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DIREITO PROCESSUAL PENAL HABEAS CORPUS

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

HABEAS CORPUS

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SUMÁRIO

1. CONCEITO...................................................................................................................................................3

1.1. Origem....................................................................................................................................................3

2. NATUREZA JURÍDICA...................................................................................................................................5

3. LEGITIMIDADE............................................................................................................................................5

3.1. Legitimidade ativa....................................................................................................................................5

3.2. Legitimidade passiva................................................................................................................................9

3.3. Paciente.................................................................................................................................................10

4. MODALIDADES..........................................................................................................................................10

5. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO..........................................................................................................12

6. CABIMENTO DO HC...................................................................................................................................16

7. HIPÓTESES EM QUE CABE O HC.................................................................................................................19

8. HIPÓTESES EM QUE NÃO CABE O HC.........................................................................................................20

7. LEITURA DO HC NA VISÃO DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO...............................................................................23

7.1. Legitimidade..........................................................................................................................................23

7.2. Interesse de agir.....................................................................................................................................23

7.3. Possibilidade jurídica.............................................................................................................................24

8. SISTEMA RECURSAL DO HC........................................................................................................................24

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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ATUALIZADO EM 07/11/20181

HABEAS CORPUSi

1. CONCEITO

É a ferramenta constitucionalmente assegurada (art. 5º, LXVIII) que almeja a tutela do direito líquido e certo de

locomoção, próprio ou alheio, contra a ilegalidade ou abuso de poder, garantindo assim a nossa prerrogativa de

ir, vir ou ficar.

Obs.1: a doutrina brasileira do HC, capitaneada por Rui Barbosa, foi superada em 1926 e admitia que o HC

tutelasse outros direitos, que atualmente são acobertados pelo MS.

Requisitos:

Violência – vis corporalis – física ou material OU

Coação – vis compulsiva - ameaça, medo ou intimidação E

Obs.: a ameaça à liberdade deve ser objetiva, iminente e plausível. STJ – não cabe em face de ato

normativo em tese.

Ilegalidade OU

Abuso de poder

Obs.2: Tratamento infraconstitucional – Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar

na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição

disciplinar.

1.1. Origem

Os doutrinadores não são unânimes quanto à origem do habeas corpus. Afirmam alguns que este tem suas bases

no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia postular, exigir a exibição do homem livre que havia sido detido

ilegalmente. Entretanto, parece-nos que a origem mais provável do habeas corpus tenha sido de fato na

Inglaterra, mais especificamente no ano de 1215, com a Magna Charta Libertatum .

1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo ([email protected]) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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Em 1679, no reinado de Carlos II, surge o Habeas Corpus Act , consagrando-se o writ of habeas corpus, como

remédio eficaz para a soltura de pessoa ilegalmente presa ou detida.

As leis inglesas, desde a Magna Carta até o Habeas Corpus Act, serviram de base à Constituição dos Estados

Unidos da América, em 1778, que no seu artigo I, seção 9, referiu-se ao habeas corpus.

Em 1789, foi incluído na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Atualmente, o instituto está difundido em quase todas as legislações do Mundo.

O habeas corpus no Brasil

Nascido na Inglaterra e propagado aos demais países civilizados, o habeas corpus foi introduzido em nosso país

com a vinda de D. João VI, quando foi expedido o Decreto de 23 de maio de 1821.

A Constituição de 1824 trazia implicitamente o instituto do habeas corpus ao estabelecer que ninguém seria

preso sem culpa formada. Porém, já no Código de Processo Criminal de 1932 esse writ aparece expressamente.

Com a Carta republicana de 1891, o instituto do habeas corpus é citado expressamente pela primeira vez em um

texto constitucional, no artigo 72, parágrafo 22, que assim dispunha: “Dar-se-á o habeas corpus sempre que o

indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência, ou coação, por ilegalidade, ou abuso de

poder”.

Foi então que surgiu uma famosa polêmica entre dois brilhantes juristas brasileiros: Pedro Lessa e Ruy Barbosa. O

primeiro defendia que o habeas corpus limitava-se a sanar violação ao direito de ir e vir, enquanto que Ruy

Barbosa defendia que o texto constitucional não restringia a concessão de writ, estendendo este para casos de

natureza não-penal e para a proteção de qualquer direito que tivesse como pressuposto de exercício a liberdade

de locomoção. A posição de Ruy Barbosa foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, que passou a entender que

o habeas corpus não deveria limitar-se apenas a impedir a prisão injusta e a garantir a livre locomoção, podendo

resguardar a violação de qualquer outro direito (havendo decisões acolhendo o habeas corpus até para conceder

reintegração de funcionário ao serviço público).

Entretanto, em 1926 houve uma reforma constitucional que restabeleceu a finalidade clássica (defendida por

Pedro Lessa) do habeas corpus de tutelar somente a liberdade de locomoção.

Com a Constituição de 1934, foi novamente previsto o habeas corpus e introduzido o mandado de segurança ,

encerrando definitivamente a polêmica.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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As Constituições de 1937, 1946 e 1967 continuaram assegurando o habeas corpus.

Com o Ato Institucional n. 5/68, o habeas corpus sofreu restrições, pois ficou suspensa sua garantia nos casos de

crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Tal suspensão

perdurou até 31 de dezembro de 1978, quando, então, foi restaurada a amplitude desse remédio constitucional.

2. NATUREZA JURÍDICA

O CPP enquadra o HC como um recurso, não devendo ser seguido. Lembre que o CPP é de 1942.

A doutrina majoritária (Ada Pelegrini) e a jurisprudência (STF e STJ) discordam. O HC deve ser visto como uma

ação autônoma de impugnação, estabelecendo uma nova relação processual e podendo ser utilizada na fase

investigativa e até mesmo durante a execução penal. Pode, inclusive, ser impetrado no IP ou mesmo após ter sido

encerrado o processo.

3. LEGITIMIDADE

3.1. Legitimidade ativa

É albergada a qualquer pessoa. Percebe-se que o HC é uma ação penal popular não condenatória. Só não se

admite no Brasil HC apócrifo. Nada impede que o menor, o inimputável por doença mental, a pessoa jurídica e o

analfabeto impetrem HC.

STF - a ausência de necessidade de capacidade postulatória abrange também os recursos decorrentes da

interposição do HC. - ATENÇÃO: há divergência - DP - defender a (in)dispensabilidade de capacidade postulatória

para recurso ordinário em HC.

A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. Essa mesma pessoa poderá

ingressar com recurso contra decisão? Para se interpor o recurso contra decisão denegatória de HC, a

capacidade postulatória também é dispensada?

. 1ª turma do STF: SIM;

. 2ª turma do STF e STJ: NÃO.

STF. 1ª Turma. HC 102836 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 08/11/2011.

STF. 2ª Turma. RHC 121722/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/05/2014.

STJ. 5ª Turma. AgRg no Ag 1431146/RO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/11/2013.

STJ. 6ª Turma. RHC 42.925/ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/05/2014.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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CAPACIDADE!!

INF/STF 747 – Julho 2014

#OUSESABER #DEOLHONAQUESTÃO #PERGUNTACOMCARADEPROVA

ADMITE-SE HC APÓCRIFO?

Não há qualquer previsão constitucional e/ou legal quanto à legitimidade ativa para impetração de tal remédio

constitucional.

Dessa forma, qualquer pessoa pode impetrar o mesmo - seja ela nacional ou estrangeira, com residência ou em

trânsito no país, independentemente de sua capacidade civil ou mental, em benefício próprio ou de terceiro.

