensais. Todavia, quando a inva­lidez for decorrente de acidente ou de alguma doenca especi- ficada em lista do MPS, nao sera exigida a carencia

Renda mensal inicial

I - Nao precedida de auxilio-doenca - 100% do SBII ~ Precedia de auxilio-doenca - 100% do SB que serviu de base para o calculo da renda mensal inicial do auxilio- -doenca, reajustado pelos mesmos indices de correcao dos beneficios em geralSera acrescida de 25%, se o segurado necessitar da assistencia permanente de outra pessoa. Nesse caso, podera ultrapassar o limite maximo do salario-de-contribuicao

Data do inicio do beneficio

I - Precedida de auxilio-doenca - dia imediato ao da cessacao do auxilio-doencaII - Nao precedida de auxilio-doenca:a) para o segurado empregado: a contar do 16° dia do afas­tamento da atividade ou a partir da data da entrada do re­querimento, se entre o afastamento e a entrada do requeri­mento decorrerem mais de 30 dias eb) para os demais segurados: a contar da data do inicio da in­capacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias

Cessacao do beneficio

Retomo voluntario a atividade Recuperacao da capacidade laborativa e Morte do segurado

2.2 . Aposentadoria por idade

A aposentadoria por idade sera devida ao segurado que, cumprida a carencia exigida, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se ho- mem, e 60 (sessenta), se mulher (Lei n° 8.213/91, art. 48).

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Capitulo 5

♦ Presta$oes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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Os limites de idade sao reduzidos para 60 (sessenta) e 55 (cinquen- ta e cinco) anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente ho- mens e mulheres, referidos na alinea a do inciso I, na alinea g do incisoV e nos incisos VI e VII do art. 11 da Lei n° 8.213/91, bem como para os garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de econo­mia familiar.

Assim, os limites de idade sao reduzidos em cinco anos quando se trata dos seguintes trabalhadores:

a) Empregado rural (Lei n° 8.213/91, art. 11, 1, “a”);b) Trabalhador que presta servico de natureza rural, em carater

eventual, a uma ou mais empresas, sem rela<;ao de emprego (Lei n° 8.213/91, a rt 11, V, “g”);

c) Trabalhador avulso rural (Lei n° 8.213, art. 11, VI);d) Segurado especial (Lei n° 8.213/91, a rt 11, VII); ee) Garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime de

economia familiar (CF, a rt 201, § 7°, II).

Atente-se para o fato de que o garimpeiro nao e segurado espe­cial, mas contribuinte individual. Todavia, o garimpeiro beneficia-se da reducao de cinco anos da idade exigida para a aposentadoria por idade, desde que trabalhe em regime de economia familiar.

Para beneficiar-se da reducao de cinco anos na aposentadoria por idade, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercicio de ativi­dade rural, ainda que de forma descontmua, no periodo imediatamente anterior ao requerimento do beneficio ou, conforme o caso, ao mes em que cumpriu o requisito etario, por tempo igual ao numero de meses de contribuicao correspondente a carencia do beneficio pretendido (RPS, a rt 51, § 1°).

Caso o trabalhador rural nao alcance o tempo minimo de ativida- de rural para fins de aposentadoria, podera somar este tempo a outros em quaisquer atividades para fins de aposentadoria por idade pela regra geral. Neste caso, fara jus ao beneficio ao completar 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher.

De acordo com o art. 143 da Lei n° 8.213/91, o trabalhador rural (enquadrado como empregado, trabalhador avulso, contribuinte indivi­dual ou segurado especial) pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salario minimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigencia desta Lei (25/07/1991), desde que comprove o exercicio

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de atividade rural, ainda que descontinua, no periodo imediatamente anterior ao requerimento do beneficio, em numero de meses identico a carencia do referido beneficio. Assim, durante este periodo, a concessao da aposentadoria por idade para estes trabalhadores rurais independe da comprovacao de qualquer recolhimento de contribuicao previden­ciaria. O periodo de quinze anos chegou ao seu termino no dia 25 de julho de 2006. Todavia, para o trabalhador rural empregado, o art. 2° da Lei n° 11.718/2008 prorrogou este prazo ate 31 de dezembro de 2010.Esta prorrogacao tambem se apllca ao trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual que presta servicos de na­tureza rural, em carater eventual, a uma ou mais empresas, sem relacao de emprego (Lei n° 11.718/2008, art. 2°, paragrafo unico).

2.2.1. Perda da qualidade de segurado

A perda da qualidade de segurado nao sera considerada para a con­cessao da aposentadoria por idade, desde que o segurado conte com, no mlnimo, o numero de contribuicoes mensais exigido para efeito de caren­cia na data do requerimento do beneficio (Lei n° 10.666/2003, art. 3°, § 1°).

! Exemplo 1: ••Maria trabalhavacomo empregada da empresa Beta' S;A.- desde 01/03/1980. Em 01/05/1995, foi demitida e, a partir da data da de- missao, nao exerceu mais; nenhuma atividade remunerada nem i cohtribuiii como segurada facultativa para a previdencia 'social;Em 2005, Maria completou 60 anos de idade. Nessa situacao, ela • tera direito a aposentadoria por idade, riiesmo tehdo perdido a qualidade de segurada, pois conta com 180 contribuicoes mensais (periodo de 01/03/80 a 01/03/95). - ' ^

I Exemplo 2; _•Joaquim exerceu atividade remunerada e contribui ^fa':^ yrevi-:;

' dericia dos 16 aos 31 anos de idade. Assim, quando completar.65 anos de idade, ele tera direito a aposentadoria por idade, ^mesmo que, a partir dos 31 anos de idade, nunca mais exer^a^atividade remunerada. . • • • ' .. : /•/ • ' y/,...-;-;!;. :'v-; :•: .

2.2 .2 . Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna

O aposentado por idade pode continuar exercendo atividade remunerada. O STF ja decidiu que a aposentadoria voluntaria nao ex-

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Capitulo 5

«• Prestagoes do Regim

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Previdencia Social

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estingue o vinculo de emprego78. O retorno a atividade nao prejudica o recebimento de sua aposentadoria, que sera mantida no seu valor inte­gral. Retornando a atividade, o aposentado sera obrigado a contribuir para a previdencia. A contribuicao incidira sobre a remunerado que ele receber em decorrencia do seu trabalho, e nao sobre os proventos da aposentadoria.

De acordo com o disposto no § 2° do art. 18 da Lei n° 8.213/91, “o aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Re­gime, ou a ele retornar, nao fara jus a presta^ao alguma da Previdencia Social em decorrencia do exercicio dessa atividade, exceto ao salario - -familia e a reabilitacao profissional, quando empregado”. Em contra- dicao com a Lei n° 8.213/91, o art. 103 do Regulamento da Previdencia Social (Decreto 3.048/99) garante a segurada aposentada que retornar a atividade o direito ao salario-maternidade. No entanto, este dispositivo do Regulamento esta em consonancia com o inciso XVIII do art. 7° da Constituicao Federal, que assegura para as trabalhadoras a licenca a gestante, sem prejuizo do emprego e do salario, com a duracao de cento e vinte dias. A aposentada que retorna a atividade e uma trabalhadora. Se durante a licenca-maternidade ela nao tivesse direito ao recebimento do salario-maternidade, haveria o prejuizo do salario, que e expressa- mente vedado pelo inciso XVIII do art. 7° da Constituicao Federal,

2 .2 .3 . Aposentadoria compulsoria

A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado tenha cumprido a carencia, quando este completar 70 anos de idade, se do sexo masculino, ou 65, se do sexo feminino. Nes­se caso, aposentadoria por idade sera compulsoria, sendo garantida ao empregado a indenizacao prevista na legislacao trabalhista, considerada como data da rescisao do contrato de trabalho a imediatamente anterior a do inicio da aposentadoria.

Na situacao aqui descrita, a aposentadoria e compulsoria sob o ponto de vista do segurado. A empresa “pode” requerer, mas nao e obri- gada a requerer a aposentadoria do segurado com 70 anos de idade (ho­mem) ou 65 (mulher). Assim, do ponto de vista da empresa, a aposenta­doria nao e compulsoria.

7 8 STF, A D In 1 7 2 1 /D F , Re!. M in . Carlos Britto, DJ 2 9 /0 6 /2 0 0 7 , p. 8 4 .

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2.2.4. Beneficiarios

Todos os segurados tem direito a aposentadoria por idade.

2.2 .5 . Carencia

Em regra, a carencia exigida para a concessao da aposentadoria por idade e de 180 con tribu tes mensais (Lei n° 8.213/91, art. 25, II). Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social Urbana ate 24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais antes amparados pela Previdencia Social Rural, observa-se a regra de transi­cao prevista no art. 142 da Lei n° 8,213/91.

Para o segurado especial, considera-se periodo de carencia o tem­po minimo de efetivo exercicio de atividade rural, ainda que de forma descontinua, igual ao numero de meses necessario a concessao do be­neficio requerido. Assim, para o segurado especial, a carencia nao sera contada em numero de con tribu tes mensais, mas em numero de me­ses de efetivo exercicio de atividade rural.

2.2 .6 . Renda mensal inicial

A renda mensal inicial da aposentadoria por idade corresponde a 70% do salario-de-beneficio, acrescido de 1% deste para cada grupo de 12 co n trib u tes mensais, ate o maximo de 100% do salario-de- -beneficio.

Joao coniiecou a Gontribuir para a preyid&ncia.'como Segurado facul-'^iativo, na data em:

• plefou ;<$5. apbs de Joao rgquereu - a iajposentadona por idade:

. rad d.: Nesse caso^a; rehda m en ^lcfe 90%. ddskla-;g'rio^de-frenefe

Para o calculo do salario-de-beneficio da aposentadoria por ida­de, a aplica<;ao do fator previdenciario e facultativa. Na verdade, o INSS fica obrigado a fazer dois calculos: o primeiro, aplicando o fator previ­denciario; o segundo, sem aplicar o fator previdenciario. Sera concedido ao segurado aquele que Ihe for mais vantajoso.

Capitulo 5

Prestagoes do Regim

e Geral de Previdincia

Social

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Para o segurado especial, a renda mensal da aposentadoria por idade e de um salario minimo. Todavia, caso o segurado especial tenha optado por contribuir, facultativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuicao, a renda mensal do beneficio sera calculada de forma igual a aplicada para os demais segurados.

2.2.7. Data de inicio do beneficio

A aposentadoria por idade sera devida:

I - Para os segurados empregado e empregado domestico:a) A partir da data do desligamento do emprego, quando reque-

rido no prazo de 90 dias, contados da data do desligamento; ou

b) A partir da data do requerimento, quando nao houver desli- gamento do emprego ou quando for requerida depois de 90 dias, contados da data do desligamento;

II - para os demais segurados, a partir da data da entrada do re­querimento.

Como se pode ver, para requerer aposentadoria por idade, o segu­rado nao precisa desligar-se do emprego.

2.2.8. Cessacao do beneficio

As aposentadorias por idade, tempo de contribuicao e espe-J cial. concedidas pelo RGPS sao irreversiveis e irrenunciaveis (RPS,^ art. I81-B). No entanto, o segurado pode desistir do seu pedido de^ aposentadoria desde que manifeste esta intencao e requeira o arqui-* vamento definitivo do pedido antes da ocorrencia do primeiro de5 um dos seguintes atos: (I) - recebimento do primeiro pagamento do| beneficio; ou (II) - saque do respectivo FGTS ou PIS (RPS, art. 181-B,I paragrafo unico).^ Assim, a aposentadoria por idade tem carater definitivo, so ces-f sando com a morte do segurado. Contudo, o STJ tem admitido a re-“ nuncia a aposentadoria sob regime geral para efeito de aproveitamento^ do respectivo tempo de contribuicao em regime proprio de previdencia| social. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

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“PREVIDENCIARIO. MUDANQA DE REGIME PREVI­DENCIARIO. RENUNCIA A APOSENTADORIA ANTERIOR COM O APROVEITAMENTO DO RESPECTIVO TEMPO DE CONTRIBUICAO. POSSIBILIDADE. DIREITO DISPONIVEL. DEVOLUQAO DOS VALORES PAGOS. NAO OBRIGATO- RIEDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. Tratando-se de direito dispomvel, cabivel a renuncia a aposentadoria sob regime geral para ingresso em outro estatutario. 2. “O ato de renunciar a aposentadoria tem efeito ex nunc e nao gera o dever de devolver valores, pois, enquanto perdurou a aposentadoria pelo regime geral, os pagamentos, de natureza alimentar, eram indiscutivel- mente devidos" (REsp 692.628/DFi Rel Min. NILSON NAVES, DJ de 5/9/05). 3. Recurso especial improvido”7$.

O STJ tambem tem admitido a renuncia a aposentadoria por ida­de, na qualidade de ruricola, para efeito de recebimento de aposentado­ria por idade mais vantajosa, de natureza urbana. Nesse sentido:

“PREVIDENCIARIO. RECURSO ESPECIAL. RENUNCIA A BENEFICIO PREVIDENCIARIO. POSSIBILIDADE. DIREI­TO PATRIMONIAL DISPONIVEL. ABDICAQAO DE APO­SENTADORIA POR IDADE RURAL PARA CONCESSAO DE APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. 1. Tratando~se de direito patrimonial dispomvel, e cabivel a renuncia aos benefi­cios previdenciarios. Precedentes. 2. Fazjus o Autor a renuncia da aposentadoria que atualmente percebe - aposentadoria por idade, na qualidade de ruricola - para o recebimento de outra mais vantajosa - aposentadoria por idade, de natureza urbana.3. Recurso especial conhecido e provido1*80.

Segundo o entendimento do STJ, a renuncia a aposentadoria, para fins de aproveitamento do tempo de contribuicao e concessao de novo beneficio, seja no mesmo regime ou em regime diverso, nao importa era devolucao dos valores percebidos, pois enquanto perdurou a aposenta­doria pelo regime geral, os pagamentos, de natureza alimentar, eram indiscutivelmente devidos.81

79 STJ, REsp 663336/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5* T, DJ 07/02/2008, p. 1.

80 STJ, REsp 310834/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, 5a T, DJ 26/09/2005, p. 433.81 STJ, REsp 1113682/SC, Rel. Min. Napoleao Nunes Maia Filho, 5a T., DJe 26/04/2010.

Capitulo 5

* Prestafoes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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Fato gerador

Idade de 65 anos, se homem, ou 60, se mulher A idade sera reduzida para 60 anos, se homem, ou 55, se mu­lher, para o trabalhador rural, para o segurado especial e para o garimpeiro que trabalha em regime de economia familiar (CF, art. 201, § 7°, II)

Beneficiarios Todos os segurados

CarenciaEm regra, 180 contribuicoes mensais. Para os segurados inscritos ate 24/07/91, observa-se a regra de transicao pre­vista no art. 142 da Lei n° 8.213/91

Renda mensal 70% do SB + 1% do SB para cada grupo de 12 contribuicoes mensais, nao podendo superar 100% do SB

Inicio do beneficio

I - Para os segurados empregado e empregado domestico:a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requerido no prazo de 90 dias, contados da data do desli­gamento oub) a partir da data do requerimento, quando nao houver desligamento do emprego ou quando for requerida depois de 90 dias, contados da data do desligamentoII - Para os demais segurados, da data da entrada do reque­rimento

Cessacao do beneficio Somente com a morte do segurado

2.3. Aposentadoria por tempo de contribuicao

A aposentadoria por tempo de contribuicao, uma vez cumprida a carencia exigida, sera devida ao segurado que completar 35 anos de contribuicao, se homem, e 30 anos de contribuicao, se mulher (CF, art. 201, § 7°, I).

No RGPS, nao ha exigencia de idade minima para a concessao de aposentadoria por tempo de contribuicao. Embora a idade minima (de 60 anos para homem e 55 para mulher) constasse do projeto original da Emenda Constitucional n° 20/98, a proposta foi rejeitada pelo Congres- so Nacional. A exigencia cumulativa de idade e tempo de contribuicao so existe nos regimes proprios de previdencia social. No RGPS, aposen­tadoria por tempo de contribuicao e aposentadoria por idade sao bene­ficios distintos, cada um com seus respectivos requisitos.

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2.3.1. Aposentadoria do professor

Para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exerdcio em fun^ao de magisterio na educacao infantil, no ensino fun­damental ou no ensino medio, o requisito da aposentadoria por tempo de contribuicao sera de 30 anos de contribuicao para o homem e de 25 para a mulher (CF, art. 201, § 8°).

Para efeito da reducao de cinco anos na aposentadoria por tempo de contribuicao, considera-se funcao de magisterio a exercida por pro­fessor, quando exercida em estabelecimento de educacao basica em seus diversos niveis e modalidades, incluldas, alem do exercicio da docencia, as funcoes de direcao de unidade escolar e as de coordenacao e assesso- ramento pedagogico (RPS, art. 56, § 2°).

No julgamento da ADIn n° 3772, o STF entendeu que as ativi­dades de exercicio de direcao de unidade escolar e as de coordenacao e assessoramento pedagogico tambem terao o tempo de contribuicao reduzido em cinco anos, desde que exercidas por professores.82

Considera-se, tambem, como tempo de servico para concessao de aposentadoria de professor: (I) - o de servico publico Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal; (II) o de beneficio por incapacidade, recebido entre periodos de atividade; (III) o de beneficio por incapaci­dade decorrente de acidente do trabalho, intercalado ou nao.

A reducao de cinco anos no tempo de contribuicao e concedida so- mente aos professores que exercam o magisterio na educacao infantil, no ensino fundamental ou no ensino medio. Assim, o professor universitario nao tem direito a aposenta-se com o tempo de contribuicao reduzido. A aposentadoria por tempo de contribuicao dos professores universitarios obedece a regra aplicada aos demais segurados do RGPS (35 anos de con­tribuicao para os homens e 30 para as mulheres).

A comprovacao da condkao de professor far-se-a mediante a apre- sentacao: (I) do respectivo diploma registrado nos orgaos competentes federais e estaduais, ou de qualquer outro documento que comprove a habilitacao para o exercicio do magisterio, na forma de lei especifica; e(II) dos registros em Carteira Professional e/ou Carteira de Trabalho e Previdencia Social complementados, quando for o caso, por declaracao do estabelecimento de ensino onde foi exercida a atividade, sempre que

82 STF, ADI 3772/DF, Rei. Orig. Min. Carlos Britto, Rel. p / o acordao Min. Ricardo Lewando- wski, Data do Julgamento 29.10.2008.

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necessaria essa informacao, para efeito e caracteriza^ao do efetivo exer­cicio da funcao de magisterio.

E vedada a conversao de tempo de servico de magisterio, exercido em qualquer epoca, em tempo de servico comum.

} Exemplo;| Rosana trabalhou durante 20 anos como Professora de uma escola| de ensino fundamental. Posteriormente, Rosana deixou de ser Pro-| fessora e passou a ser empregada do Banco Alfa, onde trabalhou1 por um periodo de 4 anos e, em seguida, foi demitida. Hoje, devicioI estar desempregada, Rosana inscreveu-se como segurada faculta-i tiva, mas ainda nao recolheu nenhuma contribuicao. Nessa situa-'\ cao, para aposentar-se por tempo de contribuicao, Rosana tera de .j contribuir, ainda, por mais 6 anos, completando, assim, 30 anosdej contribuicao. Os 20 anos de contribuicao, efetuados na condicao\ de Professora, serao contados sem nenhum acrescimo.

2.3.2. Beneficiarios

Em regra, todos os segurados do RGPS tem direito a aposentado­ria por tempo de contribuicao. Todavia, e necessario que duas ressalvas sejam feitas:

1) O segurado especial so tem direito a este beneficio se contribuir, facultativamente, com a aliquota de 20% sobre o salario~de~ -contribuicao.

2) O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta propria, sem relacao de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo que contribuam com a aliquota de 11% sobre um salario minimo, nao farao jus a aposentadoria por tempo de contribuicao (Lei n° 8.213/91, art. 18, § 3°).

2.3.3. Carencia

Em regra, a carencia exigida para a concessao da aposentadoria por tempo de contribuicao e de 180 contribuicoes mensais. Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social Urbana ate 24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais antes ampara­dos pela Previdencia Social Rural, observa-se a regra de transicao pre­vista no art. 142 da Lei n° 8.213/91.

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De acordo com o art. 3° da Lei n° 10.666/2003, a perda da qua­iidade de segurado nao sera considerada para a concessao da aposen­tadoria por tempo de contribuicao. Assim, perdendo a quaiidade de segurado e, posteriormente, readquirindo essa quaiidade, o segurado podera aproveitar, para efeito da carencia da aposentadoria por tempo de contribuicao, todas suas contribuicoes anteriores, sem a exigencia de ter que recolher um numero de contribuicoes equivalente a um terco dessa carencia.

Por exemplo: Joaquim, apos 32 anos de servico, foi demitido da empresa Delta S.A. Ha 4 anos que Joaquim esta desempregado. Assim, ele ja perdeu a quaiidade de segurado. Hoje, Joaquim decidiu inscrever- -se no RGPS como segurado facultativo. Nessa situacao, para ter direito a aposentadoria por tempo de contribuicao, basta que Joaquim contri- bua por mais 3 anos. Os 32 anos de contribuicao, anteriores a perda da quaiidade de segurado, serao considerados para fins de carencia e de tempo de contribuicao.

Antes da vigencia da Lei n° 10.666/2003, de acordo com o exemplo acima citado, para que Joaquim aproveitasse, para efeito da carencia, os 32 anos de contribuicao anteriores a perda da quaiidade de segurado, teria que, apos a nova filiacao, recolher 60 contribuicoes mensais (5 anos de contribuicao), que e o equivalente a um terco da carencia exigida para a aposentadoria por tempo de contribuicao.

E possivel o segurado efetuar 180 contribuicoes mensais no perio­do de 15 anos. Assim, a exigencia de uma carencia de 180 contribuicoes mensais seria, aparentemente, contraditoria, pois o tempo de contribui­cao exigido e de 35 anos de contribuicao para o homem e 30 anos de contribuicao para a mulher. Mas nao ha contradicao, pois nem tudo que e considerado como tempo de contribuicao pode ser aproveitado para efeito de carencia.

Por exemplo: Rosana, apos exercer a medicina por um periodo de 20 anos, comprovou perante o INSS o exercicio autonomo da ativi­dade de medica, inscreveu-se no RGPS como contribuinte individual e recolheu todas suas contribuicoes em atraso. Nesse caso, Rosana conta- ra com 20 anos de tempo de contribuicao, mas para efeito de carencia nenhuma contribuicao sera contada. Isso ocorre porque para o contri­buinte individual, o periodo de carencia e contado da data do efetivo recolhimento da primeira contribuicao sem atraso, nao sendo conside-

Capftulo 5

» Prestagoes do

Regime

Geral de Previdincia

Social

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radas para esse fim as contribuicoes recolhidas com atraso referentes a competencias anteriores.

No exemplo acima citado, todas as contribuicoes recolhidas por Rosana estavam em atraso. Quando Rosana recolher sua primeira con­tribuicao sem atraso, a partir dessa data comeca a contar o seu periodo carencia.

2.3.4. Renda mensal inicial

0 valor da renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuicao e de 100% do salario-de-beneficio.

Para a aposentadoria por tempo de contribuicao, o salario-de-be- neficio e a media aritmetica simples dos maiores salarios-de-contribui- Cao correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo, multiplicada pelo fator previdenciario.

Para o segurado filiado a Previdencia Social ate 28/11/99, vespera da publicacao da Lei n° 9.876/99, so serao considerados para o calculo do salario-de-beneficio os salarios-de-contribuicao referentes as com- petencias de julho de 1994 em diante. As competencias anteriores a ju- lho de 1994 sao, assim, desprezadas para efeito do calculo do salario- -de-beneficio.

2 .3 .5 . Aposentadoria proporcional

A aposentadoria proporcional foi extinta pela Emenda Constitu­cional n° 20/98. No entanto, em virtude das regras de transicao da EC n° 20, os segurados filiados ao RGPS ate 16/12/98 (somente estes) ainda tem direito a aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao.

De acordo com o § 1° do art. 9° da Emenda Constitucional n° 20/98, o segurado que se tenha filiado ao RGPS ate 16/12/98 (data da publicacao da EC 20) pode aposentar-se com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao, quando atendidas as seguintes condicoes:

1 - contar com 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de idade, semulher; e

II - contar tempo de contribuicao igual, no minimo, a soma de:

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a) 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; eb) um periodo adicional de contribuicao equivalente a 40%

do tempo que, em 16/12/98 (data da publicacao da EC 20), faltaria para atingir o limite de tempo constante da alinea anterior. Esse periodo adicional e conhecido como “pedagio”

A renda mensal da aposentadoria proporcional sera equivalente a 70% do salario-de-beneficio, acrescido de 5% por ano de contribuicao que supere a soma dos tempos de contribuicao previstos no item II, ateo limite de 100%.

Como se observa, a aposentadoria proporcional e concedida aos segurados filiados ao RGPS ate 16/12/98 que cumpram tres requisites:

1) Idade minima: 53 anos, se homem, 48 anos, se mulher.2) Tempo de Contribuicao minimo: 30 anos de contribuicao, se

homem, 25 anos de contribuicao, se mulher.3) Pedagio: um periodo de contribuicao adicional equivalente a

40% do tempo que, em 16/12/98, faltava para atingir o limite de 30 anos de contribuicao, se homem, e 25 anos de contribuicao, se mulher.

Por exemplo: em 16/12/98, Maria Marta, empregada de um su- permercado, contava com 20 anos de contribuicao e 41 anos de idade. Isso significa que, em 16/12/98, Maria Marta faltava 5 anos para atin­gir 25 anos de contribuicao. Portanto, para ter direito a aposentadoria proporcional, Maria Marta tera de cumprir um pedagio de 2 anos (40% de 5 anos). Nesse caso, no dia 16/12/2005, Maria Marta tera direito a aposentadoria proporcional, pois nessa data contara com 48 anos de idade, 27 anos de contribuicao e tera cumprido o pedagio. O valor da aposentadoria proporcional sera de 70% do salario-de-beneficio. No en~ tanto, se Maria Marta decidir trabalhar mais um ano, deixando para se aposentar em 16/12/2006, a renda mensal da aposentadoria sera de 75% do salario-de-beneffcio.

2.3 .6 . Direito adquirldo

De acordo com o art. 3° da Emenda Constitucional n° 20, “e as- segurada a concessao de aposentadoria e pensao, a qualquer tempo, aos servidores publicos e aos segurados do regime geral de previdencia so­cial, bem como aos seus dependentes, que, ate a data da publicacao des-

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Regime

Geral de Previdencia Social

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ta Emenda (16/12/98), tenham cumprido os requisitos para a obtencao destes beneficios, com base nos criterios da legislacao entao vigente”.

E importante, portanto, que conhe^amos os requisitos da legisla­cao anterior a EC 20. No tocante a aposentadoria por tempo de servico, aos 30 anos de servico, se homem, e aos 25 anos de servico, se mulher, o segurado ja podia requerer o beneficio, independentemente de sua ida­de. A renda mensal inicial do beneficio era de 70% do salario-de-bene- ficio, acrescido de 6% para cada novo ano completo de atividade (alem dos 30 ou 25), ate o maximo de 100% do salario-de-beneficio.

Antes da Emenda 20, o salario-de-beneficio tambem era calcula­do de forma diversa: consistia na media aritmetica simples de todos os ultimos salarios-de-contribuicao dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da entrada do requerimento, ate o maximo de 36 (trinta e seis), apurados em periodo nao superior a 48 (quarenta e oito) meses. Naquela epoca nao existia fator previdenciario.

Assim, o segurado que em 16/12/98, ja contava com 30 ou 25 anos de servico, homem ou mulher respectivamente, tem o direito de reque­rer, a qualquer tempo, aposentadoria com renda mensal proporcional ao tempo de servico computado ate aquela data, com base nos criterios da legislacao entao vigente.

2.3.7. Tempo de contribuicao

De acordo com o disposto no art. 4° da Emenda Constitucional n° 20/98, “o tempo de servico considerado pela legislacao vigente para efeito de aposentadoria, cumprido ate que a lei discipline a materia, sera contado como tempo de contribuicao”. Devera, contudo, ser ob­servado o disposto no art. 40, § 10, da Constituicao Federal: “a lei nao podera estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contri­buicao fictido”

Como ainda nao foi aprovada a lei espedfica que defina o que deve ser considerado como tempo de contribuicao, consideram-se ainda aplicaveis os conceitos de tempo de servico para esse fim. Enquanto a lei espedfica sobre o assunto nao e aprovada, a legislacao previdencia­ria, em especial o Regulamento da Previdencia Social (RPS), determina algumas diretrizes, as quais serao aqui estudadas.

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Considera-se tempo de contribuicao o tempo, contado de data a data, desde o inicio ate a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdencia social, descontados os periodos le- galmente estabelecidos como de suspensao de contrato de trabalho, de interrupcao de exercicio e de desligamento da atividade (RPS, art. 59). Em razao dessa presun^ao, cabe ao contribuinte individual comprovar a interrupcao ou o encerramento da atividade pela qual vinha contribuin- do, sob pena de ser considerado em debito no periodo sem contribuicao.

De acordo com o art. 60 do Regulamento da Previdencia Social, ate que lei espedfica discipline a materia, sao contados como tempo de contribuicao, entre outros:

I - o periodo de exerdcio de atividade remunerada abrangidapela previdencia social urbana e rural, ainda que anterior a sua instituicao, respeitado o disposto no inciso XVII;

II - o periodo de contribuicao efetuada por segurado depois de terdeixado de exercer atividade remunerada que o enquadrava como segurado obrigatorio da previdencia social;

III - o periodo em que o segurado esteve recebendo auxilio-doencaou aposentadoria por invalidez, entre periodos de atividade;

IV - o tempo de servico militar, salvo se ja contado para inativi-dade remunerada nas Forcas Armadas ou auxiliares, ou para aposentadoria no servico publico federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que anterior a filiacao ao Regime Geral de Previdencia Social, nas seguintes condicoes:a) obrigatorio ou voluntario; eb) alternativo, assim considerado o atribuido pelas Forcas Ar­

madas aqueles que, apos alistamento, alegarem imperativo de consciencia, entendendo~se como tal o decorrente de crenca religiosa e de conviccao filosofica ou politica, para se eximirem de atividades de carater militar;

V - o periodo em que a segurada esteve recebendo salario--maternidade;

VI - o periodo de contribuicao efetuada como segurado facultativo;VII - o periodo de afastamento da atividade do segurado anistiado

que, em virtude de motivac&o exclusivamente politica, foi atingido por atos de excecao, institutional ou complementar,

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Geral de Previdincia

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ou abrangido pelo Decreto Legislativo n** 18, de 15 de de- zerabro de 1961, pelo Decreto-Lei n° 864, de 12 de setembro de 1969, ou que, em virtude de pressoes ostensivas ou expe- dientes oficiais sigilosos, tenha sido demitido ou compelido ao afastamento de atividade remunerada no periodo de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988;

VIII - o tempo de servico publico federal, estadual, do DistritoFederal ou municipal, inclusive o prestado a autarquia ou a sociedade de economia mista ou funda^ao instituida pelo Poder Publico, regularmente certificado na forma da Lei na 3.841, de 15 de dezembro de 1960, desde que a respectiva certidao tenha sido requerida na entidade para a qual o servico foi prestado ate 30 de setembro de 1975, vespera do inicio da vigencia da Lei n° 6.226, de 14 de junho de 1975;

IX - o periodo em que o segurado esteve recebendo beneficio porincapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou nao;

X - o tempo de servico do segurado trabalhador rural anteriora competencia novembro de 1991;

XI - o tempo de exercicio de mandato classista junto a orgao dedeliberacao coletiva em que, nessa qualidade, tenha havido contribuicao para a previdencia social;

XII - o tempo de servico publico prestado a administracao federaldireta e autarquias federais, bem como as estaduais, do Dis­trito Federal e municipals, quando aplicada a legislacao que autorizou a contagem redproca de tempo de contribuicao;

XIII - o periodo de licenca remunerada, desde que tenha havidodesconto de contribuicoes;

XIV - o periodo em que o segurado tenha sido colocado pelaempresa em disponibilidade remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuicoes;

XV - o tempo de servico prestado a Justica dos Estados, as ser-ventias extrajudiciais e as escrivanias judiciais, desde que nao tenha havido remuneracao pelos cofres publicos e que a atividade nao estivesse a epoca vinculada a regime proprio de previdencia social;

XVI - o tempo de atividade patronal ou autonoma, exercida ante-riormente a vigencia da Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 1960, desde que indenizado conforme o disposto no art. 122;

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XVII - o periodo de atividade na condicao de empregador rural, desde que comprovado o recolhimento de contribuicoes na forma da Lei n° 6.260, de 6 de novembro de 1975, com indenizacao do periodo anterior;

XVHI - o periodo de atividade dos auxiliares locals de nacionali­dade brasileira no exterior, amparados pela Lei n° 8.745, de 1993, anteriormente a 1° de Janeiro de 1994, desde que sua situacao previdenciaria esteja regularizada junto ao Instituto Nacional do Seguro Social;

XIX - o tempo de exercicio de mandato eletivo federal, estadual,distrital ou municipal, desde que tenha havido contribuicao em epoca propria e nao tenha sido contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdencia social;

XX - o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto aagentes nocivos quimicos, fisicos, biologicos ou associacao de agentes prejudiciais a saude ou a integridade fisica;

XXI - o tempo de contribuicao efetuado pelo servidor publico:(a) ocupante, exclusivamente, de cargo em comissao decla- rado em lei de livre nomeacao e exoneracao; (b) ocupante de. cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, nao esteja amparado por regime proprio de previdencia social; e (c) contratado por tempo determinado, nos termos do incisoIX do art. 37 da Constituicao Federal; e

XXII - o tempo exercido na condicao de aluno-aprendiz referenteao periodo de aprendizado profissional realizado em escola tecnica, desde que comprovada a remuneracao, mesmo que indireta, a conta do orcamento publico e o vinculo empregaticio.

Nao sera computado como tempo de contribuicao o ja conside­rado para concessao de qualquer aposentadoria do RGPS ou de outro regime de previdencia social (RPS, art. 60, § 1°).

Nao sera computado como tempo de contribuicao, para efeito de concessao de aposentadoria por tempo de contribuicao, o perio­do em que o segurado contribuinte individual (que trabalhe por con­ta propria, sem relacao de trabalho com empresa ou equiparado) ou facultativo tiver contribuido com a aliquota de 11% sobre o salario minimo, salvo se tiver complementado as contribuicoes mediante o

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recolhimento de mais 9%, acrescido de juros SELIC e multa de mora (Lei n° 8.213/91, art. 55, § 4°). Este periodo tambem nao sera compu- tado como tempo de contribuicao, para efeito dos beneficios previstos em regimes proprios de previdencia social, salvo se complementadas as contribuicoes mediante o recolhimento de mais 9%, acrescido de juros SELIC e multa de mora (Lei n° 8.213/91, art. 94, § 2°).

Para fins de concessao de beneficios do RGPS, os periodos de vin- culos que corresponderem a servicos prestados na condi^ao de servidor estatutario somente serao considerados mediante apresenta^ao de Cer- tidao de Tempo de Contribuicao fornecida pelo orgao publico compe­tente, salvo se o orgao de vinculacao do servidor nao tiver instituido regime proprio de previdencia social.

A comprovacao do tempo de servico, inclusive mediante justifi- cacao administrativa ou judicial, so produzira efeito quando baseada em inicio de prova material, nao sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrencia de motivo de forca maior ou caso for- tuito (Lei n° 8.213/91, art. 55, § 3°). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIARIO. APOSENTA­DORIA POR IDADE RURAL. INICIO DE PROVA MATERIAL IN EX IS TENCIA. DECLARAQAO DE EX-EMPREGADOR. L “i. 'A comprovacao do tempo de servigo para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificagao administrativa ou judicial, conforme o disposto no artigo 108> so produzira efeito quando baseada em inicio de prova material, nao sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrincia de motivo de forca maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento (artigo 55, § 3°, da Lei n° 8.213/91). 2. O inicio de prova material, de acordo com a interpretacao sistemdtica da lei, e aquelefeito mediante documentos que comprovem o exercicio da atividade nos periodos a serem contados, devendo ser-contempordneos dos fatos a comprovar, indicando, ainda, o periodo e afungao exercida pelo trabalhador;M (REsp n° 280A02/SP, da minha Re- latoria, in D J10/9/2001). 2. A 3a Secao desta Corte frm ou-se no entendimento de que a simples declaragao prestada em favor do segurado, sem guardar contemporaneidade com ofato declarado, carece da condicao de prova material, exteriorizando, apenas, simples testemunho escrito que, legalmente, nao se mostra apto

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a comprovar a atividade laborativa para fins previdenciarios (EREsp n° 205.885/SP, Relator Ministro Fernando Gongalves, in DJ 30/10/2000). 3. Recurso provido”.83

2.3.8. Prova do tempo de contribuicao

Os dados constantes do Cadastro Nacional de Informacoes So­ciais - CNIS, relativos a vinculos, remuneracoes e contribuicoes, valem como prova de: (I) filiacao a Previdencia Social; (II) tempo de servico ou de contribuicao; e (III) salario-de-contribuicao.

Assim, o INSS utilizara as informacoes constantes no CNIS sobre os vinculos e as remuneracoes dos segurados, para fins de calculo do salario-de-beneffcio, comprovacao de filiacao ao RGPS, tempo de con­tribuicao e relacao de emprego (Lei n° 8.213/91, art. 29-A, caput).

0 segurado podera solicitar, a qualquer momento, a indusao, ex- clusao ou retificacao das informacoes constantes do CNIS, com a apre- sentacao de documentos comprobatorios dos dados divergentes (Lei n° 8.213/91, art. 29-A, § 2°).

Informacoes inseridas extemporaneamente no CNIS, indepen­dentemente de serem ineditas ou retificadoras de dados anteriormente informados, somente serao aceitas se corroboradas por documentos que comprovem a sua regularidade. Conforme o § 3° do art. 19 do RPS, considera-se extemporanea a insercao de dados:

1 - relativos a data de inicio de vinculo, sempre que decorrentesde documento apresentado apos o transcurso de ate cento e vinte dias do prazo estabelecido pela legislacao, cabendo ao INSS dispor sobre a reducao desse prazo;

II - relativos a remuneracoes, sempre que decorrentes de docu­mento apresentado: (a) apos o ultimo dia do quinto mes sub- sequente ao mes da data de prestacao de servico pelo segurado, quando se tratar de dados informados por meio da GFIP; e (b) apos o ultimo dia do exercicio seguinte ao que se referem as informacoes, quando se tratar de dados informados por meio da Relacao Anual de Informacoes Sociais - RAIS;

III - relativos a contribuicoes, sempre que o recolhimento tiversido feito sem observancia do estabelecido em lei.

83 STJ, REsp 524140/SP, Rel. Min. Helio Quaglia Barbosa, 6a T, DJ 28/05/2007, p. 404.

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Nao constando do CNIS informatpoes sobre contribu tes ou remunerates, ou havendo duvida sobre a regularidade do vinculo, motivada por divergencias ou insuficiencias de dados relativos ao em­pregador, ao segurado, k natureza do vinculo, ou a procedencia da in- formacao, esse periodo respectivo somente sera confirmado mediante a apresenta^ao pelo segurado da documenta^ao comprobatoria solicitada pelo INSS.

Para suprir omissao do empregador, para corroborar informa^ao inserida ou retificada extemporaneamente ou para subsidiar a avalia^ao dos dados do CNIS, servira como prova de tempo de contribuicao:

I - para os trabalhadores em geral, os documentos seguintes:a) o contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional, a

Carteira de Trabalho e Previdencia Social, a carteira de ferias, a carteira sanitaria, a caderneta de matricula e a caderneta de contribuicoes dos extintos institutos de aposentadoria e pensoes, a caderneta de inscricao pessoal visada pela Capitania dos Por- tos, pela Superintendencia do Desenvolvimento da Pesca, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e declaracoes da Secretaria da Receita Federal do Brasil;

b) certidao de inscricao em orgao de fiscalizacao profissional, acompanhada do documento que prove o exercicio da atividade;

c) contrato social e respectivo distrato, quando for o caso, ata de assembleia geral e registro de empresario; ou

d) certificado de sindicato ou orgao gestor de mao de obra que agrupa trabalhadores avulsos;

II - de exercicio de atividade rural, alternativamente:

a) contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Pre- videncia Social;

b) contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;c) declaracao fundamentada de sindicato que represente o traba­

lhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colonia de Pescadores, desde que homologada pelo INSS;

d) comprovante de cadastro do Institute Nacional de Colonizacao e Reforma Agraria - INCRA;

e) bloco de notas do produtor rural;

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f) notas fiscais de entrada de mercadorias emitidas pela empresa adquirente da producao, com indicacao do nome do segurado como vendedor;

g) documentos fiscais relativos a entrega de producao rural a coope­rativa agricola, entreposto de pescado ou outros, com indicacao do segurado como vendedor ou consignante;

h) comprovantes de recolhimento de contribuicao a Previdencia Social decorrentes da comercializacao da producao;

i) copia da declaracao de imposto de renda, com indicacao de renda proveniente da comercializacao de producao rural;

j) licenca de ocupacao ou permissao outorgada pelo INCRA; ou1) certidao fornecida pela Fundacao Nacional do Indio - FUNAI,

certificando a condicao do indio como trabalhador rural, desde que homologada pelo INSS.

Os documentos utilizados como prova de tempo de servico ou de contribuicao devem ser contemporaneos dos fatos a comprovar e men- cionar as datas de inicio e termino e, quando se tratar de trabalhador avulso, a duracao do trabalho e a condicao em que foi prestado. Na falta de documento contemporaneo podem ser aceitos declaracao do empre­gador ou seu preposto, atestado de empresa ainda existente, certificado ou certidao de entidade oficial dos quais constem os dados que se queira provar, desde que extraidos de registros efetivamente existentes e aces­siveis a fiscalizacao previdenciaria.

A comprovacao realizada mediante justificacao administrativa ou judicial so produz efeito perante a previdencia social quando baseada em inicio de prova material, nao sendo admitida prova exclusivamente teste­munhal. A prova material somente tera validade para a pessoa referida no documento, nao sendo permitida sua utilizacao por outras pessoas.

A jurisprudencia do STJ e firme no sentido de que as declara- Coes prestadas pelos ex-empregadores somente podem ser consideradas

> como inicio de prova material quando contemporaneas a epoca dos fa­tos alegados.84

O STJ tem entendido que a sentenca trabalhista sera admitida como inicio de prova material, apta a comprovar o tempo de servico,

84 STJ, EREsp 314908/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Die 12/02/2010.

Capitulo 5

* Prestagoes do

Regime

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apenas nos casos em que tenha sido fundada em elementos que eviden- ciem o labor exercido na funcao e o periodo alegado pelo trabalhador na a^ao previdenciaria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL PRE­VIDENCIARIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SER- ViqO POR MEIO DE SENTENQA TRABALHISTA. MERO RECONHECIMENTO DA RELAQAO DE TRABALHO POR PARTE DO RECLAMADO. AUSENCIA DE ELEMENTOS DE PROVAS A SUBSIDIAR O PEDIDO. I. "A sentenga trabalhista sera admitida como inicio de prova material, apta a comprovaro tempo de servigo, caso ela tenha sido fundada em elementos que evidenciem o labor exercido na funcao e o periodo alegado pelo trabalhador na agdo previdenciaria. Precedentes das Turma que compoem a Terceira Segdo" (EREsp 616,242/RN ' 3a Segdo, Rel. Min.a Laurita Vaz, D I 24/10/2005). II. In casu, a sentenga trabalhista tao-somente homologou acordo firmado entre as partes, no qual o reclamado reconheceu relagdo de emprego do reclamante, nao tendo sido juntado, porem, qualquer elemento que evidenciasse, na agao trabalhista, que ele houvesseprestado servigo na empresa e no periodo alegado na agao previdenciaria. Agravo regimental desprovido.85

Nao sera admitida prova exclusivamente testem unhal para efeito de com provacao de tempo de servico ou de contribuicao, salvo na ocor- rencia de motivo de forca m aior ou caso fortuito. Assim, sera dispensa- do o inicio de prova m aterial quando houver ocorrencia de m otivo de forca m aior ou caso fortuito.

C aracteriza m otivo de forca m aior ou caso fortuito a verifica- Cao de o co rren cia notoria , tais co m o incendio, inundacao ou des- m oronam ento, que tenha atingido a em presa na qual o segurado alegue ter trabalhado, devendo ser com provada m ediante registro da ocorren cia policial feito em ep oca propria ou apresentacao de d o ­cum entos contem poraneos dos fatos, e verificada a co rrelacao entre a atividade da em presa e a profissao do segurado (R PS, art. 143, § 2°).

85 STJ, AgRg no REsp 1128885 / P8, Rel. Min. Fefix Fischer, 5a T. DJe 30/11/2009.

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2.3.9. Contagem redproca de tempo de contribuicao

De acordo com o § 9° do art. 201 da Constituicao Federal, “para efeito de aposentadoria, e assegurada a contagem redproca do tempo de contribuicao na administracao publica e na atividade privada, ru­ral e urbana, hipotese em que os diversos regimes de previdencia social se compensarao financeiramente, segundo criterios estabelecidos em lei”:86 Nos termos do art. 96 da Lei n° 8.213/91, o tempo de contribuicao sera contado de acordo com a legislacao pertinente, observadas as nor­mas seguintes:

I - nao sera admitida a contagem em dobro ou em outras condi-Coes especiais;

II ~ e vedada a contagem de tempo de servico publico com o deatividade privada, quando concomitantes;

III - nao sera contado por um sistema o tempo de servico utilizadopara concessao de aposentadoria pelo outro;

IV - o tempo de servko anterior ou posterior a obrigatoriedade defiliacao a Previdencia Social so sera contado mediante indeni- zacao da contribuicao correspondente ao periodo respectivo, com acrescimo de juros moratorios de 0,5% ao mes e multa de 10%.

No periodo anterior a novembro de 1991, o trabalhador rural nao estava obrigado a recolher contribuicao para a previdencia social. Ape­sar disso, para fins de concessao dos beneficios do RGPS, o tempo de servico prestado pelo trabalhador rural anteriormente a competencia novembro de 1991, sendo devidamente comprovado, conta como tempo de contribuicao, exceto para efeito de carencia. Mas para fins de con­tagem redproca, este tempo de servico somente sera reconhecido me­diante a indenizacao (RPS, art. 123, paragrafo unico). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO. AQAO RESCISORIA. TRABALHA­DOR RURAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICO. ATIVIDADE RURAL ANTERIOR A LEI 8.213/91. COMPUTO. RECOLHIMENTO DE CO N TRIBU TES. NECESSIDADE.

86 A compensacao financeira entre os regimes de previdencia foi regulamentada pela Lei n° 9 .796 /99 .

Capitulo 5

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PRECEDENTES DO STJ E DO STF. PEDIDO RESCIS6RI0 IMPROCEDENTE. I Para a contagem redproca de tempo de contribuigdo, mediante a jungao do periodo prestado na adminis- tragdo publica com a atividade rural ou urbana, faz~se necessdria a indenizagdo do periodo rural exercido anteriormente a Lei n° 8.213/91. 2. Agaojulgada improcedente.”87

O STF tambem segue o mesmo entendimento, conforme se veri- fica no seguinte julgado:

“EM ENTA: CONSTITUCIONAL . PREVIDENCIARIO. TRABALHADOR RURAL. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVICO. PERIODO ANTERIOR A EDIQAO DA LEI 8.213/91. APOSENTADORIA VOLUNTARIA. EXIGENCIA DEPREVIO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUICAO. MANDADO DE SEGURANCA CONTRA ATO DO PRESIDENTE DO TCU. PRECEDENTES. SEGURANQA DENEGADA. I-Einadmissivel a contagem redproca do tempo de servigo rural para fins de apo­sentadoria no servigo publico sem que haja o recolhimento das contribuigoes previdencidrias correspondentes. II - Precedentes.Ill - Seguranga denegada/388

A aposentadoria resultante de contagem redproca de tempo de contribuicao sera concedida e paga pelo regime previdenciario a que o interessado estiver vinculado ao requere-la, e calculada na forma da respectiva legislacao (Lei n° 8.213/91, art. 99).

2.3.10. Periodo de atividade do contribuinte individual alconcado pelo decadencia

O contribuinte individual que pretenda contar como tempo de contribuicao, para fins de obtencao de beneficio no RGPS ou de con­tagem redproca do tempo de contribuicao, periodo de atividade re­munerada alcancada pela decadencia devera indenizar o INSS (Lei n° 8.212/91, art. 45-A).

O valor da indenizacao corresponded a 20%: (I) da media arit- metica simples dos maiores salarios-de-contribuicao, reajustados, cor­respondentes a 80% de todo o periodo contributivo decorrido desde a competencia julho de 1994; ou (II) da remuneracao sobre a qual inci-

87 STJ, AR 2510/SP, Rei. M in. ARNALDO ESTEVES LIM A , 3* SE£AO, DJe 0 1 /0 2 /2 0 1 0 .88 STF, MS 26461/D F, M in. Ricardo Lewandowski, DJe 043, de 0 5 /0 3 /2 0 0 9 .

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dem as contribuicoes para o regime proprio de previdencia social a que estiver filiado o interessado, no caso de indeniza^ao para fins da conta­gem reciproca de tempo de contribuicao, observado o limite maximo do salario-de-contribuicao.

Sobre os valores apurados incidirao juros moratorios de 0,5% ao mes, capitalizados anualmente, limitados ao percentual maximo de 50%, e multa de 10%.

2.3.11. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna

0 segurado aposentado por tempo de contribuicao pode conti- nuar exercendo atividade remunerada. O STF ja decidiu que a aposen­tadoria voluntaria nao extingue o vinculo de emprego89. O retorno a atividade nao prejudica o recebimento de sua aposentadoria, que sera mantida no seu valor integral. Retornando a atividade, o aposentado sera obrigado a contribuir para a previdencia. A contribuicao incidira sobre a remuneracao que ele receber em decorrencia do seu trabalho, e nao sobre os proventos da aposentadoria.

De acordo com o disposto no § 2° do art. 18 da Lei n° 8.213/91, “o aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Re­gime, ou a ele retornar, nao fara jus a prestacao alguma da Previdencia Social em decorrencia do exercicio dessa atividade, exceto ao salario- -famllia e a reabilitacao profissional, quando empregado”. Em contra- dicao com a Lei n° 8.213/91, o art. 103 do Regulamento da Previdencia Social (Decreto 3.048/99) garante a segurada aposentada que retornar a atividade o direito ao salario-maternidade.

2.3.12. Data de inicio do beneficio

A aposentadoria por tempo de contribuicao sera devida:

1 - Para os segurados empregado e empregado domestico:a) A partir da data do desligamento do emprego, quando requerido

no prazo de 90 dias, contados da data do desligamento; oub) A partir da data do requerimento, quando nao houver desliga­

mento do emprego ou quando for requerida depois de 90 dias, contados da data do desligamento;

89 STF, ADIn I721/DF, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 29/06/2007, p. 84.

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II - para os demais segurados, a partir da data da entrada do re­querimento.

Como se pode ver, para requerer aposentadoria por tempo de con­tribuicao, o segurado nao precisa desligar-se do emprego.

2.3.13. Cessacao do beneficio

As aposentadorias por idade, tempo de contribuicao e especial con- cedidas pelo RGPS sao irreversiveis e irrenunciaveis (RPS, art. 181-B). No entanto, o segurado pode desistir do seu pedido de aposentadoria desde que manifeste esta intencao e requeira o arquivamento definitivo do pedi­do antes da ocorrencia do primeiro de um dos seguintes atos: (I) - recebi­mento do primeiro pagamento do beneficio; ou (II) - saque do respectivo FGTS ou PIS (RPS, art. 181-B, paragrafo unico).

Assim, a aposentadoria por tempo de contribuicao teria carater definitivo, so cessando com a morte do segurado, Contudo, o ST} tem admitido a renuncia a aposentadoria sob regime geral para efeito de aproveitamento do respectivo tempo de contribuicao em regime pro­prio de previdencia social. Confira-se, nesse sentido, o seguinte julgado do STJ:

“Previdencidrio. Aposentadoria. Direito a renuncia. Expedigao de certiddo de tempo de servigo. Contagem retiproca. Devolugdo das parcelas recebidas. 1. A aposentadoria e direito patrimonial dispontvel, passivel de renuncia, portanto. 2 . A abdicagao do beneficio nao atinge o tempo de contribuigdo. Estando cancelada a aposentadoria no regime geral, tem a pessoa o direito de ver computado, no servigo publico, o respectivo tempo de contribui­gdo na atividade privada. 3. No caso, nao se cogita a cumulagdo de beneficios, mas o fim de uma aposentadoria e o consequente inicio de outra. 4. O ato de renunciar a aposentadoria tem efeito ex nunc e nao gera o dever de devolver valor es, pois, enquanto perdurou a aposentadoria pelo regime geral, os pagamentos, de natureza alimentar, eram indiscutivelmente devidos. 5. Recurso especial improvido>>90.

9 0 STJ, Resp 692628/DF, Rel. Min. Nilson Naves, 6a T. DJ 05 /09 /2005 , p. 515.

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Quadro Resumo - Aposentadoria por Tempo de Contribuicao

Fato gerador

Homem: 35 anos de contribuicao Mulher: 30 anos de contribuicaoHa reducao de 5 anos para o professor ou a professora que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercicio em funcao de magisterio na educacao infantil, no ensino fundamental ou no ensino medio (CF, art. 201, § 8°)

Beneficiarios

Todos os segurados, exceto:1) 0 segurado especial que nao contribua, facultativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuicao2) 0 segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta propria, sem relacao de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo que contribuam com a aliquota de 11% sobre um salario minimo

CarenciaEm regra, 180 contribuicoes mensais. Para os segurados inscritos ate 24/07/91, observa-se a regra de transicao prevista no art. 142 da Lei n° 8.213/91

Renda mensal 100% do salario-de-beneficio

Inicio do beneficio

I - Para os segurados empregado e empregado domestico:a) a partir da data do desligamento do emprego, quando re- querido no prazo de 90 dias, contados da data do desliga­mento oub) a partir da data do requerimento, quando nao houver desligamento do emprego ou quando for requerido depois de 90 dias, contados da data do desligamentoII - Para os demais segurados, da data da entrada do requeri­mento

Cessacao do beneficio Somente com a morte do segurado

2.4. Aposentadoria especial

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carencia exigida, sera devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de tra­balho ou de producao, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica (RPS, art. 64).

A concessao da aposentadoria especial dependera de comprova­cao pelo segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho permanente,

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o Prestagoes do

Regime

Geral de Previdencia

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nao ocasional nem intermitente, exercicio em concludes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica, durante o periodo minimo de 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso.

O segurado devera comprovar, alem do tempo de trabalho, a efetiva exposicao aos agentes nocivos quimicos, fisicos, biologicos ou associa^ao de agentes prejudiciais a saude ou a integridade fisica, pelo periodo equivalente ao exigido para a concessao do beneficio. Assim, o fato de pertencer a certa categoria profissional nao e suficiente para de- finir o direito a aposentadoria especial. Cada segurado deve comprovar a efetiva exposicao aos agentes nocivos.

Considera-se trabalho permanente aquele que e exercido de forma nao ocasional nem intermitente, no qual a exposicao do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociavel da producao do bem ou da presta^ao do servico. Entretanto, incluem-se tambem os periodos de descanso determinados pela legisla^ao traba­lhista, inclusive ferias, os de afastamento decorrentes de gozo de bene­ficios de auxilio-doenca ou aposentadoria por invalidez acidentarios, bem como os de percepcao de salario-maternidade, desde que, a data do afastamento, o segurado estivesse exercendo atividade considerada especial.

Neste beneficio, nao existe distin^ao de tempo de trabalho entre homens e mulheres: todos devem trabalhar durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeitos a condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica.

A legisla^ao previdenciaria nao faz exigencia de idade minima para a concessao da aposentadoria especial.

2.4.1. Comprovacao da exposicao

A comprovacao da efetiva exposicao do segurado aos agentes nocivos sera feita mediante formulario denominado perfil profissio- grafico previdenciario (PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo tecnico de condicoes ambientais do trabalho expe- dido por medico do trabalho ou engenheiro de seguranca do trabalho (RPS, art. 68, § 2°).

O PPP e o documento historico-laboral do trabalhador que, entre outras informacoes, deve conter registros ambientais, resultados de mo- nitoracao biologica e dados administrativos.

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A empresa devera elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisao do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, copia autentica deste documento.

Do laudo tecnico devera constar informacao sobre a existencia de tecnologia de prote^ao coletiva, de medidas de carater administrativo ou de organiza^ao do trabalho, ou de tecnologia de prote^ao individual, que elimine, minimize ou controle a exposicao a agentes nocivos aos limites de tolerancia, respeitado o estabelecido na legislacao trabalhista.

As avaliacoes ambientais deverao considerar a classificacao dos agentes nocivos e os limites de tolerancia estabelecidos pela legislacao trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliacao estabelecidos pela Fundacao Jorge Duprat Figueiredo de Seguranca e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO.

O que determina o direito ao beneficio e a exposicao do trabalha­dor ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nivel de concentracao superior aos limites de tolerancia estabelecidos.

O INSS definira os procedimentos para fins de concessao da apo­sentadoria especial, podendo, se necessario, inspecionar o local de tra­balho do segurado para confirmar as informacoes contidas no PPP e no laudo tecnico.

2.4.2. Agentes nocivos

Sao consideradas condicoes especiais que prejudicam a saude ou a integridade fisica, a exposicao a agentes nocivos qmmicos, fisicos ou biologicos ou a associado desses agentes, em concentracao ou intensi- dade e tempo de exposicao que ultrapasse os limites de tolerancia ou que, dependendo do agente, torne a simples exposicao em condicao es­pecial prejudicial a saude.

A relacao desses agentes nocivos consta do Anexo IV do Regula- mento da Previdencia Social (RPS). Os agentes nocivos nao arrolados no Anexo IV do RPS nao serao considerados para fins de concessao da aposentadoria especial.

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Regulamento da Previdencia Social - Anexo IV Classifica^ao dos Agentes Nocivos

Agentes Nocivos , Tempo de exposicao

Agentes quimicosArsenio e seus compostos 25 anosAsbestos 20 anosBenzeno e seus compostos toxicos 25 anosBerilio e seus compostos toxicos 25' anosBromo e seus compostos toxicos 25 anosCadmio e seus compostos toxicos 25 anosCarvao mineral e seus derivados 25 anosChumbo e seus compostos toxicos 25 anosCloro e seus compostos toxicos 25 anosCromo e seus compostos toxicos 25 anosDissulfeto de carbono 25 anosFosforo e seus compostos toxicos 25 anosIodo 25 anosManganes e seus compostos 25 anosMercurio e seus compostos 25 anosNiquel e seus compostos toxicos 25 anosPetroleo, xisto betuminoso, gas natural e seus derivados 25 anosSilica livre 25 anosOutras substancias quimicas:GRUPO I - estireno; butadieno-estireno; acrilonitrila; 1-3 bu- tadieno; cloropreno; mercaptanos, n-hexano, diisocianato de tolueno (tdi); aminas aromaticasGRUPO II - aminas aromaticas, aminobifenila, auramina, axatioprina, bis (cloro metil) eter, 1-4 butanodiol, dime- tanosuifonato (mileran), ciclofosfamida, cloroambucil, dietilestil-bestrol, acronitrila, nitronaftilamina 4-dimetil- -am inoazobenzeno, benzopireno, beta-propiolactona, biscloroetileter, bisdorometil, clorometileter, dianizidina, diclorobenzidina, dietilsulfato, dimetilsulfato, etilenoamina, etilenotiureia, fenacetina, iodeto de metila, etiinitrosureias, metileno-ortocloroanilina (moca), nitrosamina, ortotoluidi- na, oxime-talona, procarbazina, propanosultona, 1-3-buta- dieno, oxido de etileno, estilbenzeno, diisocianato de tolueno (tdi), creosoto, 4-aminodifenil, benzidina, betanaftilamina, estireno, l-cloro-2, 4 - nitrodifenil, 3-poxipro-pano

25 anos

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- V Agentes; f i s i c o s ; r:;Ruido - exposicao a Niveis de Exposicao Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A)

25 anos

Vibracoes (trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneu- maticos)

25 anos

Radiacoes ionizantes 25 anosTemperaturas anormais 25 anosPressao atmosferica anormal 25 anos

Agentes biologicosMicroorganismos e parasitas infecto-contagiosos vivos e suas toxinas, nas atividades abaixo relacionadas (a) trabalhos em estabelecimentos de saude em contato com pa- cientes portadores de doencas infecto-contagiosas ou com ma- nuseio de materials contaminados; (b) trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos (c) trabalhos em laboratories de autopsia, de anatomia e anatomo-histologia; (d) trabalho de exumacao de corpos e manipulat^ao de residuos de animais deteriorados e) trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto; (f) esva- ziamento debiodigestores; (g) coleta e industrializacao do lixo

25 anos

Associacao de agentesFisicos, quimicos e biologicos (mineracao subterranea cujas atividades sejam exercidas afastadas das frentes de producao)

20 anos

Fisicos, quimicos e biologicos (trabalhos em atividades per- manentes no subsolo de mineracoes subterraneas em frente de producao)

15 anos

Na tabela acima, constata-se que, na maioria dos casos relaciona- dos, a aposentadoria especial ocorre aos 25 anos de exposicao aos agen­tes nocivos. O direito a concessao de aposentadoria especial aos 15 e aos 20 anos aplica-se somente as seguintes situates:

I - quinze anos: trabalhos em minera^ao subterranea, em frentesde producao, com exposicao a associa^ao de agentes fisicos, quimicos ou biologicos;

II - vinte anos:a) trabalhos com exposicao ao agente quimico asbestos (amianto);b) trabalhos em mineracao subterranea, afastados das frentes de

produ<;ao, com exposicao a associado de agentes fisicos, qui­micos ou biologicos.

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Para o segurado que houver exercido sucessivamente duas ou mais atividades sujeitas a condicoes especiais prejudiciais a saude ou a integridade fisica, sem completar em qualquer delas o prazo minimo exigido para a aposentadoria especial, os respectivos periodos serao so- mados apos conversao, conforme tabela abaixo, considerada a atividade preponderante:

2 A 3 . Conversoo de tempo entre atividades especiais

Teihpb a converter ; ro^JPara’iS/':;'De 15 anos - 1,33 1,67De 20 anos 0,75 - 1,25De 25 anos 0,60 0,80 -

isubsolqide. m in^ '•#eixar£ssa:atiyi'dade$ ^

f rstbalhp sfcrad; con v^ o:; fator. 1,67 .(de. 15 andspar;a 25/aii6s).;AsMm,;(as;5. primeirosianos.de

PessaforraaV£sta;gar&M^

A conversao de tempo entre atividades especiais tambem pode ser feita pela utiliza^ao de simples “regra de tres”, segundo criterios ma- tematicos. Aproveitando o exemplo acima: Joaquim trabalhou 3 anos numa atividade em que a aposentadoria especial ocorre aos 15 anos de trabalho. Convertendo esses 3 anos para uma aposentadoria especial de 25 anos, quantos anos valem o tempo de trabalho de Joaquim?

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Resposta:

Atividade Tempo necessario para a aposentadoria

TempotrabaUiado/ corivertido .

Na qual ocorreu o trabalho 15 anos 3 anosPara qual o tempo sera

convertido 25 anos Tc

Tempo convertido (Tc) = (25 x 3) + 15 ~ 5 anos Tempo total = 5 + 20 = 25 anos

2.4.4. Conversao de tempo espedal para comum

A conversao de tempo de atividade sob condicoes especiais em tempo de atividade comum dar-se-a de acordo com a seguinte tabela:

De 15 anos 2,00 2,33De 20 anos 1,50 1,75De 25 anos 1,20 1,40

Como se pode ver, os fatores de conversao sao diferentes quando se trata de homem ou de mulher. Isso ocorre porque a con­versao aqui tratada da-se para fins de concessao de aposentadoria por tempo de contribuicao, beneficio este que exige 35 anos de con­tribuicao, se homem, e 30 anos de contribuicao, se mulher. Esta e a razao para que o fator de conversao do homem seja maior.

A caracterizacao e a comprovacao do tempo de atividade sob con­dicoes especiais obedecerao ao disposto na legislacao em vigor na epo- ca da prestacao do servico (RPS, art. 70, § 1°). As regras de conversao de tempo de atividade sob condicoes especiais em tempo de atividade comum aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer periodo. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

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PREVIDENCIARIO EPROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGI­MENTAL NO RECURSO ESPECIAL APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICO. LABOR PRESTADO EM CONDICOES ESPECIAIS. CONVERSAO EM TEMPO COMUM. POSSIBI­LIDADE. 1. A teor da jurisprudencia do STL o trabalhador que tenha efetivamente exercido sua atividade laboral em condigoes especiais, ainda que posteriores a maio de 1998, tem direito ad­quirido, protegido constitucionalmente, a conversao do tempo de servico, de forma majorada, para fins de aposentadoria. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.91

I Exemplo:

| Helena, apos 20 anos de trabalho na producao e processamento de i benzeno/foi demitida da empresa Alfa S.A. Ha 4 anos que Helena | esta desempregada. Hoje, Helena decidiu inscrever-se no RGPS como | segurada facultativa. De acordo com o anexo IV do RPS, segurado \ exposto a ben2eno e seus compostos toxicos tem direito a aposentado - I ria especial aos 25 anos de trabalho. Nessa situacao, Helena, nao tera I direito a aposentadoria especial, mas para ter direito a aposentadoria I por tempo de contribuicao, tera de contribuir durante mais 6-anos,I pois os 20 anos de atividade especial serao convertidos em tempo de j j atividade comum utilizando-se o fator 1,2 (de 25 para 30 anos). Assim,\ os 20 anos de atividade especial valem 24 anos de atividade comum.! Quando somados aos 6 anos de contribuicao como segurada faculta- \ tiva, atingira o total de 30 anos de contribuicao. Desta forma, estara t \ garantida a aposentadoria por tempo de contribuicao.

A conversao de tempo de atividade especial em tempo de ativida­de com um tambem pode ser feita pela utilizacao de simples “regra de tres” .Vejamos com o fica o tem po de atividade especial de Helena apos ser convertido em tempo com um :

Atividade Tempo necessario para a aposentadoria

Tempo trabalhado/ convertido

Especial 25 anos 20 anosComum 30 anos Tc

Tempo convertido (Tc) = (30 x 20) * 25 = 24 anos

Tempo total = 24 + 6 = 30 anos

91 STJ, AgRg no REsp 746102/SP, Rel. Min. OG FERNANDES, 6a T., DJe 07/12/2009.

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Para fins de contagem redproca de tempo de contribuicao entre regimes previdenciarios, e vedada a conversao de tempo de atividade sob condicoes especiais em tempo de atividade comum (Lei n° 8.213/91, art. 9 6 ,1). Aproveitando o exemplo acima: se Helena for aprovada em concurso publico e passar a ser servidora ocupante de cargo efetivo, amparada por regime proprio de previdencia, os 20 anos de ativida­de exercida sob condicoes especiais serao considerados como tempo de contribuicao para o regime proprio, porem, sem a conversao, ou seja, sem nenhum acrescimo. Contudo, na situacao ora comentada, o STF entende que o INSS nao pode negar-se a emitir a certidao com o tempo convertido, cabendo apenas a entidade responsavel pelo regi­me proprio opor-se a conversao do tempo especial em tempo comum. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente:

“EMENTA: 1. O servidor publico tem direito & emissao pelo INSS de certidao de tempo de servigo prestado como celetista sob condigoes de insalubridade, periculosidade e penosidade, com os acrescimos previstos na legislagdo previdencidria. 2. A autarquia ndo tem legitimidade para opor resistencia a emissao da certidao com fundamento na alegada impossibilidade de sua utilizagao para a aposentadoria estatutaria; requerida esta, apenas a entidade a qual incumba deferi-la e quepoderia se opor a sua concessao.

2.4.5. Impossibilidade de conversao de tempo comum para espedal

Nao e possfvel converter-se tempo de atividade comum para espe­cial. Se a intencao do segurado for requerer aposentadoria especial, sera necessario que todo o tempo de atividade seja especial. Para a concessao de aposentadoria especial e imprescindivel o exercicio de trabalho sujei- to a condicoes especiais durante todo o tempo a ser considerado.

Assim, o trabalhador que tenha desenvolvido atividade comum e especial podera requerer aposentadoria por tempo de contribuicao, sendo, para esse fim, o tempo trabalhado em condicoes especiais con­vertido em tempo comum.

92 STF, RE 433305/P8, Rei. Min. Sepulveda Pertence, V T, DJ 10/03/2006.

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Exemplo: ;.,V;.. '• ./ ;; ;vU\;;r ■ Leon trabalhou como empregado de uma.empreisa comereial, : dtixante: $4 ianbs,^s£ift nliufciaiexppsi^ao ;;a^agfentfe5:';n6ci^S;,; Ap6s ser-demitidodo primeird'e^15;"aiibs .comopacientes portadores de doen^as mfectp^cpntagiosas e jhariu-. seio de materiais containinados.. Essa .segunda atividade da, dif reito a aposentadoria especial aos -25 ahbs de trabalho. Nessa ; situacao, Leon ainda nao tem direito a aposentadpria espec pois os 14 anos de atividade cbriium hap podem ser 'convertidps; para atividade'£speaaL;3^avi£i‘;L^^

■ em atividade. especial, serao cohy<^ tem pp/^utilizando-se o fator 1, . Assi ps 15 anos: especialvalemLeph trabalhpu najsmjiresavc^ de cpntribuifap.De&a;^

'-por-tempo d& cbntribui^a^ .;

Vamos fazer a conversao do tempo especial de Leon utilizando “regra de tres”:

Tempo necessario para a ^ Teixiip p". t rabaihadp/•• s'

Especial 25 anos 15 anosComum 35 anos Tc.

Tempo convertido (Tc) = (35 x 15) 25 - 21 anos Tempo total = 21 + 14 = 35 anos

2.4.6. Beneficiarios

Sao beneficiarios da aposentadoria especial:a) segurado empregado;b) trabalhador avulso; ec) contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado

a cooperativa de trabalho ou de producao.

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2.4.7. Carencia

Em regra, a carencia exigida para a concessao da aposentadoria es­pecial e de 180 contribuicoes mensais. Todavia, para os segurados inscritos na Previdencia Social Urbana ate 24/07/91, bem como para os trabalhado­res e empregadores rurais antes amparados pela Previdencia Social Rural, observa-se a regra de transicao prevista no art 142 da Lei n° 8.213/91.

2.4.8. Renda mensal inicial

A renda mensal inicial da aposentadoria especial e de 100% do salario-de-beneficio.

Para a aposentadoria especial, o salario-de-beneficio e a media aritmetica simples dos maiores salarios-de-contribuicao corresponded tes a 80% de todo o periodo contributivo. Para este beneficio nao e ajli- cado o fator previdenciario.

Para o segurado filiado a Previdencia Social ate 28/11/99, vespera da publicacao da Lei n° 9.876/99, so serao considerados para o calculo do sa- lario-de-beneficio os salarios-de-contribuicao referentes as competencias de julho de 1994 em diante. As competencias anteriores a julho de 1994 sao, assim, desprezadas para efeito do calculo do salario-de-beneficio.

2.4.9. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna

O segurado em gozo de aposentadoria especial que retornar a ati­vidade ou operacoes que o sujeitem aos agentes nocivos, ou nela per- manecer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestacao do servico, ou categoria de segurado, tera sua aposentadoria automaticamente cessada, a partir da data do retorno a atividade.

Naturalmente, se retornar ao trabalho em atividade comum, isto e, sem a exposicao habitual e continua a agentes nocivos, nao sofrera nenhuma sancao. Nesta hipotese, o retorno a atividade nao prejudica o recebimento de sua aposentadoria, que sera mantida no seu valor inte­gral. Retornando a atividade, o aposentado sera obrigado a contribuir para a previdencia. A contribuicao incidira sobre a remuneracao que ele receber em decorrencia do seu trabalho, e nao sobre os proventos da aposentadoria.

Capitulo 5

♦ Prestafoes do

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Para a data de inicio da aposentadoria especial, adotam-se os mes- mos criterios utilizados para as aposentadorias por idade e por tempo de contribuicao. Assim, a aposentadoria especial sera devida:

I - Para o segurado empregado:

a) A p artir da data do desligam ento do emprego, quando requerido no prazo de 90 dias, contados da data do desli­gamento; ou

b) A p artir da data do requerimento, quando nao houver des­ligamento do emprego ou quando for requerida depois de90 dias, contados da data do desligamento;

II - para o trabalhador avulso e o contribuinte individual, este ultimosomente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho oude producao: a partir da data da entrada do requerimento.

Atente-se, entretanto, para o fato de que o segurado em gozo de aposentadoria especial nao pode perm anecer em atividade sujeita a condicoes que prejudiquem a sua saude ou a sua integridade fisica, sob pena de cessacao do beneficio. Ou seja, nao pode exercer atividade que o exponha aos agentes nocivos previstos no anexo IV do RPS. Mas pode continuar trabalhando, inclusive na m esma empresa, desde que nao es­teja exposto a esses agentes nocivos.

2.4J1. Cessacao do beneficio

De acordo com o art. 181-B do Regulamento da Previdencia Social (RPS,), a aposentadoria especial e irreversivel e irrenunciavel. Assim, em regra, so cessara com a m orte do segurado.

Todavia, de acordo com o paragrafo unico do art. 69 do RPS, se o segurado retornar ao exercicio de atividade ou operacoes que o sujei- tem aos agentes nocivos, que prejudiquem sua saude ou integridade fi­sica, ou nele perm anecer, na m esm a ou em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestacao do servico, ou categoria de segurado, tera sua aposentadoria especial autom aticam ente cessada, a p artir da data do retorno a atividade. Alem disso, o STJ tem adm itido a renuncia a apo­sentadoria sob regime geral para efeito de aproveitamento do respectivo tempo de contribuicao em regime proprio de previdencia social.93

2.4.10. Data de inicio do beneficio

93 STJ, REsp 663.336/MG, Ref. Min. Arnaldo Esteves Lima, 54T, DJ 07/02/2008, p. 1.

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Os criterios diferenciados adotados na concessao da aposentado­ria especial amparam-se no § 1° do art. 201 da Constituicao Federal:

CP, art. 201, § 1° “E vedada a ado^ao de requisitos e criterios dife­renciados para a concessao de aposentadoria aos beneficiarios do regime geral de previdencia social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica e quando se tratar de segurados portadores de deficiencia, nos termos definidos em lei complementar” (redacao dada pela EC n° 47, de 2005).

De acordo com o art. 15 da Emenda Constitucional n° 20/98, “ate que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1°, da Cons­tituicao Federal, seja publicada, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei n° 8213, de 24 de julho de 1991, na redacao vi- gente a data da publicacao desta Emenda”. Assim, mesmo sendo a Lei n° 8.213/91 uma lei ordinaria, os seus artigos 57 e 58 foram re- cepcionados pela Emenda Constitucional n° 20/98 com status de lei complementar. Dessa forma, a partir de 16/12/98 (data de publicacao da EC n° 20), os artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/91 somente podem ser alterados mediante lei complementar.

Ainda nao existe lei complementar regulamentando a adocao de criterios diferenciados para a concessao de aposentadoria especial para os portadores de deficiencia. Assim, ate que venha ser editada essa lei complementar, a aposentadoria especial destina-se apenas aos casos de atividades exercidas sob condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica.

A Constituicao Federal tambem assegura aposentadoria com condicoes privilegiadas para os trabalhadores rurais e para os que exercam suas atividades em regime de economia familiar, nestes in- cluidos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal (CF, art. 201, § 7°, II). Tambem sao assegurados requisitos diferenciados para os professores da educacao infantil e do ensino fundamental e medio (CF, art. 201, § 8°). Mas a aposentadoria desses trabalhadores nao e denominada pela Lei n° 8.213/91 como aposentadoria especial. Para os trabalhadores rurais, a reducao de 5 anos no requisito idade ocorre quando se trata de aposentadoria por idade. Para os professores, a re­ducao de 5 anos no tempo de contribuicao ocorre quando se trata de aposentadoria por tempo de contribuicao.

2.4.12. Previsao constitucional

Capitulo 5

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Ouadro Resumo - Aposentadoria Especial' ;; ;

Fato geradorExposicao contmua e habitual a agentes nocivos fisicos, quimicos ou biologicos, prejudiciais a saude ou a integri­dade Hsica, durante 15,20 ou 25 anos

Beneficiarios

Segurados empregado e trabalhador avulso 0 cooperado, filiado a cooperativa de trabalho ou de producao, embora seja contribuinte individual, tambem tem direito ao beneficio

CarenciaEm regra, 180 contribuicoes mensais. Para os segurados inscritos ate 24/07/91, observa-se a regra de transicao prevista no art. 142 da Lei n° 8.213/91

Renda mensal 100% do salario-de-beneficio

Inicio do beneficio

I - Para o segurado empregado:a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requerido no prazo de 90 dias, contados da data do des­ligamento oub) a partir da data do requerimento, quando nao houver desligamento do emprego ou quando for requerido depois de 90 dias, contados da data do desligamentoII - Para o trabalhador avulso e o cooperado filiado a co­operativa de trabalho ou de producao: a partir da data do requerimento

Cessacao do bene­ficio

Em regra, com a morte do segurado, mas tambem cessara se o segurado retornar a atividade que o sujeite aos agentes nocivos, que prejudiquem sua saude ou integridade fisica

2.5. Auxilio-doenca

O auxilio-doenca sera devido ao segurado que, apos cumprida, quando for o caso, a carencia exigida, ficar incapacitado para o seu tra­balho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias conse- cutivos (RPS, art. 71).

2.5,1. Requerimento

Em regra, o auxilio-doenca e requerido pelo proprio segurado. Todavia, e facultado a empresa protocolar requerimento de auxilio- -doenca ou documento dele originario de seu empregado ou de contri­buinte individual a ela vinculado ou a seu servico, na forma estabelecida pelo INSS (RPS, art. 76-A). A empresa que adotar este procedimento

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tera acesso as decisoes administrativas a ele relativas (RPS, art. 76-A, paragrafo unico).

2.5.2. Verificacao da incapacidade

A incapacidade para o trabalho deve ser comprovada atraves de exame realizado pela pericia medica do INSS.

O segurado em gozo de auxilio-doenca esta obrigado, indepen- dentemente de sua idade e sob pena de suspensao do beneficio, a sub- meter-se a exame medico a cargo da previdencia social, processo de reabilitacao profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dis- pensado gratuitamente, exceto o cirurgico e a transfusao de sangue, que sao facultativos.

A previdencia social deve processar de oflcio o beneficio, quando tiver ciencia da incapacidade do segurado sem que este tenha requerido auxilio-doenca (RPS, art. 76).

2.5.3. Doenca preexistente

Nao sera devido auxilio-doenca ao segurado que se filiar ao RGPS ja portador de doenca ou lesao invocada como causa para a concessao do beneficio, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de pro- gressao ou agravamento dessa doenca ou lesao.

2.5.4. Segurado que exerce mais de uma atividade

O auxilio-doenca do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela previdencia social sera devido mesmo no caso de incapa­cidade apenas para o exercicio de uma delas, devendo a pericia medica ser conhecedora de todas as atividades que o mesmo estiver exercendo. Nesta hipotese, o auxilio-doenca sera concedido em relacao a atividade para a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carencia somente as contribuicoes relativas a essa atividade. Todavia, se nas varias atividades o segurado exercer a mesma profissao, sera exi- gido de imediato o afastamento de todas.

Ocorrendo o afastamento de apenas uma ou algumas atividades, mas nao de todas, o valor do auxilio-doenca podera ser inferior ao sa­lario minimo, desde que somado as demais remuneracoes recebidas re- sultar valor superior a este (RPS, art. 73, § 4°).

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Constatada, durante o recebimento do auxilio-doenca, a incapaci­dade do segurado para cada um a das demais atividades, o valor do bene­ficio devera ser revisto com base nos respectivos salarios-de-contribuicao.

Quando o segurado que exercer mais de um a atividade se incapa- citar defmitivamente para um a delas, devera o auxilio-doenca ser m an- tido indefinidamente, nao cabendo sua transform acao em aposentado­ria por invalidez, enquanto essa incapacidade nao se estender as demais atividades.

2.5.5. Beneficiarios

Todos os segurados tem direito ao auxilio-doenca.

2.5.6. Carencia

O periodo de carencia para a concessao do auxilio-doenca e, em regra, de 12 contribuicoes mensais. Todavia, a concessao independe de carencia nos casos em que a incapacidade for decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, bem com o nos casos de segurado que, apos filiar-se ao RGPS, for acom etido de algum a das seguintes doencas: tuberculose ativa, hanseniase, alienacao mental, neoplasia m aligna, ce- gueira, paralisia irreversivel e incapacitante, cardiopatia grave, doenca de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avancado de doenca de Paget (osteite deformante), AIDS, contam inacao por radiacao com base em conclusao da m edicina especializada ou he- patopatia grave (IN INSS n° 45/2010 , art. 151, III).

i- Em casos de acidente, para que haja a dispensa da carencia, nao e ne­cessario que seja acidente de trabalho. A lei refere-se a acidente de qualquer natureza ou causa.

Para o segurado especial, basta a com provacao do exercicio de ati­vidade pelo periodo equivalente ao num ero de meses correspondente a carencia do beneficio requerido.

Havendo perda da quaiidade de segurado, para habilitar~se nova- mente ao auxilio-doenca, o segurado nao necessitara cum prir a carencia de m ais 12 contribuicoes mensais. A regra prevista no paragrafo unico do art. 24 da Lei n° 8.213/91 perm ite a contagem das contribuicoes an­teriores, desde que o segurado implemente, a p artir da nova filiacao, um terco do numero de contribuicoes exigidas para o cum prim ento

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da carencia do beneficio. Para o auxilio-doenca, isso representa quatro contribuicoes mensais.

2.5.7. Renda mensal inicial

A renda mensal inicial do auxilio-doenca corresponde a 91% do salario-de-beneficio.

Quando se trata de auxilio-doenca, o salario-de-beneficio e a me­dia aritmetica simples dos maiores salarios-de-contribuicao correspon- dentes a 80% de todo o periodo contributivo.

Para o segurado filiado a Previdencia Social ate 28/11/99, vespera da publicacao da le i n° 9.876/99, so serao considerados para o calculo do sa­lario-de-beneficio os salarios-de-contribuicao referentes as competencias de julho de 1994 em diante. As competencias anteriores a julho de 1994 sao, assim, desprezadas para efeito do calculo do salario-de-beneficio.

Para o segurado especial, a renda mensal do auxilio-doenca e de um salario minimo. Todavia, caso o segurado especial tenha optado por contribuir, facultativamente, com a aliquota de 20% sobre o salario- -de-contribuicao, a renda mensal do beneficio sera calculada de forma igual a aplicada para os demais segurados.

2.5.8. Data de inicio do beneficio

0 auxilio-doenca sera devido:

1 - Quando requerido ate o 30° dia do afastamento da atividade:a) para o segurado empregado: a contar do 16° dia do afasta­

mento da atividade;b) para os demais segurados: a contar da data do inicio da

incapacidade.

II - quando requerido apos o 30° dia do afastamento da atividade: a contar da data de entrada do requerimento, para todos os segurados.

Saliente-se que o auxilio-doenca somente e devido quando o se­gurado fica incapacitado para o exercicio de suas atividades habituais por mais de 15 dias. Se ficar afastado por periodo inferior, nao tera direi­to a beneficio previdenciario algum. Mas se ficar incapacitado por mais

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de 15 dias, tratando-se de segurado empregado domestico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial ou facultativo, o beneficio sera pago a contar da data do inicio da incapacidade, desde que seja requeri­do ate o 30° dia do afastamento. Nesse caso, o beneficio retroage para a data de inicio da incapacidade.

Tratando-se de segurado empregado, se requerido ate o 30° dia do afastamento, o auxilio-doenca sera devido a contar do 16° dia do afas­tamento da atividade. £ assim porque durante os primeiros 15 dias con- secutivos de afastamento da atividade por motivo de doenca, incumbe a empresa pagar ao segurado empregado o seu salario.

Mas quando o auxilio-doenca for requerido apos o 30° dia do afastamento, o beneficio sera devido a contar da data do requerimento, independentemente da especie do segurado. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do ST}:

"PREVIDENCIARIO E PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DECLARAQAO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. OCORRENCIA DE ERRO MATERIAL ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARA(;AO E REEXAME DO AGRAVO REGIMENTAL. TERMO INICIAL DO AUXILIO-DOENCA. SEGURADO EMPREGADO. DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. AGRAVO DESPROVIDO. [...] 2. Nos termos do art. 60, § 1° da Lei n° 8.213/91> para o segurado empregado, a data de inicio do auxtlio-doenga e a do decimo sexto dia do afastamento da atividade, quando requerido ate 30 dias apos o afastamento da atividade, ou na data da entrada do requerimento administrative, quando requerido apos aquele prazo, como no presente caso. 3. Embargos de Declaragao acolhidos para sanar o erro material mencionado e negar provimento ao Agravo Regimental”.94

Quando o empregado acidentado nao se afastar do trabalho no dia do acidente, os 15 dias de responsabilidade da empresa pela sua re- muneracao integral sao contados a partir da data do afastamento.

Cabe a empresa que dispuser de servico medico proprio ou em con- venio o exame medico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros 15 dias de afastamento. Quando a incapacidade ultrapassar 15 dias conse- cutivos, o segurado sera encaminhado a pericia medica do INSS.

94 STJ, EDci no AgRg no Ag 883266/RS, Rei. Min. Napoleao Nunes Maia Filho, Die 12/04/2010.

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Se concedido novo beneficio decorrente da mesma doenca den­tro de 60 dias contados da cessacao do beneficio anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afas­tamento, prorrogando-se o beneficio anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. Na situacao aqui prevista, e necessario que o novo beneficio seja decorrente da mesma doenca. Assim, se o empre­gado retornar de um auxilio-doenca e, dentro de 60 dias, iniciar outro auxilio-doenca decorrente de outra doenca, a empresa sera obrigada a pagar os 15 primeiros dias de afastamento. A empresa tambem ficara responsavel pelo pagamento dos 15 primeiros dias quando o segundo afastamento (decorrente da mesma ou de outra doenca) iniciar apos 60 dias da cessacao do auxilio-doenca anterior.

Se o segurado empregado, por motivo de doenca, afastar-se do trabalho durante 15 dias, retornando a atividade no 16° dia, e se dela voltar a se afastar dentro de 60 dias desse retorno, em decorrencia da mesma doenca, fara jus ao auxilio doenca a partir da data do novo afas­tamento. Se o retorno a atividade tiver ocorrido antes de 15 dias do afas­tamento, o segurado fara jus ao auxilio-doenca a partir do dia seguinte ao que completar aquele periodo.

.Tarasio empregadp^^ iaiividades durante 10 dias; .em -^.ajp6s ter yqltadp &s atm;p0r;^^is.*2P;d'ias, eiH*decorrencia;ida;iwesrn doen. a. Neste caso, o auxilio-doeri^a serd :devidp; a coritar do 6° dia dp segundo afasta- mento, ikando os 5 pr i meiros dias a cargo da empresa.

No exemplo supra, se o primeiro afastamento de Tarcisio tivesse sido por 15 dias, o auxilio-doenca seria devido a partir do primeiro dia do segundo afastamento. Ressalte-se, contudo, que o novo afastamento deve ocorrer dentro de 60 dias contados da data do retorno do primeiro afastamento.

2.5.9. Cessacao do beneficio

O auxilio-doenca cessa:a) pela recuperacao da capacidade para o trabalho;

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b) pela transformacao em aposentadoria por invalidez;c) pela transformacao em auxilio-acidente de qualquer natureza,

neste caso se, apos a consolidacao decorrente de acidente de qualquer natureza, resultar sequela que implique reducao da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia; ou

d) com a morte do segurado.

O segurado em gozo de auxilio-doenca, insuscetivel de recupera­cao para sua atividade habitual, devera submeter-se a processo de rea­bilitacao profissional para exercicio de outra atividade, nao cessando o beneficio ate que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistencia ou, quando considerado nao recuperavel, seja aposentado por invalidez.

2.5.10. Prazo para recuperacao da capacidade

O INSS podera estabelecer, mediante avaliacao medico-pericial, o prazo que entender suficiente para a recuperacao da capacidade para o tra­balho do segurado, dispensada nessa hipotese a realizacao de nova pericia.

Caso o prazo concedido para a recuperacao se revele insuficiente, o segurado podera solicitar a realizacao de nova pericia medica, na for­ma estabelecida pelo Ministerio da Previdencia Social.

O documento de concessao do auxilio-doenca contera as informa- coes necessarias para o requerimento da nova avaliacao medico-pericial.

2.5.11. Contagem do periodo de auxilio-doenca como tempo de contribuicao

De acordo com o art. 60 do RPS, ate que lei especifica discipline a materia, sao contados como tempo de contribuicao, entre outros:

a) o periodo em que o segurado esteve recebendo auxilio-doenca ou aposentadoria por invalidez, entre periodos de atividade;

b) o periodo em que o segurado esteve recebendo beneficio por incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou nao;

Assim, se o periodo de auxilio-doenca transcorrer entre periodos de atividade, sempre sera contado como tempo de contribuicao. Mas nao sendo entre periodos de atividade, somente sera contado como tem­po de contribuicao se for decorrente de acidente de trabalho. Todavia, para fins de carencia, o periodo de auxilio-doenca nao sera contado, mesmo que seja decorrente de acidente do trabalho.

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Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doenca, incumbira a empresa pagar ao se­gurado empregado o seu salario integral (Lei n° 8.213/91, art. 60, § 3°). Assim, neste periodo, ocorre a interrupt© do contrato de trabalho.

A partir do decimo sexto dia do afastamento da atividade, o se­gurado empregado em gozo de auxilio-doenca sera considerado pela empresa como licenciado (Lei n° 8.213/91, art. 63), Assim, neste caso, ocorre a suspensao do contrato de trabalho, pois nao ha pagamento de salario pela empresa.

De acordo com o disposto no art. 118 da Lei n° 8.213/91, “o segu­rado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo minimo de doze meses, a manutencao do seu contrato de trabalho na empresa, apos a cessacao do auxilio-doenca acidentario, independentemente de percepcao de auxilio-acidente".

2.5.12. Situacao trabalhista do empregado

Fato geradorIncapacidade temporaria para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos

Beneficiarios Todos os segurados

Carencia

Em regra, 12 contribuicoes mensais. Todavia, quando a incapacidade for decorrente de acidente ou de alguma doenca especificada em lista do MPS, nao sera exigida a carencia

Renda mensal 91% do salario-de-beneficio

Inicio do beneficio

I - Quando requerido ate o 30° dia do afastamento da atividade:a) para o segurado empregado: a contar do 16° dia do afastamento da atividadeb) para os demais segurados: a contar da data do inicio da incapacidadeII - Quando requerido apos o 30° dia do afastamento da atividade: a contar da data de entrada do requerimento, para todos os segurados

Cessacao do beneficio

(a) Recuperacao da capacidade; (b) transformacao em aposentadoria por invalidez; (c) transformacao em auxilio-acidente ou (d) morte do segurado

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O auxilio-acidente sera concedido, como indenizacao, ao segu­rado quando, apos consolidacao das lesoes decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem reducao da ca­pacidade para o trabalho que habitualmente exercia (Lei n° 8.213/91, art 86, caput).

A Lei refere-se a acidente de qualquer natureza. Assim, nao e ne­cessario que seja acidente de trabalho. Tanto faz o acidente ocorrer no trabalho ou fora dele. No entanto, nao basta a ocorrencia do acidente. £ tambem necessario que, em decorrencia do acidente, apos a consolida- 9§o das lesoes, haja reducao da capacidade laborativa do segurado.

O dano que enseja direito ao auxilio-acidente e o que acarreta re­ducao da capacidade de trabalho, sem caracterizar a invalidez perma­nente para todo e qualquer trabalho. Quando a incapacidade for total e definitiva, o beneficio a ser concedido sera a aposentadoria por inva­lidez.

A natureza do auxilio-acidente e indenizatoria. O objetivo e inde- nizar o segurado pelo fato de nao ter plena capacidade de trabalho em razao do acidente. No caso de acidente de trabalho, o pagamento pela Previdencia Social do auxilio-acidente nao exclui a responsabilidade ci­vil da empresa ou de terceiros (RPS, art. 342).

A concessao do auxilio-acidente esta condicionada a confirma- Cao, pela Pericia Medica do INSS, da reducao da capacidade laborativa do segurado, em decorrencia de acidente de qualquer natureza.

No entendimento do STJ, para fins de concessao do auxilio-aci­dente, o importante e a existencia de lesao, decorrente de acidente, que implique reducao da capacidade para o labor habitualmente exercido. Assim, para o STJ, o nivel do dano e, em consequencia, o grau do maior esforco, nao interferem na concessao do beneficio, o qual sera devido ainda que minima a lesao.95

2.6.1. Situacoes que dao direito ao auxilio-acidente

De acordo com o art. 104 do Regulamento da Previdencia Social (RPS), o auxilio-acidente sera concedido, quando, apos a consolidacao das

2.6. Auxilio-acidente

95 STJ, REsp 1109591/SC, Rel. Min. CELSO LIMONGi, Die 08/09/2010.

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lesoes decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequela defini- tiva, conforme as situates discriminadas no anexo III, que implique:

I - reducao da capacidade para o trabalho que habitualmenteexerciam;

II - reducao da capacidade para o trabalho que habitualmenteexerciam e exija maior esfor^o para o desempenho da mesma atividade que exerciam a epoca do acidente; ou

III - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam aepoca do acidente, porem permita o desempenho de outra, apos processo de reabilita^ao profissional, nos casos indicados pela pericia medica do INSS.

A titulo de ilustra^ao, transcrevemos abaixo o anexo III do RPS.

REGUtAMENTO DA PREVIDENCIA SOCIAL - ANEXO III SITUAgOES QUE DAO DIREITO AO AUXlLIO-ACIDENTE

I - Aparelho visuala) acuidade visual, apos corre^ao, igual ou inferior a 0,2 no olho

acidentado;b) acuidade visual, apos correto, igual ou inferior a 0,5 em ambos

os olhos, quando ambos tiverem sido acidentados;c) acuidade visual, apos corre^ao, igual ou inferior a 0,5 no olho

acidentado, quando a do outro olho for igual a 0,5 ou menos, apos corre^ao;

d) lesao da musculatura extrinseca do olho, acarretando paresia ou paralisia;

e) lesao bilateral das vias lacrimais, com ou sem fistulas, ou uni­lateral com fistula.

II - Aparelho auditivoa) perda da audi^ao no ouvido acidentado;b) reducao da audi^ao em grau medio ou superior em ambos os

ouvidos, quando os dois tiverem sido acidentados;c) reducao da audi^ao, em grau medio ou superior, no ouvido aci­

dentado, quando a audi^ao do outro estiver tambem reduzida em grau medio ou superior.

III - Aparelho da fona^ao

Perturba^ao da palavra em grau medio ou maximo, desde que comprovada por metodos cllnicos objetivos.

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IV - Prejuizo estetico

Prejuizo estetico, em grau medio ou m axim o, quando atingidos cranios, e/ou face, e/ou pescoco ou perda de dentes quando ha tam bem deformacao da arcada dentaria que impede o uso de protese.

V - Perdas de segmentos de membros

a) perda de segmento ao nivel ou acim a do carpo;b) perda de segmento do prim eiro quirodactilo, desde que atingida

a falange proxim al;c) perda de segm entos de dois quirodactilos, desde que atingida a

falange proxim al em pelo menos um deles;d) perda de segmento do segundo quirodactilo, desde que atingida

a falange proxim al;e) perda de segmento de tres ou mais falanges, de tres ou m ais qui­

rodactilos;f) perda de segmento ao nivel ou acim a do tarso;g) perda de segmento do prim eiro pododactilo, desde que atingida

a falange proxim al;h) perda de segmento de dois pododactilos, desde que atingida a

falange proxim al em am bos;i) perda de segmento de tres ou mais falanges, de tres ou m ais po­

dodactilos.

VI - Alteracoes articulares

a) reducao em grau medio ou superior dos m ovim entos da m an- dibula;

b) red u ^ o em grau m axim o dos movimentos do segmento cervical da coluna vertebral;

t) reducao em grau m axim o dos movimentos do segmento lombo- -sacro da coluna vertebral;

d) reducao em grau medio ou superior dos movimentos das arti­c u la te s do ombro ou do cotovelo;

e) reducao em grau medio ou superior dos m ovim entos de prona- cao e/ou de supinacao do antebraco;

f) reducao em grau maximo dos movimentos do primeiro e/ou do segundo quirodactilo, desde que atingidas as articulacoes metacarpo-falangeana e falange-falangeana;

g) reducao em grau medio ou superior dos m ovim entos das arti­culacoes coxo-fem ural e/ou joelho, e/ou tibio-tarsica.

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VII “ Encurtamento de membro inferior

Encurtamento de mais de 4 cm (quatro centlmetros).

V III - Reducao da forca e/ou da capacidade funcional dos mem­bros

a) reducao da forca e/ou da capacidade funcional da mao, do punho, do antebraco ou de todo o membro superior em grau sofrivel ou inferior da classificacao de desempenho muscular;

b) reducao da forca e/ou da capacidade funcional do primeiro quirodactilo em grau sofrivel ou inferior;

c) reducao da forca e/ou da capacidade funcional do pe, da perna ou de todo o membro inferior em grau sofrivel ou inferior.

IX - Outros aparelhos e sistemas

a) segmentectomia pulmonar que acarrete reducao em grau medio ou superior da capacidade funcional respiratoria; devidamente correlacionada a sua atividade laborativa.

b) perda do segmento do aparelho digestivo cuja localizacao ou extensao traz repercussoes sobre a nutricao e o estado geral

As doencas profissionais e as do trabalho, que apos consolidacoes das lesoes resultem sequelas permanentes com reducao da capacidade de trabalho, deverao ser enquadradas conforme o art. 104 do RPS.

2.6.2. Srtuacdes que nao dao direito ao auxilio-acidente

De acordo com o § 4° do art. 104 do RPS, nao dara ensejo ao auxilio-acidente o caso:

I - que apresente danos funcionais ou reducao da capacidadefuncional sem repercussao na capacidade laborativa; e

II - de mudanca de funcao, mediante readaptacao profissional pro­movida pela empresa, como medida preventiva, em decorrencia de inadequacao do local de trabalho.

2.6.3. Perda da audicao

A perda da audicao, em qualquer grau, somente proporcionara a concessao do auxilio-acidente, quando, alem do reconhecimento de

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Regime

Geral de

Previdincia Social

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causalidade entre o trabalho e a doenca, resultar, comprovadamente, na reducao ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (Lei n° 8.213/91, art. 86, § 4°).

Assim, nos casos de perda da audi^ao, para que o segurado tenha direito ao auxilio-acidente, devem ser cumpridos, cumulativamente, dois requisitos:

a) nexo causal entre o trabalho exercido e a perda da audi^ao;b) reducao ou perda da capacidade para o trabalho que habitual­

mente exercia, em decorrencia da perda da audi^ao.

Inexistindo nexo causal entre o trabalho exercido e a perda da au- di^ao, o segurado nao tera direito ao auxllio-atidente. Mesmo existindo esse nexo causal, mas se a perda da audi^ao nao provocar a reducao ou a perda da capacidade laborativa, o segurado tambem nao tera direito ao auxflio-acidente.

2.6.4. Beneficiarios

De acordo com o § 1° do art. 18 da Lei n° 8.213/91, somente pode- rao beneficiar-se do auxilio-acidente os seguintes segurados:

a) Empregado;b) Trabalhador Avulso; ec) Segurado especial.

Na hipotese de o trabalhador ter exercido, durante sua vida profis­sional, diversas atividades, enquadrando-se em diferentes categorxas de segurado, para fins de concessao do auxilio-acidente, considerar-se-a a atividade exercida na data do acidente (RPS, art. 104, § 8°). Assim, para que o beneficio seja concedido e necessario que, na data do acidente, o trabalhador esteja exercendo alguma atividade que o enquadre como segurado empregado, trabalhador avulso ou segurado especial.

Cabe a concessao de auxilio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza ocorrido durante o periodo de manutencao da quali­dade de segurado (periodo de gra<;a), desde que atendidas as condicoes inerentes a especie.96

96 RPS, art. 104, § 7°.

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2.6.5. Acumulacao

O recebimento de salario ou concessao de outro beneficio, exceto de aposentadoria, nao prejudicara a continuidade do recebimento do auxilio-acidente (Lei n° 8.213/91, art. 86, § 3°).

E vedada a acumulacao de auxilio-acidente com qualquer aposen­tadoria (Lei n° 8.213, art. 86, § 2°).

Nao e permitida a acumulacao de mais de um auxilio-acidente (Lei n° 8.213/91, art. 124, V). Assim, quando o segurado em gozo de auxilio-acidente fizer jus a um novo auxilio-acidente, em decorrencia de outro acidente, serao comparadas as rendas mensais dos dois beneficios e mantido o beneficio mais vantajoso.

No caso de reabertura de auxilio-doenca em razao do mesmo acidente que tenha dado origem a um auxilio-acidente, este sera sus­penso ate a cessacao do auxilio-doenca reaberto. O auxilio-acidente suspenso sera restabelecido apos a cessacao do auxilio-doenca reaber­to (RPS, art. 104, § 6°).

Note-se que, em regra, nao e vedada a acumulacao de auxilio- ~acidente com auxilio-doenca. So nao pode acumular quando se trata de reabertura de auxilio-doenca decorrente do mesmo acidente que deu origem ao auxilio-acidente. Neste caso, reabre-se o auxilio-doenca e suspende-se o auxilio-acidente enquanto durar o auxilio-doenca.

2.6.6. Carencia

A concessao do auxilio-acidente independe de carencia (Lei n° 8.213/91, art. 26,1).

2.6.7. Renda mensal inicial

A renda mensal inicial do auxilio-acidente corresponde a 50% do salario-de-beneficio que deu origem ao auxilio-doenca, corrigido ate o mes anterior ao do inicio do auxilio-acidente (Lei n° 8.213/91, art. 86, § 1° e RPS, art. 104, § 1°).

O auxilio-acidente podera ter valor inferior a um salario minimo, pois este beneficio nao substitui o rendimento do trabalho do segura­do. Pode ser acumulado com o salario e com outros beneficios, exceto aposentadoria.

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

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0 valor mensal do auxilio-acidente integra o salario-de-contri­buicao, para fins de calculo do salario-de-beneffcio de qualquer aposen­tadoria (Lei n° 8.213/91, art. 31). Mas para fins de calculo da contribuicao previdenciaria, o auxilio-acidente nao integra o salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 9 V ) .

Na redacao original do § 1° do a r t 86 da Lei n° 8.213/91, a ren­da mensal inicial do auxilio-acidente correspondia a 30%, 40% ou 60% do salario-de-contribuicao do segurado vigente no dia do acidente, nao podendo ser inferior a esse percentual do salario-de-beneffcio. O per­cent ual variava conforme o grau de reducao da capacidade laborativa. A Lei n° 9.032/95 fixou o auxilio-acidente em 50% do salario-de-beneffcio. Contudo, com relacao aos segurados que ja recebiam o auxilio-acidente antes da vigencia da Lei n° 9.032/95, nao ocorrera a retroacao da lei nova para alterar o valor do beneficio concedido pela lei antiga. O beneffcio deve ser regido pela lei vigente a epoca de sua concessao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EX­TRAORDINARIO. PREVIDENCIARIO. AUXILIO-ACIDENTE. LEI N. 9.032/95. IMPOSSIBILIDADE DA APLICACAO RE­TRO ATI VA. PRINCIPIO TEMPUS REGIT ACTUM. PRE­CEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.>9/

2.6.8. Data de inicio do beneficio

O auxilio-acidente sera devido a contar do dia seguinte ao da ces- sacab do auxilio-doenca, independentemente de qualquer remuneracao ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulacao com qualquer aposentadoria (Lei n° 8.213/91, art. 86, § 2°).

Como se ve, o auxilio-acidente sempre e precedido de um auxi­lio-doenca. O auxilio-doenca somente e devido enquanto o segurado se encontra incapaz, temp ora riamente, para o trabalho. Se apos a con­sol idadio das lesoes decorrentes de acidente de qualquer natureza (ou seja, apos a “alta medica”), restar sequela que implique na reducao da capacidade laborativa do segurado, cessara o auxilio-doenca e, no dia seguinte, tera inicio o auxilio-acidente.

97 STF, R£ 599576 AgR / PR, Rel. Min. Carmen Lucia, Die 179 de 23/09/2010.

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2.6.9. Cessacao do beneficio

O auxilio-acidente sera devido ate a vespera do inicio de qualquer aposentadoria ou ate a data do obito do segurado (Lei n° 8,213/91, art. 86, § 1°). Assim, concedida qualquer aposentadoria ao segurado, cessa o auxilio-acidente. Tambem cessa, obviamente, com a morte do segurado.

O art. 129 do RPS estabeleceu uma nova hipotese de cessacao do auxilio-acidente: “o segurado em gozo de auxilio-acidente, auxilio-su- plementar ou abono de permanencia em servico tera o beneficio en- cerrado na data da emissao da certidao de tempo de contribuicao”. Tal certidao e expedida para que o segurado possa se aposentar por um regime proprio de previdencia, contando para esse fim com o seu tempo de contribuicao para o RGPS. Trata-se da denominada “contagem reci- proca de tempo de contribuicao” Esta hipotese de cessacao do auxilio- -acidente e de discutivel legalidade, pois nao se encontra amparada pela Lei n° 8.213/91. Nao havendo tal previsao na Lei, nao cabe a autoridade administrativa ‘Tegislar” limitando o direito do segurado ao beneficio.

Quadro Resumo - Auxflio-addentet^n^

Fato geradorSequela decorrente ae acidente de qualquer natureza que implique na reducao da capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente exercia

Beneficiarios Empregado, trabalhador avulso e segurado especialCarencia Nao e exigida

Renda mensal 50% do salario-de-beneficio que deu origem ao auxilio- -doenca. Pode ser inferior a um salario minimo

Inicio do beneficio A partir do dia seguinte ao da cessacao do auxilio-doenca

Cessacao do beneficio

a) Aposentadoria do seguradob) Morte do segurado ouc) Emissao da certidao de tempo de contribuicao

2.7. Salririo-familia

O salario-familia sera devido, mensalmente, ao segurado empre­gado e ao trabalhador avulso que tenham salario-de-contribuicao infe­rior ou igual a R$862,ll 98, na proporcao do respectivo numero de filhos ou equiparados de qualquer condicao, ate 14 anos de idade ou invalidos de qualquer idade (RPS, arts. 81 e 83).

98 Vaior atuaiizado, a partir de 1*701/2011, peia Portaria M PS /M F n° 568, de 31 /12 /20 10 .

Capitulo 5

* Presta fdes do

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Equiparam-se aos filhos, mediante declaracao escrita do segura­do, comprovada a dependencia economica, o enteado e o menor que esteja sob sua tutela e desde que nao possuam bens suficientes para o proprio sustento e educacao (RPS, art. 16, § 3°).

A invalidez do filho ou equiparado maior de quatorze anos de ida­de deve ser verificada em exame medico-pericial a cargo da previdencia social (RPS, art. 85).

De acordo com o art. 7°, XII, da Constituicao Federal, o salario - -familia sera pago em razao do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. Assim, cabe a lei definir o que seja trabalha­dor de baixa renda. Essa lei ainda nao existe. Mas de acordo com o art. 13 da Emenda Constitucional n° 20/98, “ate que a lei discipline o aces- so ao salario-familia e auxilio-reclusao para os servidores, segurados e seus dependentes, esses beneficios serao concedidos apenas aqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, que, ate a publicacao da lei, serao corrigidos pelos mesmos indices aplicados aos beneficios do regime geral de previdencia social”

Os R$ 360,00 citados pela art. 13 da EC 20, corrigidos pelos mes­mos indices de reajuste aplicados aos demais beneficios do RGPS, cor­respondent atualmente, a R$862,ll.

2.7.1. Beneficiarios

De acordo com a Lei n° 8.213/91, os beneficiarios do salario-fami­lia sao os seguintes:

a) Segurado empregado e trabalhador avulso {caput do art. 65);b) O aposentado por invalidez ou por idade (art. 65, paragrafo

unico); ec) Os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do

sexo masculino, ou 60 anos ou mais, se do feminino (art. 65, paragrafo unico).

Todavia, no tocante aos aposentados, o Regulamento da Previ­dencia Social (RPS) faz algumas restricoes. De acordo com o art. 82 do RPS, os beneficiarios do salario-familia seriam os seguintes:

a) Segurado empregado e trabalhador avulso;b) Empregado e trabalhador avulso aposentados por invalidez;c) Trabalhador rural aposentado por idade aos 60 anos, se homem,

ou 55 anos, se mulher; e

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d) Demais empregados e trabalhadores avulsos aposentados aos 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos, se mulher.

Como se ve, o Regulamento da Previdencia Social retira de alguns aposentados o direito ao salario-familia:

a) No caso do segurado aposentado por invalidez, so tera direito ao salario-familia aquele que, no momento da aposentadoria, enquadrava-se como segurado empregado ou trabalhador avulso;

b) Tratando-se de segurado aposentado por idade, so tera direito ao salario-familia aquele que, no momento da aposentadoria, enquadrava-se como empregado, trabalhador avulso ou traba­lhador rural; e

c) Tratando-se de aposentadoria por tempo de contribuicao e apo­sentadoria especial, so tera direito ao salario-familia, ao completar 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos, se mulher, o aposentado que, no momento <la aposentadoria, enquadrava-se como segurado empregado ou trabalhador avulso.

Entendo que esse dispositivo do Regulamento da Previdencia So­cial e ilegal, porque interpreta restritivamente os direitos subjetivos dos segurados estabelecidos por lei. Nao havendo tal restri^ao na Lei, nao cabe a autoridade administrativa “legislar”, limitando o direito do segu­rado ao beneficio. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

*PREVIDENCIARIO. RECURSO ESPECIAL SALARIO- FAMILIA. BENEFICIARIO APOSENTADO. EMPREGADO

DOMESTICO NA ATIVA. O beneficiario aposentado, ainda que tenha trabalhado, quando na ativa, como empregado domestico, tem direito ao recebimento do salario-familia”.99

Em que pese ser pago em funcao da existencia de dependentes (filhos ou equiparados de ate 14 anos ou invalidos), o salario-familia e devido ao segurado, e nao ao dependente.

2.7.2. Carencia

A concessao do salario-familia independe de carencia (Lei n° 8.213/91, art. 26 ,1).

99 STJ, REsp 263810, Rel. Ministro Fernando Gonsalves, 6aT., DJ 05/02/2001, p 143.

Capitulo 5

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A renda mensal do beneficio corresponde a uma cota de salario- -familia em rela^ao a cada filho (ou equiparado) de ate 14 anos ou inva­lido. O segurado recebera tantas cotas quantas sejam o numero de filhos ou equiparados de ate 14 anos ou invalidos.

0 valor de cada cota e de:

1 - R$ 29,41, para o segurado com rem unerado mensal nao su­perior a R$ 573,58; e

II - R$ 20,73, para o segurado com rem unerado mensal superior a R$ 573,58 e igual ou inferior a R$ 862,11.

Os va lores acima sao os vigentes a partir de 1°/01/2011, de acordo com a Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010. Esses valores sao cor- rigidos na mesma data e pelo mesmo indice de corre^ao dos demais beneficios do RGPS.

Como se ve, os segurados que tenham rem unerado mensal supe­rior a R$ 862,11 nao tem direito ao salario-familia.

Para fins de reconhecimento do direito ao salario-familia, con­sidera-se rem unerado mensal do segurado o valor total do respectivo salario-de-contribuicao, ainda que resultante da soma dos salarios-de- -contribuicao correspondentes a atividades simultaneas (Portaria MPS/ MF 568/10, art. 4°, § 1°). O direito a cota do salario-familia e definido em razao da rem unerado que seria devida ao empregado no mes, inde- pendentemente do numero de dias efetivamente trabalhados (Portaria MPS/MF 568/10, art. 4°, § 2°).

Todas as importancias que integram o salario-de-contribuicao serao consideradas como parte integrante da rem unerado do mes, ex­ceto o 13° salario e o adicional de ferias previsto no inciso XV II do art. 7° da Constituicao Federal, para efeito de defini<;ao do direito a cota de salario-familia (Portaria MPS/MF 568/10, art. 4°, § 3°).

Quando o pai e a mae sao segurados empregados ou trabalhado­res avulsos, ambos tem direito ao salario-familia (RPS, art. 82, § 3°). Mas tendo havido divorcio, separa^ao judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente caracterizado ou perda do patrio-poder, o salario-familia passara a ser pago diretamente aquele que ficar encarre- gado pelo sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver d eterm in ate judicial nesse sentido (RPS, art. 87).

2.7.3. Renda mensal do beneficio

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Exemplo: . . ^Maria e Joaquim, empregados da empresa Beta S.A., sao casados e tem, em comum, quatro filhos: Mateus (16 anos de idade), Marcos (1 2 anos), Lucas (8 anos) e Joao (4 anos). A remuneracao niensal de Maria e RS 550,00, e a de Joaquim, R$ 600,00. Neste caso, Maria recebera tres cotas de salario-familia, sendo R$ 29,41 o valor de ; cada cota, perfazendo um total de R$ 88,23. Joaquim recebera tres cotas, sendo R$ 20,73 o valor de cada cota, perfazendo um total de R$ 62,19. Note-se que, apesar da existencia de quatro filhos, cada um dos segurados so tera direito a tres cotas de salario:famflia, pois o primeiro filho (Mateus) ja tem mais de 14 anos de idade.

No exemplo supra, a empresa Beta S.A. pagara, a titulo de salario- -familia, um valor total de R$ 150,42 (que corresponde a 88,23 + 62,19). Quando a empresa Beta S.A. for recolher as contribuicoes previdenci­arias incidentes sobre a remuneracao dos segurados que Ihes prestam servico, tera o direito de se reembolsar desse valor despendido com o pagamento de salario-familia.

O salario-familia do trabalhador avulso independe do numero de dias trabalhados no mes, devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota (RPS, art. 82, § 2°). Ja para o empregado, a cota do salario-familia e devida proporcionalmente aos dias trabalhados nos meses de admissao e demissao (Portaria MPS/MF 568/10, art. 4°, § 4°).

0 salario-familia pode ter valor inferior ao salario minimo, pois nao e beneficio que substitua a remuneracao mensal do segurado.

As cotas do salario-familia nao serao incorporadas, para qualquer efeito, ao salario ou ao beneficio (Lei n° 8.213/91, art. 70).

2.7.4. Pagamento do salario-familia

De acordo com o disposto no art. 82 do RPS, o salario-familia sera pago mensalmente:

1 - ao empregado, pela empresa, juntamente com o respectivosalario;

II - ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou orgao gestor de maode obra, mediante convenio;

III - ao empregado e trabalhador avulso aposentados por inva­lidez ou em gozo de auxilio-doenca, pelo INSS, juntamentecom o beneficio;

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IV - ao trabalhador rural aposentado por idade aos 60 anos, se dosexo masculino, ou 55 anos, se do sexo feminino, pelo INSS, juntamente com a aposentadoria; e

V - aos demais empregados e trabalhadores avulsos aposentadosaos 65 anos de idade, se do sexo masculino, ou 60 anos, se do sexo feminino, pelo INSS, juntamente com a aposentadoria.

No caso do item I, quando o salario do empregado nao for mensal, o salario-familia sera pago juntamente com o ultimo pagamento relati- vo ao mes.

As cotas do salario-familia, pagas pela empresa, deverao ser dedu- zidas quando do recolhimento das contribuicoes previdenciarias sobre a folha de salario (RPS, art. 82, § 4°). O salario-familia e um beneficio previdenciario, sendo, por isso, um encargo fmanceiro da Previdencia Social. Embora o pagamento seja efetuado pela empresa juntamente com o salario do empregado, ela tem o direito de reembolsar-se do va­lor despendido, efetuando a compensa<;ao quando do recolhimento das contribuicoes devidas a Previdencia Social.

O salario-familia correspondente ao mes de afastamento do tra­balho sera pago integralmente pela empresa, pelo sindicato ou orgao gestor de mao de obra, conforme o caso, e do mes da cessacao de bene­ficio pelo INSS, independentemente do numero de dias trabalhados ou em beneficio (RPS, art. 86).

O empregado deve dar quitacao a empresa, sindicato ou orgao gestor de mao de obra de cada recebimento mensal do salario-familia, na propria folha de pagamento ou por outra forma admitida, de modo que a quitacao fique plena e claramente caracterizada (RPS, art. 91).

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2.7.5. Data de inicio do beneficio

O pagamento do salario-familia sera devido a partir da data da apresenta^ao da certidao de nascimento do filho ou da documenta^ao relativa ao equiparado, estando condicionado a apresenta^ao anual de atestado de vacina^ao obrigatoria, ate seis anos de idade, e de compro­vacao semestral de frequencia a escola do filho ou equiparado, a partir dos sete anos de idade (RPS, art. 84).

2.7.6. Suspensao do beneficio

Se o segurado nao apresentar o atestado de vacina^ao obrigatoria e a comprovacao de frequencia escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo INSS, o beneficio do salario-familia sera suspenso, ate que a documenta^ao seja apresentada (RPS, art. 84, § 2°).

De acordo a Instru^ao Normativa INSS n° 20, de 11/10/2007, o atestado de vacina^ao deve ser apresentado nos meses de novembro (art. 233, III) e o comprovante de frequencia a escola, nos meses de maio e novembro (art. 233, V).

Nao e devido salario-familia no periodo entre a suspensao do be­neficio motivada pela falta de comprovacao da frequencia escolar e o seu reativamento, salvo se provada a frequencia escolar regular no peri­odo (RPS, art. 84, § 3°). Se apos a suspensao do pagamento do salario- -familia, o segurado comprovar a vacina^ao do filho, ainda que fora de prazo, cabera o pagamento das cotas relativas ao periodo suspenso (IN INSS n° 45/2010, art. 290, § 3°, II).

A comprovacao de frequencia escolar sera feita mediante apresen- ta^ao de documento emitido pela escola, na forma de legislacao propria, em nome do aluno, onde consta o registro de frequencia regular ou de atestado do estabelecimento de ensino, comprovando a regularidade da matricula e frequencia escolar do aluno (RPS, art. 84, § 4°).

2.7.7. Cessacao do beneffcio

0 direito ao salario-familia cessa automaticamente:1 - por morte do filho ou equiparado, a contar do mes seguinte ao

do obito;

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Regime

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II - quando o filho ou equiparado completar quatorze anos deidade, saivo se invalido, a contar do mes seguinte ao da data do aniversario;

III - pela recuperacao da capacidade do filho ou equiparado invali­do, a contar do mes seguinte ao da cessacao da incapacidade;

IV - pelo desemprego do segurado; ouV - pela morte do segurado.

Para efeito de concessao e manutencao do salario-familia, o se­gurado deve firmar termo de responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar a empresa ou ao INSS qualquer fato ou circunstancia que determine a perda do direito ao beneficio, ficando sujeito, em caso do nao cumprimento, as sancoes penais e trabalhistas (RPS, art. 89).

A falta de comunicacao oportuna de fato que implique cessacao do salario-familia, bem como a pratica, pelo empregado, de fraude de qualquer natureza para o seu recebimento, autoriza a empresa, o INSS, o sindicato ou orgao gestor de mao de obra, conforme o caso, a descon- tar dos pagamentos de cotas devidas com relacao a outros filhos ou, na falta delas, do proprio salario do empregado ou da renda mensal do seu beneficio, o valor das cotas indevidamente recebidas, sem prejuizo das sancoes penais cabiveis (RPS> art. 90).

Quadro Resumo - Salario-familia

Fato geradorSer segurado de baixa renda (SC de ate R$ 862,11) e ter filho (ou equiparado) ate 14 anos de idade ou invalido

Beneficiarios

a) Segurado empregado e trabalhador avulsob) Aposentado por invalidez ou por idade ec) Demais aposentados a partir dos 65 anos de idade, se homens, ou 60 anos de idade, se mulheres

Carencia Nao e exigida

Renda mensal

Uma cota em relacao a cada filho (ou equiparado) ate 14 anos de idade ou invalido. 0 valor da cota e de:I - R$ 29,41, para o segurado com remuneracao mensal nao superior a R$ 573,58; eII - R$ 20,73, para o segurado com remuneracao mensal superior a R$ 573,58 e igual ou inferior a R$ 862,11.

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Pagamento

Sera pago mensalmente:a) Pela empresa - ao empregado em atividadeb) Pelo sindicato ou OGMO - ao trabalhador avulso em atividadec) Pelo INSS - ao segurado que tenha direito ao salario- -familia e esteja em gozo de auxilio-doenca ou aposentadoria

Inicio do bene- ftcio

A partir da data da apresentacao da certidao de nascimen- to do filho ou da documentacao relativa ao equiparado, estando condicionado a apresentacao anual de atestado de vacinacao obrigatoria, ate 6 anos de idade, e de comprova­cao semestral de frequencia a escola do filho ou equipara­do, a partir dos 7 anos de idade

Cessa$ao do beneficio

(a) por morte do filho ou equiparado, a contar do mds se­guinte ao do obito; (b) quando o filho ou equiparado com- pletar 14 anos de idade, salvo se invalido, a contar do mes seguinte ao da data do aniversario; (c) pela recuperacao da capacidade do filho ou equiparado invalido, a contar do mes seguinte ao da cessacao da incapacidade; (d) pelo desemprego do segurado; ou (e) pela morte do segurado

2.8. Sairirio-maternidade

Salario-maternidade e o beneficio devido a segurada da Previden­cia Social em funcao do parto, de aborto nao criminoso, da adocao ou da guarda judicial obtida para fins de adocao de crian^a pelo periodo estabelecido em lei, conforme o motivo da licen^a.

2.8.1 Parto

O salario-maternidade e devido a segurada da previdencia social, durante 120 dias, com inicio 28 dias antes e termino 91 dias depois do parto (RPS, art. 93).

No entanto, nem sempre e possivel definir, com antecedencia, a data exata do parto. Por isso, em caso de parto antecipado ou nao, a segurada sempre tera direito aos 120 dias (RPS, art. 93, § 4°). Por exemplo: mesmo que a segurada continue trabalhando ate a data do parto, tera ainda o direi­to ao salario-maternidade durante 120 dias, contados, neste caso, a partir da data do parto. Assim, e melhor dizer que o salario-maternidade tera du- ra<;ao de 120 dias, e que a data de inicio da contagem desses 120 dias pode ocorrer no intervalo de 28 dias antes do parto ate a data do parto.

Capitulo 5

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Quando a segurada da a luz a gemeos, o valor e a dura^ao do salario-maternidade nao sofrem nenhuma altera^ao, pois o fato gerador do beneficio e o parto, e nao a quantidade de filhos que nascem. Para fins de concessao de salario-maternidade, considera-se parto o evento ocorrido a partir da 23a semana (6° mes) de gesta^ao, inclusive em caso de natimorto (IN INSS n° 45/2010, a rt 294, § 3°). Assim, a segurada que, involuntariamente, perder o feto a partir da 23a semana de gestacao tambem recebera o salario-maternidade durante 120 dias.

Em casos excepcionais, os periodos de repouso anterior e poste­rior ao parto podem ser aumentados de mais duas semanas, mediante atestado medico especifico (RPS, art. 93, § 3°). O alongamento dos pe­riodos de repouso anterior e posterior ao parto consiste em excepcio- nalidade, compreendendo as situates em que exista algum risco para a vida do feto ou crian^a ou da mae, devendo o atestado medico ser apreciado pela Pericia Medica do INSS.

2.8.2. Aborlo ndo criminoso

Em caso de aborto nao criminoso, comprovado mediante atesta­do medico, a segurada tera direito ao salario-maternidade correspon­dente a duas semanas (RPS, art. 93, § 5°).

0 aborto nao criminoso abrange tres situates:a) O aborto involuntario;b) Quando nao ha outro meio de salvar a vida da gestante (CP, art.

128,1); ec) Quando a gravidez resulta de estupro (CP, art. 128, II).

Nos casos em a pratica do aborto for tipificada como crime, a se­gurada nao tera direito ao salario-maternidade.

2.8.3. Adocao de crianca

De acordo com o disposto no art. 71-A da Lei n° 8.213/91, o sa­lario-maternidade e devido a segurada da Previdencia Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adocao de crianca com idade:

1 - ate um ano completo, por 120 dias;II - a partir de um ano ate quatro anos completos, por 60 dias; ouIII - a partir de quatro anos ate completar oito anos, por 30 dias.

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Note-se que a adocao de crianca com idade superior a 8 anos nao da direito ao salario-maternidade.

O salario-maternidade e devido a segurada independentemente de a mae biologica ter recebido o mesmo beneficio quando do nasci- mento da crianca (RPS, art. 93-A, § 1°).

Para a concessao do salario-maternidade e indispensavel que conste da nova certidao de nascimento da crianca, ou do termo de guar­da, o nome da segurada adotante ou guardia, bem como, deste ultimo, tratar-se de guarda para fins de adocao. (RPS, art. 93-A, § 3°).

O salario-maternidade nao e devido quando o termo de guarda nao contiver a observacao de que e para fins de adocao ou so contiver o nome do conjuge (marido) ou companheiro da segurada (RPS, art. 93-A, § 2°). Na adocao realizada por casal, somente a mulher receberao salario-maternidade, pois este beneficio e restrito as seguradas. Se o adotante for, exclusivamente, o homem, nao havera qualquer pagamen­to de salario-maternidade.

Quando houver adocao ou guarda judicial para adocao de mais de uma crianca, e devido um unico salario-maternidade relativo a crianca de menor idade (RPS, art. 93-A, § 4°).

2.8.4. Benefkiarias

Todas as seguradas do RGPS tem direito ao salario-maternidade.

2.8.5. SlfuQcao da desempregado

A Constituicao Federal proibe a dispensa arbitraria ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmacao da gravidez ate cinco meses apos o parto (ADCT, art. 10, II, <cb”). Se a empregada gestante for dispensada sem justa causa, o periodo de estabilidade no emprego deve ser indenizado pela empresa. Essa indenizacao tambem englobara os valores que seriam pagos a tftulo de salario-maternidade. Nesse caso, a previdencia social nao paga o salario-maternidade, estando a empre­gada protegida pela indenizacao. Se fosse pago, haveria bis in idem. 100

Em face do exposto acima, ha algumas situates em que o salario- -maternidade da empregada sera devido pela previdencia social somente

100 TAVARES, Marcelo Leonardo. Op. cit.r p. 187.

Capitulo 5

♦ Prestafoes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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enquanto existir relacao de emprego. Isso ocorre nos seguintes casos: (a) se a dispensa sem justa causa ocorrer durante o periodo de estabilidade da empregada gestante; ou (b) se a dispensa por justa causa ou a pedido ocorrer apos a gestacao.

Nos demais casos, a empregada tera direito ao salario-maternida­de enquanto estiver com a qualidade de segurada mantida.

Assim, durante o periodo de graca, a segurada desempregada (se­gurada empregada que perdeu o emprego) fara jus ao recebimento do salario-maternidade nos casos de: (a) demissao ocorrida antes da gra- videz; ou (b) dispensa ocorrida durante a gestacao, desde que por justa causa ou a pedido. Nestas s itu a te s , o beneficio sera pago diretamente pela previdencia social (RPS, art. 97, paragrafo unico, incluido pelo De­creto n° 6.122, de 13/06/2007).

As demais seguradas terao direito ao beneficio, enquanto nao per- derem a qualidade de seguradas.

2.8.6. Carencia

Para as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa, o pe­riodo de carencia e de 10 contribuicoes mensais (Lein° 8.213/91, a r t 25, III).

Para o segurado especial, considera-se periodo de carencia o tem­po minimo de efetivo exercicio de atividade rural, ainda que de for­ma descontinua, igual ao numero de meses necessario a concessao do beneficio requerido (RPS, art. 26, § 1°). Assim, sera devido o salario- -maternidade a segurada especial, desde que comprove o exercicio de atividade rural nos ultimos 10 meses imediatamente anteriores a data do parto ou do requerimento do beneficio, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontinua (RPS, art. 93, § 2°). Portanto, nao se exige da segurada especial que tenha recolhido 10 contribuicoes mensais, bastando que tenha exercido a atividade rural nos ultimos 10 meses anteriores ao parto ou a data do requerimento do beneficio.

Em caso de parto antecipado, o periodo de carencia (quando exigi­do) sera reduzido em numero de contribuicoes equivalente ao numero de meses em que o parto foi antecipado (Lei n° 8.213, art. 25, paragrafo unico).

