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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA (CT) CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Desenvolvimento de carreadores ambientalmente amigáveis com propriedade de liberação lenta do nitrogênio da ureia fertilizante Iane Maiara Soares de Souza Orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte Co-Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas Março de 2016 Natal - RN

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - repositorio.ufrn.br · Dedico esta dissertação, como muito amor, aos meus pais Ivanaldo Gomes de Souza e Maria José Soares de Souza. AGRADECIMENTOS

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA (CT)

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET)

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E

    ENGENHARIA DE MATERIAIS

    DISSERTAO DE MESTRADO

    Desenvolvimento de carreadores ambientalmente amigveis

    com propriedade de liberao lenta do nitrognio da ureia

    fertilizante

    Iane Maiara Soares de Souza

    Orientador:

    Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte

    Co-Orientador:

    Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas

    Maro de 2016

    Natal - RN

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    PROGRAMA DE PS GRADUAO EM CINCIA E ENGENHARIA DE

    MATERIAIS

    DESENVOLVIMENTO DE CARREADORES AMBIENTALMENTE AMIGVEIS COM

    PROPRIEDADES DE LIBERAO LENTA DO NITROGNIO DA UREIA

    FERTILIZANTE.

    IANE MAIARA SOARES DE SOUZA

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais

    como requisito parcial obteno do grau de Mestre

    em Cincia e Engenharia de Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio

    Delmonte.

    Co-Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas.

    Natal - RN

    2016

  • Dedico esta dissertao, como muito amor, aos meus pais Ivanaldo Gomes de

    Souza e Maria Jos Soares de Souza.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus pela ddiva da vida.

    Aos meus amados pais, Maria e Ivanaldo, e meus dois imos, Iuri e

    Ibanez por todo apoio durante toda essa caminhada.

    A Marcilio Bayer pelo apoio, ajuda e companheirismo.

    Aos professores Mauricio Bomio e Paskocimas pela ajuda e orientao.

    Ao professor Everaldo Zonta pelo acolhimento e orientao durante a

    avaliao dos fertilizantes.

    A Antnio Medeiros pelas ideias, amizade, compreenso e ajuda durante

    todo o desenvolvimento desse trabalho.

    A Juan pelas oportunidades, ajuda, orientao e amizade durante todo

    o desenvolvimento dessa pesquisa.

    Aos meus amigos da engenharia qumica Adolfo Lopes e Patricia Alves

    pela amizade.

    Vanuza pela disponibilidade em me ajudar a compreender as tcnicas

    de caracterizaes.

    Aos meus amigos do PPGCEM Ramiro pelas ajudas computacionais e

    Karine pelos longos dias de estudo.

    Aos tcnicos do PPGCEM Carla e Roberto pela prontido e empenho

    para o sucesso nas anlises.

    A Jean Andrade, Marcel e Nivaldo pela ajuda durante a formulao dos

    fertilizantes.

    A todos do NUPLAN pela acolhida e ajuda no processamento dos

    fertilizantes.

    Aos meus amigos do LPG do CTGS-ER pela amizade.

    Ao Labpmol pelas anlises de DRX.

  • Aos amigos do LSP/UFRRJ: Gabriela, Raony, Anderson, Glaucio,

    Elisamara, Derique, Ester, Leonardo, Juliano, Mateus, Rosimar, Rafaela e Camila.

    Aos amigos do condomnio Vitria Neves: Maila Miguel, Caio Fbio,

    Natali Arajo, Ana Flvia, Taiana Alves e Gabriela Barreto pela amizade e acolhida

    durante a estadia em Seropdica/RJ.

    Ao PPGCEM.

    CAPES pelo financiamento deste trabalho.

  • RESUMO

    O nitrognio um macronutriente essencial para o crescimento vegetal. Atualmente,

    devido os desgastes do solo ao longo dos anos e a elevada demanda na produo de

    alimentos, um desafio fornecer s plantas o nitrognio necessrio para seu crescimento.

    Por isso, o uso de fertilizantes nitrogenados amplamente aplicado na agricultura, onde

    a ureia, por possuir elevado teor de nitrognio, o mais usado. Contudo, suas elevadas

    perdas acarretadas principalmente por volatilizao de amnia e lixiviao de nitrato

    fazem com que seja necessrio o desenvolvimento de sistemas que reduzam a

    velocidade de hidrlise da ureia. Neste trabalho foram desenvolvidos dois tipos de

    fertilizantes a base de ureia e carreadores, que foram compreendidas em uma mistura de

    ureia com bentonita e outra de ureia com clinoptilolita, em que para cada argilomineral

    foram formulados trs tipos de fertilizantes, variando as propores carreador:ureia na

    forma: 1:4, 1:8 e 1:16. Ainda foi formulado um terceiro fertilizante constitudo somente de

    ureia triturada e misturada com os aditivos utilizados nas formulaes como talco e

    soluo de PVP. Todas as composies propostas foram compactadas em cilindros com

    dimetro de 7mm e espessura de 4mm. Os fertilizantes foram caraterizados quanto a sua

    morfologia, anlise qumica e mineralogia pelas tcnicas de FRX, DRX, FTIR, TG/DSC e

    MEV. A eficincia agronmica foi avaliada quanto as perdas de 3 por volatilizao em

    condies de umidade e temperatura controlados em casa de vegetao, utilizando a

    camada com profundidade de 0-20cm de um Planossolo Hplico e bandejas como

    unidades experimentais. As perdas foram avaliadas com o uso de cmeras semi-aberta

    livre esttica (SALE). Foram avaliadas as dosagens equivalentes a 100 e 200kg.ha-1, com

    trs repeties para cada um e um delineamento experimental inteiramente casualizado.

    Os fertilizantes formulados apresentaram boa capacidade de estocagem, pois ao serem

    expostos a atmosfera no se aglomeram, como o que ocorre com a ureia comercial. As

    caracterizaes mostram que no ocorreram interaes qumicas entre os constituintes

    dos fertilizantes. A avaliao agronmica verificou que as formulaes que utilizaram a

    bentonita no presentaram redues significativas nas perdas por volatilizao se

    comparadas com a ureia convencional. As formulaes que utilizaram a clinoptilolita como

    carreador apresentaram redues considerveis na quantidade de 3 volatilizado,

    atingindo uma reduo de 53% para Z1U16.

    Palavras-chave: Ureia. Fertilizante. Liberao controlada. Bentonita. Clinoptilolita

  • ABSTRACT

    Nitrogen is an essential macronutrient for growth of plant. Currently, due to the wear

    and tear over the years and the high demand for food production, the soil cannot

    provide the necessary nitrogen for plants growth. Therefore, the use of nitrogen

    fertilizer is widely used in agriculture, where urea, due high nitrogen content, is the

    most used. However, their high losses caused mainly by volatilization of ammonia and

    nitrate leaching cause the development of systems that reduce the rate of urea. In this

    study we developed two types of fertilizer urea base and carriers, one in which the urea

    was mixed with bentonite and another where the urea was mixed with clinoptilolite

    where for each clay mineral were made three types of fertilizer, by varying the carrier

    ratios:urea: 1:4, 1:8 and 1:16. Still a third fertilizer was formulated consisting of crushed

    urea only and mixed with the additives used in formulations such as talc and PVP. All

    proposals compositions were compressed into cylinders with a diameter of 7 mm and

    4 mm in height. The fertilizers were characterized as their morphology, chemistry and

    mineralogy analysis by XRF techniques, XRD, FTIR, TG / DSC and SEM. The

    agronomic efficiency was assessed as the loss of 3 by evaporation in humidity and

    temperature controlled in a greenhouse, using a layer with a depth of 0-20cm a

    Planosol Haplic and trays as experimental units. Losses were evaluated using static-

    free semi-open cameras (SALE). They were evaluated dosages equivalent to 100 and

    200kg.ha-1, with three replicates for each, and a completely randomized design. The

    formulated fertilizer showed good capacity storage, where exposed to the atmosphere

    do not agglomerate. The characterizations show that there were no chemical

    interactions between the constituents of fertilizers. As for agronomic evaluation

    showed that formulations used bentonite showed no significant reductions in the losses

    by volatilization as compared with conventional urea. The formulations used the

    clinoptilolite as carrier showed considerable reductions in the amount of 3

    volatilized, reaching a reduction of 53% to Z1U16.

    Keywords: Urea . Fertilizer. Controlled release . Bentonite . Clinoptilolite.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Propores em massa dos componentes e nomenclatura dos fertilizantes

    formulados................................................................................................................. 30

    Tabela 2 - Solues de PVP testadas. ...................................................................... 31

    Tabela 3 - Composio qumica da clinoptilolita e bentonita obtidos atravs da

    fluorescncia de Raios-x. .......................................................................................... 51

    Tabela 4 - Resultados de BET, volume de poros e TPD-NH3 obtidos para a

    clinoptilolita e a bentonita. ......................................................................................... 52

    Tabela 5 - ndice de plasticidade dos argilominerais. ................................................ 54

    Tabela 6 - Porcentagem de resduo resultante da termogravimetria a 500C. .......... 74

    Tabela 7 - Porcentagem de resdup resultante da termogravimetria a 500C. .......... 75

    Tabela 8 - Identificao e composio dos fertilizantes avaliados. ........................... 79

    Tabela 9 - Perdas totais acumuladas de nitrognio para os fertilizantes formulados

    com a bentonita durante trinta dias. .......................................................................... 83

    Tabela 10 - Perdas totais acumuladas de nitrognio para os fertilizantes formulados

    com a zelita durante trinta dias. ............................................................................... 86

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Representao das transformaes da ureia no solo. ......................................... 20

    Figura 2 - Esquema da estrutura da clinoptilolita. ............................................................... 23

    Figura 3 - Representao da estrutura da montimorilonita. .................................................. 25

    Figura 4 - Fluxograma de execuo do procedimento experimental. ................................... 29

    Figura 5 - a) Mistura Bentonita:Ureia; b) Mistura Bentonita:Ureia aps evaporao do lcool

    presente na soluo de PVP usando uma estufa. ................................................................ 32

    Figura 6 - Equipamentos utilizados para a formulao dos fertilizantes com carreadores

    inorgnicos: a) Granulador Oscilante; b) Misturador Tipo V; c) Compressora rotativa. ........ 32

    Figura 7 - Representao esquemtica do aparelho de Casa Grande. ................................ 37

    Figura 8 - Esquema de cmara coletora com sistema semi-aberto livre esttico (SALE),

    adaptado e calibrado por ARAJO et al., 2009. ................................................................... 41

    Figura 9 - Esquema dos potes com a soluo absorvedora e espuma de poliuretana antes de

    ser levado casa de vegetao. ......................................................................................... 42

    Figura 10 - Demonstrao das unidades experimentais ...................................................... 43

    Figura 11 - a) Distribuio da ureia na superfcie da unidade experimental; b) distribuio da