Inclusive, o próprio MP pode adentrar com tal instrumento.

ATENÇÃO: No entanto, não se admite o HC apócrifo, sem assinatura - Nesse sentido, jurisprudência do

STJ:

HABEAS CORPUS PREVENTIVO. PROGRESSÃO DE REGIME DEFERIDA. PRETENSÃO DE OBSTAR A INTERPOSIÇÃO DE

AGRAVO EM EXECUÇÃO PELO MPF. PETIÇÃO SEM ASSINATURA. WRIT NÃO CONHECIDO.

1. A exordial do mandamus não atende aos requisitos do art. 654, § 1º, alínea "c" do Código de Processo Penal,

uma vez que não foidevidamente assinada pelo impetrante.

2. Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte, embora o Habeas Corpus possa ser impetrado por

qualquer pessoa, independentemente da assistência de Advogado, a ausência da assinatura na petição inicial,

por si só, inviabiliza o conhecimentoda impetração. Precedentes.

3. Parecer ministerial pelo não conhecimento da ordem.

4. Writ não conhecido.

(STJ – HC 85565 / SP – Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO – T5 – DJ 03/12/2007 p. 346).

Obs.: Obrigatoriamente em português.

Obs.: o HC exige capacidade processual – VERDADEIRO. Pegadinha. O cachorro não pode impetrar HC.

Capacidade processual é a capacidade de ser parte e se confunde com personalidade jurídica. Não confundir com

capacidade postulatória.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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Atente-se, porém, que “embora o réu tenha capacidade para formular pedido de habeas corpus, não é de se

reconhecer a ele capacidade postulatória para impetrar ação de reclamação (RISTF, art. 156) para garantir a

autoridade da decisão concessiva de habeas corpus que não estaria sendo cumprida pelo tribunal apontado

coator, uma vez tratar-se de atividade privativa de advogado” (STF).

Situações especiais

1. Pessoa jurídica

Pessoa jurídica: pode ser impetrante, mas não pode ser paciente de HC. Recentemente, o STF decidiu que não

cabe HC para trancar ação penal proposta contra pessoa jurídica, ainda que em crimes ambientais, justamente

pelo fato de que a pessoa jurídica não pode ser afetada em sua liberdade de locomoção.

*#OUSESABER: #FALAPROFESSOR: O HC pode ser impetrado por pessoa jurídica. É chamada de habeas corpus a medida que visa proteger o direito do ser humano de ir e vir ou ainda que é capaz de cessar a violência e coação que indivíduos possam estar sofrendo. Tecnicamente, entende-se que este instituto é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas. Não se trata de um recurso, apesar de se encontrar no mesmo capítulo destes no Código de Processo Penal. No processo de habeas corpus identificamos os seguintes sujeitos: i) Impetrante – aquele que requer ou impetra a ordem de habeas corpus a favor do paciente; ii) Paciente – indivíduo que sofre a coação, a ameaça, ou a violência consumada; iii) Coator – quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da violência. O habeas corpus é destinado aos atos administrativos praticados por quaisquer agentes, independentes se são autoridades ou não, atos judiciários, e atos praticados por cidadãos. É um direito básico previsto na constituição brasileira.

O impetrante pode ser qualquer pessoa natural ou até mesmo uma pessoa jurídica. Contudo, o paciente somente poderá ser uma pessoa física, pois somente ela poderá sofrer restrição ou ameaça ao direito de ir e vir (liberdade de locomoção), não tendo a pessoa jurídica a mesma prerrogativa por questões lógicas.

2. Magistrado

O juiz pode conceder HC de ofício: art. 654, § 2º, CPP: § 2º - Os juízes e os tribunais têm competência para expedir

de ofício ordem de habeas corpus, quando, no curso de processo, verificar-se que alguém sofre ou está na

iminência de sofrer coação ilegal.

*#DIZERODIREITO

Neste julgado, duas conclusões devem ser destacadas:

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I - A reclamação ao STF somente é cabível se houver necessidade de preservação da competência da Corteou para

garantia da autoridade de suas decisões (art. 102, I, “l”, da CF/88). A reclamação não se destina a funcionar como

sucedâneo recursal ("substituto de recurso") nem se presta a atuar como atalho processual destinado a submeter

o processo ao STF “per saltum”, ou seja, pulando-se todas as instâncias anteriores. As competências originárias do

STF se submetem ao regime de direito estrito, não admitindo interpretação extensiva. Em outras palavras, o rol

de competências originárias do STF não pode ser alargado por meio de interpretação.

II – A regra prevista no art. 654, § 2º, do CPP não dispensa a observância do quadro de distribuição

constitucional das competências para conhecer do “habeas corpus”. Assim, somente o órgão jurisdicional

competente para a concessão da ordem a pedido pode concedero “writ” de ofício.Em outras palavras, o

Tribunal pode conceder habeas corpus de ofício, mas para isso acontecer é necessário que ele seja o Tribunal

competente para apreciar eventual pedido de habeas corpus relacionado com este caso.

STF. Plenário. Rcl25509 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/2/2017(Info 854).

3. Terceiro

Terceiro que impetra HC em favor de outrem:

• A doutrina afirma que o terceiro tem legitimidade, mas pode, no caso concreto, ser reconhecida sua falta de

interesse de agir.Isso porque algumas vezes pode acontecer de o paciente não ter interesse em discutir

aquele assunto naquele momento processual.

• Por essa razão, recomenda-se que se intime o paciente acerca de um HC impetrado por terceiro.

4. Ministério Público:

O membro do MP pode impetrar habeas corpus tanto perante o juízo de primeiro grau, quanto perante os

tribunais locais, conforme expressamente prevê o art. 32 da Lei n.º 8.625/93. Todavia, para se evitar que os

objetivos do habeas corpus sejam desvirtuados pelo membro do MP, faz-se necessário, conforme já decidiu o STF ,

que o paciente manifeste-se previamente, para que esclareça se está ou não de acordo com a impetração. Se o

MP visa satisfazer, ainda que reflexamente, os interesses da acusação, não caberá HC.

O MP, no entanto, somente pode impetrar HC quando manifesto o interesse da defesa: assentou-se a

ilegitimidade do Ministério Público para postular o reconhecimento de incompetência de juízo, por intermédio de

habeas corpus, quando não manifesto o interesse da defesa. (...) Considerou-se que a alegação de ilegalidade na

resolução que conferiu competência a determinado juízo constituiria iniciativa exclusiva da defesa, pois somente

caberia a ela argüi-la em benefício do réu. HC 91510/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 11.11.2008.

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Legitimidade do Ministério Público e Incompetência Absoluta

Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, não conheceu de habeas corpus impetrado pelo Ministério

Público do Estado do Rio Grande do Norte em que requerida, ante disposição da Constituição Estadual e da lei de

organização judiciária, a declaração de incompetência absoluta de vara criminal para julgamento dos pacientes. A

impetração sustentava a inconstitucionalidade formal da resolução do tribunal de justiça que fixou a competência

da vara, haja vista a contrariedade com a Constituição potiguar (art. 72, IV, a) e com o princípio da reserva legal —

v. Informativo 495. Assentou-se a ilegitimidade do Ministério Público para postular o reconhecimento de

incompetência de juízo, por intermédio de habeas corpus, quando não manifesto o interesse da defesa.

