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Escrivão e Agente de Polícia Direito Processual Penal Prof. Rodolfo Souza

Direito Processual Penal Prof. Rodolfo Souza · 2016-12-23 · A prisão domiciliar é espécie de prisão preventiva, ... e) Flagrante Preparado: é aquele que alguém é induzido,

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Escrivão e Agente de Polícia

Direito Processual Penal

Prof. Rodolfo Souza

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Direito Processual Penal

Professor Rodolfo Souza

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Edital

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 2 Prova. 2.1 Exame do corpo de delito e perícias em geral. 2.2 Interrogatório do acusado. 2.3 Confissão. 2.4 Qualificação e oitiva do ofendido. 2.5 Testemunhas. 2.6 Reconhecimento de pessoas e coisas. 2.7 Acareação. 2.8 Documentos de prova. 2.9 Indícios. 2.10 Busca e apreensão. 3 Restrição de liberdade. 3.1 Prisão em flagrante. 3.2 Prisão preventiva. 3.3 Prisão temporária (Lei nº 7.960/1989).

BANCA: Cespe

CARGO: Escrivão e Agente de Polícia

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Direito Processual Penal

PRISÃO CAUTELAR E LIBERDADE PROVISÓRIA

1. CONCEITO DE PRISÃO

Nada mais é que a restrição à liberdade de locomoção. E se divide em duas espécies:

1.1 Prisão Pena

É aquela que decorre de uma sentença condenatória transitado em julgado. Esta pautada em um título (sentença condenatória transitada em julgado).

1.2 Prisão sem Pena

É aquela que tem cabimento antes do transitado em julgado da sentença. É também conhecida como prisão processual ou prisão cautelar. Esta por sua vez se divide em mais quatro espécies:

Obs.: as pessoas presas provisoriamente devem ficar separadas das que já estiverem definitivamente condenadas (art. 300, CPP).

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Art. 300, CPP – As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal.

Existe ainda mais 09 modalidades de medidas cautelares diferentes da prisão, dispostas no art. 319 do CPP. Que serão oportunamente estudadas.

2. FILTRO CONSTITUCIONAL

O STF consagrou o entendimento de que o princípio da presunção de inocência se estende até a sentença condenatória transitar em julgado e antes deste marco a prisão é exceção que só se justifica naquelas situações expressamente consagradas em lei.

De acordo com o artigo 283 do CPP, com redação dada pela Lei 12.403/11, “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”. O dispositivo guarda relação com o disposto no artigo 5º, LXI da CF/88, segundo o qual “LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. A partir dai, constata-se que a prisão do indivíduo apenas pode decorrer de:

• Prisão em flagrante;

• Ordem escrita da autoridade judiciaria competente, resultante de prisão preventiva ou temporária (Lei 7.960/89).

3. PRISÃO PROVISÓRIA, CAUTELAR OU SEM PENA

A prisão cautelar é aquela que ocorre antes do transito em julgado da sentença penal condenatória. Não tem por objetivo a punição do individuo, mas sim impedir que venha ele a praticar novos delitos, ou que sua conduta interfira na apuração dos fatos ou na própria aplicação da lei.

Obs.: A prisão domiciliar é espécie de prisão preventiva, mas ao invés do individua ficar em um presidio provisório ele fica em seu domicilio nos casos expressamente autorizados pela lei. (Artigos 317 e 318 CPP).

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4. PRISÃO EM FLAGRANTE

4.1. Conceito prisão em flagrante

a) Conceito Estático: é o conceito que está vinculado à origem da expressão, flagrante vem do latim “flagrare” que significa arder, queimar.

b) Conceito Dinâmico: prisão cautelar que funciona como ferramenta de preservação cautelar. Captura daquele que é surpreendido praticando um delito. Imediatidade entre crime e cárcere.

Obs.: Existem 9 (nove) modalidades de prisão em fragrante, estabelecidas na lei, na jurisprudência e na doutrina.

4.2 espécies de flagrante

a) Flagrante Próprio ou Real (art. 302, I e II, CPP):

• Prisão cometendo o delito: o infrator está praticando os atos executórios, quando é capturado.

Ex.: quem é visto efetuando disparos contra a vítima de homicídio, quem é preso ao estar apontando a arma para a vítima de roubo etc.

• Prisão ao acabar de cometer o delito: o infrator já encerrou os atos executórios, mas ainda esta no local do crime, sendo, portanto capturado.

Ex.: os policiais ouvem disparos e, ao chegar no local, encontram a vítima alvejada e o agente com a arma na mão.

Obs.: no flagrante próprio existe imediatidade entre conduta e captura.

b) Flagrante Impróprio ou Quase flagrante (art. 302, III, CPP): o infrator será perseguido, logo após praticar o crime, e se a perseguição for exitosa o infrator será capturado. Portanto nessa hipótese de flagrante o infrator é capturado fora do local onde se consumou ou ao menos deveria ter se consumado o crime.

• Conceito de perseguição: a polícia esta em perseguição quando ela vai ao encalço de alguém por informação própria ou de terceiro, de que, aquele individuo partiu em determinada direção.

• Tempo da perseguição: ao contrario do que se imagina não há prazo prefixado em lei, a perseguição se estende pelo tempo que for necessário mesmo que não exista contato visual, só não se tolera que seja interrompida.

c) Flagrante Presumido ou Ficto (art. 302, IV, CPP): o infrator é encontrado logo depois de praticar o crime, com objetos, armas ou papeis que o vincule ao delito, fazendo presumir ser ele o infrator.

