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Shape memory alloys (SMAs), pseudoelasticity, thermal expansion and two-way shape memory effect. Thermomechanical behavior of SMAs, one-dimensional constitutive model, with internal constraint, to describe the thermomechanical behavior of SMAs considering plastic deformations. The proposed theory contemplates four phases: three variants of martensite and an austenitic phase. Two different elastic moduli for austenitic and martensitic phases are considered. A new constraint is employed for a correct description of thermal expansion phenomenon. The plasticity model employs a linear yield criterion and also linear kinematics and isotropic hardening. A numerical procedure based on operator split technique coupled with orthogonal projection and return mapping algorithms is employed. Quantitative adjustments are developed and numerical results show that the proposed model is capable to describe shape memory alloys thermomechanical behavior. Author:Alessandro Piccaglia Baêta Neves.
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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA
Cap ALESSANDRO PICCAGLIA BAÊTA NEVES
EFEITO DAS DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS NO
COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DAS LIGAS COM
MEMÓRIA DE FORMA
Rio de Janeiro
2002
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Cap ALESSANDRO PICCAGLIA BAÊTA NEVES
EFEITO DAS DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS NO COMPORTAMENTO
TERMOMECÂNICO DAS LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Mestrado em Engenharia Mecânica do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em
Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Marcelo Amorim Savi – D.Sc.
Rio de Janeiro
2002
2
C2002
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-
lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer
forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica
completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e do
orientador.
Baêta Neves, Alessandro Piccaglia Efeito das deformações plásticas no comportamento termomecânico das ligas com memória de forma / Alessandro Piccaglia Baêta Neves. - Rio de Janeiro : Instituto Militar de Engenharia, 2002.
90 f. : il., graf., tab. : - cm. Dissertação (mestrado) - Instituto Militar de Engenharia, 2002. 1. Formação.
3
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Cap ALESSANDRO PICCAGLIA BAÊTA NEVES
EFEITO DAS DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS NO COMPORTAMENTO
TERMOMECÂNICO DAS LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia
Mecânica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Marcelo Amorim Savi – D.Sc.
Aprovada em 21 de fevereiro de 2002 pela seguinte Banca Examinadora: ____________________________________________________________
Prof. Marcelo Amorim Savi – D.Sc. do IME – Presidente
____________________________________________________________ Prof. Arnaldo Ferreira – Ph.D. do IME
____________________________________________________________ Prof. Raul Rosas e Silva – Ph.D. da PUC-Rio
____________________________________________________________ Prof. Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco – D.Sc. do CEFET-RJ
Rio de Janeiro
2002
4
Este trabalho é dedicado à memória de meu Pai,
cujo respeito, amizade, integridade, competência profissional e, sobretudo, carinho, amor e dedicação à família representam a verdadeira orientação que carrego para toda a minha vida.
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado forças para superar todas as dificuldades
que surgiram durante este curso.
Agradeço, em especial, à minha família que compartilhou de todas as minhas alegrias e
tristezas, sempre me confortando e estimulando para a concretização deste trabalho.
Aos professores do curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do IME, pela excelência
das aulas e pela seriedade com que conduzem suas atividades acadêmicas.
Ao professor Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco e ao companheiro Eng. Alberto Paiva
por terem colaborado e contribuído de forma relevante para a conclusão deste trabalho.
Aos colegas de curso, em especial ao Cap Eduardo e ao Eng. Luciano, pelo apoio
prestado.
Aos funcionários civis e militares do DE/4 pela dedicação com que realizam suas
funções.
E, finalmente, agradecimento especial ao professor Marcelo Amorim Savi, pelas
orientações objetivas, claras e seguras, pela forma estimulante de conduzir uma atividade de
pesquisa, pela dedicação ao trabalho e, principalmente, pela amizade.
6
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................8
LISTA DE TABELAS ................................................................................................12
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ........................................................13
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................16
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................19
1.1 Organização do Trabalho ...............................................................................22
2 COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO,
APLICAÇÕES E MODELAGEM CONSTITUTIVA .............................24
2.1 Comportamento Termomecânico...................................................................24
2.1.1 Efeito Memória de Forma (SME – Shape Memory Effect) ...........................24
2.1.2 Efeito Pseudoelástico .....................................................................................25
2.1.3 Efeito Memória de Forma Reversível............................................................26
2.2 Aplicações......................................................................................................28
2.3 Equações Constitutivas ..................................................................................30
3 MODELO CONSTITUTIVO PARA MEMÓRIA DE
FORMA COM PLASTICIDADE ...............................................................34
3.1 Efeito das Deformações Plásticas ..................................................................34
3.2 Equações Constitutivas ..................................................................................35
3.3 Procedimento Numérico ................................................................................42
3.4 Simulações Numéricas...................................................................................44
3.5 Considerações Finais .....................................................................................59
4 AJUSTES QUANTITATIVOS ...................................................................61
4.1 Alongamento horizontal do laço de histerese ................................................61
4.2 Parâmetro de Transformação de Fase (L) variável ........................................67
4.3 Parâmetro de Dissipação Interna (η) variável................................................70
4.4 Simulações Numéricas...................................................................................71
7
4.5 Considerações Finais .....................................................................................79
5 CONCLUSÕES............................................................................................82
5.1 Sugestões para Trabalhos Futuros ................................................................83
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................84
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG.2.1: Efeito Memória de Forma ........................................................................... 25
FIG.2.2: Efeito Pseudoelástico .................................................................................. 26
FIG.2.3: Efeito Memória da Forma Reversível (TWSME ) ...................................... 27
FIG.2.4: Aparelhos ortodônticos: pseudoelasticidade............................................... 28
FIG.2.5: Micromanipulador: TWSME ...................................................................... 29
FIG.2.6: Antenas de telefones celulares: pseudoelasticidade .................................... 29
FIG.2.7: Dispositivo de liberação não-pirotécnico: memória de forma .................... 30
FIG.3.1: Tetraedro de restrições. ............................................................................... 38
FIG.3.2: Representação gráfica das subdiferenciais .................................................. 43
FIG.3.3: Representação gráfica do algoritmo de mapeamento de retorno ................ 43
FIG.3.4: Curva de variação da tensão de escoamento em função da
temperatura.................................................................................................. 44
FIG.3.5: Carregamento de tensão prescrita com temperatura constante
T = 333 K > TA............................................................................................. 46
FIG.3.6: Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas ....................................................................................................... 46
FIG.3.7: Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade sem
deformações plásticas.................................................................................. 46
FIG.3.8 Carregamento termomecânico para memória de forma sem
deformações plásticas.................................................................................. 47
FIG.3.9 Tensão-deformação para memória de forma sem
deformações plásticas.................................................................................. 48
FIG.3.10 Evolução das frações volumétricas para memória de forma sem
deformações plásticas.................................................................................. 48
FIG.3.11 Carregamento térmico (TM = 291,4 K)........................................................ 49
FIG.3.12 Deformação-temperatura para expansão térmica (TM = 291,4 K)............... 49
FIG.3.13 Evolução das frações volumétricas para expansão térmica
(TM = 291,4 K)............................................................................................. 50
9
FIG.3.14 Carregamento térmico (TM = 307,5 K)........................................................ 50
FIG.3.15 Deformação-temperatura para expansão térmica (TM = 307,5 K)............... 51
FIG.3.16 Carregamento isotérmico (T = 333 K > TA) para pseudoelasticidade
com deformações plásticas.......................................................................... 51
FIG.3.17 Tensão-deformação para pseudoelasticidade com
deformações plásticas.................................................................................. 52
FIG.3.18 Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade com
deformações plásticas.................................................................................. 52
FIG.3.19 Carregamento termomecânico para memória de forma com
deformações plásticas.................................................................................. 53
FIG.3.20 Tensão-deformação para memória de forma com
deformações plásticas.................................................................................. 53
FIG.3.21 Evolução das frações volumétricas para memória de forma com
deformações plásticas.................................................................................. 54
FIG.3.22 Carregamento termomecânico para memória de forma reversível ............. 54
FIG.3.23 Tensão-deformação para memória de forma reversível .............................. 55
FIG.3.24 Deformação-temperatura para memória de forma reversível...................... 56
FIG.3.25 Deformação-temperatura para memória de forma reversível
sem acoplamento ......................................................................................... 57
FIG.3.26 Comparação entre as curvas de evolução das frações volumétricas ........... 57
FIG.3.27 Efeito dos parâmetros de acoplamento para memória
de forma reversível ...................................................................................... 58
FIG.3.28 Efeito dos parâmetros de acoplamento para pseudoelasticidade................. 59
FIG.4.1 Curva experimental tensão-deformação (Efeito Pseudoelástico)................ 61
FIG.4.2 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas, com laço de histerese alongado ................................................... 66
FIG.4.3 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas (comparação entre o modelo com laço de histerese alongado
e o modelo sem alongamento)..................................................................... 66
FIG.4.4 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas (parâmetro de transformação de fase ajustado para
L = 26,75 MPa)............................................................................................ 67
10
FIG.4.5 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas (parâmetro de transformação de fase variável)............................. 68
FIG.4.6 Evolução da fração volumétrica austenítica (influência do parâmetro
de transformação de fase variável) .............................................................. 69
FIG.4.7 Evolução da fração volumétrica austenítica (influência do parâmetro
de dissipação interna variável) .................................................................... 71
FIG.4.8 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas (modelo alongado e ajustado)....................................................... 72
FIG.4.9 Carregamento termomecânico para memória de forma sem
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 73
FIG.4.10 Tensão-deformação para memória de forma sem
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 73
FIG.4.11 Evolução das frações volumétricas para memória de forma sem
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 74
FIG.4.12 Tensão-deformação para pseudoelasticidade com
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 75
FIG.4.13 Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade com
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 75
FIG.4.14 Carregamento termomecânico para memória de forma com
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 76
FIG.4.15 Tensão-deformação para memória de forma com
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 76
FIG.4.16 Evolução das frações volumétricas para memória de forma com
deformações plásticas (modelo alongado e ajustado)................................. 76
FIG.4.17 Carregamento termomecânico para memória de forma reversível
(SIMT ) ........................................................................................................ 77
FIG.4.18 Tensão-deformação para memória de forma reversível
(SIMT ) ........................................................................................................ 78
FIG.4.19 Evolução das frações volumétricas para memória de forma reversível
(SIMT ) ........................................................................................................ 78
FIG.4.20 Deformação-temperatura para memória de forma reversível
(SIMT ) ........................................................................................................ 79
11
FIG.4.21 Carregamento de deformação prescrita com temperatura constante
T = 333 K > TA............................................................................................. 80
FIG.4.22 Comparação entre tensão e deformação prescritas para
pseudoelasticidade sem deformações plásticas ........................................... 81
12
LISTA DE TABELAS
TAB.3.1: Propriedades termomecânicas ..................................................................... 45
TAB.4.1: Propriedades termomecânicas para o modelo alongado.............................. 72
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A Fase austenítica.
fA Temperatura de fim de formação de austenita.
sA Temperatura de início de formação de austenita.
B Conjunto de forças termodinâmicas associadas às transformações de fase.
Bi Forças termodinâmicas associadas às variáveis internas.
E Módulo de elasticidade.
AE Módulo de elasticidade associado à fase austenítica.
ME Módulo de elasticidade associado à fase martensítica.
) , , ( ZYXf Função de escoamento.
) ( f µγσ ,, Função de escoamento.
F Conjunto de forças termodinâmicas associadas à plasticidade.
H Módulo de endurecimento cinemático.
HA Módulo de endurecimento cinemático associado à fase austenítica.
HM Módulo de endurecimento cinemático associado à fase martensítica.
If Função indicatriz relativa à superfície de escoamento.
) ( ˆ iJ β Função indicatriz para o modelo com restrições internas.
) ( iJ β Função indicatriz para o modelo com restrições internas.
K Módulo de plasticidade.
KA Módulo de plasticidade associado à fase austenítica.
KM Módulo de plasticidade associado à fase martensítica.
L Propriedade do material associada à transformação de fase.
AL Propriedade do material associada à transformação de fase austenítica.
ML Propriedade do material associada à transformação de fase martensítica.
Al Constante de transformação de fase austenítica.
Ml Constante de transformação de fase martensítica.
M Fase martensítica maclada (twinned).
M − Fase martensítica não-maclada (detwinned) associada à compressão.
M + Fase martensítica não-maclada (detwinned) associada à tração.
14
fM Temperatura de fim de formação de martensita.
sM Temperatura de início de formação de martensita.
ℜ Conjunto dos números reais.
s Entropia específica.
t Tempo.
T Temperatura.
CT Temperatura crítica.
AT Temperatura de início de formação de austenita.
MT Temperatura de início de formação de martensita.
0T Temperatura de referência.
ut Unidade de tempo.
V Conjunto de variáveis internas associadas à plasticidade.
X Força termodinâmica relacionada à deformação plástica.
Y Força termodinâmica relacionada ao endurecimento isotrópico.
Z Força termodinâmica relacionada ao endurecimento cinemático.
α Parâmetro associado à transformação de fase.
Hα Parâmetro associado ao alongamento horizontal do laço de histerese.
iβ Frações volumétricas.
γ Variável associada ao endurecimento isotrópico.
ε Deformação axial.
SMAε Deformação recuperável associada às transformações de fase.
pε Deformação plástica.
Rε Deformação residual máxima.
η Parâmetro associado à dissipação interna do material.
ηci Parâmetro de acoplamento isotrópico.
ηck Parâmetro de acoplamento cinemático.
Cη Parâmetro de dissipação interna durante o carregamento.
Dη Parâmetro de dissipação interna durante o descarregamento.
λ Multiplicador de Lagrange (taxa de deformação plástica, pε& ).
µ Variável associada ao endurecimento cinemático.
15
π Conjunto de restrições internas.
ρ Massa específica.
σ Tensão axial.
Rσ Parcela reversível da tensão.
Iσ Parcela irreversível da tensão.
CRITσ Tensão crítica para início da transformação martensítica.
Yσ Tensão de escoamento.
