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0 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA COORDENAÇÃO DE CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA VANESSA GREZZI PINTO TEIXEIRA DISLEXIA: QUE CONTRIBUIÇÕES PODEM SER DADAS PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS? NITERÓI 2014

DISLEXIA: QUE CONTRIBUIÇÕES PODEM SER DADAS PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS?

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AUTORA: Vanessa Grezzi Pinto TeixeiraTrabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação dos Cursos de Química da Universidade Federal Fluminense, como requisito obrigatório para a obtenção do Grau de Licenciado em Química.RESUMOAtualmente a educação no Brasil vem passando por inúmeras dificuldades, seguindo assim para um rumo desordenado que está apresentando. Tal situação gera implicações presentes e futuras em nosso país. Acredita-se que somente com uma boa educação o país cresce. Infelizmente, professores e alunos hoje em dia encontram-se com extremo desinteresse. A educação precisa ser resgatada e, baseando-se neste ideal, este trabalho consiste na investigação da educação especial, com um enfoque nos distúrbios de aprendizagem, já que estes alunos encontram-se marginalizados por uma educação que já se encontra em péssimas condições, sobretudo o ensino em instituições públicas. Este trabalho aborda aspectos teóricos da aprendizagem, apresentando as principais ideias do teórico da educação Lev Semenovich Vygotsky, e também a percepção do psicólogo Allan O. Ross sobre dislexia. Baseando-se numa experiência de sete anos de trabalho com alunos disléxicos nos mais variados graus, compôs-se esse trabalho, fazendo-se deste um guia que traz os principais tipos de dislexia, com exemplos encontrados em salas de aula, demonstrados pelos seus professores. Um histórico da dislexia também é apresentado como uma forma de compreensão da evolução de sua descoberta e complexidade. Achou-se importante apresentar as atuais legislações vigentes no Brasil acerca da educação especial para que se pudesse observar a sua fragilidade e indefinição sobre a direção a ser tomada com alunos especiais e disléxicos. O trabalho procurou trazer, sobretudo informações observadas no trabalho com disléxicos, propondo assim uma nova reflexão dos atuais moldes de ensino a alunos com dificuldades de aprendizagem.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE QUMICA

    COORDENAO DE CURSO DE LICENCIATURA EM QUMICA

    VANESSA GREZZI PINTO TEIXEIRA

    DISLEXIA: QUE CONTRIBUIES PODEM SER DADAS PARA FACILITAR

    O ENTENDIMENTO DOS CONCEITOS CIENTFICOS?

    NITERI

    2014

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    VANESSA GREZZI PINTO TEIXEIRA

    DISLEXIA: QUE CONTRIBUIES PODEM SER DADAS PARA FACILITAR

    O ENTENDIMENTO DOS CONCEITOS DA CIENTFICOS?

    Trabalho de Concluso de Curso apresen-

    tado Coordenao dos Cursos de Qumica

    da Universidade Federal Fluminense, como

    requisito obrigatrio para a obteno do Grau

    de Licenciado em Qumica.

    Orientadora: Prof. Lucida Gumares Rebello Coutinho

    Niteri

    2014

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    Verso da folha de rosto

    7,5cm X 12,5cm

    T266 Teixeira, Vanessa Grezzi Pinto

    Dislexia : que contribuies podem ser dadas para facilitar o

    entendimento dos conceitos cientficos? / Vanessa Gressi Pinto

    Teixeira. Niteri: [s.n.], 2014. 58f

    Trabalho de Concluso de Curso (Licenciatura em Qumica) Universidade Federal Fluminense, 2013.

    1. Ensino de qumica. 2 Dislexia. 3. Educao especial.

    4. Dificuldade de aprendizagem. I. Ttulo.

    CDD. 540.7

  • 3

  • 4

    As mos que ajudam so mais sagradas do que os lbios que rezam.

    (Madre Teresa de Calcut)

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho aos meus alunos que por

    anos estiveram junto a mim. Relao de

    professor e aluno que, com o tempo, tornou-se

    amizade.

    Dedico este trabalho tambm a todas as

    pessoas maravilhosas que encontrei ao longo

    da vida e que, de alguma forma, serviram de

    inspirao nessa caminhada.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Me Natureza meus agradecimentos por me

    conduzir sempre pelo melhor caminho da vida,

    levando-me ao vegetarianismo. Nele encontrei

    foras para no desistir dos meus sonhos.

    Maria do Carmo por ter ficado ao meu lado

    quando mais precisei.

    minha orientadora que, orientou-me em minha

    monografia.

  • 7

    SUMRIO

    Assunto Pgina

    Introduo ................................................................................................ 11

    Objetivo..................................................................................................... 12

    Captulo1: Instrucional ............................................................................. 14

    1.1 O que Dislexia ?.............................................................................. 14

    1.2 Porque trabalhar o tema Dislexia? ..................................................... 14

    1.3 Abordagem de Conceitos sobre Dislexia............................................ 15

    1.4 Tipos de Dislexia ................................................................................ 16

    1.5 Dislexia Visual .................................................................................... 16

    1.6 Dislexia auditiva.................................................................................. 18

    1.7 Disgrafia ............................................................................................. 19

    1.8 Um pouco de histria ......................................................................... 25

    Captulo 2: Referencial Terico ................................................................ 29

    2.1 Legislao vigente .............................................................................. 29

    2.2 Segundo teorias de Vygotsky e Alan Ross......................................... 30

    Captulo 3: Metodologia ........................................................................... 35

    3.1 Perfil do Aluno .................................................................................... 36

    3.2 Perfil Escolar ...................................................................................... 36

    Captulo 4: Resultados e Discusses ....................................................... 42

    4.1 Visitaes na escola ........................................................................... 42

    4.2 Mtodos desenvolvidos para o ensino................................................ 45

    Captulo 5: Concluso .............................................................................. 55

    Captulo 6: Referncias Bibliogrficas ..................................................... 57

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    LISTA DE FIGURAS

    Nome de Figura Pgina

    Figura 1: Figura representativa de dislexia. ............................................. 14

    Figura 2: Alunos que apresentam dislexia visual...................................... 18

    Figura 3: Teste realizado em aluna com dislexia auditiva........................ 19

    Figura 4: Redao escrita por um aluno com dislexia.............................. 20

    Figura 5: Aluna do terceiro ano apresentando escrita em espelho........ 21

    Figura 6: Dificuldade de transio de letra de forma para letra cursiva.... 22

    Figura 7: Equao do 1grau resolvida pelo aluno dislxico.................... 23

    Figura 8: Escrita de um aluno dislxico calculando nmero de oxidao

    do cromo.................................................................................. 23

    Figura 9: Regies de Broca e Wernicke................................................... 26

    Figura 10: Rua da escola por onde se do os acessos............................ 38

    Figura 11: Vista de cima dos blocos A e B ( esquerda).......................... 39

    Figura 12: IEPIC (bloco A)........................................................................ 39

    Figura 13: Professor Ismael Coutinho (terno preto) em visita ao IEPIC... 40

    Figura 14: Espao de leitura e atividades culturais................................... 40

    Figura 15: Ncleo de Apoio Pedaggico Especializado........................... 40

    Figura 16: Lista de atendimento do NAPES............................................. 41

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    RESUMO

    Atualmente a educao no Brasil vem passando por inmeras dificuldades,

    seguindo assim para um rumo desordenado que est apresentando. Tal situao

    gera implicaes presentes e futuras em nosso pas. Acredita-se que somente

    com uma boa educao o pas cresce. Infelizmente, professores e alunos hoje em

    dia encontram-se com extremo desinteresse. A educao precisa ser resgatada e,

    baseando-se neste ideal, este trabalho consiste na investigao da educao

    especial, com um enfoque nos distrbios de aprendizagem, j que estes alunos

    encontram-se marginalizados por uma educao que j se encontra em pssimas

    condies, sobretudo o ensino em instituies pblicas.

    Este trabalho aborda aspectos tericos da aprendizagem, apresentando as

    principais ideias do terico da educao Lev Semenovich Vygotsky, e tambm a

    percepo do psiclogo Allan O. Ross sobre dislexia.

    Baseando-se numa experincia de sete anos de trabalho com alunos

    dislxicos nos mais variados graus, comps-se esse trabalho, fazendo-se deste

    um guia que traz os principais tipos de dislexia, com exemplos encontrados em

    salas de aula, demonstrados pelos seus professores. Um histrico da dislexia

    tambm apresentado como uma forma de compreenso da evoluo de sua

    descoberta e complexidade.

    Achou-se importante apresentar as atuais legislaes vigentes no Brasil

    acerca da educao especial para que se pudesse observar a sua fragilidade e

    indefinio sobre a direo a ser tomada com alunos especiais e dislxicos.

    O trabalho procurou trazer, sobretudo informaes observadas no trabalho

    com dislxicos, propondo assim uma nova reflexo dos atuais moldes de ensino a

    alunos com dificuldades de aprendizagem.

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    ABSTRACT

    Currently education in Brazil has been undergoing many difficulties, so heading for

    a disorderly course that is presenting. This situation has implications present and future

    in our country. It is believed that only through an education the country grows.

    Unfortunately, teachers and students today find themselves with extreme disinterest.

    Education needs to be rescued and, based on this ideal, this work is the investigation of

    special education, with a focus on learning disabilities, since these students are

    marginalized by an education that is already in poor condition, especially teaching in

    public institutions.

    This paper discusses theoretical aspects of learning, presenting the main ideas of

    education theorist Lev Semenovich Vygotsky, and also the perception of the psychologist

    Allan O. Ross on dyslexia.

    Based on an experience of seven years of working with dyslexic students, to

    varying degrees, this work was composed, by making this a guide that brings the main

    types of dyslexia, with examples found in classrooms, demonstrated by their teachers . A

    history of dyslexia is also presented as a way of understanding the evolution of his

    discovery and complexity.

