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diretrizes de programa de governo Fuente:http://www.pt.org.br/site/assets/8-0-2004_016-50-00_cartilha_diretrizes_progr_gov.pdf (Fuente:26/09/2006)

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diretrizes de programa de governo

Fuente:http://www.pt.org.br/site/assets/8-0-2004_016-50-00_cartilha_diretrizes_progr_gov.pdf (Fuente:26/09/2006)

diretrizes de programa de governo

índice

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................05

1. GOVERNOS DA MUDANÇA E MODO PETISTA DE GOVERNAR............................................................08

2. PROGRAMA DE GOVERNO...............................................................................................................12

3. EIXOS CONCEITUAIS COMUNS AOS PROGRAMAS DE GOVERNO.......................................................16

I.Participação Cidadã e Controle Social.................................................................................................19

II.Desenvolvimento e Geração de Trabalho e Renda.............................................................................. 24

III. Políticas Sociais e de Garantia de Direitos........................................................................................31

IV. Gestão Ética, Democrática e Eficiente..............................................................................................35

V. Gestão Democrática do Território......................................................................................................41

4. PUBLICAÇÕES CONSULTADAS.........................................................................................................47

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diretrizes de programa de governo

APRESENTAÇÃONo ano em que completamos 24 anos de história, nós do Partido dos Trabalhadores vivemos mais umaetapa importante da nossa construção. Em quase um quarto de século de trajetória, nos transformamosnuma instituição política reconhecida nacional e internacionalmente, e atingimos um objetivo central aoelegermos, como expressão da luta do nosso povo por mudanças, Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República.

Atualmente, governamos 204 dos 5.564 municípios brasileiros — o que representa 3,6% dos municípiosdo País, mas 20% da população brasileira. Muitas de nossas administrações desenvolveram, ao longodos anos, iniciativas inéditas e exemplos bem-sucedidos de políticas públicas eficazes e gestõestransparentes que passaram a compor o “modo petista de governar”. O aperfeiçoamento desse modelotem contribuído intensamente para avanços significativos na democratização da gestão pública no Brasil,no combate à pobreza e às desigualdades sociais e econômicas.

O objetivo principal do PT neste momento é ampliar sua contribuição para o avanço democrático e odesenvolvimento do País, disseminando este exitoso “modo petista de governar” com consolidação denossas gestões, fortalecimento e ampliação da rede de municípios governados pelo PT e, no horizontenacional, reafirmar o projeto estratégico do governo Lula.

Para isso, é preciso manter e ampliar a nossa capacidade de elaboração e aperfeiçoamento de conteúdopolítico do Programa. Teremos, em 2004, um embate de propostas e de idéias. A elaboração dasDiretrizes de Programa de Governo para as Eleições Municipais de 2004 vem contribuir para ascoordenações municipais de campanha 2004 nesta tarefa.

O documento que aqui apresentamos baseou-se na sistematização de publicações do PT, comincorporação de valorosas contribuições individuais e de entidades vinculadas ao desenvolvimento depolíticas públicas.

Os cinco eixos apresentados nesta publicação representam a síntese da elaboração programática doPartido dos Trabalhadores. São eles:

1. Participação Cidadã e Controle Social: por uma cultura democrática e transformadora na vida pública2. Desenvolvimento Local Sustentável como fator de geração de trabalho e renda e promoção da igualdadesocial3. Políticas Sociais e de Garantia de Direitos4. Gestão Ética, Democrática e Eficiente5. Gestão Democrática do Território

Essas diretrizes constituem-se um instrumento indispensável para dar maior nitidez à disputa políticaeleitoral, caracterizando o perfil inovador do PT na solução dos problemas das nossas cidades.

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O Programa de Governo é um instrumento de convencimento e deve incorporar os eixos apresentados noconhecimento e na ação de cada dirigente da campanha.

De posse deste documento, caberá a cada candidatura, de capitais a pequenos municípios, elaborar seuPrograma de Governo levando em conta a realidade local, sem esquecer que ele deve refletircompromissos históricos do nosso partido e dialogar com o programa nacional que o governo federal,liderando uma ampla aliança política, está desenvolvendo para mudar o Brasil.

Caberá também, a cada candidato, a cada candidata, fazer valer sua força e sua responsabilidade naconstrução de novos rumos para este País, sendo um líder de sua comunidade para que ela avanceeconômica e socialmente e, também, politicamente.

Nossas candidaturas ao legislativo municipal, afinadas com as candidaturas majoritárias, devem incorporarno seu discurso político as metas e ações do Programa de Governo para o município, articulando a elassuas propostas de mandato.

Afinal, trata-se de construir o novo pacto federativo com o protagonismo dos agentes municipais comoagentes de mudança.

Uma boa leitura, um bom investimento no debate e no aprofundamento do conteúdo apresentado e... rumoà vitória!

José GenoinoPresidente Nacional do Partido dos Trabalhadores

Paulo FerreiraCoordenador de Programa de Governo GTE-2004

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Governos damudança emodo petistade governar

A busca da construção da hegemonia política do PT, ou seja, da ampliação significativa da sua influênciapolítica na vida nacional – da esfera federal aos menores municípios – passa pela identificação clara desuas bandeiras de luta, das propostas que apresenta à sociedade, de seus compromissos públicos e dasua forma de governar e legislar.

Sabemos que na democracia se constrói hegemonia política (o predomínio de uma visão e de umaproposta) no País ou numa região, com articulação de idéias, pessoas e procedimentos.

Para essa articulação é preciso trabalhar com:

n Idéias e conteúdos comuns, reconhecidos como marca do grupo político, principalmente as diretrizespartidárias e os compromissos públicos;

n Métodos de ação comuns, reconhecidos como marca do grupo político: ética, transparência, coerência,participação, democracia e reconhecimento – e prática – da crítica como fator construtivo;

n Organização para planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações e propostas para queestas sejam viáveis e bem realizadas.

As idéias e conteúdos comuns, que marcam o PT, básicos para a elaboração dos Programas de Governo,devem marcar o compromisso de sermos governos da mudança, frutos de métodos de ação comuns ede organização político-administrativa.

UM GOVERNO DA MUDANÇA1 TEM COMPROMISSO COM:

n Superação da desigualdade:A mudança nas condições estruturais e conjunturais2 da sociedade brasileira, que vêm provocandouma contínua produção e reprodução da pobreza, das desigualdades e da concentração de renda.

n Garantia do protagonismo aos cidadãos e cidadãs:A mudança no modo de governar, em que o poder de decisão sobre os destinos da coletividade fica namão de poucos privilegiados e no qual a maioria da população não se apropria dos processos políticos.

n Definição de prioridades segundo critérios claramente definidos por governo e sociedade:A mudança na forma de direcionar recursos públicos, que muitas vezes são distribuídos por critérios deapadrinhamento e clientelismo.

n Garantia de participação cidadã e controle social:A mudança na forma de construir e monitorar as políticas públicas e os serviços governamentais, quefreqüentemente exclui a possibilidade da maioria da população opinar e contribuir para oaperfeiçoamento das políticas que lhe são oferecidas.

1 Ou de consolidação da mudança.2 Condições estruturais são as formas historicamente consolidadas da organização social, econômica e política.Condições conjunturais são aquelas derivadas da conjuntura, isto é, das correlações de forças e das situações de momento.

1. Governos da mudança e modo petista de governar

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n Respeito e valorização do protagonismo dos municípios:A mudança na forma de organizar politicamente o País, na qual os governantes municipais ainda sãovistos, por alguns, como meros despachantes ou subalternos dos outros poderes (estaduais ounacional).

n Garantia de igualdade de oportunidades e de acesso a serviços e bens públicos:A mudança nos conteúdos das políticas públicas que não atendem aos critérios de universalidade,igualdade e justiça social.

n Democratização da comunicação e da informação:A mudança na forma de se comunicar com a sociedade civil organizada e com a população nãoorganizada, que é pouco informada dos processos político-administrativos e de como as decisõesgovernamentais e os serviços públicos se processam.

n Promoção do desenvolvimento local e regional:A mudança na forma de encarar a potencialidade dos municípios, muitas vezes considerados incapazesde construir seu próprio destino e de encontrar novas formas de desenvolvimento local e regional.

n Garantia de co-responsabilidade na gestão pública:A mudança na forma de definir e cobrar responsabilidades, que leva governo e sociedade a não sesentirem solidariamente responsáveis pela gestão do patrimônio público e pela construção de umasociedade justa e democrática.

n Democratização do acesso e usufruto dos avanços tecnológicos e de conhecimentos:A mudança na forma de apropriar e impulsionar o uso de novas tecnologias e de conhecimentos, quemuitas vezes servem apenas ao aumento das desigualdades e concentração de renda e poder, ficandorestritas a grupos privilegiados.

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Programade Governo

Um Programa de Governo é a face visível dos compromissos do Partido dos Trabalhadores, resultado desua trajetória e construção cotidiana.

É também um desafio que traz oportunidades de ampliação de espaços políticos, construção de relaçõesamplas com setores sociais e políticos, provocando a análise crítica aprofundada da conjuntura.

É importante considerar que, dentre as conquistas democráticas no País, para as quais o PT muitocolaborou, são fundamentais a ampliação da consciência política da população e a exigência, cada vezmaior, de ética e coerência na política. Isto se constrói com discussão e debate, tal como nesse momentode elaboração do Programa de Governo.

Construir Programa de Governo, portanto, é uma das funções primordiais do partido.

O QUE É UM PROGRAMA DE GOVERNO?

Um Programa de Governo é:

n Um instrumento político que identifica o partido ou coligação e suas diretrizes;

n Uma agenda de objetivos, a partir do conhecimento da realidade e respondendo aos anseios enecessidades da população;

n Um termo de compromisso, que deve nortear a ação de todos os dirigentes e integrantes do partido (ouda coligação);

n A referência para as ações de campanha de todas as candidaturas do partido ou coligação aoExecutivo e Legislativo;

n A referência para a construção do Plano de Governo3 depois de ganhar a eleição;

n A referência para a gestão de governo no Executivo e no Legislativo após a posse.

É importante lembrar que um Programa de Governo não precisa ter todos os detalhes das propostas.Porém, essas propostas devem ser bem pensadas para que sua realização seja possível e apresentadade forma que as pessoas entendam e acreditem.

Não se pode fazer promessas ou propostas que não serão cumpridas.

