13
1 Contribuições da Metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para Investigação da Estratégia como Prática Autoria: Paulo Frederico Paganini Oliveira Júnior, Mario Nei Pacagnan, Marlene Marchiori Resumo Esse ensaio reflete sobre a metodologia do DSC nos estudos da estratégia como prática, considerando como um dos principais desafios os procedimentos metodológicos desse campo de estudo. Contextualiza-se a origem da estratégia como prática social, abordando em seguida a metodologia do DSC, enfatizando a construção do pensamento coletivo e a presença do sujeito-que-fala. Reflete-se sobre a DSC como método possível para investigação do strategizing que ao revelar competências sociais centradas nos sujeitos possibilita uma compreensão a partir de representações sociais. Dessa discussão emergem aproximações suregindo esta Metodologia como passível de contribuição para investigação desse fenômeno devido às suas aproximações conceituais.

Discurso Do Sujeito Coletivo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

dsc

Citation preview

Page 1: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

1  

Contribuições da Metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para Investigação da Estratégia como Prática

Autoria: Paulo Frederico Paganini Oliveira Júnior, Mario Nei Pacagnan, Marlene Marchiori Resumo Esse ensaio reflete sobre a metodologia do DSC nos estudos da estratégia como prática, considerando como um dos principais desafios os procedimentos metodológicos desse campo de estudo. Contextualiza-se a origem da estratégia como prática social, abordando em seguida a metodologia do DSC, enfatizando a construção do pensamento coletivo e a presença do sujeito-que-fala. Reflete-se sobre a DSC como método possível para investigação do strategizing que ao revelar competências sociais centradas nos sujeitos possibilita uma compreensão a partir de representações sociais. Dessa discussão emergem aproximações suregindo esta Metodologia como passível de contribuição para investigação desse fenômeno devido às suas aproximações conceituais.

Page 2: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

2  

1 Introdução

Os estudos em estratégia organizacional têm sido considerados como

fundamentais no campo organizacional ao se considerar um recorte histórico recente, surgindo diversas escolas de pensamento fundamentadas em teorias que diferem entre si nas perspectivas ontológica e epistemológica. Esses estudos, na maioria das vezes, foram guiados pela hegemonia do paradigma funcionalista, tendo enfoque no método de pesquisa, nas relações de causa e efeito e na explicação de um determinado fenômeno, influenciando o campo da estratégia. Os fenômenos estratégicos foram observados sob um olhar mais determinista para o estabelecimento de leis gerais sobre o comportamento estratégico, as competências exigidas e a efetividade de planejamentos. Além disso, buscou-se por prescrição e desenvolvimento de práticas de gestão ideais, o que mostra uma preocupação com o que deve ser estratégia, e não com o que de fato é. Esse pensamento específico de abordar a estratégia como ‘o que deveria ser’ é uma característica das escolas prescritivas que tentam delinear processos ou planos estratégicos para atingir determinado ponto visualizado pela organização. Por outro lado, a abordagem do ‘o que de fato é a estratégia’ é comumente notada por vertentes alternativas às escolas prescritivas como, por exemplo, pelas escolas empreendedora e cognitiva (Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2000) e pela abordagem processual (Whittington, 2002).

Porém, apesar de existirem alguns insights alternativos ao mainstream da estratégia após 1950 (Mintzberg, 2000), esse posicionamento hegemônico do pensamento estratégico passou a ser mais expressivamente questionado a partir da década de 1990, quando emergiram críticas à estratégia observada pelo paradigma funcionalista devido às lacunas que este apresentava e que impossibilitava a compreensão do processo de surgimento e incorporação de uma estratégia enquanto prática construída pelas pessoas, dando origem à abordagem da Estratégia como Prática (S-as-P).

Semelhante aos questionamentos da hegemonia funcionalista a partir dos anos 1980 no campo dos estudos organizacionais, outras áreas de pensamento tiveram um movimento comum como a Sociologia, o que levou a considerações metodológicas alternativas que suprissem as lacunas deixadas pelo paradigma funcionalista e atingissem a condição de cientificismo do paradigma interpretativista (Burrell, 2012), se aproximando do campo das metodologias comumente utilizadas pela Antropologia. Vale ressaltar que apesar de haver um declínio do positivismo, este ainda é predominante no campo dos estudos organizacionais e oferece contribuições para os estudos de estratégia, porém por um outro olhar.

Vendo esse movimento comum nas Ciências Humanas, nos questionamos quais procedimentos metodológicos podem ser utilizados nos estudos da Estratégia como Prática. Essa preocupação nos aproximou das teorias do discurso, em especial, da proposta metodológica do Discurso do Sujeito Coletivo – de Fernando Lefèvre. Desse contexto, emergiu o questionamento das possíveis aproximações entre a metodologia do (DSC) e os estudos no campo da Estratégia como Prática aprofundando os estudos com pesquisa bibliográfica.

