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PPGLM | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Instituto de Filosofia e Ciências Sociais | Largo de São Francisco de Paula 1/320B | 20051-070 | Rio de Janeiro, RJ | (21) 2252 8035 r. 308 | www.ppglm.wordpress.com Disciplina: Seminário de Ontologia I (FCM 727/827) Docente: Guido Imaguire Horário: Quarta-feira, de 14:00h às 17:00h Tema: Nominalismo, Grounding e Regresso ao Infinito Programa: Pretendemos estudar neste seminário algumas soluções ao Problema dos Universals sob um aspecto particular, a saber, o argumento de Regresso ao Infinito. Tal argumento foi desenvolvido por Bradley para rejeitar a realidade das relações e depois aplicado por Russell na sua crítica às tentativas nominalistas de explanar a predicação. No entanto, logo se percebeu que versões similares de regresso também afetavam as explanações realistas. Discutiremos as diferentes tentativas de bloquear o Regresso propostas por Realistas e Nominalistas. Um dos principais recursos na nossa análise será a noção de ‘ontological grounding’, que, embora seja quase tão antiga quanto a própria filosofia, somente nos últimos 10 anos tem ganhado a merecida atenção dos metafísicos analíticos. Bibliografia: Armstrong, D. (1974) ‘Infinite Regress Arguments and The Problem of Universals’, Australasian Journal of Philosophy, vol 52 (3):191-201. Armstrong, D. (1989) Universals: An Opinionated Introduction. Westfield Press Bolder: San Francisco, London. Correia, F. & Schnieder, B. (2012) ‘Grounding: an opinionated introduction’. In Correia, F. & Schnieder, B. (eds.) Metaphysical Grounding: Understanding the Structure of Reality, Cambridge University Press: Cambridge. Imaguire, G (2015) Predication, Truthmaking and Grounding. Forthcoming. Meinertsen, B. (2008) ‘A Relation as the Unifier of States of Affairs’, Dialectica 62 (1): 1-19. Peacock, H. (2012) ‘Bradley’s Regress, Truthmaking, and Constitution’, Grazer Philosophische Studien 86: 1-21.

Disciplina: Seminário de Ontologia I (FCM 727/827) · Análise dos três argumentos apresentados no Livro II da República de Platão, acerca da justiça: [i] ... República de Platão,

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Disciplina: Seminário de Ontologia I (FCM 727/827)

Docente: Guido Imaguire

Horário: Quarta-feira, de 14:00h às 17:00h Tema: !Nominalismo, Grounding e Regresso ao Infinito Programa: Pretendemos estudar neste seminário algumas soluções ao Problema dos Universals sob um aspecto particular, a saber, o argumento de Regresso ao Infinito. Tal argumento foi desenvolvido por Bradley para rejeitar a realidade das relações e depois aplicado por Russell na sua crítica às tentativas nominalistas de explanar a predicação. No entanto, logo se percebeu que versões similares de regresso também afetavam as explanações realistas. Discutiremos as diferentes tentativas de bloquear o Regresso propostas por Realistas e Nominalistas. Um dos principais recursos na nossa análise será a noção de ‘ontological grounding’, que, embora seja quase tão antiga quanto a própria filosofia, somente nos últimos 10 anos tem ganhado a merecida atenção dos metafísicos analíticos. Bibliografia:

Armstrong, D. (1974) ‘Infinite Regress Arguments and The Problem of Universals’, Australasian Journal of Philosophy, vol 52 (3):191-201. Armstrong, D. (1989) Universals: An Opinionated Introduction. Westfield Press Bolder: San Francisco, London. Correia, F. & Schnieder, B. (2012) ‘Grounding: an opinionated introduction’. In Correia, F. & Schnieder, B. (eds.) Metaphysical Grounding: Understanding the Structure of Reality, Cambridge University Press: Cambridge. Imaguire, G (2015) Predication, Truthmaking and Grounding. Forthcoming. Meinertsen, B. (2008) ‘A Relation as the Unifier of States of Affairs’, Dialectica 62 (1): 1-19. Peacock, H. (2012) ‘Bradley’s Regress, Truthmaking, and Constitution’, Grazer Philosophische Studien 86: 1-21.