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Ex.: um homem furta a bolsa de uma mulher e consegue se evadir sem ser perseguido. Uma hora depois, em outro local, policiais desconfiam do fato do agente estar em uma praça revistando uma bolsa feminina e o abordam. Verificam os documentos existentes na bolsa e entram em contato com a vítima, que reconhece o autor.

Obs.: o que diferencia o flagrante improprio do presumido é que no primeiro existe perseguição e no segundo não.

Art. 302, CPP – Considera se em flagrante delito quem:

I – está cometendo a infração penal;

II – acaba de cometê-la;

III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

a) Flagrante obrigatório ou compulsório (art. 301, CPP): é aquele que obriga as policias a prender o infrator na situação de flagrante delito.

Obs.: o descumprimento do dever, desde que por desleixo ou por interesse pessoal, pode caracterizar crime de prevaricação, sendo possível também a punição do policial na esfera administrativa.

Obs.: está obrigação é integral, o policial está obrigado a prender o infrator na situação de flagrante delito. (NUCCI)

b) Flagrante Facultativo (art. 301, CPP): é inerente a qualquer um do povo, é uma faculdade de qualquer cidadão do povo.

Art. 301, CPP – Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

c) Flagrante Forjado: ocorre quando se criam provas de um crime inexistente para se prender alguém em flagrante. É realizado para incriminar uma pessoa inocente.

Ex.: policiais em operação rotineira abordam o motorista de um carro e nada encontram no veículo. Os policiais, então, colocam vários papelotes de cocaína dentro do carro e prendem o motorista por trafico.

Consequências:

• A prisão é ilegal devendo ser imediatamente relaxada.

• O agente forjador será responsabilizado por crime de denunciação caluniosa (art. 339 CP).

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• Se o forjador for funcionário publico ele responde também por crime de abuso de autoridade

d) Flagrante Esperado: ele se caracteriza quando a polícia realiza campana (tocaia), aguardando o primeiro ato executório ser realizado, na esperança de concretizar a captura.

Obs.: vale ressaltar que como o instituto não tem previsão legal, quando se caracteriza a captura, ela se torna em flagrante próprio.

e) Flagrante Preparado: é aquele que alguém é induzido, convencido por outro a cometer uma infração penal e este, concomitantemente, toma providências para que o suposto culpado seja preso, de forma que se perceba que tais providências tornaram absolutamente impossível a consumação do delito. E segundo entendimento da sumula 145 do STF, nessas hipóteses não há crime.

Sumula 145, STF – Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

Ex.: um policial, querendo prender em flagrante um ladrão que ele conhece, se disfarça, fazendo-se passar por criminoso, entra em contato com o ladrão, dizendo que tem conhecimento de que, em certa data, grande carregamento de dinheiro será transportado. No dia dos fatos, o policial disfarçado e o ladrão abordam o carro forte; porém, em seu interior, só existem policias que, em grande numero, prendem o ladrão por tentativa de roubo, nesse caso o flagrante é nulo.

f) Flagrante Postergado/ Estratégico/ Diferido ou Ação Controlada: ele se caracteriza pela possibilidade de se postergar a captura em flagrante na esperança de realizá-la no momento mais adequado, para a colheita de provas, para a captura de maior numero de infratores e para o enquadramento no delito principal da facção criminosa.

Obs.: Ele é possível na lei nº 9.034/95 (Crime Organizado) e na lei nº 11.343/06 (Tráfico de Drogas).

Art. 2º, Lei 9.034/95 – Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas:

II – a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;

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PROCEDIMENTO DO FLAGRANTE

1ª etapa: captura – nada mais é que o imediato cerceamento da liberdade, quem foi capturado esta preso.

2ª etapa: condução coercitiva – condução coercitiva ate a presença da autoridade policial para a lavratura do auto de prisão em flagrante.

3ª etapa: formalização do flagrante – se concretiza por meio da lavratura do auto de prisão em fragrante.

4ª etapa: recolhimento à prisão – condução do infrator até a cela, por motivo da sua prisão.

SUJEITOS DO FLAGRANTE

Condutor: é aquele que leva o preso até a autoridade policial (delegado).

Conduzido: é aquele capturado em situação de flagrante.

Obs.: em regra qualquer pessoa pode ser presa em flagrante. Há entretanto, algumas exceções.

Obs.: caso a pessoa presa seja militar, será recolhida, após a lavratura do auto, a quartel da instituição a que pertence. (art. 300, paragrafo único, CPP)

Art. 300, Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes.

• Não podem ser presos em flagrante, qualquer que sejam o delito:

a) O presidente da república (art. 86, § 3º da CF/88).

b) Os diplomatas estrangeiros, desde que haja tratado assinado pelo brasil nesse sentido.

• Não podem ser presos em flagrante, por crimes afiançáveis:

a) Os deputados estaduais ou federais e senadores.

b) Os juízes e promotores de justiça (lato sensu), incluem nesse conceito os desembargadores e ministros dos tribunais além dos procuradores de republica.

c) Advogados, se o crime for cometido no desempenho de suas funções.

Autoridade: é quem vai presidir a lavratura do auto de prisão em flagrante.

Obs.: quem vai presidir a lavratura do auto é o delegado que atua no local da prisão, mas o responsável pela investigação é o delegado que atua no local onde se consumou o crime.

Obs.: é possível que o juiz presida a lavratura do auto se o crime for praticado contra ele ou na presença dele, pressupondo que esteja no exercício funcional. (art. 307, CPP).

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Art. 307, CPP – quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.