Para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada domestica, a concessao do salario-maternidade independe de carencia (Lei n° 8.213/91, a r t 26, VI).

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O salario-maternidade para a segurada empregada consiste numa renda mensal igual a sua remuneracao integral, nao podendo exceder o subsidio mensal dos Ministros do STF (RPS, art. 94 e CF, art. 248 c/c art. 37, XI).

Caso a remuneracao integral da segurada seja superior ao subsidio mensal dos Ministros do STF, cabera a empresa o pagamento da diferen­ca, pois a Constituicao Federal assegura “licenca a gestante, sem prejuizo do emprego e do salario, com a duracao de 120 dias” (CF, art. 7°, XVIII). Neste caso, o onus financeiro do INSS sera limitado ao valor do subsidio dos Ministros do STF; o que passar dai sera onus da empresa.

No caso de empregos concomitantes, a segurada fara jus ao sala­rio-maternidade relativo a cada emprego (RPS, art. 98).

Nos meses de inicio e termino do salario-maternidade da segu­rada empregada, o salario-maternidade sera proporcional aos dias de afastamento do trabalho (RPS, art. 99).

0 salario-maternidade da segurada trabalhadora avulsa, pago diretamente pela previdencia social, consiste numa renda mensal igual a sua remuneracao integral equivalente a um mes de trabalho (RPS, art. 100).

De acordo com o disposto no art. 248 da Constituicao Federal, os beneficios pagos pelo RGPS observarao os limites fixados no art. 37, XI, da CF, ou seja, nao podem exceder o subsidio dos Ministros do STF. Assim, o salario-maternidade da trabalhadora avulsa tambem nao pode ser superior ao subsidio mensal dos Ministros do STF.

Nos termos do art. 101 do Regulamento da Previdencia Social (RPS), o salario-maternidade para as demais seguradas consistira:

1 - em valor correspondente ao do seu ultimo salario-de-contri-buicao, para a segurada empregada domestica;

II - em um salario minimo, para a segurada especial;III - em um doze avos da soma dos doze ultimos salarios-de-con-

tribuicao, apurados em periodo nao superior a quinze meses, para as seguradas contribuinte individual e facultativa.

2.8.7. Renda mensal do beneffcio

Capitulo 5

•* Prestagoes do

Regime

Geral de Previdincia

Social

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Exemplo: ; V

Sebastiana rfecolheu, na/qualidade de segurada fatult^tiva, 8 .con- s t r ^ u i ^ f s m a i o i a ^ e z e m rante o ano de 2004, a segurada r i ^iyao, perdend6,vdessa forma, aqiialidSde-^ feVerfeifode 2.d0$> Sebastiana engravidou, Apos alguns meses de;gestac&p, elayoltqu acontn segurada f^cultatiya:recblheu as co:trifrm£oes^ niaio a setembro de'2005. sbbre'rim ^llrib^de-eo^

:-iftatemidad6?• ': ^

Resposta: Havendo perda da quaiidade de segurado, as contribui­coes anteriores a essa data so serao computadas para efeito de carencia depois que o segurado contar, a partir da nova filiacao a Previdencia Social, com, no minimo, 1/3 do numero de contribuicoes exigidas para o cumprimento da carencia definida para o beneficio a ser requerido (Lei n° 8.213/91, art. 24, paragrafo unico). No exemplo acima, Sebas­tiana perdeu a quaiidade de segurado, pois, sendo segurada facultativa, atrasou mais de 6 contribuicoes mensais. Todavia, em maio de 2005, voltou a contribuir, adquirindo uma nova filiacao ao RGPS. A partir da nova filiacao, Sebastiana recolheu 5 contribuicoes mensais, ou seja, uma quantidade de contribuicoes superior a 1/3 do numero de contri­buicoes exigidas para a carencia do salario-maternidade. Neste caso, ela pode aproveitar as 8 contribuicoes mensais recolhidas antes da perda da quaiidade de segurada. Portanto, para efeito de carencia, Sebastiana conta com 13 contribuicoes mensais (8 antes da perda da quaiidade de segurada + 5 a partir da nova filiacao). Assim, Sebastiana tera direito ao salario-maternidade.

Qual sera a renda mensal do salario-maternidade de Sebastiana?

Resposta: Nos ultimos 15 meses (agosto de 2004 a outubro de 2005) Sebastiana so recolheu as contribuicoes dos meses de maio a setembro de 2005 (5 meses), sobre um salario-de-contribuicao de R$ 2.000,00. Assim, o valor do salario-maternidade sera 1/12 x (R$ 2.000,00 x 5), correspondendo a uma renda mensal de R$ 833,33.

No tocante a segurada especial, a renda mensal do salario-mater­nidade sera de um salario minimo se ela nao contribui, facultativamen­te, com aliquota de 20% sobre o salario-de~contribuicao. Todavia, se a

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segurada especial contribui, facultativamente, com 20% sobre o salario- -de-contribuicao, seu salario-maternidade sera calculado da mesma forma que se calcula o da contribuinte individual.

2.8.8. Pagamento do salario-maternidade

Cabe a empresa pagar o salario-maternidade devido a respectiva empregada gestante, efetivando-se a compensacao quando do recolhi­mento das contribuicoes incidentes sobre a folha de salarios e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer titulo, a pessoa fisica que lhe preste servico (Lei n° 8.213/91, art. 72, § 1°).

O salario-maternidade e um beneficio previdenciario, sendo, por isso, um encargo financeiro da Previdencia Social. Assim, quando se trata de segurada empregada, o salario-maternidade e pago pela empre­sa, mas esta tem o direito de reembolsar-se do valor despendido, efe- tuando a compensacao quando do recolhimento de suas contribuicoes previdenciarias.

A empregada deve dar quitacao a empresa dos recolhimentos mensais do salario-maternidade na propria folha de pagamento ou por outra forma admitida, de modo que a quitacao fique plena e claramente caracterizada (RPS, art. 94, § 3°),

Para as demais seguradas, o salario-maternidade sera pago dire­tamente pela Previdencia Social (Lei n° 8.213/91, art. 72, § 3° e art. 73).

Na hipotese de adocao ou guarda judicial para fins de adocao, o salario-maternidade ser4 pago diretamente pela Previdencia Social, mesmo que a adotante seja segurada empregada (Lei n° 8.213/91, art. 71-A, paragrafo unico).

2.8.9. Incidencia de contribuicao previdencidria

O salario-maternidade e o unico beneficio do RGPS sobre o qual incide contribuicao previdenciaria. Assim, o salario-maternidade integra o salario-de-contribuicao da segurada (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 9°, “a”).

Quando o salario-maternidade e pago pela empresa, esta des- conta a contribuicao previdenciaria da segurada empregada. Ha tam­bem a contribuicao da empresa incidente sobre o valor do salario-ma­ternidade.

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

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Geral de

Previdencia Social

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No periodo de salario-m aternidade da segurada empregada domestica, cabera ao empregador recolher apenas a parcela da con­tribuicao a seu cargo (aliquota de 12%), sendo que a parcela devida pela empregada domestica sera descontada pelo INSS do valor do beneficio.

A contribuicao da segurada empregada domestica referente aos meses do inicio e do termino da licenca-maternidade, proporcional aos dias efetivamente trabalhados, devera ser descontada pelo empregador domestico e a contribuicao proporcional aos dias de licenca sera arreca- dada pelo INSS mediante desconto no pagamento do beneficio.

A contribuicao devida pela contribuinte individual e pela facul­tativa, referente aos meses do inicio e do termino do salario-m aterni­dade, devera ser recolhida pela segurada, calculada sobre o seu sala- rio-de-contribuicao integral, nao sendo descontada qualquer parcela a este titulo pelo INSS. A contribuicao devida no curso do beneficio (exceto os meses do inicio e do termino) sera descontada pelo INSS do valor do beneficio.

2.8.10. Requerimento do beneficio

Compete a interessada instruir o requerimento do salario-ma- ternidade com os atestados medicos necessarios (RPS, art. 95). Quan­do o beneficio for requerido apos o parto, o documento comprobatorio e a Certidao de Nascimento, podendo, no caso de duvida, a segurada ser submetida a avaliacao pericial junto ao INSS (RPS, art. 95, para­grafo unico).

2.8.11. Acumulacao

O salario-maternidade nao pode ser acumulado com beneficio por incapacidade (RPS, art. 102). Quando ocorrer incapacidade em concomitancia com o periodo de pagamento do salario-maternidade,o beneficio por incapacidade, conforme o caso, devera ser suspenso en­quanto perdurar o referido pagamento, ou tera sua data de inicio adiada para o primeiro dia seguinte ao termino do salario-maternidade (RPS, art. 102, paragrafo unico).

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Por exemplo, se quando da concessao do salario-maternidade for verificado que a segurada recebe auxilio-doenca, este devera ser suspen­so na vespera do inicio do salario-maternidade, Se logo apos a cessa- Cao do salario-maternidade, e mediante avalia^ao da Pericia Medica do INSS, a pedido da segurada, for constatado que esta permanece incapa- citada para o trabalho pela mesma doenca que originou o auxflio-doen- Ca cessado, este sera restabelecido. Se na avaliacao da Pericia Medica do INSS ficar constatada a incapacidade da segurada para o trabalho em razao de molestia diversa da que deu origem ao auxilio-doenca cessado, devera ser concedido novo beneficio.

A segurada aposentada que retornar a atividade fara jus ao paga­mento do salario-maternidade (RPS, art. 103).

2.8.12. Periodo de duracao

0 periodo de duracao do salario-maternidade sera:1 - Em caso de parto: 120 dias (com inicio 28 dias antes e termino

91 dias depois do parto). Em casos excepcionais, os periodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser aumentados de mais duas semanas, mediante atestado medico especifico.

II - Em caso de aborto nao criminoso: duas semanas.III - Em caso de adocao ou guarda judicial para fins de adocao:

a) se a crianca tiver ate 1 ano completo: 120 dias;b) a partir de 1 ano ate 4 anos completos: 60 dias;c) a partir de 4 anos ate completar 8 anos: 30 dias.

Em caso de parto, em regra, os 120 dias serao contados da seguin­te forma: 28 dias antes do parto + o dia do parto + 91 dias apos o parto. Contudo, em muitos casos, e dificil definir o dia exato do parto, que pode nao ocorrer na data marcada. Por isso, em caso de parto antecipa­do ou nao, a segurada sempre tera direito aos 120 dias.

Exiemplo 1:~ r "\: '•' ■."

. Rosana, empregada da empresa i lfa 2'8?rdiii:s :antes:'dq .parto; ste^eaV^ ate 91 jdias :apos o parto ( 2 8 1 > - ^

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O inicio do afastamento do trabalho da segurada empregada sera determinado com base em atestado medico ou certidao de nascimento do filho (RPS, art. 96).

Para fins de concessao de salario-maternidade, considera-se parto o evento ocorrido a partir da 23a semana (6° mes) de gesta^ao, inclusi­ve em caso de natimorto (IN INSS n° 45/2010, art. 294, § 3°). Assim, a segurada que, involuntariamente, perder o feto a partir da 23a semana de gesta^ao recebera o salario-maternidade durante 120 dias. Mas se tal evento ocorrer antes da 23a semana de gesta^ao, o salario-maternidade sera devido por um periodo de duas semanas, pois, neste caso, trata-se de aborto nao criminoso.

2.8.13. Programa Empresa Cidada

O Programa Empresa Cidada, instituldo pela Lei n° 11.770/2008, des- tina-se a prorrogar por 60 dias a dura^ao da licenca-matemidade. A pror- roga^ao sera garantida a empregada da pessoa juridica que aderir ao Pro­grama, desde que a empregada a requeira ate o final do primeiro mes aposo parto, e concedida imediatamente apos a frai^o da Hcenca-maternidade. A prorroga^ao sera garantida, na mesma propor^ao, tarubem a empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adocao de crianca.

Durante o periodo de prorroga^ao da licenca-maternidade, a em­pregada tera direito a sua remuneracao integral paga pela empresa. A pessoa juridica tributada com base no lucro real podera deduzir do im~ posto de renda devido (IRPJ), em cada periodo de apura^ao, o total da remuneracao integral da empregada pago nos 60 dias de prorrogacao de sua licenca-maternidade, vedada a deducao como despesa operacional.

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Frise-se, contudo, que o objetivo da Lei n° 11.770/2008 nao e a prorroga^ao do salario-maternidade (beneficio previdenciario), e sim da licenca-maternidade (direito trabalhista). O prazo de duracao do salario-maternidade continua o mesmo visto no item anterior.

2.8.14. Cessacao do beneffcioO pagamento do salario-maternidade cessa:a) Apos o decurso do prazo legal (visto no topico 2.8.11);b) Pelo obito da segurada;c) Para a segurada empregada, pela dispensa sem justa causa du­

rante o periodo de estabilidade, ou pela dispensa por justa causa ou a pedido apos a gestacao (RPS, art. 97).

Fato gerador

a) Partob) Aborto nao criminoso ouc) Adocao ou guarda judicial para fins de adocao de crian^a de ate 8 anos de idade

Beneficiarias Todas as seguradas

Carencia

a) Contribuinte individual e facultativa: 10 contribuicoes mensaisb) Segurada especial: exercicio de atividade rural nos ultimos 10 meses anteriores a data do parto ou do requerimento do beneficio, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma descontinuac) Empregada, trabalhadora avulsa e empregada domestica: independe de carencia

Renda mensal

a) Empregada e trabalhadora avulsa: remuneracao integral, limitada ao subsidio dos Ministros do STFb) Empregada domestica: seu ultimo salario-de-contribuicaoc) Segurada especial: um salario minimod) Contribuinte individual e facultativa: 1/12 da soma dos 12 ultimos salarios-de-contribuicao, apurados em periodo nao superior a 15 meses

Pagamento

a) Sera pago pela empresa a segurada empregadab) Para as demais seguradas, sera pago diretamente pela Previ­dencia Socialc) No caso de adocao de crianca, sera pago diretamente pela Previdencia Social, mesmo que a adotante seja empregada

Capitulo 5

* Prestagoes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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Periodo de duracao

I - em caso de parto: 120 dias (com inicio 28 dias antes e termino 91 dias depois do parto). Em casos excepcionais, os periodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser aumentados de mais duas semanas, mediante atestado medico espedficoII - em caso de aborto nao criminoso: duas semanasIII - em caso de adocao ou guarda judicial para fins de adocao:a) se a crianca tiver ate 1 ano completo: 120 diasb) a partir de 1 ano ate 4 anos completos: 60 diasc) a partir de 4 anos ate completar 8 anos: 30 dias

Cessacao do beneficio

a) Apos o decurso do prazo legal (periodo de duracao)b) Pelo obito da seguradac) Para a segurada empregada, pela dispensa sem justa causa duran­te o periodo de estabilidade, ou pela dispensa por justa causa ou a pedido apos a gestacao

2.9. Pensao por morteDe acordo com o disposto no a r t 74 da Lei n° 8.213/91, a pensao

por morte sera devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou nao, a contar da data:

I - do obito, quando requerida ate trinta dias depois deste;II - do requerimento, quando requerida apos o prazo previsto no

inciso anterior;III - da decisao judicial, no caso de morte presumida.

Ho caso do disposto no inciso II, a data de inicio do beneficio sera a data do obito, aplicados os devidos reajustamentos ate a data de inicio do pagamento, nao sendo devida qualquer importancia relativa ao peri- odo,anterior a data de entrada do requerimento (RPS, a r t 105, § 1°). Ou seja, tratando-se de beneficio de pensao por morte cujo requerimento tenha sido formulado apos o decurso do prazo de trinta dias do obito, a data do inicio do pagamento (DIP) sera a data do requerimento, ainda que a data do inicio do beneficio (DIB) seja fixada no' obito. Neste caso, as prestacoes somente serao devidas a parir da data da entrada do re­querimento (DER). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIARIO. PENSAO POR MORTE. TERMO INICIAL. ART 74 DA LEIN0 8.213/1991. 1. Segundo a compreensao firmada neste Superior Tribunal de Justica, tratando-se de beneficio de pensao por morte cujo re~

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querimento tenha sido formulado apos o decurso do prazo de trinta dias do obito, o seu termo inicial deve serfixado na data do pleito administrativo. 2. Agravo regimental a que se nega provimentoV01

2.9.1. Morte presumida

A pensao podera ser concedida, em carater provisorio, por morte presumida:

I - mediante sentenca declaratoria de ausencia, expedida porautoridade judiciaria, a contar da data de sua emissao (Lei n° 8.213/91, art. 78, caput); ou

II - em caso de desaparecimento do segurado por motivo de ca~tastrofe, acidente ou desastre, a contar da data da ocorrencia, mediante prova habil (Lei n° 8.213/91, art. 78, § 1°).

Para fins de obtencao de pensao provisoria, a morte presumida pode ser declarada judicialmente depois de seis meses de ausencia (Lei n° 8.213/91, art 78, caput). Para fins previdenciarios, a ausencia tem pra­zo proprio, nao se confundindo com aquela regulada pelo Codigo Civil. A competencia para julgar e processar a a^ao e da Justi^a Federal Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“RECURSO ESPECIAL. PENSAO. MORTE PRESUMIDA. COMPETENCIA. 1. O reconhecimento da morte presumida do segurado, com vistas a percepqao de beneficio previdenciario (art. 78 da Lei n° 8.213/91), ndo se confunde com a declaracao de ausencia prevista nos Codigos Civil e de Processo Civil, razao pela qual compete a Justiga Federal processar e julgar a a$ao. 2. Recurso conhecido e providoV02

No caso de desaparecimento por motivo de catastrofe, acidente ou desastre, nao se exige decisao judicial ou decurso do prazo de seis meses. Exige-se, contudo, a comprovacao do fato que gerou o desapare­cimento. Servirao como prova habil do desaparecimento, entre outras: (a) boletim do registro de ocorrencia feito junto a autoridade policial; (b) prova documental de sua presen^a no local da ocorrencia; (c) noticiario nos meios de comunica<;ao.

101 , AgRg no REsp 1181655/RS, Rel. M in. Haroido Rodrigues, 6 a T., Die 3 0 /0 8 /2 0 1 0 .102 STJ, REsp 256547/SP, Rei. M in. Fernando Gonsalves, 6 a T., DJ 1 1 /0 9 /2 0 0 0 , p. 303.

Capitulo 5

«■ Prestagoes do Regim

e G

eral de Previdencia

Social

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Se existir relacao entre o trabalho do segurado e a catastrofe, o acidente ou o desastre que motivaram seu desaparecimento, alem dos documentos acima relacionados e dos documentos dos dependentes, ca- bera tambem a apresenta^ao da CAT, sendo indispensavel o parecer me- dico-pericial para caracteriza^ao do nexo tecnico (IN INSS n° 45/2010, art. 329, paragrafo unico).

Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensao cessa imediatamente, ficando os dependentes desobrigados da reposi- Cao dos valores recebidos, salvo ma-fe (Lei n° 8.213/91, art. 78, § 2°).

A cada seis meses o recebedor do beneficio devera apresentar do­cumento da autoridade competente, contendo informacoes acerca do andamento do processo, relativamente a declaracao de morte presumi­da, ate que seja apresentada a Certidao de Obito (IN INSS n° 45/2010, art. 330).

2.9.2. Beneficiarios

Os beneficiarios da pensao por morte sao os dependentes do se­gurado falecido.

De acordo com o disposto no art. 16 da Lei n° 8.213/91, sao bene­ficiarios do RGPS, na condicao de dependentes do segurado:

I - o cdnjuge, a companheira, o companheiro e o filho nao eman­cipado, de qualquer condicao, menor de 21 anos ou invalido (classe I);

II - os pais (classe II);III - o irmao nao emancipado, de qualquer condicao, menor de 21

anos ou invalido (classe III).

A existencia de dependente de qualquer das classes exclui do direito as prestacoes os das classes seguintes (Lei n° 8.213/91, art. 16, § 1°). Assim, existindo algum dependente da classe I, os das classes II e 10 nao terao direito a pensao por morte. Os dependentes da classe III so terao direito a pensao por morte se nao houver dependentes das classes I ou II. Por isso, os pais (dasse II) ou irmaos (dasse HE) deverao, para fins de concessao da pensao por morte, comprovar a inexistencia de dependentes preferendais, mediante declaracao firmada perante o INSS (RPS, art. 24).

Os dependentes de uma mesma dasse concorrem em igualdade de condicoes (RPS, art. 16, § 1°).

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I

Por ocasiao do requerimento de pensao por morte para o depen­dente menor de 21 anos (filho ou Irmao), far-se-a necessaria a apresenta­cao de declaracao da qual devera constar que o dependente nao e eman­cipado (RPS, art. 22, § 10).

O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho (classe I) me­diante declaracao do segurado e comprovacao de dependencia econo­mica, desde que nao possua bens suficientes para o proprio sustento e educacao (RPS, art, 16, § 3°). O menor sob tutela somente podera ser equiparado aos filhos do segurado mediante apresentacao de termo de tutela (RPS, art. 16, § 4°).

No caso de equiparado a filho (enteado e menor tutelado), a ins­cricao (para fins de concessao de pensao por morte) sera feita median­te a comprovacao da equiparacao por documento escrito do segurado falecido manifestando essa intencao, da dependencia economica e da declaracao de que nao tenha sido emancipado (RPS, art. 22, § 13).

A concessao da pensao por morte nao sera protelada pela falta de habilitacao de outro possivel dependente, e qualquer inscricao ou habi- litacao posterior que importe em exclusao ou inclusao de dependente so produzira efeito a contar da data da inscricao ou habilitacao (Lei n° 8.213/91, art 76).

O conjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensao de alimentos concorrera em igualdade de condicoes com os dependentes da classe I (Lei n° 8.213/91, art. 76, § 2°). A respeito deste tema, o STJ tem um entendimento mais favoravel a mulher divorcia- da ou separada judicialmente. De acordo com a Sumula 336 do STJ, “a mulher que renunciou aos alimentos na separacao judicial tem direito a pensao previdenciaria por morte do ex-marido, comprovada a necessi- dade economica superveniente”.

O conjuge ausente somente fara jus ao beneficio a partir da data de sua habilitacao e mediante prova de dependencia economica, nao excluindo do direito a companheira ou o companheiro (Lei n° 8.213/91, art. 76, § 1°). Trata-se, neste caso, de uma excecao a regra: a dependencia economica do conjuge e presumida (Lei n° 8.213/91, art. 16, § 4°), salvo se ausente. Conjuge ausente e aquele que se afasta do convivio conjugal por longo periodo.

Podera ser concedida pensao por morte, apesar do instituidor ou dependente (ou ambos) serem casados com outrem, desde que compro­vada a separacao de fato ou judicial e a vida em comum (IN INSS/PRES n« 45/2010, art 323, § 3°).

Capitulo 5

Prestapoes do Regim

e G

eral de Previdencia Social

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O conjuge separado de fato, divorciado ou separado judicialmen- te tera direito a pensao por morte, mesmo que este beneficio ja tenha sido requerido e concedido a companheira ou ao companheiro, desde que beneficiario de pensao alimenticia (IN INSS n° 45/2010, art. 323), Equipara-se a percepcao de pensao alimenticia o recebimento de aju- da economico-financeira sob qualquer forma (IN INSS n° 45/2010, art. 323, § 1°). A Certidao de Casamento, apresentada pelo conjuge, na qual nao conste averba^ao de divorcio ou de separacao judicial, constitui do­cumento bastante e suficiente para comprovacao do vinculo, devendo ser exigida prova de recebimento de pensao alimenticia ou de ajuda eco­nomico-financeira apenas nos casos de habilitacao de companheiro(a) na mesma pensao (IN INSS n° 45/2010, art. 323, § 2°).

No caso de dependente invalido (filho ou irmao), para fins de ins­cricao e concessao de beneficio, a invalidez sera comprovada mediante exame medico-pericial a cargo do INSS (RPS, art. 22, § 9°). A pensao por morte somente sera devida ao filho e ao irmao cuja invalidez te­nha ocorrido antes da emancipacao ou de completar a idade de 21 anos, desde que reconhecida ou comprovada, pela pericia medica do INSS, a continuidade da invalidez ate a data do obito do segurado (RPS, art. 108). Todavia, o dependente que recebe pensao por morte na condicao de menor e que, antes de completar 21 anos, tornar-se invalido, tera direito a manutencao do beneficio, independentemente da invalidez ter ocorrido antes ou apos o obito do segurado (RPS, art 115).

Exemplo 1: .' --

Mateus, segurado do RGPS, faleceu quando seu filho, Lucas, tinha10 anos de idade. Lucas ficou recebendo pensao por morte1 a partir • da data do obito do seu Pai. Aos 20 anos de idade, Lucas sofreu um acidente, que o deixou invalido. Neste caso, Lucas continuara rece­bendo a pensao por morte, mesmo apos completar 21 anos de idade.

Exemplo2: .. •. • . ' • . . \ \ '•/. >. .

Joao, segurado. do RGPS, faleceu quando seu filho, Marcos, tinha15 anos de idade. Marcos ficou recebendo pensao por morte, a par- tir da data do obito do seu Pai ate a data em que completou 21 anos.Aos 22 anos de idade, Marcos sofreu um acidente, ,qtie o deixou invalido. Neste caso, a pensao por morte had sera reativada: ■■■■;

Exemplo 3: ‘ :J ^ i '

Joaquim, segurado do RGPS, faleceu quando seu filho Paulo; que .. era invalido, tinha 17 anos de idade. Neste caso, Paulo recebera'■ pensao por morte, enquanto durar a invalidez, mesmo ap6s.com- pietar 21 anos de idade. ■ J ;7

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Exemplo 4 : ' j;t/r ;v ^Francisco, segurado do RGPS, faleceu qiiaiido seu ftlhiq i^n0md,:. =

■ que era-invalido, tinha 28 anos de idaderNeste c'asbv: Antonio cebera pensao- por morte, enquanto durar a inyalide?^ invalidez tenha iniciado antes da emaricipac.ao c>u„de ;cp^fet&i\a:: idade d e21 anos.■■.. : : - ;; ; ' ' . ;;

Exemplo5 : • . :-..v ^ ^ ^

. Sebastiana, segurada do RGPS, faleceu quando .seix fijho^Hofa^; imha 22 .anosde;ida$e; ■'^ p p s ^ p rte ;^ :§ u ^ rr^ ^ urn acidente, que o deixou invalido. Neste ca'so^ direito & pensao por morte,.pois^na data'^o 6bito;:4e;s

; era invalido e.ja tinha nlais de'2i anos de idade." O' :

O pensionista invalido esta obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de suspensao do beneficio, a submeter-se a exame medi­co a cargo da previdencia social, processo de reabilitacao profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirurgico e a transfusao de sangue, que sao facultativos (RPS, art. 109).

Por forca de decisao judicial da 3a Vara Federal Previdenciaria de Porto Alegre/RS (A^ao Civil Publica n° 2000.71.00.009347-0), fica garan- tido o direito a pensao por morte ao companheiro ou companheira ho~ mossexual, para obitos ocorridos a partir de 5 de abril de 1991, desde que atendidas todas as condicoes exigidas para o reconhecimento do direito a esse beneficio (IN INSS n° 45/2010, art. 322).

2.9.3. Obito ocorrido apos o perda da quaiidade de segurado

Em regra, nao sera concedida pensao por morte aos dependentes do segurado que falecer apos a perda da quaiidade de segurado (Lei n° 8.213/91, art. 102, § 2°).

Todavia, cabera a concessao de pensao aos dependentes, mesmo que o obito tenha ocorrido apos a perda da quaiidade de segurado, des­de que, na data do obito, o segurado ja tivesse implementado todos os requisitos para obtencao de uma aposentadoria.

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

Regime

Geral de Previdencia

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[r;.;desM'i5ata,\ ribum para>a- , data-ieni iie pi6;filho^na6::16 iDbito, Joao i adrde 'uinar :irierisais se 65 doi As^im,.6s

Ijihos de joao terao direito ao beneiicio.ae.pensad por moirt^

" d ^ j t t f f i d a d e ^ a i n d a : ' n a d - ^ ^

I Jdao ainda hao tinha cpmjpletado 65 anos de idade). V ; . • . •. . : ,';

A respeito da materia aqui tratada, confira-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justi^a:

“PREVIDENCIARIO. EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL BENEFICIO DE PENSAO POR MORTE. DE CUIUS. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. POSSI­BILIDADE DE DEFERIMENTO DA PENSAO, NOS TERMOS DO ART 102 DA LEI N ° 8.213/91, SE RESTAR COMPROVADO 0 ATENDIMENTO DOS REQUISITOS PARA CONCESSAO DE APOSENTADORIA ANTES DA DATA DO FALECIMENTO. 1. E assegurada a concessao do beneficio de pensao por morte aos dependentes do de cujos que, ainda que tenha perdido a qualidade de segurado, tenha preenchido os requisitos legaispara a obtengao de aposentadoria, antes da data do falecimento. 2. Embargos de divergencia conhecidos, porem, rejeitadosV03

Para consolidar o seu entendimento sobre o tema em tela, o STJ editou a seguinte sumula:

“Sumula 416: E devida a pensao por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legaispara a obtengao de aposentadoria ate a data do seu obito”

103 STJ, EREsp 524006/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 30/03/2005, p. 132.

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2.9.4. Carencia

A concessao da pensao por morte independe de carencia (Lei n° 8.213/91, art 2 6 ,1).

2.9.5. Renda mensal inicial

O valor mensal da pensao por morte sera de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (Lei n° 8.213/91, art. 75).

Se o segurado falecido ja era aposentado, a renda mensal inicial da pensao por morte sera de 100% do valor da aposentadoria que ele rece­bia. Mas se o segurado nao era aposentado, o valor da pensao por morte sera de 100% do valor da aposentadoria que ele teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento. Vale dizer, se o segurado falecido nao era aposentado, para efeito de calculo da pensao por morte, utiliza-se a mesma regra de calculo da aposentadoria por invalidez, que corresponde a 100% do salario-de-beneffcio.

Na redacao original do art. 75 da Lei n° 8.213/91, o valor da pensao por morte era 80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou a que teria direito, se estivesse aposentado na data do seu falecimento, mais S' tantas parcelas de 10% do valor da mesma aposentadoria quantos forem j? os seus dependentes, ate o maximo de 2 (duas). A Lei n° 9.032/95 fixou ^ a pensao por morte em 100% do salario-de-beneficio. A atual regra de ♦ calculo foi instituida pela Lei n° 9.528/97. Diante das diversas mudan^as nas regras de calculo, saliente-se que “a lei aplicavel a concessao de pensao | previdenciaria por morte e aquela vigente na data do obito do segurado” ^ (Sumula 340 do STJ). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINARIO. INTERPOSTO <f PELO INSS, COM FUNDAMENTO NO ART. 102, III, KAn, DA I CONSTITUICAO FEDERAL, EM FACE DE ACORDAO DE ? TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. I BENEFICIO PREVIDENCIARIO: PENSAO PORMORTE (LEIN0 | 9.032, DE 28 DE ABRIL DE 1995). 1. No caso concreto, a recorrida «j e pensionista do INSS desde 04/10/1994, recebendo atraves do be- jjj£ neftcio n° 055.419.615-8, aproximadamente o valor de R$ 948,68, jj[ Acdrddo recorrido que determinou a revisdo do beneficio de pensao por morte, com efeitosfinanceiros correspondentes a integralidade s. do saldrio de beneficios da previdencia geral, a partir da vigencia da

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Lei n° 9.032/1995. 2. Concessao do referido beneficio ocorrida em momento anterior a edigao da Lei n° 9.032/1995. No caso concreto, ao momento da concessao, incidia a Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991. (...) 15. Salvo disposicao legislativa expressa e que atenda a previa indicagao dafonte de custeio total, o beneficio previdencidrio deve ser calculado na forma prevista na legislagao vigente d data da sua concessao. A Lei no 9.032/1995 somente pode ser aplicada as concessoes ocorridas a partir de sua entrada em vigor. 16. No caso em aprego, aplica-se o teor do art. 75 da Lei n° 8.213/1991 em sua redagdo ao momento da concessao do beneficio d recorrida. 17 Recurso conhecido eprovidopara reformaroacordao recorrido”.104

A pensao por morte, havendo mais de um pensionista, sera rate- ada entre todos, em parte iguais (Lei n° 8.213/91, art. 77). Revertera em favor dos demais a parte daquele cujo direito a pensao cessar (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 1°).

Exemplo 1:

Joao, segurado do RGPS, faleceu, deixando sua esposa, Maria, e dois filhos nao emancipados menores de 21 anos. Neste caso, cada um dos dependentes recebera 1/3 do valor total, da pensao por morte. Quando o filho mais velho completar 21 anos (ou, se antes disso, morrer ou emancipar-se), a sua parte na pensao revertera em favor dos demais dependentes, que passarao a receber (cada um) 1/2 do valor total da pensao. Quando o segundo filho completar 21 anos (ou, se antes disso, morrer ou emancipar-se), a pensao passara a ser recebida, integralmente, por Maria (esposa do segurado fale­cido). Quando Maria morrer, o beneficio sera encerrado. ...

F.xemplo 2: ■ ' ."-v ^

Pedro e segurado obrigatorio doRGPS: Maria divorciou-se de Pe- dro, passando a receber uma pensao alimenticia equivalente a 10% do salario de Pedro. Posteriormente, Pedro, que se encontrava em uniao estavel com Lucia, sem; ter filhos de ambos os relacionamen- tos, faleceu. Nessa situacao, Maria e Lucia terao direito a pensao por morte, que sera dividida em partes iguais. Ocorrendo>a morte de uma das beneficiarias, a outra passara a receber a pensao por morte de forma integral, Observa-se que nao existe nenhuma relacao en­tre o valor da pensao alimenticia que Maria recebia com o valor da pensao por morte que ela passou a receber apos o obito de Pedro! O fato de Maria ser beneficiaria de pensao alimenticia apenas assegura o direito ao recebimento da pensao por morte. Vale dizer, havendo mais de um dependente com direito ao beneficio, a divisao das cotas.. da pensao por morte ocorrera sempre em partes iguais.

104 STF, RE 415454/SC, Rei. Min. GilmarMendes, Orgao Julgador: Tribunal Pleno, DJ 26/10/2007.

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Seguindo a linha de raciocinio desenvolvida no exemplo supra, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO. RECURS ESPECIAL PENSAO POR MORTE. RATEIO EM PARTES IGUAIS ENTRE A EX-ESPOSA E A ATUAL ESPOSA. ARTS. 16, 1; 76,§2°E 77DA LEI 8,213/91 RECURSO ESPECIAL DO INSS PROVIDO. 1. O art 76, § 2° da Lei n° 8.213/91 e claro ao determinar que o conjuge divorciado ou separado judicialmente e que recebe pensao alimenticia, como no caso, concorrera em igualdade de condigoes com os demais dependentes elencados no art. 16 ,1 do mesmo diploma legal 2. Por sua vez, o artigo 77 da Lei de Beneficios Previdenciarios dispoe que, havendo mais de um pensionista, a pensao por morte sera rateada entre todos em partes iguais. 3. A concessao de beneficio previdenciario depende da demonstragdo dos requisitos exigidos pela legislagaoprevidencidria em vigor, sendo certo, portanto, que a concessao de pensao por morte nao se vincula aos pardmetros fixados na condenagdo para a pensao alimenticia, motivo pelo qual o percentual da pensao ndo corresponde ao mesmo percen- tual recebido a titulo de alimentos. 4. Recurso Especial do INSS providopara determinar o rateio da pensao por morte em partes iguais entre a ex-esposa e a atual esposa: 50% do valor de pensao para cada qual, ate a data do falecimento da ex-esposaV05

O valor global da pensao por morte nao podera ser inferior ao valor do salario minimo. Mas quando ha mais de um pensionista divi- dindo a mesma pensao, a cota individual que cada um recebera podera ser menor que um salario minimo.

O valor da pensao por morte devida aos dependentes do segurado recluso que, nessa condicao, exercia atividade remunerada sera obtido me­diante a realiza^ao de calculo com base no novo tempo de contribuicao e salarios-de-contribuicao correspondentes, neles incluidas as contribuicoes recolhidas enquanto recluso, facultada a opcao pela pensao com valor cor­respondente ao do auxilio-reclusao (RPS, art. 106, paragrafo unico).

2.9.6. Cessacao do pagamento da cota individual0 pagamento da cota individual da pensao por morte cessa:1 - pela morte do pensionista (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, I);II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmao, ao completar

21 anos, salvo se for invalido, ou pela emancipacao, ainda que

105 STJ, REsp 969591/RJ, Rel. Min. Napoieao Nunes Maia Filho, 5*T „ DJe 06/09/2010

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invalido, exceto, neste caso, se a emancipacao for decorrente de cola^ao de grau cientifico em curso de ensino superior (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, II);

III - para o pensionista invalido, pela cessacao da invalidez, verifi-cada em exame medico-pericial a cargo da previdencia social (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, III);

IV - pela adocao, para o filho adotado que receba pensao por mortedos pais biologicos (RPS, art. 114, IV). Todavia, a pensao nao cessara quando o conjuge ou companheiro adota o filho do outro.

2.9.7. Cessacao do beneficioCom a extincao da cota do ultimo pensionista, a pensao por mor­

te sera encerrada (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 3°).

No caso de morte presumida, verificado o reaparecimento do se­gurado, o pagamento da pensao cessa imediatamente, ficando os de­pendentes desobrigados da reposicao dos valores recebidos, salvo ma-fe (Lei n° 8.213/91, art. 78, § 2°). Note»se que, neste caso, o pagamento da pensao por morte de todos os dependentes cessara na mesma data.

Fato gerador

a) Morte do seguradob) Sentenca declaratoria de ausencia, expedida por autori­dade judicidriac) Desaparecimento do segurado por motivo de catastro­fe, acidente ou desastre, mediante apresentacao de prova habil Neste caso, e dispensada a decisao judicial

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I

Beneficiarios Os dependentes do segurado falecido (respeitada a ordem das classes)

Carencia Nao e exigida

Renda mensal100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento

Inicio do pagamento do

beneficio

I - Regra geral:a) data do obito, quando requerido ate 30 dias depois desteb) data do requerimento, quando requerido apos os 30 diasII - Nos casos de morte presumida:a) data da sentenca declaratoria de ausencia, expedida por autoridade judiciaria oub) data da ocorrencia do desaparecimento do segurado por motivo de catastrofe, acidente ou desastre, mediante prova habil

Cessacao do pagamento da cota individual

a) Pela morte do pensionistab) Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmao, ao completar 21 anos, salvo se for invalido, ou pela emancipacao, ainda que invalido, exceto, neste caso, se a emancipacao for decorrente de colacao de grau cientifico em curso de ensino superiorc) Para o pensionista invalido, pela cessacao da invalidez, verificada em exame medico-pericial a cargo da Previ­dencia Sociald) Pela adocao, para o filho adotado que receba pensao por morte dos pais biologicos

Cessacao do beneficio

a) Com a extincao da cota do ultimo pensionista, a pensao por morte sera encerradab) No caso de morte presumida, verificado o reapare- cimento do segurado, o pagamento da pensao cessa imediatamente

2.10. Auxilio-redusdo

O auxilio-reclusao sera devido, nas mesmas condicoes da pen­sao por morte, aos dependentes do segurado recolhido a prisao, que nao receber remuneracao da empresa nem estiver em gozo de auxilio- -doenca, de aposentadoria ou de abono de permanencia em servico (Lei n° 8.213/91, art. 80).

Capitulo 5

<■ Prestagoes do Regim

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O inciso IV do art. 201 da Constituicao Federal, na redacao dada pela EC 20/98, restringiu a concessao do auxilio-reclusao para os depen­dentes dos segurados de baixa renda. De acordo com o art 13 da Emenda Constitucional n° 20/98, “ate que a lei discipline o acesso ao salario-fami- lia e auxilio-reclusao para os servidores, segurados e seus dependentes, esses beneficios serao concedidos apenas aqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, que, ate a publicacao da lei, serao corrigidos pelos mesmos indices aplicados aos beneficios do regime geral de previdencia social”. Os R$ 360,00 citados pela art 13 da EC 20, corrigi­dos pelos mesmos indices de reajuste aplicados aos demais beneficios do RGPS, correspondent, atualmente, a R$ 862,ll.106

Vale frisar que a renda do segurado preso e a que deve ser uti- lizada como parametro para a concessao do beneficio e nao a de seus dependentes. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

"EMENTA: PREVIDENCIARIO. CONSTITUCIONAL RE- CURSO EXTRAORDINARIO. AUXILIO-RECLUSAO. ART 201, IV, DA CONSTITUICAO DA REPUBLICA. LIMITAQAO DO UNIVERSO DOS CONTEMPLADOS PELO AUXfLIO-RECLU- SAO. BENEFICIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRI^AO INTRODUZIDA PELA EC20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINARIO PROVIDO. I - Segun­do decorre do art. 201, IV, da Constituigdo, a renda do segurado preso e a que deve ser utilizada como parametro para a concessao do beneficio e nao a de seus dependentes. II - Tal compreensdo se extrai da redagao dada ao referido dispositivopelaEC20/1998, que restringiu o universo daqueles alcangados pelo auxilio-reclusao, a qual adotou o criterio da seletividadepara apurar a efetiva neces- sidade dos beneficiarios. Ill - Diante disso, o art. 116 do Decreto 3.048/1999 naopadece do vicio da inconstitucionalidade. I V - Re- curso extraordindrio conhecido e provido.>>107 ■

Assim, para que os dependentes tenham direito ao auxilio-reclu- sao e necessario que o segurado:

a) Tenha sido recolhido a prisao;b) Nao receba remuneracao da empresa;

106 Valor atualizado, a partir de r/01 /2011 , pela Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.107 STF, RE 587365/SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 084, de 07/05/2009.

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c) Nao esteja em gozo de auxilio-doenca, aposentadoria ou abono de permanencia em servico; e

d) Desde que o seu ultimo salario-de-contribuicao seja igual ou inferior a R$ 862,11.

£ devido auxilio-reclusao aos dependentes do segurado quando nao houver salario-de-contribuicao na data do seu efetivo recolhimento a prisao, desde que mantida a qualidade de segurado (RPS, art. 116, § 1°).

A respeito dos requisitos necessarios a concessao do auxilio-reclu- sao, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PREVIDENCIARIO. AUXILIO-RECLUSAO. CONCESSAO AOS DEPENDENTES DO SEGURADO DE BAIXA RENDA. DETERMI- NAQAO CONSTITUCIONAL. ARTIGO 80 DA LEI8.213/91. REQUI­SITOS DA PENSAO POR MORTE. APLICABILIDADE. PRINCIPIO TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDENCIA. RECOLHIMENTO A PRISAO. LEGISLACAO VIGENTE A EPOCA. OBEDIENCIA. RECURSO PROVIDO. I - A EC 20/98 determinou que o beneficio auxilio-reclusao seja devido unicamente aos segurados de baixa renda.II - Nos termos do artigo 80 da Lei n° 8.213/91, o auxUio-reclusdo e devido nas mesmas condicoes da pensao por morte aos dependentes do segurado recolhido a prisao, desde que ndo receba remuneracao da empresa nem auxilio-doenca, aposentadoria ou abono deperma- ^ nencia em servico. Ill-A expressao “nas mesmas condicoes da pensao "a por morte” quer significar que se aplicam as regras gerais da pensao ib por morte quanto a forma de calculo, beneficiarios e cessacao dos ^ beneficios. Em outros termos, as regras da pensao por morte sao em > tudo aplicdveis ao auxilio-reclusao, desde que haja compatibilidade % e nao exista disposicao em sentido diverso. TV - A jurisprudencia da ”3* Eg. Terceira Secao entende que a concessao da pensao por morte deve ^ observaros requisitosprevistos nakgislacdo vigente ao tempo do evento % morte, em obediencia ao principio tempus regit actum. V - Quando °S. foi o segurado recolhido a prisao, ndo era considerado de baixa renda, * ndo fazendo jus seus dependentes ao beneficio auxUio-reclusdo, em % razao de Portariaposterior mais benefica. Incide, a especie, oprincipio ^ tempus regit actum. VI - A concessao do beneficio auxilio-reclusao ^ deve observar os requisitos previstos na legislagdo vigente ao tempo | do evento recolhimento d prisao, porquanto devem ser seguidas as |j regras da pensao por morte, consoante os termos do artigo 80 da Lei g. n° 8.213/91. VII - Recurso conhecido eprovido”.108

108 STJ. REsp 760767/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, 5a T, DJ 24/10/2005, p. 377.

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O segurado recluso, ainda que contribua como contribuinte indivi­dual ou facultativo, nao faz jus aos beneficios de auxilio-doenca e de apo­sentadoria durante a pejcepcao, pelos dependentes, do auxilio-reclusao, permitida a opcao, desde que manifestada, tambem, pelos dependentes, pelo beneficio mais vantajoso (Lei n° 10.666/2003, art. 2°, § 1°). A opcao pelo beneficio mais vantajoso devera ser manifestada por declaracao escrita do segurado e respectivos dependentes, juntada ao processo de concessao (IN INSS/PRES n° 45/2010, art. 333, § 3°).

2.10.1. Beneficiarios

Os beneficiarios do auxilio-reclusao sao os dependentes do segu­rado recolhido a prisao (respeitada a ordem das classes).

Aplicam-se ao auxilio-reclusao as normas referentes a pensao por morte, sendo necessaria, no caso de qualificacao de dependentes apos a reclusao ou detencao do segurado, a preexistencia da dependencia eco­nomica (RPS, art. 116, § 3°). Se, por exemplo, a realizacao do casamento ocorrer durante o recolhimento do segurado a prisao, o auxilio-reclusao nao sera devido ao seu conjuge, considerando a dependencia superve- niente ao fato gerador (IN INSS, n° 45/2010, art. 337).

O filho nascido durante o recolhimento do segurado a prisao tera direito ao beneficio de auxilio-reclusao a partir da data de seu nasci- mento (IN INSS n° 45/2010, art. 336).

O exercicio de atividade remunerada pelo segurado recluso em cumprimento de pena, em regime fechado ou semiaberto, que contri-

| buir na condicao de contribuinte individual ou facultativo, nao acarreta ^ perda do direito ao recebimento do auxilio-reclusao pelos seus depen- 5 dentes (Lei n° 10.666/2003, art. 2°, caput).♦

| 2.10.2. CarenciaWJc©

~ A concessao do auxilio-reclusao independe de carencia (Lei n°£ 8.213/91, art 2 6 ,1).O

s 2.10.3. Requerimento do beneficioo

| O requerimento do auxilio-reclusao devera ser instruido com cer-J tidao do efetivo recolhimento a prisao, sendo obrigatoria, para a manu-

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ten<~ao do beneficio, a apresentacao de declaracao de permanencia na condicao de presidiario (Lei n° 8.213/91, art, 80, paragrafo unico).

E vedada a concessao do auxilio-reclusao apos a soltura do segu­rado (RPS, art. 119).

2.10.4. Conversao em pensao por morte

Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxilio-reclusao que estiver sendo pago sera automaticamente convertido em pensao por morte (RPS, art. 118).

Sera devida a pensao por morte aos dependentes se o obito do se­gurado ocorrer ate doze meses apos o livramento (prazo de manutencao da quaiidade de segurado), mesmo que os dependentes nao recebam o auxilio-reclusao em razao do salario-de-contribuicao do segurado re­cluso ser superior a R$ 862,11 109 (RPS. Art. 118, paragrafo unico).

2.10.5. Renda mensal inicial

De acordo com o art. 80 da Lei n° 8.213/91, o auxilio-reclusao sera devido nas mesmas condicoes da pensao por morte. Por isso, o Regula­mento da Previdencia Social determina que “o valor mensal da pensao por morte ou do auxilio-reclusao sera de cem por cento do valor da apo­sentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se es­tivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento” (RPS, art. 39, § 3°). Contudo, quando aplicado ao auxilio-reclusao, este dispositivo do RPS apresenta algumas imprecisoes. Se o segurado que foi recolhi­do a prisao ja era aposentado, os seus dependentes nao terao direito ao recebimento do auxilio-reclusao. Assim, o melhor e dizer que a renda mensal inicial do auxilio-reclusao sera de 100% do valor da aposenta­doria que o segurado teria direito, se estivesse aposentado por invalidez na data em que foi recolhido a prisao. Ou seja, para efeito de calculo do auxilio-reclusao, utiliza-se a mesma regra de calculo da aposentadoria por invalidez, que corresponde a 100% do salario-de-beneficio.

A respeito deste tema, no concurso para Defensor Publico da Uniao, realizado em 2007, o CESPE/UnB elaborou a seguinte questao:

109 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2011, peia Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

Capitulo 5

♦ PrestagSes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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"Considere que Silvano seja segurado nao aposentado da previdencia social e tenha sido condenado pela pratica de crime que determinou o inicio do cumprimento da pena em regime fechado. Nessa situagao, a renda mensal inicial do auxtlio- -reclusdo devida aos dependentes e calculada de acordo com o modelo de calculo a ser utilizado em caso de aposentadoria por invalidez”

A questao supra foi considera como certa, pois a renda men­sal inicial do auxilio-reclusao e calculada de acordo com a mesma regra de calculo da aposentadoria por invalidez. Vale dizer, a renda mensal inicial do auxilio-reclusao e de 100% do salario-de-bene­ficio, pois este e o valor da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez.

Havendo mais de um dependente com direito ao auxilio-reclu­sao, o beneficio sera rateado entre todos, em partes iguais. Revertera em favor dos demais a parte daquele cujo direito ao beneficio cessar (Lei n° 8.213/91, art. 77, § P).

2.10.6. Data de inicio do beneficio

A data de inicio do beneficio sera fixada na data do efetivo reco­lhimento do segurado a prisao, se requerido ate 30 dias depois desta, ou na data do requerimento, se posterior (RPS, art. 116, § 4°).

2.10.7: Periodo de duracao

O auxilio-reclusao e devido, apenas, durante o periodo em que o segurado estiver recolhido a prisao sob regime fechado ou semiaberto (RPS, art. 116, § 5°). Ou seja, o auxilio-reclusao sera mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso (RPS, art. 117).

O beneficiario devera apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competen­te (RPS, art. 117, § 1°).

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2.10.8. Suspensao do beneficio

No caso de fuga, o beneficio sera suspenso e, se houver recaptura do segurado, sera restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado (RPS, art. 117, § 2°).

Se houver exercicio de atividade dentro do periodo de fuga, o mes­mo sera considerado para a verifica^ao da perda ou nao da qualidade de segurado (RPS, art. 117, § 3°).

2.10.9. Cessacao do pagamento da cota individual

O pagamento da cota individual do auxilio-reclusao cessa:

a) pela morte do dependente (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, I);b) para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmao, ao completar

21 anos, salvo se for invalido, ou pela emancipacao, ainda que invalido, exceto, neste caso, se a emancipacao for decorrente de colacao de grau cientifico em curso de ensino superior (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, II);

c) para o dependente invalido (filho ou irmao), pela cessacao da invalidez, verificada em exame medico-pericial a cargo da pre­videncia social (Lei n° 8.213/91, art. 77, § 2°, III).

2.10.10. Cessacao do beneficio

O auxilio-reclusao cessa (para todos os dependentes):a) Na data do livramento do segurado;b) Na data do falecimento do segurado (neste caso o auxilio-reclu­

sao sera automaticamente convertido em pensao por morte);c) Se o segurado passar a receber aposentadoria; oud) Se o segurado passar a cumprir pena em regime aberto, tra-

balhando para determinada empresa com vinculo trabalhista. Neste caso, os dependentes nao terao mais direito ao auxilio- -reclusao, pois o art. 80 da Lei n° 8.213/91 e claro ao determinar que este beneffcio seja devido apenas na hipotese de o segurado recolhido a prisao nao receber remuneracao da empresa.

Copitulo 5

*• PrestagOes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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7 QuiadroResumo ~ Auxilio-reclusao . v"■'

Fato gerador

Recolhimento a prisao do segurado de baixa renda que nao receber remuneracao da empresa nem estiver em gozo de auxilio-doenca, de aposentadoria ou de abono de perman£ncia em servico

Beneficiarios Os dependentes do segurado recolhido a prisao (respei- tada a ordem das classes)

Carencia Nao e exigida

Renda mensal100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data em que foi recolhido a prisao

Inicio do beneficioData do efetivo recolhimento do segurado a prisao, se requerido ate 30 dias depois desta, ou na data do reque­rimento, se posterior

Periodo de dura ao 0 auxilio-reclusao sera mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso

Suspensao do beneficio

No caso de fuga, o beneficio sera suspenso, e, se houver recaptura do segurado, sera restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a quaiidade de segurado

Cessacao do pa­gamento da cota

individual

a) Pela morte do dependenteb) Para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmao, ao completar 21 anos, salvo se for invalido, ou pela emancipacao, ainda que invalido, exceto, neste caso, se a emancipacao for decorrente de colacao de grau cientifico em curso de ensino superiorc) Para o dependente invalido, pela cessacao da inva­lidez, verificada em exame medico-pericial a cargo da Previdencia Social

Cessacao do beneficio

a) Na data do livramento do seguradob) Na data do falecimento do seguradoc) Se o segurado passar a receber aposentadoria oud) Se o segurado passar a cumprir pena em regime aber- to, trabalhando para determinada empresa com vinculo trabalhista

2.11. Abono anuol

Sera devido abono anual ao segurado e ao dependente que, duran­te o ano, recebeu auxilio-doenca, auxilio-acidente, aposentadoria, sala­rio-maternidade, pensao por morte ou auxilio-reclusao (RPS, art. 120).

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I

Como fica evidente, o unico beneficio previdenciario que nao da origem ao abono anual e o salario-familia.

O abono anual tambem pode ser chamado de gratifica^ao natali- na (CF, art. 201, § 6°) ou decimo terceiro salario.

2.11.1. Forma de calculo

O abono anual corresponde ao valor da renda mensal do benefi­cio no mes de dezembro ou no mes da alta ou da cessacao do beneficio (IN INSS n° 45/2010, art. 345).

O recebimento de beneficio por periodo inferior a doze meses, dentro do mesmo ano, determina o calculo do abono anual de forma proporcional.

O periodo igual ou superior a quinze dias, dentro do mes, sera considerado como mes integral para efeito de calculo do abono anual.

O valor do abono anual correspondente ao periodo de duracao do salario-maternidade sera pago, em cada exercicio, juntamente com a ultima parcela do beneficio (RPS, art. 102, § 2°).

289

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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O abono anual e pago:

a) No mes de Dezembro; oub) No mes de cessacao do beneficio (por exemplo: alta do auxllio-

- doenca, termino da licenca-maternidade), juntamente com a ultima parceia.

Excepcionalmente, no ano de 2007, o pagamento do abono anual sera efetuado em duas parcelas, sendo a primeira, equivalente a ate 50% do valor do beneficio correspondente ao mes de agosto, paga no mes de setembro, juntamente com o beneficio correspondente ao mes de agosto (Decreto 6.164/2007, art. 1°). O valor da segunda parceia corresponded a diferen^a entre o valor total do abono devido deduzido da parceia anted- pada (Decreto 6.164/2007, art. 1°, paragrafo unico).

3. Servicos do RGPS

Servicos sao presta^oes previdenciarias de natureza imaterial pos- tas a disposicao dos segurados e dos dependentes do RGPS.110

3.1. Habilitacao e reabilitacao profissional

A habilitacao e a reabilitacao profissional e social deverao propor- cionar ao beneficiario incapacitado parcial ou totalmente para o traba­lho, e as pessoas portadoras de deficiencia, os meios para a (re)educa~ cao e de (re)adaptac;ao profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive (Lei n° 8.213/91, art. 89).

3.1.1. Beneficiarios

Cabe ao INSS promover a presta^ao deste servico aos segurados, inclusive aposentados, e, de acordo com as possibilidades administrate vas, tecnicas, financeiras e as condicoes locais do orgao, aos seus depen­dentes, preferencialmente mediante a contratacao de servicos especiali- zados (RPS, art. 136, § 1°).

As pessoas portadoras de deficiencia serao atendidas mediante cele- bracao de convenio de cooperado tecnico-financeira (RPS, art. 136, § 2°).

110 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, joao Batista. Op. c it, p. 598.

2.11.2. Quando e pago

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3.1.2. Carencia

A concessao de habilitacao e de reabilitacao profissional indepen- de de carencia (Lei n° 8.213/91, art. 26, V).

3.1.3. Processo de habilitacao e reabilitacao profissional

De acordo com o disposto no art. 137 do RPS, o processo de ha­bilitacao e de reabilitacao profissional do beneficiario sera desenvolvido por meio das funcoes basicas de:

I - avaliacao do potential laborativo;II - orientacao e acompanhamento da programacao profissional;III - articulacao com a comunidade, inclusive mediante a celebra-

Cao de convenio para reabilitacao ffsica restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitacao profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e

IV - acompanhamento e pesquisa da fixacao no mercado de tra­balho.

A execucao das funcoes acima previstas dar-se-a, preferencialmen- te, mediante o trabalho de equipe multiprofissional espetializada em me- dicina, servico social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupa- cional e outras afins ao processo, sempre que possivel na localidade do domidlio do beneficiario, ressalvadas as situacoes excepcionais em que este tera direito a reabilitacao profissional fora dela (RPS, art. 137, § 1°).

3.1X1. Fornecimento de equipamentos

Quando indispensaveis ao desenvolvimento do processo de reabi­litacao profissional, o INSS fornecera aos segurados, indusive aposenta- dos, em carater obrigatorio, protese e ortese, seu reparo ou substituicao, instrumentos de auxflio para locomocao, bem como equipamentos ne- cessarios a habilitacao e a reabilitacao profissional, transporte urbano e alimentacao e, namedida das possibilidades do Instituto, aos seus depen­dentes (RPS, art. 137, § 2°). No caso das pessoas portadoras de deficiencia, a concessao desses recursos materials ficara condicionada a celebracao de convenio de cooperacao tecnico-financeira (RPS, art. 137, § 3°).

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

Regime

Geral de

Previdincia Social

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O INSS riao reembolsara as despesas realizadas com a aquisi- Cao de ortese ou protese e outros recursos materials nao prescritos ou nao autorizados por suas unidades de reabilitacao profissional (RPS, art. 137, § 4°).

3.1.3.2. Programacao profissional

A programacao profissional sera desenvolvida mediante cursos e/ ou treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e con- venios com in stitu te s e empresas publicas ou privadas (RPS, art. 139).

O treinamento do reabiiitando, quando realizado em empresa, nao estabelece qualquer vinculo empregaticio ou funcional entre o re­abiiitando e a empresa, bem como entre estes e o INSS (RPS, art. 139, §1°).

Compete ao reabiiitando, alem de acatar e cumprir as normas es- tabelecidas nos contratos, acordos ou convenios, pautar-se no regula­mento daquelas organizacoes (RPS, art. 139, § 2°).

3.1.3.3. Conclusdo do processo

Concluido o processo de reabilitacao profissional, o INSS emitira certificado individual indicando a funcao para a qual o reabiiitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuizo do exercicio de outra para a qual se juigue capacitado (RPS, art. 140).

Nao constitui obrigacao da previdencia social a manutencao do segurado no mesmo emprego ou a sua colocacao em outro para o qual foi reabilitado, cessando o processo de reabilitacao profissional com a emissao do certificado (RPS, art. 140, § 1°).

Cabe a previdencia social a articulacao com a comunidade, com vistas ao levantamento da oferta do mercado de trabalho, ao direciona- mento da programacao profissional e a possibilidade de reingresso do reabiiitando no mercado formal (RPS, art. 140, § 2°).

3.1.4. Obrigacao das empresas

De acordo com o disposto no art. 93 da Lei n° 8.213/91, a empresa com 100 ou mais empregados esta obrigada a preencher de 2% a 5% dos

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seus cargos com beneficiarios reabilitados ou pessoas portadoras de de­ficiencia, habilitadas, na seguinte propor^ao:

I - ate 200 empregados, dois por cento;II - de 201 a 500 empregados, tres por cento;III - de 501 a 1.000 empregados, quatro por cento; ouIV - mais de 1.000 empregados, cinco por cento.

A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habi- litado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, so podera ocorrer apos a contrata^ao de substituto de condi^ao se- melhante (Lei n° 8.213/91, art. 93, § 1°).

O Ministerio do Trabalho e da Previdencia Social devera gerar es- tatfsticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabi­litados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados (Lei n° 8.213/91, art. 93, § 2°).

3.2. Servico social

Compete ao servico social esclarecer junto aos beneficiarios seus direitos socials e os meios de exerce-Ios e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solu^ao dos problemas que emergirem da sua rela^ao com a Previdencia Social, tanto no ambito interno da institui<;ao como na dinamica da sociedade (Lei n° 8.213/91, art. 88).

O servico social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao beneficiario orientacao e apoio no que concerne a solu<;ao dos problemas pessoais e familiares e a melhoria da sua interrelacao com a previdencia social, para a solu<;ao de questoes referentes a beneficios, bem como, quando necessario, a obten<;ao de outros recursos sociais da comunidade (RPS, art. 161).

3.2.1. Beneficiarios

Os beneficiarios do servico social sao todos os segurados e seus dependentes.

Sera dada prioridade de atendimento a segurados em beneficio por incapacidade temporaria e aten^ao especial a aposentados e pensio- nistas (Lei n° 8.213/91, art 88, § 1°).

Capitulo 5

*■ PrestafSes do Regim

e G

eral de Previdencia Social

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3.2.2. Carencia

A concessao deste servico independe de carencia (Lei n° 8.213/91, art. 26, IV).

3.2.3. Regras gerais

Para assegurar o efetivo atendimento dos usuarios serao uti- lizadas intervencao tecnica, assistencia de natureza juridica, ajuda material, recursos sociais, intercambio com empresas e pesquisa so­cial, inclusive mediante celebracao de convenios, acordos ou contra­tos (Lei n° 8.213/91, art. 88, § 2°).

O Servico Social tera como diretriz a partitipacao do beneficiario na implementa<;ao e no fortalecimento da politica previdenciaria, em articula- <;ao com as associacoes e entidades de classe (Lei n° 8.213/91, art. 88, § 3°).

0 Servico Social, considerando a universalizacao da Previdencia Social, prestara assessoramento tecnico aos Estados e Munidpios na elabora^ao e implanta^ao de suas propostas de trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 88, § 4°).

4. Acumulacao de beneficios

Salvo no caso de direito adquirido, nao e permitido o recebimento conjunto dos seguintes beneficios da Previdencia Social:

1 - aposentadoria e auxilio-doenca;II - mais de uma aposentadoria;III - aposentadoria e abono de permanencia em servico;IV - salario-maternidade e auxilio-doenca;V - mais de um auxilio-acidente;VI - mais de uma pensao deixada por conjuge ou companheiro,

ressalvado o direito de opcao pela mais vantajosa;VII - auxilio-acidente com qualquer aposentadoria;VIII - auxilio-acidente com auxilio-doenca, decorrente do mesmo

acidente ou da mesma doenca que o gerou;IX - auxilio-reclusao pago aos dependentes, com auxilio-doenca,

aposentadoria ou abono de permanencia em servico do se­gurado recluso.

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Observacoes:a) O segurado recluso, ainda que contribua como contribuinte

individual ou facultativo, nao faz jus aos beneficios de auxllio- -doen^a e de aposentadoria durante a percep^ao, pelos de­pendentes, do auxilio-reclusao, permitida a op^ao, desde que manifestada, tambem, pelos dependentes, pelo beneficio mais vantajoso (Lei n° 10.666/2003, art. 2°, § 1°).

b) E vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer beneficio de presta^ao continuada da Previdencia So­cial, exceto pensao por morte, auxilio-reclusao, auxilio-acidente ou abono de permanencia em servico (RPS, art. 167, § 2°).

c) A pensao por morte pode ser cumulada com a aposentadoria. Por exemplo, a esposa recebia aposentadoria por idade, passando, posteriormente, a receber pensao em virtude da morte do esposo que era segurado do RGPS.

d) Salvo no caso de invalidez, o retorno ou a permanencia na ati­vidade do aposentado nao prejudica a sua aposentadoria, que sera mantida no seu valor integral.

e) O § 2° do art. 18 da Lei n° 8.213/91 reza que wo aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita por este regime, ou a ela retornar, nao fara jus a presta^ao alguma da Previ­dencia Social em decorrencia do exercicio dessa atividade, exceto ao salario-familia e a reabilitacao profissional, quando empregado” No entanto, em contradi^ao com o exposto pela Lei n° 8.213/91, o Regulamento da Previdencia Social, em seu art. 103, dispoe que “a segurada aposentada que retornar a atividade fara jus ao pagamento do salario-maternidade”. Ja no a rt 173, o Regulamento dispoe que “o segurado em gozo de aposentadoria por tempo de contribuicao, especial ou por idade, que voltar a exercer atividade abrangida pelo RGPS, somente tera direito ao salario-familia e a reabilitacao profes­sional, quando empregado ou trabalhador avulso”. Observa- -se que o a rt 173 do Regulamento nao limita as prestacoes relativas ao aposentado que retorna a atividade a salario- -famllia e reabilitacao profissional, mas reza que ele fara jus a essas prestacoes se retornar a atividade como empregado ou trabalhador avulso. Embora a redacao do Regulamento seja mais coerente, este nao pode contrariar a lei.

Capitulo 5

♦ Prestacoes do

Regime

Geral de Previdincia

Social

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E pacifico o entendimento que a lei previdenciaria nao impede a cumula^ao dos proventos de aposentadoria com a pensao por morte, tendo em vista serem beneficios com pressupostos faticos e fatos gera- dores diversos.111

5. Valores que podem ser desconfados dos beneficios

Conforme o caput do art 115 da Lei n° 8.213/91, podem ser des- contados dos beneficios: (I) contribuicoes devidas pelo segurado a Pre­videncia Social; (II) pagamento de beneficio alem do devido; (III) Im- posto de Renda retido na fonte; (IV) pensao de alimentos decretada em sentenga judicial; (V) mensalidades de associates e demais entidades de aposentados legalmente reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados; (VI) pagamento de emprestimos, financiamentos e opera­t e s de arrendamento mercantil concedidos por in stitu te s linancei- ras e sociedades de arrendamento mercantil, publicas e privadas, quan­do expressamente autorizado pelo beneficiario, ate o limite de trinta por cento do valor do beneficio.

Na hipotese de beneficio recebido indevidamente por benefici­ario do RGPS, o desconto sera feito em parcelas, conforme dispusero regulamento, salvo ma-fe (Lei n° 8.213/91, a rt 115, § 1°). Nos casos comprovados de dolo, fraude ou ma-fe, o desconto devera ser feito de uma so vez, ou mediante acordo de parcelamento, sendo os valores devidamente atualizados. O fato de o beneficiario restituir os valores recebidos indevidamente nao impede a aplicacao de outras penalida- des legais.

O STJ possui entendimento no sentido da possibilidade de parce­lamento de quantias, ainda que recebidas de ma-fe, com dolo ou objeto de fraude, dada sua natureza alimentar.112

Caso o debito seja originario de erro da previdencia social, o segu­rado, usufruindo de beneficio regularmente concedido, podera devolvero valor de forma parcelada, devidamente atualizado, devendo cada par­ceia corresponder, no maximo, a trinta por cento do valor do beneficio em manutencao, e ser descontado em numero de meses necessarios a liquidacao do debito (RPS, art. 154, § 3°). Contudo, o STF entende que o

111 STJ, AgRg no REsp 1180036/R S, Rel. M in. Haroldo Rodrigues, 6 a T., DJe 2 8 /0 6 /2 0 1 0 .112 STJ, AgRg no REsp 73 36 9 0 /R N , Rel. M in. Celso Limongi, 6 a T., DJe 2 2 /0 2 /2 0 1 0 .

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julgamento pela ilegalidade do pagamento do beneficio previdenciario nao importa na obrigatoriedade da devolu^ao das importancias rece- bidas de boa-fe (AI 746442 AgR/RS, DJe 200, de 22/10/2009). O STJ tambem tem vedado o desconto de beneficio recebido de boa-fe. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMEN- TO. DEVOLUQAO DOS VALORES PAGOS EM RAZAO DE ERRO DA ADMINISTRAgAO NA CONCESSAO DE BENEFI~ CIO. DESNECESSIDADE. BOA-FE DO SEGURADO. HIPOS- SUFICIENCIA. NATUREZA ALIMENTAR DO BENEFICIO PREVIDENCIARIO. £ incabivel a devolugdo pelos segurados do Regime Geral da Previdencia Social de valores recebidos em decorrencia de erro da Administragao Publica. Entendimento sustentado na boa-fe do segurado, na sua condigao de hipossu- ficiente e na natureza alimentar dos beneficios previdenciarios. Agravo regimental desprovido.'*113

Na hipotese da existencia simultanea de pagamento de beneficio alem do devido e de emprestimos concedidos por i n s t i t u t e s financei­ras, havera prevalencia do desconto do beneficio recebido indevidamen­te pelo beneficiario (Lei n° 8.213/91, art. 115, § 2°).

Nos casos em que, apos o obito do aposentado, seu conjuge, em vez de requerer a pensao por morte, continua, indevidamente, receben­do a aposentadoria do de cujus, o STJ tem entendido que nao ha que se falar em ma-fe, mostrando-se inviavel impor a restitui^ao dos valores recebidos. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“PREVIDENCIARIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECEBI­MENTO INDEVIDO DE APOSENTADORIA PELA ESPOSA DO FALECIDO APOS O OBITO. INEXIGIBILIDADE DA DE- VOLUQAO DOS VALORES RECEBIDOS. INAPLICABILIDA­DE, NO CASO, DA CLAUSULA DE RESERVA DE PLENARIO. AGRAVO DO INSS DESPROVIDO. 1. Nao ha que se falar em ma-fe da beneficiaria que continuou a receber a aposentadoria do falecido marido, e deixou de requerer a pensao que, ressalte-se, corresponde a 100% do valor da aposentadoria, nos termos do art

113 STJ, AgRg no Ag 1170485/RS, Rel. Min. FELIX FISCHER, 5a T., DJe 14/12/2009.

Capitulo 5

* Prestacoes do

Regime

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Previdincia Social

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75 da Lei n° 8.213/91 (com a redagao vigente na data do obito), por ter o INSS deixado de cancelar o pagamento da aposenta­doria quando do conhecimento do obito do segurado. 2. Assim, em face da boa-fe da pensionista que recebeu a aposentadoria do de cujus apos seu obito, do carater alimentar da verba, da idade avancada e da hipossuficiencia da beneficidria, mostra~se inviavel impor a ela a restituicao das diferengas recebidas. 3. Ndo ha que se jalar em declaragao de inconstitucionalidade do art. 115 da Lei n° 8.213/91 e 273, § 2o. e 475-0 do CPC, uma vez que, no caso, apenas foi dado ao texto desse dispositivo interpretacao diversa da pretendida pelo INSS. 4. Agravo Regimental do INSS desprovidoV14

Exercicios de Fixacao

80. (Medico Perito do INSS/2006/FCC} O cum prim ento do periodo de carencia

a) nao e exigido para a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade decorrer de acidente de qualquer natureza ou causa.

b) e obrigatorio e sao exigidas 12 c o n t r ib u te s mensais para a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade decorrer de hepatopatia grave.

c) nao e exigido para o salario-m aternidade para as seguradas em pregadas e facuitativas.

d) e obrigatorio e sao exigidas 180 c o n tr ib u te s mensais para a aposentadoria por idade para aqueles que se filiarem ao Regime Geral de Previdencia Social em janeiro de 1990.

e) e obrigatorio e sao exigidas 12 contribuicoes mensais para o auxilio-doenca para os segurados especiais.

81. (M edico Perito do INSS/2006/FCC) O salario-m aternidade

a) e indevido a m ae adotiva quando a m ae bioiogica tiver recebido o m esm o beneficio por ocasiao do nascimento da crianca.

b) e devido por 90 (noventa) dias, quando a adocao referir-se a crianca com idade de um ate quatro anos.

c) sera concedido em duplicidade, quando se tratar do nascimento degem eos .

114 STJ, AgRg no Ag 1115362/SC, Rei. Min. Napoieao Nunes Maia Filho, 5aT., DJe 17/05/2010.

298

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d) podera ser prorrogado por duas semanas nas s itu a te s em que exista risco de vida para o feto, a crianca ou a mae.

e) sera pago ju n tam en te com o auxilio-doenca quando ocorrer incapacidade concom itante ao periodo de pagam ento do beneffcio.

82. (Medico Perito do INSS/2006/FCC/Adaptada) 0 auxilio-acidente

a) pressupoe sequela definitiva apos a consolidacao das lesoes decorrentes de acidente de qualquer natureza.

b) e devido aos em pregados, contribuintes individuais e trabalhadores avulsos.c) nao exige o cum prim ento do periodo de carencia e tem carater vitalfcio,

extinguindo-se apenas com o ob ito do segurado.d) e devido ao desem pregado, m esm o que nao tenha qualidade de segurado.e) podera ser cum ulado com auxilio-doenca e com aposentadoria por tem p o

de contribuicao.

S3. {Juiz do Trabalho/TRT da 11° R e g ia o /2 0 0 5 /F C Q Os beneficios previdenciarios sao concedidos na ocorrencia dos riscos sociais, sendo devidos aos segurados diante do preenchim ento dos requisitos legais. Em relacao a esses beneficios, e INCORRETO afirm ar que o

a) fa tor previdenciario funciona com o redutor do beneficio, nos casos em queo segurado o requer em idade precoce, sendo de aplicacao obrigatoria no calculo das aposentadorias por idade e por te m p o de contribuicao, nao participando do calculo dos dem ais beneffcios.

b) salario-m aternidade, beneffcio devido a todas as especies de seguradas do regim e gerai de previdencia social, e concedido, em regra, com fu ndam ento na adocao ou nascimento de filho, mas tam bem e excepcionalm ente garan- tido no caso de aborto nao criminoso, pelo periodo de duas semanas.

c) auxflio-acidente nao pode ser cum ulado com outro auxilio-acidente, nem tam pouco com beneffcio de aposentadoria, sendo que, nesta ultim a h ipo - tese, sera considerado no calculo do beneffcio, observando o lim ite-teto , de acordo com a legislacao previdenciaria atualm ente em vigor.

d) aposentado do regim e geral de previdencia social por invalidez, por idade ou com idade a partir dos 65 ou 60 anos de idade - no caso de hom em ou mulher, respectivam ente - tem direito ao salario-familia, alem dos segurados em pregado (exceto o domestico) e trabalhador avulso.

e) auxilio-doenca sera devido enquanto o segurado estiver incapacitado parao trabalho e sera convertido em aposentadoria por invalidez, quando ficar constatado que o segurado encontra-se incapaze insuscetfvel de reabilitacao para o exercfcio de atividade que lhe garanta a subsistencia.

Capfiulo 5

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Regime

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84. (ProcuradorMunicipal/Natal-RN/2008/Cespe-UnB} Joarta e segurada da previden­cia social, na quaiidade de em pregada domestica, ha seis meses. Por compaixao, adotou Gabriel, crianca carente de cinco anos de idade. Com relagao a essa situa?ao hipotetica e as normas que dlsciplinam o salario-m aternidade, assinaie a opcao correta.

a) Joana nao tem d ireito a percepcao de salario-m aternidade, um a vez que nao cum priu o periodo d e carencia exigido pela lei, que e de dez c o n tr ib u te s mensais.

b) O salario-m aternidade e devido a segurada da previdencia social, durante 120 dias, com im'cio no periodo entre 28 dias antes do parto e a data de qcorrencia deste, observadas as s itu a te s e condicoes previstas na legisla^ao no que concerne a prote^ao a m aternidade, nao existindo, porem , previsao para o pagam ento desse beneficio a adotante.

c) A Joana 4 devido o salario-m aternidade pago d iretam ente pela previdencia social pelo periodo de 30 dias, nao se exigindo, no caso, periodo de carencia para a concessao desse beneficio.

d) Na hipotese de Joana auferir rem uneracao superior ao lim ite m axim o fixado para o valor dos beneficios no RGPS, cabe ao INSS o pagam ento do beneficio ate o valor-Jimite e ,ao em pregador, com plem entar o valor total recebido pela segurada em atividade.

85. (Juizdo Trabalho/TRTda 11a Regiao/2005/FCQ Com relacao ao salario-de-bene- fi'cio, e INCORRETO afirm ar que

a) a previdencia social estabelece, para o calculo de beneficios previdenciarios, um piso, correspondente ao salario-m m im o,e um lim ite-teto, equivalente ao lim ite m axim o do salario-de-contribuicao. O salario-fam ilia e um a excecao a regra do piso, enquanto que o salario-m aternidade o e em relacao ao teto,

b) o salario-de-beneficio sera calculado ten d o com o base a m edia aritm etica dos maiores salarios-de-contribuicao, correspondentes a 80% de to do o periodo contributivo, podendo o segurado, no entanto, fazer a opcao pelo calculo baseado nos trin ta e seis ultimos meses de contribuicao, se Ihe for mais vantajoso.

c) o decim o terceiro salario e considerado com o salario-de-contribuicao, para efeito de calculo da contribuicao mensal do segurado da previdencia social. Entretanto, nao sera u tilizado no calculo do salario-de-beneffc io de sua prestacao previdenciaria.

d) a idade, a expectativa de sobrevida do segurado, no m om ento da aposentado­ria, calculadas pelo IBGE tendo em vista a m edia nacional unica para ambos os sexos, e o tem p o de contribuicao do segurado serao considerados no calculo do fator previdenciarioe) o m ontante referente ao auxilio-acidente integrao salario-de-contribuicao utilizado no calculo de aposentadoria concedida pelo regim e geral de previdencia social, desprezando-se dessa soma o valor que exceder o lim ite-teto do salario-de-contribuicao.

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86. {Analista/TRFda2a Regiao/2007/FCQ A segurada da Previdencia Social que ado- tar ou obtiver guarda judicial para fins de adocao de crianca e devido salario- -m aternidade pelo periodo de

a) cento e v inte dias se a crianca tiver entre um e quatro anos de idade.b) noventa dias, se a crianca tiver ate um ano de idade.c) noventa dias, se a crianca tiver entre um e quatro anos de idade.d) sessenta dias, se a crianca tiver d e quatro a oito anos de idade.e) trin ta dias, se a crianca tiver de quatro a o ito anos de idade.

87. (Analista/TRFda2a Regiao/2007/FCQ Considere as seguintes assertivas a respeito do salario famflia:

I. O salario-fam flia sera devido, m ensaim ente, ao segurado em pregado, inclusive ao dom estico e ao segurado trabalhador avulso, na proporcao do respectivo ndm ero de filhos.

H. O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com sessenta e cinco anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou sessenta anos ou mais, se d o fem in in o , terao direito ao salario-famflia, pago ju n ta ­m ente com a aposentadoria.

Hi. A empresa conservara durante quinze anos, obrigatoriam ente, os com pro- vantes dos pagam entos e as copias das certidoes correspondentes, para exam e pela fiscalizacao da Previdencia Social.

!V. A cota do salario-famflia nao sera incorporada ao salario ou ao beneffcio. Esta correto o que se afirm a, APENAS em

a) I, l ie Hi.b) I e Hi.c) I e IV.d) II e SV.e) II, HI e IV.

88. (Analista/TRF da 4 a Regiao/2007/FCC) O salario m aternidade

a) sera pago d iretam ente pela Previdencia Social para a segurada em pregada, que devera requerer o beneficio ate 30 dias apos o parto.

b) devera ser requerido peia segurada especial e pela em pregada domestica ate 60 dias apos o parto.

c) e devido pelo periodo de 60 dias para a segurada da Previdencia Social que adotar crianca de ate um ano de idade.

d) e devido pelo periodo de 45 dias para a segurada da Previdencia Social que adotar crianca entre 1 e 4 anos de idade.

e) da segurada trabalhadora avulsa, pago d iretam ente pela Previdencia Social, consiste num a renda mensal igual a sua rem uneracao integral equivalente ao mes de trabalho.

Capitulo 5

Prestagoes do Regim

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89. (Analista/TRF da 2° Regiao/2007/FCQ. Considere as seguintes assertivas a respeito do auxilio-doenca:

!. O auxilio-doenca sera devido ao segurado em pregado a contar do decimo sexto dia do afastam ento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do inicio da incapacidade e enquanto ele perm anecer incapaz.

II. Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de trinta dias, o auxiiio-doen^a sera devido apos quinze dias contados da data da entrada do requerim ento.

III. Em regra, o auxilio-doenca, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistira numa renda mensal correspondente a noventa e um por cento do salario-de-beneficio.

IV. A empresa que garantir ao segurado licen^a rem unerada, em regra, nao ficara obrigada a pagar-lhe durante o periodo deauxfiio-doenca a eventual diferenca entre o valor deste e a im portancia garantida pela licenca.

Esta correto o que consta APENAS em

a) I, lli e iV.b) I, l ie III.c) 1 e III.d) 11 e IV.e) 11, III e IV.

90. {Juizdo Trabalho/TRTda 11°Regiao/2007/FCC) Constitui hipotese de acumuia^ao indevida de beneficios:

a) auxilio-doenca e auxilio-acidente.b) aposentadoria e salario-m aternidade.c) pensao por m orte de filho e pensao por m orte de conjuge.d) auxiiio-reclusao e pensao por m orte.e) salario-m aternidade e auxflio-doenca.

91. (Procurador/TCE-MG/2007/FCC) No calculo da aposentadoria especial do RGPS - Regime Geral de Previdencia Social, observados, em todas as hipoteses, os limites mmimos e maxim os do valor dos beneffcios previdenciarios, inclui a m edia aritm etica simples dos maiores salarios de contribu icao atualizados correspondentes a

a) 80% de todo o periodo contributivo para os segurados que se fiiiaram a Previdencia Social anteriorm ente a 28 de novem bro de 1999.

b) 100% de todo o periodo contributivo para os segurados que se fiiiaram a Previdencia Social posteriorm ente a 28 de novem bro de 1999.

c) 80% de todo o periodo contributivo para os segurados que se fiiiaram a Previdencia Social posteriorm ente a 28 de novem bro de 1999.

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d) 100% de todo o periodo contributivo para os segurados que se filiaram a Previdencia Social anteriorm ente a 28 de novem bro de 1999.

e) m edia aritm etica simples dos maiores saiarios de contribuicao atualizados correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo, sendo irrelevante a data de filiacao a Previdencia Social.

92. (AFPS/2001/Cespe-UnB) Juigue os itens que se seguem , acerca dos direitos dossegurados, garantidos na iegislagao previdenciaria vigente.

I - Considere a seguinte situacao hipotetica: Vftima da recessao por que pas-sou o pais, Jose foi dem itido da empresa onde trabalhava ha quinze anos, periodo no qual esteve reguiarm ente filiado ao regime geral de previdencia social. Jose passou tres anos desem pregado - situacao esta devidam ente comprovada, razao pela qual tam bem nao efetuou nenhum a contribuicao para a previdencia social. Nessa situacao, Jose nao perdera sua condicao de segurado do regim e geral da previdencia social no periodo referido, podendo, inclusive, fruir o beneficio do auxilio-doenca.

II - Considere a seguinte situacao hipotetica: Reguiarm ente em pregada, hacinco anos, em uma empresa do ramo de confeccao, Maria trabalhou ateo final do expediente. Todavia, com o ja se com pletava o nono mes de gestacao, naquela mesma noite Maria entrou em trabalho de parto e deu a luz a seu filho, vindo, entao, a entrar em gozo de licenca m aternidade. Nessa situacao, a empresa devera assumir o encargo da rem uneracao de Maria por vinte e oito dias, apos o que ela recebera, por noventa e dois dias, o beneficio do salario-m aternidade.

IH - Considere a seguinte situacao hipotetica: No curso do quinto ano de vi~ gencia do contrato de trabalho, Joao sofreu acidente enquanto realizava sua atividade laboral, ficando, em consequ&ncia, incapacitado, tem poraria- m ente para quaiquertrabalho. Apos dois anos de tratam ento e reabilitacao profissional, Joao pode fina lm ente voltar ao trabalho, mas as sequelas decorrentes do acidente nao mais perm itiram que ele realizasse as ativi­dades anteriorm ente desem penhadas na empresa. Nessa situacao Joao recebera o auxilio-doenca a partir do decim o sexto dia de afastam ento do trabalho, ate a data em que voltar a trabalhar. A lem disso, som ente apos a interrupcao do pagam ento do auxilio-doenca e que Joao passara a recebero beneficio do auxilio-acidente, que sera pago concom itantem ente com a rem uneracao devida pela em pregadora.

Os itens que estao certos sao:

a) le t lb) l ie IIIc) 1 e IIId) todose) nenhum

Caplfulo 5

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93. (AFPS/2002/Esaf) A respeito dos periodos de carencia, assinalequal dos beneficios abaixo necessita de periodo de carencia:

a) Pensao por m orte.b) Auxflio-reclusao.c) Salario-famflia.d) Auxflio-acidente.e) Auxilio-doenca.

94. (AFPS/2002/Esaf) Com relacao as especies de prestagoes e aos beneficiarios correspondentes, assinale a opcao incorreta.

a) Aposentadoria por invalidez - segurado.b) Pensao por m orte - dependente.c) Salario-famflia - segurado.d) Auxilio-acidente - dependente.e) Auxflio-doenca - segurado.

95. {AFPS/2002/Esaf) Com relacao as especies de prestacoes e aos periodos de carencia correspondentes, assinale a opcao incorreta.

a) Aposentadoria por invalidez oriunda de doenca profissional ~ doze contri­buicoes.

b) Auxilio-doenca - doze contribuicoes.c) Salario-famflia - zero contribuicao.d) Auxflio-funerai - zero contribuicao.e) Pensao por m orte - zero contribuicao.

(AFPS/2002/Esaf) Com relacao ao auxilio-doenca e suas caracteristicas, assinale a opcao incorreta.

a) Beneffcio continuado.b) Devido ao segurado.c) Extincao do beneffcio pela recuperacao da capacidade para o trabalho.d) Possui prazo de carencia, em regra.e) Incapacitado permanente para o trabalho.

{AFPS/2002/Esaf) Com relacao ao auxflio-acidente e suas caracteristicas, assinale a opcao incorreta.

a) Beneffcio instantaneo.b) Devido ao segurado.c) Carater indenizatorio.d) Vinculado a sequelas consolidadas.e) Extincao do beneffcio pelo obito do segurado.

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98. (AFPS/2002/Esaf) Com relacao a aposentadoria por invalidez e suas caracteris- ticas, assinale a opgao incorreta,a) Beneficio de renda mensal.b) Exige,em regra, carencia.c) Extin^ao do beneficio com o retorno voiuntario a atividade.d) Pode ser acum ulado com auxilio-doenca.e) A liquota de 100% do salario-de-beneficio.

99. (AFPS/2002/Esaf) Com relacao a reabilitacao profissional e suas caracteristicas, assinale a opcao incorreta.a) Desenvolve capacidades residuais das pessoas incapacitadas.b) £ um beneficio tem porario.c) Busca integragao no m ercado de trabalho.d) Exige trabalho integrado de profissionais de diferentes areas.e) Perm ite readapta^ao profissional.

100. (Fisca!/!NSS/98/Cespe-UnB} A proposito dos beneficios da seguridade social, ju igue os seguintes itens.1- O salario-fam ilia e d evido m ensalm ente aos segurados em p reg ado e

trabalhador avulso, excepcionados os em pregados domesticos e rural, na proporcao do respectivo num ero de filhos ou equiparados, sendo devido cum ulativam ente a pai e m ae conjuntam ente vinculados ao RGPS, com o em pregados ou trabalhadores avulsos.

II - O auxilio-doenca do segurado que exerce mais de uma atividade abrangidapela previdencia nao sera devido, se a incapacidade ocorrer apenas parao exercicio de uma delas, salvo se as atividades concomitantes forem da mesma natureza.

III - Restando apurada a incapacidade definitiva para o exercicio de uma dasdiversas atividades tituiarizadas pelo segurado acidentado, sera cabivel a conversao do auxilio-doenca em aposentadoria especial, independen- tem en te da subsistenda dos dem ais vinculos laborais concomitantes por ele mantidos.

Os itens que estao errados sao:a) l e l lb) l ie Elic) 1 e HEd) todose) nenhum

Capitulo 5

* Prestacoes do

Regime

Geral de Previdincia

Social

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101. {Fiscal/INSS/97/Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens.! - O auxiiio-redusao e a aposentadoria por idade de segurado em pregado

dom estico sao beneffcios previdenciarios que depen dem , respectiva­m ente, de periodo de carencia de doze c o n t r ib u te s mensais e de cento e oitenta c o n tr ib u te s mensais.

N - A renda mensal inicial do beneffcio de aposentadoria por idade correspon- de a 80% do salario-de-beneficio do segurado, mais 1% deste por grupo de doze c o n tr ib u te s mensais, ate o m axim o de 20%,

II! - O salario-maternidade e devido a segurada empregada, a trabalhadora avulsa, a empregada domestica e a segurada especial; e o salario-famflia e devido ao segurado empregado, com excegao do segurado trabalhador avulso.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) I! e IIIc) i e IIId) todose) nenhum

102. Com relacao ao piano de beneffcios da previdencia social, ju lgue os itens aseguir.

I - Considere a seguinte situacao hipotetica: Jose m antem uniao estavel comMaria desde 1995. Jose era casado com Ana, de quem se divorciou em 1994. Ana nunca recebeu pensao alim enticia de Jose, mas sobrevindo o obito deste, em 2002, ela se habilitou no processo adm inistrativo intciado por Maria jun to ao INSS, pretendendo que a respectiva pensao por m orte fosse dividida entre ambas. Nessa situacao, Ana nao tera direito a pensao por m orte.

II - Considerando que, apos v inte anos consecutivos de contribuicao parao regim e geral de previdencia social, uma segurada tivesse com pletado sessenta anos de idade, aquela altura com salario-de-beneffcio equivaien- te a R$ 800,00, entao, se pretendesse aposentar-se por idade, o valor do respectivo beneffcio corresponderia a R$ 720,00 (AFPS/2001 - CESPE).

III - Caso um indivfduo aposentado por idade, pelo regime geral de previdenciasocial, voitasse a trabalhar e a contribuir regularm ente para a previdencia social, entao, quando interrom pesse essa nova atividade, teria dire ito ao recebim ento de um peculio, que consistiria em pagam ento unico do valor correspondente a soma das im portancias relatives as contribuicoes que pagou desde que retornou a atividade, atualizadas m onetariam ente (AFPS/2001 - CESPE).

Os itens que estao certos sao:a) I e llb) He illc) le i l ld) todose) nenhum

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I 103. {AFPS/2001/Cespe-UnB/adaptada) JuIgue os seguintes ite ns.I - Caso um individuo completasse, em 16 de dezem bro de 1998, todos os

requisitos definidos na legisiacao vlgente para fruir o beneficio da apo- | sentadoria por te m p o de servico, entao poderia obter a concessao do; beneficio em 2001, ainda que tivesse perdido a quaiidade de seguradoI em 1999.; il - Caso um aposentado por invalidez retornasse voluntariam ente a atividade,

teria sua aposentadoria autom aticam ente cancelada a partir da data do | retorno.j ill - A renda inicial do beneficio de aposentadoria por tem po de contribuicaof de um em pregado dom estico e calculada com base no.salario-de-contri-! buigao, o qual consiste na m edia aritm etica simples de um certo num ero

de salarios-de-benefido, todos devidam ente atualizados m onetariam ente. Os itens que estao certos sao:a) te l lb) II e II!

\ c) I e 111I d) todos

e) nenhum

104. Quanto as regras para concessao e m anutencao do salario-familia e do salario- | -m atern idade, assinale a opgao correta.

a) Ambos os beneficios serao concedidos independentem ente de carencia.b) Ambos os beneficios serao concedidos a todas as seguradas que preencherem

j os requisitos, independ entem ente de sua categoria.c) O salario-familia sera concedido ao em pregado urbano, trabalhador avulso

j ou aposentado com filhos ou equiparados, menores de 14 anos de idade ou j invalidos, devendo, para a sua m anutencao, ser apresentado o atestado de | vacina^ao para filhos ate 5 anos de idade e de atestado de frequencia a escola

do filho ou equiparado a partir dos 6 anos de idade.d) O salario-m aternidade e devido as seguradas em geral durante 120 dias, com

inicio 28 dias antes e term ino 91 dias depois do parto, podendo ser prorrogadoj em duas semanas antes e /ou duas semanas apos o parto.! e) O valor do salario-fam ilia corresponde a uma quota mensal por filho oui equiparado, enquanto o salario-m atern idade corresponde ao salario-de-; -contribuicao mensal da em pregada durante o periodo de gozo da licenca-; -m aternidade.iI 105. {'Tecnico Previdendario/INSS/2005/Cesgranrio) Assinale o unico beneficio cujai percepcao NAO enseja o pagam ento do abono anual.

a) Auxilio-doencaj b) Auxilio-acidente.j c) Auxilio-reciusao.I d) Salario-m aternidade.[ e) Salario-famflia.

Capitulo 5

«• Prestacoes do Regim

e Geral de Previdincia

Social

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106. (Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) Periodo de carencia e o num ero de c o n tr ib u te s mensais indispensaveis para que o beneficiario faga jus ao beneficio. O dia de infcio da contagem do periodo de carencia e o{a):

a) prim eiro dia do mes de filiacao ao Regime Geral de Previdencia Social, parao segurado em pregado domestico.

b) prim eiro dia do mes de filiacao ao Regime Geral de Previdencia Social, para todos os segurados, obrigatorios ou facuitativos.

c) prim eiro dia do mes em que se iniciou a execucao de atividade rem unerada, com o segurado em pregado, sendo presum ida a contribuicao.

d) data do efetivo recolhim ento da prim eira contribuicao sem atraso, para o trabalhador avulso.

e) data do efetivo recolhim ento da primeira contribuicao sem atraso, para todos os segurados, obrigatorios ou facuitativos.

107. (Tecnico Previdenciario/INSS/2005/Cesgranrio) 12 (doze) contribuicoes mensais, 180 (cento e oitenta) contribuicoes mensais e nenhum a contribuicao sao os p e ­riodos de carencia, respectivam ente, dos seguintes beneficios previdenciarios:

a) auxflio-doenca, aposentadoria por idade e pensao por m orte.b) auxilio-doenca, aposentadoria por invalidez e pensao por m orte.c) auxflio-acidente, pensao por m orte e servico social.d) auxilio-acidente, aposentadoria por idade e pensao por m orte.e) aposentadoria por invalidez, aposentadoria por te m p o de contribuicao e

aposentadoria por idade.

108. (Tecnico Previdenciario/INSS/2005/Cesgranrio) A respeito do calculo do valor do beneffcio previdenciario, assinale a afirm ativa incorreta.

a) A tualm ente, o salario-de-beneficio da aposentadoria por idade consiste na media aritmetica simples dos maiores salarios-de-contribuicao corresponden­tes a 80% de todo periodo contributivo, m ultiplicado pelo fator previdenciario.

b) Atualm ente, o salario-de-beneffcio da aposentadoria por tem p o de contribui­cao consiste na m edia dos 36 (trinta e seis) ultimos salarios-de-contribuicao, corrigidos m onetariam ente m#s a mes.

c) O auxilio-doenca tem com o base de calculo o salario-de-beneffcio do segu­rado.

d) A tualm ente, o salario-de-beneffcio da aposentadoria por invalidez consiste na m edia aritm etica simples dos maiores salarios-de-contribuicao correspon- dentes a 80% de to do periodo contributivo.

e) O fator previdenciario sera calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tem p o de contribuicao do segurado.

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109. (Tecnico Previdenddrio/lNSS/2005/Cesgranrio) Em novem bro de 2004, Josue, segurado empregado, de 60 anos, faz requerim ento administrativo de aposenta- doria em uma das agendas da Previdencia Sodal. Em anexo ao referido pedtdo, apresenta copia da carteira de trabaiho, que com prova o vi'nculo em pregaticio com a empresa "Paes, doces e com idas deliciosas LTDA", com o balconista, durante 30 anos com pletos, na data de requerim ento. Voc£, na quaiidade de servidor do INSS responsavel peio ato de concessao de beneficios, deve decidir corretam ente pela(o):

a) concessao de aposentadoria por idade;b) concessao d e aposentadoria proporcional;c) concessao de aposentadoria por te m p o de contribuicao;d) concessao de aposentadoria especial;e) indeferim ento do pedido de aposentadoria.

110. {Tecnico Previdencidrio/tNSS/2005/Cesgranrio) A tualm ente, para a concessao de aposentadoria especial, e imprescindfvel que o(a):

a) segurado comprove, alem do tem po de contribuicao, a exposicao aos agentes nocivos qufmicos, fi'sicos, biologicos ou associacao de agentes prejudiciais a sadde ou a integridade ffsica, de m odo habitual, perm anente e nao interm i­tente ,

b) segurado com prove quetraba lh ou durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos sujeito a condicoes especiais, independente do periodo de exposicao a agentes agressivos durante a jornada de trabalho.

c) segurado declare que executou atividades sob condicoes especiais, indepen­dente de a empresa em pregadora em itir ou nao laudo tecnico.

d) segurado tenha, no m fnim o, 50 (cinquenta) anos de idade.e) atividade desem penhada pelo segurado se enquadre na categoria profissional

presumida em lei com o sujeita a condicoes insalubres, penosas ou perigosas.

111. (Tecnico Previdendario/lNSS/2005/Cesgranrio) Caio, em maio de 2000, separou- -se, judicia lm ente, de Maria. Na referida separacao, acordou-se, judicialm ente, que Caio nao iria pagar pensao alim enticia a ex-esposa e que so iria pagar tal encargo para Ana, filha do casal, 19 anos. Em agosto de 2002, Caio conhece Teresa, com a qual vem a m orar e m anter uniao estavel. Em agosto de 2004, Caio falece. Q uem tem direito a pensao por m orte, na quaiidade de dependente de Caio?

a) Maria, Ana e Teresa,b) Maria e Ana.c) Ana e Teresa.d) Ana.e) Teresa.

Capitulo 5

♦ Prestacoes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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112. (A na lis ta P rev idendario /IN S S /2005/C esgranrio } A que percentual do salario- -de-beneffcio correspondem , respectivam ente, as rendas mensais iniciais do auxilio-doenca, do auxiiio-acidente e da aposentadoria por invalidez?

a) 100%, 91% e 50%b) 91%, 100% e 70%c) 91%, 50% e 100%d) 91%, 50% e 70%e) 50%, 91% e 100%

113. (Analis ta Previdenciario/iNSS/2005/Cesgranrio) Salario-maternidade e o beneffcio previdenciario pago a segurada gestante durante o periodo de afastam ento de suas atividades. Consiste em uma renda mensal inicial igual a rem uneracao integral, equivalente a 01 (um) mes de trabalho, para:

a) todas as especies de seguradas;b) a segurada especial;c) a trabalhadora avulsa;d) a em pregada domestica; e} a contribuinte individual.

114. (Ana lis ta Previdendario/INSS/2005/Cesgranrio ) Caio, segurado do Regime Geral de Previdencia Social, divorciou-se de Dora, em ju lho de 1999, ficando ajus- tado que pagaria um a pensao alim enticia no valor de 20% do seu salario. Em janeiro de 2003, Caio casa-se com Ana e, fruto da relacao, nasce M arvio. Como falecim ento de Caio em agosto de 2004, quem tem direito ao recebim ento de pensao por m orte, na qualidade de seu dependente?

a) Ana, somente.b) Marvio, somente.c) Ana e Marvio, somente. d} Dora e Marvio, somente.e) Dora, Ana e Marvio.

115. (A nalista Previdendario/INSS/2005/Cesgranrio ) A respeito das prestacoes previ­denciarias do Regime Geral de Previdencia Social, assinale a afirmativa correta.

a) A reabilita^ao profissional, servico abrangido pelo Regime GeraS de Previ­dencia Social, com preende, entre outros servicos, o reem bolso das despe- sas realizadas para a aquisicao de proteses ou de orteses e outros recursos materiais nao prescritos ou nao autorizados pelas unidades de reabilitacao profissional do INSS.

b) A cota do salario-familia sera incorporada, para qualquer efeito, ao salario ou ao beneficio.

c) O auxilio-reclusao sera devido nas mesmas condicoes da pensao por m orte aos dependentes do segurado recolhido a prisao, bastando que o detento ou o recluso seja segurado do Regime Geral, sendo indiferente se o m esm o estiver em gozo de qualquer beneffcio previdenciario.

d) O salario-famflia sera devido, m ensalm ente, ao segurado em pregado, ao segurado dom estico e ao segurado trabalhador avulso, na proporcao do

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respectivo num ero de filhos ou equiparados nosterm os da legislacao previ­denciaria.

e) Os servicos de habilitacao e reabilitacao profissional serao prestados pelo INSS aos segurados, inclusive aposentados,e, de acordo com as possibilidades administrativas, tecnicas, financeiras e as condicoes locais do orgao, aos seus dependentes.

116. (Delegado da Poltcia Federal/2002/Ce$pe-UnB} Bartolom eu e Adriana, am bos segurados obrigatorios da previdencia social na quaiidade de contribuintes individuals, constituem um a uniao estavel e tem dois filhos, ambos estudantes econom icam ente dependentes dos pais: Flavia, de doze anos de idade, e Gus­tavo, de dezesseis. Alem dos filhos, tam b em vive na residdncia do casal a m ae de Adriana, Irene, que depende econom icam ente da filha. Para auxiliar a familia nos servicos domesticos, o casal contratou, em ju lho de 2000, Rosana com o em pregada, pagando-lhe rem uneracao mensai de R$ 500,00, reguiarm ente registrada em sua carteira de trabalho e previdencia social (CTPS). Adriana envolveu~se em um acidente autom obilistico em agosto de 2001, tendo.sofrido traumatismos m ultiplos que exigiram a sua internacao em hospital por tr£s meses, mas, feiizm ente, os ferim entos nao deixaram sequelas que limitassem quaisquer de suas atividades habituais. Na mesma semana em que ocorreuo acidente, foi requerida perante o INSS a concessao de auxilio-doenca para Adriana. Findo o periodo de internacao, Adriana voltou para casa, mas, por determ inacao m edica, perm aneceu em repouso por mais dois meses, antes de retornar suas atividades profissionais.

Em face da situacao hipotetica apresentada, ju igue os itens seguintes.L Considerando que Adriana era segurada da previdencia social ha apenas

seis meses, e correto a firm arque m esm o assim ela teria o direito de receber beneficio de auxflio-doenca durante todo o tem p o em que perm aneceu impossibilitada de trabalhar, a contar da data em que ocorreu o acidente.

ii. Caso Adriana viesse a falecer em v irtude do acidente, os seus dependentes teriam direito ao beneficio de pensao por m orte, cuja renda mensal cor­re s p o n d e d ao valor total da aposentadoria a que Adriana teria direito se estivesse aposentada por invalidez na data de sua m orte, quantia essa que deveria ser dividida igualm ente entre Bartolomeu, Gustavo, Flavia e Irene.

III. Ao contrario de Flavia, Gustavo tem direito a filiar-se ao regim e geral de previdencia social, na q ua iid ade de segurado facultativo; porem , caso Gustavo proceda a sua filiacao, o que deve ser fe ito m ediante a inscricao na previdencia social e recolhim ento da primeira contribuicao, ele perdera a quaiidade de depen dente de seus pais perante o direito previdenciario.

Os itens que estao errados sao:a) I e ilb) II e IIIc) I e Hid) todose) nenhum

Capitulo 5

o- Prestacoes do Regim

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117. (Juiz/TRF da 5° Regiao) E exigfvei com provacao do periodo de carencia para concessao de:

a) aposentadoria por tem p o de contribuicao a segurado especial.b) aposentadoria por invalidez a contribu inte individual acom etido de AIDS.c) salario-m aternidade a em pregada, exceto a domestica.d) pensao por m orte ou auxflio-reciusao aos dependentes.e) auxilio-acidente decorrente de incapacidade extralaborativa.

118. [Juiz/TRFda 5a Regiao) A aposentadoria por invalidez sera cancelada,.

a) apos cinco anos, para o contribu inte individual que tiver d ireito a retornar a funcao que desem penhava na em presa no m om ento em que se aposentou.

b) im ediatam ente, se o segurado recusar tratam ento cirurgico gratuito.c) apos tantos anos quantos forem os anos de duracao do auxilio-doenca e

da aposentadoria, quando o segurado fo r considerado reabilitado para o exercicio do trabalho.

d) m esm o que o segurado esteja apto para o exercicio de atividade diversa da que habitualm ente exercia, desde que siga sendo paga pelo prazo de doze meses.

e) a partir da data do retorno voluntario ao trabalho, ainda que em atividade diversa daquela que o segurado exercia habitualm ente.

119. (Perito Medico - 2° fase/INSS/2005/Cesgranrio) A que tipo de trabalhador, entre os apresentados a seguir, NAO serao devidas as prestacoes relativas ao auxi'lio- -acidente?

a) Trabalhador Avulso Rural.b) Trabalhador Avulso Urbano.c) Em pregado Rural.d) Em pregado Domestico.e) Segurado Especial.

120. (Perito Medico ~2afase/INSS/2005/Cesgranrio/Adaptada) Com relacao ao au x iiio - -acidente, e correto afirm ar que:

a) e perm itida sua percepcao ju n to com a aposentadoria especial.b) e suspenso quando da concessao do auxflio-doenca, em razao d o m esm o

acidente que lhe deu origem .c) nao exige confirm acao da reducao da capacidade laborativa pela Pericia

M edica do INSS.

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d) nao pode ser concedido a segurado desem pregado, mesmo que o acidente tenha ocorrido durante o periodo de graga.

e) sera concedido apenas quando decorrer de acidente de trabalho que impe^a toda e qualquer atividade laborativa.

121. (Perito Medico - 2° fase/INSS/2005/Ce$granrio) Segundo a Lei n° 8.213/91 e suas respectivas atualiza^oes, a pensao por m orte e devida ao conjunto dos d epen­dentes do segurado e se extingue nas condicoes abaixo, exceto uma. Indique-a.

a) M orte do pensionista.b) Para o filho ou equiparado, quando este com pletar 21 anos, m esm o se inva­

lido.c) Para o pensionista invalido, pela cessacao da invalidez.d) Para irm ao menor, de am bos os sexos, quando com pletar 21 anos, salvo se

invalido.e) Para o dependente invalido cuja invalidez nao puder ser comprovada na data

do obito do segurado.;

122. {Perito Medico - 2° fase/INSS/2005/Cesgranrio) De acordo com a Lei n° 8.213/91 e suas atualizasoes, a aposentadoria especial sera devida, uma vez cum prida a carencia legal, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condicoes especiais que pre jud iquem a saude ou a in tegridade ftsica, conform e dispuser a Lei, durante:

a) 2 5 ,3 0 ou 35 anos.b) 2 0 ,2 5 ou 30 anos.c) 15 ,20 ou 25 anos.d) 10,15 ou 20 anos.e) 5 ,1 0 ou 15 anos.

123. (Perito M edico-2 ° fase/iNSS/2005/Cesgranrio) Com relacao ao salario-m aterni­dade, e correto afirm ar que:

a) nao ha car&ncia para sua concessao.b) nao pode ser cancelado, em qualquer hipotese.c) tem term ino previsto para 85 dias apos o parto, inclusive o dia do parto.d) tem inicio ate 30 dias anteriores ao parto.e) e gerado, igualm ente, pela adocao ou guarda judicial para fins de adocao.

Capitulo 5

«- PrestafSes do Regim

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eral de Previdincia

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! - Considerando que um segurado se aposentasse por invalidez com bene­ficio equivalente a R$ 1.560,00, sendo de R$ 260,00, a epoca, o valor do salario m inim o, entao, sendo e levado para R$ 300,00 o valor desse salario m inim o, o beneficio previdenciario nao podera ser inferior a R$ 1.800,00.

II - 0 vaior da pensao por m orte devida aos dependentes do segurado, naoestando este em gozo de nenhum beneficio previdenciario quando do obito, e de cem por cento do valor da aposentadoria por invalidez a que o segurado teria direito se estivesse aposentado na data do seu faiecimento.

III - O abono anual e devido ao segurado da previdencia social - ou, quandofor o caso, ao dependente - que, durante o ano, recebeu auxilio-doenca, auxilio-acidente, aposentadoria, pensao por m orte ou auxilio reclusao. Considerando que o vaior de um desses beneficios correspond esse, no mes de dezem bro de 2000, a R$ 460,00, entao o beneficiario teria direito ao pagam ento do abono nesse m esm o m ontante, independentem ente do mes em que o pagam ento do beneffcio houvesse iniciado.

Os itens que estao errados sao:

a) l e i lb) iie IIIc) ! e 111d) todose) nenhum

124. {AFPS/2001/Cespe-UnB) Juigue os seguintes itens.

125. (Cespe-unB) Juigue os seguintes itens.

\ - 0 aposentado por invalidez que recuperar a capacidade laborativa e tiver cancelado o beneficio previdenciario tera garantido o direito de retornar ao em prego ocupado a data do evento, salvo se nao convier ao em pregador, que podera indeniza-lo na form a da lei (FISCAL/1NSS/98).

ii - Considere a seguinte situacao hipotetica: Logo que conseguiu o seu pri- meiro em prego, em marco de 2002, Julio, c as ad o e p a id e um a garota d e 10 anos de idade, foi reguiarm ente inscrito na previdencia social, na condicao de segurado. Em m aio do m esm o ano, contudo, Juiio veio a ser preso em flagrante peia pratica de crime, tendo perm anecido preso no curso da respectiva acao penal, ao cabo da qual veio a ser condenado a cinco anos de reclusao. Nessa situacao, suas dependentes nao terao direito ao auxflio- -reclusao, em razao de nao se ter com pletado o prazo de carencia para o recebim ento desse beneficio {AFPS/2001).

HI - 0 auxilio-reclusao e devido aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido a prisao que nao receber rem uneracao da empresa nem estiver em gozo de auxflio-doenca, de aposentadoria ou de abono de p e rm an en­cia, durante todo o periodo de detencao ou reclusao, devendo ser suspenso em caso de fuga e convertido em pensao, se sobrevier a m orte do segurado detido ou recluso (FISCAL/iNSS/98 - adaptada).

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Os itens que estao certos sao:

a) i e Sib) ii e illc) 1 e Hid) todose) nenhum

126. (AGU/2002/Cespe-UnB) Augusto, de 65 anos de idade, e segurado obrigatorio da previdencia social, para a qual, na qualidade de empregado, contribuiu durante 36 anos. Ha exatos dois meses, Augusto, que sempre atuou como comerdario, demitiu-se de seu ultimo emprego, mas somente hoje ele ingressou com pedido de concessao de aposentadoria portem po de contribuicao. Elvira foi companheira de Augusto durante mais de vinte anos, mas eles nao tiveram filhos em comum e nao ha qualquer notfcia de que Augusto tenha tido filhos com outra mulher. Ha um ano, o casal separou-se, tendo o Poder Judiciario determinado que Augusto deveria pagar pensao alimenticia a Elvira. Tendo em vista a situacao hipotetica acima descrlta, julgue os itens abaixo:

I - A idade de Augusto na data do pedido de aposentadoria teria relevanciapara a fixacao da renda mensal do beneffcio, caso ele soiicitasse aposenta­doria por idade, porem , sua idade seria irrelevante para a fixacao do valor da aposentadoria p o r te m p o de contribuicao.

II - O pedido de concessao da aposentadoria de Augusto deve ser deferido, dadotere letem po de contribuicao suficiente para lhe conferir direito a aposentar-se, sendo correto afirmar que a renda mensal de sua aposentadoria corresponded ao vaior integral do salario-de-beneffcio e que esse beneffcio lhe sera devido a partir da data em que eie se desligou de seu ultimo emprego.

lil - Se Elvira, ex-com panheira de Augusto, dele recebesse pensao alimenticia, ela seria sua dependente perante o regim e geral de previdencia e, portan- to, caso ele viesse a falecer apos a concessao da aposentadoria, ela teria direito ao recebim ento de pensao, beneffcio previdenciario cuja renda mensal corresponderia ao valor da aposentadoria paga a Augusto.

IV - Se houvesse ocorrido um substandai aum ento no salario m inim o no dia em que Augusto pediu demissao de seu ultim o em prego, seria possfvel que o salario-de-beneffcio relacionado a aposentadoria de Augusto fosse m enor que o salario m inim o vigente no pats no m om ento de sua aposentadoria. Porem, a renda mensal da aposentadoria de Augusto, tal com o a renda mensal de auxflio-acidente a que fizesse jus antes de sua aposentadoria, nao poderia ser m enor que um salario mfnimo, mesmo que ele fizesse parte de regime facultativo de previdencia privada em que tivesse beneffcio com renda mensal m aior que dois salarios mfnimos.

Os itens que estao certos sao:

a) 1 e 11b) N e illc) ill e IVd) 1 e 111

Capttulo 5

® Prestagoes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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127. {AGU/2002/Cespe-UnB) Juigue os seguintes itens:

i - Considere a seguinte situacao hipotetica: Ricardo, filiado obrigatorio na quaiidade de em pregado, sofreu ferim entos, em v irtude de um acidente automobilfstico, que Ihefizeram perm anecer internado durante trin ta dias e m antiveram -no outros sessenta dias afastado d e seu em prego. Nesse caso, pode acontecerque sejam identicos os valores dos quatro elem entos seguintes: o salario recebido por Ricardo de seu em pregador, o seu salario- -de-contribuicao, o seu salario-de-beneficio relativo a auxilio-doenca e a renda mensal do auxilio-doenca a q u e ele teria d ireito em v irtu d e de o referido acidente o te r incapacitado para o trabalho por periodo superior a quinze dias.

II - Considere a seguinte situacao h ipotetica: Paulo, filiado obrigatorio na quaiidade de em pregado, sofreu ferim entos, em v irtude de um acidente automobilfstico, que Ihe fizeram perm anecer internado durante trin ta dias e m antiveram -no outros sessenta dias afastado de seu em prego. Nesse caso, Paulo som ente teria d ireito a receber auxflio-acidente se, apos con­solidacao das lesoes decorrentes do referido acidente, restassem sequelas irreversfveis que implicassem reducao da sua capacidade para o trabalho que habitualm ente exercia. A dicionalm ente, ele teria d ireito a receber o auxflio-acidente m esm o antes do te rm in o do auxflio-doenca relacionado as lesoes causadas pelo referido acidente, desde que ficasse com provada, -por pericia m edica, a irreversibilidade das sequelas e sua interferencia na capacidade de Paulo para o trabalho.

HI - O auxflio-funeral nao e um beneffcio que faz parte do regim e geral de previdencia social.

Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) II e Ellc) I ed) todose) nenhum

128. {AGU/2002/Cespe-UnB) Juigue os seguintes itens:

I - A fim de preservar o sistema, essencialmente contributivo, a lei estabeleceque para a concessao de toda e qualquer prestacao pecuniaria pelo RGPS mister se faz oa ten d im en to d e um perfodo de carencia, que variade acordo com a natureza da prestacao a ser outorgada.

II - Salario-famflia e devido, mensaimente, ao segurado em pregado, exceto odomestico, na proporcao do respectivo numero de filhos, independentemente de sua condicao economica.

III - Exercendo o segurado duas ou mais atividades, a incapacidade definitivaverificada em relacao a uma delas autoriza a concessao da aposentadoria por invalidez, ainda que a incapacidade nao possa serestendida as demais atividades.

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a) i e IIb) il e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

129. [AGU/2002/Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

! - O acidente verificado no percurso residencia-posto de servico nao pode ser considerado com o acidente de trabalho, haja vista que a jom ada se- quer havia iniciado, nao havendo nexo de causalidade com o exercicio da atividade profissional.

II - A com unicacao do acidente d e trab a lh o a previdencia social pode ser realizada apenas p e lo e m p reg ad o r, p o r m eio da exped icao da guia propria, ficand o este sujeito ao p a g am en to de m uita em caso de reni- tencia em cum prir com ta l obrigagao d e fazer.

Id - Para que um a doenca seja equiparada a um acidente de trabalho, precisa estar expressamente relacionada com o doenca profissional no am bito de iegisla<;ao pertinente, nao se adm itindo nenhum a excepcionalidade.

Os itens que estao errados sao:

a) i e SIb) II e IIIc) 1 e IIId) todose) nenhum

130. (Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens:

i - Considere a seguinte situacao hipotetica: Sergio, segurado da previdencia social na qualidade de contribuinte individual, eeletricista e presta servico de natureza eventual a diversas empresas, sem relacao de em prego, sendo cham ado para trabalhar, principalm ente, em estabelecim entos de saude, onde ja conhecem a qualidade do seu servico. Nessa situacao, caso com ­prove que em varias oportunidades esteve exposto a condicoes especiais que prejudicaram sua sadde e a sua integridade fisica, cum prida a carencia exigida e o te m p o de contribuicao, conform e o caso, Sergio fara jus a uma aposentadoria especial do INSS (Procurador Federal/abr/2004).

II - De acordo com a legislacao previdenciaria, auxilio-doenca e o beneficio a que o segurado te m direito quando, apos a consolidacao das lesoes decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequela definitiva que im plique reducao da capacidade para o trabalho que habitualm ente exercia (Procurador Federal/abr/2004).

Os itens que estao errados sao:

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

Regime

Geral de Previdencia Social

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III - Para fins previdenciarios, nao e considerado acidente de trabalho aquele que deixa o em pregado incapacitado para o trabalho e tenha sido sofri­do na conducao de vefculo particular no cam inho da residencia para o trabalho, quando o acidentado incorrer em culpa (Advogado da U niao/ dez/2004).

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) He illc) I e IIId) todose) nenhum

131. (Juiz Federai/TRFda 5 °Regiao/2005/Cespe-UnB) Acerca dos periodos de carencia dos beneficios previdenciarios, ju igue os itens subsequentes:

I - A concessao de auxilio-doenca e de aposentadoria por invaiidez depen dedo periodo de carencia de 12 contribuicoes mensais.

II - A concessao de aposentadoria por idade e de aposentadoria por tem pode servico, bem com o a de aposentadoria especial, d ependem do periodo de carencia de 120 contribuicoes mensais.

III - A concessao de auxilio-reclusao independe de carencia.Os itens que estao certos sao:

a) le IIb) il e IIIc) I e illd) todose) nenhum

132. {Juiz Federal/TRF da 5° Regiao/2005/Cespe-UnB) Jairo, em pregado da empresa Cervejaria Bem Gelada S.A., presta servicos de natureza urbana, em carater nao eventual, sob subordinacao e m ediante remuneracao, e esta inscrito no Regime Geral da Previdencia Social es tabe leddo pela Lei n° 8.213/1991. A relacao de em prego teve inicio em Janeiro de 2003 e e o seu prim eiro em prego. Jairo e casado com Maria, servidora publica ocupante de cargo em comissao da Uniao, sem vmcuio efetivo. 0 casal tem dois filhos menores, Nadia, com 2 anos de idade, e Bruno, com 1 ano de idade. Com base nessa situacao hipotetica e no que dispoe a Lei n° 8.213/1991, ju ig u e os seguintes itens.

I - A previdencia social considera Jairo e Maria segurados obrigatorios com o em pregados.

I! - Na hipotese da m orte de Jairo, os dependentes Maria, Nadia e Bruno de- vem receber da previdencia social a pensao por m orte e deve continuar a receber o salario-familia a que fazia jus o decujus.

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III - A pensao por m orte paga para o filho e extinta se o filho for em ancipadoou quando ele com pletar 18 anos de idade, salvo se for invalido.

IV - Caso Jairo sofra um ato deagressao por parte de um com panheiro de traba­lho, no local e horario de expediente, a ponto de causar reducao temporaria da sua capacidade para o trabalho, a previdencia social devera classificar esse ato como acidente de trabalho.

V - A cervejaria devera comunicar qualquer acidente de trabalho sofrido pelosseus empregados a previdencia social ate o primeiro dia util do mes seguin­te e, em caso de m orte, ate 5 dias apos a ocorrencia do fato, a autoridade com petente, sob pena de m ulta.

Os itens que estao certos sao:

a) l e l lb) l i e 111c) 111 e IVd) IV e Ve) 1 e IV

133. {Juiz Federal/TRF da 5a Regiao/2005/Cespe-UnB) A respeito dos beneficios do Regime Geral da Previdencia Social, ju lgue os itens que se seguem.

I - Precede, necessariamente, a aposentadoria por invalidez, o beneficio doauxflio-doenca, que sera concedido ao segurado considerado incapaz e insuscetfvel de reabilita^ao para o exercicio de atividade que lhe garanta a subsistencia.

II - O valor do beneficio da aposentadoria por invalidez de segurado quenecessitar da assistencia perm anente de outra pessoa deve ser acrescido de 25%, sendo esse acrescimo devido m esm o em s itu a te s em que o valor da aposentadoria atinja o lim ite m axim o legal.

HI - A aposentadoria por idade e devida ao segurado que, cumprida a carencia exigida pela Lei n° 8.213/1991, com pletar 70 anos de idade, se hom em , e 65f se mulher. No caso de trabalhadores rurais, essas idades sao reduzidas para 60 e 55 anos, respectivam ente.

SV - Ao em pregado dom estico nao e devido o salario-familia.Os itens que estao certos sao:

a) I e llb) l ie IIIc) 111 e IVd) I e IIIe) ll e IV

Capitulo 5

♦ Prestagoes do

Regime

Geral de

Previdencia Social

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134. (AFRF/2005/Esaf) Assinale a opcao correta, no tocante ao auxilio-doenca.

a) Sera concedido ao segurado, independ entem ente de carencia.b) Sera concedido ao segurado quando ficar constatada a sua incapacidade para

o seu trabalho ou para sua atividade habitual por periodo de ate 15 (quinze) dias consecutlvos.

c) Sera concedido ao segurado quando ficar constatada a sua incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

d) Sera concedido ao segurado quando ficar constatada a sua incapacidade para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por periodo inferior a 15 (quinze) dias consecutivos.

e) Sera concedido ao segurado quando ficar constatada a sua incapacidade parciai para o trabalho ou para sua atividade habitual por periodo de ate 15 (quinze) dias consecutivos.

135. (AFRF/2005/Esaf) Leia cada um dos assertos abaixo e assinafe (V) ou (F), con­form e seja verdadeiro ou falso. Depois, m arque a opcao que contenha a exatasequencia.

( ) Nao sao cumulativos o beneficio de auxilio-doenca e o de percepcao, peios dependentes, do auxilio-reclusao, ainda que, nessa condicao, o segurado recluso contribua com o contribu inte individual ou facultativo.

( ) Perde o direito ao auxilio-reclusao o beneficiario, se, o contribu inte indivi­dual ou facultativo, passa a exercer atividade rem unerada em cum prim ento de pena em regim e fechado ou sem i-aberto.

( ) Na hipotese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado nao sera considerada para a concessao desse beneffcio, irrelevante para o caso o tem p o de contribuicao.

a) V,V,V$ b) V,F,F

c) V,F,VSo

JT*3

d) V,V,F♦O

e) F,F,F

'SXJc 136. (AFRF/2005/Esof) £ falso afirm ar que, quanto ao segurado e ao dependente,CD

75 o Regime Geral da Previdencia Social com preende as seguintes prestacoes,© devidas inclusive em razao de eventos decorrentes de acidente de trabalho,o expressas em beneffcios e servicos, exceto.*5

a) a pensao por m orte.0) b) o auxilio-doenca.

"5zj c) o salario-familia.co

sd) a reabilitacao profissional.

_ l e) o salario-m aternidade.

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Os conceitos de empresa e de empregador domestico sao funda­mentals para a adequada compreensao do custeio da seguridade social.

1. Empresa

O conceito de empresa, para a previdencia social, e mais amplo do que o previsto em outros ramos do Direito (como, por exemplo, o Direito Comercial, Tributario, Civil e Trabalhista). Para o Direito Pre­videnciario, o importante e a existencia de vinculo de prestacao de ser­vico, empregaticio ou nao, com os segurados obrigatorios. Assim, ate as pessoas juridicas de direito publico estao inclmdas no conceito de empresa.115

O art. 15, I, da Lei n° 8.212/91 conceitua empresa nos seguintes termos:

“Empresa: a firma individual ou a sociedade que assume o risco de atividade economica urbana ou rural, com fins lucrativos ou nao, bem como os orgaos e as entidades da administracao publica direta, indireta e fundacional ”

Note-se que, para fins previdenciarios, ate mesmo um orgao pu­blico e considerado empresa. Assim, uma prefeitura municipal, por exemplo, tem as mesmas obrigacoes previdenciarias que sao exigidas de uma empresa privada (elaborar folha de pagamento e GFIP, escriturar a contabilidade, descontar a contribuicao dos segurados, recolher as con­tribuicoes previdenciarias etc.).

Portanto, a referenda aos orgaos e as entidades publicas destina- -se a evidenciar a responsabilidade destes quanto as contribuicoes pre­videnciarias incidentes sobre a remuneracao dos segurados do RGPS que lhes prestarem servico.

L l . Equiparados a empresa

De acordo com o disposto no paragrafo unico do art. 15 da Lei n° 8.212/91, “equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o con­tribuinte individual em relacao a segurado que lhe presta servico, bem como a cooperativa, a associado ou entidade de qualquer natureza ou

115 TAVARES, Marceio Leonardo. Op. c it, p. 85.

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finalidade, a missao diplomatica e a reparticao consular de carreira es- trangeiras”.

Percebe-se a inten^ao do legislador de nao deixar ao desamparo previdenciario o trabalhador que presta servico a pessoas fisicas (contri­buintes individuais), ou mesmo a entidades que nao tenham fins lucrati­vos (cooperativas, associacoes, sindicatos, igrejas etc.).

0 Regulamento da Previdencia Social (RPS) dispoe a respeito dos equiparados a empresa de modo mais completo. Nos termos do para­grafo unico do art. 12 do RPS, equiparam-se a empresa:

1 - o contribuinte individual, em relacao a segurado que lhe prestaservico;

II - a cooperativa, a associacao ou a entidade de qualquer naturezaou finalidade, inclusive a missao diplomatica e a reparticaoconsular de carreiras estrangeiras;

III - o operador portuario e o orgao gestor de mao de obra de quetrata a Lei n° 8.630/93;116 e

IV - o proprietario ou dono de obra de construcao civil, quandopessoa fisica, em relacao a segurado que lhe presta servico.

Tal previsao legal tem como objetivo evitar a elisao das contri­buicoes previdenciarias motivada por aspectos meramente formais. Por isso, para ser considerado ou equiparado a empresa basta utilizar-se de trabalho remunerado na realizacao de alguma atividade, ainda que nao economica.117

Aquelas pessoas (fisicas ou juridicas) que nao sao consideradas como empresa, mas sao equiparadas a empresa, terao a obrigacao de re- colher as mesmas contribuicoes previdenciarias que uma empresa esta obrigada.

Como exemplo, imagine-se que um advogado (pessoa fisica), que e contribuinte individual, contrate um empregado para trabalhar no seu escritorio de advocacia. Em relacao a este empregado que lhe presta servico, o advogado e equiparado a empresa. Nessa situacao, esse advo­gado tera de recolher todas as contribuicoes previdenciarias que uma empresa esta obrigada a recolher quando contrata um empregado. Deve tambem elaborar folha de pagamento e GFIP referente a seu empregado.

116 A Lei n° 8 .6 3 0 /9 3 dispoe sobre o regime juridico da expiora?ao dos portos organizados e das instaia^oes portuarias e da outras providencias.

117 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Op. c it, p. 160.

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Em suma, para fins previdenciarios, toda pessoa juridica (seja de direito publico ou privado) e considerada (ou equiparada) a empresa. Adicionalmente, ha dois casos em que pessoas fisicas podem ser equi- paradas a empresa: o contribuinte individual e o proprietario ou dono de obra de construcao civil, ambos somente em relacao a segurado que lhe presta servico.

2. Empregador domestico

O art. 12, II, do RPS conceitua o empregador domestico nos se- guintes termos:

“Empregador domestico - aquele que admite a seu servico, me­diante remuneracao, sem finalidade lucrativa, empregado domestico.”

O empregador domestico e necessariamente pessoa fisica, pois a pessoa juridica nao possui empregado domestico.

E importante salientar que o empregador domestico, perante a previdencia social, nao e equiparado a empresa.

A atividade exercida pelo empregado domestico nao pode gerar lucro para o empregador. Alem disso, o servico tem que ser prestado no Ambito residencial do empregador domestico.

Exerricios de Fixacao

137. (AFPS/2002/Esaf) A respeito/do conceito previdenciario de em presa ou de e m ­pregador dom estico, assinale a assertiva incorreta.

a) Empresa - a firm a individual ou sociedade q u e assume o risco de a tiv idade economica urbana ou rural, com fins lucrativos, bem com o os orgaos e en ti- dades da adm inistracao ptiblica direta, Indireta ou fundacional.

b) Em pregador dom estico - a pessoa ou fam flia q u e adm ite a seu servico, sem finalidade lucrativa, e m p reg ado dom estico. '

c) Equipara-se a em presa, para os efeitos da Lei n° 8.213/91, o contribu in te individual em relacao a segurado que lhe presta servico.

d) Equipara-se a em presa, para os efeitos da Lei n° 8 .213/91, a cooperativa.e) Equipara-se a empresa, para os efeitos da Lei n° 8.213/91, a associacao ou

entidade de qualquer natureza ou finalidade.

