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UFSM Dissertação de Mestrado UMA ANÁLISE DE GÊNERO EM ARTIGOS ELETRÔNICOS DE LINGÜÍSTICA APLICADA COM FOCO EM TÓPICOS E PROCEDIMENTOS DE PESQUISA _________________________________ Fabiana Diniz Kurtz PPGL Santa Maria, RS, Brasil 2004

Disser Ta Cao

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  • UFSM

    DissertaodeMestrado

    UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICA

    APLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA

    _________________________________

    FabianaDinizKurtz

    PPGL

    SantaMaria,RS,Brasil

    2004

  • UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICA

    APLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA

    por

    FabianaDinizKurtz

    DissertaoapresentadaaoCursodeMestradodoProgramadePsGraduaoemLetras,readeConcentraoemEstudosLingsticos,daUniversidadeFederal

    deSantaMaria,(UFSM,RS),comorequisitoparcialparaobtenodograudeMestreemLetras

    PPGL

    SantaMaria,RS,Brasil

    2004

  • UniversidadeFederaldeSantaMariaCentrodeArteseLetras

    ProgramadePsGraduaoemLetras

    AComissoExaminadora,abaixoassinada,aprovaadissertaodeMestrado

    UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDE

    LINGSTICAAPLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOS

    DEPESQUISA

    elaboradapor

    FabianaDinizKurtz

    ComorequisitoparcialparaobtenodograudeMestreemLetras

    COMISSOORGANIZADORA:

    ____________________________________DsireMottaRothOrientadora

    ____________________________________KanavillilRajagopalan1argidor

    ____________________________________CludiaStumpfToldo2argidora

    SantaMaria,30demarode2004

  • AGRADECIMENTOS

    Dsire,marcoemminhaformaoacadmica,pelaliodevidaprovadaacadadia de nossa convivncia, pelo smbolo de profissionalismo e competncia, por terdemonstradotantorespeito,carinho,amizade,incentivoeconfianaemmeutrabalhoe,fundamentalmente, por termeensinado o valor e a importncia desta extraordinriaprofisso.

    minhafamlia,emespecialminhame,Cleuza,emeuirmo,Fbio,peloamor,carinho,pacincia,eprincipalmentepeladedicaoquesomenteaquelaspessoasquerealmentenosamamconseguemteredaremmomentostodifceis.

    Aomeunoivo,Denlson,peloapoioincansveldesdesempre,pelorespeito,amorecompanheirismoconstanteepelosempurres,imprescindveisnashorasdefraquezaecansao.

    LucianeTicks,colegaeamiga,comquempudecompartilharosmomentosdeangstiaealegria,eque,comtodasuaexperincia,ajudoumeatrilharessesdoisanos,comcerteza,deformamaissuaveeconstrutiva.

    Aos colegas e amigos do LabLeR, emespecial Pati, Grasi e Franciele que,sempresolidrias,mesmonashorasdecorreria,sempreestiveramdispostasaajudar.

    Graci,Rosli,Lo,Lu,ValeprincipalmenteFlvia,colegaseamigos,sempredispostosarespondersminhasperguntasdecorredorsobreomestradoousobreminhapesquisa.

    samigasGabieDebi,que,desdeagraduao,vmsempremeajudandonosmomentosmaisdifceis,semprecomumapalavradeestmuloedeamizadesincera.

    Capes,pelabolsaconcedida.

  • RESUMO

    UMAANLISEDEGNEROEMARTIGOSELETRNICOSDELINGSTICAAPLICADACOMFOCOEMTPICOSEPROCEDIMENTOSDEPESQUISA

    Autora:FabianaDinizKurtzOrientadora:Dra.DsireMottaRoth

    Apublicaoemperidicosacadmicospareceapresentar,conformeautoresapontam(Marcuschi,2001;Valauskas,1997),maiorprestgioquetextospublicadosemcoletneasporqueservemcomoveculo fcil, econmicoe rpidoparadivulgar o conhecimento.Aliado a isso, o meio eletrnico vem sendo considerado um veculo de produo econsumodeconhecimentoessencialeinovador,sendoqueumadesuasinflunciasmaisrelevantesnasociedade o rpidoecrescenteprocessodeedioedistribuiodeartigos acadmicos em peridicos eletrnicos (ejournals) (Holoviak & Seitter, 1997).Nesses termos, na rea de Ingls para Fins Acadmicos, pesquisas sugerem anecessidade de investigar como esses novos ambientes de publicao ou gnerosemergentessoconfigurados(Aura&Alastru,1998:80).Nesteestudo,quarentaartigosacadmicoseletrnicoscoletadosdedois ejournals emLingsticaAplicada(LanguageLearningandTechnology e Readingonline) soanalisadosemtermosdesuaestruturatextualecontextualcomduploobjetivo:1)verificarostpicosdepesquisapresentesnosartigosquecompemo corpus; e 2) osprocedimentosmetodolgicosqueosautoresutilizamaoinvestigartaistpicos.Paraanalisarocontexto,foramrealizadasentrevistascom os autores dos artigos que compemo corpus deste estudo. A anlise textualevidenciouqueosartigospodemserreunidosemumtpicogeral, Aprendizagemdelnguasassistidaporcomputador,comnfaseemquatrosubtpicos:a)processosdeletramento; b) interface tecnolgica; c) formao de professores; e d) anlise dodiscurso/anlisetextual.Osprocedimentosmetodolgicosassociadosaestestpicossosemelhantesnamedidaemque,paracadatpicoobservado,osautoresparecemutilizarprocedimentosmetodolgicosespecficosdecoletaeanlisededados. Emrelaoaesse aspecto, observamos um maior uso de mtodos quantitativos, em oposio aqualitativos.Outroaspectoevidenciadonaanlisedizrespeitopresenadeartigosderelato de experincia. Nesses artigos, os autores referemse pesquisa realizadadeformapessoal,atravsdousodepronomespessoais,fazendotambmummaiorusodeprocessosmentais.Nosdemaisartigos,osautoresdopreferncia,aparentemente,aouso de expresses impessoais e nominalizaes ao referirse pesquisa realizada,utilizando processos materiais e relacionais. A presena de artigos de relatos deexperincia parece indicar uma variao ao relato de pesquisa em que os autoresapresentamumaseodemetodologiacomprocedimentosdecoletaeanlisededados.Apessoalidadeexplicitadapelosautoresaoreferiremsepesquisa,associadaaousodeprocessosmateriaisementaisnessesartigospareceindicarqueosautoresassumem

  • explicitamente a responsabilidade sobre a pesquisa realizada, almdeexporemseuspensamentosacercadoestudo.

  • ABSTRACT

    AGENREANALYSISINELECTRONICRESEARCHARTICLESINAPLLIEDLINGUISTICSWITHFOCUSONRESEARCHTOPICSANDPROCEDURES

    Author:FabianaDinizKurtzAdvisor:Dra.DsireMottaRoth

    Texts published in academic journals seem to present, as pointed out by authors(Marcuschi,2001;Valauskas,1997),morestatusthantextspublishedineditedbookssincetheyrepresentaneasy,economicandquickvehicletodisseminateknowledge.Linkedtothis aspect, the electronic medium has been considered an essential and innovativeknowledgeproductionandconsumptionvehicle.Oneofitsmostrelevantinfluenceswithinsocietyistherapidandunfoldingprocessesofeditinganddistributingresearcharticlesbyelectronicjournals(ejournals)(Holoviak&Seitter,1997).Intheseterms,intheEnglishforAcademicPurposesarea,researchessuggesttheneedofinvestigatinghowthesenewpublication environments or emergent genres are configurated (Aura & Alastru,1998:80). In this study, forty electronic research articles, collected from two AppliedLinguistics ejournals (Language Learning and Technology and Reading online) areanalyzedaccordingtotheirmacrostructureandcontextwithatwofoldpurpose:1)verifytheresearchtopicsobservedinthecorpus;and2)themethodologicalprocedurestheauthorsusetoanalysethesetopics.Toinvestigatethecontext,interviewswerecarriedoutwiththeauthorsofthearticlesthatarepartofthe corpus collectedforthisresearch.Thetextualanalysisevidencedthatthearticlescanbegroupedinageneraltopic,Computerassistedlanguagelearning,withemphasisinfoursubtopics:a)literacyprocesses;b)technologicalinterface; c) teacher education; and d) discourse and textual analysis analysis. Themethodologicalproceduresassociatedtothesetopicsaresimilarinthesensethat,toeachresearch topic observed, the authors seem to use specific collection and analysisprocedures.Inrelationtothisaspect,weobservedahigheruseofquantitativeproceduresinoppositiontoqualitativeones.Anotheraspectevidencedintheanalysisisrelatedtothepresenceofexperiencingarticles.Inthesearticles,theauthorsrefertotheresearchinapersonalway,throughtheuseofpersonalpronounsandmentalprocesses.Intheotherarticles,apparently,theauthorsgivepreferencetotheuseofimpersonalexpressionsandnominalizationswhenreferringtotheresearch,usingmaterialandrelationalprocesses.Thepresenceofexperiencingarticlesseemstoindicateavariationtotheresearchreportin which the authors present a methods section with explicit collection and analysisprocedures.Theexplicitpersonalitywhenreferringtotheresearchassociatedtotheuseofmaterial andmental processes in thesearticlesseemto indicate theauthorsexplicitlyassumetheresponsibilityovertheresearchandexposetheirthoughtstowardsthestudy.

  • SUMRIO

    RESUMO.................................................................................................

    ABSTRACT.............................................................................................

    LISTADETABELAS..............................................................................

    LISTADEFIGURAS...............................................................................

    LISTADEANEXOS................................................................................

    CAPTULO1INTRODUO...............................................................

    1.1 Contextualizao...............................................................................

    1.2 Objetivos............................................................................................

    1.3 Organizaodoestudo......................................................................

    CAPTULO2REVISODALITERATURA..........................................

    2.1Gnerostextuais...............................................................................

    2.2Gnerosacadmicos:oArtigoAcadmicoEletrnico(AAE)............

    2.3Prticasdiscursivasepublicaoacadmicaeletrnica...................

    2.4AseodemetodologiaemAAEs....................................................

    2.4.1Pesquisaquantitativa.....................................................................

    2.4.2Pesquisaqualitativa.......................................................................

    2.4.3AorganizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs..........

    2.4.4OpapeldoautornaseodemetodologiaemAAEs...................

    CAPTULO3METODOLOGIA............................................................

    3.1ContextodosAAEs...........................................................................

    3.1.1Descriodosejournals................................................................

    3.1.2Entrevistascomosautores............................................................

    3.2Critriosdeseleodocorpus..........................................................

    v

    vii

    xi

    xii

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    1

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  • 3.2.1ArtigosselecionadosdoLLT..........................................................

    3.2.2ArtigosselecionadosdoROL.........................................................

    3.3Critriosdeanlisetextualdocorpus...............................................

    CAPTULO4RESULTADOSEDISCUSSO.....................................

    4.1Artigoscomseodemetodologia...................................................

    4.1.1 Componente textual: organizao retrica da seo de metodologia

    .............................................................................................

    4.1.2 Componente ideacional dos artigos: tpicos e procedimentos de pesquisa

    ..................................................................................................

    4.1.2.1SubtpicoI:ProcessosdeLetramento.......................................

    4.1.2.2SubtpicoII:InterfaceTecnolgica............................................

    4.1.2.3SubtpicoIII:FormaodeProfessores....................................

    4.1.2.4SubtpicoIV:AnlisedoTexto/Discurso..................................

    4.1.3Procedimentosmetodolgicosquantoaosprocessos...................

    4.1.4Procedimentosmetodolgicosquantoaocomponenteinterpessoal:ousode1

    pessoa.............................................................

    4.2ArtigosclassificadoscomoRelatosdeExperincia(RE)..................

    4.2.1Componenteideacionaletpicosdepesquisa..............................

    4.2.2Componentetextual:aorganizaodoRE....................................

    4.2.3TiposdeprocessosnosRE...........................................................

    4.2.4Componenteinterpessoal:opapeldoautornoRE.......................

