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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ESCOLAR UAB/UnB DISLEXIA: Um jeito de ser e de aprender de maneira diferente. MARIA DO CÉU DE SOUZA DOMIENSE ORIENTADOR: Francisco Neylon de Souza Rodrigues BRASÍLIA/2011 Universidade de Brasília UnB Instituto de Psicologia IP Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento PED Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO, EDUCAÇÃO

E INCLUSÃO ESCOLAR – UAB/UnB

DISLEXIA: Um jeito de ser e de aprender de maneira diferente.

MARIA DO CÉU DE SOUZA DOMIENSE

ORIENTADOR: Francisco Neylon de Souza Rodrigues

BRASÍLIA/2011

Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS

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MARIA DO CÉU DE SOUZA DOMIENSE

DISLEXIA: Um jeito de ser e de aprender de maneira diferente.

BRASÍLIA/2011

TERMO DE APROVAÇÃO

Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Desenvolvimento Humano,

Educação e Inclusão Escolar, do Depto. de

Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano –

PED/IP - UAB/UnB

Orientador: Francisco Neylon de Souza Rodrigues

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Maria do Céu de Souza Domiense

DISLEXIA: UM JEITO DE SER E DE APRENDER DE

MANEIRA DIFERENTE

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em

Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar, pela seguinte banca examinadora:

Francisco Neylon de Souza Rodrigues

(Professororientador)

(Tutor-orientador)

Examinador externo

Brasília, ____ de ________________ de2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família,

principalmente aos meus filhos, pessoas

especiais que fizeram toda a diferença.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aDEUS, que está em minha vida acima de todas as coisas.

Aos MEUS FAMILIARES, que sempre me incentivaram e apoiaram.

Aos COLEGAS DE TRABALHOS, onde sempre me dão oportunidade de aprender.

As ESCOLAS, que tanto contribuíram com meus aprendizados.

A SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS,

onde apesar das dificuldades, muito contribuiu com a profissional que sou hoje.

Aos PROFESSORES, que me auxiliaram nessa grande jornada.

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RESUMO

A partir de estudo e analises objetivou-se sintetizar uma pesquisa na área da

dislexia. Esta monografia tem como tema um assunto que deixa muitas duvidas para

alguns professores nas escolas do ensino básico, de Águas lindas de Goiás.

Abordaremoscomo se processa a dislexia, seus caracteres, suas estratégias básicas

de como desenvolver o trabalho com uma criança disléxica ou mesmo suspeita. O

estudo pautado neste tema confirmou que a dislexia poderá ser causada por

diversos fatores como: a hereditariedade, causas genéticas e neurológicas; o que

leva a ocorrência de um transtorno ou distúrbio de aprendizagem. Objetivando dar

suporte e esclarecer dúvidas de muitos educadores, que por meio de estudos,

teorias e trocas deexperiências podem ser auxiliados a conseguirdetectar e auxiliar

estes alunos suspeitos de dislexia em suas salas de aula. As metodologias

qualitativas e quantitativas colaboram e mostram claramente a necessidade dos

docentes em entender dentre tantas deficiências, como: paralisia cerebral, TDAH,

autismo e outras adiscriminarem a dislexia. Uma pesquisa de campo foirealizada

nas três escolas municipais em Águas Lindas de Goiás. Os resultados apontaram

grandes dúvidas na detecção do tema e insegurança em como lidar e auxiliar as

crianças em sala de aula. Conclui-se com os estudos que professores necessitam

de mais apoio e conhecimento de causa, para desenvolver o trabalho com as

mesmasque estão no grupo dos suspeitos de dislexia e que elasnecessitam de

intervenção e de uma avaliação realizada pela equipe de multiprofissionais, para

que todas tenham um bom desempenho escolar.

Palavras chave: (Dislexia, distúrbio de aprendizagem e desempenho escolar).

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

PARTE I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................12

CAPÍTULO I DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM..........................................17

1.1 Fatores Relevantes sobre Déficits de Aprendizagem.....................17

1.2 O Que São Problemas de Aprendizagem?.....................................18

CAPÍTULO II DISLEXIA........................................................................................21

2.1 O que é realmente dislexia?...........................................................21

2.1.1 Os sintomas disléxicos...................................................................24

2.1.2 Diagnóstico.....................................................................................24

2.2 O Processo de Aquisição da Linguagem........................................28

CAPÍTULO III A CRIANÇA DISLÉXICA NA ESCOLA...........................................30

3.1 Dificuldades de Leitura em Crianças Disléxicas.............................30

3.2 Áreas de Dificuldades: Aritmética...................................................31

3.3 Estratégias Educacionais................................................................33

3.4 A Dislexia no Contexto Escolar: o Processo de Alfabetização.......37

PARTE II OBJETIVOS....................................................................................41

Objetivo Geral.................................................................................41

Objetivos Específicos......................................................................41

PARTE III METODOLOGIA.............................................................................42

Fundamentação Teórica.................................................................42

Contextos da Pesquisa...................................................................42

Participantes...................................................................................43

Materiais.........................................................................................43

Instrumentos de Construção de Dados..........................................45

Procedimentos de Construção de Dados.......................................46

Procedimentos de Análise de Dados..............................................47

PARTE IV RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................48

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................61

REFERÊNCIAS..............................................................................64

APÊNDICES...................................................................................66

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LISTA DE QUADROS, TABELAS OU GRÁFICOS.

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 ................................................................................................................... 44

A- Carta de Apresentação – Escola ..................................................................... 66

B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Professor ............................ 67

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APRESENTAÇÃO

Vivemos em uma sociedade diversificada, onde já passou por várias fases

como a segregação de pessoas que apresentasse alguma deficiência; deixando-as

às margensexcluída de todo e qualquer contexto social. Isto percorrendo um longo

caminho de muitas lutas até os dias atuais, onde já se vêalgumas vitórias parciais,

mesmo tendo algumas ainda nos registros oficiais e muito pouco nas práticas dos

setores organizacionais.

E devido a estar inserida no contexto educacional brasileiro, desempenhando

meu papel de educadora há 26 anos e como professora de recurso itinerantehá seis

anos consecutivos; é que surgiu o interesse e a necessidade de investigar e estudar

sobre o tema ”dislexia”; por se tratar da realidade e necessidade do momento,

através de muitas queixas e dúvidas dos professores regentes sobre os alunos, não

diagnosticados, mas que estão sob suspeita.

Portanto, a proposta aqui apresentada deste trabalho monográfico, abordará a

realidade deste contexto educacional a nível de ensino-aprendizagem suas

dificuldades no âmbito pedagógico escolar.

Esta abordagem, terá como um dos objetivos descrever alguns pontos fortes

que caracterize a dislexia, bem como dar ênfase ás suas causas, sintomas e as

devidas intervenções possíveis e cabíveis para tal dificuldade.

Penso que se trata de algo muito específico de extrema importância, que não

vemos aparentemente, mas que estamos convivendo diariamente com o problema,

e que na maioria das vezes, não detectamos a sua intensidade, suas causas e

consequências devastadoras.

Vê-se, que somente a partir de um estudo e investigação, compartilhando

família X escola é que trataremos nossas crianças com atitudes menos excludente,

ou seja, de forma que o conhecimento nos mostre que o “diferente” precisa e deva

ser atendido adequadamente; e somente após este novo olhar pedagógico é que

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mudará o quadro dos evasivos e dos fracassados que tem permanecido alargar os

resultados estatísticos das instituições escolares, quemsabe num futuro promissor,

deixar até mesmo de existir.

Por outro lado,há de oferecer ao professor um conhecimento adequado e

específico de forma que evite o sofrimento deste profissional em relação às várias

dificuldades apresentadas pelos alunos; levando-os a não alimentar-se de falsas

expectativas quanto ao seu rendimento pedagógico.

Pois, de modo geral temos visto e vivido no dia-a-dia, a convivência em sala

de aula dos alunos que tem apresentado alguma característica de algum distúrbio

que apresenta dificuldade no processo da leitura/escrita; onde aprática vivida pelos

professores demonstra um certo nível de despreparo, por parte do professor para

desenvolver suas atividades pedagógicas.

Esta tem sido uma das grandes preocupações em como detectar e diferenciar

as características de uma criançaque está sob suspeita de dislexia e de uma que

está apresentando no momento, apenas uma dificuldade de aprendizagem; pois não

é fácil e nem acessível a todos, a confirmação deste diagnóstico, devido a vários

fatores como: condições financeiras da família e apoio das autoridades

administrativas.

A priori, observa-se que são vários aspectos que tem influenciado, de forma

positiva ou negativa, o crescimento pedagógico de uma criança, no que diz respeito

à aprendizagem da leitura/ escrita. Destes fatores, destaca-se com muita

intensidade e que tem atrapalhado e prejudicado, ou mesmo interrompido o sucesso

de muitos que são os distúrbios de aprendizagem, ora silenciosamente muitas vezes

estão passando despercebidos aos nossos olhos.

Aqui no contexto, nos leva a refletir que nenhuma criança deverá estar fora da

escola, por falta de atendimento adequado que o leve a desestimular e não sentir

mais o desejo e o prazer de sentar nos bancos escolares. É esta justamente a

proposta a ser estudada e que será abordada neste trabalho monográfico, observar

e quem sabe até mesmo descobrir, quais são realmente os verdadeiros entraves

desta barreira pedagógica.

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Percebe-se claramente muita dúvida e ansiedade dos professores que em

especial atuam nas séries iniciais, ou seja, na alfabetização. É justamente neste

grupo onde encontra-se aproximadamente as crianças com três e até mesmo com

quatro anos repetidos, sem nenhum dado investigativo que comprove qual a sua

dificuldade e necessidade.

Foi desde então, que propus realizar minha pesquisa de campo, utilizando

dois questionários aberto com quatro itens cada um, para que o professor

juntamente com o coordenador pedagógico pudesse responder segundo e conforme

ele imagina que deva vir a ser “ uma criança com suspeita de dislexia”. Foi um

momento sério, onde todos puderam contribuir de forma disponível expondo de

forma sucinta e objetiva. A clientela escolhida foram todos os professores envolvidos

na alfabetização e dos coordenadores pedagógicos.

Diante da realidade e necessidade para o momento;e por se tratar de um

trabalho que requer conhecimento amplo e intimidade com a literatura de vários

autores que dedicaram seus estudos e pesquisas sobre as características e as

diferenças que há entre uma criança com suspeita de dislexia e uma criança com

dificuldade de aprendizagem é que propus este desafio em desenvolver meu

trabalho sobre como os professores tem visto e enfrentado este desafio, e como

está o nível de conhecimento deste profissional e também de suas famílias. Em

meio a muita inquietude e queixas de alguns professores é que busquei conhecer

mais e melhor a teoria de vários autores que de uma forma ou de outra, se

dedicaram seus estudos e pesquisas a respeito deste distúrbio, entre eles destacam:

Fernandez(1991), Valett (1989), Luczynsky (2011), Nunes (1992), Maciel(2010),

revistas sites e outros. Estes autores consagrados, por se dedicarem

especificamente em investigar, causas e consequências e possibilidades de uma

criança disléxica.

Distúrbio esse, que está muito presente no interior de nossas escolas e que

tem deixado pais e professores ansiosos e inquietos por se tratar de algo que não

podemos vê características físicas aparentemente, mas que requer e exige uma

avaliaçãominuciosa e séria com a participação de uma equipe de multiprofissionais.

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Vemos que os autores acima citados entre outros que se encontra no contexto

deste trabalho monográfico; muito contribuiu com informações de como se dá o

processo de dislexia e quais são os caracteres de um aluno considerado suspeito.

Objetivei neste estudo investigar a real situação de professores em relação ao

distúrbio da dislexia e como mediam o trabalho com essas crianças que estão sob

suspeita, quais as aflições e dificuldades em lidar com o aluno diagnosticado ou em

avaliação e qual é a posição da família diante do quadro.

Prosseguindo veremos sinteticamente a distribuição dos capítulos a serem

apresentado como instrumento de apoio para todos aqueles que de uma forma ou

de outra, tiverem oportunidade e necessidade de manusear em especial nós

educadores do presente.

No primeiro capítulo, apresento uma síntese das principais causas envolvendo

as dificuldades de aprendizagem, mostrando fatores relevantes e alguns déficits. No

capítulo seguinte, abordo de fato o tema “dislexia” especificando sintomas

diagnósticos, e demais fatores determinantes do distúrbio. Por fim, acrescento

dificuldades enfrentadas no processo da leitura e escrita em crianças com suspeita

de dislexiaou mesmo disléxicas e também na área da aritmética, estratégias de

ensino e como proceder e mediar professores no processo de alfabetização.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

São várias as subcategorias, ou seja, os tipos de transtornos de

aprendizagem, ora apresentado no interior de nossas instituições; e a dislexia é

apenas uma delas.

O que observa a respeito deste distúrbio que, embora seja considerada uma

palavra que soe familiar por muitos, tem sido bastante confusa em relação às outras

dificuldades de aprendizagem, a respeito do seu significado e suas características

específicas.

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Assim nos conceitua Frank (2003,p. 04):

“Aprofundando um pouco mais, dislexia é um problema neurológico

relacionado á linguagem e à leitura; as habilidades de escrita de palavras e

de textos, de audição, de fala e de memória também podem sofrer

impactos”.