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Rodriguez-Pereyra, G. (2001) ‘Resemblance Nominalism and Russell’s Regress’. Australasian Journal of Philosophy, vol. 79: 395-408. Vallicella, W. F. (2000) ‘Three Conceptions of States of Affairs’, Nous 34(2): 237-259.

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DISCIPLINA: Seminários de Questões Clássica de Filosofia II (FCM 713/813) PROFESSOR : Maria das Graças de Moraes Augusto 2º SEMESTRE 2015. Horário: 2a. feira das 10:00 às 13:00 horas 1. OBJETIVOS Análise dos três argumentos apresentados no Livro II da República de Platão, acerca da justiça: [i] o argumento dos polloí defendido por Gláucon; [ii] o argumento dos poetas defendido por Adimanto, e, [iii] o argumento do filósofo defendido por Sócrates. 2. PROGRAMA 2.1 O argumento dos polloí : [a.] a contraposição nómos/phýsis; [b.] a função da diánoia na narrativa acerca do anel de Giges, [c.] a diaíresis e o discernimento do justo e do injusto. 2.2 O argumento poético: [a] a dýnamis do lógos, [b] a sophía dos poetas. 2.3 O argumento do filósofo: [a] a dýnamis e a deinótes socrática; [b] o épainon e a zétesis da justiça; [c] a gênese e a fabricação da “pólis lógoi”. 3. BIBLIOGRAFIA 3.1 Fontes Primárias ADAM, James. The Republic of Plato. Edited with notes, commentary and appendices by J.Adam. 2.ed. Cambridge : Cambridge University Press, 1962. 2v. [with an introduction by D.A. Rees] CHAMBRY, Émile. La République. Texte établi et traduit par É. Chambry avec introduction A. Diès. Paris: Les Belles Lettres, 1981. 3v. [reimpressão da edição de 1932] JOWETT, B. & CAMPBELL, L. Plato’s Republic. Oxford : Oxford University Press, 1894. 3v. [ v.1: The Greek Text; v. 2 : Essays; v. 3 : Notes ]. ROBIN, Léon. Phèdre. Texte établi et traduit par Léon Robin. Paris: Les Belles Lettres, 1986. [reimp, 1933] SLINGS, R.S. Platonis Rempublicam. Edited by R.S. Slings. Oxford : Oxford University Press, 2003. [Oxford Classical Text] SLINGS, S.R. Critical notes on Plato’s Politeia, II. Mnemosyne. v.42, n.2, p. 381-96, 1989. JOUANNA, J. Hippocrate. De l’ ancienne médecine. Texte établi et traduit parJacques Jouanna. Paris: Les Belles Lettres, 1990. [Hippocrate. Tome II, 1re. partie] -----------. Hippocrate. De l’ art. Texte établi et traduit para Jacques Jouanna. Paris: Les Belles Lettres, 1988. [Hippocrate. Tome V, 1er. Partie]

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2!PROCLUS. Commentaire sur La République de Platon. Traduction et notes par J. Festugière. Paris: Vrin, 1970. 3v. PORPHYRE. L’anthre des nymphes dans l’ Odyssée. Texte grec établi par le “Séminaire classics de l’ Université de Buffalo” avec traduction de Yann Le Lay. Lagrasse: Verduer, 1989. 3.2 Bibliografia Complementar Será fornecida ao longo do curso.