    CAPTULO 5 CONSIDERAES FINAIS, LIMITAES DA PESQUISA E

    SUGESTOPARAPESQUISASFUTURAS.................

    5.1Consideraesfinais........................................................................

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    110

  • 5.2Limitaesdapesquisa...................................................................

    5.3Sugestoparapesquisasfuturas....................................................

    REFERNCIASBIBLIOGRFICAS......................................................

    112

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    LISTADETABELAS

    Tabela3.1ListadeartigoscoletadosdoLLT........................................

    Tabela3.2ListadeartigoscoletadosdoROL....................................... Tabela4.1

    Itens lexicais de tendncia quantitativa e qualitativa associados aos movimentos

    retricos da seo de metodologia de AAEs

    ......................................................................................................

    Tabela4.2Resumodostpicoseprocedimentosdepesquisaadotadosem30AAEs

    docorpus..........................................................

    Tabela4.3ArtigossobreProcessosdeletramento............................

    Tabela4.4ArtigossobreInterfacetecnolgica...................................

    Tabela4.5ArtigossobreFormaodeprofessores...........................

    Tabela4.6ArtigossobreAnlisedoTexto/Discurso........................

    Tabela4.7ArtigosdeREcomnfaseemProcessosdeletramento...

    Tabela4.8ArtigoscomnfaseemFormaodeprofessores............

    Tabela4.9AAEseREs.........................................................................

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    104

  • LISTADEFIGURAS

    Figura2.1RepresentaoesquemticadaseodemetodologiasegundoOliveira

    (2003)........................................................................

    Figura4.1TpicosdepesquisaverificadosnosAAEs..........................

    Figura4.2Pesquisasqualitativasequantitativasemrelaoaosperidicos

    selecionados........................................................................

    Figura4.3Pesquisasqualitativasequantitativasemrelaoaossubtpicosde

    pesquisa.........................................................................

    29

    61

    64

    64

  • LISTADEANEXOS

    Anexo1Emailsenviadosaosautores.................................................

    Anexo2Respostasdosautoresaosemailsenviados........................

    Anexo3AmostrasdaseodeMetodologiadeAAEscomtendnciaqualitativade

    cadaejournalselecionado.............................................

    Anexo4AmostrasdaseodeMetodologiadeAAEscomtendnciaquantitativade

    cadaejournalselecionado..........................................

    Anexo5AmostrasdaseodeRelatodeExperinciadeREs..........

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  • CAPTULO1INTRODUO

    1.1Contextualizao

    A informtica, particularmente, a Internet, uma das principais modificaes

    geradaspelo progressoda tecnologia emnossasociedade, especialmentenoquese

    refere aos campos do pensamento, ensino, disseminao da informao e pesquisa

    cientfica(MttarNeto,2002).Nossasformasdepensar,agirecomunicarsemodificam

    emfunodessenovomeio,inclusiveosmodosdelerepublicarnocontextoacadmico.

    ApesardavariaonafreqnciaenotipodeacessoaosrecursosdaInternet,

    esseserviodeinformaojfazpartedocontextoacadmico,dadaapossibilidadede

    seacessarperidicosacadmicoseletrnicosgratuitamente.Aredemundial,ou World

    WideWeb(www),portanto,passaaservistacomouminstrumentodedisseminaode

    informao relevante ao estudo acadmico e que, portanto, no pode ser ignorado

    (Slaouti,2002;Stapleton,2003).

    Emmeioaessecontexto,pesquisasnareadeAnlisedeGnerosTextuaise

    EnsinodeLnguasparaFinsAcadmicosemnvelnacional(Cristvo,2002;MottaRoth,

    1995;2002c)einternacional(Bhatia,1993;Swales,1990)tmexploradocomoseda

    produodeconhecimentoemdiferentesreas.Dentreestesestudos,MottaRoth(1995)

    e Swales (1990), por exemplo, tminvestigadoqueprticasdeconsumo,produoe

    publicao de textos permeiam esse processo e que gneros textuais so utilizados

    efetivamentenascomunidadesdisciplinaresemmeioeradatecnologiadainformao.

    Dadaaexpansodapublicaoacadmicanomeioeletrnico(Marcuschi,2001;

    Slaouti, 2002; Stapleton, 2003; MottaRoth et al., 2003), este estudo enfatiza

    particularmenteognerotextualAAE,publicadoemejournalsnaInternet.Tomoporbase

    pesquisas anteriores, desenvolvidas pelo grupo de pesquisa ao qual perteno

    (GrPesq/CNPq,LinguagemcomoPrticaSocial),especialmentetrabalhoscomoosde

    Hendges (2001) e Oliveira (2003), sobre a anlise de AAEs emLingstica Aplicada

    (referidanesteestudocomoLA). Essesestudosenfatizama importncia doAAEem

    termos de seu uso na academia como veculo de disseminao de conhecimento,

  • servindodeviadecomunicaoentrepesquisadores,profissionaisealunosdegraduao

    epsgraduao1.

    Nesse sentido, de forma a dar continuidade a esses estudos, proponhome a

    investigar a seo de metodologia em AAEs, tendo em vista a dificuldade de

    pesquisadoresmaisemenosexperientespararedigirtalseo,conformeverificadopor

    MottaRoth(1999)nadisciplinadeRedaoAcadmica,doProgramadePsGraduao

    emLetrasdaUFSM.

    PareceimportanteressaltaraindaquenoapenasoAAEeomeioeletrnicoso

    relevantesnoprocessodetrocadeinformaonostemposatuais,mastambmqueo

    papeldoprofessordeLnguasparaFinsAcadmicosnessenovocontextocrucialna

    formaoacadmicadoaluno.Cabejustamenteaesteprofissionalafunodeorientaros

    alunosparacriaremespaosdepesquisaparasimesmos,almdedivulgarsuareade

    pesquisa(Swales,1987:62).

    1.2Objetivos

    OpanoramadiscutidoacimarevelaopapeldaInternetcomocontextopotencialde

    consultaepublicaodetextosacadmicos.ApossibilidadededisponibilizarumAApor

    meiodaInternetpermitiuosurgimentodoschamados ejournals,peridicoseletrnicos

    cujofocoapublicaoedivulgao,naInternet,detrabalhosproduzidosporumadada

    comunidadedisciplinar.

    Noentanto,devidorecnciadomeioeletrnicoenquantoinstnciadeconsultae

    publicao acadmica, podemos observar a lenta fase de transio em que este se

    encontra, com transformaes que atingem no apenas o meio onde esto sendo

    1ConformepesquisarealizadaporMottaRoth(2000),compesquisadoresdaALABeABRALIN,noanode2000,oAAfoiapontadocomoumdosgnerosmaisutilizadosparaconsultaepublicao.Omeioeletrnicofoireferidoportaispesquisadorescomoumainstnciadeconsultadetextosacadmicose,napoca,aindapouco usado para publicao (MottaRoth, 2000). Outra pesquisa, realizada por Nie & Erbring (2000),demonstrouquecercade38%dosusurios(americanos)daInternettmidadeacimade18anos,sendoestaafaixaetriaemqueestoiniciandooudesenvolvendosuavidaacadmica,nauniversidade.

  • divulgados os trabalhos produzidos pela comunidade acadmica, mas tambm as

    configuraes dostextospublicados(MottaRothetal, 2003).Aconfiguraodetextos

    publicadoseletronicamentediferentedaverificadanomeioimpresso,principalmenteno

    quedizrespeitoquestohipertextual,ouseja,apresenadehiperlinks, linksdeudio,

    devdeo,almdapossibilidadedeoleitorcomunicarsediretamentecomoautordotexto

    atravsdehiperlinksparaseuemail(Hendges,2001;MottaRothetal,2003).

    OcontextoatualpareceindicaraindaqueaInternetvemsendopoucoexplorada

    enquantoinstnciadepublicaoacadmica,aomenosemnvelnacional,especialmente

    devidoasuaprecriadivulgao.OPortaldePeridicosdaCapes,porexemplo,ainda

    nodisponibilizaperidicosunicamenteeletrnicos,assimcomooQualis,ndicedettulos

    criadopelaCapes,quetambmnoincluiejournalsemsuaclassificao2.

    Issosedeve,talvez,aquestesdiscutidasemrelaopublicaoeletrnica,

    comoarecnciadessemeioenquantoinstnciadepesquisaacadmicaequalidadedo

    materialpublicado.Quantoaoprimeiro,autorescomoSabattini(2000)eStapleton(2003)

    tmdiscutido a carncia de mecanismos estabelecidos para estimar a qualidade de

    determinadottuloouasrestriessobredireitosautorais,vistoque,diferentementedo

    que acontece no meio impresso em ingls, onde se usam recursos comoo Journal

    CitationIndex,apublicaoeletrnicaaindacarecedecritriosmaisprecisos(MottaRoth

    etal,2003).Quantoqualidade,essaspesquisastmenfatizadoopapeldoprocessode

    revisoporpares,feitopormembrosdocorpoeditorialdeumperidico,queaindaparece

    ser o nico meio para legitimar a qualidade das informaes veiculadas em AAEs

    publicadosemejournals(Sabattini,2000).

    Comoavanodatecnologianostemposatuais,podemosobservarqueautilizao

    daInternetcomoalternativanabuscaporinformaesnomeioacadmicocadavez

    maiscomum.AutorescomoAuraeAlastru(1998),Slaouti(2002)eStapleton(2003)

    apontamparaofortalecimentodosgneroseletrnicos,comooAAEeolivroeletrnico

    (ebook), devido a fatores como a crescente rapidez de acesso informao, a

    diversidademaiordemateriaisdisponveiseapossibilidadedeentraremcontatocom

    2Informaesacessadaspelaltimavezemdezembro/2003.

  • informaesmaisatualizadaso que, muitasvezes, levariamais tempoembibliotecas

    tradicionaisenomeioimpresso.

    Pesquisas (Hopkins & DudleyEvans, 1988; Swales, 1990; Bloor, 1993) tm

    investigado o AA, especialmente, quanto aos movimentos retricos de Introduo

    (incluindoRevisodeLiteratura),ResultadoseDiscusso.AseodeMtodos,emmeio

    aessesestudos,fica,aparentemente,semumaportetericoconsistente,fundamentado

    empesquisaeanlise.

    Nessecontexto,comvistasainformaroensinodeLnguasparaFinsAcadmicose

    assessoraraprticadepublicaodealunoseprofessores,fazendocomquetenhama

    oportunidade de interagir com suas comunidades disciplinares e, principalmente, de

    explorarpadresouconvenesdeformaainovarecriarnovosgnerosadaptadosa

    novoscontextos(MottaRoth,1999),parece importante investigaroperfil dessesnovos

    ambientesdepublicao.Nessestermos,oobjetivogeraldesteestudo:

    Analisar a organizao retrica do AAE, com nfase nos procedimentos

    metodolgicosadotadosnessegnero.

    Dandocontinuidadeaoprojetodepesquisaaqueesteestudoestvinculado,que

    abrangeaanlisedoAAimpressoedesuaseodemetodologia3,pretendoinvestigar

    emquemedidaexemplaresdeummesmogneroapresentamvariabilidadeemrelaoa

    elementosestruturaisedecontedodaseodemetodologia.

    Combasenisso,osobjetivosespecficostraadosparaesteestudoso:

    1) Identificarquaisosobjetivostraadoseostpicosdepesquisadefinidospelosautores

    dosartigosquecompemocorpus;

    2) Com base nas respostas questo anterior, verificar quais os procedimentos

    metodolgicosquepesquisadorestmutilizadoparacumprirtaisobjetivoseanalisar

    3 ProjetoIntegradodePesquisa/CNPq,Discursosdeinvestigao:umaanlisedegnerodaseodemetodologiaemartigosacadmicos.

  • tais tpicos, enfocando aspectos como participantes e instrumentos utilizados na

    pesquisa.

    A explorao dessas duas questes pode gerar informaes acerca da

    variabilidade estrutural e de contedo do gnero textual AAE a partir de diferentes

    enfoques,oferecendo,portanto,subsdiostericoseprticosaprofissionais ligadosao

    ensinoeaprendizagemdelnguasemcontextosacadmicos.