    Thought it important to present the current laws in force in Brazil about the special

    education so that they could observe their fragility and uncertainty about the direction

    being taken with special and dyslexic students.

    The work sought to bring, especially information observed in working with dyslexic,

    thus proposing a new reflection of the current patterns of teaching students with learning

    difficulties.

  • 11

    INTRODUO

    No Brasil, vem crescendo nos ltimos anos o discurso em prol da educao

    inclusiva com base no lema Educao para todos. Nesse contexto, a Educao

    Especial, que historicamente foi responsabilizada pela educao de indivduos

    com deficincias, distrbios graves de aprendizagem e /ou comportamento, vem

    ganhando maior visibilidade nos debates polticos e educacionais.

    Os fundamentos terico-metodolgicos da incluso escolar centralizam-se

    numa ideia de educao de qualidade para todos no que diz respeito s

    diversidades dos educandos. Portanto, em face das mudanas propostas, a

    educao est em transio para alcanar novas metas e, cada vez mais,

    percebe-se a importncia da preparao de profissionais e educadores para o

    atendimento das novas necessidades educativas.

    Estudos mostram que o sucesso da interveno do professor na sala de aula

    depende da implementao de amplas mudanas nas prticas pedaggicas

    (oDonoghue e Chalmers, 2000), quais sejam: novas estratgias, adaptao ou

    reconstruo de currculos e etc.

    importante que de fato haja empenho nesse trabalho para se alcanar a

    proposta. Essa nova formao-capacitao implica num processo contnuo

    (Sadalla, 1997). A formao do docente no deve se restringir participao do

    professor em apenas cursos eventuais. Precisa abranger programas de

    capacitao de forma integrada e permanente. Em El mito de La Dislexia, de

    Hugo J.Bima e Cristina Schiavoni (1980), os autores citam que a dislexia j foi

    intitulada como a doena do sculo, em um trabalho sobre dislexia realizado pelos

    mdicos Roger Mucchielli e Arlett Boucier (Lexique de La psychologie, Frana,

    1969). Portanto, observa-se a urgncia da necessidade de se tomar uma direo

    qualitativa e quantitativa do ensino dessa populao de alunos com dificuldades

    de aprendizagem, que no pequena.

    Hugo J.Bima e Cristina Schiavoni, (1980), explicam que a criana, ao tornar-

    se estudante, iniciar uma etapa de transio entre o lar e a escola: uma etapa de

  • 12

    adaptao ou inadaptao a essa nova estrutura. Estrutura essa que apresentar

    normas, exigncias, relaes sociais, etc, sendo de vital importncia para a

    formao da personalidade do aluno. Um fracasso ou inadaptao nesse perodo

    evolutivo poder trazer danos. Assim, devemos ter muito cuidado com os alunos

    na primeira infncia, pois isso poder acarretar-lhes problemas futuros, como

    explicam os autores adiante, ao explicitarem que uma inadaptao na primeira

    fase escolar poder gerar o complexo do fracasso. Esse complexo do fracasso

    poder causar transtornos de aprendizagem, condicionamento escolar negativo,

    indisciplina, agitao, ansiedade, sentimento de culpa, transtornos de

    personalidade ou sentimento de inferioridade e desvalorizao do eu.

    Porm, Hugo J. Bima e Cristina Schiavoni alertam que esses casos de

    complexo do fracasso no devem ser confundidos com a dislexia, na qual o

    indivduo nasce com uma limitada capacidade de aprendizagem em determinadas

    reas de aprendizagem. Por isso esse trabalho entende a importncia de se

    formarem educadores capacitados para trabalhar com a diversidade da sala de

    aula.

    Objetivo:

    Teve-se por objetivo geral mostrar a importncia do conhecimento sobre a

    Dislexia, para que, a partir dele, pudesse se desenvolver tcnicas de ensino que

    proporcionassem um melhor atendimento aos alunos com dislexia.

    Dentro dos objetivos especficos destacam-se os seguintes tpicos:

    Investigar e estudar a dislexia;

    Desenvolver mtodos de ensino para alunos com dificuldades de

    aprendizagem;

    Analisar o aluno dislxico em seu comportamento, raciocnio, etc;

    Criar ambientes de estudo fora da sala de aula;

    Mostrar a importncia da participao da famlia no processo de

    aprendizagem deste aluno;

    Aplicar uma metodologia alternativa para facilitar o ensino-

    aprendizagem;

  • 13

    Incentivar escolas e professores a se capacitarem para atender de

    forma eficaz este aluno;

    Destacar a importncia das universidades, que formam profissionais na

    rea de educao, a inserirem a questo da educao especial a fim

    de que possa haver o oferecimento de cursos e oficinas de capacitao

    em educao especial em geral e sobre dislexia em especial.

    .

  • 14

    CAPTULO 1

    INSTRUCIONAL

    Neste Captulo procurou-se abordar tpicos sobre Dislexia, para que o

    conhecimento sobre o tema fosse ampliado.

    1.1 - O que Dislexia?

    Algumas reas do crebro so responsveis pela compreenso da

    linguagem. Ocorre, porm, que pessoas dislxicas possuem alguma m formao

    em uma ou mais reas do crebro, como Giro angular, Giro supramarginal, rea

    de Broca, crtex auditivo primrio, acarretando as dificuldades de aprendizagem.

    Estas podem se manifestar na dificuldade na rea da leitura, alm de outras

    dificuldades como menor capacidade de armazenamento de informaes,

    percepo falha de dimenses (volume, tamanho, distncias), inabilidade com

    nmeros, menor agilidade de raciocnio, percepo alterada de smbolos (letras e

    nmeros) e sons. (Enciclopdia livre, Wikipdia).

    Figura 1: Figura representativa de dislexia. (Fonte: Wikipdia)

    1.2- Por que trabalhar o tema Dislexia?

  • 15

    H muito tempo os educadores vm enfrentando diversas dificuldades em

    administrar aulas para um pblico cada vez mais heterogneo. Durante muitos

    anos os educadores sabem que milhares de estudantes no alcanam o nvel de

    rendimento correspondente ao grau que cursam. As porcentagens do fracasso

    variam de acordo com o entusiasmo do professor, a modernidade da metodologia

    aplicada e vrios outros fatores intervm no processo de ensino e aprendizagem

    (Jordan, R.Dale, 1975).

    Cerca de 10 a 15 % da populao em idade escolar apresenta inabilidade

    no manejo dos sinais (dislexia) e, por falta de conhecimento do educando em

    reconhecer a dislexia, professores, escola, demais alunos e familiares tratam esse

    aluno dislexo como uma pessoa burra". Por toda a vida este aluno passa, ano

    aps ano, sem suporte escolar e familiar adequados, sendo quase sempre

    aprovado nas disciplinas sem que tenha alcanado o aproveitamento mnimo

    necessrio. Esse educando normalmente encarado por muitos professores

    como um aluno sem perspectiva".

    No entanto, sabe-se que com mtodos adequados, suporte nas escolas e

    apoio da famlia este aluno consegue obter um aproveitamento considervel,

    resgatando com isso sua confiana, sua alegria e oferecendo a ele uma

    verdadeira condio de aprendizagem e capacitao.

    1.3- Abordagem de Conceitos sobre Dislexia

    Muitos profissionais vm tentando definir essa deficincia educacional. Entre

    as diversas definies e filosofias, existem diferenas notveis (Orton Samuel-

    1925). Inicialmente foi designada pelo termo estrefosimbolia, por Rudolf Berlin,

    em 1887. O termo estrefosimbolia faz referncia a smbolos distorcidos. Mas

    adiante tambm tambm passou a ser conhecida como alexia, termo utilizado

    para designar a misteriosa incapacidade de pessoas inteligentes em reconhecer

    palavras impressas, tambm conhecida como cegueira para as palavras.

    Outros termos mais recentes tambm so conhecidos como disfuno

    cerebral mnima (Clements, 1966) e dislexia especfica, que faz referncia s

    pessoas com incapacidade crnica para a leitura: agrafia e disgrafia, para

    alteraes na escrita; agnosia e disgnosia, para a incapacidade de recordar

  • 16

    fatores especficos da linguagem; acalculia e discalculia, para a percepo

    aritimtica deficiente.

    1.4- Tipos de Dislexia

    Em La Dislexia En El Aula (Jordan, R.Dale, 1975), o autor menciona trs

    faces da dislexia, fazendo referncia aos trs tipos mais comuns de dislexia

    observados: a dislexia visual, a dislexia auditiva e a Disgrafia.

    O autor comenta que as metodologias tradicionais de ensino em sala de aula

    se do partindo-se do pressuposto de que todos os alunos dominam as trs

    classes de linguagem: as udio-orais (utilizadas para falar e escutar); os

    impressos (empregados para ler); e os smbolos da escrita. Com isso, os

    professores esperam que todos os seus alunos possam, automaticamente,

    escrever da esquerda para a direita e de cima para baixo. Logo, os alunos que se

    desviam desse padro estariam fora do esperado. Porm, o autor questiona se

    estes conceitos estabelecidos seriam a nica forma correta.

    1.5- Dislexia Visual

    O tipo mais comum de dislexia a visual. Nela, ocorre uma inabilidade para

    captar o significado dos smbolos da linguagem impressa. A dislexia visual no

    est relacionada com a viso em si. Pessoas com deficincias visuais no so

    necessariamente dislxicas, j que apenas apresentam perda de viso. Mas, pelo

    contrrio, a maioria das pessoas que apresentam dislexia visual obtm resultados

    que esto dentro do normal nos testes de viso. A dislexia no resulta numa viso

    deficiente, resulta na impossibilidade de interpretar com preciso o que se v.