AYσ Tensão de escoamento associado à fase austenítica.
MYσ Tensão de escoamento associado à fase martensítica.
τ Conjunto de restrições internas.
φ Potencial de dissipação.
∗φ Potencial dual de dissipação.
ψ Energia livre de Helmholtz.
iψ Potenciais parciais de energia livre.
Aθ Coeficiente de dilatação térmica associado à fase austenítica.
Mθ Coeficiente de dilatação térmica associado à fase martensítica.
AΩ Coeficiente de expansão térmica associado à fase austenítica.
MΩ Coeficiente de expansão térmica associado à fase martensítica.
16
LISTA DE SIGLAS
SMA: Shape Memory Alloy (Liga com memória de forma)
SME: Shape Memory Effect (Efeito memória de forma)
TWSME : Two-Way Shape Memory Effect (Efeito memória de forma reversível)
SMET: Shape Memory Effect Training (Treinamento com ciclos de efeito memória de
forma)
SIMT : Stress Induced Martensite Training (Treinamento com ciclos de martensita
induzida por tensão)
NOL : Naval Ordnance Laboratory (Laboratório de material bélico naval)
17
RESUMO
As ligas com memória de forma (SMAs) vêm motivando diversas aplicações em diferentes áreas do conhecimento. Os efeitos de memória de forma, pseudoelasticidade, expansão térmica e memória de forma reversível são fenômenos associados às transformações de fase martensíticas presentes nessas ligas. O comportamento termomecânico das SMAs pode ser modelado do ponto de vista microscópico ou macroscópico. O primeiro, microscópico, considera aspectos metalúrgicos, enquanto o segundo, macroscópico, descreve os aspectos fenomenológicos. Este trabalho apresenta um modelo constitutivo unidimensional, com restrições internas, para descrever o comportamento termomecânico das SMAs levando em consideração o efeito das deformações plásticas. A modelagem proposta contempla quatro fases: três variantes martensíticas e uma fase austenítica. Dois módulos elásticos distintos são associados às fases martensítica e austenítica. Uma nova restrição permite a descrição do fenômeno da expansão térmica. O efeito das deformações plásticas é analisado a partir da hipótese da decomposição aditiva, utilizando critério de escoamento linear e formulações lineares para endurecimento cinemático e isotrópico. Um acoplamento plástico-transformação de fase é incorporado ao modelo e permite a descrição do fenômeno da memória de forma reversível. Utiliza-se um procedimento numérico baseado na partição do operador acoplado aos algoritmos de projeção ortogonal e mapeamento de retorno. Ajustes quantitativos são efetuados e os resultados encontrados mostram que o modelo é capaz de descrever o comportamento termomecânico das SMAs.
18
ABSTRACT Shape memory alloys (SMAs) have been motivating different applications in many areas. Shape memory, pseudoelasticity, thermal expansion and two-way shape memory effect are phenomena associated with martensitic phase transformations, which occur in these alloys. The thermomechanical behavior of SMAs may be modeled either by microscopic or macroscopic point of view. On the first microscopic approach, metallurgical aspects are considered. On the other hand, the second approach, macroscopic, phenomenological aspects are focused. This contribution presents a one-dimensional constitutive model, with internal constraint, to describe the thermomechanical behavior of SMAs considering plastic deformations. The proposed theory contemplates four phases: three variants of martensite and an austenitic phase. Two different elastic moduli for austenitic and martensitic phases are considered. A new constraint is employed for a correct description of thermal expansion phenomenon. The plasticity model employs a linear yield criterion and also linear kinematics and isotropic hardening. Additive decomposition hypothesis is assumed. A plastic-phase transformation coupling is incorporated into the model and allows the description of the two-way shape memory effect. A numerical procedure based on operator split technique coupled with orthogonal projection and return mapping algorithms is employed. Quantitative adjustments are developed and numerical results show that the proposed model is capable to describe shape memory alloys thermomechanical behavior.
19
1 INTRODUÇÃO
A expressão LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA (SMAs - Shape Memory Alloys) é
aplicada a uma família de materiais metálicos que, mesmo após serem deformados,
demonstram a habilidade de retornar a uma forma previamente definida, desde que
submetidos a um processo termomecânico apropriado. Esta habilidade é conhecida como
efeito memória de forma (Shape Memory Effect – SME).
As SMAs sofrem transformações de fase martensíticas que podem ser induzidas por um
campo de tensão, temperatura ou pela combinação de ambos.
Para melhor entender a maneira como se processa o efeito memória de forma é
interessante compreender a estrutura cristalográfica de uma SMA. Basicamente, duas fases
estão presentes nestas ligas: austenita (existente nas mais altas temperaturas) e martensita
(existente nas mais baixas temperaturas). Quando uma amostra de SMA é submetida a um
carregamento em uma temperatura onde a fase austenítica é estável, verifica-se o
aparecimento de deformações inelásticas, observadas quando o carregamento ultrapassa uma
determinada tensão crítica. Cessado o carregamento, estas deformações inelásticas são
completamente recuperadas. Em baixas temperaturas, quando a martensita é estável, esta
mesma amostra de SMA apresenta uma deformação residual após um processo de
carregamento e descarregamento. Esta deformação residual pode ser recuperada com o
aquecimento da amostra. No primeiro caso, tem-se o fenômeno da pseudoelasticidade ou
superelasticidade. No segundo caso, o fenômeno recebe a denominação de efeito memória de
forma. Tanto para pseudoelasticidade quanto para memória de forma, existe um limite para a
recuperação das deformações. Este limite é definido pela tensão de escoamento do material, a
partir da qual a amostra passa a se comportar plasticamente, sofrendo deformações
irreversíveis. Um outro fenômeno, igualmente interessante, considera a possibilidade de uma
amostra de SMA mudar de forma dependendo da temperatura. Este fenômeno é denominado
de memória de forma reversível (Two-Way Shape Memory Effect – TWSME ). A associação
de diferentes formas em função de diferentes temperaturas requer um treinamento específico
do material, que pode ser através de ciclos de efeito memória de forma (Shape Memory Effect
Training – SMET) ou ciclos de martensita induzida por tensão (Stress Induced Martensite
Training – SIMT ). Em geral, os ciclos de treinamento consideram níveis de tensão onde são
produzidas deformações plásticas.
20
Em razão de propriedades tão peculiares, as SMAs despertam grande interesse nos
projetistas para o desenvolvimento de aplicações nas mais variadas áreas da indústria, tais
como: mecânica, automotiva, aeroespacial, biomédica, civil e etc. Inúmeros são os produtos
existentes atualmente no mercado que exploram os fenômenos da pseudoelasticidade, da
memória de forma e da memória de forma reversível. Entretanto, a falta de modelos
confiáveis impõe limitações ao crescimento do número de aplicações.
Do ponto de vista metalúrgico, nas SMAs existem 24 variantes martensíticas possíveis,
que estão arranjadas em 6 grupos, com 4 variantes por grupo (ZHANG et al., 1991). Para o
caso unidimensional, é possível considerar somente três variantes de martensita: a martensita
maclada (twinned), que é estável na ausência de tensões e as fases martensíticas não-macladas
(detwinned), induzidas por tensão de tração ou compressão.
O comportamento termomecânico das SMAs pode ser modelado sob a ótica microscópica
ou macroscópica. Os modelos constitutivos consideram os aspectos fenomenológicos deste
comportamento (BIRMAN, 1997). Neste trabalho, a modelagem constitutiva é desenvolvida
sob a ótica macroscópica. Dentro deste princípio, pode-se considerar a seguinte classificação
para os modelos constitutivos das SMAs: modelos polinomiais, modelos baseados em
plasticidade, modelos com cinética de transformação de fase assumida e modelos com
restrições internas.
O modelo polinomial foi proposto por FALK (1980) e é baseado na teoria de Devonshire.
Esse modelo é unidimensional e consegue descrever os comportamentos de memória de
forma e pseudoelasticidade, de uma maneira bem simples, através da definição de um
funcional de energia livre de Helmholtz na forma polinomial (MULLER & XU, 1991).
Os modelos baseados em plasticidade exploram os princípios bem estabelecidos da teoria
da plasticidade. BERTRAM (1982) propôs um modelo tridimensional utilizando conceitos de
endurecimento isotrópico e cinemático. Mamiya e co-autores (SILVA, 1995; SOUZA et al.,
1998; MOTTA et al., 1999) apresentaram modelos capazes de descrever os comportamentos
de memória de forma e pseudoelasticidade utilizando a teoria da plasticidade. Auricchio e co-
autores também apresentaram modelos utilizando essas idéias. Inicialmente para um contexto
unidimensional (AURICCHIO & LUBLINER, 1997; AURICCHIO & SACCO, 1997),
posteriormente, o modelo foi extrapolado para um contexto tridimensional (AURICCHIO et
al., 1997). LECLERQ et al. (1995), GOVINDJEE & KASPER (1997) e GOVINDJEE &
HALL (2000) são outras referências que também exploram a teoria da plasticidade.
21
Os modelos com cinética de transformação de fase assumida consideram que a
transformação de fase é regida por uma função conhecida, que é determinada através de
valores correntes de temperatura e tensão. TANAKA & NAGAKI (1982) foram os primeiros
a apresentar um modelo com esta formulação. Esta teoria deu origem a outros modelos que
apresentam alterações na cinética de transformação, como LIANG & ROGERS (1990),
BRINSON (1993), IVSHIN & PENCE (1994), BOYD & LAGOUDAS (1994), entre outros.
Talvez, pela disponibilidade de um número maior de comprovações experimentais, os
modelos com cinética de transformação de fase assumida sejam os de maior popularidade,
ocupando um importante espaço na modelagem das SMAs.
Os modelos com restrições internas consideram variáveis internas para descrever as
frações volumétricas do material e restrições que estabelecem de que forma as frações
poderão coexistir. Nesse contexto, FREMOND (1987, 1996) desenvolveu um modelo
tridimensional que considera três fases distintas: duas variantes de martensita e uma fase
austenítica. Limitações dessa teoria foram discutidas por SAVI & BRAGA (1993).
ABEYARATNE et al. (1994) descreve a cinética das transformações de fase com o auxílio de
algumas restrições baseadas nas regras de admissibilidade termodinâmicas. O modelo de
Auricchio e co-autores também pode ser incluído nesta classificação. Outras referências
consideradas, são: ACHENBACH & MULLER (1982), BERVEILLER et al. (1991),
GRAESSER & COZZARELLI (1994), BARRET (1995), TERRIAULT et al. (1997) e
PAGANO & ALART (1999).
Em boa parte dos modelos constitutivos disponíveis na literatura, as deformações
plásticas passaram a ser incluídas na formulação, na intenção de poder permitir que se
avaliem os efeitos destas deformações irreversíveis nas transformações de fase e também na
descrição do fenômeno da memória de forma reversível (BO & LAGOUDAS, 1999;
GOVINDJEE & HALL, 2000; DOBOVSEK, 2000; ZHANG & McCORMICK, 2000, I e II;
LEXCELLENT et al., 2000 e MILLER & LAGOUDAS, 2000).
O objetivo deste trabalho é propor um modelo constitutivo unidimensional, com
restrições internas, para descrição do comportamento de uma SMA incorporando os efeitos
associados às deformações plásticas. O modelo proposto é baseado no modelo original de
Fremond e considera quatro fases do material na formulação: três variantes de martensita e
uma fase austenítica (PAIVA, 2000). A terceira variante incluída na formulação corresponde
à martensita maclada (twinned) e permite descrever uma fase estável quando o material está
em baixas temperaturas e livre de tensões. Uma outra importante característica do modelo
22
proposto é a consideração de módulos elásticos distintos para as fases austenítica e
martensítica.
Além disso, são incorporados novos funcionais e novas restrições que permitem
descrever o fenômeno da expansão térmica e avaliar os efeitos das deformações plásticas nas
SMAs. Em plasticidade, é utilizada uma formulação linear para descrição da superfície de
escoamento e o efeito do endurecimento é representado por uma combinação de
endurecimento isotrópico com endurecimento cinemático, também utilizando formulações
lineares. Um acoplamento plástico-transformação de fase é incorporado ao modelo.
Desenvolve-se um procedimento numérico iterativo baseado na técnica de partição do
operador (ORTIZ et al., 1983), com algoritmo de projeção (SAVI & BRAGA, 1993) e
mapeamento de retorno (SIMO & TAYLOR, 1986; SIMO & HUGHES, 1998). Os resultados
obtidos mostram que o modelo proposto é capaz de descrever, qualitativamente, as principais
características do comportamento termomecânico das ligas com memória de forma.
1.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho está organizado em cinco capítulos. Neste primeiro capítulo é apresentada
uma pequena introdução sobre o tema a ser desenvolvido, incluindo uma motivação à sua
execução e seus principais objetivos.
No segundo capítulo, o comportamento termomecânico é explorado em um nível maior de
detalhamento. As aplicações são apresentadas de uma forma mais ilustrativa, buscando uma
associação com os fenômenos característicos das SMAs. Finalmente, apresenta-se a
formulação do problema através do formalismo dos Materiais Padrão Generalizados.
No terceiro capítulo, é proposto um novo modelo constitutivo para memória de forma com
plasticidade. Inicialmente, são apresentadas as razões que justificam o estudo do efeito das
deformações plásticas nas SMAs. Na seqüência, são formuladas as equações constitutivas,
discutido o procedimento numérico e efetuadas as simulações numéricas.
O capítulo quatro é reservado para ajustes quantitativos. Primeiramente, é proposta uma
nova forma para a energia livre de Helmholtz de modo que o modelo seja capaz de admitir
maiores deformações residuais. Dentro deste contexto, modificações associadas aos
parâmetros de transformação de fase e de dissipação interna do material são introduzidas e os
resultados das simulações numéricas mostram uma maior coerência com os resultados
experimentais disponíveis na literatura.