1. SEQUÊNCIA DE ATOS NO FLAGRANTE: apresentado o capturado a presença da autoridade este procederá:

a) Oitiva do Condutor: o condutor é o primeiro a ser ouvido pela autoridade, prestando suas declarações, que serão reduzidas a termo, assinando o depoimento e sendo liberado em seguida.

Obs.: o delegado entrega ao condutor o recibo atestando que o preso lhe foi apresentado e entregue.

b) Oitiva das testemunhas: ao menos duas testemunhas que presenciaram os fatos (testemunhas numerarias) são ouvidas, suas declarações são colhidas reduzidas a termo e assinadas sendo posteriormente liberadas.

Obs.: se existir apenas uma testemunha do fato o condutor funciona como segunda testemunha.

Obs.: Ausência de testemunhas numerária: o ato poderá ser lavrado, com duas testemunhas instrumentarias (não presenciam o crime, declaram apenas terem presenciado a apresentação do preso ao delegado), são chamadas também de testemunhas de apresentação.

Obs.: o policial pode ser testemunha numeraria ou instrumentária, ser policial não é fato impeditivo.

c) Oitiva do conduzido: para que o conduzido seja ouvido antes ele deve ser informado do direito de permanecer em silêncio e do direito de ser assistido (direito de ligar para alguém).

Obs.: não se faz obrigatório a presença de advogado durante a oitiva do preso (conduzido), se após avisar a família o delegado quiser pode ouvir o conduzido.

Obs.: as declarações do conduzido serão reduzidas a termo e será colhida a respectiva assinatura, se o preso não sabe ou não quer assinar, será suprida pela assinatura de duas testemunhas.

d) Desfecho do procedimento: se o delegado entende que o fato inexistiu, que a captura é ilegal, ou que o conduzido não é o responsável, ele não lavrará o auto de prisão, relaxando-a imediatamente. Caso contrário, se o ato existiu, se a captura é legal e o conduzido é o responsável o auto será lavrado e o conduzido levado ao cárcere.

2. POSTURA FINAL DO DELEGADO: ao concluir o auto de prisão em flagrante o delegado devera assumir as seguintes posturas:

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a) O delegado dispõe de 24 horas para comunicar a prisão em flagrante (contados após a captura) ao juiz competente, ao Ministério Público e a pessoa indicada pelo preso. (art. 306, CPP e art. 5º, LXII, CF/88).

b) Se preso não possui advogado, nas mesmas 24 horas deve chegar nas mãos do defensor público cópia do auto, encaminhada pelo delegado (art. 306, § 1º CPP e art. 5º, LXIII, CF/88).

c) Cabe ainda ao delegado entregar nota de culpa ao preso, contendo uma breve declaração dos fatos, dos motivos da prisão e os seus responsáveis (art. 306, § 2º CPP e art. 5º, LXIV, CF/88).

3. POSTURA FINAL DO JUIZ: ao receber o auto de prisão em flagrante o juiz deverá assumir umas das posturas a seguir (art. 310, CPP):

a) Relaxar a prisão ilegal;

b) Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes às medidas cautelares diversas da prisão;

c) Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Art. 306, CPP – A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.

§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

Art. 310, CPP – Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:

I – relaxar a prisão ilegal; ou

II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou

III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

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Art. 5º LXII, CF/88 – A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

Art. 5º, LXIII, CF/88 – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Art. 5º, LXIV, CF/88 – O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

Art. 5º, LXV, CF/88 – A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Art. 5º, LXVI, CF/88 – Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

4. CRIMES QUE COMPORTAM FLAGRANTE: A princípio o flagrante cabe a todo tipo de crime e contravenções, mas existem situações especiais que não comportam flagrante.

Obs.: o art. 236 do Código Eleitoral (Lei 4.737/65) veda a prisão do eleitor nos cincos dias que antecedem as eleições, até 48 horas após o encerramento da votação. Essa norma, entretanto, não se aplica à prisão em flagrante, por expressa disposição da lei.

Obs.: o artigo 301 do Código de Trânsito Brasileiro, (Lei 9.503/97) proíbe a prisão em flagrante do motorista que socorre a vítima de acidente de trânsito por ele provocado.

a) Crimes Permanentes: Nesta hipótese a prisão em flagrante pode ocorrer a qualquer tempo, enquanto durar a permanência, autorizando inclusive a invasão domiciliar (art. 303, CPP).

Art. 303, CPP – Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

b) Crimes de Ação Penal Condicionada ou Privada: Nos crimes de ação penal pública condicionada e de ação penal privada, cabe a prisão em flagrante, mas a lavratura do auto pressupõe manifestação de vontade do legítimo interessado.

c) Infrações de Menor Potencial Ofensivo: Nos crimes com pena máxima de até dois anos e em todas as contravenções penais, o auto de prisão em flagrante será substituído pelo TCO, desde que o agente se comprometa a comparecer ao juizado, caso contrário o auto será lavrado e o indivíduo recolhido ao xadrez.

d) Porte de Drogas para o Consumo Próprio: Em se tratando de crime de porte de drogas para o consumo próprio (art. 28 da lei nº 11.343/06) o auto será substituído pelo TCO, mesmo que o preso não assuma o compromisso de comparecer ao juizado ele será liberado.

e) Crime Habitual: Aqueles crimes que exigem reiteração de condutas para sua consumação (habitual), pela dificuldade de constatarmos a habitualidade no momento da captura, prevalece o entendimento de que não cabe flagrante.