    1.3 Organizaodoestudo

    O presente captulo serviu para contextualizar sinteticamente esta pesquisa e

    apresentarosobjetivosnorteadoresdesteestudo.

    Nosegundocaptulo,destinadoRevisodaLiteratura,apresentoalgunstrabalhos

    tericosrelacionadosaestapesquisa,enfatizandoquestesligadasagnerostextuais,

    publicaoacadmicanomeioimpressoenomeioeletrnico,oprocessodeorganizao

    retricadaseodemetodologiaemAAEseopapeldoautoraorelatarprocedimentos

    metodolgicosemseuartigo.

    Noterceirocaptulo,tratodaMetodologiaadotadaparaapesquisa,enfocandoo

    contexto de anlise do estudo, o corpus selecionado e os critrios adotados para a

    seleoeanlisedosdados.

    Noquartocaptulo,apresentoosResultadosobtidosnaanlisedo corpus edas

    entrevistascomosautores.

    Porfim,apresentoalgumasImplicaesPedaggicasdesteestudonocaptulo5,

    destacandoapossvelrelevnciadasinformaesobtidascomaanliserealizadaparaa

    prticapedaggicadoensinodeLnguasparaFinsAcadmicos,objetivoprincipaldeste

    estudo.

  • CAPTULO2REVISODELITERATURA

    Apresento,nestecaptulo,arevisotericarealizadadeformaacontextualizara

    linhadepesquisaemqueestetrabalhoestinserido.Ocaptuloestorganizadoemcinco

    sees:naprimeira(2.1),realizoumabrevediscussosobregnerostextuais.Asegunda

    seo(2.2) tratadogneroAAEeaterceira (2.3), dealgunsaspectosdapublicao

    acadmica eletrnica. Na quarta seo (2.4), discuto algumas questes referentes

    organizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs,focodaanliserealizadaneste

    estudo,ressaltandoametodologiadepesquisaemLingsticaAplicada.Porfim,naseo

    2.5,investigoumaspectoevidenciadonaanlisequantoaopapeldoautoraorelataros

    procedimentosmetodolgicosnoAAE.

    2.1Gnerostextuais

    CombasenasinformaesapresentadasnocaptulodeIntroduo,acreditoque,

    dentreasinmerastransformaesqueaInternetvemprovocandonomododevidae

    comportamento de milhares de pessoas ao redor do mundo, a forma inovadora de

    disseminaoe de acesso informaoseja o que, talvez, cause maior impacto na

    sociedade.Essastransformaespropiciamosurgimentodenovosgnerostextuais,em

    funo da necessidade das pessoas em comunicaremse umas com as outras,

    estabelecendoseenquantoindivduosparticipantesdesuascomunidadesespecficas.

    Gneros textuais, neste estudo, so entendidos como classes de eventos

    comunicativos cujos membros compartilham alguns de seus objetivos comunicativos

    (Swales,1990:58).Segundooautor(idem),almdeobjetivos,exemplaresdeummesmo

    gneroapresentamtambmpadresdesimilaridadequantoestrutura,estilo,contedoe

    audinciaalvo.

  • Combasenisso, acredito queestudosqueenvolvamaorganizaoretricade

    gnerostextuaissonecessrios,especialmenteporqueumentendimentomaioracerca

    destesacarretaumapercepomaisapuradadaformacomoostextossooupodemser

    percebidos, categorizados e utilizados por membros de umdeterminado grupo social

    (Miller,1984:42).Entendoqueumconhecimentomaiorsobregneros,especialmenteno

    contextoacadmico,imprescindvelnamedidaemquegrandepartedospesquisadores

    incentivadaapublicarseustrabalhos.

    Reiterando esse aspecto, MottaRoth (1999: 121) ressalta duas questes que

    devemseranalisadasmaiscuidadosamentenoensinoderedaoacadmica.Aprimeira

    questotratadequeumconhecimentosobregneros:

    Emborasendofator importantssimoparaacompreenso e uso de textos, impeconvenes e expectativas da comunidadedisciplinar a escritores iniciantes, enquantopossibilitaaescritoresconsagradosexplorarconvenes para criar novos gnerosadaptados a novos contextos (ateleconferncia,porexemplo)(idem).

    A segunda questo enfatizada pela autora (idem) trata do ensino de redao

    orientado de forma a desenvolver competncias acadmicas relacionadas ao uso de

    gnerosacadmicoseaoselementoslingsticosqueosmaterializam(ibidem),facilitando

    oprocessodeengajamentodemembrosnovatosnosnodiscursoacadmico,como

    tambmemsuascomunidadesdisciplinaresespecficas.

    Nesses termos, enquanto professora de lngua inglesa em incio de carreira,

    entendo ser importante aprofundarmos as pesquisas ligadas anlise de gneros

    textuais, especialmenteporestesviremsendoamplamentediscutidosnoapenaspor

    pesquisadoresdarea,mastambmporprofessoresdelnguamaternaeestrangeiraem

    servionaredeescolar.Essesprofissionaispassaramavoltarsuaatenosteoriasde

    gnero, visto que os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Ensino Mdio de

    Lngua Portuguesa e Lnguas Estrangeiras fazemexplcitas indicaes s teorias de

  • gneros textuais como objeto de ensino, mudando, at certo ponto, o enfoque e a

    naturezadoensinodelnguas.

    Dessaforma,apsrealizarumacontextualizaosobreaquestorelacionadaa

    gneros textuais, passo a discutir, na prxima seo, aspectos ligados ao gnero

    analisadonesteestudooAAE,abordandoquestescomooprocessodepesquisana

    Interneteapublicaoacadmicaeletrnica.

    2.2Gnerosacadmicos:oAAE

    De acordo com Swales (1990:110), pesquisadores, por volta do sculo XVII,

    necessitavamdoreconhecimentodasociedadeemsuaspesquisas,nosentidodequeas

    pessoasdeviamsertestemunhasnasdescobertasrealizadasnaspesquisascientficasou

    acadmicas.Hoje,apesardeospesquisadorestambmnecessitaremdoreconhecimento

    edaaprovaodesuascomunidades,estassomaisrefinadaseespecficas, isto,

    diferentemente,decertaforma,dosculoXVII,ospesquisadoresaindasoavaliadose

    aceitosnaacademiadeacordocomoqueproduzem.ConformeapontadoporMottaRoth

    (2001b:11),

    Na cultura acadmica, a produtividadeintelectual medida pela produtividade napublicao. Embora pesquisadores dediferentesreasquestionemovalordeumapoltica de publicao pautada pelaquantidade em detrimento de uma anlisemaisatentadaqualidadedessapublicao,parecenos que para mudar o sistema,precisamosconheclo.

    O AA visto como o gnero mais conceituado na divulgao do saber

    especializadoacadmico(idem:39),constituindosenomecanismoinstitucionalizadode

  • disseminaodeconhecimentonaacademia(Martnez,2001).SegundoSwales(1990:

    93),

    Oartigoacadmicoou paper vistocomoum texto escrito (embora contenhafreqentemente elementos noverbais),geralmente limitado a alguns milhares depalavras, que reporta alguma investigaoconduzida por seu autor ou autores. Almdisso, o AA geralmente relacionar asdescobertas reportadas por ele a outrasreportadas em outros artigos e tambmpoder examinar assuntos tericos e/oumetodolgicos.Seroufoipublicadoemumperidicoou,menosfreqentemente,emumlivrodecoletneadeartigos(Swales,idem)4

    .

    Nessesentido,sobaticadoautor(ibidem:11),oobjetivodoAA discutir ou

    apresentarfatosreferentesaumprojetodepesquisasobreumadadaquestoemuma

    dadareadoconhecimento. Servindodebaseparamuitosoutros trabalhosemnvel

    internacional(Hopkins&DudleyEvans,1988;Weissberg,1984;Bloor,1993)enacional

    (Silva,1999;Hendges,2001;Nascimento,2002;Oliveira,2003)sobreaanlisedoAA,

    Swales(1990:134)reproduzaestruturaretricabsicadessegnero,conhecidacomo

    IMRD(Introduo,Metodologia,ResultadoseDiscusso),apartirdeHilletal.(1982).

    Cada seo apresenta objetivos comunicativos especficos, tratando de

    informaes ligadasa cadaestgio dapesquisa. A Introduoapresenta o tpicoda

    pesquisaearevisodaliteratura,caracterizandosecomoumatransioentreumaviso

    geraldadisciplinaeotpicoespecficoaserdiscutido.AseodeMetodologiadescreve

    ospassosseguidos,osmateriaisouinstrumentoseosprocedimentosadotadosparase

    chegaraosresultados.Aseguir,aseodestinadaaosResultadosapresentaasntese4Theresearcharticleorpaperistakentobeawrittentext(althoughoftencontainingnonverbalelements),usually limited toa few thousandwords, that reportsonsome investigationcarriedoutby itsauthor orauthors.Inaddition,theRAwillusuallyrelatethefindingswithinittothoseofothers,andmayalsoexamineissuesoftheoryand/ormethodology.Itistoappearorhasappearedinaresearchjournalor,lesstypically,inaneditedbooklengthcollectionofpapers.

  • dosdadoscoletados,recorrendo,tambmaexemplificaes.Porfim,naDiscusso,ha

    avaliao e interpretao dos dados coletados em relao ao problema ou questo

    levantadanaIntroduo.Nessemomento,humaoutratransio,destavez,dotpico

    especficoparaumavisogeraldadisciplina(Swales,1990:137174).

    Noentanto,essaestruturaapresentavariaesentreasdiferentesdisciplinasou

    reas do conhecimento. Pesquisas ligadas anlise do AA nas diversas reas do

    conhecimentocomoBiolgicas,Rurais,ExataseHumanas(Weissberg,1984;Hopkins&

    DudleyEvans,1988;Bloor,1993),tmconstatadovariaesestruturaisdeacordocomo

    contextodisciplinar,seguindoarelaodialticaentretextoecontexto,conformeapontado

    porHalliday&Hasan(1989).Seguindoateoriahallidayana(idem:5),textoecontextoso

    aspectosdomesmoprocesso:existeumtextoumaunidadedalinguagememuso,isto

    ,umaunidadesemnticaeexisteumoutrotextoqueoacompanha,ocontexto,que

    servedeponteentreotextoeasituaonaqualesteocorre(ibidem).

    Nesse sentido, se pretendemos identificar o objetivo de um texto, pertinente

    investigarmosocontextoemqueesteusado.ConformeMottaRoth(2002c:78)observa,

    reiterandoaidiabakhtiniana,oconceitodegneroreconhecidoporsuaestabilidade

    lingsticaeporsuacapacidadedeseevidenciaremeventoscomunicativosrecorrentes

    levandoaumaconvencionalidadedeusopressupeumainterconexoentrefatores

    textuais(dalinguagem)econtextuais(dasrelaessociaisenvolvidas).

    Seguindoessalinha,ocontextosocialdeumtexto,ouseja,oambienteemqueos

    participantesinteragemdeformaaconstruirsignificado,podeserdefinidopelasvariveis

    campo, relao e modo e pelas metafunes ideacional, interpessoal e textual da

    linguagem.Maisespecificamente,cadamecanismodocontextorealizadoouexpresso

    porumadeterminadafunodalinguagem(Halliday&Hasan,1989:2526).

    Meurer&MottaRoth(2002:11)ressaltamqueaobservaodessestrsaspectos

    oudessastrsvariveiscontextuaisnospossibilitasermosmaisoumenosarticulados

    no uso da linguagem para alcanar determinados objetivos e nos apropriarmos e

    expandirmosnossorepertriodegnerosdisponveisemnossacultura.nessesentido

    quesepodeidentificaralinguagemenquantognero:aoservirdematerialidadetextuala

  • umadeterminadainteraohumanarecorrenteemumdadotempoeespao,alinguagem

    seconstituicomognero(idem).