Ressaltou-se que, apesar de a resolução questionada haver sido revogada, os novos diplomas normativos não

prejudicariam o mérito do writ, uma vez que somente atribuíram idêntica competência a outras varas, além

daquela em que julgado o paciente. Considerou-se que a alegação de ilegalidade na resolução que conferiu

competência a determinado juízo constituiria iniciativa exclusiva da defesa, pois somente caberia a ela argui-la em

benefício do réu. Ademais, entendeu-se que se admitir a possibilidade de o parquet, que atua como parte no

processo penal, impetrar habeas corpus em hipóteses como estas violaria o princípio do devido processo legal,

com prejuízo para o exercício da ampla defesa. Vencido o Min. Marco Aurélio, que reputava o Ministério Público

parte legítima para esta impetração, porquanto estaria em jogo o princípio do juiz natural relativamente a

processo-crime que poderia desaguar no cerceio à liberdade de ir e vir dos pacientes. HC 91510/RN, rel. Min.

Ricardo Lewandowski, 11.11.2008.

Obs.: Intervenção das partes.

- MP: só há previsão legal para intervenção do MP em 2ª Instância, mas deve ser aplicada à primeira.

- Querelante: também não há previsão. STF – é viável a intervenção do querelante.

- Assistente de acusação – com a Lei 12.403 passou a requerer prisão preventiva. Ele agora tem interesse recursal.

*Admite-se a intervenção de terceiros no processo de habeas corpus?

• Regra: NÃO.

• Exceção: em habeas corpus oriundo de ação penal privada, admite-se a intervenção do querelante no

julgamento do HC, uma vez que ele tem interesse jurídico na decisão. STJ. 5ª Turma. RHC 41.527-RJ, Rel. Min.

Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

*#OUSESABER: STF conhece HC COLETIVO.

Em julgamento histórico, nesta terça-feira (20.02.2018), o STF admitiu tese sustentada pela DPU no sentido de

permitir a utilização de HC coletivo para discutir a situação carcerária de mulheres gestantes ou com filhos até 12

anos ou com filho com deficiência. No mérito, restou consignado que a prisão domiciliar se trata de direito

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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subjetivo dessas mulheres. No entanto, algumas condições foram criadas, quais sejam: 1) Crime com violência ou

grave ameaça, em regra, não será cabível; 2) Em caso de reincidência, deve ser analisado o caso concreto; 3)

Crimes com violência em face dos descendentes.

* #IMPORTANTE: O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a

salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo

determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. A

ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir

a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de não haver uma

previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que, indiretamente, revelam a

possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º

estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por

sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para todos que se

encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se

encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa.

Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo

do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao

mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação

jurisdicional. Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art.

12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo. Assim,

possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério Público; 2) o partido político com

representação no Congresso Nacional; 3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma. HC

143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891)

3.2. Legitimidade passiva

É o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder que compromete a liberdade de locomoção. Normalmente é

um funcionário público, mas nada impede que o HC seja impetrada por um ato de particular, notadamente nas

relações médico hospitalares. Ex. hospital que se nega a dar alta em razão do não pagamento.

• Autoridade (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, presidente de tribunal , etc.)

– nos casos de ilegalidade ou abuso de poder – AUTORIDADE COATORA.

• Particular – somente nos casos de ilegalidade - COATOR

Membro do MP pode ser autoridade coatora?

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R: Sim, principalmente em casos de requisição de IP. Ex: requisição de instauração de IP em caso de flagrante

ocorrência de prescrição.

De quem é a competência para julgar HC contra ato de Promotor de Justiça/Procurador da República?

R: Será do Tribunal de Justiça (ou TRF), porque eventualmente poderá ser necessário avaliar o cometimento de

abuso de poder.

3.3. Paciente

É o beneficiado da ordem. ADVERTÊNCIA: Cabe HC em favor de pessoa jurídica? NÃO. Em favor de animal? NÃO.

Ex. em favor de um chipanzé que estava em condições impróprias, pleiteando que o chipanzé fosse trocado de

estabelecimento. Fosse para outro zoológico. Esse HC perdeu o objeto por ele ter morrido.

Efeito extensivo – se o argumento for comum/objetivo. Compete ao próprio Tribunal estender os efeitos na

decisão que conceder HC. Se não fizer – embargos de declaração. Se mantiver – HC ao Tribunal imediatamente

superior.

*O fato de o denunciado ter aceitado a proposta de suspensão condicional do processo formulada pelo

Ministério Público (art. 89 da Lei 9.099/1995) não constitui empecilho para que seja proposto e julgado habeas

corpus em seu favor, no qual se pede o trancamento da ação penal. Isso porque o réu que está cumprindo

suspensão condicional do processo fica em liberdade, mas ao mesmo tempo terá que cumprir determinadas

condições impostas pela lei e pelo juiz e, se desrespeitá-las, o curso do processo penal retomará. Logo, ele tem

legitimidade e interesse de ver o HC ser julgado para extinguir de vez o processo. STJ. 5ª Turma. RHC 41.527-RJ,

Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

4. MODALIDADES

a) Habeas Corpus repressivo ou liberatório: A liberdade de locomoção já foi cerceada e o provimento da ação

importa a expedição de alvará de soltura.

- A ordem será: alvará de soltura ou contraordem de prisão (nesse caso se ainda não foi cumprido) .

- Alvará de soltura clausulado: “ se o réu não estiver preso por outro motivo”.???

b) Habeas Corpus preventivo: Existe o risco iminente à liberdade de locomoção, de forma que a procedência da

ordem importa na expedição de salvo conduto.

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Obs.: deve haver a indicação específica e individualizada dos atos. Não cabe quando o risco for meramente

hipotético. ex. STJ – na cabe HC preventivo em favor de motorista que não quer se submeter ao bafômetro.

Art. 660 (...) § 4º - Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação

ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.

Se o HC for impetrado de forma preventiva e a coação se verificar antes de seu julgamento, este poderá ser

convertido em liberatório. Nesse sentido já decidiu o STF no caso “Daniel Dantas”: HC 95009/SP, rel. Min. Eros

Grau, 6.11.2008

c) Habeas corpus suspensivo: para Luiz Flávio Gomes, ele tem cabimento quando o mandado prisional já foi

expedido, mas ainda não foi cumprido. Neste caso, a procedência do HC importa na expedição de uma contra

ordem ou de um contra mandado de prisão.

d) Habeas corpus profilático: Nele o risco à liberdade de locomoção existe, mas é remoto ou periférico.Suspender

atos ou medidas que possam importar em prisão futura com aparência de legalidade, porém intrinsicamente

contaminada por ilegalidade anterior. Potencialidade de que o constrangimento venha a ocorrer. Ex. denegação

de acesso aos autos da investigação. A liberdade do cliente pode ser violada futuramente.

e) Habeas Corpus trancativo: é aquele impetrado para extinguir sumariamente determinado procedimento em

virtude da patente ilegalidade ou da ausência de justa causa, que nada mais é do que o lastro probatório de

sustentabilidade da persecução. O provimento da ordem culmina na determinação de extinção do procedimento.

Ex. médica que atropelou criança.

f) Habeas Corpus nulificador: neste caso, a declaração de nulidade, em virtude do provimento da ordem, importa

na reconstrução do processo a partir da ocorrência do vício.

Para decisões com trânsito em julgado manifestamente nulas, nada impede que o HC seja impetrado em

detrimento da revisão criminal, por ser julgado em rito sumaríssimo e por permitir a concessão de liminar.

g) Habeas Corpus para extinção da punibilidade: a decisão que extingue a punibilidade é cognoscível de ofício em

qualquer grau de jurisdição. Ela pode ser pleiteada no bojo do processo principal ou por meio de HC. Trata-se de

decisão apta à coisa julgada material. Uma vez impetrado HC com tal finalidade, o processo principal estará

prejudicado, por força de uma decisão terminativa de mérito (art. 651 CPP – afirma que a procedência de HC não

traz nenhum impedimento à evolução do processo. Essa regra é aqui excepcionada). Art. 651. A concessão

do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os

fundamentos daquela.

