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DIREITO TRIBUTÁRIO – RESUMO POR QUESTÕES – AGU/PGF/PFN DIREITO TRIBUTÁRIO I. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR 1. CERTO O princípio da legalidade vem prescrito no art. 150, I, da CF, nos seguintes termos: é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Ressalte-se que o princípio da legalidade já estava previsto no art. 5º, II, da CF, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Parece que o constituinte originário entendeu por bem reforçar a garantia com princípio da legalidade tributária. 2. ERRADO · 3. CERTO Regra geral: as alíquotas dos impostos só podem ser aumentadas por lei ou ato normativo com força de lei, a exemplo das medidas provisórias nos termos do art. 150, I, da CF. Entretanto, quanto ao II e IE, bem como IPI e IOF, o art. 153, § 1º, excepciona o princípio da legalidade, permitindo que ato do Poder Executivo (decreto ou portaria) altere as alíquotas dos referidos impostos. Outras exceções ao princípio da legalidade: redução ou restabelecimento das alíquotas da CIDE-combustíveis (art. 177, § 4º, da CF); fixação da alíquota do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis e lubrificantes por convênio celebrado entre os Estados e o DF (art. 155, § 2º, XII, g, da CF). 4. ERRADO O art. 97 do CTN elenca as matérias que somente a lei pode estabelecer (princípio da reserva legal). Interpretando o dispositivo, o STF entendeu que as matérias não constantes do rol do art. 97 do CTN não estariam abrangidas pelo princípio da legalidade. Assim, interpretando o art. 97 do CTN a contrario sensu, não há óbice para fixação de prazo para recolhimento de tributo em regulamento (jurisprudência pacífica no STF e STJ). Fundamental a leitura atenta do art. 97 do CTN, dele são retiradas recorrentes questões de concursos públicos. 5. CERTO · 6. A A CIDE- combustível poderá, nos termos do art. 177, § 4º, I, b, da CF, ter sua alíquota reduzida ou restabelecida por ato infralegal (decreto ou portaria, por exemplo), sendo dessa forma exceção parcial ao princípio da legalidade (para sua instituição é necessária lei em sentido formal). Por outro lado, a CIDE-combustíveis também é exceção ao princípio da anterioridade do exercício financeiro (art. 177, § 4º, I, b, da CF), assim como o ICMS-monofásico sobre combustíveis, devendo respeitar a noventena (anterioridade nonagesimal). Da arrecadação da CIDE- combustíveis, a União entregará 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal (art. 159, III, da CF). Os recursos arrecadados pela CIDE-combustíveis serão destinados: (I) a subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (II) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (III) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Caso a destinação seja desrespeitada, cabe controle judicial. 7. ERRADO O art. 192 da CF, revogado pela EC n. 40/2003, previa limitação de juros a 12% ao ano. Este artigo encontrava-se dentro do Capítulo IV do Título VII da Constituição (Do Sistema Financeiro 1

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DIREITO TRIBUTÁRIOI. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR1. CERTO O princípio da legalidade vem prescrito no art. 150, I, da CF, nos seguintes termos: é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Ressalte-se que o princípio da legalidade já estava previsto no art. 5º, II, da CF, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Parece que o constituinte originário entendeu por bem reforçar a garantia com princípio da legalidade tributária.

2. ERRADO · 3. CERTO Regra geral: as alíquotas dos impostos só podem ser aumentadas por lei ou ato normativo com força de lei, a exemplo das medidas provisórias nos termos do art. 150, I, da CF. Entretanto, quanto ao II e IE, bem como IPI e IOF, o art. 153, § 1º, excepciona o princípio da legalidade, permitindo que ato do Poder Executivo (decreto ou portaria) altere as alíquotas dos referidos impostos.

Outras exceções ao princípio da legalidade: redução ou restabelecimento das alíquotas da CIDE-combustíveis (art. 177, § 4º, da CF); fixação da alíquota do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis e lubrificantes por convênio celebrado entre os Estados e o DF (art. 155, § 2º, XII, g, da CF).

4. ERRADO O art. 97 do CTN elenca as matérias que somente a lei pode estabelecer (princípio da reserva legal). Interpretando o dispositivo, o STF entendeu que as matérias não constantes do rol do art. 97 do CTN não estariam abrangidas pelo princípio da legalidade. Assim, interpretando o art. 97 do CTN a contrario sensu, não há óbice para fixação de prazo para recolhimento de tributo em regulamento (jurisprudência pacífica no STF e STJ). Fundamental a leitura atenta do art. 97 do CTN, dele são retiradas recorrentes questões de concursos públicos.

5. CERTO · 6. A A CIDE-combustível poderá, nos termos do art. 177, § 4º, I, b, da CF, ter sua alíquota reduzida ou restabelecida por ato infralegal (decreto ou portaria, por exemplo), sendo dessa forma exceção parcial ao princípio da legalidade

(para sua instituição é necessária lei em sentido formal). Por outro lado, a CIDE-combustíveis também é exceção ao princípio da anterioridade do exercício financeiro (art. 177, § 4º, I, b, da CF), assim como o ICMS-monofásico sobre combustíveis, devendo respeitar a noventena (anterioridade nonagesimal). Da arrecadação da CIDE-combustíveis, a União entregará 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal (art. 159, III, da CF). Os recursos arrecadados pela CIDE-combustíveis serão destinados: (I) a subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (II) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (III) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Caso a destinação seja desrespeitada, cabe controle judicial.

7. ERRADO O art. 192 da CF, revogado pela EC n. 40/2003, previa limitação de juros a 12% ao ano. Este artigo encontrava-se dentro do Capítulo IV do Título VII da Constituição (Do Sistema Financeiro Nacional). Assim, tal limitação só poderia, em tese, ser aplicada à concessão de crédito no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (em razão de sua posição topográfica). Por outro lado, o STF sempre entendeu que esta norma era não autoaplicável, culminando com a edição da Súmula 648 e Súmula Vinculante 7 (a norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela EC n. 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de Lei Complementar).

8. ERRADO Há certo consenso entre os doutrinadores de que o princípio da legalidade remonta à Carta Magna Inglesa de 1215, promulgada pelo Rei João Sem Terra, onde já se delineava a necessidade do consentimento dos súditos para que fosse possível a imposição tributária. Por outro lado, o princípio da legalidade também foi introduzido na Declaração de Direitos do homem e do Cidadão (1789) e na Constituição Americana (1787).

9. CERTO O princípio da isonomia possui duas vertentes: formal e material, ou, como preferem alguns doutrinadores modernos, horizontal e vertical. Na acepção formal ou horizontal estariam pessoas em situações

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semelhantes, devendo ser a elas dado mesmo tratamento. Na acepção material ou vertical, estariam pessoas desniveladas pelas circunstâncias naturais ou de fato, devendo a elas ser dado tratamento diferenciado de acordo com sua diferença (ler com atenção o art. 150, II, da CF). Nos termos do art. 170, VI, da CF, a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação, para alguns doutrinadores estaria aí o permissivo constitucional para a criação de tributos verdes (green tax), sendo a CIDE-combustível (art. 177, § 4º, da CF) o primeiro tributo desta espécie criado no Brasil.

10. ERRADO Prescreve o art. 146, III, d, da CF que cabe à lei complementar a definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Dessa forma, é previsto tratamento diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte. Tal discrimen é mais do que justificado em razão da maior fragilidade de tais empresas no mercado, bem como do alto grau de empregabilidade desses agentes econômicos.

11. ERRADO A questão traz a definição do princípio da ANTERIORIDADE (aqui chamada de anterioridade do exercício financeiro para diferenciá-lo da anterioridade nonagesimal ou noventena), segundo o qual é vedada a cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou (art. 150, III, b, da CF). Atenção: o princípio da anualidade não mais vige em nosso ordenamento jurídico; segundo tal princípio para que um tributo fosse cobrado no exercício posterior era necessária sua prévia e específica autorização orçamentária.

12. ERRADO II, IE, IPI e IOF são exceções ao princípio da anterioridade quanto à fixação de suas alíquotas (vedação da cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou – art. 150, III, b, da CF). Atenção: a exceção é quanto à fixação de alíquotas; para instituição desses

tributos é necessário lei em sentido formal (espécie normativa primária).

Comentário Extra 1: Questão com certo grau de dificuldade. Apesar de o II, IE, IPI e IOF serem exceções ao princípio da anterioridade do exercício financeiro, somente são exceções à noventena (anterioridade nonagesimal) o II, IE e IOF, acrescentando-se ainda o Imposto de Renda. Dessa forma, o IPI, apesar de ser exceção ao princípio da anterioridade do exercício, não o é da noventena (com o IR acontece o contrário).

Comentário Extra 2 – outras exceções ao princípio da anterioridade quanto à fixação de alíquotas: Impostos extraordinários de guerra; empréstimos compulsórios (guerra e calamidade); contribuições para o financiamento da seguridade social (art. 195, § 6º, da CF); ICMS monofásico sobre combustíveis (art. 155, § 4º, IV, da CF); e CIDE-combustíveis (art. 177, § 4º, I, b, da CF).

13. ERRADO Atenção: o ITCMD é imposto sujeito aos princípios da anterioridade do exercício financeiro e da anterioridade nonagesimal. Na questão, foi respeitado o princípio da anterioridade do exercício em razão de a lei ter sido publicada no exercício anterior ao da cobrança do tributo, entretanto não foi respeitada a anterioridade nonagesimal, segundo a qual é vedada a cobrança de tributo antes de decorridos 90 dias da publicação da lei que o instituiu ou aumentou (art. 150, III, c, da CF).

14. ERRADO Questão sumulada pelo STF (Súmula 669): norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. O STF entende que alteração do prazo para recolhimento do tributo, mesmo reduzindo-o, não agrava a situação do contribuinte, não havendo de se cogitar aplicação do princípio da anterioridade (RE 274.949/SC).

15. ERRADO Regra geral: vedada a cobrança de tributos (dentre os quais os impostos são espécie) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. A segunda parte da questão está correta: realmente os impostos (assim como os tributos em geral) só podem ser cobrados depois de decorridos

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90 dias da publicação da lei que os instituiu ou aumentou em respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal ou noventena. Atenção: alguns autores chegam a chamar tal princípio de anterioridade mínima.

16. C Atenção: o IPI, embora seja exceção ao princípio da anterioridade, não o é do princípio da noventena ou anterioridade nonagesimal. Com relação ao IR, acontece o contrário: tem que respeitar o princípio da anterioridade sendo exceção à noventena. Na ADI 4.661, o STF decidiu, em sede de medida cautelar, que a majoração da alíquota do IPI, passível de ocorrer mediante ato do Poder Executivo – art. 153, § 1º –, submete-se ao princípio da anterioridade nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da Constituição Federal, tendo sido deferida medida acauteladora objetivando afastar a exigibilidade da majoração do Imposto sobre Produtos Industrializados, promovida mediante decreto, antes de decorridos os noventa dias previstos no art. 150, III, c, da Carta da República.

17. B A jurisprudência firmada no âmbito do STF é no sentido de que o termo a quo do prazo de anterioridade de contribuição social (art. 195, § 6º, da CF) criada ou aumentada por medida provisória é a data de sua primeira edição, e não daquela que – após sucessivas reedições – tenha sido convertida em lei (RE 267.263-7/MG). Entretanto, caso tenha havido mudança ou alteração de dispositivos, aplica-se o entendimento segundo o qual na hipótese de mudança ou introdução de novos dispositivos no momento da conversão, a contagem do termo da noventena deve ter início com a edição da lei – ou da medida reeditada, acrescentamos (RE 199.198/SP).

COMENTÁRIO EXTRA: Importante ressaltar que não é aplicado o princípio da anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, b, da CF) às contribuições sociais; a elas se aplica o princípio da noventena (art. 195, § 6º, da CF). Atenção: a regra do art. 62, § 2º, da CF, acerca da necessidade de conversão da medida provisória em lei até o último dia do exercício financeiro para produzir efeitos no exercício seguinte, só vale para instituição ou majoração de IMPOSTOS, não para as demais espécies tributárias como as contribuições.

18. ERRADO Por força do art. 150, § 1º, da

CF, o aumento da base de cálculo do IPTU não está sujeito ao princípio da noventena (anterioridade nonagesimal).

COMENTÁRIO EXTRA: Houve um erro na digitação da questão, isto é, onde se lê “imposto sobre veículos automotores – IPVA”, leia-se “imposto sobre propriedade predial e territorial urbano – IPTU”.

19. ERRADO O princípio da uniformidade geográfica vem previsto no art. 151, I, da CF, nos seguintes termos: é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional (...) admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. Destarte, o dispositivo constitucional permite a existência de incentivos fiscais que visem ao equilíbrio do desenvolvimento das diferentes regiões do País, propósito que se constitui num dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil previstos no art. 3º da CF (erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais). Atenção: o STF entende que a concessão de incentivo fiscal é ato discricionário do Poder Executivo (RE 149.659/SP).

20. CERTO A questão traz a literalidade do art. 152 da CF. O princípio da não discriminação tributária é corolário do princípio da uniformidade geográfica aplicado aos demais entes políticos (estados, DF e municípios). Tal princípio visa evitar a guerra fiscal entre os diversos entes da Federação. Cabe ressaltar que somente a União pode dar tratamento diferenciado aos diversos entes da Federação (art. 151, I, da CF, in fine) visando ao equilíbrio entre as diversas regiões do País; não podem os demais entes federados fazê-lo. Tal princípio também visa ao fortalecimento do Pacto Federativo.

21. CERTO · 22. ERRADO O princípio da capacidade contributiva é corolário do princípio da isonomia em sua faceta material (tratar os desiguais desigualmente na medida em que se desigualam). Nos termos do art. 145, § 1º, da CF, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Na questão 22, o erro está em falar que os impostos “terão sempre caráter pessoal”,

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quando o correto é “sempre que possível”. De acordo com a jurisprudência do STF, apesar do princípio da capacidade contributiva ter sido previsto apenas para os impostos, nada impede sua aplicação às demais espécies tributárias (RE 216.259/CE e ADI 452).

23. CERTO · 24. CERTO O princípio da uniformidade geográfica vem previsto no art. 151, I, da CF, nos seguintes termos: é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional (...) admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País. Destarte, o dispositivo constitucional permite a existência de incentivos fiscais que visem ao equilíbrio do desenvolvimento das diferentes regiões do País, propósito que se constitui num dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil previstos no art. 3º da CF (erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais). Por outro lado, a questão 24 traz a literalidade do art. 152 da CF, ou seja, o princípio da não discriminação tributária, que é corolário do princípio da uniformidade geográfica aplicado aos demais entes políticos (estados, DF e municípios). Tal princípio visa evitar a guerra fiscal entre os diversos entes da Federação. Cabe ressaltar que somente a União pode dar tratamento diferenciado aos diversos entes da Federação (art. 151, I, da CF, in fine) visando ao equilíbrio entre as diversas regiões do País; não podem os demais entes federados fazê-lo. Tal princípio também visa ao fortalecimento do Pacto Federativo. Atenção: o STF entende que a concessão de incentivo fiscal é ato discricionário do Poder Executivo (RE 149.659/SP).

25. ERRADO Questão maliciosa: conforme já ressaltado, a imunidade tributária recíproca refere-se somente à instituição e cobrança de IMPOSTOS, não tributos dos quais os impostos são espécie.

Vale repisar: não há imunidade tributária recíproca para as demais espécies tributárias, tais como contribuições e taxas.

26. A Assertiva “A”: segundo o STF, tanto os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da imunidade constitucional recíproca são passíveis de

submissão ao crivo jurisdicional em um exame de ponderação, não bastando a constatação objetiva da propriedade do bem (ADI 3.089). Assertiva “B”: o STF já reconheceu, por mais de um vez, imunidade tributária recíproca para sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto (RE 631.309). Assertiva “C”: para o ministro Joaquim Barbosa, a imunidade tratada não pode ter efeito colateral relevante a relativização dos princípios da livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita (RE 253.472). Assertiva “D”: o erro está em afirmar que autoridade PODERÁ constituir o crédito, quando ela tem o PODER-DEVER de constituir. Assertiva “E”: segundo ainda o ministro Joaquim Barbosa, é irrelevante para a definição da aplicabilidade da imunidade recíproca a atividade estar ou não sujeita a monopólio (RE 285.716), demonstrando o erro da assertiva.

27. ERRADO Questão maliciosa: a imunidade religiosa abrange somente IMPOSTOS incidentes sobre patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Assim, as demais espécies tributárias (tais como contribuições, taxas e empréstimos compulsórios) podem ser cobradas normalmente das entidades religiosas.

28. ERRADO Para o STF, a palavra templo, constante do art. 150, VI, da CF, deve ser interpretada como entidade religiosa para que a garantia possa abranger todas as atividades que lhe são pertinentes, imunizando seu patrimônio, renda e serviços vinculados às suas finalidades essenciais.

COMENTÁRIO EXTRA: Assim, mesmo que um imóvel de sua propriedade esteja alugado, não perde a imunidade, desde que a renda seja aplicada em suas finalidades essenciais, é o que se extrai do RE 325.822/SP, julgado pelo Pleno do STF.

29. CERTO O STF mantém sua jurisprudência no sentido de que, em se tratando de insumos destinados à impressão de livros, jornais e periódicos, a imunidade tributária abrange, exclusivamente, materiais assimiláveis ao papel (RE 372.645/SP).

COMENTÁRIO EXTRA: Por outro lado, segundo o STF, não cabe análise quanto à

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qualidade do conteúdo, se artístico ou didático, pois a Constituição não fez ressalva quanto a esses valores, chegando a reconhecer a imunidade dos populares álbuns de figurinhas (RE 221.239/SP). Vide, ainda, Súmula 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

30. ERRADO Nos termos da Súmula 730 do STF: a imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

COMENTÁRIO EXTRA: Importante diferença entre assistência social e previdência social é que a primeira independe de contribuição dos seus beneficiários (arts. 201 e 203, ambos da CF). Da leitura da Súmula 730 verificamos que o STF equiparou as entidades fechadas de previdência social sem contribuição de beneficiários às entidades de assistência social.

31. D Importante diferenciar imunidades de isenções: as imunidades decorrem diretamente do texto constitucional, são limitações constitucionais ao Poder de Tributar; já as isenções são previstas em leis, decorrem do poder de tributar, quem tem o poder de tributar também tem de isentar. A questão se refere à imunidade do ITR; da dicção do preceito constitucional (art. 153, § 4º, II) verificamos tratar-se de norma constitucional de eficácia limitada, pois exige, para sua plena aplicabilidade, que a lei defina pequenas glebas rurais, nem por isso é descaracterizada a IMUNIDADE.

32. CERTO Rendimentos de aposentadoria e pensão concedidos pelo regime geral de previdência social (art. 201 da CF) não estão sujeitos à contribuição previdenciária (art. 195, II, da CF). Portanto, não há que se cogitar da incidência de contribuição previdenciária diante da imunidade específica trazida pelo art. 195, II, da CF.

II. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E PARTILHA DAS RECEITAS 1. ERRADO A União, pessoa jurídica de direito público interno, em regra não pode instituir isenções de tributos da competência

dos demais entes federativos (princípio da vedação às isenções heterônomas). O poder de isentar é inerente à competência tributária, isto é, quem tem o poder de instituir o tributo também tem o de isentar. Entretanto, uma das exceções ao princípio que veda as isenções heterônomas ocorre justamente quando a República Federativa do Brasil, em suas relações externas como Estado soberano, firma tratados internacionais prevendo isenções de tributos estaduais e municipais (RE 229.096).

2. CERTO A Constituição prevê que a União, por meio de lei complementar, pode instituir isenções de ICMS (art. 155, § 2º, XII, e) e ISS (art. 156, § 3º) incidentes sobre as exportações de produtos e serviços. Da mesma forma que à União, por simetria, também é vedado aos demais entes federativos instituir isenções de tributos da União ou uns dos outros (vedação às isenções heterônomas). Vale ressaltar que a possibilidade de a União isentar as exportações da incidência do ICMS perdeu sua razão de ser após a EC n. 42/2003, que estabeleceu imunidade deste tributo para as exportações (art. 155, § 2º, X, a, da CF). A questão em que se encontrava a assertiva número dois foi anulada pela banca examinadora, entretanto acreditamos que a anulação não decorreu da referida assertiva, sendo correta sua dicção.