Nisto vemos, segundo bem nos afirma o autor, que este distúrbio se relaciona

especificamente ao processo que envolve a linguagem e também a leitura; e que

esta criança, não será envolvida ou mesmo impedida de crescernos vários aspectos;

isto esclarece-nos que, quer esteja comprovadamente, ou mesmo entre o grupo dos

suspeitos, a mesma terá suas possibilidades de desenvolver suas habilidades e

aptidões na medida do possível, segundo lhe for proporcionado.

Uma característica importante a ser destacada a esse respeito, trata-se do

fato que as crianças com dislexia ou mesmo suspeitas podem apresentar

dificuldades no processo da linguagem; porém cabe-nos observar que isso nem

sempre significa que todas crianças irão apresentar da mesma forma barreirasno

processo de alfabetização, porém, varia muito de uma criança para outra.

O que nos chama a atenção, em relação às várias teorias apresentadas, é

que nós educadores e também os pais, não devemos nos firmar apenas em termos

que traz conceitos muito objetivos; para não ficarmos sofrendo e nos prendermos

em definições consideradas simplórias, como:“alguém que escreve espelhado”.

Portanto, este é um distúrbio que poderá atingir, qualquerpessoa,ou seja,

etnia, ou mesmo qualquer classe socioeconômica e de ambos os sexos.

Segundo Frank(2003,p.07) confirma-nos que:

“Não há meios de predizer se determinada criança vai ter dislexia. Contudo,

se alguém na sua família tiver dislexia, seu filho terá maiores chances de vir

a manifestá-lo do que uma criança que não apresente essa condição. Pode

haver uma ligação genética na família, mas um pai com dislexia não vai

necessariamente ter um filho com dislexia”.

Eis aqui, uma confirmação clara, que nos dá uma condição mais segura de

não cairmos nos pré julgamentos, utilizando o processo da aparência e da

comparação.

Sabe-se, que em uma sociedade, onde prevalece o poder da informação; vê-

se: que ler e escrever bem, são considerados fatores de superação e de elevação

da auto estima de qualquer criança que se “dizem normal” ; imaginemos então

especificamente quando se trata de uma criança com suspeita de dislexia.

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Um fator preponderante a destacar,e que está muito presentenas teorias dos

vários autores aqui propostos; é o aspecto característico e que nos chama a

atenção, de antemão logo que passemos a conviver com a criança que encontra

com suspeita de dislexia, fato da mesma ser “inteligente”, dotada de algumas

habilidades para a realização de trabalhos manuais, músicas entre outros; sendo

que destaca e sobressai com maior intensidade, é a sua dificuldade acentuada na

leitura / escrita.

E assim nos esclarece muito bem Frank (2003,p.13):

“À medida que vamos descobrindo mais coisas sobre a dislexia, nossos

métodos para aprender a lidar com ela vão continuar melhorando”.

Abem disto, vemos que os disléxicos tem capacidade de aprender, desde que

lhe compreenda e respeite o seu potencial criador; pois os mesmos são verdadeiros

aprendentes em potencial. E no tocante, vimos que, quando se trata do fracasso

escolar, às vezes é responsabilizado apenas o “aluno”, o que é considerado

umverdadeiro engano a esse respeito, pois a veracidade dos fatos mostra que isto

faz parte de todo um conjunto, ou seja, família, escola de modo geral com todos

seus integrantes.

Sabe-se que, como se trata de um distúrbio, e que geralmente tem sido

observado seus primeiros caracteres logo no início dos anos escolares na infância; é

papel primordial e fundamental do professor de alfabetização buscarcontato maior

com a família, e também toda equipe responsável para proceder o processo

avaliativo.

É de inteira responsabilidade da equipe, ao avaliar esta criança que no

momento está com suspeita de dislexia, muito conhecimento das potencialidades

que envolvao processo intelectual; além de detectar, as características que nunca

poderá ser descartada nas observações durantes o encontro nas sessões de

avaliações como; baixa auto estima, agressividade, antipatia a desenvolver

atividades que trata do processo leitura/ escrita.

Segundo Frank (2003), uma criança que está envolvida nesteprocesso, a

mesma normalmente evidencia o tempo todo, todos os dias seus efeitos e está

sempre questionando, o por quê não é normal, sempre se sentindo muito “inferior”

ou mesmo “ diferente”, entre os demais colegas. Ela está sempre vivendo uma

sensação de solidão, de isolamento, mesmo que a sua rotina diária seja fazer parte

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de um grupo grande, mas que isto não representa e não tem significado positivo

para sua vida acadêmica.

Cabe-nos, dar o melhor apoio possível, ser compreensivo e respeitar os seus

sentimentos, ajudá-los a encontrar estratégias e várias outras formas de conviver

com este distúrbio.

Davis (1942,p.31), confirma-nos que:

“Ter dislexia não faz de cada disléxico um gênio, mas é bom para a auto

estima de todos os disléxicos saberem que suas mentes funcionam

exatamente de mesmo modo que as mentes de grandes gênios. Também é

importante saberem que o fato de terem um problema com leitura, escrita,

ortografia ou matemática não significa que sejam burros ou idiotas”

Quanto a este conceito, vê-se que o processo daleitura é considerado até por

muitos pesquisadores com uma das funções entre as demais, muito complexa e que

realmente exige maior esforço de nosso cerébro. O que confirma a veracidade dos

problemas que os disléxicos e os suspeitos enfrentam no processo da

alfabeatização, até mesmo envolvendo todas as crianças, só que de forma diferente.

Conforme nos conceitua Davis (1942,p.145), o mesmo nos esclarece que:

“Todos os sintomas da dislexia são sintomas de desorientação. A dislexia

em si não pode ser reconhecida definitivamente, mas a desorientação sim.

Os principios sentidos que ficam distorcidos são a visão, a audição, o

equilíbrio, o movimento e a noção do tempo.Exemplos comuns: náusea, “

ouvir coisas” etc.”

Mediante todos estes acontecimentos, é que vimos na íntegra, que são

diversos sintomas diferentes e que quanto ao grau que possa afetar cada individuo;

isto vai depender e até mesmo variar de uma criança para outra. Observa-se que a

partir deste quadro caracteristico deva-nos ater aos cuidados necessários para não

generalizarmos o conjunto, ou seja, todos de modo geral.

Ainda segundo Fichot(1978), a mesma nos oportuniza e desperta em nós, a

sermos sensíveis e buscarmos a cada dia conhecer os diversos fenômenos em suas

manifestações; a partir do nosso primeiro contato com a criança, apos esta dar inicio

ao processo da leitura e escrita.

Como bem esclarece Fichot (1978, p.15),quando diz:

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“A criança, que toma o caminho da escola, inicia uma longa experiência que

vai modificar-lhe a vida e, ao mesmo tempo, a personalidade”.

Quanto a este conceito acima citado, vemos o poder e aresponsabilidade que

nos cabe como profissionais, e educadores escolhidos para intervir em vidas. É por

este e outros fatores preponderantes e determinantes que devemos desenvoler o

nosso trabalho com estas crianças, sob a orientação de quem é de fato e de direito e

que alémdisso, nos empenhamos em conhecer com maior profundidade seus

conceitos, causas e consequencias, para fazermos a diferença na carreira

acadêmica e pedagógica desta criança.

Faz-se necessário por parte dos familiares e educadores maior esforço

conjunto para vencer os desafios, buscando formas e estratégias de vivencias e

práticas diferenciadas, por meio de cursos, ou seja, formação continuada e troca de

experiência com familiares e colegas que se encontra neste mesmo contexto.

A principio, não há solução mágica para resolver inúmeros problemas que

envolvaa sua realidade; porém requer que trabalhemos com a inclusão respeitando

a diversidade. Pois, a cada método adotado, com certeza irá exigir reformas,

adequação, ajustamento constante e permanente, de acordo com o rítmo e a

recepçãode cada um.

Em conclusão Frank (2003,p.95), deixa-nos estas mensagens a todos os pais

e educadores:

“A dislexia é uma dádiva?... se isso é um presente, quero devolver o meu.

Todos nós temos questões pessoais e profissionais as quais precisamos

trabalhar e melhorar, ao longo de nossa existencia. Não conheço ninguem

que esteja perfeitamente satisfeito com todos os aspectos de sua vida.

Esforçamo-nos diariamente para melhorarmos as relações com nosso

cônjuge ou parceiro, para fortalecermos os laços com os filhos, para nos

comunicarmos com mais eficiência com os colegas de trabalho ou para

usarmos o tempo de maneira mais produtiva e eficiente. Desenvolver

estratégias para melhorar em várias áreas é uma constante procura

humana. Para conquistar o que se quer na vida, é preciso correr riscos e

enfrentar desafios. Lidar com a dislexia não é diferente. [...] Como tudo o

mais, é preciso muito empenho, comprometimento, criatividade e tempo

para desenvoler maneiras de melhorar.”

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De modo geral, sabe-se que independentemente de qual seja a dificuldade, a

própria Constituição Federal, ao tratar sobre a educação especial diz: “O dever do

estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento

educacional especializado dos portadores de deficiência, preferencialmente na rede

regural de ensino” (Artigo 208, III, CF).

CAPÍTULO I: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

1.1 Fatores Relevantes sobre Déficits de Aprendizagem

Há os problemas de aprendizagem que podem ocorrer em todo processo

escolare surgem em situações difirentes, o que requer estudo e investigação na área

em que eles se manifestam.Sabe-se que a aprendizagem se refere a aspectos

funcionais, resulta de cada estimulação ambiental recebida pelo indíviduo no

decorrer da vida.

Esta é uma proposta de trabalhar o processo de ensino aprejndizagem, na

íntegra com fins determinantes de cunho significativo, ou seja, de acordo com a

capacidade e realidade de cada criança; pois como as normais, desejam ser

respeitadas e independentes.]

Conceitua-se VALLET (1989. p. 143) a respeito destesignificado.

“As crianças aprendem melhor as palavras quando seu significado é enfatizado pelo estabelecimento de associaçoes com percepcoes visuais, palavras, sons e ilustrações”.

Assim, qualquer problema de aprendizagem tende a implicar amplo trabalho

do professor junto à família, para quepossa analisar as diversas situações e realizar

alguns levantamentos de características, buscando descobrir melhores estrategias

de ensino, de modo a atender o fator preponderante que represena a maior

dificuldade; levando a superar este desafio e atingir seus objetivos.

Um ponto importante a ressaltar é que se o professor não reconhecer as

diversas manifestações próprias do pensamento infantil, terá dificuldades em

identificar o estágio em que o aluno se encontra, podendo até mesmo cometer erros,

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tais como confundir o egocentrismo de um pré-escolar com problemas de

aprendizagem.

Na perspectiva de se ter uma escola mais eficaz para todos,é que se deve

organizar e dirigir situações de aprendizagem, mantendo e proporcionando um

espaço justo para tais procedimentos e despender energia e tempo para que os

alunos possam viver e criar em um ambiente aberto ao desenvolvimento de suas

habilidades.Segundo Luckesi (1995, p. 126):

“A educação escolar é uma instância educativa que trabalha com o desenvolvimento do educando, está atenta às habilidades cognitivas sem deixar de considerar significativamente as formações de múltiplas convicções assim como de habilidades motoras. A escola não poderá descuidar dessas convicções e habilidades. À escola cabe trabalhar para o desenvolvimento das habilidades cognitivas do educando, em articulação com todas as habilidades, hábitos e convicções de viver.”

Ao educador cabe apenas procurar detectar quais são as dificuldades de

aprendizagem que se apresentam em sua sala de aula, partir para investigar as

causas,abrangendo os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos,

adicionados à problemática ambiental em que a criança vive.

Dessa forma, a expansão do enfoque das necessidades educacionais para

além das dificuldades de aprendizagem de determinados alunos, leva à identificação

de suas necessidades e à escolha de medidas para promover a aprendizagem e a

participação de todos nos vários momentos que a escola oferece.

1.2 O Que São Problemas de Aprendizagem?

Quando se fala em problemas de aprendizagem, considera-se como um

sintoma, no sentido de que as dificuldades não se configuram um quadro estável,

mas que sustenta a ideia de uma gama peculiar de comportamento nos quais se

destacamsinais de descompensação.

Entretanto, é preciso estabelecer claramente os limites que separam

“problemas” de aprendizagem dos chamados “distúrbios” de aprendizagem e isso é

uma tarefa muito complicada, que fica sob a responsabilidade dos especialistas na

área em que esta deficiência se apresenta.

Ao educador,cabe detectar as dificuldades de aprendizagem que surgem em

sala de aula, na maioria das vezesem escolas mais carentes e observar as causas,

que abrange os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos adicionados

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à problemática ambiental em que a criança vive.Muitas crianças são rotuladas pelos

professores com problemas de aprendizagem quando não atendemao planejamento

proposto em uma programação de ensino.

Na verdade, essas crianças não têm problema algum, mas ficam presas a

métodos adotados pelos profissionais que insistem sem êxito, pois necessitam de

outras formas e metodologias para expressar seu entendimento, pois apesar de

saberem até mais do que aquilo que o professor está ensinando, faltam-lhes

mecanismos para demostrar suas potencialidades.

O professor não pode se esquecer de que o aluno é um ser social com

cultura, linguagem e valores específicos aos quais ele deve estar sempre atento,

inclusive para evitar a ênfase nos seus próprios valores não o impedindo de auxiliar

a criança em seu processo de aprender.

Sabe-se que a proposta do sistema educacional brasileiro é dar, para cada

aluno, a oportunidade de aprender tanto quanto sua potencialidade o

permitir.Jannuzzi (2004) considerou que a prática educativa voltada para a pessoa

com necessidades especiais no Brasil é influenciada pelo modo de pensar e de agir

em relação ao diferente. Depende da organização social mais ampla, levando em

conta a base material e ideológica do processo educativo.