    B11U4 na superfcie da unidade experimental; c) Implementao dos coletores semiaberto

    estticos. ............................................................................................................................. 44

    Figura 12 - Esquema das coletas com a troca das espumas e potes de soluo coletora. .. 45

    Figura 13 - Fertilizantes formulados por compactao em compressora rotativa. ................ 49

    Figura 14 - Fertilizantes sob imerso de gua: a) Fertilizantes imediatamente aps ser

    adicionado ao backer com gua, b) Aps 40 minutos, c) Aps 2h30min.............................. 51

    Figura 15 - Grfico do limite de liquidez para a bentonita. ................................................... 53

    Figura 16 - Difratogramas das matrias-primas para os carreadores inorgnicos. a) Bentonita

    e Clinoptilolita; b) Ureia, estearato e talco; onde M=montimorilonita; C=clinoptilolita. .......... 55

    Figura 17 - Difratogramas dos fertilizantes formulados usando bentonita como carreador, onde

    T= picos caractersticos do talco; U=picos caractersticos da ureia. ..................................... 56

    Figura 18 - Comparao entre os picos dos fertilizantes formulados com os das matrias

    primas. ................................................................................................................................. 58

    Figura 19 - Difratogramas dos fertilizantes formulados possuindo como carreador a zelita 59

    Figura 20 - Comparao entre os picos dos fertilizantes formulados com os das matrias

    primas. ................................................................................................................................. 60

    Figura 21 - Difratogramas da ureia e da patilha formulada sem carreadores. ...................... 61

    Figura 22 - Espectros de FTIR das matrias primas, onde (a) corresponde bentonita,

    clinoptilolita e ureia e (b) corresponde ao talco, o estearato e o PVP. .................................. 63

    Figura 23 - Espectros de FTIR para a ureia e as amostras produzidas com a bentonita. ..... 65

  • Figura 24 - Espectros FTIR para os fertilizantes produzidos com a clinoptilolita. ................. 66

    Figura 25 - Espectros de Infravermelho das amostras de ureia perolada, ureia pastilhada e o

    estearato. ............................................................................................................................. 67

    Figura 26 - Curvas de TG e DSC da amostra de ureia. ........................................................ 69

    Figura 27 - Curvas de (a) DSC e (b) TG para amostras de ureia a temperatura ambiente e

    submetidas a tratamentos trmicos de 120, 140, 160 e 180C ............................................ 70

    Figura 28 - Primeiro pico endotrmico das curvas de DSC para as amostras de ureia

    previamente aquecidas. ....................................................................................................... 72

    Figura 29 - Curvas de TG/DSC dos tratamentos formulados com bentonita: (a) TG, (b) DSC.

    ............................................................................................................................................ 73

    Figura 30 - Curvas de TG/DSC dos tratamentos formulado com a zelita: (a) TG, (b) DSC. 74

    Figura 31 - Imagens de MEV da bentonita (a) e da clinoptilolita (b). .................................... 76

    Figura 32 - Imagens de MEV e mapeamento de Al e Si por EDS para os fertilizantes

    formulados com a bentonita, onde: (a) B1U4, (b) B1U8 e (c) B1U16. .................................. 77

    Figura 33 - Imagens de MEV e mapeamento de Al e Si por EDS para os fertilizantes

    formulados com a bentonita, onde: (a) B11U4, (b) B11U8 e (c) B11U16. ............................ 78

    Figura 34 - Curvas de volatilizao para os fertilizantes formulados com bentonita e dosagem

    de 100kg de N/ha: a) mg de 3 volatilizado por dia de coleta, b) mg de 3volatilizado

    durante 30 dias. ................................................................................................................... 80

    Figura 35 - Curvas de volatilizao para os fertilizantes formulados com bentonita e dosagem

    de 200kg de N/ha: a) mg de 3 volatilizado por dia de coleta, b) mg de 3 volatilizado

    durante 30 dias. ................................................................................................................... 82

    Figura 36 - Curvas de volatilizao para os fertilizantes formulados com a clinoptiolita e

    dosagem de 100kg de N/ha: a) mg de 3 volatilizado por dia de coleta, b) mg de 3

    volatilizado durante 30 dias. ................................................................................................. 84

    Figura 37 - Curvas de volatilizao para os fertilizantes formulados com a clinoptiolita e

    dosagem de 200kg de N/ha: a) mg de 3 volatilizado por dia de coleta, b) mg de 3

    volatilizado durante 30 dias. ................................................................................................. 86

  • LISTA DE ABREVIAES

    Abandeja rea da bandeja

    BET Braunauer, Emmet e Teller

    BJH Barrett, Joyner e Halenda

    DRX Difrao de Raios-X

    FRX Florescncia de Raios-X

    FTIR Fourier Transform Infrared Spectroscopy

    IP ndice de Plasticidade

    Mesh Nmero de aberturas por polegada linear

    MN Massa molar do Nitrognio

    MEV Microscopia Eletrnica de Varredura

    NBPT N-(n-butil) tiofosfrico triamida

    3 Nitrognio Amoniacal

    PRNT Poder Relativo de Nutraliazao Total

    P Presso parcial do gs

    P0 Presso de vapor do gs

    PVP Polivinilpirrolidona

    SALE Semi-Aberto Livre Esttico

    DTP Dessoro a Temperatura Porgramada

    VB Volatilizado em toda a bandeja

    VP Volatilizado na rea da base da garrafa

  • LISTA DE UNIDADES DE MEDIDAS

    Angstrm

    kg.ha-1 Quilograma por hectare

    mg.band-1 Miligrama por bandeja

    %wt Frao mssica

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................................. 16

    2. REVISO DA LITERATURA ........................................................................................ 19

    2.1.Fertilizantes Nitrogenados e Sua Importncia ....................................................... 19

    2.2.Os Carreadores ........................................................................................................ 22

    3. MATERIAIS E MTODOS ............................................................................................ 29

    3.1.Formulao dos Fertilizantes .................................................................................. 30

    3.1.1. Preparao dos carreadores inorgnicos. ..................................................... 30

    3.2.Caracterizaes dos Fertilizantes ........................................................................... 33

    3.2.1. Fluorescncia de raios-X. ............................................................................ 33

    3.2.2. Determinao da rea superficial e do volume de poros pelos mtodos

    BET e BJH ................................................................................................................... 33

    3.2.3. Dessoro a Temperatura Programada de NH3 (DTP) ................................ 35

    3.2.4. ndice de plasticidade e limite de liquidez .................................................. 36

    3.2.4. Difrao de raios-X. ...................................................................................... 38

    3.2.5. Espectrofotometria de infravermelho por transformada de Fourier. ........ 39

    3.2.6. Anlise termogravimtrica e calorimetria exploratria diferencial. .......... 39

    3.2.7. Microscopia eletrnica de varredura (MEV) e Espectometria de energia

    dispersiva de raios- x (EDS) ....................................................................................... 40

    3.3.Avaliao Agronmica ............................................................................................. 41

    3.3.2. Determinao do perdido por volatilizao ........................................ 41

    4. RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................................. 49

    4.1.Caracterizaes ........................................................................................................ 51

    4.1.1. Fluorescncia de raios-X. ............................................................................ 51

    4.1.2. Adsoro de N2 pelos mtodos de BET/BJH e TPD-NH3. .......................... 52

    4.1.3. ndice de plasticidade e limite de liquidez .................................................. 53

    4.1.4. Difrao de raios-x. ...................................................................................... 54

    4.1.5. Espectrofotometria de infravermelho por transformada de Fourier. ........ 62

    4.1.6. Anlise termogravimtrica e calorimetria exploratria diferencial. .......... 68

    4.1.7. Microscopia eletrnica de varredura (MEV) ................................................ 76

    4.2.Volatilizao de Amnia em Casa de Vegetao ................................................... 79

    5. CONCLUSES ............................................................................................................ 89

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................. 92

  • Capitulo 1

    Introduo

  • 16

    1. INTRODUO

    Diante de um cenrio em que 70% da produo global de adubos

    nitrogenados est concentrada em pases que consomem mais ureia do que a sua

    produo interna, a segurana alimentar se torna um fator cada vez mais importante,

    necessitando o desenvolvimento de alternativas que proporcionem o aumento da

    eficincia agronmica do nitrognio derivado da ureia, principal fertilizante nitrogenado

    utilizado atualmente no cultivo de alimentos devido a sua elevada disponibilidade,

    elevado teor de nitrognio e baixo custo (WERNECK, 2008).

    A ureia uma molcula orgnica neutra que no facilmente absorvida

    pelo solo, tendo como resultado a baixa interao entre ureia/solo em que apenas

    uma pequena frao absorvida pelas plantas, provocando um aumento na taxa de

    aplicao da mesma. O uso excessivo desse nutriente gera riscos ambientais como a

    contaminao do solo, lenis freticos, emisso de N2O, um poderoso gs no efeito

    estufa, alm do aumento nos custos das plantaes (NI; MINGZHU; SHAOYU, 2009;

    MADARI et al, 2015).

    Uma alternativa para otimizar o uso de fertilizantes pela tcnica de

    encapsulamento ou mistura com outros materiais inertes e ambientalmente amigveis

    que promovam a liberao lenta e/ou controlada dos nutrientes para o solo, reduzindo

    as taxas de perdas, a necessidade de aplicaes sucessivas e minimizando a poluio

    ambiental, em que dependendo do custo agregado ao aditivo o desenvolvimento de

    fertilizantes com essa propriedade apresenta boa aplicabilidade comercial.

    As zelitas, como a clinoptilolita, por apresentarem alta porosidade e

    elevada capacidade de troca catinica, podem atuar no aumento da eficincia da

    ureia, pois suas caractersticas auxiliam no controle da liberao de nutrientes e na

    capacidade de concentrao de gua (MONTE et al. 2004; BERNARDI et al. 2008).

    Outra forma de promover a liberao controlada do nitrognio

    proveniente da ureia a sua mistura com o argilomineral montimoriolinita. Abundante

    nas bentonitas, apresenta elevada capacidade de troca catinica, sendo possvel o

    armazenamento dos ons NH4+ provenientes da hidrlise da ureia, controlando assim

    a sua liberao para o solo.

  • 17

    Tendo em vista as perdas ocasionadas com o uso da ureia como

    fertilizante, a crescente necessidade do fornecimento de alimentos para a populao

    mundial, a dificuldade de expanso da rea possvel de ser plantada e a necessidade

    de minimizar desmatamentos, este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de

    fertilizantes a base de ureia misturados com carreadores ambientalmente amigveis,

    com o intuito de promover a liberao controlada do nitrognio proveniente da ureia,

    acarretando a diminuio das perdas por volatilizao, aumento da eficincia do

    fertilizante e a diminuio dos impactos ambientais. A elevada capacidade de troca de

    ctions e a possibilidade de interao com os ons amnia foram os principais fatores

    para o estudo da bentonita e da clinoptiololita como carreadores da ureia.

