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Direito Processual Civil 1 PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL..................................11 Generalidade................................................11 Princípios informativos do processo.........................11 Princípios informativos do procedimento.....................15 DA JURISDIÇÃO.................................................16 Conceituação................................................16 Jurisdição - natureza jurídica..............................17 Características da jurisdição - critérios distintivos.......18 Princípios fundamentais da jurisdição.......................19 Jurisdição contenciosa ou voluntária........................20 Substituição da jurisdição..................................21 DA COMPETÊNCIA................................................22 Conceituação................................................22 Distribuição da competência.................................22 Classificação da competência................................22 Competência internacional...................................22 Competência interna.........................................23 Critérios para determinação da competência interna........24 São critérios para distribuir o processamento e julgamento de um desses órgãos....................................................24 Sistema de competência adotado pelo código de processo civil 24 Perpetuatio iuridictionis...................................28 Modificação de competência..................................28 Prorrogação de competência..................................29 Prorrogação legal.........................................30 Conexão................................................ 30 Continência............................................ 30 Prorrogação voluntária....................................31 Outros casos de prorrogação de competência................32 Prevenção.............................................. 32 Declaração de incompetência.................................33 Incidentes pelos quais as controvérsias em torno da competência podem ser resolvidas................................................33 Legitimação para suscitar o conflito e procedimento do conflito 34 Procedimento do conflito: CPC - ART. 118....................35 DA AÇÃO......................................................36 Conceituação................................................36 Condição da ação............................................37 Possibilidade jurídica do pedido..........................38 Interesse de agir.........................................39 Legitimidade da parte - legitimação ad causam...............40 Classificação das ações.....................................41 Ação e pretensão............................................42 Elementos identificadores da ação...........................43 PROCESSO......................................................46 Conceituação................................................46 Processo e procedimento.....................................46 Espécies e funções do processo..............................47 1

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Direito Processual Civil 1

PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL............................................................................11Generalidade............................................................................................................11Princípios informativos do processo.........................................................................11Princípios informativos do procedimento..................................................................15

DA JURISDIÇÃO...........................................................................................................16Conceituação............................................................................................................16Jurisdição - natureza jurídica....................................................................................17Características da jurisdição - critérios distintivos....................................................18Princípios fundamentais da jurisdição......................................................................19Jurisdição contenciosa ou voluntária........................................................................20Substituição da jurisdição.........................................................................................21

DA COMPETÊNCIA......................................................................................................22Conceituação............................................................................................................22Distribuição da competência.....................................................................................22Classificação da competência..................................................................................22Competência internacional.......................................................................................22Competência interna.................................................................................................23

Critérios para determinação da competência interna...........................................24São critérios para distribuir o processamento e julgamento de um desses órgãos24

Sistema de competência adotado pelo código de processo civil..............................24Perpetuatio iuridictionis.............................................................................................28Modificação de competência....................................................................................28Prorrogação de competência....................................................................................29

Prorrogação legal.................................................................................................30Conexão...........................................................................................................30Continência......................................................................................................30

Prorrogação voluntária.........................................................................................31Outros casos de prorrogação de competência....................................................32

Prevenção........................................................................................................32Declaração de incompetência...................................................................................33

Incidentes pelos quais as controvérsias em torno da competência podem ser resolvidas 33Legitimação para suscitar o conflito e procedimento do conflito..........................34

Procedimento do conflito: CPC - ART. 118..............................................................35DA AÇÃO......................................................................................................................36

Conceituação............................................................................................................36Condição da ação.....................................................................................................37

Possibilidade jurídica do pedido...........................................................................38Interesse de agir...................................................................................................39

Legitimidade da parte - legitimação ad causam.......................................................40Classificação das ações...........................................................................................41Ação e pretensão......................................................................................................42Elementos identificadores da ação...........................................................................43

PROCESSO..................................................................................................................46Conceituação............................................................................................................46Processo e procedimento.........................................................................................46Espécies e funções do processo..............................................................................47Interdependência dos processos..............................................................................47Pressupostos processuais........................................................................................47

Classificação do pressupostos processuais.........................................................48Elementos do processo............................................................................................49

Classificação dos elementos essenciais do processo.........................................50Relação processual..................................................................................................50

Características da relação processual.................................................................51Efeitos da relação processual..............................................................................51

Formação do processo.............................................................................................52Formação da relação processual.........................................................................54Estabilização do processo - CPC - ART. 219 e 264............................................54Alteração do pedido.............................................................................................55

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Direito Processual Civil 1

Alteração subjetiva...............................................................................................55Suspensão do processo...........................................................................................55

Conceito...............................................................................................................55Término da suspensão do processo....................................................................56Causas de suspensão - conforme a lei................................................................56Férias e suspensão do processo.........................................................................59

Extinção do processo................................................................................................60Extinção do processo sem julgamento do mérito - CPC - ART. 267...................60

Casos de extinção sem julgamento do mérito - conforme o CPC...................60Efeitos da extinção sem julgamento do mérito................................................65Iniciativa da extinção do processo...................................................................66

Extinção do processo com julgamento do mérito: -cpc - art. 269........................66Causas de extinção com julgamento do mérito - conforme o cpc..................67

DOS SUJEITOS DO PROCESSO................................................................................71Juiz............................................................................................................................71

Requisitos do juiz.................................................................................................71Garantias da magistratura: CF- ART. 95..............................................................71Poderes e deveres do juiz....................................................................................71Responsabilidade do juiz - CPC. Art 133...........................................................72Garantia de imparcialidade do juiz.......................................................................73Atos do juiz...........................................................................................................74Sentença..............................................................................................................75

Partes........................................................................................................................76Substituição processual.......................................................................................77Substituição do advogado....................................................................................78Capacidade processual........................................................................................78Curador especial..................................................................................................79Representação das pessoas jurídicas -CPC. Art. 12 e 88...................................80Incapacidade processual......................................................................................81Deveres das partes e procuradores - CPC. Art. 14..............................................81Responsabilidade das partes por dano processual -CPC. Art. 16.......................81Despesas e multas - ônus financeiro do processo - CPC. Art. 19......................82A sucumbência e as obrigações financeiras do processo...................................83Honorários de advogado......................................................................................84

Advogados................................................................................................................85Capacidade de postulação...................................................................................85Mandato judicial...................................................................................................85Direitos e deveres................................................................................................86

Ministério Público......................................................................................................86Conceito...............................................................................................................86Funções................................................................................................................87Natureza...............................................................................................................87Ministério Público - como parte............................................................................87Ministério público como custos legis - CPC. ART. 82.........................................88Ausência do ministério público no processo........................................................88Órgãos do ministério público................................................................................88Princípios e garantias - CF. Art. 127, 128, 129...................................................89

Dos auxiliares da justiça..........................................................................................89Juiz.......................................................................................................................89Peritos..................................................................................................................90Depositário e administrador - CPC. Art. 148, 149 e 150.....................................90Intérprete - CPC. Art. 151, 152 e 153..................................................................90Outros auxiliares..................................................................................................90

LITISCONSÓRCIO........................................................................................................91Conceituação............................................................................................................91Fontes do litisconsórcio............................................................................................91Espécies de litisconsórcio.........................................................................................91Litisconsórcio necessário ou indispensável..............................................................92

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Litisconsórcio facultativo...........................................................................................93Litisconsórcio simples e unitário...............................................................................95Relação processual litisconsorcial............................................................................95Princípio da autonomia dos colitigantes...................................................................96

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.................................................................................98Efeitos da sentença..................................................................................................98Relação processual e coisa julgada.........................................................................98Intervenção de terceiros...........................................................................................99

Modalidades de intervenção de terceiros.............................................................99Oposição.................................................................................................................100

Conceito - CPC - ART. 56..................................................................................100Formas de oposição...........................................................................................100Extensão da oposição........................................................................................100Admissibilidade da oposição..............................................................................101Da relação processual........................................................................................101

Procedimento da oposição sob forma de intervenção...................................101Procedimento da oposição sob forma de demanda autônoma.....................102

Oposições sucessivas........................................................................................103Natureza da sentença na oposição....................................................................103

Nomeação à autoria................................................................................................104Conceito.............................................................................................................104Conforme modelo clássico.................................................................................104Por analogia.......................................................................................................104Inteligência do artigo 62.....................................................................................105Procedimento da nomeação à autoria...............................................................105

Denunciação da lide...............................................................................................107Conceito.............................................................................................................107Casos de obrigatoriedade de denunciação da lide - artigo 70...........................107Denunciante e denunciado.................................................................................108Denunciação sucessiva......................................................................................111Denunciação e a sentença da lide - CPC - ART. 76..........................................111

Chamamento ao processo......................................................................................112Noções preliminares e conceituação.................................................................112Casos de chamamento ao processo..................................................................112Procedimento do chamamento ao processo......................................................113Da sentença no chamamento do processo........................................................114

Da assistência.........................................................................................................115Generalidades....................................................................................................115Assistência simples............................................................................................115Assistência litisconsorcial...................................................................................115Da admissão da assistência e seu procedimento..............................................116Posição do assistente na relação processual....................................................116Da sentença em face do assistente...................................................................118

ATOS PROCESSUAIS................................................................................................120Conceito..................................................................................................................120Agentes...................................................................................................................120Atos do processo e atos do procedimento..............................................................120Classificação dos atos processuais........................................................................121Formas processuais................................................................................................122Atos da parte...........................................................................................................123

Conceito e classificação.....................................................................................123Atos do escrivão ou do chefe de secretaria............................................................124

TERMOS PROCESSUAIS..........................................................................................126Tempo e lugar dos atos processuais......................................................................126

Tempo - CPC. Art. 172.......................................................................................126Lugar - CPC. Art. 176.........................................................................................127

PRAZOS......................................................................................................................128Generalidades.........................................................................................................128

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Classificação...........................................................................................................128Natureza dos prazos...............................................................................................129Curso dos prazos....................................................................................................129Preclusão - CPC. Art. 183......................................................................................131Prazos para as partes - CPC. ART. 185 e 186.......................................................131Prazos para o juiz e seus auxiliares.......................................................................132Inobservância de prazo da parte............................................................................132

INTERCÂMBIO PROCESSUAL: ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL E ATOS FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO TERRITORIAL DO JUÍZO............................................................133

Intercâmbio processual...........................................................................................133Forma dos atos de comunicação............................................................................133Atos processuais fora dos limites territoriais do juízo.............................................133Cumprimento das cartas.........................................................................................134

CITAÇÃO.....................................................................................................................135Conceito CPC. ART. 213........................................................................................135Suprimento da citação............................................................................................135Destinatário da citação inicial - CPC. ART. 215.....................................................136Impedimento legal de realização da citação...........................................................136Modos de realizar a citação - LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995, art. 18 e CPC. Art. 221................................................................................................................................136Citação por oficial de justiça - CPC. ART. 224 c/c 222..........................................136Citação com hora certa - CPC. ART. 227..............................................................137Citação pelo correio................................................................................................138Citação por edital....................................................................................................139Responsabilidade do promovente da citação- edital..............................................139Efeitos da citação cpc. art. 219...............................................................................140Antecipação do efeito interruptivo da prescrição: CPC. ART. 219.........................141

INTIMAÇÕES..............................................................................................................142Conceito - CPC. ART. 234.....................................................................................142Forma......................................................................................................................142Intimação pelo escrivão ou oficial de justiça...........................................................143Aperfeiçoamento da intimação...............................................................................143Intimação em audiência - CPC. ART. 242.............................................................144Intimação por edital com hora certa........................................................................144Efeitos de intimação - CPC. Art. 240.....................................................................144

REGISTRO, DISTRIBUIÇÃO......................................................................................145Noções introdutórias...............................................................................................145Registro - CPC. ART. 251.....................................................................................145Distribuição.............................................................................................................145Distribuição por dependência.................................................................................145

VALOR DA CAUSA.....................................................................................................147Impugnação do valor da causa...............................................................................147

VÍCIOS DO ATO PROCESSUAL – NULIDADE..........................................................149Conceito..................................................................................................................149Espécies de vícios do ato processual.....................................................................149Atos inexistentes.....................................................................................................149Atos absolutamente nulos.......................................................................................150Atos relativamente nulos.........................................................................................150Nulidade do processo e nulidade do ato processual..............................................151Sistemas de nulidade do código.............................................................................151

Nulidades cominadas pelo código......................................................................152Argüição da nulidades - CPC. Art. 243.............................................................153Momento da argüição - CPC. Art. 245..............................................................153Decretação da nulidade - CPC. Art. 249............................................................154Efeitos da decretação - CPC. ART. 248.............................................................154

PROCEDIMENTO COMUM E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS................................155Processo.................................................................................................................155Procedimento..........................................................................................................155

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Direito Processual Civil 1

Procedimentos no processo de cognição...............................................................155Procedimentos especiais – jurisdição contenciosa e voluntária.............................156Procedimento ordinário...........................................................................................156Procedimento sumário............................................................................................157

Ratione valoris....................................................................................................157Ratione materiae................................................................................................157Exclusão do procedimento ordinário..................................................................158Estrutura do procedimento.................................................................................159Citação do réu....................................................................................................159Tentativa de conciliação.....................................................................................160Resposta do réu.................................................................................................160Da instrução.......................................................................................................160Julgamento da causa.........................................................................................161Recursos e procedimento sumário.....................................................................162

DO PETIÇÃO INICIAL.................................................................................................163Conceituação..........................................................................................................163Requisitos da petição inicial....................................................................................163Requisitos da inicial nos vários procedimentos e processos..................................165Despacho da petição inicial....................................................................................165Casos de indeferimento da petição inicial - CPC - ART. 295.................................166Efeitos do despacho da petição inicial....................................................................168

PEDIDO.......................................................................................................................169Conceituação..........................................................................................................169Finalidade do pedido...............................................................................................169Requisitos do pedido..............................................................................................169Pedido cominatório.................................................................................................170Pedido alternativo...................................................................................................171Pedido sucessivo - CPC. Art. 289..........................................................................171Pedido de prestação periódica...............................................................................172Pedido de prestação indivisível..............................................................................172Pedidos cumulados – cumulativos..........................................................................172Interpretação do pedido - CPC. Art. 293................................................................173Aditamento do pedido - CPC. Art. 294...................................................................174Modificação do pedido - CPC. Art. 264..................................................................174Pedido e julgamento...............................................................................................174

DA RESPOSTA DO RÉU............................................................................................176Introdução...............................................................................................................176Respostas do réu CPC. Art. 297.............................................................................176Espécies de defesa.................................................................................................177Defesa processual..................................................................................................177A solução da defesa processual varia de natureza...............................................178Defesa de mérito.....................................................................................................178Contestação............................................................................................................179

Conceito.............................................................................................................179Conteúdo e forma de contestação.....................................................................179Preliminares de contestação..............................................................................180

Exceção..................................................................................................................184Conceito CPC - Art. 297.....................................................................................184Prazo..................................................................................................................185Efeito da exceção...............................................................................................185Exceção de incompetência – cabimento e procedimento..................................186Exceção de impedimento e de suspeição – cabimento e procedimento...........187

Reconvenção..........................................................................................................188Conceito..................................................................................................................188

Pressupostos da reconvenção...........................................................................189Extinção do processo principal CPC. Art. 317...................................................191

Revelia e reconhecimento do pedido......................................................................191Generalidades....................................................................................................191

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Direito Processual Civil 1

Efeitos de revelia................................................................................................192PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES..............................................................................195

Generalidades.........................................................................................................195Enumeração das providências preliminares...........................................................195Despacho saneador................................................................................................197

Conceito e natureza...........................................................................................197Conteúdo do despacho saneador......................................................................198Objeto do despacho saneador...........................................................................198Eficácia preclusiva do despacho saneador........................................................199

PROVA........................................................................................................................200Conceito..................................................................................................................200Características da prova.........................................................................................200Objeto da prova - CPC. Art. 332.............................................................................201Finalidade e destinatário da prova..........................................................................201Valoração da prova.................................................................................................202

Sistema do código CPC. Art. 131 e 335.............................................................202Poder de instrução do juiz - CPC. Art. 130............................................................203Ônus da prova........................................................................................................204

Sistema legal do ônus da prova - CPC. Art. 333...............................................204Convenção sobre o ônus da prova....................................................................205

Meios de prova.......................................................................................................205Procedimento probatório.........................................................................................205Depoimento pessoal da parte.................................................................................208

Confissão - CPC. Art. 348.................................................................................210Conceito de confissão...................................................................................210Requisitos da confissão.................................................................................211Efeitos da confissão - CPC. Art. 350 e 353...................................................211Indivisibilidade da confissão - CPC. Art. 333 e 354.....................................212

Exibição de documento ou coisa............................................................................212Prova documental...................................................................................................215

Força probante do documento...........................................................................215Documento público.............................................................................................215Documentos particulares....................................................................................216

Valor probante do documento particular........................................................217Telegramas, cartas, registros domésticos. - CPC. ART. 374........................218Livros comerciais - CPC. Art. 378, 379 380...................................................219Reprodução de documentos particulares......................................................219

Reproduções mecânicas de coisas ou fatos......................................................220Documentos viciados em sua forma - CPC art. 386.........................................220Falsidade documental.......................................................................................221

Espécies de falsidade:...................................................................................221Ônus da prova no incidente de falsidade - CPC Art. 389..............................223O incidente de falsidade................................................................................223Procedimento do incidente de falsidade........................................................223Facultatividade do incidente de falsidade......................................................225

Produção da prova documental.........................................................................225Desentranhamento de documentos...................................................................226

Prova testemunhal..................................................................................................227Conceito.............................................................................................................227Valor probante das testemunhas - CPC. Art. 400.............................................227Direitos e deveres da testemunha......................................................................229A produção da prova testemunhal.....................................................................230

Prova pericial..........................................................................................................232Conceito.............................................................................................................232Admissibilidade da perícia..................................................................................233Perito - CPC. Art. 421........................................................................................233O procedimento da prova pericial......................................................................233Valor probante da perícia...................................................................................235

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Nova perícia - CPC. Art. 437.............................................................................236Inspeção judicial.....................................................................................................236

Conceito.............................................................................................................236Procedimento.....................................................................................................237

AUDIÊNCIA.................................................................................................................238Conceituação..........................................................................................................238Características da audiência...................................................................................238Atos preparatórios...................................................................................................239Adiamento da audiência.........................................................................................240Antecipação de audiência.......................................................................................241Conciliação..............................................................................................................241Procedimento da conciliação..................................................................................242Instrução e julgamento............................................................................................243Documentação da audiência..................................................................................243

SENTENÇA E COISA JULGADA................................................................................245Coisa julgada..........................................................................................................249

RECURSOS................................................................................................................256Pressupostos dos recursos.....................................................................................258Efeitos dos recursos...............................................................................................264Extinção dos recursos.............................................................................................266Recurso adesivo.....................................................................................................267Regras gerais..........................................................................................................269Apelação.................................................................................................................271Agravo.....................................................................................................................275Correição parcial.....................................................................................................286Embargos................................................................................................................286

Embargos infringentes.......................................................................................287Embargos de declaração...................................................................................289Embargos infringentes da LEI 6.380..................................................................290Embargos de divergência...................................................................................290

Recurso Ordinário Constitucional...........................................................................290Recurso Especial Constitucional............................................................................293Recurso Extraordinário...........................................................................................297

PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL

GeneralidadeOs princípios fundamentais em que se inspira a legislação processual em nossos dias, em suas aplicações práticas, são de duas ordena: os relativos ao processo e os relativos ao procedimento.

São informativos do processo: Princípio do devido processo legal; Princípio inquisitivo e o dispositivo; Princípio do contraditório; Princípio do duplo grau de jurisdição; Princípio da boa-fé e da lealdade processual; Princípio da verdade real.

São princípios informativos do procedimento: Princípio da oralidade; Princípio da publicidade; Principio da economia processual; Princípio da eventualidade ou da preclusão;

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Princípios informativos do processo

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: Jurisdição e processo são dois institutos indissociáveis. O direito a jurisdição é, também o direito ao processo, como meio indispensável à realização da justiça. A justa composição da lide só pode ser prestada dentro das normas processuais traçadas pelo direito. CF. Art. 5º : XXXV, LIV, LV.

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO INQUISITIVO E PRINCÍPIO DISPOSITIVO: Caracteriza-se o princípio inquisitivo pela liberdade da iniciativa conferida ao juiz, tanto na instauração da relação processual, como no seu desenvolvimento. Por todos os meios, ao seu alcance, o juiz procura descobrir a verdade rela – independente de colaboração das partes.O princípio dispositivo, atribui às partes toda iniciativa do processo, seja no seu impulso, seja no tocante as provas que só podem ser produzidas pelas próprias partes. As Atuais legislações, não consagram um desses princípios, exclusivamente, são mistas consagram ambos, apresentando dispositivos inquisitivos e dispositivos;Se o interesse em conflito é das partes – podem elas renunciar a sua tutela, como o fazem com qualquer direito patrimonial privado, entretanto, uma vez deduzida a pretensão em juízo , já existe outro interesse que passa a ser público, consistente na preocupação com a justa composição do litígio. CPC. Art. 262.

Consagra o Código o princípio dispositivo, mas reforça a autoridade do Poder Judiciário, para prevenir ou reprimir qualquer ato atentatório à dignidade da justiça.

Também em matéria de prova, a regra é a iniciativa das partes, o juiz por sua posição de árbitro imparcial, não deve se transformar num investigador de fatos incertos, cuja eventual comprovação, possa, por acaso, beneficiar um dos litigantes. Só excepcionalmente , portanto, caberá ao juiz determinar a realização de provas de ofício. CPC. Art. 130

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO: O processo se considera sob o prisma da igualdade de ambas as partes da lide. Confere-lhes, pois, iguais poderes e direitos. Nesse sentido, a assistência judiciária – justiça gratuita – é assegurada àqueles que não podem arcar com os gastos do processo, inclusive a remuneração do advogado. Principal consectário do tratamento igualitário entre as partes se realiza através do contraditório – consistente na necessidade de ouvir a pessoa perante a qual será proferida a sentença , garantindo-lhe pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. Não há privilégios , de qualquer sorte. Embora os princípios processuais, possam admitir exceções, o do contraditório é absoluto, e deve ser sempre observado , sob pena de nulidade do processo.

Decorrem 3 conseqüências básicas desse princípio: A sentença só afeta as pessoas que forem partes no processo, ou seus sucessores; Só há relação processual completa após regular citação do demandado; Toda decisão só é proferida depois de ouvida ambas as partes;

O princípio do contraditório reclama, outrossim, que se dê oportunidade à parte não só de falar sobre as alegações do outro litigante, como também de fazer prova contrária.

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO DA RECORRIBILIDADE E DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO : Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou interesse da parte deve se recorrível, como meio de evitar ou emendar os erros e falhas que são inerentes ao julgamento humano.Os recursos, todavia, obedecem às formas e oportunidades prescritas em lei, para não tumultuar o processo e frustrar o objetivo da tutela jurisdicional em manobras caprichosas e de má-fé.

Não basta assegurar o direito ao recurso, se outro órgão não se encarregar da revisão – para completar o princípio da recorribilidade , é necessário que exista o princípio da dualidade de instâncias ou do duplo grau de jurisdição.

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Desse princípio decorre a necessidade de órgãos judiciais de competência hierárquica diferentes: os de primeiro grau – juízes singulares e os de segundo grau – Tribunais superiores.Há porém, em nossa sistemática, causas que escapam ao princípio do duplo grau de jurisdição e que são aqueles feitos de competência originária dos Tribunais. Dada a composição coletiva dos órgãos julgadores, que consideram dispensável, na espécie, a garantia da dualidade de instâncias

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E DA LEALDADE PROCESSUAL : Estado e partes conjugam esforços no processo para solucionar o litígio.Enquanto as partes defendem interesses privados, o Estado procura um objetivo maior que é o da pacificação social , mediante a justa composição do litígio e a prevalência do império da ordem jurídica. Há, por isso, relevante interesse público no processo, que não pode ser considerado como atividade privada. O Estado e a sociedade, apresentam-se profundamente empenhados em que o processo seja eficaz e retoDaí a preocupação das leis processuais em assentar os procedimentos sob os princípios da boa-fé e da lealdade das partes e do juiz. CPC. Art. 129.Para coibir a má-fé e velar pela lealdade processual o juiz deve agir com poderes inquisitoriais, deixando de lado o caráter dispositivo do processo civil.

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCESSO: PRINCÍPIO DA VERDADE REALNão há mais provas de valor previamente hierarquizado no direito processual moderno, a não ser naqueles atos solenes em que a forma é de sua própria substância. CPC. Art. 131Não quer dizer que o juiz possa ser arbitrário, pois a finalidade do processo é a justa composição do litígio e está só pode ser alcançada quando se baseie na verdade real ou material , e não na presumida por prévios padrões de avaliação ou elementos probatórios.A liberdade de convencimento, nos termos do artigo 131, fica limitada ao juiz, para garantia das partes, em dois sentidos:Sua conclusão deverá basear-se apenas em fatos e circunstâncias constantes dos autos;A sentença necessariamente deverá conter os motivos pelo qual lhe formaram o convencimento.

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCEDIMENTO: PRINCÍPIO DA ORALIDADE:A discussão oral da causa em audiência é tida como fator importantíssimo para concentrar a instrução e julgamento no menor número possível de atos processuais. Caracterizam , o princípio da oralidade , em sua pureza conceitual:

Identidade da pessoa física do juiz, de modo que este dirija o processo desde seu início até o julgamento;

Concentração, isto é, que em uma ou em poucas audiências próximas se realize a produção de provas e o julgamento da causa;

Irrecorribilidade das decisões interlocutórias; evitando a cisão do processo ou a sua interrupção continua, mediante recursos , que devolvem ao tribunal o julgamento impugnado.

A oralidade em nosso Código foi mitigada.

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCEDIMENTO: PRINCÍPIO DA PUBLICIDADENa prestação jurisdicional há um interesse público maior do que o privado defendido pelas partes. Assim, a jurisdição não pode ser secreta, nem pode ser as decisões arbitrárias , impondo-se sempre a sua motivação, sob pena de nulidade.Esse princípio, não impede, entretanto, que alguns processo corram em segredo de justiça. Pode ser resumido, o princípio da publicidade obrigatória do processo , no direito à discussão das provas, na obrigatoriedade de motivação da sentença e de sua publicação, bem como na faculdade de intervenção das partes e seus advogados em todas as fases do processo.

Princípios informativos do procedimento

PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCEDIMENTO: PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUALO processo civil deve se inspirar no ideal de propiciar às partes uma justiça barata e rápida. – deve tratar-se de obter o maior resultado com o mínimo de emprego da atividade processual.Ex.: denegação de provas inúteis, coibição de incidentes irrelevantes; etc..

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PRINCÍPIO INFORMATIVO DO PROCEDIMENTO: PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE OU DA PRECLUSÃODeve o processo ser dividido numa série de fases e momentos , formando compartimentos estanques, entre os quais se reparte o exercício das atividades , tanto das partes , como do juiz.

Dessa forma cada fase prepara a seguinte e, uma vez passada à posterior, não mais é dado retornar à anterior. Assim, o processo caminha sempre para a frente, sumo à solução do mérito, sem dar ensejo a manobras de má-fé de litigantes inescrupulosos ou maliciosos. Pelo princípio da eventualidade ou da preclusão, cada faculdade processual deve ser exercitada dentro da fase adequada, sob pena de se perder a oportunidade de praticar o ato respectivo.

PRECLUSÃO: consiste na perda da faculdade de praticar um ato processual, quer porque já foi exercitada a faculdade no momento processual oportuno, quer porque a parte deixou escapar a fase processual própria, sem fazer uso de seu direito.

Tradicionalmente, o processo civil, costuma ser dividido em quatro fases: POSTULAÇÃO: pedido do autor e resposta do réu; SANEAMENTO : solução das ações meramente processuais ou formais para preparar o

ingresso na fase de apreciação do mérito; INSTRUÇÃO : coleta dos elementos de prova; JULGAMENTO : solução do mérito da causa, sentença.

DA JURISDIÇÃO

ConceituaçãoO Estado através da função legislativa estabelece a ordem jurídica - o ordenamento jurídico atribui direitos e deveres aos cidadãos - prefixando, assim, as pretensões que cada um pode ostentar em face dos outros.

O comando da ordem jurídica - visa a paz social - geralmente os comandos são obedecidos pelos cidadãos - por vezes tal não ocorre, as normas de direito são imperativas - cabe ao Estado coagir para que suas normas sejam levadas a efeito, não se tornando “letra morta”.

Nos primórdios da sua criação o Estado era fraco - editava as leis e os próprios titulares dos direitos reconhecidos defendiam-se, e os realizavam com os meios de que dispunham.

Com o fortalecimento do Estado de direito - substitui -se a justiça privada pela justiça pública ou oficial.

O estado moderno assumiu para si o encargo de definir o direito concretamente aplicável diante das situações litigiosas, bem como, realizar esse mesmo direito - caso não cumprido espontaneamente pela parte.

Como resquícios da justiça privada, autotutela, temos, ainda hoje:1- Legítima defesa;2- Apreensão do objeto sujeita a penhora legal;3- Desforço imediato no esbulho possessório.

Para o exercício dessa função o Estado estabeleceu a - JURISDIÇÃO - ou seja, “Poder que tem todo o Estado entre as suas atividades soberanas de formular e fazer atuar praticamente a regra jurídica concreta, que por força do direito, disciplina determinada situação jurídica”. Liebman.

Os órgãos jurisdicionais não atuam sobre meras hipóteses ou interfere ex officio nos conflitos privados, atuam, sim, diante de casos concretos - conflitos de interesses - lides ou litígios - quando os interessados, assim, solicitarem, pois são deveres primários destes a obediência as normas e a aplicação, destas, nos negócios jurídicos praticados.

Jurisdição poder dever do Estado, exclusivo deste, de prestar a tutela jurisdicional, deve prestá-la aos cidadãos.

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Não são todos os conflitos de interesses que se compõe por meio da jurisdição, somente as - lides (litígios) - só os conflitos qualificados por uma pretensão resistida - a resistência de um indivíduo `a pretensão do outro - a lide é anterior ao processo, que, não se instaura sem aquela.

É função do juiz, no Estado de direito, compor o impasse criado.Assim, INTERESSE é a posição favorável para satisfação de uma necessidade, e, PRETENSÃO é a exigência de uma parte de subordinação de um interesse alheio a um interesse próprio.Conflito de interesses existe quando mais de um sujeito procura usufruir do mesmo bem (bem da vida: valores necessários e úteis ao homem e a sociedade), há litígio quando este conflito não encontra solução voluntária ou espontânea entre os demais concorrentes.

Dirimir os litígios é um dos fins primários do Estado, desde que, privou o particular de exercer a autotutela, a tutela, então, passou ao Estado, passando, assim, a deter não só o poder jurisdicional, mas assumir o dever da jurisdição. A finalidade da tutela jurisdicional é a de compor litígios, fazer justiça.

JURISDIÇÃO: Função do Estado de declarar e realizar de forma prática a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida.Função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflitos que os envolve, com justiça.

Jurisdição - natureza jurídicaMonopólio estatal. Mesmo objeto visto sob diferentes ângulos.

1- PODER: está no âmbito Estatal, só os Estados soberanos têm jurisdição própria, capacidade de decidir e impor decisões.

2- FUNÇÃO: Encargo que tem os órgãos estatais de promover a pacificação dos conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo através do processo.

3- ATIVIDADE: Sob o aspecto dos atos do juiz praticados no processo pressupõe o exercício do poder e da função.

O poder, a função e a atividade somente transparecem legitimamente através do processo devidamente estruturado, o devido processo legal.

Características da jurisdição - critérios distintivos

1- SECUNDÁRIA E SUBSTITUTIVA: O Estado realiza coativamente uma atividade que deveria ser primariamente exercida espontaneamente e pacificamente pelas partes.O Estado substitui a atividade de uma das partes. A atividade do estado é exercida por seus agentes que não agem em nome próprio, fundamentalmente imparcial.

2- ESCOPO DE ATUAÇÃO DO DIREITO OU INSTRUMENTAL:Não tem outro objetivo senão dar atuação prática às regras de direito - instrumento de que o próprio direito usa, para impor-se à obediência dos cidadãos.O Estado ao criar a jurisdição o fez com a finalidade de garantir que as normas de direito substancial, contidas no ordenamento jurídico produzam efeitos. O escopo é a atuação - cumprimento e realização das normas de direito substancial - direito objetivo.“Só existiria um comando completo, com referência a determinado caso concreto - lide - no momento em que é dada a sentença a respeito, o escopo, então, seria justa composição da lide, o estabelecimento do direito material que disciplina o caso, dando razão a uma das partes. ” - Carnelutti.

3- DECLARATIVA:Declara qual a regra de direito aplicável no caso concreto apresentado.

4- EXECUTIVA:aplica a reparação ou sanção prevista para o caso concreto.

5- IMPARCIAL:

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Jurisdição é atividade desinteressada do conflito - pratica a vontade concreta da lei.

6- LIDE:Conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida, sua existência é uma constante na atividade jurisdicional. A jurisdição é exercida em função dela.Lide é um fenômeno sociológico, eventualmente jurisdicionalizado.

7- DEFINITIVIDADE:Só os atos jurisdicionais são suscetíveis de se tornarem imutáveis. O mesmo não ocorre com os atos administrativos e legislativos.Coisa julgada imutabilidade dos efeitos de uma sentença em virtude da qual as partes não podem repropor a mesma demanda em juízo o comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juízes podem voltar a decidir a respeito, nem o legislador pode emitir preceitos que contrariem para as partes o que já ficou definitivamente julgado.Exceção à essa característica: anistia.

8- INÉRCIA OU PROVOCADA:Por versar sobre interesses privados, a jurisdição só atua quando provocada pelas partes interessadas - “ne procedat iudex ex officio”.Razão política da inércia é que seria improdutivo ir atrás dos litígios, já que as partes podem se compor.Fica, geralmente, a critério do próprio interessado a provocação do Estado-juiz ao exercício da função jurisdicional.O titular de uma pretensão vem a juízo pedir a prolação de um provimento, que eliminando a resistência da outra parte, elimine seu estado de insatisfação. CPC- ART. 2Exceções à inércia da jurisdição :

Lei de falência; Execução Trabalhista: juiz pode de ofício iniciar a execução. Na jurisdição penal, a execução penal e o Habeas Corpus.

OBJETIVO DA JURISDIÇÃO:1- CAUSA FINAL: Atuação da vontade da lei.2- CAUSA MATERIAL: Conflito de interesses.3- CAUSA IMEDIATA: Provocação da parte.

Princípios fundamentais da jurisdição

1- PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL:Todos os cidadãos têm o direito ao julgamento justo, por um juiz independente e imparcial, devendo ser preexistente ao próprio fato. Vedado os tribunais de exceção.

2- PRINCÍPIO DA INVESTIDURA:Só pode exercer a jurisdição aquele órgão a que a Constituição atribui o poder jurisdicional - não é dado ao legislador ordinário criar juízes ou tribunais de exceção. Investido pelo poder de dizer o direito. A jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente investido de autoridade de Juiz. Só se deve ser exercida por quem esteja investido no poder de dizer o direito.3- PRINCÍPIO DA IMPRORROGABILIDADE:Improrrogável os limites do poder jurisdicional para cada justiça especial e, por exclusão, da justiça comum, traçadas pela Constituição. O Legislador ordinário não poderá limitá-la ou ampliá-la.

4- PRINCÍPIO DA INDECLINABILIDADE OU CONTROLE JURISDICIONAL OU INAFASTABILIDADE:A todos é garantido o acesso ao Poder Judiciário que não pode deixar de atender a quem venha a juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela.O juiz não pode a pretexto de lacuna ou obscuridade da lei, escusar-se de proferir decisão.O órgão constitucionalmente investido de jurisdição tem a obrigação de prestar a tutela jurisdicional, e não simples faculdade. Não pode recusar-se, nem delegar a prestação da tutela jurisdicional.

5- PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE:

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Aderência ao território, o poder jurisdicional só vai poder atuar, se exercido, nos limites territoriais fixados por lei.Nas cartas precatórias ou rogatórias não há uma invasão territorial ou extenção da jurisdição, o juiz deprecante solicita a cooperação do juiz deprecado.

6- PRINCÍPIO DA INDELEGABILIDADE:É vedado, constitucionalmente, a qualquer poder delegar atribuições.O juiz não pode delegar sua função à outro, pois ela não lhe pertence, ele não age em nome próprio, e sim em nome do Estado.Não é um princípio absoluto, pode sofrer exceções:A Constituição delega ao STF nos execuções forçadas; CF- ART. 101, I, ”m”.Ações rescisórias, Tribunal, expede carta de ordem ao juiz - CPC - ART. 201 e 492.

7- PRINCÍPIO DA INÉRCIA:Diga-se o mesmo, quando examinamos as características da jurisdição.

Jurisdição contenciosa ou voluntáriaJurisdição é una, abrange todos os litígios na órbita do direito - as necessidades práticas conduzem a especialização dos julgadores e da lei.A jurisdição civil é contenciosa ou voluntária, seu âmbito é delineado por exclusão, àqueles que não couberem na jurisdição especial ou penal, é residualmente da jurisdição civil, seja no âmbito do direito público - constitucional, administrativo, etc.. - seja, no âmbito do direito privado - civil e comercial.

JURISDIÇÃO CONTENCIOSA: É a jurisdição propriamente dita, quando o Estado compõe os litígios a ele apresentados.

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: Predomina o caráter administrativo, desempenhada sem o pressuposto do litígio - o juiz realiza gestão pública em torno de interesses privados.“Forma de administração pública, de interesses privados”. J.F. Marques.

o Apresenta as seguintes características:1- Como função estatal tem a natureza administrativa sob o plano matéria - ato jurídico

no plano subjetivo orgânico.2- Função preventiva e constitutiva.

Substituição da jurisdiçãoComo as partes podem dispor da jurisdição, o nosso ordenamento jurídico conhece formas de autocomposição da lide e solução por pessoas estranhas ao aparelhamento judiciário (árbitro), respectivamente:

1- TRANSAÇÃO:Sujeitos da lide fazem concessões recíprocas para afastar a controvérsia entre elas, pode ocorrer antes ou após a instauração do processo, naquele inibe o início do processo, neste põe fim ao processo com solução de mérito, apenas homologado pelo juiz. CPC - ART. 269, III.

2- CONCILIAÇÃO:Nada mais é que uma transação obtida em juízo pela intervenção do juiz junto as partes, efetivado o acordo lavra-se a homologação, finda-se o processo com julgamento do mérito. CPC - ART. 449

3- JUÍZO ARBITRAL:Importa em renúncia da via judicial, confere as partes à solução do litígio à pessoa desinteressada e não integrantes do Poder Judiciário. Laudo arbitral homologado pelo juiz adquire força de sentença de mérito. CPC - ARTS. 1072 a 1102.

Essas formas de substituição da jurisdição, só podem ocorrer entre pessoas maiores e capazes e a controvérsia gerar em torno de bens patrimoniais ou direitos disponíveis.

DA COMPETÊNCIA

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Conceituação Como função estatal a jurisdição é una, mas sua aplicação prática exige o concurso de diversos órgãos do Poder Público.A jurisdição tem como limites, território - Estado e a competência, que estabelece as regras que disciplinam a atividade jurisdicional.

COMPETÊNCIA: Critério de distribuição entre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao desempenho da jurisdição.É a medida da jurisdição, isto é a determinação da esfera de atribuições dos órgãos encarregados da função jurisdicional.

Todo o juiz tem jurisdição, mais nem todo juiz tem competência para conhecer e julgar determinado litígio, só o juiz competente tem legitimidade para fazê-lo. O juiz exerce sua atividade jurisdicional no limite de sua competência.

Distribuição da competênciaFaz-se por meio de;

Normas constitucionais; arcabouço de toda estrutura do poder judiciário. Leis processuais; Organização judiciária.

Classificação da competência1- COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: CPC - ARTS. - 89 a 90:Trata o nosso código no mesmo conteúdo a jurisdição e a competência, internacional, define as causas que a justiça brasileira deverá conhecer e decidir.

2- COMPETÊNCIA INTERNA: CPC - ARTS. 91 A 124:Aponta os órgãos locais que se incumbirão especificamente da tarefa, em cada caso concreto.

Competência internacional

Traça objetivamente no espaço os limites da jurisdição dos tribunais brasileiros diante da jurisdição dos órgãos de outros países.Só há jurisdição onde o Estado efetivamente consegue executar com soberania suas sentenças, assim a jurisdição é limitada pelo princípio da efetividade.A competência da justiça brasileira em face da estrangeira pode ser:

1- CUMULATIVA OU CONCORRENTE:Pode ser ajuizada, aqui ou alhures. CPC - ART. 88A eventual existência de uma ação ajuizada sobre a mesma lide, perante tribunal estrangeiro, não induz a litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária conheça das mesmas causas e das que lhe são conexas; salvo se já ocorreu a res iudicata, sendo então lícito a parte pedir a homologação do julgado estrangeiro, para produzir pleno efeito no território nacional. CPC - ART. 90.

Vale tanto, a sentença brasileira, como a estrangeira homologada pelo STF. O STF só homologa se a sentença pudesse ter sido dada aqui no Brasil, verifica, em tese, se o Poder Judiciário nacional poderia ter acolhido a inicial que gerou a sentença e teria dado sentença similar, só, assim ocorrendo, que ela será homologada.

2- EXCLUSIVA:Se algumas ações sobre, eles vierem a serem ajuizadas - CPC - ART. 89:Não produz efeitos de coisa julgada estrangeira, em questão de competência exclusiva da jurisdição brasileira, tal sentença não poderá ser homologada. O que não for exclusiva será automaticamente concorrente, residual.

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Competência internaEsta divide a função jurisdicional entre os vários órgãos da justiça nacional, com base nos seguintes pontos:Organismos autônomos formam as várias justiças previstas pela Constituição.Em cada justiça há órgãos superiores e inferiores, duplo grau de jurisdição.Território nacional e Estados dividem-se em: seções judiciárias e comarcas.Possibilidade de juízes auxiliares e substitutos, não vitalícios e de competência reduzida.

Critérios para determinação da competência interna A justiça federal e comum compõe-se de órgãos superiores e inferiores, dividindo-se em seções territoriais ou comarcas.

São critérios para distribuir o processamento e julgamento de um desses órgãos 1- OBJETIVOS:Funda-se no valor da causa e natureza da causa;2- FUNCIONAL:Atende as normas que regulam a atribuição dos diversos órgãos e seu componentes.3- TERRITORIAL:Resposta aos limites territoriais em que cada órgão judicante pode exercer sua atividade jurisdicional.

Sistema de competência adotado pelo código de processo civil

Leva em consideração ora os elementos da lide ora os dados do processo.1- RAZÃO DO VALOR DA CAUSA;2- RAZÃO DA MATÉRIA;3- RAZÃO DA FUNÇÃO - FUNCIONAL;4- RAZÃO DO TERRITÓRIO - TERRITORIAL.

1- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA:Toda a causa será atribuído um valor, devendo sempre constar da inicial.Competência relativa pode ser modificada pelas partes, exceções conexão e continência, são é relativa do valor maior para o menor, nunca do maior para o menor, critério absoluto. CPC - ART. 258Conforme o valor da causa podem as normas de Organização Judiciária atribuí-las a competência de outro órgão judicante não regulado pelo CPC.

2- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA:O juiz só tem competência para julgar determinadas matérias. Ex. : Justiça do Trabalho. É competência absoluta, não pode ser modificada critério nenhum.Matéria em litígio é a de direito material controvertido, atribuindo o à causa ou a justiça federal ou local, mas dentro do foro é possível a subordinação entre várias especialidades.A competência material - ratione materiae - está afeta à Organização Judiciária, ressalvados os casos do CPC. CPC - ART. 91.O artigo 92 interfere na fixação da competência, quando fala em insolvência, inciso II, é tanto a insolvência civil como a comercial. As causas deste artigo não podem ser atribuídas aos juízes de investidura temporária, auxiliares e substitutos sem as garantias constitucionais dos juízes togados e vitalícios. Observada a regra deste artigo, é regra geral que cada Estado pode legislar em competência em razão do valor da matéria, via Código de Organização Judiciária.

3- COMPETÊNCIA FUNCIONAL:Repartição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que devam atuar dentro de um mesmo processo.É competência absoluta, é a competência do segundo grau de jurisdição, não podem ser modificadas. Essa competência rege-se pelas Constituição, Código de Organização Judiciária e os Regimentos Internos dos Tribunais. CPC - ART. 93

Classificação:1- PELAS FASES DO PROCEDIMENTO:

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Na execução em curso numa comarca e que incide em bens situados em outra.2- POR GRAU DE JURISDIÇÃO:competência hierárquica, são os casos de competência originária dos tribunais, ação rescisória e competência recursal.3- PELO OBJETO DO JUÍZO:Questão de inconstitucionalidade Tribunal.

4- COMPETÊNCIA TERRITORIAL:É atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais levando em conta a divisão do território nacional em circunscrições judiciárias.Competência territorial é a competência de foro, a distribuição interna dessa competência é a competência de juiz, pertinente a matéria da organização judiciária.

FORO: local onde o juiz exerce sua funções.

FORO COMPETENTE: é a circunscrição territorial - seção judiciária ou comarca - onde determinada causa deve ser proposta. Regula-se pelo CPC.

JUIZ COMPETENTE: É aquele que entre os vários existentes na mesma circunscrição, que deve tomar conhecimento da causa para processá-la e julgá-la. Regula-se pela Organização Judiciária local.

CUMULATIVIDADE DE JUÍZES COMPETENTES: circunscrição com vários juízes, a cada um se atribui uma vara - juízo. O mesmo ocorre no 2 grau de jurisdição.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO GERAL OU COMUM: É o do domicílio do réu, que se aplica as pessoas jurídicas, para todas a causa não subordinadas ao foro especial. CPC- ART. 94, 99 e 100. DOMICÍLIO: lugar onde a pessoa se estabelece com ânimo definitivo, pessoas físicas, ou, onde funcionam as respectivas diretorias ou administração, onde elegerem o domicílio especial nos seus estatutos e atos constitutivos.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO SUBSIDIÁRIO OU SUPLETIVO: São regras estabelecidas quando o domicílio do réu for múltiplo, incerto ou ignorado. CPC- ART. 94 Assim, temos respectivamente, domicílio múltiplo, incerto e ignorado, no estrangeiro (observe-se a regra dos bens imóveis artigo 95) e vários réus com vários domicílios.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL - FORO ESPECIAL:- AÇÕES REAIS IMOBILIÁRIAS: FORUM REI SITA :

Não basta que seja imóvel, deve versar sobre direito real. CPC - ART. 95 e 111Como se vê é relativa a competência territorial, regra geral, mas torna-se absoluta quando versar,2 parte do artigo 95: “... não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.”Para as demais ações reais imobiliárias, fora a exceção apresentada, pode optar-se pelo foro do domicílio comum ou pelo de eleição contratual.Imóvel litigioso situado em mais de uma circunscrição judiciária, será competente, para as ações reais a ele relativas, qualquer uma das circunscrições, fixando-a pelo critério da prevenção. CPC - ART. 107

- INVENTÁRIO, PARTILHA E AUSÊNCIA : O juízo do inventário é universal, além do processo sucessório, atrai para si a competência especial relativa a todas as ações que o espólio seja réu, espólio autor da causa não há atração do juízo universal do inventário, será então o foro comum ou algum outro especial. A ausência inclui a arrecadação de bens e a sucessão provisória e definitiva. CPC - ART. 96 e 97

- UNIÃO E DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS: Deve ser entendido o artigo 99 do CPC, juntamente com, o artigo 109 da CF. Assim, se autora, a União, proporá a ação perante a justiça federal na seção judiciária onde tiver o réu seu domicílio. Se ré a União, o autor pode optar:

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Distrito Federal; Secção judiciária onde tiver ocorrido o fato ou ato; que deu origem a

demanda; Seção judiciária onde o autor tiver sua residência; Seção judiciária onde estiver situada a coisa litigiosa. Autarquias e Empresas Pública federais são também jurisdicionadas pela justiça

federal, seguem as normas jurídicas das demais pessoas jurídicas. CPC- ART. 99 e 100.

Executivos fiscais da União e benefícios previdenciários, exceção constitucional ajuizar perante as justiças locais.

Causa entre terceiros iniciada em foro estranho ao da União e Territórios, se na causa estes tiverem que intervir, desloca-se a competência em razão desse interesse.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL: RATIONE PERSONAE. FORO DA RESIDÊNCIA DA MULHER : Para separação e anulação - seja autora ou ré,

trata-se de competência relativa, não absoluta, podendo se prorrogar:- Quando a mulher abre mão desse privilégio e proponha a ação no foro do marido; Deixa a mulher de opor exceção de incompetência, quando o marido propõe a ação em foro diverso.

FORO DA RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO ALIMENTANTE : pode optar o autor pelo for comum, o domicílio do réu.

- FORO DO DEVEDOR :- FORO DO INCAPAZ : CPC- ART. 100

COMPETÊNCIA TERRITORIAL: PESSOA JURÍDICA: Pessoas jurídicas de direito público e privado, sujeitam-se a regra geral: competência do domicílio do réu. Pessoas jurídicas, sede, agência ou sucursal. Sociedades de fato, onde exercem suas atividades principais. CPC. - ART. 100, IV

COMPETÊNCIA TERRITORIAL: MATÉRIA DE OBRIGAÇÕES:Obrigações contratuais, foro do local onde a obrigação deve ser satisfeita para ação que lhe exige o cumprimento, pode o credor escolher o de seu domicílio ou o foro geral. CPC. - ART. 100, IV, “d”

COMPETÊNCIA TERRITORIAL: LUGAR DO ATO OU FATO: São:- forum delicti comissi - foro do lugar em que o ato ilícito se deu, se for em razão de

acidente automobilístico, o autor pode optar entre seu domicílio, o do lugar do fato, ou, ainda, o comum do domicílio do réu.

- réu administrador ou gestor de negócio: forum do réu ou local onde praticou a gestão. CPC. - ART. 100, V.

Perpetuatio iuridictionisCOMPETÊNCIA: determinada no momento da propositura da ação, desde esse momento são irrelevantes as modificações de estado, de fato ou de direito que venham a ocorrer, salvo se suprimir-se o órgão jurisdicional ou alterar-lhes a competência em razão da matéria ou da hierarquia. CPC - ART. 87Assim o CPC adota o Princípio da - perpetuatio jurisdictionis - que é norma determinadora da inalterabilidade de competência objetiva, que uma vez firmada deve prevalecer durante todo o processo.Inalterabilidade objetiva - diz respeito ao juízo - órgão jurisdicional e não à pessoa do juiz que pode ser substituído.

Modificação de competênciaA competência pode ser: absoluta ou relativa.Só é possível de modificação a competência relativa.

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COMPETÊNCIA ABSOLUTA: Critério de interesse público, conveniência da função jurisdicional - insuscetível de ser modificada, seja pela vontade das partes ou pelos motivos legais de prorrogação -conexão e continência das causas - são absolutas a competência em razão da matéria e em razão da hierarquia.

COMPETÊNCIA RELATIVA: Critério do interesse privado - comodidade das partes - é passível de modificação por vontade das partes ou motivos legais de prorrogação - conexão e continência - são relativas as competências em razão do valor da causa ou territorial. CPC - ART. 111

Apesar de prorrogável a competência territorial, são imodificáveis:1- ações de falência;2- União, ré, autora ou interveniente;3- Nas ações imobiliárias, 2 parte do artigo 95: “...não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.”

Competência funcional e perpetuatio iurisdicionis serão sempre absolutas.

Prorrogação de competênciaAmplia a competência de um órgão judiciários para conhecer certas causas, não compreendidas ordinariamente em suas atribuições legais.

Prorrogação de competência pode ser:

1-LEGAL:Necessária imposição legal nos casos de CONEXÃO e CONTINÊNCIA CPC - ART. 102, 103 e 104.

2- VOLUNTÁRIA:Vontade das partes, foro de eleição ou falta de exceção ao foro competente. CPC - ART. 111 e 114.Observe-se que a prorrogação nesses dois casos citados pressupõe-se a competência RELATIVA, visto que o juiz absolutamente competente nunca se legitima para causa. Em qualquer fase do procedimento pode, qualquer das partes invocar a incompetência absoluta, inclusive, o juiz pode declarar-se, incompetente, de ofício; até mesmo após sentença com trânsito em julgado, pode-se usar AÇÃO RECISÓRIA, para anular processo encerrado por tal vício. CPC - ART. 485

Prorrogação legal

CONTINÊNCIA OU CONEXÃO: Mais comum das causas de prorrogação ou modificação de competência relativa.

ConexãoFenômeno processual que determina a junção de duas ou mais ações que tenham em comum o pedido ou a mesma causa de pedir para processamento comum e decisão simultânea, destina-se a evitar decisões conflitantes e, segundo alguns doutrinadores, economia processual.

Fatos e Fundamentos + pedido = causa de pedir.

Processo tem entre os elementos essenciais: PEDIDO, CAUSA DE PEDIR, quando alguns elementos são parcialmente idênticos temos a conexão. CPC - ART. 103

Duas são as modalidades de conexão:1- PELO OBJETO COMUM:Diversas lides disputam o mesmo objeto.2- MESMA CAUSA DE PEDIR:

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Baseia-se na identidade da causa petendi quando as ações tenham por fundamento o mesmo fato jurídico. Nem sempre o fato é único, basta a coincidência parcial dos elementos da causa de pedir.

ContinênciaAssemelha-se com a conexão, sendo este menor que aquela. Continência é maior que a conexão, uma se contém por inteiro dentro da outra, não, apenas, no tocante à alguns elementos da lide, como na conexão, mas sim à todos.Relação de continente para conteúdo, todos os elementos da menor, fazem-se presentes na maior. CPC - ART. 104

CONTINENTE: envolve: SUJEITO, PEDIDO, CAUSA DE PEDIR, todos esses elementos se fazem presentes.

Difere a CONTINÊNCIA da LITISPENDÊNCIA, diferença quantitativa, no primeiro é maior o pedido (continente), parcialmente igual ao menor (conteúdo), já, a segunda há a igualdade total do todos os elementos da lide.

Difere a CONTINÊNCIA da CONEXÃO, neste é pedido OU causa de pedir, naquele é pedido E causa de pedir.A continência só pode se dar entre partes iguais, tal qual a litispendência, já a conexão, pode ocorre, inclusive, entre partes diferentes.

PRORROGAÇÃO POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA: se dá em razão do valor da causa ou em razão do território, pois são competências relativas, não alterando, portanto, as competências absolutas. CPC - ART. 102 e 106

Verificada a conexão ou continência, as ações propostas em separado serão reunidas, apensando os autos, a fim de um única e simultânea sentença. Essa reunião de processos, será efetuada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes. CPC - ART. 105.

O que realmente torna imperiosa a reunião de processos, para julgamento de sentença única, é a possibilidade prática de ocorrer julgamento controvertido nas causas.

Prorrogação voluntária

PODE OCORRER:

1- NA ELEIÇÃO DO FORO CONTRATUAL - CPC - ART. 111Não se admite quanto a competência absoluta - ratione materiae e hierárquica;Competência relativa em casos patrimoniais, direitos e obrigações, e que se sujeitam ao foro convencional;Ações reais imobiliárias, exceto 2 parte do artigo 95: “...não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.”;Só produzem efeitos quando constar de cláusula de contrato escrito e aludir expressamente ao determinado negócio jurídico, vale só para o contrato em que a cláusula foi inserida CPC - ART. 111 - § 1 - O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.Foro contratual obriga herdeiros e sucessores das partes;A convenção só se refere ao foro - circunscrição territorial - e não ao juiz ou vara, a eleição é objetiva e não subjetiva (juiz);Foro de eleição privilégio, e não ônus para parte, jurisprudência, reprime o abuso do foro de eleição.

2- AUSÊNCIA DE OPOSIÇÃO DE EXCEÇÃO DECLINATÓRIA DE FORO OU JUÍZO, NO PRAZO LEGAL:

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Ocorre quando o autor escolhe para ajuizamento da ação um foro incompetente legalmente e o réu, no entanto, deixa de opor no prazo de direito a exceção de incompetência. - Ressalte-se ser a competência, aqui tratada relativa, já que a absoluta é insuscetível de prorrogação voluntária.Na incompetência relativa, o juiz não pode declarar-se incompetente, de ofício, só ao réu é dado recusar o juiz relativamente incompetente, não pode ser por contestação, deve ser por exceção, procedimento em separado, definido no CPC.

Outros casos de prorrogação de competência Além da conexão e continência: - AÇÕES ACESSÓRIAS - AÇÕES INCIDENTAIS:

Resultam da decisão em outro processo ou prestam a colaboração na eficácia de outro processo, se ligam ao juiz anterior por regra de competência funcional, mesmo após o encerramento do primeiro feito, continua sendo do juiz da causa principal. CPC - ART. 109.

PrevençãoConexão e continência, não são critérios de determinação de competência, são critérios de modificação de competência, que em concreto, tocou ao outro órgão que não aquele que se tornou prevento.

PREVENÇÃO: Prefixação da competência para todo o conjunto das diversas causas do juiz que primeiro tomou conhecimento da lide, agora coligada por conexão ou continência. CPC - ART. 263 e 219.

Prevento, o juízo, competência de juízo, dentro da mesma comarca:simples distribuição da ação;despacho da inicial.

Juízes diferentes, competência territorial - de comarca - diversa, diferentes comarcas, citação válida torna prevento o juízo que a promoveu. Comarcas diferentes.Juízes que têm a mesma competência, territorial será o que despachar primeiro. CPC - ART. 106.

No caso de uma das competências ser absoluta, essa será a preventa, ainda que contrarie as regras citadas.

Conexão e continência influem apenas sobre os processos pendentes, no mesmo grau de jurisdição. Encerrado um dos processos pendentes ou proferidas as sentenças, ainda que haja interposição de recurso, não se fala em conexão ou continência, frente a outra ação que se venha a ajuizar.Recurso no Tribunal pode reunir processos.

O juiz não pode deixar de acolher o pedido de reunião de ações, negada a fusão dos processos, haverá nulidade da sentença que julgar separadamente ema das ações, se do fato verificar-se o risco de julgamento conflitante. Conflitante doutrinária e jurisprudencialmente. CPC - ART. 105.

Declaração de incompetência

COMPETÊNCIA: pressuposto da regularidade do processo e admissibilidade da tutela jurisdicional.

Ao receber a petição inicial o juiz deve em primeiro lugar verificar se é competente, feito de maneira implícita pelo deferimento da inicial, se a competência é posta em dúvida pela parte juiz se manifesta expressamente a respeito.

Espécies de reconhecimento da competência: Espontânea: - juiz ordinariamente, tacitamente; Provocada: deve ser expressa

Em ambos os casos, podem ser positivamente ou negativamente.

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Incidentes pelos quais as controvérsias em torno da competência podem ser resolvidas

1- EXCEÇÃO DE COMPETÊNCIA RELATIVA:Para afastar o juiz relativamente incompetente, da relação processual, deverá o réu instalar o incidente denominado Exceção de Incompetência artigos 304 a 311 do CPC. Se o réu não opuser a exceção dentro do prazo, decorre automaticamente a prorrogação de competência do juiz da causa. O juiz não pode declara-se incompetente de ofício. CPC - ART. 112 e 114.

2- ARGÜIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA:Não é necessária a argüição da exceção, não há prorrogação de competência, o juiz deve declara-se incompetente ex officio, se, assim, não o fizer a parte pode alega-la por meio de simples petição, em qualquer fase do processo o grau de jurisdição. Entretanto, , não proposta no momento adequado, a parte que não o fez, arca com o ônus das custas do processo, inutilmente desenvolvido. O prazo é o da contestação ou o da primeira oportunidade.Recomenda-se, ao juiz, ouvir a parte contrária, sobre a argüição de incompetência absoluta..Reconhecida a incompetência absoluta, a nulidade atinge o processo, no tocante aos atos decisórios.Juiz competente, terá que aproveitar todos os atos probatórios já praticados.Pode, ainda, ser objeto de anulação, por incompetência absoluta, em ação recisória de sentença transitada em julgado, prolatada por juiz absolutamente incompetente. CPC - ART. 113 e 485.

3- CONFLITO DE COMPETÊNCIA:É inadmissível que, simultaneamente, mais de um órgão judiciário seja igualmente competente para julgar e processar a mesma causa. CPC - ART. 115

CONFLITO POSITIVO: CPC - ART. 115, I: Não é necessário que haja decisão expressa de um ou de ambos os juízes a respeito da própria competência e da incompetência do outro, basta a prática de ato com reconhecimento implícito de sua própria competência.

CONFLITO NEGATIVO : CPC - ART. 115, II: Compete ao Tribunal superior aos juízes conflitantes dirimir o conflito. Se entre Tribunais; entre Tribunais e juízes à ele não vinculado; entre juízes de tribunais diversos, compete, a resolução do conflito ao STJ. CF - ART. 102 e 105.

Legitimação para suscitar o conflito e procedimento do conflito

Legitimação para suscitar o conflito: cpc - art. 116: Juiz; Parte; Ministério Público.

Procedimento do conflito: CPC - ART. 118

1- Iniciativa do juiz de ofício ao presidente do tribunal;2- Iniciativa da parte (autor ou réu), ministério público - através de petição.

CONFLITO POSITIVO: Sobresta o processo; CONFLITO NEGATIVO: Fica a causa paralisada no aguardo de definição do Tribunal, autos

retidos em poder do juiz suscitante. CONFLITO NEGATIVO E POSITIVO: relator designa, em caráter provisório, um dos juízes para

resolver as medidas urgentes. Julgado o conflito, os autos serão remetidos ao juiz declarado competente. CPC - ART. 120 e

122.

DA AÇÃOConceituaçãoO Estado encarregou-se de assumir a jurisdição, obrigando-se a prestá-la regularmente, sempre que invocada.

Monopólio da justiça:

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1- Obrigação de prestar a tutela jurídica aos cidadãos;2- Um verdadeiro e distinto direito subjetivo - direito de ação - oponível ao Estado-juiz, que se pode definir como direito à jurisdição.

Parte frente ao Estado-juiz, dispõe de um poder jurídico de obter a tutela para os próprios direitos ou interesses, ou, para obter situações jurídicas controvertidas.É o direito de ação de natureza pública por referir-se a uma atividade pública e oficial do Estado.

AÇÃO: “Direito subjetivo que consiste no poder de produzir o evento a que está condicionado o efetivo exercício da função jurisdicional.” Liebmam.

Direito subjetivo público constitucional, que toda a pessoa tem, de pedir ao Estado a tutela jurisdicional. Garantia do cidadão.

Direito de ação: exerce não somente o autor, mas igualmente o réu ao se opor a pretensão do autor, postula do Estado um posicionamento contrário ao do autor, ou seja, a declaração de ausência do direito subjetivo invocado pelo autor - uma sentença declaratória negativa.

Autonomia do direito de ação:Direito subjetivo de ação que o particular tem contra o Estado, não se vincula ao direito material da parte, pois não se pressupõe que àquele que o maneje, venha ganhar a causa, mas, ainda assim, não deixa de ter exercido o direito de ação e de ter obtido a prestação jurisdicional - definição da vontade concreta da lei - ainda que o processo não demonstre, ser ele, titular do direito substantivo. - H. T. Junior.

Diferença entre direito subjetivo substancial e processual:O primeiro tem por objeto uma prestação do devedor, já o segundo, tem como objetivo provocar uma atividade do órgão jurisdicional. O exercício da ação não fica vinculado ao resultado do processo.Condição da ação

A prestação jurisdicional não pode ser feita de pronto, sem a presença da outra parte, ou a necessária instrução do julgador.

JURISDIÇÃO - PROCESSO - AÇÃO: são três elementos indissoluvelmente ligados, representam a triologia estrutural dos conceitos básicos e fundamentais do direito processual civil.Não se pode alcançar a tutela jurisdicional mediante qualquer manifestação de vontade perante os órgãos judicantes. Tem-se que, primeiro, observar certos requisitos de estabelecimento e desenvolvimento válido da relação processual.

Inatendidos esses pressupostos não há viabilidade de desenvolver-se regulamente o processo, que, então, não funcionará como instrumento hábil à composição do litígio.

Assim, para validade da ação, necessita-se de alguns requisitos - CONDIÇÕES DA AÇÃO - e, a ausência de qualquer um desses requisitos, leva a - CARÊNCIA DA AÇÃO - cujo exame deve ser feito em cada caso concreto, preliminarmente à apreciação do mérito e em caráter prejudicial.

Condições ou requisitos da ação: “São categorias lógico-jurídicas existentes na doutrina e na lei, mediante os quais se admite que alguém chegue a obtenção da sentença final.” Arruda Alvim.

São condições da ação:1- Possibilidade jurídica do pedido;2- Interesse de agir;3- Legitimidade da parte.

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Faltando um dos elementos da condição da ação, o processo é extinto preliminarmente, o Estado não dá resposta ao pedido de tutela jurisdicional do autor, apesar de ter exercido a função jurisdicional - carência de ação -sem julgamento do mérito. CPC - ART. 267, VI.

Nosso código em relação as condições da ação, adotou a teoria do trinômio - pressupostos processuais - ação - mérito - entes autônomos e distintos. Mérito é para o código a própria lide - sentença de mérito é aquela que dê solução definitiva ao litígio - ou seja - julgar procedente ou improcedente o pedido do autor.Incumbe, assim, ao juiz examinar, antes de entrar no mérito, verificar se a relação processual se instaurou regularmente - pressupostos processuais -; se o direito de ação pode ser validamente exercido no caso concreto - condições da ação -. A inobservância dos pressupostos processuais e as condições da ação, impede o juiz de ter acesso ao julgamento de mérito, questões prejudiciais de ordem processual, não se confundem com o mérito da causa.

Será, assim, a sentença, diferente em natureza e efeitos, conforme acolha matéria ligada aos pressupostos processuais, condições da ação ou mérito. Assim:

Reconhecimento da ausência de pressupostos processuais: impede a instauração do processo ou acarreta nulidade do processo;

Reconhecimento da ausência das condições da ação: declaração da carência da ação; Reconhecimento da ausência do direito material subjetivo: improcedência do pedido, e não

da ação, pois, presentes suas condições nunca poderá ser ela considerada improcedente.

AÇÃO: (modernamente) É o poder jurídico de obter uma sentença de mérito, isto é, sentença que componha definitivamente o conflito de interesses de pretensa- resistida - lide.

Possibilidade jurídica do pedido

Previsão ou não proibição da pretensão do autor, condiciona-se ao direito material (direitos reais numerus clausus - previsão; direitos obrigacionais, liberdade dentro dos parâmetros.).

Exigência de que deve existir dentro do ordenamento jurídico um tipo de provimento como o que se pede através da ação.Prévia verificação sobre a viabilidade jurídica da pretensão deduzida pela parte em face do direito positivo em vigor.

O pedido do autor, formulado na propositura da ação, tem caráter dúplice:imediato, contra o Estado, no que se refere a tutela jurisdicional;mediato contra o réu, no que se refere a providência de direito material.

Possibilidade jurídica deve ser localizada no pedido imediato, ou seja, na permissão ou não, do direito positivo a que se instaure , uma relação processual em torno da pretensão do autor.Distinção entre pedido imediato e mediato encontra-se no artigo 295 do CPC.

PEDIDO MEDIATO: II- da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; Impossibilidade de direito material ou de pedido mediato aqui o indeferimento importa na apreciação do mérito da causa, rejeição liminar do pedido - faz coisa julgada material, impede que o autor renove o processo, equivale a verdadeira improcedência do pedido. Ex. : Cônjuge desquitado que pretende exigir meação dos bens adquiridos pelo outro consorte após dissolução da respectiva sociedade conjugal.