3 Programa de Governo é o conjunto de propostas e compromissos, apresentado pelo partido ou coligação, que norteia a açãodos candidatos na campanha e depois de eleitos.Plano de Governo é o resultado do planejamento concreto que define como se coloca em prática o Programa de Governo,como se administra o município.

2. Programa de Governo

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EM QUE O PROGRAMA DE GOVERNO SE BASEIA?

O Programa de Governo deve ser baseado em:

n Princípios e referências políticas partidárias comuns, frutos de debate e legitimados pelas instânciaspartidárias;

n Análise crítica e conhecimento do contexto político e social e da conjuntura local, regional, nacional;

n Conhecimento da realidade onde o programa será apresentado – isto significa saber a história políticae social local, problemas, avanços, possibilidades, potencialidades, demandas e anseios;

n Diálogo do partido com agentes e instâncias sociais, lideranças populares, pessoas detentoras deconhecimentos específicos sobre a realidade, meios de comunicação e formadores de opinião;

n Conhecimento da realidade institucional, isto é, do funcionamento legal das instituições, pois asgestões municipais, estaduais e federal têm diretrizes já estabelecidas, estruturas administrativas eações articuladas, previstas por legislação.

O QUE O PROGRAMA DEVE LEVAR EM CONTA?

Para elaborar um Programa de Governo, em cada uma de suas etapas, é preciso levar em conta que:

n O conhecimento da realidade é produzido coletivamente por um grupo que inclui pessoas que nãofazem parte do grupo partidário. É preciso ampliar o conjunto de pessoas que discutem o conteúdo doPrograma, analisam informações, percebem potencialidades e apresentam propostas;

n Democracia se faz com participação e ampliação da consciência política. Portanto, as ações edeliberações devem ser democráticas e participativas e contribuir sempre para o avanço doscompromissos políticos;

n É preciso difundir informação de qualidade, de forma compreensível para a população. Nas eleições,nosso êxito também dependerá da qualidade e da transparência das informações sobre a realidade quequeremos discutir e mostrar. Isso contribui para a capacitação e o fortalecimento da militância eampliação de apoiadores, alimentando prontas respostas aos ataques de adversários;

n É preciso se apropriar do acúmulo das experiências de governos do PT, que vêm continuamenteaperfeiçoando o Modo Petista de Governar.

DIFERENCIAIS DOS PROGRAMAS

Embora as propostas gerais do partido devam ser comuns em todas as campanhas municipais, osprogramas de governo dos diversos municípios serão diferentes entre si, visto que cada município temsuas prioridades, que nascem do conhecimento da realidade local e do que é, naquele momento, o que apopulação da cidade ou região mais quer e precisa.

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POLÍTICA NACIONALNum contexto inédito, em que as eleições municipais se darão num cenário no qual o PT é governofederal, é importante que todas as pessoas envolvidas nas campanhas municipais do PT tenhamconhecimento de:

n Política nacional e suas diretrizes

n Programas e ações do governo federal que impactam, favorecem e se articulam com o município ou aregião.

Além das informações que a Direção Nacional do PT está organizando para subsidiar as campanhas nosmunicípios, é preciso que cada município busque os canais normais de informação sobre diretrizes,programas, políticas e ações do governo federal, como insumos indispensáveis para seu discurso e seuPrograma de Governo.

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Eixosconceituaiscomuns aosProgramas deGoverno

POR QUE OS EIXOS COMUNS?

O PT deve implementar uma agenda que seja capaz de desenvolver políticas de inclusão social esuperação das desigualdades, de radicalização da democracia, de criação de canais departicipação e diálogo, com capacidade de compartilhar decisões importantes entre governo esociedade.

Isso exige uma cultura de planejamento, eficiência e racionalidade da máquina pública e controlesocial de governo, com transparência e eficácia das políticas públicas, para promover e garantir odesenvolvimento humano, social, político, cultural e econômico de todos os cidadãos e cidadãs.

É importante que essa agenda seja identificada, nas campanhas de 2004, como Agenda do PT.

Para isso, é importante que haja, também, uma identidade visível na forma de apresentação daspropostas de governo, nos Eixos do Programa de Governo.

O texto a seguir é uma contribuição para a crescente identificação e divulgação das propostaspetistas em todo o País, a partir de conceitos e idéias comuns.

Os cinco eixos sugeridos são:

1. Participação Cidadã e Controle Social: por uma cultura democrática e transformadora na vidapública

2. Desenvolvimento Local Sustentável como fator de geração de trabalho e renda e promoção daigualdade social

3. Políticas Sociais e de Garantia de Direitos

4. Gestão Ética, Democrática e Eficiente

5. Gestão Democrática do Território

NESTE TEXTO, LEVA-SE EM CONTA QUE:

n O exercício da ética pública e o combate à corrupção precisam ser vistos como pressupostosbásicos e como qualidades intrínsecas de qualquer programa ou candidatura que se apresentesob a égide do Estado de Direito e da Democracia. Portanto, não devem ser um capítulo doPrograma, mas compromissos reconhecidos pela população.

n Gestão ética e combate à corrupção não podem estar apoiados somente na retidão de caráterdos agentes públicos com capacidade de decisão e, sim, devem ser fruto de organização e demudança estrutural da administração, de forma a garantir gestão democrática, eficiente e abertaao controle social.

3. Eixos conceituais comuns aos Programas de Governo

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n Padrão ético de procedimentos e de relacionamentos com o cidadão e a cidadã é o que colocaem prática a noção de serviço público como bem público, a que, portanto, todos têm direito.

Temos certeza de que nenhum dos eixos propostos pode se consolidar sem estar articulado eintegrado aos demais.

Cada município tem sua especificidade e acreditamos que esses Eixos Conceituais podem estarpresentes, como uma forma de agregação de propostas, nos programas de governo de todas asnossas candidaturas.

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Participação Cidadã e controle social são demandas das sociedades democráticas, característicasreconhecidas do Estado de Direito e inscritas como Princípios Constitucionais no Brasil, além deserem marcas reconhecidas das propostas e gestões governamentais petistas.

Nascido da preocupação de incluir os setores populares, as organizações sociais ou ainda envolvertodos os diferentes agentes e instâncias de um determinado processo ou setor, o termo“participação” precisa hoje ser qualificado à luz dos novos contextos e demandas político-sociais.

A incorporação da demanda por participação dos movimentos sociais em quase todos os projetospolíticos fez com que o termo tenha os mais variados significados: desde a presença numaconcentração de cunho político, uma manifestação, uma reunião, até o ato de interferirobjetivamente nos processos de decisão sobre ações ou medidas de impacto público.

Na realidade, para nós, que compromissos implica?

O conceito mais comum do termo, utilizado até meados da década de 1990, inclusive no PT, foimajoritariamente “participação popular”, designando o envolvimento de agentes ligados asegmentos e organizações sociais tradicionalmente marginalizados, que reivindicavam sua inclusãonos processos políticos e sociais.

Embora as desigualdades não tenham sido superadas e essa inclusão ainda esteja por acontecer,o termo participação cidadã passou a ser usado incluindo a noção de participação popular ealargando este conceito.

Participação Cidadã é um conceito que pretende evidenciar que todos os agentes sociais devemser considerados nas ações públicas, sejam eles tradicionalmente marginalizados ou não. Deve-seressaltar, porém, que os setores marginalizados e excluídos merecem atenção especial paragarantia de sua participação nos processos sociais e políticos. O termo participação cidadãsignifica que quem participa exerce sua cidadania e, portanto, age de maneira informada epensando no impacto das decisões que lhe dizem respeito, que dizem respeito ao coletivo.

A Participação Cidadã deve favorecer a constituição de uma cultura democrática em oposição àtradição clientelista e assistencialista que permeia a cultura política brasileira. É, portanto, condiçãopara a construção de uma esfera pública que associe direitos e responsabilidades dos cidadãos ecidadãs à ação qualificada dos setores governamentais (Legislativo, Executivo e Judiciário).

Eixo 1: Participação Cidadã e Controle Social

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Observando a experiência de governos, mesmo diferentes em suas práticas, podemos identificaraspectos fundamentais que definem a concepção de Participação Cidadã:

n Os espaços públicos de Participação Cidadã são espaços de explicitação e de negociação dosconflitos de interesses, pois os interesses do conjunto de agentes e segmentos sociais não sãoconsensuais e harmônicos.Por isso, essa “esfera pública” – espaço público de negociação e debate de idéias – demanda aexistência de regras democráticas claras que garantam a participação efetiva e isonômica detodos os cidadãos e cidadãs, quer seja em espaços públicos sob responsabilidade ou iniciativade setores da sociedade civil, quer seja em espaços públicos sob responsabilidade dos governos.Isto é fundamental na constituição de canais de participação popular, na promoção deconferências públicas (como as conferências da cidade) e na implementação de programas decontrole social do orçamento e das políticas públicas, tal como o Orçamento Participativo, umadas formas de se prover participação e controle social da gestão pública.

n A existência de canais de participação, institucionalizados ou não, tais como conselhos, comitês,fóruns, que devem ser respeitados e apoiados em suas atribuições.

n A Participação Cidadã se caracteriza pela co-responsabilidade entre governo e sociedade. Ogoverno também deve disputar, juntamente com a população, os interesses em torno de seuprojeto (que tem legitimidade na representação pelo voto), pois o governo é ator central doprocesso participativo e não mero porta-voz dos interesses difusos na sociedade.

n A informação clara, explícita, inteligível e disponível, em todo o processo, é condição para aParticipação Cidadã. A manutenção dos privilégios no acesso às informações é fator de reduçãoda possibilidade da Participação Cidadã e é provocada também pelo uso de linguagens poucocompreensíveis e pela falta de universalização dos meios de acesso (jornal, rádio, Internet, etc.).

n No âmbito interno dos governos, a participação informada de todos os seus agentes (decisorespor representação popular ou delegação, assessores, operadores de políticas, servidorespúblicos) garante planejamento e execução coerentes com diretrizes e mecanismospublicamente compromissados.

A Participação Cidadã tem que vir acompanhada de possibilidade de controle social.

Controle social significa o monitoramento, pela sociedade – de forma organizada einstitucionalmente reconhecida –, dos processos político-administrativos e das políticas públicas,desde sua elaboração até sua avaliação e replanejamento. É o fortalecimento do papel do Estado,agregando a co-responsabilidade com a sociedade.