3. ERRADO A questão cobra o conteúdo da Súmula 69 do STF: a constituição estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais. Assim, não poderia o estado-membro legislar sobre limites de tributação de impostos que não são de sua competência. Além do mais, haveria clara afronta à autonomia dos municípios.

4. CERTO · 5. ERRADO Somente a União possui competência residual para instituição de impostos (não de tributos) que não foram previstos no texto da Constituição (art. 154, I, da CF), assim também em relação às contribuições residuais (art. 195, § 4º, da CF). Entretanto, sua instituição (impostos residuais e contribuições sociais residuais) somente pode ser feita por lei complementar e desde que sejam não cumulativos e não tenham fatos geradores ou bases de cálculos próprios dos impostos discriminados na Constituição (art. 154, I, da CF). Ressalva-se o entendimento (não unânime) do STF no sentido de ser legítima

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a coincidência da base de cálculo (e também do fato gerador) de contribuição social residual e imposto discriminado na CF, deixando de aplicar a parte final do art. 154, I, às contribuições sociais (RE 228.321). Atentar à Súmula Vinculante 29 do STF, transcrita no final deste capítulo.

6. ERRADO · 7. ERRADO · 8. CERTO · 9. ERRADO A competência tributária (poder atribuído ao ente político para instituir tributos) é sempre indelegável (art. 7º do CTN). Já a capacidade tributária ativa (atribuição administrativa para arrecadar, fiscalizar ou mesmo executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas) é delegável (art. 7º do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: No que tange à competência para instituição de contribuições sociais para o financiamento da Seguridade Social, a Constituição confere à União tal prerrogativa, ressalvando somente quanto à competência dos Estados, DF e Municípios de instituírem contribuições previdenciárias de seus servidores – CF, art. 195, § 1º. Lembre-se: União possui ainda competência residual para instituição de contribuições sociais para o financiamento da seguridade social (art. 195, § 4º, da CF).

10. ERRADO Tributos extrafiscais são aqueles cuja finalidade precípua não é arrecadar, mas sim intervir em uma situação social ou econômica, sendo reflexo do Estado Social, interventor no domínio econômico. Os demais impostos de competência da União (II, IE, IPI, IOF e o imposto sobre grandes fortunas, este último ainda não instituído) são inequivocamente extrafiscais.

COMENTÁRIO EXTRA: Esta questão teve seu gabarito alterado de “C” para “E” pela banca examinadora sob a justificativa de que a EC n. 42/2003 trouxe definição expressa da extrafiscalidade do ITR, alterando de forma inconteste o entendimento anterior. Assim, somente o Imposto de Renda é um imposto federal eminentemente fiscal. A doutrina se controverte quanto à caracterização do ITR como tributo de natureza preponderante fiscal ou extrafiscal. Alguns autores entendem, com razão, que o ITR possui natureza extrafiscal, pois suas alíquotas são fixadas de forma inversamente proporcional ao grau de utilização da terra. Isto é, quanto menor a utilização, maior a alíquota, com

efeito, estimulando o cumprimento da função social da propriedade.

11. ERRADO Competem à União em Território Federal os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal competem os impostos municipais e estaduais (art. 147 da CF). Dessa forma, caso o território seja dividido em municípios, caberão à União somente os impostos estaduais e, por óbvio, os federais.

12. ERRADO A competência para instituição de taxas é comum entre os entes federados. Assim, o ente que prestar o serviço público específico e divisível ou exercer o poder de polícia poderá cobrar a respectiva taxa. Entretanto, o território federal não é ente federado (político), não possui competência tributária e, dessa forma, não poderá instituir taxa. Portanto, deverá ser instituída a taxa pela União ou por município (se o território for divido em municípios).

13. CERTO O Distrito Federal acumula competência tributária de estado e município (art. 147 da CF), sendo a ele vedada sua divisão em municípios (art. 32 da CF). Dessa forma, o DF pode instituir impostos estaduais e municipais e, tendo em vista a competência comum entre os entes federativos para instituir taxas e contribuições de melhoria, pode naturalmente instituir esses tributos vinculados.

14. CERTO Lei complementar = poderá instituir regime único de arrecadação de impostos e contribuições da União, Estados, DF e Municípios (art. 146, parágrafo único, da CF). Ricardo Alexandre, Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010, define o Simples Nacional como um regime jurídico simplificado e favorecido, tendente a reduzir a burocracia e a carga tributária a que estão submetidas as microempresas e as empresas de pequeno porte do País.

COMENTÁRIO EXTRA: Ressalte-se que não é obrigatória a sujeição das ME e EPP ao regime de tributação do Simples Nacional, podendo tais empresas, caso queiram, continuar submetendo-se ao regime das empresas em geral.

15. ERRADO As contribuições têm seu

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fundamento no art. 149 da CF, que prevê três espécies delas: (I) contribuições sociais; (II) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); e (III) contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas. Ademais, a competência residual para instituição de contribuições (art. 195, § 4º, da CF) somente pode ser exercida se a finalidade (leia-se: vinculação de receita) for para financiar a seguridade social, o que demonstra o desacerto da questão.

16. ERRADO · 17. CERTO A Constituição utiliza basicamente duas formas de repartição (ou participação) das receitas tributárias. Forma DIRETA: a União ou o Estado (sempre do ente político maior para o menor), sem qualquer intermediação, reparte a receita tributária, por exemplo, quando o Estado entrega ao município 50% do valor do IPVA arrecadado dos veículos licenciados no respectivo município. Forma INDIRETA: a repartição se dá por intermédio de fundos constitucionais, a exemplo do Fundo de Participação dos Estados e Fundo de Participação dos Municípios.

Comentário Extra 1: No caso do Imposto de Renda, a participação dos Municípios se dá de forma indireta, através do Fundo de Participação dos Municípios, formado por 22,5% da arrecadação federal do IR (art. 159, I, b, da CF) e 22,5% da arrecadação do IPI (art. 159, I, a, da CF). Atente-se ao fato de que todo o Imposto de Renda retido na fonte (IRRF) sobre os rendimentos pagos pelos Estados e Municípios, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem, pertence aos mesmos (arts. 157, I, e 158, I, ambos da CF).

Comentário Extra 2: Os Estados participam da arrecadação do IPI através de dois fundos (forma indireta): a) primeiro, através do Fundo de Participação dos Estados, formado por 21,5% da arrecadação do imposto (art. 159, I, da CF); b) segundo, através do Fundo de compensação à desoneração das exportações, formado por 10% do valor arrecadado pelo imposto (art. 159, II, da CF).

18. CERTO O fundo de participação dos Estados (FPE) é formado por 21,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do IPI. Já o Fundo de Participação dos Municípios é formado por 22,5% da

arrecadação dos mesmos tributos (IR e IPI). O Distrito Federal, por não ser dividido em Municípios, participa do Fundo de Participação dos Estados, bem como do Fundo de Compensação à Desoneração das Exportações – FCDE.

COMENTÁRIO EXTRA: Existe ainda o Fundo de participação para os programas de financiamento do setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, formado por 3% da arrecadação do IR e IPI (art. 159, I, c, da CF). Dessa forma, a Constituição prevê quatro fundos de participação: FPE, FPM, FCDE e FPPFS Norte/Nordeste/Centro-Oeste.

III. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA1. ERRADO O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei (art. 108, § 1º, do CTN). Já o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido (art. 108, § 2º, do CTN). Questão maliciosa: troca a restrição da equidade pela da analogia. Recomenda-se a leitura atenta do art. 108 do CTN, dispositivo com alta incidência em concursos públicos.

2. CERTO Salvo disposição de lei em contrário, entram em vigor os atos administrativos (normas complementares, segundo o art. 100, I, do CTN), entre eles instruções normativas, na data de sua publicação (art. 103, I, do CTN). Repise-se, atenção ao “salvo disposição de lei em contrário”. A questão tenta induzir o candidato a erro afirmando ser mais gravosa a norma e que a ela não se aplicaria o princípio da anterioridade do exercício financeiro. Trata-se, na verdade, de norma procedimental, não sendo alcançada pelo princípio da anterioridade (aplicado à instituição ou majoração de tributo). Assim, a questão está correta.

COMENTÁRIO EXTRA: Com efeito, não importa a data em que foi expedido o ato normativo, sua vigência só começará a partir da publicação do ato.

3. ERRADO Quando a Constituição reserva determinada matéria à lei complementar, ela o faz expressamente. Nos termos do art. 146, III, a, da CF, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, incluindo aí a definição de tributos e suas espécies, dos impostos discriminados na CF, bem como respectivos

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fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. Portanto, a Constituição determina ser matéria de lei complementar, em relação aos impostos discriminados, fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. A questão se refere a alíquotas em vez de contribuintes, não sendo as alíquotas matéria a ser disciplinada por lei complementar.

4. CERTO O STF firmou entendimento no sentido de que, à falta de normas gerais editadas pela União, a unidade da federação (no caso Estado) possui competência legislativa plena nos termos do art. 24, § 3º, da CF (RE 191.703/SP).

COMENTÁRIO EXTRA: Caso a lei federal (melhor seria Nacional) viesse a dispor de forma contrária à legislação estadual, esta perderia eficácia enquanto perdurar a validade da lei federal. Caso a lei federal fosse revogada, a norma estadual que estava com a sua eficácia suspensa voltaria a tê-la, não sendo o caso de repristinação.

5. CERTO As decisões de órgãos singulares ou colegiados, cuja lei atribua eficácia normativa, são consideradas normas complementares pelo art. 100 do CTN, estas, por sua vez, integram a legislação tributária (art. 96). Nos termos do art. 103 do CTN, as decisões cuja lei atribua eficácia normativa entram em vigor 30 dias após a data de sua publicação, salvo disposição de lei em contrário. Vale ressaltar que, em regra, decisões de órgãos de jurisdição administrativa não possuem eficácia normativa, somente aquelas que a lei determine.

6. ERRADO Primeiramente, cabe ressaltar a existência de previsão constitucional para que a União institua isenção do ISS (de competência municipal) nas exportações de serviços para o exterior (art. 156, § 6º, da CF). É um dos dois casos previstos na CF (o outro é com relação ao ICMS também nas exportações – art. 155, § 2º, X, a, da CF) de exceção ao princípio que veda a existência de isenções heterônomas. Ocorre que tal faculdade somente pode ser exercida pela União por intermédio de lei complementar. Levando-se em consideração a vedação quanto à edição de medidas provisórias (MP) em matérias reservadas à lei complementar (art. 62, § 1º, III, da CF), não cabe instituição de isenção de ISS pela União por essa espécie normativa (MP).

7. ERRADO Princípio da irretroatividade: a legislação tributária, em regra, não se aplica aos fatos ocorridos no passado, ou seja, aplica-se aos fatos futuros e aos pendentes (art. 105 do CTN). Exceções: (I) leis expressamente interpretativas (excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados); e (II) lei mais benéfica com relação a infrações (art. 106 do CTN).

8. E O CTN disciplina algumas matérias que devem ser interpretadas literalmente (leia-se restritivamente), não comportando interpretação ampliativa ou extensiva. Dessa forma, interpreta-se literalmente a legislação tributária sobre: (I) suspensão ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção; e (II) dispensa do cumprimento de obrigações acessórias. Atente-se à redundância quanto à isenção que constitui causa de exclusão do crédito tributário.

9. CERTO O STJ vem entendendo que o art. 98 do CTN permite a distinção entre tratados-leis e tratados-contratos, no sentido de que toda construção a respeito da prevalência da norma interna com poder de revogar tratados, equiparando-os à legislação ordinária, foi feita em relação aos tratados-contratos (REsp 426.945). Destarte, para o STJ os chamados tratados-leis não poderiam ter suas disposições revogadas pela legislação interna, é o que se infere do REsp 426.945, j. em 25/08/2004.

10. CERTO A Constituição determina em seu art. 146, II, que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Assim, em se tratando de princípio que veda a limitação da liberdade de tráfego de pessoas e bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, cabe à lei complementar sua regulamentação. Vale ressaltar que o princípio da liberdade de tráfego não impede a cobrança de: (I) ICMS interestadual (previsão na própria Constituição, não há falar em inconstitucionalidade); e (II) pedágio (art. 150, V, da CF, in fine).

11. C O Código Tributário Nacional foi editado como lei ordinária em 25/10/1966 (à época a CF/46 em vigor não previa a figura da lei complementar). Porém, foi recepcionado já pela Constituição de 1967 com status de lei complementar, mantendo-

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o sob a égide da Constituição de 1988.

COMENTÁRIO EXTRA: A contribuição de melhoria tem como pressuposto a existência de obra pública de que decorra valorização dos imóveis dos eventuais contribuintes, podendo ser instituída por quaisquer dos entes da federação (União, Estados, DF e Municípios).

12. CERTO A resposta desta questão está no art. 2º, § 3º, da LINDB, segundo o qual salvo disposição de lei em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Portanto, caso a lei revogadora preveja expressamente efeito repristinatório à lei anteriormente revogada, esta voltará a viger. Atenção: esta questão teve seu gabarito alterado de Errado para Certo sob a justificativa de que, de fato, não existe na legislação brasileira o instituto da repristinação.

13. E A) correta – precedente ADI 1.480/DF; B) correta – segundo a doutrina, o CTN cometeu uma imprecisão quando prescreveu que os tratados revogam ou modificam a legislação tributária, quando, na verdade, eles suspendem ou modificam a legislação anterior incompatível. Em caso de denúncia do tratado, a legislação interna anterior voltará a ter vigência e eficácia. C) correta – o termo soft law designa normas desprovidas de caráter vinculamente, seriam, grosso modo, normas facultativas. Tal designação contrapõe-se ao termo hard law, que engloba normas com maior cogência, a exemplo das leis. Segundo Marcos Aurélio Pereira Valadão, as “normas de soft law irradiam seus efeitos tanto no âmbito do direito internacional público quanto no privado. Mas são sempre fontes indiretas, considerando a rigidez impositiva e desonerativa do direito tributário e sua íntima conexão com a própria soberania estatal”. D) correta – segundo o art. 84, VIII, da CF, compete ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Dessa forma, o sistema constitucional brasileiro não consagra o princípio do efeito direto nem da aplicabilidade imediata dos tratados (ver Informativo 196 do STF). E) errada – está incorreta pelo fato de que os tratados internacionais são, na maioria dos casos, equivalentes às leis ordinárias nacionais, salvo nas exceções previstas pelo art. 5º, §§

2º e 3º, da Constituição Federal, em que as normas de tratados sobre direitos humanos são equiparadas às normas constitucionais. Assim, temos que entre tratados não há hierarquia, mas tão somente a aplicação de normas em suas órbitas próprias, nas relações internas e externas (Fonte: ESAF, parecer apreciação dos recursos).

14. ERRADO Questão com certa complexidade: o art. 111 do CTN determina a interpretação literal da legislação tributária acerca de outorga de isenção. Entende-se por interpretação literal aquela sem qualquer ampliação ou restrição. Destarte, verifica-se a incorreção da assertiva em razão de dizer que é lícita a interpretação restritiva à lei que concede isenções, quando na verdade deve-se interpretar literalmente. Assim, entende-se interpretação literal como sinônimo de interpretação estrita, não como interpretação restritiva.

COMENTÁRIO EXTRA: Na interpretação restritiva, o intérprete verifica que a norma jurídica disse mais do que pretendia e restringe algum de seus significados. Entretanto, cabe consignar que o STJ em 2009 (REsp 1.093.720) entendeu que interpretação literal seria sinônimo de restritiva para fins do art. 111 do CTN; mesmo assim recomendamos em provas objetivas adotar o entendimento esposado no parágrafo anterior somente se a questão se referir ao entendimento recente do STJ que se deve utilizá-lo.

IV. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 1. ERRADO As obrigações acessórias são aquelas obrigações instrumentais, de fazer ou não fazer, diversas da obrigação de entregar dinheiro. No Direito Tributário, diversamente do que ocorre no Direito Civil, pode existir obrigação acessória sem que exista a obrigação principal (ex.: obrigação de escriturar livros dos entes imunes).

COMENTÁRIO EXTRA: Nos termos do art. 113, § 1º, do CTN, o pagamento da penalidade pecuniária é objeto da obrigação tributária principal. Podemos dizer que o descumprimento da obrigação acessória é fato gerador da multa (art. 113, § 3º, do CTN). No momento do descumprimento, surge a obrigação principal de pagar a penalidade pecuniária (multa), subsistindo a obrigação acessória com relação ao dever instrumental (ex.: escriturar livros).

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2. CERTO Sujeito ativo da obrigação tributária é sempre o ente público que promove a arrecadação, fiscalização e cobrança do tributo, possuindo capacidade tributária ativa (art. 7º do CTN). Por outro lado, as pessoas jurídicas de direito privado podem ser destinatárias do produto da arrecadação de tributos, é o que acontece com as entidades paraestatais do denominado sistema “S” (SESC, SENAI, SEBRAE etc.) que recebem o produto da arrecadação das contribuições instituídas e cobradas pela União. Atenção: apesar de ser esse o entendimento dominante na doutrina, e até então na jurisprudência, o STJ lançou a Súmula 396 (transcrita na parte extra deste capítulo) em sentido contrário ao aqui esposado, conferindo legitimidade de cobrança à pessoa jurídica de direito privado – Confederação Nacional da Agricultura. Dessa forma, somente se a questão fizer referência ao entendimento do STJ é que será seguro utilizar a súmula.

3. ERRADO A obrigação tributária principal surge no momento em que ocorre o fato gerador (art. 114 do CTN), isto é, no momento em que ocorre no mundo dos fatos a hipótese de incidência descrita na norma legal, independentemente de qualquer atividade do Fisco.

COMENTÁRIO EXTRA: O lançamento, ato ou procedimento administrativo privativo da autoridade fiscal constitui o crédito tributário (art. 142 do CTN). Entretanto, existem outras formas de constituição do crédito tributário, como a entrega de declarações ao Fisco (ex.: DCTF).

4. CERTO A obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (art. 113, § 1º, do CTN). Portanto, podemos afirmar que a obrigação de recolher qualquer tributo é obrigação tributária principal. Entretanto, podemos afirmar também que nem toda obrigação tributária principal refere-se a tributo. Da dicção do art. 113, § 1º, podemos verificar que a obrigação de pagar a penalidade pecuniária (multa tributária) também é obrigação tributária principal. A multa tributária, apesar de não poder ser enquadrada como tributo (art. 3º do CTN), tem no seu respectivo dever de pagar natureza de obrigação tributária principal. Destarte, a obrigação tributária principal tanto pode ser obrigação de pagar um

tributo como de pagar a multa tributária; o mesmo ocorre com os juros, que também terão natureza de obrigação tributária principal. Nessa toada, conclui Ricardo Alexandre (Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010) que a obrigação tributária principal é sempre obrigação de dar dinheiro.

5. ERRADO Capacidade tributária passiva: é possibilidade de figurar como sujeito passivo da obrigação tributária, sendo que qualquer pessoa, independentemente de sua situação (maior/menor, física/jurídica, regular/irregular e até mesmo incapaz civilmente), possui capacidade tributária (art. 126 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Não confundir capacidade tributária passiva com capacidade civil: esta possui uma série de requisitos ditados pela lei civil, aquela (tributária) independe de qualquer situação.

6. ERRADO Salvo disposição de lei em sentido contrário, considera-se ocorrido o fato gerador, tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável (art. 116, II, do CTN). Questão maliciosa: trocou as disposições dos incisos do art. 116 do CTN. O fato gerador, tratando-se de situação de fato, considera-se ocorrido quando presentes as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios.

7. ERRADO A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária (art. 116, parágrafo único, do CTN). É a famosa norma geral antielisão fiscal. Não obstante, tal disposição legal não autoriza a desconstituição do negócio jurídico celebrado – permanece válido e eficaz perante os particulares. O que a autoridade administrativa poderá fazer é desconsiderar os atos ou negócios praticados entre as partes, lançando o tributo que entender devido.

8. CERTO Sujeito passivo é aquele obrigado ao pagamento do tributo ou

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penalidade pecuniária (art. 121 do CTN), podendo ser: (I) contribuinte quando possui relação direta e pessoal com o fato gerador; ou (II) responsável quando, sem ser contribuinte, tenha sua obrigação decorrente expressamente da lei (art. 123 do CTN). Portanto, não há óbice a que determinado sujeito passivo seja contribuinte e responsável de um mesmo imposto. Exemplificando: determinado frigorífico é contribuinte do ICMS sobre os fatos geradores incidentes sobre sua atividade e, ao mesmo tempo, é responsável (por substituição) pelo recolhimento do ICMS devido pelos pecuaristas de quem compra o gado.