PEDIDO IMEDIATO: III - o pedido for juridicamente impossível; impossibilidade de direito instrumental ou pedido imediato, verdadeira condição da ação, o que o juiz vais decidir é que o pedido de tutela jurisdicional é insuscetível de apreciação pelo poder judiciário, sem cogitar de sua procedência ou improcedência diante das regras substanciais da ordem jurídica, não ocorre coisa julgada material, a parte não está impedida de voltar propor a ação, depois que preencheu o requisito que faltava na primeira oportunidade. Ex. : devedor tem indeferido sua

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petição de Embargos por falta de penhora, pode voltar a juízo com a mesma pretensão, uma vez seguro o juízo.

Interesse de agir

Não se confunde com interesse substancial. É o interesse de agir instrumental, surge da necessidade de obter através do processo a proteção do interesse substancial.Há interesse se a parte sofre um prejuízo não propondo a demanda, e para evitar esse prejuízo, é necessária, exatamente, a intervenção dos órgãos jurisdicionais.Interesse - utilidade e necessidade - para aplicação do direito objetivo no caso concreto.Deve ser adequado a relação existente entre a situação lamentada pelo o autor e o provimento jurisdicional concretamente solicitado.Necessidade que a pessoa tem de socorrer-se do judiciário. Só o dano ou o perigo de dano jurídico, representado efetivamente por uma lide é que autoriza o exercício do direito de ação.

Legitimidade da parte - legitimação ad causam

Capacidade processual da parte.

A capacidade processual envolve a somatória de três elementos: Capacidade de ser parte: Processo traz uma relação de direito material pré-existente. CPC -

ART. 6 Capacidade de estar em juízo - capacidade civil; Capacidade postulatória - advogado.

Titularidade ativa e passiva da ação - “Pertinência subjetiva da ação. Legitimado estará o autor quando for o possível titular do direito pretendido, e o réu quando decorre do fato de ser ele a pessoa indicada, em sendo procedente a ação, a suportar o ônus e efeitos oriundos da sentença.” Arruda Alvim.

Emprega-se essa conceituação excessivamente do conteúdo da relação jurídico material, deduzida em juízo.Pode-se dizer que legitimados ao processo são os sujeitos da lide, os titulares dos interesses em conflito.

Pode ser legitimidade: LEGITIMIDADE ATIVA: caberá ao titular do interesse afirmado na pretensão; LEGITIMIDADE PASSIVA: caberá ao titular do interesse que se opõe ou resiste à pretensão. LEGITIMIDADE ORDINÁRIA:

o Decorre da posição ocupada pela parte como sujeito da lide.o Quando as partes da relação material é igual, a parte da relação processual.

LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA: Partes da relação material diferente da parte da relação processual, somente com autorização da lei, sem essa autorização - parte ilegítima. Em certas e determinadas circunstâncias a lei permite que a parte demande em nome próprio interesse alheio:

o Marido na defesa dos bens dotais da esposa;o Ministério Público na ação de acidente de trabalho;o Ministério Público na ação civil de indenização de dano ex delicti quando a vítima é

pobre.o Ação popular.

Salvo as exceções expressamente autorizadas em lei, a ninguém é dado pleitear em nome próprio direito alheio. CPC - ART. 6

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Legitimidade é a capacidade de ser parte, a titularidade da ação, devendo ser pesquisado em face do caso concreto.Como a ação atua no conflito de partes antagônicas - lide - a legitimação passiva é aspecto ou elemento da legitimação de agir. Só há legitimação para o autor, quando este age diante ou contra àquele que na verdade deverá operar os efeitos da tutela jurisdicional.

Classificação das açõesEstão classificadas conforme o fim desejado, ou seja a sentença.Ação consiste na aspiração de determinado provimento jurisdicional, a sua classificação, deve levar em conta a espécie e natureza de tutela que se pretende do órgão jurisdicional, com base nessa premissa, temos:

1- AÇÃO DE COGNIÇÃO:Provoca a instauração de um processo de conhecimento, busca a declaração de quem entre os contendores tem razão e quem não tem razão. Caracteriza-se pelo julgamento da própria pretensão que o autor deduz em juízo, tratar-se-á de uma sentença de mérito (meramente condenatória, constitutiva ou declaratória).Desdobra-se em:

CONDENATÓRIA: Busca não apenas a declaração do direito subjetivo material do autor mas, também, a formulação de um comando que imponha prestação a ser cumprida pelo réu - tende a formar um título executivo.

CONSTITUTIVA: Declara direito da parte e cria, modifica ou extingue um estado ou uma relação jurídico material. Quando constitui é um ação constitutiva positiva, se desconstitui é um constitutiva negativa.

DECLARATÓRIA: Declara a certeza da existência ou inexistência de relação jurídica, ou, falsidade ou autenticidade de certo documento.

As ações declaratórias podem ser - principais - artigo 4 do CPC, ou - incidental - artigo 5 do CPC que representa cumulação sucessiva de pedidos, amplia o alcance da coisa julgada, leva a sua eficácia para a questão prejudicial. , é declarado por sentença, suspende-se o processo.

2- AÇÃO DE EXECUÇÃO:É a que gera o processo de execução, o órgão jurisdicional desenvolve a atividade material com o fim de obter coativamente o resultado prático, equivalente àquele que o devedor deveria ter realizado com o adimplemento da obrigação.O juiz através dela realiza na prática os resultados determinados através da vontade concreta do direito.

3- AÇÃO CAUTELAR:Provoca o surgimento de um processo cautelar - tem finalidade auxiliar e subsidiária frente as funções jurisdicionais de conhecimento e execução, assegura o eficaz e profícuo resultado destes.Não se compõe a lide com essa ação, apenas afasta o perigo de dano ao eventual direito subjetivo a ser tutelado jurisdicionalmente no processo principal.Visa resguardar eventual direito da parte contra possíveis desgastes propiciados pelo decurso do tempo.

AÇÃO MANDAMENTAL: sentença mandamental, objetivo do mandamento - MANDADO DE SEGURANÇA - classificação de Pontes de Miranda.

AÇÃO CONSTITUCIONAL: não são de processo civil, são ações constitucionais: Mandado de segurança, Habeas data, Habeas corpus e Mandado de injunção.

Ação e pretensãoAção é abstrata, não se encontra vinculada à prévia demonstração da existência do direito subjetivo do autor contra o réu, se exercício só é admissível quando o promovente esteja invocando possível direito material, que em tese se mostre oponível ao demandado.

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O exercício da ação revela a pretensão do autor, por meio do qual almeja subjugar o interesse do réu.Ação direito subjetivo público exercido pelo autor contra o Estado-juiz, que a par da tutela jurisdicional, revela pretensão de direito material contra o réu.

O que na realidade, quer o autor, embora nem sempre consiga é que a tutela jurisdicional redunde na proteção de seu interesse e na subjugação do interesse do réu.

PRETENSÃO: pedido formulado na Petição Inicial, que só será atendido se provar-se nos autos que o autor realmente detém o direito subjetivo substancial oposto ao réu. É a exigência de prevalecimento de interesse próprio sobre o de outrem, a ação é apenas o direito de obter uma solução para lide (pretensão resistida).

Ação sem pretensão, como se vê, é idéia vazia, na realidade esta é pressuposta daquela. Nação o autor pede em juízo aquilo que foi recusado pelo réu, mas o processo vai dar solução definitiva seja acolhendo-a seja rejeitando-a.

Limite ao direito de ação:PEREMPÇÃO: fenômeno que impede o autor de repropor a ação, quando por três vezes tiver abandonado-a, por mais de trinta dias, e logrado a extinção do processo sem julgamento do mérito. CPC - ART. 267, III e 268, parágrafo único.

DEFESA DO RÉU: O direito de ação é voltado contra o Estado e exercido perante o réu, dessa forma se o pedido do auto for acolhido, a sentença produzirá efeitos na esfera jurídica do réu - daí o contraditório do processo -.

Gira em torno da lide a pretensão do autor e a resistência do réu, direito de resposta do réu é paralelo ao direito de ação, é igualmente direito subjetivo público voltado contra o Estado.Como há direito abstrato de ação, há direito abstrato de defesa.

Elementos identificadores da ação

Não se concebe que a uma só lide possam corresponder mais de uma solução jurisdicional, impõe-se, então, identificar as causas (litígio deduzido no processo) para evitar que um novo processo possa vir a reproduzir outro já findo ou pendente de julgamento final.

Cada ação proposta em juízo considerada em particular, apresenta intrinsecamente certos elementos identificadores para isolá-la, e distingui-la das demais ações propostas, das que venham a sê-lo ou de qualquer outra ação que se possa imaginar.

Tão importante é identificar a ação que a lei exige clara indicação dos elementos identificadores logo na peça inicial de qualquer processo, sob pena, de na falta dessas indicações acarretar o indeferimento liminar da petição inicial por inépcia. Para que ocorra identificação de causas, devem ocorrer os três elementos, variando um deles, não há de se falar em igualdade de ações. :

1- PARTES: Pessoas que participam do contraditório perante ao Estado-juiz.AUTOR: aquele que por si próprio ou através de representante, vem deduzir uma pretensão à tutela jurisdicional, formulando um pedido.RÉU: aquele que se vê envolvido pelo pedido feito, de maneira que uma situação jurídica sua será objeto de apreciação judiciária.As mesmas partes, idêntica qualidade de agir nos dois processos, sucessão inoponível por descaracterizar a identidade de causas, sucessor ocupa a mesma posição jurídica da parte sucedida.

2- PEDIDO - PETITUM: Equivale a lide, motivo sobre o qual a sentença de mérito tem que atuar, tipo de prestação jurisdicional invocada.Não se justifica o ingresso de alguém em juízo se não fosse para pedir do órgão jurisdicional uma medida ou provimento, que poderá ser de conhecimento, executivo ou cautelar.

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3- CAUSA DE PEDIR - CAUSA PETENDI: Em juízo narra o autor os fatos dos quais deduz ter o direito que alega, Esses fatos constitutivos concorrem para identificação da ação proposta.

Não é a norma legal invocada pela parte, mas o fato jurídico em que se amparou a pretensão deduzida em juízo.

Todo direito nasce de um fato que a ordem jurídica atribui um efeito - causa de pedir - que identifica uma causa situa-se no elemento fático e na sua qualificação jurídica.O que constitui a causa de pedir é a exposição dos fatos e não sua qualificação jurídica, por isso se a qualificação jurídica estiver errada, mas o pedido estiver certo em relação ao fato narrado, o juiz não negará o provimento jurisdicional. Adota-se a teoria da substância.Fato em si - causa remota do pedido - repercussão jurídica - causa próxima do pedido, devem ser idênticas.

PROCESSOConceituaçãoO Estado exerce a função jurisdicional através de órgãos especializados, mas não podem atuar discricionariamente ou livremente dada a natureza de sua atividade, subordina-se, então, a um método ou sistema de atuação que vem a ser o processo.

Do pedido da parte até provimento jurisdicional, se impõe a prática de uma série de atos que formam o procedimento judicial (forma de agir em juízo), cujo o conteúdo sistemático é o processo.

PROCESSO: conjunto de normas que disciplinam a atividade jurisdicional. A natureza jurídica do processo é pública, submissão da parte à autoridade do Estado.

PROCESSO: “É uma série de atos coordenados e regulada pelo direito processual, através dos quais se leva a cabo o exercício da jurisdição.” Calamandrei.

Processo engloba: a relação jurídica de direito material controvertido + relação jurídica de direito processual + procedimento.

Processo e procedimentoSão conceitos diferentes:

PROCESSO: método, sistema de compor a lide em juízo, através de uma relação jurídica vinculativa de direito público. Engloba a relação jurídica de direito material, de direito processual e procedimento.

Define o objetivo. Conjunto de leis que disciplinam a atividade jurisdicional. PROCEDIMENTO: forma material com que o processo se realiza em cada caso concreto.

Finalidade específica de caráter teleológico. Rito processual, caminho que vai se seguir para obtenção de um objetivo. O que define o

caminho é a característica especial para a obtenção do objeto, definido pelo processo.Manifestação extrínseca do processo, aspecto formal do processo, realidade fenomenológica perceptível.Diferença entre processo e procedimento é a finalidade, a prestação jurisdicional.Na solução de litígios o processo não é único, temos em certas circunstâncias, permitidas pela ordem jurídica, como a autocomposição ( transação entre as próprias partes) e autotutela (legítima defesa ou desforço imediato).

Processo não se manifesta sob uma única forma, mas de várias maneiras, conforme a pretensão do autor e a defesa do réu. O processo desenvolve-se conforme as exigências de cada caso, ou seja, conforme o procedimento do feito, isto é, seu rito.

PROCESSO AUTÔNOMO: pois tem como objeto a vontade da lei cuja a afirmação e atuação se reclama.

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Espécies e funções do processoEm todo o processo há declaração de direito, ainda que em caráter negativo. Mas em consoante a posição em que se acham as partes diante do conflito de interesses, o processo realiza missões diferentes.Assim o processo desempenha três funções distintas:

verificar a efetiva situação jurídica das partes - processo de cognição - conhecimento; realizar efetivamente a situação jurídica apurada - processo de execução; estabelecer condições necessárias para que se possa num e noutro caso pretender a prestação

jurisdicional - processo cautelar.

Interdependência dos processosSão interdependentes entre si a cognição e a execução, já que o primeiro não é necessariamente preliminar do segundo - lembremo-nos dos títulos executivos extrajudiciais que independem do processo de conhecimento. A execução não é também necessária a cognição pois pode ser essa declaratória ou constitutiva ou pode, ainda, haver o adimplemento voluntário da prestação.As cautelares, também, não influem na solução destes processos, seu indeferimento não está afeto ao julgamento da lide. Não tem a cautelar direito subjetivo material que pretenda opor à outra parte.

Pressupostos processuais

Requisitos formais e materiais que devem ser observados para o estabelecimento válido da relação processual.

Diferem das condições da ação, são os pressupostos exigências legais, que sem elas a relação jurídica não se estabelece e nem se desenvolve devidamente, conseqüentemente não atingindo a sentença. São requisitos para validade e eficácia da relação processual.

Condições da ação são requisitos para observar-se após estabelecida regularmente a relação processual. Porém, pressupostos processuais ou condições da ação, sendo inobservados, conduzem a frustração da atividade jurisdicional, ocorrerá a extinção prematura do processo sem a composição do litígio.

Requisitos que devem ser observados para que o processo tenha existência e validade, diz respeito ao Autor, Juiz e Réu. CPC - ART. 267, IV e VI.

Classificação do pressupostos processuais 1- PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA:São requisitos para que a relação processual se constitua validamente.2- PRESSUPOSTOS DE DESENVOLVIMENTO.Devem ser atendidos depois que o processo se estabeleceu regularmente, para seguir seu curso regular, até a providência jurisdicional definitiva.

Podem ser os pressupostos de existência e desenvolvimento:1- SUBJETIVOS:Relacionam-se com os sujeitos do processo.

Competência do juiz para causa: não deve haver, também, contra ele nenhum fato que o torne impedido ou suspeito.

Capacidade civil da parte; Representação por advogado.

2- OBJETIVOS: Relacionam-se com a forma procedimental e com ausência de fatos que impeçam a regular constituição do processo, segundo sistemática do CPC.

Observação da forma processual adequada à pretensão; A existência nos autos do instrumento de mandato conferido ao advogado; Inexistência: litispendência, coisa julgada, compromisso arbitral ou inépcia da petição inicial. Inexistência de qualquer das nulidades previstas na legislação processual.

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PRESSUPOSTOS AUTOR RÉU ESTADO-JUIZ

EXISTÊNCIA PETIÇÃO INICIAL CITAÇÃO JURISDIÇÃO

VALIDADEPETIÇÃO INICIAL - válida, sem vícios art. 295

CITAÇÃO - válida COMPETÊNCIA

Graus de vícios:INEXISTENTE NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA. Do menor para o maior.

1- NULIDADE RELATIVA:vício simples que tende a desaparecer com o tempo - desaparece com o lapso temporal, deve ser declarado pelo juiz, só tem efeito daí para frente - ex nunc - não afeta atos anteriores, somente a pessoa pode requerê-la, deve demonstrar prejuízo, em geral pode ser declarado de ofício, mas não deve.

2- NULIDADE ABSOLUTA: argüível a qualquer tempo ou grau de jurisdição, não está condicionado a prazo, qualquer um pode requerê-la, não precisa demonstrar prejuízo, este é público. , pode ser argüida em rescisória. Tem efeito - ex tunc -.

3- INEXISTÊNCIA: vício por excelência, pode ter aparência ou forma, mas não ingressa no mundo jurídico, não está sujeito a nenhuma regra jurídica, provado, não precisa de declaração judicial.

Elementos do processo

“ Processo Instituição jurídica, é uma seqüência de atos das partes e dos órgãos jurisdicionais tendentes à formação ou atuação do comando jurídico.. ”

“ Método utilizado pelo Estado para promover a atuação do direito diante de uma situação litigiosa”. Carnelutti.

Desenvolve uma atividade de órgãos públicos destinados ao exercício de uma função estatal que é o de prevenir ou solucionar o conflito de interesses fazendo atuar a vontade da lei. ” Chiovenda.

Processo sua pendência dá lugar a uma relação jurídica, relação jurídico processual, gerando direitos e deveres processuais que vinculam as partes e o próprio Estado.

Iudicion est actus trium personarum.Processo é um complexo de atos e fatos que o compõe.

Classificação dos elementos essenciais do processo

Como toda relação jurídica a relação processual estabelece-se entre sujeitos e incide sobre determinados objetos.

1- ELEMENTOS SUBJETIVOS: Sujeitos principais do processo: Partes; Órgãos judiciais.

2- ELEMENTOS OBJETIVOS: Provas; - processo de conhecimento; Bens. - No processo de execução.

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3- FINALIDADE DO PROCESSO: CONHECIMENTO: definição do direito subjetivo da parte, através de provas e a prestação

jurisdicional consiste na sentença - dar solução a lide estabelecida entre as partes. EXECUÇÃO: direito já definido pelo título executivo- função jurisdicional destina-se a realizar

materialmente esse direito subjetivo, feito através da agressão estatal dos bens do devedor em benefício do exeqüente.

CAUTELAR: assegura os processos anteriores, objetivando tanto provas como bens.Relação processual

Estabelece-se inicialmente entre o autor e o juiz - relação bilateral -, com a citação do réu, este passa a integrar o processo - relação trilateral.

Características da relação processual 1- RELAÇÃO JURÍDICA: Estabelecendo-se segundo regras do direito;2- DE DIREITO PÚBLICO: Envolve um sujeito de direito público, o órgão judicial, que realiza uma função pública do Estado.3- AUTÔNOMA: Pode ser estabelecida independente da relação jurídica de direito material.4- COMPLEXA: Abrange uma série de atos, e não um só ato.5- UNITÁRIA: Vários atos que se ligam a uma relação de única finalidade, visando sentença final ou de mérito.6- CONCRETA: Não se pode formar sem um conteúdo material, ou seja não pode deixar de referir-se a uma relação de direito substancial controvertido, não serve o processo para meras especulações abstratas ou teórica das partes.7- DINÂMICA: Evolui, caminhando em busca da sentença de mérito.

Efeitos da relação processual

1- POSITIVOS:DIREITOS OU FACULDADES PROCESSUAIS:Direitos subjetivos das partes são os de ação e defesa, e deles decorrem os demais: direito de recorrer, estar presentes aos atos, etc... - Direitos Individuais Públicos.

2- NEGATIVOS: ÔNUS PROCESSUAIS:Não obrigam, as partes, a praticarem determinados atos no curso do

processo, mas acarretam prejuízos quando descumpridos. Exemplo: ninguém pode obrigar o réu a contestar, o vencido a recorrer, etc.. , mas, no entanto, existe o ônus processual de fazê-lo no momento oportuno, sob pena de, assim não o fazendo, acarretar um prejuízo. As sanções decorrentes de ônus, são aparentemente formais, em geral, se traduzem na perda de uma faculdade processual não exercida em tempo hábil, mas, via reflexa, atingem o direito substancial, Ex. : revelia. Assim, pode o processo, por culpa da parte, ser conduzido a uma solução contrária ao verdadeiro direito material do litigante, que não se desincumbiu do ônus que lhe tocava.DIFERENÇA ENTRE ÔNUS, DEVERES E OBRIGAÇÕES : no primeiro esta em jogo o direito ou interesse da parte, nos demais esta em jogo a prestação da parte e o direito de outrem.

DEVERES PROCESSUAIS: Prestações que não as de expressão econômica mas as que sujeitam as partes em qualquer relação jurídica, inúmeros deveres impostos legalmente aos litigantes, seus procuradores e terceiros. Ex. : lealdade, boa-fé, testemunho, exibir documentos e coisas, etc... É de natureza pública seu descumprimento, em muitos casos graves, geram sanções, inclusive de ordem penal.

OBRIGAÇÕES PROCESSUAIS : Obrigação - sentido lato - é todo o vínculo jurídico que importe em sujeitar-se alguém a uma prestação de valor econômico. É assim, também, a obrigação processual: cauções, custas, despesas processuais, etc...

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Formação do processo Processo nasce, desenvolve-se e se exaure normalmente quando atinge a sua meta, composição do litígio - seja, na sentença de mérito - ação de cognição, seja na satisfação do credor - execução forçada.

Eventualmente, pode ocorrer a CRISE NO PROCESSO (denominação de Carnelutti), obstáculos que se interpõem ao longo de seu andamento. São as causas de suspensão ou extinção prematura, antes de alcançar a composição do litígio.

Formação:

1- PROCESSO:RELAÇÃO JURÍDICA: vínculo estabelecido entre pessoas, provocado por um fato, que produz mudança de situação, regido por norma jurídica.

PROCESSO COMO RELAÇÃO JURÍDICA:Apresenta ambos, os elementos:1- MATERIAL: vínculo entre as partes e o juiz;2- FORMAL: regulamentado pela ordem jurídica, produz nova situação para àquele que se envolve.

FINALIDADE DO PROCESSO: composição do litígio, com a aplicação da lei ao caso concreto, feito pelo juiz.Para alcançar a sentença final, o processo percorre todo um caminho, com fases evolutivas, através das atividades das partes, do juiz. Os sujeitos do processo são colocados em posições que podem gerar direitos e obrigações.Assim, conclui-se, sem dúvida, ser o processo uma relação jurídica.

2- SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICO PROCESSUAL:O processo é atividade de três pessoas: autor, juiz e réu - “Iudicium est actus trium personarum: iudicis, actores et rei.” Discute-se no processo a relação jurídico material controvertida, mas esta não se confunde com aquela, pois pode se travar entre outras pessoas, levando, inclusive, a negação de existência da mesma relação material.

Relação processual é de direito público - relaciona-se com a função soberana do Estado - jurisdição - o direito que se exerce não é o de ordem privada, que gerou o conflito de interesse, é sim, o de ordem pública, que é o direito à tutela jurisdicional do Estado na composição da lide.

A atividade da parte é relevante para o processo, na medida que participa do desenvolvimento da atividade estatal de decidir. O juiz está em plano diferente e superior das partes, pois exerce a função soberana de julgar, com a força vinculatória da sentença.As partes têm o direito a tutela jurisdicional e o juiz tem o dever de prestá-la, o que leva ao estabelecimento de uma autêntica relação jurídica entre eles, corporificada no processo.

Teorias sobre a relação processual: 1- LINEAR:Os direitos e deveres do processo, se estabelecem entre autor e réu, sujeitos da lide, sendo o juiz estranho à ela, relação processual a mesma da relação material, torna litigiosa.O moderno direito publicista da ação, não admite como correta essa teoria.

2- TRIANGULAR: Sendo uma relação jurídica de direito público, esta contém direito e deveres não só entre as partes, mas entre estas e o juiz.

3- ANGULAR :

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Certo que o processo é um vínculo entre três pessoas, autor, juiz e réu, certo, também que o órgão jurisdicional se coloca em plano superior, e as partes submetem-se à essa soberania, à autoridade deste é que compete o julgamento do litígio.Toda atividade da parte é voltada para estimular o poder de decidir do Estado e alcançar a devida prestação jurisdicional.. Assim, o vínculo entre as partes não é entre si, mas entre elas e o juiz, com o qual se relacionam, visando obter a composição final do litígio, portanto, os direitos da parte se exercem perante ao juiz, e nunca perante a outra parte.Deste modo, terá a relação processual uma configuração angular. Estando os direitos e os deveres das partes voltadas ao juiz, os litigantes não se atingem, uns aos outros, diretamente, mas através das decisões do juiz.

3 - INÍCIO DO PROCESSO:O processo é dispositivo quando sua sorte é deixada exclusivamente ao arbítrio da parte; ou, inquisitivo quando o juiz de ofício promove a prestação jurisdicional.Não se contradizem esses dois princípios, as modernas legislações os fundem. Seguindo essa tendência , mais moderna, segue, assim nosso código. CPC - ART. 262Na instauração da relação processual prevalece o princípio dispositivo, pode a parte postular ou não a tutela jurisdicional, ato privado seu.Passada, essa fase, o processo desenvolve-se por impulso oficial do juiz entra - a função pública - a jurisdição - após a fase inicial, o juiz põe em marcha o processo, rumo a sentença com ou sem colaboração da parte.

Formação da relação processual Não se forma a relação processual - angular - num só ato.Com a petição inicial o Estado vincula o autor - relação linear - com a citação do réu a prelação completa seu lado passivo formando angularmente o - actus trium personarum -Considera-se proposta a ação com a inicial despachada ou se houver mais de uma vara na comarca, com a distribuição da mesma. CPC - ART. 263

Em suma, o autor e o juiz se vinculam à relação por meio do exercício da ação . A citação amplia a relação integrando o réu e assegurando-lhe o direito de defesa. Completa a relação esta assegurado ao Estado o exercício pleno do poder jurisdicional.

Estabilização do processo - CPC - ART. 219 e 264 Da citação decorre, portanto, a estabilização do processo graças a litispendência - a lide exposta pelo autor, na inicial, passa a ser objeto do processo e ocorre a fixação tanto de seus elementos objetivos, bem como, subjetivos. Assim:não se permite modificação do pedido ou causa de pedir, salvo acordo com o réu;nem podem alterar as partes litigantes, salvo as substituições permitidas por lei.juízo não pode ser alterado. vincula-se com a propositura da ação - vinculação de juízo - perpetuatio iuridictionis-.

Alteração do pedido Estabiliza-se o processo no momento em que o réu é alcançado pela citação válida.As partes, em comum acordo podem alterar o pedido ou causa de pedir , mesmo depois da citação, o autor unilateralmente não poderá fazê-lo. Essa modificação com acordo do réu, só é possível até a fase saneadora, após esta, não poderá haver qualquer modificação. CPC - ART. 264Em resumo:1- ANTES DA CITAÇÃO: por ato unilateral e livre do autor;2- DEPOIS DA CITAÇÃO: somente por acordo de ambas as partes;3- DEPOIS DA FASE SANEADORA: nenhuma alteração será possível.

Alteração subjetiva Juízo não se altera depois da propositura da ação, salvo se ocorrer conexão, continência ou algum motivo legal posteriormente reconhecido que o torne incompetente. Assim como o juiz, as partes se estabilizam após a citação, substituindo-se nos casos expressamente previstos em lei. CPC - ART. 12, V § 1; 41 e 43.

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Suspensão do processo

Conceito Ocorre quando um acontecimento voluntário ou não, provoca, temporariamente a paralisação dos atos processuais. Cessado o evento extraordinário que o causou o processo restabelece-se normalmente.Suspensão somente inibe o andamento do feito, não elimina o vínculo jurídico da relação processual, que mesmo inerte, subsiste com toda sua eficácia.

Nenhum prejuízo sofrem os atos processuais anteriormente praticados, continuam íntegros e válidos. Os prazos iniciados antes da suspensão não ficam prejudicados na parte transcorrida, sua fluência restabelece-se pelo restante necessário a completar o lapso temporal. CPC - ART. 180Em regra, nenhum ato se praticará durante, durante a suspensão, exceto os urgentes. CPC - ART. 266

Casos de suspensão: causas de ordem, física, lógica e jurídica - CPC - ART. 265 : Suspensão depende de uma decisão judicial, pois o comando do processo é do juiz. Essa decisão é meramente declarativa, para todos os efeitos considera-se suspenso o processo desde o momento em que ocorreu o fato que a motivou e não do seu reconhecimento nos autos.

Término da suspensão do processo 1- AUTOMÁTICA: caso em que haja um momento preciso, fixado na própria lei;2- ATO JUDICIAL: o ato que decretou a suspensão e paralisou o feito por tempo determinado;3- IMPRECISO O TERMO DE SUSPENSÃO: a volta da marcha do processo e dos prazos processuais, dependerá de nova deliberação judicial e conseqüente intimação das partes.

Causas de suspensão - conforme a lei

I- PELA MORTE OU PERDA DA CAPACIDADE PROCESSUAL DE QUALQUER DAS PARTES, DE SEU REPRESENTANTE LEGAL OU DE SEU PROCURADOR;Morte faz desaparecer um dos sujeitos da relação processual só prosseguindo quando houver substituição pelo espólio ou sucessores. CPC - ART. 43Nos casos de direitos intransmissíveis , não corre apenas a suspensão, mas a extinção do processo pendente. CPC - ART. 267, IX.Morta a parte - autor ou réu - juiz determina suspensão do processo sem prazo determinado até a habilitação dos sucessores na forma dos artigos 1055 à 1062. A longa inércia dos interessados pode levar a extinção do processo. CPC - ART. 267, II.A capacidade civil de exercício é pressuposto de validade da relação processual, suspende-se o processo quando uma das partes se tornar interdita, para que o curador se habilite; não havendo curador o juiz nomeará um, para o prosseguimento regular do processo.O mesmo ocorre com a morte ou incapacidade do representante da parte (pais, tutor e curador), processo será suspenso só retornando após sua substituição.A suspensão, por morte e incapacidade da parte ou representante, não é automática, só opera-se quando apresentada a devida documentação, a regra é pertinente tanto no primeiro, como no segundo grau. CPC - ART. 265, § 1.Caso a morte seja do advogado, suspender-se-á. Se do autor, e este não nomeou outro, no prazo legal de 20 dias, declara-se o processo extinto. Se do réu e este não nomeou outro, no prazo legal de 20 dias, mandará o juiz, transcorrido o prazo, que o processo prossiga a sua revelia. CPC - ART. 265, § 2.Dissolução ou extinção da pessoa jurídica não se equipara a morte da pessoa natural, para efeito de suspensão do processo, pois sempre haverá alguém encarregada de representá-la legalmente até final liquidação de seus direitos e obrigações.

II- PELA CONVENÇÃO DAS PARTES:As partes podem convencionar a suspensão do processo, mas para essa convenção produzir efeitos, depende de ato subseqüente do juiz, já que cabe ao mesmo o andamento do processo que não depende da vontade das partes CPC - ART. 262Feito o acordo de suspensão, as partes comunicam ao juiz para que ele decrete a suspensão, a decretação da suspensão é ato vinculado, não é dado ao juiz vetar a suspensão.

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O limite da autonomia das partes de convencionarem se encontra no prazo, não pode ultrapassar 6 meses. Findo o prazo convencionado a retomada do curso do processo não depende de provocação da parte. CPC - ART. 265, § 3.

III- QUANDO FOR OPOSTA EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO, DA CÂMARA OU DO TRIBUNAL, BEM COMO DE SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO DO JUIZ:Interposta a exceção de incompetência, bem como as de suspeição e impedimento contra juiz ou órgão judicante, ficam inabilitados para continuar o exercício de sua função jurisdicional no processo até solução do incidente.

IV- QUANDO A SENTENÇA DE MÉRITO:a) depender de julgamento de outra causa, ou da declaração de existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;Suspende-se sempre que a sentença de mérito estiver na dependência. Solução de uma questão prejudicial, que é objeto de outro processo, ou, de ato processual a ser praticado fora dos autos, como as diligências deprecantes à juizes de outras comarcas ou seções judiciárias. Itens a, b, c, prejudiciais de sentença.

Prejudiciais: Questões de mérito que antecedem logicamente , a solução de um litígio e nela forçosamente haverá de influir.

Prejudiciais - podem ser:PREJUDICIAIS INTERNA: submetida à apreciação do mesmo juiz que vai julgar o caso principal. Proposta no bojo dos mesmos autos em que a lide deve ser julgada - não há suspensão do processo, pois seu julgamento apenas um capítulo da sentença da causa. Sobre prejudicial interna J. F. Marques: “Não tem cabimento, nem qualquer razão lógica, o suspender-se o procedimento, para julgar-se a declaratória incidental e, a seguir, reiniciar-se o seu curso, para ser proferida sentença sobre o objeto principal do processo.”

PREJUDICIAIS EXTERNA: Suspende-se o processo, quando for objeto, a questão prejudicial de outro processo pendente.

a) depender de julgamento de outra causa, ou da declaração de existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;DECLARATÓRIA INCIDENTAL: sobre questão de estado não é proposta ao juiz da causa a ser suspensa, mas, aquela ajuizada como incidente de outro processo, mas que também, será prejudicial da primeira causa, que por isso será suspensa.

c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;

PREJUDICIAIS DIFEREM DE PRELIMINARES: As primeiras são questões ligadas ao próprio mérito e que por si podem sem objetos autônomos de outro processo, já, as segundas, são questões geralmente de natureza processual que condicionam a apreciação do mérito.

Assim a letra b: b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; não cuida de verdadeiras questões prejudiciais, mas de simples questões lógico-processuais - preliminares - a que se condicionam o julgamento da causa. Sua eficácia suspensiva é similar à questão prejudicial externa, sua ocorrência se verifica fora do processo.

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Todos os casos do inciso IV, ART. 265 - CPC , perduram até que a questão prejudicial seja solucionada, desde que não ultrapasse o período de um ano, hipótese em que, o processo retoma seu curso normal e será julgado independentemente das diligências que provocaram sua paralisação.

PREJUDICIALIDADE E CONEXÃO: Não se contradizem os artigos que mandam suspender o processo com causa prejudicial, e o que manda reunir as causas conexas para julgamento. Quase sempre gera conexão, a prejudicialidade, em virtude da causa comum ou da identidade do objeto que se apura, entre a causa prejudicial e prejudicada.Sendo a questão prejudicial de competência do mesmo juiz da causa prejudicada, não há nenhuma razão para suspensão, devendo serem conexas.Muitas vezes , porém, a prejudicialidade externa, não enseja a oportunidade de fazer a reunião dos processos (conexão), pois podem ocorrer causas, que ensejem a suspensão da causa prejudicada:serem as competências absolutas;as fases em que se encontram as duas causas sejam inconciliáveis, uma em 1grau e a outra em 2 grau;procedimentos diversos e inteiramente incompatíveis;causa petendi diferentes.

V- MOTIVO DE FORÇA MAIOR:É a razão física que torna impossível o funcionamento do órgão jurisdicional e consequentemente o andamento do feito. Seus efeitos perduram enquanto não desaparecer a respectiva causa.

VI- NOS DEMAIS CASOS QUE O CÓDIGO REGULA:Exemplo: quando ocorre, e verifica o juiz a incapacidade ou irregularidade de representação da parte: CPC - ART. 13

Férias e suspensão do processo Durante as férias forenses não correm os prazos processuais, não fica ele realmente suspenso, embora durante elas não se deva praticar atos processuais - ART.173, caput - salvo as exceções legais - incisos I, e II e ART.174.O artigo 179 fala em suspensão do prazo e não do processo.Os atos praticados não serão nulos, tendo eficácia a partir do momento em que as férias ou feriados se encerram.O código distingue férias de feriados, a superveniência de férias em que se atribui o efeito suspensivo, artigo 179, nos feriados o que ocorre é se nele cair o vencimento se prorroga até o 1 dia útil seguinte. CPC - ART. 184

Extinção do processo

ConsideraçõeS: A relação processual se faz com o objetivo de compor ou solucionar a lide, atingindo essa meta o processo se exaure naturalmente - mas certos fatos extraordinários, podem impedir o prosseguimento da marcha processual e causar sua interrupção definitiva, sem que solucione-se a lide; no primeiro temos com julgamento do mérito - CPC - artigo 269, e no segundo sem julgamento do mérito - CPC - artigo 267.Processo só se extingue com sentença, ato que põe fim ao processo.Em ambos os casos o ato do juiz necessário para por fim a relação é a sentença, cujo recurso contra ela cabe a apelação.

SENTENÇA DE MÉRITO: (DEFINITIVA) a que ao encerrar o processo compõe a lide; SENTENÇA TERMINATIVA: a que extingue o processo sem dar solução ao litígio.

Extinção do processo sem julgamento do mérito - CPC - ART. 267 Ocorre quando o juiz põe fim ao processo - relação processual - sem dar uma resposta positiva ou negativa ao pedido do autor - sem outorga-lhe a tutela jurisdicional, que tornou-se inadmissível diante do caso concreto.

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Pode dar-se nas seguintes fases do processo, a negativa da prestação jurisdicional - sem julgamento do mérito:Logo após a propositura da ação, através do indeferimento da inicial;Na fase destinada ao saneamento do processo, ou seja, na sentença proferida antecipadamente conforme o estado do processo;Sentença proferida ao final do procedimento;Em qualquer fase do processo: abandono da causas, compromisso arbitral etc.

Casos de extinção sem julgamento do mérito - conforme o CPC

I- QUANDO O JUIZ INDEFERIR A PETIÇÃO INICIAL:Nas hipóteses do artigo 295, o deferimento da inicial não tem efeito preclusivo, de modo que mesmo depois da contestação o juiz poderá voltar ao exame da matéria, em vez de reconhecer a inépcia da petição, decretar a extinção do processo.

II- QUANDO FICAR PARADO DURANTE MAIS DE 1 (UM) ANO POR NEGLIGÊNCIA DAS PARTES;

III- QUANDO, POR NÃO PROMOVER OS ATOS E DILIGÊNCIAS QUE LHE COMPETIR, O AUTOR ABANDONAR A CAUSA POR MAIS DE 30 (TRINTA) DIAS;Inércia da parte que acarreta a suspensão do processo, presume-se a desistência da pretensão à tutela jurisdicional. Equivale ao desaparecimento do interesse que é condição para o regular exercício do direito de ação.

Presume-se quando as partes se desinteressam-se e negligentemente deixam o processo paralisado por mais de uma ano. Quando o autor não promove atos que lhe competir por mais de 30 dias.A extinção se dá por provocação da parte, do Ministério Público ou decretada de ofício pelo juiz.

A decretação não se dá de imediato, após os prazos (1 ano e 30 dias), o juiz deverá mandar intimar a parte pessoalmente para dar andamento ao feito em 48 horas, só após essa diligência será possível a sentença de extinção, bem como a ordem de arquivamento dos autos. CPC - ART. 267 - § 1A intimação pessoa da parte visa a extinção de consistir a negligência do advogado e não da parte em si.

CUSTAS - CPC - ART. 267 - § 2: 1- negligência de ambas as partes, não há condenação à verba de honorários de advogados;2- negligência do autor, este será condenado as custas e honorários advocatícios.

Frente ao sistema de impulso oficial do processo, artigo 262, o juiz não está obrigado a aguardar, a provocação do interessado para extinguir a relação processual abandonada pela partes.

Verificada a paralisação, intimada de ofício a parte, e o mesmo se dá não sanado, o juiz decreta a extinção do processo, sem postulação do interessado ou Ministério Público - É o que também autoriza o indeferimento da inicial, não condicionado a provocação da parte.Se, porém, o abandono, for só do autor, se o réu não for revél, não deve o juiz decretar a extinção, sem antes ouvir o de mandado, se, no entanto, o abandono for de ambos, o juiz decreta a extinção de ofício.

IV- QUANDO SE VERIFICAR A AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO:Processo: relação que necessita de certos requisitos ou pressupostos para se desenvolver validamente. São pressupostos:1- SUBJETIVOS: os sujeitos do processo - juiz e partes - ; competência, ausência de impedimentos ou suspeição dos órgãos jurisdicionais; no que se refere ao litigante capacidade civil de exercício, ser representado por advogado;

2- OBJETIVOS: regularidade dos atos processuais - rito, ausência de fatos impeditivos etc..

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Pressupostos podem se verificar desde logo, sua falta, logo no início leva ao indeferimento da inicial - ainda em toda a fase de saneamento, até mesmo no julgamento final a questão continua sujeita a apreciação, não há preclusão temporal para motivos de pressupostos processuais e condições da ação CPC - ART. 267 - § 3.Pressupostos são requisitos de ordem pública, que legitimam o próprio exercício da jurisdição, por isso não precluem.Pressupostos podem faltar, decorrente de fatos supervenientes a regular instauração do processo, perda da capacidade da parte - não substituição do advogado falecido no curso do processo etc.., não sendo superado o impecilho surgido incidentalmente, será extinto o processo sem julgamento do mérito, na fase em que tiver, o mesmo ocorre quando o advogado do autor renuncia ao mandato. CPC - ART. 265, § 2 e 45.V- QUANDO O JUIZ ACOLHER A ALEGAÇÃO DE PEREMPÇÃO, LITISPENDÊNCIA OU DE COISA JULGADA:

A extinção do processo por abandono da causa, não impede que o autor volte a propor nova relação processual, a mesma ação. A renovação da ação é limitada, extinto o processo por 3 vezes, com fundamento no art 267. - III, ocorre a perempção - consiste na perda do direito de renovar a propositura da mesma ação . CPC - ART. 268PEREMPÇÃO: causa de perda de ação, mas não impede que invoque o seu direito material em defesa, quando se abrir o processe por iniciativa de outra parte.LITISPENDÊNCIA e COISA JULGADA: não se tolera que uma mesma lide seja objeto de mais de um processo simultaneamente, nem que, transitado em julgado, volte a mesma lide ser discutida em outro processo.Demonstrada a litispendência ou coisa julgada, verificada a identidade da parte, objeto e causa petendi, entre dois processos, o segundo deverá ser extinto sem apreciação do mérito; decretado de ofício ou a requerimento da parte, contrariamente as demais causas, impede que o autor intente novamente com a mesma ação. CPC - ART. 267 - § 3.Embora, não se trate de sentença de mérito, sua função é o equivalente o da coisa julgada material. CPC - ART. 467.Litispendência sua exceção não afeta a competência da segunda causa, se afigura como condição objetiva de improcedibilidade, sua repercussão é menor.Litispendência só ocorre internamente, nunca internacionalmente. A sentença estrangeira, homologada pelo STF, pode servir como coisa julgada.

VI- QUANDO NÃO CONCORRER QUALQUER DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO, COMO A POSSIBILIDADE JURÍDICA, A LEGITIMIDADE DAS PARTES E O INTERESSE PROCESSUAL:Direito de ação, direito público subjetivo, à prestação jurisdicional do Estado, para obter solução da lide - sentença de mérito - para tanto deve o autor atender certas condições, sem as quais o juiz não atenderá seu pedido.São as condições do exercício do direito de ação - condição da ação - não se confundem com pressupostos processuais, estes dizem respeito apenas à validade processual, já as condições da ação relacionam-se com a possibilidade ou não de obter-se dentro de um processo a sentença de mérito.Trinômio para consecução do objeto do processo : pressupostos processuais condições da ação mérito.Condições da ação: situam-se em posição intermediária, entre o mérito e os pressupostos processuais.Para obter-se a composição do litígio = mérito - deve não só constituir uma relação processual válida, mas também satisfazer as condições jurídicas requeridas, para que dentro do processo se manifeste sobre o pedido.CONDIÇÕES DA AÇÃO - SEGUNDO O CPC:

possibilidade jurídica do pedido; legitimidade para causa; interesse jurídico na tutela jurisdicional.

Inexistência de condições de ação - carência de ação - por não dizer respeito ao mérito, não produz eficácia coisa julgada material, por isso não impede que a parte venha novamente propor a mesma lide. A proclamação da carência de ação, pode ser feita por iniciativa da parte ou de ofício CPC - ART. 267 - § 3

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Condições da ação: sendo requisitos de legitimidade da própria atuação do Poder Judiciário, podem ser examinados a qualquer tempo, não estão sujeitos a preclusão, enquanto não houver sentença de mérito, ainda que o saneador reste irrecorrido.Condições da ação, devem existir no momento em que se julga o mérito e não apenas no ato de instauração do processo, assim, se instaurada a ação , com inexistência de alguma condição, e esta veio a ser suprida, antes da declaração de carência, é cabível o julgamento com mérito; não se trancando o processo mediante a sentença terminativa.

VII- COMPROMISSO ARBITRAL:Partes podem usar a faculdade do artigo 1037 do CC, confiando a árbitros a solução do litígio, o processo anteriormente instaurado, perde sua finalidade e deve ser declarado extinto, antes de alcançar a decisão de mérito.Não se confunde o juízo arbitral (compromisso), com a simples cláusula compromissórias, mera previsão de juízo arbitral. acordo de vontade no sentido de submetê-lo, concretamente, a julgamento particular de árbitros escolhidos no próprio ato.CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA: não obriga, nem prejudica o direito de recorrer a jurisdição, pois a está ninguém pode ser impedido, pode-se procurar solução da lide fora do Poder Judiciário, mas não se pode impedir o acesso a este.

VIII- QUANDO O AUTOR DESISTIR DA AÇÃO:Desistência, do autor, quando este abre mão do processo, e não do direito material que possa ter eventualmente perante o réu. Daí porque a desistência provoca a extinção do processo sem julgamento do mérito, e não impede que o autor reproponha a mesma ação, visto que, inexiste, in casu, a eficácia da coisa julgada.Desistência, ato unilateral do autor, deve ser praticado antes de vencido o prazo de resposta do réu, ou melhor, se este ainda não apresentou sua contestação, pois se o réu, assim já o fez, ainda que não vencido o prazo para sua resposta, já não pode mais o autor desistir, sem o assentimento do demandado - ato bilateral. Ultrapassado o prazo de resposta, tornando-se o réu, revel, não tem sentido exigir seu consentimento, para que o autor desista da ação, posto que, a atitude do autor, só benefício pode lhe trazer.Pode, tacitamente o autor abandonar o processo artigo 267- III.O limite do direito de desistir da ação é a sentença, de sorte que não é concebível a desistência da causa em grau de apelação ou outro recurso posterior.Se a causa esta pendente de recurso a ser interposto pelo autor, este pode desistir do recurso, mas não da ação, com a desistência do recurso opera-se o trânsito em julgado da decisão recorrida, com a desistência da ação, far-se-ia, cair a decisão de mérito.Depois da sentença de mérito pode haver renúncia ao direito sobre que se funda a ação, que não depende de anuência do réu.Desistência - ato unilateral ou bilateral, só produz efeitos após ser homologada por sentença. CPC ART. 158

IX- QUANDO A AÇÃO FOR CONSIDERADA INTRANSMISSÍVEL POR DISPOSIÇÃO LEGAL:Intransmissibilidade, conseqüência de sua natureza jurídica de direito personalíssimo ou de expressa vedação legal à transmissão do direito subjetivo, morto o titular extingue-se o próprio direito; não há sucessão de fato nem de direito.

X- QUANDO OCORRER CONFUSÃO ENTRE AUTOR E RÉU:Processo relação de três pessoas: autor - juiz - réu, se as duas partes se confundem, por sucessão, numa só pessoas, deixa de existir um dos sujeitos da relação processual, logo desaparece a própria relação.

Processo pressupões litígio, conflito de interesses entre partes, se não existem duas partes, mas apenas um interessado, desapareceu a própria lide, sem a qual, não se justifica a relação processual.

Efeitos da extinção sem julgamento do mérito

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1- SENTENÇA TERMINATIVA: Encerra o processo sem julgamento do mérito, não faz coisa julgada material, já que não chegou a apreciar a substância da controvérsia estabelecida entre as partes, em torno da relação material - lide.2- EFEITO DA COISA JULGADA FORMAL: isto é, o de impedir que dentro do processo, volte a parte a postular novo julgamento, depois de exaurida a possibilidade de impugnação recursal; isto, entretanto, não impede que a parte renove a propositura da ação. (art. 268, 1ªparte).A petição inicial, não deverá ser despachada, sem provo de pagamento ou depósito das custas e honorários advocatício devidos pelo feito anterior .(art.268, 2ª parte).Não obstante há três casos em que a sentença terminativa, tal como a definitiva (mérito) impede a renovação do processo, quando a extinção for decretada por reconhecimento de litispendência, coisa julgada ou perempção. CPC - ART. 268

Iniciativa da extinção do processoPressupostos processuais, condições da ação, perempção, litispendência e coisa julgada; o juiz de ofício em qualquer tempo ou grau de jurisdição, enquanto não proferida definitivamente a sentença de mérito. Incumbe ao réu o dever processual de alegar essas preliminares na primeira oportunidade que lhe couber falar nos autos, não há preclusão, o juiz pode reconhecê-los posteriormente de ofício, sendo o réu responsável pelas custas , acarretada com o retardamento. CPC - ART. 267 - § 3O juiz não deve extinguir desde logo o processo, sem apreciação do mérito, só porque encontrou defeito nas questões preliminares de formação da relação processual. CPC - ART. 327

Extinção do processo com julgamento do mérito: -cpc - art. 269

MÉRITO: parte principal, a essência do processo, é composto:1- FATOS: o que a parte pode alegar e será objeto de prova;2- FUNDAMENTOS: base do direito do autor, pode ser lei, contrato usos e costumes. não é o fundamento legal (artigos de lei) é o fundamento jurídico, pode ser a própria lei;3- PEDIDO: pretensão do autor, objeto.

FATO + FUNDAMENTO = CAUSA DE PEDIR + PEDIDO = MÉRITO

Lide e Mérito da causa, são sinônimos para o CPC.

Pedido do autor, na propositura da ação, revela processualmente, qual a lide que se pretende compor, através da tutela jurisdicional.“O julgamento desse conflito de pretensões (lide ou litígio) mediante o qual o juiz, acolhendo ou refutando o pedido dá razão a uma das partes e nega-a a outra, constitui uma sentença definitiva de mérito.” Alfredo Buzaid.

As próprias partes por vezes podem antecipar a solução da lide, por si próprias, no curso do processo, cabendo, então, ao juiz, homologar o negócio jurídico praticado pelo litigante, integrando-o ao processo e dando-lhe eficácia ao de julgamento de mérito. CPC - ART. 269, II e IV.Nesses e nos demais casos, a lide deixa de existir, com julgamento do mérito, ainda que seja a sentença, meramente homologatória, é imprescindível, em todos os casos a sentença do juiz. A rigor, não é a sentença do juiz que faz a relação processual se extinguir, pois mesmo depois dela pode o feito prosseguir na esfera recursal. É a coisa julgada formal - exaustão dos recursos ou perda de prazo para manifestá-los que põe termo ao processo após sentença ou acordo.Sentença é o último ato antes do encerramento da relação processual.

Causas de extinção com julgamento do mérito - conforme o cpc

I- QUANDO O JUIZ ACOLHER OU REJEITAR O PEDIDO DO AUTOR: Forma mais pura e completa de compor o litígio - lide - Acolhendo ou rejeitando o pedido, o juiz proclama qual das partes tem a melhor pretensão, no conflito de interesses que gerou a lide. Exterioriza-se esse julgamento pela declaração de IMPROCEDÊNCIA ou PROCEDÊNCIA do pedido e nunca da ação. Pode ser no todo ou em parte, do pedido

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II.- QUANDO O RÉU RECONHECER A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO:Dá-se o reconhecimento do pedido pelo réu, quando esse proclama expressamente que a pretensão do autor é procedente, é a sua adesão àquilo que contra ele foi pedido. Difere reconhecimento da confissão, esta se refere com fatos em discussão, sem que a parte se manifeste sobre a jurisdicialidade da pretensão do outro litigante; àquela refere-se diretamente ao próprio direito material, sobre o qual se funda a pretensão do autor. É o reconhecimento forma de antecipar a solução da lide, pela aceitação da procedência do pedido pelo demandado, antes que o juiz se manifeste sobre ele; só restando ao mesmo, dar por findo o processo e por solucionada a lide nos termos do próprio pedido, a que aderiu o réu.Reconhecimento acarreta o desaparecimento da lide, já que sem a resistência de uma das partes, deixa de existir o conflito de interesses.Como forma de autocomposição do litígio, o reconhecimento do pedido, só é possível nos conflitos sobre direitos disponíveis. Pode o reconhecimento ser nos autos, ou documento a parte, feito pessoalmente, ou por meio de advogado com poderes para tal. O reconhecimento, não dispensa a sentença do juiz, declarando a procedência do pedido, com fundamento na adesão do réu à pretensão do autor, solucionando o processo com julgamento do mérito.

III- QUANDO AS PARTES TRANSIGIREM:Transação, negócio jurídico bilateral, realizado entre partes para prevenir ou terminar litígio mediante concessões mútuas. Forma de autocomposição, dispensa o pronunciamento do juiz sobre o mérito da causa. Juiz verifica a capacidade das partes, a licitude do objeto e regularidade formal do ato, integrando-o. Achando-se em ordem o processo, com a solução da lide pendente, sua homologação pelo juiz , adquire força de extinguir o processo como se o julgamento do mérito houvesse sido proferido pelo juiz. Transação pode ser feita por documento à parte ou em termo nos autos. Só pessoas maiores e capazes podem transigir, e, some, sobre direitos disponíveis.Transação tem dois momentos de eficácia:

1- entre as partes : ato jurídico perfeito e acabado, logo que ocorre a declaração de vontades convergentes de ambos os litigantes;

2- para o processo: fator de extinção da relação processual pendente, o efeito se dá no momento em que o juiz, homologa o negócio jurídico entre as partes.

HOMOLOGAÇÃO: ato jurisdicional dotado de dupla eficácia, põe fim a relação processual em curso, e outorga ao ato negocial das partes a qualidade de ato processual com aptidão para gerar a res iudicata e título executivo judicial, conforme a natureza do acordo.Sentença não é condição de validade da homologação, o acordo de vontades por si só é um negócio jurídico perfeito e acabado, pode haver transação antes do ajuizamento da ação, em tal hipótese nenhuma necessidade há de sujeitar-se o negócio jurídico à aprovação da autoridade judicial.Somente com o dissídio posto em juízo, é que torna-se necessária, a homologação da transação, pois seu efeito repercurte sobre a relação processual que é de direito público, e envolve também o juiz, único sujeito da relação processual que tem poderes para extingui-la.Uma vez que a transação ache-se perfeita e acabada, impossível o arrependimento unilateral, mesmo que ainda não homologada em juízo, só sendo possível ser rescindida, por vício de consentimento em outro processo.

IV- QUANDO O JUIZ PRONUNCIAR A DECADÊNCIA OU A PRESCRIÇÃO:Os atos jurídicos são afetados pelo tempo - decadência e prescrição - são efeitos que o transcurso do tempo pode produzir sobre os direitos subjetivos no tocante a eficácia e exigibilidade.

PRESCRIÇÃO: sanção que se aplica ao titular do direito, que permanece inerte diante de sua violação por outrem, perde este após o lapso de tempo, previsto em lei, o actio, ou seja , a possibilidade de fazer valer o seu direito subjetivo.

Não há, contudo, perda da ação, no sentido processual, pois diante dela há o julgamento do mérito, de improcedência do pedido.

Com a prescrição não desaparece o direito e sem a possibilidade de fazê-lo valer. Também a ação fica de pé, pode ser movido, será inútil para fazer valer o direito, mas terá utilidade de obter uma decisão judicial que espanque dúvidas quanto a prescrição.

DECADÊNCIA: É a extinção, não da força do direito subjetivo, mas do próprio direito, quer pela própria lei ou convenção, nasceu com prazo certo de eficácia. Reconhecimento da decadência é o reconhecimento da própria existência do direito invocado pelo autor. Direito caduco.

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Comprovada a prescrição ou decadência, o juiz desde logo rejeitará o pedido, no Estado em que estiver, independentemente de exame dos demais fatos e provas dos autos.

PRESCRIÇÃO: como é renunciável, depende de provocação da parte, a que beneficia, sempre que o litígio verse sobre questões patrimoniais.

DECADÊNCIA: para ser acolhido, não depende de provocação da parte interessada, o juiz pode fazê-lo de ofício.

V- QUANDO O AUTOR RENUNCIAR AO DIREITO SOBRE QUE SE FUNDA A AÇÃO:baseia-se em fatos e fundamentos jurídicos, dos quais decorre a pretensão de direito subjetivo - material - cujo exercício estaria sendo obstado pela resistência do réu..Ocorre, para esse inciso, renúncia quando de forma expressa o autor abre mão do direito material que invocou, quando da dedução de sua pretensão em juízo.Demitindo de si a titularidade do direito que motivou a lide, o autor elimina a própria lide, sem lide não há processo, por falta de objeto.Manifestada e provada a renúncia do autor, ao direito material, sobre o qual se funda a ação o juiz dá por finda a relação processual, através da sentença, reconhecendo solucionada a lide, com julgamento do mérito.

Direitos indisponíveis não podem ser renunciados pelo autor. Não há renúncia condicional ou a termo, como no direito material, a renúncia do direito em que se funda a ação deve ser sempre pura.Para a renuncia a parte deve ser capaz, pode ser feito por advogado com poderes especiais. Não há renúncia tácita, pode ser por documento ou termo nos autos.Renúncia difere de desistência: aquela, embora submeta-se também a sentença homologatória, elimina a reabertura do processo em torno da mesma lide, há coisa julgada material; nesta o efeito da sentença é meramente formal, não há decisão de mérito, o autor pode repropor outra ação.Renuncia ao direito material, elimina direito de ação, a desistência não o atinge.A renúncia não depende de aquiescência do réu, já que favorece à este. Pode ser argüida a qualquer tempo, até mesmo em grau de recurso, desde que não esteja encerrado por meio de coisa julgada.

DOS SUJEITOS DO PROCESSO Juiz

Há no judiciário brasileiro órgãos judicantes singulares e coletivos.

Juizes pessoas que em nome do Estado, exercem o poder jurisdicional.No 1 grau da jurisdição civil: órgão monocráticos ou singulares, formados por um único juízo;No 2 grau da jurisdição civil: instância recursal, os juizes são coletivos ou colegiados: desembargadores ou ministros.Juiz poder presidencialista dentro do processo, cabe-lhe dirigir os trabalhos, manter a ordem e a lei, tem direito de ofício, incluem os provimentos cautelares.

Requisitos do juiz A função jurisdicional para ser válida, em qualquer grau de jurisdição para ser válida e eficazmente exercida reclama a concorrência de vários requisitos jurídicos:1- JURISDICIONALIDADE: devem estar os juizes investidos do poder de jurisdição2- COMPETÊNCIA: devem estar dentro da faixa de atribuição atribuídas em lei;3- IMPARCIALIDADE: devem ficar na posição de terceiros em relação a parte interessada;4- INDEPENDÊNCIA: sem subordinação jurídica, aos tribunais superiores, executivo, legislativo, vincula-se somente ao ordenamento jurídico.5- PROCESSUALIDADE: obedecer a ordem processual estabelecida por lei, evitando tumulto, arbitrariedade, etc..

Garantias da magistratura: CF- ART. 95 Para assegurar a independência do juiz, para que ele possa bem julgar, a Constituição outorga-lhe três garantias especiais:1- VITALICIEDADE: não podem perder o cargo, salvo por sentença judicial;

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2- INAMOVIBILIDADE: não podem ser removidos compulsoriamente, salvo por interesse público, reconhecido por 2/3 do tribunal competente.3- IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS.

Poderes e deveres do juiz Legislador processual põe nas mãos do juiz poderes e deveres de observar as normas e conteúdos. CPC - ART. 125É direito da parte de exigir que o magistrado use desses poderes sempre que a causa tome rumo contrário aos desígnios de direito processual.Estando privada a parte de fazer justiça com as próprias mãos, em nenhuma hipótese o juiz deve abster-se de prestar a tutela jurisdicional. CPC - ART. 126 e 127.No processamento e julgamento da lide, deve o juiz, conforme o CPC:observar normas legais, o juiz não legisla, apenas aplica a lei;somente quando não houver norma legal, sobre o tema, é que o juiz, tendo o dever de julgar, deve recorrer a analogia, costumes e princípios gerais do direito.eqüidade somente nos casos previstos em lei. Não pode o juiz decidir fora do limite da lide, conhecer questões suscitadas , que dizem respeito a iniciativa da parte. Não se permite o julgamento extra, ultra ou citra petita. O juiz deve obstar a fraude, quando dela convencer-se. Deve, determinar a produção das provas, na apuração da verdade dos fatos que interessam à solução da causa, indeferindo as diligências inúteis e protelatórias. CPC - ART. 128 e 129.

Ao apurar as provas o juiz fará livremente, não podendo ir além do pedido. Não pode ser arbitrário, deve apreciar segundo critérios legais, devendo fundamentar a sentença com os motivos expressos de seu convencimento, aliás o fundamento das decisões, é obrigatório, sob pena de nulidade. CPC - ART. 130 e 131 c/c CF - ART. 93, IX.

Deve ser observada a identidade física do juiz, vinculação do juiz da causa só ocorre quando na audiência houver coleta de provas orais, pois este é que fundamenta o princípio da identidade física do juiz. Simples remoção do juiz, mesmo quando para outra comarca, não o desvincula da obrigação de sentenciar , se foi quem conduziu e encerrou a instrução do feito. CPC - ART. 132

Responsabilidade do juiz - CPC. Art 133 1- OBJETIVA : exceção no direito brasileiro, só possível com autorização legal, não há necessiadade da conduta ser dolosa ou culposa, basta o nexo de causalidade entre a atitude e o dano. Encontramos este tipo de responsabilidade, nos tranportes ferroviários e no Código de defesa do consumidor.2- SUBJETIVA: regra geral no direito civil brasileiro, todo aquele que causar prejuízo à outrem agindo com culpa ou dolo, fica obrigado a repara o danoForça maior ou caso fortuito eximem s responsabilidade.Responsabilidade do juiz - subjetiva na modalidade dolosa.

Garantia de imparcialidade do juiz Imprescindível a lisura e prestígio das decisões judiciais a inexistência da menor dúvida sobre motivos de ordem pessoal, que possam influir no ânimo do julgador.Não basta que na sua consciência, o juiz, sinta-se capaz de exercitar seu ofício com habitual imparcialidade; é necessário que não suscite em ninguém á dúvida de que motivos pessoais não influam no seu ânimo.Fixa o CPC causas que tornam o juiz impedido ou suspeito - vedando-lhe a participação em certas causas. As causas, impedimento e suspeição são arguidas por meio de exceção.

1- IMPEDIMENTOS:Mais graves, que se desobedecidas tornam vulnerável a coisa julgada, ensejam ações rescisórias da sentença. CPC - ART. 485, II e 134No caso do inciso IV do artigo 134, observe-se que a parte não pode mudar de advogado apenas para provocar o impedimento do juiz. Esse impedimento só ocorre quando o juiz da causa, já encontra o advogado atuando - artigo 134 - parágrafo único.Caso especial de impedimento no tribunal: CPC - ART. 136

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2- SUSPEIÇÃO;Permitem o afastamento do juiz, mas não afetam coisa julgada, se não houver oportuna recusa de julgador pela parte. CPC - ART. 135Suspeição e Impedimento aplica-se tanto à juizes singulares como membros do tribunal. Motivos legais de impedimento e suspeição são de direito estrito, não admitindo-se aplicação analógica e nem interpretação extensiva.

Declarando-se o juiz suspeito, por motivo de foro íntimo, artigo 135, parágrafo único; não necessita declará-lo e explicitá-lo o julgador. CPC - ART. 137 e 304

É um dever para o juiz reconhecer e declarar, ex officio, seu próprio impedimento ou suspeição. Há, também, para parte, o remédio processual adequado para afastar a causa do juiz suspeito ou impedido, quando viola o direito de abstenção. Processa-se através do incidente de impedimento ou suspeição, sendo autuado em apenso ao autos principais, e tem efeito suspensivo com relação ao processo. CPC - ART. 299, 306, 312, 313 e 314

Atos do juiz Juiz está dotado de duas espécies de poder:

dar solução à lide; conduzir o feito - segundo o procedimento legal, resolvendo todos os incidentes que surgirem

até o momento adequado à pretensão jurisdicional;O juiz pratica atos de duas naturezas:

Decisórios: conteúdo de deliberação ou comando; Não Decisórios: apenas função administrativa ou de polícia judiciária.

ATOS DECISÓRIOS: Conforme a natureza do processo, cognição ou de execução, os atos do juiz podem ser divididos em:1- ATOS DECISÓRIOS PROPRIAMENTE DITOS:Visa-se prepara ou obter declaração da vontade da lei frente ao caso concreto;2- ATOS EXECUTÓRIOS:procura-se a realização da mesma vontade, da lei, através de providências concretas sobre o patrimônio do devedor, para satisfação do direito do credor.“A atividade do juiz, no desenvolvimento da relação processual, se manifesta especialmente por meio de atos decisórios - despachos e sentenças.” M. Amaral Santos. CPC - ART. 162

Enumeração dos atos decisórios feitos no próprio CPC, para superar divergências doutrinárias de classificação dos atos decisórios, o próprio CPC os definiu.1- Sentença;2- Decisão interlocutória;3- Despacho.

DECISÃO: todo e qualquer pronunciamento do juiz resolvendo ema controvérsia, com o que abrange no seu significado as próprias sentenças.

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: CONTEÚDO ESPECÍFICO: deliberação que solucionam questões incidentes no curso do processo, que não levam ao encerramento do feito - sob pena de nulidade, devem ser adequadamente fundamentada. CPC - ART. 165 c/c CF - ART. 93, IX.

DESPACHOS: são ordens judiciais dispondo sobre o andamento do processo - denominados ordinatórios ou de expediente - não decidem incidente algum - tão somente impulsionam o processo.

Despacho difere de decisão, pois do primeiro não cabe recurso algum, enquanto desta sempre cabe agravo. CPC - ART. 504Caso os despachos, ultrapassem os seus limites, de impulso processual, e acarretam ônus ou afetam direito, causando algum dano, deixa de ser despacho de mero expediente e enseja recurso.

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Despachos, não podem ser objeto de recurso, portanto não precluem, assim é que a citação ordenada no despacho liminar, não impede que o juiz, posteriormente declare inepta a petição inicial em que o referido despacho foi requerido.

Sentença Titular do interesse em conflito - sujeito da lide - tem o direito subjetivo - direito de ação - à prestação jurisdicional, a que corresponde um dever do Estado-juiz (declaração da vontade concreta da lei, para por fim a lide) é através da sentença que o Estado satisfaz esse direito.“Sentença é emitida como prestação do Estado, em virtude da obrigação assumida na relação jurídica processual - processo - quando as partes vierem a juízo, exercerem a prestação à tutela jurídica.” Pontes de Miranda.

Classificação da sentença:1- TERMINATIVAS:Põe fim ao processo, sem lhe resolver entretanto o mérito - art. 267 - após ela subsiste ainda o direito de ação - direito de instaurar outro processo sobre a mesma lide, já que está não chegou a ser apreciada.2- DEFINITIVAS:decidem o mérito da causa no todo ou em parte, por isso extinguem o próprio direito de ação.O CPC engloba as duas espécies - art.162 -, aludindo as suas diferenças no art 459.

Válido lembrar que a extinção do processo, embora ligada à sentença, só ocorre, na realidade quando se opera a coisa julgada formal, ou seja, quando o pronunciamento judicial se torna irrecorrível. Sentença encerra a atividade jurisdicional do órgão judicante perante o qual pendia a causa.Além, desses atos o juiz pratica outros. Ex.: oitiva de testemunhas, presidência do processo,etc...

Não pode o juiz se eximir de julgar, por falta de amparo legal, lei omissa e obscura, juiz socorre-se:1- ANALOGIA: casos iguais, semelhantes, decisões semelhantes;2- COSTUMES: pouca influência no direito cível, maior no direito comercial.3- PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: alicerces do direito, princípios elementares;4- EQUIDADE: só utilizável quando a lei autorizar, afasta o rigorismo da lei.