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PRISÃO PREVENTIVA

1. CONCEITO PRISÃO PREVENTIVA

É a medida cautelar de constrição pessoal, cabível durante toda a persecução penal (inquérito ou processo), declarada pelo juiz (ex-oficio) ou por provocação do MP, Delegado ou Querelante, sem prazo definido em lei, bastando estar presentes os requisitos estabelecidos nos artigos 312 e 313 do CPP.

2. PRESSUPOSTOS DA PRISÃO PREVENTIVA (ART. 312 CPP)

a) “Fumus Commissi Delicti”: fumaça da prática do crime, indícios de autoria e provas da materialidade do crime.

b) “Periculum Libertatis”: perigo da liberdade, quando a liberdade do infrator for considerada um perigo para a persecução penal.

3. HIPÓTESES DA DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA (ART. 312 CPP)

a) “garantia da ordem pública”: o objetivo é evitar a pratica de novos delitos, quando provavelmente se puder concluir que o agente continuará a delinquir.

b) “garantia da ondem econômica”: o objetivo da preventiva é evitar a pratica de novos crimes contra a ordem econômica.

c) “garantia da instrução criminal”: quando a preventiva é decretada para preservar a livre produção de prova. Quando o suspeito esta tentando influenciar na produção de provas, ameaçando testemunhas, perito, etc.

d) “garantia da aplicação da lei penal”: é decretada com o objetivo de evitar a ocorrência de fuga. A fuga não se presume faz-se necessário prova.

Art. 312, CPP – A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

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4. DELITOS QUE ADMITEM PREVENTIVA

a) REGRA:

• Só cabe decretação da prisão preventiva em crime doloso punido com pena superior a 4 anos, em nenhuma hipótese cabe preventiva em crime culposo ou em contravenções. (Art. 313, I, CPP).

b) EXCEÇÕES:

• Reincidente em crime doloso: Se o infrator tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado. (Art. 313, II, CPP)

• Violência domestica ou familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência: Havendo descumprimento de uma medida protetiva de urgência, caberá a decretação da preventiva (Art. 313, III, CPP).

• Não identificado civilmente: Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Art. 313 § único)

Obs.: a prisão preventiva, entretanto, não pode, em nenhuma situação ser decretada, se a infração cometida não for cominada pena privativa de liberdade isolada, cumulativamente ou alternativamente.

Art. 313, CPP – Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:

I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;

II – se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal;

III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;

Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

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5. FUNDAMENTAÇÃO DO MANDADO DE PRISÃO PREVENTIVA

A decretação da prisão preventiva é decisão interlocutória, devendo ser fundamentada. De acordo com o Art. 5º LXI, art. 93, IX, CF/88 e o art. 315 do CPP, a ordem judicial deve ser obrigatoriamente motivada, a mera repetição de texto de lei não preenche a exigência de motivação e segundo o STJ a prisão será ilegal.

Art. 315, CPP – A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada.

Art. 5º, LXI, CF/88 – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Art. 93, IX, CF/88 – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Obs.: é vedada a decretação da preventiva se o juiz verificar, pelas provas constantes nos autos, que o agente praticou o ato sob o manto de uma das excludentes de ilicitude (legitima defesa, exercício regular de um direito, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal).

Obs.: a apresentação espontânea do acusado embora impeça a prisão em flagrante, não impede a decretação da prisão preventiva se presentes seus requisitos legais.

6. TEMPO DA PREVENTIVA

Não há prazo pré-definido em lei para a duração da preventiva, ela se estende no tempo, enquanto houver necessidade, que é dosada pela presença dos requisitos legais que a justificaram, se eventualmente os requisitos desaparecerem a preventiva será revogada, nada impede que ela seja redecretada se seus fundamentos reaparecerem (art. 316 CPP).

Art. 316, CPP – O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

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PRISÃO PREVENTIVA DOMICILIAR

1. CONCEITO DE PRISÃO DOMICILIAR

Referida modalidade de prisão preventiva é inovação trazida pela Lei 12.403/11. Estabelece, assim a nova redação do art. 317 do Código de Processo Penal que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou réu em sua residência nas seguintes hipóteses (art. 318, CPP):

a) Maior de 80 (oitenta) anos;

b) Extremamente debilitado por motivo de doença grave;

c) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;

d) Gestante;

e) Mulher com filho até 12 anos de idade incompletos;

f) Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho até 12 anos de idade incompletos;

Obs.: para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos.

Obs.: como o texto legal se refere à prisão do agente em sua própria residência, aqueles que não possuem residência não poderão auferir dessa modalidade de prisão (moradores de rua, por exemplo).

PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7.960/89)

1. CONCEITO DE PRISÃO TEMPORÁRIA

É a prisão cautelar cabível apenas ao longo do inquérito policial, decretada pelo juiz a requerimento do delegado ou do promotor, não podendo ser decretada de oficio pelo juiz nem requisitada pelo querelante.

Obs.: Ela é decretada com prazo pré-estabelecido em lei uma vez presente os requisitos do art. 1º da lei 7960/89.

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2. HIPÓTESES DA PRISÃO TEMPORÁRIA

a) Imprescindível para as investigações criminais (art. 1º, I, lei 7.960/89).

b) Se o infrator não possui residência fixa ou não possuí identificação civil (art. 1º, II, lei 7.960/89).

c) Indícios de autoria ou participação em um dos crimes graves indicados no art. 1º, III, lei 7.960/89.

3. CONJUGAÇÃO DE INCISOS

A prisão temporária só pode ser decretada nas hipóteses dos crimes do inciso III, conjugado com as hipóteses dos incisos I ou II.