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h) Habeas Corpus exofficio: não há no Brasil ação de ofício de cunho condenatória, mas existe uma ação não

condenatória de ofício prevista constitucionalmente, respeitadas as regras de competência. Os juízes e tribunais

concederão ordem de HC ao tomar conhecimento de eventual ilegalidade ou abuso de poder, respeitadas as

regras de competência. Não é um cheque em branco – ART. 654, §2º. § 2o Os juízes e os tribunais têm

competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que

alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

5. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO2

A estruturação da competência para julgamento do HC vai seguir três regras hermenêuticas.

5.1. Primeira regra interpretativa

Normalmente a competência para julgar o HC é definida por quem seja a autoridade coatora. Verifique quem

julga essa autoridade quando ela pratica crime.

Autoridade coatora Competência

Particular Juiz de primeiro grau

Delegado Estadual Juiz de primeiro grau

Delegado Federal Juiz Federal de primeiro grau

Membro do MP estadual Tribunal de Justiça

Membro do MPU que atua em primeiro grau * TRF

Juiz estadual de primeiro grau TJ

Juiz Federal de primeiro grau* TRF

Membro do MPU que atua perante tribunal * STJ

Membro do TJ ou do TRF STJ

Turma Recursal TJ ou TRF

Membro de Tribunal Superior STF

*Membro do MPU – MPF, MPT, MPM, MPDF

* Juiz Federal, Juiz Militar, Juiz Trabalhista

2No concurso do TRF3/2016 (Banca própria), foi proposta a seguinte situação hipotética: “Em virtude de um ofício encaminhado pelo COAF, noticiando movimentações bancárias suspeitas, um Procurador da República requisitou a instauração de Inquérito Policial, para apurar a suposta prática de lavagem de dinheiro e de crimes financeiros. A Polícia Federal instaurou o inquérito, tendo o Delegado determinado, de plano, o indiciamento do investigado. Desejando questionar a ordem de indiciamento e a própria instauração do inquérito policial, a defesa decide impetrar habeas corpus, tendo o advogado dúvidas acerca de quem seja a autoridade competente para apreciar a ação constitucional”, sendo considerada correta a seguinte alternativa “A análise da ordem de indiciamento compete ao juiz de primeira instância e a da instauração do inquérito policial ao Tribunal Regional Federal”.CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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Obs.: Com o cancelamento da sumula 690 STF, reconhecemos que se autoridade coatora é a turma recursal do

juizado o HC será julgado no TJ ou TRF. O STF abandonou essa competência ao perceber o número de HC tratando

de casos básicos, como chute na canela da sogra.

Sumula 690-STF: Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de "habeas corpus"

contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.

Atualmente a questão está assim posta:

HC contra ato do juiz dos juizados: competência da Turma Recursal.

HC contra ato da Turma Recursal: competência do Tribunal de Justiça.

Obs.: O que seria autoridade coatora? É o responsável funcional por aquela ordem. Cuidado com a indicação de

membro do MP como autoridade coatora. Em relação ao juiz também. Os membros do MP podem funcionar

como coatores quando requisitam a instauração de inquérito ou quando presidem inquérito ministerial. Quanto à

atuação do juiz, é necessário diferenciar o responsável pela coação, do mero detentor do preso, pois este último

não é responsável pelo cárcere e não figura no polo passivo do HC.

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das

duas Turmas do STF (e não do Plenário). Ex.: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das

Turmas do STF.

O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário?

SIM.

Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator

precisa fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma justificativa para que o caso seja

levado ao Plenário? NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma

discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min.

Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).

Obs.: Competência da Justiça Militar:

- em razão de punição disciplinar:

Militar das Forças Armadas – Justiça Federal (Justiça Militar da União não julga atos disciplinares).

Militar estadual – Justiça Militar Estadual

- em razão de crime militar

União ou Estadual – Justiça Militar respectiva

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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- STM: Oficiais Generais das Forças Armadas. (Comandantes – STJ), Juiz Auditor ou Conselho de Justiça

- Juiz Auditor: constrangimento antes do processo

- Conselho: constrangimento após início do processo

Obs.: Competência da Justiça do Trabalho:

- EC 45/04 – JT é competente para julgar MS, HC e HD (STF – essa previsão não atribuiu competência

criminal genérica à Justiça do Trabalho).

- juiz de direito que exerce competência trabalhista – HC no TRT

- tem que ter relação com a matéria trabalhista. Se não tiver – TRF

5.2. Segunda regra interpretativa:

Para identificarmos a competência do STF para julgar HC, adotaremos os seguintes critérios:

a) Se o paciente está submetido à jurisdição do STF compete a ele o julgamento do HC – art. 102, I, d.

Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o

Procurador-Geral da República, Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,

ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os

chefes de missão diplomática de caráter permanente.

b) Se o coator está subsumido à jurisdição do STF o HC será por ele julgado , mesmo que esta autoridade não

pertença ao Poder Judiciário, respeitando-se a competência do STJ – art. 102, I, i. ADVERTÊNCIA: é essencial o

respeito à competência constitucional do STJ para julgar HC, ou seja, aqui a autoridade coatora estará submetida

à jurisdição do STF, mas o HC contra ela será julgado pelo STJ.

O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou

funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de

crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância

Observações:

1. “Quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à

jurisdição do Supremo Tribunal Federal.”– ex. PGR delega função a Procurador Regional. Se o Procurador

Regional for a autoridade coatora, a competência será do STF.

2. Não cabem embargos de divergência (divergência entre as turmas) contra decisão proferida por Turma do

Supremo em HC, seja ele de impetração originária ou em sede de ROC.

3. Também não cabem embargos infringentes , já que o rol taxativo do art. 333 do RISTF não traz o HC.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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4. STF tem admitido o julgamento do MÉRITO de forma monocrática, concedendo ou denegando a ordem,

quando a jurisprudência estiver consolidada quanto à matéria versada. (Regimento Interno).

5.3. Terceira regra interpretativa:

A competência do STJ para julgar HC tem como referência os seguintes parâmetros:

a) Se o paciente está submetido à jurisdição do STJ compete a ele o julgamento do HC – art. 105, I, d.

Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos

Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do

Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os

membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem

perante tribunais

b) Se o coator está subsumido à jurisdição do STJ o HC será por ele julgado, mesmo que esta autoridade não

pertença ao Poder Judiciário – art. 105, I, c. ADVERTÊNCIA: o ponto fora da curva – duas autoridades que têm foro

por prerrogativa no STF, mas quando forem coatoras os HCs serão impetrados no STJ – Ministros de Estado e

Comandantes das Forças Armadas. É assimétrico.Prova oral do MPF.

Os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando

o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da

Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral

RESUMO – competência para julgar HC.

STF

Coator PRES/VICE PGR C.N. STF T.Sup. TCU DIPLOM - -

Paciente PRES/VICE PGR C.N. STF T.Sup. TCU DIPLOM F. Arm. Min. E.

STJ

Coator GOV TJ/TRF TCE TRT MP - trib TRE TCM F. Arm. Min. E.