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Controle social envolve controle dos gastos do governo e a participação ativa da sociedade nosprocessos de gestão, o que exige mecanismos institucionalizados4, com o objetivo de permitir quequalquer cidadão ou cidadã possa contribuir para a elaboração e execução de políticas públicas,sugerindo, opinando, monitorando sua execução e avaliando os serviços prestados.

Trata-se de adotar práticas de gestão pública que articulem a participação dos agentesinstitucionais, do governo e dos agentes sociais.

A Constituição Brasileira, as constituições estaduais e leis orgânicas municipais já vêmestabelecendo, desde 1988, direitos e instrumentos institucionais de participação e controle social,tais como plebiscito, referendum, conselhos, comitês, conferências municipais e nacionais,orçamento participativo, etc.

Agregando os termos “participação cidadã” e “controle social” teremos um conceito mais próximodo que se pretende para garantir participação cidadã efetiva nos processos decisórios.

Para que haja participação cidadã e controle social é preciso:

n Criação de condições para o funcionamento de canais de participação e controle social daspolíticas públicas, tais como conselhos, comitês, comissões, fóruns, conferências, consórcios eoutras, institucionalizados ou não;

n Compreensão da participação e do controle social como ação articulada de diversos agentespolíticos e sociais, independentes do Poder Executivo, com respeito à diversidade e à autonomiade decisão;

n Defesa e constituição de espaços de participação, compreendidos como processos e não comoeventos, diretamente vinculados à forma de governo e de organização da sociedade civil. Essesespaços devem existir nos diferentes processos de planejamento e desenvolvimento da cidade.Isso significa que todas as propostas previstas no Programa de Governo devem garantir essesespaços desde a sua elaboração, já na fase da campanha;

n Condições para o exercício da participação, tais como acesso à informação e aos meios decomunicação, adequação de horários e locais de reuniões e serviços públicos; divulgação dosprocedimentos e das regras de participação, sempre considerando a cultura local, a diversidadede agentes e o uso de diferentes linguagens (incluindo braile e libra, linguagem brasileira desinais), de forma a motivar a participação;

4 Mecanismos institucionalizados são aqueles reconhecidos e normatizados pelos poderes públicos.

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n Criação de condições para que as pessoas tenham capacidade de entender e de expressar suasidéias, sugestões e propostas nos espaços criados pelo poder público, utilizando recursos,técnicas e metodologias que possibilitem e facilitem o entendimento, a comunicação e aexpressão;

n Superação do analfabetismo funcional, isto é, da incapacidade das pessoas de entender einterpretar textos, de se expressar razoavelmente por escrito, de usar suficientemente a leitura ea escrita;

n Governar com participação e controle social e investir na mudança cultural e na capacitação dosagentes institucionais (administradores públicos, servidores, parceiros) são responsabilidades detodas as áreas do governo e não apenas de um departamento, secretaria, coordenadoria ou dealgum projeto como o Orçamento Participativo, como diretriz e prática da gestão;

n Aperfeiçoamento do aparato administrativo (“modernização administrativa”), garantindo, entreoutros aspectos:

• Disponibilização de informação acessível, compreensível, clara, precisa e sistematizada sobretodos os processos e ações governamentais por vários meios: folhetos explicativos, murais,rádio, uso da Internet, alto-falantes de praça, jornais de bairro e outros;

• Há necessidade de preocupação específica com a oferta de meios de acesso à informaçãopara os setores excluídos, de forma a que o conhecimento não seja monopólio de alguns eum fator a mais de exclusão social. Exemplo: implantação de telecentros para suporte aoacesso à informação e aos serviços;

• Aplicação do conceito de racionalidade e modernização da máquina e capacitação de seusservidores, de forma a atender as necessidades não só de eficiência e eficácia, mas tambémde democratização, participação e transparência;

• Articulação dos diferentes mecanismos de participação, como o conselho do OrçamentoParticipativo e os conselhos setoriais;

• Articulação do Poder Executivo e da sociedade civil com o Legislativo;

• Respeito aos canais institucionais de participação nas decisões do governo e à articulaçãodeles com os canais próprios de expressão da sociedade civil e com os agentes econômicose sociais.

n Implementação de uma agenda de fortalecimento das instituições e grupos da sociedade civil5,contribuindo para estabelecer relações entre governo e sociedade e para estimular odesenvolvimento de novos agentes sociais, de forma democrática e duradoura, promovendocapacitação desses agentes.

5 Tais como orientações para criação e gestão de entidades e associações, apoio a encontros e conferências de grupos sociais ousindicais, fóruns populares, etc.

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Participação e governabilidade ampliada

Para um governo de mudança, a Participação Cidadã, além de ética e politicamente justa, étambém necessária e útil.

É necessária porque reforça a correlação de forças em prol da mudança, ampliando o conjunto deagentes necessários à garantia da governabilidade. Com Participação Cidadã, há maiorpossibilidade de construção da governabilidade ampliada – isto é, governabilidade não restrita àsnegociações com os agentes tradicionais –, pois contribui para formar opinião e aglutinar forçasem torno de projetos do governo. Se os projetos são bons, respeitados e apoiados por diferentessetores e agentes da sociedade, o governo tem muito mais força para negociar com o legislativo esetores da sociedade que resistem à mudança.

Isso é muito importante na medida em que, numa sociedade democrática, o Executivo, o governo,será sempre apenas uma parte do poder – o Legislativo é outra parte, o Judiciário é outra e háainda os poderes não institucionalizados: o empresariado, os sindicatos, os movimentos de base, asociedade civil organizada.

A Participação Cidadã é também útil porque possibilita o encontro de melhores soluções para osproblemas da população. Mesmo quando o Estado formula as políticas públicas, tendo capacidadee acúmulo técnicos para isso, a elaboração nunca será tão boa quanto poderia ser, se incorporassea sociedade no processo, devido ao conhecimento de sua realidade e de seu espaço de vivência.

A Participação Cidadã transforma a sociedade em co-responsável pela boa gestão pública, vistoque a sociedade se reconhece naquilo que ajudou a construir.

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Um dos objetivos do governo é a garantia do desenvolvimento da sociedade e das pessoas que acompõem, a que ele serve, nos seus múltiplos aspectos – social, político, cultural, econômico,ambiental –, garantindo isonomia, igualdade, justiça social e preservando os recursos comuns paraas atuais e as futuras gerações.

Sob esta ótica, desenvolvimento é condição estratégica para a superação da pobreza, da violência,das desigualdades e é direito de cidadania.

É esta a concepção do PT de governo para o Brasil, para os Estados e para os municípios. Elatambém é marcada pela ética da solidariedade, em que se busca, em conjunto, a superação dasdesigualdades.

O desenvolvimento dos municípios não é determinado apenas pelas condições locais. Ele estáarticulado a processos condicionantes e recursos de outras esferas mais amplas do que a domunicípio (regionais, estaduais, nacionais e mesmo internacionais).

Desde a Constituição de 1988 tem crescido a responsabilidade dos municípios no processo deimplantação de políticas públicas, antes atribuições preponderantes do governo dos Estados e dogoverno federal. Um objetivo do PT, desde quando assumiu o governo federal, tem sido o de tornarmais efetiva a municipalização dos serviços, ampliando condições para sua realização a partir daaprovação de uma série de medidas que garantam o repasse de recursos ou melhores condiçõesde arrecadação.

O governo federal é assim compreendido como importante indutor do desenvolvimento, e osmunicípios devem atuar de forma a se apropriar dessas oportunidades, adequando-se àregulamentação exigida para o acesso aos recursos disponíveis. É também papel do governofederal definir critérios para aplicação de recursos públicos federais em programas dedesenvolvimento regional, a fim de diminuir as desigualdades regionais.

Por outro lado, o município muito pode fazer para induzir o desenvolvimento local. É de suaresponsabilidade dialogar com todos os agentes econômicos e os setores excluídos, com outrasinstâncias de governo e com os governos da região para encontrar as possíveis formas einstrumentos de desenvolvimento, com geração de trabalho e renda.

Eixo 2: Desenvolvimento local sustentável como fator degeração de trabalho, renda e promoção da igualdade social

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A identificação e a valorização das atividades que podem ser alavancas para o desenvolvimentosão especialmente importantes para os municípios com baixo índice de desenvolvimento. Promovera economia solidária, o cooperativismo, a rede de produtores, o empreendedorismo, asmicroempresas e o terceiro setor, é também promover desenvolvimento econômico.

O conhecimento das potencialidades do município e da região é imprescindível para pensar empropostas locais, articuladas a ações e programas regionais, para pensar em produção, emescoamento e comercialização dessa produção, para pensar na capacidade de diretor quanto aozoneamento ecológico econômico6 são instrumentos fundamentais para o conhecimento e adefinição de vocações dos municípios.

Questões importantes a considerar na elaboração de Programas de Governo paramunicípios:

a) Em relação à articulação dos governos e dos planos de desenvolvimento:n O desenvolvimento local e o desenvolvimento regional desempenham papel estratégico no

processo de desenvolvimento nacional e não podem ser compreendidos como contradição oucontraponto à política econômica do governo federal e, sim, como mediação para impulsionar aspossibilidades de desenvolvimento nacional.

n Prefeitos e prefeitas devem participar ativamente do debate político sobre desenvolvimentoregional e nacional. As entidades representativas de municípios podem ser espaços de debate earticulação.

n É preciso articular o desenvolvimento local com o desenvolvimento regional, considerando asações municipais no âmbito das microrregiões, das macrorregiões e regiões metropolitanas.

n É preciso potencializar os benefícios e as condições favoráveis locais, o que implica tambémarticular um ou mais municípios em torno de projetos comuns que possam potencializar ariqueza de cada um, inclusive riquezas em termos de equipamentos e disponibilidades paraatendimento a demandas da população em áreas básicas (saúde, educação, cultura, produção,saneamento, etc.).

n Os municípios com baixo índice de desenvolvimento econômico e social necessitam identificarsuas próprias potencialidades (muitas ainda não trabalhadas) para viabilizar seus projetos dedesenvolvimento local7 e se articular a municípios vizinhos.

6 Zoneamento ecológico-econômico: é a definição das vocações econômicas de áreas ou zonas, mediante estudos técnicos que levemem consideração a interação de aspectos econômicos e sociais com a capacidade de suporte do meio ambiente natural e construído, com oobjetivo de fomentar o desenvolvimento sustentável.7 Manifestações culturais, recursos da natureza, artesanatos locais, processamento de alimentos, agregação de valor a produtos, serviços pordemanda – são alguns dos potenciais a desenvolver.