9. ERRADO Tratando-se de situação jurídica sob condição suspensiva, salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador no momento em que é implementada a condição suspensiva (art. 116 c/c 117, ambos do CTN). Na questão, o negócio jurídico estava submetido ao implemento da condição suspensiva “vencimento da demanda judicial”. Assim, logo que fosse declarado Pedro vencedor da demanda, teria por ocorrido o fato gerador (art. 117, I, do CTN).

10. ERRADO São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal e as pessoas expressamente designadas na lei (art. 124 do CTN). Salvo disposição de lei em sentido contrário, o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais (art. 125, I, do CTN). Dessa sorte, mesmo pagando parte da dívida, o coobrigado continua responsável por todo o restante da dívida juntamente com os demais. Cabe ressaltar que a solidariedade tratada no CTN não comporta benefício de ordem (art. 142, parágrafo único, do CTN), podendo a dívida ser cobrada totalmente de qualquer um dos coobrigados ou de todos ao mesmo tempo.

11. D Conforme já salientamos, a capacidade tributária passiva, nos termos do art. 126 do CTN, independe de qualquer condição. Quanto à solidariedade, em termos de obrigação tributária, não comporta benefício de ordem (parágrafo único do art. 124 do CTN). Com relação às isenções ou remissões, cabe distinguir: (I) objetiva, exonera todos os obrigados; e (II) subjetiva, somente o beneficiário é exonerado, os demais continuam obrigados

pelo saldo, ou seja, retira-se a parte do beneficiário e os demais continuam obrigados pelo restante da dívida (art. 125, II, do CTN).

12. CERTO Questão sumulada pelo STF (Súmula 583): o promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial e territorial urbano.

COMENTÁRIO EXTRA: O sujeito passivo (contribuinte) do IPTU pode ser (I) o proprietário, (II) o titular do domínio útil ou mesmo (III) o possuidor (art. 34 do CTN). Lembrar ainda da Súmula 399 do STJ – cabe ao município estabelecer o sujeito passivo do IPTU – atestando liberdade relativa aos Municípios para estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

13. CERTO · 14. ERRADO · 15. CERTO · 16. CERTO ·17. CERTO · 18. CERTO A capacidade tributária passiva (repita-se à exaustão) independe da capacidade civil do sujeito ativo ou qualquer outra condição (art. 126, I, do CTN).

A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados e dos efeitos ocorridos (art. 118 do CTN).

Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei (sentido formal) como necessária e suficiente para sua ocorrência (art. 114 do CTN).

Segundo o CTN, o descumprimento de obrigação acessória converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (mais técnico seria dizer que o descumprimento da obrigação acessória é fato gerador da multa – penalidade pecuniária – cujo pagamento, por sua vez, é obrigação principal).

O fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação descrita na legislação (incluindo tanto as leis em sentido formal como atos infralegais) que impõe a prática ou abstenção de ato que não configura a obrigação principal (art. 115 do CTN).

19. CERTO No Direito Tributário, diversamente do que ocorre no Direito Civil, pode existir obrigação acessória sem que exista a obrigação principal. Assim, as pessoas jurídicas imunes, por exemplo,

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possuem obrigação acessória de escriturar livros, podendo ser estes examinados pela autoridade fiscal. O descumprimento dessas obrigações acessórias dará ensejo ao fato gerador da penalidade pecuniária (multa) que será, nos termos do art. 113 do CTN, convertida em obrigação principal referente ao pagamento da multa (ver crítica na seção “Importante Saber”).

20. ERRADO Não confundir competência tributária com capacidade tributária passiva: competência tributária é o poder conferido pela Constituição ao ente político para instituir tributos; já a capacidade tributária ativa é a atribuição administrativa conferida à pessoa jurídica de direito público para arrecadar, fiscalizar ou mesmo executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas. Normalmente, ambas (competência e capacidade) estão reunidas na mesma pessoa jurídica de direito público, a exemplo do que ocorre quando a União institui e cobra o Imposto de Renda Pessoa Física. Na questão, quem possui capacidade tributária ativa, ou seja, é sujeito ativo da contribuição, é o INSS (autarquia federal), por delegação da União. Nesse sentido, o STJ (RESp 265.632/SC): as ações em que se discute a cobrança, pelo INSS, de salário educação devem ser propostas contra esta autarquia. Vale ressaltar que, com a criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei n. 11.457/2007), unindo a Secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária, a atribuição para cobrança de quase todas as contribuições ficou a cargo da própria União (SRFB e PGFN).

21. A Atentar à diferenciação entre elisão, evasão, elusão fiscal na parte extra deste capítulo. No gabarito preliminar, a resposta era “E”. Não obstante, houve a interposição de diversos recursos, em que se pretendia a anulação da questão, seja sob o argumento de que não haveria alternativa válida, seja por possuir mais de uma alternativa correta, no caso seriam “A” e “E”. Reconhecendo a ocorrência de erro material, a ESAF deu provimento parcial aos recursos, alterando o gabarito preliminar de “E” para “A”, mantendo-se a questão. Dessa forma, somente a alternativa “A” foi considerada incorreta. E com razão.

Tanto antes como depois da ocorrência do fato gerador podem ocorrer condutas ilícitas, por exemplo: (I) emissão de notas fiscais fraudulentas visando isenção, não

incidência ou redução de tributo (antes do fato gerador); ou (II) omissão de receita na declaração de Imposto de Renda visando redução da carga tributária (após o fato gerador). Desta forma, pode haver ilícito visando a redução da carga tributária anteriormente ou posteriormente à ocorrência do fato gerador.

22. B Para fins de reconhecimento da ocorrência do fato gerador, considera-se perfeito e acabado no momento da celebração do negócio quando submetido à condição resolutiva (art. 117, II, do CTN). Entretanto, para a questão, é irrelevante a condição resolutiva, ela foi aí introduzida para induzir o candidato a erro. Isso porque, nos termos do art. 1º da LC n. 116/2003, o fato gerador do ISS é a prestação do serviço. Portanto, irrelevante o contrato de prestação de serviço, pois o fato gerador terá ocorrido no momento da prestação do serviço.

COMENTÁRIO EXTRA: Se o negócio jurídico fosse submetido à condição suspensiva, considera-se perfeito e acabado quando implementada a condição, para fins de reconhecimento da ocorrência do fato gerador.

23. ERRADO A obrigação tributária principal surge com o fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (art. 113, I, do CTN), desta forma, verificamos que a obrigação tributária principal é sempre um dar (prestação positiva) dinheiro ao Fisco.

COMENTÁRIO EXTRA: A obrigação tributária acessória decorre da legislação tributária, tem por objeto prestações, positivas ou negativas, no interesse da arrecadação (art. 113, II, do CTN), portanto será sempre um fazer ou não fazer (prestações positivas ou negativas)

24. CERTO As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, suas garantias ou privilégios, ou que excluam sua exigibilidade, não afetam a obrigação que lhe deu origem (art. 140 do CTN). Conforme já ressaltado, a obrigação tributária surge com a ocorrência do fato gerador, independentemente de qualquer atividade da autoridade fiscal, assim também qualquer circunstância que modifique o crédito tributário, etapa posterior, não afeta

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a obrigação original.

V. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 1. ERRADO A regra é que somente a pessoa jurídica responda por suas obrigações fiscais diante da separação patrimonial existente entre ela e seus sócios ou acionistas. Todavia, alguns fatores podem ensejar a responsabilidade pessoal dos sócios administradores das pessoas jurídicas, especialmente as trazidas pelo art. 135, III, do CTN (excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatuto).

2. CERTO A lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da obrigação (art. 128 do CTN). Dessarte, não somente a norma que cria o tributo (norma-matriz), mas também outras leis podem atribuir responsabilidade tributária. O próprio CTN, em seus arts. 134 e 135, atribui responsabilidade tributária a terceiros.

3. ERRADO · 4. ERRADO · 5. ERRADO Trata-se responsabilidade por sucessão na qual os créditos tributários relativos aos impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis (IPTU e ITR), bem como as taxas referentes a prestação de serviços a tais bens ou contribuição de melhoria, sub-rogam-se na pessoa do adquirente (art. 130 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Entretanto, caso conste do título de aquisição prova da quitação dos tributos, não haverá responsabilidade por sucessão (art. 130, in fine, do CTN); 2) Destarte, não há responsabilidade solidária entre o alienante e o adquirente, ocorre sub-rogação pessoal, de modo que o adquirente passa a responder com todos os seus bens pela dívida.

6. CERTO · 7. ERRADO Os sucessores a qualquer título (herdeiro ou legatário) ou cônjuge meeiro não são devedores solidários, são na verdade responsáveis pelos tributos devidos pelo falecido até a data da partilha ou adjudicação, limitada a responsabilidade ao quinhão recebido (art. 131, II, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Entretanto,

enquanto durar o processo de inventário (ou arrolamento) a responsabilidade pelo pagamento dos tributos devidos pelo falecido até a data da abertura da sucessão (morte) será do espólio (art. 130, III, do CTN); 2) Desta forma, durante o processo de inventário (abertura da sucessão até a partilha), será responsável pelo recolhimento dos tributos devidos pelo falecido o espólio (art. 131, III, do CTN). A partir da partilha, a responsabilidade passa aos sucessores a qualquer título e ao cônjuge meeiro (art. 131, II, do CTN).

8. ERRADO Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento de obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com estes nos atos que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis, os tutores e curadores (art. 134, II, do CTN). A questão fala em responsabilidade pessoal (pessoalmente responsáveis) quando na verdade as pessoas descritas nos diversos incisos do art. 134 do CTN respondem solidariamente com o contribuinte. Atenção: apesar de o CTN dizer que são solidários, há benefício de ordem para a exigência da obrigação principal do responsável (nos casos de impossibilidade – art. 134, caput do CTN).

9. ERRADO · 10. CERTO · 11. CERTO A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido. (art. 133 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Fundo de comércio é integralidade de bens patrimoniais, inclusive os de natureza pessoal e de valor imaterial, expressa sempre um sentido de universalidade (Ives Gandra da Silva Martins), é todo ativo e passivo que engloba a empresa (Rubens Requião). Razão social é espécie de nome empresarial para sociedades empresárias; 2) Responderá integralmente o sucessor (adquirente) se o alienante (vendedor) cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade (art. 133, I). Responderá subsidiariamente o sucessor com o alienante, caso este (vendedor) prosseguir na exploração ou iniciar dentro de 6 meses, a contar da data da alienação nova

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atividade no mesmo ou outro ramo do comércio (art. 133, II).

12. C Questão anulada. Mantivemos o gabarito oficial em razão do conteúdo. A responsabilidade por sucessão empresarial (art. 133, caput, do CTN) não se aplica aos casos de alienação judicial em processo de falência ou recuperação judicial (art. 133, § 1º, I e II, do CTN). Não obstante, caso o adquirente seja identificado como agente do falido, sócio ou parente até o quarto grau, volta-se à regra do caput no sentido da responsabilidade por sucessão (art. 133, § 2º, do CTN). Correta a assertiva que indica como adquirente pessoa que não possui relação com o devedor.

13. ERRADO O CTN quando atribui a responsabilidade por sucessão empresarial não faz distinção entre créditos tributários relativamente a tributos ou a multa. De outro lado, não há expressa disposição legal no sentido de que as multas (moratórias e punitivas) são devidas pelo sucessor.

COMENTÁRIO EXTRA: Interpretando o disposto no art. 133 do CTN, o STJ tem entendido que a responsabilidade tributária dos sucessores estende-se às multas impostas ao sucedido, sejam de natureza moratória ou punitiva, pois integram o patrimônio jurídico-material da sociedade empresarial sucedida (REsp 592.007).

14. ANULADA Esta questão foi anulada pela banca examinadora em razão de divergência na doutrina tributária. Para alguns autores, o caso tratado no item é de mera responsabilização; para outros, seria de substituição tributária. O art. 208 do CTN é muito criticado pela doutrina em razão de afastar, aparentemente, a responsabilidade do contribuinte quando da expedição de certidão negativa com dolo ou fraude. Isso porque aquele que, prima face, teria maiores condições para adimplir o crédito tributário (contribuinte) acaba por ter afastada sua responsabilidade, recaindo esta no funcionário que expediu a certidão. Nos termos do art. 208 do CTN: a certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos.

15. ERRADO Primeiramente, cabe relembrar que tanto o contribuinte quanto o

responsável podem ser sujeitos passivos da obrigação tributária (art. 121, parágrafo único, do CTN). Assim, contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador (art. 121, parágrafo único, I, do CTN); responsável é aquele que, não sendo contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa na lei (art. 121, parágrafo único, II, do CTN).

16. ANULADA Esta questão foi anulada pela banca examinadora devido à divergência na doutrina tributária. Para alguns autores, o caso tratado no item é de mera responsabilização; para outros, seria o embrião da desconsideração da personalidade jurídica. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas (art. 134, VII, do CTN). Entretanto, a responsabilidade sobre penalidades se limita às de caráter moratório (art. 134, parágrafo único, do CTN).

17. ERRADO A questão em que estava inserida esta assertiva também foi anulada, entretanto, entendemos que tal anulação não decorreu da assertiva sub examine. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, as pessoas referidas no artigo anterior (art. 135, I, do CTN). Desta forma, verificamos que a responsabilidade do síndico (hoje administrador judicial) é pessoal pelos atos praticados com excesso de poderes (art. 134, V c/c 135, I, ambos do CTN). Portanto, é pessoal, não solidária como faz crer a questão, o que demonstra estar errada a assertiva.

18. D Na substituição tributária para frente ou progressiva, o sujeito passivo (contribuinte substituto) é obrigado a pagar não somente o tributo (imposto ou contribuição) devido pela operação que ele pratica, mas também o tributo referente à operação ou operações posteriores (art. 150, § 7º, da CF), podendo recair sobre o contribuinte substituído responsabilidade supletiva (art. 128, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Presume-se

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fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa (art. 185, do CTN).

19. ERRADO · 20. CERTO · 21. ERRADO · 22. CERTO · 23. CERTO O entendimento atual do STF (ADI 1.851-4/AL) é no sentido de que o fato gerador presumido não é provisório, não dando ensejo à restituição do imposto pago a maior; somente há restituição se não realizado o fato gerador. No mesmo sentido o STJ no RMS 24.374, j. em 18/02/2010.

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Trata-se de substituição tributária para frente prevista no art. 150, § 7º, da CF, na qual a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente (por isso presumido), assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga caso não realize o fato gerador presumido; 2) A técnica da substituição tributária para frente não foi instituída pela EC n. 3/2003, na verdade ela foi constitucionalizada com tal emenda. Ela foi prevista originalmente no Decreto-lei n. 406/68 para o antigo ICM hoje ICMS; 3) No regime de substituição tributária para frente ou progressiva é o substituto que mantém vínculo jurídico com a administração tributária e não o substituído, tal sistemática atende ao princípio da praticabilidade (REsp 1.035.594).

24. E Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação (art. 130 do CTN). Portanto, como não havia prova da quitação dos tributos no título, a responsabilidade por ambos os tributos será do adquirente.

COMENTÁRIO EXTRA: No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço (parágrafo único do art. 130 do CTN).

25. E Questão dúbia, fala em bens adquiridos sem especificar se é bem móvel ou imóvel. No caso de aquisição de bens

imóveis, o art. 130 do CTN é categórico ao afastar a responsabilidade dos adquirentes em duas situações: 1 – quando do título (de aquisição) conste prova da quitação dos tributos; 2 – quando o bem for adquirido em hasta pública (neste caso a sub-rogação se dará no valor da arrematação).

COMENTÁRIO EXTRA: Já para bens móveis vale o regramento genérico do art. 131 do CTN, no qual não são previstas exceções quanto à prova da quitação dos tributos ou alienação em hasta pública. Não obstante, o STJ entende que a alienação em hasta pública é aquisição originária, de forma que o débito sub-roga-se no valor da arrematação, estendendo a regra originalmente aplicada aos imóveis, nos termos do art. 130, parágrafo único, do CTN (REsp 954.176/SC, 807.455/RS e 905.208/SP).

26. ERRADO A regra em Direito Tributário é que as convenções particulares não podem ser opostas ao Fisco (art. 123 do CTN), na verdade, são ineficazes perante a Fazenda Pública. Não obstante, continuam existentes, válidas e eficazes entre os particulares contratantes.

COMENTÁRIO EXTRA: Por outro lado, nos termos do art. 124, parágrafo único, do CTN, a solidariedade em termos de obrigação tributária não comporta benefício de ordem.

VI. CRÉDITO TRIBUTÁRIO1. CERTO Nos termos do CTN, compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente (declara o fato gerador), determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível (art. 142 do CTN). Portanto, para o CTN, lançamento é procedimento administrativo, tal procedimento possui natureza jurídica mista (declaratória e constitutiva) eis que da leitura do art. 142 do CTN verificamos que o lançamento declara a ocorrência do fato gerador (verifica sua ocorrência) e constitui o crédito tributário.

2. ERRADO O princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º, da CF) tem por destinatário primordial o ente político com

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competência tributária para instituição de tributo, a exemplo do que ocorre com o imposto de renda e suas alíquotas progressivas. Por outro lado, o emprego da equidade não pode resultar na dispensa de pagamento de tributo devido (art. 108, § 2º, do CTN).

3. ERRADO Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial (art. 148 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: No sentido de que nem sempre haverá o lançamento por arbitramento no caso de ausência de escrituração de livros fiscais, Súmula 76 do extinto TFR: Em tema de imposto de renda, a desclassificação da escrita somente se legitima na ausência de elementos concretos que permitam a apuração do lucro real da empresa, não a justificando simples atraso na escrita.

4. ERRADO O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (art. 144 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros (§ 1º do art. 144).

5. C Qualquer modalidade de lançamento é possível ser revista. O art. 145 do CTN traz as hipóteses em que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser alterado: I – impugnação pelo sujeito passivo; II – recurso de ofício (remessa necessária); e III –

iniciativa de ofício pela autoridade administrativa, nos casos do art. 149.

COMENTÁRIO EXTRA: Ponto interessante é que, em se tratando de impugnação do sujeito passivo, não é aplicado o princípio da proibição da reformatio in pejus (amplamente utilizado na seara criminal). Desta forma, o contribuinte poderá ver sua situação agravada em razão de sua impugnação; claro que, nesta hipótese, haverá devolução do prazo para impugnação.

6. CERTO Existe um acórdão da Primeira Turma do STJ no sentido da inconstitucionalidade formal do art. 13 da Lei n. 8.620/93, verbis: inteiramente desprovidas de validade são as disposições da Lei n. 8.620, ou de qualquer outra lei ordinária, que indevidamente pretender alargar responsabilidade dos sócios e dirigentes das pessoas jurídicas (REsp 946.509, j. em set./2007). Importante: o art. 13 da Lei n. 8.620/93 (que trazia a responsabilidade de que trata a questão) foi revogado expressamente pela Lei n. 11.941/2009, lei de conversão da MP n. 449/2008. Destarte, a solidariedade trazida pela questão não mais vige em nosso ordenamento jurídico. A questão está pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal, tendo sido reconhecida sua repercussão geral (RE 562.932).

7. ERRADA · 8. ERRADA Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação (art. 143 do CTN). Regra mais do que lógica, sendo o lançamento procedimento administrativo (segundo o CTN) ou ato administrativo (maioria da doutrina) cuja função é declarar o fato gerador (fato que já ocorreu) e constituir a obrigação tributária, nos termos do art. 144, reporta-se à data da ocorrência do fato gerador e rege-se pela lei então vigente.

9. ERRADA O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (art. 144 do CTN). Desta forma, no lançamento, salvo disposição de lei em sentido contrário, é considerada a lei então vigente à época da ocorrência do fato

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gerador. Lembrar que no lançamento a autoridade fiscal declara a ocorrência de um fato pretérito (fato gerador).

10. CERTA A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução (art. 146 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Esta norma, inspirada no princípio da proteção da confiança, apesar das infindáveis controvérsias geradas por sua truncada redação, impede que a administração tributária reveja lançamentos já realizados por mudança de critérios jurídicos (erro de direito). Para Ricardo Lobo Torres, a norma complementa a irreversibilidade do erro de direito regulada pelos arts. 145 e 146 do CTN.