  • Capitulo 2

    Reviso da literatura

  • 2. REVISO DA LITERATURA

    2.1. Fertilizantes Nitrogenados e Sua Importncia

    Como resultado do crescimento populacional nas ltimas dcadas, a

    produo de alimentos necessrio para suprir a demanda nutricional duplicou. A

    possibilidade dessa expanso se deu devido ao aumento na utilizao de fertilizantes

    nas lavouras, 46%, e da rea plantada, 15% (LOPES; BASTOS, 2007).

    O uso de fertilizantes minerais para suprir a demanda de

    macronutrientes, como nitrognio, fsforo e potssio, uma importante alternativa

    comercial e para o aumento da produtividade na agricultura (AARNIO; MARTIKAINEN

    1995). O Brasil responsvel pelo consumo de 6% de todo fertilizante, ocupando a

    4 colocao de maior consumidor mundial. Isso se d devido ao crescimento da

    populao e da renda, mudana de hbitos alimentares, aumento na produo de

    biocombustveis e a necessidade de aumento na produtividade de alimentos,

    resultado dos limitados recursos agrcolas, reduo das reas possveis de cultivo e

    a baixa disponibilidade de gua potvel (ANDA, 2013).

    No metabolismo vegetal o nitrognio exerce funes fundamentais,

    como o enchimento de gros, teor de protenas, influenciar na utilizao dos nutrientes

    potssio e fsforo, alm de estar presente na maioria dos compostos orgnicos, como

    aminocidos, protenas, cidos nucleicos, hormnios e clorofila (MALAVOLTA, 2006;

    RAIJ, 1991; BUCKMAN & BRADY, 1969).

    Para que o nitrognio presente no solo esteja disponvel para as plantas,

    necessrio que ocorra a transformao da forma orgnica para a inorgnica,

    processo denominado de mineralizao e realizada por microrganismos. Com isso,

    mesmo que o solo apresente um elevado teor de N-orgnico, no implica

    necessariamente que o mesmo estar disponvel para atender a demanda vegetal

    (CANTARELLA, 2007). Diversos fatores que afetam seu aproveitamento pelas

    plantas, fazem com que o mesmo seja largamente estudado, principalmente quando

    se trata de sua dinmica no solo e sua eficincia de adubao (MATOS, 2011).

  • Segundo Cantarella, (2007), os principais fertilizantes nitrogenados

    produzidos no mundo so ureia, sulfato de amnio, nitrato de amnio, fosfato de

    amnio, nitroclcio, aquamnia, fosfato diamnio, amnia anidra, uran, nitrofosfato,

    nitrato de sdio e nitrato de clcio.

    Dentre esses fertilizantes nitrogenados, a ureia a que apresenta maior

    uso devido sua alta concentrao de nutrientes (46,6% wt de nitrognio), baixo custo,

    alta solubilidade, propriedades no corrosivas e facilidade de mistura com outros

    componentes (HETTIARACHCHI et al., 2012). Contudo, a fcil volatilizao de amnia

    e lixiviao de nitrato reduz sua eficincia quando aplicado em solos alcalinos e de

    textura grossa, em que essas perdas so mais efetivas quando se trata da

    volatilizao de amnia (AARNIO; MARTIKAINEN,1995). De acordo com Xiaoyu et al.

    (2013), somente de 30 a 50% da dose de nitrognio proveniente da ureia aplicada ao

    solo absorvido pela vegetao. A figura 1 mostra uma representao das

    transformaes que ocorrem com a ureia no solo.

    Figura 1 - Representao das transformaes da ureia no solo.

    Fonte: Adaptado AZEEM et al., 2014

  • A ureia aps aplicada ao solo hidrolisada e reage com os ons H+, pela

    ao da enzima urease, convertendo-se em dixido de carbono, amnio e gua,

    mecanismo denominado de mineralizao. Esse nitrognio, agora na sua forma

    inorgnica, est disponvel para a planta. Contudo, o amnio reage com os ons OH-,

    convertendo-se em NH3, o qual facilmente volatilizado. O on amnio pode ainda

    sofrer o mecanismo de nitrificao, em que por meio da ao de microrganismos reage

    com o oxignio presente no solo, convertendo-se em nitrato, o qual facilmente

    perdido por lixiviao (AZEEM et al., 2014; TRANKEL, 2010; DIEST, 1988). Portanto,

    solo com o pH elevado favorece as perdas de ureia por volatilizao e,

    consequentemente, acarreta no baixo aproveitamento pelas plantas do nitrognio

    aplicado ao solo (LARA CABEZAS et al., 1997).

    A urease uma enzima extracelular produzida por bactrias,

    actinomicetos, fungos ou originria de restos vegetais. Mudana nos microrganismos

    do solo, assim como as caractersticas bioqumicas da enzima, podem acarretar no

    aumento da hidrolise da ureia (REYNOLDS; WOLF; ARMBRUSTER, 1987).

    Alm disso, as perdas tambm podem ser influenciadas por outros

    fatores como temperatura, velocidade do vento, pH, poder tampo do solo e

    capacidade de troca catinica (MARTHA JUNIO, 2003; FRENEY, 1985; HARGROVE,

    1988).

    Uma maneira de diminuir essas perdas pelo desenvolvimento de

    fertilizantes de liberao lenta, onde a ureia encapsulada em espcies inertes e

    biodegradveis, pelo qual a liberao de nitrognio para o solo controlada devido a

    difuso atravs do revestimento, acarretando em um tempo muito maior de liberao

    de nutrientes se comparado com a ureia convencional (XIAOYU et al., 2013).

    Outra forma de aumentar a eficincia dos fertilizantes aplicados aos

    solos sua formulao com argilominerais. Formulaes a base de argilominerais que

    apresentam natureza coloidal, alto poder de adsoro e facilidade de mudar sua rea

    superficial, podem provocar a reduo da lixiviao, fotodegradao e volatilizao

    desses fertilizantes (WANYIKA, 2014).

    O uso de fertilizantes de liberao lenta ou controlada tem como intuito

    oferecer s plantas os nutrientes de forma progressiva por um tempo determinado,

    acarretando no aumento da eficincia e aproveitamento dos mesmos (CANTARELLA,

  • 2007). Os fertilizantes de liberao lenta so associados queles dependentes de

    decomposio microbiana, apresentando baixa solubilidade. J os de liberao

    controlada so revestidos ou encapsulados, onde o revestimento controla a entrada

    de gua, diminuindo a dissoluo do nutriente (TRENKEL, 2010). De acordo com

    Matos (2007), para os fertilizantes revestidos com polmeros ou resina, a taxa de

    liberao de nutrientes dependente da temperatura, pois provoca a elevao da

    camada do revestimento aumentando sua permeabilidade gua.

    Outro problema enfrentado com a ureia so seus atributos fsico-

    qumicos, que est relacionado com sua higroscopicidade, a qual uma tendncia da

    substncia de absorver humidade da atmosfera, onde para cada fertilizante existe

    uma humidade crtica em que o mesmo pode ser exposto sem que haja grande

    absoro de gua (ALCARDE et al.,1998; SAUCHELLI, 1960). Essa propriedade

    acarreta na reduo da fluidez do fertilizante, provocando seu empedramento, em que

    o aumento do tamanho do fertilizante, o uso de revestimentos e boas condies de

    estocagem so alternativas para minimizar esses efeitos (ALCARDE et al., 1998).

    2.2. Os Carreadores

    Peneiras moleculares so materiais que possuem estrutura rgida e

    porosa, formada por canais capazes de promover troca inica, adsoro, difuso

    seletiva e de separar componentes de uma mistura de acordo com o tamanho e forma

    das molculas. Esses materiais podem ser presentados por silicatos, metalossilicatos,

    metaloaluminatos, aluminofosfatos, silicoaluminofosfatos, metaloaluminofosfatos e

    zelitas (RUIZ, 2005; GIANETTO1, 1990 apud RUIZ, 2005).

    A estrutura de uma peneira molecular formada por uma extensa rede

    de tetraedros TO4, em que T pode ser Si4+ e Al3+, havendo ainda a ocorrncia de

    ctions capazes de ocupar os stios dentro da estrutura dos tetraedros, como Fe3+,

    1GIANETTO, G., Zeolitas: Caracteristicas, Propriedades y Aplicaciones Industriales,

    Caracas, Edit Editorial Innovacin Tecnologica (1990).

  • Mn2+, Mg2+ e Zn2+. As peneiras moleculares zeolticas possuem em sua estrutura uma

    carga global negativa (RUIZ, 2005).

    As zelitas so aluminosilicatos cristalinos, em que h a presena de

    oxignio ligado a dois tetraedros, onde a carga negativa da rede compensada por

    ctions trocveis ocupando os canais da zelita, onde esses canais so constitudos

    por anis de oito a dez membros (FERNNDEZ, 2004).

    A aplicao de zelitas uma alternativa para controlar a liberao dos

    nutrientes da ureia, isso se d devido a esses materiais possurem caractersticas

    como alta rea superficial e alta capacidade de troca de ctions (FERGUSON E

    PAPPER, 1987).

    Dentre as diversas zelitas de ocorrncia natural, a clinoptilolita, figura

    2, a mais estudada atualmente para uso na agricultura, uso justificado pela sua

    elevada afinidade com os ons NH4+, evitando assim a ao de microrganismos e

    perdas por volatilizao (REHKOV et al., 2004).

    Figura 2 - Esquema da estrutura da clinoptilolita.

    Fonte: HERNNDEZ et al., 2010.

    Eberl (2002), mostrou que a aplicao de uma mistura de zelita e

    ureia fertilizante ao solo resultaram na reduo da lixiviao do nitrato devido a

    mecanismos como armazenamento de ureia nos poros da zelita, dimunuio da

  • transformao de ureia em nitrato atravs e pela diminuio do processo de

    nitrificao pela adsoro da amnia na zeolita.

    Sepaskhah e Barzegar (2010) estudaram os efeitos do uso da

    clinoptilolita como condicionador do solo com o objetivo de reduzir o consumo de gua

    e de nitrognio na superfcie em plantaes de arroz em solo argiloso durante os anos

    de 2004 e 2005, onde a zeolita s foi aplicada no primeiro ano, porm seus efeitos

    prolongados tambm foram investigados no segundo ano. Foram avaliados a

    aplicao de 0, 2, 4 e 8 toneladas por hectare de zelita, em que para cada aplicao

    foram estudados a adubao de nitrognio correspondentes a 0, 20, 40 e 80 kg.ha-1.

    No ano seguinte foram aplicadas as mesmas quantidades de nitrognio sem novas

    adies de zelita. Nesse estudo concluiu que ao diminuir a taxa de aplicao do

    nitrognio maior a taxa de aplicao de zelita necessrio para melhorar o

    rendimento dos gros, ou seja o comportamento entre a quantidade de nitrognio e

    de zelita inversamente proporcional. A maior produtividade foi obtida para a

    dosagem de 80 Kg/ha de nitrognio usando como condicionador do solo o equivalente

    a 4 t/ha de clinoptilolita.