    OgnerotextualanalisadonesteestudoAAE,damesmaformaqueoejournal,

    ondepublicado,formatadoparaterestilosedesignsespecficos,assimcomooartigo

    impresso,mascomtodososrecursosdisponveisnomeioeletrnico,quepermiteamplas

    oportunidades de experimentao com formatos, fontes e outras caractersticas

    inexistentesnomeioimpresso.

    Issofazcomquepessoasdediferenteslugarestenhamapossibilidadedeentrar

    emcontatocomsaberes, muitasvezes, dedifcil acesso,emdiferentes idiomas,bem

    comopossibilitaformasmaisefetivasdeinterao:a)autorxleitor,atravsderecursos

    comohiperlinksparaoemailoucurrculodoautordotextoeb)leitorxtexto,atravsde

    hiperlinksexternos, quelevamsobrasconsultadaspeloautoraoescreverotexto,ou

    aindaatravsdehiperlinksinternos,queauxiliamoleitoramovimentarsedentrodotexto,

    ouseja,conexesque,quandoativadas,conduzemoleitoratabelas,grficos,notasde

    finaldetexto,etc(Hendges,2001;MottaRothetal,2003).

    Comoconseqncia,pareceimportantequeprofissionaisligadosreadeIngls

    para Fins Acadmicos investiguem esses gneros emergentes, presentes no meio

    eletrnico, como objetivo deverificaremcomosoconfigurados e comoas pessoas

    podemutilizlosdeacordocomseusobjetivosespecficos.

    Aseguir,naprximaseo,concentrominhadiscussonoprocessodepublicao

    acadmicaeletrnica.

    2.3Prticasdiscursivasepublicaoacadmicaeletrnica

    Nocontextoacadmico,omeioeletrnicopoderepresentarumaoportunidadepara

    alunosuniversitriosteremacessoaprticasdiscursivas/disciplinares,taiscomoleiturae

    escrituradetextosacadmicos.

  • Nessesentido,emsetratandodocontextodepublicao impressaeeletrnica,

    Willis(1995)sugerequeaevoluodomeioimpresso(outradicional)edoeletrnicoest

    atreladaaduasquestescentrais:tempoecusto.Ointervalodetempoentreaconcluso

    deumartigoesuapublicao,quenomeioimpresso,podelevarmeses,noeletrnico

    bastantereduzido;eocustodaproduo,distribuioearmazenamentodeperidicos,

    quenomeio impresso bastanteelevado,noeletrnico muitoreduzido.Segundoo

    autor (idem), essas so duas das razes mais citadas como responsveis por uma

    provvelmudanadosperidicosimpressosparaomeioeletrnico.

    Noentanto,conformeMarcuschi(2001)ressalta,nossareaaindanodespertou

    paraapublicaoacadmicaeletrnica.SegundoMarcuschi(idem),issodeverocorrer

    embreve, pois, dadoocontexto tecnolgicoatual, imprescindvel queumareado

    conhecimentotenhaperidicossistematicamenteeditadospelaviaeletrnica. Issono

    significadizer,conformeoautoraponta,apenas lanarna Internet trabalhosnaforma

    comoesto no papel, visto que a tecnologia das revistas eletrnicas est bemmais

    avanada.

    Tratase de uma forma muito diferente depublicao.Faloemrevistaseletrnicascomcaractersticas hipertextuais e no emrevistas atualmente impressas replicadaseletronicamente. Pois isto no seriasuficiente(Marcuschi,2001).

    AquestolevantadaporMarcuschi(idem)reiteraaspectosconstatadosporMotta

    Rothet al. (2003)quanto utilizaodosrecursosdisponveisnomeioeletrnicoem

    peridicosbrasileiros.Conformeasautoras(idem)apontam,ascaractersticasdomeio

    eletrnico(comohiperlinksdeudioe/ouvdeo, gifsanimados,etc.)sopoucoounada

    exploradosemAAEspublicadosnoBrasil.Issosedeve,talvez, novidadequeomeio

    representavistoquegrandepartedostextosreferenciadosemtrabalhosacadmicos,

    inclusiveemAAEs,impressa,eresistnciadaacademiaagrandesmudanasnos

    meiosdedivulgaotradicionalmenteconsagrados.

  • Emmeioa taisdiscusses,outrasquestes levantadasporautorescomoWillis

    (1995),Holoviak&Seitter(1997),Marcuschi(2001)eStapleton(2003)dizemrespeito

    qualidadedo material disponvel e aostatus da publicaoeletrnica emoposio

    impressa.Willis(idem)observaque,apesardemuitosperidicospublicadosemCDROM

    enaInternetdesempenharemumpapelimportanteemsuasreas,algunsmembrosda

    comunidadeacadmicacontinuamavloscomosendomenosimportantesedemenor

    statusdoqueosimpressos.

    Assim como profissionais das diferentes reas, bibliotecas de universidades

    assinamperidicos,emparte,porquesabemqueosartigospublicadosforamavaliadose

    julgadosporoutros,sendo,portanto,eleitoscomoaquelesquepodemserlidos.Assim,

    emumperododetransiocomoeste,asrealidadessociais,polticaseeconmicasiro

    provavelmente ditar que alguns peridicos permanecero apenas no meio impresso,

    outros,apenasnomeioeletrnico,eoutros,emambososformatos(Willis,1995).

    Emrelaoaesseaspecto,Stapleton(2003)questionaseosaprendizesdelngua

    estrangeira mais especificamente de ingls esto realmenteatentos s possveis

    diferenasdequalidadeentreapesquisaimpressaeaeletrnica.Oautorressaltaquea

    Internettemsetornadoumafontelegtimadepesquisa(epublicao)acadmica,mas

    diferentementedas fontes de pesquisa impressa (comobibliotecas, cuja variedadede

    mdia impressa, como livros e peridicos internacionais, vinha, at recentemente,

    controlandooprocessodedisseminaoda informaoou, aomenos, tentandoatuar

    comoumaespciedefiltrodequalidade).AntesdaexistnciadaInternet,osautores

    precisavamdaseditoraspararealmenteterumachancedealcanargrandesaudincias

    outeremseutrabalhoseriamenteconsiderado(idem:229).

    StapletonobservaqueaInternetpassouaservistacomoumcontextodeconsulta

    epublicaolegtimo,nosltimosanos,devidoapelomenosquatrofatores:1)acriao

    de browsers (navegadorescomoInternetExplorer ou Netscape,porexemplo)amigveis

    ao usurio; 2) a criao de mecanismos de busca altamente sofisticados; 3) o

    desenvolvimento de softwares (programasde computador) para a criaode pginas

  • eletrnicasmaisamigveisaousurio;e4)ocrescentebarateamentodoscomputadores

    edoacessoredemundial(idem:ibidem).

    Essencialmente,essesdesenvolvimentosalteraramoperfil daInternet,conforme

    observadonaltimadcadademdiaaltamentecomplexaeexclusiva,requerendoum

    conhecimento especializado de hipertexto, para uma ferramenta disponvel e mais

    facilmenteutilizvelemanipuladaporgrandesmassas(ibidem:230).Essafacilidadede

    uso,noentanto,aliadaausnciadeumfiltrodecontroledequalidade,resultouemum

    grande aumento na variabilidade da qualidade da informao disponvel. Uma busca

    aleatria a partir de umadada palavrachave pode gerar milhares de resultados que

    variamdepginaspessoais(personalhomepages)aperidicosrevisadoseavaliados(e

    journals).

    Considerando esse aspecto, seguindo Slaouti (2002), penso que papel do

    professordeLnguasparaFinsAcadmicosoudeRedaoAcadmicadiscutircomo

    alunoasnuancesdaInternetcomofontedeinformaonapesquisaacadmica.Segundo

    aautora(idem),paraosalunosdeInglsparaFinsAcadmicos,umdoselementosmais

    difceisdatransioparaavidaacadmicaaexpectativa,porpartedacomunidade

    disciplinar,dequeoaprendizdemonstrehabilidadescrticaseanalticas.Aoadotaruma

    abordagem que explore a Internet no contexto de ensino de Lnguas para Fins

    Acadmicos,oqueencorajaumaconstanteavaliao,oprofessordelnguaspoderestar

    fornecendoaoalunoumapropostadedesenvolvimentodapercepocrticanecessria

    noensinosuperior(ibidem).

    Nesse sentido, aps apresentar algumas questes ligadas ao processo de

    publicaoacadmicanareadeLAesobreogneroAAE,discuto,naprximaseo,

    algunsaspectossobreaconfiguraodaseodemetodologiadessegnero,focoda

    anlise realizadaneste estudo, e comoalgumaspesquisas tmtratadoa questoda

    metodologiadepesquisaemnossarea,especialmenteemrelaoadoisparadigmas

    centrais: qualitativo e quantitativo. Essa discusso ir auxiliar a anlise dos dados

    coletadosnestapesquisa,vistoquemuitosdosartigosselecionadosparaanlisereferem

    seaessasabordagensemsuaseodemetodologia,conformediscutoaseguir.

  • 2.4AseodemetodologiaemAAEs

    Nestaseo,tratodaorganizaoretricaetextualdaseodemetodologiado

    AAE,combasenadescrioesquemticapropostaporOliveira(2003),comoobjetivode

    conhecerumpoucomaisessegneroecompreendermelhorsuaorganizaotextuale

    retrica.

    Seconsiderarmosumapesquisacomoumconjuntodeaesdeterminadasparao

    propsitodeseinvestigar,analisare[criticamente]avaliarumadeterminadaquestoou

    problemaemumadadareadoconhecimento(MottaRoth,2001b:67),veremosque,ao

    relatladeformaescritaemumAA,aseoquedeverreceberumcertodestaque

    a seodemetodologia. Issoporque nessaseoqueo pesquisador ir expor os

    materiaisemtodosutilizadosnapesquisadeformaachegaraosresultados.

    Dessaforma,aoenfatizaraseodemetodologiadoAA,refiromesuafuno

    retrica,quepodeserdefinidacomosendoadedescreveromtododecoletaeanlise

    dosdadoseosmateriaiseprocedimentosutilizadosparachegaraosresultados,com

    maioroumenordetalhamento,dependendodoobjetodeestudo(idem:70).

    Apesardeautores(Weissberg,1984;Hopkins&DudleyEvans,1988;Bloor,1993)

    indicaremque, emreas comoEngenharia, Biologia, Fsica, Medicina e Zoologia, os

    pesquisadoresutilizamestratgiasrelativamentesimilaresemrelaoredaodaseo

    demtodos,Swales(1990:167)observaqueissonoocorreemtodasasreas.

    Nessesentido,aoconstatarvariaesnaseodemetodologiamedidaque

    varia o contexto disciplinar, conforme evidenciado na literatura, importante que o

    professor de Lnguas para Fins Acadmicos oriente seus alunos no sentido de

    reconheceremereconstruremoestilo apropriadoaosseuscamposdeestudo(Bloor,

    1999:99).

    Neste estudo, conforme apresentado no primeiro captulo, um dos objetivos

    traados investigar a seo de metodologia em AAEs de LA com base nos

    procedimentosmetodolgicosadotadosporpesquisadoresaoanalisaremdeterminados

  • tpicosouassuntosdarea.Noentanto,foinecessriorecorrerliteraturareferentes

    abordagensqualitativaequantitativadepesquisaemLA,especialmenteporquealguns

    artigosdocorpusanalisadofazemrefernciasexplcitasaelas,porexemplo,enfatizando

    asperspectivasmica/tica(emic/etic)depesquisa.

    Combase nesse aspecto, a leitura de textos (Chaudron, 1986; Henning, 1986;

    WatsonGegeo,1988;MoitaLopes,1994;Davis,1995;Lazaratonetal.,1997;Ramanathan

    & Atkinson, 1999), relacionados a essa discusso, foime bastante til na anlise e

    interpretaodosdadoscoletadosnesteestudo.