    A maioria dos que sofrem de dislexia visual percebem algumas letras

    invertidas. Por exemplo, a parte de cima de uma palavra voltada para baixo e a

    direita voltada para a esquerda. Para essas pessoas, a leitura de palavras inteiras

    em uma frase ocorre com grandes dificuldades. Como conseqncia, este aluno

    evita ler sempre que pode. Devido a essa percepo alterada, essas pessoas se

    veem obrigadas a trabalhar com grande lentido. Em termos de comparao, um

    aluno que no apresenta dislexia pode assimilar um determinado texto em trs

    minutos. J o aluno que apresenta dislexia visual poder levar, no mnimo, quinze

  • 17

    minutos. Com a constante exigncia de rapidez no processo da leitura e da

    escrita por parte do professor, este aluno dislxico se v constrangido por nunca

    atingir o esperado pelo professor. Com isso, alm da dificuldade natural que este

    aluno apresenta, soma-se tambm o complexo do fracasso (El Mito de la

    Dislexia-1980).

    Dos trs tipos de Dislexia, Dale R.Jordam, (1975) relata que a Dislexia Visual

    a mais fcil de se corrigir, j que na dislexia visual pode-se identificar os

    diferentes sons da linguagem oral e os reproduzir oralmente. O problema,

    segundo o autor, est em superar a inabilidade para visualizar smbolos

    impressos em sequncia ou posio correta. Dale R.Jordam (1975) acredita que a

    presso exercida pelo professor, em prol do contnuo aumento de velocidade e

    produo, seja o pior inimigo do aluno dislxico. O autor destaca ainda que no

    h, na conduta de alunos com dislexia, um padro caracterstico rgido de forma

    que se possa diagnosticar a Dislexia. Ele alerta tambm que a dislexia no deve

    ser confundida com alunos com desinteresses nos estudos, j que a maioria das

    crianas e adolescentes normalmente passa por uma fase de desinteresse e mal

    rendimento. Portanto, para se confirmar a existncia da dislexia necessrio

    identificar uma srie de condutas caractersticas. Logo, apenas quando se

    diagnostica uma srie inconfundvel de falhas perceptivas que se poder afirmar

    que se trata de um aluno dislxico.

    O prprio professor se estiver atento, poder observar o seu aluno e

    encaminh-lo uma pessoa competente para fazer o diagnstico. Na dislexia

    visual existem casos em que a pessoa no recorda a prpria data de nascimento.

    Jordan R. Dale (1975) apresenta em seu livro Dislexia en el Aula dois registros

    de alunos com dislexia visual. O primeiro aluno tem dez anos de idade e est no

    quarto ano. Nesse registro o aluno tenta reproduzir letras e nmeros escritos por

    seu professor. Porm, observa-se a dificuldade desse aluno em receber as

    informaes no seu crebro de forma correta.

    No segundo registro, o aluno observado possui quase nove anos de idade e

    est no terceiro ano. Neste registro tambm observa-se a confuso desse

    educando para receber informaes impressas de forma correta. Nota-se isso

    atravs do registro no qual possvel perceber inverso de letras, letras sendo

    confundidas com nmeros, etc.

  • 18

    Na figura 2, pode-se observar a escrita de alunos que apresentam dislexia

    visual.

    Figura 2: Alunos que apresentam dislexia visual.

    (Fonte:La Dislexia en el Aula,1975)

    1.6- Dislexia Auditiva

    Na Dislexia Auditiva existe uma inabilidade para perceber os sons separados

    (descontnuos) da linguagem oral e, segundo Dale RJordam, o tipo de dislexia

    mais difcil de corrigir. A Dislexia Auditiva guarda pouca relao com a acuidade

    auditiva, com a maioria dos dislxicos auditivos possuindo uma faculdade de

    audio normal.

    Nesse tipo de Dislexia, a pessoa no consegue identificar diferenas sutis

    entre os sons das vogais ou consoantes, tornando-se difcil associar sons

    especficos com as respectivas palavras ou smbolos impressos. Como

    consequncia, a pessoa possui grande dificuldade para soletrar e escrever. Para

    o autor de La Dislexia en el aula (Dale R.Jordan, 1975) o ensino da fontica

    tradicional praticamente carece de sentido para tais pessoas que sofrem de

    Dislexia Auditiva, pois estas pessoas possuem dificuldade justamente em

  • 19

    identificar as variaes descontnuas dos sons da linguagem oral e, portanto,

    regras e generalizaes fariam pouco sentido a elas. Dale R. Jordan traz, em seu

    livro, um registro de um teste realizado em uma aluna com dislexia auditiva por

    seu professor. Acompanhe pela figura 3 o resultado desse teste.

    Figura 3: Teste realizado em aluna com dislexia auditiva.

    (Fonte: La Dislexia em el Aula, 1975)

    Observa-se que raramente a aluna percebe diferena entre palavras com

    diferenas de pronncia sutis.

    1.7- Disgrafia

    A Disgrafia a inabilidade para coordenar os msculos das mos e dos

    braos para escrever de maneira legvel. Em muitos casos, alunos brilhantes

    apresentam uma nota baixa nas provas devido ao fato de os professores no

    conseguirem entender suas respostas. A escrita nesse caso apresenta-se de

    forma confusa e com palavras em garranchos. Essa classe de dislxicos

  • 20

    apresenta dificuldade em aprender a escrever de maneira legvel, ainda que

    certos exerccios de escrita possam aumentar a legibilidade de sua grafia.

    Porm, a caracterstica central da Disgrafia a dificuldade que o estudante

    sofre para recordar-se de como formam-se determinadas letras. Dale R. Jordan

    (1975) traz alguns exemplos em Dislexia en el aula de alunos com grafia

    bastante confusa e, muitas vezes, curiosa. Na figura 4, observa-se uma redao

    de um aluno disgrfico.

    Figura 4: Redao escrita por um aluno que apresenta disgrafia.

    (Fonte: La Dislexia en el Aula, 1975)

    Sua redao diz: "e do bosque saiu um grande urso. O urso correu at Tim e

    Tim se escondeu atrs da rvore e agarrou sua vasilha com o almoo e o fez um

    golpe ao urso. Fim.

  • 21

    Agora, discorreremos um caso peculiar de Disgrafia. Dale R.Jordan (1975)

    traz um caso bem singular de dislexia, observado por uma professora do terceiro

    ano. Sua aluna inteligente, chama-se Vanessa. Porm, observe na figura 5

    como ela escreve as palavras ao ouvir o ditado de sua professora, apresentando

    escrita em espelho.

    Figura 5: Aluna do terceiro ano apresentando escrita em espelho.

    (Fonte: La Dislexia en el Aula, 1975)

    A aluna Vanessa apresenta um tipo bem curioso de Dislexia, conhecido

    como escrita em espelho. Nota-se que a aluna escreve as palavras de trs para

    frente, inclusive seu nome. Entretanto, ela escreve os nmeros quase todos

    corretamente, com a exceo do nmero 6. Nesse tipo de Disgrafia, a pessoa

    poder apresentar reflexo total ou parcial das palavras.

    Jordan R. Dale (1975) apresenta em seu livro outro tipo de dificuldade

    encontrado por alunos dislxicos: a passagem da letra de forma para a letra

  • 22

    cursiva. Estes alunos apresentam uma maior dificuldade em fazer essa transio

    da forma das letras, como mostrado na figura 6, no trabalho de uma aluna do

    quarto ano que apresenta Disgrafia.

    Figura 6: Dificuldade de transio de letra de forma para letra cursiva.

    (Fonte: La Dislexia en el Aula, 1975)

    Apesar de terem sido apresentados os trs tipos de Dislexia

    separadamente, Jordan R. Dale (1975) relata que so muito raras as ocasies em

    que um aluno apresenta uma s forma de Dislexia. Geralmente a Dislexia visual

    encontra-se associada dislexia auditiva, o que torna a tarefa do docente ainda

    mais complexa. Portanto, o autor avisa que, quanto mais cedo for identificada a

    Dislexia, maior sero as chances de melhora, se este aluno tiver

    acompanhamento e suporte adequados.

    Nesse trabalho com alunos dislxicos pode-se notar que algumas dessas

    dislexias encontravam-se associadas Acalculia, uma dificuldade no

    reconhecimento dos sinais matemticos, isto , uma dificuldade extrema com

  • 23

    nmeros e clculos. Nas figuras 7 e 8, pode-se observar um rascunho de um

    aluno com Acalculia na aula de Qumica.

    Figura 7: Equao do 1grau resolvida pelo aluno dislxico.

    Figura 8: Escrita de um Aluno dislxico calculando nmero de oxidao do Cromo.

  • 24

    Suzanne Borel Maisonny (1960) em seu livro Langage oral et crit (Paris),

    ao descrever a percepo de um aluno com Acalculia em relao aos nmeros,

    lembra-nos que, em uma linguagem corrente, um termo que designa um nmero

    inclui conjuntamente outras noes e no se apresentam em um estado puro. Por

    exemplo, ao se dizer trs horas isto pode remeter a uma noo de durao (como

    algum que dirigiu por trs horas o seu carro) ou pode remeter a uma ideia de

    representao do tempo (ele chegou s trs horas da manh). O mesmo pode-se

    depreender quando dizemos 3 de agosto, que apenas compreensvel atravs da

    quantidade e do conhecimento dos dias, dos meses e dos anos. J trs metros

    implica em uma medida linear do espao.

    Para quem no possui acalculia, a ideia de nmero associada a outros

    conceitos combinados com tempo, espao ou movimento algo de extrema

    simplicidade. Porm, ao aluno com acalculia deve-se ensinar as combinaes de

    nmeros em si, e chegar-se a ideia de nmero separadamente do tempo, do

    espao, da forma, do tamanho, etc.