Obs.: todos os crimes hediondos comportam prisão temporária.

4. PROCEDIMENTO DA TEMPORÁRIA

1º passo: requerimento do MP ou do Delegado.

2º passo: após o recebimento do requerimento o juiz dispõe de 24 horas para deliberar, mas deve ouvir o MP.

Obs.: Se o juiz esta diante de requerimento do MP não faz necessário ouvi-lo.

5. PRAZO DA TEMPORÁRIA

a) Crime comum: 5 dias prorrogáveis uma vez, por mais 5 dias com a autorização do juiz.

b) Crime hediondo ou equiparado: 30 dias prorrogáveis por mais 30 com autorização do juiz.

Obs.: se o prazo da temporária se esgotar, o preso deve ser imediatamente colocado em liberdade, se acaso isso não ocorra, o agente responsável pelo excesso de prazo responde por crime de abuso de autoridade (Lei 4.898/61).

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Lei nº 7.960/89Art. 1º Caberá prisão temporária:

I – quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (artigo 121, caput, e seu § 2º);

b) sequestro ou cárcere privado (artigo 148, caput, e seus §§ 1º e 2º);

c) roubo (artigo 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);

d) extorsão (artigo 158, caput, e seus §§ 1 e 2º);

e) extorsão mediante sequestro (artigo 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);

f) estupro (artigo 213, caput, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo único);

g) atentado violento ao pudor (artigo 214, caput, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo único);

h) rapto violento (artigo 219, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo único);

i) epidemia com resultado de morte (artigo 267, § 1º);

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (artigo 270, caput, combinado com o artigo 285);

l) quadrilha ou bando (artigo 288), todos do Código Penal;

m) genocídio (artigos 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas;

n) tráfico de drogas

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo

Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de cinco dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

§ 1º Na hipótese de representação da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.

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§ 2º O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de vinte e quatro horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.

§ 3º O juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.

§ 4º Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.

§ 5º A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.

§ 6º Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no artigo 5º da Constituição Federal.

§ 7º Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.

Art. 3º Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.

Art. 4º O artigo 4º da Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:

Art. 5º Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão permanente de 24 (vinte e quatro) horas do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

1. CONCEITO DE LIBERDADE PROVISÓRIA: É a contra cautela, destinada ao combate da prisão em flagrante legal, permitindo que o agente enfrente a persecução penal em liberdade, evitando assim as mazelas do cárcere. É gênero que se divide em duas espécies:

a) Liberdade provisória com fiança:

b) Liberdade provisória sem fiança:

2. OBRIGAÇÕES DA LIBERDADE PROVISÓRIA: quem usufrui da liberdade provisória, tem a obrigação de comparecimento a todos os atos do inquérito, e a todos os atos do processo, para os quais exista convocação. Em caso de descumprimento injustificado das obrigações impostas, o agente poderá:

• Se prestar fiança a perderá.

• Se não prestou poderá ser recolhido à prisão.

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3. CRIMES INAFIANÇÁVEIS: a Constituição Federal, o Código de Processo Penal e algumas leis especiais vedam expressamente a possibilidade de concessão de fiança aos indiciados ou acusados a quem se atribui a pratica dos seguintes crimes:

a) Racismo; (art. 5º, XLII, da CF/88 e art. 323, I, CPP).

b) Crimes hediondos ou equiparados; (art. 5º, XLIII, da CF/88, art. 323, II, CPP e art. 2º, II da Lei 8.072/90).

c) Delitos ligados a grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. (art. 5º, XLIV, da CF/88 e art. 323, III, CPP).

Art. 323, CPP – Não será concedida fiança:

I – nos crimes de racismo; (Lei nº 7.716, de 5-1-1989, Lei do Racismo).

II – nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Lei nº 8.072, de 25-7-1990, Lei dos Crimes Hediondos).

III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Art. 5º, XLII, CF/88 – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Art. 5º, XLIII, CF/88 – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Art. 5º, XLIII, CF/88 – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

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4. POSSIBILIDADE DE O DELEGADO ARBITRAR FIANÇA: nos termos do artigo 322 do Código de Processo Penal, autoridade policial poderá arbitrar fiança naqueles crimes em que a pena prevista não ultrapassem a 4 anos.

Obs.: nos demais caso, a fiança será requerida ao juiz que decidirá no prazo de 48 horas.

Art. 322, CPP – A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

USO DE ALGEMAS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Por ausência de lei federal disciplinando a matéria o STF editou a sumula vinculante nº 11, para reger a utilização das algemas no Brasil.

2. CABIMENTO

a) Hipótese: risco de fuga, a fuga não se presume exigindo a devida fundamentação.

b) Hipótese: possibilidade de resistência, que se caracteriza pelo emprego de violência ou de ameaça, para que a prisão não se concretize.

c) Hipótese: pelo risco há integridade física dos envolvidos (capturado, executores e terceiros).

3. CONSEQUÊNCIAS DO ARBÍTRIO

a) A prisão será ilegal;

b) Haverá nulidade do ato praticado com a utilização irregular das algemas;

c) Haverá responsabilidade de quem utilizou de forma irregular a algema, sendo responsabilizado na esfera civil, administrativa e na esfera criminal (crime de abuso de autoridade).

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TEORIA GERAL DA PROVA

1. CONCEITO DE PROVA

Provar significa demonstrar, no processo, a existência ou inexistência de um fato, a falsidade ou a verdade de uma afirmação.

Prova é, portanto, aquilo que permite estabelecer a verdade de um fato ou circunstância, ou seja, aquilo que autoriza a afirmar ou negar determinada proposição.

