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Disciplina de Parasitologia Curso de Medicina 2016 Profa. Dra. Juliana Quero Reimão Aula 17/03/16: Toxoplasmose

Disciplina de Parasitologia · Um citóstomo ou boca célula é uma parte de ... constituir aglomerados em forma de cachos de banana ou rosáceas. • Finalmente, a célula repleta

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Disciplina de Parasitologia Curso de Medicina

2016

Profa. Dra. Juliana Quero Reimão

Aula 17/03/16: Toxoplasmose

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Toxoplasmose

• Generalidades • Zoonose cujo quadro clínico no homem varia desde infecção

assintomática a manifestações extremamente graves.

• Agente etiológico • Toxoplasma gondii

• Parasita heteroxeno eurixeno • Inúmeros hospedeiros possíveis

• Animais de sague quente • > 30 espécies de aves e 300 de mamíferos

• Hospedeiros intermediários

• Felídeos • Hospedeiros definitivos

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Toxoplasmose

• Importância • Cosmopolita

• 40% a 80% de soropositivos • 1% apresenta sintomas

• Em recém nascidos • Aborto, prematuridade, lesões neurológicas e oculares

• Em imunodeprimidos • Infecção oportunista • AIDS: 30% apresentam sintomas • Principalmente no sistema nervoso central • Quadros graves

“o homem vive num mar de toxoplasma”

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Epidemiologia

• Distribuição • Mundial (todos os continentes)

• Maior em áreas rurais

• Aumenta com a idade

• Ligada a aspectos culturais e higiene

• Consumo de carne crua, contato com gatos, insetos veiculadores

• Prevalência • Mundial: 25-50%

• Brasil: 50-80%

• Número de recém-nascidos vivos com toxoplasmose: 2 a 4 em 1.000

• Ampla distribuição na natureza

• Gatos (19%), suínos (23%), bovinos (32%), ovinos (35%), equinos (20%) e caprinos (40%) fontes de transmissão

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O parasito

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Classificação

Filo Subfilo Gênero

representativo Principais

doenças

Sarcomastigophora

Apicomplexa (complexo apical)

Ciliophora (cílios)

Mastigophora (flagelo)

Sarcodina (pseudópodes)

Balantidium

Leishmania Trypanosoma Giardia Trichomonas

Entamoeba

Plasmodium Toxoplasma Cystosospora Cyclospora Cryptosporidium

Leishmaniose Doença de Chagas Giardíase (diarreia) Tricomoníase (vaginite)

Amebíase (diarreia)

Malária Toxoplasmose Diarreia Diarreia Diarreia

Balantidíase (diarreia)

Reino Protista

Rizópodes (emitem pseudópodes). Ex.: Amebas Flagelados (possuem flagelo(s). Ex.: Tripanossomos Ciliados (possuem cílios). Ex.: Paramécio Esporozoários (sem estrutura de locomoção; multiplicam-se assexuadamente formando esporos). Ex.: Plasmódio

Pertencente ao subgrupo Apicomplexa Como os plasmódios e diversos coccídeos intestinais

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Ultraestrutura

• Conóide, micronemas e roptrias • Adesão e penetração

• Acidocalcissomos • Reserva de cálcio

• Regulação osmótica

• Apicoplasto • Vestígio de cloroplasto

• Sensível a antibióticos

• Citóstoma • Especializada em fagocitose

• Forma de funil

• Grânulos densos • Organelas secretoras

• Remodelação do vacúolo

Complexo apical

Roptrias

Mitocôndria

Grânulo denso

Retículo endoplasmático

rugoso

Complexo de Golgi

Apicoplasto

Micronema

Conóide

núcleo Citóstoma

Acido-calcissomo

Um citóstomo ou boca célula é uma parte de uma célula especializada para a fagocitose , geralmente sob a forma de um dos microtúbulos funil ou sulco-suportado. O alimento é dirigida para dentro do citóstomo, e selada em vacúolos . Só certos grupos de protozoários , tais como os ciliados e escava , têm cytostomes. Tais exemplos incluem Balantidium coli - um ciliado. Em outros casos, e em células de organismos multicelulares, a fagocitose acontece em qualquer ponto sobre a célula ou a alimentação tem lugar pela absorção. Acho que pode ser chamado de microporo

DOI: 10.1017/S1462399401002204 Microtúbulos

Anéis polares

conóide

Conóide Cone de microtúbulos Envolvido por anéis polares

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Morfologia

• Taquizoítas • 2 x 6 M

• Forma de arco ou banana

• Um das extremidades estreita

• Forma infectante (possuem complexo apical)