    Em seguida, a autora traz um dilogo entre duas crianas, Suzanne (8 anos)

    e Jean (4 anos, e que sabe contar os nmeros). Suzanne e Jean conversam

    sobre o Futuro. Quando Jean diz assim: Sim, voc tem o dobro, mas quando eu

    tiver 50 anos, voc ser velha, bem velha, voc ter 100 anos

    Uma forma de detectar se um aluno dislxico se d por meio da

    observao deste. O professor deve estar atento aos seus alunos em sala de

    aula. Uma escrita extremamente lenta, uma letra ilegvel ou formas peculiares de

    escrita, como a escrita em espelho, inverso de smbolos, escrita em agregados,

    como os casos trazidos por Dale R.Jordan (a palavra lida pelo aluno : EDITION,

    porm o aluno escreve: EDISHON). Existem tambm os casos de omisses (a

    palavra lida pelo aluno RAISE, porm ele escreve RASE). Dificuldade em

    distino de palavras parecidas, interpretao de textos ou extrema dificuldade

    com nmeros so algumas das possveis formas da dislexia. Entretanto, somente

    um profissional da rea mdica poder fazer o diagnstico para identificar a real

    condio do aluno. Porm, cabe ao professor auxiliar este profissional,

    descrevendo toda dificuldade apresentada pelo aluno em questo.

  • 25

    1.8- Um pouco de Histria

    Um blog francs de dislexia Dysmoi, que aborda informaes sobre dislexia

    e oferece comunicao entre pessoas para que possam se ajudar, tambm traz

    uma abordagem histrica da dislexia. Em Historique de la Dyslexie, publicao

    deste blog, traz muitas informaes a respeito de toda a trajetria at se chegar

    ao conceito formado atualmente sobre dislexia.

    A publicao nos conta que dislexia foi um termo criado em 1887 por Rudolf

    Berlin (oftalmologista), na Alemanha, para descrever a incapacidade de ler

    observada em algumas pessoas. A palavra vem do grego e exprime a dificuldade

    com as palavras. Em 1891, Jules Dijerine descreve, pela primeira vez, uma

    sndrome de desconexo inter-hemisfrica. Jules atuou com adultos que antes

    sabiam ler, mas que perderam essa capacidade aps uma leso cerebral sofrida

    (denominada "dislexia adquirida). Dez anos antes, Oswald Berkhan (mdico

    alemo), j falava em cegueira verbal, face a jovens e crianas que

    apresentavam dificuldades na leitura e na escrita, sem portanto quaisquer outras

    capacidades intelectuais alteradas.

    Em 1896, W. Pringle Morgan (mdico irlands) falava em cegueira verbal

    congnita e, em 1917, Hinshelwood sups que este problema estava ligado a

    uma falta de funes cerebrais religada memria visual das palavras que

    observou em crianas inteligentes, porm incapazes de aprender a ler. Descobriu-

    se no se tratar de uma questo de inteligncia. Comeou ento a orientar-se o

    problema para uma origem visual, sem encontrar, portanto, uma explicao para

    as numerosas inverses nas letras.

    Considera-se que o primeiro estudo cientfico foi realizado por Paul Pierre

    Broca (mdico francs), quando este publicou os resultados da autpsia de um

    paciente afsico (perturbao da formulao e compreenso da linguagem), em

    1861. Broca descreveu com preciso o local da leso cerebral em causa, ficando

    conhecida como regio de Broca. Esta regio do crebro provoca os aspectos

    motores da linguagem, a produo e articulao das palavras. Essa regio a

    responsvel pela programao do movimento necessrio pronunciao, sendo

    considerada como uma regio que trata das informaes, portanto o alvo a

    coordenao dos movimentos que implicam na fala.

  • 26

    Alguns anos mais tarde, Carl Wesnicke (neurologista polons) em 1876,

    tratando de pacientes afsicos, colocou em evidncia uma outra zona, que ficou

    conhecida como regio de Wesnicke. Esse outro local responsvel pela

    compreenso oral e escrita. Este local constitui-se em uma rea de

    armazenamento , representando possivelmente a audio das palavras, pois a

    linguagem uma funo lateralizada do crebro.

    hemisfrio esquerdo para os direitos

    hemisfrio direito para os esquerdos

    Essa proximidade com o crtex motor propicia associar as funes motrizes

    e as funes da linguagem, como a fala com a linguagem dos signos. A regio de

    Wesnicke conectada regio de Broca. Na figura 9 mostrado o desenho de

    um crebro com essas regies assinaladas.

    Figura 9: Regies de Broca e Wernicke (Fonte: Wikipdia)

    Naquela poca pensava-se ser a leitura um processo estritamente visual. Em

    1925, Samuel T.Orton (neurologista americano) descreve a confuso visual de

    letras prximas a qual ele chamou de strephosymbolia (sinais confusos). Ele

    escreve que esta dificuldade de ler no seria um problema visual. Orton

    acreditava ser um problema relacionado a uma assimetria do crebro e que seria

    causado porque um hemisfrio no dominara suficientemente o outro.

    Samuel T. Orton tambm foi influenciado pelos trabalhos de Helen Keller

    (surda, cega e muda que obteve diploma universitrio) e Grace Fernald (precursor

  • 27

    da pesquisa do ensino da recuperao da leitura). Em sua pesquisa, Fernald

    procurou uma forma de ensinar a leitura utilizando ao mesmo tempo as funes

    cerebrais do lado direito e esquerdo. Orton, em seguida, trabalhou com a

    psicloga Anna Gillingham no estabelecimento de um modelo educativo

    apropriado, modelos os quais levaram aos primeiros mtodos de educao multi-

    sensorial.

    Nos anos 70 ocorre uma renovao nos estudos da dislexia ao emergirem

    cientistas cognitivos, como Piaget e os neurocientistas. Durante esses anos, os

    trabalhos de Isabelle Liberman estabeleceram que a leitura se antecede em

    relao linguagem escrita com a linguagem oral.

    Em 1985, Richard Alson questionou o fato de que famlias tocadas pela

    dislexia muitas vezes apresentavam vrios membros dislxicos. Alson realiza

    ento uma comparao entre gmeos univitelinos e bivitelinos e descobre uma

    certa forma de aptido gentica para a leitura. A diferena entre os gmeos

    verdadeiros (univitelinos) e os falsos (bivitelinos) parece desaparecer quando a

    comparao se faz em aptides lxicas. O estudo, portanto, sugere uma origem

    gentica para a dislexia. No mesmo ano, Vogler (1985) efetuou uma probabilidade

    de risco de uma ascendncia dislxica gerar crianas com dislexia, e os

    resultados foram:

    Para um menino: 40% de chances de ter um pai dislxico e 35 % de ter

    uma me dislxica;

    Para uma menina: 17 % de chances de ter um pai dislxico e o restante de

    ter uma me dislxica.

    Em 1988, Petersen mostra que existe uma diferena de ativao entre a

    leitura em voz alta e a palavra escrita, sendo Petersen o primeiro a testar atravs

    do PET Scan(Tomografia de Emisso de Psitron), aparelho que mede a taxa de

    glucose nas clulas do crebro durante sua atividade, as zonas cerebrais

    implicadas: regio frontal inferior esquerda e rea temporal posterior esquerda.

    Ao final dos anos 90, a direo gentica ganha fora. Norman Geschwind

    observa que os casos de dislexia de causa gentica deveriam tambm ser

    pesquisados igualmente a outros problemas de antecedentes familiares. Os

  • 28

    pacientes dislxicos falam ento de enxaqueca, alergia, problemas de tireide e

    mostram uma ligao inesperada entre desajeitamento (ou pessoa desastrada) e

    essas patologias.

    No dia 7(sete) de maio de 1997 a Dislexia entrou para a classificao de

    doenas genticas.

  • 29

    CAPTULO 2

    REFERENCIAL TERICO

    A referida pesquisa teve como fundamentao terica a legislao que

    norteia a Educao brasileira e dois tericos da Aprendizagem, Vygotsky e Alan

    Ross, para abordagem de aspectos neurolgicos dos distrbios de aprendizagem.

    2.1-Legislao Vigente

    Pela Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9.394/96(Brasil), Art. 2, A educao,

    dever da famlia e do Estado(...), tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

    educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o

    trabalho. Em consonncia, a lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da

    Criana e do Adolescente ECA), Art. 53, incisos I,II e III (Brasil, 1990) cita:

    a criana e o adolescente tm o direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio de sua cidadania e qualificao para o trabalho, assegurando-lhes: I- igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola; II- direito de ser respeitado pelos seus educadores; III- direito de contestar critrios avaliativos, podendo recorrer s instncias escolares superiores.

    Ainda a LDB, no seu art.4, inciso III (Brasil, 1996) diz que o dever do

    Estado, com a educao escolar pblica, ser efetivado mediante a garantia de

    atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

    necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. A mesma

    LDB (Brasil,1996), Art.12- Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas

    comuns e as do seu sistema de ensino tero a incumbncia de:

    Elaborar e executar sua proposta pedaggica;

    V- prover meios para a recuperao dos alunos de menor rendimento; VI- articular-se com as famlias e a comunidade, criando processos de integrao da sociedade com a escola(...) e no art.13- os docentes incumbir-se-o de III- zelar pela aprendizagem dos alunos; IV- estabelecer estratgias de recuperao para os alunos de menor rendimento; VI- colaborar com as atividades de articulao da escola com as famlias e comunidade.

  • 30

    J no Senado Federal foi aprovado um Projeto de Lei, N 7081/2010, em

    05/06/2013, que dispe sobre o diagnstico e tratamento da dislexia e tambm do

    transtorno do dficit de ateno na educao bsica. A relatora do referido projeto

    era a ento deputada Mara Gabrili. Gabrili (2013) defendeu o projeto durante a

    votao:

    O que o projeto traz uma poltica pblica para dislexia, transtorno de dficit de ateno e hiperatividade, e outros que tambm possam apresentar outros distrbios de aprendizagem. (...) Eu acredito que a aprovao desse projeto iria trazer muito ganho para a educao brasileira. Tem-se exemplos fora do Brasil, com mais de 190 pases, que apresentam poltica pblica para a dislexia e TDAH(Transtorno do Dficit de Ateno com Hiperatividade). (....) Acredita-se , principalmente depois de relatar esse projeto, que seja difcil existir problemas de aprendizagem, existem problemas sim, na forma de ensinar, porque todo aluno tem alguma capacidade de aprender.