PartesProcesso estabelece-se plenamente com a participação do autor - juiz - réu - judicium est actum trium personarum: judicis, actores et rei.Gera o processo uma relação trilateral, vinculando autor - juiz - réu, onde todos buscam solução para o conflito de interesses estabelecidos em torno da pretensão de direito material, de um dos litigantes e da resistência do outro.

Parte - sujeito da lide - sujeito do processo - no sentido de que é uma das pessoas que fazem o processo - seja ativo ou passivo.

PARTE: Sujeito da lide - sentido material; Sujeito do processo - sentido processual.

Nem sempre são as mesmas.

PARTE: direito processual, pessoa que pede ou perante a qual se pede e, nome próprio a tutela jurisdicional .A que invoca a tutela jurídica do Estado, toma posição ativa de instaurar a relação processual denomina-se autor.A que fica na posição passiva e sujeita-se a relação instaurada pelo autor denomina-se réu ou demandado.Sujeitos diretos: autor, juiz e réu - Sujeitos indiretos: perito, auxiliares, etc..

Conforme o tipo de ação, procedimento ou fase processual, a denominação das partes variam:

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autor réu processo de conhecimento;excepiente exceto: nas exceções;reconvinte reconvindo: na reconvenção;recorrente recorrido: nos recursos em geral;apelante apelado: nas apelações;agravante agravado: nos agravos;embargante embargado: nos embargos de terceiros ou do

devedor;denunciante denunciado: intervenção de terceiros.credor devedor: execução;requerente requerido: cautelar.

Jurisdição voluntária não há partes.

Substituição processual Em regra, a titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito material subjetivo, envolvido na lide CPC - ART. 6Só por execeção, que a parte processual é distinta daquele que é a parte material do negócio jurídico litigioso - quando ocorre dá-se a substituição processual - consiste em demandar a parte, em nome próprio, a tutela de um direito controvertido de outrem, - somente nos caos previstos em lei.

Substituição da parte - alienação do bem litigioso: Com todos elementos integrados o processo se estabiliza, substituição de partes, somente nos casos expressos em lei. CPC - ART. 41

Isto não significa que o titular do direito material litigioso, não possa transferi-lo na pendência do processo, mas não poderá deixar de ser parte da relação processual, onde as partes da alienação passam a agir como substituto processual do adquirente. CPC - ART. 42

Haverá mudança na situação jurídico material, mas não na formal o adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, para ocupar a posição do transmitente, salvo se o outro litigante consentir, tem sempre assegurado o direito de intervir no processo para assistir o transmitente. CPC - ART. 42 e 50.

A alteração de direito material, por não refletir na situação processual pendente, nenhum prejuízo acarretará à força da sentença, cujos efeitos se estenderão normalmente aos sucessores das partes entre as quais foi prolatado o julgado.

A alteração estatutária da pessoa jurídica, não são consideradas substituições, por não se tratar de transmissão a título particular.No caso de morte de qualquer dos litigantes, deve ser substituído por espólio ou sucessores - salvo se o direito for intransmissível, suspende-se o processo para habilitação dos interessados. CPC - ART. 43 e CPC - ART. 265, § 1

Substituição do advogado Pode ser provocado pela parte, pelo próprio causídico, ou decorrer de força maior.A parte revogando o mandato outorgado, deve constituir outro no mesmo ato CPC - ART. 44Desobedecendo essa regra , leva a extinção do processo, pois fica o autor sem um pressuposto válido para o desenvolvimento válido da relação processual. CPC - ART. 267, III.

Se a omissão for do réu, o processo seguirá à sua revelia com conseqüências próprias. CPC - ART. 322

Renúncia do advogado: deverá este requerer a notificação da parte para que lhe nomeie sucessor, durante 10 dias seguintes a notificação - o advogado continuará representando o mandante, para evitar-lhe prejuízo. CPC - ART. 45.

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Morte o incapacidade do advogado - suspende o processo e marca prazo de 20 dias para constituir novo procurador, se o autor não constitui - extinção do processo sem julgamento do mérito.; se do réu e este não constitui, prossegue o feito a sua revelia. CPC - ART. 265, § 2.Capacidade processual É a aptidão de participar da relação processual, em nome próprio ou alheio.

REGRA GERAL: a capacidade que se exige da parte para o processo é a mesma da que se reclama para os atos da vida civil - para a prática dos atos jurídicos de direito material.

Quando se faz necessário a representação :Incapaz ou privado de demandar pessoalmente, como o falido ou insolvente civil, o representante não é considerado como parte, mas gestor de interesses alheios.

REPRESENTAÇÃO VOLUNTÁRIA: São aquelas em que a pessoa escolha voluntariamente o representante para atuar em seu nome - derivado de negócios jurídicos, entre essas representações voluntárias, distinguem-se as necessárias, que embora o representante seja de livre escolha do representado, este não pode deixar de eleger um representante qualificado para a prática do ato. Ex.: obrigação da parte de atuar no processo por meio de advogado.

REPRESENTAÇÃO LEGAL: Oriundas da lei, como a do titular do pátrio poder em relação aos filhos menores.

Podem ser partes, pessoas naturais e jurídicas, de direito público ou privado, não tem capacidade, que não tem aptidão civil, da mesma forma que a incapacidade civil, supre-se a incapacidade processual, por meio de representação. CPC - ART. 8Capacidade de atuarem em juízo, pressuposto processual, sua inocorrência impede a formação válida da relação processual, seu exame e reconhecimento devem ser procedido ex officio do juiz.Os atos processuais do incapaz e os do juiz ou parte contrária, praticados perante incapaz, carecem de eficácia, mas podem ser convalidados com efeito retroativo, pelo representante legal das partes.Mesmo, com parte civilmente incapaz, embora regularmente representada ou assistida, haverá necessidade de intervenção do Ministério Público, sob pena de nulidade. CPC - ART. 82, I e 84.Capacidade de ser parte não cabe somente as pessoas jurídicas e pessoas naturais, certas massas patrimoniais, embora não gozem de personalidade jurídica, são admitidas a figurar em relações processuais. Inclusive pessoas denominadas formais - artigo 12 - VII -.Assim, visto, temos como parte na relação processual pessoas: naturais, jurídicas e formais.

Curador especial Em certos caos o juiz deve dar a parte um representante especial para atuarem em seu nome, apenas no curso do processo - curador especial ou curador a lide, ocorre em alguns caos de incapacidade e de revelia. CPC - ART. 9Ao curador compete velar pelos interesses da parte tutelada, com respeito a regularidade de todos os atos processuais - cabendo ampla defesa da parte representada.Não pode, naturalmente, transacionar, pois a representação é de tutela e não de disposição.Pode, peculiarmente, produzir defesa por negativa geral, vedado ao réu, obrigando, ao autor a provar suas alegações, mesmo quando não rebatidas especificamente.

Representação das pessoas jurídicas - CPC. Art. 12 e 88 No caso das pessoas jurídicas, tendo a pessoa jurídica pluralidade de domicílios , pode a citação recair na pessoa do gerente do seu estabelecimento filial, pelo qual se determinou a competência do juízo; em se tratando de sociedade em liquidação judicial, deve ser citado o liquidante e não os ex-sócios.

Quanto à sociedade que mantenham filiais urge distingüir duas situações:Em regra, a citação do gerente depende de poderes especiais, de sorte que, se a ação versar sobre atos que não foram praticados pelo citando, não basta a sua qualidade de gerente, pois indispensável será a existência de poderes adequados para o ato;

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Quando, porém, a ação versar sobre atos praticados pelo gerente da filial, a citação em sua pessoa , em face do artigo 215 § 1º, será eficaz, mesmo que não disponha de mandato especial para recebê-la; mas desde que inexista no foro competente outro representante com poderes específicos. CPC. Art. 215.IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.Havendo condomínio regularmente constituído e síndico escolhido segundo a lei da convenção : somente o síndico tem legitimidade para representar o condomínio em juízo.Administrador como simples auxiliar do síndico, não goza de poderes de representação do condomínio. Excepcionalmente, poderá desfrutar dessa representação o administrador que houver sido designado em caráter provisório em razão do litígio entre os condôminos acerca da própria administração do condomínio.Também na fase da incorporação, quando inexistir o síndico, a empresa incorporadora, assumindo a posição de administradora, goza da representação provisória do condomínio.

O artigo acima transcrito não contempla a MASSA DO INSOLVENTE CIVIL – segundo os artigos 751, II e 752 , trata-se de massa patrimonial necessária com capacidade processual ativa e passiva, cuja representação compete ao administrador nomeado pelo juiz da causa. CPC. Art. 766

Incapacidade processual Cumpre ao juiz verificar ex officio as questões pertinentes à capacidade e à regularidade da representação das partes, por se tratar de pressuposto de validade da relação processual CPC Art. 13 e 267 IV.É ônus das sociedades demonstrarem sua personalidade. Por isso ao ingressar em juízo a pessoa jurídica de direito privado deve provar sua constituição, a fim de mostrar a regularidade de sua representação.Mas não havendo dúvida sobre a existência da sociedade comercial e não tendo havido impugnação a esse respeito, dispensável é a juntada de contrato social em ação movida pela pessoa jurídica.

Deveres das partes e procuradores - CPC. Art. 14 As partes são livres para escolher os meios idôneos a consecução de seus objetivos, mas essa liberdade é disciplinada pelos fins superiores que inspiram o processo, como método oficial de procura da justa e célere composição do litígio. Daí exigência legal que as partes se conduzam com lealdade e probidade. Exemplo de improbidade: CPC. Art. 15Ocorre a violação do dever de lealdade em todo e qualquer ato inspirado na malícia ou má- fé e principalmente naqueles que procuram desviar o processo da observância do contraditório. Os deveres de lealdade tocam a ambas as partes – autor e réu – bem como – a terceiros intervenientes, e ainda aos advogados que os representem no processo.

Responsabilidade das partes por dano processual - CPC. Art. 16 Da má-fé dos litigantes surge o dever legal de indenizar. Esse dever de indenizar, alcança tanto autor, réu, como os intervenientes. A responsabilidade in casu, pressupõe o elemento objetivo dano e o subjetivo culpa, não se confundindo esta com o dolo. CPC. Art. 17 e 18.Essa reparação, que decorre de ato ilícito processual , será devida qualquer que seja o resultado da causa, ainda mesmo que o litigante de má-fé, consiga ao final sentença favorável.

Observe-se que o juiz pode condenar a parte de ofício, independente da iniciativa do lesado. Trata-se de EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DE INÉRCIA JURISDICIONAL.

Não há necessidade de ação própria para reclamar a indenização , o prejudicado demonstrando a má-fé do outro litigante , ou o juiz de ofício, poderá pedir ou condená-lo , incidentalmente nos próprios autos do processo em que o ilícito foi cometido. O parágrafo segundo limita a competência do juiz para estipular de imediato o montante da indenização – 20% do valor da causa -. Se entender que a indenização deve exceder esse montante, o juiz remeterá a estipulação à liquidação por arbitramento, procedendo, assim, também, quando lhe faltarem elementos de identificação de valor.

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A condenação do litigante de má-fé pode ocorrer assim que verificado o prejuízo, mediante decisão interlocutória e por isso AGRAVÁVEL, não cerceando o juiz por falta de exigência legal. Se, porém a condenação constar de um capítulo da sentença, o RECURSO será evidente o da APELAÇÃO.

Despesas e multas - ônus financeiro do processo - CPC. Art. 19 As CUSTAS; verbas pagas aos serventuários da justiça e aos cofres públicos pela prática de ato processual, conforme a tabela da lei ou regimento adequado. DESPESAS: compreendem as custas e todos os demais gastos efetuados com os atos do processo. CPC. Art. 20

Antecipação das despesasCumpre ao autor, além do aludido no parágrafo 2º do artigo 19, efetuar o preparo inicial, logo após a propositura da ação. CPC. Art. 257O descumprimento do ônus financeiro processual – não pagamento antecipado das despesas – conduz à não realização doa to requerido em prejuízo da parte que requereu - requereu depoimento de testemunha, Não depositou verba necessária – a diligência não será praticada, e a audiência será realizada sem a coleta do depoimento.Se a falta do ato impedir o prosseguimento da marcha processual, a falta de preparo prévio provocará a figura do Abandono De Causa – Redundando Na Extinção Do Processo Sem Julgamento Do Mérito. CPC. Art. 267, II, III e § 1º

Se a falta de preparo prévio é de custas recursais, dá-se a DESERÇÃO do recurso.

No caso de perícia: CPC. Art. 33.No caso de adiamento ou repetição do ato por culpa do MP. ou JUIZ CPC. Art. 29.Não se sujeitam ao ônus da antecipação: CPC. Art. 27

Mas há que se ressalvar os gastos a serem feitos fora dos serviços públicos, como as despesas da diligência pericial ou os honorários do perito não oficial, já que é inexigível de terceiros a prestação de serviços e a realização de despesas em benefício da Fazenda Pública, sem o imediato ressarcimento.

A sucumbência e as obrigações financeiras do processo Diversa do ônus de antecipar as despesas dos atos processuais é a obrigação que resulta para parte vencida de ressarcir à vencedora todos os gastos que antecipou. CPC. Art. 20

Qualquer que seja a natureza principal da sentença – condenatória , declaratória ou constitutiva – conterá sempre uma parcela de condenação como efeito obrigatório da sucumbência . Nessa parte formará , um título executivo em favor de quem ganhou a causa. Adota assim o código o princípio da SUCUMBÊNCIA que consiste em atribuir a parte vencida na causa a responsabilidade por todos os gastos no processo. Assenta-se na idéia de que o processo não deve redundar em prejuízo da parte que tenha razão. A responsabilidade financeira decorrente da sucumbência é OBJETIVA, para sua incidência basta , portanto, o resultado negativo da solução da causa, em relação à parte.

Não só na sentença final deve o juiz impor a condenação dos gasto processuais ao sucumbente, mas, também, ao decidir qualquer incidente ou recurso, neste caso condena o vencido somente nas despesas, e na sentença final condena o vencido nas despesas + os honorários advocatícios. Percebe-se que o código distingue entre despesas e honorários advocatícios CPC. Art. 23..

Cada sucumbente será responsabilizado , na medida do interesse que tiver no objeto da decisão. Se na relação jurídico material os litisconsortes vencidos eram solidários, também o deverão ser na sujeição à responsabilidade pelos gastos processuais do vencedor.

RESSALVAS AOS EFEITOS DA SUCUMBÊNCIA:Os efeitos da sucumbência sofrem , às vezes, influência do dolo ou culpa do vencedor. CPC. Art. 22 Isto pode ocorrer em casos que exista litispendência, prescrição, decadência, etc.. silenciado-se, o réu, na contestação, forçando um prolongamento inútil da marcha processual. CPC. Art. 24, 25, 26, 31, 32Não se pode falar em sucumbência nos procedimentos de jurisdição voluntária, por inexistência de litígio e de partes. Mas, havendo impugnação ao pedido, instala-se o contraditório que conduzirá a

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configuração de sucumbência , cabendo, então, as regras comuns das causas contenciosas. CPC. Art. 32.Não há contra ele condenação em honorários.

SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA:Opera-se a sucumbência recíproca, quando o autor sai vitorioso apenas em parte de sua pretensão. Tanto ele como o réu, serão, pois, vencidos e vencedores, a um só tempo. CPC. Art. 21Nesse caos Ter-se-á que calcular o total dos gastos do processe, e rateá-los entre os sucumbentes na proporção em que se sucumbiram

MULTAS : CPC. Art. 30 e 35

Honorários de advogado Entre os gastos necessários que a parte faz no processo figuram os honorários pagos a seu advogado. O código em matéria de honorários reserva um tratamento especial. CPC. Art. 20Só a sentença final é que resolve a questão de honorário, NÃO havendo condenação de honorário em decisão interlocutória.Pouco importa o contrato firmado entre a parte e seu advogado, ou a quantia que efetivamente lhe foi paga.Em regra somente a sentença impõe ao vencido o encargo de honorários advocatícios. Há situações especiais em que o tema terá de ser enfrentado no saneador, que nada mais é que uma decisão interlocutória. Ex.: o litisconsorte ou terceiro tem sua defesa acolhida ,em preliminar , e assim são excluídos do processo antes da sentença,terá de ser o autor , ou o requerente da intervenção indevida condenado na verba do advogado do vencedor no incidente, já que para este o processo se findou.

CABIMENTO DOS HONORÁRIOS: Ainda que não haja pedido expresso do vencedor, é devido os honorários de seu advogado, ainda que o advogado esteja funcionando em causa própria.É que o pagamento dessa verba não é o resultado de uma questão submetida ao juiz. Ao contrário é uma obrigação legal, que decorre automaticamente da sucumbência, de sorte que nem mesmo ao juiz é permitido omitir-se frente a sua incidência.Essa condenação é parte integrante e essencial da sentença – se por lapso o juiz deixar de se pronunciar a respeito, sempre será lícito à parte liquidar essa verba por arbitramento posterior para exigi-la do vencido.

Mesmo nas execuções de títulos extrajudiciais não embargados, em que inexiste sentença condenatória, o juiz imporá ao devedor a obrigação de pagar os honorários em favor do credor. Em suma , em todos os procedimentos contenciosos, inclusive nas medidas cautelares, aplica-se a condenação de honorários. Uma vez proposta a ação, torna-se obrigatória a imposição de honorários, de modo que o réu não se libera dessa sanção pelo fato de pagar a dívida logo após a citação.

INOPERÂNCIA DA SUCUMBÊNCIA: O código carreia a responsabilidade pelos honorários a uma das partes sem atentar para a sucumbência. CPC. Art. 18 e 22

EXECUÇÃO DOS HONORÁRIOS: A condenação do vencido ao pagamento de honorários é, em princípio destinada a ressarcir os gastos que o vencedor despendeu com seu advogado.

Mas a parte não tem disponibilidade dessa indenização, de modo que não pode renunciar a ela e nem fazer transação com o vencido a respeito dela, em prejuízo do causídico que o representou no processo.

A LEI 4215/63, confere direito autônomo ao advogado que funcionou no processo para executar a sentença, na parte relativa a essa verba.

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Advogados

Capacidade de postulação Não se confunde a CAPACIDADE PROCESSUAL que é a aptidão para ser parte com a CAPACIDADE DE POSTULAÇÃO, que vem a ser a aptidão para realizar os atos de maneira eficazCapacidade de postulação em nosso sistema processual compete exclusivamente aos advogados, de modo que é obrigatória a representação da parte em juízo por advogado legalmente habilitado. CPC. Art. 36

Mandato judicial Para que o advogado represente a parte no processo, há de estar investido de poderes adequados, que deve ser outorgado por mandato escrito, público ou particular. CPC. Art. 38.O artigo acima, alterado, suprimiu a necessidade de reconhecimento da firma , e a fortiori, no substabelecimento. Desaparecendo, assim, a formalidade burocrática e inútil.

O instrumento público só é obrigatório para os analfabetos ou para os que não tenham condição de assinar seu nome. Qualquer pessoa maior e capazes, mesmo os menores devidamente representados ou assistidos podem constituir advogado por instrumento particular O Estatuto da OAB admite a procuração apud acta, ou seja a lavrada pelo escrivão, nos autos do processo ou no protocolo da audiência, sob ditado da parte, em presença do juiz .

A procuração judicial não depende de especificação de poderes, pois é suficiente outorgá-la como PROCURAÇÃO GERAL PARA FORO – PROCURAÇÃO AD JUDCIA – para que o advogado esteja habilitado a praticar todos os atos do processo.

Depende, porém, de OUTORGA EXPRESSA os poderes para receber a citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. CPC. Art. 37 e 44.

Direitos e deveres Acham-se especificados no Estatuto da OAB. Entretanto o CPC, especifica certos deveres e obrigações ligados a exercício do mandato judicial. CPC. Art. 39, 40 e 45.

Ministério Público

Conceito É a personificação do interesse coletivo, ante os órgãos jurisdicionais, ou seja o representante da ação do poder social do Estado junto ao Poder Judiciário.

O órgão através do qual o Estado procura tutelar , com atuação militante, o interesse público e a ordem jurídica, na relação processual e nos procedimentos de jurisdição voluntária .O MP. procura defender o interesse publico na composição da lide, a fim de que o Judiciário solucione nesta secundum ius, ou administre interesses privados, nos procedimentos de jurisdição voluntária.

Funções Ora o MP, age como parte, ora como fiscal da lei. CPC. Art. 81 e 82.Mesmo quando se comete ao MP., a tutela de interesses particulares de outras pessoas, como os interditos, vítima pobre do delito, fazenda Pública, etc.. a sua função NUNCA é a de REPRESENTANTE da parte material, sua a posição é de SUBSTITUTO PROCESSUAL, em razão de sua própria natureza e fins da instituição ou decorrente da própria lei, sempre que age assim, em nome próprio, embora defendendo interesse alheio. O MP. é sempre parte e nunca procurador ou mandatário de terceiro. CPC. Art. 6°.

Quase sempre o MP. tem legitimidade ativa, visto que, nunca pode ser demandado como sujeito passivo – réu – pode, entretanto, assumir a defesa de terceiros, como no caso de interdição e na curatela dos revéis.

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Como fiscal da lei não tem compromisso com a parte ativa e nem passiva, só defende a prevalência da ordem jurídica e do bem comum.

Na nossa legislação – a diferença da função do MP como parte e como custos legis, é meramente nominal, pois os poderes que lhe são atribuídos são muito vastos, como os dos próprios litigantes. CPC. Art. 83 e 499.

NÃO se deve aplicar , porém aos custos legis as dilatações de prazo para recorrer previstas no artigo 188, já que esse dispositivo, se refere especificamente à sua atuação como PARTE.

Natureza MP não é órgão do Judiciário, nem poder da soberania nacional. . Figura entre os órgãos da administração pública, realiza a tutela sobre direitos e interesses, não através da jurisdição, mas através de: fiscalização, combatendo e opinando. CF. Art. 127.

Ministério Público - como parte Nos seguintes casos:

Ação de nulidade de casamento; Ação de dissolução de sociedade civil; Ação rescisória de sentença fruto de colusão das partes para fraudar a lei – ou – quando não foi

ouvido no curso do processo em que era obrigatória a sua intervenção;; Ação direta de declaração de inconstitucionalidade; Ação de indenização de vítima pobre de delito – nas medidas cautelares destinadas a mesma

indenização; No pedido de interdição ou na defesa do interditando; No pedido de especialização de hipoteca legal para garantir gestão de bens de incapaz; Ação civil pública , para defesa de interesses difusos;

Alguns privilégios são assegurados ao mp. quando age como parte - CPC. Art. 27 e 188.

Ministério público como custos legis - CPC. ART. 82 A regra é que prevalecendo o poder dispositivo das partes sobre os direitos privados, mormente aquele de expressão econômica, não cabe ao MP. intervir nas causas a ele relativasO MP. quando em todas essas eventualidades atua como custos legis, apresenta-se como sujeito especial do processo ou procedimento.“Atua em nome próprio para defesa de interesse que o Estado deve titular nos conflitos litigiosos , ou na administração judicial de direitos subjetivos, a fim de que não fiquem à mercê da vontade privada. Ou, ainda, sujeito especial que participa do processo, como viva vox de interesses da ordem jurídica a serem salvaguardados na composição da lide”. José Frederico Marques.

Ausência do ministério público no processo Nos casos em que a lei considera obrigatória a intervenção do MP, a falta de sua intimação para acompanhar o feito é causa de NULIDADE do Processo. CPC. Art. 84 e 246.

Órgãos do ministério público Está ele organizado tanto na ordem Federal, como na Estadual de forma, que cada aparelho do Poder Judiciário corresponde ao organismo próprio do MP.

STF, STJ, TRF, JUSTIÇA MILITAR, JUSTIÇA ELEITORAL, JUSTIÇA DO TRABALHO, JUSTIÇA FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA

O membro do MP. em grau máximo é o Procurado Geral da República – há um representante, do MP., atuando em cada um desses órgão

JUSTIÇA ESTADUAL - TRIBUNAIS DE 2º GRAU

Procuradores de Justiça

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JUSTIÇA ESTADUAL – 1º GRAU DE JURISDIÇÃO

Promotores de Justiça.

Princípios e garantias - CF. Art. 127, 128, 129 DA UNIDADE: o que significa que os diversos membros fazem parte de uma só corporação, e

podem ser indiferentemente substituídos um por outro em suas funções sem que haja alteração subjetiva nos processos.

DA INDEPENDÊNCIA: que significa que cada um dos membros do MP. age segundo sua própria consciência jurídica, sem se submeter a ingerência do Poder executivo, nem dos juízes, e nem mesmo dos órgãos superiores de sua instituição.

Dos auxiliares da justiça

Juiz O juiz é detentor do poder jurisdicional – para consecução de suas tarefas necessita da colaboração de órgãos auxiliares que, em seu conjunto e sob sua direção, formam o juízo.

Não é possível a prestação jurisdicional sem a participação dos funcionários encarregados da documentação dos atos processuais praticados.

O juiz conta com um auxiliar específico que pode agir isoladamente, como depositário ou intérprete, ou pode dirigir uma repartição ou serviço – ofício – como o escrivão -. CPC. Art. 139

Os serventuários do juízo costumam ser divididos em duas categorias: os permanentes e os eventuais.

PERMANENTES: os que atuam continuamente, prestando colaboração em todo e qualquer processo que tramite pelo juízo, como o escrivão, o oficial de justiça e o distribuidor.

EVENTUAIS: não integram habitualmente os quadros do juízo, são convocados para tarefas especiais, - intérprete e peritos.

Escrivão: CPC. Art. 141, 142 e 144.

Oficial de justiça : CPC. Art. 143Antigo meirinho, o funcionário do juízo que se encarrega de cumprir mandados relativos a diligências fora de cartórios: citações, intimações, notificações, penhoras, etc..Sua função é apenas cumprir as ordena dos juízes, os quais , ordinariamente, se expressam em documentos escritos – que recebem o nome de MANDADO.

Suas tarefas são de duas espécies;Atos de intercâmbio processual: citações, intimações, etc..Atos de execução ou coação: penhora, arresto, condução, remoção, etc..

Peritos PERITO: auxiliar eventual do juízo, que assiste o juiz quando prova do fato litigioso depender de conhecimento técnico ou científico. Trata-se, portanto, de um auxiliar ocasional por necessidade técnica. CPC. Art. 146 e 147.

Depositário e administrador - CPC. Art. 148, 149 e 150 O depositário é o serventuário ou auxiliar da justiça que se encarrega da guarda e conservação dos bens colocados às ordens do juízo. Quando pela natureza dos bens , além de guarda e conservação, competir ao auxiliar da

justiça praticar atos de gestão, como no caso de penhora de empresas, a função será exercida por administrador nomeado pelo juiz.

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Intérprete - CPC. Art. 151, 152 e 153 É aquele a quem se atribui o encargo de traduzir para o Português os atos ou documentos expressados em língua estrangeira ou em linguagem mímica dos surdos-mudos. Outros auxiliares Podemos citar ainda, em vista do código prever o concurso de várias pessoas: serviço postal, telefônico, força policial, Junta Comercial, etc...

LITISCONSÓRCIO

Conceituação

LITISCONSÓRCIO: Fenômeno de existência de várias partes, como autores ou réus, no mesmo processo. É o laço que prende ao processo dois ou mais litigantes, na posição de autores ou de réus.Lide em consórcio, litisconsorte é parte no processo - ativo - polo ativo; - passivo - polo passivo.

Listisconsórcio partes plúrimas.

DIFERENÇAS DE CUMULAÇÃO DE AÇÃO OU PEDIDOS DO LITISCONSÓRCIO: O primeiro diz respeito a cumulação subjetiva, de pedidos e ações no mesmo processo; o segundo diz respeito a cumulação subjetiva de vários sujeitos, no mesmo processo, como autores ou réus.

Fontes do litisconsórcioFormação do litisconsórcio não é livre, para que se forme validamente é preciso que os sujeitos da relação material - autor ou réu - guardem entre si um laço que permita prenderem-se, nos casos em que a lei autoriza. A lei prevê as fontes ou pressupostos do litisconsórcio, fora dos quais é inadmissível.São fontes ou pressupostos do litisconsórcio os elencados no artigo 46, - regra geral - e no artigo 47 temos os pressupostos do litisconsórcio necessário.

Espécies de litisconsórcio

1- QUANTO AOS SUJEITOS:A- ATIVO: Vários autores;B- PASSIVO: Vários réus;C- MISTO: vários autores e vários réus.

2- QUANTO AO MOMENTO EM QUE SE FORMA:A- INICIAL: O que surge na constituição, no início do processo, o autor demanda vários réu, vários autores demandam um réu, vários autores demandam vários réus.B- ULTERIOR: surge no curso do processo, depois de constituída a relação processual ou pela junção de duas ou mais distintas relações processuais.3- QUANTO A SUA NATUREZA:A- NECESSÁRIO: quando a lei o determina. Em regra, artigo 46, I. e artigo 47. B- FACULTATIVO: como regra, as demais hipóteses do artigo 46.

4- QUANTO A SENTENÇA A SER PROFERIDA;A- UNITÁRIA: o juiz deve decidir a lide de modo uniforme, para todos os litisconsortes. Uma só lide em discussão, seja necessária ou facultativa.B- SIMPLES: quando a decisão possa não ser uniforme para todos. Duas ou mais lides em discussão, seja necessário ou facultativo.

Litisconsórcio necessário ou indispensável Dá-se nas ações que somente podem ser intentadas pró ou contra duas ou mais pessoas, seja em razão da relação jurídica material posta em juízo, ou por disposição da lei.

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Quando os litisconsortes obrigatoriamente tiverem que atuar conjuntamente no processo sob pena de nulidade, isto porque a sentença que decide a lide de forma indivisível, para os litisconsortes, um dos litisconsortes ausentes - nulidade absoluta. CPC. ART. 47

A lei em muitos casos, impõe o litisconsórcio, tendo em vista a relação jurídica de direito material posta em juízo a ser considerada pela sentença. Ex.: CPC - ART. 10 - O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ação que versem sobre direitos reais imobiliários.I- Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações;

O litisconsórcio na generalidade dos casos não é expressamente previsto em lei, mas funda-se na natureza da relação jurídica - artigo 47 - em que se funda a pretensão. A lei processual considera os litisconsortes necessários, sempre que a pretensão dos litisconsortes ou contra os litisconsortes se funda na mesma relação jurídica.

A necessariedade litisconsorcial se funda na expressão “comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide” - artigo 46, I - ocorrendo essa comunhão, e a relação de direito material seja una e incindível quanto aos seus sujeitos ativos ou passivos, todos eles deverão necessariamente participar da relação processual litisconsorcial, já que a sentença a todos atingem.Sendo o direito um só ou a obrigação uma só, com pluralidade de titulares - pluralidade subjetiva -, há comunhão , e os comunheiros terão que se litisconsorciar.

Pode haver comunhão de direitos e obrigações sem que se imponha o litisconsórcio, sendo isso somente possível, quando por disposição da lei ou natureza da relação jurídica se permita a atuação isolada de um dos sujeitos da obrigação.

Pelo fato do litisconsórcio ser necessário, o juiz quando ele não se forma, determina que o autor tome providências para constituí-lo. CPC. ART. 47

Serão citados tantos os litisconsortes passivos como ativos, pois estes não são trazidos ao processo como autores. O juiz assinará prazo para o autor providenciar a citação, não o fazendo o juiz dará por sentença extinto o processo, por falta de uma das condições de ação e legitimação para agir. CPC - ART. 267, VI.

Litisconsórcio facultativoÉ o que depende da vontade das partes para sua formação, não sendo ela arbitrária, pois a condição para admissibilidade do litisconsórcio, funda-se nas hipóteses do artigo 46, onde encontram-se suas fontes.Quando os litisconsortes tiverem a faculdade de atuarem juntos no mesmo processo ou separadamente em processos distintos - admite sentença diferente.

I- ENTRE ELAS HOUVER COMUNHÃO DE DIREITOS OU DE OBRIGAÇÕES RELATIVAMENTE À LIDE;Quando, apesar dessa comunhão, UMA SÓ das pessoas pode ter legitimação para agir como autor e réu.Ex.: nas obrigações solidárias, o credor pode exigir o pagamento de um devedor, alguns devedores ou de todos os devedores.

II- OS DIREITOS OU AS OBRIGAÇÕES DERIVAREM DO MESMO FUNDAMENTO DE FATO OU DE DIREITO;Admite-se o litisconsórcio pela conexão parcial, a causa de pedir é parcialmente idêntica, idêntico são os fundamentos de fato ou os fundamentos de direito.Ex.: várias vítimas de acidente automobilístico podem propor isoladamente ou conjuntamente ação contra o responsável, uma vez que o fundamento de fato é o mesmo - o acidente -.

III- ENTRE AS CAUSAS HOUVER CONEXÃO PELO OBJETO OU PELA CAUSA DE PEDIR;Ocorre entre várias pessoas que propõem ou contra as quais se intentam, cumulativamente, várias ações, entre as quais existem conexão, pelo objeto ou causa de pedir.

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Ex.: Credor pode acionar o devedor, o fiador ou ambos;Justifica-se por dois motivos, o litisconsórcio fundado na conexão; economia processual e evita a possibilidade de sentenças contraditórias. CPC - ART. 103

IV- OCORRER AFINIDADE DE QUESTÕES POR UM PONTO COMUM DE FATO OU DE DIREITO;Em razões dessas afinidades permite-se a cumulação de várias lides no mesmo processo, desde que para todos o mesmo juiz seja competente e idêntico seja o procedimento Aqui as causas que se cumulam são independentes entre si, ausentes qualquer conexão entre elas.Ex.; vários contribuintes - litisconsortes - acionando a Fazenda Pública, para haver repetição do pagamento do mesmo imposto por considera-lo inconstitucional.

Parágrafo único: O juiz pode limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.”

O novo dispositivo (1994) dá ao juiz poderes para limitar de ofício ou a requerimento, o número de litisconsortes desde que seja litisconsórcio facultativo, não importando se unitário, se comum. Não assim litisconsórcio.

Inovação merece aplauso, muitas vezes, a quantidade de autor, ou de réu, entrava o andamento do processo, diante da autonomia dos litisconsortes.

O vocábulo defesa , no texto, não se empregou no sentido da resposta, mas significando o direito de cada parte postular, adequadamente , a tutela de sua pretensão.

O ato de exclusão de litisconsorte a doutrina e a jurisprudência irão atribuir, a natureza de decisão interlocutória, e por isso sujeita a agravo.

Obviamente, excluído do processo o litisconsorte ativo, nada impedirá que ele proponha a ação sozinho, ou juntamente com outros, também excluídos ou demandantes da jurisdição pela primeira vez.

O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão, outros prazos não se interrompem ou suspendem. Interrompe somente o prazo para respostas. CPC. Art. 297.

A interrupção, ao contrário da suspensão, significa o recomeço do prazo por inteiro, que correrá desde o início, a partir da intimação da decisão, que a determinar.

O momento natural para a limitação pelo juiz será no deferimento da inicial – qualquer autor, réu, MP, ou terceiro interveniente pode, entretanto requerê-la, ou ordená-la de ofício o juiz, antes de decorrido o prazo para resposta

Litisconsórcio simples e unitário

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO SIMPLES: estabelece-se porque a demanda não pode deixar de ser movida por várias pessoas ou contra várias pessoas, ainda que resulte em sentenças diferente para cada uma.

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO UNITÁRIO: é o que exige uma decisão uniforme, a relação jurídica deve ser resolvida uniformemente. Os litisconsortes , conquanto vários, são considerados parte única, sentença os abraça como se fossem um só. Quando a relação litigiosa houver de ser resolvida de modo uniforme para todos os litisconsortes, os revéis, ou os que tiverem perdido algum prazo, serão representados pelos demais. Os litisconsortes revéis poderão intervir nos atos ulteriores do processo independente de nova citação.

LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO UNITÁRIO: apesar de terem possibilidade de intentarem ação, em separado, se litisconsorciam para tal, devendo a sentença ser uniforme para todos os litisconsortes.

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Relação processual litisconsorcialLitisconsórcio - pluralidade de lides com pluralidade de sujeitos, não obstante serem várias as lides, ela se contêm num só processo, estabelecendo uma única relação processual.Por força da autonomia das lides , cada litisconsorte é parte distinta em relação ao adversários, mas, por outro lado, por força da relação processual, se subordina a marcha do processo , que é igual para todos.

Princípio da autonomia dos colitigantesCada litisconsorte é parte distinta dos demais em relação aos adversários, cada colitigante é parte autônoma. CPC - ART. 48Mas como se vê, do próprio artigo, previsão de exceções; “CPC - ART. 48 - “Salvo disposição em contrário....””Por ser autônomo cada litisconsorte poderá livremente constituir advogado próprio, alegar o que julgar conveniente em defesa de seus direitos, opor as exceções que tiver, oferecer prova, recorrer de despachos ou sentenças, reconvir, e promover atos de impulso processual. CPC - ART. 49 e 191

Exceções ao princípio da autonomia dos colitigantes:

1- LITISCONSÓRCIO SIMPLES - FACULTATIVO OU NECESSÁRIO: CONFISSÃO E RECONHECIMENTO: produz efeitos em relação a quem a fez e seus

herdeiros, não prejudica os demais. CPC - ART. 269, II e 350 TRANSAÇÃO E CONCILIAÇÃO: pode um dos litisconsortes transacionar ou conciliar-se com o

adversário, esse ato não prejudica os demais, com os quais continuará a causa. REVELIA: não contestada a ação o litisconsorte réu, torna-se revel, considerando-se os laços

comuns que prendem cada litisconsorte, se os fatos alegados, pelo autor forem comuns à todos os litisconsortes passivos, um só deles contestando a ação não acarreta a revelia; caso os fatos alegados contra o revel não seja comum à todos , mas só ao revel , aplicar- se - á os efeitos da revelia: CPC - ART. 319 e 320

RECURSO: independendente dos demais, qualquer litisconsorte poderá interpor recurso, mas a decisão quanto ao mérito da sentença impugnada, apenas aproveitará ou prejudicará o recorrente. Artigo 48 - in fine. Tratando-se de recurso contra o processo, poderá aproveitar os demais. CPC - ART. 509

PROVAS : produzidas por um dos litisconsortes aproveita ou prejudica os demais, pelo princípio da comunhão de provas e o do artigo 131.

2- LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO - FACULTATIVO OU NECESSÁRIO: DEFESA: A todos aproveita a defesa de um só; PROVA: a todos aproveita de um só; RECURSO: interposto por um a todos aproveita;

Quanto aos atos prejudiciais (ex.: revelia), é diversa a solução, somente prejudica àquele que lhe deu causa.

LITISCONSÓRCIO ULTERIOR:Forma-se posteriormente a constituição da relação processual, ou pela junção de duas ou mais relações processuais.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Processo vincula autor e réu, sentença vincula autor e réu, sentença tem autoridade pois emana da jurisdição. No entanto a sentença pode afetar outros, tem autoridade por emanar do Estado, ninguém pode descumpri-la, ainda que não tenha sido parte no processo.

Efeitos da sentença1- DIRETOS: vinculam autor e réu;

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2- INDIRETOS: extrapolam o processo e atinge esfera jurídica de terceira pessoa. Por conseqüência da sentença, terceiro pode intervir no processo, o caracteriza a permissão do ingresso de terceiro no processo, é a sentença.

Relação processual e coisa julgadaO processo, instrumento da jurisdição, tem como objetivo a composição da lide, isto é , resolver quanto a pretensão, a resolução consiste em uma sentença . A sentença que decidir o mérito, acolhendo ou rejeitando a pretensão, declarará o direito aplicável à espécie, decidirá definitivamente sobre a “res in indicium deducta”, por isso mesmo chama-se sentença definitiva.

A sentença diz respeito as partes e não a terceiros estranhos a relação processual. Transitada em julgado a sentença, por não caberem mais recurso, ou por não terem sido em tempo interpostos, ou, ainda, por ser irrecorrível, produz ela coisa julgada, isto é, torna-se imutável: é lei entre as partes, só aproveitando ou prejudicando aos que forem parte na demanda e não a terceiros.

Não rara as vezes, dada a complexidade da relação jurídica decidida, venham os efeitos da sentença recais indiretamente sobre terceiros estranhos ao processo - extensão subjetiva da sentença. A fim de reduzir os perigos da extensão dos efeitos da sentença a terceiros alheios a relação processual, o direito os admite, em certos casos, intervir no processo em que não sejam partes, de modo que do processo se valham para defesa de seus direitos e interesses, sujeitando-se assim, à sentença a ser proferida; consiste assim a INTERVENÇÃO DE TERCEIROS, admissível no processo de conhecimento, executivo e cautelar.

Intervenção de terceirosTerceiros podem, pois, em razão dos interesses que tenham na causa entre duas outras pessoas, nela intervir.Terceiros são estranhos a relação de direito material deduzida em juízo e estranhos a relação processual já constituída, mas que sujeitos de uma relação de direito material que aquela se liga intimamente, intervem no processo, afim de defender interesse próprio.

Intervenção de terceiro é sempre voluntária, sendo injurídico que a lei possa obrigar estranho a ingressar no processo. O que ocorre é que muitas vezes é de provocação de uma das partes do processo pendente, para que terceiro venha integrá-lo.Não pode ocorrer é a obrigação, por ato do juiz , de ofício, de trazer terceiro a juízo. Como não ocorre, no caso do litisconsórcio - parágrafo único do artigo 47 - em que o juiz coage a parte a trazer terceiro, sob pena de trancar-se a ação, a parte é coagida, não o terceiro, continuando este livre para ingressar ou não.Sendo a intervenção, sempre facultativa a terceiro, não é arbitrária, só ocorrendo nas hipóteses previstas pela lei processual.

Modalidades de intervenção de terceiros 1- CONFORME A INICIATIVA:

A- PROVOCADA OU COACTA:Quando a intervenção de terceiros é provocada por uma das partes;

nomeação à autoria - arts. 62 a 69; denunciação da lide - arts. 70 a 76; chamamento ao processo - arts. 77 a 78.

B- VOLUNTÁRIA OU ESPONTÂNEA:Quando o terceiro deliberadamente intervêm no processo;

assistência - arts. 50 a 65; oposição - arts. 56 a 61.

2- CONFORME TERCEIRO VISE AMPLIAR OU MODIFICAR A RELAÇÃO:

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A- AD COADJUVANDO: Terceiro procura prestar cooperação a uma das partes primitivas. Ex.: assistência.

B- AD EXCLUDENDUM: Terceiro procura excluir uma ou ambas as partes primitivas. Ex.: oposição e nomeação à autoria.

OposiçãoConceito - CPC - ART. 56 Já existe ação em curso, essa ação é reivindicatória - ação dominial - bem móvel ou imóvel, autor reivindica para si a propriedade do bem que mãos do réu. Terceiro se opõe a eles, por pertencer, o bem, a ele, está contra toda a relação jurídica.Com a aposição, o processo passa a ter duas relações jurídicas reivindicatórias.1 autor e réu e 2 opoente e opostos -(autor e réu da 1ª).

Por julgar-se com direito ao objeto da causa, o terceiro poderá intervir na demanda em que se debatem as partes, manifestando sua pretensão sobre o mesmo objeto, a qual é excludente, total ou parcialmente, das pretensões daquelas.

Procederá, o terceiro, por via de ação, dita OPOSIÇÃO, pois não visa só excluir, total ou parcialmente, as pretensões do autor e do réu, mas visa, também, fazer vencedora sua pretensão quanto àquele objeto.

OPOSIÇÃO: pedido de tutela jurisdicional, que terceiro formula na demanda entre as partes deduzindo pretensão própria excludente, total ou parcialmente, da dos demais litigantes.É voluntária, facultativa, podendo ainda ser total ou parcial.

Formas de oposição 1- DE INTERVENÇÃO NO PROCESSO:Pendente entre as partes se oferecida ANTES da audiência de instrução e julgamento, sendo apensa aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença. CPC - ART. 592- DE DEMANDA AUTÔNOMA:Quando oferecida JÁ AO TEMPO da audiência entre as partes, ou DEPOIS dela, mas ANTES de decidida a lide entre estas. Correrá em autos apartados. CPC - ART. 60

Extensão da oposição 1- TOTAL:Quando o opoente se julgar com direito no todo ao objeto da causa;2- PARCIAL:Quando o opoente se julgar com direito em parte ao objeto da causa.

Admissibilidade da oposição Admite-se, a oposição, tanto nas ações PESSOAIS como nas ações REAIS, a oposição pode ser formulada qualquer seja o rito processual da demanda entre as partes.Pontes de Miranda: afigura admissível, sob forma de embargos de terceiro e na ação de execução de sentença.

Da relação processual Há de se distinguir a oposição sob a forma de intervenção no processo, da sob a forma de demanda autônoma:

1- DE INTERVENÇÃO NO PROCESSO:Intervêm o terceiro na primitiva relação processual, modificando-a, pois acrescenta-se uma nova parte, visto que o OPOENTE é parte, é o autor em face das partes da relação primitiva. A relação primitiva transforma-se num NOVA e ÚNICA RELAÇÃO PROCESSUAL, de natureza complexa, tendo por figura central o mesmo juiz:1- de um lado, a relação entre as partes, autor e réu do processo primitivo;

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2- de outro, a relação entre o OPOENTE, como AUTOR e ambas as partes do processo primitivo em litisconsórcio passivo, isto é como réus, tratando-se, aqui, de litisconsórcio necessário, mas todo especial - artigo 47 .

2- DE DEMANDA AUTÔNOMA:Quando apresentado perante o mesmo juiz da relação processual pendente, vem também constituir uma RELAÇÃO PROCESSUAL AUTÔNOMA. São duas as relações processuais, são dois os processos:1- o processo primitivo;2- o processo suscitado pela oposição, em que o autor é o opoente, e os réus, em litisconsórcio, o autor e o réu daquele outro processo.

Procedimento da oposição sob forma de intervençãoSob a forma de intervenção, a oposição deverá ser oferecida, até as vésperas da audiência de instrução e julgamento. CPC - ART. 59

O OPOENTE deverá deduzir seu pedido observando os requisitos para propositura da ação - oposição é ação. Deverá ser deduzida com os requisitos da petição inicial e instruída com os documentos necessários, em que se fundar.Como ação, deverá ser distribuída por dependência ao juiz perante o qual corre a ação principal. Admitida por despacho, a oposição, os opostos - autor e réu da ação primitiva - serão citados para contestarem no prazo de lei.Se ocorrera revelia do réu, esse será citado na forma dos artigos 213 a 233. CPC - ART. 57Caso um dos opostos reconheça a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.A oposição apensada aos autos da ação principal e correndo simultaneamente com este, serão ambas julgadas pela mesma sentença Ao proferir a sentença o juiz terá o cuidado de conhecer a oposição em primeiro lugar. CPC - ART. 58, 59 e 61

Procedimento da oposição sob forma de demanda autônomaÉ a oposição proposta depois de iniciada a audiência de instrução e julgamento da lide pendente. Devendo ser proposta por petição com os requisitos dos artigos 282 e 283, e tomando a marcha do procedimento ordinário. CPC - ART. 60Por ser demanda autônoma instaura-se NOVO processo, nova relação processual, autor e réu da lide pendente deverão ser citados para os termos da oposição, na forma do procedimento ordinário, o prazo de 15 dias para contestação será contado em dobro, pois diferente os advogados dos opostos. CPC - ART. 191

Correndo a ação e a oposição em autos distintos, embora perante o mesmo juiz, em cada um deles ao seu tempo, proferir-se-ão as respectivas sentenças. Será possível o processamento da ação e da oposição simultaneamente, desde que o juiz assim entenda, e essa medida não retarde em muito o primeiro processo. para isso deve o juiz cessar o andamento do primeiro processo, em tempo nunca superior a noventa dias, afim de julgar conjuntamente a oposição conforme o artigo 61.-

Na hipótese de correrem, em separado os processos, não sobrestado o andamento do primeiro, a sentença entre o autor e o réu não produz efeitos em relação ao opoente “A coisa julgada entre as partes não favorece, nem prejudica terceiros”; diversamente a sentença na oposição produz efeitos em relação aqueles, pois neste processo são eles sujeitos ativos da relação processual.

A oposição como demanda autônoma pode ser proposta entre dois termos: TERMO “A QUO”: desde que já iniciada a audiência de instrução e julgamento da lide pendente TERMO “AD QUEM”: até o momento em que a sentença nessa lide se torne irrecorrível.

Transitada em julgado a sentença proferida na ação, não mais se admite oposição.

Poderá ser proposta a oposição mesmo quando a causa entre autor e réu estiver em segundo grau de jurisdição. Nesse caso a oposição será oferecida e processada em primeira instância, sujeita às normas que disciplinam o duplo grau de jurisdição.

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Oposições sucessivas Poderá outro terceiro apresentar uma segunda oposição, visando excluir as pretensões das partes da lide, bem como as pretensões do primeiro opoente.Essa admissibilidade decorre da própria finalidade da intervenção, que é a possibilidade de unificação de várias demandas, por uma questão de economia processual.

Natureza da sentença na oposição Julgada procedente a oposição, a sentença será:

1- DECLARATÓRIA: Contra o autor da ação principal, declarando não ter ele direito ao objeto da causa.

2- CONDENATÓRIA: Contra o réu naquela ação, porque vencedor o opoente, terá a sentença que condenar quem possua a coisa ou usufrua o direito, a entrega-la ao opoente ou a responder perante ele.

Em casos raros pode ocorrer o inverso.

Nomeação à autoria

Conceito Em um processo que estabelece-se entre autor e réu que verse sobre a posse ou propriedade de determinado bem - reivindicação de posse ou manutenção de posse - ação possessória ou domínio de bem que está com o réu.O réu não obstante aparência de proprietário ou possuidor, na realidade é mero detentor - em nome alheio - ou seja está sendo demandado como proprietário ou possuidor, sendo só detentor - parte ilegítima.Em nossa legislação, segundo M. Amaral Santos, há dois tipos de nomeação de autoria, conforme o modelo clássico e por analogia

Conforme modelo clássico É o ato pelo qual o possuidor ou detentor da coisa demandada, denúncia ao autor, o seu proprietário, afim de afastar de si as conseqüências da demanda.Assim, na ação reivindicatória, proposta contra o meramente detentor da coisa, ou seu possuidor direto (colono, inquilino, rendeiro, etc.), o réu denunciará ao autor o seu proprietário ou possuidor indireto, para que o cite nos termos da ação, por que a este e não a ele diz respeito a demanda. CPC - ART. 62

Por analogia O legislador institui a nomeação à autoria em benefício daquele contra quem o proprietário ou titular de um direito sobre a coisa, propõe ação de indenização por prejuízos sofridos pela mesma..Ex.: se o simples detentor de um imóvel, podendo ser até o próprio empregado deste, é acionado pelo proprietário do imóvel vizinho, para indenizá-lo pelos prejuízos acarretados pelo desvio de um curso d’água, fato que lhe é atribuído, alegará o réu que assim procedeu por ordem ou instrução do proprietário do imóvel em que o ato se praticou, nomeando essa pessoa para responder na ação que lhe foi intentada. CPC - ART. 63

NOMEAÇÃO À AUTORIA: é ato exclusivo e obrigatório do réu , que por meio dela, visa a livrar-se da demanda que lhe foi intentada.O réu que deixar de fazer a nomeação à autoria, quando for o caso, estará propiciando o prosseguimento de um processo inútil ao fim visado, respondendo por isso por perdas e danos, o ato deve ser praticado com lealdade e boa fé. A nomeação à autoria é um dever e não uma faculdade. CPC - ART. 69NOMEAÇÃO À AUTORIA CLÁSSICA: caberá somente nas ações reais - propriedade ou direito de servidão;NOMEAÇÃO À AUTORIA ANALÓGICA: caberá quando a ação for de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa prejudicada.

Inteligência do artigo 62 Conforme o texto expresso, a nomeação à autoria apenas compete ao detentor da coisa em nome alheio. Ao lado do simples detentor, e na mesma posição deste se acha o possuidor direito (compromissário- comprador, locatário, etc.) a quem não se pode, conforme doutrina e jurisprudência

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tradicionais, negar o direito de livrar-se de uma demanda que não lhe diz respeito, mas tão somente ao proprietário ou possuidor indireto.O Artigo deve ser visto inteligentemente e amplamente.

Procedimento da nomeação à autoria Tanto na nomeação à autoria clássica, como, na analógica, o réu no prazo para defesa - contestação -, pode apresentar a nomeação sem a contestação, já que sendo ela não aceita, lhe abrirá, por inteiro prazo para contestar. CPC - ART. 67

Justificando por que assim procede, requererá a nomeação à autoria. Deferindo esse pedido, o juiz tomará duas providências concomitantes:

1- mandará ouvir o autor sobre a nomeação para que se manifeste no prazo de 5 dias;2- suspenderá o processo.

Ao autor cumpre manifestar-se no prazo, assim não fazendo, presume-se a nomeação aceita. CPC - ART. 64 e 68Aceita a nomeação tácita ou expressamente, cabe ao autor promover a citação do nomeado e assim fazê-la num prazo não superior a 30 dias, pois o réu-nomeante, após trinta dias poderá requerer a extinção do processo, com fundamento no artigo 267, III. CPC - ART. 65Caso o autor não aceite a nomeação, no prazo, essa ficará sem efeito, prosseguindo a demanda contra quem o fizera, abrindo-lhe novo prazo para contestar. CPC - ART. 67

ACEITA A NOMEAÇÃO: e citado o nomeado, este têm duas situações: aceita a nomeação, reconhecendo a qualidade que lhe é atribuída, artigo 66, o reconhecimento

pode ser expresso ou tácito, este por força da presunção, artigo 68, II, contra ele correrá o processo.

negar a qualidade que lhe é atribuída, assim, continuará o processo contra o nomeante., que terá novo prazo, por inteiro para contestar, conforme artigo 67.

Aceito o nomeado, e por este reconhecida a qualidade, ao nomeante será permitido, se tiver interesse em que a sentença seja favorável ao nomeado, continuar na relação processual como assistente deste. CPC - ART. 50

Denunciação da lide

Conceito DENUNCIAÇÃO DA LIDE: É o ato pelo qual o autor ou o réu chamam a juízo 3ª pessoa, que seja garante de seu direito, afim de resguardá-lo no caso de ser vencido na demanda em que se encontra.

Uma ação de cunho indenizatório, sempre obrigatória para direito de ação de regresso.

Ato obrigatório, a parte na relação processual, perderá o direito de regresso contra aquele que é garante do seu direito discutido em juízo, se não tiver feito a denúncia, e porventura perder a demanda. CPC - ART. 70

Conforme a hipótese, o autor ou réu, ou ambos, deverão denunciar a lide àquele que lhes transmitiu a coisa ou direito real, ao cedente dos direitos e obrigações, que constituem o objeto do litígio.

Casos de obrigatoriedade de denunciação da lide - artigo 70

I- AO ALIENANTE, NA AÇÃO EM QUE TERCEIRO REIVINDICA A COISA, CUJO O DOMÍNIO FOI TRANSFERIDO À PARTE, A FIM DE QUE ESTA POSSA EXERCER O DIREITO QUE DA EVICÇÃO LHE RESULTA;Qualquer das partes, na ação de reivindicação, deverá denunciar da lide à terceira pessoa de quem houve a coisa demandada. CC - ART. 1.107

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EVICÇÃO: é a perda que o possuidor da coisa adquirida sofre em virtude de uma sentença, obtida por terceiro, que à mesma tinha direito anterior de transferência.

Ex.: (A) vende a (B) determinada coisa, obrigando-se a resguardar o comprador dos riscos de evicção. Posteriormente (B) é demandado por (C) que se diz dono da coisa. Se (B) for vencido na ação - evicto - , seja total ou parcialmente, aquele de quem à houve (A) responderá perante ele pela evicção. Mas o adquirente (B) para exercer o direito que da evicção resulta, precisa dar conhecimento, ao transmitente (A), da ação em que contende com (C). Artigos 1.109 e 1.116 do CC. II- AO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR, INDIRETO QUANDO, POR FORÇA DE OBRIGAÇÃO OU DIREITO, EM CASOS COMO O DO USUFRUTUÁRIO, DO CREDOR PIGNORATÍCIO, DO LOCATÁRIO, O RÉU, CITADO EM NOME PRÓPRIO, EXERÇA A POSSE DIRETA DA COISA DEMANDADA:Configura a hipótese em que o possuidor direto, e que o é por força de obrigação ou direito (usufruto, penhor, locação, arrendamento;) venha a ser citado, em nome próprio, para ação que tenha por objeto a coisa que possui. Garante daquela posse direta, pois fundada numa relação jurídica, é o proprietário ou possuidor indireto, que responde pelos prejuízos que vier a sofrer o possuidor direto, no caso de ser vencido na demanda.Para que essa responsabilidade se concretize, mister se faz que o réu, possuidor direto, denuncie a lide ao proprietário ou possuidor indireto.

III- ÀQUELE QUE ESTIVER OBRIGADO, PELA LEI OU PELO CONTRATO, A INDENIZAR, EM AÇÃO REGRESSIVA, O PREJUÍZO DO QUE PERDER A DEMANDAA parte, autor ou réu, que por lei ou contrato, tenham AÇÃO REGRESSIVA, contra terceiro, para se ver indenizado do prejuízo que vier a sofrer no caso de perder a demanda, deverá denunciar a lide a esse terceiro, pois este se constitui no garante da parte. Condição para denúncia da lide ao terceiro é que este, por lei ou contrato, esteja obrigado, em AÇÃO REGRESSIVA, a responder pelo prejuízo causado à parte.

Denunciante e denunciado 1- DENUNCIANTE ou LITISDENUNCIANTE:Parte que denuncia a lide ao terceiro, pode ser:

A) AUTOR ou RÉU: casos do artigo 70, I e II;B) SOMENTE O RÉU: casos do artigo 70, II.

2- DENUNCIADO ou LITISDENUNCIADO:Terceiro chamado ao processo, que são:

A) ALIENANTE: casos do artigo 70,I;B) PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR INDIRETO: casos do artigo 70, II;C) RESPONSÁVEL PELA INDENIZAÇÃO: casos do artigo 70, III.

PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDEO procedimento se modifica, conforme seja feita pelo autor ou pelo réu:

1- PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DENUNCIANTE O AUTOR : Cumpre na inicial, com o requerimento da citação do réu, requerer a citação do denunciado. CPC - ART. 71Ordenada a citação do denunciado, ficará suspenso o processo, inclusive para citação do réu. CPC - ART. 72Redunda em perda do direito do denunciante, quando não procede, no prazo, a citação do denunciado, pois sendo a denunciação obrigatória, a não citação manifesta-se como um desinteresse pela denunciação da lide, ressalvado o direito de provar que a falta de citação no prazo se verificou por deficiência do mecanismo judiciário.O autor formulando a denúncia da lide ao terceiro, visa trazê-lo para o processo como seu litisconsorte, posição que assumirá, se comparecer, ficando autorizado até a aditar a inicial, somente depois do aditamento da inicial pelo denunciado, se isto ocorrer, é que se procederá a citação do réu. CPC - ART. 74

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O juiz ao ordenar a citação do denunciado, deverá assinalar um prazo para seu comparecimento em juízo, que será;

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: prazo de 15 dias, pois o citado, conquanto chamado para assumir a posição de litisconsorte do autor-denunciante, poderá ter interesses opostos a este, caso em que lhe deverá ser concedido o prazo de defesa naquele processo. CPC - ART. 297

PROCEDIMENTO SUMÁRIO: o prazo deverá ser de 10 dias, uma vez que a audiência ainda não estará designada, mesmo porque a citação do réu dependerá do fato do aditamento ou não da inicial. CPC - ART. 278

Comparecendo, assume o denunciado a posição de litisconsorte do denunciante, podendo aditar a inicial.

Não comparecendo o denunciado, a lei é omissa, toda via, foi conclamado a se defender em juízo, não comparecendo não se revoga a citação, donde pode comparecer a qualquer momento, recebendo o processo no estado em que se encontre, atuando como litisconsorte do denunciante.

Comparecendo ou não o denunciado em juízo, no prazo, com ou sem aditamento da inicial, proceder-se-á à citação do réu. Artigo 74 , in fine: “...procedendo-se em seguida à citação do réu.”2- PROCEDIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE - DENUNCIANTE O RÉU.Requererá a citação do denunciado no prazo para contestação, também, aqui, ordenada a citação do denunciado, ficará suspenso o processo, e nenhum ato se realizará. CPC - ART. 71, 72Redunda em perda do direito do denunciante, quando não procede, no prazo, a citação do denunciado, pois sendo a denunciação obrigatória, a não citação manifesta-se como um desinteresse pela denunciação da lide, ressalvado o direito de provar que a falta de citação no prazo se verificou por deficiência do mecanismo judiciário.

O juiz ao ordenar a citação do denunciado, deverá assinalar um prazo para seu comparecimento em juízo, que será;

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: prazo de 15 dias, pois o citado, conquanto chamado para assumir a posição de litisconsorte do autor-denunciante, poderá ter interesses opostos a este, caso em que lhe deverá ser concedido o prazo de defesa naquele processo. CPC - ART. 297

PROCEDIMENTO SUMÁRIO: o prazo deverá ser de 10 dias, uma vez que a audiência ainda não estará designada, mesmo porque a citação do réu dependerá do fato do aditamento ou não da inicial. CPC - ART. 278

O DENUNCIADO COMPARECE: aceita a denunciação e contesta o pedido, denunciante e denunciado prosseguirão no processo como litisconsortes. CPC - ART. 75, I.

DENUNCIADO COMPARECE: apenas para NEGAR a qualidade que lhe é atribuída pelos litisdenunciante, este terá que prosseguir na defesa, até o final. CPC - ART. 75, II

DENUNCIADO NÃO COMPARECE: dá-se o mesmo que o caso anterior.

DENUNCIADO COMPARECE: mas CONFESSA os fatos alegados pelo autor, poderá o litisdenunciante, prosseguir ou não na defesa, aconselhável, que prossiga, pois , sendo o denunciado litisconsorte do denunciante, a confissão daquele, não causa prejuízo a este. CPC - ART. 75, III e 350.

Denunciação sucessiva Denunciado comparecendo em juízo deverá por sua vez denunciar a lide ao alienante, ao proprietário, ao possuidor ou ao responsável pela indenização, nos mesmos casos do artigo 70. O segundo denunciado chamará um terceiro, denunciado, e assim sucessivamente.Deverão ser observado os prazos estabelecidos para os primeiros denunciados.

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M.A. Santos, diz que não é intimação e sim citação. CPC - ART. 70 e 73.

Denunciação e a sentença da lide - CPC - ART. 76 Somente tratou, o artigo acima reproduzido, da sentença julgada procedente, o juiz atendendo à relação jurídica entre o denunciante e o denunciado, as alegações de ambos e prova dos autos, declarará conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perda e danos.vencido o autor, evidente que a sentença deverá abranger a responsabilidade, se houver, daqueles que por ele foram denunciados a lide.

Deve ser entendido o artigo, acima, como se dissesse que a sentença, quando o denunciante for vencido na ação principal, declarará o direito do evicto ou a responsabilidade por perdas e danos, decorrente daquela derrota.A sentença em relação ao litisdenunciados do denunciante vencido, será de natureza condenatória, desde que aqueles não sejam por ela exonerados da responsabilidade pela evicção ou perdas e danos, com eficácia de título executivo contra estes.

Chamamento ao processoNoções preliminares e conceituação Tem como finalidade, o chamamento ao processo, de largar o campo de defesa dos fiadores e devedores solidários, possibilitando-lhes, diretamente no processo em que um ou alguns forem demandados, chamar o responsável principal, ou os co-responsáveis ou os co-obrigados, a virem, responder pelas suas respectivas obrigações.Faz atuar o princípio da economia processual, por em um mesmo processo, cumularem a ação proposta com a ação regressiva.É um instituto benéfico do réu , onde ele provoca a intervenção de terceiro, que o autor poderia ter trazido como litisconsorte seu (do réu).O réu pode usar esse instituto conforme sua conveniência, sendo uma faculdade do réu, e não uma obrigatoriedade. CPC - ART. 77

CONCEITO: CHAMAMENTO AO PROCESSO: é o ato pelo qual o réu citado, como devedor, chama ao processo o devedor principal ou os co-obrigados ou co-responsáveis para virem responder pelas suas respectivas obrigações.

Casos de chamamento ao processo Pressupõe-se como casos de chamamento ao processo, a ação em que o réu ou réus, são citados para o pagamento de certa quantia na qualidade de fiadores ou fiador, co-obrigados ou co-obrigados solidários, desdobra-se em 3 casos:

I- DO DEVEDOR, NA AÇÃO EM QUE O FIADOR FOR RÉU:Credor pode, à sua vontade pedir o pagamento da dívida diretamente contra o devedor principal, ou contra o fiador deste, ou, ainda, contra ambos.Pedindo diretamente ao fiador, este terá direito de regresso contra o afiançado.Assim, se permite que o fiador citado como réu, para pagamento da dívida, chame o devedor, no prazo para contestação, afim de que , como litisconsorte passivo, responda no mesmo processo pela obrigação, suprimindo-se dessa forma a ação de regresso.No mesmo processo, então, se decidem os litígios do autor contra o fiador, e deste contra o afiançado.

II- DOS OUTROS FIADORES, QUANDO PARA AÇÃO FOR CITADO APENAS UM DELES: Pode ocorrer que o credor acione um ou uns fiadores, para o pagamento da dívida, deixando de propor a ação contra os outros que existam, neste caso, faculta-se ao fiadores citados para o pagamento da dívida, chamar ao processo os demais fiadores.

Nada obsta que o(s) fiador(es) citado(s) como réu(s), chamem ao processo, além, dos demais fiadores o próprio devedor principal, conforme inciso acima. Art. 70, I.

III- DE TODOS OS DEVEDORES SOLIDÁRIOS, QUANDO O CREDOR EXIGIR DE UM OU DE ALGUNS DELES, PARCIAL OU TOTALMENTE DÍVIDA COMUM:

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O CREDOR tem o direito de exigir e receber de um ou alguns dos devedores, parcial ou totalmente a dívida comum, àquele ou àqueles, que forem citados para pagar total ou parcialmente a dívida comum, fica pela lei processual, assegurada a faculdade de chamar ao processo todos os demais devedores solidários, para que respondam por suas obrigações.É condição que sejam chamados todos os devedores solidário.

Procedimento do chamamento ao processo Nos casos em que é admissível o chamamento ao processo, o réu no prazo para contestação, requererá a citação dos co-obrigados. CPC - ART. 78 e 79.Deferido o requerimento, o juiz suspenderá o processo, não se realizando nenhum ato processual, senão o de citação dos chamados.Feita aceitação destes, reabre-se o prazo, para o réu primitivo, contestar; e abre-se para os chamados o prazo para defesa que entenderem oferecer.

NO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: esse prazo é de 15 dias; CPC - ART. 297

NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO: com o deferimento do pedido de citação dos chamados terá o juiz que adiar a audiência já designada, marcando para os chamados, prazo nunca inferior a 10 dias contados da citação dos mesmos. CPC - ART. 278.

Ao deferir o requerimento de chamamento, e concomitantemente , suspender o processo, o juiz mandará observar quanto a citação e aos , as disposições que lhes sejam pertinentes, previstas para denunciação da lide. De tal modo que se fará a citação conforme o disposto no artigo 72 e § 1.Não se procedendo a citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao réu primitivo. Artigo 72 e § 2. CPC - ART. 74 e 79

Nos casos do artigo 77, II e III, qualquer dos fiadores chamados poderá requerer o chamamento dos devedores, caso não tenha sido feito; e, qualquer do devedores solidários pode chamar devedor que porventura não tenha sido chamado.

