121
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA –DEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS - PGCEM Formação: Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais DISSERTAÇÃO DE MESTRADO OBTIDA POR Fábio André Watanabe ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO RESIDUAL COMO AGREGADO NA CONFECÇÃO DE PAVIMENTOS DE CONCRETO Apresentada em 17/12/2004 Perante a Banca Examinadora: Prof. Dr. Enori Gemelli - presidente (UDESC) Prof. Dr. Nivaldo Cabral Kuhnen (UFSC) Profa. Dra. Marilena Valadares Folgueras (UDESC) Prof. Dr. Sivaldo Leite Correia (UDESC)

Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

  • Upload
    fabio

  • View
    4.024

  • Download
    2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO NA FABRICAÇÃO DE ARTEFATO DE CONCRETO (

Citation preview

Page 1: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA –DEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS - PGCEM

Formação: Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO OBTIDA POR

Fábio André Watanabe

ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO RESIDUAL COMO AGREGADO NA CONFECÇÃO DE PAVIMENTOS DE CONCRETO

Apresentada em 17/12/2004 Perante a Banca Examinadora: Prof. Dr. Enori Gemelli - presidente (UDESC)

Prof. Dr. Nivaldo Cabral Kuhnen (UFSC) Profa. Dra. Marilena Valadares Folgueras (UDESC) Prof. Dr. Sivaldo Leite Correia (UDESC)

Page 2: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA –DEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS - PGCEM

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Mestrando: FÁBIO ANDRÉ WATANABE – Engenheiro Mecânico

Orientador: Prof. Dr. ENORI GEMELLI

CCT/UDESC – JOINVILLE

ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO RESIDUAL COMO AGREGADO NA CONFECÇÃO DE PAVIMENTOS DE CONCRETO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA, CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT, ORIENTADA PELO PROF. DR. ENORI GEMELLI.

Joinville 2004

Page 3: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

3

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO - CPG

“Estudo sobre a utilização de areia de fundição residual como agregado na confecção de

pavimentos de concreto”

por

Fábio André Watanabe

Essa dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

na área de concentração "Cerâmica", e aprovada em sua forma final pelo

CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

DO CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Dr. Enori Gemelli (Presidente)

Banca Examinadora:

Dr. Nivaldo Cabral Kuhnen UFSC/SC

Dra. Marilena Valadares Folgueras UDESC/SC

Dr. Sivaldo Leite Correia UDESC/SC

iii

Page 4: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

4

FICHA CATALOGRÁFICA

NOME: WATANABE, Fábio André.

DATA DEFESA: 17/12/2004.

LOCAL: Joinville, CCT/UDESC.

NÍVEL: Mestrado Número de ordem: – CCT/UDESC.

FORMAÇÃO: Ciência e Engenharia de Materiais.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Cerâmica.

TÍTULO: Estudo Sobre a Utilização de Areia de Fundição como Agregado na Confecção de Pavimentos de Concreto.

PALAVRAS - CHAVE: Resíduo, Concreto, Pavimento, Areia de Fundição.

NÚMERO DE PÁGINAS: xi, 121 p.

CENTRO/UNIVERSIDADE: Centro de Ciências Tecnológicas da UDESC.

PROGRAMA: Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PGCEM .

CADASTRO CAPES: 4100201001P-9.

ORIENTADOR: Dr. Enori Gemelli.

PRESIDENTE DA BANCA: Dr. Enori Gemelli.

MEMBROS DA BANCA: Dr. Nivaldo Cabral Kuhnen, Dra. Marilena Valadares Folgueras, Dr. Sivaldo Leite Correia.

iv

Page 5: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

5

À minha esposa Elaine, meus filhos Igor e

Gabriela e aos meus Pais Paulo e Felícia que

sempre me apoiaram, ajudaram, investiram e

me incentivaram.

v

Page 6: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

6

AGRADECIMENTOS

� Ao Prof. Dr. Enori Gemelli, que como orientador e amigo soube cobrar, mas também

não mediu esforços em oferecer todas as condições necessárias à realização do presente

trabalho.

� À Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e ao Programa de Pós-

graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PGCEM pela realização do presente

trabalho.

� À empresa Menegotti Indústrias Metalúrgicas Ltda pelo fornecimento do resíduo

industrial utilizado nesse trabalho.

� À empresa Menegotti Máquinas e Equipamentos Ltda pelo fornecimento de máquinas

para confecção dos corpos-de-prova.

� A todos os professores do Curso de Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais,

que de uma forma direta ou indireta contribuíram para a realização desse trabalho.

� A Deus por tudo.

� Aos amigos, pelo apoio técnico e moral recebido durante o desenvolvimento desse

trabalho.

vi

Page 7: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

7

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

ABSTRACT ....................................................................................................................... 11

INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 12

Capítulo 1 Particularidades do Concreto........................................................................ 14

1.1 TIPOS DE CIMENTOS ............................................................................................. 16

1.2 DURABILIDADE DO CONCRETO.......................................................................... 18

1.3 PROCESSO DE ADENSAMENTO............................................................................ 19

1.4 AGREGADOS USADOS............................................................................................ 21

1.5 RELAÇÃO ÁGUA / CIMENTO ................................................................................. 25

Capítulo 2 Composição e Microestrutura do Cimento Hidratado ............................... 27

2.1 COMPOSIÇÃO DO CIMENTO ................................................................................ 27

2.2 HIDRATAÇÃO DO CIMENTO ................................................................................. 28

2.3 MICROESTRUTURA DO CONCRETO.................................................................... 30

2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE A PASTA E O AGREGADO.................................. 34

Capítulo 3 Composição da areia de fundição residual e sua utilização em concreto . 37

3.1 ASPECTOS GERAIS ................................................................................................. 37

3.2 COMPOSIÇÃO DA AREIA DE MOLDAGEM A VERDE ........................................ 41

3.3 UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO RESIDUAL EM ARGAMASSAS E CONCRETOS .................................................................................................................. 43

Capítulo 4 Outros Resíduos Sólidos Industriais Utilizados em Argamassas e Concretos............................................................................................................................ 49

4.1 RESÍDUO PROVENIENTE DA SERRAGEM DE MÁRMORE E GRANITO ........... 50 REFERÊNCIA ............................................................................................................ 51

4.2 RESÍDUO PROVENIENTE DO BENEFICIAMENTO DO ARROZ ......................... 52

4.3 RESÍDUOS VEGETAIS PROVENIENTES DE MATÉRIA-PRIMA E PROCESSOS INDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO..................................................................................... 55

4.4 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE GALVANIZAÇÃO....................... 59

4.5 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE AÇO ............... 60

4.6 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDUSTRIA TÊXTIL ............................................. 63

vii

Page 8: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

8

Capítulo 5 Materiais e Métodos Experimentais ............................................................. 64

5.1 MATERIAIS UTILIZADOS........................................................................................ 64

5.2 PREPARAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA ............................................................ 66 5.2.1 Fabricação de argamassa ................................................................................... 66 5.2.2 Fabricação de pavimento com equipamento dotado apenas de vibração .......... 67 5.2.3 Fabricação de pavimento com equipamento dotado com mecanismo de vibro-prensagem hidráulica................................................................................................... 67 5.2.4 Fabricação de pavimento com traço ajustado para melhor acabamento superficial em equipamento dotado com mecanismo de vibro-prensagem hidráulica 70

5.3 ENSAIOS DE COMPRESSÃO................................................................................... 71

5.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA.................................................. 71

5.5 ENSAIOS DE LIXIVIAÇÃO, ANÁLISE DE MASSA E SOLUBILIZAÇÃO............... 72

Capítulo 6 Resultados e Discussões.................................................................................. 73

6.1 ENSAIO GRANULOMÉTRICO DAS AREIAS .......................................................... 73

6.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DOS AGREGADOS............................................... 75

6.3 ENSAIO DE COMPRESSÃO..................................................................................... 78 6.3.1 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de argamassa ................................ 78 6.3.2 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de concreto fabricados em equipamento com vibração.......................................................................................... 79 6.3.3 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de concreto fabricados em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica ....................................... 81 6.3.4 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de traço comercial fabricados em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica ....................................... 82 6.3.5 Discussão da influência da inclusão do pó de pedra no resultado de ensaio de compressão dos pavimentos de concreto..................................................................... 84

6.4 ANÁLISE MICROESTRUTURAL DOS CORPOS-DE-PROVA................................ 88 6.4.1 Corpos-de-prova fabricados por vibração .......................................................... 88 6.4.2 Corpos-de-prova fabricados com vibro-compressão hidráulica......................... 91 6.4.3 Discussão da influência do equipamento e da areia de fundição no resultado do ensaio de compressão dos pavimentos de concreto..................................................... 93

6.5 ENSAIOS DE LIXIVIAÇÃO, ANÁLISE DE MASSA E SOLUBILIZAÇÃO.............. 95

viii

Page 9: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

9

Conclusão Geral................................................................................................................. 99

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 101

Anexos............................................................................................................................... 104

Anexo 1 - Origem dos pavimentos................................................................................. 104

Anexo 2 - Vantagens dos pavimentos de concreto ....................................................... 105

Anexo 3 - Aplicação dos pavimentos de concreto ........................................................ 108

Anexo 4 - Selo de qualidade para blocos e pavimentos ............................................... 113

Anexo 5 - Equipamentos para fabricação de blocos e pavimentos de concreto. ......... 116

Anexo 6 - Retorno de Investimento................................................................................ 118

Referências Bibliográficas dos Anexos .......................................................................... 121

ix

Page 10: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

10

RESUMORESUMORESUMORESUMO O objetivo deste trabalho foi de estudar a utilização de areia de fundição residual

não-fenólica na fabricação de pavimentos de concreto. A areia de fundição residual

(resíduo) foi fornecida pela empresa Menegotti Indústria Metalúrgica de Schoereder – SC e

é classificada como resíduo classe II, conforme norma NBR 10004. Foi estudada a

influência da concentração do resíduo nas propriedades mecânicas e nas características

microestruturais dos pavimentos fabricados por processo de vibração e por processo de

vibro-compressão. Os pavimentos foram fabricados em equipamentos industriais com

vários traços, e caracterizados através de ensaios de compressão, análise microestrutural e

ensaios de lixiviação, análise de massa e solubilização. Os resultados experimentais

mostraram que os pavimentos fabricados somente com vibração apresentaram menor

resistência mecânica do que aqueles fabricados com vibração associada com compressão,

independentemente da adição de resíduo. Além disso, a resistência mecânica dos

pavimentos fabricados com vibração tende a diminuir com a adição do resíduo enquanto

que sobre os pavimentos fabricados com vibro-compressão a resistência mecânica aumenta

com a incorporação do resíduo. As análises microestruturais mostraram que os pavimentos

fabricados com vibração apresentam vazios e formação de grandes cristais de Ca(OH)2 na

região de transição pasta/agregado; fato este que não é observado nos pavimentos

fabricados com vibro-compressão. No primeiro caso (com vibração), o resíduo (agregado

miúdo) aumenta a área especifica dos agregados e, portanto, a área de transição

pasta/agregado, resultando em um aumento de vazios e de cristais de Ca(OH)2. No

segundo caso (com vibro-compressão), a vibração associada à compressão diminui a

distância de transição pasta/agregado, eliminando assim a formação de vazios (exceto

porosidade) e a formação de grandes precipitados de Ca(OH)2. Com a adição de uma certa

concentração de resíduo de granulometria inferior do que os demais agregados, a vibro-

compressão proporcionou um melhor empacotamento das partículas; as menores

preenchendo melhor os espaços vazios das maiores. Com isso, teve-se um aumento da

resistência mecânica. Nos ensaios de lixiviação, análise de massa e solubilização, os

resultados mostraram que o resíduo não tem nenhuma influência negativa na concentração

dos elementos químicos analisados e, portanto, não apresenta impacto ambiental.

x

Page 11: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

11

ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT The aim of this work was to assess the addition of a residual foundry sand in

paving-stones production. The residue was provided by Menegotti Indústria Metalúrgica

from Schoereder/SC and is classified as class II residue, according to NBR 10004 Brazilian

code. It was studied the influence of this residue in the mechanical properties and in the

microstructural characteristics of the paving-stones produced by two industrial processes

carried out by two different machines. Each machine is equipped with a platform on which

were attached the moulds. Each composition of concrete was poured into the moulds and

then settled by vibration in one machine (V-process) or by vibration associated with

compression in the other (VC-process). It was produced paving-stones with many

compositions, which were investigated by mechanical tests, microstructural analysis and

leaching and solubilization tests. The experimental results showed that the paving-stones

processed by vibration have a lower mechanical strength than those produced by vibration

associated with compression, regardless the addition of residue. Furthermore, the

mechanical strength of the paving-stones produced by V-process tends to decrease with the

residue concentration whereas on the paving-stones produced by VC-process the

mechanical strength increases with the residue addition. The microstructural analyses have

shown that the paving-stones processed by vibration present high porosity and large

crystals of Ca(OH)2 at the interface paste/aggregate; a phenomenon that it is not observed

in the paving-stones produced by VC-process. In the first case, the residue increases the

specific area leading to an increase in the transitional specific area paste/aggregate and

consequently to a greater amount of porosity and large crystals of Ca(OH)2. In the second

case (VC-process), there is a decrease in the transitional distance paste/aggregate

decreasing the amount of porosity and preventing the growth of large crystals of Ca(OH)2,

thence improving the mechanical strength. The addition of residue, which has lower grain

size than that of the other aggregates leads to a better packing of the particles and thence to

a higher mechanical strength. The leaching and solubilization tests have shown that the

residue has no negative influence in the concentration of the chemical elements released by

the mortar/concrete containing residue and, therefore, it is harmless to the environment.

xi

Page 12: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

12

INTRODUÇÃO GERALINTRODUÇÃO GERALINTRODUÇÃO GERALINTRODUÇÃO GERAL

Entre os vários problemas que a humanidade enfrenta atualmente, um dos

principais é a necessidade de minimizar os efeitos da agressão ambiental que é causada

principalmente pelos resíduos industriais. Uma atenção especial a questões relativas à

conservação ambiental nos segmentos industriais vem crescendo significativamente nos

últimos anos.

Dentro do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a construção civil ocupa papel

de destaque. Em primeiro lugar movimenta grande quantidade de concreto (2.700

kg/habitante) perdendo apenas para água (11.000 Kg/habitante). O segundo destaque é a

possibilidade de tratamento de resíduos com cimento Portland cuja vantagem deve-se à

possibilidade de solidificação e estabilização química ou mecânica de elementos químicos

do resíduo considerados noviços à fauna e flora. O terceiro destaque é a possibilidade de

usar resíduo sólido como matéria-prima na fabricação de concreto. A literatura mostra que

vários tipos de resíduo podem ser usados no concreto, principalmente os resíduos classe II

e III [MOURA et al., 2002]. De modo geral, o uso desses resíduos no concreto não

apresenta impacto ambiental significativo e em alguns casos melhora certas características

ou propriedades do material. Na verdade, a grande maioria dos materiais usados na

construção civil são fabricados com matéria-prima proveniente de recursos naturais. Sendo

assim, o uso de resíduo como matéria-prima ajuda a preservar o meio ambiente. Além

disso, tem-se também diminuição de custos com a disposição final do resíduo.

O objetivo desse trabalho foi de estudar a viabilidade de uso de um resíduo como

matéria-prima na fabricação de pavimentos de concreto. O resíduo usado trata-se de areia

de fundição residual não fenólica classificada como resíduo classe II, conforme NBR

10004, e foi fornecido pela empresa Menegotti Indústria Metalúrgica Ltda de

Schoereder/SC.

Page 13: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

13

A utilização de pavimentos de concreto constitui-se uma excelente alternativa sob o

ponto de vista técnico e econômico (anexo 2). Observa-se um crescente interesse pela

utilização dos pavimentos em vias urbanas, praças, terminais de cargas e até mesmo em

aeroportos (anexo 3).

Os pavimentos de concreto surgiram na Europa do pós-guerra (anexo 1). Entretanto

observa-se atualmente que o pavimento constitui-se de uma versão moderna e aperfeiçoada

dos antigos calçamentos com paralelepípedos. A Associação Brasileira de Cimento

Portland (ABCP) criou o selo de qualidade para blocos e pavimentos (anexo 4) para

assegurar a qualidade e comprometimento de todos os processos de fabricação do

pavimento em uma empresa que fabrica estes artefatos.

No estudo foram efetuados ensaios de resistência à compressão e microscopia

eletrônica de varredura para avaliar a influência do processo na resistência mecânica dos

materiais.

Foram efetuados também os ensaios de lixiviação, análise de massa e solubilização

para avaliar o comportamento ambiental dos pavimentos fabricados com resíduo.

Page 14: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

14

CapítuloCapítuloCapítuloCapítulo 1 1 1 1 Particularidades do ConcretoParticularidades do ConcretoParticularidades do ConcretoParticularidades do Concreto

A dosagem do concreto pode ser definida como sendo o proporcionamento

adequado dos materiais, cimento, água, agregados, e eventualmente aditivos, de maneira

que o produto resultante dessa mistura atenda aos seguintes requisitos [RODRIGUES,

1998]:

a) No estado fresco, deve possuir trabalhabilidade adequada para que, de acordo com

os meios disponíveis na obra, possa ser transportado, lançado e adensado, sem

ocorrência de segregação, de acordo com as normas correntes da boa execução de

obras de concreto;

b) No estado endurecido, deve possuir as características especificadas no projeto da

obra, isto é, deve ter resistência, durabilidade e permeabilidade compatíveis com as

solicitações impostas pelas condições e destino a que estará sujeita a obra acabada.

Todas estas propriedades exigidas do concreto, tanto no estado fresco como no

endurecido, devem ser conseguidas com menor custo possível, para que a obra seja

economicamente viável e competitiva com outros materiais alternativos para a sua

execução.

O processo de dosagem é bastante complexa, porque necessita de um amplo

conhecimento não apenas relativo aos materiais disponíveis, mas também dos recursos

existentes na obra, como, por exemplo: sistemas de mistura, transporte, lançamento e

adensamento; condições de cura; resistência exigida; e risco de ataque químico ao

concreto, conforme figura 1.1.