    2. 2- Segundo teorias de Vygotsky e Alan Ross

    Escolheu-se como referencial terico para este trabalho Lev Semenovich

    Vygotsky e Allan O. Ross, considerando-se assim possibilitar um melhor

    entendimento de assuntos ligados s teorias de aprendizagem que Vygotsky

    aborda e aspectos neurolgicos dos distrbios de aprendizagem em que Allan O.

    Ross nos traz.

    Lev Semenovich Vygotsky nasceu na Bielo-Rssia, no ano de 1896, e

    morreu em 1934. Graduou-se na Universidade de Moscou, com aprofundamento

    em literatura, realizando estudos tambm nas reas da Medicina e Direito,

    desenvolvendo trabalhos nas reas de aprendizagem escolar, infncia e

    educao especial.

    Na teoria de Vygotsky (1930) o desenvolvimento de uma pessoa faz-se

    desde o incio de sua vida, num processo de aquisio de significados culturais

    que esto sua volta. Para Vygotsky, esse desenvolvimento se faz em dois

    aspectos diferentes. O primeiro aspecto tratado por ele seria o das funes

    elementares (memria imediata, ateno no voluntria, percepo natural, etc.).

    J o segundo aspecto seria o das funes superiores (memria voluntria,

  • 31

    ateno consciente, imaginao criativa, linguagem, pensamento conceitual,

    dentre outros). As primeiras, Vygotsky considera que so de origem biolgica e

    seriam uma espcie de extinto natural, sendo inclusive observadas em animais de

    outras espcies. Porm, com a interao com o ambiente social, o indivduo sofre

    uma evoluo das funes psicolgicas com a aquisio e domnio dos

    significados culturais, o que representa um avano na forma de raciocnio do

    indivduo. Portanto, para Vygotsky, ocorre uma evoluo no linear em relao

    aos animais de outras espcies, que se limitam evoluo biolgica. Nesse

    sentido, a linguagem e as interaes sociais atuam na formao da conscincia

    humana.

    No conceito de aprendizagem de Vygotsky (1930) ocorre um intercmbio

    social, no qual a dimenso do que se aprende depende da dimenso de como se

    ensina. Portanto, esse conceito de aprendizagem (ao de aprender) est

    intimamente associado forma como foi ensinado, ou seja, resultado da interao

    com o outro (professor ou pessoa que ensina).

    Vygotsky divide a aprendizagem de conceitos em dois tipos: os espontneos

    e os cientficos. Na aprendizagem espontnea, os conceitos so adquiridos em

    situaes do dia-a-dia e so conceitos de aplicao prtica, como por exemplo

    para que serve o martelo, etc. J na aprendizagem cientfica, os conceitos

    adquiridos so por meio de explicaes com base cientfica, como uma resoluo

    de uma equao matemtica, por exemplo. Porm, Vygotsky compreende que

    tais aprendizagens so complementares e caminham juntas, sendo necessrio,

    portanto, uma experincia com um conceito espontneo para de fato entender um

    conceito cientfico.

    Vygotsky tambm aborda questes que esto na origem das dificuldades de

    aprendizagem. Por exemplo, uma criana, pela atividade espontnea, sabe o

    nome de seus pais e familiares. Entretanto, a escrita formal desses nomes exige

    habilidades que envolvem mecanismos de abstraes, que j podem representar

    um obstculo para crianas com dificuldades de aprendizagem. Em sua

    concepo de ensino, Vygotsky diz que ao se introduzir novos conceitos a um

    aluno em uma Escola, por exemplo, deve-se ter o cuidado em perceber a

    existncia de um limiar mnimo para o incio desse contedo. Isto , deve-se

    saber quando este aluno est pronto para receber aqueles novos conceitos a

  • 32

    serem ensinados. Assim, o aprender est intimamente associado ao

    reconhecimento das potencialidades e diferenas dos alunos.

    As descobertas de Vygotsky sobre o processo de formao das estruturas

    psicolgicas revelam que a atividade intelectual de uma pessoa no se faz por

    meios mecnicos e nem sob imposio do outro, mas ao contrrio, processa-se

    de forma natural, atravs de interaes e de vontade prpria.

    J o outro terico mencionado, Allan O. Ross foi professor de psicologia da

    State University of New York at Stony Brook, e publicou seu livro Aspectos

    Psicolgicos dos Distrbios da Aprendizagem e Dificuldades na Leitura no ano

    de 1979.

    Ross (1979) relata em seu livro um pouco do desenvolvimento histrico,

    analisado ao longo de algumas dcadas, em pessoas portadoras de distrbios de

    aprendizagem. Nesses relatos, o autor cita Kurt Goldstein (Alemanha), no perodo

    que precedeu a Primeira Guerra Mundial. Kurt estudou sequelas provocadas por

    leses cerebrais sofridas por soldados alemes, vindo Kurt a descobrir que tais

    indivduos (vtimas de srias leses na cabea) adquiriam uma incapacidade de

    ocupar-se de conceitos abstratos, passando ento a apresentar dificuldades na

    diferenciao entre uma figura e seu plano de fundo, por exemplo.

    J no incio da dcada de quarenta, Alfred A. Strauss e Heinz Werner (1942),

    estudaram crianas com leses cerebrais. Strauss e Heinz aplicaram nestas

    crianas testes com figuras em alto-relevo e, como tal experimento exigia das

    crianas habilidades motoras e perceptivo-motoras, observou-se a partir de ento

    perturbaes perceptivo- motoras, que atualmente so relacionadas aos

    distrbios de aprendizagem. O autor cita tambm Newell C. Kephart e William C.

    Cruickshank, que haviam sido colaboradores, na juventude, de Strauss e

    acabaram tornando-se pioneiros no campo hoje conhecido como distrbio de

    aprendizagem.

    O autor Allan O. Ross conta-nos que Kephart dedicou-se investigao e

    estudo de alunos com dificuldades de aprendizagem e aprendizes lentos na sala

    de aula, frase utilizada como ttulo de seu livro, lanado em 1971. Kephart (1971)

    defendeu que sendo as habilidades motoras essenciais para o desenvolvimento

    perceptivo e que o desenvolvimento perceptivo precede a aprendizagem

    conceitual, os processos motor e perceptivo devem ser fortalecidos.

  • 33

    Allan O. Ross (1979) ainda explica que no existem meios de se testar o

    potencial de aprendizagem de uma criana, sendo, portanto, difcil a comprovao

    das alteraes na capacidade de aprendizagem de um indivduo. Porm, o autor

    nos conta que alguns psiclogos da poca adotaram instrumentos, tais como o

    ITPA, no qual se avalia a habilidade no uso da linguagem. Entretanto, o autor

    afirma no confiar nesse mtodo, pois estudos da poca apontaram ser um

    mtodo contraditrio e no conclusivo, ainda que fosse um mtodo muito popular

    e bem aceito por uma grande parte de estudiosos. Allan Ross considera ainda

    que o campo terico dos distrbios de aprendizagem longo, porm curto, na

    prtica. Ele destaca ainda algo de extrema importncia para se refletir sobre o

    atual modelo de incluso escolar aplicado no Brasil. O autor sinaliza que as

    crianas portadoras de distrbios de aprendizagem no so incapazes de

    aprender, entretanto precisam de ajuda especial e individualizada.

    Sobre a origem dos distrbios de aprendizagem, o autor acredita, baseado

    em tudo que estudou e observou, ser melhor no guardar grandes relaes com

    os casos de leses cerebrais (paralisia cerebral, indivduo atingido na cabea) ou

    retardamentos mentais, pois pouco avano encontrou-se. Assim, ele acredita na

    abordagem dedutiva, na qual a teorizao se baseia em fatos empricos, ou seja,

    nos fatos observados.

    Sabe-se que a ateno uma condio necessria para a aprendizagem.

    Desse modo, Allan Ross ressalta sua importncia no processo de aprendizagem.

    No entanto, o autor lembra que outros processos esto envolvidos na

    aprendizagem e que da mesma forma se fazem necessrios, tais como: aptido,

    memria, evocao e outras variveis. Assim, Allan Ross explica que, com tantos

    fatores envolvidos, torna-se difcil a deteco do exato ponto de inabilidade do

    aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem. Buscando apresentar uma

    melhor representao da dificuldade de aprendizagem, Allan Ross traz tona, em

    seu livro, a discusso da sndrome de disfuno cerebral mnima, sndrome esta

    que foi proposta por um grupo de especialistas que trabalharam em um projeto do

    Instituto Nacional de Doenas Neurolgicas e Cegueira (Clements, 1966), e esta

    definio diz o seguinte:

    Crianas de inteligncia prxima da mdia, de inteligncia mdia ou acima da mdia geral, com determinados distrbios de aprendizagem e de

  • 34

    comportamento, distrbios tais que variam de brandos a severos e que so associados a desvios de funo do sistema nervoso central. Esses desvios podem manifestar-se por diversas combinaes de deficincias na percepo, conceitualizao, linguagem, memria e controle de ateno, de impulso ou funo motora.