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Disciplina: Seminário de Questões Clássicas de Filosofia

Docente: Carolina Araújo

Horário: Sexta-feira, de 09:00h às 12:00h Tema: República VIII a X: formas de vícios e argumentos finais sobre alma e virtude Programa: Este curso desenvolver-se-á em duas etapas, cada uma delas dedicada a analisar dois grandes argumentos que surgem ao final do texto da República de Platão, mais especificamente os livros VIII a X. A primeira se dedica ao argumento sobre a relação entre felicidade e justiça. O texto platônico divide esse argumento consiste em 3 demonstrações: a maior delas trata da ordenação da alma e da cidade a partir dos conceitos de aristocracia, timocracia, oligarquia, democracia e tirania (543a-580c); a segunda trata da classificação dos prazeres entre necessários, não-necessários legais e não-necessários ilegais e da capacidade do justo e do injusto de experimentá-los e julgá-los (580c-583b); e a terceira que trata da noção de prazeres puros e prazeres aparentes (583c-587c). A primeira parte do curso tratará desses argumentos até a conclusão que envolve a descrição da alma como uma composição (588b) e que conclui que a participação política é uma forma de contemplação (592b). A segunda parte do curso pretende se dedicar a uma análise do argumento platônico contra a poesia (595a-608c) a partir da hipótese de que se trata de um argumento concatenado, e não de vários argumentos independentes, com vistas a propor uma concepção de educação capaz da unificação da alma. Por essa perspectiva haveria um vínculo mais estreito do que em geral se aceita entre a expulsão dos poetas e o argumento sobre a imortalidade da alma (608d-614a). A segunda parte do curso pretende então centrar-se sobre o tema da unidade da alma em contraste com as concepções de partes e capacidades que se apresentam ao longo do argumento contra a poesia. Bibliografia:

a) Fontes:

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Nunes, C. A. A República: ou sobre a justiça, gênero político. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 2000.

Pereira, M. H. R. República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1980. [3a. ed.]

Prado, A. L. A. República. Tradução de Anna Lia Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

Slings, S. R. Platonis Rempublicam. Edição de S. R. Slings. Oxford: Oxford University Press, 2003.

b) Literatura: Adam, J. The Republic of Plato. Edition, commentary and notes by J. Adam.

Cambridge: Cambridge University Press, 1963. [2v.] Andersson, T. J. Polis and psyche. A motif in Plato’s Republic, Göteborg:

Elanders Boktrycken, 1971. ANNAS, J. “Plato on the triviality of literature”. In: MORAVCSIK, J. & TEMKO,

P. (ed.) Plato on beauty, wisdom and the arts. Totowa: Rowman and Littlefield, 1982. p. 01-28.

BELFIORE, E. “A Theory of Imitation in Plato's Republic”. Transactions of the American Philological Association, Vol. 114 (1984), pp. 121-146

Belfiore, E. “Plato’s Greatest Accusation against Poetry.” In Canadian Journal of Philosophy supplementary vol. 9: New Essays on Plato, ed. F. J. Pelletier and J. King-Farlow (Guelph, 1983).

Bertman, M.A. Plato on tyranny, philosophy and pleasure. Apeiron, 19, 1985. 152-160.

Blössner, N. Dialogform und Argument: Studien zu Platons Politeia. Stuttgart: Franz Steiner, 1997.

Brown, E. “A Defense of Plato’s Argument for the Immortality of the Soul at Republic 10.608c–611a.” Apeiron 30 (1997): 211–38.

COLLINGWOOD, R. G. “Plato's Philosophy of Art”. Mind, New Series, Vol. 34, No. 134 (Apr., 1925), pp. 154-172

Dixsaut, M. & Larivée, A (eds.) Études sur la République de Platon, Vol. I. De la justice. Éducation, psychologie et politique. Paris: Vrin, 2005, pp. 123-148.

FERRARI, G. R. (ed.) The Cambridge Companion to Plato’s ‘Republic’. Cambridge: Cambridge University Press, 2007

Ferrari, G. R. F. “Plato and Poetry.” In The Cambridge History of Literary Criticism, vol. 1: Classical Criticism, ed. G. A. Kennedy (Cambridge, 1989).