23
O quinto capítulo é destinado a conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
24
2 COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO, APLICAÇÕES E MODELAG EM
CONSTITUTIVA
Este capítulo tem como objetivo descrever as principais características do comportamento
termomecânico das ligas com memória de forma. Algumas aplicações são apresentadas e as
ilustrações exemplificam que tipo de fenômeno macroscópico está sendo explorado. Por fim,
é apresentado o formalismo dos Materiais Padrão Generalizados, adotado para a formulação
das equações constitutivas.
2.1 COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO
As transformações de fase podem ser induzidas pela imposição de um campo de tensões,
de temperatura ou ainda, através da combinação de ambos. Esta natureza de acoplamento
tensão/temperatura proporciona o aparecimento de alguns fenômenos macroscópicos que
dependem das quantidades presentes de cada fase e do nível de tensão e/ou temperatura
aplicados ao material, são eles: memória de forma, pseudoelasticidade, memória de forma
reversível, entre outros.
A descrição destes fenômenos macroscópicos requer a definição das temperaturas que
caracterizam as transformações de fase, são elas:fM - Temperatura de fim de formação de
martensita, sM - Temperatura de início de formação de martensita, sA - Temperatura de início
de formação de austenita efA - Temperatura de fim de formação de austenita. A seguir são
descritos os principais fenômenos associados às SMAs.
2.1.1 Efeito Memória de Forma (SME – Shape Memory Effect)
Considere uma amostra de SMA a uma temperatura abaixo da temperatura final de
formação da martensita ( fMT < ). Após um processo de carregamento e descarregamento
(mantendo fMT < ) a liga apresenta uma deformação residual que pode ser recuperada
através do aquecimento da amostra a uma temperatura acima da temperatura final de
formação da austenita ( fAT > ). A FIG.2.1 representa a curva tensão-deformação para esta
amostra. O ponto A corresponde à tensão crítica para transformação de fase e marca o início
25
do processo de reorientação da martensita, que passa da variante maclada (twinned) para a
não-maclada (detwinned). A partir do ponto B, a amostra volta a apresentar uma resposta
elástica na variante não-maclada. Cessado o carregamento mecânico, o material apresenta
uma deformação residual (ponto C) que pode ser eliminada com um carregamento térmico
(trecho CO).
FIG.2.1 Efeito Memória de Forma.
O exemplo anterior também é conhecido como efeito memória de forma de uma via (One
Way Shape Memory Effect), assim denominado porque a amostra consegue recuperar sua
forma original mediante um aquecimento adequado. Um resfriamento posterior, no entanto,
não é capaz de recuperar o estado deformado da amostra.
2.1.2 Efeito Pseudoelástico
Considere uma amostra de SMA a uma temperatura acima da temperatura final de
formação da austenita ( fAT > ). Com a aplicação de um carregamento a amostra experimenta
uma transformação de fase da austenita para a martensita induzida por tensão, representada
pelo trecho AB da FIG.2.2. Ao descarregar (sempre mantendo fAT > ), a amostra
experimenta uma transformação inversa (trecho CD), e continua descarregando até que a
deformação se anule (trecho DO).
É importante destacar o aparecimento de um laço de histerese, região compreendida entre
os pontos A, B, C e D da FIG.2.2. Caso a amostra se encontrasse numa faixa de temperatura
fs ATA << , esta recuperação não se processaria de forma completa, restando assim, uma
A
T > 0
σ
ε
εR
B
σCRIT
C O
26
FIG.2.2 Efeito Pseudoelástico.
pequena deformação residual. Este comportamento é conhecido como pseudoelasticidade
parcial e a deformação residual pode ser recuperada através do aquecimento da amostra acima
de fA , analogamente ao efeito de memória de forma.
2.1.3 Efeito Memória de Forma Reversível
O efeito de memória de forma reversível (Two-Way Shape Memory Effect – TWSME ) é
conseguido após submeter o material a um processo de treinamento que permite associar uma
forma para cada fase, em função da variação de temperatura.
Existem dois processos de treinamento para obtenção do efeito memória de forma
reversível: Processo SMET e processo SIMT .
No processo SMET a liga é submetida a uma série de ciclos de resfriamento-deformação-
aquecimento, cuja repetição é capaz de induzir a reorientação da martensita após o
resfriamento.
Conforme observado na FIG.2.3, durante o primeiro ciclo, uma amostra de SMA é
submetida a um carregamento até que o limite de escoamento da fase produto Yσ (ponto A)
seja superado, para uma temperatura constante fMT < , gerando um campo de tensões
residuais. Cessado o carregamento (ponto B) a amostra é aquecida até uma temperatura
fAT > (ponto C) e, em seguida, resfriada até a temperatura inicial fMT < (ponto D). A
repetição desse processo diversas vezes, induz a reorientação da martensita após o
resfriamento (trecho CD), conferindo à amostra a propriedade de assumir uma forma
associada à fase austenítica (ponto C) quando for aquecida e uma forma associada à fase
A
σ
ε
B
σCRIT
D C
O
27
FIG.2.3 Efeito Memória de Forma Reversível (TWSME ).
martensítica maclada (ponto D) quando for resfriada.
O processo SIMT (Stress-Induced Martensite Training) explora o fenômeno da
pseudoelasticidade. O efeito memória de forma reversível é conferido à liga mediante o
aparecimento da martensita não-maclada (detwinned). Quando uma amostra de SMA é
repetidamente deformada sob condições de carregamento acima do limite de escoamento da
fase produto Yσ , para uma temperatura fAT > , obtém-se martensita induzida por tensão ou
martensita não-maclada (detwinned). Cessado o carregamento, existe uma fração de
martensita não-maclada que não é convertida em austenita durante a transformação inversa,
obtendo-se a forma associada à fase matriz austenítica. Através do resfriamento da amostra a
uma temperatura fMT < , obtém-se outra forma associada à martensita maclada e o efeito
memória de forma reversível pode ser controlado para ambas as formas através do
aquecimento e do resfriamento adequado da amostra.
Independentemente do processo de treinamento utilizado, o fenômeno da memória de
forma reversível pressupõe deformações plásticas no material. A evolução das deformações
plásticas afeta a reversibilidade do efeito memória, diminuindo significativamente a parcela
recuperável da deformação (MILLER & LAGOUDAS, 2000).
A
σ
ε B
σY
D
C
σCRIT 2º ciclo
1º ciclo
T < Mf
T
Mf Ms
As Af
28
2.2 APLICAÇÕES
As SMAs possuem aplicações nos mais variados ramos industriais. Dentre as mais
utilizadas, pode-se destacar as ligas de Níquel-Titânio, também denominadas de Nitinol, em
razão de terem sido desenvolvidas pelo Naval Ordnance Laboratory – NOL , na década de
sessenta (BUEHLER & WILEY, 1965). Com grande parte das aplicações concentradas na
área biomédica, a ampla utilização das ligas de Níquel-Titânio talvez se explique pela
excelente biocompatibilidade que elas possuem.
A complexidade do comportamento termomecânico, aliada à dificuldade de definição de
determinadas propriedades materiais destas ligas, fortemente influenciadas por variações de
composição química, tratamento térmico, trabalho mecânico, etc., contribuem para restringir
as principais aplicações na forma unidimensional, através de fios, fibras, arames ou mesmo
barras de memória de forma.
Dispositivos para controle estático e dinâmico de vibrações que, em geral, utilizam fibras
de memória de forma embebidas em uma matriz de material compósito (ROGERS et al.,
1991; BIRMAN et al., 1996; BIRMAN, 1997; CHEN & LEVY, 1999; CHOI et al., 1999;
LEE et al., 1999 e PIETRZAKOWSKI, 2000), atuadores termosensíveis, atuadores robóticos
que tentam reproduzir os movimentos dos músculos humanos (ROGERS, 1995; FUJITA &
TOSHIYOSHI, 1998; WEBB et al., 2000 e GARNER et al., 2001), arames para armações de
óculos, diversos instrumentos cirúrgicos e odontológicos, arames para aparelhos ortodônticos,
conforme a FIG. 2.4, e outras aplicações biomédicas (STICE, 1990; AIROLDI & RIVA,
FIG.2.4 Aparelhos ortodônticos: pseudoelasticidade.
29
1996; LAGOUDAS et al., 1999 e DUERIG et al., 1999) , micromanipuladores, conforme a
FIG.2.5, que exploram o fenômeno da memória de forma reversível, antenas de telefones
celulares, conforme a FIG.2.6, dispositivos de liberação não-pirotécnicos para a indústria
aeroespacial (BUSCH et al., 1992 e PACHECO & SAVI, 2000), conforme a FIG.2.7,
válvulas termosensíveis (Frangivalves), entre outros, são alguns exemplos de utilização das
SMAs em aplicações de diferentes áreas.
FIG.2.5 Micromanipulador: TWSME .
FIG.2.6 Antenas de telefones celulares: pseudoelasticidade.
30
FIG.2.7 Dispositivo de liberação não-pirotécnico: memória de forma.
2.3 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS
As equações constitutivas que descrevem de forma termodinamicamente consistente o
comportamento de um determinado material podem ser formuladas segundo o formalismo
adotado para Materiais Padrão Generalizados.
O estado termodinâmico de um material num dado instante pode ser plenamente definido
conhecendo-se os valores de um determinado número de variáveis, denominadas variáveis de
estado. O conjunto de variáveis de estado é composto pelas variáveis observáveis e pelas
variáveis internas.
Em fenômenos reversíveis, como a elasticidade, o estado do material depende, a cada
instante, unicamente das variáveis observáveis. São adotadas como variáveis observáveis a
temperatura e a deformação.
Em fenômenos dissipativos, é necessário considerar variáveis internas que representem
modificações ocorridas no estado termodinâmico do material. Estas variáveis levam em
consideração a história do comportamento do material, tal como deformação plástica, índice
de dano, fração volumétrica de um microconstituinte, índice de encruamento, entre outros
(LEMAITRE & CHABOCHE, 1990).
31
Considere a desigualdade de Clausius-Duhem, na forma unidimensional, sem fluxo ou
geração de calor, onde σ é a tensão, ε é a deformação, ρ é a massa específica, ψ é a Energia
livre de Helmholtz, T é temperatura e s é a entropia específica.
( ) 0≥+− sT&&& ψρεσ (2.1)
Como hipótese, admite-se a energia livre com a seguinte forma ) , , ,( VT βεψψ = , onde
β e V representam conjuntos de variáveis internas que auxiliam na descrição dos fenômenos.
β está associado às frações volumétricas das diferentes fases do material e V está associado à
deformação plástica e ao endurecimento. Entende-se por endurecimento, a maneira pela qual
as deformações plásticas afetam a superfície de escoamento do material. O fenômeno pode ser
modelado combinando efeitos de endurecimento isotrópico com endurecimento cinemático.
No primeiro ocorre uma expansão da superfície de escoamento, enquanto que no segundo
observa-se uma translação desta mesma superfície.
Tomando a taxa de variação da energia livre ) ψ&( e substituindo em (2.1) obtêm-se as
forças termodinâmicas associadas:
∂∂=
εψρσ
R (2.2)
∂∂−=
βψρB (2.3)
Ts
∂∂−= ψ
(2.4)
∂∂−=
VF
ψρ (2.5)
onde Rσ é a parcela reversível da tensão e B e F são conjuntos de forças termodinâmicas
associadas, respectivamente, aos conjuntos de variáveis internas β e V.
32
Como os fenômenos são dissipativos, é necessário o uso das equações complementares.
Para isso, admite-se, também por hipótese, o potencial de dissipação com a seguinte forma:
) ,,( V&&& βεφφ = . Desta maneira, são definidos os fluxos termodinâmicos associados:
εφσ&
∂∂=I (2.6)
∂∂−=
∂∂=
βψρ
βφ
&
B (2.7)
∂∂−=
∂∂=
VVF
ψρφ
&
(2.8)
onde Iσ é a parcela irreversível da tensão.
Com isso, tem-se o conjunto de equações constitutivas para completa descrição do
comportamento de um material com memória de forma e plasticidade:
εφ
εψρσ
&
∂∂+
∂∂= (2.9)
∂∂−=
∂∂=
βψρ
βφ
&
B (2.10)
∂∂−=
∂∂=
VVF
ψρφ
&
(2.11)
Ts
∂∂−= ψ
(2.12)
Alternativamente, é possível definir o potencial dual de dissipação, na seguinte forma:
) , ,( FBIσφφ ∗∗ = . O que resulta nas seguintes relações: Iσ
φε∂∂=
∗ & ,
B∂∂=
∗φβ & e
FV
∂∂=
∗φ & .
33
Para que a Segunda Lei da Termodinâmica seja automaticamente satisfeita, os potenciais
de dissipação devem ser definidos como funções positivas, convexas e nulas na origem
(ROCKAFELLAR, 1970 e LEMAITRE & CHABOCHE, 1990).
34
3 MODELO CONSTITUTIVO PARA MEMÓRIA DE FORMA COM
PLASTICIDADE
Este capítulo é destinado à apresentação de um novo modelo para descrição do
comportamento de uma SMA, considerando os efeitos das deformações plásticas.
Primeiramente, são discutidas as razões que justificam o interesse em incluir na modelagem
constitutiva das SMAs o fenômeno da plasticidade. Em seguida, são formuladas as equações
constitutivas, discutido os algoritmos empregados para solução numérica e, por fim, são
efetuadas as simulações numéricas e comentados os resultados obtidos.
3.1 EFEITO DAS DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS
A análise do efeito das deformações plásticas nas transformações de fase martensíticas
pode contribuir para uma correta compreensão do comportamento termomecânico das SMAs.
Neste sentido, relacionar as leis de evolução da plasticidade com a memória de forma possui
grande interesse. MILLER & LAGOUDAS (2000) comentam que atuadores SMA podem
apresentar sensíveis perdas da capacidade de atuação, através do desenvolvimento de
deformações plásticas durante sua vida útil. Consideram-se como principais efeitos das
deformações plásticas a redução das temperaturas de transformação, a obtenção de menores
deformações reversíveis, o aumento da tensão de escoamento da fase martensítica e o
endurecimento.