    Contudo, o autor segue questionando o conceito disfunes cerebrais, pois

    entende no ter havido qualquer evidncia externa. Como em qualquer sndrome,

    na diagnose mdica, apresentam-se sintomas ou dificuldades que usualmente se

    revelam em conjunto. No entanto, nem todos os sintomas devem estar

    necessariamente presentes em cada estgio. Desse modo, deve-se coincidir

    suficientemente o mximo possvel a fim de apresentar um quadro consistente,

    ocorrendo com isso a sua caracterizao. Allan Ross alinhou 10 caractersticas

    principais citadas por diversos autores com relao essncia da sndrome de

    disfuno cerebral mnima. So elas:

    1- Hiperatividade;

    2- Deficincias perceptivo-motoras;

    3- Instabilidade emocional;

    4- Deficincias de coordenao geral;

    5- Desordens de ateno (ateno escassa, distrao, perseverao);

    6- Impulsividade;

    7- Desordens de memria e de pensamento;

    8- Distrbios especficos de aprendizagem:

    a. Leitura

    b. Aritmtica

    c. Escrita

    d. Ortografia

    9- Desordens do falar e ouvir;

    10- Sinais neurolgicos e irregularidades eletroencefalogrficas.

  • 35

    CAPTULO 3

    METODOLOGIA

    Visando-se alcanar o objetivo deste trabalho, que consiste no estudo e

    observao do aluno dislxico, para o desenvolvimento de tcnicas de ensino,

    elaborou-se uma metodologia especfica. Esta se deu em dois momentos. No

    primeiro momento houve a busca e seleo dos recursos a serem utilizados sobre

    o tema Educao e Dislexia. No segundo, efetivou-se o estudo e a aplicao dos

    recursos utilizados. Dividindo-se em etapas, tal trabalho realizou-se da seguinte

    forma:

    A- Pesquisa Bibliogrfica:

    Nessa etapa inicial, foram consultados livros didticos e trabalhos publicados

    que se relacionassem com o tema Educao e Dislexia.

    B- Visitao Escola:

    Escolheu-se uma escola pblica, a fim de se conhecer sua estrutura fsica e

    observar os alunos com algum tipo de necessidade especial em sala de aula.

    Nessa etapa houve observao de aulas ministradas na disciplina de Matemtica,

    onde havia alunos com necessidades especiais.

    C- Estudo da Teoria em confronto com a Prtica:

    Nesta etapa houve um intenso estudo do material selecionado, fazendo-se as

    devidas conexes com todas as observaes feitas em contato com alunos

    dislxicos.

    D- Aulas ministradas a um aluno dislxico:

    Aqui foram realizadas inmeras aulas particulares de Qumica, Fsica e

    Biologia para um aluno com Acalculia, que significa dificuldade com os nmeros.

    E- Desenvolvimento de metodologias de ensino de Cincias para um aluno

    com dislexia:

  • 36

    Nessa fase observou-se o comportamento e raciocnio do aluno dislxico para

    identificar onde residiam suas principais dificuldades no entendimento das

    disciplinas de Qumica, Fsica e Matemtica. A partir dessas observaes, pde-

    se elaborar mtodos de ensino os quais foram aplicados durante o trabalho com

    esse aluno.

    F- Elaborao de Exerccios:

    Com o intuito de mostrar como podem ser feitas avaliaes em alunos com

    dificuldades de aprendizagem, elaborou-se uma srie de exerccios simples. Os

    alunos com dislexia conseguiram resolv-los com certa facilidade.

    G- Avaliao dos Resultados:

    Aps todo estudo feito acerca do tema Educao e Dislexia , observao dos

    alunos em escolas regulares e metodologias de ensino aplicadas, fez-se a

    anlise geral dos resultados obtidos.

    3. 1- Perfil do Aluno

    As aulas particulares foram ministradas para um aluno de 18 anos que

    apresenta Acalculia. Este aluno de classe mdia e estuda em uma conceituada

    escola particular. Seus pais trabalham fora e pouco participam de sua vida

    escolar. A Escola na qual ele estuda desde criana lhe brinda com a aprovao

    automtica.

    Este aluno estuda em uma classe regular do terceiro ano do Ensino Mdio

    e no recebe qualquer tipo de suporte e nem atendimento especfico para o seu

    caso de Dislexia. Seus pais, portanto, contrataram professores particulares

    quando notaram que, ao ingressar no Ensino Mdio, seu filho no possua

    conhecimentos bsicos em nenhuma das disciplinas curriculares.

    3. 2- Perfil Escolar

    A Escola visitada, o Instituto de Educao Professor Ismael Coutinho

    (IEPIC), teve sua origem com a denominao de Escola Normal (1935). Nela

    habilitava-se profissionais para atuarem no magistrio da instruo primria. Com

  • 37

    sede prpria, em 1921, a Escola Normal (localizada na Praa da Repblica, no

    Centro da cidade de Niteri) passa a abrigar tambm, em 1931, o Liceu Nilo

    Peanha, onde por mais de vinte anos convivem no mesmo local as duas

    instituies, vindo ento a separar-se em 1955, quando o Instituto de Educao

    transfere-se para o bairro de So Domingos, tambm em Niteri.

    Em 1938, a Escola Normal passa a se chamar Instituto de Educao do

    Estado do Rio de Janeiro. Ento em 1954 passa ser denominada Instituto de

    Educao de Niteri.

    Em 1965, em homenagem a uma grande personalidade do magistrio

    fluminense, o Instituto de Educao de Niteri passa a se chamar Instituto de

    Educao Professor Ismael Coutinho (IEPIC).

    Em 1978, o IEPIC absorve a Escola Estadual de Ensino Supletivo Getlio

    Vargas e o Jardim de Infncia Maria Guilhermina, passando a constituir um nico

    estabelecimento de ensino, integrando o Pr-escolar e o curso supletivo aos

    cursos do primeiro e segundo graus.

    Em 1991 essa integrao se rompe. Nos dias de hoje, o IEPIC atua na rea

    da educao bsica e situa-se no bloco A, enquanto o Ensino Supletivo Getlio

    Vargas e o Jardim de Infncia Maria Guilhermina funcionam no bloco B, com

    administraes e acessos distintos para cada instituio. Porm, situam-se uma

    ao lado da outra. Nas figuras 11 e 12 mostrado os blocos A e B da Escola em

    questo, enquanto na figura 10 observa-se a rua da Escola por onde se do os

    acessos.

  • 38

    Figura 10: Rua da Escola por onde se do os acessos.

    Figura11: Vista de cima dos Blocos A e B ( esquerda).

    (Fonte: revista on-line IEPIC na rede)

  • 39

    Figura12: Viso IEPIC Bloco A

    Ismael Coutinho foi professor e filsofo de renome internacional. Nasceu em

    Santo Antnio de Pdua (R.J.), no ano de 1900, vindo a falecer em 1965. Atuou

    como professor titular de Lngua Portuguesa e Literatura no colgio Liceu Nilo

    Peanha de Niteri (criado em 1931). Lecionou Grego, Latim e Gramtica

    Histrica na Escola Normal de Niteri (hoje Instituto de Educao Professor

    Ismael Coutinho - IEPIC).

    Figura 13: Professor Ismael Coutinho (terno preto) em visita ao IEPIC (Fonte: revista on-line IEPIC na rede).

  • 40

    O Colgio possui uma sala de leitura em suas dependncias.

    Figura 14: Espao de leitura e atividades culturais

    (Fonte: revista on-line IEPIC na rede)

    O Colgio conta tambm com uma Sala de Recursos, inaugurada em 2001,

    sendo a mesma uma modalidade de atendimento em Educao Especial.

    Figura 15: Ncleo de Apoio Pedaggico Especializado

  • 41

    Figura 16: Lista de atendimento do NAPES

  • 42

    CAPTULO 4

    RESULTADOS E DISCUSSES

    4.1- Visitaes na Escola

    Fez-se visitaes em salas de aula da escola regular onde havia alunos

    especiais e realizou-se observao dos mesmos. Escolheu-se, para tais visitas, o

    Instituto de Educao Professor Ismael Coutinho (IEPIC). As visitaes ocorreram

    no ms de setembro de 2014 e se deram em duas turmas. A primeira a ser

    visitada foi uma turma do oitavo ano em que havia um aluno com Dislexia. A aula

    acompanhada foi de Matemtica e a observao foi direcionada para este aluno

    com Dislexia. Este aluno, do oitavo ano, apresentava um caderno aparentemente

    em dia, com certa organizao e letra legvel. Em seu caderno havia alguns

    exerccios para casa copiados, porm no resolvidos, por ter encontrado

    dificuldade na resoluo. Tal aluno bastante educado, prestativo e no possui

    qualquer queixa de nenhum professor quanto a indisciplina. O aluno senta-se

    sempre na frente e perto do professor e, durante a explicao, mantm-se quieto

    e atento, situao bem diferente dos demais alunos daquela turma, que

    conversavam e levantavam a todo momento da aula. Apesar disso, quando

    solicitado pelo professor, o referido aluno responde prontamente.

    Durante a observao das aulas, percebeu-se uma extrema lentido na

    cpia de exerccios passados pelo professor, no havendo tempo deste aluno

    copi-los e resolv-los durante o tempo de aula, muitas vezes emendando no

    recreio para terminar a cpia dos exerccios e, assim, sem tempo suficiente para

    uma possvel tentativa de resoluo por este aluno. O professor em sala de aula,

    concursado e h quatro anos na Escola, no tem qualquer formao em

    Educao Especial e, s havia ouvido falar em dislexia quando recebeu este em

    sua turma. No houve preocupao deste educador em passar exerccios com

    enunciado menor ou de j traz-los copiados para este aluno, que apresenta uma

    escrita extremamente lenta e que, por esse motivo, fica em desvantagem em

    relao aos outros alunos. Isto se d porque enquanto o professor, no final da

    aula, explicava as questes, o aluno com Dislexia ainda se encontrava copiando o

    enunciado. O sinal do recreio tocou, os outros alunos saram da sala de aula e

  • 43

    este aluno manteve-se dentro de sala, sozinho, terminando a cpia do enunciado

    que era demasiadamente longo, at mesmo para os outros alunos (que inclusive

    questionaram o seu tamanho).