Paciente GOV TJ/TRF TCE TRT MP - trib TRE TCM - -

Obs. Crimes comuns

Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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§ 1º A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou

superior jurisdição. – Dessa forma, ou juiz nunca poderá conceder HC de ofício de decisão sua que decretou a

prisão do acusado. Pode até revogar.

Sumula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra

decisão do relator que, em "habeas corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

Entendimento do STF com base no art. 102, I, i (Relator não é Tribunal Superior, razão pela qual não cabia HC

ainda. Deveria ser aguardada a decisão da Turma).

Vedação à supressão de instância – revela-se inviável o HC per saltum. Ex. TJ/SP nem conheceu a apelação por ser

intempestiva. Não cabe HC impetrado no STJ. Deve haver a análise do TJ.

Obs.: A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem admitido o afastamento, “hic et nunc”, da Súmula

691/STF, em hipóteses nas quais a decisão questionada divirja da jurisprudência predominante nesta Corteou,

então, veicule situações configuradoras de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade.

Sumula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário,

proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

O STF é composto pelo Plenário e por duas Turmas. A decisão de uma Turma, contudo, é considerada decisão do

próprio STF, de modo que não existe recurso previsto para o Plenário das decisões da Turma. Daí se justifica a

existência dessa súmula.

Intimação da sessão de julgamento

É indispensável apenas a intimação para a data de julgamento inicial do HC.A partir daí o advogado deverá

acompanhar o novo dia de julgamento caso este seja remarcado.

Se o advogado requerer a intimação ela é obrigatória.

HC 95682/SE, rel. Min. Marco Aurélio, 14.10.2008. (HC-95682)

* A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é necessária se

houver pedido expresso para a realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias

Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839).

6. CABIMENTO DO HC

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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I - quando não houver justa causa;

II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

VII - quando extinta a punibilidade.

O art. 648 de forma não exaustiva apresenta as hipóteses que justificam o manejo do HC.

ATENÇÃO - a decisão denegatória de HC não faz coisa julgada material, não impedindo, pois, a renovação do

pedido, salvo se constituir mera reiteração de impetração anteriormente denegada. A matéria também, mesmo

que idêntica, não estará preclusa para outras vias – recurso.

6.1. Por ausência de justa causa

Obs.: enquadramento terminológico: para LFG, esta expressão pode significar ausência de lastro probatório

mínimo ( justa causa formal ) ou ausência de legalidade lato sensu ( justa causa material ).

Obs.: enquadramento persecutório:

Faltar justa causa à investigação - deve ser trancada. HC trancativo.

Obs. autoridade coatora é quem determinou a investigação. Portaria ou flagrante– Delegado. Requisição

MP, Judiciário – Promotor/Juiz.

No caso de manifesta atipicidade, existência de causa de extinção da punibilidade ou ausência de

requerimento do ofendido, quando for o caso.

Faltar justa causa para o processo – extinto sem julgamento de mérito.

No caso de manifesta atipicidade, existência de causa de extinção da punibilidade, ausência de

requerimento do ofendido, quando for o caso, ausência de pressupostos processuais ou condições da ação

e ausência de justa causa.

Faltar justa causa para prisão (ilegal) – relaxamento da prisão.

6.2. Quando o agente está preso por mais tempo que a lei determina

A única prisão que tem prazo LEGAL é a temporária ( 5 + 5. Obs. hediondo, tráfico, terrorismo, tortura: 30 + 30 ) . A

prisão temporária é a prisão cautelar que, por imperativo legal, tem prazo de duração. (lei 7960/89), por sua vez,

encerrado o prazo e mantido o cárcere a ilegalidade é manifesta, ensejando HC para o pronto relaxamento com a

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expedição de alvará de soltura. Vencido o prazo, o investigado deveria ser colocado em liberdade imediatamente,

independentemente de alvará de soltura.

Renato: preventiva e definitiva (ultrapassa prazo da sentença ou não concede benefício) também.

6.3. Por incompetência da autoridade coatora

Se a prisão é decretada por autoridade incompetente, ela é manifestamente ilegal, devendo ser relaxada. E se o

inquérito tramita perante autoridade incompetente? O HC almeja trancar a investigação. Se, no entanto, isso não

for feito e o MP oferecer denúncia com base nesse inquérito, haverá mera irregularidade, já que os vícios da

investigação não contaminam o processo.

Renato – não há que se falar em autoridade policial incompetente. Não há jurisdição e sim atribuição. Aqui o HC

deve ser impetrado com base no inciso I – ausência de justa causa.

Processo tramitando em juízo incompetente – importa na remessa do processo ao órgão competente. Segundo

Ada, quando a incompetência é absoluta, todos os atos são imprestáveis e devem ser renovados perante o órgão

competente, por sua vez se a incompetência é relativa os atos decisórios serão anulados, mas os instrutórios

serão aproveitados no juízo competente (art. 567 CPP). (2) STF = se a incompetência é relativa não há a

invalidação de atos. Se for absoluta aplica o art. 567.

6.4. Quando houver cessado o motivo da coação

A hipótese caracteriza o termômetro da necessidade empregada notadamente à manutenção da preventiva, que

segue a cláusula rebus sic stantibus. Se a preventiva não mais se justifica exige-se a sua revogação (art. 316) , que

poderá ser pleiteada no HC com a consequente expedição de alvará de soltura.

A competência para revogar é do juiz que decretou a prisão. Denegando esse pedido, aí sim passará a ser

autoridade coatora, a ensejar o HC.

6.5. Quando o agente não é admitido a prestar fiança

A fiança (contracautela) é direito do indivíduo. A consequência do pagamento é o alvará de soltura. O inciso V do

art. 648 do CPP admite interpretação extensiva, abrangendo a liberdade provisória com fiança e sem fiança (art.

310, III), sendo que o HC é o instrumento para a obtenção do instituto. Quando ele foi redigido não havia

liberdade sem fiança.

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Com a lei 12.403/11 a liberdade provisória com fiança deixou de ser apenas uma medida de contracautela (evita

medida cautelar), e passou a funcionar também como medida cautelar autônoma. Até 4 anos – autoridade

policial.

6.6. Quando o processo é manifestamente nulo

Nesse caso, o HC, como instrumento, pretende que o ato viciado e os que dele decorrem sejam nulificados e isso

se justifica pelo princípio da consequencialidade. CONCLUSÃO: o processo será reconstruído a partir da

ocorrência do vício.

Se for nulidade absoluta pode ser inclusive após o trânsito em julgado, se não prejudicar o réu.

STF – também pode ser utilizada no caso de indeferimento do reconhecimento de ilicitude de prova, quando essa

análise não demandar dilação probatória.

6.7. Para que seja declarada a extinção da punibilidade

Tribunal dá provimento à ordem - é uma decisão terminativa de mérito – coisa julgada material, sendo imperiosa

a extinção do processo principal.

Deve o juiz declarar de ofício e a qualquer momento.

São as causas do art. 107 CP e outras previstas na parte especial e na legislação especial: peculato culposo com

reparação de dano até sentença irrecorrível; cheque sem provisão de fundos com pagamento até o recebimento

da denúncia, crimes contra a ordem tributária e Previdência com cumprimento total do parcelamento, que fora

formalizado até o recebimento da denúncia, completado período de prova sem revogação da suspensão

condicional do processo, livramento condicional e suspensão condicional da pena.

