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Dislexia

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DislexiaCategoria : DPublicado por Webmaster em 2005/09/04

Como se define a dislexia?Qual é a prevalência da dislexia?Qual é a causa da dislexia?Quais as actuais teorias explicativas da dislexia?Existem outras perturbações que podem estar associadas à dislexia?Existem meios de diagnóstico da dislexia?A dislexia persiste toda a vida?Repetir o ano ajuda a ultrapassar a dificuldade?Deve evitar-se identificar as crianças como disléxicas?A dislexia é um problema visual?A dislexia está relacionada com a inteligência?A dislexia existe apenas em algumas línguas?Qual a importância da intervenção precoce?É possível melhorar as competências leitoras?Quais os princípios orientadores componentes dos métodos educativos que conduzem a ummaior sucesso?RecursosLeitura recomendada

Como se define a dislexia? Em 2003, a associação Internacional de Dislexia adoptou a seguintedefinição: “Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. Écaracterizada por dificuldades na correcção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixacompetência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um défice fonológico, inesperado,em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podemsurgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir odesenvolvimento de vocabulário e dos conhecimentos gerais”.

Qual é a prevalência da dislexia? A dislexia é provavelmente a perturbação mais frequente entre a população escolar, sendo referidauma prevalência entre 5 a 17%. A prevalência é contudo, variável dependendo do grau dedificuldade dos diferentes idiomas. No nosso país não existem estudos sobre prevalência. Umestudo recente refere que o número de rapazes com dislexia é, pelo menos duas vezes superior aodas raparigas.

Qual é a causa da dislexia? Durante muitos anos a causa da dislexia permaneceu um mistério. Os estudos recentes têm sidoconvergentes, quer em relação à sua origem genética e neurobiológica, quer em relação aosprocessos cognitivos que lhe estão subjacentes. Têm sido formuladas diversas teorias em relaçãoaos processos cognitivos responsáveis por estas dificuldades.

Quais as actuais teorias explicativas da dislexia?

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A hipótese aceite pela grande maioria dos investigadores é a teoria do défice fonológico . Deacordo com esta hipótese, a dislexia é causada por um défice no sistema de processamentofonológico motivado por uma “disrupção” no sistema neurológico cerebral, ao nível doprocessamento fonológico, Este défice fonológico dificulta a discriminação e processamento dossons da linguagem, a consciência de que a linguagem é formada por palavras, as palavras porsílabas, as sílabas por fonemas e o conhecimento de que os caracteres do alfabeto são arepresentação gráfica desses fonemas. A leitura integra dois processos cognitivos indissociáveis: adescodificação (a correspondência grafofonémica) e a compreensão da mensagem escrita. Paraque um texto escrito seja compreendido tem que ser lido primeiro, descodificado. O déficefonológico dificulta apenas a descodificação.

A teoria do défice de automatização refere que a dislexia é caracterizada por um déficegeneralizado na capacidade de autonomização. Os disléxicos manifestam evidentes dificuldades emautonomizar a descodificação das palavras, em realizar uma leitura fluente, correcta ecompreensiva.

A teoria magnocelular atribui a dislexia a um défice específico na transferência das informaçõessensoriais dos olhos para as áreas primárias do córtex. As pessoas com dislexia têm, de acordocom essa teoria, baixa sensibilidade face a estímulos com pouco contraste, com baixas frequênciasespaciais ou altas-frequências temporais.

Existem outras perturbações que podem estar associadas à dislexia? Embora a base cognitiva da dislexia seja um défice fonológico é frequente o aparecimento de outrasperturbações: perturbação da atenção com hiperactividade, perturbação específica da linguagem,perturbação da coordenação motora, perturbação do comportamento, perturbação do humor,perturbação de oposição e desvalorização da auto-estima. A perturbação da atenção comhiperactividade merece referência especial, por ser uma perturbação que se associa com maiorfrequência.

Existem meios de diagnóstico da dislexia? Actualmente existem conhecimentos que permitem avaliar e diagnosticar as crianças com dislexia.Existem provas específicas para avaliar as diferentes competências que integram o processo leitor.