• Encontrada na fase aguda da infecção

• Formas livres (móvel)

• Invade vários tipos celulares (exceto hemácias)

• SFM, hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares

• Líquidos orgânicos e excreções

• Formam os pseudocistos

• Multiplicação rápida (endodiogenia)

Conóide

Micronemas

Roptrias

Pseudocisto contendo taquizoítas

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Morfologia • Bradizoítas

• Forma de multiplicação lenta

• Formam o cisto tecidual

• Encontrada na fase crônica da infecção

• Vários tecidos

• Nervoso, ocular, muscular

• Encontrados dentro do VP, cuja membrana forma a parede do cisto

• Resistente ao pH do estômago, ao sistema imune e aos medicamentos

taquizoíto bradizoíto

Cisto tecidual contendo bradizoítas

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Morfologia

• Oocistos

• Eliminado nas fezes de gatos

• São eliminados imaturos

• Sofrem esporulação no meio ambiente

• Forma infectante

• Oocisto esporulado

• 2 esporocistos

• 4 esporozoítos

• Forma de resistência ambiental

• Possuem membrana dupla

• Viáveis >1 ano no solo

Esporogonia (meio ambiente)

Oocisto não esporulado

1 a 5 dias

Oocisto esporulado

Ferreira, 1ª Ed., 2012.

Oocisto esporulado

Corpo residual

Núcleo

Esporozoíto

Esporocisto

Parede do cisto

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Ciclo de vida

doi:10.1128/CMR.05013-11

• Fase assexuada • Vários tecidos de diversos hospedeiros

• Aves e mamíferos, inclusive gatos e o homem

• Hospedeiros intermediários

• Fase sexuada • Felídeos domésticos e selvagens

• Células do epitélio intestinal

• Hospedeiros definitivos

• Eliminam oocistos durante ~1 mês

• 1 milhão oocistos/grama de fezes

• Uma única vez na vida (primoinfecção)

• Adquirem imunidade contra novas infecções

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Hospedeiro intermediário (ciclo assexuado) Hospedeiro definitivo (ciclo sexuado)

taquizoíto

bradizoíto

Oocisto esporulado

Oocisto não esporulado

bradizoíto

bradizoíto Fase aguda

Fase crônica

Células intestinais

esporogonia

esquizogonia gametogonia

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1. Ingestão de oocistos esporulados (água/alimentos)

2. Esporozoítas são liberados e infectam as células intestinais

3. Divisões celulares e formação de esquizontes

4. Liberação de merozoítas, que invadirão novas células e repetirão o processo inúmeras vezes

5. Merozoítas podem originar formas sexuadas (macro e microgametócitos)

6. A fertilização dará origem aos oocistos

7. Ruptura da célula hospedeira e eliminação nas fezes

8. Formação de esporozoítas (meio exterior)

9. Ingestão de oocistos esporulados ou bradizoítos

10. Liberação de taquizoítas e invasão de várias células

0) Reprodução sexuada e assexuada se alternam. Fase sexuada ocorre apenas em felídeos. 1) Ingestão de oocistos esporulados (água/alimentos) 2) Esporozoítas são liberados e infectam as células intestinais 3) Esporozoítas sofrem várias etapas de divisão celular, resultando na formação de uma célula multinucleada denominada esquizonte. 4) Ao romper-se, a célula hospedeira libera dezenas de merozoítas, que invadirão novas células e repetirão o processo inúmeras vezes. 5) Depois de alguns ciclos, os merozoítos podem originar formas sexuadas, os macro e microgametócitos 6) A fertilização dos macrogametócitos (feminino) pelos microgametócitos (masculino) ocorre no interior de células epiteliais e dará origem aos oocistos 7) Com a ruptura das células hospedeiras, os oocistos caem no lúmem intestinal e são eliminados nas fezes dos felinos. A infecção com cistos teciduais com bradizoítos e a eliminação de oocistos ocorre de 3 a 10 dias. 8) Formação de esporozoítas se dá no meio exterior 9) Os hospedeiros intermediários adquirem a toxoplasmose pela ingestão de oocistos esporulados ou ingestão de cistos contendo bradizoítos 10) Os taquizóitas são liberados e invadem diferentes tecidos 11) Outra via importante de infecção é a passagem via transplacentária de taquizoítos durante a infecção aguda em gestantes.

doi:10.1128/CMR.05013-11

bradizoíto

oocisto

bradizoítos

esporozoítos

Células intestinais

Disseminação pela corrente

sanguínea

Cérebro, músculos, pulmões, olhos,

placenta...