7. HIPÓTESES EM QUE CABE O HC

7.1 Cabe habeas corpus nas prisões civis

(AI-Agr 423.277/SC – Agravo Regimental no Agravo de Instumento – Rel: Min. Sepúlveda Pertence – Publicação:

DJ 11/04/2003 – 1ª Turma)

7.2 Cabe habeas corpus no caso de deferimento de quebra de sigilo bancário ou outros

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(STF – 1ª Turma – HC 84.869/SP – Rel. Min. Sepúlveda Pertence – Julgamento: 21/06/2005 – Publicação: DJ

19/08/2005)

7.3 Cabe habeas corpus em favor de beneficiado com sursis processual

(HC 89179/RS, rel. Min. Carlos Britto, 21.11.2006). Q - cabehc no curso de processo suspenso, nos termos do art.

89 da lei 9099.

7.4 Cabe habeas corpus em caso de apreensão ilegal de documentos

(HC 86600/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 18.12.2006)

7.5 Cabe habeas corpus contra demora no julgamento de habeas corpus

(HC 91986/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.9.2007)

7.6 Cabe habeas corpus para trancar IP instaurado há muito tempo

(HC 96.666-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, em 4/9/2008)

7.7 Cabe habeas corpus para discutir a existência ou não de impedimento ou suspeição de magistrado

(HC 92893/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.10.2008)

*#ATENÇÃO: há julgados do STF em sentido contrário RHC 116947 do Min. Teori Zavascki, em que se entendeu

ser “inviável a discussão sobre eventual impedimento ou suspeição de magistrado ou membro do Ministério

Público na estreita via desse habeas corpus, por envolver aprofundada análise de elementos fático-

probatórios”

Isto é, não há unanimidade sobre a possibilidade ou não do uso do HC nesses casos. O que se depreende dos

julgados é que será permitido, ou não, de acordo com a necessidade (ou não) da produção de provas . Isto é,

quando houver necessidade de dilação probatória para que se comprove a alegação de suspeição ou

impedimento do magistrado ou do membro do MP, é inviável que se faça nessa via do Habeas Corpus. Por outro

lado, caso prescindível a dilação de provas, possível o HC.

Nesse sentido:

Alegação de suspeição ou impedimento de magistrado pode ser examinada em sede de habeas corpus quando independente de dilação probatória. É possível verificar se o conjunto de decisões tomadas revela atuação parcial do magistrado neste habeas corpus, sem necessidade de produção de provas, o que inviabilizaria o writ. Atos abusivos e reiteração de prisões. São inaceitáveis os comportamentos em que se vislumbra resistência ou inconformismo do magistrado, quando contrariado por decisão de instância superior. Atua com inequívoco desserviço e desrespeito ao sistema jurisdicional e ao Estado de Direito o juiz que se irroga de autoridade ímpar, absolutista, acima da própria Justiça, conduzindo o processo ao seu livre arbítrio, bradando sua independência

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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funcional. Revelam-se abusivas as reiterações de prisões desconstituídas por instâncias superiores e as medidas excessi vas tomadas para sua efetivação, principalmente o monitoramento dos patronos da defesa, sendo passíveis inclu sive de sanção administrativa . 3. Atos abusivos e suspeição. O conjunto de atos abusivos, no entanto, ainda que desfavorável ao paciente e devidamente desconstituído pelas instâncias superiores, não implica, necessariamente, parcialidade do magistrado. No caso, as decisões judiciais foram passíveis de controle e efetivamente revogadas, nas balizas do sistema. Apesar de censuráveis, elas não revelam interesse do juiz ou sua inimizade com a parte, não sendo hábeis para afastar o magistrado do processo. Determinada a remessa de cópia do acórdão à Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região e ao Conselho Nacional de Justiça. Ordem conhecida e denegada. STF - HABEAS CORPUS HC 95518 PR (STF)

7.8 Cabe habeas corpus para evitar que a pessoa seja obrigada a realizar exame de DNA fora de sua comarca

(RHC 95183/BA, rel. Min. Cármen Lúcia, 9.12.2008)

7.9 Cabe habeas corpus para a devolução definitiva de passaporte

(HC 128.938-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 4/8/2009)

8.1 É cabível impetração de habeas corpus para que seja analisada a legalidade de decisão que determina o

afastamento de prefeito do cargo, quando a medida for imposta conjuntamente com a prisão. STJ. 5ª Turma. HC

312.016-SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/4/2015 (Info 561).

* 8.2 O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da

prisão. STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 18/12/2017 (Info

888).

*8.3 (#DIVERGÊNCIA): É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que

decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a

posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá

conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info

892).

8. HIPÓTESES EM QUE NÃO CABE O HC

8.1. Contra punições disciplinares militares

8.2. Contra identificação criminal fora das hipóteses legais (cabe MS)

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8.3. Restituição de coisas apreendidas (cabe MS)

8.4. Contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada (Súmula 693-STF).

8.5. Contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública (Súmula 694-STF).

8.6. Não cabe "habeas corpus" quando já extinta a pena privativa de liberdade (Súmula 695-STF) (Mas cabe revisão criminal nesse caso).

8.7. Não cabe HC contra a aplicação da pena de perda do cargo público

(HC n. 91.760-PI / Relatora: Min. Cármen Lúcia)

8.8. Não cabe HC para questionar os chamados crimes de responsabilidade (HC 87817/PB, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.11.2009). Impeachment também.

*#OUSESABER:

O HC é remédio constitucional para uso EXCLUSIVO da proteção da liberdade de ir e vir! No caso do processo de

impeachment, não obstante possa resultar em violação de direitos, não se trata propriamente da liberdade de

locomoção! Com esse entendimento, os Ministros do STF não conheceram do HC! (INFO 830)

8.9. Não cabe HC como sucedâneo de revisão criminal

8.10. Não cabe HC para pleitear declaração de inconstitucionalidade de lei em tese:

(HC 96425 ED/SP, rel. Min. Eros Grau, 3.3.2009)

*8.11 (#DIVERGÊNCIA): É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que

decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a

posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá

conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info

892).

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#OBS: Casos diversos:

- Para pedir reabilitação – já foi cumprida a pena.

- Para proteger confidencialidade entre advogado e cliente

- Extração gratuita de cópia do processo criminal

- Para requerer a inserção de outro acusado no polo passivo.

- Contra decisão que afasta magistrado de suas funções

- Contra anulação de processo que culminou na liberdade do acusado

- Resolver sobre ônus de custas processuais

Assim, o Estado de Defesa e o Estado de Sítio não suspendem a garantia fundamental do habeas corpus, mas

diminuem sua abrangência, à medida que impõem uma maior restrição legal à liberdade de locomoção.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

*Habeas corpus não é o instrumento adequado para pleitear trancamento de processo de impeachment. A

finalidade constitucional do habeas corpus é a da proteção do indivíduo contra qualquer ato limitativo ao direito

de locomoção (art. 5o, LXVIII, da CF/88). O processo de impeachment pode resultar na aplicação de sanções de

natureza político- administrativa. Dessa forma, ao se impetrar um HC contra o processo de impeachment, o que

se está fazendo é buscando proteger o exercício de direitos políticos e não o direito de ir e vir. STF. Plenário. HC

134315 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/6/2016 (Info 830).

*É incabível a utilização do “habeas corpus” com a finalidade de se obter a desclassificação de imputação de

homicídio doloso, na modalidade dolo eventual, para homicídio culposo, na hipótese em que apurada a prática de

homicídio na direção de veículo automotor. Isso porque os limites estreitos dessa via processual impossibilitam a

análise apurada do elemento subjetivo do tipo penal para que se possa afirmar que a conduta do réu foi pautada

por dolo eventual ou pela culpa consciente. Em outras palavras, não cabe HC para se discutir se houve dolo

eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na direção de veículo automotor. STF. 2ª Turma. HC

132036/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 29/3/2016 (Info 819) E 17/5/2016 (Info 826).