    Alm das zelitas, o uso de argilas, as quais possuem baixo custo, alta

    disponibilidade e boa capacidade de troca de ctions, podem promover a melhoria da

    eficincia da ureia no solo (PEREIRA, 2012).

    De acordo com Souza Santos (1989), as argilas so formadas por

    partculas de pequeno tamanho, os argilominerais, pelos quais possuem forma

    lamelar ou fibrosa e so quimicamente compostas por metalssilicatos de alumnio,

    ferro e/ou magnsio. Esse material quando umedecido com gua adquire certa

    plasticidade e aps secagem se torna dura e rgida, caso seja queimada a temperatura

    superior a 1000 C, adquire dureza de ao.

    Dentre os argilominerais a montimorilonita,

    [0,33M+(Al1,67Mg0,33)Si4O10(OH)2], um silicato cristalino lamelar composto por

    laminas altamente anisotrpicas separadas por finas camadas de gua. As faces de

    cada lamina possuem carga negativa, resultado das substituies isomrficas na

    camada 2:1 de Al+3 para Mg2+, acarretando em um espao vazio entre as mesmas,

    conhecido como canais ou espaamentos interplanares, atraindo ons como Ca2+ e

    Na2+. Sua elevada capacidade de troca de ctions, elevada rea superficial, forte

  • poder de adsoro e poder de inchamento quando em presena de gua tem feito

    com que esse argilomineral ganhe muitas aplicaes tecnolgicas (ZHOU; CHEN;

    JIANG, 2009). A figura 3, mostra uma representao da estrutura da montimorilonita.

    Figura 3 - Representao da estrutura da montimorilonita.

    Fonte: VIEIRA COELHO, A. C., SOUZA SANTOS, 2007.

    Ainda segundo Souza Santos (1989), a bentonita uma argila de

    granulao muito fina, composta predominantemente pelo argilomineral

    montimorilonita, pelo qual foi formado pela desvitrificao e subsequente alterao

    qumica de um material de origem gnea. Dentre suas caractersticas se destaca seu

    alto poder de inchamento atravs da absoro de gua.

    Se os ctions trocveis forem Na+, Li+, Ca+ a bentonita denominada

    sdica, de ltio ou clcica, respectivamente. Aquelas que o ction adsorvido

    predominante o sdio ou o ltio, adsorve continuamente vrias camadas de

    molculas de gua em meio aquoso, j as que o ction o clcio, podendo ser

    insolado ou conjuntamente com o magnsio, hidroxnio, potssio, ferro ou alumnio,

    a adsoro de mais camadas de gua no ocorre e o inchamento pequeno (SOUZA

    SANTOS, 1989).

    Pereira et al. (2012) sintetizaram um nanocompsito baseado na

    intercalao de ureia nas lamelas do argilomineral montimorilonita atravs do

    processo de extruso a temperatura ambiente. Por meio das caracterizaes

    realizada pelos autores foi confirmando que ocorreu esfoliao das lamelas do

  • argilomineral na matriz de ureia. Esse estudo comprovou que o material produzido

    apresentou uma dissoluo de ureia de forma mais lenta do que a comercial.

    Junejo et al. (2012), realizaram um estudo onde avaliaram os aspectos

    fsicos e qumicos da ureia revestida com agar, gelatina e palm stearing, adicionando

    tambm como micronutrientes inibidores de urease CuSO4 e ZnSO4. As

    caractersticas fsicas e qumicas foram avaliadas pelas tcnicas de FTIR, TG/DSC e

    MEV, onde foi constatado que no acorreram mudanas significativas se comparado

    com a ureia no revestida, onde isso se deu devido a pequena quantidade de

    revestimento, propriedades fsicas semelhantes e a no interao qumica entre eles.

    Ainda foi constatado a perda de 2% do N total na ureia revestida, resultado das perdas

    provocadas pelo processo de recobrimento.

    Xiaoyu et al. (2013), produziram um fertilizante de liberao lenta

    utilizando bentonita, um polmero orgnico e ureia em estado fundido, com o intuito

    de formar uma estrutura de rede tridimensional, obtendo-se um material com maior

    densidade de empilhamento, menor rea superficial e com uma velocidade de

    liberao de nutrientes inferior ao da ureia convencional. Com os resultados, foi

    constatado que 12g do novo fertilizante levou em torno de 14h para se dissolver em

    1l de gua, muito mais tempo do que a ureia convencional, pelo qual, segundo os

    autores, se dissolve em menos de 30min.

    Oliveira et al. (2014), estudaram as perdas de amnia por volatilizao

    oriundas de dez tipos de fertilizantes nitrogenados, revestidos e/ou compactados com

    ou sem enxofre e bentonita, durante 21 dias sobre condies controladas de

    temperatura de umidade. Os fertilizantes avaliados consistiam em: ureia pastilhada

    com sulfado de amnio, ureia pastilhada com enxofre elementar, ureia pastilhada com

    sulfato de amnio, enxofre e bentonita, ureia pastilhada com enxofre e bentonita e

    ureia pastilhada. Alm desses ainda foram avaliados cinco tipos de fertilizantes

    comerciais: ureia granulada, ureia com NBPT, ureia pastilhada com enxofre, ureia

    revestida com enxofre e sulfato de amnio em forma de cristal.

    Dentre eles, o que apresentou maior perda de 3 por volatilizao foi

    o fertilizante comercial a base de ureia e revestido com enxofre, apresentado perdas

    de 45,1%, equivalente a 90,2 kg ha-1 de N, para a dosagem de 200 kg.ha-1 de N. O

    que obteve menor perda foi a ureia pastilhada com enxofre e bentonita, com reduo

  • 21% de N volatilizado. Segundo os autores, esse fato se deu devido a presena do

    mineral, pelo qual, devido sua alta capacidade de troca de ctions, possibilitou a

    adsoro dos ons amnio resultantes da hidrolise da ureia.

    Wanyika (2014), avaliou a capacidade da montimorilonita de armazenar

    e controlar a liberao dos nutrientes provenientes da ureia, como fertilizante

    nitrogenado, e metalaxil, como pesticida. A intercalao entre as lamelas do

    argilomineral foi realizada pelas tcnicas de imerso simples e evaporao rotativa.

    Primeiramente Wanyika verificou qual o comportamento do argilomineral

    com partculas em torno de 2,9m de dimetro e com nanoparticulas, variando de

    ~550nm a 1,3m. Verificou-se que aquele com partculas de menor tamanho teve a

    capacidade de absorver mais ureia do que a com partculas maiores, fato justificado

    pela maior rea superficial, acarretando em mais espaamentos para a ureia se alojar.

    Contudo, ao verificar a cintica de adsoro, pelo qual obedeceu um equao de 2

    ordem, observou que a eficincia foi de 50%wt, onde, segundo o autor, parte da ureia

    foi adsorvida na superfcie externa da montmorilonita, com uma pequena parcela entre

    as lamelas da mesma. Por meio das anlises de difrao de raios-x (DRX),

    infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), volume de poros (BJH) e rea

    superficial (BET), Wanyika comprovou a intercalao tanto da ureia quando do

    metalaxil entre as lamelas da montmorilonita. Alm disso, da ureia presente entre as

    lamelas somente 80% foi liberada para o solo depois de 10 dias, comprovando assim

    sua aplicabilidade para esses sistemas.

  • Capitulo 3

    Materiais e Mtodos

  • 29

    3. MATERIAIS E MTODOS

    Em resumo as etapas seguidas desde o recebimento das matrias

    primas at a avaliao agronmica dos fertilizantes formulados, foram realizados

    conforme o fluxograma apresentado na figura 4:

    Figura 4 - Fluxograma de execuo do procedimento experimental.

  • 30

    3.1. Formulao dos Fertilizantes

    3.1.1. Preparao dos carreadores inorgnicos.

    A formulao dos carreadores inorgnicos foi realizada atravs da

    compactao das misturas em forma de pastilhas, possuindo 7mm de dimetro e 4mm

    de espessura. Foram usados dois tipos de argilominerais, a bentonita (argila) e a

    clinoptilolita (zelita), denominados de carreadores.

    As esferas de ureia foram submetidas a um triturador, enquanto que os

    argilominerais macerados com o uso de almofariz e pistilo. Ambos foram separados

    em uma peneira de 45 mesh, 0,354 mm de abertura. O material peneirado foi

    misturado seguindo as propores mssicas apresentados na Tabela 1, adquirindo o

    aspecto da Figura 5 (a).

    Tabela 1 - Propores em massa dos componentes e nomenclatura dos fertilizantes

    formulados.

    Proporo em massa Nomenclatura

    Bentonita Clinoptiolita Ureia

    1 0 4 B1U4

    1 0 8 B1U8

    1 0 16 B1U16

    0 1 4 Z1U4

    0 1 8 Z1U8

    0 1 16 Z1U16

    0 0 TODO Ureia Pastilhada

    A mistura carreador:ureia, foi adicionado uma soluo de

    polivinilpirrolidona (PVP) em lcool etlico com concentrao de 0,05g/L e levada a

    uma estufa com circulao de ar, a 40C por 10 horas, para evaporao de todo o

    lcool presente. Essa soluo de PVP teve o objetivo de proporcionar a granulao

  • 31

    da mistura para que a mesma consiga fluir durante o processo de compactao,

    fazendo com que cada pastilha tenha aproximadamente a mesma massa.

    A concentrao da soluo de PVP/lcool adicionada foi determinada

    com testes experimentais, em que se chegou a menor proporo capaz de possibilitar

    a granulao, onde %wt final de PVP na mistura foi de 1,3%. A tabela 2 mostra as

    solues de PVP testadas e sua frao mssica final na massa carreador/ureia.

    Tabela 2 - Solues de PVP testadas.

    Concentrao da soluo

    de PVP (g/L) Massa de fertilizante (kg)

    Frao mssica do PVP

    no fertilizante

    0,2

    1,5

    5,2

    0,1 2,6

    0,05 1,3

    0 0

    Aps seco, a mistura adquire um aspecto rochoso, conforme figura 5 (b),

    esse material levado para um granulador oscilante, figura 6 (a), com uma malha de

    1mm de abertura. Em um misturador tipo V, figura 6 (b), adicionado ao contedo

    aps granulao, 2%wt de talco em p e 1%wt de estearato, os quais tem a funo

    de reduzir a absoro de umidade e lubrificar as paredes da compressora,

    respectivamente. Aps misturado por 10 minutos, o material foi levado a uma

    compressora rotativa, figura 6 (c).

    Com o intuito de avaliar o efeito desses aditivos, em especial o PVP no

    controle da disponibilizao de nitrognio para o solo, foram formulados pastilhas

    utilizando somente ureia e os aditivos em sua composio, recebendo o nomenclatura

    de Ureia Pastilhada, como foi listado na tabela 1.