    ConformeMoitaLopes(1994:329)observa,adiscussosobrepesquisaemLA

    contribuiparadefinila,nosentidodeestabeleclacomoreadeinvestigao,vistoque,

    segundooautor,muitodaspesquisasqueseproduzem,noBrasil,sobortulodeLA,

    ignoramastradiesdepesquisanasquaisseinserem.Nosetrata,conformeoautor

    verifica,dedemarcarreasdeinvestigao(LingsticaversusLA),mas,sim,derefinar

    modosde se realizar pesquisa nessecampo. Cabe aos que fazempesquisa emLA

    discutir comosedaproduodeconhecimentonessarea,deformaadefinir suas

    formasdeinvestigao(idem:329).necessrio,portanto,segundoostermosdoautor

    (ibidem),queopesquisadordesenvolvaummetaconhecimentosobreseuprocedimento

    de investigao, auxiliando, assim, no processo de desenvolvimento de sua rea de

    investigao.

    Nessesentido, diferentesautores emnvel nacional (Cavalcanti & Moita Lopes,

    1991;MoitaLopes,1994;Telles,2002)einternacional(Chaudron,1986;Henning,1986;

    WatsonGegeo,1988;Davis,1995;Lazaratonetal.,1997;Ramanathan&Atkinson,1999)

    tmenfatizadocomosedaprticadepesquisaemLA,essencialmentevoltandosepara

    osparadigmasqualitativoequantitativo.

    A seguir, apresento algumas questes ligadas a essas duas tendncias,

    constatandoaspectosqueasdiferenciam,relacionados visodanaturezadosobjetos

    investigados, aopapel dopesquisador edospesquisadosna investigaoeaalguns

    conceitos tericometodolgicos imbricados nessas tendncias. As informaes

    apresentadasaseguirservirodesubsdioparaaanliserealizadanosartigosdocorpus,

  • auxiliandoa identificaodecaractersticasqualitativase/ouquantitativasnaseode

    metodologia, atendendoao segundoobjetivo traadopara este estudo, investigar os

    procedimentos metodolgicos adotados pelos autores ao investigarem determinados

    tpicosdepesquisa.

    2.4.1Pesquisaquantitativa

    Apesquisaquantitativapodeservistacomoaquelaquecompreendeoclculo,a

    manipulaoouoconjuntosistemticodequantidadesdedados,podendoenvolverouso

    deestatsticadescritivacomomdias,porcentagens,desviopadroepropores,oupode

    requerer o uso de estatstica inferencial como anlise da varincia e variedades de

    estatsticacorrelacional(Henning,1986:702).

    ReferindoseaautorescomoDavis(1995),Henning(1986)eMoitaLopes(1994),

    Oliveira(2003:16)verificaque,porestarembasadaemumavisopositivistadecincia,a

    pesquisaquantitativamarcadaessencialmentepelaobjetividade,nohavendoespao

    para a interpretao e reflexo da realidade social por parte do pesquisador e/ou

    pesquisados.Segundoaautora(idem:1617),

    Arealidadereduzidaaumacausapossvelde ser observada, medida e padronizada;pesquisadorepesquisadosoconsideradosindependentes um do outro; o papel dopesquisador investigar a causa de umfenmenopormeiodesistemticosmtodosexperimentaiseestatsticos,sendoqueelemesmo discute e interpreta os resultadosobtidos, sem considerar a viso dospesquisados.

    Nesses termos, as pesquisas quantitativas assumem o que Davis (1995: 433)

    classificacomoumaperspectiva etic doprocessodecoleta,anliseeinterpretaodos

  • dados.Nessecaso,opesquisadorobservaumdadofenmenopeloladodefora,ou

    seja, em busca de uma descrio rica (rich description) das aes realizadas pelos

    participantes(Davis,1995:434),elesedistanciadoquepesquisadodeformaareduzir

    sua interferncia aomximo (Cameronet al, 1992: 5). Nessesentido, idealmente, os

    pesquisadores quantitativos produzem representaes objetivas da realidade, dado o

    compromisso positivista inerente a tal abordagem em estudar a freqncia, a

    distribuioeapadronizaodofenmenoobservado(idem:6).

    Abordagens e mtodos quantitativos em pesquisas ligadas rea de LA vm

    tambmsendodiscutidosporpesquisadores(Lazaratonetal.,1997:64)nosentidode

    verificarseoconhecimentoemmtodosquantitativosrealmenterelevanteaoslingistas

    ousdemaisCinciasHumanas.ConformeLazaratonet.al(idem)sugerem,apesardea

    abordagemqualitativaparacoletaeanlisededadosserimportanteparaasdiferentes

    questesemLA,arealizaodeestudosdirecionadosamtodosquantitativostambm

    necessria, especialmenteporqueessasduasmodalidadespodemcoocorrer emuma

    mesmainvestigao.Umestudoquantitativopodeutilizartcnicasqualitativas(apesarde

    oopostonosertocomum),masdeformaindependente,ouseja,comoobjetivode

    responderdiferentesquestes(Davis,1995:435).

    Conforme a literatura (Chaudron, 1988; Moita Lopes, 1994; Davis, 1995;

    Ramanathan & Atkinson, 1999) tem evidenciado, a pesquisa qualitativa tem recebido

    crticasnosentidodenoserrigorosaeseusdadosnopoderemserreplicadoscomo

    naspesquisas quantitativas. Avisodequeos resultados depesquisas quantitativas

    podemsergeneralizadosaoutrosestudos,emoposiotendnciaqualitativa,conforme

    Ramanathan&Atkinson(1999:55),aindaforte.

    Em sentido tcnico, segundo Ramanathan & Atkinson (idem), o termo

    generalizao (generalizability) parece indicar que existem fenmenos uniformes de

    importnciaeducacionalque,umaveztratados,podemsermedidosemfreqnciaou

    nvelemumaescalacomum:

  • Essas medidas, feitas umaou mais vezesentrevriassalasdeaulaoulaboratriose,freqentemente, por diferentespesquisadores, podem ser comparadasdiretamente,neutralizandoseuscontextosdeocorrncia.5

    Umadasrazesparaacrticaquantoaorigordaabordagemqualitativaeaoseu

    poderdegeneralizaopodeestarrelacionadaaofatodiscutidoporMoitaLopes(1994:

    331), deque,provavelmentedevido crenadequeofazercientficodevapautarse

    pelosmesmosprincpiosqueorientamasCinciasNaturais,possaserpossvelconstatar

    umaprefernciapelaposiopositivista,considerada,muitasvezes,amaneiralegtima

    deseproduzircincia(idem).

    Conformeapontadonaliteratura(Cameronet.al,1992;Davis,1995;MoitaLopes,

    1994;WatsonGegeo,1988),noentanto,oestudodousodalinguagempeloserhumano

    tornaria inadequado o uso dos mesmos procedimentos empregados nas Cincias

    Naturais,vistoqueoobjetodeinvestigao,nasCinciasSociais,incluialinguagem.Em

    umarelaodialtica,alinguagempossibilitaaconstruodomundosocialecondio

    paraqueeleexista(MoitaLopes,1994:331).

    2.4.2Pesquisaqualitativa

    SegundoCameronet.al(1992:5),asubjetividadedopesquisadornodeveser

    vista como um dano, mas como um elemento nas interaes humanas que

    compreendemoobjetodeestudonareadeLA.Contrariamentedescriorica(rich

    description)dasaesdosparticipantes,presentenapesquisaquantitativa,cujofocoa

    descrio das aes desempenhadas pelos participantes, sem o envolvimento do

    pesquisadoresemavisodossujeitos,oobjetivocentraldatendnciaqualitativaobter5Suchmeasurements,takenonceormoreacrossvariousclassroomsorlaboratoriesandoftenbydifferentreearchers,canthenbedirectlycompared,theirspecificcontextsofoccurrencehavingbeenneutralizedorrenderedbasicallyirrelevant.

  • umadescriodensa(thickdescription)docontextoinvestigado,deformaacapturarparte

    da singularidade que caracteriza cada fenmeno cultural, sob a perspectiva dos

    participantesenvolvidosnessesfenmenos(Ramanathan&Atkinson,1999:56).

    Telles(2002:102)observaque,nareaeducacional,atualmente,osestudostm

    privilegiadoabordagensqualitativasdepesquisa,vistoquepesquisadoreseeducadores

    tmseinteressadopelanaturezadosfenmenoseducacionaisemdetrimentodenmeros

    que,muitasvezes,escondemadimensohumana,apluralidadeeainterdependncia

    dosfenmenoseducacionaisnaescola.

    Referida como a pesquisa que adota procedimentos noquantitativos, como

    entrevistas,estudosdedirioseanlisedodiscursoemsaladeaula(Davis,1995:432),a

    pesquisa de cunho qualitativo temsido tratada comosendo sinnimode etnogrfica,

    naturalstica e interpretativista (WatsonGegeo, 1988: 576). No entanto, ao enfatizar a

    naturezaemoposioaoclculo,apesquisaqualitativaumtermoguardachuvapara

    vrias abordagens de pesquisa incluindo etnografia, estudos de caso, dentre outros

    (idem).

    Umadasgrandesdivergnciasentreapesquisaquantitativaequalitativaquea

    ltimaconsideraarealidadecomosendosocialmenteconstrudaeopapeldopesquisador

    sendoodeexplicitaressarealidadeaolongodoprocessodeinvestigaodeseuobjeto

    deestudo(Oliveira,2003:1718).

    Alm de considerar o contexto sciocultural, outra divergncia apontada na

    literatura(Davis,1995:433434)entreapesquisaquantitativaeaqualitativaquealtima

    adotaumaperspectiva emic (oumica)depesquisa,isto,opesquisadorcontacoma

    viso dos participantes do contexto estudado, considerando o ponto de vista desses

    participantesnaconduoeinterpretaodeseusresultados,emoposioperspectiva

    eticadotadanapesquisaquantitativa,naqualopesquisadorobservaocontextodefora

    dele.

    Uma terceira divergncia tambmapontadapor Davis (idem: 439444) trata da

    naturezacclicadosestudosqualitativos,isto,daquestodeaanliseeainterpretao

    dosdadosseconstiturememumprocessoccliconapesquisaqualitativa.Segundoa

  • autora, a teoria no apenas guia a pesquisa como tambm usada para auxiliar a

    interpretaodosdados,constituindooqueaautorachamadegroundedtheory,outeoria

    desenvolvida a partir dos dados, caracterizando o princpio de induo. Na pesquisa

    quantitativa, por outro lado, os dados so analisados a partir de uma hiptese

    estabelecidapela teoria, caracterizando o princpio da deduo (ver tambmOliveira,

    2003:19).

    Abordagensqualitativas,conformediscutidoporTelles(2002:114),podemfornecer

    instrumentosparaoprofessorrefletirsobresuaprticaeconstruirsignificadosrelevantesa

    ela.Taisabordagenspartilhamumaconcepodeverdadecomoalgococonstrudopelos

    agentesdapesquisa(opostaaumavisopositivista,emqueaverdadeestlforaecabe

    aopesquisadorencontrla),ebuscamdescrevereexplicarosfenmenoseducacionais

    dopontodevistadosparticipantes.

    Vistoquealinguagemsproduzidaouinterpretadaemumdadocontextosocial,

    pareceumtanto inapropriado,seguindoCameronet. al (1992:12), utilizar unicamente

    mtodospositivistasobjetivosemumestudoda linguagem.Sobaticaqualitativade

    pesquisa,portanto,nosepodeignorarosconceitos,descrieseinterpretaesqueos

    participantesouatoressociaistmsobrearealidadesendoinvestigada.

    Almdisso,conformerecmapresentado,apesquisaqualitativaumtermoamplo

    queenglobavriasabordagensdepesquisa,incluindoapesquisaetnogrfica,conforme

    alguns artigos analisados no corpus evidenciam. Umapesquisa etnogrfica pode ser

    entendidacomooestudodocomportamentodaspessoasemcontextosnaturais,com

    foco na interpretao cultural desse comportamento (WatsonGegeo, 1988: 576)6.

    WatsonGegeo(idem)apresentaseisprincpiossubjacentesaoestudoetnogrfico,que

    representam pontos de partida na discusso acerca desse mtodo e da pesquisa

    qualitativademodomaisamplo:

    6Ethnographyisthestudyofpeoplesbehaviorinnaturallyoccurring,ongoingsettings,withafocusontheculturalinterpretationofbehavior.