*#STF: Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito em

julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal. A nulidade não

suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas corpus, no afã de superar a

preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma. RHC 124041/GO,

rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 30/8/2016 (Info 837).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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* O habeas corpus não é meio processual adequado para oapenado obter autorização de visita de sua

companheira no estabelecimento prisional. STF. 2ª Turma. HC 127685/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em

30/6/2015 (Info 792).

*#OUSESABER:

Segundo decidiu o STJ, NÃO é cabível Habeas Corpus para impugnar liminar que determinou a busca e

apreensão de criança 3 para acolhimento em família devidamente cadastrada junto a programa municipal de

adoção, pois o caso não se enquadra na hipótese de ameaça de violência ou coação em liberdade de locomoção

prevista no art. 5º, LXVIII, da CF/88.

*Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ. Ex: o

STJ deu provimento ao recurso interposto pelo MP e, com isso, piorou a situação do réu; a defesa impetra HC no

STF contra o acórdão alegando que o STJ, no recurso especial, reexaminou provas, o que é vedado pela Súmula 7

da Corte (A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.). Esse HC não será conhecido

pelo STF porque o impetrante busca questionar os pressupostos de admissibilidade do Resp. STF. 2ª Turma. HC

138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

* Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. STF. 1ª Turma. HC 128057/SP, Rel. Min.

Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).

* Não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que negou o pedido da

defesa formulado em ação cautelar (medida cautelar) proposta com o objetivo de conferir efeito suspensivo ao

recurso especial. Incide, no caso, o óbice previsto na Súmula 691 do STF. STF. 1ª Turma. HC 138633/RJ, rel. Min.

Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/8/2017 (Info 872).

* O habeas corpus não é o meio adequado para se buscar o reconhecimento do direito a visitas íntimas. Isso

porque não está envolvido no caso o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio,

julgado em 5/12/2017 (Info 887).

* O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenado receber pena privativa de liberdade. Assim, não existe

possibilidade de que o indivíduo que responda processo por este delito sofra restrição em sua liberdade de

locomoção. Diante disso, não é possível que a pessoa que responda processo criminal envolvendo o art. 28 da LD

impetre habeas corpus para discutir a imputação. Não havendo ameaça à liberdade de locomoção, não cabe

habeas corpus. Em suma, o habeas corpus não é o meio adequado para discutir crime que não enseja pena

privativa de liberdade. STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre

de Moraes, julgado em 05/12/2017 (Info 887).

3*#CAIU no MPSP (2017)!CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. PENAL.

DOSIMETRIA DE PENA. ROUBO. TRIPLAMENTE MAJORADO. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. RECURSO

AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1.Este Supremo Tribunal assentou não ser possível em habeas corpus a

reapreciação dos critérios subjetivos considerados pelo magistrado para a dosimetria da pena. 2. A dosimetria

da pena e os critérios subjetivos considerados pelos órgãos inferiores para a sua realização não são passíveis de

aferição em habeas corpus por necessitar reexame de provas. 3. Recurso ao qual se nega provimento.

* #DIVERGÊNCIA: É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que

decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a

posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá

conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info

892).

7. LEITURA DO HC NA VISÃO DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO

Se o HC é uma ação autônoma de impugnação, devemos analisar as condições da ação.

7.1. Legitimidade

Para Alfredo Buzaid, ela é a pertinência subjetiva da ação. No pólo ativo teremos qualquer pessoa com

capacidade processual e no pólo passivo o autor da ilegalidade ou do abuso de poder, seja ele funcionário público

ou particular.

7.2. Interesse de agir

- Interesse – necessidade: ele se caracteriza pela demonstração da existência de violência ou coação que

compromete a liberdade de locomoção. Obs. percebe-se que no tramite do HC não haverá dilação probatória e a

ação deve estar instruída com prova pré-constituída. Não há perícia, testemunhas, etc. obs. dentro do fator

necessidade não se admite HC para impugnar ato normativo em tese. (STJ HC 140.861).

- Interesse – adequação: o HC é a ferramenta idônea de existir risco, mesmo que remoto, à liberdade. Caso

contrário, a ferramenta adequada será o MS. (Súmulas 693, 694 e 695). Denegação de reabilitação criminal(réu já

cumpriu a pena – não há risco à liberdade).

7.3. Possibilidade jurídica

Obs.: Restrições:

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Punições disciplinares militares: de acordo com o §2º do art. 142 da CF, não caberá HC para impugnar a

medida, respeitando-se assim a hierarquia militar. ADVERTÊNCIA: vale lembrar que segundo o STF, o

mérito da decisão não será discutido, mas a legalidade (pressupostos de legalidade – hierarquia, poder

disciplinar, ato ligado à função, pena suscetível de ser aplicada disciplinarmente) pode ser discutida via HC

(RE 338.840).

Prisão administrativa: de acordo com o art. 650, §2º, não cabe HC para impugnar a prisão administrativa.

Segundo, Tourinho Filho, a prisão administrativa foi sepultada pela CF 88, o que foi ratificado pela lei

12.403/11, de forma que o objeto da restrição não mais existe.

Estado de sítio – analisar apenas a legalidade. O mérito não.

*É possível que o Ministro Relator do STJ ou do STF decida monocraticamente o habeas corpus nas hipóteses

autorizadas pelo regimento interno? • Precedente divulgado no Info 857: NÃO. Cabe ao colegiado o julgamento

de habeas corpus. • Posição majoritária no STF: SIM. O Ministro Relator pode decidir monocraticamente habeas

corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno, sem que isso configure violação ao princípio da

colegialidade. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. HC 137265 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 07/03/2017;

STF. 2ª Turma. HC 131550 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STF. 1ª Turma. HC 120496/MS,

Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Não se admite agravo regimental contra decisão do Ministro Relator que,

motivadamente, defere ou indefere liminar em habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar

Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914).

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão

preventiva prejudica a análise do habeas corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia.

Se, após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata sentença/acórdão

condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração do título prisional e, portanto, o

habeas corpus impetrado contra prisão antes do julgamento não deverá ser conhecido. STF. Plenário. HC

143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897)

* #CASCADEBANANA: O tema acima tem importância teórica, mas pouca relevância prática. Isso porque o fato de

o Tribunal reconhecer que o habeas corpus não deve ser conhecido, não impede que seja concedida a ordem de

ofício. Em outras palavras, o Tribunal reconhece que o writ impetrado está prejudicado (não deve ser conhecido)

e, apesar disso, pode determinar, de ofício, a liberdade do paciente se verificar que existe ilegalidade flagrante ou

teratologia.

*#FIQUEDEOLHO: Vale ressaltar que ficaram vencidos os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar

Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello, que entendiam que o habeas corpus deve ser conhecido em tais casos.

Assim, a decisão acima foi alcançada por apertada maioria. Diante disso, não é possível afirmar, com certeza, que

a 2ª Turma irá obedecer este entendimento em casos futuros.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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8. SISTEMA RECURSAL DO HC

Obs.: mesmo que a matéria veiculada no HC não seja criminal seguirá a disciplina recursal do CPP, inclusive em

relação aos prazos de interposição.

Cabe recurso em sentido estrito da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus .

Cabe remessa obrigatória da decisão concessiva.