Nesse artigo, apresenta-se um breve resgate histórico ressaltando abordagens que marcaram a literatura no campo da estratégia a fim de mostrar que os estudos hegemônicos prezam por uma lente funcionalista de investigação enquanto que a S-as-P com abordagem interpretativista vislumbra a estratégia como um processo que emerge das pessoas, o que requer estudos dos procedimentos metodológicos possíveis para o desenvolvimento desse campo de conhecimento. A partir da exploração dos conceitos da SAP emergem

Page 3: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

3  

preocupações das pessoas em processos de construção das ideias, o que caracteriza o strategizing. Nesse ponto se concebe a estrita ligação com a metodologia do DSC em função da valorização da fala dos sujeitos e da construção do sentido compartilhado.

Em seguida, partindo do entendimento de Lefèvre (2003) de que a metodologia do DSC advém também do campo do discurso, é mostrado sinteticamente o que se compreendeu como discurso e qual sua abordagem para formulação dessa metodologia.

Por fim, há a sugestão de um possível procedimento metodológico para se analisar a S-as-P, apontando a capacidade da metodologia do DSC suprir a carência metodológica indicada por Whittington (2006) ou trabalhar de forma complementar a outros métodos já utilizados para compreensão do processo estratégico. 2 Breve Evolução do Pensamento Estratégico

A estratégia organizacional enquanto campo de estudo mundialmente reconhecido foi predominantemente observada pela lente funcionalista. Destes estudos com embasamento funcionalista, emergiram quatro percepções básicas sobre estratégia, trabalhadas por Whittington (2002): abordagem clássica, evolucionária, sistêmica e processual.

A primeira abordagem, a clássica, ainda é a mais influente no meio, com enfoque em planejamento racional e tratando o conceito de estratégia como um processo racional, passível de cálculo e análises deliberadas, conforme abordagens de Igor Ansoff e Michael Porter (Whittington, 2002). Nessa abordagem, a estratégia desconsidera qualquer possibilidade de questões emergentes, estando fortemente alicerçada no planejamento como capaz de prever e controlar mudanças no ambiente interno e externo.

Essa hegemonia do pensamento estratégico sofreu seu primeiro questionamento com Hannan e Freeman (2007) que apontaram para a ineficácia de se prever as condições ambientais a ponto de controlá-las. Assim, surge a abordagem evolucionária, pautada na ecologia, que enfatiza a sobrevivência apenas das organizações mais aptas a encontrarem seu espaço no nicho competitivo. Essa abordagem tem um caráter fortemente determinista e objetivista, em que cabe aos gerentes apenas posicionar suas organizações no ambiente, e nunca criá-lo ou alterá-lo a ponto de conseguir benefícios de um novo contexto (Whittington, 2002).

A terceira abordagem, processual, compartilha da visão da abordagem evolucionária por tratar o planejamento como fútil e desnecessário, e considera que o planejamento será esquecido no mesmo momento em que as circunstâncias na qual foi elaborado mudarem. Essa abordagem coloca, resumidamente, que a estratégia surge através de um processo de aprendizado prático, e por isso um erro na aplicação de um planejamento estratégico não levaria a uma desvantagem competitiva capaz de desbancar a organização (Whittington, 2002; Minztberg, 2008). Porém, essa escola também é pautada no determinismo, considerando que o processo de aprendizagem se dá pela movimentação do mercado, cabendo ao agente apenas direcionar o aprendizado adquirido e absorvê-lo (Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2000). Foram seus insights que originaram as primeiras discussões de S-as-P.

Por fim, a abordagem sistêmica trata os fins e meios da estratégia conectados com estruturas de poder e cultura existente no sistema social local. Se considerada em um continuum de voluntarismo/determinismo, essa abordagem é a menos determinista das quatro, porém ainda é apresentada como dependente de um sistema social específico aonde a estratégia se desenvolve (Whittington, 2002).

Page 4: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

4  

Além das abordagens de Whittington (2002), a estratégia também se pauta nas dez escolas apresentadas por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), em que a maioria das escolas trata a estratégia como uma relação de dependência com o ambiente, segundo as quais não cabe durante o processo construir o contexto na qual está inserida, adotando apenas um processo reativo. As escolas que se diferem das demais são a cognitiva e a empreendedora: a primeira coloca que o posicionamento da organização no ambiente parte de uma concepção mental do estrategista, porém ainda tem caráter determinista; e a escola empreendedora trata a estratégia como dependente do estrategista como visionário e oportunista, capaz de conduzir a organização aos diversos nichos existentes no ambiente.

Assim, conseguimos perceber que as escolas, por menos deterministas que sejam, sempre foram abordadas por uma ótica funcionalista na tentativa de identificar regularidades ambientais nas quais a organização tem que se encaixar para sobreviver, seja essa adaptação vinda do estrategista ou dada pela seleção ambiental.