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138. Quanto a defini^ao de empresa, constante do Regulam ento da PrevidenciaSocial, aprovado pelo decreto n° 3.048, de 6 /5 /99 , assinale a opgao correta.

a) Em presa e a sociedade q u e assum e o risco da a tiv id a d e econom ica com fins lucrativos.

b) Empresa e a firm a individual ou sociedade que assume o risco da atividade economica urbana ou rural, com fins lucrativos ou nao, bem com o os orgaos e as entidades da adm inistracao publica direta, indireta e fundacional.

c) O contribuinte individual e equiparado a empresa para todos os fins previ­denciarios.

d) A cooperativa, a associado ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missao diplom atica e a reparticao consular de carreiras estrangei- ras, sao equiparadas a empresa som ente em relacao aos empregados por elas rem unerados.

e) 0 proprietario ou dono de obra de construcao civil, quando pessoa fisica, e equiparado a empresa som ente em relacao aos empregados que ihe prestem servico.

139. ju lg u e os seguintes itens:

j ™ o em pregador dom estico e sem pre pessoa fisica, pois a pessoa juridica nao possui em pregado dom estico.

II - Para fins previdenciarios, um sindicato nao pode ser considerado com oempresa, pois nao tem finalidade lucrativa.

III - O contribuinte individual e equiparado a empresa som ente em relacao ae m pregado que lhe presta servico.

Os itens que estao errados sao:

a) i e Ifb) il e illc) 1 e illd) todose) nenhum

140. £ equiparado(a) a empresa:

I ~ O em pregador domestico.II - 0 6rgao gestor de m ao de obra.ill - O operador portuario.Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) ll e IIIc) I e illd) todose) nenhum

Capitulo

6 *

Empresa

e empregador dom

istico: conceito previdencidrio

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I - O sindicato de trabalhadores.II - A embaixada de um Pass estrangeiro em funcionam ento no Brasil.III - A sociedade de econom ia mista.Os itens que estao certos sao;

a) I e llb) II e illc) I e 111d) todose) nenhum

141. E equiparado(a) a empresa:

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Financiamento da seguridade social

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De acordo com o disposto no caput do art. 195 da Constituicao federal, a seguridade social sera financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos prove- nientes dos orcamentos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munidpios, e das contribuicoes sociais.

A seguridade -* Forma direta Por: meio do recolhimento desoda! ser&" : ; cohtribuicQes sbciais; >

Vfiriahciadapor toda a" :; Itfedi^tere^^

. ..sociedade, ■ de duas de :;®pma^mdHjeta^

r :d6s. orcamen dos -Eisltadbs*- do 'Distrito Federal e dos

v:-formasi;;;:-xf ;- f j 5 \ v 0 ::xK

No ambito federal, o orcamento da seguridade social e composto das seguintes receitas: da Uniao, das contribuicoes sociais e de outras fontes (Lei n° 8.212/91, art. 11).

As contribuicoes sociais destinadas a seguridade social sao as se­guintes:

I - as das empresas, incidentes sobre a remuneracao paga, devi­da ou creditada aos segurados e demais pessoas flsicas a seu servico, mesmo sem vinculo empregaticio;

II - as dos empregadores domesticos, incidentes sobre o salario--de-contribuicao dos empregados domesticos a seu servico;

III - as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salario-de-contri­buicao;

IV - as das associacoes desportivas que mantem equipe de futebolprofissional, incidentes sobre a receita bruta decorrente dos espetaculos desportivos de que participem em todo territorio nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrodnio, licencia- mento de uso de marcas e simbolos, publicidade, propaganda e transmissao de espetaculos desportivos;

V - as incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercia-lizacao da producao rural;

VI - as das empresas, inddentes sobre a receita ou o faturamento e olucro; e

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I

VII - as incidentes sobre a receita de concursos de prognosticos.VIII - as do importador de bens ou servicos do exterior, ou de quem

a lei a ele equiparar (CF, art. 195, IV).

Os recursos provenientes das contribuicoes sociais previstas aci­ma nos itens I a V so podem ser utilizados para pagamento dos benefi­cios do Regime Geral de Previdencia Social (CF, art. 167, XI). Por isso, podemos denomina-Ias de “contribuicoes previdenciarias”.

Os recursos provenientes das contribuicoes sociais descritas nos itens VI a VIII podem ser aplicados em qualquer area da Seguridade Social (saude, assistencia social ou previdencia social).

No quadro abaixo, resumiremos as informacoes basicas a respei- tos das receitas da Seguridade Social no ambito federal:

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Passemos, agora, ao estudo de cada uma das receitas da Seguri­dade Social.

Copftulo

7 ♦

Financiamento

da Seguridade

Social

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1. Contribuicao da Uniao

A contribuicao da Uniao e constituida de recursos adicionais do Orcamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orcamentaria Anu­al (art. 16 da Lei n° 8.212/91).

A Uniao e responsavel pela cobertura de eventuais insuficiendas financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de beneficios de prestacao continuada da previdencia social, na forma da Lei Or^amentaria Anual (Lei n° 8.212/91, art. 16, paragrafo unico).

O Tesouro Nacional repassara mensalmente recursos referentes as contribuicoes incidentes sobre o faturamento e o lucro das empresas e sobre a receita de concursos de prognosticos, destinados a execu^ao do Orcamento da Seguridade Social (Lei n° 8.212/91, art. 19).

As contributes previdenciarias sao insuficientes para o paga­mento de todos os beneficios do RGPS. Por isso, a Uniao repassa men­salmente ao INSS recursos provenientes das contribu tes sociais in­cidentes sobre o faturamento e o lucro e sobre receita de concursos de prognosticos para que aquela autarquia pague a todos os beneficiarios (segurados e dependentes) do RGPS. A Uniao tambem repassara recur­sos provenientes destas contribuicoes sociais para os orgaos responsa- veis pelas areas da saude e da assistencia social.

Os recursos provenientes das contribu tes das empresas inciden- tes sobre o faturamento e o lucro tambem podem ser utilizados para pagamento dos encargos previdenciarios da Uniao (Lei n° 8.212/91, art. 17) e para custear despesas com pessoal e adm inistrate geral do INSS (Lei n° 8.212/91, art. 18).

r De acordo com o disposto no art. 18 da Lei n° 8.212/91, os recur­sos provenientes das contribu tes previdenciarias tambem poderiam ser utilizados para custear despesas com pessoal e adm inistrate ge­ral do INSS. Todavia, em razao da veda^ao prevista no art. 167, XI, da Constituicao Federal, tais recursos so podem ser utilizados para paga­mento dos beneficios do RGPS.

2. Receitas das contribuicoes sociais

Antes de adentrarmos no estudo de cada uma das contribu tes destinadas ao financiamento da seguridade social, faremos breves con-

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sidera^oes a respeito da sua natureza juridica e da competencia para sua institui^ao.

2.1. Natureza juridica das contribuicoes sociais

Apos a Constituicao de 1988, predominou na doutrina e na juris- prudencia o entendimento de que as contribuicoes sociais destinadas ao financiamento da seguridade social possuem natureza juridica tri- butaria. Conforme o entendimento predominante, atualmente, existem cinco especies de tributos. A classificacao das especies tributarias mais aceita e a seguinte:

->

->

Tributos ->•

->

Impostos

Taxas

Contribuicoes de melhoria;

Emprestimos compulsoriQS

Contribuigoes especiais

De acordo com os artigos 149 e 149-A, da Constituicao Federal, podemos dividir as contribuicoes especiais da seguinte forma:

Contribuicoes sociais;

Contribuicoes de iritervericao no ddiiimio economico (CIDE)-.

Contribuicoesespeciais

- Contribuicoes de intense \ . das categorias. profissionais ou

economicas (corpdrativas)

Contribuicoes para o custeic) do servico de.iliimi.nato pulblica

: 'v: /-{COSIP) J ; : : ; 1; ' : - r-

331

Capitulo 7

« Financiam

ento da

Seguridade Social

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Com base no exposto, a respeito das contribuicoes sociais, consta- ta-se o seguinte: (a) possuem natureza tributaria; (b) pertencem a espe- cie tributaria denominada de contribuicoes especiais.

De uma forma geral, tornou-se pacifico o entendimento de que contribuicao social e tributo. Contudo, ha controversias sobre a nature­za tributaria da contribuicao do segurado facultativo, em razao da falta de compulsoriedade, caracterlstica essencial dos tributos. Nesse senti­do, confira-se o seguinte julgado do TRF da 4a Regiao:

TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. PRES- CRICAO. LCN° 118/2005. SEGURADO FACULTATIVO, APO­SENTADORIA RETROATIVA. REPETigAO DE INDEBITO.Se o INSS tivesse reconhecido o direito a aposentadoria ao tempo dopedido administrativo, o autor nao teria motivo para filiar-se a Previdencia, na quaiidade de segurado facultativo, depois da cessaqao do desempenho de atividade de sujeigdo obrigatoria ao Regime Geral. Aos recolhimentos feitos no periodo de filiacao como segurado facultativo, unicamente com o intuito de impedir a perda da condigao de segurado e de submeter-se a novo periodo de carencia, falta a compulsoriedade, caracteristica essencial dos tributos. Impde-se a restituigao dos valores indevidamente recolhidos, nos termos do art. 89, caput e paragrafo 4°, da Lei n° 8.212/1991. [...] (AC n° 2004.04.01.052210-9/RS, l a Turma, Rel Des. Federal Vilson Darns, D.E. de 08.10.2008).

Assim, no caso espedfico da contribuicao do segurado faculta­tivo, entendo que a natureza juridica nao e tributaria, e sim de seguro publico facultativo. No tocante as demais contribuicoes sociais, nao ha duvidas: a natureza juridica e tributaria.

Na classificacao das especies tributarias, a denominacao doutri- naria “contribuicoes especiais” tem como objetivo diferencia-las das contribuicoes de melhoria. Contudo, vale frisar que alguns doutrina- dores, em vez de “contribuicoes especiais”, chamam a quinta especie tributaria de “contribuicoes parafiscais” No concurso para Assistente Tecnico-Administrativo do Ministerio da Fazenda (ATA-MF), realiza- do em 2009, a ESAF considerou que as contribuicoes sociais pertencem a especie tributaria denominada de contribuicoes parafiscais. Confira- -se a questao, cujo gabarito e letra “C”:

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I

55- A respeito da natureza juridica da contribuica o social, arialis easas-

: a) Imposto v ' •' ' ‘b)Taxa. \ .c) Contribuicao Parafiscal . • ‘ ’

•. d) Emprestimo Compulsorio .e) Contribuicao de Melhoria

' y \ : J : } -' i c . . . ; \

De minha parte, prefiro a denominate) “contribuicoes espe­ciais”. O termo parafiscal e usado para qualificar certas contribuicoes cuja atribuicao de arrecadacao foi cometida pelo Estado a determinadas entidades autonomas, revertendo em seu favor o produto arrecadado. Ocorre uma delegacao da capacidade tributaria ativa de um tributo a um ente com gestao propria. Entao, quando uma pessoa que nao aque- la que criou o tributo vem a arrecada-lo para si propria, dizemos que esta presente o fenomeno da parafiscalidade. A expressao contribuicao parafiscal enquadrava-se, perfeitamente, as contribuicoes sociais previ­denciarias, quando elas eram arrecadadas pelo INSS. Contudo, a partir do advento da Lei n° 11.457/07, as atribuicoes de arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuicoes sociais previdenciarias passou para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, orgao da administracao direta sem perso- nalidade juridica propria. O sujeito ativo das contribuicoes previden­ciarias debcou de ser o INSS e passou a ser a Uniao, Por estes motivos, para classificar a especies tributarias, prefiro chamar a quinta especie de “contribuicoes especiais”, em vez de “contribuicoes parafiscais”. Dessa forma, evita-se contradicoes com as denominacoes usadas.

As contribuicoes sociais ainda estao sujeitas a mais uma divisao, podendo ser classificadas como: a) de seguridade social (quando desti­nadas ao financiamento da saude, previdencia social e assistencia so­cial); b) outras de seguridade social (instituidas com base na competen­cia residual prevista no art. 195, § 4°, da CF); e c) sociais gerais (quando destinadas a algum outro tipo de atuacao da Uniao na area social).

Como exemplo de contribuicao social geral, tem-se o salario- -educacao, contribuicao recolhida pelas empresas, destinada ao finan­ciamento da educacao basica publica (CF, art. 212, § 5°). Outro exemplo sao as contribuicoes para os Servicos Sociais Autonomos (SESI, SESC, SENAI etc.), previstas no art. 240 da Constituicao Federal.

Capitulo 7

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Seguridade Social

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As contribuicoes sociais destinadas ao financiamento da segu­ridade social podem ser classificadas em: a) previdenciarias (quando destinadas exclusivamente ao pagamento de beneficios da previdencia);b) nao previdenciarias (quando destinadas a qualquer segmento da se­guridade social).

Assim, podemos classiftcar as con tribu tes sociais da seguinteforma:

~>

Contribuicoes sociais ->

De seguridade social

Outras de seguridade social

Previdenciarias

Nao preyidenciarias

C o n trib u tes sociais _ _ _ _ _ _ _ _ gerais

Nesta obra, estudaremos apenas as c o n tr ib u tes sociais de segu­ridade social, dando maior enfase para as previdenciarias.

2.2. Competencia para instituicao das contribuicoes sodais

Em regra, a competencia para instituir contribu tes sociais e pri- vativa da Uniao (CF, art. 149, caput). Mas os Estados, o Distrito Federal e os Munidpios instituirao contribuicao, cobrada de seus servidores, para o custeio, em beneficio destes, do regime proprio de previdencia social (CF. art. 149, § 1°).

Assim, os Estados, o Distrito Federal e os Munidpios podem ins­tituir apenas contribuicao social que tenha por finalidade o custeio do regime de previdencia de seus servidores. Vale ressaltar que a expressao "regime previdenciario” nao abrange a prestacao de s e r v t s medicos, hospitalares, odontologicos e farmaceuticos. O STF entende que e in- constitucional a contribuicao instituida por Estado, Distrito Federal ou Munidpio, destinada ao custeio dos servicos de assistencia medica, hos- pitalar, odontologica e farmaceutica.118

118 STF, RE 573540/MG, ReL Min. Giimar Mendes, Dje-105, 11/06/2010.

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As contribuicoes sociais do art. 195,1, II, III e IV, da Constituicao, nao exigem, para sua instituicao, lei complementar, podendo ser criadas por meio de lei ordinaria. A exigencia de lei complementar so e aplicavel para a criacao de outras contribuicoes de seguridade social (nao pre­vistas nos quatro incisos do art. 195 da CF), com base na competencia residual prevista no art. 195, § 4°, da Constituicao.

2.3. Contribuicoes sociais previdenciarias

Estao obrigados ao pagamento destas contribuicoes os segurados do RGPS, a empresa, a entidade equiparada a empresa na forma da lei e o em­pregador domestico.

2.3.1. Contribuicao previdenciaria do segurado

As contribuicoes sociais previdenciarias a cargo dos segurados sao instituidas com amparo no art. 195, II, da Constituicao Federal.

A base de calculo da contribuicao do segurado e, em regra, o seu salario-de-contribuicao. O segurado especial e a excecao: a base de calculo da contribuicao do segurado especial e a receita bruta da co~ mercializacao de sua producao rural. Esta base de calculo diferencia- da, aplicada para o segurado especial, ampara-se no § 8° do art. 195 da Constituicao Federal.

2.3.1.1. Contribuicao do empregado, empregado domestico e trabalhador avulso

A contribuicao do empregado, inclusive o domestico, e a do traba­lhador avulso e calculada mediante a aplicacao da correspondente ah- quota sobre o seu salario-de-contribuicao mensal, de forma nao cumu- lativa (Lei n° 8.212/91, art. 20). As aliquotas de contribuicao destes segu­rados sao progressivas, ou seja, quanto maior o salario-de-contribuicao, maior sera a aliquota. A progressividade das aliquotas esta alinhada com o principio constitucional da equidade na forma de participacao no custeio (CF, art. 194, paragrafo unico, V).

Em valores atualizados, a partir de 1°/01/2011, a tabela de contri­buicao destes segurados e a seguinte:

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Ate R$ 1.106,90 8%De R$ 1.106,91 ate R$ 1.844,83 9%De R$ 1.844,84 ate R$ 3.689,66 11%

Os valores dos salarios-de-contribuicao, constantes da tabela aci­ma, serao reajustados na mesma epoca e com os mesmos indices que os do reajustamento dos beneficios de prestacao continuada da Previden­cia Social (Lei n° 8.212/91, art. 20, § 1°).

A incidencia da aliquota e nao cumulativa, ou seja, incide um unico percentual sobre o valor total do salario-de-contribuicao. Exem­plo: o empregado cujo salario-de-contribuicao mensal e de R$ 1.400,00 tera descontado de sua remuneracao a contribuicao previdenciaria de R$ 126,00 (que corresponde a 9% de R$ 1.400,00).

A incidencia nao cumulativa pode ocasionar uma situacao inte- ressante, que sera demonstrada atraves do seguinte exemplo: Joao rece- be uma remuneracao mensal de R$ 1.845,00, e Pedro, R$ 1.840,00. Ape- sar de Joao ter uma remuneracao maior que a de Pedro, apos o desconto da contribuicao previdenciaria, sua remuneracao liquida sera menor que a de Pedro. Vejamos:

iRemuneracab;V;

Joao R$ 1.845,00 11% R$ 202,95 R$ 1.642,05Pedro R$ 1.840,00 9% R$ 165,60 R$ 1.674,40

A forma usada para o calculo das contribuicoes previdenciarias e diferente da utilizada para o calculo do imposto de renda. No calculo do imposto de renda da pessoa fisica nao ocorre a distorcao verificada no exemplo acima.

A contribuicao do segurado so incide ate o teto do salario-de-con­tribuicao (que atualmente e R$ 3.689,66). Sobre o valor da remuneracao que ultrapassar R$ 3.689,66, o segurado nao paga nada. Todavia, a con­tribuicao da empresa (que sera estudada mais adiante) incide sobre a remuneracao integral. Exemplo: o empregado cuja remuneracao mensal e de R$ 5.000,00 tera descontado de sua remuneracao a contribuicao previdenciaria de R$ 405,86 (que e o equivalente a 11% de R$ 3.689,66). Mas a contribuicao da empresa incidira sobre R$ 5.000,00.

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I

Sempre que ocorrer mais de um vinculo empregaticio para os segu­rados empregado e empregado domestico, as remuneracoes deverao ser somadas para o correto enquadramento na tabela acima, respeitando-se o limite maximo do salario-de-contribuicao. Esta mesma regra aplica-se as remuneracoes do trabalhador avulso.

A apuracao da contribuicao descontada do segurado empregado, trabalhador avulso ou empregado domestico que presta servicos remu- nerados a mais de um empregador sera efetuada da seguinte forma:

a) quando a remuneracao global for igual ou inferior ao limite maximo do salario-de-contribuicao, a contribuicao incidira sobre o total da remuneracao recebida em cada fonte pagadora, sendo a aliquota determinada de acordo com a faixa salarial correspondente ao somatorio de todas as remuneracoes recebi- das no mes.

b) quando a remuneracao globed for superior ao limite maximo do salario-de-contribuicao, o segurado podera eleger qual a fonte pagadora que primeiro efetuara o desconto, cabendo as que se sucederem efetuar o desconto sobre a parcela do salario-de- -contribuicao complementar ate o limite maximo do salario-de- “Contribuicao, observada a allquota determinada de acordo com a faixa salarial correspondente a soma de todas as remuneracoes recebidas no mes.

Exemplo 1: o segurado tem vinculo empregaticio com duas em­presas.

iEmpresa Remuneracao SaWrio-ideT ,: -contribuicaio ^rcentuaj Contribuicao

Alfa S.A. R$ 600,00 R$ 600,00 9% 54,00Beta S.A. R$ 700,00 R$ 700,00 9% 63,00

Total R$ 1.300,00 R$ 1.300,00 9% 117,00

A aliquota de contribuicao desse empregado e de 9%, nas duas empresas, pois a soma das remuneracoes recebidas e de R$ 1.300,00, e este valor enquadra-se na faixa de 9%.

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Exemplo 2: o segurado tem vinculo empregaticio com duas em­presas.

Empresa Remuneracao Salario-de-contribuicao

Percentual Contribuicao

Alfa S A. R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 11% R$ 330,00BetaSA. R$ 1.800,00 R$ 689,66 11% R$ 75,86

Total R$ 4.800,00 R$ 3.689,66 11% R$ 405,86

Neste caso, a empresa Beta S.A. descontara a contribuicao do se­gurado somente sobre o valor que falta para atingir o limite maxim o do salario-de-contribuicao. Em ambas as empresas a aliquota a ser aplicada e de 11%.

Exemplo 3: o segurado tem vinculo empregaticio com duas em­presas.

Empresa RemuneracaoSalario-de-

contribuicao Percentual Contribuicao

Alfa S.A. R$ 5.000,00 R$ 3.689,66 11% R$ 405,86Beta S.A. R$ 3.000,00 - -

Total R$ 8.000,00 R$ 3.689,66 11% R$ 405,86

Neste caso, a empresa Beta S.A. nao descontara a contribuicao do segurado, pois ele ja contribui sobre o teto na empresa Alfa S.A.

O desconto da contribuicao do segurado incidente sobre o valor bruto da gratificacao natalina (13° salario) e devido quando do paga­mento ou credito da ultima parcela e devera ser calculado em separado e recolhido, juntamente com a contribuicao a cargo da empresa, ate o dia 20 de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia util imedia- tamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia (RPS, art. 216, § 1°). Contudo, na hipotese de rescisao de contrato de trabalho, havendo pagamento de parcela de 13° salario, as contribuicoes devidas devem ser recolhidas ate o dia 20 do mes seguinte ao da rescisao, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia.

Assim, quando houver pagamento de remuneracao relativa a de- cimo terceiro salario, este nao deve ser somado a remuneracao mensal para efeito de enquadramento na tabela de salarios-de-contribuicao, ou seja, aplicar-se-a a aliquota sobre os valores do 13° salario em separado.

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A contribuicao do segurado empregado e descontada pela empre­sa, devendo ser recolhida ate o dia 20 do mes seguinte.

A contribuicao do trabalhador avulso portuario e descontada pelo orgao gestor de mao de obra, devendo ser recolhida ate o dia 20 do mes seguinte. A contribuicao do trabalhador avulso nao portuario e descontada pela empresa tomadora dos servicos, devendo ser recolhida ate o dia 20 do mes seguinte.

A contribuicao do empregado domestico e descontada pelo em­pregador domestico, devendo ser recolhida ate o dia 15 do mes seguinte.

O desconto da contribuicao sempre se presumira feito, oportuna e reguiarmente, pela empresa, pelo empregador domestico e pelo orgao gestor de mao de obra a isso obrigados, nao lhes sendo lfcito alegarem qualquer omissao para se eximirem do recolhimento, ficando os mes­mos diretamente responsaveis pelas importancias que deixarem de des- contar ou tiverem descontado em desacordo com a legislacao (RPS, art. 216, § 5°).

Se efetuado o desconto e o responsavel nao realizar o recolhimen­to do valor descontado, ficara configurado o crime de apropriacao inde- bita previdenciaria (CP, art. 168-A).

2.3.1.2. Contribuicao do trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa ffsica por pequeno prazo

A Lei n° 11.718/2008 incluiu na Lei n° 5.889/73 o art. 14-A, para permitir ao produtor rural pessoa ffsica, que explore diretamente ativi­dade agroeconomica, a contratacao de trabalhador rural por pequeno prazo para o exercicio de atividades de natureza temporaria. Entende-se por pequeno prazo aquele limitado a 2 (dois) meses dentro do periodo de 1 (um) ano.

O produtor rural pessoa ffsica supramencionado pode ser, inclusi­ve, um segurado especial. Vale lembrar que o segurado especial podera utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado, em epo- cas de safra, a razao de, no maximo, 120 pessoas/dia no ano civil, em periodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 11, § 7°).

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E segurado obrigatorio do RGPS, como empregado, o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa fisica, na forma do art. 14-A da Lei n° 5.889/73, para o exercicio de atividades de natureza tempora­ria por prazo nao superior a dois meses dentro do periodo de um ano (RPS, art. 9°, I, V ’). A contribuicao deste empregado, qualquer que seja a remuneracao, sera sempre de 8% sobre o respectivo salario-de-contri- buicao (Lei n° 5.889/73, art. 14-A, § 5°). Ou seja, neste caso nao se aplica a tabela progressiva de 8%, 9% ou 11%.

No caso em tela, cabe ao produtor rural pessoa fisica descontar (reter) a contribuicao previdenciaria dos empregados a seu servico e recolhe-la ate o dia vinte do mes subsequente ao da competencia.

2 .3 .L 3 . Contribuicao do contribuinte individual

Ate marco de 2003, todo contribuinte individual era obrigado a recolher sua contribuicao, por iniciativa propria, ate o dia 15 do mes seguinte ao da competencia. Com o advento da Lei n° 10.666/2003, em vigor a partir de l°/04/2003, o contribuinte individual sofreu significa- tiva alteracao em sua forma de contribuir. Antes ele era sempre respon™ savel pelo recolhimento de sua contribuicao e, agora, tem, em regra, a contribuicao descontada de sua remuneracao, quando prestar servico a uma pessoa juridica.

A aliquota de contribuicao do segurado contribuinte individual sera de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21, caput). Na hipotese de o contribuinte individual prestar servico a uma ou mais empresas, podera deduzir, da sua con­tribuicao mensal, 45% (quarenta e cinco por cento) da contribuicao da empresa, efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remu­neracao que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a deducao a 9% (nove por cento) do respectivo salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 30, § 4°). Assim, nas hipoteses em que for possivel aplicar a deducao prevista no § 4° do art. 30 da Lei n° 8.212/91, a contribuicao do contri­buinte individual sera, na pratica, 11% (20% - 9% = 11%).

A forma de arrecadacao da contribuicao do contribuinte individual varia de acordo com a forma de prestacao do servico. Passemos ao estudo das varias situates:

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I - O contribuinte individual, quando exercer atividade economica por conta propria ou prestar servico a pessoa fisica ou quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha no exterior para orga- nismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo.

Nestes casos, o contribuinte individual esta obrigado a recolher sua contribuicao por iniciativa propria, ate o dia 15 do mes seguinte aquele a que a contribuicao se referir, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia 15 (RPS, art. 216, II). A contribuicao sera calculada aplicando-se a aliquota de 20% sobre a remuneracao auferida, observados os limites (minimo e maximo) do salario-de-contribuicao. Nestes casos, como nao existe a contribuicao do tomador do servico do contribuinte indivi­dual, nao e possivel a aplicacao § 4° do art. 30 da Lei n° 8.212/91.

Se no caso acima exposto, a remuneracao recebida por Paulo fos­se, por exemplo, de R$ 5.000,00, a contribuicao que o segurado teria de recolher seria de R$ 737,93 (que corresponde a 20% de R$ 3.689,66), Se a remuneracao de Paulo tivesse sido de R$ 400,00, sua contribuicao seria de R$ 108,00 (que corresponde a 20% de R$ 540,00). E assim por que a contribuicao do contribuinte individual deve respeitar os limites (mini­mo e maximo) do salario-de-contribuicao,

Como exemplo de contribuinte individual que exerce atividade economica por conta propria pode-se citar “a pessoa fisica que exerce pequena atividade comercial em via publica ou de porta em porta, como comerciante ambulante”. Este contribuinte individual recolhe suas con­tribuicoes, por iniciativa propria, ate o dia 15 do mes seguinte ao da

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competencia, aplicando a aliquota de 20% sobre o respectivo saiario- -de-contribuicao.

E facultado ao segurado contribuinte individual, cujo salario-de- -contribuicao seja igual ao valor de um salario minimo, optar pelo reco- Ihimento trimestral das contribuicoes previdenciarias, com vencimento no dia 15 do mes seguinte ao de cada trimestre civil, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia 15 (RPS, art. 216, § 15).

II - O contribuinte individual que presta servico a empresas.

De acordo com o disposto no art. 4° da Lei n° 10.666/2003, “fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuicao do segurado contribuinte individual a seu servico, descontando-a da respectiva remuneracao, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuicao a seu cargo ate o dia 20 do mes seguinte ao da competencia, ou ate o dia util imedia- tamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia”

Contribuinte individual a servico da empresa e, por exemplo, um trabalhador eventual, um trabalhador autonomo, o proprio socio que seja remunerado pela empresa etc.

A aliquota de contribuicao a ser descontada pela empresa da re­muneracao paga, devida ou creditada ao contribuinte individual a seu servico, observado o limite maxim o do salario-de-contribuicao, e de 11% no caso das empresas em geral e de 20% quando se tratar de enti-

| dade beneficente de assistencia social isenta das contribuicoes sociais ^ patroriais (caput do art. 21 c/c § 4° do art. 30 da Lei n° 8.212/91 e RPS,1 art. 216, § 26).$o Cabe ao proprio contribuinte individual que prestar servicos, no:s mesmo mes, a mais de uma empresa, cuja soma das remuneracoes su~ J perar o limite mensal do salario-de-contribuicao, comprovar as que su- | cederem a primeira o valor ou valores sobre os quais ja tenha incidido2 o desconto da contribuicao, de forma a se observar o limite maxim o do | salario-de-contribuicao (RPS, art. 216, § 28).0)

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Exemplo:

No dia 09/03/2011, a advogada Rosana (segurada contribum- te individual) prestou servico a empresa Alfa S.A. e recebeu RS 4.000,00 pelos servicos prestados. No.dia 24/03/2011, Rosaria prestou servico a empresa Delta Ltda. e recebeu R$ i.000,00 pelos; servicos prestados. • .

I A empresa Alfa e obrigada a descontar da remuheracap de Ro- I sana a contribuicao de R$ 405,86 (que corresponded a. 11% x | RS 3.689,66). Assim, a remuneracao liquida que a empresa Alfa I pagou a Rosana foi de R$ 3.594,14 (que corresponded R$ 4.d00i'0p| - R$ 405,86). A contribuicao a cargo da empresa e de R$ 806;66 ! (que corresponde a 20% x R$ 4.000,00). A empresa Alfa'£ obri-'; j gada a recolher a contribuicao descontada de Rosana juntamente

com a contribuicao a seu cargo ate o dia 20/04/2011. Neste caso,\ o valor a ser recolhido pela Empresa Alfa e de R$ 1.205,86 (que I corresponde a R$ 800,00 + RS 405,86). ; "•i A empresa Delta Ltda. nao e obrigada a efetuar nenhum descon- 1 to na remuneracao de Rosana, pois, no mes de marco de 20li,:I a segurada ja contribuiu sobre o limite maximo do salario-de- | -contribuicao (R$ 3.689,66). Todavia, a empresa Delta ejobrigada.I a recolher a contribuicao a seu cargo, no valor de R$ 200,00 (quej corresponde a 20% de R$ 1.000,00). ... . i • -

Se, no exemplo acima, a Remuneracao de Rosana na empresa Alfa tivesse sido de R$ 3.000,00 (em vez de R$ 4.000,00), a contribuicao des­contada da segurada pela empresa Alfa seria de R$ 330,00 (que corres- g ponde a 11% x R$ 3.000,00). Na empresa Delta (mantendo-se a remune- 1 racao de R$ 1.000,00), a contribuicao descontada seria de R$ 75,86 (que ® corresponde a 11% x R$ 689,66). Ou seja, a empresa Delta descontaria » a contribuicao da segurada sobre o valor que faltava para atingir o teto de R$ 3.689,66. I

Pi*O contribuinte individual contratado por pessoa juridica f

obrigada a proceder a arrecadacao e ao recolhimento da contri- |buicao por ele devida, cuja remuneracao recebida ou creditada no a1 mes, por servicos prestados a ela, for inferior ao salario minimo,e obrigado a complementar sua contribuicao mensal, diretamente, 3,mediante a aplicacao da aliquota 2 0 % sobre o valor que faltar para |. atingir o salario minimo (Lei n° 10.666/2003, art. 5° e RPS, art. 216,§ 27). Caso nao efetue a complementacao, a contribuicao nao sera

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considerada para fins de contagem de tempo de contribuicao nem de carencia.

I Peidro, eoiitribumte

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Caso o contribuinte individual contratado pela empresa ainda nao seja inscrito no Regime Geral de Previdencia Social, a empresa e obrigada a efetuar a inscricao do segurado (Lei n° 10.666/2003, art. 4°, § 2°).

Ill - O contribuinte individual que presta servico por intermedio de cooperativa de trabalho.

A cooperativa de trabalho e obrigada a descontar 11% do valor da quota distribuida ao cooperado por servicos por ele prestados, por seu intermedio, a empresas e 20% em relacao aos servicos prestados a pes­soas fisicas e recolher o produto dessa arrecadacao ate o dia 20 (vinte) do mes seguinte ao da competencia a que se referir, antecipando-se o vencimento para o dia util imediatamente anterior quando nao houver expediente bancario no dia vinte (RPS, art. 216, § 31).

Se o tomador do servico for uma entidade beneficente em gozo de isencao, a cooperativa de trabalho descontara 20% ,do valor da quo­ta distribuida ao cooperado por servicos por ele prestados, por seu in- termedio e recolhera o produto dessa arrecadacao ate o dia 20 do mes seguinte.

Caso o cooperado ainda nao seja inscrito no Regime Geral de Previdencia Social, a cooperativa de trabalho e obrigada a efetuar sua inscricao na condicao de contribuinte individual (Lei n° 10.666/2003, art. 4°, § 2°).

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IV - cooperado quando prestar servicos a cooperativa de producao.

Neste caso, a cooperativa de producao descontara 11% da remu­neracao paga ou creditada aos cooperados envolvidos na producao dos bens ou servicos, observado o limite maximo do salario-de-contribui- Cao. A cooperativa de producao recolhera o valor descontado, junta­mente com a contribuicao a seu cargo, ate o dia 20 do mes seguinte ao da competencia.

V - O contribuinte individual presta servico a outro contribuinteindividual equiparado a empresa ou a produtor rural pessoa fisica ou a missao diplomatica e reparticao consular de car­reira estrangeiras.

Sao exduidos da obriga^ao de arrecadar (descontar) a contribui­cao do contribuinte individual que lhe preste servico o produtor rural pessoa fisica, a missao diplomatica, a reparticao consular e o contri- buinte individual (Lei n° 10.666/03, art. 4°. § 3°).

Assim, o contribuinte individual que prestar servico a uma das pessoas supramencionadas esta obrigado a recolher sua contribuicao por miciativa propria, ate o dia 15 do mes seguinte ao da competencia. A aliquota sera de 20%, mas o segurado tera direito a deduzir, da sua contribuicao mensal, 45% da contribuicao patronal do contratante, efe- tivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneracao que este lhe tenha pago ou creditado, no respectivo mes, limitada a 9% do respectivo salario-de-contribuicao (RPS, art. 216, § 20).

Para efeito de deducao, considera-se contribuicao declarada a in- formacao prestada na GFIP ou declaracao fornecida pela empresa ao se­gurado, onde conste, alem de sua identificacao completa, inclusive com o numero no CNPJ, o nome e o numero da inscricao do contribuinte individual, o valor da retribuicao paga e o compromisso de que esse valor sera incluido na citada GFIP e efetuado o recolhimento da corres­pondente contribuicao (RPS, art. 216, § 21).

O contribuinte individual que nao comprovar a regularidade da deducao (mediante a documentacao acima citada) tera glosado o valor indevidamente deduzido, devendo complementar as contribuicoes com os acrescimos legais devidos (RPS, art. 216, § 23).

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Exemplo 1: Um contribuinte individual, durante o mes de mar^o de 2011, prestou servicos a uma missao diplomatica, e recebeu pelo trabalho o valor de R$ 800,00. Sua contribuicao, incluindo a dedu­cao permitida por lei, sera de:❖ Contribuicao do segurado (sem deducao) = R$ 160,00 (que cor­

responde a 20% de 800,00)© Contribuicao da missao diplomatica - R$ 160,00 (que corres­

ponde a 20% de 800,00) o Possibilidade de deducao = R$ 72>00 (que corresponde a 45% de

160,00)❖ Limite de deducao = R$ 72,00 (que corresponde a 9% de 800,00)❖ Contribuicao do segurado = R$ 88 ,00 (que corresponde a

R$ 160,00 - R$ 72,00)

Obs.: Neste caso o salario de contribuicao foi de R$ 800,00.

Exemplo 2: Um contribuinte individual (um eletricista, por exem­plo) prestou servico a outro contribuinte individual (um medico, por exemplo, em seu consultorio particular) e recebeu uma remu­neracao de R$ 5.000,00.«• Neste caso, o salario-de-contribuicao do eletricista e R$ 3.689,66. « Contribuicao do segurado (sem deducao) - R$ 737,93 (que cor­

responde a 20% de R$ 3.689,66).❖ Contribuicao patronal do medico (contribuinte individual

equiparado a empresa) = R$ 1.000,00 (que corresponde a 20% de 5.000,00).

« Deducao (sem aplicacao do limite maximo) = R$ 450,00 (que corresponde a 45% de 1.000,00).

' * Limite maximo da deducao = R$ 332,07 (que corresponde a 9% x 3.689,66).

❖ Contribuicao do segurado = R$ 405,86 (que corresponde a R$ 737,93 - R$ 332,07).

VI - Contribuinte individual que trabalhe por conta propria, sem relacao de trabalho com empresa ou equiparado e que optar pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicao.

E de 11% sobre o valor do limite minimo mensal do salario-de-- contribuicao a aliquota de contribuicao do segurado contribuinte in­dividual que trabalhe por conta propria, sem relacao de trabalho com

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empresa ou equiparado e que optar pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 2°). O limite minimo mensal do salario-de-contribuicao do contribuinte in­dividual corresponde a um salario minimo. Assim, o contribuinte indi­vidual que optar pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicao contribuira com 11% sobre um salario mi­nimo. Contribuindo dessa forma, o contribuinte individual tera direito aos beneficios de aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxilio-doenca e salario-maternidade,119 mas nao tera direito a aposen­tadoria por tempo de contribuicao.

O contribuinte individual que tenha contribuido com 11% sobreo salario minimo e, no futuro, pretenda contar o correspondente tem­po para fins de obtencao da aposentadoria por tempo de contribuicao ou de contagem reciproca do tempo de contribuicao a ser averbado em regime proprio de previdencia social, devera complementar a contribui­cao mensal mediante o recolhimento de mais 9%, acrescidos de juros SELIC (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 3°).120 Vale frisar que a contribuicao complementar de 9% sera exigida a qualquer tempo, mesmo que relati­va a periodo alcancado pela decadencia, sob pena de indeferimento da aposentadoria por tempo de contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 4°).

VII ~ Contribuinte individual enquadrado como Microempreen- dedor Individual (MEI)121

A contribuicao do contribuinte individual que se enquadre como Microempreendedor Individual (MEI) sera de 11% sobre um salario mi­nimo (LC 123/06, art. 18-A, § 3°, IV). Contribuindo dessa forma, o MEI nao tera direito a aposentadoria por tempo de contribuicao, pois esta contribuicao nao conta como tempo de contribuicao (LC 123/06, art. 18- A, § 12). Mas se o MEI que contribuiu dessa forma quiser contar tempo de contribuicao (para fins de aposentadoria ou de contagem reciproca), basta complementar a contribuicao mensal mediante o recolhimento de mais 9%, acrescidos de juros SELIC (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 3°).

Considera-se MEI o empresario individual que tenha auferido re­ceita bruta, no ano-calendario anterior, de ate R$ 36.000,00, optante pelo Simples Nacional e que nao esteja impedido de optar por esta sistematica

119 Safario-maternidade so para as seguradas, e nao para os segurados.120 O percentuai de juros relativo ao mes de pagamento das contribuicoes corresponde a 1 %.121 As regras relativas ao microempreendedor individual so produzirao efeitos a partir de 1° de

julho de 2009 (LC 128/08, art. 14, III).

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de recolhimento (LC 123/06, art. 18-A, § 1°). No caso de inicio de ativida­des, o limite maximo da receita bruta para que o empresario individual enquadre-se como MEI sera de R$ 3.000,00 multiplicados pelo numero de meses compreendido entre o inicio da atividade e o final do respectivo ano-calendario, consideradas as fracoes de meses como um mes inteiro.

Nao podera optar pela sistematica de recolhimento aplicada ao MEI o empresario individual:

I - que possua mais de um estabelecimento;II - que participe de outra empresa como titular, socio ou admi­

nistrador;III - que contrate empregado; ouIV - cuja atividade seja:

a) construcao de imoveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execucao de projetos e servicos de paisagismo, bem como decoracao de interiores;

b) servico de vigilancia, limpeza ou conservacao;c) cumulativamente administracao e locacao de imoveis de terceiros;d) academias de danca, de capoeira, de ioga e de artes marciais;e) academias de atividades fisicas, desportivas, de natacao e escolas

de esportes;f) elaboracao de programas de computadores, inclusive jogos

eletronicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do optante;

g) licenciamento ou cessao de direito de uso de programas de computacao;

h) planejamento, confeccao, manutencao e atualizacao de paginas eletronicas, desde que realizados em estabelecimento do optante;

i) empresas montadoras de estandes para feiras;j) producao cultural e artlstica;1) producao cinematografica e de artes cenicas;m) laboratories de analises clinicas ou de patologia clinica;n) servicos de tomografia, diagnosticos medicos por imagem, regis-

tros graficos e metodos oticos, bem como ressonanciamagnetica;o) servicos de protese em geral.

Observacao: Em regra, para que o empresario individual possa optar pela sistematica de recolhimento aplicada ao MEI, ele nao pode contratar empregados (LC n° 123/06, art 18-A, § 4°, IV). Todavia, podera se enqua- drar como MEI o empresario individual que possua um unico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salario minimo ou o piso salarial da ca­tegoria profissional (LC n° 123/06, art. 18-C).

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j; s; Quadro Resumo - Gontribui^ao do coritribumte individual

Quando o contribuinte individu­al prestar servico:

0 tomador do servico desconta a contribuicao?

AliquotaVencimen- to (no mes seguinte)

a) a pessoa fisica oub) quando exerce atividade eco- nomica por conta propria ouc) quando se tratar de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo

Nao 20% Dia 15

a empresa em geral Sim 11% Dia 20a entidade beneficente de assis­tencia social isenta das contribui- goes sociais

Sim 20% Dia 20

A empresa em geral, por inter- medio de cooperativa de trabalho

Sim(quem desconta e

a cooperativa)11% Dia 20

a pessoa fisica, por interraedio de cooperativa de trabalho

Sim(quem desconta e

a cooperativa)20% Dia 20

a entidade beneficente em gozo de isen^ao, por intermedio de cooperativa de trabalho

Sim(quem desconta e

a cooperativa)20% Dia 20

a cooperativa de producao (mes­mo que seja associado a coope­rativa)

Sim 11% Dia 20

a) a outro contribuinte individual equiparado a empresa oub) a produtor rural pessoa fisica ouc) a missao diplomatica e re- parti^ao consular de carreira estrangeiras

Nao

20% (mas pode de- duzir, da sua con­tribuicao, 45% da contribuicao do contratante, limita- da a 9% do salario- -de-contribuicao)

Dia 15

Quando trabalhar por conta propria, sem relacao de trabalho com empresa ou equiparado, e optar pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicao

Nao 11% sobre o sala­rio minimo Dia 15

Quando se enquadra como mi­croempreendedor individual (MEI).

Nao11% sobre o sala­

rio minimo Dia 15

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A remuneracao paga ou creditada a condutor autonomo de veicu­io rodoviario, ou ao auxiliar de condutor autonomo de veicuio rodovia­rio, pelo frete, carreto ou transporte de passageiros, realizado por conta propria, corresponde a 20% do rendimento bruto (RPS, art. 201, § 4°). Por exemplo, se o valor total do frete (rendimento bruto) e R$ 4.000,00, considera-se como remuneracao do condutor, o valor de R$ 800,00 (que corresponde a 20% de 4.000,00) que, no caso, sera a base de calculo de sua contribuicao. Assim, neste caso, a contribuicao previdenciaria inci- dira sobre R$ 800,00.

No mes em que nao for paga nem creditada remuneracao, ou nao houver retribuicao financeira pela prestacao de servico, os segurados contribuintes individuals poderao, por ato volitivo, contribuir para a Previdencia Social na qualidade de segurados facuitativos (IN RFB N0 971/2009, art. 9°, § 2°).

Caso o contribuinte individual tambem exerca atividades nas condicoes de segurado empregado, empregado domestico, ou trabalha­dor avulso:

a) prime!ramente, a contribuicao do segurado incidira sobre a soma das remuneracoes como segurado empregado, empregado domestico e trabalhador avulso;

b) posteriormente, se ainda nao foi atingido o limite maximo do salario-de-contribuicao, a contribuicao do segurado incidira sobre as demais remuneracoes decorrentes da atividade de contribuinte individual, ate atingir o limite maximo do salario- -de-contribuicao.

Exemplo:

No mis de marco de 2009, o segurado Joaquim, na condicao de empregado da Construtora Edifica Ltda., recebeu. uma remu­neracao de R$ 2.000,00. No mesmo mes, Joaquim prestou um servico eventual a empresa Moda Moderna Ltda., recebendo uma remuneracao de R$ 2.500,00. Em relacao a empresa Moda. Moderna, Joaquim e considerado contribuinte individual. Neste caso, a contribuicao descontada do segurado ocorre da seguinte forma: a Construtora Edifica desconta R$ 220,00 (que correspon­de a 11% de 2.000,00); a Moda Moderna desconta R$ 134,08 (que corresponde a 11% de 1.218,90).

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Se na Construtora Edifica Ltda., a remuneracao de Joaquim ti- vesse sido de R$ 5.000,00 (em vez de R$ 2.000,00), em relacao a remu­neracao recebida da empresa Moda Moderna, o segurado nao sofreria desconto de contribuicao, porque na condicao de empregado ele ja te­ria atingido o limite maximo do salario-de-contribuicao.

2 .3 .L 4 . Contribuicao do segurado especial

A base de calculo da contribuicao deste segurado e a receita bruta da comercializacao da producao rural (Lei n° 8.212/91, art. 25); as aliquo­tas sao as seguintes:

Contribuicao Aliquota ; Base de calculo

Para a Seguridade Social 2%Receita bruta da comercializacao

da producao rural

Para o RAT 0,1%Receita bruta da comercializacao

da producao rural

Considera-se receita bruta o valor recebido ou creditado pela co­mercializacao da producao, assim entendida a operacao de venda ou consignacao (RPS, art. 200, § 4°).

Integram a producao, para fins de calculo das contribuicoes pre­videnciarias, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado na­tural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrializacao rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lava- gem, limpeza, descarocamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurizacao, resfriamento, secagem, fermentacao, embalagem, crista- lizacao, fundicao, carvoejamento, cozimento, destilacao, moagem, tor- refacao, bem como os subprodutos e os residuos obtidos atraves desses processos (Lei n° 8.212/91, art. 25, § 3°). Considera-se processo de be­neficiamento ou industrializacao artesanal aquele realizado direta­mente pelo proprio produtor rural pessoa fisica, desde que nao esteja sujeito a incidencia do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI (Lei n° 8.212/91, art. 25, § 11).

Tambem Integra a receita bruta, para fins de calculo das contri­buicoes previdenciarias, a receita proveniente: (I) da comercializacao da producao obtida em razao de contrato de parceria ou meacao de parte do imovei rural; (II) da comercializacao de artigos de artesanato de que

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trata o inciso VII do § 10 do art 12 da Lei n° 8.212/91; (III) de servicos prestados, de equipamentos utilizados e de produtos comercializados no imovel rural, desde que em atividades turistica e de entretenimento desenvolvidas no proprio imovel, inclusive hospedagem, alimenta^ao, recepcao, recrea^ao e atividades pedagogicas, bem como taxa de visi- ta<;ao e servicos especiais; (IV) do valor de mercado da producao rural dada em pagamento ou que tiver sido trocada por outra, qualquer que seja o motivo ou finalidade; e (V) de atividade artistica de que trata o inciso VIII do § 10 do art. 12 da Lei n° 8.212/91.

Sempre que o segurado especial vender sua producao rural a ad- quirente pessoa juridica, esta ficara sub-rogada na obrigacao de des- contar a contribuicao previdenciaria do segurado e efetuar o respectivo recolhimento ate o dia 20 do mes seguinte (Lei n° 8.212/91, art. 30, III e IV). A empresa ou cooperativa adquirente, consumidora ou consigna- taria da producao fica obrigada a fornecer ao segurado especial copia do documento fiscal de entrada da mercadoria, para fins de compro­vacao da operacao e da respectiva contribuicao previdenciaria (Lei n° 8.212/91, art. 30, § 7°).

A pessoa fisica nao produtor rural que adquire a producao rural do segurado especial para vender, no varejo, a consumidor pessoa fisica, tambem ficara sub-rogada no cumprimento da obrigacao de descontar a contribuicao previdenciaria do segurado e efetuar o respectivo recolhi­mento ate o dia 20 do mes seguinte (RPS, art. 200 , § 7°, II e art. 216, VI).

Considera-se sub-rogacao a substituicao de uma pessoa por outra, na mesma relacao juridica.

O segurado especial e obrigado a recolher, por iniciativa propria, as contribuicoes incidentes sobre a comercializacao da producao rural quando comercialize com adquirente domidliado no exterior, direta­mente no varejo a consumidor pessoa fisica, a outro segurado especial ou a produtor rural pessoa fisica (Lei n° 8.212/91, art. 30, X).

O segurado especial tambem e obrigado a recolher, diretamente, a contribuicao incidente sobre a receita bruta proveniente: (a) da comer­cializacao de artigos de artesanato elaborados com materia-prima pro- duzida pelo respectivo grupo familiar; (b) de comercializacao de arte­sanato ou do exercicio de atividade artistica; e (c) de servicos prestados, de equipamentos utilizados e de produtos comercializados no imovel rural, desde que em atividades turistica e de entretenimento desenvol-

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vidas no proprio imovei, inclusive hospedagem, alimentacao, recepcao, recrea^ao e atividades pedagogicas, bem como taxa de visita^ao e servi- 90s especiais (Lei n° 8.212/91, art, 30, XII).

O exercicio de atividade remunerada em periodo de entressa- fra ou do defeso122 (nao superior a 120 dias no ano civil), de manda­to de vereador do municipio onde desenvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituida exclusivamente por segura­dos especiais nao provoca a perda da qualidade de segurado especial (Lei n° 8.212/91, art 12, § 10, III e V). Neste caso, embora mantendo a qualidade de segurado especial, o trabalhador fica obrigado a recolher contribuicao em relacao ao exercicio dessas atividades remuneradas (Lei n° 8.212/91, art. 12, § 13). Nesta situacao, o segurado especial con- tribuira como se segurado empregado fosse, mantendo, porem, a condi­cao de segurado especial.

Quando o grupo familiar a que o segurado especial estiver vin­culado nao tiver obtido, no ano, por qualquer motivo, receita prove- niente de comercializacao de producao devera comunicar este fato a Previdencia Social. Quando o segurado especial tiver comercializado sua producao do ano anterior exclusivamente com empresa adquirente, consignataria ou cooperativa, tal fato tambem devera ser comunicado a Previdencia Social pelo respectivo grupo familiar.

O momento da ocorrencia do fato gerador da contribuicao in- cidente sobre a receita bruta da comercializacao da producao rural e aquele no qual ha efetivamente a venda da producao. A simples entrega da mercadoria pelo produtor rural associado a cooperativa nao cons­titui fato gerador da contribuicao, visto que nao ha que se confundir a entrega do produto a ser ainda comercializado com a comercializacao propriamente dita. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“CONTRIBUICAO INCIDENTS SOBRE A COMERCIALI­ZACAO DA PRODUCAO RURAL, (...) 4. Por outro lado, rela- tivamente ao momento da ocorrencia do fato gerador, 0 recurso merece ser conhecido pela altnea c do permissivo constitucional. Com efeito, esta Corte Superiorfirmou orientacao no sentido de que “a comercializacao do produto consignado ocorre quando pessoa estranha a cooperativa adquire a mercadoria do produtor

122 Defeso 6 o penodo em que a pesca e proibida para garantir a reprodu^ao dos peixes.

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rural por meio dessa associagao, ocorrendo, nessa hipotese, ofato gerador do tributo. A hipotese de incidencia da exagao nao se concretiza coma mera consignagao da mercadoria a cooperativa com ofito de comercializagao a terceiro” 123

Como visto supra, o segurado especial e obrigado a recolher con­t r ib u te s previdenciarias (Lei n° 8.212/91, art. 25, caput). Mas a contri­buicao obrigatoria so existe quando o segurado especial vende seus pro­dutos rurais, pois e neste momento que ocorre o fato gerador da contri­buicao. Nao havendo venda, nao ha obrigacao de recolher contribuicao.

Para efeito de concessao dos beneficios previdenciarios ao segura­do especial, nao e exigivel a comprovacao do recolhimento das contri­buicoes incidentes sobre a receita bruta da comercializacao da producao rural. Para receber beneficio previdenciario, o que o segurado especial deve comprovar e o tempo minimo de efetivo exercicio de atividade ru­ral, ainda que de forma descontinua, igual ao numero de meses neces­sario a concessao do beneficio requerido (RPS, art. 26, § 1°).

Imagine-se, por exemplo, uma segurada especial que completou 55 anos de idade. Para ter direito a aposentadoria por idade no valor de um salario minimo, ela nao precisa comprovar recolhimento de contri­b u t e s previdenciarias. O que ela precisa comprovar e o exercicio da atividade rural por pelo menos 180 meses.

Em suma, pode-se dizer que para efeito da relacao tributaria que o segurado especial mantem com a previdencia social, sempre que vender produtos rurais, ele sera obrigado a recolher c o n tr ib u te s previdencia­rias. Mas para receber beneficio previdenciario, ele nao precisa compro­var o recolhimento de tais contribuicoes.

Alem das contribuicoes obrigatorias incidentes sobre a recei­ta bruta da comercializacao da producao, o segurado especial podera contribuir, facultativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de- -contribui^ao (Lei n° 8.212/91, art. 25, § 1°). Neste caso, o salario-de- -contribui^ao do segurado especial sera o valor por ele declarado (IN RFB n° 971/2009, art. 55, V). Vale frisar que o recolhimento de con­tribuicoes facultativas sobre o salario-de-contribuicao nao desobriga o segurado especial de continuar contribuindo sobre a receita bruta da comercializacao da producao rural.

123 STJ, REsp 730394/PR, Rel. Min. Denise Arruda, 1aT., DJ 26/05/2008.

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Contribuindo, facultativamente, sobre o salario-de-contribuicao, o segurado especial tera, alem dos beneffcios que ja lhes sao assegura- dos, as seguintes vantagens: (a) beneficios com valores superiores a lira salario minimo; e (b) aposentadoria por tempo de contribuicao.

Frise-se, contudo, que o recolhimento facultativo de contribui­coes sobre o salario-de-contribuicao nao assegura ao segurado especial a percepcao de duas aposentadorias, em virtude da proibicao legal do recebimento de mais de uma aposentadoria, razao pela qual somente tera renda mensal superior ao salario minimo se contribuir sobre sala­rio-de-contribuicao superior a um salario minimo.

O recolhimento de contribuicoes facultativas, incidentes sobre o salario-de-contribuicao, nao provoca a perda da qualidade de segurado especial. Yale dizer, o recolhimento destas contribuicoes nao transfor­ma o segurado especial em segurado facultativo nem em contribuinte individual. Ele podera usar a faculdade de contribuir individualmen­te, mantendo a qualidade de segurado especial no RGPS (IN RFB n° 971/2009, art 10, § 10). Ou seja, ele contribui, facultativamente, como se contribuinte individual fosse, mantendo, porem, a condicao de segu­rado especial

2 .3 .L 5 . Contribuicao do segurado facultativo

Direito a aposent^-

contribuicao' ' U t J L v F

Com direitoSalario-de-contribuicao, respei- tados os limites de R$ 540,00 a

R$ 3.689,6612420%

Sem direito Um salario minimo 11%

Se o segurado facultativo desejar ter direito a aposentadoria por tempo de contribuicao, a sua contribuicao sera de 20% sobre o seu sa- lario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21, caput). Para o segurado facultativo, o salario-de-contribuicao e o valor por ele declarado, obser­vado o limite maximo de R$ 3.689,66 e o limite minimo de um salario minimo mensal (atualmente, R$ 540,00).

124 Vaior atualizado, a partir de 1V01/2Q11, pela Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

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No entanto, se o segurado facultativo optar pela exclusao do direi­to a aposentadoria por tempo de contribuicao, sua contribuicao sera de 11% sobre o valor do limite minimo mensal do salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art 21, § 2°). O limite minimo mensal do salario-de- -contribuicao do segurado facultativo corresponde a um salario mini­mo. Assim, o segurado facultativo que optar pela exclusao do direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuicao contribuira com 11% sobre um salario minimo. Contribuindo dessa forma, o segurado facultativo tera direito aos beneficios de aposentadoria por idade, apo­sentadoria por invalidez, auxilio-doenca e salario-maternidade,125 mas nao tera direito a aposentadoria por tempo de contribuicao.

O segurado facultativo que tenha contribuido com 11% sobre o salario minimo e, no futuro, pretenda contar o correspondente tem­po para fins de obtencao da aposentadoria por tempo de contribuicao ou de contagem reciproca do tempo de contribuicao a ser averbado em regime proprio de previdencia social, devera complementar a contribui­cao mensal mediante o recolhimento de mais 9%, acrescidos de juros SELIC (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 3°).126 Vale frisar que a contribuicao complementar de 9% sera exigida a qualquer tempo, mesmo que relati­va a periodo alcancado pela decadencia, sob pena de indeferimento da aposentadoria por tempo de contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 21, § 4°).

Podera contribuir como segurado facultativo o segurado obriga­torio afastado temporariamente de suas atividades, desde que nao rece- ba remuneracao no periodo de afastamento e nao exerca outra atividade que o vincule ao RGPS ou a regime proprio (IN RFB n° 971/2009, art. 5°, § 3°, I).

O segurado facultativo recolhera, diretamente, suas contribuicoes ate o dia 15 do mes seguinte, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia 15.

£ facultado ao segurado facultativo, cujo salario-de-contribuicao seja igual ao valor de um salario minimo, optar pelo recolhimento trimes- tral das contribuicoes previdenciarias, com vencimento no dia 15 do mes seguinte ao de cada trimestre civil, prorrogando~se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia 15.

125 Salario-maternidade so para as seguradas, e nao para os segurados.

126 O percentuai de juros relativo ao mes de pagamento das contribuicoes corresponde a 1%.

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Arrecadacao e recolhimento das contribuicoes dos segurados

■; Segurado Quem arrecadae recolhe acontri- . Data-do..■ = recolhimento

EmpregadoA empresa ou pessoa equiparada a empresa

Ate o dia 20 de mes seguinte

Empregadodomestico

O empregador domesticoAte o dia 15 do mes

seguinte

Contribuinteindividual

A empresa, inclusive a optante pelo Simples Nacional e a entidade bene­ficente de assistencia social isenta das co n trib u tes sociais patronais

Ate o dia 20 de mes seguinte

A cooperativa de trabalho, em relacao a contribuicao de seus cooperados pelos servicos por elas intermediados e prestados a pessoas fisicas, a pessoas juridicas ou a elas prestados.

Ate o dia 20 de m£s seguinte

A cooperativa de producao, em rela- Cao a contribuicao de seus coopera­dos pelos servicos a elas prestados.

Ate o dia 20 do mes seguinte

O proprio segurado, quando:a) exercer atividade economica por conta propriab) prestar servico a pessoa fisica ou a outro contribuinte individual, produtor rural pessoa fisica, missao diplomatica ou reparticao consular de carreira estrangeiras ouc) quando se tratar de brasileiro civil que trabalha no exterior para organis- mo oficial international do qual o Brasil seja membro efetivo

Ate o dia 15 do mes seguinte

Facultativo O proprio seguradoAte o dia 15 do mes

seguinte

Trabalhadoravulso

Portuario: o Orgao Gestor de mao de obra Ate o dia 20 de mes

seguinteNao portuario: a empresa tomadora do servico

Capitulo 7

* Financiam

ento da

Seguridade Social

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Segurado Quem arrecada e recolhe a contri- buicao

Data do recolhimento

Seguradoespecial

0 adquirente da producao rural: se for pessoa juridica ou pessoa fisica, nao produtor rural, que adquire a producao para venda, no varejo, a pessoas fisicas

Ate o dia 20 de mes seguinte

0 proprio segurado, se vender:a) a adquirente domiciliado no exteriorb) diretamente, no varejo, a consu­midor pessoa fisicac) a produtor rural pessoa fisicad) a outro segurado especial

Observa^ao: Apesar de nao ser considerado empresa, o segurado especial e obrigado a arrecadar (reter) a contribuicao de trabalhadores a seu servico e a recolhe-la ate o dia vinte do mes subsequente ao da com ­petencia (Lei n° 8.212/91, art. 30, XIII).

2.3.2 . Contribuicao p r e v i d e n c i a r i a da empresa

As contribuicoes sociais previdenciarias a cargo das empresas sao instituidas com amparo no art. 1 9 5 ,1, “a”, da Constituicao Federal. De acordo com este dispositivo constitucional, as contribuicoes previdenci­arias do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na for­ma da lei devem incidir sobre a folha de salarios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer titulo, a pessoa fisica que lhe preste servico, mesmo sem vinculo empregaticio.

De acordo com o caput do art. 22 da Lei n° 8.212/91, a contribui­cao a cargo da empresa, destinada a Seguridade Social; alem do disposto no art. 23, e de:

I - vinte por cento sobre o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas a qualquer titulo, durante o mes, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem servicos, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste sa-

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larial, quer pelos servicos efetivamente prestados, quer pelo tempo a disposi^ao do empregador ou tomador de servicos, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convencao ou acordo coletivo de trabalho ou sentenca normativa.

II - para o financiamento do beneficio previsto nos arts. 57 e 58da Lei n° 8.213/91, e daqueles concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remuneracoes pagas ou creditadas, no decorrer do mes, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja con­siderado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado medio;

c) 3% (tres por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.

III - vinte por cento sobre o total das remuneracoes pagas ou cre­ditadas a qualquer titulo, no decorrer do mes, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem servicos;

IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura deprestacao de servicos, relativamente a servicos que lhe sao presta­dos por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho.

2 . 3 . 2 . I . Contribuicao da empresa sobre a remuneracao de empregados e trabalhadores avulsos

A empresa contribui com 20% sobre o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas a qualquer titulo, durante o mes, aos se­gurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem servi- Cos, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos ser­vicos efetivamente prestados, quer pelo tempo a disposicao do em­pregador ou tomador de servicos, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convencao ou acordo coletivo de trabalho ou sentenca normativa (Lei n° 8.212/91, art. 22 , 1).

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A base de calculo desta contribuicao e o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos no decorrer do mes.

Remuneracao paga e aquela que foi efetivamente entregue ao se­gurado. Remuneracao creditada e aquela que foi depositada na conta bancaria do segurado. Remuneracao devida e aquela que o segurado tem direito a receber (porque prestou o servico), mas nao recebeu.

O fato gerador da contribuicao em comento nao e o pagamento da remuneracao, mas sim a prestacao do servico remunerado (IN RFB n° 971/2009, art. 51, III). Se, por exemplo, no dia 05/04/2008 o empregado recebeu o seu salario correspondente ao mes de marco de 2008, a contri­buicao previdenciaria que e devida 6 relativa ao mes de marco de 2008, embora o salario so tenha sido pago em abril de 2008. Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do STJ:

“CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA SOBRE O PAGA­MENTO DE SALARIOS. FATO GERADOR. DATA DO RECO­LHIMENTO, 1. O fato gerador da contribuicao previdenciaria do empregado nao e o efetivo pagamento da remuneracao, mas a relagdo laboral existente entre o empregador e o obreiro. 2. O alargamento do prazo conferido ao empregador pelo art. 459 da CLT para pagar a folha de saldrios ate o dia cinco (05) do mis subsequente ao laborado nao influt na data do recolhimento da contribuicao previdenciaria, porquanto ambas as leis versam re- lacoes juridicas distintas;asaber: a relacao tributaria e a relacao trabalhista. 3. As normas de natureza trabalhista eprevidenciaria revelam nitida compatibilidade, devendo o recolhimento da con­tribuicao previdenciaria ser efetuado a cada mes, apos vencida a atividade laboral do periodo, independentemente da data do pagamento do salario do empregado. 4. Em sede tributaria, os eventuais favores fiscais devem estar expressos na norma de instituigao da exac&o, em nome do principio da legalidade. 5. Raciocinio inverso conduziria a uma liberagao tributaria nao prevista em lei, toda vez que o empregador nao adimplisse com as suas obrigagoes trabalhistas, o que se revela desarrazoado a luz da logica juridica. 6. Recurso desprovido”12?.

127 STJ, REsp. 419.667/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1aT, DJU de 10/03/2003, p. 97.

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I

De acordo com o disposto no § 9° do art. 195 da Constituicao Federal, as contribuicoes para a seguridade social a cargo das empresas poderao ter aliquotas ou bases de calculo diferenciadas, em razao da atividade economica, da utilizacao intensiva de mao de obra, do porte da empresa ou da condicao estrutural do mercado de trabalho. Por isso, algumas empresas, em razao da atividade econdmica que desenvolvem, nao contribuem na forma do inciso I do art. 22 da Lei n° 8.212/91. Neste contexto, a associado desportiva que mantem equipe de futebol pro­fissional, a agroindustria, o produtor rural pessoa juridica e o produtor rural pessoa fisica nao contribuem sobre a remuneracao dos emprega­dos e trabalhadores avulsos que Ihes prestam servicos. Em substituicao a esta, estes contribuintes pagarao outra contribuicao, incidente sobre outra base de calculo. Ha tambem algumas empresas para as quais sao aplicadas majoracao ou reducao da aliquota. £ o que ocorre, por exem­plo, com as in stitu te s financeiras, que tem a aliquota da contribuicao incidente sobre a remuneracao de empregados e trabalhadores avulsos majorada em 2,5%. Estas aliquotas e bases de calculo diferenciadas se­rao estudadas mais adiante.

2 . 3 . 2 . 2 . Contribuicao da empresa sobre a remuneracao de contribuintes individuals

A empresa contribui com 20% sobre o total das remuneracoes pa­gas ou creditadas a qualquer titulo, no decorrer do mes, aos segurados contribuintes individuals que lhe prestem servicos (Lei n° 8.212/91, art. 22, III).

No caso das instituicoes financeiras, a contribuicao em tela so- fre um acrescimo de 2,5% (Lei n° 8.212/91, art. 22, § 1°). Assim, para as instituicoes financeiras, a aliquota da contribuicao incidente sobre a remuneracao dos contribuintes individuals sera de 22,5% (em vez de 20%). Aqui, estamos chamando de instituicoes financeiras as seguin­tes empresas: bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas economicas, sociedades de credito, financia­mento e investimento, sociedades de credito imobiliario, sociedades corretoras, distribuidoras de titulos e valores mobiliarios, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de credito, empresas de seguros privados e de capitalizacao, agentes autonomos de seguros privados e de credito e entidades de previdencia privada abertas e fechadas.

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A titulo de exemplo, pode-se citar o caso da contrata<;ao de cor- retores autonomos por empresa de seguro privado. Nessa situacao, nao existe vinculo empregaticio entre os corretores e a empresa. Apesar dis- so> cabe a empresa de seguro privado o pagamento da contribuicao pre­videnciaria, com aliquota de 22,5%, incidente sobre o valor da comissao que a seguradora repassa aos corretores por prestarem servicos de inter­mediacao no contrato de seguro.128 Confirmando esse entendimento, o STJ editou a seguinte sumula:

Sumula 458 - A contribuigdo previdencidria incide sobre a comissao paga ao corretor de seguros.

O cooperado e considerado contribuinte individual. Assim, a co­operativa de produto contribui com 20% sobre as importancias por ela pagas, distribuidas ou creditadas aos respectivos cooperados. Sera devida contribuicao adicional de 12%, 9% ou 6%, a cargo da cooperativa de producao, incidente sobre a remuneracao paga, devida ou creditada ao cooperado filiado, na hipotese de exercicio de atividade que autorize a concessao de aposentadoria especial apos 15, 20 ou 25 anos de contri- buicao, respectivamente (Lei n° 10.666/2003, art. 1°, § 2°).

A cooperativa de trabalho nao esta sujeita ao pagamento de con­tribuicao em relacao as importancias por ela pagas, distribuidas ou cre­ditadas aos respectivos cooperados, a titulo de remuneracao ou retribui­cao pelos servicos que, por seu intermedio, tenham prestado a empresas (RPS, art. 201, § 19). Esta contribuicao fica a cargo da empresa tomadora dos servicos (15% sobre o valor bruto da nota fiscal emitida pela coope­rative a empresa). Todavia, a cooperativa de trabalho tem a obrigacao de descontar a contribuicao dos seus cooperados. Ja em relacao aos segura­dos empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuals (que nao sejam seus cooperados), a cooperativa contribui da mesma forma que as empresas em geral

Quando o contribuinte individual for um transportador rodovia­rio autonomo, a base de calculo da contribuicao sera de 20% do valor do frete (RPS, art. 201, § 4°).

128 STj, REsp 519260 / RJ, Re!. Min. Herman Benjamin, DJe 02/02/2009.

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i Exemplo:

A empresa contrata um transportador rodoviario aufohomo (con- I tribuinte individual) e paga R$ 1.000,00 pelo frete,''Meste ^as6v | considera-se como remuneracao do condutor, o valor de:R$ 200,00 | (que .corresponde.a 20% de 1.000,00) que no caso, sera.-a;:base de

calculo da contribuicao da empresa. Assim, a contribuicao previ- | denciaria da empresa sera de R$ 40,00 (que corresponde a 20%- deI 200,00)/’ . : ‘

O Microempreendedor Individual (MEI) e segurado obrigatorio do RGPS como contribuinte individual (RPS, art. 9°, V> "p”). Mas, em regra, a empresa que contrata servicos executados por intermedio de Microempreendedor Individual (MEI) nao recolhe contribuicao patro- nal previdenciaria em relacao a esta contratacao.

Contudo, a empresa contratante de servicos de hidraulica, ele- tricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutencao ou reparo de veiculos, executados por intermedio de MEI, mantem, em relacao a esta contratacao, a obrigatoriedade de recolhimento da contribuicao patronal incidente sobre a remuneracao paga ou creditada a contribuin­te individual. Em relacao a esta contratacao, a empresa tambem deve cumprir as obrigacoes acessorias relativas a contratacao de contribuinte individual (LC n° 123/06, art. 18-B).129

2 . 3 . 2 . 3 . Contribuicao da empresa sobre servicos prestados por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho

A empresa contribui com 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestacao de servicos, relativamente a servicos que lhe sao prestados por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho (Lei n° 8.212/91, art. 22, IV).

Saliente-se que o sujeito passivo desta contribuicao e a empresa contratante (tomadora do servico), e nao a cooperativa de trabalho.

No caso de contratacao de cooperados, por intermedio de coo­perativas de trabalho, na atividade de transporte rodoviario de carga ou passageiro, a contribuicao a cargo da empresa contratante sera de 15% sobre a parceia correspondente ao valor dos servicos prestados pe-

129 As regras relativas ao microempreendedor individual so produzirao efeitos a partir de 1° de julho de 2009 (LC 128/08, art. 14, IH).

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Ios cooperados, que nao sera inferior a 2 0% do valor da nota fiscal ou fatura (RPS, art. 201, § 20). Alem do valor dos servicos prestados pelos cooperados, o valor bruto da nota fiscal ou fatura inclui tambem outros custos, como combustivel, manutencao dos vexculos etc. Por isso, neste caso, a base de calculo da contribuicao nao e o valor total da nota fiscal ou fatura, mas somente o valor da parcela correspondente ao valor dos servicos prestados pelos cooperados. Contudo, o valor da base de calcu­lo nao sera inferior a 20% do valor da nota fiscal ou fatura.

Sera devida contribuicao adicional de 9%, 7% ou 5%, a cargo da empresa tomadora de servicos de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de pres­tacao de servicos, conforme a atividade exercida pelo cooperado per- mita a concessao de aposentadoria especial apos 15, 20 ou 25 anos de contribuicao, respectivamente (Lei n° 10.666/2003, art. 1°, § 1°). Assim, se o cooperado, em razao da sua exposicao aos agentes nocivos, tiver direito a aposentadoria especial, a empresa tomadora do servico devera suportar, alem dos 15%, o onus adicional de 9%, 7% ou 5%, conforme o tipo de agente nocivo. Neste caso, as aliquotas totais da contribuicao em comento poderao alcancar 24%, 22% ou 20% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura. Para fins de calculo deste adicional, sera emitida nota fiscal ou fatura de prestacao de servicos espedfica para a atividade exer­cida pelo cooperado que permita a concessao de aposentadoria especial (RPS, art. 202 , § 12). Ou seja, se na prestacao de servico ha cooperados expostos e cooperados nao expostOs aos agentes nocivos, a cooperativa deve emitir uma nota fiscal relativa aos cooperados expostos, e outra nota fiscal relativa aos cooperados nao expostos aos agentes nocivos.

A contribuicao previdenciaria em comento tem sido questionada judicialmente pelos contribuintes. A Confederacao Nacional da Indus­tria - CNI propos a Acao Direta de Inconstitucionalidade - ADIn n° 2594, que tem por objetivo obter a declaracao de inconstitucionalidade do artigo 22 , inciso IV, da Lei n° 8.212/91. O STF ainda nao julgou a ADIn n° 2594. No ambito do STJ, os argumentos dos contribuintes nao tem sido acolhidos. Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do STJ:

‘TRIBUTARIO - CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA DE­VIDA PELO TOMADOR DE SERVICO - ART 22, IV DA LEI 8.212/91 - VIOLACAODOART. 135 DO CTN: INOCORRENCIA.1. O legislador, ao exigir do tomador do servigo contribuigdo pre­videncidria de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota

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fiscal oufatura de prestagdo de servigos que lhe sao prestados por cooperados por intermedio de cooperativa de trabalho, nos termos do art 22, IV da Lei n° 8.212/91 (com a redagao dada pela Lei n° 9.876/99% em nenhum momento valeu-se da regra contida no art 135 do CTN, que diz respeito a desconsideragao da personalidade da pessoa juridica para que seus representantes respondam pesso- almente pelo credito tributdrio nas hipoteses que menciona. 2. A referenda a “cooperados” contida no art. 22, IV da Lei n° 8.212/91 diz respeito tao-somente aofato de que, emborafirmado o contrato com a cooperativa de trabalho, o servigo, efetivamente, £ prestado pela pessoa fisica do cooperado. 3. Inexistencia de ofensa ao art 135 do CTN. 4. Recurso especial improvido“130.

2 . 3 . 2 . 4 . Contribuicao da empresa para o R A T (antigo SAT)

De acordo com a Lei n° 8.212/91, art, 22, II, a contribuicao da empresa para o financiamento do beneficio da aposentadoria especial e daqueles concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT), sobre o total das remuneracoes pagas ou creditadas, no decorrer do mes, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, e de:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade prepon- derante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade prepon- derante esse risco seja considerado medio;

c) 3% (tres por cento) para as empresas em cuja atividade prepon- derante esse risco seja considerado grave.

Esta contribuicao ficou conhecida pela sigla SAT (Seguro de Aci­dente do Trabalho) em razao da redacao original do art. 22, II, da Lei n° 8.212/91, que tratava, simplesmente, da contribuicao para o financia­mento das prestacoes por acidente de trabalho. Mas na redacao atual deste dispositivo legal (redacao dada pela Lei n° 9.732/98), esta contri­buicao e destinada ao financiamento do beneficio da aposentadoria es­pecial e daqueles concedidos em razao do grau de incidencia de incapa­cidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Por isso, nesta obra, vamos tratar desta contribuicao empregando a sigla RAT, por considera-la, tecnicamente, mais correta.

130 STJ, REsp. 787.457/PR, Rel. Min. Eirana Calmon, 2a T, DJ de 23/08/2007, p. 247

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Verifica-se que a base de calculo do RAT e a remuneracao paga ou creditada, no decorrer do mes, aos segurados empregados e trabalhado­res avulsos. Assim, esta contribuicao nao incide sobre remuneracao de contribuinte individual.

As aliquotas sao de 1%, 2% ou 3%, dependendo do enquadramen­to da empresa no respectivo grau de risco de acidentes do trabalho. O enquadramento e feito de acordo com a atividade preponderante da em­presa. Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior numero de segurados empregados e trabalhadores avulsos (RPS, art. 202, § 3°). Apurado na empresa, o mesmo numero de segurados em­pregados e trabalhadores avulsos em atividades economicas distintas, considerar-se-a como preponderante aquela que corresponder ao maior grau de risco (IN RFB n° 971/2009, art. 72, § 1°, II, “a”).

E de responsabilidade da empresa realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo a Secretaria da Receita Federal do Brasil reve-lo a qualquer tempo (RPS, art. 202, § 5°). O enquadramen­to deve ser feito mensalmente, conforme a Relacao de Atividades Pre- ponderantes e Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na Classificacao Nacional de Atividades Economicas - CNAE, prevista no Anexo V do Regulamento da Previdencia Social - RPS.

Verificado erro no auto-enquadramento, a Secretaria da Receita Federal do Brasil adotara as medidas necessarias a sua correcao, orien- tara o responsavel pela empresa em caso de recolhimento indevido e procedera a notificacao dos valores devidos (RPS, art. 202 , § 6°).

Acerca do enquadramento das empresas para fins de recolhimen­to do RAT, o STJ editou da seguinte sumula:

351 - A aliquota de contribuicao para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) e aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada em­presa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.

As aliquotas do RAT poderao ser reduzidas, em ate 50%, ou au- mentadas em ate 100%, em razao do desempenho da'empresa em rela­cao a sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentario de Pre- vencao - FAP (Lei n° 10.666/2003, art. 10). A regulamentacao do FAP, a cargo do Poder Executivo (Lei n° 10.666/2003, art 14), foi feita pelo Decreto n° 6.042/2007, que acrescentou o art. 202-A ao Regulamento da Previdencia Social - RPS.

O FAP consiste num multiplicador variavel num intervalo contl- nuo de cinco decimos (0,5000) a dois inteiros (2,0000), aplicado com qua-

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tro casas decimais, considerado o criterio de arredondamento na quarta casa decimal, a ser aplicado a respectiva aliquota (RPS, art. 202-A, § 1°).

Imaginemos, por exemplo, uma empresa em cuja atividade prepon- derante o risco de acidentes do trabalho seja considerado medio (RAT de 2%). Se o FAP desta empresa for 1,4000, a aliquota final do RAT sera de 2,8% (que corresponde a 2% x 1,4000).

Cada empresa tera o seu FAP calculado em razao do seu desempe- nho em relacao a respectiva atividade economica. Este desempenho sera apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos indices de frequencia, gravidade e custo dos beneficios incapacitantes gerados na empresa (Lei n° 10.666/2003, art. 10).

De acordo com o § 4° do art. 202-A do RPS, os indices de frequen- cia, gravidade e custo serao calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdencia Social, levando-se em conta:

I - para o indice de frequencia, os registros de acidentes e doen^asdo trabalho informados ao INSS por meio de Comunicacao de Acidente do Trabalho - CAT e de beneficios acidentarios estabe- leddos por nexos tecnicos pela pericia medica do INSS, ainda que sem CAT a eles vinculados;

II - para o indice de gravidade, todos os casos de auxilio-doenca,auxilio-acidente, aposentadoria por invalidez e pensao por mor­te, todos de natureza acidentaria, aos quais sao atribuidos pesos diferentes em razao da gravidade da ocorrencia, como segue:a) pensao por morte: peso de cinquenta por cento;b) aposentadoria por invalidez: peso de trinta por cento; ec) auxilio-doenca e auxilio-acidente: peso de dez por cento para

cada um; eIII - para o indice de custo, os valores dos benefidos de natureza aci­

dentaria pagos ou devidos pela Previdencia Social, apurados da seguinte forma:a) nos casos de auxilio-doenca, com base no tempo de afastamento

do trabalhador, em meses e fracao de mes; eb) nos casos de morte ou de invalidez, parcial ou total, mediante

projecao da expectativa de sobrevida do segurado, na data de inicio do beneficio, apartir da tabua de mortalidade construida pela Fundacao Institute Brasileiro de Geografia e Estatistica- IBGE para toda a populacao brasileira, considerando-se a media nacional unica para ambos os sexos.

O Ministerio da Previdencia Social publicara anualmente, sempre no mesmo mes, no Diario Oficial da Uniao, os rois dos percentis de frequencia,

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gravidade e custo por Subclasse da Classifica^ao Nacional de Atividades Eco­nomicas - CNAE e divulgara na rede mundial de computadores o FAP de cada empresa, com as respectivas ordens de frequencia, gravidade, custo e demais elementos que possibilitem a esta verificar o respectivo desem­penho dentro da sua CNAE-Subclasse (RPS, art. 202-A, § 5°).

Para o calculo anual do FAP, serao utilizados os dados de janeiro a dezembro de cada ano, ate completar o periodo de dois anos, a partir do qual os dados do ano inicial serao substituidos pelos novos dados anuais incorporados (RPS, art. 202-A, § 7°). Para a empresa constituida apos janeiro de 2007, o FAP sera calculado a partir de 1° de janeiro do ano se­guinte ao que completar dois anos de constituicao (RPS, art. 202-A, § 8°). Excepcionalmente, no primeiro processamento do FAP serao utilizados os dados de abril de 2007 a dezembro de 2008 (RPS, art. 202-A, § 9°).

A associado desportiva que mantem equipe de futebol profissio­nal, a agroindustria, o produtor rural pessoa juridica e o produtor rural pessoa fisica nao contribuem para o RAT sobre a remuneracao dos em­pregados e trabalhadores avulsos que lhes prestem servicos. Em substi- tuicao a esta, estes contribuintes pagarao outra contribuicao, incidente sobre outra base de calculo (que sera estudada mais adiante).

A contribuicao para o RAT (tambem conhecida como SAT) tem sido objeto de muitos questionamentos na via judicial. O STF tem, em regra, se posicionado no sentido de reconhecer a validade das normas que regulamentam esta contribuicao. Nesse sentido, confiram-se as seguintes decisoes do STF:

“EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - VALIDADE CONSTITUCIONAL DA LEGISLACAO PERTINENTE A INS­TITUICAO DA CONTRIBUICAO SOCIAL DESTINADA AO CUSTEIO DO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO (SAT)- EXIGIBILIDADE DESSA ESPECIE TRIBUTARIA - RECURSO IMPROVIDO. - A legislacao pertinente a instituicao da con- tribuigao social destinada ao custeio do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) e os decretos presidenciais quepormenorizaram as condicoes de enquadramento das empresas contribuintes ndo transgridem, formal ou materialmente, a Constituicao da Repu­blica, inexistindo, em consequincia, qualquer situacao deofensa aos postulados constitucionais da legalidade estrita (CF, art. 5°,II) e da tipicidade cerrada (CF, art. 150,1), inocorrendo, ainda, por parte de tais diplomas normativos, qualquer desrespeito as cldusulas constitucionais referentes a delegacao legislativa (CF, arts. 2° e 68) e d igualdade em materia tributdria (CF, arts. 5°,

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“caput”, e 150, II). Precedente: RE343.446/SC, Rel. Min. CARLOS VELLOSO (Pleno). - O tratamento dispensado d referida contri- buigdo social (SAT) nao exige a edigao de lei complementar (CF, art. 154,1), por nao se registrar a hipotese inscrita no art. 195, § 4°, da Carta Politica, resultando consequentemente legitima a disciplinacao normativa dessa exagao tributaria mediante legis- lagdo de carater meramente ordindrio. Precedentes”131.

*EMENTA: ~ CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. CONTRI- BUigAO: SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. Lei 7.787/89, arts. 3° e 4°; Lei n° 8.212/91, art. 22, II, redagao da Lei n° 9.732/98. Decretos 612/92,2.173/97e 3.048/99. C.F., artigo 195, § 4°; art. 154, II; art. 5°, II; art. 150,1.1. - Contribuicao para o custeio do Seguro de Acidente do Trabalho - SAT: Lei 7.787/89, art. 3°, II; Lei n° 8.212/91, art. 22, II: alegagdo no sentido de que sao ofensivos ao art. 195, § 4°, c/c art. 154,1, da Constituicao Fe­deral: improcedencia. Desnecessidade de observdncia da tecnica da competencia residual da Uniao, C.F., art 154,1. Desneces­sidade de lei complementar para a instituigdo da contribuigao para o SAT. II. - O art 3°, II, da Lei 7.787/89, nao e ofensivo ao prindpio da igualdade, por isso que o art. 4° da mencionada Lei 7.787/89 cuidou de tratar desigualmente aos desiguais. III. - As Leis 7.787/89,. art. 3°, II, e 8.212/91, art 22, II, definem, satisfato- riamente, todos os elementos capazes defazer nascer a obrigagdo tributaria valida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementagdo dos conceitos de “atividade preponderante” e “grau de risco leve, medio e grave’) nao implica ofensa ao prindpio da legalidade generica, C.F., art. 5°, II, e da legalidade tributaria, C.F., art. 150, L IV.-Seo regulamento vai alem do conteudo da lei, a questao nao e de inconstitucionalidade, mas de ilegalidade, materia que nao integra o contencioso constitucional. V. - Recurso extraordindrio nao conhecido”732.

2.3 .2 .5 . Contribuicao adicional ao RAT para o custeio da aposentadoria especial

As aliquotas de RAT serao acrescidas de 12%, 9% ou 6%, se a ativi­dade exercida pelo segurado empregado ou trabalhador avulso a servico da empresa ensejar a concessao de aposentadoria especial apos 15,20 ou 25 anos de contribuicao, respectivamente (Lei n° 8.213/91, art. 57, § 6°). Todavia, este acrescimo incide exclusivamente sobre a remuneracao do

131 STF, AI-AgR 439713/MG, Rel. Min. Celso de Mello, 2aT, DJ de 14/11/2003.132 STF, RE 343446/SC, Re!. Min. Carlos Vetloso, Tribunal Pleno, DJ de 04/04/2003.

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segurado sujeito as condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica (Lei n° 8.213/91, art. 57, § 7°).

0 Fator Acidentario de Prevencao - FAP, estudado no item ante­rior, nao interfere no calculo da contribuicao adicional ora comentada.

Vamos agora dar um exemplo a respeito das contribuicoes previ­denciarias estudadas ate este item da presente obra:

\ Exemplo:1 No mes de mar^o de 2011, o resumo da folha de pagamento dos1 segurados que prestaram servico a empresa Alfa. Industrial Ltda i\ foi o seguinte: . . :

1 Nome do segurado j Categoria.previdenciaria • , RemuneracaoJoaquim . Segurado empregado R$ 1:000,0.0 vRosana Segurada,empregada R$ 2.000,00

j Mateus J Contribuinte individual. . RS 5.000,00

Agora, vamos calcular as contribuicoes previdenciarias, levando- -se em consideracao que: (a) o grau de risco de acidente do trabalho des­ta empresa e grave; (b) o FAP da empresa e igual a 1,2773; (c) o empre­gado Joaquim exerce atividade com exposicao a agentes nocivos, tendo direito a aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho; (d) Rosana nao esta exposta a agentes nocivos; e (e) Mateus e o socio-gerente da empre­sa, recebendo os R$ 5.000,00 a titulo de pro-labore:

SeguradoY

Contribuicao da empresa incidente sobre a remuneracao do segurado Contribuicao

descontada do . segurado

Total a recolher;

(empresa + segurado)

Para a seguridade Para o RAT (antigo social I SAT)

joaquim 20% x 1.000,00 9,8319% x 1.000,00 8% x 1.000,00 378,32Rosana 20% x 2.000,00 3,8319% x 2.000,00 11% x 2.000,00 696,64Mateus 20% x 5.000,00 0,00 11% x 3.689,66 1.405,86TOTAL RS 1.600,00 R$ 174,96 RS 705,86 2.480,82

A empresa Alfa Industrial Ltda. recolhera aos cofres da Previden­cia Social, ate o dia 20/04/2011, o valor de R$ 2.480,82. Ressalte-se que, neste valor, estao incluidas a parcela da contribuicao a cargo da empresa e a parcela que foi descontada dos segurados.

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Ainda com base no exemplo que foi dado, verifica-se que o adi­cional do RAT de 6% incidiu somente sobre a remuneracao de Joaquim, que e o empregado que tem direito a aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho.

O RAT de 3,8319% incidente sobre a remuneracao de Rosana cor­responde a 3% (grau de risco de acidente grave) multiplicado pelo FAP de 1,2773 (ou seja, 3,8319 - 3 X 1,2773).

O RAT de 9,8319% incidente sobre a remuneracao de Joaquim corresponde a 3% multiplicado pelo FAP de 1,2773, acrescido do adicio­nal de 6%, em razao aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho (ou seja, 9,8319 = 3 X 1,2773 + 6).

2.3.2.6. Instituicoes financeiras

No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econdmicas, sociedades de credito, finan­ciamento e investimento, sociedades de credito imobiliario, sociedades corretoras, distribuidoras de titulos e valores mobiliarios, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de credito, empresas de seguros prxvados e de capitalizacao, agentes autonomos de seguros privados e de credito e entidades de previdencia privada abertas e fechadas, as contri­buicoes previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei n° 8.212/91 sofrem um acrescimo de 2,5% (Lei n° 8.212/91, art. 22, § 1°).

Assim, quando se trata de instituicoes financeiras, a aliquota da contribuicao patronal (contribuicao da empresa) incidente sobre a re­muneracao de empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes indi- viduais sera de 22,5% (em vez de 20%).

Em relacao ao RAT (art. 22, II) e a contribuicao sobre servicos prestados por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho (art. 22, IV), as institukoes financeiras seguem a regra geral. Vale dizer,o acrescimo de 2,5%, devido pelas instituicoes financeiras, incide so­mente em relacao as contribuicoes sobre a remuneracao de empregado, trabalhador avulso (art. 2 2 ,1) e contribuinte individual (art. 22, III).

Na defesa da constitucionalidade do adicional 2,5% das institui­coes financeiras, confira-se a seguinte decisao do STF:

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“EMENTA,• PROCESSO CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. EFEI­TO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINARIO. INSTI­TUICAO FINANCEIRA. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA SOBRE A FOLHA DE SALARIOS. ADICIONAL. § 1° DO ART. 22 DA LEI N° 8.212/91. A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e as entidades financeiras, no tocante a contribuigdo previdencidria sobre a folha de salarios, ndo fere, a primeira vista, o principio da isonomia tributdria, ante a expressa previsdo constitucional (Emenda de Revisdo n° 1/94 e Emenda Constitucional ri° 20/98, que inseriu o § 9° no art. 195 do Texto permanente). Liminar a que se nega referendo. Processo extinto”133.

2.3.2.7. Empresas que prestam servicos de Tl e TIC

As allquotas de que tratam os incisos I e III do art. 22 da Lei n° 8.212/91, em relacao as empresas que prestam servicos de tecnologia da informa<;ao - TI e de tecnologia da informacao e comunica^ao - TIC, ficam reduzidas pela subtra^ao de um decimo do percentual correspon­dente a razao entre a receita bruta de venda de servicos para o merca- do externo e a receita bruta total de vendas de bens e servicos, apos a exclusao dos impostos e contribuicoes incidentes sobre a venda. Para efeito deste calculo, devem-se considerar as receitas auferidas nos doze meses imediatamente anteriores a cada trimestre-calendario. A aliquota apurada sera aplicada uniformemente nos meses que compoem o tri- mestre-calendario (Lei n° 11.774/2008, art. 14), Aqui, ha um verdadeiro incentivo a exporta^ao de servicos (venda de servicos para o mercado externo).

As citadas aliquotas serao reduzidas de acordo com a aplicacao sucessiva das seguintes operates:

I - subtrair do valor da receita bruta total de venda de bens eservi9os relativa aos doze meses imediatamente anteriores ao trimestre-calendario o valor correspondente aos impostos e as contribu tes incidentes sobre venda;

II - identificar, no valor da receita bruta total resultante da ope-ra^ao prevista no inciso I, a parte relativa aos servicos de TI e de TIC que foram exportados;

133 STF, AC-MC 1.109/SP, Rel. Min. Marco Aurelio, DJ de 19/10/2007.

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III - dividir a receita bruta de exporta^ao resultante do inciso IIpela receita bruta total resultante do inciso I;

IV - multiplicar a razao decorrente do inciso III por um decimo;V - multiplicar o valor encontrado de acordo com a opera^ao do

inciso IV por 100 (cem), para que se chegue ao percentual de reducao;

VI ~ subtrair de vinte por cento o percentual resultante do incisoV, de forma que se obtenha a nova aliquota percentual a ser aplicada sobre a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

Verifica-se que para cada 10% da receita bruta que corresponder a exporta^ao de servicos, a empresa tera uma reducao de 1% na aliquota. No exemplo supra, 40% da receita bruta total da empresa de TI foi origi- naria de vendas de servicos para o mercado externo. Por isso, a aliquota da contribuicao previdenciaria a cargo da empresa foi reduzida em 4% (passando de 20% para 16%).

Se, por exemplo, a totalidade (100%) da receita bruta da empresa de TI (ou de TIC) tiver origem em vendas de servicos para o mercado externo, a aliquota da contribuicao sera reduzida em 10% (passando de 20% para 10%).

Saliente-se que a reducao de aliquota para empresas de TI ou TIC acontece somente em relacao a duas contribuicoes: (a) a incidente sobre a remuneracao de empregado e trabalhador avulso (prevista no incisoI do art. 22 da Lei n° 8.212/91); e (b) a incidente sobre a remuneracao

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de contribuinte individual (prevista no inciso III do art. 22 da Lei n° 8.212/91). Assim, em relacao ao RAT (art. 22, II) e a contribuicao sobre services prestados por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho (art. 22, IV), as empresas de TI ou de TIC seguem a regra geral.

Para efeito da reducao de aliquota em comento, consideram-se servicos de TI e TIC: analise e desenvolvimento de sistemas; programa- cao; processamento de dados e congeneres; elabora<;ao de programas de computadores, inclusive de jogos eletr6nicos; licenciamento ou cessao de direito de uso de programas de computa^ao; assessoria e consultoria em informatica; suporte tecnico em informatica, inclusive instala^ao, configura^ao e manutencao de programas de computa<;ao e bancos de dados; e planejamento, confeccao, manutencao e atualizacao de paginas eletronicas. A reducao de aliquota aplica-se tambem para empresas que prestam servicos de call center.

Para fazer jus as reducoes de aliquotas, a empresa devera: (I) im- plantar programa de preven^ao de riscos ambientais e de doencas ocu- pacionais decorrentes da atividade profissional, conforme criterios es­tabelecidos pelo Ministerio da Previdencia Social; e (II) realizar contra- partidas em termos de capacita^ao de pessoal, investimentos em pesqui- sa, desenvolvimento e inovacao tecnologica e certificacao da qualidade.

A aplicacao da reducao de aliquota, aqui comentada, depende de regulamentacao pelo Poder Executivo (Lei n° 11.774/2008, art. 14, § 13). Vale dizer, para aplicar estas regras ao caso concreto, e necessario que um decreto regulamente a materia.

A reducao de aliquota valera pelo prazo de cinco anos, contados a partir do primeiro dia do mes seguinte ao da publicacao do regula­mento, podendo esse prazo ser renovado pelo Poder Executivo (Lei n° 11.774/2008, art. 14, § 12).

Em 24/08/2008 foi publicado o Decreto n° 6.945/09, que acres- centou o art. 201-D ao Regulamento da Previdencia Social, regulamen- tando, dessa forma, o disposto no art. 14 da Lei n° 11.774/08, que trata da reducao das aliquotas da Contribuicao Previdenciaria referidas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei n° 8.212/91, em relacao as em­presas que prestam servicos de TI e de TIC. O Decreto n° 6.945/09 en- trou em vigor na data de sua publicacao, produzindo efeitos por cinco anos contados a partir do 1° dia do mes seguinte ao de sua publicacao. Assim, a reducao de aliquota aqui comentada sera aplicada pelo prazo de 5 anos, contados a partir do dia 01/09/2009, podendo esse prazo ser renovado pelo Poder Executivo.

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2.3.2.8. Contribuicao da associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional

A contribuicao empresarial da associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional destinada a Seguridade Social correspon­de a 5% da receita bruta, decorrente dos espetaculos desportivos de que participem em todo territorio nacional em qualquer modalidade des­portiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrod- nio, licenciamento de uso de marcas e simbolos, publicidade, propagan­da e de transmissao de espetaculos desportivos (Lei n° 8.212/91, art. 22 , § 6°). Esta contribuicao e devida em substituicao as seguintes:

a) Contribuicao da empresa de 20% sobre as remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , 1, da Lei n° 8.213/91.

b) Contribuicao da empresa para o RAT de 1%, 2% ou 3% sobre o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segu­rados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , II, da Lei n° 8.212/91.

Todavia, quando a associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional contrata contribuinte individual ou cooperativa de trabalho, fica obrigada a pagar as mesmas contribuicoes que as empre­sas em geral pagam em relacao a estes fatos geradores.

As demais associacoes desportivas (as que nao mantem equipe de futebol profissional) devem contribuir da mesma forma que as empresas em geral.

Cabera a entidade promotora do espetaculo a responsabilidade de efetuar o desconto de 5% da receita bruta decorrente dos espetaculos desportivos e o respectivo recolhimento, no prazo de ate dois dias uteis apos a realizacao do evento (Lei n° 8.212/91, art. 22, § 7°).

Cabera a associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional informar a entidade promotora do espetaculo desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as detalhadamen- te (Lei n° 8.212/91, art. 22 , § 8°). Por forca do Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei n° 10.671/2003), o valor destas receitas tambem deve ser informado ao torcedor. E direito do torcedor a divulgacao, durante a realizacao da partida, da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do numero de espectadores pagantes e nao pagantes, por intermedio dos servicos de som e imagem instalados no estadio em que se realiza a

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espartida, pela entidade responsavel pela organiza^ao da competicao (Lei n° 10.671/2003, art. 7°).

Cabera a empresa ou entidade que repassar recursos a associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional, a titulo de patro- dnio, licenciamento de uso de marcas e simbolos, publicidade, propa­ganda e transmissao de espetaculos, a responsabilidade de reter e reco­lher, ate o dia 20 do mes seguinte, o percentual de 5% da receita bruta, inadmitida qualquer deducao (Lei n° 8.212/91, art. 22, § 9°).

2.3.2.9. Contribuicao da agroindustria

Considera-se agroindustria o produtor rural pessoa juridica cuja atividade economica seja a industrializacao de producao propria ou de producao propria e adquirida de terceiros (Lei n° 8.212/91, art. 22-A).

De acordo com o art. 22-A da Lei n° 8.212/91, a contribuicao de­vida pela agroindustria, incidente sobre o valor da receita bruta prove- niente da comercializacao da producao, e de:

I - 2,5% destinados a Seguridade Social. Esta contribuicao e de­vida em substituicao a contribuicao da empresa de 20% sobre as remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , 1, da Lei n° 8.212/91.

II - 0 ,1% para o financiamento do beneficio de aposentadoria espe­cial e daqueles concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade (RAT). Esta contribuicao e devida em substituicao a contribuicao da empresa para o RAT de 1%, 2% ou 3% sobreo total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos se­gurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22, II, da Lei nQ 8.212/91.

Todavia, quando a agroindustria contrata contribuinte individual ou cooperativa de trabalho, fica obrigada a pagar as mesmas contribui­coes que as empresas em geral pagam em relacao a estes fatos geradores.

2.3.2.10. Contribuicao do produtor rural pessoa juridica

De acordo com o art. 25 da Lei n° 8.870/94, a contribuicao devi­da pelo empregador, pessoa juridica, que se dedique a producao rural,

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incidente sobre o total da receita bruta da comercializacao da producao rural, e de:

I - 2,5% destinados a Seguridade Social. Esta contribuicao e de­vida em substituicao a contribuicao da empresa de 20% sobre as remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , 1, da Lei n° 8.212/91.

II - 0 ,1% para o financiamento do beneficio de aposentadoria es­pecial e daqueles concedidos em razao do grau de incidencia de Incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT). Esta contribuicao e devida em substituicao a contribuicao da empresa para o RAT de 1%, 2% ou 3% sobre o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segu­rados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , II, da Lei n° 8.212/91.

Todavia, quando o empregador rural pessoa juridica contrata contribuinte individual ou cooperativa de trabalho, fica obrigada a pa- gar as mesmas contribuicoes que as empresas em geral pagam em rela- Cao a estes fatos geradores.

2.3.2.11. Contribuicao do empregador rural pessoa fisica

De acordo com o art. 25 da Lei n° 8.212/91, a contribuicao do em­pregador rural pessoa fisica, incidente sobre a receita bruta da comer­cializacao da producao rural, e de:

a) 2% para a Seguridade Social. Esta contribuicao e devida em substituicao a contribuicao da empresa de 20% sobre as remune­racoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22 , 1, da Lei n° 8.212/91.

b) 0 ,1% para o financiamento dos beneficios concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Esta contribuicao e devida em substituicao a contribuicao da empresa para o RAT de 1%, 2% ou 3% sobre o total das remuneracoes pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, prevista no art. 22, II, da Lei n° 8.212/91.

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Todavia, quando o empregador rural pessoa fisica contrata con­tribuinte individual ou cooperativa de trabalho, fica obrigada a pagar as mesmas contribuicoes que as empresas em geral pagam em relacao a estes fatos geradores.

O empregador rural pessoa fisica e um contribuinte individual. Contudo, as contribuicoes aqui estudadas nao sao por ele devidas na qualidade de segurado. Estas contribuicoes do empregador rural pes­soa fisica sao, na verdade, decorrentes da equiparacao do contribuinte individual a empresa em relacao a segurado que lhe presta servico (Lei n° 8.212/91, art 15, paragrafo unico), e nao substituem as suas contri­buicoes na qualidade de segurado.

Assim, para ter direito aos beneficios previdenciarios, o empre­gador rural pessoa fisica tambem deve pagar contribuicoes, incidentes sobre o seu salario-de-contribuicao, na qualidade de segurado contri­buinte individual.

2.3.2.] 2. Contribuicao da empresa optante pelo simples nacional

O Simples Nacional - Regime Especial Unificado de Arrecadacao de Tributos e Contribuicoes devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - e um regime tributario diferenciado, simplificado e favo- recido previsto na Lei Complementar n° 123/2006, aplicavel as Microem­presas e as Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01/07/2007. O Simples Nacional nao e especie de isencao de tributos, mas uma forma alternativa de efetuar o pagamento ao Fisco, mediante opcao do contribuinte.

| De acordo com o art. 13 da Lei Complementar n° 123/2006, o^ Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documentoif unico de arrecadacao, dos seguintes impostos e contribuicoes: (a) IRPJ;♦ (b) IPI; (c) CSLL; (d) COFINS; (e) PIS/Pasep; (f) Contribuicao Patronal| Previdenciaria, a cargo da pessoa juridica; (g) ICMS; e (h) ISS. Este re-I colhimento mensal incidira sobre a receita bruta auferida no mes (LC09^ n° 123/2006, art. 18, § 3°). A aliquota varia de acordo com a receita bruta£ acumulada nos 12 meses anteriores ao do periodo de apuracao (LC n°| 123/2006, art. 18, § 1°).° O recolhimento na forma acima descrita nao exclui a incidenciaQ>

da Contribuicao para o PIS/Pasep, COFINS e IPI incidentes na impor- | tacao de bens e servicos (LC n° 123/2006, art. 13, § 1°, XII).

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O recolhimento da contribuicao previdenciaria a cargo da empre­sa optante pelo Simples Nacional, em regra, esta incluido no documento unico de arrecadacao supramencionado. Assim, em regra, a empresa optante pelo Simples Nacional fica desobrigada de recolher as seguintes contribuicoes previdenciarias: (a) as incidentes sobre a remuneracao dos segurados empregados e trabalhadores avulsos (inclusive a contribuicao para o RAT); (b) a incidente sobre remuneracao do contribuinte indi­vidual; e (c) a incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestacao de servicos, relativamente a servicos que lhe sao prestados por cooperados por intermedio de cooperativas de trabalho.

Saliente-se, contudo, que as empresas optantes pelo Simples Na­cional sao obrigadas a descontar (arrecadar) as contribuicoes previden­ciarias dos segurados que lhes prestam servico e recolher o valor des­contado ate o dia 20 do mes seguinte. As optantes pelo Simples Nacional apenas ficam desobrigadas de recolher a parte patronal da contribuicao previdenciaria. Mas sao obrigadas a recolher as contribuicoes que des- contam dos segurados.

Para algumas atividades de prestacao de servicos, mesmo sendo optante pelo Simples Nacional, a empresa sera obrigada a recolher suas contribuicoes previdenciarias da mesma forma que as nao optantes. Isto ocorre se a empresa optante pelo Simples Nacional desenvolver algu- ma das seguintes atividades de prestacao de servicos: (a) construcao de imoveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subem- preitada, execucao de projetos e servicos de paisagismo, bem como de- coracao de interiores; (b) servico de vigilancia, limpeza ou conservacao.

2.3.2.13. Contribuicao patronal do Microempreendedor Individual134

Considera-se Microempreendedor Individual (MEI) o empresario individual,, optante pelo Simples Nacional, que tenha auferido receita bru­ta, no ano-calendario anterior, de ate R$ 36.000,00 (LC, art. 18-A, § 1°).

Em regra, para que o empresario individual possa optar pela siste- matica de recolhimento aplicada ao MEI, ele nao pode contratar empre­gados (LC n° 123/06, art. 18-A, § 4°, IV). Todavia, podera se enquadrar como MEI o empresario individual que possua um unico empregado

134 As regras relativas ao microempreendedor individual so produzirao efeitos a partir de 1° de julho de 2009 (LC 128/08, art. 14, III).

Capitulo 7

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que receba exclusivamente 1 (um) salario minimo ou o piso salarial da categoria profissional (LC n° 123/06, art. 18-C). Nesta hipotese, o MEI esta sujeito ao recolhimento da contribuicao patronal previdenciaria, calculada a allquota de 3% (tres por cento) sobre o salario-de-contribui­cao do empregado que lhe presta servico (LC n° 123/06, art. 18-C, pa­ragrafo unico, III). Esta e a unica contribuicao patronal previdenciaria a cargo do MEI.

O MEI tambem devera reter e recolher a contribuicao previden­ciaria relativa ao segurado a seu servico (LC n° 123/06, art. 18-C, para­grafo unico, I).

Se o MEI nao possuir empregado, ele recolhera somente a sua pro­pria contribuicao previdenciaria na qualidade de segurado contribuinte individual, que corresponded a 11% do salario mlnimo. Mas se o MEI contratar um empregado, alem de recolher a sua propria contribuicao na qualidade de contribuinte individual, ele ainda recolhera mais duas contribuicoes: (a) a contribuicao patronal de 3% sobre o salario~de~ -contribuicao do empregado que lhe presta servico; e (b) a contribuicao previdenciaria descontada (retida) do segurado que lhe presta servico.

2.3.2.14. Entidade beneficente de assistencia social que atenda as exigencias estabelecidos em lei

De acordo com o disposto no § 7° do art. 195 da Constituicao Federal, “sao isentas de contribuicao para a seguridade social a entidade beneficente de assistencia social que atenda as exigencias estabelecidas em lei”. Tais exigencias sao estabelecidas no art. 55 da Lei n° 8.212/91 (esse assunto sera estudado em capltuio proprio). Assim, as entidades beneficentes de assistencia social que atendam aos requisitos previstos no art. 55 da Lei n° 8.212/91 ficam isentas do pagamento das contribui­coes, a cargo da empresa, descritas neste capitulo. Todavia, continuam sendo obrigadas a descontar as contribuicoes previdenciarias dos se­gurados (empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual) que lhe prestam servico e recolher o valor descontado ate o dia 20 do mes seguinte.

Os dois quadros a seguir resumem a forma de contribuicao das empresas, no tocante as allquotas e as bases de calculo:

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Contrib^^aodaempresa paraaSeguridadeSociai

; Base de calculo 0

■ ;v; I - v ;.,-;.; y ■ , o ' :; AJiguotav ■ l.y 1- •/:y y ; ; ' . ‘ ' 'y V? V

Empre- ysatsem;. ■ geral .

/Instittt- ;;^CoesjS-

nanceiras

Emjprega-. dorrurai

pessoa . 'fis ida :

Pxddutor ; : rural - . ..

pessda juridica

Agroin-:• ~dustria‘

Associacao desport iya . . queman- t£m equipe de futebol..

profissional

Remuneracao paga, devida ou

creditada aos segurados empre­gados e trabalha­

dores avulsos

20% 22,5% - - _ -

Remuneracao paga ou creditada aos contribuintes

individuals

20% 22,5% 20% 20% 20% 20%

Valor bruto da nota fiscal ou

fatura de servi- Co prestado por cooperados por intermedio de cooperativa de

trabalho

15% 15% 15% 15% 15% 15%

Receita bruta da comercializacao

da producao rural- - 2% 2,5% - -

Receita bruta proveniente da

comercializacao da producao

- - - 2,5% -

Receita bruta de espetaculo despor-

tivo, patrodnio, licenciamento de

uso de marcas, propaganda, pubii- cidsde e transmis- sao de espetaculos

desportivos

- - - - - 5%

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Contribuicao da empresa para o RAT (antigo SAT)

Base de calculo

Empresas em geral

(inclusive, instituicoes financeiras)

Empre­gadorrural

-pessoafisica

Produtor rural - pessoa

juridica

Agroin- -dustria ;

Associacao desportiva.

que mantem . equipe de futebol p ro- :

fissional

Rem uneracao paga, devida ou creditada aos segurados em ­

pregados e trabaiha- dores avulsos

1% - Leve 2% - M edio 3% - Grave

- - _ -

Receita bruta da com ercializacao da

producao rural

_ 0,1% 0,1% -

Receita bruta prove- niente da com erciali­

zacao da producao- _ - 0,1% _

A empresa (inclusive a optante pelo Simples Nacional, entida­de beneficente, produtor rural pessoa juridica, produtor rural pes- soa fisica, agroindustria, equipe de futebol, cooperativa) e tambem obrigada a descontar a contribuicao dos segurados (empregado, tra­balhador avulso e contribuinte individual) que lhe prestem servico, e recolher a contribuicao descontada ate o dia 20 do mes seguinte (RPS, art. 216,1, V e V).

Caso venha a adquirir producao rural de produtor rural pessoa fi­sica ou de segurado especial, a empresa (inclusive a optante pelo Simples Nacional, entidade beneficente, produtor rural pessoa juridica, agroin­dustria, equipe de futebol, cooperativa) ficara sub-rogada na obrigacao de descontar e recolher, ate o dia 20 do mes seguinte, a contribuicao incidente sobre a comercializacao da producao rural,

O desconto de contribuicao e de consignacao legalmente autori- zadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, nao lhe sendo licito alegar omissao para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsavel pela importancia que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com a Legislacao Previ­denciaria (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 5°).

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Deducoes

Alguns beneficios sao pagos pela empresa e posteriormente dedu- zidos em guia de recolhimento quando do pagamento de suas contri­buicoes sociais.

Salario-familia

Beneficio previdenciario pago diretamente pela empresa, aos se­gurados empregados que possuam filhos ou a eles equiparados ate 14 anos de idade ou invalidos.

O salario-familia e devido ao empregado com salario-de-contri­buicao de ate R$ 862,l l .135

O valor pago ao empregado, de conformidade com a legislacao previdenciaria, deve ser objeto de deducao em GPS, reduzido do valor devido a previdencia social no campo 6 da mesma.

Ocorrendo pagamento indevido de salario-familia, ou seja, em desacordo com a legislacao, e deduzido em GPS, o valor sera glosado e devera ser recolhido a Previdencia Social com os acrescimos legais, sendo este caracterizado como salario-de-contribuicao.

O trabalhador avulso tambem tem direito ao salario-familia, sen­do pago pelo sindicato ou orgao gestor de mao de obra e posteriormente objeto de reembolso mediante convenio com o INSS.

Salario-Matemidade

Quando se tratar de segurada empregada, o salario-maternidade e pago pela empresa, efetivando-se a deducao quando do recolhimento das contribuicoes incidentes sobre a folha de salarios e demais rendi­mentos pagos ou creditados a pessoa fisica.

Para as demais seguradas, o salario-maternidade e pago direta­mente pela Previdencia Social.

2.3.2 J 5. Contribuicao da empresa para outras entidades e fundos (terceiros)

As principals contribuicoes para terceiros, assim entendidas ou­tras entidades e fundos, sao: Salario-Educacao, INCRA, SESC, SENAC, SESI, SENAI e SEBRAE.135 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2011, pela Portaria MP5/MF n° 568, de 31/12/2010.

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As contribuicoes para terceiros sao arrecadadas, fiscalizadas e cobrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB. Todavia, tais contribuicoes nao constituem receitas da Seguridade Social, nem da Previdencia Social. A RFB arrecada estas contribuicoes e repassa o pro­duto da arrecadacao para as respectivas entidades ou fundos. Por este servico, a RFB e remunerada com o percentual de 3,5% do montante ar- recadado, salvo percentual diverso estabelecido em lei espedfica (Lei n°11.457/2007, art. 3°, § 1°). Esta remuneracao recebida pela RFB sera cre­ditada ao Fundo Espedal de Desenvolvimento e Aperfeicoarriento das Atividades de Fiscalizacao - FUNDAF (Lei n° 11.457/2007, art. 3°, § 4°).

A contribuicao para terceiros encontra amparo no art. 240 da Constituicao Federal, que assim dispoe: “Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuicoes compulsorias dos empregadores so­bre a folha de salarios, destinadas as entidades privadas de servico social e de formacao profissional vinculadas ao sistema sindical”

A contribuicao para terceiros incide sobre a remuneracao paga, devida ou creditada aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que prestem servicos a empresa.

As empresas recolherao estas contribuicoes de acordo com o ramo de atividade que exercam.

Como visto acima, tais contribuicoes nao sao destinadas ao fi­nanciamento da Seguridade Social. Por isso, nao serao objeto de estudo mais aprofundado na presente obra.

2.3.3. Contribuicao previdencidria do empregador domestico

r AliquotaSalario-de-contribuicao do empregado domestico a servico do

empregador domestico 12%

A contribuicao do empregador domestico e de 12% do salario-de- -contribuxcao do empregado domestico a seu servico (Lei n° 8.212/91, art. 24).

Atente-se para o fato de que a base de calculo da contribuicao do empregador domestico nao e a remuneracao paga ao empregado domestico, e sim o salario-de-contribuicao do empregado domesti-

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I

co. A observa^ao e necessaria para que nao se confunda com a con­tribuicao da empresa incidente sobre a remuneracao dos empregados, trabalhadores avulsos ou contribuintes individuais. Quando se trata da contribuicao da empresa, a base de calculo e a remuneracao total dos empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais. Quan­do se trata de empregador domestico, a base de calculo da contribuicao e o salario-de-contribuicao do empregado domestico a seu servico.

A responsabilidade pelo recolhimento das contribuicoes e do em­pregador domestico, que ficara com a obrigacao de descontar a contri­buicao do empregado domestico a seu servico e recolhe-la, juntamente com a parceia a seu cargo, ate o dia 15 do mes seguinte ao da competen­cia (Lei n° 8.212/91, art. 30, V).

Se, por exemplo, a empregada domestica tem uma remuneracao mensal de R$ 5.000,00, a, contribuicao do empregador domestico sera de R$ 442,76 (que corresponde a 12% de R$ 3.689,66). A contribuicao que o empregador domestico descontara da empregada domestica sera de R$ 405,86 (que corresponde a 11% de R$ 3.689,66). Neste caso, o em­pregador domestico recolhera aos cofres da Previdencia Social, ate o dia 15 do mes seguinte, o valor de R$ 848,62 (que corresponde a soma das duas contribuicoes).

Se no exemplo anterior a remuneracao mensal da empregada do­mestica fosse R$ 700,00, a contribuicao do empregador domestico seria de R$ 84,00 (correspondente a 12% de R$ 700,00). A contribuicao que o empregador domestico descontaria da empregada domestica seria de R$ 56,00 (correspondente a 8% de R$ 700,00). Neste caso, o empregador domestico recolheria aos cofres da Previdencia Social, ate o dia 15 do mes seguinte, a quantia de R$ 140,00 (correspondente a soma das duas contribuicoes).

Quando a empregada domestica estiver em gozo de salario-ma- ternidade, o empregador ficara com a obrigacao do recolhimento ape­nas de sua cota patronal, ou seja, os 12% incidentes sobre o salario-de- -contribuicao.

Quando o salario-de-contribuicao do empregado domistico for igual a um salario minimo, o empregador domestico pode optar pelo recolhimento trimestral das contribuicoes previdenciarias, com vencimento no dia 15 do mes seguinte ao de cada trimestre civil,

Capitulo

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Financiamento

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prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia 15.

Quando o salario-de-contribuicao do empregado domestico for menor que um salario minimo mensal (nos casos de admissao, dispen- sa, faita nao justificada ou fra^ao de salario em razao de gozo de bene­ficio), o empregador domestico tambem pode optar pelo recolhimento trimestral.

O empregador domestico nao esta obrigado a apresentar GFIP. Todavia, caso o empregador opte por recolher o FGTS para o seu em­pregado domestico, devera: (a) Efetuar a matricula CEI; e (b) Preencher e entregar a GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e In form a0es a Previdencia Social.

2.3.3.I. Deducao da contribuicao previdenciaria do empregador domestico no imposto de renda

De acordo com o art. 1° da Lei n° 11.324, de 19/07/2006, ate o exercicio de 2012, ano-calendario de 2011, a contribuicao patronal paga a Previdencia Social pelo empregador domestico podera ser deduzida do seu Imposto de Renda. Todavia, esta deducao esta limitada: (a) a um empregado domestico por declaracao, inclusive no caso da declaracao em conjunto; (b) ao valor recolhido no ano-calendario a que se referir a declaracao.

A deducao da contribuicao previdenciaria do empregador domes­tico no imposto de renda nao podera exceder: (a) ao valor da contribui­cao patronal calculada sobre um salario minimo mensal, sobre o 13° sa­lario e sobre a remuneracao adicional de ferias, referidos tambem a um salario minimo; (b) ao valor do imposto apurado, deduzidos os valores de que tratam os incisos I a IV do art. 12 da Lei n° 9.250/95.

A deducao em tela aplica-se somente ao modelO completo de De­claracao de Imposto de Renda das Pessoas Fisicas.

2.3.4. Contribuicao previdenciaria decorrente de acao trabalhista

De acordo com o art. 114, V I I I , da Constituicao Federal, compete a justica do Trabalho a execucao, de oficio, das contribuicoes sociais

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previdenciarias e seus acrescimos legais, decorrentes das senten<;as que proferir. Com base nesta regra, criada pela EC n° 20/98 e mantida pela EC n° 45/2005, a Justi^a do Trabalho passa a ter competencia para exigir o cumprimento da obriga^ao previdenciaria dos empregadores, quando da sentenca ou homologa^ao de acordo trabalhista. Neste caso, mesmo sem ter ocorrido lan^amento tributario, sem inscricao em divida ativa e sem ajuizamento de a^ao de execucao fiscal, o orgao da Justi^a do Tra­balho conduz a execucao das contribuicoes previdenciarias. A intencao, sem duvida, dirige-se para a maior eficacia do sistema de arrecadacao da Previdencia Social. E nao se pode dizer que houve uma subversao des­te procedimento porque a eliminacao de diversas fases da constituicao do credito tributario esta respaldada na Constituicao Federal (art. 114, VIII), tendo se convertido no devido processo legal ora vigente. Nao ha nenhuma irregularidade ou inconstitucionalidade nesta modificacao.

Assim, nas acoes trabalhistas de que resultar o pagamento de direi­tos sujeitos a incidencia de contribuicao previdenciaria, o juiz, sob pena de responsabilidade, determinara o imediato recolhimento das impor­tancias devidas a Seguridade Social (Lei n° 8.212/91, art. 43, caput).

Nas sentencas judiciais ou nos acordos homologados em que nao figurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas as contribui­coes sociais, estas incidirao sobre o valor total apurado em liquidacao de sentenca ou sobre o valor do acordo homologado (Lei n° 8.212/91, art. 43, § 1°). Contudo, de acordo com o art. 832, § 3°, da CLT, as decisoes cognitivas ou homologatorias deverao sempre indicar a natureza juridi­ca das parcelas constantes da condenacao ou do acordo homologado, in­clusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuicao previdenciaria, se for o caso. Acerca deste tema, confira-se o seguinte julgado do STJ:

TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. ACOR­DO TRABALHISTA. ART. 43, PARAGRAFO UNICO, DA LEIN. 8.212/91. INCIDENCIA SOBRE A TOTALIDADEDOS VALORES, QUANDO NAO DISCRIMINADOS. LEGALIDADE DA TR COMO IUROS DEMORA. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. 1. Segundo entendimento desta Corte e consoante os termos do art. 43, paragrafo unico, da Lei n. 8.212/91, a ausencia de discrimina- gdo das parcelas, segundo a sua natureza, implica a incidencia

Capitulo 7

Financiamento

da Seguridade

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da contribuindo previdenciaria sobre o valor total apurado na liquidagdo ou o constante do acordo trabalhista. Assim, "o silencio do magistrado trabalhista, no regime anterior a Lei n. 10:035/00, que inseriu ospardgrafos 3° e 4°ao art. 832 da CLT, importa numa presunqao juris tantum da ocorrencia do fato gerador, que pode serafastada se o contribuinteprovar, em agao propria, que a verba paga ao empregado nao possui natureza remuneratdria" [ J 736

Considera-se ocorrido o fato gerador das contribu tes sociais na data da prestacao do servico. Assim, as con tribu tes sociais serao apuradas mes a mes, com referenda ao periodo da prestacao de ser­vicos, mediante a aplicacao de aliquotas, limites maximos do salario- -de-contribuicao e acrescimos legais moratorios vigentes relativamente a cada uma das competencias abrangidas, devendo o recolhimento ser efetuado no mesmo prazo em que devam ser pagos os creditos encon- trados em liquida^ao de sentenga ou em acordo homologado, sendo que nesse ultimo caso o recolhimento sera feito em tantas parcelas quantas as previstas no acordo, nas mesmas datas em que sejam exigiveis e pro- porcionalmente a cada uma delas (Lei n° 8.212/91, art. 43, § 3°).

No caso de reconhecimento judicial da prestacao de servicos em condicoes que permitam a aposentadoria especial apos quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuicao, serao devidos os acrescimos de 12%, 9% ou 6%, respectivamente, relativos a contribuicao para o financia­mento da aposentadoria especial e dos beneficios concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT).

Na hipotese de acordo celebrado apos ter sido proferida decisao de merito, a contribuicao sera calculada com base no valor do acordo. A contribuicao previdenciaria tambem incidira sobre os valores devidos ou pagos nas Comissoes de Conciliacao Previa de que trata a Lei n° 9.958/2000.

O STF entende que a execucao das contribuicoes previdenciarias somente esta no alcance da Justica do Trabalho quando relativas ao objeto da condenacao constante de suas sentencas, nao abrangendo a execucao de contribuicoes previdenciarias incidentes sobre os salarios pagos durante o periodo contratual reconhecido na decisao. Nesse sen­tido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

136 STJ, REsp 932126/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2a T., Die 28/09/2010.

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I

“EMENTA Recurso extraordinario. Repercussdo geral reco- nhecida. Competencia da Justiga do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituigdo Federal 1. A competencia da Justiga do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituigdo Federal alcanga apenas a execugdo das contribuigdes previdenciarias relativas ao objeto da condenagdo constante das sentengas que proferir. 2. Recurso extraordinario conhecido e desprovidoV37

2.4. Contribuicoes sociais nao previdenciarias

O produto da arrecadacao das contribuicoes sociais que estuda- remos neste topico sera destinado ao financiamento de qualquer uma das areas da Seguridade Social. Assim, o produto da arrecadacao dessas contribuicoes sociais podera ser utilizado para financiar a saude, a as­sistencia social e a previdencia social.

2.4.1. COFINS

A Contribuicao para o Financiamento da Seguridade Social - CO­FINS tem como base de calculo o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa juridica, independentemente de sua denominacao ou classificacao contabil (Lei n° 10.833/2003, art. 1°, caput). Assim, a base de calculo compreende a receita bruta da venda de bens e servicos nas operates em conta propria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa juridica (Lei n° 10.833/2003, art. 1°, $ 1°).

Em regra, as aliquotas da COFINS sao as seguintes: (I) 3%, no caso das pessoas juridicas sujeitas ao regime de incidencia cumulativa (Lei n° 9.718/98, art. 8°); e (II) 7,6%, no caso das pessoas juridicas sujeitas ao regi­me de incidencia nao cumulativa (Lei n° 10.833/2003, art. 2°, caput).

O regime de incidencia nao cumulativa permite o desconto de creditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa juridica. Em regra, as pessoas juridicas de direito privado, e as que lhe sao equiparadas pela legislacao do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro real estao sujeitas a incidencia nao cumulativa.

137 STF, RE 569056/PA, Tribunal Pieno, Rel. Min. Menezes Direito, DJ 12/12/2008.

Capitulo 7

♦ Financiam

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O Microempreendedor Individual (MEI) nao estara sujeito a inci­dencia da COFINS (LC n° 123/06, art. 18-A, § 3°, VI).

2.4.2. CSIL

A base de calculo da Contribuicao Social sobre o Lucro Liquido- CSLL e o valor do resultado do exercicio, antes da provisao para o imposto de renda (Lei n° 7.689/88, art. 2°, caput).

Para as pessoas juridicas em geral, sobre o valor da base de cal­culo incidira aliquota de 9%. Contudo, a aliquota sera de 15% para as seguintes pessoas juridicas: (I) empresas de seguros privados; (II) em­presas de capitalizacao; (III) bancos de qualquer especie; (IV) distri- buidoras de valores mobiliarios; (V) corretoras de cambio e de valores mobiliarios; (VI) sociedades de credito, financiamento e investimen- tos; (VII) sociedades de credito imobiliario; (VIII) administradoras de cartoes de credito; (IX) sociedades de arrendamento mercantil; (X) cooperativas de credito; (XI) associates de poupanca e emprestimo (Lei n° 7.689/88, art. 3°).

0 Microempreendedor Individual (MEI) nao estara sujeito a inci­dencia da CSLL (LC n° 123/06, art. 18-A, § 3°, VI).

2.4.3. PIS/PASEP

A contribuicao para os Programas de Integra^ao Social e de For- ma^ao do Patrimonio do Servidor Publico - PIS/PASEP sera calculada mediante a aplicacao das seguintes aliquotas:

1 - no caso das pessoas juridicas de direito privado e as que Ihessao equiparadas pela legislacao do imposto de renda, inclusive as empresas publicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiarias:(a) 0,65% sobre o faturamento mensal, para as que estao sujeitas ao regime de incidencia cumulativa (Lei n° 9.715/98, art. 8°, I); e

(b) 1,65% sobre o faturamento mensal, para as que estao sujeitas ao regime de incidencia nao cumulativa (Lei n° 10.637/2002, art. 2°).

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II - 1% sobre a folha de salarios, no caso das entidades sem finslucrativos (Lei n° 9.715/98, art. 8°, II);

III - 1% sobre o valor das receltas correntes arrecadadas e dastransferencias correntes e de capital recebidas, no caso pessoas juridicas de direito publico interno (Lei n° 9.715/98, art. 8°, III).

As sociedades cooperativas, alem da contribuicao sobre a folha de salarios, pagarao, tambem, a contribuicao calculada de 0,65% sobre o faturamento mensal, em relacao as receitas decorrentes de operacoes praticadas com nao associados (Lei n° 9.715/98, art. 2°, § 1°).

A arrecadacao decorrente do PIS/PASEP passa, a partir da pro- mulgacao da Constituicao de 1988, a financiar o programa do seguro- -desemprego e o pagamento do abono de um salario minimo anual aos empregados que percebam ate dois salarios mmimos de remuneracao mensal (CF, art. 239).

O Microempreendedor Individual (MEI) nao estara sujeito a inci­dencia do PIS/PASEP (LC n° 123/06, art. 18-A, § 3°, VI).