A dislexia persiste toda a vida? Tem sido considerado que o défice cognitivo que está na origem da dislexia persiste ao longo davida, ainda que as suas consequências e expressão variem sensivelmente. Recentemente foramrealizados estudos, com o objectivo de avaliar as modificações operadas nos sistemas neurológicoscerebrais, após uma intervenção especializada utilizando programas multissensoriais, estruturados ecumulativos. As imagens obtidas através da ressonância magnética funcional mostraram que oscircuitos neurológicos automáticos do hemisfério esquerdo tinham sido activados e o funcionamentocerebral tinha “normalizado”.

Repetir o ano ajuda a ultrapassar a dificuldade? Repetir anos de escolaridade não ajuda a ultrapassar as dificuldades, pelo contrário, pode criardificuldades acrescidas a nível afectivo emocional: sentimentos de frustração, ansiedade,desvalorização do auto-conceito e da auto-estima. O importante é que a criança seja avaliada ereceba uma intervenção especializada.

Deve evitar-se identificar as crianças como disléxicas?

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Em alguns meios escolares e médicos existe alguma relutância em avaliar e diagnosticar, em“rotular” as dificuldades de aprendizagem. Ignorar uma perturbação não ajuda a ultrapassá-la, pelocontrário, contribui para o seu agravamento. Esta perspectiva reflecte a falta de conhecimentoscientíficos sobre a dislexia, sobre os métodos de ensino a utilizar e sobre os benefícios de umaintervenção precoce e especializada.

A dislexia é um problema visual? As associações Americanas de Pediatria e de Oftalmologia reafirmam que a dislexia não é causadapor um problema de visão. A existência de erros de inversão, ver as letras ao contrário – p/b – sãoerros de origem fonológica (confundem-se porque são duas consoantes com o mesmo ponto dearticulação, uma surda e outra sonora) e não de origem visual.

A dislexia está relacionada com a inteligência? Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem. Os critérios de diagnóstico do D.S.M.-IV (documentoque classifica as doenças do foro psiquiátrico), referem explicitamente: “O rendimento naleitura/escrita situa-se substancialmente abaixo do nível esperado para o seu quociente deinteligência…”

A dislexia existe apenas em algumas línguas? Existe uma base neurocognitiva universal para a dislexia. Sendo o défice primário da dislexia umdéfice nas representações fonológicas manifesta-se em todas as línguas. As diferenças decompetência leitora entre os disléxicos devem-se em parte, às diferentes ortografias… Nas línguasmais transparentes, em que a correspondência grafema-fonema é mais regular, como o italiano e ofinlandês, são cometidos menos erros. Nas línguas opacas, em que existem muitas irregularidadesna correspondência grafema-fonema, como a língua inglesa, são cometidos mais erros. A línguaportuguesa é uma língua semi-transparente.

Qual a importância da intervenção precoce? A identificação e intervenção precoce são o segredo do sucesso da aprendizagem da leitura. Aidentificação de um problema é a chave que permite a sua resolução. A identificação, sinalização eavaliação das crianças que evidenciam sinais de futuras dificuldades antes do início da escolaridadepermite a implementação de programas de intervenção precoce que irão prevenir ou minimizar oinsucesso.

Estudos recentes comprovam que as crianças que apresentam dificuldades no início daaprendizagem da leitura e escrita dificilmente recuperam se não tiverem uma intervenção precoce eespecializada. Os maus leitores no primeiro ano continuam invariavelmente sendo maus leitores, eas dificuldades acumulam-se ao longo dos anos. Após os nove anos de idade, o tempo e o esforçodispendidos na reeducação aumentam exponencialmente.

É possível melhorar as competências leitoras? Sendo a dislexia uma perturbação de origem neurobiológica e genética, sendo as diferençascerebrais e os processos cognitivos “herdados” pode inferir-se que as dificuldades das crianças comdislexia são permanentes e imutáveis? Pensamos que não; acreditamos que é possível introduzirmelhorias através de uma intervenção especializada. De acordo com os estudos de Sally Shaywitz,é possível “reorganizar” os circuitos neurológicos se for implementado um programa reeducativoconcebido com base nos novos conhecimentos neurocientíficos.