11. CERTO As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade, não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem (art. 140 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: José Eduardo Soares de Melo (Curso de direito tributário, 7. ed, 2007), afirma que, em regra, a obrigação tributária não sofre qualquer modificação após a ocorrência do fato gerador. Alguns doutrinadores, a exemplo de Paulo de Barros Carvalho, criticam este dispositivo afirmando que modificações de vulto como a exclusão de exigibilidade do crédito extingue a própria obrigação tributária.

12. CERTO Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

COMENTÁRIO EXTRA: O uso da pauta fiscal, afirmam Alexandrino e Paulo (Manual de direito tributário, 5. ed., 2007), como foi originalmente concebido (usada como presunção absoluta de valor de certos bens adotados como base de cálculo) foi considerado inconstitucional pelo STF. No mesmo sentido, a Súmula 431 do STJ: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.

VII. SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO1. ERRADO Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g (art. 150, § 6º, da CF).

COMENTÁRIO EXTRA: Mais do que razoável é a regra segundo a qual benefícios fiscais somente podem ser concedidos por lei (art. 150, § 6º, da CF). Se para instituição de tributos é necessário lei em sentido formal (princípio da legalidade tributária), qualquer renúncia a receita tributária, por simetria, também será através de lei em sentido formal.

2. CERTO O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei (CTN), fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias (art. 141 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: São causas de suspensão do crédito tributário (art. 151 do CTN): I – moratória; II – o depósito do seu montante integral; III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento.

3. CERTO A ação para cobrança do crédito

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tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (art. 174 do CTN). Importante: após a constituição definitiva do crédito tributário, a exemplo do que ocorre com o lançamento não impugnado, não se fala mais em decadência (perda do direito de o Fisco constituir o crédito tributário), só em prescrição (perda do direito de promover a ação de execução fiscal).

4. ERRADO Com a decadência, segundo o art. 173 do CTN, extingue-se o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário através do lançamento. Atenção: em Direito Tributário, decadência e prescrição extinguem o crédito tributário (art. 156, V, do CTN), fato que difere do Direito Civil onde a prescrição é a perda da pretensão (art. 189 do CC).

5. CERTO · 6. CERTO A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública (art. 170 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) A compensação pressupõe a existência de duas pessoas que ao mesmo tempo sejam devedores e credores um do outro. A principal diferença entre a compensação cível e a compensação tributária é que na tributária os créditos a compensar pelo sujeito ativo devem ser líquidos, certos, em dinheiro e vencidos ou vincendos. Importante: o que pode ser vincendo é o crédito do sujeito passivo com a Fazenda Pública, jamais o crédito tributário (deve necessariamente estar vencido); 2) Enunciado da questão 6 sumulado pelo STJ, Súmula 212: a compensação dos créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou medida liminar cautelar ou antecipatória; 3) Nos termos da Lei n. 9.430/96 (art. 74, § 3º, III), é vedada a compensação de créditos já encaminhados para inscrição em dívida ativa da União. Neste sentido, STJ, RE 1.049.448/AL. Entretanto, nada obsta que a lei, revogando a disciplina do art. 74, § 3º, III, permita a compensação de créditos inscritos.

7. E A) A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do

crédito tributário, atendidos os requisitos trazidos pelos incisos do art. 172 do CTN. Entretanto, o despacho concessivo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no art. 155 (art. 173, parágrafo único, do CTN). Art. 155 do CTN: A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora. Há ainda a possibilidade de imposição de penalidade caso o sujeito passivo atue com dolo, fraude ou simulação (art. 155, I).

B) A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário (art. 157 do CTN). O vocábulo “ilide” aqui está impropriamente utilizado no sentido de afastar, melhor seria dizer “elide” (suprime). O artigo nos diz serem independentes e cumulativas as obrigações de pagar o tributo e a de pagar a penalidade imposta.

C) A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça (art. 160, parágrafo único, do CTN). Assim, nos termos do CTN, é possível a legislação tributária conceder descontos pela antecipação de pagamento, muito comum no IPVA e IPTU. Desta forma, em tese, atos infralegais poderiam conceder os descontos pela antecipação do pagamento, entretanto, alerta Ricardo Alexandre (Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010) não parecer possível a concessão de qualquer desconto senão em virtude de lei diante do princípio da indisponibilidade do patrimônio público.

D) Consoante a dicção do art. 170 do CTN, “A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública”, demonstrando estar errada a assertiva.

E) É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial (art. 170-A do CTN). No mesmo sentido a Súmula 212 do STJ: A

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compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

8. CERTO O STJ, no REsp 644.736, fixou entendimento no sentido de que a norma trazida pelo art. 3º da LC n. 118/2005, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, sendo preceito normativo modificativo, somente tendo eficácia prospectiva (não retroativa).

9. ERRADO Os processos em curso ao tempo da entrada em vigor da lei não sofrem seus efeitos, somente processos em que se requer repetição de pagamentos indevidos efetuados após a vigência da LC n. 118/2005.

Comentário Extra (para as questões 8 e 9): Assim, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC n. 118/2005 (09/06/2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, não havendo homologação expressa, continua observando a tese consagrada pelo STJ dos 5 mais 5, desde que, na data da vigência da Lei, sobrem no máximo 5 anos da contagem do lapso temporal. Tratando-se de pagamentos indevidos ocorridos a partir da vigência da LC n. 118 (09/06/2005), o prazo para requerer a repetição do indébito será de 5 anos a contar da data do pagamento indevido (art. 3º da LC n. 118/2005).

10. CERTO Entendeu a Corte Especial do STJ que o art. 4º, segunda parte, da LC n. 118/2005, que determina aplicação retroativa do seu art. 3º, para alcançar inclusive fatos passados, ofende o princípio constitucional da autonomia e independência dos poderes, a garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Ocorre que o multicitado art. 3º da LC n. 118/2005, a pretexto de interpretar o art. 168 do CTN, conferiu-lhe sentido e alcance diferente daquele tido como correto pelo Judiciário, retirando uma de suas interpretações possíveis, justamente aquela tida como correta pelo STJ.

11. CERTO Nos termos do art. 114 do CTN, o crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue

ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída nos casos previstos nesta Lei (CTN). A doutrina se divide acerca de ser taxativo ou não o rol do art. 114 do CTN; o STJ já reconheceu em caso peculiar extinção por hipótese não constante do art. 114 (confusão – REsp 117.895/MG). Em 2006, o STF alterando sua jurisprudência, reconheceu a possibilidade de lei local criar nova hipótese de extinção do crédito tributário (ADI 2.405-MC). Este último entendimento foi utilizado pelo CESPE em prova de Juiz Federal aplicada em 2009.

COMENTÁRIO EXTRA: A LC n. 104/2001, inserindo o inciso XI no art. 156 do CTN, previu a possibilidade da extinção de crédito tributário através de dação de bem imóvel na forma e condições estabelecidas em lei. Destarte, trata-se de norma de eficácia limitada, subordinada à intermediação de norma regulamentadora, cabendo a cada ente político disciplinar as formas e condições em que se dará a dação em pagamento de bens imóveis (REsp 884.272/RJ).

12. ERRADO A prescrição é causa de extinção do crédito tributário (art. 156, V, do CTN). Importante lembrar que em Direito Tributário a prescrição, assim como a decadência, extingue o próprio crédito. No Direito Civil, a prescrição extingue apenas a pretensão.

COMENTÁRIO EXTRA: Existem apenas duas hipóteses de exclusão do crédito tributário: isenção e anistia; esta (anistia) exclui o crédito relativo à penalidade pecuniária e aquela (isenção) exclui o crédito relativo ao tributo (art. 175 do CTN).

13. CERTO A decadência se refere à perda do direito de o Fisco constituir o crédito tributário através do lançamento. Não sendo constituído o crédito tributário no prazo trazido pela lei, extinto estará o mesmo (art. 156, V, do CTN). Assim, o mais correto seria dizer que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário se extingue pelo decurso do prazo decadencial.

14. ERRADO A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (art. 174 do CTN).

15. CERTO Com a decadência, segundo o art. 173 do CTN, extingue-se o direito da

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Fazenda Pública de constituir o crédito tributário através do lançamento.

Comentário Extra (para as questões 14 e 15): Importante: após a constituição definitiva do crédito tributário, a exemplo do que ocorre com o lançamento não impugnado, não se fala mais em decadência (perda do direito de o Fisco constituir o crédito tributário), só em prescrição (perda do direito de promover a ação de execução fiscal).

16. CERTO Nos termos do art. 175 do CTN, a isenção e a anistia excluem o crédito tributário. A doutrina, acompanhada pela jurisprudência, entende que na isenção ocorre fato gerador, surge a obrigação tributária, mas em virtude de lei específica (art. 150, § 6º, da CF) o Fisco está impedido de efetuar o lançamento, sendo excluído o crédito tributário (art. 175, I, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: As imunidades são limitações à competência tributária previstas na própria CF. Com efeito, impedem a atuação do legislador, excluem as hipóteses de incidência, não havendo cogitar de surgimento do fato gerador ou da respectiva obrigação tributária.

17. ERRADO Quando a Constituição reserva determinada matéria a ser tratada por lei complementar, ela o faz expressamente. No silêncio da Constituição, a matéria reservada à lei pode ser disciplinada por lei ordinária ou espécie normativa que tenha força de lei, como as medidas provisórias. Nos termos do art. 97 do CTN: somente a lei pode estabelecer as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades (inciso VI).

COMENTÁRIO EXTRA: Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g (art. 150, § 6º, da CF).

18. CERTO A isenção (exclusão do crédito tributário) não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da

obrigação principal cujo crédito seja excluído ou dela consequente (art. 175, parágrafo único, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Vale lembrar que, em Direito Tributário, as obrigações acessórias muitas vezes independem da obrigação principal e, mesmo se esta não existir, a exemplo das imunidades, subsiste a obrigação acessória.

19. ERRADO A isenção concedida por prazo certo e em função de determinadas condições não podem ser revogadas ou modificadas a qualquer tempo, deverá ser respeitado o prazo previsto na lei com relação aos contribuintes que, durante a vigência da lei concessória, cumpriam os requisitos (art. 178 do CTN). No mesmo sentido a Súmula 544 do STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas. Vale ressaltar que os requisitos por prazo certo e em função de determinadas condições trazidos pelo art. 178 do CTN são cumulativos.

20. CERTO No caso de tributo lançado por auto de infração, temos hipótese típica de lançamento de ofício (art. 149 do CTN); com a constituição definitiva do crédito tributário (ausência de impugnação ou decisão definitiva do recurso administrativo interposto) começa a fluir o prazo prescricional (art. 174 do CTN).

21. CERTO Reclamações e recursos administrativos são causas que suspendem o crédito tributário (art. 151, III, do CTN). Na realidade, na pendência de recurso administrativo, não há ainda constituição definitiva do crédito tributário, assim não há cogitar de fluência de prazo decadencial, pois já houve lançamento, tanto que está sendo contestado administrativamente; nem início de prazo de prescrição, pois ainda não houve constituição definitiva do crédito tributário.

Comentário Extra (para as questões 20 e 21): Relembre-se: só se fala em decadência antes da constituição definitiva do crédito tributário (perda do direito de o Fisco constituir o crédito tributário); após a constituição definitiva, só se perquire acerca da prescrição (perda do direito de promover a ação de execução fiscal). Vê-se então que o divisor de águas entre decadência e prescrição é justamente a constituição

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definitiva do crédito tributário.

22. CERTO Nos termos do art. 151, III, da CF, é vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Assim, a regra é a vedação à instituição de isenções heterônomas. As exceções ficam por conta dos tratados internacionais firmados pela República Federativa do Brasil (relação entre estados soberanos); ICMS incidente sobre exportações (art. 155, § 2º, X, e, da CF), hoje inaplicável em face da imunidade deste tributo nas exportações (art. 155, § 2º, X, a, da CF); e ISS incidente sobre exportações (art. 153, § 3º, XII, da CF).

23. CERTO · 24. CERTO A anistia, uma das formas de exclusão do crédito tributário (a outra é a isenção), constitui perdão de infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede (art. 180 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Nos termos do art. 150, § 6º, da CF, anistia, assim como qualquer outro benefício fiscal, somente pode ser concedida por lei específica que regule exclusivamente a matéria ou trate do correspondente tributo; 2) Ricardo Alexandre (Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010) alerta que existem dois marcos temporais que delimitam a anistia: primeiro é que o benefício somente pode ser concedido após o cometimento da infração (sob pena de servir de incentivo à prática de atos ilícitos); e segundo, somente pode ser concedido antes do lançamento da penalidade pecuniária, pois se o crédito já está constituído a dispensa somente pode ser realizada por remissão (extinção do crédito tributário).

25. ERRADO A isenção só poderá ser concedida mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente a matéria ou o correspondente tributo ou contribuição (art. 150, § 6º, da CF).

26. ERRADO Não há qualquer condicionante externa, como deliberação do Conselho Nacional de Política Fazendária, para concessão de benefícios fiscais relativos ao IPVA.

27. ERRADO Em regra, quem tem o poder de isentar é aquele que tem o poder de tributar; com efeito, sendo o ICMS imposto

da competência dos Estados e DF, não poderá o Município estabelecer isenção quanto a esse tributo.

28. ERRADO Salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais (art. 155, § 2º, VI, da CF).

29. ERRADO Nos termos do art. 111, II, do CTN, interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. Assevera Hugo de Brito Machado que essa disposição “há de ser entendida no sentido de que as normas reguladoras das matérias ali mencionadas não comportam interpretação ampliativa nem integração por equidade”.

COMENTÁRIO EXTRA: Esta questão foi apreciada pela Segunda Turma do STJ em 2004, onde ficou assentado: Decreto Estadual n. 40.643/96, que aprovou os termos do Convênio n. 132/95, concedeu a isenção unicamente para os estabelecimentos industriais. A circunstância de que a Lei Federal n. 4.502/64, que, para os fins nela previstos, tenha equiparado o estabelecimento industrial ao importador, em nada interfere na solução dada à presente demanda (REsp 329.328).

VIII. TRIBUTOS EM ESPÉCIE1. CERTO A questão traz a classificação dos tributos em vinculados e não vinculados sob a ótica da teoria dualista, segundo a qual, se o tributo não for vinculado a nenhuma contraprestação estatal, ele terá natureza de imposto; caso contrário, se o seu fato gerador é justamente a atividade estatal que ensejou sua cobrança, terá natureza de taxa.

COMENTÁRIO EXTRA: Vale ressaltar que a teoria dualista ou bipartida ou ainda bipartite não goza de prevalência seja na doutrina, seja na jurisprudência. A doutrina que prevalece na atualidade, encampada pelo STF, é a teoria quinquipartite ou pentapartite ou ainda da pentapartição, que divide os tributos em impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

2. ERRADO O CTN (editado em

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25/10/1966) trouxe uma distribuição tripartite dos tributos. Nos termos do seu art. 5º, os tributos são os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. A CF/88 trouxe os empréstimos compulsórios (art. 148) e as contribuições especiais (art. 149), com natureza inegavelmente tributária, no capítulo do Sistema Tributário Nacional.

COMENTÁRIO EXTRA: Conforme salientado, o STF tem adotado a teoria da quinquipartida (pentapartição), que divide os tributos em impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

3. ANULADA Atenção: questão anulada pela banca examinadora; não foi apresentada justificativa, a mantivemos por seu conteúdo. A questão tenta levar o candidato a erro, confundindo não cumulatividade com seletividade. O IPI é regido pelos princípios/técnicas da não cumulatividade e seletividade. Ser não cumulativo quer dizer possibilidade de compensar o que for devido em cada operação com o que foi recolhido nas anteriores (art. 153, § 3º, II, da CF). Ser seletivo significa que suas alíquotas devem ser fixadas levando-se em conta a essencialidade do produto, quanto mais essencial o produto, menor deverá ser a alíquota (art. 153, § 3º, I, da CF).

4. C O imposto (IR), de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior (art. 43 do CTN). Portanto, a aquisição de disponibilidade jurídica de acréscimos patrimoniais corresponde ao fato gerador do imposto sobre a renda e proventos (art. 43, II, do CTN).

5. CERTO O ICMS, nos termos do art. 155, § 2º, I, da CF, será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. Quanto à seletividade, o art. 155, § 2º, III, da CF permite aos Estados ou Distrito Federal a fixação de alíquotas do ICMS em

função da essencialidade do produto, ou seja, quanto mais essencial o produto, menor a alíquota. Repise-se: trata-se de faculdade conferida pela Constituição aos Estados e ao DF.

6. ERRADO O IR, nos termos do art. 153, § 2º, I, da CF, será informado pelos critérios da generalidade, universalidade e progressividade na forma da lei. A questão fala em uniformidade (errado) em vez de universalidade (correto). Para a maioria da doutrina, generalidade se refere ao campo subjetivo, ou seja, deve atingir a todos os sujeitos passivos que praticarem o fato gerador; universalidade diz respeito à extensão da base de cálculo, ou seja, deve abranger quaisquer rendas ou proventos do contribuinte (atenção: alguns autores invertem os conceitos, outros nem os distinguem, não havendo uniformidade na doutrina). Já progressividade diz respeito à variação da alíquota, quanto maior a base de cálculo maior deverá ser a alíquota.

7. CERTO Nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, da CF, a concessão ou revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais depende de prévia deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal. Este condicionamento para concessão e revogação de benefícios fiscais que envolvam ICMS visa evitar a famosa guerra fiscal entre os entes federados. Atualmente esta deliberação se dá por convênio celebrado pelo CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária).

8. CERTO O art. 158, II, da CF, com redação alterada pela EC n. 42/2003, faculta aos municípios a fiscalização e cobrança do ITR, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Sendo o ITR tributo da competência tributária da União, cabe aos municípios 50% do valor da arrecadação sobre imóveis situados no respectivo município. Caso o município opte por fiscalizar e arrecadar o tributo (delegação da capacidade tributária ativa), caberá a ele 100% do valor da arrecadação.

9. CERTO ADI 1.600, julgada em 26/11/2001: É inconstitucional a exigência de ICMS na prestação de serviços de transporte aéreo internacional de cargas pelas empresas aéreas nacionais, enquanto persistirem os convênios de isenção de empresas estrangeiras. Desta forma,

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entendeu o STF que enquanto as empresas estrangeiras se valerem de acordos internacionais para não recolherem o ICMS, por reciprocidade, as empresas aéreas nacionais também estarão desoneradas do tributo.

10. ERRADO O STF (RREE 353.657 e 370.682) fixou entendimento no sentido de que, conforme disposto no inciso II do § 3º do art. 153 da Constituição Federal, observa-se o princípio da não cumulatividade compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, ante o que não se pode cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero ou não tributado. Assim, a questão foi pacificada quanto aos insumos não tributados ou desonerados sob o regime de alíquota zero. Note-se que tais julgados não se referiram aos insumos isentos, motivo pelo qual a questão foi considerada, a nosso ver, incorreta. Não obstante, a Segunda Turma do STF se manifestou em 06/04/2010 no sentido da não existência do direito ao creditamento também para os insumos isentos (RE 566.551), utilizando como paradigma os mesmos RREE 353.657 e 370.682.

11. CERTO Entendimento sumulado pelo STJ (Súmula 350): o ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular. Para o STJ, inocorre qualquer serviço efetivo de telecomunicações na habilitação do serviço de telefone celular. Também no sentido da não incidência do ICMS – Súmula 334 do STJ: o ICMS não incide no serviço de provedores de acesso a Internet.

12. ERRADO Questão sumulada pelo STJ (Súmula 156): a prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS.

COMENTÁRIO EXTRA: Três situações podem ocorrer quando serviços são prestados juntamente com fornecimento de mercadorias: a) o serviço não está previsto na LC n. 116/2003, ICMS incide sobre o valor total da operação; b) o serviço está previsto na LC n. 116/2003 sem ressalva quanto à incidência do ICMS, ISS incide sobre o valor total da operação; c) o serviço está previsto com ressalva quanto à incidência do ICMS, incide os dois tributos, ISS sobre o valor do

serviço e ICMS sobre o valor da mercadoria (retirado do quadro esquemático de Ricardo Alexandre, Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010).