2.4.4. PIS/PASEP-1 mportacao e COFINS-lmporlacao

A contribuicao para os Programas de Integracao Social e de For- macao do Patrimonio do Servidor Publico incidente na Importacao de Produtos Estrangeiros ou Servicos - PIS/PASEP-Importacao e a Contri­buicao Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Servicos do Exterior - COFINS- -Importacao foram instituidas pela Lei n° 10.865/2004, com base no art. 195, IV, da Constituicao Federal.

O fato gerador destas contribuicoes sera: (I) a entrada de bens es­trangeiros no territorio nacional; ou (II) o pagamento, o credito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestacao por servico prestado (Lei n° 10.865/2004, art. 3°).

Em relacao ao primeiro fato gerador, a base de calculo sera o valor aduaneiro, assim entendido o valor que servir ou que serviria de base parao calculo do imposto de importacao, acrescido do valor do ICMS incidente no desembaraco aduaneiro e do valor das proprias contribuicoes. No to- cante ao segundo fato gerador, a base de calculo sera o valor pago, credita- do, entregue, empregado ou remetido para o exterior, antes da retencao do imposto de renda, acrescido do Imposto sobre Servicos de qualquer Natu­reza - ISS e do valor das proprias contribuicoes (Lei n° 10.865/2004, art. 7°).

Capitulo 7

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Sobre o valor da base de calculo, em regra, incidirao as seguintes aliquotas: (I) 1,65%, para o PIS/PASEP-Importa^ao; e (II) 7,6%, para a COFINS-Importa^ao (Lei n° 10.865/2004, art. 8°).

2 .4 .5 . Contribuicao sobre a receita de concursos de prognostics

A contribuicao sobre a receita de concursos de prognosticos en- contra amparo na competencia outorgada pelo art. 195, III, da Consti­tuicao Federal, que autoriza a sua instituicao.

Concursos de prognosticos sao todos e quaisquer concursos de sorteios de numeros, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuni- oes hipicas, nos ambitos federal, estadual, do Distrito Federal e munici­pal (Lei n° 8.212/91, art. 26, § 1°).

A contribuicao em exame e composta pela renda liquida dos con­cursos de prognosticos, excetuando-se os valores destinados ao Fun­do de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior - FIES (Lei n° 8.212/91, art. 26, caput).

Entende-se por renda liquida o total da arrecadacao, deduzidos os valores destinados ao pagamento de premios, de impostos e de despesas com a administracao, conforme fixado em lei, que inclusive estipulara o valor dos direitos a serem pagos as entidades desportivas pelo uso de suas denominates e sfmbolos (Lei n° 8.212/91, art. 26, § 2°).

Dentre outras fontes, constituem receitas do FIES 30% da renda liquida dos concursos de prognosticos administrados pela Caixa Eco­nomica Federal, bem como a totalidade dos recursos de premiacao nao procurados pelos contemplados dentro do prazo de prescricao (Lei n° 10.260/2001, art. 2°, II).

A contribuicao sobre a receita de concursos de prognosticos tam­bem pode ser constituida de 5% sobre: (a) o movimento global de apos­tas em prado de corridas; e (b) o movimento global de sorteio de nume­ros ou de quaisquer modalidades de simbolos (RPS, art. 212, § 2°).

3. Receitas de outros fontes

De acordo com o disposto no art. 27 da Lei n° 8.212/91, consti­tuem outras receitas da seguridade social:

I - as multas, a atualizacao monetaria e os juros moratorios;

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II - a remuneracao recebida pela prestacao de servicos de arreca­dacao, fiscalizacao e cobranca prestados a terceiros;

III - as receitas provenientes de prestacao de outros servicos e defornecimento ou arrendamento de bens;

IV - as demais receitas patrimoniais, industrials e financeiras;V ~ as doacoes, legados, subvencoes e outras receitas eventuais;VI - 50% da receita obtida na forma do paragrafo unico do art.

243 da Constituicao Federal, repassados pelo INSS aos orgaos responsaveis pelas acoes de protecao a saude e a ser aplicada no tratamento e recuperacao de viciados em entorpecentes e drogas afins;

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VII - 40% do resultado dos leiloes dos bens apreendidos pela Se~cretaria da Receita Federal;

VIII - 50% do valor total do premio recolhido pelas companhiasseguradoras que mantem o seguro obrigatorio de danos pessoais causados por veiculos automotores de vias terrestres (Seguro DPVAT). Este valor deve ser destinado ao Sistema Unico de Saude (SUS) para o custeio da assistencia medico- -hospitalar aos segurados vitimados em acidentes de transito;

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| Nota:

I Apesar da Lei n° 8,212/91 (art. 27, paragrafo unico) determinar.i que 50% do DPVAT sejam destinados a Seguridade Social, o Co- I digo de Transito Brasileiro (Lei n° 9.503/97), art. 78, paragrafo | unico, determina que 10% dos valores destinados a Seguridade \ Social, relativos ao DPVAT, sejam repassados mensalmerite ao.| Coordenador do Sistema Nacional de Transito, para aplicacao | exclusiva em programas destinados a prevencao de acidentes. de I transito. Assim, na verdade, s6 45% do DPVAT'sao destinados a | Seguridade Social, pois 5% do DPVAT (10% dos 50% que cafeem \ a Seguridade Social) destinam-se a programas educacionais de j preven^ao de acidentes de transito, que nao dizem respeito a | Seguridade Social.

IX - outras receitas previstas em legislacao espedfica.

4 . Salario-de-contribuicao

Quando o fato gerador da contribuicao previdenciaria e o valor pago, devido ou creditado aos segurados, pela contraprestacao do tra­balho efetuado, ha a contribuicao de dois contribuintes: a empresa e o segurado.

Em relacao a empresa, a base de calculo da contribuicao e a remu­neracao (ou retribuicao pelo trabalho). Em relacao ao segurado, a base de calculo da contribuicao e o salario-de-contribuicao.

Base de calculo da contribuicao previdenciaria e o valor sobre o qual incide uma aliquota definida em lei para determinar o montante da cOntribuicao devida.

Remuneracao e salario-de-contribuicao, embora parecidos, nao tem o mesmo significado. O salario-de-contribuicao esta sujeito a limi­tes minimo e maximo. Ja a remuneracao nao se sujeita a estes mesmos limites.

Fugindo a regra acima exposta, no caso de trabalho domestico, a base de calculo, tanto do empregador como do segurado e a mesma: o salario-de-contribuicao, A contribuicao do segurado especial tambem nao obedece a regra geral, pois a base de calculo de sua contribuicao nao e o salario-de-contribuicao: a contribuicao deste segurado incide sobre a receita bruta da comercializacao de sua producao rural.

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Assim, conclui-se que o salario-de-contribuicao e a base de cal­culo da contribuicao do empregador domestico e da contribuicao dos segurados, exceto a do segurado especial O salario-de-contribui<;ao tambem e base para o calculo do salario-de-beneficio (ver capitulo refe­rente aos beneficios do RGPS).

4 .1 . Conceito de salario-de-confribuicdo

SeguradoConceito de salario-de-con­

tribuicao M m im o*

Empregado e trabalha­dor avulso

A remuneracao auferida em uma ou mais empresas, assim

entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos

ou creditados a qualquer titulo, durante o mes, desti­nados a retribuir o trabalho,

qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ga-

nhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste sala­

rial, quer pelos servicos efeti­vamente prestados, quer pelo tempo a disposicao do empre­gador ou tomador de servicos, nos termos da lei ou do con­

trato ou, ainda, de convencao ou acordo coletivo de trabalho

ou sentenca normativa

0 piso sala­rial legal ou

normativo da categoria ou, inexistindo

piso salarial, o salario mi­

nimo, tornado no seu valor

mensal, diario ou horario, conforme o ajustado e o

tempo de tra­balho efetivo

durante o mes

R$ 3.689,66 138

Empregadodomestico

A remuneracao registrada na carteira profissional e/ou na

Carteira de Trabalho e Previ­dencia Social

Contribuin­te individual

A remuneracao auferida em uma ou mais empresas oupelo exerdcio de sua atividade por conta propria, durante o mes

0 salario mi­nimo mensal (atualmente, R$ 540,00)

Facultativo O valor por ele dedarado

138 Valor atuafizado, a partir de 1°/01/2011, pefa Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

Capitulo 7

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O salario-de-contribuicao para o dirigente sindical e considera­do da seguinte forma:

a) Na qualidade de empregado: a remuneracao paga, devida ou creditada pela entidade sindical, pela empresa ou por ambas;

b) Na qualidade de trabalhador avulso: a remuneracao paga, de­vida ou creditada pela entidade sindical.

O segurado especial, em regra, nao contribui com base no, salario- -de-contribuicao; por isso, nao consta da tabela acima. Todavia, a Lei n° 8.212/91 (art. 25, § 1°) permite que este segurado, alem da contribuicao obrigatoria sobre a comercializacao da producao rural, tambem con- tribua, facultativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de-con- tribuicao. Neste caso especifico, o salario-de-contribuicao do segurado especial sera o valor por ele declarado, observados os limites minimo e maximo.

O salario-de-contribuicao do produtor rural pessoa fisica, en~ quadrado como contribuinte individual, e o valor por ele declarado em razao do exercicio da atividade rural por conta propria, observados os limites minimo e maximo do salario-de-contribuicao (IN RFB n° 971/2009, art. 55, § 7°).

O limite minimo do salario-de-contribuicao do menor aprendiz corresponde a sua remuneracao minima definida em lei (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 4°). De acordo com o disposto no § 2° do art. 428 da CLT, “ao menor aprendiz, salvo condicao mais favoravel, sera garantido o salario minimo hora”

O limite maximo do salario-de-contribuicao e reajustado na mesma epoca e com os mesmos indices que os do reajustamento dos beneficios de prestacao continuada da Previdencia Social (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 5°).

4 .2 . Parcelas integrantes e nao integrantes do salario-de-contribuicao

Integram o salario-de-contribuicao todas as parcelas de natureza remuneratoria, ou seja, aquelas pagas em retribuicao aos servicos pres­tados pelo trabalhador. As parcelas relativas a indenizacao e ao ressar- cimento, em geral, nao estao incluidas nos conceitos de salario-de-con­tribuicao e de remuneracao.

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Indenizacao e a repara^ao de danos causados a uma pessoa.Ressarcimento e o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador

em decorrencia da execucao de alguma atividade de interesse da empresa.Remuneracao e a retribuicao pelos servicos prestados. De acordo

com o disposto no art. 457 da CLT, "compreendem-se na remunera­cao do empregado, para todos os efeitos legais, alem do salario devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestacao do servico, as gorjetas que receber”. Assim, remuneracao ~ salario + gorjeta.

Salario e a contraprestacao paga diretamente pelo empregador. Ja as gorjetas sao sempre pagas por terceiros.

Os valores pagos pelo trabalho integram o salario-de-contribuicao.Os valores pagos para o trabalho nao integram o salario-de-con-

tribuicao.Valor pago pelo trabalho - e destinado a retribuir o trabalho.Valor pago para o trabalho - e a parcela paga ou fornecida, em

dinheiro ou em utilidades, ao trabalhador com o objetivo de dar condi­coes ou facilitar a execucao do trabalho.

De acordo como o disposto no § 2° do art. 22 da Lei n° 8.212/91, as parcelas que nao integram o salario-de-contribuicao tambem nao in­tegram a remuneracao. Assim, podemos afirmar que todas as parcelas que integram a base de calculo da contribuicao do segurado tambem integram a base de calculo da contribuicao da empresa. A diferenca e que, em relacao aos segurados, a base de calculo respeita os limites (mi­nimo e maximo) do salario-de-contribuicao. A base de calculo da con­tribuicao da empresa nao respeita esses limites: incide sobre o total da remuneracao paga, devida ou creditada ao segurado.

Portanto, todas as observacoes que serao feitas nos topicos se­guintes, a respeito das parcelas integrantes e nao integrantes do salario- -de-contribuicao, tambem sao validas para a quantificacao da base de calculo das contribuicoes previdenciarias das empresas.

4 .2 .L Parcelas integrantes do salario-de-contribuicao

Dizer que um determinado valor que o segurado receba da empre­sa integra o salario-de-contribuicao significa dizer que sobre este valor vai incidir contribuicao previdenciaria, ou seja, esse valor vai compor a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

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A legislacao previdenciaria (Lei n° 8.212, art. 28, § 9° e RPS, art. 214, § 9°) relaciona apenas as parcelas que nao integram o salario- -de-contribuicao. Por exclusao, as parcelas que nao constam dessa rela­cao integram o salario-de-contribuicao. A titulo de exemplo, enumera- mos abaixo algumas parcelas que integram o salario-de-contribuicao.

I - Salario.

A palavra salario tem a sua origem semantica no latim solarium, que significa sal, o qua! ja foi utilizado em Roma como forma de paga­mento, servindo de moeda de troca.

Salario e a parcela da remuneracao paga diretamente pelo empre­gador. De acordo com o disposto no § 1° do art. 457 da CLT, “integram o salario, nao so a importancia fixa estipulada (salario-base), como tam ­bem as comissoes, percentagens, gratificacoes ajustadas, diarias para viagens (quando ultrapassem 50% do salario percebido pelo emprega­do) e abonos pagos pelo empregador”

II - Saldo de salario pago na rescisao do contrato de trabalho. _

Saldo de salario corresponde ao salario dos dias trabalhados pelo empregado no mes da rescisao do contrato de trabalho. Embora pago junto com as verbas rescisorias, o saldo de salarios nao e indenizacao. Sua natureza e remuneratoria, pois e pago em retribuicao aos dias efeti­vamente trabalhados (e pago pelo trabalho). Por isso, Integra o salario- -de-contribuicao. Assim sendo, incide contribuicao previdenciaria so­bre o saldo de salarios.

III - Salario-maternidade.

Salario-maternidade e o beneficio devido a segurada da Previden­cia Social em funcao do parto, de aborto nao criminoso, da adocao ou da guarda judicial obtida para fins de adocao de crianca pelo periodo estabelecido em lei, conforme o motivo da licenca.

O salario-maternidade e considerado salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212, art. 28, § 2°), sendo o unico beneficio do RGPS que sofre a incidencia da contribuicao previdenciaria. Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do STJ:

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“PROCESSUAL CIVIL TRIBUTARIO. CONTRIBUICAOp r e v id e n c iAr ia .sa lAr io -m a t e r n id a d e . n a t u r e z aJURIDICA. INCIDENCIA. VIOLAQAO DO ART.535,1 e II, DO CPC. NAO CONFIGURADA. I O art. 28 da Lei n° 8.212/91 no seu §2° considera o salario-maternidade, salario contribuigdo, sendo certo que referido pagamento mantem a sua higidez cons­titucional, posto inexistente agao declaratoria com o escopo de conjurd-lo do ordenamento constitucional. 2. Deveras, a exagao referente a maternidade, originariamente cabia ao empregador, circunstancia que revelava seu carater salarial, constituindo obrigagdo trabalhista. Ndo obstante, posteriormente,assumiu o seu dnus a Previdencia Social, com a edigdo da Lei 6.136/74, se~ guindo tendencia mundial, por sugestao da OIT, algando referido salario-maternidade a categoria de prestagao previdencidria.3. Entretanto, o fato de ser custeado pelos cofres da Autarquia Previdencidria, porem, ndo exime o empregador da obrigagdo tributdria relativamente a contribuigdo previdencidria incidente sobre a folha de salarios, incluindo, na respectiva base de calculo, o salario-maternidade auferido por suas empregadas gestantes (Lei n° 8.212/91, art 28, § 2°). Principio da legalidade que limita a exegese isencional pretendida. 4. As verbas auferidas pela ges­tante durante seu afastamento temporario, nos termos do art. 7°, XVII, da CF/88, naoperdem seu carater de saldrio-contribuigao a previdincia. 5. Precedentes jurisprudenciais desta Corte: REsp 762703/SC, DJ del8.09.2006; REsp 836.531/SC, DJ de 17.8.2006; AgRg no REsp762.172/SC, DJ de 19.12.2005. ( .J*139.

IV - Valores recebidos a titulo de prorroga^ao da licenca-mater- nidade.

O Programa Empresa Cidada, instituido pela Lei n° 11,770/2008, destina-se a prorrogar por 60 dias a duracao da licenca-maternidade. A prorrogacao sera garantida a empregada da pessoa juridica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira ate o final do primeiro mes apos o parto, e concedida imediatamente apos a frui<;ao da licen- Ca-maternidade. A prorrogacao sera garantida, na mesma propor^ao, tambem a empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adocao de crianca.

139 STJ, REsp n° 800024/SC, Rel. Min. Lutz Fux, 1a T, DJ 31/05/2007, p. 355.

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Durante o periodo de prorrogacao da licenca-maternidade, a em­pregada tera direito a sua remuneracao integral paga pela empresa. A pessoa juridica tributada com base no lucro real podera deduzir do im­posto de renda devido (IRPJ), em cada periodo de apuracao, o total da remuneracao integral da empregada pago nos 60 dias de prorrogacao de sua licenca-maternidade, vedada a deducao como despesa operacional.

Da mesma forma que incide contribuicao previdenciaria sobre o valor do salario-maternidade, tambem incide contribuicao sobre o valor da remuneracao correspondente aos 60 dias de prorrogacao da licenca- -maternidade.

V - Ferias gozadas.

Para que incida contribuicao previdenciaria sobre o valor relativo as ferias e necessario que elas sejam gozadas durante a vigencia do con- trato de trabalho. Se as ferias forem indenizadas, nao havera a inciden­cia de contribuicao previdenciaria.

A remuneracao das ferias deve ser paga ate dois dias antes de ini- ciar-se o gozo de ferias (CLT, art. 145). Todavia, a incidencia da contri­buicao sobre a remuneracao das ferias ocorrera no mes a que elas se re- ferirem, mesmo quando pagas antecipadamente na forma da legislacao trabalhista (RPS, art. 214, § 14).

VI -1/3 de ferias gozadas (CF, art 7°, XVII).

Em virtude do preceituado no art. 7°, XVII, da Constituicao Fe­deral, o empregado em gozo de ferias devera ser remunerado com, pelo menos, um terco a mais do que o salario normal.

O terco constitucional incidente sobre as ferias tambem integrara o salario-de-contribuicao, desde que as ferias sejam gozadas. A ideia e a de que se sobre o principal incide a contribuicao, havera tambem a incidencia sobre o acessorio. Tendo as ferias gozadas natureza salarial, o terco tambem tem. Contudo, o STJ, apos o julgamento da Pet 7.296/DF, realinhou sua jurisprudencia para acompanhar o STF pela nao inciden­cia de contribuicao previdenciaria sobre o terco constitucional de ferias. Em prova de concurso, caso a questao mencione a jurisprudencia, o candidato deve posicionar-se a favor da nao incidencia de contribuicao sobre esta rubrica. Confira-se, nesse sentido, o seguinte julgado do STJ:

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I

TRIBUTARIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUICOES PREVIDENCIARIAS SOBRE ADICIONAL DE FERIAS. NAO INCID£NCIA. ADEQUACAO DA JURISPRUDENCE DO STJ AO ENTENDIMENTO FIR- MADO NO PRET0RIO EXCELSO. L A Primeira Segdo do STJ considerava legitima a incidencia da contribuigdoprevidenciaria sobre o tergo constitucional deferias. 2. Entendimento diversofoi jirmadopelo STF, a partir da compreensdo da natureza juridica do tergo constitucional deferias, considerado como verba com- pensatoria e nao incorpordvel a remuneragdo do servidor para fins de aposentadoria. 3. Realinhamento da jurisprudencia do STJ, adequando-se a posigdo sedimentada no Pretdrio Excelso, no sentido de que nao incide Contribuigdo Previdenciaria sobre o tergo constitucional deferias, dada a natureza indenizatoria dessa verba, [...f40.

A remuneracao adicional de ferias de que trata o inciso XVII do art. 7° da Constituicao Federal integra o salario-de-contribuicao, no mes a que elas se referirem, mesmo quando pagas antecipadamente na forma da legislacao trabalhista.

/Exemplo: /> .'V. .•••', ;• .... vv.Lucas rqdebe umaremunera^ab meiisai de:R$ i.506j00. Gozou suas ferias no periodo de 2 rd e seterilbro a'20 de outubro. A empresa, em obediencialt legislacao trabalhista, antecipou-Ihe: a" remunera- S&q de ferias, pagando-lhe; aMda.no mes de setembro, a quaritia de R$ 2.000,00 (ferias afcrescidas do :ter<;q. constitucional). Nesse caso,: em setembro, a contribuicao previdenciaria relativa &s ferias inci- dira sobre .R$ .666,66 (10 dias de ferias); em outubro, a incidencia da contribuiCao sera sobre R$ 1.333,33 (20 dias deferias).

VII - 13° salario.

Decimo terceiro salario e a gratificacao natalina paga pelo empre­gador ao segurado empregado, inclusive o domestico, e pelo tomador dos servicos ao trabalhador avulso. A gratificacao corresponde a um doze avos da remuneracao devida em dezembro, por mes de servico no ano correspondente ou fracao igual ou superior a quinze dias de trabalho.

140 STJ, AgRg no AgRg no REsp 1123792/DF, Rel. Min. Benedito Gonsalves, DJe 17/03/2010.

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O 13° salario integra o salario de contribuicao, exceto para o cai- culo do salario-de-beneficio, sendo devidas as contribuicoes previden­ciarias quando do pagamento ou credito da ultima parcela ou na resci­sao de contrato de trabalho (RPS, art. 214, § 6°).

A contribuicao previdenciaria dos segurados empregado, empre­gado domestico e trabalhador avulso, incidente sobre o 13° salario e cal- culada em separado da rem uneracao do mes (Lei n° 8.620/93, art. 7°, § 2°). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA - GRATIFICACAO NATALINA - CALCULO EM SEPARADO, NOS TERMOS DA LEI N 8.620/93 - LEGALIDADE - CONTRADICAO - DIS­POSITIVO. E legitimo o calculo em separado da contribuigdo previdencidria incidente sobre o decimo terceiro salario a partir do inicio da vigencia da Lei n. 8.620/93. [...]141.

O vencimento do prazo de pagamento das contribuicoes inciden­tes sobre o 13° salario, exceto no caso de rescisao, dar-se-a no dia vin- te de dezembro, antecipando-se o prazo para o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario neste dia (Lei n° 8.620/93, art. 7°, caput). Caso haja pagamento de remuneracao variavel em de­zembro, o pagamento das contribuicoes referentes ao ajuste do valor do 13° salario deve ocorrer no documento de arrecadacao da competencia dezembro, considerando-se para apuracao da aliquota da contribuicao do segurado o valor total do 13° salario.

Na rescisao de contrato de trabalho, inclusive naquela ocorrida no mes de dezembro, em que haja pagamento de parcela de 13° salario, as contribuicoes devidas devem ser recolhidas ate o dia 20 do mes seguinte ao da rescisao, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia.

As contribuicoes previdenciarias incidentes sobre a parcela do 13° salario, proporcional aos meses de salario-maternidade, inclusive nos casos em que o beneficio seja pago diretamente pelo INSS a segurada, devem ser recolhidas pela empresa ou empregador domestico, junta­mente com as contribukoes relativas ao 13° salario do ano em que o beneficio foi pago.

141 STJ, EDcl no AgRg no REsp 1049385/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2aT., DJe 29/06/2010.

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Para o recolhimento das contribuicoes sociais incidentes sobre o 13° salario, deverao ser informados, no documento de arrecadacao, a competencia treze e o ano a que se referir, exceto no caso de 13° salario pago em rescisao de contrato de trabalho, cuja competencia sera a do mes da rescisao.

A respeito da incidencia de contribuicao previdenciaria sobre a gratificacao natalina, o STF editou a seguinte Sumula:

“Sumula 688: E legitima a incidencia da contribuicao previ­dencidria sobre o 13° salario”.

VIII - Horas extras.

Horas extras sao as prestadas alem do horario normal fixado por lei, convencao coletiva, sentenca normativa ou contrato individual de trabalho. A remuneracao da hora extra e superior a da hora normal em, no minimo, cinquenta por cento (CF, art. 7°, XVI).

Tem o adicional de horas extras natureza salarial e nao indeniza- toria, pois remunera o trabalho prestado apos a jornada normal de tra­balho. Assim sendo, incidira contribuicao previdenciaria sobre o valor da remuneracao das horas extras.

IX - O valor total das diarias para viagem, quando excederem a50% da remuneracao mensal do empregado.

As diarias tem por fim indenizar despesas com deslocamento, hospedagem, alimentacao e manutencao do empregado, quando este for obrigado a viajar para executar as determinacoes do empregador.

A transitoriedade do deslocamento do empregado e essencial para caracterizar o pagamento como diaria. Quando ha transferencia, nao se pode falar em diarias.142

Visando a evitar que salarios sejam rotulados de diarias, a CLT adotou um criterio pratico, simples porque de aritmetica elementar: faz computar como salario as diarias que excedam de 50% do salario perce- bido pelo empregado (CLT, art. 457, §§ 1° e 2°).

O valor das diarias para viagens, quando excedente a 50% da remuneracao mensal, Integra o salario-de-contribuicao pelo seu valor

142 SOSSEKIND, Arnaido. Op. cit. p. 429.

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total (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 8°). Para efeito de verificacao do limite de 50% nao sera computado, no calculo da remuneracao, o valor das diarias. A esse respeito, o TST editou a seguinte Sumula:

Sumula 101: Integram o salario, pelo seu valor total e para efeitos indenizatorios, as diarias de viagem que excedam a 50% do salario do empregado, enquanto perdurarem as viagens.

Se, por exemplo, a remuneracao mensal do empregado e de R$1.000.00 e, durante o mes, recebeu diarias para viagens no valor de R$600.00, a contribuicao previdenciaria (tanto a do empregador como a do empregado) incidira sobre R$ 1.600,00. Todavia, se as diarias rece­bidas tivessem o valor de R$ 500,00, a base de calculo da contribuicao previdenciaria seria R$ 1.000,00. Neste ultimo caso, pelo fato de nao ter excedido a 50% da remuneracao, o valor das diarias fica fora do campo de incidencia da contribuicao previdenciaria.

X - Adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno.

De acordo com o disposto no art. 189 da CLT, “serao consideradas atividades insalubres aquelas que, por sua natureza, condicoes ou me­todos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos a saude, acima dos limites de tolerancia fixados em razao da natureza e da inten- sidade do agente e do tempo de exposicao aos seus efeitos”.

O exercicio de trabalho em condicoes insalubres, acima dos limi­tes de tolerancia estabelecidos pelo Ministerio do Trabalho, assegura ao trabalhador a percepcao de adicional de 40%, 20% ou 10%, calculado sobre o salario minimo, conforme se trate, respectivamente, de insa- Iubridade em grau maximo, medio ou minimo (CLT, art. 192). O adi­cional de insalubridade e devido ao empregado que presta servicos em atividades insalubres, sendo calculado a razao de 10%, (grau minimo), 20% (grau medio) e 40% (grau maximo) sobre o salario minimo e nao sobre o salario profissionaL

Sao consideradas atividades ou operacoes perigosas aquelas que impliquem o contato permanente com materials inflamaveis ou explosi- vos em condicoes de risco acentuado (CLT, caput do art. 193). O trabalho em condicoes de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salario sem os acrescimos de gratificacoes, premios ou

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participacdes nos lucros da empresa (CLT, art. 193 § 1°). Assim, incide o adicional de periculosidade apenas sobre o salario basico do empregado, e nao sobre tal salario acrescido de outros adicionais.

A Lei n° 7.369/85 estendeu o direito ao adicional de periculosida­de ao empregado que exerce atividade em setor de energia eletrica em condicoes perigosas. Nao sao apenas os funcionarios de empresa que produz energia eletrica que tem direito ao adicional, mas os de todas as empresas em que existem condicoes que impliquem perigo de vida pelo contato com equipamentos energizados.

O adicional noturno e devido ao empregado urbano que trabalhar no periodo entre as 22 horas de um dia e as e 5 horas do dia seguinte (CLT, art. 73, § 2°). No entanto, em relacao ao trabalho rural, considera- -se trabalho noturno o executado entre as 21 horas de um dia e as 5 ho­ras do dia seguinte, na lavoura; e entre as 20 horas de um dia as 4 horas do dia seguinte, na atividade pecuaria (Lei n° 5.889/73, art. 7°).

Para o empregado urbano, o adicional noturno sera de 20%, pelo menos, sobre a hora diurna (CLT, art. 73). Tratando-se de trabalho rural, o adicional sera de 25% sobre a remuneracao normal (Lei n° 5.889/73, art. 7% paragrafo unico).

Os adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno pos- suem carater retributivo e, portanto, natureza salarial. Assim, incidi­ra contribuicao previdenciaria sobre estes adicionais. Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do STJ:

“TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA DOS EMPREGADORES. ARTS. 22 E 28 DA LEIN.° 8.212/91. SALA­RIO. SALARIO-MATERNIDADE. DECIMO-TERCEIRO SALA­RIO. ADICIONAIS DE HORA-EXTRA, TRABALHO NOTUR­NO, INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. NATUREZA SALARIAL PARA FIM DE INCLUSAO NA BASE DE CALCULO DA CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA PREVISTA NO ART. 195,1, DA CF/88. SUMULA 207 DO STF. ENUNCIADO 60 DO TST. 1. A jurisprudencia deste Tribunal Superior efirme no sentido de que a contribuigdo previdencidria incide sobre o total das remuneragoes pagas aos empregados, inclusive sobre o 13° salario e o salario-maternidade (Sumula n.° 207/STF). 2. Os adicionais noturno, hora-extra, insalubridade e periculosidade possuem carater salarial. Iterativos precedentes do TST (Enun-

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dado n° 60). 3. A Constituicao Federal da as linhas do Sistema Tributario Nadonal e e a regra matriz de incidencia tributaria.4. 0 legislador ordindrio, ao editar a Lei n.° 8.212/91, enumera no art. 28, § 9°, quais as verbas que naofazem parte do salario- -de-contribuicao do empregado, e, em tal rol, ndo se encontra a previsao de exclusdo dos adicionais de hora-extra, noturno, de periculosidade e de insalubridade. 5. Recurso conhecido em parte, e nessa parte, improvido7*143.

XI - Adicional de transferencia.

O adicional de transferencia e devido ao empregado quando for transferido provisoriamente para outro local, desde que importe mu- danca de sua residencia. Nao e devido nas transferencias definitivas. Em casos de transferencias provisorias, o empregador ficara obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% do salario contratual que o empregado estiver recebendo na nova localidade, enquanto durar essa situacao (CLT, art. 469, § 3°). O adicional de transferencia Integra a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

XII - Adicional por tempo de servico.

Esse adicional e, geralmente, conhecido como anuenio, quinque- nio etc. A Sumula 203 do TST estabelece que Ka gratificacao por tempo de servico integra o salario para todos os efeitos Iegais”. Assim sendo, o adicional (ou gratificacao) por tempo de servico integra a base de calcu­lo da contribuicao previdenciaria.

r XIII — Gorjetas (espontaneas ou compulsorias).

Gorjeta e a parte da remuneracao do empregado que e paga por terceiros (clientes). De acordo com o § 3° do art. 457 da CLT, “conside­ra-se gorjeta nao so a importancia espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como tambem aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer titulo, e destinada a dis- tribuicao aos empregados”. O melhor exemplo de gorjetas sao aqueles conhecidos 10% que pagamos aos garcons quando vamos aos restauran- tes. A contribuicao previdenciaria incide sobre as gorjetas.144

143 STJ, REsp n° 436697/PR, Rel. Min. Denise Arruda, 13 T, Dj 17/12/2004, p. 420.144 Nesse sentido decidiu o STJ no REsp 1.005.747/ES, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 16/10/2008.

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XIV - Pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento doempregado por motivo de doenca ou acidente do trabalho.

Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doenca, incumbira a empresa pagar ao se­gurado empregado o seu salario integral (Lei n° 8.213/91, art. 60, § 3°).

Nos termos do art. 60, § 3°, da Lei n° 8.213/91, a natureza sala- rial do pagamento em tela e incontestavel. Assim, incide contribuicao previdenciaria sobre o salario recebido pelo empregado referente aos 15 primeiros dias de afastamento por motivo de doenca ou acidente. Contudo, o STJ, de forma reiterada, tem entendido nao ser devida esta contribuicao. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente:

"TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. AUXILIO-DOENCA. Nao INCIDENCIA. I. O STI pacificou o entendimento de que nao incide Contribuigdo Previdenciaria sobre a verba paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doenga, porquanto nao constitui salario. 2. Recurso Especial provido”145

Em prova de concurso, caso a questao mencione a jurisprudencia, o candidato deve posicionar-se a favor da nao incidencia de contribui­cao previdenciaria sobre o valor recebido pelo empregado referente aos 15 primeiros dias de afastamento por motivo de doenca ou acidente.

XV - Aviso previo.

Nos contratos de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justa causa, quiser por fim a relacao de emprego devera comuni- car a outra da sua resolucao com a antecedencia minima de trinta dias (CF, art. 7°, XXI), A falta do aviso previo por parte do empregador da ao empregado o direito aos salarios correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integracao desse periodo no seu tempo de servico (CLT, art. 487, § 1°).

Durante o periodo de aviso previo, o valor recebido pelo empre­gado tem natureza salarial, ainda que o empregador pague antecipada- mente os correspondentes salarios e dispense a prestacao dos servicos.

145 STJ, REsp 1181405 / RS, Rel. Min. Herman Benjamin, 2a T„ DJe 06/04/2010.

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A circunstancia de ser pago antecipadamente nao lhe altera a natureza juridica.146

Assim, o pagamento relativo ao periodo do aviso previo, traba- lhado ou nao, esta sujeito a incidencia da contribuicao previdenciaria. Seguindo esta linha de raciocinio, conclui-se que o periodo de aviso previo (trabalhado ou nao) conta como tempo de contribuicao para fins de aposentadoria.

Contudo, o STJ tem entendido que nao incide contribuicao previ­denciaria sobre os valores pagos a titulo de aviso previo indenizado, por nao se tratar de verba salarial.147 Em prova de concurso, caso a questao mencione a jurisprudencia, o candidato deve posicionar-se a favor da incidencia sobre o aviso previo trabalhado e da nao incidencia sobre o aviso previo indenizado.

XVI - Comissoes e percentagens.

A comissao constitui modalidade de retribuicao condicionada ao servico realizado pelo trabalhador. Corresponde, normalmente, a uma percentagem ajustada sobre o valor do servico ou negocio executado ou encaminhado pelo trabalhador.

As comissoes e percentagens integram o salario (CLT, art. 457, § 1°). Mas o empregado remunerado exclusivamente a base de comis­soes tem direito a um salario mensal nunca inferior ao salario minimo (CF, art. 7°, VII).

XVII - Gratificacoes ajustadas (expressas ou tacitas).

As gratificacoes ajustadas integram o salario (CLT, art. 457, § 1°). Esse ajuste pode ser expresso ou tacito.

O ajuste expresso pode resultar de disposicao a respeito contida nos acordos ou convencoes coletivas, nos regulamentos da empresa ou no proprio contrato de trabalho, anotado na Carteira de Trabalho ou no instrumento escrito porventura existente.

Havera ajuste tacito sempre que a conduta do empregador trans- formar a gratificacao numa remuneracao adicional de carater normal,

146 SGSSEKIND, Arnaldo. Op. cit. p. 352.147 STJ, REsp 1198964/PR, Re!. Min. Mauro Campbell Marques, 2a T., DJe 04/10/2010.

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com a qual passa a contar o empregado. A habitualidade, a periodicida- de e a uniformidade com que sao concedidas caracterizam esse ajuste tacito. O uso cria o direito a gratificacao; e esse uso resulta da pratica constante, repetida, de maneira a ensejar, da parte dos trabalhadores, a conviccao de que a gratificacao lhes e devida.

Assim, a gratificacao paga com habitualidade ira configurar sa­lario, implicando ajuste tacito entre as partes. E o que se observa na Sumula 207 do STF: “as gratificacoes habituais, inclusive a de Natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salario”,

Exemplos de gratificacoes habituais: as concedidas por produ- tividade, antiguidade, assiduidade etc. A gratificacao pode concernir, ainda, ao exercicio de determinada funcao para a qual o empregado for designado (cargos de confianca, de direcao ou chefia, de secretario etc.).

Portanto, gratificacoes que forem pagas com habitualidade terao a incidencia da contribuicao previdenciaria, pois farao parte do salario. Gratificacoes eventuais nao terao a incidencia da contribuicao,

XVIII - Premios contratuais ou habituais.

O premio esta vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalha­dor, como a producao, a eficiencia, assiduidade etc. O premio de pro­ducao diz respeito a quantidade de pecas que foram produzidas pelo empregado. O premio de quaiidade pode ser conferido ao trabalhador em virtude da excelencia da peca produzida. Ha tambem, o premio de assiduidade, pago ao empregado que nao chegar atrasado ao emprego durante o mes ou que nao tiver faltado no mesmo periodo. O premio de zelo e aquele em que o empregado cuida corretamente dos bens da em­presa durante certo periodo, sem causar nenhum dano ao equipamento. £ o que acontece com o motorista de onibus que nao da causa a nenhu- ma colisao do veiculo durante o mes, podendo o trabalhador receber o premio de zelo, se assim for ajustado com o empregado.148

Se o premio e ajustado atraves do contrato de trabalho, ou se e pago com habitualidade, tera natureza salarial. Nesse caso, se o empre­gado cumpre a condicao imposta pela empresa para sua percepcao, nao podera o premio ser suprimido unilateralmente pelo empregador.

O premio eventual nao e salario. O premio eventual nada mais representa que uma liberalidade patronal.

148 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 17a. ed, Sao Pauio: Atlas, 2003. p. 261.

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Assim sendo, o premio contratualmente ajustado ou pago com habitualidade integra a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

X IX - Repouso salarial remunerado.

A Constituicao Federal (art. 7°, XV) assegura aos trabalhadores urbanos e rurais o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. No repouso semanal remunerado, apesar de o empregado nao trabalhar, o empregador e obrigado a lhe pagar salario. Esse salario relativo aos dias de repouso semanal do empregado integra a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

X X - Salario pago sob a forma de utilidades (salario in natura).

De acordo com o disposto no art. 458 da CLT, "alem do pagamen­to em dinheiro, compreende-se no salario, para todos os efeitos legais, a alimentacao, habitacao, vestuario ou outras prestacoes in natura que a empresa, por forca do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum sera permitido o pagamento com bebi- das alcoolicas ou drogas nocivas”.

O salario nao podera ser pago exclusivamente em utilidades, de- vendo, pelo menos, 30% ser pago em dinheiro (CLT, art. 82, § unico e art. 458, § 1°). A habitacao e a alimentacao fornecidas como salario-uti- lidade deverao atender aos fins a que se destinem e nao poderao exceder, respectivamente, a 25% e 20% do salario-contratual (CLT, art. 258, § 3°).

Nao serao consider ados como salario os vestuarios, equipamentos e outros acessorios fornecidos ao empregado e utilizados no local de trabalho, para prestacao dos respectivos servicos (CLT, art. 458, § 2°).

A prestacao in natura constitui salario quando, alem de habitual, for concedida ao empregado pelo trabalho realizado como parte de sua contraprestacao, e nao para proporcionar a execucao do servico contra­tado.149 Em suma, se a utilidade e fornecida pelo trabaiho, tera natureza salarial; se fornecida para o trabalho, nao tera natureza salarial.

Assim sendo, tem natureza salarial, por exemplo: o automovel for- necido pela empresa, do qual o empregado tambem se utiliza nos finais de semana; a casa fornecida pela empresa para moradia do empregado.

149 SUSSEKIND, Arnaido. Op. cit., p. 412.

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Nao tem natureza salarial, por exemplo: o fornecimento de equi- pamento de prote^ao individual; moradia cedida ao caseiro ou zelador de edificio para desempenho de suas funcoes; moradia fornecida ao empregado em local desprovido de imoveis residenciais, para propiciar a constru^ao de uma usina hidroeletrica; os uniformes de uso compul- sorio na empresa.

A alimenta^ao fornecida de acordo com o Programa de Alimen- tacao do Trabalhador (PAT), Lei n° 6.321/76, nao e considerada como salario utilidade.

XXI - Abonos de qualquer natureza, exceto aqueles cuja incidencia seja expressamente excluida por lei.

Abonos sao adiantamentos em dinheiro, uma antecipa^ao salarial ou valor a mais que e concedido ao empregado.150 Os abonos, em regra, integram o salario (CLT, art. 457, § 1°). Somente quando a lei expressa­mente determinar que o abono nao seja salario e que ele nao tera natu­reza salarial. Como exemplo, pode-se citar a Lei n° 8.178/91, que conce- deu abonos de abril a agosto de 1991 e, em seu art. 9°, §' 7°, determinou que tais abonos ‘nao serao incorporados, a qualquer titulo, aos salarios, nem as rendas mensais de beneficios da Previdencia Social, nem estarao sujeitos a quaisquer incidencias de carater tributario ou previdenciario” Da mesma forma, a Lei n° 8.276/91 concedeu o pagamento de um abono de Cr$ 21.000,00 exclusivamente no mes de dezembro de 1991, determi- nando o seu art. 1°, § 5°, que o referido abono nao seja incorporado ao salario a qualquer titulo.

A respeito deste tema, o STF editou a Sumula n° 241, com a se­guinte reda$ao: “A contribuicao previdenciaria incide sobre o abono in­corporado ao salario”

O STJ tem entendido que o abono pago uma unica vez, por forca de uma convenio coletiva, nao integra o salario-de-contribuicao, pois, nesse caso, o seu pagamento nao e habitual. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

150 MARTINS, Sergio Pinto. Op. cit., p. 145.

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“TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. ABONO UNICO. Nao INTEGRACAO AO SALARIO. 1. Segundo iterativa jurisprudencia construidapor esta Corte em torno do art 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91, o abono unicoprevisto em conven- gdo coletiva ndo integra o salario-de-contribuigao. Precedentes. 2. A Primeira Turma deste STI entendeu que "considerando a disposigao contida no art 28, § 9°, 'e\ item 7, da Lei n° 8.212/91, e possivel concluir que o referido abono ndo integra a base de calculo do salario de contribuigdo, ja que o seu pagamento ndo e habitual - observe-se que, na hipotese, a previsdo de pagamen­to e unica, o que revela a eventualidade da verba ~, e ndo tem vinculagdo ao salario" (REsp 819.552/BA, Min. LuizFux, rel. p. acordao Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 02.04.2009). 2. Recurso especial ndo provido”.157

XXII - Remuneracao do aposentado que retornar ao trabalho.

O aposentado pelo Regime Geral de Previdencia Social que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime e segurado obrigatorio em relacao a essa atividade, ficando sujeito ao pagamento das contribuicoes previdenciarias incidentes sobre sua re- muneracao (Lei n° 8.212/91, art.12, § 4°). Confira-se, nesse sentido, o seguinte julgado do STF:

*EMENTA: Contribuigdo previdencidria: aposentado que re­torna a atividade: CF, art. 201, § 4°; L. 8.212/91, art 12: apUcagdo a especie, mutatis mutandis, da decisaoplendria da ADIn 3.105, red.p/acordao Peluso, DI 18.2.05. A contribuigdo previdencidria do aposentado que retorna a atividade esta amparada no princi­pio da universalidade do custeio da Previdencia Social (CF, art 195); o art. 201, § 4°, da Constituigdo Federal remete d lei os casos em que a contribuigdo repercute nos beneficios" 152.

Atente-se para o seguinte fato: o que integra o salario-de-contri­buicao nao e o valor da aposentadoria que o trabalhador recebe, e sim o valor da remuneracao em retribuicao ao seu trabalho. Os proventos de aposentadorias e pensoes concedidos pelo RGPS sao imunes as contri­buicoes previdenciarias (CF, art. 195, II).

151 STJ, REsp 1125381/SP, Rel. Min. Castro Meira, 2a T.r Die 29/04/2010.152 STF, RE 437640/RS, Rel. Min. Sepulveda Pertence, DJ de 02/03/2007.

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A quebra de caixa e paga aos trabalhadores que fazem recebimen- tos e pagamentos em nome do empregador, trabalhando diretamente no caixa da empresa, Quando o empregado faz algum pagamento a maior do que deveria pagar, ou algum recebimento a menor do que deveria re­ceber, tera de arcar com a diferen^a de caixa. Como forma de compen- sar posslveis diferen^as de caixa, e comum esses empregados receberem a denominada quebra de caixa,

De acordo com a Sumula 247 do TST, “a parceia paga aos banca- rios sob a denomina^ao quebra de caixa possui natureza salarial, inte- grando o salario do prestador dos servicos, para todos os efeitos legais”

Assim sendo, incide contribuicao previdenciaria sobre a quebra de caixa.

4 .2 .2 . Parcelas nao integrates do salario-de-contribuicao

Nao integram o salario-de-contribuicao exclusivamente as parce­las previstas no § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91 e no § 9° do art. 214 do Regulamento da Previdencia Social (Decreto n° 3.048/99);

I - Os beneficios da previdencia social, nos termo e limites legais, salvo o salario-maternidade.

So havera incidencia de contribuicao previdenciaria sobre os be­neficios previdenciarios caso exista previsao em lei, pois nao se trata de pagamentos feitos pelo empregador, mas pelo INSS. Em relacao as apo- sentadorias e pensdes, nem mesmo a lei pode determinar a incidencia da contribuicao previdenciaria, pois a Constituicao Federal(art. 195, II) preve uma imunidade tributaria, proibindo a incidencia de contribuicao sobre os proventos de aposentadorias e pensoes concedidas pelo Regime Geral de Previdencia Social (RGPS).

A Emenda Constitucional 41 (reforma da previdencia) acrescen- tou ao art. 40 da Constituicao Federal o § 18, que determina a incidencia de contribuicao sobre os proventos de aposentadorias e pensoes conce­didas pelos Regimes Proprios de Previdencia Social. Todavia, mesmo depois da Emenda Constitucional 41, os proventos de aposentadorias e pensoes concedidas pelo RGPS continuam imunes a incidencia de con­tribuicao previdenciaria.

XXIII - Quebra de caixa (bancario e comerciario).

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O unico beneficio previdenciario concedido pelo RGPS sobre o qual a lei preve a incidencia de contribuicao previdenciaria e o salario- -maternidade. No entanto, vale frisar que o valor mensal do auxllio-aci- dente integra o salario-de-contribuicao, para fins de calculo do salario- -de-beneficio de qualquer aposentadoria (Lei n° 8.213/91, art. 31). Mas para fins de calculo da contribuicao previdenciaria, o auxilio-acidente nao integra o salario-de-contribuicao (Lei n° 8.212/91, art. 28, § 9°, “a”). Para efeito de calculo de contribuicao previdenciaria, o unico beneficio do RGPS que integra o salario-de-contribukao e o salario-maternidade.

II - Ajuda de custo e o adicional mensal recebido pelo aeronautanos termos da Lei n° 5.929/73.

De acordo com o disposto na Lei n° 5.929/73, no caso de transfe- rencia provisoria, o empregador e obrigado a pagar ao aeronauta, alem do salario, um adicional mensal, nunca inferior a 25% do salario recebi­do na base. Na transferencia permanente, o aeronauta, alem do salario, tera assegurado o pagamento de uma ajuda de custo, nunca inferior ao valor de quatro meses de salario, para indenizacao de despesas de mu- danca e instalacao na nova base, bem como o seu transporte, por conta da empresa, nele compreendidas a passagem e a translacao da respectiva bagagem. Bssas verbas nao tem natureza salarial, por isso nao integram a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

III - Parceia in natura recebida de acordo com o Programa de Ali­mentacao do Trabalhador (PAT) promovido pelo Ministerio do Trabalho, nos termos da Lei n° 6.321/76.

<■" A Lei n° 6.321/76 assegura incentivos fiscais as empresas que re- alizarem despesas com programas de alimentacao do trabalhador. De acordo com o disposto no art. 3° dessa Lei, “nao se inclui como salario de contribuicao a parceia paga in natura pela empresa, nos programas de alimentacao aprovados pelo Ministerio do Trabalho”.

Assim, a parceia in natura recebida pelo empregado que estiver de acordo com o PAT nao sofrera incidencia de contribuicao previden­ciaria. Porem, se o fornecimento da alimentacao nao for aprovado pelo Ministerio do Trabalho, sendo mera decorrencia do contrato de traba­lho, tera carater salarial, integrando a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

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O formulario oficial registrado na Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos - EOT e remetido ao orgao gestor do PAT e o instrumento habil para fins de prova para a fiscaliza^ao da Secretaria da Receita Fe­deral do Brasil da condicao de empresa inscrita no programa (IN RFB n° 971/2009, art. 502).

Para a execucao do PAT, a empresa inscrita podera manter servi- 90 proprio de refei^ao ou de distribui^ao de alimentos, inclusive os nao preparados (cesta de alimentos), bem como firmar convenios com enti­dades que forne^am ou prestem servicos de alimentacao coletiva, desde que essas entidades estejam registradas no programa e se obriguem a cumprir o disposto na legislacao do PAT, condicao que devera constar expressamente do texto do convenio entre as partes interessadas (IN RFB n° 971/2009, art 503).

Considera-se fornecedora de alimentacao coletiva: (a) a operadora de cozinha industrial e fornecedora de refei^oes preparadas e transpor- tadas; (b) a administradora da cozinha da contratante; (c) a fornecedora de alimentos in natura embalados para transporte individual (cesta de alimentos).

Considera-se prestadora de servico de alimentacao coletiva a administradora de documentos de legitimacao para aquisicao de: (a) refeicoes em restaurantes ou em estabelecimentos similares (refeicao- -convenio); (b) generos alimentfcios em estabelecimentos comerciais (alimentacao- convenio).

O pagamento em pecunia do salario utilidade alimentacao in­tegra a base de calculo das contribuicoes previdenciarias (IN RFB n° 971/2009, art. 499, § 2°).

Para o STJ, o auxxlio-alimentacao pago in natura nao sofre inci­dencia de contribuicao previdenciaria, sendo o empregador inscrito ou nao no PAT. Por outro lado, o auxilio alimentacao pago em dinheiro integra o salario-de-contribuicao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“RECURSO ESPECIAL AUXILIO-ALIMENTA(;AO. DEPO- SITO NA CONTA-CORRENTE DOS EMPREGADOS. INCI­DENCIA DE CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. MATERIA PACIFICADA NA PRIMEIRA SEQAO DESTA CORTE. Prevalece nesta Corte Superior de Justiga o modo de julgar segundo o qual “0 pagamento in natura do auxilio-alimentaqao ndo possui natu-

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reza salarial, de modo que nao sofre incidencia da contribuicao previdenciaria, sendo o empregador inscrito ou nao no Programa de Alimentaqdo ao Trabalhador (PAT)” (AGA 388.617/RS, da re- latoria deste Magistrado, DJ 2.2.2004). Por outro lado, a egregia Primeira Segdo desta colenda Corte pacificou o entendimento de que, “quando o auxilio alimentagdo epago em dinheiro ouseu valor creditado em conta-corrente, (...), em carater habitual e remune- ratdrio, integra a base de calculo da contribuigao previdenciaria” (EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro Meira, DJ 8.11.2004). Na especie, o pagamento da ajuda alimentagdo deu-se sob a forma de deposito em conta-corrente bancdria, razao pela qual, na linha de raciocinio da jurisprudencia deste Tribunal, deve incidir a contri- buigao previdenciaria. Recurso especial improvidoV53

IV - Ferias indenizadas e o respectivo terco constitucional, pagos na rescisao.

A extincao do contrato de trabalho faz surgir para o empregado direito a indenizacao dos periodos de ferias que, ate o momento da dis~ pensa, ele haja adquirido e nao gozado.

Com a cessacao do contrato de trabalho, as ferias, evidentemen- te, nao terao mais como ser gozadas. Em razao dessa impossibilidade, faz jus o empregado a sua indenizacao. Pagamento de ferias na rescisao significa, em simples palavras, indenizacao das ferias, total ou parcial- mente adquiridas pelo empregado, que nao foram gozadas no curso do contrato de trabalho.

Nos casos de rescisao do contrato de trabalho, as ferias podem ser classificadas da seguinte forma:

a) Ferias vencidas - sao aquelas cujo periodo aquisitivo ja foi com- pletado e que nao foram ainda concedidas ao empregado. Sao as ferias cujo direito o empregado adquiriu em decorrencia de haver prestado 12 meses de trabalho na empresa, mas que nao gozou, em razao de o empregador, que tem os 12 meses seguintes para conced£-las> nao as haver concedido ate a data da cessacao do contrato de trabalho.154

153 STJ, REsp 662241/CE, Rel. Min. Franciulli Netto, 2aT, DJ 20/03/2006, p. 237.154 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito do Trabalho. 3a. ed. Rio de Janeiro: Impetus,

2002. p. 239.

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b) Ferias proporcionais - sao aquelas cujo periodo aquisitivo nao esta completo no momento da rescisao. E o caso, por exemplo, do empregado dispensado com 7 meses de trabalho.

No caso de ferias vencidas, independentemente do motivo da res­cisao, o empregado tem direito a indenizacao de ferias. No caso de ferias proporcionais, devem ser observadas as regras estabelecidas pelas Su- mulas 171 e 261 do TST:

171 - Salvo na hipotese de dispensa do empregado por justa causa, a extingdo do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneragdo das ferias proporcionais, ainda que incompleto o periodo aquisitivo de 12 (doze) meses.

261 ~ O empregado que se demite antes de completar 12 (doze) meses de servigo tem direito a ferias proporcionais.

Portanto, em se tratando de ferias proporcionais, o empregado so nao tera direito se for dispensado por justa causa. Assim sendo, ressal- vada a hipotese de dispensa por justa causa, o empregado tera direito a indenizacao das ferias do periodo incompleto, a razao de 1/12 por mes de servico ou fracao superior a 14 dias. Mesmo pedindo demissao, o empregado tera direito as ferias proporcionais.

Pagas as ferias na rescisao do contrato de trabalho, sejam vencidas ou proporcionais, terao natureza de indenizacao, pois so teriam nature­za salarial se fossem gozadas. O terco constitucional das ferias pago na rescisao tambem tem natureza de indenizacao. Sendo indenizadas, as ferias nao sofrem a incidencia de contribuicao previdenciaria.

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V - Dobra de ferias (CLT, art. 137).

De acordo com o disposto no art. 134 da CLT, “as ferias serao con- cedidas por ato do empregador, em um so periodo, nos 12 (doze) meses subsequentes a data em que o empregado tiver adquirido o direito”. De acordo com o art. 137 da CLT, “sempre que as ferias forem concedidas apos o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagara em dobro a respectiva remuneracao”. Nao incide contribuicao previdenciaria sobre o valor dessa dobra de ferias de que trata o art. 137 da CLT.

VI - Abonos de ferias (arts. 143 e 144 da CLT).

De acordo com o disposto no art. 143 da CLT> “e facultado ao em­pregado converter 1/3 (um terco) do periodo de ferias a que tiver direito em abono pecuniario, no valor da remuneracao que lhe seria devida nos dias correspondentes”. Em outras palavras: a lei permite a conversao de 1/3 das ferias em pagamento em dinheiro. Esse procedimento e popu- iarmente conhecido como “venda” de 10 dias de ferias.

O abono de ferias deve ser calculado sobre a remuneracao das fe­rias ja acrescidas do terco constitucional. Se a remuneracao do emprega­do e de R$ 900,00, o valor das ferias, com o acrescimo do terco constitu­cional, sera de R$ 1.200,00. Se o empregado quiser converter 10 dias de suas ferias em dinheiro, o valor do abono pecuniario sera de R$ 400,00 (que corresponde a 1/3 de R$ 1.200,00). Nesse caso, nao incidira con­tribuicao previdenciaria sobre os R$ 400,00 relativos a abono de ferias.

Alem da conversao de 10 dias de ferias em dinheiro, o emprega­dor podera, no ato das ferias, conceder aos empregados abono pecuni­ario em virtude de clausula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convencao ou acordo coletivo. De acordo com o art. 144 da CLT, estes abonos, desde que nao excedam a 20 dias de salario, nao integram a remuneracao do empregado. Assim, nao sendo excedentes a 20 dias do salario do empregado, esses abonos nao integram a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

VII - Indenizacao compensatoria de 40% do montante depositadono FGTS, em caso de despedida sem justa causa.

Em caso de dispensa sem justa causa, o trabalhador tem direi­to a receber da empresa uma indenizacao compensatoria equivalente a 40% dos valores depositados na conta do FGTS durante a vigencia

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do contrato de trabalho. Na rescisao do contrato de trabalho por culpa redproca ou na sua resolu^ao por for^a maior, a indenizacao compensa­toria sera de 20%. Em qualquer hipotese em que for devida a indenizacao compensatoria, sobre esse valor nao incidira contribuicao previdenciaria.

VIII - Indenizacao por tempo de servico, anterior a 5/10/88, doempregado nao optante pelo FGTS.

Esta importancia diz respeito aos trabalhadores que foram admi- tidos na empresa antes da Constituicao de 1988, e optaram pela estabili- dade decenal previstas nos arts. 492 a 500 da CLT, em vez do recebimen­to do FGTS. A Lei n° 8.036/90 (Lei do FGTS) determina que o tempo do trabalhador nao optante pelo FGTS, anterior a 5/10/88 (data dapromul- gacao da atual Constituicao), em caso de rescisao sem justa causa pelo empregador, reger-se-a pelos arts. 477 a 479 da CLT (em regra, um mes de remuneracao por ano de servico).

Nos casos em que o empregado tiver direito a essa indenizacao, sobre o seu valor nao incidira contribuicao previdenciaria.

IX Indenizacao por despedida sem justa causa do empregado nos contratos por prazo determinado (CLT, art. 479).

De acordo com o disposto no art. 479 da CLT, “nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado sera obrigado a pagar-lhe, a titulo de Indenizacao, e por metade, a remuneracao a que teria direito ate o termo do contrato”. Esse valor tem natureza indenizatoria, por isso nao integra a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

X - Indenizacao do tempo de servico do safrista, quando da ex-piracao normal do contrato (Lei n° 5.889/73, art. 14).

De acordo com o disposto no art. 14 da Lei 5.889/73, “expirando normalmente o contrato, a empresa pagara ao safrista, a titulo de inde­nizacao do tempo de servico, importancia correspondente a 1/12 (um doze avos) do salario mensal, por mes de servico ou fracao superior a 14 (quatorze) dias”. Considera-se contrato de safra o que tenha sua duracao dependente de variacoes estacionais da atividade agraria. O valor dessa indenizacao nao integra a base de calculo das contribuicoes previden­ciarias.

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XI - Importancias recebidas a titulo de incentivo a demissao.

Os pianos de demissao voluntaria (PDV) tem ocorrido com fre­quencia nas empresas estatais. A verba recebida a titulo de incentivo a demissao tem natureza indenizatoria, pois o empregado recebe um determinado valor a titulo de indenizacao de seu trabalho para efeito do termino do contrato de trabalho entre as partes. Assim sendo, nao inci­de contribuicao previdenciaria sobre as importancias recebidas a titulo de incentivo a demissao.

XII - Indenizacao por dispensa sem justa causa no periodo de30 dias que antecede a correcao salarial (Art. 9a da Lei n* 7.238/84).

De acordo com o disposto no art. 9° da Lei 7.238/84, “o empregado dispensado, sem justa causa, no periodo de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua correcao salarial, tera direito a indenizacao adicional equi­valente a 1 (um) salario mensal, seja ele optante ou nao pelo FGTS” Essa e a denominada dispensa obstativa, pois visa impedir a aquisicao de um direito que se realizaria caso o empregado permanecesse no servico.

De acordo com a Sumula 306 do TST, “e devido o pagamento da indenizacao adicional na hipotese de dispensa injusta do empregado, ocorrida no trintidio que antecede a data-base. A legislacao posterior nao revogou os arts. 9° da Lei n° 6.708/1979 e 9° da Lei n° 7.238/1984”.

Essa indenizacao adicional nao tem natureza salarial, por isso nao integra a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

XII - Indenizacoes previstas nos arts. 496 e 497 da CLT.

O empregado estavel tem direito ao emprego, nao podendo dele ser despedido senao nas hipoteses expressamente previstas em lei. Se o empregado estavel praticar uma falta grave, seu empregador podera demiti-lo; mas tera de provar, perante a Justica do Trabalho, a pratica dessa falta. Quando se verificar que o empregado nao cometeu a falta grave, o vinculo contratual devera ser restabelecido, atraves de sua rein- tegracao.

De acordo com o disposto no art. 496 da CLT, “quando a reinte­g ra te do empregado estavel for desaconselhavel, dado o grau de in- compatibilidade resultante do dissidio, especialmente quando for o em­pregador pessoa fisica, o tribunal do trabalho podera converter aquela

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obrigacao em indenizacao devida nos termos do artigo seguinte”. O art. 497 determina que, “extinguindo-se a empresa, sem a ocorrencia de motivo de forca maior, ao empregado estavel despedido e garantida a indenizacao por rescisao do contrato por prazo indeterminado, paga em dobro” Esses dois artigos da CLT, entretanto, visaram ao empregado com direito a estabilidade decenal, prevista no art. 492 da CLT, que nao mais e adquirida apos a Constituicao de 1988. Nos casos de estabilidade provisoria, os salarios sao devidos ate o implemento da condicao reso- lutiva155.

A Sumula 396 do TST cuida do assunto aqui discutido: I - Exau- rido o periodo de estabilidade, sao devidos ao empregado apenas os salarios do periodo compreendido entre a data da despedida e o final do periodo de estabilidade, nao lhe sendo assegurada a reintegracao no emprego; II - Nao ha nulidade por julgamento “extra petita” da decisao que deferir salario quando o pedido for de reintegracao, dados os ter­mos do art. 496 da CLT.

Todavia, nos casos em que for possivel a conversao da estabilidade em indenizacao, esta nao integrara a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

XIV - Ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salario por forca de lei.

Ganhos eventuais sao verbas pagas pela empresa por liberalidade do empregador e sem habitualidade. Sao importancias que sao pagas uma vez ou outra, ou seja, esporadicamente. Incide contribuicao previ­denciaria sobre ganhos habituais e nao sobre ganhos eventuais.

Os abonos, em regra, integram o salario-de-contribuicao. Para que nao haja a incidencia de contribuicao previdenciaria sobre abo­nos, estes devem estar expressamente desvinculados do salario por forca de lei.

Quando sao incorporados ao salario, os abonos sofrem a inci­dencia das contribuicoes previdenciarias. Nesse sentido, confira-se a seguinte Sumula do STF:

Sumula n°241: “A contribuigdo previdencidria incide sobre o abono incorporado ao salario”

155 SOSSEKIND, Arnaldo. Op. cit, p.398.

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XV - licenca-premio indenizada.

Licenca-premio e um direito concedido ao empregado para afastar- -se do trabalho durante um determinado periodo sem prejuizo do recebi­mento de sua remuneracao. O empregado adquire esse direito apos pres­tar servico a empresa por um determinado numero de anos. As regras para a concessao de licenca-premio variam de empresa para empresa. Nem todas as empresas concedem esse direito aos seus empregados.

Em alguns casos, o empregado converte esse seu direito em inde­nizacao pecuniaria. Essa situacao e conhecida como “venda” dalicenca- -premio. Nesse caso, como se trata de uma indenizacao, nao havera in­cidencia de contribuicao previdenciaria sobre o valor em dinheiro que o empregado receber em troca do gozo de sua licenca-premio.

Ha tambem casos em que o empregado ja tem direito adquirido a licenca-premio, mas e demitido antes de goza-la. Neste caso, o empre­gado recebe em pecunia, junto com as verbas rescisorias, o valor corres­pondente ao seu direito. Aqui, tambem nao incidira contribuicao pre­videnciaria sobre o valor da licenca-premio nao gozada. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

"t r ib u t Ar io e PREVIDENCIARIO - INDENIZACAO - CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA - FERIAS E LICENCA PREMIO - NATUREZA JURlDICA - Nao INCIDENCIA DA CONTRIBUICAO. 1. As verbas rescisorias recebidas pelo tra­balhador a titulo de indenizagdo por ferias em pecunia, licenga premio nao gozada, nao representam acrescimos patrimoniais, por serem de natureza indenizatoria, o que afasta a inciden­cia da contribuigdo previdenciaria. 2. Agravo regimental nao provido”756

XVI -a parceia recebida a titulo de vale-transporte, na forma dalegislacao propria.

O vale-transporte foi instituido pela Lei n° 7.418/85. De acordo com o paragrafo unico do art. 4° da citada lei, “o empregador partici- para dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente a parceia que exceder a 6% de seu salario basico”.

156 STJ, AgRg no Ag 1181310/MA, Rel. Min. ELIANA CALM ON , 2*T., DJe 26/08/2010.

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Por exemplo: Tiago recebe um salario basico de R$ 700,00. Seu empregador entrega-Ihe, mensalmente, 50 vales-transporte, no valor to­tal de R$ 100,00. Nesse caso, o empregador descontara R$ 42,00 (6% de R$ 700,00) do salario de Tiago, referente a participacao do empregado no custeio do vale-transporte. Nessa situacao, a participacao do empre­gador no custeio vale transporte sera de R$ 58,00 (parcela que excedeu a 6% de seu salario basico).

O vale-transporte, concedido nas condicoes e limites definidos, na Lei n° 7.418/85, no que se refere a parcela do empregador (os R$ 58,00 do exemplo acima), nao tem natureza salarial, nem se incorpora a re­muneracao para quaisquer efeitos. Assim sendo, nao constitui base de incidencia de contribuicao previdenciaria.

O STF tem entendido que o vale-transporte, mesmo sendo pago em dinheiro, nao sofre a incidencia da contribuicao previdenciaria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

EMENTA: RECURSO EXTRORDINARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA'. INCIDENCIA. VALE-TRANSPORTE. MO- EDA. CURSO LEGAL E CURSO FOR^ADO. CARATER NAO SALARIAL DO BENEFICIO. ARTIGO 150, J, DA CONSTITUI­CAO DO BRASIL. CONSTITUICAO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o beneficio de que se cuida neste recurso extraordinario em vale-transporte ou em moeda, isso ndo afeta o carater ndo salarial do beneficio. [...] 6. A cobranga de contri­buigdo previdencidria sobre o valor pago, em dinheiro, a titulo de vales-transporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituigao, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Ex- traordinario a que se da provimento.157

O STj fez uma revisao do entendimento anterior, passando a alinhar-se com a posicao do STF. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. VALE-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECUNIA. Ndo IN­CIDENCIA. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDE­RAL. JURISPRUDENCIA DO STJ. REVISAO. NECESSIDADE.1 .0 Supremo Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em

157 STF, RE 478410 / SP, Rei. Min. Eros Grau, D je -086 ,14/05/2010.

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caso analogo (RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau), concluiu que e inconstitucional a incidencia da contribuicao previdenciaria sobre o vale-transporte pago em pecunia, jd que, qualquer que seja a forma de pagamento, detem o beneficio natureza indeni­zatoria. Informative 578 do Supremo Tribunal Federal. 2. Assim, deve ser revista a orientagao pacifica desta Corte que reconhecia a incidencia da contribuicao previdenciaria na hipotese quando o beneficio e pago em pecunia, jd que o art 5° do Decreto 95.247/87 expressamenteproibira o empregador de efetuar opagamento em dinheiro. 3. Recurso especial providoV58

XVII - a ajuda de custo, em parceia unica, recebida exclusivamente em decorrencia de mudanca de local de trabalho do empre­gado, na forma do art. 470 da CLT.

De acordo com o disposto no art. 470 da CLT, “as despesas resul- tantes da transferencia correrao por conta do empregador”.

As ajudas de custo destinam-se a indenizar as despesas do empre­gado, oriundas da sua transferencia para local diverso daquele em que tem domidlio. Distinguem-se das diarias para viagem porque corres- pondem a um unico pagamento, para atender as despesas resultantes da transferencia.

Verifica-se do conceito que a natureza do pagamento dessa verba e indenizatoria, a fim de compensar as despesas havidas pelo empregado em razao de sua mudanca de um local para outro. De acordo com o § 2° do art. 457 da CLT, nao se induem nos salarios as ajudas de custo.

Todavia, parcdas pagas sob o rotulo de ajuda de custo que efeti- vamente nao o sejam terao a incidencia da contribuicao previdenciaria, por se tratarem de salario. Pode, por exemplo, o empregador rotular de ajuda de custo o aluguel do empregado pago, com habitualidade, pela empresa. Nesse caso nao se trata de ajuda de custo, mas de salario-uti- lidade.

Se o pagamento da ajuda de custo for dividido em dois ou mais meses, ela integrara o salario-de-contribuicao.

A ajuda de custo nao se confunde com o adicional de transferen­cia de 25%, pago em razao de transferencia provisoria do empregado (CLT, art. 469, § 3°), parceia esta integrante do salario-de-contribuicao.

158 STJ, REsp 1180562/RJ, ReJ. Min. Castro Meira, 2aT., DJe 26/08/2010.

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XVIII - as diarias para viagens, desde que nao excedam a 50% daremuneracao mensal do empregado.

O valor das diarias para viagens, quando excedente a cinquenta por cento da remuneracao mensal do empregado, integra o salario-de- -contribuicao pelo seu valor total. Para efeito de verificacao do limite de 50% nao sera computado, no calculo da remuneracao, o valor das diarias.

Assim, nao integram o salario-de-contribuicao as diarias para viagem que nao excedam 50% da remuneracao mensal do empregado.

XIX - a importancia recebida a titulo de bolsa de complementacaoeducacional de estagiario, quando paga nos termos da Lei n° 11.788/08.

Se o estagio for realizado de acordo com os preceitos da Lei n°11.788/08, o estagiario nao sera considerado segurado obrigatorio do RGPS e, por conseguinte, nao incidira contribuicao previdenciaria so­bre a importancia que ele receber a titulo de bolsa ou outra forma de contraprestacao. Todavia, se o estagio for realizado em desacordo com o que determina a Lei n° 11.788/08, o estagiario sera segurado obrigatorio do RGPS (na categoria de segurado empregado) e a importancia por ele recebida integrara a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

XX - a participacao do empregado nos lucros ou resultados daempresa, quando paga ou creditada de acordo com lei es­pedfica.

A Lei n° 10.101/2000 dispoe sobre a participacao dos trabalhado­res nos lucros ou resultados da empresa. De acordo com o disposto no § 2° do art. 3° dessa Lei, "e vedado o pagamento de qualquer antecipacao ou distribuicao de valores a titulo de participacao nos lucros ou resulta­dos da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil”.

Imagine que, no ano de 2004, a empresa distribuiu lucros com seus empregados nos meses de marco, junho e setembro. Esses valo­res recebidos pelos empregados integrarao a base de calculo das contri­buicoes previdenciarias, pois a distribuicao ocorreu mais de duas vezes no mesmo ano. Para que nao incida contribuicao previdenciaria sobre o valor da participacao dos empregados nos lucros da empresa e ne­cessario que a distribuicao seja feita de acordo com os preceitos da Lei

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n° 10.101/2000. Caso contrario, havera a incidencia da contribuicao pre­videnciaria, Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO RE­GIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINARIO. CONTRI­BUICAO PREVIDENCIARIA SOBRE A PARTICIPACAO NOS LUCROS. ART. 7°, XI, DA CONSTITUICAO DO BRASIL. MP 794/94. Com a superveniencia da MP n° 794/94, sucessivamente reeditada, foram implementadas as condigdes indispensaveis ao exerdcio do direito a participagao dos trabalhadores no lucro das empresas [e o que extrai dos votos proferidos no julgamento do MI n. 102, Redatorpara o acorddo o Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02], Embora o artigo 7°, XI, da CB/88, assegure o direito dos empregados aquela participagao e desvincule essa parceia da remuneracao, o seu exerdcio nao prescinde de lei disciplinadora que defina o modo e os limites de sua participagao, bem como o carater juridico desse beneficio, seja para fins tributdrios, seja para fins de incidencia de contribuigao previdenciaria. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. 159

O STJ tambem entende que nao incide contribuicao previdencia­ria sobre a verba paga a titulo de participacao nos lucros e resultados das empresas, desde que realizadas na forma da lei.160

A participacao nos lucros ou resultados sera objeto de negociacao entre a empresa e seus empregados (art. 2° da Lei n° 10.101/2000).

XXI - Abono do Programa de Integracao Social (PIS) e do Pro­grama de Assistencia ao Servidor Publico (PASEP).

De acordo com o disposto no § 3° do art. 239 da Constituicao Fe­deral, aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o PIS ou para o PASEP, ate dois salarios mmimo's de remuneracao mensal, e assegurado o pagamento de um abono anual no valor de um salario minimo. O abono do PIS/PASEP nao sofre incidencia de contri­buicao previdenciaria, pois nao e um valor pago pelo empregador. Nao e> portanto, salario. Assim, nao integra o salario-de-contribuicao.

159 STF, RE 505597 AgR-AgR/RS, Rel. Min. Eros Grau, 2aT., DJe-237, 18-12-2009.160 STJ, REsp 1196748/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2* T„ DJe 28/09/2010.

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XXII - os valores correspondentes a transporte, alimentacao e ha­bitacao fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em Iocalidade distante da de sua residencia, em canteiro de obras ou local que, por forca da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de pro- tecao estabelecidas pelo Ministerio do Trabalho e Emprego.

Na situacao aqui apresentada, os valores correspondentes a trans­porte, alimentacao e habitacao nao sao fornecidos ao trabalhador como forma de retribuir seu trabalho. Aqui, esses valores sao fornecidos como forma de proporcionar condicoes para a execucao do trabalho. Assim, sao fornecidos para o trabalho, e nao pelo trabalho. Por isso, estao fora do campo de incidencia das contribuicoes previdenciarias.

XXIII - a importancia paga ao empregado a titulo de complementa­cao ao valor do auxilio-doenca, desde que este direito seja extensivo a totalidade dos empregados da empresa.

O auxilio-doenca e um beneficio previdenciario cuja renda men­sal corresponde a 91% do salario-de-beneficio. Quase sempre, o valor do auxilio-doenca sera menor que a remuneracao mensal do trabalhador. Para que o trabalhador nao tenha uma reducao em sua renda mensal, a empresa pode complementa-Ia. Caso isso ocorra, nao incidira contri­buicao previdenciaria sobre o valor dessa complementacao do auxilio- -doenca, desde que este direito seja extensivo a totalidade dos emprega­dos da empresa.

A complementacao consiste no pagamento pela empresa da dife­renca entre o valor do auxilio-doenca pago pelo INSS e o valor da remu­neracao do empregado. Por exemplo: Mateus, empregado da empresa Alfa S.A., recebe uma remuneracao mensal de R$ 1.500,00. Acometido de doenca, Mateus ficou incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias e passou a receber do INSS o beneficio do auxilio-doenca no valor de R$ 1.300,00. De acordo com o regulamento da empresa Alfa S.A., a complementacao do auxilio-doenca e assegurada a todos os seus em­pregados, razao pela qual Mateus recebera, enquanto durar o auxilio-- doenca, uma complementacao mensal de R$ 200,00. Nesse caso, nao incidira contribuicao previdenciaria sobre esses R$ 200,00.

XXIV -as parcelas destinadas a assistencia ao trabalhador daagroindustria canavieira de que trata o art. 36 da Lei n° 4.870/65.

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De acordo com o disposto no art. 36 da Lei 4.870/65, os produto- res de cana, a^ucar e alcool sao obrigados a aplicar, em beneficio dos tra­balhadores industrials e agricolas das usinas, destilarias e fornecedores, em servi$os de assistencia medica, hospitalar, farmaceutica e social, im­portancia correspondente no minimo, as seguintes percentagens: (a) de 1% sobre pre^o oficial de saco de a^ucar de 60 quilos, de qualquer tipo; (b) de 1% sobre pre^o oficial da tonelada de cana entregue, a qualquer titulo, as usinas, destilarias, anexas ou autdnomas, pelos fornecedores ou lavradores da referida materia; (c) de 1% sobre pre<;o oficial do litro de alcool, de qualquer tipo, produzido nas destilarias. Esses valores nao compoem a base de calculo das con tribu tes previdenciarias.

XXV - o valor das contribuicoes efetivamente pago pela pessoajuridica relativas a programa de previdencia complementar privada, aberta ou fechada, desde que disponivel a totali­dade de seus empregados e dirigentes.

Algumas empresas patrocinam pianos de previdencia comple­mentar em beneficio do seu pessoaL O valor da contribuicao da em­presa em favor desses programas de previdencia complementar nao integra a base de calculo das contribuicoes previdenciarias, desde que tais programas beneficiem a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.

XXVI - o valor relativo a assistencia prestada por servico medico ouodontologico, proprio da empresa ou com ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, ocu- los, aparelhos ortopedicos, despesas medico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.

Para que nao haja a incidencia de contribuicao previdenciaria so­bre os valores acima detalhados e necessario que tais beneficios sejam concedidos a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. Se a empresa concede, por exemplo, um piano de saude apenas para um de­terminado grupo de empregados, o valor referente a esse piano de saude integrara o salario-de-contribuicao dos empregados beneficiados, pois a cobertura nao se estendeu a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.

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XXVII - o valor correspondente a vestuarios, equipamentos e ou­tros acessorios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestacao dos respectivos servicos.

Na situacao aqui apresentada, os valores correspondentes a ves- tuario, equipamentos e outros acessorios nao sao fornecidos ao traba­lhador como forma de retribuir seu trabalho, Aqui, esses valores sao fornecidos como forma de proporcionar condicoes para a execucao do trabalho. Assim, sao fornecidos para o trabalho, e nao pelo trabalho. Por isso, estao fora do campo de incidencia das contribu tes previden­ciarias.

XXVIII - o ressarcimento de despesas pelo uso de veiculo do em­pregado, quando devidamente comprovadas.

Os ressarcimentos nao fazem parte da remuneracao. Nao sao pagos em retribuicao ao trabalho. Trata-se de reembolsos de despesas pagas pelo trabalhador em decorrencia da execucao de alguma ativi­dade de interesse da empresa. No caso em tela, o empregado utiliza seu veiculo para prestar servico a seu empregador. Posteriormente, o em­pregado apresenta os comprovantes de despesas em decorrencia do uso do veiculo (por exemplo, notas fiscais emitidas por postos de gasolina) para o empregador faca o reembolso desses gastos. Para que nao haja a incidencia de contribuicao previdenciaria sobre esses valores, e necessa­rio que as despesas sejam devidamente comprovadas. Assim sendo, as empresas devem manter arquivada a documentacao comprobatoria de tais despesas.

XXIX - o valor relativo a piano educacional que vise a educacaobasica, nos termos do art. 21 da Lei n° 9.394/96, e a cursos de capacitacao e qualificacao profissionais vinculados as atividades desenvolvidas pela empresa, desde que nao seja utilizado em substituicao de parceia salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo.

De acordo com o disposto no art. 21 da Lei n° 9.394/96, a educa­cao escolar compoe-se de educacao basica e superior. A educacao basica e formada pela educacao infantil, ensino fundamental e ensino medio.

Para que nao haja a incidencia de contribuicao previdenciaria so­bre os pagamentos feitos a titulo de piano educacional e necessario que tal piano seja relativo a: (a) educacao basica; ou (b) cursos de capacitacao

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e qualificacao profissionais vinculados as atividades desenvolvidas pela empresa. Assim sendo, caso a empresa pague mensalidade de cursos de ensino superior para seus empregados, essa importancia integrara a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

Mesmo que se trate de educacao basica ou de cursos de capacita- Cao e qualificacao profissionais vinculados as atividades desenvolvidas pela empresa, para que nao haja a incidencia da contribuicao previden­ciaria e tambem necessario: (a) que tal importancia nao seja utilizada em substituicao de parcela salarial; e (b) que esse direito seja estendido a todos os empregados e dirigentes da empresa.

XXX - os valores recebidos em decorrencia da cessao de direitosautorais.

Direito autoral e o direito exercido pelo autor ou por seus depen­dentes sobre suas obras, no tocante ao direito de utilizar, usufruir e dis- por de sua obra literaria, artistica ou cientifica, bem como de autorizar sua utilizacao ou fruicao por terceiros. O autor pode ceder seus direitos autorais para que uma empresa comercialize a sua obra, recebendo em troca um percentual sobre as vendas. Nao ha incidencia de contribuicao previdenciaria sobre o valor recebido pelo autor em retribuicao aos seus direitos autorais.

XXXI - o valor da multa paga ao empregado em decorrencia damora no pagamento das parcelas constantes do instrumen- to de rescisao do contrato de trabalho, conforme previsto no § 8a do art. 477 da CLT.

De acordo com o § 6° do art. 477 da CLT, o pagamento das parce­las constantes do instrumento de rescisao ou recibo de quitacao devera ser efetuado nos seguintes prazos: (a) ate o primeiro dia util imediato ao termino do contrato; ou (b) ate o decimo dia, contado da data da notifi- cacao da demissao, quando da ausencia do aviso previo, indenizacao do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.

De acordo com o § 8° do art. 477 da CLT, em caso de inobservan- cia dos prazos previstos no § 6°, o empregador pagara multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salario, devidamente corrigido, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa a mora.

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A multa devida ao empregado pelo atraso no pagamento das ver­bas rescisorias nao tem natureza salarial. Trata-se de uma penalidade pecuniaria. Assim sendo, o valor dessa multa esta fora do campo de incidencia das contribuicoes previdenciarias.

XXXII - o reembolso creche pago em conformidade com a legis- la^ao trabalhista, observado o limite maximo de seis anos de idade da crianca, quando devidamente comprovadas as despesas.

O reembolso creche disponibilizado aos empregados que tenham filhos de ate 6 anos de idade, mediante comprovacao do gasto efetuado, nao integra a base de calculo das contribuicoes previdenciarias. Neste sentido, temos a orientacao dada pela Sumula 310 do STJ, ao dispor que “o auxilio-creche nao integra o salario-de-contribuicao”. A comprova­cao do gasto com creche e fundamental para caracterizar o reembolso. Por xsso, as empresas devem manter arquivada a documentacao com- probatoria.

XXXIII - o reembolso baba, limitado ao menor salario-de-contri­buicao mensal e condicionado a comprovacao do registro na Carteira de Trabalho e Previdencia Social da empre­gada, do pagamento da remuneracao e do recolhimento da contribuicao previdenciaria, pago em conformidade com a legislacao trabalhista, observado o limite maximo de seis anos de idade da crianca.

Se a empresa reembolsar os gastos que seus empregados tem com a contratacao de baba para cuidar de seus filhos, esse reembolso nao sofrera incidencia de contribuicao previdenciaria, desde que sejam obe- decidas as seguintes condicoes: (a) limite maximo de 6 anos de idade da crianca: (b) comprovacao de registro na carteira de trabalho da baba contratada; (c) comprovacao do pagamento do salario da baba (d) reco­lhimento das contribuicoes previdenciarias incidentes sobre o salario da baba; e (e) o reembolso seja limitado ao salario minimo.

Se nao forem obedecidas quaisquer das condicoes acima enume- radas, o reembolso baba integrara a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

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XXXIV - o valor das contribuicoes efetivamente pago pela pessoajuridica relativo a premio de seguro de vida em grupo, desde que previsto em acordo ou convencao coletiva de trabalho e disponivel a totalidade de seus empregados e dirigentes.

Se a empresa conceder ao seu pessoal um seguro de vida em gru­po, o valor referente ao premio do seguro, efetivamente pago pela em­presa, nao integrara a base de calculo das contribuicoes previdenciarias, desde que obedecidas as seguintes condicoes: (a) esteja o seguro de vida em grupo previsto em acordo ou convencao coletiva de trabalho; (b) o seguro de vida em grupo deve abranger a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa.

XXXV - o valor despendido por entidade religiosa ou instituicaode ensino vocacional com ministro de confissao religiosa, membro de instituto de vida consagrada, de congregacao ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistencia, desde que fornecido em condicoes que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.

Os ministros de confissao religiosa e os membros de instituto de vida consagrada sao segurados obrigatorios do RGPS, na categoria dos contribuintes individuals. Nao obstante, os valores que eles rece- bem das entidades religiosas nao sao considerados como remuneracao, desde que fornecidos em condicoes que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado (Lei n° 8.212/91, art. 22 , § 13). Nessas condicoes, nao havera incidencia de contribuicao previdenciaria sobre esses valores.

XXXVI - outras indenizacoes, desde que expressamente previstasem lei.

As parcelas indenizatorias sao excluidas do conceito de remu­neracao, pois nao sao pagas para retribuir o trabalho. Sao especies de compensacao por acoes que tenham gerado algum prejuizo para o tra­balhador. Assim, alem das indenizacoes citadas neste topico, quaisquer outras que venham a ser expressamente previstas em lei nao integrarao a base de calculo das contribuicoes previdenciarias.

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4.3. Proporcionalidade

Quando a admissao, a dispensa, o afastamento ou a falta do em­pregado, inclusive o domestico, ocorrer no curso do mes, o salario-de-- contribuicao sera proporcional ao numero de dias efetivamente traba- Ihados (RPS, art. 214, § 1°).

Assim, podera haver, nestes casos, salario-de-contribuicao infe­rior ao salario minimo mensal, ou seja, sera calculado o salario minimo no seu valor diario ou horario.

O salario minimo e estabelecido em valor mensal, diario e ho­rario. Conforme estabelece o caput do art. 1° da Medida Provisoria n° 516/10, "a partir de 1°/01/2011, o salario minimo sera de R$540,00”O paragrafo unico do art. 1° determina que “em virtude do disposto no caput, o valor diario do salario minimo corresponded a R$ 18,00 e o seu valor horario a R$ 2,45”

5. Obrigacoes da empresa e demais contribuintes

5.1. Obrigacoes da empresa

Apos termos estudado as contribuicoes sociais, e de suma impor- tancia a analise da arrecadacao e recolhimento destas (obrigacao tribu­taria principal).

Em relacao a arrecadacao e ao recolhimento das contribuicoes so­ciais, as empresas (e as pessoas ou entidades equiparadas a empresa) tem as seguintes obrigacoes:

a) Arrecadar a contribuicao do segurado empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu servico, descontando-a da respectiva remuneracao, e recolher o produto arrecadado ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia;

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b) Recolher as contributes a seu cargo incidentes sobre as remunera- ^oes pagas, devidas ou creditadas, a qualquer titulo, aos segurados empregado, contribuinte individual e trabalhador avulso a seu ser­vico, ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia;

c) Recolher as contribuicoes a seu cargo incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de servico, relativo a servicos que lhe tenha sido prestados por cooperados, por intermedio de cooperativas de trabalho, ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia;

d) A empresa contratante de servicos executados mediante cessao ou empreitada de mao de obra, inclusive em regime de trabalho temporario, devera reter 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestacao de servicos e recolher a importancia retida em nome da empresa contratada, ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia;

e) Recolher as contribuicoes a cargo da empresa, provenientes do faturamento e do lucro (COFINS E CSLL), na forma e prazos definidos pela legislacao tributaria federal (RPS, art. 216,1);

f) A empresa adquirente, consumidora ou consignataria ou a coo­perativa sao obrigadas a recolher a contribuicao incidente sobre a comercializacao da producao rural do produtor rural pessoa fisica e do segurado especial, ate o dia 20 do mes subsequente ao da operacao de venda ou consignacao da producao rural, independentemente de estas operacoes terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediario pessoa fisica (RPS, art 216, III);

g) O produtor rural pessoa juridica e obrigado a recolher a contri­buicao incidente sobre a receita bruta proveniente de comercia­lizacao de sua producao rural, ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia;

h) A empresa que remunera empregado Iicenciado para exercer mandato de dirigente sindical e obrigada a recolher a contribuicao deste, bem como as parcelas a seu cargo (RPS, art 216, IX);

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i) A entidade sindical que remunera dirigente que mantem a qualidade de segurado empregado, Iicenciado da empresa, ou trabalhador avulso e obrigada a recolher a contribuicao destes, bem como as parcelas a seu cargo (RPS, art. 216, X);

j) A entidade sindical que remunera dirigente que mantem a qua­lidade de segurado contribuinte individual e obrigada a recolher a contribuicao a contribuicao deste, bem como as parcelas a seu cargo (RPS, art. 216, XI).

5.2. Obrigacao dos demais contribuintes

O segurado contribuinte individual, quando exercer atividade economica por conta propria ou prestar servico a pessoa fisica ou a outro contribuinte individual, produtor rural pessoa fisica, missao diplomati­ca ou reparticao consular de carreira estrangeiras, ou quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial inter­nacional do qual o Brasil seja membro efetivo, e o segurado facultativo estao obrigados a recolher sua contribuicao, por iniciativa propria, ate o dia quinze do mes seguinte aquele a que as contribuicoes se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia quinze (RPS, art. 216, II).

O produtor rural pessoa fisica e o segurado especial sao obrigados a recolher a contribuicao incidente sobre a receita bruta da comerciali­zacao de sua producao rural, caso comercializem a sua producao com adquirente domiciliado no exterior, diretamente, no varejo, a consumi­dor pessoa fisica, a outro produtor rural pessoa fisica ou a outro segura­do especial (RPS, art. 216, IV). Esta contribuicao deve ser recolhida ate o dia 20 do mes seguinte, ou ate o dia util imediatamente anterior se nao houver expediente bancario naquele dia.

A pessoa fisica nao produtor rural que adquire a producao rural de segurado especial ou de produtor rural pessoa fisica, para vender, no varejo, a consumidor pessoa fisica, e obrigada a descontar a contribui­cao do segurado especial ou do produtor rural pessoa fisica, incidente sobre a receita bruta da comercializacao producao rural, e recolhe-la ate o dia 20 do mes seguinte.

O empregador domestico e obrigado a arrecadar a contribuicao do segurado empregado domestico a seu servico e recolhe-la, assim como a parcela a seu cargo, cabendo-lhe durante o periodo da licenca-materni-

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dade da empregada domestica apenas o recolhimento da contribuicao a seu cargo (RPS, art. 216, VIII). Estas contribuicoes devem ser recolhidas ate o dia quinze do mes seguinte, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequente quando nao houver expediente bancario no dia quinze.

E facultado aos segurados contribuinte individual e facultativo, cujos salarios-de-contribuicao sejam iguais ao valor de um salario mi­nimo, optarem pelo recolhimento trimestral das contribuicoes previ­denciarias, com vencimento no dia quinze do mes seguinte ao de cada trimestre civil, prorrogando-se o vencimento para o dia util subsequen­te quando nao houver expediente bancario no dia quinze (RPS, art. 216, § 15). Esta faculdade tambem e dada ao empregador domestico rela- tivamente aos empregados domesticos que lhes prestam servico, cujos salarios-de-contribuicao sejam iguais ao valor de um salario minimo, ou inferiores nos casos de admissao, dispensa ou fracao do salario em razao de gozo de beneficio (RPS, art. 216, § 16).

6. Prazo de recolhimento

Prazo de recolhimento

Dia 15 do mes seguinte ao da competencia, pror­

rogando-se para o dia litil subsequente, quando

nao houver expediente bancario.

a) As contribuicoes do contribuinte individual, quando recolhidas pelo proprio segurado;b) As contribuicoes do segurado facultativo;c) As contribuicoes descontadas do segurado empregado domestico;d) As contribuicoes a cargo do empregador do­mestico.

Ate dia 20 de dezembro, antecipando-se para o dia util imediatamente ante­rior quando nao houver

expediente bancario naquele dia.

Contribuicao incidente sobre o valor do 13° salario Obs.: no caso de rescisao de contrato de trabalho, as contribuicoes devidas serao recolhidas ate o dia 20 do mes seguinte ao da rescisao, computando- -se em separado a parcela referente ao 13° salario.

Ate 2 dias uteis apos a realizacao do evento.

A contribuicao de 5% incidente. sobre a receita bruta de espetaculos desportivos.

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Prazo de recolhimento : Contribuicoes

Ate o dia 20 do mes seguinte ao da compe­tencia, ou ate o dia util imediatamente anterior

se nao houver expediente bancario naquele dia.

a) As contribuicoes descontadas dos segurados empregados e trabalhadores avulsos;b) As contribuicoes descontadas do contribuinte individual (inclusive as descontadas do cooperado pela cooperativa de trabalho);c) As contribuicoes da empresa incidentes sobre a remuneracao de segurados empregado, trabalha­dor avulso e contribuinte individual;d) As contribuicoes da empresa (15%) incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de servico, relativo a servicos que lhe tenham sido prestados por cooperados, por intermedio de cooperativas de trabalho;e) As retencoes de 11% sobre o valor dos servicos contidos em nota fiscal prestados mediante cessao de mao de obra ou empreitada;f) As contribuicoes incidentes sobre a comercia­lizacao da producao rural;g) A contribuicao de 5% incidentes sobre patroci- nio, licenciamento de uso de marcas e simbolos, publicidade, propaganda e transmissao de espe­taculos.

Nao e permitido o recolhimento em valor inferior a R$ 29,00. Se o valor for inferior a R$ 29,00, devera ser adicionado a contribuicao de competencias subsequentes, ate que seja igual ou superior a R$ 29,00 (Resolucao do INSS/DC n° 39, de 23/11/2000).

O empregador domestico podera recolher a contribuicao do segu­rado empregado domestico a seu servico e a parceia a seu cargo, relati­vas a competencia novembro, ate o dia 20 de dezembro, juntamente com a contribuicao referente ao decimo terceiro salario, utilizando-se de um unico documento de arrecadacao (Lei n° 8.212/91, art. 30, § 6°).

7. Recolhimento fora do prazo: juros e multa

Os debitos com a Uniao decorrentes das contribuicoes sociais pre­videnciarias, nao pagos nos prazos previstos em legislacao, serao acres­cidos de multa de mora e juros de mora (Lei n° 8.212/91, art. 35).

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7 .1 . Juros de m ora

Sobre as contribuicoes previdenciarias pagas apos o vencimento incidirao juros calculados da seguinte forma: (a) taxa SELIC, acumula- da mensalmente, a partir do primeiro dia do mes subsequente ao venci­mento do prazo ate o mes anterior ao do pagamento; e (b) um por cento no mes de pagamento (Lei n° 9.430/96, art. 61, § 3°).

Assim, para calcular o percentual de juros de mora, soma-se a taxa SELIC desde a do mes seguinte ao do vencimento do tributo ou contribuicao ate a do mes anterior ao do pagamento, e acrescenta-se a esta soma 1% referente ao mes de pagamento. Aplica-se o percentual dos juros de mora sobre o valor da contribuicao devido.

Nao ha cobranca de juros de mora para pagamentos feitos dentro do proprio mes de vencimento. Se, por exemplo, a empresa pagar a con­tribuicao previdenciaria da competencia 01/2009 (cujo vencimento e dia 20/02/2009) no dia 27/02/2009, nao pagara juros de mora. Neste caso, a empresa pagara apenas a multa de mora.

O STJ entende ser perfeitamente legal a aplicacao da taxa SELIC na cobranca de debitos tributarios. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“RECURSO ESPECIAL - A LINE AS “A” E "C” - EMBARGOS A EXECUCAO FISCAL - CDA - CRITERIO DE CALCULO DOS J UROS DE MORA - TAXA SELIC - DIVERGENCIA JURISPRU­DENCIA L NAO CONFIGURADA - SUMULA 83/STJ. Efirme a orientacao deste Sodalicio no sentido da aplicabilidade da Taxa SELIC para a cobranca de debitos fiscais, entendimento consa- grado pela colenda Primeira Segdo quando do julgamento dos ERESPS 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC, Relator Ministro Luiz Fux, j. 14.05.03). Recurso especial ndo conhecidoV61

7 .2 . M ulta de m ora

Os debitos decorrentes contribuicoes sociais previdenciarias, nao pagos nos prazos legais, serao acrescidos de multa de mora, calculada a taxa de 0,33% (trinta e tres centesimos por cento) por dia de atraso. A multa sera calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do venci-

161 STJ, REsp 541910/RS, Rei. Min. Frandullt Netto, 2'1 T, DJ 31/05/2004, p. 271.

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mento do prazo previsto para o pagamento da contribuicao ate o dia em que ocorrer o seu pagamento. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n° 9.430/96, art. 61, caput e §§ 1° e 2°). Apli- ca-se o percentual da multa de mora sobre o valor da contribuicao devido.

Se, por exemplo, a empresa pagar a contribuicao previdenciaria da competencia 01/2009 (cujo vencimento e dia 20/02/2009) no dia 27/02/2009, o percentual da multa de mora sera de 2,31% (que corres­ponde a 7 x 0,33%). Mas se esta mesma contribuicao for recolhida no dia 29/04/2009 (com 68 dias de atraso), o percentual de multa sera de 20%, que e a multa maxima.

A multa de mora nao sera aplicada quando o valor da contribui­cao ja tenha servido de base para aplicacao da multa decorrente de lan- Camento de oficio.

Exemplo envolvendo calculo de juros e multa de mora:

No dia 02/02/2009, a empresa pagou a contribuicao previden­ciaria da competencia 11/2008, cuja data de vencimento foi dia 19/12/2008 (dia 20/12/2008 foi um sabado). O valor originario da contribuicao foi de R$ 100.000,00.

Calculo dos juros de mora: 1,05% + 1% = 2,05%

Explicacao: 1,05% corresponde a taxa SELIC de jan/2009 (mes se­guinte ao do vencimento); e 1% corresponde ao percentual relati­vo ao mes do pagamento (fev/2009).

Calculo da multa de mora: 45 x 0,33% = 14,85%

Explicacao: A contribuicao estava em atraso havia 45 dias, pois o vencimento ocorreu dia 19/12/2008. Assim, para efeito do calculo da multa, a quantidade de dias de atraso comecou a contar a par­tir do dia 20/12/2008.

Calculo do recolhimento:

Valor da contribuicao: R$ 100.000,00 Juros de mora: 2,05% x R$ 100.000,00 = R$ 2.050,00 Multa de mora: 14,85% x R$ 100.000,00 = R$ 14.850,00 Total: 100.000,00 + 2.050,00 + 14.850,00 = R$ 116.900,00

Se a mesma contribuicao do exemplo supra tivesse sido paga no dia 03/03/2009, os calculos seriam feitos da seguinte forma:

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esCalculo dos juros de mora: 1,05% + 0,86% + 1% = 2,91%

Explica^ao: 1,05% e a taxa SELIC de jan/2009 (mes seguinte ao do vencimento); 0,86% e a taxa SELIC de fev/2009; e 1% corresponde ao percentual relativo ao mes do pagamento (mar/2009).

Calculo da multa de mora: 20%

Explica^ao: A contribuicao estava em atraso havia 74 dias, pois o vencimento ocorreu dia 19/12/2008. Neste caso, como 74 x 0,33% da um percentual superior a 20%, a multa fica limitada a 20%.

Calculo do recolhimento:

Valor da contribuicao: R$ 100.000,00 Juros de mora: 2,91% x R$ 100.000,00 = R$ 2.910,00 Multa de mora: 20% x R$ 100.000,00 = R$ 20.000,00 Total: 100.000,00 + 2.910,00 + 20.000,00 - R$ 122.910,00

7 .3 . Multas de lancamento de oficio

Constatado o nao recolhimento total ou parcial das contribuicoes previdenciarias, nao declaradas em GFIP, cabe a Secretaria da Receita Federal do Brasil efetuar o lancamento de oficio, atraves da lavratura de auto de infracao ou notificacao de lancamento.

Nos casos de lancamento de oficio, sera aplicada multa de 75% calculada sobre a totalidade ou diferenca de contribuicao.

Na hipotese de compensacao indevida, quando se comprove fal- sidade da declaracao apresentada pelo sujeito passivo, o percentual de multa sera aplicado em dobro (passando de 75% para 150%), tendo como base de calculo o valor total do debito indevidamente compensado (Lei n° 8.212/91, art. 89, § 10). Tambem havera a duplicacao do percentual da multa (passando de 75% para 150%) nos casos de eyidente intuito de fraude, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminals cabiveis (Lei n° 9.430/96, art. 44, § 1°). .

7 .3 .1 Agravam ento do multa de oficio

Os percentuais de multa de oficio (de 75% e de 150%) serao au- mentados de metade (passando para 112,5% e 225%), nos casos de nao

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I

atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intima^ao para: (I) prestar esclarecimentos; (II) quando usuario de sistema de processa- mento eletronico de dados, apresentar os arquivos digitais ou sistemas e a documenta^ao tecnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria (Lei n° 9.430/96, art. 44, § 2°).

7 .3 .2 . Reducao da multa de oficio

De acordo com o art 6° da Lei n° 8.218/91, ao sujeito passivo que, notificado, efetuar o pagamento, a compensa^ao ou o parcelamento das contributes, sera concedida reducao da multa de lan^amento de oficio nos seguintes percentuais:

I - 50% se for efetuado o pagamento ou a compensa^ao no pra­zo de 30 dias, contados da data em que o sujeito passivo foi notificado do lan^amento;

II - 40% se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de30 dias, contados da data em que foi notificado do lan^amento;

III - 30%, se for efetuado o pagamento ou a compensa^ao no pra­zo de 30 dias, contados da data em que o sujeito passivo foi notificado da decisao administrativa de primeira instancia (DRJ); e

IV - 20%, se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazode 30 dias, contados da data em que foi notificado da decisao administrativa de primeira instancia (DRJ).

No caso de provxmento a recurso de oficio interposto por autori­dade julgadora de primeira instancia, aplica-se a reducao de 30%, parao caso de pagamento ou compensa^ao, e de 20%, para o caso de parce­lamento (Lei n° 8.218/91, art. 6°, § 1°).

A rescisao do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicara restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita nao satisfeita e que excedero valor obtido com a garantia apresentada (Lei n° 8.218/91, art. 6°, § 2°).

Veja no quadro a seguir, resumo da reducao da multa de lan^a- mento de oficio:

Caplfulo

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Financiamento

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„ | Reducao da multa de oficioridxu

Pagamento/compensa^ao ParcelamentoDe 30 dias da data da notificacao „ , _ , _rtn/

, . ’ Reducao de 50% do lancamento |Reducao de 40%

De 30 dias da ciencia da decisao „ , . ,Reducao de 30%de primeira instancia

Reducao de 20%

Exercicios de Fixacao /

142. {Analista/TRF da 3a Regiao/2007/FCC) De acordo com a Constituicao Federal brasileira, as contributes do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidirao, dentre outras, sobre

a) Os rendimentos do trabalho pagos ou creditados somente a tftulo salarial, a pessoa fisica que lhe preste servico exclusivamente com vinculo empregaticio.

b) A foiha de salarios pagos a pessoa fisica que lhe preste servigo exclusivamente com vmcuio empregaticio.

c) Todo e qualquer rendimento do trabalho com natureza salarial pagos a pessoa fisica que ihe preste servico exclusivamente com vinculo empregaticio.

d) Todo e qualquer rendimento do trabalho pago ou creditado a titulo exciu- sivamente salarial, a pessoa fisica ou juridica que Ihe preste servico, mesmo sem vinculo empregaticio.

e) A folha de salarios e demais rendimentos do trabalho pagos ou credltados, a qualquer titulo, a pessoa fisica que lhe preste servico, mesmo sem vmcuio empregaticio.

143. (Medico Perito do INSS/2006/FCC) Integram o or^amento da Seguridade Social no ambito federal,

a) as receitas da Uniao, dos impostos e receitas de outras fontes.b) as contribuicoes sociais recolhidas pelas empresas, incidentes sobre a folha

de salarios, excluldo o pequeno produtor rural.t) as contributes sociais recolhidas pelas empresas, incidentes sobre o fatu-

ramento e o iucro.d) a receita do concurso de prognosticos e contribuicoes sobre os salarios de

empregados, salvo para aposentados que tenham retorno a atividade.e) as contributes dos trabalhadores, inclusive dos servidores publicos sujeitos

a regime proprio de previdencia social.

144. (Juiz do Trabalho/TRTda 11° Regiao/2007/FCC) Sobre o financiamento da segu­ridade social, e correto afirmar que

a) a seguridade social sera financiada por toda a sociedade, de forma direta, por meio de repasse de recursos or^amentarios, e de forma indireta, por intermedio do pagamento de contribuicoes sociais.

b) as contribuicoes sociais destinadas ao financiamento da seguridade social tem a natureza juridica de impostos; em razao disso aplicam-se a essas

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contribuicoes as regras de imunidade previstas para os impostos em geral.c) a Constituicao de 1988 impede que haja diferendacao entre contribuintes,

para efeito de pagamento de contribuicoes sociais destinadas ao sistema de seguridade social, em razao da atividade economica por etes exercida.

d) o prindpio da preexistencia de custeio impde que somente poderao ser criados ou majorados beneficios se houver indicacao de sua fonte de custeio total,o que, entretanto, nao impede o reajustamento periodtco dos beneficios de prestacao continuada.

e) a Constituicao de 1988atribui a Uniao a competencia para criar contribuicoes sociais, destinadas ao financiamento da saude, assistencia e previdencia social, devida pelo empregador, empresa ou entidade a ela equiparada, incidente sobre folha de salarios e demais rendimentos do trabalho.

145. [Juiz do Trobolho/TRTda 11° Regido/2005/FCC) Dentre as regras sobre a susten-tabiiidade (financiamento) do Sistema de Seguridade Social NAO se inclui:a) As fontes de custeio sao previamente determinadas. Assim, para que um be­

neficio seja criado, e preciso estabelecer qual a fonte financiadora do mesmo.b) Outras fontes de custeio poderao ser criadas, havendo necessidade, desde

que observem a contrapartida necessaria e sejam criadas por lei ordinaria.c) O empregador deve contribuir para o sistema de seguridade social, indepen-

dentemente de ter ou nao empregado a sua disposicao.d) Existe um orcamento unico para o Sistema de Seguridade Social, que sera

elaborado conjuntamente pelos orgaos responsaveis pela saude, previdencia social e assistencia social.

e) As contribuicoes sociais poderao ser cobradas no mesmo exercicio financeiro em que tenha sido publicada a lei que as instituiu ou aumentou.

146. (Juiz do Trabalho/TRT da 11a Regiao/2005/FCQ Em relacao a responsabilidadepela arrecadacao e recolhimento das contribuicoes, e correto afirmar:

a) 0 empregador e responsavel pelo desconto e recolhimento da contribuicao previdenciaria devida pelo empregado. Caso se omita, a cobranca do mon- tante devido sera feita diretamente do segurado.

b) O trabalhador avulso somente e responsavel pelo recolhimento de sua pro­pria contribuicao se nao for sindicalizado, caso contrario o sindicato sera o responsavel.

c) A empresa que remunera contribuinte individual que lhe presta servico e responsavel pela retencao e recolhimento da contribuicao devida por esse trabalhador.

d) O empregado domestico e responsavel pelo recolhimento de sua propria contribuicao, sendo tal encargo a este facultado, mediante assinatura de termo perante o INSS.

e) O segurado especial e responsavel pelo recolhimento de sua propria contri­buicao, sem a qual nao tera direito a recebimento de beneficio previdenciario,o que se impoe em razao da contributividade do sistema prevldenciario, aplicavel tambem aos trabalhadores do campo.

Capitulo

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Financiamento

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es147. (Procurador/TCE-MG/2007/FCQ Em relacao ao financiamento do Regime Gerai

da Previdencia Social, e correto afirmar quea) as receitas liquidas provenientes de concursos de prognosticos, exclui do o

valor do premio, destinam-se integralmente a Seguridade Social.b) as c o n t r ib u te s incidentes sobre o lucro estao vincuiadas ao pagamento de

beneffcios previdenciarios.c) as contributes previdenciarias incidentes sobre a folha de salarios tem

natureza tributaria e incluem-se entre as contributes de interven^ao sobreo dominio economico.

d) ao segurado facultativo incidira aliquota de 11%, sobre o limite minimo do salario de contribuicao a tituio de contribuicao previdenciaria, caso opte por nao receber aposentadoria portempo de contribuicao.

e) as contribuicoes para o financiamento de acidente do trabalho devem ser instituidas por lei complementar e as aliquotas poderao ser reduzidas em ate 50% ou aumentadas em ate 100%, em razao do desempenho da empresa em relacao a sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentario de Prevencao - FAR

148. (JuizdoTrabalho/TRTda 11aRegiao/2005/FCC) Podem contribuir facultativamente para o regime geral de previdencia social

a) a dona-de-casa, o estudante a partir dos quatorze anos de idade e o presidiario que nao exerce atividade remunerada.

b) a dona-de-casa, o estudante a partir dos dezesseis anos de idade e o servidor pubico sem regime proprio.

c) a dona-de-casa, o estudante a partir dos dezesseis anos de idade e a emprega­da domestica que trabalha em imovei rural em atividades sem fins lucrativos.

d) a dona-de-casa, o trabalhador autonomo e o brasileiro contratado no Brasil para trabalhar em filial de empresa brasileira no exterior.

e) o segurado especial, o estudante a partir dos dezesseis anos de idade e o sindico nao remunerado de condomfnio.

149. (AFPS/2002/Esaf) A respeito do financiamento da Seguridade Social, nos termos da Constituicao Federal e da legislacao de custeio previdenciaria, assinale a opcao correta.

a) A pessoa juridica em debito com o sistema de seguridade social nao pode contratar com o poder publico.

b) A lei nao pode instituir outras fontes de custeio aiem das previstas na Cons­tituicao Federal.

c) Pode-se criar beneficio previdenciario sem previo custeio.d) As contribuicoes sociais criadas podem ser exigidas no ano seguinte a publi­

cacao da lei.

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e) Sao isentas de contribuicao para a seguridade social todas as entidades beneficentes de uti[idade publica federal.

150. (AFPS/2002/Esaf) Nao constitui receita das contribuicoes sociais:a) as das empresas, incidentes sobre a remuneracao paga ou creditada aos

segurados a seu servico.b) as dos empregadores domesticos, incidentes sobre o salario-de-contribuicao

dos empregados domesticos a seu servico.c) as provenientes da Uniao.d) as das empresas, incidentes sobre o faturamento e o lucro.e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognosticos.

151. {AFPS/2002/Esaf) Constituent parcelas integrantes do salario de contribuicao, exceto:

a) o salario-maternidade.b) gratificacao natalina para todos os fins.c) a remuneracao paga.d) a remuneracao auferida, em uma ou mais empresas, pelo contribuinte indi­

vidual.e) a remuneracao registrada na Carteira de Trabalho para o empregado domes­

tico.

152. A base de calculo da contribuicao do empregador domestico e:a) A remuneracao total do em pregado domestico a seu servico.b) O salario minimo.c) O vaior total do salario registrado na carteira profissional do empregado

domestico a seu servico.d) O salario-de-contribuicao do empregado domestico a seu servico.e) O salario-base do empregado domestico a seu servico.

153. Em regra, a base de calculo da contribuicao dos segurados £ o salario-de- -contribuicao. No entanto, ha uma excegao a essa regra. Essa excecao refere~se ao segurado

a) Contribuinte individualb) Facultativoc) Especiald) Trabalhador avulsoe) Empregado domestico

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154. (Fiscal/lNSS/98/Cespe-Unb/adaptada) Acerca do financiamento da seguridadesocial, juigue os itens a seguir.i - Salario-de-contribuicao e o criterio definido como base de caiculo da

contribuicao devida a seguridade social, nao correspondendo, para toda e qualquer classe de segurados, ao valor do rendimento mensal efetiva- mente auferido, salvo nos casos dos segurados empregado e trabalhador avulso, em relacao aos quais sao computados, para fim de contribuicao a seguridade social, a totalidade de seus ganhos habituais de qualquer natureza.

II - A aliquota de contribuicao do segurado contribuinte individual,correspon­de a 20% do salario-base referente a classe em que estiver enquadrado, facultado o pagamento antecipado de contribuicoes com o proposito de suprir os intersticios mfnimos entre cada uma das classes, bem como a progressao e a regressao entre as classes.

IIS - Todas as contributes sociais, assim definidas pela iei que institui o Plano de Custeio da Seguridade Social, podem ser usadas para financiamento das despesas com pessoal e administracao geral do Instituto Nacional do Seguro Social (iNSS).

Os itens que estao errados sao:a) lellb) lie IIIc) i e IIId) todose) nenhum

155. (Fiscai/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Ainda com relacao ao financiamento daseguridade social, juigue os itens seguintes.I - O vaior da contribuicao devida pelos bancos comerciais, de investimento

ou desenvoivimento, cuja base e o total das remuneracoes pagas ou cre-; ditadas a qualquer titulo aos segurados empregados, e de 22,5%, sendo

reduzida a 17,5%, quando se tratarem de pagamentos feitos a contribuintes individuais.

ii - As associacoes desportivasque mantenham equipedefutebol profissionalcontribuirao com o pagamento de 5% da receita Ifquida resultante dos espetaculos desportivos de que participem em todo o territorio nacio­nal, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, computadas as receitas provenientes de quaisquer formas de patrocmio, licenciamento de uso de marcas e slmbolos, de publicidade, propaganda e transmissao de espetaculos desportivos, cabendo a entidade promotora do

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evento a responsabilidade peia reten^ao de tais valores e pelo respectivo recolhimento aos cofres da seguridade, no prazo de quarenta e oito horas apos a sua realizacao.

II! - As contributes devidas pelas empresas para custeio dos beneffcios concedidos em razao do grau de incidencia de incapacidade laborativa proveniente de riscos ambientais do trabalho serao proporcionais aos riscos presentes em cada uma das atividades preponderantes por elas desenvolvidas e terao como base de calculo os respectivos faturamentos mensais.

Os itens que estao errados sao:a) 1 e 11b) lie IIIc) I e Elld) todose) nenhum

156. {Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens que se seguem.I - O segurado detentor de dupla vincula^ao ao RGPS, por exercer atividade

que o enquadra como contribuinte individual e concomitantemente os- tentar a condicao de empregado, contribuira apenas com relacao a uma dessas atividades, se a soma de seus salarios-de-contribuigao ultrapassaro dobro do limite maximo estabelecido para a contribuicao.

il - O empregador domestico contribui para a seguridade no percentual total de 12% sobre a remuneracao do trabalhador a seu servico, ja computada, no percentual referido, a contribuicao correspondente a 1% do mesmo salario-de-contributo devida para custeio das prestacoes acidentarias.

If I - A Contribuicao para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), institu- fda pela Lei Complementar n° 70, de 1991, devida pelas pessoas juridicas ou a elas equiparadas pela legislacao do imposto de renda, corresponde a 2% do faturamento mensal, estando isentas de seu recolhimento as microempresas que optarem pelo Simples Nacional.

Os itens que estao errados sao:a) I e llb) He III.c) I e Elld) todose) nenhum

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157. {Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB/adoptada) Juigue os seguintes itens.I - A contribuicao incidente sobre o lucro, prevista pela Constituicao Federal

de 1988, aicanca tambem o produtor rural pessoa fisica e o segurado especial, apenas 'nao Ihes sendo cobrada na ausencia de lucro real ou presumido no exercicio correspondente.

II - Compete a Secretaria da Receita Federal do Brasil arrecadar,fiscalizar, lancare normatizar o recolhimento das contribuicoes sociais devidas pelas em­presas, incidentes sobre a remuneracao paga ou creditada aos segurados a seu servico, cabendo identicas atribuicoes em relacao as contribuicoes incidentes sobre a receita dos concursos prognosticos.

III - As contribuicoes sociais devidas pelas pessoas juridicas e a elas equiparadaspela legislacao do imposto de renda, incidentes sobre o faturamento e o lucro, estao inseridas no ambito de competencia da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a quem cabe adotar todas as medidas necesscirias & sua satisfacao, inclusive promovendo a sua cobranca e aplicando as sancoes administrativas cabiveis.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) II e 111c) I e HId) todose) nenhum

158. (Fiscal/INSS/97/Cespe-UnB) Com relacao a forma de custeio da seguridade social, juigue os itens que se seguem.I - A contribuicao da Uniao econstituida de recursos adicionais do orcamento

fiscal, fixados obrigatoriamente na iei orcamentaria anual.II - A contribuicao social dos empregados incide sobre a folha de salario, o

faturamento e o lucro, ou sobre outra fonte, desde que seja instltuida por lei ordinaria e tenha por fim garantir a manutencao ou a expansao da seguridade social.

Ill- A contribuicao social dos segurados empregados, excetuando-se os domesticos e o trabalhador avulso, e calculada mediante a aplicacao da correspondente aliquota, de forma nao cumulativa, sobre o seu salario- -de-contribuicao.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

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159. (Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens abaixo:I - O salario-de-contribuicao do empregado e a soma da remuneracao efeti­

vamente recebida ou creditada, a qualquertitulo, durante o mes, em uma ou mais empresas, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades.

II - O segurado contribuinte individual esta obrigado a recolher sua contri­buicao por iniciativa propria ou mediante transferencia ao respectivo sindicato, ate o dia oito do mes seguinte ao da competencia.

III - Compete exclusivamente a Secretaria da Receita Federal do Brasil arrecadar,fiscalizar, iancar e normatizar o recolhimento das seguintes contribuicoes sociais: das empresas, incidentes sobre a remuneracao paga ou creditada aos segurados a seu servico; e dos trabalhadores, incidentes sobre seu salario-de-contribuicao.

Os itens que estao errados sao:a) I e llb) He 111c) I e 111d) todose) nenhum

160. (Fiscai/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens abaixoI - Quando a empregada domestica estiver em gozo de salario-maternidade,

o empregador devera recolher somente a contribuicao de 12% sobre o saiario-de-contribuicao dela.

II - A empresa e obrigada a arrecadar as contribuicoes dos segurados em­pregado, trabalhador avulso e contribuinte individual a seu servico, descontando-as das respectivas remuneracoes e recolhendo-as aos cofres da Previdencia Social, no prazo estabelecido por lei.

III - As contribuicoes sociais sobre faturamento e lucro das empresas e asincidentes sobre a receita de concursos de prognosticos, no que toca a arrecadacao, fiscalizacao, lancamento e normatizacao, sao de incumbencia da Secretaria da Receita Federal do Brasil e nao da Secretaria da Receita Previdenciaria.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) ll e 111c) I e HId) todose) nenhum

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161. (Fiscal/INSS/97/Cespe-UnB} Juigue os seguintes itens.I - Para a Previdencia Social, as diarias pagas peia empresa ao empregado

integram em 100% o salario-de-contribuicao.II - 0 adicional de ferias, as ajudas de custos e as cotas do salario-famflia in­

tegram o salario-de-contribuicao.Hi - As entidades desportivas mantenedoras de equipe defuteboi profissional

contribuem para a Previdencia Sociai nas mesmas condicoes estabelecldas para as empresas em geral.

Os itens que estao errados sao:a) I e llb) II e 111c) i e Hid) todose) nenhum

162. {AFPS/2001/Cespe-UnB/adaptada} Juigue os seguintes itens.

I - Considerando que um segurado auferisse, em dois empregos, remune­rates de R$ 3.500,00 e de R$ 2.800,00, entao o respectivo salario-de- -contribuicao corresponderia a R$ 6.300,00 e a contribuicao mensal devida por esse segurado seria de R$ 693,00.

II - A renda liquida dos concursos de prognosticos constitui receita da seguri­dade social, excetuando-se os valores destinados ao programa de credito educativo.

HI - 0 segurado especial e isento de contribuicoes destinadas a seguridade social.

Os itens que estao errados sao:a) 1 e 11b) If e illc) I e 111d) todose) nenhum

163. Quanto as contribuicoes destinadas ao pagamento dos beneficios do Regime Geral de Previdencia Social assinale a opcao correta. .

a) As da empresa sao de 20% sobre a remuneracao paga, devida ou creditada aos segurados empregados, 20% sobre a remuneracao paga, devida ou creditada aos segurados trabalhadores avulsos, 15% sobre a remuneracao paga, devida ou creditada aos contribuintes individuaisa seu servico duranteo mes, 15% sobre os valores pagos ou creditados a cooperativa de trabalho,

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alem das c o n t r ib u te s devidas em razao do grau dos riscos ambientais do trabaiho e para o financiam ento da aposentadoria especial.

b) A contribuicao da empresa ou de equiparada recai sobre a rem uneracao total do segurado por ela rem unerado, enquanto a dos segurados limita-se ao te to legal, d ivu igado em portaria do Ministerio da Previdencia Social.

c) A base contributiva de todo em p reg ador rural, de to do clube de fu tebol e da entidade filantropica nao recai sobre a rem uneracao paga, devida ou creditada aos segurados, e sim sobre outra base estabelecida em lei.

d) Alem do em pregador rural, da entidade desportiva que m antem clube de futebol profissional e da entidade beneficente com isencao, nao ha nenhuma diferenca quanto ao processo contributivo e as aliquotas utilizadas para as contribuicoes das empresas ou equiparadas destinadas a seguridade social.

e) Em substituicao a contribuicao sobre a folha de pagam ento de seus em ­pregados, a entidade desportiva que m antem clube de fu tebol profissional contribuira com 5% de um a renda Ifquida obtida em competicoes de que participar, inclusive jogos internacionais, realizados dentro ou fora do terri- torio nacional.

Texto para resolucao das questoes de n° 164 e 165:

Um banco comercial confeccionou a folha de pagam ento relativa aos segurados a seu servico no mes 3 /2005, cujo resumo e o constante no quadro seguinte, em reais.

Salario basico 5.000,00Gratificacoes 500,00Horas extras 100,00Auxflio-m oradia 400 ,00Comissoes sobre vendas de seguros 200,00Auxflio-alim entacao 300,00Quebra de caixa 100,00Ajuda de custo 400,00pro-labore 1.000,00

Ao exam inar a docum entacao e a escrituracao contabil da empresa, o Auditor- -Fiscal constatou que:

I - As gratificacoes sao pagas m ensalm ente aos em pregados com cargo degerencia;

II - o auxilio-moradia e pago m ensalm ente ao contadortransferido de agendalocalizada em outro municipio;

Hi - as comissoes sobre vendas de seguros sao pagas a qualquer em pregado que agencie a operacao;

IV - a empresa som ente efetivou a adesao ao Programa de A lim entacao do Trabalhador (PAT) em 10/04/2005;

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V - quebra de caixa e um a verba paga aos em pregados que trabalham no"caixa" e, neste mes, o em pregado d e ten tor da verba foi obrigado a reporR$ 80,00 de diferenca a menor apresentada em seu movimento;

VI - ajuda de custo e uma verba paga m ensalm ente a em pregados que realizamatividades externas;

VII - o pro-labore listado no quadro acima foi pago ao diretor-presidente daempresa.

164. Com base no enunciado d o te x to acima, o valor da rem uneracao considerada com o base de calculo da contribuicao previdenciaria da em presa na com pe­tencia 3 /2005 e igual a:

a) R$ 8 .000,00b) R$ 7.900,00c) R$ 7.620,00d) R$ 7.500,00e) R$ 7.100,00

165. Ainda com base nos dados apresentados no mesmo texto, sabendo-se que o risco da atividade preponderante da empresa e (eve, a despesa contabilizada a titulo de contribuicao previdenciaria da empresa em sua escrituracao contabil e de

a) R$ 1.870,00b) R$ 1.880,00c) R$ 1.670,00d) R$ 1.680,00e) R$ 1.600,00

166. Assinale a opgao que apresenta a rubrica que integra o salario-de-contribuicao.

a) 0 reem bolso creche pago em conform idade com a legislacao trabalhista, observado o lim ite m axim o d e seis anos d e idade da crianca, quando devi­dam ente comprovadas as despesas.

b) A participacao do e m pregado nos lucros ou resultados da em presa, quando paga ou creditada de acordo com lei espedfica.

c) 0 reem bolso baba, lim itado ao m enor salario-de-contribuicao mensal e con- dicionado a com provacao do registro na CTPS da em pregada, do pagam ento da rem uneracao e do recolhim ento da contribuicao previdenciaria, pago em conform idade com a legislacao trabalhista, observado o lim ite m axim o de seis anos de idade da crianca.

d) A im portancia paga ao e m p reg ado a titu lo de com plem entacao ao valor do auxilio-doenca desde q u e seja extensivo a total idade dos em pregados da empresa.

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e) O valor to tal das diarias para viagens, quando excedente a 50% da rem une­racao mensal do em pregado.

167. (Juiz/TRF da 5 ° Regiao) Integra o salario-de-contribuicao do empregado:

a) os ganhos habituais e os ganhos eventuais.b) a to talidade dos abonos e diarias, bem com o as cotas do salario-familia.c) o salario-m aternidade, observado o lim ite m axim o de contribuicao.d) a im portancia recebida a titu lo de incentivo a demissao.e) o valor relativo ao reem bolso de despesas com creche.

168. (Deiegado daPolfciaFederal/2002/Cespe-UnB/adaptada) Alex e seu irm ao Daniel constituf'ram a m icroem presa Pizzaria D om ino Ltda. (PD), um a sociedade co­mercial que visa a tuar na producao e entrega de pizzas. Nessa pessoa juridica, am bos os irmaos sao rem unerados pelas suas atividades na pizzaria, mas en­quanto Daniel e sim plesm ente socio cotista, Alex e o socio-gerente. Para iniciar a producao, a m icroem presa alugou um a sala onde foi instalada uma cozinha industrial, sendo que, para construir os balcoes da pizzaria, estabeleceram contrato de em preitada com o m arceneiro Isai'as. Para prom over o servico de entrega, a sociedade com prou duas m otocidetas e contratou dois em prega­dos, para proceder as entregas, Eva e £ider, tendo sido a primeira contratada por prazo indeterm inado e o segundo, por prazo determ inado de um ano. Em contraprestacao a seu trabalho, cada um recebe um salario de R$ 500,00, alem das gorjetas recebidas dos dientes, que nunca ultrapassam, se somadas, R$400,00 por mes para cada um . Para fins tributarios e previdenciarios, a PD optou pelo Simples Nacional, inscrevendo-se com o m icroempresa no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministerio da Fazenda (CGC/MF). Com relacao a situacao hipotetica apresentada acima, ju lgue os seguintes itens.

I - Isafas, Daniel e £lder sao segurados obrigatorios do RGPS, os dois prim ei­ros na qualidade de contribuintes individuais e o Oltimo na qualidade de em pregado.

II - Considerando que Eva tem com o unica fo n te de renda o seu trabalho naPD, e correto afirm ar que o seu salario-de-contribuicao sera a totalidade dos rendim entos auferidos durante o mes, incluindo o decim o terceiro salario, as gorjetas recebidas dos ciientes e, se for o caso, o salario-m aternidade.

HI - Caso Eva seja dem itida e in terrom pa o recolhim ento de contribuicoes previdenciarias, conservara ela a qualidade de segurada por tres meses, periodo dentro do qual tera dire ito aos mesmos beneficios a que faria jus se continuasse em pregada. Porem, se findo esse prazo Eva nao conseguir outro em prego e desejar continuar m antendo a sua qualidade de segurada da previdencia, ela tera de filiar-se com o segurada facultativa.

Capitulo 7

♦ Financiam

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iV - Por ser optante do Simples Nacional, a PD nao precisaria recoiher de form a especifica a contribuicao para financiam ento da seguridade social (COFINS), pois essa contribuicao esta inciui'da entre os tributos pagos de form a unificada pelo optante do Simpies Nacional. Porem, a opcao pelo Simpies Nacional naodesonera a P D do dever de arrecadar e recolher aos cofres da Previdencia Social a contribuicao para a seguridade social relativa a Elder.

V - Em adicao a situacao hipotetica acima, considere que Alex, ju lgando ex- celente o trabalho prestado por isafas a PD, convidou o m arceneiro para reformar os armarios da casa em que ele vive com sua fam ilia,,proposta essa que foi prontam ente aceita. Aiex e isaias estabeleceram , entao, con­trato civil de em preitada de iavor, por m eio da qual Alex com prom eteu-se a com praros materials necessariose pagar a Isafas a quantia de R$ 500,00 peia m ao de obra. Nesse caso, e incorreto afirm ar que Alex enquadra-se no conceito previdenciario de empresa, pois nao atua com finalidade lucrativa; porem , e correto afirm ar que ele se enquadra no conceito previdenciario de em pregador domestico e que, portanto, tem a obrigacao de recolher aos cofres da Previdencia Social a contribuicao previdenciaria respectiva.

Os itens que estao certos sao:

a) !, il e illb) il, III e IVc) 1 e ild) I, ii e IVe) II, Ml e V

169. (Delegado da Policia Federal/97/Cespe-UnB) Juigue os itens abaixo:

1 - Salario-de-contribuicao para o em p reg ado e o trabalhador avuiso e a rem uneracao e fe tivam ente percebida ou creditada a qualquer titu lo , durante o mes, em uma ou mais empresas, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades, respeitado o lim ite m fnim o estabelecido pela legislacao e ressalvadas as parcelas desprovidas de natureza salarial, tais com o salario-familia, vale-transporte, ajudas de custo etc,

ii - Sujeito passivo da obrigacao previdenciaria e aquele que, assumtndo ou nao a condicao de contribuinte, esta obrigado a e fetuar o pagam ento dos valores devidos a Previdencia Social.

Ill - A omissao da empresa nos descontos previdenciarios a que for obrigada por lei transfere, autom aticam ente, a responsabilidade respectiva aos segurados.