    Eis aqui a questo, que o aluno levou dois tempos de aula (com 50 minutos

    cada um) para finalizar a sua cpia:

    Problemas com Clculos Algbricos:

    Imagine que uma Escola do Rio de Janeiro est em reformas e os alunos e

    professores do 8ano organizaram um projeto paisagstico para a entrada da

    escola. Dentro desse projeto, dois alunos, Jayme e Alan, foram encarregados de

    planejar um jardim.

    O espao para o jardim retangular e possui 10 metros de comprimento,

    mas a largura est indefinida.

    Onde: a= 10 metros

    A= ?

    Ao observar o desenho apresentado pelos alunos, o professor sugeriu que o

    jardim tivesse mais 6 metros de comprimento. Como o desenho?

    R:

    Observe as anotaes de Jayme e Alan e complete:

    Jaime Alan

    rea 1: Comprimento total:

    rea 2: Largura total:

    rea total: rea total:

  • 44

    O professor tambm informou que a rea mxima desse jardim de 72m2

    e a mnima de 56 m2. Assim, os alunos puderam descobrir quais as possveis

    medidas para a largura.

    Largura Mxima =

    Largura Mnima=

    Sendo assim pode variar quanto?

    Este espao tambm ser cercado, ento os alunos devem calcular o permetro

    desse jardim para concluir o projeto.

    Comprimento total=?

    Largura=?

    Permetro=?

    Ao final do primeiro tempo de aula, os alunos sem Dislexia, mesmo

    conversando bastante, j haviam terminado de copiar os exerccios e j davam

    incio sua resoluo, interagindo com os colegas e tirando dvidas com o

    professor. Enquanto isso, o aluno dislxico seguia com a cpia dos exerccios de

    forma bastante lenta. Ao final do segundo tempo, todos j haviam copiado,

    resolvido e corrigido seus exerccios, menos o aluno dislxico, que apenas

    conseguiu copiar o enunciado dos exerccios, estendendo-se at o horrio do

    recreio para conseguir finalizar sua cpia. Este aluno no contou com nenhum

    auxlio do professor, que ficou somente esclarecendo dvidas dos demais alunos

    e controlando as constantes conversas e sadas da sala de aula.

    Na visitao segunda turma da mesma Escola, no havia alunos com

    dislexia, porm existiam duas alunas surdas. Com a finalidade de observar como

    um todo a incluso escolar, fez-se a observao de algumas aulas. A turma era

    do stimo ano do Ensino Fundamental, novamente a disciplina lecionada era

    Matemtica. Havia na sala de aula uma intrprete de LIBRAS (Linguagem

    Brasileira de Sinais). As alunas com deficincia auditiva e a intrprete ficavam

    sempre num canto ao fundo da sala, no havendo interao dessas alunas

  • 45

    surdas com o restante dos alunos regulares, j que estes no se comunicam em

    LIBRAS. Observou-se tambm que, durante o recreio, estas alunas surdas se

    juntavam a outras alunas, tambm surdas, de outras turmas. Com o pouco

    conhecimento de LIBRAS que tenho, consegui me comunicar um pouco com uma

    das alunas. Ela revelou que no gosta de estudar naquela Escola.

    Com tais visitaes percebeu-se a falta de estrutura que a escola apresenta

    para receber alunos especiais.

    4. 2- Mtodos desenvolvidos para o Ensino

    A metodologia elaborada foi aplicada em um aluno particular do terceiro ano

    do Ensino Mdio com o objetivo de testar mtodos de ensino que possam ser

    eficazes no processo de aprendizagem dos alunos com Dislexia. Tais

    metodologias foram baseadas em 7 (sete) anos de trabalho com alunos

    dislxicos, com os mais variados graus e tipos de Dislexia. Segue abaixo uma

    lista das principais observaes:

    1) Ao se iniciar o estudo com um aluno com dislexia, o educador dever ter

    em mente que se trata de um aluno com dificuldades de aprendizagem.

    Portanto, poder se fazer necessrio repetir diversas vezes a mesma

    explicao at que o aluno entenda.

    2) Se ao aluno dislxico lhe faltam as bases, por elas deve-se comear, seja

    qual for a idade cronolgica do aluno ou nmero de anos que tenha

    frequentado a escola. Ou seja, se no se assentarem bases, ser

    impossvel levar conhecimentos mais elevados (Dale R. Jordan, 1975).

    3) Deve-se diminuir as presses exercidas sobre estes alunos. Um dos

    inimigos mortais do estudante dislxico o ritmo de trabalho acelerado e

    as presses exercidas em prol de uma elevada produo. O processo de

    aprendizagem deste aluno lento e gradativo. Uma das emoes bsicas

    de alunos dislxicos a sensao de pnico ou medo, quando se deve

    concluir determinado trabalho dentro de limites de tempo especficos.

  • 46

    4) Necessidade de simplificao. Os atuais planos de estudo distanciam-se

    bastante da simplicidade e tm sido uma tarefa difcil, at mesmo para

    alunos que no apresentam dificuldades de aprendizagem. Isto ocorre

    pois, na atualidade, existe um verdadeiro bombardeio de informaes,

    especialmente em relao s crianas e adolescentes. Portanto, ao aluno

    dislxico, deve-se idealizar exerccios mais simples, aumentando-se

    gradativamente o grau de dificuldade medida que o aluno avana. Deve-

    se, portanto, elaborar questes mais objetivas e com enunciados curtos.

    5) Necessidade de estruturao. Deve-se, logo de incio, ensinar ao aluno a

    organizar suas ideias quando ele estiver resolvendo uma questo, pois ao

    resolver um exerccio, o aluno dislxico se distrai e as informaes

    contidas no enunciado parecem-lhe no apresentar qualquer ligao. Isso

    fica evidente na forma com que esse aluno estrutura os dados na folha de

    resoluo. Observa-se que as informaes so colocadas muito distantes

    umas das outras. Assim, dados que se relacionam diretamente e que,

    portanto, deveriam estar prximos, ficam em cantos opostos da folha.

    6) Deve-se relembrar ou ensinar todos os conceitos inseridos numa questo,

    pois devido sua pouca capacidade de armazenamento de informao,

    preciso estar sempre relembrando conceitos j explicados. Isso se faz

    necessrio para o processo evolutivo do aluno e uma etapa que no

    deve ser pulada. A repetio fundamental at que se estabeleam as

    bases.

    7) A explicao de qualquer contedo transmitido ao aluno dever dar-se de

    forma tranquila, explicando-se passo a passo para que o aluno sinta-se

    estimulado a aprender.

    8) Devido a pouca habilidade com os nmeros, os alunos com acalculia

    evitam fazer contas ou resolver problemas que envolvam raciocnio.

    Porm, deve-se desestimular o uso da calculadora e tornar um hbito as

    contas no papel, sem o auxlio da calculadora. Somente com treino o aluno

    obter xito.

  • 47

    9) importante que o aluno dislxico tenha conscincia que do que a

    Dislexia, pois somente assim ele prprio tambm poder ajudar-se.

    Observou-se que ainda existe, por parte dos pais do aluno com dislexia,

    uma certa dificuldade em admitir ou assumir que seu filho possui

    dificuldades no aprendizado. Isso extremamente danoso porque sem os

    cuidados especiais que se deve ter com um aluno dislxico, elimina-se

    diversas etapas de tratamento que devem ser iniciadas o mais cedo

    possvel.

    10) Deve-se explicar a este aluno a importncia da concentrao, uma vez

    que a pessoa com Dislexia apresenta dificuldades de concentrao. O

    curioso que aparentemente o dislxico encontra-se concentrado. Desse

    modo, dentro de sua mente, as informaes recebidas esto chegando

    mas de forma desordenada, fazendo com que paream desconectadas e

    desordenadas. Assim, torna-se difcil manter-se concentrado naquilo que

    parece carecer de sentido. Entretanto, se o aluno tiver essa conscincia,

    ele prprio pode criar mecanismos em seu crebro para minimizar essa

    desordem das informaes recebidas. Para ilustrar esse fato, eis o

    seguinte relato. Em uma das aulas com o aluno particular, estudava-se

    Qumica. Ele apresentava extrema dificuldade na resoluo de um

    exerccio simples, que j havia sido explicado diversas vezes. Ao perceber

    que seu problema era a confuso das informaes, que provoca

    desconcentrao para efetuar a tarefa, explicou-se ao aluno o que estava

    acontecendo, alertando-o que deveria concentrar-se ao mximo na

    realizao do dever. Desse modo, o aluno deveria esquecer tudo sua

    volta e ficar somente atento tarefa. Incrivelmente, aps a conscientizao

    do que lhe estava acontecendo, este aluno conseguiu resolver o exerccio.

    Para testar a eficcia desse procedimento, outros trs exerccios do

    mesmo assunto foram propostos e o referido aluno resolveu todos eles

    corretamente.

    11) Pode-se mostrar aplicao prtica de determinado contedo ensinado.

    Isso relevante no sentido de despertar o interesse deste aluno e trazer-

  • 48

    lhe ao contexto prtico. Uma vez entendida a matria terica e

    observando-se sua aplicao na prtica, ocorre um imediato entusiasmo e

    orgulho por finalmente ter entendido algo que sempre fora sua dificuldade e

    motivo de desinteresse. A realizao da Feira de Cincias um evento que

    os entusiasma bastante.

    12) Deve-se dar uma ateno especial s aulas de interpretao de texto, uma

    vez que o sucesso do aprendizado nas outras disciplinas est ligado

    diretamente capacidade deste aluno em interpretar enunciados de

    questes e textos. Portanto, com todo aluno dislxico, deve-se comear

    com a interpretao de textos curtos para, gradativamente, apresentar-lhe

    textos mais longos, medida do progresso do aluno.