Assim, são vários os fatores que podem influenciar, positiva ou

negativamente, o processo de aprendizagem de uma língua. De todos os fatores

destaca-seaquele que com mais intensidade tem atrapalhado e prejudicado, até

mesmo impedindo com frequência o processo ensino aprendizagem, que são os

distúrbios de aprendizagem.

O que se vê atualmente, é que um dos principais problemas das crianças que

estão em idade escolar, é o fato de que as instituições de ensino, públicas ou

privadas, independentemente do nível social, em sua maioria não fornecem

adequadamente uma resposta a esses problemas, devido às condições e a falta de

estrutura, prejudicando ainda mais as crianças que têm apresentado problemas de

leitura e de escrita, especialmente no ensino fundamental.

Como bem resalta em seus estudos Valett (1989, p. 59) cita:

“As crianças dislexicas são comumente deficientes na aquisição e no desenvolvimento de diversas capacidades de liguagem. Linguagem receptiva, linguagem mediacional-associativa e linguagem expressiva são

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as primcipais capacidades nas quais essas crianças sao deficientes. Todas essas capacidades sao interrelacionadas e inseparáveis”.

Observa-se que entre os fatores destacados pelo autor a respeito do

processo de linguagem e sua deficiência; é que procede atraves dos mesmos uma

acentuada contribuição para o retrocesso da criança em seu periodo de formação,

especificamente relacionada ao ensino aprendizagem.

E isto aponta com maior intensidade a rever e refletir como estar sendo

conduzida nossa proposta de trabalho junto a esta criança. Pois, há de considerar-

se um aspecto essencial; que é a compreensão, e também a significação do material

a ser trabalhado e manuseado pela mesma.

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CAPÍTULO II: DISLEXIA

2.1. O Que é Realmente Dislexia?

São várias as definiões usadas para este termo, e quem primeiro traduziu o

conceito de Dislexia foi Reinold Berlin, em l984, cuja definição era “condição que

ocorria quando uma pessoa de inteligência normal tinha dificuldade em ler”,

enquanto que a de maior consenso é a de Critchey (1970), afirmando que trata-se

de uma “ pertubação que se manifesta na dificuldade em aprender a ler”, mesmo

que o ensino seja convencional, a inteligência adequada, e as oportunidades

socioculturais estejam suficientes, ainda assim há um déficit no processo ensino-

aprendizagem.

É bastante conhecida na atualidade a conceituação do Comitê de Abril de

1994, da International Dyslexia Association- lDA, que traz o seguinte conceito:

“Dislexia um dos muitos distúrbios de aprendizagem. Distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples” (IDA, 1994).

Normalmente, quando se ouve a palavra dislexia logo vem em mente os

problemas que envolvem as crianças no processo ensino-aprendizagem, com

ênfase na leitura e escrita, associando a troca de palavras, de letras ou mesmo a

outros tipos de lentidãode aprendizagem.

Por se tratar de uma patologia específica, a dislexia é apresentada em

váriasformas de dificuldades com as diferentes formas de liguagem, que ora incluem

frequentemente problemas de leitura e capacidade de escrever e soletrar.Não se se

refere a uma doença, e sim a um distúrbio de aprendizagem congênito, que

realmente interfere de maneirabastante significativa na junção e compreensão dos

símbolos linguisticos e também perceptivos.

Portanto, não se pode falar em cura e seus sintomas podem ser identificados

logo mesmo na pré-escola ou dependendo do ambiente familiar e escolar até o

terceiro ano do ensino fundamental. A dislexia tambem se caracteriza pelo

comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória sequencial.

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Faz parte do quadro caracteristico quando se nota uma criança com

frustrações acumuladas, produzindo comportamentos antissociais, agressividade e

até mesmo situações de marginalização progressiva.

Quando se trata de dislexia, esta é uma síndrome ainda pouco conhecida,

como pouco diagnosticada por pais e professores. Estes devem estar atentos a dois

importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia, que se trata da

história pessoal do aluno e as suas manifestações linguisticas nas aulas de leitura e

escrita.

É necessário que haja observações e várias investigações, isto é, pais e

educadores se preocupem em encontrar traços, indicios em criançasconsideradas

aprentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil, envolvendo

desde as crianças de 4 a 5 anos de idade; pois, caso contrário, não diagnosticando

até os 8 e 9 anos , no ensino fundamental, a criança irá apresentar perturbações

de ordem emocional, afetiva e linguistica.

Como são várias suas definições, vê-se que dislexia“é um conjunto de

sintomas reveladores”, ou seja, disfunção parietal (o lobo do cérebro, onde fica o

centro nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou mesmo adquirida, afetando a

aprendizagem da leitura num contínuo e se estendendo a sintomas leves e graves.

Frequentemente acompanhada de transtornos na área da aprendizagem da escrita,

ortografia, gramática e redação.“Geralmente afeta os meninos em uma proporção

bem maior que as meninas”(DROUET, 2001, p.137).

Nota-se que estas crianças soletram muito mal, devido às suas dificuldades e

não à falta de inteligência, pois muitas delas se destacaram e apresentam um grau

normal de inteligência ou mesmo uma inteligência superior em meio à população.

Para Luczinsky ( 2003, p.134):

“Dislexia é muito mais do que uma dificuldade em leitura, embora muitas vezes, ainda lhe seja atribuído este significado circunscrito. Refere-se à disfunção ou dano no uso de palavras. O prefixo „dys‟, do grego, significando imperfeita, como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; „lexia‟, do grego, referente ao uso de palavras (não somente em leitura)”.

Assim como afirmou Luczinsky (2011), outros pesquisadores afirmam a

respeito da falta de consenso, em relação ao conceito de dislexia, iniciando a partir

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da decodificação do termo, criado para nomear especificamente as dificuldades de

aprendizado em leitura e escrita.

Assim, Ransom (apud LUCZYNSKI, 2003, p. 134), apresenta a dislexia como

uma “dificuldade de aprendizado desde o nível básico, e pode ser resultante da

história de vida ou da estrutura organizacional, porém não tendo sua origem na

linguagem”. A dislexia também pode ser definida como:

“Dislexia do desenvolvimento ou de evolução, em uma desordem na aquisição da leitura /escrita com competências que acomete a crianças com inteligencia dentro dos padrões de anormalidade, sem deficiências sensoriais, isenta de comprometimento emocional significativo e com oportunidades educacionais adequadas”(ELLIS, 1995; NUNES, 1992).

Somente a partir destas e outras colocações é que se tem a possibilidade de

dizer que a dislexia é evolutiva e possui caracteres envolvidos no reconhecimento

de palavras com grau diferente no momento da compreensão textual.

Diante dos diversos conceitos, conclui-se que a dislexia tem se apresentado

com um jeito de ser e de aprender diferente, individualizado, mas que nem por isso

deve ser motivo de vergonha ou mesmo impedimento para que alguém possa

desistir; deixando-o de prosseguir suas metas, pois há uma dificuldade e não falta

de inteligência.

Segundo o conceito expresso por Martins (2011) “a criança aprende de

maneira diferente, é necessário entender e compreender que o modo como esta

criança articula a linguagem é fundamental para o seu sucesso na escola”.

Mediante aos inúmeros casos contextualizados envolvendo crianças com

dificuldade de aprendizagem, deve-se atentar criteriosamente para cada caso, pois

pessoas com problemas significativos de leitura não são necessariamente

disléxicas.

Entre os vários estudos e avaliações apresentadas, sobre alguns dos

aspectos e obstáculos que envolve a memória Frank (2003, p.11), explica que:

“[...] a dificuldade com a memória – tanto a curto como a longo prazo- é um

dos aspectos da dislexia emocionalmente mais doloroso”.

A priori percebemos segundo o que o autor conceitua, que estas crianças

apresentam seu potencial e que é útil ao educador conhecer mais e melhor seus

caracteres e também do sistema e unidades cerebrais para oferecer e desenvolver

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um trabalho de qualidade, respeitando suas limitações e seu tempo e rítmo de

aprendizagem.

Um indivíduo disléxico pode ser, e em geral é, normal em tudo, menos no

aprendizado ou no desempenho da leitura e escrita. Assim, a dislexia revela-se

essencialmente como uma síndrome pedagógica, e é a partir desse aspecto que

uma criança disléxica ou mesmo suspeita, pode ser reconhecida e caracterizada

entre as demais.

Em meios a tantos conceitos e pontos de vista, o que mais se espera de uma

criança após seu ingresso na escola é que ela aprenda, pois o fracasso não só aflige

os pais, como a própria criança, colocando-a à margem do convívio social,

prejudicando-a de modo geral.

Deve-se trabalhar lidando com a dislexia e nunca contra ela. Buscando apoio

necessário para adquirir segurança e confiança. Sabe-se, que de tudo que já tem

sido conquistado, uma criança disléxica pode conquistar ainda mais coisas, se tiver

realmente um sistema de apoio e autoconfiança.

2.1.1 Os sintomas disléxicos

São vários os indícios apontados nos estudos como sintomas inerentes da

dislexia. Infelizmente, observa-se que as crianças não conseguem superar por si só

tais problemas, que se acentuam na área da leitura e escrita. É necessário que haja

intervenção da equipe de profissionais especializados, atuando durante o período de

sua escolarização para que o mais cedo possível possa ser diagnosticado e iniciado

esse atendimento necessário, com menos complicação tanto no âmbito escolar,

quanto no emocional e também no social.

Quando se lista as dificuldades das crianças disléxicas, observa-se que há

uma diversidade de caracteres; esse é um ponto muito forte a ser destacado, pois

não se trata apenas de um ou dois, são traços que deverão estar evidenciados

constantemente, e isto demanda tempo e estudo, como bem afirma Martins (2011).

Sabe-se que de modo geral, a história pessoal de uma criança disléxica traz

certos traços, como o atraso da linguagem, da locomoção e pode apresentar

problemas de dominância lateral.

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Ainda com relação às diferenças entre a oralidade e a escrita, vê-se que na

linguagem oral, a criança conta com a presença do outro na conversa, e no

processo da escrita, é bem diferente, pois não há o outro, há o vazio que é deixado

pela ausência do interlocutor, sendo que o mesmo passa a assumir o papel de quem

escreve e de quem lê, isto dificultando muito o processo para esta criança.

Para Ianhez (2002) estes são sintomas de dislexia considerados mais

evidentes durante toda carreira pedagógica da criança:

Omissão, inversão ou confusão de fonemas;

a. Baixo nível de compreensão da linguagem;

b. Lentidão motora e atraso na aquisição de conhecimento do esquema corporal,

orientação e sequenciação;

c. Confusão entre letras;

d. Escrita muito irregular;

e. Distúrbio do sono;

f. Enurese noturna;

g. Suscetibilidade a alergias e à infecções;

h. Tendência a hipo-atividade motora;

i. Chora muito e parece inquieto;

j. Dificuldade no manuseio de dicionários e mapas;

k. Dificuldadede copiar do quadro ou mesmo dos livros;

l. Entender o tempo presente, passado e futuro;

m. Não utilização de sinais de pontuação gramaticais;

n. Subtituições de letras.

Várias dessas caracteristicas das crianças disléxicas podem ser observadas

no dia a dia escolar. No entanto, é preciso saber diferenciá-las de outros problemas

de aprendizagem, para que o encaminhamento da criança para diagnóstico e a

orientação aos pais seja a mais correta possível.

2.1.2 Tipos de dislexia

Calafange(2011) (FALTA Nº DA PAG), diz que a “criança com expressivas

dificuldades de leitura não são necessariamente disléxicas, mas todas as crianças

disléxicas têm um sério distúrbio de leitura”. Assim, o autor retrata o que ocorre nas

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salas de aula e muitas vezes não é percebido pelos professores. Afirma

Olivier(2004), que a dislexia existe por diversos níveis, sendo apresentados três

neste estudo.

A dislexia congênita ou inata nasce com o indivÍduo. Pode assim apresentar

várias causas, como alteração cerebral, ou seja, os hemisférios são encontrados em

tamanhos invertidos ou mesmo exatamente iguais; o normal é que o esquerdo seja

maior que o direito. Isto traz consequências no processo de aquisição da

leitura/escrita, sendo que na maioria dos casos, o indíviduo não consegue ser

alfabetizado, ou chega a ser, mas com muita dificuldade no desenvolvimento da

leitura e escrita, compreender e mesmo reter os conhecimentos.

A dislexia adquirida vem através até mesmo de um acidente qualquer, como

Anoxia por afogamento, entre outros. Trata-se de uma situação em que antes a

pessoa era normal e após o acontecido passa por processos que dificultam as

condições para a aquisição da leitura, ou consegue muito pouco devido às

dificuldades. Essas pessoas apresentam falhas na memória.

Na dislexia ocasional, as causas são fatores externos, como estresse,

excesso de atividades entre outros, obrigando o uso de tratamento em grande

escala e podendo envolver vários outros profissionais, além daqueles que atendem

a criança na escola. Os cuidados para este quadro são o repouso e mudança de

rotina, para que a pessoa possa voltar ao normal.

Diante de todo este contexto, percebe-se e conclui-se que este é um assunto

que não admite generalizações. Destaca Drouet (2001, p.132):

“É preciso parar definitivamente imaginar que a Dislexia faça trocar letras. O que acontece com o disléxico é que, na maioria dos casos, ele não identifica sinais gráficos/letras ou qualquer código que caracteriza um texto. Portanto, ele não troca letras, porque seu cérebro sequer identifica o que seja letra.”