Os itens que estao errados sao:

a) I e ilb) l ie IIIc) I e II!

454

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d) todose) nenhum

j| 770. {Fiscai/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens abaixo:

j i - 0 salario-de-contribuicao do em pregado e do trabalhador avulso devej observar limites m m im o (piso legal ou convencional da categoria ou

salario m inim o) e m axim o (teto para a contribuicao), jam ais afcancando o valor total das diarias recebidas, se d iretam ente vinculadas ao custeio de

| despesas extras geradas em funcao de viagens.il - 0 aposentado que retornar ao exercicio de atividade abrangida pelo Re­

gim e Gera! de Previdencia Social nao precisa mais contribuir, tendo em vista que nao tera mais direito a nenhum beneficio.

Ill - Os investim entos em program as de prevencao de acidentes, cujos re­sultados sejam apurados em inspecoes, poderao acarretar a reducao do percentual das contribuicoes devidas pelas empresas.

Os itens que estao errados sao:

a) te l lb) l ie HIc) I e IIId) todose) nenhum

171. {Fiscai/lNSS/97/Cespe~UnB/adaptada) Julgue os itens abaixo:

! - A form a trip lice de custeio adotada pelo legislador nao prescinde da con­tribuicao sobre a receita de concursos de prognosticos.

II - A entidade beneficente de assistencia social que cum prir as exigdncias legais, quais sejam, de ser reconhecida com o de utilidade ptiblica federal e de prom over a assistencia social beneficente, inclusive educacional ou de saude, a m enores e idosos, fica isenta da contribuicao social dos em ­pregadores.

HI - Os auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil tem participacao sobre o percentual da m ulta aplicada com o penal idade, a titu lo de gratificacao de atividade.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) He 111c) I e IIId) todose) nenhum

Copftulo 7

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172. {AFPS/2001/Cespe-UnB/adaptada) Juigue os itens abaixo:

I - considere a seguinte situacao hipotetica: A remuneracao de Lucio, paga empecunia, foi composta, no mes de agosto de 2000, das seguintes parcelas: R$ 400 ,00 de salario e R$ 130,00 de gorjetas, arrecadadas dos clientes e distribuidas no final do mes pelo proprio empregador. Ademais, nos termos da legislacao pertinente,o em pregador entregou a Lucio o equivalente a R$80,00 em tfquetes de vale-transporte. C onform e ajustado expressamente no contrato de trabalho, integrava a rem uneracao mensal de Lucio, ainda, o equivalente a R$ 250,00, vaior estim ado do aiuguei do im ovel cedido pelo em pregador para ocupacao de Lucio e sua fam flia no curso da relacao de em prego. Nessa situacao, a base de calculo da contribuicao da empresa, naquele mes, incidente sobre a rem uneracao de Ldcio fo i de R$ 530,00.

II - Considere a seguinte situacao hipotetica: Afonso foi dem itido pelo seuem p reg ad o r em 3 1 /8 /2 0 0 0 , apos exatos d o ze meses d e v igencia do contrato de trabalho. As verbas rescisdrias que foram pagas a Afonso foram discriminadas nos seguintes term os: 1) R$ 300 ,00 de salario do mes vencido; 2) R$ 300,00 de aviso-previo indenizado; 3) R$ 200,00 de 13° salario proporcional;4) R$ 300,00 deferias indenizadas; e 5} R$ 100,00 de adicional constitucional incidente sobre as ferias indenizadas. Nessa situacao, a contribuicao sociai de Afonso sera calculada te n d o por base o salario-de-contribuicao de R$ 900,00.

III - Alem das contribuicoes pagas pelos segurados e pelas empresas, o regim egeraf de previdencia social e custeado ta m b e m por m eio d o ap o rte de re­cursos publicos, consubstanciados em dotacoes orcamentarias especificas e anuais da Uniao, dos Estados e Munict'pios.

Os itens que estao errados sao:

a) I e IIb) II e HEc) I e IIId) todose) nenhum

173. (ProcuradorFederal/2004/Cespe-UnB ) Juigue os seguintes itens:

I - A contribuicao a cargo da empresa e de 15% sobre o valor bruto da notafiscal ou fatura de prestacao de servicos, re lativam ente a servicos que Ihes sao prestados por cooperados por in term edio de cooperativas de producao.

II - A incidencia da contribuicao previdenciaria sobre a rem uneracao das feriasocorre no mes a que elas se referirem , m esm o quando pagas antecipada- m ente na form a da legislacao trabalhista.

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I

ill - 0 salario-de-contribuicao ilmita e quantifica a base de calculo da contribui­cao previdenciaria e, ao m esm o tem po, apresenta a hipotese de incidencia da obrigacao previdenciaria: o exercicio de ativ idade rem unerada por aquele que a lei define com o segurado obrigatorio.

Os itens que estao certos sao:

a) l e l lb) I Ie l l !c) 1 e illd) todose) nenhum

174. (Procurador Federal/2004/Ce$pe-Un8) Julgue os seguintes itens:

I - Considere a seguinte situacao hipotetica: Determ inada indCistria fornece a seus em pregados bolsas de estudo destinadas ao aperfeicoam ento, a capadtagao e a qualificagao de trabalhadores que tenham pelo menos 10 anos de vfnculo em pregatic io com a empresa, m ediante a participacao em cursos vinculados as atividades desenvolvidas pela empresa. Nessa situacao, os valores custeados pela empresa integram a base de calculo da contribuicao previdenciaria.

il - Considere a seguinte situacao hipotetica: Uma empresa de construcao civil contratou .10 pedreiros e 20 auxiliares para conduir uma obra em uma locali- dade m uito distante da resldencia dos obreiros. Foi avencado que os valores correspondentes a transporte, alimentacao e habitacao seriam fornecidos pelo empregador. Nessa situacao, os valores desembolsados pela empresa integram o salario-de-contribuicao dos em pregados e serao utilizados, ulteriormente, para fins de calculo dos beneficios previdenciarios.

ill - O salario-de-contribuicao do contribuinte individual corresponde a res­pectiva classe em que esse se encontra na escala de salario-base. Assim, a contribuicao previdenciaria a cargo de uma empresa, em relacao a re­m uneracao dos socios-gerentes, nao deve utilizar, com o base de calculo,o valor pago a titu lo de pro-labore, mas sim a classe correspondente do salario-base em que o contribuinte estiver enquadrado.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) l ie 111c) I e IIId) todose) nenhum

Capitulo 7

♦ Financiam

ento da

Seguridade Social

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175. (Cespe-UnB) Juigue os seguintes itens:

[ - Nao integram o salario-de-contribuicao os beneficios pagos, na form a da lei, peio RGPS, salvo o salario-maternidade (Advogado da Uniao/dez/2004).

i! - Todos os ganhos habituais obtidos pelo em pregado que seja segurado obrigatorio da previdencia sociai devem ser com putados para afericao da contribuicao previdenciaria correspondente, observado o limite legal, inclusive as diarias, quando essenciais para a execucao do trabaiho (Juiz Federal/TRF 5a Regiao/2004).

ill - 0 trabalhador aposentado que retornar, espontaneam ente, ao exerdcio de atividade alcancada pelo RGPS sera considerado segurado obrigatorio, es- tando seus rendimentos vincuiados ao conceito de salario-de-contribuicao, salvo se o valor da aposentadoria anteriorm ente aScancado estiver situado no teto m aximo previsto para o beneficio (Juiz Federa!/TRF 5a Regiao/2004).

Os itens que estao errados sao:

a) I e Iib) II e HIc) I e It!d) todose) nenhum

176. {Juiz Federal/TRF da 5a Reg iao/2005/Cespe~UnB) Juigue os seguintes itens:

i - A aliquota de contribuicao do segurado contribuinte individual e facuita- tivo e de 20% sobre o respectivo saiario-de-contribuicao.

il - A contribuicao do em pregador dom estico e de 12% do saiario-de~contri~ buicao do em pregado dom estico a seu servico.

ill - As diarias recebidas pelo segurado em pregado durante o mes, indepen­dentem ente de seu valor, integram o salario-de-contribuicao.

Os itens que estao certos sao:

a) i e I!b) He HIc) ie i l !d) todose) nenhum

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I - 0 em p reg ad o r rural pessoa fisica contribu i para a seguridade com o equivaiente a 2,5% da receita bruta proveniente da comercializacao da sua produ$ao e com 0,1% sobre essa m esm a base de calculo para custeio das prestacoes por acidente de trabalho.

li - A seguridade social brasileira tam b em e custeada pelas contribuicoes sociais incidentes sobre a receita de concursos de prognosticos (AGU/ dez/2002 - CESPE).

!!1 - E vedada a utilizacao dos recursos provenientes das contribuicoes sociais incidentes sobre a receita de concursos de prognosticos para a realizacao de despesas distintas do pagam ento de beneffcios do RGPS.

Os itens que estao errados sao:

a) S e 11b) il e IIIc) 1 e IIId) todose) nenhum

178. (AFRF/2005/E$of) Constituem contribuicoes sociais, de acordo com a Lei n.8.212/91, exceto:

a) As das empresas, incidentes sobre a rem uneracao paga ou creditada aos segurados a seu seryico.

b) As dos em pregados domesticos.c) As dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salario-de-contribuicao.d) As das empresas, Incidentes sobre faturam ento e lucro.e) As dos proprietaries rurais, incidentes sobre o seu faturam ento.

777. Julgue os seguintes itens:

Capitulo 7

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A retencao de 11% foi instituida pela Lei n° 9.711/98 e esta em vigor desde fevereiro de 1999. £ adotada quando uma empresa (contra- tada) presta servico a outra empresa (contratante) mediante empreitada ou cessao de mao de obra.

Cessao de mao de obra: coloca<;ao a disposicao do contratante, em suas dependencias ou nas de terceiros, de segurados que realizem servicos continuos, relacionados ou nao com a atividade fim da empre­sa, independentemente da natureza e da forma de contratacao, inclusive por meio de trabalho temporario na forma da Lei 6.019/74 (RPS, art.219, § 1°).

Empreitada: e a execucao, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de servico, por preco ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, realizada nas dependencias da em­presa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo como objeto um resultado pretendido (IN RFB n° 971/2009, art. 116).

Na empreitada nao ha qualquer restricao ao lugar em que o ser­vico deva ser executado. Ja na cessao de mao de obra, o servico e exe- cutado nas dependencias do contratante ou nas de terceiros, nunca nas proprias dependencias do contratado.

Dependencias de terceiros sao aquelas indicadas pela empresa contratante, que nao sejam as suas proprias e que nao pertencam a em­presa prestadora dos servicos (IN RFB n° 971/2009, art. 115, § 1°).

Servicos continuos sao aqueles que constituem necessidade per­manente da contratante, que se repetem periodica ou sistematicamente, ligados ou nao a sua atividade fim, ainda que sua execucao seja realiza­da de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores (IN RFB n° 971/2009, art. 115, §2°).

Um mesmo servico pode ser contratado por empreitada ou cessao de mao de obra. Por exemplo: a contratacao da vigilancia ou seguranca diaria de certa empresa e tarefa continua, ou seja, sem termino definido. Assim, este servico sera prestado mediante cessao de mao de obra. Ja a contratacao da seguranca de um show, a ser realizado num unico dia, e evidentemente finita. Portanto, trata-se aqui de uma empreitada.

]. Retencao de 11%

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1.1. Procedimento da retencao

I - A empresa contratante de servicos executados mediante cessaoou empreitada de mao de obra, inclusive em regime de trabalho temporario, devera:

a) Reter 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestacao de servicos emitido pela contratada, a titulo de con­tribuicao para a seguridade social;

b) Recolher a importancia retida em nome da empresa contratada ate o dia 20 do mes seguinte ao da emissao da nota fiscal.

I -1) \ O p t eiit'ua.l fl r Vseir f^af iyay fi

meiite aos servi9os:prestados''p0 ds:seg.urad6s:emprisga:dos/cuja i atividade perihita h, cdncessab4e apb’sent¥do^

• 2D ou.25 anos de contribuicao,>respectivamente |Lei;^art. 6°). Assim, nestes casos, os percentuais de retencao serao de

: 15%, 14%. ou 13%, respectivamente.’/ . .. •2) Na contratacao. de .servicos em que a' contratadWsepbr^ a/

j. 7 fornecer material ou dispor de equipameiitos;:fiea faciiltada ao| contratado adiscriminacao,.na hot’a fiscal,'fatufc^

; valor correspondente ao materia hou eqxiipamentos, <qu e:sera';■ h exdufdo da retencao, desde que contratualmente previs ;

I ■■■-- devidamente comprovadd (RPS,: art! 2l'9, 7°). NestV;Cisd,: aI retencao de: 11% incidira somente sobre o valoi* dos seryic6 V: : ;

3) Quem recolhe a retencao e a contratante;, rnas no carripo 5 da GPS. (identificador) deve ser identificado o CNPJ ou GEI da empresa j

| ;V - v contratada. :• / • • v-.'y V ' ;v- -,1 'y y4) A retencao se presumira feita. A empresa contratante riao pode •; alegar ornissao para se eximir do recolhimento. .

II - A empresa contratada devera:a) Destacar na nota fiscal o valor da retencao para a seguridade

social.b) Elaborar folha de pagamento e GFIP distintas para cada obra ou

estabelecimento das empresas que contratarem seus servicos.c) Compensar o valor retido pela contratante, quando do recolhi­

mento de suas contribuicoes para a seguridade social incidentes sobre a folha de pagamento dos segurados a seu servico.

463

Capitulo 8

Reten$do e

responsabilidade soliddria

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i Observances:1) As importancias retidas nao podem ser compensadas com contri-

bui^oes arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para outras entidades e fundos -(terceiros); Somente podem ;ser compensadas com os valores relativos a contribuicoes sociais previdenciarias. .. ; '• •

2) Na impossibilidade de haver compensacao integral ha propria j competencia, o saldo remanescente podera ser compensado nas * competencias subsequentes, inclusive na relativa a gratificacao.

• natalina, ouser objeto de restituicao (RPS, art. 219, § 9°), :3); Para fins de recolhimento e de compensacao daimpbrtahcia ret ida,

sera considerada como competencia aquela a que corresponder a data da emissao da nota fiscal; fatura ou reqbo (RPS, art' 219, § 10).

4) .0 valor, retido podera s<jr comperibadd por ^cimeiito ^ re h ^ e sa

■, . redolhim^nto dSis cohtribuic&es <^tmaH^:. devidas sobre a ^ seu^egiira^

1.2. Hipoteses de incidencia da retencao

De acordo com o § 2° do art. 219 do RPS, havera retencao de 11% nos seguintes servicos realizados mediante cessao de mao de obra:

I - limpeza, conservacao e zeladoria;I I - vigilancia e seguranca;III- construcao civil;IV - servicos rurais;V - digitacao e preparacao de dados para processamento;V I- acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos;V II- cobranca;V III- coleta e reciclagem de iixo e residuos;IX - copa e hotelaria;X - corte e ligacao de servicos publicos;X I- distribuicao;X II- treinamento e ensino;X III- entrega de contas e documentos;X IV - ligacao e leitura de medidores;X V - manutencao de instalacoes, de maquinas e de equipamentos;X V I- montagem;X V II- operacao de maquinas, equipamentos e vefculos;

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I

XVIII - operacao de pedagio e de terminals de transporte;XIX - operacao de transporte de passageiros, inclusive nos casos

de concessao ou sub-concessao;XX - portaria, recep^ao e ascensorista;XXI - recepcao, triagem e movimentacao de materials;XXII - promo^ao de vendas e eventos;XXIII - secretaria e expediente;XXIV - saude; eXXV - telefonia, inclusive telemarketing.

De acordo com o § 3° do art. 219 do RPS, havera retencao de 11% nos seguintes servicos quando contratados mediante empreitada de mao de obra.

I - limpeza, conservacao e zeladoria;II ~ vigilancia e seguran^a;III - construcao civil;IV - s e rv e s rurais;V ~ digitacao e preparacao de dados para processamento;

Tanto em relacao a cessao de mao de obra como a empreitada, a lista de servicos sujeitos a retencao e exaustiva. Assim, os servicos nao listados nao se sujeitarao a incidencia da retencao.

1 ;.A eferi ap exclui a'responsabilidade solidaria.: . ' ' : V.:

1.3. Empresa optante pelo Simples Nacional

As microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional que prestarem servicos mediante cessao de mao de obra ou empreitada nao estao sujeitas a retencao de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestacao de servicos emi- tidos. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARACAO CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. RETENCAO DE 11% SOBRE FATURAS DE PRESTACAO DE SERVICOS. ART 31 DA LEIN0 8.212/91, COMREDACAO CONFERIDA PELA LEI N° 9711/98. EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES. ILEGITI- MIDADE DA EXIGENCIA. 1. A l aSegdo do STJ, no julgamento

Capitulo 8

® Retencao

e responsabilidade

soliddria

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do EREsp 511.001/MG, Rel Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 11.04.2005, assentou o entendimento de que as empresas optantes pelo SIMPLES nao estao sujeitas a retencao do percentual de 11% prevista no art 31 da Lei n° 8.212/91, com redagao conferidapela Lei n° 9.711/98, vez que o sistema de arrecadacao a elas destinado e incompativel com o regime de substituicdo tributaria previsto nessa norma 2. Embargos de declaracao parcialmente acolhidos, com efeitos modificativos, para, suprindo a omissao do julgado em relacao as empresas optantes pelo SIMPLES, dar parcial provimento ao recurso especial para que a exacdo seja recolhida de acordo com o disposto na Lei n° 9.711/98, exceto das empresas optantes pelo SIMPLES” (STJ, EDcl no REsp 806226/RJ, Rel Min. Carlos Fernando Mathias, 2a T., DJe 26/03/2008).162

Para consolidar o entendimento sobre o tema em tela, o STJ edi- tou a seguinte sumula:

“Sumula 425: A retencao da contribuicao para a seguridade social pelo tomador do servico nao se aplica as empresas optantes pelo Simples/ ’

Como exce<;ao a regra, as empresas optantes pelo Simples Nacio­nal que exercam as atividades de construcao civil, vigilancia, limpeza e conservacao continuam sujeitas a retencao de 11% (IN RFB n° 971/2009, art. 191, II). Isso ocorre porque as empresas que exercem essas ativida­des, mesmo sendo optantes pelo Simples Nacional, continuam obriga­das a recolher suas contribuicoes previdenciarias da mesma forma que as nao optantes.

1.4. Cooperativa de trabalhoNao havera retencao de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal emi-

tida por cooperativa de trabalho. A empresa que contratar a cooperativa de trabalho e que fica obrigada a recolher uma contribuicao de 15% inci­dente sobre o valor bruto da nota fiscal. Neste caso, nao se trata de uma retencao, mas de uma contribuicao a cargo da empresa contratante.

1.5. Jurisprudencia a respeito da retencao de 11%O STF entende que a retencao de 11% nao ofende a Constituicao.

162 STJ, REsp 5 5 2 9 7 8 /M G , Rel. M in . Luiz Fux, 13 T, DJ 0 9 /1 2 /2 0 0 3 , p. 2 3 6 .

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Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA■ CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. PREVI­DENCIARIO. CONTRIBUICAO SOCIAL: SEGURIDADE. RE­TENCAO DE 11% SOBRE 0 VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OUDA FATURA DE PRESTACAO DE SERVICO. Lei n° 8.212/91, art. 31, com a redagao da Lei n° 9.711/98.1. - Empresa contratante de servigos executados mediante cessao de mao de obra: obrigagdo de refer onzepor cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestagdo de servigos e recolher a importancia retida ate o dia 20 do mes subsequente ao da emissao da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mao de obra: inocorrencia de ofensa ao disposto no art 150, § 7°, art 150, IV, art. 195, § 4°, art. 154,1, e art 148 da CF. II. - R.E. conhecido e improvido”. 163

O STJ tambem entende que o procedimento a ser adotado na re­tencao de 11% nao viola qualquer disposi^ao legal. Nesse sentido, confi­ra-se o seguinte julgado daquela Corte:

“TRIBUTARIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. EMPRESA PRESTADORA DE SERVICO. OPCAO PELO “SIMPLES” RETENCAO DE 11% SOBRE FATU- RAS. ART. 31, DA LEI N° 8.212/91, COM A REDACAO DA LEI N° 9.711/98. NOVA SISTEMATICA DE ARRECADACAO MAIS COMPLEXA, SEMAFETACAO DAS BASES LEGAIS DA ENTI- n DADE TRIBUTARIA MATERIAL DA EXACAO. L A Lei n° 9.711, f de20/11/1999, que alterou o art. 31, da Lei n° 8.212/1991, ndo criou §■ qualquer nova contribuigdo sobre ofaturamento, nem alterou a ali- 00 quota, nem a base de calculo da contribuigdo previdencidria sobre a folha de pagamento. 2. A determinagao do mencionado artigo | 31 configura, apenas, uma tecnica de arrecadagao da contribuigdo previdencidria, colocando as empresas tomadoras de servigo como * responsaveis tributarios pela forma de substituigdo tributdria. 3 .0 J procedimento a ser adotado nao viola qualquer disposigdo legal, | haja vista que, apenas, obriga a empresa contratante de servigos a reter da empresa contratada, em beneficio da previdencia social, g o percentual de 11% sobre o valor dos servigos constantes da nota |. fiscal ou fatura, a titulo de contribuigdo previdencidria, emface ^ dos encargos de lei decorrentes da contratagdo de pessoal 4. A

163 STF, RE 3 9 3 .9 4 6 , Rel. M in . Carlos Velloso, DJ 0 1 /0 4 /0 5 .

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prestadora dos servicos, isto e, a empresa contratada, que sofreu a retencao, procede, no mes de competencia, a uma simples operagao aritmetica: de posse do valor devido a titulo de contribuicaopreviden­ciaria incidente sobre a folha de pagamento, diminuira deste valor o que foi retido pela tomadora de servicos; se o valor devido a titulo de contribuicao previdenciariafor menor, recolhe, ao RGPS, o montante devedor respectivo, se o valor retido for maior do que o devido, no mes de competencia, requererd a restituicao do seu saldo credor. 5. 0 que a lei criou foi, apenas, uma nova sistemdtica de arrecadacao, embora mais complexa para o contribuinte, porem, sem afetar as bases legais da entidade tributaria material da contribuicao previ- dencidria. 6. Quanto ao “desvirtuamento” da Lein09.317/96, ha que se considerar que ofato de ser a empresa beneficidria do SIMPLES, altera o efeito que a referida Leipassou aproduzir acerca da contri­buicao destinada ao financiamento da Seguridade Social incidente sobre a folha de salarios. 0 SIMPLES nao isenta a microempresa ou empresa de pequeno porte das obrigacoes tributarias, mas apenas permite que haja a simplificacao do cumprimento de tais deveres. Portanto, inexiste ofensa a contribuicao prevista no art 22, da Lei n° 8.212/91. 7. Recurso providoV64

Portanto, constata-se que, conforme entendimento jurispruden­tial, a reten£ao de 11%, prevista no art. 31 da Lei n° 8.212/91, tem na­tureza juridica de substitui<;ao tributaria. Trata-se aqui da denomina­da “substituicao tributaria para frente”, prevista no § 7° do art. 150 da Constituicao Federal, in verbis:

“§ 7.° A lei podera atribuir a sujeito passivo de obrigacao tributaria a condicdo de responsavel pelo pagamento de imposto ou contribuigdo, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata epreferencial restituicao da quantiapaga, caso nao se realize o fato gerador presumido”

2. ResponsahiJidode soliddria

Segundo o Novo Codigo Civil, art. 264, “ha solidariedade, quando na mesma obrigacao concorre mais de um credor (solidariedade ativa), ou mais de um devedor (solidariedade passiva), cada um com direito, ou obrigado a dlvida toda”

1 64 STJ, REsp 4 2 1 8 8 6 /R J , Rel. M in . Jose D eigado, 13 T, DJ 1 0 /0 6 /2 0 0 2 , p. 164.

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I

No Direito Tributario nao e possfvel falarmos em solidariedade ativa, tendo em vista a fixacao constitucional das competencias, que im­pede a existencia de mais de um credor na mesma obriga^ao tributaria.

Importa, aqui, portanto, estudar a solidariedade passiva, ou seja, a ocorrencia de mais de um sujeito passivo em uma mesma obriga^ao tri­butaria, obrigando-se cada um deles a uma dfvida tributaria integral. O sujeito ativo, em contrapartida, tem o direito de exigir o cumprimento da referida obriga^ao de uma ou de outra pessoa, na condicao de deve- dora solidaria, ou ate mesmo de todas, de modo a exigir o pagamento integral do valor.

Na responsabilidade solidaria passiva, cada um dos devedores so- lidarios responde pela divida inteira, como se fosse o unico devedor.O credor (INSS) pode escolher qualquer deles e compeli-lo a pagar a divida toda.

Assim, a responsabilidade nao comporta beneficio de ordem (CTN, art. 124, paragrafo unico e Lei n° 8.212/91, art. 30, VI).

Beneficio de ordem e o direito a observancia de uma ordem, de uma sequencia, quanto a execucao de uma divida. E o que aconte­ce, por exemplo, com a fian^a: de acordo com o Novo Codigo Civil, art. 827, “o fiador demandado pelo pagamento da divida tem o direito de exigir, ate a contesta<;ao da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor”.

A solidariedade tributaria nao comporta o beneficio de ordem. Isto nao precisaria nem estar expresso no CTN, pois a solidariedade tem como principio nao comportar o beneffcio de ordem. O paragrafo unico do art. 124 do CTN e desnecessario. Mas o legislador do CTN, mcluindo o citado paragrafo, afastou qualquer duvida que pudesse ser levantada a esse respeito.

Portanto, a pessoa solidariamente responsavel por uma obriga- <;ao tributaria nao se pode negar ao pagamento, alegando que outras ainda nao pagaram. E dada ao credor (INSS) a faculdade de escolher o devedor de quem exigira o cumprimento da obriga^ao. Pode tambem o credor exigir o cumprimento da obriga^ao de todos ao mesmo tempo.

2.1. Responsabilidade solidaria na construcao civil

O proprietario, o incorporador, o dono da obra ou condomino da unidade imobiliaria cuja contrata^ao da construcao, reforma ou acrescimo

Capftulo

8 ♦

Retengao e

responsabilidade soliddria

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nao envolva cessao de mao de obra, sao solidarios com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigacoes para com a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo contrao executor ou contratante da obra e admitida a retencao de importancia a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigacoes, nao se aplic&ndo, em qualquer hipotese, o beneficio de ordem (RPS, art. 220).

Nao se considera cessao de mao de obra a contratacao de cons- tru^ao civil em que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente (RPS, art220, § 1°), Esta situacao e conhecida como empreitada total.

Nos contratos de construcao civil, mesmo que nao envolvam ces­sao de mao de obra, e admitida a retencao de 11%, porem, opcional. A contratante e quem decide se faz, ou nao, a retencao. Se a contratante fizer a retencao de 11%, fica elidida sua responsabilidade solidaria.

Nos contratos de construcao civil que envolvam cessao de mao de obra, a retencao de 11% e obrigatoria.

O executor da obra devera elaborar, distintamente para cada esta­belecimento ou obra de construcao civil da empresa contratante, folha de pagamento e GFIP, cujas copias deverao ser exigidas pela empresa contratante quando da quitacao da nota fiscal ou fatura, juntamente com o comprovante de entrega daquela Guia (RPS, art. 220 , § 2°).

Construtor e a pessoa fisica ou juridica que executa obra sob sua responsabilidade, no todo ou em parte (RPS, art. 220, § 4°).

Entende-se como obra de construcao civil a construcao, demoli- cao, reforma ou ampliacao de edificacao ou outra benfeitoria agrega- da ao solo ou ao subsolo (RPS, art. 257, § 13). Contudo, uma simples pintura do imovel, objetivando a sua manutencao, nao se enquadra no conceito de obra de construcao civil, para fins de responsabilizacao so­lidaria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“TRIBUTARIO. PROCESSUAL CIVIL CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. RESPONSABILIDADE SOLIDARIA. ART 30, VI DA LEI N° 8.212/91. AUSENCIA DE SUBSUNQAO DO FATO A HIPOTESE DE INCIDENCIA TRIBUTARIA. I - O servico de pintura, quando realizado como manutencao ordi- ndria do imovel, nao pode ser enquadrado no conceito legal de construcao civil - construcao, ampliacao ou reforma - previsto no

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art. 30, VI, da Lei n° 8.212/91, para responsabilizagdo soliddria do contratante do servigo ou empreiteiros que realizaram apintura.II - Recurso especial improvidoV65

Para melhor entendimento da responsabilidade solidaria na cons­truct) civil, apresento o quadro a seguir:

Contrato Retencao v : SolidariedadeEnvolve cessao de mao de obra Sim (obrigatoria) Nao

Nao envolve cessao de mao de obra Opcional Sim NaoNao Sim

Exclui-se da responsabilidade solidaria perante a Seguridade So­cial o adquirente de predio ou unidade imobiliaria que realizar a opera­cao com empresa de comercializacao ou incorporador de imoveis, fican- do estes solidariamente responsaveis com o construtor (Lei n° 8.212/91, art. 30, VII).

2.1.1. A responsabilidade soliddria na construcao civil sera elidida

a) Pela comprovacao, de acordo com o informado na folha de pagamento e na GFIP, do recolhimento das contribuicoes in­cidentes sobre a remuneracao dos segurados, incluida em nota fiscal ou fatura correspondente aos servicos executados, quando corroborada por escrituracao contabil;

b) Pela comprovacao do recolhimento das contribuicoes incidentes sobre a remuneracao dos segurados, aferidas indiretamente nos termos, forma e percentuais previstos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil;

c) Pela comprovacao do recolhimento da retencao de 11%, permi- tida, porem opcional.

2.2. Empresas que integram grupo economico

As empresas que integram grupo economico de qualquer nature­za respondem entre si, solidariamente, pelas obrigacoes previdenciarias (Lei n° 8.212/91, art. 30, IX). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

165 STJ, REsp 6 6 3 2 7 8 /R S , Rel. M in . Francisco Falcao, 1a T, DJ 1 7 /1 0 /2 0 0 5 , p. 184.

Capiiulo

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Retenfdo e responsabilidade soliddria

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"TRIBUTARIO E PREVIDENCIARIO. RECURSO ESPE­CIAL PENALIDADE PECUNIARIA. RESPONSABILIDADE SOLIDARIA DE EMPRESAS INTEGRANTES DO MESMO GRUPO ECONOMICO. INTELIGENCIA DO ART. 265 DO CC/2002, ART 113, § 1°, E 124, II> DO CTN E ART 30, IX, DA LEI 8.212/1991. 1. A Lei n° 8.212/1991 preve, expressamente e de modo incontroverso, em seu art. 30, IX, a solidariedade das empresas integrantes do mesmo grupo econdmico em relacao as obrigacoes decorrentes de sua aplicaqao. 2. Apesar de serem reconhecidamente distintas, o legislador infraconstitucional de- cidiu dar o mesmo tratamento - no que se refere a exigibilidade e cobranga - d obrigacao principal e a penalidade pecuniaria, situacao em que esta se transmuda em cridito tributario. 3. O tratamento diferenciado dado a penalidade pecuniaria no CTN, por ocasiao de sua exigencia e cobranca, possibilita a extensdo ao grupo econdmico da solidariedade no caso de seu inadimple~ mento. 4. Recurso Especialprovido.”166

Caracteriza-se grupo econdmico quando duas ou mais empresas estiverem sob a direcao, o controle ou a adm inistrate de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade economica (IN RFB n° 971/2009, art 494).

2.3. Produfores rurais integrantes de consorcio simplificado

De acordo com o disposto no art. 25-A da Lei n° 8.212/91, “equi- para-se ao empregador rural pessoa fisica o consorcio simplificado de produtores rurais, formado pela uniao de produtores rurais pessoas fisicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demi- tir trabalhadores para prestacao de servicos, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartorio de titulos e documentos”.

Os produtores rurais integrantes do consorcio simplificado serao responsaveis solidarios em relacao as obrigacoes previdenciarias (Lei n° 8.212/91, art. 25-A, § 3°).

166 STJ, REsp 1 1 9 9 0 8 0 /S C , Rel. M in . H E R M A N B EN JA M IN , 2 a T, DJe 1 6 /0 9 /2 0 1 0 .

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2.4. Operador portuario e OGMO

De acordo com o art. 2° da Lei n° 9.719/98:I - cabe ao operador portuario recolher ao orgao gestor de mao

de obra (OGMO) os valores devidos pelos servicos executados, referentes a remuneracao por navio, acrescidos dos percentuais relativos a decimo terceiro salario, ferias, FGTS, encargos fiscais e previdenciarios, no prazo de vinte e quatro horas da reali­zacao do servico, para viabilizar o pagamento ao trabalhador portuario avulso;

II - cabe ao OGMO efetuar o pagamento da remuneracao pelosservicos executados e das parcelas referentes a decimo terceiro salario e ferias, diretamente ao trabalhador portuario avulso. Ainda cabe ao OGMO o efetivo recolhimento da contribuicao previdenciaria, cujo valor foi repassado pelo operador portuario.

O operador portuario e o OGMO sao solidariamente responsa- veis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das contribuicoes previ­denciarias e demais obrigacoes, inclusive acessorias, devidas a Seguri­dade Social, vedada a invocacao do beneficio de ordem (Lei n° 9.719/98, art. 2°, § 4°).

2.5. Administradores publicos

Os administradores de autarquias e fimdacoes publicas, criadas e mantidas pelo Poder Publico, de empresas publicas e de sociedades de eco- .§ nomia mista sujeitas ao controle da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal sL ou dos Municipios, que se encontrarem em mora, por mais de 30 dias, no « recolhimento das contribuicoes previdenciarias, tomam-se solidariamente ^ responsaveis pelo respectivo pagamento (Lei n° 8.212/91, art. 42). §

if*2.6. Ato praticado sem apresentacao da CND *

O ato para o qual a lei exige a exibicao de CND (ou de CPD-EN), |quando praticado com violacao a esse requisito, acarretara a responsa- 2: bilidade soliddria dos contratantes e do oficial cartorario que lavrar ouregistrar o instrumento, sem prejuizo da multa e da responsabilizacao ^penal e administrativa cabfveis, sendo o ato nulo para todos os efeitos a: (Lei n° 8.212/91, art. 48). t-

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So ha responsabilidade solidaria nos casos em que existe expressa previsao legal. Assim, faltando previsao legal, nao havera responsabili­dade solidaria.

Sao exemplos de situacoes onde nao ha responsabilidade solidaria:a) Nos casos de contratacao de servicos por intermedio de coope­

rativa de trabalho;b) Nos casos em que haja a previsao legal de retencao de 11% do

valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de servicos prestados mediante cessao de mao de obra ou empreitada.

3. Responsabilidade dos adminisfradores de pessoas juridicas de direito privado

Os diretores, gerentes ou representantes de pessoas juridicas de direito privado sao pessoalmente responsaveis pelos creditos correspon­dentes a obrigacoes tributarias resultantes de atos praticados com exces- so de poderes ou infracao de lei, contrato social ou estatutos (CTN, art. 135, III). Aqui nao se trata de responsabilidade solidaria, mas sim de responsabilidade pessoal dos administradores das sociedades empresa- rias. Ou seja, a divida sera exigida exclusivamente do responsavel, dei- xando de lado a figura do contribuinte.

Mas para ocorrer a responsabilidade pessoal dos administradores e imprescindivel que o ato cometido seja com excesso de poderes ou com infracao de lei, contrato social ou estatutos. Nestes casos, o ad- ministrador causador do dano deve ser pessoalmente responsabilizado, nao havendo que se falar em responsabilidade da pessoa juridica.

A infracao da lei a que se refere o art. 135 do CTN nao pode ser entendida como mero inadimplemento de tributo, mas sim como atos que, contrariamente a lei, tenham sido praticados com o intuito de nao pagar o tributo. Por outro lado, nao basta ser socio para que se apliqueo inciso III do art. 135 do CTN, sendo necessario que exerca a admi- nistracao da empresa ao tempo da pratica da infracao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

2 .1. Situacoes nas quais nao ha responsabilidade soliddria

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"TRIBUTARIO - EXECUCAO FISCAL - REDIRECIONA- MENTO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO SOCIO- -GERENTE - ART 135 DO CTN 1. Epadfico nesta Corte o en- tendimento acerca da responsabilidade subjetiva do socio-gerente em relacao aos debitos da sociedade. De acordo com o artigo 135 do CTN, a responsabilidade fiscal dos socios restringe-se aprdtica de atos que configurem abuso de poder ou infragao de lei, contrato social ou estatutos da sociedade. 2. O socio deve responder pelos debitos fiscais do periodo em que exerceu a administracao da sociedade apenas se ficar provado que agiu com dolo oufraude e exista prova de que a sociedade, em razao de dificuldade eco­nomica decorrente desse ato, ndo pode cumprir o debito fiscal O mero inadimplemento tributario ndo enseja o redirecionamento da execucao fiscal. Embargos de divergencia providosV67

Imagine-se, por exemplo, a empresa que descontou a contribui­cao previdenciaria do empregado, nao recolheu o valor descontado aos cofres da previdencia e omitiu da GFIP o empregado que lhe prestou servico. Neste caso, pode-se aplicar o art. 135, III, do CTN, e cobrar a contribuicao previdenciaria diretamente do administrador por ter ha­vido infracao de lei, caracterizando os crimes de apropriacao indebita previdenciaria (CP, art. 168-A) e de sonegacao de contribuicao previ­denciaria (CP, art. 337-A, I).

167 STJ, EAg 4 9 4 8 8 7 /R S , Rel. M in . H um berto M artins , DJe 0 5 /0 5 /2 0 0 8 .

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179. (AFPS/2002/Esaf) Nos term os do Regulam ento da Previdencia Social, anaiiseas assertivas a respeito da responsabilidade solidaria da contribuicao social,assinalando a incorreta.

a) A empresa contratante de servicos executados m ediante cessao ou em preita­da de m ao de obra devera reter onze p o r cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestacao de servicos e recolher a im portancia retida em nom e da empresa contratada.

b) O proprietario, o incorporador defin ido na Lei n° 4.591, de 1964, o dono da obra ou condom ino da unidade im obiliaria, cuja contratacao da construcao, reforma ou acrescimo nao envolva cessao de m ao de obra, nao sao solidarios com o construtor.

c) Considera-se construtor, para os efeitos do Regulam ento da Previdencia Social, a pessoa fisica ou juridica que executa obra sob sua responsabilidade, no to do ou em parte.

d) Exclui-se da responsabilidade solidaria perante a seguridade sociai o adqui­rente de predio ou unidade im obiliaria que realize a operacao com empresa de comercializacao.

e) As empresas que integram grupo econdm ico de qualquer natureza respon­dent entre si, solidariamente, pelas obrigacoes decorrentes do disposto no Regulam ento da Previdencia Social.

180. {Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB) Com relacao a responsabilidade solidaria, ju igue os itens seguintes.

I - Os diferentes orgaos ou entidades da adm inistracao federal, estadual, doDistrito Federal (DF) ou m unicipal tornam -sedevedores solidarios em caso de mora superior a trin ta dias no recolhim ento das contribuicoes previstas pela Lei n° 8.212/91, sem prejufzo de outras sancoes previstas em lei.

II - Os administradores das autarquias e fundacoes publicas, criadas e mantidaspelo poder publico, de empresas publicas e de sociedades de economia mista sujeitas ao controle da Uniao, dos estados, do DF e dos munidpios serao pessoalmente responsaveis pelas multas aplicadas em decorrencia de transgressoes a Lei n° 8.212/91 e ao seu regulamento, sendo obrigatorio o desconto respectivo em folha de pagamento, mediante requisicao dos orgaos competentes e a partir do primeiro pagam ento que se seguir a requisicao.

III - Ha solidariedade quando, na mesma obrigacao, concorre mais de um credor,ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado a dfvida toda.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) II e 111

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c) 1 e 111

d) todose) nenhum

187. Julgue os itens seguintes.

I - A retencao de 11% incide sem pre sobre o valor bruto da nota fiscal, faturaou recibo de prestacao de servicos, m esm o que a empresa contratada dis- crim ine, na nota fiscal, fatura ou recibo, o valor correspondente a material ou equipamentos contratualm ente previstos edevidam ente comprovados.

II - 0 adquirente de predio ou unidade im obiliaria que realizar operacao comempresa de comercializacao e solidariam ente responsavel com esta em ­presa pelo recolhim ento das contribuicoes da seguridade social (FISCAL/ INSS/98-CESPE).

ill - 0 socio-gerente de sociedade lim itada e pessoalmente responsavel pelo pagam ento de c o n tr ib u te s previdenciarias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infracao de lei, contrato social ou estatutos.

Os itens que estao errados sao:

a) I e llb) ll e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

782, (Cespe-UnB) Julgue os itens abaixo.

I - As empresas que integram grupo economico urbano ou rural sao solidariasentre si pelas obrigacoes devidas a seguridade social, cabendo a Uniao prom over a execucao contra a devedora principal, inicialmente, apenas direcionando-as as demais empresas solidarias na hipotese de insolvencia da prim eira (FISCAL/INSS/98 - adaptada).

II - 0 contratante de servicos executados m ed iante cessao de m ao de obra,inclusive em regim e de trabalho tem porario , sempre responde solidaria­m ente com a empresa executora pelas obrigacoes devidas a seguridade social, com excecao das contribuicoes incidentes sobre faturam ento e lucro (FISCAL/INSS/98 ~ adaptada).

ill - Considere a seguinte situacao hipotetica: A empresa proprietaria de deter­m inado terreno urbano contratou um a construtora para edificar, no local, um predio de salas e lojas. Conciufda a obra, a proprietaria vendeu, ela propria, todas as unidades imobiliarias. Posteriormente, a fiscalizacao da Secretaria da Receita Federal do Brasil apurou nao terem sido recolhidas as contribuicoes sociais devidas e m face dos salarios pagos para execucao da obra. Nessa situacao, responderao solidariam ente pelas contribuicoes sociais a empresa contratante, a construtora contratada e os adquirentes das unidades (AFPS/2001 - adaptada).

Capitulo

8 ♦

Retengao e responsabilidade soliddria

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a) i e iib) l ie IIIc) I e IIId) todose) nenhum

183. Q uanto a retencao e a responsabilidade solidaria, ju igue os itens que seguem.

I - Cessao de m ao de obra e a colocacao a disposicao do contratante, em suasdependencias, de segurados que realizem servicos continuos, exclusiva­m ente relacionados com a atividade-fim da empresa cessionaria, qualquer que seja a natureza e a form a de contratacao.

II - Q uando a contratada, empresa construtora, devidam ente registrada noCREA, assume a responsabilidade integral pela execucao da obra ou ser­vigo, com ou sem fornecim ento de material, nao se considera que exista cessao de mao de obra.

III - 0 valor retido pela empresa contratante podera sercom pensado por qual­quer estabelecim ento da empresa cedente da m ao de obra, porocasiao do recolhimento das c o n tr ib u te s destinadas a Seguridade Sociai devidas sobre a folha de pagam ento dos seus segurados.

Os itens que estao certos sao:

a) l e l lb) l ie IIIc) l e i i id) todose) nenhum

184. (Cespe-UnB) Juigue os itens abaixo.

i - Na condicao de proprietario de obra residencial fiscalizada pela Secretariada Receita Federal do Brasii, Paulo foi autuado, ju n tam en te com o cons­trutor que havia contratado, em razao da ausencia de recolhim entos das contribuicoes previdenciarias sobre os salarios pagos aos trabalhadores no locai. Embora Pauio tivesse afirm ado - e com provado - a fiscalizacao que o contrato firm ado com o construtor, devidam ente registrado em cartorio, previa a responsabilidade exciusiva deste ultim o pelas obrigacoes previdenciarias, foi considerado responsavel pelo debito referido. Nessa situacao, nao se pode creditar quaiquer responsabilidade a Pauio, em razao do contrato por eie ceiebrado, sendo evidente o equivoco da fiscalizacao (Deiegado da Policia F e d e ra l/20 04 -a d ap tad a ).

ii - Embora integrantes do m esm o grupo econdmico, duas empresas vincu-iadas a segmentos empresariais distintos foram acionadas judicia im ente

Os itens que estao e rrados sao:

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para pagam ento das dfvidas previdenciarias de uma terceira empresa, tam bem pertencente ao m esm o grupo. Nas contestagoes que apresenta- ram, as duas empresas suscitaram preiim inar de ilegitim idade passiva ad causam, aduzindo que as pessoas juridicas nao se confundiam com seus respectivos socios e que nao tiveram qualquer ingerencia na gestao da empresa devedora principal. Nessa situacao, a luz da legislacao apiicavel, as preliminares serao rechacadas, com o consequente reconhecim ento da responsabilidade solidaria das duas empresas (D elegado da Poltcia Federal/2004).

Ill - Serao solidariam ente responsaveis pelo pagam ento, em caso de mora superior a trinta dias no recolhim ento das contribuicoes previdenciarias, os adm inistradores de autarquias e funda^oes publicas, criadas e m anti- das pelo poder publico, de empresas publicas e sociedades de economia mista sujeitas ao contro le da Uniao, dos estados, do Distrito Federal ou dos m unidpios (Delgado da Poli'cia Federal/97).

Os itens que estao certos sao:

a) I e Ifb) II e 111

c) I e IIId) todose) nenhum

185. Julgue os itens abaixo:

i - A empresa contratante de servicos prestados m ediante cessao de m ao de obra deve reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura e recolher a im portancia retida ate o dia 20 do mes subsequente ao da emissao da nota. Conforme entendim ento jurisprudencia!, essa retencao tem natureza juridica de substituicao tributaria (Procurador Federal/abr/2004 - CESPE - adaptada).

ll - A empresa contratada devera elaborarfo lha de pagam ento e GFIP distintas em relacao a cada estabelecim ento ou obra de construcao civil da empresa contratante do servico.

Eli - A em presa contratante de servicos prestados por cooperados por in­term edio de cooperativa de trabalho deve reter 15% do valor bruto da nota fiscal ou fatura e recolher a im portancia retida at£ o dia dois do mes subsequente ao da emissao da nota.

Os itens que estao certos sao:

a) I e 11b) II e 111

c) I e IIId) todose) nenhum

Capitulo

8 *

Retengao e

responsabilidade soliddria

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As obrigacoes acessorias sao prestagoes positivas ou negativas no interesse da arrecadacao ou da fiscalizacao. Visam, entre outras fun- coes, a subsidiar o fisco previdenciario na verificacao da regularidade fiscal da empresa.

Dentre outras, a empresa deve cumprir as seguintes obrigacoes acessorias:

a) Preparar folha de pagamento da remuneracao paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu servico, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos;

b) Lancar mensalmente em titulos proprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contri­buicoes, o montante das quantias descontadas, as contribuicoes da empresa e os totais recolhidos;

c) Prestar a Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as in­formacoes cadastrais, financeiras e contabeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessarios a fiscalizacao;

d) Declarar a Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Servico - FGTS, na forma, prazo e condicoes estabelecidos por esses orgaos, dados relacionados a fatos geradores, base de calculo e valores devidos da contribuicao previdenciaria e outras informacoes de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS. Esta declaracao e feita por intermedio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Servico e Informacoes a Previdencia

, Social - GFIP;e) Encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissio­

nal mais numerosa entre seus empregados, ate o dia 10 de cada mes, copia da Guia da Previdencia Social (GPS) relativamente a competencia anterior;

f) Afixar copia da GPS, relativamente a competencia anterior, du­rante o periodo de um mes, no quadro de horario de que trata o art. 74 da CLT;168

168 Conso!ida<;ao das Leis do Trabalho:Art. 74. O horario do trabalho constara de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo

Ministro do Trabalho e afixado em fugar bem visfvel. Esse quadro sera discriminativo no caso de nao ser o horario unico para todos os empregados de uma mesma se?ao ou turma.

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g) Informal-, anualmente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma por ela estabelecida, o nome, o numero de inscricao na previdencia social e o endere^o completo dos comerciantes ambulantes por ela utilizados no periodo, a qualquer titulo, para distribuicao ou comercializacao de seus produtos, sejam eles de fabricacao propria ou de terceiros, sempre que se tratar de empresa que realize vendas diretas (RPS, art. 225, VII);

h) Inscrever, no RGPS, os segurados empregados e os trabalhado­res avulsos a seu servico. A inscricao do segurado empregado e efetuada diretamente na empresa, mediante preenchimento dos documentos que o habilitem ao exercicio da atividade, formali- zado pelo contrato de trabalho, e a inscricao dos trabalhadores avulsos e efetuada diretamente no OGMO, no caso dos por- tuarios, ou no sindicato de classe, nos demais casos, mediante cadastramento e registro do trabalhador, respectivamente, no OGMO ou sindicato;

i) Exibir a fiscalizacao da Secretaria da Receita Federal do Brasil, quando intimada para tal, todos os documentos e livros com as formalidades legais intrmsecas e extrmsecas,.relacionados com as contribuicoes sociais;

j) Matricular no Cadastro Espedfico do INSS (CEI) obra de cons­trucao civil executada sob sua responsabilidade, dentro do prazo de trinta dias contados do inicio da execucao;

k) Elaborar e manter atualizado Laudo Tecnico de Condicoes Ambientais do Trabalho - LTCAT com referenda aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabaiha- dores; e

1) Elaborar e manter atualizado Perfil Profissiografico Previdencia­rio PPP abrangendo as atividades desenvolvidas por trabalha­dor exposto a agente nocivo existente no ambiente de trabalho e fornecer ao trabalhador, quando da rescisao do contrato de trabalho, copia autentica deste documento.

A empresa que utiliza sistema de processamento eletronico de da­dos para o registro de negocios e atividades economicas, escrituracao de livros ou producao de documentos de natureza contabil, fiscal, tra­balhista e previdencidria e obrigada a arquivar e conservar, devidamen­te certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em meio digital ou assemelhado, a disposicao da fiscalizacao (Lei n° 10.666/2003, art. 8°).

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A cooperativa de trabalho e a pessoa juridica sao obrigadas a efe- tuar a inscricao no INSS dos seus cooperados e contratados, respecti­vamente, como contribuintes individuals, se ainda nao inscritos (Lei n° 10.666/2003, art. 4°, § 2°).

L GFIP

GFIP e a guia de recolhimento do FGTS e informacoes a Previ­dencia Social. Como se pode ver, a GFIP tem duas funcoes basicas: re­colher o FGTS e prestar informacoes a Previdencia Social.

A declaracao dada atraves da GFIP constitui confissao de divida e instrumento habil e suficiente para a exigencia do credito tributario, e suas informacoes comporao a base de dados para fins de calculo e concessao dos beneficios previdenciarios (Lei n° 8.212/91, art. 32, § 2°).

Serao, portanto, inscritas como divida ativa da Uniao as contri­buicoes previdenciarias que nao tenham sido recolhidas ou parcela- das resultantes das informacoes prestadas na GFIP (Lei n° 8.212/91, art. 39, § 3°).

A empresa devera apresentar GFIP ainda que nao ocorram fatos geradores de contribuicao previdenciaria (Lei n° 8.212/91, art. 32, § 9°). Neste caso, a empresa devera apresentar uma GFIP sem movimento, para a primeira competencia da ausencia de fatos geradores, dispensan- do-se a transmissao para as competencias subsequentes ate a ocorrencia de fatos determinantes de recolhimento ao FGTS e/ou fato gerador de contribuicao previdenciarial

•A;empi-eisa.estava sem:atmd^die'desfe

.videriciariav;^este;:caso,.a:;empresa^'movimento para 08/2007 gerador; (b): GFIP. cbrn;'^ competencia 03/2008,

individual; e (c) uma (3I|iF,sem movimento paraacompetencia 04/2008. -

O contribuinte individual que tenha segurados a seu servico fica obrigado a entregar GFIP. O segurado especial que contrate trabalhador

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I

rural por pequeno prazo tambem fica obrigado a entrega da GFIP (Lei n° 5.889/73, art. 14-A, § 2°). Contudo, o contribuinte individual e o se­gurado especial que nao contratem nenhum segurado ficam dispensa- dos da entrega da GFIP.

O segurado facultativo, em qualquer hipotese, e dispensado da entrega da GFIP. O Microempreendedor Individual (MEI) tambem esta dispensado da entrega da GFIP (LC n° 123/06, art. 18-A, § 13).169

E facultado ao empregador domestico recolher FGTS para o seu empregado. No entanto, ao decidir faze-lo, nao podera interromper o recolhimento, salvo se houver rescisao contratual. Caso nao haja o re­colhimento para o FGTS, o empregador domestico fica dispensado da entrega da GFIP.

Os orgao publicos nao devem incluir na GFIP os servidores ampa- rados por regime proprio <de previdencia social. Assim, na GFIP dos or­gao publicos deve constar apenas os trabalhadores vinculados ao RGPS.

A entrega da GFIP sera efetuada na rede bancaria ate o dia 7 do mes seguinte a competencia a que se refere. Nao havendo expediente bancario no dia 7, o prazo de entrega e antecipado para o dia util ime- diatamente anterior.

A GFIP passou a ser exigida a partir de janeiro de 1999.

% Folha de pagamento

A empresa e obrigada a preparar uma folha de pagamento para cada estabelecimento (filial), obra de construcao civil e para cada toma- dor de servico.

Requisitos da folha de pagamento:a) Discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, funcao

ou servico prestado;b) Agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado

empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual;c) Destacar o nome das seguradas em gozo de salario-maternidade;d) Destacar as parcelas integrantes e nao integrantes da remune­

racao e os descontos iegais; ee) Indicar o numero de quotas de salario-familia atribuidas a cada

segurado empregado ou trabalhador avulso.

169 As regras relativas ao microempreendedor individual so produzirao efeitos a partir de 1° de julho de 2009 (LC 128/08, art. 14, ill).

Capitulo 9

♦ O

briga$6e$ acess6rias

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No tocante ao trabalhador avulso portuario, o orgao gestor de mao de obra elaborara folha de pagamento por navio, indicando o ope­rador portuario e os trabalhadores que participaram da operacao.

Com rela<;ao aos trabalhadores avulsos portuarios, a folha de pa­gamento deve detalhar:

a) Os correspondentes numeros de registro ou cadastro no orgao gestor de mao de obra;

b) O cargo, funcao ou servico prestado;c) Os turnos em que trabalharam; ed) As remuneracoes pagas, devidas ou creditadas a cada um dos

trabalhadores e a correspondente totalizacao.

O orgao gestor de mao de obra consolidara as folhas de paga­mento relativas as operates concluidas no mes anterior por operador portuario e por trabalhador portuario avulso, indicando, com relacao a estes, os respectivos numeros de registro ou cadastro, as datas dos tur­nos trabalhados, as importancias pagas e os valores das contribuicoes previdenciarias retidas (RPS, art. 225, § 11).

3. Contabilidade

Os lancamentos contabeis dos fatos gerados das contribuicoes, como tambem, das proprias contribuicoes e os totals recolhidos, de­vidamente escriturados nos livros Diario e Razao, serao exigidos pela fiscalizacao apos 90 dias contados da ocorrencia dos fatos geradores das contribuicoes.

Requisitos da contabilidade:a) Atender ao principio contabil do regime de competencia;b) Registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores

de contribuicoes previdenciarias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e nao integrantes do salario-de-contribuicao, bem como as contribuicoes descon- tadas do segurado, as da empresa e os totals recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construcao civil e por tomador de servkos.

A empresa devera manter a disposicao da fiscalizacao os codigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na escrituracao contabil (piano de contas).

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Sao desobrigados de apresentacao da escrituracao contabil:a) O pequeno comerciante, nas condicoes estabelecidas pelo

Decreto-lei n° 486, de 3 de marco de 1969, e seu Regulamento;170b) A pessoa juridica tributada com base no lucro presumido, de

acordo com a legislacao tributaria federal, desde que mantenha a escrituracao do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventario; e

c) A pessoa juridica que optar pelo SIMPLES, desde que mantenha escrituracao do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventario.

Observances:Livro Caixa: Registra os pagamentos e recebimentos da empresa.

Livro de Registro de Inventario: destina-se a arrolar os valores das. mercadorias, materias-primas, produtos em fabrica<;ao, produtos acabados e bens em almoxarifado na data do balan<;o. ' ,

4. Matricula da empresa

A matricula da empresa sera efetuada nos termos e condicoes es- tabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei n° 8.212/91, art. 49). A matricula e realizada no Cadastro Nacional de Pessoa Juri­dica (CNPJ), que e o cadastro administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que registra as informacoes cadastrais das pessoas ju­ridicas e de algumas entidades nao caracterizadas como tais.

Todas as pessoa juridicas sao obrigadas a se inscrever no CNPJ. Tambem tem esta obrigacao as seguintes entidades nao caracterizadas como pessoa juridica:

a) os condominios edilfcios sujeitos a incidencia, apuracao ou recolhimento de tributos ou contribuicoes federais;

170 Decreto-Lei N ° 486/69Art. 1° - (Escrituracao obrigatoria) - Todo o comerdante e obrigado a seguir ordem uniforme de

escrituracao, mecanizada ou nao, utilizando os livros e papeis adequados, cujo numero e especie ficam a seu criterio.Paragrafo Unico - Fica dispensado esta obrigacao o pequeno comerdante, tai como definido em regulamento, a vista dos seguintes elementos, considerados isoladamente ou em conjunto: natureza artesanal da atividade;predominancia do trabalho proprio e de familiares, ainda que organizada a atividade; capital efetivamente empregado; renda brutal anual;condicoes peculiares da atividade, reveladoras da exiguidade do comercio exercido.

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b) os consorcios de sociedades constitmdos na forma dos arts. 265 e 278 da Lei n 6.404/76 (Lei das S/A);

c) os clubes de investimentos registrados em Bolsa de Valores, segundo normas fixadas pela CVM ou pelo Bacen;

d) os fundos mutuos de investimentos mobiliarios, sujeitos as normas do Banco Central ou da CVM;

e) as representa^oes diplomaticas, consulares e unidades especificas do Governo Brasileiro no exterior (local de inscricao - Delegacia da Receita Federal em Brasilia);

f) as representa^oes diplomaticas e consulares, no Brasil, de go- vernos estrangeiros;

g) as representa^oes permanentes de organismos internacionais (FMI, ONU OEA, etc..);

h) os servicos notariais e de registro (cartorios);i) consorcios de empregadores;j) fundos de investimento imobiliario;k) fundos publicos de natureza meramente contabil;1) unidade autonoma de incorporadora optante pelo Regime Es­

pecial de Tributacao (RET) de que trata a Lei n° 10.931, de 2 de agosto de 2004;

m) outras entidades economicas de interesse dos orgaos conve- nentes.

O Departamento Nacional de Registro do Comercio - DNRC, por intermedio das Juntas Comerciais, bem como os Cartorios de Registro Civil de Pessoas Juridicas, prestarao, obrigatoriamente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informacoes referentes aos atos cons- titutivos e altera<;6 es posteriores relativos a empresas e entidades neles registradas (Lei n° 8.212/91, art. 49, § 3°).

5. Matricula de obra de construcao civi!

No caso de obra de construcao civil, a matricula devera ser efetu­ada mediante comunicacao obrigatoria do responsavel por sua execu- Cao, no prazo de 30 dias contados do inicio de suas atividades, quando obtera numero cadastral basico, de carater permanente (Lein° 8.212/91, art. 49, § 1°).

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6. Matricula do produtor rural pessoa fisica e do segurado especial

A matricula atribuida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ao produtor rural pessoa fisica ou segurado especial e o documento de inscri<;ao do contribuinte, em substituicao a inscricao no CNPJ, a ser apresentado em suas relacoes: (a) com o Poder Publico, inclusive para licenciamento sanitario de produtos de origem animal ou vegetal sub- metidos a processos de beneficiamento ou industrializacao artesanal; (b) com as instituicoes financeiras, para fins de contratacao de opera­t e s de credito; e (c) com os adquirentes de sua producao ou fornecedo­res de sementes, insumos, ferramentas e demais implementos agricolas (Lei n° 8.212/91, art. 49, § 5°). Esta matricula diferenciada nao se aplica ao licenciamento sanitario de produtos sujeitos a incidencia do IPI ou ao contribuinte cuja inscricao no CNPJ seja obrigatoria (Lei n° 8.212/91, art. 49, § 6°).

Para fins de recolhimento das contribuicoes previdenciarias do segurado especial, a matricula sera atribuida ao grupo familiar no ato de sua inscricao.

7. Obrigacoes acessorias especificas

7.1. Dos Municipios

Para fins de fiscalizacao, o Municipio, por intermedio do orgao competente, fornecera a Receita Federal relacao de alvaras para cons­trucao civil e documentos de "habite-se" concedidos (Lei n° 8.212/91, art. 50). A referida relacao sera encaminhada a Receita Federal ate o dia dez do mes seguinte aquele a que se referirem os documentos (RPS, art. 226, § 1°).

7.2. Das instituicoes financeiras

As instituicoes financeiras ficam obrigadas a verificar, por meio da internet, a autenticidade da CND apresentada pelas empresas com as quais tenham efetuado operacoes de credito que envolvam recursos pu­blicos, inclusive os provenientes de fundos constitucionais e de incentivo ao desenvolvimento regional (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste, Fundo de Desen­volvimento da Amazonia e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste),

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do FGTS, FAT, FNDE ou de caderneta de poupanca, conforme especi- ficacao tecnica definida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.171

7.3. Dos cartorios de registro civil e de pessoas nafurais

O titular de cartorio de registro civil e de pessoas naturais fica obrigado a comunicar, ate o dia dez de cada mes, na forma estabelecida pelo INSS, o registro dos obitos ocorridos no mes imediatamente ante­rior, devendo da comunicacao constar o nome, a filiacao, a data e o local de nascimento da pessoa falecida.

No caso de nao haver sido registrado nenhum obito, devera o titu­lar do cartorio comunicar esse fato ao INSS, no mesmo prazo estipulado anteriormente.

8. Prazo de arquivamento de documentos

Em relacao aos creditos tributarios, os documentos comprobato- rios do cumprimento das obrigacoes acessorias devem ficar arquivados na empresa ate que ocorra a prescricao relativa aos creditos decorrentes das operacoes a que se refiram (Lei n° 8.212/91, art. 32, § 11).

Exerricios de Fixacao

186. (AFPS/2002/Esaf/adaptada) Nos term os do Regulam ento da Previdencia Social Decreto 3.048/99, sao obrigacoes acessorias da relacao tributaria previdenciaria, exceto:

a);. preparar foiha de pagam ento da rem uneracao paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu servico, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagam entos.

b) iancar m ensalm ente em tftulos proprios de sua contabiiidade, de form a discriminada, os fatos geradores de todas as contribuicoes, o m ontante das quantias descontadas, as contribuicoes da empresa e os totais recolhidos.

c) prestar a Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informacoes ca- dastrais, financeiras e contabeis de interesse dos mesmos, na form a por eles estabelecida, bem com o os esclarecimentos necessarios a fiscalizacao.

d) encam inhar ao sindicato representative da categoria profissional mais nu-

171 Esta obrigacao existe porque nos casos de contratacao de credito com instituicoes financeiras que envolvam os recursos acima elencadas, a empresa que esta obtendo o credito fica obri­gada a apresentar a instituicao financeira o seu documento comprobatorio de inexistencia de debito (CND).

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merosa entre seus empregados, ate o dia dez de cada mes, copia da Guia da Previdencia Social relativamente a competencia anterior.

e) pagar todas as contribuicoes sociais devidas no periodo de apuracao, junta­mente com as multas decorrentes do atraso no pagamento.

187. Julgue os itens que se seguem.

I- As empresas devem lancar mensalmente, de forma discriminada, em tftuios contabeis proprios, os fatos geradores de todas as c o n trib u te s ,o total das quantias descontadas, as c o n tr ib u te s da empresa e os totais recolhidos, mantendo os documentos correspondentes a disposicao da fiscalizacao por apenas quatro anos.

S! - As empresas deverao enviar mensalmente ao sindicato representative da categoria profissional mais numerosa entre seus empregados copia das guias de recolhimento das c o n tr ib u te s devidas a seguridade social, relativamente a competencia anterior, tam bem afixando-a por um mes no quadro de horario, previsto pela Consolidagao das Leis do Trabalho (FISCAL/INSS/98 - CESPE).

HI - A empresa e tam bem obrigada a lancar mensalmente em sua contabili­dade, de forma englobada, os fatos geradores de todas as contribuicoes,o montante das quantias descontadas, as c o n tr ib u te s da empresa e os totais recolhidos. O detalhamento e a forma da escritura^ao deverao estar discriminados em seu piano de contas.

Os itens que estao errados sao:a) I e 11b) lie IIIc) 1 e illd) todose) nenhum

188. Obrigacoes acessorias sao aquelas descritas em lei, tendo como fim dar maiortransparencia e certeza do cumprimento da obrigacao principal. A este respeito,julgue os seguintes itens:

i - Os lan^amentos, devidamente escriturados no livro Diario, serao exigidos ? pela fiscalizacao apos 180 dias contados da ocorrencia dos fatos geradores ~ das contribuicoes. 5"

II - Saodesobrigados da apresentado deescrituracao contabil: o pequeno co- merciante, nas condicoes estabelecidas pelo Decreto-lei n°486, de 3/3/69; Q a pessoa juridica tributada com base no lucro presumido, de acordo com a legislacao tributaria federal; a pessoa juridica que optar pela inscricao no Simples Nacionai.

HI - A folha de pagamento devera sereiaborada peia empresa em documento & ttnico, engiobando todos os segurados que Ihe prestam servicos durante |o mes em todos os seus estabelecimentos e obras de construcao civil. ^

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a) l e l lb) II e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

189. Entre as obrigacoes acessorias previstas para as empresas em geral, esta a obri-gatoriedade de informar mensalmente, por meio da Guia de Recolhimento doFGTS e de Informagdes a Previdencia Social (GFIP), dados relacionados a fatosgeradores, base de calculo e valores devidos de c o n t r i b u t e s previdenciarias.Com rela<;ao a GFIP, assinale a opcao correta.

a) A empresa que nao estiver obrigada ao recolhimento do FGTS prestara as informagoes juntam ente com os recolhimentos das c o n tr ib u te s previden­ciarias.

b) A nao efetivagao dos depositos devidos ao FGTS nao desobriga a empresa da entrega da GFIP.

c) As empresas optantes pelo Simples Nacional, sem empregados, que remu- neram apenas contribuintes individuals nao estao sujeitas a entrega da GFIP.

d) A GFIP devera ser entregue na Caixa Econdmica Federal ou na rede bandiria conveniada a te o dia dois d o m is seguinte ao da competencia a que se refe- rirem as informacoes. Nao havendo expediente bancario nesse dia, o prazo sera antecipado.

e) Devem entregar a GFIP, alem de outros: o segurado especial; o empregador domestico; o orgao publico, inclusive em relacao aos servidores estatutarios filiados a regime proprio de previdencia social.

190. Ainda com relacao a GFIP, julgue os itens seguintes:

I - A declaracao dada por intermedio da GFIP constitui confissao de dfvida e instrumento habil e suficiente para a exigencia do credito tributario.

i! ~ As informagoes prestadas na GFIP comporao a base de dados para fins de calculo e concessao dos beneffcios previdenciarios.

Ill - Serao inscritas como divida ativa da Uniao as c o n tr ib u te s previdenciarias que nao tenha m sido recolhidas ou parceladas resultantes das informacoes prestadas na GFIP.

Os itens que estao certos sao:

Os itens que estao errados sao:

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191. Juigue os seguintes itens:

i - Os langamentos efetuados nos livros Diario e Razao deverao atender ao princfpio contabil do regime de caixa e as demais normas brasileiras de contabilidade.

j! - A empresa devera apresentar GFiP ainda que nao ocorram fatos geradores de contribuicao previdenciaria.

ill - A GFIP somente e exigida relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir de Janeiro de 1999.

Os itens que estao certos sao:

a) 1 e Iib) II e liic) ( e Hid) todose) nenhum

Capitulo 9

♦ O

brigacoes acess6rias

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I 1

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1. Competencia da Secretaria da Receita Federal do Brasil

A Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, exe- cutar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributacao, fiscali­zacao, arrecadacao, cobranca e recolhimento das contribuicoes sociais destinadas ao financiamento da seguridade social, as contribuicoes in­cidentes a titulo de substituicao e as devidas a outras entidades e fundos (Lei n° 8.212/91, art. 33, caput).

2. Competencia do INSS

Antes da vigencia da Lei n° 11.457/2007, no tocante as contribui­coes previdenciarias, a competencia para arrecadar, fiscalizar e cobrar era do INSS. Mas por forca do art. 2° da Lei n° 11.457/2007, esta com­petencia foi transferida para a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Atualmente, a finalidade principal do INSS e a concessao de be- neffcios previdenciarios. Alem desta atribuicao principal, por forca do art. 5° da Lei n° 11.457/2007, tambem cabe ao INSS: (I) emitir certidao relativa a tempo de contribuicao; (II) gerir o Fundo do Regime Geral de Previdencia Social; (III) calcular o montante das contribuicoes previ­denciarias e emitir o correspondente documento de arrecadacao, com vistas no atendimento conclusivo para concessao ou revisao de benefi­cio requerido.

3. Exame da contabilidade

E prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por in- termedio dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, o exame da contabilidade das empresas, ficando obrigados a prestarem todos os esclarecimentos e informacoes solicitados, o segurado e os terceiros responsaveis pelo recolhimento das contribuicoes previdenciarias e das contribuicoes devidas a outras entidades e fundos (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 1°).

A respeito deste tema, dispoe a Sumula 439 do STF: "Estao sujeitos a fiscalizacao tributaria ou previdenciaria quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigacao”

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A empresa, o segurado da Previdencia Social, o serventuario da Justiga, o sindico ou seu representante, o comissario e o liquidante de empresa em liquida^ao judicial ou extrajudicial sao obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contributes desti­nadas a Seguridade Social (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 2°).

Ocorrendo recusa ou sonega^ao de qualquer documento ou in- formacao, ou sua apresenta^ao deficiente, a Secretaria da Receita Fe­deral do Brasil pode, sem prejuizo da penalidade cabivel, lan<par de oficio a importancia devida, cabendo a empresa ou ao segurado o onus da prova em contrario (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 3°). Considera-se deficiente o documento ou informa^ao apresentada que nao preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha informacao di­versa da realidade, ou, ainda, que omita informacao verdadeira (RPS, art. 233, paragrafo unico).

A inversao do 6 nus probatorio significa que o contribuinte e quem deve provar que aqueles valores lan^ados pela fiscalizacao nao condizem com a realidade. Para isso, deve apresentar a documentacao pertinente.

Se, no exame da escrituracao contabil e de qualquer outro do­cumento da empresa, a fiscalizacao constatar que a contabilidade nao registra o movimento real de remuneracao dos segurados a seu servi- CO, do faturamento e do lucro, serao apuradas, por aferigao indireta, as contribuicoes efetivamente devidas, cabendo a empresa o onus da prova em contrario (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 6°). A afericao indireta pode ser feita mediante a fixacao de parametros que a fiscalizacao entender pertinentes. Cabe a empresa provar que o valor devido e menor que o aferido indiretamente.

Na atividade de construcao civil, a afericao indireta e bastante usado, ja que a Lei n° 8.212/91, art. 33, § 4°, expressamente, autoriza a sua adocao, nos seguintes termos: “na falta de prova regular e formaliza- da, o montante dos salarios pagos pela execucao de obra de construcao civil pode ser obtido mediante calculo da mao de obra empregada, pro­porcional a area construfda, de acordo com criterios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietario, dono da obra, condomino da unidade imobiliaria ou empresa co-responsavelo onus da prova em contrario ”

Capitulo 10

* Com

petenciapara arrecadar, fiscalizar e

cobrar

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Exercicios de Fixacao

I - A contabilidade das empresas devera estar perm an entem ente abertaa fiscalizacao, inclusive quando subm etidas a processos de iiquidagao, cabendo ao orgao fiscaiizador, em caso de recusa ou sonegagao de do ­cumentos ou de sua apresenta^ao im perfeita e sem prejufzo da sangao administrativa cabfvel, langar de ofi'cio im portancia considerada devida, cabendo a empresa ou ao segurado o onus da prova em contrario.

II - Constatando a fiscalizacao que a escrituracao contabil de determ inadaempresa nao registra o m ovim ento real da rem uneracao dos segurados, do faturam ento e do lucro, o valor das c o n tr ib u te s devidas sera apurado por afericao indireta.

Hi - Cabera a fiscalizacao da Secretaria da Receita Federal do Brasil, na hipotese de nao com provacao regular de m ontante de saiarios pagos em decor- renda de execucao de obra de construcao civil, proceder ao arbitram ento adm inistrativo correspondente, a partirdo ca icu lo da m ao de obra em pre­gada, proporcional a area construfda e ao padrao de execucao da obra, cabendo apenas ao respectivo dono da obra o onus da prova contraria.

Os itens que estao certos sao:

a) l e l lb) l ie Ilfc) ! e illd) nenhume} todos

192. Julgue os seguintes itens.

193, ju lg u e os itens abaixo:

? 1 - E prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por interm edio<3 ' dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, o exam e da contabilidade§j das empresas e, no caso de recusa ou sonegacao de qualquer docum ento

ou informacao, ou sua apresentacao deficiente, ela pode, sem prejuizo da* penalidade cabivel, lancar de ofi'cio im portancia que considerar devida.

■z II - Sempre que ju lgar conveniente, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do■g Brasil podera apurar rem uneracao dos segurados por afericao indireta,41 cabendo a empresa o onus da prova em contrario.| ill - 0 m ontante dos saiarios pagos pela execucao de obra de construcao civilo sempre pode ser obtido m ed iante calculo da mao de obra em pregada,| proporcional a area construfda e ao padrao de execucao da obra, caben-s do ao proprietario, dono da obra, condom ino da unidade imobiliaria ou^ empresa co-responsavet o onus da prova em contrario.

498

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a) I e IIb) II e IIIc) i e l i ld) todose) nenhum

194. Julgue os seguintes itens:

I - Som ente quando autorizado por ju iz com petente, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil tem com petencia para exam inar a contabilidade da empresa.

il - Caso a empresa se recuse a apresentar a folha de pagam ento dos seus em ­pregados, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuizo da penaiidade cabfvel, langarde oficio importancia que considerar devida, cabendo a empresa ou ao segurado o 6nus da prova em contrario.

HI - As atividades relativas a fiscalizacao, arrecadacao e cobranca das contribui­coes sociais previdenciarias sao da com petencia da Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Os itens que estao certos sao:

a) I e llb) li e HIc) tel l !d) todose) nenhum

Os itens que estao errados sao:

Capitulo 10

•©■ Competenciapara

arrecadar, fiscalizar e

cobrar

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I

Constituicao do credito

previdencidrio

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Man

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« Hu

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Goe

s

De acordo com o disposto no § 7° do art. 33 da Lei n° 8.212/91, “o credito da seguridade social e constituido por meio de notificacao de lancamento, de auto de infra^ao e de confissao de valores devidos e nao recolhidos pelo contribuinte”. Contudo, nao se pode esquecer que as contribuicoes sociais previdenciarias sao uma especie de tribu- to que se sujeita a lancamento por homologacao. Logo, o lancamento por homologacao tambem e uma forma de constituicao do credito da seguridade social.

Assim, pode-se dizer que o credito tributario relativo as-'contri­buicoes sociais previdenciarias sera constituido nas seguintes formas:

I - por meio de lancamento por homologacao expressa ou tacita,quando o sujeito passivo antecipar o recolhimento da impor­tancia devida, nos termos da legislacao aplicavel;

II - por meio de confissao de valores devidos e nao recolhidospelo sujeito passivo;

III - por meio de lancamento de oficio (auto de infracao ou noti­ficacao de lancamento).

1. Lancamento por homologacao

O lancamento por homologacao, que ocorre quanto aos tributos cuja legislacao atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o paga­mento sem previo exame da autoridade administrativa, opera~se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da ativida­de assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa (CTN, art. 150, caput). O prazo para que a Fazenda Publica promova a homo­logacao e de cinco anos, a contar da ocorrencia do fato gerador; expira- do esse prazo sem que a Fazenda Publica se tenha pronuncxado, consi­dera-se homologado o lancamento e definitivamente extinto o credito, salvo se comprovada a ocorrencia de dolo, fraude ou simulacao (CTN, art. 150, § 4°). Ou seja, no silencio da Fazenda Publica durante cinco anos, ha a homologacao tacita.

Vale ressaltar que o “pagamento antecipado”, previsto pelo legisla­dor no art. 150 do CTN, significa antecipado em relacao ao lancamento, e nao em relacao ao fato gerador ou a data de vencimento do tributo.

Frise-se tambem que so se pode falar em lancamento por homo­logacao se o sujeito passivo efetuar o pagamento de algum valor a titulo do tributo, mesmo que esse valor seja inferior ao efetivamente devido.

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Na inexistencia de pagamento, nao ha o que se falar em lancamento por homologacao, pelo simples fato de nao haver nada a ser homologado. Inexistindo qualquer pagamento, a hipotese passa a ser de lancamento de oficio.

O lancamento por homologacao distingue-se dos demais em razao de o contribuinte ter o dever de levantar os fatos realizados, de quanti- ficar o tributo e recolhe-lo aos cofres publicos no montante devido, no tempo e forma previstos em lei, sem aguardar qualquer exame previo da Administracao Fazendaria. Porem, o lancamento so se concretiza no momento em que a autoridade administrativa toma conhecimento do pagamento feito pelo sujeito passivo e, expressamente, o homologa. A Fazenda Publica tem um prazo para efetuar esta homologacao. Em relacao as contribuicoes previdenciarias, este prazo e de cinco anos, a contar da ocorrencia do fato gerador (Sumula Vinculante n° 8). Esgota- do este prazo, ocorre a homologacao tacita do pagamento, mesmo feito em valor menor do que o devido, ressalvadas, porem, as hipoteses em que, comprovadamente, tenha ocorrido dolo, fraude ou simulacao.

Assim, por exemplo, tendo sido pago o valor apurado pelo con­tribuinte e posteriormente ocorrendo uma fiscalizacao, que afirme a regularidade daquela apuracao, esta, entao, consumado o lancamento por homologacao. No entanto, se mais tarde alguma irregularidade for constatada, antes de consumada a decadencia, pode dar-se, de oficio, a revisao desse lancamento.

No caso de homologacao tacita, nao podera a autoridade admi­nistrativa realizar revisao de oficio, pois foi consumada a decadencia do direito de lancar; a revisao so pode ser iniciada enquanto nao extinto esse direito da Fazenda Publica (paragrafo unico do art. 149 do CTN).

Se, porem, o sujeito passivo se omite no cumprimento do dever de recolher o tributo, ou efetua o recolhimento incorreto, cabe a autori­dade administrativa proceder ao lancamento de oficio (em substituicao ao lancamento por homologacao, que se frustrou em razao da omissao do devedor). Assim, sempre que o sujeito passivo descumprir o dever legal de recolher o tributo, cabera a autoridade administrativa lancar de oficio para que, dessa forma, possa exercitar o seu direito de cobranca. Antes do vencimento do prazo para pagamento, o Fisco fica em posicao de expectativa, aguardando o cumprimento da obrigacao, na forma exi­gida pela lei. Esgotado esse prazo, compete-lhe agir, no sentido de lancar de oficio o tributo, para poder exigi-lo.

Capitulo 11

♦ Constituicao

do cridito previdencidrio

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Man

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2. Confissao de divide tributaria

O credito tributario relativo as contribuicoes previdenciarias sera constituido por meio deconfissao de divida tributaria, quando o sujeito passivo: (a) apresentar a GFIP e nao efetuar o pagamento integral do va­lor confessado; (b) reconhecer espontaneamente a obrigacao tributaria, mediante assinatura do Lancamento de Debito Confessado - LDC.

Nos casos de confissao de divida, nao se aplica o contencioso ad­ministrativo fiscal.

2 1 GFIP

O documento declaratorio de valores devidos a Previdencia Social e a GFIP. A declaracao dada atraves da GFIP constitui confissao de divi- da e instrumento habil e suficiente para a exigencia do credito tributario (Lei n° 8.212/91, art. 32, § 2°).

Serao, portanto, inscritas como divida ativa da Uniao as contri­buicoes previdenciarias que nao tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes das informacoes prestadas na GFIP (Lei n° 8.212/91, art. 39, § 3°). Como o valor devido e declarado pelo proprio sujeito passivo, fica dispensado o processo administrativo de natureza contenciosa. Confi- ram-se, nesse sentido, os seguintes julgados do STJ:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO - AGRAVO REGI­MENTAL ~ DEBITO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO A MENOR NO VENCIMENTO - DCTF OU GFIP - CONSTITUICAO DO CREDITO TRIBUTARIO - APLICACAO

| DO ART. 557 DO CPC. L Tetn-se por padficado nesta Corte o* entendimento de que declarado e nao pago (ou pago a menor) I 3 o debito no vencimento, a confissao do debito pelo contribuinte♦ equivale a constituicao do credito tributario, podendo ser imedia­

tamente inscrito em divida ativa, independentemente de qualquer procedimento por parte do Fisco. Precedentes da Primeira Seqao e Primeira e Segunda Turmas. 2. Decisao monocratica que se enquadra nas hipoteses previstas no art 557 do CPC. 3. Agravo regimental nao provido”172.

“TRIBUTARIO. CERTIDAO NEGATIVA DE DEBITOS. DE­CLARACAO DO DEBITO PELO CONTRIBUINTE. FORMA

172 STJ, A gR g no REsp 7 7 4 2 9 1 /P R , Rel. M in . Eiiana C alm on, DJ 0 2 /1 0 /2 0 0 7 , p. 231 .

504

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I

DE CONSTITUICAO DO CREDITO TRIBUTARIO, INDEPEN­DENTE DE QUALQUER OUTRA PROVIDENCIA DO FISCO.1. A apresentaqao, pelo contribuinte, de Declaracao de Debitos e Creditos Tributarios Federais - DCTF (instituida pela IN SRF 129/86, atualmente regulada pela IN SRF 395/04, editada com base nos arts. 5° do DL 2.124/84 e 16 da Lei n° 9.779/99) ou de Guia de Informacao e Apuracao do ICMS - GIA, ou de outra declaracao dessa natureza, prevista em lei, e modo deformalizar a existencia (= constituir) do credito tributario, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providencia por parte do Fisco. Prece­dentes da Ia Secao: AgRg nos ERESP 638.069/SC, DJ de 13.06.2005; AgRgnosERESP509.950/PR, DJde 13.06.2005.2. No quese refere especificamente as contribuicoes sociais declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informacoes a Previdencia Social), cuja apresentacao obrigatoria esta. prevista no art. 32, IV, da Lei n° 8.212/91 (regulamentado pelo art. 225, IV e seus §§ 1° a 6°, do Decreto 3.048/99), a propria Lei instituidora e expressa no sentido de que a referida declaracao e um dos modos de constituicao do credito da seguridade social (Lei n° 8.212/91, art. 33, § 7°, redacao da Lei n° 9.528/97). 3. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor, correspondente ao credito tributario assim regularmente constituido acarreta, entre outras consequincias, as de (a) auto- rizar a sua inscricao em divida ativa; (b)fixar o termo a quo do prazo de prescricao para a sua cobranca; (c) inibir a expedicao de certidao negativa do debito; (d) afastar a possibilidade de denuncia espontanea. 4. Recurso especial a que se nega provimentoV73 °

5LPara consolidar o seu entendimento sobre o tema em tela, o STJ 1

editou a seguinte sumula: ^P

“Stimula 436: A entrega de declaracao pelo contribuinte reco- nhecendo debito fiscal constitui o credito tributario, dispensada J . qualquer outra providencia por parte do fisco” I'

2.2. Lancamento de debito confessado |S'

O Lancamento de Debito Confessado - LDC e o documento cons- titutivo de credito relativo as contribuicoes previdenciarias, nao decla- 8; radas em GFIP, decorrente de confissao de divida pelo sujeito passivo. B

173 STJ, REsp 8 3 2 3 9 4 /S P , Rel. M in . Teori A lb ino Zavascki, 1a T, DJ 3 1 /0 8 /2 0 0 6 , p. 2 5 8 .

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O LDC sera emitido quando o sujeito passivo comparecer na uni- dade da RFB de sua jurisdi^ao para, espontaneamente, reconhecer con- tribuicdes devidas. O LDC sera assinado pelo representante legal, man- datario ou preposto do sujeito passivo. Geralmente, a confissao atraves de LDC ocorre quando o sujeito passivo deseja parcelar seu debito.

Caso a obriga^ao tributaria nao seja quitada nem parcelada no prazo de 30 (trinta) dias, contados da assinatura do LDC, bem como no caso de rescisao de parcelamento, o processo administrativo sera enca- minhado a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), para fins de inscricao do credito tributario em divida ativa e cobranca, juntamen­te com copia da comunica^ao ao sujeito passivo sobre sua indusao no Cadin, quando for o caso.

3. Lancamento de oficio

O lancamento de oficio e feito por iniciativa da autoridade fiscal, independentemente de qualquer colaboracao do sujeito passivo. No lan­camento de oficio, a iniciativa e toda do Fisco que verifica a ocorrencia do fato gerador, calcula o tributo devido e expede o ato de cobranca.

A atividade funcional exercida pela autoridade fiscal na constitui­cao do credito tributario e vinculada e obrigatoria. Assim, verificada a existencia de credito tributario pela autoridade fiscal, deve esta forma- lizar a sua exigencia por meio de Auto de Infracao ou Notificacao de Lancamento, conforme o caso.

De acordo com o art. 37 da Lei n° 8.212/91, constatado o nao re­colhimento total ou parcial das contribuicoes previdenciarias, nao de- claradas em GFIP, a falta de pagamento de beneficio reembolsado ou o descumprimento de obrigacao acessoria, sera lavrado auto de infracao ou notificacao de lancamento. Portanto, o lancamento de oficio pode ser formalizado por meio de Auto de Infracao ou Notificacao de Lan- ^amento.

3.1. Auto de infracao

O auto de infracao e lavrado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) e apurado mediante procedimento de fiscalizacao. A expressao “Auto de Infracao” pode ser utilizada como sendo o termo

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lavrado pelo Auditor-Fiscal apos constata^ao de suposta infracao a le­gislacao previdenciaria.

O Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil lavrara auto de in­fracao quando, mediante procedimento de fiscalizacao, constatar qual­quer das seguintes hipoteses: (a) nao recolhimento total ou parcial das contribuicoes previdenciarias, nao declaradas em GFIP; (b) falta de pa­gamento de beneficio reembolsado; e (c) descumprimento de obrigacao acessoria.

Se a contribuicao que deixou de ser recolhida foi declarada em GFIP, nao sera lavrado auto de infracao, pois, neste caso, o credito tribu­tario ja esta definitivamente constituido mediante a confissao de divida.

Os beneficios de salario-famflia e salario-maternidade pagos pela empresa ao seus empregados serao deduzidos (reembolsados) do valor das contribuicoes previdenciarias a recolher. Mas se a empresa efetua a deducao sem que tenha pago o beneficio, o valor deduzido sera consti­tuido mediante lavratura de auto de infracao.

No caso de descumprimento de obrigacao acessoria, o auto de in­fracao sera lavrado tendo como objetivo a aplicacao de uma multa.

De acordo com o disposto no art. 10 do Decreto n° 70.235/72, o auto de infracao sera lavrado por servidor competente, no local da veri- ficacao da falta, e contera obrigatoriamente: (I) a qualificacao do autua- do; (II) o local, a data e a hora da lavratura; (III) a descricao do fato; (IV) a disposicao legal infringida e a penalidade aplicavel; (V) a determina- Cao da exigencia e a intimacao para cumpri-la ou impugna-la no prazo de trinta dias; (VI) a assinatura do autuante e a indicacao de seu cargo ou funcao e o numero de matricula.

3.2. Notificacao de lancamento

A Notificacao de Lancamento e o documento constitutivo de cre­dito expedido pelo orgao da Administracao Tributaria. A expedicao e da competencia do chefe da reparticao fiscal (Delegado da Receita Fe­deral do Brasil) que, em processo de levantamento interno de informa­coes, apura irregularidades no pagamento das contribuicoes previden­ciarias. Qualquer outro servidor somente podera expedir Notificacao de Lancamento se possuir delegado de competencia, devendo ser citado sempre o numero da Portaria de delegacao.

507

Capitulo 11

<► Constituicao do

credito previdencidrio

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De acordo com o disposto no caput do art. 11 do Decreto n° 70.235/72, “a notificacao de lancamento sera expedida pelo orgao que administra o tributo e contera obrigatoriamente: (I) a qualificacao do notificado; (II) o valor do credito tributario e o prazo para recolhimento ou impugnacao; (III) a dispdsicao legal infringida, se for o caso; (IV) a assinatura do chefe do orgao expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicacao de seu cargo ou funcao e o numero de matricula”. Con- tudo, prescinde de assinatura a notificacao de lancamento emitida. por processo eletronico (Decreto n° 70.235/72, art. 11, paragrafo unico).

Se o sujeito passivo discordar do Auto de Infracao ou da Notifi­cacao de Lancamento, podera interpor impugnacao, que inicia o con- tencioso administrativo fiscal. O prazo para apresentar impugnacao e de trinta dias, contados da data da ci&ncia do Auto de Infracao ou da Notificacao de Lancamento. O contencioso administrativo fiscal sera estudado em capitulo proprio.

- Exercicios de Fixacao

195. Assinale a assertiva correta a respeito do Auto de Infracao.

a) Constatada a falta de recolhim ento de qualquer contribuicao ou outra im ­portancia devida a Previdencia Social, a fiscalizacao lavrara Auto de infracao, apos a segunda advert£ncia ao contribu inte faltoso.

b) Dentre outras informacoes, o A uto de Infracao contera, obrigatoriam ente, a qualificacao do autuado, a descricao do fato, a disposicao legal infringida e a assinatura do autuante.

c) Nao havera Auto de Infracao em caso de faita de pagam ento de beneficio reem bolsado.

d) Recebfdo o Auto de Infracao, a empresa, o em p reg ador dom estico ou o se­gurado terao o prazo de dez dias para efetuar o pagam ento ou apresentar im pugnacao.

e) 0 credito nao pago, m esm o q u e questionado na via adm inistrativa, sera inscrito em Divida Ativa.

196. Julgue os seguintes itens.

I - A fiscalizacao da Secretaria da Receita Federal do Brasil, exam inando a contabilidade de uma empresa, se constatar atraso total ou parcial de reco­lhim ento de contribuicoes sociais previdenciarias, lavrara Auto de Infracao, com discrim inacao dara e precisa dos fatos geradores, das contribuicoes

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devidas e dos periodos a q u e se referem , tendo a empresa, apos recebida a notificacao de debito, o prazo de trin ta dias para efetuar o pagam ento ou apresentar im pugnacao.

II - O Auto de infracao e um docum ento constitutivo do credito da seguridadesocial.

III - O Auto de Infracao e o unico m eio de constituicao do credito da seguridadesocial.

Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) ll e illc) 1 e 111d) todose) nenhum

197. Assinale a opcao incorreta a respeito da constituicao do credito previdenciario.

a) Contribuicao previdenciaria e um a especie de tributo que adm ite lancamento por hom ologacao.

b) O credito tributario relativo as contribuicoes previdenciarias pode ser cons­titu ido por m eio de confissao de divida tributaria.

c) O A uto de Infracao e a form a de m aterializacao do descum prim ento de obrigacao acessoria, nao constitu indo ob je to de lancam ento de credito previdenciario, pois quem aplica a m ulta e a autoridade administrativa e nao o auditor-fiscal.

d) Serao inscritas corrio divida ativa da Uniao as contribuicoes previdenciarias que nao tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes das informacoes prestadas na GFIP.

e) O credito tributario relativo as contribuicoes previdenciarias sera constituido p o r m eio de lancam ento de oficio, quando for constatada a falta de recolhi­m ento de qualquer contribuicao nao declarada em GFIP, bem com o quando houver o descum prim ento de obrigacao acessoria.

198. Assinale, dentre as opcoes abaixo, a unica que nao representa um m eio deconstituicao do credito tributario relativo as contribuicoes previdenciarias:

a) Lancam ento p o r hom ologacao expressa ou tacita .b) Confissao de divida tributaria.c) Lancam ento de offcio, quando fo r constatada a falta de recolhim ento de

qualquer contribuicao ou outra im portancia devida nos termos da legislacao aplicavel.

d) Lancam ento de offcio, quando houver o descum prim ento de obrigacao acessoria.

e) Representacao Fiscal para Fins Penais.

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! - O Auto de Infracao sera lavrado por qualquer servidor ocupante de cargo efetivo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, quando este constatar a falta de recolhim ento de qualquer contribuicao previdenciaria.

II - Recebido o Auto de Infracao, a empresa, o em pregador dom estico ou o segurado terao o prazo de 15 dias para e fetuaro pagam ento ou apresentar im pugnacao.

II! - As contribuicoes previdenciarias nao estao sujeitas a lancam ento por hom ologacao, pois o lancam ento tributario sem pre e fe ito por iniciativa da autoridade fiscal, independ entem ente de qualquer colaboracao do sujeito passivo.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) lie IIIc) I e 111d) todose) nenhum

199. Julgue os seguintes itens:

|o

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Parcelamento

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Os debitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional (inclusive os debitos de natureza previdenciaria) poderao ser parcelados em ate sessenta parcelas mensais, a exclusivo criterio da autoridade fa- zendaria (Lei n° 10.522/02, art 10).

O pedido de parcelamento constitui confissao de divida e instrumento habil e suficiente para a exigencia do credito tributario, podendo a exatidao dos valores parcelados ser objeto de verificacao (Lei n° 10.522/02, art. 12).

1. Condicoes para formalizacao do parcelamento

De acordo com o caput do art. 11 da Lei n° 10.522/02, o parce­lamento tera sua formalizacao condicionada ao previo pagamento da primeira prestacao, conforme o montante do debito e o prazo solicitado.

Cumpridas as condicoes necessarias a formalizacao, o parcela­mento sera:

(I) consolidado na data do pedido; e(II) considerado automaticamente deferido quando decorrido o

prazo de 90 dias contados da data do pedido de parcelamento sem que a Fazenda Nacional tenha se pronunciado.

Enquanto nao deferido o pedido, o devedor fica obrigado a reco­lher, a cada mes, como antecipacao, valor correspondente a uma parcela (Lei n° 10.522/02, art. 12, § 2°).

2. Prestacoes mensais acrestidas de juros

O valor de cada prestacao mensal, por ocasiao do pagamento, sera acrescido de juros equivalentes a taxa SELIC, acumulada mensalmente, calculados a partir do mes subsequente ao da consolidacao ate o mes anterior ao do pagamento, e de um por cento relativamente ao mes em que o pagamento estiver sendo efetuado (Lei n° 10.522/02, art. 13).

3. Contribuicoes que nao podem ser obieto de parcelamento

De acordo com o inciso I do art. 14 da Lei n° 10.522/02, e vedada a concessao de parcelamento de debitos relativos a tributos passiveis de

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I

retencao na fonte, de desconto de terceiros ou de sub-rogacao. As­sim, em relacao as contribuicoes previdenciarias, nao poderao ser objeto de parcelamento as contribuicoes descontadas dos emprega­dos, inclusive dos domesticos, dos trabalhadores avulsos, dos con­tribuintes individuals, as decorrentes da sub-rogacao e as demais importancias descontadas na forma da legislacao previdenciaria (Lei n° 10.666/03, art 7°).

Em relacao as contribuicoes previdenciarias, tambem e vedada a concessao de parcelamento de debitos relativos a: (a) valores recebidos pelos agentes arrecadadores nao recolhidos aos cofres publicos; (b) tri­buto ou outra exacao qualquer, enquanto nao integralmente pago parce­lamento anterior relativo ao mesmo tributo ou exacao; (c) contribuicoes devidas por pessoa juridica com falencia ou pessoa fisica com insolven- cia civil decretadas.

4. Reporcelamento

Sera admitido reparcelamento de debitos constantes de parcela­mento em andamento ou que tenha sido rescindido (Lei n° 10.522/02, art. 14 "A), No reparcelamento poderao ser incluidos novos debitos.

A formalizacao do pedido de reparcelamento fica condicionada ao recolhimento da primeira parcela em valor correspondente a:

(I) 10% do total dos debitos consolidados; ou

(II) 20% do total dos debitos consolidados, caso haja debito com historico de reparcelamento anterior.

5. Rescisao do parcelamento

Implicara imediata rescisao do parcelamento e remessa do debito para inscricao em Divida Ativa da Uniao ou prosseguimento da execu- Cao, conforme o caso, a falta de pagamento:

(I) de tres parcelas, consecutivas ou nao; ou(II) deumaparcela,estandopagastodasasdemais(Lein° 10.522/02,

art. 14-B).

Capitulo 12

♦ Parcelam

ento

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6. Parcelamentos concedidos a Estados, Distrito Federal ou Municipios

Os parcelaraentos concedidos a Estados, Distrito Federal ou Mu­nicipios conterao clausulas em que estes autorizem a retencao do Fundo de Participacao dos Estados - FPE ou do Fundo de Participacao dos Municipios - FPM (Lei n° 10.522/02, art. 14-D).

Exercicios de Fixacao v

200. Assinale a assertiva incorreta a respeito do parcelam ento de c o n t r ib u te s edemais im portancias devidas a seguridade social.

a) Caso o segurado contribuinte individual m anifeste interesse em recolher c o n tr ib u te s reiativas ao periodo anterior a sua inscricao, a retroacao da data do inicio das c o n tr ib u te s sera autorizada, desde que com provado o exercicio de atividade remunerada no respectivo periodo. Neste caso, o valor do debito podera ser objeto de parcelamento m ediante solicitacao do segurado.

b) O valor de cada prestacao mensai, por ocasiao do pagam ento, sera acresd- do de juros equivalentes a taxa SELIC, acum ulada m ensalm ente, calcu!ados a partir do mes subsequente ao da consoiidagao ate o mes anterior ao do pagam ento, e de um por cento relativam ente ao mes em que o pagam ento estiver sendo efetuado.

c) Poderao ser objeto de parcelam ento as c o n t r ib u te s descontadas do segu­rado em pregado.

d) 0 pedido de parcelam ento constitui confissao de dfvida e instrum ento habil e sufk iente para a exigencia do credito tributario, podendo a exatsdao dos valores parcelados ser objeto de verifica^ao.

e) O parcelam ento tera sua form alizacao condicionada ao previo pagam ento da prim eira prestacao.

201. Juigue os itens abaixo.

I - O auto de Infracao, ato da fiscalizacao que identifica de form a clara eprecisa os fatos geradores, as c o n t r ib u te s devidas e os periodos a que se referem , e a confissao do devedor constituem requisitos indispensaveis para o deferim ento de pedido adm inistrativo de parcelam ento.

II - O parcelam ento do debito relativo a contribuicoes devidas a seguridadesocial e admissfvel em ate sessenta meses, salvo se o deb ito for originario de contribuicao descontada de em pregados, inclusive domesticos, e dos trabalhadores avuisos, hipotese em que sera reduzido a trin ta meses, cabendo ao devedor, no ato da form alizacao do pedido, recolher de im e­diato o valor relativo a primeira prestacao, sob pena de seu indeferim ento liminar.

ill - Uma firma individual, cujo titu lar tenha sido condenado pela pratica do crime de sonegacao de contribuicoes sociais, desde que confesse debito

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apurado ou arbitrado pela fiscalizacao, reiativo aos dezoito meses seguin­tes ao transito em ju lgado da sentenca penal condenatoria, podiera obter parcelam ento desse novo debito, em ate setenta meses.

Os itens que estao errados sao:

a) i e IIb) il e HIc) i e IIId) todose) nenhum

202. Julgue os itens abaixo.

I - Considerando que um a empresa deixasse de recolher os valores desconta-dos dos saiarios de seus empregados, entao o debito apurado, ainda que confessado, nao poderia ser objeto de parcelam ento (AFPS/2001 - CESPE).

II - Sera adm itido reparcelam ento de debitos constantes de parcelam ento emandam ento ou que tenha sido rescindido. No reparcelam ento poderao ser i ncl u (d os novos debitos.

IN - A fa lta de pagam ento de tres parcelas, consecutivas ou nao, constitui m otivo suficiente para rescisao do parcelam ento.

Os itens que estao certos sao:.

a) I e Itb) It e IIIc) le l l ld) todose) nenhum

203. As contribuicoes devidas a Seguridade Social poderao, depois de verificadas e confessadas, ser ob je to de acordo para pagam ento parcelado. Q uanto as normas relativas ao parcelam ento, assinale a opcao correta.

a) Podem ser parcelados os creditos oriundos de contribuicoes retidas por em ­presas contratantes de servicos por cessao ou em preitada de m ao de obra.

b) As dividas das camaras municipals e /ou assembleias legislativas serao parce- fadas m ed iante a retencao nas quotas do Fundo de Participacao dos Estados (FPE) e do Fundo de Participacao dos Municipios (FPM).

c) Som ente sera concedido o parcelam ento da contribuicao da empresa apos com provado o recolhim ento das contribuicoes retidas de seus empregados, prestadores de servico por cessao de mao de obra ou de produtor rural pessoa fisica.

d) As dividas inscritas, ajuizadas ou nao, poderao ser objeto de parcelam ento, no qual se incluirao, no caso das ajuizadas, os honorarios advocaticios e as custasjudiciais.

e) Os debitos previdenciarios poderao ser parcelados em ate 70 parcelas, inde­p endentem ente do num ero de com petencias indutdas no parcelam ento.

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204. Julgue os seguintes itens:

j, 1 - No parcelam ento previdenciario, o valor de cada prestacao mensal, por] ! ocasiao do pagam ento, sera acrescido de juros equivalentes a taxa SELIC,

acum ulada m ensalm ente, calculados a partir do mes subsequente ao da consolidagao ate o mes anterior ao do pagam ento, e de um por cento relativam ente ao m£s em que o pagam ento estiver sendo efetuado.

II - E vedada a.concessao de parcelam ento de debitos relativos a valores re- cebidos.pelos agentes arrecadadores nao recolhidos aos cofres publicos.

ill - E vedada a concessao de parcelam ento de debitos relativos a contribuicoes devidas por pessoa jurfdica com falencia ou pessoa fisica com insoivencia civil decretadas.

Os itens que estao certos sao:

a) I e IIb) l ie IIIc) I e HId) todose) nenhum

.

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Caso haja pagamento de valores indevidos a Previdencia Social, e facultado ao sujeito passivo optar pela compensacao ou pela formaliza- cao do pedido de restituicao (RPS> art. 251, § 3°).

1. Compensacao

Compensacao e o procedimento facultativo pelo qual o sujeito passivo se ressarce de valores pagos indevidamente, deduzindo-os das contribuicoes devidas a Previdencia Social.

Assim, o sujeito passivo que apurar credito relativo as contribui­coes previdenciarias, passivel de restituicao ou de reembolso, podera utiliza-lo na compensacao de contribuicoes previdenciarias correspon­dentes a periodos subsequentes.

Para efetuar a compensacao o sujeito passivo devera estar em si­tuacao regular relativa aos creditos constituidos por meio de auto de infracao ou notificacao de lancamento, aos parcelados e aos debitos de- clarados, considerando todos os seus estabelecimentos e obras de cons­trucao civil, ressalvados os debitos cuja exigibilidade esteja suspensa.

A compensacao independe de requerimento, podendo ser efetu­ada diretamente pelo sujeito passivo, ficando sujeita a posterior confe- rencia pela fiscalizacao previdenciaria. O valor total a ser compensado devera ser informado na GFIP, na competencia de sua efetivacao.

E vedada a compensacao pelo sujeito passivo das contribuicoes destinadas a outras entidades ou fundos.

3 1.1. Compensacao de valores referenfes a retencao de contribuicoes previdenciarias na cessao

0 A empresa prestadora de servicos que sofreu retencao no ato da quitacao da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestacao de servicos,

J podera compensar o valor retido quando do recolhimento das contri-1 buicoes previdenciarias, inclusive as devidas em decorrencia do decimo o terceiro salario, desde que a retencao esteja: (I) declarada em GFIP na2 competencia da emissao da nota fiscal, da fatura ou do recibo de pres- “ tacao de servkos; e (II) destacada na nota fiscal, na fatura ou no recibo“ S3

-5 de prestacao de servicos ou que a contratante tenha efetuado o recolhi-

§> de mao de obra e na empreitada $

3Co mento desse valor.

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A compensacao da retencao somente podera ser efetuada com as contribuicoes previdenciarias, nao podendo absorver contribuicoes destinadas a outras entidades ou fundos, as quais deverao ser recolhidas integralmente pelo sujeito passivo.

Para fins de compensacao da importancia retida, sera considerada como competencia da retencao o mes da emissao da nota fiscal, da fatu­ra ou do recibo de prestacao de servicos.

O saldo remanescente em favor do sujeito passivo podera ser compensado nas competencias subsequentes, devendo ser declarada em GFIP na competencia de sua efetivacao, ou objeto de restituicao.

1.2. Impossibiiidade de compensacao de creditos relotivos as contribuicoes previdenciarias com debitos de outros tributos federais

De acordo com o disposto no caput do art. 74 da Lei n° 9.430/96, “o sujeito passivo que apurar credito, inclusive os judiciais com transito em julgado, relativo a tributo ou contribuicao administrado pela Secre­taria da Receita Federal, passivel de restituicao ou de ressarcimento, po­dera utiliza~lo na compensacao de debitos proprios relativos a quaisquer tributos e contribuicoes administrados por aquele Orgao”

Acontece que o paragrafo unico do art. 26 da Lei n° 11.457/2007 determina que o disposto no art. 74 da Lei n° 9.430/96, nao se aplica as contribuicoes sociais previdenciarias.

Fica, portanto, evidente que a legislacao em vigor nao permite a compensacao de contribuicoes previdenciarias com outros tributos ad­ministrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Assim, a compensacao somente podera ser efetuada com parcelas de contribuicao da mesma especie (RPS, art. 251, § 2°). Ou seja, o credito do sujeito passivo relativo as contribuicoes previdenciarias so pode ser compensado com debitos de contribuicoes previdenciarias.

1.3. Compensacao de oficio

A Lei n° 11.196/2005, art. 114, alterou o art. 7° do Decreto-Lei n° 2.287/86, passando a determinar que a Receita Federal do Brasil, antes de proceder a restituicao de tributos, devera verificar se o contribuinte deve a Fazenda Nacional ou se e devedor de contribuicoes previdenciarias.

Capitulo 13

* C

ompensado, restituicao

e reem

bolso

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Man

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reito

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Hugo

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Verificada a existencia de debito, inclusive previdenciario, o valor da restituicao sera utilizado para extingui-lo, total ou parcialmente, me­diante compensacao em procedimento de oficio.

Previamente a compensacao de oficio, devera ser solicitado ao sujeito passivo que se manifeste quanto ao procedimento no prazo de 15 dias, contados do recebimento de comunicacao formal enviada pela RFB, sendo o seu silencio considerado como aquiescencia. Na hipotese de o sujeito passivo discordar da compensacao de oficio, a autoridade da RFB competente para efetuar a compensacao retera o valor da restitui­cao ou do ressarcimento ate que o debito seja liquidado. Havendo con- cordancia do sujeito passivo, expressa ou tacita, quanto a compensacao, esta sera efetuada.

2. Restituicao

Restituicao e o procedimento administrativo mediante o qual o sujeito passivo e ressarcido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de valores recolhidos indevidamente a Previdencia Social ou a outras entidades ou fundos.

Caso o sujeito passivo recolha indevidamente um valor a titulo de contribuicao previdenciaria ou contribuicao para outras entidades (SESC, SENAC, SEBRAE etc.), cabe o pleito de restituicao do montante correspondente ao pagamento indevido. O valor a ser restitmdo pode corresponder ou nao ao total do valor pago, pois muitas vezes apenas uma parte era indevida.

O direito a restituicao do valor pago indevidamente tem relacao com o prindpio juridico que veda o enriquecimento sem causa. O tribu­to e devido por forca da lei e nos termos que ela define. Se, por qualquer motivo, o sujeito passivo paga algo que extrapola o que realmente deve, tem direito a devolucao. Se nao fosse assim, estaria havendo o enrique­cimento sem causa do sujeito ativo.

Cabe ao sujeito passivo credor requerer sua restituicao junto a Se­cretaria da Receita Federal do Brasil. Este orgao e responsavel pela ana- lise e despacho conclusivo a respeito do pedido de restituicao.

A restituicao sera requerida pelo sujeito passivo.mediante utiliza- Cao do programa Pedido de Restituicao, Ressarcimento ou Reembolso e Declaracao de Compensacao (PER/DCOMP).

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I

Verificada a existencia de debito em nome do sujeito passivo, o va­lor da restituicao sera utilizado para extingui-lo, total ou parcialmente, mediante compensacao (Lei n° 8.212/91, art. 89, § 8°).

A restituicao de contribuicao indevidamente descontada do segu­rado somente podera ser feita ao proprio segurado, ou ao seu procura- dor, salvo se comprovado que o responsavel pelo recolhimento ja lhe fez a devolucao (RPS, art. 249, paragrafo unico).

2.1. Restituicao de valores referentes a retencao de contribuicoes previdenciarias na cessao de mao de obra e na empreitada

A empresa prestadora de servicos que sofreu retencao de contri­buicoes previdenciarias no ato da quitacao da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestacao de servicos que nao optar pela compensacao dos valores retidos, ou, se apos a compensacao, restar saldo em seu favor, podera requerer a restituicao do valor nao compensado, desde que a retencao esteja destacada na nota fiscal, na fatura ou no recibo de pres­tacao de servicos e declarada em GFIP.

Na falta de destaque do valor da retencao na nota fiscal, fatura ou recibo de prestacao de servicos, a empresa contratada somente podera receber a restituicao pleiteada se comprovar o recolhimento do valor retido pela empresa contratante.

Nos casos em que a empresa possui outros debitos previdencia­rios, nao deve ser autorizada a restituicao dos valores retidos. Nesses casos, o valor da retencao sera utilizado para extinguir os referidos de­bitos, total ou parcialmente, mediante compensacao (Lei n° 8.212/91, art. 89, § 8°). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. ART 31 DA LEI 8.212/91. RETENCAO DE 11% SOBRE AS FATURAS DE PRES­TACAO DE SERVICO DAS EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES. EXISTENCIA DE OUTROS DEBITOS PERANTE O INSS. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUICAO DO SALDO REMANESCENTE. RECURSO PROVIDO. L Esta Corte de Justiga jd se manifestou no sentido de que, em casos em que a empresa possui outros debitos com o INSS, nao deve ser autori­zada a restituigao dos valores retidos em cumprimento a Lei n° 9.711/98.2. O art. 31, § 2° da Lei n° 8.212/91 dispoe que somente

Capitulo 13

♦ Com

pensacao, restituicao e

reembolso

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Man

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na impossibilidade de compensacao integral, o saldo remanescen- te sera objeto de restituicao. In casu, de acordo com o noticiado pela sentenca epelo aresto combatido, a empresa prestadora de servicos encontra-se em debito com a Previdencia Social, nao fazendo jus, desse modo, a restituicao postulada. [...]174

2.2. Restituicao de contribuicoes para terceiros (SESC, SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE, etc)

Compete a Secretaria da Receita Federal do Brasil efetuar a resti­tuicao dos valores recolhidos para outras entidades ou fundos (tercei­ros), exceto nos casos de arrecadacao direta, realizada mediante conve­nio (IN RFB n° 900/08, art. 2°, § 3°).

3. Acrescimo de [uros

Os valores a serem compensados ou restituidos serao acrescidos de juros, calculados da seguinte forma: (a) taxa SELIC, acumulada men- salmente, a partir do mes subsequente ao do pagamento indevido ateo mes anterior ao da efetiva restituicao ou compensacao; e (b) um por cento relativamente ao mes em que estiver sendo efetuada a mencionada compensacao ou restitukao (Lei n° 8.212/91, art. 89, § 4°).

0 STJ entende ser perfeitamente legal a aplicacao da taxa SELIC para fins de compensacao ou restituicao. Nesse sentido, confira-se o se­guinte julgado:

'TRIBUTARIO - EMBARGOS A EXECUqAO FISCAL - JU­ROS DE MORA - TAXA SELIC. 1. Na repeticao de indebito ou na compensacao, com o advento da Lei n° 9.250/95, a partir de 01/01/96, os juros de morapassaram ser devidos pela taxa SELIC a partir do recolhimento indevido, nao mais tendo aplicacao o art. 161 c/c art. 167, paragrafo unico do CTN.,2. Tese consagrada na Primeira Secao, com o julgamento dos EREsp's 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC em 14/05/2003.3 ,E devida a taxa SELIC na repeticao de indebito, seja como restituicao ou compensacao tributaria, desde o recolhimento indevido, independentemente de se tratar de contribuicao sujeita a posterior homologacdo do pagamento antecipado (EREsp’s 13L203/RS, 230.427, 242.029 e

174 STJ, REsp 965936/PR, Rel. Min. Denise Arruda, 1a T.r DJe 10/12/2009.

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244.443). 4. A taxa SELIC e composta de taxa de juros e taxa de corregao monetdria, nao podendo ser cumulada com qualquer outro indice de corregao. 5. Da mesma forma como pode ser apli- cada em favor do contribuinte nas restituigdes e compensagdes, e perfeitamente legal a aplicagdo da taxa SELIC na cobranga de debitos tributaries. 6. Recurso especial improvido.,yi75

4. Reembolso

Reembolso e o procedimento pelo qual a Secretaria da Receita Fe­deral do Brasil ressarce a empresa ou o equiparado de valores de cotas de salario-familia e salario-maternidade pagos a segurados a seu servico.

O reembolso a empresa ou equiparada de valores de quotas de salario-familia e salario-maternidade, pagos a segurados a seu servico, podera ser efetuado mediante deducao no ato do pagamento das contri­buicoes devidas a Previdencia Social, correspondentes ao mes de com­petencia do pagamento do beneficio ao segurado, devendo ser declarado em GFIP.

Quando o valor a deduzir for superior as contribuicoes previden­ciarias devidas no mes, o sujeito passivo podera compensar o saldo a seu favor no recolhimento das contribuicoes dos meses subsequentes, ou requerer o reembolso a Secretaria da Receita Federal do Brasil por meio do programa PER/DCOMP.

Caso o sujeito passivo efetue o recolhimento das contribuicoes previdenciarias sem a deducao do valor a reembolsar, essa importancia podera ser compensada ou ser objeto de restituicao.

O valor das cotas de salario-familia ou das parcelas de salario- -maternidade so podera ser deduzxdo do valor a recolher a titulo de contribuicoes sociais previdenciarias, sendo vedada a deducao das con­tribuicoes arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para outras entidades ou fundos.

5. Discussao administrativa

E facultado ao sujeito passivo, no prazo de 30 dias, contados da data da ciencia da decisao que indeferiu seu pedido de restituicao ou

175 STJ, REsp 462710/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, 2a T, DJ 09/06/2003, p. 229.

Capituio 13

»• Compensacao, restituicao

e reem

bolso

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reembolso, apresentar manifestacao de inconformidade contra o nao reconhecimento do direito creditorio.176

A competencia para julgar manifestacao de inconformidade e da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em cuja cir- cunscricao territorial se inclua a unidade da RFB que indeferiu o pedido de restituicao ou reembolso, observada a competencia material em ra­zao da natureza do direito creditorio em litigio.

Da decisao que julgar improcedente a manifestacao de incon­formidade cabera recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

205. Nos term os da legislacao previdenciaria, assinale a assertlva correta a respeitoda restituicao e com pensacao de contribuicoes.

a) Os valores a serem compensados ou restitufdos nao serao acrescidos de juros.b) A com pensacao depende d e requerim ento ju n to ao INSS, que e o 6rgao

responsavel pela analise e despacho conclusivo a respeito do pedido.c) Som ente podera ser restituida ou com pensada contribuicao para a previ­

dencia social na hipotese de pagam ento ou recolhim ento indevido ou nos casos de retencoes de 11% das empresas prestadoras de servicos m ediante cessao de m ao de obra ou em preitada.

d) E facultado ao sujeito passivo, no prazo d e quinze dias, contados da data da ciencia da decisao que indeferiu seu pedido de restituicao ou reem bolso, apresentar manifestacao de inconform idade contra o nao reconhecim ento do direito creditorio.

e) D ireito de pleitear jud icia lm ente a com pensacao so pode ser exercido no prazo de cento e oitenta dias do seu pagam ento.

206. {AFPS/2002/Esaf) Nos termos da legislacao previdenciaria, assinale qua! beneficioe reem bolsado a empresa:

a) salario-familia pago aos segurados a seu servico.b) auxflio-acidente.c) aposentadoria por idade.d) aposentadoria por invalidez.e) pensao por m orte.

176 IN RFB n° 900/08, art. 66.

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207. Juigue os itens seguintes.

I - A com pensacao ou restituicao de contribuicao sociai previdenciaria ape­nas podera ocorrer na hipotese de pagam ento ou recolhim ento indevido ou nos casos de retencoes de 11% das empresas prestadoras de servicos m ediante cessao de m ao de obra ou em preitada.

II - As receitas da seguridade, provenientes do faturam ento e do lucro dasempresas, apenas serao compensadas na hipotese de manifesto equt'voco contabii na sua apuracao, reduzidas em qualquer caso a 30% do valor a ser recolhido em cada com petencia (FISCAL/! NSS/98 - CESPE).

II! - Considere a seguinte situacao hipotetica: Carlos - segurado obrigatorio da previdencia sociai como e m p re g a d o -te v e sua contribuicao previdenciaria referente a com petencia de Janeiro de 2003 descontada com um valor superior ao efetivam ente devido. Tal erro so foi detectado quando o em ­pregador ja havia recolhido a guia da previdencia social. Nessa situacao, a restituicao da contribuicao descontada indevidam ente de Carlos somente podera ser feita a ele ou ao seu procurador, exceto se seu em pregador, ao requerer a restituicao, com provar que efetuou a devolucao da quantia indevidam ente descontada (Analista Previdendario/INSS/2003 - CESPE).

Os itens que estao certos sao:

a} I e IIb) II e EHc) I e 111d) todose) nenhum

208. Juigue os seguintes itens:

I - Quando o valor do salario-m aternidade e do salario-famflia for superioras contribuicoes previdenciarias devidas no mes, o sujeito passivo podera com pensar o saldo a seu favor no recolhim ento das contribuicoes dos meses subsequentes, ou requerer o reem bolso a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

II - A restituicao da contribuicao descontada do segurado em pregado podera,em qualquer hipotese, ser requerida pelo seu em pregador.

ill - Verificada a existencia de deb ito em nom e do sujeito passivo, o valor da restituicao sera utilizado para extingui-Io , to tal ou parcialmente, m ediante compensacao.

Os itens que estao certos sao:

a) l e l lb) II e Hic) I e illd) todose) nenhum

Capitulo 13

* Com

pensafdo, restituicao e

reembolso

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209. Juigue os seguintes itens:

I - No caso do pedido de restituicao conter valores pagos indevidam entea previdencia social e, tam bem , a terceiros (SESC, SENAC, SEBRAE etc.), a Secretaria da Receita Federal do Brasil providenciara, tam bem , a restituicao de terceiros, desconta ndo-a do re passe ftnanceiro para outras entidades no mes seguinte ao da restituicao, com unicando o fato a respectiva entidade.

II - A empresa devera inform ar na GFIP o vaior a ser com pensado, na com pe­tencia de sua efetivacao.

ill - Em nenhum a hipotese a com pensacao podera ser superior a 30% do va­lor das contribuicoes devidas a Previdencia Social, sendo este percentual calculado antes da deducao do valor relativo ao salario-famflia e ao salario- -m atem idade e antes da compensacao dos valores de retencao sobre nota fiscal/fatura da com petencia.

Os itens que estao certos sao:

a) I e !ib) II e illc) i e IIId) todose) nenhum

210. (AFRF/2005/Esaf/adaptada) E perm itido ao contribuinte ressarcir-se de valores pagos indevidam ente, deduzindo-os das contribuicoes devidas a Previdencia Social, se atender a diversas condicoes, entre as quais as seguintes:

a) estar em situacao regular, re la tivam ente a sua sede ou estabelecim ento principal, enquanto as contribuicoes ob je to de debito decorrente de Auto de Infracao - Al, cuja exigibilidade nao esteja suspensa, de lan cam en to de D ebito Confessado - LDC, de Lancam ento de D ebito Confessado em GFIP - LDCG, de Debito Confessado em GFIP - DCG.

b) nao haver debitos vincendos relativam ente ao parcelamento de contribuicoes.c) a compensacao som ente podera ser realizada em recolhim ento de im por-

tancia correspondente a perfodos antecedentes aqueles a que se referem os valores pagos indevidam ente.

d) nao referir-se a acrescimos legais, com o de atualizacao m onetaria, de m ulta ou de juros de mora.

e) referir-se a compensacao de valores que nao tenham sido alcancados pela prescri^ao.

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Tanto a decadencia como a prescri^ao sao formas de perecimento ou extm^ao de direito. Fulminam o direito daquele que nao realiza os atos necessarios a sua preserva<;ao} mantendo-se inativo. Ambas pressupoem dois fatores:

a) A inercia do titular do direito;b) O decurso de certo prazo, legalmente previsto.

Mas a decadencia e a prescri^ao sao institutos distintos, a saber:Decadencia e a extin^ao de um direito pelo seu nao uso. A lei es-

tabelece lapsos de tempo denominados prazos decadenciais, dentro dos quais o titular de um direito deve exerce-lo, sob pena de perde-lo.

Prescri^ao e a perda do direito de mover acao judicial para reaver um direito violado. Ou seja, e a perda do direito de exigir uma obrigacao pela via jurisdicional. Ocorre a perda da acao atribmda a um direito, em consequencia do nao uso dela durante determinado espa^o de tempo.

A decadencia e forma de perecimento do proprio direito. A pres- cri^ao e a perda da a^ao que resguardava determinado direito.

2. Decadencia e prescricdo no custeio previdencidrio

Prazo de decadencia e o lapso de tempo dentro do qual deve ser cons- tituido o credito previdenciario, mediante a consecu^ao do lancamento.

Prazo de prescricao e o periodo no qual o sujeito ativo, apos a constituicao definitiva do credito previdenciario, a vista do inadimple- mento do sujeito passivo, deve ajuizar a acao de cobranca.

Assim, esgotado o prazo dentro do qual o sujeito ativo deve lan- Car, diz-se que decaiu de seu direito, houve a decadencia (ou caducidade). Se, em tempo oportuno, o lancamento e feito, mas o sujeito ativo, a vista do inadimplemento do sujeito passivo, deixa transcorrer o lapso de tempo que tem para ajuizar a acao de cobranca, sem promove-la, da-se a pres­cricao da acao.

Assim, em materia de custeio previdenciario:a) Decadencia consiste na extincao do direito de constituir o cre­

dito previdenciario atraves do lancamento tributario.

] . Distincao entre decadencla e prescricoo

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!

b) Prescricao consiste na extincao do direito de cobrar judicial- mente o credito ja constituido.

2.1. Decadencia em relacao as contribuicoes previdenciarias

A decadencia tributaria esta disciplinada pelo Codigo Tributario Nacional - CTN no art. 173 e no art. 150, § 4°. Para inicio de nossa ana- lise, transcrevemos estes dispositivos do CTN:

0‘Art 150. O lancamento por homologacao, que ocorre quanto aos tributos cuja legislacao atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem previo exame da autoridade administrativa, opera-sepelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obri­gado, expressamente a homologa.

u$ 4° Se a lei nao fixarprazo a homologacao, sera ele de cinco

anos, a contar da ocorrencia do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Publica se tenha pronunciado, considera-se homologado o lancamento e definitivamente extinto o credito, salvo se comprovada a ocorrencia de dolo,fraude ou simulacao”

"Art 173. O direito de a Fazenda Publica constituir o credito tributario extingue-se apos 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lan­camento poderia ter sido efetuado;

II ~ da data em que se tornar definitiva a decisao que houver anulado,por vicio formal, o lancamento anteriormente efetuado.

Paragrafo unico. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituicao do credito tri- butario pela notificacao, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatoria indispensavel ao lancamento ”

Com base nestes dispositivos do CTN, verifica-se que o prazo da decadencia tributaria e de 5 anos. Contudo, questao importante sobreo prazo de decadencia e saber quando se inicia sua contagem. Temos quatro pontos de partida para contar os cinco anos que fazem decair o direito de constituir o credito tributario previdenciario:

Capitulo

14 o

Decadencia

e prescricao

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I - data da ocorrencia do fato gerador (CTN, art 150, § 4°);II - do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lanca­

mento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173,1);III - da data em que se tornar definitiva a decisao que houver

anulado, por vicio formal, o lancamento anterior (CTN, art. 173, II);

IV - data em que tenha sido iniciada a constituicao do creditotributario pela notificacao, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatoria indispensavel ao lancamento (CTN, art. 173, paragrafo unico).

Passemos, agora, aos comentarios de cada uma destas datas de inicio da contagem do prazo decadencial tributario.

1° ponto de partida (CTN, art. 150, § 4°) - Data da ocorrencia do fato gerador - Esta data inicial vale so para tributos sujeitos a Iancamen- to por homologadio. As contribuicoes previdenciarias estao sujeitas a lancamento por homologacao. Logo, a regra do § 4° do art. 150 do CTN e aplicada as contribuicoes previdenciarias.

O lancamento por homologacao e usado em relacao aos tributos cuja legislacao atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o paga­mento sem previo exame da autoridade administrativa. Feito este pa­gamento, compete a autoridade fiscal homologa-lo ou recusar a homo- loga^ao. No caso de recusa da homologacao, o Fisco devera lancar, de oficio, a diferenca correspondente ao tributo que deixou de ser pago an- tecipadamente, acrescidos de juros e multa de mora. Este lancamento de oficio deve ser realizado dentro do prazo do 5 anos, contados da data da ocorrencia do fato gerador.

O lancamento por homologacao nao e atingido pela decadencia, pois, feito o pagamento, se nao acontecer a homologacao expressa, trans- corridos 5 anos da ocorrencia do fato gerador, acontecera a homologa­cao tacita. O que e passivel de decadencia e o lancamento de oficio, que cabe a autoridade realizar quando constate inexatidao do sujeito passivo no cumprimento do dever de “antecipar” o pagamento do tributo. Se o sujeito passivo “antecipa” o tributo, mas o faz em valor inferior ao de­vido, o prazo que flui e para a autoridade manifestar-se se concorda ou nao com o montante pago; se nao concordar, deve lancar de oficio, des­de que faca antes do prazo cujo transcurso implica homologacao tacita.

530

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Assim, o prazo, apos o qual se considera realizado tacitamente o lanca­mento por homologacao, tem natureza decadencial, pois ele implica a perda do direito de a autoridade administrativa (recusando a homolo­gacao) efetuar o lancamento de oficio. O que e passivel de decadencia, pois, e o lancamento de oficio, nao o lancamento por homologacao.177

O prazo, decorrido o qual se da a homologacao tacita (implican- do, portanto, a decadencia do direito de efetuar eventual lancamento de oficio), e tambem de cinco anos, contado, em regra, do dia da ocorrencia do fato gerador e nao do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que a autoridade poderia (recusando a homologacao) efetuar o lanca­mento de oficio. No entanto, para a aplicacao desta regra tera que existir pagamento, ainda que insuficiente para pagar o credito tributario. O lancamento por homologacao somente e possivel de concretizacao se existir pagamento.

Assim, nao existindo nenhum pagamento, o prazo decadencial e computado pela regra do inciso I do art. 173 do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetivado.

Preve o CTN (art. 150, § 4°, in fine) que ocorrendo dolo, fraude ou simulacao, imputaveis ao sujeito passivo, a data do fato gerador tambem deixa de ser o dia inicial para contagem do prazo decadencial. Neste caso, a data inicial sera a prevista no inciso I do art. 173 do CTN, vale dizer, o primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetivado. Como exemplo de dolo, fraude ou simulacao, podemos citar uma contabilidade paralela, mantida pelo sujeito passivo.