  • 32

    (a) (b)

    Figura 5 - a) Mistura Bentonita:Ureia; b) Mistura Bentonita:Ureia aps evaporao do

    lcool presente na soluo de PVP usando uma estufa.

    (a) (b) (c)

    Figura 6 - Equipamentos utilizados para a formulao dos fertilizantes com

    carreadores inorgnicos: a) Granulador Oscilante; b) Misturador Tipo V; c)

    Compressora rotativa.

    A metodologia foi utilizada para todas as propores propostas tanto

    para a bentonita quanto a clinoptilolita. A compressora utilizada, possui a capacidade

    de compactar 6 gramas por minuto e equipada com punes do tamanho e forma

    desejados. Cada comprimido formulado possuiu uma massa de aproximadamente

    150mg.

  • 33

    3.2. Caracterizaes dos Fertilizantes

    As caracterizaes tiveram como intuito conhecer os aspectos fsicos,

    qumicos e morfolgicos das matrias primas utilizadas (bentonita, clinoptilolita,e

    ureia), assim como dos fertilizantes formulados. Essas informaes so fundamentais

    para possibilitar correlaes entre o comportamento dos fertilizantes e suas

    caractersticas.

    3.2.1. Fluorescncia de raios-X.

    A anlise qumica, fornece a natureza qumica do sistema de interesse,

    apontando a presena de impurezas, como quartzo, xidos e hidrxidos de ferro e de

    alumnio, matria orgnica, entre outros que podem influenciar no processamento do

    material (SOUZA SANTOS, 1989).

    A fluorescncia de Raios-x (FRX) um mtodo de anlise qumica no

    destrutivo, o qual utiliza raios-x, com comprimentos de onda que variam entre 10nm a

    0,01nm, para excitar uma amostra, provocando a emisso de raios-x fluorescentes

    caractersticos dos elementos presentes. (PARREIRA, 2006). A bentonita e a

    clinoptilolita foram submetidos a esse ensaio, o qual possibilitou conhecer quais os

    componentes presentes em sua estrutura e a identificao de possveis

    contaminantes capazes de modificar suas propriedades esperadas. As analises foram

    realizadas em um Espectrmetro de Fluorescncia de Raios-x, modelo Shimadzu

    EDX-720.

    3.2.2. Determinao da rea superficial e do volume de poros pelos

    mtodos BET e BJH

    O mtodo de BET (Brunauer-Emmett-Teller) uma metodologia utilizada

    para determinao da rea superficial de um slido atravs da adsoro de um gs,

    normalmente o nitrognio, na superfcie da amostra em estudo. Conhecendo a

  • 34

    quantidade de gs adsorvido e o volume ocupado por uma molcula do mesmo,

    possvel calcular a rea da superfcie do slido.

    A quantidade de gs adsorvido, a uma temperatura fixa, caracterizada

    por uma isoterma em funo da razo P/P0, em que P a presso parcial do gs e P0

    sua presso de vapor, em que a quantidade de gs adsorvido cresce com o aumento

    da razo P/P0.

    A equao de BET (Brunauer-Emmett-Teller), equao 1, pela qual se

    baseia na teoria de Langmuir, possibilita a determinao do volume de nitrognio

    adsorvido.

    (0)=

    1

    +

    (1).

    0 (Equao 1)

    Em que, C uma constante para cada sistema e temperatura, P a

    presso parcial do gs, P0 a presso de vapor do gs, Vt o volume de gs

    adsorvido e VmC o volume de gs adsorvido na monocamada.

    O volume de gs adsorvido na monocamada, VmC, e a constante, C, so

    determinados atravs da inclinao e interseco da reta obtida no grfico de P/Vt(P0-

    P) em funo de P/P0, em que:

    =1

    (+) (Equao 2)

    = 1 +

    (Equao 3)

    Com isso, a rea superficial especfica, SBET (m2.g-1), calculada pela

    equao 4, em que a corresponde a rea ocupada por uma molcula de nitrognio,

    adotando-se 16,2 2, N o nmero de Avogrado, 6,02.1023, e Vmol o volume molar.

    =

    (Equao 4)

  • 35

    Aplicando-se o mtodo de BJH (Barrett-Joyner-Halenda) possvel se

    conhecer a distribuio do tamanho do poro. Esse mtodo se baseia na existncia de

    uma camada adsorvida na parede do poro preenchida com o adsorbato condensado

    e esvaziado (SANTANA et al., 2012). O volume do poro calculado por:

    = ( ) (Equao 5)

    Em que Vx o volume de mesoporos, Vi o volume lquido adsorvido,

    Ri um coeficiente adimensional que relaciona o volume de adsorbato evaporado com

    o volume do poro em que ocorreu a dessoro e Bi um termo de correo.

    Amostras da bentonita e da zelita foram submetidas anlise de rea

    superficial e volume de poros pelos mtodos BET/BJH, que foram realizados no

    equipamento Micromeritics ASAP 2020, em que as amostras foram previamente

    submetidas a tratamento trmico para remoo de umidade e impurezas pela

    elevao da temperatura at 350C, a uma taxa de 5C/min, a partir de ento, as

    amostras foram submetidas adsoro fsica de nitrognio a uma temperatura de

    aproximadamente -196C, em que so obtidas isotermas de adsoro, atravs da

    medio da quantidade de gs adsorvido para valores crescentes de presso at se

    obter uma saturao, e uma isoterma de dessoro, aquecendo a amostra.

    3.2.3. Dessoro a Temperatura Programada de NH3 (DTP)

    A dessoro a temperatura programada (DTP) de amnia uma tcnica

    utilizada para se conhecer, quantificar e inteirar-se dos stios cidos presentes nas

    superfcies das amostras slidas. Essa tcnica baseia-se na adsoro atravs do fluxo

    do adsorvado, seguida de uma termodessoro.

    Para o teste de DTP em NH3, foram utilizadas 100mg para cada

    carreador. Primeiramente eles foram submetidos limpeza e tratamento das

    amostras, o qual tem o intuito de remover impurezas. Em seguida a amostra

    colocada em contato com um fluxo de gs He a 50mL/min e aquecidas at 200C. Em

  • 36

    seguida a mostra colocada em contato com a amnia diluda em He (10% NH3/He)

    por 30 minutos a uma vazo de 50mL/min, nessa etapa ocorre a adsoro das

    molculas de NH3, aps essa etapa passado um fluxo de gs He, tambm a

    80mL/min, para a retirada da amnia no adsorvida e realizado um novo aquecimento

    at a temperatura de 500C, onde registrado a dessoro. Essas anlises foram

    realizadas a taxa de aquecimento de 10, 15 e 20C/min.

    3.2.4. ndice de plasticidade e limite de liquidez

    Foram determinados os ndices de plasticidade dos argilomineirais,

    seguindo a NBR 6459, pela qual descreve o procedimento para determinao do limite

    de liquidez, a NBR 7180, correspondente ao limite de plasticidade, assim como a NBR

    6457 que se refere sobre a preparao das amostras para os ensaios. De acordo com

    a norma o ndice de plasticidade (IP) determinado pela equao 6:

    = (Equao 6)

    Em que LL o limite de liquidez e LP o limite de plasticidade.

    Segundo a NBR 6459 o limite de liquidez a quantidade de umidade do

    solo onde o mesmo muda de um estado com aspecto lquido para um estado de

    aspecto plstico. Esse teste realizado com o auxlio do aparelho de Casagrande,

    figura 7, na qual uma mistura homognea de argila com gua colocada no aparelho

    de modo a ocupar 2/3 da superfcie da concha.

  • 37

    Figura 7 - Representao esquemtica do aparelho de Casa Grande.

    Fonte: NBR 6459

    Com o uso de um cinzel se faz uma ranhura no meio da massa

    separando-a em aproximadamente duas partes iguais. Gira-se a manivela do aparelho

    a uma velocidade de duas batidas por segundo, at as partes se encostarem,

    fechando a abertura.

    Retira-se uma pequena quantidade do material e leva-se para uma

    estufa, obtendo o valor da massa mida, seca, a quantidade de gua e o nmero de

    batidas necessrio para haver o fechamento da ranhura naquela amostra. Esse

    procedimento repetido para intervalos de batidas especificados pela norma, com os

    resultados se constri um grfico relacionando o nmero de batidas com o teor de

    umidade, onde atravs da equao do grfico se conhece o teor de umidade para 25

    batidas, esse valor corresponde ao limite de liquidez do material.

    Para determinao do limite de plasticidade coloca-se a amostra da

    argila em um recipiente, adiciona-se gua at se obter uma massa homognea capaz

    de ser moldada em forma de um cilindro sem ranhuras com 3mm de dimetro e 10 cm

    de comprimento. Cinco cilindros devem ser moldados e levados a aquecimento at

    evaporar toda a umidade. O limite de plasticidade corresponde mdia dos teores de

    umidade das amostras.

  • 38

    As amostras iniciais da bentonita e da zelita foram submetidas a essa

    anlise, que foi realizada no Laboratrio de Processamento Cermico do Programa

    de Ps Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais da Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte.

    3.2.4. Difrao de raios-X.

    Para se conhecer as fases cristalinas presentes nas amostras, assim

    como do fertilizante formulados, realizou-se o teste de Difrao de Raios-X (DRX).

    Essa tcnica baseia-se na incidncia raios-x sobre a amostra, que devido ao seu

    comprimento de onda, possui a capacidade de penetrar no material e ser difratado ao

    se chocar com os tomos do mesmo. A forma como esses feixes so difratados

    permite a determinao do arranjo dos tomos na rede. A lei de Bragg, equao 7,

    relaciona o ngulo de difrao e a distncia entre os planos (ALBERS et al., 2002).

    = 2 (Equao 7)

    Em que,

    n = nmero inteiro.

    = comprimento de onda dos raios-x incidentes.

    d = distncia interplanar

    = ngulo de difrao

    Os ensaios de DRX foram realizados em um Difratmetro de Raios-X

    com velocidade do gonimetro de 5/min, radiao CuK ( = 1,54 ), com 40kV, 30

    mA e 2 de 5 a 70. Todas as matrias primas usadas (clinoptilolita, bentonita, ureia,

    talco e estearato), assim como os fertilizantes produzidos foram submetidos a este

    ensaio na forma de p. Para a identificao das fases presentes nos argilominerais,

    foi utilizado o software PANalytical X'Pert HighScore.

  • 39

    3.2.5. Espectrofotometria de infravermelho por transformada de Fourier.

    A espectrofotometria de infravermelho por transformada de Fourier

    (FTIR) um mtodo fsico para determinaes de bandas de energia relacionados

    estrutura molecular e ligaes qumicas. Baseia-se na teoria que a maioria dos

    compostos apresentam absoro de radiao em regies de frequncia especfica,

    que variam de acordo com a estrutura, composio e o modo de vibrao das

    molculas, pelo qual quantificado atravs da capacidade do elemento de absorver,

    transmitir ou refletir radiao infravermelho.