Oocisto esporulado

Esporogonia

Endodiogenia

Gametogonia

Esquizogonia

Células intestinais

Células intestinais

esquizonte

Micro e macrogametas

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO

HOSPEDEIRO DEFINITIVO

MEIO AMBIENTE

Ingestão

Ingestão

carnivorismo

taquizoítos

Ingestão

merozoíto

fezes

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Nos hospedeiros intermediários

• O processo de invasão

• Muito rápido (5 a 10 seg)

1. Taquizoítas aderem à superfície da célula

2. O conteúdo das roptrias é secretado auxiliando a formação do VP

3. Conteúdo dos grânulos densos é secretado modificando o VP

Taquizoíto de Toxoplasma gondii invadindo uma célula VP = vacúolo parasitóforo

Louis, Weiss, Kim, 2007.

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Lovett & Sibley

http://sibleylab.wustl.edu/movies/moviearchive.htm

A invasão pelos taquizoítas

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Nos hospedeiros intermediários • Invadem preferencialmente as células do

sistema fagocítico mononuclear, leucócitos e células parenquimatosas

Alberts. 5ª ed., 2010.

(A) Após a ligação à célula hospedeira, T. gondii usa o complexo aplical para forçar sua entrada na célula hospedeira. À medida que a membrana da célula hospedeira se invagina para circundar o invasor, o parasita de alguma maneira remove as proteínas das células hospedeiras associadas aos fagossomos ou endossomos normais para que não haja fusão do compartimento (mostrado em vermelho) com o lisossomo. Depois de várias rodadas de replicação, o parasita rompe o compartimento e ocorre lise celular, liberando a progênie no espaço extracelular, a partir do qual eles infectam outras células hospedeiras. (B) Micrografia óptica do T. gondii se replicando dentro de um compartimento embutido na membrana de uma célula em cultivo.

• Quando os taquizoítas penetram na célula hospedeira, alteram a parede do vacúolo, de modo que aí não mais se encontram muitas proteínas normais, o que impede a adesão de lisossomos e a acidificação de seu interior.

• Aparecem outras proteínas que levam o vacúolo a evoluir para uma parede cística dentro da qual se diferenciam os bradizoítas

Forma-se o vacúolo parasitóforo (VP)

Impede a fusão de lisossomos

Alteração da parede do VP

MULTIPLICAÇÃO

LISE CELULAR

INVASÃO

LIGAÇÃO

Evolui para uma parede cística

A membrana da célula hospedeira invagina-se

Liberação de taquizoítos

REORIENTAÇÃO

Fase aguda

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Nos hospedeiros intermediários

• Reprodução assexuada • Endodiogenia (brotamento interno)

• Reprodução assexuada

• Duas células filhas se formam dentro da célula mãe

DOI: 10.1242/jcs.021089

• Forma-se primeiro, nas proximidades do pólo anterior do núcleo, duas estruturas membranosas que se desenvolvem para constituir dois conóides filhos.

• Em seguida, o núcleo adota a forma de uma ferradura, com as pontas crescendo em direção aos conóides.

• Na medida em que vão se formando 2 núcleos, as estruturas membranosas crescem para trás, envolvendo cada um dos núcleos e englobando outras organelas.

• Os 2 trofozoítas separam-se, abandonando os restos da célula mãe que vai regenerar.

1) Formam-se dois conóides 2) O núcleo assume o formato de U 3) Divisão do núcleo 4) Divisão celular 5) Célula mãe regenera

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A doença

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Fase aguda

• Taquizoítas causam toda a patologia da fase aguda • Dividem-se rapidamente e agressivamente, destruindo tecidos

• Podem cruzar a barreira hemato-encefálica e transplacentária

• Em hospedeiros não imunes • Multiplicação dentro do VP

• Divisão a cada 6-9 horas

• Formação de cachos (clones)

• Célula hospedeira se rompe,

liberando os taquizoítas

• A mesma célula pode sofrer infecção múltipla ou ser reinvadida, parecendo que o único limite para o número de parasitas seja a capacidade da célula hospedeira

• Cada parasito que penetrou na célula hospedeira forma um clone, confinado em seu VP e isolado dos demais.