13. CERTO Questão sumulada pelo STJ (Súmula 262): incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas. O lucro obtido pelo resultado positivo de aplicação financeira feita por cooperativa não pode ser considerado atos cooperativos típicos, assim considerados aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais (RE 58.265, j. em 14/04/2010).

14. B A assertiva 28 traz a literalidade do art. 153, § 5º, da CF. O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, se sujeita exclusivamente à incidência do IOF, devido somente na primeira operação (origem), sendo as demais imunes. Sua alíquota mínima será de 1% e o montante da arrecadação será dividido em 30% para o Estado (também DF ou Território) e 70% para Município de origem.

COMENTÁRIO EXTRA: Vale ressaltar que, caso o ouro seja comercializado como simples mercadoria, haverá incidência do ICMS e não do IOF, portanto, necessário identificar a finalidade com que é feita a operação com o ouro.

15. D Segundo o CTN, o valor da base de cálculo do IOF será: a) sobre seguros, o montante do prêmio (art. 63, III); b) sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários, na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver (art. 62, IV, a); c) sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários, na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em bolsa, como determinar a lei.

COMENTÁRIO EXTRA: Ainda segundo o CTN, o valor da base de cálculo será: d) sobre as operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição (art. 63, II); e) sobre as operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros (art. 63, I).

16. D A) Nos termos do art. 34 do CTN,

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contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Portanto, pode o legislador municipal escolher dentre as opções constantes do art. 34 do CTN quem será o contribuinte do IPTU. Nesse sentido a recente Súmula 399 do STJ: cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

B) A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel (art. 33 do CTN). Na determinação da base de cálculo não se considera os móveis mantidos no imóvel (art. 33, parágrafo único, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Considera-se valor venal do imóvel aquele preço que seria alcançado em uma operação de compra e venda à vista, em condições normais do mercado imobiliário (Kiyoshi Harada. Direito financeiro e tributário, 17. ed., 2008).

C) Sendo o fato gerador do IPTU a propriedade predial e territorial urbana, necessária a delimitação por meio de lei do perímetro urbano do município. O § 1º do art. 32 do CTN traz os requisitos mínimos para se considerar área urbana (recomenda-se a leitura atenta). Entretanto, o § 2º do mesmo art. 32 autoriza a lei municipal considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

D) Antes da EC n. 29/2000, para o IPTU somente era prevista a progressividade extrafiscal (art. 182, § 4º, da CF), isto é, progressividade no tempo em razão da desídia do contribuinte em dar adequado aproveitamento ao imóvel (cumprir a função social da propriedade).

COMENTÁRIO EXTRA: A EC n. 29, de 13/09/2000, alterando a redação do § 1º do art. 156 da CF, passou a prever a possibilidade de os municípios instituírem alíquotas progressivas do IPTU em razão do valor do imóvel, de sua localização ou mesmo de sua utilização.

E) Súmula 668 do STF: é inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se

destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.

17. CERTO · 18. CERTO O art. 46 do CTN descreve as hipóteses de incidência/fatos geradores abstratos do IPI: a) o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do art. 51; a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. O Regulamento do IPI – RIPI (atualmente Decreto n. 7.212/2010), em seu art. 35, parágrafo único, determina que para efeito do disposto no inciso I (importação), considerar-se-á ocorrido o respectivo desembaraço aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo extravio ou avaria venham a ser apurados pela autoridade fiscal, inclusive na hipótese de mercadoria sob regime suspensivo de tributação. O imposto de importação tem como fato gerador a entrada de produtos estrangeiros no território. Tratando-se de mercadoria despachada para consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição competente, da declaração apresentada pelo importador (art. 23 do Decreto-lei n. 37/66), sendo irrelevante para esse efeito específico a data da celebração do contrato de compra e venda ou a do embarque ou a do ingresso no país de mercadoria importada (ADI 1.293).

19. ERRADO Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação (art. 143 do CTN). Conforme comentário anterior, o fato gerador pode considerar-se ocorrido na data da declaração de importação ou mesmo quando do desembaraço aduaneiro. Assim, não pode ser correta a assertiva que diz que os valores expressos em moeda estrangeira deverão ser convertidos em moeda nacional à taxa de câmbio vigente na data da entrada do bem em águas territoriais nacionais.

20. CERTO · 21. ERRADO · 22. ERRADO · 23. ERRADO Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas

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com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado, observadas as condições previstas no art. 18 da Lei n. 9.430/96, por um dos seguintes métodos:

Método dos Preços Independentes Comparados – PIC: definido como a média aritmética ponderada dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda empreendidas pela própria interessada ou por terceiros, em condições de pagamento semelhantes;

Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL: definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda, no País, dos bens, direitos ou serviços importados, em condições de pagamento semelhantes e calculados conforme a metodologia descrita no art. 18, II, da Lei n. 9.430/96;

Método do Custo de Produção mais Lucro – CPL: definido como o custo médio ponderado de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, acrescido dos impostos e taxas cobrados na exportação no país onde tiverem sido originariamente produzidos, e de margem de lucro de 20% (vinte por cento), calculada sobre o custo apurado.

24. ERRADO Questão sumulada pelo STF (Súmula 589): é inconstitucional a fixação de adicional progressivo do Imposto Predial e Territorial Urbano em função do número de imóveis do contribuinte. As hipóteses de instituição de alíquotas progressivas do IPTU são: em razão do valor do imóvel, de sua localização ou mesmo de sua utilização (art. 156, § 1º, da CF) e progressividade no tempo em razão da desídia do contribuinte em dar adequado aproveitamento ao imóvel (art. 182, § 4º, da CF).

25. ERRADO Questão sumulada pelo STF (Súmula 656): é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel. O ITBI é considerado um imposto real, incidente sobre a transmissão onerosa de direitos reais, menos os de garantia. A jurisprudência entende ser impossível a aplicação de alíquotas progressivas a

tributos reais.

26. ERRADO Questão também sumulada pelo STF (Súmula 588): o imposto sobre serviços não incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de desconto, cobrados pelos estabelecimentos bancários.

COMENTÁRIO EXTRA: Questão totalmente diferente é a da incidência do ISS nos serviços bancários previstos na lista anexa ao Decreto-lei n. 406/68 e à LC n. 56/87 e congêneres, conforme recentemente sumulado pelo STJ (Súmula 424): é legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao Decreto-lei n. 406/68 e à LC n. 56/87.

27. D A) Vide Súmula 160 do STJ na parte extra deste capítulo. B) Vide Súmula 399 do STJ. Ademais, a jurisprudência do STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp 1.110.551), estabeleceu que tanto o promitente comprador do imóvel quanto o promitente vendedor (que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis) são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU. Ambos podem figurar conjuntamente no polo passivo em ações de cobrança do imposto. Cabe ao legislador municipal eleger o sujeito passivo do tributo, contemplando qualquer das situações previstas no CTN, isto é, a lei municipal pode eleger o promitente vendedor (proprietário) ou promitente comprador (titular da posse) como contribuinte do IPTU. C) O Município pode cobrar dos proprietários de imóveis residenciais a diferença de IPTU quando, no recadastramento dos imóveis, constatar-se que a área sujeita à tributação é muito superior à que vinha sendo tributada (REsp 1.130.545). D) O STJ também reconheceu que o Município pode fazer revisão do lançamento de IPTU referente a imóvel cujo padrão de acabamento considerado era diferente da realidade, entendendo, igualmente, que o lançamento complementar decorreu de um verdadeiro erro de fato, possibilitando a revisão da cobrança (AREsp 30.272). E) Não incide IPTU sobre imóveis objeto de contrato de concessão de direito real de uso em razão da ausência do fato gerador do tributo, foi o que decidiu a Segunda Turma no REsp 1.091.198. Considerou-se, no caso, o exercício precário da posse.

28. D I e II) Segundo Roque Antônio Carraza, “um dos elementos do conceito de

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renda, sendo importante a determinação do período de tempo a fim de determinar se houve ou não acréscimo patrimonial. Com efeito, num determinado momento o contribuinte pode aparentemente ter tido seu patrimônio acrescido, mas somente com a apuração de todos os eventos ensejadores desta condição, em cotejo com aquelas deduções autorizadas em lei, será possível aferir-se o montante tributável – que pode nem mesmo acontecer – e quantificá-lo, se for o caso” (fonte: ESAF, julgamento dos recursos). III) Segundo João Dacio Rolim “quaisquer limitações temporais ou quantitativas com relação às despesas e provisões devem guardar estrita compatibilidade com a teoria do acréscimo patrimonial e com a atividade do contribuinte, sob pena de serem inconstitucionais, por violarem o conceito jurídico de renda, por implicarem tributação direta ou indireta do capital e não do seu efetivo acréscimo e por afrontarem a capacidade contributiva do sujeito passivo da obrigação tributária, além de mitigarem ou anularem a rígida discriminação da competência tributária entre União, Estados e Municípios” (fonte: ESAF, julgamento dos recursos). IV) Para delinear o conceito de renda, deve-se levar em conta os desembolsos realizados (custos e despesas), sob pena de o imposto incidir simplesmente sobre a receita, não sendo essa sua base de cálculo. V) Vide RE 117.887-6/SP, no qual o STF decidiu, por unanimidade, que a expressão “renda e provento de qualquer natureza” significa sempre “acréscimo patrimonial”.

29. C A jurisprudência do STJ é no sentido de que incide o ITR e não o IPTU sobre imóveis nos quais são comprovadamente utilizados em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas por legislação municipal (REsp 1.112.646/SP, julgado pela sistemática dos recursos repetitivos). Na questão, não foi especificada a atividade que a empresa exerce nas propriedades urbanas, somente informando ser proprietária. Assim, correta a assertiva que afirma ser a empresa contribuinte do imposto municipal (IPTU) e federal (ITR).

30. CERTO Duas situações podem ensejar a cobrança de taxas: (I) exercício do poder de polícia (taxa de polícia); e (II) utilização, efetiva ou potencial, de serviço público

específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição (taxa de serviço).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) O exercício de atividade de fiscalização é exemplo dos mais corriqueiros do exercício do poder de polícia que dá ensejo à instituição de taxa de polícia, como é o caso da taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários cobrada pela CVM; 2) Nos termos do art. 79 do CTN, quando um serviço é definido em lei como de utilização compulsória e é posto à disposição do contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento, é possível a cobrança de taxa; 3) Portanto, não pode a União, por exemplo, instituir taxa pela utilização de água do lençol freático, pois tanto a Constituição quanto o CTN circunscrevem às taxas os fatos geradores exercício do poder de polícia e utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.

31. ERRADO · 32. ERRADO A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer frente ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (art. 81 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) O CTN é claro no sentido de que o benefício que justifica a instituição da contribuição de melhoria é a valorização do imóvel do contribuinte (art. 81 do CTN). Igualmente, o STF já se manifestou no sentido de que a valorização imobiliária integra a hipótese de incidência da contribuição de melhoria; 2) Da dicção do art. 81 do CTN, trata-se de tributo que pode ser instituído por quaisquer dos entes federados (competência comum), tendo por fato gerador a realização de obra pública da qual decorra valorização imobiliária em benefício de seus eventuais contribuintes, tem como limite total o valor do custo da obra pública e individual a valorização respectiva do imóvel beneficiado; 3) A Constituição somente dispõe que a contribuição de melhoria é decorrente de obra pública (art. 145, III), silenciando quanto ao limite total do tributo. Entretanto,

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o CTN, em seu art. 81, disciplina os limites total e individual do tributo.

33. ERRADO · 34. E Conforme já ressaltado, a CF/88 trouxe os empréstimos compulsórios (art. 148) e as contribuições especiais (art. 149), com natureza inegavelmente tributária, no capítulo do Sistema Tributário Nacional.

COMENTÁRIO EXTRA: Os empréstimos compulsórios são tributos de arrecadação vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. São de competência exclusiva da União, instituídos somente por lei complementar, e têm como característica principal o fato de serem restituíveis. Nos casos do inciso I do art. 148 (calamidade pública, guerra externa ou sua iminência), não precisam respeitar os princípios da anterioridade do exercício e da noventena.

35. ERRADO Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União (art. 149, § 1º, da CF).

COMENTÁRIO EXTRA: A redação do dispositivo foi dada pela EC n. 41/2003, determinando que as alíquotas das contribuições para o regime previdenciário dos servidores dos entes federados não sejam inferiores à alíquota instituída pela União para seus servidores.

36. CERTO O imposto previsto no inciso IV do caput do art. 153 da CF, ou seja, o IPI, não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, § 3º, III, da CF).

COMENTÁRIO EXTRA: As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput do art. 149 da CF não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, da CF).

37. CERTO À exceção dos impostos de que tratam o inciso II (ICMS) do caput do art. 155 e o art. 153, I (II) e II (IE), ambos da CF, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País

(art. 155, § 3º, da CF). Da dicção do artigo, verificamos ser possível a instituição de contribuição de intervenção no domínio econômico sobre minerais e energia elétrica, visto que o art. 155, § 3º, da CF somente veda a instituição de outro imposto sobre aquelas bases econômicas.

38. CERTO As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico poderão ter alíquotas ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; ou alíquotas específicas, tendo por base a unidade de medida adotada (art. 149, § 2º, III, da CF). Assim, correta se mostra a assertiva, visto que a Constituição faculta à União (competência exclusiva) a instituição da CIDE com alíquota específica, independentemente do valor da operação. Vale ressaltar que, afora a CIDE-combustíveis, cujo fato gerador abstrato está delineado na própria Constituição (art. 177, § 4º), a União goza de grande liberdade para determinar suas bases imponíveis.

39. ANULADA Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III (art. 149-A da CF). Reforçado pela parte final do dispositivo, o tributo deve respeitar os princípios da legalidade, irretroatividade, anterioridade do exercício e noventena.

COMENTÁRIO EXTRA: A COSIP foi introduzida na Constituição pela EC n. 39/2002, para substituir a antiga taxa de iluminação pública (TIP) considerada e sumulada inconstitucional pelo STF, em face da ausência de especificidade e divisibilidade do serviço de iluminação pública (Súmula 670 do STF). Apesar da revolta de grande parte da doutrina, capitaneada por Hugo de Brito Machado, o STF considera constitucional o tributo (RE 573.675).

40. ERRADO Questão sumulada pelo STF (Súmula 664): é inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei n. 8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.

COMENTÁRIO EXTRA: A extinta CPMF era tributo instituído com base no art. 74 do

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ADCT, artigo incluído pela EC n. 12/96, cuja base de incidência era qualquer movimentação financeira, mesmo saques em conta corrente, caderneta de poupança ou movimentação entre contas do mesmo titular.

41. D O art. 149 da CF faculta à União a instituição de três tipos de contribuições (o STF as denomina contribuições especiais): contribuições sociais; contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); e contribuições de interesse de categorias profissionais e econômicas (corporativas). O STF ainda divide as contribuições sociais (espécie de contribuições especiais) em três subespécies: contribuições de seguridade social; outras contribuições sociais; e contribuições sociais gerais (RE 138.284). Desta forma, as contribuições previdenciárias são espécie de contribuições sociais. Conforme já ressaltado, o STF tem adotado a teoria da quinquipartida (pentapartição), que divide os tributos em impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

42. ERRADO A CIDE-combustíveis foi prevista no art. 177, § 4º, da CF, possibilitando à União, através de lei, instituí-la sobre as atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível, devendo atender aos requisitos elencados em seus incisos.

COMENTÁRIO EXTRA: Entre os requisitos elencados, prevê o art. 177, § 4º, II, que os recursos arrecadados serão destinados ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e ao financiamento de programas de infraestrutura de transporte.

43. CERTO É a famosa CIDE-royalties, instituída pela Lei n. 10.168/2000, destinada a financiar o Programa de Estímulo à Integração Universidade-Empresa para Apoio à Inovação. A contribuição é devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior (art. 2º). Seu

objetivo principal é estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro.

COMENTÁRIO EXTRA: O STF entende constitucional sua instituição por lei ordinária (RE 451.915), isso porque a previsão para criação de contribuições de intervenção no domínio econômico encontra-se no art. 149 da CF, sendo que a necessidade de lei complementar para instituir contribuições somente ocorre com relação às contribuições residuais de seguridade social (art. 195, § 4º, da CF).

44. D A e C) A necessidade de recursos para financiar as ações estatais nas áreas de saúde, assistência e previdência é imensa, razão pela qual a base de financiamento, vale dizer, a possibilidade de se buscar diversas fontes de custeio, combinadas com os recursos orçamentários, é uma necessidade que se impõe (fonte: ESAF, resposta aos recursos). B e D) As contribuições sociais poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho (art. 195, § 9º, da CF), portanto, incorreta a assertiva D. E) O STF entende que o reajuste de benefícios previdenciários por determinado índice não viola o princípio da irredutibilidade dos valores de benefícios (AI-AgR 590.177/SC).

45. CERTO A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS (art. 195, I, b, da CF) tem por fato gerador a receita ou faturamento, entendidos como receita proveniente da venda de mercadorias e serviços. Destarte, a venda de mercadoria constitui base de incidência de contribuição para a seguridade social (art. 195, I, b, da CF). Na ADC 1, o STF entendeu que faturamento, para efeitos fiscais, sempre fora considerado como receita proveniente das vendas de mercadorias e serviços, daí equiparar receita a faturamento para fins fiscais.

IX. PROCESSO TRIBUTÁRIO (PFN)1. D A) O art. 34 do Decreto n. 70.235/72 prevê as hipóteses de recurso de ofício nos processos administrativos tributários. Nos termos do seu § 1º, o recurso de ofício será interposto mediante declaração na própria decisão. Quando uma decisão é submetida por lei a recurso de ofício, não se pode considerar como definitiva a decisão

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enquanto não apreciado encaminhamento do processo para conhecimento deste (Leandro Paulsen, Direito tributário, 11. ed., 2010).

B) A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine (art. 18 do Decreto n. 70.235/72). Dessarte, verificamos que a autoridade administrativa julgadora poderá determinar de ofício diligências ou perícias que entender imprescindíveis para o deslinde da causa.

C) O art. 23 do Decreto n. 70.235/72 disciplina as intimações no âmbito do processo administrativo fiscal na esfera federal, podendo ser pessoal (inciso I), postal (inciso II), por meio eletrônico (inciso III) e, quando resultar improfícuo algum dos meios anteriores, por edital (§ 1º). Em seu § 3º, o art. 23 determina que os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo (pessoal, postal e eletrônico) não estão sujeitos a ordem de preferência.

D e E) Esta era a redação do § 2º do art. 33 do Decreto n. 70.235/72: Em qualquer caso, o recurso voluntário somente terá seguimento se o recorrente arrolar bens e direitos de valor equivalente a 30% (trinta por cento) da exigência fiscal definida na decisão, limitado o arrolamento, sem prejuízo do seguimento do recurso, ao total do ativo permanente se pessoa jurídica ou ao patrimônio se pessoa física.

2. B A) Esta era a redação do § 1º do art. 33 do Decreto n. 70.235/72, vigente à época em que foi formulada a questão: No caso de provimento a recurso de ofício, o prazo para interposição de recurso voluntário começará a fluir da ciência, pelo sujeito passivo, da decisão proferida no julgamento do recurso de ofício (revogado pela Lei n. 11.941/2009). Acreditamos aplicável à situação o disposto no art. 37, § 2º, do Decreto n. 70.235/72: Do julgamento de segunda instância, caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência do acórdão ao interessado de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara

Superior de Recursos Fiscais (redação dada pela Lei n. 11.941/2009).

B) Esta questão foi considerada correta na época em que foi formulada, visto que ainda vigente e eficaz o art. 33, § 2º, do Decreto n. 70.235/72, praticamente transcrito na questão. Entretanto, o STF declarou a inconstitucionalidade deste dispositivo em 28/03/2007 (ADI 1.976), por violar, entre outros princípios, o do contraditório e o exercício do direito de petição.

C) Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade (art. 34, § 2º, do Decreto n. 70.235/72). Da dicção do dispositivo, verificamos o erro da questão quando afirma que o servidor da Secretaria da Receita Federal (o dispositivo fala em servidor somente) que verificar o fato representará, por intermédio de seu chefe imediato, ao Secretário da Receita Federal (o artigo fala em autoridade julgadora), no sentido de que se faça observar aquela formalidade e de que sejam tomadas as providências disciplinares cabíveis (esta parte não existe no dispositivo legal).