  • Foco no comportamento de grupos, isto , apesar de no excluir as

    diferenas individuais para o estabelecimento da variao no

    comportamento,apesquisaetnogrfica,segundoaautora(ibidem:577),

    ocupasecomocomportamentocultural,compartilhado.

    Naturezaholstica,emquequalqueraspectoculturaloudocomportamento

    deveserdescritoeexplicadoemrelaoaosistemadoqualfazparte.

    Ateoriaguiaainvestigaomasnoacontrola,vistoquecadapesquisa

    deve ser entendida emseus prprios termos, embusca deuma teoria

    surgidaapartirdosdadosinvestigados(groundedtheory).

    Perspectivas emic/etic: quanto a este aspecto, Ramanathan & Atkinson

    (1999:48)observamqueh umconsensodequeoobjetivocentral da

    pesquisaetnogrficateracessoperspectivacultural(mica)domembro

    ouparticipantedocontextoinvestigado.Noentanto,WatsonGegeo(1988:

    581)sugereque,umavezobtida,talperspectivapodeserestendidapor

    meiodaperspectivaetic,deformaasefazercomparaesentrediferentes

    contextos.

    Apesquisa etnogrfica, por natureza, comparativa. Dadas as crticas

    acercadanogeneralizaodaspesquisasqualitativas,aautora(idem)

    sugerequeaidiadecomparaoabstrata,aopassoquenopossvel

    compararduasculturasespecficasdetalheadetalhe;porm,emumnvel

    mais amplo, similaridades aparecem. A teoria que emerge dos dados

    (groundedtheory),potencialmente,permitetransferir(oucomparar)teorias

    constatadasemumestudo,aoutro(Davis,1995:440).Onus,segundo

    Davis(idem),estnoleitor,queirdeterminarseecomoateoriadescrita

    emumestudoaplicaseaoutrasituao.Essadeterminaofeitacomo

    acmulodeevidnciaempricaacercadasimilaridadecontextualentreas

    duassituaes.

    Concepo social da linguagem, que perpassa os cinco princpios

    anteriores: os indivduos so socializados em discursos especficos ou

  • formadecrerecomportarsequeincluemnoapenassuasexperinciasde

    infncia,mastambmaquelasdeseuscamposdeinteresse,emoposio

    Aquisioda linguagem,queprev linguagemcomosendo internaao

    indivduo.

    Aoobservaressesseisprincpiosrelacionadostendnciaqualitativa/etnogrfica

    depesquisa,Ramanathan&Atkinson(1999:49)sugeremqueapesquisaqualitativade

    baseetnogrficasejaentendidacomoumaformadepesquisaquepretendedescreveras

    prticassociaisdosindivduossobumaperspectivamica.Dessaforma,pretendetrazer

    diferentestiposdedadosparasustentartaldescrio,soboprincpiodequeperspectivas

    mltiplaspossibilitamumadescriomaisvlidadascomplexasrealidadessociaisdoque

    dadosnicospoderiamporsis(idem:50).

    Ao tentar esclarecer quais soecomosecaracterizamosdois paradigmasde

    pesquisaatualmentediscutidosemLA,eemcontextoseducacionaisdemodogeral,

    importante ressaltar que eles no esto necessariamente em uma posio de

    competionodiscursoacadmico;aocontrrio,diferentesparadigmassousadoscom

    diferentes propsitos (Davis, 1995: 448). Conforme Chaudron (1986: 710) verifica, as

    pesquisasemesobresaladeauladesegundalnguaoulnguaestrangeirailustrama

    interdependnciaeumavirtualinseparabilidadedaspesquisasqualitativasequantitativas.

    Essadiscusso,almdeauxiliar aanlisee interpretaodosdadoscoletados

    nesteestudo,quantoaosprocedimentosmetodolgicosadotadosemAAEsdeLA,parece

    ilustrar uma virtual necessidade de o profissional engajado no processo de

    ensino/aprendizagemdelnguasinformarsearespeitodemetodologiadepesquisa.

    ConformeTelles(2002:95)constata,aparentemente,aindahoje,crsenomitode

    quepesquisasrealizadanauniversidadeequeaescoladevesermeroreceptculo

    dosresultados:auniversidadeproduzoconhecimentoeaescolaoutiliza.Segundoo

    autor,umarelaodepoderedependnciaentreaquelequesabeeaquelequenosabe

    instaurada no sentido de que, mesmo em situaes em que a escola procura a

    universidade,asituaodeumatentativaderesoluodeproblemas.Emambosos

  • casos,auniversidadeassumiriaaposioderetentoradosaberetentarpassloaos

    professoreseescola.

    Esse contexto, conforme apontado pelo autor (ibidem), parece indicar uma

    imprescindvel necessidade de que os professores, bem como demais profissionais

    envolvidoscomaprticapedaggicanasescolas,tenhamumaperspectivageraldelinhas

    de pesquisa que propiciem seu prprio desenvolvimento profissional e tambm o

    desenvolvimentodaescola(idem:96).Conformeoautoraponta,

    Hvriasmodalidadesdepesquisaquenosauxiliamamelhorentenderaprticadeumprofessor, de sua sala de aula e de suaescola. Tais modalidades podem levarpesquisadoreseprofessoresproduodeconhecimentos relevantes tanto para ocontextoacadmicocomoparaocontextodaprtica. O mtodo de pesquisa a serescolhidodependerdoobjetoouquestoaser estudada. Por exemplo, se o professordesejar saber a freqncia de visitas dospaisescoladentrodosvriosperodosdoano letivo, provavelmente ter que utilizarmtodos quantitativos, tais como anliseestatsticaefatorial,decovariao,etc.Seeledesejarentenderarelaodoalunocoma leitura, ser mais apropriado utilizarmtodosqualitativosdeinvestigao(ibidem:101).

    Combase nas palavras de Telles (2002), a abordagemou metodologia a ser

    adotadapelopesquisadorserresultantedoobjetivooufocodapesquisa,bemcomode

    consideraestericofilosficasqueestetemadotadoconscienteouinconscientemente.

    Agrande tendncia dapesquisaemsala de aula de lnguasnos temposmais

    recentes, talvez, esteja relacionada questo do professorpesquisador, em que o

    professor deixa seu papel de cliente ou consumidor de pesquisa, realizada por

    pesquisadoresexternos,eassumeopapeldepesquisadorenvolvidoefetivamentecoma

  • investigaocrticadesuaprpriaprtica(MoitaLopes,1996:89).SegundoMoitaLopes

    (idem),

    Acreditoquesevercadavezmaispesquisarealizada por professores de lnguasapresentada em seus prprios foros dediscusso e em congressos, contribuindoinclusiveparagerarteoriassobreoprocessode ensino/aprendizagem de lnguas (idem:ibidem).

    Conformeevidenciadonostermosdoautor,humatendnciaouumincentivo

    divulgaodepesquisasrealizadaspeloprofessor, ouseja, um incentivoparaqueos

    professores investiguem questes imediatas sua prtica docente e publiquem ou

    apresentemsuas descobertas a seus pares, o que contribuir para o enriquecimento

    tericodapesquisaemLA.

    Dessaforma,adiscussorealizadanessaseofoimebastantetil,noapenas

    como uma maneira de informar teoricamente a anlise realizada neste estudo, mas,

    especialmente,por termeauxiliadoarefletir acercada importnciadeoprofessorde

    lnguas,demodogeral,seguindoseusobjetivosespecficos,terumamaiorfamiliaridade

    compesquisa,principalmente,devido complexanaturezadenossareadeatuao.

    Nesse sentido, penso que, ao conhecermos um pouco mais sobre metodologia de

    pesquisa, poderemos ter nossa prpria prtica como foco de reflexo e pesquisa

    (Cavalcanti&MoitaLopes,1991:142).

    Apsdiscutir algunsaspectostericossobreaseodemetodologiaemAAEs,

    enfatizandotambmduasdastendnciasatualmentediscutidasquantometodologiade

    pesquisaemLA,evidenciadasnosartigosanalisados,apresento,aseguir,aorganizao

    retrica da seo de metodologia em AAEs, seguindo a representao proposta por

    Oliveira(2003).

    2.4.3AorganizaoretricadaseodemetodologiaemAAEs

  • Conforme referido anteriormente, um dos trabalhos diretamente relacionado

    anlisepropostanesteestudo,odeOliveira(2003).Aautora,aoanalisar39AAEsda

    rea de LA 7, prope uma representao esquemtica da estrutura da seo de

    metodologiadestegnero,conformeapresentonaFigura2.1.

    _____________________________________________________________

    MOVIMENTO1Descriodocorpusouparticipantesdapesquisa

    PASSO1Especificaodotamanhodaamostra(tamanhodocorpusounmerodeparticipantes)

    PASSO2AEspecificaodoperfildosparticipantes(sexoeidade)

    PASSO2BEspecificaodonveldeescolaridade(estudantes,professores,etc...)

    PASSO2CEspecificaodasubreaaqueosparticipantespertencem

    PASSO2DEspecificaodonveldeconhecimentodosparticipantes

    nalnguaoutpicoqueestsendoinvestigadopelapesquisa

    OU

    PASSO3Especificaodocorpusselecionado

    MOVIMENTO2Descriodosmateriaisouinstrumentosutilizadosnacoletadosdados

    MOVIMENTO3Descriodosprocedimentos

    MOVIMENTO4Descriodaanlisedosdados

    FIGURA 2.1 Representao esquemtica da estrutura da seo de Metodologia(Oliveira,2003:86)

    O primeiro movimento, Descrio do corpus ou participantes da pesquisa,

    geralmenteaprimeirainformaoaaparecernaseo;estrelacionadoaomomentoem

    que o autor apresenta o tamanho do corpus investigado ou o nmero de pessoas

    envolvidas na pesquisa (usando expresses como X subjects were selected, X

    participantstookpart,thesample/populationconsistedofX).Emseguida,freqentemente,

    oautor doartigoapresentaoperfil dosparticipantes(sexo, faixaetria), seunvelde

    escolaridade(estudantes,professores)easubreaounvelaquepertencem(Inglspara7Coletadosemcincoejournals:1)LanguageLearningandTechnology(LLT);2)ReadingOnline(ROL);3)TeachingEnglishasaSecondorForeignLanguageEJournal (TESLEJ); 4) ReadingMatrix(RM); e 5)JournalofAsybchronousLearningNetworks(JALN).

  • Fins Acadmicos (EAP), Ingls comoLnguaEstrangeira (EFL)). O autor pode ainda

    descrever o nvel de conhecimento do participante, isto , por meio de testes de

    proficinciaouquestionriosemgeral,emquemedidaoparticipanteconhecealngua

    alvoouotpicoaserinvestigado.

    O segundo movimento, Descrio dos materiais ou instrumentos utilizados na

    coletadosdados,conformeinvestigadopelaautora(ibidem:88),tratadadescriodos

    materiais ou instrumentos utilizados para realizar a pesquisa como, por exemplo,

    programas de computador j existentes no mercado ou criados pelos autores,

    questionrios,gravaesemudioe/ouvdeo,prtestesepstestes.

    Oliveira(2003:88)ressaltaque,apesardeessesinstrumentosseremobservados

    nas pesquisas qualitativas e quantitativas do corpus analisado por ela, os estudos

    qualitativosapresentamumanfaseeminstrumentoscomonotasdecampo,entrevistas,

    documentos,observaes,dentreoutros,reiterandodeclaraesdeoutrosautorescomo

    Davis (1995) e Telles (2002) sobre esse aspecto, conforme anteriormente explicitado.

    Esses instrumentosseriamempregadosdeformaaanalisarocontextodeformamais

    detalhada, buscando opinies dos participantes sobre esse contexto, relacionandose,

    portanto,aumaperspectivamica(Davis,1995).