Porém, em 1996, Richard Whittington traz uma abordagem inovadora para a estratégia através de uma perspectiva prática que foca o estrategista e o processo de elaboração da estratégia, colocando em segundo plano a organização e a estratégia em si. Assim, essa nova forma de estudar utiliza insights da escola processual, que tenta identificar como a necessidade de mudança estratégica surge e como a prática estratégica se repete, colocando o agente no centro da questão. Essa nova percepção não se enquadra como uma escola, mas sim como um novo olhar para a estratégia, abordando a adaptatividade e a recursividade no campo de práticas (Jarzabkowski, 2002).

Desse contexto, emerge a S-as-P como uma abordagem alternativa que entende a estratégia como uma prática social, observando realmente como os praticantes da estratégia agem e interagem para formulá-la (Whittington, 1996). Oriunda dos insights da escola processual, a S-as-P retorna para a abordagem em nível gerencial, porém mais interessada em como se dá o processo de estrategizaçãoi pelos estrategistas, falando dos próprios praticantes e suas respectivas práticas (Whittington, 1996). “Assim, a perspectiva prática está preocupada [também] com a atividade gerencial, como os gerentes “fazem estratégia”.” (Whittington, 1996, p. 732, tradução nossa).

Para estudar a S-as-P não bastam os métodos funcionalistas tradicionais, mas a captação das ideias e a apreensão de situações cotidianas e a observação das rotinas que envolvem o processo de emersão da estratégia. “Aqui habilidade artesanal é tão importante como facilidade técnica, o conhecimento essencial é tanto tácito como formal, local como geral; e persistência e detalhe podem ganhar mais esplendor e inspiração.” (Whittington, 1996, p. 732, tradução nossa).

Segundo Pacagnan (2011) e Rhoden (2008), a Estratégia como Prática estuda atividades que geralmente são tidas como “invisíveis” sob a luz das teorias estratégicas tradicionais e que, quando desconsideradas, pode causar impactos não mensuráveis ou não consideráveis. Com isso, as suposições positivistas da estratégia e as ciências tradicionais entram em crise por não considerarem tais relações sociais e a racionalidade abstrata (Alexander, 1988).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) observa que somente os planos e posicionamentos estratégicos são insuficientes para a consecução de uma estratégia eficiente, uma vez que todo o processo não depende simplesmente da organização, mas também das pessoas, o que a torna esse processo naturalmente social. Whittington (2004) propõe uma mudança de abordagem nas pesquisas em estratégia na tentativa de compreender como os praticantes fazem o processo de estratégia, denominado strategizing, tido como o processo constante de se fazer a estratégia em uma organização. “Para isso, precisa-se descer ao nível dos praticantes e estudá-los, ver como agem e interagem na organização, quais suas habilidades, destrezas e desempenhos” (Whittington, 1996 como citado em Canhada & Rese,

Page 5: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

5  

2009, p. 283). O método de investigação não fica mais preso em relações causais existentes na totalidade, mas parte para uma dimensão intermediária conforme trabalhado por Giddens (2009) na teoria da estruturação.

Segundo Whittington (1996), há também mudança na agenda da pesquisa em estratégia, devendo ser considerado desde a biografia do estrategista até suas ações diárias dentro da organização. Porém, o interesse da pesquisa em estratégia sai da instrumentalidade que desemboca no desempenho organizacional abrangendo mais que isso e englobando relações sociais do estrategista, sua história, o contexto no qual esteve e está inserido, atores sociais que influenciaram em suas concepções de mundo, e interações comunicacionais fundamentais no processo de estrategização.

Segundo Bulgacov e Marchiori, (2010, p. 160) “os fundamentos da estratégia estão intrinsecamente embasados na interação social e compreendem a estratégia como um processo permanente de fazer estratégia”. Isso nos conduz ao entendimento de que a S-as-P pode então ser compreendida através da abordagem ideográfica capaz de escrutinar a essência de um fenômeno (Burrell & Morgan, 2006)

Essa breve construção histórica nos leva a considerar que o fenômeno da S-as-P passa a adotar um viés interpretativista capaz de entender como se dá esse fenômeno, o que conduz ao questionamento de Whittington (2006) das abordagens metodológicas necessárias em S-as-P, não conseguindo ser compreendido através da ciência normal funcionalista no que tange as relações causais e outras características hegemônicas no campo científico organizacional. 3 Compreendendo a Metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo

Neste tópico, serão abordados discurso e metodologia do discurso do sujeito

coletivo (DSC), pretendendo conceituar cada uma dessas abordagens a fim de mostrar brevemente a dependência que a metodologia do DSC possui da prática discursiva.