    O FTIR oferece uma elevada sensibilidade, resoluo e rapidez de

    registro, o que poder facilitar identificar possveis interaes entre os constituintes da

    ureia com as estruturas das fases correspondentes a clinoptilolita e a bentonita. Os

    espectros foram obtidos atravs de um espectofotmetro de infravermelho por

    Transformada de Fourier, modelo IRAffinity, fabricado pela Shimadzu, com uma

    resoluo de 4cm-1 e uma faixa de 400 a 4000 cm-1 com 32 varreduras, no modo de

    transmitncia. Para isso as amostras em p foram misturadas com KBr e, com o uso

    de um molde adequado e uma prensa, formado pastilhas que foram analisadas.

    3.2.6. Anlise termogravimtrica e calorimetria exploratria diferencial.

    A termogravimetria uma anlise em que a variao de massa da

    amostra quantificada em funo de um aquecimento programado a uma atmosfera

    adequada. A perda de massa, quando a amostra se torna instvel termicamente

    iniciando a liberao de volteis, caracterizada pelas temperaturas inicial e final de

    decomposio, em que a temperatura de pico, ponto de inflexo da curva (TG),

    identificado como o instante em que a massa varia rapidamente (PEREIRA, 2013).

    Atravs da tcnica de Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC) so

    identificadas alteraes fsicas, como transies de fase, e qumicas, como reaes

    capazes de provocarem efeitos trmicos, onde esses feitos podem ser de carter

    endotrmicos ou exotrmicos, identificados com curva para baixo ou para cima,

    respectivamente (IONASHIRO; GIOLITO, 2004).

  • 40

    A ureia foi submetida s anlises de TG/DSC atravs de uma

    termobalana, modelo STA 449 F3 da Netzsch, com uma temperatura inicial e final de

    30C e 300C, respectivamente, taxa de aquecimento de 10C/min e atmosfera de ar

    sinttico com uma vazo de 60mL/min. Todas as amostras de fertilizantes formulados

    tambm foram submetidas a essa mesma metodologia, porm com uma temperatura

    final de 500C, visto que os argilominerais apresentam maior resistncia trmica.

    Com o intuito de se conhecer o comportamento trmico da ureia quanto

    a formao do biureto, amostras de ureia foram submetidas a aquecimento por 1h em

    uma estufa com circulao de ar nas seguintes temperaturas: 120, 140, 160 e 180C.

    Aps recristalizao a temperatura ambiente essas amostras foram submetidas as

    anlises de TG/DSC sobre as mesmas condies estabelecidas para todos os

    fertilizantes e comparado seus respectivos comportamentos.

    3.2.7. Microscopia eletrnica de varredura (MEV) e Espectometria de

    energia dispersiva de raios- x (EDS)

    A microscopia eletrnica por varredura (MEV), uma tcnica

    amplamente utilizada na cincia dos materiais, a qual permite a caracterizao

    microestrutural da amostra.

    O MEV capaz de produzir imagens de alta ampliao e resoluo,

    nessa tcnica a superfcie da amostra a ser analisada bombardeada e varrida por

    feixes de eltrons por um filamento de tungstnio mediante a aplicao de uma

    diferena de potencial. Como resultado a mostra emite uma srie de radiaes, como

    eltrons secundrios, retroespelhados e ftons, os quais so captados por um

    detector, o sinal interpretado formando a imagem correspondente.

    O EDS um acessrio instalado na cmara de vcuo do MEV, o qual

    capta a energia associada s variaes de acelerao dos eltrons, possibilitando se

    determinar quais os elementos qumicos presentes em determinados pontos da

    amostra.

    Uma superfcie de fraturada dos fertilizantes formulados foram

    analisados no microscpio eletrnico de varredura de eltrons secundrios do

  • 41

    Laboratrio de Ensaios de Materiais (LabMat), do Centro de Tecnologia do Gs e

    Energia Renovvais (CTGAS-ER).

    3.3. Avaliao Agronmica

    3.3.2. Determinao do perdido por volatilizao

    Com o intuito de avaliar as perdas de 3 por volatilizao,

    provenientes das misturas de ureia compactada com bentonita, ureia compactada

    com a clinoptilolita, e ureia pura compactada com os aditivos realizou-se um

    experimento em casa de vegetao, nos meses de julho a agosto, utilizando a

    metodologia de captura de 3 calibrada por ARAJO et al. (2009) de coletor semi-

    aberto esttico, figura 8.

    Figura 8 - Esquema de cmara coletora com sistema semi-aberto livre esttico

    (SALE), adaptado e calibrado por ARAJO et al., 2009.

    Fonte: Autor

  • 42

    A cmara semi-aberta livre esttica (SALE) composta por uma garrafa

    de politereftalato de etileno (PET), sem a base, com volume de 2l e rea da base de

    0,008m2. No interior da garrafa acondicionado o sistema absorvedor de amnia, o

    qual constitudo por: uma lmina de espuma de poliuretano, com 3mm de espessura,

    2,5 cm de largura e 25 cm de comprimento, frasco plstico de 50ml contendo 10ml da

    soluo absorvedora, constituda por uma soluo de H2SO4, 1mol dm-3 mais glicerina

    (2% v/v), um fio rgido de aproximadamente 1,5 mm de dimetro, o qual suspende

    verticalmente a espuma que estar em contato com a soluo absorvedora contida

    dentro do frasco. A espuma comprimida no frasco de maneira a absorver boa parte

    da soluo, e acondicionada no mesmo, de maneira fechada, at ser levado ao solo,

    figura 9.

    Figura 9 - Esquema dos potes com a soluo absorvedora e espuma de poliuretana

    antes de ser levado casa de vegetao.

    O solo utilizado foi o Planossolo Hplico de textura arenosa, pelo qual foi

    coletado da camada superficial com profundidade de 0-20cm. O mesmo, por estar

    mido no dia da coleta, foi seco ao ar, destorroado e peneirado com uma malha de

    4mm de abertura.

    Com o objetivo de potencializar a ao da enzima urease sobre os

    fertilizantes, o solo foi submetido calagem, metodologia responsvel pela elevao

    do pH de 5,5 para 6,5, obedecendo a curva de neutralizao proposta por

  • 43

    STEFANATO (2009). Para tal procedimento o solo foi homogeneizado com uma

    dosagem de calcrio 100% PRNT, adicionou-se gua referente a 70% da sua

    capacidade de campo e encubado por 20 dias, coberto com uma lona plstica

    protegido de iluminao, at que o pH se estabilizasse em 6,5.

    Oito quilogramas de solo com o pH corrigido e completamente seco foi

    adicionado em bandejas plsticas, unidades experimentais, com 0,1m2 e 10cm de

    profundidade, as quais foram colocadas em bancadas dentro da casa de vegetao.

    O experimento foi composto por 51 unidades experimentais, figura 10,

    avaliando oito tipos de fertilizantes: B11U4, B11U8, B11U16, Z1U4, Z1U8, Z1U16,

    ureia pastilhada, ureia perolizada como referncia e solo sem adubao como

    controle. Para cada um dos fertilizantes foram estudadas duas dosagens equivalentes

    a 100 e 200 kg.ha-1 de N, com trs repeties, adotando-se um delineamento

    experimental inteiramente casualizado, em que a distribuio das unidades

    experimentais ocorreu de maneira aleatria.

    O teor de nitrognio presente em cada fertilizante, foi determinado por

    um analisador de nitrognio/protena, Rapid N exceed. O conhecimento da

    porcentagem de nitrognio presente em cada tratamento fundamental para se

    determinar a massa de fertilizante necessria para a dose de nutriente a ser aplicada.

    Figura 10 - Demonstrao das unidades experimentais

  • 44

    Com o intuito de potencializar a ao da enzima urease presente no solo,

    foi adicionado a cada bandeja um volume de gua correspondente a 70% da

    capacidade de campo do solo, o qual foi mantido entre 50 e 70% durante todo o

    procedimento experimental. Posteriormente, os fertilizantes foram distribudos

    manualmente sobre cada bandeja, respeitando a dosagem de 100 e 200 kg/ha-1 de N,

    devidamente identificada, de maneira uniforme na superfcie do solo, onde em seguida

    foram colocadas as armadilhas, figura 11.

    (a) (b) (c)

    Figura 11 - a) Distribuio da ureia na superfcie da unidade experimental; b)

    distribuio da B1U4 na superfcie da unidade experimental; c) Implementao dos

    coletores semiaberto estticos.

    Os mtodos de quantificao do 3volatilizado podem ser diretos ou

    indiretos. No direto ocorre a captura da amnia volatilizada, podendo ser

    procedimentos micrometeorolgicos ou de incubao, correspondendo ao fechado-

    esttico, fechado-dinmico ou semi-aberto esttico. J o indireto se baseia no balano

    isotpico de 15N (ARAJO, 2008). Dentre esses mtodos o que melhor quantifica o

    nitrognio amoniacal volatilizada o micrometeorolgico e o balano isotpico 15N,

    porem essas metodologias so de elevado custo e de difcil aplicabilidade em campo,

    sendo ento aplicadas somente para calibrao das outras formas de quantificao.

    Dentre as metodologias de quantificao de 3 volatilizado, a que

    melhor se aplica sem influenciar drasticamente as condies na superfcie do solo,

    como temperatura, presso vapor e umidade, o sistema de incubao semi-aberto

    esttico (ARAJO, 2008; LARA E TRIVELIN, 1990), metodologia proposta por Nnmik

  • 45

    (1973), modificada por Lara e Trivelin (1990) e Lara et al. (1999) e adaptada e

    calibrada por Arajo et al. (2009).

    Durante os seis primeiros dias, onde normalmente esperado que

    acorram os picos de volatilizao, foram utilizadas em cada bandeja duas armadilhas,

    as quais eram movimentados aps cada coleta, objetivando diminuir possveis

    variaes experimentais. A partir do 7 dia, uma delas foi removida de cada unidade

    experimental, tendo em vista que a partir de ento as taxas de volatilizao so

    bastante reduzidas. As coletas consistiam na troca dos potes com a soluo

    absorvedora e espuma, figura 12, e foram feitas diariamente durante seis dias, sendo

    espaada para dois dias de intervalo at a 15 coleta e aumentado para trs at a 18

    e ltima coleta, totalizando um ms de experimento. A anlise na amnia volatilizada

    foi realizada de acordo com o proposto por ARAJO et al. (2009).

    Figura 12 - Esquema das coletas com a troca das espumas e potes de soluo

    coletora.