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n Muitos municípios optam por organizar novos arranjos produtivos sem condições adequadas paraisso, entram em “guerra fiscal”, dão incentivos que diminuem a arrecadação em vez de buscarformas de potencializar seus próprios recursos e se articular com a região para a montagemdesses arranjos.Arranjos produtivos são conjuntos de empresas e empreendedores, localizados em um dadoterritório, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação,interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros agentes locais, tais como governo,associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Portanto, o ArranjoProdutivo Local compreende um determinado espaço geográfico (parte de um município,conjunto de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras, etc.) que possua sinais de identidadecoletiva sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais ou históricos. Além disso, ele deveter a capacidade de estabelecer parcerias e compromissos para manter e especializar osinvestimentos de cada um dos agentes no próprio território.

n Um consórcio de prefeituras pode alavancar projetos não só de desenvolvimento econômico, masprojetos de capacitação para o trabalho com aplicação de recursos do FAT, uso de novastecnologias ou outros. Em conjunto pode ter maior força para reivindicar projetos dedesenvolvimento com financiamento de governo estadual ou federal ou negociar com empresasmelhores condições de investimento no município.

n É importante que programas de governo, em especial os planos de desenvolvimento, sejampensados e articulados entre os diferentes candidatos do PT na mesma região.

n As propostas do Programa de Governo são feitas numa conjuntura em que o PT é governofederal. Portanto, é imprescindível, mais que em outros momentos, conhecer a atual políticanacional em relação ao desenvolvimento regional8, às políticas sociais e às suas diretrizes.

b) Em relação às políticas e aos planos de desenvolvimento:n O desenvolvimento econômico e social é resultado de ação conjunta entre governo e sociedade

civil, que, em atitude co-responsável, dinamizam as potencialidades locais de maneira aestimular uma visão empreendedora que não se atém exclusivamente às iniciativas do Estadonem só do mercado.

n O desenvolvimento não pode ser visto apenas sob o aspecto do crescimento econômico, massão fundamentais a superação da pobreza e o desenvolvimento social e cultural como saltoqualitativo necessário.

n A participação cidadã deve estar diretamente articulada ao desenvolvimento social, cultural epolítico, devendo ser também um resultado qualitativo do crescimento econômico e dadistribuição da riqueza.

8 A proposta para a Política Nacional de Desenvolvimento Regional – PNDR – encontra-se no site www.integracao.gov.br

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n É preciso não só reproduzir as boas práticas e experiências, mas também promover inovação empráticas de gestão e processos de desenvolvimento. Para isso, é importante articular asocialização e a difusão do conhecimento existente em lideranças, especialistas, comunidades,sindicatos, empresas, universidades e instituições do município e da região para colocá-lo afavor de processos de desenvolvimento e combate à pobreza.

n A ênfase na discussão do desenvolvimento econômico e social deve ser traduzida emfortalecimento de princípios e diretrizes comuns e apoio, respeito e estímulo à potencialidade e àcultura locais. É preciso identificar, aproveitar e fortalecer vocações locais, regionais urbanas erurais.

n As políticas sociais, base para o desenvolvimento, se materializam localmente no atendimento àsnecessidades dos cidadãos e das cidadãs onde estes residem e trabalham. Elas devem serdesenhadas levando em conta também seus impactos no desenvolvimento econômico. Sabemosdos fortes nexos entre as condições básicas de vida das pessoas, sua educação, saúde, seubem-estar geral e sua capacidade produtiva e auto-estima.

n As políticas sociais contribuem para a elevação geral do desenvolvimento humano, com impactosno desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades, pois as políticas sociais têmpapel redistributivo e são promotoras de ampliação do mercado interno e da renda da economia.

n As políticas redistributivas ou de transferência de renda (Renda Mínima, Bolsa Família, BolsaEscola, Bolsa Trabalho) são instrumentos de desenvolvimento na medida que possibilitam acolocação das pessoas em patamar mínimo necessário para que possam ser incluídas emprogramas de desenvolvimento econômico e social.

n Os programas de geração de renda e de capacitação para o trabalho são partes importantes doprocesso de desenvolvimento e devem estar vinculados às políticas de acesso ao crédito e àstecnologias, políticas de abastecimento e de comercialização dos produtos e, ainda, da visãogeral da necessidade de prestadores de serviços. Há municípios onde a geração de renda passamajoritariamente pelo aumento dos serviços e não das atividades industriais ou agropecuárias.

n As propostas para o desenvolvimento local devem ser elaboradas e traduzidas em mecanismosinstitucionais9, fruto de processos sistemáticos e participativos de planejamento e monitoramentopelo governo e pela sociedade, tais como Plano Diretor, Zoneamento Ecológico Sustentável, PlanoPlurianual, Planos de Políticas Públicas, construção da Lei de Diretrizes Orçamentárias,Audiências Públicas, Congresso da Cidade, Agenda 21 e outras.

n O Estatuto da Cidade é uma legislação de âmbito nacional que, entre outras coisas, orienta aelaboração de planos municipais de desenvolvimento e seus parâmetros de gestão, portanto,deve ser conhecido por todos.

9 Mecanismos institucionais são formais, com diretrizes e objetivos claros e explícitos, composição e procedimentosdefinidos. No caso de governos, um mecanismo institucional se formaliza por decreto, portaria ou legislação.

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c) Pressupostos para o desenvolvimento local sustentado:

n Cada localidade (ou região) deve se apropriar da categoria de desenvolvimento – isto é, oDesenvolvimento Local não pode se limitar a reproduzir modelos de uma política dedesenvolvimento de outro âmbito, nem só esperar que outras instâncias do governo resolvam oseu problema.Todos são protagonistas do processo de desenvolvimento e podem contribuir paraisso. O município, por meio de suas lideranças, também deve participar de processos políticospara influir na política macroeconômica, uma matriz do desenvolvimento.

n Não existe um único modelo de desenvolvimento. Há que se ter criatividade em cada local parapensar potencialidades, sabendo que uma experiência pode conduzir a um modelo dedesenvolvimento inovador. Por exemplo, não é necessariamente uma grande indústria sob omodelo tradicional ou a implantação de um distrito industrial tradicional que irá trazerdesenvolvimento e superação da pobreza numa determinada região.

n É preciso conhecer bem a infra-estrutura existente no município, bem como os investimentosque são – ou serão – feitos pelos governos municipais, estaduais e federal na região.

A construção de uma rodovia, de uma estrada vicinal, de um porto, de um conjunto habitacional, aextensão da rede elétrica e de comunicações, a existência de escolas técnicas ou faculdades sãoalguns dos elementos indutores de desenvolvimento e de atração de investimentos. Além deserem, em si, geradores de trabalho e de novas demandas locais10.

n O plano de desenvolvimento deve considerar uma visão estratégica (para onde queremos ir?) eser matriz para a ação integrada das diferentes políticas municipais.

n Devem ser coletados, produzidos e analisados dados objetivos que indiquem tendências locais ouregionais, demandas históricas da comunidade, recursos e oportunidades a potencializar, comobase para a construção do plano de desenvolvimento. Mantidos atualizados, serão registroscontínuos de experiências levadas a efeito para aperfeiçoamento das mesmas.

n Muitas vezes o crescimento econômico acontece mas não diminui a pobreza, porque beneficiapoucos, concentra renda e não amplia as oportunidades de trabalho e de acesso às PolíticasPúblicas. Assim, em alguns lugares, a necessidade não é a de criar riquezas, mas de distribuí-las.

n O desenvolvimento deve ser sustentável econômica, social, ambiental, política, cultural eeticamente. Não se pode desperdiçar e esgotar recursos existentes, desconsiderando asnecessidades das gerações futuras ou mesmo das atuais gerações. Nem conseguir desenvolverum setor social ou região às custas da manutenção ou ampliação da pobreza de outro.

10 A vinda de novas empresas ou a criação de uma faculdade, por exemplo, aumentam a demanda por moradias. E aconstrução de moradias também implica previsão de equipamentos sociais (escolas, postos de saúde, transporte, etc.).

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n Devem ser incluídos, como instrumentos de garantia de direito ao desenvolvimento, o acesso e auniversalidade das políticas públicas (educação, saúde, transporte, habitação, segurançaalimentar, abastecimento, geração de trabalho e renda, acesso e uso de tecnologias deinformação e comunicação, políticas agrária e agropecuária, industrial e outras), pensados eexecutados de forma articulada.

d) Formas de ação:

Temos, no Brasil, muito especialmente no âmbito das próprias gestões petistas, várias experiênciasque mostram formas de ação para alavancar o desenvolvimento local e regional, tais como:

n Constituição de câmaras, conselhos, consórcios e agências de desenvolvimento local e regional;

n Cooperação entre os setores diversos da economia e trabalho, por meio de arranjos produtivos;

n Valorização dos micro e pequenos empreendedores, com políticas de capacitação e microcrédito;

n Apoio às incubadoras de empresas e microempresas;

n Apoio a consórcios de empresas, microempresas, empresas familiares, terceiro setor eempreendedores;

n Integração do setor informal da economia ao processo de desenvolvimento, com apoio a redescomunitárias de produção e comercialização, cooperativas e outras formas de economiasolidária;

n Apoio a programas de geração de emprego e renda, sob responsabilidade da prefeitura ou emparceria com outros governos, instituições sociais, universidades, sindicatos, Sebrae, etc.;

n Parceria com outros órgãos públicos ou instituições que contribuem para capacitação, captaçãode vagas e colocação no mercado de trabalho;

n Instituição de políticas municipais de microcrédito;

n Gestão do governo com outras instâncias para acesso às linhas de financiamento e demicrocrédito;

n Investimentos em infra-estrutura básica e/ou parcerias regionais para seu provimento;

n Difusão tecnológica e apoio à inovação e à absorção de novas tecnologias para desenvolvimento;

n Implementação de plano de desenvolvimento local, articulado ao Plano Diretor do Município;

n Implementação de políticas redistributivas de renda, tais como Bolsa Família, Bolsa Escola, BolsaTrabalho e outras, articuladas às demais políticas sociais;

n Investimento na formação e ação de agentes locais de desenvolvimento, com a função de apoiare orientar pessoas e grupos em ações visando ao desenvolvimento local sustentado;

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n Apoio a iniciativas do terceiro setor;

n Apoio e fortalecimento dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento do Meio Ambiente –CODEMAs.