Compreende-se o discurso em duas vertentes. O discurso como pronunciamento político, estético ou vão, caracterizado por sua eloquência e formado por signos rebuscados; e o discurso como uma manifestação concreta da língua, dotado de sentido e de significado socialmente construído (Fernandes, 2007). A segunda forma de se compreender o discurso é considerada pelos teóricos da S-as-P como componente do processo de estrategização (Vaara, 2010), sendo isso a subjetividade da consciência humana exposta por meio da linguagem e da comunicação através de narrativas (Bulgacov & Marchiori, 2010). Assume-se o discurso como aporte para a formação e expressão ideológicas que estão impregnadas nas palavras, discurso este carregado da necessidade de elementos linguísticos para existir em seu estado material (Fernandes, 2007) e não como um período contínuo de fala e/ou escrita (Crystal, 1985).

Com isso, dizemos que discurso implica uma exterioridade à língua, encontra-se no social e envolve questões de natureza não estritamente lingüística. Referimo-nos a aspectos sociais e ideológicos impregnados nas palavras quando elas são pronunciadas. [...] Vemos, portanto, que o discurso não é a língua(gem) em si, mas precisa dela para ter existência material e/ou real.” (Fernandes, 2007, p. 18)

O discurso compreende um processo comunicacional desencadeado por experiências históricas, ideológicas e sociais que torna o discurso móvel e passível de transformação e construção coletiva, sendo tratado como palavras em movimento (Cabral, 2005; Orlandi, 2007). Portanto, o discurso está conectado com a produção de sentido, e esta, por sua vez, produzida conforme os lugares e as situações que os sujeitos em interlocução ocupam (Fernandes, 2007) passando a ser visto não apenas como preceitos de pensamento e

Page 6: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

6  

linguagem estruturados, mas como expressão de um pensamento coletivo construído sobre condições sociais e temporais, encontrando-se no âmbito social (Gondim & Fischer, 2009). Segundo Brandão (1993, p. 9) “a matéria lingüística é apenas uma parte do enunciado; existe também uma outra [sic] parte, não-verbal, que corresponde ao contexto da enunciação”, o que justifica a existência do âmbito social.

Assim, segundo Taylor and Robichaud (2004) o discurso é geralmente superior à frase; orientado por se envolver no tempo e visar um fim; interativo, principalmente na conversação; contextualizado; regido por normas sociais como todo comportamento social; assumido em um interdiscurso, adquirindo sentido apenas no interior de um universo de outros discursos. O discurso também é assumido:

[...] não é discurso a não ser que esteja relacionado a uma instância que, ao mesmo tempo, se põe como fonte dos pontos de referência pessoais, temporais, espaciais, e indica qual atitude adota em relação àquilo que diz e a seu interlocutor.” (Charaudeau & Maingueneau, 2004, p. 171).

Dessa forma, a organização passa a ser vista como construção discursiva (Fairhust and Putnam, 2010) em que a comunicação constitui e permeia os processos estratégicos não se expressando mais como uma forma unitária e integrada, mas como “[...] elementos constituintes de processos de produção de sentido realizados pelas (e nas) interações e interpretações de um coletivo [...]” que possui posicionamentos variados (Reis, Marchiori & Casali, 2010, p. 171).

O conceito de discurso só é passível de compreensão com o rompimento dos estudos tradicionais sobre linguagem, que têm objetivo de atingir a inalterabilidade das línguas (Chamarelli, 2003). Deste ponto, emerge primeiramente a Análise de Conteúdo e posteriormente a Análise do Discurso, sendo essa segunda alicerçada na crítica à primeira (Brandão, 1993). A primeira possui um recorte positivista se apoiando no rigor metodológico e neutralidade do método, e buscando a exploração basicamente quantitativa e objetivista; enquanto que a segunda abraça um caráter interpretativista apoiado no verstehen weberiano (cf. Weber, 1991), identificando-se com a dimensão voluntarista e atribuidora de materialidade linguística e histórica ao discurso (Rocha & Deusdará, 2005).

O discurso individual mostra não apenas a percepção e concepção individual de mundo, mas uma percepção compartilhada que forma também um discurso compartilhado e coletivo (Gondim & Fischer, 2009), uma vez que o contexto macro também é compartilhado. Porém, as autoras introduzem aqui a perspectiva da representação social que “adota a premissa de que há representações individuais que não são compartilhadas e, portanto, são mais atinentes à maneira como cada um apreende o mundo a sua volta independentemente de isto ser ou não compartilhado” (Gondim & Fischer, 2009, p. 14). Desse ponto, inserimos a contribuição de Lefèvre e Lefèvre (2005) no tocante à metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).

Garfinkel (1967 como citado em Heritage, 1996, p. 285) sugere que “uma teoria da ação e da organização sociais estaria incompleta sem uma análise do modo como os agentes sociais compartilham o conhecimento e o raciocínio produzidos pelo senso comum na condução de seus assuntos comuns.” O autor aponta que é possível identificar significados e sentidos compartilhados entre agentes no decorrer da ação social comum, podendo utilizar o discurso coletivo como insumo para pesquisas empíricas.