  • 46

    As espumas coletadas so novamente acondicionadas no frasco, pelo

    qual adicionado 30 ml de gua destilada, agitado e pesado. Uma alquota de 10 ml

    removida a analisado por meio de destilao proposta por Tedesco et al (1995).

    alquota de 10ml adicionado 20ml de soluo diluda de NaOH (35%), responsvel

    pela alcalinizao da soluo como mostra a equao 8:

    4+ + 3 + 2 (Equao 8)

    Durante a destilao o vapor de gua provoca a volatilizao de amnia.

    No condensador a equao 9 ocorre no sentido da direta para a esquerda, em que o

    condensado recolhido em soluo indicadora de cido brico:

    33 + 23

    + 2 (Equao 9)

    A titulao ento realizada com soluo diluda de aproximadamente

    0,025M de H2SO4.

    + + 23_ 33 (Equao 10)

    Um indicador misto de verde de bromocresol e vermelho de metila em

    cido brico possibilita a mudana de cor no intervalo de pH entre 4,8 e 5,6 durante a

    titulao.

    Detendo os pesos dos frascos antes e depois de exposto a superfcie do

    solo com o fertilizante, o teor de Nitrognio volatilizado para cada coleta determinado

    pela equao:

    = 24 ([24]) (

    )

    (Equao 11)

  • 47

    Em que 24 corresponde ao volume de cido necessrio para

    a titulao, MN corresponde a massa atmica do nitrognio, [24] a normalidade

    do cido usado na titulao e representa o volume soluo aps adio da

    gua, considerando a densidade igual a 1.

    De acordo a calibrao realizada por ARAJO (2008), para se obter a

    quantidade real de 3, volatilizado deve-se multiplicar a quantidade absorvida pelo

    coletor SALE e calculada pela equao 12, pelo fator multiplicativo 1,49. Alm disso,

    sabendo-se que a massa de nitrognio volatilizado obtido em cada coletor

    correspondente a rea da base da garrafa, 0,008 m2, e conhecendo-se a rea da

    superfcie da bandeja, 0,1 m2, necessrio aplicar um fator de correo para se

    extrapolar esse resultado para toda a rea da unidade experimental. Admitindo-se VB,

    como o volatilizado em toda a bandeja e VP como o volatilizado na rea da base da

    garrafa PET, temos:

    =

    (Equao 12)

    =0,1

    0,008

    = 12,5

    Portanto, para cada teor de nitrognio volatilizado aplicado um valor

    de correo de 12,5.

  • Capitulo 4

    Resultados e Discusses

  • 49

    4. RESULTADOS E DISCUSSES

    Os fertilizantes obtidos a partir do processo de compactao em

    compressora rotativa, figura 13, apresentaram rapidez de produo, uniformidade

    entre o tamanho e massa de todas as pastilhas, as quais variaram em torno de 150 e

    160mg, alm de facilidade de manuseio e armazenamento.

    Figura 13 - Fertilizantes formulados por compactao em compressora rotativa.

    Com o objetivo de conhecer um pouco sobre a resistncia quanto a

    dissoluo das pastilhas formuladas, cada uma foi colocada em um bquer contendo

    10ml de gua destilada e observado com quanto tempo cada fertilizante comea a se

    desfazer. Para a amostra de ureia foi adicionado 150mg no backer com gua, massa

    equivalente de cada pastilha, figura 14 (a).

    As pastilhas desenvolvidas com a bentonita se desfizeram

    completamente com apenas 40 minutos de imerso, figura 14 (b), com exceo da

    formulao B1U16 que apresentou ser mais resistente do que as demais. A

    propriedade das bentonitas de absoro de gua e inchamento faz com que os

    fertilizantes com esse argilomineral possuam muita afinidade com a gua.

    Os fertilizantes formulados com a clinoptilolita apresentam uma maior

    resistncia, em que para todas as composies, Z1U4, Z1U8 e Z1U16, foi iniciado o

    desmanche das pastilhas somente aps 2h30minutos de imerso em gua, figura

  • 50

    14(c). Esse fato pode ser justificado pela caracterstica da zelita de possuir poros

    com dimetro fixo, que no incham, como a bentonita, ao serem solubilizados.

    Observa-se tambm que a formulao Ureia Pastilhada apresentou

    maior resistncia se comparado com B11U4 e B11U8, isso mostra que a soluo de

    PVP confere ao fertilizante maior controle da hidrolise do que a prpria bentonita.

    (a)

    (b)

  • 51

    (c)

    Figura 14 - Fertilizantes sob imerso de gua: a) Fertilizantes imediatamente aps

    ser adicionado ao backer com gua, b) Aps 40 minutos, c) Aps 2h30min.

    4.1. Caracterizaes

    4.1.1. Fluorescncia de raios-X.

    A tabela 3 mostra os resultados da caracterizao qumica por meio da

    tcnica de fluorescncia de raio-x para a bentonita e a clinoptilolita.

    Tabela 3 - Composio qumica da clinoptilolita e bentonita obtidos atravs da

    fluorescncia de Raios-x.

    Composio (%) Identificao

    Clinoptilolita Bentonita

    SiO2 68,73 65,54

    Al2O3 11,91 10,88

    Fe2O3 6,02 19,59

    MgO ---- 1,52

    CaO 9,3 0,79

    TiO2 0,8 1,11

  • 52

    K2O 2,73 0,17

    SrO ---- 0,17

    BaO 0,29 ----

    MnO 0,12 ----

    Contaminantes 0,23 0,23

    Os resultados obtidos para a bentonita indicaram forte presena de ferro,

    resultado das substituies isomrficas na camada 2:1 entre Al+3 por Fe+3 e Fe+2,

    atribuindo a argila usada uma colorao marrom. Alm disso observa-se a presena

    de clcio, caracterizando-a como clcica, possuindo assim baixa capacidade de

    inchamento na presena de gua.

    A Clinoptilolita apresenta uma composio qumica que se encaixa

    dentro das faixas de composio normalmente verificadas para este tipo de minrio,

    notadamente para os xidos SiO2 e Al2O3, confirmando a formula geral da clinoptilolita

    fornecida pela empresa que a disponibilizou como Na3K3[Al6Si30O72].20H2O.

    4.1.2. Adsoro de N2 pelos mtodos de BET/BJH e TPD-NH3.

    Os resultados dos ensaios de adsoro de N2 para determinao da rea

    superficial pelo mtodo BET, volume de poros pelo mtodo BJH e de dessoro de

    NH3 a temperatura programada (TPD- NH3) so apresentados na tabela 4.

    Tabela 4 - Resultados de BET, volume de poros e TPD-NH3 obtidos para a

    clinoptilolita e a bentonita.

    Amostra BET (m2g-1) Vporos

    (cm3g-1)

    TPD-NH3

    (mol NH3 g-1)

    Clinoptilolita 66 0,66 0,80

    Bentonita 124 0,23 0,08

  • 53

    Com esses resultados constatou-se que a clinoptilolita possui uma

    capacidade de adsoro de amnia dez vezes maior do que a bentonita. Isso se d

    devido ao fato da zelita possuir um volume de poros trs vezes maior do que a argila,

    comprovado pelo BJH, resultado do seu arranjo tridimensional, promovendo a

    distribuio de stios ativos capazes de interagir a absorver os ons NH4+.

    Com os resultados obtidos com o mtodo BET, certifica-se que a argila

    usada para a formulao dos fertilizantes dispe de uma rea superficial

    aproximadamente duas vezes maior do que a zelita. Contudo, os resultados

    apontaram que a porosidade possui maior influncia para a distribuio dos stios de

    adsoro do que a rea superficial, constatando que a clinoptilolita apresenta maior

    afinidade com a amnia do que a bentonita.

    4.1.3. ndice de plasticidade e limite de liquidez

    Na figura 15 identificado o valor encontrado para o limite de liquidez

    usado para o clculo do ndice de plasticidade. Devido a baixa plasticidade da zelita,

    no foi possvel seu manuseio, impossibilitando a determinao do limite de liquidez

    e de plasticidade. Na tabela 5 so apresentados os valores IP, LL, LP e sua

    classificao segundo Jenkins, para a amostra de bentonita.

    Figura 15 - Grfico do limite de liquidez para a bentonita.

    y = 0,0145x2 - 1,3546x + 165,46R = 0,9738

    130

    135

    140

    145

    150

    1 10 100

    Teo

    r d

    e u

    mid

    ade

    Log10 n de pancadas

    Srie1

    Polinmio (Srie1)

    = 140,6575%

  • 54

    Tabela 5 - ndice de plasticidade dos argilominerais.

    Argilomineral LL LP IP Classificao

    Bentonita 140,66 79,82 60,84 Altamente Plstica

    Clinoptilolita - - - -

    Os resultados mostram que a bentonita adequada para deformao

    plstica, enquanto que a zelita, como o j previsto devido ao seu arranjo molecular,

    no apresenta caracterstica de plasticidade. Contudo, para a tcnica adotada para a

    formulao dos fertilizantes, a falta de plasticidade no ser um fator excludente, a

    capacidade de troca de ctions e a possibilidade de interao com os ons amnia

    proveniente da ureia o principal fator para a escolha dos argilominerais,

    caractersticas que foram avaliadas pelas anlises de volume de poros, rea

    superficial e a quantificao dos stios cidos, onde a zelita demostrou ser mais

    adequada quanto a possibilidade de interaes com a ureia do que a bentonita.

    4.1.4. Difrao de raios-x.

    A argila, a zelita, a ureia, o talco e o estearato, usados na formulao

    dos fertilizantes, foram submetidas a anlises de difrao de raio-X separadamente

    com o intudo de se conhecer as fases constituintes das matrias-primas. As figuras

    16 (a) e 16 (b) correspondem a esses difratogramas:

  • 55

    (a)

    (b)

    Figura 16 - Difratogramas das matrias-primas para os carreadores inorgnicos. a)

    Bentonita e Clinoptilolita; b) Ureia, estearato e talco; onde M=montimorilonita;

    C=clinoptilolita.

  • 56

    Observa-se que nos dois argilominerais, as difraes das fases

    primrias e em predominncia so dos argilominerais esperados, montimorilonita para

    a argila e clinoptilolita para a zelita. Os difratogramas com picos bem definidos da

    ureia e do talco mostraram que ambos so materiais que apresentam elevada

    cristalinidade, enquanto que o estearato apresentou picos mais alargados e pouco

    definidos.

    O mesmo ensaio foi realizado para as amostras de fertilizantes

    formulados com a bentonita em diferentes concentraes de ureia: B1:U4, B1U8,

    B1U16. Seus respectivos difratogramas encontram-se na figura 17.

    Figura 17 - Difratogramas dos fertilizantes formulados usando bentonita como

    carreador, onde T= picos caractersticos do talco; U=picos caractersticos da ureia.

  • 57

    Devido a ureia ser o componente em maior proporo para todos os

    casos, seus picos caractersticos camuflam os dos outros componentes, sendo

    detectados somente os principais picos da ureia e apenas um trao do talco. Em todas

    as composies formuladas, observa-se o pico de difrao (2) similar ao da ureia,

    em torno de 22,46.