Entre o réu primitivo e os chamados ao processo, forma-se o litisconsórcio passivo em relação ao autor. Mas a defesa dos chamados é mais ampla, podendo cada qual deduzir direitos em face do autor, bem como em face dos demais litisconsortes.

Da sentença no chamamento do processo Os chamados ao processo se vinculam a relação processual, que se amplia, sem deixar de ser única a sentença, que se proferir, decidirá das várias relações de direito suscitadas pelo credor, como autor, e pelos réus em litisconsórcio passivo.Julgada procedente a ação contra todos os litisconsortes passivos, ou apenas contra algum ou alguns em relação a eles a sentença de natureza condenatória, vale como título executivo em face dos condenados. Adquire ainda a sentença a qualidade e eficácia de título executivo em favor do litisconsorte passivo que satisfizer da dívida, seja ela:1- exigida por inteiro do devedor principal;2- de cada um dos litisconsortes passivos, na sua cota, na proporção que lhes tocar. CPC - ART. 80

Da assistência

GeneralidadesDas figuras de intervenção de terceiros é a que mais suscita controvérsia.

Há dois tipos de assistência:1- ASSISTÊNCIA SIMPLES - ADESIVA;2- ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL - AUTÔNOMA.

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Assistência simples Consiste na intervenção de terceiro no processo entre as partes, visando sustentar as razões de uma delas contra a outra, em razão do interesse jurídico que têm na vitória daquela e na derrota desta.Esse interesse que legitima terceiro a agir como assistente não deve ser um interesse de fato, mas sim um interesse jurídico, que têm, de que a sentença não seja proferido contra o seu assistido, pois poderia influir desfavoravelmente na sua situação jurídica.

Ex.: Na causa entre credor e devedor afiançado, o fiador, pelo interesse que tem na vitória do afiançado, pela influência da sentença na sua situação jurídica, poderá intervir como assistente do afiançado.

O terceiro deve para intervir na causa das partes possuir uma particular legitimação.Legitimação anômala, mesmo não sendo legitimado de modo autônomo, para participar da relação em juízo pelo autor, a relação jurídica, de que é titular, diferente daquela, o autoriza a intervir com fundamento no interesse jurídico, que têm, em que a sentença seja favorável ao assistido.A assistência se dá para ajudar o assistido - ad adiuvandum - , o assistente adere aos assistido, em defesa do mesmo. A assistência simples encontra-se no artigo 50.

Assistência litisconsorcial Dá-se quando o terceiro se apresenta como titular de uma relação jurídica idêntica ou dependente da relação jurídica deduzida em juízo.O assistente litisconsorcial atua para evitar a decisão que possa influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.O interveniente poderia ter sido litisconsorte do assistido contra o adversário comum, e, não o sendo, tendo sido deixado de fora na relação processual , intervém, assistindo a parte contrária àquela que teria sido seu adversário, com a finalidade de impedir que a sentença, que normará a relação jurídica de que este participa lhe estenda os efeitos..Ex.: Ação de anulação de testamento, proposta contra testamenteiro, o legatário poderá intervir como assistente do réu - testamenteiro - pois a sentença anulatória, sobre ele se refletirá como coisa julgada.

Na assistência litisconsorcial - também conhecida como autônoma ou qualificada - existe a existência de dois requisitos:1- Há de haver uma relação jurídica entre o interveniente e o adversário do assistido;2- Essa relação há de ser normada pela sentença. CPC - ART. 54

O verbo influir no texto legal deve ser explicado:1- INFLUÊNCIA ABSOLUTA DA SENTENÇA: quando a relação do terceiro for por ela normada, quando se constituir em coisa julgada em face deste. Assistência simples.2- INFLUÊNCIA RELATIVA DA SENTENÇA: quando sem constituir coisa julgada em face de terceiro, interfere-se na situação jurídica deste, piorando-a ou melhorando-a. Assistência simples.

Da admissão da assistência e seu procedimento A assistência simples ou litisconsorcial é admissível em qualquer ação, em qualquer procedimento, e em qualquer grau de jurisdição.O ingresso na posição de assistente, deve ser pedido através de petição, devidamente instruída como os documentos que comprovem suas alegações, indicando a parte que pretende assistir, como assistente simples ou litisconsorcial.À vista do pedido de assistência, salvo se inepto, quando o juiz poderá indeferi-lo de plano, serão ouvidas as partes no prazo de 5 dias.Não havendo impugnação, no prazo, o pedido será deferido.No caso de impugnação, surgirá o incidente de assistência que consistirá:

determinação do juiz, sem suspensão do processo, do desentranhamento da petição do assistente e da impugnação, a fim de serem autuados em apenso;

autorização da produção de provas, quanto às alegações do requerente e do impugnante; na decisão, em 5 dias, sobre o pedido da assistência. CPC - ART. 51 e 54

Posição do assistente na relação processual A posição do assistente varia conforme se trate de assistência simples ou litisconsorcial:

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1- ASSISTÊNCIA SIMPLES:O assistente simples é mero auxiliar da parte, em vista dos poderes processuais de que investe, e do ônus que carrega, o admitimos como sujeito processual secundário. CPC - ART. 52Por gozar dos mesmos poderes processuais do assistido, poderá em auxílio deste, impugnar atos da parte contrária, requerer provas, impulsionar o processo, participar da audiência, etc.É vedado ao assistente formular pedidos para si próprio, reconvir, alterar, restringir ou ampliar o objeto da causa, etc.Por subordinar-se, ao assistido, o assistente terá que se conformar com os atos de disposição praticados por este que é livre para reconhecer a procedência do pedido, confessar, desistir da ação ou transigir sobre direitos controvertidos. CPC - ART. 53A posição do assistente torna-se mais relevante quando o assistente é revel; nesse caso o assistente assume a função de gestor de negócios. Trata-se de uma gestão de negócios meramente processual, atuará com mais largueza o assistente, podendo assim até mesmo formular pedidos em favor do assistido, reconvir, sempre, entretanto, em benefício do assistido, donde jamais poderá praticar atos de disposição de direitos deste, como: confessar, reconhecer o pedido, transigir. “CPC - ART. 52 - Parágrafo único.

2- ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL:É assistente da parte da assistida, têm como objetivo primeiro, atuar de modo quem a sentença seja favorável ao assistido; mas é considerado litisconsorte deste, quando a sentença possa influis na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.O assistente litisconsorcial não é parte, mas assistente de uma das partes; é qualificado de litisconsorte da parte assistida pelos poderes processuais que goza, iguais aos dos litisconsortes, salvo, o de ter decisão quanto a relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.A sentença se dá entre as partes, conquanto seus efeitos possam atingir o assistente.Por atuar como litisconsorte do assistido, aplicável lhe é a disposição do artigo 48 e 54 do CPC. Considerado litisconsorte da parte assistida, o assistente atuará como parte distinta em relação ao adversário do assistido, não subordinando-se ao comportamento do assistido.Como litisconsórcio entre assistente e o assistido se configura como unitário, prevalecerão as regras para esse tipo de litisconsórcio.Os poderes processuais do assistente litisconsorcial são os mesmo do assistido: pode atacar, defender, excepcionar, articular matéria de fato e de direito, impugnar alegações ou atos da partes adversa, requerer provas, comparecer à audiência para prática de todos os atos, inclusive para sustentação oral, etc.Se assistente do réu, e este não comparece, não se considera revel a parte assistida, todos os atos processuais lhe são permitidos, desde que em defesa dos direitos do assistido.Tanto aqui, como na assistência simples, recebem, os assistentes, o processo no estado em que se encontra. Artigo 50, parágrafo único.

Da sentença em face do assistente A sentença nos casos de intervenção de assistente, é proferida entre as partes, em relação as quais, transita em julgado, faz coisa julgada, tornando-se imutável e indiscutível. CPC - ART. 467 e 472.

Em relação ao assistente, a sentença nada decide, pois ele nada pediu, nem poderia pedir, nem contra ele nada foi pedido.

Os efeitos jurídicos da sentença pode atingir o interesse jurídico do assistente - assistência simples - ou afetar a relação jurídica do assistente e o adversário do assistido - assistência litisconsorcial - . Desses efeitos, em princípio, ,o assistente não poderá fugir, salvo se tiver ação para desfazê-los ou reduzi-los.

Nessa ação que vier a propor, estará o assistente vinculado à decisão proferida no processo em que interveio como assistente, não poderá ele discutir a justiça daquela decisão. CPC - ART. 55

Em processo posterior, como autor ou como réu, ao assistente na causa anterior é vedado discutir os fundamentos de fato e de direito em que se assentou aquela decisão.

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Esse princípio sofre exceções - artigo 55 I e II - possível discutir a justiça da decisão proferida na causa que interveio, salvo se alegar e provar que:

I- PELO ESTADO EM QUE RECEBERA O PROCESSO, OU PELAS DECLARAÇÕES E ATOS DO ASSISTIDO, FORA IMPEDIDO DE PRODUZIR PROVAS SUSCETÍVEIS DE INFLUIR NA SENTENÇA:

a- pelo estado em que recebe o processo, não lhe era mais possível requerer e produzir provas. -influir na formação da verdade dos fatos.

b- comportamento do assistido, por declarações e atos seus, fica impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença. Ex.: assistido reconhecera a procedência do pedido, confessara ou transigira.

II- DESCONHECIA A EXISTÊNCIA DE ALEGAÇÕES OU DE PROVAS, DE QUE POR DOLO OU CULPA, NÃO SE VALEU:Assistido esconde provas, dolosa ou culposamente, não se valendo nem permitindo que o assistente se utilize dela.Utilizando essas exceções o assistente terá que expressamente alegá-las e cumpridamente prová-las.

ATOS PROCESSUAISConceitoO processo apresenta-se no mundo do direito como uma relação jurídica que se estabelece entre as partes e o juiz, desenvolvendo-se em sucessivos atos, de seus sujeitos, até o provimento final destinada a dar solução ao litígio.

Inicia-se, desenvolve-se e encerra-se o processo por meio de atos praticados ora pelas partes, ora pelo juiz ou seus auxiliares. Assim processo é uma seqüência ordenada de fatos, atos e negócios processuais.

Fato processual seria todo acontecimento natural com influência sobre o processo, e ato processual toda a ação humana que produza efeito jurídico em relação ao processo.

Atos jurídicos processuais os que Têm importância jurídicas em respeito à relação processual, isto é, os atos que têm por conseqüência imediata a constituição, a conservação e desenvolvimento, a modificação ou a definição de uma relação processual. Chiovenda.

Distingue-se dos demais atos jurídicos pelo fato de pertencerem ao processo.

Agentes Não apenas as partes praticam os atos processuais, mas também o órgão jurisdicional e seus auxiliares. – Iudicium est actus trium personarum – Logo, tanto os atos das partes quanto os do juiz ou auxiliares e demais participantes da relação processual se destinam a preparar essa solução e todos são atos processuais.

Não rara vezes, , até mesmo terceiros , estranhos à controvérsia dos litigantes, são convocados a praticar atos decisivos para que o processo atinja seu objetivo, tal como se dá nos casos de exibição de documento ou coisa, de testemunhos, etc..

ATO PROCESSUAL: ato jurídico emanado das partes, dos agentes ou mesmo de terceiros ligados ao processo, suscetível de criar, modificar ou extinguir efeitos processuais.

Atos do processo e atos do procedimentoComo o processo pode ser encarado sob dois ângulos distintos :do processo propriamente dito: relação jurídica processual ;do procedimento – rito ou forma do processo.

Os atos processuais podem ocorrer no plano do processo, ou apenas no plano do procedimento.

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NO PROCESSO : tende a alcançar um objetivo, a composição da lide – compõe-se de atos que buscam diretamente esse fim. Neste sentido, podemos citar os que provocam a instauração do processo, documentam fatos legados, etc..

NO PROCEDIMENTO: - há atos das partes, e dos órgãos jurisdicionais, que refletem sobre o rito, sem contudo, influenciar na relação processual e no encaminhamento do feito rumo a solução do litígio. Ex.: quando as partes ajustam ampliação ou redução de prazo; dividem entre si prazo comum; adia uma audiência por acordo das parte ou deliberação do juiz.

Classificação dos atos processuaisNa doutrina não há um consenso quanto à classificação dos atos processuais. Muitos preferem critérios objetivos (considerando quanto ao objeto praticado), outros se orientam pela visão subjetiva ( baseia-se no sujeito que pratica o ato processual).

Classificação objetiva:1- ATOS DE INICIATIVA: os que se destinam a instaurar a relação processual (petição inicial);2- ATOS DE DESENVOLVIMENTO: os que movimentam o processo, compreendendo do atos de instrução (provas e alegações) e de ordenação (impulso, direção ,formação).3- ATOS DE CONCLUSÃO: atos decisórios do juiz ou dispositivos das partes, como a renúncia, transação e desistência.

Classificação subjetiva: 1- ATOS DAS PARTES;2- ATOS DOS ÓRGÃOS JURISDICIONAISEssa foi a classificação adotada pelo nosso CPC.

Classificação do cpc.: 1- ATOS DAS PARTES; - ART. 158-1612- ATOS DO JUIZ; - ART. 162 - 1653- ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DA SECRETARIA; ART. 166-171Formas processuaisForma é o conjunto de solenidades que se devem observar para que o ato jurídico seja eficaz.

É através da forma que a declaração de vontade adquire realidade e se torna ato jurídico processual;

Quanto à forma, os ato jurídicos, costumam ser classificados entre solenes e não solenes: SOLENES: são aqueles para os quais a lei prevê uma determinada forma como condição de validade;NÃO SOLENES: os atos de forma livre e que se provam por quaisquer dos meios de convencimento admitidos em direito.

A forma, nos atos jurídicos mais importantes é sempre instituída para segurança das partes, e não por mero capricho do legislador CPC. Art. 154.

As formas que prescrevem são relevantes, mas sua inobservância não é causa de nulidade, a não ser que dela tenha decorrido a não consecução da finalidade do ato. Quando todavia , o texto legal, cominar expressamente , a pena de nulidade para a inobservância de determinada forma, como no caso das citações, não incide a regra liberal, acima transcrita.

PUBLICIDADE : Princípio fundamental do moderno processo . CPC. Art. 155São públicos os atos processuais no sentido, de que as audiências se realizam a portas abertas, com o aceso franqueado ao público, e a todos é dado conhecer os atos e termos que no processo se contêm, obtendo traslados e certidões a respeito deles.

Há, como vimos, porém, casos em que , por interesse de ordem pública, e pelo respeito que merecem as questões de foro íntimo, o CPC, reduz a publicidade dos atos processuais apenas às próprias partes.

MEIOS DE EXPRESSÃO:

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Compõem-se os atos jurídicos de declarações de vontade, sua exteriorização se faz, necessariamente oral ou escrita. Os atos orais, entretanto, devem ser reduzidos a termo. CPC. Art. 156 e 157.Atos da parte

Conceito e classificação Consideram-se atos da parte, os praticados pelo autor ou réu, pelos terceiros intervenientes ou pelo MP., no exercício de direitos ou poderes processuais, ou para cumprimento de ônus, obrigações ou deveres decorrentes da relação processual.Classifica-se em atos de obtenção e atos dispositivos. Os primeiros procuram obter do órgão jurisdicional a satisfação de uma pretensão manifesta nos autos. E os últimos, têm por objetivo criar, modificar ou extinguir situações processuais:

1) ATOS DE OBTENÇÃO: Atos de petição: - atos postulatórios – consistem nos pedidos ou requerimentos em que a

parte postula uma providência ou um ato específico. Compreende o pedido do autor, com a correspondente resposta do réu; bem como, outras postulações incidentais,em que as partes formulam diversos requerimentos, inclusive o de produzir documentos e outras provas;

Atos de afirmação: também pode ser denominados de atos reais, são os que a parte não postula e sim age materialmente, criando situações concretas como a da exibição de um documento em seu poder, como pagamento de custas, prestações, etc..

Atos de prova: ou de instrução são aqueles que conduzem aos autos os meios de demonstrar ao juiz a verdade dos fatos alegados na ação ou na defesa.

2) ATOS DISPOSITIVOS: Atos de submissão: quando a parte submete, expressa ou implicitamente, à orientação

imprimida pelo outro litigante ao processo – Há submissão expressa a pretensão do autor, quando o réu reconhece a procedência do pedido. Há submissão implícita: quando o demandado , em ato omissivo, deixa de contestar a ação, e permite que a revelia produza efeitos. De tornar verídico os fatos legados na inicial.

Atos de desistência: há desistência do processo ou renúncia ao direito, São atos unilaterais. CPC. Art. 267, III e 269

Atos de transação: representam atos bilaterais realizados sob a forma de avenças ou acordos processuais. Podem se referir ao mérito da causa, ou com questões meramente processuais CPC. Art. 269, III, 449, 453, 181.

EFICÁCIA DOS ATOS DAS PARTES: CPC. Art. 158Isto quer dizer que os efeitos do ato processual, salvo disposição em contrário. São imediatos e não dependem de redução a termo nem homologação judicial. Salvo, a desistência da ação, conciliação das partes e a transação.

PETIÇÃO E AUTOS SUPLEMENTARES CPC. ART. 159 e 160É dupla a função doa autos suplementares:Permitir a execução provisória da sentença;Servir de base para a restauração do processo no caso de extravio dos autos originais.

COTAS MARGINAIS E LINEARES NOS AUTOSAos advogados das partes é assegurado o direito de manusear livremente aos autos, inclusive fora do cartório. CPC. Art. 161

Nem mesmo os traços a lápis, devem ser permitidos. A não ser assim, em pouco tempo os autos estão repletos de traços e sinais que o desfigurarão.A multa imposta será incluída na conta de custas para ser cobrada da partes responsável.

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Atos do escrivão ou do chefe de secretariaNo processo há um constante movimento, uma sucessão de atos todos concatenados e tendentes a alcançar a meta final, que é o provimento jurisdicional que haverá de solucionar o litígio. O sistema de nosso CPC. assegura a marcha do processo, pelo método do impulso oficial, isto é , os próprios agentes do órgão judicial promovem o andamento do processo, mesmo que as partes estejam inertes. Para tanto existem prazos contínuos e peremptórios previstos para o exercício dos atos processuais.

Atos de documentação são os que se destinam a representar em escrita as declarações de vontade das partes, dos membros do órgão jurisdicional e terceiros que acaso participem de algum evento no curso do processo.

A própria sentença do juiz enquanto não publicada e documentada nos autos não tem existência jurídica como ato processual.Os termos processuais são a forma escrita com que o escrivão procede à documentação dos atos escritos das partes e outros sujeitos processuais.

Os principais atos de comunicação são as citações e intimações, que se realizam quase sempre pessoalmente, mas há certas comunicações que o escrivão faz via postal ou epistolar.

O processo se inicia com a provocação do autor por meio de petição inicial. Depois de despachada pelo juiz, a petição vai ao escrivão que promoverá primeiro ato de documentação do processo: a autuação. CPC. Art. 166 e 167.

TERMOS PROCESSUAIS

Os mais comuns, que o escrivão redige no curso do procedimento, são: JUNTADA: ato com que o escrivão certifica o ingresso de uma petição ou documento nos autos; VISTA: é o ato de franquear o escrivão os autos à parte para que o advogado se manifeste

sobre algum evento processual; CONCLUSÃO: é o ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz, para alguma

deliberação; RECEBIMENTO: é o ato que documenta o momento em que os autos voltaram ao cartório após

uma vista ou conclusão.VEJA: CPC. Art. 169, 170 e 171

Tempo e lugar dos atos processuais

Tempo - CPC. Art. 172 Código utiliza determinações de tempo para prática dos atos processuais sob dois ângulos diferentes:

o de momento: adequado ou útil para atividade processual; o de prazo: fixado para a prática de um ato.

Entende-se por dias úteis aqueles em que há expediente forense. CPC. Art. 173, 175 e 240.Constituem dias não úteis e equiparam-se aos feriados, os que se compreendem nos períodos de férias da justiça.

Todos esses atos são de notória urgência e a parte estaria sujeita a suportar prejuízos irreparáveis, caso tivesse de aguardar o transcurso das férias para promovê-los. O prazo decadencial, não se interrompe nem se suspende, como o prescricional. Assim, se o seu término se der no período de férias ou em dia de feriado a parte decairá de seu direito se não exercê-lo em tempo hábil., ou seja, ainda nos dias não úteis. Daí a permissão para que em tal conjuntura, possa a parte requerer e promover a citação mesmo em férias e feriados.

No artigo 173, II, quando se fala em perecimento de direito, refere-se , naturalmente, aos direitos subjetivos materiais, porque os prazos tipicamente processuais , mesmo quando peremptórios e fatais,

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nunca vencem em férias ou feriados, e só não se suspendem no recesso forense, quando a lei ordena o excepcional andamento do processo, naquele período. CPC. Art. 174, 179 e 184.Note-se que o artigo 173, não prevê o andamento dos processos nas férias, mas tão-somente a prática de determinados atos. Destarte , iniciado o processo , praticado o ato urgente e feita a citação. O artigo 173, é simplesmente exemplificativo, como de entende do final, do seu inciso II.

Caber, então ao juiz, fora das hipóteses expressamente arroladas pelo legislador examinar as características do ato que se pretende praticar, nas férias para verificar se justifica ou não a sua realização durante o recesso da justiça.

Há feitos , porém, que têm curso normal no período de férias, isto é, processam-se durante as férias e não se suspendem , como os demais, pela superveniência delas CPC. Art. 174.

Lugar - CPC. Art. 176 Prevê, o artigo acima, exceção à regra de que os atos se devem realizar na sede do juízo, em razão de:

Deferência; Interesse da justiça; Obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

Convém, lembrar que a jurisdição de cada juiz está limitada ao território de sua circunscrição. Assim, quando o ato processual tiver de ser praticado em território de outra circunscrição judiciária, Ter-se-á de utilizar a carta precatória , para que o ato se realize sob a jurisdição do órgão judiciário do local adequado.

PRAZOS GeneralidadesO impulso do processo rumo ao provimento jurisdicional – composição do litígio – está presidido pelo sistema as oficialidade, de sorte que, com ou sem a colaboração das partes, a relação processual segue sua marcha procedimental em razão de imperativos jurídicos lastreados, precipuamente no mecanismo dos prazos. CPC. Art. 177

Prazo são lapsos outorgados para realização dos atos processuais. Ë o espaço de tempo em que o ato processual da parte pode ser validamente praticado.

Todo prazo é de terminado por dois termos: O inicial – dies a quo – nasce a faculdade de a parte promover o ato; O final – dies ad quem – extingue –se a faculdade , tenha ou não sido levado a efeito o ato.

Em processo, o termo inicial é, ordinariamente , a intimação da parte; e o final o momento em que se encerra o lapso previsto em lei. A maioria dos prazos acha-se previsto no Código, na omissão da lei, caberá ao juiz delimitar o prazo.

Há prazos , não apenas para as partes, mas também, para o juiz e seus auxiliares, todavia, o efeito da preclusão só atinge as faculdades das partes e intervenientes. Daí denominar-se;

Prazos próprios: para os fixados às partes; Prazos impróprios: fixados aos órgãos judiciários – já que da inobservância destes não decorre

efeito ou conseqüência processual.

PRAZO DAS PARTES, pode ser: Particular: interessa ou pertence apenas a uma das partes, como o de contestar, produzir

contra-razões, etc.. Comum: é o que corre para ambos os litigantes ao mesmo tempo, como o de recorrer quando

há sucumbência recíproca.

Classificação De forma geral, os prazos podem ser;

LEGAIS : os fixados pela própria lei, como resposta do réu e o dos diversos recursos;

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JUDICIAIS : os marcados pelo juiz, designação de data de audiência, fixação do prazo do edital, etc..

CONVENCIONAIS : os que podem ser ajustados de comum acordo, entre as partes, comoo s da suspensão do processo, etc..

Natureza dos prazosSegundo sua natureza os prazos são: DILATÓRIOS: é o que embora fixados na lei, admite ampliação pelo juiz ou que, por convenção das partes pode ser reduzido ou ampliado. CPC. Art. 181

Requisitos: Deve ser requerida antes do vencimento do prazo; Deve estar fundada em motivo legítimo; Deve ser objeto de aprovação do juiz , a quem compete fixar o dia de vencimento do prazo da

prorrogação.

PEREMPTÓRIOS: é convenção das partes e, ordinariamente , o próprio juiz, não podem alterar . CPC. Art. 182.Observe-se, que excepcionalmente, os prazos peremptórios podem ser dilatados.

Não se determinou na lei um critério especial para identificar , dentro dos prazos legais, quais são os peremptórios e quais os dilatórios. Há um consenso uniforme, de que o prazo para contestar, oferecer exceções e reconvenção, bem como, o de recorrer são peremptórios. Os de juntar documentos, arrolar testemunhas e realizar diligências determinadas pelo juiz são meramente dilatórios.

Curso dos prazosTodo prazo , em regra é contínuo – uma vez iniciado não sofre interrupção. CPC. Art. 178, 179, 180 e 265.Ocorre igualmente a suspensão do processo principal, quando se verifica o incidente intervenção de terceiro: nomeação à autoria, denunciação da lide, chamamento ao processo, oposição e atentado, esta duas últimas, em alguns casos podem causar suspensão.

Superado o motivo que deu causa a suspensão, apenas o remanescente do prazo voltará afluir – não incide essa regra, todavia, quando decorrer de suspensão por intervenção de terceiros.Com a suspensão cessa a contagem do prazo, que só recomeça no primeiro dia útil seguinte ao seu termo. E esse primeiro dia também se computa, já que não se pode ser considerado dies ad quo do prazo iniciado anteriormente.

A regra todavia só vale, se a suspensão for com termo certo, adredemente conhecido – férias forenses – por exemplo – já que este operará sem depender de posterior intimação. Mas se a cessação da suspensão se der em virtude de um ato judicial que deva ser intimado às partes – ex.: embargos declaratórios – então o dia da intimação não poderá entrar no cálculo do remanescente do prazo suspenso – devendo observar-se a regra ordinária do dies a quo non computatur in termino.

CONTAGEM DOS PRAZOS TERMO INICIAL CPC. ART. 184, 240, 241.Com exceção do edital, é o termo de juntada que funciona como ato determinante do termo inicial de todos os prazos , na sistemática do CPC.

QUANDO A INTIMAÇÃO SE FIZER PELA IMPRENSA. CPC. Art. 236 e 237.O dies a quo será o dia útil seguinte a publicação. Com relação as intimações pela imprensa - há duas situações especiais:

dos jornais que circulam à noite ou que só são distribuídos no dia seguinte à data neles estampada: a data da publicação deve ser a real e não a formal, não podendo a parte ser prejudicada pelo atraso na distribuição do Diário da Justiça ou outro órgão oficial. A data da intimação, será portanto, a da distribuição do periódico;

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a das publicações feitas aos sábados onde não há expediente forense em tais dias: se a publicação circula no Sábado, a intimação é considerada feita na Segunda feira e o primeiro dia computado no para a contagem do prazo do recurso é a terça feira. Sum. 310. STF

As intimações feitas em audiência , oralmente, será feita segundo regra do artigo 184, caput, no cômputo do prazo de recurso não se inclui o dia da realização da audiência de publicação da sentença.

PRAZO PARA RECURSO CPC. Art. 242 e SUM. 25. STJ

TERMO FINAL Termo final de qualquer prazo processual nunca cairá em dia não útil, ou em que não houver expediente normal do juízo CPC. ART. 184. § 1ºDeverá o vencimento observar o horário normal do expediente fórum. CPC. Art. 172.

Preclusão - CPC. Art. 183Opera para o que se manteve inerte aquele fenômeno que se denomina preclusão processual.

PRECLUSÃO: perda da faculdade ou direito processual, que se extinguiu por não exercício em tempo útil. Recebe esse evento a denominação técnica de PRECLUSÃO TEMPORAL.Há na doutrina , outra espécie de preclusão como a consumativa e a lógica, todas elas ligadas a capacidade processual para prática ou renovação de um determinado ato.

PRECLUSÃO: é um princípio básico ou fundamental do procedimento, manifesta-se em razão da necessidade de que as diversas etapas do processo se desenvolvam de maneira sucessiva, sempre para frente – mediante o fechamento definitivo de cada uma delas , impedindo-se o regresso a etapas e momentos processuais já extintos e consumados. Somente, como se vê do artigo acima, a justa causa, pode se permitir que a parte pratique o ato.

Prazos para as partes - CPC. ART. 185 e 186.Para que a faculdade do artigo 186, seja exercida, é necessário que o prazo não seja comum; que o direito em jogo seja disponível, e que a parte seja capaz de transigir.

A RENÚNCIA pode ser expressa ou tácita.EXPRESSA quando contida em declaração de vontade direta e clara, contendo a manifestação de abrir mão do prazo.TÁCITA: decorre de um ato incompatível com a utilização do prazo, tal como se dá com a parte que pratica o ato antes de vencido o prazo que lhe havia sido outorgado.VEJA: CPC. Art. 191 e 192

Não tolera o código em caso algum, a intimação para comparecimento incontinenti, como se a parte nada mais tivesse a fazer ou pudesse largar de imediato sua ocupações afim de despachar às carreiras para dar cumprimento ao objeto da intimação. Incumbe, pois ao oficial de justiça e ao escrivão fazer constar de suas certidões a hora exata em que procedeu à intimação. Essa restrição nada tem haver com as ordens de condução coercitiva de testemunhas e partes faltosas ou de prisão delas, visto que, por sua própria natureza, esses provimentos judiciais são de observância imediata.

Prazos para o juiz e seus auxiliares

PARA O JUIZ CPC. ART. 187, 189 e 456.PARA OS ESCRIVÃES OU CHEFES DE SECRETARIA CPC. ART. 190

PRAZOS PARA O MP. E A FAZENDA PÚBLICATendo em vista as dificuldades de ordem burocrática que se notam no funcionamento dos serviços jurídicos da Administração Pública, manda: CPC. Art. 188 e SUM. 116. STJ.

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No conceito de Fazenda Pública, engloba-se a da União, Estados e Distrito Federal, Municípios e autarquias. Observe-se que a lei fala em contestar - o que não inclui todas as respostas, não inclui, por exemplo a Exceção.A contagem em dobro do prazo foi estendida a DEFENSORIA PÚBLICA.

VERIFICAÇÃO DE PENALIDADES : PRAZOS DOS SERVENTUÁRIOS. CPC. ART. 193 e 194.

Inobservância de prazo da parteCompete ao advogado restituir os autos no prazo legal, da inobservância, dessa regra, decorrem duas conseqüências:

1- DE ORDEM PROCESSUAL: que é a preclusão; CPC. Art. 195

2- DE ORDEM DISCIPLINAR CPC. Art. 196 e 197INOBSERVÂNCIA DOS PRAZOS DO JUIZ - CPC. ART. 198 e 199.

INTERCÂMBIO PROCESSUAL: ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL E ATOS FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO TERRITORIAL DO JUÍZO

Intercâmbio processualO procedimento se desenvolve sob o signo da publicidade e do contraditório. Não há surpresa para as partes nem para terceiros que eventualmente tenham que prestar colaboração à solução da lide ou que tenham de suportar conseqüências dela.

Há por isso um sistema de comunicação dos atos processuais pelo qual o juízo põe os interessado a par de tudo o que ocorre no processo e os convoca a praticar , nos prazo devidos, atos que lhe compete.

Os órgãos que normalmente se encarregam da comunicação são o escrivão e o oficial de justiça – ao escrivão, o juiz determina a prática do ato em despacho nos autos. Aos oficiais de justiça as ordens são transmitidas através de mandados. Utiliza-se, também, o juiz, de órgãos estranhos ao juízo para a comunicação como o Correio e a imprensa.

Forma dos atos de comunicaçãoA comunicação do ato processual pode ser:

REAL: quando a ciência é dada diretamente à pessoa do interessado – as feitas pelo escrivão, oficial de justiça ou através de correspondência postal;

PRESUMIDA: quando feita através de um órgão ou um terceiro que se presume faça chegar a ocorrência ao conhecimento do interessado – feitas por edital ou hora certa;

Atos processuais fora dos limites territoriais do juízoAo juiz compete dirigir o processo e determinar os atos que as partes e serventuários haverão de praticar. Mas a autoridade do juiz, pelas regras de competência, se restringem aos limites de sua circunscrição territorial. CPC. Art. 200.

Essas cartas podem ser de três espécies: CARTA DE ORDEM: quando destinadas pelo Tribunal Superior a juiz que lhe for subordinado; CARTA ROGATÓRIA: dirigida à autoridade judiciária estrangeira; CARTA PRECATÓRIA: nos demais casos, isto é, quando dirigida a juiz nacional de igual

categoria jurisdicional.

REQUISITOS DAS CARTAS - CPC. ART. 202, 203 e 204.Se porém, não for possível ao juiz deprecado a realização do ato no prazo constante da carta, poderá dilatá-lo , fazendo a devida comunicação ao deprecante.

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Cumprimento das cartasQuem expede o mandado para que a diligência seja realizada é o juízo destinatário da carta, que recebe o nome de juiz deprecado, rogado ou ordenado, conforme se trate de carta precatória, rogatória ou de ordem. O juiz que expede a carta é o deprecante, o rogante ou ordenante, conforme o caso.

A carta de ordem, por questão de hierarquia, nuca pode deixar de ser cumprida. A carta rogatória: depende de exeaquatur do Presidente do STF. O qual uma vez concedido,

vincula o juiz inferior (rogado), que também não pode deixá-la de cumpri-la

A carta precatória que circula entre juízes do mesmo grau de jurisdição, é lícito ao juiz deprecado recusar-lhe o cumprimento e devolvê-la ao juiz deprecante, nos seguintes casos: CPC. Art. 202, 205, 206, 207 e 209.

CARTAS URGENTES - CPC ART. 205, 206, 207

CUSTAS NAS CARTAS - CPC. Art. 208.O processamento das cartas está sujeito ao preparo comum, inclusive pagamento de taxa judiciária, conforme a legislação local.Não se pode deixar de imediato cumprimento a essas cartas , sob o pretexto de falta de preparo das custas. Quanto às demais cartas, não havendo preparo prévio pode o juiz da diligência devolvê-las sem cumprimento. CPC. Art. 212Essa devolução é feita independentemente de traslado.

CARTAS ROGATÓRIAS - CPC. Art. 210, 211.

CITAÇÃOConceito CPC. ART. 213

Sem a citação do réu não se aperfeiçoa a relação processual e torna-se inútil e inoperante a sentença. CPC. Art. 214

Essa exigência diz respeito a todos os processos: de conhecimento, execução e cautelar – sejam quais forem os procedimentos – comum ou especiais – Até mesmo os procedimentos de jurisdição voluntária , quando envolvem interesses de terceiros tornam obrigatória a citação.

Tão importante é a citação como elemento instaurador do indispensável contraditório no processo, que sem ela todo o procedimento se contamina de irreparável nulidade que impede a sentença de fazer a coisa julgada. Na verdade nenhuma sentença será prolatada.

Observe-se, outrossim, que o requisito de validade do processo não é apenas a citação, mas a citação válida, pois fulmina, o CPC, de nulidade expressa as citações e intimações feitas sem observância das prescrições legais. Trata-se de. CPC. Art. 247.

Suprimento da citaçãoA citação é indispensável como meio de abertura do contraditório na instauração da relação processual.- estabeleceu-se inobstante falta o vício da citação – que não há de se falar em nulidade do processo , posto que seu objetivo foi alcançado por outras vias – a nulidade do processo só ocorre, portanto, no caso de revelia do demandado CPC. Art. 214.

Se o comparecimento NÃO se deu para apresentar a defesa, mas apenas alegar a nulidade da citação e caso esta venha realmente ser decretada, não haverá, mesmo assim, necessidade de realizar-se nova e completa diligência citatória, pois o réu estará citado.

Pode ocorrer que o reconhecimento da nulidade da citação só venha a ocorrer na Segunda instância, em grau de recurso. Nessa hipótese o prazo de contestação só pode ser aberto ao réu a partir do

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retorno dos autos à primeira instância. Enquanto o processo estiver no tribunal, não poderá, ocorrer prazo de resposta, porque haverá evidentemente embaraço judicial ao exercício do direito de defesa.

Destinatário da citação inicial - CPC. ART. 215Se incapaz o demandado , a citação será feita na pessoa de seu representante legal – pai, tutor, curador.

No caso de réu ausente, o ausente não é no sentido técnico, pois então sua representação caberia ao curador, mas no sentido, prático, ou seja, de pessoa fora do domicílio. O que autoriza a medida excepcional do artigo 215, § 1º, é a ausência prolongada e indefinida, maliciosa ou não, que torna embaraçosa a citação pessoal. CPC. Art. 218.

LOCAL DA CITAÇÃO - CPC. Art. 216.

Impedimento legal de realização da citaçãoHá circunstâncias especiais previstas no CPC. , que impedem momentaneamente a citação do réu. CPC. Art. 217Superado o impedimento, a citação será normalmente feita. Por outro lado , a restrição diz somente a pessoa do réu, de modo, que se ele dispuser de procurador com poderes adequados, poderá este ser citado , sem embargo do demandado encontra-se em uma das circunstâncias acima descritas. Também, para evitar o perecimento do direito, pode o juiz autorizar a citação pessoal do réu, mesmo nos momentos e circunstâncias do artigo acima.

Modos de realizar a citação - LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995, art. 18 e CPC. Art. 221É regra geral, hoje, a citação pelo correio com Aviso de Recebimento (AR.), seja o réu pessoa física ou jurídica. As demais formas de citação são exceções e dependem de certos requisitos expressos no CPC. No caso da citação pelo correio, o prazo de resposta conta da data da juntada do AR. No processo.

Citação por oficial de justiça - CPC. ART. 224 c/c 222.Na letra “ f ” do artigo 222 – deu-se poder à parte de afastar a regra geral da citação pelo correio, desde que requeira sua feitura por mandado, em qualquer processo.

Para realizar o ato citatório o oficial de justiça deve portar o competente mandado, documento que o legitima a praticar a citação, que por sua vez, depende sempre de prévio despacho do juiz. É, portanto, o mandado o documento que habilita o oficial a atuar em nome do juiz na convocação do réu para integrar o pólo passivo da relação processual instada pelo autor. CPC. Art. 225 e 226.

Cumprido o mandado , o oficial o devolverá ao cartório, com a certidão de diligência. A certidão é parte integrante do ato citatório, de modo que seus efeitos contaminam toda a citação e podem , conforme a gravidade do vício, acarretar até sua nulidade.O oficial de justiça exerce seu ofício dentro dos limites territoriais da comarca em que se acha lotado. CPC. Art. 230.Citação com hora certa - CPC. ART. 227.Quando, por malícia do réu, o oficial de justiça não conseguir encontrá-lo para dar-lhe pessoalmente a ciência do ato de cuja prática foi incumbido, permite o CPC. que a citação se faça de forma ficta ou presumida, sob a denominação de citação com hora certa.

REQUISITO OBJETIVO : deverá o oficial procurar o réu em seu domicílio por três vezes, sem localizá-la.

REQUISITO SUBJETIVO : deverá ocorrer suspeita de ocultação, é ela elemento fundamental para designação da citação com hora certa. Deve o oficial indicar expressamente indicar os fatos evidenciadores da conduta maliciosa do réu.

Somente a procura do réu por três vezes na residência ou domicílio é que justifica a citação ficta com hora marcada. CPC. Art. 228.Se o demandado for encontrado, a citação será feita normalmente, segundo o disposto no artigo 226. A certidão, referida no § 2º, do artigo 228, do CPC., deverá obrigatoriamente constar:

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Dias e horas em que procurou o citando; Local em que se deu a procura; Motivos que o levaram à suspeita de ocultação intencional; Nome da pessoa com quem deixou o aviso de dia e hora para a citação; Retorno ao local para a citação , no momento aprazado, e motivos que o convenceram da

ocultação maliciosa do réu, por ocasião da nova visita; Resolução de dar por feita a citação; Nome da pessoa a quem se fez a contrafé.

A certidão deve ser copiada também na contrafé, para chegar ao conhecimento do citando o fato da conclusão da diligência sob forma ficta. Recebido o mandado o escrivão procederá à sua juntada aos autos. CPC. Art. 229.

Essa comunicação é obrigatória, mas não integra os atos de solenidade da citação, tanto que o prazo de contestação começa a fluir da juntada do mandado e não do comprovante de recepção de correspondência do escrivão. Trata-se, na realidade de reforço das cautelas impostas ao oficial de justiça. A citação em causa, no entanto, não depende do conhecimento real do citando, pois o CPC a trata como forma de CITAÇÃO FICTA OU PRESUMIDA, tanto que dá curador à parte , caso incorra em revelia. CPC. Art. 9º, II.

Citação pelo correioCitação por via postal é novidade instituída, em matéria de processo. Tornando-se a regra geral no processo civil. Realiza-se por carta do escrivão, encaminhada ao réu pelo correio com aviso de AR. CPC. Art. 222.

É FORMA DE CITAÇÃO – REAL .

A citação postal, não depende de requerimento da parte. , reconhecendo-se ao autor a faculdade de afastá-la, bastando que requeira a citação por oficial de justiça. CPC. Art. 223

A citação pelo correio, depois de deferida pelo juiz, por meio de carta registrada, com aviso de AR., expedida pelo escrivão do feito, ou chefe de secretaria, que será acompanhada de cópias da petição inicial e do despacho proferido pelo magistrado. De seu texto deverá constar em inteiro teor, a advertência a que se refere o artigo 285, Segunda parte.

Impõe o código ao carteiro a obrigação de entregar a carta pessoalmente ao citando, de quem se exigirá assinatura no recibo. Como o carteiro não dispõe de fé pública para certificar-se a entrega ou recusa , se o destinatário se negar a assinar o recibo , a citação postal estará fatalmente frustrada, e só restará ao autor renovar a in ius vocatio, por mandado , cobrando ao réu as custas da diligência fracassada. CPC. Art. 224.

A citação postal é admitida para qualquer comarca do país. O prazo p[ara resposta do réu, só começa a fluir a partir da juntada do AR. Aos autos. Porque só então se tem por completa a diligência citatória por via postal, que da mesma forma que a por mandado é um ato processual complexo. CPC. Art. 241, I.

Citação por edital Outra forma de citação ficta ou presumida – é a que se realiza por meio de edital e que têm cabimento apenas em casos especiais. CPC. Art. 231 e 232.

I - quando desconhecido ou incerto o réu;Hipótese mais comum , naqueles casos em que se devem convocar terceiros eventualmente interessados, sem que se possa precisar de quem se trata, com exatidão (usucapião, contra espólio, herdeiros, falência, insolvência, etc..).

II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;No inciso anterior, o desconhecimento era subjetivo (ignorava-se a própria pessoa do réu), agora a incidência é objetiva (conhece-se o réu mas não sabe como encontrá-lo).

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Equiparam-se , ao lugar ignorado, para efeito de citação-edital, aquele que, embora conhecido seja inacessível à Justiça para a realização do ato citatório. A inacessibilidade pode ser física ou jurídica (ex.: país estrangeiro).

III - nos casos expressos em lei.São vários os procedimentos em que a citação por edital vem determinada, expressamente pela própria lei, como o inventário, a divisão, a insolvência, o usucapião.

Por se tratar de citação ficta, quando o citado por edital deixa de comparecer e contestar a ação, o juiz nomeia-lhe curador especial para acompanhar o processo em seu nome e defender seus interesses na causa.

Responsabilidade do promovente da citação- edital Ao autor incumbe a alegação dos pressupostos que autorizam essa forma de citação ficta. CPC. Art. 233 e 247

Para que se verifique essas responsabilidade, não basta a conduta culposa do autor. Condiciona o Código à ação dolosa da parte, ao qual porém deve se equiparar o erro grosseiro, que se inclui na idéia de dolo processual.

Efeitos da citação cpc. art. 219

PREVENÇÃO, LITISPENDÊNCIA E A LITIGIOSIDADE: são considerados EFEITOS PROCESSUAIS; - pressupõe perfeita regularidade do ato citatório;CITAÇÃO, CONSTITUIÇÃO EM MORA, INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO: são considerados EFEITOS MATERIAIS – operam sua eficácia, mesmo quando a citação for ordenada por juiz incompetente.

PREVENÇÃO: Consiste a prevenção na fixação de competência de um juiz em face de outros, quando vários são os que teriam igual competência para causa. O método aplica-se aos casos de conexão entre várias ações que poderiam ser atribuídas a diversos juízes. Aquele que realizou primeiro a citação em uma das causas tem a sua competência preventa para os demais. Concentra-se assim, em razão as primeira citação válida. Há porém casos em que a prevenção opera antes mesmo da citação : é o da concorrência de competência entre juízes que têm a mesma competência territorial, quando então basta o despacho da inicial para tornar prevento o juiz.

LITISPENDÊNCIA: Consiste em tornar completa a relação processual trilateral em torno da lide- por força da litispendência – o mesmo litígio não poderá voltar a ser objeto, entre as partes, de outro processo , enquanto não se extinguir o feito pendente. O instituto da litispendência – procura:

Evitar o desperdício de energia jurisdicional que derivaria do trato da mesma causa por parte de vários juízes;

Impedir o inconveniente de eventuais pronunciamentos judiciários divergentes a respeito de uma mesma controvérsia jurídica.

LITIGIOSIDADE: Pelo fenômeno jurídico da litigiosidade, o bem jurídico disputado entre as partes , torna-se vinculado à sorte da causa, de modo que, entre , outras conseqüências, não é permitido aos litigantes alterá-lo., nem aliená-lo, sob pena de atentado ou fraude a execução. Do atentado decorre a obrigação para a parte de restabelecer o estado anterior, ficando proibida de falar nos autos até que a falta seja purgada. Da fraude à execução resulta a ineficácia do ato de disposição de sorte que o bem alienado, mesmo na posse ou propriedade do terceiro adquirente, continuará sujeito aos efeitos da sentença proferida entre as partes.

MORA: Quando a mora não é ex re, ou de pleno direito (a que decorre do simples vencimento da obrigação), a citação inicial apresenta-se como equivalente da interpelação, atuando como causa de constituição do devedor em mora (mora ex persona).

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PRESCRIÇÃO: O Código Civil, considera a citação do devedor como fato hábil a interromper a prescrição, ainda que ordenada por juiz incompetente. Não apenas a citação inicial da causa principal tem esse efeito , mas também em citações de medidas cautelares preparatórias que visem a integrar a condição necessária a que o autor, depois, ingresse em juízo.

Antecipação do efeito interruptivo da prescrição: CPC. ART. 219Se o autor promover a citação nos 10 dias subseqüentes , a prescrição considerar-se-á interrompida, retroativamente a data da propositura da ação.Mesmo vencido o prazo prescricional não pode, porém, o juiz decretar de ofício a prescrição se a demanda for de natureza patrimonial. Poderá , no entanto decretar liminarmente a prescrição sem provocação do réu, quando o litígio versar sobre direitos não-patrimoniais.

Decretada in limine litis – após o trânsito em julgado – o recurso cabível é de apelação – o juiz deve comunicar o resultado de julgamento ao réu – através de intimação. CPC. Art. 220.O que vale dizer que a norma alcança também a decadência.

INTIMAÇÕES

Conceito - CPC. ART. 234Não há, mais , a distinção entre intimação e notificação de atos processuais. A intimação dos atos processuais, que tecnicamente, tem duplo objetivo:

de dar ciência de um ato ou termo processual; de convocar a parte a fazer ou abster-se de fazer alguma coisa.

É da intimação que começam a fluir os prazos para que as partes exerçam os direitos e faculdades processuais.

Em razão do princípio do impulso oficial – as intimações não dependem de provocação das partes e são efetuadas , de ofício, no curso do processo salvo disposição em contrário. CPC. Art. 235 e 262.

Em decorrência das intimações que o processo se encaminha, inexoravelmente, gerando preclusão das fases vencidas, rumo à prestação jurisdicional, que é sua razão de ser.

FormaAs intimações podem ser feitas pelo escrivão ou pelo oficial de justiça, ou, ainda por publicação na imprensa. A intimação em audiência que decorre ipso iure da prolação oral, no ato de decisão ou sentença que o juiz preside. CPC. Art. 242

É claro que as intimações também podem ser feitas por edital e com hora certa, nos mesmos casos em que se admitem essas formas para a citação. CPC. Art. 236.

Não é necessário transcrever todo o teor da decisão, basta enunciar o seu sentido.

Mas se vários são os advogados constituídos pela parte, com poderes solidários e com a faculdade de agir conjunta ou separadamente , a intimação pela imprensa de apenas um dos causídicos é válida e produz normalmente, todos os efeitos processuais inerentes ao ato.

Da mesma forma , no litisconsórcio em que vários litigantes se representam pelo mesmo advogado, a omissão do nome de um deles ou sua indicação de forma abreviada não pode ser considerada causa de nulidade da intimação, dada a total ausência de prejuízo para os interessados, que não teriam dificuldade alguma para identificar o processo. CPC. Art. 236 § 2º.

Não há tal regalia para os procuradores ou advogados da Fazenda Pública, salvo nos casos de execução fiscal. CPC. Art. 237.

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É dispensável a intimação do advogado que subscreve a petição “quando o despacho é dado na própria petição e na presença do causídico que assim tomou conhecimento do despacho do próprio ato.”Se a petição chegar ao magistrado por intermédio do protocolo do respectivo despacho as partes devem ser intimadas.

Intimação pelo escrivão ou oficial de justiçaÀ falta de órgão de publicação , as intimações dos advogados serão feitas pelo escrivão. As partes e terceiros, de ordinário, são intimados pelo oficial de justiça. Os escrivães atuam no cartório e lá, à vista dos autos, procedem às intimações pessoais dos advogados- Se o advogado residir em outra comarca, deverá utilizar a via postal. CPC. Art. 238 e 239.

As intimações por oficial de justiça restringem-se à circunscrição territorial do juízo. Fora daí, ou se usa o correio ou a carta precatória. No caso de comarcas contíguas ou integrantes da mesma região metropolitana, permite-se ao oficial ultrapassar as fronteiras de sua comarca para cumprir o mandado intimatório. CPC. Art. 230.

Aperfeiçoamento da intimaçãoA intimação feita pelo escrivão em cartório e a que decorre da propalação da decisão oral em audiência são atos processuais simples – que produzem instantaneamente toda a sua eficácia jurídica , bastando que fique consignadas em termo nos autos. O mesmo pode se dizer das comunicações realizadas pela imprensa.

As intimações por via postal – por meio de oficial de justiça são atos processuais complexos – isto é – diligências que compreendem vários outros atos essenciais ao seu aperfeiçoamento e eficácia.

No caso de comunicação postal, só se entende intimada a parte depois que o aviso de recebimento da carta retorna e é juntado aos autos – quod non est in actis non est in mundo – o prazo para a prática do ato a que foi intimado o litigante só começa a flui da juntada.

Cumprida a intimação pelo oficial de justiça , fora do cartório, caberá ao serventuário certificar a ocorrência através de certidão lançada no mandado ou na petição que fez suas vezes. A diligência só se completará com a juntada do documento aos autos, comprovada mediante termo do escrivão. CPC. Art. 238 e 239.

CERTIDÃO: é que é exigida ad substantiam não apenas ad probationem. Quer isso dizer que ele não se destina somente a provar “a intimação; ele a completa e perfaz”, de modo que a certificação por isso é requisito essencial e, consequentemente, existencial da intimação. As deficiências da certidão, são assim, deficiências da própria intimação, e por isso conduzem a nulidade do ato.

Intimação em audiência - CPC. ART. 242.Trata-se de um sistema de intimação automática, que decorre do próprio ato do juiz de dar publicação em audiência ao seu ato decisório.

Intimação por edital com hora certaEmbora inexista previsão expressa em lei, impõe-se admitir, por analogia com a citação, o cabimento da intimação por edital em casos como do devedor ausente que teve bens penhorados em execução.Em atos da mesma natureza impõe-se, também, a intimação com hora certa se o devedor ou o terceiro se oculta, maliciosamente , para frustrar a diligência.

Efeitos de intimação - CPC. Art. 240Além de propiciar a ciência oficial do ato ao interessado, as intimações determinam o dies a quo dos prazos processuais.

Funciona a intimação destarte, como mecanismo indispensável à marcha do processo e como instrumento para dar efetividade ao sistema de preclusão que é fundamental ao processo moderno

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REGISTRO, DISTRIBUIÇÃO

Noções introdutóriasA distribuição e o valor da causa são atos importantes , que podem influir na determinação da competência do juiz e seus auxiliares e que também , apresentam outras conseqüências processuais; a abertura da relação jurídico processual – estabelecimento da base de cálculo.

O registro serve apenas para documentar a entrada dos feitos no cartório, como meio de identificação da causa e controle estatístico.

Registro - CPC. ART. 251.Faz-se registro ,por meio de lançamento em livro próprio do cartório, dos dados necessários à identificação do feito. Por meio do registro, o cartório ou a secretaria estará sempre documentado para certificar ou não de processo sobre determinado litígio.

DistribuiçãoSempre que houver diversos órgãos concorrentes em matéria de competência ou atribuições, ou seja, vários juízes ou cartórios com igual competência, numa mesma comarca, haverá necessidade de distribuir os feitos entre eles na sua entrada em juízoPode haver distribuição só entre juízes ou só entre cartórios, e pode haver distribuição simultânea entre cartórios e juízes. Se um só é o juiz competente e vários cartórios que o auxiliam, a distribuição será só de cartórios. Se vários juízes competentes e um só cartório que os serve, a distribuição será só de juízes. CPC. Art. 252.Como se vê várias são as varas igualmente competente, só após a distribuição é que o juiz estará em condições de proferir o despacho da inicial.

Distribuição por dependênciaNos casos de continência ou conexão de várias causas, a competência para todas elas já está definida pela prevenção do juiz que se tornou competente para o primeiro processo. CPC. Art. 103, 104, 106 e 253.

A fiscalização exercida pelo distribuidor é superficial e não diz respeito nem ao mérito nem à forma da petição inicial, mesmo que seu ato esteja sendo praticado sob a presidência do juiz.

Compete apenas verificar se o signatário da petição inicial satisfaz o requisito do ius postuilandi. Assim a petição inicial só não será distribuída se não estiver acompanhada do competente instrumento do mandato outorgado a advogado. CPC. Art. 254, 256 e 37.

Da distribuição decorre para o autor o primeiro ônus processual, que é o de pagar as custas iniciais para que o feito possa Ter andamento. Assim, registrada e atuada a petição inicial, o cumprimento do despacho de citação ficará na dependência do referido preparo.

CPC. Art. 257 - Trata-se de uma causa de extinção do processo antes mesmo que a relação processual se tornasse trilateral, pela citação do réu.

VALOR DA CAUSA

Valor da causa pode Ter reflexos sobre a competência segundo as leis de organização judiciária e influi, ainda sobre o rito do processo de conhecimento que em função dele pode ser ordinário ou sumário. CPC. Art. 275

Costuma ainda o valor da causa servir de base para arbitramento dos honorários advocatícios, na sentença em que não há condenação da parte vencida- Ë sobre o valor da causa que as leis estaduais costumam cobrar a taxa judiciária. CPC. Art. 258 e 259.

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Não se esqueça que o valor da causa é requisito da petição inicial. Faltou ao código estatuir regras pertinentes às ações de procedimento especial, como as possessórias , a nunciação de obra nova, os embargos de terceiros , o usucapião, bem como aos procedimentos de jurisdição voluntária.Cremos que por analogia , em se tratando de bens imóveis , podemos seguir a orientação do inciso VII, do artigo 259, atribuindo ao feito, o valor da estimativa fiscal de lançamento do imposto territorial ou predial.Se for bem móvel, outra solução não haverá senão a de arbitrar o valor do bem disputado. CPC. Art. 260 e LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995, Art 3°, I.

Impugnação do valor da causaNo prazo da contestação é lícito ao réu discordar do valor atribuído à causa pelo autor e impugná-lo através de um incidente que terá curso fora da causa principal, em autos apartados. Em petição distinta , o réu apresentará as razões pelas quais não aceita o valor constante na inicial. CPC. Art. 261.

O recurso cabível a espécie é o AGRAVO – na modalidade INSTRUMENTO – Observe-se, outrossim, que o prazo de resposta do réu após a citação inicial é preclusivo, com relação à faculdade processual de impugnar o valor da causa.

É preciso distinguir entre os valores determinados taxativamente pela lei – valores legais – e aqueles outros provenientes de simples estimativa da parte – valores estimativos – se tratar-se de causa em que o valor fixado for o legal – pode este ser objeto de corrigenda imediata do juiz, de ofício, ou como impugnação do réu. No entanto, se tratar-se de valor estimativo, caberá exclusivamente ao réu, impugná-lo, sem que o juiz possa, de ofício, intervir – tornando-se, na omissão do réu, o valor imutável.

CRITÉRIOS LEGAIS (art. 259): ação de cobrança – valor da dívida + acessórios + juros vencidos até a propositura da ação; havendo cumulação de pedidos, a soma de todos os valores; pedidos alternativos – o de maior valor; se houver pedido subsidiário – o valor do pedido principal; quando discutir contrato (existência, validade, cumprimento ou rescisão) – o valor do mesmo; alimentos – soma dos 12 meses; possessórias – estimativa oficial do imposto; ação de divisão, demarcação e de reivindicação – valor do IPTU; despejo – 12 meses de aluguéis ou três salários, no caso de despejo de empregado.

CRITÉRIOS ESTIMATIVOS: proveniente da estimativa da parte.Importante a diferença entre valor estimativo e legais , neste o juiz pode de OFÍCIO ou a pedido da parte fazer a correção do valor, já nos casos de valores pelo critério estimativo cabe EXCLUSIVAMENTE ao réu impugná-los

ALGUNS VALORES : Ação cautelar: valor não é requisito; Até 20 salários mínimos – procedimento sumário; Até 40 salários mínimos - Juizado Especial Cível; Embargos a execução: valor da execução; Despejo –soma dos 12 alugueres – contrato por prazo indeterminado; Consignatória: prestações vencíveis mês a mês o valor da 1a. prestação vezes 12.

VÍCIOS DO ATO PROCESSUAL – NULIDADE

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ConceitoPertencendo os atos processuais ao gênero dos atos jurídicos, aplicam-se-lhes as exigência comuns de validade de todo e qualquer destes atos, isto é, o agente deve ser capaz, o objeto deve ser lícito e a forma prescrita ou não defesa em lei.

As partes além de atenderem os requisitos materiais de capacidade jurídica – maioridade , assistência ou representação – terão também que satisfazer as exigências do ius postulandi, de que salvo as exceções, só toca aos advogados regularmente habilitados e inscritos na OAB.

Sobre o requerimento de objeto lícito, há expressos dispositivos que mandam o juiz reprimir qualquer ato praticado pelas partes que seja contrário a dignidade da justiça. CPC. Art. 125 e 129

No que toca a violação de forma legal, é onde mais se mostra importante a teoria das nulidades processuais, dado o caráter instrumental do processo e da indisponibilidade da forma para se alcançar seus desígnios.

Espécies de vícios do ato processualPor violação aos seus elementos ou requisitos de validade, os atos do processo, como os demais atos jurídicos, podem ser classificados:

Atos Inexistentes; Atos Absolutamente Nulos; Atos Relativamente Nulos.

Atos inexistentesAto inexistente é o que não reúne os mínimos requisitos de fato para sua existência como ato jurídico, do qual não apresenta nem mesmo a aparência exterior. O problema da inexistência , dessa forma, não se situa no plano da eficácia, mas sim no plano anterior do ser ou não ser, isto é, da própria vida do ato.

Com relação ao ato juridicamente inexistente, não se pode sequer falar de ato jurídico viciado, pois há um simples fato de todo irrelevante para a ordem jurídica. Por isso o ato inexistente jamais se poderá convalidar e nem tampouco precisa ser invalidado.

Atos absolutamente nulosO ato absolutamente nulo , já dispõe da categoria de ato processual não é mero fato como o inexistente, mas sua condição jurídica mostra-se gravemente afetada por defeito localizado em seus requisitos essenciais.

Compromete a execução normal da função jurisdicional, é por isso vício insanável.

Comprovada a ocorrência de nulidade absoluta, o ato deve ser invalidado por iniciativa do próprio juiz, independentemente de provocação da parte interessada.

Na realidade , a vida do ato absolutamente nulo é aparente ou artificial, pois não é apta a produzir a eficácia de ato jurídico. Perdura, exteriormente, apenas até que o juiz lhe reconheça o grave defeito e o declare privado de validade.

Dada sua aparência de ato bom, é necessário que o juiz o invalide, embora jamais possa ser convalidado.

Exemplos, de ato absolutamente nulos: sentença que veio a ser proferida no processo, se correr à revelia do réu; - citação sem a observação das prescrições legais, etc..

Em qualquer época que se pretender opor os efeitos de tal sentença ao réu, lícito lhe será argüir a nulidade e obter do juiz a sua decretação.

Isto não quer dizer que o ato nulo embora insanável , não possa ser suprido por outro de igual efeito. Assim, a citação nula, pode ser suprida pelo comparecimento do réu ao processo- este comparecimento

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não dá eficácia a citação, mas sim a substitui, e os efeitos próprios do comparecimento, e só atuam a partir dele , gerando inclusive a reabertura do prazo de defesa.

Atos relativamente nulosA nulidade relativa ocorre quando o ato, embora viciado em sua formação, mostra-se capaz de produzir seus efeitos processuais, se a parte prejudicada não requerer sua invalidaçãoO defeito aqui é muito mais leve do que o que se nota nos atos absolutamente nulo., de modo que o ato é ratificável , expressa ou tacitamente e se a parte não postula sua anulação, é apto a produzir toda a eficácia a que se destinou. O silêncio da parte é suficiente para convalidá-lo.Nulidade relativa é regra geral – a nulidade absoluta é exceção.

Nulidade do processo e nulidade do ato processualA nulidade pode atingir toda a relação processual ou apenas um determinado procedimento.

Há Nulidade Do Processo: quando desatende-se aos pressupostos de constituição válida a desenvolvimento regular da relação processual, ou quando existe impedimento processual reconhecido ou então pressuposto negativo concernente ao litígio.O ato processual não têm vida autônoma, pois forma uma cadeia com os diversos atos que integram o procedimento – incumbe ao juiz, a o pronunciar a nulidade, declarar que atos são atingidos. CPC. Art. 249

Segundo Frederico Marques Haverá, segundo o CPC., nulidade de todo o processo:Quando registrar falta não suprida pelo juiz da autorização marital ou outorga uxória se necessária CPC. Art. 11.

Quando em certos casos previstos no CPC. , omitir-se o autor na prática de atos ordenados pelo juiz, para sanar nulidade do processo ou atos processuais. CPC. Art. 13, 37, 265, 284, 246 e 84.

Via de regra essas nulidades são consideradas absolutas. As nulidades , nos casos de falta de intimação do MP. e de ausência de outorga uxória, devem ser entendidas em certas circunstâncias , como nulidades relativas, dado que se o interesse da parte tutelada pelo MP., ou do cônjuge ausente, vier a sair vencedor na solução da lide, injustificável será a anulação do processo, por inexistência do prejuízo. Faltará a parte o pressuposto do interesse legítimo para obter tal decretação e o juiz estará , logicamente impedido de agir de ofício, pois estaria contrariando a ratio essendi da própria norma legal. A decretação da nulidade , in causu, invés de amparar o referido interesse, viria prejudicá-lo, privando a tutela já deferida pela sentença.

Sistemas de nulidade do códigoEmbora reconheça-se a importância das formas para garantia das parte e o fiel desempenho da função jurisdicional, não vai o CPC., ao ponto de privar sempre o ato jurídico processual de efeito apenas por inobservância de rito, quando nenhum prejuízo tenha sofrido as partes.

O princípio que inspirou o CPC., foi o PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS E DOS ATOS PROCESSUAIS, segundo o qual o ato só se considera nulo e sem efeito se, além de inobservância da forma legal, não tiver alcançado sua finalidade. CPC. Art. 244.

Mas em qualquer caso, mesmo quando haja expressa cominação de nulidade para inobservância de forma, o juiz não decretará a nulidade e nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a forma, se: CPC. Art. 249.

Isto quer dizer que o ato absolutamente nulo não prejudicará a validade da relação processual como um todo. Daí afirmar-se que, pelo PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS E DOS ATOS PROCESSUAIS, , como regra geral, predomina as nulidades relativas no processo.

Veja-se o que se dá com a citação nula; a relação processual fica contaminada toda ela do mesmo defeito, se o réu não comparecer para se defender , de modo que a qualquer tempo poderá argüir

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nulidade da sentença que julgou a causa. – mas e se essa sentença lhe for favorável, que interesse terá ele de obter tal declaração ? E o autor muito menos, poderá pretender anulá-la, visto que, dentro do mesmo princípio, a parte que dá causa a nulidade, ainda que absoluta, não poderá jamais requerer sua decretação. CPC. Art. 243.

Nulidades cominadas pelo código

SOBRE AS NULIDADES ABSOLUTAS: CPC. Art. 245As nulidades expressamente cominadas , quando não supridas ,se presumem prejudiciais aos interesses da parte e da atividade jurisdicional. CPC. Art. 247.Se ao contrário , se provar que a parte compareceu e praticou o ato que lhe competia a nulidade absoluta do ato de comunicação processual, embora expressamente prevista na lei, não será decretada .

NULIDADES DA CITAÇÃO E INTIMAÇÃO A citação e as intimações são atos solenes, suas formas são da essência do ato, e não apenas meio de prova. Daí por que o código considera nulos os atos de comunicação processual feitos sem observância dos preceitos legais. Admitem, todavia, suprimento pelo comparecimento da parte, desde que não tenham sofrido prejuízo em sua defesa pela deficiência do ato.

Argüição da nulidades - CPC. Art. 243. Diante do que já se expôs , as nulidades no CPC, só poderão ser decretadas a requerimento da parte prejudicada e nunca pela parte causadora

Para a argüição , o réu pode usar a contestação ou petição simples. É possível também a invocação de nulidade em razões de apelação ou em alegações orais de audiência, por qualquer das partes e pelo MP. CPC. Art. 245, 249

Momento da argüição - CPC. Art. 245. A nulidade relativa, deve ser argüida pela parte interessada, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. , sob pena de preclusão, isto é, da perda da faculdade processual de promover a anulação. Permite-se que a parte elida a preclusão, provando legítimo impedimento , que não lhe permitiu a alegação no momento alegado.

Se a nulidade for absoluta, como a falta de citação do cônjuge nas ações reais, ou intervenção do MP, não prevalece a preclusão, a alegação pode ser feita em qualquer fase do processo, salvo as exceções já vistas.

Uma característica especial das nulidades processuais é a sanação de todas elas pelas preclusão máxima operada através da coisa julgada, Mesmo as nulidades absolutas, não conseguem ultrapassar a barreira da res iudicata, que purga o processo de todo e qualquer vício formal eventualmente ocorrido em algum ato praticado irregularmente em seu curso.

Há , porém, vícios fundamentais que inutilizam o próprio processo, como relação processual, a exemplo da falta de nulidade da citação. Neste caso o defeito não é sanado pela preclusão da coisa julgada porque para formar-se a res iudicata é indispensável a existência de um processo válido, e sem a citação regular ou sem o comparecimento do réu que a supre, não se pode cogitar o processo.

Decretação da nulidade - CPC. Art. 249. Toda nulidade processual, seja absoluta ou relativa, depende de decretação judicial. É a sentença o ato do juiz que anula todo o processo, e decisão interlocutória o que se limita a invalidar determinado ato processual. Do primeiro portanto cabe apelação e do segundo cabe agravo.