Obs.: o objetivo da prova é formar a convicção do juiz sobre elementos necessários para a decisão da causa.

2. OBJETO DA PROVA

Busca-se com o processo a reconstrução histórica do fato tido como criminoso. São objetos de prova, pois, todos aqueles fatos, acontecimentos, coisas e circunstâncias relevantes e úteis para formar a convicção do julgador acerca do ocorrido, para que possa dar solução à lide penal.

3. DISPENSA PROBATÓRIA

Em determinadas situações existe a dispensa probatória, não sendo preciso provar.

a) Fatos inúteis para o desfecho da causa: são aqueles que não possuem nenhuma relevância na decisão da causa, dispensando, inclusive, a análise pelo julgador.

Ex.: opção sexual do acusado de furto.

b) Fatos notórios, ou seja, verdade sabida: assim considerados os que fazem parte do patrimônio cultural. Por isso mesmo, aqui se aplica o principio “notorium non eget probatione” – o que é notório dispensa prova.

Ex.: faz-se desnecessário provar que o maracanã fica no Rio de Janeiro.

c) Fatos axiomáticos ou intuitivos: são fatos evidentes, as verdades axiomáticas do mundo do conhecimento.

Ex.: não é necessário provar que fogo queima, nem tão pouco que cocaína causa a dependência.

d) Fatos em relação aos quais existe presunção legal: são juízos de certeza que decorrem da lei.

Ex.: inimputabilidade do menor de 18 anos (presunção absoluta).

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O direito em regra, não precisa ser provado, uma vez que se presume estar o juiz instruído sobre ele (jura novit curia). Há exceções no tocante a tal regra, devendo ser objeto de prova:

• As leis estaduais e municipais;

• Os regulamentos e portarias;

• Os costumes;

• A legislação estrangeira;

E quanto aos fatos incontroversos? Consideram-se incontroversos os fatos admitidos ou aceitos pela parte. Estes ao contrário do que ocorre no direito civil precisam ser provados, uma vez que no processo penal vigora o principio da verdade real, não podendo o juiz tomar como verdadeiros os fatos apenas porque as partes admitiram.

Ex.: a simples confissão do réu ou a ausência de impugnação especificada acerca de uma alegação da acusação não isentam o autor da ação penal de produzir prova do fato (artigo 197, CPP).

Art. 197, CPP – O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.

4. DESTINATÁRIOS DA PROVA

Pessoas para as quais as provas se destinam:

a) Imediato – o juiz é o destinatário imediato, pois as provas servem para convencê-lo no julgamento.

b) Mediato – as partes são destinatários mediatos, pois elas também vão se convencer.

5. PRINCÍPIOS GERAIS

Princípio do contraditório: significa que toda prova realizada por uma das partes admite a produção de uma contraprova pela outra.

Princípio da comunhão: uma vez trazidas aos autos, as provas não mais pertencem à parte que as acostou, mas sim ao processo, podendo desse modo, ser utilizadas por quaisquer dos intervenientes, seja o juiz, sejam as demais partes.

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Princípio da oralidade: tanto quanto possível as provas dever ser realizadas oralmente na presença do juiz. Isto existe para que, nos momentos relevantes do processo, predomine a palavra falada, possibilitando-se ao magistrado participar dos atos de obtenção da prova.

Principio da publicidade: considerando a importância das questões ligadas ao processo penal, nada mais correto do que sejam elas tratadas publicamente. Visa-se aqui, a garantir ao cidadão comum acesso e confiança no sistema de administração da justiça.

Princípio da autorresponsabilidade das partes: as partes assumirão as consequências de sua inatividade, erro ou negligencia relativamente a prova de suas alegações.

6. MEIOS DE PROVA

São ferramentas utilizadas para prospectar a prova e levá-la ao conhecimento do julgador, classificando-se em:

a) Provas Nominadas: são aquelas cujos meios de produção estão previstos em lei (art. 158 a 250 do CPP).

Ex.: busca e apreensão, exame de corpo de delito, etc.

b) Provas Inominadas: são aquelas cujos meios de produção não estão previstos em lei.

Ex.: escuta ambiental.

Obs.: em decorrência do princípio da liberdade na produção de provas, do qual se admite toda prova desde que lícita, é possível a utilização das provas inominadas, não existindo qualquer hierarquia entre as provas, todas tem o mesmo peso para a lei.

7. PROVAS ILEGAIS (ILÍCITAS)

Em respeito ao principio da liberdade na produção de provas, são admitidos qualquer prova lícita. A busca pela verdade real, no entanto, não confere aos agentes policiais, às partes ou ao juiz a faculdade de violar normas legais para a obtenção da prova.

A vedação da prova ilícita (ilegais), isto é, daquelas provas obtidas com violação a normas constitucionais ou legais, encontra previsão expressa na Constituição e no Código de Processo Penal.

Pelo principio da verdade real, deve o juiz criminal, buscar na audiência, reconstruir o que realmente ocorreu não se conformando com meras especulações de verdade e podendo até mesmo de oficio determinar a produção de provas.

Art. 157, CPP – São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

Art. 5º, LVI, CF/88 – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

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A doutrina costuma diferenciar duas espécies de provas ilegais:

a) Provas ilícitas (em sentido estrito) – são aquelas para cuja obtenção há violação de norma de direito material.

Ex.: as provas obtidas com violação do domicílio (art. 5º, XI, CF/88), das comunicações (art. 5º, XII, CF/88), mediante tortura etc.

b) Provas ilegítimas – são aquelas obtidas ou introduzidas com violação de regras de direito processual.