A metodologia do DSC preocupa-se com a criação de uma ponte entre o senso comum e o conhecimento científico partindo da reconstituição de um pensamento coletivo, com base na Teoria das Representações Sociais, mediando também as perspectivas metodológicas qualitativa e quantitativa. Isso possibilita acessar o conhecimento e o saber rotineiros, tratando os indivíduos como possuidores de um caráter racional e cognitivo compartilhado.

Page 7: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

7  

De modo objetivo, a metodologia do DSC consiste em analisar depoimentos e demais materiais verbais que constituem seu principal corpus, extraindo-se de cada um deles as ideias centrais ou ancoragens a partir de expressões-chave a que se referem. Com base nas ideias centrais/ancoragens e expressões-chave correspondentes, compõem-se um ou vários discursos-síntese que são os discursos do sujeito coletivo. (Gondim & Fischer, 2009, p. 15)

As ideias centrais extraídas do corpus são interpretadas conforme seus sentidos e significados, considerando o contexto no qual estão inseridas, transformando discursos de sentido semelhante em um único discurso como algo dito pelo sujeito coletivo em primeira pessoa (Lefèvre, 2003).

A proposta de Fernando Lefèvre surgiu para auxiliar pesquisas de opinião pública em seu trabalho qualitativo, porém Gondim e Fischer (2009) sugerem a aproximação da metodologia do DSC com os estudos organizacionais onde pode haver mútua colaboração: metodologia do DSC como facilitadora para compreensão das organizações, e as organizações como campo de experimentação da metodologia (Gondim & Fischer, 2009).

Apesar de lidar com quantidade e freqüência de sentidos e significados, a metodologia do DSC “não precisa estabelecer como principal critério a quantidade, visto que a expressão individual é sempre compartilhada, em alguma medida.” (Gondim & Fischer, 2009, p. 16) Para elaborar os discursos-sínteses faz-se necessário se alicerçar na semelhança de sentidos, independentemente do nível de compartilhamento de determinado sentido. “De fato, nas pesquisas com o DSC, o pensamento é coletado por entrevistas individuais com questões abertas, o que faz com que o pensamento, como comportamento discursivo e fato social individualmente internalizado, possa se expressar.” (Lefèvre & Lefèvre, 2005, p. 21)

Pautado na consideração de que o pensamento individual se expressa conforme um processo de internalização anteriormente ocorrido e socialmente construído, Lefèvre e Lefèvre (2005) sugere quatro operações para produzir DSCs: (1) Expressões-Chave (E-Ch), (2) Ideias Centrais (IC), (3) Ancoragens (AC), e (4) Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) propriamente ditos, explicados brevemente na Figura 1.

E-Ch Trechos selecionados do material verbal de cada depoimento, que melhor descrevem seu conteúdo

IC

Fórmulas artificiais que descrevem os sentidos presentes nos depoimentos de cada resposta e nos conjuntos de respostas de diferentes indivíduos, que apresentam sentido semelhante ou complementar

AC Fórmulas sintéticas que descrevem as ideologias explícitas no material verbal das respostas individuais ou das agrupadas

DSC

Reunião das E-Ch presentes nos depoimentos, que têm IC e/ou AC de sentido semelhante ou complementar, escrito na primeira pessoa do singular para representar o pensamento de uma coletividade

Figura 1. Operações do Discurso do Sujeito Coletivo Fonte: elaborado pelo autor com base em Lefèvre e Lefèvre (2005, p. 22)

As IC e AC têm intuito de identificar, nomear e marcar um posicionamento

ou idéia de outro. Dessa forma, Lefèvre e Lefèvre (2005) sugerem trabalhar com um processo de (a) seleção de expressões-chave presentes nos discursos individuais que representem ideias centrais; (b) formulação de um excerto que descreva os sentidos presentes nos depoimentos; e/ou (c) formulação de um excerto que descreva ideologias presentes nos depoimentos; e, por

Page 8: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

8  

fim, (d) elaboração de um depoimento que represente o dizer coletivo. Através desse procedimento é possível, segundo Gondim e Fischer (2009), apreender a língua, o sujeito, a história e a ideologia subjacente.

Com a breve abordagem de discurso e metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo partiremos adiante para a sobreposição das contribuições da metodologia do DSC para os estudos da Estratégia como Prática.