O município precisa assumir seu papel protagonista no processo de desenvolvimento nacional e desuperação das desigualdades. Uma das formas de viabilizar essa tarefa é identificar e alavancarpotencialidades locais.

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Eixo 3: Políticas Sociais e de garantia de direitos

As políticas sociais e de garantia de direitos são parte intrínseca – e condição – dodesenvolvimento e sua importância indica um eixo específico de discussão.

Neste eixo englobam-se as políticas públicas de educação, saúde, saneamento, transporte,habitação, assistência social, transferência e redistribuição de renda, direitos humanos,abastecimento e segurança alimentar, geração de trabalho e renda, cultura, lazer, esporte, políticasagrária e agropecuária, meio ambiente e inclusão digital.

Essas políticas dizem respeito diretamente ao exercício de direitos e à prestação de serviçosdiretos à população, de responsabilidade dos governos.

É importante observar que a viabilização de políticas sociais, de forma democrática e planejada,contribui para o desenvolvimento político e para organização social de setores excluídos.

O fortalecimento e a garantia de direitos devem ser premissas de todas as políticas públicas epodem ser objeto de programas e campanhas especiais, tais como ações para conscientizar asociedade sobre o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, direitos dasmulheres, combate à violência contra a mulher e a criança, combate à exploração sexual decrianças, combate ao racismo, garantia de direitos aos portadores de deficiências, crianças eadolescentes, idosos e outros. E estão diretamente vinculados à forma de implementação daspolíticas públicas, aos mecanismos de controle social e de participação popular.

Independentemente do objeto específico de cada uma das políticas sociais, devem ser premissascomuns:

n A garantia de respeito aos direitos humanos refere-se ao direito à segurança, à privacidade,ao acesso à justiça, à não-discriminação, ao tratamento justo e digno, e engloba todos osdireitos sociais, políticos, econômicos e culturais.

n Novo olhar – o olhar integrado – sobre as políticas setoriais. O governo executa políticaspúblicas por meio de diversos órgãos e secretarias, mas o foco dessas políticas é o cidadão e acidadã, indivíduos que precisam ter suas necessidades atendidas de maneira articulada eintegrada, e não dispersa pelo atendimento “picado” de diferentes portas de entrada nosserviços. Planejar e coordenar as políticas sociais sob a forma de “programas”, “planos” ou“núcleos”11 possibilita integração e articulação de serviços de forma mais eficaz.

11Núcleo – aglutinação de secretarias ou departamentos, sob a mesma coordenação, de forma articulada. É também umaforma de coordenar projetos de várias áreas ou mesmo território (um bairro, uma subprefeitura, um bairro rural).

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n O acesso universal aos serviços públicos expressa exercício de direitos por todos, oque implica o atendimento específico para grupos específicos, contrapondo-se à visão de que“um só tipo de atendimento” seria garantia de universalidade. Daí a necessidade de atençãoespecial para políticas de igualdade, de acessibilidade, de ação afirmativa e promoção dedireitos, de superação da discriminação e da exclusão.

n O atendimento específico é importante. Não pode ser mais entendido como um reforço dadiscriminação e, sim, como forma pensada de combate aos preconceitos e de reconhecimentoda diversidade de condições e situações da sociedade. Aqui se enquadram as instâncias eprogramas específicos em relação aos grupos tradicionalmente marginalizados ou maisvulneráveis12, sempre considerando que o racismo e o sexismo13 são condições estruturantesda desigualdade na sociedade brasileira (em função de seu passado escravista e patriarcal), oque exige atenção especial.

n Planejamento e gestão sob responsabilidade do governo. Embora muitas políticas sociaissejam viabilizadas por meio de parcerias, convênios ou contratação de agentes não-governamentais para a execução de serviços públicos (equipamentos sociais e de educação, desaúde, etc.), a definição de suas diretrizes e sua gestão são responsabilidade do governomunicipal.

O que deve caracterizar todas as políticas sociais:n Toda política pública social deve ter caráter universal, tendo por meta atender a todos os

cidadãos e cidadãs sem exceção, respeitando suas especificidades. A universalidade dosserviços públicos pode ser garantida pela política municipal, por meio de ações executadas pelopoder público ou por setores não-governamentais, com parcerias ou contratos de gestão econsiderando as demandas de políticas específicas dos diversos setores sociais, tais comoportadores de deficiência física, negros, mulheres e idosos.

n Os agentes e gestores públicos, responsáveis pelo desenvolvimento das políticas públicas,devem ter sempre por foco o cidadão e a cidadã, recuperando-se a idéia de que o serviçopúblico é um bem público a que todo cidadão e cidadã tem direito.

n A gestão de toda e qualquer política pública deve ser democrática, com participação cidadã econtrole social, respeitando e valorizando a existência de conselhos e outros mecanismos decontrole social, além das iniciativas relevantes da sociedade civil.

n Nenhuma política pública deve ser compreendida como benemerência, nem mesmo aassistência social à qual, tradicionalmente, se atribui essa condição.

12 Tais como: crianças e adolescentes, idosos, portadores de deficiência, homossexuais.13 Racismo é toda forma de preconceito e discriminação baseada em raça ou etnia. Sexismo é toda forma de preconceito ou discriminaçãobaseada no sexo das pessoas.

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n Políticas de redistribuição ou transferência de renda, tais como Bolsa Família, Renda Mínima,Bolsa Escola, Bolsa Trabalho e outras, devem ser entendidas como formas de garantir o patamarmínimo necessário para o desenvolvimento pessoal e social. Precisam ser articuladas a outrosprogramas e políticas sociais, para promoção do desenvolvimento individual e social.

n A assistência social, como direito e política pública, não deve ser o repositório das limitações dasdemais políticas. Deve ser gerida de forma unificada, por profissionais qualificados, planejada emonitorada. Seu campo principal de atuação é o trabalho com os segmentos da sociedade quevivem em privação de meios e de condições de vida aceitáveis à dignidade humana. De acordocom a LOAS, cabe-lhe a provisão de mínimos sociais14, desde que estabelecidos os padrõesmínimos a serem afiançados para todos, como responsabilidade do Estado, superando asdesigualdades raciais, econômicas e sociais.

n Programas de valorização e aperfeiçoamento dos agentes e gestores das políticas sociais devemser implementados, com vistas à formação permanente e à construção de uma cultura deatendimento de qualidade, de maneira a tornar o serviço público referência de excelência.Agentes e gestores de políticas públicas são potencialmente educadores de cidadãos e cidadãssobre os seus direitos e utilizam toda a oportunidade, no exercício de suas funções, paraaproximar o serviço público daqueles que a ele têm direito.

n É importante a articulação de todas as políticas públicas na produção de cidades educadoras,compreendendo que toda implantação de política pública é uma oportunidade para a formaçãodos cidadãos e cidadãs na noção de direitos humanos, cidadania e na promoção da qualidade devida.

n Deve ser garantida a destinação de recursos orçamentários às políticas sociais, respeitando osmínimos necessários, previstos em lei, com clareza da aplicação a que se destina e de forma apotencializá-los.

n É preciso integração e complementaridade entre todas as políticas sociais e em seus programas,potencializando equipamentos públicos, agentes e gestores.

n A implantação das políticas públicas sociais deve considerar a desigualdade territorial nomunicípio, o que implica a distribuição adequada de equipamentos e serviços públicos,favorecendo exatamente os lugares mais desiguais social e economicamente e provendosoluções para as necessidades especiais de seus moradores.

n Todas as políticas públicas devem prover a “saúde” do cidadão e da cidadã, compreendendo porsaúde não apenas a política específica mas a ampliação da qualidade de vida, desde melhorescondições de habitação, transporte, mobilidade, acessibilidade, saneamento básico, qualidadeambiental, promoção educacional em amplos sentidos, respeito aos direitos humanos, àuniversalidade e à diferença, superando as desigualdades econômicas e sociais.

14 Aldaíza Sposati, no livro Governos Estaduais, Desafios e Avanços, aponta o seguinte: a assistência social tem seu âmbito preventivona vigilância das exclusões sociais, além de prover seus demandatários com benefícios, serviços, programas e projetos que afiancem umconjunto de seguranças sociais, tais como segurança da acolhida, do convívio, da autonomia, de rendimentos, de travessia (ou saída dasituação de exclusão), de eqüidade, de protagonismo dos usuários.

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n A garantia do acesso às políticas sociais e de desenvolvimento e a garantia de direitos sãopressupostos básicos para o enfrentamento dos problemas referentes à segurança e à violênciano município.

Considere-se ainda:n É preciso conhecer diretrizes nacionais e programas federais relativos às políticas sociais, com

implicação nos municípios. Se executadas pelos municípios, elas devem ser planejadas de formaadequada às demandas e às necessidades da população local.

n Algumas das políticas sociais têm recursos garantidos no orçamento ou em fundos previstos emlegislação, e muitas das suas atividades integram programas estaduais ou nacionais.

n Algumas políticas sociais têm conselhos específicos para sua elaboração e monitoramento;algumas têm fundos próprios.

n Conselhos e comitês geralmente têm tempo de mandato definido para seus integrantes e muitosdeles têm legislação própria. É preciso respeitar esses mandatos, mesmo que seja para negociarmudanças necessárias.

n Conselhos setoriais ou de defesa de direitos muitas vezes têm conselheiros e conselheiras comformação inadequada às funções ou sem legitimidade de representação social. Por isso, énecessário prever mecanismos mais adequados de indicação ou eleição de conselheiros e deprocessos de capacitação.

n Geralmente são apontados como problemas principais na gestão de políticas sociais: a falta dereal priorização, a fragmentação de programas, salários baixos ou inadequados às funções dosservidores, indefinição de carreiras, pouco investimento na formação dos profissionais,desmotivação dos servidores, infra-estrutura física e técnica defasada ou sucateada, ausência deproposta política clara e legitimada pelas forças sociais e políticas, ausência de qualificação paraincorporação de novos temas à pauta das políticas sociais.

Em relação ao detalhamento das políticas:

Todos os setores englobados pelas políticas sociais são importantes, mas é preciso ter umdetalhamento cuidadoso das propostas específicas para educação, saúde, habitação, assistênciasocial, transporte, segurança alimentar, etc.

Para contribuir nessa tarefa, os grupos setoriais dos diretórios do PT, nacional e estadual, a SNAI ea Fundação Perseu Abramo têm subsídios, diretrizes e registro de experiências exitosas.

O conteúdo e a execução dessas políticas vão constituir, de forma geral, as marcas específicas degoverno e os diferenciais de cada localidade ou região.