Aconselha-se que, em se tratando do disléxico, é necessário e faz muito bem

que pratique esportes, de modo que venha a desenvolver a coordenação motora, o

racíocinio lógico e a agilidade.

2.1.3 Diagnóstico

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A dislexia não se caracteriza por dificuldades especificas, porém por

combinações a níveis de dificuldades e facilidades de aprendizado. Observa-se que

quando uma criança é levada ao consultório apresentando a queixa da escola, é de

suma importância descartar a possibilidade de alguns distúrbios, antes de emitir um

diagnóstico de dislexia.

Nos dias atuais, já há possibilidade de se fazer um diagnóstico precoce de

uma criança potencialmente disléxica. Um dos sintomas considerados alarmantes é

o distúrbio psicomotor. Percebe-se que, de certa forma, o diagnóstico de dislexia é

feito por exclusão, ou seja, em alguns casos, os problemas só passam a ser

percebidos como dificuldades significativas de aprendizado, em geral pelo professor,

somente a partir do segundo ano da educação básica.

Observa-se que a falta do diagnóstico e de uma adequada assistência

psicopedagógica a esse disléxico poderá agravar seu quadro de dificuldades, não só

sociais, como do aprendizado. Varella (2010) afirma que nos dias atuais e devido a

várias queixas de dificuldade de aprendizagem e exames comprovatórios, o

diagnóstico da dislexia está interligado a alterações no cérebro e precisa ser

diferenciado de outros distúrbios.

Mediante ao seu ponto de vista, observa-se que para diagnosticar a dislexia,

deverá ser excluida a presença e possibilidade de outros distúrbios; aprofundando

especificamente na área a ser investigada, buscando conclusões e alternativas

positivas que venha beneficiar o trabalho a ser desenvolvido com esta criança.

Como afirma-nos Frank (2003), que faz-se necessário tranquilizar esta criança com

orientações consistentes, mostrando-a que todas as pessoas são bem

desenvolvidas em algumas áreas e que em outras, apresenta algumas dificuldades,

tornando assim, um fator normal do ser humano.

Portanto, vemos que as crianças afetadas pela dislexia ou que estão sob

suspeitas podem possuir uma inteligência normal, mas não conseguem atingir uma

aprendizagem de leitura e escrita de forma realmente satisfatória, ou seja, entende-

se que o disléxico não tem nenhum comprometimento intelectual. O que pode

ocorrer e vir a acontecer são casos de comprometimento que agravem o quadro de

dislexia como o emocional, o socioeconômico e o cultural. De modo que, mais cedo

ou ao longo do tempo, isto pode desaparecer.

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Os que estudam esse transtorno de aprendizagem dividem-se em dois

grupos: os splitters reconhecem a dislexia em diversos subtipos, como

hiperatividade, transtorno de atenção, dificuldade para atuar na matemática, demora

em falar, gagueira, autismo e a síndrome de Tourette; os lumpers abordam o grupo

dos potencialmente disléxicos e para os extremistas todos os sintomas são

manifestações de uma única síndrome de dificuldade.

Devido à anormalidade de uma região cerebral responsável pela identificação

de palavras, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já leu ou

mesmo que já estudou anteriormente.Também são consideradas como dificuldade

para estas crianças desenvolverem atividades que envolvem rimas, reconhecimento

de letras e fonemas, escrita de lado e ao contrário. Todos esses sintomas precisam

ser considerados no momento de se fazer um diagnóstico da dislexia.

2.2 O Processo de Aquisição da Linguagem

Eis um processo fundamental para o sucesso escolar. A linguagem está

presente em todos os aspectos e os educadores são considerados potencialmente

professores de linguagem, porque usam a língua como canal de transmissão de

informações.

É por meio da linguagem humana que cada pessoa pode se expressar por

meios de pensamentos e sentimentos. Conclui-se que, as crianças disléxicas

apresentam tamanha dificuldade na aprendizagem dos símbolos, o que certamente

irá dificultar na evolução da linguagem. No aspecto da linguagem os disléxicos

fazerm inversão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças mínimas de grafia,

como n-he e-d. Confudem também letras de grafia similar, como b-d, b-q.

Para que haja desenvolvimento ou tratamento da linguagem, alguns membros

desempenham um papel fundamental como, por exemplo, os pais, cujo papel é

cuidadosamente observar e relatar os comportamentos de linguagem, apoiar,

reforçar e também motivar suas crianças em todo o período de crescimento e

desenvolvimento da linguagem.

É importante que se possa compreender e entender, que há uma certa

demora para a criança com dislexia em escrever, soletrar, ler, seguir direções,

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estudar, ou seja, ela deverá empenhar-se mais que os seus colegas. O seu cérebro

está trabalhando mais, mas ela leva mais tempo para obter as respostas.

Tendo por base os estudos de Mabel Condemarén (1989, p. 55), pode-se

afirmar que “a dificuldade de aprendizagem relacionada com a linguagem (leitura,

escrita e ortografia), pode ser inicial e, informalmente, um diagnóstico mais preciso

deve ser feito e confirmado por um neurolinguista”. O que se observa é que após a

suspeita, este aluno deverá ser encaminhado para a equipe de multiprofissionais

para a realização do processo terapêutico.

Segundo Vygotsky (1992) “todas as atividades cognitivas básicas do indivíduo

ocorrem de acordo com sua história social e acabam se constituindo no produto do

desenvolvimento histórico-social de sua comunidade.” Neste processo de

desenvolvimento cognitivo, a linguagem tem papel crucial na determinação de como

o sujeito vai aprender a pensar, uma vez que formas avançadas de pensamento são

transmitidas à criança através de palavras.

Como profissionais atuantes desde as séries iniciais, os professores precisam

ter muito cuidado e atenção em suas intervenções pedagógicas, pois é o canal

direto no processo de construção da linguagem. Por isso, precisam ter atenção aos

sintomas que podem denunciar a existência de uma dislexia, para que o aluno seja

encaminhado para diagnóstico e depois ser merecedor das necessárias

intervenções pedagógicas.

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CAPÍTULO III: A CRIANÇA DISLÉXICA NA ESCOLA

3.1 Dificuldades de Leitura em Crianças Disléxicas

Há o processo de aquisição da escrita, envolvendo a disgrafia e disortografia.

Enquanto a disgrafia é conceituada como a falta de habilidade motora, apresentando

lentidão mental no traçado e letras ilegíveis, a disortografia é considerada como a

incapacidade de transcrever corretamente o processo de linguagem oral, que é

caracterizado pelas trocas ortográficas e também advindas das confusões com as

letras. O que é considerado normal para aqueles que estão no nível de primeira

série.

Diante disso, observa-se que tanto pais, alunos e também os educadores

necessitam e precisam realmente entender que a dislexia, ao contrário do que

muitos profissionais da educação pensam, não se trata, definitivamente, de uma

doença, mas de um transtorno.

Aos profissionais que atuam diretamente em sala de aula com as crianças

que apresentam suspeita de dislexia, cabe desenvolver sua sensibilidade e um

senso crítico, envolvendo o discernimento pedagógico, de que realmente a dislexia é

uma dificuldade bem específica que envolve diretamente o aprendizado da leitura e

da escrita no período escolar.

Eis a razão entre as quais estes profissionais tm sentido dificuldade sem

realizar a discriminação fonológica, levando a criança a pronunciar as palavras de

maneira considerada errada, devido ao trocadilho de alguns símbolos. E devido a

isto, a tendência mais usada é ler a palavra inteira, evitando o processo da

soletração das sílabas e também das palavras.

Os vários problemas enfrentados pelos disléxicos que têm a ver com a

alfabetização são os mesmos que todas as crianças enfrentam no decorrer dos

estudos, pois as outras crianças vão se desenvolvendo notadamente na leitura e na

escrita, enquanto que os disléxicos demonstram bastante dificuldade para

desenvolver na mesma área.

Sabe-se que a leitura é considerada uma forma complexa de aprendizagem

símbolica, na qual mudanças relativas de um pequeno símbolo podem provocar

alterações tanto a nível de conceito e até mesmo de pronúncia.

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Este processo de aquisição da linguagem geralmente envolve a escrita, a

organização dos textos, habilidades motoras e vários outros fatores do processo.

Esta é uma tarefa considerada muito dificultosa, o ato de produzir, revelando-se a

escrita muito confusa e indecifrável para este aluno.

E devido a estes fatores, que consideramos muito importante que o educador

e a família sejam parceiros, no que diz respeito ao diagnóstico e acompanhamento

de crianças com problemas de aprendizagem que tratam especificamente da leitura

e também da escrita aritmética.

Dentre as várias formas estratégicas de identificação dos problemas e de

ajuda para a reeducação da criança, observa-se que o professor deva conhecer

quais são essas dificuldades que o aluno enfrenta, buscando de todas as formas

evitar rótulos e diagnósticos antecipados, o que é muito comum no meio

educacional.

Há um ponto a destacar, considerado como o pior de todas as soluções, que

é a concentração intensa que os dislexicos adotam, podendo levar a ler mais

devagar e que esta leitura não é considerada algo prazeroso e sim desagradável.

Há uma clara diferença para os disléxicos entre concentrar-se e prestar

atenção. Prestar atenção em algo prazeroso e interessante é bom, mas concentrar-

se em algo que ameça a própria vida não é nada agradável. Na verdade, é muito

angustiante. A inabilidade para ler e escrever frequentemente parece uma ameaça à

vida para a pessoa disléxica (DAVIS, 2004).Sobre o conceito do autor, observa-se

muito claramente que esta é uma realidade bem presente no contexto escolar e no

interior das salas de aula.

3.2 Áreas de Dificuldade: Matemática

A dificuldade para aprender a linguagem expressa através dos símbolos da

matemática poderá ter várias causas: pedagógicas, capacidade intelectual e

disfunções do sistema nervoso central. Estas desordens têm sido consideradas

como discalculia ou mesmo acalculia. O que em muitos casos são resultantes dos

métodos que são utilizados pelos profissionais da escola, às vezes buscando

tentativas de ensinar e resolver o problema da matemática. Sobre esses transtornos,

Davis(2004. p. 69) afirma que:

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“A acalculia e a discalculia relacionam-se diretamente com as distorções do „sentido do tempo‟ que são comuns entre crianças disléxicas. Estas distorções ocorrem simultaneamente com desorientações visuais, auditivas e de equilíbrio/movimento.”

Diante dessas distorções é bastante comum que os profissionais da escola

façam pré julgamentos e definam o aluno como preguiçoso ou desajeitado, o que

não é verdade. Toda e qualquer proposição matemática, desde a questão mais

simples de cálculo, até os cálculos mais complicados de astrofísica, que é

considerada de ordem/desordens e também da sequência do tempo. E é a partir

desse conceito que a criança irá desenvolver as atividades que lhe são propostas,

pois do contrário ela só terá possibilidades de fazer uso da repetição e

memorização.

Conforme Davis (2004), para um disléxico aprender realmente a matemática,

ele deverá dispor dos seguintes pré-requisitos e princípios básicos:

a. Tempo: significando a medição de mudança em relação a um padrão;

b. Sequência: significando a maneira como realmente as coisas se seguem,

uma após a outra, em quantidade, tamanho, tempo ou importância;

c. Ordem: significando que as coisas estão nos seus lugares apropriados, nas

suas posições apropriadas e nas suas condições apropriadas.

É a partir do desenvolvimento desses princípios que uma criança estará apta

para transformar algo que outrora era uma luta em algo prazeroso e divertido. Sabe-

se que quando uma criança não consegue realmente se lembrar da aparência dos

números, ou seja, quando ela não consegue revisualizá-lo de imediato em sua

mente, a falha interfirá muito em seu cálculo matemático e na escrita dos números.

Mas no processo pedagógico existem várias estratégias para desenvolver

propostas de trabalho buscando trabalhar os conceitos matemáticos,explicando-os

de outras maneiras, de modo que este distúrbio seja vencido ou diminuído, até

atingir o processo da escrita.

O importante é saber que nem todas as deficiências em matemática são

consideradas idênticas. Isto varia de pessoa para pessoa, seu nível de capacidade e

o tipo de desordem que ela possa apresentar. O ponto crucial da resolução de todos

os problemas de aprendizagem fica geralmente restrito entre a relação direta

professor X aluno.

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Diante do número de distúrbios, vê-se que a discalculia não é classificada

como uma doença mental e nem um déficit auditivo ou visual. SegundoKocs (apud

GARCIA, 1998), a discalculia apresenta seis subtipos, que poderão ocorrer por

diferentes combinações envolvendo também outros transtornos, como:

a. Discalculia operacional: envolve atividades com cálculos;

b. Discalculia gráfica: quando se refere à escrita de símbolos matemáticos;

c. Discalculia pragtognóstica: refere-se à enumeração, comparação e

manipulação, até mesmo de imagens matemáticas;

d. Discalculia verbal: uso de quantidades matemáticas, os números, os termos,

símbolos e as relações no processo cotidiano da linguagem;

e. Discalculia ideognóstica: refere-se à realização com operações mentais e

compreensão dos conceitos matemáticos;

f. Discalculia léxica: refere-se à leitura de símbolos matemáticos.