    O terceiro movimento, Descrio dos procedimentos, da mesma forma que o

    Movimento2,tendeasermarcadopelousodavozpassiva(Oliveira,2003:90),atravsde

    itens lxicogramaticais como were asked/required/foi/foram solicitado(s), was/were

    told/foi/foram dito(s)), was/were given/foi/foram dado(s). Esse movimento, no corpus

    investigadoporOliveira(idem),pareceseromaisenfatizadonosestudosdetendncia

    qualitativa,sugerindoatendnciadosautoresadeptosdomtodoqualitativoembuscar

    complementara realizaodapesquisapormeiodadescriodocontextonoqual a

    pesquisaseinsere(ibidem).Paratanto,essesautoresutilizammateriaisouinstrumentos

    que visem no apenas testar, categorizar ou comprovar os resultados, mas tambm

    coletarinformaessobreosignificadodoqueestsendoinvestigado(MoitaLopes,1994:

    334).

  • Oquarto eltimomovimento identificadoporOliveira (idem:86), Descrioda

    anlisedosdados,geralmenteofereceindciospormeiodasescolhaslxicogramaticais

    da tendncia da pesquisa (qualitativa ou quantitativa) a ser adotada na anlise e

    interpretaodosdados.Aautora(ibidem:91)verificaque,emmaisde60%dostextos

    analisadosporela(cercade24artigosdentreos39estudados),taisindcioscostumam

    ser apresentados em uma subseo intitulada Data analysis ou, de forma menos

    freqente,soverificadosnopargrafodeaberturadaseodosresultados.

    No entanto, apesar de a macroestrutura dos AAEs em LA apontar, conforme

    Oliveira (2003), para a utilizao desses quatro movimentos retricos, em ambas as

    tendncias investigadas pela autora qualitativa e quantitativa , parece haver uma

    nfase,porpartedoautordoartigo,emumdadomovimento,dependendodatendncia

    utilizada.

    Na pesquisa quantitativa, parece haver uma nfase, por parte do autor, na

    descriodosmateriaisouinstrumentoscomoformadedemonstrarsuacapacidadeem

    desenvolvereutilizarinstrumentoseficazes,gerandoresultadosestatsticoscomumalto

    ndice de confiabilidade e poder de generalizao. Na pesquisa qualitativa, a nfase

    parecesecentrarnadescriodetalhadadosprocedimentoscomoformadefornecera

    descriodocontextonoqualainvestigaoseinsere.

    Quantoanliserealizadanesteestudo,adiscussotericarealizadairauxiliar,

    conforme j mencionado nesta seo, na identificao e interpretao de tendncias

    metodolgicas(qualitativae/ouquantitativa)adotadasnosAAEs,vistoqueosautoresde

    algunsdessesartigosfazemrefernciasexplcitasataisabordagens.

    Dessa forma, aps revisar trabalhos relacionados linha terica em que este

    estudoest inserido,discutindoquestessobregnerostextuais,gnerosacadmicos,

    publicaoacadmicaequantoaogneroinvestigadonestapesquisaoAAEesua

    seo de metodologia, apresento, na seo 2.4.3, questes sobre o componente

    interpessoaldessegnero,aspectotambmenfatizadonesteestudo.

  • 2.4.4OpapeldoautornaseodemetodologiaemAAEs

    OAA,apesardeservisto,geralmente,comoimpessoal,caracterizadopelousoda

    voz passiva, vem sendo estudado (Martinez, 2001) quanto ao seu componente

    interpessoal, especialmente no que diz respeito forma como o autor explicita sua

    pessoalidade.

    GilbertandMulkay(apudSwales,1990:123)discutemofatodeque,emalguns

    relatosevidenciadosnosAAs,osdadostendemaserapresentadoscronologicamente,

    semrefernciaaoenvolvimentodoautorcomapesquisarealizada.Segundoosautores

    (idem),emboraocontedodoAAdependadasaesejulgamentosdosautores,alguns

    textossoescritosemumestiloimpessoal,commnimasrefernciasexplcitassaese

    julgamentos dos autores. Nesse sentido, ao adotar tais mecanismos lingsticos, os

    autoresdessesAAsconstroemtextosemqueomundofsicoparecefalareagirporsi

    mesmo.

    AestruturaodoAAemsees(IMRD),conformeaponteinaseo2.2,sugere

    que,naDiscussodosdados,osautoresorientemsuapesquisanosentidoespecfico

    geral,ouseja,relacionemdescobertaseresultadosdainvestigaocomocontextomais

    amplodepesquisa,revelandoumaaparentenecessidadedeopesquisadorintegrarsua

    pesquisadisciplina.Martnez(2001)aponta,que,enquantoautor,opesquisadordeve

    apresentarasignificaoecontribuiodesuapesquisadisciplina,porumlado,e,por

    outro,apelarmodestamenteaeditoreseleitoresseusparesdepesquisaembuscade

    aprovaoeaceitao.EssanaturezaparadoxaldoAA,conformeaautora(idem)sugere,

    relacionada no apenas motivao de polidez e proteo da autoimagem (face

    saving),mastambmaocomplexopapeldasrelaesentreopesquisadorcomoautor,

    seusparescomoleitoreseacomunidadeacadmica.

    Essesextremostornamotexto,emalgunsmomentos,altamenteimpessoale,em

    outros, altamente pessoal, conforme apontado por Martnez (2001). A autora (idem)

    observaqueatenso,noAA,pareceaumentarconformeodesenvolvimentodotexto:de

    formaspessoaisnaIntroduoparaconstruespassivasesemagentenaMetodologia

  • apesardeosagentes(osautores/pesquisadores)serempercebidosdevidoaousode

    processos materiais que possuem um agente obrigatrio e construes relacionais

    altamenteimpessoais,naseodeResultadoseDiscusso.

    Nessestermos,Kuo(1998)apontaque,lingisticamente,osobjetivoscomunicativos

    doautorpesquisadorsorealizadosoumaterializadospormeiodeestratgiasdepolidez,

    estruturaodainformaoeutilizaodeestruturaslxicogramaticaiscomopronomes

    pessoais.Conformeoautor(idem),autilizaodepronomespessoaisdefineourevela

    relaesinterpessoaisentreosindivduosenvolvidosnainterao(autorxleitor;leitorx

    texto).Oautor(idem)sugerequeaescritaacadmicadepende,defato,deelementos

    interacionaisquesuplementamainformaodotextoealertamoleitorquantoopinio

    do autor a respeito de si prprio, sua relao comos leitores e coma comunidade

    disciplinaraquepertence.

    Fortanet (2003), que tambm investiga essa questo, observa que, de fato, a

    utilizaodepronomespessoais,especialmenteprimeira(I/We)esegundapessoa(You),

    soindicadoresimportantesdecomoaaudinciaconceitualizadapeloautor/falanteno

    discurso acadmico. No entanto, conforme a autora (idem) verifica, nem sempre a

    refernciasemnticadesseselementosclara,principalmentequantoaosignificadodo

    pronome ns (we), que pode ser inclusivo (incluindo leitor e autor) ou exclusivo

    (considerandoapenasoautor).Essavaguido,portanto,nostermosdaautora,levanos

    aentenderquecabeaoleitorinferirarefernciasemnticadessepronome,considerando

    ocontextoemqueempregado,vistoque,dependendodocontexto,almdareferncia,

    podevariartambmonveldeproximidadedoautorcomotextoecomoleitor.

    Noentanto,almdautilizaodepronomespessoaisemprimeirapessoa,opapel

    doautor,emumAA,podeserpercebidoeanalisadotambmdeacordocomosprocessos

    empregadosnotexto(funoideacional).SegundoHalliday(1985:101),umapropriedade

    fundamentaldalinguagempossibilitaraconstruodeumaimagemmentaldarealidade

    deformaadarsentidoaoqueaconteceexternaeinternamenteaohomem.Conformeo

    autor(idem:121),afunoideacionaldalinguagem,afimdedarsentidoaoqueacontece

    internaeexternamenteaohomem,responsvelpelarepresentaodomundoatravs

  • da linguagem manifestandose no apenas nela mas tambm em categorias como

    transitividadeerelaeslgicas(ver,tambm,Cabral,2002).Nessesentido,transitividade

    podeser entendidacomoo sistemagramatical queo falante/escritor lanamopara

    construir a experincia humana nos eventos comunicativos. Ela constri o fluxo da

    experinciaemsentidosepalavraserepresentadanaconfiguraodeprocessosque

    envolvamparticipantese,eventualmente,circunstncias(Halliday,1985:101).

    Nesse sentido, aspectos ideacionais (por meio da utilizao de processos) e

    interpessoais(combasenousodepronomespessoaisde1e2pessoa)podemser

    associadoscomorealizonesteestudo,aoanalisaraseodemetodologiadeAAEs,

    natentativadeentendermosemquemedidaosautoresdeAAEsexplicitamseupapelao

    relatarosprocedimentosmetodolgicosutilizadosemsuainvestigao.

    Osconceitosdeprocesso,participanteecircunstnciasocategoriassemnticas

    queexplicam,de formageral, comoos fenmenosdomundo real sorepresentados

    como estruturas lingsticas. Os processos referemse aos grupos verbais, os

    participantesaosnominais,eascircunstncias,aosadverbiais.Seguindoaclassificao

    propostaporHalliday(1985:101),osprocessospodemserdivididosem:1)materiais;2)

    mentais;e3)relacionais.Almdestes,trsoutrosintermediriostambmsoutilizados:

    4)verbais;5)comportamentais;e6)existenciais.Emgramticafuncional,cadaprocesso

    envolveumtipodeparticipanteespecfico.

    Martinez (2001: 227), ao constatar aspectos ligados transitividade em AAs,

    constatou uma aparente tenso por parte dos autores entre a necessidade de

    apresentarasdescobertasobjetivamenteeanecessidadedepersuadirosleitoresquanto

    validade dessas descobertas. Segundo a autora (idem), os pesquisadores utilizam

    diferentesformasdeapagamentodosujeito/agente,eissomanifestaatensoentrea

    necessidadedoautordedistanciarseouaproximarsedotexto.

    Esseaspectoreiteraalgunsdosfatosqueconstateinesteestudo,comoautilizao

    deconstruespassivas,associadasaousodeprocessosmateriais,indicandoque,na

    seodemtodos,emcertosmomentos,osautoresevitamrealizaravaliaesexplcitase

  • pessoais,apresentandoosdadoseasaesrealizadasomaisobjetivamentepossvel

    (conformediscutonocaptulo4,destinadoaosResultadosdestapesquisa).

    Questescomointromissoeidentidadeacadmicapodemestarrelacionadasa

    este aspecto, visto que um ponto central interao entre autor x leitor envolve

    negociaesinterpessoaisemqueosautoresprocurambalanceardeclaraessobrea

    significao, originalidade e verdade de seu trabalho contra as convices de seus

    leitores(Hyland,2001:550).

    Autilizaode1pessoa(we),conformeHyland(idem),emumrelatodepesquisa,

    podeservistacomoumaquestodeconstruodeidentidadeacadmicado(a)autor(a).

    Poroutrolado,podeserentendidacomoumaintromissodo(a)autor(a)emseutexto,

    aoexpressaratitudesafetivas,tambm,pormeiodecomentriosavaliativos,marcadores

    metadiscursivosinterpessoais,etc.

    AoinvestigararazoporqueosautoresdeAAsincluemosleitoresemseudiscurso

    pormeio dautilizaodens inclusivo, Hyland(idem:554)observadois objetivos

    retricos:1)deformaaatenderasexpectativasdeinclusodoleitor,esteincludocomo

    umparticipanteemumdadoargumento,pormeiodepronomesinclusivoseinterjeies,

    com efeito de solidariedade interpessoal e parceria disciplinar; e 2) quanto ao

    posicionamentoretricodaaudinciaoautorreconheceopapeldoleitorcomocrticoe

    potencialnegadordasdeclaraesapresentadasnotexto:oautoraproximaoleitordo

    discursoempontoscrticosdeformaaorientarsuasinterpretaesatravsdeperguntas

    ouapeloaosensocomum(Hyland,2001:555).