A rotina de treinamento para obtenção do fenômeno da memória de forma reversível
admite a existência de deformações plásticas. Assim, a união entre memória de forma e
plasticidade também é importante na modelagem do fenômeno TWSME (BO &
LAGOUDAS, 1999; DOBOVSEK, 2000; GOVINDJEE & HALL, 2000 e ZHANG &
McCORMICK, 2000).
Entende-se como deformação Two-Way, a deformação desenvolvida durante a
transformação de fase da austenita para a martensita, sob um ciclo térmico livre de tensões
(MILLER & LAGOUDAS, 2000). A deformação Two-Way é resultado de discordâncias que
orientam a formação preferencial de uma determinada variante martensítica. Esta preferência
é responsável pelas variações macroscópicas de forma do material. O fenômeno existe
enquanto as discordâncias não desaparecerem (LEXCELLENT et al., 2000).
35
As deformações plásticas produzidas pelo ciclo de tensões aplicado no treinamento de
uma SMA interferem nas transformações de fase, principalmente impedindo que elas sejam
completas. As transformações de fase incompletas podem produzir um fenômeno conhecido
como perda de memória. A quantidade de memória perdida é função da deformação plástica
do material (GOVINDJEE & KASPER, 1997).
3.2 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS
O modelo apresentado por FREMOND (1987, 1996) é um modelo tridimensional para
resposta termomecânica de SMAs, onde as transformações martensíticas são descritas com o
auxílio de duas variáveis internas. Estas variáveis representam as frações volumétricas de
duas variantes martensíticas (M+ e M−) e devem satisfazer restrições relativas à coexistência
de três fases distintas, sendo a terceira a fase matriz austenítica (A). Foi observado que o
modelo de Fremond pode não apresentar bons resultados em problemas tridimensionais
(SAVI & BRAGA, 1993a). Entretanto, em problemas unidimensionais, o modelo consegue
apresentar bons resultados, do ponto de vista qualitativo.
Neste trabalho, o modelo utilizado é derivado do modelo original de Fremond, com a
inclusão de uma nova variante associada à martensita maclada (twinned) e a consideração de
módulos elásticos distintos para as diferentes fases do material (PAIVA, 2000). Como
contribuição, para estudo do efeito das deformações plásticas, considera-se na formulação dos
funcionais de energia livre do material, a inclusão de expressões associadas aos fenômenos da
expansão térmica (PAIVA et al., 2001) e da plasticidade. Um acoplamento entre
transformação de fase e plasticidade também é incorporado e sua principal contribuição é
permitir a modelagem do fenômeno da memória de forma reversível.
A modelagem constitutiva segue o formalismo dos Materiais Padrão Generalizados,
garantindo que o modelo adotado seja termodinamicamente consistente (LEMAITRE &
CHABOCHE, 1990). Com esta hipótese, o comportamento termomecânico pode ser descrito
pela Energia Livre de Helmholtz, ψ, e o potencial dual de dissipação, ∗φ . O estado
termodinâmico é completamente definido por um número finito de variáveis de estado:
deformação, ε, temperatura, T, frações volumétricas das variantes martensíticas, β1 e β2, que
estão associadas às variantes martensíticas não-macladas (detwinned), induzidas por tensão de
tração e compressão (M+ e M−, respectivamente), β3, que está associada à fase austenítica (A)
e a quarta fase (M), que está associada à martensita maclada (twinned), cuja fração
36
volumétrica é β4. O fenômeno da plasticidade é descrito por um conjunto de variáveis V =
] , , [ µγε pV , onde pε é a deformação plástica, γ é a variável associada ao endurecimento
isotrópico e µ é a variável associada ao endurecimento cinemático. O efeito do endurecimento
é representado por uma combinação de efeitos associados à translação e expansão da
superfície de escoamento do material, respectivamente endurecimento cinemático e
isotrópico. Admite-se a decomposição aditiva, e a deformação total, ε, pode ser dividida em
uma parcela recuperável, relativa à transformação de fase, SMAε , normalmente considerada na
descrição do comportamento das SMAs e uma parcela plástica, pε .
pSMA εεε += (3.1)
Assumindo-se as hipóteses estabelecidas, são considerados os seguintes funcionais de
energia livre para cada uma das fases do material:
M+ : 220
21 2
1
21
)( )()()(21 µγεεΩεεαεεψρ
MM
pM
ppM H
KTTE ++−−−−−−= (3.2)
M− : 220
22 2
1
2
1)( )()()(
2
1 µγεεΩεεαεεψρM
Mp
Mpp
M HKTTE ++−−−−+−= (3.3)
A : 220
23 2
1
2
1)( )()()(
2
1 µγεεΩεεψρA
Ap
AMM
ApA H
KTTTTT
LE ++−−−−−−= (3.4)
M : 220
24 2
1
2
1)( )()()(
2
1 µγεεΩεεψρM
Mp
MMM
MpM H
KTTTTT
LE ++−−−−+−= (3.5)
onde α, LM=LM(T) e LA=LA(T) são parâmetros do material que descrevem as transformações
martensíticas; EM e EA representam os módulos de elasticidade para as fases martensítica e
austenítica; ΩM e ΩA representam os coeficientes de expansão térmica para as fases
martensítica e austenítica; KM e KA são os módulos de plasticidade para as fases martensítica e
austenítica, enquanto HM e HA são os módulos de endurecimento cinemático para as fases
martensítica e austenítica, respectivamente; TM é a temperatura de início de formação da
37
martensita, enquanto T0 é a temperatura de referência e ρ é a massa específica. A energia livre
total da mistura pode ser obtida por um somatório, da seguinte forma:
)(ˆ),,,,(),,,,,(ˆ4
1i
i
pii
pi TT βµγεεψβρµγεβεψρ J+= ∑
=
(3.6)
onde as frações volumétricas devem satisfazer restrições relativas à coexistência de quatro
fases distintas do material:
10 ≤≤ iβ (i=1,2,3,4) ; 14321 =+++ ββββ (3.7)
As variantes martensíticas não-macladas (detwinned), M+ e M−, somente são induzidas
por um campo de tensões. A fim de incluir este aspecto físico, uma nova restrição deve ser
escrita:
0 e 0se0 2121 ===== SS ββσββ (3.8)
onde S1β e S
2β fornecem informações a respeito da história do carregamento e correspondem,
respectivamente, aos valores de β1 e β2 quando se inicia o processo de transformação de fase.
Com estas considerações, J é a função indicatriz do conjunto convexo τ (ROCKAFELLAR,
1970):
( )
=====
=+++=≤≤ℜ∈=
0 e 0se0
1; ; 4 3, 2, 1, 10
2121
4321
SS
ii
i ββσββ
ββββββτ (3.9)
Utilizando-se as restrições apresentadas e substituindo-se na EQ.3.6, a fração
correspondente à β4 pode ser eliminada e a energia livre pode ser reescrita da seguinte forma:
),,() , , , , , , , (~) , , , , , , , ( 321321321 βββµγεβββεψρµγεβββεψρ J+= pp TT (3.10)
38
onde,
+
−−−+
−−−−= ) ( )( ) ( )( ~ 21 M
M
MpM
M
Mp TTT
LTT
T
L εεαβεεαβψρ
( ) ( ) +
−−−−−+−−−+ )()()(
)( ) (
21
0 2
3p
MAMM
MApMA TTTT
T
LLEE εεΩΩεεβ
+
−+−+ 22
2
1
2
1) (
2
1 µγMA
MA HHKK
220
2
21
21
)( )( ) ( )( 21 µγεεΩεε
MM
pMM
M
MpM H
KTTTTT
LE ++−−−−+−+ (3.11)
Agora, J representa a função indicatriz do conjunto π, cujo domínio é dado pelo tetraedro
representado na FIG.3.1.
FIG.3.1 Tetraedro de restrições.
( )
=====
≤++=≤≤ℜ∈=
0 e 0se0
1; ; 3 , 2 , 1 10
2121
321
SSi
ii
ββσββ
βββββπ (3.12)
1
1
1
M M +
β1
M –
β2
β3 A
39
As equações de estado são obtidas a partir da energia livre de Helmholtz:
( ) )()( 012 TTE p −−−+−== Ωββαεε∂ε∂ψρσ (3.13)
)()( 11
1 JTTT
LB M
M
Mp ∂−−+−=−∈ εεα∂β∂ψρ (3.14)
)()( 22
2 JTTT
LB M
M
Mp ∂−−+−−=−∈ εεα∂β∂ψρ (3.15)
JHH
KKTT
TTT
LLEEB
MA
MAp
MA
MM
MApMA
32
20
2
33
21
21
)(21
))()((
)())((21
∂−
−−
−−−−−−+
+−++−−−=∂∂−∈
µ
γεεΩΩ
εεβψρ
(3.16)
σΩββαεεεψρ =−−−+−=
∂∂−= )( ) ( )( 012 TTEX p
p (3.17)
γγψρ KY −=
∂∂−= (3.18)
µµψρ
HZ
1−=∂∂−= (3.19)
onde Bi são as forças termodinâmicas relacionadas com as transformações de fase do material;
σ representa a tensão uniaxial; X, Y e Z compõem o conjunto de forças termodinâmicas
],,[ ZYXFF = relacionadas com o fenômeno da plasticidade e i∂ são as subdiferenciais da
função indicatriz J em relação às variáveis βi (ROCKAFELLAR, 1970). Os multiplicadores
de Lagrange constituem uma boa alternativa para representar as subdiferenciais de uma
função indicatriz (SAVI & BRAGA, 1993b). Complementando, as seguintes definições foram
consideradas:
)(3 AMM EEEE −−= β (3.20)
40
)(3 AMM ΩΩβΩΩ −−= (3.21)
)(3 AMM KKKK −−= β (3.22)
−−=
AMM HHHH
11113β (3.23)
Admitindo-se o acoplamento entre plasticidade e transformação de fase, assume-se a
seguinte formulação para o potencial dual de dissipação:
[ ] fckcickcickci IZYBZYBZYB +−−++++++= 23
22
21
* )()()(21 ηηηηηηη
φ (3.24)
onde If é a função indicatriz relativa à superfície de escoamento, definida pela função:
)( YHZXf Y −−+= σ (3.25)
O parâmetro η está associado à dissipação interna do material, enquanto ηci e ηck são
parâmetros relacionados com o acoplamento plástico-transformação de fase. O parâmetro ηci
está associado ao efeito do endurecimento isotrópico e o parâmetro ηck está associado ao
efeito do endurecimento cinemático. Desta forma, são obtidas as seguintes equações
complementares:
H
KB
ZYB ckcickci
B
µη
ηγηη
ηηη
ηη
ηφβ −−=++=∂∈ 11*
1 1
& (3.26)
H
KB
ZYB ckcickci
B
µη
ηγη
ηηη
ηη
ηη
φβ −−=++=∂∈ 22*2
2
& (3.27)
H
KB
ZYB ckcickci
B
µη
ηγηη
ηηη
ηη
ηφβ ++=−−=∂∈ 33*
3 3
& (3.28)
)(sign)(sign * µσλλφε −=+=∂∈ HZXXp& (3.29)
41
)()( 321321* βββηεβββηλφγ &&&&&&&& −++=−++=∂∈ ci
pciY (3.30)
)()()(sign 321321* βββηεβββηλφµ &&&&&&&& −++=−+++=∂∈ ck
pckZ HZHXH (3.31)
onde λ são os multiplicadores de Lagrange (plastic multiplier). A natureza irreversível do
fluxo plástico é representada através das condições de Kuhn-Tucker. Uma outra restrição deve
ser satisfeita quando 0),,( =µγσf . Esta restrição é denominada de Condição de Consistência
e corresponde a um requisito físico para que a tensão permaneça na superfície de escoamento.
Estas condições podem ser agrupadas sob a seguinte forma (SIMO & HUGHES, 1998):
0≥λ ; 0) , , ( ≤µγσf ; 0) , , ( =µγσλ f ;
0) , , ( =µγσλ f& se 0) , , ( =µγσf (3.32)
As equações apresentadas formam um conjunto completo de equações constitutivas para
a modelagem de uma liga com memória de forma sob efeito de deformações plásticas. Uma
vez que potencial dual de dissipação é convexo, positivo e nulo na origem, a desigualdade de
Clausius-Duhen é automaticamente satisfeita se a entropia específica for definida como
Ts ∂−∂= /ψ (ERINGEN, 1967) .
Os parâmetros de transformação de fase LM=LM(T) e LA=LA(T) são obtidos assumindo-se
01 =β& e Rεε = em uma temperatura crítica, TC, abaixo da qual não existe mais variação da
deformação residual com a temperatura. O parâmetro Rε representa a maior deformação
residual presente na liga, decorrente de um processo de carregamento termomecânico. Com
estas hipóteses, substituindo-se nas EQ.3.13, 3.14 e 3.26, obtêm-se:
[ ]
MMMM
MMMR TEL
TT L
ΩαΩαε
+−+= )( 0 (3.33)
+−+=MMMM
MMMMC TEL
TELTT
ΩααΩα )( 0 (3.34)
42
A partir da temperatura crítica, deseja-se limitar o deslocamento do laço de histerese, para
CTT < . Para isso, define-se LM(T) de forma que o termo ( )MM
M TTT
TL −)( existente nas
EQ.3.14 e 3.15 permaneça constante para CTT < . Definindo-se LTLTL AM 2)()( =+ , para
qualquer temperatura, obtêm-se:
( )( )
se ,
se ,
)(
<−−=
≥==
CM
MCM
CM
M TTTT
TTLL
TTLL
TL (3.35)
( )( )
se , 2
se ,
)(
<
−−−=
≥=
=C
M
MCA
A
A TTTT
TTLLL
TTLL
TL
C
(3.36)
onde L pode ser calculado da seguinte forma:
−
+=12
)( 2
M
A
RMA
T
T
EEL
ε (3.37)
sendo AT a temperatura de início de formação da austenita (PAIVA, 2000).