Page 15: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

15

Figura 1.1 - Esquema dos principais elementos que devem ser considerados na dosagem de um concreto [RODRIGUES, 1998].

Para pavimento de concreto as principais considerações são:

a) Tipo de cimento;

b) Durabilidade do concreto;

c) Processo de adensamento;

d) Agregados usados;

e) Relação de água/cimento.

RESISTÊNCIACARACTERISTICA

PROCESSO DE ADENSAMENTO

SEÇÃO DA PEÇA E ESPAÇAMENTO DAS BARRAS

CONTROLE DE QUALIDADE

RESISTÊNCIA DE DOSAGEM

FORMA DO AGREGADO

RISCO DE ATAQUE QUÍMICO

CAPACIDADE DA BETONEIRA

TRABALHABILIDADE REQUERIDA

DIÂMETRO MÁXIMO DO AGREGADO

TRAÇO

GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS

PROPORÇÃO AGREGADO/CIMENTO

DURABILIDADEIDADE PARA RESISTÊNCIA

TIPO DE CIMENTO

RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO

PROPORÇÃO DE CADA TIPO DE AGREGADO

PESOS COMPONENTESPOR TRAÇO

Page 16: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

16

1.1 TIPOS DE CIMENTOS

Existem no Brasil vários tipos de cimento Portland, diferentes entre si,

principalmente em função de sua composição. Os mais empregados nas diversas obras de

construção civil são [ABREU, 2001]:

• cimento Portland comum;

• cimento Portland composto;

• cimento Portland de alto-forno;

• cimento Portland pozolânico. A tabela 1.1 apresenta a nomenclatura do cimento Portland conforme normas da

ABNT.

Tabela 1.1 – Nomenclatura do cimento Portland [ABREU, 2001] .

Cimento Portland (CP) Sigla Classe Identificação

25 CP I - 25

32 CP I – 32

Cimento Portland comum

CP I

40 CP I - 40

25 CP I – S – 25

32 CP I – S – 32

Cimento Portland

comum (NBR 5732)

Cimento Portland comum com adição

CPI - S

40 CP I – S – 40

25 CP II – E – 25

32 CP II – E – 32

Cimento Portland composto com escória

CP II - E

40 CP II – E – 40

25 CP II – Z – 25

32 CP II – Z – 32

Cimento Portland composto com

pozolana

CP II - Z

40 CP II – Z – 40

25 CP II – F – 25

32 CP II – F – 32

Cimento Portland composto

(NBR 11578)

Cimento Portland composto com filler

CP II - F

40 CP II – F – 40

25 CP III – 25 32 CP III – 32

Cimento Portland de alto forno (NBR 5735)

CP III

40 CP III – 40 25 CP IV – 25 Cimento Portland pozolânico (NBR 5736) CP IV 32 CP IV – 32

Cimento Portland de alta resistência inicial (NBR 5733) CP V - ARI -- CP V – ARI 25 CPB – 25 32 CPB – 32

Cimento Portland branco estrutural (NBR 12989)

CPB

40 CPB – 40 Cimento para poços petrolíferos ( NBR 9831) CPP G CPP-classe G

Page 17: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

17

Em menor escala são consumidos, seja pela menor oferta, seja pelas características

especiais de aplicação, os seguintes tipos de cimento:

• cimento Portland de alta resistência inicial;

• cimento Portland resistente aos sulfatos;

• cimento Portland branco;

• cimento Portland de baixo calor de hidratação;

• cimento Portland para poços petrolíferos.

O desempenho requerido do cimento pelo segmento de pré-moldados de concreto

seco pode ser verificado na tabela 1.2 [ABREU, 2001].

Tabela 1.2 – Desempenho requerido do cimento pelo segmento de pré-moldado de

concreto seco [ABREU, 2001]. Segmento do pré-

moldado Alta resistência

inicial Resistência aos

sulfatos Coloração

clara Qualidade uniforme

Bloco de Alvenaria Obrigatório Neutro Desejado Obrigatório Pavimentos Obrigatório Neutro Desejado Obrigatório

Tubos Obrigatório Obrigatório Neutro Obrigatório

A tabela 1.3 apresenta os tipos de cimentos recomendados para a confecção de

pavimentos de concreto [FERNANDES, 2001].

Tabela 1.3 Aplicação recomendada do cimento para pavimentos de concreto [FERNANDES, 2001].

Concreto armado para desforma rápida, curado por aspersão de água ou produto químico.

- CPV - CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV - CPB

Concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo de cura térmica.

- CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV - CPV - CPB

Page 18: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

18

Tabela 1.3 Aplicação recomenda do cimento para pavimento de concreto [FERNANDES, 2001] - continuação.

Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados por aspersão de água.

- CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV - CPV - CPB

Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para desforma rápida, curados a vapor ou com outro tipo de cura térmica.

- CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV - CPB

Pavimento de concreto simples ou armado

- CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV

Pisos industriais de concreto

- CP I, CP I - S - CP II - E, CP II - Z, CP II - F - CP III - CP IV - CPV

1.2 DURABILIDADE DO CONCRETO

A durabilidade do concreto pode ser definida como sendo a sua capacidade de

resistir à ação do tempo, aos ataques químicos, ao efeito de abrasão ou a qualquer outra

ação de deterioração. A durabilidade depende, portanto, do tipo de ataque, químico ou

físico como por exemplo atrito, a que o concreto será submetido, devendo ser analisados

criteriosamente antes da escolha dos materiais e da dosagem do concreto [RODRIGUES,

1998]. No que concerne à abrasão ou erosão, a durabilidade está diretamente ligada à

resistência mecânica do concreto.

De acordo com a NBR 9781/87, a resistência característica estimada à compressão

do pavimento de concreto deve ser:

a) Maior ou igual a 35 MPa, para as solicitações de veículos comerciais de linha;

b) Maior ou igual a 50 MPa, quando houver tráfego de veículos especiais ou

solicitações capazes de produzir acentuados efeitos de abrasão.

Page 19: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

19

1.3 PROCESSO DE ADENSAMENTO

As proporções dos constituintes do concreto são apresentadas por meio de seu

traço, que é a indicação da quantidade, em massa ou volume, que cada um entra na sua

composição, em relação a uma unidade de medida de cimento [RODRIGUES, 1998].

Tradicionalmente, esta apresentação é feita da seguinte maneira:

O adensamento é uma operação severa que elimina os vazios da massa de concreto

tornando-a mais compacta, mais densa, mais resistente, menos permeável e mais durável.

O processo de adensamento através de compactação, agitação ou vibração provoca a

acomodação dos componentes e a expulsão do ar.

A tabela 1.4 apresenta os mecanismos de adensamento adotado pelos equipamentos

que produzem blocos e pavimentos de concreto [FERNANDES, 2001]:

Tabela 1.4- Mecanismo de adensamento adotado pelos equipamentos que produzem blocos e pavimentos de concreto [FERNANDES, 2001].

Mecanismo de

adensamento

Características

Vibração O equipamento possui apenas mecanismo vibratório para adensar o

bloco. Tem como característica um par de vibradores localizados no

próprio molde. Toda a operação é feita através de um sistema de

alavancas e o acionamento por meio de um motor.

Vibro-prensagem

pneumática

O equipamento é dotado de mecanismo vibratório e compactação

pneumática para adensar o bloco. Tem como característica um par de

vibradores localizados no próprio molde e um sistema de

compactação acionado por cilindro pneumático.

Cimento(1) : Agregado A : Agregado B : Agregado n : Relação a/c

Page 20: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

20

Tabela 1.4- Mecanismo de adensamento adotado pelos equipamentos que produzem blocos e pavimentos de concreto [FERNANDES, 2001] - continuação.

Mecanismo de

adensamento

Características

Vibro-prensagem

hidráulica

O equipamento é dotado de mecanismo vibratório e compactação

hidráulica para adensar o bloco. Tem como característica um par de

vibradores localizados abaixo do molde e um sistema de compactação

acionado por cilindro hidráulico.

Vibro-prensagem

mecânica

O equipamento é dotado de mecanismo vibratório e compactação

mecânica para adensar o bloco. Tem como característica um par de

vibradores localizados abaixo do molde e um sistema de compactação

acionado por engrenagens.

O anexo 5 contêm fotos de alguns equipamentos com estes mecanismos de

adensamento.

De todos os equipamentos o mais favorável é o equipamento de vibro-prensagem

mecânica. No estudo foram utilizados o equipamento com mecanismo de vibro-

compressão hidráulica e o equipamento de vibração.

O uso de equipamento com mecanismo de vibro-compressão hidráulica é mais

favorável do que o equipamento de vibração. Possui capacidade de produzir blocos com

menor consumo de cimento. A figura 1.2 apresenta o traço necessário para produzir peças

com resistência de 5 MPa em cada tipo de equipamento. O traço necessário foi de 1:6

(14,28% de cimento) para o equipamento dotado de vibração e 1:12 (7,70% de cimento)

para vibro-prensagem hidráulica.

Page 21: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

21

Figura 1.2 - Traço necessário para adquirir resistência de 5 MPa para equipamentos com mecanismo de adensamento por vibração, vibro-prensagem pneumática, vibro-compressão hidráulica e vibro-prensagem mecânica [FERNANDES, 2001]. 1.4 AGREGADOS USADOS

Aproximadamente de 70 a 80% do volume do concreto é composto por agregados,

o que torna o custo mais baixo por unidade de volume, pois os agregados apresentam

menor custo do que o cimento [BAUER, 1999]. A NBR 9935/87 define o agregado como

material sem forma ou volume definido, geralmente inerte, de dimensões e propriedades

adequadas para produção de concreto e argamassa. Os agregados destinados ao preparo do

concreto são classificados pela origem, dimensão das partículas e densidade aparente,

conforme tabelas 1.5 a 1.8.

Res

istê

ncia

(M

Pa)

Traço (Cimento:Agregado)

0

1

9

8

7

5

4

32

1:181:161:141:121:101:81:61:4

Adensamento por vibração

Adensamento por vibro-prensagem pneumática

Adensamento por vibro-prensagemhidráulica

Adensamento por vibro-prensagem mecânica

Page 22: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

22

Tabela 1.5 – Classificação dos agregados conforme origem [BAUER, 1999].

Classificação Origem Naturais de densidade leve

Inorgânico constituído da matéria prima de fontes naturais. Ex: Pedra pomes, escória vulcânica ou tufo.

Naturais de densidade média Encontrados fragmentados na natureza já sob a forma de partículas. Ex: Areia de barranco, minas, rios, pedregulhos extraídos das jazidas de rios.

Artificiais de densidade leve Encontram-se os agregados da família dos inorgânicos leves celular granulados, obtidos por processos especiais de fabricação para utilização em concretos leves: Ardósia, escória de alto forno, argila, cinzas volantes.

Artificiais de densidade média Necessitam ser triturados para obter a forma das partículas dos agregados miúdos e/ou graúdos em condições apropriadas para utilização no concreto normal. Ex: Britagem de rochas estáveis.

Artificiais de alta densidade.

Necessitam ser triturados para obter a forma das partículas dos agregados miúdos e/ou graúdos em condições apropriadas para utilização no concreto pesado. Ex: Barita, hematita, magnetita.

Tabela 1.6 – Classificação dos agregados conforme dimensões [BAUER, 1999].

Classificação Dimensões Agregado miúdo

É a areia natural ou artificial, resultante do britamento de rochas estáveis, de diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8 mm – NBR 7211.

Agregado graúdo

É o pedregulho natural, ou a pedra britada proveniente do britamento de rochas estáveis, de diâmetro superior a 4,8 mm – NBR 7211:

a) Brita 0: 4,8 a 9,5 mm. b) Brita 1: 9,5 a 19 mm. c) Brita 2: 19 a 38 mm. d) Brita 3: 38 a 76 mm. e) Pedra de mão: Maior do que 76 mm.

Page 23: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

23

Tabela 1.7 – Classificação dos agregados conforme densidade aparente [BAUER, 1999].

Classificação Dimensões

Agregados leves

Densidade aparente menor que 1 ton/m3.

Agregados médios

Densidade aparente entre 1 ton/m3 à 2 ton/m3.

Agregados pesados

Densidade aparente maior do que 2 ton/m3.

Tabela 1.8 – Classificação da areia conforme módulo de finura (MF) – NBR 7211 [BAUER, 1999].

Classificação MF

Muito Finas

1,35 < MF < 2,25

Finas

1,71 < MF < 2,78

Médias

2,11 < MF < 3,28

Grossas

2,71 < MF < 4,02

Os agregados miúdos têm influência preponderante sobre a plasticidade do concreto

devido a sua característica de possuir uma elevada área específica comparado com os

agregados graúdos [ROGRIGUES, 1998]. Qualquer alteração do seu teor na mistura

provoca alterações significativas no consumo de água e, conseqüentemente, do cimento.

Como o cimento é o material mais caro, alterações no consumo de areia incidem

diretamente sobre o custo do concreto.

A forma e a textura superficial das partículas têm grande influência sobre a

plasticidade, sendo que esta será prejudicada quando forem mais angulares, rugosas ou

alongadas.

Como mencionado, as areias mais finas requerem maiores quantidades de ligantes

devido às suas maiores áreas específicas. A areia muito grossa, quando utilizada em

concreto cuja dimensão máxima do agregado seja pequena (9,5 mm) resulta em misturas

muito ásperas e pouco coesivas, devido ao fenômeno de interferência entre as partículas. A

Page 24: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

24

quantidade excessiva de areia aumenta muita a coesão da mistura tornando mais difícil seu

lançamento e adensamento, além de aumentar o consumo de cimento e, conseqüentemente,

o custo do concreto.

Quanto maior for o consumo de areia, maior será o de cimento. Isto decorre do fato

de que a pasta (cimento+água) é o agente que envolve as partículas de areia. Os agregados

graúdos favorecem a plasticidade do concreto, exigindo menos ligante.

Os agregados graúdos provenientes de britagem que possuam forma cúbica e com

textura superficial rugosa apresentam maior área específica e requerem, portanto, maior

quantidade de ligante. As arestas vivas destes grãos provocam também maior atrito entre

eles, aumentando, conseqüentemente, o consumo de água, agregado miúdo e cimento.

Com objetivo de selecionar o agregado considerando resistência e acabamento,

FERNANDES [2001] definiu os limites ideais para os agregados destinados para bloco de

concreto para alvenaria e para pavimento.

Figura 1.3 - Limites ideais para os agregados destinados para bloco de concreto para alvenaria e pavimento [FERNANDES, 2001] .

Ret

ido

acum

ulad

o(%

)

Abertura das peneiras (mm)

Limites para Blocos

Limites para Pavimento

Page 25: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

25

1.5 RELAÇÃO ÁGUA / CIMENTO

A qualidade do concreto está diretamente relacionada com o fator água / cimento.

A fixação ou escolha da relação a/c do concreto deve ser feita com base nos

critérios de durabilidade e de resistência mecânica. No primeiro caso pode-se usar a tabela

1.9 quando for aplicado a condições severas de durabilidade [RODRIGUES, 1998].

Tabela 1.9-Relações a/c máximas permissíveis para concretos submetidos a condições severas [RODRIGUES, 1998].

Tipo da Estrutura Estrutura exposta à ação da água do mar ou sulfatada*.

Peças delgadas e seções com

menos de 2,5 cm de

recobrimento da armadura

0,40

Outros 0,45

* No caso da utilização de cimentos resistentes a sulfatos, a relação a/c pode ser aumentada

de 0,05.

A escolha da relação a/c em função da resistência mecânica do concreto deve ser

feita com base na curva de Abrams do cimento a ser utilizado [RODRIGUES, 1998]. No

entanto, para concretos muitos secos, a relação a/c passa por um ponto máximo. Para

valores menores desta relação, a resistência do concreto diminui devido às falhas na

acomodação dos agregados. É esta falha de acomodação que leva as peças a se desfazerem

por falta de coesão e isto se reflete pela queda de resistência. Deve-se adotar a menor

quantidade possível de água capaz de proporcionar a moldagem das peças.

cimento

àguacaFator =)/(

Page 26: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

26

A indústria de equipamentos desenvolveu sistemas de adensamento inicialmente

voltados para a vibração e posteriormente combinados com prensagem enérgica

[RODRIGUES, 1998], fazendo com que os componentes assim, vibro-compactados,

obtenham um contato íntimo que lhes proporciona desenvolver as reações do cimento com

a água e do envolvimento dos agregados com a pasta, apresentando alta compacidade e

resistência adequada com um mínimo de cimento. A figura 1.4 apresenta ocorrências de

umidade ótima, máxima e insuficiente para adensamento.

Figura 1.4 - Ocorrências de umidade ótima, máxima e insuficiente para adensamento [RODRIGUES, 1998].

Conforme a figura 1.4, a relação de água/cimento depende do equipamento. E cada

equipamento possui seu ponto de umidade ótima no qual a peça produzida tem resistência,

dimensional e textura superficial adequada para utilização. Nota-se que na umidade

máxima peça produzida deformar-se e na umidade insuficiente formam-se trincas.

Umidade insuficiente

Umidade ótima

Umidade máxima

Concreto Vibrado

Concreto adensado sem vibração

Relação água / cimento

Res

istê

ncia

à c

ompr

essã

o

Page 27: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

27

CapítuloCapítuloCapítuloCapítulo 2 2 2 2 Composição e Microestrutura Composição e Microestrutura Composição e Microestrutura Composição e Microestrutura

do Cimento Hidratadodo Cimento Hidratadodo Cimento Hidratadodo Cimento Hidratado

O tamanho das partículas que compõe o cimento são relativamente pequenas

comparadas com a dos agregados. O empacotamento dessas partículas e a hidratação do

cimento (ligante) formam a microesturutra do concreto. A composição e a microesturutra

do ligante são fundamentais nas propriedades do concreto.