D) O art. 33, § 2º, do Decreto n. 70.235/72 trazia a exigência de depósito prévio no valor de 30% da exigência fiscal definida na decisão, entretanto o STF declarou a inconstitucionalidade deste dispositivo (ADI 1.976). No mesmo sentido, Súmula 373 do STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

E) Esta questão foi considerada errada, pois, na época, estava vigente e eficaz o disposto no art. 33, § 2º, do Decreto n. 70.235/72. Entretanto, apesar de o dispositivo ter sido declarado inconstitucional pelo STF, não há previsão expressa no sentido de que o recurso do sujeito passivo independe de depósito ou arrolamento (nos termos do Decreto n. 70.235, de 1972), motivo pelo qual mantivemos o gabarito oficial.

COMENTÁRIO EXTRA: ADI 1.976: A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo sério (e intransponível,

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para consideráveis parcelas da população) ao exercício do direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV), além de caracterizar ofensa ao princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV). Posteriormente, foi editada a Súmula Vinculante 21 do STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

3. B Art. 64 da Lei n. 9.532/97: A autoridade fiscal competente procederá ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo sempre que o valor dos créditos tributários de sua responsabilidade for superior a trinta por cento do seu patrimônio conhecido. O § 7º do mesmo artigo determina que o disposto neste artigo só se aplica a soma de créditos de valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Por outro lado, o art. 64, § 4º, determina que a partir da data da notificação do ato de arrolamento, mediante entrega de cópia do respectivo termo, o proprietário dos bens e direitos arrolados, ao transferi-los, aliená-los ou onerá-los, deve comunicar o fato à unidade do órgão fazendário que jurisdiciona o domicílio tributário do sujeito passivo. Importante: o arrolamento de bens não impede que o sujeito passivo aliene ou onere seus bens, somente prevê a necessidade de comunicar as operações ao Fisco sob pena de estar autorizado o manejo da medida cautelar fiscal contra ele (art. 64, § 4º).

4. C O CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – é um banco de dados em que se encontram registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito para com órgãos e entidades federais. O CADIN conterá relação das pessoas físicas e jurídicas que sejam responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas e não pagas, para com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta (art. 2º, I, da Lei n. 10.522/2002). Destarte, tanto podem ser objeto de inscrição dívidas tributárias ou não tributárias, desde que vencidas e não pagas.

Não basta o mero ajuizamento, é necessário que o devedor tenha ajuizado ação com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor, com o oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo, na forma da lei (art. 7º, I, da Lei n. 10.522/2002).

COMENTÁRIO EXTRA: Outra situação de suspensão do registro no CADIN ocorre quando estiver suspensa a exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei (art. 7º, II, da Lei n. 10.522/2002).

Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (art. 20 da Lei n. 10.522/2002). Portanto, as execuções fiscais de débitos inscritos em Dívida Ativa da União pela PGFN ou por ela cobrados, de valor igual ou inferior a dez mil reais, serão arquivadas sem baixa na distribuição. Na prática, o Procurador da Fazenda Nacional pedirá suspensão do processo até que os valores dos débitos ultrapassarem o limite indicado (R$ 10.000,00) ou surjam outros processos contra o mesmo devedor que possibilitem o apensamento dos autos nos termos do art. 28 da Lei n. 6.830/80.

O art. 19 da Lei n. 10.522/2002 autoriza o Procurador da Fazenda Nacional a reconhecer a procedência do pedido do autor em determinadas situações, isto é, autoriza a não contestar, não apresentar recurso ou desistir dos já interpostos nas matérias específicas constantes dos seus incisos. Entre as matérias autorizativas, são elencadas, além das constantes do art. 18 da própria Lei, as matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda (art. 20, I e II, da Lei n. 10.522/2002).

5. E O julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento (primeira instância) e ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (segunda instância), nos termos do art. 25 do Decreto-lei n. 70.235/72 com redação dada pela Lei n. 11.941/2009, que substituiu o órgão colegiado de segunda instância – Conselho de Contribuintes – pelo atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Apesar da alteração, mantivemos o

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gabarito oficial. Assim, compete o julgamento, em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e de natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal e, em segunda instância, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, com atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial (art. 25, I e II, do Decreto-lei n. 70.235/72).

6. ERRADO · 7. CERTO O Decreto n. 70.235/72 rege o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal. Nos termos do seu art. 2º, os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada, conterão somente o indispensável à sua finalidade, sem espaço em branco, e sem entrelinhas, rasuras ou emendas não ressalvadas.

COMENTÁRIO EXTRA: 1) O art. 59 do Decreto n. 70.235/72 traz as hipóteses de nulidade: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; e II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Já seu art. 60 dispõe: as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio; 2) O servidor que verificar a ocorrência de infração à legislação tributária federal e não for competente para formalizar a exigência, comunicará o fato, em representação circunstanciada, a seu chefe imediato, que adotará as providências necessárias (art. 12 do Decreto n. 70.235/72). Assim, representação neste contexto tem o sentido de comunicação.

8. ERRADO Em regra, não é exigida apresentação de garantia para a concessão de parcelamento de débito para com a União, como se pode verificar dos programas de parcelamento instituídos pela Lei n. 10.522/2005 (parcelamento ordinário ou simplificado) e pela Lei n. 11.941/2009 (popularmente conhecido como “Refis da

Crise”).

COMENTÁRIO EXTRA: Atentar ao disposto no art. 11, I, da Lei n. 11.941/2009: os parcelamentos requeridos na forma e condições de que tratam os arts. 1º, 2º e 3º desta Lei não dependem de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens, exceto quando já houver penhora em execução fiscal ajuizada. Assim, caso a penhora em execução fiscal tenha sido anterior ao pedido de parcelamento, a garantia não poderá ser liberada.

9. D I) Corresponde ao art. 25, II, do Decreto n. 70.235/72. II) O art. 1º da Portaria MF n. 256, de 2009, que disciplina o CARF, dispõe: Compete aos órgãos julgadores do CARF o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. III) Corresponde ao art. 25, § 2º, do Decreto n. 70.235/72. IV) Segundo o art. 25, § 9º, do Decreto n. 70.235, os cargos de Presidente das Turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais, das câmaras, das suas turmas e das turmas especiais serão ocupados por conselheiros representantes da Fazenda Nacional, que, em caso de empate, terão o voto de qualidade, e os cargos de Vice-Presidente, por representantes dos contribuintes. V) Segundo o art. 29 do Decreto n. 70.235/72, a indicação de candidatos a conselheiro recairá: I – no caso de representantes da Fazenda Nacional, sobre Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, em exercício no cargo há pelo menos 5 (cinco) anos.

10. C A) O presidente da turma poderá, de ofício ou por solicitação do Procurador da Fazenda Nacional ou do recorrente, por motivo justificado, determinar o adiamento do julgamento ou a retirada do recurso de pauta (Portaria n. 256, de 22 de junho de 2009, art. 56, § 1º). B) Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I – verificação do quórum regimental; II – aprovação de ata de sessão anterior; III – deliberação sobre matéria de expediente; e IV – relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta (art. 57 da Portaria n. 256). C) Os processos que versem sobre a mesma questão jurídica poderão ser julgados conjuntamente quanto à matéria de que se trata, sem prejuízo do exame e julgamento das matérias e

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aspectos peculiares (art. 58, § 8º, da Portaria n. 256). D) A redação da ementa também será objeto de votação pela turma (art. 58, § 7º, da Portaria n. 256). E) No caso de continuação de julgamento interrompido em sessão anterior, havendo mudança de composição da turma, será lido novamente o relatório, facultado às partes fazer sustentação oral, ainda que já a tenham feito, e tomados todos os votos, mesmo daqueles que já o tenham proferido em sessão anterior (art. 59, § 3º, da Portaria n. 256).

11. E A e B) A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição (art. 167 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar (parágrafo único do art. 167 do CTN). Com efeito, resta impedido pelo dispositivo a capitalização dos juros, ou seja, incidência de juros sobre juros; 2) A questão inverte a parte final do art. 167, caput, do CTN. Na realidade, as penalidades pecuniárias (multas) devem ser restituídas; somente nos casos de infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição (entrega fora do prazo da declaração, falta de escrituração de livros etc.) não haverá restituição.

C e D) O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados na hipótese do inciso III do art. 165 (reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória), da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (art. 168, II, do CTN).

Comentário Extra 1: No STJ consolidou-se entendimento de que nos casos de tributos submetidos à sistemática do lançamento por homologação, o prazo para pleitear restituição seria de 5 anos da homologação tácita (art. 150, § 4º, do CTN), a famosa tese dos cinco mais cinco, ou seja, 5 anos para homologação tácita mais 5 para pleitear a repetição do indébito (art. 168, I, do CTN), totalizando 10 anos. Atenção ao art. 3º da

LC n. 118/2005; para repetições de indébitos anteriores à vigência da Lei (09/06/2005), o STJ mantém o entendimento referido neste comentário – RE 1.181.551. Entretanto, para os posteriores, o STJ vinha entendendo (até agosto de 2011) que o prazo de 5 contava-se do pagamento antecipado. Sobreveio, então, decisão do STF que concluiu que o termo a quo para aplicação da nova legislação deveria ser a data do ajuizamento da ação de repetição de indébito (“válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005”, e não aos pagamentos realizados antes do início de vigência da LC n. 118/2005, como o STJ vinha decidindo”). Seguindo o entendimento da Corte Suprema, a Primeira Seção do STJ deliberou, no dia 24/8/2011, pela imediata adoção da jurisprudência do STF.

Comentário Extra 2: Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição (art. 169 do CTN). Assim, o prazo prescricional de 2 anos é para a ação anulatória da decisão administrativa que negou a restituição, não para pleitear a repetição que continua seguindo a regra do art. 168 do CTN, ou seja, prazo de cinco anos da extinção do crédito ou da decisão administrativa definitiva ou do trânsito em julgado da decisão judicial.

E) A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la (art. 166 do CTN). O dispositivo veda o enriquecimento sem causa, negando legitimidade ao contribuinte de direito para restituição quando este não sofreu o respectivo ônus econômico. Neste caso, quem efetivamente suportou ônus econômico do tributo pago indevidamente foi o contribuinte de fato, normalmente o consumidor. No mesmo sentido, a contrario sensu, Súmula 546 do STF: Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte de jure não recuperou do contribuinte de facto o quantum respectivo.

12. B Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que

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denegar a restituição (art. 169 do CTN). O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada (art. 169, parágrafo único, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: A doutrina entende ser inconstitucional (Paulo de Barros Carvalho) e absurdo privilégio processual (Sacha Calmon Navarro Coelho) o disposto no parágrafo único do art. 169 do CTN, que prevê modalidade de prescrição intercorrente (no curso do processo) de um ano em favor da Fazenda Pública. Hugo de Brito propõe uma interpretação razoável do dispositivo, no sentido de que somente tem curso a prescrição intercorrente, nos termos do parágrafo único do art. 169, havendo demora decorrente de fato imputável ao autor da ação.

13. E A) Mesmo em sede de mandado de segurança, quando o juiz analisa o mérito da causa há coisa julgada, fato que impede ao autor apresentar pedido idêntico em face da mesma parte com a mesma causa de pedir. Entretanto, caso a decisão fosse sem resolução do mérito, por exemplo, diante da ausência de algum pressuposto processual ou condição da ação, poderia o mesmo autor, dentro do prazo decadencial de 120 dias, impetrar outro mandado de segurança (art. 6º, § 6º, da Lei n. 12.016/2009).

B) O art. 151 do CTN traz as hipóteses em que o crédito tributário tem sua exigibilidade suspensa: I – moratória; II – o depósito do seu montante integral; III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento. Da dicção do dispositivo, verifica-se que tanto o depósito do montante integral quanto a liminar em mandado de segurança suspendem a exigibilidade do crédito tributário, não havendo necessidade de sua cumulação.

C) Mandado de segurança é o remédio constitucional voltado a amparar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data (art. 5º, LXIX, da CF). Na clássica definição de Hely Lopes

Meirelles, direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Destarte, sendo direito líquido e certo aquele apto a ser exercitado no momento de sua impetração, é pouco mais do que evidente que não cabe dilação probatória em sede de mandado de segurança.

D) O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n. 12.016/2009 – nova Lei do Mandado de Segurança). Vale dizer, o dispositivo da nova lei reproduz o antigo art. 18 da Lei n. 1.533/51, que previa o mesmo prazo, não se confundindo com o prazo de quatro meses erroneamente transcrito na questão.

E) A questão reproduz o art. 105, I, b, da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar originalmente: b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal. Sendo o Ministro de Estado da Fazenda espécie de Ministro de Estado, compete originalmente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o julgamento de mandado de segurança impetrado em face dele.

14. CERTO Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior (art. 205 do CTN) a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa (art. 206 do CTN). Todavia, a autoridade administrativa não pode receber diretamente caução para fins de expedição de certidão positiva com efeitos de negativa.

COMENTÁRIO EXTRA: Importante ressaltar que a jurisprudência dos tribunais pátrios, especialmente do STJ, firmou-se no sentido da possibilidade de o devedor caucionar, em processo cautelar, bens suficientes como garantia de débito tributário com o objetivo de que se lhe expeça Certidão Positiva de Débito com efeito de negativa (REsp 99.653).

15. ERRADO A primeira parte da questão está correta, a penhora consistente em

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garantia idônea e suficiente habilita o devedor a apresentar embargos à execução (art. 16 do CTN). Entretanto, a penhora não é causa de suspensão do crédito tributário (art. 141 c/c o 151, ambos do CTN). Ademais, nem mesmo a propositura de embargos à execução fiscal, precedida de penhora (art. 16 do CTN), é causa da suspensão da ação executiva, em razão das modificações operadas no CPC quanto à execução em geral (o CPC aplica-se subsidiariamente à Lei de Execução Fiscal – Lei n. 6.830/80). Desta forma, para ser suspensa a execução fiscal, o juiz deverá declará-la suspensa expressamente quando do recebimento dos embargos, reconhecendo os requisitos cautelares para a suspensão (art. 739-A, § 1º, do CPC).

16. ERRADO Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa (art. 185 do CTN). Assim, somente será reconhecida a fraude por crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa. Todavia, o STJ consolidou entendimento no sentido de que só se presume a fraude à execução se a alienação for posterior à citação na execução fiscal (REsp 1.139.280). Afastada a presunção, cabe ao credor (Fisco) comprovar o conluio entre adquirente e alienante. Nos termos de seu parágrafo único, o art. 185 determina que o disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.

17. CERTO O art. 4º da Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), em seu inciso V, prevê que a execução fiscal poderá ser promovida contra o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado. A seu turno, o CTN traz hipóteses de responsabilidade nos arts. 129 a 133 (por sucessão), 134 e 135 (de terceiros) e 136 a 138 (por infração).

COMENTÁRIO EXTRA: O redirecionamento da execução fiscal ocorre quando o Fisco percebe que ocorreu alguma das hipóteses de responsabilidade trazidas pela lei e requer a inclusão do sócio no polo ativo da execução. Pode ocorrer que a responsabilidade tenha sido apurada mesmo antes do ajuizamento da execução; neste

caso, o Fisco já inclui o nome do sócio na Certidão da Dívida Ativa (CDA). É pacífica a jurisprudência no âmbito do STJ no sentido de que a execução fiscal pode ser redirecionada ao responsável independentemente de seu nome já constar da CDA, especialmente quando apurada a responsabilidade no curso do processo executivo (REsp 1.083.252).

18. ANULADA Atenção: as assertivas 18 a 21 correspondem à questão anulada pela banca examinadora, mantivemos a assertiva e seu gabarito original pelo conteúdo. Regra geral, a medida cautelar fiscal poderá ser concedida após a constituição do crédito: o procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias (art. 1º da Lei n. 8.397/92). Todavia, o parágrafo único do mesmo art. 1º prevê que independerá da prévia constituição do crédito quando o devedor é notificado para recolher o valor devido põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros ou quando aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei.

19. ANULADA A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação (art. 4º da Lei n. 8.397/92). Destarte, a indisponibilidade se circunscreve ao valor da obrigação que deu ensejo à decretação da medida restritiva.

COMENTÁRIO EXTRA: Em se tratando de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista controlador e aos dos que em razão do contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas obrigações fiscais (§ 1º do art. 4º).

20. ANULADA · 21. ANULADA A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário (art. 2º da Lei n. 8.397/92).

COMENTÁRIO EXTRA: O art. 2º da Lei n. 8.397/92 traz as hipóteses em que poderá ser requerida a medida cautelar fiscal, entre

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elas: quando o devedor possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido (inciso VI).

22. C Parcelamento é benefício fiscal facultado pelo credor (Fisco) ao devedor (contribuinte), prorrogando o prazo para pagamento da dívida em mais de uma prestação. Desta forma, é faculdade do devedor aderir ou não. Nos termos do art. 155-A do CTN, o parcelamento será concedido na forma e condições estabelecidas por lei específica. Com efeito, a opção pelo parcelamento é uma faculdade posta à disposição do contribuinte e não uma obrigação imposta pelo Fisco, dessa forma, quando adere ao programa de recuperação, a pessoa jurídica sujeita-se a confissão do débito e a renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação, bem como a desistência dos recursos interpostos (REsp 640.792). Entretanto, a matéria não é pacífica. Leandro Paulsen (Direito tributário, 11. ed., 2010) entende que a confissão de dívida para fins de parcelamento não impede a discussão judicial do débito.

23. CERTO Em se tratando dos denominados “tributos indiretos” (aqueles que comportam, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro), a norma tributária (art. 166 do CTN) impõe que a restituição do indébito somente se faça ao contribuinte que comprovar haver arcado com o referido encargo ou, caso contrário, que tenha sido autorizado expressamente pelo terceiro a quem o ônus foi transferido (REsp 903.394, Primeira Seção, j. em 23/03/2010). Desta feita, entende o STJ que nos chamados tributos indiretos, o autor da ação de restituição do indébito deverá comprovar que não houve repasse do encargo financeiro a terceira pessoa, evitando-se o enriquecimento sem causa. Entretanto, importante ressaltar que o mesmo STJ entende também que o contribuinte de fato (ex.: consumidor) não pode acionar diretamente o Estado (Fisco), por não ter com este nenhuma relação jurídica. Poderia ele tão somente acionar o contribuinte de direito quando esse houvesse recuperado do Estado o tributo pago indevidamente (REsp 903.394).

24. ERRADO Firmou-se na Primeira Seção do STJ o entendimento no sentido de que a simples confissão de dívida, seguida de

pedido de parcelamento, não caracteriza denúncia espontânea (REsp 1.070.246).

COMENTÁRIO EXTRA: Nos termos do art. 138 do CTN, a denúncia espontânea afasta a responsabilidade quanto à penalidade (multa), entretanto, o sujeito passivo deve recolher o tributo ou diferença devida, assim como arcar com os juros de mora.

25. ERRADO O recurso hierárquico especial ao Secretário de Estado da Fazenda, desde que regulado por lei específica, não fere o princípio da isonomia processual e não viola o devido processo legal. Neste sentido, STJ, RMS 26.874, j. em 18/03/2010.

COMENTÁRIO EXTRA: É legítimo o recurso hierárquico ao Secretário de Fazenda para revisão das decisões do Conselho de Contribuintes contrárias ao Fisco, consoante o entendimento perfilhado por esta Corte (STJ, REsp 799.724).

26. ERRADO O STJ entende que para se falar em concurso de credores fazendários é necessário que haja pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem. Sem tal formalidade (penhora), não cabe à fazenda estranha ao processo intervir no feito alegando preferência (REsp 654.779).

Exemplo: A União e o Estado de Minas Gerais possuem execuções fiscais em face de um mesmo devedor, possuidor de um determinado bem imóvel; para que seja instaurado concurso de preferência, necessário que ambas as fazendas (União e Estado de MG) tenham penhorado o mesmo bem.

27. ERRADO A Primeira Seção do STJ consolidou entendimento de que a Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios está isenta de custas processuais nas execuções fiscais, independentemente de o ajuizamento ocorrer na Justiça Estadual ou Federal (EREsp 463.192). Entretanto, não se pode falar que nunca repousou controvérsia.