Quais os princípios orientadores componentes dos métodos educativos que conduzem a um

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maior sucesso? Estudos realizados por diversos investigadores mostraram que os métodos multissensoriais,estruturados e cumulativos, são a intervenção mais eficiente. As crianças disléxicas, para além dodéfice fonológico, apresentem dificuldades na memória auditiva e visual, bem como dificuldade deautonomização. Os métodos de ensino mmultisessoriais ajudam a crianças a aprender utilizandomais do que um sentido, enfatizando os aspectos cinestésicos da aprendizagem e integrando o ouvir e o ver com o dizer e o escrever . A associação Internacional de dislexia promove activamentea utilização de métodos multissensoriais, indica os princípios e os conteúdos educativos a ensinar:

• Aprendizagem multissensorial: a leitura e a escrita são actividades multissensoriais. As criançastêm que olhar para as letras impressas, dizer, ou subvocalizar os sons, fazer os movimentosnecessários à escrita e utilizar conhecimentos linguísticos para aceder ao sentido das palavras. Sãoutilizadas em simultâneo as diferentes vias de acesso ao cérebro; os neurónios estabeleceminterligações entre si facilitando a aprendizagem e a memorização.• Estruturado e cumulativo: a organização dos conteúdos a aprender segue a sequência dodesenvolvimento linguístico e fonológico. Inicia-se com os elementos mais fáceis e básicos eprogride gradualmente para os mais difíceis. Os conceitos ensinados devem ser revistossistematicamente para manter e reforçar a sua memorização.• Ensino directo, explicito: os diferentes conceitos devem ser ensinados directa, explícita econscientemente, nunca por dedução.• Ensino diagnóstico: deve ser realizada uma avaliação diagnostica das competências adquiridas e aadquirir.• Ensino sintético e analítico: devem ser realizados exercícios de ensino explícito da “fusãofonémica”, “fusão silábica”, “segmentação silábica” e “segmentação fonémica”.• Automatização das competências aprendidas: as competências aprendidas devem ser treinadasaté à sua automatização, isto é, até à sua realização, sem atenção consciente e com mínimo deesforço e de tempo. A automatização irá disponobilizar a atenção para aceder à compreensão dotexto.

Recursos • Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças. Tel. 218371699• Consulta de Desenvolvimento Clínica Gerações. Tel. 213583910• Equipas de apoio Educativo. Ministério da educação.

Leitura recomendada :• Castro,S. L. e Gomes, I. (2000).Dificuldades de Aprendizagem da Língua Portuguesa.Universidade Aberta.• Morais, J. (1997). A Arte de Ler, psicologia cognitiva da leitura . Lisboa:Edições Cosmos.• Shaywitz, S. (2008). Vencer a Dislexia . Porto Editora.• Teles, P. (2006). Cartões Fonomímicos, CD e Cantilenas do Abecedário . Distema ® Editora,Lisboa. • Teles, P. (2008). Leitura e Caliortografia 1 . Distema ® Editora, Lisboa. • Teles, P. (2008). Leitura e Caliortografia 2 . Distema ® Editora, Lisboa. • Teles, P. (2008). Leitura e Caliortografia 3 .Distema ® Editora, Lisboa. • Teles, P. (2008). Caderno de Caliortografia e Vocabulário Cacográfico .Distema ® Editora, Lisboa.

Autora: Drª Paula Teles Clínica de Dislexia Dra. Paula Teles Rua Joaquim Paço D´Arcos, 2F, 4ºD  1500 - 366 Lisboa -Edifício Fonte NovaTel.: 21 714 70 49/50

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Fax: 21 714 70 51Tm: 96 249 80 [email protected]  / [email protected] .www.clinicadedislexia.com

Entrevista realizada no dia 08-09-2008, Dia Internacional da Alfabetização, sobre o MétodoFonomímico Paula Teles - Vídeo

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