2.1 COMPOSIÇÃO DO CIMENTO

O cimento tipo Portland é um aglomerante hidráulico obtido da moagem do

clínquer ao qual é adicionado gipsita (CaSO4). O clínquer é obtido por aquecimento a altas

temperaturas de um mistura de calcário e argila. Desta forma o cimento Portland é formado

essencialmente por compostos que possuem cálcio e sílica em sua composição. Nos

cimentos comerciais aparecem sempre como impurezas o óxido de magnésio (MgO)

proveniente da dolomita das rochas calcárias. Esta impureza deve ser restringida, pois sua

hidratação é lenta e expansiva. Outras impurezas são os compostos alcalinos (sódio e

potássio) provenientes da argila ou do carvão que podem reagir com os agregados e os

sulfatos provenientes do combustível podendo influenciar nas reações iniciais de

hidratação [ABREU,2001].

Como já mencionado, ao clínquer é adicionado um pequena quantidade de sulfato

na forma de gipsita (CaSO4 . H2O) ou gesso de paris (CaSO4 . ½ H2O) para inibir a pega

instantânea do cimento.

A tabela 2.1 apresenta a concentração equivalente de óxidos presentes nos

compostos do cimento Portland [NEVILLE, 1988].

Page 28: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

28

Tabela 2.1 Teores equivalentes dos óxidos formadores dos compostos do cimento Portland [NEVILLE, 1988].

Teor de óxidos CaO 63,0 SiO2 20,0 Al2O3 6,0 Fe2O3 3,0 MgO 1,5 SO3 2,0 K2O Na2O

1,0

Outros 1,0 Perdas na ignição 2,0 Resíduos insolúveis 0,5

Os principais compostos do cimento Portland estão apresentados na tabela 2.2

[NORTON, 1973].

Tabela 2.2 Principais compostos do cimento Portland [NORTON, 1973].

Nome Composição Abreviação Típico do Brasil Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 C3S 40 a 70% Silicato dicálcico 2CaO.SiO2 C2S 10 a 40% Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A 2 a 15% Ferro-aluminato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF 3 a 15% 2.2 HIDRATAÇÃO DO CIMENTO

A Influência de cada composto do cimento na resistência mecânica durante a sua

hidratação é a seguinte:

- até 3 dias – a resistência mecânica é essencialmente assegurada pela hidratação dos

aluminatos e silicatos tricálcicos (3CaO.Al2O3 e 3CaO.SiO2);

- entre 3 e 7 dias – o aumento da resistência é assegurada principalmente pelo aumento

da hidratação de 3CaO.SiO2;

- entre 7 e 90 dias –a hidratação do 3CaO.SiO2 e 2CaO.SiO2 é responsável pelo aumento

de resistência;

- acima de 90 dias – o aumento da resistência passa a ser devido à hidratação de

2CaO.SiO2.

Page 29: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

29

Com base nestes dados é possível notar na tabela 2.3 a diferença de um cimento

Portland comum do Portland de alta resistência inicial [SHACKELFORD, 1996].

Tabela 2.3 Compostos do cimento Portland [SHACKELFORD, 1996].

Composição ( % ) Cimento C3S C2S C3A C4AF Outros*

Portland comum 45 27 11 8 9 Portland de alta resistência Inicial 53 19 11 9 8 * Outros: MgO, CaO, CaSO4, K2O, Na2O

A figura 2.1 apresenta uma micrografia obtida por eletrônica de varredura de uma

pasta de cimento Portland com 3 dias de idade mostrando cristais de C-S-H (silicatos

hidratados) [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Figura 2.1 - Micrografia eletrônica de varredura de uma pasta de cimento Portland com 3 dias de idade mostrando cristais de C-S-H [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

A figura 2.2 apresenta uma micrografia obtida por eletrônica de varredura de uma

pasta de cimento Portland com 3 dias de idade mostrando os cristais de Ca(OH)2 e a

estrutura fibrosa formada pelo C-S-H [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Page 30: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

30

Figura 2.2 - Micrografia eletrônica de varredura de uma pasta de cimento Portland com 3 dias de idade mostrando os cristais de Ca(OH)2 e a estrutura fibrosa formada pelo C-S-H [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

2.3 MICROESTRUTURA DO CONCRETO

O concreto de cimento Portland é um material composto com estrutura bastante

heterogênea [MEHTA e MONTEIRO, 1994]. Cada componente do concreto (agregado e

cimento) é de natureza multifásica. Toda partícula de agregado pode conter vários

minerais, além de microfissuras e vazios. Analogamente, tanto a matriz da pasta como a

zona de transição contém geralmente uma distribuição heterogênea de diferentes tipos e

quantidades de fases, poros e microfissuras, acrescentando-se ainda o fato de estarem

sujeitas a modificações com o tempo, umidade ambiente e temperatura, o que torna o

concreto, diferentemente de outros materiais de engenharia, um material com

características parcialmente intrínsecas conforme figura 2.3.

Ca(OH)2

C-S-H

Page 31: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

31

Figura 2.3 Microestrutura do Concreto [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

A matriz, que é a pasta de cimento e que envolve os agregados, é constituída por

diferentes tipos de compostos hidratados do cimento. O mecanismo de hidratação é

constituído por um processo de dissolução – precipitação nas primeiras fases seguidas de

um processo químico. O enrijecimento da pasta é caracterizado inicialmente pela

hidratação dos aluminatos e a evolução da resistência é realizada pelos silicatos como

mencionado anteriormente.

As características dos principais compostos hidratados do cimento encontram-se na

Tabela 2.4 [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Page 32: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

32

Tabela 2.4 Características dos principais compostos resultantes da hidratação do cimento [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Compostos Características

Silicatos Hidratados

C-S-H

Representa 50 a 60% do volume de sólidos em uma pasta de cimento Portland completamente hidratada. São estes compostos os responsáveis pela resistência da pasta a esforços mecânicos.

Hidróxido de cálcio

Ca(OH)2

Ocupa 20 a 25% do volume de sólidos da pasta. Sua morfologia é bem definida, formando cristais prismáticos, sendo que o tamanho dos cristais aumenta conforme também aumenta o espaço livre (aumento da relação água/cimento). O hidróxido de cálcio não contribui para a resistência da pasta de cimento endurecida e em virtude de sua baixa superfície específica, que lhe confere um baixo poder de adesão, é facilmente carregado pela água.

Sulfoalumintatos de cálcio

ou Monossulfato hidratado

C6AS3H32 (etringita)

A etringita e/ou monossulfato de cálcio ocupam de 15 a 20% do volume de sólidos da pasta hidratada. A etringita é responsável pelo fenômeno da pega e desenvolvimento da resistência inicial. A etringita pode tornar-se instável e decompor-se para formar o monossulfato hidratado, mais estável.

Porosidade

A porosidade total da pasta de cimento Portland fica entre 25 e 30% em volume para uma relação água/cimento (a/c) de 0,5. Esta porosidade é decomposta em tipos de cavidades ou vazios: Poros entre os cristais C-S-H, poros capilares entre os compostos hidratados, bolhas e fissuras.

As figuras 2.4 e 2.5 mostram a morfologia do C-S-H (silicatos hidratados),

Ca(OH)2 (hidróxido de cálcio), C6AS3H32 (etringita), monossulfato hidratado e porosidade

no concreto.

Page 33: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

33

Figura 2.4 Microestrutura do concreto – (1) C-S-H, (2) Ca(OH)2, (3) Vazio capilar [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Figura 2.5 Microestrutura do concreto – C6AS3H32 (etringita) e monossulfato hidratado [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Page 34: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

34

2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE A PASTA E O AGREGADO

A zona de transição é caracterizada por ser uma região com maior porosidade e

heterogeneidade do que o restante da pasta. Esta porosidade é decorrente da elevação da

relação água/cimento na mistura em decorrência do filme de água que se forma em torno

do agregado, principalmente o graúdo. Os maiores espaços permitem a formação de

grandes cristais de Ca(OH)2 com seu eixo C orientado perpendicularmente ao agregado o

que cria planos preferenciais de ruptura, conforme figura 2.6. Verifica-se também falha na

aderência entre a pasta e o agregado, podendo-se relacionar este fato aos grandes cristais

formados, com superfície específica menor o que diminui a força de adesão [MEHTA e

MONTEIRO, 1994].

Figura 2.6 Cristais de Ca(OH)2 na zona de transição visualizados por microscópio eletrônico de varredura [MEHTA e MONTEIRO, 1994].

Para concreto convencional a zona de transição pode ser representada conforme a

figura 2.7 [MONTEIRO, 1985]. A zona de transição é também considerada o elo fraco do

conjunto onde microfissuras podem ser formadas facilmente com pequenos acréscimos de

carregamento (esforço), variações de volume e umidade.

3 µm

Ca(OH)2

Page 35: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

35

Figura 2.7 Representação esquemática da transição entre a pasta de cimento e o agregado [MONTEIRO, 1985]. Quando o concreto é submetido a um carregamento nas primeiras idades, as

microfissuras tendem a se propagar na zona de transição que se encontra bastante porosa.

Entretanto, com o tempo, a zona de transição é presenciada com produtos da hidratação e

as fissuras passam a se propagar pelo filme de hidróxido de cálcio depositado sobre o

agregado conforme representado na figura 2.8 [MONTEIRO, 1985].

Page 36: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

36

Figura 2.8 Representação esquemática do caminho de propagação de fissuras na zona de transição [MONTEIRO, 1985].

Page 37: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

37

CapítuloCapítuloCapítuloCapítulo 3 3 3 3 Composição da areia de Composição da areia de Composição da areia de Composição da areia de

Fundição residual e sua Fundição residual e sua Fundição residual e sua Fundição residual e sua utilização em concretoutilização em concretoutilização em concretoutilização em concreto

3.1 ASPECTOS GERAIS

Os resíduos sólidos podem ser classificados como [FISCHER, 2002]:

a) Resíduos classe I – os resíduos sólidos, suas misturas ou determinados resíduos

líquidos que, em razão da quantidade, de suas propriedades físicas, químicas e de

suas características infecto-contagiosas, podem provocar ou contribuir de forma

significativa para um aumento da mortalidade ou para um aumento da incidência de

doenças irreversíveis ou de doenças reversíveis, porém incapacitantes; e apresentar

substancial perigo potencial à saúde pública ou ao meio ambiente, quando

transportados, armazenados, tratados ou descartados de forma inadequada.

b) Resíduos classe II – são os resíduos sólidos não inertes e não perigosos e

essencialmente insolúveis que quando amostrados de forma representativa e

submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à

temperatura ambiente, não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.

c) Resíduos classe III – são os resíduos sólidos não perigosos e inertes, podem ter

propriedades tais como combustibilidade, biodegradabilidade e/ou solubilidade em

água. Este tipo de resíduo poderá ter seus constituintes solubilizados além dos

limites de potabilidade, quando em contato com água destilada ou deionizada.

O método de moldagem mais utilizado em todo o mundo para a produção de peças

fundidas é a moldagem de areia. Estima-se que o parque industrial Brasileiro tenha cerca

de 1.000 fundições, cerca de 80% delas de pequeno porte (com menos de 100

Page 38: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

38

empregados). O Estado de São Paulo concentra quase 60% das fundições brasileiras (em

número), e as fundições paulistas respondem por pouco menos da metade da produção

brasileira de fundidos (em peso) [MARIOTTO, 2001].

Cada fundição tem seu próprio controle de areia de acordo com os fatores ligados

ao próprio material de moldagem, aos métodos de moldagem, tipo de metal vazado,

tamanho e forma das peças, quantidade de peças e condições de vazamento.

Para manter constante as características de fundição durante o processo metalúrgico

é necessário descartar regularmente uma quantidade de areia usada equivalente à

quantidade de areia nova comprada.

O total de excedentes de areia de fundição apenas no estado de São Paulo atinge

cerca de 1 milhão de toneladas anuais, que corresponde pouco menos da metade da areia

residual nacional com pouco mais de 2 milhões de toneladas anuais.

O custo para deposição em aterro industrial para areia de fundição classificada

como resíduo classe II – Não Inerte, varia entre R$ 20 e R$ 70 reais por tonelada, podendo

chegar a até R$ 180 reais por tonelada quando classificada como resíduo classe I –

perigosa.

Estimando-se o valor médio nacional para descarte de areia de R$ 30,00 reais por

tonelada, tem-se como resultado o valor de R$ 60.000.000,00 de reais de gastos anuais

para aterrar 2 milhões de toneladas de areia de fundição.

As areias de moldagem são constituídas essencialmente de um elemento granular

refratário (areia base) e um elemento aglomerante mineral (argila bentonita ou caulinita),

água e aditivos (pó de carvão, amido de milho, dextrina) [MARIOTTO, 2001].

A tabela 3.1 apresenta a classificação da areia de moldagem.

Page 39: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

39

Tabela 3.1 Classificação da areia de fundição [MARIOTO, 2001].

Classificação Descrição

Naturais

Depósitos naturais originados de arenitos de cimento argiloso ou de alterações de rochas feldpáticas (rochas), caracterizados por se acharem os grãos sílicos envolvidos por uma pasta argilosa. São usadas diretamente na moldagem, necessitando apenas ajustes do teor de umidade.

Semi-sintéticas Resultantes de modificações introduzidas nas areias naturais por meio de adições que visam melhorar as suas propriedades.

Origem

Sintéticas Obtidas artificialmente pela mistura de areia base, argila, aditivo e água.

Areia nova Areia usada pela primeira vez na fundição. Utilização

Areia de retorno, regenerada e/ou recuperada

Areia recuperada mediante correções a cada ciclo de fundição.

Areia de faceamento

Areia que entra em contato com o modelo (faceia), constituindo a parte do molde que entra em contato com o metal durante o vazamento e solidificação.

Emprego na moldagem

Areia de enchimento

Areia que constitui o restante do molde.

Areia a verde Areia que mantém no momento do vazamento aproximadamente a mesma umidade do preparo. Grau de

umidade Areia estufada Areia que sofre cozimento em estufa antes do vazamento.

Page 40: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

40

Um sistema de areia de fundição é mostrado esquematicamente na figura 3.1

[MARIOTTO, 1991]. A figura apresenta os procedimentos envolvidos na recuperação e no

recondicionamento de uma areia do sistema, bem como, os elementos que entram e saem

do sistema a cada ciclo.

Figura 3.1 Figura esquemática mostrando o funcionamento de um sistema de areia de

fundição [MARIOTTO, 1991]

Lig

ante

MachariaMistura

Ben

toni

taB

ento

nita

Ben

toni

ta

HO2

Are

ia

nova

de

carv

ão

Mistura

Moldagem

Are

ia

nova

Fechamento dos moldesColocação de machos

Vazamento

Desmoldagem

Limpeza

H O2

Limpeza

Exaustão

RejeitosTorrões

Areia de retorno

H O2

Separarador magnético

Peneira

Rejeitos

Água de resfriamento

H O2

Page 41: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

41

3.2 COMPOSIÇÃO DA AREIA DE MOLDAGEM A VERDE

O Material mais utilizado como areia base para confecção de misturas destinadas à

produção de moldes para fundição é a sílica (SiO2) em função da existência de grandes

reservas deste material na natureza. A composição química da areia consiste em sílica,

feldspatos e argila. Quanto maior é a porcentagem de SiO2 na areia maior é a refratariedade

da areia. O grau de refratariedade exigido de uma areia de moldagem depende do metal

que se deseja vazar. Para aços a areia deve resistir a temperaturas da ordem de 1350 a

1400oC, e para ligas não ferrosas a areia deve resistir a temperaturas da ordem de 850 a

1200oC [MARIOTTO, 1991].

A areia por si só não tem resistência mecânica necessária para formar o molde no

qual será vazado o metal líquido. Essa propriedade é conferida por um aglomerante que

pode ser orgânico ou mineral. Entre os aglomerantes argilosos mais freqüentemente

utilizados em fundição, destacam-se as argilas montmoriloníticas ou bentonitas. A figura

3.2a apresenta a micrografia de uma areia sem bentonita e a figura 3.2b apresenta a

micrografia da areia envolvida por bentonita [PEREIRA et al., 2000].

.

(a) (b)

Figura 3.2 – (a) Micrografia de uma areia sem bentonita. (b) Micrografia mostrando a areia recoberta por uma camada de bentonita [PEREIRA et al., 2000].

Page 42: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

42

As bentonitas são encontradas basicamente sob duas formas, a mais comum tendo o

sódio como cátion trocável predominante (bentonita sódica) e outra com cátion trocável de

cálcio ou magnésio (bentonita cálcica). As bentonitas sódicas possuem a propriedade de

expandir até 20 vezes o seu volume quando molhadas devido ao cátion sódio trocável

[SANTOS, 1989]. A bentonita sódica produz uma “estrutura aberta” na areia (propriedade

peculiar de crescimento em presença de água) de onde advém maior permeabilidade do

molde, que associada a uma menor umidade, resulta em moldes com menores

probabilidades de gerarem peças com defeitos (bolha de gás).

As propriedades mais importantes das argilas são sua estrutura lamelar fina e sua

capacidade de adsorver íons metálicos (capacidade de troca de cátions). As argilas são

muito finas (15-30 Ǻ) e facilmente absorvem íons metálicos (Na+ ou Ca++). Através da

água, as partículas de argila aderem à superfície do mineral base, pelas ações de forças

moleculares ou ligações polares. Essa ligação argila-água-sílica é a base da resistência a

verde das misturas de moldagem areia-argila. A tabela 3.2 apresenta a análise química de

algumas bentonitas brasileiras [SANTOS, 1989].

Tabela 3.2 Análise química de algumas bentonitas brasileiras [SANTOS, 1989].