COMENTÁRIO EXTRA: A citação postal é ato processual e está contido, conforme entendimento do STJ, no conceito de custas processuais, não se confundindo com despesas processuais, conceito este relativo a despesas referentes às atividades não abrangidas pelo cartório judicial, como, por

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exemplo, a fixação de honorários periciais e diligências (transporte) efetuadas por Oficial de Justiça (REsp 653.006, j. em 17/06/2008).

28. CERTO Questão sumulada pelo STJ (Súmula 393): A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. A exceção de pré-executividade se viabiliza apenas nas situações em que não se faz necessária dilação probatória ou em que as questões possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado, como as condições da ação, os pressupostos processuais, a decadência, a prescrição, entre outras (REsp 1.083.252).

29. ERRADO Questão sumulada pelo STJ (Súmula 414): A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades. Por outro lado, a própria Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/80) prevê em seu art. 8º (III e IV) a citação por edital para as execuções fiscais.

30. CERTO A Lei n. 11.051/2004 acrescentou ao art. 40 da Lei de Execuções Fiscais seu § 4º, possibilitando ao juiz da execução a decretação de ofício da prescrição intercorrente, nos seguintes termos: se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

COMENTÁRIO EXTRA: Tratando-se de norma de natureza processual, a sua aplicação é imediata, inclusive nos processos em curso, competindo ao juiz da execução decidir acerca da sua incidência, por analogia, à hipótese dos autos (REsp 1.158.327). Desta forma, plenamente aplicável a alteração procedida no art. 40 pela Lei n. 11.051/2004 aos processos em andamento (ler atentamente o art. 40 da Lei n. 6.830/80).

31. C No REsp 209.359, julgado em 03/05/2005, entendeu o STJ que ação de execução por título extrajudicial movida por ente da federação (União, Estados, Municípios e DF) em face de outro ente público (aí incluídas as autarquias) deve seguir o rito do art. 730 do CPC. Destarte, diante de execução fiscal movida por Estado contra autarquia, ambos Fazenda Pública,

não será aplicável a Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal); aplicável à espécie será o rito do art. 730 do CPC (procedimento de execução contra a Fazenda Pública).

32. ERRADO · 33. CERTO · 34. CERTO O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias (art. 1º da Lei n. 8.397/93).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) Nos termos do art. 2º da Lei da Cautelar Fiscal, a medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário. Importante ressaltar que, em situações excepcionais (art. 1º, parágrafo único) o requerimento da cautelar fiscal independe da prévia constituição do crédito tributário; 2) A medida cautelar fiscal conserva a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na pendência do processo de execução judicial da Dívida Ativa, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada (art. 12 da Lei n. 8.397/92). Salvo decisão em contrário, a medida cautelar fiscal conservará sua eficácia durante o período de suspensão do crédito tributário ou não tributário (art. 12, parágrafo único, da Lei n. 8.397/92); 3) Conforme se depreende do art. 1ª da Lei da Cautelar Fiscal, a medida cautelar pode ser proposta antes ou durante o processo de execução fiscal.

35. CERTO O Juiz concederá liminarmente a medida cautelar fiscal, dispensada a Fazenda Pública de justificação prévia e de prestação de caução (art. 7ª da Lei n. 8.397/92). Apesar de a Lei n. 8.397/92 dispensar a Fazenda Pública de justificação prévia e prestação de caução, a ESAF entendeu que o juiz poderia solicitar a realização de audiência de justificação prévia.

36. CERTO Nos termos do art. 168 do CTN, o direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. O STJ havia firmado entendimento no sentido de que, em se tratando de tributos lançados por homologação, o prazo para pleitear repetição de indébito, sendo a homologação tácita, começaria a contar a partir da

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homologação (art. 150, § 4º, do CTN). Assim, o sujeito passivo teria o prazo de cinco anos (homologação tácita) mais cinco anos contados a partir da homologação (tese dos 5 + 5).

COMENTÁRIO EXTRA: A LC n. 118/2005 (art. 3º) dispôs que, para efeito de interpretação, nos casos de tributos lançados por homologação, a extinção do crédito tributário ocorre no momento do pagamento antecipado. O STJ, por sua Corte Especial, declarou a inconstitucionalidade da aplicação retroativa deste dispositivo, conforme pretendeu seu art. 4º. Assim, do ponto de vista prático, após o advento da LC n. 118/2005, a) relativamente aos pagamentos efetuados a partir da vigência da lei (09/06/2005), o prazo prescricional da ação de repetição de indébito é de 5 (cinco) anos a contar da data do pagamento; b) relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior (tese dos 5 + 5), limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova (REsp 1.120.267).

37. CERTO A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos (art. 38 da Lei de Execução Fiscal). Portanto, para que a ação declaratória ou anulatória tenha tratamento de ação de embargos, no que toca ao efeito suspensivo da execução, é necessário que haja penhora ou depósito (garantia de juízo). Importantes as disposições do parágrafo único do art. 38: a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

38. CERTO Conforme já ressaltado, a medida cautelar fiscal poderá ser instaurada após a constituição do crédito tributário (art. 1º da Lei n. 8.397/92); em hipóteses excepcionais, poderá ser instaurada antes mesmo da constituição do crédito (art. 1º, parágrafo único). Por outro lado, a constituição do crédito tributário pode ser feita através de lavratura de auto de

infração, hipótese corriqueira de lançamento de ofício, também chamado lançamento direto (art. 149 do CTN).

39. CERTO O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho (art. 186 do CTN). Nos casos de falência, o parágrafo único do art. 186 traz regras específicas, especialmente no que toca às multas tributárias, em que estas são equiparadas às demais penas pecuniárias, posição abaixo dos créditos quirografários.

COMENTÁRIO EXTRA: Na falência: I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; (...) III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados.

40. CERTO Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa (art. 185 do CTN). Este artigo teve sua redação alterada pela LC n. 118/2005; na redação anterior, era necessário que a dívida regularmente inscrita estivesse em fase de execução. Esta regra é excetuada pelo parágrafo único do art. 185: o disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.

COMENTÁRIO EXTRA: A recente Súmula 375 do STJ: o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

ATENÇÃO: o STJ, através de sua Primeira Seção, no REsp 1.141.990, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), julgado em 10/11/2011, fixou entendimento no sentido de que a lei especial prevalece sobre a lei geral (lex specialis derrogat lex generalis), por isso a Súmula 375 do Egrégio STJ não se aplica às execuções fiscais.

41. CERTO O Programa de Recuperação Fiscal – REFIS consiste em um regime

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opcional de parcelamento de débitos fiscais, destinado a promover a regularização de créditos da União, proposto às pessoas jurídicas com dívidas perante a Secretaria da Receita Federal – SRF, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, instituído pela Lei n. 9.964/2000.

COMENTÁRIO EXTRA: O art. 5º da Lei n. 9.964/2000 traz as hipóteses de exclusão do Refis, entre elas: a concessão de medida cautelar fiscal, nos termos da Lei n. 8.397, de 6 de janeiro de 1992. Seu § 1º ainda estabelece que a exclusão da pessoa jurídica do Refis implicará exigibilidade imediata da totalidade do crédito confessado e ainda não pago e automática execução da garantia prestada.

42. CERTO · 43. ERRADO Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (art. 2º da Lei n. 6.830/80 – Lei de Execução Fiscal).

COMENTÁRIO EXTRA: Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o art. 1º (União, Estados, Municípios e DF), será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública (art. 2º, § 1º, da LEF). A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato (art. 2º, § 2º, da LEF).

44. ERRADO O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do art. 162 (perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por este meio), nos termos do art. 165 do CTN. Na questão, verifica-se que o contribuinte alega pagamento de imposto devido cuja prova não ingressou nos sistemas da Receita Federal do Brasil. Sendo assim, cabe ao contribuinte apresentar os documentos comprobatórios do pagamento do tributo para que ela (Receita) proceda à alocação (imputação) dos pagamentos. Não cabe

restituição, pois o tributo é devido.

45. CERTO A Lei de Execução Fiscal não tratou especificamente da competência para o processamento das execuções fiscais, salvo para estabelecer que a competência para processar e julgar a execução da dívida ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro juízo (art. 52 da LEF). Desta forma, a competência para a execução fiscal tem sede normativa fundamental no art. 578 do CPC (ler atentamente o artigo).

COMENTÁRIO EXTRA: Nos termos do art. 578 do CPC, a execução fiscal será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Entretanto, seu parágrafo único prevê: a ação poderá ainda ser proposta (...) no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar. Portanto, pode a execução fiscal ser proposta no foro da situação do imóvel rural.

46. CERTO A LC n. 118/2005, alterando a redação do art. 174, parágrafo único, I, do CTN, passou a prever o despacho citatório como marco interruptivo da prescrição, harmonizando as disposições do CTN com o art. 8º, § 2º, da Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/80). Segundo a antiga redação do art. 174, parágrafo único, I, do CTN, a prescrição se interrompe pela citação pessoal feita ao devedor.

COMENTÁRIO EXTRA: O STJ fixou entendimento (recursos repetitivos) no sentido de que somente após a vigência da Lei Complementar n. 118/2005 (09/06/2005), que alterou a redação do art. 174, parágrafo único, I, do CTN, o despacho de citação passou a constituir causa de interrupção da prescrição. Tratando-se de norma processual, aplica-se aos processos em curso, entretanto o despacho de citação deve ser posterior à vigência da lei (09/06/2005) para sua aplicação (AgRg no Ag 1.303.691).

47. CERTO Esta questão encontra-se pacificada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça: a) quando o nome do sócio consta da Certidão da Dívida Ativa (CDA), cabe ao sócio o ônus da prova para excluir sua responsabilidade; b) caso o nome do sócio não esteja incluído na CDA, cabe ao Fisco a prova de uma das hipóteses de responsabilidade (art. 135 do CTN) para que a execução seja redirecionada ao sócio.

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COMENTÁRIO EXTRA: A orientação da Primeira Seção desta Corte (STJ) firmou-se no sentido de que, se a execução foi ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA, a ele incumbe o ônus da prova de que não ficou caracterizada nenhuma das circunstâncias previstas no art. 135 do CTN, ou seja, não houve a prática de atos ‘com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos’ (REsp 1.083.252).

48. E Todas as assertivas estão corretas, correspondendo aos seguintes dispositivos legais da Lei de Execução Fiscal: I) art. 40, § 4º, da Lei n. 6.830/80; II) art. 25 da Lei n. 6.830/80; III) art. 24 da Lei n. 6.830/80; art. 41 da Lei n. 6.830/80; e IV) art. 26 da Lei n. 6.830/80.

49. A A e B) A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referir-se, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências (art. 31 do Decreto n. 70.235/72). A assertiva corresponde perfeitamente à dicção do art. 31 do Decreto n. 70.235/72. O erro da assertiva B está em “e alternativamente”. C) O art. 27 do Decreto n. 70.235/72 prevê prioridade no julgamento dos processos em que estiverem presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do Ministro de Estado da Fazenda. D) Segundo o art. 32 do Decreto n. 70.235/72, as inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passive. E) Nos termos do art. 35 do Decreto n. 70.235/72, o recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.

50. B A) Corresponde ao art. 2º da Lei n. 8.397/92 (Lei da Medida Cautelar Fiscal). B) Segundo o art. 4º da Lei n. 8.397/92, a decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação. C) Corresponde ao art. 2º, V, da Lei n. 8.397/92. D) Corresponde ao art. 4º, § 3º, da Lei n. 8.397/92. E) Corresponde ao art. 5º da Lei n.

8.397/92.

51. E A) A lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho (art. 186, parágrafo único, II, do CTN), demonstrando a incorreção da questão, pois o CTN afirma que a lei poderá estabelecer, e não que estabelece (fonte: ESAF, resposta aos recursos). B) Pelo contrário, no regime falimentar o crédito tributário perdeu posição em relação aos créditos com garantia real (art. 186, parágrafo único, I, do CTN). C) Na falência o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais e às importâncias passíveis de restituição (art. 186, parágrafo único, I, do CTN). D) Na falência, as multas tributárias não preferem aos créditos quirografários, somente aos créditos subordinados (art. 186, parágrafo único, III, do CTN). E) Segundo o art. 85 da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falência), o proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.

52. B I) e II) Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de credores, nenhuma alienação será judicialmente autorizada sem a prova de quitação da Dívida Ativa ou a concordância da Fazenda Pública (art. 31 da Lei n. 6.830/80). III) Responsabilidade do síndico é solidária segundo o art. 134, V, do CTN. Sendo assim, acreditamos que a questão deveria ter sido anulada, pois somente a assertiva II está totalmente correta. Para se considerar correta também a assertiva I, como no gabarito, deveria a questão ter feito referência expressa à “concordância da Fazenda Pública”.

53. ERRADO Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato (art. 40, § 4º, da Lei n. 6.830/80). Desta forma, antes de decretar a prescrição intercorrente do crédito tributário, o juiz deverá ouvir a Fazenda Pública. Tal providência possibilita ao ente público arguir alguma hipótese de interrupção ou suspensão do prazo prescricional.

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X. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA E OUTROS TEMAS1. CERTO Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, os bancos, os inventariantes os síndicos e outros, assim como quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão (art. 197 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão (art. 197, parágrafo único, do CTN).

2. CERTO A questão transcreve a Súmula 323 do STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. Nas palavras da Corte Suprema, a Administração Tributária pode muito, mas não pode tudo. No mesmo sentido, Súmula 70 do STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo.

3. ERRADO Os recursos administrativos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, IV, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: Lado outro, a inscrição em dívida ativa é realizada após o encerramento do prazo para pagamento ou impugnação nos termos do art. 201 do CTN.

4. CERTO O art. 202 do CTN descreve os requisitos para inscrição em Dívida Ativa: I – o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II – a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III – a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV – a data em que foi inscrita; V – sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

COMENTÁRIO EXTRA: Nos termos do art. 203 do CTN, a omissão de quaisquer dos

requisitos previstos no artigo anterior ou o erro a eles relativo são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.

5. CERTO A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos (art. 208 do CTN). Este artigo é muito criticado pela doutrina; interpretando-se literalmente o dispositivo, poderia se chegar à conclusão de que restaria afastada a responsabilidade do sujeito passivo para com o recolhimento do tributo, restando somente “a responsabilidade pessoal do funcionário”. Ricardo Alexandre (Direito tributário esquematizado, 4. ed., 2010) propõe uma interpretação razoável do dispositivo, no sentido de ser considerada a responsabilidade solidária entre o beneficiário da emissão da certidão e o servidor que a expediu.

6. ERRADO Questão sumulada pelo STF (Súmula 439): Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitando o exame aos pontos objeto da investigação. Desta forma, se o empresário resolveu escriturar determinado livro, mesmo que não obrigatório, a Administração Tributária poderá analisá-los, sob pena de ser configurado embaraço à fiscalização.

COMENTÁRIO EXTRA: Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los (art. 195 do CTN).

7. CERTO A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio (art. 199 do

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CTN). Trata-se de norma de eficácia limitada, na clássica lição de José Afonso da Silva, dependente de lei geral ou convênio para sua plena aplicabilidade. No mesmo sentido, o art. 37, XXII, da CF: as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.

8. CERTO Drawback é a operação pela qual a matéria-prima ingressa em território nacional com isenção ou suspensão de impostos, para ser reexportada após sofrer beneficiamento. O art. 60 da Lei n. 9.069/95 dispõe que a concessão ou o reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal fica condicionado à comprovação pelo contribuinte, da quitação de tributos e contribuições federais. Destarte, ressoa ilícita a exigência de nova certidão negativa de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da concessão do benefício inerente às operações pelo regime de drawback (REsp 1.041.237, Recurso Repetitivo, j. em 19/11/2009).

9. CERTO São as seguintes regras com relação ao ICMS nas operações interestaduais: 1ª – quando o adquirente não for contribuinte do ICMS e for destinatário final da mercadoria ou serviço, o imposto será devido ao Estado de origem do produto segundo sua alíquota interna (art. 155, § 2º, VII, a e b, da CF); 2ª – Caso fosse o adquirente contribuinte do ICMS e destinatário final, a arrecadação seria dividida entre os Estados de origem (receberia o equivalente à alíquota interestadual) e o Estado de destino (receberia a diferença entre sua alíquota interna e a interestadual). 3ª – Se fosse contribuinte do ICMS e não destinatário final, o Estado de origem receberia a alíquota interestadual, e o adquirente terá direito de abater este valor nas próximas operações (não cumulatividade).

10. CERTO · 11. CERTO · 12. ERRADO

Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, na seguinte ordem (art. 163 do CTN): I – Em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II – Primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III – na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV – na ordem decrescente dos montantes (incisos do art. 163 do CTN). Assim, está correta a questão, tendo reproduzido o dispositivo citado.

13. CERTO O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho (art. 186 do CTN). Este dispositivo sofreu alteração pela Lei Complementar n. 118/2005, onde foram acrescentados os créditos decorrentes de acidente de trabalho, conforme já era pacífico tanto na doutrina quanto na jurisprudência.

14. ERRADO A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída (art. 204 do CTN). Entretanto, tal presunção é relativa, podendo o sujeito passivo produzir prova inequívoca em sentido contrário. Nos termos do parágrafo único do art. 204, a presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.

15. CERTO Questão sumulada pelo STJ (Súmula 411): É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Em um dos precedentes da Súmula, o ministro João Otavio de Noronha afirmou: “a correção monetária de créditos escriturais de IPI é devida nas hipóteses em que o seu não aproveitamento pelo contribuinte em tempo oportuno tenha ocorrido em razão da demora motivada por ato administrativo ou normativo do Fisco considerado ilegítimo” (REsp 490.660).

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16. ERRADO Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis (art. 184 do CTN). Desta forma, mesmo que o bem tenha sido gravado com cláusula de impenhorabilidade, responderá pelas dívidas tributárias. Atentar à Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.

17. ERRADO Conforme já ressaltado, o crédito tributário não está sujeito à habilitação junto ao juízo falimentar, isto é, não é sujeito a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento (art. 187 do CTN). Entretanto, como no juízo universal da falência é que serão arrecadados todos os bens da falida, a Fazenda Pública deverá requerer a penhora no rosto dos autos do processo falimentar para garantia de seu crédito (caso não exista ainda penhora), para que seja posteriormente incluído seu crédito no quadro-geral de credores.

18. CERTO Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa (art. 185 do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita (parágrafo único).

19. CERTO A concordata era um favor legal consistente na remissão parcial ou dilação do vencimento das obrigações devidas pela sociedade empresária (Fabio Ulhoa Coelho). O regime de concordata foi substituído pela recuperação judicial sob a égide da Lei n. 11.101/2005 (nova Lei de Falência e Recuperação Judicial). Entretanto,

as ações de concordata ajuizadas até 09/02/2005 continuam seguindo o regime da Lei n. 7.661/45 (antiga Lei de Falências).

COMENTÁRIO EXTRA: No novo regime, o art. 191-A do CTN, incluído pela LC n. 118/2005, dispõe que a concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei. No mesmo sentido, a antiga redação do art. 191 do CTN: não será concedida concordata nem declarada a extinção das obrigações do falido, sem que o requerente faça prova da quitação de todos os tributos relativos à sua atividade mercantil.

20. ERRADO São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência (art. 188 do CTN). Portanto, são extraconcursais os créditos tributários cujos fatos geradores tenham ocorrido durante o processo falimentar.

COMENTÁRIO EXTRA: O crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado (art. 188, parágrafo único, I, do CTN). Destarte, verifica-se o erro da questão por considerar que os créditos relativos ao período anterior à decretação da falência devem ser pagos antes das dívidas da massa.

21. CERTO Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 8.630/80).

COMENTÁRIO EXTRA: As multas por infração de artigo da CLT (crédito não tributário), quando não pagas, podem normalmente ser inscritas em Dívida Ativa da União; neste sentido, art. 2º da Lei n. 6.830/80: qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

22. CERTO A LC n. 118/2005 promoveu

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muitas alterações no CTN com o fim de o adaptar à nova Lei de Falências e Recuperação Judicial (Lei n. 11.101/2005). Uma de suas principais alterações foi procedida com relação aos créditos com garantia real que, até o limite da garantia, têm prevalência sobre o crédito tributário.

COMENTÁRIO EXTRA: Na falência o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado (art. 186, parágrafo único, I, do CTN). Se não houver falência, volta-se à regra do art. 186, caput: o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho.

23. CERTO São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: (...) IV – os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (art. 100, IV, do CTN). Salvo disposição em contrário, entram em vigor: (...) III – os convênios a que se refere o inciso IV do art. 100, na data neles prevista (art. 103, III, do CTN).