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Efeitos da decretação - CPC. ART. 248. O ato processual não tem vida isolada, mas apenas dentro do contexto dos diversos atos que compõe o procedimento, onde se dá um encadeamento sem solução de continuidade, desde a propositura da ação, até final julgamento da lide.

Nos atos complexos – compõe-se de um feixe de atos simples. Assim o cerceamento de defesa reconhecido pela recusa de ouvida de uma testemunha leva à anulação do julgamento, mas não invalida as prova que foram coletadas na mesma audiência

CPC. Art. 250 - Não se admite assim a conversão de um rito em outro com aproveitamento da contestação quando o prazo de defesa ou a matéria argüível eram no procedimento anulado menores ou mais restritos do que o procedimento correto. Haverá , então de ser reaberto o prazo de defesa.

O artigo 250, se refere as nulidades decorrentes do procedimento, de modo que não tem aplicação quando o erro se referir à tutela jurisdicional invocada, que corresponde às diversas espécies de processo – de cognição, execução e cautelar -.

Se o feito só poderia ser apreciado no processo de conhecimento e o réu lançou mão do processo de execução, é impossível a conversão, porque o juiz estaria alterando o próprio pedido do autor, o que nunca lhe é permitido.

PROCEDIMENTO COMUM E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS.

ProcessoPara solucionar os litígios , o Estado põe a disposição das partes 3 espécies de tutela jurisdicional:

Cognição; execução; Cautelar.

Se a lide é de pretensão contestada: conhecimento – cognição que deve culminar numa sentença de mérito, que contenha a resposta definitiva ao pedido formulado pelo autor.

Se a lide é de pretensão insatisfeita: execução - pois já tem o autor direito líquido, certo e exigível .

A tutela cautelar incide quando, antes da solução definitiva da lide (cognição ou execução) em razão da duração do processo, haja risco de altera-se o equilíbrio das partes diante da lide. Conserva o estado de fato e de direito em caráter provisório e preventivo.

ProcedimentoA forma como processo se desenvolve assume feições diferentes devido a vários fatores : valor da causa, matéria etc..Enquanto o processo é uma unidade, o procedimento é a exteriorização dessa unidade.É procedimento, sinônimo de rito processual, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos no processo. (M.A.S).

Procedimentos no processo de cogniçãoEm matéria de processo de conhecimento temos em nosso CPC os procedimentos comuns e os procedimentos especiais.

Comum é o que se aplica a todas as causas para as quais a lei não tenha instituído um rito próprio ou específico. Seu domínio é delimitado por exclusão, onde não se prevê procedimento especial será ele comum. Cpc.art.272

O procedimento comum se subdivide em ordinário e sumário. O procedimento sumário é um procedimento especial ( em razão do valor ou matéria) , assim resta ao ordinário a verdadeira função

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de procedimento comum. Assim, aplica-se o ordinário toda vez que à causa não seja previsto procedimento sumário ou especial.Cpc art 275A legislação regula exaustivamente o rito ordinário, sendo o rito sumário e especial abordado nos aspectos em que são diferentes do ordinário.Cpc art. 273

Procedimentos especiais – jurisdição contenciosa e voluntáriaOs primeiros referem-se à solução de litígios e os últimos apenas à administração judicial de interesses privados não litigiosos – somente administrativos , tendente a formação de negócios jurídicos. FM.: jurisdição voluntária não tem processo, mas sim há uma coordenação de atos não processuais.

Nos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, via de regra, encontram-se uma simbiose entre processo de conhecimento e de execução.

Procedimento ordinárioEm linhas gerais resume-se em:

petição inicial; Citação do réu; Resposta do réu (Contestação, reconvenção exceção) ; Providências preliminares Julgamento conforme o estado do processo (extingüi o processo , julga antecipadamente a lide ,

saneamento do processo, marca audiência); Audiência preliminar; Perícias e diligências; Audiência de instrução e julgamento; Sentença na audiência ou em 10 dias.

O procedimento ordinário é amplo e permite às partes e ao juiz pesquisar a verdade real. Está estruturado segundo fases lógicas: postulatória, de saneamento, instrutória e decisória. Estas fases nem sempre são nítidas , por vezes se interpenetram.

Fase Postulatória: dura da propositura da ação à resposta do réu.

Fase de Saneamento: da inicial ao início da fase instrutória, o juiz exerce atividade destinada a verificar a irregularidade do processo.Fase Instrutória: destina-se à coleta de material probatório, que servirá de suporte a decisão do mérito.

Fase decisória: destina-se à prolação da sentença de mérito – realiza’-se após a instrução, que , de regra, ocorre dentro da audiência.

Procedimento sumário

O artigo 275 do cpc, delimita o âmbito de incidência do procedimento sumário, enumerando as causas que devem observá-lo. Adota a lei dois critérios – em razão do valor e em razão da matéria.

Ratione valoris As causas cujo os valores seja igual ou inferior a 20 vezes o salário mínimo , na data da propositura da ação ( naquela em que a inicial é distribuída ou despachada).Excetuam-se, entretanto, as ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas, bem como as que sejam previsto rito especial.A impugnação ao valor da causa será decidido na audiência de conciliação, podendo ocorrer que o valor retificado, supere o limite estabelecido, assim, nessa hipótese, o órgão judicial determinará a conversão do procedimento sumário em ordinário. Embora a lei não diga, o inverso pode ocorrer.

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Ratione materiae Independentemente do valor observa-se o procedimento sumário nas seguintes causas:

arrendamento rural e parceria agrícola: assim, todo e qualquer litígio oriundo dos contratos de arrendamento rural e parceria agrícola, bem como as ações de despejo, de retomada, de rescisão contratual, de indenização por inadimplemento, de acertos de conta.

de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio: não se inclui a cobrança pelo locador de encargos de condomínio devidos , nos termos de contrato escrito de locação pelo locatário (esse caso execução);

de ressarcimento por danos em prédios rústicos ou urbanos: prédio sinônimo de imóvel com ou sem edificações ou outras acessões. Compreende o solo com todos os seus acessórios naturais ou artificiais.

De ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre: trata-se de indenização por ato ilícito independentemente se o demandado dirigia ou não o veiculo mesmo que se trate de responsabilizar-se terceiros (pai ou responsável pelo incapaz, patrão etc..) seguirá a ação o rito sumário.

De cobrança de seguro relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvado os casos de processo de execução: ver artigo 585 , inciso III

De cobrança de honorários dos profissionais liberais, com ressalva no disposto em legislação especial: ex.: a cobrança de honorários advocatícios far-se-á executivamente .

Nos demais casos previstos em lei. Suscitando-se controvérsia sobre a natureza da causa, e a adequação do procedimento

sumário o juiz procederá como na hipótese de impugnação do valor da causa, decidindo a questão de plano na audiência de conciliação e julgamento e, sendo o caso, determinará a conversão do rito em ordinário.

Exclusão do procedimento ordinário O CPC prevê a aplicação subsidiária do procedimento ordinário às causas do procedimento sumário, entretanto, não contempla a possibilidade de substituir-se o procedimento sumário pelo ordinário, nas hipóteses em que aquele é cabível. Impossível, também, a substituição do procedimento ordinário pelo sumário, ainda que as partes acordem para tanto. A matéria escapa ao poder dispositivo das partes. CPC. ART. 275 e 295, V

Excepcionalmente admite o Código , na hipótese de cumulação de pedidos a utilização do procedimento ordinário, em vez do que normalmente seria cabível, se assim preferir o autor.CPC. Art. 292 § 2°

Assim, se entre os pedidos que se quer cumular houver algum ou alguns a que se aplique o procedimento sumário, e outros que se aplique o procedimento ordinário, ou a soma dos valores dos pedidos cumulados ultrapassar o limite do artigo 275, deve se utilizar o procedimento ordinário, ainda que cada valor em separado pudesse adequar-se ao rito sumário. .

Entretanto, não se infere que deva ser anulado o processo, que instaurado em procedimento ordinário seria cabível o procedimento sumário.Cpc. Art. 250Estrutura do procedimento O procedimento sumário foi criado com o escopo da celeridade processual, chegou-se até a estabelecer-se prazos para o seu término ( hoje só resta o do artigo 550, que prejuízo algum traz se ultrapassado – pode , quando muito trazer responsabilidade funcional do magistrado – o acórdão ultrapassado este termo não é nulo).As causas de rito sumário processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência destas. Cpc. Art. 174 II

Não disciplina, o código, a exaustão o procedimento sumário traça-lhe, apenas, os traços peculiares do rito, aplicando-lhe subsidiariamente as regras do procedimento ordinário.

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Inicia-se com o ajuizamento da inicial (proposta está a ação quando despachada ou distribuída), em sendo o caso deve o autor desde logo oferecer o rol de testemunhas , requerer a perícia oferecendo os quesitos e indicando assistente técnico.

Requerida a modificação do pedido , sendo consentido pelo réu, passa a ação a ser outra abrindo-se novo prazo para defesa, sendo então designada nova audiência. Quanto ao valor da causa, deve observar-se o que já foi dito, que ultrapassado o valor legal – 20 salários mínimos – o rito terá que ser ordinário.

Citação do réu O despacho liminar do juiz, é idêntico ao procedimento ordinário. Observe-se, entretanto, que ao deferir a inicial , além de ordenar a citação do réu, deve órgão judicial marcar desde logo a audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 dias , determinado que a ela compareçam as partes (prazo duplicado no caso da Fazenda Pública). CPC art. 277

A citação do réu (ou de todos os litisconsortes passivos), não para responder em certo prazo, mas para comparecer à audiência de conciliação, tem que se consumar pelo menos 10 dias antes da data fixada para a audiência (prazo duplicado no caso da Fazenda Pública).CPC art 225 IV e 272.

Se a citação consumou-se dentro do decênio anterior à audiência, esta será adiada, intimando-se as partes da nova designação. A audiência realizada sem essa precaução é em princípio nula, não sendo decretada a nulidade se o réu comparecer a audiência e não argüir o vício. Ademais , não se pode ser decretada a nulidade em benefício da parte que lhe deu causa, se imputável exclusivamente ao réu o retardamento da citação, não será decretada a nulidade.CPC art. 243 e 186.

Tentativa de conciliação Realizar-se-á em dia e hora marcados, a audiência de conciliação, a qual deverão estar presentes as partes, pessoalmente ou por meio de preposto com poderes para transigir. A ausência das partes , n!ao é razão bastante para que se adie o ato.A lei não prevê intimação do autor para o ato – somente sendo intimado, nos casos de modificação da data da audiência.

Ausente o réu, cabe desde logo ao órgão jurisdicional proferir a sentença – com ou sem o julgamento do mérito conforme o caso concreto.

Presentes os litigantes tentará o órgão judicial conciliá-los , obtido o acordo este será homologado, sendo que a sentença homologatória constituirá para esse fim , título executivo. Frustrada a conciliação , prossegue-se a audiência com a defesa do réu.

Resposta do réu Defesa do réu não sofre restrição de conteúdo, pode ser formulada por escrito ou oralmente. O réu instruirá a resposta , com documentos e o rol de testemunhas, requerendo perícia, apresentará quesitos desde logo podendo indicar assistente técnico.

Lícito ao réu na própria contestação formular pedido em seu favor, desde que fundados nos mesmos fatos referidos na inicial.,tal pedido, fará as vezes da reconvenção. A admissibilidade da ação declaratória incidental está expressamente excluída , assim como, a intervenção de terceiros (salvo assistência e recurso do prejudicado). CPC. Art. 278 e 315.

A oportunidade para argüição da incompetência relativa, impedimento ou suspeição é sem dúvida na audiência.

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Da instrução Os documentos, o rol de testemunhas devem ser oferecidos, pelo autor com a inicial e pelo réu com a resposta na audiência de conciliação e julgamento. O mesmo se dá com o pedido de perícia, devendo na mesma oportunidade, formular r quesitos e indicar assistente técnico. O perito deverá apresentar laudo técnico no prazo de 15 dias , nos casos de alta complexidade técnica, a critério do juiz, o procedimento sumário poderá ser convertido em ordinário. Nos demais atos, tudo igual ao procedimento ordinário.As provas orais serão colhidas em audiência de instrução e julgamento, se houver necessidade e não se verificando qualquer das hipóteses do artigos 329 e 330 do CPC, designará na audiência em princípio destinada à conciliação, uma vez frustrada a tentativa de acordo e oferecida a resposta do réu. Celebrar-se-á a audiência de instrução e julgamento em data próxima, dentro do prazo não superior a 30 dias, o qual poderá ser excedido caso se haja ordenado a realização de perícia artigo 278. No tocante à forma de produção das provas orais, aplicam-se as normas expostas ao propósito, com relação ao procedimento ordinário.No procedimento sumário, o juiz exerce poderes iguais aos que tem no ordinário, em tudo que diz respeito à atividade probatória. Compete-lhe deferir ou indeferir quaisquer provas, bem como determinar de ofício que se realizem as necessárias, embora não requeridas pelas partes, tudo nos termos do art. 130.

Julgamento da causa No procedimento sumário, a causa pode ser julgada:em princípio, logo após a abertura da audiência de conciliação, se o réu, sem motivo justificado, não tiver comparecido art. 277;ao fim da audiência de conciliação, caso não se obtenha o acordo das partes e não seja necessário produzir prova oral ou ocorra qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330 (art. 278 – a contrario sensu);na audiência de instrução e julgamento, ou nos 10 dias subseqüentes, se ela houver de realizar-se, porque não verificado qualquer dos casos anteriores.

A audiência de instrução e julgamento é ato misto , destina-se parte a atividade instrutória e parte a atividade decisória. As provas orais obedecem a ordem do procedimento ordinário.Terminada a instrução o juiz dará sucessivamente ao advogado do autor e ao do réu, e ao MP nos casos em que este funcionar. , para as alegações finais.

Com a realização da audiência de instrução e julgamento o juiz sentenciará logo após o encerramento dos debates orais; ou no decênio subseqüente. Acerca da sentença,, nada há de diferente entre o procedimento sumário e o ordinário.

Recursos e procedimento sumário São pequenas as diferenças, em matéria recursal, entre o procedimento sumário e o ordinário, Diferença nota-se no agravo, onde, em princípio. Pode o agravante optar pelo regime comum ou pela retenção nos autos. Entretanto, em alguns casos , o agravo ficará retido obrigatoriamente:

Da decisão acerca da matéria probatória; Da decisão proferida em audiência (ex: sobre o valor da causa);

No segundo grau há duas peculiaridades: nenhum recurso se submete à revisão e o julgamento deve ocorrer no prazo de 40 dias (não há nenhuma sanção específica quando ultrapassa-se esse prazo).

DA PETIÇÃO INICIALConceituaçãoFunção jurisdicional expressa a soberania do Estado, só e exercida mediante provocação da parte interessada. CPC - ART. 2 e 262.

DEMANDA: ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação jurisdicional - exerce o direito subjetivo público de ação - causando a instauração da relação jurídico processual que há de dar solução ao litígio em que a parte se viu envolvida.

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NA PETIÇÃO INICIAL: há duas manifestações:1- DEMANDA: tutela jurisdicional do Estado, que causará a instauração do processo com a convocação do réu.2- PEDIDO: uma providência contra o réu, que será objeto de julgamento final da sentença de mérito.

Petição inicial e sentença: atos extremos do processo, aquela determina o conteúdo desta “Sintetia debit isse libello conformis”.Aquela é ato mais importante da parte, reclama a tutela jurisdicional; esta é o ato mais importante do juiz, ao entregar a prestação jurisdicional que lhe é exigida.

Requisitos da petição inicialSó pode ser elaborada por escrito, e, salvo hipótese do artigo 36, deve ser firmada por advogado habilitado. CPC - ART. 36 e 282.

Análise dos requisitos:I- O JUIZ OU TRIBUNAL, A QUE É DIRIGIDA;Trata-se de órgão jurisdicional, não pessoa física do juiz;

II- OS NOMES, PRENOMES, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, DOMICÍLIO E RESIDÊNCIA DO AUTOR E DO RÉU:São dados que qualificam as partes, servem para a perfeita individualização da relação processual, para prática dos atos de comunicação;

III- O FATO E OS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO:Todo o direito subjetivo nasce de um fato, coincidente com o que foi previsto, abstratamente pela lei, idôneo a gerar a faculdade, que o agente se mostra titular;Ao postular a prestação jurisdicional, autor indica o direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e aponta o fato de onde provém.Descreve não só o fato material, atribui nexo jurídico capaz de justificar o pedido da inicial.O CPC ao exigir a descrição dos fatos e fundamentos jurídicos adota o princípio da substanciação da causa de pedir (oposto ao princípio da individuação), neste basta o autor apontar o título com que age em juízo (ex.: proprietário, credor, etc.); naquele o direito de exercício de ação se faz base de sua causa petendi, compreendendo os fatos ou complexos de fatos, donde extraiu a conclusão a que chegou o pedido formulado na Petição inicial.Não é obrigatório ou imprescindível, a menção do texto legal que garante a pretensão - direito subjetivo material - que o autor opõe ao réu, mesmo a invocação errônea da norma legal, não impede que o juiz apure a pretensão a luz do direito adequado.Importante, ressaltar, que a revelação da lide, se dá, através da exata oposição do fato e da consequencia jurídica que o autor pretende atingir.

IV- O PEDIDO, COM SUAS ESPECIFICAÇÕES;É revelar o objeto da ação e do processo, demonstrado o fato e o fundamento jurídico , conclui o autor pedindo duas medidas ao juiz.A- PEDIDO IMEDIATO: sentença;B- PEDIDO MEDIATO: tutela específica ao bem jurídico - pode consistir numa condenação, declaração, constituição de estado, ou seja, sentença condenatória, declaratória ou constitutiva.Ex.: ação de indenização autor alega ato ilícito do réu, afirma sua responsabilidade civil pela reparação do dano, e pede:1- sentença que de solução a lide - pedido imediato;2- condenação do demandado a indenizar o prejuízo sofrido - pedido mediato.

V- O VALOR DA CAUSA;Toda causa , deve ter um valor certo. CPC - ART. 258

VI- AS PROVAS COM QUE O AUTOR PRETENDE DEMONSTRAR A VERDADE DOS FATOS ALEGADOS;

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Não basta o autor alegar fatos que justifiquem a direito subjetivo a ser tutelado jurisdicionalmente, incumbe-lhe, sob pena de sucumbência na causa - o ônus da prova de todos os fatos pertinentes à sua pretensão. CPC ART. 333.Devendo indicá-los na petição inicial, os meios pelos quais se fará servir. Os documentos indispensáveis a ação devem ser produzidos com a inicial. CPC - ART. 283.

VII- O REQUERIMENTO PARA CITAÇÃO DO RÉU:Processo relação que se forma entre autor, juiz e réu, ao requerer a citação do demandado, força-se o seu ingresso no processo.Deve ainda a Petição inicial, ser declarado pelo advogado, o endereço onde recebe as intimações do curso do processo. CPC - ART. 39

Requisitos da inicial nos vários procedimentos e processosARTIGO 282

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

ARTIGO 282

Mais o rol de testemunhas PROCEDIMENTO SUMÁRIO

ARTIGO 282

mais fumus boni iuris e periculum in mora PROCESSO CAUTELAR

ARTIGO 282

MAIS REQUISITOS PRÓPRIOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

ARTIGO 282

Mais a demonstração de crédito – líquido em seu valor, certo em sua existência, exigível quanto ao seu vencimento PROCESSO DE

EXECUÇÃO

Despacho da petição inicialOnde há mais de um juiz com igual competência, será a inicial submetida à distribuição.Com a distribuição ou entrega da petição inicial ao juiz, instaura-se a relação bilateralmente.

O juiz examinará os requisitos intrínsecos e extrínsecos antes de despachar, após o exame, proferirá decisão, que será entre três:

A- DEFERIMENTO DA INICIAL:Em termos a petição ordena-se a citação do réu para responder, despacho positivo.Cumprida a diligência deferida, o réu integra-se a relação processual - trilateral - completando-a. CPC - ART. 285

B- SANEAMENTO DA PETIÇÃO:Se a petição inicial apresentar lacunas, imperfeições ou omissões, e se forem, estes, sanáveis, não será indeferida de plano, determina o juiz, que o autor emende a inicial. Artigo 284 - não cumprida, no prazo, a determinação, o juiz indeferirá a inicial. Artigo 284 - parágrafo único.Petição defeituosa: carente saneamento, não preenche os requisitos do artigo 282 -, ou não é acompanhada dos documentos indispensáveis a proprositura da ação, ou apresenta defeitos, capazes de dificultar o julgamento do mérito.

C- INDEFERIMENTO DA INICIAL: No exame inicial ou no cumprimento da diligência saneadora pelo autor, o juiz pode ser levado a proferir uma decisão de caráter negativo - indeferimento da inicial.

Esse julgamento é de natureza, apenas processual, impede a formação trilateral, a relação bilateral - autor - juiz - já existe quando do indeferimento da inicial - indeferimento liminar da postulação - tanto que cabe recurso de apelação.O indeferimento da inicial, não impede que o autor volte a propor a mesma ação.

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Excepcionalmente o juiz profere julgamento de mérito ao indeferir a inicial - decide definitivamente a própria lide - , corre quando não se trata de direito patrimonial, e o juiz verifica in limine litis , por exemplo a ocorrência de prescrição ou decadência.Ocorre, também, julgamento de mérito, em indeferimento da petição inicial, quando o juiz do cotejo entre os fatos narrados pelo autor e o pedido, não decorre logicamente a conclusão. CPC - ART. 295, Parágrafo único, II.

Todos os casos de indeferimento da inicial, seja por deficiência formal ou por motivo de mérito, o pronunciamento do juiz assume forma de sentença, julgamento que põe fim ao processo, recurso apelação.Interposta a apelação, o juiz poderá reformar sua decisão, caso contrário encaminha-se os autos ao tribunal competente. CPC - ART. 296

Casos de indeferimento da petição inicial - CPC - ART. 295

Análise dos casos de indeferimento:

I- QUANDO FOR INEPTA;São os casos do parágrafo único:Parágrafo único. Considera-se inepta a inicial quando: I- lhe faltar o pedido ou causa de pedir;Narrou o autor na inicial fato não qualificado pelo direito, um fato que não é fato jurídico.II- da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;Ainda que o autor provasse plenamente os fatos alegados, jamais lograria acolhimento para seu pedido.III- o pedido for juridicamente impossível;Há impossibilidade de deferir-se ao autor o bem da vida pretendido, pois este próprio bem que, em abstrato, o ordenamento jurídico veta seja deferido a quem quer que seja, ou porque para deferimento não prevê ele solução que agasalhe sua acolhida. IV- contiver pedidos incompatíveis entre si.Só ocorre na hipótese de cumulação de pedidos.

II- QUANDO A PARTE FOR MANIFESTAMENTE ILEGÍTIMA;

III- QUANDO O AUTOR CARECER DE INTERESSE PROCESSUAL;Interesse é a relação que se estabelece entre uma necessidade e o bem que pode satisfaze-la. Se a obtenção desse bem da vida que se persegue para satisfação de uma necessidade, tem a proteção do direito, diz-se que há interesse jurídico. Se a obtenção desse bem protegido, é obstada, interesse processual.

IV- QUANDO O JUIZ VERIFICAR, DESDE LOGO, A DECADÊNCIA OU PRESCRIÇÃO (ART. 219, § 5);Observe-se, que pode o juiz alegar de ofício, a prescrição, quando Não se tratando de direitos patrimoniais .

V- QUANDO O TIPO DE PROCEDIMENTO, ESCOLHIDO PELO AUTOR, NÃO CORRESPONDER À NATUREZA DA CAUSA, OU AO VALOR DA AÇÃO; CASO EM QUE SÓ NÃO SERÁ INDEFERIDA, SE PUDER ADAPTAR-SE AO TIPO DE PROCEDIMENTO LEGAL;Nos casos em que houvesse de modificar o próprio pedido e não o procedimento. Vigora o PRINCÍPIO DA INFUNGIBILIDADE PROCEDIMENTAL – deve se usar o procedimento determinado à espécie, NÃO SE ADMITE A TROCA DE PROCEDIMENTOS .

VI- QUANDO NÃO ATENDIDA AS PRESCRIÇÕES DOS ARTS. 39, PARÁGRAFO ÚNICO, PRIMEIRA PARTE E 284;Assim, entendido, quando o autor não procede a diligência determinada pelo juiz para sanar omissões, defeitos ou irregularidades da petição inicial.

Em todos os casos o juiz pode, em vez de indeferir , dar prazo de 10 dias para a parte aditar a inicial, sob pena de indeferimento.

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Indeferimento são de três espécies:1- DE ORDEM FORMAL: CPC - ART. 295 , I, V E VI2- DE INADMISSIBILIDADE DA AÇÃO: CPC - ART. 295, II,IIIPor faltar-lhe condições necessárias ao julgamento do mérito.3- DE MÉRITO:Excepcional de improcedência do pedido. CPC - ART. 295, IV, PARÁGRAFO ÚNICO, II e III.

INDEFERIMENTO QUANTO A EXTENSÃO:Pode haver indeferimento total ou parcial:

PARCIAL : sendo vários os pedidos manifestados pelo autor o despacho negativo relacionar-se apenas com um ou alguns deles, de modo a admitir o prosseguimento do processo em relação aos demais;

TOTAL : quando o indeferimento trancar o processo no nascedouro, impedindo a subsistência da relação processual.

primeiro é decisão interlocutória, e o segundo , sentença terminativa.

Efeitos do despacho da petição inicialDESPACHO POSITIVO: decorrem os efeitos inerentes à propositura da ação, se antes não ocorrera a distribuição.

DESPACHO NEGATIVO: decorre a extinção do processo e a extinção dos efeitos da propositura da ação, acaso derivados da anterior distribuição.

PEDIDO

ConceituaçãoA petição inicial – sem essa não se estabelece a relação processual – força a instauração do processo e fixa o objeto que vai ser solucionado pelo órgão jurisdicional – litígio - .

Pedido núcleo da petição inicial, exprime aquilo que o autor pretende do Estado frente ao réu – revelação da pretensão – que o autor pretende do Estado em face do réu.

Pedido é a conclusão da exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos, estes são premissas dos silogismo- que tem no pedido a sua conclusão lógica.

Finalidade do pedidoObter a tutela jurisdicional do Estado – condenação, declaração, etc..Fazer valer um direito subjetivo perante o réu.

Manifestação inaugural: PEDIDO IMEDIATO: relaciona-se a pretensão s uma sentença, execução, medida cautelar - põe em contato com do direito processual;PEDIDO MEDIATO: é o próprio bem jurídico que o autor procura proteger com a sentença: ex.: entrega de determinada coisa, prestação de um ato, etc.. – põe em contato com o direito substancial

PEDIDO; põe em marcha o processo – ato importante do autor – determina o objeto litigioso – a lide – fixa os limites do ato jurídico mais importante – sentença. Forma de executar o direito de ação é dirigido contra o Estado , visando atingir o réu.

Requisitos do pedidoO código usa pedido como sinônimo de objeto, sempre certo e determinado, eventualmente se admite os seguintes tipos pedido:

genérico;

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alternativo; sucessivo; cumulativo.

VEJA: CPC. Art. 286CERTO: pedido expresso, não se admite pedido implícito;DETERMINADO: refere-se aos limites da pretensão, deve o autor ser claro, preciso no que espera obter da prestação jurisdicional – autor faz conhecer com segurança – e pede que seja pronunciado pela sentença Deve explicitar o pedido com clareza. Todo pedido deve ser certo e determinado (exceto os pedidos alternativos, como se verá adiante). A prestação reclamada deve ser também explicitamente definida e determinada. Assim o pedido mediato e imediato, deve ser certo e determinado.

PEDIDO: deve ser concludente – deve estar de acordo com o fato e o direito exposto pelo autor, que são a causa de pedir.Sem a conexidade entre a causa petendi e o petitum – a inicial torna-se inepta, devendo ser liminarmente indeferida. CPC. Art. 295 ,Parágrafo único, II

PEDIDO MEDIATO: utilidade prática visada pelo autor – pode ser genérica – a indeterminação nunca pode ser total ou absoluta.Na generalidade – pedido deve ser certo e determinado. A indeterminação pode ficar restrita a quantidade ou qualidade das coisas ou importância – NUNCA poderá haver indeterminação do gênero da prestação pretendida. CPC. Art. 286I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;Ações universais – coletividade de bens - Inventário, Falência, Insolvência Civil – os bens serão apurados ao longo do processo.II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;Ex.: não for apurável a extensão do dano oriundo de ato ilícito , nos casos de reponsabilidade civilIII - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.Réu cumpre a obrigação ou esta se resolve em perdas e danos ou faz as suas custas.

Pedido cominatórioHá dois meios de realizar a sanção jurídica – quando o devedor deixa de cumprir a obrigação :

Sub-Rogação; Meio de Coação.

Nas obrigações de DAR e QUANTIA CERTA: o Estado sub-roga-se na posição do devedor e efetua, em seu nome, e mesmo contra sua vontade, o pagamento do credor. Essa sub-rogação executiva – consiste em agredir, o Estado, o patrimônio do devedor- para dele extrair o bem ou valor que tem direito o credor (ex.: penhora).

Nas obrigações de FAZER ou NÃO FAZER – exigem um comportamento pessoal do devedor - prestações infungíveis – impraticáveis a sub-rogação executiva, como não há método de coação física, usa-se métodos indiretos de coação. CPC. Art. 287, 644, 645

Pedido alternativoPedido é fixo quando visa um só resultado imediato ou mediato (ex.: pagar certo valor, restituir certa coisa.

Permite o Código que possa haver pedido alternativo quando pela natureza da obrigação o devedor puder cumpri-la por mais de um modo CPC. Art. 288

Não significa que o autor possa pedir as diversas prestações, cumulativamente, mas que sim, qualquer uma delas prestada pelo réu satisfaz a obrigação. Só é possível quando a obrigação for alternativa.

PEDIDO ALTERNATIVO: prestações disjuntivas OU uma prestação OU outra. – refere-se assim a PEDIDO MEDIATO, ou seja ao bem jurídico que o autor pretende extrair da prestação jurisdicional. EX.: na ação de depósito – pede-se a restituição do bem depositado ou o seu equivalente em dinheiro.

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Se a escolha compete ao credor – este pode dispensá-la e pedir a condenação do devedor a apenas uma prestação fixa, dentre as possíveis pela lei ou do negócio jurídico.

Se a escolha couber ao devedor, utiliza-se a regra do parágrafo único do artigo 288 do CPC.

Pedido sucessivo - CPC. Art. 289Enquanto a alternatividade refere-se à prestação que é objeto do pedido mediato – a sucessividade por se referir também ao pedido imediato, ou seja, a própria tutela jurisdicional. O autor formula dois ou mais pedidos em ordem sucessiva, para que o juiz na impossibilidade de acolher os anteriores passe a apreciação dos posteriores.Ex.: o autor pode pedir a rescisão do contrato com perdas e danos ou a ordenação de que o réu pague a prestação vencida.A ação será procedente se o juiz acolher um dos pedidos do autor. A regra do artigo 289, é uma cumulação eventual de pedidos, já que há um pedido principal e um ou vários subsidiários, examinados na eventualidade de rejeição do principal.

Pedido de prestação periódicaHá casos em que a obrigação se desdobra em várias prestações periódicas, - aluguéis, juros outros encargos – OBRIGAÇÕES DE TRATO SUCESSIVOS.Mesmo sem menção expressa na inicial , o CPC. consideram incluídos no pedido as prestações periódicas de vencimento posterior ao ajuizamento da causa. – Trata-se de um pedido implícito. CPC. Art. 290Perante essas prestações de trato sucessivo – a condenação as prestações vincendas – em data posterior a sentença evita-se repetição de demandas em torno do mesmo negócio jurídico .

Pedido de prestação indivisível Quando vários CREDORES são Titulares em conjunto de relação jurídica que apresenta obrigação indivisível – isto é, insuscetível de cumprimento fracional ou parcial, qualquer deles é parte legítima para pedir a prestação por inteiro. Não há litisconsórcio cada um tem direito próprio de exigir toda a prestação, por conseguinte na execução o autor está legitimado a levantar à parte, que lhe couber no crédito. CPC. Art. 291

Pedidos cumulados – cumulativos Vimos que o artigo 289, permitia a cumulação de pedidos sucessivos em caráter da eventualidade da rejeição de um deles – pedidos sucessivos.Há casos de cumulação plena e simultânea, representando a soma de várias pretensões a serem satisfeitas cumulativamente , num só processo. Há em tais casos cumulação de diversas ações, pois cada pedido distinto apresenta uma lide , a ser composta pelo órgão jurisdicional, uma pretensão do autor resistida pelo réu. Não se necessita de conexão para justificar a cumulação de pedidos na inicial – os requisitos legais da cumulação, são: CPC. Art. 292.

I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;Na sucessividade ( cumulação subsidiária, sucessiva ou eventual): pedidos podem até serem opostos ou contraditórios, já que um exclui o outro. Na cumulação efetiva, pressupõe-se que todos os pedidos sejam compatíveis e coerentes – conciliação entre eles.

II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;A competência material ou funcional é improrrogável e afasta a admissibilidade da cumulação de pedidos – ao juiz, neste caso, cabe repelí-la de ofício.Se relativa a competência, não deve ser repelida de ofício, a cumulação, poisa ausência de exceção leva a prorrogação de sua competência para todo o pedido

III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.

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Em regra, só há cumulação de pedidos , quando houver conformidade de procedimento para todos eles, salvo se, o autor adotar o rito ordinário, poderá haver a cumulação ainda que para alguns dos pedidos houvesse previsão de rito especial.NUNCA haverá cumulação de processo diferentes - como processo de execução e conhecimento.

O autor formulará dois ou mais pedidos, sendo procedente se o juiz acolher todos os pedidos do autor.

Espécies de cumulação: SIMPLES: acolhimento ou rejeição de uma não afeta as outras. Ex.: cobrança do preço de

duas vendas de mercadorias havidas entre as mesmas partes; SUCESSIVA: O acolhimento de um pedido pressupõe o do pedido anterior. Ex.: decretação da

separação e perda do direito da mulher usar o nome do marido. INCIDENTAL: ocorre após a propositura da ação por meio do pedido de declaração incidental.

Interpretação do pedido - CPC. Art. 293Significa que o critério interpretativo NÃO pode ser o ampliativo ou extensivo. Integra o pedido tão-somente o que nele expressamente está contido

Todavia admite pedidos implícitos:Casos das prestações vincendas , em obrigações sucessivas, como já vistas;Ônus das despesas processuais que o juiz deve impor ao vencido, mesmo diante do silêncio do vencedor.;Que compreendem no pedido principal os juros legais moratórios, ou seja, nas obrigações de prestação em dinheiro, o pedido, implicitamente sempre compreende os juros legais moratórios (somente os legais, e não os convencionais, já que estes sempre dependem do pedido da parte).Ainda que os juros legais moratórios, sejam omissos em sentença, é possível fazer incluí-los na liquidação, mesmo que implicitamente pedidos na inicial.

Aditamento do pedido - CPC. Art. 294Salvo os implícitos – incumbe ao autor cumular na petição inicial todos os pedidos que forem lícitos formular contra o réu. Pode o autor aditar o pedido antes da citação, pois até então, a relação processual é bilateral, autor e juiz Modificação do pedido - CPC. Art. 264Citação produz a estabilização do processo impedindo alterações objetivas e subjetivas da relação processual, todavia esse impedimento não é absoluto, já que é possível no que toca ao pedido ou a causa de pedir, a modificação, mesmo após a citação , desde que o demandado consinta. O demandado pode consentir expressa ou tacitamente, ou seja, não impugnar a modificação e passa a discutir nos autos o novo pedido ou novo fundamento de pedir. Concordando o réu com a modificação, abre-se novo prazo para o réu contestar , somente nos pontos em que foi alterada. Só torna imodificável o pedido , ainda que consinta o demandado, depois do SANEAMENTO DO PROCESSO.

REVELIA E MODIFICAÇÃO: sendo o réu revel, pode se modificar o pedido, citando novamente o demandado, se o revel tiver advogado nos Autos, deve ser, este, intimado , a fim de concordar com a modificação, seja expressa ou tacitamente.

Pedido e julgamento O autor, através do pedido, na petição inicial, delimita a atividade jurisdicional.

Se o juiz der mais que o pedido do autor – ultra petita;

Se o juiz der menos que o pedido do autor (diferente de julgamento parcial do pedido), ignorando parte do pedido do autor: - infra petita;

Se o juiz der diferentemente do pedido do autor - inexistência jurídica – extra petita.

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DA RESPOSTA DO RÉUIntroduçãoNosso sistema de processo de conhecimento – dominado pelo princípio do contraditório – garante as partes direito de serem ouvidas - nos autos – sobre todos os atos praticados , antes de qualquer decisão. A prestação jurisdicional só deve ser concretizada após amplo e irrestrito debate das pretensões deduzidas em juízo. Assim, é citado o réu, para vir responder ao pedido de tutela jurisdicional formulado pelo autor i isto não significa, porém, que o demandado tenha o dever ou a obrigação de responder – há para ele o ônus da defesa, não o fazendo, sofrerá as conseqüências da revelia.A resposta para o réu é pura faculdade, podendo dela livremente dispor, tato é, que nosso sistema permite a adesão do réu , ao pedido do autor, compondo-se a lide por ato da própria parte. CPC. Art. 269, II.Porém, se o DIREITO EM LITÍGIO FOR INDISPONÍVEL, desaparece para o réu a possibilidade de renunciar a defesa, por inação ou revelia, e o MP. é convocado para atuar como custus legis, e o autor , mesmo diante do silêncio do demandado, não se desobriga do ônus de provar os fatos alegados e não contestados. CPC. Art. 319 E 320.

Após a citação, o réu pode adotar, 3 atitudes diferentes: Inércia; Resposta; Reconhecimento da procedência do pedido.

Respostas do réu CPC. Art. 297Nos 15 dais seguintes a citação – o prazo começa a correr da juntada do mandado ou do AR, conforme o caso , em se tratando de procedimento ordinário, pois no caso de sumário, não tem prazo, existe o momento processual oportuno, o réu contesta em audiência.. O réu pode responder o pedido do autor através:

Contestação; Exceção; Reconvenção .

No caso de litisconsórcio passivo, o prazo é comum a todos os litisconsortes, salvo se estiverem representados por advogados diferentes, prazo em dobro, 30 dias. Inicia-se o prazo de resposta, no caso de litisconsórcio, após a citação do último litisconsorte. CPC. Art. 241, III e 191.

Se o autor desistir da ação – quando algum réu ainda não foi citado, todos os demais deverão ser intimados do despacho que deferir a desistência – dessa intimação é que corre o prazo de defesa para todos – evita-se, assim, surpresa para os litisconsortes já citados, que sofreriam retroação dos dies a quo do prazo de resposta, se considera-se a penas a última data da última citação efetivamente realizada. CPC. Art. 298

A CONTESTAÇÃO, RECONVENÇÃO E A EXCEÇÃO são apresentadas em petições autônomas, sendo que a CONTESTAÇÃO E A RECONVENÇÃO são juntadas ao processo e a EXCEÇÃO autuada em apenso aos autos principais. CPC. Art. 299

Espécies de defesaEntre as partes em litígio, duas relações jurídicas , distintas, podem ser apresentadas.

1- RELAÇÃO PROCESSUAL: de ordem pública, nasce da propositura da açào, aperfeiça-se com a citação do demandado, vincula autor juiz e réu – iudicium est actus trium personarum -

2- RELAÇÃO DE DIREITO MATERIAL: objeto de controvérsia existente entre as partes – lide ou litígio – e que configura o mérito da causa –via de regra de natureza privada – identifica-se pela causa petendi e pelo pedido – que o autor formula na petição inicial.

O RÉU PODE DEFENDER-SE:1 – No plano da relação processual – preliminar – defesa processual;

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2- No plano do direito material – questão de mérito – defesa de mérito

Defesa processual É a que tem conteúdo apenas formal. Denominado, também, de defesa de rito. É indireta, visa obstar a outorga da tutela jurisdicional pretendida pelo autor – mediante inutilização do processo (meio, instrumento) de que ele se valeu, sem que se ofereça oportunidade para composição da lide – ou seja – sem apreciação do mérito pelo juiz. Como exemplos , de defesa indireta , são as que invocam a inexistência de pressupostos processuais ou condições da ação. CPC. Art. 301DEFESA PROCESSUAL: nem todas visam a total e imediata inutilização do processo – subdividindo-se em peremptória ou dilatória.PEREMPTÓRIA: acolhidas levam o processo a extinção, o vício aqui é profundo que o inutiliza como instrumentos válidos para obter a prestação jurisdicional. CPC. Art. 267DILATÓRIA: defesas processuais que acolhidas não provocam extinção do processo, mas causam ampliação ou dilação do curso do procedimento. A defesa provoca apenas uma paralisação temporária do curso normal do procedimento, enquanto o obstáculo processual não seja removido. Superado o impasse- processo retorna sua marcha regular. CPC. Art. 301.

Pode ocorrer que a defesa meramente dilatória pode tornar-se peremptória, quando acolhida pelo juiz, a parte deixa de cumprir a diligência saneadora, assinalada pelo juiz – o excesso inicialmente dilatório – acaba como peremptório – o juiz decretará a extinção do processo. CPC. Art. 267, IV.

A solução da defesa processual varia de natureza1- DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: ato do juiz que rejeita exceção dilatória ou que julga sanada a falha que a motivou2 – SENTENÇA: ato que acolhe a defesa processual por Extinguir a relação processual.

PROCEDIMENTO PARA OBSERVAR AS DEFESAS PROCESSUAISPRELIMINARES DE CONTESTAÇÃO CPC. Art. 301PROCEDIMENTO APARTADOEXCEÇÃO DE SUPEIÇÃO, IMPEDIMENTO E INCOMPETÊNCIA.

Defesa de méritoRéu ataca o fato jurídico, constitui o mérito da causa – sua causa petendi..

1- DEFESA DIRETA: dirige-se contra a própria pretensão do autor e objetivando destruir-lhe os fundamentos de fato ou de direito. O ataque pode atingir:Próprio fato argüido pelo autor: ex.: nega existência de dano; Conseqüência jurídica: reconhecido o fato, nega-lhe efeito pretendido pelo autor. 2- DEFESA INDIRETA: embora reconheça a existência e eficácia do fato jurídico arrolado pelo autor, o réu invoca outro fato que seja – impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ex.: prescrição e compensação. CPC. Art. 326

DEFESA MÉRITO: pode ser dilatória ou peremptória -

Entre as respostas de mérito arrola-se a RECONVENÇÃO - que não é meio de defesa – mas contra-ataque do réu ao autor – propondo dentro do mesmo processo uma ação diferente em sentido contrário àquele inicialmente deduzido em juízo.

Contestação

Conceito Direito de ação – direito subjetivo público – autônomo e abstrato; que visa a tutela jurisdicional do Estado, não cabe apenas ao autor. Este o exercita através da Petição Inicial e o réu a exerce através da contestação. No ataque do primeiro , como a defesa do segundo, busca-se a composição da lide.

O autor pede justiça reclamando algo contra o demandado e este pede justiça solicitando a repulsa da demanda - Couture

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Como autêntico direito de defesa - não está vinculado ao direito material – é puramente processual, mesmo sem amparo de direito substancial comprovado, assegura-se ao réu direito de formular contestação contra o autor.

Diferença entre a ação do autor e contestação: na ação o autor formula uma pretensão – faz um pedido – Diversamente na defesa não se contém nenhuma pretensão, mas resistência à pretensão e ao pedido do autor. Moacir Amaral dos Santos. Réu contestando usa seu direito abstrato de defesa – tentando libertar-se do processo em que o autor envolveu-o, pode ser feito de duas maneiras: Ataque através à relação processual apontando-lhe vícios que invalidem ou tornem inadequado o fim colimado pelo autor. Por meio de ataque ao mérito da pretensão do autor;CONTESTAÇÃO: instrumento processual utilizado pelo réu para opor-se, formal ou materialmente à pretensão deduzida em juízo pelo autor. Resposta pelo qual o réu se apõe a inicial, divide-se em duas partes em uma única peça – preliminares e mérito.

Conteúdo e forma de contestação CONTESTAÇÃO: petição escrita endereçada ao juiz da causa. CPC. Art. 297O Réu deve alegar toda matéria de defesa – o ônus de argüir na contestação – o Código de Processo Civil consagrou :PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE ou CONCENTRAÇÃO: consiste na preclusão do direito de invocar , em fases posteriores, do processo, matéria de defesa não manifestada na contestação. Réu deve formular de uma só vez, na contestação, todas as defesas, de caráter formal ou material, salvo as específicas de exceção e a reconvenção. Se omitir alguma argüição defensiva, impedido estará de levantá-la posteriormente. CPC. Art. 300O princípio da eventualidade ou concentração, não é absoluto , pois há possibilidade de se deduzir novas legações em juízo CPC. Art. 303.ÔNUS DA DEFESA ESPECIFICADANosso CPC. prevê o ônus de impugnar especificamente todos os fatos arrolados pelo autor. CPC. Art. 302É ineficaz a contestação por negação geral, bem como, a que se não impugnados precisamente são havidos como verdadeiros limita dizer não serem verdadeiros os fatos aduzidos pelo autor, assim, deduz-se que os fatos não impugnados precisamente são havidos como verídicos, o que dispensa a prova a respeito. Se estes fatos , forem decisivos para a solução da lide, o juiz deverá em face da não impugnação especificada julgar antecipadamente o mérito. CPC. Art. 330

Há três casos em que não corre a veracidade dos fatos não impugnados na contestação.

I – se não for admissível, a seu respeito, a confissão;Como os relacionados com a personalidade e os Estado das pessoas naturais

II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; CPC. Art. 366

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.Pode acontecer quando o autor arrola uma seqüência de fatos e o réu impugna diretamente alguns, mas da impugnação destes, decorre implicitamente a rejeição dos demais por incompatibilidade lógica.

Preliminares de contestação CONTESTAÇÃO: não é apenas meio de defesa de ordem material ou substancial – cabe , também a defesa de natureza processual, para opor ao autor alegações que possam invalidar a relação processual ou revelar imperfeições formais capazes de prejudicar o julgamento do mérito.Essa argüição das processuais se revestem de caráter Prejudicial – de maneira que seu exame e solução devem proceder à apreciação do litígio – mérito: Antes de discutir o mérito deve o contestante, alegar, em PRELIMINAR, se for o caso um ou mais itens da matéria constante no artigo 301.

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I - inexistência ou nulidade da citação;Réu ingressa para discutir validade da citação, considerar-se-á validamente citado, abrindo novo prazo para contestação. DEFESA DILATÓRIA CPC. Art. 214, § 2º

II - incompetência absoluta;Juiz absolutamente incompetente é aquele a que falta competência para causa em razão da matéria ou hierarquia. DEFESA DILATÓRIA não leva à extinção do processo , mas à remessa dele ao juiz competente.O juiz deve decretá-la de ofício, assim não fazendo caberá o réu argüi-la em qualquer tempo e grau de jurisdição.Incompetência relativa – não pode ser argüida em preliminar de contestação – CPC – exige que seja objeto específico de exceção – se assim não for haverá prorrogação da competência do juiz que toma conhecimento da inicial.

III - inépcia da petição inicial;DEFESA PROCESSUAL PEREMPTÓRIA extingue o processo sem julgamento do mérito. CPC. Art. 295

IV - perempção;DEFESA PEREMPTÓRIA: ocorre quando o autor dá ensejo a 3 extinções do processo sobre a mesma lida por abandono da causa – consequentemente embora não ocorra extinção do direito material, fica o autor privado do direito processual de renovar a propositura da mesma ação – pode a questão ser , todavia, suscitada em defesa. CPC. Art. 268

V - litispendência;Existência de uma ação anterior igual a atual, impede o conhecimento da nova causa. Ação idêntica, para haver litispendência , é necessário que duas causas sejam as mesmas partes, mesma causa de pedir e o mesmo pedido. É DEFESA PEREMPTÓRIA. Nenhuma logrou sentença de mérito – em pendência. CPC. ART. 301

VI - coisa julgada;Com advento desta , o dispositivo da sentença torna-se imutável e indiscutível . Daí a impossibilidade de renovar-se a propositura da ação sobre o mesmo tema. Para acolhimento da causa julgada deve ocorrer a identidade das partes – causa petendi e pedido – tal qual a litispendência. Diferença entre litispendência e coisa julgada está no fato de na primeira a causa anterior está em curso, no segundo relaciona-se com um feito definitivamente julgado por sentença da qual não cabe mais recurso.- DEFESA PEREMPTÓRIA. CPC. ART. 301

VII - conexão;Fenômeno processual, faculta, ao juiz a juntada de duas ou mais ações que tem em comum o mesmo pedido ou causa de pedir. Ocorre nos casos do artigo 103 É DEFESA DILATÓRIA não visa extinção , mas apenas a união de causas conexas CPC. Art. 105Os autos são simplesmente remetidos ao juiz que teve preventa sua competência CPC. Art. 106.Neste inciso, subtende-se também a CONTINÊNCIA – fenômeno processual onde duas ou mais ações tem a mesma causa de pedir e o pedido de um é maior e engloba o pedido do outro. CPC. Art. 104

VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;Vícios de capacidade processual – DEFESA FORMAL DILATÓRIA – o juiz quando acolhe não extingüe o processo – enseja oportunidade de sanar o vício – só após , esse não cumprimento, haverá a extinção do processo - assume , então a figura de exceção peremptória.

IX - convenção de arbitragem;O juízo arbitral nos casos em que a lei permite – em regra, partes maiores e capazes, bens patrimoniais e disponíveis – exclui a aptidão da jurisdição para a solucionar o litígio – ajustado compromisso para o julgamento por àrbitros – ilegítimo será a atitude para propor a ação judicial sobre a mesma lide – DEFESA PROCESSUAL PEREMPTÓRIA

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X - carência de ação;Ocorre quando não concorrem no caso deduzido em juízo as condições necessárias para que o juiz possa examinar o mérito da causa, que são a legitimidade das partes: interesse processual do autor, possibilidade jurídica do pedido.

XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.Defesa dilatória, o juiz ao acolhe-la, deve ensejar oportunidade ao autor de sanar a falha – assim, não sendo feita no prazo marcado, DEFESA PEREMPTÓRIA- decretando a extinção do processo sem julgamento do mérito. Ação ReScisória – 5% do valor da causa. Estrangeiro que quer litigar no país e não tem bem de raiz, deve prestar caução.PRELIMINAR DIFERENTE DE EXCEÇÃO: A primeira não é possível a dilação probatória, não é peça própria, constituindo-se parte da contestação. Já a Segunda é feita em peça própria, incidente do processo, admite dilação probatória específica.

DEFESA DE MÉRITO: Vencida as preliminares o réu irá atacar o mérito, da seguinte forma: FATOS: o autor apresenta fatos constitutivos do seu direito, réu deve apresentar fatos –

impeditivos ou modificativos ou extintivos do direito do autor – deve prová-los. Os atos não contestados pelo réu serão considerados confessos -

FUNDAMENTO: fundamento jurídico PEDIDO: réu não faz pedido em contestação. Ele se opõe a pretensão do autor, seu pedido é a

improcedência do pedido do autor.

CONHECIMENTO EX OFFICIO DAS PRELIMINARES CPC. ART. 301 : O juízo arbitral , ainda que previamente compromissado, pode ser renunciado tacitamente, basta o réu não alegá-lo na contestação, que se presumirá a renúncia ao julgamento, anteriormente, conferidos aos árbitros – juiz não pode conhecer de ofício. As demais preliminares, no entanto, devem ser decididos pelo juiz de ofício – independente de argüição.O conhecimento de ofício, decorre do fato das referidas preliminares afetam os requisitos de constituição ou desenvolvimento válido e regular do processo – matéria de evidente interesse público.

RÉPLICA OU IMPUGNAÇÃO DO AUTOR: Na observância do princípio do contraditório, sempre que a contestação contiver defesa indireta de mérito, ou seja, quando o réu invocar fato impeditivo, moditficativo ou extintivo do direito alegado na inicial, o juiz mandará ouvir o autor . CPC. Art. 326Observará , a mesma audiência do autor, quando o contestante argüir qualquer das preliminares. CPC. Art. 327Em ambos os casos acima, além de se permitir a impugnação da defesa do réu, será facultado ao autor produzir prova documental.

Exceção

Conceito CPC - Art. 297 EXCEÇÃO – lato sensu – qualquer defesa que tenta excluir da apreciação judicial o pedido do autor, seja no aspecto formal – seja no material – exceção de mérito e exceção processual.

EXCEÇÃO: - sentido estrito – é o incidente processual destinado a argüição da incompetência relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento do juiz. Embora configure na resposta do réu, podem ser argüidas por qualquer das partes. CPC. Art. 304

COMPETÊNCIA e IMPARCIALIDADE: pressupostos processuais relacionados com a pessoa do juiz – se apresentam com requisitos essenciais para o desenvolvimento válido da relação processual.

Além do juiz ou tribuna, estar investido do poder jurisdicional, para atuar diante de um caso concreto é indispensável a verificação da competência como limite desse poder jurisdicional – bem como – a ausência de impedimento ou obstáculo para afastar o julgador da causa – previsão no CPC.

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EXCEÇÃO: - matéria de DEFESA PROCESSUAL DILATÓRIA – não se volta propriamente contra o autor litigante, mas contra o órgão jurisdicional ou seu titular, pondo em crise sua capacidade para exercer jurisdição frente ao caso sub iudice.

CPC – dos procedimentos, para exceções Incompetência; Impedimento; Supeição.

Apresentada em petição própria, no prazo de contestação – tem autuação própria – apensada no processo principal – Cabe exceção no procedimento ordinário, sumário e nos demais.

AUTOR: excepiente; RÉU: excepto;

Exceção tem efeito suspensivo, prazo remanescente. CPC. Art. 299

Prazo Pode ser argüida em qualquer tempo ou grau de jurisdição; CPC. Art. 305.

Se o fato for ANTERIOR ao ajuizamento da causaComeça o prazo para o réu, a partir da citação;Começa o prazo para o autor , a partir do momento que tomou conhecimento da distribuição do feito ao juiz incapaz

Se o fato for POSTERIOR ao ajuizamento da causa;Prazo de 15 dias a fluir do fato que vier ocasionar - incompetência, impedimento, suspeição – como dies a quo, do referido prazo è àquele em que a parte tiver ciência desse fato.

Efeito da exceção Qualquer das exceções, produz a SUSPENSÃO DO PROCESSO, até que o incidente seja definitivamente julgado – não quer dizer que se há de aguardar julgamento final ou último incidente.

1- INCOMPETÊNCIA: Definitivamente julgado o incidente decidido em 1º grau de jurisdição – AGRAVO (DE INSTRUMENTO) – interponível em tal caso, não tem efeito suspensivo. Se há recurso da decisão que repele a exceção o processo não mais ficará paralisado.

2 – IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO: se dá em única instância pelo Tribunal Superior a que esteja vinculado o juiz – Enquanto não obtido esse julgamento o processo principal estará suspenso.

INACOLHIDA A EXCEÇÃO: vencido sujeita-se as custas do incidente – não haverá condenação à verba de honorários - pois esta só é cabível na sentença – no julgamento que põe termo ao processo – julgamento da exceção é mera decisão interlocutória – resolve apenas situação processual.

DECISÃO – acolhe ou rejeita – exceção – recurso interponível AGRAVO (DE INSTRUMENTO) e não apelação pois trata-se de decisão interlocutória. CPC. Art. 522

Após o julgamento da exceção – processo principal retorna a seu curso e o prazo de contestação será restituído ao réu por tempo igual a que lhe faltava, para sua complementação. CPC. Art. 180

Exceção de incompetência – cabimento e procedimento INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA NÃO é argüida sobre a forma de exceção, mas simples

preliminar de contestação, podendo inclusive ser alegada de ofício pelo juiz. CPC. Art. 301 INCOMPETÊNCIA RELATIVA : Jamais é decretada por iniciativa do juiz. A lei reconhece às

partes a faculdade de prorrogar ou modificar a competência, em tais casos o que é possível não só através de cláusula contratual expressa – CPC. ART. 111 – como também de forma tácita por meio de ausência declinatória de foro no prazo legal. – CPC. ART. 114. Deve o réu declinar o juízo competente, não basta que o réu argua a incompetência do juiz.

Exceção é provocada por petição escrita – distinta do inicial ou contestação – uma vez despachado será autuado a parte formando um apenso dos autos principais.

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Deve a inicial da exceção ser fundamentado e devidamente instruído – ou seja – excipiente deve arrolar os fatos que opõe a recusa do juízo, juntando os elementos de prova de que dispõe ou a forma de serem obtidas. CPC. Art. 307

É ESSENCIAL – NA PETIÇÃO INICIAL DAS EXCEÇÕES – a indicação do juízo competente e a prova a qual parte declina- sem isso a inicial de exceção será inepta e sendo indeferida liminarmente.

AUTOR – só pode apresentar a Exceção de Incompetência Relativa – por fato superveniente ao processo.

AUTUADA e REGISTRADA : (não havendo indeferimento liminar - caso de manifesta improcedência ou inépcia – CPC. ART. 310) – o juiz mandará ouvir o exceto em 10 dias proferindo sua decisão em igual prazo – CPC. ART. 308.

PROVA TESTEMUNHAL: em casos como o da demonstração do mérito ou residência da parte, juiz designará audiência de instrução, e terá 10 dias seguintes para decidir. CPC. Art. 309

Se o juiz receber a Exceção de Incompetência ( não indeferindo a inicial de plano): Admite a incompetência e remete o processo ao juiz competente;Não reconhece a incompetência, remete o processo ou tribunal para decisão

EXCEÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE: processo que estava suspenso – retomará seu curso normal – ainda que o excipiente interponha AGRAVO (na modalidade instrumento)

EXCEÇÃO JULGADA PROCEDENTE: os autos do processo e do incidente serão prontamente remetidos ao juiz competente. CPC. Art. 311.O conflito de competência pode ser negativo ou positivo - NEGATIVO: dois ou mais juízes se declaram incompetentes para o processo;POSITIVO: dois ou mais juízes se declaram competente.

Exceção de impedimento e de suspeição – cabimento e procedimento INCOMPETÊNCIA refere-se ao juízo como órgão jurisdicional;

IMPEDIMENTO e SUSPEIÇÃO: refere-se ao juiz, pessoa física encarregada da prestação jurisdicional.

EXCIPIENTE: autor, réuEXCEPTO: , juiz (escrivão, perito, etc..)

Tanto autor como réu pode apresentar a exceção no prazo de 15 dias, a partir de quando tiver conhecimento do fato que justifique o impedimento ou a suspensão. CPC. ART. 134 e 135.

JUIZ AFASTADO POR IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO: o processo não se desloca de juízo – foro, vara, tribunal – apenas o julgador dentro do mesmo órgão é substituído. Embora preveja o Código , prazo para essas exceções – no caso de impedimento, ao menos, admite-se que não ocorre preclusão de argüir a incapacidade do juiz. Isto porque, admite-se, que depois da res iudicata, o código permite a inversão desse vício para rescindir a sentença. CPC. Art. 485

IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO: em regra o juiz deve conhecer de ofício ao tomar conhecimento do processo, a exceção só é cabível quando o juiz descumpre o seu dever funcional. CPC. Art. 137

INCIDENTE DE EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO: a posição do exceto, toca ai próprio juiz recusado – visto que o excipiente se dirige a órgão judiciário superior, para tentar a exclusão de sua pessoa da relação processual. Sua posição assemelha-se a do réu durante a tramitação do processo incidental, tanto, que se a exceção for procedente o juiz sofrerá a condenação das custas. CPC. Art. 314.

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A petição é designada ao próprio juiz rejeitado – autuada em apenso aos autos principais – não lhe será lícito indeferi-la, ainda que manifestamente improcedente (salvo se intempestiva ou invoca fato não previsto nos artigos 134 e 135 – podendo, assim, o juiz denegá-la liminarmente). Não se ouve a parte contrária. Compete ao Tribunal Superior em que se acha subordinado o julgador rejeitado, o julgamento do incidente. Petição deve especificar o motivo da recusa um dos previstos nos artigos 134 e 135 - enumeração legal e taxativa – pode ser instruída com documentos em que o excipiente funda a alegação e conterá o rol de testemunha. SÚMULA. 252 .STF e CPC. Art. 312.

AUTUADA E REGISTRADA A EXCEÇÃO, O JUIZ PODERÁ: reconhecer desde logo o impedimento ou suspeição, ordenando a remessa dos autos ao seu

substituto legal; Não reconhece o impedimento ou suspeição, responde há exceção em 10 dias, juntando

documento e rol de testemunhas, pode haver neste caso dilação probatória , feita essa “instrução processual” o juiz manda ao Tribunal ad quem competente para processar e julgar o incidente, que seguirá o rito de seu regimento. Se o tribunal julgar procedente, condena o juiz nas despesas processuais e remete o processo ao substituto legal do juiz. Cabe agravo regimental. CPC. Art. 313 e 314.

Reconvenção

ConceitoÉ ação do réu contra o autor proposta no mesmo feito em que está sendo demandado.Ao contrário da contestação, que é a simples resistência à pretensão do autor, a RECONVENÇÃO é um contra ataque, uma verdadeira ação ajuizada pelo réu-reconvinte – contra o autor-reconvindo, nos mesmos autos.

Resulta um cúmulo de lides – acresce o pedido do réu ao que inicialmente havia sido formulado pelo autor – conseqüentemente passam atuar reciprocamente como autores e réus – funda-se esta no princípio da economia processual

RECONVENÇÃO: é mera faculdade, não ônus como a contestação, não proposta a reconvenção no prazo reconvencional, pode, assim mesmo, o réu ajuizar ação paralela perante o mesmo juízo, para ajuizar pedido contra o autor, que poderia Ter sido objeto de reconvenção.

Pressupostos da reconvenção Por ser uma ação, está a reconvenção subordinada aos pressupostos e condições de admissibilidade. Dada sua natureza especial , a reconvenção além dos requisitos de qualquer ação, exige alguns requisitos específicos. CPC. Art. 315

LEGITIMIDADE DA PARTE: só o réu é legitimado ativamente para recorrer e só o autor pode ser o recorrido. Tanto na ação como na reconvenção as partes devem atuar na mesma qualidade jurídica, de sorte que se um age como substituto processual de terceiro, não poderá figurar em nome próprio na lide reconvencional, ou seja, o demandado em nome próprio não pode reconvir com o representante ou substituto de outrem e vice-versa. Não se admite que o reconvinte constitua litisconsórcio com terceiro para reconvir ao autor.

CONEXÃO: só se admite a reconvenção , se houver entre esta e a ação principal ou entre ela e o fundamento de defesa, conexão. A conexão entre as duas causa – do autor e a do réu – pode ocorrer por identidade de objeto ou de causa petendi:

o Identidade de objeto: quando os pedidos das duas partes visam o mesmo fim. o Causa petendi: ação e reconvenção baseiam-se no mesmo ato jurídico, ambos tem como

fundamento o mesmo título. Ex.: contratante pede a condenação do réu, para cumprir o contrato entregando a coisa; réu reconvém, pedindo ao auto para pagar o saldo do preço fixado.

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o Conexão pode ocorrer entre a defesa do réu e o pedido reconvencional, quando o fato jurídico invocado na contestação para resistir a pretensão do autor, sirva também para um fundamentar um pedido próprio do réu contra aquele.

o Ex.: contestação alega ineficácia do contrato por Ter sido fruto de coação, e a reconvenção pede sua anulação e condenação à perdas e danos , pela mesma razão jurídica.

COMPETÊNCIA: o juiz da causa principal é também competente apara a reconvenção. Essa prorrogação decorre da conexão das causas – Não alcança as hipóteses de incompetência absoluta m mas tão somente as de incompetência relativa – Só há reconvenção, quando o juiz não for absolutamente incompetente. CPC. Art. 102 e 109

RITO PROCESSUAL: deve ser o mesmo da ação principal e o rito da reconvenção, embora não haja essa previsão expressa , decorre , analogicamente do disposto artigo 292, §1º, III, que regula o processo cumulativo, em casos de conexão, gênero a que pertence a ação reconvencional. Assim, só não ocorre reconvenção se houver incompatibilidade de rito, sem se preocupar com a natureza do direito material em discussão.Não é cabível em alimentos, , divórcio, Nas ações dúplices (é aquela aonde o réu está autorizado a formular pedido em contestação) , possessórias, prestação de conta, pois a contestação do demandado já tem força reconvencional. Não cabe nas ações cautelares.Na execução, inclusive a fiscal, não há de se falar em reconvenção, pois esta não se presta a nenhuma resposta do demandado, mas a apenas atos executivos, não ensejando, por isso, o pedido reconvencional. Nos embargos do devedor, que tem natureza de ação cognitiva, não se concebe a reconvenção . No que toca ao executado, não deverá usar a reconvenção para pleitear uma possível compensação de créditos, basta valer-se dos embargos à execução. Só cabe reconvenção em ação de caráter condenatória, nas declaratória e constitutivas não é cabível.

PROCEDIMENTO: Deve ser proposta em petição autônoma, oferecida conjuntamente com a contestação, - NÃO enseja uma autuação a parte , como nas exceções – O réu distribui a reconvenção e pede a conexão desta com os autos – A reconvenção é juntada aos autos, tal como a contestação. CPC. Art. 299

Recebida a reconvenção - não se procede a citação do autor-reconvindo – e este é internado – na pessoa do seu advogado para contestar no prazo de 15 dias , a intimação produzirá os efeitos legais da citação. CPC. Art. 316.A resposta do autor-reconvindo deve observar as regras da contestação.Após a contestação do autor-reconvindo , a reconvenção integra a marcha normal do processo, sendo julgada com a ação em uma só sentença. CPC. Art. 318Esta norma sobre sentença é cogente, não é facultativa, já que a reconvenção não é simples meio de defesa, mas ação autônoma.

A inobservância dessa norma , sobre sentença , conduz à NULIDADE DA SENTENÇA.

A petição reconvencional pode ser indeferida liminarmente – nos mesmos casos da petição inicial – ou por inobservância dos requisitos próprios da reconvenção. Do despacho que não admite a reconvenção, cabe agravo ( na modalidade instrumento) – pois trata-se de decisão que não põe fim ao processo. A sucumbência na revelia e igual à que ocorre na ação.

Extinção do processo principal CPC. Art. 317 Reconvenção é outra ação, a extinção sem julgamento do mérito , no que diz respeito ao pedido do autor, em nada afeta a relação processual decorrente do pedido reconvencional. A nulidade do pedido do autor não prejudica o pedido reconvencional – já que a ação e a reconvenção são independentes – o processo continuará em andamento até que seja julgado o pedido reconvencional.A desistência da reconvenção ou sua extinção, sem apreciação do mérito, não atinge em nada o processo principal.

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Revelia e reconhecimento do pedidoGeneralidades REVELIA OU CONTUMÁCIA: Ré, quando, regularmente , citado, deixa de oferecer resposta à ação no prazo legalRéu NÃO tem o dever de contestar o pedido – mas tem o ônus de fazê-lo – se não responde ao autor incorre em revelia – criando para o inerte, em particular estado processual ,sendo tratado como ausente.

REVELIA ocorre: Tanto quando o réu, não comparece ao processo; no prazo da citação; Comparece e deixa de oferecer a contestação; Oferece intempestivamente;

No procedimento sumário a revelia ocorre quando o réu – comparece a audiência sem advogado – a contestação é feita em audiência.

A revelia não impede que o réu, compareça posteriormente ao processo, recebendo este no estado em que se encontra . A partir do momento em que o revel comparece respeitando os atos preclusos, participará da marcha processual em par de igualdade com o autor, restabelecendo o princípio do contraditório tornando-se obrigatório as intimações a seu advogado. CPC. Art. 322.