3.3 PROCEDIMENTO NUMÉRICO
Para lidar com as não-linearidades existentes na formulação do problema, a solução do
conjunto de equações constitutivas emprega a técnica de partição do operador (ORTIZ et al.,
1983) associada a um algoritmo de projeção ortogonal (SAVI & BRAGA, 1993b).
Inicialmente, o procedimento isola as subdiferenciais e utiliza o método de Euler implícito
para calcular as frações volumétricas. Caso os valores calculados não atendam às restrições
representadas pelo tetraedro da FIG.3.1, as projeções ortogonais, que representam as
subdiferenciais da função indicatriz J, se encarregam de projetar as variáveis até o ponto mais
próximo da superfície do tetraedro, garantindo que as frações volumétricas calculadas
obedeçam às restrições internas impostas pelo modelo (FIG.3.2).
43
FIG.3.2 Representação gráfica das subdiferenciais.
O comportamento elasto-plástico é simulado utilizando-se o algoritmo de mapeamento de
retorno (return mapping), proposto por SIMO & TAYLOR (1986), representado graficamente
na FIG.3.3. Neste algoritmo, define-se um estado tentativo, através de um passo preditor
elástico, utilizando-se o método de Euler implícito nas equações de evolução. Se 01 ≤+teste
nf ,
significa que o estado tentativo é verdadeiro e o material permanece na região elástica. Por
outro lado, se 01 >+teste
nf , o estado tentativo é falso, ou seja, o material se encontra fora da
região elástica, fazendo-se necessária uma correção plástica. Esta correção corresponde a uma
projeção denominada de mapeamento de retorno (SIMO & TAYLOR, 1986; SIMO &
HUGHES, 1998).
FIG.3.3 Representação gráfica do algoritmo de mapeamento de retorno.
mapeamento de retorno
εn+1
∆εn
σn
σn+1
σn+1 teste
εn+1 p
ε
σ
O
1
1
1
M M + β1
M –
β2
β3
A
44
3.4 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS
Este item considera simulações para os casos de pseudoelasticidade e de memória de
forma, na presença ou não de deformações plásticas; expansão térmica e memória de forma
reversível. Para os casos de pseudoelasticidade plástica e memória de forma reversível são
consideradas simulações para avaliação do acoplamento plástico-transformação de fase.
Em todas as simulações são admitidas variações da tensão limite de escoamento do
material em função da temperatura, conforme apresentado na FIG.3.4. Esta consideração é
importante face à grande variação da tensão de escoamento entre as diferentes fases do
material. Admite-se para MTT < que MYY σσ = . Para as demais regiões,
MA
MiA
YAMY
YAM TT
TTTTTTT
−−+−=⇒≤< )()(
,σσσ (3.38)
AF
AfA
YFiA
YYFA TT
TTTTTTT
−−+−=⇒≤< )()(
,, σσσ (3.39)
sendo fAY
,σ definido em uma temperatura FT = 423 K (150°C) tal que, na condição T = 393 K
(120°C), Yσ seja igual a 370 MPa, conforme resultado experimental apresentado por
MILLER & LAGOUDAS (2000).
FIG.3.4 Curva de variação da tensão de escoamento em função da temperatura.
250 300 350 4000
100
200
300
400
500
600
700
TF
MσY
A,f
A,i
σY
σY
TA
σY = 370 MPa
T = 393 K (120oC)
TM
σ Y (
MP
a)
T (K)
45
Considera-se uma amostra de SMA com propriedades típicas de uma liga de Ni-Ti
(TAB.3.1). Esta amostra é submetida a diferentes carregamentos termomecânicos com tensão
e/ou temperatura prescritas.
TAB.3.1 Propriedades Termomecânicas.
AE (GPa) ME (GPa) α (MPa) η (MPa⋅s) AT (K)
67 26,3 89,42 0,07 307,5
MT (K) 0T (K) AΩ (MPa/K) MΩ (MPa/K) MYσ (MPa)
291,4 298 0,74 0,17 200
iAY
,σ (MPa) fAY
,σ (MPa) AK (GPa) MK (GPa) AH (GPa) MH (GPa)
690 257,72 1,4 0,4 0,4 0,11
BRINSON, 1993; MILLER & LAGOUDAS, 2000 e www.sma-inc.com.
De posse das propriedades apresentadas na TAB.3.1 e utilizando-se as EQ.3.33, 3.34,
3.35 e 3.37, calculam-se as seguintes variáveis: Rε = 0,0033; CT = 282,04 K (9,04°C) e L =
9,18 MPa.
Na FIG.3.5, observa-se um carregamento isotérmico, em uma temperatura ATT > de 333
K (60°C), onde a máxima tensão prescrita é inferior à tensão de escoamento da amostra.
Nesta condição, o carregamento não produz deformações plásticas. A curva tensão-
deformação, apresentada na FIG.3.6, contempla o fenômeno da pseudoelasticidade. É
importante notar a distinção entre os módulos de elasticidade das fases austenítica e
martensítica. A FIG.3.7 representa a evolução das frações volumétricas durante o
carregamento. Quando a amostra está livre de tensões, a fase matriz austenítica (A) é estável.
Durante o carregamento em tensão positiva, observa-se a transformação da fase matriz
austenítica para a fase produto martensítica não-maclada, induzida por tensão de tração (M+).
Cessado o carregamento, ocorre a transformação inversa (M+ → A). Comportamento análogo
é observado durante o carregamento em tensão negativa, com a transformação da austenita
(A) em martensita não-maclada, induzida por tensão de compressão (M−), e também para a
46
transformação inversa ao fim do carregamento. É interessante observar que, na ausência de
tensões, a amostra sempre retorna à fase austenítica estável.
FIG.3.5 Carregamento de tensão prescrita com temperatura constante T = 333 K > TA.
FIG.3.6 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas.
FIG.3.7 Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade sem deformações
plásticas.
-0,03 -0,02 -0,01 0,00 0,01 0,02 0,03-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
T = 333 K
σ (P
a)
ε
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
A M
M+ M-
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
0 2 4 6 8-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+0
2E+8
4E+8
6E+8
σ (P
a)
t
47
Para um processo de carregamento e descarregamento de tensão prescrita, conforme
apresentado na FIG.3.8(a), desenvolvido em uma temperatura T = 263 K (-10°C) < TM, onde a
fase martensítica é estável, a amostra admite uma deformação residual que pode ser eliminada
com um subseqüente carregamento térmico, conforme FIG.3.8(b). Nestas condições, não são
produzidas deformações plásticas, pois a máxima tensão prescrita do carregamento mecânico
é inferior à tensão de escoamento, para a condição de temperatura em que ele é desenvolvido.
A FIG.3.9 apresenta o efeito memória de forma e o carregamento térmico recupera a
deformação residual produzida após o carregamento mecânico. No detalhe, pode-se observar
o comportamento não-linear do material, referente ao fenômeno da expansão térmica
associada à transformação da martensita maclada em austenita. A curva de evolução das
frações volumétricas (FIG.3.10) mostra que, inicialmente, para um estado livre de tensões, a
amostra se encontra na fase martensítica estável (M). O processo de carregamento induz a
formação da variante não-maclada (M+). Cessado o carregamento, como T < TM, a amostra
permanece na fase M+ . Com o aquecimento, verifica-se primeiramente a transformação M+
→ M, eliminando a deformação residual e, em seguida, quando a temperatura prescrita
ultrapassa TM, ocorre a transformação da fase martensítica maclada (M) para a fase austenítica
(A), mostrado no detalhe.
(a) (b)
FIG.3.8 Carregamento termomecânico para memória de forma sem deformações plásticas.
(a) Tensão prescrita.
(b) Temperatura prescrita.
0 2 4 6 80E+0
0,5E+8
1,0E+8
1,5E+8
2,0E+8
σ (P
a)
t0 2 4 6 8
260
270
280
290
300
310
320
T (
K)
t
48
FIG.3.9 Tensão-deformação para memória de forma sem deformações plásticas.
FIG.3.10 Evolução das frações volumétricas para memória de forma sem deformações
plásticas.
O comportamento associado à expansão térmica é analisado considerando-se um
carregamento térmico, livre de tensões, conforme a FIG.3.11. A curva deformação-
temperatura (FIG.3.12) contempla o fenômeno da expansão térmica. TM define a posição para
o aparecimento do laço de histerese, característico das transformações de fase; Aθ e Mθ são
310300
290280
270260 -0,002
0,0000,002
0,0040,006
0,0080,010
0,0120,0E+0
0,2E+8
0,4E+8
0,6E+8
0,8E+8
1,0E+8
1,2E+8
1,4E+8
1,6E+8
1,8E+8
2,0E+8
σ (P
a)
εT (K)
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2 A M
M+ M-
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
49
os coeficientes de dilatação linear para as fases austenítica e martensítica, respectivamente. Os
resultados experimentais apresentados por JACKSON et al. (1972) mostram uma curva
semelhante, indicando que o modelo proposto é capaz de descrever o acoplamento entre os
fenômenos de transformação de fase e expansão térmica. A FIG.3.13 representa a evolução
das frações volumétricas e mostra a conversão entre a martensita maclada (M) e a austenita
(A).
FIG.3.11 Carregamento térmico (TM = 291,4 K).
FIG.3.12 Deformação-temperatura para expansão térmica (TM = 291,4 K).
É importante observar, pela FIG.3.12, que a amostra experimenta uma dilatação durante o
resfriamento e uma contração durante o aquecimento. Este comportamento está associado às
transformações de fase.
0 2 4 6 8 10 12 14 16
270
280
290
300
310
320
σ = 0
T (
K)
t
270 280 290 300 310 320-0,00020
-0,00015
-0,00010
-0,00005
0,00000
0,00005
0,00010
0,00015
0,00020
TM = 291,4 K
ΩΜ = EM θΜ
ΩΑ = EA θΑ
ε
T (K)
50
FIG.3.13 Evolução das frações volumétricas para expansão térmica (TM = 291,4 K).
Nesta situação, a deformação Two-Way, que é definida como sendo a deformação
desenvolvida durante um ciclo térmico livre de tensões, é positiva. Contrariando as previsões
teóricas, MILLER & LAGOUDAS (2000) apresentaram resultados experimentais onde a
deformação Two-Way é negativa. Este resultado pode ser explicado em razão da amostra ter
sido tratada termicamente antes do procedimento experimental. Para reproduzir o
comportamento observado por Miller e Lagoudas, uma outra amostra de SMA é agora
submetida a um novo carregamento térmico, conforme FIG.3.14. O efeito do tratamento
térmico pode ser considerado alterando TM = 307,5 K (34,5°C), TANG & SANDSTRÖM
(1995). Uma nova curva deformação-temperatura (FIG.3.15) mostra que é possível o
aparecimento de uma deformação Two-Way negativa, pois o tratamento térmico altera a
posição do laço de histerese.
FIG.3.14 Carregamento térmico (TM = 307,5 K).
0 2 4 6 8 10 12 14 16
270
280
290
300
310
320
330
σ = 0
T (
K)
t
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2 A M
M+ M-
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
51
FIG.3.15 Deformação-temperatura para expansão térmica (TM = 307,5 K).
Considera-se, agora, um carregamento isotérmico, com T = 333 K > TA, cuja máxima
tensão prescrita é superior à tensão de escoamento da amostra (FIG.3.16). Os efeitos das
deformações plásticas são analisados admitindo-se um acoplamento plástico-transformação de
fase com 02,0== ckci ηη . A curva tensão-deformação, representada pela FIG. 3.17,
FIG.3.16 Carregamento isotérmico (T = 333 K > TA) para pseudoelasticidade com
deformações plásticas.
contempla o fenômeno da pseudoelasticidade na presença de deformações plásticas. Durante
o processo de carregamento, após a transformação da fase austenítica para a martensítica não-
maclada, induzida por tensão de tração (A → M+), ultrapassa-se a tensão de escoamento e são
produzidas deformações plásticas. Cessado o carregamento, após a transformação inversa
270 280 290 300 310 320 330
-0,0002
-0,0001
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
TM = 307,5 K
ΩM = EM θM
ΩA = EA θA
ε
T (K)
0 1 2 3 40E+0
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
σ (P
a)
t
52
(M+ → A), a amostra apresenta uma deformação residual irreversível ( pε ), que está
associada à plastificação. A FIG.3.18 representa a evolução das frações volumétricas e mostra
as transformações de fase relacionadas ao fenômeno da pseudoelasticidade com deformações
plásticas para o carregamento considerado.
FIG.3.17 Tensão-deformação para pseudoelasticidade com deformações plásticas.
FIG.3.18 Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade com deformações
plásticas.
O efeito memória de forma com deformações plásticas é analisado considerando-se a
amostra submetida a um carregamento termomecânico, conforme a FIG.3.19. Novamente, os
fenômenos associados às transformações de fase e à plasticidade estão acoplados com
02,0== ckci ηη . A curva tensão-deformação (FIG.3.20) mostra que, após a transformação da
0 1 2 3 4 5
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2 A M
M+ M-
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,0350E+0
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
ε p
T = 333 K
σ (P
a)
ε
53
martensita maclada em martensita não-maclada (M → M+), o carregamento ultrapassa a
tensão de escoamento e são produzidas deformações plásticas. Cessado o carregamento,
obtém-se uma deformação residual composta por uma parcela irreversível (pε ), associada à
plastificação, e uma parcela reversível, associada ao fenômeno da transformação de fase. O
carregamento térmico, desenvolvido após o carregamento mecânico, consegue recuperar,
através da transformação de fase M+ → M, somente a parcela associada à transformação de
fase. A curva de evolução das frações volumétricas (FIG.3.21) representa as transformações
de fase e mostra que, ao final do carregamento térmico, a amostra se encontra na fase
austenítica estável (A).
(a) (b)
FIG.3.19 Carregamento termomecânico para memória de forma com deformações plásticas.
(a) Tensão prescrita.
(b) Temperatura prescrita.
FIG.3.20 Tensão-deformação para memória de forma com deformações plásticas.