Diante de tudo isto é que se busca vivenciar a importância e significado da

zona de desenvolvimento proximal. Segundo Vigotsky (2001), o sujeito necessita de

alguém que seja mais experiente e também capaz de desenvolver uma determinada

tarefa, de modo que o outro seja beneficiado e produza seu conhecimento, ou seja,

a zona de desenvolvimento proximal é um conceito considerado em extensão, que

busca criar um vínculo de modo a oferecer e beneficiar atitudes de confiança e um

vínculo de cooperação mútua. Esse conceito precisa ser conhecido pelos

professores que têm crianças disléxicas em suas salas de aula.

3.3Estratégias Educacionais

Há uma perspectiva do docente na intervenção pedagógica com o aluno

disléxico. É considerado de suma importância que o educador conheça o processo

de aprendizagem e que busque mais flexibilidade e interesse em conhecer o ser

humano na fase do seu desenvolvimento, tanto em nível da instituição, quanto no

seio familiar.

Não dá para negar, nem fugir da responsabilidade de ser professor, pois é

tarefa de todo e qualquer educador buscar e viver como base a ética e o

compromisso do dever cumprido, efetivando um aprendizado de forma digna e

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respeitosa, com novos programas e propostas de ensino que venham de encontro à

realidade e necessidade que a inclusão demanda no interior das salas de aula.

Necessita-se urgentemente de lutar para que a desinformação não faça parte do

roteiro do trabalho do professor, de modo a destruir vidas, futuro e sonhos. Afirma

Rogers (1988) que “[...] ele deverá estabelecer com seus alunos uma relação de

ajuda, atento para as atitudes de quem ajuda e para a percepção de quem é

ajudado.”

Entretanto, acredita-se que uma das maneiras de ajudar o aluno a resolver

alguns impasses, é fornecer um método para controlar as desorientações que

ocorrem frequentemente. Todos os disléxicos necessitam da habilidade de pensar

com os símbolos e as palavras que inicialmente se confundem no seu cérebro.

Para que o aluno disléxico pense nos significados de uma palavra, com

certeza, será necessário permitir que crie uma imagem mental e após mostre com

precisão o significado. Entende-se que ele acha o aprendizado por repetição

mecânica um tédio torturante, como os métodos tradicionais que até hoje não têm

surtido os efeitos esperados e acabam apenas frustrando o aluno. Faz-se

necessário que pais e professores estimulem e encorajem sempre que for possível e

oportuno, para que a criança disléxica, ou com suspeita reconheça o seu potencial

interior.

Quando se trata do processo da criatividade,observa-se claramente que é

através dela que o ser humano é separado e colocado acima de todo e qualquer ser

vivo. E no disléxico esse impulso da criatividade é profundamente forte, quanto nos

indivíduos que não apresentam transtornos de leitura e escrita. Às vezes os

professores agem na prática ao contrário do que está garantido nas teorias, pois

pais e educadores veem de maneira diferente a realidade e a verdade da criança

disléxica.

O que acontece na prática é que o professor é instruído a passar por várias

fases mecânicas no processo de alfabetização dos seus alunos, o que deveria ser

bem diferente. A aprendizagem poderia ser apresentada por meio de experiências

práticas, respeitando o potencial e a necessidade; pois todos com certeza

conseguiriam dominar muitas coisas rapidamente.

Apresenta-se, a seguir, propostas para melhor atender as crianças com

dislexia ou que estejam em processo de avaliação, incluindo-as em todos os

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aspectos possíveis, de maneira que elas se sintam parte do processo e não às

margens do que acontece em sala de aula:

a. Trabalhar com famílias de palavras;

b. Criar pequenas frases;

c. Oferecer oportunidades de produzir pequenas histórias;

d. Fazer uso de palavras de mesma configuração;

e. Uso do treino da visualização de orientação diferenciada das palavras;

f. Identificação de sons verbais e também os não verbais;

g. Diferenciar a discriminação das figuras, quanto das formas;

h. Fazer associação de sons (sílabas);

i. Atuar com métodos analíticos e o uso do método fônico;

j. Desenvolver o relacionamento das letras com os sons;

k. Diferenciar aspectos diferentes em figuras incompletas.

Também Pallares (2000) sugeriu algumas estratégias que poderão amenizar

os problemas que são causados pela dislexia:

a. O aprendizado baseado em métodos multissensoriais, incluindo o uso do tato,

os movimentos, as cores, além da visão e audição, que são fontes de

aprendizagem;

b. Estabelecer parcerias entre as crianças e os pais, para que possam auxiliá-los

e acompanhá-los nos progressos;

c. Reforçar a memória a curto e longo prazo;

d. Colaboração dos educadores de sempre lembrar a criança de suas tarefas;

e. No início, impedir a leitura perante seus colegas e valorizá-los por seus

esforços;

f. Utilização da tecnologia como fator desencadeador de aprendizagem.

Ao se trabalhar estas e outras estratégias pode-se proporcionar oportunidade

e qualidade ao aluno, sem menosprezá-lo. O conhecimento não se instala por passe

de mágica, mas é construída na relação entre professor e aluno.

Outro fator de grande relevância é a reeducação, fato este muito significativo

neste processo, como o trabalho realizado para o aumento da autoestima, que irá

desenvolver aos poucos, nos fatores da confiança e valorização pessoal.

Deve-se trabalhar com a utilização de textos curtos, de forma que prendam a

atenção e despertem o interesse e vontade de desenvolver suas atividades. Isto,

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aliado à ligação estreita e direta do profissional com a família, fator de extrema

importância para o crescimento desta criança.

Há diversos materiais que, se bem manuseados, irão fazer uma grande

diferença para o aluno como: blocos lógicos, ábaco, calculadora e outros mais,

segundo e conforme a capacidade e necessidade deste aluno.

No tocante aos recursos que podem enriquecer o trabalho doprofessor Valett

(1989,p. 178) indica:

a. Emprego de letras recortadas em lixa, na cor natural para vogais e em

vermelho para consoantes;

b. Colocar as letras em cartões com desenhos de animais, plantas, objetos;

c. Uso de letras em lixas para exercícios táteis, com olhos abertos e fechados;

d. Recortes de revistas com cartões para melhorar a noção de esquema

corporal, orientação e organização espaço-temporal;

e. Uso de letras maiúsculas e minúsculas coloridas, para identificação e

discriminação;

f. Letras divididas segundo elementos lineares para decomposição e

recomposição;

g. Alfabetos ilustrados, enigmas;

h. Frases e pequenas histórias com os substantivos concretizados;

i. Meu dicionário especial e ilustrado, com vistas às trocas entre f e v e outras

letras.

Para os alunos, percebe-se que há uma verdadeira gama de sugestões e

adaptações para desenvolver uma proposta de trabalho. Reconhece-se que é um

tanto difícil para pais e professores aceitarem essas adaptações, devido

aparentemente esta criança apresentar-se como outra qualquer de saúde física

comum, em vários aspectos da sua idade e condição social.

De imediato, não se poderia confirmar a verdadeira eficácia de todas as

estratégias, mas são meios, caminhos que após exercitados deverão sinalizar

pontos positivos, desde que a criança o adapte e aceite prazerosamente.

3.4 A Dislexia no Contexto Escolar: o Processo de Alfabetização

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No âmbito das instituições de Educação Básica, vemos relatos de professores

em situações angustiantes e inquietos, por estar lhe dando diretamente com

crianças aparentemente brilhantes e muito inteligentes, que ainda não conseguiram

ler e escrever; nem se dispõe de uma boa ortografia para a idade e série que estão

inseridos.

Vemos que os alunos com dificuldades de leitura têm apresentado a cada

tentativa, frustrações, o que tem sido incluídos em turmas que não condiz com sua

realidade, tornando companhia indesejáveis.

Sabe-se que vivemos em uma sociedade, onde a informação, a leitura e a

escrita é uma dentre as condiçõesde superação de desigualdades.

A partir do momento em que nos deparamos com uma criança disléxica,

deve-se geralmente ir a busca de seus traços característicos e comuns, como o

atraso na aquisição da linguagem, atrasos na locomoção entre outros. Pois, são

vários os fatores que notadamente lhe deixará às margens, caso não haja uma

investigação e intervenção.

Não dá para deixar de fora como realmente se encontra as escolas

brasileiras; dotada de uma carência de recursos pedagógicos, tanto de espaço

físico, como da má formação acadêmica e da questão salarial vigente. Isto tem

contribuído para ser um entrave, junto à escola x comunidade. Mas,

independentemente das circunstâncias, vamos erguer nossas cabeças e prosseguir

dando o primeiro passo.

A realidade é que há infinitos problemas que são realmente da sociedade,

ainda não está em nosso poder em transformar a situação, criando uma história

nova.

Por isto, do ponto de vista de nossa realidade, é função sim da escola buscar

ampliar a experiência humana, portanto, não sendo limitada apenas ao que imagine

ser significativo para o aluno; o que deva proceder, é possibilitar oportunidades

criativas de forma a ampliar suas experiências.

É nesta fase tão delicada e cheia de expectativa por parte da família e do

professor que a escola deverá atuar junto ao aluno, em suas dificuldades, dando

encorajamento, atendendo suas angústias, respeitando suas possibilidades e

capacidades, seus limites; informando-a de suas dificuldades, e que este professor

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seja sensibilizado para compreender e apoiar esta criança, desenvolvendo um clima

de compreensão e atenção de modo a cumprir suas tarefas e atingir seus objetivos.

Na idade pré-escolar da alfabetização há vários sinais, que de antemão,

deve-se ficar alerta quanto aos mesmos. Segundo IANHEZ (2002) a estes sinais de

dislexia na idade escolar, devemos ter mais atenção:

Desatenção e dispersão;

Desempenho escolar abaixo da média;

Problemas para reconhecer rimas e alterações;

Dificuldade para copiar lições do quadro;

Dificuldades em manusear mapas e dicionário;

Esquecimento de palavras;

Dificuldade coordenação motora fina;

Problema de condutor: retração, timidez;.

Leitura demorada;

Desnível entre o que ouve e o que lê;

Demora realizar os trabalhos entre outros.

Quando se trata de criança e idade escolar, vemos que a mesma está com

atraso escolar, faz-se necessário um empenho por parte do professor, levantando a

auto-estima deste aluno propondo atividades que melhor irá desenvolver suas

habilidades. Encaminhá-lo para os especialistas de direito para uma séria

investigação e poder chegar ao diagnóstico definitivo.

Também será necessário, que este professor procure se inteirar melhor do

assunto, para lhe dar com a causa e mesmo atendê-lo com segurança e

tranquilidade, aproximar um pouco mais desta família, orientado-a compreender e

também a acompanhá-lo neste tratamento clínico e desenvolvimento pedagógico.

Em toda nossa experiência, temos percebido como é difícil para os adultos

entenderem, ou seja, pais e professores que estas dificuldades não estão

centralizadas em uma deficiência, preguiça ou desatenção, a sua aquisição nos

disléxicos, tem exigido um cuidado especial, uma atenção maior para que eles

possam atingir seus objetivos.

Normalmente, os disléxicos devido às suas dificuldades, já têm sua

comunicação bastante prejudicada tanto no processo de receber, quanto ao

transmitir, isto nos referindo à leitura. Mesmo antes de ir para a escola, esta criança

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tem o seu canal livre de comunicação com gestos, mímicas, um olhar entre outros.

Mas todo entrave está centralizado na leitura e escrita. Outro fator a destacar, que

ora tem acontecido em uma criança disléxica são as manifestações de alguns

problemas da fala e da linguagem como: dislalia, afasia, vocabulário pobre, gagueira

e outros.

Quase sempre a criança disléxica tem sido responsabilizada pelo seu

fracasso em todos os aspectos, outro motivo frequente no período escolar é ser

castigado, ameaçado, comparado com outras pessoas, sempre tem sim sentido

diminuído, deixando-o de viver seu processo criativo e produtor.

No que diz respeito à aceitação do seu problema, é necessário que o

professor esclareça que ele é inteligente, quanto a todos colegas e familiares, e

sobre estas dificuldades com relação a leitura e escrita, poderá ser também de

outros, e que isto não provém de preguiça nem de má vontade.

A propósito já comentamos anteriormente, a necessidade deste professor ser

sensível e muito criativo, pois no caso de um disléxico ele sempre será considerado

único. Sempre que possível ressalte seus acertos, fale francamente sobre suas

dificuldades, valorize o esforço e o interesse do aluno, não tenha nenhum receio que

seu apoio e atenção irão incomodá-lo.

Há vários pontos considerados estratégicos que o professor deverá utilizá-lo

para não prejudica-lo ou mesmo inibi-lo:

De preferência dê a ele um resumo, da atividade a ser executada;

Sempre estabeleça horários dos seus deveres, de dormir, das recreações;

Incentive-o a cuidar do seu corpo e vestir suas roupas;

Além do quadro, deverá usar outros recursos para dinamizar sua aula;

Nas revisões, que o tempo seja suficiente;

Nunca force seu aluno a ler em voz alta;

Sempre dê suas instruções orais e escritas de forma separada;

Será necessário o respeito do seu ritmo.

Quanto ao processo avaliativo, sabe-se que o mesmo depois de confirmado

seu diagnóstico, terá adaptações necessárias, dentro de suas necessidades e

realidade.

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Além das avaliações orais, é necessário que dê um tempo razoável para que

ele desenvolva com calma, de preferência, recomenda-se que seja lido as questões

junto com o aluno, de forma que o mesmo possa entender e sentir-se seguro.