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Eixo 4: Gestão ética, democrática e eficiente

Se quisermos um Estado capaz de prestar serviços de qualidade e desenvolver boas políticassociais, em oposição às teses do Estado Mínimo, precisamos construir e/ou fortalecer um novomodelo de gestão e gerenciamento do governo.

A ênfase central recai sobre a possibilidade de criar e institucionalizar15 referências comuns degestão pública que garantam a identidade própria das administrações petistas, possibilitando oexercício efetivo de gestão ética e eficiente, com democracia, participação e controle social.

Esse modelo deve apontar soluções para problemas de falta de recursos para investimentos edesenvolvimento de políticas e também romper com a ineficácia, o descaso e a grandemorosidade do setor público na prestação de serviços.

Para garantir um novo modelo de gestão, comprometido com a mudança, é importante:

n Conhecer bem a máquina pública16 para melhorar seu desempenho e utilizar melhor seusrecursos;

n Garantir que essa máquina – constituída por seus agentes – tenha no cidadão e na cidadã ofoco central de sua atividade. Isso significa que toda a modernização da máquina, o investimentoem capacitação dos servidores e o aperfeiçoamento dos serviços devem ser feitos para cumprirobjetivos e metas de prestar o melhor serviço público possível à população e agir de formatransparente e democrática;

n Resgatar o papel das servidoras e dos servidores públicos, como cidadãos remunerados pelapopulação, que devem prestar serviços de qualidade aos demais cidadãos e cidadãs e serempartícipes do processo de gestão pública;

n Decisão política clara de aperfeiçoar a gestão pública a partir da articulação do conhecimento darealidade local com a aplicação das teorias e das melhores práticas de administração pública,com conhecimento do complexo terreno institucional do qual o Poder Executivo Municipal éparte. É preciso conhecer a relação institucional com outras instâncias do Poder Executivo –estadual e federal – e outros poderes legalmente constituídos.

Os outros eixos conceituais – participação cidadã e controle social; desenvolvimento e geração detrabalho e renda; políticas sociais e de garantia de direitos e gestão democrática do território – nãose concretizam adequadamente se o modelo de gestão não for pensado, assumido, legitimado,implementado, disseminado e monitorado pelo governo e seus agentes.

15 Institucionalizar significa tornar formal ou legal uma medida ou proposta.16 Máquina pública é o conjunto de estruturas, recursos humanos e instrumentos que são mantidos com recursos públicos, para que o“governo” (formado a partir da deliberação de quem é eleito democraticamente a cada período) possa implantar seu Plano de Governo. Amáquina pública deve ser estável e competente, estar a serviço de qualquer governo eleito e submetido à nossa legislação e a regras claraspara seu funcionamento.

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Para isso, é preciso que a referência de gestão pública defendida seja claramente identificada emseu conjunto desde a campanha, tendo como medida sua capacidade de garantir ao cidadão e àcidadã o direito de acesso e usufruto dos bens coletivos e serviços públicos de qualidade.

A referência de gestão defendida deve levar em conta:

n Garantia da ética no trato das questões públicas;

n Garantia da dimensão estratégica no planejamento de ação governamental, para que o governocumpra os objetivos previstos, metas e prazos com efetividade e não-imediatismo;

n Institucionalização17 de processos de planejamento, monitoramento e avaliação da gestão,comuns aos diferentes níveis da administração e articulados entre si, para garantia departicipação cidadã, vivência da ética pública e abertura ao controle social18;

n Busca de eficiência nas ações e programas, o que significa fazer o máximo possível, da melhorforma possível e com o menor gasto possível de recursos e esforços individuais e coletivos;

n Busca de eficácia das políticas implementadas – significa atingir os resultados esperados,cumprindo as diretrizes, metas e compromissos assumidos perante o público;

n Fortalecimento de canais de participação e de controle social, com manutenção do diálogo commúltiplos segmentos sociais, lideranças políticas e sociais;

n Matricialidade das políticas públicas, pensando a coordenação e a execução das políticas deforma integrada e articulada em planos e programas. Cada departamento ou secretaria é umórgão executor das políticas incorporadas nesse plano ou programa e não seu coordenador deforma autônoma e desarticulada;

n Uso intensivo e apropriado das tecnologias de informação e comunicação para implementarmodelos de gestão eficientes, eficazes e democráticos, e facilitar o acesso aos serviços públicose à informação, garantindo transparência e controle social;

n Recuperação do papel das servidoras e dos servidores públicos, instituindo e/ou aperfeiçoandouma política relativa aos servidores e garantindo investimento contínuo na sua capacitação;

n Ampliação da capacidade de gestão dos servidores públicos e profissionais qualificadosnomeados em comissão pelo governo para exercer funções de chefia e coordenação, comestabelecimento de novas formas e rotinas de trabalho; avaliação e valorização de competências;valorização dos executores e operadores de políticas públicas, etc;

17 Institucionalização de uma política ou instância governamental significa torná-la FORMAL, por meio de portaria, decreto oulegislação, com identificação de suas características e formas de funcionamento.18 Controle Social significa a ação da sociedade civil, de acompanhamento e avaliação da ação dos governos e de seus agentes.

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n Estimulo à co-responsabilidade da sociedade civil no financiamento dos municípios, pensandocoletivamente como conseguir os recursos orçamentários19 devido o aumento das demandas porpolíticas públicas. É preciso garantir o cumprimento de deveres de cidadania (por exemplo,pagamento de impostos e taxas devidos), dividindo com a sociedade as responsabilidades debuscar formas de gerar e potencializar recursos públicos para garantir vida digna a todos;

n Capacidade de controle público20 dos recursos e práticas político-administrativas no município eem outras esferas de governo;

n Atenção para o processo de governabilidade (capacidade de governar), buscando entenderlimites, possibilidades e correlações de força entre as várias instâncias de poder (outras esferasdo Executivo, Legislativo e Judiciário) e a sociedade civil organizada.Para muitos, governabilidade se consegue apenas com negociação de cargos e favores. Para oPT, a governabilidade envolve negociação em torno de compromissos públicos e Programa deGoverno, reconhecendo nos aliados e outros interlocutores (nem sempre aliados) pontos comunsde avanço e de compromisso público;

n Superação do sexismo e do racismo como uma questão de caráter ético – considerando que oracismo e o sexismo são condições estruturantes21 da desigualdade na sociedade brasileira eque sem sua superação não há sociedade justa, democrática e igualitária. O modelo de gestãodeve pressupor garantia de igualdade entre homens e mulheres, brancos, negros, indígenas etodos os grupos étnicos.

Para que essa referência de gestão se concretize é preciso:

n Investimentos no aperfeiçoamento e/ou mudanças de instâncias administrativas e de seusagentes dentro de um processo de modernização administrativa.Modernização administrativa significa revisão de procedimentos, prazos, formas de prestação deserviços públicos e informação, que pode ser efetivada já no primeiro ano de governo. Não seconfunde com reforma administrativa, que requer conhecimento mais aprofundado dofuncionamento da máquina pública e diagnóstico preciso, que pode exigir um tempo maior dereconhecimento interno se não houve condições de acesso às informações internas do governoanterior antes da posse.O objetivo básico da modernização administrativa é que a administração municipal passe a fazertudo o que precisa fazer, de forma eficaz e eficiente, de forma transparente, participativa eeticamente defensável, rigorosamente dentro da lei, de forma planejada e controladaformalmente, seja no interior do governo, seja pela sociedade.

19 O próprio Estatuto das Cidades (lei federal) incorpora, no planejamento do município, a definição de suas formas de tributação emecanismos financeiros. Ele fala, por exemplo, do IPTU progressivo.20 Controle público significa que as ações de governo e da máquina são planejadas, acompanhadas, monitoradas e avaliadas pelasociedade e pelos agentes públicos e que o resultado desse trabalho pode ser conhecido por todos.

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Isso significa melhorar a qualidade do atendimento, democratizar os procedimentos, utilizarinstrumentos de tecnologia de informação, estabelecer metas e indicadores para avaliação dosserviços públicos, produzir relatórios gerenciais, democratizar decisões, realizar parcerias, criarestratégias de obtenção de receitas próprias, etc.

n Destinação de recursos para aplicação de ferramentas e metodologias de planejamento,monitoramento, avaliação, redefinição de processos e rotinas administrativas e informatização deprocessos e serviços.

n Novo olhar – integrado – sobre as políticas setoriais. O governo executa políticas públicas pormeio de diversos órgãos e secretarias. O foco dessas políticas, no entanto, é sempre o cidadãoou a cidadã, indivíduos que precisam ter suas necessidades atendidas de maneira articulada eintegrada e não dispersa. Isso implica revisão (ou fortalecimento) da estrutura administrativa dogoverno, dos processos e métodos de gestão, buscando racionalidade administrativa,descentralização de responsabilidades e integração das políticas setoriais, subordinadas àsdiretrizes políticas comuns a toda a gestão.Uma das formas de integrar essas políticas é organizar a estrutura do governo por meio de“Agendas de Governo” ou por “Programas” ou “Núcleos” que articulem os diversos setores daadministração em torno de diretrizes e metas comuns. A integração dos diferentes serviços numdado território, sob uma coordenação comum, conforme as necessidades da região, é uma dasformas eficazes de integração de políticas públicas.

n Envolvimento permanente e conscientização das chefias e dos servidores públicos, com definiçãode programas de gestão e capacitação de recursos humanos da prefeitura.

n Descentralização administrativa, inclusive do ponto de vista territorial, visando à melhoria daqualidade de atendimento ao cidadão e à cidadã, com garantia de respeito às diretrizes comunsa toda a gestão. A descentralização administrativa22 envolve a articulação das políticas públicasa partir da referência das especificidades territoriais, considerando a diversidade intra-urbana decada município. A necessidade de descentralização administrativa deve ser avaliada conforme adimensão territorial de cada município, o número total de habitantes e sua maior ou menordispersão pelo território.

n Definição de Política de Comunicação e Informação sobre as ações do governo municipal,incluindo formas de relação com os órgãos de imprensa.

n Constituição de novos instrumentos de gestão, tais como:

• Contratos e protocolos de gestão que definam compromissos, metas e prazos de serviços eprogramas públicos divulgados amplamente à população;

• Códigos de Qualidade do Serviço Público que possibilitem normatização de procedimentos eavaliação dos serviços pela população;

21 As pessoas nascem homens ou mulheres, brancas, negras ou índias. Portanto, qualquer uma dessas condições é parte da estrutura humana enão pode ser objeto de discriminação nem razão para preconceito.22 A descentralização administrativa inclui a desconcentração dos serviços públicos pelo território do município e também o compartilhamentodo poder decisório, de maneira planejada, mantendo-se coesas as diretrizes do governo, sem perda da unidade político-administrativa domunicípio.