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,0160E+0
0,5E+8
1,0E+8
1,5E+8
2,0E+8
ε p
σ (P
a)
ε
0 2 4 6 80E+0
0,5E+8
1,0E+8
1,5E+8
2,0E+8 σ = 202 MPa > σY
σ (P
a)
t0 2 4 6 8
260
270
280
290
300
310
320
T (
K)
t
54
FIG.3.21 Evolução das frações volumétricas para memória de forma com deformações
plásticas.
Para memória de forma reversível, utiliza-se um carregamento termomecânico, composto
de nove ciclos, representado pela FIG.3.22. O carregamento mecânico de cada ciclo é
desenvolvido dentro da região de deformação plástica da fase austenítica, ou seja, em uma
temperatura onde a fase austenítica é estável (A) e as deformações plásticas são produzidas
antes que ocorram transformações de fase. Após o carregamento mecânico, aplica-se um
FIG.3.22 Carregamento termomecânico para memória de forma reversível.
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
7E+8
1o Ciclo
σ (P
a)
0 50 100 150 200 250 300 350200
220
240
260
280
300
320
340
360
380
400
T (
K)
t
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2 A M
M+ M-
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
55
carregamento térmico cujo objetivo é promover as transformações de fase e avaliar de que
forma a deformação Two-Way obtida é afetada pelas deformações plásticas desenvolvidas ao
longo dos nove ciclos. Considera-se um acoplamento plástico-transformação de fase com
02,0== ckci ηη . A curva tensão-deformação, representada pela FIG.3.23, caracteriza a
resposta elasto-plástica da amostra na fase austenítica estável (A).
FIG.3.23 Tensão-deformação para memória de forma reversível.
A deformação Two-Way, que aparece nos detalhes da curva deformação-temperatura
(FIG.3.24), é afetada pelas deformações plásticas nos seguintes aspectos: crescimento do laço
de histerese e diminuição das temperaturas de transformação de fase. É interessante observar
que, durante os dois últimos ciclos, não são percebidas transformações de fase para a faixa de
temperatura considerada. Ou seja, as deformações plásticas atingiram um determinado nível
onde é verificada perda de memória para esta faixa de temperatura.
Os resultados encontrados estão de acordo com os resultados experimentais apresentados
por MILLER & LAGOUDAS (2000), exceto pela deformação Two-Way positiva, que é
decorrente da utilização de TM = 291,4 K.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,180E+0
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
7E+8
σ (
Pa)
ε
56
FIG.3.24 Deformação-temperatura para memória de forma reversível.
O acoplamento plástico-transformação de fase é determinante para a avaliação dos efeitos
das deformações plásticas nas ligas com memória de forma. Os efeitos relacionados com as
variações dos parâmetros de acoplamento podem ser observados nas FIG.3.25, 3.26, 3.27 e
3.28. Na FIG.3.25, é apresentada a curva deformação-temperatura para a simulação de
memória de forma reversível, com nove ciclos de carregamento, sendo 0== ckci ηη (sem
acoplamento). Nesta situação, as deformações plásticas não afetam as transformações de fase,
pois não são observadas variações no laço de histerese nem nas temperaturas de
transformação. O pequeno crescimento do laço de histerese, observado nos detalhes da
FIG.3.25, é resultado da diferença entre os módulos de plasticidade (KM e KA) e, também,
entre os módulos de endurecimento cinemático (HM e HA), para as fases martensítica e
austenítica. Uma comparação entre as curvas de evolução das frações volumétricas, para os
casos com acoplamento e sem acoplamento, é apresentada na FIG.3.26. Observa-se que,
durante o resfriamento, o acoplamento retarda o início da transformação A → M, sem, no
entanto, alterar o início da transformação inversa M → A. Outra importante observação reside
220 240 260 280 300 320 340 360 380 4000,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
ε
T (K)
57
na ausência de transformação de fase para os dois últimos ciclos, também quando considerado
o acoplamento plástico-transformação de fase. Pelo detalhe da FIG.3.27, para os três
primeiros ciclos do carregamento de nove ciclos, observa-se que uma variação crescente dos
parâmetros de acoplamento ηc i e ηc k produz um crescimento do laço de histerese e uma
redução das temperaturas de transformação de fase. Estas alterações, conseqüentes do
acoplamento, contribuem para a compreensão do fenômeno da perda de memória, para uma
mesma faixa de temperatura (diminuição progressiva da reversibilidade em decorrência das
deformações plásticas).
FIG.3.25 Deformação-temperatura para memória de forma reversível sem acoplamento.
FIG.3.26 Comparação entre as curvas de evolução das frações volumétricas.
M A M- M+
Frações V
olumétricas
200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
ε
T (K)
Considerando
o acoplamento (ηc i = ηc k = 0,02)
Não considerando
o acoplamento (ηc i = ηc k = 0)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
M+ M- A M
Fra
ções
Vol
umét
ricas
0 50 100 150 200 250 300 350
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
58
FIG.3.27 Efeito dos parâmetros de acoplamento para memória de forma reversível.
Em pseudoelasticidade, o acoplamento plástico-transformação de fase é avaliado para um
carregamento isotérmico, conforme a FIG.3.16. A curva tensão-deformação, representada
pela FIG.3.28, mostra que as deformações plásticas antecipam a transformação da martensita
não-maclada em austenita.
200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 4000,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
ηci = η
ck = 0
ηci = ηck = 0,02 ηci = ηck = 0,05
ε
T (K)
240 280
0,0518
0,0525
0,0532
0,0539
ηci = ηck = 0 η
ci = η
ck = 0,02
ηci = ηck = 0,05
ε
T (K)
59
FIG.3.28 Efeito dos parâmetros de acoplamento para pseudoelasticidade.
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O modelo proposto consegue descrever qualitativamente os efeitos das deformações
plásticas nas ligas com memória de forma. Esta descrição é resultado da inclusão de termos
associados aos fenômenos da plasticidade e da expansão térmica nos funcionais de energia
livre de um modelo unidimensional com restrições internas para memória de forma.
O modelo utilizado para memória de forma é derivado do modelo de Fremond (1987) e
considera a existência de uma quarta fase do material, associada à variante martensítica
maclada (twinned), estável quando em baixas temperaturas e livre de tensões. Outra
consideração importante é a distinção entre os módulos de elasticidade das fases austenítica e
martensítica (PAIVA, 2000).
Uma nova formulação, que considera a inclusão dos termos associados ao fenômeno da
expansão térmica, aliada à restrição de que a martensita não-maclada (detwinned) só é
induzida por um campo de tensões ( 0 e 0 se 0 S2
S121 ===== ββσββ ), permite que o
modelo contemple o fenômeno da expansão térmica.
O fenômeno da plasticidade é incorporado assumindo-se a hipótese da decomposição
aditiva ( pSMA εεε += ) e do endurecimento. São utilizadas formulações lineares para a
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,0350E+0
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
ε p
T = 333 K
ηci = ηck = 0 ηci = ηck = 0,05 ηci = ηck = 0,1 ηci = ηck = 0,2
σ (P
a)
ε
60
superfície de escoamento e para os efeitos combinados de endurecimento cinemático e
isotrópico.
O procedimento numérico utiliza, para o cálculo das frações volumétricas, a técnica de
partição do operador associada a um algoritmo de projeção. O comportamento elasto-plástico
é simulado pelo algoritmo de mapeamento de retorno.
O acoplamento plástico-transformação de fase permite descrever os efeitos das
deformações plásticas nas SMAs. Para memória de forma reversível, observa-se o
crescimento do laço de histerese e a diminuição das temperaturas de transformação. Estes
rseultados estão de acordo com os resultados experimentais fornecidos por MILLER &
LAGOUDAS (2000) e caracterizam o fenômeno da perda de memória, para um determinado
intervalo de temperatura, em decorrência das deformações plásticas. Para pseudoelasticidade,
o acoplamento mostra que as deformações plásticas tendem a antecipar a transformação da
martensita não-maclada em austenita.
É importante destacar a capacidade do modelo em conseguir obter deformações Two-Way
positivas ou negativas, dependendo da temperatura TM. Esta característica permite ao modelo
avaliar os efeitos das deformações plásticas em ligas que tenham sido tratadas termicamente.
61
4 AJUSTES QUANTITATIVOS
Neste capítulo são discutidas as principais discrepâncias quantitativas entre o modelo
proposto e os dados experimentais. Visando reduzir estas discrepâncias, apresenta-se uma
nova formulação para a energia livre de Helmholtz, aumentando o comprimento horizontal do
laço de histerese, o que permite a obtenção de maiores deformações residuais. Além disso,
alguns parâmetros do modelo são ajustados, buscando resultados mais coerentes para a
descrição do comportamento termomecânico das SMAs.
4.1 ALONGAMENTO HORIZONTAL DO LAÇO DE HISTERESE
Uma das principais características das SMAs é a capacidade de recuperar grandes
deformações (entre 6% e 8%) devido às transformações de fase martensíticas. Muitas das
aplicações exploram esta propriedade, seja para recuperar uma determinada forma ou para
utilizar os elevados campos de tensão que são produzidos quando se restringe a recuperação
dessas deformações.
Na FIG.4.1, é apresentada uma curva experimental típica para descrição do
comportamento pseudoelástico de uma liga com memória de forma (MULLER & XU, 1991).
Nela, também são mostrados os sublaços internos devido às transformações de fase
incompletas.
FIG.4.1 Curva experimental tensão-deformação (Efeito Pseudoelástico)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
70
80
90
100
110
120
130
140
σ (M
Pa)
ε (%)
62
Observações acerca do laço de histerese, mostrado na FIG.4.1, caracterizam-no por
apresentar uma forma consideravelmente alongada na direção horizontal e relativamente
estreita na direção vertical, o que significa grandes deformações para pequenas diferenças
entre as tensões críticas de transformação de fase, respectivamente.
A deformação residual calculada no capítulo 3 ( %33,0=Rε ) é muito inferior à
deformação residual típica de uma SMA. O aspecto da curva tensão-deformação, para
pseudoelasticidade, apresentado na FIG.3.6, mostra um laço de histerese alongado na direção
vertical e estreito na direção horizontal, representando características exatamente opostas à de
um laço de histerese típico para o comportamento pseudoelástico de uma SMA.
Como proposição para correção desta discrepância quantitativa entre os resultados
experimentais e o modelo, considera-se uma nova formulação da energia livre de Helmholtz,
para descrição do comportamento de uma SMA, incorporando os efeitos das deformações
plásticas, na seguinte forma:
+
−−−+−−= ) ( )( )( ~ 211 M
M
MH
p TTT
Lββααεεαβψρ
+
−−−−−+ ) ( )( )( 212 M
M
MH
p TTT
Lββααεεαβ
( ) ( )
−−+−−−−−+ 2
213
)]()([ ) ( 21
MM
MAH
pMA TT
T
LLEE ββαεεβ
+−+−−−−Ω−Ω− 2210 )(
21
)]()[()()( γββαεε MAHp
MA KKTT
+−−−+
−+ 2
212 )]()[(
21
21
21 ββαεεµ H
pM
MA
EHH
+−−−−Ω−−+ )]()([ )( ) ( 210 ββαεε Hp
MMM
M TTTTT
L
22
2
1
2
1 µγM
M HK ++ (4.1)
onde Hα é um novo parâmetro de transformação de fase, associado ao comprimento
horizontal do laço de histerese, que permite a obtenção de maiores deformações residuais.
63
A nova modelagem constitutiva também segue o formalismo dos Materiais Padrão
Generalizados. Mantendo-se a mesma restrição estabelecida na EQ.3.12, do capítulo 3,
obtêm-se as seguintes equações de estado:
)( )( )()( 012 TTEE Hp −−−++−== Ωββααεε
∂ε∂ψρσ (4.2)
[ )( )2()()()( 121
1 −−++−+−+−=−∈ ββααεεαεεα∂β∂ψρ H
pHM
M
Mp EETTT
LB
] JTT 10)( ∂−−− Ω (4.3)
[ )( )2()()()( 122
2 −−++−−−+−−=−∈ ββααεεαεεα∂β∂ψρ H
pHM
M
Mp EETTT
LB
] JTT 20)( ∂−−− Ω (4.4)
+−++−−−−−=−∈ )()(
)]()[()(2
1 221
33 M
M
AMH
pMA TT
T
LLEEB ββαεε
∂β∂ψρ
−−−−−−+ )]()[())(( 210 ββαεεΩΩ Hp
MA TT
JHH
KKMA
MA 322
2
1
2
1 )(
2
1 ∂−
−−−− µγ (4.5)
σΩββααεεεψρ =−−−++−=
∂∂−= )( ) ( )()( 012 TTEEX H
pp
(4.6)
γγψρ KY −=
∂∂−= (4.7)
µµψρ
HZ
1−=∂∂−= (4.8)
Consideram-se iguais as definições, as hipóteses e as restrições estabelecidas desde a
EQ.3.20 até a EQ.3.32.
64
Uma vez que potencial dual de dissipação é convexo, positivo e nulo na origem, a
desigualdade de Clausius-Duhen é automaticamente satisfeita se a entropia específica for
definida como Ts ∂−∂= /ψ (ERINGEN, 1967).
Assim, assumindo-se 01 =β& e Rεε = em uma temperatura crítica, TC, abaixo da qual não
existe mais variação da deformação residual com a temperatura, obtêm-se:
+−+=MMMM
MMMMC TEL
TELTT
ΩααΩα )( 0 (4.9)
)( MCM
MRH TT
T
L −+=α
εα (4.10)
Nota-se que a expressão encontrada para o cálculo da temperatura crítica é a mesma obtida
no capítulo 3 (EQ.3.34). As EQ.3.35 e 3.36, que limitam o deslocamento do laço de histerese
para CTT < , também continuam válidas para esta nova formulação.