Bentonita SiO2

(%)

Al2O3

(%)

TiO2

(%)

Fe2O3

(%) CaO

(%) MgO

(%) Na2O

(%) K2O

(%) MnO

(%)

Capacidade de troca de

cátions (meq / 100g)

Bagé e São Gabriel (RS) 56,6 26,6 0,21 4,36 n.det 2,48 0,07 0,260 n.det 109

Florianópolis (SC) 55,2 28,3 n.det 2,65 n.det 1,26 0,29 0,13 n.det 67

Siqueira Campos (PR) 65,9 15,8 0,66 5,78 n.det 2,91 n.det 0,09 0,18 55

Campinas (SP) 72,0 13,2 0,7 2,9 0,3 1,2 0,39 2,27 0,05 23

Barra do Piraí (RJ) 47,3 25,3 n.det 1,7 0,4 2,9 0,05 0,7 n.det n.det

Igaporã (BA) 49,7 16,0 n.det 13,1 n.det 5,0 0,15 0,06 n.det 79

Uberaba (MG) 70,0 16,5 n.det 3,30 n.det 3,41 0,25 1,81 n.det 39

Ponte Alta (MG) 59,6 19,5 0,31 6,04 n.det 5,34 n.det 0,17 0,05 151

Goianópolis (GO) 48,9 17,6 1,34 10,1 n.det 4,50 0,77 1,71 n.det n.det

Icó (CE) 56,8 20,4 0,90 6,24 n.det 2,60 0,34 3,50 n.det 25

n.det = não determinada

Além da areia base, argila e água, costuma-se adicionar à areia de moldagem outros

produtos a fim de melhorar algumas propriedades. A incorporação de aditivo tem a função

de compensar deficiências no processo de mistura e conseqüente insuficiência da dispersão

Page 43: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

43

de argila e água sobre os grãos de areia, elevar a resistência à seco, modificar propriedades

a altas temperaturas, resistência a quente e plasticidade a quente.

O pó de carvão é usado para atenuar os efeitos de expansão da areia e criar uma

atmosfera redutora na cavidade do molde, dificultando o contato do metal líquido com a

superfície do molde, de modo a incrementar o acabamento superficial da peça obtida.

O amido de milho é usado com o objetivo de aumentar a plasticidade da mistura.

A tabela 3.3 apresenta características aconselháveis para o emprego do aglomerante

e aditivos em areia de moldagem.

Tabela 3.3 Composição de algumas bentonitas brasileiras [SANTOS, 1989].

Bentonita - teor de partículas grossas: máximo de 15% retido na peneira 200 mesh. - mistura padrão: 5% em peso da mistura.

Pó de Carvão

- teor de partículas grossas: máximo de 20 a 30 % retido na peneira 200 mesh. - mistura padrão: 3 a 6 % em peso da mistura.

3.3 UTILIZAÇÃO DE AREIA DE FUNDIÇÃO RESIDUAL EM ARGAMASSAS E CONCRETOS

Pereira e Col [2002] caracterizaram a morfologia, microestrutura e influência do

resíduo areia de fundição em argamassas para construção civil. A densidade da areia

residual foi de 1,6 g/cm3. As quantidades em volume de areia residual variaram de 5 a

100% em substituição à areia comum de construção civil. O estudo de caracterização da

microestrutura do material obtido foi realizado utilizando a técnica de microscopia

eletrônica de varredura por elétrons secundários. Os resultados da caracterização

microestrutural apresentadas no trabalho se referem às seguintes amostras: matriz (amostra

sem resíduo), e amostra com 10%, 25%, 75% e 100% de areia de fundição. Os traços

utilizados para a produção das argamassas seguiram a seguinte relação em volume: 1,0

(cimento): 3,9 (agregado) como mostra a tabela 3.4.

Page 44: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

44

Tabela 3.4 - Quantidades de materiais utilizados na produção de argamassas [PEREIRA et al., 2000].

Resíduo

(% em volume)

Cimento

[litros]

Areia comum

[litros]

Areia de fundição

[litros]

Água

[litros]

0 1,58 6,16 0 1,26

10 1,58 5,535 0,615 1,26

25 1,58 6,77 1,69 1,26

75 1,58 3,08 3,08 1,5

100 1,58 0 6,16 1,5

Como resultado da caracterização da microestrutura para argamassa sem areia de

fundição (traço referência), observou-se a presença de porosidades, microtrincas na

interface gel/agregado conforme (figura 3.3a) e a germinação e o crescimento da etringita

na microestrutura do material (figura 3.3b).

(a) (b)

Figura 3.3 – (a) Micrografia mostrando a presença de porosidade e microtrincas na matriz. (b) Micrografia mostrando a etringita [PEREIRA et al., 2000].

Page 45: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

45

Com as amostras contendo 10%, 25%, 75% e 100% de areia de fundição, Pereira e

Col [2000] chegaram às seguintes conclusões:

a) Com 10% de areia de fundição (figura 3.4a):

- Observou-se porosidade presente na microestrutura e uma interface agregado/pasta

de cimento com menor qualidade se comparado com a do traço de referência (figura

3.3a).

- Maior crescimento de cristais. Esta diferença na germinação dos cristais da etringita

ocorreu devido à bentonita presente na argamassa.

b) Com 25% de areia de fundição (figura 3.4b):

- Observou-se uma ligeira melhora da interface agregado/pasta, se comparado com a

microestrutura do material contendo 10% de areia de fundição.

- A germinação e crescimento da etringita foi desordenado, apresentando tamanhos

diferentes se comparados aos traços de referência e ao material com 10% de areia de

fundição.

c) Com 75% de areia de fundição (figura 3.4c):

- Microestrutura microporosa e interface agregado/pasta bem melhor se comparado

com a microestrutura da matriz e do material com 10% e 25% de areia de fundição.

- Apresentou menor quantidade de fibras de etringita na microestrutura comparado

com a matriz e o material com 10% e 25% de areia de fundição.

d) Com 100% de areia de fundição (figura 3.4d):

- O material obtido com 100% de areia verde de fundição apresentou em sua

microestrutura uma microporosidade superior em relação ao material com 75%.

- Existência de regiões preferenciais de germinação e crescimento da etringita.

Page 46: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

46

Figura 3.4 – Micrografia mostrando a presença de porosidade, microtrincas e cristais de etringita para as amostras contendo 10, 25, 75 e 100% de areia verde [PEREIRA et al., 2000].

Page 47: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

47

Neste estudo concluiu-se, para o caso das amostras obtidas com areia verde de

fundição [PEREIRA e Col, 2000], uma menor germinação e crescimento da etringita em

relação à microestrutura da matriz, o que indica que a presença da bentonita inibe a

germinação e crescimento dos cristais; isto possivelmente deve ter ocorrido devido a

absorção da água pela massa de bentonita, o que levou à inibição da germinação e

crescimentos desses cristais.

Em um outro estudo, Pablos [1995] caracterizou a areia de fundição como agregado

miúdo muito fino conforme tabela 3.6.

Tabela 3.6 – Resultado do ensaio granulométrico do resíduo [PABLOS, 1995].

% em massa Peneiras (mm)

Material retido (g) Retida Acumulada

4,8 0 0 0 2,4 15,1 1 1 1,2 41,0 3 4 0,6 58,2 5 9 0,3 654,3 55 64 0,15 405,9 34 98

< 0,15 20,5 2 Total : 230,14 100 176 Módulo de Finura MF = 1,7 D máximo = 2.4 mm

Com o objetivo de estudar a influencia da resistência à compressão, Pablos [1995]

confeccionou corpos-de-prova contendo cimento tipo CP II E 32, 50% de brita 0 (pedrisco)

de origem basáltica e 50% de resíduo. Na tabela 3.7 é apresentado o resultado da

resistência à compressão dos concretos.

Tabela 3.7 – Resistência do concreto contendo 50% de areia de fundição na composição do agregado.

Resistência à compressão (MPa) Traço

(Cimento: Brita: Resíduo)

7 dias 28 dias 90 dias

1 : 1,5 : 1,5 18,1 24,2 29,3 1 : 2 : 2 15,0 19,8 25,2

Page 48: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

48

Os resultados da tabela 3.7 permitiram a Pablos [1995] observar o grande potencial

de utilização do concreto em elementos construtivos assim como blocos vasados,

pavimentos, contrapisos e sub-bases para pavimentação.

Page 49: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

49

CapítuloCapítuloCapítuloCapítulo 4 4 4 4 Outros Outros Outros Outros Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Industriais UtilizadoIndustriais UtilizadoIndustriais UtilizadoIndustriais Utilizadossss em em em em Argamassas e ConcretosArgamassas e ConcretosArgamassas e ConcretosArgamassas e Concretos

Os resíduos industriais estudados e utilizados como agregados para construção civil

são vários, e os motivos, basicamente são dois:

- Custo relativamente elevado para a gestão e a destinação atual dos resíduos.

- Responsabilidade ambiental.

Os principais resíduos industriais utilizados pela indústria de construção civil para a

fabricação de argamassa/concreto são os seguintes:

a) Resíduo proveniente da serragem de mármore e granito;

b) Resíduo proveniente do beneficiamento do arroz;

c) Resíduos vegetais provenientes de matéria-prima e processos industriais de

produção;

d) Resíduo proveniente da industria de galvanização;

e) Resíduo proveniente da indústria de produção do aço;

f) Resíduo proveniente da industria têxtil.

Page 50: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

50

4.1 RESÍDUO PROVENIENTE DA SERRAGEM DE MÁRMORE E GRANITO

O resíduo de corte de mármore e granito (RCMG) é resultante do processo de

serragem de blocos destas rochas. Ao todo 25 a 30% do bloco são transformados em pó,

representando uma quantidade estimada de 240.000 toneladas/ano, distribuídas entre

Espírito Santo, Bahia, Ceará, Paraíba, entre outros estados [MOURA et al., 2002].

MOURA et al. [2002] estudaram a utilização do resíduo de corte de mármore como

substituição de parte do agregado miúdo (areia) para argamassas de revestimento e

argamassa para produção de lajotas para piso. Foram determinadas a massa específica e a

massa unitária do RCMG. A massa específica, determinada segundo a NBR 6474 (1985), é

de 2,84 g/cm3 e a massa unitária, avaliada conforme NBR 7251 (1982), é de 1,01g/cm3.

No estudo para utilização do RCMG em argamassa, foram produzidas argamassas

cujo traço foi de 1:6, em massa. Foram preparados corpos-de-prova sem resíduo

(argamassa de referência), e corpos-de-prova de argamassa contendo de 5% e 10%, em

massa de resíduo em substituição à areia. O estudo a respeito da utilização do RCMG

como substituição de parte da areia na produção de argamassas para revestimento e

fabricação de lajotas permitiu tirar as seguintes conclusões [MOURA et al., 2002]:

- O RCMG encontra-se na forma cristalina e não apresenta riscos ambientais

(tabela 4.1);

- Quanto a resistência à compressão, observou-se valores similares entre as

argamassas com ou sem RCMG, sendo que as argamassas com RCMG tendem a

apresentar valores de resistência sensivelmente superiores (tabela 4.2).

Page 51: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

51

Tabela 4.1 Resultados do ensaio de lixiviação e solubilização do RCMG [MOURA et al., 2002].

Metais solubilizados Metais lixiviados

Elemento (ppm)

RCMG (mg/l)

NBR 10004 (mg/l) limites máximos

Elemento (ppm)

RCMG (mg/l)

NBR 10004 (mg/l) limites máximos

Ba N.D 1 Ba N.D 100 Cd N.D 0,005 Cd 0,015 0,5 Pb N.D 0,05 Pb 0,155 5 Cr N.D 0,05 Cr 0,042 5

Nitrato N.D 10 Ag N.D 5 Cu N.D 1 As N.D 5 Al 0,106 0,2 Hg N.D 0,1 Fe N.D 0,3 F 0,31 150 Mn 0,008 0,1 Se N.D 1 Zn 0,003 5 As N.D 0,05 N.D – Não detectado Hg N.D 0,001

Fenol N.D 0,001 Na 35,35 200 SO4 26 400 Cl 134,5 250 F 0,28 1,5

Cianeto N.D 0,1

Tabela 4.2 Resultados dos ensaios de resistências à compressão [MOURA et al., 2002].

RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DAS ARGAMASSAS (MPa)

Argamassa Cura de 3 dias Cura de 7 dias Cura de 28 dias

REFERÊNCIA 9,9 12,1 17,2

Com 5% de RCMG

10,45 13,6 17,6

Com 10% de RCMG

10,8 14,8 17,7

Page 52: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

52

4.2 RESÍDUO PROVENIENTE DO BENEFICIAMENTO DO ARROZ

Do processo de beneficiamento do arroz tem-se como resíduo a casca de arroz

(CA), que devido ao seu alto poder calorífico (aproximadamente 16720 kJ/kg) e custo

muito baixo, vem cada vez mais substituindo a lenha empregada na geração de calor e de

vapor, necessários para os processos de secagem e parboilização dos grãos. Mediante a

queima da casca de arroz em fornalhas a céu aberto ou em fornos especiais com

temperatura controlada, é produzida a cinza da casca de arroz (CCA), denominada residual

quando é obtida sem controle de temperatura e tempo de exposição [DELLA et al., 2001].

A estimativa para produção nacional de arroz em casca para a safra 2000/2001,

segundo dados do IBGE foi de aproximadamente 11.089.788 toneladas. Considerando que

do total de arroz colhido 23% correspondem à casca e 4% correspondem à cinza, conclui-

se que 443.591 toneladas deste resíduo são gerados no país.

Devido ao seu elevado teor de óxido de silício (tabela 4.3), este resíduo está sendo

utilizado na fabricação de vidros, isolantes térmicos, tijolos prensados e materiais

refratários, bem como na produção de cimento Portland ou usado como agregado em

argamassas e concretos (Figura 4.1).

Tabela 4.3 Composição química, em óxidos, da cinza da casca de arroz em comparação com a composição típica de refratários de sílica [DELLA et al.,

2001].

Óxidos Amostra de CCA analisada (% em Massa)

Composição típica de refratários de sílica

(% em Massa) SiO2 97,87 92 – 96

Al2O3 0,13 0,5 – 3 Fe2O3 0,06 0,5 – 2,5 CaO 0,50 1,5 – 3 MgO 0,74 - K2O 0,88 - Na2O 0,12 0,3 – 0,5 MnO 0,25 - TiO2 0,01 - P2O5 0,71 -

Page 53: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

53

Figura 4.1 Organograma de aplicação da cinza da casca de arroz a partir do beneficiamento do arroz [DELLA et al., 2001].

A caracterização microestrutural da cinza (figura 4.2), mostrou a presença de

partículas grandes (~ 1 mm) e pequenas (< 0,5 mm), predominando as menores (figura

4.2a). O formato alongado e contorcido, com aparência de espiga de milho, é provocado

pelo processo da queima (figura 4.2b). A Figura 4.2c apresenta as epidermes internas e

externas da CCA. A figura 4.2d mostra detalhes da epiderme interna das partículas de

casca de arroz presente na cinza, mostradas em (4.2c). A estrutura celular e porosa é

resultante da remoção da lignina e celulose presente na casca durante a queima, uma vez

que a celulose é o maior constituinte orgânico da casca.

Beneficiamento do arroz

Casca do arroz (CA)

Combustão (Geração de energia)

Cinza da casca de arroz (CCA)

PainéisBlocos

Vidros Isolantes térmicos

Tijolos prensados

Refratários

Estabilização de solos

Agregados em argamassas e

concretos

Cimento Portland

Page 54: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

54

Figura 4.2 Características típicas da cinza da casca de arroz [DELLA e Col, 2001] : (a) distribuição granulométrica variada; (b) aspecto morfológico; (c) epidermes internas e externas; (d) estrutura da epiderme interna da cinza vista em (c).

Sanguinetti [2000] estudou o desempenho da incorporação da cinza da casca de

arroz no concreto. Para a confecção do corpo-de-prova de referência utilizou cimento de

alta resistência inicial, brita e areia. As proporções de cinza de casca de arroz incorporadas

foram de 5% e 10%. As composições dos corpos-de-prova estão apresentadas na tabela

4.4.

Tabela 4.4 Composição dos corpos-de-prova [SANGUINETTI, 2000] .

Concreto Cimento (Kg) Cinza da casca

de arroz (Kg) Areia (Kg) Brita (Kg)

Referência 540 0 713 1203 5% de cinza 513 25 713 1203

10% de cinza 486 54 713 1203

Page 55: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

55

O Resultado da resistência foram satisfatórios conforme apresentado na tabela 4.5

[SANGUINETTI, 2000]. O concreto contendo 5% de cinza de casca de arroz apresentou

resistência à compressão semelhante ao do concreto de referência, tendo uma vantagem da

redução do cimento.

Tabela 4.5 Resistência à compressão do concreto [SANGUINETTI, 2000].

Concreto 3 dias (MPa) 7 dias (MPa) 28 dias (MPa)

Referência 62,54 63,30 72,10 5% de cinza 55,91 60,53 72,00

10% de cinza 52,50 58,35 65,50

4.3 RESÍDUOS VEGETAIS PROVENIENTES DE MATÉRIA-PRIMA E PROCESSOS INDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO

Com o objetivo de apresentar materiais alternativos para a construção civil,

Savastano Jr. [2000] estudou materiais reforçados com fibras vegetais. A tabela 4.6

apresenta vários tipos de resíduos, oriundos do processo agroindustrial de obtenção das

fibras vegetais comerciais em estudo.

Tabela 4.6 Resíduos oriundos do processamento de fibras vegetais [SAVASTANO JR., 2000].

Fibra Produto Principal Resíduo

Fibra verde antes da secagem

Bucha verde (já separada do bagaço) – umidade em torno de 120% em massa

Fibra beneficiada Refugo/bucha Bucha branca (sem tratamento) Fios de corda Fibras curtas (menor do que 3 cm) Bucha (tingimento com anilina e mistura com óleo mineral)

Baler twine (fio agrícola)

Fibras curtas (impregnadas com anilina e óleo mineral)

Sisal

Tapetes Retalhos de fios (tingimento a quente)

Page 56: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

56

Tabela 4.6 Resíduos oriundos do processamento de fibras vegetais [SAVASTANO JR., 2000] - continuação.