Efeitos de revelia 1- CONFISSÃO DE MATÉRIA FÁTICA: diante da revelia denunciará a prova dos fatos em que se baseou o pedido de modo a permitir o julgamento antecipado da lide – dispensando a audiência de instrução de julgamento. Isso não significa que o pedido será julgado procedente, ele será examinado sobre a ótica das demais provas corroboradas no processo. CPC. Art. 330, II.

2- PRAZOS PROCESSUAIS : com a revelia os prazos processuais passam a ser praticados sem intimação e ciência do réu – verdadeira abolição do princípio do contraditório. A lei não faz distinção quanto aos prazos, de sorte que mesmo a sentença contra ele passará em julgado, sem necessidade de intimação, bastando a sua comum publicação. CPC. Art. 322

3- REVEL INGRESSA A QUALQUER TEMPO: o réu revel pode ingressar a qualquer tempo ou grau de jurisdição, no processo, recebendo-o no estado em que se encontra.

4- BENS INDISPONÍVEIS: será nomeado um curador ao réu – hoje chamado de Curador Especial.

Para alertar o demandado a respeito da relevância da revelia, o mandado de citação, deve conter a advertência de que “não sendo contestado a ação, se presumirão aceitas pelo réu, como verdadeiros os fatos articulados pelo autor. CPC. Art. 285.

Relação processual pode estar viciado por defeitos que torna impraticável o julgamento do mérito, compete, ao juiz, de ofício as preliminares relativa aos pressupostos processuais e condições da ação. CPC. Art. 301, § 4º.

Há hipóteses em que o código expressamente afasta os efeitos da revelia CPC. Art. 320

Doutrina faz diferença entre revelia não operante e revelia operante: REVELIA NÃO OPERANTE: a que não opera seus efeitos , existe como fenômeno processual,

mas não opera seus efeitos- bens indisponíveis – curador especial – juiz tem também o poder de pedir prova, em qualquer caso.

REVELIA OPERANTE: que opera seus efeitos. BENS INDISPONÍVEIS: sempre é não operante; BENS DISPONÍVEIS: operante, torna inoperante quando o juiz , de ofício, determina provas.

DISCUTE-SE SOBRE A EFICÁCIA DA REVELIA: nos casos de citação ficta – por edital ou hora certa – em que a ciência do réu é apenas presumida. Dispõe o artigo 232, V; que o edital conterá a advertência do artigo 285, relativa aos efeitos da revelia.

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Por outro lado, o artigo 9º, II, manda dar curador especial ao revel citado por edital ou com hora certa – que deverá contestar a ação em nome do réu, o que exclui a figura da própria revelia.

JOSÉ FREDERICO MARQUES: a do revel que não comparece – ausente; do que comparece, mas não contesta, embora presente aos autos;

Na prática, tomando ciência do edital – citação por hora certa – o réu comparece e pede vista dos autos, mais deixa de produzir a contestação, utiliza-se o artigo 319, mas se o citado do edital – citação por hora certa não comparece não há influência do artigo 319, nomeia-se curador.

ALTERAÇÃO DO PEDIDO CPC. Art. 264 e 321 Citado o réu a lide se estabiliza, e o autor não pode mais alterar os elementos da causa, sem o consentimento do réu. Com ou sem resposta do réu, o fenômeno processual é o mesmo.

RECONHECIMENTO DO PEDIDO DO AUTORAlém das respostas do réu ou da revelia , existe uma terceira atitude que o réu pose tomar frente à ação ajuizada. Consiste em reconhecer o demandado a procedência do pedido do autor, fato que leva o julgamento antecipado da lide, com solução de mérito CPC. Art. 269, II.Reconhecimento do pedido não se confunde com a confissão, que é apenas meio de prova, e se refere a um ou alguns fatos arrolados pela parte contrária.O reconhecimento tem por objeto o próprio pedido do autor, como um todo, com todos os seus consectários legais – adesão do réu ao pedido do autor, enseja a auto composição do litígio dispensa o juiz de dar sua própria solução de mérito.Juiz encerra o processo – reconhecendo que a lide ase extinguiu por eliminação da resistência do réu, à pretensão do autor.Desaparecida a lide, não há mais tutela jurisdicional , mas, não exime o juiz de proferir sentença que reconheça esse fato jurídico e ponha um fim definitivo ao processo.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

GeneralidadesDesigna o código por providências preliminares , certas medidas que ao órgão judicial cabe tomar imediatamente após a resposta do réu, ou o escoamento inaproveitado do respectivo prazo. Constitui a primeira etapa da fase de saneamento – não da atividade de saneamento, inaugurada com o próprio despacho liminar – Essa fase encerra-se com a prolação de decisão - despacho saneador - ressalvadas as hipóteses em o processo se abrevia , terminando desde logo, quiçá com julgamento do mérito, em vez de prosseguir em direção à audiência de instrução e julgamento. CPC. Art. 323

Não é necessário aguardar o fim do prazo de respostas do réu, se o mesmo já respondeu. Deve se levar em conta que RECEBIDA A EXCEÇÃO , o processo ficará suspenso até o respectivo julgamento, neste caso os autos só serão conclusos ao juiz, de pois de OFERECIDA A CONTESTAÇÃO ou AO FIM DO PRAZO, DECORRIDO IN ALBIS, para seu oferecimento. CPC. Art. 265, III e 306.

Se houver RECONVENÇÃO, deve se entender que a conclusão dos autos para as providências preliminares, se tornará oportuna após a CONTESTAÇÃO DO RECONVINDO, ou ao expirar inaproveitado o prazo do artigo 316 do CPC. Em tais casos as preliminares hão de referir-se a ambas as ações, levando-se em conta , na aplicação dos dispositivos pertinentes, que o RECONVINTE e o RECONVINDO são também, respectivamente, AUTOR e RÉU.

Enumeração das providências preliminaresAs providências preliminares estão arroladas nos artigos 324 a 327 do CPC., segundo observa-se, os dois tipo mais freqüentes de providências preliminares , consistem na abertura de oportunidade para que fale o autor - o PRIMITIVO AUTOR e, se for o caso, sucessivamente o RECONVINTE – e na

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determinação a qualquer das partes de suprir irregularidades ou nulidades sanáveis, porventura existentes.

ABRE-SE OPORTUNIDADE AO AUTOR:A – CPC. Art. 324: Mandará, que o autor especifique prova, se não o fez na própria inicial. O prazo para especificação de provas, no silêncio do artigo é de 5 dias . CPC. Art. 185.

B - CPC. Art. 325: Prevê-se aqui a propositura , pelo autor de AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL, que pode provocar modificações no procedimento. CPC. Art. 5

C - CPC. Art. 326: Trata-se de réplica do autor. Observação: confissão inconfundível com reconhecimento do pedido !!!!D - CPC. Art. 327, 301: Ocorrendo duas, ou todas hipóteses B, C, D, o decênio – 10 dias - para réplica É UM SÓ , ele há de se pronunciar sobre toda essa matéria.

Permite, a lei, EXPRESSAMENTE, a PRODUÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL, nos casos C e D., por prova documental entende-se aquela referente ao fato impeditivo, modificativo ou extintivo, ou ao fundamento da preliminar do réu. Na hipótese B, deve reconhecer-se ao autor a possibilidade de juntar documentos – atinentes à prejudicial – pois aí se trata de propositura de uma ação: o requerimento de sentença equipara-se para este fim , a uma petição inicial.

Toca ao juiz fixar o prazo para a correção de irregularidades ou suprimento de nulidades sanáveis. O prazo assinado á parte não excederá trinta dias. A persistência da nulidade após o termo final do prazo marcado pode dar causa a extinção do processo SEM julgamento do mérito , por ausência de pressuposto do seu desenvolvimento válido e regular. CPC. Art. 327, 328, 329 e 267, IV.

Significa, concretamente, que ao órgão judicial se abrem as seguintes possibilidades:

1- JULGA ANTECIPADAMENTE A LIDE CPC. Art. 330

2- DESIGNA A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, SE DISPONÍVEL O DIREITO LITIGIOSO. CPC. Art. 331

3- EMITIR O DESPACHO SANEADOR

É desnecessária qualquer providência preliminar quando o réu haja contestado sem formular nenhuma das alegações previstas nos artigos 325 a 327, e inexista nulidade ou irregularidade que precise ser sanada. Nas hipóteses dos artigos 326 e 327, se o autor houver juntado à réplica prova documental, o juiz, antes de mais nada, mandará ouvir o réu no prazo de 5 DIAS. CPC. Art. 398

Despacho saneador

Conceito e natureza Despacho saneador constitui uma das modalidades possíveis do “julgamento conforme o estado do processo”. A esta altura da fase do saneamento, pode ocorrer que não haja necessidade ou utilidade de prosseguir no feito;

NÃO HÁ NECESSIDADE: o que ocorre não apenas nas hipóteses de julgamento antecipado da lide mas, também, nas de extinção do processo. CPC. Art. 330 e 269.NÃO HÁ UTILIDADE : quando a procedência de alguma preliminar suscitada pelo réu, ou conhecível de ofício, ou a existência de nulidade insanável ou não sanada faça inadmissível a ação, ou inaproveitável o processo , de sorte que jamais se chegaria a julgar o mérito. CPC. Art. 301.MAIS UMA POSSIBILIDADE: se venha realizar a audiência de conciliação, aí se obtendo êxito na tentativa, também se abrevia o itinerário processual. CPC. Art. 331.

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O despacho saneador tem lugar justamente nas hipóteses, restantes, ou seja, quando o órgão chega a convicção que é necessário o prosseguimento do feito – porque ainda não pode ser julgado o mérito – e além disso é útil prosseguir, pois tudo indica que o mérito poderá ser julgado.

DESPACHO SANEADOR: ato pelo qual o juiz, verificando ser admissível a ação e regular o processo, o impele em direção á audiência de instrução e julgamento, por não estar ainda madura a causa para decisão de mérito.

OBSERVAÇÃO: Quando se realiza a audiência de conciliação, mas não se logra acordo entre as partes, NÃO HÁ ENSEJO PARA DESPACHO SANEADOR ESCRITO, deve o órgão judicial na PRÓPRIA AUDIÊNCIA, pronunciar-se sobre as questões pertinentes. CPC. Art. 331.

Conteúdo do despacho saneador

A) JUÍZO POSITIVO DE ADMISSIBILIDADERelativamente à ação, no sentido de que o órgão judicial, quer examinando preliminares argüidas pelo réu, quer conhecendo ex officio da matéria (exceto no caso de compromisso arbitral), admite a concorrência das condições que tornam legítimo o respectivo exercício.

B) JUÍZO POSITIVO DE VALIDADE DO PROCESSOQuer por haver ele se constituído e desenvolvido sem vícios, quer por terem sido oportunamente sanados os que existiam, quer porque os que porventura existam sejam irrelevantes à luz das regras do CPC.

Infere-se que a despeito do nome, despacho saneador, não é o mesmo um simples despacho, mas verdadeira DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, em que o juiz resolve questões incidentes.

Objeto do despacho saneador A) Questões suscitadas ou conhecíveis de ofício, com referência à ação e ao processo, quando sejam resolvidas no sentido de admissibilidade daquele e de validade deste, caso contrário, NÃO se profere despacho saneador, decreta-se a extinção do processo sem julgamento do mérito.

B) Questões concernentes à realização de prova pericial, cabendo o juiz deferi ou indeferir a requerida por qualquer das partes, ou determiná-las ex officio, nomear perito e facultar às partes a indicação dos respectivos assistentes técnicos, dentro de 5 DIAS a contar da intimação do despacho. CPC. Art. 421

C) A designação de audiência de instrução e julgamento e a determinação das provas orais, que nela irão se produzir, - as requeridas pelas partes e deferidas, e as ordenadas de ofício pelo próprio juiz.

NÃO é dado ao órgão jurisdicional, salvo quando a lei expressamente o diga, diferir para outra oportunidade o exame das questões que integram o objeto do despacho saneador. Não precisa o juiz versá-las explicitamente no despacho saneador, o simples fato de proferi-lo revela:

a) as outras questões do artigo 267 (exceto inciso I) e 269 , II a V, foram resolvidas no sentido da inocorrência de qualquer dessas hipóteses de extinção do processo.

b) resolveu-se no sentido negativo a questão da ocorrência de qualquer das hipóteses – artigo 330 – que acarretariam o julgamento antecipado da lide.

Eficácia preclusiva do despacho saneador

O DESPACHO SANEADOR PRODUZ A PRECLUSÃO: De todas as questões decididas, ex officio ou mediante provocação da parte, com ressalva da possibilidade, que sempre fica ao juiz, de determinar a realização de prova indeferida , mas que venha mais tarde parecer necessária à instrução do feito; Das questões não decididas – desde que antes suscitadas ou simplesmente suscitáveis , ou apreciáveis de ofício – cuja solução cabia no despacho saneador, exceto aquelas que possam, dentro da sistemática do CPC, serem resolvidas posteriormente. Ex.: a incompetência absoluta, as que dizem

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respeito a alguma nulidade que a parte prove não Ter alegado antes, em virtude de “legítimo impedimento”. CPC. Art. 245.

A preclusão no caso da letra (b) não significa que as questões devam ser consideradas por inútil ficção jurídica, implicitamente decididas - significa apenas que daí em diante já não é possível apreciá-las.

A eficácia preclusiva do despacho saneador opera desde o momento em que este SE TORNE IRRECORRÍVEL, pelo decurso in albis do prazo ou por qualquer outra causa –ou então - se contra ele se interpuser recurso admissível – AGRAVO - , desde o trânsito em julgado do acórdão do órgão ad quem. CPC. Art. 522.

PROVAConceitoTodos os pretensos direito subjetivos, que podem figurar nos litígios a serem resolvidos pelo processo, se originam de fatos.

Assim, quando o autor propõe a ação, e o réu oferece a resposta, hão de invocar fatos com que procurem justificar a pretensão de um e a resistência do outro. Do exame dos fatos e de sua adequação ao direito objetivo, o juiz extrairá a solução do litígio que será revelada na sentença.

O processo de conhecimento tem como objeto as provas dos fatos alegados pelos litigantes, de cuja apreciação o juiz deverá definir a solução para o litígio estabelecido pelas partes.

Há., por isso, dois sentidos em que se pode conceituar prova: OBJETIVO: instrumento ou meio hábil , para demonstrar a existência de um fato – documentos,

testemunha, perícias, etc.. SUBJETIVO: é a certeza (estado psíquico) originada quanto ao fato, em virtude da produção de

um instrumento probatório.

PROVA: não é somente um fato processual, mas ainda, uma indução lógica, é um meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando, é a própria certeza dessa existência. Provar é demonstrar de algum modo, a certeza de um fato e a veracidade de uma afirmação.

Chama-se INSTRUÇÃO DO PROCESSO – fase em que as partes devem produzir as provas de suas alegações.

Características da provaToda prova há de Ter um objeto, uma finalidade, um destinatário, devendo ser obtida mediante meios e métodos determinados.

A prova judiciária tem como objeto os fatos deduzidos pelas partes em juízo, sua finalidade ;é a formação da convicção em torno dos mesmos fatos, o destinatário é o juiz , pois ele é que deverá se convencer da verdade dos fatos para dar solução jurídica ao litígio.Assim, só o que consta regularmente dos autos pode servir de prova para o julgamento da lide – quod nom est in actis nom est in mundo.

Objeto da prova - CPC. Art. 332São, pois , os fatos litigiosos objetos de prova. O direito geralmente não se prova CPC. Art. 337

Com relação aos fatos , a prova pode ser direta ou indireta: DIRETA: a que demonstra a existência do próprio fato narrado nos autos; INDIRETA: a que evidencia um outro fato, do qual , por raciocínio lógico se chega a uma

conclusão a respeito dos fatos dos autos. É o que se denomina de prova indiciária ou por presunção.

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Só fatos relevantes para a solução da lide devem ser provados, não os impertinentes nem os inconseqüentes. Compete o juiz fixar em audiência os fatos a serem provados.

Há certos fatos , quer embora arrolados pelas partes e relevantes para o processo, não precisam ser provados. CPC. Art. 334

NOTÓRIOS: são os acontecimentos ou situações de conhecimento geral, inconteste, como datas históricas, situações geográficas, etc.. Observe-se que a notoriedade pode ocorrer apenas em um determinado círculo social ou profissional, devendo nesse caso ser provada.

FATO INCONTROVERSO: não é objeto de prova, pois seria uma inutilidade prová-lo. , nos direitos indisponíveis, no entanto, a falta de contestação não dispensa a parte do ônus de provar, mesmos os fatos incontroversos.

Finalidade e destinatário da provaO processo moderno procura solucionar os litígios à luz da verdade REAL e é, na prova dos autos, que o juiz busca localizar essa verdade.

O processo é um método de composição dos litígios – a mais ampla defesa lhes é assegurada, desde que feita dentro dos métodos próprios da relação processual. Se a parte não cuida de usar das faculdades processuais e a verdade real não transparece no processo, culpa não cabe ao juiz de não Ter feito a justiça pura. .

Ao juiz, para garantia das próprias partes, só é lícito julgar segundo o alegado e provado nos autos. O que não se encontra no processo para o julgador não existe. Assim o direito processual se contenta com a verdade processual – aquela que aparenta ser, segundo os elementos do processo, a realidade.

Valoração da provaA prova se destina a produzir a certeza ou convicção do julgador a respeito dos fatos litigiosos.. Ao manipular os meios de prova para formar seu convencimento, o juiz não pode agir arbitrariamente, deve observar um método ou sistema.

Três são os sistemas conhecidos na história do direito processual:1 - CRITÉRIO LEGAL: - totalmente superado – o juiz é quase um autômato, apenas afere as provas seguindo uma hierarquia legal.

2 - LIVRE CONVICÇÃO: o oposto do critério da prova legal, o que deve prevalecer é a íntima convicção do juiz – soberano para investigar a verdade e apreciar provas. Não há regra condicionando os meios de prova e métodos de avaliação. Vai ao extremo de permitir o convencimento extra-autos. Peca esse sistema por conflitar com o princípio básico do contraditório.

3- SISTEMA DA PERSUASÃO RACIONAL: o julgamento deve ser fruto de uma operação lógica armada com base nos elementos de convicção existentes no processo. Sem a rigidez da prova legal , o juiz atem-se apenas às provas do processo, formará seu conhecimento com liberdade e segundo a consciência formada. A convicção, fica , pois, condicionada:

Aos fatos nos quais se funda a relação jurídica controvertida; As provas desses fatos, colhidas no processo; As regras legais e máximas de experiência; O julgamento sempre será motivado.

Sistema do código CPC. Art. 131 e 335 Deve em nosso sistema de julgamento, verificar o juiz se existe uma norma jurídica sobre a prova produzida – em havendo será ela aplicada – na sua falta formulará o juízo segundo o livre convencimento, mas com observância das regras de experiência.

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Adotou o código o sistema da PERSUASÃO RACIONAL ou LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO, pois:

Embora livre o convencimento , este não pode ser arbitrário, pois fica condicionado às alegações das partes e às provas dos autos;

A observância de certos critérios legais sobre provas e sua validade não podem ser desprezadas pelo juiz – artigo 335 – nem as regras sobre presunções legais

O juiz fica adstrito às regras de experiência , quando faltam normas legais sobre as provas, isto é, os dados científicos e culturais do alcance do magistrado são úteis e não podem ser desprezados na decisão da lide;

As sentenças devem ser sempre fundamentadas, o que impede julgamentos arbitrários ou divorciados da prova dos autos.

Poder de instrução do juiz - CPC. Art. 130.Como se vê, o código, não consagra o princípio dispositivo em sua plenitude – se a parte tema a disposição da ação, que só pode ser ajuizada por ela, o impulso do processo, após o ajuizamento é oficial – Além do interesse da parte há o interesse estatal, em que a lide seja composta de forma justa e segundo as regras do direito.

O juiz moderno deixou de ser simples árbitro do duelo entre as partes, assumiu poderes de iniciativa para pesquisar a verdade real e bem instruir a causa. Esse poder não é ilimitado, já que segundo as regras dos ônus processuais e presunções legais, na maioria das vezes a vontade ou a conduta da parte influi decisivamente sobre a prova e afasta a iniciativa do juiz nessa matéria. Assim acontece quando o réu deixa de contestar a ação e esta não versa sobre direitos indisponíveis, ou quando deixa de impugnar precisamente os fatos ou algum fato narrado na inicial – ocorre, nesses casos a presunção de veracidade dos fatos que se tornaram incontroversos, e ao juiz não será dado produzir prova de sua iniciativa para contrariar a presunção. Também, não é dado ao juiz a produção de prova que a parte omitiu totalmente no exercício da faculdade processual.

Na verdade somente nas causas que versam sobre direitos indisponíveis, ou naquelas em que as partes se desincumbiram de forma incompleta do ônus probandi é que o juiz terá oportunidade de tomar a iniciativa, é que o juiz terá a oportunidade de tomar a iniciativa na instrução , determinando a tomada e coleta de prova que ele mesmo julgar conveniente.

Sempre que as partes requererem todas as provas pertinentes, ou que se fizerem presentes as presunções legais – NÃO deverá prevalecer o poder do juiz de promover provas ex officio.

Mesmo quando o juiz entenda de completar a iniciativa probatória da parte, deve agir com cautela, para não violar o dever de imparcialidade. Se o direito material é disponível e a parte não cuidou de fazer a prova necessária, para demonstrá-lo ou exercê-lo, a presunção lógica é que abriu mão dele, assim, não seria correto que o juiz viesse sobrepor a essa verdade , passando advogar a causa da parte.

Mesmo nas causas de estado ou de capacidade, onde se demanda direitos indisponíveis, deve o juiz sempre que possível, deixar a iniciativa da prova não requerida pela parte ao MP., pois a este que compete a defesa dos interesses dos incapazes e da ordem jurídica em tais situações. Concluindo, o juiz cível não deve se transformar num inquisidor, sob pena de eliminar o princípio indispensável da imparcialidade. Só excepcionalmente lhe tocará fazer uso do poder de iniciativa de produção de provas

Ônus da provaNo processo civil, quase sempre predomina o princípio dispositivo, que entrega a sorte da causa à diligência ou interesse da parte, assume especial relevância a questão ao ônus da provaNão há um DEVER de provar, nem a parte contrária assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegado e do qual depende a existência do direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional.

Sistema legal do ônus da prova - CPC. Art. 333 Cada parte, portanto, tem o ônus de provar os pressupostos fáticos do direito que pretenda seja aplicado pelo juiz na solução do litígio. O réu ganhará a causa, se o autor não demonstrar a veracidade do fato constitutivo de seu pretenso direito – Actore non probante absolvitur reus.

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Quando, todavia o réu se defende através de defesa indireta, invocando fato capaz de alterar ou eliminar as conseqüências jurídicas daquele outro fato invocado pelo autor, a regra inverte-se.O fato constitutivo do autor tornou-se incontroverso, dispensando, por isso mesmo, a respectiva prova.

A controvérsia se deslocou para o fato trazido pela resposta do réu, a este, pois , tocará o ônus de prová-lo.Cumpre, porém, distinguir entre negação do fato e fato negativo. A simples negação do fato constitutivo, não reclama prova de quem a faz. O fato negativo, porém, aquele que funciona como fato constitutivo de um direito, tem sua prova muitas vezes exigida pela própria lei.

Por outro lado, de quem quer que seja o ônus da prova, esta deve ser eficaz, há de se apresentar como completa e convincente a respeito do fato de que deriva o direito discutido no processo.

Convenção sobre o ônus da prova As parte têm disponibilidade de certos direitos e do próprio processo – lícita é a cláusula contratual que estipule critérios próprios a respeito do ônus da prova, para a eventualidade de litígios a respeito do cumprimento do contrato. Isto, porém, só será admissível, quando a cláusula referir-se a direitos disponíveis, ou quando não tornar impraticável o próprio direito da parte. CPC. Art. 333, parágrafo único.

Meios de provaA convicção do juiz deve ser estabelecida segundo meios ou instrumentos reconhecidos pelo direito como idôneos – isto é – conforme as provas juridicamente admissíveis. CPC. Art. 332.

Os especificados pelo Código Processual Civil, são: Depoimento pessoal; Confissão; Exibição de documento ou coisa; Prova documental; Prova testemunhal; Prova pericial; Inspeção judicial.

Entre os meios não previstos pelo Código, mas “moralmente legítimos”, podem ser arrolados os indícios e as presunções, bem como a prova emprestada, que vem a ser aquela produzida em outro processo, mas que tem relevância para o atual.

Procedimento probatórioAs provas para penetrarem no processo , com a eficácia que delas se espera, devem seguir certas formalidades (como todo o ato processual). Há de ser observados na instrução da causa, requisitos de forma e oportunidade.Existe , assim, dentro do processo , um procedimento reservado à coleta das provas – procedimento probatório.Nele se compreendem os requisitos gerais e particulares concernente a cada um dos meios de prova admissíveis. A não ser as provas excepcionalmente determinadas de ofício pelo juiz, todas as demais hão de ser requeridas por uma parte , deferidas pelo juiz e realizada sob a fiscalização da parte contrária.

Compreende o procedimento probatório, três estágios que são: Proposição; Deferimento; Produção.

Ao requerer a uma prova, incumbe à parte indicar o fato a prova e o meio de prova a ser utilizado. – Na inicial incumbe ao autor especificar os fatos que fundamentam o pedido e indicar o meio de prova. O mesmo ocorre com a resposta do réu, seja por meio de contestação ,exceção ou reconvenção. Ainda no caso de impugnação ou réplica a contestação indireta, deverá o autor manifestar-se sobre a contraprova. CPC. Art. 326 e 327.

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São este os momentos processuais em que as partes , dentro da fase postulatória, propões suas provas.O deferimento dos meios de prova, geralmente, se dá no saneamento do processo.Depois de especificados há uma outra, apreciação que o juiz realiza no momento da produção, ou logo antes dele – Ex.: admitida a prova testemunha, o juiz pode indeferir sua produção em audiência, porque a parte não depositou o rol em cartório dentro do prazo estipulado pelo código.

A juntada de documentos é apreciada e deferida fora do saneador, tão logo a parte requeira sua juntada aos autos, o que se dá ainda na fase postulatória

O momento processual adequado à produção da prova oral é, normalmente, na audiência de instrução e julgamento. São elas coletadas por meio de termos em que se registram as declarações orais das partes e testemunhas. CPC. Art. 336 e 847.

INSTRUÇÃO ATRAVÉS DE CARTA: Quando a prova tiver que ser colhida fora da comarca onde corre o feito, o juiz da causa, em razão dos limites de sua jurisdição, terá de requisitar a cooperação do juiz competente que é o do loca da prova. Isto será feito por carta rogatória ou carta precatória. Essa diligência só suspenderá o curso do processo, quando houver sido requerida antes do despacho saneador. CPC. Art. 338 e 265, IV, b.Mesmo quando se confere efeito suspensivo, deve o juiz fixar o prazo dentro do qual a parte interessada deve diligenciar o cumprimento da diligência.

DEVER DE COLABORAÇÃO COM A JUSTIÇA: A realização da justiça é um dos objetivos primaciais do Estado. Por esta razão é que a autoridade do juiz e reforçada pelos Códigos , no que se refere à pesquisa da verdade real, e para todo o cidadão surge, como um princípio de direito público, o dever de colaborar com o poder judiciário na busca da verdade. Essa sujeição não atinge somente as parte, mas todos os que tenham entrado em contato com os fatos relevantes para solução do litígio. CPC. Art. 339, 340, 341 e 14.

Os atos de produção de prova, como se assinalou, se dá na etapa que vai do despacho saneador (ou do saneamento oral no caso de audiência de conciliação frustrada) até a audiência de instrução e julgamento que normalmente se realizam, em sua maioria, os atos de produção de prova. Daí- reservar-se a essa , feitas as ressalvas cabíveis , a denominação de FASE INSTRUTÓRIA, porque nela é que principalmente se procede à atividade de instrução. CPC. Art. 331.

Ressalvada a hipótese de conciliação frustrada, em que o órgão judicial deve pronunciar-se ato contínuo, oralmente acerca da matéria, a decisão de admissibilidade das provas requeridas pelas partes integra o despacho saneador com relação às provas indicadas na inicial e na contestação. é naquele despacho , com efeito, que o juiz defere ou indefere a realização de exame pericial., bem como o depoimento pessoal da parte e a inquirição de testemunhas na audiência, o julgamento antecipado da lide SOMENTE ocorre quando não haja necessidade de produzir prova alguma em audiência.

Nas hipóteses em que a lei consente às partes requerer a realização de prova depois do despacho saneador, o órgão judicial terá o prazo de 10 dias para decidir sobre o requerimento.Ex.: CPC. Art. 418, I e 440.

Em qualquer caso cabe ao juiz determinar de ofício a realização de provas, esse poder de ordenar de ofício a realização de provas subsiste íntegro mesmo que o juiz tenha anteriormente indeferido o requerimento da parte , não ocorre para ele a preclusão.

Depoimento pessoal da parteCada uma das partes tem o dever de comparecer a juízo e responder ao que lhe for perguntado., sempre que o seu depoimento pessoal for ordenado de ofício pelo juiz, ou deferido por este a requerimento da outra parte. CPC. Art. 343.

Exclui-se o dever de depor nas hipóteses legais, artigo 347, mas a exclusão NÃO subsiste nas ações de filiação, de separação e de na anulação ou nulidade de casamento.

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Com relação ao depoimento requerido – Não ao determinado de ofício !!!! – comina a lei sanção para o descumprimento do dever de comparecer e de depor . A sanção consiste na aplicação à parte , pelo juiz da PENA DE CONFISSÃO, isto é presume-se (rectius: fingem-se) confessados, nos termos do artigo 343 § 1º., os fatos contra ela alegados. Sob pena de nulidade, deve a respectiva cominação constar do mandado através do qual se intima pessoalmente a parte a comparecer para prestar depoimento.

Se entretanto a parte não comparecer por motivo justificado, até a abertura da audiência, não se lhe imporá a pena , adiando-se a audiência. Apesar do caput do mencionado dispositivo, se foi a outra parte que requereu o depoimento do ausente, o adiamento é de rigor. CPC. Art. 453

Justificado que venha ser o motivo do não comparecimento depois de realizada a audiência, cessam os efeitos da pena de confissão, se ainda não se proferiu sentença

Dos fatos do artigo 347, que afasta o dever de por, é intuitivo que a pena de confissão, quanto a esses fatos , é inaplicável inclusive à parte que sequer compareça.

A recusa de depor pode ser caracterizada por negativa direta e frontal, ou pela simples omissão em responder ou pelo recurso a evasivas sem motivo justificado. Hipótese em que importará a pena de confissão. CPC. Art. 345O depoimento pessoal da parte é, em regra prestado em audiência: na de instrução e julgamento quando requerido pela parte contrária, nela ou noutra marcada especialmente para esse fim, quando determinado de ofício pelo órgão judicial. CPC. Art. 336, 342, 343

Por exceção, pode ser interrogada a parte a requerimento da outra: CPC. Art. 336 e 847.

Na audiência de instrução e julgamento, depõem as partes depois dos peritos e dos assistentes técnicos aos quesitos de esclarecimento, se for o caso, e antes da inquirição das testemunhas.

Primeiro presta o autor - ou os litisconsortes ativos – em seguida o réu – ou os litisconsortes passivos – É defeso a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório de outra parte, inclusive do litisconsorte. CPC. Art. 452 e 344.

Compete ao juiz direta e pessoalmente, tomar o depoimento das partes. Após formular as perguntas, que entender necessárias, ao depoente, permitirá que as formule, sempre por seu intermédio, o procurador da parte que houver requerido o seu depoimento, nenhuma pergunta será formulada diretamente ao depoente pelo procurador, o juiz indeferirá as perguntas que parecerem inconvenientes ou irrelevantes CPC. Art. 344 ou 416.

Não comparecendo a audiência o procurador da parte que pediu o depoimento, pode o juiz dispensar o depoimento da parte ou restringi-lo às perguntas por ele próprio formuladas. CPC. Art. 453, § 2º .Não se admite que as respostas da parte sejam dadas através do procurador da parte, ou de pessoa estranha ao processo, se porém, a parte for incapaz, prestará o depoimento o representante, sem que se afaste a possibilidade de se inquirir o próprio incapaz. As pessoas jurídicas e as entidades personificadas prestam depoimento através de seus representantes legais. CPC. Art. 156 e 151.

Poderá o juiz entender desnecessária a nomeação de intérprete quando saiba, ele mesmo, se expressar no idioma do depoente e compreenda o que este utilize; deverá formular as perguntas , primeiro em português, e traduzir as respostas agindo como intérprete. CPC. Art. 346

Cabe ao juiz de ofício ou a requerimento, determinar a exibição de tais apontamentos, para verificar se contêm os limites devidos. CPC. Art. 417

Faculta-se à parte , evidentemente, impugnar a exatidão de qualquer ponto, ou reclamar contra alguma omissão, incumbindo ao juiz, se for o caso, determine a retificação ou a complementação necessária.

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Confissão - CPC. Art. 348 É a admissão , pela parte, da verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. Não se confunde com a confissão que versa exclusivamente sobre fatos e pode ser feita por qualquer das partes, com o reconhecimento da procedência do pedido, que tem por objeto as próprias pretensões do autor, e só pode emanar do réu ou de algum dos litisconsortes.

A confissão pode ser JUDICIAL OU EXTRA JUDICIAL: 1- JUDICIAL: 1.a- REAL:

Espontânea: quando requerida pelo confitente, sendo admissível a qualquer tempo e podendo ser feita pela própria parte, pessoalmente ou por procurador investido de poderes especiais, deve ser reduzida a termo nos autos;

Provocada: quando obtida mediante o interrogatório da parte em depoimento pessoal, na audiência de instrução, ou noutra especialmente designada para tomá-lo.

1.b- FICTA: a que resulta como sanção, da recusa da parte , cujo depoimento foi requerido, a comparecer ou depor. Equiparam-se a confissão ficta , em certa medida a omissão do réu em contestar – revelia, e a omissão de impugnar, na contestação, algum ou alguns dos fatos narrados na inicial. CPC. Art. 349

2- EXTRAJUDICIAL: é a que o confitente faz, fora do processo m, de forma escrita ou oral, perante a parte contrária ou terceiros , ou ainda através de testamento CPC. Art. 353

Conceito de confissãoÉ a declaração judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea em que um dos litigantes, capaz e com ânimo de se obrigar faz da verdade, integral ou parcial, doas fatos alegados pela parte contrária, como fundamentais de ação ou defesa.

É a confissão apenas um meio de prova, que, como os demais, se presta a formar a convicção do julgador em torno dos fatos controvertidos na causa. Pode, a despeito da confissão, a ação ser julgada favorável ao confitente.

Em regra a confissão deve conter: Reconhecimento de um fato alegado pela outra parte; Voluntariedade desse reconhecimento; Um prejuízo para o confitente, em decorrência do reconhecimento.

Há, um elemento SUBJETIVO na confissão, que é o ânimo de confessar, ou seja, a intenção de reconhecer voluntariamente um fato alegado pela outra parte, e há, também, um elemento OBJETIVO , que é o próprio fato litigioso reconhecido em detrimento do confitente.

Requisitos da confissãoA confissão tem valor de prova legal. Diante da confissão plena do fato básico da pretensão do autor, assim como na hipótese de confissão ficta (recusa de depoimento pessoal), o juiz pode dispensar as demais provas e enfrentar logo o mérito da causa, proferindo a sentença definitiva. A confissão importa verdadeira renúncia de direitos – só as pessoas maiores e capazes podem confessar, e assim mesmo, quando a causa versar sobre direitos disponíveis, ou quando o ato não for daqueles cuja eficácia jurídica reclama forma solene. CPC. Art. 351

REQUISITOS PARA EFICÁCIA PLENA DA CONFISSÃO: Capacidade plena: do confitente, os representantes legais de incapazes nunca podem

confessar por eles; Inexigibilidade de forma especial: para a validade do ato jurídico confessado Disponibilidade: do direito relacionado com o fato confessado.

Efeitos da confissão - CPC. Art. 350 e 353Segundo a doutrina clássica são:

Fazer prova plena contra o confitente;

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Suprir, em regra, eventuais defeitos formais do processo;

Corolário dessa plena eficácia da confissão é a sua irretratabilidade, que decorre de uma verdadeira preclusão processual, uma vez proferida , a confissão não mais se retrata. Somente quando se provar vício de consentimento – erro, dolo ou coação – poderá a parte pleitear revogação de confissão. CPC. Art. 352

Indivisibilidade da confissão - CPC. Art. 333 e 354.A questão da indivisibilidade da confissão , não pode ser examinada, sem se atentar para as regras do ônus da prova. Se o réu , ao confessar, têm o ônus de provar fato extintivo ou modificativo do direito do autor.

Os fatos novos , aludidos no artigo acima, só poderiam ser levados em conta pelo julgador , se o confitente os provasse, segundo a regra lega do ônus probandi.

Distingui-se, ainda: CONFISSÃO PURA: a que se relaciona apenas com os fatos arrolados pelo autor; CONFISSÃO QUALIFICADA: a que se reconhecem alguns fatos do autor mas aduz outros que

lhe cessam ou restringem a eficácia.

A regra da indivisibilidade da confissão só é absoluta quando seja este o único meio de prova para basear a sentença. Quando o juiz tiver outros elementos para fundar seu convencimento, a regra que prevalece é a da livre convicção

VALOR DA CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL: A confissão extrajudicial pode ser feita por escrito ou verbalmente. A confissão verbal fora dos autos só se prova com testemunhas, sendo somente admissível para atos jurídicos NÃO SOLENES , seu valor será apreciado segundo o merecimento que tiver, no caso concreto, a prova testemunhal.

Confissão extrajudicial por escrito compreende a feita: diretamente à parte ou seu representante, neste caso faz prova plena contra o confitente, com o

valor vinculante do juiz, por se tratar de prova legal; a terceiro em testamento.

As provas dos itens b e c , serão apreciadas pelo juiz , dentro do critério que regulam as provas documentais. CPC. Art. 353 e 350.

Exibição de documento ou coisaDe ofício ou a requerimento de qualquer das partes, constando da inicial ou a posteriori, pode o juiz determinar a exibição , pela outra parte de documento ou coisa que se supõe estar em seu poder Sendo a exibição requerida por uma das partes, deve esta individualiza-la, tão completamente o quanto possível. CPC Art. 355 e 356.

Deferido o requerimento da exibição, intima-se o requerido, que dispõe de 5 DIAS para responder, assim, quatro hipóteses podem ocorrer:

o requerido atende à intimação e exibe o documento ou coisa, que conforme o caso , o juiz mandará juntar aos autos, os inspecionará pessoalmente, ou ordenará que se submeta a exame pericial.

O requerido não exibe o documento ou coisa e deixa passar sem resposta o qüinqüídio , nestes casos, o juiz admite como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, o requerente pretendia provar.

O requerido no prazo para resposta, admitindo estar de possa da coisa ou documento, nega-se a exibição (não se admite a recusa quando o requerido tem o dever legal de exibir o documento ou coisa). Acolhendo o juiz a escusa, desaparecem os efeitos da intimação para exibir, caso rejeite-se a escusa o

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juiz admite como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, o requerente pretendia provar, salvo, se o requerido , vendo rejeitada sua escusa, proceda a exibição (não há preclusão).

Requerido responde no qüinqüídio, mas nega que a coisa ou documento esteja em seu poder, o juiz ouvirá o requerente e em seguida decidirá . sendo a decisão favorável ao requerido, desaparecem os efeitos da intimação para exibir, se for contrária a decisão o juiz admite como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, o requerente pretendia provar, salvo, se o requerido , vendo rejeitada sua escusa, proceda a exibição (não há preclusão).VEJA: CPC Art. 357, 358,359 e 363

Quando ao documento ou coisa que se supõe estar em poder de terceiro, o CPC estrutura uma verdadeira ação incidente. A exibição é requerida por uma das partes através de petição , contendo a qualificação do terceiro, que estando em termos será deferia e proceder-se-á a citação do terceiro. CPC. Art. 356, 360 e 361

O terceiro tem prazo de 10 dias para responder, e podem ocorrer 4 hipóteses: Terceiro no prazo da resposta, procede a exibição, conforme o caso , o juiz mandará juntar aos

autos, os inspecionará pessoalmente, ou ordenará que se submeta a exame pericial.

Terceiro não exibe a coisa ou documento, nem responde no decênio assinalado (a omissão equivale a renúncia tácita de efetuar a exibição) Nesse caso o juiz condenará terceiro, através de sentença, a exibir a coisa ou documento no prazo de 5 DIAS, caso não o faça, determinará o juiz ex-officio ou a pedido da partem que se expeça mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem o prejuízo do crime de desobediência.

Terceiro no prazo da resposta , admitindo possuir o documento ou coisa, recusa-se a exibi-la , seja se negando ou argüindo as escusas do artigo 363 do CPC. , nestes casos o juiz designará audiência especial, para ouvir o terceiro e as partes. Reconhecendo a inexistência da obrigação de exibir ou a procedência da escusa o julgador rejeitará a exibição. Inexistindo justo motivo para recusa, o juiz condenará terceiro, através de sentença, a exibir a coisa ou documento no prazo de 5 DIAS, caso não o faça, determinará o juiz ex-officio ou a pedido da partem que se expeça mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem o prejuízo do crime de desobediência.

O terceiro responde no decêndio , nega que a coisa esteja em seu poder, realuizar-se a audiência e a sentença, que se desfavorável ao terceiro, o juiz o condenará , a exibir a coisa ou documento no prazo de 5 DIAS, caso não o faça, determinará o juiz ex-officio ou a pedido da partem que se expeça mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem o prejuízo do crime de desobediência. CPC. Art. 362

Observe-se que a apreensão, quando da negativa de exibição só é possível no caso do documento encontrar-se em posse de terceiros, estando na posse da parte não é possível a apreensão, incidindo a regra do artigo 359.

A sentença na ação exibitória contra terceiro, é passível de apelação, subindo ao órgão ad quem em apartado no caso de interposição de recurso.

Prova documental

Documento é uma coisa capaz de representar um fato. Resultado de obra humana, fixando ou retratando materialmente algum acontecimento.

Em sentido lato documento é toda e qualquer coisa que transmita diretamente um registro físico a respeito de algum fato (fotografia, filmagem, sonoras, etc..)

Em sentido estrito: trata-se unicamente dos documentos escritos que são aqueles em que o fato vem registrado através da palavra escrita , em papel ou outro material adequado.

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Os documentos podem ser classificados em: Públicos; Privado.

Os documentos como prova podem ser utilizados em original ou cópia: Traslado; Traslado do traslado; Pública-forma; Certidão de inteiro teor Fotocópia, xerocópia autenticada.

Força probante do documento No sistema brasileiro não há hierarquia de provas.Para que um documento seja eficaz como meio de prova, é indispensável que seja subscrito por seu autor e seja autêntico.Só é documento escrito o assinado ou de outra forma inegavelmente reconhecido pelo seu autor.

Não obstante a adoção pelo código do princípio do livre convencimento , nos atos solenes , naqueles em que a forma é substancial o documento público exigido por lei para sua validade assume supremacia sobre qualquer outra prova. CPC. Art. 366 e 157

Documento público Há uma presunção legal de autenticidade do documento público entre as partes e perante terceiros , fato que decorre da atribuição de fé pública conferida aos órgãos estatais. Contém estes documentos afirmações que se referem: às circunstâncias , dia , hora local, nome e qualificação das partes, etc..as declarações de vontade que o oficial ouvir das partes.A presunção da veracidade acobertada pela fé pública do oficial só atinge aos elementos de formação do ato e à autoria das declarações das partes, e não ao conteúdo destas mesmas declarações. Pela verdade das afirmações feitas perante o oficial, só mesmo os autores delas são os responsáveis. CPC. Art. 364

Judiciais, quando elaboradas por escrivão, com base em atos processuais ou peças dos autos;Notariais, quando provenientes de tabeliães ou oficiais de Registros Públicos, e extraídos de seus livros e assentamentos;Administrativos, quando oriundos de outras repartições públicas.Todos gozam da mesma presunção de veracidade, quando legitimamente elaborados, dentro da competência do órgão expedidor.A presunção é, no entanto, apenas iuris tantum, porque pode ser desconstituída por declaração judicial de falsidade do documento, que pode ser obtida em ação principal ou em incidente.

Nem sempre é possível a exibição dos documentos públicos em original. Daí a necessidade de usar cópias ou reproduções para juntadas aos autos. CPC. Art. 365

O instrumento público, quando for exigido pela lei, como nos atos de transmissão intervivos de bens imóveis, é insuprível por qualquer outro meio de prova. CPC. Art. 366.

O instrumento público, outrossim, para ser hábil a produzir os efeitos de direito, deve ser feito por tabelião ou oficial público, com competência para o ato, no local de sua lavratura. CPC. Art. 367

Documentos particulares Os documentos particulares, isto é, aqueles em que não ocorre interferência de oficial público em sua elaboração, podem assumir as feições de declaração:

escrita e assinada pelo declarante; escrita por outrem e assinada pelo declarante; escrita pela parte, mas não assinada (papéis domésticos e anotações posteriores em

documentos assinados);

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nem escrita nem assinada pela parte (livros comerciais).É indiferente que a redação do texto tenha sido manuscrita, datilografada ou impressa.A autenticidade e a força probante variam conforme o tipo do documento particular. CPC. Art. 371

Se o escrito foi assinado em presença de tabelião e este reconheceu a firma declarando a circunstância em que se deu a assinatura, o documento gozará de presunção legal de autenticidade CPC. Art. 369A presunção é iuris tantum, de sorte que prevalecerá até prova em contrário.A mesma presunção ocorre quando, embora não reconhecida a firma, ou reconhecida sem a solenidade do art. 369, a parte contrária não argüir dúvida sobre a autenticidade do documento, após sua juntada aos autos. CPC. Art. 372

O prazo em questão é o da contestação, para os documentos que acompanharam a inicial, e de 10 dias a partir da intimação. CPC. Art. 390 Ultrapassado esse prazo, sem impugnação, não poderá mais a parte alegar a falta de autenticidade ou a inveracidade do seu contexto.

Fora dos casos de assinatura perante Tabelião, a presunção de autenticidade do documento é muito menor que a do documento público, pois decorre de aceitação dele, expressa ou tácita, pela parte contrária.Basta, pois, a simples impugnação da parte, para que se imponha o dever de provar em juízo a autenticidade, sob pena de tornar-se inoculo o documento. CPC. Art. 388

Valor probante do documento particular Cumpre distinguir entre instrumentos particulares e simples documentos particulares. Instrumentos são os escritos redigidos com o fito específico de documentar a prática de um ato jurídico.Simples documentos particulares são quaisquer outros escritos que casualmente sirvam para provar algum acontecimento ligado ao ato jurídico.Nos instrumentos predominam as declarações de vontade e, nos simples documentos, as declarações de conhecimento acerca de fatos.Quando a vontade é enunciada expressamente no instrumento, incide a regra do art. 368, caput.

Trata-se de enérgica força probante, que se exerce, no entanto, apenas contra o signatário e não perante terceiros. CPC. Art. 373

Quando, porém, ao invés de uma declaração de vontade, contiver “declaração de ciência, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado”. CPC. Art. 368

Assim, se o vendedor declara no contrato que o prédio transmitido foi construído há dez anos, haverá presunção legal de veracidade da autoria e do contexto da declaração, mas não do fato em si, isto é, de que a construção se deu na época mencionada. CPC art. 370.

Assim, há presunção de que a data lançada no documento é verdadeira, mas mediante as provas ordinárias pode-se demonstrar o contrário.Perante terceiros, a data lançada no documento particular é inoperante, pois, em tais casos, a eficácia é limitada às partes. Para aqueles que não participaram do negócio jurídico documentado, a eficácia do instrumento particular só se inicia a partir de sua transcrição no Registro Público (art. 135 do Código Civil).

O art. 370 do CPC, todavia, apresenta quatro exceções em que a data do instrumento particular operará contra terceiros, mesmo antes da transcrição no Registro Público.

As presunções dos n°s. II e V, entre os quais se pode incluir no último inciso a que provém do reconhecimento da firma por tabelião, referem-se à prova da data apenas, mas não à eficácia do negócio jurídico, pois essa, em matéria de instrumento particular, depende sempre da transcrição no Registro Público (art. 135 do Código Civil).

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Telegramas, cartas, registros domésticos. - CPC. ART. 374 A presunção, obviamente, é iuris tantum.

A evolução dos meios magnéticos de comunicação tem criado substitutivos para o tradicional telegrama, como o “telex” e o “tele-fax”.

Havendo controle e registro dos aparelhos de origem e destino, devem ser havidas como autênticas as mensagens, independentemente de comprovação das assinaturas dos originais. CPC art. 376.

As cartas compreendem todas as correspondências entre duas pessoas, tanto quando se refiram diretamente à formação de contrato, como quando apenas registram fatos relevantes para a causa. Quando assinadas, as cartas se enquadram na categoria geral de documentos particulares (art. 368). A hipótese do art. 376 refere-se, porém, às cartas domésticas, sem assinatura, ou com firma incompleta. São os bilhetes ou pequenas correspondências em que o remetente apenas coloca o prenome ou um cognome qualquer, ou mesmo deixa de se identificar expressamente.

Também os registros domésticos são apontamentos escritos pela parte, mas não assinados. Podem referir-se também à escrituração rudimentar de débitos e créditos da vida econômica da parte.

Fazem prova, as cartas e registros domésticos, apenas contra quem os escreveu, e desde que a lei não exija determinada prova para o ato.Embora não assinados, esses documentos devem ter sido escritos pela própria pessoa contra quem se pretende opô-los. CPC art. 377Apenas as anotações favoráveis ao devedor é que têm esse efeito, como as quitações parciais, prorrogação de vencimento, etc..

Livros comerciais - CPC. Art. 378, 379 380Se o litígio se estabeleceu entre dois comerciantes (art. 379).

Em ambos os casos, porém, é lícito à parte (art. 378).

Na apreciação dos livros mercantis prevalece a regra da indivisibilidade da escrituração.

Isto não impede, porém, que a parte contraria use de outros meios de prova para demonstrar a inverdade parcial dos lançamentos. A regra do art. 380 aplica-se apenas quando a escrituração é única prova existente.

Sobre a exibição dos livros comerciais em juízo, cumpre distinguir entre a exibição integral da contabilidade e a exibição parcial de lançamentos ou documentos de comerciante.

A exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do arquivo, a requerimento de parte interessada, o juiz só pode ordenar nas hipóteses previstas pelo art. 381.

A exibição parcial dos livros e documentos do comerciante pode ser ordenada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, para que se extraia deles a suma que interessar ao litígio. CPC. Art. 382

Reprodução de documentos particularesOs documentos particulares podem ser reproduzidos:

por meios mecânicos, como fotografia, a xerox; por simples traslado. As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição valem como certidões,

sempre que o escrivão portar por fé a sua conformidade com o original. As cópias fotográficas, quando não previamente autenticadas, deverão ser conferidas pelo

escrivão. CPC. Art. 385

Reproduções mecânicas de coisas ou fatos A prova documental, como já se afirmou, não compreende apenas os escritos, mas abrange toda reprodução material de fatos. CPC art. 383 e 384

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A admissão de conformidade, in casu, pode ser expressa, ou apenas tácita (falta de impugnação).Se a parte pretende fazer prova com tais reproduções, terá de exibir tanto a fotografia como o filme (negativo), para a devida conferência pelo escrivão.Essas providências, necessárias nos casos em que a parte contrária não admite a veracidade da fotografia, justificam-se pela facilidade com que as reproduções dessa natureza se prestam a fraudes realizadas por meio de montagens, superposição de negativos, retoques, revelações às avessas etc.O negativo, como documento original, é, assim, elemento indispensável para a perícia a que alude o parágrafo único do art. 383. sem ele, não se poderá concluir, com segurança, quanto à legitimidade ou veracidade do documento fotográfico.

Documentos viciados em sua forma - CPC art. 386 Não há, portanto, uma condenação apriorística de toda validade do documento, mas também perde ele a presunção legal de veracidade da declaração nele contida, contra seu autor.O documento passa à condição de uma prova comum que o juiz examinará livremente e no cotejo com os demais elementos de convicção.Apenas o defeito “em ponto substancial”é que vicia o documento, não aquele que apenas atinge cláusula ou palavra de significado secundário e não relevante para a solução do litígio.Também não terá conseqüências o vício documental em questão, quando, ainda referente a ponto substancial, não tiver sido objeto de impugnação pela parte contrária.Ressalva colocada antes do fecho e da assinatura do documento elimina inteiramente o defeito do documento naquilo que se refere à emenda, borrão, entrelinha ou rasura discriminada.

Falsidade documental O documento escrito compõe-se do contexto, que enuncia a declaração de vontade ou de conhecimento do fato, e da assinatura que lhe dá autenticidade.O documento é idôneo quando a declaração é verdadeira e a assinatura é autêntica. Em regra, estabelecida a autenticidade do documento, presume-se verdadeira a declaração nele contida.A não ser os casos de vícios materiais evidentes (rasuras, borrões, entrelinhas e emendas), não basta à parte impugnar simplesmente o documento contra si produzido.CPC. Art. 387Há dois caminhos para obter esse reconhecimento judicial:a ação declaratória autônoma prevista pelo art. 4°, n° II;o incidente de falsidade a que alude o art. 390.

Espécies de falsidade:Falsidade da assinatura e falsidade do documento.A primeira não reclama, necessariamente, o incidente de falsidade para seu reconhecimento. CPC. Art. 388

Produzido o documento por uma parte, portanto, e negada a assinatura pela outra, incumbirá à primeira o ônus de provar a veracidade da firma, o que será feito na própria instrução da causa, sem a necessidade de incidente especial.

Deixado de lado a questão da assinatura (autenticidade), o documento pode ser falso em dois sentidos:quando a declaração intrinsecamente se refere a um fato não verdadeiro;quando há vício na forma e nos aspectos exteriores da formação do documento.

Quando a declaração, consciente ou inconscientemente, revela um fato inverídico, ocorre o que se chama falsidade ideológica, que corresponde ao fruto da simulação ou dos vícios de consentimento (erro, dolo e coação).Nas hipóteses em que o vício se manifestou na elaboração física do documento, e não na vontade declarada, o defeito chama-se falsidade material.

A falsidade ideológica enseja anulação do ato jurídico, mas isto só pode ser pretendido em ação própria (principal ou reconvencional) em que se busque uma sentença constitutiva. Não se presta a simples impugnação em contestação, nem tampouco o incidente de falsidade. Nem um nem outro tem a força

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desconstitutiva capaz de desfazer o ato jurídico viciado ideologicamente. Apenas os vícios instrumentais (falsidade material) são objeto de incidente de falsidade. Há porém, alguns casos em que o documento ideologicamente falso também pode ser objeto desse incidente. Quando o documento não espelha declaração negocial de vontade, mas apenas registra objetivamente fato relevante para a prova pertinente ao litígio. CPC art. 387

A falsidade que faz cessar a fé do documento público ou particular, e que ser argüida no incidente do art. 390.

Materialmente, um documento falso quando, por exemplo se utiliza papel assinado em branco e nele se lança uma declaração nunca formulada, nem desejada pelo signatário; ou quando se utiliza apenas a parte final de um texto, de onde se extrai a assinatura da parte para incluí-la num outro texto totalmente diverso do primitivo.

Não se pode falar em falsidade ideológica, porque o autor nunca quis declarar o fato não verdadeiro, pois a declaração falsa foi lançada por outrem.

Altera-se um instrumento quando não se cria um documento novo, mas apenas se modificam as palavras, cláusulas ou termos de escrito preexistente.Formar documento não verdadeiro é criar um documento por inteiro, e alterar documento verdadeiro é apenas inserir novidade no documento para modificar o sentido da declaração nele contida. CPC. Art. 388No primeiro caso, basta a impugnação do signatário para afastar a presunção de autenticidade do documento particular, o que dispensa o incidente de falsidade e carreia para a parte que produziu o documento o ônus de provar a veracidade da firma (art. 389, II).

Ônus da prova no incidente de falsidade - CPC Art. 389Essas regras são de observar-se tanto no incidente de falsidade como nas ações declaratórias principais, bem como quando a assinatura é apenas impugnada em alegação de defesa no curso do processo.Apenas a que se relaciona com os documentos particulares, pois os documentos públicos gozam de presunção legal de autenticidade, a qual só pode ser destruída por sentença judicial, cabendo, então, a regra de que o ônus da prova toca à parte que argüir a falsidade (art. 389, n° I).Não incide a regra do n° II, e sim a do n° I, do art. 389, quando o documento particular tiver sido firmado nas condições do art. 369.Impugnação da validade de documento assinado em branco, competirá ao impugnante “o ônus da prova, não só de que ele foi assinado em branco, mas, também, de que foi ele abusivamente preenchido”.

O incidente de falsidadeIncidente de falsidade numa verdadeira ação declaratória incidental, o juiz, além de solucionar a lide pendente, terá de declarar a falsidade ou não do documento produzido nos autos. E o efeito da res iudicata atingirá não só a resposta ao pedido como também a questão incidental da falsidade.Há, assim, uma cumulação sucessiva de pedidos, por via incidental. CPC art. 390.

Referir-se tanto aos documentos públicos como aos particulares. O prazo hábil para provocar o incidente, no entanto, conta-se da juntada do documento aos autos.Se foi produzido com a inicial, o réu deverá suscitar o incidente na contestação. A interessada terá dez dias, a contar da intimação da juntada, para propor o incidente.O prazo é preclusivo, de maneira que, não interposta a argüição de falsidade em tempo útil, nem impugnada de qualquer forma a autenticidade, presume-se que a parte aceitou o documento como verdadeiro (art. 372, in fine).Não há preclusão, nos caso de documento obtido por erro, dolo ou coação.

Procedimento do incidente de falsidade

O incidente de falsidade corre nos próprios autos, anterior ao encerramento da instrução (art. 391, 393 e 394 do CPC).

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Deve ser entendida em termos.Se o incidente foi suscitado no curso da instrução, a questão da falsidade passa a ser apenas um capítulo a mais na apuração da verdade dos fatos que interessam à solução do litígio. A suspensão do processo, in casu, seria apenas para ensejar à parte contrária oportunidade para responder, em dez dias o pedido incidental ( art. 392).Obtida a resposta, não haverá ima instrução separada só para o incidente. Em se tratando de causas conexas, tal como se dá com a reconvenção e a declaratória incidental, o incidente de falsidade e o pedido principal serão objetos de instrução e julgamento comuns.

Se a instrução processual já tiver encerrada, aí sim, o processo deverá ficar suspenso, para aguardar a tramitação do incidente de falsidade, que virá solucionar uma questão prejudicial. Feita a instrução do incidente, terá curso em autos próprios, o juiz reabrirá o processo principal e proferirá sentença única para julgar a questão prejudicial e a causa principal. A decisão do incidente será um tópico da sentença global. Antes do encerramento da instrução, constitui-se em mero incidente do processo principal.

A sentença do incidente (art. 395) tenha que ser proferida em separado e com suspensão do processo principal, seria subverter a sistemática do Código. O incidente de falsidade de documento suspende o processo, porém somente quanto à decisão. O processo principal não pode ser julgado enquanto o incidente não puder também ser solucionado, em face da questão prejudicial que nele se contém.

Elimina-se, também, a controvérsia em torno da qual o recurso que se pode interpor do julgamento do incidente. Se a decisão é proferida na sentença, só pode ser a apelação.Ninguém contesta a possibilidade de cumular o autor, na inicial, o pedido de declaração de falsidade com outros pedidos condenatórios conseqüentes, como o de perdas e danos, por exemplo.

Esquematizar o procedimento do incidente de falsidade da seguinte forma:Deve ser provocado por petição da parte endereçada ao juiz ou relator, expondo os motivos em que se funda a sua pretensão e indicando os meios com que provará o alegado (art. 391). Quando o réu suscitar o incidente na contestação (art. 390), não haverá necessidade de elaborar petição separada;

Admitido o incidente, o juiz mandará intimar a parte que produziu o documento, a responder no prazo de dez dias (art. 392);

Pode o intimado responder ou silenciar, no caso em que se presume que está insistindo na validade do documento. Pode, também, requerer a retirada do documento do processo, mas o juiz só autorizará o desentranhamento se o suscitante concordar, posto que pode ter interesse em prosseguir na ação incidental para obter a sentença de falsidade (art. 392, parágrafo único);

Se a parte não responder ou se afirma a improcedência da argüição, o juiz mandará realizar prova pericial (art. 392), que é necessária, mas não exclui a admissibilidade de outros meios de convencimento pertinentes a cada caso;

O incidente será encerrado por sentença, que será proferida em conjunto com a da causa principal, e que, “declarará a falsidade ou autenticidade do documento”(art. 395).

Facultatividade do incidente de falsidadeO incidente de falsidade, como já se afirmou, é uma espécie de ação declaratória incidental, com que uma parte amplia o objeto da lide, de maneira que o mérito a decidir passe a ser, não só o pedido inicial, como também a questão incidente. Obtém-se a eficácia da res iudicata não apenas sobre a solução do pedido inicial, mas igualmente sobre a questão superveniente da falsidade. Não quer dizer que, demonstrada a falsidade de uma prova deduzida nos autos, seja o juiz forçado a não reconhece-la apenas porque a parte interessada omitiu-se na instauração da ação incidental dos arts. 390 a 395. o compromisso do processo é com a verdade real. A ação incidental de falsidade é mera faculdade da parte, e jamais um limite ap poder amplo de investigação do juiz em torno da força probante de qualquer documento ou qualquer elemento de convicção.

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P rodução da prova documental. Produzir prova documental é fazer com que o documento penetre nos autos passe a integrá-lo como peça de instrução.O Código especifica, no art. 396, os momentos adequados para a produção dessa prova dispondo que os documentos destinados à prova dos fatos alegados .

Quando já ultrapassado o ajuizamento da inicial ou a produção da resposta do réu, desde que inexistente o espírito de ocultação premeditada e o propósito de surpreender o juízo, verificada a necessidade, ou a conveniência, da juntada do documento, ao magistrado cumpre admiti-lo.Em síntese, o entendimento dominante é o de que a rigor, somente os documentos havidos como pressupostos da ação é que, obrigatoriamente, deverão ser produzidos com a petição inaugural e com a resposta. Tratando-se de documentos não reputados indispensáveis à propositura da ação, conquanto a lei deseje o seu oferecimento com a inicial ou a resposta, não há inconveniente em que sejam exibidos em outra fase do processo.Há, outrossim, dois casos em que o Código permite, de forma expressa, ajuntada de documentos novos em qualquer tempo. CPC. Art. 397 e 398

Com relação aos documentos pertencentes a administração pública - CPC. Art. 399:

Requerida a certidão pelas partes, não cabe ao juiz, a faculdade de requisitá-la, pois o Código determina imperativamente que o juiz terá de fazer.Mas não é lícito à parte transformar o juiz num mero preposto para obtenção de quaisquer certidões. Dessa forma, o dever do juiz de requisitar tais documentos implicará na dependência do exame do requisito de sua necessidade e da dificuldade ponderável de ser a certidão obtida.

Desentranhamento de documentos Há dois casos em que na vida forense, comumente se pede o desentranhamento de documentos existentes no bojo dos autos.quando a parte contrária entende intempestiva ou impertinente a prova documental produzida;quando o processo já se findou e a própria parte que produziu o documento pretende obtê-lo de volta.Sobre a intempestividade da juntada, a regra a observar é da livre apreciação da conveniência de permanecer ou não o documento nos autos.

Quanto ao desentranhamento de documento impertinente, isto é, desnecessário à solução da lide, é medida perfeitamente cabível, pois não deve o juiz permitir que o processo seja tumultuado com medidas ou diligências inúteis ou meramente protelatórias (art. 130).

Prova testemunhal

C onceito Prova testemunhal é a que se obtém através do relato prestado, em juízo, por pessoas que conhecem o fato litigioso.Testemunhas, pois, são as pessoas que vêm ajuízo depor sobre o fato controvertido.Não podem ter interesse na causa e devem satisfazer a requisitos legais de capacidade a o ato que vão praticar.

A testemunha reproduz apenas os acontecimentos passados que ficaram retidos em sua memória, desde o momento em que presenciou o fato litigioso ou dele tomou conhecimento.Só é prova testemunhal a colhida com as garantias que cercam o depoimento oral, que obrigatoriamente se faz em audiência, em presença do juiz e das partes, sob compromisso legal previamente assumido pelo depoente e sujeição a contradita e reperguntas daquele contra quem o meio de convencimento foi produzido.

Há testemunhas presenciais, de referência e referidas. As presenciais são as que, pessoalmente, assistiram ao fato litigioso; as de referência, as que souberam dele através de terceiros, as referidas, aquelas cuja existência foi apurada por meio do depoimento de outra testemunha.

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Costuma-se, também, classificar as testemunhas em judiciárias e instrumentárias, aquelas são as que relatam em juízo o seu conhecimento a respeito do litígio e estas as que assistiram a assinatura do instrumento do ato jurídico e, juntamente com as partes, o firmaram.

V alor probante das testemunhas - CPC. Art. 400 A inquirição de testemunhas, assim, só não terá cabimento naqueles casos que o próprio código veda esse tipo de prova.Dentro do sistema do livre convencimento motivado, a prova testemunhal não é mais nem menos importante do que os outros meios probatórios, a não ser naqueles casos em que a lei exija a forma solene para reconhecer eficácia ao ato jurídico.Nas hipóteses comuns, o valor probante das testemunhas será aferido livremente por meio do cotejo com as alegações das partes e com os documentos, perícias e mais elementos do processo.Embora a regra seja a admissibilidade da ouvida de testemunhas em todos os processos, o Código permite ao juiz dispensar essa prova oral, quando a prova documental for suficiente para fornecer os dados esclarecedores do litígio, ou quando inexistirem fatos controvertidos a apurar, casos em que o julgamento da lide poderá ser antecipado e proferido até mesmo sem audiência, se configuradas as hipóteses do art. 330.

Haverá, por isso mesmo, indeferimento da inquirição de testemunhas, quando a prova versar sobre fatos: CPC. Art. 400

No caso do inciso I, se o documento é autêntico e não houve impugnação à sua veracidade, pois em tais casos há presunção legal da verdade da declaração nele contida, contra 0 autor do documento - Quando, porém, houver discussão em tomo da autenticidade ou veracidade do próprio documento, não ocorrerá restrição à produção de testemunhas. CPC. Art. 401, 402.

Quando, todavia, o contrato, mesmo sem ser reduzido a escrito, gerou efeitos de fato entre as partes, esses efeitos podem perfeitamente ser provados por testemunhas.Com essa orientação, tem-se decidido que, em se tratando de contratos de locação de serviços ou avenças dessa mesma natureza, sem embargo da taxa legal, "é admissível a prova exclusivamente testemunhal para comprovação dos serviços prestados, porque, caso contrário, estar-se-ia infringindo o salutar princípio de direito, segundo o qual a ninguém é lícito locupletar-se com a jactura alheia".

À vedação feita no art. 401, o próprio Código abre a exceção do art. 402, dispondo que qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal,nos casos ali arrolados

Note-se, por outro lado, que as restrições em matéria de valor da obrigação se aplicam não apenas ao contrato, mas também ao pagamento e à remissão de dívida. CPC. Art. 403 Em consonância com o entendimento de que a restrição do art. 401 é apenas quanto ao contrato em si, vê-se do art. 404.

Em conclusão, a prova testemunhal, que é regra geral, só não será admitida:se o fato já estiver provado por documento, ou confissão, expressa ou presumida; se o fato só puder ser demonstrado por documento ou perícia;se o contrato ultrapassar a taxa legal e as testemunhas forem as únicas provas queridas.