Uma comparação entre as novas equações para o modelo alongado e as equações
apresentadas no capítulo 3, mostra diferenças na relação constitutiva tensão-deformação
(EQ.3.13 e EQ.4.2) e nas equações das forças termodinâmicas B1, B2 e B3 (EQ.3.14 e EQ.4.3;
EQ.3.15 e EQ.4.4 e EQ.3.16 e EQ.4.5, respectivamente). Pela EQ.4.5, observa-se que para as
transformações de fase produzidas por carregamentos térmicos livres de tensão (A→M ou
M→A), como 021 == ββ , o modelo alongado se comporta da mesma forma que o modelo
utilizado no capítulo 3, uma vez que a EQ.4.5 se reduz para a EQ.3.16. Isto significa que o
modelo alongado elimina discrepâncias quantitativas para os casos onde as transformações de
fase são induzidas por tensão, como por exemplo: pseudoelasticidade, memória de forma e
memória de forma reversível (considerando ciclos de treinamento do tipo SIMT ), sem alterar
os resultados coerentes obtidos para a descrição do fenômeno da expansão térmica.
O procedimento numérico continua empregando a técnica da partição do operador
associada a um algoritmo de projeção, para o cálculo das frações volumétricas, e o algoritmo
de mapeamento de retorno (return mapping), para a descrição do comportamento elasto-
plástico.
As condições de variação da tensão de escoamento, em função da temperatura, conforme
apresentado na FIG.3.4, também foram mantidas.
65
Ao analisar as propriedades termomecânicas listadas na TAB.3.1, observa-se que alguns
parâmetros estão bem definidos e são encontrados com facilidade na literatura. Parâmetros
como α e η seguem a descrição do modelo original de Fremond (1987).
No capítulo 3, a deformação residual (εR) e o parâmetro de transformação de fase (L) são
calculados utilizando-se as EQ.3.33 e EQ.3.37, respectivamente. Nota-se que o parâmetro L,
que também segue a descrição do modelo original de Fremond, é calculado em função de TA e
de εR.
Para a nova formulação, com laço de histerese alongado, a deformação residual (εR) e o
parâmetro de transformação de fase (L) são considerados propriedades do material. Isto
significa que o parâmetro αH é calculado em função da deformação residual (εR), utilizando-se
a EQ.4.10. Para uma amostra de SMA qualquer, cuja deformação residual máxima é εR =
0,33%, obtém-se αH = 0. Desta forma, o modelo com laço de histerese alongado repete o
comportamento do modelo proposto, utilizado no capítulo 3.
Para uma liga de Ni-Ti, considera-se a deformação residual máxima %7,6=Rε
(BRINSON, 1993). Assim, para esse valor de deformação residual %7,6=Rε ; L = 9,18 MPa
e demais propriedades termomecânicas conforme a TAB.3.1, utilizando-se as EQ.4.9 e 4.10,
obtêm-se TC = 282,04 K (9,04°C) e 0637,0=Hα , respectivamente.
Nestas condições, admite-se uma amostra de SMA com propriedades típicas de uma liga
de Ni-Ti, submetida a um carregamento de tensão prescrita com tração e compressão, sem
produzir deformações plásticas, conforme apresentado na FIG.3.5. A FIG.4.2 mostra a curva
tensão-deformação obtida para o novo modelo com laço de histerese alongado.
Uma superposição das curvas tensão-deformação previstas pelos dois modelos (FIG.4.3),
mostra as alterações promovidas com a nova formulação. Além do alongamento horizontal do
laço de histerese, o valor absoluto da tensão crítica para o início da transformação de fase
(A→M+ ou A→M−) é muito inferior ao valor absoluto da tensão crítica do modelo sem
alongamento (curva em azul).
Outros ajustes são propostos e envolvem variações na geometria do laço de histerese
(alongado na direção horizontal e estreito na direção vertical), nos valores das tensões críticas
para início da transformação de fase (a tensão crítica para o modelo alongado deve ser da
mesma ordem de grandeza da tensão crítica para o modelo sem alongamento) e nas
velocidades das transformações de fase (a velocidade da transformação A→M+ ou M− ou
M→M+ ou M− deve ser da mesma ordem de grandeza da velocidade da transformação M+
66
ou M−→A ou M+ ou M−→M). Para isso, são consideradas variações nos parâmetros L e η,
tratadas a seguir.
FIG.4.2 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas, com laço de
histerese alongado.
FIG.4.3 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas (comparação
entre o modelo com laço de histerese alongado e o modelo sem alongamento).
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
T = 333 K
σ (P
a)
ε
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
Sem alongamento Alongado
T = 333 K
σ (P
a)
ε
67
4.2 PARÂMETRO DE TRANSFORMAÇÃO DE FASE (L) VARIÁVEL
Inicialmente, considera-se uma variação do parâmetro de transformação de fase (L), de
modo que as tensões críticas para início da transformação de fase do modelo alongado sejam
da mesma ordem de grandeza das tensões críticas do modelo sem alongamento.
Em um primeiro ajuste, para o mesmo carregamento de tensão prescrita, com tração e
compressão, apresentado na FIG.3.5, considera-se L = 26,75 MPa (em vez de L = 9,18 MPa;
do caso anterior) ; α = 89,42 MPa e η = 0,07 MPa⋅s. Nestas condições, utilizando-se as
EQ.4.9 e 4.10, obtêm-se K 15,288=CT (15,15°C) e 0637,0=Hα , respectivamente.
Na FIG.4.4, a curva em verde representa o gráfico tensão-deformação do modelo
alongado, com o parâmetro de transformação ajustado para L = 26,75 MPa. Os resultados
mostram que as tensões críticas para início da transformação de fase do modelo alongado são
da mesma ordem de grandeza das tensões críticas do modelo sem alongamento (curva em
azul).
Outra observação, que também pode ser extraída da FIG.4.4, relaciona o alongamento do
laço de histerese, na direção vertical, em função do aumento do parâmetro L.
FIG.4.4 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas (parâmetro
de transformação de fase ajustado para L = 26,75 MPa).
O próximo passo do ajuste quantitativo consiste em controlar o tamanho vertical do laço
de histerese, alongado em conseqüência do aumento do parâmetro de transformação de fase L.
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
T = 333 K
Sem alongamento L = 9,18 MPa L = 26,75 MPa
σ (P
a)
ε
68
Para isso, considere, agora, que as transformações de fase são regidas por uma função
)( 3βLL = , da seguinte forma:
)(3 AMM lllL −−= β (4.11)
onde lM e lA são constantes que representam os valores de L para as fases martensítica e
austenítica, respectivamente.
A formulação de um parâmetro de transformação de fase (L) variável, do tipo
apresentado pela EQ.4.11, foi inspirada na formulação dos parâmetros E, K, H e Ω, obtidos
como uma combinação linear entre as fases martensítica e austenítica.
Ainda para o carregamento de tensão prescrita, com tração e compressão, considerado na
FIG.3.5, admitindo-se porém, um parâmetro L variável em função de β3, com lM = 56,75
MPa; lA = 26,75 MPa; e ainda α = 89,42 MPa; η = 0,07 MPa⋅s e, novamente, utilizando-se as
EQ.4.9 e 4.10, obtêm-se K 86,289=CT (16,86°C) e 0637,0=Hα , respectivamente.
A FIG.4.5 apresenta uma comparação entre o resultado obtido com a formulação de um
parâmetro de transformação de fase (L) constante (curva em vermelho) e o resultado obtido
com a formulação de um parâmetro L variável (curva em azul).
FIG.4.5 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas (parâmetro
de transformação de fase variável).
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
L = 26,75 MPa (Cte.)
T = 333 K
L = L (β3) ; variável lA = 26,75 MPa lM = 56,75 MPa
σ (P
a)
ε
69
O novo ajuste obtido, representado em azul na curva tensão-deformação da FIG.4.5,
mostra que o laço de histerese pode ser controlado na direção vertical através da hipótese de
um parâmetro de transformação de fase (L) variável. A curva em vermelho corresponde ao
primeiro resultado ajustado, (linha verde, na FIG.4.4) obtido quando o parâmetro L é
constante e igual a 26,75 MPa.
No modelo original de Fremond, a altura do laço de histerese corresponde ao parâmetro
α, definido como sendo a diferença entre as tensões críticas de transformação de fase. Para o
modelo alongado, não foram observadas alterações na altura do laço de histerese em função
de variações no parâmetro α. Isto significa que, para o modelo alongado, o parâmetro L tem
mais influência do que o parâmetro α, na questão do controle vertical do laço de histerese.
Apesar da formulação de um parâmetro de transformação de fase variável )( 3βLL =
apresentar resultados interessantes, vale destacar que esta variação acarreta em diferentes
velocidades para as transformações de fase. Pela FIG.4.6, observa-se que durante a
transformação A→M+ , como lM > lA, o parâmetro L aumenta e o processo de transformação
de fase é desacelerado. Em contrapartida, durante a transformação inversa M+→A, o
parâmetro L diminui (pois lM > lA) e a transformação de fase é antecipada. As comparações
apresentadas pelas FIG.4.5 e 4.6 servem para avaliar as alterações produzidas na geometria do
laço de histerese e nas velocidades das transformações de fase, como conseqüência da
formulação de um parâmetro L variável.
FIG.4.6 Evolução da fração volumétrica austenítica (influência do parâmetro de
transformação de fase variável).
0 1 2 3 4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
L = 26,75 MPa (Cte.)
L = L (β3) ; variável lA = 26,75 MPa lM = 56,75 MPa
β 3
t
70
Formulações diferentes, para o parâmetro L, podem atenuar os efeitos da variação entre
lM e lA nas velocidades das transformações de fase.
A última consideração do ajuste quantitativo consiste na eliminação das distorções
encontradas para as velocidades das transformações de fase, resultantes da formulação de um
parâmetro L variável. Para isso, considera-se um ajuste no parâmetro de dissipação interna do
material (η).
4.3 PARÂMETRO DE DISSIPAÇÃO INTERNA ( ηηηη) VARIÁVEL
Com o objetivo de controlar as velocidades das transformações de fase, admite-se, por
hipótese, que o parâmetro de dissipação interna do material (η) varie, em função das
condições do carregamento aplicado. Desta forma, considera-se:
<=
>=
0 se
0 se
εηη
εηη
&
&
D
C
(4.12)
onde ηC e ηD são os parâmetros de dissipação interna do material, em condições de
carregamento e descarregamento, respectivamente.
Em complemento aos ajustes anteriores (lA = 26,75 MPa e lM = 56,75 MPa), admite-se
agora, uma dissipação interna variável com ηC = 0,07 MPa⋅s e ηD = 0,1225 MPa⋅s. Nestas
condições, a FIG.4.7 mostra que, como ηD > ηC , a transformação inversa é retardada e
desacelerada (a curva em vermelho ficou levemente inclinada para a direita). A consideração
de um parâmetro de dissipação interna (η) variável pode permitir que o processo de
transformação de fase tenha sua velocidade controlada.
71
FIG.4.7 Evolução da fração volumétrica austenítica (influência do parâmetro de dissipação
interna variável).
4.4 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS
Visando mostrar os resultados obtidos com os parâmetros ajustados, esta seção apresenta
novas simulações numéricas realizadas para os efeitos de pseudoelasticidade sem
deformações plásticas, memória de forma sem deformações plásticas, pseudoelasticidade com
deformações plásticas, memória de forma com deformações plásticas e memória de forma
reversível, com ciclo de treinamento utilizando o processo SIMT .
Considera-se uma amostra de SMA com propriedades termomecânicas típicas de uma
liga de Ni-Ti, conforme a TAB.4.1, que foram ajustadas ao longo deste capítulo. Admite-se
uma variação da tensão de escoamento, em função da temperatura, conforme a FIG.3.4.
Entretanto, após os ajustes efetuados, define-se MYσ = 70 MPa (www.sma-inc.com fornece
MYσ variável entre 70 e 140 MPa).
0 1 2 3 4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
ηC = ηD = 0,07 MPa.s ηC = 0,07 MPa.s e
ηD = 0,1225 MPa.sβ 3
t
72
TAB. 4.1 Propriedades Termomecânicas para o modelo alongado.
AE (GPa) ME (GPa) α (MPa) AT (K) MT (K)
67 26,3 89,42 307,5 291,4
0T (K) Rε AΩ (MPa/K) MΩ (MPa/K) AK (GPa) MK (GPa)
298 0,067 0,74 0,17 1,4 0,4
AH (GPa) MH (GPa) Al (MPa) Ml (MPa) Cη (MPa⋅s) Dη (MPa⋅s)
0,4 0,11 26,75 56,75 0,07 0,1225
BRINSON, 1993; MILLER & LAGOUDAS, 2000 e www.sma-inc.com.
A resposta pseudoelástica de uma amostra desta liga, para o carregamento de tensão
prescrita com tração e compressão, considerado na FIG.3.5, está representada na FIG.4.8.
FIG.4.8 Tensão-deformação para pseudoelasticidade sem deformações plásticas (modelo
alongado e ajustado).
Para as condições de carregamento termomecânico apresentadas na FIG.4.9, obtém-se a
descrição do fenômeno da memória de forma sem deformações plásticas, uma vez que a
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
T = 333 K
σ (P
a)
ε
73
máxima tensão prescrita é inferior à tensão de escoamento da amostra. A FIG.4.10 representa
a curva tensão-deformação, em função da temperatura. Observa-se que o carregamento
térmico consegue recuperar a deformação residual obtida pelo carregamento mecânico. Uma
comparação entre as curvas de evolução das frações volumétricas do modelo alongado
(FIG.4.11) e do modelo sem alongamento (FIG.3.10) revela que os ajustes efetuados nos
parâmetros L e η foram satisfatórios para que as velocidades das transformações de fase não
fossem diferentes entre eles.
(a) (b)
FIG.4.9 Carregamento termomecânico para memória de forma sem deformações plásticas
(modelo alongado e ajustado).
(a) Tensão prescrita, (b) Temperatura prescrita.
FIG.4.10 Tensão-deformação para memória de forma sem deformações plásticas
(modelo alongado e ajustado).
0 2 4 6 80
10
20
30
40
50
60
70
80
σ (M
Pa)
t0 2 4 6 8
260
270
280
290
300
310
320
T (
K)
t
74
FIG.4.11 Evolução das frações volumétricas para memória de forma sem deformações
plásticas (modelo alongado e ajustado).