Ex.: perícia realizada por apenas um perito não oficial.

8. PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO

Com o advento da lei 11.690/08, a lei processual passou a prever expressamente a inadmissibilidade da prova ilícita por derivação, em consonância com entendimento jurisprudencial que já havia solidificado (art. 157 § 1º, CPP).

Art. 157, CPP – São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

Constata-se, pois, que o Código de Processo Penal, a partir da edição da referida lei perfilhou-se à teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of poisonous tree), segundo a qual a prova em si mesma licita, mas obtida por intermédio d ação ilícita, deve também ser considerada ilícita.

Ex.: apreensão de maconha em veiculo abordado por policiais (prova em principio licita), porem decorrente de informação acerca do transporte da substancia obtida por meio de interceptação telefônica ilegal.

Deve o juiz diante da contradição entre bens jurídicos tutelados constitucionalmente dar prevalência ao bem jurídico de maior importância, em respeito ao principio da proporcionalidade. Portanto entre a formalidade na produção de provas e o status libertais do réu, este ultimo deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para absolve-lo.

Obs.: se a prova provier de fonte independente, como tal considerada, aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao foto objeto da prova (art. 157, § 2º, CPP), não ocorrerá contaminação.

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9. ÔNUS DA PROVA

É a incumbência conferida as partes de demonstrar aquilo que alegaram ao longo do processo (Art. 156, CPP).

Obs.: a condenação só será possível se o MP demonstrar a autoria, a materialidade, o dolo ou a culpa. Assim como defesa deve provar as excludentes de ilicitude, culpabilidade e as causa extintivas de punibilidade, caso alegue.

Obs.: pode o juiz ordenar de oficio a produção de provas.

Art. 156, CPP – A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de Ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;

II – determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

10. FASES DO PROCEDIMENTO PROBATÓRIO

São aquelas etapas que compõem o procedimento de produção de provas no processo penal. Dividem-se em:

a) Propositura da prova: a acusação vai propor a prova na queixa-crime ou denuncia, já defesa vai propor a prova na resposta escrita à acusação.

b) Admissão da prova: cabe ao juiz admitir a prova, para que ela seja produzida ou para que ela seja inserida.

c) Produção da prova: na audiência de instrução e julgamento, sendo levada ao contraditório.

d) Valoração da prova: todas as provas devem ser valoradas na sentença.

11. SISTEMA DE VALORAÇÃO DA PROVA

Podem-se classificar, historicamente, os sistemas de apreciação da prova em quatro grupos:

a) Sistema das provas irracionais: adotado na antiguidade. A decisão acerca da verdade dos fatos era entregue a um ser sobrenatural.

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Ex.: submissão do acusado à prova de ferro em brasa, manter os braços estendidos perdendo a questão quem primeiro deixasse o braço cair.

b) Sistema legal (tarifado): a lei atribui a cada prova um valor não podendo o juiz desvincular-se de tais parâmetros.

Ex.: adotada pelo CPP no art. 155 parágrafo único, estabelecendo que a prova de estado civil das pessoas, no âmbito penal, exige idênticas restrições às estabelecidas na lei civil.

c) Sistema da intima convicção: a lei atribui ao magistrado liberdade plena para a avaliação das provas (valoração secundum conscientiam), não necessitando de motivação.

Ex.: vigora no Brasil, nas decisões do tribunal do júri.

Art. 5º, XXXVIII, CF/88 – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

d) Sistema do livre convencimento: sistema consagrado pelos modernos ordenamentos é adotado como regra pelo Código de Processo Penal no artigo 155. Na analise das provas existentes o juiz forma sua convicção, motivando sua decisão.

Embora o sistema do livre convencimento seja a regra (art. 155, 1ª parte), existe a impossibilidade de o magistrado fundamentar sua decisão nos elementos de informação colhidos na fase investigatória, menos no que se refere às provas cautelares, não repetíveis, e antecipadas (art. 155, 2ª parte).

Art. 155, CPP – O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

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PROVAS EM ESPÉCIES

1. DAS PERICIAS E DO EXAME DE CORPO DE DELITO

1.1 Conceito

É o exame realizado por pessoa com conhecimentos específicos sobre a matéria técnica útil para o deslinde da causa. Pode ter por objeto, escritos, cadáveres, pessoa lesionadas, instrumentos do crime etc.

1.2 Laudo pericial

É o documento elaborado pelo perito com base naquilo que por ele foi observado.

1.3 Realização da perícia

Pode ocorrer na fase do inquérito ou na fase do processo, por determinação da autoridade policial (art. 6º, VII, do CPP) ou do juiz (de oficio ou a requerimento das partes) a qualquer hora do dia, podendo inclusive ser realizada aos finais de semanas e feriados.

A perícia deve ser realizada por um perito oficial portador de diploma de curso superior (art. 159 do CPP). Na falta de perito oficial, devera a autoridade nomear duas pessoas idôneas (peritos não oficiais) e com formação superior na área especifica, que prestarão o compromisso (art. 159, § 1º e § 2º, CPP).

A lei autoriza as partes elegerem assistente técnico, profissional qualificado na área objeto da perícia e que prestará assessoria à parte, atuara somente após a autorização do juiz e depois da conclusão dos exames e da elaboração do laudo pericial (art. 159 § 6º, CPP).

Art. 159, CPP – O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.

§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.

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§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.

§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a con-clusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.

§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conheci-mento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.