24. ERRADO Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação (art. 143 do CTN). A questão está incorreta, o CTN determina a conversão do valor expresso em moeda estrangeira na data da ocorrência do fato gerador (surgimento da obrigação tributária), não na data do lançamento (surgimento do crédito tributário).

25. B A Lei Complementar n. 105/2001 dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências, em especial disciplina requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal e seus agentes, assim como às demais autoridades fiscais da União, Estados, Municípios e DF, de informações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equiparadas, bem assim estabelece procedimentos para preservar o sigilo das

informações obtidas.

COMENTÁRIO EXTRA: 1) A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial (§ 4º do art. 1º da LC n. 105/2001). Desta forma, não apenas na fase judicial poderá ser decretada a quebra do sigilo; 2) Além dos casos previstos neste artigo, o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia-Geral da União as informações e os documentos necessários à defesa da União nas ações em que seja parte (art. 3º, § 3º, da LC n. 105/2001); 3) A Ordem dos Advogados do Brasil ingressou em 21/01/2008 com a Ação Direita de Inconstitucionalidade n. 4.010, atacando dispositivos da LC n. 105/2001 que permitem a quebra do sigilo bancário pela Receita Federal do Brasil independentemente de ordem judicial. Entretanto, até o fechamento desta edição, não havia julgamento da ação; 4) As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente (art. 6º da LC n. 105/2001).

26. C A) As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados (art. 1º, caput, da LC n. 105/2001). Não constitui violação do dever de sigilo: III – o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei n. 9.311, de 24 de outubro de 1996 (trata da extinta CPMF).

COMENTÁRIO EXTRA: A Lei n. 9.311/96, em seu art. 11, § 2º, determina: as instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda.

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B) Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a prestação de informações e o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissão de inquérito administrativo destinada a apurar responsabilidade de servidor público por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido (art. 3º, § 1º, da LC n. 105/2001). Destarte, demonstrado está o desacerto da questão em afirmar não ser necessária autorização judicial para prestação de informações e fornecimento de documentos sigilosos pelas instituições financeiras solicitados por comissão de inquérito administrativo, quando na verdade se faz necessária a autorização.

C e D) Nos termos do art. 6º da LC n. 105/2001, as autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

COMENTÁRIO EXTRA: A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei n. 8.021/90 e pela Lei Complementar n. 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no art. 144, § 1º, do CTN (REsp 1.135.908, j. em 17/06/2010, ler art. 144, § 1º, do CTN).

E) O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários e os demais órgãos de fiscalização, nas áreas de suas atribuições, fornecerão ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, de que trata o art. 14 da Lei n. 9.613, de 3 de março de 1998, as informações cadastrais e de movimento de valores relativos às operações previstas no inciso I do art. 11 da referida Lei (art. 2º, § 6º, da LC n. 105/2001).

COMENTÁRIO EXTRA: Conforme se extrai do art. 2º, § 6º, não há necessidade de autorização judicial para que o Banco Central do Brasil preste informações cadastrais e movimento de valores ao COAF.

27. ERRADO Cumpre ressaltar que a Lei n. 9.317/96 foi revogada expressamente pela Lei Complementar n. 123/2006 que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 1º). Desta forma, analisaremos as assertivas também com base no novo estatuto.

COMENTÁRIO EXTRA: O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: IRPJ; IPI; CSLL; COFINS, Contribuição para o PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária – CPP; ICMS; e ISS (art. 13 da LC n. 123/2006). Destarte, mesmo à luz da nova disciplina, a questão está errada, pois não há, e não havia, previsão de recolhimento de CPMF (hoje extinta) pela sistemática do SIMPLES.

28. CERTO A redação do revogado art. 4º da Lei n. 9.317/96 era a seguinte: o SIMPLES poderá incluir o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal – ICMS ou o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS devido por microempresas e empresa de pequeno porte, desde que a Unidade Federada ou o município em que esteja estabelecida venha a ele aderir mediante convênio. A nova sistemática do SIMPLES trazida pela LC n. 123/2006, tornou obrigatória a inclusão do ICMS (estadual) e do ISS (municipal) para os optantes. No regime anterior, havia necessidade de existir adesão a convênio pelo respectivo ente federativo para que o ICMS e o ISS fossem recolhidos pelo SIMPLES.

29. ERRADO Esta era a redação do art. 17 da Lei n. 9.317/96: competem à Secretaria da Receita Federal as atividades de arrecadação, cobrança, fiscalização e tributação dos impostos e contribuições pagos de conformidade com o SIMPLES. Na nova sistemática, a competência para fiscalizar o cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional e para verificar a ocorrência das

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hipóteses previstas no art. 29 desta Lei Complementar é da Secretaria da Receita Federal e das Secretarias de Fazenda ou de Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento, e, tratando-se de prestação de serviços incluídos na competência tributária municipal, a competência será também do respectivo Município (art. 33 da LC n. 123/2006).

30. CERTO Esta era a redação do art. 18 da Lei n. 9.317/96: aplicam-se à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas.

COMENTÁRIO EXTRA: Atualmente, no que toca às omissões de receita, o art. 34 da LC n. 123/2006 determina que: aplicam-se à microempresa e à empresa de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições incluídos no Simples Nacional. Da redação do dispositivo, verificamos não mais existir restrição ao exame de livros como havia no estatuto anterior, sendo que atualmente qualquer livro, mesmo que não obrigatório, pode ser analisado para verificação de omissão de receita. Ver Súmula 439 do STF no final do capítulo.

31. CERTO A Lei n. 10.522/2002 rege o chamado parcelamento ordinário, nos termos do seu art. 10: os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional poderão ser parcelados em até sessenta parcelas mensais, a exclusivo critério da autoridade fazendária, na forma e condições previstas nesta Lei.

32. CERTO Esta era a redação do art. 11, § 2º, da Lei n. 10.522/2002: descumprido o parcelamento garantido por faturamento ou rendimentos do devedor, poderá a Fazenda Nacional realizar a penhora preferencial destes, na execução fiscal, que consistirá em depósito mensal à ordem do Juízo, ficando o devedor obrigado a comprovar o valor do faturamento ou rendimentos no mês, mediante documentação hábil. Este artigo foi revogado pela Lei n. 11.941/2009,

entretanto mantivemos o gabarito oficial por ainda ser necessário para a concessão do parcelamento de débitos inscritos, conforme comentário extra, de prestação de garantia real ou fidejussória.

Comentário Extra (para as questões 31 e 32): Observados os limites e as condições estabelecidos em portaria do Ministro de Estado da Fazenda, em se tratando de débitos inscritos em Dívida Ativa, a concessão do parcelamento fica condicionada à apresentação, pelo devedor, de garantia real ou fidejussória, inclusive fiança bancária, idônea e suficiente para o pagamento do débito, exceto quando se tratar de microempresas e empresas de pequeno porte optantes pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples (art. 11, § 1º, da Lei n. 10.522/2002).

33. CERTO Esta era a redação do art. 14, IX, da Lei n. 10.522/2002: é vedada a concessão de parcelamento de débitos relativos a tributo ou outra exação qualquer, enquanto não integralmente pago parcelamento anterior relativo ao mesmo tributo ou exação. Este artigo também foi revogado pela Lei n. 11.941/2009.

COMENTÁRIO EXTRA: Atualmente, o art. 14-A da Lei n. 10.522/2002, com redação dada pela Lei n. 11.941/2009, permite, desde que cumpridas determinadas condições, o reparcelamento de débitos: observadas as condições previstas neste artigo, será admitido reparcelamento de débitos constantes de parcelamento em andamento ou que tenha sido rescindido.

34. ERRADO Enquanto não deferido o pedido, o devedor fica obrigado a recolher, a cada mês, como antecipação, valor correspondente a uma parcela (art. 12, § 3º, da Lei n. 10.522/2002).

COMENTÁRIO EXTRA: Importante: o pedido de parcelamento deferido constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, podendo a exatidão dos valores parcelados ser objeto de verificação (art. 12, caput).

35. E A e B) O servidor público que utilizar ou viabilizar a utilização de qualquer informação obtida em decorrência da

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quebra de sigilo de que trata esta Lei Complementar responde pessoal e diretamente pelos danos decorrentes, sem prejuízo da responsabilidade objetiva da entidade pública, quando comprovado que o servidor agiu de acordo com orientação oficial (art. 11 da LC n. 105/2001). Destarte, haverá responsabilidade objetiva do ente público ao qual pertencer o servidor caso comprovado que este agiu de acordo com orientação oficial. É o que se extrai da parte final do art. 11 da LC n. 105/2001.

C) Dependem de prévia autorização do Poder Judiciário a prestação de informações e o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissão de inquérito administrativo destinada a apurar responsabilidade de servidor público por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido (art. 4º, § 1º, da LC n. 105/2001). Portanto, não é prevista a necessidade de autorização do superior hierárquico para o fornecimento de informações, não sendo caso de responsabilização o fornecimento de documentos sigilosos solicitados por comissão de inquérito administrativo quando autorizado pelo Judiciário.

D) A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis (art. 10 da LC n. 105/2001).

COMENTÁRIO EXTRA: Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar injustificadamente ou prestar falsamente as informações requeridas nos termos desta Lei Complementar (art. 10, parágrafo único, da LC n. 105/2001). Destarte, a assertiva está correta, eis que aquele que retardar o fornecimento de informações incorrerá nas penas trazidas pelo art. 10 da LC n. 105/2001.

E) O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, aplicações e investimentos mantidos em instituições financeiras, não pode ser oposto ao Banco Central do Brasil ao proceder a inquérito em instituição financeira submetida a regime especial (art. 2º, § 1º, II, da LC n. 105/2001). Portanto, quando requisitada informação pelo Banco

Central no curso de inquérito em instituição submetida a regime especial, não haverá necessidade de ordem judicial para o fornecimento das informações, desta feita não há responsabilidade de quem as prestar.

36. ERRADO · 37. CERTO · 38. ERRADO Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular (art. 201 do CTN). A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do crédito (art. 201, parágrafo único, do CTN).

COMENTÁRIO EXTRA: 1) O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I – o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II – a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III – a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV – a data em que foi inscrita; V – sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição (art. 202 do CTN); 2) A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite (art. 204 do CTN).

39. ERRADO A Lei n. 10.684, de 30 de maio de 2003, instituiu parcelamento especial de débitos em até 180 meses para todos os débitos para com a Fazenda Nacional (SRF e PGFN), constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, vencidos até 28 de fevereiro de 2003.

COMENTÁRIO EXTRA: O parcelamento a que se refere o art. 1º (parcelamento especial de débitos em 180 meses) independerá de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens, mantidas aquelas (garantias) decorrentes de débitos transferidos de outras modalidades de

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parcelamento ou de execução fiscal (art. 4º, V, da Lei n. 10.684/2003). É o que ocorre também com o parcelamento instituído pela Lei n. 11.941/2009 (art. 11, I).

40. CERTO A Lei n. 10.522/2002 dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais e dá outras providências. O CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – é um banco de dados onde se encontram registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito para com órgãos e entidades federais.

COMENTÁRIO EXTRA: A inclusão no CADIN sem a expedição da comunicação ou da notificação de que tratam os §§ 2º e 4º, ou a não exclusão, nas condições e no prazo previstos no § 5º, sujeitará o responsável às penalidades cominadas pela Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e pelo Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (CLT).

41. ERRADO A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito (art. 9º do Decreto n. 70.235/72).

COMENTÁRIO EXTRA: Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo (art. 9º, § 2º, do Decreto n. 70.235/72). Desta forma, mesmo sendo o servidor de jurisdição diversa, não haverá nulidade por incompetência.

42. C Os débitos com a Secretaria da Receita Federal ou a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, com vencimento até 28 de fevereiro de 2003, poderão ser parcelados em até cento e oitenta prestações mensais e sucessivas (art. 1º da Lei n. 10.684/2001).

COMENTÁRIO EXTRA: Os débitos ainda não constituídos deverão ser confessados, de forma irretratável e irrevogável (art. 1º, § 2º, da Lei n. 10.684/2001). No mesmo sentido, art. 5º da Lei n. 11.941/2009 (“Refis da

Crise”): “a opção pelos parcelamentos de que trata esta Lei importa confissão irrevogável e irretratável dos débitos em nome do sujeito passivo na condição de contribuinte ou responsável e por ele indicados para compor os referidos parcelamentos, configura confissão extrajudicial”.

43. B Nos termos do art. 5º da LC n. 105/2001 o Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. Consideram-se operações financeiras: depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de poupança; pagamentos efetuados em moeda corrente ou em cheques; emissão de ordens de crédito ou documentos assemelhados; resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, inclusive de poupança; contratos de mútuo; descontos de duplicatas, notas promissórias e outros títulos de crédito.

COMENTÁRIO EXTRA: Consideram-se também: aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou variável; aplicações em fundos de investimentos; aquisições de moeda estrangeira; conversões de moeda estrangeira em moeda nacional; transferências de moeda e outros valores para o exterior; operações com ouro, ativo financeiro; operações com cartão de crédito; operações de arrendamento mercantil; e quaisquer outras operações de natureza semelhante que venham a ser autorizadas pelo Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão competente. Entretanto, não há previsão de informação sobre os contratos de locação de cofres para guarda de pecúnia e outros valores.

44. ERRADO É legítima a utilização da taxa referencial SELIC como índice de correção monetária e juros de mora sobre os débitos de contribuintes para com a Fazenda Estadual desde que haja lei local (estadual) autorizando a incidência (REsp 1.102.278). Destarte, a questão subverteu o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que entende ser aplicável a taxa SELIC aos tributos estaduais desde que haja previsão na lei estadual.

45. CERTO A Administração Pública pode,

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em observância ao princípio da moralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde que facultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo regular (REsp RMS 15.166). Este recurso especial tratava de constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com os mesmos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a outra declarada inidônea para licitar com a Administração Pública Estadual, com o objetivo de burlar a aplicação da sanção administrativa.

46. CERTO · 47. CERTO Os programas de computador desenvolvidos para clientes, de forma personalizada, geram incidência de tributo do ISS. Diferentemente, se o programa é criado e vendido de forma impessoal para clientes que os compram como uma mercadoria qualquer, esta venda é gravada com o ICMS. Deveras, raciocínio inverso negaria vigência ao CTN, que determina a preservação, no direito tributário, da natureza jurídica dos institutos civis e comerciais, com sói ser a compra e venda, mercê de descaracterizar a interpretação econômica, de suma importância para a aferição das hipóteses de incidência tributárias (REsp 633.405). Interpretação econômica que se impõe, uma vez que a realidade econômica há de prevalecer sobre a simples forma jurídica. As verbas indenizatórias não estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda (REsp 696.745).

48. CERTO Age em fraude à lei quem, exercendo uma sequência de atos lícitos, obtém resultado contrário ao preceito jurídico (REsp 207.484). Assim, considerou o STJ fraude ao art. 737 do CPC (hoje revogado) o devedor que, sem ter qualquer bem penhorado, exerce ação declaratória de nulidade do título executivo em paralelo à execução, pleiteando antecipação de tutela (REsp 207.484).

49. D A) Vide arts. 1º e 2º da Lei n. 6.830/80. B) Vide art. 4º, § 6º, da Lei n. 6.830/80. C) Vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 6.830/80 – o STJ tem entendimento consolidado no sentido de que essa suspensão da prescrição só vale para créditos não tributários. D) Nos termos do art. 39, § 5º, da Lei n. 4.320/64, A Dívida

Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional, não havendo restrição quanto aos créditos tributários ou não. E) Vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 6.830/80.

50. A A) As administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (art. 37, XXII, da CF). B) Vide art. 198, § 1º, do CTN. Do dispositivo, verifica-se que o envio de informações a autoridades administrativas não fazendárias é mais rigoroso, requerendo a verificação acerca da regular instauração do processo administrativo e do objeto deste. C) Vide art. 199 do CTN. D) Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, não se pode negar valor probante à prova emprestada, coligida mediante a garantia do contraditório (RTJ 559/265). E) Os agentes fazendários não têm poder discricionário neste campo, devendo seguir rigorosamente os procedimentos legais estabelecidos na legislação; embora não haja necessidade de justificação, deve haver, nos termos do art. 37, XXII, da CF, lei ou convênio que autorize o intercâmbio de informações.

51. C A e B) erradas – art. 200 do CTN – as autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção. Assim, não somente consequências cíveis podem decorrer do descumprimento de obrigações acessórias, podendo, inclusive, representar ao Ministério Público indicando indícios de crime ou contravenções. C) correta – STF, ADI 395/SP. D) errada – a CF (art. 170, IX) prevê tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas; a seu turno, a LC n. 123/2006 estabeleceu regime simplificado de recolhimento de tributos, inclusive com a simplificação dos procedimentos. E) errada – art. 12 do Decreto n. 70.235/72 – o servidor que verificar a ocorrência de

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infração à legislação tributária federal e não for competente para formalizar a exigência comunicará o fato, em representação circunstanciada, a seu chefe imediato, que adotará as providências necessárias.

52. B As assertivas A, C, D e E decorrem, logicamente, do enunciado da questão. Quanto à assertiva B, essa foi objeto de diversos recursos perante a Banca Examinadora, ao argumento de que seu conteúdo estava em consonância com o importantíssimo Parecer PGFN/CRJ 492/2010. Transcrevemos aqui a justificativa apresentada pela ESAF para manutenção do gabarito: “Em que pese a alternativa ‘B’ estar correta, de acordo com o solicitado no comando da questão – isto é, aos objetivos que se busca alcançar de forma mediata – ela não está. A alternativa ‘B’, ao contrário, enquadra-se dentre os objetivos que se busca alcançar de forma imediata, ou seja, no curto prazo, desde o momento em que a PGFN passou a orientar seu contencioso tributário da forma descrita. De forma mediata, entenda-se como os objetivos que se pretende alcançar num prazo médio a longo, como consequência das práticas adotadas no curto prazo”.

53. A Esta questão reproduz o conteúdo da Lei n. 11.941/2009, que disciplina o chamado popularmente “Refis da Crise”, tendo em vista que a referida lei origina-se da conversão da MP n. 449/2008. A questão foi objeto de vários recursos à Banca Examinadora, tendo esta apresentado a seguinte justificativa para manutenção da assertiva “A” como única resposta: “(...) Primeiramente, quanto ao alegado na alternativa ‘A’, pelo fato de que as reduções nos percentuais serão sempre inversamente proporcionais ao prazo escolhido pelo contribuinte para pagamento de seus débitos, vale dizer, quanto menor for o prazo em meses, maiores serão os descontos oferecidos. Por esta razão, a alternativa ‘A’ está incorreta, sendo, portanto, a única alternativa válida para a questão. Sobre as demais alternativas, trata-se do conteúdo da exposição de motivos da Medida Provisória n. 449, posteriormente convertida na Lei n. 11.941/2009 (...)”. Veja que na assertiva “A”, fala-se “em percentuais a serem aplicados de forma diretamente proporcional aos prazos”, demonstrando o desacerto da assertiva (Ler art. 1º, § 3º, da Lei n. 11.941/2009). As demais alternativas

correspondem à exposição de motivos da MP n. 449/2008, ou seja, aos pontos 3, 6 a 10 e 13.

54. C I. correta – art. 3º da LC n. 123/2006; II. errada – art. 3º, § 1º, da LC n. 123/2006 – considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídos as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; III. correta – art. 3º, § 1º, da LC n. 123/2006; IV. correta – art. 3º, § 3º, da LC n. 123/2006; V. correta – art. 3º, § 2º, da LC n. 123/2006.

55. C A, B, D e E) corretas – as informações estão contidas no sítio da Receita Federal <http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2005/pergresp2005/pr672a733.htm> itens 672, 673, 679 e 681, respectivamente. C) errada – a assertiva foi objeto de diversos recursos perante a Banca Examinadora, nos quais pediam que a assertiva fosse considerada correta, tendo a ESAF apresentado a seguinte justificativa para manter o gabarito: “(...) a Lei n. 9.430 prevê que as disposições relativas a preços, custos e taxas de juros aplicam-se, também, às operações efetuadas por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada em país que não tribute a renda ou que a tribute a alíquota máxima inferior a vinte por cento, e não em qualquer alíquota inferior às aplicadas no Brasil (...).

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