Podemos, entao, dizer que nos tributos sujeitos a lancamento por homologacao (que e o caso das contribuicoes previdenciarias), o prazo decadencial deve ser contado da data do fato gerador, salvo: (a) se o sujeito passivo nao realizou nenhum pagamento; ou (b) se ficar provado que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou simulacao. Nessas duas hipoteses ressalvadas, o prazo decadencial inicia-se do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento po­deria ter sido efetivado (CTN, art. 173,1). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

177 AMARO, Luciano. Op. cit., p.392.

Capitulo

14 ♦

Decadencia

eprescrigao

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“CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO. CONTRIB UIQAO PREVIDENCIARIA. ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91. OFENSA AO ART 146, III, B, DA CONSTITUICAO. TRIB UTO SUJEITO A LANCAMENTO POR HOMOLOGAQAO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUICAO DO CREDI­TO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCICIO SEGUINTE AO DA OCORRENCIA DO FATO GERADOR, SE NAO HOUVE ANTECIPACAO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173,1); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUEPARCIAL (CTN, ART. 150, § 4°). PRECEDENTES DA l a SECAO. 1. “As contributes sociais, inclusive as destinadas afinanciar a seguridade social (CF, art. 195), tem, no regime da Constituicao de 1988, natureza tributaria. Por isso mesmo, aplica-se tambem a elas o disposto no art. 146, III, b, da Constituigao, segundo o qual cabe a lei complementar dispor sobre normasgerais em materia deprescricao e decadencia tributarias, compreendida nessa clausula inclusive afixacao dos respectivosprazos. Consequentemente, padece de inconstituciona- lidadeformal o artigo 45 da Lei n° 8.212, de 1991, quefixou em dez anos o prazo de decadencia para o lancamento das contribuicoes sociais devidas a Previdencia Social” (Corte Especial, Arguicdo de Inconstitucionalidade no REsp n° 616348/MG). 2. O prazo decadencial para efetuar o lancamento do tributo e, em regra, o do art. 173,1, do CTN, segundo o qual “o direito de a Fazenda Publica constituir o credito tributario extingue-se apos 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetuado3. Todavia, para os tributos sujeitos a lancamento por homologacao — que, segundo o art. 150 do CTN, “ocorre quanto aos tributos cuja legislacao atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem previo exame da autoridade administrativa” e “opera-sepelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da ativida­de assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa” —, ha regra especifica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lancamento de eventuais diferencas e de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o§ 4° do art. 150 do CTN.

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I

Precedentes jurisprudenciais. 4. No caso, trata-se de contribuigdo previdencidria, tributo sujeito a lancamento por homologacao, e ndo houve qualquer antecipagdo de pagamento. Aplicdvel, por­tanto, a regra do art 173,1, do CTN. 5. Recurso especial a que se nega provimento”178.

I Exemplo: • • . . •'•••O fato gerador de uma contribuicao prey.id nciaria (tributo sujeito a lancamento por homologacao) ocorreii.erii 24/03/2005. 0 ; sujeito passivo pagou uma.quantia de .R$ 5.00 entanto; o valor -

real da contribmcao era de R$ 20.000,00. Neste c&sdi o prazo deca-- dencial inicia-se em 24/03/2005 e termina em 24/03/201p;;

2° ponto de partida (CTN, Art. 173,1) - Do primeiro dia do exer­cicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetuado.

Como ja vimos, as contribuicoes previdenciarias estao sujeitas a lancamento por homologacao. Por isso, em regra, o prazo decadencial de 5 anos e contado da data da ocorrencia do fato gerador. Assim, a regra do art. 173, I, do CTN so sera aplicada as contribuicoes pre­videnciarias em duas situacoes: (a) se o sujeito passivo nao realizou nenhum pagamento; ou (b) se ficar provado que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou Simulacao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

"TRIBUTARIO. CONTRIBUICAO PREVIDENCIARIA. TRI­BUTO SUJEITO A LANCAMENTO POR HOMOLOGACAO. SEGURIDADE SOCIAL, PRAZO PARA CONSTITUICAO DE SEUS CREDITOS. DECADENCIA. ARTIGOS 150, $ 4°, E 173, I, DO CTN. L Nas hipoteses de tributo sujeito a lancamento por homologacao, em ndo ocorrendo o pagamento antecipado pelo contribuinte, opoder-dever do Fisco de efetuar o lancamento de oficio substitutivo deve obedecer ao prazo decadencial estipulado pelo artigo 173,1, do CTN, segundo o qual o direito de a Fazenda Publica constituir o credito tributario extingue-se apos 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetuado. (...Y’179.

178 STJ, Resp 7 5 7 9 2 2 /S C , Rel. M in . Teori A lb ino Zavascki, 1 *T , DJ de 1 1 /1 0 /2 0 0 7 , p. 2 9 4 .1 7 9 STJ, REsp 8 9 4 .4 5 3 /S C , Rei. M in . Luiz Fux, 1a T, DJ 2 4 /0 9 /2 0 0 7 , p. 259 .

Capftulo

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ecadencia eprescrigdo

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Suponha, por exemplo, que o fato gerador de uma contribuicao previdenciaria ocorreu em marco de 2005, e o sujeito passivo nao rea- lizou nenhum pagamento. Em abril de 2005, o lancamento ja poderia ser efetuado. Assim, 2005 seria o exercicio dentro do qual o lancamento ja poderia ser feito. Neste caso, o prazo decadencial inicia-se em 1° de janeiro de 2006 e termina em 1° de janeiro de 2011.

3° ponto de partida (CTN, art. 173, II) - Da data em que se tornar definitiva a decisao que houver anulado, por vicio formal, o lancamento anteriormente efetuado.

Trata-se de hipotese em que tenha sido efetuado um lancamento com vicio de forma, e este venha a ser anulado por decisao definitiva (administrativa ou judicial). Nesse caso, a autoridade administrativa tem novo prazo de 5 anos, contados da data em que se torne definitiva a referida decisao, para efetuar novo lancamento de forma correta. Trata- -se de um novo direito de lancar, com um novo prazo, e, portanto, nao ha de se falar em interrupcao do prazo de decadencia originario.

| Exemplo:

| O fato gerador de uma contribuicao previdenciaria ocorreu em ! mar^o de 2000; em abril de 2003, foi feito o lancamento, mas houve ;| cerceamento do direito de defesa do contribuinte,’ eis que no auto [ de Infracao nao constava a base legal que fundamental exigen- | cia. O sujeito passivo, tempestivamente, apresentou impugnacao ■} na esfera administrativa e, em 2/2/2005, o lancamento foi ahula- | do por vicio formal. Neste caso, o prazo decadencial inicia-se em | 02/02/2005 e termina em 02/02/2010.

4° ponto de partida (CTN, art. 173, paragrafo unico) - Da data em que tenha sido iniciada a constituicao do credito tributario pela notifi­cacao, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatoria indispensa- vel ao lancamento.

Trata-se, aqui, de hipotese em que a autoridade administrativa iniciou uma fiscalizacao (que podera ou nao resultar em lancamento), eo paragrafo unico do art. 173 do CTN manda que o prazo de decadencia se conte a partir da notificacao do sujeito passivo de alguma providencia de interesse para a constituicao do credito; nao ha ainda notificacao de lancamento.

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Na opiniao majoritaria da doutrina, o paragrafo unico do art. 173 do CTN so opera para antecipar o inicio do prazo decadencial, nao para interrompe-lo, caso ele ja tenha iniciado de acordo com as regras do inciso I do art. 173 ou do § 4° do art. 150.

Assim, em relacao as contribu tes previdenciarias, para que a notificacao preparatoria do lancamento antecipe o inicio do prazo de­cadencial, e necessario que: (a) o sujeito passivo nao tenha realizado ne­nhum pagamento; e (b) a notificacao preparatoria ocorra antes do pri­meiro dia do exercicio seguinte aquele em que o lancamento poderia ter sido efetuado. Fora destas duas hipoteses, o prazo decadencial ja teria iniciado, nao podendo ser interrompido.

■i O fato gerador de uma- contribuicao; previdencian oedrreu ein.- mar<;o de 2005, e o sujeito .pa'ssiyo nao realJzoia-n^ to. No dia 25/10/2005 o sujeito passivo recebe 'uma notificacao para inicio de uma a$ao fiscal, Neste )caso/:o pr^zo decafo

I era. 25/ib/2()65 e termma.em^6/lD/i0|pv

Se o contribuinte declarar em GFIP o valor da contribuicao pre­videnciaria, nao mais se opera a decadencia relativamente ao que foi declarado e nao pago, pois o credito ja se encontra definitivamente constitmdo. Serao, portanto, inscritas como divida ativa da Uniao as contribuicoes previdenciarias que nao tenham sido recolhidas ou par- celadas resultantes das informacoes prestadas na GFIP (Lei n° 8.212/91, art. 39, § 3°).

2.2. Periodo de atividade do contribuinte individual alcancado pela decadencia

O contribuinte individual que pretenda contar como tempo de contribuicao, para fins de obtencao de beneficio no RGPS ou de con­tagem reciproca do tempo de contribuicao, periodo de atividade re­munerada alcancada pela decadencia devera indenizar o INSS (Lei n° 8.212/91, art. 45-A).

O valor da indenizacao corresponded a 20%: (I) da media arit­metica simples dos maiores salarios-de-contribuicao, reajustados, cor­respondentes a 80% de todo o periodo contributivo decorrido desde a competencia julho de 1994; ou (II) da remuneracao sobre a qual inci-

Capitulo

14 «• D

ecadincta eprescrifdo

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esdem as contributes para o regime proprio de previdencia social a que estiver filiado o interessado, no caso de indenizacao para fins da conta­gem redproca de tempo de contribuicao, observado o limite maximo do salario-de-contribuicao.

Sobre os valores apurados incidirao juros moratorios de 0,5% ao mes, capitalizados anualmente, limitados ao percentual maximo de 50%, e multa de 10%.

2.3. Prescricao em relacao as contribuicoes previdenciarias

Constituido o credito previdenciario, surge para o sujeito ativo (a Uniao) o direito de cobra-lo judicialmente, mediante a^ao de execucao fiscal. A esse direito de acao, a lei tambem impoe lapso de tempo para o seu exercicio, o qual se denomina prazo de prescricao. Portanto, pres­cricao, no tocante as contribuicoes previdenciarias, e a perda do direito da Uniao de promover a execucao judicial do seu credito ja constituido, em virtude de nao te-lo exercido dentro do prazo legal.

De acordo com o caput do art 174 do CTN, “a acao para a cobran- Ca do credito tributario prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituicao definitiva”

Como se ve, o prazo de prescricao (de 5 anos) e contado a partir da data da constituicao definitiva do credito. Mas quando e que o credi­to previdenciario esta definitivamente constituido?

0 credito esta definitivamente constituido quando nao possa mais ser modificado no ambito do processo administrativo. Vale dizer, quando nao possa mais ser objeto de impugnacao ou recurso por parte do sujeito passivo. Enquanto pendente de impugnacao ou recurso nao ha que se falar em prescricao, pois o credito ainda e inexigivel. Ocorren- do impugnacao, o credito so estara definitivamente constituido quando do termino do contencioso administrativo fiscal.

O curso da decadencia termina no momento da lavratura do Auto de Infracao; a contagem do prazo de prescricao so se inicia depois de concluido todo o contencioso administrativo referente a este Auto de Infracao. Assim, no intervalo entre a lavratura do Auto de Infracao e a decisao administrativa final nao corre nem prazo de decadencia nem prazo de prescricao. Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do Su­premo Tribunal Federal:

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"PRAZOS DE PRESCRICAO E DE DECADENCIA EM DI­REITO TRIBUTARIO. Com a lavratura do auto de infracao, consuma-se o lancamento do credito tributario (art 142 do CTN). Por outro lado, a decadencia so e admissivel no periodo anterior a essa lavratura; depois, entre a ocorrencia dela e ate que flua o prazo para a interposigao do recurso administrativo, ou enquanto nao for decidido o recurso dessa natureza de que se tenha valido o contribuinte, ndo mais correprazo para decadencia, e ainda ndo se iniciou a fluencia de prazo para prescricao; decorrido o prazo para interposicdo do recurso administrativo, sem que ela tenha ocorrido, ou decidido o recurso administrativo interposto pelo contribuinte, hd a constituicao definitiva do credito tributario, a que alude o artigo 174 do CTN, comecando afluir, dat, oprazo de prescricao dapretensdo do fisco. £ esse o entendimento atual de ambas as turmas do STF. Embargos de divergencia conhecidos e recebidos” 180.

A partir da data em que o sujeito passivo e notificado do Auto de Infracao, ele tem um prazo de 30 dias para pagar ou impugnar o lancamento. Decorrido o prazo para impugnacao, sem que ela tenha ocorrido, ha a constituicao definitiva do credito tributario, comecando a fluir, dai, o prazo de prescricao. Mas se, tempestivamente, o sujeito passivo apresentar impugnacao, a constituicao definitiva so ocorrera na data da decisao administrativa definitiva que mantenha total ou par- cialmente o lancamento. Em suma, a acao para a cobranca do credito tributario prescreve em cinco anos, contados: (a) da data em que ex- pirar o prazo para impugnar o auto de infracao; (b) da data em que expirar o prazo para recorrer da decisao administrativa que manteve o auto de infracao; ou (c) da data da xntimacao da decisao administrativa final nao mais sujeita a recurso.

Nos casos de contribuicao previdenciaria declarada em GFIP, en­tende-se que o credito relativo ao valor declaradG ja se encontra defini­tivamente constituido, independentemente de qualquer procedimento administrativo. Nesses casos, o STJ entende que ha duas regras para a contagem do prazo prescricional: (a) quando a GFIP e entregue an­tes do vencimento do prazo para pagamento da contribuicao, o lapso

180 STF, RE - embargos 94462/SP, Rel. Min. Moreira Aives, DJ de 17.12.82.

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prescricional comeca a fluir do dia seguinte ao vencimento; (b) quando a entrega da GFIP se da apos o vencimento do prazo para pagamento, a prescricao comeca a correr do dia seguinte a entrega.181

I Exemplo:A empresa Alfa Ltda entregou a GFIP do mes 12/2008 b o d ia

07/01/2009. O vencimento do prazo para pagamento da contribui- cao previdenciaria do mes 12/2008 ocorre no dia 20/01/2009. Caso a empresa nao pague a contribuicao que foi declarada na GFIP, a prescricao comeca a correr no dia 21/01/2009.

No exemplo supra, no periodo de 07/01/2009 a 20/01/2009 nao correu o prazo prescricional, pois o valor declarado a titulo de contri­buicao previdenciaria ainda nao podia ser exigido pela Fazenda Publica. Somente a partir do momento em que o credito passa a ser exigivel e que se inicia a contagem do prazo prescricional Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

‘TRIBUTARIO. OBRIGACAO TRIBUTARIA. DEBITO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E SUPOSTAMENTE PAGO A MENOR. PRESCRICAO QUINQUENAL. TERMO INICIAL VENCIMENTO DA OBRIGAQAO. 1. Em se tratando de tributos langados por homologacao, ocorrendo a declaracao do contribuinte e na falta de pagamento integral da exacao no vencimento, mostra-se incabivel aguardar o decurso do prazo decadencial para o lancamento. A declaracao elide a necessida­de da constituicao formal do debito pelo Fiscot podendo este ser imediatamente inscrito em divida ativa, tornando-se exigivel, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificacao ao contribuinte. 2. O termo inicial do lustra prescricional em caso de tributo declarado e ndo pago, oupago a menor do que o informado, ndo se inicia da declaracdo, mas da data estabelecida como vencimento para o pagamento da obrigacao tributaria constante da declaracao. No interregno que medeia a declaracao e o vencimento, o valor declarado a titulo de tributo ndo pode ser exigido pela Fazenda Publica, razao pela qual ndo corre o prazo prescricional da pretensdo de cobranca nesse periodo. 3. Recurso especial provido”.182

181 STJ, REsp 7 0 7 3 5 6 /P R , Rei. M in . Herm an 8enjam'm, 2 a T., DJ 1 1 /0 2 /2 0 0 8 .182 REsp 911489/S P , Rel. M in . Castro M e ira , 2 a T., DJ 1 0 /0 4 /2 0 0 7 , p. 212.

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Diversamente do que ocorre com a decadencia, a prescri^ao pode ter interrompido ou suspenso o curso de seus prazos. De acordo comoo paragrafo unico do art. 174 do CTN, a prescri^ao se interrompe: (I) pelo despacho do juiz que ordenar a citacao em execucao fiscal; (II) pelo protesto judicial; (III) por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (IV) por qualquer ato inequivoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do debito pelo devedor.

A in te rru p t implica o reinicio da contagem do prazo, despre- zando-se o ja decorrido. Assim, constituido definitivamente um credito tributario, dai come^a o curso da prescri^ao. Se depois de algum tempo, antes de completar o quinquenio, ocorre uma das hipoteses de inter­r u p t previstas no paragrafo unico do art. 174 do CTN, o prazo ja de­corrido fica sem efeito e a contagem dos cinco anos volta a ser iniciada.

Suspender a prescri^ao e outra coisa. Significa paralisar o seu curso enquanto perdurar a causa da suspensao. O prazo ja decorrido perdura, e uma vez desaparecida a causa de suspensao o prazo conti- nua em curso. Constituem causa de suspensao da prescri^ao aquelas que suspendem a exigibilidade do credito tributario ja definitivamente constituido.183

De acordo com o art. 151 do CTN, suspendem a exigibilidade do credito tributario: (I) moratoria; (II) o deposito do seu montante inte­gral; (III) as reclamacoes e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributario administrative; (IV) a concessao de medida li~ minar em mandado de seguranca; (V) a concessao de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras especies de acao judicial; (VI) o par­celamento.

2.4. Prescricoo na restituicao e compensacao de contribuicoes

O direito de pleitear restituicao ou de realizar compensacao de contribuicoes ou de outras importancias extingue-se em cinco anos, contados da data: (a) do pagamento ou recolhimento indevido; ou (b) em que se tornar definitiva a decisao administrativa ou passar em julga­do a sentenca judicial que tenha reformado, anulado ou revogado a de­cisao condenatoria (CTN, art. 168; LC 118/2005, art 3°; e RPS, art. 253).

183 MACHADO, Hugo de Brito. Op. cit. p. 195.

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es0 primeiro termo inicial - data do pagamento indevido - aplica-

-se aos casos em que o sujeito passivo tenha pago indevidamente de maneira espontanea, por algum tipo de erro.

O segundo termo inicial - data da decisao final, administrativa ou judicial, que entender indevida a contribuicao paga - aplica-se aos casos em que, ao pagar, o sujeito passivo o fazia de acordo com o que foi determinado pela administra^ao, atraves do lancamento. Todavia, embora tenha pago, o sujeito passivo, insatisfeito com a exigencia, da causa a instauracao de litigio que discute justamente a legitimidade da divida. Tal litigio pode ser instaurado tanto na esfera administrativa como na judicial Sobrevindo decisao final a favor do sujeito passivo, entendendo ilegftima a exigencia fiscal, tera ele direito a realizar com­pensacao ou pleitear restituicao dentro do prazo de 5 anos, a contar da decisao final.184

De acordo com o disposto no art. 170-A do CTN, “e vedada a compensacao mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contesta- Cao judicial pelo sujeito passivo, antes do transito em julgado da respec­tiva decisao judicial”. Assim, se o credito do sujeito passivo foi reconhe- cido por decisao judicial, o prazo para pleitear restituicao ou realizar compensacao do aludido credito e de ate 5 anos, contados do transito em julgado da decisao que reconheceu o direito creditorio.

Quando uma contribuicao previdenciaria e declarada inconstitu- cional pelo STF, para fins de compensacao ou restituicao, adotam-se os seguintes criterios: (a) se a decisao ocorreu em controle concentrado de constitucionalidade, o prazo prescricional de 5 anos inicia-se na data da publicacao do acordao; (b) se a decisao ocorreu em controle difuso de constitucionalidade, o prazo prescricional de 5 anos inicia-se na data da resolucao do Senado suspendendo a execucao da norma (CF, art. 52, X). Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente do STJ:

*TRIBUTARIO - PIS - INCONSTITUCIONALIDADE - DE- CRETOS-LEIS N°s. 2.445 E 2.449, AMBOS DE 1988 - DECLARA­CAO INCIDENTAL - (RE 148.754/RJ) - PRESCRIQAO - TERMO INICIAL - PUBLICACAO DA RESOLUQAO DO SENADO N° 49/95 (DOU 10.10.95) - PRECEDENTES. - O prazo prescricional

184 R O C H A , Joao M arcelo. Direito Tributario. 3 a. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2 0 0 5 , p. 376 .

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quinquenal das acoes de repetigaolcompensacao do PIS flui a par­tir da data de publicacao da Resolucdo do Senado n° 45/95, que suspendeu a execucao dos Decretos-leis n°s, 2.445/88 e 2.449/88, declarados inconstitucionaispelo STF em controle difuso”. (...)185

Havendo recolhimento indevido, ou a maior, o contribuinte po­dera obter sua restituicao na via administrativa ou na via judicial, nesta pelo ajuizamento da acao de repeti^ao de indebito. Podera ainda lancar mao da compensacao, deixando de recolher contribuicoes vincendas, pelo abatimento de credito da mesma especie tributaria.

O contribuinte tem um prazo de cinco anos para pleitear a resti­tuicao ou efetuar a compensacao. Passado este prazo, nao podera mais se beneficiar dos valores pagos indevidamente.

Os documentos comprobatorios do direito a compensacao devem ser mantidos a disposicao da fiscalizacao pelo prazo de 5 (cinco) anos, sob pena de glosa dos valores compensados.

3. Decadencia e prescricao em materia de beneffcios

A Lei tambem estipula determinados prazos dentro dos quais os beneficiarios do RGPS (segurados e dependentes) devem buscar seus di­reitos previdenciarios.

31 Decadencia

E de dez anos o prazo de decadencia de todo e qualquer direito ou acao do segurado ou beneficiario para a revisao do ato de concessao de beneffcio, a contar do dia primeiro do mes seguinte ao do recebimento da primeira prestacao ou, quando for o caso, do dia em que tomar co­nhecimento da decisao indeferitoria definitiva no ambito administrati­vo (Lei n° 8.213/91, art 103, caput).

Assim, os beneficiarios do RGPS (segurados e dependentes) tem um prazo de 10 anos para pedir revisao do calculo da renda mensal ini­cial dos seus beneffcios previdenciarios. Ha dois pontos de partida para a contagem deste prazo de 10 anos:

185 STJ, EREsp 423994/MG, Rel. Min. Francisco Peganha Martins, DJ 05/04/2004, p. 194.

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1° ponto de partida: do primeiro dia do mes seguinte ao do rece­bimento da primeira prestacao. A partir desta data, o beneficiario tem um prazo de 10 anos para, na via administrativa ou judicial, pedir a revisao do calculo da renda mensal inicial do seu beneficio.

2° ponto de partida: do dia em que tomar conhecimento da de­cisao indeferitoria definitiva no ambito administrativo. Neste caso, o beneficiario ja ingressou com o pedido de revisao na via administrativa, mas o pedido foi indeferido. A partir da data em que toma conheci­mento deste indeferimento defimtivo, o beneficiario tem um prazo de10 anos para, na via judicial, pedir revisao do calculo da renda mensal inicial do seu beneficio.

Esta regra de decadencia abarca exclusivamente materia perti- nente ao calculo da renda mensal inicial dos beneficios previdenciarios. Tem-se, aqui, um beneficio concedido, e a discussao envolve revisao de um elemento do ato de concessao, qual seja a fixa^ao da renda mensal inicial da prestacao.

Discussoes sobre o beneficio previdenciario, que nao digam res­peito ao seu ato de concessao, ficam fora do prazo decadencial Assim, o prazo decadencial nao pode ser invocado para impedir a^oes revisionais que busquem a correcao de reajustes aplicados erroneamente aos bene­ficios previdenciarios.

De acordo com o art. 79 da Lei n° 8.213/91, “nao se aplica o dis­posto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei” Assim, o prazo de decadencia ora comentado nao corre contra pensionista menor, incapaz ou ausente.

/ Tambem vale ressaltar que nao ha decadencia do direito ao bene­ficio, ja que o caput do art. 103 da Lei n° 8.213/91 e aplicado somente a revisao de ato concessorio, isto e, de beneficio ja em manutencao. Dai decorre que o segurado pode, a qualquer tempo, requerer, judicial ou administrativamente, beneficio cujo direito tenha sido adquirido a bem mais de dez anos.186

O prazo decadencial de 10 anos para revisao de beneficio foi ins- tituido pela Lei n° 9.528/97, que alterou a redacao do art. 103 da Lei n° 8.213/91. Posteriormente, este prazo decadencial foi reduzido para 5

186 FORTES, Simons Barbisan e PAUSEN. Direito da Seguridade Social. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2 0 0 5 , p. 2 5 2 /2 5 3 .

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anos pela Lei n° 9.711/98. No entanto, a Lei n° 10.839/2004 voltou a fixa- -lo em dez anos.

A lei que institui prazo decadencial so pode produzir efeitos apos sua vigencia. Assim, para beneficios concedidos antes da vigencia da lei instituidora do prazo decadencial (Lei n° 9.528/97), o pedido de revisao pode ser feito a qualquer momento. Nesse sentido, confira-se o seguinte precedente do STJ:

“PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIARIO. PRESCRICAO E DECADENCIA. ART 103 DA LEI N° 8.213/91. SUCESSIVAS MODIFICACOES LEGISLATIVES. APLICACAO DA REGRA VIGENTE NA DATA DA CONCESSAO DO BENEFICIO. RE­CURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A lei que institui o prazo decadencial so pode produzir efeitos apos a sua vigencia. Assim, decadencia deve incidir apenas em relagao aos segurados que tiveram seus beneficios concedidos apos a pu­blicacao da lei. 2. Recurso especial improvido".187

3.2. Prescricao

As prestagoes previdenciarias atendem a uma necessidade de in­dole eminentemente alimentar, por isso, sao direitos indisponiveis. Dai que o direito ao beneficio previdenciario em si nao prescreve, mas tao somente as prestagoes nao reclamadas dentro de certo tempo e que vao prescrevendo, uma a uma, em virtude da inercia do beneficiario.188

De acordo com o disposto no paragrafo unico do art. 103 da Lei n° 8.213/91, “prescreve em cinco anos, a contar da data em que deve- riam ter sido pagas, toda e qualquer a$ao para haver prestagoes venci- das ou quaisquer re s titu te s ou diferen^as devidas pela Previdencia Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Codigo Civil”.

Vejamos um exemplo onde aplicaremos, de forma combinada,o caput e o paragrafo unico do art 103 da Lei n° 8.213/91: Joaquim e aposentado pelo RGPS. Oito anos apos a data do inicio do beneficio, Joaquim, alegando que houve erro no calculo da renda mensal inicial

187 STJ, REsp 2 4 0 4 9 3 /S C , Rel. M in . M a r ia Thereza de Assis M ou ra , T, DJ 1 0 /0 9 /2 0 0 7 , p. 314.1 8 8 C A STR O , Carlos A lberto Pereira de; LA ZZA R I, Joao Batista, O p . c i t , p. 621 .

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de sua aposentadoria, propos acao judicial em face do INSS, pedindo a revisao do ato de concessao do beneficio. A acao transitando em julgado favoravel a Joaquim, ele recebera a diferen^a entre o valor do beneficio revisto e o inicialmente concedido correspondente aos cinco ultimos anos anteriores a propositura da acao. Obviamente, tambem recebera a diferen^a relativa ao periodo que vai da propositura da acao ate o tran­sito em julgado. E dal em diante, o beneficio sera pago corretamente. Neste caso, o que prescreveu foi a diferenca relativa aos tres primeiros anos nos quais Joaquim recebeu a aposentadoria. Isso ocorreu porque ele demorou oito anos para reclamar seu direito.

3.3. Acidente do trabalho

As acoes referentes a prestacao por acidente do trabalho prescre- vem em 5 anos, contados da data (Lei n° 8.213/91, art. 104):

a) Do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporaria, verificada esta em pericia medica a cargo da Previ­dencia Social; ou

b) Em que for reconhecida pela Previdencia Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das sequelas do acidente.

IO segurado que sofreu o acidente de trabalho tem garantida, pelo. prazo minimo :de 12 meseS, si manutbn^ad do seu cohtratb de t r a ­

balho na empresa, apbs a'cessacao. do auxflW-doencd acidehtario,: independentemente da percepcao de auxiliOTacidente. .. :: :

3.4. Anulacao de ato administrativo relativo a concessao de beneficio

O direito de a Previdencia Social de anular os' atos administrati- vos de que decorram efeitos favoraveis para os seus beneficiarios decai em 10 anos, contados da data em que foram praticados, salvo compro­vada ma-fe (Lei n° 8.213, art. 103-A).

No caso de efeitos patrimoniais continuos, o prazo decadencial contar-se-a da percepcao do primeiro pagamento (Lei n° 8.213, art. 103- A, § 1°).

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Considera-se exercicio do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnacao a validade do ato (Lei n° 8.213, art. 103-A, § 2°).

211. Assinale a opgao correta, a respeito da decadencia e da prescricao relativas ascontribuicoes para a seguridade social.

a) a acao para a cobranca do credito tributario relativo as c o n tr ib u te s previ­denciarias prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituicao definitiva.

b) o prazo decadencial a ser aplicado e aquele vigente a epoca do fato gerador.c) nos casos de dolo, fraude ou simulacao, o prazo decadencial sera de vinte

anos, contados do prim eiro dia do exercicio seguinte aquele em que for constatado o evento doloso, fraudu lento ou simuiado, ou, tendo havido anulacao em razao desses vfcios, da data da publicacao desta.

d) o d ireito de apurar e constituir os creditos previdenciarios extingue-se apos10 anos, contados do prim eiro dia do exercicio seguinte aquele em que o credito poderia ter sido constituido, ou da data em que se tornar definitiva a decisao que anulou, por vfcio form al, a constituicao de credito anteriorm ente efetuado.

e) a prescricao se suspende pela citacao pessoal feita ao devedor.

212. Assinale a assertiva correta a respeito da prescricao e da decadencia.a) E de dez anos o prazo de decadencia de to do e qualquer direito ou acao do

segurado ou beneficiario para a revisao do ato de concessao de beneficio.b) A contagem do prazo de decadencia d o d ireito do segurado ou beneficiario

para a revisao do ato de concessao de beneficio comeca do segundo dia do mes seguinte ao do recebim ento da prim eira prestacao.

c) O direito da seguridade social d e apurar e constituir seus creditos extingue-se apos dez anos.

d) 0 direito de pleitear restituicao ou de realizar compensacao de contribuicoes ou de outras im portancias extingue-se em dez anos, contados da data do pagam ento ou recolhim ento indevido.

e) O d ire ito de p leitear ju d ic ia lm e n te a desconstituicao de exigencia fiscal fixada pelo INSS no ju lgam ento de litfgio em processo adm inistrativo fiscal extingue-se com o decurso do prazo de cento e vinte dias.

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213. Julgue os itens seguintes.I - Mantidas as regras atuais, um segurado que tenha se aposentado em 2000,

tendo recebido o prim eiro beneficio no mes de marco, ja tera decaido do direito de postular a revisao do beneficio no dia 1704/2005 .

II - Caso fosse concedida a pensao a um m enor de dez anos de idade, d e ­pendente de segurado falecido, entao, sendo pago o beneffcio em valor inferior ao efetivam ente devido, prescreveria em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, a pretensao de receber as diferengas havidas mes a mes, devidas pela previdencia social.

Hi - Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam te r sido pa­gas, toda e quaiquer acao para haver prestagoes vencidas ou quaisquer r e s t itu te s ou diferen^as devidas peia Previdencia Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na form a do Codigo Civii.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) l i e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

214. Acerca dos Institutos da prescricao e da decadencia no am bito da seguridadesocial, ju lgue os itens seguintes.

I - Encerrada a polem ica acerca da licitude da constituicao de credito pre­videnciario contra de te rm inada pessoa juridica, com a declaracao de nulidade do lancamento respectivo por vicio form al, o orgao responsavel pela seguridade social devera realizar, no prazo m axim o de cinco anos, novo lancam ento daquele credito, sob pena de decadencia.

il - Considere a seguinte situacao hipotetica. Com o transito em ju lgado de uma sentenca trabalhista, proferida em favor de sindicato que atuou na condicao de substituto processual dos integrantes da respectiva catego­ria, foi iiquidado o debito e fixado o valor da contribuicao previdenciaria correspondente. Contudo, por insuftciencia de bens da empresa devedora,o credito previdenciario nao foi satisfeito. Nessa situacao, um a vez que foi devidam ente quitado o debito trabalhista, tera a Fazenda Nacional o prazo de cinco anos para ingressar em juizo, visando a satisfacao de seu credito, sob pena de prescricao da pretensao correspondente.

III - 0 direito de a Previdencia Social de anular os atos administrativos de quedecorram efeitos favoraveis para os seus beneficiarios decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, saivo com provada m a-fe.

Os itens que estao errados sao:

a) I e IIb) II e IIIc) I e ill

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d) todose) nenhum

1215. ju lg u e os itens abaixo.

I - C om pete as empresas m anter, a disposicao da fiscalizacao, pelo prazo m inim o de trin ta anos, folhas de pagam ento das remuneracoes pagas ou

I creditadas aos segurados que ihes prestam servicos.i II - O prazo prescricional das acoes destinadas a cobranca do deb ito previ­

denciario e de trinta anos. j III - Prescreve em 10 anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas,; toda e qualquer acao para haver prestacoes vencidas ou quaisquer resti­

t u t e s ou diferencas devidas pela previdencia social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na form a do Codigo Civil.

J Os itens que estao errados sao:

j a) I e III b) l ie HI| c) I e II!j d) todos

e) nenhum

2 16 Ju lg u e os seguintes itens:

I - As acoes referentes a prestacao por acidente do trabalho prescrevem em10 anos, contados da data do acidente, quando dele resultar a m orte ou a incapacidade tem poraria, verificada esta em pericia m edica a cargo da Previdencia Social.

II - 0 direito de realizar com pensacao ou de pleitear restituicao de contri­buicoes extingue-se em 10 anos, contados da data do pagam ento ou recolhim ento indevido, ou da data em que se tornar definitiva decisao adm inistrativa ou passar em ju lgad o a sentenca judicial que tenha refor- mado, anulado ou revogado a decisao condenatoria.

III - O direito de cobrar os creditos da Seguridade Social prescreve em cincoanos contados do prim eiro dia do exercicio seguinte aquele em que o credito poderia te r sido constituido.

Os itens que estao errados sao:

a) l e l lb) ll e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

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Decadencia

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1. Isencoo ou imunidade?

De acordo com o disposto no § 7° do art. 195 da Constituicao Fe­deral, "sao isentas de contribuicao para a seguridade social as entidades beneficentes de assistencia social que atendam as exigencias estabeleci- das em lei".

Na verdade, nao se trata de isencao, mas de imunidade, pois esta e prevista na Constituicao, enquanto aquela e instituida por lei ordina- ria. Imunidade e o obstaculo criado por uma norma da Constituicao que impede a incidencia de lei ordinaria de tributacao sobre determinado fato, coisa ou pessoa. E a nao incidencia determinada pela Constituicao. A incidencia nem deve ser cogitada pelo legislador infraconstitucionaL Sera inconstitucional a iei que, transgredindo a imunidade, tributar a pessoa, coisa ou fato preservado por um dispositivo constitucional.

Caracteriza-se, portanto, a imunidade pelo fato de decorrer de re­gra juridica residente na Constituicao, que impede a incidencia da lei ordinaria de tributacao. Ja a isencao, e sempre d.ecorrente de lei.

Ainda que na Constituicao esteja escrito que determinada situa- Cao e de isencao, na verdade de isencao nao se cuida, mas de imunidade. E se a lei porventura se referir a hipotese de imunidade, sem estar re- produzindo, inutilmente, norma da Constituicao, a hipotese nao sera de imunidade, mas de isencao.189

O Supremo Tribunal Federal ja identificou no art. 195, § 7°, da Constituicao Federal, a existencia de uma tipica imunidade tributaria (e nao de simples isencao). Confira-se, nesse sentido, a seguinte decisao do STF:

“EMENTA: MANDADO DE SEGURANQA ~ CONTRIBUIQAO PREVIDENCIARIA - QUOTA PATRONAL - ENTIDADE DE FINS ASSISTENCIAIS, FILANTROPICOS E EDUCACIONAIS - IMU­NIDADE (CF; ART 195, $ 7°) - RECURSO CONHECIDO E PROVI- DO. - A Associacao Paulista da Igreja Adventista do Setimo Dia, por qualificar-se como entidade beneficente de assistencia social ~ e por tambem atender, de modo integral, as exigencias estabelecidas em lei - tem direito irrecusdvel ao beneficio extraordindrio da imunidade subjetiva relativa as contribuicoes pertinentes d seguridade social -

189 MACHADO, Hugo de Brito. Op. cit. p. 200.

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A clausula inscrita no art. 195, § 7°, da Carta Politica - ndo obstante referir-se impropriamente a isengao de contribuigdo para a seguridade social - , contemplou as entidades beneficentes de assistencia social, com ofavor constitucional da imunidade tributaria, desde que por elas preenchidos os requisitosfixados em lei. A jurisprudencia constitucio­nal do Supremo Tribunal Federal ja identificou, na clausula inscrita no art. 195, § 7°, da Constituigao da Republica, a existencia de uma tipica garantia de imunidade (e nao de simples isengao) estabelecida em favor das entidades beneficentes de assistencia social Precedente: RTJ137/965. - Tratando-se de imunidade ~ que decorre, emfungao de sua natureza mesma, do proprio texto constitucional revela-se evidente a absoluta impossibilidadejuridica de a autoridade executiva, mediante deliberagdo de indole administrativa, restringir a eficacia do preceito inscrito no art. 195, § 7°, da Carta Politica, para, em fungao de exegese que claramente distorce a teleologia da prerrogativa fun­damental em Referenda, negar, a entidade beneficente de assistencia social que satisfaz os requisitos da lei, o beneficio que lhe e assegurado no mais elevado piano normativo”190.

1. Exigencias estabelecidos em lei

Como visto, o STF ja identificou no art. 195, § 7°, da Constituicao Federal, a existencia de uma tipica imunidade tributaria (e nao de sim­ples isengao). A imunidade tributaria e uma limitacao constitucional ao poder de tributar. De acordo com o art. 146, II, da Constituicao Federal, “cabe a lei complementar regular as limitacoes constitucionais ao poder de tributar”. Por isso, parte da doutrina entende que as exigencias as quais faz referenda o § 7°, do art. 195, da Constituicao Federal deveriam ser estabelecidas por lei complementar, e nao por lei ordinaria.

De minha parte, entendo ser possfvel esta materia ser regulamen- tada por lei ordinaria. Em primeiro lugar, deve-se levar em considera<;ao que o § 7° do art. 195 nao faz referenda a lei complementar, e sim a "lei” (entenda-se lei ordinaria). Quando a Constituicao utiliza genericamente a expressao “lei”, ela esta fazendo referenda a lei ordinaria. O STF ja de- cidiu reiteradas vezes que a lei complementar somente e exigida quando a Constituicao faz referenda expressa a essa especie legislativa para regular determinada materia. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

190 STF, RMS 22191/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 19/12/2006.

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Isengao de contribuicoes

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“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINARIO. CONSTI­TUCIONAL. TRIBUTARIO. IMPOSTO DE IMPORTAQAO. MAJORAQAO DE ALIQUOTA. DECRETO. AUSENCIA DE MOTIVAgAO E INADEQUA^AO DA VIA LEGISLATIVA. EXIGENCIA DE LEI COMPLEMENTAR. ALEGA^OES IMPRO- CEDENTES. 1. A lei de condigdes e limites para a majoragao da aliquota do imposto de importagao, a que se refere o artigo 153, § 1°, da Constituigao Federal, e a ordinaria, visto que lei com­plementar somente sera exigida quando a Norma Constitucional expressamente assim o determinar. (...)”.191

Para solucionar esta polemica, deve-se tambem levar em consi- dera^ao o art. 149 da Constituicao Federal, que trata de contributes:

A rt 149. Compete exclusivamente a Uniao instituir contribui- goes sociais, de intervengao no dominio economico e de interesse das categorias profissionais ou economicas, como instrumento de sua atuagao nas respectivas areas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150,1 e III, e sem prejuizo do previsto no art. 195, § 6°, relativamente as contribuigdes a que alude o dispositivo.”

Veja que o dispositivo constitucional supramencionado deter- mina que as contribuicoes sociais estao sujeitas a norma prevista no art. 146, III, da Constituicao Federal. Por isso, entendo que as contri- buboes sociais nao estao sujeitas ao disposto no art 146, II, da Cons­tituicao, ja que o art. 149 (supra transcrito) manda que seja observado apenas o art. 146, III, da Constituicao.

A vista do exposto, entendo que as exigencias que devem ser aten- didas pelas Entidades Beneficentes de Assistencia Social, para efeito da imunidade prevista no § 7° do art. 195 da Constituicao Federal, podem ser estabelecidas mediante lei ordinaria.

Inicialmente, o § 7° do art. 195 da Constituica.6 Federal foi regu- lamentado pelo art. 55 da Lei n° 8.212/91 (que 6 uma lei ordinaria). Mas, atualmente, a imunidade das Entidades Beneficentes de Assistencia So­cial e regulamentada pela Lei n° 12.101/2009 (que tambem e lei ordina­ria). Esta lei revogou o art. 55 da Lei n° 8.212/91.

Na ADIn n° 2.028, o STF sinalizou o entendimento de que a lei mencionada no § 7°, do art. 195, a principio, pode ser ordinaria. Se

191 STF, Tribunal Pleno, RE 224285/CE, Rel. Min. Mauricio Correa, DJ 28/05/99, p. 26.

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entendesse de forma diferente, teria concedido Iiminar para suspender a eficacia de todo o art. 55 da Lei n° 8.212/91. E na verdade, apenas o inciso III teve a eficacia suspensa. Nessa linha de raciocmio, confira-seo seguinte julgado do TRF da 4a Regiao:

*TRIBUTARIO. ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSIS­TENCIA SOCIAL. IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 195, § 7°, DA CF/88. DESNECESSIDADEDE LEI COMPLEMENTAR. LEIN° 8.212/91, ART. 55. REQUISITOS. INSUFICIENCIA DAS PROVAS. A imunidade e reconhecida as entidades beneficentes de assistencia social que atendam as exigencias estabelecidas em lei. O STF, naADIN n° 2.028-5/DF, sinalizou o entendimento de que, nao obstante a ConstUuigdo disponhapela necessidade de lei complementar para regular as limitagdes constitucionais aopoder de tributar, a lei mencionada no § 7°, do art. 195, a prindpio, nao precisaria ser de tal natureza, podendo ser ordinaria, ante reiterados pronunciamentos jurisprudenciais (...)V92

Nesse mesmo sentido, tambem decidiu o Tribunal Regional Fede­ral da la Regiao:

“ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTENCIA SOCIAL. IMUNIDADE. REQUISITOS. 1. Nos termos do § 7° do artigo 195 da Constituigdo, sao "isentas de contribuigao para a seguridade social as entidades beneficentes de assistencia social que atendam as exigencias estabelecidas em lei”. 2. Nao havendo, no texto constitucional, a expressa previsao de que essas exigencias sejam estabelecidas em lei complementar, e legitimo o estabelecimento delas mediante lei ordinaria, nao se aplicando o disposto no artigo 146, inciso II, da Constituigdo, uma vez que esta, no tocante as contribuigoes sociais, estabelece regime especial no que concerne as limitagdes aopoder de tributar (Carta Magna, art. 195, §§ 6° e 7°), sendo, portanto, constitucionais os requisitos previstos no artigo 55 da Lei n° 8.212/91. (...)V93

192 TRF4, A C 2 0 0 2 .7 1 .0 0 .0 1 9 3 0 5 -8 , Rel. Des. W ellingto n M endes de A lm eida, 1a T .r DJ 0 9 .0 3 .2 0 0 5 , p. 2 9 9 .

193 TRF1, A C 1 9 9 8 .0 1 .0 0 .0 5 8 4 6 4 -8 , Rel. Juiz Federal Leao Aparecido Alves (conv.), DJ 1 8 .0 3 .2 0 0 4 , p. 133.

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0 STJ tambem tem decidido peia validade da legislacao que tem estabelecido os requisitos para as entidades beneficentes gozarem da imunidade prevista no § 7°, do art. 195, da Constituicao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIARIO. ENTIDADE DE ASSISTENCIA SOCIAL ISENCAO. IMUNIDADE. CEBAS. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTENCIA. 1. A decisao agravada foi baseada na jurisprudencia assente desta Corte no sentido da inexistencia de direito adquirido a regime jurtdico-fiscal, de modo que a imunidade da contribuicao previdencidria patronal assegurada as entidadesfilantropicas, prevista no art. 195, § 7° da Constituicao, tem sua manutencao subordinada ao atendimento das condigdes previstas na legislagao superveniente. 2. Agravo regimental nao provido”.194

No concurso para Auditor-Fiscal da Receita Federal, area tribu­taria e aduaneira, realizado em 2005, a ESAF propos uma questao na qual constava a seguinte assertiva: “sao isentas de contribuicao para a seguridade social todas as entidades de assistencia social que atendam as exigencias estabelecidas em lei complementar” A assertiva foi consi- derada falsa, pois, como vimos aqui, a Constituicao Federal nao exige lei complementar para esta materia.

3. Certificacao das entidades beneficentes de assistencia social

Para gozar a isencao, e indxspensavel que a entidade obtenha a certificacao de Entidade Beneficente de Assistencia Social (EBAS). O direito a isencao das contribuicoes sociais podera ser exercido pela en­tidade a contar da data da publicacao da concessao de sua certificacao, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 29 da Lei n° 12.101/09 (requisitos que serao vistos no item 4 deste capitulo).

A certificacao das EBAS e a isencao de contribu tes para a se­guridade social serao concedidas as pessoas juridicas de direito priva­do, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistencia social com a finalidade de prestacao de servicos nas areas de assistencia social, saude ou educacao, e que atendam aos requisitos

194 STJ, AgRg no REsp 868391/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2AT., DJe 28/09/2010.

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previstos na Lei n° 12.101/2009. As EBAS deverao obedecer ao prindpio da universalidade do atendimento, sendo vedado dirigir suas atividades exdusivamente a seus associados ou a categoria profissional.

A certificado ou sua renovacao sera concedida a entidade bene­ficente que cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: (I) seja constituida como pessoa juridica; e (II) preveja, em seus atos consti- tutivos, em caso de dissolu^ao ou extin^ao, a destina^ao do eventual patrimonio remanescente a entidade sem fins lucrativos congeneres ou a entidades publicas.

Para ser considerada beneficente e fazer jus a certificado, confor­me a area de atua^ao, a EBAS tambem devera cumprir os requisitos que serao vistos a seguir.

3.1 Certificacao de entidade de saude

De acordo com o art. 4° da Lei n° 12.101/09, para ser considerada beneficente e fazer jus a certificacao, a entidade de saude devera:

I - comprovar o cumprimento das metas estabelecidas em con­venio ou instrumento congenere celebrado com o gestor localdo SUS;

II - ofertar a prestacao de seus servicos ao SUS no percentualminimo de 60% (sessenta por cento);

III - comprovar, anualmente, a prestacao dos servicos de que tratao inciso II, com base no somatorio das internacoes realizadase dos atendimentos ambulatoriais prestados.

Na impossibilidade do cumprimento do percentual minimo a que se refere o inciso II, do art. 4°, da Lei n° 12.101/09, em razao da falta de demanda, declarada pelo gestor local do SUS, ou nao havendo contrata­cao dos servicos de saude da entidade, devera ela comprovar a aplicacao de percentual da sua receita bruta em atendimento gratuito de saude da seguinte forma:

I - 20%, se o percentual de atendimento ao SUS for inferior a30%;

II - 10%, se o percentual de atendimento ao SUS for igual ousuperior a 30% e inferior a 50%; ou

Capitulo 15

* Isengao

de contributes

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III - 5%, se o percentual de atendimento ao SUS for igual ou su­perior a 50% ou se completar o quantitative das internacoes hospitalares e atendimentos ambulatoriais, com atendimentos gratuitos devidamente informados, nao financiados pelo SUS ou por qualquer outra fonte.

A entidade de saude de reconhecida excelencia podera, alternati- vamente, para dar cumprimento ao requisite previsto no art. 4° da Lei n° 12.101/09, realizar projetos de apoio ao desenvolvimento institucio- nal do SUS, celebrando ajuste com a Uniao, por intermedio do Minis­terio da Saude, nas seguintes areas de atua^ao: (I) estudos de avaliacao e incorporacao de tecnologias; (II) capacitacao de recursos humanos;(III) pesquisas de interesse publico em saude; ou (IV) desenvolvimento de tecnicas e operacao de gestao em servicos de saude. O Ministerio da Saude definira os requisitos tecnicos essenciais para o reconhecimento de excelencia referente a cada uma das areas de atuacao. O recurso des~ pendido pela entidade de saude no projeto de apoio nao podera ser in­ferior ao valor da isencao das contribuicoes sociais usufruida. O projeto de apoio sera aprovado pelo Ministerio da Saude, ouvidas as instancias do SUS, segundo procedimento definido em ato do Ministro de Estado.

3.2. Certificacao de entidade de educacao

Para ser considerada beneficente e fazer jus a certificacao, a enti­dade de educacao deverd aplicar anualmente em gratuidade, pelo me­nos 20% da receita anual efetivamente recebida (Lei n° 12.101/09, art. 13). Para cumprir esta exigencia, a entidade devera:

I - demonstrar adequacao as diretrizes e metas estabelecidas noPlano Nacional de Educacao - PNE, na forma do art. 214 da Constituicao Federal;

II - atender a padroes rmnimos de quaiidade, aferidos pelos processosde avaliacao conduzidos pelo Ministerio da Educacao; e

III - oferecer bolsas de estudo nas seguintes p rop oses: (a) nominimo, uma bolsa de estudo integral para cada nove alu- nos pagantes da educacao basica; (b) bolsas parciais de 50%, quando necessario para o alcance do numero minimo exigido.

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A bolsa de estudo integral sera concedida a aluno cuja renda fa­miliar mensal per capita nao exceda o valor de 1,5 (um e meio) salario minimo. A bolsa de estudo parcial sera concedida a aluno cuja renda familiar mensal per capita nao exceda o valor de tres saiarios mmimos.

3.3. Certificacao de entidade de assistencia social

A certificacao ou sua renovado sera concedida a entidade de as­sistencia social que presta servicos ou realiza acoes assistenciais, de for­ma gratuita, continuada e planejada, para os usuarios e a quem deles necessitar, sem qualquer discriminacao (Lei n° 12.101/09, art. 18).

Entidades de assistencia social sao aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiarios, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus direitos.

As entidades que prestam servicos com objetivo de habilitacao e reabilitacao de pessoa com deficiencia e de promocao da sua integracao a vida comunitaria poderao ser certificadas, desde que comprovem a oferta de, no minimo, 60% de sua capacidade de atendimento ao sistema de assistencia social.

Constituent ainda requisitos para a certificacao de uma entidade de assistencia social: (I) estar inscrita no respectivo Conselho Municipal de Assistencia Social ou no Conselho de Assistencia Social do Distrito Federal, conforme o caso; e (II) integrar o cadastro nacional de entida­des e organizacoes de assistencia social. Quando nao houver Conselho de Assistencia Social no Municipio, as entidades de assistencia social dever-se-ao inscrever nos respectivos Conselhos Estaduais.

A comprovacao do vinculo da entidade de assistencia social a rede socio assistencial privada no ambito do SUAS e condicao suficiente para o a concessao da certificacao, no prazo e na forma a serem definidos em ~ regulamento (Lei n° 12.101/09, art. 20). i"

3.4. Competencia para concessao da certificacao £ft*

A analise e decisao dos requerimentos de concessao ou de renova- ^Cao dos certificados das EBAS serao apreciadas no ambito dos seguintes gMinisterios: (I) da Saude, quanto as entidades da area de saude; (II) da |Educacao, quanto as entidades educacionais; e (III) do Desenvolvimen- I1 to Social e Combate a Fome, quanto as entidades de assistencia social.

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A entidade que atue em mais de uma area devera requerer a certi­ficacao e sua renovacao no Ministerio responsavel pela area de atua^ao preponderante da entidade. Considera-se area de atuacao preponderan­te aquela definida como atividade economica principal no Cadastro Na­cional da Pessoa Juridica do Ministerio da Fazenda.

Da decisao que indeferir o requerimento para concessao ou reno­vacao de certificacao cabera recurso por parte da entidade interessada, assegurados o contraditorio, a ampla defesa e a participacao da socieda­de civil, na forma definida em regulamento, no prazo de 30 dias, conta­do da publicacao da decisao.

Os Ministerios da Saude, da Educacao e do Desenvolvimento So­cial e Combate a Fome informarao a Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma e prazo por esta determinados, os pedidos de certifica­cao originaria e de renovacao deferidos, bem como os definitivamente indeferidos.

3.5. (ancelamento da certificacao

Verificado pratica de irregularidade na entidade certificada, sao competentes para representar, motivadamente, ao Ministerio responsa­vel pela sua area de atuacao> sem prejuizo das atribuicoes do Ministerio Publico:

I - o gestor municipal ou estadual do SUS ou do SUAS, de acordocom a sua condicao de gestao, bem como o gestor da educacao municipal, distrital ou estadual;

II - a Secretaria da Receita Federal do Brasil;III - os conselhos de acompanhamento e controle social e os Con­

selhos de Assistencia Social e de Saude; eIV - o Tribunal de Contas da Uniao.

A representacao sera dirigida ao Ministerio que concedeu a certi­ficacao e contera a qualificacao do representante, a descricao dos fatos a serem apurados e, sempre que possfvel, a documentacao pertinente e demais informacoes relevantes para o esclarecimento do seu objeto. Cabera ao Ministerio competente: (I) dar ciencia da representacao a entidade, que tera o prazo de 30 dias para apresentacao de defesa; e

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(II) decidir sobre a representa^ao, no prazo de 30 dias a contar da apre­sentacao da defesa.

Se improcedente a representa^ao, o processo sera arquivado. Se procedente, apos decisao final ou transcorrido o prazo para interposi- Cao de recurso, a autoridade responsavel devera cancelar a certificacao e dar ciencia do fato a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Da decisao que cancelar a certificacao cabera recurso por parte da entidade interessada, assegurados o contraditorio, a ampla defesa e a participacao da sociedade civil, na forma definida em regulamento, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicacao da decisao.

4. Requisitos para a concessao da isencao

De acordo com o art 29 da Lei n° 12.101/09, a entidade beneficen­te devidamente certificada fara jus a isencao do pagamento das contri­buicoes para a seguridade social, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos:

I - nao percebam seus diretores, conselheiros, socios, institui-dores ou benfeitores, remuneracao, vantagens ou beneficios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou titulo, em razao das competencias, funcoes ou atividades quelhes sejam atribuidas pelos respectivos atos constitutivos;

II - aplique suas rendas, seus recursos e eventual superavit inte-gralmente no territorio nacional, na manutencao e desenvol­vimento de seus objetivos institucionais;

III - apresente certidao negativa ou certidao positiva com efeitode negativa de debitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Servico - FGTS;

IV - mantenha escrituracao contabil regular que registre as receitase despesas, bem como a aplicacao em gratuidade de forma segregada, em consonancia com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;

V - nao distribua resultados, dividendos, bonificacoes, participa-Coes ou parcelas do seu patrimonio, sob qualquer forma ou pretexto;

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VI - conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, con­tado da data da emissao, os documentos que comprovem a origem e a aplicacao de seus recursos e os relativos a atos ou operates realizados que impliquem modifica^ao da situacao patrimonial;

VII - cumpra as obrigacoes acessorias estabelecidas na legislacaotributaria;

VIII - apresente as demonstracoes contabeis e financeiras devida­mente auditadas por auditor independente legalmente habi- litado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006.

As entidades isentas deverao manter, em local visivel ao publico, placa indicativa contendo informacoes sobre a sua condicao de benefi­cente e sobre sua area de atuacao.

A isencao nao se estende a entidade com personalidade juridica propria constituida e mantida pela entidade a qual a isencao foi conce­dida (Lei n° 12.101/09, art. 30).

5. Contribuicoes isentas

A imunidade prevista no § 7°, do art. 195, da Constituicao Federal abrange nao so as contribuicoes previdenciarias, mas todas as contri­buicoes para a seguridade social (CF, art. 195, § 7°). Assim, a pessoa juridica imune fica desobrigada de recolher a parte patronal das contri­buicoes previdenciarias, e tambem se desobriga de recolher as demais contribuicoes para a seguridade social como, por exemplo, COFINS, CSLL, PIS/PASEP.

Contudo, a pessoa juridica imune continua obrigada a descontar as contribuicoes previdenciarias dos segurados a seu servico e recolher os valores descontados (Lei n° 8.212/91, art. 30, I> “a”). Caso venha a ad- quirir produtos rurais de segurado especial ou de produtor rural pessoa fisica, a pessoa juridica imune fica sub-rogada na obrigacao de descon­tar e recolher a respectiva contribuicao incidente sobre a receita bruta da comercializacao da producao rural (Lei n° 8.212/91, art. 30, IV). Quando assume a condicao de contratante de servicos executados mediante ces­sao ou empreitada de mao de obra, a pessoa juridica imune devera reter 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestacao de ser-

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vi^os e recolher a importancia retida em nome da empresa contratada (Lei n° 8.212/91, art. 31).

Verifica-se, portanto, que a imunidade atinge somente as contri­b u t e s a cargo da pr6pria pessoa juridica imune. Mas nao atinge as contribu tes que ela e obrigada a descontar de outros contribuintes. Todas as contribu tes que a pessoa juridica imune for obrigada a des­contar de outros contribuintes, ela sera obrigada a recolher os valores descontados. Caso nao recolha tais valores, ocorrera o crime de apro- pria^ao indebita previdenciaria, previsto no art. 168-A do Codigo Penal.

6. Suspensao do direito a isencao

Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indi- cados no art. 29 da Lei n° 12.101/09 (requisitos vistos no item 4 deste ca­pitulo), a fiscalizacao da Secretaria da Receita Federal do Brasil l.avrarao auto de infracao relativo ao periodo correspondente e relatara os fatos que demonstram o nao atendimento de tais requisitos para o gozo da isencao.

Considerar-se-a automaticamente suspenso o direito a isencao das co n trib u tes para a seguridade social durante o periodo em que se constatar o descumprimento dos referidos requisitos, devendo o lanca­mento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrencia da infracao que lhe deu causa.

217. Assinale quaf dos requisitos abaixo nao e exigido da entidade beneficente deassistencia social para fins de isencao de c o n tr ib u te s para a seguridade social.

a) Aplicar suas rendas, seus recursos e eventual superavit integralm ente no territorio nacional,. na m anutencao e desenvolvim ento de seus objetivos institucionais.

b) Apresentar certificado de reguiaridade do FGTS.c) Nao distribuir resultados, dividendos, bonificagoes, p a rtic ip a te s ou parcelas

do seu patrim onio, sob qualquer form a ou pretexto.d) Cum prir as obrigacoes acessorias estabelecidas na legislacao tributaria.e) Estar em situacao irregular em relacao as contribuicoes sociais.

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Capftulo 15

o Isencao

de contribuicoes

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218. Juigue os seguintes itens:

I ~ Cabe a Secretaria da Receita Federal do Brasil verificar, periodicam ente, se a entidade beneficente de assistencia social continua aten dend o aos requisitos para gozar de isencao de contribuicoes para a seguridade social. A isencao sera suspensa quando a entidade beneficente deixar de atender a tais requisitos.

il - Cancelada a isencao, a entidade beneficente tera o prazo de quinze dias contados da ciencia da decisao, para interpor recurso com efeito suspensivo ao Conselho de Recursos da Previdencia Sociai.

ill - De acordo com o § 7° do art. 195 da Constituicao Federal, "sao isentas de contribuicao para a seguridade social as entidades beneficentes de assistencia social que atendam as exigencias estabelecidas em lei". Assim, se a entidade cum prir os requisitos previstos em lei, estara autom aticam ente isenta das contribuicoes para a Seguridade Social, sendo desnecessario requerer certi­ficacao de Entidade Beneficente de Assistencia Social.

Os itens que estao errados sao:a) I e ilb) Me IIIc ) ! e 11!d) todose) nenhum

219. Juigue os seguintes itens:

I - Se o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil verificar que a pessoa ju ­ridica deixou de cum prir os requisitos necessarios para gozar de isencao, canceiara de oficio a isencao, dando ciencia a pessoa juridica, que podera, no prazo de trinta dias, apresentar recurso ao Conselho de Recursos da Previdencia Social.

II - As entidades beneficentes de assistencia sociai que atendam as exigencias ; estabelecidas em lei sao isentas apenas das contribuicoes sociais previ­

denciarias. Assim, tais entidades sao obrigadas a pagar COFINS e CSLL.II! - As entidades beneficentes de assistencia social que atendam as exigencias

estabelecidas sao isentas de todas as contribuicoes para a Seguridade Social. Assim, elas tam b e m estao desobrigadas de elaborar folha de pa­gam ento em relacao a rem uneracao paga, devida ou creditada aos seus em pregados, pois nenhum a contribuicao incidira sobre tal rem uneracao.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) lie IIIc) E e IIId) todose) nenhum

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220. Juigue os seguintes itens:

I - A entidade beneficente de assistencia sociai isenta das contribuicoes paraa seguridade sociai e obrigada a descontaras c o n tr ib u te s previdenciarias dos segurados a seu servico e recoiher os valores descontados.

II - A isengao concedida a uma pessoa juridica pode ser extensiva a outrapessoa juridica, desde que esta seja m antida por aquela, ou por eia con- troiada.

lii ~ Ser portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistencia Sociai fornecidos peio Conseiho Nacional de Assistencia Social, e um requisito suficiente para que a pessoa juridica goze de isencao das contribuicoes para a seguridade social.

Os itens que estao errados sao:

a) I e flb) ii e illc) I e 111d) todose) nenhum

221. Juigue os seguintes itens:

I - A jurtsprudencia constitucional do Suprem o Tribunal Federal ja identificou,na clausuia inscrita no art. 195, § 7°, da Constituicao Federal, a existencia de uma tspica garantia de im unidade tributaria (e nao de simples isencao) estabelecida em favor das entidades beneficentes de assistencia social.

II - Cabe recurso ao Conseiho de Recursos da Previdencia Social da decisaoque cancelar a isencao pela faita do Certificado de Entidade Beneficente de Assistencia Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistencia Sociai.

lii - A en tidade beneficente de assistencia sociai, em gozo de isencao de contribuicoes para a seguridade social, esta dispensada de descontar contribuicoes previdenciarias de seus em pregados.

Os itens que errados sao:

a) I e IIb) l ie Hic) I e illd) todose) nenhum

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O documento comprobatorio de regularidade do contribuinte na Pre- videncia Social e a Certidao Negativa de Debito - CND (RPS, art. 257, § 7°).

Todavia, de acordo com o art. 206 do CTN, caso haja creditos nao vencidos, ou creditos em curso de cobran^a executiva para os quais te- nha sido efetivada a penhora regular e suficiente a sua cobertura, ou cre­ditos cuja exigibilidade esteja suspensa, sera expedida Certidao Positiva de Debito com Efeitos de Negativa (CPD-EN). Nestes casos, a CPD-EN tera os mesmos efeitos da CND.

A CND e a CPD-EN serao fornecidas independentemente do pa- gamento de qualquer taxa.

A CND nao isenta o contribuinte da responsabilidade por dividas posteriormente apuradas pela fiscalizacao.

1. Compefencia para a emissaoO documento comprobatorio de inexistencia de debito sera forne-

cido pelos orgaos locais competentes da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei n° 11.457/2007, art. 2°).

2. Exigencia da CND ou da CPD-ENA autoridade responsavel por orgao do poder publico, por orgao

de registro publico ou por institui^ao fmanceira em geral, no ambito de suas atividades, exigira, obrigatoriamente, a apresenta^ao de CND ou CPD-EN, fornecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil* nas seguintes hipoteses:

2.1. Da empresaNos termos do inciso I do art. 257 do RPS (e do art. 47,1, da Lei n°

8.212/91), a CND (ou a CPD-EN) sera exigida da empresa, nas seguintes situates:

a) na licitacao, na contrata^ao com o poder publico e no recebi- mento de beneficios ou incentivo fiscal ou crediticio concedidos por ele;

b) na aliena^ao ou oneracao, a qualquer titulo, de bem imovel ou direito a ele relativo;

c) na alienacao ou onera^ao, a qualquer titulo, de bem movel de valor superior ao estabelecido periodicamente mediante Porta- ria, incorporado ao ativo permanente da empresa;195 e

195 Apartirde 1°/01/2011, esse valore de R$38.088,56 (PortariaMPS/MF 568, de 31/12/2010).

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d) no registro ou arquivamento, no orgao proprio, de ato relativo a baixa ou redu^ao de capital de firma individual, redu^ao de capital social, cisao total ou parcial, transforma^ao ou extin^ao de entidade ou sociedade comercial ou civil e transferencia de controle de cotas de sociedades de responsabilidade limitada.

Nas situates acima previstas, para que possa ser emitida a cer­tidao, a prova de inexistencia de debito deve ser exigida da empresa em rela^ao a todas as suas dependencias, estabelecimentos e obras de cons- tru^ao civil, independentemente do local onde se encontrem, ressalvado aos orgaos competentes o direito de cobran^a de qualquer debito apura- do posteriormente (Lei n° 8 .212, art. 47, § 1°).

A certidao emitida para empresa, cujo identificador seja o CNPJ, sera valida para todos os seus estabelecimentos, matriz e filiais, exceto para as obras de constru9ao civil, e sera expedida exclusivamente com a identifica^ao do CNPJ da matriz (IN RFB n° 971/2009, art. 419).

Independe da apresenta^ao de CND a transa^ao imobiliaria, refe- rida acima na almea “b”, que envolva empresa que explore exclusivamen- te atividade de compra e venda de imoveis, loca^ao, desmembramento ou loteamento de terrenos, incorpora^ao imobiliaria ou constru^ao de imoveis destinados a venda, desde que o imovel objeto da transa^ao es- teja contabilmente lan^ado no ativo circulante e nao conste, nem tenha constado, do ativo permanente da empresa (RPS, art. 257, § 8°, IV).

Nas licita0es publicas, a comprova^ao de regularidade fiscal das microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) somente sera exigida para efeito de assinatura do contrato (Lei Complementar n° 123/2006, art. 42). Assim, as ME e EPP, mesmo que tenham debitos previdenciarios exigiveis, podem participar de licita^ao publica. Mas sendo a ME ou a EPP vencedora do certame licitatorio, para que possa formalizar o contrato com o Poder Publico, tera que apresentar CND ou CPD-EN.

As microempresas e empresas de pequeno porte nao necessitam de CND (nem de CPD-EN) para o arquivamento, na junta comercial, de seus atos relativos a constitui^ao, altera^ao e extin^ao (Lei Comple­mentar n° 123/06, art. 9°). No caso de extin<;ao (baixa) de microempresa e empresa de pequeno porte, os titulares, socios e administradores sao solidariamente responsaveis pelos tributos ou contribu tes que nao te- nham sido pagos ou recolhidos, inclusive multa de mora ou de oficio,

Capitulo 16

* Prova

de inexistencia

de dibito

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conforme o caso, e juros de mora (Lei Complementar n° 123/06, art. 9°, § 5° e art. 78, §§ 3° e 4°),

11. Do proprietario de obra de construcao civilA CND (ou a CPD-EN) sera exigida do proprietario, pessoa fisica

ou juridica, de obra de construcao civil, quando de sua averba^ao da obra no Registro de Imoveis (Lei n° 8.212/91, art. 47, II).

Nesta hipotese, a CND e espedftca da obra, tendo inclusive in­dicacao de finalidade, ja que nao leva em considera^ao os debitos dos demais estabelecimentos da empresa.

Entende-se como obra de construcao civil a construcao, demoli- Cao, reforma ou ampliacao de edificacao ou outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo (RPS, art. 257, § 13).

Quando a construcao for residencial e unifamiliar, com area to­tal nao superior a 70 metros quadrados, destinada a uso proprio, do tipo economico e tiver sido executada sem a utilizacao de mao de obra assalariada, nao sera exigida a CND (nem CPD-EN), pois, neste caso, nenhuma contribuicao e devida a seguridade social (RPS, art, 278).

O documento comprobatorio de inexistencia de debito podera ser exigido do construtor que, na condicao de responsavel solidario com o proprietario, tenha executado a obra de construcao sob sua res- ponsabilidade (RPS, art. 257, § 1°). Neste caso, nao sera exigido docu­mento comprobatorio de inexistencia de debito do proprietario (RPS, art. 257, § 2°).

Quando a obra de construcao civil for de responsabilidade de in- corporador, a CND ou a CPD-EN da obra independe da apresentada no Registro de Imoveis por ocasiao da inscricao do memorial de incorpo- racao (Lei n° 8.212/91, art. 47, § 2°).

O cond6mino adquirente de unidades imobiliarias de obra de construcao civil nao incorporada na forma da Lei n° 4.591/64, podera obter documento comprobatorio de inexistencia de debito, desde que comprove o pagamento das contribuicoes relativas a sua unidade (Lei n° 8.212/91, art. 47, § 7°).

O STJ tem entendido ser ilegal a recusa de CND, para fins de averbacao no registro de imovel, em relacao ao adquirente de unidade imobiliaria que realize a operacao com incorporador de imoveis, mes- mo que exista debito previdenciario relacionado com a respectiva obra

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de construcao civil. O STJ baseia seu entendimento no art. 30, VII, da Lei n° 8.212/91, segundo o qual <cexclui-se da responsabilidade solidaria perante a Seguridade Social o adquirente de predio ou unidade imobi­liaria que realizar a operacao com empresa de comercializacao ou in- corporador de imoveis, ficando estes solidariamente responsaveis como construtor”. Ou seja, se o adquirente nao tem nenhuma responsabili­dade peio pagamento de debito previdenciario relacionado com a uni­dade imobiliaria que adquiriu, pode-se entao dizer que ele nada deve a Previdencia Social, tendo, portanto, o direito de obter a CND, visando a averbacao de seu imovel no cartorio de registro de imoveis. Nesse senti- do, confira-se o seguinte julgado do STJ:

TRIBUTARIO. LEGALIDADEDA EXPEDI^AO DE CND EM FAVOR DE CONDOMINOS ADQUIRENTES DE UNIDADES IMOBILIARIAS DE OBRA DE CONSTRUCAO CIVIL INCOR- PORADA NA FORMA DA LEI4.591/64, PARA FINSDEAVER- BAgAO NO REGISTRO DE IMOVEIS. DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. De acordo com o inciso VII do art 30 da Lei n° 8.212/91, exclui-se da responsabilidade solidaria perante a Seguridade Social o adquirente de predio ou unidade imobi­liaria que realizar a operacao com empresa de comercializacao ou incorporador de imoveis. Assim, conclui-se pela Uegitimidade da recusa da CND em relagao aos conddminos adquirentes de unidades imobilidrias da obra de construcao civil incorporada na forma da Lei 4.591/64, para fins de averba$ao no registro de imovel, devendo ser exigidas do construtor-incorporador even- tuais dividas previdencidrias. 2. Recurso especial desprovido.196

2.3. Do incorporadorA CND (ou a CPD-EN) sera exigida do incorporador, na ocasiao

da inscricao de memorial de incorporacao no Registro de Imoveis (RPS, art. 257, III).

Memorial de incorporacao e um projeto de construcao civil e, para registra-lo, a CND sera exigida da empresa incorporadora, em re~ lacao a todas suas dependencias, estabelecimentos e obras de constru­cao civil, independentemente do local onde se encontrem.

196 STJ, REsp 961246/SC, Re!. Min. Denise Arruda, V T., DJe 10/12/2009.

Capftulo 16

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Concluida a obra, para possibilitar sua averba^ao no registro de imoveis, o incorporador deve requerer CND (ou CPD-EN) especifica da obra. A obten .ao da CND para inscricao de memorial de incorporacao nao dispensa a CND posterior da obra para averba<;ao no registro de imoveis, ate porque a primeira e CND de toda a empresa, enquanto a segunda e exclusiva da obra.

2.4. Do produtor rural pessoa fisica e do segurado especial

A CND (ou a CPD-EN) sera exigida do produtor rural pessoa fisi­ca e do segurado especial quando da constitui^ao de garantia para con- cessao de credito rural e qualquer de suas modalidades, por instituicao de creditos publica ou privada, desde que comercializem a sua producao com o adquirente domiciliado no exterior ou diretamente no varejo a consumidor pessoa fisica, a outro produtor rural pessoa fisica ou a ou- tro segurado especial (RPS, art. 257, IV).

Como se ve, na situa^ao acima prevista, sera exigida CND do pro­dutor rural e do segurado especial somente nos casos em que eles sao os responsaveis pelo recolhimento de suas contributes. Nos casos em que tal obrigacao e do adquirente da producao rural, nao se exige do produtor rural pessoa fisica nem do segurado especial a apresenta^ao de CND.

Neste caso> para ficar dispensado da apresentacao da CND, o pro­dutor rural pessoa fisica ou o segurado especial deve declarar, sob as penas da lei, que nao comercializa a propria producao com o adquirente domiciliado no exterior ou diretamente no varejo a consumidor pessoa fisica, a outro produtor rural pessoa fisica ou a outro segurado especial (IN RFB n° 971/2009, art. 406, § 1°).

2.5. Na contratacao de operacoes de credito com instifuicoes financeiras

Nos termos do art. 257, V, do RPS, a CND ou a CPD-EN sera exigida na contratacao, com in stitu tes financeiras, de operates de credito que envolvam:

a) recursos publicos, inclusive os provenientes de fundos consti- tucionais e de incentivo ao desenvolvimento regional (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, Fundo Constitu-

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cional de Financiamento do Nordeste, Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste, Fundo de Desenvolvimento da Amazonia e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste);

b) recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Servi<;o (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa^ao (FNDE); ou

c) recursos captados atraves de Caderneta de Poupan^a.

Se a libera^ao destes creditos for efetuada em parcelas, a CND ou a CPD-EN tambem sera exigida no ato de libera^ao de cada parcela (RPS, art 257, VI).

In stitu te s financeiras sao as pessoas juridicas publicas ou priva- das que tenham como atividade principal ou acessoria a intermediate ou aplica^ao de recursos financeiros proprios ou de terceiros, em mo- eda nacional ou estrangeira, autorizadas pelo Banco Central do Brasil ou por decreto do Poder Executivo a funcionar no Territorio Nacional (RPS, art 257, V).

3. Prozo de vaiidade

O prazo de vaiidade da Certidao Negativa de Debito - CND (e da CPD-EN) e de 60 dias, contados da sua emissao, podendo ser ampliado por regulamento para ate 180 dias (Lei n° 8.212/91, art. 47, § 5°).

Atualmente, de acordo com o § 7° do art. 257 do Regulamento da Previdencia Social, o documento comprobatorio de inexistencia de debito, quanto as contribu tes sociais previdenciarias e as contribui-9oes devidas, por lei, a terceiros, tem o prazo de vaiidade de ate 180 dias, contado da data de sua emissao.

4 . Verificacao da autentiridade

A prova de inexistencia de debito perante a previdencia social sera fornecida por certidao emitida por meio de sistema eletronico, ficando a sua aceita<;ao condicionada a verificacao de sua autenticidade pela In­ternet, em endere^o especifico, ou junto a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Fica dispensada a guarda do documento comprobatorio de inexis­tencia de debito, cuja autenticidade tenha sido comprovada pela Internet.

Capitulo 16

♦ Prova

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5. Indicacao da finalidade

£ dispensada a indicacao da finalidade no documento comproba- torio de inexistencia de debito, exceto nos seguintes casos:

I - averbacao de obra de constru^ao civil no Registro de Imoveis;II - registro ou arquivamento, em orgao proprio, de ato relativo a

redu^ao de capital social, transferencia de controle de quotas de sociedades de responsabilidade limitada e a cisao parcial ou transforma^ao de entidade ou de sociedade comercial ou civil;

III - registro ou arquivamento, em orgao proprio, de ato relativo abaixa de firma individual, a cisao total ou extincao de entidade ou de sociedade comercial ou civil.

Para a finalidade a que se refere o item III, somente sera expedida CND; para as demais finalidades, sera expedida CND ou CPD-EN.

6. Possibilidades de emissao da CND e da CPD-EN

6 .1. A CND somente sera expedida nas seguintes situacoes

I - Todas as co n trib u te s devidas, os valores decorrentes deatualizacpao monetaria, juros moratorios e multas tenham sido recolhidos; ou

II - O debito seja pagp.

6 .2 . A CPD -EN serd expedida quando houver debito em nom e do sujeito passivo

I - no ambito do processo administrativo-fiscal:a) e for solicitada dentro do prazo regulamentar de defesa, ou, findo

este prazo, se o debito estiver pendente de decisao administrativa em face de apresentacao de defesa tempestiva;

b) e for solicitada dentro do prazo regulamentar para apresentacao de recurso ou se o debito estiver pendente de juigamento por interposicao de recurso tempestivo contra decisao proferida em decorrencia de defesa;

II - garantido por deposito integral no valor do debito atualizado,em moeda corrente;

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III - em rela^ao ao qual tenha sido efetivada a penhora suficientegarantidora do debito em curso de execu^ao fiscal;

IV - regularmente parcelado, desde que o sujeito passivo estejaadimplente com o pagamento das parcelas;

V - com exigibilidade suspensa por determinacao judicial;VI - ajuizado e com embargos opostos, quando o sujeito passivo

for orgao da adm inistrate direta da Uniao, dos estados, do Distrito Federal, dos municipios ou for autarquia ou funda^ao de direito publico dessas entidades estatais.

De acordo com o § 8° do art 47 da Lei n° 8,212/91, no caso de par- ceiamento, a CPD-EN somente sera emitida mediante a apresenta<;ao de garantia, exceto na hipotese contrata<;ao com o Poder Publico e no recebimento de beneficios ou incentivo fiscal ou crediticio concedido por ele. A garantia deve ter valor mmimo de 120% do total da divida (RPS, art. 260, paragrafo unico). Todavia, este dispositivo legal deve ser interpretado a luz da nova reda^ao conferida ao art. 151, VI> do CTN pela Lei Complementar n° 104/2001.

A partir da vigencia da LC 104/2001, o parcelamento passou a ser mais uraa hipotese de suspensao da exigibilidade do credito tributario (CTN, art, 151, VI). E de acordo com art. 206 do CTN, tem os mesmos efeitos de uma CND a certidao que conste a existencia de creditos nao vencidos, em curso de cobran^a executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

Assim, em caso de parcelamento, o sujeito passivo estando adim­plente com o pagamento das parcelas, sera expedida a CPD-EN, inde- pendentemente de apresenta^ao de garantia pelo contribuinte, pois se trata de credito com a exigibilidade suspensa.

6 .3 . Falta de apresentocao de 6F1P

A falta da declara^ao mensal de informa^oes, por intermedio da GFIP, impede a expedi^ao da certidao de prova de regularidade fiscal (CND ou CPD-EN), mesmo que tenham sido cumpridas as demais exi- gencias (Lei n° 8.212/91, art. 32, § 10). Nesse sentido, confira-se o se- guinte julgado da Segunda Turma do STJ:

Capitulo 16

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“t r ib u tAr io . c er t id Ao p o sit iv a c o m e f e it o n e -GATI VO. GFIR AUSENCIA. ART. 32, IV, § 100 DA 8.212/91. 1. Nos termos do artigo 32, IV, § 10°, da Lei n° 8.212/91, afalta de apre$enta$ao das GFIRs e “condigao impeditiva para expedigao daprova de inexistencia de debito para com o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS” 2. Recurso especial providoV97

Posteriormente, contudo, o STJ mudou de posi^ao, passando a entender que a falta de apresenta^ao de GFIP nao legitima, por si so, a recusa do fornecimento CND. Nesse sentido, confira-se o seguinte jul- gado da Primeira Turma do STJ:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO. RECURSO ESPE­CIAL CONTRIBUI^AO PREVIDENCIARIA. TRIBUTO SUJEI­TO A LANQAMENTO POR HOMOLOGAQAO. ENTREGA DA GFIP (LEI 8.212/91). ALEGAQAO DE DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAQAO ACESSORIA. AUTO DEINFRAQAO CONTENDOO LANQAMENTO DE OFtCIO SUPLETIVO ACRESCIDO DA MULTA. INEXISTENCIA. RECUSA NO FORNECIMENTO DE CND. IMPOSS1B1LIDADE. SUMULA 7/ST]. 1. A mera alegagao de descumprimento de obriga^ao acessoria, consistente na entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informagoes a Previdencia Social (GFIP), nao legitima, por si so, a recusa do fornecimento de certidao de regularidade fiscal (Certiddo Negativa de Debitos- CND), uma vez necessario que o fato juridico tributdrio seja vertido em linguagem juridica competente (vale dizer, auto de infragdo jurisdicizando o inadimplemento do dever instrumental,

f. constituindo o contribuinte em mora com o Fisco), apta aprodu- zir efeitos obstativos do deferimento deprova de inexistencia de debito tributdrio.” (,.)198

Em prova de concurso publico, se o enunciado da questao nao fizer men^ao a jurisprudencia, o candidato deve seguir a literalidade da lei e considerar que a falta de entrega de GFIP impede a expedigao de CND ou de CPD-EN.

197 STJ, REsp 835341/MG, Rei. Min. Castro Meira, 2aT., DJ 01/08/2006, p. 424.198 STJ, REsp 944744/SC, Rei. Min. LUtZ FUX, 1a T., DJe 07/08/2008.

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6 .4. Divergencia entre os valores dedarados na G FIP e os efetivamente recolhidos

Outro irapedimento a expedi^ao de CND ou de CPD-EN e a cha- mada “divergencia de GFIP/GPS” que ocorre quando o montante pago

j atraves de GPS (guia de recolhimento da contribui^ao) nao correspondei ao montante declarado na GFIP (guia de declara^ao da contribui^ao).

Vaiores declarados como devidos na GFIP e nao pagos ou pagos apenas parcialmente causam a existencia de debito quanto ao saldo, impedindo

| a obten^ao de CND ou de CPD-EN. Nesse sentido, confira-se o seguintej julgado do STJ:

TRIBUTARIO E PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS DE DECLARA(;AO. GFIP. RECOLHIMENTO PARCIAL DOS DE- BITOS CONFESSADOS. NEGATIVA DE FORNECIMENTO DA CND. RECURSO REPETITIVO. ART 543-CDO CPC. 1. E legttima a recusa ao fornecimento da CND quando se verifica queo recolhimento da contribui$ao previdenciaria nao corresponde ao valor confessado mediante entrega da GFIP. [...]199

Para consoiidar o seu entendimento sobre o tema em tela, o STJ editou a seguinte sumula:

“Sumula 446: Declarado e nao pago o debito tributario pelo contribuinte, e legitima a recusa de expedigao de certidao negativa oupositiva com efeito de negativa ”

7 . Estados, Distrito Federal e Munidpios

Conforme o disposto no art. 56 da Lei n° 8.212/91, a inexistencia de debito em rela^ao as con tribu tes previdenciarias e condi^ao neces- saria para que os Estados, o Distrito Federal e os Municipios possam:

a) Receber as transferencias dos recursos do Fundo de Participate dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e do Fundo de Partici­p a te dos Municipios (FPM);

b) Celebrar acordo, contrato, convenio ou ajuste com orgao ou entidade da adm inistrate direta e indireta da Uniao;

199 STJ, EDcl no REsp 1183944/MG, Rei. Min. Herman Benjamin, 2a T., DJe 13/10/2010.

Capitulo 16

♦ Prova

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c) Receber emprestimo, financiamento, aval ou subven^ao em geral de orgao ou entidade da administra^ao direta e indireta da Uniao.

Contudo, vale frisar que independe de prova de inexistencia de debito o recebimento pelos Municipios de transferencia de recursos des- tinados a a^oes de assistencia social, educa^ao, saude e em caso de cala- midade publica (Lei n° 8.212/91, art. 47, § 6°, “d”).

8. Ato praficado sem apresentacao da CND

O ato para o qual a lei exige a exibi^ao de CND (ou de CPD-EN), quando praticado com viola^ao a esse requisito, acarretara a responsa­bilidade solidaria dos contratantes e do oficial cartorario que lavrar ou registrar o instrumento, sem prejulzo da multa e da responsabilizacao penal e administrativa cablveis, sendo o ato nulo para todos os efeitos (Lei n° 8.212/91, art. 48).

Exerririos de Fixacao

222. (AFPS/2002/Esaf) Nos termos da iegisia^ao previdenciaria, assinale a opgao naqua! nao e exigida da empresa a prova da inexistencia de debito.

a) Na iicita^ao.b) Na contratagao com o poder publico.c) No recebimento de beneficios ou incentivo fiscal ou crediticio concedidos

pelo poder publico.d) Na alienagao ou onera^ao, a qualquer tftulo, de bem movel de pequeno valor

incorporado ao ativo permanente da empresa.e) Na aliena^ao ou oneragao, a qualquer titulo, de bem imovel.

223. {Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB/adaptada) Julgue os itens abaixo.I -. Nenhuma empresa podera celebrar contrato com o poder pOblico sem a

apresentacao da certidao negativa de debito, a ser fomecida pelo orgao competente da previdencia social, nao se aplicandotal exigencia as micro­empresas e empresas de pequeno porte, quando se tratar do recebimento de beneficios ou incentivos fiscais ou creditfcios.

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I! - A existencia de debito junto a seguridade social inviabilizara a aliena^ao de bem imovel pertencente a empresa, salvo se o debito for objeto de parcefamento e o sujeito passivo esteja adimplente com o pagamento das parceias.

iH - Os atos para os quais a lei exige a exibi ao da certidao negativa de debito, quando praticados com viola^ao a esse requisite, acarretarao a respon- sabiiidade soiidaria dos contratantes e do ofidal cartorario que lavrar ou registrar o instrumento, sem prejufzo da multa e da responsabiliza<;ao penal e administrativa cabfveis.

Os itens que estao certos sao:a) fellb) II e Hic) i e 111d) nenhume) todos

224. Julgue os seguintes itens.I - Caso se apurasse a existencia de debitos relativos a contributes de urn

estado da Federa^ao para com o Regime Geral de Previdencia Social, entao nao poderia ser transferida ao referido ente federativo a sua parcela de recursos do Fundo de Participa^ao dos Estados e do Distrito Federal.

II - Nao se exigira a certidao negativa de debito quando do averbamentono registro de imoveis de obra de constru^ao civil de 50 m2, de carater unifamiliar, destinada ao uso proprio, de tipo economico e executada sem mao de obra assalariada (FISCAL/I NSS/98 - CESPE).

ill - A prova da inexistencia de debito deve ser exigida em rela^ao a todas as dependencias da empresa, estabeiecimentos e obras de constru^ao civil executadas sob sua responsabilidade, independentemente do local em que se encontrem, ressalvado aos orgaos competentes o direito de cobranga de eventuais debitos apurados posteriormente e que se refiram ao perfodo de quita^ao certificados pela previdencia (FISCAL/INSS/98 - CESPE).

Os itens que estao certos sao:a) I ellb) lie IIIc) I e HId) todose) nenhum

Capitulo 16

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225. Julgue os seguintes itens.I - Considerando que o proprietario, pessoa fisica, de um terreno urbano

pretendesse averbarna matricula do referido imovel a construcao de uma casa, entao, diversamente do que ocorreria se o proprietario fosse pessoa juridica, nao ihe seria exigida certidao negativa de debitos previdenciarios (AFPS/2001 - CESPE).

II ~ Considere a seguinte situa^ao hipotetica: Uma empresa vendeu um imo-vel incorporado ao seu ativo permanente, que servia de sede a filial de Brasilia - DF. Levada a escritura pubiica ao respectivo registro imobiliario, exigiu-se a apresenta^ao de certidoes negativas de debitos previdencia- rios da empresa, quando se constatou a existencia de debitos relativo a contribuigao social incidente sobre a folha de salarios, devida pela filial da empresa sediada em Belo Horizonte - MG, Nessa situa^ao, a existencia de debito no ambito da filial de Belo Horizonte - MG impedira a consuma- <;ao de registro da aliena^ao do imovel vinculado a filial de Brasilia - DF (AFPS/2001 - CESPE).

III - Sera exigi'vel da microempresa o documento comprobatorio de inexis­tencia de debito, quando do arquivamento de seus atos constitutivos nas juntas comerciais, inclusive de suas altera^oes.

Os itens que estao errados sao:a) i e IIb) II e illc) I e IIId) todose) nenhum

226. A CND ou a CPD-EN sera exigida da empresa, nas seguintes situates:I - na licita<;ao, na contrata<;ao com o poder publico e no recebimento de

beneficios ou incentivo fiscal ou crediticio concedidos por ele. ji - na aiiena<;ao ou onera<;ao, a qualquer titulo, de bem imovel ou direito a

ele relativo.Ill - na aliena^ao ou onera<;ao, a qualquer titulo, de bem move!, independen-

temente de seu valor.Os itens que estao certos sao:a) i e Ub) fie IIIc) I e illd) todose) nenhum

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Capitulo 17

contra a encia social

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Da-se o nome de infracao a toda conduta, positiva ou negativa, que represente descumprimento dos deveres determinados pela legisla^ao previdenciaria. Todavia, nem toda infra^ao a legisla^ao previdenciaria e caracterizada como crime. Ha, porem, algumas condutas que, alem de configurarem infra^ao a Iegisla^ao previdenciaria (infra^ao administra- tiva), tambem sao tipificadas pela lei penal como crime (infra^ao penal).

As san0es penais sao aplicadas pelos juizes criminals, segundo o direito penal, mediante processo penal. As infra^oes administrativas sao punidas com a aplica<;ao de sancoes administrativas (geralmente, multa), aplicadas pelas autoridades administrativas, mediante procedi- mento administrativo.

No periodo anterior a Lei n° 9.983/2000, os crimes contra a pre­videncia social eram definidos no art. 95 da Lei n° 8.212/91. A Lei n° 9.983, de 14-7-2000, revogou o caput do art. 95 da Lei n° 8.212 e seus §§ 1°, 3°, 4° e 5°, alterou o Codigo Penal (CP), caracterizou os crimes contra Seguridade Social e determinou as respectivas penalidades. Ago­ra, os crimes contra a Previdencia Social passam a estar inseridos no Codigo Penal, que e o lugar mais adequado.

A seguir, passaremos a enumerar os crimes contra a previdencia social:

1 . Apropriacao indebita previdenciaria

O crime de apropriacao indebita previdenciaria e tipificado pelo art. 168-A do Codigo Penal, nos seguintes termos:

Art. 168-A. Deixar de repassar d previdencia social as contri­b u t e s recolhidas dos contribuintes, no prazo e na forma legal ou convencional.

Pena - reclusdo de 2 a 5 anos, e multa.§ 1° Nas mesmas penas incorre quern deixar de:I - recolher, no prazo legal, contribuigdo ou outra importdncia

destinada d previdencia social que tenha sido descontada de paga­mento efetuado a segurado, a terceiros ou arrecadada do publico;

II - recolher contribuigoes devidas a previdencia social que tenham integrado despesas contabeis ou custos relativos a venda de produtos ou a prestaqao de servigos;

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Hl-pagar beneftcio devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores jd tiverem sido reembolsados d empresa pela previdencia;

§ 2° £ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua opagamento das contributes, impor- tancias ou valores epresta as informagdes devidas d previdencia social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do intcio da agdo fiscal

§ 3° Efacultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa, se o agenteforprimdrio e de bons antecedentes, desde que:

I - tenha promovido, apos o intcio da agdo fiscal e antes de oferecida a denuncia, opagamento da contribuigao social previ- dencidria, inclusive acessorios; ou

II - o valor das contribuigdes devidas, inclusive acessorios, seja igual ou inferior aquele estabelecido pela previdencia social, administrativamente, comosendo o minimopara o ajuizamento de suas execugdes fiscais.

1 1 . Conduta tipica

De acordo com o art. 168-A do Codigo Penal, o crime de apro- pria$ao indebita e caracterizado pela pratica das seguintes condutas:

a) Deixar de repassar a previdencia social as contributes recolhi- das dos contribuintes> no prazo e na forma legal ou convencional

Normalmente, as contribu tes destinadas ao custeio da previ­dencia sao recolhidas nas in stitu te s bancarias (Lei n° 8.212/91, art. 60) que, por for^a de convenios celebrados, dispoem de prazo para repassa- rem os valores aos cofres da previdencia. Dai a alusao do dispositivo ao prazo convencional.

Assim, a conduta prevista no caput do art. 168-A do CP ocorre quando, por exemplo, o estabelecimento bancario, autorizado a ar- recadar contribu tes previdenciarias, deixa de repassar a Secretaria da Receita Federal do Brasil, dentro do prazo previsto em lei ou contrato, os valores recolhidos dos contribuintes.

Capftujo 17

♦ Crim

es contra a

Previdencia Social

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b) Deixar de recolher, no prazo legal, contribuigao ou outra impor- tancia destinada a previdencia social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurado, a terceiros ou arrecadada do publico.

Cuida-se, aqui, de hipotese em que a empresa (ou pessoa a eia equiparada) tenha descontado de segurados ou contribuintes com a obrigacao de recolhimento a previdencia social e deixe de faze-lo. A conduta aqui descrita ocorrera nas seguintes situates:

b.l) Quando a empresa descontar contribu tes previdenciarias dos segurados (empregado, trabalhador avulso ou contribuinte individual) que lhe prestem s e r v t e nao recolher aos cofres da previdencia social, dentro do prazo legal, tais contributes;

b.2) Quando a empresa tomadora retiver da empresa prestadora de servicos mediante empreitada ou cessao de mao de obra a contribuigao de 11% incidentes sobre o valor dos s e r v t s prestados e nao recolher aos cofres da previdencia social, dentro do prazo legal, tais contributes;

b.3) Quando a empresa adquirir produtos rurais de segurado es­pecial ou de produtor rural pessoa fisica, promover o desconto de 2 ,1% incidentes sobre a comercializa<;ao de tais produtos, e nao recolher aos cofres da previdencia social, dentro do prazo legal, tais c o n t r ib u te

b.4) Quando a empresa repassar para associacao desportiva que mantem equipe de futebol profissional valores relativos a pa-

> trocmio, publicidade, propaganda, licenciamento de uso de marcas, transmissao dos eventos desportivos, receita bruta do espetaculo desportivo; descontar desses repasses o percentual 5% a titulo de contribuigao previdenciaria; e nao recolher aos cofres da previdencia social, dentro do prazo legal, tais con­tributes;

b. 5) Quando o empregador domestico descontar contributes pre­videnciarias do empregado domestico que lhe presta s e r v t e nao recolher aos cofres da previdencia social, dentro do prazo legal, tais contributes.

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Na hipotese aqui prevista, se a contribuicao nao tiver sido desconta- da do segurado ou do contribuinte, nao existira crime. Como, por exem- plo, na hipotese em que o empregador paga ao empregado o valor bruto do que lhe e devido sem efetuar o desconto para a seguridade social.

c) Deixar de recolher contribuicoes devidas a previdencia social que tenham integrado despesas contabeis ou custos relativos a venda de produtos ou a presta^ao de servi^os.

A conduta delituosa aqui prevista diz respeito ao infrator que dei- xa de recolher as contribuicoes que integram a escrituracao contabil como despesa ou foram repassadas para o custo do produto ou servi^o, pois neste caso o contribuinte de fato e o consumidor final Justifica-se o tipo penal, pois nao se pode admitir que a pessoa que nao suportou o encargo financeiro se omita em recolher aos cofres da Previdencia So­cial tal contribuicao.200

d) Deixar de pagar beneficio devido a segurado, quando as respec- tivas cotas ou valores ja tiverem sido reembolsados a empresa pela previdencia.

Os beneficios de salario-familia (em rela^ao ao segurado empre­gado) e salario-maternidade (em rela^ao a segurada empregada) sao pagos pela empresa. No momento em que a empresa for recolher suas contribuicoes previdenciarias, ela se reembolsa dos valores relativos a salario-familia e salario-maternidade que pagou aos segurados. Caso a empresa promova o reembolso do salario-familia ou do salario-ma­ternidade e nao pague tais beneficios aos respectivos segurados, estara cometendo o crime de apropriacao indebita previdenciaria.

Atente-se para o fato de que o art. 168-A refere-se apenas as contri­buicoes previdenciarias, que sao aquelas contribuicoes em que o produto da arrecadacao so pode ser utilizado para pagamento de beneficios do RGPS.

1 2 . Desnecessidade do animo de apropriacao para a configuracao do delito

No crime de apropriacao indebita previdenciaria nao se exige o dolo especifico. Ou seja, e desnecessaria a demonstracao da vontade

200 CASTRO, Carios Alberto Pereira de e LAZZARI, Joao Batista. Op. cit., p. 391.

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esespecial de se apossar de quantia pertencente a Previdencia Social. A descri^ao tipica, cujo nucleo da conduta esta nos verbos “deixar de re­passar” nao deixa duyida que se trata de um delito “omissivo proprio”, pois que o dispositivo descreve uma conduta imposta ao autor de forma obrigatoria, sendo proibida a realiza^ao de outra com ela incompatfvel.

Assim, para configura^ao do delito, exige-se tao somente o dolo generico, consistente na vontade livre e consciente de nao recolher as contribu tes descontadas de segurados, sendo desnecessaria a com- prova^ao do fim especifico de apropriar-se dos valores destin'ados a Pre­videncia Social.

O crime se consuma com o simples nao recolhimento das contri­b u t e s previdenciarias descontadas dos segurados no prazo legal. Nao ha necessidade em se demonstrar o animus rem sibi habendi. Nesse sen- tido, confira-se a seguinte decisao do STF:

“EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL CRIME DE APRO- PRIAQAO INDEBITA PREVIDENClARIA. ART 168-A DO CODIGO PENAL ALEGAQAO DE AUSENCIA DE DOLO ESPECtFICO (ANIMUS REM SIBI HABENDI). IMPROCE- DENCIA DAS ALEGAQOES. ORDEM DENEGADA. 1. Efirme a jurisprudencia deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que para a configuragao do delito de apropriagao indebitaprevi- dencidria, nao e necessdrio umfim especifico, ou seja, o animus rem sibi habendi,(cf., por exemplo, HC 84.589, Rei Min. Carlos Velloso, DJ 10.12.2004), "bastando para nesta incidir a vontade livre e consciente de nao recolher as importdncias descontadas dos saldrios dos empregados da empresa peld qual responde o agente" (HC 78.234, Rei. Min. Octavio Gallotti, DJ 21.5.1999). No mesmo sentido: HC 86.478, de minha relatoria, DJ7.12.2006; RHC86.072, Rei Min. Eros Grau, DJ28.10.2005; H C84.021, Rei Min. Celso de Mello, DJ 14.5.2004; entre outros). 2. A especie de dolo nao tem influencia na classificagao dos crimes segundo o resultado, pois crimes materiais ou formats podem ter como movel tanto o dolo generico quanto o dolo especifico. 3. Habeas corpus denegado.”201.

201 STF, HC 96092/SP, Rei. Min. Carmen Lucia, DJe 121, de 30/06/2009.

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Neste mesmo sentido, confira-se tambem o seguinte julgado do STJ:

“CRIMINAL RESP. PREFEITO MUNICIPAL APROPRIA­CAO INDEBITA DE CONTRIBUICOES PREVIDENCIARIAS. CRIME COMUM. DOLO GEN£RICO. ANIMUS REM SIBI HABBNDI. COMPROVAQAO DESNECESSARIA. RECURSO PROVIDO. I‘ O delito de apropriacao indebita de contribuicoes previdenciarias, em que o Prefeitofoi denunciado nao exige quali- dade especial do sujeito ativo, podendo ser cometido por qualquer pessoa, seja ela agente publico ou nao. II. A conduta descrita no tipo penal do art 168-A do Codigo Penal e centrada no verbo “deixar de repassar”, sendo desnecessaria, para a configuracao do delito, a comprovagao do Jim espectfico de apropriar-se dos valores destinados a Previdencia Social Precedentes. Ill Recurso provide, nos termos do voto do Relator”202.

1.3 . Bern jursdico tutelado

No crime de apropriacao indebita previdenciaria, o bem juridico tutelado pela lei penal e o patrimonio do Estado, mais precisamente da Previdencia Social.

1 .4 . Sujeitos ativo e passivo

O sujeito ativo do crime (agente do crime) sera o responsavel, dentro da empresa, pelos atos gerenciais previstos nas hipoteses tipicas. Sujeito ativo do crime e quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora. Somente a pessoa ffsica tem a capacidade de delinquir neste tipo penal. Logo, jamais sera a pessoa jurxdica o autor do crime.203 Assim, as pessoas que podem pratkar esses crimes sao, por exemplo, o titular de firma individual, gerentes, diretores ou administradores que participam ou tenham participado da gestao da empresa beneficiada. Contudo, a denuncia nao pode limitar-se a mencionar o cargo que o agente do crime ocupa na empresa. £ necessario que se fa<;a a indivi- dualizacao da conduta por ele praticada. Nesse sentido, confira-se o se­guinte julgado do STJ:

202 STJ, REsp 770167/PE, Rel. Min. Gilson Dipp, 5aT, DJ de 11/09/2006, p. 339.203 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, Joao Batista. Op. cit, p. 397.

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“EMBARGOS DE DIVERGENCIA. RECURSO ESPECIAL APROPRIACAO INDEBITA PREVIDENCIARIA. NECESSIDA- DE DE INDIVIDUAL1ZAQA0 DA CONDUTA. IMPUTAQAO EXCLUSIVAMENTE EMDECORRENCIA DO CARGO OCUPA- DO. INADMISSIBILIDADE. EMB.ARGOS ACOLHIDOS. 1. Nao se admite que o embargante seja denunciado exclusivamentepor figurar no contrato social como Diretor-Presidente, presumindo-se, por isso, ser sua a responsabilidade pela administragdo da empresa, sem que seja narrada qualquer conduta que teria sido por ele prati- cada. 2. Eformalmente inepta a denuncia que nao individualiza a conduta do reu, limitando-se a mencionar o cargo por ele ocupado na empresa. 3. Embargos de divergencia acolhidos”.204

O sujeito passivo do crime de apropriacao indebita previdenciaria e o Estado na figura da Previdencia Social Publica - Regime Geral de Previdencia Social.205 Nao se cogita de ser considerado sujeito passivo o segurado, em face do regime de reparticao, no qual as contribuicoes revertem para os cofres da Previdencia Social, e nao para uma conta individual do trabalhador.

1 .5 . Pena

No crime de apropriacao indebita previdenciaria, a pena comma- da e de reclusao de dois a cinco anos e multa.

Conforme o disposto no § 3° do art. 168-A do Codigo Penal, e facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa, se o agente for primario e de bons antecedentes, desde que:

p I - tenha promovido, apos o inicio da acao fiscal e antes de oferecida a denuncia206, o pagamento da contribuicao social previdenci­aria, inclusive acessorios; ou

II - o valor das contribuicoes devidas, inclusive acessorios, sejaigual ou inferior aquele estabelecido pela previdencia social, adminis- trativamente, como sendo o mmimo para o ajuizamento de suas execucoes fiscais. Atualmente esse valor e de R$ 10.000,OO.207

204 STJ, EREsp 687594 / CE, Ret. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 14/04/2010.205 TAVARES, Marcelo Leonardo. Op. cit, p.397.206 Na tecnica do Direito Penai, diz-se denuncia o ato mediante o quai o representante do Minis-

terio Publico formula sua acusa^ao perante o juiz competente a fim de que se inicie a a^ao penal contra a pessoa a quern se imputa a autoria de um crime.

207 Lei n° 10.522/2002, art. 20. Serao arquivados, sem baixa na distribuigao, mediante reque-

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Tratando-se de crime de apropria<;ao indebita previdenciaria, o STF entende que nao ha falar em prisao civil, mas em prisao de carater penal (A I675619 AgR/RS, DJe 121, de 30/06/2009).

l i . Extincoo da punibiiidade

O § 2° do art. 168-A do CP, com o objetivo de estimular o pa­gamento da contribui<j:ao, traz caso de extin^ao da punibiiidade. Para ocorrer a extin^ao da punibiiidade e necessario que o agente, esponta- neamente, declare, confesse e efetue o pagamento das contributes, e preste as informa^oes devidas a previdencia social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do inicio da a<;ao fiscal

A data de inicio da a^ao fiscal e a data em que o contribuinte toma ciencia do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF).

Como se ve, de acordo com o § 2° do art. 168-A do CP, o reco- lhimento posterior ao inicio da a<pao fiscal nao seria causa de extin^ao da punibiiidade. Contudo, na hipotese de parcelamento do credito tri- butario antes do oferecimento da denuncia, essa somente podera ser aceita na superveniencia de inadimplemento da obriga^ao objeto da denuncia (Lei n° 11.941/09, art. 67). Enquanto tal parcelamento nao for rescindido, fica suspensa a pretensao punitiva do Estado, limitada a suspensao aos debitos que tiverem sido objeto de concessao de par­celamento. Neste caso, extingue-se a punibiiidade dos crimes de apro- pria$ao indebita previdenciaria e de sonega^ao de contribui^ao previ­denciaria quando a pessoa juridica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos debitos oriundos de tributos e con tribu tes sociais, inclusive acessorios, que tiverem sido objeto de concessao de parcelamento (Lei n° 11.941/09, art. 69, caput), Veja que neste caso, mesmo sendo efetuado apos o inicio da a<;ao fiscal, o pagamento pro- voca a extin^ao da punibiiidade.

Tambem vale frisar que na hipotese de pagamento efetuado pela pessoa fisica responsabilizada pelo nao pagamento ou recolhimento de tributos devidos pela pessoa juridica, a extin^ao da punibiiidade ocorre- ra com o pagamento integral dos valores correspondentes a a^ao penal (Lei n° 11.941/09, art. 69, paragrafo unico). Neste caso, o pagamento, efetuado a qualquer momento, extingue a punibiiidade do crime.

rimento do Procurador da Fazenda National, os autos das executes fiscais de debitos ins- critos como Divida Ativa da Uniao pela Procuradoria-Ceral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

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A jurisprudencia vem se inclinando no sentido de que o pagamen­to da contribuicao previdenciaria, a qualquer tempo, extingue a punibi- lidade dos crimes de apropriacao indebita previdenciaria e de soiiegacao de contribuicao previdenciaria. Nesse sentido, confira-se a seguinte de- cisao do Supremo Tribunal Federal:

“AQAO PENAL, Crime tributario. Tributo. Pagamento apos o recebimento da denuncia. Extingdo dapunibilidade. Decretagdo. HC concedido de oficio para tal efeito. Aplicagao retroativa do art. 9° da Lei federal n° 10.684/03, cc. art. 5°, XL, da CF, e art 61 do CPP. O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que apos o recebimento da denuncia, extingue a punibilidade do crime tributario”208.

O Tribunal Regional Federal da 4a Regiao tem observado a atual orientacao do STF para autorizar a extincao da punibilidade, inclusive, na fase de execucao penal. Nesse sentido, a seguinte decisao:

“AGRAVO EM EXECU(;AO PENAL. LEI N° 10.684/03. PAGA­MENTO DO DEBITO. EXTINQAO DA PUNIBILIDADE APOS O TRANSITO EM JULGADO. POSSIBILIDADE. L A extingdo da punibilidade pelo pagamento integral do 2 Denuncia e o ato mediante o qual o representante do Ministerio Publico formula sua acusagao perante o juiz competente a fim_ de que se inicie a agao penal contra a pessoa a quem se imputa a autoria de um crime. 3 STF. Habeas Corpus n° 81929/RJ, Rel. Ministro Cezar Peluso, DJ de 27.2.2004, p. 27. debito com fundamento no § 2° do artigo 9° da Lei n° 10.684/03, ao contrdrio da mera suspensdo da pretensao punitiva prevista no caput do citado dispositivo, e passtvel de reconhecimento mesmo apds o trdnsito em julgado da sentenga penal condenatoria. 2. Agravo provido”.209

Nessa mesma linha de raciocinio, confira-se mais um julgado do TRF da 4a Regiao:

“DIREITO PENAL. NAO RECOLHIMENTO DE CONTRI­BUICOES PREVIDENCIARIAS. PAGAMENTO INTEGRAL. EXTINCAO DA PUNIBILIDADE. LEI N° 10.684/2003. - A Lei

208 STF. Habeas Corpus n° 81929/RJ, Rel. Ministro Cezar Peluso, DJ de 27.2.2004, p. 27.209 TRF4, Agravo em Execucao Penal n° 2004.70.00.004272-5 / PR, Rel. Desembargador Fede­

ral Jose Luiz B. Germano daSilva, DJU 30/06/2004, p. 925.

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n° 10.684/2003 veda o parcelamento dos debitos com o INSS re- ferentes d parte das contribuigdes descontadas dos saldrios dos empregados, porquanto tal possibilidade - prevista inicialmente no artigo 5 § 2 ° , da referida Lei - restou expressamente vetada pelo Presidente da Republica, por contrariar o disposto no art. 7° da Lei n° 10.666/2003. Contudo, nao ha restrigao alguma quanto a extingao da punibiiidade a qualquer tempo, nas hipoteses de pagamento integral da divida, conforme, alias, previsto no § 2° do artigo 9° da citada Lei n° 10.684. Aplicagao retroativa da norma penal benefica (art. 5°, XL, da CF/88 c/c art. 2°, paragrafo unico, do CP)”210

Contudo, vale frisar que o parcelamento da divida previdenciaria nao e causa extintiva da punibiiidade, mas simples suspensao da preten- sao punitiva do Estado, ficando a extingao do crime sujeita ao pagamento integral do debito. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“DENUNCIA - PARAMETROS. Contendo a denuncia dados viabilizadores do exerctcio do direito de defesa, com exposigdo do fato criminoso e das circunstdncias em que ocorrido, descabe cogitar de inepcia. CRIME TRIBUTARIO - CONTRIBUIQOES PREVI­DENCIARIAS - APROPRIAQAO - ADESAO AO PROGRAM A DE RECUPERAQAO FISCAL - REFIS - ALCANCE. A adesao ao Pro- grama de Recuperagdo Fiscal - Refs nao implica a novagdo, ou seja, a extingao da obrigagdo, mas mero parcelamento. Dai a harmonia com a Carta da Republica preceito a revelar a simples suspensao da pretensdopunitiva do Estado, ficando a extingao do crime sujeita ao pagamento integral do debito - artigo 9° da Lei n° 10.684/2003.”211

1 .7 . Acao penal

Nesse crime, a a$ao penal e publica incondicionada. Assim, cabe ao Ministerio Publico Federal propor a a$ao, cuja competencia para jul- gamento e da Justi^a Federal (CF, art. 109, IV).

210 TRF4, Apeia^ao Criminal n° 1999.70.00.029081-4/PR, Rei. Paufo Afonso Brum Vaz, 8a T.t DJ 12/11/2003, p. 606.

211 STF, RHC 89618/RJ, Rei. Min. Marco Aurelia, DJ 09/03/2007.

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Sendo a<;ao publica, qualquer pessoa do povo podera provocar a iniciativa do Ministerio Publico, fornecendo informacoes sobre os fatos, autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicqao (Codi- go de Processo Penal, art. 27).

O STF tem entendido que estando em curso processo adminis­trative no qual e questionada a exigibilidade da contribuicao previden­ciaria, fica afastada a persecucao criminal. Ou seja, antes de constitu- ldo definitivamente o credito tributario nao ha justa causa para a a<;ao penal Assim, a propositura da a^ao penal fica condicionada a decisao final, na esfera administrativa, sobre a exigencia fiscal do credito tribu­tario. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“APROPRIAQAO INDEBITA PREVIDENCIARIA ~ CRIME- ESPECIE. A apropriacao indebita disciplinada no artigo 168- A do Codigo Penal consubstancia crime omissivo material e nao simplesmente formal INQUERITO - SONEGA^AO FISCAL- PROCESSO ADMINISTRATIVO. Estando em curso processo adminisirativo mediante o qual questionada a exigibilidade do tributo,ficam afastadas apersecuqao criminal e - ante oprincipio da nao contradicao, oprincipio da razdo suficiente - a manuten- cao de inquerito, ainda que sobrestado”212

O STJ tambem entende que a constitui^ao definitiva do credito tributario e condi<;ao de procedibilidade para que se de inicio a perse- cu<;ao criminal. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

"PENAL. HABEAS CORPUS. APROPRIAQAO INDEBITA DE CO NTRIBUTES PREVIDENCIARIAS. ART. 168-A DO CP. CRIME OMISSIVO MATERIAL. PENDENCIA DE PROCES­SO ADMINISTRATIVO. FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A ACAO PENAL CONSTITUigAO DEFINITIVA DO CREDITO TRIBUTARIO. CONDIQAODEPROCEDIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. O crime de apropriagao indebita previdencia- ria, consubstancia delito omisso material, exigindo, pois, para a sua consumagdo efetivo dano,jd que o objeto juridicoprotegido eo patrimdnio da previdencia social, motivopelo qual a constitui- f do definitiva do credito tributdrio e condigao de procedibilidade

212 STF, Tribunal Pleno, inq-AgR 2537/GO, Rei. Min. Marco Aurelio, Dje 12/06/2008.

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para que se de inicio a persecugao criminal. Precedente do STF (Inq-AgR 2537/GO). 2. Ordem concedida para trancar a agao penal instaurada contra ospacientes, em tramitagdo na Quarta Vara Federal de Ribeirao Preto (Agao Penal 207.61.02.005389-3), por falta dejusta causa, sem prejuizo do oferecimento de nova denuncia, apos o exaurimento da via administrativa, ficando suspenso o curso da prescrigao.”213

1 . Sonegacao de contribuicao previdenciaria

2 ,1 . Conduta tlpica

O crime de sonegacao de contribuicao previdenciaria e tipificado, no art. 337-A do Codigo Penal, pelas seguintes condutas:

Art 337-A. Suprimir ou reduzir contribuigao social previ- dencidria e qualquer acessorio, mediante as seguintes condutas:

I ~ omitir defolha de pagamento da empresa ou de documento de informagoes previsto pela legislagdo previdenciaria segurados empregado, empresdrio, trabalhador avulso ou trabalhador au- tonomo ou a este equiparado que Ihe prestem servigos;

II ~ deixar de langar mensalmente nos titulosproprios da con- tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de servigos;

III - omitir, total ouparcialmente, receitas ou lucros auferidos, remuneragdes pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuigdes sociais previdencidrias.

De inicio, atente-se para o fato de que a partir da edi^ao da Lei n° 9.876199, nao ha mais as figuras dos segurados empresario, trabalha­dor autonomo ou a este equiparado, Esses segurados foram agrupados numa unica categoria denominada de contribuinte individual. Assim, ha impropriedade nas expressoes utilizadas art. 337-A, I, do CP. O cor- reto seria falar em segurados empregado, trabalhador avulso e contri­buinte individual.

O art. 337-A refere-se apenas as contribuicoes previdenciarias, que sao aquelas contribuicoes em que o produto da arrecadacao so pode ser utilizado para pagamento de beneficios do RGPS.

213 STJ, HC 122612/SP, Ret. Min. Amaldo Esteves Lima, DJe 30/03/2009.

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es11. Pena

No crime de sonegacao de contribuicao previdenciaria, a pena co~ minada e de reclusao de dois a cinco anos e multa.

Conforme o disposto no § 2° do art. 337-A do Codigo Penal, e facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primario e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuicoes devidas, inclusive acessorios, seja igual ou Inferior aquele estabelecido pela previdencia social, administrativamente, como sendoo mmimo para o ajuizamento de suas execucoes fiscais. Atualmente esse valor e de R$ 10.000,00.214

O § 3° do art. 337-A do Codigo Penal ainda preve a possibilidade de reducao da pena de um terco ate a metade ou aplicacao somente da pena de multa, desde que sejam cumulativamente obedecidas a seguin­tes condicoes:

a) o empregador nao seja pessoa juridica; eb) a folha de pagamento mensal nao ultrapasse o valor de

R$ 1.510,00, sendo este valor reajustado nas mesmas datas e nos mesmos indices do reajuste dos beneficios da previdencia social. Atualmente, para que se aplique o disposto no § 3° do art. 337- A do CP, a folha de pagamento mensal nao pode ultrapassar a R$ 3.257,37.215

2 .3 . Exfincao da punibilidade

No crime de sonegacao de contribuicao previdenciaria, e extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as con­tribuicoes, importancias ou valores e presta as informacoes devidas a previdencia social, na forma defmida em lei ou regulamento, antes do inicio da acao fiscal (CP, art 337-A, § 1°).

Diferentemente do crime de apropriacao indebita previdencia­ria, aqui, para a extincao da punibilidade, nao se exige o pagamento da contribuicao previdenciaria, tendo em vista que o reievante para a legislacao penal e a omissao (total ou parcial) do fato gerador. Corrigida a conduta, restara mero inadimplemento, que, a prindpio, nao merece sancao criminal.216

214 Art. 4° da Portaria MPAS n° 4.943/99, na redagao dada peia Portaria MPS n° 296/2007.215 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2011, peia Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.216 TAVARES, Marcelo Leonardo. Op. cit, pp. 404-405.

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No entanto, como visto alhures, ha casos em que se extingue a punibiiidade dos crimes de apropria^ao indebita previdenciaria (CP, art. 168-A) e de sonega^ao de contribui^ao previdenciaria (CP, art. 337-A) quando a pessoa juridica relacionada com o agente efetuar, a qualquer tempo, o pagamento integral dos debitos oriundos de tributos e contri­b u t e s sociais, inclusive acessorios (Lei n° 11.941/09, arts. 67 e 69).

A vista do exposto acima, constata-se que, no crime de sonega^ao de contribui^ao previdenciaria, ha duas formas de extingao da punibi­iidade: a do § 1° do art. 337-A do Codigo Penal e a da Lei n° 11.941/09, arts. 67 e 69.

No concurso para Analista de Controle Interno do Estado de Per­nambuco, realizado em 2009, a Funda^ao Getulio Vargas - FGV pro- pos, a respeito do crime de sonegacao de contribui^ao previdenciaria, uma questao em que constava a seguinte afirmativa: “e extinta a puni­biiidade se o agente efetuar o pagamento integral dos debitos oriundos de tributos e contribu tes sociais, inclusive acessorios, ainda que aposo recebimento da denuncia”. A afirmativa foi considerada como certa,217 pois o pagamento integral (feito a qualquer tempo) extingue a punibiii­dade dos crimes, de apropria^ao indebita previdenciaria e de sonega^ao de contribuicao previdenciaria (Lei n° 10.684/03, art. 9°, § 2°).

2 .4 . Acao penal

Nesse crime, a a$ao penal e publica incondicionada. Nesse senti­do, a Sumula n° 609 do Supremo Tribunal Federal: “E publica incondi­cionada a acao penal por crime de sonega^ao fiscal”.

Assim, cabe ao Ministerio Publico Federal propor a a^ao, cuja competencia para julgamento e da Justi^a Federal (CF, art. 109, IV).

2 .5 . Bern juridico fufelado e sujeifos olivo e passivo

No tocante ao bem juridico tutelado e aos sujeitos ativo e passivo desse crime, aplicam-se os mesmos comentarios feitos a respeito do cri­me de apropria^ao indebita previdenciaria.

217 A questao mandava assinaiar a afirmativa incorreta. Esta nao deveria ser assinaiada, pois esta correta.

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O crime de falsificacao de documento publico e tipificado pelo art. 297 do Codigo Penal, nos seguintes termos:

CP - Art. 297. Falsificar, no to do ou em parte, documento publico, ou alterar documento publico verdadeiro.

Pena - reclusao, de2 a 6 anos, e multa.§ l°Seo agente efuncionariopublico, e comete o crimepreva-

lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.§ 2° Para os efeitos penais, equiparam-se a documento publi­

co o emanado de entidade paraestatal, o titulo ao portador ou transmissivel por endosso, as agoes de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

§ 3° Nas mesmas penas incorre quern insere oufaz inserir:I - na folha de pagamento ou em documento de informagdes

que seja destinado a fazer prova perante a previdencia social, pessoa que nao possua a qualidade de segurado obrigatdrio;

II - na Carteira de Trabalho e Previdencia Social do empregado ou em documento que devaproduzir efeito perante a previdencia social, declaragao falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

III - em documento contdbil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigagoes da empresa perante a previdencia social, declaragao falsa ou diversa da que deveria ter constado.

§ 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos aci­ma mencionados nome do segurado e seus dadospessoais, a remune- racao, a vigencia do contrato de trabalho ou deprestagdo de servigos.

No art. 297 do CP, as condutas ilicitas que sao consideradas cri­mes contra a previdencia social sao as previstas nos §§ 3° e 4°.

O crime do § 3° e comissivo, pois traduz a a^ao de inserir dados falsos. O crime do § 4° e omissivo, ja que e caracterizado por uma omis- sao da empresa em relacao a seus segurados.

As penas cominadas sao de reclusao de dois a seis anos e multa. Todavia, se o agente do crime for funcionario publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena e aumentada em um sexto.

O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se, portanto, de crime comum.

3. Falsificacao de documento publico

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0 sujeito passivo desse crime e, em regra, o Estado na figura da Previdencia Social Publica - Regime Geral de Previdencia Social. Toda- via, o sujeito passivo tambem pode ser o segurado, quando este sofrero prejuizo.

4. Outros crimes

A16m dos crimes estudados neste capitulo, a Lei n° 9.983/2000 in- cluiu outros tipos penais no Codigo Penal: inser^ao de dados falsos em sistema de informa^oes (CP, art 313-A); modifica^ao ou altera^ao nao autorizada de sistemas de informa^oes (CP, art. 313-B); divulga^ao de segredo (CP, art. 153, § 1°-A); viola^ao de sigilo funcional (CP, art. 325, § 1°, I e II); e falsificacao de selo ou sinal publico (CP, art. 296, § 1°, III). No entanto, essas demais altera^oes introduzidas no Codigo Penal pela Lex n° 9.983/2000 nao sao necessariamente crimes contra a Previdencia Social, e sim crimes contra a adm inistrate publica em geral.

5. Regras gerais

Nos crimes estudados neste capitulo, a a^ao penal e publica incon- dicionada e se processa mediante denuncia proposta pelo Ministerio Pu­blico Federal. A competencia para julgar tais crimes e da Justi^a Federal.

Sempre que o Auditor-Fiscal tiver ciencia de algum crime praticado contra a Previdencia Social devera formalizar uma Representa^ao Fiscal para Fins Penais, que sera encaminhada ao Ministerio Publico Federal.

A representa^ao fiscal para fins penais relativa aos crimes de apro- pria<;ao indebita previdenciaria e de sonega^ao de contribui^ao previ­denciaria sera encaminhada ao Ministerio Publico depois de proferida a decisao final, na esfera administrativa, sobre a exigencia fiscal do cre­dito tributario correspondente (Lei n° 9.430/96, art. 83),

6. Restricoes

A Lei n° 8.212/81, art. 95, § 2°, estabelece que a empresa que trans- gredir as normas previdenciarias ficara sujeita, alem de outras san^oes, as seguintes restricoes:

1 - suspensao de emprestimos e financiamentos, por in stitu tesfinanceiras oficiais;

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II - revisao de incentivo fiscal de tratamento tributario especial;III - inabilita^ao para licitar e contratar com qualquer orgao ou

entidade da adm inistrate publica direta ou indireta federal,estadual, do Distrito Federal ou municipal;

IV - interdi<;ao para o exercicio do comercio, se for sociedade mer-cantil ou comerciante individual;

V - desqualifica^ao para impetrar concordata;218VI - cassa<;ao de autoriza^ao para funcionar no Pais, quando for o

caso.

0 inciso IV menciona a hipotese de o estabelecimento ser inter- ditado para o exercicio do comercio. No entanto, tal disposi<;ao ja foi recha^ada pelas seguintes Sumulas do STF:

Sumula 70 - “Inadmissivel a interdigao de estabelecimento como meio coercitivopara a cobranga de tributos\

Sumula 547 ~ “Nao e Hcito a autoridade proibir que o contri­buinte em debito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfdndegas e exerga suas atividades proftssionais”.

Nos termos do art. 52 da Lei n° 8.212/91, a empresa em debito para com a seguridade social nao pode:

1 - distribuir bonifica^ao ou dividendo a acionista; eII - dar ou atribuir cota ou participa^ao nos lucros a socio cotista,

diretor ou outro membro de orgao dirigente, fiscal ou consul- tivo, ainda que a titulo de adiantamento.

7 . Apreensao de documentos

A seguridade social, por meio de seus orgaos competentes, pro- movera a apreensao de comprovantes de arrecada^ao e de pagamento de beneficios, bem como de quaisquer documentos pertinentes, inclusive contabeis, mediante lavratura do competente termo, com a finalidade de apurar administrativamente a ocorrencia dos crimes previstos em lei (RPS, art. 282, caput).

218 Com o advento da nova Lei de Falencia (Lei n° 11.101/2005), a concordata deixou de existir, sendo substitui'da pela recuperagao judicial ou extrajudicial.

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227. As condutas abaixo reiacionadas constituem crime de "apropria^ao indebita previdenciaria", tipificado no art. 168-A do Codigo Penal:i - Deixar de recolher, no prazo legal, as contributes descontadas de paga­

mento efetuado a segurado. f! - Deixar de recolher, no prazo legal, os valores retidos das empresas pres-

tadoras de servi^o mediante cessao de mao de obra ou empreitada. ill - Deixar de recolher as contributes a cargo da empresa incidentes sobre

a remuneragao dos segurados empregado e trabaihador avulso.Os itens que estao certos sao:a) I e Ifb) II e HIc) 1 e illd) todose) nenhum

228.0 crime de "Sonegagao de Contribui ao Previdenciaria" esta tipificado no art. 337-A do Codigo penal como sendo o ato de suprimir ou reduzir contribui<;ao social previdenciaria e qualquer acessorio, mediante as seguintes condutas:j - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de infor-

ma0es previsto pela legisla?ao previdenciaria segurados empregado, contribuinte individual ou trabaihador avulso que lhe prestem servi os.

II - inserir na folha de pagamento ou na GFIP, pessoa que nao possua a qua-lidade de segurado obrigatorio.

III - deixar de lan^ar mensalmente nos tftulos proprios da contabilidade daempresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo em- pregador ou pelo tomador de servi os.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) II e 111c) I e Hid) todose) nenhum

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229. Acerca dos deiitos contra a seguridade social, julgue os itens que se seguem.I - Constitui contraven^ao penal deixar de incluir na folha de pagamentos

da empresa os segurados empregado, empresario, trabaihador avulso ou autonomo que lhe prestem servi o.

!l - 0 nao lan^amento nos tftuios contabeis proprios da empresa dos valores previdenciarios descontados dos segurados tipifica infrac;ao de ordem criminal, que a car reta, como consequencia, a inabilitagao para licitar e contratarcom qualquer orgao ou entidade da administra<;ao pubilca direta ou indireta federal, estaduai, municipal ou do Distrito Federal.

Ill - A empresa quetransgredira legisla^ao previdenciaria sujeitar-se-a a revisao de incentivos fiscais de tratamento tributario especial.

Os itens que estao certos sao:a) I e ilb) lie 111c) I e IIId) todose) nenhum

230. Julgue os seguintes itens:I - Considere a seguinte situa^ao hipotetica: Manoei, representante legal

da empresa Celta, deixou de recolher as contributes descontadas dos empregados no mes de novembro de 2000. Em sua a$ao fiscal, a qual nao foi oposta nenhuma resistencia, os auditores fiscais constataram a irregu- laridade, procedendo a notifica^ao da empresa Celta. Ato contmuo - antes, portanto, do oferecimento da denuncia pelo Ministerio Publico Federal Manoei encaminhou expediente a entidade tributante por meio do qua! reconhecia o acerto da a^ao fiscal e confessava a divida. Nessa situa^ao, estara extinta a punibiiidade do crime cometido por Manoei.

II - Considere a seguinte situa^ao hipotetica: No exerci'cio de sua atividadefuncional, Caio inseriu alteragao nao autorizada no sistema de Informa^oes

;■ do INSS, elevando substancialmente o valor dos beneffcios pagos a segu­rados previa mente contactados por ele, para efeito de divisao do produto do crime. Todavia, o procedimento de Caio acionou os mecanismos de seguranga do sistema, de modo que as alteragoes foram bioqueadas eo servidor que as introduzia foi identificado. Nessa. situa$ao nao havera crime, haja vista a impossibilidade de consuma<;ao do dano ao patrimonio publico (AFPS/2001 - CESPE}.

II! - Considere a seguinte situa^ao hipotetica: Graco e Mateus eram detentores, em partes iguais, das quotas sociais da empresa Delta, numa sociedade de responsabilidade limitada, criada em novembro de 2000. Mateus, servidor publico federal, nao participava da gestao da empresa, tendo-se definido, no respectivo contrato social, que a gerencia da sociedade seria desempe- nhada por Graco ou por procurador por ele designado. Ocorreu, entao, que, em uma acao fiscal, os auditores fiscais constataram que as anota<;des nas

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carteiras de trabalho e previdencia social (CTPSs) dos empregados daquela empresa nao eram verdadeiras. Os fiscais obtiveram provas de que eram anotados saiarios menores que os efetivamente pagos, o que acarretava recolhimentos menores, a titulo de contributes sociais, por parte dos segurados e da empresa. Nessa situa^ao, Mateus nao respondera pelos crimes praticados no ambito da empresa. Ademais, entre outras san^oes, a empresa Delta podera ficar sujeita a suspensao de emprestimos e finan- ciamentos concedidos por institutes financetras oficiais e a inabilitacao para iicitar e contratar com qualquer orgao ou entidade da administrate publica federal {AFPS/2001 - CESPE).