Do ponto de vista qualitativo, o modelo alongado obteve para descrição do fenômeno da
memória de forma sem deformações plásticas, os mesmos resultados que o modelo sem
alongamento, utilizado no capítulo 3. Do ponto de vista quantitativo, a principal contribuição
do novo modelo foi a obtenção de uma deformação residual compatível com os resultados
experimentais disponíveis na literatura. Por outro lado, para os ajustes efetuados, houve uma
significativa redução da tensão crítica para transformação de fase M→M+ .
Para o carregamento de tensão de tração prescrita, considerado na FIG.3.16, o modelo
alongado descreve o comportamento pseudoelástico, na presença de deformações plásticas.
Admite-se que os fenômenos de transformação de fase e plasticidade estão acoplados com
02,0== ckci ηη . A FIG.4.12 representa a curva tensão-deformação obtida e mostra que, da
mesma forma que no modelo sem alongamento, a transformação inversa não elimina a
deformação residual plástica, proveniente de um carregamento acima da tensão de
escoamento. Para a curva de evolução das frações volumétricas (FIG.4.13), observa-se que os
ajustes efetuados fazem com que a transformação de fase A→M+ ocorra mais lentamente que
no modelo sem alongamento (FIG.3.18) e também que a transformação inversa M+→A seja
antecipada.
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
M+ M-
A M
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
75
FIG.4.12 Tensão-deformação para pseudoelasticidade com deformações plásticas (modelo
alongado e ajustado).
FIG.4.13 Evolução das frações volumétricas para pseudoelasticidade com deformações
plásticas (modelo alongado e ajustado).
O fenômeno da memória de forma com deformações plásticas é obtido através do
carregamento termomecânico apresentado na FIG.4.14. Para estas condições, com um
acoplamento plástico-transformação de fase 02,0== ckci ηη , a curva tensão-deformação,
representada na FIG.4.15, mostra que o carregamento térmico só é capaz de recuperar a
parcela da deformação que está associada à transformação de fase. A curva de evolução das
frações volumétricas (FIG.4.16) repete o comportamento apresentado no capítulo 3
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,100E+8
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
ε p
T = 333 K
σ (P
a)
ε
0 1 2 3 4
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
M+ M-
A M
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
76
(FIG.3.21), exceto pela rapidez com que é realizada a transformação de fase M→M+ , em
razão do baixo valor da tensão crítica para o início desta transformação.
(a) (b)
FIG.4.14 Carregamento termomecânico para memória de forma com deformações plásticas
(modelo alongado e ajustado).
(a) Tensão prescrita, (b) Temperatura prescrita.
FIG.4.15 Tensão-deformação para memória de forma com deformações plásticas (modelo
alongado e ajustado).
FIG.4.16 Evolução das frações volumétricas para memória de forma com deformações
plásticas (modelo alongado e ajustado).
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,080
10
20
30
40
50
60
70
80
ε p
σ (M
Pa)
ε
0 2 4 6 8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
M+ M-
A M
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
0 2 4 6 80
10
20
30
40
50
60
70
80
σ = 72 MPa > σY
σ
(MP
a)
t0 2 4 6 8
260
270
280
290
300
310
320
T (
K)
t
77
O fenômeno da memória de forma reversível é analisado a partir de um processo de
treinamento para obtenção da variante martensítica não-maclada (SIMT ). A FIG.4.17
representa o carregamento termomecânico utilizado. Na parte superior, tem-se um
carregamento mecânico isotérmico (T = 333 K), onde são observados cinco ciclos de tensão
prescrita com picos crescentes de tensão acima da tensão de escoamento, de maneira que a
cada ciclo sejam produzidas deformações plásticas. Ao final do carregamento mecânico, a
amostra é submetida a um ciclo térmico sob tensão constante (σ = 100 MPa), que está
representado na parte inferior da FIG.4.17.
FIG.4.17 Carregamento termomecânico para memória de forma reversível (SIMT ).
Os fenômenos de plasticidade e transformação de fase estão acoplados com
05,0== ckci ηη . A curva tensão-deformação, apresentada na FIG.4.18, revela que as
deformações plásticas produzidas ao longo dos ciclos do carregamento mecânico
proporcionam um aumento da tensão crítica para transformação de fase A→M+ . A FIG.4.19
representa a curva de evolução das frações volumétricas. Em t = 20 ut, inicia-se o ciclo
térmico sob tensão constante. Durante este ciclo, verificam-se as transformações de fase
0E+0
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
7E+8
σ (P
a)
0 5 10 15 20 25
280
290
300
310
320
330
T (
K)
t
78
A→M+ (resfriamento) e M+→A (aquecimento). O fenômeno da memória de forma reversível
(TWSME ) está associado a estas transformações de fase. A FIG.4.20 representa a curva
deformação-temperatura e contempla o fenômeno da memória de forma reversível. Por esta
figura, observa-se que a amostra admite duas formas distintas, que podem ser controladas por
variação da temperatura. Uma forma é associada à fase A (altas temperaturas) e outra é
associada à fase M+ (baixas temperaturas).
FIG.4.18 Tensão-deformação para memória de forma reversível (SIMT ).
FIG.4.19 Evolução das frações volumétricas para memória de forma reversível (SIMT ).
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,120E+8
1E+8
2E+8
3E+8
4E+8
5E+8
6E+8
ciclo térmico
σ (P
a)
ε
0 5 10 15 20 25
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
M+ M-
A M
Fra
ções
Vol
umét
ricas
t
79
FIG.4.20 Deformação-temperatura para memória de forma reversível (SIMT ).
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão de um novo parâmetro de transformação de fase ( Hα ) permite a obtenção de
maiores deformações residuais e representa uma contribuição importante para o ajuste do
modelo constitutivo proposto. Com a obtenção de maiores deformações residuais,
determinados parâmetros do modelo, como L e η, podem ser apropriadamente ajustados, em
função de resultados experimentais.
Os critérios qualitativos adotados (geometria do laço de histerese, tensões críticas para
início da transformação de fase e velocidades das transformações) não constituem regra
rígida. Eles foram usados, fundamentalmente, como balizadores para a obtenção dos
parâmetros ajustados, visando uma comparação entre o modelo alongado com o modelo sem
alongamento (Capítulo 3). Isto significa que, para comparação com resultados experimentais,
outros critérios poderão ser adotados.
Do ponto de vista qualitativo, os resultados obtidos para o modelo alongado são
semelhantes aos resultados obtidos para o modelo sem alongamento, utilizado no capítulo 3.
Do ponto de vista quantitativo, o laço de histerese passou a ser mais alongado na direção
horizontal (grandes deformações) e mais estreito na direção vertical. Para memória de forma,
verificou-se um crescimento da deformação residual acompanhado de uma redução da tensão
crítica para início da transformação de fase M→M+ .
280 290 300 310 320 330 3400,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
Fase A
Fase M+
ε
T (K)
80
Os comportamentos associados aos fenômenos da expansão térmica, da memória de
forma reversível (deformação Two-Way, desenvolvida em ciclos térmicos com σ = 0) e aos
efeitos dos parâmetros do acoplamento plástico-transformação de fase são rigorosamente
iguais para os dois modelos considerados.
Para o fenômeno da memória de forma reversível (TWSME ), utilizando-se um processo
de treinamento do tipo SIMT , o modelo alongado apresenta uma descrição mais coerente para
o comportamento termomecânico das SMAs, do que o modelo sem alongamento.
Mesmo com o alongamento horizontal do laço de histerese e os ajustes efetuados, o
modelo proposto ainda apresenta discrepâncias qualitativas quanto ao amolecimento e ao
endurecimento em deformação prescrita e na descrição dos sublaços internos devidos às
transformações de fase incompletas.
A questão do amolecimento e do endurecimento pode ser observada admitindo-se um
carregamento de deformação prescrita (FIG.4.21), de tal modo que a curva tensão-deformação
obtida seja idêntica à curva encontrada para o caso de um carregamento em tensão prescrita
com tração e compressão (FIG.4.8).
FIG.4.21 Carregamento de deformação prescrita com temperatura constante T = 333 K > TA.
A FIG.4.22 apresenta uma comparação entre as curvas tensão-deformação obtidas para as
condições de carregamento em deformação prescrita (azul) e em tensão prescrita (vermelho).
0 2 4 6 8
-0,10
-0,08
-0,06
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
ε
t
81
FIG.4.22 Comparação entre tensão e deformação prescritas para pseudoelasticidade sem
deformações plásticas.
Para deformação prescrita, a resposta pseudoelástica sem deformações plásticas,
apresentada na FIG.4.22, revela discrepâncias de amolecimento, quando ε& > 0 e σ& < 0, e
de endurecimento, quando ε& < 0 e σ& > 0. Desta forma, pode-se considerar como uma nova
restrição, a equação:
0 ≥εσ && (4.13)
A solução do problema, para uma dada deformação, é obtida pela união entre o conjunto
das projeções β1, β2, β3, β4 e a tensão. Em deformação prescrita, o problema do
amolecimento/endurecimento acontece porque o conjunto das projeções obtido atende
somente a restrição imposta pelo tetraedro da FIG.3.1. Uma possível solução para a
eliminação do amolecimento/endurecimento utiliza, além das restrições estabelecidas, uma
nova restrição ( 0 ≥εσ && ), que é representada pela EQ.4.13.
-0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08-6E+8
-4E+8
-2E+8
0E+8
2E+8
4E+8
6E+8
T = 333 K
Tensão prescrita Deformação prescrita
σ (P
a)
ε
82
5 CONCLUSÕES
Este trabalho apresenta uma nova modelagem constitutiva unidimensional, com restrições
internas, para descrição do comportamento termomecânico de ligas com memória de forma,
incorporando os efeitos das deformações plásticas.
O modelo proposto considera a existência da fase martensítica maclada (twinned) na
formulação e, como conseqüência, exibe uma fase estável quando o material está em baixas
temperaturas e livre de tensões. A distinção entre os módulos de elasticidade das fases
martensítica e austenítica é, também, uma importante característica da modelagem utilizada.
Os termos de expansão térmica, incluídos na formulação, e a restrição que estabelece que a
martensita não-maclada (detwinned) somente é induzida por um campo de tensões, permitem
que o modelo descreva as transformações de fase sob condições de carregamento térmico. Os
resultados obtidos para o fenômeno da expansão térmica, através da modificação da
temperatura de transformação de fase TM, mostram que o modelo é capaz de descrever os
efeitos dos tratamentos térmicos nas SMAs (deformação Two-Way negativa).
Os efeitos das deformações plásticas são analisados através de formulações lineares para
descrição da superfície de escoamento e para modelagem do fenômeno do endurecimento.
Este último é representado por uma combinação de endurecimento cinemático com
endurecimento isotrópico. O procedimento numérico emprega a técnica da partição do
operador associada a um algoritmo de projeção (para o cálculo das frações volumétricas) e o
algoritmo de mapeamento de retorno (para descrição do comportamento elasto-plástico).
Visando descrever de forma consistente os efeitos das deformações plásticas nas
transformações de fase, um acoplamento plástico-transformação de fase é proposto na
formulação do potencial dual de dissipação. Fenômenos como pseudoelasticidade e memória
de forma, na presença de deformações plásticas, revelam que as transformações de fase não
são capazes de recuperar as deformações irreversíveis, obtidas com carregamentos acima da
tensão de escoamento do material. Em memória de forma reversível (deformação Two-Way),
a redução das temperaturas de transformação de fase e o crescimento do laço de histerese são
os principais efeitos das deformações plásticas, verificados através do acoplamento. Em
pseudoelasticidade e memória de forma, o acoplamento permite concluir que as deformações
plásticas antecipam as transformações inversas (M+ ou M−→A) o que, de uma maneira geral,
está associado à perda da capacidade de atuação.
83
Visando obter alterações que eliminem as discrepâncias entre os resultados numéricos e
os resultados experimentais, alguns ajustes são efetuados no modelo proposto. O alongamento
horizontal do laço de histerese, tem como principal contribuição a obtenção de maiores
deformações residuais. Novos resultados obtidos mostram que os ajustes quantitativos,
quando baseados em comparações com resultados experimentais, podem permitir uma
descrição mais coerente do comportamento termomecânico das SMAs. As formulações de
parâmetros variáveis de transformação de fase (L) e de dissipação interna do material (η)
permitem, respectivamente, controlar a altura do laço de histerese e as velocidades das
transformações de fase. O fenômeno da memória de forma reversível (TWSME ), utilizando o
processo de treinamento do tipo SIMT (Stress-Induced Martensite Training), embora também
contemplado no modelo sem alongamento, tem sua descrição mais coerente com o
alongamento horizontal do laço de histerese. O aumento da tensão crítica para transformação
de fase, em função do crescimento da deformação plástica, é uma outra importante
observação extraída da curva tensão-deformação para memória de forma reversível.
Embora o alongamento horizontal do laço de histerese tenha contribuído para melhorar a
resposta do modelo, do ponto de vista quantitativo, algumas discrepâncias qualitativas ainda
persistem, como é o caso do amolecimento e do endurecimento em deformação prescrita e dos
sublaços internos devidos às transformações de fase incompletas.
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Um passo importante para a validação dos modelos constitutivos, que descrevem o
comportamento de um determinado material, é a comparação entre os resultados obtidos nas
simulações e os resultados experimentais. Neste sentido, trabalhos experimentais podem ser
desenvolvidos, em conjunto com novas simulações numéricas, com o intuito de promover
ajustes quantitativos mais eficientes.
Trabalhos experimentais também podem contribuir para validar, segundo aspectos
qualitativos, os resultados simulados que descrevem os efeitos das deformações plásticas nas
SMAs.
Outro ponto a ser explorado em trabalhos futuros diz respeito à modelagem constitutiva.
Novas restrições, que visam eliminar o problema do amolecimento e do endurecimento em
deformação prescrita, podem ser implementadas e a descrição dos sublaços internos devidos
às transformações de fase incompletas pode ser obtida.
84
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