8.1. HC impetrado perante o juiz de primeiro grau

Sentença (procedência ou improcedência do HC) – RESE(art. 581, X). ATENÇÃO – não é apelação. ADVERTÊNCIA:

da procedência da ordem em primeiro grau (somente), ainda caberá recurso ex officio (art. 574, I), já que o juiz

está obrigado a remeter a decisão ao Tribunal, sob pena dela não transitar em julgado. Súmula 423 STF. Obs.

quando juiz recebe prisão em flagrante e a relaxa – não é HC de ofício – não cabe recurso ex officio.

Pode interpor outro HC ao invés do RESE.

Legitimidade para o RESE – MP, querelante, assistente.

8.2. HC impetrado no TJ ou TRF

a) Deliberação monocrática na apreciação da liminar – agravo, de acordo com o regimento interno do respectivo

tribunal. É o chamado agravo regimental. Se tiver previsão no Regimento.

b) Julgamento colegiado do mérito

Improcedência da ordem – ROC ( ou RE e Resp) – STJ (art. 105, II, a) - apreciado em única ou ÚLTIMA

instância pelo STJ.

Obs.: ROC – 5 dias. Se intempestivo – Tribunal pode conhecer de ofício. Não precisa de capacidade

postulatória.

Procedência da ordem – Resp (lei federal atingida) ou RE (CF atingida) - fundamentos vinculados.

8.3. Julgamento do HC pelo STJ

a) Decisão monocrática da liminar – agravo regimental

b) Julgamento colegiado do mérito

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Improcedência da ordem – ROC ( ou RE) – STF (art. 102, II, a) – apreciado em única instância pelo STJ.

Procedência da ordem –RE (CF atingida) - fundamentos vinculados.

ADVERTÊNCIA: o comum quando uma liminar era denegada era a impetrar outro HC, tendo como coator o

Desembargador ou Ministro responsáveis pela decisão.O STF editou a súmula 691 afirmando não caber HC da

denegação de liminar por Tribunal Superior, entendimento este que se estendeu aos Tribunais de segundo grau.

CONCLUSÃO 1: logo, restaria à defesa aguardar o julgamento do mérito do HC ou apresentar agravo regimental.

CONCLUSÃO 2: o próprio STF mitigou os rigores da súmula quando houver manifesta ilegalidade na decisão. (HC

109.167).

CONCLUSÃO3: mais recentemente, o STF passou a entender que a denegação do MÉRITO do HC pelo TRIBUNAL

deve ser combatida por ROC, não se admitindo que a defesa impetre novo HC no Tribunal imediatamente

Superior, dando-se prevalência à sistemática recursal (HC 109.956 – Relatoria do Ministro Marco Aurélio). É o que

virá no novo Código.

*Não é cabível habeas corpus para o reexame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos. A jurisprudência

admite o “habeas corpus substitutivo”? • STJ e 1ª Turma do STF: NÃO (mas pode ser conhecido habeas corpus de

ofício). • 2ª Turma do STF: SIM.

Não tem nos livros!!! É admissível a interposição de recurso ordinário para impugnar acórdão de Tribunal de

Segundo Grau concessivo de ordem de habeas corpus na hipótese em que se pretenda questionar eventual

excesso de medidas cautelares fixadas por ocasião de deferimento de liberdade provisória. A CF/88 não prevê o

cabimento de recurso ordinário contra a decisão concessiva de HC. No entanto, ainda que a liberdade provisória

tenha sido concedida, se as medidas cautelares impostas ao réu se mostram excessivas, ele terá interesse em

interpor recurso ordinário, sendo este o instrumento adequado para impugnar a decisão. STJ. 5ª Turma. RHC

65.974-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).

Decisão proferida em HC impetrado em 1ª instânciaPrazo do recurso

Quem julga o recurso?

Decisão que concede ou nega HC: cabe RESE

Ex: HC contra ato do Delegado de Polícia

Obs.: da sentença que conceder HC, caberá reexame necessário. Assim, ainda que

não haja recurso, o juiz deverá submeter, de ofício, sua sentença à apreciação do

5 dias TJ ou TRF

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Tribunal.

Decisão proferida em HC impetrado no TJ ou TRFPrazo do recurso

Prazo do recurso

Decisão que concede o HC: em regra, cabe RESP e/ou RE 15 dias STJ ou STF

Decisão que nega o HC: cabe recurso ordinário (art. 105, II, “a”, CF/88)5 dias STJ

Decisão proferida em HC impetrado no STJPrazo do recurso

Prazo do recurso

Decisão que concede o HC: em regra, cabe RE 15 dias STF

Decisão que nega o HC: cabe recurso ordinário (art. 102, II, “a”, CF/88)5 dias STF

- O recurso ordinário constitucional, como já afirmado, é uma garantia processual idealizada em favor do réu, de

sorte que se a decisão foi concessiva, mas ainda assim gera riscos à liberdade do paciente, é natural que ele possa

se utilizar deste recurso para impugnar a decisão.

*A proibição da “reformatio in pejus”, princípio imanente ao processo penal, aplica-se ao “habeas corpus”, cujo

manejo jamais poderá agravar a situação jurídica daquele a quem busca favorecer. STF. 2ª Turma. HC 126869/RS,

Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

#POLÊMICANAJURIS: CABE HABEAS CORPUS DE DECISÃO MONOCRÁTICA?

1º ENTENDIMENTO (SUPERADO): É cabível habeas corpus em face de decisão monocrática proferida por Ministro

do STF. STF. Plenário. HC 127483/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26 e 27/8/2015 (Info 796).

2º ENTENDIMENTO: NÃO é cabível habeas corpus em face de decisão monocrática proferida por Ministro do

STF. STF. Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em

17/2/2016 (Info 814). Caso a parte deseje impugnar decisão monocrática proferida por Ministro do STF, o

instrumento processual cabível é o agravo regimental, no prazo de 5 dias, nos termos do art. 39 da Lei nº

8.038/90 e art. 317 do Regimento Interno do STF.#MUDANÇADEENTENDIMENTO

#CONSOLIDAÇÃODEENTENDIMENTO

*3º ENTENDIMENTO (MAJORITÁRIO): Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática

do Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É

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necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda

cabíveis (no caso, o agravo regimental). Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a

decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à

jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turmá. HC

139612/MG, Rel. Min. Alexándre de Moráes, julgádo em 25/4/2017 (Info 862) #SELIGANAEXCEÇÃO

#CONFIRMAÇÃODOENTENDIMENTO: Não cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada em face de decisões

monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco

Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/5/2017 (Info 865)

*Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece

ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante

exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental).

Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica,

flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF

poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o

ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868).

LIMINAR EM HABEAS CORPUS

Apesar de não ser expressamente previsto, é perfeitamente possível a concessão de liminar em habeas corpus,

utilizando-se por analogia a regra do MS (posição majoritária da doutrina e jurisprudência).

Requisitos: fumus boni iuris e periculum in mora.

Ainda que não haja o requerimento de liminar, o julgador pode concedê-lo de ofício.

HC N. 108.715/RJ

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

HABEAS CORPUS – JULGAMENTO POR TRIBUNAL SUPERIOR – IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no art. 102, inciso

II, alínea “a”, da Constituição Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de habeas corpus, a

implicar a não concessão da ordem, cabível é o recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do

substitutivo do habeas corpus.

8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOSCICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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Código de Processo Penal Art. 647 A 667Constituição Federal Art. 5º, LXVIII

9. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula

Jurisprudência do site Dizer o Direito.

Manual de Processo Penal – Renato Brasileiro

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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iEste material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.