Fibra Produto Principal Resíduo

Fibra limpa e penteada Mistura de fibras e palha (refugo)

Piaçava Fibra para produção de vassouras

Fibras fora de padrão

Fibras longas e médias Fibras curtas (1-3 cm) Pó residual não peneirado Fibra curta

Fibras longas

Refugo de fibra longa Coco

Fibras longas e curtas Pós misturados com fibrinhas Algodão Fibras para tecelagem Microfibras 85% algodão e 15% poliester Polpa de eucalipto

Produção de papel Rejeito

Fibra bruta de 1a para tecelagem

Resíduo do amaciamento

Rami Fibra bruta de 2a para tecelagem

Resíduo do amaciamento

Banana Fruta de mesa e para indústria

Fibra do pseudocaule – base seca

Malva Fibra bruta limpa Fibra tipo 4

Savastano Jr. [2000] produziu telhas cerâmicas tipo romana de 487 mm x 263 mm

(figura 4.3) com matriz de argamassa de cimento Portland CPII-32F e areia lavada de rio

(módulo de finura = 2,12) segundo os seguintes procedimentos:

- relação cimento:areia de 1:1,5;

- relação a/c: 0,4 para corpos-de-prova de referência e 0,5 para corpos-de-prova com

adição de fibra;

- teor em volume de fibras de 2 %;

- tipos de fibras: sisal (bucha de campo e bucha de baler twine), pó residual não

peneirado de coco, rejeito de polpa celulósica de eucalipto, banana, malva “tipo 4”

e padrão sem fibra;

- equipamento: Parry Associates com adensamento por vibração

Page 57: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

57

Figura 4.3 Produção da telha de concreto [SAVASTANO JR., 2000] - (A) Placa recém moldada e vibrada, (B) Telha transferida para fôrma ondulada.

Os resultados das propriedades mecânicas (tabela 4.7) mostram que o padrão sem

fibra atingiu resistência mais elevada, tanto em tração como em compressão. Os

compósitos com reforço de fibra de sisal bucha de campo apresentou fraco desempenho

pela presença elevada do extrativo mucilagem que interfere de modo negativo na

hidratação do cimento Portland, especialmente perto da interface fibra-matriz

[SAVASTANO JR, 2000]. O compósito contendo a combinação de dois tipos diferentes de

fibra (coco e polpa de eucalipto) apresentou também baixas resistências devido ao volume

excessivo de fibras (total de 4%).

Com exceção das telhas reforçadas com fibra de sisal bucha de campo (força de

ruptura de flexão inferior a 680 N) e fibra de banana (empenamento superior a 3 mm), as

demais telhas produzidas a partir dos compósitos em estudo, atenderam às especificações

das normas técnicas [SAVASTANO JR., 2000].

A inclusão de fibras contribuiu para tornar as telhas mais leves, tanto pela reduzida

massa específica aparente da fibra como também pela incorporação de ar durante a mistura

dos compósitos [SAVASTANO JR., 2000].

Page 58: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

58

Tabela 4.7 Propriedades físicas e mecânicas dos compósitos à base de cimento Portland [SAVASTANO JR., 2000].

Corpo-de-prova Massa

especifica (kg/m3)

Empenamento (mm)

Resist. à compressão

28 dias (MPa)

Resist. à tração 28 dias (MPa)

Força de ruptura na flexão (N)

Padrão sem fibra 2148 2,02 37,3 4,61 1012 Sisal Bucha de

campo 2024 0,95 19,8 2,82 607

Sisal bucha de baler twine

1996 0,85 17,7 3,88 864

Coco pó residual 2056 2,10 25,8 3,95 845 Rejeito de popa de

eucalipto 2042 2,05 23,2 3,68 768

Banana 2036 3,23 22,5 3,48 681 Malva tipo 4 2067 0,60 16,1 3,69 804

Coco + polpa de eucalipto

1794 1,90 12,5 3,34 717

O Instituto de pesquisa tecnológico de São Paulo (IPT) desenvolveu componentes

empregando compósito de argamassa de cimento de escória de alto-forno reforçada com

2% em volume de fibras de coco [AGOPYAN, 1988]. O trabalho concentrou-se em painéis

para paredes estruturais (figura 4.4).

Figura 4.4 Seção transversal dos painéis [AGOPYAN, 1988]

Page 59: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

59

Com o objetivo de realizar avaliação de desempenho pós-ocupação, foi construído

pela Cohab-SP, com supervisão do IPT, um protótipo em escala real, no conjunto

habitacional da Vila Nova Cachoeirinha na cidade de São Paulo (figura 4.5). Avaliações

efetuas em 1998 confirmaram que suas paredes externas e internas permaneceram em

perfeitas condições após 8 anos de exposição.

Figura 4.5 Protótipo construído em Nova Cachoeirinha, São Paulo [AGOPYAN, 1988]

4.4 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE GALVANIZAÇÃO

Os resíduos provenientes das estações de tratamento de efluentes líquidos de

empresas de galvanização são classificados como perigosos, segundo a NBR 10.004,

devido ao teor de metais pesados detectados nos extratos obtidos nos ensaios de lixiviação

e solubilização, executados, respectivamente, de acordo com a NBR 10.004 [CHAMIE,

1993].

Com o objetivo de encontrar uma solução para reduzir o impacto ambiental do

resíduo proveniente da industria de galvanização, Chamie [1993] estudou o

encapsulamento deste resíduo através da solidificação em matrizes de cimento.

Page 60: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

60

Foram confeccionados corpos-de-prova de forma cilíndrica de 50 mm de diâmetro

por 100 mm de altura com diferentes traços. A tabela 4.8 apresenta a resistência à

compressão aos 28 dias.

Tabela 4.8 Resistência à compressão dos corpos-de-prova – 28 dias [CHAMIE, 1993]

Traço (Cimento: Resíduo)

Lote 4:1 5:1 6:1 7:1 8:1

1 2,57 MPa 9,20 MPa 6,80 MPa 5,55 MPa 9,40 MPa

2 3,67 MPa 21,20 MPa 4,60 MPa 8,65 MPa 19,17 MPa

3 2,90 MPa 17,07 MPa 2,50 MPa 7,25 MPa 16,25 MPa

Chamie [1993] concluiu com este estudo a possibilidade do encapsulamento do

resíduo através da solidificação em matrizes de cimento. Os ensaio de lixiviação realizado

apresentaram teores de metais no extrato lixiviado inferiores aos padrões estabelecidos

pela NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos.

4.5 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE AÇO

Estima-se que entre 70 a 170 kg/ton dos aços produzidos são escoria geradas tanto

na fusão redutora dos minérios para obtenção do ferro gusa, como na produção do aço,

resultando nas escórias chamadas de alto-forno e de aciaria, respectivamente. Masuero et

al. [1997] estudaram a viabilidade do uso de escórias de aciaria elétrica em materiais de

construção civil, especificamente como adição ao concreto. A tabela 4.9 apresenta a

composição típica de escória de aciaria elétrica.

Tabela 4.9 – Composição típica de escórias de aciaria elétrica [MASUERO et al., 1997].

País Geração

Kg/ton

CaO

(%)

MgO

(%)

SiO2

(%)

Al2O3

(%)

FeO

(%)

MnO

(%)

P2O5

(%)

S

(%)

Japão 127 40 4 25 5 19 7 0,06 Suécia 100 46 5 11 5 28 4 0,7 EUA 160 41 10 17 8 18 4 0,6 0,2 Alemanha 120 32 10 15 4 31 4 1,4 0,1 Brasil 150 33 10 18 6 30 5 0,9 0,1 Itália 120 41 8 14 7 20 6 0,9 0,1

Page 61: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

61

Ele observou que as escórias de aciaria apresentam como limitante de utilização o

problema de expansão sendo que e o uso indiscriminado, baseado apenas no empirismo,

pode resultar em conseqüências desastrosas, como pode ser visualizado na figura 4.6.

Figura 4.6 Descolamento e fissuração do revestimento do piso interno devido a problemas de expansão do substrato [MASUERO et al., 1997].

O problema da expansão é causado principalmente pela presença de óxido de cálcio

livre e óxido de magnésio reativo (associado também à metaestabilidade do silicato

dicálcico). Em presença de umidade, os óxidos de cálcio e magnésio livres hidratam-se.

Esta hidratação está associada a um aumento de volume, resultando no problema de

expansão das escórias. O óxido de cálcio é o responsável por expansões a curtos prazos,

sendo de 1,99 a expansão volumétrica que ocorre devido a hidratação da cal livre.

O óxido de magnésio por apresentar reações de hidratação mais lentas,é então responsável

pela expansão a longo prazo.

Para avaliar o desempenho mecânico de concretos com adição de escória de aciaria

elétrica foram produzidas misturas com três diferentes proporções de materiais

[MASUERO et al., 1997]. Estes concretos foram avaliados quanto a resistência à

compressão diametral resultando na tabela 4.10. O ganho de resistência alcançou a ordem

de 30 % com a utilização do resíduo. Além do ganho de resistência, teve-se uma redução

de consumo de cimento para todos os traços, chegando-se a uma diminuição de até 11 kg

de cimento por m3.

Page 62: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

62

Tabela 4.10 – Resultados de resistência à compressão aos 7, 28 e 91 dias de cura [MASUERO et al., 1997].

Resistência à compressão (MPa) Concreto Fator A/C

7 dias 28 dias 91 dias

Referência

0,4

0,5

0,6

32,93

23,99

18,13

38,66

28,13

22,00

43,32

32,93

24,13

Com 20% de

escória

0,4

0,5

0,6

39,06

32,53

21,86

43,86

36,66

28,26

53,99

42,92

31,06

Para avaliar a expansão provocada pela escória, Masuero et al. [1997] colocaram

corpos-de-prova de concreto com 20% de escória de dimensões de 2,5 x 2,5 x 28 cm em

reservatório de água à 80oC. Leituras diárias foram realizados durante 10 dias. Após este

período a expansão deve ser inferior a 5% para evitar ruptura do material por efeito da

expansão da escória. A figura 4.7 mostra que a expansão ficou bem abaixo do limite

máximo.

Figura 4.7 Evolução da deformação ao longo do tempo da amostra de concreto com 20% de escória de aciaria [MASUERO et al., 1997].

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

1 2 3 4 5 6

Dias

Exp

ansã

o (%

)

Sem adição de escória Com 20% de escória

Page 63: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

63

5,24

20,72

32,7836,49

0

5

10

15

20

25

30

35

40

7 14 28 90

Dias

Res

istê

ncia

(M

Pa)

4.6 RESÍDUO PROVENIENTE DA INDUSTRIA TÊXTIL

Em todo o estado de Santa Catarina o setor têxtil gera mensalmente cerca de 20.000

toneladas de resíduo semi-sólido.Visando encontrar soluções para o tratamento do lodo

têxtil, através do processo de solidificação com o cimento, Cheriaf et al. [1999] estudaram

um lodo da industria têxtil tratado com sulfato de alumínio. O lodo da indústria têxtil

possui consistência gelatinosa, coloração escura, constituído de materiais orgânicos, com

elevado teor de umidade, cuja variação depende da eficiência do sistema de filtragem. Para

eliminar os materiais orgânicos, Cheriaf e Col [1999] incineram o lodo a 5000C e

realizaram a análise química conforme tabela 4.11.

Tabela 4.11 – Composição química do lodo [CHERIAF et al., 1999]

Elementos Lodo % em massa

Cimento Portland CPIS % em massa

SiO2 2,94 19,3 Al2O3 10,34 4,6 Fe2O3 0,12 3,3 MgO 0,81 5,4 CaO 1,67 61,4 Na2O 1,64 --- K2O 0,41 0,6 TiO2 0,4 --- P2O5 4,8 --- CO2 Total 107,44 --- C orgânico 17,92 --- S total 1,49 2.5

Para estudar a resistência à compressão, Cheriaf et al. [1999] prepararam corpos

cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 10 mm de altura com inclusão de 30% do lodo no

cimento e efetuaram ensaios com 7, 14, 28 e 90 dias conforme a figura 4.8.

Figura 4.8 Resistência à compressão da mistura solidificada dos corpos-de-prova com 30% de lodo e 70% de cimento [CHERIAF et al., 1999].

Page 64: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

64

CapítuloCapítuloCapítuloCapítulo 5 5 5 5 Materiais e Métodos Materiais e Métodos Materiais e Métodos Materiais e Métodos

ExperimentaisExperimentaisExperimentaisExperimentais

5.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a produção do concreto foi utilizado cimento, areia, brita 1, pó de pedra e areia

de fundição.

O cimento utilizado foi o Portland CP II – F 32 por ser comum no mercado e ser

recomendado para os seguintes casos:

a) Concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo

de cura térmica.

b) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para

desforma rápida, curados por aspersão de água.

c) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento para

desforma rápida, curados a vapor ou com outro tipo de cura térmica.

d) Pavimento de concreto simples ou armado.

e) Pisos industriais de concreto.

O cimento é fornecido comercialmente em saco de 50 Kg, com composição típica

de óxidos de seus compostos conforme apresentado na tabela 5.1 [GROSSI, 2001]..

Page 65: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

65

Tabela 5.1 – Composição típica comercial dos óxidos presentes nos compostos do cimento [GROSSI, 2001]..

Óxidos Propriedades Massa (%)

Al2O3 – Óxido de alumínio 4,31 SiO2 – Óxido de silício 18,06 CaO – Óxido de cálcio

São óxidos formadores dos complexos químicos básicos C3S, C2S, C3A e C4AF

59,72 MgO – Óxido de magnésio 5,07 CaO – Óxido de cal livre

São controlados por serem expansivos 1,58

SO3 – Trióxido de enxofre Teor indicador da quantidade de gesso, regulador do tempo de pega

2,95

Resíduo insolúvel Material não-hidráulico ao cimento 1,20 Equivalente alcalino Expressa a quantidade de Na2O e K2O,

controlados porque em contato com minerais reativos presentes no agregado

formam fases expansivas

0,59

A areia utilizada possui densidade de 1360 Kg/m3 sendo classificada como areia

média grossa com módulo de finura de 3,44.

A Areia de fundição residual estudada foi cedida pela Empresa Menegotti

Indústrias Metalúrgicas Ltda, localizada no município de Shoereder/SC com densidade de

1.550 Kg/m3 sendo classificada como Classe II - não perigoso e não fenólica.

O pó de pedra utilizado possui densidade de 1340 Kg/m3 sendo classificado como

agregado miúdo grosso, com módulo de finura variando entre 2,71mm < MF < 4,02 mm.

O agregado graúdo utilizado foi a Brita 1 que possui dimensões entre 9,5 a 19 mm

e densidade de 1.590 kg/m3.

A água utilizada para fabricação do concreto foi proveniente da rede de

abastecimento do município de Jaraguá do Sul - SAMAE

Page 66: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

66

5.2 PREPARAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA Foram preparados, inicialmente, corpos-de-prova de argamassa contendo a areia de

fundição residual para efetuar uma pré-análise da viabilidade da utilização deste resíduo

em concreto para confecção de pavimento. Depois, foram produzidos corpos-de-prova de

pavimento em escala de produção com uso de equipamento dotado apenas de vibração

mecânica com o objetivo de estudar a influência de diferentes quantidades de resíduo

incorporados no concreto. Uma terceira etapa foi estudar a influência do processo de

fabricação na confecção do pavimento. Através de corpos-de-prova de pavimento obtidos

em escala de produção com uso de equipamento dotado com mecanismo de vibro-

prensagem hidráulica, compararando com o processo de vibração. Na ultima etapa do

experimento foi elaborado um ajuste de traço de agregados para melhorar o acabamento

superficial dos pavimentos.

5.2.1 Fabricação de argamassa

Inicialmente foram moldadas argamassas em moldes cilíndricos com dimensões 50 mm de

diâmetro e 100 mm de comprimento utilizando cimento, areia comum e areia de fundição

residual com o objetivo de comparar com um corpo-de-prova de referência confeccionado

apenas com cimento e areia conforme traço apresentado na tabela 5.2. Cada corpo-de-

prova foi moldado em 3 camadas de argamassa e cada camada foi adensada manualmente

com 20 golpes, utilizando-se um soquete padrão.

Tabela 5.2 – Traço das argamassas confeccionadas com e sem areia de fundição residual.

Corpo-de-prova de argamassa

Traço (massa) Cimento: Areia Comum : Areia fundição

a/c = 0,37

% de substituição de areia comum

por resíduo Sem resíduo 1 : 4 : 0 0 Com resíduo 1 : 3 : 1 25 %

Page 67: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

67

5.2.2 Fabricação de pavimento com equipamento dotado apenas de vibração

Foi efetuada a dosagem de cimento e dos agregados (areia, brita 1, diferentes

porcentagens de resíduo), conforme tabela 5.3, através de um equipamento modelo MBM-

3, marca Menegotti, com compactação exclusivamente por meio de vibração mecânica

localizada no próprio molde. Foram confeccionados corpos-de-prova (CP) em formato de

pavimento com dimensões (100 x 200 x 80 mm) conforme exigido pela NBR – 9781.

Tabela 5.3 – Traço dos corpos-de-prova fabricados com equipamento dotado apenas

de vibração mecânica.

CP

Traço (massa)

Cimento:Brita 1:Areia Comum:Areia fundição a/c = 0,37

% de resíduo nos

agregados

% de resíduo na areia

comum

A 1 : 2,85 : 3,15 : 0.00 0 0 B 1 : 2,85 : 2,36 : 0.78 13% 25% C 1 : 2,85 : 1,57 : 1.57 26% 50% D 1 : 2,85 : 0,78 : 2.36 40% 75% E 1 : 2,85 : 0,00 : 3.15 52% 100%

5.2.3 Fabricação de pavimento com equipamento dotado com mecanismo de vibro-

prensagem hidráulica

Na terceira etapa do experimento foram confeccionados corpos-de-prova em

equipamento automático dotado de vibro-prensagem hidráulica, possuindo uma pressão de

trabalho de 14 MPa aplicado pelo cilindro hidráulico. Outro recurso do equipamento é a

existência de resistências térmicas instaladas internamente no contra-molde.

O contra-molde é o acessório responsável pelo acabamento superficial do

pavimento. Devido à alta pressão de trabalho durante a compactação do pavimento, se

forma uma película de água sobre a superfície superior da peça. Esta película pode

prejudicar o acabamento da peça durante a desmoldagem, ou seja, aglomerando concreto

ao contra molde e deixando falhas na peça extraída. Com o aquecimento do contra-molde é

possível evaporar parcialmente esta película de água e minimizar falhas de acabamento.

A mistura do concreto foi efetuada através de Betoneira 320L, transportado por

meio de esteira transportadora inclinada até o equipamento onde foi feito a moldagem. A

Page 68: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

68

figura 5.1 mostra todo o procedimento usado para a fabricação dos pavimentos. O

empilhamento dos pavimentos foi executado com a utilização do próprio pallet com

espaçadores de madeira.