• Os elementos filhos passam a constituir aglomerados em forma de cachos de banana ou rosáceas.

• Finalmente, a célula repleta de toxoplasmas rompe-se e os taquizoítas invadem novas células, onde continuarão seu ciclo assexuado.

Taquizoítas

Pseudocisto

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Fase crônica

• Conversão de taquizoítos a bradizoítos • ~10 dias após a infecção

• Forma dormente

• Se multiplicam lentamente

• Não despertam resposta imune

• Causam poucos danos

• Evadem o sistema imune

• Causam a fase crônica

• Mantém a infecção por toda vida

• Causam reativação (imunodeficientes)

• Reclusão intracelular • Os parasitos se escondem dentro das células

• Evitam o contato com anticorpos e complemento

Ferreira, 1ª Ed., 2012.

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Conversão

• Taquizoítos bradizoítos • Ativação da imunidade celular

• Produção de NO por macrófagos ativados

• Bradizoítos taquizoítos (reativação) • Ausência de estímulos como INF-, TNF- e IL-12

• Principais sítios de reativação (homem) • Sistema nervoso, linfonodos e globo ocular

Denkers & Gazzinelli, 1998.

INF- TNF-

NO TNF-

IL-12

INF-

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Manifestações clínicas

• Fatores que determinam a patogenia • Genótipo do parasito (I, II e III)

• Resposta imune

• Modo pelo qual ocorre a infecção:

1. Toxoplasmose transplacentária ou pré-natal • 1º, 2º ou 3º trimestre

2. Toxoplasmose adquirida ou pós-natal • Ganglionar ou febril aguda

• Ocular

• Cerebroespinhal

• Generalizada

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Manifestações clínicas

• Toxoplasmose transplacentária ou pré-natal • Gestante na fase aguda ou reativação devido à imunodepressão

• Uma das forma mais graves da toxoplasmose

• 10-15% resultam em aborto

• Gravidade depende do período da gestação

• 1º trimestre • Elevado risco de aborto

• 2º trimestre • Elevado risco de aborto ou nascimento prematuro

• Criança pode apresentar anomalias graves (síndrome de Sabin)

• 3º trimestre • Criança pode nascer normal e apresentar anomalias mais tarde

• Comprometimento ganglionar, hepatoesplenomegalia, miocardite, anemia

• Lesões mais comuns: sistema nervoso e retina (reativação na idade adulta)

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Manifestações clínicas

• Síndrome de Sabin • Coriorretinite (90% dos casos)

• Calcificações cerebrais (69%)

• Perturbações neurológicas

• Retardamento psicomotor (60%)

• Micro e macrocefalia (50%)

• Outras manifestações neurológicas • Convulsões

• Espasticidade

• Opistótono

• Rigidez de nuca

• Paralisias

• Dificuldades para alimentação

microcefalia

Anomalias oculares

Espasticidade é quando ocorre um aumento do tônus muscular, envolvendo hipertonia e hiperreflexia, no momento da contração muscular, causado por uma condição neurológica anormal.

Opistótono é um estado de distensão e espasticidade grave, no qual a cabeça, pescoço e coluna vertebral de um indivíduo formam uma posição em arco côncavo para trás, fazendo com que se apoie apenas na cabeça e nos calcanhares.

http://www.fetalultrasound.com/online/text/5-052.HTM

Ultrassom pré-natal (6º mês) Calcificação cerebral

Opistótono Espasticidade

Toxoplasmose transplacentária ou pré-natal

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Manifestações clínicas

• Lesões oculares • Presença de parasitos na retina

• Edema, inflamação e necrose

• Alterações vasculares

• Hemorragias

• Zonas cicatriciais

• Outras alterações oculares • Microftalmia

• Nistagmo (movimento oscilatório)

• Estrabismo

• Irite

• Atrofia óptica

Sudharshan et al., Indian J Ophthalmol, 2010.

Cicatriz macular típica de toxoplasmose congênita

Microftalmia

Toxoplasmose transplacentária ou pré-natal

Microftalmia: presença de um globo ocular de tamanho menor do normal. Nistagmo: movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular. Estrabismo: consiste no desalinhamento dos olhos. Irite é uma inflamação que afeta a íris dos olhos, também é conhecida como uveíte anterior. A íris é a parte colorida da camada média do olho. Atrofia óptica é a perda de algumas ou da maioria das fibras do nervo óptico. Pode levar a perda da visão.