No momento das correções, busque valorizar o máximo a sua produção, e se

possível converse com ele confirmando algumas respostas a respeito do que ele

quis dizer. Seja paciente e compreensivo, pois é normal que ele leve mais tempo

para concluir suas atividades.

É considerada uma mola propulsora a participação da família, pois esta é um

elemento determinante de como esta criança se sentirá e sairá bem na escola. Suas

atitudes em relação à aprendizagem e o seu acompanhamento conta um ponto

muito forte e enriquecedor, e com certeza seus resultados serão mais eficazes.

São diversas formas de ajudá-los, e uma delas é compreender a dinâmica

dada a atenção e sua base neuropsicológica.

Conforme cita Valett (1989, p. 225):

“os pais são a pedra angular de qualquer programa de educação especial para crianças disléxicas. Com seu envolvimento e apoio na modelagem de comportamento de atenção e através do uso de programas de treinamento doméstico, a criança disléxica pode continuar a fazer progressos significativos na aprendizagem da leitura”.

Ao professor, mais uma vez cabe-nos ajudá-lo em todos os aspectos, pois o

seu crescimento e o seu desenvolvimento auxiliam tanto os seus sonhos, como

também o dele e juntos, todos objetivos tornarão realidade.

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II - OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

- Compreender os significados construidos pelos professores de três escolas

municipais de Ensino Fundamental de Águas Lindas de Goiás; a partir de suas

vivências com alunos disléxicos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Compreender as concepções dos professores pesquisados em relação ao

processo de distúrbio de dislexia;

Verificar quais estratégias de ensino-aprendizagem os professores estão

desenvolvendo junto aos alunos diagnosticados disléxicos;

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III- METODOLOGIA

3.1 Fundamentações Teóricas da Metodologia.

Considera-se que a pesquisa provomeu uma análise sobre o tema dislexia a

partir de investigações com professores que atuam diretamente com alunos em

período de alfabetização. Para tal meta de pesquisa, usou-se a pesquisa qualitativa,

buscando compreender as concepções expressadas pelos professores pesquisados.

Com este estudo, considera válidos os pressupostos da metodologia

qualittiva, a partir do momento em que entendemos o pesquisador como construtor

de inteligibilidade, e não retificador do real. Ou seja, essa pesquisa delimita um olhar

para a inclusão verificando as expressões dos participantes, que não esgota o

fenômeno estudado, mas possibilita visibilidade para novas reflexões.

3.2 Contextos da Pesquisa.

Formulou-se a idéia de pesquisar e analisar algumas escolas do município de

Águas Lindas do Goiás por percebemos, no cotidiano da prática docente,

professores e coordenadores não demonstrarem em suas narrativas, conceitos que

condizem com o que o quadro de dislexia. A partir daí surgiu à ideia da pesquisa

para responder a seguinte questão: mediante as dificuldades encontradas no

processo escolar de alfabetização, como os professores conseguem perceber um

aluno com suspeita de dislexia, auxiliá-los com estratégias de trabalho?

Para auxiliar na busca por uma resposta, este estudo construiu um espaço de

comunicação no qual os docentes expressaram suas concepções sobre o tema

proposto a partir de um questionário aberto. E tentamos construir um cenário de

confiança entre o pesquisador e docente para que ocorra uma livre expressão sem

julgamentos ou restrições.

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3.3 Participantes.

Foram pesquisadas as opiniões de professores regentes que estão com os

alunos do 1º ano (fase de alfabetização) e também dos três coordenadores

pedagógicos destas três escolas municipais que acompanho como professora de

recurso itinerante.

Sobre os coordenadores, os mesmos são graduados em pedagogia e ja

vivenciaram como professor regente. Também contamos com pos graduados em

áreas diversas.

Todos também se apresentaram como profissionais que já estão atuando

desde dois ou mais anos seguidos. A partir de suas respostas e nas conversas

informais, foram bastante sinceros nas suas revelações, quanto ao quesito dúvida e

insegurança para atuar e lidar com tal criança suspeita de dislexia.

Escolhemos professores que possuem graduação e ou que estão cursando ou

concluiram pós-graduação a partir do pressuposto de que esses profissionais estão

aptos a lidar com as diferenças e nuanças da escola. De modo algum estamoa

descredenciando aqueles profissionais que possuem apenas o magistério, mas

compreendemos que os profissionais com alguma habilitação perpassarm em

debates sobre o tema da inclusão e que tal experiência tenha acarretado alguma

mudança no seu modo de enxergar a realidade escolar.

Os professores regentes que partiparam dessa pesquisa fazem parte do

quadro de profissionais do municipio. Em relação a eles, especificamente, contam

com certa experiência docente.

Visando uma melhor compreensão e conhecimentodo perfil de cada umdos

participantes, segue as informações na tabela abaixo:

Materiais.

Caneta

Blocos de anotações

Computador

Impressora

Prancheta

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Pasta elástica

Professor Idade Experiência

Profissional Formação Formação Continuada

P1 25

anos 6 anos Magistério

Pedagogia

Psicopedagogia

P2

44

anos 20 anos Magistério

Pedagogia

Orientação em Ensino

Especial

P3

32

anos 4 anos Magistério

Letras

Gestão Escolar

P4

33

anos 6 anos Magistério

Geografia

Pedagogia

P5 29

anos 7 anos Magistério

Letras

Gestão Escolar

P6

34

anos 11 anos Magistério

Pedagogia

Orientação

Educacional

P7 39

anos 7 anos Magistério

P8

29

anos 3 anos Magistério

Pedagogia

Orientação

Educacional

P9

36

anos 8 anos Magistério Cursando Pedagogia

P10

27 5 anos Magistério Pedagogia

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3.4 Instrumentos de Construção de Dados.

Para desenvolver este trabalho monográfico; Foram escolhidas três escolas

municipais, entre às cinco acompanhadas há seis anos; como professora de recurso

itinerante do Programa Escola Inclusiva.

Devido às queixas serem muito frequentes e presente nas turmas de

alfabetização; a proposta a ser trabalhada com os professores do 1º ano, onde está

o maior índice de crianças que tem apresentado maiores dificuldades, evasão e

repetêcias e também aos coordenadores pedagógicos, pelo fato de serem os

responsáveis em trazer as dúvidas e os questionamentos dos professores que ora

atuam diretamente com a criança e também com os pais.

A princípio conversei com os coordenadores e em seguida juntamente com os

professores, relatando qual seria o meu objetivo e o porquê da importância e

necessidade deles na realização deste trabalho.

Esclareci a todos que principalmente nestes dois anos, o número de queixas

tem sido muito frequente e às dúvidas em diferenciar uma criança em seu estágio de

dificuldade de aprendizagem.

A pequisa empírica, foi realizada no ano anterior 2010, com dois

questionárioscompostos de perguntas abertas; sendo que dez professores

responderam quatro perguntas direcionadas com perguntas voltadas

especificamente ao contexto escolar; enquanto no segundo questionário, apenas

dois professores do total , foram com quatro ítens tambem aberto, reforçando o tema

da pesquisa, com o objetivo de obter maiores informações a esse respeito.

Na primeira questão foi: Para você, o que é dislexia? A minha inquietação é

saber se eles têem algum conceito a esse respeito e qual é.

A segunda questão foi: Mediante as dificuldades encontradas no processo

escolar de alfabetização, que obstáculo tem lhe apresentado para perceber se a

criança é dislexica? Neste ítem, meu objetivo foi saber do docente, qual o seu grau

de conhecimento e de experiência em alfabetizar; para diferenciar algumas

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características básicas e natas de uma criança disléxica e de uma que esta com

outro problema que não seja realmente indício de um “disléxico”.

A seguir, foi perguntado: “Se o disléxico não pode aprender do jeito que

ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende”. Quais são essas

estratégias de trabalho? Minha curiosidade – e também dúvida – é saber se eles

estão aptos a ensinar esse aluno? Tem conhecimento de causa e estão oferecendo

qualidade no atendimento para esse aluno?

E por último, procuro saber como está o envolvimento desta Família X Escola,

pois considero de suma importância. Pergunta: Trabalhar com a participação da

família faz a diferença. Nesta situação de uma criança disléxica, como a mesma tem

se portado?

3.6 Procedimentos de Construção de Dados.

Para a realização deste trabalho monográfico, optei-me em trabalhar com três

escolas municipais de Águas Lindas de Goiás, situada em um bairro de uma

comunidade carente.

Propus um questionáio aberto, dando oportunidade a todos os professores de

alfabetização e também os coordenadores pedagógicos de responder expondo

como eles veem o processo da “dislexia” e como ele conceitua.

A aplicação deste questionário foi segundo a disponibilidade de cada escola, e

o tempo disponível foi de oito dias para que os mesmos efetivassem sem nenhuma

forma de pressão.

Usei do seguinte procedimento: apenas os professores que estão atuando nas

séries de alfabetização e tambem o coordenador pedagógico, por se tratar de um

profissional que recebe diretamente todas as queixas da escola, ou seja, convive

com todos os problemas e faz o papel de mediador em busca de soluções e

alternativas para ajudar toda equipe pedagógica da escola.

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Foi orientado para que os mesmos trocassem idéias e experiencias de como

eles tem sentido e encarado o problema diariamente, junto à criança e tambem a

família.

Ao entregar, deixei bem claro que todos pudessem expor seu ponto de vista e

se houvesse alguma dúvida, sentariamos para discutir e chegar a uma determinda

solução de dúvidas e quebra de alguns mitos relacionados ao tema proposto para

pesquisa.

Todos os profissionais são do sexo feminino, e a minha opção por ser

somente os professores de alfabetização, foi devido as queixas serem constante

destes profissionais que estão atuando nas séries iniciais, onde normalmente estao

as crianças que tem permanecido mais de dois anos na mesma série; sem nenhum

diagnóstico que comprove a sua dificuldade de aprendizagem.

3.7 Procedimentos de Análise de Dados.

Foram dez participantes envolvidos na pesquisa de campo, das três escolas

municipais de Águas Lindas de Goiás, sendo que o questionário foi composto de

quatro itens abertos.Este instrumento buscou investigar como atua o professor

regente diante dos alunos que estãoapresentando características de suspeita de

“dislexia”.

Foi utilizado para aplicação deste questionário o período correspondente de

junho a agosto/2010, tendo ocorrido de forma individual, na própria escola, nos

horários de coordenação dos professores.

Na primeira leitura as respostas foram agrupadas de acordo com cada item

proposto, de maneira que fosse capaz de demonstrar o resultado do seu sucesso ou

mesmo do insucesso de cada uma das dimensões apresentadas.

O seu tratamento se deu a partir das informações colhidas nos questionários.

Somente com basenas respostas dos itens, é que se procedeu a analise dos dados .

Este foi o instrumento utilizado para obteros resultados, que esclareceram de como

tem sido feito o tratamento metodológico da análise dos questionários, o que

permitirá a interpretação e compreensão deste estudo.

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Este método utilizado tem por objetivo identificar o porquê das dúvidas e

ansiedades dos docentes em lidar com estes alunos, ora não diagnosticados e que

se encontra em fase de suspeita de “dislexia”.

Observou-se que apesar das limitações, diante do contexto em que todos se

encontram inseridos, acredita-se em novas possibilidades e utilidades de estudos

que promovamoportunidades e subsídiospara maior conhecimento e entendimento

das causas da dislexia por parte dos docentes.

IV –RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta abordagem, apresenta-se o resultado de aplicação da metodologia

deste trabalho de pesquisa, que ora considerado instrumento de análise, o qual

permitiu a avaliação do trabalho dos docentes das séries iniciais de três escolas

municipais de Águas Lindas de Goiás.

Entretanto, vê-seque oquestionário foi organizado de forma que as questões

necessárias fossem abordadas de maneira possível para avaliar e detectar o

impacto dos anseios e dúvidas dos professores, no trabalho pedagógico envolvendo

estes alunos com suspeita de “dislexia”.

Observou-seque entre um ponto e outro houve algumas considerações que

se afastaram da finalidade e dos objetivos que eram pretendidos (alguns totalmente

alheios). Quanto aos resultados obtidos com estapesquisa, são verificados

separadamente, a cada item proposto.

Item 1: Para você, o que é dislexia?

De acordo com as respostas dos participantes, em relação a primeira questão

do questionário “o que é dislexia?”, observa-se que independentemente de não ter

participado de algum curso específico na área, o primeiro grupo conseguiu registrar

seus conceitos em parte, razoavelmente, dentro de algumas características

comprovadamente de “dislexia”,admitindo que sabia o conceito um total de 40%,

conceituando conforme o texto abaixo:

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Professora1

“Distúrbio na aprendizagem na área da leitura, escrita ou soletração”.

Professora2

“É o distúrbio apresentado na escrita, onde o aluno troca fonemas”.

Professora4

“Dificuldade de ler algum fonema”.

Professora5

“Dificuldade que a criança tem de reconhecer as letras”.

Observa-se que as professoras reportaram na sua fala o processo de

dificuldade da leitura/escrita e que nenhuma confirmou qualquer problema a nível da

inteligência. Isto demonstra que o indivíduo, mesmo que apresente suspeita de

“dislexia” e que estejapassando pelo processo de avaliação, o seu estado não

implica que a sua dificuldade é acentuada, ou mesmo provocada pela falta de

inteligência.

Enquanto isso, o surge uma resposta em que a professora pesquisada

reporta sua concepção ao não saber do aluno como falta de motivação na

aprendizagem. Claro que deveríamos aprofundar nessa concepção para

entendermos o que a docente entende sobre aprendizagem, desenvolvimento e

estímulo para aprender. A resposta foi:

Professora3

“Trata-se de uma criança sem estímulo algum na aprendizagem”.