Os itens que estao errados sao:a) I e I!b) II e illc) I e Hid) todose) nenhum

231. Julgue os seguintes itens:! - Em razao de serias dificuldades de ordem financeira, determinada empresa

deixou de recolher aos cofres previdenciarios as contribuicoes descon- tadas de seus empregados. Nessa situa^ao, mesmo que as dificuldades' financeiras da empresa nao tenham repercutido no patrimonio pessoa! dos socios-gerentes, nao tera havido qualquer ilicitude a legitimar a per­secute penal.

II - Ao adquirir um pequeno supermercado, Jonas verificou que parte dos saiarios dos empregados era paga a margem dos recibos salariais, com a supressao das contributes previdenciarias correspondentes. Embora nao exlstisse qualquer a$ao fiscal contra a empresa, Jonas dirigiu-se a previdencia social para regularizar a situa^ao, confessando os valores das contributes devidas. Nessa situa^ao, embora tenha havido o crime de sonegacao de contribuicao previdenciaria, o antigo titular do empreen- dimento nao respondera criminalmente, por estar extinta a punibilidade (Delegado Policia Federa i/2004 - CESPE).

ill - Constitui crime deixar de pagar saiario-famflia, salario-maternidade ou ou~ tro beneffcio devido ao segurado, quando as respectivas quotas e valores ja tiverem sido reembolsados a empresa, salvo por motivo de falencia ou concordata (Delegado da Polfcia Federal/97 - CESPE).

Os itens que estao errados sao:a) I e iib) li e Hic) I e tilc) todosd) nenhum

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232. (Delegado da Polfcia Federal/97/Cespe-UnB/adaptada) Juigue os itens abaixo.I - Constitui contraven^ao penal deixar de incluir na folha de pagamentos

da empresa os segurados empregado, empresario, trabaihador avulso ou autonomo que lhe prestem servigos, salvo por motivo de forga maior.

II - O nao lan^amento nos tftulos contabeis proprios da empresa dos valoresprevidenciarios descontados dos segurados caracteriza, tao-so, infra^ao de ordem administrativa, que pode gerar a suspensao de eventuais em- prestimos obtidos pela empresa junto a entidades financeiras oficiais.

III - Alem da inabilitagao para licitar e contratar diretamente com quaisquer6rgaos da administrate direta ou indireta federal, estadual,. municipal ou do Distrito Federal, a empresa que transgredir as normas da legisia£ao previdenciaria sujeitar-se-a, entre outras medidas restritivas de direitos, a interd igao para o exerctcio do comercio, caso seja sociedade mercanttl ou comerciante individual, e a revisao de incentivos fiscais de tratamento tributario especial.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e IIIc) I e HId) todose) nenhum

233. As condutas abaixo relacionadas constituem crime de "apropria^ao indebita previdenciaria":I - Deixar de pagar beneffcio devido a segurado, quando as respectivas cotas

ou valores ja tiveram sido reembolsados a empresa pela previdencia.II - Deixar de recolher as contributes a cargo da empresa incidentes sobre

a remunera^ao do segurado contribuinte individual.III - Deixar de recolher contributes devidas a previdencia social que tenham

integrado despesas contabeis ou custos relativos a venda de produtos ou a prestacao de servi os.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) 11 e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

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234. (Analista de Controle lntemo/Pernambuco/FGV/2009) A respeito do crime desonegacao de contribuicao previdenciaria, previsto no art. 337-A do CodigoPenal, asslnale a afirmativa incorreta.

a) Uma das modalidades de sonegacao e a omissao, total ou parcial, de receitas ou lucros auferidos, remuneracoes pagas ou creditadas e demais fatos gera- dores de contribuicoes soctais previdenciarias.

b) Constitui sonegacao de contribuicao previdenciaria o agente deixar de lancar mensalmente nos tftulos proprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de servicos.

c) £ facuitado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primario e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuicoes devidas, inclusive acessorios, seja igual ou inferior aquele estabelecido pela previdencia social, administrativamente, como o minimo para o ajuizamento de suas executes fiscais.

d) £ extinta a punibilidade se o agente efetuaro pagamento integral dos debitos oriundos de tributos e contribuicoes sociais, inclusive acessorios, ainda que apos o recebimento da denuncia.

e) £ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuicoes, importancias ou valores e presta as informacoes devidas a previdencia social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do inicio da acao criminal.

235. Julgue os itens abaixo.I - A seguridade social, por meio de seus orgaos competentes, promovera a

apreensao dos comprovantes de arrecadacao e de pagamento de bene- ffcios, mediante a lavratura do termo respectivo, para fins de apuracao de delitos contra a previdencia.

II - A pessoa juridica assume a condicao de sujeito ativo dos delitos previstoscontra a seguridade social, sem prejufzo da responsabilidade pessoal do titular defirma individual, dos sodos solidarios, dos gerentes e dos direto- res ou administradores que participem ou tenham partidpado da gestao da empresa benefidada pelos delitos, assim como o segurado que tenha obtido vantagens (FISCAL/INSS/98 - CESPE).

III - Em relacao ao crime de apropriacao indebita previdenciaria, a pena comi-nada e de reclusao de dois a cinco anos ou multa.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e IIIc) I e 111d) todose) nenhum

Capitulo 17

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Por infra^ao a qualquer dispositivo das Leis 8.212/91, 8.213/91 e 10.666/2003, para a qual nao haja penalidade expressamente cominada, fica o responsavel sujeito a multa variavel de R$ 1.523,57 a R$ 152.355,73, conforme a gravidade da infra^ao (RPS, art. 283).219

I . Valores das multas

i - a partir de R$ l .5 2 3 ,5 7 nas seguintes infracoes:

a) deixar a empresa de preparar folha de pagamento das remune­ra te s pagas, devidas ou creditadas a todos os segurados a seu servi^o, de acordo com o Regulamento da Previdencia Social e com os demais padroes e normas estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil;

b) deixar a empresa de se matricular no Cadastro Espedfico do INSS (CEI), dentro de trinta dias contados da data do inicio de suas atividades, quando nao sujeita a inscrigao no CNPJ;

c) deixar a empresa de descontar da remunera^ao paga aos se­gurados a seu servi^o importancia proveniente de divida ou responsabilidade por eles contraida junto a seguridade social, relativa a beneficios pagos indevidamente;

d) deixar a empresa de matricular no Cadastro Espedfico do INSS (CEI) obra de construcao civil de sua propriedade ou executada sob sua responsabilidade no prazo de trinta dias do inicio das respectivas atividades;

e) deixar o Titular de Cartorio de Registro Civil de Pessoas Natu- rais de comunicar ao INSS, ate o dia dez de cada mes, a ocor- rencia ou a nao ocorrencia de obitos, no mes imediatamente anterior, bem como enviar informacoes inexatas, a respeito de nome, filiacao, data e local de nascimento das pessoas falecidas;

f) deixar o dirigente dos orgaos municipals competentes de prestar ao INSS as informacoes concernentes aos alvaras, “habite-se” ou documento equivalente, relativos a construcao civil, ate o dia10 do mes seguinte as ocorrencias;

g) deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuicoes devidas pelos segurados a seu servico;

219 Os valores das multas previstas neste capitulo foram atualizados, a partir de 1°/01/2011, pelaPortaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

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h) deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil profissio- grafico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabaihador e de fornecer a este, quando da rescisao do contrato de trabalho, copia autentica deste documento.

II - a partir de R$ 15.235,55 nas seguintes infra^oes:

a) deixar a empresa de lan^ar mensalmente, em titulos proprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contributes, o montante das quantias descontadas, as contribu tes da empresa e os totais recolhidos;

b) deixar a empresa de apresentar a Secretaria da Receita Federal do Brasil os documentos que contenham as informa^oes ca~ dastrais, financeiras e contabeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, ou os esclarecimentos necessarios a fiscaliza^ao;

c) deixar o servidor, o serventuario da Justi^a ou o titular de serventia extrajudicial de exigir documento comprobatorio de inexistencia de debito, quando da contrata^ao com o poder publico ou no recebimento de beneffcio ou de incentivo fiscal ou crediticio;

d) deixar o servidor, o serventuario da Justi^a ou o titular de serventia extrajudicial de exigir o documento comprobatorio de inexistencia de debito, quando da aliena^ao ou onera^ao, a qualquer tftulo, de bem imovel ou direito a ele relativo;

e) deixar o servidor, o serventuario da Justi<;a ou o titular de ■§ serventia extrajudicial de exigir a apresenta^ao do documento comprobatorio de inexistencia de debito na aliena^ao ou one- « ra^ao, a qualquer tftulo, de bem movel incorporado ao ativo ^ permanente da empresa, de valor superior a R$ 38.088,56; 220 ^

f) deixar o servidor, o serventuario da Justi^a ou o titular de serventia extrajudicial de exigir documento comprobatorio de inexistencia de debito no registro ou arquivamento, no orgao ^ proprio, de ato relativo a baixa ou redu^ao de capital de firma |> individual, redu^ao de capital social, cisao total ou parcial, §• transforma^ao ou extingao de entidade ou sociedade comercialou civil e transferencia de controle de cotas de sociedades de S;*responsabilidade limitada; |

_____________ ^220 Valor atualizado, a partir de 1 “701/2011, pela Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

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g) deixar o servidor, o serventuario da Justica ou o titular de serventia extrajudicial de exigir documento comprobatorio de inexistencia de debito do proprietario, pessoa fisica ou juridica, de obra de construcao civil, quando da averbacao de obra no Registro de Imoveis;

h) deixar o servidor, o serventuario da Justica ou o titular de serventia extrajudicial de exigir documento comprobatorio de inexistencia de debito do incorporador, quando da averbacao de obra no Registro de Imoveis, independentemente do docu­mento apresentado por ocasiao da inscricao do memorial de incorporacao;

i) deixar o dirigente da entidade da administracao publica direta ou indireta de consignar as dotacoes necessarias ao pagamento das contribuicoes devidas a seguridade social, de modo a asse- gurar a sua regular liquidacao dentro do exercicio;

j) deixar a empresa, o servidor de orgao publico da administracao direta e indireta, o segurado da previdencia social, o serventuario da Justica ou o titular de serventia extrajudicial, o sindico ou seu representante, o comissario ou o liquidante de empresa em liquidacao judicial ou extrajudicial, de exibir os documentos e livros relacionados com as contribuicoes previstas neste Regu­lamento ou apresenta-los sem atender as formalidades legais exigidas ou contendo informacao diversa da realidade ou, ainda, com omissao de informacao verdadeira;

1) deixar a entidade promotora do espetaculo desportivo de efetuaro desconto da contribuicao de 5% incidente sobre a receita bruta decorrente dos espetaculos;

? m) deixar a empresa ou entidade que repassa recursos a associacao desportiva de reter a contribuicao de 5% incidente sobre receita bruta de qualquer forma de patrocinio, licenciamento de uso de marcas e simbolos, publicidade, propaganda e transmissao de espetaculos desportivos;

n) deixar a empresa de manter laudo tecnico atualizado com refe­renda aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou emitir documento de comprovacao de efetiva exposicao em desacordo com o respectivo laudo.

Considera-se dirigente, para os fins do disposto neste Capitulo, aquele que tem a competencia funcional para decidir a pratica ou nao

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do ato que constitua infra^ao a legisla^ao da seguridade social (RPS, art. 283, § 1°).

Passemos, agora, ao estudo de outras infra^oes para as quais a legisla^ao preve a aplica^ao de uma multa diferenciada.

1 1 infracoes relaaonadas a G FIP

Mensalmente, a empresa e obrigada a apresentar GFIP, tendo como objetivo declarar a Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do FGTS, na forma, prazo e condi^oes estabelecidos por esses orgaos, dados relacionados a fatos geradores, base de calculo e valores devidos da contribui^ao previdenciaria e outras informa^oes de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS (Lei n° 8.212/91, art. 32, IV).

0 contribuinte que deixar de apresentar a GFIP no prazo fixado ou que a apresentar com incorre^oes ou omissdes sera intimado a apre- senta-la ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-a as seguintes multas:

1 - de 2% ao mes-calendario ou fra^ao, incidente sobre o montantedas contribu tes informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declara^ao ou entrega apos o prazo, limitada a 20%. Para este fim, sera considerado como termo inicial o dia seguinte ao termino do prazo fixado para entrega da declara^ao e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nao apresenta^ao, a data da lavratura do auto de infra^ao ou da notificacao de lan^amento;

II - de R$ 20,00 para cada grupo de dez informa^oes incorretas ou omitidas.

As multas serao reduzidas: (I) a metade, quando a declara<;ao for apresentada apos o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofi- cio; ou (II) a 75%, se houver apresenta^ao da declara^ao no prazo fixado em intima<;ao.

A multa minima a ser aplicada sera de: (I) R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de omissao de declara<;ao sem ocorrencia de fatos geradores de contribui^ao previdenciaria; e (II) R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.

Capitulo 18

« Infracoes a

legislagaoprevidencidria

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A empresa Alfa Ltda, deixou de entregar a GtIF reiativa a compe- tencia 01/2009. A contribuicao previdenciaria devida pela empresa nesta: compet£nci’a' foi de R$ 200,000,00: lEm 24/05/2009, 0 Au- ; ditor-Fiscal, constatando a falta cometida pela empresa, lavrou o auto de infracao, obietivando a aplicacao da correspondente multa.

Exeihplo:

1 2 . Falta de inscricao de segurado

A falta de inscricao do segurado sujeita o responsavel a multa de R$ 1.329,18, por segurado nao inscrito (RPS, art. 283, § 2°),

1 .3 . Falta de comunicacao de ocldente do trabalho

Conforme dispoe o art. 336 do Regulamento da Previdencia so­cial, a empresa devera comunicar a previdencia social os acidentes do trabalho, ocorridos com os segurados empregado e trabalhador avulso.

A comunicacao devera ser feita, por meio da CAT (Comunicacao de acidente de Trabalho) ate o primeiro dia util seguinte ao acidente e, em caso de morte de imediato.

A infracao a este dispositivo legal sujeita a empresa a multa vari- avel entre os limites mmimo e maximo do salario-de-contribuicao, por acidente que tenha deixado de comunicar nesse prazo. ,

A multa sera elevada em duas vezes o seu valor a cada reincidencia.A multa sera aplicada no seu grau mmimo na ocorrencia da pri-

meira comunicacao feita fora do prazo estabelecido neste artigo, ou nao comunicada,

O segurado que sofreu o acidente de trabalho tem garantia, pelo prazo minimo de 12 meses, a manutencao do seu contrato de trabalho na empresa, apos a cessacao do auxilio-doenca acidentario, indepen- dentemente da percepcao de auxilio-acidente.

Acidente do trabalho e o que ocorre pelo exercicio do trabalho a servico da empresa ou pelo exercicio do trabalho do segurado especial,

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provocando lesao corporal ou perturba^ao funclonal que cause a morte ou a perda ou redu^ao, permanente ou temporaria, da capacidade para o trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 19).

De acordo com o art. 20 da Lei n° 8.213/91, consideram-se ainda acidente do trabalho:

I - doenca professional, assim entendida a produzida ou desen-cadeada pelo exerdcio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva rela^ao elaborada pelo Ministerio da Previdencia Social;

II - doenca do trabalho, assim entendida a adquirida ou desen-cadeada em fun^ao de condicoes especiais em que o trabalho e realizado e com ele se relacione diretamente, constante da rela^ao mencionada no inciso I.

A rela^ao de agentes patogenicos causadores de doen^as profis- sionais ou do trabalho encontra-se no anexo II do Regulamento da Pre­videncia Social (RPS).

Em caso excepcional, constatando-se que a doenca nao incluida na citada rela^ao resultou das concludes especiais em que o trabalho e executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdencia Social deve considera-la acidente do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 20, § 2°).

Nao sao consideradas como doenca do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 20 , § 1°):

a) a doenca degenerativa; ab) a inerente a grupo etario; [[c) a que nao produza incapacidade laborativa; 1d) a doenca endemica adquirida por segurado habitante de regiao *

em que ela se desenvolva, salvo comprovacao de que e resultante ^ de exposi<;ao ou contato direto determinado pela natureza do * trabalho. I'

De acordo com o art. 21 da Lei n° 8.213/91, equiparam-se tambem ^ao acidente do trabalho: g;

I ~ o acidente ligado ao trabalho que, embora nao tenha sido a causa unica, haja contribuido diretamente para a morte dosegurado, para redu^ao ou perda da sua capacidade para o S,trabalho, ou produzido lesao que exija aten^ao medica para § a sua recupera^ao;

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II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horario dotrabalho, em consequencia de:

a) ato de agressao, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa fisica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudencia, de negligencia ou de impericia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razao;e) desabamento, inunda^ao, incendio e outros casos fortuitos ou

decor rentes de for^a maior;

III - a doenca proveniente de contaminacao acidental do empre­gado no exerricio de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local ehorario de trabalho:

a) na execucao de ordem ou na realiza^ao de servi^o sob a autori- dade da empresa;

b) na prestacao espontanea de qualquer servi90 a empresa para lhe evitar prejuizo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviipo da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de se us pianos para melhor capacita- cao da mao de obra, independentemente do meio de locomo^ao utilizado, inclusive veiculo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residencia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomo^ao, inclusive veiculo de propriedade do segurado.

Nos periodos destinados a refeicao ou descanso, ou por ocasiao da'satisfa^ao de outras necessidades fisiologicas, no local do traba­lho ou durante este, o empregado e considerado no exercicio do trabalho (Lei n° 8.213/91, art. 21,1°).

1.4 . infrncoes reiacionodas a GPS

Com relacao a Guia de Previdencia Social - GPS, a empresa e obrigada a;

a) Encaminhar ao sindicato representative da categoria profissional mais numerosa entre seus empregados, ate ao dia 10 de cada mes, copia da GPS relativa a competencia anterior;

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| b) Afixar, no quadro de horario, copia da GPS, relativa a compe-| tencia anterior, durante um mes.

Multa: Pelo descumprimento dessas obligates sera aplicada multa de R$ 200,44 a R$ 20.045,33, para cada competencia em que te­nha havido a irregularidade (RPS, art. 287, caput)221,

1 .5 . In s titu te s financeiras

a) Verificacao de CND na internet.As in stitu tes financeiras ficam obrigadas a verificar, por meio

da internet a autenticidade da Certidao Negativa de Debito - CND apresentadas pelas empresas com as quais tenham efetuado operates de credito que envolvam:

❖ Recursos publicos, inclusive os provenientes de fundos cons- titucionais e de incentivo ao desenvolvimento regional (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, Fundo Constitu- cional de Financiamento do Nordeste, Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste, Fundo de Desenvolvimento da Amazonia e Fundo de Desenvolvimento do Nordeste);

❖ Recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Servi^o (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa^ao (FNDE); ou

❖ Recursos captados atraves de Caderneta de Poupan^a.

Multa: O descumprimento desta obriga^ao sujeitara a institui^ao financeira a multa de R$ 44.545,17 (RPS, art. 287, paragrafo unico, I)222.

b) Exigencia de CND

A institui^ao financeira e obrigada a exigir das empresas com as quais tenham efetuado operates de credito que envolvam os mesmos recursos enumerados no item anterior.

Multa: O descumprimento desta obriga^ao sujeitara a institui^ao fi­nanceira a multa de R$ 222.725,83 (RPS, art. 287, paragrafo unico, II) 223.

221 Valores atualizados, a partir de 1°/01/2011, peia Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.222 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2011, pela Portaria MPS/MF n0 568, de 31/12/2010.223 Valor atualizado, a partir de 1*701/2011, pela Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

Capitulo 18

♦ Infrafdes a

legislagdo previdencidria

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‘Bstas;.;du^s: obligates, iesp^cihCas para as .instiWi^pes: fmanceu-as,; :deyerao seiy

nos fedinji!;? ^^

1.6 . Orgao gestor de mao de obra

O Orgao Gestor de Mao de obra - OGMO devera, quando exi- gido pela fiscaliza^ao do INSS, exibir as listas de escala^ao diaria dos trabalhadores portuarios avulsos, por operador portuario e por navio. Cabera exclusivamente ao OGMO a responsabilidade pela exatidao dos

a) De R$ 173,00 a R$ 1.730,00 pelo descumprimento da obriga^ao de exibir as listas de escala^ao diaria dos trabalhadores portu­arios avulsos;

b) De R$ 345,00 a R$ 3.450,00 pelo lan^amento de dados inexatos nessas referidas listas.

As demais infra^oes a dispositivos da legisla^ao, para as quais naohaja penalidade expressamente cominada, sujeitam o infrator a multa

„ de R$ 1.523,57 (RPS, art. 283, § 3°).224 §

I " 2 . Circunsfancias ogravanfes da penalidade♦

.2 Constituem circunstancias agravantes da infra^ao, das quais de-| pendera a grada^ao da multa, ter o infrator:® /~ a) Tentado subornar servidor dos orgaos competentes;& b) Agido com dolo, fraude ou ma-fe;

■| c) Desacatado, no ato da a^ao fiscal, o agente da fiscaliza^ao;3 d) Obstado a a<;ao da fiscaliza^ao; ou^ e) Incorrido em reincidencia.

dados lan^ados nessas listas diarias.

Multas:

1 7 . Demais infracoes

o3Co2 224 Valor atualizado, a partir de 1*701/2011, pela Portaria MPS/MP n° 568, de 31/12/2010.

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Caracteriza reincidencia a pratica de nova infracao a dispositivo da legisla^ao por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrivel administrativamente a decisao condenatoria, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes a autua^ao anterior (RPS, art, 290, paragrafo unico).

3 . Gradacdo dos multas

As multas serao aplicadas da seguinte forma:

a) Na ausencia de agravantes, serao aplicadas nos valores mmimos;b) Tentar subornar servidor dos orgaos competentes e agir com

dolo, fraude ou ma-fe elevam a multa em tres vezes;c) Desacatar, no ato da a^ao fiscal, o agente da fiscalizacao e obstar

a a^ao da fiscalizacao elevam a multa em duas vezes;d) A multa sera elevada em tres vezes a cada reincidencia no mes-

mo tipo de infracao, e em duas vezes em caso de reincidencia em infra^oes diferentes, observados os valores maximos de R$ 152,355,73225 e, no caso de acidente de trabalho, o limite maximo do salario-de~contribui$ao por acidente que tenha deixado de comunicar dentro do prazo;

4 . Auto de infracao - Ai

O descumprimento de uma obriga^ao acessoria faz surgir uma obriga^ao principal, de conteudo pecuniario, que e a multa. O credito correspondente a esta multa e constitufdo por meio de auto de infracao.

Constatada a ocorrencia de infracao a dispositivo da Legislacao Previdenciaria, o Auditor-Fiscal lavrara auto de infracao com discrimi- nacao clara e precisa da infracao e das circunstancias em que foi pra- ticada, contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os criterios de gradacao, e indicando local, dia, hora de sua lavratura, observadas as normas fixadas pelos orgaos competentes (RPS, art. 293).

225 Valor atualizado, a partir de 1°/01/2011, peia Portaria MPS/MF n° 568, de 31/12/2010.

Capitulo 18

♦ Infragoes a

legislafdoprevidencidria

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Exerarios de Flxacao

236. (Fiscal/INSS/98/Cespe-UnB) Julgue os seguintes itens.i - A comunicagao de acidente de trabalho a previdencia social a cargo da

empresa, deve ser feita nos cinco dias seguintes ao da ocorrencia, sob pena de multa.

il - Quando o acidente de trabalho resultar no faledmento do segurado, a comunica^ao a autoridade competente devera ser feita imediatamente, sob pena de multa de valor igual ao limite maximo estabelecido para o salario-de-contribui ao.

Ill- A falta de inscri ao do segurado sujeita o responsavel a multa de R$ 1.254,89, por segurado nao inscrito.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) li e Hic) i e illc) todosd) nenhum

237. Com rela<;ao as situates caracterizadas como infra^ao a legisla^ao previden­ciaria, nao sera lavrado auto de infra^ao (Al) quando:a) Deixar a empresa deian<;armensalmente,emtftuios proprios de sua contabi-

lidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contributes, o montante das quantias descontadas, as contributes da empresa e os totals recoihidos.

b) Deixar a empresa de efetuar os descontos das-contributes devidas peios segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu servt-

c) A empresa recolher as contributes descontadas dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu s e r v t

rd) Deixar a empresa de eiaborar e manter atualizado perfii profissiografico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabaihador e de fornecer a este, quando da resdsao do contrato de trabalho, copia autentica deste documento.

e) Deixar a empresa ou entidade que repassar recursos a associagao desportiva que mantem equipe de futeboi professional, a tftulo de patrocmio, licencia- mento de uso de marcas e sfmbolos, pubiicidade, propaganda ou transmissao de espetacuios, de efetuar o desconto de 5% da receita bruta.

238. Julgue os seguintes itens,i - Constitui infra^ao a legisla^ao previdenciaria eiaborar folha de pagamen­

to fora dos padroes e normas estabelecidos pela iegisla^ao pertinente. Constatado o cometimento de infra^ao a dispositivos da lei previdenciaria

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devera ser lavrado o respectivo auto de infra^ao e cominada a penalidade cabivel.

II - Constatada a ocorrencia de descumprimento de obriga^ao acessoriaprevista em lei, cumpre a autoridade administrativa lavrar o respectivo auto de infra^ao com imposi ao de multa, sendo o lan^amento um ato vinculado e obrigatorio sob pena de responsabiiidade funcional.

III - Constitui infra^ao a legislate previdenciaria a entrega de GFIP contendoinforma^oes inexatas ou incompletas ou com omissao de informa0es.

Os itens que estao certos sao:a) i e lib) II e IIIc) I e IIId) todose) nenhum

239. Assinaie, dentre as op0es abaixo, a unica que nao representa uma circunstanciaagravante da infra^ao.a} Tentar subornar servidor dos orgaos competentes.b) Agir com dolo, fraude ou ma-fe.c) Desacatar, no ato da a$ao fiscal, o agente da fiscaliza^ao.d) Colaborar com a fiscalizagao.e) Incorrer em reincidencia.

240. Juigue os seguintes itens:I - Caracteriza infra<;ao a legislagao previdenciaria a empresa apresentar

documentos ou livros, relacionados com as contributes previdenciarias, que nao atendam as formalidades legais exigidas. S'

H - A autoridade que atenuar ou relevar multa recorrera de oficio para o Con- selho de Recursos da Previdencia Social. 3"

III - Constatada a ocorrencia de infra^ao a dispositivo da Legisla^ao Previden- « ciaria, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil dara um prazo de 15 * dias para que o contribuinte regularize sua situapo. Nao sendo cumprida a exigencia fiscal dentro do prazo fixado, o Auditor-Fiscal lavrara auto de * infra^ao com discriminagao clara e precisa da infra^ao e das circunstancias em que foi praticada, dispositivo legal infringido e a penalidade aplicada *»<■ e os criterios de sua grada^ao, indicando local, dta e hora de sua lavratura.

e) nenhum

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) lie IIIc) I e 111d) todos

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Neste capitulo, estudaremos as regras relativas ao processo ad­ministrative de natureza contenciosa. Esta especie de processo visa a assegurar, no ambito administrativo, a ampla defesa aos contribuintes e beneficiarios da Previdencia Social.

1. Processo relativo ao custeio previdenciario

Atualmente, por for^a do art. 25 da Lei n° 11.457/2007, o processo administrativo fiscal relativo as contribu tes previdenciarias regula-se pelas normas do Decreto n° 70.235/72.

Formalizada a exigencia pela lavratura de Auto de Infracao ou Notifica^ao de Lan^amento, tres hipoteses sao possiveis: (I) o sujeito passivo cumpre a exigencia atraves do pagamento ou pedido de parce­lamento; (II) o sujeito passivo apresenta impugna^ao para contestar a exigencia fiscal; ou (III) se da a revelia (ausencia do contraditorio pelo nao comparecimento do sujeito passivo ao processo).

l . L Competencia para julgar o processo

O julgamento do processo compete: (I) em primeira instancia, as De- legacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), orgaos de deli- bera ao interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal do Brasil; (II) em segunda instancia, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, orgao colegiado, paritario, integrante da estrutura do Ministerio da Fazenda, com atribuicao de julgar recursos de oficio e voluntarios de deci­sao de primeira instancia, bem como recursos de natureza especial

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sera constituido por se<;6es e pela Camara Superior de Recursos Fiscais.

As se^oes serao especializadas por materia e constituidas por ca­meras, podendo estas ser divididas em turmas. O Ministro de Estado da Fazenda podera criar, nas seqoes, turmas especiais, de carater tem- porario, com competencia para julgamento de processos que envolvam valores reduzidos, que poderao funcionar nas cidades onde estao locali- zadas as Superintendencias Regionais da Receita Federal do Brasil.

A Camara Superior de Recursos Fiscais sera constituida por tur­mas, compostas pelos Presidentes e Vice-Presidentes das camaras.

1.2. Impugnacao

Impugnacao e a forma que o sujeito passivo utiliza para mani- festar sua inconformidade com a exigencia fiscal. Ou seja, se o sujeito passivo discordar do lan^amento de oficio, podera impugna-lo.

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A impugna^ao instaura a fase litigiosa do procedimento; suspen- de a exigibilidade do credito tributario e a fluencia do prazo prescricio- nal para propositura, pela Fazenda Nacional, da a^ao de execu^ao fiscal

A impugna^ao, formalizada por escrito e instruida com os docu- mentos em que se fundamental sera apresentada ao orgao preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intima^ao da exigencia (Decreto n° 70.235/72, art. 15, caput).

Assim, recebido o Auto de Infra^ao, o sujeito passivo tera o prazo de 30 dias para efetuar o pagamento ou apresentar impugna^ao. Nao sendo cumprida nem impugnada a exigencia, a autoridade preparado- ra declarara a revelia, permanecendo o processo no orgao preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobran^a amigavel (Decreto n° 70.235/72, art. 21, caput). Esgotado o prazo de cobran^a amigavel sem que o credito tenha sido pago ou parcelado, o orgao preparador encaminhara o pro­cesso para inscri<;ao em Divida Ativa da Uniao (DAU).

Considera-se nao impugnada a materia que nao tenha sido ex- pressamente contestada pelo impugnante (Decreto n° 70.235/72, art. 17). On seja, a omissao do sujeito passivo em contradizer algum item da exigencia fiscal na impugna^ao, por si so, ja caracteriza a concord&ncia em rela^ao aquela parte.

No caso de impugnacao parcial, nao cumprida a exigencia relati- va a parte nao litigiosa do credito tributario, o orgao preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciara a forma^ao de autos apartados para a imediata cobran^a da parte nao contestada, consig- nando essa circunstancia no processo original (Decreto n° 70.235/72, art. 21, § 1°).

Apresentada a impugnacao, o processo, formado a partir do Auto de Infra^ao ou da Notifica^ao de Lan^amento, sera submetido ao julga­mento da Delegacia da .Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), que decidira sobre a procedencia ou nao do lan^amento. A autoridade julgadora de primeira instancia determinara, de oficio ou a requeri- mento do impugnante, a realiza^ao de diligencias ou pericias, quando entende-las necessarias, indeferindo as que considerar prescindiveis ou impraticaveis (Decreto n° 70.235/72, art. 18, caput). Deferido o pedido de pericia ou determinada de oficio sua realiza^ao, a autoridade prepa- radora designara servidor para, como perito da Uniao, a ela proceder e intimara o perito do sujeito passivo para realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que sera fi­xado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados (Decreto n° 70.235/72, art. 18, § 1°). No ambito da Secretaria da Receita

Capitulo 19

•» Recursos das decisSes adm

inistrativas

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esFederal do Brasil - RFB, a designa^ao de servidor para proceder aos exames relativos a diligencias ou perfcias recaira em Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (Decreto n° 70.235/72, art. 20).

Quando, em exames posteriores, diligencias ou pericias, realiza- dos no curso do processo, forem verificadas incorrecoes, omissoes ou inexatidoes de que resultem agravamento da exigencia inicial, inova^ao ou altera^ao da fundamenta^ao legal da exigencia, sera lavrado auto de infracao ou emitida notifica^ao de lan^amento complementar, devol- vendo-se, ao sujeito passivo, prazo para impugnacao no concernente a materia modificada (Decreto n° 70.235/72, art. 18, § 3°).

Em qualquer fase do processo, o sujeito passivo podera desistir da impugnacao. A desistencia sera manifestada em peti^ao ou termo nos autos do processo. O pedido de parcelamento, a confissao irretratavel da divida ou a extin^ao do credito, por qualquer modalidade, importa em desistencia da impugnacao.

1 .3 . Recurso dirigido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais

O objetivo do recurso e o reexame da decisao de primeira instan­cia (DRJ) pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

O autor do recurso pode ser o contribuinte notificado ou a pro­pria autoridade julgadora, conforme a decisao originaria tenha sido pela procedencia ou improcedencia da exigencia fiscal.

1 .3 .1 . Recurso volunttirio

Da decisao de primeira instancia (DRJ) cabera recurso voluntario, com efeito suspensivo, dirigido ao Conselho Administrativo de Recur­sos Fiscais (Decreto n° 70.235/72, art 33, caput). Ou seja, se a impugna- 9ao apresentada pelo sujeito passivo nao for acolhida na primeira ins­tancia, ele podera recorrer para a segunda instancia.

O prazo para interposicao do recurso e de trinta dias, contados da ciencia da decisao de primeira instancia. Decorrido o prazo sem queo recurso tenha sido interposto, sera o sujeito passivo cientiiicado do transito em julgado administrativo e intimado a regularizar sua situa- Cao no prazo de trinta dias, contados da ciencia da intimacao. Esgotados os meios de cobran<;a amigavel, o processo sera encaminhado ao orgao competente para inscricao em Divida Ativa da Uniao.

No caso de recurso parcial, nao cumprida a exigencia relativa a parte nao litigiosa do credito, o orgao preparador, antes da remessa dos autos a julgamento, providenciara a formacao de autos apartados para a

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I

imediata cobran^a da parte nao contestada, consignando essa circuns­tancia no processo original.

O sujeito passivo sera cientificado da decisao do Conselho Admi­nistrative de Recursos Fiscais e intimado, se for o caso, a cumpri-la, no prazo de trinta dias, contados da ciencia da intimacao. Nao cumprida a exigencia dentro deste prazo, o processo sera encaminhado ao orgao competente para inscri^ao em Divida Ativa da Uniao.

1 .3 .2 . Recurso de oficio

0 Presidente de Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrera de oficio ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sempre que a decisao: (I) declarar indevida contri- bui^ao ou outra importancia apurada pela fiscaliza^ao; e (II) relevar ou atenuar multa aplicada por infra^ao a legisla^ao previdenciaria.

Todavia, o Ministro de Estado da Fazenda pode estabelecer limi- te abaixo do qual sera dispensada a interposi^ao do recurso de oficio (RPS, art. 366, § 3°). Atualmente, com base nesta regra, somente devera ser interposto recurso de oficio dirigido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais das Decisoes e Despachos-Decisorios que:

1 - declararem indevida, em valor total (principal, multa e juros)superior a R$ 200.000,00, contribui^ao ou outra importancia apurada pela fiscaliza^ao;

II - relevarem ou atenuarem, em valor superior a R$ 200.000,00,multa aplicada por infra^ao a dispositivos da Lei n° 8.212/91; e

III - declararem nulidade de Auto de Infra^ao com valor total ori-ginario (principal, multa e juros) superior a R$ 500.000,00.226

Nao cabera recurso de oficio da decisao que deferir pedido de restitui^ao de contribui^ao previdenciaria ou de reembolso (IN RFB n° 900/08, art. 68).

1 .4 . Recurso dirigido a Camara Superior de Recursos Fiscals

Nos casos de decisao que der a lei tributaria interpreta^ao divergente da que lhe tenha dado outra Camara, turma de C&mara, turma especial ou a propria Camara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), cabera recurso especial a Camara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias da ciencia do acordao ao interessado

226 Estes valores foram estabelecidos pela Portaria MRS n° 158, de 11/04/2007.

Capitulo 19

♦ Recursos das

decisoes administrativas

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(Decreto n° 70.235/72, art. 37, § 2°). Veja que a CSRF tera como unico foco a unificacao da interpretagao das normas tributarias.

1.5 . Esquema grdfico do processo administrativo fiscal

f Nos casos dc decisao que der a lei tributaria interpretagao divergence da que Ihe tenha j dado outra C§mara, turma de C§mara, turma especial ou a propria CSRF:.................................... J

2. Processo relativo aos beneficios previdencidrios

Das decisoes do INSS nos processos de interesse dos beneficia- rios cabera recurso para o Conselho de Recursos da Previdencia Social (CRPS).

E de 30 dias o prazo para interposi^ao de recursos, contados da ciencia da decisao (RPS, art. 305, § 1°). A partir da data da interposi^ao do recurso, inicia-se a contagem do prazo de 30 dias para o INSS ofere- cer contrarrazoes.

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Admitir ou nao o recurso e prerrogativa do CRPS, sendo veda- do a qualquer orgao do INSS recusar o seu recebimento ou sustar-lheo andamento, exceto quando reconhecido o direito pleiteado, antes da subida dos autos CRPS.

2 .1 . Instancias recursais

O Conselho de Recursos da Previdencia Social compreende os seguintes orgaos: (I) vinte e nove Juntas de Recursos, com competen- cia para julgar, em primeira instancia, os recursos interpostos contra as decisoes prolatadas pelos orgaos regionais do INSS, em materia de interesse de seus beneficiarios; (II) quatro Camaras de Julgamento, com sede em Brasilia, com a competencia para julgar, em segunda instancia, os recursos interpostos contra as decisoes proferidas pelas Juntas de Re­cursos que infringirem lei, regulamento, enunciado ou ato normativo ministerial; (III) Conselho Pleno, com a competencia para uniformizar a jurisprudencia previdenciaria (RPS, art. 303, § 1°).

Assim, em materia de interesse dos beneficiarios do RGPS, ha duas instancias recursais:

l a Instancia do CRPS: Junta de Recursos - JR, com a competen­cia para julgar os recursos interpostos contra decisoes prolatadas pelos orgaos regionais do INSS.

2a Instancia do CRPS: Camaras de Julgamento - Caj, com a com­petencia para julgar os recursos interpostos contra decisoes proferidas pelas Juntas de Recursos que infringirem lei, regulamento, enunciado ou ato normativo ministerial.

2 .2 . Efeito dos recursos

Os recursos tempestivos contra decisoes das Juntas de Recursos do CRPS tem efeito suspensivo e devolutivo (RPS, art. 308). Todavia, para es- tes fins, nao se considera recurso o pedido de revisao de acordao endere- ^ado as Juntas de Recursos e Camaras de Julgamento (RPS, art. 308, § 1°).

3 . Renuncia a instancia administrative

A propositura, pelo beneficiario ou contribuinte da Previdencia Social, de a^ao judicial que tenha por objeto identico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renuncia as instan-

Capitulo 19

o Recursos das decisoes adm

inistrativas

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cias administrativas e desistencia de eventual recurso interposto (Lei n° 8.213/91, art. 126, § 3°). Todavia, quando diferentes os objetos do pro­cesso judicial e do processo administrativo, este tera prosseguimento normal no que se relaciona a materia diferenciada.

Exerricios de Fixacao

241. Julgue os itens seguintes:I - Os recursos contra o langamento do credito da seguridade social, relativo

a contributes previdenciarias e para outras entidades e fundos, serao dirigidos ao Conselho de Recursos da Previdencia Social e interpostos no prazo de quinze dias.

II - A decisao administrativa que declarar indevida contribuicao ou outraimportancia apurada pela fiscalizacao ou que autorizar a restituigao ou compensacao de qualquer importancia nao produzira efeito apos seu exame pela autoridade administrativa imediatamente superior.

HI - Em se tratando de processo que tenha por objeto a discussao de credito previdenciario, o recurso somente tera seguimento se o recorrente pessoa juridica instrui-lo com prova de deposito de valor correspondente a 30% da exigencia fiscal definida na decisao.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e Hic) I e illd) todose) nenhum

242. Julgue os seguintes itens:I - Inconformado com a decisao do INSS que indeferiu seu pedido de apo-

sentadoria, Joaquim ingressou com um recurso administrativo na Junta de Recursos do INSS. Antes de seu recurso ser julgado, Joaquim ingressou, na Justica Federal, com agao judicial com identico pedido sobre o qual versavao recurso administrativo. O fato de Joaquim ter ingressado com a citada agao judicial, importou na desistencia do recurso administrativo por ele interposto.

Ji - A interposicao de recursos nos processos que tenham por objeto a discussao de credito previdenciario, sendo o recorrente pessoa fi'sica, independe de garantia de instancia.

III ~ As Juntas de Recursos do Conselho de Recursos da Previdencia Social naotem competencia para julgar materias de interesse dos contribuintes.

Os itens que estao certos sao:a) le i!b) II e 111

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c) I e HId) todose) nenhum

243. Julgue os seguintes itens:I - As Camaras de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdencia Social

nao tem competencia para julgar materias de interesses dos segurados do Regime Geral de Previdencia Social

II - A Secretaria da Receita Federal do Brasil nao pode exigir dos contribuintesa realiza^ao de deposito equivalente a 30% (trinta por cento) da exigencia fiscal para a admissibiiidade do recurso voluntario contra suas decisoes.

Hi - Das decisoes do INSS nos processos de interesse dos beneficiarios da segu- ridade social cabera recurso ao Conselho de Recursos da Previdencia Social.O prazo para interposi ao de recurso e de 30 dias, contados da ciencia da decisao.

Os itens que estao certos sao:a) I e 11b) II e fiic) I e IIId) todose) nenhum

244. Julgue os seguintes itens:1 - Em se tratando de processo que tenha por objeto a discussao de credito

previdenciario, o recurso somente tera seguimento se o recorrente pessoa juridica instrui-lo com prova de deposito de seu montante integral, em favor do INSS.

I! - Em se tratando de processo que tenha por objeto a discussao de credito previdenciario, o recurso somente tera seguimento se o recorrente pessoa fisica instrui-lo com prova de deposito, em favor do INSS, de valor corres- pondente a 30% da exigencia fiscal definida na decisao.

III - A interposigao de recursos nos processos que ten ham por objeto a discus­sao de credito previdenciario, sendo o recorrente pessoa fisica, e facultada a realiza^ao de deposito do valor do credito corrigido monetariamente, quando for o caso, acrescido de juros e multa de mora cabiveis, nao se sujeitando a novos acrescimos a contar da data do deposito.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e Hic) I e IIId) todose) nenhum

Capifulo 19

♦ Recursos das decisoes adm

inistrativas

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i - Ede 15 dias o prazo para interposi<;aode recursos e para ooferecimentode contrarrazoes, contados da ciencia da decisao e da interposi ao do recurso, respectivamente.

[I - A propositura, pelo segurado, dea<;ao judicial que tenha por objeto identico pedido sobre o qual versa o processo administrativo nao importa renuncia ao direito de recorrer na esfera administrative.

Ill - Das decisoes do INSS nos processos de interesse dos beneficiarios e dos contribuintes da seguridade social cabera recurso para as Juntas de Recur­sos do Conselho de Recursos da Previdencia Social.

Os itens que estao errados sao:a) 1 e IIb) lie INc) I e 111d) todose) nenhum

245. Julgues os seguintes itens:

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Divida ativa:inscrigao e execiig&o

judicial

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Considera-se Divida Ativa o credito proveniente de fato juridico gerador das obriga^des legais ou contratuais, desde que inscrito no livro proprio, em conformidade com os dispositivos da Lei de Execu^ao Fis­cal (Lei n° 6.830/80).

Para que o credito previdenciario possa ser inscrito em divida ativa e necessario que ja esteja definitivamente constituido. Eriquanto o lan^amento comportar altera^oes na propria esfera administrativa, o credito ainda nao esta definitivamente constituido. Assim, somente quando tais altera^oes nao mais forem possiveis, e que pode o credito ser inscrito em divida ativa.

A inscri^ao do credito na divida ativa e medidapreliminar neces- saria para que a entidade tributante possa cobra-lo judicialmente.

A partir de 01/05/2007, o debito original e seus acrescimos legais, bem como outras multas previstas em lei, relativo as contribuicoes pre­videnciarias, constituem divida ativa da Uniao, promovendo-se a inscri- Cao em livro proprio daquela resultante das con tribu tes previdencia­rias (caput do art. 39 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 16 da Lei n° 11.457/2007).

Tambem serao inscritas como divida ativa da Uniao as contribui­coes que nao tenham sido recolhidas ou parceladas resultantes das in­formacoes prestadas na GFIP (Lei n° 8.212/91, art. 39, § 3°).

2. Prerrogofivas do credito previdencidrlo

*§ A divida regularmente inscrita goza de presuncao de certeza e li-H* quidez e tem o efeito de prova pre-constituida. Essa presuncao e relati-# va, ou seja, admite prova em contrario. Caso o sujeito passivo entenda.2 o debito como indevido, cabera a este produzir os meios de prova para| tanto, interpondo embargos a execucao.~ A certidao textual do livro de in scrito da Divida Ativa (CDA)£ serve de titulo executivo extrajudicial para que a Uniao promova em| juizo a cobranca do credito previdenciario. Compete a Procuradoria-5 -Geral da Fazenda Nacional a representacao judicial na cobranca de3 creditos de qualquer natureza inscritos em Divida Ativa da Uniao (Lei1 n° 11.457/2007, art 23).

] . Inscricao

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O credito previdenciario esta sujeito, nos processos de falencia, concordata ou concurso de credores, as disposi^oes atinentes aos credi- tos da Uniao, aos quais e equiparado.

3 . Requisites da Lei de Execucao Fiscal

Conforme dispoe a Lei n° 8.630/80, o Termo de Inscri^ao de Divi- da Ativa devera conter:

a) O nome do devedor, dos co-responsaveis e, sempre que conhe- cido, o domidlio ou residencia de um e de outros;

b) O valor originario da divida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;

c) A origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da divida;

d) A indica^ao, se for o caso, de estar a divida sujeita a atualiza^ao monetaria, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o calculo;

e) A data e o numero da inscri^ao, no Registro de Divida Ativa; ef) O numero do processo administrativo ou do auto de infra^ao,

se neles estiver apurado o valor da divida.

4 . Protesto de tftulo

Os orgaos competentes podem, antes de ajuizar a cobran< a da Di­vida Ativa, promover o protesto de titulo dado em garantia de sua liqui- da^ao, ficando, entretanto, ressalvado que o titulo sera sempre recebido pro solvendo (para saldar a divida).

5. indicacao de bens a penhora

Penhora e o ato judicial pelo qual sao apreendidos bens do deve­dor, com a finalidade de garantir a satisfa^ao do direito do credor.

Na execucao judicial da Divida Ativa da Uniao, suas autarquias e funda^oes publicas, sera facultado ao exequente indicar bens a penhora, a qual sera efetivada concomitantemente com a cita^ao inicial do de­vedor (Lei n° 8.212/91, art. 53, caput). Os bens penhorados ficam desde logo indisponiveis.

Capitulo 20

♦ Divida

Ativa: inscrifdo e

execucao judicial

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E possivel o exequente indicar bens do devedor, objetivando a pe~ nhora, gramas ao termo de arrolamento de bens realizado pelo Auditor- -Fiscal, quando a realizado da acao fiscal.

Efetuado o pagamento integral da divida executada, com seus acrescimos legais, no prazo de dois dias uteis contados da cita^ao, in- dependentemente da juntada aos autos do respectivo mandado, podera ser liberada a penhora, desde que nao haja outra execu^ao pendente (Lei n° 8.212/91, art. 53, § 2°).

0 devedor, ao receber a cita^ao do processo de execu^ao, pode pa- gar o debito, ou, entao, discordando da execu^ao, optar pela discussao da divida, que, em regra, processa-se mediante embargos a execu^ao,

Nao sendo opostos embargos, no caso legal, ou sendo eles julga- dos improcedentes, os autos serao conclusos ao juiz do feito, para de~ terminar o prosseguimento da execu^ao (Lei n° 8.212/91, art. 53, § 4°).

6. Leiiao judicial de bens penhorados

Nas execucoes fiscais da Divida Ativa, o leiiao judicial dos bens penhorados realizar-se-a por leiloeiro oficial, indicado pelo credor, que procedera a hasta publica:

1 - no primeiro leiiao, pelo valor do maior lance, que nao poderaser inferior ao da avaliacao; ou

II - no segundo leiiao, por qualquer valor, excetuado o vil.

Hasta Publica: pra^a, leiiao, venda judicial de bens penhorados.

7. Pafcelamento do valor da arrematacao

Arremata<;ao e ato do processo de execu^ao pelo qual os bens do de­vedor sao alienados em praca publica ou leiiao, por uma importancia certa.

Podera o juiz, a requerimento do credor, autorizar que seja parce- lado o pagamento do valor da arrematacao, na forma prevista para os parcelamentos administrativos de debitos previdenciarios.

Todas as condi^oes do parcelamento deverao constar no edital doleiiao.

O debito do executado sera quitado na propor^ao do valor de ar­rematacao.

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O arrematante devera depositar, no ato, o valor da primeira parcela.

Realizado o deposito, sera expedida carta de arrematacao, conten- do as seguintes disposi^oes:

a) Valor da arremata^ao, valor e numero de parcelas mensais em que sera pago;

b) Constitui^ao de hipoteca do bem adquxrido, ou de penhor, em favor do credor, servindo a carta de titulo habil para registro da garantia;

c) Indica^ao do arrematante como fiel depositario do bem move!, quando constituido penhor; e

d) Especifica^ao dos criterios de reajustamento do saldo e das par­celas, que sera sempre o mesmo vigente para os parcelamentos de creditos previdenciarios.

Se o arrematante nao pagar no vencimento qualquer das parcelas mensais, o saldo devedor remanescente vencera antecipadamente e sera acrescido em 50% de seu valor a titulo de multa, devendo, de imediato, ser inscrito em Divida Ativa e executado.

8. Adjudicacao do hem penhorado

Adjudica^ao e ato judicial que estabelece e declara que a proprie- dade de um bem penhorado e transferida de seu primitivo dono para o credor que assume sobre tal bem todos os direitos de dominio e posse.

Se no primeiro ou no segundo leiloes nao houver licitante, a Uniao podera adjudicar o bem por 50% do valor da avalia<;ao.

A Uniao podera contratar ieiloeiros oficiais para promover a ven­da administrativa dos bens, adjudicados judicialmente ou que receber em da^ao de pagamento.

A Uniao, no prazo de sessenta dias, providenciara aliena<;ao do bem por intermedio do leiloeiro oficial.

Se o bem adjudicado nao puder ser utilizado pela Previdencia So­cial e for de dificil venda, podera ser negociado ou doado a outro orgao ou entidade publica que demonstre interesse na sua utiliza^ao.

Nao havendo interesse na adjudicacao, podera o juiz do feito, de oficio ou a requerimento do credor, determinar sucessivas repeti^oes da hasta publica.

Capftulo 20

♦ D

ivida Ativa: inscricao

e execugao judicial

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Goes

O leiloeiro oficial, a pedido do credor, podera ficar como fiel de- positario dos bens penhorados e realizar a respectiva remo^ao.

9. Concordancia com valores divergentes

A Uniao podera concordar com vaiores divergentes, para paga­mento da divida objeto de execu^ao fiscal, quando a diferen^a entre os calculos de atualiza^ao da divida por ele elaborados ou levados a efeito pela contadoria do Juizo e os calculos apresentados pelo executado for igual ou inferior a 5%.

Essa disposi^ao aplica-se somente a dividas cuja peti^ao inicial da execu^ao tenha sido protocolada em Jufzo ate 31/03/97.

A extingao de processos de execu^ao, em decorrencia do que foi anteriormente descrito, nao implicara condena^ao em honorarios, cus- tas e quaisquer outros onus de sucumbencia contra o exequente, ofere- cidos ou nao embargos a execu^ao, e acarretara a desistencia de eventual recurso que tenha por razao a divergencia de valores de atualiza^ao nos limites do percentual referido.

246. Julgue os Itens abaixo.I - Cabe a fiscaliza^ao da Secretarla da Receita Federal do Brasil, quando

constatado o atraso total ou parcial no pagamento de contributes sociais ou a ausdncia de pagamento de beneffcio reembolsado, a lavratura de notifica^ao de debito que ensejara a produ^ao de defesa administrativa no prazo de trinta dias e, apenas no caso de a defesa ser rejeitada, posterior inscrigao na divida ativa do INSS e da fazenda nacional.

II - A execu^ao judicial da divida ativa previdenciaria, instauravel a partir dacertidao textual do iivro proprio em que esteja inscrita, observara o mesmo processo e os mesmos privileges e prerrogativas da fazenda nacional.

Hi - O credito definitivamente constitufdo decorrente de qualquer contribui ao para a Seguridade Social deve ser inscrito na divida ativa do INSS.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e Hic) I e IIId) todose) nenhum

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I

247. Julgue os itens abaixo.! - 0 debito relativo as contributes previdenciarias constitui dfvida ativa da

Uniao.II - Nas executes fiscais da dfvida ativa, os bens penhorados podem ser

arrematados mediante o pagamento parceiado do valor do lan^amento, observando-se, em tais hipoteses, os mesmos criterios estabeiecidos parao parcelamento administrativo do debito previdenciario.

ill - A dfvida regularmente inscrita goza de presuncao absoluta de certeza e liquideze tem o efeito de prova pre-constitufda.

Os itens que estao certos sao:a) le i!b) if e ill

c) le lild) todose) nenhum

248. Julgue os seguintes itens:! - A certidao textual do livro de inscri ao da Divida Ativa serve de titulo execu-

tivo judicial para que a Uniao, por intermedio de seu procurador, promova em jufzo a cobranga do credito previdenciario, segundo o mesmo processo e com as mesmas prerrogativas e privifegios da Fazenda Nacional.

!i - As contributes previdenciarias resultantes de informacoes prestadas na GFIP, mesmo que nao tenham sido recolhidas ou parceladas, nao serao inscritas como dfvida ativa da Uniao, pois nao gozam de presuncao de certeza e liquidez.

III - Compete a Procuradorta-Geral da Fazenda Naciona! a representa^ao judicialna cobranca de creditos de qualquer natureza inscritos em Divida Ativa da Uniao.

Os itens que estao errados sao:

a) le llb) I! e IIIc) le lild) todose) nenhum

Copitulo 20

« Divida

Ativa: inscrigao e

execuao judicial

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249. Juigue os seguintes itens:i - A Uniao pode cobrar judiciaimente os creditos previdenciarios definitiva-

mente constitufdos, independentemente de tais creditos estarem inscritos em divida ativa.

II - A inscri^ao em dfvida ativa e condigao necessaria para que os creditosprevidenciarios possam ser cobrados judiciaimente.

III - Mesmo que esteja sendo discutido na via administrativa, mediante recursointerposto pelo contribuinte, o credito previdenciario, em razao da sua presuncao de certeza e liquidez, pode ser inscrito em dfvida ativa.

Os itens que estao errados sao:a) lellb) lie IIIc) 1 e II!d) todose) nenhum

250. Juigue os seguintes itens:i- Nos processos de falencia, o credito previdenciario goza dos mesmos

privilegios relativos aos demais creditos da Uniao.II - Arremata^ao e ato do processo de execu^ao pelo qua! os bens do devedor

sao alienados em pra a publica ou leilao, por uma importancia certa. Quan­do se trate de ieiiao de bens penhorados com o objetivo de liquidacao de creditos previdenciarios, o arrematante tera depagaro vaiorda arremata^ao a vista, nao se admitindo pagamento mediante parcelamento.

ill - Adjudicacao e ato judicial que estabelece e declara que a propriedade de um bem penhorado e transferida de seu primitive dono para o credor que assume sobre tal bem todos os direitos de domfnio e posse. No caso dos creditos previdenciarios, se o bem adjudicado nao puder ser utilizado pela previdencia social e for de diffcii venda, podera ser negociado ou doado a outro orgao ou entidade publica que demonstre interesse na sua uti!iza<;ao.

Os itens que estao certos sao:a) ieiib) II e illc) i e ill

a. todose) nenhum

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O Decreto n° 6.934, de 11/08/2009, aprovou a Estrutura Regi­mental do INSS. De acordo com essa norma, o INSS e uma autarquia federal, com sede em Brasxlia/DF, vinculada ao Ministerio da Previden­cia Social, instituida com fundamento no disposto no art. 17 da Lei n° 8.029, de 12 de abril de 1990.

A finalidade do INSS e promover o reconhecimento, pela Previ­dencia Social, de direito ao recebimento de beneffcios por ela adminis- trados, assegurando agilidade, comodidade aos seus usuarios e amplia- < ao do controle social.

1. Estrutura organizational

0 INSS tem a seguinte estrutura organizacional:

1 - orgao de assistencia direta e imediata ao Presidente: Gabinete;II - orgaos seccionais:

a) Procuradoria Federal Especializada;b) Auditoria-Geral;c) Corregedoria-Qeral;d) Diretoria de Or^amento, Finan^as e Logistica; ee) Diretoria de Recursos Humanos;

III - orgaos especificos singulares:a) Diretoria de Beneffcios;b) Diretoria de Saude do Trabaihador; ec) Diretoria de Atendimento;

IV - unidades e orgaos descentralizados:a) Superintendencias Regionais;b) Gerencias-Executivas;c) Agendas da Previdencia Social;d) Procuradorias-Regionais;e) Procuradorias-Seccionais;f) Auditorias-Regionais; eg) Corregedorias-Regionais.

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O INSS e dirigido por um Presidente e cinco Diretores, nomeados na forma da legislacao.

As nomea^oes para os cargos em comissao, as fun^oes comissio- nadas e as fun^oes gratificadas integrantes da estrutura regimental do INSS serao efetuadas em conformidade com a legisla^ao vigente.

Os Gerentes-Executivos serao escolhidos, exclusivamente, em lista quintupla composta a partir de processo de sele^ao interna, que priorize o merito profissional, na forma e condi^oes definidas em por­taria ministerial, promovido mediante adesao espontanea dos servido- res ocupantes de cargos efetivos, pertencentes ao quadro de pessoal do INSS.

Os cargos em comissao e as fun^oes gratificadas integrantes das Superintendencias Regionais, das Gerencias-Executivas e das Agendas da Previdencia Social, fixas e moveis, serao providos, exclusivamente, por servidores ocupantes de cargos efetivos pertencentes ao quadro de pessoal do INSS ou do Ministerio da Previdencia Social.

Os cargos em comissao, as fun<;6es comissionadas e as fun^oes gratificadas, de natureza juridica, no ambito da Procuradoria Federal Especializada serao providos por membros da Procuradoria-Geral Fe­deral e, excepcionalmente, da Advocacia-Geral da Uniao, na forma da legisla^ao vigente, ouvido o Procurador-Chefe.

Os demais cargos em comissao, as fumades comissionadas e as fun^oes gratificadas no ambito da Procuradoria Federal Especializada serao providos por servidores publicos ocupantes de cargos efetivos, no­meados pelo Presidente do INSS, ouvido o Procurador-Chefe.

2. Dfrecfio e nomeacao

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Exercirios de Fixacao

251. Assinaie, dentre as opgoes abaixo, a unica que nao apresente um orgao que compde a estrutura do iNSS:

a) Gerencias Executivasb) Procuradoria Federal Especializadac) Secretaria da Receita Previdenciariad) Corregedoria-Gerale) Agenda da Previdencia Social

252. Juigue os seguintes itens:\ - O INSS e uma empresa publica federal, vinculada ao Ministerio da Previ­

dencia Social.II - 0 INSS e uma autarquia federal, vinculada ao Ministerio do Desenvolvimento

Social e Combate a Fome.III - A finalidade do INSS e promover o reconhecimento, pela Previdencia Social,

de direito ao recebimento de beneffcios poreiaadministrados, assegurando agilidade, comodidade aos seus usuarios e amplia^ao do controle social.

Os itens que estao errados sao:a) I e lib) lie IIIc) I e 111d) todose) nenhum

253. Julgue os itens abaixo:I - 0 iNSS e dirigido por um Presidente, tendo este total autonomia para de~ . iiberar atraves de resolugoes.li - 0 iNSS e dirigido por um Presidente e cinco Diretores, nomeados na forma

da legisla<;ao.ill - Os cargos em comissao e as fun goes gratificadas integrantes das Agendas

da Previdencia Social serao provtdos, exciusivamente, por servidores ocu- pantes de cargos efetivos pertencentes ao quadro de pessoal do INSS ou do Ministerio da Previdencia Social.

Os itens que estao certos sao:a) i e IIb) lie IIIc) i e IIId) todose) nenhum

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Regime Proprio de Previdencia Social - RPPS e o regime de pre­videncia, estabelecido no ambito da Uniao, dos Estados, do Distrito Fe­deral e dos Municipios que assegura, por lei, aos servidores tituiares de cargos efetivos, pelo menos, os beneficios de aposentadoria e pensao por morte previstos no art. 40 da Constitui$ao Federal.

A Lei n° 9.717/98 dispoe sobre regras gerais para a organiza^ao e o funcionamento dos regimes proprios de previdencia social dos servi­dores publicos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni­cipios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal. O STF entende que o fato de tais regras serem estabelecidas por meio de lei editada pela Uniao, nao ofende ao prindpio da autonomia dos entes federados. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

"EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EX- TRAORDINARIO. LEIN. 9.717/98. OFENSAAOPRINCIPIODA AUTONOMIA DOS ENTES FEDERADOS. INOCORRENCIA. Esta Corteja decidiu que: (i) a Constituigdo do Brasil nao confere as entidades da federagao autonomia irrestritapara organizaro regime previdenciario de seus servidores; (ii) por se tratar de tema tributario, a materia discutida nestes autos pode ser disciplinada por norma geral, editada pela Uniao, sem prejuizo da legislagdo estadual, suplementar ou plena, na ausencia de lei federal [ADI n. 2.024, Relator o Ministro Sepulveda Pertence, DJ de 1°. 12.00]. Agravo regimental a que se nega provimento.”227

§ 1. Beneficiarios do RPPSSL

O RPPS oferecera cobertura exclusiva a servidores publicos titu­iares de cargo efetivo, magistrados, ministros e conselheiros dos Tri­bunals de Contas, membros do Ministerio Publico e' de quaisquer dos poderes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autarquias e funda<;oes e a seus dependentes.228

Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissao declarado em lei de livre nomeacao e exonera^ao bem como de outro cargo temporario ou de emprego publico, aplica-se o Regime Geral de

227 STF, RE 597032 AgR/MG, Rel. Min. Eros Grau, Die 191, de 09/10/2009.228 Portaria MPS n° 402/08, art. 2°, § 1°.

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Previdencia Social - RGPS (CF, art. 40, § 13). Tambem e vinculado ao RGPS o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que nao vinculado a regime proprio de previdencia social (Lei n° 8.213/91, art 11,1, "]”)•

Os servidores titulares de cargo efetivo de ente federativo que nunca editou lei instituidora de RPPS tambem sao vinculados obrigato- riamente ao RGPS.

Merece destaque a situa^ao do servidor titular de cargo efetivo, filiado a RPPS, quando cedido, com ou sem 6nus para o cessionario, a orgao ou entidade da administracao direta ou indireta de outro ente federativo. Neste caso, o servidor permanecera vinculado e contribuin- do para o regime proprio de origem, nao cabendo contribuicao para nenhum outro regime.

Na cessao de servidor para outro ente federativo, se o pagamen­to da remuneracao for onus do ente cessionario, este ficara responsavel pelo desconto da contribuicao do servidor e pela contribuicao devida pelo ente de origem. Neste caso, cabera ao cessionario efetuar o repasse das contribuicoes do ente federativo e do servidor a unidade gestora do RPPS do ente federativo cedente.

Na cessao de servidores para outro ente federativo, sem 6nus para o cessionario, continuara sob a responsabilidade do cedente, o desconto e o repasse das contribuicoes a unidade gestora do RPPS.

O servidor titular de cargo efetivo, filiado a RPPS, que venha a ocupar um cargo em comissao (chefe de reparticao, por exemplo) ou um mandato eletivo (vereador, prefeito, deputado etc.), permanecera vinculado e contribuindo para o RPPS, nao cabendo contribuicao para nenhum outro regime. Contudo, vale frisar que o exercente de mandato de vereador, que ocupe, concomitantemente, o cargo efetivo e o manda­to filia-se ao RPPS, pelo cargo efetivo, e ao RGPS, pelo mandato eletivo. Para exercer os demais mandatos eletivos, o servidor tera que se afastar do cargo efetivo, por isso, contribuira somente para o RPPS. O exercen­te de mandato eletivo que nao seja vinculado a RPPS, sera obrigado a contribuir somente para o RGPS.

O RPPS dos servidores publicos titulares de cargos efetivos, dos Ma- gistrados, Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas, membros do Ministerio Publico e de quaisquer dos poderes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, inclufdas suas autarquias e fimda-

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Cdes tem suas principals normas de funcionamento previstas no art. 40 da C onstitu te) Federal. Alem do disposto no art. 40 da Constituicao, o RPPS observara, no que couber, os requisitos e criterios ftxados para o regime geral de previdencia social (CF, art. 40, § 12). Ou seja, no que for compativel, as regras do RGPS aplicar-se-ao subsidiariamente ao RPPS.

No tocante aos militares da Uniao, dos Estados, do Distrito Fe­deral e dos Territorios, a Constitui^ao Federal simplesmente estabelece que a lei dispora sobre a transferencia do militar para a inatividade (CF, arts. 42, § 1° e 142, § 3°, X). Em rela^ao aos membros das Formas Arma­das (Exercito, Marinha e Aeronautica), estas regras sao defmidas pela Lei n° 6.880/80, que dispoe sobre o Estatuto dos Militares.

2 . Cusfeio do RPPS

O RPPS tera carater contributivo e solidario, mediante contribui­cao do ente federativo, dos servidores ativos, inativos e pensionistas, ob- servados criterios que preservem o equilibrio financeiro e atuarial (CF, art. 40, caput).

2 .1 . Contribuicao dos servidores ativos

No ambito federal, a contribuicao social do servidor publico ati­vo, para a manuten<;ao do RPPS da Uniao, e de 11% sobre a totalidade da base de contribuicao (Lei n° 10.887/2004, art. 4°, caput). Entende-se como base de contribuicao o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniarias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de carater individual ou quaisquer outras vantagens, exduidas: (I) as diarias para viagens; (II) a ajuda de custo em razao de mudanca de sede;(III) a indenizacao de transporte; (IV) o salario-familia; (V) o auxflio- -alimentacao; (VI) o auxilio-creche; (VII) as parcelas remuneratorias pagas em decorrencia de local de trabalho; (VIII) a parcela percebida em decorrencia do exercicio de cargo em comissao ou de funcao de con- fianca; e (IX) o abono de permanencia229. O servidor ocupante de cargo efetivo podera optar pela indusao na base de contribuicao de parcelas remuneratorias percebidas em decorrencia de local de trabalho, do exer- dcio de cargo em comissao ou de funcao de confianca, para efeito de calculo do beneficio a ser concedido230.

229 Lei n° 10.887/2004, art. 4°, § 1°230 Lei n° 10.887/2004, art 4°, § 2°

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O STF tern entendido que somente as parcelas incorporaveis ao salario do servidor sofrem a incidencia da contribuicao previdenciaria. Seguindo esse raciocmio, a Suprema Corte entende que nao incide con­tribuicao sobre os valores recebidos pelo servidor a titulo de horas ex­tras e de terco constitucional de ferias.231

A aliquota da contribuicao dos servidores j&liados a RPPS dos Esta­dos, Distrito Federal e Municipios nao sera inferior a da contribuicao dos servidores titulares de cargos efetivos da Uniao (CF, art. 149, § 1°). Assim, para estes servidores, a aliquota minima e de 11%. No Estado de Pernam­buco, por exemplo, a aliquota da contribuicao do servidor e de 13,5%.

De acordo com o entendimento do STF, nos regimes proprios nao e possivel a aplicacao de aliquotas progressivas para a contribuicao dos servidores (RE 365318 AgR/PR, DJe 118, de 25/06/2009). Assim, em re~ lacao a contribuicao a ser cobrada de seus servidores, cada ente da Fede- racao estabelecera uma unica aliquota.

2 .2 . Contribuicao de aposentados e pensionistas

Incidira contribuicao sobre os proventos de aposentadorias e pen- soes concedidas pelo RPPS que superem o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS, com aliquota igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos (CF, art. 40, § 18). Quando o beneficiario for portador de doenca incapacitante, conforme definido pelo ente federativo e de acordo com laudo medico pericial, a contri­buicao incidira apenas sobre a parcela de proventos de aposentadoria e de pensao que supere o dobro do limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS (CF, art. 40, § 21). Atualmente, o limite maximo dos beneficios do RGPS e R$ 3.689,66.

A contribuicao calculada sobre o beneficio de pensao por morte tera como base de calculo o valor total desse beneficio, independente- mente do numero de cotas, sendo o valor da contribuicao rateado entre os pensionistas, na proporcao de cada cota-parte.

O STF, no julgamento da ADIn n° 3105, decidiu pela constitucio- nalidade da contribuicao dos servidores inativos e pensionistas. Partin- do do entendimento de que as contribuicoes sao especie de tributo, a Suprema Corte chegou a conclusao de que “nao ha, em nosso ordena- mento, nenhuma norma juridica valida que, como efeito espedfico do

231 STF, RE-AgR 389903/DF, V I., Rei. Min. Eros Grau, DJ 05/05/2006, p. 613.

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fato juridico da aposentadoria, Ihe imunize os proventos e as pensoes, de modo absoluto, a tributa^ao de ordem constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde nao haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento”.232 O STF entende que os servidores publicos militares tambem estao sujeitos ao pagamento da contribui<~ao em tela. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EX-tra o r d in Ario . c o n t r ib u iq a o p r ev id e n c iAr ia . pro­v e n t o s . MILITAR. INCIDENCIA. EC 41/03. L O Supremo, por ocasiao dojulgamento da ADI n. 3.105> Relatora a Ministra Ellen Grade, DJ de 18.8.04, registrou inexistir "norma de imunidade tributdria absoluta", A Corte afirmou que, apos o advento da Emenda Constitucional n. 41/03, os servidores publicos passariam a contribuirpara aprevidincia social em "obediencia aosprindpios da solidariedade e do equilibria financeiro e atuarial, bem como aos objetivos constitucionais de universalidade> equidade naforma de participagao no custeio e diversidade da base de financiamen- to". 2. Os servidores publicos militares ndoforam excepcionados da incidencia da norma, razao pela qual nao subsiste a pretensa imunidade tributdria relativamente a categoria. A inexigibilidade da contribuigdo - para todos os servidores, quer civis, quer mili­tares - e reconhecida tao-somente no periodo entre o advento da EC 20 ate a edi$ao da EC 41, conforme e notorio no dmbito deste Tribunal [ADI n. 2.189, Relator o Ministro Sepulveda Pertence, DJ de 9.6.00, e RE n. 435.2l0~AgR,, Relatora a Ministra Ellen Grade, DJ de 14.6.05]. Agravo regimental a que se daprovimento”

2 .3 . Contribuicao do ente federativo

A contribuicao da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municfpios, incluidas suas autarquias e funda^oes, aos regimes proprios de previdencia social a que estejam vinculados seus servidores nao po- dera ser inferior ao valor da contribuicao do servidor ativo, nem supe­rior ao dobro desta contribuicao.233 O ente federativo sera responsavel pela cobertura de eventuais insuficiencias financeiras do RPPS, decor- rentes do pagamento de beneficios previdenciarios.

232 STF, ADI 3105/DF, Rel. Min. Ellen Grade, DJ 18/02/2005.233 Lei n° 9.717/98, art. 2°, caput.

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No ambito federal, a contribuicao da Uniao, de suas autarquias e funda^oes para o custeio do RPPS corresponde ao dobro da contribui­cao do servidor ativo, devendo o produto de sua arrecadacao ser con- tabilizado em conta especxfica.234 Assim, a contribuicao da Uniao sera de 22% sobre a totalidade da base de contribuicao, ja que a aliquota do servidor e de 11%.

Os demais entes federativos definirao, mediante lei, a aliquota e a base de calculo da contribuicao patronal, nao podendo tal contribuicao ser inferior a do servidor, nem superior ao dobro desta. Em Pernambu­co, por exemplo, a aliquota de contribuicao do Estado para o RPPS e de 27%, enquanto a do servidor e de 13,5%.

3 . Aposentadorias do RPPS

De acordo com o § 1° do art 40 da Constituicao Federal, os servi­dores abrangidos por RPPS serao aposentados:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionaisao tempo de contribuicao, exceto se decorrente de acidente em servico, molestia professional ou doenca grave, contagiosa ou incuravel, na forma da lei;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventosproporcionais ao tempo de contribuicao;

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo minimo de dezanos de efetivo exercicio no servico publico e cinco anos no cargo efetivo em que se dara a aposentadoria, observadas as seguintes condicoes:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuicao, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuicao, se mulher;

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao.

Os requisitos de idade e de tempo de contribuicao serao reduzidos em cinco anos, em relacao ao disposto no § 1°, III, "a”, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercicio das funcoes de magisterio na educacao infantil e no ensino fundamental e medio (CF, art. 40, § 5°).

234 Lei n° 10.887/2004, art. 8°, caput.

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3 .1. Calculo dos proventos de aposentadoria

No calculo dos proventos de aposentadoria dos servidores titu­lares de cargo efetivo, amparados por RPPS, sera considerada a media aritmetica simples das maiores remuneracoes, utilizadas como base para as contribuicoes do servidor aos regimes de previdencia a que es- teve vinculado, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994 ou desde a do inicio da contribuicao, se posterior aquela competencia.235 Assim, se em parte desse periodo, o servidor contribuiu para o RGPS (ou para RPPS distinto do que esteja vinculado no momento da aposentadoria), tambem integrarao a media aritmetica as remuneracoes sobre as quais incidiram tais contribuicoes.

As remuneracoes consideradas no calculo do valor inicial dos proventos terao os seus valores atualizados mes a mes de acordo com a variacao integral do Indice Nacional de Precos ao Consumidor - INPC, apurado pelo IBGE.236 As 80% maiores remuneracoes consideradas para o calculo da aposentadoria serao definidas depois da apiicacao dos fatores de atualizacao.

As remuneracoes consideradas no calculo da aposentadoria, atu~ alizadas pelo INPC, nao poderao ser: (I) inferiores ao valor do salario- -mmimo; (II) superiores ao limite maximo do salario-de-contribuicao, quanto aos meses em que o servidor esteve vinculado ao regime geral de previdencia social237

Os proventos de aposentadoria do RPPS, por ocasiao de sua con- cessao, nao poderao ser inferiores ao valor do salario-mmimo nem ex- ceder a remuneracao do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria.238

: Para o calculo do valor inicial dos proventos proporcionais ao tempo de contribuicao, sera utilizada fracao cujo numerador sera o total desse tempo e o denominador, o tempo necessario a respectiva aposen­tadoria voiuntaria com proventos integrals.

3 .2 . Aposentadoria compulsoria

O servidor, homem ou mulher, sera aposentado compulsoria­mente aos setenta anos de idade. Nesta especie de aposentadoria, nao

235 Lei n° 10.887/2004, art. 1°, caput.

236 Lei n° 10.887/2004, art. 1°, § 1°.237 Lei n° 10.887/2004, art 1°, § 4°238 Lei n° 10.887/2004, art. 1°, § 5°

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ha a exigencia de o servidor ter tempo mmimo de dez anos de exercicio no servico publico e cinco anos no cargo efetivo. Estes requisites sao exigidos somente para as aposentadorias voluntarias.

Os proventos da aposentadoria compulsoria sao calculados de modo proporcional ao tempo de contribuicao.

I Exemplo 1: . ;Joaquim, servidor ocupante de cargo efetivo, amparado por RPPS, compietou 70 anos de idade e 15 anos de contribuicao. :Nesta situa- C&o, a sua aposentadoria compulsoria sera 15/35 da media aritme-. tica das maiores remunerates, correspondentes a 80% <de tpdo o periodo contributivo desde acompeteriaa j i ^ h o d e a do inicio da contribuicao, se posterior aquela competencia.

|Exemplo2:

1 Maria, servidora ocupante de cargo efetivo, am par^i ppr RPPS, compietou 70 anos de idade e 20 anosMe: cQhtribuica& Ne^a^situ^

i cao, a sua aposentadoria compulsoria sera 20/30 da media aritme-::| tica das maiores remunera9oes, correspondents a 80% de todo o | periodo contributivo desde a competencia julho de .1994 ou desde a |. do inicio da contribuicao, se posterior aquela competencia. . •••

Ressalte-se que, nos exemplos supra, os proventos da aposentado­ria compulsoria nao poderao ser inferiores ao valor do salario-mmimo nem exceder a remuneracao do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria (Lei n° 10.887/2004, art. 1°, § 5°).

3 .3 . Aposentadoria por invaiidez

O servidor que apresentar incapacidade permanente para o traba­lho, conforme definido em laudo medico pericial, sera aposentado por invaiidez, com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao, exce- to se decorrente de acidente em servico, molestia profissional ou doenca grave, contagiosa ou incuravel (CF, art. 40, § 1°, I).

A renda mensal inicial da aposentadoria por invaiidez decorrente de acidente em servico, molestia profissional ou doenca grave, conta­giosa ou incuravel sera 100% da media aritmetica das maiores remu­neracoes, utilizadas como base para as contribuicoes do servidor aos

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esregimes de previdencia a que esteve vinculado, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994 ou desde a do inicio da contribui^ao, se posterior aquela competencia.

Nao sendo decorrente de acidente em servi<;o, molestia profissio- nal ou doen^a grave, contagiosa ou incuravel, a aposentadoria por inva­lidez sera proporcional ao tempo de contribui^ao. Neste caso, o calculo obedece as mesmas regras da aposentadoria compuls6ria.

Lei do respectivo ente federativo regulamentara a aposentadoria por invalidez quanto a defini^ao do rol de doen^as, ao conceit© de aciden­te em servi^o, a periodicidade das revisoes das condi^oes de saude que ge~ raram a incapacidade, podendo ainda fixar percentualminimo para valor inicial dos proventos, quando proporcionais ao tempo de contribui£ao.

O aposentado que voltar a exercer atividade laboral tera a aposen­tadoria por invalidez permanente cessada a partir da data do retorno, inclusive em caso de exercicio de cargo eletivo.

3 .4 . Aposentadoria voluntdria por idade e tempo de confribuicao

0 servidor fara jus a aposentadoria voluntaria por idade e tempo de contribui^ao, prevista na CF, art. 40, § 1°, III, “a” desde que preencha, cumulativamente, os seguintes requisitos:

1 - tempo mmimo de dez anos de efetivo exercicio no servi^opublico na Uniao, nos Estados, no Distrito Federal ou nos Municipios;

II - tempo minimo de cinco anos de efetivo exercicio no cargoefetivo em que se der a aposentadoria; e

III - sessenta anos de idade e trinta e cinco de tempo de contribui-<;ao, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de tempo de contribuicao, se mulher.

A renda mensal inicial desta aposentadoria sera 100% da media aritmetica das maiores remunerates, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994 ou desde a do inicio da contribui^ao, se posterior aquela competencia.

Considera-se tempo de efetivo exercicio no servi^o publico o tem­po de exercicio de cargo, fun^ao ou emprego publico, ainda que descon- ti'nuo, na Administrate direta, autarquica, ou fundacional de qualquer dos entes federativos.239

239 Orienta^ao Normativa MPS/SPS n° 2/2009, art. 2°, VIII.

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O tempo de efetivo exercicio no cargo em que se dara a aposenta­doria devera ser cumprido no cargo efetivo em que o servidor esteja em exercicio na data imediatamente anterior a da concessao do beneficio.

O servidor que tenha completado as exigencias para aposentado­ria voluntaria estabelecidas na CF, art. 40, § 1°, III, “a”, e que opte por permanecer em atividade fara jus a um abono de permanencia equiva- lente ao valor da sua contribui^ao previdenciaria ate completar as exi­gencias para aposentadoria compulsoria (CF, art, 40, § 19).

3 .5 . Aposentadoria voluntaria por idade

0 servidor fara jus a aposentadoria voluntaria por idade, prevista na CF, art. 40, § 1°, III, “b”, com proventos proporcionais ao tempo de contribui^ao, desde que preencha, cumulativamente, os seguintes re­quisites:

1 - tempo mlnimo de dez anos de efetivo exercicio no servi<;opublico na Uniao, nos Estados, no Distrito Federal ou nos

' Municipios;II - tempo minimo de cinco anos de efetivo exercicio no cargo

efetivo em que se der a aposentadoria; eIII - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de

idade, se mulher.

A renda mensal inicial da aposentadoria voluntaria por idade e proporcional ao tempo de contribui^ao, obedecendo as mesmas regras de calculo da aposentadoria compulsoria.

3 .6 . Aposentadoria do professor

0 professor amparado por RPPS que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercicio das fun^oes de magisterio na educa^ao infan- til e no ensino fundamental e medio fara jus a aposentadoria voluntaria por idade e tempo de contribui^ao, desde que preencha, cumulativa­mente, os seguintes requisites:

1 - tempo minimo de dez anos de efetivo exercicio no servi^opublico na Uniao, nos Estados, no Distrito Federal ou nosMunicipios;

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II - tempo mmimo de cinco anos de efetivo exercicio no cargoefetivo em que se der a aposentadoria; e

III - cinquenta e cinco anos de idade e trinta de tempo de contri­buicao, se homem, e cinquenta anos de idade e vinte e cinco de tempo de contribuicao, se mulher.

Sao consideradas funcoes de magisterio as exercidas por professo- res e especialistas em educacao no desempenho de atividades educati- vas> quando exercidas em estabelecimento de educacao basica, formada pela educacao infantil, ensino fundamental e medio, em seus diversos niveis e modalidades, incluidas, alem do exercicio de docencia, as de direcao de unidade escolar e as de coordena^ao e assessoramento peda- gogico, conforme criterios e definicoes estabelecidas em norma de cada ente federativo.

No julgamento da ADIn n° 3772, o STF entendeu que as ativi­dades de exercicio de direcao de unidade escolar e as de coordenacao e assessoramento pedagogico tambem terao o tempo de contribuicao reduzido em cinco anos, desde que exercidas por professores.240

A renda mensal inicial desta aposentadoria sera 100% da media aritmetica das maiores remuneracoes, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994 ou desde a do inicio da contribuicao, se posterior aquela competencia.

3.7. Aposentadoria especial

Entende-se por aposentadoria especial aquela que adota requisitos3 e criterios diferenciados.p f De acordo com o § 4° do art. 40 da Constituicao Federal, e veda- ^ da a adocao de requisitos e criterios diferenciados para a concessao de* aposentadoria aos abrangidos pelo RPPS, ressalvados, nos termos defi- | nidos em leis complementares, os casos de servidores; (I) portadores de | deficiencia; (II) que exercam atividades de risco; (III) cujas atividades•| sejam exercidas sob condicoes especiais que prejudiquem a saude ou a£ integridade fisica.£ Conforme determinacao da Lei n° 9.717/98, art. 5°, paragrafo uni-“ co, “fica vedada a concessao de aposentadoria especial, nos termos do~ a

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£ 240 STF, ADf 3772/DF, Rel. Orig. Min. Carlos Britto, Rel. p/ o acordao Min. Ricardo Lewando- S wski, Data do Julgamento 29.10.2008,

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§ 4° do art. 40 da Constitui^ao Federal, ate que lei complementar federal discipline a materia”. Assim, o § 4° do art. 40 da CF e uma norma de eficacia limitada, ou seja, enquanto nao for editada lei complementar regulamentando a materia, as aposentadorias especiais nao poderao ser concedidas. Contudo, o STF tem entendido que enquanto nao existir disciplina especifica da aposentadoria especial do servidor, impoe-se a ado^ao, via pronunciamento judicial, das regras da aposentadoria espe­cial do RGPS. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“MANDADO DE INJUN^AO - NATUREZA. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5° da Constituigdo Federal, conceder-se-d mandado de injungao quando necessdrio ao exer­cicio dos direitos e liberdades constitucionais e dasprerrogativas inerentes a nacionalidade, a soberania e a, cidadania. Hd a$ao mandamental e nao simplesmente declaratoria de omissdo. A carga de declaragao nao e objeto da impetragao, mas premissa da ordem a serformalizada. MANDADO DE INJUNC^AO - DE~ CISAO - BALIZAS. Tratando-se deprocesso subjetivo, a decisao possui eficacia considerada a relagaojuridica nele revelada. APO­SENTADORIA - TRABALHO EM CONDI^OES ESPECIAIS - PREJUIZO A SAUDE DO SERVIDOR - INEXISTENCIA DELEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40, § 4°, DA CONSTITUI(;AO FEDERAL. Inexistente a disciplina especifica da aposentadoria especial do servidor, impoe-se a adogao, via pronunciamento judicial, daquela propria aos trabalhadores emgeral - artigo 57, §1°, da Lei n° 8.213/91 ”.241

A decisao do STF supra esta em consonancia com o § 12 do art. 40 da CF, que manda aplicar ao RPPS, no que couber, os requisitos e criterios fixados para o RGPS.

Portanto, enquanto a regulamenta^ao do art. 40, § 4°, da CF nao for produzida, os servidores portadores de deficiencia, bem como os que exer^am atividades de risco, ou cujas atividades sejam exercidas sob condi^oes especiais que prejudiquem a saude ou a integridade fisica po­derao solicitar, via judicial, a aplica^ao analogica das regras da aposen­tadoria especial do RGPS (Lei n° 8.213/91, arts. 57 e 58).

241 STF, MI 721/DF, ReL Min. Marco Aurelio, DJ 30-11-2007, p. 29.

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As Emendas Constitucionais n°s 41 e 47 estabeleceram tres regras de transi^ao para fins de aposentadorias de servidores publicos ampara- dos por RPPS, sendo duas para os servidores que tenham ingressado no servico publico ate 16 de dezembro de 1998, e uma para os que tenham ingressado ate 31 de dezembro de 2003.

4 .1 . Servidores ingressos ate 16 / 1 2 / 1 9 9 8

Para os servidores que tenham ingressado no servico publico ate 16 de dezembro de 1998, existem duas regras transitorias. A primei­ra, estabelecida pelo art, 3° da EC n° 47/2005, assegura aposentadoria com proventos integrals. A segunda, estabelecida pelo art. 2° da EC n° 41/2003, possibilita aposentadoria com idade reduzida.

Aposentadoria com proventos integrais e aquela cuja renda men­sal corresponde a totalidade da remunera^ao do servidor no cargo efeti­vo em que se der a aposentadoria.

4. Regras de tronsicdo para concessao de aposentadoria

De acordo com o art. 3° da EC n° 47/2005, o servidor da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autar- quias e fundacoes, que tenha ingressado no servico publico ate 16 de dezembro de 1998 podera aposentar-se com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes condicoes:

I - trinta e cinco anos de contribuicao, se homem, e trinta anosde contribuicao, se mulher;

II - vinte e cinco anos de efetivo exercicio no servico publico,quinze anos de carreira e cinco anos no cargo em que se der a aposentadoria;

III - idade minima resultante da reducao, relativamente aos limitesdo art. 40, § 1°, inciso III, alinea “a”, da Constituicao Federal, de um ano de idade para cada ano de contribuicao que exceder a condicao prevista no inciso I do caput deste artigo.

Considera-se carreira a sucessao de cargos efetivos, estruturados em nfveis e graus segundo sua natureza, complexidade e o grau de responsa­bilidade, de acordo com o piano definido por lei de cada ente federativo.242

242 Oriertta^ao Normativa SPS N ° 2/2009, art. 2°, VII.

4 .1 .1 . Regra do ort. 3 “ da EC n° 4 7/2 0 0 5

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O inciso III do art. 3° da EC 47 funciona da seguinte forma: (a) Para homem, relativamente ao limite de 60 anos de idade, havera uma redu^ao de um ano para cada ano de contribui^ao que exceder a 35; (b) Para mulher, relativamente ao limite de 55 anos de idade, havera uma redu^ao de um ano para cada ano de contribui^ao que exceder a 30.

Existe uma regra pratica para o servidor ingresso ate 16/12/1998 verificar se ja atende a norma do inciso III do art. 3° da EC 47: (a) Se ho­mem, a soma da idade com o tempo de contribui^ao deve ser maior ou igual a 95; (b) Se mulher, a soma da idade com o tempo de contribui^ao deve ser maior ou igual a 85.

IExemplol: \ : ; / '/ V •Joao tern 58 anos de idade, 37 anos de contribui^ao e 25 anos de efetivo exeirdcio no servi^o publico. Nos ultimos 15 anos, ele ocu- pou o cargoefetivo de Procurador da Fazenda National. Nessa si-

■ tua<j5o, Joao faz jus k aposentadoria com proventos integrais, com . base no art. 3° da EC 47/2005. • • V. .

Exemplo 2:. -

Rosana tera 52/aiios de idajde, 33 de contri^ui^ap.e 25 anosde efetivo exfercicid'iio servi^p ptiblico. ffos ultimos 15 anos, eii ocu- pou o ciargo" efetiv o de Arialistd do Seguro Social. Nessa sitiia^ao, jRosana faz jus & aposentadoria cpm prOyentos integrais,; com base no a r t .3° daEC.47/2005. v • ' -: -

0 servidor que se aposentar de acordo com as regras do art. 3° da EC n° 47/2005, tera sua aposentadoria reajustada atraves do mecanismo da paridade entre ativos e inativos (EC n° 47/2003, art 3°, paragrafo unico).

4 .1 .2 . Regra do a rt. 2° da EC n° 4 1/2 0 0 3

De acordo com o art. 2° da EC n° 41/2003, e assegurado o direito de op^ao pela aposentadoria voluntaria com proventos calculados de acordo com o art 40, §§ 3° e 17, da Constitui<;ao Federal, aquele que te- nha ingressado regularmente em cargo efetivo na Administra^ao Publi- ca direta, autarquica e fundacional, ate 16 de dezembro de 1998, quando o servidor, cumulativamente:

1 - tiver cinquenta e tres anos de idade, se homem, e quarenta eoito anos de idade, se mulher;

Capitulo

22 ♦

Regime prdprio de Previdencia

Social

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II - tiver cinco anos de efetivo exercicio no cargo em que se der aaposentadoria;

III - contar tempo de contribuicao igual, no mmimo, a soma de:

a) trinta e cinco anos, se homem, e trinta anos, se mulher; eb) um periodo adicional de contribuicao equivalente a vinte por

cento do tempo que, em 16/12/1998, faltaria para atingir o limi­te de tempo constante da alinea “a” deste inciso. Esse periodo adicional e conhecido como “pedagio”.

0 servidor que cumprir as exigencias para aposentadoria com base no art. 2° da EC n° 41/2003 tera os seus proventos de inatividade reduzidos para cada ano antecipado em relacao aos limites de 60 e 55 anos de idade, para homem e mulher, respectivamente, na seguinte pro- porcao: (a) 3,5%, para aquele que completar as exigencias para aposen­tadoria ate 31/12/2005; (b) 5%, para aquele que completar as exigencias para aposentadoria a partir de 01/01/2006 (EC n° 41/2003, art. 2°, § 1°).

Os percentuais de reducao serao aplicados sobre o valor da renda mensal inicial do beneficio, que e calculado pela media aritmetica das maiores remuneracoes, utilizadas como base para as contribuicoes do ser­vidor aos regimes de previdencia a que esteve vinculado, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994 ou desde a do inicio da contribuicao, se posterior aquela competencia.

1 Exemplo: . . • :

| Em 16/12/98, Joaquim,.servidor ocupante de cargo efetivo, comple-| tou 25 anos de contribuicao e 43 anos de idade. Isso significa que, em 'j 16/12/98, ele faltava 10 anos para atingir. 35 anos .de contribuicao. Por-

; | tanto, para aposentar-se com base no art. 2° da EC n° 41/2003, a partir : de 16/12/98, Joaquim tera de contribuir para o RPPS por mais 12 anos (10 anos -f adicional de 20% = 12 anos). Nesse caso, no dia 16/12/2010,:

I ele adquire o direito a aposentar-se peias regras do art. 2 ° da EC n° ' 41/2003, pois nessa data contara com 55 anos de idade (para homem, a idade minima e 53 anos), 37 anos de contribuicao (para homem, o ; tempo mmimo de contribuicao e 35 anos) e tera cumprido o pedagio, (adicional de 20%). O valor da aposentadoria sofrera urn redutor de j 25% (5% para cada ano antecipado em relacao ao limite de 60). Assim,.. em 16/12/2010, o-valor-da aposentadoria de Joaquim corresponded a 75% da media aritmetica simples das maiores remuneracoes, uti­lizadas como base para as contribuicoes do servidor aos regimes de previdencia a que esteve vinculado, correspondentes a 80% de todo o periodo contributivo desde a competencia julho de 1994. . :

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A regra de aposentadoria prevista no art. 2° da EC n° 41/03 tambem se aplica ao magistrado e ao membro do Ministerio Publico e de Tribunal de Contas (EC n° 41/03, art. 2°, § 2°). Optando por aposentar-se na forma do art. 2° da EC n° 41/03, o magistrado ou o membro do Ministerio Publico ou de Tribunal de Contas, se homem, tera o tempo de servico exercido ate 16/12/1998, contado com acrescimo de 17% (EC n° 41/03, art. 2°, § 3°). Isto ocorre porque ate 16/12/98 (data da publica^ao da EC n° 20) estes agentes publicos aposentavam-se aos 30 anos de servico, tanto para homem quanto para mulher. A EC n° 20 acabou com este privilegio, mas assegurou que o tempo de servico exercido ate 16/12/98 seja contado com acrescimo de 17%.

O professor, servidor da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autarquias e funda^oes, que, ate 16/12/98, tenha ingressado, regularmente, em cargo efetivo de magisterio e que opte por aposentar-se na forma do art. 2° da EC n° 41/03, tera o tempo de servico exercido ate 16/12/1998 contado com o acrescimo de 17%, se homem, e de 20%, se mulher, desde que se aposente, exclusivamente, com tempo de efetivo exercicio nas fun^oes de magisterio (EC n° 41/03, art. 2°, § 4°). Esta regra aplica-se para professores de todos os niveis es~ colares (educacao infantil, ensino fundamental, medio e superior).

O professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exer­cicio das fun^des de magisterio na educacao infantil e no ensino fun­damental e medio, e que cumprir as exigencias para aposentadoria com base no art. 2° da EC n° 41/03, tera os seus proventos de inatividade reduzidos para cada ano antecipado em rela<;ao aos limites de 55 e 50 anos de idade, para homem e mulher, respectivamente, na seguinte pro- por^ao: (a) 3,5%, para aquele que completar as exigencias para aposen­tadoria ate 31/12/2005; (b) 5%, para aquele que completar as exigencias para aposentadoria a partir de 01/01/2006 (EC n° 41/03, art. 2°, § 1°).

O servidor que tenha completado as exigencias para aposentado­ria voluntaria estabelecidas no art. 2° da EC n° 41/03, e que opte por per- manecer em atividade, fara jus a um abono de permanencia equivalente ao valor da sua contribuicao previdenciaria ate completar as exigencias para aposentadoria compulsoria (EC n° 41, art. 2°, § 5°).

4 .2 . Servidores ingressos ate 3 1 / 1 2 / 2 0 0 3 (EC n° 4 1 / 2 0 0 3 , art. 6°)

De acordo com o art. 6° da EC n° 41/2003, o servidor que tenha ingressado no servico publico ate 31/12/2003 podera aposentar-se com proventos integrais, quando vier a preencher, cumulativamente, as se­guintes condi< des:

Capitulo

22 ♦

Regimepr6prio

de Previdencia Social

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I - sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anosde idade, se mulher;

II - trinta e cinco anos de contribuicao, se homem, e trinta anosde contribuicao, se mulher;.

III - vinte anos de efetivo exercicio no servico publico; eIV - dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercicio no cargo

em que se der a aposentadoria.

Os requisitos de idade e de tempo de contribuicao serao reduzidos em cinco anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercicio das funcoes de magisterio na educacao infantil e no ensino fundamental e medio (CF, art. 40, § 5°).

0 servidor que se aposentar de acordo com as regras do art. 6° da EC n° 41/2003, tera sua aposentadoria reajustada atraves do mecanismo da paridade entre ativos e inativos (EC n° 47/2003, art. 3°, paragrafo unico).

4 .3 . Direito de opcao pela regra mois vanlajosa

As aposentadorias dos servidores amparados por RPPS podem ser aplicadas as seguintes regras:

1 - O servidor que tenha ingressado no servido publico ate16/12/98 pode optar pelas regras: (a) do art. 3° da EC n° 47/2005; (b) do art. 2° da EC n° 41/2003; (c) do art. 6° da EC n° 41/2003; ou (d) do art. 40 da Constituicao Federal;

II - O servidor que tenha ingressado no servico publico no periodocompreendido entre 17/12/98 a 31/12/2003 pode optar pelas regras: (a) do art. 6° da EC n° 41/2003; ou (b) do art. 40 da Constituicao Federal;

III - Ao servidor que tenha ingressado no servico publico apos31/12/2003, aplicam-se, necessariamente, as regras do art. 40 da Constituicao Federal.

4 .4 . Quadro resumo das aposentadorias voluntdrias

adro com'pai ativo das aposentadoriasvokinfarias do RP.PS '•' v: Regrks de transi<;ad • • - - - '• ’Regras afuais 7 '*

Condi^oes EC 47, EC 41, EC 41, CF, art. 40, § CF, a rt 40, §, art. 3° art. 2° art. 6° 1°, III, “a” 1°, III, “b”

Data do ingres- so no servico

publico

Ate16/12/98

Ate16/12/98

Ate31/12/03 . - -

Page 675: [D. previdenciário] manual de direito previdenciário (4ª ed. 2011)   hugo goes [xerox]

I

Calculo do va­lor do beneficio

Proventosintegrais

Media das maiores re­m unerates

reiativas a 80% do

periodo de jul/94 em

diante; com redutor de

5% para cada ano

antecipado em rela^ao

a 60 anos de idade (ho­

mem) ou 55 (mulher)

Proventosintegrais

Media das maiores re­

m unerates, correspon­

dentes a 80% de todo

o periodo contributivo desde jul/94

ou desde o inicio

da contri- bui^ao, se

posterior a jul/94

Proporcional ao tempo de contribui^ao

Tempo de con- tribui^ao

Homem:35

Homem: 35 + pedagio de

; 2 0 %

Homem: 35 Professor: 30

Homem: 35 Professor: 30 -

Mulher: 30Mulher: 30

+ pedagio de 2 0 %

Mulher: 30 Professora:

25

Mulher: 30 Professora:

25-

Idade

Homem: 60 menos 1 para cada

ano de contribui-

9 3 0 que exceder a

35.

Homem: 53 Homem: 60 Professor: 55

Homem: 60 Professor: 55 Homem: 65

Mulher: 55 menos 1

para cada ano de con-

tribui^ao que exceder

a 30.

Mulher: 48Mulher: 55 Professora:

50

Mulher: 55 Professora:

50Mulher: 60

Tempo de exer- cfcio no servi9 0

publico25 anos - 2 0 anos 1 0 anos 1 0 anos

Tempo na carreira 15 anos - 1 0 anos - -

Tempo no cargo 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos

Reajustamento do beneficio

Parida- de entre ativos e inativos

Mesma regra do

RGPS

Paridade entre ativos e

inativos

Mesma regra do

RGPS

Mesma regra do RGPS

Abono de per- manencia Nao Sim Nao Sim Nao

Capitulo

22 «- Regim

e prdprio de Previdencia

Social

Page 676: [D. previdenciário] manual de direito previdenciário (4ª ed. 2011)   hugo goes [xerox]

Man

ual

de Di

reito

Pr

evid

enci

ario

»

Hugo

G

oes

Observacoes:1) Na aposentadoria prevista na EC 41, art. 2°, o pedagio. corres-

ponde a um periodo adicional de contribuicao equivalente a 20% do tempo que, em 16/12/1998, faltava para o servidor atingir o de tempo de contribuicao de 35 anos (para homem), ou 30 anos (para mulher).

2) Mas aposentadorias previstas na CF, art. 40, § 1°, III, “a” e na EC 41, art. 6°, a redu<;ao de 5 anos (no tempo de contribuicao e na idade) nao se aplica para professores universitarios. Tal reducao aplica-se somente para professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercicio das funcoes de magisterio na educacao infantil e no ensino fundamental e medio.

3) Os beneficios do RGPS sao reajustados, anualmente, na mesma data do reajuste do salario minimo, com base no Indice Nacional de Precos ao Consumidor - INPC.

5. Pensao por morte do RPPS

De acordo com o § 7° do art. 40 da Constituicao Federal, o be­neficio de pensao por morte, devido ao conjunto dos dependentes do servidor falecido, sera igual:

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, ate o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS, acres- cido de 70% da parcela excedente a este limite, caso aposentado a data do obito; ou

II - ao valor da totalidade da remuneracao do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, ate o limite maximo es­tabelecido para os beneficios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do obito.

Atualmente, o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS e R$ 3.689,66.

j Exemplo 1: ■ • V;• •.= • .. j-: y

Maria, servidora aposentada pelo R P P S , ^ecebe proventos no -valor j I de'R$ 10.000,00. Caso yen Ka a falecer,apensaoV ppr'm ^I ria deixara para o conjunto.de seiis dependentes sera calculada; da

seguinte forma: 3.689,66 + 70% x (10:000,bo

658

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Exemplo 2:Jose, servidor publico amparado por RPPS, recebe rem unerate) no valor de R$ 3.000,00. Caso venha-a falecer, a pensao por mor- te que Jose deixara para o conjunto dc seus dependerites sera R$ 3.000,00. ' T

No RPPS, a atual forma de calculo da pensao por morte foi esta­belecida pela EC 41/03, passando a ser aplicada as pensoes decorrentes de obitos de servidores ocorridos a partir da sua vigencia. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“ADMINISTRATIVO. PENSAO POR MORTE DE SERVIDOR PtJBLICO. LEI APLICAVEL. 1. A lei que rege a concessao de beneficios previdenciarios, inclusive o de pensao por morte de servidor publico., e a vigente ao tempo em que implementados os requisitos para a concessao do beneficio (principio tempus regit actum). 2 . Por isso mesmo, efirme a jurisprudencia do STF e do STJ no sentido de que, se a morte do servidor ocorreu na vigencia da EC 41/03 e da Lei n° 10.887/04, o correspondente beneficio de pensao devido d viuva estd sujeito a essas disposigoes normativas. 3. Seguranga denegada”243

Na concessao de pensao por morte pelo RPPS, sera observado o mesmo rol de dependentes previsto pelo RGPS.244

6 . O u tro s beneficios

Considera-se Regime Proprio de Previdencia Social (RPPS) o regime de previdencia, estabelecido no ambito de cada ente federativo, que assegure, por lei, a todos os servidores titulares de cargo efetivo, pelo menos os beneficios de aposentadoria e pensao por morte previstos no art. 40 da Constituicao Federal (ON SPS n° 2/2009, art. 2°, II).

De acordo com o art. 5° da Lei n° 9.717/98, “os regimes proprios de previdencia social dos servidores publicos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, dos militares dos Estados e do Dis­trito Federal nao poderao conceder beneficios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdencia Social, de que trata a Lei n° 8.213/91, salvo disposicao em contrario da Constituicao Federal.

243 STJ, MS 14743/DF, Rei. Min. TEORl ALBINO ZAVASCKI, DJe 02/09/2010.244 Portaria MPS n° 402/08, art. 23, § 1°.

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Man

ual

de Di

reito

Pr

evid

endt

irio

»

Hugo

Go

es

Assim, o RPPS e obrigado a conceder todas as aposentadorias e a pensao por morte constantes do art. 40 da Constituicao Federal. Alem destes, o RPPS tambem pode conceder outros beneficios previstos no RGPS, como auxilio-doen£a, salario-familia, salario-maternidade e auxilio-reclusao (ON SPS n° 2/2009, art. 51).

7 . Reajustamento dos beneficios

De acordo com o § 8° do art. 40 da Constitui^ao Federal, e asse- gurado o reajustamento dos beneficios do RPPS para preservar-lhes, em carater permanente, o valor real, conforme criterios estabelecidos em lei.

A data e os Indices de reajustamento serao os mesmos utilizados para o RGPS.245 Assim, o valor dos beneficios sera reajustado, anualmen- te, na mesma data do reajuste do salario minimo, com base no Indice Nacional de Pre^os ao Consumidor - INPC.246 Para beneficios que estao sendo reajustados pela primeira vez, o indice sera aplicado de forma pro- porcional entre a data da concessao e a do primeiro reajustamento.

A regra do § 8° do art. 40 da CF, na reda^ao dada pela EC n° 41/2003, acabou com a conhecida paridade entre ativos e inativos. A paridade assegurava que os proventos de aposentadoria e pensao por morte fossem reajustados na mesma propor^ao e na mesma data, sempre que se modificasse a remunera^ao dos servidores em ativida- de, sendo tambem estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer beneficios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transforma£ao ou reclassifi- ca$ao do cargo ou fun^ao em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referenda para a concessao da pensao, na forma da lei.

A partir da EC n° 41/2003, a paridade entre ativos e inativos foi excluida do texto constitucional. Todavia, por for^a de regras de transi- ^ao, ela ainda e assegurada nos seguintes casos:

I - Para os beneficiarios que, em 31/12/2003, ja estavam fruindodos beneficios de aposentadoria ou pensao por morte (EC n° 41/2003, art. 7°);

II - Para os beneficiarios que, em 31/12/2003, ja haviam adquiridoo direito aos beneficios de aposentadoria ou pensao por morte (EC n° 41/2003, art. 7°);

245 Portaria MRS n° 402/08, item 8 do anexo.___[ 246 Lei n° 8.213/91, art. 41-A.

( 6 6 0

Page 679: [D. previdenciário] manual de direito previdenciário (4ª ed. 2011)   hugo goes [xerox]

I

III - Aos proventos de aposentadorias dos servidores publicos quese aposentarem na forma do art. 6° da EC n° 41/2003 (ECn° 47/2005, art. 2°);

IV - Aos proventos de aposentadorias concedidas com base no art.3° da EC n° 47/2005 (EC n° 47/2005, art. 3°, paragrafo unico);

V - As pensdes derivadas dos proventos de servidores falecidosque tenham se aposentado em conformidade com art. 3° daEC n° 47/2005 (EC n° 47/2005, art. 3°, paragrafo unico).

8 . Limite m axim o dos beneficios do RPPS

No RPPS, os proventos de aposentadoria e as pensdes, por ocasiao de sua concessao, nao poderao exceder a remunera^ao do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referenda para a concessao da pensao (CF, art. 40, § 2°).

Aplica-se o limite fixado na CF, art. 37, XI, a soma total dos pro­ventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumula^ao de cargos ou empregos publicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuicao para o regime geral de previdencia social, e ao montante re~ sultante da adi^ao de proventos de inatividade com remunera<;ao de cargo acumulavel na forma desta Constituicao, cargo em comissao declarado em lei de livre nomeacao e exoneracao, e de cargo eletivo (CF, art. 40, §11). A redacao do art. 37, XI, da CF, dada pela EC n° 41/2003, e a seguinte:

“XI ~ a remuneragdo e o subsidio dos ocupantes de cargos, fungdes e empregos publicos da administragao direta, autdrquica e fundadonal, dos membros de qualquer dos Poderes da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes politicos e os proventos, pensdes ou outra especie remuneratoria, percebidos cumulativa- mente ou nao, incluidas as vantagenspessoais ou de qualquer ou­tra natureza, nao poderao exceder o subsidio mensal, em especie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municipios, o subsidio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsidio mensal do Governador no ambito do Poder Executivo, o subsidio dos Deputados Estaduais e Distritais no ambito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado- res do Tribunal de Justiga, Umitado a noventa inteiros e vinte e cinco centesimos por cento do subsidio mensal, em especie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no ambito do Poder Ju- dicidrio, aplicdvel este limite aos membros do Ministerio Publico, aos Procuradores e aos Defensores Publicos”

Capitulo 22

♦ Regim

e prdprio de Previdencia

Social

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A Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, desde que instituam regime de previdencia complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderao fixar, para o valor das apo- sentadorias e pensoes a serem concedidas pelo RPPS, o mesmo limite maximo estabelecido para os beneficios RGPS (CF, art 40, § 14). Dessa forma, o RPPS garantira o pagamento do beneficio ate o teto do RGPS, e a eventual diferen<;a sera paga pela previdencia complementar publica.

Contudo, o teto do RGPS sera aplicado ao RPPS somente em rela^ao ao servidor que ingressar no servi^o publico apos a data da cria^ao da correspondente previdencia complementar publica. Quanto ao servidor ingresso ate a data da pub!ica<;ao do ato de instituicao da previdencia complementar publica, estas regras somente serao aplicadas mediante sua previa e expressa op<;ao (CF, art. 40, § 16).

O regime de previdencia complementar dos servidores ampara- dos por RPPS sera instituido por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por intermedio de entidades fechadas de previdencia com­plementar, de natureza publica, que oferecerao aos respectivos parti- cipantes pianos de beneficios somente na modalidade de contribuicao definida (CF, art. 40, § 15).

Vale frisar que a adesao a um regime de previdencia complemen­tar (publico ou privado) e sempre facultativa. Assim, para o servidor que ingressar no servico publico apos a cria^ao da previdencia comple­mentar publica, o que sera obrigatorio e a aplicacao do teto do RGPS as aposentadorias e pensoes a serem pagas pelo RPPS, e nao a adesao a previdencia complementar publica. Se o servidor fizer a adesao, o RPPS

J pagara o beneficio ate o teto do RGPS e a diferen^a sera paga pela pre- g. videhcia complementar publica. Se nao fizer a adesao, o beneficio ficara

tt; limitado ao teto do RGPS, sem nenhuma complementa<;ao.

9. Possibilidade de aplicacao de teto equivaiente ao do RGPS

O servidor que tenha completado as exigencias para aposen- tadoria voluntaria por tempo de contribuicao (estabelecidas na CF,

•| art. 40, § 1°, III, “a”; ou na EC 41/03, art. 2°), e que opte por permanecer“ em atividade fara jus a um abono de permanencia equivalente ao va­il lor da sua contribuicao previdenciaria ate completar as exigencias para c aposentadoria compulsoria.247: ! —--------- — -----

247 CF, art. 40, § 19 e EC 41/03, art. 2°, § 5°

o

10 . Abono de permanencia

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Para fazer jus ao abono de permanencia, e necessario que o ser­vidor atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: (I) 10 anos de efetivo exercicio no servico publico e 5 anos no cargo efetivo; (II) 60 anos de idade e 35 de contribuicao, se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribuicao, se mulher; e (III) permanecer em atividade.

Para aquele que tenha ingressado regularmente em cargo efetivo na Administracao Publica direta, autarquica e fundacional, ate 16 de dezembro de 1988, o abono de permanencia sera devido desde que o servidor permaneca em atividade e atenda, cumulativamente, as se­guintes exigencias: (I) 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de ida­de, se mulher; (II) 5 anos de efetivo exercicio no cargo; (III) tempo de contribuicao igual, no minimo, a soma de: (a) 35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher; e (b) um periodo adicional de contribuicao equivalente a 20% do tempo que, em 16/12/98, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alinea “a” deste inciso.

O abono de permanencia, vulgarmente conhecido como pe-na- -cova, consiste em um incentivo para que o servidor continue em ativi­dade no servico publico, mesmo ja tendo completado os requisitos para a aposentadoria voluntaria.

O valor do abono de permanencia corresponde ao valor da contri­buicao previdenciaria paga pelo servidor. Vale dizer, o servidor continua pagando contribuicao previdenciaria, no entanto, recebe um beneficio (abono de permanencia) equivalente ao valor desta contribuicao. No fi­nal das contas, e como se ele deixasse de pagar contribuicao previdenci­aria, pois o que paga a titulo de contribuicao recebe de volta a titulo de abono de permanencia.

O pagamento do abono de permanencia e de responsabilidade do respectivo ente federativo e sera devido a partir do cumprimento dos requisitos para obtencao da aposentadoria voluntaria por tempo de con­tribuicao, mediante opcao expressa pela permanencia em atividade.

Nao incidira contribuicao previdenciaria sobre o valor do abono de permanencia.

1 1 . Um unico RPPS por Ente Federativo

De acordo com o § 20 do art. 40 da Constituicao Federal, “fica vedada a existencia de mais de um RPPS para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3°, X”.

Capitulo 22

♦ R

egimepr6prio

de Previdencia Social

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Assim, cada Ente Federativo (Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios) tem competencia para criar um unico RPPS, que sera desti- nado aos servidores ocupantes de cargos efetivos (inclusive os vitalfcios, como magistrados, membros do Ministerio Publico e dos Tribunals de Contas) dos tres Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciario), incluidas suas autarquias e funda^oes,

Assim, num ente federativo nao podera existir um regime pro- prio do Judiciario, outro do Legislativo e outro do Poder Executivo; tera que existir uma previdencia unificada. E mais: nao sera permitido nem mesmo mais de uma unidade gestora, o que significa que a previdencia dos Tres Poderes sera gerida pelo Poder Executivo, atraves de um Insti- tuto de Previdencia ou atraves da Area de Recursos Humanos.

Unidade gestora e a entidade ou orgao integrante da estrutura da adm inistrate publica de cada ente federativo que tenha por finalidade a administra^ao, o gerenciamento e a operacionalizacao do RPPS, in- cluindo a arrecada^ao e gestao de recursos e fundos previdenciarios, a concessao, o pagamento e a manuten^ao dos beneficios.

A ressalva feita ao art. 142, § 3°, X, da Constitui^ao diz respeito ao re­gime dos militares das Formas Armadas (Marinha, Exercito e Aeronautica). De acordo com este dispositivo constitucional, a lei dispora sobre a transfe- rencia do militar para a inatividade. Devido as peculiaridades de suas ati­vidades, os militares das Formas Armadas possuem regime previdenciario especial, com regras proprias, separado do regime dos servidores publicos ocupantes de cargo efetivo.

254. (AnaIistaJudicidrio/TRFda5aregiao/2008/FCQ Em reia^ao aos servidores publi- cos, estabelece a Constitui ao Federal, dentre outras situates, que

a) os proventos de aposentadoria, por ocasiao de sua concessao, nao poderao exceder a remuneragao do respectivo servidor, no cargo em comissao em que se deu a aposentadoria, saivo se em cargo efetivo fixado o limite de ate vinte por cento.

b) as pensoes, por ocasiao de sua concessao, poderao exceder em ate vinte e cinco por cento a remunera^ao do respectivo servidor, no cargo efetivo que serviu de referenda para a sua concessao.

c) os proventos de aposentadoria, por ocasiao de sua concessao, poderao exceder em ate trinta por cento a remuneragao do respectivo servidor, no cargo em comissao em que se deu a aposentadoria.

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d) as pensdes, por ocasiao de sua concessao, nao poderao exceder a remune- ragao do respectivo servidor, no cargo efetivo que serviu de referenda para a sua concessao.

e) as pensdes, por ocasiao de sua concessao, nao poderao exceder a remune- ragao do respectivo servidor, no cargo em comissao que serviu de referenda para a sua concessao, salvo se em cargo efetivo fixado o limite de ate trinta e cinco por cento,

255. CTecnico Judiciario/TRF da 5° regiao/2008/FCC) O servidor publico abrangido pelo regime de previdencia previsto na Constituicao Federal, sera aposentado compulsoriamente aos

a) sessenta e cinco anos de idade, com proventos integrais.b) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao.c) sessenta e cinco anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de

contribuicao.d) setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de servico.e) sessenta anos de idade, com proventos integrais.

256. (AFC/STN/2005/Esaf) Considerando-se o regime previdenciario do servidor publico, previsto na Constituicao Federal, assinale a afirmativa falsa.

a) O servidor ocupante exclusivamente de cargo temporario sera vinculado ao regime geral de previdencia social.

b) A redu^ao dos requisitos gerais de idade e tempo de contribuicao, previstos para os servidores publicos em geral, serao reduzidos em cinco anos para o servidor professor do ensino fundamental, medio e superior.

c) £ vedada a contagem de tempo de contribuicao ficticio.d} E possivel a adocao, em lei complementar, de requisitos e criterios diferencia­

dos para a concessao de aposentadoria a servidores que exercam atividades que prejudiquem a saude,

e) A aposentadoria compulsoria se da aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuicao.

257. (Agente de Fiscalizacao Financeira/TCB-SP/2005/FCQ. Relativamente ao regime previdenciario dos servidores pOblicos, e INCORRETO afirmar que

a) exclusivamente o tempo de contribuicao federal sera contado para efeito de aposentadoria.

b) os proventos de aposentadoria, por ocasiao de sua concessao, nao poderao exceder a remuneracao do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a mesma.

Capitulo 22

«■ Regime proprio

de Previdencia Social

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c) o titular de cargo de provimento efetivo sera aposentado compulsoriamente aos setenta anos de idade.

d) a lei nao podera estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuicao fkticio.

e) ressaivadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumulaveis na forma da Constituicao Federal, e vedada a percepcao de mais de uma aposentadoria a conta do regime de previdencia previsto no art. 40 da mesma.

258. (Tecnico de Arrecadagao Tributdria/SEFAZ-AM/2005/NCE~UFRJ) Sobre as normas constitucionais relativas aos servidores pubiicos, analise as afirmativas a seguir: i. A aposentadoria compulsoria ocorrera aos setenta anos para o homem e

sessenta e cinco para as mulheres.If. A aposentadoria compulsoria sera com proventos integrais. ill. A aposentadoria por invaiidez decorrente de acidente em servico sera com

proventos integrais.E/sao verdadeira(s) somente a{s) afirmativa(s):a) i;b) II;c) III;d) 1 e II;e) lelil.

259. Em rela^ao ao Regime Proprio de Previdencia Social ~ RPPS e INCORRETO afirmar que

a) o RPPS tera carater contributivo e solidario, mediante contribuicao do ente federativo, dos servidores ativos, inativos e pensionistas.

b) a aliquota de contribuicao dos servidores dos Estados e Municfpios ao respectivo RPPS nao podera ser inferior a dos servidores titulares de cargo efetivo da Uniao.

c) incidira contribuicao sobre os proventos de aposentadorias e pensdes concedidas pelo RPPS que superem o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS, com aliquota igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.

d) os beneficiarios de Regime Proprio de Previdencia Social - RPPS sao os ma- gistrados, ministros e conselheiros dos Tribunals de Contas, membros do Ministerio Publico, militares e servidores publicos ocupantes de cargo em comissao de quaisquerdos poderesda Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municfpios, incluidas suas autarquias e fundacoes.

e) ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissao declarado em lei de livre nomeacao e exoneracao bem como de outro cargo temporario ou de emprego publico, apiica-se o Regime Geral de Previdencia Social - RGPS.

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260. Os servidores abrangidos por RPPS serao aposentados:

a) por invaiidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de servico, exceto se decorrente de acidente em servico, molestia profissional ou doenca grave, contagiosa ou incuravei, na forma da lei.

b) compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos integrais.c) voluntariamente, desde que cumprido tempo mmimo de cinco anos de efetivo

exercicio no servico publico.d) voluntariamente, desde que cumprido tempo mmimo de dez anos de efetivo

exerdcio no servico publico e cinco anos no cargo efetivo em que se dara a aposentadoria, sessenta e cinco anos de idade, se homem/ e sessenta anos de idade, se muiher, com proventos integrais.

e} voluntariamente, desde que cumprido tempo mi'nimo de dez anos de efetivo exercicio no servico publico e cinco anos no cargo efetivo em que se dara a aposentadoria, sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuicao, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuicao, se mulher.

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Vimos no primeiro capitulo desta obra que a Constituicao Fede­ral preve a coexistencia de tres regimes de previdencia. De um lado, ha duas modalidades de regimes de filiacao obrigatoria: o regime geral de previdencia social e os regimes proprios de previdencia social. De outro lado, ha o regime de previdencia complementar, de carater facultativo.

As entidades de previdencia complementar podem ter natureza juridica privada ou publica. A privada pode ser aberta ou fechada. A publica, necessariamente, sera fechada.

1. Previdencia complementar privada

De acordo com o art. 202 da Constituicao Federal, “o regime de previdencia privada, de carater complementar e organizado de forma autonoma em rela^ao ao regime geral de previdencia social, sera.facul- tativo, baseado na constituicao de reservas que garantam o beneficio contratado, e regulado por lei complementar” A partir deste dispositivo constitucional, podemos listar algumas caracteristicas basicas da previ­dencia complementar privada:

. «• Natureza juridica privada;o Autonomo em relacao ao RGPS;

Filiacao facultativa;* Natureza contratual;* Constituicao de reservas em regime de capitalizacao;* Regulado por lei complementar.

A natureza juridica privada obriga a entidade de previdencia com­plementar a sujeitar-se ao regime juridico de direito privado, em que pre- valece a autonomia da vontade. O principio da legalidade, aplicado ao re­gime privado, significa que “tudo o que nao esta proibido esta permitido”.

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A previdencia complementar privada e organizada de forma au­tonoma em relacao ao RGPS. A inscricao de participante em piano de previdencia complementar nao o dispensa da inscricao como segurado obrigatorio do RGPS. A concessao de beneficio pela previdencia com­plementar nao depende da concessao de beneficio pelo RGPS.248 Nao existe relacao entre os valores pagos por cada um destes regimes, embo­ra possa ser estabelecida contratualmente uma relacao.

A previdencia complementar tem natureza contratual. O regula­mento de um piano de previdencia e um contrato, que contem clausulas sobre contribuicoes, beneficios e periodos de carencia, entre outras dis- posicoes. A vincula^ao do participante ao piano de beneficios depende de sua inscricao voluntaria (contrato celebrado com a entidade de previ­dencia que administra o piano). O regime de previdencia complementar sempre sera facultativo. Assim, a contribuicao ao regime de previdencia complementar nao tem natureza tributaria, pois nao apresenta a com- pulsoriedade e a origem ex lege intrinseca a essas exacoes.249

O piano de custeio da previdencia complementar estabelecera o nivel de contribuicao necessario a constituicao das reservas garantido- ras de beneficios, fundos, provisoes e a cobertura das demais despesas, em conformidade com os criterios fixados pelo orgao regulador e fisca- lizador. (LC n° 109/01, art. 18). O regime financeiro de capitalizacao e obrigatorio para os beneficios de pagamento em prestacoes que sejam programadas e continuadas (LC n° 109/01, art. 18, § 1°).

O regime de previdencia complementar e regulado pela Lei Com­plementar n° 109, de 29 de maio de 200X. Esta lei complementar assegu- ra ao participante de pianos de beneficios de entidades de previdencia privada o pleno acesso as informacoes relativas a gestao de seus respec- tivos pianos (CF, art. 202, § 1°).

O regime de previdencia privada e autonomo tambem em relacao ao contrato de trabalho do participante com seu empregador. Assim, as contribuicoes do empregador, os beneficios e as condicoes contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e pianos de beneficios das enti­dades de previdencia privada nao integram o contrato de trabalho dos participantes (CF, art. 202, § 2°). A celebracao de contrato de trabalho nao implica adesao automatica do empregado ao piano de previdencia

248 Lei Complementar n° 109/01, art. 68, § 2°.249 N6BREGA, Marcos Antonio Rios da. Previdencia dos servidores publicos. Belo Horizonte:

Del Rey, 2006, p. 210.

Capitulo 23

« Previdencia

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patrocinado pelo empregador. As contribuicoes que o empregador fizer ao piano previdenciario nao integram a remuneracao dos partidpantes, ou seja, nao sao consideradas salario indireto.

1 .1 . Entidades fechadas de previdencia complementer - EFPC

As EFPC sao popularmente conhecxdas como fundos de pensao. De acordo com o art. 31 da LC n° 109/01, as entidades fechadas sao aquelas acessiveis, na forma regulamentada pelo orgao regulador e fiscalizador, exclusivamente: (I) aos empregados de uma empresa ou grupo de em­presas e aos servidores da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, entes denominados patrocinadores; e (II) aos associados ou membros de pessoas juridicas de carater profissional, classista ou seto- rial, denominadas instituidores.

Tanto os pianos de patrocinador quanto os de instituidor funcio- nam no ambito do sistema fechado de previdencia complementar. A for- maliza^ao da condicao de patrocinador ou instituidor de um piano de beneficio dar-se-a mediante convenio de adesao a ser celebrado entre o patrocinador ou instituidor e a entidade fechada, em relacao a cada piano de beneficios por esta administrado e executado, mediante previa autorizacao do orgao regulador e fiscalizador (LC n° 109/01, art 13).

As entidades fechadas organizar-se-ao sob a forma de fundacao ou sociedade civil, sem fins lucrativos (LC n° 109/01, art 31, § 1°). Com o advento do Novo C6digo Civil, a figura da sociedade civil deixou de existir. Por isso, as entidades fechadas de previdencia complementar criadas a partir da promulgacao do novo Codigo Civil tem adotado a forma de fundacao de direito privado. A Portaria SPC n.° 2, de 08 de janeiro de 2004, dispensou as EFPC entao existentes de fazerem a adap- tacao ao novo Codigo Civil.

As entidades fechadas tem como objeto a administracao e exe- cucao de pianos de beneficios de natureza previdenciaria. E vedada as entidades fechadas a prestacao de quaisquer servicos que nao estejam no ambito de seu objeto. Todavia, as entidades fechadas que, na data da publicacao da LC n° 109/01, prestavam a seus participantes e assistidos servicos assistenciais a saude poderao continuar a faze-lo, desde que seja estabelecido um custeio espedfico para os pianos assistenciais e que a sua contabilizacao e o seu patrimonio sejam mantidos em separado em relacao ao piano previdenciario.

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1 .1 .1 . Entidades fechadas criadas por pafrocinador

As entidades fechadas constituidas por patrocinador dependem de uma rela^ao formal de emprego. Uma das caracteristicas desse tipo de previdencia fechada e a participacao do empregador no custeio do referido piano. O patrocinador pode ser uma empresa, um grupo de empresas, a Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios, suas autar- quias, funda^oes, empresas publicas, sociedades de economia mista e outras entidades publicas. Assim, o patrocinador e a pessoa juridica de direito privado ou de direito publico que contribui para a constitui^ao das reservas destinadas a garantir o pagamento de beneficios a seus em- pregados ou servidores.

Cabe ao patrocinador custear o piano de beneficios, sozinho ou em concurso com os participantes (e eventualmente os assistidos). Quando apenas o patrocinador contribui para o piano de previdencia, ele e chamado de piano nao contributivo; quando ha contributes do patrocinador e dos participantes, o piano e dito contributivo.

E vedado o aporte de recursos a entidade de previdencia priva- da pela Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios, suas autarquias, funda^oes, empresas publicas, sociedades de economia mista e outras entidades publicas, salvo na qualidade de patrocinador, situa^ao na qual, em hipotese alguma, sua contribui^ao normal podera exceder a do segurado (CF, art. 202, § 3°).

1 X 2 . Entidades fechadas criadas par instifuidor

Nas entidades fechadas criadas por instituidores, a rela^ao entre as partes se da mediante o vinculo associativo, e nao pelo vinculo emprega- ticio. O instituidor e pessoa juridica de carater profissional, classista ou setorial (por exemplo, sindicato, associacao, conselho profissional, coope- rativa) que institui EFPC exclusivamente para seus associados. Este tipo de entidade fechada nao possui a figura da empresa patrocinadora.

As EFPC constituidas por instituidores deverao, cumulativamen- te: (I) terceirizar a gestao dos recursos garantidores das reservas tecni- cas e provisoes mediante a contrata^ao de institui^ao especializada au- torizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou outro orgao com- petente; (II) ofertar exclusivamente pianos de beneficios na modalidade contribui^ao definida (LC n° 109/01, art. 31, § 2°).

Capitulo 23

• Previdencia

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1 .1 .3 . Orgaos regulador e fiscalizador

O orgao fiscalizador das EFPC e a Superintendencia Nacional de Previdencia Complementar - PREVIC. O orgao regulador e o Conse- Iho Nacional de Previdencia Complementar - CNPC, responsavel pela expedicao de normas administrativas de observancia obrigatoria pelas EFPC. A PREVIC e o CNPC sao vincuiados ao Ministerio da Previden­cia Social.

De acordo com o caput do art. 33 da LC n° 109/01, dependerao de previa e expressa autorizacao do orgao regulador e fiscalizador: (I) a constituicao e o funcionamento da entidade fechada, bem como a apli- cacao dos respectivos estatutos, dos regulamentos dos pianos de benefi­cios e suas alteracoes; (II) as operates de fusao, cisao, incorporacao ou qualquer outra forma de reorganizacao societaria, relativas as entidades fechadas; (III) as retiradas de patrocinadores; e (IV) as transferencias de patrodnio, de grupo de participantes, de pianos e de reservas entre entidades fechadas.