Irite

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Manifestações clínicas

• Ganglionar ou febril aguda • Forma mais frequente

• Linfadenopatia e febre

• Ocular • Coriorretinite (ou retinocoroidite)

• Alterações visuais / perda da visão

• Cerebroespinhal • Pouco frequente em imunocompetentes

• Mais frequente em imunodeprimidos (15-25%)

• Cefaleia, febre, paralisia, convulsões, morte

• Generalizada • Comprometimento sistêmico (forma rara, fatal)

Toxoplasmose pós-natal

linfadenopatia

Coriorretinite: Inflamação da retina e coróide devido à presença do parasito ( devido a infecção aguda ou reativação de bradizoítos na retina)

Lesões cerebrais

• Contrastando com a infecção em indivíduos imunocompetentes, a doença é extramamente grave em imunodeprimidos.

• Infecções crônicas e assintomáticas assumem subitamente caráter agudo quando o paciente sofre de imunodepressão, sejam portadores de AIDS ou devido a terapia imunossupressora.

• Na maioria dos casos, desenvolve-se um quadro de encefalite aguda, que pode matar em poucos dias.

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Manifestações clínicas

• Danos oculares • O parasita geralmente invade a retina e o coroide

• Infecção (fase aguda) inflamação cicatriz (fase crônica)

• ~35% de todos os casos de retinocoroidite são atribuídos à toxoplasmose

Toxoplasmose ativa Toxoplasmose inativa (cicatriz)

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Manifestações clínicas

• Neurotoxoplasmose

Anatomia do cérebro em cortes coronais. Página comparativa de peças, lâminas, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM)

Ressonância magnética e tomografia computadorizada

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Diagnóstico

• Clínico • Sugestivo

• Demonstração do parasito • Raramente usado

• Pesquisa de taquizoítos (fase aguda ou reativação) • Líquido amniótico, líquor, lavado brônquio-alveolar

• Pesquisa de bradizoítos (fase crônica) • Biópsia (imunohistoquímica ou corados)

• Isolamento e identificação • Inóculo em animais ou cultura

• PCR

• Testes sorológicos • Frequentemente usados

• ELISA, RIFI e hemaglutinação indireta

• Não são satisfatórios em imunodeprimidos • Realizar exames parasitológicos ou PCR

Bradizoítos em biópsia

• A determinação dos títulos de anticorpos em imunodeprimidos não é satisfatória, devendo-se procurar toxoplasmas em amostras biológicas, ou PCR, ou pesquisar a presença de antígenos parasitparios.

RIFI

ELISA

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Diagnóstico

• Testes sorológicos • Indicam a presença de anticorpos e a

fase da infecção

• Fase aguda: IgM e IgA

• Fase crônica: IgG

• Alta avidez de IgG indica doença crônica (há mais de 4 meses)

IgM IgG Interpretação

- - Não imune*

+ - Infecção muito recente

+ + Possível infecção aguda

- + Infecção há mais de 6

meses

• IgG e IgM negativos: paciente não imune gestante susceptível a primoinfecção

*gestante susceptível a primoinfecção

meses

titu

laçã

o

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Diagnóstico no recém nascido

• Clínico • Presença de alterações indicativas de infecção aguda na gestante

• Alterações clínicas detectadas após o nascimento

• Sorológico • IgM e IgA (não atravessam a placenta)

• IgG (atravessa a placenta – pode ser da mãe)

• Parasitológico • Isolamento do parasita (líquido amniótico ou creme leucocitário)

• Inoculação em camundongos ou cultura

• Demonstração do DNA do parasito (líquido amniótico) - PCR

A definição de toxoplasmose congênita pode ser derivada do quadro sorológico (presença de anticorpos específicos anti-T. gondii), do quadro parasitológico (detecção do parasito pela histopatologia ou imunohistoquímica, pelo isolamento em cultura de tecido ou por inoculação em camundongos, ou pela demonstração do DNA do protozoário nos tecidos ou nos líquidos biológicos) e do quadro clínico (presença de alterações indicativas de infecção aguda na gestante, no feto e no neonato, como dilatação ventricular e/ou calcificações intracranianas no ultrassom fetal, ou alterações clínicas detectadas após o nascimento).