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• Regulamentação de parcerias na execução de serviços públicos, possibilitando transparênciano uso do dinheiro público e controlando a qualidade da prestação de serviços;

• Implantação de Ouvidoria como instrumento de controle social da gestão;

• Uso de informática e da Internet como instrumento de informação massiva e de prestaçãode serviços a distância e de apoio à padronização de procedimentos administrativos;

• Termos de Compromisso ou Cartas-Compromisso que definam procedimentos de execuçãodos serviços específicos, com prazos claros de retorno das demandas por serviços ecumprimento de metas, etc.

Governo Eletrônico

Colocar a tecnologia a serviço da eficiência e da democratização do governo exige que sejamdadas, à população e aos próprios servidores, condições de acesso23 aos recursos tecnológicos ecapacitação para uso das informações e dos recursos de informática.

Embora o uso da informática esteja cada vez mais disseminado nos governos, ela não garante, porsi, a democratização da gestão. Colocar dados na Internet não é a única forma de democratizar ainformação nem o governo.

O Governo Eletrônico é uma nova forma de pensar o governo e sua forma de estruturar seusserviços, de maneira a garantir eficiência interna, agilidade e descentralização na prestação deserviços e ainda democratização do acesso ao conhecimento, à informação e aos serviços públicose controle social da gestão.

Para que haja democracia, o Governo Eletrônico também exige um esforço de inclusão digital.

Face à crescente implantação de Governo Eletrônico no governo federal e nos governos estaduais,é importante priorizar formas e sistemas de informatização que interajam com os demais governoseletrônicos ou em partes deles, como em relação aos cadastros e registros dos munícipes e deinformações sobre programas.

Citamos alguns dos instrumentos para viabilização de Governo Eletrônico:

n Revisão e redesenho dos procedimentos internos para poder disponibilizar serviços públicos naInternet e nas Praças de Atendimento;

n A implantação de telecentros públicos, sob responsabilidade da prefeitura ou mediante co-responsabilidade com a comunidade;

n Mecanismos informatizados de comunicação interna na máquina administrativa (e-mail, Intranet, etc.);

23 A implantação de telecentros públicos, sob responsabilidade da prefeitura ou mediante co-responsabilidade com a comunidade,é uma das formas de propiciar inclusão digital.

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n Mecanismos informatizados para execução de procedimentos públicos (leilões, pregões,licitações, editais, comunicados, inscrições, etc.);

n Mecanismos para controle e monitoramento dos programas e ações de governo;

n Implantação de Centrais de Atendimento, Informação e Ouvidoria, via telefonia, com ligaçãogratuita aos contribuintes;

n Implantação de instrumentos e ferramentas informatizados, construídos e utilizados de formasolidária entre municípios, inclusive com uso de softwares com códigos abertos (software livre);

n Instalação de Praça de Atendimento, onde se concentra o atendimento direto ao munícipe. Apraça conta com atendentes especialmente qualificados e instrumentos informatizadosintegrados à retaguarda de atendimento dos vários serviços, para que a pessoa não preciseandar de guichê em guichê para resolver seus problemas com a prefeitura;

n Implantação de Cadastro Único da população atendida nos vários programas municipais;

n Parcerias com universidades, centros de pesquisa, escolas de governo e outros municípios paraconstrução de metodologias e instrumentos de gestão e capacitação de servidores para novosprocessos administrativos.

DICA - O governo federal está caminhando na construção de Critérios de Interoperabilidade, isto é,critérios para implantação de sistemas informatizados que interajam com sistemas de outrosgovernos eletrônicos ou partes deles. Está, também, em andamento, um grande debate sobre oCadastro Único de Informações Sociais, que é parte fundamental dos Governos Eletrônicos einstrumento para a implementação das políticas sociais.

Ouvidoria

A Ouvidoria se institui a partir de um processo de diagnóstico da máquina pública demodernização mínima dos serviços, de forma a não se confundir com “balcão de reclamações”nem com “central de informações”.

Deve ser instituída preferencialmente independente, com Ouvidor ou Ouvidora eleito pela populaçãoe com mandato como mediação entre a população e o governo, oferecendo a possibilidade de ocidadão e a cidadã monitorarem os serviços públicos e oferecerem sugestões para o aprimoramentode procedimentos, prazos de atendimento, qualidade dos serviços públicos, etc.

A Ouvidoria deve ter estrutura necessária à sua disposição, fornecida pelo governo municipal, parareceber, processar e encaminhar as denúncias e sugestões do cidadão e da cidadã e lhes dar retorno.

diretrizes de programa de governo 40

Eixo 5: Gestão Democrática do Território

As questões da organização do município, de seu espaço urbano, da organização do espaço devida, de suas questões ambientais, problemas de algumas cidades em regiões metropolitanas sãopautas fundamentais da eleição municipal e incorporam desde o aspecto da “zeladoria urbana”24

até o planejamento da cidade e sua inserção na região.

A Gestão Democrática do Território incorpora o conceito de que o município é constituído por áreasterritoriais diversas, com especificidades geográficas, ambientais, culturais, sociais, mas em todasas comunidades com igual direito a usufruir os bens e serviços públicos, a usufruir o direito àcidade.Um pressuposto básico para a Gestão Democrática do Território é o conhecimento do município, desua zona urbana e rural e de seu meio ambiente de forma territorializada, lançando-lhe umolhar detalhado e registrando, de maneira formal, as diferenças entre suas regiões.

Qual é o modelo de cidade, de organização de município que queremos? Temos uma grande oportunidade e uma exigência que englobará os novos mandatos municipais: oprazo determinado pelo Estatuto da Cidade25 para a aprovação dos novos planos diretores é2006. E a lei exige planos diretores não só para cidades com mais de 20 mil habitantes, mastambém para todos os municípios que fazem parte de aglomerados urbanos, todos que sejam áreade interesse turístico, todos que estejam em áreas de influência de grandes projetos, todos queestejam em áreas de interesse ambiental.

O Estatuto da Cidade e os instrumentos de gestão nele previstos só se aplicam mediante oPlano Diretor.

O Plano Diretor visa planejar a cidade que queremos, qual a relação e a articulação entre as áreasurbana e rural, de forma concertada e pactuada territorialmente. É o momento específico deobservar, do ponto de vista do território, se a cidade é solidária e democrática; se há reforço daexclusão, com algumas pessoas privilegiadas vivendo bem, em terrenos bem localizados, enquantooutras vivem em bairros-dormitórios, distantes do trabalho e dos centros de serviços urbanos oucom dificuldade de acesso aos bens e serviços públicos. É hora de propor e assumir arranjos quepossam melhorar a disposição das moradias, do comércio, das indústrias, da infra-estruturaurbana, de forma mais justa e equilibrada; deve-se regulamentar o uso do solo. É hora deperceber, com clareza, o papel da agropecuária e a inserção da zona rural no espaço do município.

24 Por zeladoria se entendem todos os serviços e cuidados com as estruturas necessárias para a manutenção da infra-estrutura existente domunicípio, incluindo calçadas, parques, vias públicas. Zeladoria não é maquiagem. Ela valoriza a auto-estima da cidade. Isso é muito importantepara o imaginário da cidade, estimula o civismo, dá protagonismo à cidade.25 Lei 10.257 de 10 de julho de 2001 que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da políticaurbana.Ver texto em www.cidades.gov.br

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Todos os municípios devem fazer ou atualizar seu Plano Diretor para ter uma cidade mais bemplanejada e organizada. Mesmo aqueles muito pequenos podem se associar aos seus vizinhospara elaborar seus planos de maneira conjunta, respeitando a diversidade de cada um, e fazercapacitação conjunta para analisar informações e elaborar diagnósticos.

Como desafio, as nossas administrações devem, nos seus planos diretores, buscar dar vida aoconceito de cidades sustentáveis, tendo atenção às questões ambientais. A adoção de princípiosde gestão ambiental, como a valorização das bacias e microbacias, o zoneamento ecológicoeconômico, os estudos de impactos ambientais como unidades de planejamento, além dofortalecimento dos CONDEMAs, Conselhos Ambientais, são atitudes que diferenciarãopositivamente nossas gestões assegurando-lhes uma marca ambiental.

Para pensar a política urbana no Plano Diretor é preciso atentar para grandes desafios.Alguns deles:

n Democratização do acesso à terra bem localizada, boa terra para todos. O local de moradia deveter boas condições de infra-estrutura, deve ser próximo das possibilidades de trabalho e dosequipamentos públicos. O problema da moradia não diz respeito somente à quantidade de casaspopulares que se vão construir, mas também à localização dessas casas e à mobilidade econdições de acessibilidade do cidadão pelo território; diz respeito ao direito à cidade. O lugardestinado aos pobres ilustra a democracia adotada – ou não – numa cidade.

n Quem define o destino da cidade é o conjunto dos cidadãos, das cidadãs, de suas organizações,diferentes segmentos sociais, econômicos e políticos. É a concertação26 entre eles, com oexercício da participação e do controle social em todas as áreas, que determina os rumos e asdecisões sobre o território.

n É preciso insistência na busca de integração das políticas setoriais, em cada área territorial domunicípio, colocadas sob uma coordenação comum com diretrizes claras.

Municípios com grande peso da atividade agropecuária e área rural:Na grande maioria dos municípios pequenos, o setor rural é muito importante, tanto em termospopulacionais quanto econômicos. Em torno de 50% dos municípios onde a zona rural épredominante, houve perda de recursos econômicos e de população na década de 1990. Por issomesmo se torna tão importante o cuidado com a gestão democrática do território e a definição deseu plano diretor, tendo em vista a organização das atividades no território.