Desta forma, percebe-se que essas professoras não têm conhecimento real

do que é “dislexia” e que estão entre aqueles que na sua angústia e ansiedade

acabam, de certa forma, rotulando todos os alunos com problemas na leitura e

escrita. Anulam toda a complexidade que perpassa a situação da criança no

contexto de sala de aula. E mais, cada uma irá lidar com essa relação de não-

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saberde maneira singular e que na massificação imposta pelo professor, o aluno se

perde e poderá realmente reproduzir a condição de não-saber.

Surpreso ao percebemos as respostas quase que padronizadas,

questionamos a respeito de como têm trabalhado suas atividades com estes alunos,

alguns confirmaram que lhes têm passado alguma tarefa diferenciada e que às

vezes também lhes dispensam um tempo maior para a realização dos trabalhos;

mas que isto nem sempre acontece, depende da ocasião.Ou seja, não é algo que

tenha um objetivo e direcionado para tal fim, porém é ocasional e muito

raramente.Como exemplo apresentado de atividadesapontou: jogos, quebra-cabeça,

jogo da memória, material concreto, atividades de recorte e colagem entre outros.

Uma questão interessante durante a pesquisa nos inquietou. Dentre 10

participantes, 5 responderam que não sabiam o que é dislexia. Deixaram o espaço

em branco, alegando que ainda não tiveram oportunidade de estudar sobre essa

especificidade, portanto, não quiseram arriscar-se. Claro que não podemos reificar

tais respostas e deveremos pensar os “por quês?” que eles não quiseram responder

tal pergunta. Será que não queriam participar dessa pesquisa? Ficaram receosos

com a possibilidade do erro? Minha atuação dentro do grupo ou na região? Não

sabemos.

Estes professores devem ser alvo de preocupação, pois o aluno com suspeita

de dislexia está incluso nas salas de aula, necessitando, sim, de ser encaminhado

para uma avaliação e também de um atendimento específico para que avance e

consiga ser compreendido e respeitado em seu ritmo de desenvolvimento intelectual

e pedagógico.Hipotetizamos que o fato de ter receio, por parte do docente perante a

questão, do erro nos preocupa a sua postura perante o aluno que demonstra certas

dificuldades em aprender e comete erros consecutivos. Além do mais, cremos que a

aprendizagem criativa se dá por intermédio dos erros consecutivos e a reflexão

proposta pelo docente de dialogar com a criança os erros, possibilitando a infante

gerar alternativas para o erro podendo atingir o êxito da aprendizagem.

Além do mais, as respostas da primeira questão expressa, por parte do

sistema educativo, que há certa necessidade de oferecer a estes docentes

oportunidades de formação continuada nas várias áreas específicas do processo

inclusivo.

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Item 2: Mediante as dificuldades encontradas no processo escolar de

alfabetização, que obstáculos têm lhe apresentado para perceber se a criança

tem características, e é suspeita de dislexia?

Com relação segunda questão, apresenta a confirmação dos professores de

que tem sido muito difícil diferenciar um caso do outro, por falta de conhecimento

específico, notadamente na área afim. É até redundante e inesperado, pois ao

receber a primeira questão, onde a metade do grupo pesquisado não soube ou não

quiseram responder, o que iria acontecer com as outras? Pois do total, 4

conseguiram responder que “sabe”, e já ouviue leu alguma coisa que tratava deste

assunto ou que assistiu uma reportagem sobre dislexia. Porém, em suas respostas,

vê-seque as pessoas que responderam têm uma noção muito vaga sobre o que é

“dislexia”, prova disso são as falas abaixo:

Professora 1

“Demonstrando desinteresse de participar das atividades”.

Professora 2

“Falta de formação sobre o assunto, em reconhecer o distúrbio”.

Professora3

“Por meio da escrita, confunde os fonemas, grafemas”.

Professora4

“Falta de capacitação e conhecimento no assunto”.

Em vista de suas respostas serem realmente focadas em alguns pontos que

dizem respeito ao tema, a maioria das queixas e dos pré-diagnósticossegue essa

linha representativa que surge nas respostas. São direcionados diretamente apenas

por algo que ouviram falar que faz parte do assunto, ou seja, qualquer sinal

característico dentre os demais, eles já os consideram como suspeitos de “dislexia”.

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Embora a dislexia afete a capacidade da criança ler, escrever, ou mesmo de

expressar seus pensamentos enquanto escreve, não se pode achar que ela seja

disléxica.

O que é mais interessante, se os professores não quiseram relatar o conceito

de dislexia, como eles iriam poder observar e suspeitar que uma criança demonstre

o quadro disléxico? Mesmo assim, eles responderam a segunda questão.

Observamos que as professorasou preferiram deixar a resposta em branco,

ou colocar seu ponto de vista embasado no senso comum. Portanto, seu saber é, de

certa forma, vago, alheio àquilo que se pede e que deva ser no sentido real do

contexto de estudo da pesquisa monográfica.

Seguem as respostas:

Professor 5

“Dificuldade de lembrar o que foi apresentado pelo professor”.

Professor6

“Quando ela é totalmente dispersa e com problemas familiares”.

Professor 7 e 8

Optaram por deixar o espaço em branco.

Professor 9

“Quando a criança apresenta dificuldade de comunicar-se”.

Professor 10

“A maior dificuldade, conscientização da família”.

Faz-se necessário promover situações de preparação dos professores da

rede, para que os mesmos exerçam sua autonomia e apliquem suas competências,

de modo que o aluno seja assim bem servido.

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Item 3: Se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que

ensinar do jeito que ele aprende. Quais são as estratégias utilizadas para

serem desenvolvidas com o aluno suspeito de “dislexia”?

Na análise desenvolvida com este item, o grupo que confirmou “sabe”, cerca

de 90%, mesmo não tendo nenhum tipo de confirmação diagnosticada pela equipe

de multiprofissionais, segundo eles buscam trabalhar parcialmente com este aluno,

proporcionando-lhe uma atividade diferenciada, desde que a ocasião o permita; pois

sabem que este aluno está no momento apresentando um déficit em relação aos

demais, mas não expressaram do que realmente se trata:

Professor 1

“Promove aula dinâmica, mais participação da família, estimular a

criatividade”.

Professor 2

“Concreto, oral e fônico”

Professor 3

“Uma das estratégias, é trabalhar com o método fônico”

Professor 4

“Atividades lúdicas, jogos e dramatizações”

Professor 5

“Trabalhar o lúdico, jogos, dramatizações e brincadeiras”

Professor 6

“Envolver jogos, dança, canto e dramatizações”

Professor 7

“Através de jogos, brincadeiras e músicas”

Professor 8

“Através de material concreto e jogos”

Professor 9

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“Deverá perceber o melhor jeito que o aluno aprender, buscar apresentar

formas variadas de atividades”.

Diante do que foi exposto de estratégias que têm sido desenvolvidas pelos

professores da rede de ensino nas três escolas envolvidas na pesquisa, observa-se

o esforço que fazem para atender o aluno com suspeita de dislexia, pelo menos em

parte; independentemente do diagnóstico, esforçam-se para desenvolver e oferecera

este aluno algo diferente, de modo a não lhe deixar à margem do processo

ensino/aprendizagem, em especial aqueles que são repetentes e estão muito

desestimulados na sala de aula.

Mediante o contexto em que estes profissionais estão inseridos, observa-se

que estão buscando, na medida do possível, se preparar para a diversidade, pois

em uma classe nunca há de se esperar turmas homogêneas, pois o importante e

normal de uma sociedade ou família é a diferença, que é real e muito presente.

Apresentam-se a seguir a contribuição relacionada ao grupo dos que “não

soube responder”, da questão três relacionadas “as estratégias de ensino”

somando apenas 10% do total de participantes.

Isto significa, na atual realidade, é que há professores que realmente não

acreditam e nem aceitam a proposta de se trabalhar com os olhares e objetivos

voltados para a diversidade, o que não deixa de ser normal. Estes profissionais são

encontrados em todas as instâncias educacionais. Assim confirmao texto abaixo:

Professor 10

“Atividades dirigidas, como leitura em voz alta e corrigir no ato em que

errar”.

Maciel (2010) mostra muito bem o valor da diversidade com sua colocação:

“Queremos enfatizar nossa criança de que é preciso desigualar condições

para igualar oportunidades. Ou seja, como o desenvolvimento humano é

marcado pelas diferenças, necessitamos entendê-las e respeitá-las para

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que todos possam se desenvolver. E é esta mensagem que queremos

passar: „O substrato da inclusão são as diferenças (p. 25)”.

Eis aqui uma pequena parcela daqueles que ainda necessitam serem

sensibilizados e conscientizados do real e verdadeiro sentido do processo inclusivo,

que se trata de algo que chegou e foi implantado para expandir, progredir e nunca

ter um retrocesso.

Observa-se que em sua confirmação está muito incoerente com a proposta

que deverá ser adotada para aqueles que estão no grupo dos suspeitos de

dislexia.Além de uma parcela de educadores, percebe-se também que há

determinados segmentos que persistem em permanecer desacreditando e

discriminando aqueles que são considerados diferentes por um motivo ou outro

qualquer. A pedagogia da exclusão tem origensremotas e esta constatação de não

aceitação começa no seio familiar e segue-se ao social, principalmente na escola.

Item 4: Trabalhar com a participação da família faz a diferença. Nesta situação

de uma criança suspeita de dislexia, como a família tem se portado?

Mediante as respostas dadas pelas professoras, observa-se que a família tem

atendido ao apelo e ao chamado da escola, para juntos buscarem alternativas de

melhoria para este aluno.Observamos as seguintes respostas:

Professora1

“A família não conhece o distúrbio, mas vê como uma dificuldade de

aprendizagem, busca ajuda e cobra da direção o atendimento”.

Professora2

“Sim. Aqueles que têm atendido o nosso chamado, tem sido essencial e

importante para o trabalho”.

Professora3

“Sim. Tem sido mais fácil, mesmo eles não podendo ajudar nas atividades,

mas a presença e a preocupação fazem a diferença”.

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Professora4

“Eles não têm conhecimento, mas temos solicitado a participação e fazem o

que podem”.

Professora5

“A participação é essencial, mas se trata de uma comunidade carente; ajuda

um pouco, porém a parcela maior fica com a escola”.

Professora6

“Sim. Quando a família fica de fora, só prejudica, mas temos cobrado e eles

nos ajudam um pouco”.

Professora7

“Sim. Quando ela ajuda, mesmo que não seja muito, a criança passa a ter

mais interesse”.

Professora8

“É fundamental a participação em todo o processo, mesmo porque a escola

só faz a sua parte”.

Observando o depoimento das professoras pesquisadas percebe-se que elas

atribuem certa importância e necessidade de ter a família lado a lado neste

processo.Percebemos que, dentro dopossível, se têm solicitado a estes pais a

buscarem recursos para o aluno poder desenvolver e crescer como pessoa e

cidadão.

Porém, a professora 9 vem com a concepção de que a família está muito

distante e que embora seja chamada para somar com a escola, não tem dado

crédito e nem mesmo demonstrado interesse em participar deste processo

essencial. Assim é a resposta:

Professora9

“São desprovidos de conhecimento, deixa a responsabilidade apenas para a

escola, ainda recrimina a criança”.

Professor 10

“ não respondeu”

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Hipotetizamos que as respostas perpassam a possibilidade de

compreendermos a realidade escolar do município. Nisso, a partir de tais respostas,

compreendemos a realidade escolar como limitadora do desenvolvimento da criança

pelo o não saber docente. Assim, instrumentalizam a participação da família no

contexto escolar ao propor uma necessidade abstrata. Ou seja, as respostas não

deixam claro o que é, verdadeiramente, de suma importância para que a família

participe no cotidiano escolar.

Estes professores têm visto que a presença dos pais é essencial e conta

ponto positivo para o filho, pois o seu envolvimento com a instituição faz parte do

processo pedagógico. Caberia, em outra pesquisa, entendermos as motivações e

necessidades que perpassam os aspectos subjetivos desses professores quando

clamam para a participação da família na escola. Por nota, mediante tal questão, a

professora 10 não respondeu. Os verdadeiros motivos para negação de sua

expressão não sabemos.

A diversidade das respostas ilustra que não tem sido fácil desenvolver o

trabalhocom o aluno que tem apresentado suspeita de “dislexia”. Suas concepções

foram bastante heterogêneas nos quatro itens propostos acerca do tema.

Assim, as dificuldades observadas no grupo de professores pesquisados

foram,de modo geral:

Elaboração de materiais;

Número de alunos na sala;

Falta de conhecimento específico na área;

Apoio das famílias dos alunos;

Realizar atividades específicas para o aluno.

Resultado da entrevista n° 02

Ao construirmos as questões anteriores, incitou-nos à realização de

entrevistas com alguns participantes, de modo que pudesse aprofundar em temas

que abertos a partir das questões do questionário. Procuramos centralizar a

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entrevista nos conceitos de como tem sido a realidade escolar do docente e do seu

trabalho com o aluno suspeito de dislexia.

Foram envolvidos apenas dois professoresde alfabetização, dentre os dez

dessa pesquisa. Como já dissemos, com objetivo maior de obter e ampliar o leque

de informações sobre o contexto da pesquisa.

A maneira pela qual deu o processo de escolha destes doisprofissionais foi

pelo fato de os mesmos estarem com alunos em fase de avaliação de diagnóstico

pela equipe de multiprofissionais.