Foram extraídos 10 copos-de-prova por vez. Foi estabelecida uma temperatura

média de 161oC no contra-molde em 9 dos corpos-de-prova, e apenas 1 foi confeccionado

com temperatura de 23oC para efeito de análise do acabamento superficial.

Figura 5.1 – Terceira etapa do experimento mostrando mistura do concreto em betoneira 320L(A e B), transporte em esteira transportadora(C e D), fabricação em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica (E) e estocagem das peças em prateleira feita com o próprio pallet (F).

Page 69: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

69

Os traços utilizados foram os mesmos dos corpos-de-prova A e B fabricados somente

com vibração (tabela 5.4). O objetivo foi de efetuar um comparativo de desempenho entre

os dois processos de fabricação.

Tabela 5.4 – Traço dos corpos-de-prova fabricados com equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica.

CP Traço (massa)

a/c = 0,2 Cimento: Brita 1 :Areia Comum :Areia fundição

% de resíduo nos agregados

% de resíduo na areia comum

A 1 : 2,85 : 3,15 : 0,00 0 0 B 1 : 2,85 : 2,36 : 0,78 13% 25%

Após 3 dias da extração os corpos-de-prova foram identificados e empilhados em

um pátio sem cobertura conforme figura 5.2. Os números representam a organização

conforme molde da máquina. Foram feitos 50 corpos-de-prova de cada traço sendo 45 com

aquecimento do contra-molde à 161oC e 5 com temperatura de 23oC para análise do

acabamento superficial.

Figura 5.2 – Empilhamento e identificação dos corpos-de-prova após 3 dias da extração.

Page 70: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

70

5.2.4 Fabricação de pavimento com traço ajustado para melhor acabamento

superficial em equipamento dotado com mecanismo de vibro-prensagem

hidráulica

A quarta etapa do experimento foi ajustar o traço com o objetivo de melhorar o

acabamento da face superior do pavimento. Foi substituída uma parcela da brita 1 pelo

agregado pó de pedra e manteve-se o traço 1:6 com a mesma quantidade de areia de

fundição e areia comum do traço B. Foram feitos 50 corpos-de-prova de cada traço sendo

45 com aquecimento do contra-molde à 161oC e 5 com temperatura de 23oC para analisar

a influência da temperatura no acabamento (tabela 5.5).

Tabela 5.5 – Traço dos corpos-de-prova com ajuste de traço. CP

Traço (massa)

Cimento: brita 1 : areia comum : areia fundição : pó de Pedra a/c = 0,2

% de resíduo em relação

ao agregado total

% de resíduo na areia

comum

C

1 : 1 : 2,36 : 0,78 : 1,86

13%

25%

Page 71: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

71

5.3 ENSAIOS DE COMPRESSÃO

O ensaio de compressão teve os seguintes objetivos:

a) Primeira etapa: efetuar um estudo preliminar do desempenho do resíduo areia de

fundição em substituição parcial ao agregado miúdo.

b) Segunda etapa: efetuar um estudo do desempenho do concreto para pavimento

com aplicação de diferentes porcentagens de areia de fundição em equipamento

manual com compactação por vibração.

c) Terceira etapa: efetuar um estudo do desempenho do concreto para pavimento em

equipamento automático com vibro-compressão hidráulica.

d) Quarta etapa: efetuar um estudo do desempenho do concreto para pavimento em

equipamento automático com compactação por vibração e prensagem hidráulica

sendo o traço ajustado para realidade do mercado.

5.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Os corpos-de-prova recuperados do ensaio de ruptura por compressão axial da

segunda e terceira etapa foram submetidos a um estudo de caracterização da microestrutura

através da técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV). O estudo da

microestrutura foi realizado sobre os fragmentos recuperados dos ensaios mecânicos de

cada um dos traços. A preparação de cada amostra para realizar a caracterização via

microscopia eletrônica de varredura seguiu as seguintes etapas:

a) Secagem da amostra;

b) Metalização superficial com ouro na ordem de 12 nm, para evitar os efeitos de carga do

feixe eletrônico, usando-se um metalizador BALTEC/SCD 050 Sputter Coater;

c) Análise morfológica e microestrutural no microscópio eletrônico de varredura, marca

ZEISS, modelo DSM 940A.

Page 72: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

72

5.5 ENSAIOS DE LIXIVIAÇÃO, ANÁLISE DE MASSA E SOLUBILIZAÇÃO

Os ensaios de lixiviação, análise de massa e solubilização foram realizados

conforme normas brasileiras sobre amostras dos corpos-de-prova de argamassa (tabela

5.2). O critério de escolha foi baseado nos resultados dos ensaios mecânicos, ou seja,

traços contendo até no máximo 25% de resíduo no agregado total. A amostragem e os

ensaios de lixiviação e análise de massa, e de solubilização foram realizados pela empresa

Essencis Soluções Ambientais de Curitiba / PR conforme as normas NBR 10007, 10005 e

10006, respectivamente.

Page 73: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

73

CapíCapíCapíCapítulo 6 tulo 6 tulo 6 tulo 6 Resultados e DiscussõesResultados e DiscussõesResultados e DiscussõesResultados e Discussões

6.1 ENSAIO GRANULOMÉTRICO DAS AREIAS O ensaio granulométrico foi realizado para verificar o tamanho das partículas das

areias e suas respectivas proporções relativas. Os resultados da areia de fundição residual e

areia comum encontram-se na tabela 6.1 e 6.2, respectivamente.

Tabela 6.1 – Resultado do ensaio granulométrico do resíduo.

% em massa Peneiras (mm)

Material retido (g) Retida Acumulada

4,8 0 0 0 2,4 1 0,43 0,43 1,2 8,50 3,69 4,12 0,6 16,22 7,04 11,16 0,3 178,98 77,80 88,96 0,15 15,40 6,69 95,65

< 0,15 10,04 4,39 100 Total : 230,14 100 Módulo de Finura MF = 2,0

Tabela 6.2 – Resultado do ensaio granulométrico da areia comum.

% em massa Peneiras (mm)

Material retido (g) Retida Acumulada

6,3 7,32 2,93 2,93 4,8 7,22 2,98 5,82 2,4 79,82 31,93 37,75 1,2 43,82 17,21 54,96 0,6 82,08 12,83 67,79 0,3 33,16 13,26 81,05 0,15 25,00 10,00 91,05

< 0,15 22,50 8,93 3,57 Total : 250 100 Módulo de Finura MF = 3,44

Page 74: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

74

A figura 6.1 apresenta a curva granulométrica da areia de fundição residual. Nota-

se que a curva encontra-se fora dos limites recomendados para confecção de pavimento de

concreto. Interpreta-se o resultado como agregado muito fino em relação ao recomendado.

Figura 6.1- Curva de distribuição grnulométrica da areia de fundição residual frente aos limites ideais para os agregados destinados à fabricação de pavimento.

A figura 6.2 apresenta a curva granulométrica da areia comum. Nota-se que a curva

encontra-se quase que totalmente dentro dos limites recomendados para confecção de

pavimento de concreto. Interpreta-se o resultado como agregado adequado em relação ao

recomendado.

Figura 6.2 – Curva de distribuição granulométrica da areia comum frente aos limites ideais para os agregados destinados à fabricação de pavimento.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8

Abertura das Peneiras (mm)

Ret

ido

Acu

mu

lad

o (

%)

Areia de Fundição Limite Ideal - mínimo Limete ideal - máximo

0102030405060708090

100

0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8

Abertura das Peneiras (mm)

Ret

ido

Acu

mu

lad

o (

%)

Areia Comum Limite Ideal - mínimo Limete ideal - máximo

Page 75: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

75

6.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DOS AGREGADOS

A figura 6.3 apresenta uma micrografia obtida por microscopia eletrônica sobre a

areia comum. Pode-se observar que existe uma dispersão de tamanho das partículas da

areia. Essa areia comum também se caracteriza por apresentar granulometria

preferencialmente angular.

Figura 6.3 – Micrografia mostrando a dispersão do tamanho e forma das partículas da areia comum.

A figura 6.4 mostra a presença de impurezas recobrindo a areia comum,

principalmente argila com base na literatura.

Figura 6.4 – Micrografia mostrando a presença de impurezas sobre uma partícula de areia comum.

Page 76: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

76

Sobre a figura 6.5 pode-se observar que o tamanho das partículas da areia de

fundição residual é, de modo geral, menor do que da areia comum. Por outro lado, eles são

mais homogêneos e apresentam uma morfologia mais arredondada.

Figura 6.5 – Micrografia mostrando a dispersão do tamanho e forma das partículas da areia de fundição residual.

Comparando com a literatura, pode-se observar também que as partículas de sílica

estão recobertas por uma camada de bentonita, usada com aglomerante na composição da

areia de fundição (figura 6.6)

Figura 6.6 – Micrografia mostrando as partículas da areia de fundição residual recobertas por uma camada de bentonita.

Page 77: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

77

A figura 6.7 apresenta uma vista geral do pó de pedra. Pode-se observar uma

variação maior do tamanho das partículas assim como geometria angular, característica do

processo de fragmentação da rocha.

Figura 6.7 – Micrografia mostrando a dispersão do tamanho e forma das partículas do pó de pedra.

A figura 6.8 apresenta a superfície de uma partícula de pó de pedra com presença

de vazios e material desagregado.

Figura 6.8 – Micrografia mostrando a presença de poros na superfície do pó de

pedra.

Page 78: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

78

A figura 6.9 apresenta a superfície de clivagem de uma partícula de brita número 1.

Figura 6.9 – Micrografia mostrando a superfície de uma brita 1.

6.3 ENSAIO DE COMPRESSÃO

6.3.1 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de argamassa

O resultado dos ensaios de compressão axial com 28 dias de cura da primeira etapa

encontra-se na tabela 6.3.

Tabela 6.3 – Resultado do ensaio de resistência das argamassas. Argamassa de referência (1:4 – cimento: areia) e argamassa com areia de fundição

(1:3:1 – cimento: areia comum: areia de fundição).

Resistência (MPa) – 28 dias

CP 1 2 3 4 5 Media Desvio

Padrão

Argamassa de referência

8,09 12,11 6,21 6,51 6,30 7,84 2,50

Argamassa com areia de fundição

10,6 6,17 7,60 10,70 7,40 8,49 2,04

Page 79: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

79

A resistência média à compressão das argamassas com e sem resíduo é da mesma

ordem de grandeza sendo que a argamassa com areia de fundição residual tende a

apresentar valores de resistência levemente superiores à argamassa de referência (sem

resíduo).

6.3.2 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de concreto fabricados em

equipamento com vibração

Os resultados do desempenho do concreto para pavimento com aplicação de

diferentes porcentagens de areia de fundição em equipamento manual com compactação

por vibração encontram-se na tabela 6.4.

Tabela 6.4 – Resultado do ensaio de resistência dos pavimentos confeccionados em equipamento manual com compactação por vibração após 30 dias de cura.

Resistência (MPa) aos 30 dias.

CP 1 2 3 4 5 Média Desvio Padrão

CP-A 19,33 16,25 21,25 14,05 6,5 15,47 5,73

CP-B 16,60 13,75 5,50 12,50 13,75 12,37 4,13

CP-C 8,52 11,40 11,40 9,37 3,50 8,84 3,24

CP-D 8,55 14,70 3,75 10,00 6,25 8,65 4,13

CP-E 2,67 1,50 1,66 6,19 3,16 3,04 1,89

De acordo com os resultados da tabela 6.4, também mostrados na figura 6.10, a

resistência dos pavimentos confeccionados com equipamento de vibração diminui com o

aumento da concentração de resíduo.

Page 80: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

80

Figura 6.10 – Desempenho da resistência média dos pavimentos confeccionados em equipamento com compactação por vibração com diferentes porcentagens de areia de fundição residual. Traço 1:6 (cimento: agregados) e a/c = 37 %.

Além da resistência diminuir significativamente com a adição da areia de fundição,

o desvio padrão comparado com a resistência média dos corpos-de-prova aumenta a ponto

de corresponder a 62,4% da resistência média conforme apresentado na figura 6.11.

Figura 6.11 – Resistência média, desvio padrão e porcentagem do desvio sobre a resistência média.

8,84 8,65

12,37

15,47

3,04

0,00

4,00

8,00

12,00

16,00

20,00

0% 25% 50% 75% 100%

Porcentagem de substituição da areia comum por Areia de Fundição

Res

istê

nci

a (M

Pa)

CP-A CP - B CP - C CP - D CP - E

15,48

12,37

8,84 8,65

3,041,89

4,133,24

4,135,73

0,00

4,00

8,00

12,00

16,00

20,00

0% 25% 50% 75% 100%

Porcentagem de substituição da areia comum por Areia de Fundição

MP

a

Resistência Média Desvio Padrão

CP-A CP-B CP-C CP-D CP-E

37%

33,4%36,7% 47,7%

62,4%

Page 81: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

81

6.3.3 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de concreto fabricados em

equipamento automático com vibro-compressão hidráulica

Os resultados do desempenho do concreto para pavimento com e sem utilização de

areia de fundição em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica

encontram-se na tabela 6.5 e 6.6, para 30 e 90 dias de cura. As tabelas trazem informações

da resistência em cada peça de acordo com a sua posição no pallet, sendo de 1 a 9 os

corpos confeccionados com o molde superior aquecido a 161oC e o de número 10 com o

molde superior a temperatura ambiente.

Tabela 6.5 – Resultado do ensaio de resistência dos pavimentos confeccionados em

equipamento automático com vibro-compressão hidráulica, após 30 dias de cura.

Resistência (MPa) aos 30 dias

Aquecimento do molde superior - 161oC 23oC CP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média Desvio Padrão

A 25,10 25,07 29,15 30,53 24,54 25,20 18,73 20,37 24,57 30,41 25,37 3,90 B 30,29 27,27 33,13 27,47 33,32 35,34 28,96 36,88 31,71 37,91 32,23 3,76

De acordo com os resultados da tabela 6.5 a resistência média dos pavimentos com

areia de fundição (CP B) foi 21,28% superior do que o pavimento sem areia de fundição

(CP A).

Tabela 6.6 – Resultado do ensaio de resistência dos pavimentos confeccionados em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica, após 90 dias de cura.

Resistência (MPa) aos 90 dias

Aquecimento do molde superior - 161oC 23oC CP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média Desvio Padrão

A 30,35 33,26 28,01 32,77 37,02 24,03 22,80 24,58 33,51 30,44 29,68 4,71 B 29,13 44,22 49,21 45,16 38,47 29,30 26,08 32,27 41,75 38,98 37,46 7,86

Page 82: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

82

De acordo com os resultados da tabela 6.6, a resistência média dos pavimentos com

areia de fundição (CP B) foi 20,85% superior do que o pavimento sem areia de fundição

(CP A).

A temperatura do molde superior não tem influência na resistência mecânica, mas

melhora o acabamento superficial dos pavimentos quando aquecidos e mantido a 161 oC

como pôde-se observar nos corpos de provas de 1 a 9 comparados com o de número 10.

A resistência média tanto para o CP A como para o CP B aumentou com o tempo

de cura. O CP A apresentou um aumento de 16,99 % em 60 dias e o CP B apresentou um

aumento de 16,22% após o mesmo período.

6.3.4 Ensaio de compressão dos corpos-de-prova de traço comercial fabricados em

equipamento automático com vibro-compressão hidráulica

Os resultados do desempenho do concreto para pavimento com adição de pó de

pedra e areia de fundição fabricados em equipamento automático com vibro-compressão

hidráulica encontram-se na tabela 6.7 e 6.8 para 30 e 90 dias de cura. As tabelas trazem

informações da resistência em cada peça de acordo com sua posição no pallet, sendo de 1 a

9 os corpos confeccionados de novo com o molde superior aquecido a 161oC e o de

número 10 com o molde superior a temperatura ambiente.

Tabela 6.7 – Resultado do ensaio de resistência dos pavimentos com pó de pedra confeccionados em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica – 30

dias de cura.

Resistência (MPa) aos 30 dias

Aquecimento do molde superior - 161oC 23oC CP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média Desvio Padrão

C 20,22 22,75 23,12 25,29 22,89 25,02 22,86 19,84 19,60 24,70 22,63 2,11

Page 83: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

83

De acordo com os resultados da tabela 6.7 a resistência média aos 30 dias de cura

dos pavimentos CP C com a adição de pó de pedra foi 10,80 % menor do que o CP A e

29,78 % menor do que o CP B conforme já apresentado na tabela 6.5.

Tabela 6.8 – Resultado do ensaio de resistência dos pavimentos com pó de pedra

confeccionados em equipamento automático com vibro-compressão hidráulica – 90 dias de cura.

Resistência (MPa) aos 90 dias

Aquecimento do molde superior - 161oC 23oC CP

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Média Desvio Padrão

C 30,60 29,17 27,47 21,46 28,87 25,74 25,21 25,82 24,34 20,28 25,90 3,30

De acordo com os resultados da tabela 6.8 a resistência média dos pavimentos CP C

aumenta com o tempo de cura, mas foi 12,73 % menor do que o CP A e 30,86 % menor do

que o CP B conforme já apresentado na tabela 6.6.

O pó de pedra melhora o acabamento superficial dos pavimentos, mas diminui a

resistência mecânica. Observou-se também que a resistência mecânica depende do

processo de fabricação como mostra a figura 6.12 para pavimentos de concreto preparados

com a mesma proporção (1 de cimento: 6 de agregado).

Figura 6.12 – Resistência média à compressão dos pavimentos de concreto com 30 dias de cura.

15,48

12,37

25,37

32,23

0

5

10

15

20

25

30

35

Sem areia de fundição Com areia de fundição

MP

a

Equipamento com vibração Equipamento com Vibro-compressão hidráulica

Page 84: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

84

De acordo com os resultados da figura 6.12 a resistência média à compressão dos

pavimentos confeccionados em equipamento com vibro-compressão hidráulica foram

superiores aos produzidos em equipamento com vibração, tanto do pavimento sem areia de

fundição como o com resíduo. A diferença representou 63,88 % de aumento de resistência

para o pavimento sem areia de fundição e 160,55% com areia de fundição. A resistência

mecânica dos pavimentos fabricados somente com vibração tende a diminuir com a adição

de resíduo enquanto que sobre aqueles fabricados com vibro-compressão a resistência

aumenta com a incorporação do resíduo em substituição parcial à areia comum.