26 Concertação - Busca de consenso ou caminho comum a partir de uma dada correlação de forças.

diretrizes de programa de governo 42

Algumas políticas para municípios com zona rural:

n Capacitação dos produtores: É preciso tratar os desiguais de forma diferente. Isso significaque é preciso identificar as regiões mais pobres e concentrar atividades de extensão rural e acapacitação ali.

n Comercialização: muitas vezes o produtor sabe como produzir, mas não tem ondecomercializar. É necessário promover programas de comercialização, especialmente nos picosdas safras, quando os preços baixam. Políticas de abastecimento local e regional podemcontribuir para isso.

n Desenvolvimento de programas setoriais: vai depender da realidade econômica rural, daespecificidade da região. Pode-se apoiar a verticalização da produção; podem ser promovidosfinanciamentos inovadores, melhorias na infra-estrutura (escoamento, estradas), descentralizaçãoadministrativa se o território for grande.

n Políticas sociais: as políticas sociais devem ser levadas para o meio rural, principalmente nosfocos de maior pobreza. Deve-se também promover as manifestações culturais de quem vive nocampo, oferecer recursos e infra-estrutura para isso, para as pessoas não ficarem apenasdependentes da TV.

A área rural também deve ser objeto do Plano Diretor de qualquer município, promovendo aorganização do território rural: identificação de logística de transporte e escoamento da produção,tratamento adequado a questão das diversidades, potencial do solo, aptidões rurais, pactoterritorial rural; sustentabilidade rural; potencial de energia, preservação do território e deidentidade rural, atividades de lazer rural, etc. É importante que o plano de desenvolvimento domunicípio considere o desenvolvimento rural.

Políticas Públicas de mobilidade urbana e acessibilidade.

Garantir o direito de ir e vir com autonomia e independência a toda a população, permitindo seufortalecimento social, político e econômico, são os princípios objetivados pelas políticas públicasrelacionadas à mobilidade urbana e à acessibilidade. Possibilitar fácil acesso aos serviços eequipamentos urbanos, à habitação de qualidade e ao sistema de transporte responsável pelosdeslocamentos na cidade é o meio pelo qual essas políticas podem ser alcançadas.

Da periferia ao centro das cidades, as ações vinculadas à mobilidade urbana e à acessibilidade,por meio da aplicação dos fundamentos do Desenho Universal27, repousam sobre os mesmosprincípios. São eles:

27 O conceito de Desenho Universal tem seu enfoque voltado para eliminação de barreiras arquitetônicas em projetos de edifícios,equipamentos e áreas urbanas, considerando a diversidade humana, de forma a respeitar as diferenças existentes entre pessoas egarantir a acessibilidade a todos os componentes do ambiente.

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n Trabalhar com uma visão de conjunto, provendo serviços de transporte e estruturas viáriascapazes de contemplar todos os deslocamentos dentro dos municípios, assegurando o uso deespaços e equipamentos públicos, bem como os serviços e, principalmente, o acesso à habitação.

n Fornecer condições adequadas de acessibilidade com segurança e autonomia é condiçãonecessária para o ordenamento municipal, evitando deseconomias e qualificando o meioambiente. Esta função pode ser alcançada por ações precisas na matriz dos deslocamentos e deacessibilidade, na distribuição dos equipamentos e serviços públicos por todo o território, comona área de educação, assistência social, cultura, lazer e saúde, contribuindo para a redução deviagens, para a eficiência no transporte público e no ganho para os indivíduos e principalmentepara toda a comunidade.

n Garantir formas de deslocamento não-motorizado, oferecendo suporte adequado a projetos queprivilegiam o pedestre, reduzindo as distâncias a percorrer, privilegiando a qualidade e asegurança dos espaços por onde estes transitam, reduzindo o tempo de viagem.

n Garantir condições adequadas a pessoas ou grupos sociais com demandas específicas ouespeciais, para usufruto de bens e serviços públicos, principalmente pessoas com deficiência oumobilidade reduzida, por meio da adaptação ou transformação dos espaços e das edificações,preservando os parâmetros legais e normativos existentes.

Sob essas premissas, as intervenções e ações políticas vinculadas à mobilidade urbana estãoligadas às soluções de problemas urbanos, oferecendo qualidade de vida para os cidadãos ecidadãs e maior eficiência para a economia.

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Publicaçõesconsultadas

5. PUBLICAÇÕES CONSULTADAS

Lista das publicações pesquisadas sobre Programa de Governo e experiências petistas de governo

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TÍTULO AUTORIADATATUL

125 Dicas – Idéias para a ação municipal Polis

A política e a sociedade juntas na prevenção Campanha Marta Governadora 1998e repressão ao crime e à violência

Aspectos econômicos de experiências Revista Polisem desenvolvimento local

Cidadania e Democracia – o que acontece IFF, PT e SNAI 2000nas cidades em que o PT é governo

Combater a miséria e resgatar a Campanha Marta Governadora 1998cidadania (renda mínima)

Compromisso com as mulheres Coligação Lula Presidente 2002

Comunicação eficiente em campanhas eleitorais Roteiro e Dicas – GTE 2000

Concepção e diretrizes do PG do PT Diretório Nacional do PT 03/02para o BR (Lula 2002)

Congresso da Cidade – Belém PTdoc/SNAI 2002

Conselhos gestores de políticas públicas Revista Polis

Construindo a igualdade - políticas Campanha Marta Prefeita 2000públicas para as mulheres

Desafios do governo local - O modo Vários autorespetista de governar

Desenvolvimento e mobilidade Coligação Lula Presidente 2002para o Brasil - Transportes

Desenvolvimento local – geração de emprego e renda Revista Polis

Diagnóstico Participativo – Santo André PTdoc/SNAI 2001

Diretrizes do Programa de Governo Campanha Marta Governadora 1998

Educação com qualidade num governo Campanha Marta Governadora 1998democrático e participativo

Educação nas eleições municipais 2000 Roteiro e Dicas – GTE 2000

Estatuto da Cidade – Lei nº- 10.257 (10/07/2001) Governo Federal 2001

Garantindo o direito universal à saúde Campanha Marta Governadora 1998

Gestão democrática e modernização administrativa Instituto Florestan Fernandes 2002, 2003

DATA

TÍTULO AUTORIA DATA

Governo e cidadania

Balanço e reflexões sobre o Inês Magalhães, Luiz Barreto

modo petista de governar e Vicente Trevas(organizador)

Governo eletrônico e inclusão digital - Papers Instituto Florestan Fernandes 2001, 2002, 2003

Governo e regiões definindo seu desenvolvimento Marta Governadora 1998

Governos Estaduais: desafios e avanços. Jorge Bittar (organizador) 2003

Reflexões e relatos de experiências petistas SNAI

CD-ROM Orçamento Participativo

Experiências em administrações municipais e estaduais

Guia como cuidar do Centro PMSP - Administração 2001

Regional da Sé

Guia da participação solidária Governo RS 08/01

Guia para mobilidade acessível em vias públicas PMSP – SEHAB – CPA 2003

Meio ambiente – subsídios para um programa Roteiro e Dicas – GTE 2000

de desenvolvimento sustentável

Modernização administrativa – Santo André PTdoc/SNAI 1997

Movimentos populares e políticas públicas Roteiro e Dicas – GTE 2000

O modo petista de governar - Saúde Secretaria de Assuntos

Institucionais PT/SP

Orçamento Participativo – Imperatriz PTdoc/SNAI 2001

Orçamento Participativo – São Paulo PTdoc/SNAI 2001

Organizando uma campanha petista – Roteiro e Dicas – GTE 2000

Vereador e Vereadora

Ouvidoria da Cidade de Santo André PTdoc/SNAI 2000

Planejamento estratégico participativo PTdoc/SNAI 1999

do meio rural de Chapecó

Plano de desenvolvimento local sustentável de Icapuí PTdoc/SNAI 2001

PLANO PLURIANUAL

2004-2007 Ministério do Planejamento, 2003

Orçamento e Gestão

Poder local e socialismo C. Daniel, M. Silva, 2002

M. Rosseto e L. Dowbor

Política Nacional de Desenvolvimento Regional – Ministério da Integração 2003

Proposta para discussão pública Nacional

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TÍTULO AUTORIA DATA

Preparando a batalha eleitoral GTE 1996

Programa de administração participativa - Camaragibe PTdoc/SNAI 1997

Programa de Governo Campanha Marta Prefeita 2000

Programa de Governo Campanha Genoino Governador 2002

Programa de Governo – Parâmetros Roteiro e Dicas – GTE 2000

partidários para sua elaboração

Programa de Governo Lula Presidente Coligação Lula Presidente 2002

Programa de Modernização Administrativa Valter Correa Silva e 2001

da Prefeitura de Guarulhos Maria Isabel Fonseca

Programas para o setor rural – subsídios Roteiro e Dicas – GTE 2000

para eleição 2000

Reconstruir o Centro – Reconstruir PMSP - Administração 2001

a cidade e a cidadania Regional da Sé

Reforma política e cidadania M. V. Benevides, P. Vannuchi 2003

e F. Kerche (organizador)

São Paulo sem preconceitos (mulheres e negros) Campanha Marta Governadora 1998

Saúde – um programa petista para o município Roteiro e Dicas – GTE 2000

Teoria e debate n° 48 Fundação Perseu Abramo 2001

Texto pára discussão do Programa de Governo do PT Executiva Estadual do PT 1998

TIME – Trabalho Integrado de Melhoria Urbana PTdoc/SNAI 2001

Um voto com raça e com classe – Roteiro e Dicas – GTE 2000

o combate ao racismo e as eleições 2000

Uma escola do tamanho do Brasil - educação Coligação Lula Presidente 2002

Vencer na cidade e construir um país – Durval Ângelo Andrade (organizador) 2003

orientações para a eleição 2004

Publicação do Grupo de Trabalho EleitoralMaio/2004

Coordenação GeralSílvio Pereira

Coordenação de Programa de GovernoPaulo Ferreira

TextoInstituto Florestan Fernandes

A elaboração deste texto partiu da sistematização de publicações do PT e de material produzido sobre os temas, com incorporação de

contribuições individuais e de instituições.Também foram observadas diretrizes e perspectivas de

programas do atual governo federal para articulação de propostase diretrizes nos diferentes âmbitos de governo.

MembrosCarlos Henrique Árabe

Dalva FigueiredoDelúbio Soares

Ewerson CláudioGleber Naime

Joaquim SorianoJosé GuimarãesMaristella Mattos

Marta SuplicyPaulo Ferreira

Romenio PereiraValter Pomar

Equipe Executiva GTE 2004Edivaldo Assis

Érica LimaFernando Ribeiro

Marice LimaPaolla BrazuttiRoberta IafrateSérgio CarvalhoStael SantanaTiago Otani

ApoioAndré OliveiraDaniel Soares

Manuel BoanergesRafael Ueda

diretrizes de programa de governo