Questionados a respeito do primeiro item: “Quais são as estratégias que

poderá e deverá ser utilizada, desenvolvida no trabalho pedagógico, com o

aluno que tem apresentado característica e que supostamente está em

avaliação com suspeita de dislexia”?

Professora A

“Avaliação oral, trabalho em grupo e textos xerocados.”

Professora B “Evitar que o aluno tenha contato direto com leitura e incentivar interpretações e atividades mais artísticas incentivando dentro das possibilidades de aprendizagem.”

Mediante as respostas assim afirmadas, observamos que as mesmas

confirmaram ser necessário um atendimento diferencial ao aluno.Ou seja, não

restringir apenas a adaptaçãocurricular, pois cada aluno com suspeita de dislexia,

provavelmente, apresentará questões particulares na sua aprendizagem que poderá

destoar dos demais colegas. Assim, cabe ao professor criar um espaço de diálogo

com esse aluno, de modo que o docente compreenda quais são as reais

necessidades desse aprendiz singular.

A seguir, passemos para o segundo item que traz a seguinte

abordagem:“Você percebe e vê algumas possibilidades de que o aluno incluso

está com suspeita de dislexia, e que terá oportunidades e capacidades de

desenvolver seu potencial em relaçãoaos demais colegas de classe?”

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Professor A “Sim. Desde que seja trabalhado de forma adequada”

Professor B “Sim. O aluno com suspeita de dislexia pode desenvolver, desde que seja estimulado e mediado para desenvolver dentro de suas limitações”.

Em suas respostas, tanto o professor A, como o professor B, teve pontos

comuns em suas respostas, pois os dois entendem e reconhecem a necessidade de

entrar em um espaço significativo com este aluno, de forma a respeitar o seu limite e

que estas estratégias adotadas sejam condizentes com a realidade e necessidade

deste aluno.

Prosseguindo para a próxima análise do item três: “Como você avalia as

condições da escola no momento, para receber e desenvolver um trabalho que

venha de encontro com a realidade e necessidade do aluno com suspeita de

dislexia e que se encontra incluso no ensino regular e estárealizando a

avaliação com a equipe de multiprofissionais?”

Professora A “Há profissionais que ainda não estão prontos para trabalhar com esses alunos, mas há também os esforçados que estão realizando seu trabalho, estimulando esse educando”.

Professora B “A condição e estruturação da escola deixam muito a desejar, pois mesmo quando a equipe realiza a avaliaçãoa escola necessita de um suporte, o professor também, e até o momento não nos é oferecido”

Percebemos em ambas as respostas o foco na má formação dos profissionais

que estão nas escolas e a própria instituição escolar falida no processo de

compreender a singularidade do aluno e gerar alternativas para os seus problemas.

A escola passa por problemas estruturais, político, ideológicos etc., que deveriam

ser constantemente discutidas pelos atores sociais que a compõe; e não por

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doutores em educação de escritórios que nem imaginam os verdadeiros problemas

que professores passam no seu dia-a-dia.

Passemos para a nossa última questão: “Quais foram às mudanças e

contribuições da família, junto à escola,a partir da queixa e do

encaminhamento deste aluno para a equipe de multiprofissionais

diagnóstica?”

Professora A “A família do aluno que faz parte deste atendimento tem contribuído levando o aluno para os atendimentos e mudaram no sentido de compreensão nas dificuldades do mesmo”

Professora B “A família não tem conhecimento suficiente e principalmente entendimento para acompanhar o filho, alega, não tenho tempo e diz que o filho é “burro”, e que não vai perder um dia de trabalho por nada”.

Após a leitura dos dois textos dos professores A e B, vimos realidades

diferentes, pontos de vista divergentes.Ou seja, nada é igual, o diferente está no

pensar, no agir, e assim sucessivamente. Enquanto que a professora B, se

posicionou relatando uma representação equivocada da família frente a criança, a

professora A consegue compreender a relevância da participação da família do

processo de inclusão. Até que ponto a professora B respondeu a partir da fala da

família ou ela está enviesando o próprio olhar para a questão singular da criança

com suspeita de dislexia? Será que o fato de adjetivar a criança de “burra” não é a

reprodução criada na relação aluno-professor-escolar-comunidade-família?Não

temos respostas, apenas indagações.

Hoje, o desafio do professor do século XXI é educar na diversidade.É

conviver com o diferente, sendo aberto ao novo, flexível às mudanças são quase

que diárias.Faz-se necessário, de modo geral que a escola e a família trabalhem

juntas para que possamos atingir um ensino em parceria e que considere toda a

diversidade escolar.

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V- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em se tratando do distúrbio de dislexia, vê-se,que tem sido uma patologia que

está presente nas nossas instituições escolares; e que muito tem prejudicado à

criança, devido não ser algo que possa diagnosticar ou mesmo perceber suas

características e intensidade de maneira simples e rápida. O que se pode observar é

que este distúrbio afeta o desenvolvimento da leitura/ escrita, do indivíduo;

deixando-o na maior parte dos casos, por anos consecutivos na mesma série.

Portanto, pode-se concluir que a dislexia se constitui como um processo de

dificuldade de aprendizagem do aluno, sendo que estudos têm confirmado causas

genéticas e neurológicas.

O estudo realizado para realização deste trabalho,juntamente com a pesquisa

de campo, teve como objetivo primordial obter maiores informações a respeirto do

assunto, e oportunizou a obter uma pequena amostra, das causas e características

de um aluno considerado com suspeita ou mesmo que já tenha um diagnóstico

fechado; este com o objetivo de levá-los a compreender e poder desenvolver um

trabalho digno que envolva esta criança no contexto educacional de foma

respeitosa e inclusiva.

Mediante os estudos baseados nos teóricos como:Frank(2003), Davis(2004),

Vallet(1989) e outros; vê-se que os mesmos apresentaram conceitos e estratégias

que irão nortear o trabalho de modo mais seguro e consciente. Estes esclareceram

com muita objetividade que o distúrbiode dislexia, não se trata de um problema que

venha ser superado a curto prazo, mas que é necessário, esforço conjunto por parte

da família X escola, buscando parcerias com os profissionais de direito; e tambem

mudando suas estratégias de trabalho, incluindo-o de modo que este se sinta

acolhido e integrante do processo ensino aprendizagem.

Sobre os métodos e estratégias estudadas, conclui-se que não dá para

afirmar que há um só método a trabalhar; devido ofato de que cada criança é única,

o que se pode proceder é praticar aquele que melhor tenha atendido e aceito pela

criança em sua prática.

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Pois, para os autores aqui estudado, nunca é tarde para ensiná-los, mesmo

sabendo que o seu processo informativo é um pouco lento, porém com garantia

absoluta de que são capazes, desde que respeite o seu rítmo.

Sabe-se que dislexia, não é algo que consegue superação, resultado

imediato, mas que necessita urgentemente que os pais e seus professores sejam

mais sensíveis e atentos aos sinais, para poder intervir, buscando meios e recursos

para melhor garantir suas metas e atingir os objetios, junto a esta criança etambem

a família.

Os conceitos teóricos nos mostram que quanto mais cedo na vida acadêmica

de uma criança for comprovada o diagnóstoco, será melhor seu progersso, isto lhe

oferecendo apoio tanto de programas, como estratégias adequades que beneficie o

seu desenvolvimento criativo e potencial.

De modo geral, vemos que são muitos os fatores que devem ser levados em

conta neste processo, entre eles destaco: os níveis econômicos e culturais em que

esta família e mesmo a criança pertença, sem contar a que tipo de escola ela está

inserida, pois isto conta muito para que a mesma não venha ficar às margens, digo

esquecida

É nesse sentido que foi verificado a importância e significatividade do

trabalhoque deverá ser realizado com esta criança, incluindo seus mecanismos e

subsídios necessários para que ela sinta prazer em desenvolver suas atividades.

Poi, o objetivo maior é que os alunos que estão em avaliação sejam realmente

incluídos. E para que isto aconteça, há de haver uma mudança cultural, em ambas

as partes, ou seja, de todos que estãoenvolvidos neste processo de atendimento,

escola X família e comunidade.

Também se faz necessário que as escolas se preparem e adeque em relação

ao trabalho específico e o domínio e à aprendizagem individualizada.

Assim diz Valett (1989):

A única organização escolar sensata é aqula que atende às necessidades

múltiplas das crianças de forma que elas sejam ensinadas naquilo que

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necessitam saber e que sejam premiadas por fazerem progressos contínuos

(p. 272).

Concluindo todo estudo prático e teórico, deixou-nos lições de que as crianças

dislexicas necessitam e precisam urgente de escolas que estejam organizadas, que

venha permitir e encorajá-los que aprendam e progridam em seus próprios ritmos.

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aprendizagem relacionadas com a linguagem: dislexia, disgrafia e

disortografia. Disponível na internet: http://sites.uol.com.br/Vicente.martins/.

Acesso em 14/02/2011.

NUNES, Terezinha. Dificuldade na Aprendizagem da Leitura: Teoria e Pratica.

Editora: Cortez, 1992.

PALLARES, Josep A. Disfuncion cognitiva em la dislexia. Revista Espanôla de

Neurologia Clínica, v.1, n° 1, p.115. 2000.

ROGERES, Carl R. Liberdade para Aprender. Belo Jorizonte: Ed. Inter Livros,

1997.

VALLETT, Robert E. Dislexia: uma abordagem neuropsicológica para a

educação de crianças com graves desordens de leitura. São Paulo, 1989.

VARELLA,Drauzio. Dislexia. Disponível em

www.drauziovarella.com.br/entrevista/dislexia//6.asp.As máquinas ficam mais

inteligentes e nós? Acesso em 18.12.2010.

VYGOTSKY, L. S. Psicologia da Arte. Martins Fontes, 2001.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes,

1992.

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66

APÊNDICES

ANEXOS

Anexo I

Termo de consentimento

Você esta sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma

pesquisa. Após os esclarecimentos sobre as informações a seguir, e, no caso de

aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas

vias. Sendo uma via do voluntário e a outra do pesquisador responsável.

Gostaria de agradecer antecipadamente a sua disponibilidade para participar e

colaborar neste trabalho.

Antes de começar a entrevista, faz-se necessário as seguintes informações:

Gostaria de salientar o caráter de sigilo de tudo aquilo que for dito aqui. Este é um

compromisso ético que se tem com todas as pessoas que participam de pesquisas.

Desde já, está garantido o esclarecimento de dúvidas do entrevistado, antes e

durante o curso da pesquisa.

O sujeito tem a liberdade em recusar-se a participar ou retirar seu consentimento,

em qualquer fase da pesquisa, sem penalidade alguma e sem prejuízo ao seu

cuidado.

Nome e assinatura da

pesquisadora_____________________________________________

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CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu,_________________________________________________________________

_____, RG________________________,CPF__________________, abaixo

assinado, concordo em participar como sujeito do estudo, acima citado. Fui

devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre a pesquisa, os

procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios

decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.

Local e data _________________________________________

Nome e assinatura do sujeito:______________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a

pesquisa e aceite do sujeito em participar

Testemunhas (não ligadas à pesquisadora):

Nome:_________________________________Assinatura:____________________

Nome:_________________________________Assinatura:____________________

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ANEXO II

APÊNDICES

Formulário de Entrevista N° 1.

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA N°2

PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UAB na UNB CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ESCOLAR. CURSISTA: MARIA DO CEU DE SOUZA DOMIENSE TURMA: B / ORIENTADORA: ANA PAULA CARLUCCI MONOGRAFIA: QUESTIONÁRIO DATA: -----/-----/----- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: IDADE____________ SEXO: F() m() ESCOLA MUNICIPAL:______________________________________________ PROFESSOR (A) _________________________________________________ SÉRIE/ANO________________

Questionário

1. Para você, o que é dislexia?

2. Mediante as dificuldades encontradas no processo escolar de

alfabetização, que obstáculo tem lhe apresentado para perceber se a

criança é disléxiaca?

3. Se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que

ensinar do jeito que ele aprende. Quais são essas estratégias de

trabalho?

4. Trabalhar com a participação da família faz a diferença. Nesta situação de

uma criança disléxica, como a mesma tem se portado?

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PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UAB na UNB

CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO HUMANO, EDUCAÇÃO E

INCLUSÃO ESCOLAR.

CURSISTA: MARIA DO CEU DE SOUZA DOMIENSE

Nome:______________________________________________________________

Idade:______________________________________________________________

Sexo:_______________________________________________________________

Escola:_____________________________________________________________

Graduação:________________________Pós-Graduação:____________________

Experiência Profissional:______________________________________________

1. Quais são as estratégias que poderá e deverá ser utilizada, desenvolvidas no

trabalho pedagógico, com o aluno que tem apresentado características e que

supostamente está em avaliação com suspeita de dislexia?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Você percebe e vê algumas possibilidades de que o aluno incluso está com

suspeita de dislexia, e que terá as oportunidades e capacidades de

desenvolver seu potencial em relação aos demais colegas de classe?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Como você avalia as condições da escola no momento, para receber e

desenvolver um trabalho que venha de encontro com a realidade e

necessidade do aluno com suspeita de dislexia e que se encontra incluso no

ensino regular e está realizando a avaliação com a equipe de

multiprofissionais?

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Quais foram às mudanças e contribuições da família junto à escola, a partir da

queixa e do encaminhamento deste aluno para a equipe de multiprofissionais

diagnóstica?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________