Ferrari, G. R. F. “Plato and Poetry.” In The Cambridge History of Literary Criticism, vol. 1: Classical Criticism, ed. G. A. Kennedy (Cambridge, 1989).

FERRARI, G.R.F., City and soul in Plato's Republic. Sankt Augustin: Academia Verlag, 2003.

FERRARI. “The Philosopher’s Antidote”. In: DENHAN, A. (org.) Plato on art and beauty. New York: Palgrave Macmillan: 2012. p. 106-124.

GRISWOLD, C. L. “The Ideas and the Criticism of Poetry in Plato's Republic, Book 10”. Journal of the History of Philosophy, Volume 19, Number 2, April 1981,pp. 135-150

HALLIWELL, S. Plato: Republic 10. Warminster: Aris & Phillips, 1988.

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HELLWIG, D. Adikia in Platons Politeia: Interpretationen zu den Büchern VIII und IX. Amsterdam: B. R. Grüner, 1980.

Höffe, O. ed., Platon: Politeia. Berlin, 1997 . Irwin, T. Plato’s Ethics. Oxford: Clarendon, 1995. Irwin, T., Plato’s Moral Theory. Oxford: Clarendon, 1977. JANAWAY, C. Images of excellence: Plato’s critique of the arts. Oxford:

Clarendon, 1995. Kraut, R. ed., Plato’s Republic: Critical Essays. Lanham, Md., 1997 . Larson. Platonic synonyms: dikaiosyne and sophrosyne. American Journal of

Philology, 71, 1951. p. 395-414. Lear, J. Inside and outside the "Republic". Phronesis, Vol. 37, No. 2 (1992), pp.

184-215 MOSS, J. “What Is Imitative Poetry and Why Is It Bad?” In: FERRARI, G. The

Cambridge Companion to Plato’s Republic. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. p. 415-444.

NEHAMAS, A. “Plato on imitation and poetry in Republic 10”. In: MORAVCSIK, J. & TEMKO, P. Plato on beauty, wisdom and the arts. Totowa: Rowman and Littlefield, 1982. p. 47-78.

Ostenfeld, E. N. ed., Essays on Plato’s Republic. Aarhus, 1998 . Santas, G. ed., The Blackwell Guide to Plato’s Republic. Oxford, 2006 . Stokes, M. C. “Some Pleasures of Plato, Republic 9.” Polis 9 (1990): 2–51. TATE, J. “'Imitation' in Plato's Republic”. The Classical Quarterly, Vol. 22, No. 1

(Jan., 1928), pp. 16-23 Vegetti ,M. ed., Platone: La Repubblica. Naples, 1998-2006. Williams, B, The analogy of city and soul in Plato’s Republic In: KRAUT, R. (ed.)

Plato’s Republic: critical essays. Lanham: Rowman & Littlefield, 1997. p. 49-59.

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Disciplina: Seminário de Questões Clássicas de Filosofia III (FCM714/814)

Docente: Ulysses Pinheiro

Horário: quintas-feiras, de 14:00 às 17:00h Tema: Os paradoxos da servidão voluntária em La Boétie e sua repercussão na filosofia política moderna (Spinoza, Rousseau, Hegel) Programa: O Discurso da servidão voluntária, de Étienne de la Boétie (escrito provavelmente em 1548 e publicado pela primeira vez em 1574) enuncia um paradoxo que até hoje aparece como uma das principais questões da filosofia política: como é possível que uma população inteira se submeta, não pelo efeito das armas ou da violência, mas antes voluntariamente, ao governo de um ou de poucos? (Lembremos que o subtítulo da obra é O contra Um). A tese aí formulada não é inteiramente nova, podendo ser remontada a Sêneca. A esse paradoxo, porém, La Boétie acrescenta, em suas considerações sobre os meios de superar a servidão, um outro paradoxo ainda mais surpreendente: é por um simples ato de vontade, sem que seja necessário recorrer a nenhuma ação revolucionária, que a tirania pode ser vencida – ou ainda: para derrubar um governo, basta não mais querer que ele continue no poder.