1 .1 .4 . Estrutura m inim a para o funcionam ento

Para atuar, a entidade fechada deve manter uma estrutura mi­nima composta por conselho deliberative, conselho fiscal e diretoria- -executiva. O estatuto devera prever representacao dos participantes e assistidos nos conselhos deliberative e fiscal, assegurado a eles no mini- mo um terco das vagas.

Os membros do conselho deliberative, do conselho fiscal e da diretoria-executiva deverao atender aos seguintes requisitos mmimos:(I) comprovada experiencia no exercicio de atividades nas areas finan­ceira, administrativa, contabil juridica, de fiscalizacao ou de auditoria;(II) nao ter sofrido condenacao criminal transitada em julgado; e (III) nao ter sofrido penalidade administrativa por infracao da legislacao da seguridade social ou como servidor publico. Alem de atender a esses requisitos, os membros da dire tor ia-executiva deverao ter formacao de nivel superior. Excepcionalmente, poderao ser ocupados ate trinta por cento dos cargos da diretoria-executiva por membros sem formacao de nivel superior.

Sera informado ao orgao regulador e fiscalizador o responsavel pelas aplica<;6es dos recursos da entidade, escolhido entre os membros

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da diretoria-executiva. Os demais membros da diretoria-executiva res- ponderao solidariamente com o dirigente indicado pelos danos e preju- izos causados a entidade para os quais tenham concorrido.

Os membros da diretoria-executiva e dos conselhos deliberative e fiscal poderao ser remunerados pelas entidades fechadas, de acordo com a legislacao aplicavel.

1 .1 .5 . Custeio das entidades fechadas

O piano de custeio, com periodicidade minima anual, estabelece- ra o nivel de contribuicao necessario a constitui<;ao das reservas garan- tidoras de beneficios, fundos, provisoes e a cobertura das demais des~ pesas, em conformidade com os criterios fixados pelo orgao regulador e fiscalizador.250

O piano de beneficios devera prever o custeio dos beneficios por meio de contribu tes de patrocinadores, participantes e assistidos, de forma isolada ou conjunta, cujo criterio devera ser definido no regula- mento e respectiva nota tecnica atuarial. Devera constar da avalia$ao atuarial anual eventual expectativa de evolu^ao das taxas de contribui- <;ao do piano de beneficios.

1 .1 .5 .1 . Regimes financeiros

De acordo com o § 1° do art. 18 da LC n° 109/02, “o regime finan- ceiro de capitaliza^ao e obrigatorio para os beneficios de pagamento em presta^oes que sejam programadas e continuadas”.

A Resolu^ao CNPC n° 18/2006 estabelece parametros tecnico- -atuariais para estrutura^ao de piano de beneficios de entidades fecha­das de previdencia complementar. Esta Resolu^ao admite os seguintes regimes financeiros: (I) Capitaliza^ao - nas suas diversas modalidades, sendo obrigatorio para o financiamento dos beneficios que sejam pro- gramados e continuados, e facultativo para os demais, na forma de ren- da ou pagamento unico; (II) Reparti^ao de capitals de cobertura - para beneficios pagaveis por invalidez, por morte, por doen^a ou reclusao, cuja concessao seja estruturada na forma de renda; (III) Reparti^ao sim­ples para beneficios pagaveis por invalidez, por morte, por doen^a

250 Lei Complementar n° 109/2001, art. 18, caput.

Capitulo 23

» Previdencia

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ou por reclusao, todos na forma de pagamento unico. Sera admitida a ado<;ao do regime financeiro de reparti^ao simples para beneficios cujo evento gerador seja a doenca ou a reclusao, onde a concessao seja sob a forma de renda temporaria de ate cinco anos.

As reservas tecnicas, provisoes e fundos de cada piano de benefi­cios e os exigiveis a qualquer titulo deverao atender permanentemente a cobertura integral dos compromissos assumidos pelo piano de bene­ficios, ressalvadas excepcionalidades definidas pelo orgao regulador e fiscalizador.

As contribuicoes destinadas a constituicao de reservas terao como finalidade prover o pagamento de beneficios de carater previdenciario. Tais contribuicoes classificam-se em: (I) normais, aquelas destinadas ao custeio dos beneficios previstos no respectivo piano; e (II) extraordina- rias, aquelas destinadas ao custeio de deficits, servico passado e outras finalidades nao incluidas na contribuicao normal.

Quando se tratar de piano nos qual o patrocinador seja ente esta- tal, sua contribuicao normal nao podera exceder a do participante (CF, art 202, § 3°).

1 .L 5 .3 . Resulfodo superavitario

O resultado superavitario dos pianos de beneficios das entidades | fechadas, ao final do exercicio, satisfeitas as exigencias regulamentares re-

lativas aos mencionados pianos, sera destinado a constituicao de reserva Jf de contingencia, para garantia de beneficios, ate o limite de vinte e cinco♦ por cento do valor das reservas matematicas. Constituida a reserva de | contingencia, com os valores excedentes sera constituida reserva espe- S cial para revisao do piano de beneficios. A nao utilizacao da reserva es- ~ pecial por tres exercfcios consecutivos determinara a revisao obrigatoria £ do piano de beneficios da entidade. Se a revisao do piano de beneficios •| implicar reducao de contribuicoes, devera ser levada em consideracao a a proporcao existente entre as contribuicoes dos patrocinadores e dos 3 participantes, inclusive dos assistidos.

U . 5 . 2 . Contribuicoes normais e exfraordmarras!!'!

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1.1.5 .4 . Resuitado deficitdrio

O resuitado deficitario nos pianos ou nas entidades fechadas sera equacionado por patrocinadores, participantes e assistidos, na propor- $ao existente entre as suas contribu tes, sem prejuizo de a^ao regressi- va contra dirigentes ou terceiros que deram causa a dano ou prejuizo a entidade de previdencia complementar. Tal equacionamento podera ser feito, dentre outras formas, por meio do aumento do valor das contri­b u te s , institui^ao de contribui^ao adicionai ou redu^ao do valor dos beneficios a conceder. A redu^ao dos valores dos beneficios nao se aplica aos assistidos, sendo cabfvel, nesse caso, a institui^ao de contribui^ao adicionai para cobertura do acrescimo ocorrido em razao da revisao do piano. Na hipotese de retorno a entidade dos recursos equivalen- tes ao deficit previsto no caput deste artigo, em consequencia de apu- ra^ao de responsabilidade mediante a^ao judicial ou administrativa, os respectivos valores deverao ser aplicados necessariamente na redu^ao proporcional das contribu tes devidas ao piano ou em melhoria dos beneficios.

1 .L 5 .5 . D e m o n s tra te s contabeis e avaliacdes atuariais

Ao final de cada exercicio, coincidente com o ano civil, as entida­des fechadas deverao levantar as demonstrates contabeis e as avalia- 9oes atuariais de cada piano de beneficios, por pessoa juridica ou profis- sional legalmente habilitado, devendo os resultados ser encaminhados ao orgao regulador e fiscalizador e divulgados aos participantes e aos assistidos.251

As demonstrates contabeis sao o retrato anual da posi^ao finan- ceira e patrimonial da entidade fechada e dos pianos de beneficios que administra.

A Resolucao CNPC n° 5/2002 dispoe sobre as normas gerais que regulam os procedimentos contabeis das entidades fechadas de previ­dencia complementar. O art. 1° desta Resolu^ao aprova: (I) Planifica^ao Contabil Padrao; (II) Fun^ao e Funcionamento das Contas; (III) Mo- delos e Instru^oes de Preenchimento das Demonstrates Contabeis; e(IV) Normas de Procedimentos Contabeis.

251 Lei Complementar n° 109/2001, art. 22.

Capitulo 23

♦ PrevidSncia

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Entende-se por avalia^ao atuarial o estudo tecnico desenvolvido por atuario, que devera ter registro junto ao Institute Brasileiro de Atu- aria. Este estudo tera por base a massa de participantes, de assistidos e de beneficiarios do piano de beneficios de carater previdenciario, admi- tidas hipoteses biometrica-s, demograficas, economicas e financeiras, e sera realizado com o objetivo principal de dimensionar os compromis- sos do piano de beneficios e estabelecer o piano de custeio de forma a manter o equilibrio e a solvencia atuarial, bem como o montante das reservas matematicas e fundos previdencia is. Devera ser discriminada na avaliacao atuarial a destina^ao das contribuicoes para o piano de beneficios.

1 .2 . Entidades abertas de previdencia complementar - EAPC

As entidades abertas sao constituidas unicamente sob a forma de sociedades anonimas e tem por objetivo instituir e operar pianos de be- neficios de carater previdenciario concedidos em forma de renda con- tinuada ou pagamento unico, acessiveis a quaisquer pessoas fisicas.252

Estas entidades sao denominadas abertas por poderem oferecer seus pianos de beneficios a qualquer pessoa interessada. Vale dizer, qual­quer pessoa fisica pode aderir a um piano de previdencia complementar aberta, independentemente de vinculo profissional ou associativo.

O orgao regulador das EAPC e o Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP> vinculado ao Ministerio da Fazenda.

De acordo com o art. 37 da LC n° 109/01, compete ao orgao regu­lador, entre outras atribuicoes que Ihe forem conferidas por lei, estabe­lecer: (I) os criterios para a investidura e posse em cargos e fun^oes de orgaos estatutarios de entidades abertas, observado que o pretendente nao podera ter sofrido condenacao criminal transitada em julgado, pe- nalidade administrativa por infracao da legisla^ao da seguridade social ou como servidor publico; (II) as normas gerais de contabilidade, audi- toria, atuaria e estatistica a serem observadas pelas entidades abertas, inclusive quanto a padronizacao dos pianos de contas, balan^os gerais, balancetes e outras demonstrates financeiras, criterios sobre sua pe~ riodicidade, sobre a publica^ao desses documentos e sua remessa ao or- gao fiscalizador; (III) os indices de solvencia e liquidez, bem como as

252 Lei Complementar n° 109/2001, art. 36.

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relates patrimoniais a serem atendidas pelas entidades abertas, obser- vado que seu patrimonio Hquido nao podera ser inferior ao respectivo passivo nao operacional; e (IV) as condi^oes que assegurem acesso a informacoes e fornecimento de dados relativos a quaisquer aspectos das atividades das entidades abertas.

O orgao fiscalizador das EAPC e a Superintendencia de Seguros Privados - SUSEP, tambem vinculada ao Ministerio da Fazenda.

Nos termos do caput do art. 38 da LC n° 109/01, dependerao de previa e expressa aprova^ao do orgao fiscalizador: (I) a constitui^ao e o funcionamento das entidades abertas, bem como as disposi^oes de seus estatutos e as respectivas altera^oes; (II) a comercializa^ao dos pianos de beneficios; (III) os atos relativos a elei^ao e consequente posse de ad- ministradores e membros de conselhos estatutarios; e (IV) as operates reiativas a transferencia do controle acionario, fusao, cisao, incorpora- cao ou qualquer outra forma de reorganiza^ao societaria.

As entidades abertas deverao comunicar ao orgao fiscalizador, no prazo e na forma estabelecidos: (I) os atos relativos as altera^oes esta- tutarias e a elei^ao de administradores e membros de conselhos esta­tutarios; e (II) o responsavel pela aplica^ao dos recursos das reservas tecnicasj provisoes e fundos, escolhido dentre os membros da diretoria- -executiva (LC n° 109/01, art. 39).

1 .3 . Beneficiarios dos pianos de previdencia complementar

Os beneficiarios da previdencia complementar sao os participan­tes e assistidos. De acordo com o art. 8° da LC n° 109/01, considera-se:(I) participante, a pessoa fisica que aderir aos pianos de beneficios; e(II) assistido, o participante ou seu beneficiario em gozo de beneficio de presta^ao continuada.

Ha, portanto, duas especies de participante: (I) o participante ati- vo; e (II) o participante em gozo de beneficio de presta^ao continuada, que se chama assistido.

Mas nem todo assistido e ou foi participante; ele pode ter sido, de inicio, mero beneficiario indicado pelo participante, alcan^ando a con- di<;ao de assistido a partir de um evento previsto em regulamento (por exemplo, a morte do participante).

Capitulo 23

«■ Previdencia com

plementar

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1.4. Pianos de beneficios

As entidades de previdencia complementar somente poderao insti- tuir e operar pianos de beneficios para os quais tenham autoriza^ao espe- cifica, segundo as normas aprovadas pelo orgao regulador e fiscalizador. Os pianos de beneficios atenderao a padrdes minimos fixados pelo orgao regulador e fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparencia, sol­vencia, liquidez e equilibrio economico-financeiro e atuarial.

O orgao regulador e fiscalizador normatizara pianos de beneficios nas modalidades de beneficio definido, contribuicao definida e contri­buicao variavel, bem como outras formas de pianos de beneficios que reflitam a evolucao tecnica e possibilitem flexibilidade ao regime de pre­videncia complementar.253

Plano de beneficio definido e aquele cujos beneficios programa- dos tem seu valor ou nivel previamente estabelecidos, sendo o custeio determinado atuarialmente, de forma a assegurar sua concessao e ma- nutencao.254

Plano de contribuicao definida e aquele cujos beneficios pro- gramados tem seu valor permanentemente ajustado ao saldo de conta mantido em favor do participante, inclusive na fase de percepcao de be­neficios, considerando o resultado Hquido de sua aplicacao, os valores aportados e os beneficios pagos.255 Neste piano, conhece-se o valor da contribuicao a ser vertida para o piano no momento da sua contratacao, Contudo, o valor do beneficio e indefinido, somente sendo conhecido quando da sua concessao, decorrendo diretamente do montante acu- mulado pelas contribuicoes vertidas e pelos rendimentos auferidos, du­rante o periodo de aplicacao do capital.

Plano de contribuicao variavel e aquele cujos beneficios programa- dos apresentem a conjugacao das caracteristicas das modalidades de con­tribuicao definida e beneficio definido.256 Ou seja, a partir da mistura de conceitos dessas formas basicas, podem ser criadas inumeras modelagens mistas. Normalmente, os pianos de contribuicao variavel apresentam os beneficios programados concebidos pelo modelo de contribuicao definida e os beneficios de risco na modalidade de beneficio definido.

253 Lei Complementar n° 109/2001, art. 7°, paragrafo unico.254 Resolufao CNPC n° 16/2005, art 2°.255 Resolutjao CNPC n° 16/2005, art. 3°.256 Resoluijao CNPC n° 16/2005, art. 4°.

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Os pianos de beneficios de entidades fechadas poderao ser insti- tuidos por patrocinadores e instituidores. Tais pianos devem ser, obri- gatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores e a todos os associados dos instituidores. Mas esta obrigatoriedade nao se aplica aos pianos em extincao, assim considerados aqueles aos quais o acesso de novos participantes esteja vedado. Vale tambem frisar que a adesao de cada empregado ou associado e sempre facultativa.

Sao equiparaveis aos empregados e associados os gerentes, direto- res, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de pa­trocinadores e instituidores.

De acordo com o caput do art. 14 da LC n° 109/01, os pianos de beneficios deverao prever os seguintes institutos, observadas as normas estabelecidas pelo orgao regulador e fiscalizador: (I) beneficio propor- cional diferido, em razao da cessa^ao do vinculo empregaticio com o patrocinador ou associativo com o instituidor antes da aquisi^ao do di­reito ao beneficio pleno, a ser concedido quando cumpridos os requisi­tes de elegibilidade; (II) - portabilidade do direito acumulado pelo par­ticipante para outro piano; (III) resgate da totalidade das contributes vertidas ao piano pelo participante, descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamentada; e (IV) faculdade de o partici­pante manter o valor de sua contribui$ao e a do patrocinador, no caso de perda parcial ou total da remunera^ao recebida, para assegurar a per- cep^ao dos beneficios nos mveis correspondentes aquela remunera^ao ou em outros definidos em normas regulamentares.

1 A 1 . 1 . Beneficio proportional diferido - Vesting

Entende-se por beneficio proporcional diferido o instituto que faculta ao participante, em razao da cessa^ao do vinculo empregaticio com o patrocinador ou associativo com o instituidor antes da aquisi^ao do direito ao beneficio pleno, optar por receber, em tempo futuro, o be­neficio decorrente dessa op^ao.257

Com este instituto, tambem conhecido como vesting, o parti­cipante recebera beneficio proporcional as suas contribu tes e as do

1.4 .1. Pianos de beneficios de entidades fechadas

257 Resoiugao CNPC n° 06/2003, art. 2°.

Capitulo 23

♦ Previdencia

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patrocinador, diferido no tempo. O beneficio decorrente da op^ao pelo vesting sera devido a partir da data em que o participante tornar-se-ia elegivel ao beneficio pleno, na forma do regulamento, caso mantivesse a sua inscricao no piano de beneficios na condicao anterior a op<;ao por este instituto.

O principal objetivo do vesting e o de permitir que o participante, mesmo sem desembolsar contribuicoes, permane<;a vinculado a piano de beneficio patrocinado por empresa com a qual cessou seu vinculo empregaticio. Se, por exemplo, o participante tiver passado por tres em­pregos nos quais haja piano de beneficios, e nos tres tenha optado pelo vesting, ele tera na inatividade tres beneficios proporcionais que, soma- dos, serao equivalentes a um beneficio integral.

Ao participante que nao tenha preenchido os requisitos de elegibi-1 idade ao beneficio pleno e facultada a op<;ao pelo beneficio proporcio- nal diferido na ocorrencia simultanea das seguintes situacoes: (I) ces- sacao do vinculo empregaticio do participante com o patrocinador ou associativo com o instituidor; (II) cumprimento da carencia de ate tres anos de vinculacao do participante ao piano de beneficios.258

A op^ao do participante pelo beneficio proporcional diferido nao impede posterior opcao pela portabilidade ou resgate.

1 .4 .1 .2 . Portabilidade

Entende-se por portabilidade o instituto que faculta ao partici­pante transferir os recursos financeiros correspondentes ao seu direi­to acumulado para outro piano de beneficios de carater previdenciario operado por entidade de previdencia complementar ou sociedade segu- radora autorizada a operar o referido piano.

Haver a, portanto, transferencia de recursos financeiros entre dois pianos: (I) piano de beneficios originario e aquele do qual serao por- tados os recursos financeiros que representam o direito acumulado; e(II) piano de beneficios receptor e aquele para o qual serao portados os recursos financeiros que representam o direito acumulado.

Quando o piano originario for uma EFPC, o piano receptor po­dera ser EFPC ou EAPC. Contudo, a portabilidade realizada de uma EFPC para uma EAPC somente sera admitida quando a integralidade

253 Resolucao CNPC n° 06/2003, art. 5°.

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dos recursos financeiros correspondentes ao direito acumulado do par­ticipante for utilizada para a contrata^ao de renda mensal vitalicia ou por prazo determinado, cujo prazo minimo nao podera ser inferior ao periodo em que a respectiva reserva foi constituida, Iimitado ao minimo de quinze anos, observadas as normas estabelecidas pelo orgao regula- dor e fiscalizador.259

Ao participante que nao esteja em gozo de beneficio e facultada a op^ao pela portabilidade na ocorrencia simultanea das seguintes situ­a te s : (I) cessa^ao do vinculo empregaticio do participante com o pa­trocinador, nos pianos instituidos por patrocinador; (II) cumprimento da carencia de ate tres anos de vincula^ao do participante ao piano de beneficios.260

Para fins de portabilidade, o direito acumulado corresponde as reservas constituidas pelo participante ou a reserva matematica, o que Ihe for mais favoravel.

Reserva constituida pelo participante e o valor acumulado das contribu tes vertidas por ele ao piano, destinadas ao financiamento do beneficio pleno programado, de acordo com o piano de custeio, ajustado conforme o regulamento do piano de beneficios.261

Reserva Matematica e a diferen^a, em valores atuais, entre os compromissos futures dos pianos (beneficios futuros) e as contribu­t e s futuras dos participantes e das patrocinadoras - quando houver

todos avaliados a mesma epoca. Em outras palavras, e a diferen^a entre o somatorio dos beneficios a pagar e as contribu tes a recolher. Os calculos sao realizados de forma individualizada, e sao considerados os regulamentos e os pianos de custeio.

Vale salientar que a portabilidade nao caracteriza resgate. Os re­cursos financeiros correspondentes a portabilidade nao podem transi- tar pelos participantes dos pianos de beneficios, sob qualquer forma.

1 .4 .1 .3 . Resgate

Entende-se por resgate o instituto que faculta ao participante o rece- bimento de valor decorrente do seu desligamento do piano de beneficios.

259 Lei Complementar n° 109/2001, art. 14, § 4°.260 Resolu^ao CNPC n° 06/2003, art. 14.261 Resolu^ao CNPC n° 06/2003, art. 15, § 3°.

Capitulo 23

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O valor do resgate corresponde, no mmimo, a totalidade das contribuicoes vertidas ao piano de beneficios pelo participante, descontadas as parcelas do custeio administrativo que, na forma do regulamento e do piano de cus­teio, sejam de sua responsabilidade. O regulamento do piano de beneficios devera prever forma de atualizacao das referidas contribuicoes.

O exercicio do resgate implica a cessacao dos compromissos do piano administrado pela entidade fechada de previdencia complemen­tar em relacao ao participante e seus beneficiarios.

No caso de piano de beneficios instituido por patrocinador, o re­gulamento devera condicionar o pagamento do resgate a cessacao do vinculo empregaticio. No caso de piano de beneficio instituido por ins­tituidor, o regulamento devera prever prazo de carencia para o paga­mento do resgate, de seis meses a dois anos, contado a partir da data de inscricao no piano de beneficios. O resgate nao sera permitido caso o participante esteja em gozo de beneficio.

1 .4 .1 .4 . Autopafrocinio

Entende-se por autopatrocmio a faculdade de o participante man- ter o valor de sua contribuicao e a do patrocinador, no caso de perda parcial ou total da remuneracao recebida, para assegurar a percepcao dos beneficios nos nlveis correspondentes aquela remuneracao ou em outros definidos em normas regulamentares. A cessacao do vinculo empregaticio com o patrocinador devera ser entendida como uma das formas de perda total da remuneracao recebida.

O regulamento do piano de beneficios devera prever prazo para | opcao pelo autopatrocmio.

A opcao do participante pelo autopatrocmio nao impede posterior opcao pelo beneficio proporcional diferido, portabilidade ou resgate.

1 .4 .2 . Pianos de beneficios de entidades abertas

Os pianos de beneficios instituidos por entidades abertas poderao ser: (I) individuals, quando acessiveis a quaisquer pessoas fCsicas; ou (II) coletivos, quando tenham por objetivo garantir beneficios previdencia­rios a pessoas fisicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa juridica contratante.262

262 Lei Complementar n° 109/2001, art. 26, caput.

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I

1 .4 .2 .1 . Pianos individuals

Nos pianos individuals, a contrata^ao e feita diretamente pelo participante. O termo "individual" usado para designar tais modali- dades de pianos abertos, refere-se tao somente ao fato de a contrata^ao ocorrer sem a intermedia^ao de pessoa juridica com a qual o partici­pante mantenha vinculo; nao significa que o piano seja oferecido a um unico participante ou que ele tenha garantias diversas daquelas assegu- radas aos demais participantes do mesmo piano.

Os pianos individuals sao custeados exclusivamente por con­tr ib u te s do participante, tendo em vista que nao ha participa^ao de pessoa juridica na contrata^ao e na relacao juridica com a entidade de previdencia.

1 .4 .2 .2 . Pianos colefivos

Nos pianos coletivos instituidos por entidades abertas, os grupos de pessoas poderao ser constituidos por uma ou mais categorias espe- cificas de empregados de um mesmo empregador,podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiarias, e por membros de as­sociates legalmente constituidas, de carater profissional ou classista, e seus conjuges ou companheiros e dependentes economicos.263

Os pianos coletivos oferecidos por entidades abertas podem ser confundidos com os pianos de beneficios das entidades fechadas, pois ambos tem como objetivo garantir beneficios previdenciarios a pessoas fisicas vinculadas a uma pessoa juridica ou entidade associativa. To- davia, os pianos coletivos abertos diferenciam-se dos pianos fechados pelo fato de sua administra^ao se dar por entidade (aberta) que tambem oferece pianos de beneficios individuals e coletivos a outras pessoas nao relacionadas aquele grupo integrante de uma mesma coletividade, e por estarem submetidos a regulamenta^ao e fiscaliza^ao proprias.264 Assim, quando uma empresa deseja oferecer um piano de previdencia comple­mentar aos seus empregados e dirigentes, ela tem duas op^oes: (I) criar uma entidade fechada de previdencia complementar; ou (II) contratar um piano coletivo administrado por uma entidade aberta de previden­cia complementar.

263 Lei Complementar n° 109/2001, art. 26, § 3°.264 BALERA, Wagner (coordenagao). Comentarios a Lei de Previdencia Privada, Sao Paulo:

Quartier Latin, 2005, p. 172.

Capitulo 23

o Previdencia

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Os pianos coletivos abertos podem ser custeados exclusivamente por contribuicoes do participante, exclusivamente por contribuicoes da pessoa juridica contratante, ou por contribuicoes de ambos.

A pessoa juridica contratante de piano coletivo pode ser denomi- nada de averbadora ou instituidora. Averbadora e a pessoa juridica que propoe a contratacao de piano coletivo, ficando investida de poderes de representacao> exclusivamente para contrata-lo com a EAPC, sem par- ticipar do custeio, Instituidora e a pessoa juridica que propoe a contra­tacao de piano coletivo, ficando investida de poderes de representacao, exclusivamente para contrata-lo com a EAPC, e que participa, total ou parcialmente, do custeio.

I .4 .2 .3 . Resgate e portabilidade nas entidades abertas

O art. 27 da LC n° 109/01 assegura aos participantes das EAPC o direito a portabilidade, inclusive para piano de beneficio de entidade fe­chada, e ao resgate de recursos das reservas tecnicas, provisoes e fundos, total ou parcialmente.

No caso da portabilidade, os recursos financeiros serao movimen- tados diretamente entre as entidades administradoras dos pianos origi­nario e receptor, ficando vedado seu transito, sob qualquer forma, pelo participante ou pela pessoa juridica instituidora/averbadora, quando for o caso.

O resgate e o instrumento que possibilita o recebimento dos re­cursos acumulados pelo participante, antes do inicio do pagamento do beneficio contratado.

| Veja que o resgate diferencia-se do pagamento de beneficio. O^ resgate corresponde a um pagamento extraordinario, ocorrido por so-^ licitacao do participante, conforme sua conveniencia. Ja o pagamento♦ de beneficio e definido desde a contratacao do piano, com a finalidade| primordial de proporcionar complementacao a aposentadoria do parti-| cipante ou de auxiliar na subsistencia de seus beneficiarios, em caso de~ morte do participante.

| 2. Previdencia complementar publicaO-S A previdencia complementar publica, destinada a servidores ti-| tulares de cargo efetivo, tem previsao nos §§ 14, 15 e 16 do art. 40 daJ Constituicao Federal, in verbis:

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Ҥ 14-A Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, desde que instituam regime de previdencia complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderao fixar, para o valor das aposentadorias e pensoes a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite maximo estabelecido para os beneficios do regime geral de previdencia social de que trata o art, 201.

§ 1 5 - 0 regime de previdencia complementar de que tratao § 14 sera instituido por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art 202 e seus pardgrafos, no que couber, por intermedio de entidades fechadas de previdencia complementar, de natureza publica, que oferecerdo aos respec­tivos participantes pianos de beneficios somente na modalidade de contribuiqdo definida., §16- Somente mediante sua previa e expressa opgdo, o disposto nos §§ 14 e 15 poderd ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no servi$o publico ate a data da publicagdo do ato de instituigao do correspondente regime de previdencia complementary

Desde logo, vale frisar que a previdencia complementar publica, por for^a do § 15 do art. 40 da Constitui^ao, sujeita-se, no que couber, aos ditames do art. 202 da Carta Magna. Este dispositivo constitucional, por sua vez, e regulamentado pelas Leis Complementares n°s 108/01 e 109/01. Assim, a previdencia complementar publica tambem deve obe- decer, no que couber, as regras destas Leis Complementares. Seguindo esta linha de raciocinio, trataremos deste ramo da previdencia comple­mentar levando em considera^ao alguns conceitos estabelecidos por es- tas Leis Complementares.

Assim, na previdencia complementar publica tambem havera pa­trocinador, participante e assistido. Os patrocinadores so poderao ser a Uniao, os Estados, o Distrito Federal, os Municipios e suas respectivas autarquias e funda^oes publicas. Os participantes serao os servidores publicos titulares de cargo efetivo, os magistrados, os membros do Mi- nisterio Publico, e os ministros e conselheiros dos Tribunals de Con- tas, que aderirem ao piano de beneficios administrado pela entidade de previdencia complementar de natureza publica. Os assistidos serao os participantes ou os seus beneficiarios em gozo de beneficio de presta^ao continuada.

Capitulo 23

« Previdencia

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2 .1 . Fixacao do teto do RGPS para aposentadorias e pensoes do RPPS

O ente federativo nao e obrigado a instituir previdencia comple­mentar publica para os seus servidores titulares de cargo efetivo. Mas se este regime for criado, o ente federativo podera aplicar o mesmo teto do RGPS as aposentadorias e pensoes a serem concedidas pelo RPPS aos servidores que: (I) ingressarem no servico publico apos a data da publica^ao do ato de institui^ao do regime de, previdencia complemen­tar, independentemente de sua adesao ao piano de beneficios; ou (II) tenham ingressado no servico publico ate a data da publica^ao do ato de institui^ao do regime de previdencia complementar e que exer^am a op^ao por este regime.

Sendo criada a previdencia complementar publica, a adesao do servidor a este regime sempre sera facultativa, independentemente da data do seu ingresso no servico publico. Para quem ingressar no servico publico apos a data da institui^ao da previdencia complementar publi­ca, o que sera obrigatorio e a aplicacao do teto do RGPS aos proventos de aposentadorias e pensoes a serem concedidas pelo RPPS. Mas para quem ja havia ingressado no servico publico ate aquela data, o teto do RGPS somente sera aplicado se o servidor expressamente optar pelo re­gime complementar de previdencia.

Um ponto merece reflexao. Qual a situa^ao do servidor que, an­tes da data da institui^ao do regime de previdencia complementar da Uniao, ja ocupava cargo efetivo no ambito estadual e que, apos aquela data, foi aprovado em concurso publico e tomou posse em novo cargo efetivo no ambito federal? Sera aplicado o teto do RGPS para este ser­vidor? No meu entender, o teto do RGPS nao sera obrigatorio para este servidor. O teto do RGPS sera obrigatorio somente para o servidor que ingressar no servico publico apos a data da publica<;ao do ato de ins- titui^ao do correspondente regime de previdencia complementar (CF, art. 40, § 16). No caso em tela, o servidor ja havia ingressado no servico publico antes daquela data, embora em outro ente federativo. Por isso, para este servidor, o teto do RGPS somente sera aplicado se ele expres­samente optar pelo regime de previdencia complementar.

2 .2 . Instifuicoo do regime

O regime de previdencia complementar dos servidores ocupantes de cargo efetivo pode ser instituido por lei ordinaria, de iniciativa do

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respectivo chefe do Poder Executivo (CF, art. 40, § 15). Antes da EC n° 41/2003, a Constitui<;ao exigia lei complementar federal Com a reda- $ao dada pela EC n° 41/2003 ao § 15 do art. 40 da Constitui^o Federal, Uniao, Estados, Municipios e Distrito Federal editarao leis ordinarias independentes, que tratarao da previdencia complementar de seus res­pectivos servidores.

2 .3 . Form a de consfiluicao da entidade

O regime de previdencia complementar dos servidores ocupantes de cargo efetivo sera constitufdo por intermedio de entidades fechadas de previdencia complementar, de natureza publica.

A entidade sera fechada, pois os seus participantes serao, exclusi­vamente, os servidores publicos titulares de cargo efetivo, os magistra- dos, os membros do Ministerio Publico, e os ministros e conselheiros dos Tribunals de Contas, vinculados ao respectivo ente federativo.

A natureza publica das entidades fechadas implicara, entre ou­tras exigencias, na submissao aos ditames da Lei n° 8.666/93 no tocante a licita^ao e contratos administrativos; realiza^ao de concurso publico para a contrata^ao de pessoal; e controle dos Tribunals de Contas.

A entidade fechada de previdencia complementar, de natureza pu­blica, sera organizada sob a forma de funda^ao publica.265

2 .4 . Modalidade dos pianos de beneficios

A previdencia complementar publica oferecera aos respectivos participantes pianos de beneficios somente na modalidade de contri- bui9ao definida. Isso significa que o servidor conhece o valor da contri- bui<;ao a ser vertida ao piano, mas o valor do beneficio e indefmido, so­mente sendo conhecido quando da sua concessao. O valor do beneficio dependera da gestao e dos rendimentos do fundo.

Os recursos oriundos das contribu tes mensais dos participantes e do patrocinador serao aplicados em investimentos predeterminados que deverao, ao fim do periodo contributivo, amealhar recursos sufi- cientes para fazer face aos beneficios a serem pagos.

265 CF, art 40, § 15 c/c Lei Complementar n° 108/2001, art. 8°, paragrafo unico.

Capitulo 23

♦ Previdencia

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2 .5 . Bose de calculo da contribuicao do participante

Embora o texto constitucional nao determine expressa.mente, mas e obvio que para aquele servidor que tiver seus proventos de apo­sentadoria e pensao limitados ao teto do RGPS, a base de calculo de sua contribuicao ao RPPS tambem obedecera ao mesmo teto (atualmente, R$ 3.689,66).

Sendo assim, suponhamos um servidor ocupante de cargo efetivo que receba uma remuneracao mensal de 10.000 reais e tenha ingressa­do no servico publico apos a in stitu to da previdencia complementar publica. Esse servidor contribuira para o RPPS sobre R$ 3.689,66 (teto do RGPS). Mediante adesao facultativa, contribuira para a previdencia complementar publica sobre R$ 6.310,34 (parcela da remuneracao que excede ao teto do RGPS). Caso nao tenha aderido a previdencia comple­mentar, contribuira somente para o RPPS sobre R$ 3.689,66.

A ideia e a seguinte: o servidor ocupante de cargo efetivo que te­nha ingressado no servico publico apos a cria^ao do regime comple­mentar, se desejar ter proventos superiores ao teto do RGPS, alem de contribuir para o RPPS, devera contribuir tambem para a entidade fe­chada de previdencia complementar. Contudo, se nao tiver tal intento, podera contribuir somente para o RPPS.

2 .6 . Contribuicao do patrocinador

Por for<;a do § 3° do art. 202 da Constituicao Federal, na previden­cia complementar publica, a contribuicao normal do patrocinador nao podera exceder a do segurado. Ou seja, o ente federativo contribuira, no maximo, com o mesmo montante vertido pelo servidor.

Exerdcios de Flxacdo ,

261. (Procurador da Fazenda Nacional/2007/Esaf] Assinaie a op^ao correta quanto ao sistema das entidades de previdencia privada, nos termos da legisla^ao infraconstitucionai.

a) O sistema sera denominado aberto, sefor acessivel a todos os empregados de empresas, grupo de empresas e agentes publicos da Uniao, Estados, Distrito Federal e Municipios.

b) As entidades fechadas sao organizadas como sociedades andnimas e podem acordar dois tipos de pianos individual ou coletivo.

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c) As entidades abertas possuem como caracteristica a portabilidade das car­te iras.

d) A iegisla^ao nao regulamenta as regras a respeito da reiagao entre a Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os Munidpios e outras entidades publicas e suas respectivas entidades fechadas de previdencia complementar, permitindo ampla discricionariedade administrativa.

e) As entidades abertas de previdencia sao organizadas como funda^ao privada ou sociedade civil sem fim lucrativo e podem solicitar concordata.

262. {Procurador da Fazenda Nacional/2006/Esaf) Em rela^ao a Previdencia Privadae correto afirmar que:

a) entidades fechadas sao aquelas acessfveis, na forma regulamentada pelo orgao fiscalizador, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munidpios e associados ou membros de pessoas juridicas de carater professional, dassista ou setorial.

b) sao denominados instituidores de entidades fechadas as empresas, os asso­ciados ou membros de pessoas juridicas de carater professional, dassista ou setorial.

c) as entidades fechadas tem como objeto a administrate e execu^ao de pianos de beneficios de natureza previdenciaria, podendo oferta-los nas modalidades de contribui ao definida e beneficio definido.

d} nas entidades fechadas, sera informado ao orgao reguiador e fiscalizador o responsavel pelas aplica^oes dos recursos da entidade, escolhido entre os membros do conselho deliberative e que respondera subsidiariamente pelas obriga^oes contraidas.

e) as entidades abertas sao constituidas sob a forma de sociedades andnimas ou sociedades civis e tem porobjetivo operar pianos de beneficios de carater previdenciario concedidos em forma de renda continuada ou pagamento unico.

263. Com reia^ao a previdencia complementar, julgue os itens abaixo.I - O regime privado de previdencia complementar e organizado de forma

autonoma em reia^ao ao regime geral de previdencia social, efacultativo e regulado por lei ordinaria.

H - A inscri ao de participante em piano de previdencia complementar substitui a sua inscri$ao como segurado obrigatorio do regime geral de previdencia social.

ill - A concessao de beneficio pela previdencia complementar depende da concessao de beneficio pelo regime geral de previdencia social.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) He illc) I e IIId) todose) nenhum

Capitulo 23

♦ Previdincia

complem

entar

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264. A respeito da previdencia compiementar, juigue os seguintes itens:I - Nas entidades fechadas de previdencia complementar, o regime financeiro

de repartigao simples e obrigatorio para os beneficios de pagamento em presta^oes que sejam programadas e conti nuadas.

II - A Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os JViunidpios podem assumir acondigao de patrocinadores de entidades fechadas de previdencia com­plementar, situagao na qua!, em hipotesealguma, sua contribuicao normal podera exceder a do segurado.

[fl - As contribuicoes do empregador, os beneficios e as condi oes contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e pianos de beneficios dasentidades de previdencia privada nao integram o contrato de trabalho dos partici­pantes.

Os itens que estao corretos sao:a) 1 e IIb) II e II!c) I e IIId) todose) nenhum

265. Julgue os seguintes itens:I - A previdencia complementar dos servidores publicos oferecera aos res-

pectivos participantes pianos de beneficios somente na modalidade de beneficio definido.

II - O regime de previdencia complementar dos servidores ocupantes decargo efetivo sera constituido por intermedio de entidades abertas de previddncia complementar, de natureza publica.

Hi - Na previdencia complementar dos servidores pubiicos, a contribuicao normal do patrocinador podera exceder a do participante.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) II e 111c) I e 111d) todose) nenhum

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266. Os pianos de beneficios de entidades fechadas de previdencia complementar deverao prever os seguintes institutos:I - beneficio proporcionai diferido, em razao da cessacao do vinculo em­

pregaticio com o patrocinador ou associativo com o instituidor antes da aquisigao do direito ao beneficio pleno, a serconcedido quando cumpridos os requisitos de elegibilidade.

ii - portabilidade do direito acumulado pelo participante para outro piano. HI - resgate da totalidade das contribuicoes vertidas ao piano pelo participante,

descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamen- tada.

Os itens que estao corretos sao:a) ie iib) II e 111c) I e md) todose) nenhum

267. (Analista em Gestao Administrativa/FGV-PE/2009) O regime de previdencia complementar da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios ser3 instituido por iei de iniciativa do respectivo___________ , por intermedio de en­tidades____________ de previdencia complementar, de natureza____________,que oferecerao aos respectivos participantes pianos de beneficios somente na modalidade de contribuicao definida.

As lacunas do trecho acima sao corretamente preenchidas pelos seguintes termos:a) Poder Legislativo - fechadas - publicab) Poder Executivo - abertas - publicac) Poder Executivo - fechadas - publicad) Poder Legislativo - fechadas - privadae) Poder Executivo - abertas - privada

Capitulo 23

♦ Previdencia

complem

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es] . Conceito

A organiza^ao da assistencia social e disciplinada pela Lei n° 8.742, de 7/12/1993, conhecida como Lei Organica da Assistencia Social (LOAS).

Nos termos do art. 1° da LOAS, a assistencia social, direito do ci~ dadao e dever do Estado, e Politica de Seguridade Social nao contribu- tiva, que prove os mlnimos sociais, realizada atraves de um conjunto integrado de a^oes de iniciativa publica e da sociedade, para garantir o atendimento as necessidades basicas.

Assim, para obten^ao de beneficios ou servicos da assistencia so­cial nao ha necessidade de contribuicao. Diferencia-se, portanto, da pre­videncia social, pois nesta, para a obtencao de beneficios ou servicos, ha necessidade de contribuicao.

2 . Objetivos

Nos termos do art 2° da LOAS, a assistencia social tem por objetivos:I - a protecao a familia, a maternidade, a infancia, a adolescencia

e a velhice;II - o amparo as criancas e adolescentes carentes;III - a promocao da integrado ao mercado de trabalho;IV - a habilitacao e reabilitacao das pessoas portadoras de defici--

encia e a promocao de sua integracao a vida comunitaria;V - a garantia de 1 (um) salario mmimo de beneficio mensal a

pessoa portadora de deficiencia e ao idoso que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutencao ou de te-la provida por sua familia.

3 . Prinripios

De acordo com o art. 4° da LOAS, a assistencia social rege-se pelos seguintes principios:

I ~ supremacia do atendimento as necessidades sociais sobre asexigencias de rentabilidade economica;

II - universalizacao dos direitos sociais, a fim de tornar o desti-natario da acao assistencial alcancavel pelas demais politicas publicas;

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I

III - respeito a dignidade do cidadao, a sua autonomia e ao seudireito a beneficios e servicos de qualidade, bem como a convivencia familiar e comunitaria, vedando-se qualquer comprovacao vexatoria de necessidade;

IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discri-minacao de qualquer natureza, garantindo-se equivalencia as populates urbanas e rurais;

V ~ divulga^ao ampla dos beneficios, servicos, programas e pro-jetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Publico e dos criterios para sua concessao.

4 . Diretrizes

Diretriz significa uma linha reguladora, um tracado, um cami- nho a seguir. Envolve direcao, rumo, uma conduta ou procedimento a ser seguido.266

A organizacao da assistencia social tem como base as seguintes diretrizes, segundo o art. 5° da LOAS:

I - descentralizacao poHtico-administrativa para os Estados, oDistrito Federal e os Municipios, e comando unico das acoes em cada esfera de governo;

II - participated da popuiacao, por meio de organizacoes repre-sentativas, na formulacao das politicas e no controle das acoes em todos os mveis;

III - primazia da responsabilidade do Estado na conducao da po-Ktica de assistencia social em cada esfera de governo.

5. OrganizQcao e gesfao

As acoes na area de assistencia social sao organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituido pelas entidades e organiza­coes de assistencia social, que articule meios, esforcos e recursos, e por um conjunto de instancias deliberativas compostas pelos diversos seto- res envolvidos na area (LOAS, art. 6°).

As acoes de assistencia social, no ambito das entidades e organi­zacoes de assistencia social, observarao as normas expedidas pelo Con­selho Nacional de Assistencia Social (CNAS).

266 MARTINS. Sergio Pinto. Op. cit., p. 486.

Capitulo 24

<*• Assistencia Social

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A Uniao, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, observa- dos os principios e diretrizes anteriormente mencionados, fixarao suas respectivas Politicas de Assistencia Social (LOAS, art. 8°).

0 funcionamento das entidades e organizacoes de assistencia so­cial depende de previa inscri^ao no respectivo Conselho Municipal de Assistencia Social, ou no Conselho de Assistencia Social do Distrito Fe­deral, conforme o caso.

Cabe ao Conselho Municipal de Assistencia Social e ao Conselho de Assistencia Social do Distrito Federal a fiscalizacao das entidades anteriormente citadas.

A inscricao da entidade no Conselho Municipal de Assistencia Social, ou no Conselho de Assistencia Social do Distrito Federal, e con- dicao essencial para o encaminhamento de pedido de registro e de cer- tificado de entidade de fins filantropicos junto ao Conselho Nacional de Assistencia Social (CNAS).

A Uniao, os Estados, os Municipios e o Distrito Federal podem celebrar convenios com entidades e organizacoes de assistencia social, em conformidade com os Pianos aprovados pelos respectivos Conselhos (LOAS, art. 10).

As acoes das tres esferas de governo na area de assistencia social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordena^ao e as normas ge­rais a esfera federal e a coordenacao e execucao dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios.

5 .1 . Competencia da U nia o

Nos termos do art. 12 da LOAS, compete a Uniao:1 - responder pela concessao e manutencao dos beneficios de

prestacao continuada definidos no art. 203 da ConstituicaoFederal;267

II - apoiar tecnica e financeiramente os servicos, os programas eos projetos de enfrentamento da pobreza em ambito nacional;

III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e osMunicipios, as acoes assistenciais de carater de emergencia.

267 O beneficio de prestacao continuada a que se refere o art. 203 da CF e "a garantia de um sa- lario minirno de beneficio mensal a pessoa portadora de deficiencia e ao idoso que compro- vem nao possuir meios de prover a propria manutengao ou de te-ia provida por sua familia".

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5.2. Competencia dos Estados

De acordo com o art. 13 da LOAS, compete aos Estados:I - destinar recursos financeiros aos Municipios, a titulo de par-

ticipa^ao no custeio do pagamento dos auxilios natalidade e funeral, mediante criterios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistencia Social;

II - apoiar tecnica e financeiramente os servi^os, os programas eos projetos de enfrentamento dapobreza em ambito regional ou local;

III - atender, em conjunto com os Municipios, as a^oes assistenciaisde carater de emergencia;

IV - estimular e apoiar tecnica e financeiramente as associates econsorcios municipals na presta<;ao de servi^os de assistencia social;

V - prestar os services assistenciais cujos custos ou ausencia dedemanda municipal justifiquem uma rede regional de servi- ?os, desconcentrada, no ambito do respectivo Estado.

5 .3 . Competencia do Distrito Federal e dos Municipios

Conforme o disposto nos arts. 14 e 15 da LOAS, compete ao Dis­trito Federal e aos Municipios:

I - destinar recursos financeiros para o custeio do pagamento dosauxilios natalidade e funeral, mediante criterios estabelecidos pelo Conselho de Assistencia Social do Distrito Federal (no caso do DF) e pelos Conselhos Municipals de Assistencia Social (no caso dos Municipios);

II - efetuar o pagamento dos auxilios natalidade e funeral;III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo

a parceria com organizations da sociedade civil;IV - atender as a^oes assistenciais de carater de emergencia;V - prestar os servi<;os assistenciais relativos as atividades conti-

nuadas que visem a melhoria de vida da popula^ao.

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5.4. Instancias deliberalivas

Conforme o art. 16 da LOAS, as instancias deliberativas do siste- ma descentralizado e participativo de assistencia social, de carater per- manente e composi^ao paritaria entre governo e sociedade civil, sao:

I - o Conselho Nacional de Assistencia Social;II - os Conselhos Estaduais de Assistencia Social;III - o Conselho de Assistencia Social do Distrito Federal;IV - os Conselhos Municipals de Assistencia Social.

5 .4 .1 . Conselho Nacional de Assistencia Social (C N A S )

O CNAS e o orgao superior de delibera^ao colegiada, vinculado a estrutura do orgao da Administra^ao Publica Federal responsavel pela coordena9ao da Politica Nacional de Assistencia Social, cujos membros, nomeados pelo Presidente da Republica, tem mandato de 2 (dois) anos, permitida uma unica recondu^ao por igual periodo.

0 CNAS e composto por 18 membros e respectivos suplentes, sendo:

1 - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um) re-presentante dos Estados e 1 (um) dos Municipios;

II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre representantes dos usuarios ou de organiza^oes de usuarios, das entidades e organiza^oes de assistencia social e dos trabalhadores do se- tor, escolhidos em foro proprio sob fiscaliza^ao do Ministerio Publico Federal.

0 CNAS e presidido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, permitida uma unica recondu- 9ao por igual periodo.

5 .4 .2 . Competencia do CNAS

Compete ao CNAS:1 - aprovar a Politica Nacional de Assistencia Social;II - normatizar as a^oes e regular a presta^ao de servi^os de

natureza publica e privada no campo da assistencia social;

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I

III - observado o disposto em regulamento, estabelecer procedimen-tos para concessao de registro e certifkado de entidade benefi- cente de assistencia social as institu tes privadas prestadoras de servicos e assessoramento de assistencia social que prestem servicos relacionados com seus objetivos institucionais;

IV - conceder registro e certificado de entidade beneficente deassistencia social;

V - zelar pela efetivacao do sistema descentralizado e participa-tivo de assistencia social;

VI - a partir da realizacao da II Conferencia Nacional de Assisten­cia Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro anos a Conferencia Nacional de Assistencia Social, que tera a atribuicao de avaliar a situacao da assistencia social e propor diretrizes para o aperfeicoamento do sistema;

VII - apreciar e aprovar a proposta orcamentaria da AssistenciaSocial a ser encaminhada pelo orgao da Administracao Publica Federal responsavel pela coordenacao da Politica Nacional de Assistencia Social;

VIII - aprovar criterios detransferenciade recursos para os Estados,Municipios e Distrito Federal, considerando, para tanto, in- dicadores que informem sua regionalizacao mais equitativa, tais como: populacao, rendaper capita, mortalidade infantil e concentracao de renda, alem de disciplinar os procedimen- tos de repasse de recursos para as entidades e organizacoes de assistencia social, sem prejuizo das disposicoes da Lei de Diretrizes Orcamentarias;

IX - acompanhar e avaliar a gestao dos recursos, bem como osganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados;

X - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anu-ais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistencia Social (FNAS);

XI - indicar o representante do Conselho Nacional de AssistenciaSocial (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social;

XII - elaborar e aprovar seu regimento interno;XIII - divulgar, no Diario Oficial da Uniao, todas as suas decisdes,

bem como as contas do Fundo Nacional de Assistencia Social (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos.

Capitulo 24

♦ Assistencia

Social

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Os beneficios e servicos assistenciais, previstos na LOAS, inde- pendem de contribui^ao do necessitado; portanto, nao se confundem com os beneficios devidos peia previdencia social, pois esta tem carater contributivo.

6 .1. Beneficio de prestacao continuada

O beneficio de prestacao continuada e o beneficio mais importan- te da assistencia social. Esse beneficio, previsto no art. 203, V, da Cons- titui^ao Federal, e regulamentado pelos arts. 20 e 21 da LOAS.

0 beneficio de prestacao continuada e a garantia de 1 (um) salario minimo mensal a pessoa portadora de defici^ncia e ao idoso com 65 anos ou mais e que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutencao e nem de te-la provida por sua familia.

De acordo com o caput do art. 20 da Lei n° 8.742/93, o beneficio de prestacao continuada sera concedido a pessoa portadora de deficiencia e ao idoso com 70 anos ou mais. Mas a propria Lei n° 8.742/93, em seu art. 38, determina que a idade prevista no art. 20 seja reduzida para 67 anos a partir de T de janeiro de 1998. Apesar disso, o art. 34 da Lei n° 10.741, de l°/10/2003 (Estatuto do Idoso) determina que “aos idosos, a partir de 65 anos, que nao possuam meios para prover sua subsistencia, nem de te-la provida por sua familia, e assegurado o beneficio mensal de um salario-minimo, nos termos da Lei Organica da Assistencia So­cial - Loas”. Assim, atualmente, a idade minima para que o idoso tenha direito ao beneficio e de 65 anos.

Apesar de nao se tratar de um beneficio previdenciario, a con­cessao e a manutencao do beneficio de prestacao continuada sao feitas pelo INSS. Isso ocorre devido a preceitos praticos: se o INSS ja possui estrutura propria espalhada por todo o pais, em condi<;ao de atender a clientela assistida, nao haveria necessidade da manutencao em paralelo de outra estrutura.

Para efeito da analise do direito ao beneficio, serao consideradascomo:

1 - familia: o conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto,assim entendido o conjuge, o companheiro ou a companhei- ra, os pais, os filhos e irmaos nao emancipados de qualquer

6 . Beneficios e servicos

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condicao, menores de 21 (vinte e um) anos ou invalidos, e os equiparados a filhos, caso do enteado e do menor tutelado;

II - pessoa portadora de deficieucia: aquela incapacitada para avida independente e para o trabalho, em razao de anomalias ou lesoes irreversiveis de natureza hereditaria, congenita ou adquirida;

III - familia incapacitada de prover a manuten^ao da pessoaportadora de deficiencia ou idosa: aquela cujo calculo da renda per capita, que corresponde a soma da renda mensal bruta de todos os seus integrantes, dividida pelo numero total de membros que compoem o grupo familiar, seja inferior a um quarto do salario mmimo (Lei n° 8.742/93, art 20, § 3°).

“O Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenario, DJ de l°/06/2001, no julgamento da ADI 1.232/DF, relator para o acordao o Min. Nelson Jobim, decidiu no sentido da constitucionalidade do art. 20, § 3°, da Lei n° 8.742/93, que exige a comprovacao da renda familiar mensal per capita inferior a V4 do salario mmimo para a concessao do beneficio as- sistencial do art. 203, V, da Constituicao Federal” (STF, RE 459.002, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09/09/2005).

Contudo, no STJ ha decisoes entendendo que essa delimitacao do valor da renda familiar per capita nao deve ser tida como unico meio de prova da condi^ao de miserabilidade do beneficiado. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALI­NE A C DA CF. DIREITO PREVIDENCIARIO. BENEFICIO ASSISTENCIAL. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRA^AO DA CONDIQAO DE MISERABILIDADE DO BENEFIClARIO POR OUTROS MEIOS DE PROVA., QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NUCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALARIO MINIMO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A CF/88 preve em seu art. 203, caput e inciso V a garantia de um salario minimo de beneficio mensal, independente de contri- buigao a Seguridade Social, d pessoa portadora de deficiencia e ao idoso que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutengdo ou de te-la provida por sua familia, conforme dis- puser a lei. 2. Regulamentando o comando constitucional, a Lei

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n° 8.742/93, alteradapela Lei n° 9.720/98, dispoe que sera devi- da a concessao de beneficio assistencial aos idosos e as pessoas portadoras de deficiencia que nao possuam meios de prover d propria manutenqdo, ou cuja familia possua renda mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salario minimo. 3. O egregio Supremo Tribunal Federal, ja declarou, por maioria de votos, a constitucionalidade dessa limitaqdo legal relativa ao requisito econdmico, nojulgamento da ADI 1.232/DF (Rel.para o acorddo Min. NELSON JOBIM, DJU 1.6.2001). 4. Entretanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade da pessoa Humana, especialmente no que se ref ere a garantia das condiqoes basicas de subsistenciafisica, esse dispositivo deve ser interpretado de modo a amparar irrestritamente ao cidaddo social e economicamente vulneravel. 5. A limitaqdo do valor da renda per capita familiar nao deve ser considerada a unica forma de se comprovar que a pessoa naopossui outros meios para prover a propria manutenqao ou de te-la provida por sua familia, pois e apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolu- tamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salario minimo. 6. Alem disso, em ambito judicial vige o principio do liVre convencimento motivado do Juiz (art. 131 do CPC) e nao o sistema de tarifaqdo legal deprovas, motivo pelo qual essa delimitaqdo do valor da renda familiar per capita nao deve ser tida como unico meio deprova da condiqao de miserabi­lidade do beneficiado. De fato, nao se pode admitir a vinculaqdo do Magistrado a determinado elemento probatorio, sob pena de cercear o seu direito dejulgar. 7. Recurso Especial provide”268

A renda familiar mensal devera ser declarada pelo requerente ou seu representante legal.

De acordo com o paragrafo unico do art. 34 do Estatuto do Ido­so, “o beneficio ja concedido a qualquer membro da familia nao sera computado para os fins do calculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS”. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRE­VIDENCIARIO. BENEFICIO DE PRESTAQAO CONTINUADA.

268 STJ, REsp 1112557/MG, Rel. Min. Napoleao Nunes Maia Filho, 3* Se^ao, DJe 20/11/2009.

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ASSISTENCIA SOCIAL ART 203., INCISO V, DA CONSTITUI­CAO FEDERAL ART 34, PARAGRAFO UNICO, DA LEI N° 10.741/2003. ESTATUTO DO IDOSO. 1. Conforme instituido no paragrafo unico do art. 34 da Lei n.° 10.741/2003, para fins de concessao de beneficio assistencial nos termos da LOAS, nao deve ser computado no calculo da renda familiar per capita o mesmo beneficio jd concedido a ente idoso. 2. Agravo regimental desprovido”.269

O beneficio de presta^ao continuada nao podera ser acumulado com qualquer beneficio da Previdencia Social ou de qualquer outro Re­gime Previdenciario, exceto a pensao especial devida aos dependentes das vitimas da hemodialise de Caruaru/PE, prevista na Lei n° 9.422, de 24 de dezembro de 1996.

Assim, o deficiente ou o idoso beneficiario do beneficio de pres- ta^ao continuada que vier a requerer um beneficio previdenciario para o qual tenha direito a concessao, devera ser chamado a optar por um dos dois.

A concessao do beneficio ficara sujeita a exame medico pericial e laudo realizados pelos servicos de pericia medica do INSS.

0 beneficio de presta^ao continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avalia^ao da continuidade das concedes que lhe deram origem (LOAS, art. 21).

A cessacao do pagamento do beneficio ocorrera as seguintes situ­a te s :

1 - supera^ao das conditio es que lhe deram origem;II - morte do beneficiario;III - morte presumida do beneficiario, declarada em jufzo;IV - ausencia declarada do beneficiario, na forma do art. 22 do

Codigo Civil, Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002;V - falta de comparecimento do beneficiario portador de defi-

ciencia ao exame medico-pericial, por ocasiao de revisao de beneficio;

VI - falta de apresentacao pelo idoso ou pela pessoa portadora dedeficiencia da declaragao de composicao do grupo e renda familiar, por ocasiao de revisao de beneficio.

269 STJ, AgRg no REsp 787355/PR, Rei. Min. Laurita Vaz, 5a T., DJe 15/12/2009.

Capftulo 24

* Assistencia

Social

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O beneficio sera cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessao ou utiliza<;ao.

O beneficio de prestacao continuada e intransferivel, nao gerando direito a pensao por morte a herdeiros ou sucessores, extinguindo-se com a morte do beneficiario. Todavia, o valor residual nao recebido em vida pelo beneficiario sera pago aos herdeiros.

O beneficio de prestacao continuada nao gera direito a pagamento de abono anual (gratiftcacao natalina ou 13° salario).

6 .2 . Beneficios eventuais

Apesar de o beneficio de prestacao continuada ser o beneficio as- sistencial por excelencia, outros sao previsto pela LOAS: sao os benefi­cios eventuais.

Entendem-se por beneficios eventuais aqueles que visam ao paga­mento de auxilio por natalidade ou morte as familias cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salario minimo.

A concessao e o valor desses beneficios serao regulamentados pe- los Conselhos de Assistencia Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, mediante criterios e prazos definidos pelo Conselho Nacional de Assistencia Social (CNAS).

Conforme o disposto no art. 13,1, da LOAS, compete aos Estados destinar recursos financeiros aos Municipios, a titulo de participa<;ao no custeio do pagamento dos auxilios natalidade e funeral, mediante criterios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistencia Social.

Como muitos Entes Federativos sequer tem Conselhos de Assis­tencia Social, os auxilios por natalidade ou morte nao sao pagos, tra- zendo evidente prejuizo aos que destes necessitam.270 Nesses casos, o Ministerio Publico pode e deve agir no sentido de garantir os direitos da popula^ao necessitada. De acordo com o art. 31 da Lei n° 8.742/93 (LOAS), cabe ao Ministerio Publico zelar pelo efetivo respeito aos direi­tos nela estabelecidos.

Poderao ser estabelecidos outros beneficios eventuais para aten­der necessidades advindas de situates de vulnerabilidade temporaria, com prioridade para a crian^a, a familia, o idoso, a pessoa portadora de deficiencia, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade publica.

270 IBRAHIM, Fabio Zambitte. Op. cit, p. 15.

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O CNAS, ouvidas as respectivas representa^oes de Estados e Mu­nicipios dele participantes, podera propor, na medida das disponibilida- des orcamentarias das tres esferas de governo, a institui<;ao de beneficios subsidiaries no valor de ate 25% do salario minimo para cada crian^a de ate 6 anos de idade, desde que a familia tenha renda per capta inferior a V4 do salario minimo.

6 .3 . Programas de assistencia social

Os programas de assistencia social compreendem a^oes integra- das e complementares com objetivos, tempo e area de abrangencia de- finidos para qualificar, incentivar e melhorar os beneficios e os servicos assistenciais.

Esses programas serao definidos pelos respectivos Conselhos .de Assistencia Social, com prioridade para a inser<;ao profissional e social.

Os programas voltados ao idoso e a integra^ao da pessoa porta­dora de deftciencia serao devidamente articulados com o beneficio de presta^ao continuada.

6.4. Projetos de enfrentamento da pobreza

Os projetos de enfrentamento da pobreza compreendem a insti- tui^ao de investimento economico-social nos grupos populares, bus- cando subsidiar, financeira e’ tecnicamente, iniciativas que ihes garan- tam meios, capacidade produtiva e de gestao para melhoria das condi- <;oes gerais de subsistencia, eleva^ao do padrao da qualidade de vida, a preserva^ao do meio-ambiente e sua organiza^ao social.

O incentivo a projetos de enfrentamento da pobreza assentar-se- -a em mecanismos de articula^ao e de participagao de diferentes areas governamentais e em sistema de coopera^ao entre organismos governa­mentais, nao governamentais e da sociedade civil

6 .5 . Servicos

Os servicos assistenciais sao as atividades continuadas que visem a melhoria de vida da popula^ao e cujas a^oes, voltadas para as neces­sidades basicas, observem os objetivos, principios e diretrizes da assis­tencia social.

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esNa organiza^ao dos servi(;os sera dada prioridade a infancia e a

adolescencia em situa^ao de risco pessoal e social, objetivando cumpriro disposto no art. 227 da Constitui^ao271 e na Lei n° 8.069/90, que cuida do Estatuto da Crian 'a e do Adolescente.

268. {Tecnico Previdencidrio/INSS/2005/Cesgranrio) A assistencia social e a politica social que prove o atendimento das necessidades basicas, traduztdas em pro- te^ao a familia, a maternidade, a infancia, a adolescencia, a velhlce e a pessoa portadora de deficiencia. A esse respeito, pode-se afirmar corretamente que:

a) e exigida a comprova^ao de ao menos 1 (um) recolhimento a seguridade social para ter direito a assistencia.

b) e aplicavel em carater exclusivo aos segurados e seus dependentes menores de 21 (vinte e um) anos ou maiores de 70 (setenta) anos.

c) e independente de qualquer contribui ao a seguridade social.d) sao beneficiados apenas os dependentes de segurados quetenham cumprido

o periodo de carencia previsto em lei.e) sao beneficiados apenas os segurados em dia com as contributes previ-

denciarias.

269. (Analista Previdenciario/lNSS/2005/Cesgranr/o) Constitui especie de prestacao da Assistencia Social o beneficio de prestacao continuada que garante 01 (um) salario mmimo mensal b pessoa portadora de deficiencia e ao Idoso que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutengao e nem de te-la provida por sua familia, e igindo-se, ainda:

a) existencia de anomalias ou lesoes irreversiveis de natureza hereditaria, inde­pendente da capacidade laborativa.

b) renda familiar mensal per capta inferior a 01 (um) salario minimo.c) qualidade de segurado do Regime Geral de Previdencia Social.d) nao recebimento de beneffdo de especie alguma, salvo o de assistencia

medica.e) idade minima de 65 (sessenta e cinco) anos, para mulher, e de 70 (setenta)

anos, para homem.

271 Art. 227. E dever da famiTia, da sociedade e do Estado assegurar a crfan?a e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saude, a alimentafao, a educa^ao, ao lazer, a profissionalizagao, a cultura, a dignidade, ao respeito, k liberdade e a convivencia familiar e comunitaria, aiem de coloca-los a salvo de toda forma de negligencia, discrimina^ao, explo- ra^ao, vioiencia, crueidade e opressao.

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270. Assinale, dentre as opgoes abaixo, a unica que nao representa um dos objetivos da assistencia social:a) protegao a famflia, a maternidade, a infancia, a adolescencia e a velhice.b) amparo as criangas e adolescentes carentes.c) garantia de 1 (um) salario minimo de beneficio mensal aos desempregados.d) habilitagao e reabilita^aodas pessoas portadoras de deficiencia e a promocao

de sua integra^ao a vida comunitaria.e) garantia de 1 (um) salario minimo de beneficio mensal a pessoa portadora de

deficiencia e ao idoso que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutengao ou de te-!a provida por sua familia.

271. Assinale, dentre as op^oes abaixo, a unica que nao representa uma causa para a cessacao do pagamento do beneficio de presta^ao continuada:

a) supera^ao das conduces que lhe deram origem.b) falta de comparecimento do beneficiario portador de deficiencia ao exame

medico-pericial, por ocasiao de revisao de beneficio.d) falta de apresenta^ao pelo idoso ou peia pessoa portadora de deficiencia da

declaragao de composi ao do grupo e renda familiar, por ocasiao de revisao de beneficio.

d) morte do beneficiario.e) morte presumida do beneficiario, declarada pelo INSS.

272. Para efeito da an^lise do direito ao beneficio de presta^ao continuada, serao consideradas como:i ~ famflia: o conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto, assim en-

tendido o cdnjuge, o companheiro ou a companheira, os pais, os filhos (inclusive o enteado e o menor tutelado) e irmaos nao emancipados de qualquer conditio, menores de 18 (dezoito) anos ou invalidos;

II ~ pessoa portadora de deficiencia: aquela incapacitada para a vida indepen­dente e para o trabalho, em razao de anomalias ou lesoes irreversiveis de natureza hereditaria, congenita ou adquirida;

III - famflia incapacitada de prover a manuten^ao da pessoa portadora dedeficiencia ou idosa: aquela cujo calculo da renda per capita, que corres­ponde a soma da renda mensal de todos os seus integrantes, dividida pelo numero total de membros que compoem o grupo familiar, seja inferior a um tergo do salario-mmimo.

Os itens que estao errados sao:a) I e IIb) He Ilfc) I e 111d) todose) nenhum

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! - O beneficio de prestacao continuada e a garantia de meio salario minimo mensal a pessoa portadora de deficiencia e ao idoso com 65 anos ou mais e que comprovem nao possuir meios de prover a propria manutengao e nem de te-ia provida por sua famflia.

II - 0 beneficio de prestacao continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avalia^ao da continuidade das condigoes que lhe deram origem.

ill - O beneficio de prestacao continuada e intransferivel, nao gerando direito a pensao por morte a herdeiros ou sucessores, extinguindo-se com a morte do beneficiario.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) lie illc) le lild) todose) nenhum

273. A respeito do beneficio de prestagao continuada, julgue os seguintes itens;

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1. Introducao

As agoes e os servigos de saude sao regulados, em todo territorio nacional, pela Lei n° 8.080, de 19/9/1990.

Nos termos do art. 196 da Constituicao, a saude e direito de todos e dever do Estado. Em harmonia com este prindpio constitucional, o art. 2° da Lei n° 8.080/90 enuncia que “a saude e um direito fundamen­tal do ser humano, devendo o Estado prover as condigoes indispensa- veis ao seu pleno exercicio”

0 dever do Estado de garantir a saude consiste na formulagao e execugao de politicas economicas e sociais que visem a redugao de ris- cos de doengas e de outros agravos e no estabelecimento de condigoes que assegurem acesso universal e igualitario as agoes e aos servigos para a sua promogao, protegao e recuperagao, O dever do Estado nao excluio das pessoas, da famflia, das empresas e da sociedade.

A saude tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentagao, a moradia, o saneamento basico, o meio ambien- te, o trabalho, a renda, a educagao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e servigos essenciais; os niveis de saude da populagao expressam a organizagao social e economica do Pais. Dizem respeito tambem a saude as agoes que se destinam a garantir as pessoas e a coletividade condigoes de bem-estar ffsico, mental e social (Lei n° 8.080/90, art. 3°).

2. Principios e diretrizes

Nos termos do art. 198 da Constituigao, as agoes e servigos publi­cos de saude integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons­tituem um sistema unico, organizado de acordo com as seguintes dire­trizes:

1 - descentralizagao, com diregao unica em cada esfera de gover­no;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades pre-ventivas, sem prejuizo dos servigos assistenciais;

III - participagao da comunidade.

De acordo com o art. 7° da Lei n° 8.080/90, as agoes e servigos pu­blicos de saude e os servigos privados contratados ou conveniados que

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integram o Sistema IJnico de Saude (SUS), sao desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constitui^ao, obedecendo ain- da aos seguintes prindpios:

I - universalidade de acesso aos servi^os de saude em todos osniveis de assistencia;

II - integralidade de assistencia, entendida como conjuntoarticulado e continuo das a^oes e servi^s preventivos e curativos, individuals e coletivos, exigidos para cada caso em todos os niveis de complexidade do sistema;

III - preserva^ao da autonomia das pessoas na defesa de suaintegridade fisica e moral;

IV - igualdade da assistencia a saude, sem preconceitos ou privi-legios de qualquer especie;

V - direito a informa^ao, as pessoas assistidas, sobre sua saude;VI - divulga^ao de informa^oes quanto ao potencial dos services

de saude e a sua utiliza^ao pelo usuario;VII - utiliza^ao da epidemiologia para o estabelecimento de prio-

ridades, a aloca^ao de recursos e a orienta^ao programatica;VIII - participa^ao da comunidade;IX - descentraliza^ao politico-administrativa, com dire^ao unica

em cada esfera de governora) enfase na descentraliza^ao dos servi^os para os munid-

pios;b) regionaliza^ao e hierarquiza^ao da rede de servi^os de

saude;

X - integra^ao em nivel executivo das a^oes de saude, meio am-biente e saneamento basico;

XI - conjuga^ao dos recursos financeiros, tecnologicos, materialse humanos da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios na presta^ao de servi^os de assistencia a saude da popula^ao;

XII - capacidade de resolu^ao dos servi^os em todos os niveis deassistencia; e

XIII - organiza^ao dos servi^os publicos de modo a evitar duplici-dade de meios para fins identicos.

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0 conjunto de acoes e servigos de saude, prestados por orgaos e instituicdes publicas federais, estaduais e municipals, da Administragao direta e indireta e das fundagoes mantidas pelo Poder Publico, constituio Sistema Onico de Saude (SUS).

Estao incluidas no SUS as instituigoes publicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produgao de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamen- tos para saude.

A iniciativa privada podera participar do SUS, em carater com­plementar.

3 .1. Objetivos e atribuicoes do SUS

Nos termos do art. 5° da Lei n° 8.080/90, sao objetivos do SUS:1 - a identificagao e divulgagao dos fatores condicionantes e

determinantes da saude;II - a formulagao de politica de saude que promovam, nos campos

economico e social:a) a redugao de riscos de doengas e de outros agravos; eb) o acesso universal e igualitario as agoes e aos servigos

destinados a promogao, protegao e recuperagao da saude;

III - a assistencia as pessoas por intermedio de agoes de promogao,protegao e recuperagao da saude, com a realizagao integradadas agoes assistenciais e das atividades preventivas.

Estao incluidas ainda no campo de atuagao do SUS:I - a execugao de agoes:

a) de vigilancia sanitaria;b) de vigilancia epidemiologica;c) de saude do trabalhador; ed) de assistencia terapeutica integral, inclusive farmaceutica;

II - a participagao na formulagao da politica e na execugao deagoes de saneamento basico;

III - a ordenagao da formagao de recursos humanos na area de saude;

3. Sistema Unico de Saude (S U S )

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IV - a vigilancia nutricional e a orienta^ao alimentar;V - a colabora^ao na prote^ao do meio ambiente, nele compre-

endido o do trabalho;VI - a formula^ao da politica de medicamentos, equipamentos,

imunobiologicos e outros insumos de interesse para a saudee a participa^ao na sua producao;

VII - o controle e a fiscaliza^ao de servi^os, produtos e substanciasde interesse para a saude;

VIII - a fiscaliza^ao e a inspe^ao de alimentos, agua e bebidas paraconsumo humano;

IX - a participa^ao no controle e na fiscalizacao da producao,transporte, guarda e utiliza^ao de substancias e produtospsicoativos, toxicos e radioativos;

X - o incremento, em sua area de atua^ao, do desenvoivimentocientifico e teenologico;

XI - a formula^ao e execucao da politica de sangue e seus deri-vados.

Vigilancia sanitaria - e um conjunto de a$oes capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos a saude e de intervir nos problemas sanita- rios decorrentes do meio ambiente, da producao e circula^ao de bens e da presta^ao de servi^os de interesse da saude, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente,se relacionem com a saude, compreendidas todas as etapas e processos, da producao ao consumo; e

II - o controle da presta^ao de servi^os que se relacionam diretaou indiretamente com a saude.

Vigilancia epidemiologica - e um conjunto de a<;oes que propor- cionam o conhecimento, a detec^ao ou preven^ao de qualquer mudan^a nos fatores determinantes e condicionantes de saude individual ou cole- tiva, com a fmalidade de recomendar e adotar as medidas de preven<;ao e controle das doen<;as ou agravos.

Saude do trabalhador - e um conjunto de atividades que se desti- na, atraves das a$6es de vigilancia epidemiologica e vigilancia sanitaria, a promo^ao e prote^ao da saude dos trabalhadores, assim como visa a recupera^ao e reabilita^ao da saude dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condi^oes de trabalho, abrangendo:

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I - assistencia ao trabalhador vltima de acidentes de trabalhoou portador de doenga profissional e do trabalho;

II ~ participagao, no ambito de competencia do Sistema tJnicode Saude (SUS), em estudos, pesquisas, avaliagao e controle dos riscos e agravos potenciais a saude existentes no processo de trabalho;

III - participagao, no ambito de competencia do SUS, da normati-zagao, fiscalizagao e controle das condigoes de produgao, ex- tragao, armazenamento, transporte, distribuigao e manuseio de substancias, de produtos, de maquinas e de equipamentos que apresentam riscos a saude do trabalhador;

IV - avaliagao do impacto que as tecnologias provocam a saude;V - informagao ao trabalhador e a sua respectiva entidade sin-

dical e as empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doenga profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizagoes, avaliagoes ambientais e exames de saude, de admissao, periodicos e de demissao, respeitados os preceitos da etica profissional;

VI - participagao na normatizagao, fiscalizagao e controle dosservigos de saude do trabalhador nas instituigdes e empresas publicas e privadas;

VII - revisao periodica da listagem oficial de doengas originadas noprocesso de trabalho, tendo na sua elaboragao a colaboragao das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao or­gao competente a interdigao de maquina, de setor de servigo ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposigao a risco iminente para a vida ou saude dos trabalhadores.

3 .2 . Qrganizacao, direcao e gestao

As agoes e servigos de saude, executados pelo SUS, seja direta- mente ou mediante participagao complementar da iniciativa privada, serao organizados de forma regionalizada e hierarquizada em niveis de complexidade crescente.

A diregao do SUS e unica, sendo exercida em cada esfera de gover­no pelos seguintes orgaos:

I - no ambito da Uniao, pelo Ministerio da Saude;

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I

II - no ambito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectivaSecretaria de Saude ou orgao equivalente; e

III - no ambito dos Municipios, pela respectiva Secretaria de Saudeou orgao equivalente.

Os municipios poderao constituir consorcios para desenvolver em conjunto as a^oes e os servi^os de saude que lhes correspondam.

No mvel municipal, o SUS podera organizar~se em distritos de forma a integrar e articular recursos, tecnicas e praticas voltadas para a cobertura total das a^oes de saude.

4 . Servicos privados de saude

De acordo com o art. 199 da Constitui^ao, a assistencia a saude e livre a iniciativa privada. ,

Os servicos privados de assistencia a saude caracterizam-se pela atua^ao, por iniciativa propria, de professionals liberals, legalmente ha- bilitados, e de pessoas juridicas de direito privado na promo^ao, prote- $ao e recupera^ao da saude (Lei n° 8.080/90, art. 20).

Na presta^ao de servicos privados de assistencia a saude, serao observados os principios eticos e as normas expedidas pelo orgao de dire^ao do SUS quanto as condi^oes para seu funcionamento.

E vedada a participa^ao direta ou indireta de empresas ou de ca­pitals estrangeiros na assistencia a saude, salvo atraves de doa^oes de or- ganismos internacionais vinculados a Organiza^ao das Na^oes Unidas, de entidades de coopera^ao tecnica e de financiamento e emprestimos. Nao obstante, os servicos de saude mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas estrangeiras, para atendimento de seus empregados e de- pendentes, sem qualquer onus para a seguridade social, fleam excluidos dessa proibi^ao (Lei n° 8.080/90, art. 23).

4 .1 . Participacao complementar do iniciativa privada no SUS

Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garan- tir a cobertura assistencial a popula^ao de uma determinada area, o SUS podera recorrer aos servicos ofertados pela iniciativa privada,

A participacao complementar da iniciativa privada no SUS sera formalizada mediante contrato ou convenio, tendo preferencia as enti­dades filantropicas e as sem fins lucrativos.

Capltuio 25

♦ Saude

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Exerricios de Fixacao

274. (AFPS/2002/Esaf) A Saude e direito de todos e dever do Estado; analise as as- sertivas abaixo, buscando a correta, nos termos da definigao constitucional da Saude.a) A manutencao dos indices do risco de doenga e de outros agravos constitui

garantia constitucional.b) O acesso universal e igualitario as agoes e servigos para sua promogao, pro-

tecao e recuperagao constitui garantia constitucionalc) As agoes e servigos publicos de saude integram uma rede regionaiizada e

hierarqutzada, constituindo um sistema multiplo.d) Atendimento integral, com prioridade para as atividades repressivas, sem

prejuizo dos servigos assistenciais, e caractenstfca da saude.e) 0 sistema Unicode saude sera finandado, nos termos do art. 195, com recursos

do orgamento da Uniao, dos Estados e dos Municfpios.

275. (AFPS/2002/Esaf) Com relagao a forma com que as agoes e servigos de saude, em regra, sao executados, assinaie a opgao incorreta em relagao as instituigdes autorizadas a realiza-las:

a) Instituigoes privadas.b) instituigoes publicas.c) Instituigoes publicas municipals.d) Empresas de capitais estrangeiros.e) Instituigoes privadas locais.

276. (AFPS/2002/Esaf) Ao Sistema Onico de Saude (SUS) compete:a) executar procedimentos, produtos e substancias de interesse para a protegao

dos desfavorecidos.b) ordenar a formagao de recursos materials na area de assistencia.c) colaborar na protegao do meio amblente, nele compreendido o do trabalho.d) protegao a maternidade, especiaimente a gestante.e) protegao ao trabalhador em situagao de desemprego involuntario.

277. A diregao do Sistema llnico de Saude (SUS) e unica, sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes orgaos:I - no ambito da Uniao, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).II - no ambito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de

Saude ou orgao equivalente.

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ill - no ambito dos Municipios, pela respectiva Secretaria de Saude ou orgao equivalente.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) lie IIIc) I e IIId) todose) nenhum

278. Nos termos do art. 198 da Constituigao, as agoes e servicos publicos de saiide integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema unico, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:I - Dire^ao unica centraiizada no Governo Federal, il - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem

prejufzo dos servicos assistenciais.II! - participa<;ao da comunidade.

Os itens que estao certos sao:a) I ellb) II e HIc) 1 e 111d) todose) nenhum

279. (AFRF/2005/Esaf) Segundo dispoe o art. 196, da CF/88, a saude e direito de todos e dever do Estado. Diante dessa premissa, assinale a op$ao que esta correta.

a) As agoes e servicos pubitcos de saOde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema Cinico, sem a participa^ao da comu­nidade.

b) O acesso universal iguaiitario as agoes e servicos para sua promo^ao, protegao e recupera<;ao constitui garantia constitucional.

c) O sistema unico de saude sera finandado, nos termos do art. 195, da CF/88, com recursos exclusivamente do orgamento, da seguridade social, da Uniao, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios.

d) As a^oes e services de saude nao sao de reievancia publica, cabendo ao Poder Publico dtspor, nos termos da iei, sobre sua reguiamenta^ao, fiscaliza^ao e ? controle, com a execu^ao inclusive atraves de terceiros. =

e) Independe de lei complementar a instituigao de normas de fiscaliza^ao, avalia^ao e controle das despesas com saude nas esferas federal, estadual, w distrital e municipal. *

7

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iif

*E'Bu5

T5s£o.t£a-s

280. (AFRF/2005/Esaf) Sobre a saude, na Constituicao de 1988, marque a unica opgao correta.

a) As diretrizes constitucionais para organizagao do Sistema Unico de Saude perm item, em cada esfera de governo, a descentralizagao da diregao e das agoes e servigos publicos de saude.

b) A Constituigao Federal nao impoe condigoes para a participagao indireta de empresas estrangeiras na assistencia a saude no Brasil; no entanto, com relagao a participagao direta, ela so podera ocorrer nos casos previstos em lei.

c) A participagao de instituigoes privadas no Sistema Onico de Saude, dar-se-a de forma complementar, mediante contrato de direito publico ou convenio, dando-se preferencia as entidades filantropicas ou as sem fins lucrativos.

d) O Sistema Onico de Saude pode controiar e fiscalizar produtos de interesse a sadde, mas nao pode participar da produgao de medicamentos.

e) A atribuigao do Sistema Onico de Saude na coiaboragao a protegao do meio ambiente, restringe-se ao meio ambiente do trabalho.

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Neste capitulo, serao abordadas questoes relacionadas com as agoes previdenciarias, principaimente, no que diz respeito a competen­cia para processa-Ias e julga-las. E de grande importancia determinar, com precisao, qual e o orgao judiciario tecnicamente habilitado para tentar compor os conflitos previdenciarios.

1 . Beneficios previdenciarios comuns

O INSS e uma autarquia federal cuja principal atribui^ao e a conces­sao de beneficios do RGPS (Lei n° 8.029/90, art 17). Em regra, aos juizes federais compete processar e julgar as causas em que a Uniao, entidade autarquica ou empresa publica federal forem interessadas na condi<;ao de autoras, res, assistentes ou oponentes, exceto as de falencia, as de aciden­tes de trabalho e as sujeitas a Justica Eleitoral e a Justica do Trabalho (CF, art. 109,1). Assim, em regra, compete a Justica Federal julgar e processar a acao promovida pelo beneficiario do RGPS, em face do INSS, postulando beneficios previdenciarios comuns (beneficios nao acidentarios).

Todavia, conforme o disposto no § 3° do art. 109 da Constituicao Federal, serao processadas e julgadas na justica estadual, no foro do do- midlio dos segurados ou beneficiarios, as causas em que forem parte instituicao de previdencia social e segurado, sempre que a comarca nao seja sede de vara do juizo federal, e, se verifkada essa condicao, a lei po­dera permitir que outras causas sejam tambem processadas e julgadas pela justiga estadual

Assim, se no domidlio do segurado nao existir vara da Justica Federal, a acao judicial por ele proposta contra o INSS podera ser pro- cessada e julgada na Justica Estadual Mas o recurso cabivel sera sempre para o Tribunal Regional Federal na area de jurisdicao do juiz de pri- meiro grau (CF, art. 109, § 4°).

O STF entende que o artigo 109, § 3°, da Constituicao, apenas fa- culta ao segurado o ajuizamento da acao na Justica Estadual no foro do seu domidlio, podendo este optar por ajuiza-la perante a Justica Fede­ral Vale dizer, e facultado ao segurado escolher entre a regra do inciso I ou a do § 3° (ambas do art. 109 da CF). Se o segurado optar pela Justica Federal, pode optar pelo juizo federal com jurisdicao sobre seu domid­lio ou pelo da capital do Estado-Membro272. Nesse sentido, confira-se a seguinte Sumula do STF:

272 STF, RE 223139/RS, Rel. Min. Sepulveda Pertence, 1*T. OJ 18/09/98.

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"Sumula 689 - O segurado pode ajuizar agao contra a insti- tuif do previdencidria perante o juizo federal do seu domidlio ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro”

O STJ tambem tem entendido da mesma forma. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“PROCESSUAL CIVIL. COMPETENCIA. FORO. AQAO PROPOSTA POR SEGURADO CONTRA O INSS. Conforme o novo entendimento firmado pela Terceira Segao, no julgamento do AgRg no REsp 223.797/DF (relator Min. lose Arnaldo da Fonseca), a agao proposta por segurado contra o INSS pode ser ajuizada tanto no foro do seu domidlio quanto no da Capital Federal Recurso conhecido e provido”273.

1 .1 . Reconhecimento de uniao estdvel

No caso de a^ao judicial que tenha como objetivo o reconheci­mento de uniao estavel, o Supremo Tribunal Federal firmou sua juris- prudencia no sentido de que, quando o INSS figurar como parte ou tiver interesse na materia, a competencia e da Justica Federal.274 Ou seja, se o objetivo do reconhecimento da uniao estavel e o recebimento de pensao por morte a ser paga pelo RGPS, sendo o INSS parte ou possuidor de interesse na causa, a a^ao sera processada e julgada na Justica Federal.

1 .2 . Juizados Especiais Federais

Os Juizados Especiais Federais foram instituidos pela Lei n° 10.259/2001. O objetivo dos Juizados Especiais e agilizar o processo judiciario, que se orientara pelos criterios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possivel, a concilia<;ao ou a transa^ao (Lei n° 9.099/95, art. 2°).

Na esfera civel, compete ao Juizado Especial Federal processar, conciliar e julgar causas de competencia da Justica Federal ate o valor de sessenta saiarios mmimos, bem como executar as suas senten^as (Lei n° 10.259/2001, art. 3°, caput).273 STJ, REsp 207673/DF, Re!. Min. Felix Fischer, 5aT, DJ 10/04/2000, p. 116.274 STF, RE 545199 AgR I RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, 2 a T., DJe-237,18-12-2009.

Capitulo 26

«• Competencia

para julgam

ento das a$oes previdenciarias

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Assim, os beneficiarios da previdencia social poderao ajuizar pe­rante os Juizados Especiais Federais as a^oes cujas causas (pretensoes deduzidas em juizo) nao excedam a 60 saiarios mmimos, ou se exce- derem, desde que os beneficiarios renunciem expressamente ao valor excedente. Inexistindo renuncia do autor ao valor excedente ao limite de 60 saiarios mmimos, o Juizado Especial Federal se mostra absoluta- mente incompetente para apreciar a demanda. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA ENTRE JUtZO COMUM FEDERAL E JUIZADO ESPECIAL FEDE­RAL. [...] 3. Cabe ao Juizo Federal perante o qual a demandafoi inicialmente ajuizada aferir se o beneficio economico deduzido pelo autor e ou nao compativel com o valor dado a causa antes de, se for o caso, declinar de sua competencia. Precedentes. 4. Inexistindo renuncia do autor ao valor excedente ao limite de sessenta saiarios minimos, o Juizado Especial Federal se mostra absolutamente incompetente para apreciar a demanda. Prece­dentes” (CC 99534/SP, Rel. Min. JANE SILVA, DJe 19/12/2008).

Contudo, em materia previdenciaria, estao excluidas da com­petencia do Juizado Especial Federal os mandados de seguran^a e as executes fiscais, ainda que o valor da causa nao exceda a 60 saiarios minimos (Lei n° 10.259/2001, art. 3°, § 1°, I). Os beneficios acidentarios, como sao da competencia da Justica Estadual, tamb&m estao exclufdos da competencia do Juizado Especial Federal.

Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras cidades onde for necessario, neste ultimo caso, por decisao do Tribunal Regio­nal Federal, serao instalados Juizados com competencia exclusiva para a^oes previdenciarias (Lei n° 10.259/2001, art. 19, paragrafo unico).

1 .3 . Desnecessidade de previo requerimento administrativo como condicao da acao previdenciaria

E bastante comum o segurado ingressar em juizo com pedido de beneficio previdenciario sem que antes tenha havido o previo reque­rimento administrativo. Neste caso, parte da doutrina defende a tese de que a ausencia total de pedido na via administrativa enseja a falta

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de uma das condigoes da a^ao - interesse de agir - pois, a mingua de qualquer obstaculo imposto pelo INSS, nao se aperfei<;oa a lide, doutri- nariamente conceituada como um conflito de interesses caracterizado por uma pretensao resistida.275

Contudo, o STF tem entendido ser desnecessario o previo re- querimento administrativo como condi^ao para a propositura da a^ao previdenciaria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Supre­ma Corte:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EX­TRAORDINARY. PREVIDENCIA SOCIAL PENSAO POR MORTE. PREVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA DA AUTARQUIA PREVIDENCIARIA COMO CONDigAO PARA O ACESSO AO PODER JUDICIARIO. DES- NECESSIDADE. 1. Nao ha no texto constitucional norma que institua a necessidade de previa negativa de pedido de concessao de beneficio previdenciario no ambito administrativo como con- dicionante ao pedido deprovimento judicial. Agravo regimental

, a que se nega provimento”276.

O STJ tambem entende que o previo requerimento administrativo nao e condi^ao necessaria a propositura da a^ao previdenciaria. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado:

“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIARIO. BENEFICIOS. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PREVIO. DESNECES- SIDADE. O previo requerimento na esfera administrativa nao pode ser considerado como condigdo para propositura da agao de natureza previdencidria. Ademais, epacifico neste Superior Tribunal de Justiga o entendimento de que e desnecessario o requerimento administrativo previo a propositura de agdo que vise concessao de beneficio previdenciario. Recurso conhecido e desprovido”277.

275 Defendem esta tese: IBRAHIM, Fabio Zambitte. Op. at., p. 643; CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, Joao Batista. Op. cit, p. 641.

276 STF, RE-AgR 548676/SP, Rel. Min. Eros Grau, 2aT, DJ 20/06/2008.277 STJ, REsp 602843/PR, Rel. Min. Jose Arnaido da Fonseca, 5a T. DJ 29/11/2004, p. 379.

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O inciso I do art. 109 da Constituicao Federal deixa claro que os Juizes Federais nao tem competencia para processar e julgar as causas relativas a acidente de trabalho. De acordo com o inciso II do art. 129 da Lei n° 8.213/91, os litigios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serao apreciados, na via judicial, pela Justica dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumarissimo, inclusive durante as ferias forenses, mediante peti^ao instruida pela prova de efetiva notificacao do evento a Previdencia Social, atraves de Comunicacao de Acidente do Tra- baiho - CAT. Tanto o STF como o STJ entendem ser da Justica Estadual, em ambas as instancias, a competencia para processar e julgar as acoes de acidente do trabalho. Nesse sentido, confiram-se as seguintes Sumulas:

Sumula n° 501 do STF - “compete a justiga ordindria estadual oprocesso e o julgamento, em ambas as inst&ncias, das causas de acidente do trabalho, ainda quepromovidas contra a Uniao, suas autarquias, empresas publicas ou sociedades de economia mista”.

Sumula n° 235 do STF - “£ competentepara a agao de acidente do trabalho a justiga civel comum, inclusive emsegunda instancia, ainda que seja parte autarquia seguradora”

Sumula n° 15 do STJ - c<Compete a justiga estadual processar e julgar os litigios decorrentes de acidente do trabalho"

2 . Beneficios acidentririos

Assim, em relacao as lides previdenciarias derivadas de acidente de trabalho, promovidas pelo trabalhador em face do INSS, a competen­cia para julgar e processar e da Justica Comum Estadual. Dessa forma, as acoes que objetivem a concessao de auxilio-doenca, aposentadoria por invaiidez ou auxilio-acidente, decorrentes de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas perante a Justica Estadual, com recursos aos Tribu­nals de Justica. Ate mesmo acoes relativas a revisao. de beneficio de ori­gem acidentaria devem ser ajuizadas perante a Justica Estadual. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“EMENTA: COMPETENCIA. AQAO DE REVISAO DE BENE­FICIO ACIDENTARIO. JUSTICA COMUM ESTADUAL. ART. 109, INC. I, DA CONSTITUICAO FEDERAL. A teor do disposto

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no art. 109, inc. I, da Constituigao Federal, a competencia da Justiga Estadual parajulgar lide de natureza acidentdria envolve tambem a revisdo do proprio beneficio. Precedente do Plenario: RE 176.532-1. Recurso extraordindrio conhecido e provido”278.

Ressalte-se, porem, que o art 120 da Lei n° 8.213/91 determina que “nos casos de negligencia quanto as normas padrao de seguran^a e higiene do trabalho indicados para a prote^ao individual e coletiva, a Previdencia Social propora a$ao regressiva contra os responsaveis”. Neste caso, o INSS ajuizara a<;ao regressiva em face do empregador pe- rante a Justi^a Federal (CF, art. 109,1). Nesta situa^ao especifica, o em­pregador nao se exime de sua responsabilidade pelo fato de a Previden­cia Social ter honrado presta^oes decorrentes da incapacidade gerada pelo acidente do trabalho.

Vale frisar tambem que, de acordo com o inciso VI do art. 114 da Constitui^ao Federal, compete a justi<;a do Trabalho processar e julgar as a^oes de indeniza^ao por dano moral ou patrimonial, decorrentes da rela^ao de trabalho. No julgamento do Conflito de Competencia n° 7.204, o STF, em sessao plenaria, definiu a competencia da Justi^a Trabalhista, a partir da EC n° 45/2004, para julgamento das a^oes de indeniza^ao por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho279. Assim, as a^oes promovidas pelo empregado em face do empregador postulando indeniza^ao pelos danos morais ou patrimo­niais sofridos em decorrencia de acidente do trabalho serao processadas e julgadas pela Justica do Trabalho.

Mas as a^oes promovidas pelo segurado em face do INSS, pos­tulando beneficio previdenciario decorrente de acidente do trabalho, mesmo apos a EC n° 45/2004, continuam sendo julgadas e processadas, em ambas as instancias, pela Justica Estadual. Nesse sentido, confira-se a seguinte decisao do STJ:

“PREVIDENCIARIO. CONFLITO NEGATIVO. JUlZO DA 2“ VARA DO TRABALHO DE CUBATAO - SP E JUIZO DE DIREITO DA 2“ VARA ClVEL DE CUBATAO - SP. AQAO ACIDENTARIA. CONCESSAO / REVISAO DE BENEFICIO. EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004. AUSENCIA DEALTE-

278 STF, RE 264560/SP, Rel. Min. limarGalvao, 2aT, DJ 10/08/2000.279 STF, CC 7204/MG, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 09/12/2005, p. 5.

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RAQAODOART. 109, IDA CF. COMPETENCIA DA JUSTICA COMUM. JUSTICA DO TRABALHO. DESLOCAMENTO DE COMPETENCIA. INEXISTENCIA. PRECEDENTE DO STF. INTERPRETAQAO A LUZ DA CF. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUlZO DE DIREITO DA

VARA CtVEL DE CUBATAO - SRI- Mesmo apos a Emenda Constitucional 45/2004, manteve-se intacto o artigo 109, incisoI da Constituicao Federal, no tocante a competencia para pro­cessar e julgar as agoes de acidente do trabalho. I I - A ausincia de modificagdo do artigo 109, inciso I da Constituigao Federal, no tocante as agoes de acidente de trabalho, nao permite outro entendimento que nao sejao de quepermanece a Justiga Estadual como a unica competentepara julgar demandas acidentdrias, nao tendo havido deslocamento desta competencia para a Justiga do Trabalho (artigo 114 da Constituigao Federal)”. (..)280

O STJ tem entendido que nos conflitos nos quais se discute a con­cessao ou a revisao de beneficio de pensao por morte, decorrente ou nao do falecimento do segurado em razao de acidente de trabalho, a compe­tencia para o processamento e julgamento do feito e da Justica Federal, ressalvando-se apenas casos de competencia delegada, prevista no art. 109, § 3°, da Constituicao da Republica.281

3 . Beneficio de prestacao continuada da assistencia social

O beneficio de prestacao continuada, previsto no art. 203, V, da Constituicao Federal, e regulamentado pelo art. 20 da Lei n° 8.742/93, e o beneficio mais importante da assistencia social. Este beneficio, em­bora assistencial, e concedido pelo INSS. Por isso, nas acoes em que se discute o direito ao recebimento deste beneficio assistencial, o STJ tem entendido que a legitimidade passiva e do INSS. Nesse sentido, o se­guinte julgado:

“EMBARGOS DE DIVERGENCIA. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIA SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL LEGITIMI­DADE PASSIVA ADCAUSAM. RENDAMENSAL VITALICIA. A eg. Terceira Segdo deste Tribunal pacificou o entendimento de

280 STJ, CC 47811/SP, Rei. Min. Gilson Dipp, 3aT, DJ 11/05/2005, p. 161.281 STJ, AgRg no CC 106431 / SP, Rel. Min. Ceiso Limogi, Dje 04/05/2010.

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ser o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS parte legttima parafigurar no polo passive, nas causas que visem a beneficio de prestagdo continuada. Embargos rejeitados>r282.

Tendo o INSS legitimidade passiva, em regra, a a$ao que pos- tula o beneficio de presta^ao continuada da assistencia social sera processada e julgada pela Justi^a Federal Contudo, esta a$ao podera ser processada e julgada najusti<;a estadual, no foro do domicilio do be- neficiario, sempre que a comarca nao seja sede de vara do juizo federal (CF, art. 109, § 3°). Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ:

“CONFLITO DE COMPETENCIA. BENEFICIO ASSISTEN- CIAL. ARTIGO109, § 3% DA CONSTITUI^AO DA REPUBLICA. 1NCIDENCIA, DESCUMPRIMENTO DE CARTA PRECATO- RIA, IMPOSSIBILIDADE. 1. A literalidade do paragrafo 3° do artigo 109 da Constituicao da Republica deixa certo que a fustiga Estadual foi atribuida a competencia excepcionalparaprocessar e julgar, no foro do domicilio dossegurados ou beneficiarios, exclusi- vamente, as causas em queforemparte instituigao de previdencia social e segurado, sempre que a comarca nao seja sede de vara do juizo federal, alem daqueloutras permitidas em lei. 2. A luz da evidente razao da norma inserta no paragrafo 3° do artigo 109 da Constituigao da Republica, e de se interpreta-la atribuindo forga extensiva ao termo “beneficidrios” de modo a que compreenda os que o sejam do segurado, mas tambem aqueloutros do beneficio da assistencia social, como, alias, resta impUcita najurisprudencia desta Egregia Terceira Segao, que tem compreendido no beneficio previdendario o beneficio assistencial”. (...)283

4 . Acao de execucao fiscal

O debito original e seus acrescimos legais, relativos as contri­b u te s previdenciarias, constituem divida ativa da Uniao (Lei n°11.457/2007, art. 16). Compete a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacio­nal a representa^ao judicial na cobran^a de creditos de qualquer nature- za inscritos em Divida Ativa da Uniao (Lei n° 11.457/2007, art. 23).

282 STJ, EREsp 204974/SP, Rel. Min. Jose Arnaldo da Fonseca, DJ 29/05/2000, p. 115.283 STJ, CC 37717/SP, Ret. Min. Hamilton Carvalhido, DJ 09/12/2003, p. 209.

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Em regra, a acao de execugao fiscal movida pela Fazenda Nacio­nal e processada e julgada na Justica Federal (CF, art. 109,1). Mas se o executado for domiciliado em Municipio que nao seja sede de vara da Justica Federal, a acao de execucao fiscal, em primeira instancia, sera processada e julgada pela Justica Estadual (CF, art. 109, § 3°). Contudo, o recurso cabivel sera sempre para o Tribunal Regional Federal na area de jurisdicao do juiz de primeiro grau (CF, art. 109, § 4°).

Em consonancia com o § 3° do art. 109 da Constituicao Federal, a Lei n° 5.010/66, art. 15,1, estabelece que “nas comarcas do interior onde nao funcionar Varas da Justica Federal, os juizes estaduais sao compe­tentes para processar e julgar as execucoes fiscais da Uniao e de suas autarquias, ajuizadas contra devedores domiciliados nas respectivas co­marcas”. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STF:

“CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL COMPETENCIA. EXECUCAO FISCAL JUSTICA FEDERAL ART. 10% I E § 3°. EMPRESA PUBLICA FEDERAL CONTRA INSS. L Embora o presente processo envolva duas entidades federais: uma autar- quia, na condigao de autora, e uma empresa publica, naposigao de re, a recorrente e domiciliada em cidade onde existe apenas vara estadual, o que atrai a excegao criada no § 3° do art 109 da CF/88. 2. A regra do inciso I do art. 15 da Lei 5.010/66, ao mesmo tempo que buscoufacilitar a defesa do contribuinte, pro- curou garantir a propria eficdcia da execucaofiscal. 3. £ evidente que atos como citagao e penhora tornam-se mais facets e geram menos custos se o processo tramitar na mesma cidade da sede

, do devedor do tributo. A tramitaqao do feito perante uma das Varas Federais da Subsegao Judicidria de Sao Jose dos Campos acarretaria desarrazoada demora na resolugdo do processo e inegdvel prejuizo d propria prestacao jurisdicional. 4. Recurso extraordinario conhecido e improvido”284.

5. Execucao de contribuicoes previdenciarias na Justica do Trabalho

Compete a Justica do Trabalho processar e julgar a execucao, de oficio, das contribuicoes sociais previdenciarias, e seus acrescimos le­gais, decorrentes das sentencas que proferir (CF, art. 114, VIII).

284 STF, RE 390664/SP, Rel. Min. Elien Grade, 2a T. Di 16/09/2005.

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Com base nesta regra, criada pela EC n° 20/98 e mantida pela EC n° 45/2005, a Justica do Trabalho passa a ter competencia para exigir o cumprimento da obriga^ao previdenciaria dos empregadores, quando da sentenca ou homologa^ao de acordo trabalhista. Neste caso, mesmo sem ter ocorrido lancamento tributario, sem inscrito em divida ativa e sem ajuizamento de acao de execucao fiscal, o orgao da Justica do Tra­balho conduz a execucao das contribuicoes previdenciarias. A intencao, sem duvida, dirige-se para a maior eficacia do sistema de arrecada^ao da Previdencia Social. E nao se pode dizer que houve uma subversao des­te procedimento porque a eliminacao de diversas fases da constituicao do credito tributario esta respaldada na Constituicao Federal (art. 114, VIII), tendo se convertido no devido processo legal ora vigente. Nao ha nenhuma irregularidade ou inconstitucionalidade nesta modificacao.

A materia e regulamentada pela CLT, por forca de insercoes reali- zadas pela Lei n° 10.035/2000, agora parcialmente alteradas pela Lei n°11.457/2007. Nesse sentido, o paragrafo unico do art. 876 da CLT estabe- lece que “serao executadas ex-officio as contribuicoes sociais devidas em decorrencia de decisao proferida pelos Juizes e Tribunals do Trabalho, resultantes de condenacao ou homologacao de acordo, inclusive sobre os saiarios pagos durante o periodo contratual reconhecido”

Contudo, o STF tem entendido que a execucao das contribui­coes previdenciarias somente esta no alcance da Justica do Trabalho quando relativas ao objeto da condenacao constante de suas senten- Cas, nao abrangendo a execucao de contribuicoes previdenciarias in- cidentes sobre os saiarios pagos durante o periodo contratual reco­nhecido na decisao. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte:

“EMENTA Recurso extraordinario. Repercussdo geral reco- nhecida. Competencia da Justiga do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituigao Federal. I. A competincia da Justiga do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituigao Federal alcanga apenas a execugao das contribuigoes previdenciarias relativas ao objeto da condenagdo constante das sentengas que proferir. 2. Recurso extraordinario conhecido e desprovido”.285

285 STF, RE 569056/PA, Tribunal Pleno, Rel. Min. Menezes Direito, DJ 12/12/2008.

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A a<;ao de mandado de seguranca destina-se a proteger direito H- quido e certo, nao amparado por habeas corpus nem habeas data, em face de ilegalidade ou abuso de poder por parte de autoridade publica ou agente de pessoa juridica no exercicio de atribui^oes do Poder Publico (CF, art. 7°, LXIX).

A competencia para julgar mandado de seguranca define-se pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. Em,regra, a Constituicao Federal e as leis de organiza^ao judiciaria especificam essa competencia.

Por exemplo, a Constituicao Federal atribui ao Supremo Tribunal Federal a competencia para julgar mandados de seguranca contra atos do Presidente da Republica (CF, art. 102, 1 “d”). Os mandados de segu­ranca contra atos de Ministro de Estado devem ser impetrados perante o Superior Tribunal de Justi^a (CF, art. 105,1 “b”)- Os Tribunals Regio- nais Federais tem competencia para julgar os mandados de seguranca contra atos dos proprios tribunais e de Juiz Federal (CF, art* 108,1, V ) .

As demais autoridades federais tem seus atos sujeitos ao controle, via mandado de seguranca, perante os Juizes Federais com junsdi^ao territorial perante a sede funcional da autoridade nominada como coa­tora (CF, art. 109, VIII).

Assim, 0 mandado de seguranca impetrado contra autoridade previdenciaria (por se tratar: de autoridade federal) devera ser ajuiza- do perante a Justi^a Federal, que e competente para julgar e processar esta demanda. Neste caso, a competencia e privativa da Justi^a Federal, vale dizer, nao cabe delega^ao de competencia. Portanto, os mandados de seguranca impetrados contra autoridade federal, mesmo em materia acidentaria, e mesmo que o impetrante seja domiciliado em Municipio onde nao exista vara da Justi^a Federal, serao processados e julgados pela Justi^a Federal. Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados do STJ:

“CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANQA. COMPETENCIA. CRITERIOS DE FIXAQAO. ATO DE AU­TORIDADE FEDERAL. SENTENQA PROFERIDA POR JUIZ ESTADUAL INCOMPETENTE. ANULA^AO. Em sede de

6. Mandado de Seguranca

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mandado de seguranga, a competencia para o processo e julga­mento e definida segundo a hierarquiafuncional da autoridade coatora, nao adquirindo relevancia a materia deduzida na pega de impetragao. Compete a justiga federal conhecer de mandado de seguranga contra o ato de autoridade autarquia federal, ainda que se discuta materia relacionada a legislagdo acidentaria de natureza previdencidria", (..)286.

"CONFLITO DE COMPETENCIA - MANDADO DE SEGU- RANQA - AUTORIDADE COATORA - COMPETENCIA. L A jurisprudencia desta Corte firmou-se no sentido de que, em sede de mandado de seguranga, a competencia e fixada em face da qua- lificagdo da autoridade coatora. 2. Se o magistrado, ao analisar o feito, concluirque houve indicagdo errdnea da autoridade coatora, deve extinguir o feito e nao declinar da competencia. 3. Conflito conhecido para declarar a competencia do jutzo suscitado”.287

Exerdcios de Fixacao

281. {Procurador da Fazenda Nacionai/2007/Esaf) Antonio, contribuinte empregado aposentado peio Regime Geral de Previdencia Social em 1994, propoe na jus- ttga agao contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, alegando que seu beneficio nao foi revisto nos termos do art. 58 do Ato das Disposi oes Consti- tucionais Transitorias (ADCT). Ademais, alega que indevidamente o INSS vem recolhendo a contribuicao previdenciaria sobre o 13° salario. Assim, e correto afirmar que:

a) O pedido referente a incidencia indevida da contribuicao previdenciaria sobre o 13° salario e fmprocedente.

b) A referida a^ao deve ser proposta dois anos apos a concessao do referido beneficio, sob pena de decadencia do direito pfeiteado.

c) O pedido da revisao, nos termos do art. 58 da ADCT, deve ser considerado improcedente, independente da epoca em que o beneficio foi concedido.

d) O segurado esta impedido de ajuizar a$ao contra a institui ao previdenciaria na vara federal do municfpio em que reside.

e) Antonio nao tem fegitimidade para propor aqao contra o INSS por estar recebendo beneficio.

286 STJ, CC 18239/RS, Rei. Min. Vicente Leal, DJ 17/02/1997, p. 2124.287 STJ, CC 38008/PR, Rel. Min. Eiiana Calmon, DJ 02/06/2003, p. 182.

Capitulo 26

♦ Com

petencia para julgam

ento das

agoes previdenciarias

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282. {Procurador da Fazenda Nacional/2007/Esaf] O Instituto Nacionai do Seguro Social - INSS e pessoa juridica de direito publico interno,autarquiafederal, vinculada ao Ministerio da Previdencia Social, com sede no Distrito Federal. Com base nessa informa^ao, na legislagao e na jurisprudencia do Supremo Tribunal Federal, e correto afirmar, em relagao as regras de distribui ao de competencia, que:

a) Para a materia beneffcios e servigos previdenciarios a competencia e da Justiga Federal, independente do domidlio do beneficiario.

b) No caso de acidente do trabalho, apos a promulga^ao da Emenda Consti- tucionai n° 45/2004, o Supremo Tribunal afirmou que as a^oes acidentarias devem ser julgadas pela Justi a Federal

c) Na execu^ao fiscal, se o executado estiver domiciiiado em munidpio sede da Vara da Justi a Federal, a competencia recursal sera do Tribunal de Justiga daquele estado-membro.

d) O segurado pode ajuizar agao contra a instituigao previdenciaria so no juizo federal do seu domicilio.

e) No caso de mandado de seguranca contra ato de servidor do INSS, a compe- tencia e da Justi a Federal.

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O termo “sumula” e originario do latim summula, que significa “resumo”. No Poder Judiciario, a sumula e uma smtese das reiteradas decisdes proferidas pelos tribunals superiores sobre uma determinada materia. Vale dizer, e uma smtese de todos os casos, parecidos, decidi- dos da mesma maneira, colocada por meio de uma proposi^ao direta e clara.

A seguir serao relacionadas as principals Sumulas do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justly a (STJ) em ma­teria previdenciaria:

1 . Sumulas do Supremo Tribunal Federal

Sumulas Vinculantes8 - Sao inconstitucionais o paragrafo unico do artigo 5° do Decreto-lei 1569/77

e os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que tratam de prescri^ao e decadencia de credito tributario.

21 - £ inconstitucional a exigencia de deposito ou arrolamento previos de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

28 - £ inconstitucional a exigencia de deposito previo como requisito de ad~ missibilidade de a^ao judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do credito tributario,

Sumulas Comuns35 - Em caso de acidente do trabalho ou de transporte, a concubina tem

direito de ser indenizada pela morte do amasio, se entre eles nao havia impedimenta para o matrimonio,

196 - Ainda que exer^a atividade rural, o empregado de empresa industrial ou comercial e classificado de acordo com a categoria do empregador.

217 ~ Tem direito de retornar ao emprego ou ser indenizado em caso de recu­sa do empregador, o empregado que recupera a capacidade de trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria, que se torna definitiva apos esse prazo.

229 - A indeniza^ao acidentaria nao exclui a do direito comum, em caso dedolo ou culpa grave do empregador.

230 - A prescri^ao da a^ao de acidente do trabalho conta-se do exame peri-cial que comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapaci- dade.

235 - £ competente para a a<;ao de acidente do trabalho a Justica Civel co­mum, inclusive em segunda instancia, ainda que seja parte autarquia federal.

241 - A contribuicao previdenciaria incide sobre o abono incorporado ao sa­lario.

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382 - A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, nao e indispensavel a caracteriza^ao do concubinato.

439 - Estao sujeitos a fiscaliza^ao tributaria ou previdenciaria quaisquer ii- vros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investiga<;ao.

466 - Nao e inconstitucional a inciusao de socios e administradores de socie- dades e titulares de firmas individuals como contribuintes obrigatorios da Previdencia Social.

501 - Compete a Justi<ja Ordinaria Estadual o processo e o julgamento, em ambas as instancias, das causas de acidente do trabalho ainda que pro­movidas contra a Uniao, suas Autarquias, Empresas Publicas ou Socie- dades de Economia Mista.

669 ~ Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obriga<;ao tributa­ria nao se sujeita ao princfpio da anterioridade.

687 - A revisao de que trata o art. 58 do Ato das Disposi^oes ConstitucionaisTransitorias nao se aplica aos beneffcios previdenciarios concedidos apos a promulga^ao da constitui^ao de 1988.

688 - £ legitima a incidencia de contribui<jao previdenciaria sobre 13° salario.689 - O segurado pode ajuizar a^ao contra a institui^ao previdenciaria pe­

rante o juizo federal do seu domicilio ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro.

730 - A imunidade tributaria conferida a in s titu te s de assistencia social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, “c”, da Constitui^ao, somente al­canna as entidades fechadas de previdencia social privada se nao hou- ver contribui^ao dos beneficiarios.

2 . Sumulas do Superior Tribunal de Justica

15 - Compete a Justica Estadual processar e julgar os litigios decorrentes de acidente do trabalho.

44 - A defini<jao, em ato regulamentar, de grau mmimo de disacusia, nao exclui, por si sd, a concessao do beneficio previdenciario.

89 - A a ^ o acidentaria prescinde do exaurimento da via administrativa.110 - A isen^ao de pagamento de honorarios advocaticios, nas a^oes aciden-

tarias, e restrita ao segurado.111 - Os honorarios advocaticios, nas a 0 e s previdenciarias, nao incidem so­

bre presta^oes vincendas.146 - O segurado, vitima de novo infortunio, faz jus a um unico beneficio

somado ao salario de contribui^ao vigente no dia do acidente.149 - A prova exclusivamente testemunhal nao basta k comprova^ao da ati-

vidade ruricola, para efeito da obten^ao de beneficio previdenciario.175 - Descabe o deposito previo nas a<;6es rescisorias propostas pelo INSS.178 - O INSS nao goza de isen^ao do pagamento de custas e emolumentos,

nas aqdes acidentarias e de beneficios propostas na justica Estadual.

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183 - Compete ao juiz estadual, nas comarcas que nao sejam sede de vara da justica Federal, processar e julgar a<;ao civil publica, ainda que a Uniao figure no processo.Os juros de mora nas a^oes relativas a beneficios previdenciarios inci- dem a partir da c ita to valida.O iMinisterio Publico tem legitimidade para recorrer na acao de aci­dente do trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por advogado. Cabe acao declaratoria para reconhecimento de tempo de servico para fins previdenciarios.O trabalhador rural, na condicao de segurado especial, sujeito a con- tnbui^ao obrigatoria sobre a produ^ao rural comercializada, somente faz jus a aposentadoria por tempo de servico, se recolher contribuicoes facultativas.O termo inicial do prazo prescricional, na a^ao de indeniza^ao, e a data em que o segurado teve ciencia inequivoca da incapacidade laboral.A restitui^ao das parcelas pagas a piano de previdencia privada deve ser objeto de corre^ao plena, por indice que recomponha a efetiva des- valoriza<;ao da moeda.Nos pianos de previdencia privada, nao cabe ao beneficiario a devolu- cao da contribuicao efetuada pelo patrocinador.A a^ao de cobranca de parcelas de complementacao de aposentadoria pela previdencia privada prescreve em cinco anos.O Auxilio-creche nao integra o salario-de-contribuicao.O Codigo de Defesa do Consumidor e aplicavel a relacao juridica entre a entidade de previdencia privada e seus participantes.A mulher que renunciou aos alimentos na separacao judicial tem di­reito a pensao previdenciaria por morte do ex-marido, comprovada a necessidade economica superveniente.A lei aplicavel a concessao de pensao previdenciaria por morte e aquela vigente na data do obito do segurado.A aliquota de contribuicao para o Seguro de Acidente do Trabalho (S AT) e aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, indi- vidualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade prepon- derante quando houver apenas um registro.A obtencao ou a renovacao do Certificado de Entidade Beneficente de Assistencia Social (Cebas) nao exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes.O beneficio da denuncia espontanea nao se aplica aos tributos sujeitos a lancamento por homologa<;ao regularmente declarados, mas pagos a destempo.Compete a Justica estadual processar e julgar a^ao indenizatoria pro­posta por viuva e filhos de empregado falecido em acidente de trabalho.

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373 - £ ilegitima a exigencia de deposito previo para admissibilidade de re- curso administrativo.

409 - Em execu^ao fiscal, a prescri^ao ocorrida antes da propositura da a$ao pode ser decretada de oficio (art. 219, § 5°, do CPC).

416 - E devida a pensao por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a ob- tencao de aposentadoria ate a data do seu obito.

423 - A Contribuicao para Financiamento da Seguridade Social - Cofins in- cide sobre as receitas provenientes das o p erates de loca^ao de bens moveis.

425 - A reten^ao da contribuicao para a seguridade social pelo tomador do service nao se aplica as empresas optantes pelo Simples.

427 - A a^ao de cobranca de diferen^as de valores de complementacao de apo­sentadoria prescreve em cinco anos contados da data do pagamento.

430 - O inadimplemento da obriga^ao tributaria pela sociedade nao gera, por si so, a responsabilidade solidaria do socio-gerente.

436 - A entrega de declara^ao pelo contribuinte reconhecendo debito fiscal constitui o credito tributario, dispensada qualquer outra providencia por parte do fisco. .

446 - Declarado e nao pago o debito tributario pelo contribuinte, e legitima a recusa de expedi^ao de certidao negativa ou positiva com efeito de negativa.

456 ~ E incabivel a corre^ao monetaria dos salarios de contribuicao consi- derados no calculo do salario de beneficio de auxilio-doenca, aposen­tadoria por invalidez, pensao ou auxilio-reclusao concedidos antes da vigencia da CF/1988.

458 - A contribuicao previdenciaria incide sobre a comissao paga ao corretor de seguros.

461 - O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatdrio ou por compensacao, o indebito tributario certificado por senten<pa declarato- ria transitada em julgado.

3 . Sumuias da Turm a Nacional de Uniform izacao de Jurisprudencia dos Ju iza d o s Espe- ciais Federais

1 - A conversao dos beneffcios previdenciarios em URV, em marco/94,obedece as disposicoes do art. 20, incisos I e II da Lei n° 8.880/94 (MP n° 434/94).

2 - Os beneficios previdenciarios, em maio de 1996, deverao ser reajus-tados na forma da Medida Provisoria 1.415, de 29 de abril de 1996, convertida na Lei n° 9.711, de 20 de novembro de 1998.

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4 - Nao ha direito adquirido a condi^ao de dependente de pessoa designa-da, quando o falecimento do segurado deu-se apos o advento da Lei n° 9.032/95.

5 - A prestacao de servico rural por menor de 12 a 14 anos, ate o adventoda Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciarios.

6 - A certidao de casamento ou outro documento idoneo que evidencie acondicao de trabalhador rural do conjuge constitui inicio razoavel de prova material da atividade ruricola.

8 - Os beneficios de prestacao continuada, no regime geral da PrevidenciaSocial, nao serao reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001.

9 - O uso de Equipamento de Protecao Individual (EPI), ainda que elimi-ne a insalubridade, no caso de exposicao a rmdo, nao descaracteriza o tempo de servico especial prestado.

10 - O tempo de servico rural anterior a vigencia da Lei n° 8.213/91 pode serutilizado para fins de contagem redproca, assim entendida aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de servico publi­co estatutario, desde que sejam recolhidas as respectivas contribuicoes previdenciarias.

14 - Para a concessao de aposentadoria rural por idade, nao se exige que o inicio de prova material, corresponda a todo o periodo equivalente a carencia do beneficio.

18 - Provado que o aluno aprendiz de Escola Tecnica Federal recebia re­muneracao, mesmo que indireta, a conta do orcamento da Uniao, o respectivo tempo de servico pode ser computado para fins de aposen­tadoria previdenciaria.

20 - A Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, nao modificou a situacaodo servidor celetista anteriormente aposentado pela Previdencia Social Urbana.

21 - Nao ha direito adquirido a reajuste de beneficios previdenciarios combase na variacao do IPC (Indice de Preco ao Consumidor), de Janeiro de 1989 (42,72%) e abril de 1990 (44,80%).

22 - Se a prova pericial realizada em juizo da conta de que a incapacidade jaexistia na data do requerimento administrativo, esta e o termo inicial do beneficio assistencial.

24 - O tempo de servico do segurado trabalhador rural anterior ao adventoda Lei n° 8.213/91, sem o recolhimento de contribuicoes previdencia­rias, pode ser considerado para a concessao de beneficio previdenciario do Regime Geral de Previdencia Social (RGPS), exceto para efeito de carencia, conforme a regra do art. 55, §2°, da Lei n° 8.213/91.

25 - A revisao dos valores dos beneficios previdenciarios, prevista no art.58 do ADCT, deve ser feita com base no numero de saiarios minimos apurado na data da concessao, e nao no mes de recolhimento da ultima contribuicao.

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27 - A ausencia de registro em orgao do Ministerio do Trabalho nao im­pede a comprova^ao do desemprego por outros meios admitidos em Direito.

29 - Para os efeitos do art. 20, § 2°, da Lei n° 8.742, de 1993, incapacida- de para a vida independente nao e so aqueiaxjue impede as atividades mais elementares da pessoa, mas tambem a impossibilita de prover ao proprio sustento.

31 - A anota^ao na CTPS decorrente de senten^a trabalhista homologat6riaconstitui inicio de prova material para fins previdenciarios.

32 - O tempo de trabalho laborado com exposi^ao a ruido e consideradoespecial, para fins de conversao em comum, nos seguintes niveis: supe­rior a 80 decibels, na vigencia do Decreto n. 53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibeis, a partir de S de mar^o de 1997, na vig&ncia do Decreto n. 2.172/97; superior a 85 decibeis, a partir da edi^ao do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.

33 - Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para conces­sao da aposentadoria por tempo de serri90 na data do requerimento ad­ministrativo, esta data sera o termo inicial da concessao do beneficio.

34 - Para fins de comprova^ao do tempo de labor rural, o inicio de provamaterial deve ser contemporaneo a epoca dos fatos a provar.

35 - A Taxa Selic, composta por juros de mora e corre^ao monetaria, incidenas repeti^oes de indebito tributario.

36 - Nao ha veda^ao legal a cumula^ao da pensao por morte de trabalhadorrural com o beneficio da aposentadoria por invalidez, por apresenta- rem pressupostos faticos e fatos geradores distintos.

37 - A pensao por morte, devida ao filho ate os 21 anos de idade, nao seprorroga pela pendencia do curso universitario.

283. (AFPS/2002/Esaf) Considerando a orienta^ao dos Tribunals Superiores sobre a legisla^ao previdenciaria, assinale a assertiva jncorreta.

a) A definigao, em ato regulamentar, de grau minimo de disacusia, nao exclui, por si so, a concessao do beneficio previdenciario.

b) Nao e inconstitucional a inclusao de socios e administradores como contri- buintes obrigatorios da Previdencia Social.

c) Compete a Justi a Estadual processar e julgar os litigios decorrentes de aci­dente do trabalho.

d) Em caso de acidente de trabalho ou de transports, a companheira tem direito a ser indenizada pela morte do amasio, se entre eies havia impedimento parao matrimonio.

e) A a^ao acidentaria prescinde do exaurimento da via administrativa.

Capitulo 27

♦ Sitnttilets previdettcitiritts

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284. (Fiscal/INSS/97/Cespe-UnB) Julgue os itens abaixo:I - O mandado de seguranga impetrado contra o ato de autoridade do INSS

sera sempre processado e julgado na Justica Federal.II - As acoes de acidente do trabalho podem ser ajuizadas na Justica Federal

ou na Justica Estadual do local em que ocorreu o acidente.!!i - As agoes visando ao reajustamento de beneficios previdenciarios podem

ser ajuizadas na Justica Federal ou na Justica Estadual do local em que residir o beneficiario, desde que nao seja sede de vara da Justiga Federal.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) li e IIIc) I e II!d) todose) nenhum

285. Julgue os itens abaixo, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal:i - A contribuicao previdenciaria nao incide sobre o abono incorporado ao

salario.II - Estao sujeitos a fiscalizagao tributaria ou previdenciaria quaisquer livros

comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigagao.ill - Nao e inconstitucional a inclusao de socios e administradores de socieda-

des e titulares de firmas individuais como contribuintes obrigatorios da Previdencia Social.

Os itens que estao certos sao:a) I e IIb) lie 111c) 1 e 111 d} todose) nenhum

t'286. Juigue os seguintes itens:

I - E legitima a incidencia de contribuicao previdenciaria sobre 13° salario.II - Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigagao tributaria

nao se sujeita ao principio da anterioridade.III - A prova exclusivamente testemunhal e suficiente para a comprovagao da

atividade ruricola, para efeito da obtengao de beneficio previdenciario. Os itens que estao certos sao:a) i e iib) lie Hic) I e illd) todose) nenhum

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I - O trabalhador rural, na condigao de segurado especial, sujeito a contribui- gao obrigatoria sobre a produgao rural comercializada, somente faz jus a aposentadoria por tempo de contribuicao, se contribuir, facultativamente, com aliquota de 20% sobre o salario-de-contribuigao.

il - Os honorarios advocatfcios, nas agoes previdenciarias, incidem sobre prestagoes vincendas.

HI - Compete a Justiga Ordinaria Estadual o processo e o julgamento, em ambas as instancias, das lides previdenciarias derivadas de acidente de trabalho promovidas contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

Os itens que estao certos sao:a) I e 11b ) l i e III

c) I e HId) todose) nenhum

287. Julgue os seguintes itens:

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Gabarito dos exerdcios1 ~ c 2 - B 3 - E 4 - E 5 - B 6 - A 7 - D8 “ D 9 - C ' 10 - C 1 1 - B 12- C 1 3 - D 14- A1 5 - A 16- A 17 - C 18 - D 19 ~C 2 0 - A 2 1 - C22 — A 2 3 - E 2 4 - D 25 - C 2 6 - A 2 7 - D 28 - D2 9 - A 3 0 - C 31- B 32 - B 3 3 - A 3 4 - C 35 - D3 6 - D 3 7 - B 38 - D 3 9 - D 4 0 - D 41 - D 4 2 - A4 3 - C 44 — A 45 - D 46 - C 4 7 - B 48 ~B 4 9 - E5 0 - C 51 - C 5 2 - A 53 - C 5 4 - D 5 5 - A • 5 6 - B5 7 - B 58 - D 59 - C 60 - D 6 1 - D 62 - D 6 3 - D6 4 - B 6 5 - A 66 ~ A 67 -- C 68 - C 6 9 - E 7 0 - A71 - D 7 2 - D 73 - B 74 „ A 7 5 - C 7 6 - D 7 7 - A78 - D 7 9 - B 8 0 - A 81 - D 8 2 - A 8 3 - A 8 4 - C85 - B 86 - E 8 7 - D 88 - E 89 - C 9 0 - E 9 1 - C9 2 - C 93 - E 9 4 - D 9 5 - A 9 6 - E 9 7 - A 9 8 - D9 9 - B 100- D 101 - D 102- A 1 0 3 - A 104 - D 105- E106- C 1 0 7 - A 108- B 109 - E 110 — A 111 ~ E 112- C113- C 114- E 115- E 116- B 1 1 7 - A 118- E 119- D120 ~B 121 - B 122- C 123- E 124- C 125 - C 126- B127- C 128 - D 129- D 130 - D 131- C 132 - E 133- E134 - C 135 - B 136- D 1 3 7 - A 138- B 139- B 140- B141 - A 142- E 143- C 144- D 145- B 146 - C 147- D148- B 1 4 9 - A 150- C 151 - B 152 - D 153- C 154- D155- D 156- D 157- B 158- B 1 5 9 - A 160 - D 161- D162- C 163- B 164- A 1 6 5 - A 166- E 167 - C 168 - D169 - C 1 7 0 - A 171 - B 172- D 173 - B 174- B 175- B1 7 6 - A 177- C 178,- E 179- B 180 - A 181 - A 182 - D183- B 184 - B 1 8 5 - A 186- E 187- C 188- C 189- B190- D 191 - B 192 - A 193- B 194- B 195- B 196- A197- C 198 ~E 199 ~D 200 - C 201- D 2 0 2 - D 2 0 3 - B2 0 4 - D 2 0 5 - C 2 0 6 - A 207 ~ C 2 0 8 - C 2 0 9 - A 210- E211 - A 212 - A 2 1 3 - A 214 ~B 215- D 216 - D 217- E218 ~B 219 - D 2 2 0 - B 221 ~B 2 2 2 - D 2 2 3 - B 224 - D225 - C 2 2 6 - A 2 2 7 - A 228 ~C 2 2 9 - B '230 - A 231- C232- A 233 - C 2 3 4 - E 235 ~B 2 3 6 - A 2 3 7 - C 2 3 8 - D2 3 9 - D 240 - B 2 4 1 - D 242 - D 2 4 3 - B 2 4 4 - A 2 4 5 - D2 4 6 - C 247 - A 2 4 8 - A 249 - C 250 - C 251- C 2 5 2 - A253 - B 2 5 4 - D 25 5 - B 25 6 - B 2 5 7 - A 2 5 8 - C 259 - D26 0 - E 261 - C 2 6 2 - A 26 3 - D 2 6 4 - B 2 6 5 - D 2 6 6 - D2 6 7 - C 268 - C 2 6 9 - D 2 7 0 - C 271 - E 2 7 2 - C 2 7 3 - B274 - B 275- D 2 7 6 - C 27 7 - B 278- B 2 7 9 - B 280 - C281 - A 2 8 2 - E 283 - D 284 - C 285 -B 2 8 6 - A 287 - C

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