1.4 Vinculação do juiz ao laudo

O Brasil adotou o sistema liberatório, segundo o qual o juiz, fundamentadamente, poderá rejeitar, no todo ou em parte, as conclusões do perito. O laudo não vincula também os jurados.

1.5 Corpo de delito

É o conjunto de elementos sensíveis (vestígios) deixados pelo crime.

Ex.: corpo da vítima de homicídio, a arma utilizada no roubo, a porta arrombada no furto etc.

1.6 Exame de corpo de delito

É a atividade voltada para a captação desses vestígios e posterior elaboração de documento (laudo) que registre a existência dos vestígios. Divide-se em:

a) Direto: realizado sobre os vestígios deixados pela infração.

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b) Indireto: realizado sobre dados e vestígios paralelos como a ficha medica, ou testemunhas da infração.

Nos termos do artigo 158 do CPP, é obrigatória a realização do exame de corpo de delito direto ou indireto nas infrações que deixam vestígios.

Art. 158, CPP – quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

O artigo 167 do CPP, uma vez inviabilizado a realização do exame pelo desaparecimento dos vestígios, a prova testemunha poderá supri-la, desde que o estado não tenha dado causa o perecimento dos vestígios.

Art. 167, CPP – não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

1.7 Exame de corpo de delito complementar

A pericia que vai atestar a lesão corporal pode merecer complementação em duas circunstancias distintas.

a) Para atestar a real gravidade da lesão em razão da alteração do estado de saúde da vitima.

b) Nos crimes de lesão grave por impossibilidade do desempenho das ocupações habituais por mais de 30 dias, será realizado exame complementar trinta dias após a ocorrência do crime para que o delito não seja desclassificado (art. 129, § 1º, I, CP c.c Art. 168, § 2, CPP).

Art. 129, CP – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena – detenção, de três meses a um ano.

§ 1º Se resulta:

I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

Art. 168, CPP – Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

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§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.

§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.

§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

2. BUSCA E APREENSÃO

2.1 Conceito de Busca

Buscar significa procurar, encontrar tratar de descobrir.

2.2 Conceito de Apreensão

Apreender por outro lado, é o mesmo que se apropriar, segurar, pegar.

Art. 240, CPP – A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

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g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

Busca e apreensão é, portanto, a providência destinada a encontrar e conservar pessoas ou bens que interessem ao processo criminal. Tal diligencia pode, por vezes, não redundar em apreensão.

2.3 Oportunidade

A diligência de busca e apreensão pode ser realizada a qualquer tempo, antes ou durante o inquérito ou durante a fase processual.

2.4 Busca domiciliar

É realizada no domicilio da pessoa.

a) Horário para realizar a busca:

Durante o dia: a casa pode ser penetrada por qualquer motivo.

Durante a noite: a casa pode ser penetrada em flagrante, desastre, socorro, consentimento exceto com mandado judicial.

Art. 5º, XI CF/88 – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Art. 245, CPP – As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

§ 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.

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§ 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.

§ 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.

§ 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.

§ 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.

§ 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.

b) Clausula de reserva jurisdicional: somente o poder judiciário pode autorizar a realização da busca e apreensão domiciliar (expedição do mandado).

c) Mandado genérico: é aquele que não especifica de forma concreta o local onde a diligência será cumprida ou o objeto que esta procurando, dando margem a ilicitude da diligência. Sendo, portanto ilegal.

Obs.: Requisitos formais do mandado: estão concentrados no art. 243 do CPP.

Art. 243, CPP – O mandado de busca deverá:

I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

II – mencionar o motivo e os fins da diligência;

III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

2.5 Busca e Apreensão Pessoal

É a diligência realizada no próprio individuo, o que vai abranger a sua esfera imediata de domínio.

Ex.: mochila, malas, roupas, veiculo.

a) Requisito formal: faz-se necessária ordem judicial motivada para a realização da busca e apreensão pessoal.

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b) Dispensa da Ordem Judicial Motivada: (art. 244, CPP)

• Efetivação da prisão: quem for preso será revistado.

• Cumprimento da busca domiciliar: sempre que se esta realizando uma busca domiciliar, todas as pessoas presentes na casa sofrerão busca pessoal.

• Havendo fundada suspeita: de que o individuo esteja com armas ou com objetos que integram o corpo de delito.

Art. 244, CPP – A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

c) Busca Pessoal em Mulher: É perfeitamente possível, sendo feita preferencialmente realizada por outra mulher, se não for possível será feita por um homem.

Art. 249, CPP – A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.

d) Medidas preventivas: As revistas em aeroportos, estádios e casas de show tem caráter preventivo e são amparadas pelo principio da proporcionalidade, sendo que, quem não quer submeter ao constrangimento deve evitar a respectiva contratação do serviço.

3. CONFISSÃO

3.1 Conceito

É a declaração por parte do acusado da verdade dos fatos criminosos cuja prática a ele se imputa.

3.2 Momento da confissão

Via de regra ocorre no interrogatório judicial. Pode, porém, dar-se em outra faze, caso em que será tomada a termo.

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3.3 Efeitos

Como elemento de prova que é deve ser apreciada como critério da persuasão racional do juiz, isto é, deve ser confrontada com o restante da prova, porquanto, apesar de seu significativo valor, não constitui prova absoluta.

3.4 Características

São características da confissão.

a) Ato personalíssimo.

b) Deve ser livre e espontânea para que haja validade.

c) O confidente pode retratar-se.

d) Divisibilidade, o réu pode assumir a autoria de parte da infração ou parte dos crimes.