As palavras de La Boétie ecoaram ao longo dos séculos por toda a filosofia política posterior, de Marat a Tolstói, de liberais como La Mennais a anarquistas como Landauer. Neste curso, analisaremos em detalhe, primeiramente, o Discurso da servidão voluntária, para, logo em seguida, abordar o modo como Spinoza, Rousseau e Hegel tentaram, cada um a seu modo, dar conta do paradoxo formulado por La Boétie – mesmo que nem sempre o tenham usado como fonte. Nossa hipótese central será a de que esses três autores tiveram de recusar a solução proposta por La Boétie para o problema da servidão voluntária na medida mesmo em que eles deram um passo que seu precursor se recusou a dar: todos eles procuraram contrapor, à “doença mortal” da servidão, o movimento positivo de fundamentação de um Estado legítimo. Enquanto La Boétie limitou-se, em um gesto de extrema contenção, a descrever a gênese das relações de poder, os demais autores analisados neste curso pretenderam acrescentar-lhe essa contraparte positiva, devendo, por isso mesmo, modificar a própria caracterização inicial da servidão voluntária, tornando mais complexa a simplicidade desconcertante com que La Boétie prescreveu seu remédio contra a tirania. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Notas atribuídas aos trabalhos escritos.

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Bibliografia:

A bibliografia abaixo é ainda incompleta. No primeiro dia de aula, uma bibliografia completa será apresentada. Para as obras citadas na bibliografia primária, há traduções disponíveis em inúmeras línguas.

Fontes

- La Boetie, E. - Discours de la servitude volontaire. (traduzido para o português em

Discurso da servidão voluntária. São Paulo: Brasiliense, 1982). - Hegel, G.W.F. – Phänomelogie des Geistes (traduzido para o português em

Fenomenologia do espírito. São Paulo: Vozes, 1992). - Rousseau J.-J. – Discours sur l’origine et les fondements de l’inegalité (traduzido

para o português em Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Ed. Abril, 1979).

- Spinoza, B. – Tractatus theologico-politicus (traduzido para o português em Tratado teológico-político. São Paulo: Martins Fontes, 2008).

- ______ - Tractatus políticus (traduzido para o português em Tratado político. São Paulo: Martins Fontes, 2009).

Bibliografia secundária - Abensour, M. - La Démocratie contre l'État: Marx et le moment machiavélien,

Paris, Le Félin, 2004. [English translation: Democracy against the State: Marx and the Machiavellian Moment, Cambridge, Polity, 2011].

- Birnbaum, P. - Sur les origines de la domination politique : à propos d'Étienne de La Boétie et de Pierre Clastres. In: Revue française de science politique, 27e année, n°1, 1977. pp. 5-21.

- Clastres, P. - “Liberdade, mau encontro, inominável” (In: Discurso da servidão voluntária. São Paulo: Brasiliense, 1982, pp. 109-124).

- ______ - La Société contre l'État. Recherches d’anthropologie politique. Minuit, 1974. [A sociedade contra o Estado. São Paulo : Cosac Naify, 2012].

- Goldschmidt, V. - Anthropologie et politique - Les principes du système de Rousseau. Paris, Vrin, 1974.

- Kojève, A. - Introduction à la lecture de Hegel: leçons sur la Phénoménologie de l'Esprit professées de 1933 à 1939 à l'École des Hautes Études. Paris: Gallimard, 1947. [Introdução à leitura de Hegel. Rio de Janeiro: Contraponto/EDUERJ, 2002].

- Lefort, C. – O nome de Um (In: Discurso da servidão voluntária. São Paulo: Brasiliense, 1982, pp. 125-172).

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- Matheron, A. - Le Christ et le salut des ignorants chez Spinoza. Paris : Aubier, 1971.