Os equipamentos possuem concepção diferente, com vibro-compressão hidráulica o

equipamento promove, além da vibração, uma pressão de 1,1 MPa em cada pavimento por

meio de um cilindro hidráulico. Este sistema permite a obtenção de um pavimento melhor

compactado, ou seja, com menor porosidade.

6.3.5 Discussão da influência da inclusão do pó de pedra no resultado de ensaio de

compressão dos pavimentos de concreto

A figura 6.13 apresenta o acabamento superficial das peças no momento da

desforma dos blocos. Verifica-se que o traço C ficou melhor do que o traço A e B. Pode-se

notar que o traço A possui coloração diferente dos traços B e C que contém areia de

fundição residual.

A figura 6.14 apresenta o acabamento superficial após 15 dias de cura. Pode-se

notar que a diferença da coloração após esta data de cura não se destaca tanto quanto no

momento da desforma.

Page 85: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

85

Figura 6.13 – Acabamento superficial das peças no momento da desforma (1) traço A sem areia de fundição, (2) traço B com areia de fundição e sem pó de pedra, (3) traço C com areia de fundição e com pó de pedra.

Figura 6.14 – Acabamento superficial das peças 15 dias após a desforma (1) traço A sem areia de fundição, (2) traço B com areia de fundição e sem pó de pedra, (3) traço C com areia de fundição e com pó de pedra.

Page 86: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

86

Apesar de melhorar o acabamento superficial do pavimento, a inclusão do pó de

pedra prejudicou a resistência do concreto conforme apresentado na figura 6.15.

Figura 6.15 – Resistência média à compressão dos pavimentos de concreto com 30 dias e 60 dias de cura, sendo CP B: ( 1 cimento: 2,85 brita 1 : 2,36 areia comum : 0,78 areia de fundição) e CP C (1 cimento: 1 brita 1 : 2,36 areia comum : 0,78 areia de fundição : 1,86 pó de pedra).

O pó de pedra por apresentar uma granulométrica mais fina do que a brita 1

proporciona um melhor acabamento superficial do pavimento. O adensamento efetuado

pelo equipamento durante a fabricação dos pavimentos é resultado da vibração e

compressão hidráulica. A compressão hidráulica proporciona uma força em uma única

direção. A vibração hidráulica proporciona forças alternadas em diversas direções,

inclusive soma-se com a compressão. Esta vibração além de ser muito importante para

acomodação dos agregados internamente na peça também é responsável pela acomodação

dos agregados finos na superfície da peça. Quando se tem muito agregado graúdo, ocorre

contato entre um e outro impedindo, desta forma, o deslocamento do agregado graúdo para

baixo da superfície da peça. A figura 6.16a representa esquematicamente a influência da

disposição da brita 1 no traço B e a figura 6.16b o acabamento superficial do pavimento

confeccionado com o traço C.

32,23

37,46

22,63

25,9

0

5

10

15

20

25

30

35

40

30 dias 90 dias

MP

a

CP B CP C

Page 87: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

87

Figura 6.16 – Representação esquemática do acabamento superficial. (A) traço não contendo pó de pedra e (B) traço contendo pó de pedra.

Com relação à resistência pode-se relacionar os seguintes motivos que podem ter

causado a queda de resistência do pavimento com a inclusão do pó de pedra:

a) Textura superficial: Ao contrario da brita 1 que possui superfície compacta e áspera

(figura 6.9), o pó de pedra possui superfície com material desagregado (figura 6.8).

b) Aumento de agregado fino na mistura: Aumentou-se a área específica dos

agregados com a inclusão do pó de pedra.

Page 88: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

88

6.4 ANÁLISE MICROESTRUTURAL DOS CORPOS-DE-PROVA

6.4.1 Corpos-de-prova fabricados por vibração

A figura 6.17 apresenta os vazios capilares, originados pelo espaço não preenchido

dos compostos sólidos da hidratação do cimento. Este volume total de porosidade, e

principalmente, a distribuição dos tamanhos dos poros é o principal motivo da queda da

resistência do concreto. A figura 6.17 corresponde aos traços contendo 0, 50 e 100 % de

areia de fundição em substituição à areia comum.

Figura 6.17 – Micrografia obtidas no MEV mostrando as porosidade nos corpos-de-prova contendo (A) = 0 % resíduo, (B) = 50% resíduo e (C) = 100% resíduo.

A zona de transição que é a porção da pasta de cimento em contato com o agregado

é caracterizada por ser uma região com maior porosidade decorrente da elevação da

relação água/cimento devido ao filme de água que se forma em torno do agregado,

principalmente o agregado graúdo.

Sabe-se que a bentonita da areia de fundição se hidrata facilmente. Ao hidratar, a

bentonita incha e aumenta a superfície resultando em um zona de transição com maior

porosidade e com a formação de grandes cristais de Ca(OH)2. Além disso, esta porção de

água absorvida pela bentonita pode prejudicar a hidratação da pasta de cimento. Desta

Page 89: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

89

forma os silicatos hidratados C-S-H, que são os principais responsáveis pela resistência

mecânica, apresentam uma morfologia pouco desenvolvida e fibrilar pois dependem da

hidratação da pasta de cimento.

A figura 6.18 apresenta a microestrutura do hidróxido de cálcio no concreto

contendo 25 % de areia de fundição em substituição à areia comum (corpo-de-prova CP-

B). Na análise EDS apresentada na figura 6.19, foi detectado essencialmente o cálcio no

precipitado hexagonal mostrando que se trata de um hidróxido formado de cálcio,

provavelmente o hidróxido de cálcio como é mencionado na literatura.

Figura 6.18 – Formação do hidróxido de cálcio e porosidade observada sobre os corpos-de-prova obtidos com 25% de areia de fundição em substituição à areia comum (CP B).

Figura 6.19– Espectro EDS indicando os elementos químicos da fase indicada pela seta sobre a figura 6.18.

De acordo com a figura 6.18 o Ca(OH)2 está envolvido pelo C-S-H. No caso da

figura 6.20 os corpos de prova obtidos com 100% de areia de fundição em substituição à

areia comum (corpo-de-prova CP-E) apresentam o Ca(OH)2 sem aderência com a pasta de

C-S-H. Nota-se também que houve pouca formação de C-S-H entre os agregados

prejudicando desta forma o pavimento.

Page 90: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

90

Figura 6.20 Formação do hidróxido de cálcio e porosidade sobre os corpos-de-prova obtidos com 100% de areia de fundição em substituição à areia comum (CP E).

Pode-se concluir que o equipamento dotado apenas de vibração gerou a formação

de vazios em torno dos agregados, aumentando localmente a relação a/c e,

conseqüentemente, proporcionando a formação de grandes cristais de Ca(OH)2.

Page 91: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

91

6.4.2 Corpos-de-prova fabricados com vibro-compressão hidráulica

Conforme já mencionado na figura 6.12, a resistência média à compressão dos

pavimentos confeccionados em equipamento com vibro-compressão hidráulica foram

superiores aos produzidos em equipamento com vibração.

A combinação de vibração e compressão durante a fabricação do pavimento

proporcionou um material com menos porosidade e conseqüentemente não deixou vazios

para formação de grandes cristais de Ca(OH)2. Os silicatos hidratados C-S-H, que são os

principais responsáveis pela resistência mecânica, apresentam uma morfologia bem

desenvolvida entre os agregados, conforme pode-se observar sobre o corpo-de-prova B

com areia de fundição (figura 6.21).

Figura 6.21 – Microscopia eletrônica do corpo-de-prova B (com areia de fundição) apresentando a morfologia do C-S-H e a ausência de grandes cristais de Ca(OH)2.

Page 92: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

92

A figura 6.22 apresenta uma fissura, provavelmente crida devido às forças de

compressão e/ou secagem em estufa do material do traço contendo areia de fundição.

Pode-se verificar também que não há indício de Ca(OH)2 na forma hexagonal.

Figura 6.22 – Microscopia eletrônica efetuada no corpos-de-prova B (com areia de fundição) apresentando a fissura em (B) e uma vista geral da microestrutura em (A).

A figura 6.23 apresenta o vazio originado pelo espaço não preenchido dos

componentes sólidos da hidratação do cimento do corpo-de-prova A sem areia de fundição.

Verificam-se também as microfissuras interligadas com o vazio, originadas pela secagem

em estufa (desidratação da pasta) ou pelas forças de compressão durante o ensaio de

ruptura em compressão.

Page 93: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

93

Figura 6.23 – Microscopia eletrônica efetuada no corpo-de-prova A (sem areia de fundição) apresentando as microfissuras interagindo com o vazio.

6.4.3 Discussão da influência do equipamento e da areia de fundição no resultado do

ensaio de compressão dos pavimentos de concreto

O desempenho dos pavimentos teve como determinante a influência da energia de

compactação do equipamento. A tabela 6.9 mostra a influência do resíduo e do processo de

fabricação dos pavimentos nas características e propriedades do concreto.

Page 94: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

94

Tabela 6.9 – Influência do equipamento e do resíduo na fabricação do pavimento de concreto.

Fatores Equipamento com vibração

Equipamento com vibro-compressão hidráulica

Compactação

- Pouca acomodação dos agregados com formação de grande volume de vazios no concreto resultando em baixa resistência à compressão.

- Acomodação suficiente com bom empacotamento dos agregados de forma que resulta em um concreto com pouca porosidade. - A vibro-compressão diminui a distância de transição pasta/agregado aumentando a resistência mecânica.

Ca(OH)2

- Com os grandes vazios no concreto, ocorre formação dos grandes cristais de Ca(OH)2 conforme figura 6.16.

- Os poros formados não possuem espaço suficiente para formação dos grandes cristais de Ca(OH)2 conforme figura 6.19.

Areia de fundição residual

- Aumenta a área específica do agregado e, portanto, a área de transição pasta/agregado. Conseqüentemente tem-se aumento de vazios e assim maior concentração de cristais de Ca(OH)2 . Portanto, menor resistência com a adição do resíduo.

- Com a vibro-compactação o material mais fino (resíduo) preencheu melhor os vazios dos agregados mais grossos, ou seja, teve-se um melhor empacotamento e, conseqüentemente, uma maior resistência mecânica. A diminuição de cimento por unidade de superfície de agregado não tem influência na resistência mecânica, conforme mostrado na tabela 6.3.

Page 95: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

95

6.5 ENSAIOS DE LIXIVIAÇÃO, ANÁLISE DE MASSA E SOLUBILIZAÇÃO

Os resultados obtidos encontram-se expressos nas tabelas 6.10 a 6.13.

Tabela 6.10 – Análise de massa e de lixiviação da argamassa contendo 25% de resíduo.

Parâmetros Extrato

Lixiviado (mg/l)

Limite Máximo (mg/l)

NBR 10004

Análise de Massa

(mg/kg)

Limite Máximo (mg/kg)

NBR 10004 Alumínio - - 109,80 - Antimônio - - < LQ - Arsênio < LQ 5,0 < LQ 1000 Bário < LQ 100 < LQ - Berílio - - < LQ 100 Cádmio < LQ 0,5 < LQ - Chumbo < LQ 5,0 < LQ 1000 Cianetos - - < LQ 1000 Cobalto - - < LQ - Cobre < LQ - < LQ - Cromo Hexavalente - - < LQ 100 Cromo Total < LQ 5,0 < LQ - Fenol - - < LQ 10 Ferro - - 18,17 - Fluoretos 0,13 150 - - Magnésio - - 809,00 - Manganês - - 2,04 - Mercúrio < LQ 0,1 < LQ 100 Molibdênio - - < LQ - Níquel < LQ - < LQ - Óleos e Graxas - - 0,12% - Prata < LQ 5,0 < LQ - Selênio < LQ 1,0 < LQ 100 Tálio - - < LQ - Vanádio - - < LQ 1000 Zinco 0,03 - 0,99 -

LQ ���� Limite de Quantificação

Page 96: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

96

Tabela 6.11 – Extrato solubilizado da argamassa contendo 25% de resíduo.

Parâmetros Limite Máximo

(mg/l) NBR 10004 Extrato Solubilizado (mg/l)

Alumínio 0,20 0,5* Arsênio 0,05 < LQ Bário 1,00 < LQ Cádmio 0,005 < LQ Chumbo 0,05 < LQ Cianetos 0,10 < LQ Cloretos 250,0 51,32 Cobre 1,00 < LQ Cromo Total 0,05 < LQ Dureza (mg CaCO3/l) 500,0 496,00 Fenol 0,001 < LQ Ferro 0,3 0,14 Fluoreto 1,5 0,46 Manganês 0,1 < LQ Mercúrio 0,001 < LQ Nitrato 10,0 < LQ Prata 0,05 < LQ Selênio 0,01 < LQ Sódio 200,0 12,50 Sulfato 400,0 6,72 Surfactantes 0,20 < LQ Zinco 5,0 0,02

LQ ���� Limite de Quantificação

De acordo com a tabela 6.10 nenhum elemento químico apresentou concentração

acima do máximo permitido por norma, ao contrário do ensaio de solubilização (tabela

6.11) onde se tem um pequeno excesso de alumínio.

Na argamassa sem resíduo também não foi encontrado nenhum elemento químico

com concentração acima do máximo permitido nos ensaios de lixiviação e análise de

massa (tabela 6.12). Por outro lado, no ensaio de solubilização da argamassa sem resíduo

tem-se um pequeno excesso de alumínio, como na argamassa com resíduo, e também um

leve excesso de chumbo. Portando, o excesso de alumínio encontrado na argamassa com

resíduo não é proveniente do resíduo. Provavelmente ele é proveniente do cimento.

Page 97: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

97

Tabela 6.12 – Análise de massa e de lixiviação da argamassa pura sem areia de

fundição.

Parâmetros Extrato Lixiviado (mg/l)

Limite Máximo (mg/l)

NBR 10004

Análise de Massa

(mg/kg)

Limite Máximo (mg/kg)

NBR 10004 Alumínio - - 549,20 - Antimônio - - < LQ - Arsênio < LQ 5,0 < LQ 1000 Bário < LQ 100 < LQ - Berílio - - < LQ 100 Cádmio < LQ 0,5 < LQ - Chumbo 0,84 5,0 7,70 1000 Cianetos - - < LQ 1000 Cobalto - - < LQ - Cobre < LQ - < LQ - Cromo Hexavalente - - < LQ 100 Cromo Total < LQ 5,0 < LQ - Fenol - - < LQ 10 Ferro - - 4.767,00 - Fluoretos 0,16 150 - - Magnésio - - 1.900,00 - Manganês - - 29,00 - Mercúrio < LQ 0,1 < LQ 100 Molibdênio - - < LQ - Níquel < LQ - 5,04 - Óleos e Graxas - - 0,02% - Prata < LQ 5,0 < LQ - Selênio < LQ 1,0 < LQ 100 Tálio - - < LQ - Vanádio - - < LQ 1000 Zinco 0,07 - 12,80 -

LQ ���� Limite de Quantificação

Page 98: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

98

Tabela 6.13 – Extrato solubilizado da argamassa pura, sem areia de fundição.

Parâmetros Limite Máximo

(mg/l) NBR 10004 Extrato Solubilizado (mg/l)

Alumínio 0,20 0,47 Arsênio 0,05 < LQ Bário 1,00 < LQ Cádmio 0,005 < LQ Chumbo 0,05 0,08 Cianetos 0,10 < LQ Cloretos 250,0 55,98 Cobre 1,00 < LQ Cromo Total 0,05 < LQ Dureza (mg CaCO3/l) 500,0 520,00 Fenol 0,001 < LQ Ferro 0,3 0,23 Fluoreto 1,5 0,26 Manganês 0,1 < LQ Mercúrio 0,001 < LQ Nitrato 10,0 < LQ Prata 0,05 < LQ Selênio 0,01 < LQ Sódio 200,0 4,37 Sulfato 400,0 4,02 Surfactantes 0,20 < LQ Zinco 5,0 0,02

LQ ���� Limite de Quantificação

Page 99: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

99

Conclusão GeralConclusão GeralConclusão GeralConclusão Geral

O estudo realizado no presente trabalho mostrou que é possível utilizar a areia de

fundição residual como agregado para confecção de pavimentos de concreto.

Os dois processos de fabricação estudados tiveram resultados diferentes na resistência

dos pavimentos. Pelo processo de vibração, a resistência à compressão tende a diminuir

com o aumento da concentração da areia de fundição residual. Para os pavimentos sem

resíduo (1 : 2,85 : 31,15 – Cimento : brita 1 : areia comum) o valor da resistência média à

compressão foi de 15,47 MPa. Para os pavimentos com 25% de incorporação de areia de

fundição em substituição a areia comum (1 : 2,85 : 2,36 : 0,78 - Cimento : brita 1 : areia

comum : areia de fundição) a resistência média à compressão foi de 12,37 MPa aos 30 dias

de cura, ou seja, 20 % inferior.

Pelo processo de vibro-compressão os resultados dos ensaios mecânicos com a

incorporação de 25% de areia de fundição residual em substituição à areia comum

mostraram valores mais elevados. Para os pavimentos sem resíduo o valor da resistência

média à compressão foi de 25,37 MPa. Para os pavimentos com 25% de incorporação de

areia de fundição em substituição à areia comum a resistência média à compressão atingiu

32,23 MPa aos 30 dias de cura. Aos 90 dias de cura a resistência foi de 29,68 e 37,46 MPa,

respectivamente.