4 Imbricamento da metodologia do DSC com a S-as-P Nos estudos da S-as-P foi possível perceber o surgimento de uma

abordagem da prática na literatura de estratégia, que passou a se concentrar mais nos estrategistas envolvidos no trabalho real de fazer a estratégia (Jarzabkowski, 2004). Nessa nova perspectiva pode-se trabalhar com algumas possibilidades analíticas, pautadas em relações de poder, simbolismo, discursos, recursos em comum, entre outras formas, com a preocupação de compreender o fenômeno. Tais pontos estão inseridos em um sistema coletivo onde atores sociais realizam suas ações diárias, formando estruturas que “restringem e permitem a ação humana e também são criadas e recriadas pelos atores que contam com a estrutura social para agir” (Jarzabkowski, 2004, p. 4, tradução nossa). Assim, os agentes, por estarem contidos nessas redes ou “estruturas” de sentido e significado de suas ações, compartilham sentidos e significados de outros indivíduos também contidos nessas estruturas (Gondim & Fischer, 2009), o que abre caminho para investigação da prática estratégica através de pontos comuns do discurso compartilhado emergidos a partir de um processo conversacional que produz tanto recursos discursivos, conforme apontado por Hardy, Lawrence and Grant (2005), quanto a formação do componente organizacional, conforme aborda Taylor and Robichaud (2004).

A S-as-P é formada por práticas sociais (Jarzabkowski, 2004) que podem ser reconstruídas através da Análise do Discurso com base no significado das palavras (Charaudeau; Maingueneau, 2004). Porém, os significados são temporal e socialmente construídos, conforme sugere Fernandes (2007), sendo o sentido atribuído no tempo presenciado pelo indivíduo. Significados dispostos nas estruturas sociais são compartilhados na instância das instituições política, econômica, tecnológica e étnica (macro), e no âmbito interno das organizações (micro), através da interação indivíduo-indivíduo, indivíduo-ambiente, indivíduo-organização (Jarzabkowski, 2004), o que justifica a existência de discursos comuns ou Ancoragens, conforme abordagem de Lefèvre (2003), uma vez que os atores estrategistas se alimentam de fontes comuns. Isso pode ser evidenciado na abordagem de Cook e Brown (1999) e Lave e Wenger (1991), citados por Jarzabkowski (2004, p. 9, tradução nossa): “Em uma "comunidade de prática" o pensamento individual é essencialmente social e é desenvolvido em interação com as atividades práticas de uma comunidade, através da vivência e participação em suas experiências ao longo do tempo.”

Esse processo de interação justifica métodos interpretativistas para compreender o fenômeno strategizing e suporta a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo como forma de encontrar pontos semelhantes (ancoragens) nos discursos dos agentes estrategistas. Essa ideia proposta está apoiada em Charaudeau e Maingueneau (2004, p. 172) que assumem a existência de um discurso em um interdiscurso, formando a estrutura dita anteriormente:

O discurso não adquire sentido a não ser no interior de um universo de outros discursos, através do qual ele deve abrir um caminho. Para interpretar o menor enunciado, é preciso colocá-lo em relação com todos os tipos de outros, que se comentam, parodiam, citam...”

Page 9: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

9  

É através do conjunto de discursos que os agentes formam sentidos, reformulando-os, construindo-os e reconstruindo-os com base em experiências anteriores e produzindo novos sentidos, o que conduz ao entendimento de processo comunicacional (Marchiori, Ribeiro, Soares e Simões, 2010), que, por sua vez, torna os significados compartilhados. Essa estrutura de compartilhamento e absorção de discursos se assemelha ao modelo de integração da práxis, prática e praticante apresentado por Whittington (2006) na Figura 1 (cf. Whittington, 2006. Figure 1: Integrating Praxis, Practices and Practitioners), onde há influência de uma sobre as outras principalmente ao se considerar que o sentido se dá na “confluência entre as três dimensões” (Bulgacov & Marchiori, 2010, p. 156) e principalmente na interação da dimensão ‘praticante’ com si mesma, ou seja, a interação de sujeito com sujeito em que se produz novos sentidos e oportuniza a troca dos sentidos já formados.

Há dois momentos de compartilhamento de sentidos e significados: interno e externo à organização. Jarzabkowski (2004, p. 11) sugere que as comunidades de prática estão expostas a práticas generativas, onde “novos participantes aprendem com membros contínuos como interpretar a infra-estrutura social de uma comunidade particular, e no processo de ressocialização os players continuam e reforçam a prática existente.” Por isso os significados e sentidos internos à organização são compartilhados constantemente entre estrategistas e heads possuindo ideias-chave em comum, justificando o uso da metodologia do DSC para captação dessas ideias compartilhadas internamente. Além da organização, existem outras “amplas redes de comunidades” de prática nas quais estrategistas de organizações estão inseridos (Jarzabokwski, 2004, p. 11). E em uma instância mais macro, significados e sentidos podem ser compartilhados através de mecanismos de desencaixe (Giddens, 1991) que possibilitam o “[...] deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço” (Giddens, 1991, p. 29) conduzindo ideias-chave de um estrategista a outro independentemente da existência de correlação temporal e espacial.