- Mesnard, P. - L'essor de la philosophie politique au XVIème siècle. Paris, Vrin, 1977.

- Starobinski, J. - Jean-Jacques Rousseau, la transparence et l’obstacle. [Jean-Jacques Rousseau, a transparência e o obstáculo. S. Paulo, Companhia das Letras, 1991].

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Disciplina: Seminário de Questões de Filosofia Analítica Contemporânea III (FCM717/817)

Docente: Roberto Horácio

Horário: Segunda-feira, de 17:30h às 20:30h Tema: O representacionismo posto em questão: Programa: Uma releitura dos principais autores à luz das críticas devastadoras. Bibliografia:

Dretske, F. (1995), Naruralizing the mind. Tye, M. (1995), ten problems of consciousness Papineau (2014), Sensory experiência and representational properties.

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Disciplina: Seminário)de)Questões)de)Filosofia)Analítica)Contemporânea)IV)–)2015A2 Docente: Marina Velasco Horário: 4ª feira 9:30-12:30 Tema: Comunicação)e)racionalidade:)A)filosofia)de)Jürgen)Habermas Programa: O" curso" é" uma" introdução" geral" ao" pensamento" do" filósofo" alemão" contemporâneo" Jürgen"Habermas."Tratará"de"se"aprofundar"nas"noções"básicas"da"teoria"do"significado"e"da"teoria"do"agir"social"que"constituem"o"arcabouço"conceitual"de"sua"perspectiva" filosófica."Serão"discutidos" textos"representativos"do"autor,"referidos"principalmente"à"Teoria"do"Agir"Comunicativo,"à"chamada"Ética"do"Discurso"e"à"concepção"deliberativa"de"democracia."!I.!Ação!comunicativa!Ação."Ação"linguística."Interação"mediada"pela"linguagem"A"teoria"dos"atos"de"fala."Fins"ilocucionários"e"perlocucionários.""Racionalidade"comunicativa"vs."estratégica."Mundo"da"vida"e"sistema.""Comunicação"e"justificação"racional."A"pragmática"universal"e"as"pretensões"universais"de"validade."Ação"comunicativa"e"discurso."Discurso"teórico"e"discurso"prático""II.!Verdade!consensual!e!Ética!do!discurso! !Ações"e"discursos."Verdade"teórica"e"“verdade”"prática."Interesses"e"necessidades."O"discurso"prático.""Regras"do"discurso"prático."O"discurso"moral"e"o"princípio"de"Universalização"(“U”)"Questões"éticas"e"questões"morais."Valores"e"normas."Usos"da"razão"prática:"pragmático,"ético"e"moral."""III.!!Direito!e!Democracia!Relações"entre"moral"e"direito."O"principio"da"democracia.""A"reconstrução"do"direito:"o"sistema"dos"direitos"e"os"princípios"do"estado"de"direito"Direitos"humanos"e"soberania"popular"Discursos"de"justificação"de"normas"e"discursos"de"aplicação"Democracia"deliberativa""Bibliografia básica do autor (as partes serão indicadas oportunamente):

• Teoria'do'Agir'Comunicativo."(São"Paulo:"Martins"Fontes:"2012)."• Consciência'moral'e'agir'comunicativo."(Rio"de"Janeiro:"Tempo"Brasileiro,"1989)."• Pensamento'Pós7metafísico."(Rio"de"Janeiro:"Tempo"Brasileiro,"1990).""• Direito'e'Democracia.'Entre'Facticidade'e'Validade."(Rio"de"Janeiro:"Tempo"Brasileiro,"1997)."• A'Inclusão'do'Outro."(São"Paulo,"Edições"Loyola,"2002)."• Verdade'e'Justificação."(São"Paulo,"Edições"Loyola,"2004)."• Entre'Naturalismo'e'Religião."(Rio"de"Janeiro:"Tempo"Brasileiro,"2007)."