D ireitos e deveres da testemunha É dever de todo cidadão colaborar com o Poder Judiciário na apuração da verdade a fim de que os litígios sejam legitimamente compostos.O depoimento testemunhal, assim, não é uma faculdade, mas um dever, imposto expressamente. CPC. Art. 341

Qualquer pessoa, desde que não seja considerada, pela lei, incapaz, impedida ou suspeita pode ser chamada a depor como testemunha (art. 405).

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Até as impedidas ou suspeitas, porém, poderão ser ouvidas pelo juiz, mas seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.O juiz da causa, também, poderá ser arrolado como testemunha, o que lhe acarretará o seguinte procedimento (art. 409):

A doutrina reconhece como os principais deveres das testemunhas: o de comparecer em juízo (art. 412); Se a testemunha deixar de comparecer à audiência, sem

motivo justificado, será conduzia coercitivamente para a nova audiência que o juiz designar e responderá pelas despesas da diligência decorrente do adiamento do ato judicial (art. 412).

o de prestar depoimento (art, 414); Quanto ao dever de depor, o Código prevê, no art. 406, hipóteses em que a testemunha pode recusar a prestar depoimento.

o de dizer a verdade (art. 415) A desobediência ao dever da verdade, sobre o qual a testemunha é advertida expressamente antes de depor (art. 415), acarreta-lhe pena criminal de um a três anos de reclusão (art. 342 do Código Penal). O crime de falso testemunho ocorre tanto quando se faz afirmação falsa, como quando se nega ou oculta a verdade (art. 415, parágrafo único).

Os direitos reconhecidos às testemunhas são: o de recusar a depor. Quando ocorrerem as hipóteses do art. 406 a testemunha requererá ao

juiz a dispensa e este, ouvidas as partes, decidira de plano (art. 414, § 2o.); o de ser tratado pelas partes com urbanidade, às quais não é lícito formular perguntas ou

considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias (art. 416, § 1'); o de ser reembolsada pela despesa que efetuou para comparecer à audiência, "devendo a parte

pagá-la logo que arbitrada, ou depositá-la em cartório dentro de três dias" (art. 419); o depoimento prestado em juízo é considerado serviço público. E a testemunha, quando sujeita

ao regime da legislação trabalhista, não pode sofrer, por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço (art. 419, parágrafo único).

A produção da prova testemunhal 0 momento adequado para requerer a prova testemunhal é a petição inicial (art. 282, VI), para o autor, ou a contestação, para o réu (art. 300), ou então na fase de especificação de prova, durante as providências preliminares (art. 324).É no saneador que o juiz admitirá, ou não, essa espécie de prova. Entende-se, porém, implicitamente deferida a prova testemunhal previamente requerida quando o juiz simplesmente designa a audiência de instrução e julgamento. CPC. Art. 407

Esse prazo é estabelecido pelo Código em benefício da parte contrária, a fim de que possa conhecer com a necessária antecedência a idoneidade da prova que contra si vai ser produzida. Há por isso, de ser observado tanto nos casos de testemunhas a serem intimadas, como daquelas que comparecerão independentemente de intimação.A contagem do prazo é regressiva, iniciando-se a partir da data da audiência, com exclusão dela (dies a quo) . O término desse retrocesso não pode cair em dia não-útil, Pois assim ficaria prejudicada a parte contrária. Quando isto ocorrer, o rol deverá ser depositado com maior antecedência para que o adversário disponha pelo menos dos cinco dias previstos no art- 407.

Às vezes, a audiência não se realiza na data marcada no processo, seja por motivo de força maior, seja por causas oriundas do juízo ou das próprias partes, se a parte não apresentou rol de testemunhas para a audiência que foi adiada, não e é lícito fazê-lo para a segunda.Mesmo ao revel, isto é, ao que não contestou a ação, é assegurado o direito de produzir testemunhas, quando os efeitos da revelia não ocorreram, nos termos do art. 319 , 320 e 408.

CPC. Art. 412 - No primeiro caso, o oficial de justiça, em cumprimento do mandado, intimará a testemunha a comparecer em juízo, no dia, hora e local que forem designados para a audiência. E haverá condução coercitiva, caso a testemunha deixe de atender a intimação.No segundo caso, ou seja, quando se dispensou a intimação, o não-comparecimento importará presunção de que a parte desistiu da ouvida da testemunha As testemunhas são ouvidas pelo juiz na audiência de instrução e julgamento, depois dos esclarecimentos dos peritos e dos depoimentos pessoais das partes

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Fora da audiência, mas em juízo, são inquiridas as testemunhas que "prestam depoimento antecipadamente" (art. 336, parágrafo único) e as que "são inquiridas por carta" (art. 200).Fora do juízo, serão ouvidas as testemunhas: CPC. Art. 410, 411,

Na audiência de instrução e julgamento, o juiz inquirirá as testemunhas; CPC. Art. 413 , 414 e 415.

As perguntas não são formuladas diretamente à testemunha, mas sim submetidas à consideração do juiz, que é o único que interroga o depoente.Caberá ao juiz indeferir as perguntas inúteis e as que forem julgadas impertinentes, capciosas ou vexatórias. As perguntas indeferidas serão transcritas no termo, se a parte o requerer .

O depoimento é sempre oral, de modo que não é lícito à parte substituí-lo por declaração escrita adrede preparada, isto não impede que se permita à testemunha consultar breves anotações ou documentos em seu poder.Findo o depoimento, lavrará o escrivão o competente termo, que deve ser datilografado, e assinado pelo juiz, pela testemunha e pelos advogados das partes.

Dois incidentes podem se seguir à tomada de depoimento da testemunha:a) a acareação, acareação consiste em promover o confronto pessoal numa só audiência, das

pessoas, que prestaram depoimentos contraditórios. É cabível também entre testemunhas e parte, mas não entre as duas partes.

b) a ouvida de testemunhas referidas. Testemunha referida é a pessoa estranha ao processo, que foi mencionada no depoimento de outra testemunha, ou da parte. A audiência daquela pode se destinar a confirmar ou esclarecer o depoimento já tomado. CPC. Art. 418

Essas duas diligências podem ser determinadas pelo juiz, a requerimento da parte ou de oficio. Sua efetivação pode ocorrer na própria audiência de instrução e julgamento, se estivererm presentes os interessados; ou em outra data, designada pelo juiz, caso em que a conclusão dos trabalhos da audiência ficará suspensa.

Prova pericial

C onceito Os fatos litigiosos nem sempre são simples de forma a permitir sua integral revelação ao juiz, ou sua inteira compreensão por ele através apenas por meio de testemunhas e documentos.Nem é admissível exigir que o juiz disponha de conhecimentos universais a ponto de examinar cientificamente tudo sobre a veracidade e as conseqüências de todos os fenômenos possíveis de figurar nos pleitos judiciais.

Aparece, então, a prova pericial como o meio de suprir a carência de conhecimentos técnicos de que se ressente o juiz para apuração dos fatos litigiosos. CPC. Art. 420

Consiste o exame na inspeção sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificação de qualquer fato ou circunstância que tenha interesse para a solução do litígio. Vistoria é a mesma inspeção, quando realizada sobre bens imóveis.

E avaliação ou arbitramento é a apuração de valor, em dinheiro, de coisas, direitos ou obrigações em litígio.

A perícia regulada pelo Código é sempre judicial, isto é, realizada em juízo, por perito nomeado pelo juiz. Mas existem também perícias extrajudiciais promovidas por iniciativa das partes, através de técnicos particulares ou agentes administrativos. Sua força de convencimento não pode, naturalmente, ser a mesma da perícia judicial e o juiz examinará tais laudos como simples pareceres, dando-lhes a credibilidade que merecem.

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Admissibilidade da perícia Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo juiz, quando a apuração do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento.

Somente haverá perícia, portanto, quando o exame do fato probando depender de conhecimentos técnicos ou especiais e essa prova, ainda, tiver utilidade, diante dos elementos disponíveis para exame. CPC. Art. 420Mesmo quando não exista mais o objeto a ser periciado, ainda será admissível, em alguns casos, a perícia indireta. Se existem, por exemplo, registros oficiais acerca de dados do acidente, é possível ao perito, muitas vezes, um juízo lógico acerca de suas causas, conforme o teor de tais dados e sua idoneidade para uma análise técnica.

P erito - CPC. Art. 421 Uma vez nomeado, o perito, passa a exercer a função pública de órgão auxiliar da Justiça (art. 139), com encargo de assistir o juiz na prova do fato que depender de seu conhecimento técnico ou científico.A nomeação do perito é feita pelo juiz no despacho saneador, quando houver por bem, deferir a prova técnica . CPC. Art. 434

Nos demais casos, a escolha dos peritos recairá,sobre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, salvo se na localidade inexistir quem detenha a necessária qualificação técnica, hipótese em que a indicação do experto será da livre escolha do juiz .

Permite o sistema do Código que os litigantes participem da perícia através da escolha de assistentes técnicos e formulação de quesitos, cuja qualificação profissional deve respeitar as mesmas exigências impostas ao perito do juízo.

Admite o Código que o perito ou o assistente possa ser substituído, no curso da prova, quando: CPC. Art. 424.

O procedimento da prova pericial O pedido de perícia pode ser formulado na inicial, na contestação ou na reconvenção bem como na réplica do autor à resposta do réu.

O juiz o apreciará no despacho saneador, oportunidade em que, se deferir a perícia, nomeará, desde logo, o perito e determinará a intimação das partes para que, em cinco dias, indiquem seus assistentes técnicos e apresentem os quesitos a serem respondidos pelos louvado.

No caso de litisconsórcio, ativo ou passivo, o Código previa um único assistente técnico para cada grupo, submetido a sorteio se não houvesse acordo entre os interessados. A Lei n° 8.455, de 24.08.92, no entanto, cancelou a restrição outrora contida no § 2o. do art. 421, de maneira que, agora, cada litisconsorte pode indicar seu próprio assistente. CPC. Art. 422

Dispensou-se a formalidade do compromisso do perito. Como agente auxiliar do juízo, está o perito sujeito a impedimento e suspeição . 0 mesmo não ocorre com o assistente técnico que considerado apenas elemento de confiança da parte .Assinando o prazo para a diligência (art. 433), o juiz examinará os quesitos das partes Podendo indeferir os impertinentes e formular, de ofício, os que entender necessários ao esclarecimento da causa (art. 426). CPC. Art. 423 e 433

Aos assistentes, se atribui o encargo de elaborar pareceres, no prazo comum de 10 dias, que corre independentemente de intimação, a contar do depósito do laudo do perito em cartório. Cumpre à parte interessada diligenciar para que isto se dê, pena de perder a oportunidade processual de participar da diligência técnica.

A entrega do laudo, em regra, ocorrerá dentro do prazo fixado, mas, havendo motivo legítimo, o juiz poderá conceder ampliação daquele prazo.

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Mesmo além do termo assinalado, poder-se-á aceitar o laudo, desde que se respeite a antecedência mínima de 20 dias da audiência. As regras dos arts, 433, 427 e 432 não devem ser entendidas como inflexíveis.O prazo que o juiz inicialmente marca para a prova técnica (art. 427) é o que se julga razoável para a conclusão da perícia, em face de suas peculiaridades. É um ponto de referência, a ir do qual o juiz se sentirá habilitado a escolher a data da audiência, sem risco de cercear a ia. Os próprios peritos, todavia, podem demonstrar que ele não foi suficiente para concluir diligência. Daí a permissão legal para sua prorrogação (art. 432).

Com ou sem o laudo e os pareceres, o juiz pode marcar a audiência de instrução e julgamento. Eventual atraso na produção do laudo não pode ser tratado como causa de preclusão a respeito da prova técnica, mesmo porque não se trata, na espécie, de prazo destinado à prática to da parte, mas de prazo endereçado a ato de agente auxiliar de juízo, e a preclusão, na melhor técnica, é fenômeno que diz respeito às faculdades atribuídas aos litigantes, durante a marcha processual.A não-apresentação do parecer do assistente técnico não é empecilho à realização da audiência. Mas se a falta for do laudo do perito do juízo, a audiência terá que ser suspensa. caso que o juiz nomeará substituto para o técnico CPC. Art. 425

Quando o objeto da perícia estiver fora da comarca por onde corre o processo, a diligencia será realizada por meio de carta precatória. CPC. Art. 428

Depois de juntado o laudo aos autos, a parte que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico deverá requerer ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência. Mas, para que seu pedido seja atendido, terá de ser acompanhado das perguntas de esclarecimento, formuladas sob forma de quesitos; e a petição deverá ser apresentada com antecedência suficiente para que os técnicos sejam intimados, pelo menos cinco dias antes da audiência.Ultrapassado esse prazo, não estarão mais obrigados a prestar os esclarecimentos

V alor probante da perícia O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou.Vale pelas informações que contenha, não pela autoridade de quem o subscreveu, razão pela qual deve o perito indicar as razões em que se fundou para chegar às conclusões enuncia das em seu laudo. CPC. Art. 436

E, realmente, deve ser assim, pois do contrário, o laudo pericial deixaria de ser simples meio de prova para assumir o feitio de decisão arbitral, e o perito se colocaria numa posição superior à do próprio juiz, tomando dispensável até mesmo o pronunciamento jurisdicional.Assim, o parecer do perito é meramente opinativo e vale pela força dos argumentos em que repousa.Deles, em conseqüência, o juiz pode divergir, em duas hipóteses:quando carecer de fundamentação lógica. Se o perito subtrair ao conhecimento do juiz e dos interessados os motivos em que se baseou para emitir a sua opinião, nenhum valor poderá atribuir ao seu laudo: é como se não existisse laudo pericial.quando outros elementos de prova do processo o conduzirem à formação de convicção diversa daquela apontada pelo perito, posto que a perícia não é prova hierarquicamente superior as demais provas; e na técnica do Código, o juiz não se vincula à opinião do perito, mas apenas a própria convicção.

N ova perícia - CPC. Art. 437 Essa deliberação poderá ser tomada, de ofício ou a requerimento da parte, logo após a juntada do laudo ao processo, ou em diligência após os esclarecimentos dos peritos em audiência e coleta dos demais meios de prova, desde que persista a dúvida em torno do thema probandumA nova perícia é uma exceção e não uma faculdade da parte, de sorte que o juiz só a determinará quando julgá-la realmente imprescindível diante de uma situação obscura refletida nos elementos de prova dos autos.CPC. Art. 438 e 439 .

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Inspeção judicialC onceito Inspeção judicial é o meio de prova que consiste na percepção sensorial direta do juiz sobre qualidades ou circunstâncias corpóreas de pessoas ou coisas relacionadas com litígio. CPC. art. 440.

O objeto da inspeção pode ser: pessoas.- podem ser partes ou não do processo, desde que haja necessidade de verificar seu

estado de saúde, suas condições de vida etc.; coisas.- móveis ou imóveis e mesmo documentos de arquivos, de onde não possam ser

retirados; lugares.- quando, por exemplo, houver conveniência de se conhecer detalhes de uma via pública

onde se deu um acidente ou outro acontecimento relevante para a solução da causa.

Não se reconhece à parte o direito de exigir a inspeção judicial. Cabe apenas ao juiz deliberar sobre a conveniência, ou não, de realizá-la, de sorte que seu indeferimento não configura cerceamento de defesa.

P rocedimento A exibição da coisa ou pessoa a ser -inspecionada, normalmente, deve ser feita em juízo, em audiência, para isso determinada, com prévia ciência das partes. CPC. Art. 442

Durante a inspeção, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos, se julgar conveniente , os quais serão de sua exclusiva escolha, por se tratar, a inspeção, de ato pessoal do magistrado. Pode, naturalmente, ser o perito já nomeado no processo, ou outro escolhido para o ato.

Às partes é assegurado o direito de assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa CPC. 441 e 443.

O mais interessante é iniciar a lavratura do auto já no curso da inspeção, de modo que cada fato, circunstância ou esclarecimento apurado pelo juiz vá ficando logo registrado, para evitar controvérsias ou impugnações que são comuns diante de documentos redigidos a posteriori. Para tanto, o juiz se fará acompanhar do escrivão do feito, que redigirá o auto no próprio local da inspeção, colhendo, ao final, a assinatura do juiz, das partes e demais pessoas que tenham tido participação na diligência. Observe-se, finalmente, que o auto não é local adequado para o juiz proferir julgamento de valor quanto ao fato inspecionado, apreciação que deverá ficar reservada para a sentença. O auto deve ser objetivo, limitando-se à enunciação ou notícia dos fatos apurados.

AUDIÊNCIA

ConceituaçãoAudiência é o ato processual solene realizado na sede do juízo que se presta para o juiz ,colher a prova oral e ouvir pessoalmente as partes e seus procuradores.

A principal audiência regulada pelo Código de Processo Civil é a de instrução e julgamento (arts. 450 - 457), que é momento integrante do procedimento ordinário e também se aplica a todos os demais procedimentos, desde que haja prova oral ou esclarecimento de perito a ser colhido antes da decisão do feito. Por meio dela, põem-se em prática os princípios da oralidade e concentração do processo moderno.Em regra, a designação da audiência de instrução e julgamento não é faculdade conferida ao juiz e sim imposição da lei adjetiva, aplicável sempre que haja prova a ser produzida.

Pela sistemática do Código, a audiência só é, entretanto, indispensável quando haja necessidade de prova oral ou esclarecimentos de perito e assistentes técnicos. Fora desses casos, o julgamento da lide

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é antecipado e prescinde da solenidade de audiência Quando se fizer necessária a audiência de instrução e julgamento, o momento adequado à sua designação pelo juiz é o despacho saneador, oportunidade em que deferirá as provas que nela hão de produzir-se.

Características da audiência

A audiência é pública. Aliás, em regra, todos os atos processuais são públicos o nosso Código (art.444).Consiste a publicidade da audiência em franquear-se a presença, a seus trabalhos, a qualquer pessoa que quiser assisti-los. Há casos, porém, em que o decoro ou o interesse público recomenda a não divulgação dos atos judiciais. Praticar-se-ão, por isso, em segredo de justiça, CPC. Art 155 . Quando isto se dá, a audiência realiza-se a portas fechadas, às partes e seus advogados.

Na presidência dos trabalhos da audiência compete ao juiz, o descrito nos artigos 445 e 446 do CPC.

A audiência realizar-se-á em dia e hora designados pelo juiz, com prévia intimação das partes. É sempre considerada "una e contínua" e, se não for possível concluir, num só dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia próximo. Una, na expressão do Código, quer dizer que, embora fracionada em mais de uma sessão, a audiência é tratada como uma unidade, um todo. Há, assim, uma continuidade entre os atos fracionados, e não uma multiplicidade de audiências, quando não é possível iniciar e encerrar os trabalhos numa só sessão. Corolário desta regra é que, se houver motivo para nulidade da primeira sessão, todas as demais posteriormente realizadas estarão afetadas, pois o vício atingirá a audiência como todo. CPC. Art. 450 e 455.

Traça o Código várias normas de solenidade para que audiência cumpra a sua finalidade processual.Assim, as características da audiência de instrução e julgamento são:

a publicidade; a solenidade; a essencialidade; a presidência do juiz; a finalidade, complexa e concentrada de instrução, discussão e decisão da causa; a unidade e continuidade.

Compreende a audiência, na sistemática do Código, atos de quatro espécies: atos preparatórios: a designação de data e horário para a audiência, a intimação da partes e

outras pessoas que devem participar; depósito do rol de testemunhas em cartório; pregão das partes e advogados na sua abertura;

atos de tentativa da conciliação das partes: quando a lide versar sobre direitos patrimoniais privados;

atos de instrução: esclarecimento do perito e assistentes técnicos; depoimentos pessoais; inquirição de testemunhas; acareação de partes e testemunhas;

ato de julgamento: debate oral e sentença.

Atos preparatóriosDesignada a audiência, no saneador, o juiz deferirá as provas a produzir e determinará intimação dos advogados. Se for possível a tentativa de conciliação, manda intimar as partes, também, o que, entretanto, não reclama intimação pessoal, bastando aq ue ordinariamente feita através do advogado (art. 447 e 448 do CPC.). .Para produção de prova testemunhal, a parte terá de depositar o rol em cartório, com antecedência de cinco dias da audiência. CPC. Art. 450Consiste o pregão no anúncio feito, de viva voz, pelo oficial de justiça ou outro serventuário encarregado do oficio de porteiro do auditório forense, convocando aqueles que deva participar da audiência.

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Adiamento da audiênciaNa fase de abertura, poderá o juiz determinar a suspensão dos trabalhos e adiamento audiência, nos casos do artigo 453 do CPC.

A ausência do juiz impede a abertura da audiência, porque, sem ele, não é possível promovê-la.

A ausência injustificada de outras pessoas que deveriam participar da audiência, via de regra, não é motivo de adiamento, mas de realização sem a sua participação.

Assim, se o ausente é o advogado, o juiz realizará a audiência e poderá dispensar a produção das provas requeridas em nome da parte que lhe tocava representar .Faltando ambos os advogados, poderá o juiz dispensar toda a instrução e proferir logo o julgamento conforme o estado do processo, ou, então, promover a colheita da prova, sem a presença dos interessados.

Se o não-comparecimento injustificado for de parte que deveria prestar depoimento pessoal, o juiz lhe aplicará a pena de confesso , caso em que, diante da confissão ficta, poderá dispensar as demais provas, se a causa não versar sobre direitos indisponíveis.

Faltando sem justificativas, a testemunha sujeitar-se-á a condução forçada à presença do juiz. Só haverá adiamento se não for possível a condução durante a própria audiência. E, assim, mesmo, não estará impedido o juiz de ouvir as demais testemunhas da parte.

Embora omisso o Código, entende-se que o perito e os assistentes técnicos também se sujeitam à condução forçada.

A ausência do órgão do Ministério Público, com ou sem justificativa, não impede a realização da audiência, visto que a lei exige, para a validade do processo, apenas a intimação do custos legis e não a sua presença obrigatória.

Se a falta for de parte que deveria prestar depoimento pessoal, não estará impedido o juiz de ouvir os esclarecimentos do perito; se a ausência for do perito, poderá tomar os depoimento das partes e tentar a conciliação; e, em ambos os casos, havendo concordância dos advogados também poderão ser ouvidas as testemunhas presentes.

Quando a falta justificada for de uma ou algumas testemunhas do autor, o juiz ouvirá demais arroladas por ele e adiará apenas a parte referente às testemunhas da outra parte. Se falta for de testemunha do réu, todas as demais, de ambas as partes, serão ouvidas antes do adiamento. No primeiro caso, se concordar o réu, também suas testemunhas serão ouvidas antes do adiamento.

Antecipação de audiênciaPor motivos de conveniência da Justiça, ou a requerimento de uma das partes, pode o juiz antecipar a data inicialmente designada para a audiência de instrução e julgamento. Mas, em tais casos, o juiz mandará que a intimação seja feita pessoalmente aos advogado através de mandado, ou pelo escrivão, e não será tolerada a intimação por publicação na imprensa.

ConciliaçãoA composição do litígio é o objetivo perseguido pelas partes e pelo juiz, o fim do processo é alcançar esse objetivo. E isto pode ser feito através de ato do juiz (sentença de mérito) das próprias partes (autocomposição).Por isso, e porque cumpre ao juiz velar pela rápida solução do litígio, determina o Código que, na audiência de instrução, antes de iniciar a instrução, o magistrado "tentará conciliar as partes" (art. 448),

Somente nas causas sujeitas a audiência é que tem cabimento a tentativa de conciliação. por isso, quando houver julgamento antecipado da lide, ou extinção do processo sem apreciação do mérito, não caberá a medida. Havendo, porém, audiência, a conciliação será tentada, em todos os processos de natureza patrimonial privada, até nos de rito especial e os incidentais ou cautelares.

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A conciliação é, em nosso processo civil, um acordo entre as partes para solucionar o litígio deduzido em juízo. Por participar da natureza da transação e assim envolver potencialmente renúncia de direitos eventuais, só se admite a conciliação nas causas que versem sobre "direitos patrimoniais de caráter privado" (art. 447) e em algumas causas relativas à família, em que a lei permite às partes transigir (art. 447, parágrafo único).As ações de família que se submetem à conciliação são as de separação (Lei no 968, de 10. 12.49) e as de alimentos (Lei no. 5.478, de 25.07.68).

Nos casos em que tem cabimento, a conciliação é parte essencial da audiência. Cumpre ao juiz promovê-la, de ofício, independentemente da provocação das partes.

Não manda a lei que a intimação, in casu, seja pessoal, de modo que será válida a feita, normalmente, na pessoa do advogado da parte. Como regra, o juiz tentará conciliar as próprias partes, mas é válida, também, a tentativa de conciliação realizada perante advogado com poderes especiais para transigir, desistir e acordar. Não é, pois, indispensável a presença das partes em pessoa para o ato .Não obstante tenha o juiz o dever de tentar a conciliação das partes, não há cominação de nulidade para a omissão da providência. Isto porque o objeto dela é apenas abreviar a solução do litígio, de sorte que, se houve a instrução completa e o julgamento de mérito, não haverá prejuízo algum que a parte possa invocar para justificar a anulação do processo. Com a Lei no 8.952, de 13.12.94, instituiu-se em todos os processos em que não seja possível o julgamento antecipado da lide, uma audiência especial, antes de passar à instrução pr tória, destinada especialmente à tentativa de conciliação dos litigantes.

Procedimento da conciliaçãoNão há maiores solenidades para a tentativa de conciliação.Ao abrir a audiência, o juiz, verbalmente, e sem prejulgar a causa, concitará os litigantes a procurarem uma composição amigável para suas divergências.Feita a proposta de acordo, e sem êxito, o juiz passará à instrução da causa. Se, porém partes entrarem em composição, o juiz mandará tomar por termo o acordo e o homologar sentença, ainda na mesma audiência, que, com isso, ficará encerrada, sendo dispensadas as provas e o debate oral.O processo, então, se extinguirá, com decisão definitiva de mérito gerando coisa julgada material. CPC. Art. 448 e 449.

Instrução e julgamentoPassada a fase da conciliação, sem que o juiz consiga êxito na tentativa de obter a composição do litígio, ou quando não couber a medida, terão início os atos instrutórios da audiência. CPC. Art. 451.Essa providência é feita com ouvida das partes e tem o objetivo de evitar perda de tempo com provas inúteis ou irrelevantes para o processo. Decorre do poder geral conferido ao juiz.A colheita da prova oral na audiência observará a ordem do artigo 452 do CPC.Os empecilhos à observância da ordem de produção da prova não devem ser razão para a obrigatória suspensão ou adiamento da audiência. Dentro do poder que toca ao juiz de velar pela rápida solução do litígio e de indeferir diligências inúteis ou meramente protelatórias, poderá o magistrado, em determinadas hipóteses, inverter a seqüência de provas recomendada pelo art. 452. Nada impedirá essa providência, principalmente quando as partes derem o seu acordo.

Finda a instrução, terão lugar os debates orais CPC. Art. 454Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, na mesma audiência o juiz proferirá a sentença, ditando-a ao escrivão. Se não se julgar em condições de sentenciar imediatamente, poderá fazê-lo no prazo de 10 dias.. Documentação da audiênciaOs atos praticados na audiência deverão ser documentados em livro próprio e nos auto, do processo. No livro de audiências, lavrar-se-á o termo respectivo, que será redigido pelo escrivão, sob ditado do juiz, e conterá, em resumo, o relato de tudo o que ocorreu durante os trabalhos da audiência. CPC. Art. 457.

Obrigatoriamente, ficarão consignados: as presenças registradas na abertura da audiência;

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todos os requerimentos formulados durante os trabalhos; as decisões do juiz a respeito dos requerimentos; o debate oral; a sentença.

Se o advogado retirar-se, sem justificativa, antes do encerramento dos trabalhos, não será nulo o termo lavrado sem sua assinatura.

A sentença, desde que proferida oralmente, será transcrita integralmente no termo da audiência.

Os depoimentos das partes e testemunhas, bem como os esclarecimentos dos peritos e assistentes técnicos ficarão constando de termo em separado, que acompanharão, nos autos, o termo geral da audiência.

Quando se der a conciliação, não haverá necessidade de um termo separado só para acordo das partes. Poderá ser incluído no texto do termo da audiência, que conterá, também, sentença homologatória do juiz.

SENTENÇA E COISA JULGADA

Sentença é o ato do juiz que põe termo ao processo, decidindo, ou não, o mérito da causa. Se a sentença julga o mérito, diz-se que é definitiva, porque define a lide. Nos demais casos é meramente terminativa.

A sentença de mérito deve conter os seguintes requisitos essenciais:a) relatório, que conterá o nome das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o

registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; b) os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;c) o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões que as partes lhe submeterem. Esses

requisitos são essenciais, e sua falta acarreta a nulidade da sentença.

O relatório, que é um resumo do processo, garante que o juiz o examine, descrevendo-o em seus termos essenciais; a fundamentação revela a argumentação seguida pelo juiz, servindo de compreensão do dispositivo e também de instrumento para a aferição da persuasão racional e a lógica da decisão. Na fundamentação o juiz vai resolvendo as questões preliminares e prejudiciais, bem como as questões de fato. Questão é todo ponto controvertido de fato e de direito e que, exatamente por ser controvertido, deve ser decidido pelo juiz.

O dispositivo é a conclusão, o tópico final em que, aplicando a lei ao caso concreto segundo a fundamentação, acolhe ou rejeita, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Se há ações conexas que devem ser julgadas conjuntamente, se há reconvenção, ação declaratória incidental ou oposição, no dispositivo o juiz acolherá ou rejeitará, no todo ou em parte, cada uma. O dispositivo, no caso, é complexo.

Não pode a sentença ser de natureza diversa do pedido, nem condenar o réu em quantidade superior ou objeto diverso do que lhe foi demandado. A sentença que julga além do pedido se diz ultra petita; a que julga fora do pedido se diz extra petita. Tais sentenças são nulas, como nula é a sentença citra petita, qual seja a que deixa de apreciar pedido expressamente formulado. Esta última viola o princípio da indeclinabilidade da jurisdição.

A sentença deve ser sempre certa, ainda que a decisão se refira a relação jurídica condicional, e não pode condenar em quantia ilíquida se o pedido foi de quantia líquida (arts. 460, parágrafo único, e 459, parágrafo único). Isso não quer dizer que a sentença não possa estabelecer, por exemplo, alguma prestação do autor para que se possa executá-la, mas isso não a torna incerta ou condicional. A condenação é certa, mas a execução deve ser precedida de algum ato do credor.Deve existir, portanto, uma correspondência fiel entre o pedido do autor e o dispositivo da sentença, sob pena de nulidade. Mas o juiz deverá levar em consideração, mesmo depois da propositura da ação,

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algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito, desde que esse fato não possa constituir fundamento jurídico novo para nova demanda. Ou seja, se um fato superveniente tornar a decisão - que seria tomada em face dos fatos exclusivamente apresentados na inicial - inócua, injusta ou ilegal, o juiz o toma em consideração e profere a decisão correta. Se, porém, esse fato novo puder servir de fundamento, por si só, para outra demanda, julga-se improcedente a anterior e o autor que proponha outra.CPC. art. 294.

A sentença que encerra o processo sem julgamento de mérito não precisa conter os mesmos pormenores da sentença de mérito. Pode ser concisa, mas suficientemente clara e fundamentada para se entender as razoes que levaram à extinção do processo. A Constituição exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas.

Ao publicar, baixando em cartório, a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional. Com a sentença se esgota a atividade do juiz, o qual não mais poderá modificar a prestação jurisdicional dada, retratando-se, ainda que razões posteriores possam, até, demonstrar a injustiça da decisão. Somente por meio do recurso pode a parte obter o reexame da causa.

O próprio juiz, porém, pode, de ofício, ou a requerimento da parte, corrigir inexatidões materiais ou erros de cálculo, erros aritméticos. O juiz pode, também, emendar a sentença desde que haja embargos de declaração (art. 535).

Cabem embargos de declaração quando há na sentença obscuridade, dúvida ou contradição e também quando for omitido ponto sobre qual ela deveria pronunciar-se. No primeiro caso, embargos em virtude de obscuridade, dúvida ou contradição, estes têm finalidade explicativa, ou seja, têm por fim extrair o verdadeiro entendimento da sentença; no caso de embargos em virtude de omissão, a finalidade é integrativa, a de completar o julgamento que foi parcial.A obscuridade é o defeito consistente na difícil compreensão do texto da sentença e pode decorrer de simples defeito redacional ou mesmo de má formulação de conceitos.

Contradição é a afirmação conflitante, quer na fundamentação, quer entre a fundamentação e a conclusão. Nesses casos, a correção da sentença em princípio não levaria a uma verdadeira modificação da sentença, mas apenas a um esclarecimento de seu conteúdo. Todavia, a conta de esclarecer, eliminar uma dúvida, obscuridade ou contradição, já tem havido casos de serem proferidas novas sentenças. De fato, se a contradição é essencial, ao se eliminar a contradição praticamente se está proferindo uma nova decisão.

No caso de omissão de fato, a sentença é complementada, passando a resolver questão não resolvida, ganhando substância, portanto. As questões que devem ser resolvidas pelo juiz são todas as relevantes postas pelas partes para a solução do litígio, bem como as questões de ordem pública que o juiz deve resolver de ofício, como, por exemplo, a coisa julgada. Nesse caso, os embargos podem ter efeito modificativo.

Os embargos de declaração poderão ser interpostos em cinco dias, contados da publicação da sentença, devendo o juiz decidir também em igual prazo, esclarecendo, ou não, a sentença. Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo e não são respondidos pela parte contrária, dirigidos que são diretamente ao juiz.

A interposição dos embargos interrompe o prazo para a interposição de outro recurso por qualquer das partes. Após a decisão dos embargos, os prazos dos demais recursos recomeçam em sua integralidade.

Nos embargos de declaração, quando contra sentença, não havia previsão de multa no caso de serem meramente protelatórios. Porém, se o embargante manifestamente se utiliza dos embargos para dilatar o prazo da apelação, deve ser apenado.

Pode acontecer que após a interposição dos embargos e a declaração da sentença esta ainda permaneça obscura ou contraditória, ou, também, ao esclarecer, o juiz gere nova dúvida ou nova contradição. A lei não proíbe nem prevê a possibilidade de embargos de declaração contra embargos

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de declaração. Tem sido admitida a interposição de novos embargos se na decisão proferida em decorrência dos primeiros há, por sua vez, omissão, dúvida, obscuridade ou contradição, mas não se admite a repetição dos embargos para discutir a mesma matéria já discutida nos primeiros ou que poderia ter sido apresentada desde logo. Aliás, no caso de embargos quando há omissão, a declaração da sentença pode, até, modificá-la, podendo ensejar novos embargos. Por exemplo, na sentença o juiz omitira o exame da prescrição devidamente alegada; agora, examinando-a, decreta-a, alterando totalmente o julgado que anteriormente podia ser de procedência da ação. Pode, no segundo, existir algo a ser declarado por meio de embargos.

De acordo com o pedido formulado pelo autor, as sentenças podem ser meramente declaratórias, constitutivas e condenatórias.Salvo o caso da sentença meramente declaratória, as demais sentenças, sempre além da função declaratória de relações jurídicas, apresentam, cumulativamente, cargas constitutivas ou condenatórias. Para condenar, no plano lógico, primeiro se declara; para modificar relações jurídicas, logicamente antes se declara. Aliás, a função declarativa é essencial à jurisdição, sendo as demais a complementação dessa função básica essencial. É comum na linguagem judiciária se usar expressões como "decreto o despejo", "determino a reintegração" etc., que decorrem do tipo de providência pretendida no plano do direito material, mas a eficácia sentencial não deixa de ser condenatória, constitutiva ou declaratória.

Por outro lado, numa mesma sentença pode haver parte declaratória e parte condenatória, como, por exemplo, a sentença que declara a falsidade de um documento e condena em honorários e demais despesas processuais.

A declaração, a constituição ou a condenação são os efeitos primários da sentença ou também chamados de efeitos principais. Mas, além de declarar, condenar ou modificar o mundo jurídico, a sentença produz efeitos secundários de natureza processual e de natureza material. É impossível enumerar todos os efeitos secundários da sentença, mesmo porque os referentes ao direito material dependem do tipo de relação jurídica controvertida decidida pela sentença.

No Capítulo da sentença, o Código trata de um dos efeitos secundários, que é a hipoteca judiciária.

A sentença que condenar o réu a pagamento de uma prestação consistente em dinheiro ou em coisa valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será condenada na forma prescrita na Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73, art. 167, I, 2). Inscrita a hipoteca, os bens do devedor passam a garantir, de forma privilegiada, a futura execução. O efeito de hipoteca judiciária decorre da própria sentença condenatória, mas para que possa valer contra terceiros é preciso que seja especializada (individualizados os bens) e inscrita no registro imobiliário.

O efeito secundário da sentença consistente na hipoteca judiciária não depende do trânsito em julgado da decisão, nascendo da publicação da sentença de mérito condenatória. Na prática, porém, são poucos os casos de especialização de hipoteca judiciária.

Na ação que tiver por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa diária prevista no art. 287, a qual poderá ser aplicada independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para cumprimento. A tutela específica pode ser antecipada, nos moldes do art. 273, o que significa que as providências determinadas por ocasião da sentença de procedência são de aplicabilidade imediata e não são sujeitas ao efeito suspensivo de eventual apelação (art. 461 e parágrafos, com a redação dada pela Lei n. 8.952/94). Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além da requisição de força policial (§ 5º do mesmo artigo).

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Coisa julgadaA coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da sentença ou da própria sentença que decorre de estarem esgotados os recursos eventualmente cabíveis.

A sentença, uma vez proferida, torna-se irretratável, ou seja, o juiz não pode modificar a prestação jurisdicional, mas a parte pode pedir o seu reexame utilizando-se do recurso adequado, em geral dirigido a outro órgão jurisdicional. Quando estiverem esgotados todos os recursos previstos na lei processual, ou porque foram todos utilizados e decididos, ou porque decorreu o prazo de sua interposição, ocorre a coisa julgada formal, que é a imutabilidade da decisão dentro do mesmo processo por falta de meios de impugnação possíveis, recursos ordinários ou extraordinários. Todas as sentenças, em certo momento, fazem coisa julgada formal.

Para as sentenças de mérito, porém, quando ocorre a coisa julgada formal (esgotamento dos recursos), ocorre também (salvo algumas exceções que adiante se verão) a coisa julgada material, que é a imutabilidade dos efeitos que se projetam fora do processo (torna-se lei entre as partes) e que impede que nova demanda seja proposta sobre a mesma lide. Este é o chamado efeito negativo da coisa julgada material, que consiste na proibição de qualquer outro juiz vir a decidir a mesma ação.

Não fazem, portanto, coisa julgada material as sentenças que extinguem o processo sem julgamento de mérito, nos termos do art. 267, e, salvo no caso de seu inc. V, a ação pode ser repetida, sanado o defeito que impediu o julgamento de mérito.

Por razões decorrentes da natureza das relações jurídicas discutidas, não fazem, também, coisa julgada material:

I - as sentenças chamadas determinativas, que decidem algumas relações de ordem pública em que o juiz integra com sua vontade a vontade concreta da lei (nas sentenças em geral o juiz apenas aplica a vontade concreta da lei). Como exemplo de sentença determinativa que pode ser modificada estão as sentenças relativas à guarda de filhos; II - as sentenças proferidas em ações de alimentos, que podem ser modificadas se houver alteração da condição do alimentante ou do alimentado; III - as sentenças proferidas em jurisdição voluntária, as quais podem ser modificadas (art. 1.111) se ocorrerem circunstâncias supervenientes, sem prejuízo dos efeitos já produzidos; IV - as sentenças, em geral, proferidas em casos de relações jurídicas continuativas, quando sobrevém modificação no estado de fato ou de direito, caso em que a parte pode pedir a revisão do que foi estatuído na sentença (art. 471, I).

Há casos de tratamento especial da coisa julgada, como, por exemplo, na ação popular, na qual é possível a repetição da demanda se a ação foi julgada improcedente por deficiência de provas (Lei n. 4.717/65, art. 18)e nas ações coletivas (Lei n. 8.078/90, c/c a Lei n. 7.347/85).

A imutabilidade decorrente da coisa julgada é uma garantia constitucional, de modo que nem a lei pode violá-la (CF art. 5º, XXXVI), tal como o direito adquirido e o ato jurídico perfeito. Todavia, o momento em que ocorre a coisa julgada e as condições de sua efetivação dependem da lei processual e da lei material, mesmo porque há relações jurídicas que, dada a sua natureza, impõem a possibilidade de revisão, como as acima referidas, de modo que as sentenças, nesses casos, são dadas rebus sic stantibus (segundo as condições da situação no momento em que são proferidas).

Após o trânsito em julgado da sentença e ocorrendo a coisa julgada material, ainda há uma possibilidade de desfazê-la, por meio da ação rescisória (arts. 485 e s.), em casos de grave defeito formal ou de conteúdo da decisão, mas até o prazo máximo de dois anos.

A coisa julgada material, que é a imutabilidade do dispositivo da sentença e seus efeitos, torna impossível a rediscussão da lide, reputando-se repelidas todas as alegações e defesas que a parte poderia opor ao acolhimento ou rejeição do pedido. Isto quer dizer que não importam as razões que levaram à decisão, não podendo ser aduzidas novas razões para se tentar repetir a demanda. Assim, por exemplo, se a ação foi julgada improcedente por insuficiência de provas, transitada em julgado a

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sentença de mérito, não serão novas provas que vão possibilitar a renovação do pedido. A isso se denomina efeito preclusivo da coisa julgada (art. 474).

Diferente, porém, é a situação se existe fato novo ou diferente que venha a constituir fundamento jurídico para outra demanda. Nesse caso, o problema da coisa julgada não se põe, porque o fato que constitui fundamento jurídico novo enseja outra demanda diferente e a coisa julgada se refere a demandas idênticas nos três elementos: mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir.

As sentenças, de regra, fazem coisa julgada assim que esgotados os recursos ou decorrido o prazo de sua interposição. Todavia, somente podem produzir efeitos depois de examinadas pelo tribunal (quer dizer, não podem fazer coisa julgada as sentenças de primeiro grau) as sentenças proferidas em ações de anulação de casamento ou contra a Fazenda Pública. Trata-se do chamado "reexame obrigatório" que no Código anterior era denominado "apelação de ofício". As sentenças sujeitas a reexame obrigatório serão, independentemente de recurso voluntário, remetidas ao tribunal competente pelo próprio juiz, ou, se este não o fizer, poderão ser avocadas pelo Presidente do Tribunal.

Nem tudo, porém, na sentença se torna imutável. O que faz coisa julgada material é o dispositivo da sentença, a sua conclusão.

O que se torna imutável é a condenação do réu, a declaração de falsidade, a anulação do casamento etc. e conseqüentemente os efeitos desse comando.

Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos estabelecida como fundamento da sentença; e III - a apreciação da questão prejudicial decidida incidentemente no processo (art. 469).

Todas essas questões são resolvidas pelo juiz a fim de poder chegar ao dispositivo ou conclusão e são importantes para se determinar o alcance e o próprio correto entendimento da decisão, mas sobre elas não incide a imutabilidade da coisa julgada. Em outra ação poderão ser rediscutidas, e o novo juiz tem total liberdade de reapreciá-las.

Finalmente, é de observar-se que a parte dispositiva da sentença, em princípio, deve estar concentrada e resumida no final, mas pode ocorrer que o juiz, ao fazer a fundamentação, pode decidir algum ponto da lide principal, sem depois reproduzir, em resumo, no dispositivo. Tal decisão fará coisa julgada porque, apesar de formalmente não fazer parte do dispositivo, tem conteúdo dispositivo.

Liebman esclarece: "É exato dizer que a coisa julgada se restringe à parte dispositiva da sentença; a essa expressão, todavia, deve dar-se um sentido substancial e não formalista, de modo que abranja não só a parte final da sentença, como também qualquer outro ponto em que tenha o juiz eventualmente provido sobre os pedidos das partes".

O problema se resume em saber a quem atinge a imutabilidade da coisa julgada, ou seja, quem está proibido de voltar a discutir as questões que a sentença resolveu e que, nos termos dos limites objetivos, recebeu a imutabilidade.A situação somente se esclarece quando se distingue entre sentença e coisa julgada.

A sentença, ato de conhecimento e vontade do poder estatal jurisdicional, quando é editada, se põe no mundo jurídico e, como tal, produz alterações em relações jurídicas de que são titulares terceiros, porque as relações jurídicas não existem isoladas, mas interrelacionadas no mundo do direito. Assim, os efeitos das sentenças podem atingir as partes (certamente) e terceiros.

Todavia, esses efeitos só são imutáveis para as partes. A imutabilidade dos efeitos, que é a coisa julgada, só atinge as partes.

Pode ocorrer, porém, que certas relações jurídicas, por dependerem de outra que está sob julgamento, conforme a decisão proferida, se transmudem de tal forma no plano do direito material que o terceiro se vê atingido inevitavelmente pelas conseqüências da sentença. Isto, porém, não quer dizer que ele tenha

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sofrido a imutabilidade da coisa julgada; sofreu, sim, os efeitos civis da sentença e em virtude da modificação produzida no plano do direito material não tem ele ação ou direito de recompor a situação anterior. Assim, por exemplo, se A é credor hipotecário de B, tendo a sua garantia sobre imóvel que B vem a perder em ação reivindicatória movida por C, tal garantia, em face da decisão entre Ce B, está irremediavelmente perdida porque a nova situação jurídica declarada (B não era o proprietário) torna impossível a manutenção da hipoteca.

Quanto ao grau de influência dos efeitos de uma sentença sobre suas relações jurídicas, podemos classificar os terceiros das seguintes maneiras:

a) terceiros absolutamente indiferentes: estes nada têm a fazer porque não sofrem nenhuma influência da sentença proferida entre outros;

b) terceiros com interesse de fato: estes, também, nada podem fazer porque não são atingidos em relações jurídicas, mas apenas em expectativas de fato. Exemplo: A é credor de B por título ainda não vencido e B perde um imóvel em ação reivindicatória; a existência do imóvel aumenta a garantia do credor, mas este não tem interesse jurídico atingido, mesmo porque sua dívida não está vencida; alterou-se, apenas, a expectativa de recebimento mais fácil do crédito no caso de não-pagamento voluntário;

c) terceiros juridicamente interessados, com interesse igual ao das partes, como, por exemplo, o dono de um imóvel que toma conhecimento de que o seu bem foi objeto de ação reivindicatória entre outros e o autor ganhou a demanda e, portanto, a declaração de propriedade do imóvel: neste caso o terceiro, que não é atingido, como se disse, pela imutabilidade da coisa julgada, tem ação própria (ou teria a oposição dependendo da época do seu conhecimento), para pleitear o seu direito contra o que se diz atualmente dono, ação, aliás, da mesma natureza da que gerou a sentença sobre o bem. Observe-se que o terceiro nesta situação não irá rediscutir a sentença anterior, nem pretender desfazê-la, mas sim obter uma nova que proclame o seu direito próprio

d) terceiros com interesse jurídico inferior ou subordinado, porque são titulares de relações jurídicas dependentes: estes, como têm interesse diferente do interesse das partes no processo de que emanou a sentença, não podem obter o mesmo bem discutido naquele processo, mas poderão ter eventualmente ação própria (onde discutirão tudo o que desejarem) para a defesa do interesse especifico que a ordem jurídica material definir. Um exemplo é o acima citado do credor hipotecário que vê o imóvel de seu devedor ser perdido para terceiro; outro exemplo seria o do cessionário de um compromisso de compra e venda que vê o cedente perder os direitos do compromisso para o proprietário porque não pagou as prestações; neste último caso o cessionário teria, apenas, perdas e danos contra o cedente (poderia ter ingressado como assistente, recorrido como terceiro prejudicado etc., mas diante do trânsito em julgado da decisão só lhe resta a ação de perdas e danos).

Como se vê, nos casos c e d as ações dos terceiros, após sofrerem os efeitos da decisão anterior, podem gerar sentenças, objetivamente contraditórias em relação à sentença anterior, porque no segundo processo toda matéria anterior pode também ser reexaminada.

Essa contradição, porém, apesar de, em tese, indesejável, não pode ser evitada, em virtude da singularidade da jurisdição, que atua diante de um fato concreto e diante das partes titulares de relações jurídicas discutidas e não pode nem deve prever as inúmeras alterações do mundo jurídico que pode a sentença causar.

Cada um terá, depois, a proteção o mais adequada possível ao seu direito próprio. Para evitar essas sentenças objetivamente contraditórias o Código prevê a reunião de processos no caso de conexão de causas, os casos de intervenção de terceiros etc., mas ainda assim tal fenômeno acontece.CPC. Art. 472 - Neste passo, o Código adotou a concepção doutrinária dominante no direito moderno de que, no que concerne ao estado das pessoas, a sentença deve valer para todos porque o estado da pessoa está ligado de tal forma à personalidade, que ninguém pode ter um estado para alguns e outro para outros, ser casado perante alguns e divorciado perante outros, e assim por diante.

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A coisa julgada não é um efeito da sentença, mas uma qualidade de seus efeitos, ou, uma qualidade da própria sentença, que é a imutabilidade.

Assim, sabemos que: o conteúdo da coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da sentença ou da própria sentença;

a imutabilidade atinge as partes ou sucessores (há certa divergência doutrinária quanto a outros terceiros, o que não é o caso de discutir aqui);

a imutabilidade refere-se às partes dispositivas da sentença.

Assim:

Se a coisa julgada atinge as partes (art. 472 do CPC) e se a imutabilidade refere-se ao dispositivo da sentença (art. 469 do mesmo Código), só é possível concluir que essas partes, quanto ao que foi decidido no dispositivo da sentença, estão proibidas de voltar a discuti-lo, e o juiz, em face delas, está proibido de decidir diferentemente, qualquer que seja a ação, nova ou a mesma, em que se pretenda reexaminar a questão.

O efeito negativo da coisa julgada consiste na proibição de se voltar a discutir, ou decidir, o que foi decidido no dispositivo de sentença de mérito irrecorrível em face das mesmas partes, qualquer que seja a ação futura.

RECURSOS

Recurso é o remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna.

É um instrumento voluntário. No direito brasileiro não existe mais a chamada apelação de ofício, que foi substituída pelo instituto do reexame obrigatório. Recorre a parte que, não concordando no todo ou em parte com uma decisão, pretende sua reforma. O juiz não pode ter tal objetivo, reformar a própria decisão.

O recurso se desenvolve no mesmo processo. O recurso faz parte de um todo que é o desenvolvimento da ação, desde a sua propositura até o esgotamento de todos os meios que levam ao exame do pedido do autor. Ao recorrer, a parte não propõe nova ação, mas dá continuidade, em nova fase, à ação anteriormente proposta e em andamento.

Quando se diz que o recurso se desenvolve no mesmo processo (mesma relação jurídica processual) não quer dizer que não possa ter procedimento destacado do procedimento principal. É o que acontece com o agravo de instrumento, que sobe ao tribunal em procedimento próprio enquanto prossegue o procedimento principal.

A finalidade do recurso é o pedido de reexame de uma decisão, para reformá-la, invalidá-la, esclarecê-la ou integrá-la.

O recurso é dirigido, de regra, a outro órgão jurisdicional, como na apelação, no agravo de instrumento, no recurso extraordinário, nos embargos infringentes do art. 530. Pode, porém, ser dirigido ao mesmo órgão jurisdicional que proferiu a decisão, como no caso dos embargos de declaração e embargos infringentes da Lei n. 6.830/80.

Em segundo grau de jurisdição prevê o Código os embargos infringentes, contra decisão não unânime proferida em apelação ou ação rescisória (art. 530), os embargos de declaração contra acórdão (art. 535), o recurso especial e o extraordinário e os embargos de divergência em recurso especial e recurso extraordinário.

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A Constituição Federal prevê recursos ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça, recurso ordinário ou apelação cível, recurso especial e recurso extraordinário, também referidos no Código de Processo Civil. Os Regimentos Internos dos Tribunais, inclusive o do Supremo, prevêem agravos de decisões do relator ou presidente.

Podemos classificar os recursos em recursos ordinários e recursos extraordinários, conforme se depreende dos arts. 102 e 105 da Constituição da República. Os recursos ordinários são os previstos no processo comum para a correção de algum prejuízo; os recursos extraordinários, apesar de aplicarem-se também ao processo comum, estão consagrados em nível constitucional e têm por função não apenas a correção do caso concreto, mas também a uniformidade de interpretação da legislação federal e a eficácia e integridade das normas da própria Constituição. Têm estes últimos, portanto, uma função política. Além disso, nos recursos extraordinários não mais se questiona matéria de fato, mas apenas matéria de direito. São recursos extraordinários o recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105, II, da CF), o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (art. 102, III, da CF)e os embargos de divergência no STF e no STJ.

Os recursos ordinários, por sua vez, podem também ser divididos em duas espécies: os recursos comuns e os recursos específicos. O recurso comum é o que estabelece como pressuposto básico e suficiente a sucumbência, cujo conceito adiante se verá, ao passo que os recursos específicos exigem determinada situação ou pressuposto específico. É comum a apelação: é específico o recurso de embargos infringentes.

O recurso tem por efeito propiciar o exame da matéria impugnada pelo tribunal. O juízo ou tribunal de que se recorre chama-se juízo ou tribunal a quo e o tribunal ao qual se recorre de juízo ou tribunal ad quem. O recurso é o meio indispensável para que isso ocorra, porque sem ele não se concretiza a competência do tribunal recorrido para aquele caso concreto.

Contudo, para que se produza esse efeito, e para que possa o tribunal examinar a matéria impugnada, é preciso que estejam presentes certos pressupostos, chamados pressupostos de admissibilidade. Os recursos específicos têm seus próprios pressupostos, mas há pressupostos gerais para todos os recursos.

Antes, portanto, de examinar o pedido contido no recurso, que é de reforma, anulação, esclarecimento ou integração, o tribunal verifica se estão presentes os pressupostos dos recursos, não se chegando a examinar o seu conteúdo se faltarem os pressupostos de admissibilidade. No exame dos recursos essas duas fases lógicas estão perfeitamente delineadas, dizendo-se que o exame dos pressupostos leva ao conhecimento ou não do recurso e o exame do mérito. A do recurso (do pedido nele contido) leva ao provimento, ou não, do recurso. O recurso, para ser provido, precisa necessariamente ser conhecido. Recurso não conhecido não chega a ter seu conteúdo examinado.Conforme o recurso, o juízo de admissibilidade dos recursos se faz parte pelo juízo a quo e parte pelo tribunal ad quem e às vezes apenas no tribunal ad quem, mas ainda que o tribunal ou juízo a quo tenha a função legal de examinar o cabimento do recurso, o juízo de admissibilidade que fizer, quando positivo, será sempre provisório, admitindo revisão pelo tribunal ad quem. O tribunal competente para julgar o recurso pelo mérito é que faz o juízo de admissibilidade definitivo. E se o juízo de admissibilidade no juízo ou tribunal a quo for negativo, dessa decisão cabe sempre recurso, para que possa ser conferida pelo tribunal ad quem.

A distinção entre conhecimento e provimento do recurso é importantíssima para se definir os efeitos da decisão e, até, a competência para futura ação rescisória.

Pressupostos dos recursosOs pressupostos dos recursos não são mais do que as condições da ação e os pressupostos processuais reexaminados em fase recursal e segundo as peculiaridades dessa etapa do processo.

Os pressupostos e condições gerais dos recursos podem ser divididos em pressupostos e condições objetivos e pressupostos e condições subjetivos.

São pressupostos objetivos:

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o cabimento e adequação do recurso; a tempestividade; a regularidade procedimental, incluídos nesta o pagamento das custas e a motivação; a inexistência de fato impeditivo ou extintivo.

São pressupostos subjetivos: a legitimidade; o interesse, que decorre da sucumbência.

O cabimento do recurso significa a existência no sistema processual brasileiro do tipo de recurso que se pretende utilizar e a sua adequação, ou seja, a sua aplicabilidade à reforma da decisão impugnada, e também que a decisão seja recorrível.

Assim, além de existir no sistema processual brasileiro como possível para determinada decisão, o recurso deve ser o próprio para atacar a decisão que gerou o gravame.

Dois princípios norteiam o problema da adequação: o da unirrecorribilidade; da fungibilidade dos recursos.

O princípio da unirrecorribilidade esclarece que para cada decisão há apenas um recurso, cabendo à parte escolher o correto quando aparentemente há dúvida quanto ao cabimento. Não é possível a interposição de dois recursos concomitantemente contra a mesma decisão, salvo o caso especial do art. 498.

Existe, porém, fungibilidade entre os recursos, isto é, o tribunal pode conhecer um recurso por outro desde que não haja erro grosseiro ou má fé. O Código não consagra expressamente o princípio da fungibilidade dos recursos como fazia o Código de 1939. À vista da omissão da lei, houve quem interpretasse que desaparecera o princípio na sistemática vigente. Todavia, acabou vencedor o entendimento de que o princípio da instrumentalidade das formas explica e fundamenta, em caráter geral, o problema específico da fungibilidade dos recursos. Se o ato alcançar a sua finalidade não se deve decretar-lhe a nulidade.

Assim, se um recurso foi interposto por outro poderá ser aceito, mas desde que não tenha havido erro grosseiro ou má fé, condições também existentes no sistema do Código anterior e que impediam a aplicação do princípio da fungibilidade. É erro grosseiro a interposição de um recurso por outro contra expressa disposição legal (ex.: interpor agravo de instrumento quando o juiz indefere a inicial, tendo em vista que o art. 296 diz expressamente que cabe apelação) ou quando a situação não apresenta dúvida de nenhuma espécie.

Há má fé quando se interpõe um recurso de maior prazo e o recurso cabível é de menor prazo e, portanto, se conhecido, haveria um benefício adicional para o recorrente. Assim, para que se aplique a fungibilidade e o tribunal possa receber um recurso por outro, deve haver dúvida quanto ao recurso adequado e ser utilizado sempre o prazo mais curto entre os recursos possíveis.

Quanto à tempestividade, prevê a lei um determinado prazo para cada recurso. O art. 508 do Código tentou uma unificação, estabelecendo que em todos os recursos, salvo o agravo e os embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de quinze dias. Temos, então, que a apelação, os embargos infringentes do art. 530, os embargos de divergência, o recurso extraordinário, o ordinário e o recurso especial têm o prazo de quinze dias para a interposição e a resposta. O agravo tem o prazo de dez dias. Os embargos de declaração (art. 536) têm o prazo de cinco dias e os embargos infringentes da Lei n. 6.830/80, o prazo de dez dias.

O prazo de interposição dos recursos é prazo próprio, fatal, improrrogável, ou seja, prazo que, se descumprido, determina a perda do direito de recorrer, com a preclusão ou o trânsito em julgado da decisão, conforme o caso. Somente se sobrevier falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o processo, tal prazo será restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr depois da intimação (art. 507).

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Nos termos do art. 180 a restituição em geral se faz pelo restante do prazo e não integralmente, quando há suspensão do processo por morte das partes ou seu procurador, mas a regra especial do art. 507 em matéria recursal prevalece sobre a regra geral do art. 180, uma vez que o art. 507 expressamente afirma que após a intimação o prazo começará a correr novamente. Nos outros casos de suspensão do processo, como as férias, por exemplo, não previstos no art. 507, aplica-se a regra de que, na suspensão, o prazo recomeça a correr pelo restante. Finalmente, resta observar que a força maior que admite a devolução do prazo deve ser provada, tendo sido a jurisprudência bastante parcimoniosa em reconhecê-la, bem como ajusta causa do art. 183, § 1º, que também justifica a devolução dos prazos em geral.

No prazo de interposição do recurso, a petição será protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária (parágrafo único do art. 506, acrescentado pela Lei n. 8.950/94).

No caso de agravo de instrumento, a petição será protocolada no Tribunal ou postada no correio (art. 524, § 2º, com a redação dada pela Lei n. 9.139/95) no prazo de dez dias.Para que o recurso seja conhecido, é necessário, também, que seja interposto formalmente em ordem e assim se desenvolva. Entre os requisitos procedimentais estão: a exigência de ser o recurso interposto por petição, contendo motivação e pedido de nova decisão, bem como o pagamento das custas referentes ao recurso, que é o preparo.

O meio idôneo para recorrer, de regra, é a petição. Essa petição deve conter o juiz ou tribunal a que é dirigida, o nome das partes, o nome do recurso, os motivos do recurso e o pedido de reforma, anulação, esclarecimento ou integração que se pretende. Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á a interposição oral do agravo retido, a constar do respectivo termo, expostas sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão. A motivação é essencial para o esclarecimento do conteúdo do pedido de reforma, para a delimitação, inclusive, da pretensão recursal. O pedido é a própria essência do recurso, porque nele está contida a pretensão de modificação.

O recurso não será encaminhado para o tribunal, repita-se, se não for feito o preparo, que é o pagamento das custas da fase recursal, ressalvados os casos de justiça gratuita, dispensa de preparo em leis estaduais sobre custas judiciais e os casos do parágrafo único do art. 511. Se não houver preparo, ocorre a deserção, extinguindo-se a via recursal. O preparo, quando exigível, deve ser comprovado com a interposição.

Para recorrer é preciso que o recorrente tenha legitimidade. Assim como para a ação, é preciso que a parte possa levar sua pretensão ao Judiciário, porque é titular da relação jurídica discutida ou porque esteja expressamente autorizado em lei. Podem recorrer: as partes, o terceiro prejudicado e o Ministério Público. A legitimidade das partes é natural e ordinária. Tendo atuado no processo, às partes, de regra, cabe recorrer. É preciso entender, porém, que parte, para fins de recurso, não é apenas o autor e o réu, mas todos os que tenham participado, ainda que limitadamente, de uma parcela do contraditório. Assim, está legitimado para recorrer um licitante na arrematação nas questões sobre ela decididas. O licitante, na arrematação, pode ser um terceiro que só nesse momento ingressa para o ato específico executório e aí se torna parte, estando ordinariamente legitimado a recorrer.Pode também recorrer o terceiro prejudicado, intervindo quem até então não tinha sido parte no feito. Como já se viu quando se estudou a sentença e a coisa julgada, a sentença, ao se por no mundo jurídico, provoca alterações em relações jurídicas de pessoas que não foram parte no feito, de modo que tem ele interesse para recorrer.

Pode recorrer quem poderia ter sido assistente, opoente ou outra forma de intervenção e não o foi. Além desses, podem também recorrer como terceiros prejudicados aqueles que, não tendo participado do contraditório, seriam prejudicados se a sentença fosse eficaz contra eles, caso tivessem sido partes. Por exemplo, alguém que deveria ter sido litisconsorte necessário, mas não foi citado, pode recorrer como terceiro apenas para pleitear a nulidade da decisão. Há necessidade, porém, sempre, de interesse jurídico.

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O recurso de terceiro prejudicado, portanto, é puro recurso, em que se pode pleitear a nulidade da sentença por violação de norma cogente, mas não acrescentar nova lide ou ampliar a primitiva. Ao recorrer, o terceiro não pode pleitear nada para si, porque ação não exerce. O seu pedido se limita à lide primitiva e a pretender a procedência ou improcedência da ação como posta originariamente entre as partes. Desse resultado, positivo ou negativo para as partes, é que decorre o seu benefício, porque sua relação jurídica é dependente da outra.

Mesmo quando o terceiro recorre para pleitear a nulidade da sentença, como no caso do litisconsorte necessário que foi preterido, ainda assim, não exerce ele ação, mas apenas afasta a sentença nula e ineficaz para propor posteriormente a ação que tiver ou para que possa contestá-la amplamente se sua posição for de réu.

O recurso de terceiro prejudicado, em conclusão, é uma forma de intervenção de terceiros em grau de recurso, aliás, uma assistência em grau recursal, porque o pedido será sempre em favor de uma das partes, se de mérito, conservando a natureza de recurso, bem como seus limites. Note-se que a ampliação da legitimidade para recorrer para o terceiro não lhe favorece quanto ao prazo. O terceiro prejudicado tem os mesmo prazos que as partes para recorrer, sendo intimado ou não. Aliás não é mesmo intimado porque não estava nos autos.

Tem também legitimidade para recorrer o Ministério Público, nos processos em que intervém como parte ou como fiscal da lei e também nos processos em que deveria intervir e não participou, com o fim de pleitear a nulidade da sentença, com o benefício do prazo em dobro, nos termos do art. 188, em qualquer hipótese.

Finalmente, é pressuposto subjetivo dos recursos a sucumbência.

A sucumbência, que se identifica com o interesse de recorrer, é a situação de prejuízo causado pela decisão. Não, porém, prejuízo no sentido material de dano, mesmo porque, como o direito de ação é abstrato, para demandar e para recorrer não se exige que alguém esteja realmente prejudicado, porque é a própria decisão jurisdicional que vai definir quem tem razão; prejuízo, para fins de recurso, tem um sentido comparativo, de relação entre a expectativa da parte e o que foi decidido.

Não apenas é sucumbente aquele que pediu e não foi atendido integralmente; é também aquele que poderia esperar algo explícita ou implicitamente da decisão e não obteve. Basta, para que haja sucumbência e, portanto, interesse de recorrer, que a decisão não tenha atendido a uma expectativa, explícita ou implícita, justa ou injusta.

Assim, é sucumbente aquele que teve ganho parcial na causa, como aquele que venceu, mas teve os honorários advocatícios fixados em 10%, quando o juiz poderia fixar até 20%. Nas decisões processuais interlocutórias também a sucumbência se verifica pelas expectativas processuais das partes. É sucumbente a parte que requereu perícia e a teve indeferida; é sucumbente aquele que requereu o adiamento da audiência porque entendeu existir justa causa e não teve a sua alegação acolhida.

Como se vê, para fins de recurso a sucumbência tem um significado bastante amplo, não exigindo nenhuma análise externa sobre o direito que cada parte tenha, mas simplesmente uma relação desfavorável entre o que podia ser obtido e o que foi decidido. A sucumbência, pois, decorre do desatendimento de uma expectativa juridicamente possível.

O que provoca a sucumbência, porém, não são os argumentos ou a fundamentação da decisão, mas sim o seu dispositivo, a parte decisória propriamente dita. Assim, se uma ação ou uma defesa tem mais de um fundamento e o juiz acolhe apenas um deles, mas que considera bastante para a procedência integral, não é porque repeliu o outro que a parte vencedora vem a ser sucumbente. Desde que o pedido tenha sido integralmente acolhido, a fundamentação não causa sucumbência.

A sucumbência pode ser parcial ou total, segundo a violação da expectativa tenha sido integral ou em parte. No caso de sucumbência parcial, ela é também recíproca, atingindo ambas as partes, porque se a decisão desatendeu em parte uma pretensão é porque, em parte, atendeu causando gravame à parte contrária. No caso de sucumbência recíproca ou bilateral, ambas as partes podem recorrer da parte de

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que discordam. Ao se examinarem os recursos em espécie, se voltará ao tema sucumbência e admissibilidade em geral.

Tais são os pressupostos e condições dos recursos, indispensáveis para o seu conhecimento, além de pressupostos específicos de cada recurso. Se estiverem presentes, pode o tribunal examinar o pedido neles contido e dar, ou não, provimento.

Efeitos dos recursosO primeiro e mais importante efeito dos recursos é impedir a preclusão ou o trânsito em julgado da decisão. Com o recurso, é possível a reforma da decisão, o que não seria admitido se a parte deixasse de apresentar o meio idôneo de demonstrar o seu inconformismo, que é o recurso adequado. É certo que há decisões irrecorríveis e que, portanto, não precluem no curso do processo, bem como decisões que, por tratarem de matéria de ordem pública, podem ser sempre reexaminadas enquanto não transitada em julgado a sentença que provoca a preclusão máxima. Mas cabe ao recurso manter a decisão em condições de ser modificada.