    Combasenessasconstataes,parecepossvelinferirque,sobaticadeHyland

    (idem), o fato de o autor apelar ao leitor, atravs de diferentes mecanismos lxico

    gramaticais,engajandooemseudiscurso,no isentodeintenoretrica,vistoque

    o(a)autor(a),nostermosdeHyland(idem),precisarecrutarsuasaudinciasdeacordo

    com seus objetivos e posies, e parte disso envolve estabelecer uma identidade

    (persona) aceitveleumaatitudeapropriada,especialmenteparaseus leitores.Dessa

    forma,aescritaacadmicapressupeumpapelativoporpartedoleitor.Talengajamento

    importantenoapenascomoelementoconstitutivodoargumentodo(a)autor(a),mas

  • tambmdeseucontextodisciplinar(Hyland,idem:571),principalmenteporque,dadoo

    carter social da escrita, o(a) autor(a) deve desempenhar habilidades de engajarse

    apropriadamentecomseuleitor.

    Esta seo tratou, portanto, da reviso terica que considero relevante a este

    estudo. Discuti questes ligadas a gneros textuais, linha emque este trabalho est

    inserido,aoAAEe publicaoeletrnica,almdequestesespecficas seode

    metodologia do AAE. Conforme apontei, a seo de mtodos desse gnero textual

    apresentaespecificidadestericometodolgicas,dependendodatendnciaqualitativa

    ou quantitativa de pesquisa adotada pelo autor, aspecto discutido no captulo 4,

    destinadoaosResultados.

    Dessamaneira,apsapresentartrabalhostericosrelacionadossquestesque

    considero importantes na anlise dos dados, apresento, a seguir, no captulo 3, a

    Metodologia adotada neste estudo, ressaltando o contexto de anlise, o corpus

    selecionadoparaoestudoeoscritriosadotadosnoprocessodecoletaeanlisedos

    dados.

  • CAPTULO3METODOLOGIA

    Nestecaptulo,apresento,emprimeirolugar,adescriodocontextodosAAEsque

    compemocorpus(seo3.1)destapesquisa,tendoemvistaainvestigaodecomose

    configuraomeiodepublicaoecomosoconfiguradososejournalsselecionados.Em

    segundolugar,apresentooscritriosadotadosnaseleodocorpus(seo3.2).

    3.1ContextodosAAEs

    ConformeantecipadonocaptulodeRevisodeLiteratura(seo2.1),oscritrios

    de anlise contextual adotados neste estudo esto calcados no valor cultural de um

    determinadogneroparaacomunidadequeoproduzeconsome(Swales, 1990: 35).

    Nesse sentido, a anlise contextual, aqui, se d em dois momentos. Inicialmente,

    apresento(seo3.1.1)adescriodocontextoemqueogneroAAEestinseridoo

    peridicoacadmicoeletrnicoou ejournal combasenasinformaesapresentadas

    em sua pgina eletrnica (homepage). Em segundo lugar (seo 3.1.2), realizo uma

    sondagemdessecontextopormeiodeentrevistasviaemailcomosautoresdosartigos

    do corpus por serem membros da comunidade disciplinar especfica em questo e,

    portanto, profissionais efetivamente vinculados s prticas discursivas de consumo,

    produoepublicaodognero.

    3.1.1Descriodosejournals8

    8OsdoisejournalsestudadosforamselecionadosapartirdoestudodeHendges(2001).

  • ParadescreverosdoisejournalsestudadosLanguageLearningandTechnologye

    ReadingOnline,focalizo,essencialmente:a)osassuntospublicados;b)opblicoalvo;e

    c)operfildosautorescujosartigoscompemocorpus.

    Quanto aos assuntos publicados, o Language Learning and Technology (LLT)

    divulga, emsua homepage (http://llt.msu.edu/intro.html), queseuobjetivo disseminar

    pesquisassobretecnologiaeensinodelnguasaprofissionaisdelnguaestrangeiraou

    segunda lnguaemtodosospasesdoglobo 9. Combasenessasinformaes,o LLT

    parece estar voltado a um pblicoalvo que engloba professores, alunos e demais

    profissionaisligadospesquisaemlnguaestrangeiraesegundalnguacomoauxlioda

    tecnologia.

    Ao analisar o perfil dos autores, considerei sua afiliao acadmica e biodata

    apresentadasnafinalizaodotextodosartigos.Combasenessecritrio,observeique,

    dentreos20textoscoletadosdoLLT,houveumtotalde33autores(ecoautores).Destes,

    12apresentamrefernciasuatitulao,sendo6doutores,2alunosdedoutoradoe4

    candidatos a tal curso, computando aproximadamente 36% do total de autores

    identificados.Osdemais21autoressodescritosemsuabiodatacomoprofessoresdas

    instituiesa que sovinculados, comnfasenaspublicaes realizadas e emseus

    interessesdepesquisa,noapresentandoumarefernciasuatitulao.

    Aparentemente,aanlisecontextualevidenciadanabiodatadosautoresdoLLT

    demonstraqueosautoresdeAAEsdeLAso,emsuamaioria,membrosexperientesde

    umacomunidadedisciplinar por estaremapresentadoscomoprofessoresvinculadosa

    determinadas instituies, alguns destes possuindo publicaes de livros ou demais

    trabalhosemsuasreas,emoposioapublicaesdealunos,porexemplo.

    Sobreasinstituiesdos33autoresidentificadosnaanlise,observeique20so

    norteamericanas (como, por exemplo, University of Pittsburgh, Northern Arizona

    University, University of Texas, University of California, Washington State University,

    IndianaUniversity,PennsylvaniaStateUniversity,dentreoutras);7soeuropias(Open

    9Informaesacessadaspelaltimavezem21/12/02.

  • University of theUnited Kingdom, Verona University (Itlia), University of Extremadura

    (Espanha),LondonUniversity,etc.),easdemais,australianas(UniversityofMelbourne)e

    asiticas(UniversityofHongKong).Conformeosdadosdemonstram,nohinstituies

    sulamericanasdentreos33autoresidentificados,oquepareceindicarqueapublicao

    acadmica eletrnica, aomenosna rea investigada, est aliceradaempublicaes

    norteamericanas(emmaior parte), europiaseaustralianas(ver, por exemplo, Motta

    Roth,1995).

    O Reading Online (ROL) divulga em sua homepage

    (http://www.readingonline.org/about/about_index.asp)queseufocoaprticaepesquisa

    no letramento em lngua materna e letramento eletrnico, como objetivo de auxiliar

    profissionaisnatarefadeintegrartecnologiasaladeaula.

    Osautoresdesseperidico,conformeapontadonaanlisedosartigos,possuem

    umperfil semelhante ao do LLT: dentre os 20 artigos, identifiquei 29 autores (e co

    autores), dos quais trs possuemduas publicaes no corpus. A anlise da biodata

    evidenciouque,dos29autores,cincosodoutores,umcandidatoadoutoradoedois

    somestres.Osdemais21,comonoperidicoanterior,sodescritoscomoprofessores

    vinculadosadeterminadasinstituies,corroborandooperfildescritonaquele ejournal,

    dequeosautoresdessesAAEsso,emsuamaioria,profissionaisengajadosemsuas

    comunidadesdisciplinares,nohavendopublicaesdeestudantesuniversitrios.

    Quanto s instituies dos autores investigados no ROL, a grande maioria (23

    autores)tambm vinculadaainstituiesnorteamericanas,damesmaformaqueos

    autores do LLT (University of Arizona, University of Southern Mississippi, Ball State

    University,SouthwesternOklahomaStateUniversity,UniversityofMemphis,Universityof

    Kansas, Ohio State University, dentre outras). Os demais autores so vinculados a

    instituies australianas (University of Queensland) e um autor vinculado a uma

    universidadedeIsrael(BarIlanUniversity).

    ApsdescreverabiodatadosautoresdosAAEsdocorpus,pudeverificarqueo

    contextoemqueosartigosselecionadosestoinseridospossuipontosdesemelhanae

    diferena. Quanto aos assuntos publicados, se pensarmos nos ttulos dos ejournals,

  • podemos verificar que o Language Learning and Technology apresenta um foco

    diretamenterelacionadoaseuttulo,isto,visaapublicartextosligadosaoensinode

    lnguascomoauxliodatecnologia.Poroutrolado,oReadingOnline,mesmosugerindo

    umapublicaovoltadaleituranaInternet,apresentaumanfaseapesquisasligadasa

    letramentoemlnguamaternaeletramentoeletrnico.

    Nessesentido,podemosverificarque,quantoaosassuntospublicadosequantoao

    pblicoalvo, os dois peridicos selecionados para o estudo, mesmo mantendo suas

    especificidades,tratamdoensinodelnguascomoauxliodatecnologia,voltandosea

    umpblicoconstitudoporprofessores,alunoseprofissionaisemgeralligadosreade

    linguagemetecnologia,corroborandoocontextoeletrnicoemqueestosituados.

    Pudeconstatartambmumasemelhananoqueserefereaoperfildosautores,j

    que,dentreos62autoresidentificados,nohrefernciaaestudantesuniversitriosde

    graduao,indicandoumaaparenteexperinciaacadmica.

    Apsrealizaromapeamentodosdoisejournalsselecionadosquantoaosassuntos

    publicados, pblicoalvo e perfil dos autores dos artigos selecionados, realizo uma

    sondagemdessecontextoapartir de informaescoletadasnasentrevistasvia email

    com os autores dos artigos do corpus, usurios efetivamente vinculados s prticas

    discursivasdeconsumo,produoepublicaodoAAE.

    3.1.2Entrevistascomosautores

    Alm de analisar os peridicos em que os AAEs do corpus so publicados,

    constatandoaspectoscomopblicoalvoe polticaeditorial, e deverificar operfil dos

    autores desses artigos, outra etapa, quanto anlise do contexto, diz respeito s

    entrevistasrealizadascomosautoresdosartigos.Essasentrevistas(Anexo01)foram

    realizadasentreosmesesde julhode2003e janeirode2004,eas respostas foram

    armazenadase analisadas embusca de informaes sobre o processo de produo

    dessesartigos(conformeapresentonaseo4.5docaptulo4).

  • Combasenosdadosapresentadosnaseoanterior,sobreoperfildosautoresdos

    doisejournalsanalisados,podeseverificarumtotalde33autoresnoLLTe29autoresno

    ROL, o que totalizaria 62 autores e coautores a serem entrevistados, atravs de

    questionriosenviadospor email. Noentanto,no foi possvel enviarmosmensagens

    paratodososautores,poismuitosnodisponibilizamseuemailnosartigos.Dentreas29

    mensagensenviadasaautoresquedisponibilizaramseu email nosartigosanalisados,

    sendo este o critrio para a realizao das entrevistas, 17 aceitaram participar da

    pesquisa.

    No entanto, dentre esses autores, apenas cinco retornaram suas mensagens

    durante a entrevista, conforme apresento no captulo 4. Ao apresentar excertos das

    mensagensenviadaspelosautoresdosartigos(Anexo02),excluoseusnomes,sendo

    que,paraefeitodeexemplificao,refiromeaelesporA1,A2,A3,etc.

    Aseguir,descrevooscritriosadotadosnaseleodos40AAEsquecompemo

    corpusdesteestudo.

    3.2Critriosdeseleodocorpus

    Paraestabelecerocorpusdapesquisa,observeiosseguintesaspectos:

    1)osperidicossoacessadosgratuitamentenaInternetporsermuitocomum

    encontrarmos ejournals emque,paraseteracessoaostextos, temsedeefetuarum

    cadastro(login)epagamento;

    2)osperidicossoexclusivamenteeletrnicos,ouseja,noapresentamverso

    impressaporsercomumencontrarmosejournals(comoarevistaD.E.L.T.A.,noBrasil,

    porexemplo)quesoumaversoemPDFdotextoimpresso;

    3) os artigos abordam temas da rea de LA, a qual foi escolhida,

    fundamentalmente,devidoadoisaspectos:1)interesseparticularemestudosnessarea,

    porserminhareadeatuao;e2)a investigao daquestopropostanesteestudo

  • poderservirdesubsdioparaminhaformaoenquantoprofessoradeInglsparaFins

    Acadmicos.

    4)osperidicospossuemcorpoeditorial,revisoporpares(peerreview),normas

    de publicao e freqncia na publicao dos exemplares, o que confere uma certa