A análise microestrutural permitiu concluir que a resistência mecânica dos corpos-

de-prova está relacionada com o processo de fabricação, formação de vazios e de Ca(OH)2

e módulo de finura da areia de fundição. Isso fica evidente observando-se os corpos-de-

prova confeccionados pelo processo em equipamento dotado apenas de vibração que

apresentou bastante porosidade decorrente da falta de uma acomodação satisfatória dos

agregados, conseqüentemente deixando espaço para formação de grandes cristais

hexagonais de hidróxido de cálcio na zona de transição pasta/agregado. Para o processo

com equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica, a quantidade de vazios e poros é

bem menor e não apresentou a formação dos grandes cristais hexagonais de hidróxido de

cálcio na zona de transição, o que explica a sua maior resistência à compressão, comparado

Page 100: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

100

com o processo de vibração. Pelo processo de vibro-compressão a presença de 13% de um

agregado mais fino na mistura (resíduo) teve comportamento diferente com relação ao

processo de vibração. Com a compactação, o material mais fino preencheu melhor os

vazios dos agregado mais grossos, ou seja, teve-se um melhor empacotamento das

partículas. No processo com vibração o resíduo aumenta a área específica de transição e,

portanto, a quantidade de defeitos e de cristais de Ca(OH)2.

A resistência de 35 MPa conforme determina a norma ABNT foi superada em até

49 MPa (tabela 6.6) com o traço 1:6 (cimento: agregado). O processo com equipamento

dotado de vibro-compressão satisfez a exigência quanto a resistência à compressão.

O pó de pedra utilizado para substituir 53 % da brita com o objetivo de melhorar o

acabamento superficial das peças prejudicou a resistência devido à sua textura superficial

(porosidade e aumento da área especifica).

Nos ensaios de lixiviação e análise de massa todos os elementos químicos

analisados apresentaram concentração abaixo do máximo estabelecido pela norma. No

ensaio de solubilização o excesso de alumínio encontrado no extrato solubilizado não é

proveniente do resíduo. Portanto, desses ensaios químico-ambientais pode-se concluir que

o resíduo não provoca impacto ambiental.

No anexo 6 mostra-se que a utilização de resíduo na fabricação de pavimentos

proporciona um desenvolvimento auto-sustentável garantindo assim um ciclo vantajoso

tanto ao meio ambiente como sua viabilidade econômica na construção civil.

Por último, o fabricante de piso de concreto geralmente fabrica algum outro tipo de

artefato de concreto, desta forma existe um potencial de aumentar a utilização da areia de

fundição residual através do estudo em outros artefatos de concretos tais como abrigo para

hidrômetro, aduela de concreto, balaustre de cimento, bebedouro, cocho, blocos de

concreto, boca-de-lobo, caixa de água, caixa de inspeção, caixa para ar condicionado,

caixilho, canaleta, cerca palito, dormentes ferroviários, elementos vazados, escada,

estátuas, fossa séptica, guia e sarjeta, ladrilho hidráulico, lajes, mourão, móveis diversos,

painéis para paredes, poste de concreto, prisma para sinalização, tanque de lavar roupa,

tubos de concreto para águas pluviais, tubos de concreto para esgoto sanitário, telha e

vasos diversos.

Page 101: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

101

Referências BibliográfiReferências BibliográfiReferências BibliográfiReferências Bibliográficascascascas

ABREU, J. V., Palestra técnica de cimentos para pré-moldados, Seminário nacional de

blocos de concreto para alvenaria e pavimento de concreto, Instituto de Engenharia de São

Paulo, São Paulo / SP, 2001.

AGOPYAN, V., Vegetable fibre reinforced building materials – developments in

Brazil and other Latin American countries. In: Swamy, R.N., ed. Natural fibre

reinforced cement and concrete. Glasgow, Blackie, 1988, p.208-42.

BAUER, L. A. F., Materiais de construção I e II, Apostilado Curso de Engenharia Civil,

Pontifica Universidade Católica do Paraná, 1999.

CHAMIE, S.L., Encapsulamento de resíduos de lamas galvânicas através da

solidificação em matrizes de cimento, Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo, 1993.

CHERIAF, M.; ROCHA, J. C.; LUZ, C. A., Valorização da Têxtil como novo material

de construção Civil. Florianópolis, 1999.

DELLA, V. P.; KÜHN, I.; HOTZA, D., Caracterização de cinza de casca de arroz para

uso como matéria-prima na fabricação de refratários de sílica, Química Nova, Vol. 24,

No 6, 2001, 778-782.

FERNANDES, I. D., Produção de componentes vibro-prensados, Seminário nacional de

blocos de concreto para alvenaria e pavimento de concreto, Instituto de Engenharia de São

Paulo, São Paulo / SP, 2001.

FISCHER, G. R., Gestão de resíduos industriais. Curso de informação, Joinville, 2002.

Page 102: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

102

GROSSI, P., Selo de qualidade ABCP, Associação Brasileira de cimento Portland

(ABCP), Seminário nacional de blocos de concreto para alvenaria e pavimento de

concreto, Instituto de Engenharia de São Paulo, 2001.

SAVASTANO JR., H., Materiais à base de cimento reforçado com fibra vegetal:

reciclagem de resíduos para a construção de baixo custo. Tese de Doutorado, Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo / SP, 2000.

MASUERO, A. B.; VILELA, A. C.; DAL MOLIN, D., Emprego de Escórias de Aciaria

elétrica e de cobre como adição a concretos. International Congress of Concrete

Technology, Buenos Aires, 1997.

MARIOTTO, C. L., Regeneração de areia de fundição. Apostila do Instituto de

Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. – IPT, 2001

MONTEIRO, P. J. M., Microetruture of concrete and its influence on the mechanical

propertie. Tese ( Doutorado) – University of California, Berkeley, 1985, p. 153.

MOURA, W. A.; LEITE, R. S.; GONÇALVES, J. P., Utilização do resíduo de corte de

mármore e granito em argamassas de revestimento e confecção de lajotas para pisos,

Sitientibus, Feira de Santana, n.26, 2002, p. 49-61.

PEREIRA, R. L.; SCHMIDT, A. E.; ALMEIDA, C. N. H.; VERRAN, G. O., Parte I:

Utilização de resíduo de areia verde de fundição na preparação de argamassa para

aplicação na construção civil, Anais do Congresso em Ciência de Materiais, Joinville,

CD-ROM, 2000.

MEHTA P.K.; MONTEIRO, P.J.M., Concreto: estrutura, propriedades e materiais.

Editora PINI, São Paulo, 1994, 573p.

NEVILLE, A.M., Properties of concrete. Bumt Mill, England: Longman Scientifica &

Technical, 1988, 779p.

Page 103: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

103

NORTON, F. H., Introdução à tecnologia cerâmica, 1a. ed, Edgar Blucher Ltda, São

Paulo, 1973, p. 37.

PABLOS, J. M., Utilização de resíduo de areia de fundição aglomeradas com argila no

setor da construção civil. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo, São Paulo, 1995.

RODRIGUES, P. P. F., Parâmetros de dosagem do concreto. 3.e.d. São Paulo,

Associação Brasileira de Cimento Portland, 1998. 32p.

SANGUINETTI, B. M., Incorporación de puzolana natural del nordeste argentino em

hormigones de alto desempeño. Universidade Nacional Del Nordeste – Comunicaciones

científicas y tecnológicas, Chaco, Argentina, 2000.

SANTOS, P. S., Ciência e Tecnologia das Argilas, 2a. ed, Edgar Blucher Ltda, São

Paulo,1989, 143-149

SHACKELFORD, J. F., Introduction to material science for engineers. 4th Ed. Printice-

Hall, New Jersey (USA), 1996.

NORMAS TÉCNICAS UTILIZADAS

ABNT – ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739 – Ensaio

de compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto, Rio de Janeiro, 1980.

______. NBR 6474 – Cimento Portland e outros materiais em pó: determinação da massa

específica, Rio de Janeiro, 1984.

______. NBR 7211 – Agregado para concreto, Rio de Janeiro, 1983.

______. NBR 7251 – Determinação da massa unitária, Rio de Janeiro, 1982.

______. NBR 9781 – Peças de concreto para pavimentação, Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 9780 – Peças de concreto para pavimentação – Determinação da resistência

à compressão, Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 10004 – Resíduos sólidos, Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 10005 – Lixiviação de resíduos, Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 10006 – Solubilização de resíduos, Rio de Janeiro, 1987

Page 104: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

104

AnexosAnexosAnexosAnexos Anexo 1 - Origem dos pavimentos

A cobertura do terreno com a colocação de pedras em estado natural foi a origem

dos pavimentos. Por volta de 3.000 AC, foram construídos pavimentos de pedra em Creta.

Em 500 AC, Roma havia desenvolvido pavimentos com bases granulares estabilizadas e

camada de rolamento de pedra [GROSSI, 2001]. O surgimento dos veículos de transporte

trouxe a necessidade de se ter uma superfície mais uniforme, com mais conforto de

rolamento. Logo se passou à pedra talhada, conforme figura 1.

(a) (b) (c)

Figura 1 (a) Pavimento 3000 AC – Creta; (b) Pavimentos 500 AC – Roma; (c) Pedra Talhada [GROSSI, 2001].

Após a segunda guerra mundial, Holanda e Alemanha aperfeiçoaram as máquinas

vibro-compressora gerando grande desenvolvimento tecnológico das peças pré-moldadas

de concreto. Na década de 70 com a disparada da evolução tecnológica surge o pavimento

de concreto no Brasil com diversos tipos de fabricação, formas, dimensões, cores e tipos de

assentamento.

Page 105: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

105

Anexo 2 - Vantagens dos pavimentos de concreto A figura 2 apresenta, de modo geral, as vantagens de fabricação e uso dos pavimentos de concreto. Vantagem

Descrição

� Fabricação

- Produzidos com matéria-prima local e abundante e não com derivados de petróleo, caros e contaminantes;

- Consomem menos energia no processo de fabricação, principalmente se comparados aos pavimentos asfálticos;

- Produção industrial em máquinas vibro-compressoras, o que permite controle e confiabilidade.

� Construção

- São de fácil execução, sem equipamentos pesados; - Sua construção utiliza ferramentas simples de pedreiro,

equipamento de corte e uma vibro compactadora; - Colocação independe da temperatura ambiente; - As peças chegam à obra já prontas, permitindo sua

imediata utilização; - Facilidade de estocagem; - Não é necessário o uso de processos químicos ou

térmicos. Permitem a utilização imediata do pavimento, eliminado-se “tempos de espera”;

- Não é necessária a utilização de mão-de-obra especializada;

- Permitem criar várias frentes de trabalho e economia de tempo de construção;

- Melhor alternativa técnica e econômica para muitas comunidades, principalmente por empregarem mão-de-obra local;

- Pode ser construído por etapas, de maneira econômica; - Não têm juntas dominantes; - Adaptam-se às ruas curvas ou íngremes; - Colocação de peças pode ser automatizada.

� Comportamento

- Projeto por métodos racionais, para qualquer tipo de tráfego, em volume ou carga;

- Têm simultaneamente grande capacidade estrutural, bela aparência, além de alta resistência a ataques de óleos e ao derramamento de combustíveis;

- Cor clara: (maior visibilidade, maior segurança); - Níveis de geração de ruídos similares ao dos outros tipos

de pavimentos em superfície seca e sensivelmente menor em superfícies úmidas, principalmente para velocidades menores do que 70 km/h;

- Resistência à derrapagem em condições de chuva; - Impedem a transmissão e o aparecimento na superfície do

pavimento de eventuais trincas das camadas de base. Figura 2 - Vantagens dos pavimentos de concreto.

Page 106: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

106

Vantagem Descrição

� Manutenção

- Requerem pouca ou nenhuma manutenção; - Camada de rolamento segmentada, composta por

peças duráveis e recuperáveis; - Facilidade de acesso às instalações de serviços

subterrâneos; - Peças de diferentes cores ajudam a marcar as

posições das redes de serviço; - Permitem a reutilização das peças, o que torna o

pavimento mais econômico; - Reparos sem marcas visíveis; - Permitem fácil reparação quando ocorrem

assentamentos que comprometam sua capacidade estrutural.

� Custos

- Excelente relação custo/benefício a médio e longo prazo devido aos menores custos de manutenção e conservação e pela reutilização das peças de concreto;

- Proporcionam economia de energia elétrica, além de maior visibilidade e segurança.

� Estética

- Variedade de cores, diversidade de formas e

texturas, múltiplas disposições em planta, adaptando-se a quaisquer necessidades, obtendo-se variados e agradáveis efeitos estéticos;

- Luminosidade: aparência atrativa tanto à luz natural quanto artificial.

�Campo de aplicações

- Diversas aplicações tais como praças, parques,

jardins, calçadas, estacionamentos, área de lazer, terminais de cargas, vias de trafego pesado, pisos industriais, aeroportos, paisagens históricas e reurbanização.

Figura 2 - Vantagens dos pavimentos de concreto – continuação.

Page 107: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

107

Outra vantagem é o conforto térmico proporcionado pelo pavimento de concreto

intertravado com relação aos outros tipos de pavimentos. A figura 3 mostra uma medição

da temperatura feita na cidade de Ribeirão Preto/SP no mês de agosto de 2001.

A B Figura 3 - Temperatura na cidade de Ribeirão Preto/SP em pavimento de concreto

(A) e pavimento asfáltico (B).

Page 108: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

108

Anexo 3 - Aplicação dos pavimentos de concreto Os diversos modelos de pavimentos estão apresentados nas figuras 4 e 5. Figura 4 – Exemplos de modelos de pavimentos. Figura 5 – Exemplos de modelos de pavimentos aplicados a ruas e calçadas.

Page 109: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

109

As figuras 6 à 15 apresentam as diversas aplicações dos pavimentos de concretos. Figura 6 – Aplicação do pavimento de concreto em praças, parques e jardins. Figura 7 – Aplicação do pavimento de concreto em calçadas, vias urbanas e

residências.

Page 110: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

110

Figura 8 – Aplicação do pavimento de concreto em terminais de carga e tráfego

pesado. Figura 9 – Aplicação do pavimento de concreto em aeroportos.

Page 111: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

111

Figura 10 – Aplicação do pavimento de concreto em portos. Figura 11 – Aplicação do pavimento em áreas de lazer, pontos de ônibus e ruas.

Page 112: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

112

Figura 12 – Outras aplicações do pavimento de concreto.

Page 113: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

113

Anexo 4 - Selo de qualidade para blocos e pavimentos

Com o intuito de implementar a conformidade dos produtos com as normas

Brasileiras, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) criou o selo de qualidade

ABCP, figura 13 para blocos de concreto, contribuindo dessa forma para a melhoria da

qualidade dos sistemas construtivos à base de cimento [GROSSI, 2001]. As condições

mínimas para adesão são:

a) Possuir algum controle de qualidade nas fases de produção;

b) Possuir identificação da matéria-prima e testes de qualidade destes materiais;

c) Realizar ensaio de desempenho de seu produto acabado;

d) Possuir rastreabilidade de seu produto acabado (identificação do produto na área de

estocagem: código, classe de resistência, data de fabricação, equipamento, etc.).

Figura 13 – Selo de qualidade [GROSSI, 2001].

O procedimento para aquisição tem as seguintes etapas:

- Fase de qualificação (2 – 3 meses): Ensaios periódicos quinzenais realizados

somente em laboratórios credenciados (figura 14).

- Fase de acompanhamento: Após a concessão do Selo categoria PLENA, a Empresa

passa à fase de acompanhamento com amostragens mensais. Uma nova auditoria no

Sistema da Qualidade da fábrica será realizada em periodicidade anual ou sempre

que houver necessidade de acompanhamento de ação corretiva (figura 15).

Page 114: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

114

Figura 14 - Fase de qualificação do Selo ABCP – Categoria inicial [GROSSI, 2001].

Page 115: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

115

Figura 15 - Fase de qualificação do Selo ABCP – Categoria Plena [GROSSI, 2001].

Page 116: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

116

Anexo 5 - Equipamentos para fabricação de blocos e pavimentos de concreto. A figura 16 mostra um equipamento com sistema de adensamento por vibração. Figura 16 – MBM3 – Maquina de blocos Menegotti 3. Equipamento com sistema de adensamento por vibração.

A figura 17 mostra um equipamento com sistema de adensamento por vibro-compressão pneumática. Figura 17 – Equipamento com sistema de adensamento por vibro-compressão pneumática.

Page 117: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

117

A figura 18 mostra um equipamento com sistema de adensamento por vibro-compressão hidráulica. Figura 18 – MBM4 – Maquina de blocos Menegotti 4. Equipamento com sistema de adensamento por vibro-compressão hidráulica

Page 118: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

118

Lucro baseado na margem de contribuição (1Ano de Produção)

R$ 142.927

R$ 78.489

R$ 0,00

R$ 50.000,00

R$ 100.000,00

R$ 150.000,00

A B

Traço

Anexo 6 - Retorno de Investimento

A tabela 1 apresenta os custos para fabricação do pavimento de referência (CP A)

em equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica. O retorno de investimento e a

margem de contribuição foram calculados com base no volume necessário de concreto para

produção de 19.200 peças de pavimento (capacidade para 1 dia de produção) e no valor do

equipamento. Os custos considerados foram matéria-prima, mão-de-obra, energia,

impostos, preço de mercado e comissões de vendas.

Com base nas tabelas 1 e 2 a areia de fundição residual proporcionou neste estudo

grande viabilidade econômica de sua utilização. Em resumo, a simulação do lucro de um

fabricante de pavimento de concreto está apresentado na figura 19 onde o lucro obtido com

a utilização do traço B (com areia de fundição) é maior do que o A (sem areia de

fundição).

A tabela 2 apresenta os custos para fabricação do pavimento com areia de fundição

residual (CP B) em equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica.

Figura 19 - Lucro baseado na margem de contribuição de 1 ano de fabricação.

Page 119: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

119

Tabela 1 – Retorno de investimento e margem de contribuição do pavimento de

referência (CP A) confeccionado em equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica MBM4.

Page 120: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

120

Tabela 2 – Retorno de investimento e margem de contribuição do pavimento de com

areia de fundição residual (CP B) confeccionado em equipamento dotado de vibro-compressão hidráulica MBM4.

Page 121: Dissertação Fabio Watanabe-Geral - pós Banca

121

Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas dos Anexosdos Anexosdos Anexosdos Anexos

GROSSI, P., Selo de qualidade ABCP, Associação Brasileira de cimento Portland

(ABCP), Seminário nacional de blocos de concreto para alvenaria e pavimento de

concreto, Instituto de Engenharia de São Paulo, 2001