Desse efeito decorre outro, puramente de caráter processual, que é o de liberar a competência do tribunal ad quem. O sistema da pluralidade de graus de jurisdição e o princípio da indelegabilidade e inderrogabilidade da jurisdição impõem que cada grau de jurisdição examine a questão na ordem estabelecida pelo sistema processual, de modo que, enquanto não ocorrer a decisão em grau inferior e até que seja interposto o recurso, o grau superior não pode decidir ou interferir por falta de competência.Em relação à decisão recorrida, o recurso sempre tem, então, o efeito chamado devolutivo, qual seja, o de submeter a questão ao tribunal ad quem. Todo o recurso tem efeito devolutivo, mas este pode ser próprio ou perfeito ou impróprio ou imperfeito.

Dizemos que o recurso tem efeito devolutivo próprio ou perfeito quando a matéria, por força do próprio procedimento recursal, é submetida à apreciação do tribunal. Dizemos que o efeito devolutivo é impróprio ou imperfeito se o recurso, impedindo a preclusão e possibilitando o exame pelo tribunal, depende de outro recurso para ser conhecido. É o que acontece com o agravo retido (art. 522, § 1º) e com os recursos interpostos adesivamente (art. 500).

Além do efeito devolutivo, alguns recursos têm efeito suspensivo. O efeito suspensivo dos recursos significa o poder que tem o recurso de impedir que a decisão recorrida produza sua eficácia própria. O efeito suspensivo nada acrescenta à decisão, mas, ao contrário, impede que seja executada em sentido amplo.

Têm, de regra, efeito suspensivo a apelação (salvo os casos do art. 520 que adiante serão examinados)e os embargos infringentes. Não têm efeito suspensivo, permitindo, portanto, que a decisão produza efeitos e prosseguindo o processo, o agravo, o recurso especial e o recurso extraordinário. Em virtude de suas peculiaridades, também acabam tendo efeito suspensivo os embargos de declaração.

É importante lembrar, também, que, mesmo não tendo efeito suspensivo, o recurso impede o trânsito em julgado da decisão, de modo que, apesar de a decisão poder produzir efeitos, estes não serão definitivos, porquanto a execução definitiva somente é possível com o trânsito em julgado da sentença.

Em resumo temos: recurso com efeito suspensivo (portanto, além do devolutivo) = os efeitos da decisão ficam contidos, aguardando a nova decisão do tribunal; recurso sem efeito suspensivo (portanto, somente com efeito devolutivo) = a decisão produz efeitos provisórios porque pode ser modificada; e decisão sem recurso = produz eficácia plena e definitiva.

Cabe lembrar que o efeito suspensivo do recurso nada acrescenta à decisão. Apenas obsta os seus efeitos. Por exemplo, negada uma liminar ainda que se pense em dar efeito suspensivo ao recurso, esse efeito não provocará a concessão da medida negada.

É preciso desde logo destacar que, além dos recursos, outros remédios processuais podem também ter efeitos suspensivos de coisas diversas: assim os embargos do devedor, que suspendem a execução, os embargos de terceiro, que suspendem o processo em que foi determinada a apreensão judicial de bens, as liminares, nas mais diversas ações que suspendem atos administrativos ou particulares.

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Cada situação terá conseqüências diferentes e não deve ser confundida com a suspensividade dos recursos, porque essa se refere aos efeitos específicos da decisão impugnada. Por conseqüência pode acontecer que, suspenso o efeito da decisão, nada mais se possa fazer no processo, daí decorrer, também, a suspensividade do processo, mas tal situação deve ser examinada caso a caso.

Extinção dos recursosInterposto o recurso, o procedimento se desenvolve de modo que a sua extinção natural seja pelo julgamento pelo tribunal ad quem.

Todavia, alguns fatos podem ocorrer que determinam a extinção prematura ou anormal dos recursos, antes mesmo de seu exame pelo tribunal. Esses fatos são os seguintes:

a deserção; a desistência; a renúncia.

A deserção é a extinção do procedimento recursal, com a conseqüente preclusão ou trânsito em julgado da decisão, em virtude da falta ou intempestividade do preparo, que é o pagamento das custas do recurso. O preparo deve ser feito, quando exigível pela legislação pertinente, com a interposição do recurso (art. 511, com a redação da Lei n. 8.950/94).

Como regra geral, não dependem de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal e pelas respectivas entidades da administração indireta que gozam de isenção legal, bem como pela parte que goze do benefício da assistência judiciária gratuita.

Negado seguimento ao recurso por deserção, dessa decisão pode caber outro recurso em que se examinará exclusivamente a questão relativa ao preparo. Se o tribunal considerar procedentes as alegações, mandará subir o recurso anterior; se não, fica confirmada a deserção. O juiz pode relevar a pena de deserção, em decisão irrecorrível, mas que será reexaminada pelo tribunal.

A desistência é o abandono do recurso, já interposto, podendo ser expressa ou tácita. A desistência expressa é a manifestação por escrito ao juiz retratando-se da interposição; a desistência tácita decorre de algum ato extraprocessual incompatível com o processamento do recurso, como, por exemplo, a transação incondicionada sobre objeto litigioso, a renúncia ao direito litigioso, o cumprimento voluntário e incondicionado da sentença etc.

A renúncia é a manifestação de vontade de não recorrer, podendo, também, ser expressa ou tácita, antes mesmo da interposição do recurso. A renúncia expressa é a feita por escrito, ao passo que a renúncia tácita decorre da aceitação de decisão ou sentença, mediante a prática, sem reserva, de algum ato incompatível com a vontade de recorrer.

A desistência ou a renúncia não dependem de concordância quer de litisconsortes, quer da parte contrária. A situação é diferente da hipótese de desistência da ação antes da sentença. Neste caso, a desistência da ação depende da concordância da parte contrária, que tem o direito a uma sentença de mérito. Após a sentença, porém, como já se deu o pronunciamento jurisdicional, a desistência (como a renúncia) importa em trânsito em julgado da decisão favorável à parte contrária, que não tem interesse em dela discordar.

Recurso adesivoCada parte, intimada da sentença ou do acórdão, tem o seu prazo para a apelação, embargos infringentes ou recurso extraordinário, podendo interpor o recurso cabível, independentemente da conduta da parte contrária, o qual será processado, também, de maneira autônoma e independente. Todavia, permite o Código (art. 500) que, quando a sucumbência for parcial ou recíproca, a parte que não tenha recorrido em seu prazo próprio possa aderir ao recurso da parte contrária em prazo adicional de dez dias, contados da publicação do despacho que admitiu o recurso principal. Se ambas as partes recorrem em caráter principal ou autônomo, não há que se falar em recurso adesivo, cuja oportunidade surge somente se apenas uma das partes recorreu e ambas tenham interesse na reforma da sentença.

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A denominação recurso adesivo não é muito apropriada porque "adesão" dá a entender que a atividade se faz no mesmo sentido. Seria o termo adesivo mais adequado no caso de sucumbência paralela (entre litisconsortes). O nosso recurso adesivo, porém, é contrário e não paralelo, daí ter sido alvitrada pela Comissão revisora do anteprojeto do Código a alteração da denominação, acabando, porém, por permanecer a terminologia tradicional do direito comparado.

O recurso adesivo tem os mesmos pressupostos gerais e especiais dos recursos que pode viabilizar, como, por exemplo, o voto vencido no caso de embargos infringentes e o permissivo constitucional para o recurso especial ou extraordinário, inclusive quanto ao preparo. Além desses pressupostos, o recurso adesivo tem pressupostos específicos, que são:

I - O sucumbimento recíproco, ou seja, que partes contrárias sejam ao mesmo tempo vencedoras e vencidas em parte, considerada a sentença ou o acórdão como um todo. Não há possibilidade de recurso adesivo do totalmente vitorioso, como, aliás, não teria o recurso principal e também no caso de sucumbência paralela. Entre os litisconsortes, cada um tem de recorrer independentemente, salvo se o interesse for comum, hipótese em que o recurso de um aproveita aos demais (art. 509). Se os interesses dos litisconsortes forem distintos ou opostos, cada um deve recorrer autonomamente em caráter principal, no prazo normal, não tendo o prazo adicional da adesão.

II - Será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder (art. 500, I, com a redação dada pela Lei n. 8.950/94). A redação em vigor corrigiu o efeito do Código, que previa prazos diferentes para a interposição do recurso em caráter adesivo (dez dias) e para a resposta ao recurso principal (quinze dias), o que gerava certas dificuldades para as partes.

III - Podem viabilizar-se com o prazo adicional apenas quatro recursos: a apelação, os embargos infringentes, o recurso especial e o recurso extraordinário.

IV - É preciso que tenha sido interposto e recebido o recurso principal da parte contrária: apelação, embargos infringentes, recurso especial ou recurso extraordinário.

O recurso adesivo é interposto do mesmo modo que o recurso principal: por petição perante o juiz se se trata de apelação; perante o relator se se trata de embargos infringentes; e perante o Presidente do Tribunal recorrido se especial ou extraordinário.

Da mesma forma que o principal, sofre o mesmo tipo de juízo de admissibilidade, com o exame adicional dos pressupostos que lhe são específicos. Ademais, a admissibilidade do adesivo é subordinada à admissibilidade do principal, porque não conhecido o principal, qualquer que seja a razão, inclusive por desistência, não se conhece o adesivo. Conhecido, porém, o principal, é perfeitamente possível que seja provido o adesivo e não o principal, porque, superada a fase de admissibilidade, o mérito dos recursos é apreciado autonomamente.

Apenas para esclarecimento, é conveniente lembrar que não se deve confundir o recurso adesivo com a resposta ao recurso da parte contrária. Nesta, a parte apenas resiste ao pedido da outra parte formulado no recurso. No recurso adesivo pede-se a reforma da decisão a seu favor, coisa que seria impossível com a simples resposta.

Regras geraisO Capítulo das disposições gerais sobre os recursos contém ainda mais algumas regras aplicáveis a todos eles ou a mais de um.O art. 498 trata especificamente dos embargos infringentes, do recurso especial e do recurso extraordinário, determinando a sua interposição simultânea se o acórdão contiver parte unânime (de que não cabem os embargos infringentes) e parte não unânime (em que os embargos são indispensáveis para que depois possa caber o especial ou extraordinário). Interpostos os recursos, cada um deles contra parte da decisão, o recurso especial e o extraordinário ficarão sobrestados aguardando o julgamento dos embargos. Após este, também nessa parte é possível haver outro recurso especial ou extraordinário pelo sucumbente, se presentes os demais pressupostos desses recursos. Como os embargos infringentes só podem versar sobre matéria em que houve um voto vencido, na parte em que

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a decisão foi unânime deve o sucumbente imediatamente interpor recurso especial ou extraordinário, não podendo aguardar o julgamento dos embargos para recorrer da parcela que não foi objeto dos próprios embargos. Isto quer dizer que o prazo dos recursos corre concomitantemente se o acórdão contém uma parte das questões decididas julgada por maioria e outra parcela julgada por unanimidade.

O art. 504 estabelece a irrecorribilidade dos despachos de mero expediente, que são aqueles de mero encaminhamento do processo, cujo conteúdo não causa gravame às partes.

O art. 509 estabelece a extensão do recurso aos litisconsortes que tenham interesses comuns. Se os interesses forem opostos ou distintos, cada um deve recorrer independentemente, não aproveitando o recurso de um em favor do outro, aliás, segundo o princípio da independência da atuação dos litisconsortes, consagrado no art. 48. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhe forem comuns (art. 509, parágrafo único).O art. 509, caput, é perfeitamente aplicável ao caso de litisconsórcio unitário, quando o juiz é obrigado a decidir de maneira uniforme para todos os litisconsortes. Conseqüentemente, a apelação de um beneficiará os demais, em virtude da própria natureza da relação jurídica que impõe a sentença uniforme. Já o parágrafo único é de utilidade duvidosa. Não só porque não é apenas na solidariedade passiva que a defesa comum torna incindível a sentença mas também porque, mesmo não sendo as defesas comuns, se um litisconsorte passivo em situação de solidariedade apela, ainda que sua defesa seja diferente da do outro, ganhando a demanda e desfazendo a substância do título, o benefício é de todos. É preciso, pois, interpretar que defesa comum não é a que todos apresentam, mas a que, pelo seu conteúdo, ataca a substância do título, ainda que apresentada por apenas um. O que não se comunica é a defesa personalíssima, pela qual se pretende a exclusão da responsabilidade em caráter pessoal, sem atacar a integridade do título ou o fundamento da ação. Seria mais simples dizer que o recurso de um litisconsorte aproveita aos demais sempre que o seu destino for inseparável em virtude da natureza da relação jurídica de direito material. Houve quem chamasse a essa extensão de "efeito extensivo" do recurso, mas não se trata de um efeito diferente dos recursos, sendo apenas uma característica do efeito devolutivo.

Finalmente, o art. 512 preceitua que o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença no que tiver sido objeto de recurso. Isto quer dizer que, conhecido o recurso, ainda que o acórdão seja puramente confirmatório, é dele que passa a emanar a força do julgado. Não é, portanto, o acórdão meramente uma condição, suspensiva ou resolutiva, da sentença sujeita a recurso, mas uma nova decisão que substitui a anterior. A sentença de primeiro grau, por sua vez, quando sujeita a recurso, não é ato sob condição, mas ato perfeito, ainda que modificável por outro ato de igual força que é o acórdão. Sentença sujeita a recurso, ou não, é ato perfeito jurisdicional, que pode, ou não, ter seus efeitos contidos pelo recurso e que é passível de modificação pela nova decisão. A regra do art. 512 tem conseqüências práticas não só no plano da interpretação e execução do julgado como também na competência da ação rescisória.

Apelação

A apelação é o recurso ordinário cabível contra as sentenças em primeiro grau de jurisdição. Nos termos do art. 162, § 1º, sentença é o ato do juiz que põe fim ao processo, com ou sem julgamento de mérito. Para fins de apelação, portanto, a sentença é o ato terminativo do processo, independentemente de seu conteúdo, seja ele enquadrável nas hipóteses do art. 267 ou nas hipóteses do art. 269.

Na apelação, é possível voltar a discutir todas as questões discutidas em primeiro grau, tanto as de fato quanto as de direito, renovando-se integralmente o exame da causa, com exclusão, apenas, das questões decididas antes da sentença, em relação às quais tenha ocorrido a preclusão.

A apelação pode ser total ou parcial segundo a extensão da matéria devolvida ao conhecimento do tribunal. Diz-se que a apelação é voluntariamente parcial quando a parte vencida, conformando-se com parte da decisão, recorre pedindo a reforma de apenas uma parcela do julgado; diz-se que a apelação é necessariamente parcial quando a sucumbência também foi parcial, daí a parte poder recorrer apenas quanto à parte em que sucumbiu. Neste último caso, se a parte contrária também recorrer, em caráter

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principal ou adesivo, a devolução ao tribunal será total, resultante da soma das apelações das duas partes.

O art. 515, combinado com o art. 505, expressamente consagra o princípio do tantum devolutum quantum appellatum, ou seja, o tribunal fica objetivamente limitado à vontade do apelante em impugnar a sentença. Naquilo em que a parte não manifestar o desejo de reforma não incide a manifestação do tribunal, aliás, como uma decorrência do princípio dispositivo da ação. Da mesma maneira que o pedido do autor limita objetivamente a sentença, assim o pedido formulado em apelação limita a decisão do tribunal. É proibida, assim, a reformatio in peius.

Essa limitação, porém, refere-se ao pedido, ao dispositivo da sentença, não à fundamentação. A parte dispõe sobre o objeto da conclusão da sentença, mas não dos fundamentos e argumentos que levaram ou poderiam levar à conclusão. Para decidir sobre o pedido de reforma feito na apelação, o tribunal pode examinar todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha decidido por inteiro (art. 515, § 1º).

De fato, há muitas questões que são suscitadas pelas partes em caráter alternativo ou cumulativo, que se tornam de exame desnecessário em primeiro grau, dependendo da linha de raciocínio conduzida pelo juiz para alcançar determinada conclusão. Essas questões, havendo apelação ainda que limitada, ficam integralmente devolvidas ao conhecimento do tribunal. Dessa forma, pode dizer-se que, quanto ao objeto ou extensão, a decisão do tribunal é limitada ao pedido constante da apelação, mas não quanto à profundidade, em que o exame é pleno.

Assim, também, quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Isto quer dizer que aquele que venceu a demanda porque seu pedido ou sua defesa tinham mais de um fundamento, não pode apelar se a sentença lhe foi favorável quanto ao resultado, ainda que a sentença tenha repelido algum dos fundamentos, isso porque a sucumbência se afere pelo dispositivo ou conclusão. Mas, ao responder à apelação da parte contrária, suscitará novamente todos os seus fundamentos, que serão apreciados pelo tribunal. Se a parte vencida não apelar, a sentença transita em julgado, de modo que o vencedor alcançou o seu objetivo e nenhum interesse tem em mais nada alegar.

A apelação também devolve ao tribunal o exame das questões anteriores à sentença, ainda não decididas. Segundo o dispositivo atual, ficou claro que se trata de devolução de "questões" (pontos controvertidos de fato e de direito), desde que não decididas, porque, se o foram, contra a decisão que as resolveu cabe agravo. Não interposto este, ocorreu a preclusão. Não tendo havido decisão não há que se falar em preclusão, devolvendo-se o ponto ao exame do segundo grau por força natural do efeito devolutivo da apelação.

A apelação admite a discussão de questões de fato e de direito, mas desde que já apresentadas em primeiro grau. As questões de fato novas somente poderão ser apresentadas se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior (art. 517).

Em conclusão, verifica-se que na apelação faz-se um rejulgamento, renovando-se o exame da causa e conferindo-se o acerto ou o erro da sentença, procedendo-se, então, à correção do que o tribunal entender desacertado, dentro do que foi objeto do recurso.

O efeito devolutivo da apelação, em sua extensão e profundidade, foi comentado acima, regulado que está nos arts. 515 a 517 do Código. Além desse efeito, de regra a apelação tem também efeito suspensivo da eficácia da decisão, impedindo que ela seja efetivada. Enquanto cabível a apelação (durante os quinze dias contados da intimação) e interposta, até que o tribunal se pronuncie, a regra é que se produza o duplo efeito, o devolutivo e o suspensivo.

Não tem efeito suspensivo, sendo recebida só no efeito devolutivo a apelação quando interposta da sentença que:

I - homologa a divisão ou demarcação;II - condena a prestação de alimentos;

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III - julga a liquidação de sentença; IV - decide o processo cautelar; V - rejeita liminarmente embargos à execução ou os julga improcedentes.

Além desses casos enumerados no art. 520, leis especiais também prevêem casos de recebimento da apelação apenas no efeito devolutivo, entre os quais: o despejo, o mandado de segurança quando a sentença for concessiva, alguns casos da lei de falências, alguns da lei de estrangeiros etc.

Se o Código ou lei especial não determina expressamente o contrário, a apelação será recebida em seus dois efeitos, que são os seus efeitos naturais e ordinários. Há casos em que se recomendaria, até, a exclusão do efeito suspensivo, especialmente nos procedimentos especiais, mas, desde que a lei nada tenha estabelecido, aplica-se a regra geral do duplo efeito.

Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo, quer dizer, não poderá tornar eficaz a decisão porque seus efeitos ficam contidos. Se recebida só no efeito devolutivo, porque a lei assim determina, o apelado poderá promover desde logo a execução provisória da sentença extraindo a respectiva carta. Ao receber a apelação e declarar os seus efeitos, o juiz não tem discricionariedade, devendo, apenas, declarar o que a lei dispõe para aquela hipótese concreta. Os efeitos da apelação são disciplinados em lei, não cabendo arbítrio do juiz. Em casos excepcionais, o tribunal tem dado efeito suspensivo, por via de mandado de segurança, a apelações em casos em que a lei prevê apenas o efeito devolutivo quando a situação revela perigo de lesão de direito líquido e certo. Leis especiais também excluem o efeito suspensivo da apelação, como por exemplo a lei de locações urbanas.

A apelação deverá ser interposta por petição dirigida ao juiz que proferiu a sentença, contendo essa petição:

os nomes e qualificação das partes, os fundamentos de fato e de direito e o pedido de nova decisão.

É hábito forense separar a petição dirigida ao juiz das razões nas quais estão contidos os fundamentos de fato e de direito e o pedido de nova decisão. Essa prática não é ilegal desde que tudo forme um conjunto único, apresentado de uma só vez. O que a lei não permite é a ausência de razões de apelação, mesmo porque aí nem se sabe de que se recorre, ou a separação das razões em petição autônoma, em momento diferente. A intenção da lei, porém, é a de que se apresente uma peça formalmente una.

O prazo para a apelação que, nos termos do art. 508, é de quinze dias, afere-se pelo protocolo ou pela entrega em cartório após despacho do juiz.

Interposta a apelação, se no prazo, o juiz a receberá declarando os seus efeitos e mandará dar vista ao apelado para responder. Se a apelação não for interposta no prazo ou houver falta de algum dos outros pressupostos, como, por exemplo, o cabimento ou a regularidade procedimental, o juiz a rejeitará, negando-lhe seguimento. Dessa decisão cabe agravo de instrumento.

A decisão que recebe a apelação é irrecorrível, mas será reexaminada pelo tribunal, segundo o princípio de que o juízo de admissibilidade do juízo a quo é sempre provisório, cabendo o juízo de admissibilidade definitivo sempre ao tribunal ad quem competente também para o exame do mérito do recurso. Por essa razão entendemos que, em primeiro grau, a decisão que recebe ou não o recurso é sempre retratável, podendo o juiz alterar a própria decisão em face de argumentos apresentados. Esse entendimento foi consagrado por acréscimo de parágrafo único ao art. 518.

O prazo para responder em contra-razões é também de quinze dias, e com ou sem elas o procedimento prossegue. O preparo deve ser demonstrado já com a interposição. Salvo os casos de partes que estão dispensadas de preparo, a sua falta levará ao indeferimento da apelação, dessa decisão cabendo agravo de instrumento. Se a parte alegar e demonstrar justo motivo para não ter feito o preparo, o juiz

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pode relevar a pena de deserção. Esta última decisão é irrecorrível, cabendo, todavia, ao tribunal o exame de sua legitimidade.

No tribunal, o processo é remetido ao relator sorteado, passando, em seguida, ao revisor que o coloca em mesa para julgamento. No tribunal, cabe ao relator toda a providência relativa à preparação do processo para julgamento da Câmara. Na sessão de julgamento, votam três juizes: o relator, o revisor e, o terceiro, o juiz. A parte que desejar pode fazer sustentação oral, antes da votação, no prazo de 15 minutos (art. 554).

Agravo

A referida tendência simplificadora do Código de 1973 traduziu-se, em matéria recursal, em três providências principais: 1ª) a eliminação de alguns recursos, como o de revista e o agravo de petição; 2ª) a ampliação dos casos de cabimento, de modo que a generalização, por exemplo, da apelação para todas as terminativas (com ou sem julgamento de mérito) tornasse mais fácil a identificação da hipótese de cabimento; 3ª) a unificação dos prazos de interposição e resposta (art. 508).

Desejou, também, o Código, definindo os atos do juiz no art. 162, estabelecer um paralelo entre aquelas definições e as hipóteses de cabimento, em primeiro grau, de modo que teríamos: da sentença caberia apelação; das decisões interlocutórias, agravo; e dos despachos, nenhum recurso.

Acontece, porém, que os artigos que definem as hipóteses recursais (arts. 504, 513 e 522) não guardam correspondência exata com as definições do art. 162. No art. 504, ao apontar os atos contra os quais não cabe recurso, restringiu-os aos "despachos de mero expediente".

O agravo é admitido para todas as decisões que não sejam as extintivas do processo ou que não sejam os despachos de mero expediente.

Com essa solução, nossa lei processual, invertendo o princípio constante do Código de 1939, adotou o da recorribilidade ampla das interlocutórias e, paralelamente, o da preclusão das interlocutórias irrecorridas, reduzindo, também, o ensejo de sucedâneos como a correição parcial e mandado de segurança.

É necessário, porém, conceituar decisão, separando-a da área conceitual da sentença e do despacho de mero expediente. Sob o aspecto terminológico o Código procurou ser rigoroso, especialmente após as correções feitas pela Lei n. 5.925, de 1º de outubro de 1973, mas nem sempre foi absolutamente preciso, nem pode, em virtude das circunstâncias, denominar induvidosamente o ato do juiz. Quando o fez, porém, apontando o recurso cabível, não há o que discutir, como, por exemplo, no art. 520, em que a lei, ao declarar quais os casos em que a apelação não tem efeito suspensivo, definiu os atos respectivos como sentenças apeláveis, que são: sentença que homologa a divisão ou a demarcação, que condena à prestação de alimentos, que julga a liquidação de sentença, que decide (veja-se o termo que poderia levar ao equívoco de considerá-la decisão) o processo cautelar e que julga improcedentes os embargos opostos à execução.

Fora desses e de outros casos expressos, para concluir pelo cabimento da apelação (com exclusão do agravo), é necessário recorrer ao conceito do art. 162, § 1º, segundo o qual sentença é o ato do juiz que põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.

Na terminologia do Código, processo significa relação jurídica processual, ou seja, o vínculo que une Autor-Juiz-Réu. Todavia, o processo tem dois aspectos a serem considerados: a sua essência, que é o próprio vínculo, que se traduz juridicamente no desenvolvimento da demanda como ônus, sujeição, poderes etc.; e a sua exterioridade, ou seja, o modo pelo qual aparece como realidade perceptível, que é o procedimento, a forma, o modo e o tempo de execução dos atos processuais.

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Ora, se, para fins de conceituação de sentença, considerarmos que processo é, apenas, a essência, ou seja, a relação jurídica processual, caberia apelação toda vez que o ato do juiz pusesse fim a um desses vínculos jurídicos, ainda que mantido, em continuação, outro, como ocorre nas relações processuais subjetiva ou objetivamente complexas. Se, de outro lado, considerarmos processo, impropriamente, apenas a exteriorização, o procedimento, todo incidente procedimental com procedimento regulado autonomamente, ao ser resolvido, ensejaria também o recurso de apelação.

Parece, porém, que o espírito da lei não prefere nem uma nem outra posição. O conceito que melhor atende à finalidade do sistema e à própria natureza dos recursos é o que entende como sentença apenas o ato do juiz que põe fim a uma relação jurídica processual desde que dotada de base procedimental própria.

A conjugação dos dois elementos é conveniente inclusive para objetivos práticos, porquanto, como se sabe, a apelação sobe nos próprios autos e, se ao processo (relação jurídica) falta base procedimental, ao recurso também faltará, forçando-nos, pois, a admitir como cabível o agravo que tem, em seu desenvolvimento, a formação de instrumento próprio.

Adotada essa orientação, podem ser resolvidos, com certa lógica e coerência, os casos de cabimento duvidosos, dentro de uma linha de soluções adotada, aliás, expressamente, pelo próprio texto legal.

Assim, cabe agravo de instrumento da decisão que rejeita liminarmente a reconvenção ou a ação declaratória incidental, porque ambas, apesar de serem verdadeiras ações, a lei não lhes concedeu procedimento autônomo, pois se utilizam do procedimento da chamada ação principal; cabe agravo de instrumento da decisão que resolve a exceção de incompetência, porque tal incidente não instaura relação processual nova, apesar de ser dotada de procedimento destacado; o mesmo recurso é cabível contra as alterações ou aditamentos à conta de liquidação, conforme jurisprudência firmada pelos tribunais (diferente é a situação no caso de decisão que julga a liquidação, contra a qual cabe apelação sem efeito suspensivo, conforme art. 520, III), nos casos em que eventualmente ainda seja o contador a elaborar o cálculo e que este seja homologado pelo juiz após a Lei n. 8.898/94. Ainda, a decisão que indefere a intervenção do assistente é agravável, porque resolve mero incidente, uma vez que o pedido de ingresso desse terceiro não é ação.

Diversa é a hipótese de oposição (art. 56), porque esta é uma ação contra o autor e réus primitivos e o Código propiciou-lhe procedimento próprio, mandando que seja apensada aos autos principais (art. 59) ou siga o procedimento ordinário (art. 60). Igualmente, no caso de embargos do devedor na execução, que tem natureza de ação e tem procedimento próprio. Em ambos os casos o recurso cabível, seja na rejeição liminar, seja no julgamento definitivo, é a apelação, observando-se que, nos embargos o Código é expresso (art. 520, V).

É preciso, também, entender o âmbito da expressão "por termo” ao processo.

Na verdade, com a sentença terminativa, o processo não está, de imediato, extinto. Se houver recurso, o processo se desdobra, prosseguindo em nova fase, mas continuando a ser o mesmo. Logo, ao se falar em sentença que "põe fim" ao processo, o legislador usa uma figura de linguagem, querendo dizer, por certo, ato do juiz que, se irrecorrido, tem o condão de encerrar a relação processual. Por essa razão é que é agravável a decisão do juiz que rejeita a apelação; aparentemente esta decisão é que teria decretado a extinção do processo, mas o fato é que ela declara, apenas, que, em virtude da intempestividade, ou outro motivo, o processo já estava extinto em virtude da sentença que agora se declara irrecorrida. A força extintiva decorre, pois, da sentença e não do ato que rejeita apelação.

Nos procedimentos especiais, a situação é um pouco mais complexa. Uma vez que eles não apresentam o mesmo esquema uniforme do procedimento ordinário, englobando, em procedimento único, várias fases de conhecimento e, até, de execução, é preciso entender que o ato do juiz que encerra cada uma dessas fases é uma verdadeira sentença, passível de apelação, e não uma decisão agravável. Assim, a sentença que julga o dever de prestar contas (art. 915, § 2º, 2ª parte), a que julga a divisão de terras (art. 949, parágrafo único) etc.

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Traçada a distinção entre sentença e decisão para fins de agravo, é preciso distinguir decisão de despacho de mero expediente, que é irrecorrível (art. 504).

O art. 162, § 3º, definiu despacho como "todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma".

Como se vê, a definição de despacho faz referência à forma, de maneira diferente do que fizera em relação à sentença e às decisões. Em verdade, a definição acima referida nada esclarece, havendo necessidade de se recorrer ao art. 504, que qualifica os despachos irrecorríveis como "de mero expediente"

Despachos de mero expediente são aqueles sem conteúdo decisório ou de conteúdo decisório mínimo e que, por essa razão, não têm o condão de causar a sucumbência. São os despachos ordinatórios do processo e que não causam gravame de ordem material ou processual. Todavia, a verificação da existência, ou não, da sucumbência depende do exame do caso concreto. Assim, um simples "J. digam", exarado em petição que pede a juntada de documento, é, em princípio, despacho de mero expediente, podendo, no entanto, consubstanciar-se em verdadeira decisão na hipótese de tal despacho vir a provocar o adiamento de uma audiência previamente designada. A sucumbência, portanto, e consequentemente a caracterização de um ato do juiz como decisão agravável depende da verificação, em concreto, de que tal ato, qualquer que seja sua forma, tenha violado uma expectativa processual da parte. Se houve violação de expectativa, não estamos diante de despacho de mero expediente, mas de decisão, sujeita a agravo.

Finalmente, é preciso lembrar que na verificação da adequação do recurso vigora o princípio da fungibilidade dos recursos. No início da vigência do Código de Processo Civil certa parte da doutrina e algumas decisões dos tribunais negaram a permanência de tal princípio em nosso sistema processual, por duas razões: primeiro, porque o Código de 1973 não repetiu norma que o consagrava constante do Código de 1939; depois, porque a sistemática recursal simplificada eliminava a possibilidade de erro razoável ou justificável.

Para que se aplique, contudo, o princípio da fungibilidade, é preciso que não ocorram, na interposição de um recurso por outro, erro grosseiro ou má fé. Considera-se erro grosseiro a interposição de um recurso quando expressamente a lei prevê um outro (p. ex.: interpor agravo de indeferimento da petição inicial, havendo expressa disposição legal referindo a apelação no art. 296); considera-se má fé a interposição de um recurso de prazo maior, para beneficiar-se desse prazo mais dilatado quando o recurso correto é de prazo menor (p. ex.: apelar em quinze dias se a decisão era agravável em cinco). Se se recorrer, obedecendo o prazo menor, não há má fé.

Nos termos do disposto no art. 522, das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de dez dias, retido nos autos ou por instrumento.

Ao interpor o agravo, pode o recorrente requerer que fique retido nos autos, a fim de que dele conheça o tribunal, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação, devendo a parte pedir expressamente nas razões ou contra-razões de apelação a sua apreciação pelo tribunal, sob pena de ser considerado renunciado.

O agravo retido é uma das formas ou tipos de agravo, com os mesmos pressupostos de admissibilidade e adequação, do qual não se tira o instrumento a pedido da parte e que fica condicionado ao conhecimento da apelação. Barbosa Moreira o equiparava ao agravo no auto do processo antigo, com duas diferenças: a) não podia ser oral; b) o agravo no auto do processo era cabível apenas para certas hipóteses determinadas. Pontes de Miranda fala em "agravo sem nome e sem instrumento".

Da mesma forma que seu congênere, o agravo de instrumento, cabe contra todas as decisões e despachos, excluídos os de mero expediente.

Na modalidade de agravo retido, interposto o agravo, o juiz poderá reformar sua decisão, após ouvida a parte contrária, em cinco dias (art. 523, § 2º).

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Se o juiz reformar a decisão, esta, por sua vez, também é uma decisão, e se não for extintiva do processo dela caberá agravo pela parte contrária, na modalidade de retido ou por instrumento.

Das decisões interlocutórias proferidas em audiência, admitir-se-á a interposição oral do agravo retido, a constar do respectivo termo, expostas sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão.

Será sempre retido o agravo das decisões posteriores à sentença, salvo o caso de inadmissão da apelação (art. 523, § 4º). A regra tem por fim explicitar que, se a apelação está em vias de subir ao Tribunal, é inútil a interposição de agravo por instrumento, devendo ser retido para aproveitar o processamento do outro recurso. Todavia, é óbvio que a norma não se aplica se se trata de decisão que não se beneficiará do procedimento da apelação, como por exemplo alguma decisão relativa a execução provisória. Neste caso o agravo deverá ser interposto por instrumento.

Está superada a discussão a respeito da possibilidade, ou não, de o juiz apreciar o cabimento da forma retida ou do instrumento para o agravo. A disciplina vigente determinando que o agravo de instrumento seja interposto diretamente perante o Tribunal impede que o juiz de primeiro grau aprecie a adequação da forma. Se o agravo for interposto de forma inadequada, retido quando deveria ser processado (como está assentado, p. ex., quanto à decisão que julga a exceção de incompetência, em que o agravo não pode ser retido), ou, ao contrário, por instrumento quando deveria ser retido, a conseqüência será o seu não-conhecimento pelo Tribunal.

O agravo retido não depende de preparo, mas está sujeito às seguintes condições: que haja apelação, própria ou de outrem; que a apelação seja conhecida; que seja expressamente pedida sua apreciação, nas razões ou contra-razões.

O agravo retido é, pois, um recurso de efeito devolutivo impróprio ou imperfeito, porque seu conhecimento depende do conhecimento de outro recurso, no caso a apelação.

Todavia, a matéria objeto de agravo retido somente será conhecida se ele for interposto e conhecido, sendo que a decisão tomada pelo tribunal por força dele, ainda que preliminarmente à apelação, é decisão tomada em agravo e, portanto, não sujeita a embargos infringentes se por maioria.

Se a parte não optar pela modalidade de agravo retido, o agravo será de instrumento e deverá ser dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I exposição do fato e do direito; II - as razões do pedido de reforma da decisão; III - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.

Na petição, o agravante poderá pedir ao relator que atribua efeito suspensivo ao agravo.

A petição do agravo de instrumento será instruída: obrigatoriamente com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas ao agravante e ao agravado; facultativamente com outras peças que o agravante entender úteis.

Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.No prazo do recurso, que é de dez dias, a petição será protocolada no tribunal ou postada no correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local. Esta poderá, por exemplo, permitir que seja protocolada perante o juízo, que a remeterá ao tribunal, forma, aliás, recomendável para atender casos de assistência judiciária ou de interposição de agravo pelo Ministério Público em que não há condições de deslocamento para a Capital sede do tribunal e sabendo-se que não há isenção de despesas do correio.

O agravante, no prazo de três dias, requererá a juntada aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como da relação dos documentos que instruíram o recurso (art. 526).

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A providência é indispensável para que o agravado prepare sua resposta, especialmente nos casos em que não pode deslocar-se para a sede do tribunal (não se pode esquecer que o agravo de instrumento para os tribunais superiores será interposto em Brasília) para o exame da petição e a conferência das peças juntadas pelo agravante.

A lei não prevê sanção expressa no caso de não atendimento da exigência ou de não ser ela íntegra. Entendemos, porém, dada a importância e cogência da determinação legal, que, se o agravante não a cumprir estritamente, será motivo de não-conhecimento do agravo por deficiência na regularidade procedimental, sem prejuízo das sanções da litigância de má fé, se for o caso.

Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, se não for o caso de indeferimento liminar (art. 557), o relator: I - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de dez dias; II - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), comunicando ao juiz tal decisão; III - intimará o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de dez dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender convenientes; nas comarcas sede do tribunal a intimação será feita pelo órgão oficial; IV - ultimadas essas providências, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, no prazo de dez dias.

A regra comporta algumas questões e algumas explicações.A disciplina vigente do agravo de instrumento tem por finalidade evitar o mandado de segurança fartamente usado para dar efeito suspensivo ao agravo.

Com a possibilidade de o relator atribuir esse efeito, nas mesmas situações em que, em tese, caberia mandado de segurança (art. 558), não há interesse processual para esta ação e uma única peça, o agravo de instrumento, resolve o problema. Todavia, a lei prevê somente a possibilidade da concessão de efeito suspensivo, não resolvendo, portanto, a situação de quem precisa de providência não concedida em primeiro grau e em relação à qual o efeito suspensivo seria inócuo, como, por exemplo, se o juiz negou pedido de liminar. Nesse caso, será inevitável o mandado de segurança, a não ser que se entenda possível ao relator aplicar por analogia o art. 273 do Código e antecipar a tutela pleiteada no agravo, concedendo desde logo a providência negada em primeiro grau.

A intimação do agravado pelo correio com aviso de recebimento pode trazer problemas, porque, por grande número de razões, pode o aviso não ser recebido ou não ser devolvido, o que acarretaria a paralisação do processamento do recurso, sob pena de violação do princípio constitucional do contraditório. Não vejo ilegalidade, porém, se o tribunal, em vez do ofício com aviso de recebimento dirigido ao advogado, requisite a intimação ao juiz da causa, o que, certamente, será muito mais seguro, mais simples e mais adequado, inclusive para que o juiz tenha conhecimento de que o agravo foi interposto, se eventualmente não for cumprida pelo agravante a providência do art. 526. No caso de o agravado ser o Ministério Público, não se aplica a intimação por correio em hipótese alguma. A resposta deverá ser requisitada ao juiz da causa, pronunciando-se o Ministério Público oficiante em primeiro grau, sem prejuízo do parecer do Ministério Público em segundo grau.

O Ministério Público, pois, a que se refere o inc. IV do art. 527 é o de segundo grau ou o que oficia perante o tribunal, sem dúvida, ainda que se entenda que a interposição possa ser atribuição do Ministério Público em primeiro grau em face de ser o ato recorrido do juízo perante o qual oficia. A manifestação do Ministério Público somente será colhida após a resposta do agravado ou o decurso do prazo para que seja produzida. Deixando de existir a manifestação do Ministério Público de primeiro grau, poderá o de segundo oficiante solicitar informações àquele se entender que o instrumento não esclarece suficientemente a questão pertinente ao interesse público envolvido.A resposta será protocolada diretamente perante o tribunal, postada no correio ou na forma que dispuser norma local, que poderá ser, como se disse quanto à interposição do agravo, o juízo de primeiro grau. Aliás, esta última alternativa seria recomendável para atender às partes beneficiárias da assistência judiciária e as menos favorecidas economicamente.

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Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo.

Poderá o juiz reformá-la parcialmente e, no mesmo caso, deverá comunicar o fato ao tribunal, que considerará o recurso prejudicado em parte. Poderá, também, o juiz, independentemente de solicitação do relator (inc. I do art. 527), encaminhar espontaneamente informações ao tribunal, o que será muito adequado em hipóteses em que o "agravado" é o juiz, em virtude da inexistência de outra parte que tenha interesse contrário ao agravante, como comumente ocorre nos procedimentos de jurisdição voluntária e no inventário.

Se o juiz modificar total ou parcialmente a decisão agravada, não sendo a conseqüência a extinção do processo, haverá nova decisão, contra a qual caberá outro agravo, retido ou de instrumento, pela parte contrária que for sucumbente.

O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo, de regra. Mas poderá o relator atribuir-lhe tal efeito, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspendendo o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. O mesmo efeito suspensivo, e nas mesmas condições, poderá ser dado pelo relator à apelação, nos casos em que esta não o tenha, que são os do art. 520 do Código e os previstos em lei especial (art. 558, parágrafo único). No caso da apelação, porém, como é ela interposta perante o juiz de primeiro grau, até chegar ao relator poderá ser tarde demais, não eliminando, portanto, o mandado de segurança para a obtenção do efeito suspensivo não previsto genericamente na lei.

Não há previsão no Código de recurso contra o ato do relator que dá efeito suspensivo ao agravo, sendo eventualmente previsto agravo regimental nos regimentos dos tribunais. Em qualquer hipótese, porém, trata-se de uma decisão interlocutória, logo cabe agravo para a câmara ou turma competente para o julgamento do agravo anterior.

Ainda no que concerne ao procedimento do agravo de instrumento, observe-se que tem ele precedência no julgamento, em relação à apelação, não sendo esta incluída em pauta antes do agravo interposto no mesmo processo, e, se ambos os recursos tiverem de ser julgados na mesma sessão, será o agravo julgado em primeiro lugar (art. 559).

E o relator negará seguimento ao recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou contrário à súmula do respectivo tribunal ou tribunal superior, dessa decisão denegatória cabendo agravo, no prazo de cinco dias ao órgão competente para o julgamento do recurso (art. 557).

Nossa sistemática recursal prevê, ainda, alguns outros tipos de agravo, cabíveis contra decisões em segundo grau de jurisdição, seguindo as disposições gerais sobre o agravo, respeitadas as normas especiais de cada um.Cabe agravo de instrumento para o Supremo Tribunal Federal no caso de denegação do Recurso Extraordinário pelo Presidente do Tribunal recorrido e, para o Superior Tribunal de Justiça, no caso de denegação do recurso especial. O prazo é o geral, de dez dias. Seu objeto é exclusivamente o exame da admissibilidade do Recurso Extraordinário ou do especial. Ainda que provido e, portanto, determinada a subida do Recurso, o Supremo se reserva o exame definitivo da admissibilidade do extraordinário ou do especial. Cabe também agravo da decisão do relator que não admitir o agravo de instrumento ou negar-lhe seguimento no recurso especial ou extraordinário.

Nos Tribunais de segundo grau de jurisdição, cabe ainda, Agravo Regimental das decisões do relator no procedimento recursal e na ação rescisória, nos termos dos respectivos regimentos.

O Código ainda prevê o cabimento de agravo da decisão que não admitir os embargos infringentes (art. 532), mas o prazo, no caso, é de cinco dias, assim como no acima referido art. 557, em que o prazo é, também, de cinco dias.

Com a amplitude que o Código de Processo deu ao cabimento do agravo de instrumento pareceu, num primeiro momento, que não mais haveria campo para a correição parcial e para o mandado de

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segurança contra ato judicial. Todavia, tanto uma quanto outro ainda subsistem em algumas hipóteses que o agravo não pode corrigir.Correição parcial

A correição parcial nasceu nas leis estaduais de organização judiciária, sendo chamada em alguns estados de reclamação e foi referida na Lei do Mandado de Segurança e na lei que disciplinou a Justiça Federal.

A correição parcial pode ser necessária se o juiz se omite no dever de decidir questão controvertida durante o desenvolvimento do processo ou inverte tumultuosamente a ordem processual, praticando, por exemplo, um ato pelo outro, sem decidir formalmente, sem exteriorizar decisão agravável.

EmbargosNo direito processual, o termo embargos é um termo equívoco porque é utilizado para entidades de natureza diferente. "Embargos" podem ser ação, como procedimento especial (ex.: embargos de terceiros), ação incidental em que se efetiva a defesa do devedor na execução (embargos do devedor), podem ser medidas constritivas (ex.: o embargo na nunciação de obra nova) e ainda podem ser recursos.

Mesmo no campo recursal há vários tipos de embargos: embargos infringentes (art. 530); embargos de declaração; embargos infringentes da Lei n. 6.830/80; embargos infringentes contra decisões em causas de competência originária do Supremo

Tribunal Federal; e embargos de divergência no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça e os

referidos na Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

Procurando abranger toda essa variedade, é possível conceituar embargos, na área recursal, como o recurso interposto perante o mesmo juízo em que se proferiu a decisão recorrida, visando à sua declaração ou reforma.

Embargos infringentes Cabem embargos infringentes quando não for unânime o julgado proferido em apelação e ação rescisória (art. 530). Este recurso tem por fim provocar o reexame de acórdãos proferidos em apelação e ação rescisória, no que houver divergência entre os juizes, possibilitando não só a retratação dos que anteriormente votaram mas também a modificação da decisão pelo ingresso, quando for o caso, de outros juizes no órgão julgador.

A doutrina não tem sido favorável à manutenção dos embargos infringentes, reconhecendo, porém, recentemente Barbosa Moreira que poderia ser conservado com certas restrições.

Do conceito legal do recurso, é possível extrair os seus pressupostos específicos: l) o julgamento deve ter sido proferido por maioria; 2) o julgamento deve ter sido proferido em apelação e ação rescisória.

É indispensável para que o acórdão seja embargável que tenha ocorrido um voto vencido no julgamento. O desacordo entre os juizes apura-se pela conclusão do pronunciamento de cada votante, não pelas razões que invoque para fundamentá-lo. Pode ocorrer que um ou mais juizes divirjam quanto à argumentação, mas não quanto à conclusão. Neste caso não existe a divergência que possa ensejar os embargos infringentes.

Diferente é a situação se se trata de apelação ou ação rescisória em que se apresenta mais de uma causa petendi para um mesmo pedido.

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Nesta hipótese. se houver divergência no reconhecimento, ou não, de ambas as causa petendi, ainda que o resultado final seja unânime, existe divergência porque cada causa petendi é fundamento de uma ação que poderia ser proposta separadamente e, se assim fosse, haveria voto vencido permitindo os embargos. É preciso, porém, que haja voto vencido em todas as causa petendi, porque, se em uma a votação for unânime tanto quanto o resultado final, não aparece o pressuposto específico dos embargos que é o voto que daria ganho de causa ao perdedor.

Voto vencido não quer dizer, necessariamente, voto oposto. Basta que o voto seja diferente, quantitativa ou qualitativamente. Neste caso a divergência é parcial, e somente no que houver diferença é que se pode pedir a reforma por meio de embargos. Igualmente, se parte do acórdão for unânime e parte for por maioria, somente sobre esta podem incidir os embargos. Assim, por exemplo, se, por unanimidade, o tribunal julga a ação procedente decretando a rescisão de um contrato e por maioria condena à multa contratual, os embargos somente poderão versar sobre a multa.

O outro pressuposto específico dos embargos infringentes é que o acórdão seja proferido em apelação ou ação rescisória.

Acórdão com voto vencido em agravo não é embargável, ainda que se trate de agravo retido julgado como preliminar de apelação. Na apelação, como na ação rescisória, porém, não se distingue se a matéria é processual ou de mérito, se preliminar ou principal. Desde que o tribunal tenha conhecido a matéria por força de apelação ou ação rescisória, havendo voto vencido, há possibilidade de embargos.

Guardada a limitação objetiva que impõe a extensão do voto vencido, aplicam-se aos embargos as mesmas regras da apelação quanto ao efeito devolutivo e suspensivo, dentro sempre do âmbito da divergência.

Apesar da omissão da lei, têm sido admitidos embargos infringentes em casos de reexame obrigatório (art. 475), que não é apelação, mas tem o mesmo objetivo prático em favor da Fazenda Pública ou no caso de anulação de casamento.

Finalmente, é preciso consignar que, se houver voto divergente e no que for divergente, a interposição dos embargos é indispensável para que se possa, posteriormente, interpor o recurso extraordinário, que exige sejam esgotadas as vias recursais ordinárias. Se parte do acórdão for unânime, aplica-se o art. 498.

Os embargos infringentes devem ser apresentados por petição dirigida ao relator da apelação ou da ação rescisória. Este deverá decidir sobre o cabimento dos embargos, ou seja, sobre a presença, ou não, de seus pressupostos, gerais e específicos.

Se não for o caso de embargos, o relator os indeferirá de plano, cabendo, desse despacho, agravo em cinco dias para o órgão competente para o julgamento dos embargos.

Se os embargos forem admitidos, desde logo, pelo relator ou pelo tribunal por força do agravo, far-se-á sorteio de novo relator.

A escolha do relator, quando possível, recairá em juiz que não haja participado do julgamento da apelação ou da ação rescisória (art. 533, § 2º). O Código fala "quando possível" porque, dependendo da organização interna do tribunal, há decisões tomadas pelo tribunal pleno, caso em que não há juiz que não tenha participado do julgamento anterior.

Sorteado o relator e independentemente de despacho, a secretaria do tribunal abrirá vista ao embargado para a impugnação, no prazo geral de quinze dias. Impugnados, ou não, os embargos, os autos serão conclusos ao relator e depois ao revisor, que os colocará em mesa para julgamento.

No julgamento, que de regra se faz com a ampliação do número de juizes (p. ex.: na Câmara julgam três e no Grupo de Câmaras ou Câmaras Conjuntas julgam cinco), podem votar também os juizes que participaram do julgamento anterior, os quais podem retratar-se e proferir novo voto se se convencerem dos novos argumentos apresentados.

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Embargos de declaração As hipóteses de cabimento dos embargos de declaração: a obscuridade, dúvida ou contradição e a omissão.

Os embargos de declaração devem ser interpostos no prazo de cinco dias e podem levar à imposição de multa de até 1% do valor da causa se o tribunal os considera manifestamente protelatórios. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada para 10%, e seu recolhimento condiciona a interposição de qualquer outro recurso.

É importante lembrar apenas que os embargos de declaração contra acórdão podem ter a função, aqui essencial, de obrigar o tribunal a se pronunciar sobre ponto que deveria ter sido objeto de exame, provocando, então, o prequestionamento da questão, que é requisito indispensável à interposição do recurso extraordinário. Em primeiro grau tal problema não existe porque a apelação pode, em princípio, abranger toda a matéria cuja reforma se deseja, mas em segundo grau, se a matéria não for examinada no acórdão, não poderá ser objeto de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal.

O mesmo vale quanto à obscuridade, dúvida ou contradição que não mais terão oportunidade de ser sanadas, trazendo dificuldades enormes para a futura execução do julgado.

Embargos infringentes da LEI 6.380 Assim, os embargos podem ter efeito modificativo se a resolução da dúvida levar à alteração do conteúdo do julgado.

Com novos valores, foi ressuscitado esse recurso, o antigo embargo de alçada, dirigido ao mesmo juiz da causa, no prazo de dez dias, com exclusão da apelação. A Lei n. 6.830 disciplina as execuções fiscais da União, Estados e Municípios, hipótese em que se utilizam esses embargos infringentes contra a sentença, os quais, aliás, desatendem ao princípio do duplo grau de jurisdição e às finalidades da justiça.

Como conseqüência da adoção dos embargos infringentes ao próprio juiz como recurso exclusivo, eliminada ficou, nas causas referidas, a possibilidade de agravo de instrumento ou o recurso especial. Resta, apenas, o recurso extraordinário, porque a Constituição não exige que a decisão recorrida seja de tribunal, bastando que seja de única vez última instância. Nas causas em que a lei prevê os embargos infringentes ao próprio juiz, não há preclusão das interlocutórias irrecorridas, ficando toda a matéria decidida no curso da ação devolvida ao conhecimento do juiz em grau de reexame pelos embargos.

Embargos de divergência Nosso Código disciplinou, também, os embargos de divergência (art. 546), cabendo esse recurso contra a decisão da turma que, em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial, e, em recurso extraordinário, contra a decisão que divergir do julgamento de outra turma ou do plenário.

O prazo de interposição desse recurso é de 15 dias (art. 508) e o seu procedimento é o disciplinado nos respectivos Regimentos Internos.

Recurso Ordinário ConstitucionalÓrgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal exerce o relevante papel de guardião da Constituição e da integridade do direito nacional. Como órgão jurisdicional que é, sua função se exerce dentro do processo, no exame das causas que lhe são submetidas, mas as suas decisões têm forte repercussão política no plano institucional do equilíbrio dos Poderes do Estado, porque é o mais elevado grau na estrutura jurisdicional do País.

O Supremo Tribunal Federal atua de três maneiras:

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julgando as causas de sua competência originária, relacionadas no art. 102, I, da Constituição Federal, entre as quais, na área civil, destacam-se os mandados de segurança contra o Presidente da República, as representações de inconstitucionalidade de ato normativo federal ou estadual etc.;

julgando como tribunal de segundo grau, em recurso ordinário, examinando matéria de fato e de direito, habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção, decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

julgando em recurso extraordinário as causas (cíveis e criminais) que cumpram pelo menos um dos requisitos do art. 102, III, n, b ou c, da Constituição Federal e outros pressupostos legais.

Ao Superior Tribunal de Justiça, no campo do processo civil comum, cabe a função de unificação do direito federal. Julga, em grau de competência originária, os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado ou dele mesmo, os conflitos de competência entre tribunais de segundo grau e entre juizes vinculados a tribunais diversos, os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias de Estados diferentes ou entre União e Estado, bem como o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e das justiças especiais. Julga, em recurso ordinário, os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão.

E julga, em recurso especial, as causas decididas em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; e der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

A Constituição da República de 1988 reservou ao Supremo Tribunal Federal, nas causas civis comuns, a função de aplicar as normas e princípios constitucionais e ao Superior Tribunal de Justiça a função de uniformizar a aplicação do direito federal. Essas atribuições eram concentradas, anteriormente, de acordo com o antigo art. 119, III, no Supremo Tribunal Federal, observando-se, contudo, que as restrições anteriormente impostas ao recurso extraordinário limitavam excessivamente a função de unificação do direito federal.

O novo texto constitucional passou a prever o recurso ordinário, para o Supremo Tribunal Federal, nos mandados de segurança, habeas corpus, habeas data e mandados de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão. E, para o Superior Tribunal de Justiça, os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão, bem como nas causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

A denominação "recurso ordinário" tem uma significação processual bem clara, qual seja a de permitir o exame de matéria de direito e de fato. Além disso, significa não ter restrições especiais, salvo os pressupostos gerais dos recursos e as hipóteses de cabimento. Seu efeito devolutivo é amplo, nos mesmos moldes da apelação.

É importante observar que o recurso não terá, também, qualquer limitação quanto à matéria alegada. Até mesmo direito estadual ou municipal poderá ser invocado. Por exemplo: se se trata de mandado de segurança contra ato do governador de Estado, de competência originária do Tribunal de Justiça, denegatória a decisão, caberá o recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça, ainda que o fundamento seja legislação local. A despeito, portanto, de ser um tribunal federal, o Superior Tribunal de Justiça poderá ter de examinar e aplicar lei estadual e, eventualmente, municipal.

Nos termos do art. 508, o recurso ordinário de decisão denegatória de mandado de segurança deve ser interposto no prazo de quinze dias.

As hipóteses de cabimento do recurso ordinário constitucional são as seguintes:

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a) Para o Supremo Tribunal Federal, no caso de decisão denegatória de mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção, decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, que são o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal Militar. Única instância significa julgamento em grau de competência originária e não recursal, constando a competência originária desses tribunais na própria Constituição, art. 105, ou nas leis de suas respectivas organizações. Para o cabimento do recurso é necessário que a decisão seja denegatória. Se concessiva, somente poderá caber o recurso extraordinário. Trata-se, pois, de um recurso secundum eventum litis. No conceito de decisão denegatória cabe, também, a hipótese de ser a medida, por qualquer razão, julgada prejudicada. Considerar a medida prejudicada equivale a denegá-la.

b) Para o Superior Tribunal de Justiça, no caso de decisão também denegatória de mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais, pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, e nas causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Recurso Especial Constitucional

Compete ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105, III, da Constituição da República) julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;c) der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Apesar de um pouco mais amplo que o recurso extraordinário anterior, nas situações semelhantes às acima apontadas, o recurso especial também é um recurso de cabimento estrito, cujos pressupostos especiais, somando-se aos gerais, tornam restritas as hipóteses em que será conhecido.

É possível, além dos pressupostos recursais gerais, dividir os pressupostos do recurso especial em duas categorias: pressupostos prévios ou preliminares e pressupostos relativos aos permissivos constitucionais.

São pressupostos prévios ou preliminares:

a) A decisão recorrida necessariamente deve ter sido proferida por tribunal. Não se admitirá recurso especial contra decisão de juízo de primeiro grau, ficando, pois, excluída a possibilidade do recurso nas causas decididas em grau de embargos infringentes, nos termos da Lei n. 6.830, de 1980, que são apreciados pelo próprio juiz de primeiro grau.

b) Só cabe recurso especial se foram esgotados os recursos ordinários, inclusive os embargos infringentes perante os tribunais, se cabíveis, de modo que a parte não pode abandonar ou deixar de utilizar os recursos ordinários para querer, desde logo, interpor o especial.

c) Somente é admissível o recurso especial se a matéria foi expressamente examinada pelo tribunal, ou seja, foi prequestionada. O requerimento do prequestionamento, que é da tradição do direito brasileiro em matéria de recursos aos Tribunais Superiores, está consagrado pelas Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal, que eram relativas ao recurso extraordinário, mas que continuam adequadas no recurso especial e ao próprio recurso extraordinário. O prequestionamento refere-se à matéria objeto do recurso e, também, ao fundamento da interposição. Não é possível, portanto, a apresentação de matéria ou fundamentos novos, por mais relevantes que sejam, que não tenham sido objeto de exame expresso na decisão recorrida do tribunal a quo. Se necessário, para que a matéria ou fundamento fiquem prequestionados, a parte pode interpor embargos de declaração, a fim de eliminar o ponto omisso. Somente em duas situações dispensa-se o prequestionamento: no caso de o

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fundamento novo aparecer exclusivamente no próprio acórdão recorrido, como, por exemplo, se o acórdão julga extra ou ultra petita sem que esse fato tenha ocorrido na sentença; e se, a despeito da interposição dos embargos de declaração, o tribunal se recusa a examinar a questão colocada.

d) É admissível o recurso especial tanto para as questões de mérito quanto para as questões processuais não-preclusas, cabendo, portanto, contra acórdão proferido em apelação, agravo de instrumento, embargos infringentes e segundo grau, ação rescisória ou nos processos de competência originária dos tribunais.

e) Só é admissível o recurso especial se o seu fundamento é matéria de direito, não cabendo se o erro ou injustiça imputados ao acórdão forem decorrentes de má apreciação da matéria de fato. Observe-se, porém, que o erro sobre critérios de apreciação da prova ou errada aplicação de regras de experiência são matéria de direito, e, portanto, não excluem a possibilidade de recurso especial.

f) A matéria que pode servir de fundamento para o recurso especial somente pode ser de interpretação ou aplicação de direito federal. Questões relativas ao direito estadual ou municipal não ensejam recurso especial.

g) É rigorosa a exigência da regularidade procedimental. Qualquer falha na forma de interposição inviabiliza o recurso. Assim, não serão conhecidos recursos que não contiverem as respectivas razões, ou que não indicarem expressamente o dispositivo legal federal violado, ou mesmo o permissivo constitucional.

São pressupostos pertinentes aos permissivos constitucionais:

a) A decisão deve contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência. A contrariedade à lei é bastante ampla, abrangendo, aliás, a negativa de vigência. Contrariar a lei é, além de negar vigência, também interpretar erradamente. A segunda parte do permissivo, negar vigência a tratado ou lei federal, era o que constava da Constituição anterior, exatamente para que se restringisse o cabimento do recurso, sendo compatível com o preceituado na Súmula 400 do Supremo Tribunal Federal, que afirmava não ser admitido o recurso extraordinário se a interpretação dada à lei federal tinha sido razoável. Esta Súmula, portanto, ficou, em nosso entender, incompatível com a contrariedade à norma federal, porque contrariar é decidir em desacordo com a mens legis e o comando legal não comporta, objetivamente, duas interpretações contraditórias e igualmente aceitáveis. Mesmo quando o permissivo era, apenas, negar vigência, no plano científico-jurídico, a Súmula 400 era inaceitável, justificada, apenas, pela tendência restritiva do cabimento do extraordinário e pela idéia de que a expressão significa menos que a contrariedade. Ainda assim, sempre entendemos que aplicar erradamente a lei também seria uma forma de negar-lhe vigência. Quando o legislador quer admitir a interpretação razoável utiliza a expressão violar literal disposição de lei, como faz no art. 485 para cabimento da ação rescisória. A violação literal é o descumprimento frontal, a aplicação da norma contra sua expressa e clara disposição, inocorrendo, portanto, se a interpretação foi razoável ou sustentável. A intenção do constituinte, pois, revigorando a expressão contrariar a lei, foi de ampliar o cabimento do recurso ao Tribunal Superior de Justiça, atendendo aos reclamos de certas correntes que lamentavam a excessiva rigidez do cabimento do recurso extraordinário. Cremos, contudo, que essa rigidez era, e é, inevitável, sob pena de se inviabilizar os julgamentos, dado o volume de causas que serão submetidas ao Superior Tribunal de Justiça, porque o maior número de leis aplicadas no processo são indubitavelmente as federais. De qualquer maneira cabe a distinção: contrariar a lei significa desatender seu preceito, sua vontade; negar vigência significa declarar revogada ou deixar de aplicar a norma legal federal. Em ambos os casos a norma federal desatendida pode ser de direito material ou de direito processual, abrangendo, também, a norma regulamentar, desde que em consonância com a lei em sentido estrito formal. Se o regulamento é legítimo e adequado, sua violação significa, consequentemente, violação da lei.

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b) O acórdão deve julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face de lei federal. Esta situação é uma espécie de negativa de vigência ou contrariedade à lei federal. Se a decisão recorrida afirmou a validade de lei ou ato local (entenda-se estadual ou municipal) que está confrontado com norma federal é porque deixou de aplicá-la. Prevalecendo o ato ou a lei local é porque foi afastada a federal, daí o cabimento do recurso.

c) Se o acórdão der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. A divergência de interpretação dada à norma federal, para que seja relevante, para fins de recurso especial, deve obedecer aos seguintes requisitos: o acórdão confrontado não pode ser do mesmo tribunal em suas câmaras, turmas ou seções.

A divergência interna não enseja recurso especial, exigindo-se decisão de outro tribunal, valendo, contudo, a divergência entre Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada, porque, a despeito de poderem ser do mesmo Estado, são tribunais diferentes;

o acórdão confrontado deve ter sido proferido em última instância ordinária, não valendo como divergente a decisão se no tribunal ainda poderiam caber, por exemplo, embargos infringentes. A divergência pode ser, contudo, com decisão do próprio Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal, porque são outros Tribunais;

a interpretação dada à lei federal pelo acórdão que serve de paradigma de confronto não pode encontrar-se superada no próprio tribunal de origem ou pela jurisprudência dos Tribunais Superiores. Não se trata de problema ligado à antigüidade da decisão. Esta pode ter sido proferida há muitos anos e será adequada para o confronto se se referir ao mesmo texto legal. O que não se admite é a utilização de jurisprudência ultrapassada, quando o tema já foi interpretado de maneira diferente no próprio tribunal, no Supremo Tribunal ou no Superior Tribunal de Justiça;

ainda, a divergência deverá estar explícita no corpo do acórdão e não na ementa, que é meramente explicativa, devendo, também, ter sido a interpretação a razão de decidir;

finalmente, para que a divergência seja considerada, é necessário que o acórdão divergente esteja comprovado por certidão ou esteja transcrito em repertório oficial ou reconhecido cuja referência deve ser expressa, transcrevendo-se os trechos conflitantes.

Por ser especial, o recurso agora tratado não terá efeito suspensivo, admitindo a extração de carta de sentença para a execução provisória. Seu efeito devolutivo será total ou parcial, dependendo da matéria impugnada e da questão que ensejou sua interposição.

O procedimento do recurso especial é o mesmo do recurso extraordinário, conforme disciplinado no art. 541 e s., ou seja, o juízo de admissibilidade é feito primeiramente pelo Presidente do tribunal recorrido, que poderá indeferi-lo se não tiver os pressupostos acima aludidos. Da decisão denegatória do Presidente cabe agravo de instrumento para o Tribunal Superior. A petição de interposição deverá conter as razões de cabimento e as razões de mérito, bem como a exposição dos fatos.

O recurso será julgado por uma das turmas do Superior Tribunal de Justiça, podendo ser indeferido de plano pelo relator se manifestamente incabível, dessa decisão cabendo agravo.Recurso Extraordinário

O recurso extraordinário ficou reservado para hipóteses de contrariedade à Constituição Federal e casos de negativa de vigência de tratado ou lei federal, por reconhecimento de sua inconstitucionalidade.

Para o recurso extraordinário valem os pressupostos preliminares ou prévios do recurso especial, salvo quanto à decisão ter sido proferida por tribunal.

O art. 102, III, da Constituição, não mais exige que a decisão recorrida, para fins de recurso extraordinário, tenha sido proferida por tribunal. Basta que tenha sido a única ou última instância, de modo que caberá o recurso no caso dos embargos infringentes da Lei n. 6.830, de 1980, bem como nas decisões irrecorríveis da Justiça do Trabalho, se presente um dos permissivos constitucionais. Nesse caso, não caberá o recurso especial, mas admite-se o recurso extraordinário diretamente ao Supremo Tribunal Federal.

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Os demais requisitos prévios são aplicáveis, ou seja, devem ser esgotados os recursos ordinários, deve haver prequestionamento, o fundamento deve ser exclusivamente de matéria de direito, a questão deve ser exclusivamente relativa à Constituição Federal e é rigorosa a exigência de regularidade procedimental.

Quanto aos pressupostos relativos aos permissivos constitucionais, são previstas três hipóteses:

a) Se a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal. "Contrariar dispositivo da Constituição" significa que a decisão deve afrontar norma constitucional expressamente apontada. A referencia genérica de ofensa a Constituição não legitima o recurso. É certo que o § 2º do art. 5º consagra o princípio de que o rol de direitos não é taxativo, guardando um grau de generalidade ou amplitude, mas, se se deseja usar esse dispositivo como ensejador do extraordinário, deve haver expressa referência a ele e também qual o princípio constitucional que ele agasalha, por exemplo, o principio federativo, o da autonomia dos poderes, o dos valores da pessoa etc. Não é admissível, ainda, a alegação de inconstitucionalidade indireta, ou seja, a inconstitucionalidade por violação do princípio da legalidade (art. 5º, II), porque teria havido violação de lei federal, estadual ou municipal. A violação da Constituição deve ser direta para permitir o recurso extremo.

b) Se a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Trata-se de um caso de negativa de vigência da lei federal, mediante a declaração de sua inconstitucionalidade, porque o tribunal ou juízo recorrido, ao afastar a aplicação de lei federal por inconstitucional, evidentemente, deixa de aplicá-la.

c) Se a decisão julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal. Ao firmar a validade de ato ou governo local contrariado em face da Constituição Federal a decisão estará afastando a aplicação da Constituição, podendo, portanto, ser inconstitucional, daí o cabimento do extraordinário.

O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e o procedimento é o mesmo do recurso especial. nos termos do art. 541 e s.

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