As empresas podem assim serem conceituadas como uma comunidade de prática estratégica. No entanto, as empresas podem também ser consideradas um conjunto de diversas comunidades mais ou menos flexíveis, em que nem todas são essencialmente estratégicas (cf. Brown & Duguid, 2001). (Jarzabkowski, 2004, p. 11)

Porém, ao investigar o processo de estrategização utilizando a metodologia do DSC cabe ao pesquisador qualitativo abandonar o pressuposto de que há a superação do qualitativo sobre o quantitativo, tornando necessária a união do qualitativo ao quantitativo e explorando a qualidade em grande quantidade (Lefèvre & Lefèvre, 2005), cabendo destacar que essa metodologia acaba privilegiando a perspectiva qualitativa tendo a quantitativa como suporte. Ao trabalhar em qualidade e em quantidade, o pesquisador acaba por obter subsídio mais denso para desenvolver categorias de discursos e enquadramentos dos entrevistados para compreender em uma dimensão real o Discurso do Sujeito Coletivo, trabalhando com uma dupla representatividade do campo pesquisado.

“[...] a representatividade é qualitativa porque na pesquisa com o DSC cada distinta opinião coletiva é apresentada sob a forma de um discurso, que recupera os distintos conteúdos e argumentos que conformam a dada opinião na escala social; mas a representatividade da opinião também é quantitativa porque tal discurso tem, ademais, uma expressão numérica (que indica quantos depoimentos, do total, foram necessários para compor cada DSC) e, portanto, confiabilidade estatística, considerando-se as sociedades como coletivos de indivíduos” (Lefèvre & Lefèvre, 2006, p. 522).

Isso leva o pesquisador a se deparar com o modo de pensar de uma coletividade, auxiliando-o na compreensão de questões tangentes ao processo de estrategização.

Page 10: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

10  

Jarzabkowski (2004, p. 10) aponta que “enquanto as comunidades podem ter algumas semelhanças gerais, cada comunidade tem interações sociais específicas que constituem um contexto único interpretativo”, e isso fragiliza a concepção da metodologia do DSC como única forma de compreender o fenômeno da estrategização, o que leva a considerar a metodologia do DSC como um suporte para compreender a existência de discursos coletivos e aponta a necessidade de outras formas complementares a essa metodologia para que as pesquisas decorrentes da temática da S-as-P sejam trabalhadas mais profundamente. 5 Considerações Finais

A existência do discurso como uma manifestação concreta da língua e dotado de sentido e significado socialmente construídos pode ser percebida também nos processos estratégicos durante a interação entre praticantes da estratégia. Tal interação pode ser compreendida a partir de abordagens metodológicas que exaltem o nível de subjetividade, o processo, a interação e o movimento existente no campo social. Assim, através de um breve resgate histórico percebemos que a S-as-P deve se aproximar de métodos ideográficos a fim de compreender o processo de estrategização em nível de subjetividade. Essa percepção abre várias frentes de estudo metodológico no campo da estratégia como prática, conduzindo, entre outras, à possibilidade de aproximação dessa abordagem com a metodologia do DSC. A percepção da importância que o discurso do estrategista tem para os estudos da S-as-P levou a considerar possíveis contribuições que a metodologia do DSC pode oferecer.

Partindo do pressuposto utilizado por Jarzabkowski (2004), que coloca que as comunidades de prática possibilitam a interação de sujeitos a fim de construir e reconstruir sentido e significado dos elementos organizacionais, sugere-se o uso da metodologia do DSC como aparato técnico para compreender o processo de estrategização. Tal aproximação se torna possível por abarcar a relação do praticante da estratégia com a prática e com outros praticantes, interação esta que oferece campo para a proveniência das representações sociais.

Sendo assim, foi discutido que a metodologia do DSC suporta estudos de discurso no campo da S-as-P por suas semelhanças nas abordagens de prática, campo, representações sociais e estruturas macro e microssociais, no qual foi mostrada a aproximação da metodologia do DSC com a S-as-P nas questões de cunho interpretativista, porém com a ressalva das limitações da metodologia do DSC para compreender o fenômeno como um todo, necessitando, assim, de metodologias auxiliares. Também foi possível enfatizar a DSC em suas investigações do funcionamento da experiência produzida pelo senso comum e do raciocínio prático em conjunturas sociais para compreender a práxis, os praticantes e as práticas estratégicas.

Dessa forma, o presente estudo contribuiu para a reflexão metodológica acerca do DSC, se apoiando nas contribuições de Gondim e Fischer (2009) no tocante aos estudos organizacionais para imbricar essa abordagem metodológica com a Estratégia como Prática.