    13) Deve-se tambm estimular o aluno dislxico a expressar-se oralmente

    sobre aquilo que lhe foi ensinado ou lido. Essa uma forma de

    desenvolver um outro tipo de raciocnio do educando, que geralmente

    pouco estimulado. Isso ocorre devido sua dificuldade com as palavras e

    de efetivar sua coneco com os fatos.

    14) Utilizao do dicionrio. importante que estes alunos aprendam a utilizar

    o dicionrio, tanto para estimular o raciocnio e ordenamento da sequncia

    das palavras do alfabeto, quanto para aumentar seu vocabulrio de forma

    independente. Em geral, os dislxicos possuem um vocabulrio limitado.

    Assim, cabe ao professor certificar-se de que o aluno domina todas as

    palavras contidas no texto ou enunciado da questo.

    15) Alunos dislxicos, se estimulados, adquirem o hbito da leitura. Deve-se,

    portanto, respeitar seus gostos e preferncias literrias, o que no impede

    de apresentar-lhes outros gneros que, se bem aceitos, aumentaro seu

    universo de leitura.

    16) Filmes so uma excelente forma de entretenimento e aprendizagem. Os

    alunos dislxicos, em geral, assimilam muito bem as informaes passadas

    em filmes e documentrios. Deve-se explorar esse universo para transmitir

  • 49

    contedos relacionados ao que foi explicado em sala de aula, como um

    complemento.

    17) Em alunos com Disgrafia, ou seja, com pouca coordenao motora fina,

    deve-se dar uma ateno especial s aulas de Artes, ensinando-lhes

    tcnicas de desenho, pois isso ajudar bastante nas aulas de Geometria.

    18) Sabe-se que a atividade fsica contribui de forma significativa para o bom

    desempenho mental, melhorando inclusive a capacidade de concentrao

    e desenvolvendo tambm habilidades motoras. Por isso deve-se estimular

    o aluno a encontrar um esporte de seu agrado, para que ele o pratique.

    19) Ocorrer que alguns alunos com dislexia apresentaro necessidades de

    verificao das perguntas de um teste por meio de respostas orais. Dale R.

    Jordan (1975) relata que, ao se exigir que determinados alunos dislxicos

    escrevam ou codifiquem de algum modo o que lhes foi ensinado, com

    apenas a ajuda de sua memria, tais alunos se veem fadados a enfrentar

    um terrvel fracasso.

    20) Observou-se ao longo dos anos de trabalho com alunos dislxicos, que

    todos apresentavam necessidade de uma verificao diferenciada, na qual

    a prova aplicada deveria possuir menos questes que as exigidas aos

    alunos sem dislexia, contendo questes mais objetivas e de enunciado

    mais curto. Havendo necessidade, o aluno tambm poder precisar de um

    prazo maior para a resoluo da verificao, pois cada aluno dislxico

    possui o seu prprio tempo, podendo apresentar, em geral, de cinco a dez

    vezes mais lentido do que a mdia dos alunos sem dificuldades de

    aprendizagem.

    21) No livro Dislexia em El aula, Dale R.Jordan (1975) sugere que se crie

    na Escola uma espcie de rinco de produtos, que consiste em uma sala

    de apoio. Seria parecida ao que j existe em algumas escolas regulares

    em que se recebe alunos especiais. Porm, nesse caso, tambm se

    receberia alunos com Dislexia. Vale ressaltar que atualmente, no Brasil,

    alunos dislxicos no recebem apoio especial pelo fato de a dislexia ainda

  • 50

    no ser entendida como uma necessidade especial. Nesse rinco de

    produtos que Dale R.Jordan sugere, o aluno encontraria textos de leitura

    elementar, manuais de soletrao, textos de idiomas, de Aritmtica, etc.

    Podendo o professor ainda utilizar-se da criatividade para criar jogos

    simples envolvendo os conceitos de Cincias, auxiliando com isso a

    aprendizagem do aluno com dislexia. Nesta sala poder-se-ia exibir filmes,

    tirar dvidas, fazer reunies para debates, etc.

    Com base em tudo que foi discutido e observado, elaborou-se algumas

    questes simples a fim de exemplificar como poderiam ser cobrados exerccios

    destinados a alunos com dificuldades de aprendizagem. Procurou-se desenvolver

    questes em que, simultaneamente, exige-se o conhecimento do aluno, mas

    tambm se oferece a ele uma certa base de consulta. Assim, esse aluno no se

    preocupa em armazenar excessivas informaes.

    QUESTO 1:

    Qual o smbolo do elemento qumico potssio? (Consulte a tabela peridica, se

    for necessrio).

    o C

    o Na

    o H

    o P

    o He

    o K

    o S

    o N

    QUESTO 2:

    Ache o nmero de oxidao do enxofre nas seguintes molculas e, com o auxlio

    da tabela de nomenclatura dos oxicidos, d o nome de cada molcula.

    a)H2SO3 b)H2SO4

  • 51

    cido ................................... } ico (Nox maior) e oso (Nox menor).

    (nome do nion)

    QUESTO 3:

    Sabemos que, na presena de gua, algumas molculas se ionizam. Ento

    complete as reaes qumicas abaixo:

    HCl + H2O

    HClO4 + H2O

    Diga a qual funo qumica inorgnica pertencem as substncias HCl e HClO4:

    _________________________________________.

    QUESTO 4:

    Marque a opo correta:

    ( ) o HCl um dicido.

    ( ) o HCl um monocido.

    ( ) substncias cidas tm sabor azedo.

    ( ) substncias cidas tm sabor amargo.

    QUESTO 5:

    Responda:

    O que so hidrocarbonetos?

    __________________________________________________________

  • 52

    Onde os hidrocarbonetos so encontrados?

    QUESTO 6:

    a) Das quatro substncias abaixo, diga a qual funo qumica cada uma delas

    pertence:

    CH4 CH3-CH2-OH

    ___________________ __________________________

    ______________________ _____________________________

    b) Em nosso dia-a-dia, onde podemos encontrar cada uma das substncias

    descritas abaixo?

    Metano: _________________________________

    Etanol: _________________________________

    Fenol: __________________________________

    Etanal: __________________________________

    QUESTO 7:

    Observe que as substncias descritas abaixo possuem a mesma frmula molecular

    (voc poder confirmar). Porm, essas substncias so diferentes. Que tipo de

    fenmeno est ocorrendo?

    Formula Estrutural: CH3-CH2-OH CH3-O-CH3

  • 53

    Frmula molecular: (C2H6O) (C2H6O)

    R:________________________________________.

    QUESTO 8:

    Responda s questes abaixo.

    Uma mistura que somente apresenta uma fase como, por exemplo, a

    mistura de gua com um pouco de acar forma que tipo de mistura?

    J a mistura da gua com o leo forma que tipo de mistura?

    Um copo de gua solubiliza uma determinada quantidade de acar. O que

    acontece se colocarmos uma quantidade maior de acar?

    QUESTO 9:

    Observe na figura a seguir uma reao qumica. Descreva o que est

    acontecendo em cada etapa. Feito isso, diga a que tipo de reao qumica ela

    pertence. Informe se ela uma reao de:

    eliminao;

    ou de adio;

    ou de decomposio?

  • 54

    Resposta:

  • 55

    CAPTULO 5

    CONCLUSO

    Observa-se que no simples montar um aparato para receber alunos com

    dificuldades de aprendizagem em uma escola. um processo demorado, pois

    envolve a capacitao de professores, elaborao de provas diferenciadas, salas

    de apoio, etc. Isso acaba se tornando muito dispendioso para as escolas. Por

    outro lado, tal processo tambm envolve a participao dos pais nos estudos do

    seu filho. Dependendo do caso, a contratao de professores particulares um

    caminho. Alm de se fazer necessrio um constante acompanhamento desse

    educando por um psicopedagogo. Porm, o Estado reconhece a necessidade de

    se oferecer igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola, com

    atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com

    necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino (LDB)

    (Brasil, 1996). Desse modo, deve haver um empenho das escolas (direo e

    professores), universidades (que so responsveis pela formao dos

    educadores) e cidados como um todo (sobretudo pais de alunos com

    necessidades especiais) para que os governos estaduais e federais possam se

    empenhar no sentido de uma real implantao da incluso nas Escolas.

    A partir do trabalho de pesquisa e de observao realizado, depreende-se

    que existe a necessidade de algumas escolas, pblicas e particulares de cada

    municpio, de equiparem-se para receber alunos com dificuldades de

    aprendizagem. Poderia haver a criao, para cada srie escolar, de uma classe

    especial, dentro da prpria escola regular, para que de fato esses alunos recebam

    um atendimento especializado dirigido a um pequeno grupo de alunos com

    dificuldades de aprendizagem. Outras atividades, como recreao e aulas com

    atividades fsicas, poderiam ser compartilhadas com os demais alunos regulares.

    Assim, conclui-se o presente trabalho. Mas a caminhada da educao

    especial continua, e est longe de terminar. A relevncia da educao especial no

    cenrio educativo brasileiro explcita e precisa urgentemente de maior apoio e

    espao. A legislao atual contempla a educao especial. Porm, preciso que

  • 56

    as iniciativas em prol dessa educao saiam do campo terico e resultem em

    aes efetivas para melhorar e ampliar a atuao da educao especial no Brasil.

    Muito se fala atualmente em educao inclusiva, mas muitos alunos hoje ainda

    se encontram excludos e sem acesso a uma educao de qualidade. Nesse

    sentido, polticas pblicas e um trabalho efetivo no sentido da real incluso dos

    alunos com necessidades especiais se faz urgente em nosso pas. Cabe a ns,

    futuros educadores, contribuir em prol dessa educao que inclui e que abraa

    esse educando.

  • 57

    RFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, Braslia

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