    Uma comparao da semelhana entre os picos da ureia e das amostras

    produzidas mostrado na figura 18, onde os difratogramas de todos os constituintes

    dos fertilizantes, assim como todas as formulaes, foram sobrepostos comprovando

    que os picos detectados so, na maioria, equivalentes aos da ureia.

  • 58

    (a)

    (b)

    (c)

    Figura 18 - Comparao entre os picos dos fertilizantes formulados com os das matrias primas.

    a

    b

    c

  • 59

    Analisando os difratogramas da figura 18, no evidenciado os picos

    referentes bentonita, com isso, para esse caso, no podemos afirmar se houve ou

    no intercalao da ureia nas lamelas da montimirilonita, pois essa afirmao s seria

    possvel caso ocorresse o deslocamento para menores de 2 do primeiro pico do

    mineral, onde comprovaria se ocorreu o afastamento do espaamento basal das

    lamelas do argilomineral.

    Quanto a zelita, se observa o mesmo comportamento encontrado na

    argila, onde os difratogramas das amostras formuladas evidenciam as fases presentes

    somente na ureia, figura 19. Uma comparao pico a pico para todas as formulaes

    tambm esquematizado na figura 20.

    Figura 19 - Difratogramas dos fertilizantes formulados possuindo como carreador a

    zelita

  • 60

    (a)

    (b)

    (c)

    Figura 20 - Comparao entre os picos dos fertilizantes formulados com os das matrias primas.

    a b

    c

  • 61

    Contudo, mesmo que no seja possvel evidenciar a intercalao da

    ureia nas lamelas da montimorilonita, devido a tcnica aplicada para a formulao dos

    fertilizantes espera-se que essa intercalao no tenha sido provocada, pois a

    compactao no um mtodo caracterstico de promoo da intercalao. J a

    clinoptilolita, devido a sua estrutura rgida, provavel que as partculas de ureia se

    alojem nas suas cavidades.

    Ainda possvel ocorrer a absoro da amnia pelos argilominerais a

    medida que ureia hidrolisada no solo, fato que pode ser constatado pela afinidade

    com ons NH4+, realizado pela tcnica de TPD de NH3, e pela avaliao agronmica.

    Ao comparar os difratogramas da ureia pastilhada com a ureia perolada,

    figura 21, obtemos resultados muito semelhantes, como j era previsto, com variaes

    observadas somente na intensidade dos picos.

    Figura 21 - Difratogramas da ureia e da patilha formulada sem carreadores.

  • 62

    4.1.5. Espectrofotometria de infravermelho por transformada de Fourier.

    Os espectros de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) dos

    componentes utilizados para a formulao das pastilhas de fertilizante se encontram

    nas figuras 22 (a) e (b). Para a ureia h a ocorrncia de picos caractersticos nos

    comprimentos 3449 e 3350 cm-1, correspondentes aos estiramentos simtricos e

    assimtricos, respectivamente, do agrupamento NH2, as vibraes a 1685 e 1607

    esto associadas deformao axial da ligao C=O da molcula da ureia (WANYKA,

    2014; XIAOYU, 2013). Em 1463, 1159, 789 e 554 cm-1 so relacionados aos

    agrupamentos HH, OH devido a absoro de gua, estiramento simtrico

    intratetraedros e interao atmica, respectivamente (SILVERSTEIN et al, 2007;

    RUIZ, 2005).

    Os picos em 3443, 3645cm-1, 1637 e 1640cm-1 presentes nos espectros

    da clinoptilolita e da bentonita so referentes a gua absorvida pela pastilha de KBr

    (RUIZ, 2005). Em 1063 e 1045cm-1 observam-se os picos relacionados a estiramentos

    assimtricos intratetraedos, enquanto que na bentonita se detecta o pico em 795cm-1

    associado a estiramentos simtricos intratetraedros de T-O-T, em que T pode ser Si,

    Al e/ou Fe. Na clinoptilolita ainda h a ocorrncia de um pico a 604cm-1 relacionado a

    organizao a curta distncia, resultado da estrutura desse carreador (RUIZ, 2005).

  • 63

    (a)

    (b)

    Figura 22 - Espectros de FTIR das matrias primas, onde (a) corresponde

    bentonita, clinoptilolita e ureia e (b) corresponde ao talco, o estearato e o PVP.

  • 64

    Para o PVP destacam-se os picos a 2957, 1661 e 1280cm-1, o primeiro

    est associado a estiramentos (C-H), o segundo ligao C-C, predominante no

    polmero, e o ltimo a ligao C-N presente nas aminas aromticas (SILVERSTEIN et

    al, 2007; PAVIA2, 1996 apud RUIZ, 2005). No talco se observa agrupamento a

    3675cm-1, resultado da absoro de gua, em 1010, 670 e 458 observam-se os picos

    associados a organizao inter intratetraedros, a slica tetradrica e ao estiramento

    assimtrico da ligao Si-O-Si, respectivamente, (COSTA, 2013; RUIZ 2005). Para o

    estearato h a ocorrncia de espectros em 2920 e 2846 cm-1 relacionados a

    estiramento (C-H), em 1581 cm-1 caracterstico do agrupamento C=O, enquanto que

    471, 1115 e 722 esto associados a deformao (C-H), ligao C-O e a ligao

    C-H, respectivamente (ROBERT et al, 2007; PAVIA3, 1996 apud RUIZ, 2005).

    Os espectros de FTIR para as amostras formuladas, possuindo como

    carreador a bentonita, so semelhantes ao espectro correspondente a ureia, como

    mostra a figura 23. Os picos entre 3445 e 3350 cm-1, presentes em todas as amostras,

    relacionados as vibraes de estiramentos simtricos e assimtricos do NH2, em que

    se observa um pequeno deslocamento do primeiro pico em relao ao da ureia. Os

    picos em 2914 e 2851 cm-1 coincidem com os detectados no estearato, referentes a

    estiramento (C-H) tambm apresentaram um pequeno deslocamento. Em 1678 e

    1619 cm-1, tambm observados na ureia, so equivalentes deformao axial da

    carbonila (C=O), referentes molcula de ureia ((NH2)2CO). Em 1463 e 1153 cm-1 so

    identificados os estiramentos relacionados aos agrupamentos HH e OH,

    respectivamente. Em 1034 cm-1, o qual identificado somente nos fertilizantes

    formulados (B1U4, B1U8 e B1U16) est relacionado a vibrao Si-O-Al, ligao

    presente no argilomineral (XIAOYU, 2013; WANYKA, 2014). Em 789 e 556 cm-1 ainda

    so detectados comprimentos de onda associados a estiramentos simtricos

    intratetraedos e organizao a curta distncia.

    2 PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G.M.; KRIZ, G. S.; Introduction to Spectroscopy, New York, Sanders College Publishing (1996)

  • 65

    Figura 23 - Espectros de FTIR para a ureia e as amostras produzidas com a

    bentonita.

    A figura 24 mostra os espectros obtidos para as amostras formuladas

    utilizando como carreador a clinoptilolita. Nela podemos observar que os espectros

    so semelhantes aos obtidos nas amostras com a bentonita, em que se observa os

    picos referentes a molcula de NH2 em 3424 e 3330 cm-1 e de C=O em 1672 e 1598

    cm-1, os picos relacionados aos estearato em 2920 e 2846 cm-1 associados aos

    estiramentos (C-H). 1463, 1154, 1007 e 785 cm-1 so relacionados dos

    agrupamentos H2, OH, organizao inter intratetraedros e estiramento simtricos

    intratetraedros, respectivamente.

  • 66

    Figura 24 - Espectros FTIR para os fertilizantes produzidos com a clinoptilolita.

    A ocorrncia de variaes pouco significativas entre os espectros em

    relao aos da ureia, comprova que no houveram interaes qumicas entre a ureia

    e os carreadores, talco, estearato e PVP. Alm disso, assim como o que ocorreu com

    as anlises na difrao de raios x (DRX), devido ao carreador e aos aditivos estarem

    presentes no fertilizante formulado numa proporo bem menor do que ao da ureia,

    seus picos caractersticos se camuflam os da ureia, tornando-se mais difcil sua

    deteco.

    Comparando ainda a ureia perolada e a ureia pastilhada, figura 25,

    observamos que todos o espectros so muito semelhantes ao da ureia, com exceo

  • 67

    dos picos de pequena intensidade em 2920 e 2856 cm-1 associados aos estiramentos

    (C-H), presentes na molcula de estearato de magnsio.

    Figura 25 - Espectros de Infravermelho das amostras de ureia perolada, ureia

    pastilhada e o estearato.

  • 68

    4.1.6. Anlise termogravimtrica e calorimetria exploratria diferencial.

    A figura 26 mostra as curvas de TG e DSC da ureia utilizada para a

    formulao dos fertilizantes. Observa-se que entre 130 e 225C h a ocorrncia do

    primeiro pico endotrmico, acarretando na decomposio de 50% de sua massa. De

    acordo com Todorava et al. (2011), esse primeiro estgio ocorre devido a

    decomposio da ureia em amnia e cido isocinico, equao 13.

    (2)2() 3() + () (Equao 13)

    Devido ao cido isocinico possuir elevada reatividade, o mesmo

    interage com a ureia em estado fundido, acima de 133C, formando o complexo

    biureto, equao 14 (BERNHARD et al., 2012).

    (2)2() + () 2 2 (Equao 14)

    Acima de 200C, o que corresponde ao segundo pico endotrmico,

    vrios subprodutos podem ser formados, porm, de acordo com Schaber et al. (2004),

    o de maior ocorrncia entre 190 e 250C o cido cianrico, equao 15, o qual se

    apresenta estvel acima de 250C.

    2 2() + () 3333 + 3 (Equao 15)

    Ainda de acordo com Schaber et al. (2004), acima de 193C, o biureto

    pode se decompor, formando ureia e cido isocinico.

  • 69

    Figura 26 - Curvas de TG e DSC da amostra de ureia.

    As curvas DSC e TG, figura 27 (a) e (b) respectivamente, referem-se as

    amostras de ureia previamente degradadas a 120, 140, 160 e 180C. Ao comparar a

    TG da ureia sem sofrer tratamento trmico, Tamb, observamos que as amostras que

    foram submetidas a 120, 140 e 180C possuem dois estgios de perda de massa,

    enquanto que a que sofreu tratamento a 160 e a ureia possuem somente um estgio

    de decomposio.

  • 70

    (a)

    (b)

    Figura 27 - Curvas de (a) DSC e (b) TG para amostras de ureia a temperatura

    ambiente e submetidas a tratamentos trmicos de 120, 140, 160 e 180C

  • 71

    Observa-se tambm que a perda de massa total da ureia a 300C foi

    inferior ao das amostras previamente aquecidas. Pode-se associar a perda de massa

    da ureia equivalente a formao de biureto,