Page 11: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

11  

REFERÊNCIA Alexander, J. (1988). El nuevo movimiento teórico. Estudios Sociológicos, Cidade do México, 6(17), 259-307. Brandão, H. (2004). Introdução à analise do discurso. 9. ed. Campinas-SP: Campinas. Bulgacov, S. & Marchiori, M. (2010). O Ser e a Comunicação dos Saberes. In: Marchiori, Marlene (Org). Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional. São Caetano: Difusora. Burrell, G. (2012). Ciência normal, paradigmas, metáforas, discursos e genealogia da análise. In: Clegg, S., Hardy, C., & NORD, W. (Orgs.) Handbook de Estudos Organizacionais. Vol. 1. São Paulo: Atlas. Burrell, G., & Morgan, G. (2006). Sociological paradigms and organizational analysis. Aldershot, UK: Ashgate Publishing Limited. Cabral, A. C. (2005) A análise do discurso como estratégia de pesquisa no campo da Administração: Um olhar inicial. Contextus: Revista Contemporânea de Economia e Gestão, Fortaleza, 3(2), 59-68. Canhada, D., & Rese, N. (2009) Contribuições da “estratégia como prática” ao pensamento estratégico. Revista Brasileira de Estratégia, Curitiba, 2(3), 273-289. Chamarelli, M., Jr. (2003) O que é (ou deve ser) discurso na análise do discurso? Primeira Versão, Porto Velho, 125(30), 1-5. Charaudeau, P., & Maingueneau, D. (2004). Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto. Crystal, D. (1985). Dicionário de lingüística e fonética. Rio de Janeiro: Zahar. Fernandes, C. A. (2007). Análise de discurso: reflexões introdutórias. São Carlos - SP: Claraluz. Giddens, A. (2009) A constituição da sociedade. 3.ed. São Paulo: WMF. Giddens, A. (1991). As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP. Gondim, S., & Fischer, T. (2009). O discurso, a análise do discurso e a metodologia do discurso do sujeito coletivo na gestão intercultural, Cadernos Gestão Social, 2(1), 9-26. Hannan, M. T., & Freeman, J. H. (2007). Ecologia de População das Organizações. In: CALDAS, M. P. & BERTERO, C. O. Teoria das organizações. São Paulo: Atlas. Hardy, C., Lawrence, T. & Grant, D. (2005). Discourse and Collaboration: The role of conversations and collective identity. Academy Of Management Review, New York, 30(1) 58-77.

Page 12: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

12  

Heritage, J. (1996).Etnometodologia. In: Outhwaite, W. & Bottomore, T. Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. p. 284-286. Jarzabkowski, P. & Wilson, D. (2004). Pensando e agindo estrategicamente: novos desafios para a análise estratégica. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 44(4), 11-20. Jarzabkowski, P. (2002). Strategy-as-practice: recursiveness, adaptation and strategic practice-in-use. SAGE Journals Online, Birmingham. Lefèvre, F. (2003). Discurso do Sujeito Coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul – RS: EDUCS. Lefèvre, F. & Lefèvre, A. M. (2005). Depoimentos e discursos: uma proposta de análise em pesquisa social. Brasília: Liber Livros Editora. Lefèvre, F. & Lefèvre, A. M. (2006). O sujeito coletivo que fala. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 10(20), 517-524. Marchiori, M., Ribeiro, R., Soares, R., & Simões, F. (2010). Comunicação e discurso nas organizações: construtos que se relacionam e se distinguem. Comunicação & Sociedade, São Paulo, 54(32), 211-238. Mintzberg, H. (2008). Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman. Mintzberg, H., Ahlstrand, B. & Lampel, J. (2000). Safari de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. 4. ed. Porto Alegre: Bookman. Orlandi, E. P. (2007). Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 7. ed. Campinas: Pontes. Pacagnan, M. N. (2011) Estratégia como Prática: um olhar alternativo a partir da perspectiva pós-moderna. In: V Encontro de Estudos em Estratégia da ANPAD, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: 3Es, 1-12. Reis, M. C., Marchiori, M. & Casali, A. M. (2010) A relação comunicação-estratégia no contexto das práticas organizacionais. In: Marchiori, M (Org). Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional. São Caetano: Difusora. Rhoden, V. N. (2008). Strategy as Practice e os lapsos conceituais. In: CONVIBRA. Rocha, D. & Deusdará, B. (2005). Análise de Conteúdo e Análise do Discurso: aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória. ALEA, 7(2), 305-322. Taylor, J. & Robichaud, D. (2004) Finding the Organization in the Communication: discourse as action and sensemakin. Organization, 11(3), 395-413. Vaara, E. (2010). Critical discourse analysis as methodology in Strategy as Practice research. In: GOLSORKHI, Damon et al. (Comp.). Cambridge Handbook of Strategy as Practice. Cambridge: Cambridge University Press. Cap. 14, 217-228.

Page 13: Discurso Do Sujeito Coletivo

 

13  

Weber, M. (1991) Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Ed. UNB. Whittington, R. (2002). O que é estratégia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. Whittington, R. (1996). Strategy as Practice. Long Range Planning, 29(5), 731-735. Whittington, R. (2004). Estratégia após o modernismo: recuperando a prática. Revista de Administração de Empresas, 44(4), 44-53. Whittington, R. (2006). Completing the practice turn in strategy research. Organization Studies, 27(5), 613-634.                                                             i Termo original do inglês “strategizing”