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Tratamento

• Considerada incurável • Persistência dos bradizoítos

• Medicamentos atuais atuam nos taquizoítos

• Recomenda-se o tratamento apenas de:

1. Casos agudos sintomáticos

2. Gestantes em fase aguda

3. Toxoplasmose ocular ativa

4. Imunodeficientes sintomáticos

• Medicamentos • Sulfadiazina + pirimetamina (tóxica, teratogênica) + ácido folínico

• Espiramicina gestantes no 1º trimestre (não atravessa a placenta)

• Clindamicina + pirimetamina alternativa (2ª escolha)

• Anti-inflamatórios + antiparasitários acima toxoplasmose ocular

sulfadiazida pirimetamina

espiramicina

http://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/

O ácido folínico é também por vezes usado para prevenir os efeitos tóxicos de altas doses de antimicrobianos inibidores da diidrofolato redutase como a pirimetamina. Pode também ser prescrito no tratamento da retinite causada portoxoplasmose, em combinação com os antagonistas do ácido fólico pirimetamina e sulfadiazina.

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Toxoplasmose adquirida ou suspeita durante a gestação

Tratamento com espiramicina e ultrasson mensal

Diagnóstico pré-natal Fluido amniótico PCR

Diagnóstico pós-natal Placenta, cordão umbilical e sangue Sorologia, PCR e Western blot

Tratamento com pirimetamina + sulfadiazina

+ ácido folínico

Se positivo Se negativo

< 33 semanas de gestação

> 33 semanas de gestação

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Metabolismo dos folatos

H2-folato GTP+pABA+Glu

Síntese de DNA

Sulfadiazina folato

Pirimetamina

H4-folato

dUMP

dTMP Timidilato sintetase

DHFS DHFR

• pABA: ácido para-aminobenzóico

• Glu: glutamato

• dTMP: timidilato

• dUTP: desoxiuridilato

• DHPS: dihidropteroato sintetase

• DHFR: dihidrofolato redutase

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Vias de transmissão humana

1. Ingestão de oocistos esporulados • Fezes de felídeos

• Água, alimento, solo contaminados

2. Ingestão de bradizoítos • Carne crua ou mal cozida

• Viáveis a 4 °C por 3 semanas

3. Infecção transplacentária • Infecção aguda em gestantes (taquizoítas)

4. Ingestão de taquizoítas • Leite não pasteurizado e derivados

5. Transplante de órgãos ou transfusão sanguínea • Doador com infecção aguda (taquizoítas)

6. Inoculação acidental • Acidentes de laboratório (taquizoítass)

• Os gatos asseguram a poluição do domicílio e peridomicílio, onde devem infectar-se os animais domésticos e o homem.

• Os gatos se infectam caçando pequenos roedores parasitados, ou ao revolver a terra onde irão defecar ou ao lamberem as patas ou pelos contaminados com oocistos.

• Crianças se contaminam ao brincarem em caixas de areia dos parques frequentadas por gatos.

• O consumo de carne crua ou mal cozida, como linguiças, presunto, etc. e a manipulação desses produtos pode oferecer risco de contaminação por via oral, através das mãos sujas

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Prevenção e controle

• Consumo de carne • Suínos, bovinos, caprinos, ovinos

• 65 °C por 5 min

• -20 °C por 2 dias

• Higiene das mãos • Após manipulação de carne crua

• Após contato com gatos e areia

• Gatos • Evitar que se alimentem de carne crua e caça

• Diagnóstico e tratamento

• Gestantes • Evitar o contato com gatos e caixa de areia

• Exame e acompanhamento sorológico

• Os cistos são destruídos se a carne for cozida ou congelada nestas condições e nos produtos salgados.

• As fezes dos gatos e a caixa de areia devem ser trocados 2 vezes por semana e lavados com água fervente.

• Nunca envolver gestantes nessas tarefas

• Até o momento não existem vacinas.

Não há vacina disponível

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Dúvidas?

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1. Quais medidas devem ser adotadas para assegurar a prevenção de toxoplasmose congênita?

2. Descreva como é feita a definição de casos de toxoplasmose congênita.

3. Quais são os anticorpos usados como marcadores para a determinação das fases da infecção toxoplásmica recente e passada na gestante?

4. Quais anticorpos são usados no diagnóstico da toxoplasmose em recém-nascidos? Justifique.

5. Quais exames clínicos e laboratoriais devem ser feitos para a avaliação de recém-nascidos de mãe com infecção toxoplásmica?

6. Qual é o tratamento indicado para mulheres que adquiriram a primo-infecção toxoplásmica durante a gestação? E em casos em que a infecção congênita foi confirmada?